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Como Ler e Entender Bem um Texto 02. Se encontrar palavras desconhecidas, não
interrompa a leitura, vá até o fim,
ininterruptamente;
Língua Portuguesa 1
Apostilas Domínio
03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler 20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão
o texto pelo monos umas três vezes ou mais; dar a ele maior clareza de expressão,
aumentando-lhe ou determinando-lhe o
04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas significado. Eraldo Cunegundes
entrelinhas;
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS
05. Voltar ao texto tantas quantas vezes
precisar; TEXTO NARRATIVO
06. Não permitir que prevaleçam suas ideias As personagens: São as pessoas, ou seres,
sobre as do autor; viventes ou não, forças naturais ou fatores
ambientais, que desempenham papel no
07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, desenrolar dos fatos.
partes) para melhor compreensão;
Toda narrativa tem um protagonista que é a figura
08. Centralizar cada questão ao pedaço central, o herói ou heroína, personagem principal
(parágrafo, parte) do texto correspondente; da história.
09. Verificar, com atenção e cuidado, o O personagem, pessoa ou objeto, que se opõe
enunciado de cada questão; aos designos do protagonista, chama-se
antagonista, e é com ele que a personagem
10. Cuidado com os vocábulos: destoa principal contracena em primeiro plano.
(=diferente de ...), não, correta, incorreta, certa,
errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; As personagens secundárias, que são chamadas
palavras que aparecem nas perguntas e que, às também de comparsas, são os figurantes de
vezes, dificultam a entender o que se perguntou influencia menor, indireta, não decisiva na
e o que se pediu; narração.
11. Quando duas alternativas lhe parecem O narrador que está a contar a história também é
corretas, procurar a mais exata ou a mais uma personagem, pode ser o protagonista ou
completa; uma das outras personagens de menor
importância, ou ainda uma pessoa estranha à
12. Quando o autor apenas sugerir ideia, história.
procurar um fundamento de lógica objetiva;
Podemos ainda, dizer que existem dois tipos
13. Cuidado com as questões voltadas para fundamentais de personagem: as planas: que
dados superficiais; são definidas por um traço característico, elas
não alteram seu comportamento durante o
14. Não se deve procurar a verdade exata desenrolar dos acontecimentos e tendem à
dentro daquela resposta, mas a opção que caricatura; as redondas: são mais complexas
melhor se enquadre no sentido do texto; tendo uma dimensão psicológica, muitas vezes,
o leitor fica surpreso com as suas reações
15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das perante os acontecimentos.
palavras denuncia a resposta;
Sequência dos fatos (enredo): Enredo é a
16. Procure estabelecer quais foram as opiniões sequência dos fatos, a trama dos acontecimentos
expostas pelo autor, definindo o tema e a e das ações dos personagens. No enredo
mensagem; podemos distinguir, com maior ou menor nitidez,
três ou quatro estágios progressivos: a exposição
17. O autor defende ideias e você deve (nem sempre ocorre), a complicação, o climax, o
percebê-las; desenlace ou desfecho.
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Os fatos: São os acontecimentos de que as a história está sendo contada. Como já vimos, a
personagens participam. Da natureza dos narração é feita em 1a pessoa ou 3a pessoa.
acontecimentos apresentados decorre o gênero
do texto. Por exemplo o relato de um Formas de apresentação da fala das
acontecimento cotidiano constitui uma crônica, o personagens . Como já sabemos, nas histórias,
relato de um drama social é um romance social, as personagens agem e falam. Há três maneiras
e assim por diante. Em toda narrativa há um fato de comunicar as falas das personagens.
central, que estabelece o caráter do texto, e há
os fatos secundários, relacionados ao principal. Discurso Direto: É a representação da fala das
personagens através do diálogo.
Espaço: Os acontecimentos narrados acontecem
em diversos lugares, ou mesmo em um só lugar. Exemplo:
O texto narrativo precisa conter informações
sobre o espaço, onde os fatos acontecem. Muitas “Zé Lins continuou: carnaval é festa do povo. O
vezes, principalmente nos textos literários, essas povo é dono da verdade. Vem a polícia e começa
informações são extensas, fazendo aparecer a falar em ordem pública. No carnaval a cidade é
textos descritivos no interior dos textos narrativo. do povo e de ninguém mais”.
Tempo: Os fatos que compõem a narrativa No discurso direto é frequente o uso dos verbo
desenvolvem-se num determinado tempo, que de locução ou descendi: dizer, falar, acrescentar,
consiste na identificação do momento, dia, mês, responder, perguntar, mandar, replicar e etc.; e
ano ou época em que ocorre o fato. A de travessões. Porém, quando as falas das
temporalidade salienta as relações personagens são curtas ou rápidas os verbos de
passado/presente/futuro do texto, essas relações locução podem ser omitidos.
podem ser linear, isto é, seguindo a ordem
cronológica dos fatos, ou sofre inversões, quando Discurso Indireto: Consiste em o narrador
o narrador nos diz que antes de um fato que transmitir, com suas próprias palavras, o
aconteceu depois. pensamento ou a fala das personagens.
Exemplo:
O tempo pode ser cronológico ou psicológico. O
cronológico é o tempo material em que se “Zé Lins levantou um brinde: lembrou os dias
desenrola à ação, isto é, aquele que é medido triste e passados, os meus primeiros passos em
pela natureza ou pelo relógio. O psicológico não liberdade, a fraternidade que nos reunia naquele
é mensurável pelos padrões fixos, porque é momento, a minha literatura e os menos
aquele que ocorre no interior da personagem, sombrios por vir”.
depende da sua percepção da realidade, da
duração de um dado acontecimento no seu Discurso Indireto Livre: Ocorre quando a fala da
espírito. personagem se mistura à fala do narrador, ou
seja, ao fluxo normal da narração. Exemplo:
Narrador: observador e personagem: O narrador,
como já dissemos, é a personagem que está a “Os trabalhadores passavam para os partidos,
contar a história. A posição em que se coloca o conversando alto. Quando me viram, sem cha-
narrador para contar a história constitui o foco, o
aspecto ou o ponto de vista da narrativa, e ele péu, de pijama, por aqueles lugares, deram-me
pode ser caracterizado por : bons-dias desconfiados. Talvez pensassem que
- visão “por detrás” : o narrador conhece tudo o estivesse doido. Como poderia andar um homem
que diz respeito às personagens e à história, àquela hora , sem fazer nada de cabeça no
tendo uma visão panorâmica dos tempo, um branco de pés no chão como eles? Só
acontecimentos e a narração é feita em 3a sendo doido mesmo”.
pessoa.
(José Lins do Rego)
- visão “com”: o narrador é personagem e ocupa
o centro da narrativa que é feito em 1a pessoa. TEXTO DESCRITIVO
- visão “de fora”: o narrador descreve e narra Descrever é fazer uma representação verbal dos
apenas o que vê, aquilo que é observável aspectos mais característicos de um objeto, de
exteriormente no comportamento da uma pessoa, paisagem, ser e etc.
personagem, sem ter acesso a sua interioridade,
neste caso o narrador é um observador e a As perspectivas que o observador tem do objeto
narrativa é feita em 3a pessoa. são muito importantes, tanto na descrição
literária quanto na descrição técnica. É esta
Foco narrativo: Todo texto narrativo atitude que vai determinar a ordem na
necessariamente tem de apresentar um foco enumeração dos traços característicos para que
narrativo, isto é, o ponto de vista através do qual o leitor possa combinar suas impressões isoladas
formando uma imagem unificada.
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Uma boa descrição vai apresentando o objeto finalidade dar a conhecer ou explicar certo modo
progressivamente, variando as partes de ver qualquer questão.
focalizadas e associando-as ou interligando-as
pouco a pouco. A linguagem usada é a referencial, centrada na
mensagem, enfatizando o contexto.
Podemos encontrar distinções entre uma
descrição literária e outra técnica. Passaremos a Quanto à forma, ela pode ser tripartida em :
falar um pouco sobre cada uma delas:
.Introdução: Em poucas linhas coloca ao leitor os
Descrição Literária: A finalidade maior da dados fundamentais do assunto que está
descrição literária é transmitir a impressão que a tratando. É a enunciação direta e objetiva da
coisa vista desperta em nossa mente através do definição do ponto de vista do autor.
sentidos. Daí decorrem dois tipos de descrição: a
subjetiva, que reflete o estado de espírito do . Desenvolvimento: Constitui o corpo do texto,
observador, suas preferências, assim ele onde as ideias colocadas na introdução serão
descreve o que quer e o que pensa ver e não o definidas com os dados mais relevantes. Todo
que vê realmente; já a objetiva traduz a realidade desenvolvimento deve estruturar-se em blocos
do mundo objetivo, fenomênico, ela é exata e de ideias articuladas entre si, de forma que a
dimensional. sucessão deles resulte num conjunto coerente e
unitário que se encaixa na introdução e
Descrição de Personagem: É utilizada para desencadeia a conclusão.
caracterização das personagens, pela
acumulação de traços físicos e psicológicos, pela . Conclusão: É o fenômeno do texto, marcado
enumeração de seus hábitos, gestos, aptidões e pela síntese da ideia central. Na conclusão o
temperamento, com a finalidade de situar autor reforça sua opinião, retomando a
personagens no contexto cultural, social e introdução e os fatos resumidos do
econômico . desenvolvimento do texto. Para haver maior
entendimento dos procedimentos que podem
Descrição de Paisagem: Neste tipo de descrição, ocorrer em um dissertação, cabe fazermos a
geralmente o observador abrange de uma só vez distinção entre fatos, hipótese e opinião.
a globalidade do panorama, para depois aos
poucos, em ordem de proximidade, abranger as - Fato: É o acontecimento ou coisa cuja
partes mais típicas desse todo. veracidade e reconhecida; é a obra ou ação que
realmente se praticou.
Descrição do Ambiente: Ela dá os detalhes dos
interiores, dos ambientes em que ocorrem as - Hipótese: É a suposição feita acerca de uma
ações, tentando dar ao leitor uma visualização coisa possível ou não, e de que se tiram diversas
das suas particularidades, de seus traços conclusões; é uma afirmação sobre o
distintivos e típicos. desconhecido, feita com base no que já é
conhecido.
Descrição da Cena: Trata-se de uma descrição
movimentada, que se desenvolve - Opinião: Opinar é julgar ou inserir expressões
progressivamente no tempo. É a descrição de um de aprovação ou desaprovação pessoal diante
incêndio, de uma briga, de um naufrágio. de acontecimentos, pessoas e objetos descritos,
é um parecer particular, um sentimento que se
Descrição Técnica: Ela apresenta muitas das tem a respeito de algo.
características gerais da literatura, com a
distinção de que nela se utiliza um vocabulário O TEXTO ARGUMENTATIVO
mais preciso, salientando-se com exatidão os
pormenores. É predominantemente denotativa Baseado em Adilson Citelli
tendo como objetivo esclarecer convencendo.
Pode aplicar-se a objetos, a aparelhos ou A linguagem é capaz de criar e representar
mecanismos, a fenômenos, a fatos, a lugares, a realidades, sendo caracterizada pela
eventos e etc. identificação de um elemento de constituição de
sentidos. Os discursos verbais podem ser
TEXTO DISSERTATIVO formados de várias maneiras, para dissertar ou
argumentar, descrever ou narrar, colocamos em
Dissertar significa discutir, expor, interpretar práticas um conjunto de referências codificadas
ideias. A dissertação consta de uma série de há muito tempo e dadas como estruturadoras do
juízos a respeito de um determinado assunto ou tipo de texto solicitado.
questão, e pressupõe um exame critico do
assunto sobre o qual se vai escrever com Para se persuadir por meio de muitos recursos da
clareza, coerência e objetividade. língua é necessário que um texto possua um
caráter argumentativo/descritivo. A construção
A dissertação pode ser argumentativa - na qual o de um ponto de vista de alguma pessoa sobre
autor tenta persuadir o leitor a respeito dos seus algo, varia de acordo com a sua análise e esta
pontos de vista ou simplesmente, ter como dar-se-á a partir do momento em que a
compreensão do conteúdo, ou daquilo que fora
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tratado seja concretado. A formação discursiva é paródia, a paráfrase utiliza-se de textos já
responsável pelo emassamento do conteúdo que escritos, por alguém, e que tornam-se algo
se deseja transmitir, ou persuadir, e nele teremos espetacularmente incrível. A diferença é que
a formação do ponto de vista do sujeito, suas muitas vezes a paráfrase não possui a
análises das coisas e necessidade de persuadir as pessoas com a
repetição de argumentos, e sim de esquematizar
suas opiniões. Nelas, as opiniões o que fazemos novas formas de textos, sendo estes diferentes.
é soltar concepções que tendem a ser orientadas A criação de um texto requer bem mais do que
no meio em que o indivíduo viva. Vemos que o simplesmente a junção de palavras a uma frase,
sujeito lança suas opiniões com o simples e requer algo mais que isto. É necessário ter na
decisivo intuito de persuadir e fazer suas escolha das palavras e do vocabulário o cuidado
explanações renderem o convencimento do de se requisitá-las, bem como para se adotá-las.
ponto de vista de algo/alguém. Um texto não é totalmente auto-explicativo, daí
vem a necessidade de que o leitor tenha um
Na escrita, o que fazemos é buscar intenções de emassado em seu histórico uma relação
sermos entendidos e desejamos estabelecer um interdiscursiva e intertextual.
contato verbal com os ouvintes e leitores, e todas
as frases ou palavras articuladas produzem As metáforas, metomínias, onomatopeias ou
significações dotadas de intencionalidade, figuras de linguagem, entram em ação inseridos
criando assim unidades textuais ou discursivas. num texto como um conjunto de estratégias
Dentro deste contexto da escrita, temos que levar capazes de contribuir para os efeitos persuasivos
em conta que a coerência é de relevada dele. A ironia também é muito utilizada para
importância para a produção textual, pois nela se causar este efeito, umas de suas características
dará uma sequência das ideias e da progressão salientes, é que a ironia dá ênfase à gozação,
de argumentos a serem explanadas. Sendo a além de desvalorizar ideias, valores da oposição,
argumentação o procedimento que tornará a tese tudo isto em forma de piada.
aceitável, a apresentação de argumentos atingirá
os seus interlocutores em seus Uma das últimas, porém não menos importantes,
formas de persuadir através de argumentos, é a
objetivos; isto se dará através do convencimento Alusão ("Ler não é apenas reconhecer o dito,
da persuasão. Os mecanismos da coesão e da mais também o não-dito"). Nela, o escritor
coerência serão então responsáveis pela trabalha com valores, ideias ou conceitos pré
unidade da formação textual. estabelecidos, sem porém com objetivos de
forma clara e concisa. O que acontece é a
Dentro dos mecanismos coesivos, podem formação de um ambiente poético e sugerível,
realizar-se em contextos verbais mais amplos, capaz de evocar nos leitores algo, digamos, uma
como por jogos de elipses, por força semântica, sensação...
por recorrências lexicais, por estratégias de
substituição de enunciados. Texto Base: CITELLI, Adilson; .O Texto
Argumentativo. São Paulo SP, Editora
Um mecanismo mais fácil de fazer a ..Scipione, 1994 - 6ª edição.
comunicação entre as pessoas é a linguagem,
quando ela é em forma da escrita e após a leitura, COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAIS
(o que ocorre agora), podemos dizer que há de
ter alguém que transmita algo, e outro que o 1. Coerência:
receba. Nesta brincadeira é que entra a formação
de argumentos com o intuito de persuadir para se Produzimos textos porque pretendemos informar,
qualificar a comunicação; nisto, estes divertir, explicar, convencer, discordar, ordenar,
argumentos explanados serão o germe de ou seja, o texto é uma unidade de significado
futuras tentativas da comunicação ser objetiva e produzida sempre com uma determinada
dotada de intencionalidade, (ver Linguagem e intenção. Assim como a frase não é uma simples
Persuasão). sucessão de palavras, o texto também não é uma
simples sucessão de frases, mas um todo
Sabe-se que a leitura e escrita, ou seja, ler e organizado capaz de estabelecer contato com
escrever; não tem em sua unidade a mono nossos interlocutores, influindo sobre eles.
característica da dominação do idioma/língua, e Quando isso ocorre, temos um texto em que há
sim o propósito de executar a interação do meio coerência.
e cultura de cada indivíduo. As relações
intertextuais são de grande valia para fazer de A coerência é resultante da não-contradição
um texto uma alusão à outros textos, isto entre os diversos segmentos textuais que devem
proporciona que a imersão que os argumentos estar encadeados logicamente. Cada segmento
dão tornem esta produção altamente evocativa. textual é pressuposto do segmento seguinte, que
por sua vez será pressuposto para o que lhe
A paráfrase é também outro recurso bastante estender, formando assim uma cadeia em que
utilizado para trazer a um texto um aspecto todos eles estejam
dinâmico e com intento. Juntamente com a
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concatenados harmonicamente. Quando há empresa J. Caetano, da cidade de Maringá (PR).
quebra nessa concatenação, ou quando um O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro
segmento atual está em contradição com um sobrados da Rua Andaquara, no bairro de Jardim
anterior, perde-se a coerência textual. Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por volta das
21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu
A coerência é também resultante da adequação mais três residências.
do que se diz ao contexto extraverbal, ou seja,
àquilo o que o texto faz referência, que precisa Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name
ser conhecido pelo receptor. Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a
prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia
Ao ler uma frase como "No verão passado, reportagem nesta página); o piloto (1) José
quando estivemos na capital do Ceará Fortaleza, Traspadini (4), de 64 anos; o copiloto (1) Geraldo
não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name
tanto que chegou a nevar", percebemos que ela Júnior (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57;
é incoerente em decorrência da seus (4) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28,
incompatibilidade entre um conhecimento prévio e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido
que temos da realizada com o que se relata. dela (6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos.
Sabemos que, considerando uma realidade
"normal", em Fortaleza não neva (ainda mais no Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8)
verão!). como um dos maiores compradores de cabeças
de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era
Claro que, inserido numa narrativa ficcional um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa
fantástica, o exemplo acima poderia fazer proprietária do bimotor (1).
sentido, dando coerência ao texto - nesse caso,
o contexto seria a "anormalidade" e prevaleceria Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1)
a coerência interna da narrativa. Rockwell Aero Commander 691, prefixo PTI-EE,
para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho
No caso de apresentar uma inadequação entre o (7) Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos,
que informa e a realidade "normal" pré- que (8) morreu ao reagir a um assalto e ser
conhecida, para guardar a coerência o texto deve baleado na noite de sexta-feira.
apresentar elementos linguísticos instruindo o
receptor acerca dessa anormalidade. O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado
e pousou no aeroporto de Congonhas às 8h27.
Uma afirmação como "Foi um verdadeiro milagre! Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às
O menino caiu do décimo andar e não sofreu 21h20 e, minutos depois, caiu na altura do
nenhum arranhão." é coerente, na medida que a número 375 da Rua Andaquara, uma espécie de
frase inicial ("Foi um verdadeiro milagre") instrui vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora
o leitor para a anormalidade do fato narrado. do Sabará, uma das avenidas mais
movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda
2. Coesão: não se conhece as causas do acidente (2). O
avião (1) não tinha caixa preta e a torre de
A redação deve primar, como se sabe, pela controle também não tem informações. O laudo
clareza, objetividade, coerência e coesão. E a técnico demora no mínimo 60 dias para ser
coesão, como o próprio nome diz (coeso significa concluído.
ligado), é a propriedade que os elementos
textuais têm de estar interligados. Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava
em chamas antes de cair em cima de quatro
De um fazer referência ao outro. Do sentido de casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas
um depender da relação com o outro. Preste casas (9) atingidas pelo avião (1) ficaram feridas.
atenção a este texto, observando como as Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10)
palavras se comunicam, como dependem uma Apenas escoriações e queimaduras. Elídia
das outras. Fiorezzi, de 62 anos, Natan Fiorezzi, de 6, e
Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto
São Paulo: Oito pessoas morrem em queda de Socorro de Santa Cecília.
avião
Vejamos, por exemplo, o elemento (1), referente
Das Agências ao avião envolvido no acidente. Ele foi retomado
nove vezes durante o texto. Isso é necessário à
Cinco passageiros de uma mesma família, de clareza e à compreensão do texto. A memória do
Maringá, dois tripulantes e uma mulher que viu o leitor deve ser reavivada a cada instante. Se, por
avião cair morreram. exemplo, o avião fosse citado uma vez no
primeiro parágrafo e fosse retomado somente
Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma vez, no último, talvez a clareza da matéria
uma mesma família e dois tripulantes, além de fosse comprometida.
uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda
de um avião (1) bimotor Aero Commander, da
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E como retomar os elementos do texto? d) SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas
Podemos enumerar alguns mecanismos: maneiras de se retomar um elemento já citado ou
de se referir a outro que ainda vai ser
a) REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido mencionado é a substituição, que é o mecanismo
diversas vezes durante o texto. Pode perceber pelo qual se usa uma palavra (ou grupo de
que a palavra avião foi bastante usada, palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de
principalmente por ele ter sido o veículo palavras). Confira os principais elementos de
envolvido no acidente, que é a notícia substituição:
propriamente dita. A repetição é um dos
principais elementos de coesão do texto Pronomes: a função gramatical do pronome é
jornalístico fatual, que, por sua natureza, deve justamente substituir ou acompanhar um nome.
dispensar a releitura por parte do receptor (o Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda
leitor, no caso). A repetição pode ser considerada a ideia contida em um parágrafo ou no texto todo.
a mais explícita ferramenta de coesão. Na Na matéria-exemplo, são nítidos alguns casos de
dissertação cobrada pelos vestibulares, substituição pronominal: o sogro de Name Júnior
obviamente deve ser usada com parcimônia, (4), Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (4)
uma vez que um número elevado de repetições filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e
pode levar o leitor à exaustão. Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido
dela (6), João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos.
b) REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de O pronome possessivo seus retoma Name Júnior
nomes de pessoas, a repetição parcial é o mais (os filhos
comum mecanismo coesivo do texto jornalístico.
Costuma-se, uma vez citado o nome completo de de Name Júnior...); o pronome pessoal ela,
um entrevistado - ou da vítima de um acidente, contraído com a preposição de na forma dela,
como se observa com o elemento (7), na última retoma Gabriela Gimenes Ribeiro (e o marido de
linha do segundo parágrafo e na primeira linha do Gabriela...). No último parágrafo, o pronome
terceiro -, repetir somente o(s) seu(s) pessoal elas retoma as três pessoas que
sobrenome(s). Quando os nomes em questão estavam nas casas atingidas pelo avião: Elas
são de celebridades (políticos, artistas, (10) não sofreram ferimentos graves.
escritores, etc.), é de praxe, durante o texto,
utilizar a nominalização por meio da qual Epítetos: são palavras ou grupos de palavras
que, ao mesmo tempo que se referem a um
são conhecidas pelo público. Exemplos: Nedson elemento do texto, qualificam-no. Essa
(para o prefeito de Londrina, Nedson Micheletti); qualificação pode ser conhecida ou não pelo
Farage (para o candidato à prefeitura de Londrina leitor. Caso não seja, deve ser introduzida de
em 2000 Farage Khouri); etc. Nomes femininos modo que fique fácil a sua relação com o
costumam ser retomados pelo primeiro nome, a elemento qualificado.
não ser nos casos em que o sobrenomes sejam,
no contexto da matéria, mais relevantes e as Exemplos:
identifiquem com mais propriedade.
a) (...) foram elogiadas pelo por Fernando
c) ELIPSE: é a omissão de um termo que pode Henrique Cardoso. O presidente, que voltou há
ser facilmente deduzido pelo contexto da matéria. dois dias de Cuba, entregou-lhes um certificado...
Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no avião (o epíteto presidente retoma Fernando Henrique
(1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 Cardoso; poder-se-ia usar, como exemplo,
anos, que foi candidato a prefeito de Maringá nas sociólogo);
últimas eleições; o piloto (1) José Traspadini (4),
de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo Antônio da b) Edson Arantes de Nascimento gostou do
Silva Júnior, de 38. Perceba que não foi desempenho do Brasil. Para o ex-Ministro dos
necessário repetir-se a palavra avião logo após Esportes, a seleção... (o epíteto ex-Ministro dos
as palavras piloto e co-piloto. Numa matéria que Esportes retoma Edson Arantes do Nascimento;
trata de um acidente de avião, obviamente o poder-se-iam, por exemplo, usar as formas
piloto será de aviões; o leitor jogador do século, número um do mundo, etc.
não poderia pensar que se tratasse de um piloto Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o
de automóveis, por exemplo. No último parágrafo mesmo sentido (ou muito parecido) dos
ocorre outro exemplo de elipse: Três pessoas elementos a serem retomados. Exemplo: O
(10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo prédio foi demolido às 15h. Muitos curiosos se
avião (1) ficaram feridas. Elas aglomeraram ao redor do edifício, para conferir o
(10) não sofreram ferimentos graves. (10) espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos são
Apenas escoriações e queimaduras. Note que o sinônimos).
(10) em negrito, antes de Apenas, é uma omissão
de um elemento já citado: Três pessoas. Na Nomes deverbais: são derivados de verbos e
verdade, foi omitido, ainda, o verbo: (As três retomam a ação expressa por eles. Servem,
pessoas sofreram) Apenas escoriações e ainda, como um resumo dos argumentos já
queimaduras. utilizados. Exemplos: Uma fila de centenas de
veículos paralisou o trânsito da Avenida
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Higienópolis, como sinal de protesto contra o principalmente, primordialmente, sobretudo, a
aumentos dos impostos. A paralisação foi a priori (itálico), a posteriori (itálico).
maneira encontrada... (paralisação, que deriva
de paralisar, retoma a ação de centenas de Tempo (frequência, duração, ordem, sucessão,
veículos de paralisar o trânsito da Avenida anterioridade, posterioridade): então, enfim, logo,
Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais logo depois, imediatamente, logo após, a
três residências (o nome impacto retoma e princípio, no momento em que, pouco antes,
resume o acidente de avião noticiado na matéria- pouco depois, anteriormente, posteriormente, em
exemplo) seguida, afinal, por fim, finalmente agora
atualmente, hoje, frequentemente,
Elementos classificadores e categorizadores: constantemente às vezes, eventualmente, por
referem-se a um elemento (palavra ou grupo de vezes, ocasionalmente, sempre, raramente, não
palavras) já mencionado ou não por meio de uma raro, ao mesmo tempo, simultaneamente, nesse
classe ou categoria a que esse elemento ínterim, nesse meio tempo, nesse hiato,
pertença: Uma fila de centenas de veículos enquanto, quando, antes que, depois que, logo
paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis. O
protesto foi a maneira encontrada... (protesto que, sempre que, assim que, desde que, todas
retoma toda a ideia anterior - da paralisação -, as vezes que, cada vez que, apenas, já, mal, nem
categorizando-a como um protesto); Quatro cães bem.
foram encontrados ao lado do corpo. Ao se
aproximarem, os peritos enfrentaram a reação Semelhança, comparação, conformidade:
dos animais (animais retoma cães, indicando igualmente, da mesma forma, assim também, do
uma das possíveis classificações que se podem mesmo modo, similarmente, semelhantemente,
atribuir a eles). analogamente, por analogia, de maneira idêntica,
de conformidade com, de acordo com, segundo,
Advérbios: palavras que exprimem conforme, sob o mesmo ponto de vista, tal qual,
circunstâncias, principalmente as de lugar: Em tanto quanto, como, assim como, como se, bem
São Paulo, não houve problemas. Lá, os como.
operários não aderiram... (o advérbio de lugar lá
retoma São Paulo). Exemplos de advérbios que Condição, hipótese: se, caso, eventualmente.
comumente funcionam como elementos
referenciais, isto é, como elementos que se Adição, continuação: além disso, demais,
referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, ademais, outrossim, ainda mais, ainda cima, por
etc. outro lado, também, e, nem, não só ... mas
também, não só... como também, não apenas ...
Observação: É mais frequente a referência a como também, não só ... bem como, com, ou
elementos já citados no texto. Porém, é muito (quando não for excludente).
comum a utilização de palavras e expressões
que se refiram a elementos que ainda serão Dúvida: talvez provavelmente, possivelmente,
utilizados. Exemplo: Izidoro Andrade (7) é quiçá, quem sabe, é provável, não é certo, se é
conhecido na região (8) como um dos maiores que.
compradores de cabeças de gado do Sul (8) do
país. Márcio Ribeiro (5) era um dos sócios do Certeza, ênfase: decerto, por certo, certamente,
Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do indubitavelmente, inquestionavelmente, sem
bimotor (1). A palavra região serve como dúvida, inegavelmente, com toda a certeza.
elemento classificador de Sul (A palavra Sul
indica uma região do país), que só é citada na Surpresa, imprevisto: inesperadamente,
linha seguinte. inopinadamente, de súbito, subitamente, de
repente, imprevistamente, surpreendentemente.
Conexão:
Ilustração, esclarecimento: por exemplo, só para
Além da constante referência entre palavras do ilustrar, só para exemplificar, isto é, quer dizer,
texto, observa-se na coesão a propriedade de em outras palavras, ou por outra, a saber, ou
unir termos e orações por meio de conectivos, seja, aliás.
que são representados, na Gramática, por
inúmeras palavras e expressões. A escolha Propósito, intenção, finalidade: com o fim de, a
errada desses conectivos pode ocasionar a fim de, com o propósito de, com a finalidade de,
deturpação do sentido do texto. Abaixo, uma lista com o intuito de, para que, a fim de que, para.
dos principais elementos conectivos, agrupados
pelo sentido. Baseamo-nos no autor Othon Lugar, proximidade, distância: perto de, próximo
Moacyr Garcia (Comunica- a ou de, junto a ou de, dentro, fora, mais adiante,
aqui, além, acolá, lá, ali, este, esta, isto, esse,
ção em Prosa Moderna). essa, isso, aquele, aquela, aquilo, ante, a.
Língua Portuguesa 8
Apostilas Domínio
desse modo, logo, pois (entre vírgulas), dessarte, A costureira, de tão velha, não conseguia mais
destarte, assim sendo. enfiar a linha na agulha.
Ideias alternativas: Ou, ou... ou, quer... quer, No entanto, um termo além do seu significado
ora... ora. denotativo, pode vir acrescido de outros
significados paralelos.
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Esses novos valores constituem aquilo que
Para compreender os conceitos de denotação e denominamos sentido conotativo, ou seja, o
conotação é preciso observar que o signo acréscimo de um novo valor constitui a
linguístico é constituído de duas partes distintas, conotação, que consiste num novo plano de
embora uma não exista separada da outra. conteúdo para o signo que já tinha um significado
denotativo.
Isto quer dizer que o signo tem uma parte
perceptível (constituído de som e representado Assim duas palavras podem ter a mesma
por letra) e uma parte inteligível (constituída de denotação e conotação completamente distinta,
conceito [imagem mental por meio da qual uma vez que policial e meganha tem a mesma
representamos um objeto]). denotação, mas conotação totalmente diferente.
Essa parte perceptível é denominada significante O sentido conotativo varia de cultura para cultura,
ou plano de expressão. de classe social para classe social ou de época
para época.
Já a parte inteligível é denominada significado ou
plano de conteúdo. http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues
/sintese
Quando um plano de expressão (significante) for
suporte para mais de um plano de conteúdo PERÍFRASE
(significado) temos a polissemia.
Recurso verbal que consiste em exprimir em
Assim o significante linha pode denotar os mais palavras o que poderia ser dito em poucas.
significados: Permite conhecer um objeto por suas qualidades
ou usos e não pelo seu próprio nome. Serve para
material para costurar ou bordar, variar a expressão, sublinhar a harmonia da
frase, encobrir alusões vulgares ou suavizar
atacantes de futebol, ideias desagradáveis. Também conhecido como
circunlóquio.
trilhos de trem ou bonde,
LÉXICO E COESÃO
conduta de um indivíduo ou postura.
A escolha lexical está relacionada à estruturação
No entanto, a polissemia não deve ser vista como de textos. Um texto é um .tecido. de ideias, isto
um problema, uma vez que será neutralizada é, uma rede de ideias: a uma anterior é preciso
pelo contexto. somar uma nova (que a explica, que se opõe a
ela, que mostra uma consequência, etc.); a uma
Pois assim que se insere no contexto a palavra ideia expressa é preciso acrescentar mais
perde seu caráter polissêmico e ganha um informações; ou seja, o conjunto de informações
significado específico, passando a ser precisa .caminhar. e ter uma relação tal, que o
denominado de significado contextual. texto seja manifestação de um raciocínio (de uma
sequência de ideias). Para o leitor, devem estar
Língua Portuguesa 9
Apostilas Domínio
claros os .laços. que se estabelecem entre o que emprego de palavras fora do seu sentido normal,
se diz .antes. por analogia. É um tipo de comparação implícita,
sem termo comparativo.
e o que se diz .depois.. Da primeira frase à última,
deve haver um encadeamento, uma coesão tal Ex: A Amazônia é o pulmão do mundo. Encontrei
que se perceba o desenvolvimento das ideias. A a chave do problema. / "Veja bem, nosso caso /
coesão (a .amarração. entre as ideias) é fruto, É uma porta entreaberta." (Luís Gonzaga Junior)
entre outras características (escolha de
conectivos, advérbios, pronomes, elipse), da Obs.1.: Rocha Lima define como modalidades de
escolha vocabular. Optar por um sinônimo, por metáfora: personificação (animismo), hipérbole,
uma palavra de sentido mais ou menos símbolo e sinestesia. ? Personificação -
abrangente, optar por um antônimo, fazer atribuição de ações, qualidades e sentimentos
referência a uma ideia por meio de uma metáfora humanos a seres inanimados. (A lua sorri aos
são recursos de que o falante pode lançar mão enamorados) ? Símbolo - nome de um ser ou
para obter coesão textual. coisa concreta assumindo valor convencional,
abstrato. (balança = justiça, D. Quixote =
SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS idealismo, cão = fidelidade, além do simbolismo
universal das cores)
A busca por uma caracterização ou definição
melhor, o desejo de evitar repetições conduzem Obs.2.: esta figura foi muito utilizada pelos
muitas vezes à escolha de sinônimos e simbolistas
antônimos. Ou seja, palavras de sentido próximo
ou de sentido oposto são uma forma de retomar Catacrese
o que já foi dito. Tais empregos, no entanto, se
feitos com atenção, não representam mera uso impróprio de uma palavra ou expressão, por
substituição, mas um acréscimo de informação esquecimento ou na ausência de termo
ao leitor. específico.
Metáfora
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Ex: O mestre = Jesus Cristo, A cidade luz = outros não estudam. / "O meu pai era paulista /
Paris, O rei das selvas = o leão, Escritor Maldito Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro
= Lima Barreto / Meu tataravô, baiano." (Chico Buarque) -
omissão de era
Obs.: Rocha Lima considera como uma variação
da metonímia Hipérbato
Ex: "Todo pranto é um comentário. Um Ex: "Da morte o manto lutuoso vos cobre a
comentário que amargamente condena os todos.", por: O manto lutuoso da morte vos cobre
motivos dados." a todos.
Elipse Pleonasmo
a) pronome sujeito, gerando sujeito oculto ou Ex: Vi com meus próprios olhos. "E rir meu riso e
implícito: iremos depois, compraríeis a casa? derramar meu pranto / Ao seu pesar ou seu
contentamento." (Vinicius de Moraes), Ao pobre
b) substantivo - a catedral, no lugar de a igreja não lhe devo (OI pleonástico)
catedral; Maracanã, no ligar de o estádio
Maracanã Obs.: pleonasmo vicioso ou grosseiro - decorre
da ignorância, perdendo o caráter enfático
c) preposição - estar bêbado, a camisa rota, as (hemorragia de sangue, descer para baixo)
calças rasgadas, no lugar de: estar bêbado, com
a camisa rota, com as calças rasgadas. Assíndeto
d) conjunção - espero você me entenda, no lugar ausência de conectivos de ligação, assim atribui
de: espero que você me entenda. maior rapidez ao texto. Ocorre muito nas or.
coordenadas.
e) verbo - queria mais ao filho que à filha, no
lugar de: queria mais o filho que queria à filha. Em Ex: "Não sopra o vento; não gemem as vagas;
especial o verbo dizer em diálogos - E o rapaz: - não murmuram os rios."
Não sei de nada !, em vez de E o rapaz disse:
Polissíndeto
Zeugma
repetição de conectivos na ligação entre
omissão (elipse) de um termo que já apareceu elementos da frase ou do período.
antes. Se for verbo, pode necessitar adaptações
de número e pessoa verbais. Utilizada, Ex: O menino resmunga, e chora, e esperneia, e
sobretudo, nas or. comparativas. Ex: Alguns grita, e maltrata. "E sob as ondas ritmadas / e sob
estudam, outros não, por: alguns estudam, as nuvens e os ventos / e sob as pontes e
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sob o sarcasmo / e sob a gosma e o vômito (...)" Obs.: Paradoxo - ideias contraditórias num só
(Carlos Drummond de Andrade) pensamento, proposição de Rocha Lima ("dor
que desatina sem doer" Camões)
Anacoluto
Eufemismo
termo solto na frase, quebrando a estruturação
lógica. Normalmente, inicia-se uma determinada consiste em "suavizar" alguma ideia
construção sintática e depois se opta por outra. desagradável
Eu, parece-me que vou desmaiar. / Minha vida, Ex: Ele enriqueceu por meios ilícitos. (roubou),
tudo não passa de alguns anos sem importância Você não foi feliz nos exames. (foi reprovado)
(sujeito sem predicado) / Quem ama o feio, bonito
lhe parece (alteraram-se as relações entre Obs.: Rocha Lima propõe uma variação chamada
termos da oração) litote - afirma-se algo pela negação do contrário.
(Ele não vê, em lugar de Ele é cego; Não sou
Anáfora moço, em vez de Sou velho). Para Bechara,
alteração semântica.
repetição de uma mesma palavra no início de
versos ou frases. Hipérbole
Ex: "Olha a voz que me resta / Olha a veia que exagero de uma ideia com finalidade expressiva
salta / Olha a gota que falta / Pro desfecho que
falta / Por favor." (Chico Buarque) Ex: Estou morrendo de sede (com muita sede),
Ela é louca pelos filhos (gosta muito dos filhos)
Obs.: repetição em final de versos ou frases é
epístrofe; repetição no início e no fim será Obs.: Para Rocha Lima, é uma das modalidades
símploce. Classificações propostas por Rocha de metáfora.
Lima.
Ironia
Silepse
utilização de termo com sentido oposto ao
é a concordância com a ideia, e não com a original, obtendo-se, assim, valor irônico.
palavra escrita. Existem três tipos:
Obs.: Rocha Lima designa como antífrase
a) de gênero (masc x fem): São Paulo continua
poluída (= a cidade de São Paulo). V. Sª é Ex: O ministro foi sutil como uma jamanta.
lisonjeiro
Gradação
b) de número (sing x pl): Os Sertões contra a
Guerra de Canudos (= o livro de Euclides da apresentação de ideias em progressão
Cunha). O casal não veio, estavam ocupados. ascendente (clímax) ou descendente (anticlímax)
c) de pessoa: Os brasileiros somos otimistas (3ª Ex: "Nada fazes, nada tramas, nada pensas que
pess - os brasileiros, mas quem fala ou escreve eu não saiba, que eu não veja, que eu não
também participa do processo verbal) conheça perfeitamente."
Ex.: Joana creio que veio aqui hoje. Ex: "A lua, (...) Pedia a cada estrela fria / Um
brilho de aluguel ..." (João Bosco / Aldir Blanc)
O tempo parece que vai piorar
Obs.: Para Rocha Lima, é uma modalidade de
Obs.: Celso Cunha denomina-a prolepse. metáfora. http://www.graudez.com.br
Antítese Aliteração
Língua Portuguesa 12
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Cruz e Souza é o melhor exemplo deste recurso. apreendem o potencial de expressividade dos
Uma das características marcantes do sons e que deles extraem um uso mais refinado.
Simbolismo, assim como a sinestesia.
Reconhecendo que a fonologia expressiva ainda
Ex: "(...) Vozes veladas, veludosas vozes, / estava por ser iniciada, quando já tinha os
Volúpias dos violões, vozes veladas / Vagam nos materiais básicos prontos, em vista do avanço da
velhos vórtices velozes / Dos ventos, vivas, vãs, fonologia linguística, Bally faz essa ponderação:
vulcanizadas." (fragmento de Violões que
choram. Cruz e Souza) Não há dúvida de que na matéria fônica se
escondem possibilidades expressivas.Deve-se
Assonância entender como tal tudo que produza sensações
musculares e acústicas:sons articulados e suas
repetição dos mesmos sons vocálicos. combinações, jogos de timbres vocálicos,
melodia, intensidade, duração dos sons,
Ex: (A, O) - "Sou um mulato nato no sentido lato repetição, assonância e aliterações, silêncios,
mulato democrático do litoral." (Caetano Veloso) etc.Na linguagem, estas impressões fônicas
permanecem em estado latente enquanto o
(E, O) - "O que o vago e incógnito desejo de ser significado e o matiz afetivos das palavras em
eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando que figuram sejam indiferentes ou apostos a
Pessoa) esses valores, mas brotam quando há
concordância.Assim, junto à fonologia
Paranomásia propriamente dita há lugar para uma fonologia
expressiva, que pode trazer
o emprego de palavras parônimas (sons
parecidos). muita luz à primeira analisando o que nos diz o
instinto:que há uma correspondência entre os
Ex: "Com tais premissas ele sem dúvida leva- sentimentos e os efeitos sensoriais produzidos
nos às primícias" (Padre Antonio Vieira) pela linguagem. (Bally, Charles.Estilística y
linguística general, p.101)
Onomatopeia
A insistência de sons de valor expressivo
criação de uma palavra para imitar um som
A expressividade dos fonemas poderia passar
Ex: A língua do nhem "Havia uma velhinha / Que despercebida, se os poetas não os repetissem, a
andava aborrecida / Pois dava a sua vida / Para fim de chamar a atenção para a sua
falar com alguém. / E estava sempre em casa / A correspondência com o que exprimem.Muitas
boa velhinha, / Resmungando sozinha: vezes, a repetição deles pode não ser de
/ Nhem-nhem-nhem-nhem-nhem..." (Cecília natureza simbólica ou onomatopéica, mas ter
Meireles) outras funções como realçar determinadas
palavras, reforçar o liame entre dois ou mais
ESTILÍSTICA DO SOM termos, ou ainda contribuir para a unidade de um
texto ou parte dele.Pode ser ainda um processo
Também chamada Fonoestilística, trata dos lúdico que crie harmonia e seja agradável ao
valores expressivos de natureza sonora ouvido.
observáveis nas palavras e nos
enunciados.Fonemas e prosodemas (acento, As repetições fônicas podem apresentar
entonação, altura e ritmo) constituem um diferentes tipos, sendo um pouco variável a sua
complexo sonoro de extraordinária importância classificação.Trataremos da aliteração,
na função emotiva e poética. assonância e da anonimação em especial,
destacando trechos dos textos que escolhemos
Além de permitir a oposição de duas palavras - como referência.
função distintiva - a matéria fônica desempenha
uma função expressiva que se deve a Aliteração e Assonância
particularidades da articulação dos fonemas, às
suas qualidades de timbre, altura, duração, Aliteração é a repetição insistente dos mesmos
intensidade.Os sons da língua - como outros sons consonantais, podendo ser eles iniciais, ou
sons dos seres - podem provocar-nos uma integrantes da sílaba tônica, ou distribuídos mais
sensação de agrado ou desagrado e ainda irregularmente em vocábulos próximos.Há quem
sugerir ideias, impressões.O modo como o inclua na aliteração a repetição de vogais na
locutor profere as palavras da língua podem sílaba inicial de duas ou mais palavras.A
também denunciar essas impressões, estados de repetição vocálica em sílabas tônicas é a
espírito ou traços de sua assonância; mas a mesma vogal pode aparecer
personalidade.Evidentemente, essas sugestões não acentuada, prolongando a insistência.
e impressões oferecidas pela matéria fônica são
recebidas de maneira diversa conforme as
pessoas. São os artistas que trabalham com a
palavra, poetas e atores, os que melhor
Língua Portuguesa 13
Apostilas Domínio
“Nem soneto nem sonata vou curtir um som norma culta. De fato, aquele que, num momento
dissonante dos sonidos som ressonante de íntimo do discurso, diz: .Ninguém deixou ele
sibildos...” falar., não comete propriamente erro; na verdade,
transgride a norma culta.
Andréa Cristina Portella Loss
Um repórter, ao cometer uma transgressão em
LÍNGUA (USOS CULTO, COLOQUIAL E sua fala, transgride tanto quanto um indivíduo
POPULAR - GÍRIA) que comparece a um banquete trajando xortes ou
quanto um banhista, numa praia, vestido de
*Luiz Antonio Sacconi fraque e cartola.
A norma culta, forma linguística que todo povo O momento neutro é o do uso da língua-padrão,
civilizado possui, é a que assegura a unidade da que é a língua da Nação. Como forma de
língua nacional. E justamente em nome dessa respeito, tomam-se por base aqui as normas
unidade, tão importante do ponto de vista estabelecidas na gramática, ou seja, a norma
político-cultural, que é ensinada nas escolas e culta. Assim, aquelas mesmas construções se
difundida nas gramáticas. alteram:
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
Não basta conhecer apenas uma modalidade de Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
língua; urge conhecer a língua popular,
captando-lhe a espontaneidade, expressividade Considera-se momento neutro o utilizado nos
e enorme criatividade, para viver; urge conhecer veículos de comunicação de massa (rádio,
a língua culta para conviver. televisão, jornal, revista, etc.).
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo Daí o fato de não se admitirem deslizes ou
das normas da língua culta. transgressões da norma culta na pena ou na
boca de jornalistas, quando no exercício do
O conceito de erro em língua trabalho, que deve refletir serviço à causa do
ensino, e não o contrário.
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto
nos casos de ortografia. O que normalmente se O momento solene, acessível a poucos, é o da
comete são transgressões da arte poética, caracterizado por construções de
rara beleza.
Língua Portuguesa 14
Apostilas Domínio
Vale lembrar, finalmente, que a língua é um modalidade mais expressiva, mais criativa, mais
costume. Como tal, qualquer transgressão, ou espontânea e natural, estando, por isso mesmo,
chamado erro, deixa de sê-lo no exato instante mais sujeita a transformações e a evoluções.
em que a maioria absoluta o comete, passando,
assim, a constituir fato linguístico registro de Nenhuma, porém, se sobrepõe a outra em
linguagem definitivamente consagrado pelo uso, importância. Nas escolas principalmente,
ainda que não tenha amparo gramatical. Ex.: costuma se ensinar a língua falada com base na
língua escrita, considerada superior. Decorrem
Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!) daí as correções, as retificações, as emendas, a
que os professores sempre estão atentos.
Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades,
Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos mostrando as características e as vantagens de
vamos dispersar e Não vamos dispersar-nos.) uma e outra, sem deixar transparecer nenhum
caráter de superioridade ou inferioridade, que em
Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: verdade inexiste.
Tenho de sair daqui bem depressa.)
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo
O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado na língua falada. A nenhum povo interessa a
está no seu posto.) multiplicação de línguas. A nenhuma nação
convém o surgimento de dialetos, consequência
Têxtil, que significa rigorosamente que se pode natural do enorme distanciamento entre uma
tecer, em virtude do seu significado, não poderia modalidade e outra.
ser adjetivo associado a indústria, já que não
existe indústria que se pode tecer. Hoje, porém, Com propriedade, afirma o Prof. Sebastião
temos não só como também o operário têxtil, em Expedito Ignacio, da UNESP (Universidade
vez da indústria de fibra têxtil e do operário da Estadual de São Paulo): .O fato de que é o povo
indústria de fibra têxtil. que faz a língua não quer dizer que se deva
aceitar tudo o que venha a ser criado pelo povo.
As formas impeço, despeço e desimpeço, dos A língua pressupõe também cultura e, às vezes,
verbos impedir, despedir e desimpedir, o próprio povo se encarrega de repelir uma
respectivamente, são exemplos também de criação que não se enquadre dentro do espírito
transgressões ou .erros. que se tornaram fatos da língua como evolução natural...
linguísticos, já que só correm hoje porque a
maioria viu tais verbos como derivados de pedir, A língua escrita é, foi e sempre será mais bem
que tem, início, na sua conjugação, com peço. elaborada que a língua falada, porque é a
Tanto bastou para se arcaizarem as formas então modalidade que mantém a unidade linguística de
legítimas impido, despido e desimpido, que hoje um povo, além de ser a que faz o pensamento
nenhuma pessoa bem-escolarizada tem atravessar o espaço e o tempo. Nenhuma
coragem de usar. reflexão, nenhuma análise mais detida será
possível sem a língua escrita, cujas
Observação: transformações, por isso mesmo, se processam
lentamente e em número consideravelmente
Em vista do exposto, será útil eliminar do menor, quando cotejada com a modalidade
vocabulário escolar palavras como corrigir e falada.
correto, quando nos referimos a frases. “Corrija
estas frases” é uma expressão que deve dar Importante é fazer o educando perceber que o
lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases nível da linguagem, a norma linguística, deve
da língua popular para a língua culta”. variar de acordo com a situação em que se
desenvolve o discurso.
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe
a uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase O ambiente sociocultural determina o nível da
elaborada conforme as normas gramaticais; em linguagem a ser empregado. O vocabulário, a
suma, conforme a norma culta. sintaxe, a pronúncia e até a entoação variam
segundo esse nível. Um padre não fala com uma
Língua escrita e língua falada. Nível de criança como se estivesse dizendo missa, assim
linguagem como uma criança não fala como um adulto. Um
engenheiro não usará um mesmo discurso, ou
A língua escrita, estática, mais elaborada e um mesmo nível de fala, para colegas e para
menos econômica, não dispõe dos recursos pedreiros, assim como nenhum professor utiliza
próprios da língua falada. o mesmo nível de fala no recesso do lar e na sala
de aula.
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a
entoação (melodia da frase), as pausas Existem, portanto, vários níveis de linguagem e,
(intervalos significativos no decorrer do discurso), entre esses níveis, se destacam em importância
além da possibilidade de gestos, olhares, o culto e o cotidiano, a que já fizemos referência.
piscadas, etc., fazem da língua falada a
Língua Portuguesa 15
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A gíria de recursos da língua para produzir efeitos de
sentido de forma adequada a cada situação
Ao contrário do que muitos pensam, a gíria não específica de interação humana.
constitui um flagelo da linguagem. Quem, um dia,
já não usou bacana, dica, cara, chato, cuca, Luiz Antônio Marcuschi (UFPE) defende o
esculacho, estrilar? trabalho com textos na escola a partir da
abordagem do Gênero Textual Marcuschi não
O mal maior da gíria reside na sua adoção como demonstra favorabilidade ao trabalho com a
forma permanente de comunicação, Tipologia Textual, uma vez que, para ele, o
desencadeando um processo não só de trabalho fica limitado, trazendo para o ensino
esquecimento, como de desprezo do vocabulário alguns problemas, uma vez que não é possível,
oficial. Usada no momento certo, porém, a gíria é por exemplo, ensinar narrativa em geral, porque,
um elemento de linguagem que denota embora possamos classificar vários textos como
expressividade e revela grande criatividade, sendo narrativos, eles se concretizam em formas
desde que, naturalmente, adequada à diferentes – gêneros – que possuem diferenças
mensagem, ao meio e ao receptor. Note, porém, específicas.
que estamos falando em gíria, e não em calão.
Por outro lado, autores como Luiz Carlos
Ainda que criativa e expressiva, a gíria só é Travaglia (UFUberlândia/MG) defendem o
admitida na língua falada. A língua escrita não a trabalho com a Tipologia Textual.
tolera, a não ser na reprodução da fala de
determinado meio ou época, com a visível Para o autor, sendo os textos de diferentes tipos,
intenção de documentar o fato, ou em casos eles se instauram devido à existência de
especiais de comunicação entre amigos, diferentes modos de interação ou interlocução. O
familiares, namorados, etc., caracterizada pela trabalho com o texto e com os diferentes tipos de
linguagem informal. texto é fundamental para o desenvolvimento da
competência comunicativa. De acordo com as
in Nossa Gramática – Teoria e Prática. Editora ideias do autor, cada tipo de texto é apropriado
Atual, 1994. para um tipo de interação específica. Deixar o
aluno restrito a apenas alguns tipos de texto é
GÊNEROS TEXTUAIS fazer com que ele só tenha recursos para atuar
comunicativamente em alguns casos, tornando-
Gêneros textuais são tipos específicos de textos se incapaz, ou pouco capaz, em outros.
de qualquer natureza, literários ou não. Certamente, o professor teria que fazer uma
Modalidades discursivas constituem as espécie de levantamento de quais tipos seriam
estruturas e as funções sociais (narrativas, mais necessários para os alunos, para, a partir
dissertativas, argumentativas, procedimentais e daí, iniciar o trabalho com
exortativas), utilizadas como formas de organizar
a linguagem. Dessa forma, podem ser esses tipos mais necessários.
considerados exemplos de gêneros textuais:
anúncios, convites, atas, avisos, programas de Marcuschi afirma que os livros didáticos trazem,
auditórios, bulas, cartas, comédias, contos de de maneira equivocada, o termo tipo de texto. Na
fadas, convênios, crônicas, editoriais, ementas, verdade, para ele, não se trata de tipo de texto,
ensaios, entrevistas, circulares, contratos, mas de gênero de texto. O autor diz que não é
decretos, discursos políticos. correto afirmar que a carta pessoal, por exemplo,
é um tipo de texto como fazem os livros. Ele
A diferença entre Gênero Textual e Tipologia atesta que a carta pessoal é um Gênero Textual.
Textual é, no meu entender, importante para
direcionar o trabalho do professor de língua na O autor diz que em todos os gêneros os tipos se
leitura, compreensão e produção de textos1. O realizam, ocorrendo, muitas das vezes, o mesmo
que pretendemos neste pequeno ensaio é gênero sendo realizado em dois ou mais tipos.
apresentar algumas considerações sobre Ele apresenta uma carta pessoal3 como
Gênero Textual e Tipologia Textual, usando, para exemplo, e comenta que ela pode apresentar as
isso, as considerações feitas por Marcuschi tipologias descrição, injunção, exposição,
(2002) e Travaglia (2002), que faz apontamentos narração e argumentação. Ele chama essa
questionáveis para o termo Tipologia Textual. No miscelânea de tipos presentes em um gênero de
final, apresento minhas considerações a respeito heterogeneidade tipológica.
de minha escolha pelo gênero ou pela tipologia.
Travaglia (2002) fala em conjugação tipológica.
Convém afirmar que acredito que o trabalho com Para ele, dificilmente são encontrados tipos
a leitura, compreensão e a produção escrita em puros. Realmente é raro um tipo puro. Num texto
Língua Materna deve ter como meta primordial o como a bula de remédio, por exemplo, que para
desenvolvimento no aluno de habilidades que Fávero & Koch (1987) é um texto injuntivo, tem-
façam com que ele tenha capacidade de usar um se a presença de várias tipologias, como a
número sempre maior descrição, a injunção e a predição4. Travaglia
afirma que um texto se define como de um tipo
Língua Portuguesa 16
Apostilas Domínio
por uma questão de dominância, em função do injunção (Swales, 1990; Adam, 1990; Bronckart,
tipo de interlocução que se pretende estabelecer 1999). Segundo ele, o termo Tipologia Textual é
e que se estabelece, e não em função do espaço usado para designar uma espécie de sequência
ocupado por um tipo na constituição desse texto. teoricamente definida pela natureza linguística de
sua composição (aspectos lexicais, sintáticos,
Quando acontece o fenômeno de um texto ter tempos verbais, relações lógicas) (p. 22).
aspecto de um gênero mas ter sido construído
em outro, Marcuschi dá o nome de Gênero Textual é definido pelo autor como uma
intertextualidade intergêneros. Ele explica noção vaga para os textos materializados
dizendo que isso acontece porque ocorreu no encontrados no dia-a-dia e que apresentam
texto a configuração de uma estrutura características sócio-comunicativas definidas
intergêneros de natureza altamente híbrida, pelos conteúdos, propriedades funcionais, estilo
sendo que um gênero assume a função de outro. e composição característica.
Travaglia não fala de intertextualidade Travaglia define Tipologia Textual como aquilo
intergêneros, mas fala de um intercâmbio de que pode instaurar um modo de interação, uma
tipos. Explicando, ele afirma que um tipo pode ser maneira de interlocução, segundo perspectivas
usado no lugar de outro tipo, criando que podem variar. Essas perspectivas podem,
determinados efeitos de sentido impossíveis, na segundo o autor, estar ligadas ao produtor do
opinião do autor, com outro dado tipo. Para texto em relação ao objeto do dizer quanto ao
exemplificar, ele fala de descrições e fazer/acontecer, ou conhecer/saber, e quanto à
comentários dissertativos feitos por meio da inserção destes no tempo e/ou no espaço. Pode
narração. ser possível a perspectiva do produtor do texto
dada pela imagem que o mesmo faz do receptor
Resumindo esse ponto, Marcuschi traz a como alguém que concorda ou não com o que ele
seguinte configuração teórica: diz. Surge, assim, o discurso da transformação,
quando o produtor vê o receptor como alguém
. intertextualidade intergêneros = um gênero com que não concorda com ele. Se o produtor vir o
a função de outro receptor como alguém que concorda com ele,
surge o discurso da cumplicidade. Tem-se ainda,
. heterogeneidade tipológica = um gênero com a na opinião de Travaglia, uma perspectiva em que
presença de vários tipos o produtor do texto faz uma antecipação no dizer.
Da mesma forma, é possível encontrar a
Travaglia mostra o seguinte: perspectiva dada pela atitude comunicativa de
comprometimento ou não. Resumindo, cada uma
. conjugação tipológica = um texto apresenta das perspectivas apresentadas pelo autor gerará
vários tipos um tipo de texto. Assim, a primeira perspectiva
faz surgir os tipos descrição, dissertação,
. intercâmbio de tipos = um tipo usado no lugar injunção e narração. A segunda perspectiva faz
de outro com que surja o tipo argumentativo stricto sensu6
e não argumentativo stricto sensu. A perspectiva
Aspecto interessante a se observar é que da antecipação faz surgir o tipo preditivo. A do
Marcuschi afirma que os gêneros não são comprometimento dá origem a textos do mundo
entidades naturais, mas artefatos culturais comentado (comprometimento) e do mundo
construídos historicamente pelo ser humano. Um narrado (não comprometimento) (Weirinch,
gênero, para ele, pode não ter uma determinada 1968). Os textos do mundo narrado seriam
propriedade e ainda continuar sendo aquele enquadrados, de maneira geral, no tipo narração.
gênero. Para exemplificar, o autor fala, mais uma Já os do mundo comentado ficariam no tipo
vez, da carta pessoal. Mesmo que o autor da dissertação.
carta não tenha assinado o nome no final, ela
continuará sendo carta, graças as suas Travaglia diz que o Gênero Textual se caracteriza
propriedades necessárias e suficientes por exercer uma função social específica. Para
.Ele diz, ainda, que uma publicidade pode ter o ele, estas funções sociais são pressentidas e
formato de um poema ou de uma lista de vivenciadas pelos usuários. Isso equivale dizer
produtos em oferta. O que importa é que esteja que, intuitivamente, sabemos que gênero usar
fazendo divulgação de produtos, estimulando a em momentos específicos de interação, de
compra por parte de clientes ou usuários daquele acordo com a função social dele. Quando vamos
produto. escrever um e-mail, sabemos que ele pode
apresentar características que farão com que ele
Para Marcuschi, Tipologia Textual é um termo .funcione. de maneira diferente. Assim, escrever
que deve ser usado para designar uma espécie um e-mail para um amigo não é o mesmo que
de sequência teoricamente definida pela escrever um e-mail para uma universidade,
natureza linguística de sua composição. Em pedindo informações sobre um concurso público,
geral, os tipos textuais abrangem as categorias por exemplo.
narração, argumentação, exposição, descrição e
Língua Portuguesa 17
Apostilas Domínio
Observamos que Travaglia dá ao gênero uma quantos e quais são os gêneros textuais
função social. Parece que ele diferencia Tipologia existentes.
Textual de Gênero Textual a partir dessa
.qualidade. que o gênero possui. Mas todo texto, Se em Travaglia nota-se uma discussão teórica
independente de seu gênero ou tipo, não exerce não percebida em Marcuschi, o oposto também
uma função social qualquer? acontece. Este autor discute o conceito de
Domínio Discursivo. Ele diz que os domínios
Marcuschi apresenta alguns exemplos de discursivos são as grandes esferas da atividade
gêneros, mas não ressalta sua função social. Os humana em que os textos circulam (p. 24).
exemplos que ele traz são telefonema, sermão, Segundo informa, esses domínios não seriam
romance, bilhete, aula expositiva, reunião de nem textos nem discursos, mas dariam origem a
condomínio, etc. discursos muito específicos. Constituiriam
práticas discursivas dentro das quais seria
Já Travaglia, não só traz alguns exemplos de possível a identificação de um conjunto de
gêneros como mostra o que, na sua opinião, gêneros que às vezes lhes são próprios como
seria a função social básica comum a cada um: práticas ou rotinas comunicativas
aviso, comunicado, edital, informação, informe, institucionalizadas.
citação (todos com a função social de dar
conhecimento de algo a alguém). Certamente a Como exemplo, ele fala do discurso jornalístico,
carta e o e-mail entrariam nessa lista, levando em discurso jurídico e discurso religioso. Cada uma
consideração que o aviso pode ser dado sob a dessas atividades, jornalística, jurídica e
forma de uma carta, e-mail ou ofício. Ele continua religiosa, não abrange gêneros em particular,
exemplificando apresentando a petição, o mas origina vários deles.
memorial, o requerimento, o abaixo assinado
(com a função social de pedir, solicitar). Continuo Travaglia até fala do discurso jurídico e religioso,
colocando a carta, o e-mail e o ofício aqui. mas não como Marcuschi. Ele cita esses
discursos quando discute o que é para ele
Nota promissória, termo de compromisso e voto tipologia de discurso. Assim, ele fala dos
são exemplos com a função de prometer. Para discursos citados mostrando que as tipologias de
mim o voto não teria essa função de prometer. discurso usarão critérios ligados às condições de
Mas a função de confirmar a promessa de dar o produção dos discursos e às diversas formações
voto a alguém. Quando alguém vota, não discursivas em que podem estar inseridos (Koch
promete nada, confirma a promessa de votar que & Fávero, 1987, p. 3). Citando Koch & Fávero, o
pode ter sido feita a um candidato. autor fala que uma tipologia de discurso usaria
critérios ligados à referência (institucional
Ele apresenta outros exemplos, mas por questão (discurso político, religioso, jurídico), ideológica
de espaço não colocarei todos. É bom notar que (discurso petista, de direita, de esquerda, cristão,
os exemplos dados por ele, mesmo os que não etc), a domínios de saber (discurso médico,
foram mostrados aqui, apresentam função social linguístico, filosófico, etc), à inter-relação entre
formal, rígida. Ele não apresenta exemplos de elementos da exterioridade
gêneros que tenham uma função social menos
rígida, como o bilhete. (discurso autoritário, polêmico, lúdico)).
Marcuschi não faz alusão a uma tipologia do
Uma discussão vista em Travaglia e não discurso.
encontrada em Marcuschi7 é a de Espécie. Para
ele, Espécie se define e se caracteriza por Semelhante opinião entre os dois autores citados
aspectos formais de estrutura e de superfície é notada quando falam que texto e discurso não
linguística e/ou aspectos de conteúdo. Ele devem ser encarados como iguais. Marcuschi
exemplifica Espécie dizendo que existem duas considera o texto como uma entidade concreta
pertencentes ao tipo narrativo: a história e a não- realizada materialmente e corporificada em
história. Ainda do tipo narrativo, ele apresenta as algum Gênero Textual [grifo meu] (p. 24).
Espécies narrativa em prosa e narrativa em Discurso para ele é aquilo que um texto produz
verso. No tipo descritivo ele mostra as Espécies ao se manifestar em alguma instância discursiva.
distintas objetiva x subjetiva, estática x dinâmica O discurso se realiza nos textos (p. 24). Travaglia
e comentadora x narradora. Mudando para considera o discurso como a própria atividade
gênero, ele apresenta a correspondência com as comunicativa, a própria atividade produtora de
Espécies carta, telegrama, bilhete, ofício, etc. No sentidos para a interação comunicativa, regulada
gênero romance, ele mostra as Espécies por uma exterioridade sócio-histórica-ideológica
romance histórico, regionalista, fantástico, de (p. 03). Texto é o resultado dessa atividade
ficção científica, policial, erótico, etc. Não sei até comunicativa. O texto, para ele, é visto como uma
que ponto a Espécie daria conta de todos os unidade linguística concreta que é tomada pelos
Gêneros Textuais existentes. Será que é possível usuários da língua em uma situação de interação
especificar todas elas? Talvez seja difícil até comunicativa específica, como uma unidade de
mesmo porque não é fácil dizer sentido e como preenchendo uma função
comunicativa
Língua Portuguesa 18
Apostilas Domínio
reconhecível e reconhecida, independentemente conta uma série de fatores, porém dois são mais
de sua extensão (p. 03). pertinentes:
Travaglia afirma que distingue texto de discurso a) O trabalho com os tipos deveria preparar o
levando em conta que sua preocupação é com a aluno para a composição de quaisquer outros
tipologia de textos, e não de discursos. Marcuschi textos (não sei ao certo se isso é possível. Pode
afirma que a definição que traz de texto e ser que o trabalho apenas com o tipo narrativo
discurso é muito mais operacional do que formal. não dê ao aluno o preparo ideal para lidar com o
tipo dissertativo, e vice-versa. Um aluno que pára
Travaglia faz uma .tipologização. dos termos de estudar na 5ª série e não volta mais à escola
Gênero Textual, Tipologia Textual e Espécie. Ele teria convivido muito mais com o tipo narrativo,
chama esses elementos de Tipelementos. sendo esse o mais trabalhado nessa série. Será
Justifica a escolha pelo termo por considerar que que ele estaria preparado para produzir, quando
os elementos tipológicos (Gênero Textual, necessário, outros tipos textuais? Ao lidar
Tipologia Textual e Espécie) são básicos na somente com o tipo narrativo, por exemplo, o
construção das tipologias e talvez dos textos, aluno, de certa forma, não deixa de trabalhar com
numa espécie de analogia com os elementos os outros tipos?);
químicos que compõem as substâncias
encontradas na natureza. b) A utilização prática que o aluno fará de cada
tipo em sua vida.
Para concluir, acredito que vale a pena
considerar que as discussões feitas por Acho que vale a pena dizer que sou favorável ao
Marcuschi, em defesa da abordagem textual a trabalho com o Gênero Textual na escola,
partir dos Gêneros Textuais, estão diretamente embora saiba que todo gênero realiza
ligadas ao ensino. Ele afirma que o trabalho com necessariamente uma ou mais sequências
o gênero é uma grande oportunidade de se lidar tipológicas e que todos os tipos inserem-se em
com a língua em seus mais diversos usos algum gênero textual.
autênticos no dia-a-dia. Cita o PCN, dizendo que
ele apresenta a ideia básica de que um maior Até recentemente, o ensino de produção de
conhecimento do funcionamento dos Gêneros textos (ou de redação) era feito como um
Textuais é importante para a produção e para a procedimento único e global, como se todos os
compreensão de textos. Travaglia não faz tipos de texto fossem iguais e não
abordagens específicas ligadas à questão do apresentassem determinadas dificuldades e, por
ensino no seu tratamento à Tipologia Textual. isso, não exigissem aprendizagens específicas.
A fórmula de ensino de redação, ainda hoje muito
O que Travaglia mostra é uma extrema praticada nas escolas brasileiras – que consiste
preferência pelo uso da Tipologia Textual, fundamentalmente na trilogia narração, descrição
independente de estar ligada ao ensino. Sua e dissertação – tem por base uma concepção
abordagem parece ser mais taxionômica. Ele voltada essencialmente para duas finalidades: a
chega a afirmar que são os tipos que entram na formação de escritores literários (caso o aluno se
composição da grande maioria dos textos. Para aprimore nas duas primeiras modalidades
ele, a questão dos elementos tipológicos e suas textuais) ou a formação de cientistas (caso da
implicações com o ensino/aprendizagem merece terceira modalidade) (Antunes, 2004). Além
maiores discussões. disso, essa concepção guarda em si uma visão
equivocada de que narrar e descrever seriam
Marcuschi diz que não acredita na existência de ações mais .fáceis. do que dissertar, ou mais
Gêneros Textuais ideais para o ensino de língua. adequadas à faixa etária, razão pela qual esta
Ele afirma que é possível a identificação de última tenha sido reservada às séries terminais -
gêneros com dificuldades progressivas, do nível tanto no ensino fundamental quanto no ensino
menos formal ao mais formal, do mais privado ao médio.
mais público e assim por diante. Os gêneros
devem passar por um processo de progressão, O ensino-aprendizagem de leitura, compreensão
conforme sugerem Schneuwly & Dolz (2004). e produção de texto pela perspectiva dos gêneros
reposiciona o verdadeiro papel do professor de
Travaglia, como afirmei, não faz considerações Língua Materna hoje, não mais visto aqui como
sobre o trabalho com a Tipologia Textual e o um especialista em textos literários ou científicos,
ensino. Acredito que um trabalho com a tipologia distantes da realidade e da prática textual do
teria que, no mínimo, levar em conta a questão aluno, mas como um especialista nas diferentes
de com quais tipos de texto deve-se trabalhar na modalidades textuais, orais e escritas, de uso
escola, a quais será dada maior atenção e com social. Assim, o espaço da sala de aula é
quais será feito um trabalho mais detido. Acho transformado numa verdadeira oficina de textos
que a escolha pelo tipo, caso seja considerada a de ação social, o que é viabilizado e concretizado
ideia de Travaglia, deve levar em pela adoção de algumas estratégias, como enviar
uma carta para um aluno de outra classe, fazer
um cartão e ofertar a alguém, enviar uma carta
de solicitação a um
Língua Portuguesa 19
Apostilas Domínio
secretário da prefeitura, realizar uma entrevista, Por Paula Perin dos Santos
etc. Essas atividades, além de diversificar e
concretizar os leitores das produções (que agora O Novo Acordo Ortográfico visa simplificar as
deixam de ser apenas .leitores visuais.), regras ortográficas da Língua Portuguesa e
permitem também a participação direta de todos aumentar o prestígio social da língua no cenário
os alunos e eventualmente de pessoas que internacional. Sua implementação no Brasil
fazem parte de suas relações familiares e sociais. segue os seguintes parâmetros: 2009 – vigência
A avaliação dessas produções abandona os ainda não obrigatória, 2010 a 2012 – adaptação
critérios quase que exclusivamente literários ou completa dos livros didáticos às novas regras; e
gramaticais e desloca seu foco para outro ponto: a partir de 2013 – vigência obrigatória em todo o
o bom texto não é aquele que apresenta, ou só território nacional. Cabe lembrar que esse .Novo
apresenta, características literárias, mas aquele Acordo Ortográfico. já se encontrava assinado
que é adequado à situação comunicacional para desde 1990 por oito países que falam a língua
a qual foi produzido, ou seja, se a escolha do portuguesa, inclusive pelo Brasil, mas só agora é
gênero, se a estrutura, o conteúdo, o estilo e o que teve sua implementação.
nível de língua estão adequados ao interlocutor e
podem cumprir a finalidade do texto. É equívoco afirmar que este acordo visa
uniformizar a língua, já que uma língua não existe
Acredito que abordando os gêneros a escola apenas em função de sua ortografia. Vale
estaria dando ao aluno a oportunidade de se lembrar que a ortografia é apenas um aspecto
apropriar devidamente de diferentes Gêneros superficial da escrita da língua, e que as
Textuais socialmente utilizados, sabendo diferenças entre o Português falado nos diversos
movimentar-se no dia-a-dia da interação países lusófonos subsistirão em questões
humana, percebendo que o exercício da referentes à pronúncia, vocabulário e gramática.
linguagem será o lugar da sua constituição como Uma língua muda em função de seus falantes e
sujeito. A atividade com a língua, assim, do tempo, não por meio de Leis ou Acordos.
favoreceria o exercício da interação humana, da
participação social dentro de uma sociedade A queixa de muitos estudantes e usuários da
letrada. língua escrita é que, depois de internalizada uma
regra, é difícil .desaprendê-la.. Então, cabe aqui
1 - Penso que quando o professor não opta pelo uma dica: quando se tiver uma dúvida sobre a
trabalho com o gênero ou com o tipo ele acaba escrita de alguma palavra, o ideal é consultar o
não tendo uma maneira muito clara para Novo Acordo (tenha um sempre em fácil acesso)
selecionar os textos com os quais trabalhará. ou, na melhor das hipóteses, use um sinônimo
para referir-se a tal palavra.
2 - Outra discussão poderia ser feita se se
optasse por tratar um pouco a diferença entre Mostraremos nessa série de artigos o Novo
Gênero Textual e Gênero Discursivo. Acordo de uma maneira descomplicada,
apontando como é que fica estabelecido de hoje
3 - Travaglia (2002) diz que uma carta pode ser em diante a Ortografia Oficial do Português
exclusivamente descritiva, ou dissertativa, ou falado no Brasil.
injuntiva, ou narrativa, ou argumentativa. Acho
meio difícil alguém conseguir escrever um texto, Alfabeto
caracterizado como carta, apenas com
descrições, ou apenas com injunções. Por outro A influência do inglês no nosso idioma agora é
lado, meio que contrariando o que acabara de oficial. Há muito tempo as letras .k., .w. e .y.
afirmar, ele diz desconhecer um gênero faziam parte do nosso idioma, isto não é
necessariamente descritivo. nenhuma novidade. Elas já apareciam em
unidades de medidas, nomes próprios e palavras
4 - Termo usado pelas autoras citadas para os importadas do idioma inglês, como:
textos que fazem previsão, como o boletim
meteorológico e o horóscopo. km – quilômetro,
7 - Pelo menos nos textos aos quais tive acesso. Não se usa mais o trema em palavras do
Sílvio Ribeiro da Silva português. Quem digita muito textos científicos
no computador sabe o quanto dava trabalho
escrever linguística, frequência. Ele só vai
permanecer em nomes próprios e seus
ORTOGRAFIA OFICIAL derivados, de origem estrangeira. Por exemplo,
Gisele Bündchen não vai deixar de usar o trema
Língua Portuguesa 20
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em seu nome, pois é de origem alemã. (neste réis (moeda)
caso, o .ü. lê-se .i.)
Véu
QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÔNICA
dói
1. Acentuam-se as oxítonas terminadas em .A”,
“E”, “O”, seguidas ou não de .S”, inclusive as méis
formas verbais quando seguidas de “LO(s)” ou
“LA(s)”. Também recebem acento as oxítonas céu
terminadas em ditongos abertos, como “ÉI”, “ÉU”,
“ÓI”, seguidos ou não de “S” mói
Ex. pastéis
Chá Chapéus
Mês anzóis
nós ninguém
Gás parabéns
Sapé Jerusalém
cipó
Dará Resumindo:
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Ex. México, música, mágico, lâmpada, pálido, Às pessoas, na rua, foi sugerida uma questão.
pálido, sândalo, crisântemo, público, pároco, Pediu-se que colocassem vírgulas no seguinte
proparoxítona. texto:
. Formarem sílabas sozinhos ou com “S” "O diretor de Recursos Humanos da Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos" é o sujeito do
Ex. Ju-í-zo, Lu-ís, ca-fe-í-na, ra-í-zes, sa-í-da, e- verbo declarar. Foi ele, o diretor, que declarou.
go-ís-ta.
Entre sujeito e verbo não há vírgula.
IMPORTANTE
Depois, " ...que não haverá demissões neste
Por que não acentuamos .ba-i-nha., .fei-u-ra., mês."
.ru-im., .ca-ir., .Ra-ul., se todos são .i. e .u.
tônicas, portanto hiatos? Como a sequência está na ordem direta, não há
por que colocar vírgula.
Porque o .i. tônico de .bainha. vem seguido de
NH. O .u. e o .i. tônicos de .ruim., .cair. e .Raul. Mas, às vezes, vírgula pode decidir o sentido do
formam sílabas com .m., .r. e .l. respectivamente. texto.
Essas consoantes já soam forte por natureza,
tornando naturalmente a sílaba .tônica., sem O professor Pasquale fala da sua participação no
precisar de acento que reforce isso. Programa Jô Soares, quando pediu a ele que
escrevesse um telegrama.
5. Trema
Irás voltarás não morrerás
Não se usa mais o trema em palavras da língua
portuguesa. Ele só vai permanecer em nomes Dependendo do sentido que se quer dar, ocorre
próprios e seus derivados, de origem estrangeira, a pontuação.
como Bündchen, Müller, mülleriano (neste caso,
o .ü. lê-se .i.) Irás. Voltarás. Não morrerás.
pôde (passado), pode (presente) No primeiro caso não há por que usar a vírgula.
O texto está na ordem direta e em sequências
pôr (verbo), por (preposição) diretas não se usa pontuação. No caso do
telegrama pontua-se de acordo com aquilo que
Nas formas verbais, cuja finalidade é determinar se quer dizer. A pontuação decide o sentido.
se a 3ª pessoa do verbo está no singular ou
plural: O PONTO
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orações pausadas, curtas, todas pontuadas, Travessão serve para:
exercem no seguinte texto: "Dezembro. Solão em
brasa. O verde mais verde. As ruas repletas de Principalmente, indicar com que pessoa do
pessoas que passam minimamente vestidas. discurso está a fala.
Muita alegria. Muita cor."
Isolar palavras ou frases - usa-se travessão
O PONTO-E-VÍRGULA duplo.
Ele marca uma pausa intermediária entre o ponto Isolar a parte final de um enunciado.
e a vírgula. Geralmente, separa orações
coordenadas quando uma delas já tiver vírgula, Exemplos:
ou quando tiverem sentido oposto: "As mulheres
choravam de medo; os homens zombavam de - Bom dia, nhá Benta.
tudo."
- Bom dia, meu filho.
OS DOIS-PONTOS
Um mundo todo vivo tem grande força - a força
Eles introduzem citações, enumerações ou um de um inferno. (Clarice Lispector).
esclarecimento.
O HÍFEN
A velhinha simpática conclamou a todos:
Prefixos que exigem hífen diante de qualquer
- Venham tomar chá! letra: além, aquém, bem, co, ex, nuper, pára, pós,
pré, pró, recém, sem, sota, soto e vice. Fonte -
Aristides costumava fechar questão em três http://www.spiner.com.br
pontos: honra, dinheiro e mulheres.
CRASE
Não gostava que mexessem nas gavetas: ficava
possesso. Crase é a fusão da preposição A com outro A.
Só quero uma coisa: paz. (J. C. Carvalho). Fomos a a feira ontem = Fomos à feira ontem.
"A verdade não me faz sentido... É por isso que • em locuções prepositivas:
eu a temia e a temo... Sinto que uma primeira
liberdade está pouco a pouco me tomando..." em frente à, à procura de...
(Clarice Lispector)
• em locuções conjuntivas:
"A Genilda? Bom... não sei... acho que ela nem
chegou ainda..."(Rubem Braga). à medida que, à proporção que...
Meu "flamboyant" na primavera, que bonito que Refiro-me àquilo e não a isto.
ele era. (Roberto Carlos).
A CRASE É FACULTATIVA
OS PARÊNTESES
• diante de pronomes possessivos femininos:
São usados para intercalar, num texto, qualquer
indicação acessória (uma explicação, uma Entreguei o livro a(à) sua secretária .
circunstância incidental, uma nota emocional).
• diante de substantivos próprios femininos:
Deus (ou foi talvez o diabo?) deu-me este amor
maduro... (Carlos D. de Andrade) Dei o livro à(a) Sônia.
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• Antes dos nomes de localidades, quando tais • A QUE - À QUE
nomes admitirem o artigo A:
Se, com antecedente masculino ocorrer AO
Viajaremos à Colômbia. QUE, com o feminino ocorrerá crase:
(Observe: A Colômbia é bela - Venho da Houve um palpite anterior ao que você deu.
Colômbia)
Houve uma sugestão anterior à que você deu.
• Nem todos os nomes de localidades aceitam o
artigo: Curitiba, Brasília, Fortaleza, Goiás, Ilhéus, Se, com antecedente masculino, ocorrer A QUE,
Pelotas, Porto Alegre, São Paulo, Madri, Veneza, com o feminino não ocorrerá crase.
etc.
Não gostei do filme a que você se referia.
Viajaremos a Curitiba.
Não gostei da peça a que você se referia.
(Observe: Curitiba é uma bela cidade - Venho
de Curitiba). O mesmo fenômeno de crase (preposição A) -
pronome demonstrativo A que ocorre antes do
• Haverá crase se o substantivo vier QUE (pronome relativo), pode ocorrer antes do
acompanhado de adjunto que o modifique. de:
Não tive tempo de ir a casa apanhar os papéis. • antes de pronomes de tratamento, exceto
(Venho de casa). senhora, senhorita e dona:
Língua Portuguesa 24
Apostilas Domínio
Antônimas - quando têm significação oposta: A denotação é a propriedade que possui uma
triste e alegre, bondade e maldade, riqueza e palavra de limitar-se a seu próprio conceito, de
pobreza. trazer apenas o seu significado primitivo, original.
DENOTAÇAO E CONOTAÇAO
Língua Portuguesa 25
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São esses dois aspectos que devem ser estrangeirismo de forma consciente, buscar o
considerados na escolha deste ou daquele equivalente português quando houver, ou
vocábulo. conformar a palavra estrangeira ao espírito da
língua portuguesa.
Sendo a clareza um dos requisitos fundamentais
de todo texto oficial, deve-se atentar para a O problema do abuso de estrangeirismos inúteis
tradição no emprego de determinada expressão ou empregados em contextos em que não
com determinado sentido. O emprego de cabem, é em geral causado ou pelo
expressões ditas "de uso consagrado" confere desconhecimento da riqueza vocabular de nossa
uniformidade e transparência ao sentido do texto. língua, ou pela incorporação acrítica do
Mas isto não quer dizer que os textos oficiais estrangeirismo.
devam limitar-se à repetição de chavões e
clichês. Homônimos e Parônimos
Verifique sempre o contexto em que as palavras Muitas vezes temos dúvidas no uso de vocábulos
estão sendo utilizadas. Certifique-se de que não distintos provocadas pela semelhança ou mesmo
há repetições desnecessárias ou redundâncias. pela igualdade de pronúncia ou de grafia entre
Procure sinônimos ou termos mais precisos para eles. É o caso dos fenômenos designados como
as palavras repetidas; mas se sua substituição homonímia e paronímia.
for comprometer o sentido do texto, tornando-o
ambíguo ou menos claro, não hesite em deixar o A homonímia é a designação geral para os casos
texto como está. em que palavras de sentidos diferentes têm a
mesma grafia (os homônimos homógrafos) ou a
É importante lembrar que o idioma está em mesma pronúncia (os homônimos homófonos).
constante mutação. A própria evolução dos
costumes, das ideias, das ciências, da política, Os homógrafos podem coincidir ou não na
enfim da vida social em geral, impõe a criação de pronúncia, como nos exemplos: quarto
novas palavras e formas de dizer. Na definição (aposento) e quarto (ordinal), manga (fruta) e
de Serafim da Silva Neto, a língua: manga (de camisa), em que temos pronúncia
idêntica; e apelo (pedido) e apelo (com e aberto,
"(...) é um produto social, é uma atividade do 1a pess. do sing do pres. do ind. do verbo apelar),
espírito humano. Não é, assim, independente da consolo (alívio) e consolo (com o aberto, 1a
vontade do homem, porque o homem não é uma pess. do sing. do pres. do ind. do verbo consolar),
folha seca ao sabor dos ventos veementes de com pronúncia diferente.
uma fatalidade desconhecida e cega. Não está
obrigada a prosseguir na sua trajetória, de acordo Os homógrafos de idêntica pronúncia
com leis determinadas, porque as línguas diferenciam-se pelo contexto em que são
seguem o destino dos que as falam, são o que empregados. Não há dúvida, por exemplo,
delas fazem as sociedades que as empregam." quanto ao emprego da palavra são nos três
sentidos:
Assim, continuamente, novas palavras são
criadas (os neologismos) como produto da a) verbo ser, 3a pess. do pl. do pres.,
dinâmica social, e incorporados ao idioma
inúmeros vocábulos de origem estrangeira (os b) saudável e
estrangeirismos), que vêm para designar ou
exprimir realidades não contempladas no c) santo.
repertório anterior da língua portuguesa.
Palavras de grafia diferente e de pronúncia igual
A redação oficial não pode alhear-se dessas (homófonos) geram dúvidas ortográficas. Caso,
transformações, nem incorporá-las por exemplo, de acento/assento, coser/cozer,
acriticamente. Quanto às novidades vocabulares, dos prefixos ante-/anti-, etc. Aqui o contexto não
elas devem sempre ser usadas com critério, é suficiente para resolver o problema, pois
evitando-se aquelas que podem ser substituídas sabemos o sentido, a dúvida é de letra(s). sempre
por vocábulos já de uso consolidado sem que houver incerteza, consulte a lista adiante,
prejuízo do sentido que se lhes quer dar. algum dicionário ou manual de ortografia.
De outro lado, não se concebe que, em nome de Já o termo paronímia designa o fenômeno que
suposto purismo, a linguagem das comunicações ocorre com palavras semelhantes (mas não
oficiais fique imune às criações vocabulares ou a idênticas) quanto à grafia ou à pronúncia. É fonte
empréstimos de outras línguas. A rapidez do de muitas dúvidas, como entre descrição (=ato de
desenvolvimento tecnológico, por exemplo, descrever„) e discrição (=qualidade do que é
impõe a criação de inúmeros novos conceitos e discreto„), retificar (=corrigir„) e ratificar
termos, ditando de certa forma a velocidade com (confirmar).
que a língua deve incorporá-los. O importante é
usar o
Língua Portuguesa 26
Apostilas Domínio
Como não interessa aqui aprofundar a discussão . Aleatório: casual, fortuito, acidental.
teórica da matéria, restringimo-nos a uma lista de
palavras que costumam suscitar dúvidas de . Alheatório: que alheia, alienante, que desvia ou
grafia ou sentido. Procuramos incluir palavras perturba.
que com mais frequência provocam dúvidas na
elaboração de textos oficiais, com o cuidado de . Amoral: desprovido de moral, sem senso de
agregá-las em pares ou pequenos grupos moral.
formais.
. Imoral: contrário à moral, aos bons costumes,
. Absolver: inocentar, relevar da culpa imputada: devasso, indecente.
O júri absolveu o réu.
. Ante (preposição): diante de, perante: Ante tal
. Absorver: embeber em si, esgotar: O solo situação, não teve alternativa.
absorveu lentamente a água da chuva.
. Ante- (prefixo): expressa anterioridade: antepor,
. Acender: atear (fogo), inflamar. antever, anteprojeto ante-diluviano.
. Acerca de: sobre, a respeito de: No discurso, o . De encontro a: contra; em prejuízo de: O carro
Presidente falou acerca de seus planos. foi de encontro a um muro. O governo não apoiou
a medida, pois vinha de encontro aos interesses
. A cerca de: a uma distância aproximada de: O dos menores.
anexo fica a cerca de trinta metros do prédio
principal. . Ao invés de: ao contrário de: Ao invés de demitir
dez funcionários, a empresa contratou mais vinte.
Estamos a cerca de um mês ou (ano) das (Inaceitável o cruzamento *ao em vez de.)
eleições.
. Em vez de: em lugar de: Em vez de demitir dez
. Há cerca de: faz aproximadamente (tanto funcionário, a empresa demitiu vinte.
tempo): Há cerca de um ano, tratamos de caso
idêntico; existem aproximadamente: Há cerca de . A par: informado, ao corrente, ciente: O Ministro
mil títulos no catálogo. está a par (var.: ao par) do assunto; ao lado,
junto; além de.
. Acidente: acontecimento casual; desastre: A
derrota foi um acidente na sua vida profissional. . Ao par: de acordo com a convenção legal: Fez
O súbito temporal provocou terrível acidente no a troca de mil dólares ao par.
parque.
. Aparte: interrupção, comentário à margem: O
. Incidente: episódio; que incide, que ocorre: O deputado concedeu ao colega um aparte em seu
incidente da demissão já foi superado. pronunciamento.
Língua Portuguesa 27
Apostilas Domínio
. Arresto: apreensão judicial, embargo: Os bens . Cessão: ato de ceder: A cessão do local pelo
do traficante preso foram todos arrestados. município tornou possível a realização da obra.
. Arrochar: apertar com arrocho, apertar muito. . Seção: setor, subdivisão de um todo, repartição,
divisão: Em qual seção do ministério ele
. Arroxar: ou arroxear, roxear: tornar roxo. trabalha?
. Ás: exímio em sua atividade; carta do baralho. . Sessão: espaço de tempo que dura uma
reunião, um congresso; reunião; espaço de
. Az (p. us.): esquadrão, ala do exército. tempo durante o qual se realiza uma tarefa: A
próxima sessão legislativa será iniciada em 1o de
. Atuar: agir, pôr em ação; pressionar. agosto.
. Invocar: pedir (a ajuda de); chamar; proferir: Ao . Coligir: colecionar, reunir, juntar: As leis foram
final do discurso, invocou a ajuda de Deus. coligidas pelo Ministério da Justiça.
. Cassar: tornar nulo ou sem efeito, suspender, . Cumprimento: ato de cumprir, execução
invalidar. completa; saudação.
Língua Portuguesa 28
Apostilas Domínio
. Cozer: cozinhar, preparar. . Destratar: insultar, maltratar com palavras.
. Derrogar: revogar parcialmente (uma lei), . Imigrar: entrar em país estrangeiro para nele
anular. viver.
Língua Portuguesa 29
Apostilas Domínio
. Esperto: inteligente, vivo, ativo. . Inflação: ato ou efeito de inflar; emissão
exagerada de moeda, aumento persistente de
. Experto: perito, especialista. preços.
. Espiar: espreitar, observar secretamente, . Infração: ato ou efeito de infringir ou violar uma
olhar. norma.
. Expiar: cumprir pena, pagar, purgar. . Infligir: cominar, aplicar (pena, castigo,
repreensão, derrota): O juiz infligiu pesada pena
. Estada: ato de estar, permanência: Nossa ao réu.
estada em São Paulo foi muito agradável.
. Infringir: transgredir, violar, desrespeitar (lei,
. Estadia: prazo para carga e descarga de navio regulamento, etc.) (cp. infração): A condenação
ancorado em porto: O "Rio de Janeiro" foi decorreu de ter ele infringido um sem número de
autorizado a uma estadia de três dias. artigos do Código Penal.
. Estância: lugar onde se está, morada, recinto. . Inquerir: apertar (a carga de animais), encilhar.
. Instância: solicitação, pedido, rogo; foro, . Inquirir: procurar informações sobre, indagar,
jurisdição, juízo. investigar, interrogar.
. Extrato: coisa que se extraiu de outra; . Interse(c)ção: ação de se(c)cionar, cortar; ponto
pagamento, resumo, cópia; perfume. em que se encontram duas linhas ou superfícies.
. Flagrante: ardente, acalorado; diz-se do ato que . Inter- (prefixo): entre; preposição latina usada
a pessoa é surpreendida a praticar (flagrante em locuções: inter alia (entre outros), inter pares
delito). (entre iguais).
. Fragrante: que tem fragrância ou perfume; . Intra- (prefixo): interior, dentro de.
cheiroso.
. Judicial: que tem origem no Poder Judiciário ou
. Florescente: que floresce, próspero, viçoso. que perante ele se realiza.
. Folhar: produzir folhas, ornar com folhagem, . Liberação: ato de liberar, quitação de dívida ou
revestir lâminas. obrigação.
Língua Portuguesa 30
Apostilas Domínio
ou administrativa: um mandado de segurança, . Preposição: ato de prepor, preferência; palavra
mandado de prisão. invariável que liga constituintes da frase.
. Mandato: autorização que alguém confere a . Proposição: ato de propor, proposta; máxima,
outrem para praticar atos em seu nome; sentença; afirmativa, asserção.
procuração; delegação: o mandato de um
deputado, senador, do Presidente. . Presar: capturar, agarrar, apresar.
. Mandante: que manda; aquele que outorga um . Prezar: respeitar, estimar muito, acatar.
mandato.
. Prescrever: fixar limites, ordenar de modo
. Mandatário: aquele que recebe um mandato, explícito, determinar; ficar sem efeito, anular-se:
executor de mandato, representante, procurador. O prazo para entrada do processo prescreveu há
dois meses.
. Mandatório: obrigatório.
. Proscrever: abolir, extinguir, proibir, terminar;
. Obcecação: ato ou efeito de obcecar, teimosia, desterrar. O uso de várias substâncias
cegueira. psicotrópicas foi proscrito por recente portaria do
Ministro.
. Obsessão: impertinência, perseguição, ideia
fixa. . Prever: ver antecipadamente, profetizar;
calcular: A assessoria previu acertadamente o
. Ordinal: numeral que indica ordem ou série desfecho do caso.
(primeiro, segundo, milésimo, etc.).
. Prover: providenciar, dotar, abastecer, nomear
. Ordinário: comum, frequente, trivial, vulgar. para cargo: O chefe do departamento de pessoal
proveu os cargos vacantes.
. Original: com caráter próprio; inicial, primordial.
. Provir: originar-se, proceder; resultar: A dúvida
. Originário: que provém de, oriundo; inicial, provém (Os erros provêm) da falta de leitura.
primitivo.
. Prolatar: proferir sentença, promulgar.
. Paço: palácio real ou imperial; a corte.
. Protelar: adiar, prorrogar.
. Passo: ato de avançar ou recuar um pé para
andar; caminho, etapa. . Ratificar: validar, confirmar, comprovar.
. Pleito: questão em juízo, demanda, litígio, . Retificar: corrigir, emendar, alterar: A diretoria
discussão: O pleito por mais escolas na região foi ratificou a decisão após o texto ter sido retificado
muito bem formulado. em suas passagens ambíguas.
. Proceder: originar-se, derivar, provir; levar a . Rescindir: dissolver, invalidar, romper, desfazer:
efeito, executar. Como ele reincidiu no erro, o contrato de trabalho
foi rescindido.
. Pós- (prefixo): posterior a, que sucede, atrás de,
após: pós-moderno, pós-operatório. . Remição: ato de remir, resgate, quitação.
. Pré- (prefixo): anterior a, que precede, à frente . Remissão: ato de remitir, intermissão, intervalo;
de, antes de: pré-modernista, pré-primário. perdão, expiação.
. Pró (advérbio): em favor de, em defesa de. A . Repressão: ato de reprimir, contenção,
maioria manifestou-se contra, mas dei meu impedimento, proibição.
parecer pró.
. Repreensão: ato de repreender, enérgica
. Preeminente: que ocupa lugar elevado, nobre, admoestação, censura, advertência.
distinto.
. Ruço: grisalho, desbotado.
. Proeminente: alto, saliente, que se alteia acima
do que o circunda. . Russo: referente à Rússia, nascido naquele
país; língua falada na Rússia.
Língua Portuguesa 31
Apostilas Domínio
. Sanção: confirmação, aprovação; pena imposta . Vestuário: as roupas que se vestem, traje.
pela lei ou por contrato para punir sua infração.
. Vultoso: de grande vulto, volumoso.
. Sansão: nome de personagem bíblico; certo tipo
de guindaste. . Vultuoso (p. us.): atacado de vultuosidade
(congestão da face).
. Sedento: que tem sede; sequioso (var. p. us.:
sedente).
. Tacha: pequeno prego; mancha, defeito, pecha. Exs.: amarelecer = amarelo + ecer
. Tenção: intenção, plano (deriv.: tencionar); É o elemento mórfico que vem depois do
assunto, tema. radical.
. Tensão: estado de tenso, rigidez (deriv.: Exs.: med - onho cear – ense
tensionar); diferencial elétrico.
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
. Tráfego: trânsito de veículos, percurso,
transporte. A Língua Portuguesa, como qualquer língua viva,
está sempre criando novas palavras. Para criar
. Tráfico: negócio ilícito, comércio, negociação. suas novas palavras, a língua recorre a vários
meios chamados processos de formação de
. Trás: atrás, detrás, em seguida, após (cf. em palavras.
locuções: de trás, por trás).
Os principais processos de formação das
. Traz: 3a pessoa do singular do presente do palavras são:
indicativo do verbo trazer.
DERIVAÇÃO
. Vestiário: guarda-roupa; local em que se trocam
roupas. É a formação de uma nova palavra mediante o
acréscimo de elementos à palavra já existente:
a) Por sufixação:
Língua Portuguesa 32
Apostilas Domínio
Acréscimo de um sufixo. Exs.: dent - ista , bel - a) os nomes de coisas, pessoas, animais e
íssimo. lugares: livro, cadeira, cachorra, Valéria, Talita,
Humberto, Paris, Roma, Descalvado.
b) Por prefixação :
b) os nomes de ações, estados ou qualidades,
Acréscimo de um prefixo. Exs.: ab - jurar, ex - tomados como seres: trabalho, corrida, tristeza
diretor. beleza altura.
Língua Portuguesa 33
Apostilas Domínio
Coletivo é o substantivo que, mesmo sendo constelação - de estrelas
singular, designa um grupo de seres da mesma
espécie. corja - de vadios
Língua Portuguesa 34
Apostilas Domínio
resma - de papel uma criança do sexo masculino / o cônjuge do
sexo feminino.
revoada - de pássaros
AIguns substantivos que apresentam problema
súcia - de pessoas desonestas quanto ao Gênero:
Língua Portuguesa 35
Apostilas Domínio
b) ÃES (um pequeno número): cão, cães; confins
capitão, capitães; guardião, guardiães.
férias
c) ÃOS (todos os paroxítonos e um pequeno
número de oxítonos): cristão, cristãos; irmão, núpcias
irmãos; órfão, órfãos; sótão, sótãos.
olheiras
Muitos substantivos com esta terminação
apresentam mais de uma forma de plural: aldeão, viveres
aldeãos ou aldeães; charlatão, charlatões ou
charlatães; ermitão, ermitãos ou ermitães; anais
tabelião, tabeliões ou tabeliães, etc.
belas-artes
3. Os substantivos terminados em M mudam o M
para NS. armazém, armazéns; harém, haréns; condolências
jejum, jejuns.
exéquias
4. Aos substantivos terminados em R, Z e N
acrescenta-se-lhes ES: lar, lares; xadrez, fezes
xadrezes; abdômen, abdomens (ou abdômenes);
hífen, hífens (ou hífenes). óculos
Língua Portuguesa 36
Apostilas Domínio
a) nos compostos de substantivo + substantivo: Principais sufixos aumentativos
couve-flor, couves-flores; redator-chefe,
redatores-chefes; carta-compromisso, cartas- AÇA, AÇO, ALHÃO, ANZIL, ÃO, ARÉU, ARRA,
compromissos. ARRÃO, ASTRO, ÁZIO, ORRA, AZ, UÇA. Ex.: A
barcaça, ricaço, grandalhão, corpanzil, caldeirão,
b) nos compostos de substantivo + adjetivo (ou povaréu, bocarra, homenzarrão, poetastro,
vice-versa): amor-perfeito, amores-perfeitos; copázio, cabeçorra, lobaz, dentuça.
gentil-homem, gentis-homens; cara-pálida,
caras-pálidas. Principais Sufixos Diminutivos
Língua Portuguesa 37
Apostilas Domínio
padrinho - madrinha acordo luso-franco-brasileiros
Gênero Observações:
b) Biforme: quando apresenta duas formas: uma blusa amarelo-ouro blusas amarelo-ouro
para o masculino, outra para o feminino: homem
simpático / mulher simpática / homem alto / 2) Os adjetivos compostos azul-marinho e azul-
mulher alta / aluno estudioso / aluna estudiosa celeste ficam invariáveis:
Língua Portuguesa 38
Apostilas Domínio
Este automóvel é mais confortável que (ou do amigo - amicíssimo
que) econômico.
áspero - aspérrimo
- Comparativo de inferioridade:
audaz - audacíssimo
A prata é menos valiosa que (ou do que) o ouro.
benévolo - benevolentíssimo
Este automóvel é menos econômico que (ou do
que) confortável. célebre - celebérrimo
agudo - acutíssimo
mau pior péssimo
amável - amabilíssimo
grande maior máximo
antigo - antiquíssimo
pequeno menor mínimo
atroz - atrocíssimo
benéfico - beneficentíssimo
Eis, para consulta, alguns superlativos absolutos
sintéticos: capaz - capacíssimo
amargo - amaríssimo
Língua Portuguesa 39
Apostilas Domínio
feroz - ferocíssimo Equador - equatoriano
Ceilão - cingalês
Língua Portuguesa 40
Apostilas Domínio
Haiti - haitiano Rio de Janeiro (Est.) - fluminense
Língua Portuguesa 41
Apostilas Domínio
• interrogativos: que, quem, qual, quanto, Na categoria dos pronomes pessoais, incluem-
empregados em frases interrogativas. se os pronomes de tratamento. Referem-se à
pessoa a quem se fala, embora a concordância
PRONOMES PESSOAIS deva ser feita com a terceira pessoa. Convém
notar que, exceção feita a você, esses pronomes
Pronomes pessoais são aqueles que são empregados no tratamento cerimonioso.
representam as pessoas do discurso:
Veja, a seguir, alguns desses pronomes:
1ª pessoa: quem fala, o emissor.
PRONOME ABREV. EMPREGO
Eu sai (eu)
Vossa Alteza V. A. príncipes, duques
Nós saímos (nós)
Vossa Eminência V .Ema cardeais
Convidaram-me (me)
Vossa Excelência V.Exa altas autoridades em
Convidaram-nos (nós) geral Vossa Magnificência V. Mag a reitores de
universidades
2ª pessoa: com quem se fala, o receptor.
Vossa Reverendíssima V. Revma sacerdotes em
Tu saíste (tu) geral
Língua Portuguesa 42
Apostilas Domínio
Eles gostam muito de NÓS. reforço, tais pronomes devem ser substituídos
pela forma analítica:
4. As formas EU e TU só podem funcionar como
sujeito. Considera-se errado seu emprego como Queriam falar conosco = Queriam falar com nós
complemento: dois
Nunca houve desentendimento entre mim e ti. 7. Os pronomes oblíquos podem aparecer
(certo) combinados entre si. As combinações possíveis
são as seguintes:
Como regra prática, podemos propor o seguinte:
quando precedidas de preposição, não se usam me+o=mo
as formas retas EU e TU, mas as formas oblíquas
MIM e TI: te+o=to
Língua Portuguesa 43
Apostilas Domínio
Eu lhe vi ontem. (errado) 14. VOCÊ e os demais pronomes de tratamento
(VOSSA MAJESTADE, VOSSA ALTEZA)
Nunca o obedeci. (errado) embora se refiram à pessoa com quem falamos
(2ª pessoa, portanto), do ponto de vista
Eu o vi ontem. (certo) gramatical, comportam-se como pronomes de
terceira pessoa:
Nunca lhe obedeci. (certo)
Você trouxe seus documentos?
9. Há pouquíssimos casos em que o pronome
oblíquo pode funcionar como sujeito. Isto ocorre Vossa Excelência não precisa incomodar-se
com os verbos: deixar, fazer, ouvir, mandar, com seus problemas.
sentir, ver, seguidos de infinitivo. O nome oblíquo
será sujeito desse infinitivo: COLOCAÇÃO DE PRONOMES
12. As formas plurais NÓS e VÓS podem ser 1. Quando o verbo iniciar a oração:
empregadas para representar uma única pessoa
(singular), adquirindo valor cerimonioso ou de Voltei-me em seguida para o céu límpido.
modéstia:
2. Quando o verbo iniciar a oração principal
Nós - disse o prefeito - procuramos resolver o precedida de pausa:
problema das enchentes.
Como eu achasse muito breve, explicou-se.
Vós sois minha salvação, meu Deus!
3. Com o imperativo afirmativo:
13. Os pronomes de tratamento devem vir
precedidos de VOSSA, quando nos dirigimos à Companheiros, escutai-me.
pessoa representada pelo pronome, e por SUA,
quando falamos dessa pessoa: 4. Com o infinitivo impessoal:
Língua Portuguesa 44
Apostilas Domínio
6. Com o verbo que inicia a coordenada Com essas formas verbais a ênclise é
assindética. inadmissível:
Tudo me parecia que ia ser comida de avião. Não lhes podemos contar o ocorrido.
Emília tinha quatorze anos quando a vi pela 2. Auxiliar + particípio passado - o pronome deve
primeira vez. vir enclítico ou proclítico ao auxiliar, mas nunca
enclítico ao particípio.
2. Nas orações optativas (que exprimem
desejo): "Outro mérito do positivismo em relação a mim
foi ter-me levado a Descartes ."
Papai do céu o abençoe.
Tenho-me levantado cedo.
A terra lhes seja leve.
Não me tenho levantado cedo.
3. Com o gerúndio precedido da preposição EM:
O uso do pronome átono solto entre o auxiliar e o
Em se animando, começa a contagiar-nos. infinitivo, ou entre o auxiliar e o gerúndio, já está
generalizado, mesmo na linguagem culta. Outro
Bromil era o suco em se tratando de combater a aspecto evidente, sobretudo na linguagem
tosse. coloquial e popular, é o da colocação do pronome
no início da oração, o que se deve evitar na
4. Com advérbios pronunciados juntamente com linguagem escrita.
o verbo, sem que haja pausa entre eles.
PRONOMES POSSESSIVOS
Aquela voz sempre lhe comunicava vida nova.
Os pronomes possessivos referem-se às
Antes, falava-se tão-somente na aguardente da pessoas do discurso, atribuindo-lhes a posse de
terra. alguma coisa.
Dir-se-ia vir do oco da terra. 2ª pessoa singular: TEU, TUA, TEUS, TUAS.
Não me lembrarei de alguns belos dias em Paris. 1ª pessoa plural: NOSSO, NOSSA, NOSSOS,
NOSSAS.
Jamais se diria vir do oco da terra.
2ª pessoa plural: VOSSO, VOSSA, VOSSOS,
VOSSAS.
Língua Portuguesa 45
Apostilas Domínio
3ª pessoa plural: SEU, SUA, SEUS, SUAS. Podem os possessivos ser modificados por um
advérbio de intensidade.
Os possessivos SEU(S), SUA(S) tanto podem
referir-se à 3ª pessoa (seu pai = o pai dele), como Levaria a mão ao colar de pérolas, com aquele
à 2ª pessoa do discurso (seu pai = o pai de você). gesto tão seu, quando não sabia o que dizer.
Os possessivos devem ser usados com critério. Os pronomes demonstrativos são estes:
Substituí-los pelos pronomes oblíquos comunica
á frase desenvoltura e elegância. ESTE (e variações), isto = 1ª pessoa
Ele poderá ter seus quarenta e cinco anos Este documento que tenho nas mãos não é meu.
3. O mesmo que os indefinidos certo, algum Esta alma não traz pecados.
Cornélio teve suas horas amargas c) Para indicar o momento em que falamos:
Não os culpo, minha boa senhora, não os culpo d) Para indicar tempo vindouro ou mesmo
passado, mas próximo do momento em que
No plural usam-se os possessivos falamos:
substantivados no sentido de parentes de família.
Esta noite (= a noite vindoura) vou a um baile.
É assim que um moço deve zelar o nome dos
seus? Esta noite (= a noite que passou) não dormi
bem.
Língua Portuguesa 46
Apostilas Domínio
e) Para indicar que o período de tempo é mais ou Ainda hei de conseguir o que desejo, e esse dia
menos extenso e no qual se inclui o momento em não está muito distante.
que falamos:
3. AQUELE (e variações) e AQUILO usam-se:
Nesta semana não choveu.
a) Para indicar o que está longe das duas
Neste mês a inflação foi maior. primeiras pessoas e refere-se á 3ª.
Este ano será bom para nós. Aquele documento que lá está é teu?
Este século terminará breve. Aquilo que eles carregam pesa 5 kg.
f) Para indicar aquilo de que estamos tratando: b) Para indicar tempo passado mais ou menos
distante.
Este assunto já foi discutido ontem.
Naquele instante estava preocupado.
Tudo isto que estou dizendo já é velho.
Daquele instante em diante modifiquei-me.
g) Para indicar aquilo que vamos mencionar:
Usamos, ainda, aquela semana, aquele mês,
Só posso lhe dizer isto: nada somos. aquele ano, aquele século, para exprimir que o
tempo já decorreu.
Os tipos de artigo são estes: definidos e
indefinidos. 4. Quando se faz referência a duas pessoas ou
coisas já mencionadas, usa-se este (ou
2. ESSE (e variações) e ISSO usam-se: variações) para a última pessoa ou coisa e
aquele (ou variações) para a primeira:
a) Para indicar o que está próximo ou junto da
2ª pessoa (aquela com quem se fala): Ao conversar com lsabel e Luís, notei que este se
encontrava nervoso e aquela tranquila.
Esse documento que tens na mão é teu?
5. Os pronomes demonstrativos, quando regidos
Isso que carregas pesa 5 kg. pela preposição DE, pospostos a substantivos,
usam-se apenas no plural:
b) Para indicar o que está na 2ª pessoa ou que
a abrange fisicamente: Você teria coragem de proferir um palavrão
desses, Rose?
Esse teu coração me traiu.
Com um frio destes não se pode sair de casa.
Essa alma traz inúmeros pecados.
Nunca vi uma coisa daquelas.
Quantos vivem nesse pais?
6. MESMO e PRÓPRIO variam em gênero e
c) Para indicar o que se encontra distante de número quando têm caráter reforçativo:
nós, ou aquilo de que desejamos distância:
Zilma mesma (ou própria) costura seus vestidos.
O povo já não confia nesses políticos.
Luís e Luísa mesmos (ou próprios) arrumam
Não quero mais pensar nisso. suas camas.
O que você quer dizer com isso? O (aquele) que tem muitos vícios tem muitos
mestres.
e) Para indicar tempo passado, não muito
próximo do momento em que falamos: Das meninas, Jeni a (aquela) que mais
sobressaiu nos exames.
Um dia desses estive em Porto Alegre.
A sorte é mulher e bem o (isso) demonstra de
Comi naquele restaurante dia desses. fato, ela não ama os homens superiores.
f) Para indicar aquilo que já mencionamos: 8. NISTO, em início de frase, significa ENTÃO,
no mesmo instante:
Fugir aos problemas? Isso não é do meu feitio.
Língua Portuguesa 47
Apostilas Domínio
A menina ia cair, nisto, o pai a segurou VARIÁVEIS INVARIÁVEIS
Masculino Feminino Quem
9. Tal é pronome demonstrativo quando tomado o qual os quais Que
na acepção DE ESTE, ISTO, ESSE, ISSO, a qual as quais Onde
AQUELE, AQUILO. cujo cujos cuja cujas
quanto quanta
Tal era a situação do país. quantos quantas
Não disse tal.
Armando comprou a casa QUE lhe convinha. 4. ONDE, como pronome relativo, tem sempre
antecedente e equivale a EM QUE.
A palavra que representa o nome casa,
relacionando-se com o termo casa é um pronome A casa onde (= em que) moro foi de meu avô.
relativo.
PRONOMES INDEFINIDOS
PRONOMES RELATIVOS são palavras que
Estes pronomes se referem à 3ª pessoa do
representam nomes já referidos, com os quais
discurso, designando-a de modo vago,
estão relacionados. Daí denominarem-se
impreciso, indeterminado.
relativos.
1. São pronomes indefinidos substantivos:
A palavra que o pronome relativo representa
ALGO, ALGUÉM, FULANO, SICRANO,
chama-se antecedente. No exemplo dado, o
BELTRANO, NADA, NINGUÉM, OUTREM,
antecedente é casa.
QUEM, TUDO
Outros exemplos de pronomes relativos:
Exemplos:
Sejamos gratos a Deus, a quem tudo devemos.
Algo o incomoda?
O lugar onde paramos era deserto.
Acreditam em tudo o que fulano diz ou sicrano
Traga tudo quanto lhe pertence. escreve.
Leve tantos ingressos quantos quiser. Não faças a outrem o que não queres que te
façam.
Posso saber o motivo por que (ou pelo qual)
desistiu do concurso? Quem avisa amigo é.
Língua Portuguesa 48
Apostilas Domínio
Ele gosta de quem o elogia. Chove. O céu dorme.
2. São pronomes indefinidos adjetivos: CADA, VERBO é a palavra variável que exprime ação,
CERTO, CERTOS, CERTA CERTAS. estado, mudança de estado e fenômeno,
situando-se no tempo.
Cada povo tem seus costumes.
FLEXÕES
Certas pessoas exercem várias profissões.
O verbo é a classe de palavras que apresenta o
Certo dia apareceu em casa um repórter maior número de flexões na língua portuguesa.
famoso. Graças a isso, uma forma verbal pode trazer em
si diversas informações. A forma
PRONOMES INTERROGATIVOS CANTÁVAMOS, por exemplo, indica:
Por que motivo não veio? • que o sujeito pratica a ação (voz ativa).
c) Fenômeno:
Língua Portuguesa 49
Apostilas Domínio
3. MODO: é a propriedade que tem o verbo de Infinitivo impessoal (falar)
indicar a atitude do falante em relação ao fato que
comunica. Pessoal (falar eu, falares tu, etc.)
Língua Portuguesa 50
Apostilas Domínio
e) anômalos - são aqueles que incluem mais de Naquele presídio havia frequentes rebeliões de
um radical em sua conjugação. presos.
1. Pessoais: são aqueles que se referem a Havia já duas semanas que Marcos não
qualquer sujeito implícito ou explícito. Quase trabalhava.
todos os verbos são pessoais.
O fato aconteceu há cerca de oito meses.
O Nino apareceu na porta.
Quando pode ser substituído por FAZIA, o verbo
2. Impessoais: são aqueles que não se referem HAVER concorda no pretérito imperfeito, e não
a qualquer sujeito implícito ou explícito. São no presente:
utilizados sempre na 3ª pessoa. São impessoais:
Havia (e não HÁ) meses que a escola estava
a) verbos que indicam fenômenos fechada.
meteorológicos: chover, nevar, ventar, etc.
Morávamos ali havia (e não HÁ) dois anos.
Garoava na madrugada roxa.
Ela conseguira emprego havia (e não HÁ) pouco
b) HAVER, no sentido de existir, ocorrer, tempo.
acontecer:
Havia (e não HÁ) muito tempo que a policia o
Houve um espetáculo ontem. procurava.
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Houve festas e jogos.
Anica com seus olhos claros.
Se não chovesse, teria havido outros
c) FAZER, indicando tempo decorrido ou espetáculos.
fenômeno meteorológico.
Todas as noites havia ensaios das escolas de
Fazia dois anos que eu estava casado. samba.
Faz muito frio nesta região? 5) Ser possível, existir possibilidade ou motivo
(em frases negativas e seguido de infinitivo):
O VERBO HAVER (empregado
impessoalmente) Em pontos de ciência não há transigir.
Língua Portuguesa 51
Apostilas Domínio
Vai haver eleições em outubro. - um fato que ocorre no momento em que se
fala.
Começou a haver reclamações.
Eles estudam silenciosamente.
Não pode haver umas sem as outras.
Eles estão estudando silenciosamente.
Parecia haver mais curiosos do que
interessados. - uma ação habitual.
Mas haveria outros defeitos, devia haver outros. Corra todas as manhãs.
A expressão correta é HAJA VISTA, e não HAJA - uma verdade universal (ou tida como tal):
VISTO. Pode ser construída de três modos:
O homem é mortal.
Hajam vista os livros desse autor.
A mulher ama ou odeia, não há outra
Haja vista os livros desse autor. alternativa.
Haja vista aos livros desse autor. - fatos já passados. Usa-se o presente em lugar
do pretérito para dar maior realce à narrativa.
CONVERSÃO DA VOZ ATIVA NA PASSIVA
Em 1748, Montesquieu publica a obra "O
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem Espírito das Leis".
alterar substancialmente o sentido da frase.
É o chamado presente histórico ou narrativo.
Exemplo:
- fatos futuros não muito distantes, ou mesmo
Gutenberg inventou a imprensa. (voz ativa) incertos:
Língua Portuguesa 52
Apostilas Domínio
d) Pretérito mais-que-perfeito Que tenha estudado bastante é o que espero.
- Seria realmente agradável ter de sair? Pretérito mais-que-perfeito dera, deras, dera,
déramos, déreis, deram
Um fato presente: nesse caso, o futuro do
pretérito indica polidez e às vezes, ironia. Presente do subjuntivo dê, dês, dê, demos, deis,
dêem
- Daria para fazer silêncio?!
Imperfeito do subjuntivodesse, desses, desse,
Modo Subjuntivo déssemos, désseis, dessem
- um fato presente, mas duvidoso, incerto. Presente do indicativo mobilio, mobílias, mobília,
mobiliamos, mobiliais, mobiliam
Talvez eles estudem... não sei.
Presente do subjuntivo mobilie, mobilies, mobílie,
- um desejo, uma vontade: mobiliemos, mobilieis, mobiliem
Que eles estudem, este é o desejo dos pais e Imperativo mobília, mobilie, mobiliemos, mobiliai,
dos professores. mobiliem
Língua Portuguesa 53
Apostilas Domínio
Pretérito perfeito magoei, magoaste, magoou, Pretérito mais-que-perfeito copiara, copiaras,
magoamos, magoastes, magoaram copiara, copiáramos, copiáreis, copiaram
Presente do subjuntivo magoe, magoes, magoe, Presente do subjuntivo copie, copies, copie,
magoemos, magoeis, magoem copiemos, copieis, copiem
Conjugam-se como magoar, abençoar, abotoar, Imperativo afirmativo copia, copie, copiemos,
caçoar, voar e perdoar copiai, copiem
APIEDAR-SE ODIAR
RESFOLEGAR CABER
Língua Portuguesa 54
Apostilas Domínio
Presente do indicativo digo, dizes, diz, dizemos, Imperativo afirmativo perde, perca, percamos,
dizeis, dizem perdei, percam
Conjugam-se como dizer, bendizer, desdizer, Infinitivo pessoal pode, poderes, poder,
predizer, maldizer podermos, poderdes, poderem
Presente do subjuntivo perca, percas, perca, Futuro prover, proveres, prover, provermos,
percamos, percais. percam proverdes, proverem
Língua Portuguesa 55
Apostilas Domínio
Gerúndio provendo Pretérito perfeito reouve, reouveste, reouve,
reouvemos, reouvestes, reouveram
Particípio provido
Pretérito mais-que-perfeito reouvera, reouveras,
QUERER reouvera, reouvéramos, reouvéreis, reouveram
Futuro quiser, quiseres, quiser, quisermos, Pretérito perfeito soube, soubeste, soube,
quiserdes, quiserem soubemos, soubestes, souberam
Língua Portuguesa 56
Apostilas Domínio
Imperativo traze, traga, tragamos, trazei, tragam Futuro abolir, abolires, abolir, abolirmos,
abolirdes, abolirem
Presente do subjuntivo traga, tragas, traga,
tragamos, tragais, tragam Imperativo afirmativo abole, aboli
VER AGREDIR
Presente do indicativo vejo, vês, vê, vemos, Presente do indicativo agrido, agrides, agride,
vedes, vêem agredimos, agredis, agridem
Pretérito perfeito vi, viste, viu, vimos, vistes, Presente do subjuntivo agrida, agridas, agrida,
viram agridamos, agridais, agridam
Pretérito mais-que-perfeito vira, viras, vira, Imperativo agride, agrida, agridamos, agredi,
viramos, vireis, viram agridam
Imperativo afirmativo vê, veja, vejamos, vede Nas formas rizotônicas, o verbo AGREDIR
vós, vejam vocês apresenta o E do radical substituído por I.
Língua Portuguesa 57
Apostilas Domínio
Presente do subjuntivo não há Futuro do pretérito iria, irias, iria, iríamos, iríeis,
iriam
Pretérito imperfeito falisse, falisses, falisse,
falíssemos, falísseis, falissem Imperativo afirmativo vai, vá, vamos, ide, vão
Futuro falir, falires, falir, falirmos, falirdes, falirem Imperativo negativo não vão, não vá, não
vamos, não vades, não vão
Imperativo afirmativo fali (vós)
Presente do subjuntivo vá, vás, vá, vamos,
Imperativo negativo não há vades, vão
Infinitivo pessoal falir, falires, falir, falirmos, Pretérito imperfeito fosse, fosses, fosse,
falirdes, falirem fôssemos, fôsseis, fossem
Particípio falido Infinitivo pessoal ir, ires, ir, irmos, irdes, irem
Presente do indicativo fujo, foges, foge, fugimos, Imperativo pede, peça, peçamos, pedi, peçam
fugis, fogem
Conjugam-se como pedir: medir, despedir,
Imperativo foge, fuja, fujamos, fugi, fujam impedir, expedir
Presente do indicativo vou, vais, vai, vamos, Presente do subjuntivo pula, pulas, pula,
ides, vão pulamos, pulais, pulam
Pretérito imperfeito ia, ias, ia, íamos, íeis, iam Imperativo pule, pula, pulamos, poli, pulam
Língua Portuguesa 58
Apostilas Domínio
RIR Infinitivo pessoal vir, vires, vir, virmos, virdes,
virem
Presente do indicativo rio, ris, ri, rimos, rides,
riem Gerúndio vindo
Presente do subjuntivo ria, rias, ria, riamos, riais, Conjugam-se como SUMIR: subir, acudir, bulir,
riam escapulir, fugir, consumir, cuspir
Gerúndio rindo 1) LUGAR: aqui, cá, lá, acolá, ali, aí, aquém,
além, algures, alhures, nenhures, atrás, fora,
Particípio rido dentro, perto, longe, adiante, diante, onde,
avante, através, defronte, aonde, etc.
Conjuga-se como rir: sorrir
2) TEMPO: hoje, amanhã, depois, antes, agora,
VIR anteontem, sempre, nunca, já, cedo, logo, tarde,
ora, afinal, outrora, então, amiúde, breve,
Presente do indicativo venho, vens, vem, vimos, brevemente, entrementes, raramente,
vindes, vêm imediatamente, etc.
Pretérito imperfeito vinha, vinhas, vinha, 3) MODO: bem, mal, assim, depressa, devagar,
vínhamos, vínheis, vinham como, debalde, pior, melhor, suavemente,
tenazmente, comumente, etc.
Pretérito perfeito vim, vieste, veio, viemos,
viestes, vieram 4) ITENSIDADE: muito, pouco, assaz, mais,
menos, tão, bastante, demasiado, meio,
Pretérito mais-que-perfeito viera, vieras, viera, completamente, profundamente, quanto, quão,
viéramos, viéreis, vieram tanto, bem, mal, quase, apenas, etc.
Futuro do presente virei, virás, virá, viremos, 5) AFIRMAÇÃO: sim, deveras, certamente,
vireis, virão realmente, efefivamente, etc.
Língua Portuguesa 59
Apostilas Domínio
2) TEMPO: em breve, nunca mais, hoje em dia,
de tarde, à tarde, à noite, às ave-marias, ao
entardecer, de manhã, de noite, por ora, por fim, NUMERAL
de repente, de vez em quando, de longe em
longe, etc. Numeral é a palavra que indica quantidade,
ordem, múltiplo ou fração.
3) MODO: à vontade, à toa, ao léu, ao acaso, a
contento, a esmo, de bom grado, de cor, de O numeral classifica-se em:
mansinho, de chofre, a rigor, de preferência, em
geral, a cada passo, às avessas, ao invés, às - cardinal - quando indica quantidade.
claras, a pique, a olhos vistos, de propósito, de
súbito, por um triz, etc. - ordinal - quando indica ordem.
7) DÚVIDA: por certo, quem sabe, com certeza, Na semana seguinte, o anel custará o dobro do
etc. preço.
Palavras Denotativas
4) DE DESIGNAÇÃO - eis.
Língua Portuguesa 60
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Algarismos Numerais
Leão Xlll (treze)
Romanos Arábicos Cardinais Ordinários Multiplicativos Fracionários ano Xl (onze)
I 1 Um Primeiro Simples -
Pio Xll (doze)
II 2 Dois Segundo Duplo Meio século XVI
Dobro (dezesseis)
III 3 Três Terceiro Tríplice Terço
Luis XV
IV 4 Quatro Quarto Quádruplo Quarto (quinze)
V 5 Cinco Quinto Quíntuplo Quinto capitulo XX
VI 6 Seis Sexto Sêxtuplo Sexto (vinte)
VII 7 Sete Sétimo Sétuplo Sétimo Se o numeral
VIII 8 Oito Oitavo Óctuplo Oitavo aparece antes, é
IX 9 Nove Nono Nônuplo Nono lido como
ordinal.
X 10 Dez Décimo Décuplo Décimo
XI 11 Onze Décimo primeiro - Onze avos XX Salão do
XII 12 Doze Décimo segundo - Doze avos Automóvel
(vigésimo)
XIII 13 Treze Décimo terceiro - Treze avos
XIV 14 Quatorze Décimo quarto - Quatorze avos VI Festival da
XV 15 Quinze Décimo quinto - Quinze avos Canção (sexto)
XVI 16 Dezesseis Décimo sexto - Dezesseis avos lV Bienal do
XVII 17 Dezessete Décimo sétimo - Dezessete avos Livro (quarta)
XVIII 18 Dezoito Décimo oitavo - Dezoito avos
XVI capítulo da
XIX 19 Dezenove Décimo nono - Dezenove avos telenovela
XX 20 Vinte Vigésimo - Vinte avos (décimo sexto)
XXX 30 Trinta Trigésimo - Trinta avos
Quando se
XL 40 Quarenta Quadragésimo - Quarenta avos trata do
L 50 Cinquenta Quinquagésimo - Cinquenta avos primeiro dia do
mês, deve-se
LX 60 Sessenta Sexagésima - Sessenta avos
dar preferência
LXX 70 Setenta Septuagésima - Setenta avos ao emprego do
LXXX 80 Oitenta Octogésimo - Oitenta avos ordinal.
XC 90 Noventa Nonagésimo - Noventa avos
Hoje é primeiro
C 100 Cem Centésimo - Centésimo de setembro
CC 200 Duzentos centésimo - Ducentésimo
Não é
CCC 300 Trezentos Trecentésimo - Trecentésimo aconselhável
CD 400 Quatrocentos Quadringentésimo - Quadringentésimo iniciar período
D 500 Quinhentos Quingentésimo - Quingentésimo com algarismos
DC 600 Seiscentos Sexcentésimo - Sexcentésimo 16 anos tinha
DCC 700 Setecentos Septingentésimo - Septingentésimo Patrícia =
DCCC 800 Oitocentos Octingentésimo - Octingentésimo Dezesseis anos
tinha Patrícia
CM 900 Novecentos Nogentésimo - Nogentésimo
M 1000 Mil Milésimo - Milésimo A título de
brevidade,
Emprego do Numeral
usamos constantemente os cardinais pelos
Língua Portuguesa 61
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ARTIGO 7) FINAIS: para que, a fim de que, que, etc.
Artigo é uma palavra que antepomos aos 8) CONSECUTIVAS: tal... qual, tão... que,
substantivos para determiná-los. Indica-lhes, ao tamanho... que, de sorte que, de forma que, de
mesmo tempo, o gênero e o número. modo que, etc.
Viajei com um médico. (Um médico não referido, 3º) Saímos de casa quando amanhecia.
desconhecido, indeterminado).
No primeiro exemplo, a palavra E liga duas
lsoladamente, os artigos são palavras de todo palavras da mesma oração: é uma conjunção.
vazias de sentido.
No segundo a terceiro exemplos, as palavras E e
CONJUNÇÃO QUANDO estão ligando orações: são também
conjunções.
Conjunção é a palavra que une duas ou mais
orações. Conjunção é uma palavra invariável que liga
orações ou palavras da mesma oração.
Coniunções Coordenativas
No 2º exemplo, a conjunção liga as orações sem
1) ADITIVAS: e, nem, também, mas, também, fazer que uma dependa da outra, sem que a
etc. segunda complete o sentido da primeira: por isso,
a conjunção E é coordenativa.
2) ADVERSATIVAS: mas, porém, contudo,
todavia, entretanto, senão, no entanto, etc. No 3º exemplo, a conjunção liga duas orações
que se completam uma à outra e faz com que a
3) ALTERNATIVAS: ou, ou.., ou, ora... ora, já... segunda dependa da primeira: por isso, a
já, quer, quer, etc. conjunção QUANDO é subordinativa.
2) CAUSAIS: porque, já que, visto que, que, O agricultor colheu o trigo e o vendeu.
pois, porquanto, etc.
Não aprovo nem permitirei essas coisas.
3) COMPARATIVAS: como, assim como, tal
qual, tal como, mais que, etc. Os livros não só instruem mas também
divertem.
4) CONFORMATIVAS: segundo, conforme,
consoante, como, etc. As abelhas não apenas produzem mel e cera
mas ainda polinizam as flores.
5) CONCESSIVAS: embora, ainda que, mesmo
que, posto que, se bem que, etc. 2) Adversativas, que exprimem oposição,
contraste, ressalva, compensação: mas, porém,
6) INTEGRANTES: que, se, etc. todavia, contudo, entretanto, sendo, ao passo
Língua Portuguesa 62
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que, antes (= pelo contrário), no entanto, não Sofrem duras privações a [= mas] não se
obstante, apesar disso, em todo caso. queixam.
Querem ter dinheiro, mas não trabalham. "Quis dizer mais alguma coisa a não pôde."
Eu sou pobre, ao passo que ele é rico. O tambor soa porque é oco. (porque é oco:
causa; o tambor soa: efeito).
Hoje não atendo, em todo caso, entre.
Como estivesse de luto, não nos recebeu.
3) Alternativas, que exprimem alternativa,
alternância ou, ou ... ou, ora ... ora, já ... já, quer Desde que é impossível, não insistirei.
... quer, etc.
2) Comparativas: como, (tal) qual, tal a qual,
Os sequestradores deviam render-se ou seriam assim como, (tal) como, (tão ou tanto) como,
mortos. (mais) que ou do que, (menos) que ou do que,
(tanto) quanto, que nem, feito (= como, do
Ou você estuda ou arruma um emprego. mesmo modo que), o mesmo que (= como).
Ora triste, ora alegre, a vida segue o seu ritmo. Ele era arrastado pela vida como uma folha pelo
vento.
Quer reagisse, quer se calasse, sempre
acabava apanhando. O exército avançava pela planície qual uma
serpente imensa.
"Já chora, já se ri, já se enfurece."
"Os cães, tal qual os homens, podem participar
(Luís de Camões) das três categorias."
5) Explicativas, que precedem uma explicação, "Por que ficou me olhando assim feito boba?"
um motivo: que, porque, porquanto, pois
(anteposto ao verbo). (Carlos Drummond de Andrade)
Não solte balões, que (ou porque, ou pois, ou Os pedestres se cruzavam pelas ruas que nem
porquanto) podem causar incêndios. formigas apressadas.
Choveu durante a noite, porque as ruas estão Nada nos anima tanto como (ou quanto) um
molhadas. elogio sincero.
Língua Portuguesa 63
Apostilas Domínio
3) Concessivas: embora, conquanto, que, ainda 7) Finais: para que, a fim de que, que (= para
que, mesmo que, ainda quando, mesmo quando, que).
posto que, por mais que, por muito que, por
menos que, se bem que, em que (pese), nem Afastou-se depressa para que não o víssemos.
que, dado que, sem que (= embora não).
Falei-lhe com bons termos, a fim de que não se
Célia vestia-se bem, embora fosse pobre. ofendesse.
A vida tem um sentido, por mais absurda que Fiz-lhe sinal que se calasse.
possa parecer.
8) Proporcionais: à proporção que, à medida
Beba, nem que seja um pouco. que, ao passo que, quanto mais... (tanto mais),
quanto mais... (tanto menos), quanto menos...
Dez minutos que fossem, para mim, seria muito (tanto mais), quanto mais... (mais), (tanto)...
tempo. quanto.
Fez tudo direito, sem que eu lhe ensinasse. À medida que se vive, mais se aprende.
Em que pese à autoridade deste cientista, não À proporção que subíamos, o ar ia ficando mais
podemos aceitar suas afirmações. leve.
Não sei dirigir, e, dado que soubesse, não Quanto mais as cidades crescem, mais
dirigiria de noite. problemas vão tendo.
4) Condicionais: se, caso, contanto que, desde Os soldados respondiam, à medida que eram
que, salvo se, sem que (= se não), a não ser que, chamados.
a menos que, dado que.
Observação:
Ficaremos sentidos, se você não vier.
São incorretas as locuções proporcionais à
Comprarei o quadro, desde que não seja caro. medida em que, na medida que e na medida em
que. A forma correta é à medida que:
Não sairás daqui sem que antes me confesses
tudo. "À medida que os anos passam, as minhas
possibilidades diminuem."
"Eleutério decidiu logo dormir repimpadamente
sobre a areia, a menos que os mosquitos se (Maria José de Queirós)
opusessem."
9) Temporais: quando, enquanto, logo que, mal
(Ferreira de Castro) (= logo que), sempre que, assim que, desde que,
antes que, depois que, até que, agora que, etc.
5) Conformativas: como, conforme, segundo,
consoante. As coisas não são como (ou Venha quando você quiser.
conforme) dizem.
Não fale enquanto come.
"Digo essas coisas por alto, segundo as ouvi
narrar." Ela me reconheceu, mal lhe dirigi a palavra.
Falou com uma calma que todos ficaram atônitos. 10) Integrantes: que, se.
Ontem estive doente, de sorte que (ou de modo Sabemos que a vida é breve.
que) não saí.
Veja se falta alguma coisa.
Não podem ver um cachorro na rua sem que o
persigam. Observação:
Não podem ver um brinquedo que não o queiram Em frases como Sairás sem que te vejam,
comprar. Morreu sem que ninguém o chorasse,
Língua Portuguesa 64
Apostilas Domínio
consideramos sem que conjunção subordinativa 2) Condicional: Ninguém será bom cientista,
modal. A NGB, porém, não consigna esta sem que estude muito. (sem que = se não,caso
espécie de conjunção. não)
Locuções conjuntivas: no entanto, visto que, 3) Consecutiva: Não vão a uma festa sem que
desde que, se bem que, por mais que, ainda voltem cansados. (sem que = que não)
quando, à medida que, logo que, a rim de que,
etc. 4) Modal: Sairás sem que te vejam. (sem que =
de modo que não)
Muitas conjunções não têm classificação única,
imutável, devendo, portanto, ser classificadas de Conjunção é a palavra que une duas ou mais
acordo com o sentido que apresentam no orações.
contexto. Assim, a conjunção que pode ser:
PREPOSIÇÃO
1) Aditiva (= e):
Preposições são palavras que estabelecem um
Esfrega que esfrega, mas a nódoa não sai. vínculo entre dois termos de uma oração. O
primeiro, um subordinante ou antecedente, e o
A nós que não a eles, compete fazê-lo. segundo, um subordinado ou consequente.
Não vão a uma festa que não voltem cansados. As preposições essenciais são: A, ANTE, APÓS,
ATÉ, COM, CONTRA, DE, DESDE, EM, ENTRE,
Onde estavas, que não te vi? PARA, PERANTE, POR, SEM, SOB, SOBRE e
ATRÁS.
5) Comparativa (= do que, como):
Certas palavras ora aparecem como
A luz é mais veloz que o som. preposições, ora pertencem a outras classes,
sendo chamadas, por isso, de preposições
Ficou vermelho que nem brasa. acidentais: afora, conforme, consoante, durante,
exceto, fora, mediante, não obstante, salvo,
6) Concessiva (= embora, ainda que): segundo, senão, tirante, visto, etc.
7) Temporal (= depois que, logo que): - alegria: ahl oh! oba! eh!
Vendo-me à janela, fez sinal que descesse. - aplauso: bravo! viva! bis!
Língua Portuguesa 65
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Minha Nossa Senhora! Puxa vida! Deus me As rosas têm espinhos. (sujeito: as rosas;
livre! Raios te partam! núcleo: rosas)
Meu Deus! Que maravilha! Ora bolas! Ai de - composto: quando tem mais de um núcleo
mim!
O burro e o cavalo saíram em disparada.
Frase é um conjunto de palavras que têm - indeterminado: quando não se indica o agente
sentido completo. da ação verbal
PREDICADO
Período é a frase estruturada em oração ou Predicativo do sujeito é o termo que ajuda o verbo
orações. de ligação a comunicar estado ou qualidade do
sujeito.
O período pode ser:
Nosso colega está doente.
- simples - aquele constituído por uma só oração
(oração absoluta). A moça permaneceu sentada.
Fui à livraria ontem e comprei um livro. Verbo intransitivo é aquele que não necessita de
complemento.
TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO
O sabiá voou alto.
São dois os termos essenciais da oração:
Verbo transitivo é aquele que necessita de
SUJEITO complemento.
Sujeito é o ser ou termo sobre o qual se diz - Transitivo direto: é o verbo que necessita de
alguma coisa. complemento sem auxílio de proposição.
Língua Portuguesa 66
Apostilas Domínio
- Transitivo direto e indireto (bitransitivo) é o Agente da passiva é o termo da oração que
verbo que necessita ao mesmo tempo de pratica a ação do verbo na voz passiva.
complemento sem auxílio de preposição e de
complemento com auxilio de preposição. A mãe é amada pelo filho.
Damos uma simples colaboração a vocês. O cantor foi aplaudido pela multidão.
- predicado verbo nominal: é aquele que se Os melhores alunos foram premiados pela
constitui de verbo intransitivo mais predicativo do direção.
sujeito ou de verbo transitivo mais predicativo do
sujeito. TERMOS ACESSÓRIOS DA ORAÇÃO
- predicativo do objeto é o termo que, que no Adjunto adnominal é o termo que caracteriza ou
predicado verbo-nominal, ajuda o verbo transitivo determina os substantivos. Pode ser expresso:
a comunicar estado ou qualidade do objeto direto
ou indireto. - pelos adjetivos: água fresca,
Esse nome pode ser representado por um Rapaz impulsivo, Mário não se conteve.
substantivo, por um adjetivo ou por um advérbio.
O rei perdoou aos dois: ao fidalgo e ao criado.
Toda criança tem amor aos pais. - amor
(substantivo) 4. VOCATIVO
O menino estava cheio de vontade. - cheio Vocativo é o termo (nome, título, apelido) usado
(adjetivo) para chamar ou interpelar alguém ou alguma
coisa.
Nós agíamos favoravelmente às discussões. -
favoravelmente (advérbio). Tem compaixão de nós, ó Cristo.
Língua Portuguesa 67
Apostilas Domínio
Rapazes, a prova é na próxima semana. 2. ADVERSATIVA: ligam orações, dando-lhes
uma ideia de compensação ou de contraste
PERÍODO COMPOSTO - PERÍODO SIMPLES (mas,
No período simples há apenas uma oração, a porém, contudo, todavia, entretanto, senão, no
qual se diz absoluta. entanto, etc.
[Não sabem] [que nos calores do verão a terra 3. ALTERNATIVAS : (ligam palavras ou orações
dorme] [e os homens folgam]. de sentido separado, uma excluindo a outra)
Período composto por coordenação - apresenta (ou, ou...ou, já...já, ora...ora, quer...quer, etc.)
orações independentes.
Mudou o natal OU MUDEI EU?
[Fui à cidade], [comprei alguns remédios] [e
voltei cedo. ] OU SE CALÇA A LUVA e não se põe o anel,
Período composto por subordinação - apresenta OU SE PÕE O ANEL e não se calça a luva! ( C.
orações dependentes. Meireles)
Oração coordenada é aquela que é explica, dando um motivo (pois, porque, portanto,
independente. que, etc.)
As orações coordenadas podem ser: Alegra-te, POIS AQUI ESTOU. Não mintas,
PORQUE É PIOR.
- sindética: aquela que é independente e é
introduzida por uma conjunção coordenativa. Anda depressa, QUE A PROVA É ÀS 8
HORAS.
Viajo amanhã, mas volto logo.
A oração coordenada sindética pode ser: O réu, DISSERAM OS JORNAIS, foi absolvido.
Língua Portuguesa 68
Apostilas Domínio
Oração principal é a mais importante do período Minha esperança era QUE ELE DESISTISSE.
e não é introduzida por um conectivo.
Não sou QUEM VOCÊ PENSA.
ELES DISSERAM que voltarão logo.
6) APOSITIVAS (servem de aposto)
ELE AFIRMOU que não virá.
Só desejo uma coisa: QUE VIVAM FELIZES =
PEDI que tivessem calma. (= Pedi calma) (A SUA FELICIDADE)
Oração subordinada é a oração dependente que O quadro foi comprado POR QUEM O FEZ = (
normalmente é introduzida por um conectivo PELO SEU A TOR)
subordinativo. Note que a oração principal nem A obra foi apreciada POR QUANTOS A VIRAM.
sempre é a primeira do período.
ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Quando ele voltar, eu saio de férias.
Oração subordinada adjetiva é aquela que tem o
Oração principal; EU SAIO DE FÉRIAS valor e a função de um adjetivo.
É necessário que você colabore. (SUA Pedra QUE ROLA não cria limo.
COLABOR ÇÃO) é necessária.
As pessoas A QUE A GENTE SE DIRIGE
2) OBJETIVA DIRETA (objeto direto) sorriem.
Desejo QUE VENHAM TODOS. Ele, QUE SEMPRE NOS INCENTIVOU, não
está mais aqui.
Pergunto QUEM ESTÁ Aí.
Ser grato A QUEM TE ENSINA. Desprezam-me, POR ISSO QUE SOU POBRE.
Língua Portuguesa 69
Apostilas Domínio
Parou perplexo COMO SE ESPERASSE UM ORAÇÕES REDUZIDAS
GUIA.
Oração reduzida é aquela que tem o verbo numa
3) CONCESSIVAS: exprimem um fato que se das formas nominais: gerúndio, infinitivo e
concede, que se admite: particípio.
Os louvores, PEQUENOS QUE SEJAM, são Penso ESTAR PREPARADO = Penso QUE
ouvidos com agrado. ESTOU PREPARADO.
CHOVESSE OU FIZESSE SOL, o Major não Dizem TER ESTADO LÁ = Dizem QUE
faltava. ESTIVERAM LÁ.
Vim hoje, CONFORME LHE PROMETI. SAINDO DAQUI, procure-me. = QUANDO SAIR
DAQUI, procure-me.
6) CONSECUTIVAS: exprimem uma
consequência, um resultado:
A fumaça era tanta QUE EU MAL PODIA ABRIR CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL.
OS OLHOS.
O correto emprego das normas de concordância
Bebia QUE ERA UMA LÁSTIMA! é indispensável à eficiência e beleza da frase.
Seu desconhecimento favorece a imprecisão, dá
Tenho medo disso QUE ME PÉLO! lugar a repetições desnecessárias e impede uma
redação elegante e objetiva.
7) FINAIS: exprimem finalidade, objeto:
Sintaxe de concordância é o capítulo da
Fiz-lhe sinal QUE SE CALASSE. gramática em que se cuida da acomodação
flexional de uma palavra em relação a outra ou
Aproximei-me A FIM DE QUE ME OUVISSE outras na frase. Diz-se que a concordância é
MELHOR. nominal quando determinada pelo nome, isto é,
pelo substantivo ou pelo pronome que esteja em
8) PROPORCIONAIS: denotam seu lugar, e verbal quando trata da flexão do
proporcionalidade: verbo em sua relação com o sujeito.
À MEDIDA QUE SE VIVE, mais se aprende. Concordância nominal
QUANTO MAIOR FOR A ALTURA, maior será o O adjetivo concorda em gênero e número com o
tombo. termo a que se refere (substantivo ou pronome),
quer exerça a função de adjunto adnominal
9) TEMPORAIS: indicam o tempo em que se (Comprei um bom livro), quer a de predicativo (O
realiza o fato expresso na oração principal: livro é bom).
ENQUANTO FOI RICO todos o procuravam. Adjunto adnominal. Referindo-se a mais de um
substantivo ou pronome, o adjunto adnominal a
QUANDO OS TIRANOS CAEM, os povos se estes antepostos concorda em gênero e número
levantam. com o mais próximo (O professor exigiu completo
silêncio e disciplina.
10) MODAIS: exprimem modo, maneira:
Galoparam por estreitas estradas e caminhos);
Entrou na sala SEM QUE NOS sendo nomes próprios ou de parentesco os
CUMPRIMENTASSE. termos modificados pelo adjunto, este vai para o
plural (os dedicados Pedro e Paulo; os
Aqui viverás em paz, SEM QUE NINGUÉM TE estudiosos João e Maria).
INCOMODE.
Língua Portuguesa 70
Apostilas Domínio
Se o adjunto adnominal está posposto a mais de Concordância verbal
um substantivo ou pronome, pode concordar em
gênero com o termo mais próximo a que se refira, O verbo concorda com o sujeito em número e
ou adotar a flexão masculina, se os termos pessoa: Eu sei (sei: 1a pessoa do singular,
modificados tiverem gêneros diferentes; e pode concordando com o sujeito eu).
concordar em número com o termo mais próximo
a que se refira, ou ir para o plural. Havendo mais de um sujeito, o verbo vai para o
plural: (1) na 1a pessoa (nós), se entre os sujeitos
Exemplos (a concordância mais rara está entre houver um da 1a pessoa (Eu, tu e ele saímos);
parênteses): (1) livro e caderno encapado (ou (2) na 2a pessoa (vós), se, não existindo sujeito
encapados); (2) livro e caderneta encapada (ou da 1a pessoa, houver um da 2a (Tu e ele saístes);
encapados); (3) livros e caderno encapados (ou (3) na 3a pessoa (eles ou elas), se os sujeitos
encapado); (4) livros e cadernetas encapadas (ou forem todos da 3a pessoa (João, Carlos e seus
encapados). irmãos saíram). A concordância do verbo na 2a
pessoa do plural (vós), na linguagem corrente do
Predicativo. As normas de concordância do Brasil, é de uso raro, não sendo poucos os
predicativo com o sujeito composto são idênticas exemplos literários em que o verbo com sujeito tu
às que se aplicam ao adjunto adnominal, com as e ele aparece na 3a pessoa do plural.
seguintes ressalvas: (1) Sendo do mesmo gênero
os termos que compõem o sujeito, o predicativo Casos particulares (com um só sujeito). Havendo
conserva esse gênero e, de preferência, vai para um só sujeito, ocorrem, entre outros, os seguintes
o plural (O livro e o caderno estão encapados); casos particulares de concordância verbal:
(2) se os gêneros dos termos que compõem o
sujeito forem diversos, o predicativo vai, (1) Verbo no singular: (a) Mais de um aluno não
normalmente, para o masculino plural (O livro e a resolveu essa questão (sujeito = mais de um +
caderneta estão encapados). substantivo);
Língua Portuguesa 71
Apostilas Domínio
singular põe em realce o sujeito dentro do grupo pessoa que tiver precedência na ordem das
em relação ao qual está sendo referido). pessoas gramaticais); (8) Um ou outro (um ou
outro aluno) haverá de acertar. Nem um nem
(4) Sujeito pronome relativo "que": (a) Sou eu outro (nem um nem outro aluno) haverá de
que quero; (b) Fomos nós os que resolvemos; acertar (sujeito um ou outro, nem um nem outro,
(c) Sereis vós aqueles que tereis de resolver (o como pronomes substantivos ou como pronomes
verbo concorda em número e pessoa com o adjetivos: verbo no singular); (9) Um e outro são
pronome pessoal antecedente imediato ou competentes (ou é competente) para isso
mediato do relativo). (locução um e outro: admite verbo no plural ou no
singular; (10) O menino com seu amigo
(5) Sujeito pronome relativo "quem". O verbo brincavam à beira do lago. César, com suas
com sujeito pronome relativo "quem", vai para a legiões, levou o inimigo de vencida (sujeitos
3a pessoa do singular (Sou eu quem tem de unidos pela partícula com: verbo no plural,
resolver) ou concorda com o pronome pessoal quando não houver realce de nenhum dos
sujeito da oração anterior (Sou eu quem tenho de sujeitos; no singular, quando o primeiro sujeito
resolver). estiver sendo realçado); (11) Você, como eu,
parece ter jeito para música. Você como eu
(6) Verbo "ser" com o predicativo plural: (a) Que temos jeito para música (sujeitos ligados pelas
são três dias? Quem és tu? (oração iniciada conjunções comparativas como, assim como,
pelos interrogativos que? e quem?; (b) Eram bem como etc.; verbo no singular, quando se
quatro horas (orações impessoais); (c) Tudo quer dar destaque ao primeiro sujeito; no plural,
(isto, isso, aquilo, o = aquilo, o resto, o mais) são sem esse destaque).
mentiras (sujeito um dos pronomes tudo, isto,
isso, aquilo, o = aquilo, ou expressão de sentido Concordância figurada (silepse). Concordância
coletivo, como o resto, o mais); (d) Minha vida que se faz com o sentido ou ideia que as palavras
são eles, os meus filhos (substantivo como exprimem, não com sua forma gramatical. A
primeiro termo da oração; pronome pessoal silepse pode ser: (a) de número (Era uma gente
como segundo). [coletivo] difícil de lidar: não sabiam o que
queriam. Vós [referindo-se a uma única pessoa]
(7) Outros casos de concordância do verbo fostes injusto; (b) de gênero (Vossa Senhoria
"ser": (a) Três semanas é pouco (sujeito = [referindo-se a pessoa do sexo masculino] foi
expressão numérica considerada como um todo; bem tratado?); (c) de pessoa (Estávamos
(b) da Vinci era muitos artistas num só gênio presentes [incluída a pessoa que fala, ou 1a
(sujeito nome de pessoa singular; o verbo deixa pessoa] uns dez interessados).©Encyclopédia
de concordar com o predicativo plural; (c) Ele era Britannica do Brasil Publicações Ltda.
todo ouvidos (sujeito pronome pessoal; o verbo
deixa de concordar com o predicativo plural; (d) REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL.
Nós é que decidimos partir (frases construídas
com a locução invariável de realce é que; o verbo Para que possam formar um todo significativo e
concorda normalmente com o sujeito). contribuir para a clareza dos enunciados, as
palavras de uma oração, sejam substantivos,
Casos particulares (com sujeito composto). Com adjetivos ou verbos, precisam estar corretamente
sujeito composto, o verbo pode concordar com o relacionadas com seus complementos.
sujeito mais próximo, em casos como os que se
seguem: (1) Imperava a violência, o crime, o Regência é a relação de subordinação, isto é, de
desrespeito à pessoa humana (sujeitos dependência dos termos uns dos outros, seja
pospostos); (2) Minha casa, minha pátria é aqui quanto às preposições, partículas invariáveis que
(sujeitos sinônimos ou quase sinônimos; (3) Um servem para estabelecer a relação entre os
grito, uma palavra, um olhar bastava (sujeito com nomes (substantivos) ou os adjetivos e seus
enumeração gradativa); (4) Castigos, conselhos, complementos, seja no que se refere à tendência
nada o corrigia (sujeito resumido por um de cada verbo para com seus complementos.
pronome indefinido: nada, tudo, ninguém); Essa relação necessária entre duas palavras,
(5) Nem luz de vela, nem luz de lampião lhe uma das quais serve de complemento a outra, é
iluminavam o quarto. Jamais um grito ou uma o que se chama regência; a palavra dependente
palavra áspera lhe saíram dos lábios denomina-se regida ou regime, e o termo a que
(substantivos no singular ligados por nem ou ou, se subordina, regente ou subordinante.
podendo o fato expresso pelo verbo ser atribuído
a todos os sujeitos); (6) Nem Pedro nem Antônio Regência nominal. Quando se refere à relação
conseguirá eleger-se. Fui devagar, mas ou o pé entre substantivos ou adjetivos e seus
ou o espelho traiu-me (composição do sujeito complementos, a regência denomina-se nominal,
idêntica à anterior, só se podendo, todavia, como nos seguintes exemplos: acostumado a, ou
atribuir o fato expresso pelo verbo a um dos acostumado com; adido a; assíduo em; atenção
sujeitos); (7) Ou eu ou ela iremos à festa. Nem eu a, ou atenção para; chute a; consulta a; curioso
nem ela iremos à festa (sujeitos de pessoas de; deputado por;
gramaticais diferentes, ligados por ou ou nem: o
verbo concorda, no plural, com a
Língua Portuguesa 72
Apostilas Domínio
desacostumado a, ou desacostumado com; falta Atender pode ser transitivo direto ou indireto,
a; grudado a; invasão de; liderança sobre; indiferentemente, quando o complemento é
morador em; ódio a, ou ódio contra; palpite sobre; pessoa: o presidente não atendeu o/ao
preferência por; presente a, ou presente em; banqueiro, o diretor atenderá todos/a todos os
pressão sobre; residente em; sito em; situado pais de alunos; quando o complemento é coisa,
em. é apenas transitivo indireto: a secretária atende
ao telefone, ele atendeu à campainha.
Regência verbal. Quanto à predicação, os verbos
se dividem em transitivos e intransitivos. Estes Chamar pode ser transitivo direto ou indireto,
últimos são os que expressam uma ideia indiferentemente, no sentido de considerar:
completa, como nos exemplos: fulano saiu, o chameio-o palhaço, ou chamei-lhe palhaço;
cavalo galopava, o pássaro voou, o navio partiu transitivo direto e indireto no sentido de
etc. Os verbos transitivos, mais numerosos, repreender: chamei-o à atenção; transitivo direto
exigem sempre o acompanhamento de uma no sentido de fazer vir, convocar: o professor
palavra de valor substantivo (objeto direto ou chamou-me à frente da classe.
indireto) para integrar-lhes o sentido. Exemplos:
recebemos tuas lembranças, Mário gosta de Compartilhar só pode ser transitivo direto:
flores, João entregou a carta ao destinatário. compartilho a dor do meu vizinho, não
compartilhamos essa opinião, queremos
A ligação do verbo com seu complemento, ou compartilhar sua alegria.
seja, a regência verbal, pode ser estabelecida
diretamente, sem uma preposição intermédia, Comunicar é transitivo direto e indireto, sendo
quando o complemento ou objeto é direto. No que o objeto direto é sempre coisa, e o indireto é
caso, o verbo é transitivo direto. sempre pessoa: os vizinhos comunicaram o
roubo à polícia, o ministro comunicou sua
Será estabelecida indiretamente, mediante decisão ao presidente.
emprego de preposição, quando o complemento
ou objeto é indireto. Nesse caso, o verbo é dito Implicar é transitivo direto no sentido de
transitivo. O verbo que admite mais de uma acarretar: toda ação implica uma reação, esse
regência denomina-se transitivo direto e indireto. gesto implicou sua demissão; transitivo indireto
no sentido de envolver-se, sempre pronominal:
Os exemplos seguintes se referem à regência de implicou-se em tráfico de drogas; e transitivo
alguns verbos importantes, segundo a norma indireto quando significa ter implicância: o
culta: professor implicou comigo.
Agradar é verbo transitivo direto quando significa Lembrar é transitivo direto -- não lembro seu
fazer carinhos, mimar, acariciar: agradar filhos, nome -- ou indireto -- não me lembro de seu nome
agradar fregueses; é transitivo indireto no sentido --, mas no segundo caso é sempre pronominal;
de satisfazer: o espetáculo não agradou ao no sentido de fazer recordar, é sempre transitivo
público; a anedota não agradou à plateia. O direto: esse rapaz lembra o pai; quando significa
antônimo desagradar é sempre transitivo advertir, é transitivo direto e indireto: lembrei ao
indireto: desagradar ao público; desagradar à pessoal que já era tarde.
plateia.
Namorar é sempre transitivo direto e não admite,
Agradecer é exemplo de verbo transitivo direto e portanto, preposição alguma: namoro fulana,
indireto, sendo que o objeto direto é sempre coisa você está namorando alguém?
e o indireto é sempre pessoa: o comerciante
agradeceu a preferência aos fregueses; agradeci Obedecer e desobedecer são transitivos indiretos
o enorme favor à moça. em todos os casos: obedecer ao regulamento,
bons filhos não desobedecem aos pais.
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver,
inalar: aspirar o ar do campo; aspirar um Pedir é transitivo direto e indireto, mas com a
perfume, aspirar o pó do tapete; é transitivo preposição a: pedi um presente a ela, peça ao
indireto no sentido de almejar, ambicionar: ele governo que o indenize; pedir para, só quando há
sempre aspirou a esse emprego; nunca aspirei a ideia de licença, permissão: o aluno pediu para
nenhum cargo público. sair.
Assistir é transitivo direto no sentido de prestar Precisar é transitivo direto no sentido de indicar
assistência, socorrer: assistir um doente, assistir com exatidão: o piloto precisou o local do ataque
o réu; quando se refere à ação do espectador, é e apertou o botão; no sentido de necessitar, é
transitivo indireto: não assisto a esse programa transitivo direto e indireto: não precisamos de
de televisão, ele assistiu ao jogo; no sentido de ajuda.
caber, é também transitivo indireto: esse é um
direito que assiste ao diretor, esse é um direito Puxar é transitivo indireto tanto no sentido de sair
que lhe assiste. semelhante quando no de coxear: o filho puxou
ao pai, o rapaz puxava de uma perna.
Língua Portuguesa 73
Apostilas Domínio
Querer é transitivo direto no sentido de desejar: o (Suceda a paz à guerra! Guie-o a mão da
menino queria balas, mas transitivo indireto no Providência!); (6) nas que têm o verbo na passiva
sentido de estimar, amar: o menino queria muito pronominal (Eliminaram-se de vez as
ao pai. esperanças); (7) nas que começam por adjunto
adverbial (No profundo do céu luzia uma estrela),
Reparar é transitivo direto no sentido de predicativo (Esta é a vontade de Deus) ou objeto
consertar: o marceneiro reparou a porta; mas (Aos conselhos sucederam as ameaças); (8) nas
transitivo indireto no sentido de observar, construídas com verbos intransitivos (Desponta o
acompanhado da preposição em: repare no dia). Colocam-se normalmente depois do verbo
exemplo de seus pais, não repare na casa. da oração principal as orações subordinadas
substantivas: é claro que ele se arrependeu.
Servir é transitivo direto no sentido de prestar
serviço, ou de pôr sobre a mesa: o assessor Predicativo anteposto ao verbo. Ocorre, entre
serve bem o diretor, a cozinheira não serviu o outros, nos seguintes casos: (1) nas orações
almoço; é transitivo indireto no sentido de ser útil: interrogativas (Que espécie de homem é ele?);
essa máquina não serve ao meu escritório. (2) nas exclamativas (Que bonito é esse lugar!).
Sobressair é transitivo indireto, mas nunca Colocação do adjetivo como adjunto adnominal.
pronominal: o jogador que mais sobressaiu nos A posposição do adjunto adnominal ao
jogos do campeonato; nunca sobressaí em substantivo é a sequência que predomina no
matemática. enunciado lógico (livro bom, problema fácil), mas
não é rara a inversão dessa ordem: (Uma simples
Usufruir é transitivo direto, como desfrutar, nunca advertência [anteposição do adjetivo simples, no
com preposição: vou usufruir o verão, não pude sentido de mero]. O menor descuido porá tudo a
desfrutar o descanso. perder [anteposição dos superlativos relativos: o
melhor, o pior, o maior, o menor]). A anteposição
Visar é transitivo direto no sentido de pôr o visto, do adjetivo, em alguns casos, empresta-lhe
apontar para: já visei o cheque, visei o alvo e sentido figurado: meu rico filho, um grande
atirei; transitivo indireto no sentido de desejar homem, um pobre rapaz).
muito, almejar: todos os partidos políticos visam
ao poder, os governadores deveriam somente Colocação dos pronomes átonos. O pronome
visar ao bem-estar da população. átono pode vir antes do verbo (próclise, pronome
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações proclítico:
Ltda.
Não o vejo), depois do verbo (ênclise, pronome
COLOCAÇÃO PRONOMINAL enclítico: Vejo-o) ou no meio do verbo, o que só
ocorre com formas do futuro do presente (Vê-lo-
Palavras fora do lugar podem prejudicar e até ei) ou do futuro do pretérito (Vê-lo-ia).
impedir a compreensão de uma ideia. Cada
palavra deve ser posta na posição Verifica-se próclise, normalmente nos seguintes
funcionalmente correta em relação às outras, casos: (1) depois de palavras negativas
assim como convém dispor com clareza as (Ninguém me preveniu), de pronomes
orações no período e os períodos no discurso. interrogativos (Quem me chamou?), de
pronomes relativos (O livro que me deram...), de
Sintaxe de colocação é o capítulo da gramática advérbios interrogativos (Quando me
em que se cuida da ordem ou disposição das procurarás); (2) em orações optativas (Deus lhe
palavras na construção das frases. Os termos da pague!); (3) com verbos no subjuntivo (Espero
oração, em português, geralmente são colocados que te comportes); (4) com gerúndio regido de
na ordem direta (sujeito + verbo + objeto direto + em (Em se aproximando...); (5) com infinitivo
objeto indireto, ou sujeito + verbo regido da preposição a, sendo o pronome uma
+ predicativo). As inversões dessa ordem ou são das formas lo, la, los, las (Fiquei a observá-la);
de natureza estilística (realce do termo cuja (6) com verbo antecedido de advérbio, sem
posição natural se altera: Corajoso é ele! pausa (Logo nos entendemos), do numeral
Medonho foi o espetáculo), ou de pura natureza ambos (Ambos o acompanharam) ou de
gramatical, sem intenção especial de realce, pronomes indefinidos (Todos a estimam).
obedecendo-se, apenas a hábitos da língua que
se fizeram tradicionais. Ocorre a ênclise, normalmente, nos seguintes
casos: (1) quando o verbo inicia a oração
Sujeito posposto ao verbo. Ocorre, entre outros, (Contaram-me que...), (2) depois de pausa (Sim,
nos seguintes casos: (1) nas orações contaram-me que...), (3) com locuções verbais
intercaladas (Sim, disse ele, voltarei); (2) nas cujo verbo principal esteja no infinitivo (Não quis
interrogativas, não sendo o sujeito pronome incomodar-se).
interrogativo (Que espera você?); (3) nas
reduzidas de infinitivo, de gerúndio ou de Estando o verbo no futuro do presente ou no
particípio (Por ser ele quem é... Sendo ele quem futuro do pretérito, a mesóclise é de regra, no
é... Resolvido o caso...); (4) nas imperativas início da frase (Chama-lo-ei. Chama-lo-ia). Se o
(Faze tu o que for possível); (5) nas optativas
Língua Portuguesa 74
Apostilas Domínio
verbo estiver antecedido de palavra com força lançou-se na gelada areia" (= Lançou-se na
atrativa sobre o pronome, haverá próclise (Não o gelada areia do mar); (3) prolepse --
chamarei. Não o chamaria). Nesses casos, a transposição, para a oração principal, de termo
língua moderna rejeita a ênclise e evita a da oração subordinada: "A nossa Corte, não digo
mesóclise, por ser muito formal. que possa competir com Paris ou Londres..." (=
Não digo que a nossa Corte possa competir com
Pronomes com o verbo no particípio. Com o Paris ou Londres...); (4) sínquise -- alteração
particípio desacompanhado de auxiliar não se excessiva da ordem natural das palavras, que
verificará nem próclise nem ênclise: usa-se a dificulta a compreensão do sentido: "No tempo
forma oblíqua do pronome, com preposição. (O que do reino a rédea leve, João, filho de Pedro,
emprego oferecido a mim...). moderava" (= No tempo [em] que João, filho de
Pedro, moderava a rédea leve do reino).
Havendo verbo auxiliar, o pronome virá proclítico ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações
ou enclítico a este. (Por que o têm perseguido? A Ltda.
criança tinha-se aproximado.)
REDAÇÃO OFICIAL
Pronomes átonos com o verbo no gerúndio. O
pronome átono costuma vir enclítico ao gerúndio 1. O que é Redação Oficial
(João, afastando-se um pouco, observou...). Nas
locuções verbais, virá enclítico ao auxiliar (João Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial
foi-se afastando), salvo quando este estiver é a maneira pela qual o Poder Público redige atos
antecedido de expressão que, de regra, exerça normativos e comunicações. Interessa-nos tratá-
força atrativa sobre o pronome (palavras la do ponto de vista do Poder Executivo.
negativas, pronomes relativos, conjunções etc.)
Exemplo: À medida que se foram afastando. A redação oficial deve caracterizar-se pela
impessoalidade, uso do padrão culto de
Colocação dos possessivos. Os pronomes linguagem, clareza, concisão, formalidade e
adjetivos possessivos precedem os substantivos uniformidade. Fundamentalmente esses
por eles determinados (Chegou a minha vez), atributos decorrem da Constituição, que dispõe,
salvo quando vêm sem artigo definido (Guardei no artigo 37: "A administração pública direta,
boas lembranças suas); quando há ênfase (Não, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes
amigos meus!); quando determinam substantivo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
já determinado por artigo indefinido (Receba um Municípios obedecerá aos princípios de
abraço meu), por um numeral (Recebeu três legalidade, impessoalidade, moralidade,
cartas minhas), por um demonstrativo (Receba publicidade e eficiência (...)". Sendo a publicidade
esta lembrança minha) ou por um indefinido e a impessoalidade princípios fundamentais de
(Aceite alguns conselhos meus). toda administração pública, claro está que devem
igualmente nortear a elaboração dos atos e
Colocação dos demonstrativos. Os comunicações oficiais.
demonstrativos, quando pronomes adjetivos,
precedem normalmente o substantivo Não se concebe que um ato normativo de
(Compreendo esses problemas). A posposição qualquer natureza seja redigido de forma
do demonstrativo é obrigatória em algumas obscura, que dificulte ou impossibilite sua
formas em que se procura especificar melhor o compreensão. A transparência do sentido dos
que se disse anteriormente: "Ouvi tuas razões, atos normativos, bem como sua inteligibilidade,
razões essas que não chegaram a convencer- são requisitos do próprio Estado de Direito: é
me." inaceitável que um texto legal não seja entendido
pelos cidadãos. A publicidade implica, pois,
Colocação dos advérbios. Os advérbios que necessariamente, clareza e concisão.
modificam um adjetivo, um particípio isolado ou
outro advérbio vêm, em regra, antepostos a Além de atender à disposição constitucional, a
essas palavras (mais azedo, mal conservado; forma dos atos normativos obedece a certa
muito perto). Quando modificam o verbo, os tradição. Há normas para sua elaboração que
advérbios de modo costumam vir pospostos a remontam ao período de nossa história imperial,
este (Cantou admiravelmente. Discursou bem. como, por exemplo, a obrigatoriedade –
Falou claro.). Anteposto ao verbo, o adjunto estabelecida por decreto imperial de 10 de
adverbial fica naturalmente em realce: "Lá longe dezembro de 1822 – de que se aponha, ao final
a gaivota voava rente ao mar." desses atos, o número de anos transcorridos
desde a Independência. Essa prática foi mantida
Figuras de sintaxe. No tocante à colocação dos no período republicano.
termos na frase, salientem-se as seguintes
figuras de sinta-xe: (1) hipérbato -- intercalação Esses mesmos princípios (impessoalidade,
de um termo entre dois outros que se relacionam: clareza, uniformidade, concisão e uso de
"O das águas gigante cauda-loso" (= O gigante linguagem formal) aplicam-se às comunicações
caudaloso das águas); (2) anástrofe -- inversão oficiais: elas devem sempre permitir uma única
da ordem normal de termos sintaticamente interpretação e ser estritamente impessoais e
relacionados: "Do mar
Língua Portuguesa 75
Apostilas Domínio
uniformes, o que exige o uso de certo nível de órgão público, do Executivo ou dos outros
linguagem. Poderes da União.
Nesse quadro, fica claro também que as Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal
comunicações oficiais são necessariamente que deve ser dado aos assuntos que constam
uniformes, pois há sempre um único das comunicações oficiais decorre:
comunicador (o Serviço Público) e o receptor
dessas comunicações ou é o próprio Serviço a) da ausência de impressões individuais de
Público (no caso de expedientes dirigidos por um quem comunica: embora se trate, por exemplo,
órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou de um expediente assinado por Chefe de
instituições tratados de forma homogênea (o determinada Seção, é sempre em nome do
público). Serviço Público que é feita a comunicação.
Obtém-se, assim, uma desejável padronização,
Outros procedimentos rotineiros na redação de que permite que comunicações elaboradas em
comunicações oficiais foram incorporados ao diferentes setores da Administração guardem
longo do tempo, como as formas de tratamento e entre si certa uniformidade;
de cortesia, certos clichês de redação, a estrutura
dos expedientes, etc. Mencione-se, por exemplo, b) da impessoalidade de quem recebe a
a fixação dos fechos para comunicações oficiais, comunicação, com duas possibilidades: ela pode
regulados pela Portaria no 1 do Ministro de ser dirigida a um cidadão, sempre concebido
Estado da Justiça, de 8 de como público, ou a outro órgão público. Nos dois
casos, temos um destinatário concebido de forma
julho de 1937, que, após mais de meio século de homogênea e impessoal;
vigência, foi revogado pelo Decreto que aprovou
a primeira edição deste Manual. c) do caráter impessoal do próprio assunto
tratado: se o universo temático das
Acrescente-se, por fim, que a identificação que comunicações oficiais se restringe a questões
se buscou fazer das características específicas que dizem respeito ao interesse público, é natural
da forma oficial de redigir não deve ensejar o que não cabe qualquer tom particular ou pessoal.
entendimento de que se proponha a criação – ou
se aceite a existência – de uma forma específica Desta forma, não há lugar na redação oficial para
de linguagem administrativa, o que impressões pessoais, como as que, por exemplo,
coloquialmente e pejorativamente se chama constam de uma carta a um amigo, ou de um
burocratês. Este é antes uma distorção do que artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto
deve ser a redação oficial, e se caracteriza pelo literário. A redação oficial deve ser isenta da
abuso de expressões e clichês do jargão interferência da individualidade que a elabora.
burocrático e de formas arcaicas de construção
de frases. A concisão, a clareza, a objetividade e a
formalidade de que nos valemos para elaborar os
A redação oficial não é, portanto, expedientes oficiais contribuem, ainda, para que
necessariamente árida e infensa à evolução da seja alcançada a necessária impessoalidade.
língua. É que sua finalidade básica – comunicar
com impessoalidade e máxima clareza – impõe A Linguagem dos Atos e Comunicações
certos parâmetros ao uso que se faz da língua, Oficiais
de maneira diversa daquele da literatura, do texto
jornalístico, da correspondência particular, etc. A necessidade de empregar determinado nível
de linguagem nos atos e expedientes oficiais
Apresentadas essas características decorre, de um lado, do próprio caráter público
fundamentais da redação oficial, passemos à desses atos e comunicações; de outro, de sua
análise pormenorizada de cada uma delas. finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como
atos de caráter normativo, ou estabelecem
A Impessoalidade regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam
o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é
A finalidade da língua é comunicar, quer pela alcançado se em sua elaboração for empregada
fala, quer pela escrita. Para que haja a linguagem adequada. O mesmo se dá com os
comunicação, são necessários: a)alguém que expedientes oficiais, cuja finalidade precípua é a
comunique, b) algo a ser comunicado, e c) de informar com clareza e objetividade.
alguém que receba essa comunicação. No caso
da redação oficial, quem comunica é sempre o As comunicações que partem dos órgãos
Serviço Público (este ou aquele Ministério, públicos federais devem ser compreendidas por
Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir
Seção); o que se comunica é sempre algum esse objetivo, há que evitar o uso de uma
assunto relativo às atribuições do órgão que linguagem restrita a determinados grupos. Não
comunica; o destinatário dessa comunicação ou
é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro
Língua Portuguesa 76
Apostilas Domínio
há dúvida que um texto marcado por expressões jargão, deve ser evitado, pois terá sempre sua
de circulação restrita, como a gíria, os compreensão limitada.
regionalismos vocabulares ou o jargão técnico,
tem sua compreensão dificultada. A linguagem técnica deve ser empregada apenas
em situações que a exijam, sendo de evitar o seu
Ressalte-se que há necessariamente uma uso indiscriminado. Certos rebuscamentos
distância entre a língua falada e a escrita. Aquela acadêmicos, e mesmo o vocabulário próprio a
é extremamente dinâmica, reflete de forma determinada área, são de difícil entendimento por
imediata qualquer alteração de costumes, e pode quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se
eventualmente contar com outros elementos que ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em
auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a comunicações encaminhadas a outros órgãos da
entoação, etc., para mencionar apenas alguns administração e em expedientes dirigidos aos
dos fatores responsáveis por essa distância. Já a cidadãos.
língua escrita incorpora mais lentamente as
transformações, tem maior vocação para a Outras questões sobre a linguagem, como o
permanência, e vale-se apenas de si mesma emprego de neologismo e estrangeirismo, são
para comunicar. tratadas em detalhe em 9.3.
Lembre-se que o padrão culto nada tem contra a A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes
simplicidade de expressão, desde que não seja para o texto definitivo e a correta diagramação do
confundida com pobreza de expressão. De texto são indispensáveis para a padronização.
nenhuma forma o uso do padrão culto implica Consulte o Capítulo II, As Comunicações Oficiais,
emprego de linguagem rebuscada, nem dos a respeito de normas específicas para cada tipo
contorcionismos sintáticos e figuras de de expediente.
linguagem próprios da língua literária.
1.4. Concisão e Clareza
Pode-se concluir, então, que não existe
propriamente um "padrão oficial de linguagem"; o A concisão é antes uma qualidade do que uma
que há é o uso do padrão culto nos atos e característica do texto oficial. Conciso é o texto
comunicações oficiais. É claro que haverá que consegue transmitir um máximo de
preferência pelo uso de determinadas informações com um mínimo de palavras. Para
expressões, ou será obedecida certa tradição no que se redija com essa qualidade, é fundamental
emprego das formas sintáticas, mas isso não que se tenha, além de conhecimento do assunto
implica, necessariamente, que se consagre a sobre o qual se escreve, o necessário tempo para
utilização de uma forma de linguagem revisar o texto depois de pronto. É nessa releitura
burocrática. O jargão burocrático, como todo que muitas vezes se percebem eventuais
redundâncias ou repetições desnecessárias de
ideias.
Língua Portuguesa 77
Apostilas Domínio
O esforço de sermos concisos atende, A revisão atenta exige, necessariamente, tempo.
basicamente ao princípio de economia A pressa com que são elaboradas certas
linguística, à mencionada fórmula de empregar o comunicações quase sempre compromete sua
mínimo de palavras para informar o máximo. Não clareza. Não se deve proceder à redação de um
se deve de forma alguma entendê-la como texto que não seja seguida por sua revisão. "Não
economia de pensamento, isto é, não se devem há assuntos urgentes, há assuntos atrasados",
eliminar passagens substanciais do texto no afã diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua
de reduzi-lo em tamanho. Trata-se indesejável repercussão no redigir.
exclusivamente de cortar palavras inúteis,
redundâncias, passagens que nada acrescentem Por fim, como exemplo de texto obscuro, que
ao que já foi dito. deve ser evitado em todas as comunicações
oficiais, transcrevemos a seguir um pitoresco
Procure perceber certa hierarquia de ideias que quadro, constante de obra de Adriano da Gama
existe em todo texto de alguma complexidade: Kury , a partir do qual podem ser feitas inúmeras
ideias fundamentais e ideias secundárias. Estas frases, combinando-se as expressões das várias
últimas podem esclarecer o sentido daquelas, colunas em qualquer ordem, com uma
detalhá-las, exemplificá-las; mas existem característica comum: nenhuma delas tem
também ideias secundárias que não sentido!
acrescentam informação alguma ao texto, nem
têm maior relação com as fundamentais, AS COMUNICAÇÕES OFICIAIS
podendo, por isso, ser dispensadas. A clareza
deve ser a qualidade básica de todo texto oficial, 2. Introdução
conforme já sublinhado na introdução deste
capítulo. Pode-se definir como claro aquele texto A redação das comunicações oficiais deve, antes
que possibilita imediata compreensão pelo leitor. de tudo, seguir os preceitos explicitados no
No entanto a clareza não é algo que se atinja por Capítulo I, Aspectos Gerais da Redação Oficial.
si só: ela depende estritamente das demais Além disso, há características específicas de
características da redação oficial. Para ela cada tipo de expediente, que serão tratadas em
concorrem: detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à
sua análise, vejamos outros aspectos comuns a
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de quase todas as modalidades de comunicação
interpretações que poderia decorrer de um oficial: o emprego dos pronomes de tratamento,
tratamento personalista dado ao texto; a forma dos fechos e a identificação do
signatário.
b) o uso do padrão culto de linguagem, em
princípio, de entendimento geral e por definição 2.1. Pronomes de Tratamento
avesso a vocábulos de circulação restrita, como
a gíria e o jargão; 2.1.1. Breve História dos Pronomes de
Tratamento
c) a formalidade e a padronização, que
possibilitam a imprescindível uniformidade dos O uso de pronomes e locuções pronominais de
textos; tratamento tem larga tradição na língua
portuguesa. De acordo com Said Ali, após serem
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os incorporados ao português os pronomes latinos
excessos linguísticos que nada lhe acrescentam. tu e vos, "como tratamento direto da pessoa ou
pessoas a quem se dirigia a palavra", passou-se
É pela correta observação dessas características a empregar, como expediente linguístico de
que se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a distinção e de respeito, a segunda pessoa do
indispensável releitura de todo texto redigido. A plural no tratamento de pessoas de hierarquia
ocorrência, em textos oficiais, de trechos superior. Prossegue o autor:
obscuros e de erros gramaticais provém
principalmente da falta da releitura que torna "Outro modo de tratamento indireto consistiu em
possível sua correção. fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou
qualidade eminente da pessoa de categoria
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, superior, e não a ela própria. Assim
ainda, se ele será de fácil compreensão por seu aproximavam-se os vassalos de seu rei com o
destinatário. O que nos parece óbvio pode ser tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...);
desconhecido por terceiros. O domínio que assim usou-se o tratamento ducal de vossa
adquirimos sobre certos assuntos em excelência e adotaram-se na hierarquia
decorrência de nossa experiência profissional eclesiástica vossa reverência, vossa
muitas vezes faz com que os tomemos como de paternidade, vossa eminência, vossa santidade."
conhecimento geral, o que nem sempre é
verdade. Explicite, desenvolva, esclareça, A partir do final do século XVI, esse modo de
precise os termos técnicos, o significado das tratamento indireto já estava em voga também
siglas e abreviações e os conceitos específicos para os ocupantes de certos cargos públicos.
que não possam ser dispensados.
Língua Portuguesa 78
Apostilas Domínio
Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois . Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
para o coloquial você. E o pronome vós, com o
tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que . Prefeitos Municipais.
provém o atual emprego de pronomes de
tratamento indireto como forma de dirigirmo-nos b) do Poder Legislativo:
às autoridades civis, militares e eclesiásticas.
. Deputados Federais e Senadores;
2.1.2. Concordância com os Pronomes de
Tratamento . Ministro do Tribunal de Contas da União;
Como visto, o emprego dos pronomes de As demais autoridades serão tratadas com o
tratamento obedece a secular tradição. São de vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo:
uso consagrado:
Senhor Senador,
Vossa Excelência, para as seguintes
autoridades: Senhor Juiz,
Língua Portuguesa 79
Apostilas Domínio
Senador Fulano de Tal (...)
No envelope, deve constar do endereçamento: O fecho das comunicações oficiais possui, além
da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de
Ao Senhor saudar o destinatário. Os modelos para fecho que
vinham sendo utilizados foram regulados pela
Fulano de Tal Portaria no 1 do Ministério da Justiça, de 1937,
que estabelecia quinze padrões. Com o fito de
Rua ABC, no 123 simplificá-los e uniformizá-los, este Manual
estabelece o emprego de somente dois fechos
70.123 – Curitiba. PR diferentes para todas as modalidades de
comunicação oficial:
Como se depreende do exemplo acima, fica
dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo a) para autoridades superiores, inclusive o
para as autoridades que recebem o tratamento Presidente da República:
de Vossa Senhoria e para particulares. É
suficiente o uso do pronome de tratamento Respeitosamente,
Senhor.
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de
Acrescente-se que doutor não é forma de hierarquia inferior:
tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo
indiscriminadamente. Como regra geral, Atenciosamente,
empregue-o apenas em comunicações dirigidas
a pessoas que tenham tal grau por terem Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações
concluído curso universitário de doutorado. É dirigidas a autoridades estrangeiras, que
costume designar por doutor os bacharéis, atendem a rito e tradição próprios, devidamente
especialmente os bacharéis em Direito e em disciplinados no Manual de Redação do
Medicina. Nos demais casos, o tratamento Ministério das Relações Exteriores.
Senhor confere a desejada formalidade às
comunicações. 2.3. Identificação do Signatário
Magnífico Reitor,
Língua Portuguesa 80
Apostilas Domínio
local de sua assinatura. A forma da identificação – introdução, que se confunde com o parágrafo
deve ser a seguinte: de abertura, na qual é apresentado o assunto que
motiva a comunicação. Evite o uso das formas:
(espaço para assinatura) "Tenho a honra de", "Tenho o prazer de",
"Cumpre-me informar que", empregue a forma
Nome direta;
Há três tipos de expedientes que se diferenciam – introdução: deve iniciar com referência ao
antes pela finalidade do que pela forma: o ofício, expediente que solicitou o encaminhamento. Se
o aviso e o memorando. Com o fito de uniformizá- a remessa do documento não tiver sido
los, pode-se adotar uma diagramação única, que solicitada, deve iniciar com a informação do
siga o que chamamos de padrão ofício. As motivo da comunicação, que é encaminhar,
peculiaridades de cada um serão tratadas indicando a seguir os dados completos do
adiante; por ora busquemos as suas documento encaminhado (tipo, data, origem ou
semelhanças. signatário, e assunto de que trata), e a razão pela
qual está sendo encaminhado, segundo a
3.1. Partes do documento no Padrão Ofício seguinte fórmula:
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as "Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro
seguintes partes: de 1991, encaminho, anexa, cópia do Ofício nº
34, de 3 de abril de 1990, do Departamento Geral
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla de Administração, que trata da requisição do
do órgão que o expede: servidor Fulano de Tal."
Exemplos: ou
Língua Portuguesa 81
Apostilas Domínio
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New
Roman de corpo 12 no texto em geral, 11 nas
citações, e 10 nas notas de rodapé;
Língua Portuguesa 82
Apostilas Domínio
g) o campo destinado à margem lateral direita Conforme segue, vejamos um exemplo:
terá 1,5 cm;
Ata da 1a reunião dos formandos de Letras
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre 2002 da FURG
as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou,
se o editor de texto utilizado não comportar tal Aos dezessete dias do mês de julho, de dois mil
recurso, de uma linha em branco; e um, às dezenove horas e trinta minutos, na sala
B, no Campus Carreiros, sob a presidência da
i) não deve haver abuso no uso de negrito, Comissão de Formatura, formada pelos alunos
itálico, sublinhado, letras maiúsculas, Fulano de tal, Beltrano e Ciclano, reuniram-se os
sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer formandos interessados na organização da
outra forma de formatação que afete a elegância formatura. Após constatada a presença de todos
e a sobriedade do documento; os alunos e feita a identificação do empenho de
formatura, a comissão presidente declarou
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor aberta a reunião. A reunião iniciou-se com a
preta em papel branco. A impressão colorida solicitação que a partir de dezessete de agosto
deve ser usada apenas para gráficos e fossem viabilizados os processos de
ilustrações; arrecadação de valores para a formatura. A
comissão informou que o valor a ser arrecadado
l) todos os tipos de documentos do Padrão será de R$ 12.000,00. Para tanto, pediu-se o
Ofício devem ser impressos em papel de afinco de todos os presentes na seção. Por fim,
tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm; estando os presentes de acordo com o que foi
deliberado, os Srs. presidentes encerraram a
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o reunião, da qual eu, Maria da Silva, secretária
formato de arquivo Rich Text nos documentos de designada, lavrei a presente ata, após lida e
texto; aprovada será assinada por mim e pelos
presentes.
n) dentro do possível, todos os documentos
elaborados devem ter o arquivo de texto Rio Grande, dezessete de julho de dois mil.
preservado para consulta posterior ou
aproveitamento de trechos para casos análogos; (seguem as assinaturas)
Língua Portuguesa 83
Apostilas Domínio
Atesto, para os devidos fins, que o aluno Pedro Uma carta oficial deve ser estruturada de maneira
de Aguiar está regularmente matriculado no que contenha um timbre, local e data por extenso
segundo ano do curso de Letras/ Português, e número, antecedido por "c", que é um indicativo
cursando as disciplinas de Língua Portuguesa II, de carta. Acompanhando estes elementos devem
Lingüística II, Teoria da Literatura II, Filologia estar o endereçamento, o vocativo, o texto, fecho
Românica, Estrutura e Funcionamento do Ensino e, por último, a assinatura, nome do remetente.
de Primeiro e Segundo Graus, Didática Geral/
Letras e Ficção Portuguesa Contemporânea. Vejamos o exemplo que segue:
Rio Grande, 22 de outubro de 2000. Rio Grande, 01 de abril de 2000 C.n° 023/00
Maria Souza À
AVISO COMCUR
Língua Portuguesa 84
Apostilas Domínio
assinatura, o cargo e, por último, a data de Comunica a seus clientes e amigos a
publicação. Este documento não deve conter transferência de suas instalações para o Sítio do
nem destinatário, pois não é unidirecional, tão Pica-Pau Amarelo na avenida Fernando Osório,
pouco endereçamento. 20; com prestação de serviços e manutenção em
equipamentos e Software.
Vejamos um exemplo:
1.2.2) Comunicação Interna
COPERV
COMUNICAÇÃO
COMISSÃO PERMANENTE DO VESTIBULAR
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO
Pelotas, 03 de setembro de 2000 RIO GRANDE
COMUNICADO EX.2
Língua Portuguesa 85
Apostilas Domínio
curso de Direito, participou do IV Seminário de dados devem ser escritos a 4 espaços duplos do
Direito Penal, desta Instituição. fecho, alinhados verticalmente em relação ao
texto que os antecede.
Rio Grande, 26 de junho de 2000.
Vejamos um exemplo:
Marcos da Silva
Memorando n° 15/ Comcur Letras Em 04 de maio
Presidente do Diretório Acadêmico de Direito de 2001
EDITAL À SUPGRAD
Língua Portuguesa 86
Apostilas Domínio
conclusão se faz a reafirmação da posição ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
recomendada pelo emitente do ofício sobre o
assunto. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA
Uma ordem de serviço deve ser estruturada de Indica a nota ou aditamento feito à margem de
maneira que contenha o nome do órgão emissor qualquer documento público, a fim de
da ordem de serviço, o número do documento e acrescentar algo que faltava ao texto. Expressa
o ano. Deverá conter um título referindo-se ao também um ato pelo qual o documento é
SUPERVISOR ADMINISTRATIVO, um texto, a anotado, após ser registrado ou averbado.
data e, por fim, a assinatura do supervisor
administrativo e a explicitação de quem executa Dessa forma, apostila-se o diploma ou título de
tal cargo. nomeação, de sorte que o indivíduo diplomado
ou nomeado venha a exercer sua profissão ou
Vejamos o exemplo: cargo.
Língua Portuguesa 87
Apostilas Domínio
Ordem de Serviço indispensável uma ligação entre as partes,
mesmo havendo um corte de trechos
É instrução dada a um servidor ou a um órgão considerados não essenciais.
administrativo. Encerra orientações a serem
tomadas pela chefia para execução de serviços Quando o tema é a .situação comunicativa. (p.7),
ou desempenho de encargos. É o documento, é a autora nos esclarece a relação texto X contexto,
o ato pelo qual se determinam providências a onde um é essencial para esclarecermos o outro,
serem cumpridas por órgãos subordinados. utilizando-se de palavras que recebem diferentes
significados conforme são inseridas em um
Portaria determinado contexto; nos levando ao
entendimento de que não podemos considerar
Documento oficial que baixa de qualquer dos isoladamente os seus conceitos e sim analisá-los
ministérios a uma repartição ou a um indivíduo e de acordo com o contexto semântico ao qual está
é assinado pelo ministro em nome do chefe do inserida.
Estado ou por um diretor da repartição. Em
linguagem de Direito Administrativo significa todo Segundo Elisa Guimarães, o sentido da palavra
documento emanado de uma autoridade, através texto estende-se a uma enorme vastidão,
do qual possa transmitir a seus subordinados as podendo designar .um enunciado qualquer, oral
ordens de serviço de sua competência. Na ou escrito, longo ou breve, antigo ou moderno.
administração pública é um ato pelo qual o (p.14) e ao contrário do que muitos podem
Ministro de Estado ou outra autoridade pensar, um texto pode ser caracterizado como
competente estabelece normas administrativas, um fragmento, uma frase, um verbo ect e não
baixa instruções para aplicação de leis e decretos apenas na reunião destes com mais algumas
ou define situações, como dispensa, remoção, outras formas de enunciação; procurando
lotação. Muitas vezes as portarias são sempre uma objetividade para que a sua
empregadas para nomeações, demissões, compreensão seja feita de forma fácil e clara.
suspensões e reintegrações de funcionários. As
portarias em geral são atos de Ministros de Esta economia textual facilita no caminho de
Estado, e suas funções e importâncias transmissão entre o enunciador e o receptor do
restringem-se à competência da autoridade texto que procura condensar as informações
administrativa que as expediu. recebidas a fim de se deter ao .núcleo
informativo. (p.17), este sim, primordial a
ARTICULAÇÃO DO TEXTO: PRONOMES E qualquer informação.
EXPRESSÕES REFERENCIAIS, NEXOS,
OPERADORES SEQUENCIAIS. A autora também apresenta diversas formas de
classificação do discurso e do texto, porém,
Resenha Critica de Articulação do Texto detenhamo-nos na divisão de texto informativo e
Amanda Alves Martins de um texto literário ou ficcional.
Língua Portuguesa 88
Apostilas Domínio
Nesta relação de substituição por sinônimos, Gramática Aplicada da Língua Portuguesa de
devemos ter cautela quando formos usar os Manoel P. Ribeiro (2004, 14ed):
.hiperônimos.
A coesão e a coerência trazem a característica
(p.32), ou até mesmo a .hiponímia. (p.32) onde de promover a inter-relação semântica entre os
substitui-se a parte pelo todo, pois neste elementos do discurso, respondendo pelo que
emaranhado de substituições pode-se causar chamamos de conectividade textual. .A coerência
desajustes e o resultado final não fazer com que diz respeito ao nexo entre os conceitos; e a
a imagem mental do leitor seja ativada de forma coesão, à expressão desse nexo no plano
corretamente, e outra assimilação, errônea, pode linguístico. (VAL, Maria das Graças Costa.
ser utilizada. Redação e textualidade, 1991, p.7)
Seguindo ainda neste linear das substituições, No capítulo que diz respeito às noções de
existem ainda as .nominações. e a .elipse., onde estrutura, Elisa Guimarães, busca ressaltar o
na primeira, o sentido inicialmente expresso por nível sintático representado pelas coordenações
um verbo é substituído por um nome, ou seja, um e subordinações que fixam relações de
substantivo; e, enquanto na segunda, ou seja, na .equivalência. ou .hierarquia. respectivamente.
elipse, o substituto é nulo e marcado pela flexão
verbal; como podemos perceber no seguinte Um fato importante dentro do livro A Articulação
exemplo retirado do livro de Elisa Guimarães: do Texto, é o valor atribuído às estruturas
integrantes do texto, como o título, o parágrafo,
.Louve-se nos mineiros, em primeiro lugar, a sua as inter e intrapartes, o início e o fim e também,
presença suave. Mil deles não causam o as superestruturas.
incômodo de dez cearenses.
O título funciona como estratégica de articulação
Não grita, não empurram< não seguram do texto podendo desempenhar papéis que
o braço da gente, não impõem suas opiniões. resumam os seus pontos primordiais, como
Para os importunos inventaram eles uma palavra também, podem ser desvendados no decorrer da
maravilhosamente definidora e que traduz bem a leitura do texto.
sua antipatia para essa casta de gente (...).
(Rachel de Queiroz. Mineiros. In: Cem crônicas Os parágrafos esquematizam o raciocínio do
escolhidas. Rio de Janeiros, José Olympio, 1958, escritos, como enuncia Othon Moacir Garcia:
p.82).
.O parágrafo facilita ao escritor a tarefa de isolar
Porém é preciso especificar que para que haja a e depois ajustar convenientemente as ideias
elipse o termo elíptico deve estar perfeitamente principais da sua composição, permitindo ao
claro no contexto. Este conceito e os demais já leitor acompanhar-lhes o desenvolvimento nos
ditos anteriormente são primordiais para a seus diferentes estágios.. É bom relembrar, que
compreensão e produção textual, uma vez que dentro do parágrafo encontraremos o chamado
contribuem para a economia de linguagem, fator tópico frasal, que resumirá a principal ideia do
de grande valor para tais feitos. parágrafo no qual esta inserido; e também
encontraremos, segundo a autora, dez diferentes
Ao abordar os conceitos de coesão e coerência, tipos de parágrafo, cada qual com um ponto de
a autora procura primeiramente retomar a noção vista específico.
de que a construção do texto é feita através de
.referentes linguísticos. (p.38) que geram um No que diz respeito ao tópico Inicio e fim, Elisa
conjunto de frases que irão constituir uma Guimarães preferiu abordá-los de forma mútua já
.microestrutura do texto. (p.38) que se articula que um é consequência ou decorrência do outro;
com a estrutura semântica geral. Porém, a ficando a organização da narrativa com uma
dificuldade de se separar a coesão da coerência forma de estrutura clássica e seguindo uma linha
está no fato daquela está inserida nesta, sequencial já esperada pelo leitor, onde o início
formando uma linha de raciocínio de fácil alimenta a esperança de como virá a ser o texto,
compreensão, no entanto, quando ocorre uma enquanto que o fim exercer uma função de dar
incoerência textual, decorrente da um destaque maior ao fechamento do texto, o
incompatibilidade e não exatidão do que foi que também, alimenta a imaginação tanto do
escrito, o leitor também é capaz de entender leito, quanto do próprio autor.
devido a sua fácil compreensão apesar da má
articulação do texto. No geral, o que diz respeito ao livro A Articulação
do Texto de Elisa Guimarães, ele nos trás um
A coerência de um texto não é dada apenas pela grande número de informações e novos
boa interligação entre as suas frases, mas conceitos em relação à produção e compreensão
também porque entre estas existe a influência da textual, no entanto, essa grande leva de
coerência textual, o que nos ajuda a concluir que informações muitas vezes se tornam confusas e
a coesão, na verdade, é efeito da coerência. acabam por desprenderem-se uma das outras,
Como observamos em Nova quebrando a linearidade de todo o texto e
dificultando o entendimento teórico.
Língua Portuguesa 89
Apostilas Domínio
A REFERENCIAÇÃO / OS REFERENTES / vaqueiro, mas Fabiano sabia que elas estavam
COERÊNCIA E COESÃO erradas e o patrão queria enganá-lo.Enganava..
Vidas secas, p. 143);
A fala e também o texto escrito constituem-se
não apenas numa sequência de palavras ou de . substituição léxica, que se dá tanto pelo
frases. A sucessão de coisas ditas ou escritas emprego de sinônimos como de palavras quase
forma uma cadeia que vai muito além da simples sinônimas.
sequencialidade: há um entrelaçamento
significativo que aproxima as partes formadoras Considerem-se aqui além das palavras
do texto falado ou escrito. Os mecanismos sinônimas, aquelas resultantes de famílias
linguísticos que estabelecem a conectividade e a ideológicas e do campo associativo, como, por
retomada e garantem a coesão são os referentes exemplo, esvoaçar, revoar, voar;
textuais.
. hipônimos (relações de um termo específico
Cada uma das coisas ditas estabelece relações com um termo de sentido geral, ex.: gato, felino)
de sentido e significado tanto com os elementos e hiperônimos (relações de um termo de sentido
que a antecedem como com os que a sucedem, mais amplo com outros de sentido mais
construindo uma cadeia textual significativa. específico, ex.: felino, gato);
Essa coesão, que dá unidade ao texto, vai sendo
construída e se evidencia pelo emprego de . nominalizações (quando um fato, uma
diferentes procedimentos, tanto no campo do ocorrência, aparece em forma de verbo e, mais
léxico, como no da gramática. (Não esqueçamos adiante, reaparece como substantivo, ex.:
que, num texto, não existem ou não deveriam consertar, o conserto; viajar, a viagem). É preciso
existir elementos dispensáveis. Os elementos distinguir-se entre nominalização estrita
constitutivos vão construindo o texto, e são as e. generalizações (ex.: o cão < o animal) e
articulações entre vocábulos, entre as partes de especificações (ex.: planta > árvore > palmeira);
uma oração, entre as orações e entre os
parágrafos que determinam a referenciação, os . substitutos universais (ex.: João trabalha muito.
contatos e conexões e estabelecem sentido ao Também o faço. O verbo fazer em substituição ao
todo.) verbo trabalhar);
Língua Portuguesa 90
Apostilas Domínio
as duas orações.). É a própria ausência do termo Os articuladores (também chamados nexos ou
que marca a inter-relação. A identificação pode conectores) são conjunções, advérbios e
dar-se com o próprio enunciado, como no preposições responsáveis pela ligação entre si
exemplo anterior, ou com elementos dos fatos denotados num texto, Eles exprimem os
extraverbais, exteriores ao enunciado. Vejam-se diferentes tipos de interdependência de sentido
os avisos em lugares públicos (ex.: Perigo!) e as das frases no processo de sequencialização
frases exclamativas, que remetem a uma textual. As ideias ou proposições podem se
situação não-verbal. Nesse caso, a articulação se relacionar indicando causa, consequência,
dá entre texto e contexto (extratextual); finalidade, etc.
Maria da Graça Costa Val lembra que .esses alternância: os conteúdos alternativos das
recursos expressam relações não só entre os frases são articulados por conectores como ou,
elementos no interior de uma frase, mas também ora...ora, seja...seja. O articulador ou pode
entre frases e sequências de frases dentro de um expressar inclusão ou exclusão.
texto..
Ele não sabe se conclui o curso ou abandona a
Não só a coesão explícita possibilita a Faculdade.
compreensão de um texto. Muitas vezes a
comunicação se faz por meio de uma coesão oposição: os conectores articulam
implícita, apoiada no conhecimento mútuo sequencialmente frases cujos conteúdos se
anterior que os participantes do processo opõem. São articuladores de oposição: mas,
comunicativo têm da língua. porém, todavia, entretanto, no entanto, não
obstante, embora, apesar de (que), ainda que, se
A ligação lógica das ideias bem que, mesmo que, etc.
Uma das características do texto é a organização O candidato foi aprovado, mas não fez a
sequencial dos elementos linguísticos que o matrícula.
compõem, isto é, as relações de sentido que se
estabelecem entre as frases e os parágrafos que condicionalidade: essa relação é expressa pela
compõem um texto, fazendo com que a combinação de duas proposições: uma
interpretação de um elemento linguístico introduzida pelo articulador se ou caso e outra por
qualquer seja dependente da de outro(s). Os então (consequente), que pode vir implícito.
principais fatores que determinam esse Estabelece-se uma relação entre o antecedente
encadeamento lógico são: a articulação, a e o consequente, isto é, sendo o antecedente
referência, a substituição vocabular e a elipse. verdadeiro ou possível, o consequente também o
será.
ARTICULAÇÃO
Na relação de condicionalidade, estabelece-se,
muitas vezes, uma condição hipotética, isto é,,
Língua Portuguesa 91
Apostilas Domínio
temporalidade: é a relação por meio da qual se
cria-se na proposição introduzida pelo articulador localizam no tempo ações, eventos ou estados
se/caso uma hipótese que condicionará o que de coisas do mundo real, expressas por meio de
será dito na proposição seguinte. Em geral, a duas proposições.
proposição situa-se num tempo futuro.
Quando
Caso tenha férias, (então) viajarei para Buenos
Aires. Mal
causalidade: é expressa pela combinação de Logo que terminei o colégio, matriculei-me aqui.
duas proposições, uma das quais encerra a
causa que acarreta a consequência expressa na Assim que
outra. Tal relação pode ser veiculada de
diferentes formas: Depois que
Língua Portuguesa 92
Apostilas Domínio
ponto final na escrita). Que podem assinalar Aqui serão levados em consideração os
tipos de relações diferentes. vocábulos positivos, neutros e negativos.
Compramos tudo pela manhã: à tarde Em Você me deu um café gelado, a palavra
pretendemos viajar. (causalidade) gelado assume valor negativo, entretanto,
assume valor positivo em Depois do trabalho
Não fique triste. As coisas se resolverão. vamos tomar uma cerveja gelada?
(justificativa)
3. Adequação aos interlocutore
Ela estava bastante tranquila eu tinha os nervos
à flor da pele. ( oposição) Há, nesse critério, quatro tipos de seleção
vocabular: quanto à atividade profissional com o
Não estive presente à cerimônia. Não posso uso dos jargões; quanto à imagem social de um
descrevê-la. (conclusão) dos interlocutores, ou seja, um chefe de Estado
se expressa como o que se espera de alguém
http://www.seaac.com.br/ que ocupa tal cargo; quanto à idade com o uso
de vocábulos modernos (luminária) ou antigos
A análise de expressões referenciais é (abajur) ou quanto à origem dos interlocutores
fundamental na interpretação do discurso. A com emprego do vocábulo regional (piá –
identificação de expressões correferentes é criança).
importante em diversas aplicações de
Processamento da Linguagem Natural. 4. Adequação à situação de comunicação
Expressões referenciais podem ser usadas para
introduzir entidades em um discurso ou podem Refere-se, esse critério, ao uso de vocábulos
fazer referência a entidades já formais ou informais e ainda aos estrangeirismos.
mencionadas,podendo fazer uso de redução
lexical. Lembrando que palavras estrangeiras devem ser
grafadas entre aspas nas redações e só devem
Interpretar e produzir textos de qualidade são ser usadas quando necessárias, ou seja, quando
tarefas muito importantes na formação do aluno. forem importantes para o entendimento; em uma
Para realizá-las de modo satisfatório, é essencial situação de estilo ou quando não houver palavra
saber identificar e utilizar os operadores equivalente na Língua Portuguesa.
sequenciais e argumentativos do discurso. A
linguagem é um ato intencional, o indivíduo faz 5. Adequação ao código
escolhas quando se pronuncia oralmente ou
quando escreve. Para dar suporte a essas É relevante para esse critério a correção não só
escolhas, de modo a fazer com que suas ortográfica, mas também semântica, respeitando
opiniões sejam aceitas ou respeitadas, é os significados dicionarizados.
fundamental lançar mão dos operadores que
estabelecem ligações (espécies de costuras) Agostinho ressalta que os empregos .de moda.
entre os diferentes elementos do discurso. devem evitados, pois .em nada contribuem para
o real enriquecimento de um idioma. e dá um
ADEQUAÇÃO VOCABULAR exemplo: colocar em lugar de apresentar e
assumir em lugar de responsabilizar-se:
Agostinho Dias Carneiro em seu livro Redação
em Construção* descreve seis critérios de - Vou colocar aqui um problema…
adequação vocabular, listados a seguir:
- Se der errado, eu assumo…
1. A adequação ao referente
Somam-se a esse caso, os parônimos e os
Esse critério baseia-se na utilização de homônimos (homógrafos e homófonos), já
vocábulos gerais frente a vocábulos específicos. tratados em outra aula.
O exemplo que o autor dá é a palavra ver, que
tem emprego mais amplo que observar, 6. Adequação ao contexto
contemplar, distinguir, espiar, fitar etc.
As situações textuais revelam-se nas relações
Se eu disser, por exemplo, Pedro estava muito desenvolvidas entre as palavras do texto. Por
triste com a separação. Por isso, foi à praia, exemplo, se há relação de
sentou-se na areia e viu o sol, certamente
causará estranhamento no interlocutor. Ao passo causa e efeito – tropeçar / cair; se há relação de
que se eu disser Pedro estava muito triste com a finalidade – livro / estudar; se há relação de parte
separação. Por isso, foi à praia, sentou- se na e todo – rei / xadrez; se
areia e contemplou o sol, não haverá nenhum
problema na comunicação, pois houve há relação de sinonímia – aroma / perfume; se há
adequação quanto ao uso do vocábulo. relação de antonímia – entrar / sair; se há relação
de unidade e coletivo – livro / biblioteca;
2. Adequação ao ponto de vista
Língua Portuguesa 93
Apostilas Domínio
se há relação de objeto e ação – cadeira / sentar material, considera-se ganho humano apenas
e se há relação simbólica – pomba / paz. aquilo que concorre para equilibrar a ação
transformadora do homem sobre a natureza e a
O uso do vocábulo fora de um desses critérios e integridade da vida natural. Desenvolvimento,
até mesmo em critério inadequado à situação sim, mas sustentável: o adjetivo exprime uma
será erro. Cuidado! condição, para cercear as iniciativas predatórias.
Cada novidade tecnológica há de ser investigada
* CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em quanto a seus efeitos sobre o homem e o meio
Construção. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2001. em que vive. Cada intervenção na natureza há de
adequar-se a um planejamento que considere a
por: Claudia Simionato qualidade e a extensão dos efeitos.
Em suma: já está ocorrendo, há algum tempo,
A análise sintática, assim como as outras uma avaliação ética e política de todas as formas
referentes à língua, é um exercício muito próximo de progresso que afetam nossa relação com o
da matemática, pois envolve um raciocínio lógico mundo e, portanto, a qualidade da nossa vida.
do tipo: "se você encontrar tal elemento, então Não é pouco, mas ainda não é suficiente. Aos
admita que esse elemento é um objeto tal". cientistas, aos administradores, aos empresários,
Promover esse tipo de raciocínio no estudo das aos industriais e a todos nós – cidadãos comuns
sentenças é desenvolver uma análise formal, – cabe a tarefa cotidiana de zelarmos por nossas
porque as categorias sintáticas são formas que ações que inflectem sobre qualquer aspecto da
não dependem do conteúdo que expressam. Em qualidade de vida. A tarefa começa em nossa
outros níveis de análise - a análise semântica, a casa, em nossa cozinha e banheiro, em nosso
análise discursiva e análise estilística - esse tipo quintal e jardim – e se estende à preocupação
de raciocínio lógico é bastante complicado, com a rua, com o bairro, com a cidade.
porque envolve elementos cuja representação e “Meu coração não é maior do que o mundo”, dizia
estrutura não são fixas. Em todo caso, grande o poeta. Mas um mundo que merece a atenção
parte das correções gramaticais se aplica ao do nosso coração e da nossa inteligência é,
nível de adequação sintática do texto, por isso a certamente, melhor do que este em que estamos
chamada revisão gramatical. vivendo.
Não custa interrogar, a cada vez que alguém diz
progresso, o sentido preciso – talvez oculto - da
EXERCÍCIOS palavra mágica empregada. (Alaor Adauto de
PROVA SIMULADA I Mello)
1. Centraliza-se, no texto, uma concepção de
Atenção: As questões de números 1 a 10 progresso, segundo a qual este deve ser
referem-se ao texto que segue. (A) equacionado como uma forma de equilíbrio
entre as atividades humanas e o respeito ao
No coração do progresso mundo natural.
Há séculos a civilização ocidental vem correndo (B) identificado como aprimoramento
atrás de tudo o que classifica como progresso. tecnológico que resulte em atividade
Essa palavra mágica aplica-se tanto à invenção economicamente viável.
do aeroplano ou à descoberta do DNA como à (C) caracterizado como uma atividade que
promoção do papai no novo emprego. “Estou redunde em maiores lucros para todos os
fazendo progressos”, diz a titia, quando enfim indivíduos de uma comunidade.
acerta a mão numa velha receita. Mas quero (D) definido como um atributo da natureza que
chegar logo ao ponto, e convidar o leitor a refletir induz os homens a aproveitarem apenas o que é
sobre o sentido dessa palavra, que sempre oferecido em sua forma natural.
pareceu abrir todas as portas para uma vida (E) aceito como um processo civilizatório que
melhor. implique melhor distribuição de renda entre todos
Quando, muitos anos atrás, num daqueles os agentes dos setores produtivos.
documentários de cinema, via-se uma floresta 2. Considere as seguintes afirmações:
sendo derrubada para dar lugar a algum I. A banalização do uso da palavra progresso é
empreendimento, ninguém tinha dúvida em dizer uma consequência do fato de que a Ecologia
ou pensar: é o progresso. Uma represa deixou de ser um assunto acadêmico.
monumental era progresso. Cada novo produto II. A expressão desenvolvimento sustentável
químico era um progresso. As coisas não pressupõe que haja formas de desenvolvimento
mudaram tanto: continuamos a usar nocivas e predatórias.
indiscriminadamente a palavrinha mágica. Mas III. Entende o autor do texto que a magia da
não deixaram de mudar um pouco: desde que a palavra progresso advém do uso consciente e
Ecologia saiu das academias, divulgou-se, responsável que a maioria das pessoas vem
popularizou-se e tornou-se, efetivamente, um fazendo dela.
conjunto de iniciativas em favor da preservação Em relação ao texto está correto APENAS que se
ambiental e da melhoria das condições da vida afirma em
em nosso pequenino planeta. (A) I.
Para isso, foi preciso determinar muito bem o (B) II.
sentido de progresso. Do ponto de vista
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Apostilas Domínio
(C) III. I. No contexto do segundo parágrafo, a forma
(D) I e II. plural não mudaram tanto atende à concordância
(E) II e III. com academias.
3. Considerando-se o contexto, traduz-se II. No contexto do terceiro parágrafo, a
corretamente uma frase do texto em: expressão há de adequar-se exprime um dever
(A) Mas quero chegar logo ao ponto = devo me imperioso, uma necessidade premente.
antecipar a qualquer conclusão. III. A expressão Em suma, tal como empregada
(B) continuamos a usar indiscriminadamente a no quarto parágrafo, anuncia a abertura de uma
palavrinha mágica = seguimos chamando de linha de argumentação ainda inexplorada no
mágico tudo o que julgamos sem preconceito. texto.
(C) para cercear as iniciativas predatórias = para Está correto APENAS o que se afirma em
ir ao encontro das ações voluntariosas. (A) I.
(D) ações que inflectem sobre qualquer aspecto (B)) II.
da qualidade da vida = práticas alheias ao que diz (C) III.
respeito às condições de vida. (D) I e II.
(E)) há de adequar-se a um planejamento = deve (E) II e III.
ir ao encontro do que está planificado. 8. A palavra progresso frequenta todas as
4. Cada intervenção na natureza há de adequar- bocas, todas pronunciam a palavra progresso,
se a um planejamento pelo qual se garanta que a todas atribuem a essa palavra sentidos mágicos
qualidade da vida seja preservada. que elevam essa palavra ao patamar dos nomes
Os tempos e os modos verbais da frase acima miraculosos.
continuarão corretamente articulados caso se Evitam-se as repetições viciosas da frase acima
substituam as formas sublinhadas, na ordem em substituindo-se os elementos sublinhados, na
que surgem, por ordem dada, por:
(A) houve - garantiria - é (A)) a pronunciam - lhe atribuem - a elevam
(B) haveria - garantiu - teria sido (B) a pronunciam - atribuem-na - elevam-na
(C) haveria - garantisse - fosse (C) lhe pronunciam - lhe atribuem - elevam-lhe
(D) haverá - garantisse - e (D) a ela pronunciam - a ela atribuem - lhe
(E) havia - garantiu - é elevam
5. As normas de concordância verbal estão (E) pronunciam-na - atribuem-na - a elevam
plenamente respeitadas na frase: 9. Está clara e correta a redação da seguinte
(A) Já faz muitos séculos que se vêm atribuindo frase:
à palavra progresso algumas conotações (A) Caso não se determine bem o sentido da
mágicas. palavra progresso, pois que é usada
(B) Deve-se ao fato de usamos muitas palavras indiscriminadamente, ainda assim se faria
sem conhecer seu sentido real muitos equívocos necessário que reflitamos sobre seu verdadeiro
ideológicos. sentido.
(C) Muitas coisas a que associamos o sentido de (B) Ao dizer o poeta que seu coração não é
progresso não chega a representarem, de fato, maior do que o mundo, devemos nos inspirar
qualquer avanço significativo. para que se estabeleça entre este e o nosso
(D) Se muitas novidades tecnológicas houvesse coração os compromissos que se reflitam numa
de ser investigadas a fundo, veríamos que são vida melhor.
irrelevantes para a melhoria da vida. (C) Nada é desprezível no espaço do mundo,
(E) Começam pelas preocupações com nossa que não mereça nossa atenção quanto ao fato de
casa, com nossa rua, com nossa cidade a tarefa que sejamos responsáveis por sua melhoria, seja
de zelarmos por uma boa qualidade da vida. o nosso quintal, nossa rua, enfim, onde se esteja.
6. Está correto o emprego de ambas as (D)) Todo desenvolvimento definido como
expressões sublinhadas na frase: sustentável exige, para fazer jus a esse adjetivo,
(A) De tudo aquilo que classificamos como cuidados especiais com o meio ambiente, para
progresso costumamos atribuir o sentido de um que não venham a ser nocivos seus efeitos
tipo de ganho ao qual não queremos abrir mão. imediatos ou futuros.
(B) É preferível deixar intacta a mata selvagem (E) Tem muita ciência que, se saísse das
do que destruí-la em nome de um benefício em limitações acadêmicas, acabariam por se
que quase ninguém desfrutará. revelarem mais úteis e mais populares, em vista
(C) A titia, cuja a mão enfim acertou numa velha da Ecologia, cujas consequências se sente
receita, não hesitou em ver como progresso a mesmo no âmbito da vida prática.
operação à qual foi bem sucedida. 10. Está inteiramente correta a pontuação do
(D) A precisão da qual se pretende identificar o seguinte período:
sentido de uma palavra depende muito do valor (A) Toda vez que é pronunciada, a palavra
de contexto a que lhe atribuímos. progresso, parece abrir a porta para um mundo,
(E)) As inovações tecnológicas de cujo benefício mágico de prosperidade garantida.
todos se aproveitam representam, efetivamente, (B)) Por mínimas que pareçam, há providências
o avanço a que se costuma chamar progresso. inadiáveis, ações aparentemente irrisórias, cuja
7. Considere as seguintes afirmações, relativas a execução cotidiana é, no entanto,
aspectos da construção ou da expressividade do importantíssima.
texto:
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(C) O prestígio da palavra progresso, deve-se (C) os protestos de rua fazem parte de uma
em grande parte ao modo irrefletido, com que sociedade democrática e são permitidos pela
usamos e abusamos, dessa palavrinha mágica. Carta de 1988.
(D) Ainda que traga muitos benefícios, a (D) após a multa, os líderes de sindicato
construção de enormes represas, costuma trazer resolveram organizar protestos de rua em
também uma série de consequências ambientais horários e locais predeterminados.
que, nem sempre, foram avaliadas. (E) o Ministério Público envia com frequência
(E) Não há dúvida, de que o autor do texto aderiu estudos sobre os custos das manifestações feitas
a teses ambientalistas segundo as quais, o de forma abusiva.
conceito de progresso está sujeito a uma 12. No primeiro parágrafo, afirma-se que não há
permanente avaliação. fórmula perfeita para solucionar o conflito entre
Leia o texto a seguir para responder às questões manifestantes e os prejuízos causados ao
de números 11 a 24. restante da população. A saída estaria
De um lado estão os prejuízos e a restrição de principalmente na
direitos causados pelos protestos que param as (A) sensatez.
ruas de São Paulo. De outro está o direito à livre (B) Carta de 1998.
manifestação, assegurado pela Carta de 1988. (C) Justiça.
Como não há fórmula perfeita de arbitrar esse (D) Companhia de Engenharia de Tráfego.
choque entre garantias democráticas (E) na adoção de medidas amplas e profundas.
fundamentais, cabe lançar mão de medidas 13. De acordo com o segundo parágrafo do
pontuais – e sobretudo de bom senso. texto, os protestos que param as ruas de São
A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) Paulo representam um custo para a população
estima em R$ 3 milhões o custo para a população da cidade. O cálculo desses custos é feito a partir
dos protestos ocorridos nos últimos três anos na (A) das multas aplicadas pela Companhia de
capital paulista. O cálculo leva em conta o Engenharia de Tráfego (CET).
combustível consumido e as horas perdidas de (B) dos gastos de combustível e das horas de
trabalho durante os engarrafamentos causados trabalho desperdiçadas em engarrafamentos.
por protestos. Os carros enfileirados por conta de (C) da distância a ser percorrida entre as
manifestações nesses três anos praticamente cidades de São Paulo e São Carlos.
cobririam os 231 km que separam São Paulo de (D) da quantidade de carros existentes entre a
São Carlos. capital de São Paulo e São Carlos.
A Justiça é o meio mais promissor, em longo (E) do número de usuários de automóveis
prazo, para desestimular os protestos abusivos particulares da cidade de São Paulo.
que param o trânsito nos horários mais 14. A quantidade de carros parados nos
inconvenientes e acarretam variados transtornos engarrafamentos, em razão das manifestações
a milhões de pessoas. É adequada a atitude da na cidade de São Paulo nos últimos três anos, é
CET de enviar sistematicamente ao Ministério equiparada, no texto,
Público relatórios com os prejuízos causados em (A) a R$ 3,3 milhões.
cada manifestação feita fora de horários e locais (B) ao total de usuários da cidade de São
sugeridos pela agência ou sem comunicação Carlos.
prévia. (C) ao total de usuários da cidade de São Paulo.
Com base num documento da CET, por exemplo, (D) ao total de combustível economizado.
a Procuradoria acionou um líder de sindicato, o (E) a uma distância de 231 km.
qual foi condenado em primeira instância a pagar 15. No terceiro parágrafo, a respeito do poder da
R$ 3,3 milhões aos cofres públicos, a título de Justiça em coibir os protestos abusivos, o texto
reparação. O direito à livre manifestação está assume um posicionamento de
previsto na Constituição. No entanto, tal direito (A) indiferença, porque diz que a decisão não
não anula a responsabilização civil e criminal em cabe à Justiça.
caso de danos provocados pelos protestos. (B) entusiasmo, porque acredita que o órgão já
O poder público deveria definir, de preferência tem poder para impedir protestos abusivos.
em negociação com as categorias que costumam (C) decepção, porque não vê nenhum exemplo
realizar protestos na capital, horários e locais concreto do órgão para impedir protestos em
vedados às passeatas. Práticas corriqueiras, horários de pico.
como a paralisia de aveni-das essenciais para o (D) confiança, porque acredita que, no futuro,
tráfego na capital nos horários de maior fluxo, será uma forma bem-sucedida de desestimular
deveriam ser abolidas. protestos abusivos.
(Folha de S.Paulo, 29.09.07. Adaptado) (E) satisfação, porque cita casos em que a
11. De acordo com o texto, é correto afirmar que Justiça já teve êxito em impedir protestos em
(A) a Companhia de Engenharia de Tráfego não horários inconvenientes e em avenidas
sabe mensurar o custo dos protestos ocorridos movimentadas.
nos últimos anos. 16. De acordo com o texto, a atitude da
(B) os prejuízos da ordem de R$ 3 milhões em Companhia de Engenharia de Tráfego de enviar
razão dos engarrafamentos já foram pagos pelos periodicamente relatórios sobre os prejuízos
manifestantes. causados em cada manifestação é
(A) pertinente.
(B) indiferente.
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(C) irrelevante. (E) finalidade.
(D) onerosa. 23. Na frase – O poder público deveria definir
(E) inofensiva. horários e locais –, substituindo-se o verbo definir
17. No quarto parágrafo, o fato de a por obedecer, obtém-se, segundo as regras de
Procuradoria condenar um líder sindical regência verbal, a seguinte frase:
(A) é ilegal e fere os preceitos da Carta de 1998. (A) O poder público deveria obedecer para
(B) deve ser comemorada, ainda que viole a horários e locais.
Constituição. (B) O poder público deveria obedecer a horários
(C) é legal, porque o direito à livre manifestação e locais.
não isenta o manifestante da responsabilidade (C) O poder público deveria obedecer horários e
pelos danos causados. locais.
(D) é nula, porque, segundo o direito à livre (D) O poder público deveria obedecer com
manifestação, o acusado poderá entrar com horários e locais.
recurso. (E) O poder público deveria obedecer os
(E) é inédita, porque, pela primeira vez, apesar horários e locais.
dos direitos assegurados, um manifestante será 24. Transpondo para a voz passiva a frase – A
punido. Procuradoria acionou um líder de sindicato –
18. Dentre as soluções apontadas, no último obtém-se:
parágrafo, para resolver o conflito, destaca-se (A) Um líder de sindicato foi acionado pela
(A) multa a líderes sindicais. Procuradoria.
(B) fiscalização mais rígida por parte da (B) Acionaram um líder de sindicato pela
Companhia de Engenharia de Tráfego. Procuradoria.
(C) o fim dos protestos em qualquer via pública. (C) Acionaram-se um líder de sindicato pela
(D) fixar horários e locais proibidos para os Procuradoria.
protestos de rua. (D) Um líder de sindicato será acionado pela
(E) negociar com diferentes categorias para que Procuradoria.
não façam mais manifestações. (E) A Procuradoria foi acionada por um líder de
19. No trecho – É adequada a atitude da CET de sindicato.
enviar relatórios –, substituindo-se o termo Leia o texto para responder às questões de
atitude por comportamentos, obtém-se, de números 25 a 34
acordo com as regras gramaticais, a seguinte Diploma e monopólio
frase: Faz quase dois séculos que foram fundadas
(A) É adequada comportamentos da CET de escolas de direito e medicina no Brasil. É
enviar relatórios. embaraçoso verificar que ainda não foram
(B) É adequado comportamentos da CET de resolvidos os enguiços entre diplomas e
enviar relatórios. carreiras. Falta-nos descobrir que a concorrência
(C) São adequado os comportamentos da CET (sob um bom marco regulatório) promove o
de enviar relatórios. interesse da sociedade e que o monopólio só é
(D) São adequadas os comportamentos da CET bom para quem o detém. Não fora essa
de enviar relatórios. ignorância, como explicar a avalanche de leis que
(E) São adequados os comportamentos da CET protegem monopólios espúrios para o exercício
de enviar relatórios. profissional?
20. No trecho – No entanto, tal direito não anula Desde a criação dos primeiros cursos de direito,
a responsabilização civil e criminal em caso de os graduados apenas ocasionalmente exercem a
danos provocados pelos protestos –, a locução profissão. Em sua maioria, sempre ocuparam
conjuntiva no entanto indica uma relação de postos de destaque na política e no mundo dos
(A) causa e efeito. negócios. Nos dias de hoje, nem 20% advogam.
(B) oposição. Mas continua havendo boas razões para estudar
(C) comparação. direito, pois esse é um curso no qual se exercita
(D) condição. lógica rigorosa, se lê e se escreve bastante.
(E) explicação. Torna os graduados mais cultos e socialmente
21. .Não há fórmula perfeita de arbitrar esse mais produtivos do que se não houvessem feito
choque.. Nessa frase, a palavra arbitrar é um o curso. Se aprendem pouco, paciência, a culpa
sinônimo de é mais da fragilidade do ensino básico do que das
(A) julgar. faculdades. Diante dessa polivalência do curso
(B) almejar. de direito, os exames da OAB são uma solução
(C) condenar. brilhante.
(D) corroborar. Aqueles que defenderão clientes nos tribunais
(E) descriminar. devem demonstrar nessa prova um mínimo de
22. No trecho – A Justiça é o meio mais conhecimento. Mas, como os cursos são também
promissor para desestimular os protestos úteis para quem não fez o exame da Ordem ou
abusivos – a preposição para estabelece entre os não foi bem sucedido na prova, abrir ou fechar
termos uma relação de cursos de .formação geral. é assunto do MEC,
(A) tempo. não da OAB. A interferência das corporações não
(B) posse. passa de uma prática monopolista e ilegal em
(C) causa. outros ramos da economia. Questionamos
(D) origem. também se uma
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corporação profissional deve ter carta-branca (C) O advogado afirma que se trata de uma
para determinar a dificuldade das provas, pois questão secundária.
essa é também uma forma de limitar a (D) É um curso no qual se exercita lógica
concorrência – mas trata-se aí de uma questão rigorosa.
secundária. (...) (E) No curso de direito, lê-se bastante.
(Veja, 07.03.2007. Adaptado) 28. Assinale a alternativa em que se admite a
25. Assinale a alternativa que reescreve, com concordância verbal tanto no singular como no
correção gramatical, as frases: Faz quase dois plural como em: A maioria dos advogados
séculos que foram fundadas escolas de direito e ocupam postos de destaque na política e no
medicina no Brasil. / É embaraçoso verificar que mundo dos negócios.
ainda não foram resolvidos os enguiços entre (A) Como o direito, a medicina é uma carreira
diplomas e carreiras. estritamente profissional.
(A) Faz quase dois séculos que se fundou (B) Os Estados Unidos e a Alemanha não
escolas de direito e medicina no Brasil. / É oferecem cursos de administração em nível de
embaraçoso verificar que ainda não se resolveu bacharelado.
os enguiços entre diplomas e carreiras. (C) Metade dos cursos superiores carecem de
(B) Faz quase dois séculos que se fundava boa qualificação.
escolas de direito e medicina no Brasil. / É (D) As melhores universidades do país
embaraçoso verificar que ainda não se abastecem o mercado de trabalho com bons
resolveram os enguiços entre diplomas e profissionais.
carreiras. (E) A abertura de novos cursos tem de ser
(C) Faz quase dois séculos que se fundaria controlada por órgãos oficiais.
escolas de direito e medicina no Brasil. / É 29. Assinale a alternativa que apresenta correta
embaraçoso verificar que ainda não se resolveu correlação de tempo verbal entre as orações.
os enguiços entre diplomas e carreiras. (A) Se os advogados demonstrarem um mínimo
(D) Faz quase dois séculos que se fundara de conhecimento, poderiam defender bem seus
escolas de direito e medicina no Brasil. / É clientes.
embaraçoso verificar que ainda não se resolvera (B) Embora tivessem cursado uma faculdade,
os enguiços entre diplomas e carreiras. não se desenvolveram intelectualmente.
(E) Faz quase dois séculos que se fundaram (C) É possível que os novos cursos passam a ter
escolas de direito e medicina no Brasil. / É fiscalização mais severa.
embaraçoso verificar que ainda não se (D) Se não fosse tanto desconhecimento, o
resolveram os enguiços entre diplomas e desempenho poderá ser melhor.
carreiras. (E) Seria desejável que os enguiços entre
26. Assinale a alternativa que completa, correta diplomas e carreiras se resolvem brevemente.
e respectivamente, de acordo com a norma culta, 30. A substituição das expressões em destaque
as frases: O monopólio só é bom para aqueles por um pronome pessoal está correta, nas duas
que . / Nos dias de hoje, frases, de acordo com a norma culta, em:
nem 20% advogam, e apenas 1% (A) I. A concorrência promove o interesse da
. / Em sua maioria, os advogados sociedade. / A concorrência promove-o. II.
sempre . Aqueles que defenderão clientes. / Aqueles que
(A) o retêem / obtem sucesso / se apropriaram os lhes defenderão.
postos de destaque na política e no mundo dos (B) I. O governo fundou escolas de direito e de
negócios medicina. / O governo fundou elas. II. Os
(B) o retém / obtém sucesso / se apropriaram aos graduados apenas ocasionalmente exercem a
postos de destaque na política e no mundo dos profissão. / Os graduados apenas
negócios ocasionalmente exercem-la.
(C) o retém / obtêem sucesso / se apropriaram (C) I. Torna os graduados mais cultos. / Torna-
os postos de destaque na política e no mundo os mais cultos. II. É preciso mencionar os cursos
dos negócios de administração. / É preciso mencionar- lhes.
(D) o retêm / obtém sucesso / sempre se (D) I. Os advogados devem demonstrar muitos
apropriaram de postos de destaque na política e conhecimentos. Os advogados devem
no mundo dos negócios demonstrá-los. II. As associações mostram à
(E) o retem / obtêem sucesso / se apropriaram sociedade o seu papel. / As associações
de postos de destaque na política e no mundo mostram-lhe o seu papel.
dos negócios (E) I. As leis protegem os monopólios espúrios. /
27. Assinale a alternativa em que se repete o tipo As leis protegem-os. II. As corporações deviam
de oração introduzida pela conjunção se, fiscalizar a prática profissional. / As corporações
empregado na frase – Questionamos também se deviam fiscalizá-la.
uma corporação profissional deve ter carta- 31. Assinale a alternativa em que as palavras em
branca para determinar a dificuldade das provas, destaque exercem, respectivamente, a mesma
... função sintática das expressões assinaladas em:
(A) A sociedade não chega a saber se os Os graduados apenas ocasionalmente exercem
advogados são muito corporativos. a profissão.
(B) Se os advogados aprendem pouco, a culpa é (A) Se aprendem pouco, a culpa é da fragilidade
da fragilidade do ensino básico. do ensino básico.
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(B) A interferência das corporações não passa fenômeno moral pode ser estudado racional e
de uma prática monopolista. cientificamente por uma disciplina que se
(C) Abrir e fechar cursos de .formação geral. é propõe a descrever as normas morais ou
assunto do MEC. mesmo, com o auxílio de outras ciências, ser
(D) O estudante de direito exercita capaz de explicar valorações comportamentais.
preferencialmente uma lógica rigorosa. Um segundo emprego dessa palavra é
(E) Boas razões existirão sempre para o considerá-la uma categoria filosófica e mesmo
advogado buscar conhecimento. parte da Filosofia, da qual se constituiria em
32. Assinale a alternativa que reescreve a frase núcleo especulativo e reflexivo sobre a
de acordo com a norma culta. complexa fenomenologia da moral na
(A) Os graduados apenas ocasionalmente convivência humana. A Ética, como parte da
exercem a profissão. / Os graduados apenas Filosofia, teria por objeto refletir sobre os
ocasionalmente se dedicam a profissão. fundamentos da moral na busca de explicação
(B) Os advogados devem demonstrar nessa dos fatos morais.
prova um mínimo de conhecimento. / Os Numa terceira acepção, a Ética já não é
advogados devem primar nessa prova por um entendida como objeto descritível de uma
mínimo de conhecimento. Ciência, tampouco como fenômeno especulativo.
(C) Ele não fez o exame da OAB. / Ele não Trata-se agora da conduta esperada pela
procedeu o exame da OAB. aplicação de regras morais no comportamento
(D) As corporações deviam promover o social, o que se pode resumir como qualificação
interesse da sociedade. / As corporações deviam do comportamento do homem como ser em
almejar do interesse da sociedade. situação. É esse caráter normativo de Ética que
(E) Essa é uma forma de limitar a concorrência. a colocará em íntima conexão com o Direito.
/ Essa é uma forma de restringir à concorrência. Nesta visão, os valores morais dariam
33. Assinale a alternativa em que o período o balizamento do agir e a Ética seria assim a
formado com as frases I, II e III estabelece as moral em realização, pelo reconhecimento do
relações de condição entre I e II e de adição entre outro como ser de direito, especialmente de
I e III. dignidade. Como se vê, a compreensão do
I. O advogado é aprovado na OAB. fenômeno Ética não mais surgiria
II. O advogado raciocina com lógica. metodologicamente dos resultados de uma
III. O advogado defende o cliente no tribunal. descrição ou reflexão, mas sim, objetivamente,
(A) Se o advogado raciocinar com lógica, ele de um agir, de um comportamento
será aprovado na OAB e defenderá o cliente no consequencial, capaz de tornar possível e correta
tribunal com sucesso. a convivência. (Adaptado do site Doutrina Jus
(B) O advogado defenderá o cliente no tribunal Navigandi)
com sucesso, mas terá de raciocinar com lógica 35. As diferentes acepções de Ética devem-se,
e ser aprovado na OAB. conforme se depreende da leitura do texto,
(C) Como raciocinou com lógica, o advogado (A) aos usos informais que o senso comum faz
será aprovado na OAB e defenderá o cliente no desse termo.
tribunal com sucesso. (B) às considerações sobre a etimologia dessa
(D) O advogado defenderá o cliente no tribunal palavra.
com sucesso porque raciocinou com lógica e foi (C) aos métodos com que as ciências sociais a
aprovado na OAB. analisam.
(E) Uma vez que o advogado raciocinou com (D) às íntimas conexões que ela mantém com o
lógica e foi aprovado na OAB, ele poderá Direito.
defender o cliente no tribunal com sucesso. (E) às perspectivas em que é considerada pelos
34. Na frase – Se aprendem pouco, paciência, a acadêmicos.
culpa é mais da fragilidade do ensino básico do 36. A concepção de ética atribuída a Adolfo
que das faculdades. – a palavra paciência vem Sanchez Vasquez é retomada na seguinte
entre vírgulas para, no contexto, expressão do texto:
(A) garantir a atenção do leitor. (A) núcleo especulativo e reflexivo.
(B) separar o sujeito do predicado. (B) objeto descritível de uma Ciência.
(C) intercalar uma reflexão do autor. (C) explicação dos fatos morais.
(D) corrigir uma afirmação indevida. (D) parte da Filosofia.
(E) retificar a ordem dos termos. (E) comportamento consequencial
Atenção: As questões de números 35 a 42 37. No texto, a terceira acepção da palavra ética
referem-se ao texto abaixo. deve ser entendida como aquela em que se
Sobre Ética considera, sobre tudo,
A palavra Ética é empregada nos meios (A) o valor desejável da ação humana.
acadêmicos em três acepções. Numa, faz-se (B) o fundamento filosófico da moral.
referência a teorias que têm como objeto de (C) o rigor do método de análise.
estudo o comportamento moral, ou seja, como (D) a lucidez de quem investiga o fato moral.
entende Adolfo Sanchez Vasquez, “a teoria que (E) o rigoroso legado da jurisprudência.
pretende explicar a natureza, fundamentos e 38. Dá-se uma íntima conexão entre a Ética e o
condições da moral, relacionando-a com Direito quando ambos revelam, em relação aos
necessidades sociais humanas.” Teríamos, valores morais da conduta, uma preocupação
assim, nessa acepção, o entendimento de que o (A) filosófica.
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(B) descritiva. Depois de um bom século de psicologia e
(C) prescritiva. psiquiatria dinâmicas, estamos certos disto: o
(D) contestatária. moralizador e o homem moral são figuras
(E) tradicionalista. diferentes, se não opostas. O homem moral se
39. Considerando-se o contexto do último impõe padrões de conduta e tenta respeitá-los; o
parágrafo, o elemento sublinhado pode ser moralizador quer impor ferozmente aos outros os
corretamente substituído pelo que está entre padrões que ele não consegue respeitar.
parênteses, sem prejuízo para o sentido, no A distinção entre ambos tem alguns corolários
seguinte caso: relevantes.
(A) (...) a colocará em íntima conexão com o Primeiro, o moralizador é um homem moral falido:
Direito. (inclusão) se soubesse respeitar o padrão moral que ele
(B) (...) os valores morais dariam o balizamento impõe, ele não precisaria punir suas imperfeições
do agir (...) (arremate) nos outros. Segundo, é possível e compreensível
(C) (...) qualificação do comportamento do que um homem moral tenha um espírito
homem como ser em situação. (provisório) missionário: ele pode agir para levar os outros a
(D) (...) nem tampouco como fenômeno adotar um padrão parecido com o seu. Mas a
especulativo. (nem, ainda) imposição forçada de um padrão moral não é
(E) (...) de um agir, de um comportamento nunca o ato de um homem moral, é sempre o ato
consequencial... (concessivo) de um moralizador. Em geral, as sociedades em
40. As normas de concordância estão que as normas morais ganham força de lei (os
plenamente observadas na frase: Estados confessionais, por exemplo) não são
(A) Costumam-se especular, nos meios regradas por uma moral comum, nem pelas
acadêmicos, em torno de três acepções de Ética. aspirações de poucos e escolhidos homens
(B) As referências que se faz à natureza da ética exemplares,mas por moralizadores que tentam
consideram-na, com muita frequência, associada remir suas próprias falhas morais pela
aos valores morais. brutalidade do controle que eles exercem sobre
(C) Não coubessem aos juristas aproximar-se da os outros. A pior barbárie do mundo é isto: um
ética, as leis deixariam de ter a dignidade mundo em que todos pagam pelos pecados de
humana como balizamento. hipócritas que não se aguentam. (Contardo
(D) Não derivam das teorias, mas das práticas Calligaris, Folha de S. Paulo, 20/03/2008)
humanas, o efetivo valor de que se impregna a 43. Atente para as afirmações abaixo.
conduta dos indivíduos. I. Diferentemente do homem moral, o homem
(E) Convém aos filósofos e juristas, quaisquer moralizador não se preocupa com os padrões
que sejam as circunstâncias, atentar para a morais de conduta.
observância dos valores éticos. II. Pelo fato de impor a si mesmo um rígido
41. Está clara, correta e coerente a redação do padrão de conduta, o homem moral acaba por
seguinte comentário sobre o texto: impô-lo à conduta alheia.
(A) Dentre as três acepções de Ética que se III. O moralizador, hipocritamente, age como se
menciona no texto, uma apenas diz respeito à de fato respeitasse os padrões de conduta que
uma área em que conflui com o Direito. ele cobra dos outros.
(B) O balizamento da conduta humana é uma Em relação ao texto, é correto o que se afirma
atividade em que, cada um em seu campo, se APENAS em
empenham o jurista e o filósofo. (A) I.
(C) Costuma ocorrer muitas vezes não ser fácil (B) II.
distinguir Ética ou Moral, haja vista que tanto uma (C) III.
quanto outra pretendem ajuizar à situação do (D) I e II.
homem. (E) II e III.
(D) Ainda que se torne por consenso um valor do 44. No contexto do primeiro parágrafo, a
comportamento humano, a Ética varia conforme afirmação de que já decorreu um bom século de
a perspectiva de atribuição do mesmo. psicologia e psiquiatria dinâmicas indica um fator
(E) Os saberes humanos aplicados, do determinante para que
conhecimento da Ética, costumam apresentar (A) concluamos que o homem moderno já não
divergências de enfoques, em que pese a dispõe de rigorosos padrões morais para avaliar
metodologia usada. sua conduta.
42. Transpondo-se para a voz passiva a frase (B) consideremos cada vez mais difícil a
Nesta visão, os valores morais dariam o discriminação entre o homem moral e o homem
balizamento do agir, a forma verbal resultante moralizador.
deverá ser: (C) reconheçamos como bastante remota a
(A) seria dado. possibilidade de se caracterizar um homem
(B) teriam dado. moralizador.
(C) seriam dados. (D) identifiquemos divergências profundas entre
(D) teriam sido dados. o comportamento de um homem moral e o de um
(E) fora dado. moralizador.
Atenção: As questões de números 43 a 48 (E) divisemos as contradições internas que
referem-se ao texto abaixo. costumam ocorrer nas atitudes tomadas pelo
O homem moral e o moralizador homem moral.
seus tempos e modos estão plenamente que é isso. Não basta nada
(A) Há muito, vêm caindo os salários dos 8. A frase "Os velhos das cidadezinhas do
professores das universidades públicas, estes interior parecem muito mais plenamente velhos
desanimados fazem greve ou, as trocam pelas que os das metrópoles" constitui uma
instituições privadas. (A) impressão que o autor sustenta ao longo do
(B) Há muito vêm caindo os salários, dos texto, por meio de comparações.
professores das universidades públicas estes (B) impressão passageira, que o autor relativiza
desanimados, fazem greve ou as trocam, pelas ao longo do texto.
instituições privadas. (C) falsa hipótese, que a argumentação do autor
(C) Há muito, vêm caindo, os salários dos demolirá.
professores das universidades públicas; estes (D) previsão feita pelo autor, a partir de
desanimados fazem greve, ou as trocam pelas observações feitas nas grandes e nas pequenas
instituições privadas. cidades.
(D) Há muito vêm caindo os salários dos (E) opinião do autor, para quem a velhice é mais
professores das universidades públicas; estes, opressiva nas cidadezinhas que nas metrópoles.
desanimados, fazem greve ou as trocam pelas 9. Considere as seguintes afirmações:
instituições privadas. I. Também nas roupas dos velhinhos
(E) Há muito vêm caindo, os salários dos interioranos as marcas do tempo parecem mais
professores, das universidades públicas; estes, antigas.
desanimados, fazem greve, ou: as trocam pelas II. Na cidade grande, a velhice parece
instituições privadas. indiferente à agitação geral.
As questões de números 8 a 12 referem-se ao III. O autor interpreta de modo simbólico o gesto
texto . que segue. que fazem os velhinhos nos cruzamentos.
Os velhos das cidadezinhas do interior parecem Em relação ao texto, está carreta o que se afirma
muito mais plenamente velhos que os das SOMENTE em
metrópoles. Não se trata da idade real de uns e (A) I.
outros, que pode até ser e mesma, mas dos (B) II.
tempos distintos que eles parecem habitar Na (C) III.
agitação dos grandes centros, até mesmo a (D) I e III.
velhice parece ainda estar integrada na correria, (E) II e III.
os velhos guardam alguma ansiedade no olhar, 10. Indique a afirmação INCORRETA em
nos modos, na lentidão aflita de quem se sente relação ao texto.
fora do compasso. Na calmaria das cidades (A) Roupas, canivetes, árvores e campanário
pequeninas, é como se a velhice de cada um são aqui utilizados como marcas da velhice.
reafirmasse a que vem das montanhas e dos (B) O autor julga que, nas cidadezinhas
horizontes, velhice quase eterna, pousada no interioranas, a vida é bem mais longa que nos
tempo. grandes centros.
Vejam-se as roupas dos velhinhos interioranos: (C) Hábitos como o de picar fumo de corda
aquele chapéu de feltro manchado, aquelas denotam relações com o tempo que já não
largas calças de brim cáqui incontavelmente existem nas metrópoles.
lavadas. aquele puído dos punhos de camisas já (D) O que um velhinho da cidade grande parece
sem cor . tudo combina admiravelmente com a suplicar é que lhe seja concedido um ritmo de
enorme jaqueira do quintal, com a generosa vida compatível com sua idade.
figueira da praça, com as teias no campanário da (E) O autor sugere que, nas cidadezinhas
igreja. E os hábitos? Pica-se o fumo de corda, interioranas, a velhice parece harmonizar-se com
lentamente, com um canivete herdado do século a própria natureza.
passado, enquanto a conversa mole se 11. O sentido do último parágrafo do texto deve
desenrola sem pressa e sem destino. ser assim entendido.
Na cidade grande. há um quadro que se repete (A) Do jeito que as coisas estão, os velhos
mil vezes ao dia, e que talvez já diga tudo: o parecem não ter qualquer importância.
velhinho, no cruzamento perigoso, decide-se, (B) Tudo leva a crer que os velhos serão cada
enfim, a atravessar a avenida, e o faz com aflição, vez mais escassos, dado o atropelo da vida
um braço estendido em sinal de pare aos moderna.
motoristas apressados, enquanto amiúda o que (C) O prestígio do que é novo é tão grande que
pode o próprio passo. Parece suplicar ao tempo já ninguém repara na existência dos velhos.
que diminua seu ritmo, que lhe dê a oportunidade (D) A velhice nas cidadezinhas do interior é tão
de contemplar mais demoradamente os ponteiros harmoniosa que um dia ninguém mais sentirá o
invisíveis dos dias passados, e de sondar com próprio envelhecimento.
calma, nas nuvens mais altas, o sentido de sua (E) No ritmo em que as coisas vão, a própria
própria história. Há, pois, velhices e velhices . até velhice talvez não venha a ter tempo para tomar
que chegue o dia em que ninguém mais tenha consciência de si mesma.
tempo para de fato envelhecer. Celso de Oliveira 12. Indique a alternativa em que se traduz
corretamente o sentido de uma expressão do
texto, considerado o contexto
(A) "parecem muito mais plenamente velhos" = e cultivavam a terra não tinham direito de impedir
dão a impressão de se ressentirem mais dos que outros o fizessem.
males da velhice. 13. Ao mencionar, no primeiro parágrafo do
(B) "guardam alguma ansiedade no olhar = seus texto, a inclinação dos ingleses pelo espaço rural,
olhos revelam poucas expectativas. o autor
(C) "fora do compasso" = num distinto (A) busca enfatizar o que ocorre no século XX,
andamento. em que a afeição pelo campo lhe parece ser
(D) "a conversa mole se desenrola" = a realmente mais genuína.
explanação é detalhada. (B) a caracteriza em diferentes momentos
(E) "amiúda o que pode o próprio passo" = deve históricos, tomando como referência distintas
desacelerar suas passadas. situações em que ela se manifesta.
As questões de números 13 a 25 referem-se ao (C) cita costumes do povo inglês destruídos pela
texto que segue. aceleração do crescimento das fábricas, causa
No inicio do século XX a afeição pelo campo era de sua impossibilidade de volta periódica ao
uma característica comum a muitos ingleses. Já campo.
no final do século XVIII, dera origem ao (D) refere autores que procuraram
sentimento de saudade de casa tão característico conscientemente manter sua popularidade
dos viajantes ingleses no exterior, como William explorando temas "rurais" para mostrar como se
Beckford, no leito de seu quarto de hotel criou o mito de um paraíso campestre.
português, em 1787, "assediado a noite toda por (E) particulariza o espaço estrangeiro visitado
idéias rurais da Inglaterra." À medida que as pelos ingleses - Portugal - para esclarecer o que
fábricas se multiplicavam, a nostalgia do morador os indivíduos buscavam e não podia ser
da cidade refletia-se em seu pequeno jardim, nos encontrado na sua pátria.
animais de estimação, nas férias passadas na 14. Leia com atenção as afirmações abaixo
Escócia, ou no Distrito dos Lagos, no gosto pelas sobre o segundo parágrafo do texto.
flores silvestres e a observação de pássaros, e I. Em confronto com o primeiro parágrafo, o
no sonho com um chalé de fim de semana no autor apresenta um outro matiz da relação do
campo. Hoje em dia, ela pode ser observada na espírito inglês com o espaço rural.
popularidade que se conserva daqueles autores II. O autor assinala os pontos mais relevantes
conscientemente "rurais" que, do século XVII ao referidos por G.M. Trevelyan para comprovar a
XX, sustentaram o mito de uma arcádia idéia universalmente aceita de que o contato com
campestre. a natureza é importante para o espírito.
Em alguns ingleses, no historiador G.M. III. O historiador inglês revela pessimismo, a
Trevelyan, por exemplo, o amor pela natureza cujos fundamentos ele não faz nenhuma
selvagem foi muito além desses anseios referência no texto.
vagamente rurais. Lamentava, em um dos seus São corretas:
textos mais eloqüentes, de l931, a destruição da (A) I, somente.
Inglaterra rural e proclamava a importância do (B) III, somente.
cenário da natureza para a vida espiritual do (C) I e III, somente.
homem. Sustentava que até o final do século (D) II e III, somente.
XVIII as obras do homem apenas se somavam às (E) I, II e III.
belezas da natureza; depois, dizia, tinha sido 15. As indagações presentes no terceiro
rápida a deterioração. A beleza não mais era parágrafo representam, no texto,
produzida pelas circunstâncias econômicas (A) pontos relevantes sobre os quais a
comuns e só restava, como esperança, a humanidade ainda não refletiu.
conservação do que ainda não fora destruído. (B) perguntas que historiadores faziam, ás
Defendia que as terras adquiridas pelo pessoas para convence-las da importância do
Patrimônio Nacional, a maioria completamente culto a natureza
inculta, deveriam ser mantidas assim. (C) os pontos mais discutidos quando se falava
Há apenas poucos séculos, a mera idéia de do progresso na Inglaterra, terra da afeição pelo
resistir à agricultura, ao invés de estimulá-la, campo.
pareceria ininteligível. Como teria progredido a (D) questões possivelmente levantadas pelos
civilização sem a limpeza das florestas, o cultivo que procurassem entender a razão de muitas
do solo e a conversão da paisagem agreste em pessoas não considerarem a agricultura um bem
terra colonizada pelo homem? A tarefa do em si.
homem, nas palavras do Gênesis, era "encher a (E) aspectos importantes sobre a relação entre a
terra e submetê-la". A agricultura estava para a natureza e o homem, úteis como argumentos a
terra como o cozimento para a carne crua. favor da idéia defendida por Trevelyan.
Convertia natureza em cultura. Terra não 16. No último parágrafo do texto, o comentário
cultivada significava homens incultos. E quando sobre os ingleses seiscentistas foi feito como
os ingleses seiscentistas mudaram-se para (A) denúncia dos falsos argumentos utilizados
Massachusetts, parte de sua argumentação em por aqueles que ocupam territórios indígenas
defesa da ocupação dos territórios indígenas foi (B) exemplo do caráter pioneiro dos ingleses na
que aqueles que por si mesmos não submetiam tarefa de colonização do território americano.
(C) maneira de evidenciar a árdua tarefa dos que (C) Certos argumentos de G.M. Trevelyan
acreditavam na força da agricultura para o tornaram vulnerável certas visões acerca do
progresso da civilização. modo como deveriam ser tratadas terras incultas.
(D) confirmação de que terras incultas são (D) Segundo o que se diz no texto, os ingleses
entraves que, há séculos, subtraem ao homem o havia de terem se preocupado com a legitimação
direito de progredir. de sua tarefa de ocupação dos territórios
(E) comprovação de que, há poucos séculos, o indígenas.
cultivo da terra era entendido como sinônimo de (E) Quaisquer que sejam os rumos das cidades
civilização. contemporâneas, sempre haverá os que
17. Assinale a afirmação INCORRETA. lamentarão a perda da vida em contato direto
(A) Infere-se do texto que as palavras do com a natureza.
Gênesis foram entendidas por muitos como 20. Assinale a alternativa em que há regência
estímulo a derrubar matas, lavrar o solo, eliminar INCORRETA.
predadores, matar insetos nocivos, arrancar (A) O empenho com que G.M. Trevelyan
parasitas, drenar pântanos. dedicou-se à sua causa foi reconhecido por
(B) O paralelo estabelecido entre o cultivo da outros, principalmente pelo autor do texto.
terra e o cozimento dos alimentos é feito para se (B) A crise em que passa a civilização
pôr em evidência a ação do homem sobre a contemporânea é visível em muitos aspectos,
natureza. inclusive na relação do homem com a natureza
(C) O texto mostra que o amor pela natureza selvagem.
selvagem está na base da relação que se (C) O homem sempre esteve disposto a dialogar
estabelece entre cultivo da terra e civilização. com a natureza, mas esse diálogo nem sempre
(D) O texto mostra que o amor à natureza se deu segundo os mesmos interesses ao longo
selvagem, considerado como barbárie, permitiu dos séculos.
que certos povos se dessem o direito de (D) Muitos consideram ofensivo à natureza
apoderar-se dela. considerá-la como algo à disposição das
(E) O Gênesis foi citado no texto porque o necessidades humanas.
crédito dado às palavras bíblicas explicaria o (E) Acompanhar a relação do ser humano com o
desejo humano de transformar a natureza campo através dos séculos propicia ao estudioso
selvagem pensando no bem-estar do homem. observar situações de que o homem nem sempre
18. Assinale a alternativa que apresenta ERRO pode orgulhar-se.
de concordância. 21. Assinale a alternativa em que há ERRO de
(A) Não que os esteja considerando inválido, flexão verbal e/ou nominal
mas o professor gostaria de conhecer os estudos (A) Receemos pelo futuro, dizem alguns
de que se retirou os dados mencionados no texto. especialistas, pois, afirmam eles, se os cidadãos
(B) Segundo alguns teóricos, deve ser evitada, o não detiverem a deterioração ambiental, a
mais possível, a agricultura em regiões de humanidade corre sérios riscos.
floresta; são áreas tidas como adequadas à (B) Crêem certos estudiosos que convém
preservação de espécies em vias de extinção. estudar profunda e seriamente o progresso da
(C) Existem com certeza, ainda hoje, pessoas civilização quando ele implica destruir o que a
que defendem o cultivo incondicional da terra, natureza levou milhões de anos para sedimentar.
assim como deve haver muitos que condenam (C) Quando, na década de 30, o historiador
qualquer alteração da paisagem natural, por inglês interviu na discussão sobre o tratamento
menor que seja. dispensado às terras adquiridas pelo Patrimônio
(D) Nem sempre são suficientes dados Nacional, muitos não contiveram seu desagrado.
estatisticamente comprovados para que as (D) Dizem alguns observadores que, quando as
pessoas se convençam da necessidade de pessoas virem o que resta da natureza sem as
repensarem suas convicções, trate-se de marcas predatórias do homem, elas próprias
assuntos polêmicos ou não. buscarão frear as atividades consideradas
(E) Faz séculos que filósofos discutem as negativas para o meio ambiente.
relações ideais entre os homens e a natureza, (E) Elementos da natureza são verdadeiros
questão que nem sempre lhes parece passível de artesãos de obras-primas; se os homens as
consenso. desfizerem, estarão cometendo crime contra a
19. Assinale a alternativa que NÃO apresenta humanidade.
erro algum de concordância. 22. No segundo período do primeiro parágrafo, a
(A) Já há muito tempo tinha sido feito por forma verbal "dera" pode ser substituída pela
importante estudioso previsões pessimistas forma correspondente
quanto ao destino das áreas rurais na Inglaterra, (A) haveria dado.
mas muitos não as consideraram. (B) havia dado.
(B) Às vazes não basta alguns comentários (C) teria dado.
sobre a importância do cenário da natureza para (D) havia sido dado.
a vida espiritual do homem no sentido de que se
tentem evitar mais prejuízos ao meio ambiente.
01. Ache o verbo que está erradamente a ( ) usa-se a vírgula para separar o adjunto
conjugado no presente do subjuntivo: adverbial anteposto;
a ( ) requera ; requeras ; requera ; requeiramos ; b ( ) a vírgula muitas vezes pode substituir a
requeirais ; requeram conjunção e;
b ( ) saúde ; saúdes ; saúde ; saudemos ; c ( ) a vírgula é obrigatória quando o objeto
saudeis ; saúdem pleonástico for representado por pronome
c ( ) dê ; dês ; dê ; demos ; deis ; dêem oblíquo tônico;
d ( ) pule ; pules ; pule ; pulamos ; pulais ; pulem d ( ) a presença da vírgula não implica pausa na
e ( ) frija ; frijas ; frija ; frijamos ; frijais ; frijam fala;
02. Assinale a alternativa falsa: e ( ) nunca se deve usar a vírgula entre o sujeito
a ( ) o presente do subjuntivo, o imperativo e o verbo.
afirmativo e o imperativo negativo são tempos 09. Marque onde há apenas um vocábulo
derivados do presente do indicativo; erradamente escrito:
b ( ) os verbos progredir e regredir são a ( ) abóboda ; idôneo ; mantegueira ; eu quiz
conjugados pelo modelo agredir; b ( ) viço ; sócio-econômico ; pexote ; hidravião
c ( ) o verbo prover segue ver em todos os c ( ) hilariedade ; caçoar ; alforje ; apasiguar
tempos; d ( ) alizar ; aterrizar ; óbulo ; teribintina
d ( ) a 3.ª pessoa do singular do verbo aguar, no e ( ) chale ; umedescer ; páteo ; obceno
presente do subjuntivo é : ágüe ou agúe; 10. Identifique onde não ocorre a crase:
e ( ) os verbos prever e rever seguem o modelo a ( ) Não agrade às girafas com comida, diz o
ver. cartaz.
03. Marque o verbo que na 2ª pessoa do b ( ) Isso não atende às exigências da firma.
singular, do presente do indicativo, muda para "e" c ( ) Sempre obedeço à sinalização.
o "i" que apresenta na penúltima sílaba? d ( ) Só visamos à alegria.
a ( ) imprimir e ( ) Comuniquei à diretoria a minha decisão.
b ( ) exprimir 11. Assinale onde não ocorre a concordância
c ( ) tingir nominal:
d ( ) frigir a ( ) As salas ficarão tão cheias quanto possível.
e ( ) erigir b ( ) Tenho bastante dúvidas.
04. Indique onde há erro: c ( ) Eles leram o primeiro e segundo volumes.
a ( ) os puros-sangues simílimos d ( ) Um e outro candidato virá.
b ( ) os navios-escola utílimos e ( ) Não leu nem um nem outro livro policiais.
c ( ) os guardas-mores agílimos 12. Marque onde o termo em destaque está
d ( ) as águas-vivas aspérrimas erradamente empregado:
e ( ) as oitavas-de-final antiqüíssimas a ( ) Elas ficaram todas machucadas.
05. Marque a alternativa verdadeira: b ( ) Fiquei quite com a mensalidade.
a ( ) o plural de mau-caráter é maus-caráteres; c ( ) Os policiais estão alerta.
b ( ) chamam-se epicenos os substantivos que d ( ) As cartas foram entregues em mãos.
têm um só gênero gramatical para designar e ( ) Neste ano, não terei férias nenhumas.
pessoas de ambos os sexos; 13. Analise sintaticamente o termo em
c ( ) todos os substantivos terminados em -ão destaque:
formam o feminino mudando o final em -ã ou - "A marcha alegre se espalhou na avenida..."
ona; a ( ) predicado
d ( ) os substantivos terminados em -a sempre b ( ) agente da passiva
são femininos; c ( ) objeto direto
e ( ) são comuns de dois gêneros todos os d ( ) adjunto adverbial
substantivos ou adjetivos substantivados e ( ) adjunto adnominal
terminados em -ista. 14. Marque onde o termo em destaque não
06. Identifique onde há erro de regência verbal: representa a função sintática ao lado:
a ( ) Não faça nada que seja contrário dos bons a ( ) João acordou doente. (predicado verbo-
princípios. nominal)
b ( ) Esse produto é nocivo à saúde. b ( ) Mataram os meus dois gatos. (adjuntos
c ( ) Este livro é preferível àquele. adnominais)
d ( ) Ele era suspeito de ter roubado a loja. c ( ) Eis a encomenda que Maria enviou.
e ( ) Ele mostrou-se insensível a meus apelos. (adjunto adverbial)
07. Abaixo, há uma frase onde a regência d ( ) Vendem-se livros velhos. (sujeito)
nominal não foi obedecida. Ache-a: e ( ) A idéia de José foi exposta por mim a Rosa.
a ( ) Éramos assíduos às festas da escola. (objeto indireto)
b ( ) Os diretores estavam ausentes à reunião. 15. Ache a afirmativa falsa:
c ( ) O jogador deu um empurrão ao árbitro. a ( ) usam-se os parênteses nas indicações
d ( ) Nossa casa ficava rente do rio. bibliográficas;
e ( ) A entrega é feita no domicílio. b ( ) usam-se as reticências para marcar, nos
08. Marque a afirmativa incorreta sobre o uso da diálogos, a mudança de interlocutor;
vírgula:
RESPOSTAS
1 A 11 B
2 C 12 D
3 D 13 D