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ARQUITETURA ECLÉTICA

A REPÚBLICA
ECLETISMO
A arquitetura eclética refere-se a um movimento arquitetônico
predominante desde meados do século XIX até as primeiras décadas
do século XX, é um estilo de múltiplas referências, que se vale da
liberdade de composição somada à infinidade de elementos
produzidos em série, decorrentes da Revolução Industrial. A oferta
em grande escala desses artigos industrializados e produzidos
sistematicamente gerou infinitas possibilidades de composição.
” Um estado de espírito… O Ecletismo é uma questão de firmação
personalista de cada um na multidão…É a linguagem eufórica da
liberdade calcada na nova tecnologia. Só o Ecletismo resolveria
coerentemente os novos programas arquitetônicos… A nosso ver, hoje
devemos entender Ecletismo como sendo toda a somatória de
produções arquitetônicas aparecidas a partir do final do primeiro
quartel do século passado, que veio juntar-se ao Neoclássico histórico
surgindo por sua vez como reação ao Barroco… Explicar o Ecletismo é
a busca da miscelânea” (LEMOS, 1987, p. 70).
CONTEXTO HISTÓRICO:
Em 13 de maio de 1888 é assinada pela Princesa
Isabel a Lei Áurea, dando liberdade aos escravos e
abrindo o Brasil para as massas de trabalhadores
imigrantes.
A Proclamação da República no Brasil ocorreu em
15 de novembro de 1889 por uma junta civil-
militar que derrubou o Império de Dom Pedro II.
Após a abolição, em apenas dez anos (de 1890 a
1900) entraram no Brasil mais de 1,4 milhão de
imigrantes, o dobro do número de entradas nos
oitenta anos anteriores (1808-1888).
PRODUÇÃO EM O panorama arquitetônico também mudou, com o
LARGA ESCALA: advento da Revolução Industrial. As estruturas em
De ‘eclético’, pelo grego ferro renovaram a arquitetura estendendo seus
eklectikós: ‘o que escolhe’. limites e o estilo Eclético incorporou essa
tecnologia. O que marca e diferencia o estilo dos
seus antecessores é o emprego do ferro fundido
ou em folhas, agora fabricado em série e usado em
abundância, produto da nova indústria.
A arquitetura eclética utiliza esse material na
confecção de cúpulas, esquadrias e gradis, assim
como o utiliza na execução de estruturas, como
pilares e vigas. Há também a confecção
industrializada de vidro e artefatos em cimento,
em contraposição com os artigos artesanais
empregados.
ECLETISMO:

Ecletismo = Uso ou mistura


de estilos do passado
ocorrido na segunda
metade do século XIX, é a
linguagem eufórica da
liberdade calcada na nova
tecnologia.

O ecletismo é a mistura de estilos arquitetônicos


passados para a criação de uma nova linguagem
arquitetônica que exibiam combinações de
elementos que podiam vir da arquitetura clássica,
medieval, renascentista, barroca e neoclássica,
entre outras.
É neste momento que ocorre a dissociação entre o construtivismo e
a Arquitetura, o que muitas vezes vai exigir a colaboração entre um
engenheiro e um arquiteto – nas estações ferroviárias, nos
mercados etc. –, e para este último foi reservado um papel
secundário, segundo uma crítica que perdurou até meados do
século XX, o papel de “decorador de fachadas”.
LIBERDADE
COMPOSITIVA:
O Eclético em arquitetura é o modo de edificar
que abarcou várias referências de épocas
pretéritas, do classicismo Greco-romano até o
Barroco e Rococó. Valeu-se de liberdade
compositiva, não se atendo unicamente a essa ou
aquela escola. Incorpora a pluralidade de
elementos produzidos em série, decorrentes da
Revolução Industrial, além das então novas
técnicas construtivas, que empregavam o ferro em
estruturas revestidas, ou não.
ARQUITETURA
É denominado por alguns autores como estilo
FALANTE:
Historicista e em função da diversidade tipológica
e devido à quantidade de símbolos estampados na
fachada das construções, também é conhecido
como “arquitetura falante”, pois se pode ler
através desses elementos carregados de
significados, a função do edifício.
PRINCIPAIS
• As edificações eram com base, corpo e
CARACTERÍSTICAS: coroamento;
• Simetria, composição e proporção eram as
I – SIMETRIA; diretrizes para o projeto;
II – COMPOSIÇÃO; • Uso de ornamentos com, colunas, flores etc;
III – PROPORÇÃO; • Utilização de estátuas vinculadas a estética e
função do prédio;
IV – COMUNICAÇÃO;
• Com a importação de nova matéria prima para
V – ORNAMENTAÇÃO. construções como o Ferro (Arquitetura do Ferro),
à então o surgimento de edifícios feitos de ferro
que possui traços do ecletismo.
• As obra apresentavam dramaticidade, conforto,
expressividade, luxo, emoção e exuberância.
TIPOLOGIAS DE FACHADAS:
O início da imigração
europeia e a decadência do
trabalho escravo, o
trabalho passa a ser
remunerado e as técnicas
construtivas aperfeiçoadas.
Colunas e ordens gregas,
frontões, frisos, arcos
plenos, abatidos e ogivais
misturam-se sem restrições.
O sistema de hierarquia,
simetria e ritmo também
segue os padrões clássicos
empregados desde a Grécia
antiga, assim como o uso
das ordens clássicas.
A divisão da edificação em
base, corpo e coroamento
segue a mesma do
Renascimento, que por sua
vez remeteu-se aos ideais
clássicos.
Os elementos seguem os
mesmos, porém dessa vez
seu uso é exaustivo, muito
mais do que o empregado
anteriormente no Barroco
Renascimento, e Rococó. Há
agora uma profusão de
frisos, balaústres, estatuária,
colunas e arcos de todos os
tipos, ânforas e liras
misturados.
O coroamento apresenta
platibanda e essa é
recheada de enfeites
aplicados, floreios e grupos
escultóricos, ânforas,
medalhões, anjos,
balaústres, estatuárias e
rococós. A demarcação da
hierarquia do acesso
principal, através do uso do
frontão grego na platibanda
das edificações,
empregadas por Palladio no
Renascimento é repetido
no Eclético.
Uso de ornamentos com,
colunas, flores etc;
Com a importação de nova
matéria prima para
construções como o Ferro
(Arquitetura do Ferro), à
então o surgimento de
edifícios feitos de ferro que
possui traços do ecletismo.
O ecletismo arquitetônico foi contemporâneo das transformações
dos espaços coletivos dessas cidades, que seguiram as idéias de
urbanistas e higienistas – a implantação das redes de canalização
de água potável e de esgotos, a instalação da iluminação pública e
privada, a pavimentação e arborização das ruas, das avenidas e
das praças – como também dos novos meios de comunicação – o
telégrafo e o telefone, o rádio e o cinema – e de transporte – os
automóveis, os bondes elétricos e os aviões.
ECLETISMO
O período pode ser subdividido em três correntes principais:

- Composição Estilística;
- Historicismo Tipológico;
- Pastiches Compositivos.
COMPOSIÇÃO ESTILÍSTICA (REVIVALS):
Engloba a precisa imitação das escolas do passado.
O revivalismo é uma prática arquitetônica que consiste no uso de formas,
figuras e soluções técnicas de uma determinada época do passado,
admiradas por sua excelência, para solução de um problema presente.

O primeiro revivalismo desse


momento histórico foi o
Neoclassicismo, motivado pelo
Iluminismo, pela cultura
acadêmica dos enciclopedistas,
e pela Arqueologia científica.
HISTORICISMO TIPOLÓGICO:
A arquitetura Eclética baseia sua estética na Teoria do
Associacionismo. Segundo esta, o prazer estético estaria fundado
em associações mentais que a figura observada provoca no
observador, tornando presentes, na mente, princípios, idéias,
imagens, símbolos e impressões já vividas ou experimentadas e,
conseqüentemente, as emoções originais. A partir daí, criou-se um
código estilístico para orientar as práticas ecléticas.
NEOGREGO: O Neogrego exprime severidade, majestosa
Surgem novos parâmetros simplicidade, pureza, severidade, moderação,
na concepção do espaço moralidade e atemporalidade. Era o estilo
urbano:
preferido para instituições financeiras,
monumentos comemorativos, memoriais e
Academias.
NEOGREGO:

Palácio Rio Branco- AC


NEOGÓTICO:
Suas principais figuras características são a
ogiva, a torre agulhada, a rosácea, o trifólio,
advindos da arquitetura religiosa, e a torre e os
muros de cimalha serrilhada, dos castelos
medievais.
Estas serão incorporadas à coleção de figuras
à disposição do arquiteto, representando ora a
religiosidade, em igrejas, ora a
inexpugnabilidade dos castelos, em prisões e
quartéis.
Dadas as suas múltiplas leituras – como ponto
alto da representação arquitetônica da fé
católica, representa a exuberância, a luz e a
verticalidade.
Catedral da Sé - SP
NEOGÓTICO: Convento Nossa Senhora da Piedade, Ilhéus - BA
NEORROMÂNICO:
O românico representa o fechamento e a
interiorização. Os edifícios românicos são
O neorromânico baseia-se
na reinterpretação do muitas vezes “fortalezas de Deus”.
estilo românico, vigente São características do estilo neorromânico:
entre os séculos XI e XIII edificações de tijolos ou pedra monocromática,
durante a Idade Média abundância de arcos plenos sobre os vãos
europeia.
(portas e janelas) e também com fins
decorativos, torres poligonais nas laterais das
fachadas com telhados de formas diversas, o
uso da abóbada de berço e a predominância de
cheios .
NEORROMÂNICO: Basílica Nossa Senhora Aparecida - SP
NEOBARROCO:
Ressalta o desenho individual, o capricho, o
Neobarroco é um termo artifício, o drama. É a arquitetura dos grandes
usado para descrever efeitos de perspectiva, da espacialidade, tanto
criações artísticas que
contêm importantes internamente quanto com relação à cidade.
aspectos do estilo Barroco. Principais elementos – volutas, frontões
sinuosos, colunatas de colunas duplas.
O Neobarroco foi predominantemente utilizado
para a construção de grandes equipamentos
urbanos de lazer e cultura – óperas, grandes
teatros, museus; visto que o Barroco contribuíra
para uma grande expansão das artes
cenográficas.
Mas também está presente em academias,
palácios para fins governamentais e
residenciais, e mesmo para catedrais.
NEOBARROCO:
Teatro Municipal de São Paulo - SP
NEORRENASCIMENTO: Neorrenascença ou Neorrenascimento é um
estilo artístico revivalista que retomava as
Surgem novos parâmetros formas arquitetônicas e decorativas do
na concepção do espaço Renascimento europeu dos séculos XIV, XV,
urbano: XVI e princípios do XVII
Aplicação de fachadas para as construções
politécnicas – estações, mercados, galerias.
Na teoria associacionista, o Renascimento
significa o mercantilismo, a visão prática, a
construção econômica.
NEO-RENASCIMENTO:
Mercado de Artesanato de Manaus - AM
NEOMOURISCO: O neomourisco foi um reflexo do fascínio pelo
exótico da cultura e a arte dos países do
O estilo neomourisco,
também neoislâmico,
Oriente (Orientalismo).
neomudéjar ou neoárabe, A arquitetura muçulmana vai prover as figuras
foi um estilo artístico do arco lanceolado, do arco ultrapassado
revivalista e romântico, que abatido e de curva plena, das cúpulas em
buscava imitar e recriar a
arte islâmica antiga. forma de bulbo e hemisféricas, em forma de
sino e de cebola, do minarete, e dos gabletes
rendilhados. É também a fonte de inspiração
das paredes policrômicas (de tonalidades
incluindo a arte do Império
Otomano, do Norte da fortes) e das superfícies cobertas de relevos
África e Andaluzia, do geométricos, e interior ricamente decorado
Médio Oriente e do com azulejos, mosaicos, estuques e vitrais.
Império Mogol na Índia.
Foi utilizado para residências de campo,
palacetes, cafés-concerto e cabarés.
NEOMOURISCO:
NEOEGIPCIO: Segundo a teoria associacionista, em sua
simplicidade geométrica e monumentalidade, a
Surgem novos parâmetros cultura egípcia significa a austeridade, o
na concepção do espaço arcaico, o bíblico, o sobrenatural, o colossal, o
urbano: majestoso. Entre outros programas, a
arquitetura egípcia é invocada para servir de
modelo para tumbas e mausoléus – a guarda
do corpo físico invocado pelas pirâmides,
múmias, e sua crença nos dois mundos –, para
penitenciárias – pela impenetrabilidade e
fechamento –, para cortes de justiças –
invocando os valores primordiais e a força –, e
para bibliotecas – pela associação com a
Biblioteca de Alexandria.
NEOEGIPCIO:
NEOCOLONIAL:
O estilo neocolonial no Brasil está ligado à
O neocolonial foi um busca de uma arte genuinamente nacional.
movimento estético dos
começos do século XX, O movimento se propunha a resgatar a
comum em toda a América arquitetura e motivos decorativos típicos da
Latina - incluindo o Brasil - e época colonial americana de origem ibérica e
no sul dos Estados Unidos.
empregá-los na arquitetura contemporânea.

O marco de lançamento do movimento foi a


conferência "A Arte Tradicional no Brasil",
ditada em 1914 na Sociedade de Cultura
Artística de São Paulo pelo arquiteto e
engenheiro português Ricardo Severo, que
defende o estilo colonial brasileiro de raízes
lusitanas como o verdadeiro estilo nacional.
NEOCOLONIAL:
Museu Histórico Nacional - RJ
CASA NEOCOLONIAL:
PASTICHE COMPOSITIVO:
Pastiches Compositivos Apresentavam uma mescla eclética, com
liberdade compositiva, onde a escolha das soluções não se intimidava
com a proveniência de distintos períodos, dos elementos adotados.
(1987 apud FABRIS, p. 14)
PASTICHE COMPOSITIVO:
o Ecletismo Sincrético,
Pastiche Compositivo, ou
simplesmente Pastiche, é
adepto da reutilização
daquilo que há de melhor
na produção dos grandes
mestres da arquitetura
universal, desvinculando
suas características formais
da funcionalidade da região.
Esta orientação se apropria
da iconografia estilística do
passado, segundo as quais
julgam-no belos. Ou seja, o
rigor formal é substituído
pela liberdade criativa do
artista.
PASTICHE COMPSITIVO:
Teatro José de Alencar, Fortaleza - CE
Teatro Municipal do Rio
de Janeiro - RJ
Palácio Rio Branco, Salvador - BA
Estação da Luz, São Paulo - SP
Teatro Municipal de Manaus -AM
TIPOLOGIAS RESIDENCIAIS ECLÉTICAS:
NOVA TIPOLOGIA: Assim, tem início uma nova forma de implantação
Agora, sob influência do para a casa urbana: afastada dos vizinhos e com
ecletismo, as novas jardim lateral.
residências romperam a
tradição e começaram a
exigir modificação no tipo de
lote.
Quanto a nova implantação:
consistia em recuar o
edifício dos limites laterais,
porém, ainda alinhado com
a via pública (normalmente,
o recuo era em apenas um
dos lados).
Em casas maiores,
começou-se a conhecer
novas possibilidades de
ventilação e iluminação, até
então desconhecidas. Nas
casas implantadas em lotes
menores, a solução foi a
utilização de poços de Nessa época, iniciaram-se as primeiras instalações
iluminação (graças ao
avanço da tecnologia das
hidráulicas (ainda bastante primárias) e o serviço
calhas, que permitia braçal passou a ser bem menos utilizado.
controlar o fluxo da água).
A RESIDÊNCIA A tipologia da casa brasileira:
ECLÉTICA: - Casas térreas
- O sobrado
- O sobrado de esquina
RUA x CASA - O mucambo
(Relação de oposição) - O cortiço
Exterior x Interior - Casas de sítio e casas de chácara
Público x Privado - O chalé
- O palacete
- As vilas operárias
- Casas de “enchamel”
ou enxaimel
CASAS TÉRREAS:

As casas térreas eram


habitadas pela pequena
burguesia, composta por
“artífices ou pequenos
negociantes europeus
recém-chegados ao Brasil,
por brancos de casa-
grande empobrecidos e
por gente de cor, bem-
sucedida nas artes e nos
ofícios manuais”.
CASAS TÉRREAS:
As residências urbanas
utilizavam-se ainda das
mesmas soluções de
implantação dos tempos
coloniais: sobre o
alinhamento das ruas e
sobre os limites laterais
dos lotes.
O SOBRADO:
Os habitantes do sobrado
eram os burgueses e os
aristocratas.
A IMPLANTAÇÃO DO
SOBRADO NO LOTE:
O SOBRADO DE Havia aberturas nas duas faces voltadas para a
ESQUINA: rua, permitindo melhor iluminação e ventilação.
Os sobrados de esquina
eram uma variação desse
tipo habitacional em
função de sua disposição
ou situação na quadra
urbana.
O MUCAMBO: No século XIX, havia mucambos de influência
indígena e mucambos de influência africana.
Os mucambos eram
construções muito simples,
normalmente situadas em
áreas alagadiças ou em
terrenos pouco valorizados.
Internamente, possuíam
uma sala junto à entrada,
um ou dois quartos, às vezes
um corredor e, ao fundo, a
sala de jantar.
Eram cobertos por duas ou
três camadas de sapé
(indígena) ou com palha de
coqueiro (africano).
O CORTIÇO:
“Com a maior urbanização do país, viriam os
cortiços, preferidos aos mucambos pelo
proletariado de estilos de vida mais europeus.”
HOTEL-CORTIÇO:

Sobrados convertidos em
cortiços; o “hotel-cortiço”,
segundo a Comissão,
espécie de restaurante
onde a população operária
se aglomerava à noite para
dormir em aposentos
reservados ou em
dormitórios comuns; a
“casinha”, com prédio
independente e frente
para a via pública, apenas
considerada cortiço por
seu “destino e espécie de
construção”;
O CORTIÇO:
O cortiço propriamente dito, ocupando uma
área no interior do quarteirão, muitas vezes no
quintal de uma venda. Neste caso, um portão
lateral marcava a entrada de um corredor
estreito e comprido que conduzia a um pátio
com três ou quatro metros de largura. Para
esse pátio, abriam-se “as portas e janelas de
pequenas casas enfileiradas, com o mesmo
aspecto, com a mesma construção, as mesmas
divisões internas e a mesma capacidade”.
Essas casas não possuíam mais do que três
metros de largura e seis metros de fundo.
O CORTIÇO:
Essa estrutura espacial assemelhava-se à de
alguns cortiços das grandes cidades europeias,
com espaços livres exíguos (onde se lavava
roupa e se criavam animais) e uma única
latrina para mais de uma dezena de pessoas.
CASAS DE SÍTIO:

a casa de sítio ou de
chácara ficava a meio
caminho, entre a cidade e
o campo.
Característica bastante
comum a essas
construções, tanto no
nordeste como no sul do
país, foi o alpendre, a
varanda em frente à casa,
sustentada por pilares.
Eram cercadas por vastos
jardins, com árvores de
fruto e parreirais.
CASAS DE SÍTIO:
Na cidade de São Paulo, O termo “sítio” pode designar tanto o
as chácaras tiveram “estabelecimento agrícola de pequena
prestígio social acima dos lavoura”, como a “moradia rural ou chácara
sobrados de residência.
Eram o tipo de habitação
nas imediações da cidade”. A chácara é
preferido pelos paulistas definida como uma “pequena propriedade
mais ricos, pois campestre, em geral perto da cidade, com
preservavam nessa vida casa de habitação”, a “casa de campo” ou
semiurbana o sabor da
vida rural. o “terreno urbano de grandes dimensões,
com casas de moradia, jardim, horta,
pomar, etc.”
As casas de sítio ou de chácara foram quase sempre construções mais amplas que o sobrado
implantado nas cidades; possuíam paredes grossas, às vezes com dois, três palmos de
largura, sendo mais arejadas que o sobrado urbano patriarcal.

Levando-se em consideração a qualidade


de vida dos moradores e a salubridade da
habitação, a casa de sítio ou de chácara
correspondeu a moradia melhor que o
sobrado na hierarquia dos tipos – uma
residência mais ampla, com jardins,
situada em terreno de maiores dimensões.
Em relação à casa-grande de engenho,
tinha a vantagem de estar localizada nas
proximidades da cidade.
O CHALÉ:
Era uma casa implantada no Tal disposição da cobertura
centro do lote, com exigia um afastamento da
telhados de duas águas construção em relação aos
cujas empenas voltavam-se limites laterais do terreno,
para os lados menores uma vez que os beirais
(frente e fundos) e as
(característicos desse tipo
águas, para os lados
maiores (as laterais) – em de habitação) avançavam
sentido contrário ao da cerca de cinquenta
tradição luso-brasileira. centímetros sobre as
paredes, impossibilitando o
“Por chalé passou-se
portanto a entender, no contato direto com as
Brasil, um esquema de construções vizinhas.
residência com acabamento As águas dos telhados
romântico, sugerindo eram bastante inclinadas e
habitação rural montanhesa o emprego da madeira era
da Europa”. vasto.
Sobre o morador
do chalé: “(...) Os baús do mascate pareciam aos olhos de um
O burguês elegante morava menino burguês de chalé ou de sobrado verdadeiros
em chalé cor-de-rosa com baús mágicos, tanto era o que reuniam (...).”
jardim francês e quadra de
tênis à inglesa. “(...) O que mostra ter havido então, através da música,
comunicação entre os salões aristocráticos e
burgueses e a rua; e que música composta para regalo
da burguesia dos sobrados e chalés tornou-se popular,
no sentido de ser gostosamente assobiada pela gente
do povo e por ele adotada em suas reuniões (...).”

“(...) Burguês elegante, morador de chalé cor-de-rosa


com jardim francês e ‘court’ de tênis à inglesa para os
filhos rapazes.”
O PALACETE:

O palacete foi a casa mais


luxuosa da capital
paulista em fins do século
XIX e nas primeiras
décadas do século XX;
habitação dos “novos-
ricos”, dos “novos-
poderosos”, dos “novos-
cultos”, da elite cafeeira.
O palacete correspondeu
a uma miniaturização da
arquitetura produzida na
Europa; à criação de um
cenário europeu em
pleno país tropical.
O PALACETE:
A arquitetura do palacete
possuía também a função
simbólica de conferir status
ao seu proprietário: “o rico,
logo que faz fortuna,
levanta palacete bem à
vista da rua”. O palacete,
com seus vastos jardins
valorizando a construção,
era arquitetura para ser
vista e admirada em todo
seu caráter europeu e
“civilizado”; era expressão
maior da riqueza e da
fortuna de seus moradores.
O PALACETE:
Esses palacetes eram
cercados por jardins à
francesa ou à inglesa,
apresentavam em sua
arquitetura uma notória
mistura de estilos e, em seu
programa de necessidades,
adaptações em função das
dimensões reduzidas e de
hábitos e costumes da
família brasileira.
O PALACETE: Na distribuição interna do palacete, os cômodos
Programa de Necessidades apareciam agrupados em três zonas: estar, repouso e
serviços, separadas entre si por meio do vestíbulo ou
hall de distribuição.
O estar foi desmembrado no palacete em sala de
recepção, sala de visitas, sala de música, sala de estar,
de jogo, de bilhar, fumoir, sala de estudos, biblioteca,
sala de senhoras, hall, gabinete. Entre a cozinha e a
sala de jantar, foram introduzidas a copa, a sala de
almoço e a sala de refeição infantil.
Os serviços passaram a ser realizados não somente na
cozinha, como nos porões e nos fundos – as áreas
menos valorizadas da casa; o estar acomodou-se ao
térreo e às áreas ajardinadas; e o repouso ficou restrito
aos dormitórios, comumente localizados no primeiro
andar da construção.
AS VILAS OPERÁRIAS:
Em termos gerais, a casa da
vila operária foi o tipo de
habitação mínima destinada
ao trabalhador (livre) da
fábrica, implantada no Brasil
da segunda metade do século
XIX às primeiras décadas do
século XX.
Na vila operária brasileira, as
casas eram quase sempre
geminadas, possuindo um ou
dois pavimentos e dimensões
bastante reduzidas.
Correspondiam ao abrigo
mínimo.
AS VILAS OPERÁRIAS:
Seus construtores foram
proprietários, agricultores e
industriais que fixaram seus
trabalhadores junto ao local
de trabalho, oferecendo a eles
todos os recursos necessários
à sua sobrevivência: moradia,
escolas, farmácias, hospitais e
institutos para a “formação de
seu caráter”
AS VILAS OPERÁRIAS:
Em alguns casos, havia
outros edifícios na vila
operária, além das casas
dos trabalhadores, como
escolas, creches, armazéns,
farmácias e igrejas, que
faziam com que os
operários não tivessem
necessidade de sair da vila.
AS VILAS OPERÁRIAS:
Os espaços livres dessas
vilas eram compostos pelas
ruas que separavam os
blocos de habitação,
normalmente dispostos
ortogonalmente, e por
praças e jardins para
sociabilidade dos
trabalhadores e de suas
famílias.
FUNCIONAIS e Eram casas pequenas, com intensa sobreposição de funções.
RACIONAIS:
Programa básico: uma sala
(ou varanda), uma cozinha,
um quarto e uma latrina ou
banheiro no quintal.

Em alguns casos, foram


construídas casas de vila
com dois dormitórios; as
casas com três dormitórios
constituíram exceções e
foram destinadas aos
funcionários especializados.
De qualquer modo, não
possuíam grandes
dimensões
FUNCIONAIS e
RACIONAIS:
As construções eram
erguidas na maioria das
vezes no alinhamento dos
lotes, sem recuo frontal. A
sala e o quarto dividiam a
fachada principal, com suas
janelas voltadas para a rua
da vila. A cozinha ficava
depois da sala e, após a
cozinha, situava-se o
banheiro, com entrada pelo
quintal – a disposição do
banheiro junto à cozinha
tinha como objetivo a
redução de gastos com a
tubulação de água e esgoto.
AS VILAS OPERÁRIAS: Mas o termo “vila operária” designou não apenas esses
grandes agrupamentos de habitação proletária, como
Do ponto de vista todo e qualquer conjunto de residências, destinado à
sociológico, a vila-operária habitação operária, que se enquadrasse nos padrões
correspondeu à habitação
estabelecidos pela municipalidade, sendo construídos
dos trabalhadores da
indústria, que cediam parte segundo suas normas de higiene e com as dimensões
de seu salário e muito de mínimas exigidas pelo governo. Com a intenção de
sua vida individual para combater o cortiço e outras formas de habitação
morar perto da fábrica, a insalubres que se tornaram focos de epidemias nas
serviço de seus patrões. últimas décadas do oitocentos, o governo não só
favoreceu como estimulou a construção desses
conjuntos de residências ditas higiênicas para moradia
do operariado, oferecendo isenção de impostos e
outros benefícios aos seus construtores.
CASAS DE ENXAIMEL:
Tipo específico de construção
de influência anglo-saxônica,
com estrutura de madeira e
espaços preenchidos com
tijolos, características das
colônias alemãs (nórdicas),
fundadas no Brasil do século
XIX.
A cobertura é formada por
telhas planas, de fabricação
manual, em formato de
escamas, que exigem um
declive acentuado,
contribuindo para a
O termo “enxaimel” designa também cada uma das estacas
existência de um sótão, com
que em conjunto com as varas compõe o engradado das
um melhor aproveitamento
paredes de taipa que recebe e mantém o barro amassado.
do espaço.
CASAS DE ENXAIMEL: A madeira garante a estabilidade estrutural. A
armação, composta por vigas, colunas, escoras e
travessas, é preenchida com tijolos, segundo
formas e disposições variadas, uma vez que as
paredes servem apenas de vedação – não têm
função estrutural.

Cria-se, assim, um contraste


nas casas de enxaimel entre
o vermelho vivo dos tijolos e
os tons escuros da madeira
que compõe o desenho da
fachada.
Gabaritos da edificações residenciais no século XIX:
Locação da tipologia no terreno:
Locação da tipologia no terreno:
Locação da tipologia no terreno:
O estilo Eclético não
apresentou novidade no
quesito elementos de
linguagem, mas sim, foi
inédito na maneira de
misturar e adaptar esses
elementos compositivos de
distintas épocas em arranjos
curiosos e múltiplos,
conjugados na mesma
fachada.
Escolher e misturar, eis aí o trunfo do Eclético, a
convivência harmoniosa ou não, das escolhas
pinçadas no cardápio dos estilos e elementos
arquitetônicos.
Dentro dos estilos da história da arquitetura é o
que acolhe o maior acervo de elementos do
passado conjugados em um único edifício.
É praticamente uma colagem de referências e
estilos de várias épocas e apesar dessa mistura é
ela que ilustra o percurso da humanidade em
termos de arquitetura praticada até então.
ATIVIDADE: Fazer um resumo de apenas uma página identificando
as características arquitetônicas presentes nos
seguintes períodos da arquitetura brasileira:

- Arquitetura Indígena;
- Período Colonial: Arquitetura Civil e Militar
- Maneirismo (Período Missionário e Monumental);
- Barroco e Rococó;
- Período Neoclássico;
- Período Eclético.

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