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Resumo
Procuramos com este texto fazer uma reflexão acerca das relações existentes dentro
da Educação Infantil, quando a temática refere-se as diferenças raciais, tendo como
base as relações étnico-raciais, racismo, discriminação e preconceito, que ocorrem
dentro do espaço das instituições de Educação Infantil. O objetivo principal narrado
neste texto é abordar a temática das relações étnico-raciais, e para a reflexão faz-se
um olhar direcionado sobretudo à formação que os professores da Educação Infantil
recebem, de mesmo modo como é organizado o trabalho pedagógico para ser
desenvolvido com as crianças no espaço escolar. A pesquisa tem um aporte
bibliográfico, fundamentada pelos autores CAVALLERO (2000), FAZZI (2004),
KLIMBER (1966), ROSEMBERG (1986) que abordam as temáticas, “racismo,
discriminação, preconceito e as relações étnico-raciais”, as observações em loco,
foram organizadas concomitantes com as vivências oportunizadas enquanto
acadêmica do Curso de Pedagogia nas disciplinas de Estágio Supervisionado e
enquanto bolsista do Programa de Iniciação à Docência (PIBID). Assim, constatamos
que são inúmeros os episódios de constrangimento e falta de representatividade
dentro das instituições de Educação Infantil para com as crianças negras, fatores que
contribuem para o sentimento de inferioridade das crianças negras,
consequentemente acompanhado para toda sua vida escolar, e, como reflexo, surge
a falta de interesse em ir à escola, fator que pode levar a evasão escolar, baixo
rendimento e por muitas vezes episódios de indisciplina. Esse texto tem por
intencionalidade contribuir para a construção de novas práticas pedagógicas na
Educação Infantil, com o intuito de promover a igualdade de tratamento e
oportunidades entre as raças e instigar os professores para promoverem práticas que
minimizem os episódios de desigualdade racial, racismo, discriminação
principalmente na Educação Infantil.
Introdução
No Brasil existem algumas políticas afirmativas, criadas com o intuito diminuir
a desigualdade racial, a Lei Federal 10.639, de 2003, foi uma delas, representa um
marco para a garantia da valorização da cultura africana e a história africana dentro
das escolas. A Lei acrescentou dois novos artigos dentro da Lei 9.394, de 1996, são
eles:
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A obrigatoriedade da inclusão do ensino da História da África e da Cultura Afro-
Brasileira nos currículos dos estabelecimentos de ensino público e privado de
Educação Básica;
Instituiu no calendário escolar a data do dia 20 de novembro, dia da morte do
líder do Zumbi dos Palmares, sendo intitulado Dia Nacional da Consciência
Negra.
Muito se tem discutido sobre a importância de reconhecer e
valorizar conhecimentos e práticas culturais de grupos que
historicamente têm sido excluídos dos contextos escolares. A
partir de diferentes enfoques teóricos e metodológicos, debate-
se essa questão relacionada aos currículos escolares, às
políticas educacionais, à formação inicial e continuada de
professores e às práticas pedagógicas. (OLIVEIRA, 2009, p. 34)
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espaços escolares da Educação Infantil, identificamos diversas episódios de racismo
e preconceito racial.
Partindo da afirmação que existe o racismo, a discriminação e o preconceito
racial na Educação Infantil, vem o segundo questionamento, mas a criança não sabe
o que é racismo muito menos preconceito racial. Então chegamos ao ponto de partida,
de onde vem o preconceito racial, o racismo e a discriminação existente na Educação
Infantil. Se levarmos em consideração que que media as interações dentro da escola
é o professor, podemos afirmar que o preconceito, o racismo e a discriminação racial
surgem da relação entre o professor e a criança.
É essencial continuarmos refletindo sobre os processos de
criação e preservação de diferenças e desigualdades na esfera
educacional e desenvolvermos estratégias que possibilitem o
acesso – de alunos e professores – às diversas versões de fatos
históricos e à desnaturalização dos saberes. (OLIVEIRA, 2009
p.34)
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I – oferecendo condições e recursos para que as crianças usufruam de seus
direitos civis, humanos e sociais;
II – assumindo a responsabilidade de compartilhar e complementar a educação
e o cuidado com as crianças e as suas famílias;
III – possibilitando tanto a convivência entre crianças e entre adultos e crianças
quanto à ampliação de saberes e conhecimentos de diferentes naturezas;
IV – promovendo a igualdade de oportunidades educacionais entre as crianças
de diferentes classes sociais no que se refere ao acesso a bens culturais e às
possiblidades de vivência da infância;
V – construindo novas formas de sociabilidade e de subjetividade
comprometidas com a ludicidade, a democracia, a sustentabilidade do planeta e com
o rompimento de relações de dominação etária, socioeconômica, étnico-racial, de
gênero, regional, linguística e religiosa.
Fez-se assim a implementação da Lei n° 10.639/2013.
O papel da educação infantil é significativo para o
desenvolvimento humano, a formação da personalidade, a
construção da inteligência e a aprendizagem. Os espaços
coletivos educacionais, nos primeiros anos de vida, são espaços
privilegiados para promover a eliminação que qualquer forma de
preconceito, racismo e discriminação, fazendo com que as
crianças, desde muito pequenas compreendam e se envolvam
conscientemente em ações que conheçam, reconheçam e
valorizem a importancia dos diferentes grupos étnicos-raciais
para a história e cultura brasileiras. (BRASIL. MEC, 2003)
Cavalleiro (2003), traz que na educação infantil existe uma quantidade ínfima
de ações que concretizem o entendimento, valorização e aceitação da criança negra
dentro da escola principalmente na Pré escola, afirma ainda que o professor tende a
omitir os casos de discriminação e racismo.
Diante desses episódios, o professor na Educação Infantil tem papel
fundamental, a ele cabe o planejamento e realização de práticas pedagógicas que
visem acima de tudo ampliar o conhecimento sociocultural da criança, cuidando para
que não ocorra a omissão a diversidade dentro da escola.
Cavalleiro (2003) ressalta que as práticas dos professores podem prevenir e
até mesmo evitar os pensamentos preconceituosos e os episódios discriminatórios.
Assim desde a iniciação da criança na escola é preciso ensinar ela a respeitar as
diferentes realidades, buscando a compreensão da convivência social, experiência de
mundo, para que ela tenha o entendimento que a sociedade é formada por pessoas,
história, grupos sociais, diferentes etnias.
Considerações
O primeiro erro que ocorre na Educação Infantil, é o professor definir que sua
prática tem que ser estética, equivoco que não contribui em nada para a formação da
criança. Existe a resistência em representar a criança negra, a cor marrom das
cartolinas e do E.V.A. normalmente servem para fazer tronco de arvores ou
representar a terra, é a cor que mais sobra no material das escolas, o professor tem
a recusa pela cor. Essa recusa em utilizar a cor para representar a criança negra,
pode ser entendido como racismo institucional. Se o atendimento tem que ser igual
para todos independente de raça, porque a criança negra não está representada nas
paredes da escola?
Documentar a trajetória das crianças negras dentro da Educação Infantil,
requer um olhar sensível, principalmente por que a maioria delas aprende desde cedo
silenciar-se diante dos ataques da sociedade, é evidente que precisa ter investimento
para a transformação das estratégias educacionais com o intuito de combater o
racismo e o preconceito racial dentro das escolas.
Referências
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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
PCN + Ensino Médio: Orientações Educacionais complementares aos
Parâmetros Curriculares Nacionais- Ciências da Natureza, Matemática e suas
tecnologias. Brasília: MEC; SEMTEC, 2002.
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