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A ATUAÇÃO DO ESCRITÓRIO MODELO DA FACULDADE DE ARQUITETURA E

URBANISMO DA UNIVERSIDADE DE CUIABÁ COMO PARTICIPANTE NOS


PROGRAMAS DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL EM MATO GROSSO
João Mário de Arruda Adrião1
Humberto Metello2
Mariana Garcia de Abreu3

RESUMO

Este artigo descreve a atuação do Escritório Modelo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da


Universidade de Cuiabá (UNIC), como experiência metodológica e de prática profissional, além da
contribuição para melhoria da qualidade de vida e habitabilidade a famílias de baixa renda. As
atividades aqui relatadas tiveram início em 2008 no Laboratório de Habitação e Urbanismo da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNIC, e versam sobre a participação do Laboratório em
atividades de cunho social, principalmente na assistência técnica e elaboração de projetos de
arquitetura. Dos trabalhos desenvolvidos, destacam-se a pesquisa Pós-Ocupação em um conjunto
residencial de interesse social, a participação na elaboração do Plano Local de Habitação de Interesse
Social para cidade de Cuiabá (PlanHab), onde coube ao Laboratório a elaboração de um Diagnóstico
do Setor Habitacional na cidade, o projeto arquitetônico de um Centro de Referência em Reciclagem
para a Grande Cuiabá, experiência desenvolvida em parceria com a Cooperativa de Trabalhadores e
Produtores de Materiais Recicláveis de Mato Grosso (COOPERMAR) e o Setor de Desenvolvimento
Regional Sustentável do Banco do Brasil, além de projetos pontuais para construção, reforma e
ampliação de casas de até 60,00 m² para famílias com renda até três salários mínimos. Espera-se que
com o envolvimento do acadêmico nas questões voltadas para as necessidades de uma parcela da
população que não tem acesso a serviços relacionados a arquitetura, se possa formar um profissional
atento às questões sociais e à importância do arquiteto e urbanista participante em todas as esferas da
sociedade.

Palavras-chave: Escritório Modelo. Habitação de Interesse Social. Assistência Técnica. Metodologias


Ativas.

1 Arquiteto, Mestrando em Engenharia de Edificações e Ambiental - PPGEA/UFMT, Professor da Faculdade de Arquitetura


e Urbanismo e Coordenador do Laboratório de Habitação e Urbanismo da Universidade de Cuiabá – UNIC
joaomarioarquiteto@gmail.com
2 Doutor em Engenharia Civil, Professor Associado III da Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia, Universidade

Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa, s/n., FAET, Bloco C, Sala 12, CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail:
hmetello@ gmail.com
3 Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Engenharia de Edificações e Ambiental - PPGEA/UFMT, Professora da Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo e Coordenadora Adjunta do Laboratório de Habitação e Urbanismo da Universidade de Cuiabá –


UNIC marianagdeabreu@gmail.com
1. INTRODUÇÃO

O presente artigo visa relatar a experiência de ensino–aprendizagem desenvolvida no Laboratório de


Habitação e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da UNIC – Universidade de Cuiabá/MT.

Diversas faculdades de Arquitetura e Urbanismo têm o seu escritório modelo com objetivo de dar ao
aluno a experiência da prática profissional. Na Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT),
em Barra do Bugres, segundo a Profa. Soneize Miranda, uma das coordenadoras do grupo, existe um
projeto de extensão para dar assessoria à população de baixa renda, em projetos e regularização de
construção, que deverá ser um embrião do escritório modelo. Na Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT), o escritório modelo funciona atualmente, segundo sua coordenadora, Prof a. Shirley
Gushiken, com apenas um aluno, desenvolvendo projeto de pesquisa. A dificuldade de se conseguir
bolsa para os alunos dificulta o desenvolvimento dos projetos, já que nem todos têm condição de
participar como voluntário.

O Laboratório de Habitação e Urbanismo da UNIC (LabHab), foi criado no curso de Arquitetura e


Urbanismo em 1998 ainda com o nome de “Escritório Modelo” com o objetivo principal de preparar o
estudante de graduação do curso de arquitetura e urbanismo para a efetiva prática da profissão. A
partir do início de 2008, o Laboratório começou a trabalhar na questão da Habitação de Interesse
Social, buscando atender a necessidades de famílias que não dispõe de recursos para contratação de
assistência técnica na área de arquitetura, elaborando desde levantamentos para regularização junto aos
órgãos públicos, projetos para reforma ou ampliação, até a elaboração de projetos de arquitetura para a
aprovação na Prefeitura e construção de casas até 60m2. Outros projetos relacionados à construção de
interesse social são também desenvolvidos, buscando atender a necessidades de grupos organizados
como cooperativas e instituições filantrópicas.

2. OBJETIVOS
2.1 Geral
Descrever a atuação do Escritório Modelo e sua participação em práticas voltadas para os projetos de
Habitação de Interesse Social (HIS);
2.2 Específicos
• Expor a metodologia utilizada no Escritório Modelo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da UNIC;
• Relacionar os projetos e atividades cujo principal objetivo é proporcionar aos alunos da
graduação um contato com a realidade local e profissional.
A elaboração destes projetos tem como objetivo oferecer oportunidades aos alunos de graduação frente
à realidade, efetivada por meio de visitação ao local, contato com a comunidade e beneficiados pelos
projetos, além do desenvolvimento dos projetos de arquitetura, sempre sob orientação dos professores,
arquitetos e/ou engenheiros civis. São projetos que fazem parte da proposta metodológica do
laboratório em questão, cujo principal objetivo é colocar os alunos em ação e reflexão mediante
problemáticas reais do exercício da arquitetura priorizando ações de interesse social..

3. JUSTIFICATIVA

Os primeiros programas governamentais voltados para HIS no Brasil datam de 1946, quando a lei nº
9.777 cria as bases para a Fundação da Casa Popular, desenvolvida a partir de 1964, com a criação do
Banco Nacional de Habitação (BNH) para atender uma demanda emergente de escassez de habitação
para populações empobrecidas ou de baixa renda, colocando a assistência técnica pela primeira vez
como conceito legal. Em 24 de dezembro de 2008 foi sancionada a lei federal no. 11.888/08 que

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“assegura às famílias de baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção
de habitação de interesse social” (BRASIL, 1946; BRASIL, 2008)

A importância do trabalho desenvolvido no Escritório Modelo transcende seu principal objetivo, o de


proporcionar a pratica profissional ao graduando. Além da prática de todas as etapas relacionadas ao
projeto arquitetônico, desde o primeiro contato com o cliente até a formalização da entrega do projeto
legal, passando por diferentes etapas como o desenvolvimento do programa arquitetônico, coleta de
dados, a elaboração do projeto arquitetônico propriamente dito, preenchimento da ART – Anotação de
Responsabilidade Técnica, e em alguns casos desenvolvimento de projetos complementares e
quantificação de materiais, com assistência de professor da área de engenharia, o aluno tem a
oportunidade da descoberta do papel social da arquitetura.

4. O LABORATÓRIO DE HABITAÇÃO E URBANISMO


O Laboratório de Habitação e Urbanismo da UNIC (LabHab), foi criado no curso de Arquitetura e
Urbanismo em 1998, ainda com o nome de “Escritório Modelo”. Seu objetivo principal é o de preparar
o estudante de graduação do curso de arquitetura e urbanismo para a efetiva prática da profissão, e isto
é feito através do desenvolvimento da prestação de serviços de assistência técnica na área de
desenvolvimento de projetos de arquitetura e urbanismo e complementares, visando melhoria da
inserção no mercado de trabalho. Em cada semestre o referido laboratório é oferecido a alunos que
desejam participar, com suas atividades ocorrendo no contra turno das aulas, no período vespertino.

Na Unic a dinâmica de ingresso no laboratório obedece aos seguintes critérios: a partir do quinto
semestre os alunos do curso de arquitetura e urbanismo têm a obrigatoriedade de fazer estágio
supervisionado, seja no laboratório em tela, seja em quaisquer outras empresas voltadas à prática da
arquitetura; alunos de outros semestres também podem participar, no entanto a experiência não tem
valor de estágio, contando apenas como hora-atividade; também está aberto a alunos de outros cursos
da instituição, ligados ao assunto como os cursos de Engenharia e Design de Interiores.

Em geral a procura ao laboratório tem se dado por aqueles alunos que necessitam de horas de estágio,
no entanto há registro também de procura por alunos dos primeiros semestres interessados no
aprendizado da prática da arquitetura.

De acordo com o regimento interno, o LabHab “[...] exerce atividade de desenvolvimento de projetos
de arquitetura e urbanismo, projetos complementares, e consultoria para áreas de população de
baixa renda, para habitações unifamiliares de até 60,00 m² [...]” e também pode desenvolver para
pessoas ou grupos organizados, “[...] empreendimentos com impacto social positivo e relevante”.
Entretanto, é importante ressaltar que os projetos ali desenvolvidos “[...] não devem caracterizar
competição com o mercado profissional, operando-se em situações em que os recursos financeiros
inexistam ou sejam limitados”.

Com carga horária de 20 horas semanais, o Laboratório visa contribuir para o desenvolvimento da
comunidade através da aplicação do conhecimento adquirido na universidade e dela buscar
experiências e desafios para a vitalização do ensino. Ainda de acordo com o regimento interno, o
LabHab tem por finalidade o desenvolvimento de estudos e projetos de arquitetura e urbanismo e
complementares, com a participação de estudantes em todas as etapas, sendo “[...] responsáveis por
importantes passos no desenvolvimento dos projetos e no contato com a comunidade, sob orientação
dos professores”.

Ainda segundo o regimento interno, a interdisciplinaridade deverá se incentivada, o que é feito já que
cada aluno é responsável por todas as etapas de desenvolvimento dos projetos. As habilidades
específicas de cada aluno são incentivadas e desenvolvidas num processo de parceria entre os
estagiários, na troca de informações e conhecimento.

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Além dos já citados, são objetivos do Laboratório a participação do graduando em experiências
práticas de projeto; a integração entre os estudantes; a estimulação da produção acadêmica a partir da
execução de projetos, bem como da abordagem didática de trabalhos comunitários, auxiliando na
formação profissional e ética do futuro arquiteto e urbanista; e também o cumprimento do papel social
da universidade.

Durante o estágio são avaliados itens como o cumprimento das diversas etapas assinaladas para cada
fase dos projetos; a assiduidade e responsabilidade; a qualidade no desenvolvimento dos produtos e na
apresentação; a iniciativa de pesquisa e na solução de problemas no plano da atuação profissional, bem
como no funcionamento do próprio escritório; a capacidade de desenvolver empatia na relação com o
publico alvo e a conquista de confiança ao comunicar-se adequadamente com a comunidade e seus
representantes, ao representar a universidade.

Há vaga para 25 alunos em cada semestre, porém nos últimos anos têm-se registrado uma média de 13
alunos por semestre.

4.1. PROJETOS: HABITAÇÃO SOCIAL

Em 2008, o Laboratório começou a trabalhar na questão da Habitação de Interesse Social (HIS). São
desenvolvidos diversos projetos voltados para esta temática, como descritos a seguir:
a) Habitação de área mínima: Elaboram-se diversos projetos de arquitetura para construção,
reforma (Figura 1 - a) ou ampliação de residências de até 60,00 m² para famílias com renda
familiar de até 3 salários mínimos. Em 2009, foram desenvolvidos 25 projetos residenciais. As
famílias contempladas com os projetos foram previamente selecionadas pela coordenação do
laboratório e atualmente há uma lista de espera com cerca de 40 projetos para
desenvolvimento;

a) b)
Figura 1: Levantamento de campo: a) Turma 2008/02 e b) 2009/01
Fonte: Autores, 2008; 2009
b) Pesquisa Pós-ocupação: Desenvolveu-se uma pesquisa pós-ocupação com levantamento das
intervenções e reformas efetuadas pelos moradores em 53 casas do Projeto Ecomoradia
(Figura 1- b), conjunto habitacional no bairro Pedra 90 idealizado com “objetivo de produzir
casas para a população excluída dos modelos tradicionais de financiamento habitacional”
(MEIRELES, 1998). O trabalho gerou um artigo publicado nos anais do III Seminário Mato-
grossense de Habitação de Interesse Social (SHIS), evento produzido em parceria da UFMT,
UNEMAT e IFET – Instituto Federal de Tecnologia de Mato Grosso, que aconteceu em 2009
em Barra do Bugres, Mato Grosso;

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c) Elaboração de projeto de paisagismo na Casa de Luz, entidade sem fins lucrativos que, entre
outras atividades, dá assistência a pessoas carentes promovendo cursos básicos para inserção
no mercado de trabalho, tais como alfabetização de adultos, básico digital, mecânica de
eletrodomésticos e costura. O projeto teve início na disciplina de Paisagismo, como tema de
projeto didático. O trabalho dos alunos foi apresentado a membros da Casa de Luz e
posteriormente desenvolvido no LabHab;
d) Elaboração de projeto de um parquinho infantil modulado a ser executado a partir de doação
de madeira apreendida pelo IBAMA para ser instalado em praças e outros espaços públicos
em bairros carentes. A idéia original era de deixar alguma benfeitoria no bairro Pedra 90,
onde a equipe do LabHab foi tão bem recebida durante o ano de 2008, quando ia
semanalmente fazer os levantamentos das casas do projeto Ecomoradia. Mas a dificuldade de
obtenção da madeira e de mão de obra para execução paralisou o projeto;
e) Outro projeto, desenvolvido durante o segundo semestre de 2009, pelo LabHab junto a
Fundação Altamiro Galindo sob a Consultoria do Arq. MSc. Eduardo Cairo Chiletto – Diretor
da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia e Belas Artes da UNIC é uma
participação na elaboração do Plano Local de Habitação de Interesse Social, para cidade de
Cuiabá. O Plano deverá compreender um diagnóstico habitacional e a estruturação de
princípios e diretrizes, objetivos, metas e indicadores, linhas programáticas e recursos e fontes
de financiamento, de forma democrática com a participação da sociedade e de seus segmentos
organizados. Cabe ao LabHab desenvolver no plano as Etapa 2 – Diagnóstico do Setor
Habitacional e Etapa 3 – Estratégias de Ação, estabelecidos no Plano de trabalho desde 2008.
O diagnóstico contem informações que traçam o perfil da cidade de Cuiabá para no futuro
desenvolver quais as melhores estratégias serão usadas.

a) b)
Figura 2: a) Maquete de parquinho infantil modulado; b) Alunos da turma de 2010/01 e o
presidente da COOPERMAR em visita ao Aterro Sanitário
Fonte: Autores, 2010
f) Em meados de 2009 o LabHab foi procurado por agentes de Desenvolvimento Regional
Sustentável do Banco do Brasil, que coordenava o projeto para construção de um Centro de
Referência em Reciclagem em Cuiabá para desenvolver junto à faculdade de arquitetura e de
engenharia ambiental, o projeto de arquitetura do referido Centro, que foi elaborado e entregue
em março de 2010 e beneficiará, quando de sua implantação, as cerca de 170 famílias dos
atuais membros da COOPERMAR - Cooperativa de Trabalhadores e Produtores de Materiais
Recicláveis de Mato Grosso. O Centro de Reciclagem será construído em terreno de 2,0Ha.
cedido à COOPERMAR pela Prefeitura Municipal de Cuiabá em regime de comodato por 20
anos;

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g) A partir de abril de 2010, teve início o desenvolvimento junto à Caixa Econômica Federal e
FEMAB – Federação Mato-grossense das Associações de Moradores de Bairros de um projeto
para construção de 30 casas para famílias do distrito de Nossa Senhora da Guia. O projeto
teve início a partir da observação de que muitas das pessoas que procuram o LabHab com
objetivo de construir ou reformas a casa, têm grande dificuldade de obtenção de recursos, e de
que existem linhas de financiamento na Caixa Econômica Federal que são desconhecidas da
maioria da população. Foram desenvolvidos os projetos das unidades habitacionais, utilizando
materiais como madeira e blocos de solo-cimento, que poderiam ser produzidos no local, além
da previsão de flexibilidade para ampliação ou redistribuição do espaço interno;
h) No primeiro semestre de 2011 foi desenvolvido um projeto de reforma e ampliação da escola
CENPER - Centro Pedagógico de Ensino Especial, entidade filantrópica para atendimento a
crianças e adolescentes com necessidades especiais. O LabHab fez o levantamento físico e
fotográfico da escola e, a partir do entendimento das necessidades dos alunos e professores, foi
desenvolvido o ante-projeto de arquitetura, de forma a contribuir para a busca de recursos para
viabilização da obra.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O LabHab tem se configurado ao longo dos últimos anos como referência de aprendizado para os
alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Unic.

Como foi dito, o aluno desenvolve durante o estágio, o aprendizado do trabalho em equipe, unindo
muitas vezes em um único projeto a participação não só de alunos de diferentes termos, mas também
de cursos complementares como a arquitetura e urbanismo e a engenharia, o que se mostrou muito
saudável, já que engenheiros e arquitetos desenvolvem visões complementares de um mesmo objetivo,
e na vida profissional deverão trabalhar constantemente em parceria.

A metodologia utilizada no LabHab é uma metodologia ativa que permite a reflexão pertinente ao
futuro profissional, no que tange a lidar com todas as etapas do projeto desde a compreensão das reais
necessidades do cliente até a elaboração de uma solução arquitetônica.

Para além da relação professor/aluno formal, cria-se um relacionamento mais estreito do que numa
aula convencional. O espaço do laboratório permite uma maior aproximação e cumplicidade entre
aluno e professor, já que o objetivo dos trabalhos reflete tanto no desenvolvimento das competências
do graduando quanto no desempenho do professor como profissional da área de arquitetura e
urbanismo.

Um dos desdobramentos mais interessantes que ocorrem no LabHab não é efetivamente a proposta
pronta de um projeto arquitetônico direcionado a um cliente específico, mas sim a formação humana
implícita. A prática dos trabalhos de cunho social desenvolvidos no LabHab mostram claramente o
papel fundamental exercido pela escola na ênfase da aprendizagem dos valores sociais, quando
permite ao aluno um contato com uma parcela da sociedade que geralmente estaria fora de seu
alcance. Os laboratórios experimentais de arquitetura, ou escritórios modelos como são chamados,
acabam por assim dizer formá-los em via indireta. A cada semestre nos surpreendemos com situações,
respostas, atitudes dos alunos que certamente não aconteceriam não fosse a oportunidade da vivência
com as comunidades empobrecidas. Faz parte do processo, portanto, contemplar objetivos atitudinais,
habilidades e competências que vão seguramente além da experiência meramente arquitetônica.

Como exemplo de atitudes influenciadas pelo desenvolvimento de trabalhos com essas comunidades,
pode-se citar a participação de alunos em concursos e eventos relacionados a habitação de interesse
social e o relacionamento através de redes sociais do estagiário com o cliente, discussões sobre as

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construções propriamente ditas, os materiais empregados, e ainda outras questões que demonstram um
processo de amadurecimento e da abertura do olhar para outros pontos de vista quanto à inclusão
social, assistencialismo e direitos. Naturalmente que isso não é geral, pois há casos de alunos que
demonstram ficar imunes, alienados ao processo da formação proposta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de 2009 – Laboratório de Habitação e Urbanismo. UNIC março/2010.
ADRIÃO, João Mário de Arruda. Pesquisa pós-ocupação em Habitação de Interesse Social:
Conjunto Habitacional Voluntários da Pátria, Bairro Pedra 90, Cuiabá/MT. III Seminário Mato-
grossense de Habitação de Interesse Social, Barra do Bugres, UNEMAT, 2009.
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