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HISTÓRIA DA ARTE, ARQUITETURA E URBANISMO I

ARQ5621

TERCEIRA AULA – REGIONALISMO

TEXTO 3 – FRAMPTON, Kenneth: “Regionalismo Critico: Arquitetura moderna e identidade cultural”


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REGIONALISMO

O conceito de regionalismo coloca que o mais importante


para se compreender as origens do regionalismo são as
teorias desenvolvidas na Alemanha do século XIX... A crescente racionalização da
vida social no capitalismo
Por volta de 1890, quando aconteceram vários industrial com o desencanto do
movimentos nacionalistas e separatistas na Europa, os mundo à racionalização e à
teóricos alemães pós-românticos cunharam dois secularização e a jaula de ferro
conceitos de oposição binária. do capitalismo, onde o mundo
está aprisionado (Max Weber).
Seria a oposição existente entre Zivilization
(CIVILIZAÇÃO), que no fim do século XIX passou a
significar o racional e o universal PREFERIDO da
BURGUESIA em oposição ao particular, e a terminologia
Kultur (CULTURA) referente a povo (volk) PREFERIDO
pela ARISTOCRACIA.

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A doutrina do regionalismo é baseada num modelo de sociedade ideal, que poderia ser chamado modelo
essencialista.

De acordo com ele, todas as sociedades contêm um núcleo, uma essência a ser descoberta e preservada.

Um aspecto dessa essência repousa na geografia local, clima, costumes [ethos], envolvendo o uso e a
transformação dos materiais locais.

O regionalismo representa a BURGUESIA ASCENDENTE do novo capitalismo com atitudes LIBERAIS e


PROGRESSISTAS com tendencias a MODERNIDADE de outro lado a ARISTOCRACIA anti-burguesa com
atitudes ANTI-LIBERAIS e TRADICIONAIS com tendencias ao CONSERVADORISMO.

A MODERNIDADE conduz ao NEOCLASSICO nos sécs. XVIII e XIX e a ARQUITETURA MODERNA (Purismo, Construtivismo,
Neoplasticismo) no pós primeira guerra (começo do séc. XX).
Já o CONSERVADORISMO conduz ao AVANT-GARDE no mesmo período.

No período da segunda grande guerra existe um HIATO que leva nos anos 50 e 60 a ARQUITETURA PÓS MODERNA com
suas imagens gratuitas e silenciosas que precede a explosão nos anos 70 e 80 da falência do MODERNISMO com a
RACIONALIDADE INSTRUMENTAL da técnica pela arte.

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“Revivalismo na arquitetura”

Revivalismo na arquitetura é o uso de estilos visuais que conscientemente ecoam o estilo de uma era
arquitetônica anterior.

A arquitetura neo-tradicional ou revivalista ou contemporânea é uma arquitetura que leva os modelos


de construções tradicionais, combinando-os com modernas técnicas de construção e amenidades
modernas (estacionamento, elevador, etc.).

A arquitetura neo-tradicional destaca-se do novo urbanismo pelo fato de que o novo urbanismo é
inspirado na arquitetura tradicional enquanto modificando-a.

A arquitetura neo-tradicional copia o pastiche enquanto sem modificar seu aspecto visual, mas não
necessariamente usando técnicas e materiais tradicionais.

O estilo Revivalismo também se distingue do estilo puramente tradicional, que recria um edifício de
uma forma tradicional com os mesmos métodos e materiais.

Nesse sentido, a arquitetura neo-tradicional aproxima-se do movimento regionalista em voga no início


do século XX.

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Arquitetura Historicista, ou Arquitetura Revivalista, foi um conjunto de estilos arquitetônicos que centrava seus
esforços no resgate dos estilos arquitetônicos de outras épocas passadas.

As tendências revivalistas na arquitetura surgiram na Europa no século XVIII, atingiram seu auge no século XIX
e chegaram até início do século XX.

Dependendo da época e arquiteto, a arquitetura historicista foi mais ou menos fiel aos modelos do passado.

Alguns arquitetos tentavam reproduzir fielmente os modelos antigos, enquanto que outros foram mais flexíveis.

Apesar de usar a estética do passado, arquitetos revivalistas fizeram uso de técnicas contemporâneas às suas
obras, como as estruturas de ferro e, mais atualmente, de cimento e concreto.

O historicismo começa no século XVIII.

Na Inglaterra surge nessa época a arquitetura neogótica, que atinge seu auge em obras do século XIX como o
Parlamento Britânico.

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Neogótico é um estilo de arquitetura revivalista originado em meados do século XVIII na Inglaterra.

No século XIX, estilos neogóticos progressivamente mais sérios e instruídos procuraram resgatar os traços
góticos medievais, em contraste com os estilos clássicos dominantes na época.

O movimento de neogótico teve uma influência significativa na Europa e na América, e especula-se que
tenha sido construída mais arquitetura gótica sob caráter revivalista nos séculos XIX e XX do que durante o
movimento gótico medieval original.

O revivalismo gótico encontrou paralelo e apoio no medievalismo, que teve suas origens no interesse
antiquarial por relíquias e curiosidades.

Na literatura inglesa, o revivalismo gótico e o romantismo deram origem à novela gótica, gênero inaugurado
por O Castelo de Otranto (1764) de Horace Walpole, e inspirado em um gênero de poesia medieval que
parece emergir da poesia pseudo-bárdica do Ossian.

Poemas como Os Idílios do Rei, de Alfred Tennyson, projetam temas modernos em cenários medievais dos
romances Arturianos.

Na literatura germânica o revivalismo gótico também teve raízes em tendências literárias.

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Considera-se que a arquitetura gótica nasceu com a Basílica de Saint-Denis, em Paris, em 1140, e terminou
com a maravilhosa Capela de Henrique VII em Westminster, no início do século XVI.

Contudo, a arquitetura gótica não morreu completamente em 1520, mas perdurou em diversos outros projetos
de catedrais e na construção de templos rurais em distritos isolados da França, Inglaterra, Espanha, Alemanha
e na Comunidade Polonesa.

Em Bolonha, o arquiteto barroco Carlo Rainaldi construiu em 1646 abóbadas góticas (completadas em 1658)
para a Basílica de San Petronio, que estava em construção desde 1390; ali o contexto gótico da estrutura
suplantou considerações a respeito de estilos mais contemporâneos.

Da mesma forma, arquitetura gótica sobreviveu em ambientes urbanos durante o fim do século XVII, como é
evidente em Oxford e Cambridge, onde reformas e acréscimos neogóticos aos edifícios foram considerados
mais adequados ao estilo das estruturas originais do que poderia ser o barroco vigente na época.

A Torre Tom de Sir Christopher Wren, no Christ Church College da Universidade de Oxford, e mais tarde as
torres ocidentais da Abadia de Westminster, de Nicholas Hawksmoor, confundem as fronteiras entre o gótico
remanescente e o neo-gótico recém-criado.

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Também no século XVIII revive-se no Norte da Europa a arquitetura clássica através do
neoclássico, que, especialmente em sua última fase, resgata a severa harmonia dos templos
greco-romanos.

Estes estilos revivalistas foram rapidamente adotados por arquitetos de outros países
europeus e das Américas, e logo surgiram outros estilos revivalistas como o neorenascimento,
o neoromânico, o neomourisco, o neobarroco e outros.

Os estilos historicistas muitas vezes foram parte de movimentos de valorização e idealização


da história nacional, assumindo um caráter nacionalista.

Em Portugal, por exemplo, surgiu em meados do século XIX o neomanuelino, que revivia o
estilo da época áurea das Navegações.

No Brasil e em outros países da América Latina foi muito popular a partir dos anos 1910 até
finais da década de 1930 o estilo neocolonial, que resgatava os estilos próprios do período
colonial.

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NEO-REGIONALISMO

Surge no bojo do AVANT-GARDÈ na ARQUITETURA PÓS MODERNA com a revitalização de construções TRADICIONAIS
PURAS e a implementação de construções NEO-TRADICIONAIS.

Uma das maneiras mais simples de diferenciar construções neo-tradicionais de construções tradicionais
puras é verificar a estrutura do edifício, se o edifício é feito de concreto moderno e depois coberto com
pedras cortadas, então é uma estrutura neo-tradicional, enquanto que se o edifício tem uma moldura feita
de materiais tradicionais, é um edifício tradicional.

Os estilos modernos de revitalização podem ser resumidos dentro da Nova Arquitetura Clássica, e às vezes
sob o termo guarda-chuva arquitetura tradicional.

NEO-HISTORICISMO

Neo-Normando

Normanda é uma forma de regionalismo, caracterizada por edifícios construídos a partir de uma estrutura
de madeira tradicional, mas com materiais modernos.

A arquitetura neo-normanda é um estilo de moradias criado por Jacques Baumier em Houlgate (FR) na
segunda metade do século XIX.
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Jacques Baumier NEO NORMANDO (segunda metade sec.XIX)

Deauville cidade Francesa na Normandia onde o Neo


Normando vem sendo cultuado principalmente a partir dos anos
2000.

Mansões de Jacques Baumier NEO NORMANDO (segunda metade


sec.XIX)

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Eugène Emannuel Viollet-le-Duc (Paris, 27 de janeiro de 1814 – Lausane, 17 de setembro de 1879) foi um
arquiteto francês ligado à arquitetura revivalista.

E um dos primeiros teóricos da preservação do património histórico.

Pode ser considerado como um precursor teórico da arquitetura moderna.

Viollet-le-Duc restauro Muralhas de Avignon (1855 a 1872) Notre-Dame (1814 a 1879)


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Deauville cidade Francesa na Normandia onde o Neo Normando vem sendo cultuado principalmente a
partir dos anos 2000.

A arquitetura da Normandia se estende por mil anos. Arquitetonicamente, as catedrais normandas, as


abadias (como a Abadia de Bec) e os castelos caracterizam o antigo ducado de uma maneira que
espelha o padrão semelhante da arquitetura normanda na Inglaterra após a conquista normanda de
1066.

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Neo-haussmaniano

O estilo neo-Haussmann nasceu no início dos anos 1990, assumindo o estilo Haussmann, depois parou
após a Segunda Guerra Mundial para um estilo mais a favor das idéias de Le Corbusier abandonando o
alinhamento de ruas, a limitação do modelo, a própria rua e gerando a criação de grandes conjuntos.

A cidade de Paris foi uma cidade labiríntica de agitadas ruas medievais com traçado urbano que remonta aos tempos dos
gauleses e romanos, quando ainda se chamava Lutécia.

Ela teve seu traçado urbano remodelado completamente em meados do século XIX, durante o governo do imperador
francês Napoleão III.

Este nomeou, para seu chefe de departamento de Paris, George-Eugène Haussmann, o grande responsável pela reforma
urbana. Haussmann era administrador público e não tinha formação em arquitetura ou planejamento urbano.

Paris era uma cidade insalubre e malcheirosa em 1853, quando o imperador deu instruções a Haussmann para
reconstruir a cidade com grandes avenidas e rede de esgoto.

Para isso, regiões inteiras deveriam ser demolidas e requalificadas.

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O desejo de Napoleão III e Haussmann era fazer de Paris uma nova Roma.

O antigo general governante que se fez imperador, Napoleão Bonaparte, tio de Napoleão III, havia iniciado a construção
do Arco do Triunfo, depois da vitória em Austerlitz, em 1805, que se mantem como um dos símbolos mais famosos da
França.

Dois fatores foram decisivos para dar começos às obras.

O primeiro era evitar futuros levantes revolucionários, como os de 1827, 1849 e 1851, quando foram levantadas
barricadas na cidade, e devido à reação armada da esquerda e dos operários contra o desejo de Napoleão III de continuar
no poder, não mais como presidente eleito diretamente nas eleições da Segunda República, proclamada em 1848, mas
como imperador dos franceses.

As largas avenidas e boulevares tinham um objetivo importante dentro do contexto das revoluções do século XIX.

As amplas vias permitiam que tropas do governo se movimentassem livremente para manter a ordem em tempos
revolucionários, de forma a evitar as barricadas e demais distúrbios.

Os exércitos e a polícia podiam posicionar suas artilharias de forma a conter as aglomerações que porventura pudessem
ocorrer.

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O outro fator foi uma segunda epidemia de cólera que resultou em dezenove mil vítimas aproximadamente.

Com o traçado medieval da cidade, as casas eram amontoadas e insalubres, as ruas eram estreitas e os funestos sistemas
de esgotos corriam muitas vezes a céu aberto, juntando-se a superpopulação do centro da cidade.

Essa insalubridade, revoltas e péssimas condições de vida foram tema da grande obra de Victor Hugo, Os Miseráveis.

Um pouco antes, como nos recorda Mumford, em A cidade na história, Londres já vinha promovendo investimentos
públicos significativos em obras preventivas nas margens do rio Tamisa, que estavam putrefatas e contaminadas.

O plano incluía a demolição de cerca de dezenove mil prédios históricos e a construção de outros trinta e quatro mil
novos, aproximadamente. As antigas ruas foram substituídas por amplas vias, de arquitetura eclética e neoclássica, em
tons pastel, alinhados e dentro de proporções uniformizadas.

Foram construídos grandes parques, um novo sistema de esgoto, um novo aqueduto para a água doce, rede de gás
subterrâneo para iluminação pública e privada, fontes e banheiros públicos.

Novas estações de trem foram construídas, bem como o ícone do ecletismo mundial, a Opera de Paris.

As avenidas radiais, saindo do Arco do Triunfo, caracterizam o plano de Haussmann.

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Haussmann transformou Paris em vinte anos, quando foi forçado a deixar o cargo em 1870.

Seus projetos continuaram sendo seguidos até os anos 1920. Porém, Haussmann também foi criticado, pois demolira a Paris antiga e
tradicional, não sendo poupado por críticos, jornalistas e desenhistas de sua época.

Os projetos de Haussmann foram sem precedentes pelo fato de ter conseguido resultados com padrões elevados e uniformes em tão
pouco tempo, dentro do contexto do ecletismo da segunda metade do século XIX.

Até a própria casa em que nasceu fora demolida.

O antigo casario foi posto abaixo e, em seu lugar, surgiram os amplos bulevares com novas construções padronizadas, em grande parte
de estilo eclético, com serviços de esgoto, gás encanado e abastecimento de água tratada.

A altura padrão não ultrapassava seis andares.

Foram abertos espaços para os parques públicos e estações de trens dentro da cidade.

Edifícios históricos importantes foram preservados, como as igrejas antigas.

Uma das obras primas foi a construção da Ópera por Charles Garnier, inaugurada em 1875, um dos mais emblemáticos edifícios da
arquitetura eclética francesa.

Diversas cidades seguiram o modelo de Paris, como Buenos Aires, Rio de Janeiro, Nova York e Belo Horizonte.

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