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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
DISCIPLINA: ARQ 102 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO II
PROFª: Drª PATRÍCIA JUNQUEIRA

MANERISMO
Contexto

O termo “maneirismo" surgiu para designar artistas que produziam à maneira dos grandes mestres.

Giorgio Vasari afirma que maneirista é aquele que imita a arte e não a natureza.

Para a crítica contemporânea, maneirismo designa a situação da arte no século XVI. Alguns críticos
afirmam que o classicismo racionalista do Renascimento se limita à região no entorno de Florença
e ao século XV.

Século XVI: contestação do classicismo renascentista.

O objetivo da arte passa a ser uma experiência individual do mundo, uma interpretação individual
do universo, abrindo caminho para o subjetivismo barroco.

Mas nem todos os artistas da época acreditavam que havia se chegado à perfeição e que não
restava mais nada a fazer. Dessa forma, se não havia como superar os mestres no tratamento das
formas humanas, seria possível superá-los em algum outro aspecto. Vários artistas optaram por
ousar em matéria de invenção, outros investiram em obras menos naturais, menos óbvias, menos
simples e harmoniosas.

Os próprios grandes mestres iniciaram novas e originais experiências. Michelangelo se manifestou


algumas vezes contra as convenções, se mostrando insatisfeito com a perfeição de suas obras-
primas, buscando incansavelmente novos métodos e novas formas de expressão. Essa postura
levou os jovens artistas a se sentirem livres para surpreenderem o público.

O Maneirismo se desenvolveu em um período de transformações políticas, econômicas, culturais e


religiosas. Entre o fim do século XV e o início do século XVI, a Itália foi invadida pela França,
Alemanha e Espanha, que levaram ao Saque de Roma, ocorrido em 1527, e à ocupação do sul da
península itálica pela Espanha. Nesse momento, a Igreja Católica perdeu terreno para as Igrejas
Protestantes que surgiram a partir dos questionamentos de alguns pensadores que levaram à
Reforma Protestante. Frente a esta situação a Igreja convocou o Concílio de Trento, entre 1545 e
1563, a fim de fortalecer a posição da Igreja.

Essas oscilações políticas e religiosas aparecem no livro de Maquiavel, o Príncipe, publicado em


1532, nele se justificavam práticas políticas correntes caracterizadas pela moral dúbia e o uso da
máquina administrativa em favor próprio.

Com a descoberta de novas rotas comerciais por Portugal e Espanha, seguidos por Inglaterra e
Países Baixos, a Itália deixa de ser o mais importante centro comercial da Europa.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO
DISCIPLINA: ARQ 102 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO II
PROFª: Drª PATRÍCIA JUNQUEIRA

TRATADOS MANEIRISTAS

Os artistas consolidaram os ideais do Humanismo em sua produção prática assim como divulgaram
os ideais classicistas em tratados e obras de crítica de arte, como os escritos de Serlio, Vignola,
Palladio e Vasari.

Enquanto os tratados renascentistas, como de Alberti, se ocupavam de uma revisão teórica dos
conceitos de arquitetura, os tratados maneiristas se voltaram para os modelos formais.

O tratado de Palladio ficou muito famoso, especialmente, nos países não católicos, como a
Inglaterra. Pode ser considerado um dos mais influentes tratados da história da arquitetura.

ARQUITETOS

Andrea Palladio (1508-1580): arquiteto da região do Vêneto. Postura pragmática frente ao problema
da arquitetura. Foi o arquiteto humanista mais influente fora da Itália, principalmente nos países não
católicos.

Tinha profundo conhecimento das fontes antigas, do Tratado de Vitruvio e das ruínas romanas. O
que o diferencia dos demais arquitetos do século XVI é a busca da inspiração no caráter material
do edifício.

Atitude anticlássica, formalismo explícito.

Duração de seus ensinamentos até o Neoclassicismo.

Palladio contribuiu para a remodelação de duas cidades: Vicenza e Veneza.

A primeira obra de Palladio em Vicenza foi o Palazzo della Ragione (1549), quando promoveu a
redefinição do eixo central da cidade. Justaposição à antiga estrutura medieval, uma forma moderna
composta por loggia de dois andares, com arcos enquadrados por duas ordens sobrepostas de
colunas dóricas e jônicas, solução inspirada no Coliseu.

Também possui obras também na área rural da província, onde projetou e construiu inúmeras villas.
O arranjo espacial desses edifícios segue um esquema tipológico diferente dos palácios urbanos.
A possibilidade de uma construção isolada gera composições arquitetônicas volumetricamente
complexas.

Destaque para o pórtico clássico dos edifícios.

Em Veneza, Palladio produziu obra menos extensa do que em Vicenza, mas não menos
significativa. Algumas obras: fachada da Igreja de San Francesco della Vigna e dois templos, San
Giorgio Maggiore e Il Redentore.
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DISCIPLINA: ARQ 102 TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E DO URBANISMO II
PROFª: Drª PATRÍCIA JUNQUEIRA

Giorgio Vasari (1511-1574) foi um pintor e arquiteto italiano famoso por suas biografias de artistas,
inclusive contemporâneos seus. Uma de suas obras mais importantes foi o palácio dos Uffizi,
iniciado por volta de 1560, atual Galleria degli Uffizi, construído ao lado do Palazzo Vecchio, em
Florença, para abrigar a administração da cidade. É formado por duas altas alas ao longo de um
pátio estreito e comprido.

A cúpula da Basílica de São Pedro, projetada por Michelangelo é considerada uma obra maneirista
em sua última versão. Segundo Pevsner (2002: 234), “O século XVI inspirou-se no maneirismo de
Michelangelo, o século XVII apreciou sua terribilità e dela extraiu o Barroco".

A Igreja del Gesú é uma das mais importantes obras maneiristas, influenciando muitas igrejas
construídas nos séculos posteriores. Giacomo Vignola (1507-1573), provavelmente inspirado em
Michelangelo, combinou no Gesú o esquema central da Renascença com o longitudinal da Idade
Média.

A fachada da igreja tem o andar superior menor que o térreo com aletas ou volutas ladeando o
frontão, método repetido inúmeras vezes nas igrejas barrocas italianas e em outros países católicos.

A fachada de Gesú, como se encontra hoje foi realizada por Giacomo della Porta, que modificou o
desenho de Vignola, mantendo a ideia principal. A decoração do interior da igreja não é do período
de Vignola, mas do final do século XVII, pertencendo ao Alto Barroco.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAETA, Rodrigo Espina. O Barroco, a Arquitetura e a cidade nos séculos XVII e XVIII. Salvador:
EDUFBA, 2010.
FAZIO, Michael. A história da arquitetura mundial. Porto Alegre: AMGH, 2011. (Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788580550382/pageid/35)
GOMBRICH, E. H. A história da arte. 16.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009.
PEVSNER, Nikolaus. Panorama da arquitetura ocidental. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1994. (Disponível no drive da disciplina)

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