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RESUMO
Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa, s/n., FAET, Bloco C, Sala 12, CEP 78060-900, Cuiabá-MT, E-mail:
hmetello@ gmail.com
3 Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Engenharia de Edificações e Ambiental - PPGEA/UFMT, Professora da Faculdade de
Diversas faculdades de Arquitetura e Urbanismo têm o seu escritório modelo com objetivo de dar ao
aluno a experiência da prática profissional. Na Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT),
em Barra do Bugres, segundo a Profa. Soneize Miranda, uma das coordenadoras do grupo, existe um
projeto de extensão para dar assessoria à população de baixa renda, em projetos e regularização de
construção, que deverá ser um embrião do escritório modelo. Na Universidade Federal de Mato
Grosso (UFMT), o escritório modelo funciona atualmente, segundo sua coordenadora, Prof a. Shirley
Gushiken, com apenas um aluno, desenvolvendo projeto de pesquisa. A dificuldade de se conseguir
bolsa para os alunos dificulta o desenvolvimento dos projetos, já que nem todos têm condição de
participar como voluntário.
2. OBJETIVOS
2.1 Geral
Descrever a atuação do Escritório Modelo e sua participação em práticas voltadas para os projetos de
Habitação de Interesse Social (HIS);
2.2 Específicos
• Expor a metodologia utilizada no Escritório Modelo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da UNIC;
• Relacionar os projetos e atividades cujo principal objetivo é proporcionar aos alunos da
graduação um contato com a realidade local e profissional.
A elaboração destes projetos tem como objetivo oferecer oportunidades aos alunos de graduação frente
à realidade, efetivada por meio de visitação ao local, contato com a comunidade e beneficiados pelos
projetos, além do desenvolvimento dos projetos de arquitetura, sempre sob orientação dos professores,
arquitetos e/ou engenheiros civis. São projetos que fazem parte da proposta metodológica do
laboratório em questão, cujo principal objetivo é colocar os alunos em ação e reflexão mediante
problemáticas reais do exercício da arquitetura priorizando ações de interesse social..
3. JUSTIFICATIVA
Os primeiros programas governamentais voltados para HIS no Brasil datam de 1946, quando a lei nº
9.777 cria as bases para a Fundação da Casa Popular, desenvolvida a partir de 1964, com a criação do
Banco Nacional de Habitação (BNH) para atender uma demanda emergente de escassez de habitação
para populações empobrecidas ou de baixa renda, colocando a assistência técnica pela primeira vez
como conceito legal. Em 24 de dezembro de 2008 foi sancionada a lei federal no. 11.888/08 que
Na Unic a dinâmica de ingresso no laboratório obedece aos seguintes critérios: a partir do quinto
semestre os alunos do curso de arquitetura e urbanismo têm a obrigatoriedade de fazer estágio
supervisionado, seja no laboratório em tela, seja em quaisquer outras empresas voltadas à prática da
arquitetura; alunos de outros semestres também podem participar, no entanto a experiência não tem
valor de estágio, contando apenas como hora-atividade; também está aberto a alunos de outros cursos
da instituição, ligados ao assunto como os cursos de Engenharia e Design de Interiores.
Em geral a procura ao laboratório tem se dado por aqueles alunos que necessitam de horas de estágio,
no entanto há registro também de procura por alunos dos primeiros semestres interessados no
aprendizado da prática da arquitetura.
De acordo com o regimento interno, o LabHab “[...] exerce atividade de desenvolvimento de projetos
de arquitetura e urbanismo, projetos complementares, e consultoria para áreas de população de
baixa renda, para habitações unifamiliares de até 60,00 m² [...]” e também pode desenvolver para
pessoas ou grupos organizados, “[...] empreendimentos com impacto social positivo e relevante”.
Entretanto, é importante ressaltar que os projetos ali desenvolvidos “[...] não devem caracterizar
competição com o mercado profissional, operando-se em situações em que os recursos financeiros
inexistam ou sejam limitados”.
Com carga horária de 20 horas semanais, o Laboratório visa contribuir para o desenvolvimento da
comunidade através da aplicação do conhecimento adquirido na universidade e dela buscar
experiências e desafios para a vitalização do ensino. Ainda de acordo com o regimento interno, o
LabHab tem por finalidade o desenvolvimento de estudos e projetos de arquitetura e urbanismo e
complementares, com a participação de estudantes em todas as etapas, sendo “[...] responsáveis por
importantes passos no desenvolvimento dos projetos e no contato com a comunidade, sob orientação
dos professores”.
Ainda segundo o regimento interno, a interdisciplinaridade deverá se incentivada, o que é feito já que
cada aluno é responsável por todas as etapas de desenvolvimento dos projetos. As habilidades
específicas de cada aluno são incentivadas e desenvolvidas num processo de parceria entre os
estagiários, na troca de informações e conhecimento.
Durante o estágio são avaliados itens como o cumprimento das diversas etapas assinaladas para cada
fase dos projetos; a assiduidade e responsabilidade; a qualidade no desenvolvimento dos produtos e na
apresentação; a iniciativa de pesquisa e na solução de problemas no plano da atuação profissional, bem
como no funcionamento do próprio escritório; a capacidade de desenvolver empatia na relação com o
publico alvo e a conquista de confiança ao comunicar-se adequadamente com a comunidade e seus
representantes, ao representar a universidade.
Há vaga para 25 alunos em cada semestre, porém nos últimos anos têm-se registrado uma média de 13
alunos por semestre.
Em 2008, o Laboratório começou a trabalhar na questão da Habitação de Interesse Social (HIS). São
desenvolvidos diversos projetos voltados para esta temática, como descritos a seguir:
a) Habitação de área mínima: Elaboram-se diversos projetos de arquitetura para construção,
reforma (Figura 1 - a) ou ampliação de residências de até 60,00 m² para famílias com renda
familiar de até 3 salários mínimos. Em 2009, foram desenvolvidos 25 projetos residenciais. As
famílias contempladas com os projetos foram previamente selecionadas pela coordenação do
laboratório e atualmente há uma lista de espera com cerca de 40 projetos para
desenvolvimento;
a) b)
Figura 1: Levantamento de campo: a) Turma 2008/02 e b) 2009/01
Fonte: Autores, 2008; 2009
b) Pesquisa Pós-ocupação: Desenvolveu-se uma pesquisa pós-ocupação com levantamento das
intervenções e reformas efetuadas pelos moradores em 53 casas do Projeto Ecomoradia
(Figura 1- b), conjunto habitacional no bairro Pedra 90 idealizado com “objetivo de produzir
casas para a população excluída dos modelos tradicionais de financiamento habitacional”
(MEIRELES, 1998). O trabalho gerou um artigo publicado nos anais do III Seminário Mato-
grossense de Habitação de Interesse Social (SHIS), evento produzido em parceria da UFMT,
UNEMAT e IFET – Instituto Federal de Tecnologia de Mato Grosso, que aconteceu em 2009
em Barra do Bugres, Mato Grosso;
a) b)
Figura 2: a) Maquete de parquinho infantil modulado; b) Alunos da turma de 2010/01 e o
presidente da COOPERMAR em visita ao Aterro Sanitário
Fonte: Autores, 2010
f) Em meados de 2009 o LabHab foi procurado por agentes de Desenvolvimento Regional
Sustentável do Banco do Brasil, que coordenava o projeto para construção de um Centro de
Referência em Reciclagem em Cuiabá para desenvolver junto à faculdade de arquitetura e de
engenharia ambiental, o projeto de arquitetura do referido Centro, que foi elaborado e entregue
em março de 2010 e beneficiará, quando de sua implantação, as cerca de 170 famílias dos
atuais membros da COOPERMAR - Cooperativa de Trabalhadores e Produtores de Materiais
Recicláveis de Mato Grosso. O Centro de Reciclagem será construído em terreno de 2,0Ha.
cedido à COOPERMAR pela Prefeitura Municipal de Cuiabá em regime de comodato por 20
anos;
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O LabHab tem se configurado ao longo dos últimos anos como referência de aprendizado para os
alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Unic.
Como foi dito, o aluno desenvolve durante o estágio, o aprendizado do trabalho em equipe, unindo
muitas vezes em um único projeto a participação não só de alunos de diferentes termos, mas também
de cursos complementares como a arquitetura e urbanismo e a engenharia, o que se mostrou muito
saudável, já que engenheiros e arquitetos desenvolvem visões complementares de um mesmo objetivo,
e na vida profissional deverão trabalhar constantemente em parceria.
A metodologia utilizada no LabHab é uma metodologia ativa que permite a reflexão pertinente ao
futuro profissional, no que tange a lidar com todas as etapas do projeto desde a compreensão das reais
necessidades do cliente até a elaboração de uma solução arquitetônica.
Para além da relação professor/aluno formal, cria-se um relacionamento mais estreito do que numa
aula convencional. O espaço do laboratório permite uma maior aproximação e cumplicidade entre
aluno e professor, já que o objetivo dos trabalhos reflete tanto no desenvolvimento das competências
do graduando quanto no desempenho do professor como profissional da área de arquitetura e
urbanismo.
Um dos desdobramentos mais interessantes que ocorrem no LabHab não é efetivamente a proposta
pronta de um projeto arquitetônico direcionado a um cliente específico, mas sim a formação humana
implícita. A prática dos trabalhos de cunho social desenvolvidos no LabHab mostram claramente o
papel fundamental exercido pela escola na ênfase da aprendizagem dos valores sociais, quando
permite ao aluno um contato com uma parcela da sociedade que geralmente estaria fora de seu
alcance. Os laboratórios experimentais de arquitetura, ou escritórios modelos como são chamados,
acabam por assim dizer formá-los em via indireta. A cada semestre nos surpreendemos com situações,
respostas, atitudes dos alunos que certamente não aconteceriam não fosse a oportunidade da vivência
com as comunidades empobrecidas. Faz parte do processo, portanto, contemplar objetivos atitudinais,
habilidades e competências que vão seguramente além da experiência meramente arquitetônica.
Como exemplo de atitudes influenciadas pelo desenvolvimento de trabalhos com essas comunidades,
pode-se citar a participação de alunos em concursos e eventos relacionados a habitação de interesse
social e o relacionamento através de redes sociais do estagiário com o cliente, discussões sobre as
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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