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Sassie Lewis
#1 Chase

Série Hell’s Exiles MC

Tradução e Revisão: Juliana S.

Data: 10/2017

Chase Copyright © 2016 Sassie Lewis

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SINOPSE

Duas coisas das quase Chase nunca foge: seu clube e sua
mulher.

Chase Anderson é o bad boy narcisista que usa couro e dirige


uma Harley. E é o irmão mais velho da melhor amiga de Vanessa. Três
anos atrás, o motoqueiro fora-da-lei saiu da sua vida queimando pneu,
deixando-a de coração partido, humilhada e... totalmente furiosa.

Aquele dia estava tatuado na mente de Chase. Vanessa tinha sido


a última tentação cheia de curvas. E como uma deusa, aos quinze anos
de idade, ela podia muito bem ter valido o seu tempo na cadeia. Se o pai
dele – seu Presidente – não o tivesse mandado para outra facção, as
coisas poderiam ter sido completamente diferentes.

Agora Chase está de volta como o VP do Hell’s Exiles... e Vanessa


finalmente fez dezoito anos.

Reivindicá-la vai ser fácil. Mantê-la segura quando a guerra os


alcançar... essa é uma batalha que ele se recusa a perder.

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Nessa inspecionou o papel outra vez. Algo não estava certo, mas
ela não podia ver qual era o problema. Gah. Empurrando para trás o
seu banco, ela andou até a área depois das cortinas; a loja estava
explodindo em atividade. Os clientes conversavam, alguns deixavam
escapar pequenos choramingos de dor, e o cheiro de tinta misturado
com antisséptico enchia o ar. Porra, ela amava isso, amava a carreira
que tinha escolhida. Quando ela não estava trabalhando, estava de mau
humor.

— E aí, Nessa? — Frog a cumprimentou e passou seu grande


braço ao redor dos ombros dela.

— Aquela merda não está ficando como eu quero.

Seu chefe riu dela. — Claro que não. Nessa, você pode ser a mais
nova por aqui, mas também é a melhor artista que nós temos. Seu
problema é que você pensa demais. Vamos dar uma olhada antes que
meu próximo cliente chegue.

— Certo. Mas eu estou te dizendo, está uma merda.

Frog a levou de volta para a sala de desenho. Essa era uma das
coisas que ela amava em trabalhar aqui. Uma grande sala pronta para
que qualquer um dos tatuadores passasse seu tempo em uma das
muitas mesas de desenho, e com material suficiente para fazer qualquer
garota molhar a calcinha. Como seu dinheiro era curto, qualquer
material de arte de uso livre era incrível.

Nessa nunca teve um ótimo relacionamento com os seus pais. Ela


apenas não era como eles. Ela não era toda certinha, nem queria um
cargo de confiança no governo ou algo assim. Então quando ela lhes
disse que estava largando a escola para começar a treinar os desenhos
desde cedo, as coisas desmoronaram rapidamente – não que eles
tivessem muito para salvar. No último mês ela tinha largado a escola,

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saído de casa e começado a trabalhar. Graças a Deus pela sua amiga
Becca e os pais dela. Eles a deixaram ficar na casa deles. O fato dela
estar morando com o Presidente do MC local só irritou seus pais ainda
mais. O que para Nessa era um bônus. Mas ela tinha que começar a
procurar pelo seu próprio lugar em breve. Ela não podia continuar
abusando dos pais da sua melhor amiga por muito tempo mais. Isso
não era certo. Além disso, machos alfa não eram a sua praia, e o
excesso de testosterona arrogante que existia por todo o clube estava
começando a lhe dar nos nervos. Portanto, não ter que gastar o pouco
que ela ganhava em materiais de arte era algo totalmente maravilhoso.
Isso significava que ela poderia começar uma conta poupança decente.

Abrindo a cortina, Frog foi até o rascunho no qual ela estava


trabalhando. Com as mãos nos bolsos, ele se inclinou para a frente e o
estudou, enquanto Nessa esperou os comentários começarem. Os
mesmos que ela tinha ouvido da sua professora de arte no Ensino
Médio o tempo todo.

Não tem contraste.

Por que você fez isso? Não combina.

Está poluído demais. Está muito simples...

Frog não disse nada, apenas continuou olhando para o grande


desenho. — Isso é para uma garota? — ele finalmente olhou para ela.
Nessa assentiu enquanto mastigava o polegar.

— É um grande trabalho, Nessa.

Ela assentiu outra vez. Esse desenho seria uma tatuagem de


costas inteiras. Era uma mistura de todas as coisas que ela amava na
vida e nas tatuagens. Um relógio, que marcava a passagem do tempo.
Uma Harley envolta por videiras. Um rosto que era lindo de um lado e
se transformava em uma caveira do outro. O sol nascente e a lua se
pondo, refletidos em um lago de Koi, tudo combinado em uma grande
imagem.

Se inclinando mais perto, Frog continuou a inspecionar seu


trabalho. Sua falta de reação estava começando a incomodá-la. — Eu te
disse, está uma merda! — ela marchou na direção da mesa de desenho,
pronta para destruir aquela porcaria na qual tinha passado dois dias
trabalhando.

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— Se você tocar nisso, garota, eu nunca mais vou deixar você
trabalhar em outra tatuagem, — o grande homem pegou a sua mão
antes que ela alcançasse o papel. — Para quem é isso?

Puxando a mão para trás, Nessa ignorou a pergunta e estudou o


desenho. Mesmo de cabeça para baixo havia algo errado... ou algo
estava faltando? Ela não conseguia descobrir.

— Nessa, me responda. Para quem é isso?

— Para mim, ok. Esse vai ser para mim.

— Porra, garota. Você não começa pensando pequeno, isso é


verdade. Mas eu vejo um problema.

— Eu sabia que isso...

— Ninguém aqui tem a habilidade para fazer isso. Ninguém além


de você. Então, a menos que você consiga alcançar suas próprias
costas... — as palavras de Frog flutuaram até ela. Sério, se mais coisas
não tivessem saltado na sua cabeça enquanto ela estava trabalhando,
ela teria terminado o rascunho em algumas horas.

— Eu não entendo. Eu não estou amando... está faltando alguma


coisa. Ou algo não está certo. Mas o que você quer dizer com ninguém
consegue fazer? Eu já vi todos aqui trabalhando. Vocês são todos
brilhantes...

— E esse é o seu problema, Nessa. Você é melhor do que muitos


de nós aqui, e não vê isso.

Sally enfiou a cabeça pela cortina e interrompeu a próxima


pergunta de Nessa antes que ela sequer pudesse abrir a boca. — Frog,
seu cliente chegou.

— Obrigado. Vou estar aí em um segundo.

— Demore o quanto quiser, chefe, — Sally balançou as


sobrancelhas com piercings. Claramente ela tinha achado o cliente
gostoso. Pobre rapaz, não ia saber o que o tinha atingido se Sally
colocasse as mãos nele.

Colocadora de piercings da casa, Sally era uma deusa curvilínea


de 1,80m, longas pernas, e ia para os homens com o mesmo vigor que
Nessa devorava doces.

— Vamos lá, você está precisando de um tempo tatuando, — as


palavras de Frog eram como um tiro de cafeína em suas veias. Ela se

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esqueceu do desenho na mesa quando seus neurônios criativos
estalaram para a vida e seus dedos contraíram para segurar uma
pistola de tinta. Dando um gritinho de prazer, Nessa passou pela
cortina e entrou na área de espera. Suas botas derraparam no chão
quando ela parou de repente na frente do cara que estava esperando.
Um grande motoqueiro musculoso de 1,95m – a paixão da sua
adolescência, Chase Anderson – estava inclinado contra o balcão, seus
olhos atirando punhais para ela.

— Que diabos você está fazendo aqui? — suas palavras saíram


mais alto do que ela esperava. Alguns clientes olharam para ela e Frog
colocou a mão sobre a sua boca. Chase apenas continuou a lhe encarar
com um sorriso de deboche.

— Não deveria ser eu a te perguntar isso, Vanessa? Você não


deveria estar na escola ou algo assim? — o imbecil cruzou os grande
braços tatuados sobre o peito e levantou uma das sobrancelhas para
ela, como se estivesse esperando a sua resposta. Isso não ia acontecer,
não apenas porque Frog ainda estava com a mão sobre a sua boca, mas
porque ela não devia nada a esse idiota.

Mordendo a mão do seu chefe, ela se afastou dele. A animação


que ela teve com a ideia de tatuar alguém se foi completamente. Em seu
lugar, veio apenas pura raiva. Ela ia mantar sua melhor amiga. Becca
não tinha mencionado nem uma vez que seu irmão estava voltando
para a cidade.

Ignorando os olhares, Nessa girou nos calcanhares e marchou de


volta para a sala de desenho. — Malditos motoqueiros idiotas. Eles
acham que sabem tudo. Sim, você não sabe nada. Imbecil. E eu vou
matar a sua irmã...

Nessa virou novamente quando uma risada masculina a seguiu


dentro da sala. — Você não vai tocar na Becca. Você a ama demais. Ou
isso mudou desde que eu fui embora?

Nessa ignorou o homem arrogante. Ele não tinha sido nada além
de cruel com ela da última vez que eles se viram. Aos quinze anos, ela
achava o motoqueiro de trinta totalmente quente. Então ele foi e abriu a
boca, quebrando o seu ego não tão frágil. Não era uma tarefa fácil,
quando você já era considerada a garota gorda da escola. A forma como
ele a tratou foi agravada pelo fato dele não ser um adolescente, mas um
homem adulto.

— Nada mudou e eu vejo que você ainda não sabe ler. A placa
acima da porta diz que aqui só podem entrar funcionários, — ela
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apontou o dedo na direção da placa para enfatizar, então olhou para o
seu chefe e esperou que o grande homem colocasse Chase para fora. E
de uma forma não muito gentil.

— Não me venha com essa atitude, Vanessa...

— É Nessa! As únicas pessoas que me chamam de Vanessa são


aquelas que me criaram. Não me irrite, Chase.

— Eu vou te chamar do jeito que eu quiser. E responda a


pergunta, por que você não está na escola?

— Por que isso é da sua conta?

Ele sorriu para ela, revelando duas covinhas fundas nas


bochechas. — Você se esqueceu quem eu sou, Vanessa?

Oh, ele ia jogar a carta de grande motoqueiro mau para ela, não
ia? Ele obviamente não sabia que ela estava na cama com o Prez. Bem,
ela estava dormindo sob o seu teto, de qualquer maneira.

— O quê? Então você é um motoqueiro de fora da cidade que


também é irmão mais velho idiota da minha melhor amiga? Não, não
esqueci.

— Eu não sou de fora da cidade, Vanessa. Eu sou o maldito VP,


— Ok, isso ela não sabia, mas também não importava.

— Bem, você não é o Presidente, Chase. E o atual me ama. Estou


morando na casa dele e tudo mais, — ela lhe atirou um sorriso doce. A
garotinha dentro dela estava cantando, Yeah, chupa essa, valentão. O
imbecil riu outra vez. Era a mesma risada que ele lhe dera quando ela
tinha quinze anos e pedira a ele para lhe levar em um passeio de moto.
Se naquela época ela já estava pronta para montar muito mais que a
sua Harley, ele não precisava saber.

— De que diabos você está rindo?

Um olhar de raiva passou pelo seu rosto e Chase começou a


andar na sua direção. A cada passo que ele dava, Nessa dava um para
trás, até que ela estava presa em um canto. Antes que desse o último
passo, ele congelou, seus olhos correndo para a mesa de desenho e a
arte na qual ela esteve trabalhando.

— Quem fez isso? — ela não ia responder, mesmo que a voz dele
estivesse cheia de apreciação. Foda-se ele, ele era um imbecil...

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— Isso é trabalho da Nessa. Eu ia pedir a ela que fizesse a sua
nova tatuagem.

Droga, Frog. Ela tinha esquecido que ele estava na sala com eles.
Onde seu chefe tinha estado quando o motoqueiro raivoso a estava
perseguindo?

Malditos homens, sempre ajudando uns aos outros.

— Você fez isso? — seus dedos correram pelo papel como se


estivesse acariciando uma mulher. Nessa amaldiçoou o arrepio que
correu pelo seu corpo. Depois daquele dia, três anos atrás, quando ele a
fez sentir um gordo desperdício de espaço, ela tinha jurado odiar o
homem. Foi fácil quando ele foi para uma diferente facção do Hell’s
Exiles. Ela não podia ter uma queda por alguém que não estava perto.
Ela realmente esperava que ele estivesse só de passagem e nunca mais
precisasse ver ele outra vez. Mas um sentimento no fundo das suas
entranhas lhe dizia que ele ia veio para ficar. Porra.

Foda-se ele; ela não ia deixar que Chase entrasse sob a sua pele.
Endireitando a espinha, Nessa se afastou da parede e puxou o seu
desenho dos dedos dele, que continuavam acariciando a imagem, e
enrolou o papel em um tubo. As grandes mãos dele seguraram seu
braço quando ela terminou.

— Eu perguntei se esse seu trabalho, Vanessa?

Deus, ele era como um maldito cachorro com um osso. — E Frog


te respondeu. Mas sim, é meu. Agora me solte, — sendo o grande
imbecil que ele era, a ignorou e continuou a segurar firme.

— Desculpe Frog, eu amo o seu trabalho cara, mas quero que


Vanessa faça a minha próxima tatuagem, — ele ainda não a tinha
soltado, ou desviado o olha dela, enquanto falava com o outro homem.

— Sem problemas. Como eu disse, ia pedir a ela para fazer isso de


qualquer forma. Ela precisa praticar com a pistola mesmo. Mas você
confia nela para isso? Ela parece meio puta com você, — eles estavam
falando como se ela não estivesse ali.

Chase olhou para ela. Algo passou nos seus olhos verde-
esmeralda antes que ele a soltasse. — Sim, ela não se atreveria... minha
irmã mataria ela, — o desgraçado estava jogando o seu Ás. Se ele
simplesmente dissesse que a mataria, Nessa estaria seriamente tentada
a estragar a tatuagem, mas colocar Becca no meio era um golpe baixo.

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— Mas vou deixar para amanhã. Dê a ela o desenho para dar uma
olhada. Quero ver o que ela vai sugerir.

— Pode deixar, Chase. Mesmo horário amanhã?

O que, Frog não ia olhar na agenda? Ou ele ia mudar os horários


de outras pessoas só para encaixar esse idiota?

— Venho pelas cinco. Tenho coisas para fazer antes, — com isso,
o homem arrogante saiu como se fosse o dono do maldito lugar. Merda.

— Por favor, me diga que esse lugar não é parte dos negócios do
Hell’s Exiles?

— Nah, Nessa. A loja é minha. Por quê? Pensei que você estivesse
bem próxima do nosso Prez. Você está vivendo na casa dele, certo? —
porra, Nessa quase sempre esquecia que Frog era um dos membros.
Provavelmente porque o homem passava mais tempo na loja de
tatuagens do que em qualquer outro lugar.

— Eu amo o clube. Só não suporto esse homem, — ela apontou


na direção que Cade tinha saído.

— Sim, como você quiser, Nessa. Como você quiser.

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Chase estacionou sua moto na frente do clube. Depois de passar
três coisas, ele estava de volta pra ficar. Na noite anterior, seu pai tinha
preparado uma grande festa de boas-vindas. A bebida tinha rolado
solta, os caras foram todos acolhedores e as bucetas eram incontáveis.
Mas hoje era dia de fazer com que todos na cidade soubessem que ele
estava de volta e conseguir uma nova tatuagem. Isso foi até que uma
pequena garota atrapalhasse os seus planos.

Ignorando as putas do clube, Chase marchou para o escritório do


seu pai. O homem não tinha mencionado que a pequena Vanessa
estava vivendo com ele. Ou que parecia que ela tinha largado a escola.
Sem bater, Chase abriu a porta com força e foi agraciado com a visão da
bunda nua do seu pai e da sua madrasta gritando para ele dar o fora
dali. Graças a Deus a mulher não era sua mãe de verdade, porque isso
teria lhe traumatizado para a vida. Engasgando com a visão, ele bateu a
porta e foi para o bar.

A área principal do clube parecia com a de qualquer outro bar:


mesas de madeira, sofás confortáveis e uma área de jogos. A grande
diferença entre os outros bares e um MC era que naqueles as mesas
eram para comida e bebida. Não para corpos nus saciando a sua
luxúria. Assim como Horse estava fazendo com uma das pequenas
putas do clube nesse momento. A vida do clube era assim, e Chase não
mudaria nada sobre isso.

Com uma cerveja em mãos ele esperou sentado pelo seu pai em
uma das mesas, enquanto observava os atos sexuais ao seu redor.

Tracey? Stacey? Sandy? Seja lá qual fosse a porra do seu nome,


ela falou com ele de forma sensual. — Você parece muito tenso, Chase.
Quer que eu cuide disso para você? — olhando para a mulher em quem
ele esteve enterrado na noite passada, seu pau não teve a menor
reação. E ele sabia que isso era por causa de uma garota curvilínea com

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uma boca espertinha. A melhor amiga da sua irmã e a garota de quem
ele realmente devia ficar longe.

— Não, — ele disse simplesmente. A garota fez um beicinho antes


de ir embora.

Três anos atrás Vanessa era uma fofa, seguindo ele por todos os
lados como um cachorrinho perdido. E com quinze anos,
completamente fora dos limites. Mas agora a maldita garota tinha
crescido. Ela estava com apenas dezoito, mas tinha se desenvolvido em
todos os lugares certo. Seu grosso cabelo castanho escuro caía solto ao
redor deus seus quadris. Quadris que foram feitos para enterrar os
dedos enquanto ele batia as bolas contra aquela bunda cheia dela. E
seus peitos, Jesus, ele podia passar horas apenas explorando aqueles
bebês. Se mexendo em seu assento, Chase arrumou a ereção completa
que agora latejava em seu pau. Talvez ele devesse chamar de volta a
garota sem nome. Mas ele tinha a sensação de que assim que ela
chegasse perto dele, a sua ereção ia desaparecer.

Dando um gole em sua cerveja, ele esvaziou o conteúdo da caneca


e pegou seu telefone para achar o número que queria.

— Oi, mano...

— Por que Vanessa não está na escola?

— Bem, oi para você também, mana. Há quanto tempo. Como


você tem...

— Becca, eu não estou de bom humor. Por que Vanessa não está
na escola?

— Por que você se importa?

Chase puxou o telefone da orelha e olhou para ele por um


segundo. Qual era o problema com as mulheres da sua vida? Parecia
que todas queriam lhe irritar. Primeiro Vanessa e a sua boca esperta,
então a sua madrasta lhe dizendo para dar o fora, quando tudo que ele
queria era falar com o seu pai. E agora a maldita pirralha da sua irmã
sendo desaforada.

Colocando o aparelho de volta na orelha, ele estalou, — Rebecca!

— Ok, ok. Ela largou a escola mês passado quando seu professor
de arte foi um completo babaca sobre um dos seus desenhos. Um filho
da puta cego, se você quer saber.

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— Olha a língua, — embora ele tivesse que concordar com ela. Ele
só tinha visto um dos desenhos de Vanessa, mas era incrível pra
caralho.

— Você é a última pessoa a poder me recriminar por isso. Agora,


por que as perguntas sobre Nessa?

— Eu a vi no Frog’s hoje, e apenas me perguntei porque ela estava


lá e não na escola.

— Você foi legal com ela, certo?

— Sim? — ele tinha certeza que tinha sido. Mas então ele não era
realmente uma pessoa legal, como um todo. Por que isso importava
para a sua irmã, afinal?

— Porra, você é um babaca, Chase.

— Olha a língua. E que porra eu fiz? Ela que começou assim que
me viu.

Becca bufou do outro lado da linha.

— Todos os homens são idiotas do caralho ou isso está reservado


apenas para aqueles que eu tenho alguma ligação?

— Hey...

— Olha, Chase, da última vez que você esteve na cidade, foi um


completo idiota com ela. Mas eu tenho que ir, meu professor é um
chato. Te amo, mano. Tchau.

Confuso, Chase olhou para a tela em branco do seu telefone. A


merdinha tinha desligado na sua cara. Droga, ele ainda tinha coisas
para perguntar a ela.

Que porra será que tinha Vanessa que o deixava com mais tesão
que um homem recém-saído da prisão? O tapa na parte de trás da sua
cabeça interrompeu a resposta se formando e deixou Chase pronto para
matar quem tinha lhe batido. Foi então que sua madrasta lhe deu um
beijo suave no lugar em que tinha acertado e se deixou cair na cadeira
ao lado dele. Seu pai rapidamente levantou a mulher e a colocou no seu
colo quando se sentou na mesma cadeira. Seria uma imagem nauseante
se Chase não estivesse tão acostumado com ela. E não eram apenas
eles dois, mas todos os irmãos do MC que tinham se acomodado. Eles
fodiam qualquer coisa que se movia, e então passavam para a próxima
até reivindicar uma old lady. E então era como se eles se

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transformassem em cães treinados. Mal olhavam para outra buceta e
nenhum deles jamais ia ser pego fodendo alguma garota aleatória.

Ele viu seu pai ir de puta em puta do clube, até que Bianca
entrou nas suas vidas. Depois disso, seu pai se tornou um cãozinho
dócil. Dentro de um ano, Chase ganhou uma madrasta e uma
irmãzinha. O que o levou de volta para o seu problema.

— O que você quer, garoto? — seu pai perguntou enquanto


esfregava os lábios no pescoço da sua esposa.

— Quando você ia me contar que Vanessa estava morando com


você?

Irritação brilhou nos olhos de seu pai, e ele empurrou Bianca


para fora do seu colo. Com um tapa na sua bunda, ele pediu a ela para
lhe trazer uma cerveja. Ele realmente pediu, não como se fosse uma
ordem que ele dava para uma das vadias ou para um dos irmãos. Ele
pediu com educação. Porra, o homem sabia ser gentil. E por que diabos
Chase estava notando tudo isso agora?

Quando sua madrasta saiu, seu pai, seu Prez, se inclinou sobre a
mesa. — Você esqueceu com quem está falando, garoto?

Empurrando sua frustração crescente, Chase acenou. — Me


desculpe, Prez. Foi um lapso momentâneo.

— Não deixe acontecer de novo. Você pode estar de volta como


meu VP, mas eu ainda sou o presidente dessa facção, Chase. E não
estou pronto para abrir mão do cargo. Se você quiser isso, me desafie
ou chame uma votação.

— Eu estou feliz como seu VP. Não há nenhum desafio aqui, Prez,
— Chase levantou as mãos em rendição. Porra, ele queria assumir o
cargo mais alto, mas não nesse momento.

— Agora, por que as perguntas sobre Nessa?

Ele esperou enquanto Bianca colocava as cervejas na frente deles


e agradeceu a ela antes de responder ao seu pai. — Eu a vi no Frog’s
hoje. Ela não me disse porque não estava na escola, mas ela mencionou
que está morando com vocês. Eu queria saber a razão disso.

Seu pai o estudou por um minuto. Era como se ele estivesse


procurando a resposta de uma pergunta que ele não fez. O olhar no
rosto do outro homem fez Chase querer se coçar.

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— Certo! Cerca de um mês atrás, ela teve uma grande briga na
escola. O seu maldito professor de artes é um invejo do caralho, se você
quer saber, porque aquela garota tem talento.

Chase tinha que concordar.

— Enfim, os pais dela são umas porras inúteis. Sempre a


trataram como se ela não fosse nada mais que um inconveniente. Eu
não estou totalmente a par do que aconteceu, mas ela apareceu lá em
casa tarde da noite. Ela já tinha o trabalho no Frog’s encaminhado,
porque começou no dia seguinte e me disse que não ia ficar muito
tempo, só até poder pagar pelo seu próprio lugar. Mas você conhece a
sua madrasta e a sua irmã. Aquela garota não vai a lugar nenhum, a
menos que elas estejam felizes com o lugar que ela escolher ir, — seu
pai pegou a cerveja e bebeu tudo em alguns goles.

Chase sabia que os pais de Vanessa eram uns otários. Becca


tinha reclamado algumas vezes no telefone sobre algumas das suas
atitudes. Naquela época, Chase tinha apenas rosnado para ela. Por que
ele ia querer saber como a sua melhor amiga era tratada em casa? Mas
agora, no entanto, ele queria ter prestado mais de atenção. Pelo menos
Vanessa estava morando em uma das casas mais seguras da cidade.
Ninguém ia mexer com ela enquanto estivesse sob o teto do Prez dos
Hell’s Exiles.

— Ela vai fazer a minha tatuagem amanhã.

Seu pai bufou para ele. — Tem certeza? Ela é boa, mas não acho
que gosta muito de você.

Por que todo mundo achava isso? Foda-se eles, Vanessa ia fazer a
sua tatuagem. O pensamento de ter as mãos dela na sua pele fez seu
pau bater contra o zíper da calça. Isso ia irritar a sua irmã, e
provavelmente Vanessa também, mas ele ia ter ela. Quanto mais ele
pensava na garota venenosa e impertinente, usando um curto short de
couro apertado sobre meias-arrastão, uma regata florida justa e aquelas
malditas botas acima do joelho, mais ele queria sentir sua pele macia
debaixo dele.

E assim como qualquer motoqueiro, quando havia algo que ele


queria, não iria parar até conseguir.

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Nessa não tinha matado Becca. Ah, ela estava pronta para fazer
isso, até mesmo tinha escolhido a meia que ela ia passar ao redor do
pescoço da garota. Mas quando a primeira coisa que ela disse quando
passou pela porta foi, então o babaca do meu irmão voltou e está agindo
como um imbecil, hm?, a raiva de Nessa diminuiu um pouco. E quando a
garota lhe deu uma caixa de Hershey’s Kisses, todos os seus
pensamentos assassinos desapareceram enquanto ela ficava chapada
de chocolate. Kisses1 eram a resposta para tudo, especialmente esses
da Hershey’s.

Em uma overdose de açúcar, e com a sua melhor amiga


perdoada, Nessa tentou esquecer o babaca. Ela estava indo muito bem,
até que no meio da noite seu inconsciente achou que seria uma boa
ideia convidar Chase para brincar. E seu inconsciente não estava
interessado em esconde-esconde. Não, parecia que a adolescente
petulante de quinze anos, que alguns anos atrás tinha muitos sonhos
sujos com Chase Anderson, estava de volta. Nessa acordou com a mão
enterrada entre as suas coxas e o cheiro almiscarado do seu gozo no ar.
Era tudo culpa do babaca. Quase três anos tinham se passado desde
que ela tinha acordado assim pela última vez. Por que diabos ele teve
que voltar para a cidade?

No outro dia, indo para a sua mesa de desenho, Nessa ignorou o


sonho que queria continuar saltando em sua mente e resolveu
trabalhar no desenho do babaca, em vez disso. Se Frog ia lhe obrigar a
fazer a tatuagem do homem, ela pelo menos ia marcar ele com o seu
próprio trabalho. E não com o desenho de alguma outra pessoa
aleatória. Ela amava o trabalho de Frog, mas não era dela.

1 Ela faz um trocadilho com o nome do chocolate e o significado da palavra, beijos.

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Tomando uma respiração profunda, ela bloqueou os sons da loja
e as imagens de Chase nu e deixou o desenho ganhar vida. Ela esboçou
e sombreou a visão em sua mente até que ela estivesse no papel.

— Porra, você é boa, — Nessa saltou com o som da voz de Sally.


Ela não esperava fazer amizade com a loira gostosona, mas Sally era
completamente incrível.

— Obrigada, Sal. Espero que o babaca também goste.

— Você realmente não gosta dele, não é?

— Não, — bem, isso não era uma mentira total, ela algum dia
podia ter desejado – e ainda desejava – o corpo perfeito do homem, mas
ela não gostava nadinha dele. Não mesmo!

— Certo. Mas se ele não amar isso, ele é um idiota. Agora, vamos
lá. Eu estou com fome e você vai ter que ficar até tarde, então vamos
comer.

Sally estava certa, aquele desenho ia demorar pelo menos umas


quatro horas para ficar pronto. E depois de ficar tanto tempo dobrada
sobre a mesa de desenho, ela precisava se esticar. Olhando para o
relógio, Nessa viu que faltava apenas quarenta minutos para o babaca
chegar. Com esse pensamento, um enxame de abelhas nervosas
resolveu atacar dentro do seu estômago.

Se controle, garota. Ele não é nada além de um cliente. Ele pode


ser gostoso, mas também é um cuzão, e é apenas um cliente.

Essa conversa não estava ajudando. Nessa saiu da loja com Sally.
Talvez açúcar lhe ajudasse outra vez!

***

Elas estavam tremendo. Suas malditas mãos estavam tremendo.


Como ela ia desenhar uma linha reta com as mãos tremendo? O grande
milk-shake e o bolo de chocolate que ela tinha acabado de devorar
estavam ameaçando voltar. Ela não podia fazer isso. Não podia estar tão
perto de Chase. E ela definitivamente não podia colocar as mãos na sua
pele, não com aquele maldito sonho saltando na sua cabeça a cada
cinco segundos. E que diabos estava acontecendo com o seu clitóris? A
coisa maldita estava dançando um tango contra a frente do seu short

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jeans apertado. Porra, ela odiava o homem e ele nem sequer estava na
sala ainda, mas já estava fodendo com a sua cabeça.

— Então você está pronta para um voo solo?

Nessa quase caiu quando ouviu a voz do seu chefe. O homem era
grande como um urso, mas ela não o viu entrar na sala. Jesus, ela
estava uma bagunça.

— O quê?

— Solo? Eu sei que você só fez algumas tatuagens, mas sério


Nessa, você não precisa de mim ou de ninguém mais supervisionando o
seu trabalho.

Sim. Sim, ela precisava. Se fosse qualquer outro cliente, ela


estaria pulando de alegria por não ter ninguém olhando por cima do
seu ombro. Mas não esse cliente. — Além disso, eu tenho outro cliente
chegando.

— Mas... mas... eu estou...

Suas palavras ficaram presas na garganta quando o homem


entrou pela porta. Havia alguns lugares na parte da frente onde
tatuagens básicas podiam ser feitas. Mas para coisas mais íntimas e
intrincadas, eles levavam os clientes para quartos privados. Porra, ela
não queria estar sozinha em um quarto com Chase.

— Oi, Frog. Vanessa.

Mas estão, como não havia ninguém lhe supervisionando, talvez


ela pudesse o prender na cadeira e tatuar o nome dela na sua testa.
Assim o imbecil nunca mais falaria errado.

— Ok, você sabe o caminho. Se precisar, me chame. Mas Nessa,


você vai ficar bem, — Frog lhe deu um tapinha na cabeça antes de se
virar.

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Porra, ele quase mordeu a língua quando a viu. Esses shorts que
ela usava eram sequer legais? E ela estava usando aquelas malditas
botas outra vez.

— Você está pronto, Chase?

Levantando os olhos do corpo curvilíneo de Vanessa, ele encarou


Frog. — Claro, cara. Estou ansioso para ver o que a nossa garota aqui
preparou, — ele quase girou ao redor e jogou Nessa na mesa para
provar que ela estava errada quando ela assobiou, — Eu não sou sua
garota.

Mas ele se segurou, mantendo o foco em Frog.

— Ela chegou mais cedo. Jogou o meu maldito desenho de lado,


isso que ela fez. Enfim, vou deixar você tirar a virgindade dela. Seja
gentil.

Chase sabia que ele não podia estar falando de sexo. Mas foda-se
se o seu cérebro não estava projetando empurrar ela sobre a mesa e
montá-la duro ali mesmo. Ele não pensou no fato de que ela talvez fosse
virgem. Mas agora ele realmente esperava que ela fosse. Porque a ideia
de ser o primeiro a empurrar dentro do seu calor apertando o deixou
mais duro do que qualquer outra coisa.

— Sim cara, se você não se importa eu vou deixar ela fazer essa
sessão sozinha. Eu tenho outro cliente e Nessa realmente não precisa
da minha supervisão. Eu juro que a garota nasceu com uma agulha e
um tinteiro na mão.

Ele ouviu cada palavra que Frog disse, mas Chase estava tendo
dificuldade em pensar em qualquer coisa que não fosse arrancar o
pequeno short jeans de Vanessa.

~ 19 ~
— Claro, cara. Por mim tudo bem, — com um tapa nas costas de
Chase, Frog saiu da sala, fechando a porta atrás dele.

Chutando as botas para longe, Chase começou a abrir seu jeans.

— Que porra você está fazendo? — os olhos dela estavam fixos


nas mãos dele quando ela sibilou as palavras. Ele estava usando boxers
porque não sabia quem ia ficar no quarto com eles, mas o tecido preto
justo não estava ajudando muito a conter a sua ereção. Ignorando seus
olhos arregalados, ele baixou as calças até o chão e se deitou sobre a
mesa de tatuagem.

Vanessa girou para longe dele, sua cabeça inclinada para trás
enquanto ela murmurava para o teto. Chase não conseguia entender
todas as palavras, mas havia alguns nomes sendo amaldiçoados.
Provavelmente o dele, embora não tivesse certeza. Ele estava ocupado
demais olhando para a sua bunda, a maneira como o final da sua
trança caía entre os globos cheios. Ela era um pequeno pacote cheio de
curvas. Ele era uns bons 30cm mais alto do que ela, mas o que lhe
faltava em altura, ela compensava com montanhas de curvas. Quando
ela balançou de volta para ele, seu top solto se mexeu para o lado e lhe
deu um rápido vislumbre da sua barriga macia.

— Você estava olhando a minha bunda? — ela colocou as mãos


nos quadris, enfatizando o recorte da sua cintura.

— Sim.

— Porco. Gah! Certo, então isso vai? — ela bateu o desenho no


seu estômago.

A pergunta o parou por apenas um segundo – porque ela já


deveria saber a resposta – mas ele foi pego pelo desenho que ela fez.
Droga, ele achou que o que Frog tinha lhe mandado era bom.
Comparado com o trabalho de Vanessa, agora parecia que uma criança
tinha desenhado o de Frog.

A Harley atravessando os portões do inferno parecia estar em


movimento. Olhando mais de perto, no fundo sombrio, ele podia ver
algo como fantasmas perseguindo o motoqueiro. Porra, ele queria ter
escolhido um lugar onde mais pessoas pudessem ver essa tatuagem,
mas o único lugar largo o bastante nas suas costas estava sendo
reservado para outra coisa.

— Chase, onde você vai fazer?

~ 20 ~
— Você não precisava saber isso antes de fazer o desenho? — ele
levantou a folha de papel.

— Não, eu só preciso das dimensões. Assim que eu ver onde vai


ser feito, posso ajustar a curvatura facilmente.

Ela deu de ombros como se isso não fosse nada. Chase tinha
tatuagens o bastante para saber que era. Quantas vezes o tatuador teve
que ajustar o desenho para passar pelas curvas da sua pele sem foder o
desenho? Muitas.

— No topo da coxa, — ele finalmente respondeu quando ela


começou a bater o pé no chão.

— Claro, — soltando um suspiro, ela começou o processo de


depilar e limpar o local; sua mão tremia um pouco. Pela primeira vez,
Chase realmente se sentiu um pouco nervoso. Ele não queria uma
tatuagem fodida porque ela estava tremendo. Agarrando sua mão, ele
não a deixou se afastar.

— Nessa, — ela piscou lentamente para ele. Se era pela gentileza


na sua voz ou pelo fato dele ter usado seu apelido, ele não se importava.
Ele só precisava da sua atenção total. — Se acalme. Você consegue
fazer isso, ok?

Chase quase rosnou quando ela lambeu os lábios cheios antes de


acenar. — Você se importa se eu colocar uma música?

— À vontade, — ele respondeu, a soltando. Ela apertou alguns


botões na estação de tatuagem e música clássica começou a tocar. —
Porra, você só pode estar brincando. Eu não suporto essa merda.

A risada de Vanessa fez seu pau latejar contra a cueca. — Eu


também odeio. O engraçado é que quando estou desenhando, algo
nesse tipo de música ajuda a me concentrar. É o ritmo, eu acho.

Olhando para o colo dele outra vez, seu rosto ficou vermelho
antes dela se virar e marchar para fora do quarto. Chase estava prestes
a saltar da mesa e ir atrás dela, quando ela voltou e jogou um pano de
prato sobre o seu pau dolorido. Com um aceno de cabeça, ela voltou ao
trabalho. Nada de estêncil para a sua garota; não, ela apenas fez
algumas marcas e começou direto na sua perna. Com cada escovada da
sua mão e contato com sua respiração quente, o pau dele torcia. No
momento em que estava pegando a máquina de tinta, Chase estava
mais do que pronto para a picada das agulhas. Mais um pouco dos seus
toques suaves e ele ia explodir ali mesmo.

~ 21 ~
Quando o zumbindo da máquina invadiu o quarto, ele deitou para
trás e fechou os olhos. A dor não estava fazendo nada para diminuir seu
desejo por Vanessa. E com a quantidade de pré-gozo que estava
vazando do seu pau, ele ia precisar tomar um banho de cueca. Ou
arriscar rasgar a ponta fora. Ele estava pronto para ela. Apertando os
dentes, ele tentou pensar em outra coisa que não fosse o jeito que ela
mordia o lábio quando estava concentrada. Ou como sua respiração
corria pelas suas pernas. A garota estava testando a sua paciência. A
única razão pela qual ele não tinha empurrado a cabeça dela para o seu
colo era porque ele tinha fechado as mãos em punhos para se impedir
de agarrar a sua trança e puxá-la para o lugar que ele realmente a
queria.

— Você está bem, Chase? Precisa de uma pausa?

— Porra, não!

— Hmm... ok. Só perguntei.

Ele não queria que sua resposta saísse dessa forma, mas se ela
parasse agora ele nunca veria a tatuagem terminada. Ele a colocaria em
cima da mesa e teria seu pau enterrado dentro dela em questão de
segundos. E ele não a deixaria ir até que a tomasse de cada jeito
possível. A única coisa que tinha levado tão longe era dizer a si mesmo
que assim que ela terminasse de fazer a tatuagem, ele ia reivindicá-la
com o seu pau.

Soltando uma respiração profunda e lenta, Chase tentou acalmar


a sua necessidade, pelo menos por mais algum tempo. Mas no
momento em que ela acabasse, todas as apostas estariam na mesa.

~ 22 ~
Nessa tinha surtado quando Chase baixou as calças, não só
porque o homem tinha acabado de fazer uma nua aparição estelar em
seus sonhos. Mas... bem... droga. Ok, ela gostava de surfar na Internet,
e sites pornô eram um dos seus prazeres vergonhosos, mas sério,
aquela coisa entre as pernas dele não podia ser real. Podia? Depois que
ela superou a frustração inicial com o homem que estava fodendo com a
sua cabeça outra vez, Nessa conseguiu se concentrar na tatuagem. Não
havia nada além de pele, tinta e ela. Então por que sua calcinha estava
molhada? Ela sempre tinha prazer em fazer o que amava. E se ela
repetisse isso várias vezes, talvez se convencesse de que essa era a
única razão para ela estar molhada, e que a dor em sua fenda não tinha
nada a ver com o grande motoqueiro deitado na mesa à sua frente.

Limpando o excesso de tinta, ela olhou para o desenho; estava


quase terminado. Só precisava de alguns retoques. Sem pedir
permissão a ele, ela pegou uma agulha nova e um pote de verde
vibrante. Ignorando o fato de que ele só usava tons de cinza, Nessa
colocou alguns pontos de cor nos olhos do motoqueiro. Ela não parou
para analisar o fato de que Chase tinha olhos verdes. Ela estava apenas
fazendo o que a sua arte mandava. Depois do último ajuste, Nessa
empurrou o banquinho para trás e esticou o pescoço, tentando aliviar a
tensão ali.

— Você quer ver antes de eu cobrir, Chase?

Seus olhos se abriram, e o que ela viu dentro deles enviou um


arrepio pela sua espinha, a intensidade tanto a assustou quanto
excitou. Por que diabos ele estava tão irritado? Ele não tinha sequer
olhado para o seu trabalho, mas por alguma razão ele parecia querer
matá-la. O coração de Nessa acelerou, e ela se preparou para sair
correndo do quarto antes que fizesse algo realmente estúpido. Se
levantando, ela girou nos calcanhares e bateu em Frog. Cristo, alguma
vez ela tinha ficado tão feliz de ver o seu chefe? Sim e não passaram

~ 23 ~
pela sua mente, mas ela não conseguiu escolher a resposta vencedora
para essa pergunta específica.

Maldito motoqueiro, fodendo com os meus hormônios.

— Porra garota, eu estava achando que você nunca ia terminar.

Seu coração voltou a um ritmo mais ou menos normal, e Nessa


olhou para o relógio. Merda, não era à toa que ela estava com o pescoço
duro, ela esteve debruçada sobre a perna de Chase por cinco horas e
meia. Frog entrou no quarto. Sua presença aliviou a tensão crescente
entre ela e Chase, a libertando do desejo esmagador de fugir, lutar ou
foder. Ela não tinha certeza de qual deles a estava guiando.

Se virando, ela encontrou Chase finalmente observando o


trabalho que ela tinha feito, em vez de lhe dando um olhar mortal. —
Você colocou cor.

Não era uma pergunta, mas ela respondeu mesmo assim. — Sim.
Estava faltando alguma coisa. Não precisa surtar, motoqueiro,
nenhuma das suas putas do clube vai pensar que você é um frouxo
porque tem um pouquinho de cor em uma das suas tattoos.

— Eu não ligo para o que ninguém pensa, porra. E nenhuma das


putas do clube vai ver isso, de qualquer forma.

Isso deixou Nessa confusa. O que... o homem não se incomodava


nem de tirar as calças até embaixo quando fodia as suas vadias? E por
que diabos ela se importava? Gah. Enquanto as engrenagens na sua
cabeça giravam, ela começou as cuidados pós-tatuagem em Chase. Pelo
menos com Frog no quarto, ela não ia ficar tentada a fazer nada idiota.
Como, por exemplo, subir no colo de Chase e ver como o seu trabalho
parecia coberto pela sua bunda.

— Porra, Nessa. Eu retiro o que disse sobre nunca terminar.


Merda, garota, a maioria dos artistas ia precisar de no mínimo algumas
sessões. Você nem sequer precisou trabalhar a pele.

Lágrimas quiseram se formar com o elogio de Frog. Por toda sua


vida ela sempre amou arte, mas entre seus pais e os professores de arte
na escola, ela nunca se sentiu boa o bastante. Era estranho ter Frog lhe
elogiando o tempo todo.

— Hmm, obrigada.

— Ah, e fale comigo depois sobre aquele desenho de ontem. Tem


alguém disposto a sair da aposentadoria apenas por sua causa.

~ 24 ~
Ela não precisava pensar sobre isso. O desenho não estava
pronto. Como ela disse a ele, algo não estava certo. Mas era legal saber
que quando a hora chegasse, alguém iria fazer essa tatuagem para ela.

Passando os dedos com delicadeza sobre o papel filme que cobria


a perna de Chade, Nessa congelou quando ele segurou a mão dela
contra a sua pele e não a deixou ir. — Aquele desenho de ontem, é para
você?

Confusa pelo seu tom de voz, ela olhou para ele. Ele ainda parecia
que queria matá-la, mas sua voz estava áspera com algo mais, algo que
ela não tinha certeza se queria parar para pensar. Seus hormônios
realmente não precisavam de mais encorajamento que a simples
presença dele.

— Sim. Mas ainda não está pronto.

— É uma tatuagem enorme, Vanessa.

Arrancando a mão do seu aperto, Nessa se impôs, seu grande


cérebro – não o que estava latejando entre as suas pernas – mais uma
vez no controle das suas ações. — Meu nome é Nessa. Dê uma olhada
na tattoo quando você chegar em casa. Se olhar com bastante atenção,
vai ver ele escrito aí.

Chase abriu a boca antes de fechar novamente, enquanto Frog ria


abertamente.

— Está tudo pronto para limpar a tinta, você ou Frog querem que
eu termine? Tenho certeza de que Tommy está esperando por mim lá
fora.

O vá para casa de Frog foi suprimido pelo quem diabos é Tommy?


de Chase. Se sentindo um pouco – ou talvez muito – vingativa, Nessa
bateu a mão sobre a pele recém tatuada de Chase antes de correr até a
porta. Parando de repente, ela gritou sobre o ombro. — Ele é só o último
na longa lista de paus que eu já montei, seu idiota. Não que isso seja da
sua conta.

Com o grito de Chase – sério, foi alto o bastante para sacudir as


paredes – Nessa não se importou em pegar sua bolsa. Ela apenas
correu direto para a porta da frente e então para a parte de trás da
moto de Tommy. E ela riu todo o caminho para casa.

~ 25 ~
Chase saiu correndo atrás dela enquanto ela gritava algo sobre
um cara chamado Tommy ser o seu amante, quando então Frog o pegou
pelo braço o puxou de volta para dentro da loja.

— Calma, Chase. Tommy é um dos nossos prospectos. O seu pai


colocou ele e mais alguns para buscarem ela ao final do expediente.
Agora pare de envergonhar seu clube e coloque suas malditas roupas.

Olhando para si mesmo, Chase percebeu que estava usando


apenas uma camiseta, cueca e meias. Aquela maldita garota estava
fodendo com a sua cabeça. Ele girou nos calcanhares e marchou de
volta para o quarto onde passou cinco horas lutando para manter as
mãos longe dela. Essas horas, enquanto ele esperava ela terminar a sua
tatuagem, foram um inferno. Cinco horas sentindo o cheiro dela invadir
a sua cabeça, enquanto o toque das suas mãos fazia todo o sangue do
seu corpo correr diretamente para o pau. Ele tinha planejado reivindicá-
la no momento em que ela terminasse. Tirar a sua virgindade, se fosse o
caso. Mas a vadia atrevida tinha fugido antes que ele pudesse fazer
qualquer coisa. E porra, sua perda doía onde ela tinha lhe dado um
tapa. Ele ia ver o quanto ela ria quando ele a colocasse sobre o seu
joelho e fizesse a bunda dela brilhar com a picada da sua palma.

— Droga, você está fodido.

— O quê? — ocupado demais pensando na bunda de Vanessa, ele


esqueceu que Frog estava no quarto.

— Bem, eu tenho certeza absoluta que esse pau duro aí não é


para mim. E porra cara, a tensão entre vocês dois é tão densa que dá
para se engasgar.

— Então por que diabos você apareceu aqui?

~ 26 ~
— Porque aqui não é o clube, Chase, é a minha loja. E essa garota
é uma super artista. Olha, isso não é da minha conta, mas de irmão
para irmão, não estrague as coisas com a Nessa. Ela não é uma das
vadias do clube.

A raiva de Chase estourou. Ele estava com tesão pra caralho e


não era apenas irmão de Frog, ele era o maldito Vice-Presidente. — Você
está certo, Frog. Nada disso é da sua conta, irmão, — puxando algumas
centenas de dólares da carteira, Chase bateu o maço de dinheiro sobre
a mesa.

— Garanta que Vanessa ganhe esse extra, — e com isso ele


marchou para fora da loja, direto para a sua moto. Pelo menos
encontrar ela ia ser fácil.

***

Parando em frente à sua casa de infância, ele debateu sobre


deixar isso para a noite. Deixar ela pensar que tinha ganhado. Ele a
queria, mas não queria sua irmã interferindo quando ele tomasse
Vanessa. Porque não havia dúvidas de que ele ia ter a garota. Olhando
para a casa, ele viu quando uma luz foi acesa. Um sorriso torceu seus
lábios e seu pau ainda duro deu uma batida feliz contra o seu jeans. Ele
assumiu que ela ia estar no quarto de Becca, mas parecia que ele já
tinha Vanessa na sua cama; apenas não era aquela em que ele dormia
atualmente.

Descendo da sua moto, ele estrou sorrateiramente na casa, do


mesmo jeito que costumava fazer quando tinha dezesseis anos. Quando
ele conseguiu pular pela janela, ela já não estava mais lá. Seu cheiro
doce enchia o espaço, e uma cesta com roupas para lavar estava
acomodada aos pés da cama.

Parando ao lado da porta, Chase esperou ela voltar. O som do


chuveiro sendo desligado o fez segurar a respiração enquanto seu pau
latejava no ritmo dos passos dela se aproximando. Usando apenas uma
toalha, Vanessa passou pela porta, seus olhos e boca se abrindo
quando ela deu de cara com ele. Com um passo, Chase fechou a porta,
colocou uma mão sobre a boca dela e a empurrou contra a parede.

Enterrando o nariz no seu cabelo molhado, ele respirou fundo o


cheiro do shampoo dela. Ela um tipo de perfume floral que ele

~ 27 ~
reconhecia, mas não sabia o nome. Tudo que ele sabia era que ficava
bom pra caralho nela, e o fazia querer se cobrir desse cheiro.

— Não grite, Vanessa. A menos que você queira que o meu pai
entre aqui atirando, — ela acenou, o movimento esfregando ainda mais
seu aroma doce na pele dele.

Chase lentamente tirou a mão da sua boca e a colocou na lateral


do seu pescoço. A pele ali era mais macia que manteiga, ele podia sentir
mesmo sob seus dedos ásperos.

— Que porra você está fazendo aqui? — seu hálito mentolado


bateu no rosto dele.

Pelo menos ela não estava gritando.

— Você realmente achou que eu ia apenas te deixar ir, Vanessa?

Ela piscou seus grandes olhos azuis para ele. — Ir para onde? Eu
não tenho a menor ideia de que merda você está falando.

— Você saiu correndo da loja...

— Olhe, Chase. Se você está puto porque eu coloquei meu nome


na sua tatuagem, pare com isso agora. Ok, sim, se você sabe o que está
procurando, vai conseguir ver a minha assinatura. Mas sério, apenas
outros tatuadores vão notar, e maioria de nós faz isso. Todas as
tatuagens que eu já fiz têm a letra N em algum lugar. Mas estou falando
sério, ninguém vai perceber.

Chase bufou para as suas divagações. Ela podia colocar o seu


nome nele sempre que quisesse. Ele já tinha descoberto porque ficou
tão incomodado no dia anterior. Vanessa era dele, tinha sido por anos.
Ela apenas não sabia disso ainda.

— Eu não ligo de ter o seu nome em mim, Vanessa. Eu estou puto


porque você pensou que era engraçado sair correndo de lá gritando
sobre algum cara que você fica, e...

— Por que diabos isso incomoda você, Chase? Você está me


deixando confusa pra caralho.

— Porque você é minha, Vanessa. E se eu descobrir que esse


Tommy tocou em você de alguma maneira, ele é um homem morto, —
Chase correu a mão para baixo pela sua pele, provocando com a ponta
dos dedos a borda da toalha enrolada em volta da curva dos seus seios.

~ 28 ~
Vanessa abriu a boca, fechou e abiu de novo. Levantando a mão,
ela coçou o lado da cabeça. — Me desculpe? Acho que deixei entrar
água no ouvido, você pode repetir?

— Eu disse que você é minha, Vanessa.

— Sim, eu ouvi certo, — as palavras eram mais um murmúrio do


que uma resposta para ele. Pura raiva cruzou o seu rosto, criando um
tom de cinza tempestuoso em seus olhos bonitos. Então ela bateu no
seu peito. — Meu nome é Nessa, seu idiota. Agora, dê o fora daqui.

Se contorcendo contra ele, ela tentou afastá-lo. Isso não ia


acontecer. A sua mulher ia aprender rapidamente que havia duas
coisas das quais ele nunca ia se afastar: seu clube e ela. Agarrando
suas mãos, ele prendeu os punhos dela com uma das suas e os segurou
acima da sua cabeça, enquanto pressionava os quadris contra o seu
ventre, prendendo-a no lugar. Ela podia se debater o quanto quisesse,
lutar com ele, porque Chase não estava ouvindo. Não quando ela queria
a mesma coisa. As suas palavras podiam lhe dizer para ir embora e
deixá-la em paz, mas seu corpo estava dizendo algo totalmente
diferente. Seus mamilos duros espetaram seu peito e o cheiro da sua
buceta molhada provocou seu nariz. E se ela realmente quisesse que ele
fosse embora, tudo que tinha que fazer era levantar a voz.

— Me solta, porra.

— Nunca.

— Por que diabos você está fazendo isso, Chase? Você nem sequer
gosta de mim.

— Por que diabos você está lutando tanto contra isso?

Ela parou de lutar e o encarou direto nos olhos. — Oh, me deixe


pensar... hm... Vamos tentar essa. Você é o irmão mais velho idiota da
minha melhor amiga.

— Não, não vou comprar essa. Você costumava me seguir para


todo o lugar, implorando por uma volta na minha moto.

— Sim, bem, você me curou dessa babaquice. Agora, me solte.

— Não. Me diga que porra eu fiz para te irritar tanto.

Ele precisava saber, porque por debaixo da sua raiva ele podia ver
tristeza. Nunca na vida ele tinha dado a mínima para as emoções de
alguma garota, mas com Vanessa ele descobriu que queria saber tudo.

~ 29 ~
e ele não gostou de ver lágrimas em seus olhos. Ele podia lidar com a
raiva, mas tristeza era demais.

— Vamos ver se eu consigo reviver essa sua péssima memória.


Hmm... ok, acho que me lembrei. Vá para casa, fedelha, ninguém quer
essa sua bunda gorda por aqui.

Porra! Chase sabia exatamente porque ele tinha sido um imbecil


naquele dia. Soltando uma das suas mãos, ele foi direto para o seu pau
latejando. Vanessa saltou quando ele empurrou a palma dela
firmemente contra o jeans. — Você sente isso, Nessa? — ela tentou
puxar a mão, mas ele não deixou. — Eu fui um idiota aquele dia
porque, com quinze anos, você deixava um homem de trinta duro como
pedra.

Ela piscou para ele, a confusão clara em seus olhos. — Isso é


mentira!

Guiando sua mão, ele continuou a esfregar contra o seu pau.


Fechando os olhos para sentir ela finalmente o tocando, Chase deixou a
memória daquele dia voltar. — Estava um dia quente pra caralho. Eu e
os garotos tínhamos acabado de voltar de uma corrida e viemos aqui
para usar a piscina. Você e Becca estavam por aqui também. Becca
começou a incomodar e reclamar porque vocês chegaram primeiro, mas
o meu foco estava todo em você. Você estava usando aqueles
minúsculos shorts rasgados e um top de biquíni amarelo. Cada uma
das suas curvas à mostra para os meus garotos.

— Oh.

Abrindo os olhos, Chase olhou para ela. Suas sobrancelhas


estavam levantadas, enrugando a testa. Seu aparente choque com a
descrição detalhada dele era tão... fofo. — Mas você foi tão cruel comigo.
Até meio raivoso.

Soltando suas mãos, ele não ficou surpreso quando ela não tirou
a que estava pressionada contra o seu pau. Ela estremeceu contra ele e
se inclinou para trás quando ele correu a língua pela curva superior de
um dos seus seios, capturando uma gota de água que escorreu do seu
cabelo.

Um gemido baixo precedeu suas palavras. — Eu ainda não


entendo.

Correndo as mãos pelos seus lados, Chase agarrou a sua bunda e


a levantou contra a parede. Confusa ou não, Vanessa prendeu as

~ 30 ~
pernas ao seu redor, os braços se cruzando atrás do seu pescoço.
Esfregando o pau contra o seu centro, ele assobiou com o calor que
irradiava através do jeans. Porra, ela o queimou.

— Pense nisso, Nessa. Como você acha que as coisas teriam sido
se eu tivesse feito isso com você três anos atrás?

— O q-que tem de errado nisso? — ela balançou em seus braços,


se esfregando mais contra ele.

A maldita mulher estava lhe matando. Ele fez uma promessa para
si mesmo de que não ia tomá-la, mesmo que precisasse. Mas ele não ia
ter nada com ela com sua família por perto para interferir. Além disso,
ele a queria na sua casa. Na sua cama.

Ignorando o corpo tentador, ele apertou os dentes e continuou. —


Sério, pense nisso, Vanessa. Se eu não tivesse colocado você para correr
aquele dia, eu teria te prendido e enterrado o meu pau nessa sua
buceta quente antes que um dos dois pudesse piscar. Você só tinha
quinze anos, porra, e eu era velho o bastante para saber que isso era
errado.

Cansado de explicar suas ações para ela, Chase finalmente


esmagou sua boca na dela, suas línguas lutando por controle. Vanessa
o beijou com uma paixão que fez Chase balançar os quadris com mais
força contra ela. Ele não tinha se esfregado em uma garota vestido
desde que era adolescente, mas com os seus gemidos em seu ouvido,
ele não tinha vontade de parar. Suas mãos agarraram o cabelo dele, o
segurando perto enquanto ela o montava para o seu prazer. Se
afastando da sua boca, Chase observou ela gozar. Porra, ela era linda.
Seu rosto corado, seus dentes brancos mordendo o lábio inferior e
aqueles bonitos olhos azuis apertados. Apertando os músculos da
bunda, ele conseguiu impedir suas bolas de soltarem sua liberação.

Ele tinha que ir embora, porque se ficasse perto dela mais tempo,
não ia conseguir se controlar. Levando Nessa para a cama, Chase
puxou as cobertas e a colocou deitada, beijando-a mais uma vez antes
de se afastar da deusa tentadora. Os olhos dela estavam fechados e um
sorriso suave marcava seus lábios.

Sem se incomodar em sair pela janela, Chase abriu a porta do


quarto e encontrou seu pai esperado do outro lado.

~ 31 ~
Seguindo seu pai pela escada que levava para o andar de baixo e
até a cozinha, o pau de Chase protestava a cada passo que ele dava. Ele
só queria ir para casa e bater uma com a memória de Vanessa gozando
em seus braços. Mas parecia que seu velho queria conversar.

Caindo sentado em uma das cadeiras da cozinha, Chase esperou


enquanto seu pai pegava suas cervejas na geladeira. Ele não estava
brincando quando disse para Nessa que se ela gritasse, Quin Anderson
apareceria atirando. O homem tinha atualmente um coldre na parte de
trás da sua calça jeans – e a camiseta não era o bastante para escondê-
la.

Batendo a cerveja na mesa à sua frente, seu pai finalmente falou.


— Existe uma razão para você ter invadido a minha casa, garoto?

— Esqueci minhas chaves, — essa tinha sido sua resposta padrão


quando era adolescente.

— Espertinho. Você quer um saco de ervilhas congeladas para


colocar nessa coisa? — seu pai apontou com a cerveja na direção da
ereção de Chase.

— Espertinho, — ele devolveu, se mexendo em seu assento,


tentando dar algum espaço ao seu pau.

— Você sabe que ela é a razão porque eu mandei você para o


Norte, certo?

Essa era uma das regras do Hell’s Exiles. Se você nascia no clube,
tinha que passar um tempo em alguma outra facção. Todos os membros
tinham que ser prospectos no começo, mas os que nasciam no clube
eram enviados para fora por alguns anos. Se você quisesse voltar, era
sua escolha. Mas se você quisesse fazer parte do clube, precisava
cumprir o seu tempo.

~ 32 ~
— Não. Mas eu me perguntei porque você me mandou embora no
meio da organização de uma corrida.

— Sim porra, ela tinha só quinze anos e eu via o jeito que você
olhava para ela.

— Eu estava bem ciente da idade dela. Mas ela é maior agora. E


minha. Se você pensa em me mandar para longe de novo, Vanessa vai
comigo.

— Olha com você fala comigo, garoto. Isso não é uma conversa
entre pai e filho. Parece mais um desafio direto ao seu Presidente.

Encarando o outro homem, Chase trabalhou para se controlar.


Não era fácil quando o cheiro almiscarado de Vanessa estava preso a
ele, e seu pau ainda era uma pedra dura. — Desculpe, Prez.

Acenando a cabeça, seu pai tomou outro gole de cerveja antes de


colocar a garrafa na mesa. — Houve uma ameaça contra o clube.

Isso fez a ereção de Chase sumir e cada um dos seus instintos


protetores gritarem para ele correr escada acima e pegar Vanessa.

— Ela está bem, Chase. Como diabos você acha que eu sabia que
você estava aqui antes mesmo de você entrar na rua?

— Então por que eu só estou ouvindo isso agora? — como VP ele


deveria ser a segunda pessoa a saber. Se não a primeira. Era seu
trabalho lidar com essas merdas e encarar qualquer problema que
ameaçasse o seu presidente.

— O seu telefone estava desligado. Eu liguei para a loja e Frog


tinha certeza absoluta de que você estava vindo nessa direção. Ele
também mencionou algo sobre você sair correndo apenas de cueca, —
seu Prez balançou a cabeça. — Enfim, eu fiquei sabendo dez minutos
antes de você chegar aqui. Alguém atacou Charleston. O lugar foi
destruído, a única coisa que ficou foi uma lista. Ela tinha o nome de
cada uma das nossas facções, e parece que estão deixando a nossa por
último.

Hell’s Exiles não era exatamente um MC grande, mas tinha um


tamanho bom com quatro facções espalhadas pelos Estados Unidos.
Eles tinham começado a oitenta anos atrás, e conforme cada um dos
quatro membros originais foi casando, eles foram se espalhando por
diferentes Estados. Mas a matriz ficava em Nevada. O lugar de
nascimento do Hell’s Exiles.

~ 33 ~
— O fato de sermos os últimos não parece coincidência para mim.
E nós não deixamos público que somos a facção principal.

— Sim, eu penso o mesmo que você. Já coloquei alguns garotos


observando a casa. Todos os membros que têm mulher e filho
receberam ordens de se reunirem em pequenos grupos ou pegar alguns
dos rapazes solteiros para viver com eles. Nenhuma mulher ou criança
vai ficar desprotegida.

O jeito que Quin disse isso fez o estômago de Chase revirar. O seu
MC tinha uma regra rígida: jamais machucar inocentes. — Os filhos da
puta não foram atrás apenas do clube, certo? — ele sabia a resposta
antes que o seu Prez falasse em voz alta.

— Não!

Pulando da sua cadeira, Chase marchou pela porta dos fundos.


Ele não queria acordar as garotas, mas também não podia controlar
sua raiva. Pegando uma das espreguiçadeiras da piscina, ele a bateu
contra o concreto algumas vezes antes de jogá-la no jardim. Até que ele
encontrasse os responsáveis para enfiar o punho, isso ia ter que servir.
Ofegante, ele girou ao redor e olhou para a janela do seu antigo quarto.
Ele nem a tinha reivindicado ainda, mas algum merda já a estava
ameaçando.

— Ela está segura, Chase. Todas elas estão.

— Por quanto tempo?

— Você realmente acha que eu vou ficar aqui sentado enquanto


esses filhos da puta destroem tudo que meu avô construiu?

Não, ele não achava isso, mas no momento ele não conseguia
pensar em nada que não fosse Vanessa. Se virando para longe do lugar
em que sua mulher dormia, ele olhou para o seu Prez e começou a
pensar como um VP.

— Vou enviar um grupo para Charleston. Para ter certeza que


alguém cuide daqueles que nós perdemos. Vou tirar dinheiro do fundo
para qualquer família que ficou para trás, — seu Prez assentiu. — Vou
organizar uma reunião amanhã de manhã, na fábrica. Aqueles que
estiverem de guarda no momento podem vir falar comigo depois.

— Marque a reunião ao meio-dia. Tenho algumas coisas para


resolver de manhã.

~ 34 ~
— Entendido, Prez, — se virando de novo para a casa, ele olhou
para a janela outra vez e fez a pergunta mais importante.

— Quem são nossos melhores prospectos? Eu não estive de volta


por tempo o bastante para passar um tempo significativo com eles.

— Tommy e Rico. Já coloquei Rico com Becca quando Blake


estiver ocupado.

Chase levantou uma sobrancelha para isso. Seu pai tinha


colocado um dos seus melhores executores de babá? — Eu tenho tido
problemas com a sua irmã ultimamente. Pelo menos Blake eu sei que
ela não consegue dobrar. Eu perdi três prospectos por causa dessa
garota. Ela bate os malditos cílios e eles se transformam em uns
frouxos, fazendo tudo o que ela quer. Blake é dominante demais para
cair nos seus jogos.

Chase apenas balançou a cabeça. Isso não importava, Becca não


era a sua mulher. Vanessa era.

— Eu quero Tommy com Nessa o tempo todo, a menos que ela


esteja comigo. E pai, eu vou levar ela para casa amanhã. Vou colocar
alguns homens na minha casa também.

Ele não estava pedindo permissão, Vanessa era sua e ele ia


garantir que ela estivesse segura. Seu pai parecia pronto para dizer
alguma coisa, mas balançou a cabeça antes de assentir.

— Você sabe que a sua irmã não vai gostar disso.

— Lamento muito. Você vai contar para Bianca sobre tudo isso?
— os negócios do clube diziam respeito apenas ao clube, e por regra não
deviam ser compartilhados, nem com as esposas. Mas seu pai quase
tinha perdido Bianca da última vez que merdas assim aconteceram,
porque ele escondeu coisas delas.

— Apenas o que ela precisa saber. Ela vai ficar bem com isso.

— Certo. Amanhã.

Pegando seu telefone, Chase o religou e as notificações


começaram a saltar na tela assim que o serviço voltou. Ignorando as
mensagens, ele começou a fazer ligações. Pelo menos, enquanto
estivesse ocupado, ele podia ignorar a necessidade de correr para o seu
antigo quarto, jogar Vanessa sobre o ombro e a arrastá-la para a sua
casa.

~ 35 ~
Mais uma noite. Era tudo que ele tinha que esperar até fazê-la
totalmente sua.

~ 36 ~
Nessa rolou e esfregou o rosto no travesseiro. Ela tinha tido o
sonho mais estranho de todos. Chase e ela tinham tido uma espécie de
discussão, antes que ele a fizesse ter o melhor orgasmo da sua vida.
Saber que tinha sonhado com ele outra vez a irritou, mas ela estava se
sentindo relaxada demais para ficar puta com o seu inconsciente por
sonhar com o maldito homem outra vez.

Ela abriu um olho e deu uma espiada no relógio ao lada da cama.


Porra, ela não tinha programado o despertador. Pulando, Nessa
congelou e olhou para o seu corpo nu. Ela nunca dormia nua, nunca!
Se virando para a cama, ela puxou as cobertas e encontrou a toalha
amarrotada.

— Porra, eu devia saber, — ela podia ser malditamente boa com


papel e caneta, mas sua imaginação nunca tinha sido boa o bastante
para lhe trazer o tipo de prazer que ela experimentou na noite passada.

Girando em círculos, Nessa esperou encontrar Chase em algum


lugar no quarto. Depois de girar três vezes e conseguir nada mais que
uma tontura, ela desistiu. Era cedo demais para lidar com a realização
de que aquele pequeno encontro-contra-a-parede não tinha sido um
sonho. E porra, ela estava totalmente atrasada, e era tudo culpa
daquele idiota.

Apressando seu ritual da manhã, Nessa desceu correndo as


escadas. Quando tivesse dinheiro suficiente para se mudar, ela ia sentir
falta de viver ali. A casa dos Anderson era mais um lar do que o lugar
em que ela tinha crescido. Droga, ela tinha chamado a mãe de Becca de
Momma A desde a sexta série, quando a sua própria não tinha se
incomodado em aparecer na comemoração de Dia das Mães – como
sempre.

Entrando na cozinha, ela foi cumprimentada pela mulher em


questão. — Bom dia, Nessa.

~ 37 ~
— Bom dia, Momma A.

— Tommy está ali na frente esperando por você. Me faça um


favor, não vá a lugar nenhum sem ele hoje.

Se virando depois de pegar uma maçã, Nessa olhou para sua mãe
adotiva. A preocupação era clara em seus olhos. — Está tudo bem?

— Apenas algumas coisas do clube, — ela sorriu, mas Nessa


podia dizer que foi forçado. Ela nunca tinha se envolvido diretamente
com as questões do clube, mas ela não era estúpida. Ela sabia que o
clube estava metido com um monte de merda ilegal, mas na maior parte
o Hell’s Exiles mantinha a cidade segura e os cidadãos longe de
problemas. Além disso, ela fosse parte do clube ou não, filha de sangue
ou não, os Andersons eram a sua família.

— Ok. Eu não vou a lugar nenhum sem ele, — colocando a maçã


na sua mochila, ela deu um grande abraço apertado na mulher antes de
correr até a porta.

Tommy estava esperando perto da sua moto. Ao longo do último


mês, eles construíram uma amizade, mas ele estava agindo diferente.
Ele não a olhou para ela quando ela subiu atrás dele na moto, e então
escorregou um pouco para frente, criando um pouco de espaço entre os
dois. Foi a arma nas costas dele que fez o medo gelar até seus ossos. E
uma vontade estúpida de ver Chase.

Foda-se o homem por deixá-la tão confusa.

***

— Oi, — Nessa levantou os olhos do desenho em que estava


trabalhando para um novo cliente e sorriu para a sua melhor amiga.
Tinha sido um dia estranho. O clima na loja estava sombrio e tenso. E
ela podia jurar que mais caras do clube – além do normal – tinham ido
até lá ver como ela estava; alguns ela nunca tinha visto antes.

— O que você está fazendo aqui? — Nessa tirou o desenho da


mesa antes que Becca o amassasse com o seu traseiro. — Olhe onde
você coloca essa bunda gorda.

— Você não pode falar de mim, potranca. Agora vamos dar o fora
daqui, eu estou com fome e quero torta.

~ 38 ~
— Você acha que essa bunda realmente precisa de torta?

Se levantando, Becca balançou os quadris. — Não fique com


inveja do meu traseiro. Não é a bunda de todo mundo que fica tão boa
com xadrez.

Nessa não conseguiu segurar a risada. Melhores amigas desde a


quinta série, foi a sua aflição mútua em serem as garotas gordinhas da
escola que as aproximou. Diferente de Becca, que não era provocada –
porque as crianças eram um pouco espertas demais para mexer com ela
– Nessa era a única que todos intimidavam. Aos dez anos, a garota de
lindos cabelos pretos chegou e disse para ela: É legal ser gorda. Elas só
estão com inveja, porque sério garota, a bunda delas não fica boa com
xadrez, se referindo aos seus horríveis uniformes de escola católica.
Então esse se tornou o lema delas desde então.

Pegando sua mão, Becca arrastou Nessa para fora da loja e até a
cafeteria. Ainda rindo, foi só quando elas se sentaram a uma mesa que
ela se lembrou. — Merda, eu não deveria ir a lugar nenhum sem
Tommy, — se levantando, Nessa olhou ao redor para ver se ele a tinha
seguido.

— Se sente, Nessa. Nós estamos bem: o meu sanguessuga está no


balcão, — olhando naquela direção, Nessa viu Blake. Ela não o
conhecia muito bem, mas era o bastante para saber que ele não era
apenas um prospecto, mas alguém do alto escalão do clube. Ele olhou
de volta para ela, seus olhos quase pretos. A porta do café se abriu com
uma batida e puxou a sua atenção. Tommy entrou correndo. O pobre
homem parecia aterrorizado, até ver Blake. Acenando para o outro
motoqueiro, que balançou a cabeça na direção delas, ele marchou até
onde ela e Becca estavam sentadas.

— Você quer que eu seja morto?

— O que deu em você, Tommy? Eu já tenho aquele mal-humorado


me seguindo.

— Não estou falando com você, Becca. Eu deveria seguir Nessa, e


parafraseando o seu irmão, se algo acontecer com a minha mulher, eu
vou te esfolar vivo, garoto. Então eu vou perguntar outra vez, você quer
que eu seja morto?

O ah não, porra! de Becca fez com que todos na cafeteria virassem


suas cabeças na direção delas.

~ 39 ~
Merda. Sua melhor amiga não parecia feliz. Ignorando-a por um
segundo, Nessa se desculpou com Tommy antes de se virar para uma
Becca muito irritada.

— Você vai me dizer que porra está acontecendo entre você e o


meu irmão? Porque por três anos, cada vez que eu apenas mencionava
o seu nome, você se referia a ele como “ah, aquele babaca”, — Becca
levantou uma sobrancelha perfeita para ela, e Nessa não pôde deixar de
notar como Chase costumava fazer o mesmo movimento para ela.

Mesmo totalmente irritada, sua melhor amiga ainda era linda,


outra coisa que ela tinha em comum com o seu maldito irmão. Se
mexendo em seu assento, Nessa tentou formular uma resposta.
Honestidade, provavelmente, era a melhor saída, porque Nessa ainda
estava confusa. — Eu não tenho ideia do que Tommy está falando. Sua
mãe que me disse para não ir a lugar nenhum sem ele. Mas Chase? Eu
não faço ideia, porra.

— Mentira!

— Olhe, você sabe que eu fiz a tatuagem dele ontem? — Becca


acenou uma vez. — Bem, quando cheguei em casa à noite, ele estava no
meu quarto. E então ele começou a falar que eu era dele, — ela podia
sentir seu rosto esquentando com a memória. — Sério, essa manhã eu
acordei achando que tudo não passava de um sonho estranho.

Becca inclinou a cabeça para o lado, então pulou para a frente. —


Oh meu Deus. Você não fez isso. Você fodeu com o meu irmão, — uma
mão na mesa ao lado olhou para elas por cima do ombro.

— Jesus, Becca. Baixe a sua maldita voz.

— Foda-se eles, — ela acenou com a mão como se ela fosse uma
espécie de princesa, o que ela era, de certa forma. Só que a sua coroa
era um capacete de moto, em vez de uma tiara. — Ok, eu deveria estar
totalmente enojada, porque você sabe, irmão e tudo mais, mas detalhes,
garota. Eu quero detalhes!

Para uma mulher que parecia pronta para cometer assassinato


alguns minutos atrás, Becca agora balançava no seu assento, excitação
irradiando dela. Enquanto esperava a garçonete anotar seus pedidos,
Nessa pensou no que ia dizer a ela. A resposta era simples: tudo.

— ... mas eu ainda estou confusa sobre o que ele realmente quer
de mim, Becca, — Nessa terminou de contar apressadamente cada

~ 40 ~
minuto dos últimos dois dias. Becca apenas a encarou, lambendo a sua
colher. Então a potranca atirou o utensílio na cabeça de Nessa.

— Ei! O que diabos foi isso?

— Você não é assim tão estúpida, Vanessa Marie Randall.

Porra, ela odiava quando as pessoas usavam seu nome completo.


Provavelmente porque esse também era o nome da sua mãe, e ela não
podia suportar as semelhanças.

— E se você está pensando em jogar esse bolo em mim, eu vou


raspar as suas sobrancelhas enquanto estiver dormindo. Agora, minha
amiga querida, algumas coisas que você precisa saber sobre
motoqueiros, de alguém que cresceu em uma família cheia deles. Um:
eles são uns babacas. Dois: o clube sempre vem em primeiro lugar.
Apenas pergunte para a minha mãe. Três: quando eles querem algo,
não pedem, eles tomam. E quatro: se um deles declarar você como “sua
mulher”, você está basicamente amarrada ao homem.

Droga, isso era mais ou menos o que ela estava pensando. Mas
foda-se, o homem nem a tinha levado em um encontro ainda. E sim, ela
amava o clube, mas a ideia de sempre ficar em segundo lugar não
parecia muito boa para ela. — Hmm, eu não tenho certeza sobre nada
disso ainda, Becca.

— Aceite, irmã, porque parece que o meu irmão babaca já


reivindicou você. Mas olhe pelo lado bom; agora nós somos irmãs de
verdade.

Como não estava pronta para lidar com o que Becca estava lhe
dizendo – porque, honestamente, quem não ficaria um pouco louca
descobrindo que o seu crush da adolescência não apenas estava te
correspondendo, mas aparentemente também te via como uma
propriedade que ele podia manter? – Nessa mudou de assunto. —
Então, você sabe o que está acontecendo para deixar todos tão
nervosos?

— Eu ouvi meu pai no telefone, pude entender que algo aconteceu


em Charleston. E deve ter sido algo grande, porque o sanguessuga ali
quase me seguiu até no banheiro hoje, — Becca apontou com o polegar
sobre o ombro. — Eu posso sentir aqueles olhos pretos bizarros fazendo
buracos em mim.

~ 41 ~
Levantando o olhar, Nessa estremeceu com o olhar intenso de
Blake. Afastando essa sensação, ela pegou a mão de Becca. — Apenas
fique segura, ok?

— Sim, sim. Mas eu tenho que ir, tenho que estudar para
algumas provas. Eu já te disse o quanto te odeio por me deixar sozinha
naquela maldita escola?

— Sim. Mas pelo menos você só precisa atravessar o corredor


para me ver. Se eu ficasse lá, você teria que dirigir até seja lá qual
prisão de segurança máxima em que eles iriam me colocar.

— Isso é verdade, — Becca piscou para ela.

Sua melhor amiga sabia o quanto ela tinha chegado perto de


enterrar um lápis no pescoço do professor aquele dia. Para a sorte de
Nessa, Becca estava lá para derrubá-la no chão antes que ela pudesse
cometer o seu primeiro homicídio.

~ 42 ~
Chase andava pela fábrica. A maioria dos garotos tinha partido,
apenas aqueles do círculo mais íntimo tinham ficado. A reunião tinha
sido para se certificar de que cada membro do Hell’s Exiles sabia o que
fazer se e quando as coisas piorassem, e ver se alguém tinha ouvido
alguma coisa. O que era, basicamente, nada. O que eles tinham
descoberto não parecia certo. Puta merda, eles não tinham sequer uma
pista do que provocou o ataque. Não houve um aviso de que eles iam
sofrer esse golpe. E não havia nenhuma guerra entre clubes
acontecendo. Sempre que possível eles tinham a maldita certeza de não
atravessar o território dos outros. Se fosse necessário, eles pagavam o
que deviam ao outro clube, ou se certificavam de serem mais do que
discretos sobre o fato de estarem onde não deveriam.

Todos estavam no limite. Não porque essa era a sua primeira luta,
e com toda certeza do caralho não seria a última, mas nunca antes eles
tinham sido atacados sem ter a menor ideia de quem era o autor. Se
não fosse a sua necessidade de reivindicar e proteger Vanessa, Chase
estaria há horas indo para Charleston em sua moto.

O som de um alarme suave os avisou de que alguém tinha


entrado no complexo, e todos se voltaram para os monitores de
segurança. — Já era hora, porra.

Chase estava esperando seus dois melhores executores, Zane e


Blake, chegarem. Zane tinha sido atirador do Exército antes de se
juntar ao Hell’s Exiles. O homem era uma maldita lenda com uma
arma, e um mágico com qualquer coisa tecnológica. Blake era apenas
um filho da puta assustador. Cinco anos mais velho que Chase, o
homem de 2 metros de altura e grande como uma casa de tijolos não
era alguém com quem você ia querer mexer.

~ 43 ~
Depois de pegar algumas cervejas na geladeira, Chase esperou
que eles entrassem. Ele queria resolver logo essa merda para poder ir
pegar Vanessa.

— Eu juro que aquela garota quer que eu lhe dê uma surra na


bunda, — a voz de Blake ecoou pela fábrica. Um olhar assassino
brilhava em seus olhos pretos.

Chase apertou a mão com força ao redor da garrafa. — Se você


tocar na minha irmã nós vamos ter um problema, Blake. Apenas faça o
seu maldito trabalho.

O homem marchou na sua direção, seu rosto uma máscara de


raiva. Todos os homens naquela fábrica eram perigosos; todos tinham
sangue nas mãos. Se Blake queria brigar, Chase estava mais do que
pronto para isso. Ele estava mesmo querendo enfiar seus punhos em
alguma coisa desde que soube de toda essa confusão.

— Então me deixe fazer o meu trabalho e outra pessoa que tome


conta dela. Porque se eu encontrar aquela garota tentando escapar por
outra janela, princesa do clube ou não, eu vou colocar ela sobre a
merda do meu joelho e lhe dar a surra que ela merece, — Blake parou
cara a cara com ele.

— Você está me desafiando, Blake?

Chase não era o vice-presidente porque era filho de Quin. Ele


malditamente fez por merecer a sua posição, assim como cada um dos
outros na sala.

— Não. Nós temos coisas mais importantes para lidar. Mas nós
vamos ter um problema se outra pessoa não for cuidar da princesa.

Chase podia entender a frustração de Blake. Ele não fazia ideia de


por que diabos seu Presidente tinha colocado o grandão de babá da sua
irmã, para começar. — Feito. Agora vamos tratar de negócios.

Dez dos filhos da puta mais cruéis que Chase já conheceu se


sentaram na mesa de reunião.

— Até agora as informações são poucas. Charleston está


tranquila há um mês, e não há nenhuma corrida agendada. Os garotos
estão curtindo umas férias, praticamente. Nós tivemos vinte mortos.
Três famílias foram exterminadas. Os filhos da puta não pararam e
foram atrás das crianças, também. E nesse minuto nós não temos uma
maldita testemunha do que aconteceu.

~ 44 ~
— Eu estava falando com uma das garotas de lá. Ela não fazia
parte do clube, trabalhava em uma loja de bebidas, — Zane parou
quando Chase o olhou interrogativamente. O homem deu de ombros
para ele. — Ela é uma boa foda. Enfim, Mel disse que não viu nada de
diferente na cidade, mas dois motoqueiros apareceram algumas
semanas antes. Compraram bebidas e ela nunca mais os viu.

Zane pegou seu telefone e apertou alguns botões, e então cada


telefone na sala vibrou. — O que vocês estão vendo, irmãos, é a foto de
um desenho que ela fez para mim de alguns patches que conseguiu se
lembrar. Está bem ruim, mas quem sabe alguém reconhece algo?

Chase virou seu telefone algumas vezes, tentando entender para


que diabos ele estava olhando. A garota claramente não sabia desenhar.

— Mas que porra é para ser isso? — Rage perguntou.

— Olha, no momento isso é tudo que temos. Estou esperando os


garotos verem se algum telefone ou computador sobreviveu à explosão,
e então posso começar a fazer o meu trabalho, — Zane correu a mão
pelo cabelo. Raiva e frustração irradiavam dele. O homem claramente
queria ir para Charleston ajudar com a limpeza, mas com a sua própria
facção sendo ameaçada, Chase não podia abrir mão de um dos seus
melhores soldados.

— Alguém mais tem algo para dizer? Porque nesse momento o


desenho de merda dessa garota é nossa cereja do bolo, — uma roda de
cabeças balançando entrou no seu campo de visão.

— Ok, então se não fosse por aquela lista, nós provavelmente


acharíamos que isso era apenas um ataque a Charleston. Alguém
querendo roubar aquela facção. Os filhos da puta ou não esperam que a
gente vá atrás deles, ou não sabem sobre as outras facções ou não
ligam. Mas aquela lista me diz que eles estão atrás de muito mais do
que apenas uma fatia do território.

— Seja lá quem fez isso, não se apressou. Eles sabem como nós
corremos.

— Por que você diz isso, Blake? Eu entendo que eles sabem como
nós fazemos as coisas, mas por que você acha que eles não se
apressaram?

O grande homem tomou um gole de sua cerveja antes de


responder. — Algo assim leva um tempo para planejar. Não esse ataque
em si, porque qualquer um pode plantar alguns explosivos, mas fazer

~ 45 ~
isso com o máximo de danos e quase sem testemunhas, isso leva
tempo, — Blake se inclinou para frente, descansando os cotovelos na
mesa. — Olhe, se eu estou lidando com alguém e não me importo, ou
quero que eles saibam quem está atrás deles, levaria apenas alguns
minutos, no máximo duas horas, para ter o negócio feito. Mas quando
não queremos que eles saibam que eu estive lá, isso exige algumas
semanas para organizar as coisas. Até mesmo Zane, que cuida das
coisas à distância, precisa de tempo para se preparar.

— Ele está certo, chefe. Eu posso ficar de uma semana a um mês


em cima de um alvo antes de um ataque acontecer.

— Então vocês estão me dizendo que esses fodidos estão


planejando isso a quê? Semanas? Meses?

Os seus dois melhores homens se entreolharam antes de


acenarem com a cabeça.

— Meu palpite é que levou pelo menos dois meses.

Chase se empurrou para longe da mesa e começou a andar. Puta


merda. Ele podia lidar com a guerra; era não saber o que estava vindo,
e quando, que estava lhe deixando louco. Seu telefone vibrou de novo.

Frog: Nessa vai terminar aqui em 30.

Chase digitou rápido a resposta.

Segure ela aí. Eu chego em 40.

Se virando para encarar seus homens outra vez, ele colocou o


telefone de volta no bolso. — Certo. Olhem um pouco para trás,
qualquer corrida que fizemos, até mesmo as pequenas, nos últimos
dezoito meses, eu quero saber. Acima de encontrar esses filhos da puta,
nossa maior preocupação é manter todos a salvo. Esses caras já
provaram que eles não têm limites.

— Você realmente acha que eles vão nos deixar por último? Ou a
lista é só uma maneira de fazer a gente se espalhar enquanto algo
acontece? — Horse perguntou.

Chase estava pensando na mesma coisa. A ideia de a lista ser um


chamariz tinha lhe atormentado a noite toda. E ele não era o tipo de
cara que ignorava a sua intuição. Ela já tinha salvo o seu pescoço no
passado. — Sim, eu já falei disso com Quin. Por isso nós mandamos
apenas quatro homens para lá. Eu não estou disposto a correr o risco
de ficarmos com um número muito pequeno. Agora todos vocês sabem o

~ 46 ~
que têm que fazer, então façam. Me mantenham informado, e se não me
encontrarem, vão direto para o nosso Prez. Eu estou indo, tenho que
pegar a minha mulher.

Alguns dos irmãos riram dele.

— Ah, eu mal posso esperar por isso. Estou morrendo para ver a
bunda daquela garota ao vivo.

As palavras de Horse fizeram um rugido ecoar no peito de Chase.


— Mantenha os seus malditos olhos longe da minha mulher, — Blake o
segurou antes que ele pulasse por cima da mesa e estrangulasse o
outro homem.

— Porra, se acalme, Chase. Você é nosso VP e acabou de declarar


que está reivindicando uma mulher. Você sabe o que isso significa. As
mesmas regras se aplicam a todos os homens nessa sala. Então nós
vamos fazer isso ou não?

Puxando o braço do aperto de Blake, Chase marchou na direção


da porta. Ele nem sequer tinha pensado nisso. Fazia tanto tempo desde
que um deles tinha reivindicado uma mulher. Dos onze homens na
sala, apenas três eram casados. Porra, ele sabia que Vanessa não ia
gostar disso – nem um pouco mesmo.

Empurrando a porta aberta, Chase olhou de volta para os seus


irmãos. — Eu estou reivindicando Vanessa Randall como minha
mulher. Quando as coisas se acalmarem um pouco eu vou tornar isso
oficial e garantir que ela está comprometida comigo e com o clube.

Blake acenou para ele. — Entendido.

— Testemunhado, — Zane disse.

O resto dos rapazes apenas riu.

~ 47 ~
— E eu disse que não vou me mudar, por isso não tinha nada
para contar para você, — a fúria de Nessa crescia enquanto ela gritava
no telefone.

Sua melhor amiga estava completamente louca. Obviamente esse


era um traço comum a todos da família Anderson. E entre Becca e
Chase, Nessa estava quase absorvendo essa característica, o que ia se
provar mais cedo ou mais tarde.

— Então onde diabos estão todas as suas merdas? — Becca


continuou a gritar com ela.

— Como diabos eu vou sab... Não. De jeito nenhum. Eu vou


matar aquele desgraçado filho da puta, — Nessa acabou a sua frase
com um grito agudo.

Completamente furiosa com a realização que tinha acabado de lhe


atingir, ela nem sequer pulou quando a porta do quarto privado para
tatuagens em que ela estava foi aberta sem aviso, batendo contra a
parede. Deslizando pela entrada com a arma em punho e um olhar de
pânico, Chase estudou o quarto. Ótimo; ela não ia precisar caçar ele. —
Eu tenho que ir, Becca. Eu sei o que aconteceu. E eu vou matar o
desgraçado responsável.

— O qu...

Nessa desligou o telefone, pronta para arrancar a arma de um


Chase que parecia maluco – definitivamente esse era um traço de
família – e usá-la para fazer uns buracos no seu traseiro arrogante.
Todos os seus pertences pareciam ter sumido da casa dos Anderson. E
Nessa tinha absoluta certeza de que o homem ainda estudando
freneticamente o pequeno espaço era o responsável.

~ 48 ~
Com a arma ainda na mão e parecendo ter percebido que não
havia mais ninguém ali, Chase caminhou na sua direção e a prendeu
contra a mesa. Seus lábios esmagaram os dela. Lutar contra o beijo era
inútil, não apenas porque ele se erguia sobre ela, enrolando seu cabelo
em seu punho com tanta firmeza que ela podia sentir o cabo da arma se
enterrando em seu crânio, mas porque no momento em que ele pôs
seus lábios nos dela e girou a língua em sua boca, aquela garota de
quinze anos de idade – a mesma que queria cair de joelhos cada vez que
ele chegava perto – apareceu correndo, com o cabelo ruim e tudo. E por
vontade própria suas pernas se prenderam em volta da cintura dele, o
puxando para mais perto.

Em uma dança de línguas, Nessa explorou cada canto da sua


boca. Saboreou o gosto de macho alfa primal. Esse gosto enviou ondas
de prazer diretamente para o seu núcleo. Porra, ela era uma vadia
quando se tratava desse homem. Esfregando a barriga contra o seu pau
duro, Nessa gemeu quando ele afastou a boca da sua.

— Eu vim levar você para casa, — suas palavras rosnadas e


ofegantes deixaram suas buceta em chamas e a trouxeram de volta para
a realidade. Puxando de volta o braço, ele bateu com o punho fechado
em seu peito. Picadas de dor subiram pelos seus dedos na direção do
braço. Desgraçado. Por que diabos ele tinha que são tão sólido?

Nessa olhou para ele, e suas palavras de raiva morreram na


garganta com o que viu. Chase estava uma merda. Seu rosto estava
coberto por uma barba grossa de alguns dias, os olhos estavam
vermelhos e injetados. E linhas de preocupação marcavam a sua testa.

— O que há de errado?

— Merdas do clube, baby. Vamos lá, eu preciso te levar para casa.

— E onde fica a minha casa, Chase? Porque parece que todas as


minhas coisas desapareceram.

— Eu te disse ontem à noite, você é minha, Vanessa. As suas


coisas estão onde deveriam estar.

Porra, ela odiava quando ele usava o seu nome completo. E que
tipo de resposta era essa, afinal de contas? Era uma espécie de código
secreto alienígena para roubar as suas coisas, mas estava tudo bem
porque afinal ela era dele, então o mundo não ligava?

Ignorando seu olhar questionador, Chase a pegou pelo braço e a


arrastou atrás dele. Ela tinha que acompanhar o seu passo para não

~ 49 ~
cair. Frog acenou quando ela passou, e Nessa lhe mostrou o dedo do
meio. O babava tinha a mantido ali, não a deixou ir embora quando ela
terminou a sua última tatuagem. Ele devia saber que Chase estava
vindo buscá-la. Ela ia cuidar do seu chefe mais tarde.

Tensão irradiava do lugar onde Chase segurava o seu braço


quando ele passou pelas portas da loja, sua mão livre em cima do ponto
onde sua arma estava guardada dentro da calça. Um arrepio frio correu
pelas suas costas e ela passou os olhos pela rua tranquila. Nessa não
podia ver nada, mas os pelos dos seus braços se arrepiaram, e um
desconforto se instalou nas suas entranhas. Sabendo que sua briga
com Chase ia ter que esperar, ela pegou o capacete e a jaqueta que ele
lhe entregou e os colocou. Mantendo os olhos na rua, Chase pulou em
sua moto e Nessa o seguiu, prendendo os braços na cintura dele. Ela
nunca tinha o visto tão... tão assustado antes. Pensando sobre isso
agora, todos os membros do Hell’s Exiles com quem ela tinha falado
naquele dia pareciam estar no limite. Como se eles estivessem
esperando algo ruim acontecer. O fato do grupo de homens mais cruéis
que ela conhecia estarem saltando – ok, na verdade eles estavam
apontando armas – para qualquer movimento nas sombras, a assustou
pra caramba.

Entretanto, seu corpo veio à vida enquanto ela se aconchegava em


suas costas quentes. Quantas vezes ela sonhou com isso? Em segurar
Chase com força enquanto a Harley rugia entre as suas pernas? Vezes o
bastante para ser classificado como doentio.

No momento em que eles chegaram à pequena fazenda, a calcinha


de Nessa estava toda molhada. Ela podia culpar as vibrações da moto,
mas ela odiava mentir para si mesma. E isso seria uma mentira. Porque
nunca antes andar de moto deixou seu clitóris vibrando desse jeito, e a
maldita coisa parecia estar dançando um tango louco.

Precisando de um pouco de distância entre eles, Nessa pulou da


moto. Ela nunca tinha estado na casa de Chase. Ele a comprou apenas
alguns meses antes de ir embora. Não que ela fosse bem-vinda naquela
época. Ou talvez, se o que ele disse na noite passada fosse verdade, ela
seria. Esse pensamento fez uma nova onda de desejo escorrer pela sua
calcinha.

Vagando para mais longe do homem tentador, ela tirou o capacete


e o deixou cair no chão quando seu mundo girou. Nessa sempre soube
que Chase era forte, mas ela nunca pensou que algum homem fosse
capaz de carregá-la em seu ombro. Ela era uma garota grande e sabia
disso. Não que a sua imagem corporal fosse um problema para ela.

~ 50 ~
Nessa tinha aceitado o tamanho 18 da sua bunda a muito tempo atrás
– para o desgosto dos seus pais. E se Chase tinha algum problema com
o seu tamanho, ele ainda não tinha demonstrado isso.

— Me coloque no chão, Chase, — ela se contorceu quando ele deu


um tapa na bunda em que ela estava justamente pensando.

— Não.

Mordendo o lábio, ela conseguiu segurar a risadinha querendo


escapar. Ah sim, ela ainda estava puta com ele, mas toda a situação era
muito bizarra. Talvez esse fosse um universo alternativo e ela estava na
verdade deitada em uma cama de hospital em algum lugar, em coma
depois de Tommy ter batido a moto? Esse cenário fazia mais sentido.
Porque sério, esse tipo de coisa não acontecia na vida real! O seu amor
platônico da adolescência não aparece de volta na cidade e te leva
embora no melhor estilo homem das cavernas. Não, esse tipo de coisa
só acontece nos filmes.

Agarrando a bunda dele, ela se segurou enquanto ele subia os


degraus da varanda de dois em dois. Ele já devia estar com a porta
destrancada, porque estavam do lado de dentro um momento depois.

— Bem-vinda ao lar, Nessa.

Ela queria responder esse não é o meu lar, mas ele a chamou de
Nessa. E o jeito que o nome vibrou na sua língua a fez perder o
equilíbrio. Entre estar de cabeça para baixo e com o cabelo todo na
cara, ela só conseguia ver o seu traseiro bonito e o chão de madeira
polida.

— Bem, eu não consigo ver nada desse jeito, — ela bateu na


bunda dele para enfatizar.

Com um giro do seu braço, Nessa estava em pé novamente, a


casa esquecida quando Chase lentamente a deslizou pelos cumes duros
do seu corpo. Calor se derramava dos olhos dele antes que a sua boca
cobrisse a dela. Ela tinha beijado alguns garotos ao longo dos anos,
mas Chase não era um garoto. Seu beijo fazia coisas com ela que
ninguém jamais tinha conseguido antes.

Enterrando a mão no cabelo dele, ela lutou por controle enquanto


o sentia andar pela casa. A cada passo que ele dava, seu pau se
esfregava contra o V entre as pernas dela, formando uma carícia
provocante. Se ela não o parasse agora, não haveria como fazer isso

~ 51 ~
depois. A pergunta que ela vinha se fazendo, ela queria que ele
continuasse? A pergunta era um resoluto porra, sim!

Se afastando da sua boca, Nessa lutou por ar. Só para ter isso
arrancado dos seus pulmões outra vez quando ela entrou voando pela
porta do quarto, aterrissando sobre um colchão firme. Chase ainda
parecia exausto, mas agora havia um brilho predador naqueles olhos
injetados. Droga, quando ele olhava assim para ela, seu instinto de
fugir, lutar ou foder vinha à vida outra vez. Nesse momento, e excitada
como ela estava, o foder ganhava.

Se sentando, ela desfez os laços das suas botas enquanto Chase


tirava a jaqueta e colocava sua arma na cômoda. Quando as botas
finalmente saíram, Nessa também tirou a sua jaqueta e teve um rápido
vislumbre da insígnia do Hell’s Exiles nas cotas. Ela não tinha pensado
nisso mais cedo, mas o couro pesado tinha servido perfeitamente.
Deixando esse pensamento para lá, ela jogou a jaqueta no chão junto
com as botas, então olhou de volta para Chase e quase engoliu a
própria língua. Ele tinha tirado a camisa. Seu torso era uma obra de
arte, rasgado com músculos e coberto de tatuagens. Mesmo do outro
lado do quarto, Nessa podia dizer que a maior parte era trabalho de
Frog. Uma pitada de ciúmes correu por ela devido ao fato de não ser a
sua arte cobrindo o corpo dele. Mas pelo menos ela podia ficar feliz que
não tinha sido um idiota qualquer que fez todas aquelas tatuagens.

Enquanto ela o observava abrir o cinto e o botão da calça jeans,


uma mistura de nervosismo com uma pitada de medo começam a
deixa-la inquieta. Mas que diabos ela estava fazendo? Ela podia ter visto
filmes pornô como se fossem capítulos de novela, mas quando se
tratava de fazer sexo de verdade, ela era a maldita Virgem Maria.

— Nessa, a menos que você queira que eu rasgue as suas roupas,


tire elas agora, — a aspereza na voz dele fez ela molhar ainda mais a
calcinha. Seu cérebro podia achar que ela era louca, mas seu corpo não
tinha o mesmo problema.

Ela tirou a camiseta pela cabeça e se deitou para trás para


empurrar o short pelas pernas. Um gemido rosnado veio de Chase
quando ela desceu o jeans. Nessa sorriu quando Chase o puxou o resto
do caminho, resmungando algo sobre ela não ser rápida o bastante.
Então ele estava nela, a esmagando, seus lábios mais uma vez
devorando os dela. Quando ele esfregou o pau contra ela, aquela
pequena faísca de medo voltou. A única coisa que o impedia de
empurrar o monstro entre as suas pernas dentro dela era a sua calça
jeans e a calcinha de seda fina que ela usava.

~ 52 ~
***

Ela era espetacular pra caralho. Ela pode ter pensado que ele
estava brincando sobre tomar ela três anos atrás. Mas ele não estava.
Não foi a sua idade que o impediu naquele dia. O que Vanessa
provavelmente não entendia era que o Presidente dos Hell’s Exiles a via
como uma outra filha. E se Chase a tocasse antes dela ser maior de
idade, seu pai arrancaria o seu couro. O cabelo dela caía em cascata ao
redor da pele macia e dourada. E o jeito que ela respondia a ele só fez a
necessidade de Chase aumentar. Não havia nada dócil sobre Nessa; ela
dava tanto quanto recebia. Essa era uma das qualidades que ele
gostava nela. Chase sabia que ele era um homem duro e, embora ele
sempre quisesse as coisas do seu jeito, ele também não queria uma
mulher que apenas o seguisse cegamente. Ele precisava dessa faísca de
desafio para manter o interesse. E Nessa tinha isso de sobra.

Descendo pelo seu pescoço, Chase correu a língua sobre o ponto


de pulsação antes de morder. Ela saltou debaixo dele, suas curvas
suaves sendo pressionadas com mais força contra ele. E o mais doce
gemido que ele já tinha ouvido ecoou pelo quarto. Tudo nela fazia o seu
pau ficar cada vez mais duro como pedra. Puxando a pele do seu
pescoço com a boca, Chase chupou até que ele soubesse que ia ficar
uma marca. No final essa noite, qualquer um que olhasse para ela
saberia que tinha sido tomada.

Descendo pelo seu pescoço, ele lambeu, mordeu e chupou até


alcançar a curva dos seus seios. Enfiando um mamilo macio na boca,
ele chupou a ponta dura. A sua garota atrevida revirou os quadris
contra os dele, enquanto jogava a cabeça de um lado para o outro.

Alcançando seu bolso, Chase continuou a chupar a pele já


molhada e abriu sua faca. Afinal de contas, ele tinha avisado ela para se
apressar em ficar nua. Ficando de joelhos, ele colocou uma mão no seu
peto antes que ela pudesse se mexer, a prendendo contra o colchão. Ela
arregalou os olhos quando ele abaixou a ponta afiada e a correu de leve
contra seu sutiã de seda. Arrepios atravessaram sua pele e um leve
suspiro deixou os seus lábios. Com um giro da mão, Chase usou a
lâmina para cortar o tecido fino ao meio, separando os dois bojos. Os
dois grandes globos dourados de Vanessa balançaram livres, e seu sutiã
escorregou para baixo.

Voltando para o lugar entre suas pernas aberta, ele lentamente


correu a lâmina pela sua pele até o ponto onde a calcinha se encontrava

~ 53 ~
em seu quadril. Ele girou o metal brilhante em sua palma, o cetim preto
evidentemente não era páreo para o fio da faca e a habilidade de Chase
a usando. Os gemidos suaves de Nessa estavam lhe deixando louco.
Cansado dos jogos, ele rapidamente repetiu a cerimônia de corte da
calcinha do outro lado. Então Chase jogou a faca no chão e arrancou do
corpo dela o que tinha sobrado do tecido.

Um raio de eletricidade correu pelo seu corpo ao ver a sua buceta


nua. A sua mulher estava completamente depilada – algo que ele
amava. Mas era o que decorava o seu clitóris inchado que fez suas bolas
se apertarem e o fez baixar a boca naquela direção. Ela tinha a porra de
um piercing de clitóris. A sua mulher não tinha sequer furos nas
orelhas; no entanto, ela foi ela e atravessou uma agulha pela sua carne
mais íntima. Essa era a maldita coisa mais sexy que ele já tinha visto.
Ele murmurou um porra que saiu abafado contra a sua buceta.

Nessa gemeu e se balançou sob ele quando ele puxou o aro de


metal, rolando sua língua ao redor do anel antes de chupar o máximo
que conseguia para dentro da boca. As mãos dela se enterram na
cabeça dele enquanto ele lambia e mordiscava cada centímetro da sua
buceta doce. E porra, ela era doce.

Passando a língua pelos lábios da sua fenda, Chase correu por


cada centímetro alcançável da buceta mais gostosa que ele já tinha
experimentado. Ele estava aprendendo o que a fazia gritar e o que a
fazia tremer na direção do orgasmo. Sabendo que ela estava perto, ele
se afastou. Nessa choramingou e tentou usar o cabelo dele para puxá-lo
para baixo outra vez. Ele podia passar horas comendo a sua buceta; e
ele ia fazer isso. Mas não agora. Agora ele precisava sentir aquele calor
apertando o seu pau. Pulando da cama, Chase pegou uma camisinha
do bolso da sua calça jeans antes de jogá-la no chão. Ele ia amar
transar com ela sem nada, mas os malditos resultados dos exames
ainda iam demorar algumas semanas. Ele sempre se cuidou no
passado, mas não estava disposto a transar com Nessa sem ter 100%
de certeza que estava limpo. Chase viu quando os olhos de Nessa
brilharam e sua pele corada ficar branca quando ele rolou o látex pelo
eixo. Então ela baixou os olhos ainda mais, franziu a testa e sua boca
repuxou em um ângulo de raiva.

— Se você arruinar o meu trabalho porque não limpou direito


essa tatu...

Caindo sobre ela, Chase esmagou seus lábios. Porra, não mesmo!
De jeito nenhum ele ia parar agora para discutir sobre a sua falta de
cuidado com a tatuagem. Ele estava ocupado demais para pensar nisso.

~ 54 ~
Além disso, ele não podia esperar mais. Não agora, que ele tinha o gosto
dela na boca e seu pau estava implorando para encher a sua buceta.
Ele iria cuidar das consequências depois.

Nessa não lutou com ele. Ela o beijou de volta com a mesma
ferocidade que ele, e abriu ainda mais as pernas. O calor da sua buceta
alcançou a ponta do seu pau. Esfregando os quadris nos dela, Chase
cobriu o seu eixo com o creme dela. Cada vez que ele batia no clitóris,
Nessa se arqueava mais firme contra ele. A garota ardilosa estava lhe
deixando louco com a maneira que respondia a ele. Sem separar suas
bocas, Chase mexeu os quadris, alinhou seu pau dolorido e começou a
entrar nela lentamente. Ainda que ela estivesse muito molhada, era
bastante apertada; apertada demais. Chase parou de se mexer, segurou
os cabelos dela ao redor do seu punho e se afastou da sua boca
faminta. Olhos azuis brilhantes o encararam.

Tirando fios de cabelo do seu rosto, ele colocou as duas mãos na


cama. — Você está bem, baby? — Nessa piscou uma vez, então
assentiu. — Ótimo!

Com isso, Chase empurrou os quadris para frente. Sua


resistência cedeu diante do movimento poderoso. Calor quente e doce o
engoliu na mesma hora em que Nessa cortou suas laterais com as
unhas curtas e afundou os dentes no seu peito.

Porra!

Chase começou a recitar os nomes de todos os presidentes e vice-


presidentes do clube que ele conhecia. A combinação da sua buceta
apertada com a pontada de dor que ele tanto adorava a deixou pronto
para gozar antes que ele estivesse pronto. Nessa foi a primeira a se
mexer, balançando os quadris debaixo dele, os dentes se afundando
mais na sua pele. Lutando contra a necessidade de gozar, Chase se
balançou em sentido oposto, construindo um ritmo lento até Nessa
destravar os dentes e soltar um gemido quebrado.

A cada empurrão dos seus quadris, ele sentia a pequena joia do


seu clitóris latejar contra a base do seu pau. O som doce dos seus
miados com os rosnados que ele fazia se misturaram com o tapa
constante de pele com pele. Se inclinando para trás sobre os seus
calcanhares, Chase olhou para ela. Mechas de cabelo se prendiam ao
seu rosto, seus olhos estavam bem fechados. E aqueles peitos nos quais
ele podia se perder balançavam a cada estocada. Ela era perfeita pra
caralho. Nada como as garotas magricelas que andavam pelo clube.

~ 55 ~
Chase nunca foi de se segurar durante o sexo, e com Nessa ele não
tinha essa sensação de que ela talvez fosse quebrar sob o seu peso.

Correndo as mãos pelo seu corpo, ele cobriu os seus seios e rolou
os mamilos entre os dedos, antes de lhes dar um puxão afiado. Ela
estalou os olhos abertos, e as paredes da sua buceta gostosa
começaram a se contrair ao redor dele, apertando forte, o lavando com
uma onda quente de gozo. Então seus gritos cheios de prazer ecoaram
pelo quarto. Era como se o som fosse um gatilho, e enquanto a buceta
dela o apertava e ordenhava, ele chegou ao seu limite.

Caindo para a frente, ele bateu seus lábios nos dela. O fogo se
espalhou pelo seu estômago, encheu suas bolas e então estourou pela
cabeça do seu pau. Ele já não tinha mais controle dos seus quadris.
Eles saltavam enquanto um tiro de gozo atrás do outro enchia a luva de
látex. Porra, ele mal podia esperar para comer ela sem nada. Para senti-
la sem nada entre eles. Com um último estremecimento duro, a força de
Chase se foi, e ele desmoronou sobre ela. Nessa gemeu debaixo dele,
mas não reclamou.

Quando os lábios dela pararam de se mexer contra os dele, Chase


finalmente se afastou e a encarou. Ela só podia estar brincando, certo?
Ele ainda estava com o pau enterrado dentro dela, a esmagando com o
seu peso, e a garota caiu no sono. Parecia que sua mulher precisava
aprender algo sobre estamina, porque de jeito nenhum eles já tinham
acabado essa noite.

~ 56 ~
Nessa rolou e bateu com a mão na coisa chata que não parava de
tocar. Seus dedos colidiram com o despertador com força o bastante
para enviá-lo para o chão, mas o maldito barulho não parou. Pela
primeira vez desde que Chase a sequestrou ela estava tendo um sono de
verdade. Não que as suas rotineiras chamadas para acordar fossem
desagradáveis. Em realidade, elas eram um jeito realmente incrível de
tirar uma mulher dos seus sonhos. Durante a última semana, Chase
garantiu que ele tivesse o seu café da manhã todos os dias. E o que ele
comia era justamente o que havia entre as coxas dela. Então não, o
problema não estava nos múltiplos orgasmos que ele lhe dava para ela
acordar. O problema estava no fato de que ele a estava acordando uma
hora mais cedo do que o normal – todos os malditos dias – para poder
desfrutar da sua primeira refeição.

Ele a acordou rapidamente no meio da noite quando foi chamado


para resolver algumas coisas. Isso, somado ao fato de que era seu dia
de folga, significava que ela realmente podia dormir. Se ao menos o
maldito barulho parasse.

Com um pouco mais de cuidado dessa vez – porque agora ela


entendeu que se tratava do seu telefone tocando – Nessa juntou o
aparelho, apertou o botão de atender e o levou até a orelha.

— Pode acordar, potranca. Levante essa bunda preguiçosa da


cama, — a voz de Becca disse do outro lado da linha.

— Quem você está chamando de potranca? Você já olhou para a


sua bunda nos últimos tempos? Acho que se a gente parasse para
medir essa coisa, ela entraria no Livro dos Recordes.

— Não seja invejosa com a minha bunda. Agora levante, eu quero


ir fazer compras.

~ 57 ~
A ideia de passar o dia com a sua melhor amiga fez Nessa se
animar. Ela não conseguia lembrar da última vez em que elas passaram
mais de um dia sem se ver, e agora já faziam quase quatro.

A vaga lembrança das palavras de Chase, antes de ele sair,


correram pela sua mente. — Não saia de casa hoje, baby. Eu vou ligar
mais tarde.

Quando ela não respondeu, e em vez disso rolou para o lado e


enterrou a cabeça sob o travesseiro, ele tentou a sua voz de comando.
Justamente aquela que a deixava muito irritada.

— Eu estou falando sério, Vanessa. Não. Saia. De casa. Hoje, —


ela realmente odiava quando ele usava o seu nome verdadeiro. Ela lhe
mostrou o dedo do meio, virou para o outro lado e fingiu que voltou a
dormir. Além disso, quem era ele para ficar lhe dando ordens? Na
verdade, ela não fazia ideia do que ou quem ele era para ela. Eles nunca
discutiram o seu relacionamento. Droga, até mesmo a palavra
relacionamento soava estranha para Nessa. Qual era o nome real para
seja lá o que isso era? Ele a arrastou para a sua casa e eles treparam
como coelhos. A única coisa que ele tinha lhe dito foi você é minha! A
cada maldita hora, todos os dias.

— Nessa, você voltou a dormir? — Becca resmungou.

— Não, eu estou bem. Me busque em trinta minutos, eu só vou


tomar um banho rápido, — Nessa pulou da cama enquanto falava.
Animação pelo dia que estava por vir com a sua melhor amiga a fez
correr na direção do banheiro.

— Ótimo. Porque eu não preciso sentir o fedor do meu irmão em


você o dia todo.

Nessa deu um passo em falso com as palavras da sua amiga


idiota. — E você se pergunta porque Irmã Francis se refere a você como
“aquela boca suja, mal-educada, filha de Satanás”? — Nessa devolveu.
Porque ela não tinha nenhum problema em sentir o cheiro de Chase. O
homem cheirava bem demais para ela.

— Não, potranca. Ela me chama assim porque a mulher tem


inveja da minha bunda, — e com isso, Becca desligou.

***

~ 58 ~
Em exatos trinta minutos, Nessa estava sentando no banco do
passageiro do pequeno carro vermelho de Becca. Muito diferente dela
própria, que era toda bad girl, com shorts rasgados, botas e tops florais
– bem, ela gostava de coisas bonitas, também – Becca era a perfeita
patricinha. Ela gostava de vestidos ajustados que mostravam todas as
suas curvas. A maquiagem era sempre perfeita, e ela nunca tirava seus
saltos de 10cm. Então o pequeno New Beetle2 vermelho, com as rodas e
os bancos brancos, eram totalmente a cara de Becca.

Foi só quando elas já tinham andando um bom caminho para fora


da cidade que Nessa teve a sensação de que algo não estava certo.

— O que você está olhando, Nessa?

Nessa se virou para encarar Becca. — Hmm, onde estão os caras?


Eu achei que eles iam estar nos seguindo.

— Eu consegui me livrar de Blake em algum lugar na


Interestadual, — Becca murmurou alguma coisa sobre esperar que ele
conseguisse uma bela multa por excesso de velocidade.

— Mas onde está Tommy?

O homem tinha sido a sombra de Nessa pela última semana. Ele


até mesmo estava dormindo no pequeno quarto montado no celeiro de
Chase.

Becca bufou e verificou a intersecção. — Como eu saberia onde


está Tommy?

— Rebecca Teresa Anderson. O que você fez com o pobre garoto?


— a mulher era pura maldade quando queria, e Nessa não confiava
nela, tanto quanto podia chutar a sua bunda grande.

— Olha, não é nada definitivo. Ele só vai demorar uns quinze


minutos para mudar os pneus. Mas você pode querer arejar o celeiro
quando chegar em casa. Depois de alguns dias, o cheiro deve sair
completamente, — a mulher cruel disse com um sorriso no rosto.

— Ah não, porra, você não fez isso, não é? Não usou a poção? —
Nessa cutucou a cadela sádica, já sabendo a resposta. Pobre Tommy.

— Bem, não era como se eu tivesse escolha.

2Na época do seu lançamento, esse carro ficou conhecido como “o carro da Barbie”,
uma vez que a boneca ganhou a sua própria versão do carro, todo cor-de-rosa.

~ 59 ~
Uma vez, irritadas com a sua professora de ciências, elas
acharam uma receita na Internet. O líquido em si não era tão ruim, mas
no momento em que se colocava calor à fórmula, o vapor exalava um
fedor que induzia ao vômito. O lado ruim – elas descobriram depois – é
que o vapor grudava em tudo o que ele tocava. Mas tinha valido a pena
ver todos os banhos de suco de tomate que o Irmão Phillip tinha dado
em Wendy Collins. Nessa apenas esperava que Tommy a perdoasse,
porque se ela soubesse o que Becca ia fazer, ela teria impedido a cadela
louca.

Pois bem, não havia nada que ela pudesse fazer agora, no
entanto.

— Você acha que é seguro para nós estar aqui fora sem ao menos
um deles? — Nessa ainda tinha aquela sensação inquietante de que
algo não estava certo.

— OH MEU DEUS! Você é mesmo a vadia do meu irmão...

— Ei!

— Não venha com ei para mim, potranca. Eu não vi você em dias.


Eu só quero um dia sem motoqueiros irritantes por perto, — o jeito que
Becca disso isso soou como se ela estivesse falando de alguém
específico.

— Se você realmente não gosta de Blake, você não pode pedir


para o seu pai colocar outra pessoa na sua cola?

Sua amiga se acomodou no seu banco. — Nah, Blake é apenas...


eu não sei o que ele é. Intenso não parece intenso o bastante, — Nessa
tinha que concordar. O homem era... porra, ela nem conseguia pensar
em uma palavra para descrevê-lo. — E além disso, eu não estou falando
com o meu pai no momento, — Becca grunhiu entre os dentes
apertados.

Se virando em seu assento, Nessa voltou toda a sua atenção para


a outra mulher. Becca ficava irritada com o seu pai com frequência,
mas uma declaração dessas geralmente seria seguida por reclamações
sobre ele ser um motoqueiro, um macho-alfa, o Prez e protetor demais.
Em vez disso, Becca se concentrou em estacionar seu carro no
shopping local.

Nessa esperou até que ela tivesse parado, e então pegou a mão de
Becca. — Ei, o que está acontecendo?

~ 60 ~
Tristeza encheu os seus olhos. — Minha unidade parental tem
brigado. Eu quero dizer, a coisa está bem feia e eles se pegam pra valer.
Eu não falei nada antes porque quando você se mudou para nossa
casa, as coisas pareciam ter voltado ao normal. Você sabe, eles se
pegavam para valer, mas de um outro jeito. Um jeito que uma filha
jamais deveria ter testemunhado, — Becca fez uma careta. — Enfim, as
coisas ficaram feias de novo e agora meu pai está dormindo no quarto
de hóspedes.

Merda. Isso não parecia normal para o velho motoqueiro.

— Ok, querida, não vamos nos preocupar com isso hoje. Vamos
gastar o seu dinheiro, comprar merdas legais para você e fazer você se
sentir muito melhor.

Becca bufou para ela, parecendo um porco com frio. — Você


acabou de me chamar de querida?

Ok, isso era muito estranho. Elas não se tratavam por nomes
gentis. Nessa só podia culpar a sua falta de sono e sua reação à tristeza
de Becca.

— Então a frase “ele te fodeu até explodir sua mente” não é só


uma figura de linguagem? Porque você totalmente explodiu a sua para
estar me chamando de querida, — a cadela ficou inexpressiva por um
instante, e então explodiu em gargalhadas.

— Ah, cala a boca, — Nessa disse para a idiota. Abrindo a porta,


ela desceu do carro antes que um bando de hienas aparecesse, atraídas
pelo chamado de acasalamento de Becca.

***

— Por que diabos você não está experimentando nada? — Becca


não parou enquanto ela girava em frente ao espelho. O vestido amarelo
iria ficar horroroso em qualquer outra pessoa, mas com o seu tom de
pele bronzeado e o cabelo totalmente preto, o vestido junto apenas
parecia quente. — Nessa?

— O quê?! Eu estou quebrada até o dia de pagamento.

Becca finalmente parou de avaliar o seu reflexo. Encarando


Nessa, ela colocou as mãos nos quadris, seus saltos de 10 cm batendo

~ 61 ~
contra o carpete industrial da loja. — Ok, vamos desenhar isso para as
crianças lentas da sala, — levantando uma mão, Becca ergueu um
dedo.

— Um: você é a vadia do meu irmão agora. Dois, — ela ergueu


outro dedo, — eu sei com toda certeza que Chase tem uma conta
bancária bem gorda, e provavelmente um dinheiro escondido também.
Agora junte o um e o dois, — a cadela atrevida usou as duas mãos, um
dedo de uma enquanto fazia movimentos que imitavam beijos com a
outra. Nessa decidiu naquele momento que a sua melhor amiga
pertencia a um abrigo onde internavam pessoas especiais. — Isso
significa que Nessa não está quebrada, — Becca parou de fazer aquela
coisa idiota com os dedos e olhou para Nessa como se ela fosse a idiota.

Lamentando não ter pegado seu telefone para fazer um vídeo da


ridícula performance de Becca, Nessa simplesmente revirou os olhos.
Ela teria colocado essa merda no Facebook em uma piscada.

Sorrindo para a sua melhor amiga, Nessa deu a resposta mais


óbvia de todas. — A sua bunda fica enorme nesse vestido.

— Por que nós continuamos voltando para isso? Não seja invejosa
com a minha bunda! — Nessa segurou a risada. Porra, ela amava essa
garota. — Agora dê o fora da terra da fantasia, querida, — a cadela
bateu os cílios para ela. — Você é uma mulher comprometida agora,
então aceite de uma vez.

Se inclinando para trás no sofá em que ela esteve esperando,


Nessa fechou os olhos. Sério, ela amava Becca como uma irmã, o que
também podia ser a razão pela qual ela queria matar a garota às vezes.
Colocando toda sua atitude de lado, Nessa soltou sua frustração. —
Olhe, Becca, eu nem ao menos sei o que eu sou para Chase. Ele nunca
me disse. Além disso, todo esse dinheiro que você diz que ele tem? Eu
não tenho acesso a ele, — ela sentiu Becca cair sentada em um lugar ao
seu lado.

— Então o idiota do meu irmão não explicou nada sobre ser uma
old lady para você?

Abrindo os olhos, Nessa encarou Becca. — Eu sei o que ser uma


old lady! Eu estive perto do clube a maior parte da minha vida, como
você sabe. É mais como se ele não tivesse dito nada...

— Nada, nadinha? — o olhar no rosto de Becca era de descrença


total.

~ 62 ~
— Bem, ele disse que eu sou dele.

Becca soltou um suspiro. Um daqueles que Nessa odiava, porque


levavam por um caminho em que Becca iria provar que ela estava
errada, de novo. — Me dê a sua carteira.

— Por quê?

— Apenas me dê, cadela. Nós não temos o dia todo para ficar aqui
discutindo. Agora, me dê a sua carteira, — Becca estendeu a mão.

Certo. A vadia podia ficar ali sentada o dia todo se Nessa não
cedesse. Pegando a carteira de dentro da bolsa, ela a entregou. Becca
abriu o couro gasto e imediatamente puxou um cartão de crédito preto
que Nessa nunca tinha visto antes. A vadia então bateu com a coisa na
sua testa.

— Viu, você é a old lady dele. Agora levante essa bunda gorda daí
e ache alguma coisa para experimentar.

Nessa ficou ali sentada por alguns minutos olhando para o cartão
de crédito preto que caiu no seu colo. Ela estava um pouco confusa se
ficava feliz por Chase querer que ela tivesse acesso ao seu dinheiro, ou
irritada, por ele não ter debatido isso com ela. Então ela pensou no
vestido de veludo arrasador que ela viu na vitrine, e nas botas de
morrer que faziam um par perfeito. Foda-se ele. Se ele tinha colocado
um cartão de crédito na sua carteira sem nem ao menos conversar
sobre o valor que ela podia gastar, então ele era um idiota. Ele não
sabia o tipo de estrago que uma garota de dezoito anos que nunca teve
a liberdade de entrar em uma loja e comprar o que quiser podia fazer?
Que seja.

Correndo pela loja, Nessa saiu pegando várias peças para provar.

~ 63 ~
— Então eles não atacaram a sede do clube dessa vez, apenas
alguns dos nossos negócios, e eles não estão seguindo a lista! — porra,
ele parecia um disco quebrado. Chase andava de um lado para o outro
na sala quase vazia. Todos tinham ido embora, cuidar do que
precisavam fazer, o deixando sozinho com Quin para discutir coisas
privadas.

— Sim, bem, nós suspeitamos que a lista foi deixada para nos
colocar fora do seu caminho. Agora nós sabemos qual era, — Quin se
serviu um copo de uísque e foi para o sofá. O homem parecia acabado e
Chase não acreditava que os ataques eram a única causa das
frustrações do seu pai. Mas no momento Quin não era o seu pai, ele era
o Prez de Chase. Então ele não ia perguntar o que estava acontecendo
fora dos negócios do clube. E sinceramente, eles já tinham merda
demais para lidar.

— Zane conseguiu alguma coisa das fitas?

Chase balançou a cabeça. Zane tinha saído assim que eles


ficaram sabendo sobre o ataque, para ver se ele conseguia tirar algo dos
equipamentos de vigilância antes dos policiais chegarem. Seja lá quem
eram esses filhos da puta, eles eram bons. — Ele disse que os viu em
alguns momentos, mas os desgraçados pareciam saber onde estavam as
câmeras e mantiveram os rostos tapados. E eles não estavam usando
nenhum patch de clube. Os filhos da puta esconderam até mesmo as
suas tatuagens.

— Então mais uma vez nós fodemos tudo! — Quin bebeu todo o
seu uísque. Dessa vez ele nem se serviu outra dose, mas sim pegou a
garrafa e bebeu direto dali.

Porra, eles tinham que estar deixando passar algo. Chase podia
sentir isso nas suas entranhas. O primeiro ataque teria parecido
aleatório, se não fosse a lista. Sim, eles sabiam que o ataque era uma

~ 64 ~
afronta direta ao clube no Leste, mas uma afronta a todo o Hell’s
Exiles? Isso não estava fechando. Colocando a lista de lado, um ataque
ao clube de strip parecia mais... direto. Pessoal. Como se eles
estivessem mirando em pessoas específicas. Os irmãos que tinham sido
mortos eram descendentes dos quatro originais. Logan era neto de um
dos fundadores e o presidente da facção do Texas. E Danny era primo
de segundo grau de Chase. O maldito garoto estava dando duro para
crescer no clube. Ele ainda não era um membro pleno, e tinha tirado
alguns dias de folga para visitar a mãe – a tia-avó de Chase, Patty.
Merda, ele nem ao menos devia estar naquele clube.

— Quem sabia que Danny estava indo para lá?

Quin se sentou mais reto. — Com toda certeza a maioria dos


garotos daqui sabia. Não faço a menor ideia sobre outras pessoas, e não
vou perguntar algo assim para Patty agora. O que você está pensando?

Se aproximando, Chase se sentou na mesinha de centro. —


Esqueça o primeiro ataque por um segundo e se concentre nesse. Nós
tivemos maiores danos na propriedade, sim, mas apenas dois mortos.
Porra, além de Logan e Danny, nós não tivemos nem sequer um ferido...

— Caralho! Os dois eram descendentes dos fundadores, — a


garrafa de uísque voou através da sala quando Quin concluiu o mesmo
que Chase. — O primeiro ataque foi apenas para nos enganar. Desviar a
nossa atenção.

— Isso é o que eu acho. Não se trata do território ou alguma


corrida que deu errado. Seja lá o que for, eu tenho a sensação de que
tem a ver com algo muito mais profundo que podemos imaginar, e está
ligado aos quatro membros fundadores do clube, — Chase esfregou os
olhos. Ele estava cansado pra caralho. Nos últimos quatro dias ele
esteve tentando consertar toda essa merda. Ainda que parecesse que
eles finalmente tinham uma pista, ele não tinha certeza concreta de
nada, ou podia apenas ser sua mente cansada tentando achar uma
solução plausível.

— Então como diabos nós resolvemos isso, Chase? Não é como


seu o meu avô fosse um santo. Eles irritaram muita gente. E por que, se
isso é algo do passado, os filhos da puta demoraram tanto para agir? —
Quin cuspiu as palavras pelos dentes apertados.

Essa era a parte que não estava fazendo sentido para Chase. Por
que diabos esperar tanto tempo? Porra, Chase era da quarta geração de
Hell’s Exiles. Então se toda a situação tinha a ver com os membros
originais, era um tempo bem longo para guardar tanto rancor. Mas
~ 65 ~
mesmo considerando tudo isso, este era o único cenário que ainda fazia
algum sentido para ele.

— Eu não sei. Mas acho que está na hora de falarmos com os


velhos...

A porta do escritório se abriu de repente, e Chase e Quin pegaram


suas armas e as apontaram para o invasor antes que ela batesse contra
a parede. Um Blake muito irritado estava de um lado, enquanto um
petrificado Tommy estava do outro. O estômago de Chase revirou com o
fedor que não se parecia com nada que ele já tivesse sentido antes.
Jesus Cristo, ele já esteve perto de cadáveres em decomposição que
tinham um cheiro melhor. As voltas do seu estômago pararam
rapidamente quando ele percebeu que Tommy não estava com Nessa;
ele nunca a teria trazido para o clube sem avisar Chase primeiro.

— Eu vou matar ela, Quin, — as palavras de Blake cortaram


Chase como uma lâmina. Becca obviamente tinha aprontado uma das
suas. Se a sua irmã tinha colocado Nessa em perigo...

— Não se preocupe, Blake, eu mesmo vou matar ela.

— Ninguém vai tocar em Becca. Eu vou cuidar dela, — Quin


gritou. Ele bateu as mãos na mesa, ganhando a atenção de todos. —
Vocês sabem onde elas foram?

— Eu não estaria aqui se eu soubesse, porra, — Blake rosnou,


enquanto Tommy apenas balançou a cabeça.

— Mas que merda de cheiro é esse? — Chase finalmente


perguntou. O fedor enjoativo fazia seu reflexo de vômito ficar mais forte
a cada respiração.

— Meu palpite...

Chase se virou para encarar seu pai; o homem parecia calmo


demais para o seu gosto.

— ...é que se trata da poção que a sua mulher e a sua irmã


inventaram ano passado. Me custou dinheiro pra caralho manter
aquelas duas na escola e pagar pela limpeza. Tommy, dê o fora do meu
escritório antes que essa merda fique grudada nas paredes. Suco de
tomate, litros e litros disso, — enquanto falava, Quin pegou seu telefone
e olhou para a tela.

Tommy assentiu para o seu Prez e se virou para Chase. — Eu sei


que fodi tudo...

~ 66 ~
— Eu vou cuidar de você mais tarde, — Chase não ligava se era
culpa da sua irmã, Nessa estava sem proteção. O garoto tinha uma
missão e deveria tê-la cumprido melhor.

— Blake? — Chase se virou para o homem grande. — Alguma


ideia de onde minha irmã idiota pode ter ido?

— Não tenho certeza, cara. A princesa me levou para uma


perseguição selvagem pela interestadual. Com certeza ela ganhou uma
multa. Mas os policiais filhos da puta me pararam, e não ela, — Blake
esfregou a mão sobre o cabelo quase raspado.

Puxando o telefone do bolso, Chase discou o número de Vanessa.


Ele apenas tocou e caiu na caixa postal, o que inflamou a frustração de
Chase. A sua garota ia ganhar umas palmadas na bunda quando ele a
encontrasse.

— Achei!

Chase se virou para o seu pai. — Quem está com elas?

— Ninguém. Mas a sua irmã é um pé no meu saco, então eu fiz


Zane colocar um rastreador no carro dela.

— E você não ia me contar isso? — Blake avançou na direção de


Quin. A sua raiva era visível a cada passo. Ele parou em frente à mesa,
maior do que Quin. Blake cresceu sobre o seu Presidente.

Quin nem sequer piscou. Havia uma razão para ele ser o
Presidente do Hell’s Exiles; o homem era um filho da puta cruel, que
não aceitava merda de ninguém, especialmente de um dos seus garotos.

— Porra, se afaste de mim Blake, antes que eu precise lembrar a


você quem é que manda aqui.

Chase não tinha tempo para isso, ele queria ir até a sua mulher
agora, não desperdiçar tempo observando os dois em uma disputa de
quem era o mais durão.

Ele tentou acalmar a situação antes que ficasse pior. — Nós todos
estamos cansados e frustrados. Se você sabe onde estão as garotas,
vamos até elas. Eu não quero a minha mulher sem proteção. Não
quando nós não sabemos onde é o próximo lugar que esses filhos da
puta vão atacar. E eu tenho certeza que Blake só está puto porque ele
não teve essa ideia de colocar um rastreador no carro de Becca, — na
verdade, Chase estava irritado porque ele mesmo não tinha pensando
em fazer isso com Nessa. Ela não era imprevisível como Becca, mas ela

~ 67 ~
era a melhor amiga da vadia louca, e isso devia ter sido o bastante para
deixar Chase atento.

Blake finalmente deu um passo para trás e um breve aceno de


cabeça para o seu Prez.

E assim os três saíram do clube.

~ 68 ~
— Você quer ir ver um filme? — Becca perguntou quando
terminou o seu hambúrguer

Nessa estava empurrando a comida pelo prato; ela não conseguiu


comer. No momento em que elas se sentaram no restaurante, sua pele
começou a formigar. Essa sensação de estar sendo observada a fez ficar
estudando o local sem parar.

— Hm, eu acho que nós deveríamos ir para casa, — sua


inquietação estava aumentando. Ela não sabia o que estava
acontecendo com o Hell’s Exiles, mas ela sabia que Chase chegava
acabado em casa. Talvez estivesse na hora dela lhe perguntar algumas
coisas.

— Sério, Nessa. Relexe, — sua amiga a olhou batendo os cílios


espessos, batendo a unha recém feita na mesa.

Um arrepio correu pela espinha de Nessa e ela olhou ao redor


outra vez. Ela não conseguia ver ninguém que parecesse fora de lugar,
mas porra, sua pele estava coçando como se ela tivesse entrado em um
formigueiro. — Olhe, Becca, eu estava relaxada e eu amo sair com você,
mas eu tenho essa sensação de que algo não está certo, — se inclinando
para a frente, ela baixou a voz. — Eu juro que alguém está nos
observando. É como se eu pudesse sentir os olhos dessa pessoa
cravados em mim.

— É claro que estão. Você está gostosa pra caralho nessa roupa,
— Becca balançou as sobrancelhas para ela. Nessa colocou uma das
roupas novas que tinha acabado de comprar. A saia justa de couro, a
blusa rosa soltinha e as botas que subiam até as coxas eram
estonteantes, mas não, quem a estava observando não estava
apreciando a visão. Bem, pelo menos não era isso que ela sentia.

~ 69 ~
— Isso é algo mais do tipo quero matar você lentamente do que
quero tirar as suas roupas. Olhe, Becca, você sabe que algo está
acontecendo no clube. Talvez fugir dos caras não tenha sido uma boa
ideia.

Becca se sentou para trás na sua cadeira e a estudou por um


minuto. — Certo, nós vamos... droga.

— O quê? — Nessa perguntou quando Becca empurrou sua


cadeira para trás com um guincho, seus olhos se enchendo de fúria
assassina. Então sua melhor amiga desapareceu quando ela foi jogada
por cima do ombro de um Blake extremamente puto. O homem não
disse nada, apenas marchou para fora do restaurante com Becca
gritando por cima do seu ombro. A visão de Nessa da sua melhor amiga
foi bloqueada por um Chase igualmente puto e um Mr. Anderson muito
aborrecido.

Quin Anderson pegou as sacolas de Becca junto com as suas


chaves e o telefone, e então com um aceno de cabeça para Chase, ele
saiu do restaurante.

***

Não importava que Chase estava além do furioso, assim que ele a
viu, seu pau virou uma barra de aço entre as suas pernas no mesmo
instante. Vanessa estava usando uma blusa solta e uma saia justa de
couro. E aquelas botas que gritavam me fode o fizeram querer dobrá-la
sobre a mesa e tomar ela ali mesmo. A maldita garota estava mexendo
com a sua cabeça. Ele estava assustado pra caralho, irritado porque ela
o desobedeceu, e mesmo assim tudo que ele podia pensar era em foder
ela até perder os sentidos.

Ela piscou para ele. Sua respiração engatou e ele viu o alívio
encher os seus olhos.

— Você se divertiu fazendo compras, Vanessa? — ele usou seu


nome porque ele sabia que isso a irritava, mas pela primeira vez ela não
reagiu.

— Nós podemos ir embora daqui, Chase? Tipo, agora?

Isso fez com que todos os seus instintos viessem à tona; Vanessa
não estava sendo atrevida como sempre. A puxando para o seu peito,

~ 70 ~
ele a segurou apertado e estudou o restaurante. Nada parecia fora do
lugar, mas havia uma sensação em seu peito de que eles estavam sendo
observados.

— Vamos lá baby, vamos para casa.

Ele não ia deixar de lado o fato dela ter saído de casa – quando ele
tinha dito a ela para não fazer isso – mas com esse formigamento na
sua nunca aumentando a cada minuto, estava na hora deles irem
embora. Querendo manter as mãos livres, Chase não a ajudou a
carregas suas sacolas. Quando ela se ajeitou e olhou para o
restaurante, ele colocou uma mão no meio das suas costas e a levou
para fora do shopping. Um movimento à sua direita chamou sua
atenção. Porra! Não havia dúvidas de que as garotas tinham sido
seguidas. O cara usando um jeans sujo e uma camiseta rasgada não
era um dos seus garotos. E ele estava muito fora de lugar para ser
qualquer outra coisa que não um motoqueiro.

— Apenas espere até você chegar em casa, Vanessa. A sua bunda


vai ficar tão dolorida, — ele rangeu através dos dentes apertados, o
medo dirigindo as suas palavras.

Rosnando para os outros compradores, ele acelerou o passo e os


levou até a sua moto em tempo recorde. Nessa não disse uma palavra
quando ele empurrou o capacete em sua cabeça e pulou na moto, a
puxando para trás dele.

Raiva por causa de toda a maldita situação corria através dele,


crescendo ainda mais quando ele acelerou pela autoestrada. Ele ia
matar a sua irmã por colocar a sua mulher em perigo. Chase sabia que
Nessa não iria se aventurar fora de casa se não fosse por Becca. E a sua
irmã idiota provavelmente não entendia quão perto do perigo elas
estavam.

O cascalho do caminho de entrada voou quando ele freou e parou


de repente na frente de casa. Apertando os dentes, segurando o rosnado
que ele queria soltar, ele desceu da sua moto e se virou para encarar a
sua mulher. Ela estava mais pálida do que o normal. Ele sabia que ela
estava assustada, mas foda-se, ele não ia deixar o assunto para lá. Ela
o tinha assustado pra caralho, e ela precisava aprender que ele não
aceitava merda de ninguém, incluindo dela. Especialmente quando se
tratava da sua segurança.

— Entre na porra da casa, Vanessa. Não, — ele a cortou quando


ela abriu a boca. — Você não tem uma maldita ideia do que está
acontecendo com o clube. Quando eu disser para você fazer algo, você
~ 71 ~
vai me obedecer, — Chase gritou a última parte para ela. Nessa
estremeceu, mas não deu um passo. Em vez disso, a vadia atrevida
largou suas sacolas no chão e deu um passo na direção dele, sua pele
até então pálida ganhando cor.

— Eu não sei o que está acontecendo porque você não me diz


merda nenhuma. E vamos deixar uma coisa clara, seu babaca, você
pode ter me sequestrado e me ter aqui agindo como uma gata no cio,
mas eu não sou uma propriedade. E eu vou estar morta antes de deixar
você ditar o que eu posso ou não fazer. Além disso, o que nós dois
somos? — ela o cutucava com o dedo a cada palavra, sua raiva
crescendo rapidamente.

Ele agarrou a mão dela para afastá-la do seu peito e usou isso
para puxar todo o corpo dela mais perto do seu, prendendo suas duas
mãos nas costas. Ela rosnou para ele, seus seios lindos subindo e
descendo a cada respiração pesada que ela dava.

— Vamos deixar uma coisa clara, — ele devolveu as palavras para


ela. — Você é uma propriedade. Minha propriedade. Minha para
proteger. Enquanto eu disser para você fazer, você vai fazer, — Chase
esmagou seus lábios contra os dela antes que Nessa pudesse protestar.

O gosto de café com uma pitada doce era o gosto de Nessa, e


Chase devorou o sabor. A preocupação que ele estava sentindo desde
que descobriu que ela tinha saído sem proteção ainda não tinha
desaparecido, mas estava sendo acalmada pela necessidade de foder
com ela. De reivindicá-la. De provar para si mesmo que ela estava a
salvo. A levantando em seus braços, ele subiu os degraus da varanda.
Nessa prendeu as pernas ao redor da sua cintura, esfregando sua
buceta quente contra o estômago dele. Porra, ele não ia conseguir
esperar. O medo de que algo ruim acontecesse com ela, dela ser ferida
porque pertencia a ele, elevou a sua necessidade a proporções épicas.

A empurrando contra a porta da frente, que ainda estava fechada,


ele abriu as próprias calças com uma mão, a segurando com a outra

Nessa se afastou da boca dele. — Eu estou tão irritada com você,


— ela rosnou as palavras na sua cara, mas suas mãos estavam
ocupadas tirando a própria camiseta. Chase quase mordeu a língua
quando viu o sutiã de couro que ela estava usando.

— É bom que a sua calcinha combine com o sutiã, — ele correu o


dedo contra a borda do couro macio antes de puxá-lo. Cada palavra e
ação era uma demonstração de força, a luta fazendo com que os dois se
comportassem quase como animais.
~ 72 ~
Os mamilos dela saltaram no ar gelado e Nessa deixou escapar
um assobio.

— Sim. Mas você talvez não goste da fatura do seu cartão, quando
ela chegar, — ela esfregou a buceta contra ele enquanto falava.

Se inclinando para a frente, Chase rolou a língua sobre um dos


mamilos duros, ganhando dela gemidos frustrados. Ela estava puta com
ele, não havia como negar isso, mas isso estava ok, porque ele ainda
estava furioso com ela também. Ele nunca esteve com tanto medo na
vida. Ainda assim, mesmo brava, ela respondia ao seu toque e
implorava por mais. As mãos dela se prenderam no seu pescoço
enquanto ele trabalhava de um lado para o outro, nunca levando os
mamilos cor de caramelo completamente para dentro da sua boca.

— Chase, me fode agora, — ela balançou contra ele.

Se lembrando da sua promessa de lhe dar uns tapas na bunda,


Chase levantou a mão e bateu contra o lugar onde sua coxa grossa
encontrava o quadril. O impacto aqueceu sua palma. Seu grito alto
ecoou pelo jardim, ao mesmo tempo em que o seu creme molhou toda a
camiseta dele. Porra, ele não podia mais esperar. Mexendo os quadris
ele conseguiu abrir o zíper, libertou o seu pau e empurrou a calcinha
dela para o lado em questão de segundos. O calor da sua buceta
aqueceu a ponta do seu pau, fazendo algumas gotas de porra vazarem.
Angulando os quadris dela, Chase lhe deu outro tapa forte na bunda ao
mesmo tempo que me empurrou o pau para dentro da buceta. Seu
canal apertado estrangulou o seu pênis, seu corpo todo tremeu contra o
dele e seu grito foi quase ensurdecedor. Apertando os dentes, Chase
lutou contra o orgasmo. De jeito nenhum ele ia deixar ela sair dessa tão
fácil. Ele ainda estava furioso. Qualquer coisa poderia ter acontecido
enquanto ela estava andando por aí sem proteção. Ela precisava
aprender, precisava compreender que ele não podia perdê-la. E se para
isso ele ia ter que foder ela até a submissão, que assim fosse.

Empurrando os quadris com força e sem parar, Chase encontrou


um ritmo brutal. As costas de Nessa batiam contra a porta a cada
estocada. Seus gemidos se transformaram em um choramingo baixo
quando ele mordeu sua pele, chupando com força. A marcando. A
lembrando que ela era dele. Mesmo agora que ela estava segura em
seus braços, ele não podia deixar de vê-la caída morta em algum lugar.
Com cada uma das suas estocadas brutais, ele jurou nunca deixar que
essa visão se tornasse realidade.

~ 73 ~
***

Nessa não podia acreditar na brutalidade com que Chase estava


fodendo ela. Doía, mas de um jeito bom. Ela não ia ser capaz de andar
depois, mas ela não se importava. Abrindo os olhos, ela o encarou. Seus
olhos verdes estavam cheios de nuvens de raiva, mas eles não estavam
lhe vendo. Seu olhar distante a assustou. Ele era muito maior, e se ele
realmente se perdesse, aquele ritmo de dor/prazer podia perder a parte
prazerosa. No entanto, foram as palavras que escaparam dos seus
lábios que fizeram as primeiras faíscas de amor queimar no seu
coração.

Você não pode morrer.

Eu não posso te perder.

Minha, Vanessa... você é minha.

Outro orgasmo a atingiu, puxando cada um dos músculos do seu


corpo, enquanto Chase apenas continuava batendo. Seus quadris
mantinham um ritmo de força bruta, sua buceta gritando para ela que
isso tinha que parar, mas ao mesmo tempo Nessa podia sentir outro
clímax sendo construindo. Com braços que pareciam de gelatina, ela
levantou as mãos e acariciou o seu rosto. Seus olhos voltaram a ter foco
e, embora ainda estivessem cheios de raiva, ele a encarou de volta.
Dessa vez ele a viu. No mesmo momento em que ela explodiu no
próximo orgasmo, ela também lhe deu o que esteve negando aos dois. A
sua aceitação.

— Sua, Chase. Eu sou sua.

Ele esmagou a boca na dela quando suas palavras gritadas


ecoaram pelo jardim. Ele prendeu os quadris com firmeza entre as
pernas dela e a inconfundível sensação de sêmen quente a encheu,
fazendo-a mais uma vez curvar os dedos dos pés.

Nessa estava exausta demais para pensar no fato de que eles não
tinham usado camisinha. Porra, sua menstruação estava para vir a
qualquer dia, então eles estavam bem, certo? Seus pensamentos foram
cortados quando ela sentiu uma brisa gelada em suas costas e seus
joelhos bateram no chão de madeira. Chase mudou as suas posições e
deslizou pela porta até sentarem no chão da varanda, seu pau ainda
agitado dentro dela.

~ 74 ~
— Você se divertiu fazendo compras? — ele correu uma mão
grande pelas suas costas, sua voz grave quebrando o silêncio. Ela ainda
podia sentir sua raiva e seu medo, mas respondeu para ele com
honestidade.

— Sim e não. Eu estava com saudades de Becca e amei dar uma


lição em você, gastando uma pequena fortuna no seu cartão... — Chase
não disse nada, apenas continuou a passar o dedo pelo sutiã de couro
ainda pendurado no seu corpo. — Mas eu senti que estava sendo
vigiada o tempo todo, de um jeito meio sinistro. Não era como quando
os garotos estão me vigiando... — ela não tinha certeza de como
descrever isso direito. Era como se alguém ou alguma coisa estivesse
enviando vibrações malignas para ela. Pensar nisso agora era bastante
surreal, especialmente com o pau de Chase ainda aninhado entre as
suas coxas.

Esfregando o rosto contra o peito dele, ela fechou os olhos. A


tensão do dia e a foda selvagem que eles acabaram de ter a deixou com
pouca energia. A grande mão de Chase correu pelas mechas do seu
cabelo, puxando sua cabeça para trás até que ela olhou para ele. Raiva
ainda marcava os seus traços, assim como o cansaço.

— Você pode gastar o quanto quiser. Mas nunca – e eu quero


dizer nunca – me desobedeça outra vez.

Ela queria discutir com ele, mas era inteligente o bastante para
saber que agora não era o momento. Em vezes disso, ela fez as duas
perguntas que a estavam atormentando.

— Você continua dizendo que eu sou sua, mas o que isso


realmente quer dizer, Chase? E eu sei que os negócios do clube são do
clube, mas se você quer que isso entre nós funcione, vai ter que me
deixar saber pelo menos um pouco, — ok, a segunda não era
exatamente uma pergunta, mas o homem não era idiota, com certeza
ele tinha entendido que esse era o seu jeito de perguntar que diabos
estava acontecendo no Hell’s Exiles.

O olhar no seu rosto suavizou e ele se inclinou para frente,


colocando um beijo gentil nos seus lábios. Mesmo com a sua pobre
buceta abusada gritando em protesto, Nessa não podia deixar de
balançar os quadris contra o seu pau, que estava endurecendo outra
vez. Porra, o homem tinha estamina. Era normal para ele ficar tão duro
outra vez?

Segurando seus quadris, Chase lentamente a balançou para trás


e para frente. Mordiscando seus lábios, ele afastou sua boca da dela,
~ 75 ~
mas não parou o balanço suave. — Depois que nós dormirmos, vou te
contar o que está acontecendo no clube. E quanto a nós, eu te queria
muito antes do que deveria. Você é minha, Vanessa. Minha para
proteger. Ninguém além de mim jamais vai saber o quanto a sua buceta
é doce. Ninguém além de mim jamais vai ouvir você gemer enquanto
goza. E eu não vou deixar ninguém te machucar, Nessa. Porque se isso
acontecer, o mundo vai acordar vermelho com o sangue que eu vou
derramar para te vingar. Ninguém toca no que é meu!

Ok, isso não era uma declaração de amor, e quando o corpo dela
mais uma vez alcançou o clímax e a doce felicidade do orgasmo a
atingiu, Nessa mordeu a língua e segurou a palavra que ela queria
deixar correr pelos seus lábios. Talvez em outra hora, mas por agora ela
estava feliz com aquela que ele sempre repetia: minha!

~ 76 ~
Depois de um cochilo, e enquanto estava cozinhando o jantar –
algo no qual ela descobriu que ele era muito bom, ao longo da semana –
Chase cumpriu com a sua palavra. A cada palavra que ele dizia, o
coração de Nessa doía.

Deus, aquelas pobres pessoas. Sim, eles podiam não ser os


cidadãos mais exemplares, mas eles eram uma família. E a irmandade
do clube era mais forte do que a de qualquer outra família que Nessa
conhecia. Droga, era só olhar para ela, quão facilmente seus pais a
tinham descartado, apenas porque ela não se encaixava no seu padrão.
Então ver o Hell’s Exiles – uma família da qual ela já fazia parte – perder
tantas pessoas, fazia o seu coração doer e lhe deixava enjoada. Isso
realmente a ajudou entender porque Chase perdeu a cabeça quando ela
saiu sem proteção.

Droga.

— Hm, Chase? Por favor, não fique bravo com Tommy. Eu


realmente não sabia o que Becca tinha planejado. E nós já estávamos
quase no shopping quando eu percebi que ele não estava me seguindo.

— É meu trabalho ensinar uma lição ao garoto. Se ele quer ser


parte desse clube, ele precisa seguir ordens...

— Mas...

— Nada de mas, Vanessa. Ele deixou você sem proteção. A menos


que ele estivesse morrendo, não há desculpa para não fazer o seu
trabalho. E mesmo assim, eu esperaria que ele usasse a sua última
respiração para proteger você, — a forma definitiva com que Chase
falou isso fez um arrepio correr pela sua espinha.

Tentando aliviar o humor sombrio que a cercava, ela sorriu para


ele. — Confie em mim, com aquela bomba de fedor que a sua irmã

~ 77 ~
largou, ele provavelmente estava implorando pela sua última
respiração. Nós vamos ter que arejar o celeiro por uma semana antes do
fedor ir embora, — Chase não pareceu achar graça.

Maldito motoqueiro teimoso. Foda-se ele, ela sabia que ele estava
irritado com ela e preocupado com o clube, mas ela também estava; ela
estava preocupada com o clube. Sobre a parte de estar irritada... bem,
ela estava irritada com ele também. Se ele tivesse apenas explicado o
que estava acontecendo, ela não teria ido a lugar algum sem proteção –
ou a lugar algum, ponto final. Mas ela não ia dizer isso para o idiota.

Se levantando da mesa, ela marchou para a porta dos fundos. Ela


não chegou até os degraus da varanda antes que Chase a alcançasse,
seus braços uma atadura apertada ao seu redor. — Onde diabos você
pensa que está indo, Vanessa?

Maldito o seu corpo por sempre reagir à voz dele. Seu núcleo
apertou, seus mamilos endureceram e seu coração acelerou. Graças a
Deus sua menstruação tinha descido hoje. A sua pobre buceta acabaria
parecendo um gato mutilado se ele chegasse perto dela outra vez. Sua
libido não estava entendendo que o seu corpo precisava de um
descanso depois do interlúdio frenético de mais cedo. Se libertando do
seu aperto, ela continuou a descer as escadas, ignorando a sua libido e
o motoqueiro temperamental.

Tommy estava encostado contra o lado do celeiro. Mesmo do lado


de fora o cheiro era ruim, e seu reflexo de vômito se agitou. Respirando
pela boca, culpa a fez continuar até que ela parou em frente ao homem
mal-humorado.

— Eu não tinha ideia do que ela ia fazer com você, Tommy. Foi só
quando nós estávamos quase no shopping que eu percebi que você não
estava me seguindo, e Becca me contou o que tinha feito. Eu sinto
muito, — ele não disse nada, apenas a encarou, pura irritação se
mostrando em seu rosto.

Pela primeira vez desde que Nessa o conheceu, uma faísca de


medo a atingiu. Não pela sua própria segurança, mas por qualquer um
que viesse a irritá-lo. Naquele momento ele não parecia com o homem
que ela tinha conhecido, ele parecia o motoqueiro durão que realmente
era. Seus olhos correram para algum lugar atrás do ombro dela e ele
deu um pequeno aceno de cabeça antes de parar de pé na frente dela.
Não era como se ele realmente tivesse aceitado as suas desculpas, mas
pelo menos ele não estava mais abrindo buracos com os olhos na sua
cabeça. Ainda assim, ela não pôde segurar as lágrimas. Ele não era

~ 78 ~
apenas um homem que tinha ordens de protegê-la; antes de Chase
voltar para a cidade, ele tinha sido seu amigo.

Um pequeno soluço passou pela sua garganta e ela se virou e saiu


correndo na direção da casa. Os braços fortes que a prenderam e
viraram ao redor não eram aqueles com os quais ela estava
acostumada. O cheiro de Tommy encheu seu nariz quando ele
murmurou sons tranquilizantes e esfregou suas costas.

Isso era meio estranho. Ela normalmente tinha seus braços ao


redor dele quando estava na parte de trás da sua moto, não ao
contrário. Mesmo quando eles eram amigos, Nessa não conseguia se
lembrar dele ter lhe dado um abraço de verdade: jogar o braço por cima
dos ombros dela, sim. Segurar sua mão quando ela descia da moto,
sim, ele tinha feito isso também. Mas um abraço de corpo inteiro? Não,
nunca.

Seu choro ficou mais alto, porque nesse momento um abraço de


Tommy era exatamente o que ela precisava. Ela sabia que ela estava se
apaixonando por Chase pra valer, mas era o conforto de uma amizade
que ela precisava. Saber que tudo entre ela e Tommy estava bem.
Finalmente deixar sair a tensão do que Chase tinha lhe contado na
cozinha. E droga, ela não queria colocar Tommy ou qualquer um dos
caras em perigo. Eu não quero que ninguém morra por mim.

— Calma, querida. Esse é o meu trabalho, e eu seria um irmão de


merda se deixasse algo acontecer com uma das nossas old ladies, — a
voz de Tommy vibrou no seu peito e na orelha dela pressionada ali.
Nessa não tinha percebido até então que ela tinha falado suas
preocupações em voz alta.

Raiva a atingiu como um maremoto. Raiva por quão facilmente ele


desistiria da sua própria vida por ela. Raiva pelos filhos da puta que o
fizeram ter que pensar nisso, em primeiro lugar. Se afastando do seu
abraço, ela girou nos calcanhares e encarou Chase. Se ela era dele,
então ele era dela, e isso significava que ela não ia ficar parada sem
fazer nada enquanto toda essa merda acontecia com o seu clube.

— Ele, — ela apontou com um dedo na direção de Tommy, — não


vai morrer por minha causa, — os dois homens começaram a
interrompê-la, mas ela os impediu, batendo o pé. — Não. Eu não vou ter
isso na minha consciência. Mas Chase, você vai encontrar os filhos da
puta que estão nos ameaçando, e quando você os encontrar, eu quero
que você garanta que eles sintam dor. Eles precisam pagar pelas vidas
que já tiraram, — antes que Chase pudesse dizer alguma coisa, ela se

~ 79 ~
virou para Tommy. — E você não vai dormir nesse celeiro. Tem um
quarto vazio dentro de casa, — mais uma vez Nessa foi cercada por
braços fortes, mas agora eram aqueles que ela tinha não apenas se
acostumado, mas também estava ficando viciada. Chase bateu os lábios
nos dela; um beijo rápido, mas feroz. Tão rápido como começou,
acabou, e ela foi colocado de volta no chão.

Um pouco surpresa e excitada, ela inclinou a cabeça para trás


para olhar no seu rosto. Um sorriso enorme mostrava as covinhas nas
suas bochechas, e seus olhos faiscavam com um brilho mortal.

— Porra, você é ainda mais gostosa quando fica sanguinária.

Suas palavras pairaram por um segundo antes dela perceber o


que tinha pedido para ele fazer. Sim, ela provavelmente deveria estar
chocada por descobrir esse lado seu... um lado que não estava apenas
de acordo, mas ansioso para ver ossos quebrados e vidas ameaçadas.
Mas seja como fosse, ela não podia mentir para si mesma e dizer que
isso era uma surpresa total. E se querer isso fazia dela sanguinária?
Bem, Nessa podia lidar com isso.

~ 80 ~
Mais uma vez, Chase estava na fábrica cercado por seus irmãos.
Por quase uma semana, tudo esteve calmo. Nada de ataques. Nada. E
isso o estava irritando.

Como diabos eles iam lidar com essa merda se não aparecia
ninguém reivindicando a fama por ter abatido parte do Hell’s Exiles? Ele
não estava nem conseguindo diminuir sua tensão entre as coxas macias
de Nessa. O fato dela estar menstruada não era o problema; a única
coisa que o mantinha longe dela eram os seus contínuos protestos de
não, você me quebrou. Então sexo está fora de cogitação. Isso, e o fato
dela estar andando um pouco engraçado depois que eles transaram na
varanda.

Ele tinha acabado de passar uma hora lutando com Blake. O


grandão parecia tão no limite quanto Chase. Mas a sensação de carne
contra o seu punho não era o bastante para aliviar a frustração ainda
queimando dentro dele.

Quin passou pela porta, parecendo tão cansado quanto todos os


outros. Ele ligou para Chase essa manhã e lhe disse para organizar um
encontro, mas não falou mais nada. Quando o seu Prez entrou na sala,
todos os homens pararam o que estavam fazendo e pegaram uma
cadeira.

— Estamos limpos?

— Como uma virgem no dia do casamento, Prez, — Zane apertou


um botão e um zumbido baixo encheu a sala. Ele já tinha procurado
escutas, mas o zumbindo iria interferir na frequência de qualquer um
que estivesse tentando ouvir do lado de fora do prédio.

Acenando, Quin jogou um arquivo sobre a mesa. — Eu fiz uma


viagem hoje. Achei que estava na hora de falar com Razor.

~ 81 ~
Puta merda, por essa Chase não esperava. Razor era um filho da
puta. O ex-presidente do Hell’s Exiles era um parasita cruel, e a pessoa
que ele mais odiava no mundo era Quin. o fato deles serem pai e filho
só fazia a raiva ser ainda maior. Porra, os dois homens mal se falavam,
e geralmente as suas conversas envolviam os punhos. O único membro
da família para quem Razor tinha algum tempo era... — Merda. Não me
diga que você arrastou Becca para o meio disso? — Chase não
conseguiu para a pergunta. Ele podia estar puto com Becca por colocar
Nessa em perigo, mas ela era sua irmã.

— Mas é óbvio que sim, porra. Você acha realmente que aquele
filho da puta teria me visto de outra forma? — Quin bateu o punho na
mesa, a raiva saindo dele em ondas. — Como presidente, eu fiz o que
precisava fazer. Não me questione outra vez, garoto.

Levantando as mãos, Chase engoliu sua raiva. Seu avô podia


tratá-lo como lixo, mas Chase sabia que o desgraçado jamais faria algo
de ruim para Becca. — Então o que você descobriu? — ele redirecionou
a reunião de volta para os negócios.

— Eu tenho uma teoria... puxando uma cadeira, Quin a girou ao


redor e se sentou escarranchado sobre ela, seus olhos encarando cada
um dos irmãos à mesa. — É algo bem fodido, mas nesse momento
também é a única coisa que faz um pouco de sentido.

— Aparentemente o meu avô – Deno – não era muito fiel. Parece


que eu tive um tio por aí que não ficou muito feliz quando foi afastado
do clube. Até onde Razor sabe, esse homem, — Quin abriu o arquivo
sobre a mesa — Rick O’Connell, diz ser filho de Deno. Não havia
nenhuma prova, mas pelo que Razor disse, não havia como negar a
semelhança com a família.

Quin se levantou e foi até a geladeira. Pegando uma garrafa de


vodca, ele não se importou com o copo e bebeu diretamente do bico.
Chase conseguiu sentir simpatia pela situação. Ele amava o fato de
seus parentes terem lhe dado o clube, ele apenas odiava a maioria dos
seus parentes. Tanto Deno quanto Razor foram grandes presidentes. E
os dois foram avôs e pais de merda. Quin, por outro lado, era ótimo
como os dois. E Chase podia apostar a sua vida que quando ele e Nessa
tivessem filhos, seu pai seria um avô fantástico. Esse pensamento fez o
seu pau saltar com a necessidade de encher ela com a sua semente.

— Então você estava certo, Chase. Isso vem lá de trás. Bem, se a


teoria que envolve esse babaca estiver certa, então sim. E até agora isso
faz sentido.

~ 82 ~
— Razor ficou surpreso por quanto esse Rick sabia do clube. E
quando Deno o mandou embora, ele prometeu se vingar, mas não fez
nada a respeito.

— Então por que agora? Se esse cara é seu tio, ele ter o quê? Uns
setenta anos? — Horse fez a pergunta que todos estavam pensando.
Isso com certeza também passou pela cabeça de Chase. Por que diabos,
depois de tanto tempo, agir agora? E porra, ele deve ter tido ajuda.
Como Horse disse, o homem tinha uns setenta anos.

— Foda-se se eu sei, — Quin voltou a encará-los. — Esse arquivo


tem todas as informações que o velho me deu, Zane. Faça a sua mágica.
Nós vamos nos encontrar depois de amanhã. Se eu não passar algum
tempo com a minha esposa, ela vai me matar.

***

Nessa olhou para a chuva caindo. Ela chegou à casa dos


Anderson pouco antes dela começar, pensando que passar seu dia de
folga com Becca iria acalmar a ansiedade correndo por ela. Mas não
estava ajudando, e era tudo culpa daquele idiota.

Ela poderia mentir e dizer que a sua inquietação vinha da ameaça


que o Hell’s Exiles estava enfrentando, mas não era isso. Já fazia quatro
dias que o grande babaca tinha explodido seus miolos, o que fez seu
corpo zumbir da maneira mais irritante de todas. Ah, sua buceta estava
muito agradecida pelo tempo de folga que sua menstruação trouxe. Sua
libido, no entanto, não estava nem um pouco feliz. Ela estava lhe
dizendo para permitir que o homem fizesse tudo o que queria com ela.

Bufando, Nessa ignorou a necessidade pelas mãos grandes de


Chase no seu corpo, juntamente com as reclamações de Becca sobre
Blake a perseguindo a cada passo, e continuou a olhar o forte
aguaceiro.

Não chovia com frequência em Nevada, mas quando isso


acontecia, era rápido e forte. Normalmente a chuva seria bem-vinda, e
algo que ela gostaria de imortalizar em uma tatuagem no futuro. Mas
agora, toda essa chuva só agravava o pior caso de TPM que ela já teve
na vida.

Malditos hormônios!

~ 83 ~
— Ei, potranca, sua mãe chegou, — ela disse quando um carro
parou em frente à casa.

Becca se aproximou para olhar pela janela ao lado de Nessa, —


Você acha que nós devemos ir lá ajudar com as compras?

— Eu cuido disso, — a voz de Tommy a fez saltar. Ele esteve tão


quieto que Nessa esqueceu que ele sequer estava no quarto.

Acalmando a batida do seu coração, ela soltou uma lenta


respiração e voltou a olhar pela janela. Bianca e Rico desceram do carro
e seis motos que ela não reconheceu estacionaram no jardim.

— Fiquem longe da janela, — Tommy gritou da porta antes de sair


correndo para o lado de fora, sua arma levanta e apontada. Cascalho
atingiu a casa e a explosão dos tiros foi mais alta do que a chuva. E
uma voz na cabeça de Nessa gritava para ela correr, conseguir ajuda,
chamar alguém, mas ela estava congelada. O mundo ficou em câmera
lenta; seu coração pulou uma batida, e tudo que ela podia fazer era
observar a horrível cena se desenrolando.

Os tiros cortaram o ar. Bianca saltou quando vermelho brilhante


explodiu no seu rosto, a cor viva contra o fundo cinza e apagado. Rico
correu até a mulher sangrando, empurrando-a com o seu corpo para a
estrada áspera. Os gritos de desespero de Becca trovejaram na cabeça
de Nessa, sua própria mente ecoando um som triste. Sangue se espalhou
sob o corpo caído de Bianca quando Tommy se juntou a Rico.

É tarde demais. Tarde demais... ela queria dizer a ele. Seu coração
gritava em pesar, porque não havia o que fazer com aquele tipo de
ferimento.

O mundo voltou a correr e Nessa deixou de focar no corpo morto


de Bianca quando uma parte do seu cérebro – que estava dividida entre
fugir ou lutar – despertou e ela desviou a tempo da garrafa em chamas
que foi arremessada na direção da janela. Fogo explodiu ao seu redor.

Pegando a mão da sua melhor amiga, Nessa puxou Becca para


longe do vidro quebrado. Pulando sobre as chamas, elas correram na
direção da porta aberta, enquanto outro coquetel Molotov entrava
voando pela saída. O fogo rapidamente engoliu a sala de estar dos
Anderson.

O coração de Nessa acelerou e seus pulmões queimaram; elas


estavam correndo de uma situação ruim para outra, mas elas não
podiam ficar dentro da casa porque a fumaça estava por todos os lados.

~ 84 ~
No momento em que elas chegaram na varanda, Nessa empurrou Becca
para o chão, a protegendo das balas que vinham voando. Uma dor
afiada atravessou seu braço. Ignorando-a, ela sussurrou no ouvido de
Becca — Não se levante, não se mova, eu volto em um segundo.

Becca olhou para ela, as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.


Nessa não queria nada que não fosse abraçar a sua melhor amiga e
deixar que a tristeza a consumisse, mas a rápida saraivada de balas
não ia deixar isso acontecer. Elas despertaram a sua vontade de lutar.

De proteger.

De sobreviver.

Girando ao redor, Nessa segurou a respiração e correu para


dentro da casa, direto para o armário na entrada que guardava um
pequeno arsenal. Pegando a mala que ela sabia que estava cheia de
uma variedade de armas, Nessa a arrastou direto para a varanda.

Se posicionando atrás de um grande vaso de plantas, Nessa


pegou um rifle semiautomático, verificou se estava carregado e o
entregou para Becca. Sua melhor amiga não levantou a cabeça, apenas
fechou os dedos ao redor do cabo da arma. A garota não ia ajudar em
nada nessa luta, presa demais na sua tristeza para proteger a si
mesma. O foco de Nessa, no entanto, estava em matar aqueles que
tinham ferido a mulher que ela amava como uma mãe. Que pensaram
que poderiam acabar com o Hell’s Exiles.

Pegando mais duas semiautomáticas e mais um pente duplo de


balas cheio, Nessa carregou a arma, rolou para ficar de joelhos e mirou
em um dos motoqueiros. O ricochete do tiro a ensurdeceu e a jogou
para trás, fazendo com que ela batesse com a cabeça no vaso alto. Ela
mal registrou o fato de que ia ficar dolorida mais tarde, porque nesse
momento ela não tinha tempo para deixar a dor afetá-la. Nessa
começou a atirar ferozmente, acertando a moto, mas não o motoqueiro.

Ela nunca tinha apontado uma arma para um ser humano antes,
mas em sua mente aquele não era um grupo de homens. Para ela, eles
não eram nada mais do que vermes que precisavam ser erradicados.
Eles tinham ferido o clube. Eles tinham matado mulheres e crianças
inocentes.

Deixando que a sua raiva crescente assumisse o controle, Nessa


se concentrou. Mirando em seu alvo, ela se preparou para o coice da
arma e apertou no gatilho. Um pequeno arrepio de triunfo correu por
ela quando o homem em quem ela tinha mirado caiu da sua moto com

~ 85 ~
um baque duro no chão, não morto, mas ferido. Essa animação não
durou muito, pois a chuva de balas se virou de repente na sua direção.
Tropeçando, ela puxou Becca junto com suas armas para o outro lado
da varanda, procurando por um lugar mais abrigado. Uma bala passou
voando pela sua cabeça, o calor do metal queimando sua pele. Outra
fisgada de dor explodiu em seu ombro e a fez rolar por cima de Becca.
Uma intensa agonia queimou pelo seu corpo, fazendo-a soltar um silvo
de indignação e um interruptor ser acionado em seu cérebro.

Em dois movimentos fluidos, ela empurrou Becca para baixo do


balanço da varanda e se levantou, uma arma em cada mão. O tempo
ficou lento outra vez. Seus ouvidos zumbiam com o som do seu pulso
constante. A pistola na sua mão esquerda escorregou devido ao sangue
acumulado em sua palma. Apertando com mais força, Nessa levantou
os braços e soltou sua raiva. Em um minuto era ela quem estava
segurando as armas, e no próximo era como se ela fosse alguém de fora,
observando a cena. Vendo como uma tatuadora se transformava em
uma atiradora maníaca. O jardim se tornou a sua tela, as pistolas eram
o seu pincel. A cada tiro que ela dava, outro golpe de cor se misturava à
arte que ela estava criando.

O motoqueiro que ela tinha derrubado da moto foi o primeiro a


cair, sua jaqueta de couro preto se rasgando aberta quando ela abriu
um buraco no seu peito. Em seguida ema mirou no filho da puta em
cima de Tommy. A cabeça do seu alvo explodiu em vermelho antes dele
cair no chão. Através da chuva, o som das balas e da sua própria raiva
eram altos demais, e ela não ouviu as motos chegando até ver seu
próximo alvo. Quando ela focou em Chase sua visão borrou, seu corpo
balançou e desabou contra o chão duro da varanda.

Ele está aqui.

Quando a sua raiva assassina diminuiu, a adrenalina que a


mantinha de pé também, e a dor explodiu de uma vez.

Merda, levar um tiro doía pra caralho.

~ 86 ~
Eles aceleraram pela estrada como se estivessem sendo seguidos
pelos demônios do Inferno.

A mensagem de Tommy pedindo ajuda fez com que todos saíssem


correndo da fábrica, direto para a casa de Quin. Chase não teve sequer
tempo de registrar que toda essa merda podia estar acontecendo por
causa de um membro invejoso da família. Se o seu tio estava
procurando por briga, conseguiu muito mais do que isso. Chase estava
declarando guerra ao homem que tinha colocado um alvo nas costas da
sua mulher, e ele ia se unir a todos os clubes que eram simpatizantes
do Hell’s Exiles.

Três motos desconhecidas passaram correndo quando ele


finalmente bateu no cascalho da entrada. Ele não as seguiu, seu único
foco era Nessa, ele precisava chegar até ela. No meio do caos, sua visão
se tornou uma fúria negra; sangue e balas voavam pelo jardim. Seus
olhos correram para os dois corpos esparramados sobre a calçada antes
de parar na sua mulher. Uma pequena mistura de raiva e orgulho o
encheu ao vê-la ali de pé, em plena glória de batalha. Ela parecia um
escuro anjo de vingança.

Atrás dela as flamas subiam e a fumaça saía pelas janelas


quebradas. Ainda assim ela permanecia de pé, as pernas separadas,
uma arma em cada mão, e seus olhos mostravam uma raiva maníaca.
Ela era uma guerreira protegendo o seu clube.

Ela girou uma das pistolas na direção dele, mas antes que ele
pudesse se preocupar que ela atirasse, a visão de sangue decorando a
parte superior do seu peito enviou um medo que ele jamais havia
conhecido pelo seu sistema. A força desse medo ameaçou derrubá-lo. O
ar ficou preso nos seus pulmões e seu coração congelou no peito
quando ele viu um pequeno sorriso se formar nos lábios de Nessa, e
então ela desabou no chão.

~ 87 ~
Pulando da sua moto ainda em movimento, Chase correu através
do chão ensopado de chuva e sangue. Subindo os degraus em um pulo,
ele chegou até Nessa. Seu coração parou de bater, o medo finalmente o
paralisando. Sob a fuligem e o sangue, a pele de Vanessa estava pálida.
Se ajoelhando ao lado do seu corpo inclinado, seu rugido de angústia foi
repetido por alguém no jardim. Chase podia sentir seu peito sendo
arrancado do peito, até que ela abriu os olhos, revelando o tom azul que
ele não podia começar o dia sem ver.

— Porra, baby, você me assustou pra caralho. Eu pensei que


tinha te perdido... eu pensei... eu pensei que você tinha morrido, — ele
sabia que estava gaguejando, mas foda-se, o jeito que ela estava deitada
o fez pensar que ela tinha morrido.

Lágrimas encheram seus olhos, e seu assobio de dor elevou a


raiva dele a níveis máximos. Ele ia matar esses filhos da puta. Cada um
deles.

— Não se mexa, baby, me deixe verificar você, — o mais


gentilmente possível, Chase correu as mãos pela sua pele. Havia alguns
pequenos cortes no seu rosto, uma bala tinha atravessado o seu bíceps
direito, mas o pior era o tiro que ela levou no ombro esquerdo. Sem
girar o seu corpo não havia como saber se a bala tinha atravessado ou
não. Chase tirou sua própria jaqueta e a camiseta molhada de chuva. —
Isso vai doer, Nessa, mas eu preciso tentar diminuir o sangramento.

— B-Bianca... — suas palavras saíram quebradas e mais lágrimas


encheram seus olhos.

Ele não tinha tempo para se preocupar com mais ninguém. Nessa
estava perdendo muito sangue, e ele não ia perde-la só porque não
aproveitou o tempo para tentar estancar a hemorragia.

Ao fundo ele podia ouvir seus irmãos de clube cuidando dos


fodidos que invadiram o seu território. Inclinando-se para a frente, ele
tomou a sua boca e engoliu os gritos dela quando pressionou a ferida
no ombro. Os dentes de Nessa afundaram no seu lábio, enchendo sua
boca com o gosto do seu próprio sangue. Depois de tudo que ele fez ela
passar, a arrastando para essa vida, ele merecia essa pequena dor. Se
afastando, ele descansou sua testa contra a dela e respirou fundo,
procurando a fragrância floral que geralmente cercava a sua mulher.
Um suave barulho fez seus olhos estalarem na direção da sua irmã,
escondida sob o balanço da varanda. Becca não olhou de volta para ele,
seus olhos vazios, sem ver o que estava na sua frente.

~ 88 ~
— Chase, nós temos que ir. Os policiais estão a caminho, — Blake
se agachou ao lado dele. — Merda. Nessa. Você está bem, garota?

— Momma... Por favor, Deus... p-por favor, me diga...

Blake o surpreendeu ao colocar a grande palma na bochecha de


Nessa. — Eu sinto muito, querida. Ela se foi.

O estômago de Chase revirou com as palavras de Blake. Puta


merda, Bianca. Os filhos da puta tinham matado Bianca.

Um miado arrastou sua atenção de volta para a sua irmã. Antes


que ele pudesse dizer alguma coisa, Blake estava lá, a tirando de
debaixo do banco. Ele murmurou algo para ela, e então acomodou o seu
rosto perto do seu peito. — Nós temos que ir, cara. De jeito nenhum os
policiais vão acreditar que nós não começamos essa merda. E o Prez
perdeu a cabeça.

Levantando mais a cabeça, Chase olhou a cena se desenrolando


no jardim. Tommy estava levando as motos para a garagem enquanto
Horse pegava o carro. Zane estava ocupado segurando Quin, que estava
querendo pegar o único filho da puta que eles conseguiram capturar.
Quin ia ter a sua chance de acabar com ele, mas não até que eles
arrancassem o máximo de informações possíveis do desgraçado. E ao
lado do carro, estavam dois corpos caídos: o de Rico o e da sua
madrasta.

O temperamento de Chase explodiu. Blake estava certo; eles não


podiam estar aqui quando a polícia chegasse. Eles jamais iriam
conseguir a sua vingança de trás das grades.

— Me ajude a tirar as garotas da varanda. O fogo está se


espalhando, — a chuva não estava sendo o bastante para acalmar o
acelerador que os desgraçados tinham usado. E a fumaça estava
ficando mais densa.

Sem dizer uma palavra, Blake levantou Becca em seus braços e


desceu as escadas da varanda. Chase não perdeu o fato de que o
grande homem a manteve protegida de ver o corpo morto da sua mãe,
assim como ele levou Becca pelo outro lado das escadas.

Olhando novamente para Nessa, ele secou as lágrimas dos seus


olhos. — Me desculpe, baby, mas eu tenho que mover você. Preciso que
você seja corajosa, — porra, ele não queria fazer isso. Ele sabia que ia
doer demais. Mas sua mulher não reclamou, ela apenas apertou os
dentes e acenou para ele.

~ 89 ~
Outra vez ele engoliu o seu grito de dor quando ele a pegou nos
braços e a levou para longe da casa em chamas. Colocando-a com
cuidado no chão, ele a beijou mais uma vez antes de se afastar. Ele
precisava se recompor e agir como VP do Hell’s Exiles, e não como um
namorado apavorado. Ele precisava proteger o clube. E isso significava
levar os seus garotos para um lugar seguro.

— Nessa, eu tenho que ir. Nós não podemos ficar aqui...

— Vai. Eu entendo, — suas palavras saíram através dos seus


dentes apertados. — O que você quer que eu diga para os policiais?

Deus, ele a amava. Ele piscou lentamente quando a força dessa


palavra passou pelo seu cérebro. Amor. Ele tinha lhe dito que ela era
dele, mas essa palavra não tinha passado pelos seus lábios desde o dia
em que ele implorou a sua mãe para não deixá-lo, quando ele tinha
quatro anos de idade. Afastando essa lembrança, ele deu a Nessa e
Becca uma rápida explicação do que dizer para a polícia.

Com o som das sirenes vibrando no ar, ele correu até a varanda e
pegou as armas que Nessa tinha usado. Limpando suas digitais da
melhor forma possível, ele as colocou nas mãos de Rico. Apertando a
mão do homem morto ao redor da pistola, ele disparou um tiro. Ele não
se sentiu culpado em colocar as mortes nas costas do seu irmão
falecido. Qualquer um dos irmãos do clube teria assumido a culpa, ao
invés de deixar que uma das mulheres fosse acusada de assassinato.
Mesmo que fosse em legítima defesa, as garotas eram parte do Hell’s
Exiles, e não importava qual fosse a situação, os policiais não iam
esquecer esse fato.

Colocando sua mão sobre o patch de prospecto de Rico, Chase


falou baixinho. — Dirija selvagem, meu irmão.

***

Suor escorria das suas sobrancelhas e seus dedos estavam


machucados por debaixo da fita. Balançando o braço outra vez contra o
filho da puta pendurado no teto da fábrica, Chase mergulhou o punho
no seu nariz já quebrado. Ele teria amado sentir a pele do desgraçado
se rasgar sob os seus dedos descobertos, mas não seria inteligente
aparecer no hospital com as mãos machucadas.

~ 90 ~
— Acho que ele se foi, Chase, — Blake pegou o seu ombro antes
que Chase pudesse acertar mais um soco.

O desgraçado – Billy, se ele não tinha mentido – tinha grunhindo


como um porco, mas isso não significava que Chase tinha parado de
surrá-lo. Depois de mandar alguns dos seus irmãos verificar se as
informações de Billy eram verdade, ele se dedicou a descontar toda sua
raiva no corpo do filho da puta. Ele usou a sessão de socos para tirar
sua mente dos ferimentos de Nessa e da morte de Bianca, pelo menos
por alguns minutos. Ele queria estar ao lado de Vanessa, mas como
Quin estava uma bagunça, Chase tinha que ficar e fazer o seu trabalho.
E isso era reunir o máximo de informações que ele pudesse.

Cuspindo no bastardo, Chase se virou e estendeu as mãos para


que Blake tirasse a fita ensanguentada das suas mãos. — Atualizações?

— Os rapazes disseram que a área está limpa, mas eles


definitivamente estiveram aqui. Zane saiu, ele acha que pode rastreá-
los, — Blake acenou com a cabeça para o homem capturado. — O que
você quer fazer com ele?

— Diga para Charlie dar uma olhada nele. Eu o quero vivo, mas
diga ao médico para não lhe dar nada para dor. O desgraçado vai ser
morto pelo Quin, — Chase se afastou do homem choramingando atrás
dele, tirando suas roupas no caminho. A fábrica estava totalmente
equipada com tudo que eles precisavam, incluindo um bloco de
chuveiros como dos vestiários.

— Quin ainda está na sede do clube? — ligando o chuveiro, ele


esperou Blake responder.

— Eu acabei de falar com Hound, ele disse que nosso Prez já está
na segunda garrafa.

Isso tirava uma preocupação da mente de Chase. Com Quin a


meio caminho de matar seu próprio fígado, ele não estava matando
ninguém mais. Havia hora e lugar para matar, e com a tempestade de
merda que os policiais estavam trazendo, agora não era a hora.

Ele entrou sob os jatos d’água e lavou o suor e o sangue da sua


pele, sua mente correndo para a cena que ele tinha acabado de
presenciar. Ele nunca esteve com tanto medo em toda sua vida, e ele já
tinha estado em situações bem ruins antes. A diferença era que elas
tinham sido uma ameaça apenas para ele. Ao ver Vanessa desabar,
Chase percebeu uma coisa: ela era a sua vida. Se ele a perdesse, iria
virar uma concha vazia ambulante.

~ 91 ~
Porra! Embora ele soubesse que o casamento do seu pai não era
sempre feliz, o homem devia estar se sentindo da mesma forma. Não
havia nada que ele pudesse fazer por Quin agora, mas Chase jurou que
seu pai e seus irmãos do Hell’s Exiles teriam a sua vingança.

Depois de se secar, ele vestiu roupas lindas e saiu da fábrica. Ele


esteve esperando um telefonema do hospital, no qual agiria
apropriadamente surpreso por só então estar ouvindo falar do tiroteio,
antes de correr até lá. Mas seu telefone permaneceu mudo. Foda-se, ele
não ia esperar mais.

Acelerando pela estrada principal na sua Heritage Softail3, ele


notou que Blake vinha logo atrás.

3 É um modelo de moto.

~ 92 ~
Nessa não podia acreditar na audácia dessas pessoas. Por quase
um mês eles ignoraram completamente a sua existência, e agora
queriam agir como pais preocupados. Três vezes ela pediu a enfermeira
para ligar para Chase, ou droga, pelo menos lhe trazer o maldito
telefone, e três vezes seus genitores interferiram. Na verdade, as
palavras do seu pai foram — Eu proíbo qualquer um de ligar para
aquele criminoso, — enquanto resmungava o tempo todo sobre ser um
advogado. Nessa queria ainda ter uma das armas. Assim ela podia
colocá-los para fora até que alguém chamasse o seu homem.

Fechando os olhos, ela rezou por intervenção divina e algo mais


forte do que os remédios para dor. Ser alérgica a morfina era uma
merda. E ela não ia ter nada das coisas boas até que fosse para a
cirurgia. Esse médico idiota acha que ele apenas pode ir e me deixar
esperando, não é? Quem sabe eu coloco uma arma no seu braço e vejo...

— Me disseram, — a voz da sua genitora a puxaram dos seus


pensamentos malvados sobre o médico, — que essas pessoas não são
boas, Vanessa. Eu nem ao menos consigo lamentar a morte dessa
mulher. Isso é o que você consegue...

Nessa finalmente perdeu a cabeça. — Como você ousa dizer uma


maldita palavra sobre ela? Aquela mulher foi uma mãe para mim mais
do que você jamais fois, — com um grito de furar os tímpanos, Nessa se
lançou sobre a mulher que a pariu. Seu grito de raiva rapidamente
virou um de dor quando fogo se espalhou pelo seu ombro.

O som das botas contra o chão de linóleo do hospital alcançou


seus ouvidos ao mesmo tempo em que grandes mãos gentilmente a
abraçaram, levando-a para longe da vadia arrogante. O cheiro dele foi a
primeira coisa que penetrou a raiva da sua mente; o som da sua voz
veio em seguida.

— Mas que diabos você está fazendo aqui?

~ 93 ~
Primeiro ela pensou que ele estava falando com ela, e então
percebeu que era com eles. No tempo em que estiveram juntos, ela
tinha contado para Chase os detalhes não tão bonitos da sua infância e
adolescência na casa dos Randall. Ela nunca foi fisicamente abusada;
seu abuso veio na forma de uma negligencia flagrante. Ela não se
encaixava na agenda ou no mundo deles, então era fácil para eles
colocá-la de lado e esquecer que ela estava lá. Dizer que Chase estava
irritado por eles estarem aqui seria um eufemismo.

— Nós somos os pais dela, — a resposta de seu pai tinha um


caráter tão formal quanto eles próprios. E até onde ela sabia, pais era
uma palavra meio exagerada. Eles eram apenas seus criadores, nada
mais.

— Eu acho isso meio difícil. Vocês nunca estiveram por perto. Ela
passou a maior parte da vida na casa do meu pai, — Chase a colocou
de volta na cama, suas mãos correndo gentilmente pelos seus braços,
mas ela podia ver a raiva endurecendo o seu rosto enquanto ele olhava
para o casal.

Ao se sentar na cama, ela ficou bem feliz por deixar Chase lidar
com eles. Ela estava com muita dor para discutir com o par de idiotas.

Mais uma vez seu pai provou sua arrogância ao se aproximar da


cama e colocar sua mão no ombro machucado de Nessa. Ela sibilou
com a pressão, e Chase respondeu com um rosnado. A mão
desapareceu do seu ombro tão rápido quanto tinha surgido, e através
da sua visão borrada, Nessa viu seu pai cair no chão, sua mão sendo
esmagada pela muito maior de Chase. Ela não pode deixar de bufar à
vista do rosto de Nathan Randall apertado de dor. Ele podia se achar
grande coisa no tribunal, mas para os Hell’s Exiles ele era um ninguém,
e Chase estava lhe ensinando isso. Aparentemente, desde que se
envolveu com o seu motoqueiro, ela desenvolveu um lado muito
violente, porque ver seu pai gemer de dor era extremamente satisfatório.
E ouvir seus gritos de desconforto era música para os seus ouvidos.

Com toda essa gritaria, primeiro dela, depois do seu pai, Nessa
estava surpresa pela segurança do hospital ainda não ter aparecido.
Olhando para a entrada do quarto, ela viu Blake parado ali como uma
sentinela. Sim, ninguém ia passar pelo grandão. A maioria das pessoas
temia Chase devido à sua posição no Hell’s Exiles, mas uma simples
olhada para Blake os fazia sair correndo, com medo pela sua vida; ele
era um cara realmente muito assustador. Ele deve ter sentido os olhos
dela nele, porque viril a cabeça, aquelas órbitas negras a encarando. Ele
acenou uma vez, então voltou a vigiar o corredor.

~ 94 ~
A voz de Chase trouxe sua atenção de volta para o quarto. —
Prestem muito atenção no que eu vou dizer, porque eu não gosto de ter
que repetir, e vocês não vão gostar das consequências se eu precisar
fazer isso. Nessa é minha. Minha mulher, e logo ela vai ser minha
esposa... — seu coração saltou uma batida com essas palavras, e
lágrimas se formaram nos cantos dos seus olhos. — Ela não quer vocês
aqui, e nem eu. Então, quando eu te soltar, vocês vão levantar esses
rabos metidos e dar o fora daqui. Não olhem para trás, não façam
contato com ela outra vez. Se ela um dia quiser ver vocês... bem, vamos
ver se isso vai acontecer um dia, — seus dedos ficaram brancos quando
ele apertou a mão de Nathan Randall ainda mais forte, até que seu pai
estava acenando em concordância. Então ele deixou o homem cair
completamente no chão.

Nenhum dos seus genitores olhou para ela antes de saírem do


quarto.

***

Depois de passar cinco minutos discutindo com a enfermeira para


descobrir o que estava acontecendo com Nessa, finalmente foi o ela é
sua noiva de Blake que o fez conseguir o que queria; e então todo o
inferno explodiu. Seus pés estavam em movimento antes que o grito
cheio de raiva penetrasse o seu cérebro. Encontrar a sua mulher ferida
lutando com a sua mãe não deveria tê-lo excitado, mas foda-se, ela
ficava quente quando estava irritada. Sabendo que Blake estava às suas
costas, Chase abordou e lidou com os filhos da puta incomodando a
sua garota.

— Você está bem, baby? — ele finalmente perguntou quando o


quarto estava vazio.

— Não muito, — ela deve ter visto o seu pânico, e rapidamente


trabalhou para acalmar a besta dentro dele. — Eu estou emocional e
não sei com qual emoção lidar primeiro.

Sua resposta o confundiu. Ele não estava acostumado a lidar com


essas merdas emocionais. Jesus, ele estava apenas começando a
aprender que tinha mais do que desejo e raiva no seu próprio
repertório. — Eu não sou bom com essas coisas, baby. O que você quer
dizer? Você vai ter que me explicar melhor, querida.

~ 95 ~
— Eu estou assustada, triste, preocupada e com raiva, tudo ao
mesmo tempo. É como se eu estivesse em uma montanha-russa de
emoções. E então tem essa dor que não está ajudando em nada.

Se inclinando para a frente, Chase colocou sua testa contra a


dela, a culpa o devorando por dentro. Ele que deveria estar aqui. Ele
deveria tê-la protegido melhor. — Eu sinto muito, bab...

— Você não precisa dizer isso. Então vamos pular essa parte. Mas
Chase, você acha que pode trazer uma enfermeira aqui? Eu pareço
estar sangrando por todos os lugares, — ela esfregou o rosto da maneira
mais adorável.

Afastando-se um pouco, ele olhou para ela, realmente a


enxergando pela primeira vez desde que entrou no quarto. Porra, ele
tinha que prestar mais atenção, ela obviamente tinha arrancado a
intravenosa quando atacou a sua mãe; o sangue estava fazendo uma
poça sob o seu braço. Colocando sua mão sobre a ferida, ele ignorou o
estremecimento dela e colocou mais pressão para diminuir o fluxo
enquanto se inclinava para apertar o botão para chamar uma
enfermeira. — Por que você ainda não foi levada para a cirurgia?

— O maldito médico está na hora do almoço e como eu não corro


risco de morte, ele acha que eu posso esperar.

— Ah, é mesmo? Isso está prestes a mudar, — se virando, ele


olhou para o seu executor. — Cuide disso, — Blake acenou e então saiu
para o corredor.

Uma enfermeira idosa entrou no quarto. Balançando a cabeça, ela


foi recolocar a intravenosa e fazer coisas que enfermeiras faziam.
Ignorando os bufos, Chase segurou a mão de Nessa, não saindo do
caminho do velho morcego.

— Os policiais querem que eu vá à delegacia quando sair daqui,


para dar um depoimento formal, — ela sussurrou depois que a
enfermeira saiu.

— Tudo vai ficar bem, Nessa. Um dos irmãos é advogado e ele vai
estar lá com a gente.

— E se eles me acusarem, Chase? Eu mat... — se inclinando para


frente ele a beijou, cortando suas palavras antes que ela pudesse as
dizer em voz alta.

~ 96 ~
— Calma, baby, você não fez nada. Seus tiros foram aleatórios.
Rico disparou os tiros que mataram. Você me entendeu? — ele falou
com os lábios pressionados nos dela.

O seu sim foi uma mera respiração contra a boca dele.

— Ótimo. Agora descanse. O médico vai estar aqui logo e nós


vamos consertar esse braço.

Puxando uma cadeira para perto, Chase observou ela fechar os


olhos e então seu peito se mover em um ritmo lento que apenas o sono
podia trazer.

***

— Ela vai ficar bem, cara, — Blake parou ao seu lado na sala de
espera.

— Sim, eu sei. O médico disse que a bala ficou alojada no


músculo, então não quebrou o osso, o que é a única boa notícia sobre
essa lesão, — Chase se impediu de dar um soco na parede andando de
um lado para o outro da pequena sala. Cada vez que ele pensava em
Vanessa levando um tiro, sua fúria ameaçava dominá-lo.

— Eu quero esses filhos da puta, Blake. Cada um deles, — ele


manteve sua voz baixa, mas a ameaça era clara.

— Você acha que eles vão vir diretamente para nós outra vez? —
ele se inclinou casualmente contra a parede, mas Chase estava tudo,
menos calmo. Linhas apertadas emolduravam sua boca, e suas mão
estavam fechadas em punhos apertados que deixavam seus dedos
brancos.

— Sim, eu também, cara. Mas nós temos que encontrar eles


primeiro, — Chase não ia descansar até encontrar os filhos da puta por
trás do ataque. Esse pensamento estalou uma faísca no seu cérebro. —
Onde diabos está Rebecca? Eu achei que ela estava aqui com Vanessa.

— Merda! Está tudo bem aqui? Eu preciso encontrá-la.

Blake não esperou Chase responder; o grande homem saiu


correndo. Sua reação fez Chase se perguntar o que diabos estava
acontecendo entre a sua irmã mais nova e o seu irmão de clube.

~ 97 ~
— Ela é uma guerreirinha, essa daí.

Chase acenou para o presidente do Hades MC. Alguns clubes com


quem o Hell’s Exiles mantinha uma boa relação apareceram para
prestar seus respeitos. Isso não significava que ele tinha que ser
educado com eles, no entanto.

— Mantenha suas patas longe dela. Porra, ela é minha. Não pense
que eu não notei o jeito que você esteve seguindo todos os seus
movimentos.

— Você acha que é homem o bastante para manter uma coisinha


selvagem como ela?

Mesmo pelo canto do olho, Chase podia ver o sorriso do homem


mais velho. — Não me provoque, Hell. Eu vou enterrar vivo qualquer
homem que tentar tocar nela.

O desgraçado virou sua cabeça na direção de Nessa outra vez,


enquanto pegava um cigarro. Ainda assim, ele não perdeu o leve
balançar de cabeça que Hell deu a um dos seus garotos indo na direção
dela. Sim, o imbecil sabia que era melhor ouvir o seu Prez e continuar
andando, ou ele ia ter um encontro nada amigável com o punho de
Chase.

Se inclinando para trás na sua cadeira, Chase tomou outro gole


da sua cerveja, o gosto amargo não fazendo nada para diminuir a
tensão em seus ombros. O fato de ter motoqueiros desconhecidos em
cima da sua mulher estava fazendo ele se coçar por uma briga. E hoje
não era o dia para começar uma dessas.

— Acho que está na hora de eu e meus garotos irmos embora.


Diga a Quin que quando a guerra chegar, Hades vai cobrir suas costas.
Ninguém mata inocentes no meu território.

~ 98 ~
Chase levantou suas sobrancelhas para isso. — Com certeza esse
é meu território, Hell. Mas nós vamos convidar vocês todos para a luta.

— Nah, é o território do Hades. Nós apenas somos legais o


bastante para compartilhar ele com vocês, seus babacas. Mas não conte
para os outros sobre a nossa hospitalidade, ou vamos ter um monte de
clubes pensando que estamos dispostos a compartilhar mais da nossa
terra.

Balançando a cabeça, Chase ignorou a provocação de Hell. Havia


uma discussão de longa data sobre quem possuía Nevada. A verdade
era que eles compartilhavam, e na maior parte os clubes ficavam na
sua, mas cuidavam um do outro. Hades não era um clube tão grande
como o Hell’s Exiles, mas eles um bando de filhos da puta cruéis, e tê-
los ao seu lado era sempre uma coisa boa.

— Obrigado, e boa viagem. Se vocês precisarem do clube em


algum momento, apenas entre em contato.

Hell lhe deu um bom tapa no ombro antes de se levantar. Chase


tinha que dar o braço a torcer para o homem; no momento em que ele
se levantou, todos os seus garotos pararam o que estavam fazendo e o
seguiram para fora da sala.

Mais uma vez, seus olhos correram para Nessa. Ela era como um
farol, brilhando com uma luz interior. Por causa dele, seu mundo tinha
virado de cabeça para baixo e então se partido. Se ele fosse mais forte, a
deixaria ir. Deixaria que a sua luz continuasse brilhando, intocada pela
loucura que era ser uma old lady. Mas desistir dela era como desistir de
respirar.

— Ele está certo, sabe?

— Sobre o quê? — Chase não olhou para Zane quando o homem


sentou ao seu lado.

— Ela é uma guerreira, cara. Então pare de se preocupar.

Tirando seu foco de Vanessa, ele finalmente olhou para o outro


homem. Ele não tinha visto seu irmão de clube no funeral, e não estava
esperando que ele voltasse à cidade, na verdade.

— Eu nunca vou parar de me preocupar com ela, Zane. Se algo


acontecer a ela... — ele não podia terminar. Porra, nada jamais podia
acontecer com Vanessa. Porque, diferente do seu pai, que estava
consumindo sua tristeza em cada garrafa com álcool que podia

~ 99 ~
encontrar, Chase tinha certeza absoluta que a sua reação ia ser um
pouco mais violenta.

— Eu não vi você no funeral. Você acabou de chegar? — ele


perguntou, mudando de assunto.

— Eu estava lá. Mas cheguei atrasado, então fiquei atrás da


multidão, — Zane parou e balançou a cabeça para a vadia do clube que
estava se aproximando deles. — Você quer um relatório agora ou vai
esperar até a próxima reunião?

Chase tomou outro gole de cerveja, seus olhos correndo mais uma
vez para Vanessa. — Nah, cara, hoje não é dia para essa merda. Além
disso, acho que está na hora de levar minha mulher para casa.

***

Nessa ignorou os olhos queimando um buraco na parte de trás da


sua cabeça e, às vezes, na sua bunda. Ela sabia que esse olhar intenso
pertencia a Chase. O homem não a perdeu de vista nem uma vez desde
que ela recebeu alta do hospital. Mesmo lá ela teve um constante fluxo
de irmãos do Hell’s Exiles visitando – ou vigiando – o seu quarto.

— Oi, Tommy. Você viu Becca por aí?

— Eu não a vi faz algum tempo, guerreirinha.

— Pare de me chamar assim, — ela tentou esconder suas


bochechas ficando vermelhas.

— Nah, eu acho que isso vai pegar. Além do mais, ele é muito
preciso, — o idiota bateu com o dedo na ponta do seu nariz, um sorriso
malvado iluminando seu rosto. — Você com certeza impressionou os
caras do Hades pra caralho, para eles te darem um apelido.

Nessa riu. Ela tinha certeza que a única razão para ser chamada
de guerreirinha, em primeiro lugar, era porque o grande fumante careca
presidente do Hades tinha esquecido seu nome. Isso podia ter algo a ver
com o fato dele só ter olhado para os seus peitos, e não para o seu
rosto, quando Chase os apresentou. A pior parte era que havia gente o
bastante ao redor quando ele a chamou de Guerreirinha, então o seu
nome apelido se espalhoy rápido e parecia que ia pegar.

~ 100 ~
— Que seja, Tommy. Eu vou encontrar Becca. Você vai ficar bem
aqui?

— Quem é você, minha mãe? Vá achar ela, mas não saia da casa,
entendeu?

— Sim, papai, — ela sorriu para ele antes de virar em um canto.

Ela só tinha dado dois passos antes que um par de braços


quentes a rodeasse. Fechando os olhos, ela deixou o cheiro dele passar
pela névoa de cerveja e fumaça. Sua mistura única de couro, sabonete e
algo que ela não podia descrever, mas que era puro Chase, agiu como
uma dose de adrenalina, liquefazendo seus nervos em puro desejo.

— Onde você está indo, baby? — sua respiração chegou à orelha


dela antes de ir mais para baixo e soprar sobre o seu ombro descoberto.

Onde ela estava indo? E por que ele estava fazendo essas
perguntas enquanto a provocava? Ele sabia que ela não conseguia
pensar direito quando ele a tocava. — Hmm, algum lugar... Porra,
Chase, não comece algo que você não vai acabar, — ela saiu do seu
abraço, girando para poder encará-lo.

— Ah, eu planejo acabar, baby. Assim que a gente chegar em


casa.

Seu coração pulou uma batida antes de acelerar. Ele não tinha
feito nada além de dormir de conchinha com ela desde sua alta do
hospital, preocupado que qualquer outra ação poderia machucar mais o
seu ombro. O homem idiota não entendia que acordar com o seu pau
duro batendo nas suas costas a machucava muito mais. Era um grande
desperdício não deixar que ela se aproveitasse da excitação dele.

— É melhor você não estar brincando comigo, Chase. Hoje, de


todos os dias... eu preciso... eu preciso... esquecer.

Droga, as malditas lágrimas iam começar outra vez. Pelo menos


ele não surtava mais quando isso acontecia. Nessa tinha certeza que da
primeira vez que ela abriu a torneira, logo depois do tiroteio, o grande
motoqueiro tinha ficado muito assustado. Agora, quando ela perdia o
controle sobre a choradeira, ele apenas a puxava para o seu peito e a
deixava usar sua camiseta como lenço de papel.

— Chega disso, baby. Eu prometo que essa noite eu vou fazer


você esquecer o seu nome.

— Tão confiante assim? — ela sorriu no seu peito.

~ 101 ~
— Que tal eu te dar uma pequena prévia antes de nós irmos para
casa?

Seus lábios tinham apenas tocado nos dela quando a porta ao


final do corredor se abriu, e o som de vocês alteradas quebraram o
momento.

— Volte já aqui, Rebecca. Não se atreva a me dar as costas, ou...

— Ou o que, Quin?

Merda! Isso não ia acabar bem. Nessa viu as lágrimas e a raiva


marcando o rosto da sua melhor amiga antes dela se virar para encarar
novamente o seu pai.

— Não me desrespeite, porra...

— Você que não venha me falar de respeito. Você me dá nojo,


porra, — Becca gritou as palavras e chamou a atenção de todos por
perto. — A terra ainda nem secou sobre o túmulo da sua esposa...
minha mãe. E você já está fodendo uma das suas putas.

— Eu estou te avisando, Rebecca.

O jeito que Quin disse as palavras fez com que Nessa se


preocupasse com a segurança de Becca. E aparentemente ela não foi a
única. — Fique aqui, — Chase sussurrou para ela antes de se
aproximar da ação, e ela viu Blake sair de uma outra porta, levemente
se colocando entre o par discutindo.

— O que você vai fazer comigo, Quin? Você e o seu clube fodido já
me tiraram a única coisa que eu amava de verdade, e você não pode
nem ao menos honrar a sua memória mantendo isso aí dentro das
calças no dia em que você a enterrou. Eu queria que fosse você naquela
cova. Você não é o meu maldito Prez, e até onde eu sei, você não é mais
meu pai também, então vá se foder, Quin, — e com isso Becca veio
marchando na direção de Nessa. A dor no rosto da sua amiga fez com
que lágrimas escorressem pelo seu próprio rosto. Ela nunca tinha visto
Becca tão quebrada antes.

Na cena ao fundo, Nessa viu o soco que Quin deu em Chase. O


seu motoqueiro levou o baque com apenas um grunhido antes de
acertar um gancho de direita na mandíbula do homem mais velho.

— Não se atreva a sair daqui, guerreirinha. Fique aqui. Chase vai


resolver isso em um minuto, — Blake parou na frente dela, bloqueando
sua visão da luta.

~ 102 ~
— Mas...

— Não. Essa é a vida do clube, deixe ele fazer o seu trabalho, —


Blake inclinou a cabeça dela para cima, até que ela não teve escolha a
não ser encarar aqueles olhos cor de ônix.

— Eu tenho que encontrar Becca.

— Fique aqui, Chase vai precisar de você quando acabar. Eu vou


dar uma olhada na princesa.

— Ok.

Blake a deixou ali parada para ver o seu homem e o pai dele
darem uma surra um no outro. Bem... ela já sabia que essa família era
louca.

~ 103 ~
— Eu disse que ia fazer você esquecer o seu nome, — Chase disse
com o hálito quente contra a parte baixa das suas costas, sua cabeça
descansando nas curvas da bunda dela.

— Eu tenho certeza que eu esqueci o seu nome por um tempo,


também, — ela sorriu no travesseiro e deixou que a sensação líquida do
sono que estava chegando se acomodasse nos seus ossos.

— Nah, baby, você não parou de gritar o meu nome. Eu tenho


certeza que as pessoas nas cidades ao redor de Vegas sabem ele agora.

O idiota arrogante a fez rir. Enquanto ele a levava para o Paraíso


uma e outra vez, a única palavra que ela tinha sido capaz de dizer,
gemer e sim, gritar, era Deus!

— Você está caindo no sono, baby?

— Nah, — ela mentiu. Sério, o homem a tinha feito gozar pelo


menos seis vezes e esperava que ela estivesse de olhos bem abertos e
atenta?

— Nessa, você está, não é?

— Chase, se você acha por um segundo que eu vou ser capaz de


ficar acordada depois disso, você é louco, — suas palavras foram
abafadas pelo travesseiro no qual ela estava tentando se enterrar sob.

— Mas você me ama, certo?

— Sim, — ela não hesitou para responder.

— Isso é ótimo, baby, porque eu também amo você.

O sorriso que se formou no seu rosto ameaçou quebrar a sua


mandíbula. Balançando debaixo dele, ela conseguiu rolar até poder
encará-lo. — Você só queria que eu dissesse primeiro?

~ 104 ~
Chase rastejou pelo corpo dela até estar mais uma vez entre as
suas pernas. — Sim, baby, eu queria. Nós, motoqueiros, não lidamos
bem com rejeição. Mas você não disse isso de verdade.

Ela riu outra vez pela maneira que ele levantou as sobrancelhas,
esperando. — Eu te amo, Chase. Agora me beije.

— Ah, eu planejo fazer muito mais do que te beijar. Mas como


você me ama e eu vou ficar com você, tem uma coisa que preciso que
você faça...

***

Nessa ia matar ele. Eles discutiram por uma hora sobre o que
estavam prestes a fazer e quem iria estar lá. A parte do quem foi a única
com a qual ele concordou sem brigar.

Mas agora o grande babaca estava sendo... bem, um enorme


babaca. E isso enquanto ela estava com a bunda exposta para o mundo
ver. Ok, apenas Frog estava lá, mas mesmo seus olhos eram demais
para o grande babaca por quem ela estava apaixonada.

— Chase, se você rosnar para o Frog mais uma vez eu vou furar o
seu olho com uma pistola de tatuagem.

— Ele está tocando na minha bunda, Vanessa.

Frog bufou atrás dela, e ela apenas revirou os olhos. — Eu tenho


certeza que essa tatuagem está sendo feita na minha bunda, Chase. A
menos que você esteja fazendo uma igual que diz Propriedade de Nessa,
cale a boca ou vá embora.

Sim, sua primeira tatuagem não foi o desenho para as suas


costas que ela finalmente tinha acabado. Não, sua primeira tatuagem
foi a insígnia do Hell’s Exiles com um Propriedade de Chase estampado
no meio. Aparentemente, todas as old ladies do círculo interno tinham
que ter uma. Ela não se importava. Até onde Nessa sabia, Chase
Anderson era o dono do seu coração desde que ela tinha quinze anos. E
ele vibrava pelo seu homem como o motor de uma Harley.

~ 105 ~

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