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ARQUITETURA
Introdução
O Renascimento é o período de transição entre o mundo antigo e o
mundo moderno, o qual alterou a cultura europeia entre os séculos XV
e XVI e tem repercussão até o presente. Os ideais humanistas que sur-
gem com a ruptura do cânone religioso, devido à visão antropocêntrica
de mundo, impulsionam o desenvolvimento das artes e da ciência e
a ascensão de novas classes sociais, como a burguesia mercante. Essa
transformação de pensamento também se aplica à arquitetura, que passa
a ser concebida de outra forma por meio do projeto. Desse modo, essa
nova visão favorece a valorização da figura do arquiteto.
Neste capítulo, você conhecerá o desenrolar desse processo. Além
disso, conhecerá o papel do clássico dentro do Renascimento e aprenderá
a identificar obras renascentistas.
O Renascimento
O modo de produção feudal foi afetado pelas pestes e grandes enchentes
no fi m do século XIV, pois esses fenômenos dizimaram grande parte da
população europeia nesse período, o que gerou uma escassez de recursos
nos feudos, fomentou o comércio e o êxodo rural. Esses processos fortale-
ceram as cidades medievais e, sobretudo, as cidades de caráter mercantil e
de comércio, como Veneza e Gênova. Essas cidades, situadas na Península
Itálica (lembre-se de que a Itália foi unificada apenas na segunda metade do
2 Arquitetura renascentista
Pode parecer que a Igreja tenha recuado durante o século XV, porém ela só passou a
dividir espaço com outros polos de conhecimento, sendo mecenas de muitos artistas
importantes que foram fundamentais durante a contrarreforma.
algo que precisava ser estruturado de forma pragmática. Assim, devido a essa
mudança na lógica de pensamento para o fazer artístico, constitui-se o projeto de
arquitetura em torno de um autor, que coordena esse processo. Como colocado
por Leonardo Benevolo (1983, p. 403), no Renascimento a arquitetura passa
do “fazer” para o “pensar” e, desse modo, “[...] muda de significado: adquire
um rigor intelectual e uma dignidade cultural que a distingue do trabalho
mecânico, e a tornam semelhante as artes liberais: ciência e literatura”.
Essa nova forma de pensamento arquitetônico fica clara ao se analisar uma
das mais importantes obras da arquitetura renascentista: a Cúpula da Catedral
de Santa Maria Del Fiore, em Florença (Figura 2). O projeto de Brunelleschi
altera os paradigmas da construção de cúpulas ao idealizar uma estrutura au-
toportante, erguida do interior para o exterior sem cimbramentos ou estruturas
auxiliares, algo impensado para a época. Segundo Giulio C. Argan (2014, p.
97), “A estrutura da cúpula, todavia, e manifestante uma estrutura não apenas
portante, mas perspéctica ou representativa, cujas nervuras convergem para
um ponto”. Esse é possivelmente o ponto crucial da arquitetura renascentista,
a união entre técnica e significado, buscando os princípios dados por Vitrúvio,
mas de forma original e inventiva.
Cidade ideal
Um tema que tem origem no tratado de Vitrúvio e que foi explorado por diversos
pensadores do Quattrocento e do Cinquecento é a questão da cidade ideal. A
cidade ideal nada mais é do que um modelo utópico de cidade e sociedade.
Segundo Alonso Pereira (2010, p. 133):
Uma utopia é uma visão unificada que integra uma teoria a uma estrutura
política e social, situando-as em uma esfera independente de tempo, lugar,
história ou acontecimento. A utopia pode ser entendida de forma estática ou
dinâmica. A primeira se refere a uma sociedade tão perfeita que qualquer
mudança ou melhora é inconcebível; a segunda é um estado a que se aspira,
mas que nunca se alcança: é um futuro infinito.
Obras renascentistas
As obras renascentistas são facilmente identificáveis devido a um conjunto de
fatores, tanto que, ao perguntar a qualquer pessoa o nome de uma pintura, há
uma grande chance de ela indicar uma obra da Renascença, uma vez que suas
obras são tão impactantes que definem no imaginário popular o que é arte.
Arte sacra
Um dos grandes mecenas desse período é a Igreja Católica, por isso é bastante
comum a referência a obras em igrejas e pinturas de cenas bíblicas, nas quais
os artistas retratam os anjos como sendo pessoas corpulentas e com anatomia
bastante detalhada, o que acaba distorcendo as figuras infantis, uma vez que
os artistas não se demoravam estudando essa anatomia.
Embora houvesse na Idade Média grandes artistas individuais, é no Re-
nascimento que o “gênio artístico” passa a ser valorizado e identificado, e é
somente nesse período que as obras passam a ser assinadas por seus autores
ou, se um aluno fosse muito bom, pelo seu mestre (ter uma obra assinada pelo
mestre indicava que o aluno estava apto a iniciar suas próprias obras).
Os princípios dos retratos e temas mitológicos são aplicados aos temas
sacros, porém acrescidos de mais alguns elementos, como a auréola, um
elemento de destaque nas peças do Quattrocento, que passa a ser um elemento
discreto em relação à arte bizantina, mas que persiste como símbolo dentro da
arte sacra, e a presença do manto para as figuras centrais, dobrado de forma
a acrescentar textura e profundidade à obra (Figura 9).
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Escultura
As esculturas passam a ser mais realistas e são calculadas para que se sus-
tentem em poucos apoios. Representam sempre temas sacros ou mitológicos
(greco-romanos) e possuem anatomia bem definida, bem como possuem
expressões fortes nas imagens masculinas e suaves nas femininas, que são
igualmente musculosas. A escultura mais emblemática desse período é a Pietá,
de Michelangelo (Figura 10).
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Na década de 1430, Johannes Gutenberg cria uma das mais importantes invenções
da humanidade, o tipógrafo, e, com ele, a imprensa. Para saber mais sobre isso, leia o
Manual de Tipografia: A História, a Técnica e a Arte, de Kate Clair e Cynthia Busic-Snyder.
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Leituras recomendadas
CLAIR, K.; BUSIC-SNYDER, C. Manual de tipografia: a história, a técnica e a arte. Porto
Alegre: Bookman, 2008.
THE HELICOPTER. In: LEONARDO DA VINCIS INVENTIONS. [S. l.: s. n., 200-?]. Disponível
em: http://www.leonardodavincisinventions.com/inventions-for-flight/leonardo-da-
-vinci-helicopter/. Acesso em: 21 nov. 2019.
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