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História

Imitação e superação dos modelos da Antiguidade

A par do florescimento da produção literária, proporcionado pelo


movimento humanista, o Renascimento assistiu a uma autêntica
revolução no campo da arte.

A nova estética irradiou de Itália e, tal como o Humanismo, apresentou-


se pelo classicismo (tendência estética característica do Renascimento
que considera os valores clássicos latinos e gregos como modelos a
imitar).

A admiração pelos clássicos jamais conduziu a uma imitação servil.


Assim como os humanistas tiveram consciência dos seus talentos e se
revelaram pessoas críticas e interventivas, também os artistas
souberam superar os modelos da Antiguidade. Demonstraram uma
notável capacidade técnica ao conceberem espaços perspetivados e ao
pintarem a óleo.

A pintura

A pintura renascentista demonstrou uma paixão pelos clássicos. Fez-se


sentir um gosto pela representação da figura humana, de temas
profanos e de assuntos religiosos. Deste modo, a pintura refletia,
também, a redescoberta do Homem e do invidíduo, o que foi uma
imagem de marca da cultura renascentista.

O que mais se nota na pintura do Renascimento é a originalidade e a


criatividade.
Pintura a óleo:

Realizada sobre madeira ou tela, a pintura a óleo conheceu uma grande


aceitação. Não só pela durabilidade e possibilidades de retoque que
conferia às obras de arte, mas também pela variedade de matizes e de
graduações de cor.

A terceira dimensão:

A descoberta da terceira dimensão ficou a dever-se aos estudos


matemáticos sobre a perspetiva dos arquitetos Brunelleschi e Alberti e
do pintor Piero della Francesca.

O campo de visão do observador é estruturado por linhas que tendem a


unificar-se no horizonte, confluindo no ponto de fuga.

No século XVI, Leonardo da Vinci tornou-se um grande teórico da


perspetiva aérea, que praticava nas suas obras.

A geometrização:

Para a composição das cenas, os pintores renascentistas adotaram


formas geométricas, com preferência pela piramidal. Considera-se que
a perspetiva e geometria foram os grandes fundamentos da composição
artística no Renascimento.

A proporção:

A procura da proporção entre as dimensões preocupou os pintores


renascentistas. Só no Renascimento o espaço pictórico foi construído
com um rigor matemático, indo-se ao ponto de o projetar a partir de
um módulo.

As representações naturalistas:
Em primeiro lugar, a expressividade dos rostos, aos quais de apontar
imperfeições, e que eram, frequentemente, de figuras coevas, quando
não eram autorretratos. Vemos também, a espontaneidade dos gestos
e a verosimilhança das vestes e dos cenários. Quanto à variedade de
rochas, plantas, rios, lagos, montanhas e cidades, foram consequência
de um conhecimento experimental do mundo envolvente, que permitiu
fazer da paisagem um elemento essencial da composição pictórica.

A escultura

No Renascimento, a escultura recuperou a grandeza alcançada na


Antiguidade Clássica.

Humanismo e naturalismo são as grandes características da escultura


do Renascimento, que teve uma forte base de dinamização em
Florença. Os escultores renascentistas interessaram-se pela figura
humana, pelo corpo, pelos músculos e pela personalidade. Foram
excelentes no rigor anatómico e na expressão fisionómica que
produziram nas suas obras.

O equilíbrio e a racionalidade marcaram, igualmente, a escultura


renascentista, que mostrou uma especial predileção pela composição
geométrica. Dominaram com perícia os materiais utilizados- mármore,
pedra, bronze, madeira ou terracota.

A arquitetura

Simplificação e racionalização da estrutura dos edifícios:

A arquitetura procedeu, antes de mais, a uma simplificação e


racionalização da estrutura dos edifícios. Com efeito:

· Procurou-se a simetria absoluta;


· Verificou-se uma matematização rigorosa do espaço
arquitetónico;

· Aplicou-se a perspetiva linear;

· Retomaram-se as linhas e os ângulos retos;

· Preferiram-se as abóbadas de berço e de arestas em vez das de


ogiva;

· Fez-se da cúpula, um elemento dominante em quase todas as


igrejas renascentistas;

· Utilizou-se o arco de volta perfeita.

A gramática decorativa greco-romana

Para além dos aspetos estruturais, a influência da Antiguidade fez-se


também sentir na adoção da gramática decorativa greco-romana.
Assim:

· Empregaram-se as colunas (base, fuste e capitel) e os


entablamentos (arquitrae, friso, cornija) das ordens clássicas;

· Retomaram-se os frontões triangulares;

· Utilizaram-se os grotescos.

Arquitetura civil e urbanismo

Para além de igrejas, o Renascimento construiu palácios e villa,


habitações destinadas ao conforto terreno de nobres e da rica classe de
mercadores.

A villa era, por sua vez, uma casa de campo caracterizada pela simetria
das fachadas, a que não faltava um toque de classicismo.
Pela Europa fora, os palácios italianos serviam de modelo a reis,
príncipes e elites sociais.

A racionalidade no urbanismo

Adeptos da perfeição, harmonia e proporção, os intelectuais e artistas


do Renascimentlo conceberam projetos de mundos e cidades ideiais e
racionalizados.

Um urbanismo regular e racionalizado brotou, igualmente, do génio de


artistas e arquitetos do Renascimento, a quem repugnava a desordem e
a assimetria da cidade medieval. Por isso, projetaram planos
urbanísticos retilíneos, submetidos a regras de higiene, funcionalidade e
beleza.

O gótico-manuelino

Desde o século XIX, o Manuelino foi considerado um estilo artístico


vincadamente português, com fortes ligações às Descobertas
marítimas. O Manuelino manifesta-se na arquitetura e na decoração
arquitetónica e nela se misturam:

· o gótico final;

· o naturalismo;

· o exotismo das colunas e colunelos espiralados;

· a heráldica régia de D.Manuel I;

· a simbólica cristã.

Do ponto de vista estrutural, o estilo gótico foi mantido, embora se


introduzissem algumas alterações.
No que se refere à decoração, o Manuelino caracteriza-se pela
exuberância das formas naturalistas, em que os motivos marinhos se
conjugam com a vegetação terrestre.

A arquitetura renascentista em Portugal

A estética clássica só se manifestou verdadeiramente em Portugal a


partir do reinado de D.João III.

Podem considerar-se manifestações do Classicismo na arquitetura


portuguesa:

· a simplificação das nervuras das abóbadas de cruzaria;

· a utilização de abóbadas de berço redondo e de coberturas de


madeira;

· à substituição de contrafortes por pilastras laterais;

· o aparecimento da planta centrada.

João de Castilho, Diogo de Castilho, Miguel de Arruda e Diogo de


Torralva contam-se entre os arquitetos que mais se esforçaram por
aplicar o Classicismo entre nós.

A escultura do Renascimento em Portugal

Entre fins do século XV e a primeira metade do séculO XVI, podemos


falar num surto escultórico, seja na decoração de púlpitos, pias
batismais, seja na estatuária de túmulos, portais e altares. Nomes
famosos da escultura em Portugal são:

· Diogo Pires, o Moço;

· João Castilho e Diogo de Arruda;


· Nicolau Chanterenne, João de Ruão e Filipe Hodarte.

A pintura do Renascimento em Portugal

Entre meados do século XV e a primeira metade do século XVI, verifica-


se uma renovação na pintura portuguesa, que se aproxima do
Renascimento europeu.

No panorama da pintura portuguesa do século XVI, sobressaíram várias


escolas ou oficinas. Destacamos:

· Em Coimbra, a oficina do Mestre do Sardoal;

· Em Lisboa, as oficinas do Mestre da Lourinhã;

· Em Évora, a oficina de Francisco Henriques;

· Em Viseu, a oficina de Vasco Fernandes.

As práticas religiosas

Sentido que a Igreja e os seus ministros não prestavam o auxílio


adequado, muitos caíram na superstição e no fanatismo.

Outros protagonizaram formas de piedade bem mais intimistas e


individualistas.

Os princípios da Devotio Moderna exerceram uma forte influência no


individualismo religioso dos finais da Idade Média.

As críticas à Igreja

As criticas à igreja começaram por assumir uma faceta herética. Em


Inglaterra, por volta de 1380, Wiclif, professor em Oxford, pôs em
dúvida a utilidade do clero e o valor dos sacramentos. Associado a esta
heresia esteve o isolamento dos Iolardos, padres pobres que se aliaram
aos camponeses na sua luta contra os senhores.

Condenado como herético, surge-nos o monge Savonarola, que morreu


na fogueira, em 1498. Estava-se em Florença e Savonarola denunciou os
vícios do clero e do Papa Alexandre VI.

A questão das indulgências

A Reforma da Igreja concretizou-se no século XVI devido à ação de


Martinho Lutero, um monge agostinho alemão.

Várias leituras bíblicas permitiram a Lutero encontrar a solução para o


problema da salvação da alma, inspirando-lhe uma verdadeira rutura
teológica no seio do cristianismo. Ficou conhecida como Reforma
Protestante e foi despoletada pela Questão das Indulgências.

As indulgências consistiam no perdão das penas devidas pelos pecados


perdoados.

No dia 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na porta da Catedral de


Wittenberg as "95 Teses contra as Indulgências", onde acusava o Papa e
os dogmas da Igreja, pois afirmava que a salvação dependia da Fé e não
das boas obras.

Lutero foi excomungado pelo Papa e banido do Império em 1521, e


criou uma doutrina demoninada de Luteranismo.

A justificação pela Fé e a doutrina da predestinação

A justificação pela fé é a grande base doutrinária da reforma praticada


por Lutero, equivalendo a uma nova doutrina de salvação.

Para Lutero, a Fé era uma questão de eleição, de graça divina.


Independentemente das ações praticadas, diz-se que o luteranismo
abriu caminho à teoria da predestinação.

Primazia da palavra sobre o rito, sacerdócio universal, desvalorização


dos sacramentos e a relação do crente com Deus

Lutero considerava a Bíblia como única fonte de Fé e autoridade


doutrinal. Negou o monopólio papal na interpretação das Escrituras.
Bastava que as bíblias fossem traduzidas.

Lutero advogou que a missa em latim desse lugar a uma cerimónia


litúrgica em alemão, com orações, cânticos e sermões acompanhados
da Comunhão. O culto da Virgem e dos Santos foi abandonado. Foi
rejeitada também, a distância entre clero e laicos, pela proclamação do
sacerdócio universal.

No que se refere à organização eclesiástica, Lutero negou o primado do


Papa, que, como qualquer cristão, considerava submetido à autoridade
da Escritura.

Quanto aos sacramentos, Lutero só reconheceu dois. O Batismo e a


Eucaristia.

A expansão do luteranismo

O luteranismo rapidamente se expandiu na Alemanha. Os burgueses


das cidades entusiasmaram-se com os princípios mais simples da nova
religião. Os príncipes e a pequena nobreza aderiram tanto por
convicção tanto por interesse.

Até ao ponto de vista cultural, o luteranismo contou com preciosos


apoios. A imprensa, auxiliou na expansão dos escritos de Lutero e da
nova Bíblia traduzida. Humanistas justificaram as ideias luteranas. E
artistas, colocaram os seus talentos ao serviço da propaganda luterana.
O calvinismo

Em 1536, João Calvino fixou-se em Genebra, onde redigiu em latim e


que contém o essencial da sua doutrina- o calvinismo.

Tal como Lutero, Calvino baseava o cristianismo na justificação pela Fé,


no sacerdócio universal e na autoridade exclusiva da Bíblia.

Em primeiro lugar, Calvino entendeu a predestinação como absoluta ao


afirmar que o ser humano jamais perderia a graça da Fé se nascesse
com ela.

No que se refere ao papel da Bíblia como única fonte de Fé, Calvino


defendeu só a ele competir a interpretação do Evangelho.

O calvinismo propagou-se à França, às Províncias Unidas. Hungria,


Boémia, Polónia, Inglaterra e Escócia.

O anglicanismo

Tudo começou com Henrique VIII, que solicitou ao Papa Clemente VII,
em 1529, a anulação do matrimónio. Face à recusa, este proclama-se
chefe da Igreja em Inglaterra. Em 1534, o Parlamento ratificou a decisão
real, através do Ato de Supremacia.

Embora autorizasse a tradução da Bíblia para a língua inglesa, Henrique


VIII manteve-se fiel ao dogma católico. Só no reinado do seu filho
Eduardo VI a Reforma se aproximou do calvinismo, ao contemplar
apenas os sacramentos do Batismo e da Eucaristia (com presença
espiritual de Cristo), ao proibir o culto das imagens e suprimir os
altares, etc...

Podemos definir o anglicanismo como um compromisso entre o


catolicismo e o calvinismo.

O concílio de Trento

Em 1545 reuniu-se, facilmente, o concílio, que pretendia debelar a crise


da Cristandade.

Com efeito, em matéria de dogmas e de culto nenhuma concessão se


fez às igrejas reformadas:

· Condenaram-se os princípios da predestinação e da justificação


pela Fé, reafirmando o papel das obras humanas na salvação das
almas;

· Confirmou-se a existência do Purgatório;

· Manteve-se a Bíblia em Latim;

· Proclamou-se, como fontes de Fé, a Bíblia e a Tradição;

· Aos dois sacramentos dos protestantes opuseram-se os sete


sacramentos;

· Reforçou-se o poder do Papa relativamente aos concílios;

· Legitimou-se o culto dos santos e da Virgem.

Paralelamente às questões do dogma e do Culto, o Concílio de Trento


pôs em prática uma reforma disciplinar. Para o efeito decretou:

· A proibição da acumulação de benefícios eclesiásticos;

· A residência obrigatória dos padres e bispos nas paróquias e


dioceses;

· As visitas pastorais dos bispos às paróquias das dioceses;


· A manutenção do celibato eclesiástico;

· A proibição da ordenação de sacerdotese de bispos com idades


inferior a 25 e a 30 anos;

· A fundação de seminários para a formação moral, intelectual e


religiosa dos futuros clérigos.

Índex

Segundo a Igreja Católica, o combate à heresia protestante deveria


passar pela prevenção e vigilância intelectual da Cristandade.

Coube à Congregação do Índex, criada em 1543, elaborar a lista das


obras perigosas para a ortodoxia católica. A lista, conhecida por Índex,
tinha atualizações periódicas.

A Inquisição

A Inquisição remonta ao século XIII quando o Papa se decidiu pela


representação dos focos de heresia que assolavam a Europa Católica.

Apesar de os hereges não faltarem, a atividade inquisitorial abrandou


nos fins da época medieval.

Ora, tão eficiente fora a atuação da Inquisição espanhola que, meio


século volvido, Paulo III entendeu que o Tribunal da Inquisição seria o
instrumento ideal da erradicação do protestantismo.

A Companhia de Jesus

A Companhia de Jesus foi uma das congregações religiosas que,


surgidas no contexto da Contrarreforma, contribuíram para a renovação
do catolicismo. Nasceu em Paris, em 1534, por iniciativa de Loyola. O
proselitismo ajudou muito à expansão do catolicismo.
Esta ordem era gerida por um general, que superintendia nas
províncias. Submetidos a uma dura disciplina, os jesuítas consideravam-
se "Soldados de Cristo".

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