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Le Corbusier & Alvar Aalto

Índice

Pag.

Introdução 3

Le Corbusier 4

Capela de Notre-Dâme-de –Haut 10

Villa Savoye 11

Carpenter Center for Visual Arts 12


Mosteiro de Sainte-Marie de la Tourette 13

Alvar Aalto 14

Igreja de Vouksenniska 17

Villa Mairea 18

Biblioteca Viipuri 20

Sanatório Paimio 21

Comparação 22

Bibliografia 23

Introdução

A arquitectura modernista dos anos 30 e 40 abriu o caminho para o resto do mundo de


várias maneiras. Certos países encomendaram trabalhos a importantes arquitectos
ocidentais, enquanto que noutros a presença de firmas internacionais arrastou consigo
a tendência empresarial modernista. Além disso, vários arquitectos, que não
pertenciam ao Ocidente, também ali haviam aprendido, tendo regressado à sua terra
natal armados de novas ideias e entusiasmo pelo modernismo bem como pelas suas
manifestações no Estilo Internacional. No entanto, a aplicação desse estilo, nas suas
obras, foi temperado pelas respectivas situações economicas, técnicas existentes,
clima e cultura locais.

Este trabalho foca a importância que Le Corbusier e Alvar Aalto, tiveram no impacto
que a Arquitectura Moderna causou em todo o mundo, realçando os aspectos
fundamentais que cada um conceituou.

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Le Corbusier

Le Corbusier – Charles, Edouard Jeanneret


1889-1965, Suiça/França

Embora se possa discutir se se tratou do arquitecto


mais influente do século XX, a verdade é que, as
obras, ideias e textos de Le Corbusier estabeleceram
as normas para grande parte da arquitectura e
planeamento modernos, exemplificados num
iternacionalismo global.

Le Corbusier estudou gravura na Escola de Artes e Ofícios em Chuaux-de-Fonds, entre 1900 e


1905.Mudou-se para frança, em 1917, onde obteve a cidadania em 1930. Le Corbusier, apelido
derivado de sua bisavó, foi o pseudónimo que adoptou em 1920. Seu nome de registro é
Edouard Jeanneret Charles.

Trabalhou em vários escritórios, com vários arquitectos, entre 1907 e 1910, entre os quais para
Auguste Perret, em Paris, até 1909, onde absorveu o racionalismo e os discursos cubistas, a
influência do artista Amédée Ozenfant e as lições a cerca de betão armado de Perret.
Transformou todas estas coisas na arquitectura mais brilhante e controversa da primeira
metade do século XX.

As influências de Amédée Ozenfant sobre Le


Corbusier observa-se nos quadros puristas do
pintor, que se inspirava nos objectos de uso
quotidiano. Na sua pintura, os objectos são
apresentados como figuras geométricas com
contornos, superfícies e cores nítidas. Uma das
versões desta obra ilustrada estava pendurada
no estúdio do Arquitecto.

Em 1914, fez os primeiros esboços para o seu sistema de estrutura “Dom-ino” para o
esqueleto de betão armado em grelha que permitiu plantas com planos que flutuam livremente,
que mais tarde, em 1922, juntamente com o seu primo Pierre Jeanneret, continuou a
desenvolver as suas ideias construcionais e a estrutura da unidade “Dom-ino” no estúdio de
arquitectura em Paris que ambos fundaram em 1917.

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“Dom-ino”

Sua arquitectura geométrica, a forma pura dos cubos, esferas, piramides,... , constituiam um
ordenamento racional do espaço, que lhe inspirou o conceito de “Machine à Habiter” , sendo
este exposto em 1921, num ousado artigo da revista L’Esprit Nouveou, onde não só criticava
as Belas Artes mas, como ajudava, a reinventar a casa: a “Máquina de Habitar”.

L’Esprit Nouveou, era uma plantaforma criada por Le Corbusier, juntamente com Amédée
Ozenfant, para atacar as tradições da Escole da Beaux-Arts, ainda dominante em França, a
“falsidade, cosméticos e truques de um cortesã” que aquela insinava, bem como “os floreados
áridos das suas plantas... a folhagem, palestras e cumeeiras” nas quais se fundava.
“Passámos a gostar de ar puro e sol a jorros... A casa é uma máquina onde se vive, com casa
de banho, sol, água quente e fria, temperatura ajustável consoante as necessidades,
armazenagem dos alimentos, higiene e beleza em proporções harmoniosas... “

Os textos que Le Corbusier escrevia, publicados em vários livros, entre os quais Vers une
architecture, de 1923, e Urbanisme, de 1924, foram dos mais influentes na arquitectura do
século XX, tornando o mundo consciente de que havia um novo estilo a nascer.

Le Corbusier tornara-se no arquitecto internacionalista mais influentador. Sua obras em França,


entre 1914 e 1930, estabeleceram um paralelo importante com a bauhaus e com as
preocupações do modernismo, tendo assim o maior impacto na Arquitectura Moderna em todo
o Mundo.

Em 1926 numa exposição sobre a Urbanização WieBenhof, em Estugarda, formalizou os


“Cinco Pontos de uma Arquitectura Nova”.

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“Cinco pontos para uma arquitectura nova”
Proclamou então modestamente em 1927, que tinha inventado uma “Génética
fundamentalmente nova” por meio de utilização de cinco elementos construtivos
fundamentalmente revolucionários:

1º - A separação das funções de suporte (pilares e vigas) e dos elementos suportados


(enchimento das paredes ou divisórias); a ossatura é independente (de ferro ou cimento
armado); procurando a sua base no subsolo, sem recurso aos tradicionais muros de
fundação.

2º- A fachada, que já não tem qualquer obrigatória função de suporte, pode ser agora
considerada como uma simples membrana que separa o interior do exterior. Já não
suporta a carga dos soalhos e, nestas condições, conduz subitamente à total solução
do velho problema de introduzir o máximo de luz no interior das construções. A fachada
pode, de agora em diante, ser envidraçada até à percentagem dos 100% da sua
superficie.

3º- Visto que a ossatura independente do imóvel apenas tem contacto com o solo
através de alguns pontos de apoio (os pilares), ela permite actualmente a supressão de
todo o espaço de envasamento, deixando assim espaço livre sob o imóvel. Este espaço
disponível poderá ser destinado a fins precisos, especialmente à resolução de certos
problemas de circulação.

4º- As armações de madeira dos telhados podem daqui para o futuro ser substituídas
por terraços de cimento armado, cuja superfície horizontal se prestará a alguns arranjos
preciosos.

5º- No interior da construção, que apenas raros pilares espaçados ocupam, a planta fica
inteiramente livre e as divisões verticais (paredes divisórias) deixam de ser obrigadas a
sobrepor-se de andar para andar, como até agora o exigia o emprego das paredes de
suporte.

Estes pontos foram a base da revolução aquitectónica levada a cabo por Le Corbusier, pelas
sua técnicas modernas, oferecendo ao seu futuro e aos urbanistas chamados a resolver uma
série de problemas que surgiram precisamente como consequência das invenções deste
século de técnicas. Nos E.U.A. a altura dos edifícios aumentou em duas décadas de 100 para

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300 metros. Resulta então uma técnica completamente nova, do betão e do ferro, e de
métodos de protecção contra incêndio.

As zonas baixas dos seus edifícios não possuiam frontaria nem trazeiras, insinuando a
igualdade das diferentes partes. O arquitecto foi abandonado cada vez mais o uso dos pisos
intermédios e organizava as suas plantas em redor de salas de estar em dois níveis. Muitas
vezes servia-se de rampas, como promenades, por oposição a degraus que apenas serviam
para circular na vertical. Acima de tudo a parede exterior perdeu o significado como elemento
estático, e tormou-se “uma membrana com qualquer espessura desejada”. Longas bandas
horizonatais de janelas tomaram o lugar das tradicionais janelas existentes na altura.

Corbusier introduzia elementos que não se misturavam


no conjunto, mas que se projectavam sozinhos como
no caso das varandas e dos sobre céus. Considerava
as janelas como o elemeno mais importante na
Arquitectura do seu tempo. Uma janela com uma leve
moldura metálica, era moderna.

Le Corbusier, entre outros, concebeu na europa a casa moldura com os seus espaços
entrelaçados, zonas funcionais e volumes cubicos. Apesar de Le Corbusier ter permanecido
enraizado em França as suas ideias foram levadas e modificadas para a América,
tranformando-as numa nova linguagem por meio da regionalização, sendo estas depois
transmitidas ao mundo inteiro, transformando-as no modelo dos anos 50 e 60.
Tanto na Europa como na América, a casa fora objecto de expressão de ideias modernistas.
Um certo número de casas projectadas por vários Arquitectos Modernistas, que tinham mais
semelhaças do que diferenças e muito influênciadas pelo trabalho Le Corbusier, foram
apresentadas como os modelos desejáveis para viver.

Após 1945, a busca de Le Corbusier por formulas mais poéticas e simbólicas, nas suas obras,
intensificou-se tanto nos textos como nos edíficios. Na extremidade universal do espectro
ficava o sistema Modulor – uma escala de proporções baseado no corpo humano e na
natureza, expressa em unidades de medida idealizadas, parecida com uma relação matemática
subjacente ao conceito de Secçção Áurea.

A escala, baseada na Secção Áurea, foi inventada por Le Corbusier como sistema universal
de dimensões e proporções. Associava o sistema métrico continental aos sistemas de
medida antropromórficos ingleses e os ordenava numa sequência numérica ascendente.
As escalas entrosadas a vermelho e a azul, “irradiam unidade e harmonia... para apagar o
caos em que nasceu a nossa civilização da era da máquina. “- Le Corbusier

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Na Índia, teve a opurtunidade de que não teve em mais lugar nunhum, de construir uma
cidade. Também construiu uma série de monumentos a que chamava “instrumentos de
progresso de civilização”, um destes é o da Mão Aberta (1954-1965) para exprimir a dádiva
e recebimento. Um dos muitos elementos que o arquitecto usou para sugerir o domínio do
homem sobre o processo burocrático.

Le corbusier: Chandigarh, símbolo da mão aberta

 Capela de Notre-Dâme-de-Haut
Ronchamp, França, 1950-1955

Em Ronchamp, Le Corbusier projectou uma


capela que para ele, era o primeiro gesto das
coisas vivas e a primeira prova de existência. A
curva impetuosa das paredes como que
responde e entende a paisagem circundante,
os quatro horizontes, fornece um local para um
serviço externo, e de uma forma bastante
irónica suprime o venerador no espaço interior.
Essencialmente, como acontece com toda a obra de Le Corbusier, a solução específica é e
deve ser vista como uma variante do sistema
genérico, ortogonal – o cubo. O volume
rectângular foi empurrado para dentro em três

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lados, distorcido axialmente para sul, como se
tivesse havido uma rotação de estrutura
retângular, e libertado para baixo, para o chão,
por uma ligeira inclinação, de modo que as
paredes e o tecto se abatem sobre o crente e
empurram o seu espírito para a direcção
normalmente considerada indesejável pela
igreja.
Alegria e meditação foram os sentimentos religiosos primários em que Le Corbusier pensou,
sentimentos este que encontraram expressão na simples aglomeração de formas em contraste
directo, num jogo de luz e sombra sobre o gesso branco seixoso, e no contraste desde o betão
escuro e brutal. Outro contraste foi obtido com o gesto ambivalente do tecto, de uma
jovialidade extrovertida, mas também austero, de modo que tanto o céptico como o piedoso
podem participar, lado a lado, da veneração, sem compremeterem as respectivas fés.
No interior, a parede sul, assemelha-se a um queijo
suiço esburacado por explosões de luz e com um
artifício religioso para dramatizar o sol e os aforismos
pintados por Le Corbusier no vidro. O sol entra na
capela através da junção telhado-parede, banhando
o interior com raios e sombras que se alternam
espectacularmente. Esta obra escultórica arrebatou
a imaginação do mundo.
 Villa Savoye, 1928-1931

A Villa Savoye, em Poissy, foi considerada um


dos pináculos da Arquitectura Moderna, que,
com a sua exclusividade requintada dificilmente
podia servir de modelo numa época de
depressão económica.

Le Corbusier desenvolvera esta moradia, segundo as suas ideias para a Maiso Dom-ino.
Assente num terreno plano, com uma esplêndida vista sobre o vale do Sena e compondo um
volume em forma de prisma, numa planta quadrada e elevada sobre pilares, a vivenda tem o
rés-do-chão livre a fim de facilitar a transição entre o jardim e o espaço construído e favorecer,
além disso, a visibilidade de ambos. Ainda neste piso, concentram-se a circulação e a zona de
serviço, recolhidas atrás de uma parede curva que determina o eixo principal da casa. Por trás
da parede exterior, e através de uma rampa, tem-se acesso ao primeiro e principal andar da
moradia, onde estão os quartos, a sala de estar e um jardim interior parcialmente coberto. O
acesso ao andar seguinte dá-se novamente pela rampa que continua subindo até ao segundo
andar, o terraço, para aí se fechar com uma nova parede curva.

A inclinação da rampa convida à subida,


fazendo do terraço da casa um espaço de uso
semelhante aos pátios mediterrânicos
tradicionais. Ao lado da rampa que atravessa a
casa, uma escadas de serviço em caracol,
completa as circulações verticais.

Nesta obra fora aplicado os célebres “cinco


pontos da nova arquitectura” formulados quatro
anos antes: a utilização de pilares para libertar
a construção do solo, o plano livre graças à
utilização não estrutural de paredes e tabiques,
a fachada livre, a utilização de janelas
horizontais e rasgadas em banda e, finalmente,
o jardim no terraço, destinado a devolver à

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paisagem a área de natureza ocupada pelo
edifìcio.

Casa Savoye, 1928-1931

 Carpenter Center For Visual Arts, Harvard University Cambrige,


Massachusetts, 1960-1963

Foi uma das ultimas obras de Le Corbusier, a única nos Estados Unidos. O Carpenter Center,
para a Havard University, apoiado em pilotis, é atravessado por uma rampa curva, que
serpenteia pelo meio do edifício, assim como a padronização da fachada. Em muitos aspectos,
o edifício sintetiza as preocupações de toda a vida de Le Corbusier como artista, arquitecto e
urbanista. O arquitecto morreu dois anos depois do acabamento do edifício, mas a sua obra
permanece como um ponto alto da produção arquitectónica do século XX.

 Mosteiro de Sainte-Marie de la Tourette, Eveux-sur-‘Arbresle, França, 1953-


1959

O mosteiro dominicano, de Sainte-Marie de la


Tourette situa-se, elevando-se no cume de um
monte e está construido em torno de um pátio, com
várias alas dispostas assimétricamente para
aproveitamento do local. A sensação é de todo
diferente da que Ronchamp produz, reforçando a
noção de que, após os primeiros anos, o
internacionalismo de Le Corbusier foi temperado por
uma cuidadosa atenção ao local.

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Alvar Aalto

Hugo Alvar Henrik Aalto


1898-1976, Finlândia

Alvar Aalto foi um dos arquitectos mais notáveis do século xx. Estudou
arquitectura na Politécnica de Helsínquia entre
1916 e 1921. Depois de diplomado, percorreu a
Europa, adquirindo conhecimentos e
experiências com vários arquitectos, até que,
fundou o seu estúdio em Jyväkylä no ano de
1923, tendo se casado, dois anos depois, com a
Arquitecta Aino Marsio que permaneceu seu
colaborador mais importante até à morte, em
1949.

Os primeiros trabalhos revelam influências


do neo-classicismo e do sueco Erik Gunnar
Asplund, mas quando se mudou para
Turku, as suas obras começaram a seguir
as direcções estabelecidas pelos europeus
ocidentais. Ai concebeu o edificio do Jornal
Turun Sanomat onde se baseou nos “Cinco
Pontos para uma nova Arquitectura” de Le
Corbusier, na plasticidade construtiva do
betão.

Aalto é um arquitecto que, em 1927 quando as comunicações práticamente não


existiam, foi capaz de projectar com pouquissima influência externa, em um pais no
“fim do mundo” (Fin-Land), obras fundamentais da arquitectura moderna, como o
Sanatório de Paimio, ou a sede do Jornal Turum Sanomat. Ao mesmo tempo, deu à
Jornal Turun Sanomat

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madeira a nobreza do material de construção como nenhum arquitecto o fez até
hoje. Usou-a para experiências bem sucedidas e industrializou-a em mobiliário,
reconhecido e utilizado até hoje como de conforto e design perfeitos. Estendeu
ainda o uso da madeira para pesquisas, todas elas bem sucedidas, de
revestimentos de paredes, e para desenhos de forras que são os meios criativos da
arquitectura actual.
Desenhou mobiliário conveniente para a
produção Industrial. Acontecimento que lhe
alterou o sentido do próprio trabalho quando
o desviou do betão armado para a madeira e
para os materiais naturais. O mobiliário era
distribuido pela sua própria empresa, o
mobiliário Artek.

A arquitectura para Alvar Aalto era “ um jogo de formas livres e superficies


animadas” em correlação com a tarefa designada e com a atmosfera do local de
construção. O ponto de partida para os seus designs eram sempre corpos com uma
disposição nítida, como o de uma câmara municipal, escola, biblioteca, centro
cultural ou uma habitação pequena. A tais corpos adicionava ele elementos suaves
e naturais. Suas obras de Arquitectura classificam-se como próprias da época e, ao
mesmo tempo, impróprias, devido às referências à uniformidade arquitectónica das
formas agrárias nativas, ao seu romantismo e ao compromisso com o Modernismo.

A transição de Alvar Aalto para o que se designava por “Modernismo Romântico”,


deu-se por volta de 1938, exemplificando-se no seu desenho para a Vila Mairea, em
Noormarkku.

Esta foi uma das mais importantes obras de Aalto, desenhada em colaboração com
sua mulher, Aido, a Casa de Verão, construida para Maire Gullichsen. É uma
síntese de alvenaria caiada e revestimento de madeira, usados numa relação
formal. Em projecção horizontal e em volume, a sequência e variedade de espaços
tanto exteriores como interiores, fundem-se elegantemente. A justaposição do
vernáculo finlandês a uma estrutura requintada indica um elo entre os Movimentos
Romântico e Racionalista.

Assume nos seus projectos o carácter dominante da luz com um tratamento


orgânico da forma que relacionava o interior, íntimo e pessoal, com o exterior,
derivado na natureza. Preferia sempre contornos naturais aos urbanos e entre eles
as cidades pequenas. O espaço para Aalto não era métrico, nem cartesiano, não
havendo distâncias nem áreas fixas, mas uma relação quantitativa entre a parte e o
todo.

Suas abordagens orgânicas ao Design foi abafada pela modulação do espaço por
meio do uso da luz natural, calor, e som. Esta parcialidade relativa à natureza,
incutiu-lhe nas obras um sentido de continuidade quando saiu do Periodo
Funcionalista, nos ano 30, para os seus projectos mais regionais e expressivos dos

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anos 50. No entanto no seu coração continuou a ser um modernista, ao longo da
sua carreira.

Enquanto os fiéis à arquitectura partiam de modelos que iam buscar à geometria


abstracta e construíam casas que rivalizavam com as máquinas na sua diversidade
e funções, Aalto deixou não só os seus móveis, que serviram como ponta de lança
para as suas ideias arquitectónicas, mas também os seus edifícios falarem o idioma
da madeira. Em vez da simplicidade mecânica ele procurou a complexidade
orgânica. Para além de usar a madeira como material, quer no exterior como no
interior, impôs também formas da madeira a outros materiais tais como o cimento e
o tijolo. Na sua concepção, um tijolo, quando bem aplicado, valia o seu peso em
ouro. Quando este material não se adaptava aos seus propósitos, nomeadamente
em superfícies curvas, ele concebia um novo tipo de tijolo.

A atracção pela formas orgânicas e não geométricas tinham raízes profundas na


sua personalidade, na sua espontaneidade, na sua atitude para com a vida não
teórica e grande abertura de espírito. Alcançada nos fins dos anos 30, esta atracção
relacionava-se claramente com as florestas do Norte, tais como as linhas
ondulantes características do seu idioma arquitectónico e que se alimentavam das
tortuosas linhas costeiras e dos contornos de terreno sinuosos dos mapas de seu
pai que era topógrafo.
Aos 55 anos deixa esta vida deixando para trás uma obra incomparável e única no
seu estilo.

 Igreja de Vouksenniska, Imatra, 1957-1959

Esta é uma das três igrejas em Imatra. A cidade com um carácter industrial que teve uma
influencia determinante no seu aspecto.

A torre do sino colocou um problema especial


devido ao facto da área ser dotada de
chaminés. Teve de criar o seu efeito pela forma
e pela escala.
Para além da sua função religiosa, a igreja era
para ser usada para outros fins, como muitas
vezes acontece nestas áreas industriais. Esta
diversidade é expressada na sua forma
exterior.

Um dos seus espaços, contendo o altar, o


púlpito e o órgão, tem a capacidade para 250
pessoas. Uma atmosfera de acolhimento e a paz
prevalece. Casamentos, funerais e outras
cerimónias são celebrados nesta parte da igreja.
A capela pode ser alargada removendo as partes
que separam as duas áreas nomeadamente
usadas para reuniões e encontros. Desta
maneira a nave pode albergar 800 pessoas. Na
ala oeste há outras áreas com entrada própria.

A liturgia luterana conduz a uma disposição


assimétrica no interior. A parede cujo lado se
adoça é recto, enquanto a longitudinal oposta
tem 3 curvas que obedecem a condições
acústicas. As janelas da parede longitudinal
tem uma ligeira elevação alinhada
adoptando-se ás linhas do telhado, que

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também serve para reflectir o som da
congregação. A acústica era investigada e
experimentada em modelos.

 Villa Mairea, Noormarkku, Finlândia, 1938-1941

Esta casa deve o nome a Maire Gullich,


empresária, partidária das mais avançadas utopias
sociais, que junto do marido, Harry, chegou a
tornar-se na melhor cliente de Alvar Aalto. Situa-se
no cimo de uma colina, no meio de uma clareira do
bosque, a moradia debruça-se sobre um rio
cercado por pinheiros, com os quais o arquitecto
filandês pretendeu confudir a fachada orgânica da
construção.

O piso da casa organiza-se em três partes de


diferente formalização material: o espaço da casa
de jantar, a zona das salas e o pavilhão da zona de
serviço.

O Contraste estabelecido pelos materiais utilizados convive com a contraposição de volumes


geométricos e formas orgânicas num diálogo sereno
entre a modenidade e a tradição. A casa principal
constitui um espaço moderno, sintético, de planos
puros e geometrias rìgidas, enquanto a zona de
casas de banho e sauna se ergue de acordo com o
costume finlândês de construir com madeira, em
vigotas e pranchas. Junto da cabana tradicional onde
se encerra a sauna, no pátio que protege a forma
recolhida da vivenda, Aalto dispôs uma piscina
ondulada, um eco dos lagos que salpicam, com as
árvores, os bosques da paisagem finlandesa.

Na Vila Mairea a riqueza espacial obtem-se através de grande economia de meios e de


materiais. A casa racional, em forma de L, une-se à ala da zona de serviços até formar um U
que se abre para o bosque e se recolhe em frente ao rio. Com esta combinação de volumes,
que contrastam formalmente e materialmente, o andar da casa desenha uma ferradura que
rodeia o jardim. Os parapeitos das varandas e algumas partes da fachada estão revestidos a
madeira de teca, enquanto que a ala que forma a zona da sauna foi construída e acabada em
pinho, como as árvores que se encontram à volta da casa, a mesma do bosque que acabava
por invadir a moradia e confundir-se com o espaço de habitação.
Os troncos das árvores encontram o seu eco na
divisória que separa o vestíbulo das salas, uma
cortina de finos cilindros em madeira que se
assemelha a um bosque de troncos. Até os
pilares da sala principal imitam a aparência
robusta da árvores Finlandesas.

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 Biblioteca Pública de Viipuri, Finlândia 1930-1935

A biblioteca contém salas de leitura na forma de anfiteatro, um teatro de leitura, uma biblioteca
para crianças, uma sala periódica e escritórios. Para
formar um contraste com as árvores do pátio, o edifício
foi estucado de branco, exceptuando as entradas que
apresentam um tom azulado de pedra natural.
Os níveis encontram-se sobrepostos. Ao longo do eixo
axial da planta do R/C, a entrada principal está situada
debaixo da livraria e das salas de leitura, meio andar a
cima, no mesmo eixo axial, encontra-se o local de
recepção e de aquisição de livros.
A luz não entra directamente
na sala de leitura, é sim reflectida
nas superfícies cónicas da luz solar,
o que torna o uso de vidros opacos
desnecessária. Esta luz difusa é
particularmente conveniente para o
leitor, que pode ocupar uma parte
da sala sem ser incomodado por
sombras ou reflexos. A luz eléctrica
é assim um complemento desta. A
mesma luz ilumina os livros e
também impede a reprodução de
sombra mesmo quando nos
encontramos à frente deles.
O Hall foi intencionalmente pensado que para grupos de discussão quer para leituras. O tecto,
em ripas de madeira, é ondulado e foi concebido
para que o som se propague de qualquer parte
para qualquer parte.

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 Sanatório Paimio, Helsinquia Ocidental, Finlândia, 1929-1933

A ideia original era uma perfeita união entre áreas de


descanso e áreas de trabalho. O módulo central de
plano é a sala do paciente. Embora um quarto tenha
sido pensado para três doentes, por razões e questôes
de tranquilidade, decidiram que os quartos albergariam
apenas dois. Os quartos não foram desenhados para os
pacientes estarem deitados em suas camas. Os
contrastes de côr e de volume resultantes das diferenças
entre a luz natural e artificial, as paredes divisórias e os
tectos, tem um efeito desfavorável e desconfortável nos
doentes que se encontram deitados e que são
especialmente sensíveis.
As suites e os apartamentos dos doentres constituem
um intento de suster a influência da atmosfera que reina
num estabelecimento deste tipo. Os empregados
superiores, sobretudo os médicos, vivem em filas de
casas dentro do sanatório mas fora da vista dos
pacientes.

Comparação

Tanto Le Corbusier como Alvar Alto foram grandes revolucionarios da Arquitectura em todo
o mundo.

Le Corbusier com os seus novos conceitos e teorias sobre o betão armado, que possibilitou
uma grande enovação a nível de todos os elementos arquitectónico, influênciou um mundo
inteiro, dando uma imagem nova e moderna a habitação. A casa ideal para se viver era
concebida com base no trabalho que Le Corbusier desenvolveu e aperfeiçou.

Por outro lado Alvar Aalto com o seu estilo caracteristico, Romântico e ao mesmo tempo
Moderno, de formas arquitectónicas e superficies animadas, realizou obras muito

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importantes com pouquissimas influências exteriores devido aos reduzidos meios de
comunicações existentes na altura, assim como mostrou ao mundo as capacidades da
madeira e de outros materiais naturais, como materiais de construção. Desenhou ainda
mobiliario conveniente, o mobiliário ARTEK que fora destribuido por todo o mundo pela sua
própria empresa.

Há que realçar as influências de Le Corbusier pelo trabalho de Amedée Ozenfant, com os


seu quadros puristas de figuras geometricas e das lições de Perret a cerca do betão
armado, usufruindo assim delas para criar uma arquitecura revolucionária.

Alvar Aalto também teve as suas influências, as do neo-classicismo e as do sueco Erik


Gunnar enquando residia em Jyväkylä, assim como as de Le Corbusier através dos “ cinco
pontos para uma nova Arquitectura”, que se observam em trabalhos de Alvar Aalto, datados
a partir da altura em que o arquitecto se mudou para Turku.

Ambos são grandes referências da Arquitectura Moderna do século XX, pois deixaram ao
mundo obras de grande valor que são ainda grandes exemplos para arquitectura
international.

Bibliografia

Khan, Hasan-Uddin,
Estilo International, Arquitectura Moderna de 1925 a 1965
Edições Taschen

Gössel, Peter
Leuthäuser,Gabriele
Arquitectura do Século XX
Edições Taschen

Le Corbusier
Maneira de Pensar o Urbanismo
Publicações Europa-América

Jencks, Charles
Movimentos Modernos em Arquitectura
Edições 70

Zabalbeascoas, Anatxu
As Casas do Século
Editorial Blau, Lda.

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