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PUC MINAS | CAMPUS POÇOS DE CALDAS | ARQUITETURA E URBANISMO

7º PERÍODO | 2/2020

TÉCNICAS RETROSPECTIVAS E
RESTAURO EM ARQUITETURA I
TÉCNICAS CONSTRUTIVAS TRADICIONAIS
NO BRASIL

LARA SOUSA
ARQUITETURA
INDÍGENA
ARQUITETURA INDÍGENA

A habitação indígena brasileira - de materiais aparentemente novo círculo externo é preparado; enquanto isso, a vegetação na-tural
modestos, mas ecológicos - para avançar na questão arquitetura, começa a cobrir o primeiro anel, dificultando a chegada aos mais
constrói apenas com materiais intrinsecamente não considerados externos; doze anos depois, as hortas estão muito mais distantes e o
nobres, em condições muito especiais em todo nosso território. anel original interno mais denso. A aldeia é então abandonada. Em
algumas regiões a migração ocorria regularmente de 2 em 2 anos ou
Embora grande, a terra, nossas nações indígenas se adaptaram e de 5 em 5 anos.
desenvolveram aldeias, inter-relacionadas em redes, compondo
cacicados em fase pré urbana, embora em fase de ultrapassar a idade HABITAÇÃO
neolítica - não foram respeitados, sendo tratados como simples
selvagens ou primitivos embora possuindo nações poderosas, línguas A habitação indígena é a entidade física onde a cultura e todas as
e culturas que procuraram pôr em contato com os recém-chegados. expressões que a envolvem são praticadas. Podem ser:

Muitos tipos de aldeias podem ser encontrados entre as tribos, apesar - maloca: casa comunal familiar; não é dividida em zonas de atividade,
de algumas terem desaparecido ou mudado devido ao contato com mas sim climáticas: as atividades eram executadas nos lugares com a
colonos invasores. temperatura naturalmente ou artificialmente adequada

ALDEIA - oca:

As formas de organização das aldeias indígenas são distintas, Etapas da atividade: escolher a planta; limpar a área; cortar a madeira;
podendo ser: juntar material para os nós das estruturas; erguer a estrutura; juntar e
transportar sapê; juntar e transportar folhas de palmeira; confeccionar
- várias construções em forma circular os maços; erguer os maços; colocar a cobertura do teto.

- habitação coletiva única: casa unitária habitada por toda a tribo; ex: Os tipos de planta baixa das habitações podem ser: circular; elíptica;
Tucanos, Pano, Yanomami, Marubos antropomorfa; semi-elíptica; retangular; poligonal.

Todas as habitações (independente da quantidade) são dispostas de MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO


modo que cerquem a praça, podendo ser uma praça externa(circular
ou quadrada) ou praça interna (o centro de uma grande maloca). As técnicas e materiais empregados se assemelham entre as tribos,
mas há diferenças na forma de aplicar. Há uma adaptação em relação
Como a aldeia é formada: uma pequena clareira é aberta e todas as à região climática na qual a tribo está inserida: são materiais
árvores de grande porte são cortadas para que não caiam sobre as semelhantes, porém diferentes em sua composição natural.
casas no futuro; do lado externo do círculo das casas, se localiza a
área destinada ao plantio, depois de alguns anos o solo se exaure e Os principais materiais de construção são: madeiras; folhas e .fibras
um
ARQUITETURA INDÍGENA

TÉCNICAS CONSTRUTIVAS amarradas, em suas extremidades, na cumeeira. Os carajás antigos


já costumavam fazer suas casas no formato retangular.
Há uma variação no emprego da tecnologia devido aos diferentes
materiais e às diferentes condições meteorológicas. - XINGU

Amarração: conjunto de procedimentos técnicos para fixação dos Constroem suas ocas fazendo referência ao corpo de um animal ou
diferentes elementos construtivos - de estrutura ou de revestimento. de um homem. A parte frontal da habitação determina que seja o
O entrelaçamento das peças em madeira é feito com cipó. No peitoral, assim como os fundos sejam as costas. O chão representa a
encaixe lateral os paus são ligeiramente escavados para a obtenção solidez da casa, aonde serão cravados os pilares de sustentação, e
de melhor ajustamento, e no encaixe de topo uma peça horizontal é toda a sua estrutura. A ala íntima da casa, é diagramada pelos semi-
fixada acima de outra vertical. As diferentes técnicas podem ser círculos laterais, e são designados como as “nádegas” da casa.
usadas ao mesmo tempo.
A vedação com ripas de madeira e bambu, referem-se às costelas, e
Disposição das folhas: tarefa muito importante; chuvas fortes são o revestimento das paredes seriam os pêlos ou cabelos, assim como
frequentes, logo, a cobertura deve estar bem entrelaçada para que se a cumeeira faz referência a cabeça. O tipo de construção dos
torne impermeável. xinguanos se assemelha muito com a tribo dos índios Morubos, pois
ambas construções são antropomórficas, associando a construção a
DIFERENÇA ENTRE AS TRIBOS uma espécie de proteção xamânica.
O que diferencia uma aldeia e outra entre as tribos indígenas - YANOMAMI
brasileiras, é a condição climática, e a disponibilidade de materiais
regionais, como elementos e detalhes construtivos. A maior parte das Os índios Yanomamis, ocupam a região norte do Amazonas, e
aldeias utilizava a amarração de cipós nas estruturas de madeira. constroem suas aldeias em formato circular, chamando-as de
Assim como utilizavam entalhes no madeiramento das estruturas “shabonos“. Seu dimensionamento é feito conforme o número de
para facilitar o encaixe das peças, e a amarração com os cipó. ocupantes que abriga, e normalmente reside apenas um grupo
familiar em cada casa. Possui um grande vão central, chegando a
As tribos possuem características específicas. Alguns exemplos são: quase 15 metros, que é coberto por folhas de palmeiras, sobre a
- CARAJÁS estrutura de galhos e varas.

Ocupavam as margens do rio Araguaia, e desenvolveram uma forma O homem cuida da construção em si, enquanto a mulher fica
de aldeia ainda mais complexa. Construíam casas com estrutura responsável para coletar os galhos, os cipós que servirão para
reforçada, constituídas por 3 arcos paralelos, cada um formado por amarração das estruturas, e as folhagens de bananeira para
um par de pilares fincados no chão, e vigas para que possam ser vedação.
ARQUITETURA
DE PEDRA
ARQUITETURA DE PEDRA

As construções de pedra foram usuais desde os primeiros tempos da -mo sendo o de construções “providas de pilastras e cunhais de pedra
colonização e eram desejadas enquanto mais duráveis, embora mais lavrada deixada aparente fazendo uma marcação precisa de painéis
difíceis em se executar. Em geral as construções de pedra e cal brancos”. Essa característica da arquitetura carioca pôde ser
restringiram-se, no início, à região litorânea onde o material necessário, observada não apenas nas fachadas de sobrados, mas também nos
a pedra e especialmente a cal, eram mais fáceis de se obter. templos religiosos.

É importante lembrar que durante todo o período colonial os Algumas vezes a pedra era trazida de longe, como é o caso do arenito
portugueses praticamente extraíam a cal apenas de conchas marinhas, Ipanema que compõe com os gnaisses locais, a fachada da Casa
ignorando outras fontes como as pedras calcárias, isto fazia que o França Brasil no Rio de Janeiro, antiga Alfândega real, de autoria de
produto final – quando o material conchífero não era suficientemente Grandjean de Montigny. A jazida desta pedra é situada em latitude
bem lavado – fosse de má qualidade, pois infectado de cloreto de sódio abaixo da cidade de São Paulo, e devido ao fato de que foi trazida em
adquiria qualidades higroscópicas deixando as paredes lombo de burro em viagem de vários dias deveria excluir-se a princípio
permanentemente úmidas. A produção da cal em São Paulo tendo a hipótese da possibilidade dela ter sido utilizada apenas como pedra
como matéria prima a rocha calcária só passou a ser produzida em de mão para ser revestida posteriormente com argamassa, como
maior escala a partir do final do séc. XIX. pensou a princípio as primeiras restaurações do prédio. Nos primeiros
séculos da colonização eram ainda usados “as pedras importadas do
As pedras utilizadas - no sentido de facilitar a execução e diminuir os reino, trazidas como lastro nos navios, entre as quais se salienta o lioz
custos da obra - eram as pedras do local onde se construía. Assim, na português”. Esta pedra – um calcário da região de Lisboa de coloração
região do Nordeste, onde abundavam calcários e arenitos, pedras variando entre o bege e o rosado - foi muito empregado em ornatos,
brandas, mais fáceis de trabalhar, as fachadas adquiriram tais como ombreiras e vergas de porta, base e capitéis de pilastras,
características artísticas próprias. Na Paraíba, os calcários nas obras pias batismais etc... No Rio, a bela portada com medalhão esculpido
de cantaria possibilitaram variedade e perfeição de acabamento de em pedra, da fachada da Ordem Terceira do Carmo na Praça XV é em
ornatos e decorações. Em Salvador, o arenito esculpido possibilitou a pedra Lioz e teria sido esculpida em Lisboa. Algumas vezes a pedra
excelência artística de uma fachada como a da Ordem Terceira de São Lioz era utilizada inteiramente em fachadas e interior de igrejas, como
Francisco. Também em quase todas as partes do nordeste usou-se o a dos Jesuítas, antiga Sé, e a igreja de Nossa Senhora da Conceição
arenito ou o calcário. No Rio, a única pedra disponível, praticamente, da Praia – ambas em Salvador.
era o gnaiss, pedra menos branda, mais difícil de trabalhar, portanto
possibilitando menos efeitos artísticos. Debret assinalou que esta CANTARIA
pedra “se liga mal ao cimento de cal geralmente usado e exige muros
de grandes espessuras”. Esta pedra era usada também aparente, As construções totalmente em pedra aparelhada na América
empregada nas ombreiras e vergas de janelas e portas e nos portuguesa não foram muito usuais. No Rio de Janeiro este material
embasamentos das edificações, assim como algumas vezes nos aparecia apenas no embasamento das edificações e nas marcações
cunhais, proporcionando um partido próprio, que Lemos caracteriza co- de cunhais e pilastras – com a notória exceção da fachada da Ordem

ARQUITETURA DE PEDRA

do Carmo. No nordeste, como foi dito no histórico, eram razoavelmente II. Todas as juntas sem ligação por atrito, em qualquer sentido,
comuns as fachadas em pedra aparelhada e esculpida de templos de uma camada qualquer, devem ser cobertas por peças da
religiosos. Algumas vezes observamos a participação da pedra camada imediatamente superior (“matar a junta”).
aparelhada em construções civis e militares, como no caso da Casa da
Torre de Garcia D’Ávila onde elas se apresentam semi-aparelhadas, ou III. As peças da cobertura não devem se afastar dos limites
então nas muralhas e baluartes de algumas fortalezas coloniais. constituídos pelos planos verticais, traçados pelo centro de cada
uma das peças da camada coberta.
Mesmo quando presentes apenas nas marcações de panos de
alvenaria de fachadas – embasamentos, pilastras e cornijas - a IV. As peças devem ter dimensões aproximadamente iguais
participação da pedra aparelhada nunca era a de um simples PEDRA SECA
revestimento em uma parede de pedras de mão, tratava-se sempre de
blocos maciços (peças) que eram inseridos no conjunto da alvenaria Alvenaria que dispensa argamassa e na qual o acamamento das
integrando-se à mesma. No caso dos cunhais, as pedras aparelhadas pedras maiores é obtido pela interpolação com as pedras menores.
efetivamente participavam do sistema de amarração das paredes como Não existe nenhum aparelhamento da pedra e em geral são de grande
pode ser visto na marcação rusticada das quinas de algumas igrejas da espessura em relação a sua altura [0,60 a 1,00m]. Aparecem
época. Os cunhais eram locais onde a boa técnica exigia uma preferencialmente na construção de muros divisórios entre terrenos,
amarração cuidadosa das paredes que ali se encontravam, a qual era pouco aparecendo nas habitações.
feita intercalando-se sucessivamente peças provenientes dos dois
planos distintos de alvenaria que o compunham. No sistema de pedra seca o lance dos vãos de portas e janelas era
invariavelmente vencido sem o uso ou o reforço de arcos de descarga.
Nas alvenarias de cantaria a ligação das peças, constituindo o Contudo, para se evitar os problemas inerentes de aparecimento de
conjunto, podia ser obtida através de pelo menos quatro processos fissuras estruturais nas vergas de pedra, determinados artifícios eram
distintos: pelo atrito entre as peças; por argamassa de ligação; através utilizados: o mais comum deles era aumentar a altura da verga de
de ensamblagem (peças com entalhes e recortes) ou através de forma a diminuir as tensões de tração no fundo da mesma; uma outra
grampos metálicos. Os dois primeiros processos são os mais usuais e possibilidade era aproximar o feitio da janela ao de uma seteira –
significativos. As cantarias que se utilizam apenas do aparelho, ou seja, quase que um rasgo vertical na alvenaria – diminuindo o vão livre entre
do atrito, para a união entre elas, precisam ter a sua execução os dois apoios e conseqüentemente diminuindo também os momentos
orientada dentro de alguns princípios fundamentais: e a possibilidade da verga de pedra fraturar; por fim, um artifício
bastante utilizado era o localizar os vãos praticamente no nível do topo
I. De modo a funcionar por gravidade, a posição ideal é a das da parede, de forma a diminuir a carga sobre as vergas até este se
pedras assentes sobre um plano horizontal com as faces limitar praticamente ao peso próprio das mesmas. Algumas
perpendiculares ou paralelas a esse plano, definindo leitos e construções apresentavam suas janelas posicionadas tão alto que
juntas perpendiculares. acima da verga encontrava-se apenas o frechal do telhado.
TAIPA DE PILÃO
TAIPA DE PILÃO

Recebe esta denominação por ser socada (apiloada) com o auxílio de O apiloamento é interrompido quando a taipa emite um som metálico
uma mão de pilão. A forma que sustenta o material durante sua característico, o que significa a mínima quantidade de vazios ou que o
secagem é denominada de taipal, que até hoje significa componentes adensamento manual máximo das argilas foi atingido.
laterais de formas de madeira.
Os taipais possuem medidas que variam de 100 a 150 centímetros de
A taipa encontrada no período colonial brasileiro é executada com terra altura por 200 a 400 centímetros de comprimento, compostos por
retirada de local próximo à construção devido às dificuldades de tábuas presas a um sarrafo, formando um tabuado com juntas de topo
transporte e ao volume grande de material. As argilas são escolhidas para as tampas ou lados, distanciadas, em função da espessura da
pelo próprio taipeiro, que conhecia de forma empírica as propriedades parede por outro tabuado denominado de frontal e presas com paus
físicas do material e do componente construtivo, selecionando-as com roliços denominados de agulha ou cangalha na horizontal e costa na
o tato e visualmente. Os solos preferidos eram os vermelhos, vindo a vertical, formando uma espécie de caixa sem fundo.
seguir os roxos e os pardos, por apresentarem uma "liga" ou
"trabalhabilidade" maior. Devem estar isentos de areias ou pedregulhos Como no período colonial as tábuas eram cortadas manualmente, por
e de húmus e outros materiais orgânicos, como gravetos e restos de meio de enxós, os taipais tinham um grande valor e chegaram a ser
vegetação, pois esses podem afetar a resistência final do material. inventariados como bens.

A terra é removida de uma certa profundidade, para evitar as Os taipais eram dispostos de modo a formar fiadas horizontais de
impurezas acima citadas e por apresentar normalmente um grau de blocos de taipa e tinham as juntas verticais normalmente
umidade satisfatório, não necessitando da adição de água para compor desencontradas.
a dosagem correta. A massa é preparada por meio de esfarelamento Na primeira fiada o taipal era apoiado diretamente no solo. Sobre as
do solo; pulverização de água com cuidado para não formar "caroços" fundações e para as fiadas subsequentes eram colocadas
e seguido de um amassamento, que pode ser realizado com as mãos transversalmente à espessura madeiras roliças a dois terços da altura,
ou com os pés. A operação só termina após a obtenção de uma massa de modo que quando da execução da próxima fiada, as agulhas ou
homogênea. Há a possibilidade de acrescentar outros componentes cangalhas de baixo eram enfiadas no orifício (denominado de codo)
durante o amassamento, como a areia, a cal, o cascalho, a fibra deixado após a retirada dessa madeira que tinha permanecido dentro
vegetal e o estrume de animais. Após o preparo da argamassa de do bloco de taipa anterior.
barro, esta é disposta dentro do taipal, em camadas de 10 a 15
centímetros, que depois de perfeitamente apiloadas ficam com Nas taipas remanescentes desse período as marcas da execução
espessuras menores. eram facilmente detectáveis, tanto das camadas de terra apiloadas,
como dos tipos de junções dos blocos de taipa e também dos orifícios
Como as espessuras das paredes variam de 30 a 120 centímetros, o ocupados para a elevação do maciço de taipa. Esses orifícios
taipeiro ou auxiliar trabalha dentro do taipal, o que facilita o receberam uma argamassa de terra após a retirada do taipal e antes
adensamento. do revestimento.
TAIPA DE PILÃO

Os vãos deixados na arquitetura, como portas e janelas, eram Uma das patologias mais presentes nestas construções é o sulco,
montados a partir de uma estrutura de madeira colocada anteriormente acompanhando o nível do solo externo, deixado pelo escoamento de
durante a execução dos maciços das paredes. águas pluviais. Esse fato justifica a utilização de grandes beirais na
arquitetura tradicional de taipa. Pelo mesmo motivo, as construções em
Em algumas Casas de Câmara e Cadeia eram colocadas estruturas de taipa costumavam ser edificadas sobre um patamar, o que impedia a
madeira no âmago das paredes para evitar a perfuração pelos agressão das águas oriundas de enxurradas.
detentos.
Após a execução da cobertura e com a taipa se apresentando seca o
Em alguns remanescentes, como, por exemplo, a Capela do Morumbi, suficiente para aderência, executavam-se os revestimentos com terra,
na cidade de 'São Paulo, foram encontradas taipas com agregados areia e estrume de animais, e quando possível com a cal (antes das
naturais (seixos rolados) misturados na terra. Esses seixos eram construções de caieiras a cal mais empregada no Brasil era a cal de
retirados do leito de córregos e rios próximos ao local de construção e sambaquis ou de ostreiras).
possuem granulometrias variadas. Esse tipo de técnica recebeu o
nome de taipa formigão. Essa técnica predominou na arquitetura paulista do período colonial
devido à dificuldade de obtenção de pedra nos campos de Piratininga,
O tempo de secagem das paredes de taipa de pilão varia de 3 a 6 pois as jazidas se encontram a profundidades que só por meio de
meses, dependendo da altura e espessura da parede, tipo de solo sondagens são detectadas. Mas as taipas também são encontradas
utilizado e condições climáticas. em outras regiões, como, por exemplo, em Goiás e Minas Gerais.
Os revestimentos só iniciam após a secagem das mesmas para que A partir de 1850 os tijolos maciços começam a aparecer em
haja aderência, e variam de acordo com a região, podendo ser de construções paulistas, e no município de São Paulo foi criada uma
tabatinga, argamassas com cal de sambaquis, areia e de esterco de campanha pública para se evitar as construções de taipa devido às
animais, para que as fibras vegetais presentes dêem uma estrutura ao constantes enchentes que a cidade sofria e ao risco de
sistema. desmoronamentos das construções de terra.
Um dos maiores problemas detectados com as construções em taipa é A taipa de pilão entrou em decadência a partir de 1940, porque o tijolo
a erosão que elas apresentam na presença de água tanto do subsolo maciço comum apresenta maior rapidez de construção e é executado a
quanto da superfície ou da chuva. Quando protegida contra as custos menores. A mão-de-obra, formada por taipeiros, começa a
intempéries, a taipa possui muita durabilidade, que pode ultrapassar desaparecer, dando lugar aos pedreiros, cuja formação profissional é
três séculos, como, por exemplo, a das casas bandeiristas paulistas. mais rápida.
TAIPA DE MÃO
TAIPA DE MÃO

A técnica da taipa de mão (que dependendo da região e da época A taipa de mão enquadra-se muito bem em terrenos acidentados. Daí a
também recebem o nome de taipa de sebe; pau a pique; barro armado; razão de seu uso acentuado em algumas regiões de Minas Gerais. No
taipa de pescoção e tapona e sopapo) foi bastante usada no Brasil, início do povoamento de Minas Gerais, as taipas de sebe e de pilão,
encontrando-se exemplares em todo país. trazidas pelos paulistas, foram utilizadas indistintamente em todos os
gêneros de construção. Tendo em vista a topografia acidentada de
Muito utilizada em construções rurais, também foi a taipa de mão Ouro Preto, com o passar dos tempos, a taipa de sebe, ou pau-a-pique
usada em áreas urbanas, tanto nas paredes externas quanto nas veio a dominar, pois permitia elevar a construção em escarpas
internas. Muito comum era seu uso também associado a outras violentas ou terrenos frágeis.
técnicas, sendo as paredes externas construídas de adobe ou taipa de
pilão e as divisões internas e paredes do piso superior, construídas A primeira técnica de terra usada em Minas foi a taipa de pilão, trazida
com esta técnica, devido ao material apresentar menor leveza. pelos bandeirantes. Posteriormente, foi substituída pela taipa de mão,
em terrenos mais acidentados, como nas vilas do ouro, devido aos
Os materiais empregados na construção são diversos, de acordo com problemas de erosão, freqüentes durante as enxurradas.
a disponibilidade, havendo variações quanto ao modo de fazer, em que
é procurado a adaptação da construção ao meio local e às A construção de pau-a-pique traduz uma engenhosa solução, resolvida
particularidades de cada região. com encaixes perfeitos, dispensando ferragens e lembrando a
carpintaria náutica, tão conhecida e praticada pelos portugueses. Foi
Esta técnica foi muito usada em Minas, a partir do início do século em Minas Gerais que esse sistema construtivo atingiu sua perfeição e
XVIII, tanto em grandes sobrados como Capítulo segundo Panorama como técnica impecável, edificou igrejas inteiras. A experiência em
da Taipa de Mão 43 em pequenas casas, e até na construção de arquitetura naval propiciou aos portugueses, trabalhar com peças
igrejas, como em Diamantina, em Santa Rita Durão e em Santa esbeltas para as estruturas de madeira, conseguindo excelentes
Bárbara. Além disso, era comum, a execução de casas com paredes soluções para os terrenos acidentados de Minas, com total autonomia
externas em pedra ou taipa de pilão e divisões internas em taipa de e segurança.
mão.
O uso da taipa de mão, foi muito comum na execução das residências
Embora em São Paulo tenha predominado o uso da taipa de pilão, nas cidades mineiras, apenas nas paredes internas ou, em toda
sendo o pau-a-pique, preferencialmente, destinado às tulhas e casas construção. Alguns exemplares atravessaram o tempo resistindo até
de colonos, podem ser encontrados exemplares de grandes e hoje, fazendo parte do casario urbano de muitas cidades
centenárias sedes de fazendas construídos em taipa de mão. Esta
técnica foi amplamente utilizada, pois ao contrário da taipa de pilão, As construções de pau-a-pique não estão restritas às residências e às
prescindia de taipeiros especializados e que não deixava de ser uma pequenas obras. Com esta técnica, foram construídas capelas como a
técnica durável, de grande resistência às intempéries e de menor de Nossa Senhora do Ó, em Sabará, de São Francisco, em Caeté e a
custo. de Nossa Senhora das Mercês, em Mariana, todas no Estado de Minas
Gerais.
TAIPA DE MÃO

As paredes de taipa de mão do período colonial quase sempre faziam Montada essa trama, a aparência é de uma gaiola, com vãos
parte de uma estrutura de madeira bastante rígida, formada por quadriláteros de 5 a 20 centímetros de lado. Após a amarração da
esteios, vigas baldrames, frechais e vergas superiores e inferiores. trama, a terra previamente escolhida é transportada até um terreiro
Serviam como vedo de uma estrutura independente ou como paredes onde é preparada a massa ou "barro", que deve ter uma plasticidade
internas de edificações com paredes externas de taipa de pilão. maior que a da massa utilizada na taipa de pilão para poder ser
manuseada.
A estrutura de madeira era montada com esteios, com secção
normalmente quadrada, de palmo de lado, enterrada no solo a Dois trabalhadores taipeiros se colocam em lados opostos da trama e
profundidades variáveis, com um tipo de fundação formada pela com as mãos pegam uma quantidade de barro que concomitantemente
continuidade do tronco em que era cortado o esteio, denominada é prensado energicamente contra a trama. O barro pode ser prensado
popularmente de nabo. também com as mãos, de apenas um dos lados, por apenas um
taipeiro, mas o preenchimento dos vãos é menos eficiente. Dessa fase
Para evitar o ataque de animais, xilófagos o nabo era crestado a fogo. executiva surgem os nomes como taipa de mão, tapona, pescoção ou
No nível do piso, esses esteios fincados no solo recebiam encaixes sopapo.
para a colocação de vigas baldrames mais altas que o solo para evitar
a penetração da água, pois a madeira é um material muito perecível O tempo de secagem de uma parede, que varia de 15 a 20 centímetros
com a variação da umidade. de espessura, é de aproximadamente um mês, quando então pode
receber revestimentos, também utilizando a terra para ter aderência à
Sobre as vigas se apoiavam os barrotes de sustentação dos parede.
assoalhados, que era o piso mais empregado nesse sistema
construtivo. As paredes de taipa de mão são empregadas interna ou externamente,
com predominância de utilização em divisórias internas, devido a sua
Na parte superior os esteios recebiam a carga dos frechais, apoiados leveza, menor espessura e menor tempo de execução, se comparada
ou encaixados, formando uma estrutura independente, popularmente com a taipa de pilão.
denominada de gaiola. A maioria das peças de madeira era de lei, que
são mais duras e resistentes. Atualmente, as taipas de mão são empregadas nas zonas rurais em
construções rústicas ou como técnica alternativa nas edificações das
Entre os frechais e as vigas baldrames eram encaixados em rebaixos classes de baixo poder aquisitivo. Ainda é encontrada praticamente em
os paus, freqüentemente com secção circular que varia de acordo com todos os estados brasileiros, mas a técnica é muito rudimentar e
o tipo e a idade da árvore de origem, de menor espessura dos esteios. normalmente não possui as características de estabilidade,
Perpendicularmente aos paus eram amarradas com cipós outras durabilidade e conforto tal como a das elaboradas no período colonial,
peças, de madeira mais finas, denominados de varas, de um dos acima descritas.
lados, dos dois paralelos ou alternados.
ADOBE E
TABIQUE
ADOBE E TABIQUE

A utilização do adobe pelo homem, como técnica de construção -de da preservação do patrimônio edificado em terra a partir do
resolutiva à demanda habitacional desde o próprio surgimento desta incentivo de políticas públicas de conscientização popular e
necessidade, é uma verdade irrefutável. Não obstante, sua tradição se financiamento dessas iniciativas junto aos órgãos competentes, além
mantém até os tempos atuais. do resgate da cultura local e da técnica de construção com terra como
modalidade construtiva mais sustentável e socioeconomicamente
No Brasil, os sistemas construtivos com terra foram introduzidos e acessível.
largamente utilizados no período colonial, entre os séculos XVII e XVIII,
por influência da arquitetura característica vigente em Portugal à Por outro lado, há a inserção do adobe em cenários de, até então,
época, e também por influência dos povos africanos trazidos como pouca tradição cultural e histórica, como instrumento de inovação
escravos, uma vez que não há indícios de que os povos indígenas tecnológica, a partir de metodologias construtivas, tipologia
nativos utilizaram a terra como material de construção. arquitetônica, modos de produção, concepção dimensional e
principalmente quanto a composição, evidenciado pelo maior número
Podem ser encontradas construções com terra remanescentes da de trabalhos com enfoque em adições estabilizantes.
herança colonial portuguesa em diversas regiões, como no norte de
Minas Gerais, interior da Bahia e Goiás, interior do estado do Ceará, Quando associado a soluções arquitetônicas adequadas ao ambiente,
interior do Piauí, Mato Grosso, Paraná e São Paulo, além de regiões a edificação erguida com técnicas de construção com terra pode
rurais e urbanas de outros diversos estados brasileiros. apresentar um bom desempenho térmico, a depender da espessura
das paredes adotadas.
Ainda no período colonial, o adobe era empregado nas construções
mais simples, sendo a pedra e barro utilizados nas residências mais É bastante comum a afirmação de que as paredes de terra
importantes. Outro padrão identificado neste mesmo período propõe a proporcionam maior conforto térmico quando comparadas a de outros
utilização do adobe nas construções do interior e pedra e cal nas materiais, porém, geralmente essa vantagem está diretamente ligada à
construções litorâneas, baseada na disponibilidade dos materiais maior espessura adotada nas paredes de terra e não somente pelas
locais. propriedades intrínsecas ao material, conferindo-lhe maior inércia
térmica. O adobe possui elevada capacidade térmica, sendo esse
Atualmente, o uso do adobe apresenta uma preocupação comum em quesito atendido em vedações verticais com pelo menos 11 cm de
resgatar seu uso, seja pela conservação do patrimônio ou pela espessura.
inovação tecnológica, desmistificando preconceitos relativos à
construção com terra e promovendo o emprego dessas técnicas de Por outro lado, para que atenda a todos os requisitos de desempenho
forma mais competitiva no cenário da construção civil. térmico em todas as zonas bioclimáticas brasileiras, recomenda-se a
aplicação de revestimentos internos e externos com espessura de 3
Em regiões nas quais o emprego dos adobes se originaram de uma cm, para adobes com 15 cm de largura.
herança cultural tradicional e algumas construções e/ou produtores
perduram até os dias atuais, é consenso entre os autores a necessida-
ADOBE E TABIQUE

O tabique diferencia-se do adobe e da taipa dado que recorre a uma Os materiais correntemente utilizados neste contexto são a terra
estrutura de madeira, maciça ou reticulada, e esta, por sua vez, é simples ou uma argamassa terrosa bastarda para o enchimento, a
então preenchida e revestida por um material terroso. De forma madeira maciça de uma espécie autóctone para a estrutura de madeira
simplificada, um elemento construtivo de tabique é constituído por uma e pregos de aço. Diversas espécies de madeira podem ser
estrutura de madeira revestida em ambas as faces por um material encontradas em elementos de tabique, sendo as de maior incidência: o
terroso. pinho (Pinus pinaster), o castanho (Castanea sativa), o choupo
(Populus sp) e a tília (Tília cordata).
O tabique é uma técnica construtiva interessante, porque recorre à
aplicação de materiais naturais localmente disponíveis, e não recorre a As paredes divisórias de tabique apresentam dimensões muito
processos industriais nem a equipamentos específicos que consumam variáveis em função do tipo de edifício. As dimensões inerentes ao
elevadas quantidades de energia ou emitam teores expressivos de sistema estrutural de madeira também se mostraram bastante
gases poluentes para a atmosfera. diferenciadas.

Também não necessita de mão-de-obra especializada para a sua Os elementos de madeira que constituem esse sistema estrutural têm
construção. Deste modo é possível afirmar que se trata de uma técnica um acabamento tosco.
económica e sustentável.
Uma estimativa do valor do coeficiente de transmissão térmica de uma
Os edifícios existentes com paredes de tabique também comprovam amostra de parede divisória de tabique foi determinada como U = 3,14
que estes elementos construtivos podem oferecer uma durabilidade de W/(m2 ºC). Apesar desta propriedade física ser mais relevante no
acordo com a exigida segundo os padrões de qualidade actuais. Por contexto das paredes exteriores, pareceu-nos adequado a sua
sua vez, outra grande vantagem desta técnica tradicional portuguesa avaliação para auxílio de outros trabalhos de investigação relativos ao
prende-se com o fato de ser versátil, atendendo a que é adequada estudo de soluções de paredes deste tipo na separação entre locais
para construir elementos verticais do tipo parede exterior, parede aquecidos e não aquecidos.
divisória e chaminé. As paredes exteriores de tabique podem até ser
resistentes, contribuindo para o sistema resistente do edifício. Ensaios expeditos de comportamento ao fogo realizados em amostras
de parede divisória de tabique indicam que a camada de revestimento /
A técnica construtiva do tabique é sustentável, económica e versátil. As enchimento do tipo terroso desempenha um papel fundamental na
inúmeras construções de tabique exemplificam que esta técnica é proteção ao fogo deste tipo de elemento construtivo.
adequada para a edificação de elementos construtivos verticais.
O ataque dos agentes biológicos e da água são identificados como
As paredes divisórias de tabique são um dos tipos de elementos sendo os principais agentes de degradação precoce das paredes
verticais com grande aplicação. A solução construtiva da estrutura de divisórias de tabique.
madeira mais frequentemente utilizada na construção de paredes
divisórias de tabique é composta por tábuas verticais ligadas entre si
por ripas horizontais.
ALVENARIA
DE TIJOLOS
ALVENARIA DE TIJOLOS

As primitivas comunidades agrícolas do Oriente Médio introduzem o em dados e quadros estatísticos, comprova-se que a trajetória do tijolo
uso da terra para viabilizar abrigo, construindo suas cidades no Brasil está vinculada à cultura do açúcar e não restrita a economia
inicialmente com tijolos de argila crua, secos ao sol e, em seguida, cafeeira, cuja logística deu continuidade às práticas já consolidadas da
queimando-os em fornos, transformando a terra crua em material fabricação do tijolo brasileiro. Assim, embora empregado com
cerâmico. moderação nas construções nos primeiros séculos de ocupação do
Brasil, os tijolos tiveram importante papel no desenvolvimento da
Os tijolos cerâmicos existem, portanto, há muitos séculos e, desde as arquitetura colonial brasileira.
mais antigas civilizações, o homem faz uso do tijolo cozido para erguer
paredes e materializar a arquitetura; permanecendo, ao longo do Assim, de forma geral no Brasil, ainda que a trajetória do tijolo esteja
tempo, com poucas alterações a técnica de fabricação e o método vinculada à cultura do açúcar e não somente à economia do café, este
construtivo. é usado com maior frequência para as construções a partir do século
XIX. O tijolo só se torna popularizado no Brasil a partir de 1850.
No Brasil, o tijolo cerâmico é utilizado desde o primeiro século de
ocupação, principalmente em capitais como Salvador e Recife, Dessa forma, as edificações da segunda metade do século XIX
tornando-se potencialmente empregado em larga escala a partir de passam a utilizar predominantemente alvenarias estruturais com o uso
1850, especialmente a partir da produção em massa advinda com a de tijolos maciços, já que estes são mais leves e possibilitam paredes
Revolução Industrial. de menor espessura, exigindo, consequentemente, menos esforço das
fundações. Neste período, evidencia-se a importação de maquinários
No século XVII, entre os anos de 1630 e 1654, durante a ocupação capazes de aumentar a produção cerâmica brasileira, vindos do
holandesa em Pernambuco, a necessidade de construção de continente europeu e da América do Norte. Outro fator determinante
alojamentos e a escassa e, por vezes, insuficiente quantidade de para a disseminação do tijolo, refere-se à lei nº 3129, de 14 de outubro
olarias produzindo tijolos, resultam na importação deste material de 1882, que assegurava ao autor de qualquer invenção ou descoberta
diretamente da Holanda, país que já tinha tradição no uso do tijolo em o registro de uma carta-patente e o uso exclusivo da mesma,
suas construções. intensificando a produção de material cerâmico no Brasil e
No Brasil, nos primeiros séculos da colonização, a fabricação de tijolos popularizando o uso de alvenarias de tijolo.
e a existência de olarias foram mais frequentes nas regiões nordeste e No século XX, ressalta-se o estabelecimento do international style na
sudeste. Porém, é possível observar o emprego do tijolo, ainda que em Europa e, no Brasil, o quadro político, econômico, e artístico
menor escala, nas outras regiões. desenvolvidos a partir da Semana de Arte Moderna de 1922. Na
Portanto, cabe destacar que, o tijolo foi utilizado durante o período arquitetura brasileira, um dos reflexos é a incorporação do concreto
colonial brasileiro em diversas regiões, sobretudo nas cidades de maior armado, embora ainda permaneçam e predominem na arquitetura civil
destaque no panorama econômico da época. Dessa forma, com base os sistemas construtivos baseados nas alvenarias estruturais de tijolo
cerâmico até meados da segunda metade do século XX.
ALVENARIA DE TIJOLOS

De forma geral, os tijolos foram fabricados ao longo dos séculos resulta em uma variedade de cores e distintos comportamentos
seguindo os mesmos métodos e técnicas, com poucas alterações em químicos e mecânicos
seu processo. A fabricação dos produtos cerâmicos compreende várias
fases, desde a exploração do barreiro e tratamento prévio da matéria- Em quase todas as degradações que podem ocorrer nas edificações, a
prima, passando pela homogeneização, moldagem e secagem do água exerce papel determinante, sendo um dos elementos da natureza
material até sua queima. que causam mais impactos as edificações, pois sem a água não
existiriam danos pelo congelamento, corrosão biológica ou química e
A fabricação do tijolo cerâmico compreende as seguintes etapas: nem tampouco transporte de sais”.

1. Exploração das jazidas Em longo prazo, sabe-se que os danos nas alvenarias antigas de tijolo
decorrem, principalmente, da presença de umidade. Se a quantidade
2. Tratamento da matéria-prima de água absorvida por um material de construção é proporcional aos
3. Moldagem índices de porosidade e ao fator de capilaridade, a intensidade das
degradações nos tijolos está condicionada ao próprio material,
4. Secagem dependendo da porosidade do tijolo, da argila que foi utilizada como
matéria prima e do processo da queima.
5. Queima
A água também provoca dilatação e retração dos materiais presentes
As manifestações patológicas que ocorrem nas edificações podem ser nas edificações. Portanto, se a edificação possui diferentes materiais e
de ordem intrínseca, quando as patologias são provenientes dos com isso distintos coeficientes de absorção, a dilatação e retração dos
materiais empregados na edificação ou extrínseca, quando a materiais podem ocasionar em rupturas nas argamassas das
degradação se origina devido à fatores externos. Os fatores intrínsecos alvenarias. Ainda, a água em excesso pode dissolver tijolos mal
se relacionam diretamente com os materiais utilizados e os extrínsecos queimados e também pode levar a proliferação de micro-organismos,
são os fatores em decorrência de ações externas ao elemento como como os fungos, especialmente em locais com alto índice de umidade
problemas de vandalismos, de catástrofes, de erosão mecânica, de relativa, como no interior das edificações. Nas fachadas que receberam
ação de animais ou plantas e do meio ambiente. água é comum a proliferação de cianobactérias.
Os materiais porosos, como os tijolos, as pedras e as argamassas, Como no Brasil não há tradição do tijolo cerâmico aparente nas
estão sujeitos às degradações a partir do momento que estão expostos edificações, o sistema construtivo permanece protegido de alguns
às ações do meio ambiente, variando o grau de deterioração conforme danos, que afetam predominantemente o revestimento. Contudo, em
a intensidade do intemperismo. Sabe-se que tijolos são materiais situações de alto grau deterioração, se o revestimento não cumprir
artificiais feitos a partir de matéria-prima natural e, portanto, a queima mais a função de proteção do substrato, o tijolo ficará exposto ao
intemperismo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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