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ART NOVEAU – CONJUNTO DE MANIFESTAÇÕES HISTÓRICAS PRODUZIDAS ENTRE 1880-1914

- a curva Nouveau advém da curva produzida por um chicote em movimento

1. Contexto histórico

a. Arquitetura do século XIX:


i. Reprodução de tipologias arquitetônicas do passado, utilizando novas
técnicas e materiais
b. Surgimento:
i. Necessidade de mudança de direção
ii. Ideias originais
c. Influências:
i. Revolução industrial:
1. Urbanização
2. Nova burguesia
3. Novas técnicas e materiais construtivos
4. Aceleração e má qualidade da produção de objetos
ii. Exposições universais:
1. Processo tecnológico
2. Imitação e má qualidade dos objetos
3. Excesso de ornamentação
iii. Arts & crafts
1. Valorização da originalidade, da relação com a natureza e da
fidelidade aos materiais
2. Aversão à produção industrial
iv. Segunda revolução industrial:
v. Japonismo
vi. Impressionismo

2. Cenário internacional

a. Paris e Bruxelas
i. Aumento de revistas sobre a arte
ii. Maison d’Art – Bruxelas
iii. Galeria l’Art Nouveau – Paris
iv. Arquitetos: Hector Guimard (Paris) e Victor Horta, Paul Hankar e Henry
Van de Velde (Bruxelas)

b. Bruxelas
i. Modernismo – denominação
ii. Barcelona se destaca pelo uso de materiais regionais e técnicas
tradicionais de construção de forma inusitada – exemplo o tijolo
iii. Influência de Violeta Le Duc
iv. Arquiteto: Gaudí

c. Itália
i. Stile Liberty ou Stile Floreale
ii. Exposição internacional de arte decorativa moderna, em 1902
iii. Arquitetos: Giovanni Michelazzi e Giuseppe Bregga

d. Alemanha e Áustria
i. Galeria Wiener Werkstatte – permanente para futuras exposições
ii. Arquitetos: Otto Wagner, Joseph Maria Olbrich, Josef Hoffmann, Adof
Loos

e. Grã-Bretanha:
i. Liberty
ii. Arquitetos: Charles Rennie Mackintosh, Herbert Macnair, Margaret e
Frances Macdonald

3. Princípios gerais

Movimento de arte total: desde objetos à arquitetura

a. Princípios formais
i. Linha curva não geométrica
ii. Assimetria
iii. Temas: mulher e natureza
iv. Ineditismo
v. Padrão cromático japonês
vi. Materiais: ferros, vidro e madeira

4. Repertório

a. Papel e decoração de parede: inspirado em Arts & Crafts


b. Lareiras – pintura + escultura
c. Móveis – organicidade maior que a do Arts & Crafts, as cadeiras de Mackintosh
são mais geométricas
d. Vitrais
e. Luminárias
f. Vidro – decoração (ex: jarros)
g. Cerâmica
h. Fine metalwork
i. Joias
j. Ilustrações e cartazes publicitários
k. Pintura e escultura (Klimt)
5. Arquitetos

a. Victor Horta, Bélgica (1861-1947)


i. Arquitetura decorativistas
ii. Dimensão plástica do aço e do vidro
iii. Atenção as texturas
iv. O modo como utilizava os materiais, como repartia as paredes, resolvia
articulações, junções e detalhes, sempre de modo rigoroso e coerente
v. Inspiração para seus repertório eram padrões abstratos
vi. Refinado e antiquado
vii. Estrutura passa a fazer pare da decoração
viii. Pós-guerra: projeta com linguagem neoclássica e se declara contra os
inovadores
ix. Exemplares:
1. Casa Tassel, Bruxelas (1892)

a. marcou o nascimento do Art Nouveau na arquitetura,


controlada nos detalhes
b. Usou da baywindow, porta centralizada, simetria das
aberturas, composição compacta entre a pedra de
revestimento, dos contornos de ferro e madeira da
janela
c. Sua fachada não se diferencia de maneira exagerada
do espaço interno
d. Inovação: execução do ferro aparente e do design de
interiores em uma residência sem necessidade de
ostentação
e. Ampliação e iluminação dos espaços com o uso de
claraboias, espelhos
f. 4 pavimentos, com interpavimentos
g. Casa geminada
2. Maison du people, Bruxelas (1897 – demolida em 1965)
a. Estrutura em aço
b. Entre decoração e estrutura, há unidade que pode ser
reafirmada no seu interior
c. Transparência na fachada – uso de janelas largas com
forras de metal
d. Fachada principal ondulada- alinhamento de duas
radiais confluentes na praça circular

b. Paul Hankar, Bélgica (1859-1901)


i. Uso diferente de Horta das estruturas de metal
ii. Procurava o efeito colorido através dos materiais, com a técnica
sgraffito (uma forma de decoração feita por raspagem através de
uma superfície para revelariam camada inferior de um cor
contrastantes, tipicamente feito de gesso ou estuque em paredes, ou
em deslizamento em cerâmica antes do cozimento) nas fachadas
iii. Inovou com a utilização de janelas redondas com caixilhos de madeira
iv. Inspiração para seu repertório era a natureza
v. Foi docente e editor da revista L’Emulation (1894-96)
vi. Exemplares:
1. Mansão Hankar, Bruxelas (1893)

a. Primeira edificação Art Nouveau, juntamente com a


Casa Tassel
b. Policromia na fachada – tijolo vermelho, pedra azul,
gobertange e sgraffito
c. Assimetria nas aberturas
d. Jogos entre elementos e materiais do renascimento,
detalhes e decoração nouveau
2. Hotel Ciamberlani, Ixilles, Bélgica (1897)
a. Tudo que aparece no exterior deve ser ligado à
natureza da estrutura do predio, algo resultante do
interesse de Hankar pelo racionalismo de Viollet Le
Duc
b. Janelas típicas nouveau

c. Henri Van de Velde, Bélgica (1863-1957)


i. Arquiteto, pintor e e designer de interior
ii. Foi pintor neo-impressionista fez parte do grupo Les Vingt
iii. Produção diversificada – fivelas de cinto, porcelana, talheres, projeto
arquitetônico, mobiliário e decoração
iv. Exemplares:
1. Biomenwerf House, Uccle, Bélgica (1894-95)

a. Influencia de Red House de William Morris


b. Concepção de gesamtkunstwerk (trabalho total da
arte, mesclando varias formas de expressão artística)
c. Motivo floral
2. Vila Esche, Chemnitz, Alemanha (1902-03)

a. Projeta tudo, incluindo decoração e jardim


b. Utilização de formas lineares, caracterizando
funcionalidade e desprendimento da ornamentação
c. Claraboia iluminando o salao principal

d. Hector Guimard, Lyon, França (1867-1942)


i. Principal representante do Art Nouveau francês
ii. Influencia de Viollet Le Duc
iii. Trabalhos com continuidade e harmonia – projetou os interiores dos
seus edifícios
iv. Sua concepção de design não excluía nenhum elemento da natureza
v. Exemplares:
1. Castel Beranger, Paris, França (1898)

a. Dialogo entre o volume geométrico do estilo medieval


e as linhas orgânicas observadas em Bruxelas
b. Manifesto do Art Nouveau francês
c. Decoração naturalista refinada
d. Unidade entre interior e exterior
e. Fachada harmônica com tijolo, pedra, cerâmica, metal
e vidro
2. Entradas do metrô de paris
a. Baseadas em estruturas ornamentadas de Viollet le
Duc
b. Compostas por peças pré-fabricadas preconizando seu
interesse pela padronização da industrialização
c. Algumas estruturas eram inspiradas em insetos

e. Giovanni Michelazzi
i. Influenciado pelas fachadas das edificações Art. Nouveau belgas e
francesas, utilizando semelhantes técnicas de construção e materiais
ii. Estátuas de dragões nas fachadas
iii. Algumas obras demolidas nos anos 50 e 60
iv. Exemplares
1. Casa-Galeria Vichi, Florença (1911)
a. Mistura de materiais: pedra, vidro e aço
b. Verticalidade
c. Arco tripartido
d. Esculturas (humanos e natureza)
e. Coroamento escultural, com asas de dragão
2. Violino Broggi-careceni, Florença (1910-11)
a. Disposta em dois anadares, a edificação possui planta
trapezoidal
b. Escada helicoidal – com corrimão em ferro forjado
c. Cobertura daescada – cúpula iluminada por uma
lanterna com estrutura de ferro em forma de teia de
aranha
f. Antonio Gaudí, Réus, Espanha (1852-1926)
i. Grande difusor do modernismo catalão
ii. Maioria de suas obras situa-se em Barcelona
iii. Eusebio Guell (1846-1919): mecenas que viabilizou grande parte de
seu trabalho
iv. Originalidade, criatividade, estilo único
v. Utilizava a cerâmica, o ferro forjado, o vidro e a madeira
vi. Desenvolvia trabalhos através de maquetes e modelando detalhes à
medida que os concebia
vii. Renovar-se-á romper com a tradição
viii. Viollet le Duc: uso de elementos construtivos do estilo nacional
ix. Místico e religioso: formas curvas da natureza
x. Fases
1. Mourisca: influenciado pela arquitetura islâmica (ex: Casa
Vicens Barcelona, Barcelona (1878-88))
2. Gótico simulado: princípios e formas do estilo, mas
manifestadas em inovações ousadas como são, como os ricos
parabólicos (ex: Casa Boltines, Léon (1891-94))
3. Síntese orgânica: ruptura com estilos do historicismo,
aperfeiçoamento do seu estilo pessoal, inspiração em formas
orgânicas da natureza, novas soluções estruturais (ex: Cripta
da Colônia Guell – uso do trencadis/mosaicado(1908-15))
xi. Exemplares
1. Casa Batlló, Barcelona (1904-06)
a. Conhecida como “casa do ossos”, por fazer alusão à
forma de esqueletos, coveiras e omoplatas
b. Utiliza formas ondulantes
c. Telhado remete à escama de dragão
2. Casa Milá / Lá Pedreea, Barcelona (1906-12)
a. Possui uma estrutura em pilares, que possibilita uma
planta livre com grandes aberturas na fachada
b. Pátios abertos
c. Dinamismo das formas no telhado
d. Uma de suas obras mais inovadoras nos aspectos
funcionais, construtivos e ornamentais
3. Templo expiatório da Sagrada Família (1882-…)
a. Representa a síntese do universo de Gaudí
b. Forma do edifício: expressão da fé cristã e de
mensagens bíblicas
c. Arquitetura com estrutura e formas inovadoras
inspiradas na natureza, explorando a luz e as cores
d. Verticalidade: elevação até os céus
e. Três fachadas monumentais explicam a vida de Jesus
Cristo: o nascimento, a paixão (representa a dor, o
sacrifício e a morte de Jesus) e a glória (representará
as consequências do pecado e da virtude, e o céu, que
pode ser alcançado através da orações e sacramentos)
f. Claraboias a partir de hipérboles
g. Materiais: arenito (fachada do nascimento) e granitos
concreto armado (fachada paixão)

g. Paul Cauchie, Hainaut, Bélgica (1875-1952)


i. Arquiteto, pintor e designer de interiores
ii. Mais popular artista de sgraffito da Bélgica- fez mais de 40 aplicações
desatenciosa em fachadas
1. Exemplares
a. Maison Cauchie, Bruxelas (1905)
i. Influencia da obra de Mackintosh
ii. Princípio de arte total na arquitetura – todas
as formas de arte utilizadas (pintura, escultura,
artes decorativas e escultura) estavam
mescladas, formando uma unidade

h. Otto Wagner, Viena, Austria (1841-1918)


- era mais geométrico, mas sempre fez alusão a natureza
- usou muito verde e dourado em suas produções

i. Guiou a Secessão na Austria a partir de 1899


ii. Livro Modern Architektur (1985) – afirma a necessidade de renovação
da arquitetura e das expressões artísticas em um meio em que eram
produzidos esses históricos
iii. Exemplares:
1. Estação Karlsplatz – Estação de metrô, Viena (1894-98)
a. Pavilhão racionalista
b. Ferro: elemento estrutural, pela sua capacidade de
moldar em diversos formatos
c. Mármore Carrara e cobre: revestimentos
d. Fachada: motivo de girassol, remete à natureza (cores:
verde e dourado)
e. Internamente: verde e dourado, piso de mármore
quadriculado
2. Banco Postal, Viena (1905)
a. Materiais de baixo custo, baixa manutenção e alta
durabilidade
b. Ambiente de trabalho higiênico e funcional
c. Fachada sem ornamentação – apenas com texturas
dos materiais de revestimento
d. Material estrutural principal: concreto armado
e. Abóbada de vidro no saguão principal
f. Piso do saguão em tijolo de vidro para iluminação do
pavimento inferior ao mesmo
g. Decoração aproxima-se do racionalismo: sem
ornamentação exagerada, inspiradas nos novos
materiais
h. Internamente: decoração geométrica de caneluras
i. Planta dinâmica, em formato trapezoidal, mas com
algumas curvas, deixando a mostra a organicidade do
Art nouveau
3. Igreja Steinhof, Viena (1904-07)
a. Riqueza de detalhes: colunas gregas na entrada, domo
dourado na parte superior da igreja e métodos
construtivos inovadores
b. Kilimanjaro Moser: vitrais e mosaico da igreja
c. The Othmar Schiimkiwitz: esculturas
d. Presença do dourado (latão dourado)
e. Utiliza o arco romano
f. Planta racional na distribuição do espaço, em formato
de cruz latina remasterizada

i. Josef Hoffman, República Tcheca (1870-1956)


i. Fundou, com Olbrich, Klimt e Moser, o primeiro grupo da Secessão
ii. Em 1903: fundou, com Moser, a Weiner Werkstatte, empresa
produtora de moveis e objetos de artes mecânicas, que se tornou
influente no design industrial do Século XX
iii. Buscou nova relação entre a elena formal e funcionalidade dos
produtos, provocando renascimento das artes aplicadas
iv. Exemplares:
1. Sanatório Puerkesdorf, na Áustria (1904-05)
a. Edificação com forma simples, em concreto armado,
rebocada em branco, coroado em uma simples laje e
com janelas retangulares
b. Influencia de Wagner: com poucos ornamentos, mais
racionalizada; simetria da planta; jogo de planos
c. Interior decorado
d. Dois pavimentos, com nítida simetria (em planimetria
e em altimetria) e geometria, com sobreposição dos
ambientes
2. Palacete Stoclet, Bruxelas (1905-14)
a. Considerada prenuncio de Art Décor
b. Fachada de mármore
c. Volume do edifício decomposto em quadrados
circundados por linhas escuras
d. Entremeado por cornijas de bronze (já oxidado)
e. Simetria parcial
f. Baywindow

j. Adolf Loos, Brno, República Tcheca (1870-1933)


i. Um dos pioneiros da arquitetura moderna
ii. Manifesto “ornamento é crime” (1908)
iii. Influenciado pela escola de Chicago – foi admirador e coworker de
Sullivan
iv. Nega o papel da intuição artística na busca de um estilo
v. Nega a secessão (adversário implacável)
vi. Acreditava na funcionalidade em relação as necessidades dos homens
vii. Coloca a arquitetura apenas no âmbito da utilidade – avesso a
decoração e desperdício de espaço; “avareza dimensional”
viii. Arquitetura independente de outras artes figurativas
ix. Materiais: mármore, madeira, mosaicos, cristal e ladrilho
x. Conceitos arquitetônicos:
1. Planta espacial: distribuição da altura conforme a função a ser
desempenhada no espaço
2. Teoria do aterraçamento: possibilidade do aceder ao terraço a
partir de cada dormitório (herança do arts and crafts)
3. Teoria do revestimento: utilização dos materiais para
desligaras funções espaciais
xi. Exemplares:
1. Vila Karma, Suíça (1903-06)
a. Teoria do revestimento: mármore – revestimento das
paredes e pavimentos; madeiras para paredes e tetos;
laminas de cobre para o teto da sala de jantar
b. “A casa não tem que dizer nada ao exterior; pelo
contrario, toda sua riqueza deve manifestar-se no
interior
c. Planta racional, circundada por terraços
2. Casa Micahelerplatz, Viena (1909-11)
a. Uso misto: residencial e comercial
b. Teoria da planta espacial
c. Construída em concreto armado
d. Utiliza materiais distintos na fachada para diferenciar
os usos (mármore e estuque liso)
e. Um dos primeiros edifícios modernos em Viena
f. Eliminação de elementos não estruturais
g. Revestimento em mármore, com estrutura aparente

k. Charles Rennie Mackintosh, Glasgow, Reino Unido (1868-1928)


i. Arquiteto, designer e artista
ii. Principal representante do Art nouveau no Reino Unido
iii. Influenciado pelo design oriental
iv. Estilo próprio: contraste entre fortes ângulos retos e motivos florais
com curvas sutiã, aliados a referencias da arquitetura tradicional da
Escócia
v. Teve formação na corrente do neogótico: afinidade com abordagem
artesanatos edifícios
vi. Principal representante do estilo liberty na Escócia
vii. Desenho mais abstrato e geométrico
viii. Interpretação nova do Art Nouveau – utiliza arabescos lineares nas
decoracoes, produz uma fachada maciça e geométrica e detalhes em
madeira ou metal
ix. Exemplares
1. Escola de Artes de Glasgow (1898-99)
a. Pé direito duplo
b. Tesoura com desenho diferente
c. Coberta translúcida (se assemelha a uma claraboia)
d. Planta simétrica, com circulações racional
e. Dois andares + porão
2. Hall House, Escócia (1902-04)
a. Valores arquitetônicos tradicionais escoceses e
modernas aspirações internacionais
b. Decoração com motivos de natureza, criando a
sensação de um jardim interno
c. Planta com formato em L (semelhante às casa do arts
and crafs inglês)
d. Tudo foi desenhado por ele, inclusive a mobiliária

l. Joseph Maria Olbrich – predio da secessão

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