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de Lisboa
HISTÓRIA V
HENRI LABROUSTE
Arquiteturas do Século XIX
2022
Arquiteturas do Século XIX
Henri Labrouste
Foi um arquiteto francês da Escola de Belas Artes e a
figura central do racionalismo no Neoclassicismo.
Nascido em 1801, filho de um advogado de nome
François-Marie Labrouste. Desde muito cedo destacou-
se nas escolas de arte em que passou. 4
Henri Labrouste
Biblioteca de Sainte-Geneviève
Se localiza no Quartier Latin de Paris onde estava o Mesmo com a sua aparência exterior neoclássica,
antigo colégio de Montaigu, junto ao colégio Sainte- ela já integra os princípios higienistas e prenuncia
Barbe e entre o Panteão e a Igreja de Saint-Étienne-du- muito o urbanismo moderno que estaria por vir, o
Mont. A biblioteca se desenvolve respeitando o eixo da seu sistema de organização ensaia uma arquitetura
Place du Panthéon e faz a implantação paralela ao funcionalista, menos agarrado aos princípios
Panteão. A bibliotecta aparece no cimo de uma colina, genéricos clássicos e sem o desenho de espaços
evocando a ideia de informação e cultura destinada à desnecessários que muitas das vezes só apareciam
comunidade académica, razão até para ser este lugar por necessidade de exagero e luxúria, antes as
conhecido como a colina dos livros. bibliotecas em sua maioria integravam palácios e
Mandou-se construir a biblioteca que teve a sua tinham escadas monumentais e múltiplas peças
primeira pedra lançada em 1838 e foi aberta ao público decorativas, com galerias que duplicavam as
em 1851, para ser um espaço novo com melhores prateleiras por exemplo.
condições para consulta pública e armazenamento de Na fachada exterior na base dos diversos vãos que
livros importantes da antiga biblioteca, mas sobretudo asseguram a iluminação natural da sala de leitura
para ser uma resposta moderna, numa altura em que estão inscritos os nomes de 810 sábios relevantes
se precisava de difundir a informação principalmente na história do conhecimento, distribuídos por vinte
entre os indivíduos mais necessitados no bairro. Ou e sete painéis em ordem cronológica, desde
seja é um dos primeiros frutos da revolução francesa e Moisés até ao químico sueco Jöns Jacob Berzelius.
da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
tendo como foco o acesso à informação.
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Os repetidos vãos se assemelham aos da Catedral de escritores importantes para fazer essa transição entre o
Rimini, e do Banco Mediceo de Milão, ambos do século espaço público e a biblioteca. E preocupado com o risco
XV, tanto o desenho do alçado remetem exatamente à de incêndio, ainda com a memória fresca do não muito
viagem de Labrouste para Itália onde esteve por 5 anos e distante incêndio de 1666 em Londres e não só,
estudou a arquitetura histórica italiana. Ele teve a Labrouste fez o espaço com uma casca em pedra e uma
intenção de fazer um jardim para deixar a biblioteca estrutura interior em ferro e cobertura exterior em zinco
mais recuado e sem um acesso direto para a via pública, e até a sua localização quase que isolada ajudou a
mas por ter pouco espaço exterior, teria optado por estrutura a ter uma certa incombustibilidade.
pintar cenas referentes à um jardim para dar esta
sensação e decorar esse espaço com bustos de
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No piso superior acontece o espaço de consulta e de que acompanham o arco e se quebram na superfície,
depósito, desta maneira os livros são abrigados do frio acompanhados pelas janelas nas paredes laterais, o teto
nada favorável de Paris, e Labrouste utiliza uma abobadado é revestido em gesso estruturado parecido
configuração espacial semelhante às plantas basilicais, com o que se fez na Sala Sistina da Biblioteca do
que até é o que caracteriza o projeto, mas por outro lado Vaticano, e de certa forma esta solução quase que torna
revela um problema na dificuldade de climatizar o a estrutura independente do revestimento exterior,
espaço designadamente no pé-direito do compartimento mesmo que na parte lateral há um sistema metálico que
por esta questão do inverno em Paris. A iluminação no agarra as paredes utilizando um disco metálico que se
espaço de leitura é garantida por janelas que percorrem percebe no exterior, a carga central é descarregada em
todo o edifício e por estarem a uma cota das paredes finos pilares metálicos. E as descargas laterais são feitas
trazem uma excelente homogeneidade na luz interior, só com uso de contrafortes que diferente das igrejas
no piso superior se encontram quarenta e uma janelas, góticas, aqui eles aparecem no interior, o que favorece a
dezanove se abrem para o Panthéon, quatro em cada sua função e espaço ao passo que reforça a estabilidade
uma das fachadas laterais e catorze nas traseiras e da construção, na parte interior usam-se asnas metálicas
metade em cada uma das fachadas laterais à caixa de curvas que estão juntas aos duplos semicilindros em
escadas. negativo para darem suporte às abóbodas leves e que
O edifício é o primeiro na França a utilizar o ferro forjado têm um revestimento em gesso e estruturado por uma
desde as suas bases até a cobertura. Labrouste malha metálica mantendo a estabilidade e a leveza.
trabalhou na sua função e proporções desde a fachada, e O edifício contou ainda com um inovador sistema de
minuciosamente pensou nos materiais, no mobiliário e iluminação e aquecimento à gás que permitia a
decoração. O teto é feito com abóboda de berço com utilização do espaço para leitura durante a noite.
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MURTINHO, Victor, Adelino Gonçalves – Biblioteca de
Saint-Geneviève em Paris: um resgate da amplitude
espacial e da luz. Coimbra: Universidade de Coimbra.
0874-3738. Dezembro de 2014.
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