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HISTÓRIA DA ARTE, ARQUITETURA E URBANISMO I

ARQ5621

Segunda aula – Novos materiais e técnicas construtivas- Art Noveau

TEXTO 2: PEVSNER, Nikolaus: “Origens da arquitetura moderna e do design”


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ART – NOVEAU (1880 a 1914) : Início do século XIX/estudo da arquitetura antiga permite o domínio de estilos do passado.

Porem qual é o estilo da época vivida? A resposta está nas propostas inovadoras no campo da Arquitetura.

O movimento dentro do art-noveau na Inglaterra, Arts & Crafts, é o precursor expressando a ambiguidade do
homem moderno e se propõe a:
1) melhorar a qualidade dos produtos industrializados;
2) Porem sua inspiração é anti-industrial e anti-urbana.
O Movimento traz a perspectiva da arquitetura vernácula, banida do cenário da Arquitetura erudita, e formula o
conceito de "estética total", com grande influência no desenvolvimento posterior da Arquitetura.
Outro movimento o Racionalismo Estrutural dentro do art- noveau principalmente nos EUA incorpora as inovações técnicas e
os novos materiais (principalmente o ferro e o vidro) às construções, desenvolvendo os programas arquitetônicos da nova
sociedade industrial: grandes pavilhões para indústrias, mercados, estações ferroviárias.

A questão do estilo é tratada num segundo plano.

O mais característico é que as grandes inovações técnicas sejam ocultas pela decoração aplicada, cujo estilo ficava à escolha
do cliente.
Esta atitude progressista encontra seu ápice na América, através de uma ação concertada na cidade de Chicago,
primeiramente, mas que logo estenderá sua influência por todo o continente.

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O intento deliberado de pensar a nova cidade industrial em sua organização, sistemas de transporte e
circulação e morfologia edilícia faz com que os artefatos e mecanismos decorrentes do progresso tecnológico
começam a ser empregados em construções de grande escala e altura, definindo o perfil verticalizado e
concentrado da cidade moderna.

A chamada Art - Noveau (Arte Nova“) se expressa de forma completa do desejo de mudança de padrões.

Os progressos das técnicas construtivas e dos materiais modernos e os novos princípios científicos
higienistas são aplicados em construções que contemplam os novos estilos de vida urbana.

Há uma completa independência em relação aos estilos históricos.

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Segunda metade de século XIX / Segunda Revolução Industrial baseada na produção de energia elétrica e
de aço.

Neste período se estabelecem as comunicações - telégrafo, telefonia -, e se ampliaram as redes e as


modalidades de transporte terrestre e aquático.

As ciências e as pesquisas científicas aplicadas à indústria incrementaram a produção industrial, criando um


mercado de massas.

Nesta época as cidades começam a sofrer as consequências de um crescimento populacional explosivo e


não planejado e da ocupação do solo por indústrias poluidoras.

A ascensão das classes sociais burguesas criam as bases para o desenvolvimento do liberalismo e de toda
uma geração de jovens dispostos a contribuir para a renovação das estruturas sociais.

Nesse contexto, o “Art Noveau” surge como resposta de arquitetos e designers às necessidades de
expressão destas populações e de seu desejo de desenvolver um estilo de vida moderno.

Em destaque a sociabilidade desenvolvida em novos espaços, como cafés, restaurantes, teatros, museus,
parques, hotéis e clubes culturais, sociais e esportivos.

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Identificada como Art-Nouveau nos países francófonos , assume diferentes nomes em diferentes locais, cujo
significado de fundo é o mesmo:

1) Modern Style na Grã-Bretanha, onde se distingue a chamada ‘Escola de Glasgow’.


2) Modernisme na Espanha.
3) Sezessionstil na Áustria.
4) Jungendstil na Alemanha.
5) Cubismo na antiga Tchecoslováquia.
6) Stile Floreale ou Liberty na Itália.

Na Europa, as manifestações deste estilo na arquitetura ocorrem desde as duas últimas décadas do século XIX
até as vésperas da Primeira Guerra Mundial, em 1914, mas suas influências nos demais continentes perduram
um pouco mais.

Pelo modo rápido como se propaga, através de exposições e feiras mundiais, espetáculos, revistas e
publicidade, torna-se o primeiro fenômeno claramente identificado como ‘moda’ no sentido moderno.

Com o Art-Nouveau nasce, também, a sociedade de consumo e se instaura uma cultura urbana de caráter
cosmopolita, com ligeiras variações locais.

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Estilisticamente o Art-Nouveau tem suas origens associadas ao movimento inglês Arts & Crafts e seu conceito
de ‘estética total’, à espiritualidade transcendental do Movimento do Simbolismo, às linhas fluidas da gravura
japonesa tradicional (ukiyo-e) – então recém descoberta pelos europeus – e aos padrões de entrelaçamento
presentes na arte celta tradicional (Celtic Knots).

O período em que este estilo se desenvolveu também é conhecido por Belle Époque, um momento de
otimismo e de grande desenvolvimento material, intelectual, artístico e científico.

Período que se encerra com as crises que levam à deflagração da Primeira Guerra Mundial e, por
conseguinte, superando a ideia de que é possível amenizar as consequências sociais da industrialização
apenas com a produção de bens materiais “belos”, crença que vigorava entre estes artistas e sua clientela.

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Movimentos de renovação estética europeus/Art – Noveau/ acreditam na ‘necessidade da arte’ em todos os aspectos da vida
cotidiana com significados transcendentais.

A “estética total” leva arquitetos e designers a superarem a dicotomia estilística entre construção e decoração/ a
ornamentação não é mais aplicada sobre um objeto ou estrutura, mas o próprio objeto ou estrutura é concebido de forma
ornamental.

Todos os detalhes são minuciosamente planejados e executados, elevando o trabalho artesanal à categoria de Arte.

São projetados móveis e equipamentos que integrarão harmonicamente estes espaços, tratados no mesmo grau de
hierarquia da própria construção.

Alguns profissionais chegaram a influir na apresentação pessoal dos clientes, desenhando peças de vestuário, joias e outros
objetos.

A segunda característica/ caráter anti-histórico/ originalidade formal e tipológica/ estilos do passado, que caracterizavam a
arquitetura e o design até então.

Materiais popularizados pela indústria, como o aço, o vidro e os novos revestimentos cerâmicos produzidos em larga escala,
mesmo nas edificações residenciais.

São integrados à construção os novos ideais higienistas, relacionados à iluminação e ventilação, e novos espaços
domésticos, destinados ao asseio pessoal e à prática de atividades artísticas, literárias e/ou esportivas.

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Em terceiro lugar, o Art-Nouveau preza a assimetria e a busca de ritmos dinâmicos na composição, sendo
relacionado ao emprego de formas sinuosas, de inspiração vegetal.

Mas, se geralmente o estilo toma como temática a natureza, desenvolvem-se também vertentes de desenho
mais geométrico e retilíneo e incorporam-se, ainda, elementos de origem vernacular.

Portanto, a classificação de uma edificação como sendo de estilo Art-Nouveau deve levar em consideração
estas características: a época de construção, a presença de novidades técnicas, tipológicas e funcionais e a
incorporação de trabalho artesanal e artístico à construção, que não recorre ao repertório historicista.

O desenvolvimento das formas e dos conteúdos no campo artístico, em geral, precede à sua aplicação no
campo da construção.

O próprio termo Art-Nouveau é forjado para identificar um grupo belga chamado Les vingt (Les XX ou ‘Os
vinte’), fundado em 1883 por artistas inconformados com a estética acadêmica.

Mais tarde seus membros incluem a Henry van de Velde, a Odilon Redon e a Paul Signac.

O movimento do Simbolismo, em que se enquadra Les vingt, aparece como um novo caminho para as
artes, especialmente as artes visuais – depois que estas perdem sua função social tradicional de
representação de fatos e de personagens reais.

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Les XX foi um grupo de
vinte pintores, designers e escultores belgas
formado em 1883 pelo advogado, editor e
empreendedor bruxelense Octave Maus.

Por dez anos, "Les Vingt", como chamavam


a si mesmos, realizaram uma exibição anual
dos seus trabalhos artísticos.

Em cada ano, outros vinte artistas eram


convidados para participar da exibição.

Entre estes estiveram Camille


Pissarro (1887, 1889 e 1891), Claude
Monet (1886 e 1889), Georges
Seurat (1887, 1889, 1891 e 1892), Paul
Gauguin (1889 e 1891), Paul
Cézanne (1890) e Vincent van Gogh (1890
e 1891).

Em 1893, a sociedade foi extinta e sucedida


pela La Libre Esthétique.

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Empregando signos que revelem conteúdos transcendentais às imagens representadas, exploram a
subjetividade humana, o mundo dos sonhos, as realidades profundas e o inconsciente.

Na pintura, o Simbolismo dá continuidade às tendências místicas da tradição romântica, e fazem parte deste
grupo artistas como Gustave Moreau, Gustav Klimt, Odilon Redon e Edvard Munch.

Gustave Moreau Edvard Munch

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A produção artística da época experimenta, ainda, o impacto da abertura do Japão ao comércio com o
Ocidente, a partir de 1854, e cuja presença na Feira Universal de Paris de 1867 provoca o aparecimento do
chamado “japonismo” na Europa.

Objetos desta procedência passam a ser consumidos por segmentos populacionais ávidos de novidades e de
exotismo, o que influenciaria os hábitos cotidianos e as estéticas artísticas.

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Podemos citar a produção de gravuras publicitárias por Jules Chéret (1836-1933), considerado o pai do pôster
moderno. Seu estilo inclui a indefectível presença de mulheres de espírito livre, as chamadas Chérettes, que
contribui para difundir a visão libertária que havia na Paris de sua época.

Alfons Mucha (1860-1939), ilustrador tcheco, torna-se igualmente famoso em Paris pelos cartazes que
promovem os espetáculos de Sarah Bernhardt.

Jules Chéret Alfons Mucha 12


Outro ilustrador muito conhecido é o inglês Aubrey Beardsley (1872-1898), que, apesar dos escândalos em que se vê
envolvido e da morte precoce, apresenta uma produção numerosa de desenhos, cujo traço limpo e preciso é admirado até
hoje.

Ainda na Inglaterra, os Glasgow Boys, um grupo de pintores integrado por James Guthrie, John Lavery, Edward Arthur
Walton, entre outros, disseminam a estética do Modern Style numa exposição em Londres, em 1890.

Mais tarde, George Henry Walton, irmão do pintor, trabalhará com Mackintosh na Escola de Artes de Glasgow.

Aubrey Beardsley 13
Siegfried Bing, comerciante alemão radicado na França e dedicado à importação e exportação de mercadorias, torna-se
o principal distribuidor de arte japonesa na Europa. Em sua loja de em Paris, rebatizada de ‘Maison de l’Art-Nouveau’, em
1895, vende também obras de artistas e designers, como Louis Tiffany e Tolouse-Lautrec, tecidos desenhados
por William Morris e outros objetos, como jóias e mobiliário.

Os papéis de parede, tapeçarias e tecidos para decoração e revestimentos produzidos por Morris & Cia, do Movimento
inglês Arts & Crafts, são inspirados em passagens bíblicas, na estética medieval e na mitologia greco-romana.

Sua realização mais perfeitamente acabada é a Wightwick Manor Property, construída entre 1889 e 1893.

Os motivos naturais empregados nos seus interiores têm grande recepção nos arquitetos e designers do Art-Nouveau.

Siegfried Bing Louis Tiffany William Morris 14


William Morris Wightwick Manor Property
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Art-Nouveau na Bélgica

O arquiteto Victor Horta (1861-1947) foi um dos primeiros a perceber que o aço não somente interessa do
ponto de vista econômico-construtivo, como tem um grande potencial plástico.

Um conjunto de quatro de suas obras, construídas em Bruxelas – Hôtel Tassel (1893-94), Hôtel Solvay (1895-
1900), Hôtel Van Eetvelde (1895-1901) e Hôtel Horta (1898-1901) –, pertencem, hoje, à lista de Patrimônio
Universal da UNESCO.

As formas orgânicas utilizadas na arquitetura desenvolvida por Horta impressionam muito ao francês Hector
Guimard (1867-1942), que leva a novidade a Paris.

Outro arquiteto belga, Henri van de Velde (1863-1957), também ajuda a propagar o estilo, através de uma
grande mobilidade pessoal.

Na Alemanha, participa do Deutscher Werkbund (Federação Alemã do Trabalho) e é fundador e primeiro


Diretor da Kunstgewerbeschule Weimar (Escola de Artes Aplicadas de Weimar, 1905), cujo edifício é
projetado por ele.

Este edifício será, mais tarde, a primeira sede da Bauhaus.

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Kunstgewerbeschule Weimar - Henri van de Velde Hôtel Horta - Victor Horta

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A obra mais conhecida de Van de Velde é a Villa Esche (Chemnitz, 1902-11), mas também tem uma atuação
destacada no design de interiores e de móveis, de cartazes publicitários e embalagens.

Van de Velde - Villa Esche (Chemnitz, 1902-11)

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Art-Nouveau na França

Bélgica considerada berço do Art-Nouveau/Na França o estilo obtém grande visibilidade internacional/
Exposições Universais de Paris de 1889 e 1900.

O padrão de desenvolvimento francês ocupava muitos arquitetos e artífices, que se organizam ao redor de
dois polos principais, as cidades de Paris e Nancy.

A chamada ”Escola de Nancy” surge da organização Alliance Provinciale des Industries d'Art (Aliança
Provincial das Indústrias de Arte), criada em 1901, cujo primeiro presidente é Emile Gallé (1846-1904).

A Alliance congrega artífices, artistas e jovens industriais, cuja produção em vidro, cerâmica, ferro forjado,
mobiliário, escultura e joalheria, trabalhada com técnicas ali desenvolvidas, é amplamente empregada e
consumida nas edificações Art-Nouveau.

Em Paris, Hector Guimard (1867-1942) atua como grande divulgador do estilo.

O edifício de apartamentos Castel Béranger (Paris, 1894-98) é considerado a primeira obra do Art-Nouveau construída fora
da Bélgica.

Outra importante obra é o Castel Henriette (Paris, 1899), demolida nos anos de 1970. Sua sensibilidade ajuda a tornar mais
atraente as entradas dos acessos subterrâneos ao Metrô de Paris, como a Porte Dauphine (1900), em que emprega
transparência, motivos florais e cores alegres.
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Castel Béranger

Castel Henriette Porte Dauphine


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O arquiteto Henri Sauvage (1873-1932), muito jovem ainda, é contratado para projetar a Villa
Majorelle (Nancy, 1901-02), uma obra-prima em que trabalham outros artífices da ‘Escola de Nancy’, bem
como o próprio Louis Majorrelle.

Sauvage também faz pesquisas na arquitetura residencial, sendo sua Maison à Gradins Sportive (Residência
Escalonada Esportiva, Paris, 1912), projetada com a colaboração de Charles Sarazin, uma edificação que
incorpora novos conceitos de vida urbana e cujo projeto demandou negociações com a Prefeitura de Paris.

Villa Majorelle Maison à Gradins Sportive


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A arquitetura Art-Nouveau, geralmente desenvolvida fora da École des Beaux Arts de Paris (Escola de Belas
Artes de Paris), tem alguns de seus elementos incorporados aos produtos típicos da arquitetura eclética aí
promovida.

Como no caso do Grand Palais (Grande Palácio, Paris, 1900), pavilhão construído para a Exposição Universal
de Paris de 1900.

Projeto de Henri Deglane (1855-1931), desenvolvido em colaboração com Louvet e Thomas, o edifício tem
sua grande cobertura totalmente construída em aço e vidro.

Os elementos metálicos apresentam, internamente, detalhes vazados de inspiração Art-Nouveau.

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Modernisme na Catalunha

As primeiras realizações da Arte-Nova ibérica aparecem na Catalunha, dentre o grupo de arquitetos e artífices chamados de
‘Modernistas’ por seus contemporâneos, ainda que os próprios artistas chamassem este movimento
de Renaixença (Renascença).

Barcelona, única cidade da Espanha onde há, então, certo desenvolvimento industrial, é o epicentro desta arquitetura, que
constituirá, mais tarde, uma das fontes que inspirarão o Expressionismo.

Uma característica comum a estes criadores catalães, além de seu nacionalismo, é o grande virtuosismo na utilização de
materiais e técnicas tradicionais, entre elas o trencadís e o esgrafito, para o que empregavam o trabalho dos melhores
artesãos locais, de artistas e de outros arquitetos.

O mais conhecido destes arquitetos é Antoni Gaudí (1852-1926), cujo Temple Expiatori de la Sagrada Família (Templo
Expiatório da Sagrada Família) começa a ser construído em Barcelona, em 1882.

Contratado por Eusebi Güell i Bacigalupi, Gaudí também projeta e constrói o Palau Güell (Palácio Güell, 1896-91) e o Parc
Güell, (Parque Güell, 1900-14) na cidade, entre outras importantes obras disseminadas pela região da Catalunha.

A Casa Batlló (1904-06) consiste de uma reforma realizada em um edifício construído em 1875.

Perto dela é construída a Casa Milà (1906), conhecida como La Pedrera, ambas em Barcelona.

Estas edificações fazem parte de um conjunto de sete obras do arquiteto declaradas Patrimônio Universal pela UNESCO.
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O arquiteto Lluís Domènech (1850-1923) também tem, em sua biografia, duas obras declaradas Patrimônio
Universal pela UNESCO: o Hospital de La Santa Creu i Sant Pau (Hospital de Santa Cruz e São Paulo,
Barcelona, 1901-1912) e o Palau de La Música Catalana (Palácio da Música Catalã, Barcelona, 1905-1908).

Hospital de La Santa Creu i Sant Pau Palau de La Música Catalana

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O arquiteto Puig i Cadafalch (1867-1956) é outro arquiteto de destaque do Modernisme.

São dele a Casa Amatller (1898-1900), construída para abrigar uma fábrica de chocolate no centro de
Barcelona, e a Casa Macaya (1901), cujas fachadas são esgrafitadas e apresentam esculturas de Eusebi
Arnau.

Casa Amatller Casa Macaya 26


Sezessionstil na Áustria

A Wiener Sezession (Secessão Vienense) é uma associação criada em 1897 por artistas, escultores e arquitetos,
como Gustav Klimt (1862-1918), seu primeiro Presidente, Koloman Moser (1868-1918), Josef Hoffmann (1870-1956)
e Joseph Olbrich (1867-1908).

A associação constrói sua própria sede, em 1898, local em que divulga o Sezessionstil (estilo Secessão), através da
realização de exposições periódicas e, ainda, pela publicação da revista Ver Sacrum (Primavera Sagrada).

A criação do Wiener Werkstätte (Ateliê Vienense), em 1903, pelos dissidentes Hoffmann e Moser, representa a intenção
de integrar o trabalho artístico de modo mais decidido ao sistema produtivo, empregando uma estética mais funcional.

Esta associação desenha móveis e utensílios de uso cotidiano, bem como jóias, padrões têxteis e roupas, com produção
em escala industrial, de grande sucesso comercial.

A associação opera até 1932 e alguns de seus produtos seguem sendo vendidos na atualidade.

Dentro da Wiener Werkstätte, neste período, as formas orgânicas evoluem em direção ao geometrismo e à abstração
formal, sob inspiração da “Escola de Glasgow” (veja adiante), indicando os caminhos que o modernismo tomará no século
XX.

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Otto Wagner (1841-1918) é reconhecido, em geral, como membro da Secessão Vienense, porém não é seu co-fundador.

Sendo o mais velho do grupo, professor e mestre de alguns de seus membros, evolui desde os estilos historicistas até novos
motivos decorativos e a exploração plástica dos materiais modernos – aço, concreto e alumínio.

O projeto das estações para o metrô de Viena, como a do Metro Karlsplatz (1894-98), ornamentado por Olbrich, inaugura
esta sua nova fase.

A mudança pode ser percebida na comparação entre a Majolikahaus (Casa de Cerâmica, Viena, 1898-99) e
o Austrian Postal Savings Bank (Caixa Econômica Postal Austríaca, Viena, 1904).

Mas o projeto da Igreja de Steinhof (1904-07), junto a uma instituição para doentes mentais, marca definitivamente suas
preocupações funcionalistas, que o identificam mais claramente com as correntes proto-modernas, ainda que persista uma
grande intenção ornamental. Wagner também tem uma importante atuação como urbanista, desenhando uma nova fisionomia
para Viena, em que a rede viária e os sistemas de transportes modernos assumem o protagonismo.

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Joseph Olbrich (1867-1908) projeta a Sede da Secessão Vienense (1897-98).

Esta obra, emblemática do movimento austríaco de renovação das artes, é realizada com a colaboração dos artistas
Koloman Moser e Gustav Klimt.

Josef Hoffmann (1870-1956), também pupilo de Wagner, acaba lecionando na Wiener Staatsgewerbeschule (Escola de Artes
Aplicadas de Viena).

Sua obra mais conhecida é o Palais Stoclet, construído em Bruxelas (1905-11) e listada pela UNESCO como Patrimônio
Universal.

O ideal da ‘estética total’ é aí completamente realizado, integrando murais de Klimt e esculturas de Franz Metzner no
edifício, que também é totalmente mobiliado e equipado com produtos desenvolvidos pela Wienner Werkstätte. Hoffmann
desenha, ainda, a cadeira Sitzmachine (Máquina de Sentar), em 1905.

Josef Hoffmann Palais Stoclet,


construído em Bruxelas (1905-11)

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Modern Style: Escola de Glasgow

Na Inglaterra, havia certa reserva ao novo estilo, visto como uma corrupção frívola do Movimento Arts &
Cratfs (Artes e Ofícios).

Mas, na Escócia, um grupo criativo de artistas e designers se forma ao redor da Glasgow School of Art
(Escola de Artes de Glasgow), constituindo o estilo que se conhece como a ‘Escola de Glasgow’.

O desenho ali desenvolvido é de concepção mais abstrata e geométrica que o Art-Nouveau continental e, por
isso mesmo, bastante admirado pelo grupo da Secessão Vienense, adverso aos excessos artísticos.

A figura central do movimento é Charles Rennie Mackintosh (1868-1928), que se une a James Herbert
MacNair (1868-1955) e às irmãs Macdonald, Margaret (1865-1933) e Frances (1873-1921), que se tornariam,
respectivamente, suas esposas.

Esta associação informal é conhecida como The Glasgow Four (Os quatro de Glasgow).

A arquitetura proposta por Mackintosh é uma evolução dos estilos locais vernáculos e emprega os delicados
detalhes e ornamentação desenvolvidos por seus companheiros, dentro do espírito da ‘estética total’ do Arts
& Crafts.

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Junto com George Henry Walton (1867-1933), os ’Quatro’ projetam os interiores do The Willow
Tearooms (Salas de chá ‘O Salgueiro’), na Buchanan Street, em Glasgow, executados entre 1897 e 1904.

O trabalho inclui a reforma da fachada, o projeto da ambientação, móveis e utensílios e de detalhes como
portas, vitrais, painéis, espelhos, luminárias e os tecidos dos estofados e cortinas.

Ou seja, o tratamento da identidade visual de modo integrado, em que a rosa estilizada, marca do grupo,
aparece em várias situações.

A encomenda para a nova sede da Glasgow School of Art (Escola de Arte de Glasgow), construída em 1898,
oportuniza a projeção do grupo.

Um dos projetos de Mackintosh é a House for an Art Lover (Casa para um amante da Arte), desenvolvido com
Margaret entre 1889 e 1901, cuja construção é empreendida somente em 1989, muito tempo após a morte do
arquiteto.

Também merece referência a Hill House (Casa da Colina), construída em Helensburgh, em 1902, que aplica
muitas ideias desenvolvidas na House for an Art Lover.

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House for an Art Lover Hill House

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O Art-Nouveau no Brasil

O estilo da Art-Noveau é pouco representativo no Brasil.

O mais frequente é que elementos Art-Nouveau sejam incorporados em construção tardias do Ecletismo Historicista.

Em São Paulo, o engenheiro sueco Karl Ekman (1866-1940) constrói a Vila Penteado (1902), para a conhecida família
de cafeicultores e industriais, construção que lança o Art-Nouveau na cidade.

A partir de então o estilo aparece em obras residenciais e em outras, como no Viaduto Santa Ifigênia (1910-1913),
projetado pelo engenheiro italiano Giulio Micheli e cuja estrutura metálica vem totalmente pré-fabricada na Bélgica.

No interior do Estado, a Estação de Mayrink (1906), do arquiteto francês Victor Dubugras (1868-1933), é apontada com
um exemplar perfeito do estilo no País.

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Nas cidades de Manaus e Belém do Pará, que experimentaram grande desenvolvimento urbano ao final do século XIX,
devido ao boom da borracha, encontram-se mais exemplares Art-Nouveau.

Como o Teatro Amazonas (1896), projeto desenvolvido pelo Gabinete Português de Engenharia e Arquitetura de Lisboa, em
1883.

Em Belém, a estrutura metálica do Mercado de Ver-o-Peso, chamado localmente de ‘Mercado de Ferro’, foi erguida por La
Rocque Pinto & Cia com peças fabricadas na França, em 1899.

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Um dos introdutores do estilo em Porto Alegre é Manoel Itaqui (1876-1945), que projeta vários edifícios para a
Universidade de Porto Alegre (atual Universidade Federal do Rio Grande do Sul), como o Castelinho (1906) e
o Observatório Astronômico (1906).

Há outros exemplares bastante íntegros, como a Casa Godoy (1907), de Hermann Menschen (1876-?), e a Farmácia
Carvalho (1907), de Francesco Tomatis.

O pórtico do Cais Mauá e seus armazéns adjacentes (1917-22), fabricados na França pela Casa Costa Daydée e
montados no local, são outros edifícios característicos do estilo naquela cidade.

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OUTRAS ARQUITETURAS NO PERIODO

O Art-Noveau se desenvolve no quadro do chamado ‘Modernismo’, denominação genérica utilizada para


designar as correntes artísticas que acompanham positivamente o desenvolvimento econômico-industrial
ocorrido no século XIX e tentam minimizar os efeitos deste no meio urbano, tornando-o mais agradável, ao
mesmo tempo em que buscam uma linguagem condizente com a época.

Racionalismo Estrutural

Esta corrente separa a ciência de construir da emoção que o edifício deve suscitar.

Ou seja, admite decoração aplicada de qualquer estilo sobre uma estrutura que utiliza os novos materiais –
mais frequentemente o aço – e é projetada a partir de princípios racionais, com vistas à industrialização.

O Arts & Crafts teve grande influência na chamada Escola de Chicago e na arquitetura de Frank Lloyd
Wright e, em geral, na arquitetura residencial que se constrói desde então, nos EUA.

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A partir da Revolução Industrial o chamado Racionalismo Estrutural incorpora as inovações técnicas e os novos
materiais (principalmente o ferro e o vidro) às construções.

Desenvolve programas arquitetônicos da nova sociedade industrial: grandes pavilhões para indústrias, mercados,
estações ferroviárias.

Dentro de uma visão mais pragmática, a questão do estilo é tratada num segundo plano.

Grandes inovações técnicas devem ser ocultas pela decoração aplicada, cujo estilo ficava à escolha do cliente.

Esta atitude progressista encontra seu ápice na América, através de uma ação concertada na cidade de Chicago,
primeiramente, mas que logo estenderá sua influência.

Na necessidade de reconstruir a cidade, destruída por um grande incêndio em 1871, há o intento deliberado de pensar
a nova cidade industrial em sua organização, sistemas de transporte e circulação e morfologia edilícia.

Os artefatos e mecanismos decorrentes do progresso tecnológico começam a ser empregados em construções de


grande escala e altura, definindo o perfil verticalizado;

Outra solução é encaminhada pelas realizações da chamada "Arte Nova", em que se expressa de forma completa o
desejo de mudança de padrões.
Os progressos das técnicas construtivas e dos materiais modernos e os novos princípios científicos higienistas são
aplicados em construções que contemplam os novos estilos de vida urbana.

Há uma completa independência em relação aos estilos históricos.

O arcabouço estrutural é aparente, trabalhado de forma artística e incorporado como mais um elemento do estilo.
Novos materiais e técnicas construtivas.

A Revolução Industrial modificou a técnica das construções.

Os materiais tradicionais como pedra, tijolos, telhas e madeiras se juntam aos novos materiais,
como o ferro gusa, o vidro e o concreto.

A Revolução Industrial promoveu o rápido crescimento das vias de transporte por água e por terra.

Com o rápido desenvolvimento da indústria, dos transportes e da comunicação, como o comboio, o


automóvel, o telégrafo e o telefone, o mundo tornou-se mais pequeno e o século XIX ficou ligado à
industrialização, ao crescimento urbano e à explosão demográfica sofrida numa época prospera, marcada
também pela eletricidade.

Surgiu então a necessidade de construção


de novas tipologias arquitetônicas típicas da
época.
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Uma nova era exigia a construção de estações de caminhos-de-ferro, hotéis, túneis, fábricas, armazéns,
mercados, alfandegas, estufas, silos, pavilhões para exposições e pontes que aguentassem cargas pesadas.

A revolução industrial levou à inevitável fuga dos trabalhadores da área da agricultura e do artesanato para as
fábricas urbanas, dá-se um aumento da densidade populacional das cidades em poucas décadas.

Com o crescimento demográfico, o insuficiente espaço habitacional e as vantagens do ferro, optou-se por
construir em altura.

A utilização dos novos materiais despertou uma arte que projetou para primeiro plano os engenheiros, que
utilizavam produtos pré-fabricados e materiais como o concreto, o aço, e principalmente o ferro e lâminas de
vidro, cada vez maiores possibilitando grandes janelas, arrojadas cúpulas de vidro, e consequentemente,
espaços interiores mais iluminados.

O ferro suporta 4 a 40 vezes mais pressão que a pedra e tem um peso bastante menor, com a vantagem de se
adaptar a qualquer forma e de não precisar de tantos apoios, aumentando o espaço de circulação.

Com ele as paredes puderam ser bastante reduzidas na espessura.

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Surgimento das escolas de engenharia.

Assim foi esta nova profissão, saídos do ensino moderno e atualizado, com mais preparação técnica e
cientifica, nos campos da:

FISICA MECANICA

RESISTENCIA DOS MATERIAIS

GEOMETRIA

MATEMATICA

UTILIZAÇÃO DE NOVOS MEIOS CONSTRUTIVOS E NOVOS EQUIPAMENTOS

APROVEITAMENTO DOS NOVOS MATERIAIS PRODUZIDOS INDUSTRIALMENTE E MAIS BARATOS


(ferro, concreto, vidro etc...)

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Explosão demográfica nas grandes cidades.

Novas necessidades : habitação, novas infraestruturas materiais para produção e transporte.

Necessidade de aproveitar espaço urbano, propicia a construção em altura.

Ferro: desde meados do século XVIII que já era aplicado em vários tipos de construção, principalmente pela sua
plasticidade e resistência, sobre a forma de barras lineares em secção de "I", que se podiam associar entre si,
criando estruturas construtivas, fáceis de montar e adaptáveis a todas as formas e dimensões.

Inicialmente o seu formato em barras aplicou-se primeiro a construções abertas, como pontes, e depois da
resistência e funcionalidade comprovadas foi aplicado em grandes cúpulas e coberturas mais arrojadas.

Em 1830, o emprego do ferro foi generalizado nas construções, pela invenção da viga-mestra em ferro pelo francês
Polonceau. Aligeiraram-se os suportes (mais finos e mais afastados), reforçaram-se alicerces, vigas e paredes
mestras, sobretudo nas construções em altura.

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A generalização do uso do ferro também se deu pela sua resistênéia"ao fogo. Esteticamente não era bonito e talvez
por isso inicialmente ficava escondido, pela pedra, tijolo, mármore ou por formas decorativas ao gosto da época

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A primeira estrutura industrial foi a Ponte de Ferro sobre o rio Severn, em 1775-1779 perto de
Coalbrookdale, no centro de Inglaterra. A sua estética estava muito longe das formas arquitetônicas que nos
tinham habituado, sendo o trabalho de engenheiros duramente criticado pelos arquitetos.

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O início da aceitação do ferro deu-se a partir da construção do Palácio de Cristal, de Joseph Paxton, que
acolheu a Primeira Exposição Mundial de Londres, em 1851.

Esta construção foi inovadora não só ao nível construtivo mas também ao nível estético. As paredes eram
formadas por amplas e contínuas vidraças (ao estilo de uma estufa) e foi decorado por estruturas metálicas
pintadas em azul e vermelho

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Esta estrutura foi montada exclusivamente com elementos pré-fabricados, o que originou o seu tempo
recorde de montagem de dezesete semanas e facilitou a sua desmontagem, para a armarem novamente,
embora ligeiramente diferente, noutro localização em Londres, onde foi destruída posteriormente por um
incêndio em 1936.

As primeiras estruturas da arquitetura do ferro tinham uma potencialidade estética revolucionária, bastante
atrativa e despida, provida de leveza, transparência, tensão e fragilidade, mas afastavam-se muito das
formas que a arquitetura nos tinha habituado.

Consequentemente criaram-se opiniões fortemente contrastadas, negando-lhes o título de arquitetura, e


considerando-as “construções utilitárias”.

No dia 30 de Novembro de 1936 o fogo destruiu o Palácio de Cristal.

Dentro de horas o palácio foi destruído; as chamas iluminaram o céu noturno e eram visíveis a milhas de
distância.

O edifício não estava adequadamente assegurado para cobrir os custos da reconstrução

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Outras realizações tiveram igual êxito como a
Torre Eiffel, construída juntamente com a
Galeria das Máquinas para a Exposição
Universal de Paris de 1889.

Não tinha nenhum objetivo funcional, foi


construída apenas para demonstrar as
capacidades técnicas da nova engenharia e
acabou por ficar até hoje como símbolo universal
de Paris.

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FIM

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