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E
PROGRAMA UNIFICADO DE BOLSAS DE ESTUDO PARA APOIO E FORMAÇÃO DE
ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO (PUB-USP)
Bolsista:
Mariana Machado de Mello
Docente responsável:
Prof. Dr. José Tavares Correia de Lira
Pesquisadores colaboradores:
Victor Piedade de Próspero (doutorando), João Bittar Fiammenghi (mestrando)
6. Referências Bibliográficas 27
7. Conclusão 29
8. ANEXOS 30
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1. Introdução
fundamentalmente ancorada ao estudo de seu acervo profissional que foi doado à Seção de
arquiteto, passando por seu trabalho em escritórios de arquitetura, seu encargo nas
trabalho com habitação de interesse social, ajuda mútua e mutirões. Serão apontadas
características gerais do acervo que foi doado, junto a uma análise qualitativa do material
acessado referente ao Complexo Vila Nova Cachoeirinha, foco da pesquisa. Por fim, será
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2. Deslocamentos profissionais e abrangência de atuação: a
trajetória de Paulo Sérgio Souza e Silva
Paulo Sergio Souza e Silva, filho de Thamyres de Souza e Silva e Gertrudes da Cruz
Leite de Souza e Silva nasceu em 1934, em São Carlos, interior paulista. Paulo Sérgio foi
casado com Wanda Whitaker Sousa e Silva, com quem teve duas filhas.
1960. Depois de se formar, teve seu primeiro emprego no escritório do arquiteto Vilanova
arquitetura, como os vestiários do São Paulo Futebol Clube, entre outros, naquele início de
década. Em 1961, desenvolveu um estudo para o Fórum de São José dos Campos, um
projeto por conta própria, paralelo ao trabalho no escritório. Em 1962 viajou à Europa com
sua esposa, viagem essa que durou até 1964. Durante a viagem fez o Curso de “Civic
De volta ao Brasil, junto ao arquiteto Geraldo Serra, abriu o Escritório Serra e Silva
em Pirassununga, São Paulo. Sua parceria com Serra foi encerrada em 1967. Nesse
entre os quais: o Plano Urbanístico Básico de Osasco, 1966, o Plano Diretor Preliminar de
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Em 1969 saiu da Hidroservice e foi contratado pela Promon, outra grande empresa
do setor, reconhecida sobretudo pelos projetos para linhas do Metrô de São Paulo. Ali,
Paulo Sérgio atuou como chefe da Divisão de Planejamento Urbano e subchefe da Divisão
unifamiliares – e de sua parceria com Geraldo Serra, Paulo Sérgio se deslocou para a
partir daí, a gestão de seu colega Jorge Wilheim – com quem já havia colaborado
habitação social. Nos primeiros anos da década de 1980, Paulo Sérgio elabora estudos e
projetos piloto para as regiões de Vila Maria, São Luiz, Estrada da Parada e Sapopemba, no
Programa Promorar.
Também na Sehab foi responsável pelo plano do Conjunto Habitacional Fazenda do Carmo
em 1983.
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Paulo Sérgio atuou como professor de urbanismo na Faculdade de Belas Artes de
de 1983, tendo passado a titular em 1973, e foi aprovado para ingresso do quadro de
dos arquitetos, sobretudo nas periferias urbanas que se expandiam durante a década de
1970. Se em Santos, exatamente em 1970 e 1971 colegas seus como Sérgio Ferro,
alunos à realidade das favelas, na Belas Artes da virada para os anos 1980 é que as
Sérgio em ambos os casos é fato essencial para pensar os deslocamentos de sua trajetória
profissão. Das diversas empresas públicas e privadas pelas quais passou à atuação no
como a Premiação anual IAB/SP 1983, Premiação anual IAB/SP 1974, 1° Bienal de
Prefeitura de São Paulo e uma Menção Honrosa conferida pelo Júri Internacional de
de habitação unifamiliar.
Paulo Sérgio Sousa e Silva faleceu em 1992, aos 58 anos, em São Paulo.
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É notável como a trajetória de Paulo Sérgio Sousa e Silva atravessa a história do
campo da arquitetura no país, e sobretudo em São Paulo, interagindo com as mais diversas
autogerido.
Essa trajetória deve ser pensada em relação íntima com as movimentações de uma
Whitaker, Maria Ruth do Amaral Sampaio, Vilanova Artigas, Rodrigo Lefevre, Geraldo
Gomes Serra, Marcello Fragelli, Jorge Wilheim e muitos outros. Parte dessas personagens
tem também seus acervos sob a guarda da Seção de Materiais Iconográficos da Biblioteca
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Imagem 1
3. Características gerais do acervo doado como um todo
O acervo do arquiteto Paulo Sérgio Sousa e Silva foi doado para a Seção de
1961 a 1992, ano de seu falecimento. O acervo é composto por 9 caixas onde estão
sua autoria ou a seu respeito, tanto em relação aos seus projetos quanto às suas atividades
Sousa e Silva , Jorge Wilheim Arquitetos Associados, COGEP, EMURB, CENPLA, SEHAB,
profissional autônomo.
Podendo revelar conexões com outros profissionais e coleções disponíveis nos acervos da
FAU-USP. Conservando, assim, o legado do arquiteto, que após ser doado se tornou
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construção, podendo ser de grande utilidade ao desenvolvimento de pesquisas futuras
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4. Caracterização e etapas do projeto Vila Nova
Cachoeirinha
junho de 1982.
Molhado, teve como propósito realocar as favelas ali presentes para lotes urbanizados
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Em fevereiro de 1982 o filme em Super 8 de Guilherme Coelho sobre as
Zona Norte de São Paulo, em um encontro organizado por assistentes sociais da prefeitura.
Estas famílias pressionavam a Cohab para serem incluídas nos programas de “moradia
negociações com a Cohab para que este grupo ocupasse parte da gleba municipal de Vila
Nova Cachoeirinha com um projeto por ajuda mútua, o Projeto Vila Nova Cachoeirinha.
Após a intervenção de Guilherme Coelho, o segundo compromisso que este grupo obteve é
moradias por ajuda mútua. O contrato de financiamento com a Cohab só foi assinado em
1982 para explicitar a viabilidade da construção por ajuda mútua. Foram implantadas 256
unidades habitacionais do Projeto Vila Nova Cachoeirinha entre 1982 e 1985. (Baravelli,
2006)
mutirão começou em julho de 1985. Desta vez, a Associação de Moradia Unidos de Vila
Nova Cachoeirinha contava com assessoria do arquiteto Paulo Sérgio Souza e Silva,
Diretor da Cohab, e dividido três bolsões, o projeto produziu 169 unidades habitacionais.
muito mais convencional por parte dos moradores da antiga favela Boi Malhado, para os
quais coube menos que uma “moradia evolutiva” - apenas um lote urbanizado pela
prefeitura na parte mais alta do conjunto . Foram construídas 118 unidades. (Baravelli,
2006)
Cachoeirinha Leste, dividido em dois setores, tendo o primeiro 136 unidades unifamiliares e
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o segundo 64 unidades de prédios multifamiliares, é o primeiro a assumir a identidade
montagens, mas na fabricação das peças” (Sousa e Silva, 1998 [1991]: 162).
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5. Descrição do conjunto de documentos referente ao
projeto
O foco deste trabalho foi a análise de todo o material documental referente ao Complexo
iconográficos em setembro de 2021, o acervo deste projeto específico dispõe de dois tubos
quadras.
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Foto acervo 2 - Corte longitudinal das casas tipo D do Mutirão Nossa Senhora da Penha
Foto acervo 3 - Estudo preliminar do Bloco União da Alegria, Vila Nova Cachoeirinha
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O tubo 26 possui apenas 4 desenhos, sendo dois deles cópias uns dos outros.
Datados de maio de 1991, os dois desenhos originais são em papel translúcido do Mutirão
Cachoeirinha Leste - C de cortes das paredes e corte da fachada e planta ralos e caixa
gordura.
organização do mutirão
social e do meio urbano/ O caso de Vila Nova Cachoeirinha” e o “Caderno Morada Evolutiva
pelo Prof. Dr. Carlos A. C. Lemos. A dissertação faz uma contextualização histórica e
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desenvolvimento e suplantação do projeto por ajuda mútua “Nossa Senhora da Penha”,
realizado em Vila Nova Cachoeirinha entre 1985 e 1987. Há uma esperança naquela
Folha de S. Paulo do dia 3 de março de 1989 com a manchete “Erosão ameaça vivos e
1985, documento da SEHAB - 372/84 de 15 de junho de 1984 redigido por Paulo Sérgio
Sousa e Silva de outubro de 1989 intitulada “Vila Nova Cachoeirinha - uma comunidade em
(SSO) - Departamento de Serviços e Jardins - Praça na Av. João dos Santos Abreu -
desenhos, a grande maioria sem data, referentes ao Complexo Vila Nova Cachoeirinha e ao
perfis terraplanagem, projeto das grades do sistema viário, plantas, cortes, vistas e
planialtimétrico.
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Foto 5 acervo - Planta de localização e implantação dos empreendimentos
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Encontra-se na pasta 19 textos e trabalhos referente aos empreendimentos, como o
Livro “A casa imaginária”, organizado por : Cremilda Medina - São Paulo de Perfil - 6,
de Vila Nova Cachoeirinha e o TCC de Pedro Henrique Falco Ortiz - Sina do mutirante,
armazena o caderno técnico - Vila Nova Cachoeirinha/ Mutirão dos 77, três cadernos de
físico-financeiro de agosto de 1989, dois relatórios de andamento escritos por Paulo Sérgio,
o primeiro de março de 1990 e o segundo de junho do mesmo ano e o artigo SOS Mutirão
Foto 8 e 7 acervo - Capa do Livro e dedicatórias escritas por Cremilda Medina e Pedro H. Ortiz
para Paulo Sergio Sousa e Silva
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Foto 10 acervo - Capa do Plano de Intervenção Global do Complexo Vila Nova Cachoeirinha
julho 1990, atas de reuniões de Paulo Sergio Sousa e Silva com a Funaps, Ductor e
execução da obra (sem data), um acordo que entre si celebram a Associação de Moradia
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fundação, planta térreo, planta pavimento superior, planta cobertura, cortes, elevações,
primeira fiada, etapas de construção por ajuda mútua, projeto executivo da casa evolutiva
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Foto 12 acervo - Mutirão Cachoeirinha Leste, planta pavimento superior
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Foto 13 acervo - Mutirão Cachoeirinha Leste, corte e elevação
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Foto 14 acervo - Croqui detalhes em corte
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Foto 15 acervo - Mutirão Cachoeirinha Leste, planta de fundação
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6. Referências Bibliográficas
ARANTES, Pedro Fiori. Arquitetura nova: Sérgio Ferro, Flávio Império e Rodrigo Lefèvre, de
Artigas aos mutirões. São Paulo: Editora 34, 2004.
BONDUKI, Nabil. “Depoimento” In. Espaços & Debates: Periferia Revisitada. n.42, Ano
2001.
CASTRO, Ana Claudia Veiga de; SILVA, Joana Mello de Carvalho e. “Dossiê fazer história:
o estatuto das fontes e o lugar dos acervos nas pesquisas de história de arquitetura e da
cidade no Brasil.” Anais do Museu Paulista, v. 24, n. 3, p. 11–18, dez. 2016. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/anaismp/article/view/126840. Acesso em: 7 jun. 2021.
FERRO, Sérgio. Arquitetura e trabalho livre. São Paulo: Cosac & Naify, 2006.
KOURY, Ana Paula (Org.). Arquitetura moderna brasileira. Uma crise em desenvolvimento.
Textos de Rodrigo Lefèvre (1963-1981). São Paulo, Edusp, Fapesp, 2019.
REINACH, Henrique (1984a). Projeto Vila Nova Cachoeirinha. São Paulo: s.n. (monografia
apresentada no 2° Seminário Internacional do Programa de Estudios de Vivienda en
América Latina - Universidad Nacional de Colombia).
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SADER, Eder. Quando novos personagens entraram em cena. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1988.
SILVA, Paulo Sérgio Sousa e. “Reflexões sobre a dialética do desenho urbano”. In.
Cadernos Brasileiros de Arquitetura. v.12, Setembro de 1984. pp 77-85.
________. “Acesso Memória da Estação Anhangabaú do Metrô” In. Revista Projeto. n.58,
Dezembro de 1983.
________. Do Promorar ao Penha. (Dissertação de Mestrado) FAU USP: São Paulo, 1989.
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7. Conclusão
século XX. Passando pelas mais diversas escalas, programas e desafios, o arquiteto
trajetória transversal.
conflitos políticos e ideológicos – mais substancial, uma vez que sua atuação se deu em
O estudo realizado neste trabalho sobre o Complexo Vila Nova Cachoeirinha possui
sociais e culturais que permearam a experiência de Vila Nova Cachoeirinha, que não só
marcou o passado, como segue sendo exemplo indispensável à reflexão histórica sobre
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8. ANEXOS
a. Anexo 1
Acervo
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ANEXO 1
ACERVO PAULOSÉRGIO SOUSA E SILVA - COMPLEXO VILA NOVA CACHOEIRINHA
TUBO 15
TITULO DESENHO PROJETO DESENHO ESCALA DATA PAPEL DIMENÇÕES
Edson Francisco
jun.1984, rev.
Complexo Vila Nova Vargem e Manoel escala
Plano diretor global PSSS mar., jun.1985, Translucido 137,1 x 47,1
Cachoeirinha Guimaro dos gráfica
dez.1990.
Santos
Associação de moradia
Projeto mutirão Cachoeirinha Leste - Manoel Guimaro
unidos de Vila Nova PSSS 1 : 500 abr.1991 Translucido 98,0 x 65,3
setor 1 dos Santos
Cachoeirinha
Associação de moradia
Complexo Vila Nova Cachoeirinha -
unidos de Vila Nova
Estudo preliminar de drenagem de Ilegível Ilegível 1:10.000 mai.1991 Translucido 74,8 x 29,7
Cachoeirinha -
água fluviais plantas de bacias
Assessoria Técnica