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Cinquenta tons de verde e prata -

DRARRY

drarryfanfic21
Copyright Information

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18th, 2021, based on content retrieved from
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This story was first published on December 26th, 2020, and was
last updated on March 14th, 2021.
FicLab ID: fYvytOzX/kmflngdo/107008
Table of Contents

Cover
Title Page
Copyright Information
Table of Contents
Summary
INFORMAÇÕES
COMENTÁRIOS INADEQUADOS
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44 - ÚLTIMO CAPÍTULO
EPÍLOGO
CAPÍTULO BÔNUS - CASAMENTO - PARTE 1
CAPÍTULO BÔNUS - CASAMENTO - PARTE 2
INDICAÇÕES
Summary

title Cinquenta tons de verde e prata - DRARRY


author drarryfanfic21
source https://www.wattpad.com/story/235649097
published December 26th, 2020
updated March 14th, 2021
words 158,634
chapters 50
status Complete
rating Unknown
18, Bdsm, Boyslove, Boyxboy, Complete, Drarry, Drarryfanfic,
tags
Drarryshipper, Fanfic, Ficgay, Gayship, Hot, Romancegay

Description:
Capa @Berpian
N.A.1: *ATENÇÃO: ESSA OBRA NÃO É APROPRIADA PARA MENORES DE 18
ANOS. APESAR DE SER UMA FANFIC DE HARRY POTTER, A HISTÓRIA SE
PASSA APÓS O FINAL DO ÚLTIMO LIVRO E OS PERSONAGENS SÃO TODOS
ADULTOS, MAIORES DE IDADE.*
N.A.2: NÃO AUTORIZO ADAPTAÇÃO
SINOPSE
Quem é Christian Gray perto de Draco Malfoy?
INFORMAÇÕES

INFORMAÇÕES
1. Essa obra foi retirada anteriormente da plataforma
por razões de: muitos comentários inapropriados. Então,
colabore! Caso queiras comentar nos capítulos, não dê
spoilers e não seja desagradável.
2. Essa obra NÃO É PARA CRIANÇAS! Apesar de se
basear na série literária Harry Potter, a história se passa
depois dos livros, com todos os personagens adultos. A fic
tem CONTEÚDO 18+ (sério, não faça comentários tipo
“tenho 15 anos e to lendo”, é impróprio e incentiva a
leitura da obra por menores de idade — público para o qual
ela não se destina)
3. A obra tem conteúdo BDSM — Esta sigla significa o
seguinte: BD (Bondage e Disciplina), DS (Dominação e
Submissão) e SM (Sadismo e Masoquismo). A Fic explora
principalmente a noção de Dominação e Submissão e
descreve práticas relacionadas ao BDSM ao longo dos
capítulos. Se isso te irrita, nem leia. Não adianta começar a
ler uma história com conteúdo BDSM e depois ficar
reclamando nos comentários “ai mimimi não gosto quando
o Harry chama o Draco de senhor”.
Se vc não tem maturidade para interagir na obra,
simplesmente NÃO COMENTE NADA. Esse é um teste que
estou fazendo ao repostar a obra, se eu ver que os
problemas persistem, vou tirar outra vez.
ATENÇÃO: NÃO AUTORIZO ADAPTAÇÕES! SE VOCÊ
VER, DENUNCIE. OBRIGADA
COMENTÁRIOS INADEQUADOS

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1. Spoiler
2. Comentários de alguém dizendo ou insinuando ser
menor de idade. (A fic é +18, não incentive o público
errado)
3. Comentários reclamando do BDSM (ta avisado desde o
início que a fic é BDSM, não encha o saco)
4. Comentários machistas, LGBTfobicos, racistas,
preconceituosos ou ofensivos a qualquer grupo.
5. Comentários idiotas sobre o conteúdo da fic, que são
de alguma forma ofensivos a história e a autora.
Me ajude a fazer da fic um lugar saudável para os
leitores.
Capítulo 1

CAPÍTULO 1
NARRADO POR HARRY POTTER
— Que filme é esse? — eu exclamei, olhando
impressionado para tela da televisão.
Eu estava na casa do meu primo Duda. Já faziam seis
anos que a guerra contra Voldemort tinha acabado e meu
primo tinha amadurecido muito durante esse tempo.
Principalmente depois de ter ficado um ano convivendo
com os aurores que protegeram a ele e aos meus tios,
escondendo-os dos Comensais da Morte, Duda tinha
mudado sua opinião sobre a magia e sobre mim.
Ele tinha se afastado um pouco dos meus tios quando foi
para a faculdade. Lá ele conheceu uma menina muito
bacana, a Alice, e eles tinham se casado nos últimos meses,
indo morar em uma casa só deles. Às vezes eu ia visita-los.
Naquela noite eu tinha sido convidado para jantar, no
entanto, quando cheguei Alice assistia um filme bastante
constrangedor.
Na cena um homem mostrava a uma mulher um quarto
vermelho, cheio de chicotes pendurados, algemas, e outros
acessórios. A mulher no filme parecia estar bastante
chocada enquanto o homem lhe explicava que usava aquilo
com mulheres que gostavam que ele usasse.
— Não acredito que você está vendo Cinquenta Tons de
Cinza outra vez. — Duda reclamou com sua esposa.
— Mas essa é só a segunda vez que eu vejo. — Alice se
defendeu. — Eu passei meses esperando o filme ser
lançado!
— Harry está constrangido! Ele não tem tempo para
garotas… — Duda me provocou. — Não está acostumado
com esses filmes indecentes.
Mas era diferente de como fazia quando éramos
crianças, agora não havia maldade. Apenas uma
provocação saudável entre dois primos.
— Vá incomodar outro, Duda. — eu respondi, brincando.
Mas eu não conseguia tirar os olhos da televisão, me
sentei no sofá ao lado de Alice.
— Harry está aproveitando para aprender uns truques. —
Alice falou. — Você também poderia aprender…
Alice deixou aquilo no ar, e vencido, Duda sentou-se no
sofá para assistir conosco. Em um dado momento, no filme,
o homem levou a moça para o quarto vermelho. Fez que ela
esperasse ajoelhada no canto da porta, vestindo apenas
uma calcinha. Depois, ele voltou só de calça jeans e bateu
na mão dela com um acessório que não sei o nome,
explicando que não era sobre sentir dor. Que o medo estava
na cabeça dela.
Em seguida, o homem a algema, com os braços para
cima, beijando-a, tocando-a, despindo-a. Os dois fazem sexo
de uma maneira enlouquecedora, como eu nunca tinha
imaginado que existisse.
Depois do filme, pedimos uma pizza. Comemos juntos,
conversando sobre o filme, rindo e nos divertindo. Era
muito bom ter aquela nova relação com meu primo, afinal
ele era a única família que eu tinha. Quando ficou tarde, me
despedi deles e voltei para casa.
Eu morava em um apartamento em Londres, perto do
meu trabalho, no Ministério da Magia. Nos últimos anos eu
tinha completado meu treinamento como auror e começado
a trabalhar nessa profissão. Eu vivia muito focado no
trabalho, não tinha realmente muito interesse por garotas.
Depois de Gina, com quem eu tinha terminado dois anos
depois da guerra, eu tinha saído apenas com duas ou três
mulheres, por um curto período de tempo.
Durante um bom tempo eu tinha nutrido sentimentos por
um colega de trabalho, que tinha feito o treinamento de
auror junto comigo, seu nome era Philip. Nós chegamos a
sair uma vez, trocamos alguns beijos, mas nenhum de nós
teve coragem de ir além disso. Dias depois ele pediu para
partir para uma missão na França, o que tinha me deixado
chateado por algumas semanas.
Quando cheguei em casa, tirei a roupa deixando-a
pendurada em cima de uma cadeira e fui tomar um banho
quente. As cenas do filme ainda estavam na minha mente,
eu nunca tinha pensado em sexo daquela maneira, as vezes
que eu tinha transado sempre havia sido tudo muito
comum. Eu me deitei pensando nisso, mas estava esgotado
depois de um longo dia de trabalho, então logo adormeci.
—/—
Já fazia uma semana que eu tinha ido visitar Duda e
Alice. Era uma quinta feira e eu tinha acabado de chegar
no escritório, e estava aguardando Kingsley para me passar
uma missão. Rony tinha concluído o curso para auror junto
comigo, mas estava de férias, ajudando Hermione com o
pequeno Hugo, que tinha nascido há apenas três meses. O
filho dos dois era lindo, ruivinho e cheio de cachos, com os
mesmos olhos castanhos e inteligentes de Hermione. Eu, é
claro, era o padrinho.
— Harry. — Disse Kingsley, meu chefe. — Bom dia.
— Bom dia. — eu respondi.
— Recebemos uma denúncia. — ele falou, sentando-se. —
Sobre posse ilegal de objetos das trevas.
— Contra quem? — eu perguntei.
Denúncias sobre posse ilegal de objetos das trevas não
eram incomuns, nós sempre as investigávamos, mas
normalmente os bruxos que de fato possuíam estes
artefatos os mantinham muito bem escondidos. Vez o outra
conseguíamos apreender alguns deles, que eram sempre
levados para o Departamento de Mistérios com toda a
segurança.
— Draco Malfoy. — ele me disse, sério.
— Não. — eu neguei imediatamente. Ele não teria nada
assim.
Aparentemente, Malfoy tinha se reerguido sozinho após
a guerra. Ele tinha provado a todos em julgamento que não
era de fato partidário de Lord Voldemort e que tinha sido
forçado a aceitar a marca negra. Seus pais não tinham
sobrevivdo à guerra. Tendo herdado a Mansão, Draco
Malfoy tinha aberto as portas para que cada objeto das
trevas fosse retirado de lá.
Anos atrás, eu tinha ficado sabendo pelos aurores que
foram recolher esses objetos que a Mansão tinha sido
completamente reformada, as antigas masmorras foram
demolidas, e Malfoy tirou de lá cada quadro que lembrasse
a ideologia puro-sangue, cada relíquia da nobre família
Malfoy, cada objeto que pertencera a seu pai, cada feitiço,
cada móvel no qual Voldemort já tivesse tocado. Ele tinha
limpado seu lar de tudo que era ruim, e na época eu o
admirei pela atitude.
Malfoy tinha se esforçado muito para dar a volta por
cima. Entregou cada Comensal que pôde, conquistando aos
poucos a confiança dos bruxos contrários ao Lorde das
Trevas. Ele tinha entrado para a Universidade, estudado
direito bruxo, e se formado com honras, conforme eu tinha
ficado sabendo por Hermione, que se formara na mesma
instituição em Medibruxaria. Atualmente ele era um
excelente profissional e fazia parte da organização de
Advogados para o Mundo Mágico.
— Também duvido muito. — Kingsley me respondeu. —
Mas um garoto fez uma denúncia por escrito. Temos que
averiguar.
— Quem é esse garoto? — eu perguntei, desconfiado.
— É um estagiário do Ministério, ele acabou de se formar
em Hogwarts. — ele explicou. — Nós desconfiamos que ele
seja um caso amoroso de Draco Malfoy que não terminou
muito bem.
Draco Malfoy era gay? Eu me impressionei, mas afinal
havia anos que eu não tinha um grande contato com ele,
tendo o visto apenas de relance em algumas ocasiões.
Realmente, eu nunca tinha ouvido falar que ele tivesse sido
visto com alguma mulher.
— Certo. — eu me limitei a dizer. — Ele já foi notificado?
— Sim. — meu chefe confirmou. — Quero que você vá lá
averiguar a denúncia. Ele já te conhece, talvez não pareça
tão invasivo.
Eu duvidava muito, minha relação com Draco nunca
tinha sido das melhores. Mas acatei a ordem, fui pela rede
de flu, que Malfoy deixara aberta às nove em ponto da
manhã para que um auror viesse investigar. Logo, eu me vi
adentrar pela lareira na imponente sala de estar da Mansão
Malfoy.
Realmente, o ambiente mudara muito. O lugar antes
escuro, com móveis sóbrios demais tinha sido
completamente modificado. As paredes tinham sido
pintadas de cores claras, as janelas tinham sido ampliadas,
valorizando a vista do belíssimo jardim. Os móveis eram de
excelente bom gosto, muito mais modernos do que eram
antes. Embora não fosse uma casa colorida, e o estilo
escolhido não fosse nenhum pouco feminino; em nada ela
lembrava o “museu das gerações da família Malfoy” que
outrora fora aquele lugar.
— Harry Potter! — ele exclamou, o tom sarcástico. —
Mandaram o Herói do Mundo Mágico! E eu que achei que
ninguém desconfiava de verdade de mim.
Ergui as mãos em sinal de trégua. Não iria brigar com
ele feito gato e rato como se ainda estivéssemos na escola.
Optei por falar como quem encontra um velho conhecido.
— Pelo contrário, ninguém desconfia. Por isso te
mandaram um novato, enquanto os aurores mais
experientes ganham as missões de verdade. — eu respondi,
em tom de brincadeira.
Talvez ele tenha se surpreendido com a minha postura,
mas se recuperou rapidamente e começou a agir comigo
com a mesma cordialidade.
— Acho que você viverá fortes emoções hoje. — ele disse,
sorrindo com malícia. — Não será uma grande missão no
que diz respeito a caça a objetos das trevas, mas garanto
que será interessante.
O que ele queria dizer com aquilo?
— Por onde devo começar, Malfoy? — eu perguntei, sem
querer admitir que ele tinha me deixado curioso.
— Pode olhar a casa toda. — ele disse. — Já me
explicaram que os aurores são obrigados a fazer uma
investigação completa nesses casos. Tem uma única porta
que está trancada, lá que está a razão de eu ter sido
denunciado. Mas nós vamos entrar lá por último.
Ele se sentou em uma poltrona confortável, abrindo seu
exemplar do Profeta Diário, e deixando que eu andasse pela
casa dele sozinho. Investiguei cada cômodo com cuidado,
sem deixar de admirar as mudanças que ele tinha feito ali.
Não havia nada que me remetesse a casa que eu tinha
conhecido quando fora capturado e levado para lá com
Rony e Hermione, no tempo que nós estávamos caçando as
Horcruxes.
Em um único quarto, que eu julgava ser o dele, porque
estava menos arrumado que os demais, tinha um pequeno
porta retrato com uma fotografia de Narcisa Malfoy
segurando um bebê no colo. Era um menininho lindo,
identifiquei logo Draco, quando era criança.
Olhei a cozinha, a sala de jantar, o dormitório dos Elfos
Domésticos, a biblioteca, o escritório pessoal de Malfoy,
enfim, a casa inteira. E como esperado, não havia nada que
fosse remotamente suspeito.
Retornei à sala de estar.
— Pronto. — eu disse.
Ele se levantou com calma, deixando o jornal dobrado
sobre a poltrona. Ele fez sinal para que eu o seguisse, e eu
o fiz, em silêncio. Caminhei atrás dele escada a cima, até
que chegássemos na única porta que eu tinha encontrado
trancada. Ele tirou uma pequena chave do bolso e abriu.
Eu esperava qualquer coisa, menos aquilo.
Lá estava um quarto muito parecido com aquele que eu
vira no filme. Era um cômodo amplo, com uma grande
cama com dossel, no qual haviam algumas correntes. Em
uma parede, havia uma estrutura de madeira em forma de
cruz que possuía algemas de couro para prender alguém.
No canto, havia uma cadeira presa a parede, e ao lado uma
mesa de couro acolchoada, que possuía uma estrutura mais
alta no centro. Haviam alguns móveis, com gavetas.
Pendurados nas paredes haviam alguns chicotes e algemas,
igualzinho no filme.
— Impressionado? — Malfoy questionou, provocativo. —
Aposto que nunca viu nada assim antes, não faz nenhum
pouco seu tipo…
— É idêntico ao quarto de Cinquenta Tons de Cinza. — eu
me peguei dizendo, olhando de queixo caído para dentro do
quarto.
— Que diabos é isso? — ele perguntou.
Visivelmente, ele esperava qualquer coisa, menos aquela
resposta.
— É um filme trouxa, um romance. — eu respondi. — Faz
muito sucesso, a esposa do meu primo adora.
Não sabia porque estava dizendo aquelas coisas para
Draco Malfoy, mas simplesmente tinham me escapado. Por
Merlin, Draco Malfoy era o Christian Grey do mundo bruxo.
— Um romance? — Draco perguntou cético. — Deve ser
por causa desse tipo de filme que esses garotos estão
esperando demais de mim.
— O que? — eu questionei, abobado.
— Você já deve saber que o garoto que me denunciou…
bom… teve um caso comigo. — ele disse, sem qualquer
pudor. — Ele veio aqui algumas vezes, e quando eu não o
quis mais, ele resolveu me denunciar para o ministério.
Claro que vocês não iriam encontrar nenhum objeto das
trevas, aquele cretino sabia disso. Mas ele queria que todos
ficassem sabendo que eu faço esse tipo de sexo sem que
soubessem que ele esteve aqui de bom grado, obedecendo
a todos os meus desejos.
Olhei para o rosto dele, parecia bastante irritado.
— Ninguém vai saber. — eu garanti. — Não vou incluir no
relatório.
— Por que você faria isso? — ele questionou, parecendo
impressionado pela primeira vez, desde que eu chegara.
— Porque ninguém tem nada a ver com isso, essa é sua
vida pessoal. — eu expliquei. — O garoto não vai contar a
ninguém, se ele disser que faz esse tipo de coisa vai acabar
perdendo boas oportunidades no ministério.
— Você terá que mentir no relatório. — ele falou, ainda
incrédulo.
— Eu sei. — eu respondi.
Nunca tinha feito aquilo antes. Mas eu não ia permitir
que Malfoy sofresse consequências como a perda de
clientes como advogado, ou a perda de respeito dos seus
colegas de trabalho, tudo por ter se envolvido com um
rapaz bobo que ficara com o coração partido.
— Seu chefe vai desconfiar se você disser que não
encontrou nada. — ele ponderou. — É óbvio que se o garoto
me denunciou é porque queria que algo de dentro da minha
casa viesse à tona.
— Ele vai aceitar a minha palavra. — eu me limitei a
dizer.
— Sem dúvida vai, você é Harry Potter afinal. — Malfoy
rebateu na hora.
Eu não respondi mais nada, apenas continuei olhando
com calma para seu rosto. Draco Malfoy estava muito
bonito, os últimos anos tinham o deixado com uma
aparência mais masculina, seu queixo estava mais
quadrado, embora os traços do seu rosto ainda fossem
muito aristocráticos. Ele parecia também ter ganhado
corpo, eu percebia como seus músculos marcavam na
camisa de botão branca que ele usava. Ele usava o cabelo
loiro bem curto, talvez para se diferenciar de Lúcio, que
sempre os usara longos.
Meu corpo arrepiou involuntariamente ao imaginar ele
naquele quarto, só de calça jeans rasgada, igual o Christian
Grey. Afastei o pensamento da minha mente, balançando a
cabeça… acho que eu tinha ficado impressionado demais
com aquele filme, afinal era só ficção.
Olhei para dentro do quarto ainda aberto: aquilo, no
entanto era bem real.
— Por que está fazendo isso? — ele me perguntou
novamente, me tirando dos meus devaneios.
— Porque você não merece ser exposto dessa maneira. —
eu respondi com toda a franqueza. — Você se reergueu
sozinho depois dessa guerra, você foi muito forte, todos
esses anos…
— Vindo de você, isso quer dizer muito. — ele falou.
Percebi que ele tinha tentado parecer irônico, mas seu tom
de voz o denunciava.
Eu o tinha desarmado.
— Não se preocupe mais com isso, vou cuidar para que
ninguém desconfie de nada, e para que o garoto continue
calado. — eu prometi. — Eu jamais contarei a ninguém o
que vi aqui.
— Obrigado, Potter. — Malfoy respondeu. Parecia
sincero. — Espero que seja a primeira e a última vez que
algo assim acontece.
— Isso que você faz… acho que é necessário ser alguém
de confiança, que não vá te expor depois. — eu sugeri.
Não sabia se ele ficaria irritado com a minha
intromissão, mas acabei dizendo do mesmo jeito.
— Normalmente Blaise me envia homens trouxas. — ele
falou. — É muito melhor, eles não me conhecem, não sabem
onde me encontrar depois.
— Blaise Zabini? — eu questionei. — Do Departamento
de Cooperação Internacional em Magia? Ele envia homens
para você?
— Vamos dizer que ele gosta dessas coisas também, ele
frequenta uns clubes trouxas de BDSM, conhece muita
gente interessada nesse tipo de sexo. As vezes ele entra em
contato comigo para me apresentar alguns desses homens.
— ele explicou. Eu estava impressionado com o modo como
ele falava sobre aquilo comigo de forma tão aberta. Talvez
fosse porque confiasse que eu jamais repetiria a ninguém.
— Tinha esse estagiário do Departamento dele que estava
muito interessado em mim, então ele me sugeriu encontrá-
lo e eu, infelizmente, acabei aceitando.
— Entendi. — eu respondi. — Vou cuidar para que o
nome de Zabini também não seja divulgado pelo tal
estagiário.
Malfoy assentiu com a cabeça. Eu estendi a mão para
ele, que hesitou alguns segundos e depois a apertou.
Aquela era a primeira vez que eu tocava nele desde de a
última batalha, quando eu o salvara do fogo na Sala
Precisa. Uma espécie de excitação perpassou meu corpo
quando eu senti seus dedos nos meus.
Confuso com os acontecimentos daquela manhã, me
despedi dele e fui embora pela rede de flu.
Capítulo 2

CAPÍTULO 2
NARRADO POR HARRY POTTER
Eu acordei em meio a lençóis sujos pela ejaculação.
Merda! Eu já era muito velho para esses “sonhos
molhados”. Eu me sentia de volta ao quarto ou quinto ano
em Hogwarts, quando todos os garotos aprendiam
rapidamente os feitiços para limpar os pijamas e as roupas
de cama. Peguei a varinha na mesinha de cabeceira e fiz os
encantamentos necessários. Que inferno! Eu já tinha 23
anos, isso não deveria estar acontecendo.
Mas no último mês tinha sido frequente. Fazia
exatamente um mês que eu tinha feito a inspeção na
Mansão Malfoy, averiguando a denúncia de posse ilegal de
objetos das trevas. O proprietário da Mansão, um certo
loiro com gostos sexuais excêntricos, não saía da minha
cabeça. Várias vezes eu acordava daquele jeito, depois de
sonhos excitantes com Draco Malfoy.
Curioso, eu tinha pesquisado mais sobre o assunto. Tinha
comprado a Trilogia de Cinquenta Tons de Cinza em uma
livraria trouxa em Londres, mas a leitura era um pouco
maçante em alguns pontos, parecendo realmente um
romance água com açúcar. Porém, me dava algumas pistas
do que era o mundo de Draco Malfoy.
Sem conseguir tirar aquele quarto que eu vira na
Mansão Malfoy da cabeça, eu tinha pesquisado em alguns
outros livros e chegado até a encontrar um desses clubes
trouxas de BDSM que Malfoy tinha me dito que existia. Eu
fui neste local numa noite usando a capa da invisibilidade,
afim de investigar. Vi coisas de todos os tipos: algumas
excitantes e outras que eu não faria de jeito nenhum.
Porque eu estava tão obcecado com essa história?
Porque eu estava tendo sonhos eróticos com Malfoy?
Aquelas eram perguntas que tinham povoado meus
pensamentos nos últimos meses. Eu estava cansado de
acordar a noite sonhando com aquilo, eu não era nenhum
adolescente. Eu poderia simplesmente arriscar e descobrir
porque eu estava tão interessado no meu antigo inimigo de
escola e em suas atividades sexuais.
Voltei a dormir naquela noite com a certeza de que no
dia seguinte eu tomaria alguma atitude.
—/—
Algumas horas mais tarde…
— Bom dia. — eu disse, entrando no Departamento de
Cooperação Internacional em Magia.
— Sr. Potter. — exclamou Blaise Zabini. — Bom Dia.
Blaise era um sonserino que tinha sido do mesmo ano
que eu e Draco na escola, atualmente ele era secretário do
chefe do Departamento, um bruxo de meia idade chamado
Charles Hollhans.
— O senhor Hollhans está em uma reunião com o
Ministro, você deseja aguardá-lo? — ele questionou.
— Não. — eu disse, sentando-me com calma na cadeira
de frente para a mesa dele. — Na verdade, eu gostaria de
conversar com você.
— Comigo? — ele perguntou, desconfiado.
— É um assunto pessoal. — eu expliquei.
Vi a compreensão chegar ao seu rosto. Ele já deveria
saber que se tratava de algo ligado a Malfoy. Ele
provavelmente tinha ficado sabendo da denúncia que havia
sido feita contra Draco por um garoto que o próprio zabini
tinha “indicado” ao seu antigo colega de escola. Talvez
Malfoy tivesse dito a ele, também, que eu havia me
comprometido a esconder aqueles elementos da sua vida
particular no relatório entregue a Seção dos Aurores.
— Entendo. — ele disse, com calma. — Você poderia me
acompanhar a um lugar mais privado?
Eu me levantei, o segui para dentro da sala de seu chefe.
Ele deveria estar certo de que o mesmo não retornaria tão
cedo. Quando entramos, ele lançou um feitiço para trancar
a porta e outro para que não fossemos ouvidos do lado de
fora. Me sentei em uma das poltronas do escritório, que ele
ofereceu a mim, ocupando o lugar à minha frente.
— No que posso te ajudar, Potter? — ele perguntou, o
rosto levemente preocupado.
— Você está ciente da denúncia que foi feita contra
Draco Malfoy no mês passado, certo? — eu sondei.
— Sim, Julian, aquele idiota. — ele se referia ao garoto
que tinha feito a denúncia. — Draco me disse que você foi
muito compreensivo e que não quis que ele fosse exposto.
Ao que sou muito grato, porque se ele fosse exposto, eu
poderia vir a ser também.
Eu assenti com a cabeça.
— Não seria justo, é sua vida privada. Ninguém pode
julgá-lo por seus gostos sexuais. — eu disse, sem chegar,
ainda, onde eu gostaria.
Ele tinha uma expressão de agradável surpresa com a
minha fala.
— Infelizmente o mundo bruxo ainda é muito
conservador. — Zabini ponderou.
— Sim, é por isso que estou contando com você para
manter sigilo sobre essa conversa. — eu comentei,
levemente constrangido. — Eu sou uma pessoa em alguns
aspectos… hã… muito pública. Os jornais estão sempre
especulando sobre a minha vida…
— Bom, você é Harry Potter. — ele disse, apontando para
mim com a mão, como se explicasse tudo. — Mas se estou
te entendendo bem… você está interessado em BDSM?
— Fiquei curioso, sim, quando fui à Mansão Malfoy… —
eu senti que ruborizava ao falar sobre isso com alguém com
quem eu não tinha a menor intimidade. — Malfoy me disse
que é você quem indica pessoas para ele…
— Você gostaria que eu indicasse mulheres para você? —
ele sugeriu, vendo que eu estava pisando em ovos.
— Não, não estou interessado em mulheres. — eu
explicitei.
Ele abriu um sorriso malicioso.
— Harry Potter… eu nunca imaginei que você saísse com
homens. — ele disse, em tom sonserino. — E olha que sou
muito bem informado, nunca ouvi nenhuma fofoca.
— Eu nunca saí com homens. — eu expliquei.
— Primeira vez? — ele ergueu as sobrancelhas. — Eu te
aconselharia a ir em um clube BSDM para você ver como é,
saber o que fazer…
— Eu fui. — confessei. — Eu tenho uma capa da
invisibilidade.
Seu sorriso se escancarou.
— Parece que sua curiosidade é bem séria… — Zabini
falou, a voz carregada de malícia. — Eu posso ajudá-lo a
encontrar um submisso.
— Eu não quero um submisso. — eu esclareci. — Eu
quero Draco Malfoy.
Eu vi o queixo de Blaise Zabini cair. Acho que ele
esperava que eu respondesse tudo, menos aquilo.
— Malfoy é um dominador… — ele falou, pausadamente,
uma advertência clara na voz. — Duvido muito que ele vá
ser submisso de alguém um dia, principalmente seu. Ele
nunca gostou muito de você.
Ele disse essa última frase com cuidado, como se
estivesse com medo de me ofender.
— Eu sei que ele é um dominador. — eu falei,
dispensando sua advertência. — Eu quero que você me
indique para ele, como submisso.
Zabini arregalou os olhos para mim.
— Tem certeza? — ele me questionou. — Eu tenho um
submisso, John o nome dele, nós estamos juntos há 3 anos.
Ele segue minhas regras, não só na hora do sexo, mas em
tudo. Não me parece muito o perfil de um homem que
derrotou o Lorde das Trevas.
Eu sorri mais abertamente para ele. Me lembrei na hora
do contrato que Christian Gray queria que a moça,
Anastasia, assinasse. Havia coisas como prescrições de
exercícios físicos, alimentação, roupas, comportamentos…
Não, eu definitivamente não estava interessado em nada
daquilo. Minha vida ia muito bem obrigado sem um
conjunto de regras para seguir, eu estava muito satisfeito
com a minha independência.
— Não. — eu concordei. — Não quero ser o submisso de
ninguém como John é o seu. Eu quero apenas uma noite
com Malfoy.
— Bom, ele vai ficar muito satisfeito. — Zabini riu. —
Draco nunca fica mais do que uma ou duas noites com
homem algum, ele não está procurando um submisso para
ter um relacionamento. Os garotos ficam muito frustrados
com isso, sempre ficam no pé dele.
— Como Julian. — eu ri.
O garoto tinha ficado tão frustrado que tinha feito uma
falsa denúncia ao Ministério da Magia!
— Exatamente. — Zabini concordou, a irritação que
sentia pelo garoto tingindo a sua voz. — Mas Potter me
satisfaça uma curiosidade, por que você não propôs isso
direto a Malfoy?
A pergunta ecoou na minha mente.
— Sinceramente? — eu disse, na defensiva. — Não tive
coragem.
— Nunca achei que ouviria essas palavras da sua boca,
Potter. — ele considerou.
— Veja bem, eu e Malfoy nunca nos demos bem, eu me
sentiria extremamente constrangido de propor isso a ele.
Mas, se ele simplesmente entrar no quarto e eu estiver lá,
disponível, acho que não vai ser necessária qualquer
conversa sobre o assunto. — eu expliquei minha linha de
raciocínio. — Ele vai saber para que eu estou ali e vai
optar: ou vai em frente ou vai me mandar embora.
— Entendi. É uma boa ideia, na verdade. — ele disse, a
voz animada. — Eu queria muito ver a cara de Draco
quando ver você ajoelhado no chão como um submisso. Vai
ser no mínimo interessante.
— Então, vai me ajudar? — eu perguntei ansioso.
— Claro. — ele concordou. — Vou ligar para ele agora.
Nos últimos anos, os bruxos tinham aderido à tecnologia
trouxa do telefone para uma comunicação rápida e eficaz.
Claro, eram telefones enfeitiçados que funcionavam através
de magia (chamados de Magicofones), não através de cabos
e outros equipamentos tecnológicos necessários aos
trouxas.
Zabini discou o número de Malfoy enquanto eu esperava,
levemente ansioso.
— Oi Draco, sou eu, Blaise. — ele disse. — Eu tenho um
garoto para você.
Eu não conseguia ouvir a resposta de Draco.
— Não, ele é um bruxo, mas esse é de inteira confiança,
eu te prometo. — Zabini falou.
Draco provavelmente tinha lhe perguntado se era um
garoto trouxa. Agora eu esperava para saber se ele
concordaria em se arriscar e se encontrar outra vez com
um bruxo.
— Você não vai se arrepender. É uma pessoa que
inclusive há um tempo atrás você me disse que achava
muito bonito.
Sorri internamente por Draco ter dito aquilo, era
excelente, tinha menos chance dele me dispensar. Ele levou
um tempo dizendo algo que não pude identificar. Até que
Zabini voltou a falar:
— Ainda não vou te contar quem é, é uma surpresa. Ele
vai te esperar no quarto da Mansão hoje às 20h. Quando
você chegar da reunião com seus clientes ele já estará lá.
Avise seus elfos que um convidado chegará antes de você e
que deve ser enviado para o quarto.
Draco perguntou mais uma coisa.
— Não, ele nunca fez isso. — ouvi Blaise dizer. — Mas
fique tranquilo, vou orienta-lo.
Fiquei um pouco nervoso, não sabia que seriam
necessárias orientações. Zabini se despediu de Draco e
desligou o Magicofone.
— Orientações? — eu questionei.
— Só o básico, o restante você poderá conversar
diretamente com ele. — Blaise anotou dois feitiços em um
papel e me entregou. — Faça esses feitiços em si mesmo
antes de ir. Quando entrar no quarto você deve espera-lo
nu e ajoelhado. Mantenha seu olhar baixo, obedeça às
ordens que ele te der, não questione e o chame apenas de
“senhor”. Ele vai conversar com você antes sobre o que
você quer ou não fazer. Além disso, vocês irão definir juntos
uma palavra de segurança, para o caso de você querer
interromper a cena.
Engoli em seco. Será que eu conseguiria? Me ajoelhar e
chamar Draco Malfoy de senhor? Eu já esperava por aquilo,
mas ouvir aquelas prescrições em alto e bom som tinha
feito com que a realidade fizesse meu estômago revirar. Eu
faria mesmo aquilo? Arriscaria uma noite me submetendo a
Draco Malfoy em troca de descobrir o que afinal eu tanto
desejava nele?
Bom, era isso ou passar mais noites sonhando com o
corpo dele, com o toque dele. Não, eu não ia ter um desejo
platônico por Malfoy, como se eu ainda fosse um
adolescente. Eu não ia passar a vida imaginando como
poderia ter sido se eu tivesse arriscado, se eu tivesse feito
o que eu tinha vontade. Eu era um homem, afinal, já tinha
feito coisas bem mais difíceis do que aquilo.
— Certo. — eu concordei. — Obrigado, Zabini.
Eu me levantei e me despedi dele, me retirando da sala.
Passei o dia trabalhando na Seção de Aurores, mas com a
cabeça distante, pensando no que aconteceria a noite.
Quando eu cheguei em casa, fui tomar banho e fazer os
feitiços que Zabini tinha me indicado. Quando fiz o primeiro
deles, reparei que todos os meus pelos do pescoço para
baixo simplesmente desapareceram. O segundo feitiço não
teve nenhum efeito visível, mas o encantamento tinha
resultado em uma sensação engraçada, como se eu tivesse
sido limpo por dentro.
Mil coisas passavam pela minha mente. Parte de mim
estava com receio do que poderia acontecer. Draco Malfoy
nunca tinha gostado muito de mim, como Zabini tinha feito
questão de lembrar. E se ele usasse essa oportunidade para
descontar em mim uma raiva acumulada desde o tempo da
escola? Mas eu afastei esse pensamento. Eu não estava
indo para uma sessão de tortura. Era só sexo, afinal. E eu
poderia simplesmente me levantar e ir embora, se quisesse.
Eu poderia usar a palavra de segurança e pedir a Draco
que parasse, e eu confiava que ele não fosse fazer algo
contra a minha vontade.
Na hora combinada, eu estava à porta da Mansão Malfoy.
Um elfo doméstico me recebeu e sem fazer quaisquer
perguntas me levou até o quarto no qual eu já tinha
entrado uma vez, um mês atrás. Com um pouco de
nervosismo eu retirei toda a minha roupa e ajoelhei no
chão.
Poucos minutos depois, Draco Malfoy entrou.
Capítulo 3

CAPÍTULO 3
N.A.: Esse capítulo contem descrição detalhada de sexo
intenso e BSDM entre homens. Por favor, se você não quer
ler esse tipo de história, pare por aqui. Grata pela atenção.
FAVOR, NÃO DÊ SPOILERS E NEM FAÇA
COMENTÁRIOS INADEQUADOS. SE VOCÊ É
IMATURO PARA LER CENAS BDSM OU CONTEÚDO
SEXUAL DE MANEIRA GERAL, NÃO COMENTE
NESSE CAPÍTULO.
—/—
NARRADO POR HARRY POTTER
— Harry Potter! — ele exclamou, um leve choque nítido
em sua voz.
Não me arrisquei a olhar para cima, embora eu estivesse
morrendo de vontade de ver a expressão em seu rosto. Eu
via apenas a calça preta que ele vestia, e o começo de seu
abdome bem marcado.
— Olhe para mim. — ele ordenou.
Eu olhei e senti o nervosismo e a excitação me tomarem.
Ele estava nu da cintura para cima, o corpo dele era
maravilhoso: ele não era super musculoso, mas tinha os
músculos do peito e do braço bem definidos, com poucos
pelos de cor clara. A expressão dele era insondável, ele me
encarava com seriedade, como se não entendesse o que eu
estava fazendo ali.
— Você foi até Zabini pedir por isso? — ele questionou.
— Sim, senhor. — eu falei, a voz cuidadosamente
controlada.
Chama-lo assim era um pouco excitante, e vi que algo
brilhou nos olhos dele quando eu o fiz.
— Você está realmente disposto? — ele perguntou
novamente.
Não era um tom de preocupação comigo, mas era como
se buscasse uma espécie de confirmação de que aquilo era
real.
Eu assenti com a cabeça.
Draco pareceu respirar fundo, e hesitou por um
momento, como se estivesse tomando uma decisão.
— Antes de começar, eu gostaria que conversássemos um
pouco. Preciso saber quais são seus limites.
Considerei por alguns segundos a pergunta, antes de
responder. Me tranquilizou que ele quisesse conhecer meus
limites e vontades antes de começarmos qualquer coisa.
Então, ainda ajoelhado no chão, olhando para Draco
Malfoy, eu me forcei a colocar para fora algumas palavras.
— Eu não tenho certeza de quais são os meus limites…
eu não gosto muito da ideia de sentir dor, senhor.
— Certo. — ele disse, sério, franzindo um pouco a testa.
— Sexo oral está tudo bem? Penetração anal?
— Sim, senhor. — eu respondi, prontamente. Estava mais
do que bem. De certa forma, era o que eu ansiava.
— A ideia de ser amarrado, algemado ou contido de
alguma forma te desagrada?
— Não, senhor.
— Você disse que está desconfortável com a dor. — Draco
disse. — Deixe-me entender isso melhor, você não gosta da
ideia de sentir qualquer nível de dor ou você apenas não
deseja que eu te cause uma dor mais intensa? Por exemplo,
se eu quisesse bater em você, como você se sentiria a
respeito?
— Não quero nada que envolva sangue ou contusões
mais graves. Acho que está tudo bem algumas palmadas,
coisas que não vão me machucar de verdade.
Algo em seu rosto suavizou, de repente.
— Não vou machucar você, Harry. — ele disse, como uma
promessa. — Se você precisar parar, pode usar uma palavra
de segurança. Você pode dizer “vermelho” para
interromper a cena, ou “amarelo” para me alertar que você
está chegando próximo a um limite.
— Sim, senhor. — eu respondi, gravando as palavras na
minha mente. Amarelo e vermelho, tudo bem.
— Agora, levante-se e erga as mãos. — Draco ordenou.
Eu obedeci imediatamente e ele prendeu meus pulsos
com uma algema. Isso o fez sorrir, pude ver que ele
percebia que eu o obedeceria, era uma comprovação de
que eu estava de fato disposto a fazer aquilo. Ele me puxou
para cima pelas algemas e eu me levantei devagar. Vi que
ele me prendia minhas algemas a uma corrente no teto. Eu
me vi com os braços presos para cima, totalmente à mercê
de Draco Malfoy.
Suas mãos passearam levemente pelo meu corpo,
sentindo a textura da minha barriga, meu peito, meus
ombros. Agradeci por todos aqueles últimos anos no
treinamento para auror que tinham deixado meu corpo
relativamente forte, com os músculos rígidos e bem
marcados. Do contrário eu me sentiria muito constrangido
diante do corpo tão lindo que ele tinha.
Ele foi para trás de mim, passando as mãos pelas minhas
costas, descendo-as para as minhas nádegas e em seguida
para a parte interna das minhas coxas. Aquele toque íntimo
começou a me deixar ofegante e eu senti meu pênis se
enrijecer.
Draco voltou para a minha frente, os olhos azuis intensos
nos meus. Ele se aproximou de mim lentamente, colando
seu corpo na minha pele nua, mordendo com leveza meu
lábio inferior. Eu fechei os olhos. Ele me tomou para um
beijo lento, insuportavelmente lento.
Depois desceu os lábios pelo meu peito, de modo mais
urgente, provando-me, mordiscando meus mamilos, minha
barriga, passando a língua de modo lascivo pelo meu corpo,
até alcançar meu membro. Draco Malfoy abocanhou meu
pênis em um impulso, fazendo-me gemer com o choque. Ele
passou a me chupar de modo enlouquecedor, me sugando
com força, fazendo meu corpo se arquear de prazer.
Aquilo, no entanto, durou pouco. Logo Malfoy se
levantou. Eu estava ofegante e frustrado por ele ter parado,
fiquei olhando para baixo, tentando controlar minhas
necessidades.
— Olhe para mim. — ele ordenou. — Quero que você olhe
para mim, que veja tudo o que eu fizer com você.
Estranhei o pedido. Eu havia compreendido que os
dominadores gostavam que seus submissos olhassem para
baixo, em sinal de respeito. Talvez ele soubesse de alguma
forma que, para mim, olhar para ele seria ainda mais difícil
do que olhar para baixo. Olhar para ele enquanto ele me
tocava como se fosse meu dono, sabendo que eu queria
aquilo, era muito mais difícil.
— Sim, senhor. — eu me forcei a dizer, sem deixar de
olhar para ele.
Ele sorriu, com malicia, aprovando a minha reação.
Ele me soltou da corrente que prendia minhas mãos para
cima, e me levou para a grande cama.
— Quero você de quatro para mim. — ele falou, a voz
rouca.
Eu fiz. Eu faria tudo que ele pedisse. Eu tinha ficado
tanto tempo sonhando com aquilo. Fiquei na posição que
ele pedira, exposto completamente para ele. Senti a mão
dele empurrando meu torso para frente, eu encostei o peito
e o rosto na cama, com o quadril erguido para ele.
Senti as mãos dele abrirem ainda mais minhas nádegas,
expondo a minha entrada. Ele aproximou seu rosto,
lambendo meu orifício.
— Aaaah. — eu gemi, contraindo-me com o toque.
— Relaxe. — ele pediu. — Empine-se para mim.
Eu obedeci. Senti novamente a língua dele me tocando e
me obriguei a suportar aquele movimento, que virava
minha cabeça e fazia meu pênis pulsar de excitação,
implorando para ser tocado.
De repente, senti que ele tocava minha entrada com um
dos dedos, que parecia ter sido mergulhado em uma
espécie de gel lubrificante. Um dos seus dedos me
adentrou com leveza.
— Você é tão apertado. — ele disse, parecendo gostar
daquilo. — Vou precisar resolver isso…
De repente, outro dedo invadiu meu corpo, e senti que
ele movimentava-se para dentro e para fora, me abrindo
aos poucos. Um terceiro dedo forçou passagem para dentro
de mim e eu senti um misto de dor e prazer, meu corpo ia
se dilatando, adaptando-se a invasão de Draco.
Ele retirou os dedos e percebi que ele se levantava da
cama para pegar alguma coisa. Ele voltou com um objeto
na mão, aproximando-se do meu rosto. Era uma espécie de
plugue anal, vermelho, com a ponta mais fina, mas que
aumentava sua grossura mais abaixo. Arregalei os olhos
com aquilo, sentindo um certo nervosismo.
— Chupe. — ele colocou o objeto na frente da minha
boca. — Vamos, não fique envergonhado, é da cor da
grifinória.
Suportei aquela provocação, e coloquei o plugue na boca,
chupando-o, deixando-o molhado de saliva.
— Muito bem. — ele disse, em aprovação.
Ele foi para trás de mim, o rosto novamente perto das
minhas nádegas.
— Agora quero que você pisque para mim. — ele disse,
tocando minha entrada com a mão, indicando onde queria
que eu piscasse.
Eu contrai meu ânus e depois relaxei, fazendo isso
algumas vezes seguidas. Ele começou a pressionar o objeto
contra o meu corpo, e eu me sentia rasgar, abrir-me
completamente para ele. Respirei fundo, tentando relaxar e
aguentar a dor que me preenchia. Quando a parte mais
grossa do plugue entrou para dentro de mim, eu gritei.
— Puta que pariu. — deixei escapar.
— Isso mesmo. — ele falou, se afastando alguns
centímetros de mim para olhar.
Suas mãos foram na direção do meu pênis, masturbando-
me com calma, fazendo meu corpo se contrair de excitação
ao redor daquele plugue. Aos poucos a dor foi cessando.
Ele começou a retirar o plugue de mim devagar.
— Quando eu tirar ele todo, quero que você continue
piscando. — ele ordenou.
Ele tirou e eu continuei a contrair e relaxar meu orifício,
agora muito mais dilatado e um pouco dolorido.
— Assim. — ele aprovou. — Você é uma delícia, Potter.
Ele tocou novamente meu ânus com o objeto, forçando
para dentro. Mas rapidamente retirou e eu voltei a piscar
para ele. Ele fez isso mais uma vez, e depois mais outra,
enfiando e retirando o plugue de mim, vendo meu corpo se
abrir. Até que ele parou e virou meu corpo na cama, e eu
fiquei de barriga para cima. Ele ergueu minhas pernas,
expondo minha entrada.
— Eu queria brincar mais, mas preciso muito comer você
agora. — ele falou, olhando nos meus olhos. — Seu cu já
está pronto para mim?
Aquela pergunta me fez arrepiar. Eu me sentia dele
naquele momento, queria que ele me tomasse, que
possuísse meu corpo. Eu não podia desviar os olhos dele,
ele tinha ordenado que o olhasse. Eu me senti enrubescer
de constrangimento. Eu sabia que ele tinha feito aquela
pergunta para me provocar.
— Sim, senhor. — eu falei, em voz baixa.
Ele desabotoou a calça, retirando-a junto com a cueca,
expondo sua enorme e rígida ereção. Percebi que ele estava
muito excitado, seu pênis já estava lubrificado pelo pré-
gozo. No entanto, ele passou ainda uma nova quantidade
de gel lubrificante, antes de começar a me penetrar.
Senti Draco Malfoy me invadindo centímetro por
centímetro, os olhos presos no meu rosto, até me
preencher completamente. Ele era maior do que eu
pensava e meu corpo lutava para se adaptar a ele.
Novamente eu fui tomado de uma sensação dupla de dor e
prazer.
— Você fica perfeito sendo fodido. — ele comentou, um
sorriso safado no rosto.
Merlin, eu ia morrer de tesão. Draco começou a
movimentar-se para dentro de mim, cada vez mais forte,
cada vez mais rápido, abrindo passagem dentro do meu
corpo. Eu gemia, sem conseguir me conter, a cada estocada
ele batia na minha próstata, inundando-me de prazer.
— Abra os olhos. — ele ordenou, quando os fechei sem
nem perceber.
Ele continuou me fodendo, penetrando-me com força,
preenchendo meu corpo, até que finalmente tocou meu
pênis. Não aguentei nem cinco segundos depois que ele
começou a massagear meu membro, e gozei em sua mão, o
corpo todo tremendo e se contraindo de prazer.
Ele pegou dois dedos molhados com o meu gozo e os
introduziu na minha boca, fazendo-me lamber, chupar,
sentindo meu próprio gosto. Eu chupei seus dedos
obedientemente, enquanto sentia meu ânus se contrair ao
redor do membro de Draco, que ainda me penetrava sem
piedade, entrando e saindo. Até que eu senti seu jato
quente me invadir e percebi que ele gozava dentro de mim.
Quando acabou, eu sentia que meu corpo não podia
aguentar mais, mas Draco Malfoy ainda tinha ideias para
mim. Ele se sentou na beirada da cama e me disse para
levantar. Eu me ergui e fiquei em pé de frente para ele.
— Agora vire-se e abra-se bem para eu colocar de novo o
plugue. — ele ordenou.
De novo? Eu hesitei. Será que eu aguentaria mais
daquilo? Eu respirei fundo e me virei, abrindo as nádegas
com as mãos, expondo-me para ele. Senti que o pluge
novamente me invadia, mas dessa vez entrou sem qualquer
esforço, pois eu já me encontrava completamente aberto.
— Agora deite-se sobre as minhas pernas. — ele disse.
Eu me deitei de bruços sobre as pernas dele, minhas
pernas apoiadas de um lado do seu corpo e minhas mãos
quase tocando o chão do outro lado.
Ele desferiu um tapa na minha nádega direita, fazendo-
me arquejar. Ele esperou que eu me recuperasse do susto e
desferiu novamente um tapa, dessa vez na nádega
esquerda. Recebi mais um tapa forte em cada uma das
minhas nádegas. Em cada um deles eu gemi. Ele não me
batia com violência, os tapas que ele me dava eram muito
mais sensuais do que dolorosos.
Quando ele parou, eu estava em êxtase.
— Levante-se. — Draco ordenou. — Vá até aquela cadeira
ali e se sente.
Eu caminhei sentindo o incômodo do plugue em meu
interior. Sentei-me na cadeira estreita, com uma perna para
cada lado. Estar sentado naquela posição fazia com que o
plugue se enterrasse ainda mais em mim, e Draco sabia
disso.
Ele andou em minha direção devagar, sem tirar os olhos
dos meus, até se abaixar entre minhas pernas. Meu pênis já
estava duro novamente e Draco o colocou na boca,
chupando-o deliciosamente. Ele era extremamente
habilidoso, seus lábios e língua me castigavam, fazendo-me
gemer e tremer de tanto tesão.
Eu nem acreditava que depois de tudo aquilo eu ainda
gozaria mais uma vez. O plugue dentro de mim massageava
minha próstata, intensificando as sensações. Draco
começou a me chupar com mais força quando percebeu
que eu estava ainda mais ofegante, e então cheguei enfim
ao orgasmo nos lábios daquele homem, que engoliu até a
última gota de mim.
Minhas pernas tremiam quando ele me mandou levantar,
retirando o objeto do meu interior. Eu estava
completamente exausto, e mais satisfeito do que eu jamais
estivera na vida.
Draco olhava para mim com olhos intensos, conforme
vestia novamente sua calça. Entendi aquilo como uma
deixa, para eu me vestir. Caminhei em direção das minhas
roupas, e como ele não apresentou qualquer objeção, as
coloquei rapidamente.
Eu coloquei a mão na maçaneta e abri a porta, sentindo
seu olhar sobre mim. Antes de sair, me virei para ele.
— Valeu muito a pena, Malfoy. — eu disse, com malícia.
Vi seu rosto surpreso por eu ter dito aquilo. Então eu
sorri, sentindo um prazer estranho por ter sido capaz de
chocar Draco Malfoy. Sem dizer mais nada, saí do quarto,
descendo rapidamente as escadas e deixando a Mansão.
Capítulo 4

CAPÍTULO 4
NARRADO POR DRACO MALFOY
Vários minutos depois de Harry Potter ter ido embora, eu
ainda estava sentado na cama, tentando entender o que
tinha acabado de acontecer. A visão dele em pé de frente
para porta, dizendo que tinha valido a pena, não saía da
minha mente.
Quando Zabini me ligou naquele dia, eu fiquei satisfeito
dele ter entrado em contato. Eu estava precisando mesmo
aliviar as tensões. Estava com um caso difícil para defender
e o julgamento seria em poucas semanas, além disso, não
tinha estado com ninguém desde Julian, o que já fazia mais
de um mês. Eu realmente precisava de uma noite de sexo
intenso e despreocupado para relaxar.
Relaxar, no entanto, era tudo que eu NÃO tinha
conseguido com aquela noite. Nunca, em nenhum momento
em toda minha vida eu já tinha sequer imaginado Harry
Potter ajoelhado no chão de um quarto de BDSM como um
submisso. Potter era a pessoa menos submissa que eu
conhecia, sempre rebelde e subversivo.
As memórias que eu tinha dele me invadiam enquanto eu
pousava meu rosto nas mãos, tentando raciocinar. A
primeira lembrança que me veio foi no primeiro ano, me
enfrentando para proteger Neville Longbottom na nossa
primeira aula de vôo. Eu era um menino bastante mimado e
sem qualquer conhecimento da dura realidade do mundo,
naquela época. Eu queria muito exibir o fato de eu já saber
voar, mas no final fora Potter, que nunca tinha usado uma
vassoura, que tinha se sobressaído e ainda por cima fora
escolhido para ser apanhador aos 11 anos de idade.
Mas a personalidade de Potter nunca tinha me
impressionado tanto quanto no quinto ano. Ele tinha sido
ridicularizado perante o mundo bruxo, taxado como um
mentiroso, um adolescente problemático que queria
chamar atenção; mas ele estava certo, o Lorde das Trevas
tinha mesmo retornado. Potter tinha mesmo lutado com o
bruxo mais perigoso de todos os tempos. Ele tinha
enfrentado a todos, se mantido de pé, insistido na sua
versão da história, encarando as punições de Umbridge, os
desmandos do Ministério, os assaltos a sua mente feitos
pelo Lorde das Trevas (dos quais eu soubera por meu pai).
Depois, tudo que eu me lembrava dele era de Potter
lutando, Potter de queixo erguido, Potter me salvando do
fogo na Sala Precisa, Potter derrotando Voldemort. Potter…
a pessoa mais forte, mais íntegra que eu já tinha conhecido
na vida. E a menos submissa.
O que tinha levado ele a fazer aquilo?
Eu olhei para os lençóis com a cabeça dando voltas. A
visão de Potter ali, deitado comigo, dividindo todo aquele
prazer, era vívida em minha mente. Eu ainda sentia o
cheiro dele na cama, fazendo meu corpo se arrepiar,
lembrando-me do tesão enlouquecedor que eu senti em
dominá-lo, possuí-lo, ver ele me obedecer, reagir aos meus
toques, assistir ao seu prazer, seus gemidos, seus
orgasmos.
Me levantei, respirando fundo. Meu corpo já começava a
dar sinais de excitação. Saí do quarto e desci as escadas,
na direção da sala de estar. Decidi telefonar para Zabini.
Ele poderia ter alguma resposta, alguma pista. Disquei seu
número no Magicofone e aguardei que ele me atendesse.
— Draco. — ele disse, me atendendo no terceiro toque.
Claro que o desgraçado já estava esperando minha
ligação.
— Blaise. — eu respondi.
— Como foi? — ele perguntou, a voz cheia de
curiosidade. — Ele foi até o fim?
— Foi. — eu me limitei a dizer.
— Eu imaginei mesmo que iria. — Blaise falava com
admiração. — Potter é um homem muito determinado.
— Por que você não me contou? — eu questionei. — Por
que não me disse que era ele?
Havia certa irritação na minha voz.
— Potter estava sentado à minha frente quando eu te
liguei. Ele tinha dito que não queria uma conversa sobre o
assunto com você, então achei melhor não contar. — Blaise
explicou. — Ele disse que quando você chegasse no quarto
e ele estivesse lá, você simplesmente iria em frente ou iria
manda-lo embora.
— Ele disse isso? — eu estava impressionado.
— Disse. — ele confirmou. — Embora eu tenha achado
um pouco ingenuidade da parte dele acreditar que existia a
possibilidade de você manda-lo embora. Nem que fosse
apenas para compensar toda a irritação que você sentiu
por ele em todos os anos em Hogwarts, ainda me lembro de
você reclamando de Potter no dormitório da sonserina.
— Apenas isso não bastaria. — eu ponderei. — Eu não
teria feito com Weasley, por exemplo, por mais que ele
tenha me irritado na época da escola.
Meu corpo se arrepiava de asco ao imaginar a pavorosa
visão de Ronald Weasley nu.
— Ah… mas você e Potter tinham muita tensão sexual
acumulada. — a voz de Zabini era maliciosa. — Você já
tinha elogiado os dotes físicos dele quando ele esteve na
Mansão para averiguar a denúncia do Julian.
— Isso é verdade. — eu tinha que admitir, ele estava
certíssimo nas suas afirmações. — Mas eu quero saber… o
que exatamente ele te disse? Ele falou porque me
procurou?
— Sabia que você estaria interessado. — ele comentou,
com astúcia. — Eu te conto tudo que sei se você me der
detalhes de como foi.
Nada vinha de graça com Zabini. Mas anos na sonserina
já tinham me deixado acostumado com esse tipo de coisa.
— O que você quer saber? — eu perguntei, ríspido.
— Ele seguiu as regras? Ele chegou a dizer alguma
coisa? Você gostou dele? — ele questionou,
interessadíssimo.
— Ele foi um perfeito submisso. — eu falei, porque era
verdade. Em nada Potter perdia para os outros homens com
quem eu estivera em termos de seguir regras e se
comportar como um submisso. — Ele não chegou a dizer
nada, quando acabou ele se vestiu e foi embora.
Omiti a parte que ele tinha dito que tinha valido a pena,
não queria admitir que aquela frase estava me deixando
louco.
— E eu gostei dele. — me limitei a dizer. — Quero que ele
venha outra vez.
Talvez se Zabini dissesse isso a Potter, ele viria de novo.
— Não sei se ele está interessado. — Zabini disse, com
cuidado.
— O que afinal ele te disse? — eu questionei.
Precisava desesperadamente que Blaise parasse de me
enrolar e fosse direto ao ponto.
— Bom, ele veio até meu Departamento, pediu para ter
uma conversa particular. Ele foi muito educado todo tempo,
começou a dar a entender que estava curioso em
experimentar práticas BDSM, e que você tinha dito a ele
que eu te indicava parceiros sexuais. Inicialmente achei
que ele fosse querer que eu indicasse mulheres a ele, mas
ele falou que não só não estava interessado em mulheres,
como não queria um submisso. — ele fBalava.
A cena era difícil de imaginar.
— Ele disse que queria um dominador? — eu perguntei.
Não conseguia imaginar Potter pedindo aquilo. Mas
enfim, eu não imaginava que Potter seria capaz de fazer
nada que tinha feito naquela noite.
— Não exatamente, ele pediu que eu o indicasse
especificamente para você. — ele falou. — Mas ele também
falou que queria apenas uma noite.
Eu não tinha conseguido entender afinal porque ele tinha
procurado Zabini para pedir aquilo. Eu não sabia porque
Harry Potter tinha decidido me esperar ajoelhado em um
quarto na minha casa.
O que eu sabia é que aquela tinha sido a melhor noite de
toda a minha vida. Por Merlin, eu nunca tinha sentido tanto
prazer. Normalmente, uma ou duas noites com a mesma
pessoa costumavam bastar para que eu me
desinteressasse, mas Potter só tinha me deixado querendo
mais.
— Draco? — Blaise chamou, estranhando meu silêncio.
— Eu quero que ele seja meu. — eu ouvi as palavras
saindo da minha boca, me impressionando com a verdade
daquilo.
— Tão bom assim é? — ele deu um risinho. — Boa sorte…
Ele disse aquilo com ironia. Como eu, Zabini devia
imaginar que Potter não ia desejar se comprometer com
uma relação sub/dom. Mas ainda assim eu o queria,
desejava tê-lo em minha cama sempre que desejasse,
embora essa fosse uma vontade que dificilmente se
realizaria. Mas se ele se dispusesse a vir pelo menos mais
uma vez… eu já me daria por satisfeito.
—/—
Uma semana se passou e eu ainda não tinha procurado
Harry Potter. Eu tinha decidido esperar alguns dias, para
não parecer que estava desesperado para encontra-lo de
novo (embora houvesse nisso um fundo de verdade).
Eu estava, também, muito focado em um caso muito
sério que eu estava defendendo. Era uma mulher com cerca
de 30 anos esposa de um bruxo partidário do Lorde das
Trevas — minha cliente se chamava Katherine e seu marido
era Richard Mehothewn, herdeiro único de uma antiga e
rica família bruxa. Ele não chegava a ser um comensal da
morte, mas tinha passado informações que ajudaram o
Lorde das Trevas, então tinha sido condenado a 6 anos em
Azkaban.
No último mês ele tinha sido solto, porém, minha cliente
Katherine já tinha refeito sua vida e se envolvido com um
outro homem. Quando Mehothewn foi libertado após
cumprir sua pena, não ficou nada feliz com a situação,
recusou o divórcio e começou a ameaça-la. Com medo,
Katherine buscou proteção do Ministério e entrou com um
processo contra Mehothewn, para conseguir se divorciar e
garantir sua segurança.
Era um caso difícil, pois Mehothewn era muito rico e
tinha muitos conhecidos no Ministério, tinha subornado
muita gente, razão pela qual só passara 6 anos em Azkaban
enquanto outros partidários do Lorde das Trevas ainda
apodreceriam por muitos anos na prisão, mesmo os que
nunca receberam a Marca Negra.
Para piorar, no dia anterior eu tinha recebido no meu
escritório algumas cartas contendo ameaças por estar
defendendo Katherine. Notifiquei o Ministério, e naquele
dia de manhã o chefe da Seção de Aurores tinha me ligado,
dizendo que cuidariam da minha proteção, e pedindo para
que eu os avisasse de meus movimentos.
Eu conhecia Mehothewn o suficiente para saber que ele
era capaz de coisas horríveis. Mas poderia ter jurado que
ele não seria capaz de me atacar em um local público,
afinal isso destruiria a sua reputação. Portanto, resolvi ir
até o Beco Diagonal, despreocupadamente, em um horário
livre no meio da tarde, no qual eu não tinha nenhuma
reunião marcada.
Eu precisava ir à botica comprar mais poção para dormir.
As minhas doses tinham terminado e desde o fim da guerra
eu não conseguia dormir sem o auxílio de uma poção.
Caminhei pelo beco com certa tranquilidade, havia
poucas pessoas pelas ruas, pois fazia um dia chuvoso e frio.
Quando me aproximei da loja comecei a perceber uma
movimentação estranha atrás de mim, percebi que estava
sendo seguido por quatro homens que eu conhecia de vista,
do círculo de conhecidos do meu pai. Um deles, eu
reconheci de longe, era Mehothewn. Merda! Pelo jeito ele
era louco o suficiente para tentar alguma coisa em plena
luz do dia, no Beco Diagonal. E eu nem sequer tinha
avisado os Aurores, tinha achado que era só uma visita
rápida à botica e que não havia necessidade.
Entrei na Floreios e Borrões, que era a loja mais perto de
mim, por impulso, visando despistar os meus
perseguidores. Mas não havia ninguém na loja além de uma
mocinha que trabalhava como vendedora. Era um péssimo
sinal, eu tinha escolhido uma loja vazia. Eu estaria mais
seguro em um local mais movimentado.
Quando me virei para sair da loja, no entanto, os quatro
homens já adentravam, e o último trancou a porta atrás de
si.
— Ora ora, se não é o traidor do sangue Draco Malfoy. —
Mehothewn disse. — Lúcio deve estar se revirando no
túmulo.
Os quatro empunharam a varinha na minha direção. Eu
não tinha a menor chance de me defender contra eles
quatro. A vendedora estava estática, olhando a cena
relativamente de longe, parecendo indecisa sobre se
deveria se aproximar e entender o que estava acontecendo.
Um deles avançou para mim, me segurando, arrancando
a varinha da minha mão; enquanto Mehothewn segurou
meu queixo com a mão forçando-me a olhar para ele.
— Você vai ficar fora disso. — ele me intimou. — Não vai
defender aquela vadia no julgamento. Entendeu?
— Não. — eu disse, em um impulso.
Depois me puni mentalmente. Eu deveria ter fingido
concordar, era péssima ideia bater de frente com aqueles
quatro sozinho em uma livraria.
Mehothewn aproximou a varinha do meu pescoço e eu
esperei pela maldição que viria. Mas quase que
imediatamente vi um pé passar pela minha frente,
chutando longe a varinha de Mehothewn.
Olhei para o lado, era Harry Potter que tinha se
materializado magicamente ao meu lado.
Potter petrificou Mehothewn com um feitiço, o bruxo que
me segurava me jogou violentamente no chão, e eu bati a
cabeça com força em uma estante, sendo atingido por
vários exemplares de um grosso livro de História da Magia.
Tonto pela batida, tentei levantar a cabeça e olhar para
Potter.
Ele lutava com os três bruxos que restaram de forma
impressionante. Era um exímio duelista, o mais talentoso
que eu já tinha visto. Os três lançavam maldições de forma
incessante contra Potter, que as bloqueava com maestria.
Ele estuporou o bruxo que me empurrara contra a estante,
e ele caiu inconsciente no chão.
Os dois outros já percebiam que sozinhos não seriam
páreo para o Eleito, um deles tentou sair correndo porta a
fora, mas Potter o fez cair com um feitiço petrificante.
Restou apenas um, que se vendo sozinho, largou a varinha
e levantou as mãos em sinal de rendição.
Potter lançou nos quatro um feitiço que algemava
magicamente os pés e as mãos, confiscando suas varinhas,
a fim de ter certeza que o perigo tinha passado. E então,
correu para mim, ajoelhando no chão ao meu lado.
— Você está bem? — seu tom era preocupado.
Ele tocava meus braços, meu rosto, procurando sinais de
ferimentos.
— Estou bem. — eu disse debilmente. — Me sinto um
pouco tonto.
— Você bateu a cabeça, há um corte em sua testa. — ele
disse, segurando meu rosto.
Ele lançou um feitiço de primeiros socorros, estancando
o ferimento.
Minha cabeça latejava. Eu sentia uma vontade imensa de
dormir. Deixei meu corpo cair de lado e fechei os olhos.
— Não, não durma. — ele ergueu meu corpo nos braços.
— Você bateu a cabeça, precisa ficar acordado.
Neste momento, a vendedora da loja achou que já estava
segura e veio na nossa direção. Eu a tinha visto abaixada
atrás de outra estante, apavorada, quando fui jogado no
chão. Agora a mocinha veio rapidamente e ajudou Potter a
segurar meu corpo erguido.
Harry lançou um patrono, vi um veado prateado
atravessar a loja, ele lançava uma mensagem para o chefe
dos Aurores, para que ele viesse imediatamente, com
reforços. Menos de um minuto depois quatro aurores
adentravam a Floreios e Borrões.
— Malfoy foi seguido. — ele explicou. — Eles o
encurralaram aqui, o ameaçaram para que ele não
defendesse Katherine. Eu o estava seguindo com a capa de
invisibilidade.
— Mehothewn. — disse um dos aurores, se aproximando
do corpo petrificado do bruxo.
— Vamos levá-los para a Seção de Aurores. — o auror
chefe ordenou. — Parabéns Auror Potter, eles eram muitos,
até mesmo para você.
Vi Potter ruborizar com o elogio. Ele realmente tinha sido
incrível. Era um bruxo sem igual, ele tinha duelado de um
modo que eu nunca tinha visto antes.
— Eu vou levar o Malfoy, encontro vocês lá. — Ele falou.
— Chamem um medibruxo.
— Não é preciso. — eu falei, fracamente.
Harry Potter me ignorou por completo. Vi os quatro
aurores aparatarem, cada um com um dos bruxos
imobilizados.
Ele ergueu meu corpo, me colocando de pé. Ele passou
os braços ao redor da minha cintura. Eu sentia que
começava a recuperar o equilíbrio.
— Segure-se em mim com força. — ele pediu. — Você não
está bem, não quero que corra o risco de estrunchar.
Me agarrei nele, preparando-me para a aparatação. Em
poucos segundos, senti que meu corpo deixava a Floreios e
Borrões e eu adentrava um pequeno escritório, no
Ministério da Magia.
— Onde estão os outros? — eu perguntei, me referindo
aos aurores e aos bruxos capturados.
— Os aurores estão levando os homens que te agrediram
para as salas de interrogatório, elas são completamente
seguras, não se pode fugir delas. — Harry me explicou. — A
essa altura alguém já estará notificando o chefe do
Departamento de Execução das Leis da Magia, para que
eles possam aguardar julgamento em Azkaban.
— Isso vai fazer com que a vitória de Katherine no
julgamento seja certa. — eu comentei. — Nunca pensei que
Mehothewn pudesse ser tão idiota.
— Mehothewn está ensandecido, ele perdeu muito de sua
capacidade de raciocinar com clareza durante esses anos
em Azkaban. — ele comentou. — Os outros três homens são
mercenários, ele tinha dinheiro o suficiente para convencer
alguns bruxos a se juntar a ele.
Naquele momento um medibruxo adentrou a sala. Ele me
examinou e fez alguns feitiços que fecharam
completamente o corte em minha cabeça e me fizeram me
sentir muito melhor. Harry Potter não saiu do meu lado em
momento nenhum, e não deixou o medribruxo ir embora
até que o homem garantisse em alto e bom som que eu
ficaria bem.
Eu me senti estranho com aquele gesto. Ele me encarava
de forma tão protetora, seus gestos e seu tom eram
cuidadosos e preocupados. De alguma forma, eu gostei
daquilo. Eu estava por conta própria a tanto tempo, era
estranho sentir esse tipo de ligação com alguém.
Ele só está fazendo isso porque é o trabalho dele, ele é
um Auror, eu tentava raciocinar. Não podia me deixar
envolver tão rapidamente com ele.
Tentei me concentrar quando um funcionário do
Departamento de Execução das Leis da Magia veio colher
meu depoimento sobre o que havia acontecido. Potter saiu
do escritório, me deixando sozinho com o homem. Eu
respondi às perguntas a respeito de como tinha sido
atacado, e deixei uma declaração escrita do ocorrido.
Tão logo terminei meu depoimento, fui liberado.
Saí da sala, e para minha surpresa, Potter estava parado
no corredor, me aguardando. Ele deu dois passos rápidos
na minha direção, colocando uma mão displicentemente no
meu ombro.
— Como você está se sentindo? — ele perguntou, os
olhos repletos de algum sentimento que não pude
identificar.
— Bem, foi por pouco, mas graças a você não chegou a
acontecer nada mais grave. — eu falei, em tom de
agradecimento.
— Quando você pega casos que te põe em risco assim,
tem que seguir as orientações dos aurores, tudo bem? Você
deveria ter avisado que iria ao Beco Diagonal. — ele falou
com seriedade, mas sua voz estava calma, quase terna.
— Como você soube? — eu perguntei, com curiosidade.
— Eu sabia que você não ia querer nos notificar sobre
cada um dos seus passos, você é teimoso demais para isso.
— ele deu um pequeno sorriso. — Então eu resolvi cuidar
de você de perto, estava te seguindo desde que saiu do
escritório.
Eu senti algo estranho em meu peito com aquelas
palavras. De certa forma ele me conhecia, sabia o que
esperar de mim, e tinha se preocupado, tinha zelado pela
minha segurança.
— Potter. — eu o encarei com os olhos intensos. — Eu
quero você outra vez.
Eu disse aquilo em um impulso. Ele estava tão perto, seu
cheiro me inebriava. Parecia que nunca tínhamos estado
tão próximos como naquela tarde.
— O que? — ele se sobressaltou com a mudança brusca
de assunto.
— Eu quero que você volte àquele quarto, na Mansão. —
eu disse, com todas as letras, como uma ordem. — Quero
que você esteja lá às 19h. Meus elfos vão receber você,
como da outra vez.
Ele me olhava como se eu tivesse enlouquecido, os olhos
levemente arregalados. Ao que parece, Potter não esperava
que eu retornasse àquele assunto, que eu pedisse a ele
para vir até mim novamente.
— Eu te encontro no quarto. — eu disse, me afastando
dele. — Se você me quiser também…
E me virei de costas para ele, indo embora. Tinha sido a
minha vez de deixa-lo sem palavras.
Capítulo 5

FAVOR, NÃO DÊ SPOILERS E NEM FAÇA


COMENTÁRIOS INADEQUADOS. SE VOCÊ É
IMATURO PARA LER CENAS BDSM OU CONTEÚDO
SEXUAL DE MANEIRA GERAL, NÃO COMENTE
NESSE CAPÍTULO.
CAPÍTULO 5
NARRADO POR DRACO MALFOY
Eu entrei no quarto de BDSM às 19:15.
— Parece que você me quer também. — eu disse ao
encontrar Potter ali de novo, de joelhos como um submisso.
Eu mal conseguia acreditar que Harry Potter estava
fazendo aquilo outra vez. Por Merlin, normalmente os
homens que vinham até mim era pessoas submissas de
fato, mas sem dúvida Potter não tinha uma única célula
submissa em seu corpo. Eu tinha visto ele duelar de forma
sobre humana com os homens que tinham me atacado
naquela tarde, ele lutara com três bruxos ao mesmo tempo,
sem qualquer dificuldade. Depois, tinha me arrastado para
o Ministério, agido de forma completamente protetora em
relação a mim.
E agora estava ali, ajoelhado aos meus pés, submetido,
pronto a aceitar qualquer coisa que eu fizesse com ele.
— Sim, senhor. — ele respondeu, submisso.
Ele me olhava, conforme eu tinha ordenado na última
vez. Normalmente eu ordenava que meus submissos
olhassem para baixo, mas com Potter eu preferia assim,
algo nos olhos dele me excitava demais.
— Por que? — eu quis saber.
Estava curioso demais para deixar passar. Eu precisava
saber o que tinha levado Potter até mim.
— Senhor? — ele perguntou, respeitosamente, como se
não esperasse a pergunta.
— Eu quero que você me diga porque pediu a Zabini para
vir aqui na semana passada. — eu falei, olhando para ele de
cima. — E quero que me diga porque quis vir de novo.
Eu estava decidido a ver respondidas todas as perguntas
que me tiraram a paz na última semana. Vi ele respirar
fundo, como se tentasse se acalmar para responder.
— Quando eu estive aqui no mês passado e vi esse
quarto, vi o senhor depois de tantos anos, eu não consegui
parar de pensar. Eu sonhava com isso de noite, eu desejei o
senhor. Então eu pesquisei um pouco sobre esse tipo de
sexo, eu fui a um desses clubes com a minha capa da
invisibilidade, vi coisas lá que eu aceitaria fazer, outras
não. Mas eu te queria, então procurei Zabini e decidi
arriscar. — ele falou, a voz calma. — O senhor me deu
muito prazer, e por isso eu voltei.
Meu pênis se apertava violentamente na minha calça
depois daquela explicação. Eu sabia bem o tipo de coisa
que se podia ver nesses clubes, alguns dominadores eram
também sádicos, tinham prazer em causar dor, faziam
algumas coisas que machucavam, puniam seus submissos.
Eu não tinha interesse em nada daquilo, eu só gostava da
dominação sexual.
Mas Potter não sabia disso, ele não sabia se quando
chegasse aqui eu iria querer machuca-lo ou não. Mas ainda
assim ele veio, deixou-me conversar com ele sobre seus
limites e confiou que eu não faria nada que ele não
desejasse. Blaise havia me informado que Harry não era
um praticante de BDSM, mas ainda assim, ele tinha me
desejado o suficiente para arriscar. E mais: tinha gostado
tanto da última vez que tinha voltado.
— Então, você realmente nunca tinha feito nada parecido
antes? — eu quis confirmar o que meu amigo tinha me dito.
— Não, senhor. — ele falou.
— Você já ao menos tinha transado com um homem?
— Não, senhor. — ele falou de novo, com simplicidade.
E uma espécie de possessão me invadiu por ter sido o
primeiro homem a tocar Harry Potter.
— Nós nunca nos entendemos, em Hogwarts a gente se
odiava. — eu falei. — Você não sentiu medo que eu fosse
horrível com você? Que eu sentisse a necessidade de me
vingar por algo do tempo da escola?
— Sim, senhor. — Potter respondeu, uma ruga de
preocupação se formando em seu rosto.
Acariciei seu cabelo para apaziguá-lo, eu não queria
fazer mal nenhum a ele, embora houvesse uma espécie de
prazer secreto em ver justo Potter submetido a mim
daquela maneira. O Santo Potter, o heroizinho da
Grifinória, o Eleito, o Salvador do Mundo Bruxo — como o
chamavam agora.
— E mesmo assim você arriscou. — eu comentei, não era
uma pergunta. — Você sempre foi estupidamente corajoso.
Em qualquer outra instância, ele teria respondido a
provocação. Ali, vi Potter lutar para controlar a expressão e
permanecer em silêncio.
— Eu vejo você tentando resistir à vontade de me
responder. — eu sorri para ele, sarcástico. — Por tudo que
conheço de você, depois de tudo que passamos hoje à
tarde, é mais do que óbvio que você não é nenhum
submisso, Potter. Você não está procurando um dominador,
não deseja ser como aquele garoto John, o submisso de
Zabini.
Ele permaneceu em silêncio.
— Estou errado? — eu forcei uma resposta da parte dele.
— Não, senhor. Está certo em tudo que disse. — ele
respondeu, com simplicidade. — Mas entre as paredes
desse quarto quero ser seu submisso.
Minha ereção já me incomodava horrores.
— Eu quero estabelecer um acordo com você, Potter. —
eu falei, um pouco chocado com sua declaração. — Mas não
aqui, não agora. Por enquanto, preciso perguntar algumas
coisas. Você está bem com a ideia de ser vendado?
— Sim, senhor. — ele respondeu prontamente.
— Tudo bem. — eu sorri pra ele. — Eu sei que nós já
usamos um plugue na última vez, mas ainda quero
perguntar: você está bem com o uso de qualquer tipo de
brinquedo anal?
Ele ponderou um pouco sobre a pergunta, antes de me
responder.
— Eu não acho que estou pronto para algo muito grande,
senhor.
— Também não acho que você esteja. — eu o tranquilizei.
E então olhei pra Harry, e me senti no limite. Eu o queria
como nunca tinha desejado homem nenhum em minha vida.
O corpo dele era perfeito, os músculos bem desenhados,
Potter tinha se tornado um homem maravilhoso. Ele ali,
ajoelhado no chão, me chamando de senhor… eu estava tão
duro que não podia mais continuar só conversando com ele.
Eu desabotoei a minha calça com rapidez, retirando-a.
— Me chupe. — eu ordenei, acariciando o cabelo dele
com cuidado.
Agora eu sabia que Potter nunca tinha feito aquilo, mas
vi ele obedecer sem hesitação, um sorriso de satisfação no
rosto como se tivesse esperado muito para poder fazer
aquilo. Quando ele abocanhou meu pênis com gosto, eu
percebi que ele realmente queria me chupar, e isso me
deixou ainda mais excitado, se é que aquilo era possível.
Ele me chupou deliciosamente, sem qualquer pudor,
abrindo espaço entre seus lábios para mim. Eu via ele
engasgar encantadoramente quando meu pênis batia em
sua garganta, mas isso não o fazia se afastar. Comecei a
movimentar-me para frente, fodendo aquela boca deliciosa.
Meu corpo começou a dar sinais de que meu orgasmo
estava vindo, então me retirei de dentro da boca dele.
Eu me afastei levemente.
— Abra a boca. — ele obedeceu imediatamente.
Eu massageei meu membro por alguns segundos e logo
gozei, vendo meu sêmen se espalhar na boca de Potter,
escorrer pela sua bochecha e seu pescoço. Ele engoliu tudo
o que pôde. Puxei o corpo dele para cima e o colei no meu,
ele estava completamente duro, excitado por termos feito
aquilo.
Eu juntei meus lábios aos dele com ânsia e mergulhamos
em um beijo glorioso, com gosto de saliva, gozo e
excitação. Ele me respondia com urgência, querendo mais
de mim, e eu dava tudo o que ele pedia, explorando sua
boca com a língua, chupando seus lábios, mordendo-os, até
que a boca dele estivesse avermelhada pelo beijo.
Quando afastei nossos lábios Potter me encarou com
seus lindos olhos verdes, eles estavam febris, havia um fogo
incontido ali dentro. Ele ofegava, os lábios inchados
entreabertos, sua ereção forçava-se contra o meu corpo.
— Potter, você aprende rápido… — eu suspirei, referindo-
me ao incrível boquete que ele tinha realizado. Nem
parecia que ele jamais tinha feito aquilo.
— Senhor, posso pedir uma coisa? — ele me disse,
inseguro.
Era importante que eu soubesse o que ele desejava,
mesmo que fosse minha decisão atende-lo ou não. Uma
relação entre um submisso e um dominador, mesmo que
fosse apenas sexual, precisava ser sempre de confiança, eu
precisava confiar que ele me diria se fosse demais para
aguentar, se ele quisesse que eu parasse.
Eu queria que ele viesse de novo, meu desejo por Potter
era latente, eu não queria correr riscos de ultrapassar seus
limites e afastá-lo.
— Eu quero que sempre peça o que deseja, Potter. — eu
falei para ele. — Embora eu nem sempre vá atender. Mas
se não gostar de algo, você precisa usar as palavras de
segurança, tudo bem?
Eu não costumava falar de forma tão gentil, mas algo
nele me impelia a agir daquela forma. Harry Potter era tão
honrado, tão bom. Ele tinha salvado minha vida naquele
dia, afinal.
— Tudo bem. — ele assentiu. — Eu queria que o senhor
me chamasse de Harry.
Aquilo me desarmou de uma maneira que eu nem
consigo explicar. Normalmente eu chamava meus
submissos pelo primeiro nome, eles eram meus, eu poderia
chama-los com aquela intimidade. Mas eu conhecia Potter
há anos, já estava acostumado a me referir a ele com certo
distanciamento, sempre pelo sobrenome. Mas ele queria
mais, mais proximidade, mais intimidade entre nós.
— Harry. — eu testei seu nome nos meus lábios, vendo-o
sorrir.
O sorriso dele era a coisa mais linda que eu já tinha visto
na vida. Eu acariciei seu rosto e dei um beijo leve em seus
lábios. Queria que ele fosse meu, queria vê-lo de novo
gemer e se submeter a mim. Puxei ele pela mão levando-o
para um móvel chamado cavalo, que era como uma mesa
preta acolchoada, que tinha no centro uma estrutura mais
alta, também acolchoada, feita para sustentar o corpo,
enquanto as pernas e braços apoiavam-se na parte mais
baixa do móvel. Ele se posicionou de quatro para mim, uma
perna para cada lado do equipamento, o corpo apoiado na
estrutura de couro.
Abri uma das gavetas, pegando uma venda, um
massageador de próstata e um pote de gel lubrificante. Eu
me aproximei do rosto dele, ele estava sério, parecia em
expectativa com o que viria em seguida. Coloquei a venda
sobre seus olhos, sem dizer nada. Caminhei para trás dele,
abrindo mais suas nádegas com as mãos, expondo-o para
mim. Ele se contraiu e depois relaxou.
Meu pênis pulsou novamente, enrijecendo. Merda, eu
tinha acabado de gozar! Eu precisava me controlar um
pouco mais, eu queria que nossa noite durasse mais tempo.
Vi Harry contrair e relaxar seu orifício mais uma vez, e
depois de novo, e a cada vez eu sentia que meu controle se
esvaia. Ele estava fazendo aquilo de propósito, para me
enlouquecer.
— Você é um safado, Harry Potter. — eu exclamei,
tocando sua entrada com a ponta do dedo.
Ele contraiu e relaxou novamente, fazendo com que meu
dedo sentisse seu movimento. Para quem nunca tinha
transado com um homem na vida até a última semana, ele
era surpreendente. Ele estava me provocando, me
excitando de uma maneira que eu não conseguia explicar.
Não era aquele meu plano imediato, mas aproximei meu
rosto das nádegas dele.
— Não pare. — ordenei.
Ele entendeu a mensagem e continuou contraindo-se
daquela maneira, eu o lambi com volúpia, molhando-o de
saliva. Minha língua sentia seus movimentos de contração e
eu precisei respirar fundo para não descer a mão para meu
membro que pulsava excitado.
Introduzi um dedo para dentro de Harry, ouvindo-o
gemer baixo. Comecei a movimentar devagar, preparando-o
como eu queria. Depois, acrescentei um segundo dedo e
mais tarde o terceiro, penetrando-o, sentindo que ele se
abria para mim. Ele movimentou levemente o quadril, seu
corpo mostrando que queria mais.
Peguei o massageador de próstata, que era uma espécie
de plugue de silicone, levemente curvado, com a ponta
arredondada, feito para atingir o ponto certo. Eu tinha
comprado recentemente em um sex shop trouxa, ainda não
tinha experimentado aquele modelo com ninguém. O
vendedor havia me dito que ele vibrava, intensificando as
sensações no corpo da pessoa.
Introduzi o massageador dentro de Harry, com um pouco
de gel lubrificante. Não era um objeto muito grande e eu o
tinha preparado bem, então sabia que ele não estaria
sentindo dor. Liguei o aparelho, conforme vinha nas
instruções. Havia um controle que eu podia usar para
aumentar a intensidade da vibração. Quando o
massageador começou a vibrar a reação de Potter foi
imediata.
— Aaaaah. — ele soltou um gemido alto, surpreso com a
vibração.
Vi ele se mexer, movimentando o quadril em torno do
objeto. Percebi que sua cabeça se movia, talvez tentando
descobrir onde eu estava. Mas ele estava muito bem
vendado. “Estou bem aqui, com a melhor vista” eu pensei,
rindo comigo mesmo.
Aumentei a velocidade da vibração com o controle.
— Aaaah. — Harry gritou.
Fiquei observando-o, hipnotizado. Ele gemia e gritava
conforme os minutos se passavam e a vibração em seu
anterior o massageava sem piedade, estimulando seu corpo
incessantemente. Vi que ele começava a intencionar levar a
mão ao seu membro, completamente rijo.
Segurei seu pulso para impedi-lo.
— Não se toque. — ordenei.
Vi ele trincar o maxilar e suportar por mais um tempo o
estimulo em seu interior. Até que diminui o movimento com
o controle, até cessar e retirei o massageador de dentro
dele. Percebi que ele ofegava e o corpo dele tremia
levemente de prazer.
Voltei às gavetas e retornei com um conjunto de bolas
tailandesas. Eram cinco bolinhas, de tamanho médio,
presas por um fio. Sem qualquer aviso introduzi a primeira
no orifício já dilatado de Harry.
— Humm. — ele suspirou.
— Há mais quatro. — eu disse, para que ele ficasse em
expectativa.
Introduzi a segunda e ele se empinou mais na minha
direção. Excitado com sua reação favorável, coloquei as
outras três bolinhas restantes dentro dele, deixando apenas
um pedaço de fio e uma argolinha para fora do corpo de
Harry. Dei um passo para trás para admirá-lo, ele era
perfeito ali, naquele momento, completamente meu.
— Levante-se. — eu ordenei.
Eu o ajudei a sair do móvel e a ficar de pé, ao meu lado,
já que seus olhos ainda estavam cobertos pela venda. Sua
ereção projetava-se para cima, lubrificada pelo pré gozo.
Seu rosto estava avermelhado, suas pernas pareciam ter
dificuldade de mantê-lo de pé. Eu o tinha levado ao limite,
estimulando seu corpo daquela maneira e o impedindo de
se tocar. Seu corpo implorava por um orgasmo.
Eu o levei pela mão até a cama, onde ordenei que
deitasse de barriga para cima. Ele ergueu as pernas,
expondo-se para mim, como eu adorava. Tomei seu pênis na
mão, masturbando-o por alguns segundos. Harry gemeu
alto, ele estava excitado demais, eu sabia que ele não
duraria muito.
Quando sua respiração se tornou mais ofegante, vi seu
orgasmo vindo e puxei as bolinhas de seu interior de uma
única vez, potencializando seu prazer. Harry Potter gozou
gloriosamente em minhas mãos, gritando, gemendo, com os
olhos ainda vendados, completamente entregue a mim.
Retirei a venda de seus olhos e me posicionei no meio de
suas pernas, deitando-me parcialmente por cima dele,
apoiado nos antebraços. O tomei para um beijo urgente e
excitante. Sua língua passeava pela minha boca, tentando
obter mais de mim. Eu retribuía seu fervor, o queria tão
intensamente quanto ele parecia me querer.
— Você me quer dentro de você? — eu perguntei.
Queria muito ouvir ele dizer.
— Sim, por favor. — ele gemeu, os braços ao redor do
meu pescoço, me desejando mais perto.
Me posicionei na cama sentado, com o corpo reclinado
para trás, apoiado nos braços. Ordenei que ele se sentasse
em meu colo, com uma perna de cada lado do meu corpo.
Encaixei meu pênis na entrada do corpo dele e puxei seu
quadril para baixo, me fazendo enterrar para dentro dele.
— Aaah… — eu gemi. — Você é delicioso.
A respiração dele era entrecortada, eu sabia que ele
sentia um pouco de dor pela invasão, então esperei alguns
segundos para que a dor cedesse. Eu não queria machuca-
lo, queria que ele enlouquecesse de tanto prazer, que se
sentisse completamente meu.
Ele começou a se movimentar levemente sobre mim e
entendi que ele queria mais. Comecei a arquear o quadril
na direção dele e puxar seu corpo para cima e para baixo.
Eu já estava completamente excitado, seu corpo me
envolvia em contrações, eu o beijava com voracidade,
sentindo o gosto do seu peito, seu corpo, seu pescoço.
Algum tempo depois, gozei com sofreguidão,
derramando-me para dentro dele, sentindo-o me envolver.
Quando acabou, e eu saí de dentro dele, o tomei nos
braços, envolvendo sua cintura com força.
— Precisamos conversar. — eu disse, os lábios contra sua
orelha.
Capítulo 6

CAPÍTULO 6
NARRADO POR HARRY POTTER
Todo meu corpo estremecia em espasmos, aquela noite
tinha sido tão intensa quanto a primeira. Eu tinha voltado à
Mansão Malfoy sem pensar duas vezes, quando Malfoy me
dissera no ministério que me queria de novo. Eu estava
louco para me sentir daquela forma de novo, para ter o
corpo dele junto do meu, para poder tocá-lo.
— Precisamos conversar. — ele disse com seus lábios em
minha orelha, fazendo meu corpo arrepiar.
— Sim, senhor. — eu murmurei.
Era potencialmente erótico e inacreditavelmente fácil
falar com ele dentro daquele quarto. Parecia que ali eu era
livre para dizer qualquer coisa, sem pudor, ali eu não era
mais o mesmo Harry Potter que eu era em todos os outros
lugares. Foi impressionante como as palavras tinham
escapado da minha boca naquela noite, diante das
perguntas de Draco. Eu tinha admitido que sonhava com
ele, que o desejava, tinha dito as razões que me levaram
até ali, tinha deixado claro meu prazer, o quanto eu
adorava ser seu submisso entre aquelas paredes.
— Não aqui. — Ele falou, se afastando para me olhar.
Não ali? Eu estava levemente em pânico. Não queria sair
daquele quarto. Do lado de fora seríamos Malfoy e Potter,
os mesmos de sempre, com o mesmo distanciamento. Do
lado de fora eu não conseguiria falar com ele sobre nada
que se passava entre nós.
— O que houve? — ele perguntou, olhando para meu
rosto com preocupação.
Eu apenas baixei a cabeça.
— Você está bem? — Ele perguntou, quando viu que eu
não ia responder.
Existia uma espécie de gentileza na voz dele que eu
nunca tinha ouvido antes.
— Sim, senhor. — eu respondi brevemente.
— Venha. — ele me disse, me puxando para fora da cama
pela mão. — Se vista e me encontre na sala.
Ele saiu do quarto, me deixando alguns minutos sozinho.
Me vesti sem pressa. Não estava nenhum pouco ansioso
para aquela conversa. Não podíamos ficar como
estávamos? Quando ele me quisesse poderia me mandar
um bilhete e vice versa. Depois de pronto, saí do quarto
hesitante e desci as escadas até a sala de estar, que eu já
conhecia.
Malfoy me esperava lá vestindo uma calça jeans e uma
camisa verde clara.
— Potter. — ele disse, quando me viu.
E aquilo me fez murchar ainda mais. Do lado de fora
daquele quarto, eu não era mais Harry.
— Malfoy. — eu respondi no mesmo tom. Fora daquele
quarto, eu não era mais seu submisso.
Ele me ofereceu um lugar no sofá, e eu me sentei de
frente para ele. Ele também parecia um pouco inseguro
sobre o que dizer.
— Eu… eu acho que precisamos ter uma conversa sobre
isso que estamos fazendo. — ele falou em um único folego.
— Isso é mesmo necessário? — eu perguntei.
Ele pareceu se surpreender com a pergunta.
— Se quisermos continuar com isso, acho que sim, é
necessário. — ele respondeu, com calma.
Eu não disse nada, olhei para as minhas mãos. Esperei
que ele continuasse e dissesse o que pretendia.
— Porque você estava disposto a conversar comigo no
quarto mas não aqui? — ele não parecia irritado, apenas
curioso.
— Porque no quarto somos pessoas diferentes, com uma
relação diferente. — eu expliquei, um pouco constrangido
com a lembrança de nós dois juntos há poucos minutos
naquele cômodo.
Alguma compreensão parecia tomar conta do rosto dele.
— Isso é verdade. — Malfoy concordou. — Mas não
podemos fingir que fazemos sexo em uma espécie de
universo paralelo. Ainda somos eu e você lá, Potter.
A cada vez que ele me chamava de Potter, mais
desconfortável com aquela conversa eu ficava. Queria sair
dali o mais rápido possível, era melhor que ele fosse direto
ao ponto.
— Certo. — eu disse, objetivo. — Sobre o que você quer
falar?
Eu estava na defensiva, e Draco podia sentir isso em
minha voz.
— Eu quero ficar com você. — ele disse, os olhos
intensos. — Quero que você seja meu.
Eu olhei para ele com desconfiança.
— Achei que você não transasse mais do que umas
poucas vezes com a mesma pessoa.
— Zabini te disse isso? — ele perguntou, incomodado. —
Bom, é verdade que não tinha interesse em ter um
compromisso com ninguém, mas você é diferente.
— Diferente por que? — eu quis saber.
— Porque eu sinto que com você nunca vai ser o
suficiente. — ele disse, com franqueza. — Sempre vou
querer mais.
Eu sentia que algo amolecia dentro de mim quando ele
disse aquilo. Será que eu estava realmente me envolvendo
com Draco Malfoy? Para além do sexo? Aquela pergunta
vinha martelando na minha cabeça desde a tarde quando
eu tinha ficado tão preocupado com o ataque que ele tinha
sofrido, eu tentava dizer para mim mesmo que estava
apenas fazendo meu trabalho, mas no fundo eu sabia que
havia algo além disso.
Não! Eu não podia deixar aquilo ir a diante. Nunca iria
funcionar.
— Malfoy, isso nunca daria certo. — eu disse, com
sinceridade. — Você mesmo disse quando estávamos no
quarto que eu não era um submisso, não quero que você
controle a minha vida.
— Eu nunca quis ter um submisso fora da cama. — ele
rebateu. — Não tenho interesse nenhum em controlar
qualquer outra parte da sua vida.
— O que você quer de mim, afinal? — eu questionei, de
volta. Eu não estava conseguindo entender onde é que ele
queria chegar.
— Quero que você venha até aqui sempre que eu o
chamar e que se submeta àquilo que eu desejar fazer com
você quando estivermos no quarto de BDSM. — ele disse,
explicitamente. — E quero que você seja apenas meu, que
não se envolva com nenhum outro homem ou mulher.
— Não posso te dar nada disso. — eu respondi, embora
tivesse ficado um pouco excitado com o jeito como ele tinha
dito aquilo.
Ele parecia decepcionado com aquela resposta.
— Eu não entendo você, Potter. — ele respondeu,
irritado. — Em uma hora você parece me desejar, me
querer mais perto, mas agora você está agindo como se não
estivesse nenhum pouco interessado. Desde que você se
sentou aqui está na defensiva, querendo colocar um fim
nessa conversa o quanto antes.
— Eu desejo você. — eu disse, baixinho, deixando meu
olhar vagar para longe do rosto dele.
Eu não queria encará-lo. Mas não poderia mentir, eu o
queria tanto, o desejava tanto… As duas noites que eu tinha
estado com ele tinham sido tão incríveis, eu nunca tinha
imaginado que aquele prazer era possível.
— Então qual é o problema? — seu tom mudou de
irritação para preocupação, diante da minha declaração. —
Você se sentiu forçado a fazer algo que você não queria ter
feito? Alguma coisa te fez se sentir mal?
— No quarto? — eu perguntei, e sorri pela primeira vez
desde que estávamos ali na sala. — De jeito nenhum.
Ele se levantou da poltrona onde estava para vir se
sentar ao meu lado. Fez isso com calma, parecendo receoso
que um movimento brusco me fizesse ir embora.
— Quando estamos lá, o que você sente? — ele quis
saber.
Os olhos azuis acinzentados dele prendiam-se nos meus.
— Não vou responder a essa pergunta. — eu garanti
olhando para ele.
— Mas responderia se estivéssemos no quarto? — seu
tom de voz era rouco, eu identificava uma certa excitação
na forma como ele me olhava.
— Eu responderia à qualquer coisa que você quisesse
dentro daquele quarto. — eu disse, sentindo meu rosto
queimar.
— Zabini disse que você só me queria uma única vez,
inicialmente achei que você pudesse estar apenas curioso
pela experiência. — Draco falou, parecendo confuso. — Mas
quando estamos juntos você me parece tão entregue, tão
disposto, parece que realmente gosta de tudo que faço com
você.
— Eu realmente gosto de tudo o que você faz comigo. —
eu admiti, em voz alta. Não queria que ele ficasse confuso
quanto a isso.
Eu olhava para ele com intensidade. Seu rosto era tão
bonito, seus lábios pareciam tão próximos. Eu me peguei
desejando Draco Malfoy ali, fora do quarto de BDSM. Me
peguei querendo abraça-lo, beijá-lo… Não. Eu não podia
deixar aquele tipo de sentimento crescer dentro de mim.
Aquele era Malfoy e o que tínhamos era apenas uma
questão de prazer sexual.
— Então porque você não quer aceitar minha proposta?
— Draco questionou.
— É complicado, Malfoy. Uma coisa é nos encontrarmos
as vezes para transar, sem compromisso algum. — eu tentei
me explicar. — Outra é esse acordo que você quer, isso não
vai funcionar.
— Por que? — ele quis saber. — Eu quero entender…
quais são suas ressalvas?
— Eu não posso me comprometer a vir sempre que você
quiser, eu sou um Auror, eu saio em missões, e também
pode haver dias que eu simplesmente vou querer estar em
casa ou encontrar alguns amigos. — eu comecei.
Ele respirou fundo, dando um leve sorriso. Parecia
satisfeito que eu finalmente estivesse disposto a conversar
sobre um possível compromisso entre nós. Mesmo que eu
estivesse tão hesitante.
— Entendo que você não é um submisso, então acho que
você tem razão. Pode existir momentos que você não vai
poder vir, ou não vai querer vir. — ele falou. — Eu posso
lidar com isso.
— Tem certeza? — eu questionei, desconfiado. — Você
não quer alguém que esteja disponível o tempo todo?
— Eu não quero qualquer um, Potter, eu quero você. —
ele falou, me atordoando. — E é claro que eu gostaria que
você estivesse disponível para mim o tempo todo, eu passei
a semana todo excitado só de imaginar você, de lembrar do
seu corpo. Mas entendo que isso nem sempre será possível.
Quando ele falava aquelas coisas, eu sentia toda minha
resistência se esvair. Eu já me sentia excitado outra vez,
minha vontade era subir aquelas escadas o mais rápido
possível e me ajoelhar no chão, para ser dele o resto da
noite.
— É covardia você dizer essas coisas. — eu reclamei.
— Por que? — ele perguntou, curioso. Parecia não ver
nada de errado no que tinha dito.
— Porque me excita. — eu me esforcei a deixar o
constrangimento de lado para confessar aquilo. — E eu não
consigo pensar com coerência.
Ele abriu um sorriso safado para mim.
— Então eu te excito, mesmo fora do quarto… — ele
falou, vitorioso.
Seus dedos passearam pela minha nuca, enroscando-se
no meu cabelo. Meu corpo todo se arrepiou de prazer, eu
senti minha ereção apertar-se contra a minha calça. Eu
fechei os olhos e de repente estava entregue a ele outra
vez.
— Seja meu. — ele pediu com fervor, os lábios
encostando nos meus.
Aquilo estava indo longe demais. Ele não poderia ter
todo aquele efeito sobre mim. Me afastei em um ímpeto,
tentando clarear a minha mente.
— Malfoy, não é só essa a questão. — eu falei, abrindo os
olhos, buscando manter-me a uma distância segura do
corpo dele.
Ele parecia levemente decepcionado com o meu
afastamento, mas não parecia querer desistir.
— Certo, vamos conversar. — ele falou, visivelmente
tentando se controlar. — O que mais te incomoda nesse
acordo?
— Eu não posso me comprometer a aceitar que você faça
tudo o que quiser comigo. — eu falei com seriedade,
tentando me lembrar dos motivos que tinham me feito
recusar sua proposta em um primeiro momento. — Como
eu te disse antes, eu pesquisei sobre BDSM e encontrei
realmente muita coisa que eu não faria de modo algum.
— Isso são limites que a gente pode estabelecer juntos.
— ele disse sério. — Eu imagino as coisas que você viu
nesses clubes de BDSM, mas eu te garanto que não sou
nenhum sádico, não tenho qualquer prazer em causar dor.
Eu também não faço escatologias e não gosto de formas
extremas de humilhação.
— Eu vi alguns garotos sentindo muita dor e humilhação.
— eu falei.
Eu me lembrava de uma cena em um clube na qual o
dominador batia em seu submisso com uma vara, deixando
marcas vermelhas em suas costas e nádegas, enquanto ele
estava de quatro no chão áspero e frio, lambendo as botas
do seu dono.
— Algumas pessoas gostam de fazer isso, outras de se
submeter a isso. — ele se limitou a dizer. — Mas não é meu
caso, e nem o seu. Se nós chegarmos a um acordo, vamos
conversar para que eu entenda o que você está disposto a
fazer e o que não está. E de qualquer maneira, você sempre
pode se recusar a fazer algo, se você usar a sua palavra de
segurança, eu vou parar imediatamente. Ser meu submisso
não é uma espécie de acordo irreversível que te obriga a
fazer coisas que você não deseja.
Aquilo tinha, de certa forma, me tranquilizado. Eu
assenti com a cabeça.
— Desculpe-me se pareço idiota. — eu falei, em voz
baixa. — Mas eu não conheço muito sobre esse assunto,
não sei como funciona na prática.
— Você não parece idiota. — ele sentiu necessidade de
esclarecer. — Eu achei muito corajoso, você vir duas vezes,
sem saber ao certo o que esperar. Ainda mais sendo
comigo.
— Sim, você nunca foi muito com a minha cara. — eu
sorri para ele, me lembrando do tempo de escola.
— Acho que isso sempre foi recíproco. — ele se permitiu
sorrir também.
— Será que isso não vai nos atrapalhar, Malfoy? — eu
questionei, deixando escapar outra preocupação que eu
tinha. — Nós nunca nos entendemos bem.
— Acho que nos entendemos bem na cama. — ele falou,
sem se abalar.
— Mas se só nos entendemos na cama, porque esse
acordo é necessário? Porque falar em fidelidade se você
nem mesmo gosta de mim? — eu quis saber. — Não
bastaria que nós ficássemos como estamos? Nos
encontrando de vez em quando…
— Se você fosse qualquer outro, bastaria para mim. —
ele falou, aproximando-se de mim. — Mas eu te desejo de
uma forma como nunca aconteceu antes, não quero que
você esteja com ninguém além de mim. Quero que todo seu
prazer seja meu, que seus pensamentos sejam para mim.
E eu me peguei desejando aquilo, pertencer a Draco
Malfoy.
— Essa fidelidade é uma via de mão dupla? — eu
questionei, desconfiado.
— É, Potter. — ele me garantiu, sorrindo abertamente. —
Eu também seria seu.
Me vi sentindo uma espécie de satisfação com aquilo.
Percebi que eu não queria que ninguém mais estivesse com
Draco Malfoy, sentindo seu corpo, seu perfume, seus
toques.
— E eu acho que você está errado. — ele continuou a
falar, e então pareceu inseguro. — Eu gosto de você.
Arregalei os olhos com aquela informação.
— O que? — eu perguntei, sem conseguir articular nada
mais coerente.
Ele parecia constrangido pela primeira vez naquela
noite.
— Hoje, eu me senti muito bem por você ter ficado do
meu lado até o final. — ele falou. — Acho que talvez você
faça isso com toda pessoa que salva… mas ainda assim…
— Eu não faço. — eu garanti. — Mas não consegui sair de
perto de você hoje. Eu fiquei tão preocupado quando vi
aquele homem te jogar no chão, eu queria correr para você
na hora, mas não podia…
Quando dei por mim já tinha dito aquilo. Senti meu rosto
enrubescer pela minha própria confissão.
— Quando você apareceu, tive medo que eles nos
machucassem, eram muitos. — ele falou, e depois deu um
sorriso leve. — Mas logo percebi que eles não eram páreo
para você. Você é muito bom.
— Eu nunca permitiria que eles fizessem algo contra
você. — eu falei, a voz um pouco emocionada.
Eu queria, de certa forma, cuidar dele. Seus olhos
pareceram brilhar quando eu disse aquilo.
— Potter, por favor, me aceite. — ele suspirou, seu rosto
próximo do meu.
Eu podia sentir sua respiração, tudo o que eu queria era
beijá-lo. Deixei que meus lábios tocassem os dele com
leveza.
— Eu só tenho mais uma condição. — eu falei, baixinho.
— Qualquer coisa. — ele prometeu, as mãos no meu
pescoço, puxando-me para perto.
— Nunca mais me chame de Potter. — eu falei.
Os olhos dele se iluminaram.
— Eu… eu… não achei que você permitiria que eu te
chamasse pelo nome fora do quarto. — sua voz estava
entrecortada.
— Se você quiser um compromisso comigo, eu terei que
ser Harry no quarto e em qualquer outro lugar. — eu exigi.
— E eu gostaria, se você se sentir confortável, de poder te
chamar de Draco fora do quarto.
— Você pode me chamar do que quiser, Harry. — ele
falou, a voz rouca. — Até dentro do quarto, se você desejar,
pode me chamar de Draco.
Ele parecia disposto a qualquer negociação. Mas ele não
precisava mais batalhar, eu já era dele, já havia aceitado.
— De jeito nenhum. — eu sorri para ele. — Me excita
muito te chamar de senhor.
Ele me sorriu com a mesma malícia.
— Me excita também. — ele confessou.
Eu me aproximei para um beijo. Era o primeiro fora do
quarto de BSDM. Eu me perdi em Draco Malfoy, sentindo
sua língua, seus lábios.
— Eu aceito. — eu disse, em meio a um beijo, só para
deixar claro.
Capítulo 7

FAVOR, NÃO DÊ SPOILERS E NEM FAÇA


COMENTÁRIOS INADEQUADOS. SE VOCÊ É
IMATURO PARA LER CENAS BDSM OU CONTEÚDO
SEXUAL DE MANEIRA GERAL, NÃO COMENTE
NESSE CAPÍTULO. SE VOCÊ VER ALGUM
COMENTÁRIO INAPROPRIADO, MARQUE O USER
DRARRYFANFIC21 E ME AJUDE A IDENTIFICAR
PROBLEMAS.
CAPÍTULO 7
NARRADO POR HARRY POTTER
Nosso beijo era delicioso, urgente, os lábios dele era
doces e macios; seu hálito quente me inebriava
completamente. Eu já me sentia completamente acesso.
Me lembrei que ali eu não era submisso. Tomei a
inciativa e me mexi no sofá, passando uma perna para
outro lado do corpo dele, me sentando de frente para
Draco, em seu colo. Eu sentia, embaixo de mim, sua ereção
se pronunciar. Eu me mexi sobre ele, esfregando-me em
sua ereção, excitando-o.
— Você não presta. — ele disse, as mãos nas minhas
coxas, me puxando para baixo, friccionando seu corpo no
meu.
— Eu nem sabia que esse meu lado existia. — eu falei,
sorrindo.
Desde que eu tinha me envolvido com Draco, eu tinha
mudado completamente no que diz respeito a sexualidade.
Nas minhas relações sexuais, sempre havia certo
distanciamento, certa dificuldade de me envolver e deixar
as coisas acontecerem.
— Parece que eu desperto o que há de mais devasso em
você. — ele sussurrou, enquanto trilhava beijos no meu
pescoço.
— Você definitivamente desperta. — eu falei. — Eu não
era assim antes.
Ele acariciou meu rosto, parando de me beijar para me
olhar nos olhos.
— Você nunca teve interesse em nenhum homem? — ele
quis saber.
Eu me lembrei imediatamente de Philip. Eu não gostava
muito de pensar naquilo.
— Houve um Auror, que trabalhava comigo. — eu contei.
— Mas não foi a diante.
— Trabalhava? Não trabalha mais? — ele perguntou com
gentileza.
— Ele pediu para ser transferido para França, para
trabalhar em uma missão. — eu disse. — Logo depois de
trocarmos alguns beijos.
— Entendi. — ele disse, sério. — Ele fugiu do que sentia
por você.
Franzi as sobrancelhas, não tinha certeza se Philip
realmente havia gostado de mim.
— Acho que ele simplesmente não estava interessado. —
eu disse baixinho.
— Você ainda tem sentimentos por ele? — ele perguntou.
Havia um brilho estranho em seus olhos.
— Não. — eu respondi, com sinceridade. — Fiquei
chateado quando aconteceu, mas passou.
— Tem certeza? — Draco me intimou.
— Tenho. — acariciei o rosto dele. Seria possível que
Draco Malfoy estaria com ciúmes de mim? — Você não está
preocupado com isso, está?
— Estou. — ele falou como se estivesse surpreso consigo
mesmo por ter admitido aquilo. — Antes você disse que não
via sentido haver fidelidade entre nós.
Acariciei o rosto dele com calma.
— Não precisa. — eu sussurrei em seu ouvido. — Eu sei
que questionei se seria preciso a gente ser fiel um ao
outro… mas foi mais por medo do que outra coisa…
— Medo? — ele sorriu para mim. — Não achei que essa
palavra existisse no vocabulário do grande Harry Potter.
Ele não dizia em tom agressivo, mas como quem brinca
com alguém íntimo.
— Pra mim, dragões e bruxos das trevas sempre foram
mais fáceis de lidar do que relacionamentos. — eu brinquei
de volta.
Eu me peguei gostando daquele clima entre nós. Era
como se naquela noite eu tivesse conhecendo Draco pela
primeira vez. Conversar com ele daquele jeito, deixando
sentimentos aflorarem dentro de mim, sentindo meu
coração bater mais forte quando ele dizia certas coisas
sobre nós dois…
— Por que você teve medo hoje? — ele perguntou,
ficando sério de repente.
— Sinto medo de me envolver demais. — eu confessei. —
Desde que estive aqui investigando aquela denúncia, não
penso em outra coisa além de você. Eu tenho medo do
poder que você tem sobre mim, para além da parte sexual.
Draco me encarou com intensidade. Minhas palavras
pareciam ter mexido realmente com ele.
— Não tenha medo. — ele murmurou, puxando-me para
mais perto. — Porque eu também não consigo pensar em
mais nada, só em você.
— Que bom que você insistiu nesse acordo. — eu disse,
agradecendo aos céus que ele tivesse sugerido aquilo. —
Porque não quero te dividir com ninguém.
Eu avancei para ele, tomando-o para um beijo. Havia um
envolvimento real entre nós, que eu vinha tentando negar.
Draco não era apenas sexo para mim, nem eu para ele. Os
acontecimentos daquele dia tinham deixado isso bem claro.
— Quando você disse que nunca tinha estado com
homem nenhum, eu senti uma coisa quase que primitiva. —
ele declarou. — Você é meu. Ninguém jamais além de mim
vai tocar você, ninguém vai te dar prazer, ninguém mais vai
fazer você gozar…
Quando ele dizia essas coisas, eu me sentia
enlouquecido, excitado, entregue. Draco Malfoy sabia me
seduzir.
— Você está dizendo isso de propósito para me
enlouquecer. — eu reclamei.
Ele podia sentir minha ereção pressionada contra o
corpo dele.
— Você gosta quando eu digo que você é meu? — ele
mordeu com leveza o lóbulo da minha orelha.
Sua mão passou displicentemente sobre meu membro,
apertado pela calça jeans que eu usava. Eu assenti com
fervor, os olhos fechados, o corpo arrepiando diante do seu
toque.
— Eu sou completamente seu. — eu jurei.
Ele abriu o botão na minha calça com habilidade e
abaixou minha cueca, libertando minha ereção. Meu pênis
estava completamente duro e sensível por toda atividade
sexual que tivemos aquela noite.
— E ninguém mais vai tocar você aqui? — ele segurou
meu membro nas mãos, massageando-o.
— Ninguém mais. — eu jurei novamente. Estava louco
por ele. — Por favor, vamos pro quarto…
Ele pareceu surpreso com o pedido, parando de me tocar
de modo abrupto.
— Você quer voltar pra lá? — ele perguntou. — Você não
está com um pouco de dor?
Na verdade estava. Draco tinha introduzido aquele
objeto em mim, que vibrou dentro do meu corpo por uma
eternidade, massageando-me por dentro, me fazendo
gemer de forma ensandecida. Depois, me abrira ainda mais
com aquelas bolinhas, e por fim com seu pênis, que tinha
me tomado com tanto ímpeto que eu me sentia rasgar.
— Sim. — admiti. — Mas isso não tem a menor
importância.
— Claro que tem. — ele disse, a voz preocupada. — Se
nós formos para lá, eu não vou conseguir me conter. Vou
acabar fodendo você de novo.
— Eu gosto quando você me fode. — eu sussurrei em seu
ouvido.
— Ah… Harry… não faça assim… — Ele gemeu. Eu sentia
a sua ereção embaixo de mim, via em seus olhos que ele
estava perdendo o controle. — Eu estou tentando ser
gentil.
— Tudo bem. — eu sorri para ele. — Vamos nos
comportar.
Eu gostava de ver a preocupação que ele tinha comigo.
Ele parecia ter medo de eu me sentir forçado a alguma
coisa. Eu saí de cima dele devagar, me vestindo outra vez.
— Estou com fome. Você quer comer alguma coisa? — eu
perguntei. — Temos só mais algumas horas, eu queria ficar
com você.
Me senti constrangido de pedir aquilo.
— Como assim só temos mais algumas horas? — ele quis
saber.
— Nessa madrugada eu parto para França em uma
missão. — eu expliquei — as coisas pioraram lá.
Os ataques a trouxas estavam ficando preocupantes na
França. Nós vínhamos mandando auxílio para lá há meses.
Kingsley tinha me pedido para ir averiguar como as coisas
estavam no país, para fazer um relatório sobre a atual
conjuntura e entregar à Seção de Aurores da Inglaterra.
— França? — Draco estava visivelmente incomodado. —
Junto com o Auror que você namorou?
O ciúmes era latente em sua voz.
— Eu não namorei Philip. — eu expliquei, e então
coloquei minhas mãos sobre os ombros de Draco, virando-o
de frente para mim, para que ele me encarasse. — E eu não
estou indo atrás dele, eu estou indo fazer uma investigação
solicitada pelo meu chefe.
— Mas ele vai estar lá. — Draco estava muito
contrariado, parecia debater a questão internamente. —
Você vai encontra-lo.
Tenho certeza que se eu fosse seu submisso fora da
cama, ele me proibiria de ir. Mas não era o caso, não
tínhamos esse tipo de relação. Ele mesmo tinha dito que
não queria isso.
— É possível. — eu admiti. — Mas isso não vai fazer a
menor diferença para mim, mesmo se eu não estivesse com
você, continuaria não fazendo diferença alguma.
— Como você sabe? — ele me intimou.
— Porque ele simplesmente não me atrai em mais nada,
é um homem fraco, sem coragem, que preferiu se esconder
em outro país a me encarar. — eu expliquei.
— E se ele se arrependeu? — Draco deixava transparecer
sua insegurança. Isso me fazia ter vontade de cobri-lo de
certezas. — E se ele tentar alguma coisa?
— Ele pode sentir o que ele quiser, e tentar o que ele
quiser. — eu garanti. — Eu sou muito bom azarações, não é
como se ele fosse conseguir me forçar a alguma coisa.
— “Muito bom” é um eufemismo. — ele se permitiu
sorrir. — Tenho pavor de um dia te chatear.
— Eu nunca te machucaria. — eu disse, embora soubesse
que ele estava brincando. — Nem fisicamente, nem de
nenhum outro modo. Eu te fiz uma promessa, Draco, e eu
não quebro promessas. Essa viagem vai ser apenas
trabalho.
— Eu confio em você. — ele disse me puxando para um
abraço.
— Não quero que você se preocupe nem por um segundo.
— eu sussurrei em seu ouvido.
— Quanto tempo você vai ficar? — ele se afastou um
pouco para me olhar, mas continuamos abraçados.
— Em torno de uma semana. — eu falei. — A situação lá
se complicou muito.
Ele não perguntou exatamente o que estava
acontecendo, provavelmente porque sabia que eu não teria
autorização para responder. As ações dos aurores eram
sigilosas.
— Vai ser perigoso? — ele quis saber.
— Acho que não. — respondi com calma. — Eu não vou
atuar na França, minha missão é apenas ver como estão as
coisas e voltar para informar os outros aurores.
Draco se levantou de repente e foi me puxando pela mão
até a cozinha.
— Vem, vamos pegar algo para comer. — ele sugeriu.
Draco pegou alguns sanduiches e biscoitos na cozinha,
mas não parecia ter a intenção de comer ali, pois foi logo
saindo do cômodo, fazendo sinal com a cabeça para eu
segui-lo. Eu continuei atrás dele, passando novamente pela
sala de estar e subindo as escadas da Mansão; no segundo
andar, ele não virou a esquerda para onde ficava o quarto
de BDSM, mas a direita. Lembrei do dia que estive ali para
investigar a casa: aquele era um caminho para seu quarto.
Ele parou na frente da porta que eu me lembrava e me
pediu para abrir, pois suas mãos estavam ocupadas com as
comidas. Eu adentrei o quarto de Draco Malfoy pela
segunda vez na vida.
Ele colocou os sanduiches e os biscoitos em uma
mesinha ao lado da cama.
— Vamos nos deitar. — ele sugeriu.
Eu assenti com a cabeça, percebendo que tudo que eu
mais queria era ficar deitado ali com ele. Aquela intimidade
de estar junto em seu quarto, dividir a cama… eu me
peguei desejando aquilo. Tirei os sapatos e a calça jeans,
para me deitar com mais conforto. Ele também se despiu,
ficando apenas de cueca. Nós deitamos lado a lado.
— Agora que estamos juntos e faremos outras cenas, eu
gostaria de conversar com você sobre algumas práticas
sexuais, para entender o que você gostaria ou não de fazer.
— ele começou.
— Eu não tenho certeza do que eu gosto. — eu expliquei,
um pouco timidamente. — Minha experiência sexual é um
pouco limitada.
— Eu sei. — ele disse, a voz calma e tranquilizadora. —
Mas eu preciso saber o que você está disposto a tentar.
Eu assenti, e então Draco e eu passamos um longo tempo
conversando sobre limites e desejos. Ele falou sobre
diferentes práticas sexuais e uso de diversos tipos de
brinquedos e objetos, sempre tendo a certeza de me dar o
maior número de informações possíveis. E eu fui dizendo a
ele tudo o que eu acreditava que iria gostar, as coisas que
eu não queria de jeito nenhum, e aquilo que eu poderia
querer no futuro, mas que por enquanto não estava pronto.
Me surpreendi com o fato de ter desejado tentar a maior
parte das coisas que Draco sugeriu. De tudo o que ele disse
que gostaria de fazer, eu dei um não definitivo apenas para
o uso de sondas ou objetos na uretra, visto que a ideia me
agoniava muito. Depois que eu disse ’de jeito nenhum’, ele
nunca insistiu, e eu me senti mais confiante no fato de que
Draco respeitaria meus desejos.
Depois que tínhamos falado sobre tudo o que Draco
achou importante mencionar sobre o BDSM, começamos a
conversar sobre outros assuntos.
— Fiquei curioso sobre uma coisa. — ele falou, em
determinado momento. — Sobre o que é esse filme trouxa
você comentou quando viu meu quarto de BDSM pela
primeira vez?
— Cinquenta Tons de Cinza. — eu ri, lembrando-me da
primeira vez que me deparei com aquele firma na casa de
Alice e Duda. — O filme é sobre uma mulher, Anastasia, que
conhece um bilionário. Eles ficam muito interessados um
no outro, mas ele é um dominador, então ele propõe que ela
seja sua submissa.
— Ela aceita? — ele perguntou, sorrindo.
— Não realmente. Ele mostra para ela um contrato de
relação entre os dois, que fala dos limites rígidos entre
eles, dos limites brandos, palavras de segurança; e regras
que ela tem que seguir como alimentação, sono e exercícios
físicos. — eu contei. — Mas ela não é uma submissa e fica
muito insegura com a ideia, então eles vão fazendo alguns
testes, se aproximando… Até que um dia ela pede para ele
mostrar afinal até onde ele pode ir.
— Péssima decisão. — ele observou.
— Ele bate nela, eles brigam e ela vai embora. — eu
contei.
— O filme termina assim? — Draco se surpreendeu. —
Achei que você tinha dito que era um romance.
— Sim, depois tem mais dois filmes com a continuação da
história. — eu expliquei. — Eles voltam a ficar juntos,
porque estão apaixonados, e passam a ter um
relacionamento sem regras. No final acabam se casando,
ela engravida… enfim, a história acaba se tornando um
romance água com açúcar. Por isso que várias mulheres
trouxas adoram, até senhoras mais velhas.
— Um dia podemos assistir juntos. — ele sugeriu. —
Fiquei curioso.
Eu sorri. Imaginei nós dois fazendo uma coisa tão banal
como ver um filme. Nunca imaginei que um dia eu estaria
tão próximo de Draco Malfoy.
— Podemos sim. — eu falei. — Vou pedir o aparelho
emprestado para o meu primo. Não sei se funcionaria aqui,
pela aura de magia que a Mansão tem… mas podemos ver
no meu apartamento.
— Você e seu primo são muito próximos? — ele parecia
interessado na minha vida. — É esse que você foi criado
junto, não é?
— Duda é um ano mais velho que eu, ele é filho da irmã
da minha mãe, a minha tia Petúnia. Quando meus pais
morreram fui morar com eles. — eu contei. — Hoje eu e
Duda somos amigos, mas quando éramos crianças nos
odiávamos.
— Por que? — Draco perguntou, surpreso.
— Meus tios não me suportavam, tinham horror aos
meus pais, ao mundo mágico e consequentemente a mim.
— eu falei. — Acho que eles sempre incentivaram meu
primo a me odiar, mas depois que crescemos, ele começou
a pensar por si próprio.
— Eu não sabia que sua infância tinha sido assim. — ele
disse, como se sentisse muito.
— Foi muito difícil. Eu e Duda éramos tratados com
muita diferença. Para você ter uma ideia, Duda tinha dois
quartos enquanto eu dormia em um armário embaixo da
escada. — eu contei. Não fazia ideia do porque eu estava
dizendo aquilo para ele, mas eu queria compartilhar com
ele a minha vida.
Draco arregalou os olhos para mim. Ele estava bastante
surpreso.
— Isso é horrível. — ele acariciou o meu braço.
— Já passou. — eu sorri para ele, porque aquilo
realmente não me incomodava mais. Tinha ficado enterrado
no meu passado. — As coisas melhoraram muito quando eu
fui para Hogwarts, depois conheci os Weasleys, que eram
como uma família. Eu sempre passava boa parte das férias
de verão com eles.
— Seus amigos sabem de mim? — ele perguntou, de
repente. — Weasley e Granger?
— Não. Ainda não tive a chance de conversar com eles,
Ron e Mione tiveram um bebê recentemente, andam
bastante ocupados. — eu comentei — Mas eu vou contar
para eles, pelo menos o necessário.
— E o que seria “o necessário”? — ele perguntou,
sorrindo para mim.
— Por enquanto eu acho que o necessário é que eles
saibam que eu e você estamos juntos. — eu falei. — No
início vai ser uma grande surpresa, mas eles vão acabar se
acostumando.
— Eu pagaria o que fosse para ver a cara do Weasley
quando você disser que está saindo com Draco Malfoy. —
ele disse, malicioso.
Eu sorri de volta para ele. Era maravilhoso estar ali,
simplesmente conversando com ele. Passamos mais um
tempo daquele jeito, só falando sobre a vida, sobre os
planos que tínhamos, sobre as coisas que gostávamos. Era
estranho e ao mesmo tempo incrível sentir que eu passava
a conhecer Draco de verdade. A gente tinha passado tantos
anos estudando na mesma escola, assistindo as mesmas
aulas, mas eu nunca o tinha conhecido de fato.
Quando chegou a hora de ir embora, depositei um beijo
nos lábios dele, me despedindo. Ele me desejou boa sorte
na missão. Me vesti rapidamente e deixei a Mansão Malfoy,
chateado por ter que partir.
Capítulo 8

CAPÍTULO 8
NARRADO POR DRACO MALFOY
Para alguém que, como eu, tinha passado anos sem
nenhum contato com Harry Potter, aquela semana sem ele
tinha sido muito mais difícil do que eu esperava. Desde
aquela noite que tínhamos passado juntos — que pela
primeira vez tínhamos conversado sobre o que estava
acontecendo entre nós, e que ele tinha aceitado ter um
compromisso comigo — minha necessidade dele parecia ter
aumentado consideravelmente.
Era como se eu tivesse sentido uma espécie de felicidade
impressionante, como nunca tinha sentido antes, para que
logo depois ele partisse, me deixando com aquela sensação
de falta. Eu jamais admitiria em voz alta, nem para mim
mesmo, mas eu estava louco de saudades dele, e morto de
preocupação sobre como estava sendo aquela semana na
França.
Em primeiro lugar porque, pela primeira vez, eu tinha
parado para pensar em quão arriscado é seu trabalho. Eu
tinha conhecimento que um grupo de sangues-puros
aliados às artes das trevas na França estava atuando cada
vez mais fortemente, eu sabia que sua missão
provavelmente era sobre isso, embora eu não tivesse
perguntado, pois sabia que ele não poderia me responder.
Como Advogado, eu tinha ciência da legislação bruxa que
apontava como dever dos aurores sigilo sobre sua atuação.
Em segundo lugar, por causa daquele auror, o tal de
Philip. Eu tinha visto Harry murchar os ombros quando
conversamos sobre o tal homem, dando a entender que
tinha saído realmente magoado da relação. Ele tinha me
tranquilizado muito dizendo que não tinha mais interesse
em Philip, que não o deixaria se aproximar, e que não iria
quebrar as promessas que me fez. Eu acreditava em Harry
Potter, ele era o melhor homem que eu tinha conhecido na
vida, o mais íntegro.
Mas por outro lado, eu tinha buscado informações sobre
esse auror no Ministério. Tinha descoberto que Harry e ele
tinham se formado aurores juntos, com louvor, as duas
melhores notas da turma. Eu tinha visto uma foto do grupo
que se formou com Harry, e logo identifiquei Philip, ao lado
do Eleito; tinham me dito que os dois eram muito próximos.
O garoto, eu tinha que admitir, era muito bonito; um palmo
mais alto que eu, a pele bronzeada, os olhos esverdeados, o
rosto jovem com covinhas.
Será que Philip iria atrás de Harry? Será que tentaria
seduzi-lo? Será que seria capaz de reavivar nele
sentimentos já esquecidos?
Eu não tinha ideia de como entrar em contato com Harry,
ele já tinha me explicado que nessas missões a
comunicação poderia ser difícil. Mas três dias depois de
sua viagem, de manhã, um dos meus elfos, Dory, tinha
vindo me entregar um bilhete que aparecera na porta da
casa de manhã. Não estava assinado, mas eu sabia que era
dele. Dizia: “Estou bem, volto assim que puder”.
Algo em mim se aqueceu quando leu aquilo, e eu me vi
como um idiota, sorrindo para um pedaço de papel, porque
Harry tinha pensado em mim.
Naquele dia fazia exatamente uma semana desde sua
partida, eu tinha ordenado a Dory e aos outros dois elfos
que viviam comigo que a qualquer momento que Harry
aparecesse na Mansão, eles deveriam deixa-lo entrar. Se eu
não estivesse em casa, eles deveriam pedir a ele que me
esperasse.
Eu tinha passado o dia no escritório, analisando alguns
casos que eu estava defendendo, e até então não havia
qualquer notícia do retorno de Harry a Inglaterra. No final
da tarde eu já tinha perdido as esperanças que ele viesse
hoje, afinal ele nunca tinha me dado certeza do momento
da sua volta.
Quando já era perto da hora de eu sair, minha secretária
disse que eu tinha uma visita. Algo dentro de mim se
acendeu: seria ele? Mas antes que eu pudesse criar muitas
esperanças, a porta do meu escritório se abriu e Blaise
entrou.
— Ah é você. — eu bufei, incomodado.
— É com essa cara que você recebe um velho amigo? —
Blaise sorriu para mim, sentando-se sem cerimônia na
cadeira à minha frente.
— Desculpe Blaise. — eu suspirei. — Imaginei que fosse
outra pessoa.
— Essa pessoa seria um moreno de olhos verdes com
uma cicatriz na testa? — ele perguntou, com malícia.
— Por coincidência, seria. — eu brinquei de volta. Zabini
e eu éramos amigos há anos. — Você viu algum por aí?
— Não, faz um tempinho que não esbarro em Potter no
Ministério. — ele franziu a testa.
— Ele está viajando. — eu contei. — Achei que retornaria
hoje, mas até agora não tive notícias.
— Sei, e você está com saudades. — Blaise riu
abertamente. — Quem diria, Draco Malfoy foi fisgado. E eu
que achei que você morreria um solteirão convicto.
— Eu também achei, Blaise. — eu admiti. Não havia
porque esconder. — Mas Harry é diferente de todo mundo,
ele desperta coisas em mim que nunca senti antes.
— Harry é? Já com toda essa intimidade? — ele se referia
ao fato de eu chamar Harry Potter pelo primeiro nome.
— Uma das condições dele para aceitar fazer um acordo
comigo, foi que eu nunca mais o chamasse de Potter. — eu
sorri, lembrando daquelas palavras.
Por Merlin! Como eu queria vê-lo de novo…
— Então ele aceitou ser seu submisso? — Zabini estava
muito impressionado. — Nunca achei que Potter iria querer
isso. Como vai ser com o trabalho dele? Você sabe que ele
não estará sempre disponível…
Era engraçado como alguns apontamentos de Zabini
eram os mesmos feitos pelo próprio Harry.
— Eu não propus a ele ser meu submisso, não como John
é o seu. Isso nunca funcionaria com Harry. — eu falei. — Eu
propus que ele fosse meu submisso apenas no quarto de
BSDM, esse lado da nossa relação fica apenas na parte
sexual.
— Mas e fora do quarto? — Zabini quis saber. — Como
será a relação de vocês?
— Eu não sei. — eu admiti. — A única coisa que
realmente combinamos foi que não nos relacionaríamos
com mais ninguém.
— Será que você vai conseguir? — Blaise riu.
— Eu… eu nem penso em mais ninguém. — eu falei, em
voz baixa. — Acho que realmente gosto dele.
E quando as palavras saíram da minha boca, me senti um
pouco apavorado com a verdade delas.
— Quem diria, não é mesmo? — Blaise me olhou com
cumplicidade. — Nós dois, apaixonados…
— Eu não iria tão longe… — eu não poderia estar
apaixonado por Harry Potter, a gente estava se
relacionando não havia nem um mês.
— Bom… eu iria. — Blaise admitiu seus sentimentos. —
Aliás é por isso que eu estou aqui, vim te contar que vou
pedir John em casamento.
Eu sorri para meu amigo. Eu ficava muito feliz pela
relação de Blaise e John. Os dois eram muito amigos, muito
cumplices. E como submisso, John era muito devoto a
Blaise, que por sua vez o tratava como uma preciosidade.
— Sempre achei que a relação de vocês tinha futuro. —
eu comentei.
Blaise sorriu para mim.
— Vou fazer o pedido em uma festa, na minha casa. — ele
explicou. — gostaria muito que você fosse.
— Festa normal ou festa no estilo Blaise Zabini? — eu
perguntei, desconfiado.
As “festas” de Blaise normalmente eram frequentadas
por homens gays, dominadores ou submissos. Além disso,
eram eventos que normalmente começavam com todos
muito bem vestidos em trajes finos, e acabavam com vários
homens nus se pegando; a casa de Blaise se transformava
rapidamente em uma espécie de clube bruxo privado de
BDSM. Eu nem precisava dizer que já tinha me divertido
muito nesses momentos.
— Ora, eu só faço um tipo de festa. — ele riu. — Já faz
um bom tempo desde a última, meus amigos estão ansiosos
por outra oportunidade. Sabe, esses clubes trouxas são
bons, mas não podemos usar magia…
Havia algumas práticas BDSM entre bruxos que eram
diferentes de práticas trouxas. Do mesmo modo que os
trouxas tinham, por exemplo, vibradores com controle
remoto; os bruxos também tinham suas cartas na manga.
Eu normalmente gostava das festas, os amigos de Zabini
costumavam ser agradáveis, com exceção de Robert
Kinoss.
— Aquele idiota do Kinoss vai? — eu quis saber.
— Ele é um parceiro comercial da minha família há
muitos anos. — Zabini disse, como quem se desculpava. —
Não posso deixar de convida-lo. Sei que a família Kinoss
tem uma história de inimizade com os Malfoys, mas eu
permaneço neutro nesse conflito.
— Eu também gostaria de permanecer neutro. — eu
reclamei. — Seu amigo é que parece acreditar ser
fundamental para honra dele me odiar, como o pai dele
odiou o meu, e o avô dele odiou o meu, e assim por diante.
— Ele está saindo com o Julian. — Zabini disse, a voz
cuidadosa.
— Ah é claro. — eu esbravejei. — Kinoss deve ter achado
que me atingiria transando com alguém com quem já
dormi; e Julian, que é um garotinho sem nenhum caráter,
também deve ter pensado que eu me importaria se ele
fosse submisso de um homem que é meu inimigo.
— Sem dúvida. — ele concordou comigo. — Mal sabem
eles que você não se importa com Julian, e está loucamente
apaixonado por Harry Potter.
— Eu não estou loucamente apaixonado. — eu reclamei.
Mas uma voz na minha cabeça dizia que aquilo não era
verdade.
— Claro que não. — Blaise disse em tom sarcástico e
sonserino. — Bom… então o que me diz? Você vai? Será
amanhã à noite.
— Blaise, eu adoraria ir, estou sinceramente feliz por
você e John. — eu disse, a voz branda. — Mas acho que
Harry não vai gostar muito se eu for.
— Isso importa? — Eu vi o queixo de Blaise cair.
— Surpreendentemente, sim. — eu confirmei.
Nós tínhamos prometido fidelidade. Pelo que eu conhecia
de Harry, ele não gostaria nada da ideia de eu ir a uma
festa BDSM, sobretudo se lá estivesse um homem com
quem já dormi.
— E ainda diz que ainda não está apaixonado… — Blaise
me provocou. — Você pode convidar Potter, sem problemas.
— Será que Harry gostaria de ir a uma festa assim? — eu
questionei, mais para mim mesmo do que para Blaise.
— Vocês não precisam fazer nada. — ele sugeriu. —
Vocês podem ir embora quando começar a parte boa… ou
então ficar só para assistir.
— Definitivamente não vamos fazer nada. — eu
concordei. — Harry não é realmente um submisso, ele
nunca tinha saído com homens antes, certamente ele não
se exporia dessa maneira na frente de desconhecidos.
— Então… — Zabini tentava me convencer. — Se vocês
não participarão das cenas BDSM, não tem porque ele se
opor.
— Vou falar com ele. — eu prometi.
Blaise pareceu se dar por satisfeito.
— Tomara que ele aceite ir. — Blaise disse. — Imagine, o
Eleito na minha festa de noivado. John vai amar,
certamente vai querer um autógrafo.
Eu gargalhei alto. John era um rapaz alegre e
entusiasmado. Eu podia imaginá-lo nitidamente pedindo um
autógrafo para o Menino-Que-Sobreviveu.
Blaise e eu nos despedimos, e ele foi embora. Logo
terminou meu expediente no escritório e eu juntei meus
pertences para ir embora também. Eu ia sempre via rede
de flu, todos os Advogados tinham lareiras com acesso ao
prédio.
Quando cheguei em casa, os Elfos não tinham nenhuma
notícia de Harry, ele não tinha aparecido na Mansão em
nenhum momento.
Deixei meus ombros caírem, aquela semana tinha sido
cansativa, felizmente sexta feira tinha chegado. Fui para o
meu banheiro, tomando um banho demorado de chuveiro.
Depois, como eu não estava com muita fome, fiz apenas um
lanche e fui me deitar. Fiquei algumas horas lendo um
processo que eu tinha levado para casa, já de pijamas em
cima da cama.
Depois de algum tempo, deixei os papeis da mesa de
cabeceira e diminui a luz do quarto. Adormeci.
Tive um sonho esquisito. Eu estava em um pequeno chalé
pintado de azul claro, com minha mãe e meu pai. Eles me
diziam que ali seria minha nova casa, que era para
deixarmos para trás da Mansão e nossa antiga vida na
Inglaterra. Era raro que eu sonhasse com eles, mas sempre
senti falta de ambos. Com todos os erros que cometeram,
sobretudo meu pai, Lucio e Narcisa sempre me amaram
muito.
Depois, abruptamente, o sonho mudou. Eu me vi
novamente em meu quarto de BDSM. Harry estava lá, de
joelhos, me esperando. Eu caminhei na direção dele com
excitação, puxando-o para cima, para um beijo. Era um
toque intenso, verdadeiro, nossas línguas se exploravam, se
acariciavam. O gosto de sua boca me entorpecia, seu hálito
quente…
Abri os olhos, acordando. Senti lábios macios sobre os
meus, beijando-me com delicadeza. Pisquei para me
acostumar com a escuridão do quarto, e então vi o rosto
sorridente de Harry Potter acima do meu. Ele estava
deitado ao meu lado na cama, parcialmente inclinado sobre
mim.
— Harry. — eu exclamei. — Você está aqui.
Era ele mesmo? Ainda me sentia sonolento, meio
dormindo meio acordado.
— Estou. — ele confirmou, acariciando meu rosto. — eu
acabei de chegar, vim direto pra cá. Espero que você não
esteja irritado.
Irritado? Ele era louco? Eu tinha ficado a semana inteira
esperando por ele.
— Irritado eu ficaria se você tivesse ido pra sua casa. —
eu falei, com coerência.
Ele soltou um riso baixo.
— Que bom. — ele falou, murmurando. — Porque eu
estava louco pra te ver.
— Eu também. — eu confessei, antes que pudesse
perceber que o fazia. — Como foi lá?
Ele demorou alguns segundos para responder.
— Não está indo nada bem. — ele suspirou, parecia
extremamente cansado. — Ajudei como pude, mas…
Ele não disse mais nada. Senti que o que ele mais queria
naquele momento era poder compartilhar aquilo comigo,
mas não podia. Então eu o puxei para meus braços,
abraçando-o forte.
— Aai. — ele gemeu, a voz rouca.
— O que foi. — eu perguntei, preocupado.
— Não foi nada. — Harry tentava me apaziguar. — Estou
com um hematoma na costela, tive que lutar…
Eu acariciei seu corpo com delicadeza. Fiquei parado no
escuro, fazendo carinho em seu cabelo, tentando trazer a
ele tranquilidade. Em alguns momentos, ser auror podia
ser uma profissão bastante complicada.
Quando pensei em dizer alguma coisa, percebi que a
respiração dele tinha ficado mais lenta e regular.
— Harry? — eu chamei, muito baixo.
Não tive resposta.
Harry tinha adormecido, eu me aconcheguei junto dele,
feliz por ele estar ali. Eu nunca tinha dormido na mesma
cama que alguém, nem mesmo meus pais. Sempre achei
que seria estranho e desconfortável, mas nada tinha sido
melhor do que ter aquele homem ali, ao meu lado. Sentindo
o calor que vinha da pele dele, deixei o sono me levar.
Capítulo 9

CAPÍTULO 9
NARRADO POR DRACO MALFOY
Eu acordei primeiro que Harry naquela manhã, o que era
compreensível, pois sua missão, aparentemente, tinha sido
bastante exaustiva. Eu fiquei observando durante muito
tempo seu rosto sereno. Ele tinha um pequeno machucado
nos lábios, que eu curei com um floreio com a varinha.
Eu acariciei com leveza seu cabelo.
— Hmmm — ele murmurou. — Se eu soubesse que nosso
acordo incluiria acordar assim, eu teria aceito sem nem
pensar duas vezes.
— Eu deveria ter deixado claro, então. — eu falei, em tom
de brincadeira. — Me pouparia de passar horas exercitando
minha melhor capacidade de convencimento.
— Não foram horas. — ele reclamou, abrindo os olhos. —
E afinal você é advogado. Você trabalha convencendo as
pessoas, é seu talento.
— Acho que vou precisar desse talento agora. — eu falei,
me lembrando da festa de Zabini.
Era naquela noite, aquela era minha chance de conversar
com Harry.
— A que você gostaria de me convencer? — ele sorriu. —
Se for passar o dia no quarto fazendo sexo maravilhoso e
enlouquecedor, você vai descobrir que não vai ter muita
dificuldade de me fazer aceitar.
— Que bom, porque eu adoraria passar uma tarde muito
agradável com você… — eu disse, em tom malicioso. — Mas
não era a isso que eu me referia.
— Então o que é? — ele questionou.
— Blaise me convidou para uma festa hoje à noite. — eu
contei. — Ele vai pedir John em casamento. Eu gostaria
muito de ir, Blaise eu somos muito amigos…
— Por que sinto que você está me pedindo autorização?
— Harry me encarou, os olhos intensos.
— Estou te pedindo para ir comigo. — eu convidei. —
Blaise disse que queria que você fosse.
Ele me encarou por alguns segundos.
— Aah… bom… acho que vou me sentir um pouco
deslocado. — ele falou, com um pouco de incerteza. —
Quem sabe nós pudéssemos nos encontrar quando você
voltar da festa… se você quiser…
— Você precisa saber de uma coisa. — eu contei a ele,
para que ele entendesse do que se tratava essa festa.
Tínhamos prometido fidelidade um ao outro, se eu ia
sozinho a essa festa, ele ao menos precisava saber como
seria. — As festas de Blaise não são festas comuns, elas
funcionam quase como um desses Clubes de BDSM que
você foi. São praticamente uma reunião de bruxos gays
submissos e dominadores.
Harry Potter fez uma careta. Ele estava incomodado,
como eu imaginei que ficaria.
— Vou com você. — ele falou, com simplicidade.
— Você não precisa. — eu garanti a ele. — Eu prometo
que não vai acontecer nada se eu for, eu não vou me
envolver com ninguém. Se você estiver muito
desconfortável, eu posso simplesmente não ir.
Blaise teria que entender. No lugar de Harry, eu jamais
permitiria que ele fosse a uma festa daquelas sem mim.
— Não, você quer ir, Blaise é seu amigo. — Harry falou.
— Eu acredito que você não vá ficar com outro homem, mas
se é uma festa assim, eu gostaria de ir com você.
— Por que? — eu quis saber.
— Estou certo em pensar que você vai encontrar lá
vários homens com quem você já transou, e outros com
quem não teve nada, mas poderiam estar interessados em
você? — ele perguntou, o ciúmes nítido a cada palavra
pronunciada.
— Hãa… sim. — eu reconheci.
— Então eu gostaria muito que eles ficassem sabendo
que você não está disponível. — ele falou.
Harry não parecia com raiva, mas estava claramente
determinado. Eu pensei em sugerir de novo que nenhum de
nós fosse e que ficássemos em casa juntos, mas eu sabia
que ele já estava decidido. Harry era muito teimoso, desde
o tempo de escola. Eu sabia que ele não mudaria de ideia.
— Tudo bem. — eu falei, me permitindo sorrir para ele.
— Eu também quero que todos eles saibam disso.
— Julian vai estar lá? — Harry perguntou.
— Vai. — eu disse, despreocupadamente. — Ele está em
uma espécie de relacionamento com um amigo de Blaise.
— Que bom que ele já desistiu de você. — Harry falou,
aproximando-se de mim para um beijo rápido. — Do
contrário essa noite seria uma grande decepção para ele.
Eu ri. Gostei de ouvir ele dizendo aquelas coisas, me
querendo só para ele. Comecei a achar que aquela noite
poderia ser muito boa.
— Blaise sugeriu que a gente vá embora quando eles
começarem as cenas BDSM. — eu expliquei.
Eu o estava sondando, e ele sabia disso.
— Acho que talvez pudéssemos ficar para assistir. — ele
me olhou, com interesse.
— Você sempre me surpreende. — eu sorri para ele.
Nunca imaginei que Harry fosse sugerir algo assim.
— Tudo isso é muito novo pra mim. — ele explicou. —
Acho que ver outras pessoas poderia me ajudar a entender
meus limites.
Eu achei uma proposta muito coerente da parte dele,
revelava a calma e a maturidade que ele estava tendo para
lidar com esse tipo de sexo. Eram características essenciais
para quem se envolve em relações BDSM.
— Quer dizer que se você ver algo que gostaria de fazer,
vai me dizer? — eu o provoquei.
— Talvez. — ele me deu um meio sorriso.
— Então acho que vai ser uma noite muito proveitosa. —
eu disse.
Eu o puxei para um beijo. Mas logo que nossas bocas se
tocaram, ouvimos uma batida na porta.
— Entre. — eu falei.
Era Prim, um dos Elfos que vivia comigo.
— Mestre. — ele disse. — Desculpe Prim, mas uma
mensagem urgente chegou para o senhor Harry Potter.
As mãozinhas do Elfo estendiam um bilhete em nossa
direção. Harry se levantou para pegar, e logo depois que
entregou o envelope Prim se retirou do quarto, fechando a
porta atrás de si.
— O que houve? — eu perguntei.
— Kingsley está me chamando para prestar
esclarecimentos sobre a missão. — ele falou, a preocupação
tingindo seu rosto.
Eu queria reclamar porque ele não iria poder ficar, mas
algo no seu rosto me impediu de dizer aquilo. Esta missão
de Harry tinha sido bastante desgastante e quanto antes
ele conversasse sobre isso com seus colegas melhor seria.
Ontem eu havia tido a nítida sensação que Harry realmente
precisava desabafar sobre tudo o que tinha visto na França.
— Você vai agora? — eu perguntei, tentando não parecer
ressentido.
— Vou. — ele se sentou na cama ao meu lado. — Mas
quero que você saiba que eu não queria.
Senti meu coração se aquecer, apaziguado. Harry sempre
parecia saber o que dizer, para me fazer sentir bem. Ele me
transmitia muita segurança, firmeza sobre nós dois…
mesmo que nós estivéssemos juntos a tão pouco tempo e
que nossos sentimentos um pelo outro ainda fossem tão
confusos.
— Quando você volta? — eu não me importava de
parecer ansioso por ele.
— Eu preciso ir até a casa de Rony e Hermione, eles
ainda não sabem que voltei, estão preocupados. — ele me
explicou. Eu entendia a forte relação que ele tinha com
seus amigos. — O que você acha de eu ir encontrar meu
chefe agora e depois eu fazer uma visita rápida aos meus
amigos? Eu volto a tempo para a festa. E amanhã estarei
completamente livre, posso dormir aqui essa noite e passar
o domingo todo com você.
— Tudo bem. — eu disse sorrindo para ele. — Mas
amanhã seremos só eu e você.
— Eu prometo. — ele respondeu, me sorrindo de volta.
Ele se levantou e começou a ajeitar-se para ir embora.
— Essa festa é cheia de frescura? — ele perguntou,
calçando os sapatos.
— O que você quer dizer com “cheia de frescura”? — eu
perguntei, achando graça.
— Tenho que usar um terno? — ele fez uma careta.
Eu dei uma gargalhada.
— Sim! — eu exclamei, em meio ao riso. — As festas dos
sonserinos são sempre “cheias de frescura”.
— Mal posso esperar para te levar nas festas dos
grifinórios. — ele falou. — Muita comida, gente falando
alto, sem taças de cristal e canapés.
Eu ri ainda mais. E quando me acalmei me dei conta de
como era bom estar ali rindo com Harry. Parecia que a
minha vida tinha dado uma reviravolta. Nós combinamos de
nos encontrar na minha casa antes da festa, as 20h. Ele se
despediu de mim com um beijo rápido nos lábios, o tipo de
beijo que se dá em alguém com que se beija
rotineiramente. Eu gostava cada vez mais de imaginar uma
rotina ao lado dele, eu me sentia completamente envolvido.
Torcia para que ele estivesse também, ou eu teria, pela
primeira vez na vida, um coração partido.
—/—
Pontualmente, as 20h, Harry Potter me esperava na sala
de estar da Mansão. Quando desci as escadas para
encontra-lo, meu queixo caiu: como ele estava bonito! Ele
tinha vestido um terno preto muito elegante, levemente
ajustado, com uma camisa verde clara que marcava seu
corpo e ressaltava seus lindos olhos verdes.
Ele me olhava com uma expressão de admiração.
— Eu vou acompanhado do homem mais bonito da festa.
— ele disse, abrindo um sorriso torto.
— Que garoto de sorte é você. — eu brinquei,
aproximando-me dele.
— Há alguma recomendação que você queira me fazer?
— ele perguntou, segurando displicentemente uma de
minhas mãos.
Ele parecia inseguro.
— Fique tranquilo, Harry. — eu falei. — Aja
naturalmente. Os homens que frequentam essas festas de
Blaise são bem educados, ninguém vai te fazer perguntas
invasivas ou comentários para te deixar desconfortável.
Talvez com exceção de Kinoss, mas acho que nem ele
ousaria te enfrentar.
Ele era o Eleito afinal. Era sem dúvida o homem com
mais prestígio social em todo o mundo bruxo.
— Robert Kinoss? Ele é um dominador? — Harry
perguntou com surpresa.
— Você o conhece? — eu fechei o rosto. Não queria
Harry a menos de 50 metros daquele homem.
— Sim. — os olhos de Harry faiscaram. — Há uns dois
anos atrás, um casal trouxa que passeava perto da
propriedade dele ouviu gritos e viu umas luzes estranhas
saindo de uma janela. Eles fizeram uma denúncia à polícia
local, mas rapidamente o casal trouxa e a polícia foram
obliviados, e não se lembraram mais do ocorrido. Os
aurores, no entanto, foram informados por bruxos que
viviam nas proximidades, e eu fui encarregado de ir até a
propriedade de Kinoss investigar. É um homem
extremamente grosseiro, tentou me oferecer dinheiro para
que eu fosse embora. Nós acabamos tendo uma discussão,
eu fiz de tudo para provar à época que que ele estava
fazendo algo ilegal, que envolvesse magia das trevas, mas
não consegui.
— Kinoss é perigoso e sádico. — eu falei, com cuidado. —
Ele é sim envolvido com magia das trevas, e mais, ele
muitas vezes a aplica em seus submissos. Não nessas
festas, é claro. Blaise jamais permitiria esse tipo de coisa
na casa dele.
— Agora parece que tudo se encaixa. — Harry falou com
indignação. — Os gritos que foram ouvidos eram de um
submisso. Como ele nunca foi denunciado por um
submisso?
— Pelo que sei, Kinoss apaga a memória dos garotos que
ele abusa, mas ninguém nunca conseguiu provar nada
contra ele. Blaise, por exemplo, acha que é só um boato, e
que eu acredito nisso por causa da minha inimizade com
Kinoss. — eu expliquei. — Kinoss me odeia. A família dele
tem uma inimizade histórica com os Malfoys.
— Acho que posso dizer com uma boa dose de certeza
que ele também não gosta muito de mim. — ele me lançou
um olhar cúmplice. — Vai ser uma noite no mínimo
interessante.
— Vamos? — eu perguntei.
Harry Potter era muito determinado, não fugia das
situações. Essa era uma das coisas que eu mais admirava
nele.
— Vamos. — ele respondeu.
Nós fomos para a festa pela rede de flu, que Zabini
ligava às lareiras de seus convidados nos dias de festa.
Quando entramos na grande sala onde Blaise fazia suas
recepções, vi que a festa estava impecável, como sempre. A
maior parte dos seus amigos já estava lá. Quando entrei
com Harry, todos os olhares se voltaram para nós.
Assinamos o contrato que ficava na entrada, que
continha uma espécie de feitiço fidelius. Todas as festas de
Zabini tinham isso, para que os nomes dos participantes e o
que ocorria ali não pudesse ser divulgado.
Mais perto de nós estavam Marcus e Simon com seus
submissos, Kim e Leo. Os quatro eram pessoas bem legais e
sem dúvida eram os homens presentes com quem eu tinha
mais amizade, além dos anfitriões. Logo eles vieram
cumprimentar a mim, e por consequência a Harry.
Marcus e Kim tinham uma relação com regras no
cotidiano e dominação para além da parte sexual. Já Simon
e Leo já estavam juntos há quase uma década e eram
parceiros de trabalho, tinham uma relação com a
dominação mais voltada para a parte sexual. Se parecia
mais com o que eu pretendia ter com Harry.
— Harry você se lembra de Marcus Vitaverza? Ele
estudou comigo e Blaise em Hogwarts. Depois, ele também
foi meu colega na faculdade de Direito Bruxo. — eu apontei
para o homem alto e moreno a minha frente. Depois me
inclinei na direção do ruivo ao seu lado. — E esse é Kim,
submisso de Marcus. Ele também esteve em Hogwarts no
nosso tempo, mas entrou vários anos depois de nós.
— Sim, eu lembro de Marcus das aulas que tínhamos em
comum com a sonserina. — Harry disse, apertando a mão
de Marcus.
Depois olhou respeitosamente de meu amigo para Kim,
como se pedisse autorização para apertar a mão de seu
submisso. Vi que Marcus apreciou o gesto e assentiu com a
cabeça, com um sorriso contido. Harry apertou a mão do
ruivo, que parecia de queixo caído ao ver Harry Potter ali
comigo.
— Esses são Simon e Leo. — eu mostrei o outro casal. Os
dois já tinham por volta de 35 anos, não sendo do nosso
tempo de escola. — Ambos trabalham no ministério, no
mesmo departamento de Blaise.
Vi o reconhecimento nos olhos de Harry. Simon e Leo
eram Diplomatas e muitas vezes missões no exterior
englobavam Diplomatas e Aurores.
— Eu os conheço, nós estivemos juntos na França essa
semana. — Harry disse, com polidez, os cumprimentando
com um aperto de mãos.
— Semana difícil. — Leo exclamou.
Os três trocaram um olhar cheio de significados. Eu
estava começando a ficar com medo daquela situação. Será
que o problema na França chegaria até nós? Será que uma
nova guerra estava por vir? Eu não queria que Harry
estivesse tão exposto, mas ele lutava na linha de frente,
estava sempre em combate.
— Nunca imaginei vê-lo aqui, Potter. — comentou Simon,
olhando para Harry com curiosidade.
— Eu acho que posso dizer o mesmo. — Harry sorriu
para ele, a voz tranquila.
Ele estava lidando magnificamente bem com aquilo, sem
se deixar abalar.
Naquele momento, Blaise e John chegaram até nós,
interrompendo o diálogo.
— Que bom que vocês vieram. — Blaise sorriu para nós.
Eu e Harry cumprimentamos a ele e a John.
— Nem acredito que estou conhecendo Harry Potter
pessoalmente. — John exclamou.
— Você não o conheceu em Hogwarts? — Simon
perguntou, medindo a idade de Potter e a de John.
— Não. — John respondeu com pesar. — Minha mãe quis
que eu estudasse em Durmstrang.
Uma conversa agradável se desenvolveu depois daquilo.
Em seguida, Blaise e John foram dar atenção para um outro
pequeno grupo de convidados. Tudo ia bem, quando de
repente vi Kinoss entrar pela lareira com Julian. Os dois
olharam diretamente para nós, assim que chegaram e
Kinoss traçou uma reta até mim e Harry.
Harry percebeu rapidamente que Kinoss e Julian
caminhavam em nossa direção e se aproximou de mim,
protetoramente, entrelaçando os dedos nos meus. Percebi
que ele encarava Julian muito mais do que o próprio
Kinoss, o que me levava a acreditar que seu impulso tinha
sido motivado por certa dose de ciúmes.
Por mais que eu gostasse do fato de Harry sentir ciúmes
de mim, eu sabia que aquela havia sido uma má hora para
aquele movimento. Ver Harry se colocar daquela maneira
ao meu lado só estimularia as provocações de Kinoss.
— Ora ora, se não são Draco Malfoy e Harry Potter. Que
casal mais inusitado. — Kinoss disse, ignorando
completamente os outros quatro homens ao nosso lado. —
Sabe Potter, desde que você comandou toda aquela
investigação sem sentido contra mim, eu achei mesmo que
você tinha muita frustração sexual acumulada. Se eu
soubesse de seu interesse pelo assunto, teria indicado um
submisso para você na época.
— Eu não tenho nenhum interesse em qualquer
indicação sua. — Harry disse, com firmeza, o queixo
erguido em sua direção.
— Não, pelo jeito você já encontrou sozinho. — ele falou
para Harry, olhando de lado na minha direção. — E devo
dizer que felizmente eu vivi para ver Malfoy reduzido a um
submisso.
Percebi que ninguém além de Blaise havia entendido a
natureza de minha relação com Potter. Simon e Leo me
olhavam com curiosidade, como se estivessem muito
interessados em saber se eu realmente havia deixado de
ser um dominador para ser o submisso de Harry Potter.
Marcus me olhava com uma espécie de pena, e Kim olhava
para baixo — pelo que eu sabia, Kim não tinha autorização
para olhar para Kinoss, devido a inimizade que Marcus
também possuía com ele.
— Nos deixe em paz, Kinoss. — eu disse, perdendo a
paciência.
Eu queria desmentir a falsa ideia de que eu era um
submisso, mas também não queria expor Harry e nem
abordar meu recente relacionamento com pessoas tão
detestáveis quanto Kinoss e Julian.
— Vá perdendo esse orgulho, Malfoy. — ele disse. —
Tenho certeza que Potter vai te doutrinar e te ensinar a se
comportar diante de um dominador. Da mesma forma como
Marcus fez, olhe só o garotinho Kim, nem me olha.
Marcus avançou para ele, a varinha em punho. O
histórico de inimizade dos Kinoss com os Malfoy era uma
brincadeira de criança perto do ódio entre a família Kinoss
e os Vitaverza.
— Não se intrometa na minha vida, Kinoss. — Marcus
falou, com ódio. — Kim não te olha porque eu resolvi
poupa-lo do homem deplorável que você é.
Vi Kim dar um pequeno sorriso com a defesa que Marcus
fazia. Era uma relação de poucos meses, mas já eu achava
que os dois se gostavam muito.
Nesse momento Blaise veio em nossa direção,
apaziguando os ânimos e levando Kinoss e Julian para o
outro lado da sala, para conversar com outros convidados.
O restante da festa prosseguiu sem maiores conflitos,
embora Kinoss e Julian nos lançassem olhares agressivos.
Percebi que Harry estava um pouco constrangido e irritado
com o embate entre nós e Kinoss, e apertei com leveza a
sua mão, dando-lhe um sorriso confiante. Não queria que
ele se abalasse com aquilo.
Em pouco tempo nós passamos a conversar com
tranquilidade com os outros quatro. Simon, Leo, Marcus e
Kim não fizeram perguntas sobre a natureza de minha
relação com Harry, respeitando nosso espaço. Por mais
umas duas horas nós comemos alguns canapés e bebemos
umas poucas taças de vinho.
Quando o relógio bateu 22h, Blaise pediu a atenção de
todos. Haviam ali cerca de 12 casais: dominadores e seus
submissos. Todos olharam na direção do anfitrião. Zabini
então retirou uma caixinha do bolso e se virou para John,
expondo um par de alianças prateadas.
— Eu quero que você me responda com toda a
sinceridade do seu coração, sem pensar em me agradar ou
no que você acredita que eu quero ouvir. Porque John a
verdade é que eu te amo, quero passar o resto da vida com
você, e tudo que eu mais desejo é que você queira a mesma
coisa. — Ele se declarou, a voz emocionada. — Por favor,
aceite se casar comigo.
John exibia uma expressão surpresa. As lágrimas
escorriam pelo seu rosto jovem. Ele estendeu uma mão na
direção de Blaise, para que ele colasse a aliança. Blaise o
fez, claramente emocionado, e depois ofereceu a outra
aliança a John, estendendo a mão para seu submisso. John
colocou a aliança na mão dele.
— Eu posso te beijar, senhor? — ele disse, a voz
entrecortada.
Blaise sorriu, abrindo os braços para ele. John correu em
sua direção e os dois se abraçaram e se beijaram ao som de
aplausos dos presentes.
— Eu quero você. — eu vi Blaise sussurrar para John.
Imediatamente, John lançou a série de feitiços que os
submissos costumavam fazer nessas festas, dando início as
cenas BDSM.
— Nudus. — o primeiro floreio com a varinha deixou John
completamente nu. Em seguida ele fez os feitiços de
retirada de pelos e limpeza. — Remove Capillos. Corpus
Purgatio.
E então o último feitiço e o mais forte de todos eles.
— Et ego ad te pertinente. — aquela frase significava
uma entrega, podendo ser traduzida par “eu pertenço a
você”. Depois dela, o submisso caía de joelhos aos pés do
dominador, entregando sua varinha.
Blaise fez um movimento com a varinha, transformando a
sua sala em um cômodo de BDSM, com móveis e objetos
para uso de seus convidados e dele próprio. A partir dali,
como eu bem conhecia, os homens se entregavam aos
prazeres sexuais, em uma mistura de voyeurismo e
subversão.
Em seguida de John os outros submissos na sala
começaram a fazer o mesmo. Leo, Kim, Julian e os demais.
Até que só estávamos eu e Harry olhando para o grupo. Eu
podia ver uma mistura de vergonha e curiosidade no rosto
dele.
— Vocês vão ficar para assistir? — Blaise perguntou,
olhando para nós.
— Assistir? Não seja estraga prazeres, Zabini. — disse
Kinoss, o rosto desvairado e cheio de ódio, olhando em
minha direção. — Eu esperei até agora para ver Malfoy
ajoelhado no chão, onde é o lugar dele. Eu adoraria vê-lo de
quatro, sendo fodido.
Ouvi Harry trincar os dentes, achei que ele partiria para
cima de Kinoss.
— Não lute com ele. — eu pedi, baixinho.
Kinoss não tinha nenhum escrúpulo, era um exímio
duelista e muito bom em magia negra. Não queria aquele
conflito, muito menos ali, na casa de Blaise.
Foi então que vi Harry dar um passo à frente. Ele ergueu
a varinha, e logo Kinoss empunhou a dele também,
esperando um conflito. Mas não foi o que se seguiu.
— Nudus. Remove Capillos. Corpus Purgatio. — Harry
disse em sequência, repetindo os feitiços que os outros
submissos haviam feito. Seus olhos verdes eram intensos
nos meus quando ele concluiu. — Et ego ad te pertinente.
Eu estava completamente chocado, e após um breve
olhar a minha volta percebi que todos os presentes
prendiam a respiração, ainda mais surpresos do que eu.
Muitos ali tinham imaginado que eu tinha me tornado o
submisso de Potter, e os que desconfiavam que ele era meu
submisso, certamente não tinham pensado que o Eleito iria
se expor.
Olhei para Harry de volta e vi que ele estava ajoelhado
no chão e me entregava sua varinha. Aquele era o gesto
máximo de confiança de um bruxo em outro. Senti algo
estranho em meu peito, vendo aquela cena.
— Você quer fazer isso aqui? — eu perguntei.
— Não importa o que eu quero, senhor. — ele falou, a voz
muito calma, sem me olhar.
Harry não desejava que eu o possuísse ali. Aquela tinha
sido a maneira dele de me defender. Eu tinha pedido para
ele não lutar, e então ele decidiu se expor para provar que
Kinoss estava errado.
— Então você é o submisso, Potter. — Kinoss se
recuperou da surpresa, andando em nossa direção. — O
grande herói do mundo bruxo, ajoelhado aos pés de Draco
Malfoy. Isso prova que o que dizem de você é bastante
exagerado. Mas afinal, o que esperar de um imundo
mestiço?
O insulto fez com que todos os presentes ofegassem.
Depois da vitória de Harry sobre Voldemort, ninguém mais
ousava dizer aquilo, nem nos círculos mais privados. Ouvi
Marcus sibilar ao meu lado, colocando-se na frente de Kim,
que nascera trouxa. O próprio Simon era mestiço, e
empunhou a varinha na direção de Kinoss.
Harry não se abalou, permaneceu com o semblante
neutro de um submisso.
Eu me coloquei na frente dele.
— Você não é digno nem de dizer o nome dele. — eu
sibilei, a varinha apontada para sua garganta.
Neste momento, Blaise interviu.
— Acho melhor você sair da minha casa, Kinoss. — ele
falou, controlado. — Éramos parceiros comerciais, mas
você foi longe demais.
— Você vai se arrepender de se colocar contra mim,
Zabini. — o outro respondeu.
— Você é que vai se arrepender, Kinoss. Está tão cego
pelo seu ódio por Malfoy que esqueceu os ensinamentos
que aprendeu na Sonserina. — Blaise falou, o rosto frio. —
É uma estupidez sem tamanho, nos tempos de hoje, se
colocar contra Harry Potter.
Ele tinha razão, é claro. Harry era o homem mais
admirado do mundo bruxo. Todos os presentes pareceram
concordar, visto que por mais que houvessem ali homens
mais ligados a Kinoss, ninguém ousou ficar ao seu lado.
Kinoss se retirou com Julian, sem ter outra opção. Eu fiz
um feitiço devolvendo as roupas de Harry e coloquei sua
varinha de volta em suas mãos. Ele permanecia ajoelhado,
mas eu via um brilho em seus olhos verdes.
— Vocês podem participar se quiserem. — Blaise disse. —
Eles não vão voltar, nunca mais. Me desculpe Draco, por
permanecer neutro até agora. Nunca achei que Kinoss
chegaria a esse ponto.
Coloquei a mão sobre o ombro de Blaise, feliz com o fato
dele intervir a favor de mim e Harry. Aquela defesa tinha
significado muito.
— Obrigado, Blaise. — eu disse com sinceridade. — Mas
eu quero levar Harry para casa.
Eu acariciei o rosto de Harry, sem me importar com a
demonstração pública de afeto.
— Vamos? — eu perguntei, com gentileza.
Ele se levantou e segurou minha mão. Eu o levei em
direção a lareira, me despedindo dos meus amigos
brevemente, antes de desaparecer nas chamas com Harry
Potter.
Capítulo 10

FAVOR, NÃO DÊ SPOILERS E NEM FAÇA


COMENTÁRIOS INADEQUADOS. SE VOCÊ É
IMATURO PARA LER CENAS BDSM OU CONTEÚDO
SEXUAL DE MANEIRA GERAL, NÃO COMENTE
NESSE CAPÍTULO. SE VOCÊ VER ALGUM
COMENTÁRIO INAPROPRIADO, MARQUE O USER
DRARRYFANFIC21 E ME AJUDE A IDENTIFICAR
PROBLEMAS.
CAPÍTULO 10
NARRADO POR HARRY POTTER
Atravessei a rede de flu de volta para a Mansão Malfoy,
com muita coisa na cabeça. Minha última semana tinha
sido extremamente difícil, a viagem para a França
concretizou os maiores temores dos aurores: tinha se
organizado de fato um grupo, uma espécie de seita,
chamada “Purificadores do Sangue”, que estavam atuando
contra trouxas e nascidos trouxas.
Nos últimos anos, após a morte de Voldemort, essa seita
tinha nascido e vinha se tornando cada vez mais forte. O
medo era de uma guerra iminente. A França estava em
estado de pânico, visto que ninguém sabia quem fazia parte
da seita, de modo que eles poderiam estar infiltrados em
qualquer lugar, inclusive no governo.
Em um dado momento da viagem eu precisei lutar,
embora minha missão fosse apenas relatar a situação, pois
os ataques se generalizaram a tal ponto que os aurores
franceses não estavam dando conta. Além disso, muitos
países estavam se recusando a enviar auxílio,
argumentando que este era um problema do governo
mágico francês.
Para mim aquilo era uma burrice sem tamanho, porque
mais cedo ou mais tarde aquilo iria atingir toda a Europa. É
claro que se Voldemort tivesse ficado mais tempo no poder,
não teria ficado restrito a Inglaterra, e eu estava certo que
o mesmo se aplicava aos Purificadores do Sangue.
Voltei da França com uma espécie de revolta em meu
âmago e com uma vontade desesperada de ver Draco
Malfoy. Eu tinha sentido falta dele a cada segundo, e
ameaça de uma nova guerra tinha aflorado meus
sentimentos, me incentivado a viver tudo o que eu queria
viver com ele, sem reservas, sem medos, sem restrições.
Sem me importar que estávamos juntos há tão pouco
tempo, eu voltei para os braços dele no meio da
madrugada, como quem tinha voltado para um lar. E ele me
recebeu com a mesma disposição, demonstrando a mesma
ânsia que eu sentia. Era evidente, para mim, que o que
tínhamos era algo armazenado há tantos anos e que agora
tinha transbordado, e não poderia mais ser contido.
Em parte era por isso que eu tinha decidido ir àquela
festa com ele. Eu tinha descoberto que aquele mundo ao
qual Draco estava imerso, era um mundo ao qual eu
também queria pertencer.
Mas a noite, que até certo ponto tinha corrido bem, tinha
caminhado para um final bastante conflituoso; e terminara
com Draco me convidando para ir embora.
Quando chegamos a sala de estar da Mansão, ele tinha
uma expressão severa no rosto, que eu não conseguia
identificar.
— Você não deveria ter feito aquilo. — ele falou,
visivelmente tentando se conter.
— Aquele homem estava… — eu comecei a argumentar.
— Eu sei muito bem o que ele estava fazendo. — Draco
me cortou com rispidez, ele estava claramente descontente.
— Mas você não deveria ter permitido que ele te
humilhasse daquela maneira. Quando te vi fazer aqueles
feitiços, se ajoelhar no chão, eu não sabia o que era maior:
minha vontade de te foder ou de te dar uns bons tapas.
Eu sabia que ele estava bastante irritado, mas aquela
frase tinha feito meu corpo se arrepiar de excitação. Eu
achei que aquela conversa toda podia ficar para outra hora.
Então abaixei a cabeça, submisso.
— Então faça isso, senhor. — eu olhava para baixo, as
mãos unidas na frente do corpo.
Observando os submissos naquela noite, eu tinha tentado
aprender um pouco dos trejeitos. Eu gostava daquela
deferência, de pertencer a Draco, de ser submisso a ele na
hora do sexo.
— Você me chamou de senhor? — ele avançou dois
passos na minha direção, puxando meu queixo para cima.
— Porque você está continuando com isso? Nós já estamos
em casa…
— Porque eu quero ser seu, senhor. — eu disse, olhando
nos olhos dele.
Eu vi na expressão de Draco que sua irritação ia se
transformando em outra coisa.
— Não sei se é uma boa ideia. — ele avisou, a voz rouca
de excitação. — Eu estou muito irritado, vou querer te
punir. Você deseja isso?
— Sim, senhor. — eu me surpreendia com a minha
própria resposta. — Eu confio totalmente no senhor.
Um sorriso se abriu no seu rosto bonito, fazendo com
que algo dentro de mim se aquecesse. Meus sentimentos
por ele se mostravam cada vez mais profundos.
— Suba e me espere. — ele ordenou.
Eu fui para o quarto de BDSM, onde me despi
completamente e o esperei de joelhos. Alguns minutos
depois, ele entrou. Olhei para ele, como era de costume
entre nós.
Ele passou por mim sem dizer nada, pegou um objeto em
uma das gavetas e depois andou na minha direção.
— Levante. — ele ordenou.
Eu fiquei de pé, olhando do rosto dele para o objeto de
metal, que parecia ter o formato de um pênis amolecido. Eu
já tinha visto aquilo, era um cinto de castidade. Senti meu
corpo se contrair, sabendo o que significava. Nós tínhamos
falado a respeito desse objeto na longa conversa que
tivemos na noite em que entramos em um acordo, e eu
tinha dito que poderia experimentar. No entanto, ao olhar
para o cinto de castidade na mão de Draco, um certo receio
do objeto ficou parado em minha garganta.
Draco pareceu ler minha expressão.
— Você mudou de ideia, Harry?
— Não, senhor. — eu respondi com sinceridade.
Ele não teve dificuldades de prender em mim o objeto,
visto que eu não estava nenhum pouco duro. Um frio
perpassava a minha espinha, enquanto eu lembrava do seu
aviso. “Não sei se isso é uma boa ideia”, ele tinha dito. Mas
eu queria saber… eu queria saber afinal onde ele queria
chegar, o que desejava fazer comigo.
Ele trancou o cinto de castidade e depois segurou o meu
queixo.
— Isso vai te impedir de gozar. — ele sussurrou para
mim. — Você não terá esse alívio até que eu permita.
Entendeu?
— Sim, senhor. — eu já estava ficando excitado.
Eu podia sentir aquele objeto me conter, limitar minha
ereção, deixando um leve desconforto. Ele foi novamente
até as gavetas e retornou com uma espécie de coleira de
couro preta, uma corrente, algumas cordas e um açoite,
com tiras de camurça.
— Coloque no pescoço. — ele estendeu a coleira para
mim. — Significa sua submissão neste quarto, significa que
você me pertence.
Ele sentiu a necessidade de explicar aquilo, para que eu
soubesse que não era um mero adorno.
— Eu te pertenço, senhor. — eu jurei, colocando a coleira
no pescoço sem hesitar.
Seus olhos pareciam me aprovar. Ele prendeu a corrente
na coleira, e me puxou com ela até a grande cruz de
madeira. Draco me amarrou de frente para o objeto e de
costas pra ele, com pernas e braços abertos. Eu me sentia
completamente a mercê dele.
Sem qualquer aviso, Draco começou a desferir golpes de
açoite contra as minhas nádegas, costas e pernas. A
camurça não machucava, de forma que o que eu sentia era
apenas o impacto do objeto contra o meu corpo. Eu tremia
de excitação, eu me via ali de costas, exposto para que ele
fizesse o que quisesse comigo. Aquilo durou vários minutos.
Em um dado momento ele parou e percebi que ele se
afastava. Esperei que ele retornasse com outros objetos. Eu
me via cada vez mais curioso com as coisas que ele tinha
naqueles armários. Queria que ele usasse cada um
daqueles objetos comigo e apenas comigo.
Ele voltou com um pequeno plugue de metal, expondo o
objeto na frente do meu rosto. Uma de suas mãos, meladas
com gel lubrificante, separaram minhas nádegas e
acariciaram minha entrada, inserindo metade de um dedo
dentro de mim.
Logo, no entanto, ele retirou as mãos do meu corpo.
Eu me vi pedindo por ele, jogando o corpo para trás, na
medida que me era permitido pelas cordas.
— Não seja tão ansioso. — ele parecia estar se divertindo
com a minha necessidade. — Por ora, você só precisa de
alguma coisa aqui.
Ele tocou meu orifício novamente, de forma breve.
Depois, começou a introduzir com lentidão o plugue em
mim. Era um objeto pequeno, mas ele não tinha chegado a
me preparar, de forma que a dureza do metal me causou
um leve desconforto. Eu me contrai em volta do plugue,
sentindo sua textura, a temperatura fria do metal no meu
interior.
— Ficou lindo. — ele disse, parecendo admirado. —
Quero que você se sinta preenchido enquanto eu te bato.
Esperei os golpes do açoite, mas o que veio foi um baque
mais forte. Ele me batia com uma palmatória: um objeto
preto, de formato semelhante a uma raquete de ping pong,
de couro, com tachinhas em seu entorno. Senti minhas
nádegas arderem.
— Está tudo bem? — ele perguntou. Eu sabia que ele não
desejava me machucar. — Você pode aguentar?
— Sim, senhor. — não era uma dor excruciante, mas uma
espécie de ardência bastante excitante.
— Bom garoto. — ele elogiou. — Então conte comigo até
10.
Ele desferiu um golpe.
— Um. — eu arquejei.
Depois o segundo, o terceiro, o quarto. A cada golpe eu
gemia, me sentia mais entregue e mais excitado. Eu sentia
que minhas nádegas estavam vermelhas e quentes, mas eu
não desejava parar. Eu percebi que desejava mais daquilo,
que precisava daquela espécie de punição que ele me
infligia. Eu contei cinco, seis, sete, oito… no nono golpe eu
já gritava o número, o corpo sensível demais por aquele
atrito constante.
— Dez. — eu disse baixo, colocando fim àquele momento.
Eu não conseguia nem explicar meus sentimentos. Eu
tinha gostado daquilo, até a parte de mim que resistia, que
não queria ter gostado tanto assim. Afastei esse
pensamento, tudo isso era uma besteira, uma categorização
inútil do certo e do errado na hora do sexo. Tudo que
importava para mim era o prazer que Draco me fazia sentir,
e saber que eu podia proporcionar prazer a ele.
Draco me desamarrou da cruz de madeira.
— De joelhos. — ordenou.
Eu caí ao chão na mesma hora. Ele me puxou pela
corrente presa na coleira, e eu entendi que deveria deixa-lo
me levar, sem ficar de pé. Andei de quatro pelo chão
daquele quarto, obedientemente. Ele me levou para um
tapete confortável, de frente para um grande espelho. Eu
encarei a minha imagem, deixando a cena me impactar. Me
ver ali daquela forma, me fazia sentir que naquele
momento ele era meu dono, e eu achava essa perspectiva
profundamente sensual.
Ele se deitou no tapete ao meu lado e ordenou que eu me
posicionasse de quatro em cima dele, com meu rosto
próximo ao seu pênis e as nádegas expostas frente ao seu
rosto.
— Você quer me chupar? — ele murmurou, com malícia.
— Sim, senhor. — eu assenti.
— Então peça. — ele ordenou.
O pênis dele estava muito rígido, projetava-se contra o
meu rosto, me enlouquecendo de tesão.
— Posso te chupar, senhor? — eu implorei, o que eu mais
desejava era sentir seu gosto. — Por favor.
Ele permitiu, então abocanhei seu membro com ânsia,
lambendo-o, sugando-o, provando do maravilhoso gosto de
Draco Malfoy. Ao mesmo tempo, ele lambeu minha entrada
ao redor do plugue, fazendo meu corpo se contrair.
Continuei a suga-lo com prazer, conforme sentia ele
retirar o plugue do meu interior e me invadir com a língua,
arrancando de mim um gemido preso na garganta,
expressão de pura lascívia.
Com os dedos lubrificados, Draco começou a alternar os
dedos de mim, me penetrando, me abrindo, preparando
minha entrada pro que eu sabia que vinha depois. Eu o
chupava enlouquecido de tesão, enquanto ele fazia aqueles
deliciosos movimentos em meu orifício.
Eu podia sentir sua excitação, ele mordia e lambia
minhas nádegas com urgência, sua respiração era ofegante
e alguns sons escapavam de seus lábios. Eu também estava
excitado demais, muito mais do que deveria, com aquele
objeto contendo minha ereção e me impedindo de ficar
completamente duro.
Logo depois, Draco gozou maravilhosamente nos meus
lábios, seu gosto delicioso penetrando minha boca, e eu
engoli todo seu sêmen.
Draco ordenou que eu saísse de cima dele e se sentou.
Eu me sentei ao seu lado no tapete. Ele me puxou na
direção dele, tomando meus lábios nos seus. Nesse
momento eu sentia um intenso desconforto devido ao cinto
de castidade. Draco sabia muito bem disso, porque passou
a dar uma atenção especial ao meu pênis.
Ele abaixou os lábios sobre mim, lambendo apenas a
minha glande, exposta pelo objeto que me restringia.
— Aaaah. — eu gritei.
A sensação era intensa demais. Meu pênis estava muito
sensível, querendo libertar-se daquilo. Sua língua me
acariciando era uma prazerosa e insuportável tortura, na
qual Draco insistiu por alguns minutos, punindo-me com a
língua. Até que chegou um momento que senti que meu
corpo não ia mais aguentar, que eu explodiria sob seus
toques.
— Por favor, senhor, tire. — eu implorei, e então me
lembrei da palavra. — Amarelo.
Draco afastou sua boca de mim imediatamente, e abriu o
cadeado que prendia o cinto de castidade, libertando minha
sensível e dolorida ereção. Depois, retornou a me chupar,
lambendo minha glande e toda extensão do meu pênis,
sabendo exatamente do que eu precisava.
Meu corpo queria desesperadamente gozar, e eu sentia
que Draco me permitia, que me levava até o orgasmo. A
sensação de submissão me invadiu, eu sabia que gozava
naquele momento porque ele queria, ele controlava todo
meu prazer. Aquilo me excitou tanto, que gozei em seus
lábios poucos segundos depois, ofegando e gemendo.
— Muito bom. — ele me aprovou.
Eu fiquei estirado no tapete, tentando me recompor, e
recuperar meu corpo daquele orgasmo tão intenso. Porque
eu sabia que haveria mais, e Merlin me ajude, eu queria
mais.
Draco gastou um tempo olhando para dentro de seus
armários e eu fiquei curioso com o que ele retornaria
daquela vez. Tratava-se de uma base fixa acolchoada, da
qual saía um tipo de pênis de silicone, de tamanho médio.
Draco depositou aquilo no chão ao meu lado.
Eu me ajoelhei no tapete, esperando a ordem que viria.
— Eu quero ver você se foder. — ele ordenou, ajoelhando
no chão, atrás de mim. — Quero ver você massagear seu
cu.
Será que eu estava entendendo bem? Draco queria que
eu sentasse naquele negócio?
Ele riu da minha expressão.
— Acho que é isso mesmo que você está pensando,
Harry. — ele falou. — Mas te prometo que vai ser gostoso.
Eu obedeci. Posicionei-me sobre o objeto, encaixando o
pênis de silicone na minha entrada, e descendo
vagarosamente, deixando meu corpo se acostumar a
invasão, até estar completamente penetrado.
— Quero que você olhe para frente. — ele ordenou. —
Para o espelho.
Eu estava completamente constrangido de me ver
fazendo aquilo. Meu rosto estava vermelho de vergonha
quando eu me vi ali, sentado naquele objeto, com Draco
atrás de mim, me olhando nos olhos através do espelho.
— Assim… não precisa ter vergonha. — a voz dele era
quase gentil. — Você é um homem maravilhoso.
As mãos dele acariciavam minhas nádegas ainda
sensíveis pelo açoite e pela palmatória. Com delicadeza ele
começou a empurrar meu quadril para cima e para baixo,
indicando o movimento. Aquela pressão dentro de mim era
gostosa e eu já sentia meu membro excitado novamente.
Apoiei minhas mãos no espelho para ter mais equilíbrio e
conseguir me movimentar melhor. Ele estimulou que eu
intensificasse a movimentação, e logo me vi completamente
entregue, penetrando-me para ele, sem deixar de olhar
para seus olhos nem por um segundo.
Eu sentia sua ereção nas minhas costas, ele beijava meu
pescoço, meus ombros, cobrindo-me de toques urgentes e
carícias cheias de volúpia.
— Agora diga sem desviar o olhar. — ele ordenou,
tocando as bordas do meu ânus com os dedos. — O que
você sente aqui?
Ele me levava a um limite, nós dois sabíamos disso. Dizer
aquelas coisas olhando para ele, nada mais era do que
admitir meu prazer, minha submissão. Descrever o que eu
sentia ali, na minha entrada que eu mesmo estimulava
incessantemente, aumentava a minha sensação de entrega.
Era como se ele soubesse que eu faria tudo que ele
quisesse, que eu deixaria qualquer constrangimento de
lado para satisfaze-lo.
— Sinto uma dor gostosa. — eu admiti. — Sinto que estou
aberto, estimulado, pronto para o senhor.
Ele me olhava com um tesão nítido no rosto. Ordenou
que eu saísse de cima do objeto e que me posicionasse de
quatro para ele, o tronco levemente abaixado, os braços
apoiados no chão, e as nádegas completamente expostas.
— Sempre quis foder você de quatro. Mas adoro olhar
para o seu rosto enquanto eu te como. — ele falou, sem
conter a excitação. — Agora vou realizar essas duas
vontades ao mesmo tempo.
Eu me empinei ainda mais para ele. Queria que ele
tivesse tudo de mim.
Ele me penetrou com lentidão e cuidado, como sempre
fazia. Eu olhava para sua expressão através do espelho,
adorando ver o prazer em seu rosto, enquanto ele se
enterrava para dentro de mim. Logo Draco começou a se
movimentar, e quando dei por mim estávamos nós dois
entregues a um ritmo intenso, desejando mais contato,
mais atrito.
Uma de suas mãos começou a me masturbar, e eu
ofegava, gemendo baixinho, completamente estimulado.
Em um dado momento, senti que a respiração dele se
tornava ainda mais irregular, sua pele muito alva estava
avermelhada de excitação, ele me olhou através do espelho
e eu senti seu jato quente me invadir. Eu me contrai em seu
entorno, potencializando seu orgasmo, e gozando junto com
ele.
Ele saiu de dentro de mim, e eu me deixei cair de bruços
no tapete, deitado, ofegante, completamente exausto e
satisfeito. Percebi que ele se sentava ao meu lado,
encostado no espelho, deixando a respiração regularizar.
Capítulo 11

CAPÍTULO 11
NARRADO POR HARRY POTTER
Depois de algum tempo de silêncio, observei Draco se
levantar e ir de volta até os armários, onde os objetos
sexuais ficavam guardados.
— Você é ninfomaníaco? — eu exclamei.
Não era possível que ele ainda tivesse forças para
continuar! Eu estava acabado.
Ele soltou uma risada rouca, e voltou a se sentar meu
lado, segurando um pequeno potinho azul, com o que
parecia ser uma poção.
— Não. — ele sorriu.
— O que é isso? — eu perguntei, me referindo ao pote
azul.
Ele abriu o pote e umedeceu a ponta dos dedos de uma
substância cremosa, e em seguida passou sobre minhas
nádegas levemente avermelhadas. A substância era gelada,
promovendo um alívio instantâneo para a ardência e
devolvendo à minha pele sua cor natural. Draco levou
algum tempo me massageando ali, enquanto eu relaxava
sob o toque das suas mãos.
— Aah, obrigado. — eu suspirei. — Isso é muito bom.
— Exagerei com você? — ele perguntou, preocupado.
— De jeito nenhum. — sorri para ele com sinceridade. Eu
estava completamente extasiado e satisfeito.
Ele me encarou por alguns segundos, havia uma emoção
em seu rosto que eu não conseguia decifrar.
— Você gostou de eu ter te amarrado e te batido assim?
— ele quis saber.
— Eu gostei, Draco. — eu falei, sério. — Na verdade, eu
não esperava gostar tanto.
Ele me lançou um olhar cúmplice.
— Esse tipo de sexo é muito intenso. — ele disse. — Às
vezes a linha entre dor e prazer pode ser muito tênue.
— Com você eu deixo de lado qualquer restrição ou
preconceito. — eu falei. — Você faz com que eu me sinta
disposto a experimentar coisas novas.
— Você parece estar gostando muito de experimentar. —
ele disse, com malícia.
— Eu gosto muito do que você me faz sentir. — eu
confessei.
— Eu também, Harry. — ele me olhava com intensidade.
— Gosto muito do que você me faz sentir.
— Então, você não está mais irritado comigo? — eu
perguntei esperançoso.
Ele arqueou as sobrancelhas pra mim. Não chegou a
responder a minha pergunta.
— Você sabe que termos transado não quer dizer que não
vamos conversar sobre o que aconteceu hoje, não sabe? —
ele falou com calma.
— Eu sei. — eu disse, virando-me de barriga para cima —
Eu também quero conversar.
Quando ele tornou a falar de novo, parecia estar
tentando organizar seus pensamentos, expressar o que
afinal estava em seu peito, tumultuando suas emoções.
— Aquilo que você fez, se ajoelhar daquele jeito
publicamente, fazer o feitiço simbolizando a entrega de um
submisso, me dar sua varinha… Harry eu preciso que você
entenda, eu jamais teria te pedido isso. — ele falou, ansioso
para me explicar.
— Achei que fosse algo que você gostasse, todos os
submissos ali se comportaram da mesma forma. Outros
homens já devem ter feito essa espécie de ritual para você,
nessas festas do Zabini. Porque eles e não eu? — eu
perguntei, confuso.
— Eu poderia ter gostado, Harry, se você tivesse
realmente desejado fazer. — ele falou, a voz triste. — Mas
não do jeito que foi, como um sacrifício seu para me
proteger.
— Não foi um sacrifício. — eu me sentei, deixando meus
olhos na altura dos seus. — Um sacrifício é uma coisa ruim.
— E o que aconteceu por acaso foi bom? Kinoss humilhou
você, te ofendeu. — ele apontou, parecendo sentir dor. —
Você estava ajoelhado no chão, como um submisso, nem se
defendeu.
— Eu não precisava. — eu falei, com gentileza,
acariciando seu rosto bonito. — Eu sabia que você me
defenderia.
Seus olhos pareciam marejados.
— Você… você confiou em mim a esse ponto… colocou
sua varinha na minha mão — sua voz entrecortada. —
Nunca achei que alguém como você pudesse…
Eu via que Draco estava com muita dificuldade de
expressar o que sentia. Eu não queria que ele parecesse
tão triste, não tinha sido para magoa-lo que eu tinha feito
aquilo, pelo contrário.
— Alguém como eu? — eu perguntei.
— Você é o melhor homem que eu já conheci na vida.
Não há ninguém mais forte, com mais caráter… — ele
explicou. — E eu… Harry eu já cometi muitos erros. As
palavras que aquele homem usou para te ofender, eu já usei
inúmeras vezes…
Vi que seu olhar correu rapidamente para marca negra
em seu braço. No passado ele tinha sido um comensal da
morte, um adepto da ideologia do sangue puro, como eu
bem sabia. Eu já tinha percebido a marca ali, é claro, mas
nunca dei muita atenção. Era só um desenho que
simbolizava seu passado, Voldemort tinha morrido e aquilo
não me apavorava em absoluto.
— Você é outro homem agora. — eu disse, com firmeza.
Ele sorriu levemente.
— Tenho tentado ser. — ele afirmou.
Eu segurei seu rosto nas mãos.
— Draco, hoje à noite, quando fiz aquilo, não foi nenhum
sacrifício. Não existe nada de indigno ou humilhante em ser
seu submisso. Eu fiz aquilo com orgulho. — eu falei, com
intensidade. — Foi para te defender de Kinoss, é verdade,
mas isso não significa que tenha sido ruim.
— Você fez com orgulho? — ele perguntou, baixinho.
— Sim. — eu garanti. — Eu tenho orgulho de estar com
você. Admiro como você reconstruiu sua vida, como você
teve coragem de rever seus erros e mudar. Admiro a pessoa
que você se tornou.
— Eu… eu… — ele gaguejou, muito baixo. — Harry…
Eu o puxei para meus braços, aninhando seu corpo entre
as minhas pernas, mantendo-o apertado junto de mim. Eu
acariciei seus cabelos louros, tudo o que eu queria era
cuidar dele e fazê-lo se sentir melhor.
— O que eu estou sentindo por você… eu nem consigo
explicar. — ele falou, quando conseguiu controlar a voz. —
Essa semana foi horrível.
— Foi. — eu concordei. — Essa viagem foi difícil demais.
Quanto mais eu percebia o quão complicadas e perigosas
as coisas estavam na França, quanto mais receio de uma
nova guerra eu sentia, maior era meu desejo de voltar para
você.
— Está tão ruim assim? — ele perguntou. — Não achei
que os Purificadores do Sangue estivessem tão fortes.
— Você já ouviu falar neles? — eu perguntei, levemente
impressionado.
— Alguns conhecidos meus tem relações com a seita. —
ele parecia desgostoso com a situação. — Kinoss inclusive.
É claro. Aquele homem horroroso estaria ligado a tudo
que há de mais sujo e deplorável na Terra.
— Eles estão muito fortes, tempos difíceis se aproximam,
Draco. — eu falei, tentando expulsar o tom macabro
daquela predição. — Todos já perceberam isso. O clima no
quartel dos aurores na França está bem ruim. Eles estão
tentando parar os ataques aos trouxas todos os dias, mas
mesmo quando conseguem, sabem que no dia seguinte
haverá mais, e no outro novamente.
— Foi assim que você se machucou? — ele perguntou,
com delicadeza. — Tentando parar um ataque?
Eu assenti brevemente com a cabeça.
— O clima lá é desesperador. — eu falei. — Mas isso me
fez pensar muito na gente…
— É mesmo? — ele deu um pequeno sorriso. — No que
você pensou?
— Eu gosto de você, Draco. E eu te quero, de verdade. —
eu me declarava, pondo de lado qualquer pudor. — Não
quero deixar que meus medos ou constrangimentos me
impeçam de viver tudo que eu quero viver com você.
— Eu também te quero, Harry. — ele admitiu. — Senti
muito sua falta.
Eu dei um beijo leve em seus lábios, como uma carícia.
Eu gostava dele. Sentia que queria estar com ele, cuidar
dele, fazer dele o homem mais feliz do mundo.
— Você encontrou seu ex lá? — ele perguntou, fazendo
uma careta.
Me lembrei imediatamente de Philip. Ele tinha me
puxado para um canto para conversar, disse estar
arrependido de ter ido embora daquele jeito.
— Você tinha razão, ele estava arrependido. — eu contei.
Seus olhos se arregalaram.
— Ele tentou alguma coisa? — sua voz era ríspida,
irritada.
— Não. — eu o tranquilizei. — Ele apenas veio conversar
comigo, disse que queria falar sobre o que tinha acontecido
entre a gente. Mas eu respondi que não queria, que agora
eu tinha um namorado.
— Você disse que tinha um namorado? — ele riu.
— Sim. — eu contei, sentindo um pouco de irritação ao
lembrar da cena. — Ele disse que não acreditava, que eu
estava sendo covarde por não querer conversar com ele.
— Homem insolente. — Draco disse, ciumento.
— Então eu respondi que meu namorado era Draco
Malfoy e que, se ele não acreditava em mim, poderia
mandar investigar. — eu respondi.
— Você disse isso? — ele parecia feliz. — É sério?
— Sim. — eu falei, ruborizando.
— E eu sou mesmo seu namorado? — ele quis saber.
— Se você quiser… — eu senti que ruborizava.
Ele acariciou meu rosto com ternura.
— Você está com vergonha de dizer isso? — ele
perguntou, achando graça. — Depois de tudo que você
disse hoje durante o sexo, não achei que ainda existisse
alguma vergonha em você.
— É diferente. — eu disse, sentindo que ficava ainda
mais constrangido e vermelho. — Você sabe que é diferente
quando estamos transando.
— Você fica muito desinibido. — ele concordou. — Eu
gosto disso. Hoje, ver você sentar naquilo, na frente do
espelho… dizer o que você estava sentindo… achei que ia
enlouquecer de tesão.
— Nesses momentos, você pode conseguir qualquer coisa
de mim. — eu respondi.
— E você tem medo disso? — ele quis saber. — Você tem
medo que eu te peça além do que você pode me dar?
— Não. — eu ponderei sobre a pergunta. — Eu tive esse
receio antes, mas não tenho mais. Eu tenho certeza que
você nunca faria nada horrível comigo.
— Nunca, Harry. — ele jurou. — Mas as vezes eu posso
não saber quando você está chegando perto de um limite.
Eu preciso confiar que você vai me dizer se for
insuportável, por causa disso eu gostei muito de quando
você me pediu para tirar o cinto de castidade e usou uma
das suas palavras de segurança.
— Não te decepcionei? — perguntei, baixinho.
Na hora só queria me livrar daquilo, mas agora eu
pensava se não poderia ter aguentado um pouco mais.
— De jeito nenhum. — ele cortou. — Você nunca me
decepciona. Mesmo sem nunca ter sido submisso de
ninguém, você aceita cada desafio que eu proponho com
coragem. Mas isso não significa que você vá gostar de tudo,
se você não gostou do cinto, eu nunca mais uso em você.
Eu me senti muito tocado pela sua fala. Cada vez mais eu
entendia que para fazer aquele tipo de sexo era necessária
muita maturidade, diálogo e confiança um no outro. Ele
precisava confiar em mim, para dizer para parar, para dizer
que eu não queria algo. E eu precisava confiar nele, confiar
que ele faria o possível para nunca ultrapassar meus
limites, e que caso um dia isso acontecesse ele pararia
imediatamente.
— Não… eu gostei. Inicialmente foi bastante excitante
ficar preso daquele jeito. Mas quando você começou a me
lamber, eu fiquei muito duro, começou a ficar muito
desconfortável. — eu expliquei.
— Eu sei. — ele assentiu com a cabeça, compreensivo. —
Era esse o intuito, é uma forma dominação, de punição.
— Eu me senti bastante dominado… e tenho descoberto a
cada encontro nosso que eu gosto muito de me sentir assim
na hora do sexo. — eu falei, sentia a necessidade de fazê-lo
entender. — Mas naquele momento, quando eu pedi para
parar, foi porque ficou muito difícil…
— Você não precisa se explicar. — ele me interrompeu
gentilmente. — Harry, seu corpo tem limites que você está
descobrindo agora, que nós estamos descobrindo juntos.
Com o tempo, eu vou aprender melhor quando é bom para
você e quando não é.
Eu assenti com a cabeça. Sem dúvida ele acertava muito
mais do que errava. Eu praticamente me contorcia de
prazer a cada coisa que ele fazia comigo.
— O fato de você ter parado no mesmo instante e tirado
aquilo de mim, quando eu pedi, me deu muita segurança. —
eu falei, em voz baixa.
— Você achou que eu não tiraria? — ele perguntou.
— Eu não cheguei a pensar nisso. — eu ponderei sobre a
pergunta dele. — Quando estamos nessas cenas BDSM, eu
me sinto completamente despojado de poder sobre o meu
próprio corpo. Mas eu confiei que você respeitaria se eu
usasse a palavra de segurança, e eu gostei muito de você
ter feito o que eu pedi.
Ele se abraçou em mim de novo, e eu respirei o cheiro
maravilhoso de sua pele.
— Foi uma noite muito boa, no fim das contas. — ele
suspirou, os braços firmes ao redor do meu corpo.
— Foi sim. — eu concordei.
Capítulo 12

CAPÍTULO 12
NARRADO POR DRACO MALFOY
— Acho muito bom que você esteja conversando comigo
normalmente aqui dentro. — eu comentei, afastando-me um
pouco para olhar seu rosto. — Você parecia muito
determinado a separar nossa relação dentro e fora desse
quarto.
Ele franziu a testa levemente.
— Inicialmente tudo isso me deixava um pouco nervoso.
— ele explicou, com calma. — Mas agora me parece mais
natural. Acho que podemos entrar e sair dessas cenas
BDSM conforme queremos, sem nos preocupar com o
lugar.
Isso era muito bom. Eu queria poder, depois do sexo,
conversar com ele tranquilamente, mesmo dentro do
quarto. Queria, também, poder fazer cenas de BDSM em
outros espaços, que não aquele cômodo.
Cada vez mais a maturidade e a calma de Harry para
lidar com a nossa situação me impressionava. Apesar de
inicialmente ele ter sido muito resistente em ter um
compromisso comigo, as coisas pareciam estar se ajeitando
e estavam tomando o rumo que eu queria. De certa forma,
eu sentia que nunca tinha sido tão feliz; nunca na vida eu
tinha querido nada como eu queria Harry Potter.
— Eu gosto disso. — eu admiti. — Não quero que você
sinta como se não fossemos nós mesmos quando estamos
transando. Como se nessas horas você estivesse com outro
Draco, que não sou eu.
Ele deu uma risada baixa. Os olhos verdes me encaravam
com divertimento e ele esticou a mão, displicentemente,
para ajeitar alguns fios do meu cabelo que estavam em
desalinho.
— Será possível que você esteja com ciúmes de você
mesmo? — ele provocou.
Eu ri também, incerto. Será que esse sentimento tinha
alguma lógica? Acho que não importava. Nada tinha lógica
do lado de Harry Potter, ele tinha virado a minha vida de
pernas pro ar.
— Bobo. — eu disse pra ele, consciente de que era eu
quem estava sorrindo como um idiota apaixonado.
— Pra mim, sempre foi você. — ele disse, sério. — Se
servisse um dominador qualquer, eu não teria arriscado vir
aqui da primeira vez, de certa forma pedindo para que você
me aceitasse. Você sempre foi o mesmo pra mim, dentro e
fora do quarto. Eu é que me sentia diferente, ainda me
sinto um pouco… quando estamos transando, parece que
sou outro Harry, mais livre, sem pudores.
Esse tipo de sexo podia fazer aquilo com as pessoas, eu
sabia bem. Mesmo para um submisso, preso com cordas,
sujeito aos desejos de um dominador, aquilo podia ser
muito libertador. Liberta a gente das amarras de uma moral
que nos diz que algo pode ser feito, que algo é limpo, é
bonito, é digno… enquanto outros jeitos de se tocar, de se
relacionar são sujos. Eu vinha me libertando disso há
alguns anos, e agora Harry passava pelo mesmo processo,
vivenciado de uma forma diferente.
— Você já foi submisso de alguém? — Harry me
perguntou, de repente.
Fitei seu rosto curioso.
— Não. — respondi, pausadamente. — Eu nunca senti
vontade de ser dominado ou de ser passivo em uma
relação. Mas existem dominadores que já foram submissos
em algum momento, para depois descobrirem que preferem
ser dominadores.
— É mesmo? — ele falou, não chegava a ser uma
pergunta, era mais uma exclamação de surpresa.
Ele parecia estar bastante curioso com o que descobria
sobre BDSM, o que era natural, já que estava se
envolvendo com isso. De repente me bateu um receio de
que acontecesse assim com Harry; ele era um homem de
personalidade muito forte, poderia vir a descobrir que
queria ser um dominador e procuraria um submisso. Nossa
relação terminaria quando isso acontecesse. Fiquei
chocado pelo pânico que isso me causou, eu já estava
envolvido demais com Harry Potter. Muito mais do que eu
gostaria de admitir. Talvez Blaise tivesse mesmo toda razão
e eu estivesse mesmo apaixonado por ele.
— Pode acontecer com você um dia. — eu disse,
sondando-o. — Você pode querer um submisso.
Ele fez uma careta.
— Duvido muito que isso aconteça. — ele exclamou,
parecia muito certo do que dizia.
— O que te faz rejeitar a ideia? — eu perguntei, com
curiosidade.
De certa forma a reação dele me aliviava.
Durante alguns minutos, ele parecia pensar no que
responder. Seu rosto se tingiu de vergonha antes que ele
dissesse.
— O jeito que eu sou no meu trabalho, na luta que tive
contra Voldemort, e agora contra as Artes das Trevas de
maneira geral… é muito diferente do jeito que eu sou em
relacionamentos. — ele falou, baixando o olhar, como se
não gostasse de admitir aquilo. — Eu sempre fui horrível
neles… eu nunca conseguiria me impor sobre alguém para
ser um dominador, e acho que eu também nunca desejaria
isso.
Medi o peso das palavras dele. A timidez que ele
demonstrava tantas vezes depunha ao seu favor.
— Como foram seus relacionamentos? — eu quis saber.
— Como você lidava com sexo antes de eu aparecer? Você
me disse uma vez que sua experiência sexual era limitada…
— Eu tive pouquíssimas experiências, nunca as achei
muito prazerosas. Claro, sempre com mulheres, você sabe
que é o primeiro homem com quem estive. — ele comentou.
Sempre que ele me dizia aquilo, um sentimento de posse
me preenchia por inteiro. Eu queria que ele fosse meu. Eu
tinha sido o primeiro homem a tocá-lo, e desejava ser o
último.
— Gosto mesmo quando você diz isso. — eu sussurrei pra
ele, antes que pudesse me dar conta.
Tive medo que ele se ofendesse com a minha
possessividade, mas ele me surpreendeu, sorrindo
brandamente pra mim.
— Eu também. — ele disse, o rosto ruborizando. —
Quando estamos transando, aumenta meu tesão saber que
você é o único.
Senti o fogo queimar meu corpo. Seria possível que
Harry estivesse admitindo aquilo? Ele parecia perfeito pra
mim, como se tivesse sido feito sob medida. Não consegui
responder nada, fiquei fitando seu rosto, com os olhos
febris.
Alguns segundos depois Harry se incomodou com o
silêncio tenso, carregado de atração, que pairava entre nós.
— Mas voltando à conversa anterior, você também
mencionou que não tem vontade de ser passivo. Comigo é o
oposto, mesmo nas minhas fantasias com homens, eu nunca
me coloquei em um papel de ativo, eu nunca quis isso. —
ele explicou.
Aquilo fez com que eu me desconcentrasse. Eu arqueei
as sobrancelhas surpreso.
— Não imaginava que fosse assim pra você. — eu falei.
— Por que? — ele sorriu para mim. — Não pareci
absolutamente passivo meia hora atrás?
— Comigo sim, eu acho que sempre deixei claro que
esperava que você fosse passivo quando transamos. — eu
argumentei. — Mas não imaginei que você não desejasse
ter a experiência de ser ativo com nenhum outro homem.
— Não desejo. — ele garantiu, seus olhos verdes fixos
nos meus. Seu rosto se tornou rubro novamente. — Se já
não desejava, agora muito menos… Draco… você precisa
entender o que eu sinto quando você…
Ele parecia tímido, sem saber como continuar.
— Quando eu te fodo… — eu sugeri, abrindo um sorriso
maroto para ele.
— Sim. — ele sorriu nervosamente. — Quando você me
fode… não tem como ser melhor do que isso.
Senti meu pênis responder aquela declaração. Eu o puxei
com força para junto do meu corpo. Eu o queria
desesperadamente, queria que ele fosse meu para sempre.
Para sempre. Aquelas palavras me arrebataram.
Eu sentia minha respiração ficar mais intensa, a
felicidade pulsando em minhas veias. O que eu oferecia a
Harry era o suficiente para ele, na realidade era mais do
que isso: era tudo o que ele desejava.
— Harry. — eu suspirei.
— Draco… eu quero que você saiba que eu não vou
acordar amanhã e descobrir que quero outra pessoa, nem
submisso, nem dominador, nem alguém que não seja
nenhuma coisa nem outra. — ele se declarou, fazendo todo
meu corpo se arrepiar, meu coração disparado dentro do
peito. — Você é importante pra mim.
Eu o puxei para mim, beijando seus lábios com
sofreguidão. Eu nunca o deixaria ir embora, nunca.
— Você também é importante pra mim. — eu confessei,
sussurrando entre um beijo e outro.
— Acho bom. — ele sorriu para mim, brincalhão, o dedo
tocando com leveza a ponta do meu nariz. — Não vá me
aparecer com outro submisso que não vou aceitar te dividir.
— Não vou. — eu prometi, sorrindo de volta pra ele.
Era até engraçado que ele sugerisse isso. Não era óbvio
que não existia homem no mundo capaz de me satisfazer
como ele?
Fiquei alguns segundos olhando para seu rosto bonito.
Os cabelos pretos despenteados, a famosa cicatriz na testa,
em formato de raio. Seus olhos verdes pareciam cansados
de toda a atividade daquele dia.
— Vamos dormir? — eu o convidei.
— Vamos. — ele falou, bocejando coincidentemente.
Então sorriu, parecendo despreocupado — Posso tirar a
coleira?
Eu ri do jeito que ele falava. Não estava intimidado com
aquele objeto… quando propus aquilo a ele achei que ele
pudesse se recusar. De certa forma eu estava sempre
esperando que Harry se recusasse a fazer alguma coisa
comigo, mas ele parecia aceitar de bom grado tudo o que
eu propunha na cama. Ele era corajoso, raramente
hesitava, e quando o fazia era sempre por poucos
segundos.
— Você ficou muito gostoso com ela. — eu admiti,
ajudando-o a desabotoar o acessório e retirá-lo de seu
pescoço.
— Gostei de usar. — ele se limitou a dizer, com um
sorrisinho envergonhado.
Nós saímos do quarto de BDSM, caminhamos sem roupa
alguma pela minha casa, sem nos preocupar com mais
nada. Ele traçou um caminho reto até o meu quarto. Nós
dois usamos o banheiro e tomamos um banho rápido antes
de nos deitar para dormir.
Na cama, ele puxou meu corpo pra junto do dele sem
cerimônia, me acolhendo em seus braços. Sem dizer nada,
nossas respirações tornaram-se mais regulares, e nós
adormecemos.
—/—
No dia seguinte, acordei sozinho na cama. Por alguns
breves segundos senti medo que Harry tivesse ido embora,
mas logo ouvi movimentos vindos do banheiro. Alguns
minutos depois, ele saiu lá de dentro, enrolado em uma
toalha. Estava lindo, com os cabelos pretos molhados e o
abdome bem marcado.
— Você é uma visão e tanto, Potter. — eu brinquei,
utilizando seu sobrenome. — Se eu soubesse que era isso
que havia embaixo daquela capa de Hogwarts eu já tinha te
pegado há muito tempo.
— Eu era muito mais magrelo no tempo de escola. — ele
contou, rindo. — O treinamento dos aurores é pesado, foi
assim que eu ganhei mais corpo.
— Graças a Merlin. — eu falei. — Se você fosse assim
desde adolescente, a essa altura algum bruxo por aí já teria
te conquistado e você já estaria comprometido.
— Mas eu estou comprometido. — ele disse, sorrindo
sensualmente para mim, despindo a toalha e subindo na
cama comigo.
— Que bom que sabe. — eu disse, os olhos presos no seu
corpo nu.
Eu jamais me cansaria daquele homem.
Ele passou uma perna para cada lado do meu corpo,
sentando-se por cima de mim.
— Espero que isso esteja bem claro pra você, Malfoy. —
ele falou, o tom rouco e provocante.
Harry esfregou-se lentamente no meu pênis, deixando-o
rijo. Minhas mãos passeavam pelo seu corpo, sentindo a
textura da sua pele.
— Que gostoso. — eu sussurrei, fechando os olhos,
sentindo ele sarrar no meu membro.
— Adoro sentir o senhor duro assim. — ele disse, usando
o tratamento “senhor” para mostrar que estava se
colocando no papel de submisso e que queria sexo.
— Você está com dor de ontem? — eu perguntei.
Eu tinha consciência que na noite passada nosso sexo
tinha sido muito intenso, isso podia deixar o passivo
dolorido no dia seguinte.
— Um pouquinho, mas posso aguentar, senhor. — Harry
respondeu, movendo-se sobre meu membro que já doía de
tanta excitação.
— Tem certeza? — eu perguntei, baixo. — Tenha
consciência de que você não pode mentir pra mim, Harry.
— Sim..sim. — ele ofegava, seu pênis já rígido, a glande
molhada pelo pré-gozo. — Por favor, senhor, me deixe
sentar no seu pau.
Aquilo acabou com qualquer resistência que eu pudesse
ter. Harry Potter em cima da mim, implorando para sentar
no meu pênis, era demais para aguentar. Puxei meu
membro para fora da cueca que eu tinha usado pra dormir.
Peguei a varinha na mesa de cabeceira, fazendo um rápido
feitiço de lubrificação.
— Então cavalga bem gostoso em mim. — eu ordenei.
Vi a mão de Harry ir na direção de sua entrada, e notei
que ele preparava com os dedos seu ânus, que eu tinha
acabado de lubrificar com magia. Não demorou muito, ele
encaixou sua entrada no meu pênis e desceu o corpo
devagar, deixando-me penetrá-lo. Deixei que ele fizesse no
seu tempo. Pouco depois ele iniciou um movimento
delicioso de vai e vem sobre o meu corpo, apoiando as
mãos em meu peito.
Tomei seu pênis na mão, acariciando-o com leveza,
provocando-o. Conforme os movimentos dele sobre mim
ganhavam ritmo, e ele me enterrava cada vez mais pra
dentro de si, passei a masturba-lo com mais ímpeto. Queria
senti-lo gozar, sentir seu canal contraindo-se e apertando
meu membro.
— Goza no pau do seu dono, goza. — eu falei.
— Aah. — Harry gemeu ao me ouvir dizer aquilo, deitou a
cabeça pra trás, gozando forte na minha mão, sujando meu
peito com seu sêmen.
Fui logo depois dele, sem conseguir controlar meu
orgasmo ao vê-lo gozar daquela forma sobre mim. Quando
acabou, passei os braços atrás de seu pescoço e o puxei
para baixo, e ele se deitou sobre meu peito, sem que eu
saísse de dentro dele. Ficamos ali, quietos, abraçados.
Harry Potter era meu. Nada no mundo poderia tirá-lo de
mim.
Capítulo 13

CAPÍTULO 13
NARRADO POR HARRY POTTER
— Queria te levar em um lugar hoje. — eu disse, ainda
deitado sobre o peito dele.
— Onde? — ele quis saber.
Eu podia ouvir a curiosidade em sua voz. Era incrível que
eu tivesse aprendendo a reconhecer as expressões de
Draco, entender suas emoções devido a entonação que ele
dava às palavras. Em vários momentos, principalmente
durante o sexo, eu tinha passado a dizer deliberadamente
frases excitantes, sabendo o que causariam nele e sendo
recompensado pelo seu tom de voz rouco, me dizendo
coisas que me davam mais tesão ainda. Mas mesmo fora da
cama, eu sentia que começava a entender Draco Malfoy.
Aquelas semanas tinham sido mais esclarecedoras sobre
ele, do que todos os anos que passamos juntos em
Hogwarts.
— É uma surpresa. — eu falei. — É um lugar trouxa, acho
que você nunca foi até lá.
Levantei o rosto para encará-lo, descolando um pouco
meu corpo do dele e apoiando os braços no colchão. Vi que
ele fazia uma careta.
— É provável que não, mesmo. — ele falou. — De
Londres trouxa eu conheço basicamente os sex shops.
— Não existe sex shops bruxos? — eu perguntei, com
curiosidade.
— Existem, podemos ir um dia se você quiser. — Draco
sorria pra mim. — Mas eu costumava frequentar mais
seguidamente sex shops trouxas, porque, como você sabe,
eu tinha o hábito de me encontrar com submissos trouxas,
que não sabem quem eu sou.
— Ia ser difícil explicar vibradores mágicos para esses
pobres garotos. — eu comentei, divertido.
— Sem dúvida. — ele falou, o olhar brincalhão. — Mas
felizmente o mundo trouxa está bem desenvolvido em
termos de brinquedos sexuais. Claro, sempre é mais
intenso transar com um bruxo, existem magias que se pode
usar em sexo BDSM.
— Você as usou com Julian? — eu quis saber, saindo
totalmente de cima dele e sentando-me na cama.
Fazia um tempo que eu vinha pensando na existência
dessas magias de submissão sexual. Eu sabia um pouco de
feitiços sexuais, principalmente magia das trevas, devido ao
meu treinamento como auror no qual aprendíamos a
resistir à alguns feitiços mais comuns (caso fossemos
capturados e alguém intencionasse nos abusar
sexualmente) e também aprendíamos contrafeitiços para o
caso de ter que atuar no resgate ou salvamento de vítimas
de estupro.
Existia uma parte do direito mágico que tratava dessa
questão sexual e relacionava-se fundamentalmente ao
consentimento, ditando o que era permitido dentro da
liberdade individual de cada um. Basicamente, a lei dizia
ser ilegal lançar feitiços sexuais sobre um bruxo sem
consentimento e proibia terminantemente o uso de feitios
sexuais em trouxas. Além disso dividia os feitiços sexuais
entre feitiços permitidos e feitiços de magia das trevas,
cujas consequências eram duvidosas tanto para quem lança
o feitiço tanto para o alvo.
Mas meu conhecimento, até eu começar a me relacionar
Draco, reduzia-se a essas questões legais e algumas poucas
práticas durante o treinamento dos aurores relativas à
prevenção da violência sexual. Eu nunca tinha vivenciado
na nada disso no contexto da minha própria sexualidade.
Até porque este assunto, embora presente na lei, era um
tabu e a maioria dos bruxos e bruxas mantinha relações
sexuais sem usar magia ou apenas com alguns feitiços
simples de intensificação do prazer ou de ligação entre o
casal.
Na noite em que eu e Draco tínhamos conversado sobre
nossos limites e as práticas sexuais que desejávamos fazer,
ele tinha tocado no assunto, me explicando sobre alguns
feitiços. Mas ele também tinha me dito que não acreditava
que já estivéssemos prontos para usar magia na hora do
sexo.
Naquele momento, estava curioso para saber se ele já
tinha usado feitiços com alguém antes. Pensando sobre a
pergunta que eu havia feito, Draco franziu a testa,
erguendo-se e sentando-se ao meu lado.
— Não. — ele disse com cuidado. — Usei apenas algumas
vezes essas magias, com bruxos com quem eu tinha uma
melhor relação de confiança. Usar magia em alguém, fazer
feitiços que agem sobre o corpo de uma pessoa, sem que
essa pessoa esteja com uma varinha nas mãos para se
defender… isso é complicado. Pode causar pânico, deixar a
pessoa extremamente desconfortável, mesmo que ela tenha
dado um consentimento prévio para isso.
Eu medi as palavras dele. Era algo complicado,
realmente. A varinha, para qualquer bruxo, era quase como
uma extensão de si próprio. No treinamento de auror, esse
sentimento se aprofundava, porque aprendíamos a estar
sempre preparados para empunhar a varinha e nos
defender. Até mesmo quando permitíamos, nos
treinamentos, que um colega nos atingisse com
determinado feitiço, sempre mantínhamos a varinha na
mão, para a qualquer momento dar um basta. Era uma
segurança. Alguns raríssimos e opcionais treinamentos
desarmados poderiam ser feitos, por aurores já nos últimos
estágios do treinamento, como tentar resistir ao efeito de
feitiços, mas ainda nesses casos a varinha ficava sempre ao
alcance e jamais era entregue a outra pessoa.
No dia anterior, no entanto, eu tinha entregado minha
varinha nas mãos de Draco, naquela festa. Parece que só
naquele momento minha ficha tinha caído, e eu finalmente
compreendia a grandiosidade daquele ato.
— Você está pensando sobre ontem né? Sobre ter me
entregado sua varinha. — ele falou, decifrando meus
pensamentos.
— Sim. — eu concordei.
Parece que eu não era o único que estava aprendendo a
ler as reações e emoções de Draco.
— Não é algo para se fazer impulsivamente. — ele
aconselhou, com severidade. — Se fosse outro em meu
lugar, poderia ter se aproveitado disso.
— Se fosse outro em seu lugar, eu jamais teria entregado
a varinha. — eu rebati, com lógica.
Eu não estava arrependido. Não foi um gesto impensado,
ele precisava saber disso. Precisava saber que eu não
entregaria minha varinha na mão de outro bruxo assim, se
eu não tivesse uma confiança profunda na pessoa.
Ele me olhou, os olhos azuis acinzentados, como um céu
em dia de tempestade. Aquele jeito dele de me olhar fazia
meu corpo estremecer. Sempre que eu dizia algo assim,
sobre meus sentimentos por ele, sobre as sensações que
ele me causa, ele me encarava daquele jeito.
— E se eu tivesse te lançado feitiços? — ele quis saber.
— Não acho que eu teria entrado em pânico se você
fizesse isso, você já conversou comigo sobre alguns feitiços
e eu não fui contrário a usá-los, lembra-se? — eu sorri para
ele, levando uma mão até seu rosto, acariciando de leve. —
E se eu tivesse incomodado, acho que você perceberia e
pararia.
Era simples afinal. Eu não tinha mais receio de nada
durante o sexo com Draco. Tinha aprendido isso na noite
anterior com muita clareza, se algo chegasse ao meu limite,
ele pararia imediatamente. Então não tinha razão para que
eu temesse nada.
— Será possível que você tenha toda essa confiança em
mim? — ele parecia incrédulo.
— Já conversamos sobre isso ontem. — eu o lembrei. —
Mas se você quer mesmo saber, vou te mostrar uma coisa
que fiz ontem à tarde.
Eu levantei da cama e busquei minha mochila, que
estava em cima de uma cadeira, no quarto dele. Dentro
dela retirei um envelope. Entreguei a ele.
Draco segurou o envelope com desconfiança e retirou de
lá o documento que eu tinha feito ontem, depois da minha
reunião com os aurores. Todo auror tinha o direito de
registrar um nome no departamento, de alguém de extrema
confiança, que deveria ser procurado em situações de
emergência, em casos de vida ou morte nos quais auror em
questão estivesse envolvido.
Essa pessoa tinha o direito de ser informada sobre as
atividades do auror que a registrou, podendo até mesmo
em casos de extrema necessidade se envolver nas missões
desse auror, embora o registro contivesse uma espécie de
feitiço que a impedia de contar a quem quer que fosse.
Além disso, o nome das pessoas registradas tinham
prioridade de proteção entre os aurores, visto que,
normalmente, eram as pessoas que eles mais amavam no
mundo.
Draco Malfoy era advogado. Ele lia o documento sabendo
exatamente tudo o que significava.
— Você me registrou no Departamento dos Aurores. —
ele parecia assombrado. — Por que eu?
— Tudo isso que está acontecendo na França vai chegar
até nós, Draco. Eu sou um auror, eu vou lutar. — eu
expliquei. — Se um dia eu desaparecer, quero que você
tenha todo direito de saber exatamente aonde eu estou. Se
algo me acontecer, quero ter a certeza de que você vai ser
protegido.
— Eu não sei se fico feliz pela sua confiança em mim, por
você se importar tanto comigo… ou se fico preocupado com
tudo o que você está dizendo. — ele ponderou, me
encarando com seriedade. — Você está planejando ir
embora em alguma missão?
— É provável. — eu falei, com cuidado, tentando não
deixa-lo preocupado demais — Os aurores estão tentando
organizar um plano, talvez logo me mandem novamente
para a França, dessa vez por mais tempo.
— Não gosto nada disso, Harry. — Draco estava
visivelmente incomodado.
Eu também não gostava nada da ideia de ficar longe
dele. Mas eu era um auror. Esse era meu trabalho e parte
de mim queria ir. Eu não gostava da ideia de ficar
escondido na Inglaterra enquanto tantas pessoas estavam
morrendo no país ao lado.
Mas aquele dia não era o momento para aquela
conversa. Era um bonito domingo de sol, e eu queria
aproveitá-lo ao lado de Draco.
— Vamos deixar essa conversa para outra hora. — eu
pedi. — Por favor, não deixe estragar nosso dia.
— Tudo bem. — ele cedeu, um pouco a contragosto. —
Onde mesmo você vai me levar.
— Já disse que é surpresa. — eu disse, sorrindo e me
levantando da cama. — Vamos, veste uma roupa
confortável e vamos tomar café da manhã.
—/—
Uma hora e meia depois, estávamos entrando no Alton
Towers Resort, um dos melhores parques temáticos da
Inglaterra. Ficava há algumas horas de Londres, mas nós
aparatamos em um lugar discreto e seguro e depois
fizemos uma pequena caminhada até o parque.
Era um lugar que eu gostava muito, eu tinha estado lá
com Rony e Hermione há vários anos, logo após o fim da
guerra contra Voldemort.
Trata-se de um lugar lindo, construído nos arredores de
um castelo antigo, com belíssimos jardins. O parque tem
seis montanhas russas incríveis, inclusive uma com o maior
número de loopings, alguns brinquedos aquáticos e outras
atrações.
— Você tinha razão, eu nunca vim aqui. — Draco
comentou quando estávamos na fila para comprar os
bilhetes.
— Você vai adorar. — eu garanti.
— Alton Towers… — ele leu o nome em uma placa. —
Esse é o único desses lugares no mundo?
— Nãaao. — eu exclamei. — Esse é apenas um dos
muitos parques de diversões que existem. Há muitos
outros, bem maiores que esse, inclusive.
— “Parque de diversões” hein? — ele brincou. — Tenho
um lá em casa mesmo, você já está se tornando um
frequentador assíduo.
Ruborizei quando vi que ele se referia ao quarto e BDSM
e empurrei seu ombro com leveza.
— Idiota. — eu disse, também em tom de brincadeira.
Chegou nossa vez na fila e eu puxei algumas notas de
dinheiro trouxa para pagar as entradas. Vi os olhos de
Draco analisando todo o espaço com curiosidade quando
entramos no parque.
— Vamos logo para uma montanha russa. — eu sugeri,
animado. — Quero começar radical.
A primeira que fomos foi a Nemesis, uma montanha
russa construída abaixo do nível do solo, que passa por
buracos e trincheiras em seu percurso. Draco e eu
confundimos alguns trouxas afim de furar a fila, já que o
parque estava cheio, e logo estávamos no brinquedo.
Depois desta andamos em mais duas montanhas russas
até a hora do almoço, quando compramos sanduiches e
comemos juntos sentados na grama do jardim. Eu e ele
conversamos enquanto comíamos, falamos do tempo em
Hogwarts, de alguns professores… Eu contei um pouco,
também, do meu treinamento como auror e ele falou de sua
faculdade de Direito Mágico.
Chegou a ser romântico eu ali, sentado ao lado dele na
grama, o sol sobre nossas peles, aquela paisagem bonita e
arborizada a nossa volta. Minha relação com Draco era tão
voltada para o sexo, que eu não tinha parado pra pensar o
quão maravilhoso seria passar um momento assim com ele.
— Isso é muito diferente. — ele comentou, quando
terminamos de comer. — Eu nunca tive um relacionamento
assim, nunca fiz esse tipo de programa de casal.
— Bom, eu também não. — eu confessei.
A verdade é que eu tinha passado a maior parte dos
últimos anos sozinho, focado em meu trabalho,
aproveitando apenas a companhia dos meus amigos.
— Eu gostei, Harry, gostei de estar assim com você. —
sua voz tinha uma nota de pânico. — Eu acho… acho que
estou me apaixonando.
Meu corpo congelou com aquela informação. Meu
coração tinha disparado, parecia que não cabia dentro de
mim. Não sei quanto tempo fiquei ali, encarando Draco,
incrédulo com aquela declaração. Não achei que ele ia
colocar as coisas daquela forma, que ia abrir-se daquele
jeito pra mim.
— Eu entendo se você não sentir o mesmo. — ele falou,
preenchendo o silêncio. — Eu só achei… achei que seria
melhor dizer… quer dizer… você pode ir embora pra
França amanhã… eu vou ficar aqui… eu não sei como… eu
queria que você soubesse… você não pode ir sem saber…
Draco estava incoerente, eu sentia a ansiedade na sua
voz, me tirando do meu estado de torpor. Perto de nós não
havia muita gente, o parque tem jardins bem amplos, mas
ainda assim lancei um feitiço para desviar a atenção dos
trouxas de nós. Ele parou de falar quando me viu empunhar
a varinha para lançar o feitiço, ficando apenas olhando
para o meu rosto, sua expressão demonstrando sua óbvia
inquietude.
— Eu já me apaixonei por você, Draco Malfoy. — eu
disse, meus olhos fixos nos dele.
E então coloquei fim à distância entre nós e colei meus
lábios nos dele, mergulhando num beijo apaixonado e
carregado de emoção.
— Por favor, não me deixe aqui. — ele disse, parecia
sofrendo.
Aquilo cortou meu coração, eu também não queria me
separar dele. Nem sei se conseguiria me concentrar em
uma missão na França sabendo que Draco estava na
Inglaterra sozinho. Ainda mais agora que eu sabia que
Kinoss tinha ligação com os Purificadores do Sangue e
estava irritado por ter sido expulso da festa de Zabini. Ele
poderia querer descontar em Draco, atacando-o… ou até
dar um jeito de burlar o código de sigilo da festa de Zabini
e contar aos Purificadores do Sangue a minha ligação com
Draco, o que o tornaria um alvo.
— Eu… eu vou dar um jeito, Draco. — eu falei. — Você
acha que conseguiria uma licença no trabalho?
Ele ergueu as sobrancelhas pra mim.
— Acho que sim. Você quer me levar pra Franca? — ele
parecia genuinamente impressionado.
— Acho sinceramente que você não está seguro aqui
sozinho, por causa de Kinoss. Sei que os outros aurores
podem te proteger, mas eu ficaria mais tranquilo se você
estivesse perto de mim. — eu argumentei, e depois deixei
toda a racionalidade para trás. — A situação está ruim
demais na França, Draco, e eu estou com medo do que está
por vir, eu quero que estejamos juntos.
— Então nós vamos estar juntos. — ele falou, e pareceu
mais tranquilo do que estivera a manhã toda.
Depois do almoço, andamos em alguns brinquedos
aquáticos e outras montanhas russas, inclusive a The
Smiler, que tem nada menos do que 14 loopings e quedas
de 30 metros de altura. Draco gritou e se divertiu como os
trouxas, conforme girávamos no ar, embora alguns
movimentos fossem semelhantes às manobras que fazíamos
com as vassouras.
No final do dia, voltamos para casa dele, cansados, um
pouco vermelhos do sol, mas incrivelmente felizes.
Capítulo 14

CAPÍTULO 14
NARRADO POR DRACO MALFOY
Naquela mesma noite, Harry e eu fomos acordados, por
volta das duas da madrugada, com uma coruja de Kingsley
Shacklebolt, chefe dos Aurores. O bilhete era curto e dizia
claramente que eu e ele deveríamos nos apresentar o mais
rápido (e discretamente) possível, no esconderijo de
número 18 dos Aurores, cuja localização eu não tinha ideia
de onde era.
— Esconderijo número 18… — eu podia ver o cérebro de
Harry trabalhando. — Draco… você por um acaso não teria
umas roupas de couro, essas coisas que se usa em clubes
BDSM?
— Fetiche a essa hora? — eu perguntei incrédulo e
confuso. — Não temos que encontrar seu chefe?
— Não, Draco. É porque é exatamente isso que o
esconderijo número 18 é. Um clube BDSM, o Erthel’s Club.
Mas teremos que ser discretos, entrar e sair sem que
desconfiem do nosso real propósito. Pode haver bruxos das
trevas à espreita nesses lugares. — Harry explicou. — Não
sei porque Kingsley marcou lá, não é um esconderijo muito
usado. A não ser que ele queira esconder o assunto até dos
outros aurores, aí faz sentido, marcar num lugar onde os
aurores de maneira geral não costumam frequentar.
Os aurores tinham um esconderijo em um clube BDSM?
Porque estávamos sendo chamados lá? Eram perguntas que
vinham a minha cabeça, sem resposta, enquanto eu
levantava rapidamente, procurando em meu armário as
roupas apropriadas para o Erthel’s Club. Vesti-me com uma
calça de couro preta e uma jaqueta de mesma cor e
material, além de uma camiseta cinza escura justa.
Estendi uma calça jeans para Harry, de um tom claro,
bastante rasgada. Ele fez uma careta, mas não discutiu.
— Vista sem cueca. — eu disse.
— Mas…
— Vão perceber, a calça marca e tem muitos rasgos. —
eu cortei o que poderia vir a ser um questionamento sobre
a necessidade de não usar roupas de baixo.
Estendi para ele uma coleira larga de couro preto, com
um anel de metal na parte da frente do pescoço.
— Isso é mesmo necessário? — ele falou, em tom de
súplica, segurando a coleira nas mãos. — Nós vamos
encontrar o meu chefe.
— Você disse que tínhamos que ir disfarçados. — eu
argumentei, em voz baixa.
Entendia que ele não queria aparecer assim na frente do
chefe. Quem queria ir para uma reunião de trabalho de
coleira, sem camisa, vestindo apenas um jeans todo
rasgado que não deixava quase nada para a imaginação?
No lugar dele, eu também estaria constrangido.
— Você pode vestir um casaco até chegarmos lá, se for se
sentir melhor. — eu falei, tentando passar algum conforto
pra ele.
Mas ele não me respondeu nada. Sua testa estava
franzida, sua expressão severa.
— Harry, o que houve? — eu questionei.
— Mas eu não estou disfarçado, não é? De certa forma,
eu sou seu submisso. — ele respondeu. — Kingsley não
marcou uma reunião em um clube BDSM por mera
coincidência. Ele sabe, ele sabe sobre eu e você.
— Como? — eu arregalei os olhos. Eu e os outros bruxos
envolvidos com BDSM sempre tínhamos mantido aquilo a
sete chaves.
— A pergunta não é como ele descobriu seu segredo,
Draco. — ele disse, fechando a coleira em torno do seu
pescoço. — A pergunta é o que, afinal, Kingsley quer com
você?
— \\ —
Quando chegamos na entrada do clube, que ficava em
uma rua bastante discreta de Londres, eu sussurrei para
Harry:
— Sei que você está irritado, mas você vai precisar
mudar de postura agora, tudo bem?
— Sim. — ele disse. — Sim, eu sei, Draco. Vou deixa-lo
me guiar, tudo bem? Peça o quarto de número 6.
Segurei sua mão com firmeza. A cada vez que ele
depositava sua em mim eu me sentia mais forte, mais
satisfeito, um homem melhor.
— Senhor Malfoy. — eu fui cumprimentado assim que
cheguei pela jovem recepcionista. — Há quanto tempo.
Harry entrou atrás de mim e permaneceu parado, um
passo atrás, as mãos juntas na frente do corpo, os olhos
fixos no chão, o rosto completamente inexpressivo.
— Faz tempo mesmo, srta. Jones. — eu respondi. —
Minha ausência se deve ao fato de eu ter um submisso fixo
agora. E ele ainda não estava preparado para o Erthel’s
Club.
— Ele é muito bonito. — srta. Jones comentou,
sorridente.
Ela não falou diretamente com ele porque viu que eu não
fiz menção de apresenta-los. Para todos os efeitos, eu era
bastante possessivo. Mas na realidade, eu só queria chegar
o mais rápido possível ao quarto. E por Merlin, mesmo que
Harry estivesse muito mais do que sexy com aquela roupa,
não seria para aliviar minhas tensões sexuais.
— Quarto 6, por favor. — eu disse, com rispidez.
— Cla-claro. — ela respondeu, um pouco desconcertada,
me entregando a chave.
Andei na direção do quarto, com Harry um passo atrás
de mim, mantendo a mesma postura e expressão de forma
impecável. Ao entrar no quarto, no entanto, Harry, sacou a
varinha que tinha ocultado com um feitiço no bolso da
calça. Trancou a porta, lançou feitiços silenciadores e tocou
três vezes com a varinha nas pontas da cruz presa à parede
que servia para amarrar os submissos.
Abriu-se uma passagem que dava para uma pequena sala
apertada com três cadeiras, onde Kingsley Shacklebolt já
nos esperava. Ele arregalou os olhos para Harry,
visivelmente impressionado com a imagem de seu mais
talentoso auror vestido naqueles trajes.
— Kingsley. — Harry cumprimentou friamente. Suas
vestes de submisso contrastavam de forma gritante com
seu tom de voz.
— Sr. Shacklebolt. — eu disse, incerto.
— Harry. Sr. Malfoy. — Shacklebolt tentou cumprimentar
cordialmente. — Sentem-se.
Eu e Harry nos sentamos. Eu não entendia porque Harry
estava irritado daquela maneira. Ele parecia
profundamente desconfiado das intenções do chefe.
— Eu já sei o que você quer. — Harry falou. — Tive todo
o caminho até este quarto para pensar. E a resposta é não.
— Harry… — Shacklebolt falou. — Por favor me escute, é
um bom plano.
— De jeito nenhum. — Harry aumentou o tom de voz. —
Draco é civil, não é auror. Civis não participam de missões.
Como é? Shacklebolt queria que eu participasse de uma
missão com os aurores? Como é que Harry tinha deduzido
isso só com aquele bilhete?
— Você inscreveu ele como seu contato no
Departamento, isso o autoriza a saber dos seus movimentos
e, inclusive, a atuar em algumas missões. — Shacklebolt
falou, como se fosse uma carta na manga.
Eu sabia que era uma péssima coisa para se dizer a
Harry. Minha opinião foi confirmada quando vi Harry
levantar da cadeira. Seus olhos eram assassinos.
— Como você ousa Shacklebolt? — tinham acabado os
tratamentos amigáveis. — Eu o inscrevi como contato para
ele ser protegido, não para o Departamento se achar no
direto de arriscar a vida dele.
— Pelo menos escute o que eu tenho para dizer. —
Shacklebolt disse, calmamente.
Entrelacei meus dedos nos de Harry.
— Vamos ouvi-lo, Harry. — eu falei. — Eu quero ouvir.
— Isso tinha que ter sido dito a mim e apenas a mim,
Shacklebolt. — Harry disse. — Mas você sabia que eu
recusaria, então você manipulou a situação e chamou
Draco aqui, para que eu fosse obrigado a deixa-lo ouvir
você.
Shacklebolt nada respondeu. Ele não negou, porque era
evidentemente verdade o que Harry dizia.
— Por favor. — eu pedi
Harry se sentou de novo, segurando firme a minha mão,
mas sem se virar pra mim. Seus olhos estavam fixos em
Shacklebolt. O auror mais velho, não se intimidou, virou-se
para mim, talvez considerando-me a pessoa mais fácil de
convencer, e começou me contar o que sabia e o seu
planejamento.
— Talvez seja uma surpresa para o senhor, mas os
aurores, há mais um menos uns três anos, tem feito um
mapeamento das atividades de bruxos praticantes de
BDSM. Foi uma investigação bastante sigilosa, apenas eu e
dois outros aurores nos envolvemos nela. Harry, por
exemplo, não tinha a menor ideia da existência dessa
investigação. Sabemos que alguns bruxos como o senhor,
Blaise Zabini, Simon e Leo que são funcionários do
Ministério e meus amigos pessoais, são apenas praticantes
de BDSM, mas não fazem nada de ilegal. Mas nossa
investigação foi importante para poder descobrir bruxos
que estão fazendo uso de magia das trevas disfarçada de
uma “prática sexual inofensiva”. Principalmente depois que
descobrimos que o BDSM é uma prática comum entre os
Purificadores do Sangue. — Shacklebolt explicou. —
Quando descobrimos que você e Harry estavam juntos,
imaginamos que talvez o senhor tivesse disposto a ajudar,
gostaríamos que o senhor se infiltrasse.
— Como espião? — eu quis confirmar.
— Sim. — ele respondeu. — Você é de uma família puro
sangue. E é um dominador, eles certamente te aceitariam.
— Isso está fora de questão. — Harry falou, como quem
coloca um ponto final.
— Essa decisão não é sua. — Eu respondi, sem me
alterar.
Shacklebolt parecia ter um brilho vitorioso nos olhos.
— Parece que vocês precisam conversar. — ele tinha um
sorrisinho mal contido no canto dos lábios. — Eu vou
aparatar, confundi recepcionista para entrar no clube horas
mais cedo, quando não tinha ninguém aqui.
— Antes de ir, Shacklebolt, deixe eu lhe dizer uma coisa.
— Harry disse, e talvez fosse o tom mais perigosamente
calmo que ele usara desde que entramos naquele quarto. —
Você agiu pelas minhas costas hoje, e eu nunca vou
esquecer.
— Harry… — ele respondeu, parecendo desconcertado
com as palavras do auror que ele próprio tinha treinado.
Mas Harry virou as costas, voltou andando para dentro
do quarto. Shacklebolt me estendeu seu cartão, para que
eu pudesse entrar em contato, lançou um último olhar
confuso na direção de Harry e desaparatou.
— O que foi tudo isso? — eu perguntei para Harry, que
tinha se sentado numa estrutura de madeira no chão.
— Um pesadelo. — ele disse, os cotovelos apoiados nos
joelhos, o rosto enterrado nas mãos.
— Você não acha que está exagerando? — eu perguntei.
— Seu chefe veio me pedir ajuda. Hoje mesmo estávamos
falando sobre ir pra França juntos.
— Isso não é ir pra França juntos. É arriscar sua vida. É
te colocar no trabalho mais perigoso que existe. — ele disse
com urgência, erguendo os olhos pra mim. — Espiões
acabam mortos, Draco, não é por nada o que aconteceu
com Severo Snape. Se eles descobrirem que você é um
agente duplo, se Kinoss aparecer lá, fizer a cabeça deles
contra você, você vai ser torturado e morto.
— Eu sei me defender. — eu falei.
— Draco, você não vai ter a menor chance. Eles seriam
muitos e você um só. — ele respondeu, com escárnio. —
Mesmo que você fosse um auror treinado, o que você não é.
— Eles não vão me descobrir. Eu sei mentir bem, as
coisas vão dar certo. — eu tentei novamente.
— Porquê de repente você quer tanto isso? — Harry se
alterou. — Eu não estou te entendendo.
E de repente eu também já estava alterado.
— Eu é que não estou te entendendo. Você vem falando
disso desde que começamos a ficar juntos, que as coisas na
França estão ruins, que você quer ajudar, que vai lutar. O
único que pode fazer algo é você? O único que pode
arriscar a vida é você? — eu questionei, aumentando a voz.
— Eu fui treinado pra isso, você já me viu duelando. —
ele argumentou. — E eu não vou estar trabalhando
infiltrado, você sabe que é diferente.
— Você pode ser útil em batalhas, em missões de
salvamento, duelando, é verdade. E eu posso ser útil como
espião. — eu tentei ser racional. — temos qualidades
diferentes, coisas diferentes a oferecer.
— E como é que você vai ser útil, Draco? — ele
perguntou, irritado. — Participando das festinhas dos
Purificadores do Sangue? Fazendo cenas com submissos
para satisfazer seus novos colegas puro sangues?
— É disso que se trata? Ciúmes de mim com outros
submissos? — eu questionei.
Os olhos dele estavam profundamente verdes, lágrimas
incontidas começaram a cair incessantemente sobre seu
rosto, escorrendo pela sua bochecha, avermelhando seu
rosto sério e triste.
— Não. Eu preferia ver você transar com mil homens
diferentes do que ver você partir nessa missão. — ele
respondeu. Tão digno, tão sincero. Ele tinha aquele poder
de me tocar profundamente, de me desarmar.
— Por favor, eu faço o que você quiser, se você não for. —
ele disse, caminhou na minha direção, parecendo
desesperado.
Ele começou a tirar a calça.
— Agora não é hora de sexo, Harry. — eu disse, confuso
com suas intenções.
Mas então ele empurrou sua varinha novamente nas
minhas mãos, como tinha feito na festa de Blaise, me olhou
com os olhos cheios de dor, e então, caiu de joelhos aos
meus pés.
— É sua, só uso quando você permitir. Te trato para
sempre como meu senhor. Só faço o que você deixar. Vou
abandonar os aurores, não participo de mais nenhuma
missão. Vou estar sempre disponível, nunca vou recusar
nada. Se você quiser ter relações com outro homem vou
aceitar. — ele jurou. — Em troca eu só te peço pra não ir,
não seja espião, não arrisque sua vida, não se envolva.
Eu me abaixei ao lado dele sem acreditar no que estava
acontecendo. Estendi de novo a varinha pra Harry, mas ele
não a pegou. Ficou num silêncio imóvel, ajoelhado, as mãos
sobre o joelho, o rosto abaixado, chorando. Guardei a
varinha segura no bolso do casaco, junto da minha.
Enxuguei as lágrimas no rosto dele, mas era um gesto
inútil, elas seguiam caindo, sem parar, quietas, mas
constantes. Além de minha mãe, ninguém tinha chorado
daquele jeito por mim. Ninguém tinha se disposto a abrir
mão de tudo e qualquer coisa daquela forma pela minha
vida, pela minha segurança. A essa altura, meus olhos
também já transbordavam lágrimas.
— Eu não vou aceitar a proposta de Shacklebolt. — eu
falei, abraçando-o, trazendo seu corpo para junto do meu.
— Eu não poderia te magoar dessa maneira.
Senti que ele se agarrava em mim, molhando minha
camisa de lágrimas, sem conseguir reprimir um soluço alto,
chorando com o rosto enterrado em meu peito.
— Obrigado, Draco, obrigado. — ele disse, a voz tingida
de alívio.
Mas de repente ele levantou a cabeça e tentou se
recompor, como se estivesse sido pego fazendo algo errado.
— Desculpe, eu prometi trata-lo como meu senhor de
agora em diante. — ele tentou sorrir forçadamente. — Acho
que isso não inclui chama-lo pelo nome.
Ele estava disposto a cumprir aquilo que tinha me
proposto, como uma barganha. Ele cumpriria até o fim da
vida, desde que eu ficasse a salvo. E, por causa disso, a
profundidade dos nossos sentimentos um pelo outro
começou a veio à tona, me atordoando. Eu percebi que
também faria qualquer coisa para vê-lo bem.
— Não é assim entre a gente, Harry. Não quero que você
me chame de senhor o tempo todo. — eu falei, com
bondade. — Você tem sua vida, pode fazer as coisas que
gosta e certamente tem o direito de recusar algo que não
deseja.
— Eu desejo o que o senhor desejar. — ele disse,
submisso, sem me olhar, tentando controlar, em vão, a voz
embargada pelo choro. — Minha vida te pertence.
— Pare com isso Harry, eu não quero nada disso, eu
quero você do jeito que você é. Quero que você seja feliz. —
meu tom era de súplica.
Ele me encarou com seriedade, absorvendo minhas
palavras.
— Nós vamos pensar em outra coisa pra combater os
Purificadores de Sangue e ajudar o Mundo Bruxo. — ele
disse. — Eu não vou te deixar de fora, estava falando sério
hoje à tarde. Vamos fazer alguma coisa, mas juntos. Eu juro
a você, não vou te guardar um único segredo.
— Não quero que você vá embora em uma missão sem
mim. — eu falei. — Eu sei que não é a mesma coisa, sei que
você é treinado, que não são casos de espionagens, mas eu
também fico preocupado com a sua segurança.
— Isso nunca mais vai acontecer. Amanhã eu não serei
mais um auror. — ele me disse, muito sério.
— Você não precisa… — eu comecei, mas ele colocou um
dedo sobre meus lábios, com leveza.
— Eu sei que você não está me pedindo isso. Mas eu não
quero mais. Eu nunca quero ter que partir em uma missão
e causar em você a aflição que senti hoje quando achei que
você fosse aceitar o plano de Shacklebolt. — Harry
explicou. — A decisão que você tomou hoje, por mim, eu
nunca vou esquecer. E você merece que eu faça o mesmo
por você.
— Mas você não quer continuar combatendo as artes das
trevas? — eu perguntei, confuso.
— Quero, mas só se for do seu lado. — ele respondeu,
sorrindo timidamente pra mim. — E não preciso do
Departamento de Aurores pra isso.
— E no que você vai trabalhar? — eu perguntei.
— Por enquanto, em nada. — ele respondeu. — Mas
quando tudo isso se resolver, quem sabe… Posso me
candidatar ao cargo de professor de DCAT em Hogwarts.
— Você tem certeza? — questionei.
— Do que? Das minhas ambições profissionais futuras? —
ele perguntou. — Não. A única coisa que tenho certeza
agora, é que quero estar com você. E quero que você esteja
feliz, e em segurança. Porque, Draco, se algo te acontecer,
eu não posso nem pensar… eu acho que eu não
conseguiria…
E foi a minha vez de tocar levemente seus lábios para
silencia-lo. Porque eu sentia o mesmo. Eu não saberia como
continuar se algo acontecesse com ele. Harry já se tornara
parte fundamental da minha vida, do meu próprio ser.
E tomado por esse sentimento, o puxei para um beijo
carregado de necessidade.
Capítulo 15

FAVOR, NÃO DÊ SPOILERS E NEM FAÇA


COMENTÁRIOS INADEQUADOS. SE VOCÊ É
IMATURO PARA LER CENAS BDSM OU CONTEÚDO
SEXUAL DE MANEIRA GERAL, NÃO COMENTE
NESSE CAPÍTULO. SE VOCÊ VER ALGUM
COMENTÁRIO INAPROPRIADO, MARQUE O USER
DRARRYFANFIC21 E ME AJUDE A IDENTIFICAR
PROBLEMAS.
CAPÍTULO 15
NARRADO POR HARRY POTTER
Meus joelhos ardiam um pouco do contato com o chão
áspero e pedregoso do quarto número 6 do clube. Draco
pareceu se dar conta disso sem que eu dissesse, porque ao
separarmos nossos lábios, ele sentou-se no chão,
recostando-se numa parede próxima, puxando meu corpo
nu para o seu colo, onde me acomodei sem reclamar.
Ele afagou de leve seus joelhos.
— É um quarto apropriado pra seções mais rígidas de
BDSM. — Draco comentou.
Eu olhei em volta, pesando suas palavras. O chão e as
paredes eram de pedra. O quarto tinha um aspecto
sombrio, os móveis, de modo geral, assemelhavam-se um
pouco ao que havia no quarto de BDSM na Mansão Malfoy,
mas eram bem mais rústicos. Era quase tudo de madeira ou
metal.
— Sem dúvida você criou um ambiente mais confortável
na sua casa. — eu respondi.
— Você ficou impressionado com o quarto? — ele quis
saber. Draco parecia sempre preocupado que eu me
assustasse com algo relacionado ao mundo BDSM. — Você
já tinha vindo a esse esconderijo antes? Com os aurores?
— Não, aprendemos a localização desse esconderijo na
teoria, sabemos como entrar, mas como eu disse,
raramente é utilizado. É a primeira vez que entro no quarto
6. — eu expliquei. — Porém, eu já tinha vindo nesse clube
antes, quando estava pesquisando sobre BDSM, antes de
decidir te procurar. Eles tem um salão aberto no andar de
cima, muito parecido com esse quarto, no qual
dominadores fazem cenas com seus submissos e voyeurs
podem assistir.
— Você se cadastrou como voyeur da última vez que
veio? — ele perguntou.
— Sim. — eu respondi.
— E foi aqui que você viu… que você viu submissos
sendo punidos severamente? — ele perguntou.
— Foi. — Eu falei, muito baixo.
— Você se sentiria mal… se sentiria oprimido de fazer
algo comigo aqui? — ele parecia genuinamente inseguro ao
perguntar.
— Oprimido não. — eu respondi, pausadamente. — Só
não me parece uma ideia… hã… muito atraente.
— Há algo que eu possa fazer para que seja mais
atraente pra você? — as mãos dele desciam pelas minhas
costas levemente, causando-me um arrepio de excitação.
— Ajuda muito você ficar me tocando e me olhando todo
sexy nesse quarto, parecendo o Rei do Calabouço. — eu
comentei, em voz baixa, estremecendo sob o toque dos seus
dedos.
Uma risada rouca escapou dos seus lábios.
— Rei do Calabouço! Vou ter que anotar essa pra contar
a Blaise.
Alcancei seus lábios para um beijo leve.
— Vou precisar da varinha de volta. — eu suspirei. —
Para os feitiços de preparação.
Aquilo significava que eu estava aceitando, como Draco
sabia muito bem.
— Tem certeza de que quer fazer isso? — ele perguntou.
Joguei o corpo um pouco para trás para que ele visse a
minha excitação.
— Draco, olha só o jeito que eu estou.
Os olhos dele prenderam-se no meu pênis, que projetava-
se rijo. Draco Malfoy me excitava demais. A perspectiva de
transar com ele ali me assustava um pouco, sem dúvida,
mas também me dava um tesão da porra.
— Você não deveria tomar decisões baseado no seu pau.
— ele comentou, sem tirar os olhos da minha ereção.
Eu me aproximei do ouvido dele, mordendo o lóbulo de
sua orelha, sentindo sua pele arrepiar.
— Talvez eu mereça um castigo por isso. — eu sussurrei,
provocando-o. — Senhor.
Draco me pegou em um ímpeto, me colocando de bruços
em seu colo e depositando um forte tapa nas minhas
nádegas, que me fez gritar pelo susto e pelo atrito.
— Sente que mereceu isso, Harry? — ele perguntou,
rouco.
— Sim, senhor. — eu respondi, desnorteado.
Eu diria sim pra tudo que ele quisesse.
— Então agradeça. — Draco ordenou.
— Obrigado, senhor. — eu disse.
Então Draco bateu de novo. Outro tapa forte e ardido. Eu
gemi. Ele esperou, entendi minha deixa.
— Obrigado, senhor. — eu falei, novamente.
Ele repetiu mais duas vezes, e eu obediente esperei
minha deixa para agradece-lo. Aquilo era bastante
excitante, eu sentia minha ereção cada vez mais rígida
contra o couro da calça que Draco usava. Quando acabou,
ele ordenou que eu ficasse de joelhos de frente pra ele.
— Eu quero fazer os feitiços de preparação em você hoje.
— ele me olhou nos olhos. — você permite?
Eu fiquei vermelho. Aquilo era um pouco íntimo, não?
— Sim, senhor. — eu respondi.
— Você permite que eu use outros feitiços em você hoje,
Harry? — Draco questionou.
Fiquei feliz com aquele pedido. Significava que Draco já
estava confiando o suficiente em nós dois para usar feitiços.
Ele confiava que eu diria a ele se tivesse algo errado, se eu
não me sentisse bem. Não consegui conter um sorriso.
— Sim, senhor. — eu respondi.
Ele me olhava confuso, obviamente sem entender porque
eu estava sorrindo daquela maneira.
Draco se ergueu do chão, despindo quase toda sua
roupa, mantendo apenas a cueca boxer preta. Ele pegou
sua varinha no bolso da jaqueta de couro e fez os feitiços,
removendo os pelos do meu corpo e me deixando limpo e
preparado pra ele. Feito isso, ele ordenou que eu
levantasse e me levou até uma estrutura de metal em
formato de X na parede.
Ele me amarrou calmamente de frente pra ele, as costas
sentindo o frio do metal. Meus braços e pernas foram
devidamente presos com tiras de couro e minha mobilidade
tornou-se bastante reduzida. Eu mal podia mover-me
poucos centímetros para os lados.
Com um feitiço, ele decolou a estrutura de metal da
parede e fez com que ela flutuasse pelo quarto. A minha
posição na vertical modificou-se para a horizontal. Eu me vi
deitado, preso àquele X de metal, cerca de um metro e
meio acima do chão.
Draco se aproximou de mim. Ele era sexy demais, eu o
queria com desespero. Meus olhos eram febris sobre seu
corpo. Ele se abaixou entre minhas pernas e eu gemi
quando senti seus lábios em meus testículos. Ele beijava,
lambia, e passava os dentes levemente pelo meu saco.
Eu estava cada vez mais excitado, ele sabia muito bem
disso, mas como que propositalmente, não tocava meu
pênis. Então ele parou. Caminhou na direção das nossas
roupas e retornou com uma tira fina de couro, com a qual
amarrou a base do meu pênis, como uma espécie de
bondage ou anel peniano improvisado.
Eu sabia bem que aquilo dificultaria um orgasmo, mas
não era tão incômodo quanto o cinto de castidade que
tínhamos usado antes. Não reclamei, confiava em Draco.
Quando ele terminou de amarrar a tira de couro e olhou
para o meu rosto, eu sustentei seu olhar com firmeza.
Draco fez um feitiço não verbal e na ponta de sua
varinha surgiu um círculo de luz azulado.
— Pronto? — ele perguntou.
— Sim, senhor. — eu estava entregue.
Ele encostou o círculo na glande do meu pênis, já
lubrificada de excitação. Meu pênis se contraiu, mas eu não
pude me mover ou me esquivar. Eu estava muito bem preso
naquela estrutura, totalmente a mercê de Draco. O feitiço
era quente e vibrante, como pequenos choques, que
castigavam e ao mesmo tempo deliciavam minha ereção.
Minutos depois eu já gemia sem parar. A tira de couro
deixava meu pênis inchado e duro, impedindo que eu
tivesse qualquer alívio. Draco não desviava o feitiço,
concentrando-se na minha glande, já sensível e dolorida.
Quando a varinha de Draco se apagou, ele tirou o couro
que amarrava meu pau e começou a acariciá-lo com
lentidão. Mas eu não tinha ilusões de que ele pretendesse
me deixar gozar.
— Eu quero fazer mais uma coisa com você. — ele disse.
— um feitiço.
— O que quiser, senhor. — eu ofereci.
Com um floreio de varinha, minhas pernas tinham se
soltado da estrutura de metal e estavam presas por
correntes no teto, deixando meu corpo ainda mais exposto.
Não era uma posição muito confortável, a parte inferior das
minhas costas doía um pouco contra a rigidez do metal.
Mexi um pouco o quadril, agora que não estava mais tão
limitado, tentando me acomodar melhor. Mas antes que eu
pudesse pensar muito nisso Draco empurrou sua jaqueta de
couro dobrada na região da minha lombar, ajudando-me a
me apoiar.
— Melhor? — ele perguntou.
Eu fiz que sim com a cabeça, sentindo-me mais relaxado.
Ele tocou minha entrada com a varinha, fazendo um feitiço
lubrificante e introduziu um dedo em meu corpo. Eu gemi
baixinho, sentindo seu toque delicioso dentro de mim. Eu
amava ser acariciado daquele jeito por Draco, sentir seu
dedo se movimentando dentro em meu interior.
— Eu vou te explicar o que quero fazer com você. Preciso
que você entenda exatamente o que significa, exatamente
para o que você está dando permissão. — ele falou, muito
sério. — Porque esse feitiço é diferente dos outros que já fiz
em você. Uma vez que eu tenha lançado, vai ser muito
difícil pra você dizer não pra mim.
Eu engoli em seco, entendendo que se tratava de um
passo maior. Mas não disse nada, apenas esperei que ele
explicasse.
— O opus penetrant… — ele começou, e eu
ivoluntariamente me contraí.
Eu conhecia o feitiço, tinha estudado no treinamento de
aurores. Na verdade, eu sabia que podia resistir ao feitiço
se quisesse, se fizesse muita força pra isso. O preconceito
contra homossexuais era forte em alguns círculos na
comunidade mágica e, certos bruxos achavam engraçado
lançar o opus penetrant para estuprar homossexuais. Em
termos mais técnicos, o feitiço fazia surgir na região do
ânus uma necessidade quase incontrolável de penetração.
— Você conhece. — ele disse. Não era uma pergunta.
— Sim, senhor. — eu respondi.
Mas não queria conversar a respeito. Não naquele
momento. Eu estava excitado demais, concentrado demais
no que estávamos vivendo, querendo saber até onde
poderíamos chegar juntos.
— O que você deseja de mim, senhor? — eu perguntei, os
olhos febris sobre ele.
Eu estava demonstrando que queria ir em frente. Que
queria entender.
— Você sabe o que o feitiço faz. Quero fazer o feitiço em
você, Harry, e fazê-lo esperar um pouco. — ele falou,
colocando novamente o dedo dentro da minha entrada. —
Talvez seja um pouco difícil para você, não vou te penetrar
imediatamente…
E eu entendi. Ele queria me ver perder o controle, pedir
por ele, implorar pra ser dele. Ele queria tudo de mim, tudo
que pudesse ter. E eu daria, eu queria dar. Eu estava mais
do que disposto.
— Sou seu. — eu falei, simplesmente.
Seus olhos brilharam, azuis. Ele se abaixou, me tomando
para um beijo, tirando-me o fôlego. O desejo que sentíamos
preenchia nossos corpos, esquentava o cômodo, tornava
cada toque eletrizante.
Sua varinha tocou minha entrada novamente e ele
murmurou:
— Opus penetrant. — o efeito foi imediato.
Senti em minha entrada uma ardência gostosa, urgente,
que espalhava-se pelo interior do meu corpo. Meu tesão fez
meu pênis pulsar. Não fiz nenhum movimento para resistir,
me entregando completamente às sensações.
Draco encostou o dedo na minha entrada, introduzindo
apenas a ponta, provocando-me.
Eu me contrai, sem nenhum constrangimento. Meu corpo
ardia por ele.
— Por favor, por favor. — eu implorava.
— Por favor o que? — ele perguntou, em uma calma
quase cruel.
— Por favor me fode! — eu quase gritei.
Ele colocou o dedo todo dentro de mim, movendo
lentamente. Sabia muito bem que não estava nem perto de
ser o suficiente. Eu precisava de muito mais.
— Seu cu está ardendo muito? — Draco provocou.
— Está, senhor. — eu respondi, rebolando em seu dedo,
tentando em vão saciar o fogo que queimava dentro de
mim.
— Do que ele precisa, Harry? — ele perguntou.
— Do seu pau. — eu supliquei. — Por favor, senhor,
preciso do seu pau dentro de mim.
— Ainda não. — ele respondeu, maldoso. — Mas se você
pedir com jeitinho, eu te dou mais um dedo.
— Aaaah. — eu gemi, me movendo ao redor do seu dedo.
— Coloca mais um, por favor, mais um, senhor.
Draco me concedeu mais um dedo.
— É o suficiente, Harry? — ele perguntou, um sorriso
safado no rosto.
— Não, preciso de mais. — eu pisquei o ânus, apertando
os dedos dele e soltando, tentando encontrar algum alívio.
Mas o alívio não vinha. Eu só me sentia cada vez mais
dilatado. Cada vez mais necessitado.
Eu gritei quando ele colocou o terceiro dedo dentro de
mim e começou a socar forte. Não era bem o que eu queria,
ainda faltava alguma coisa, mas minha entrada ardida e
estimulada parecia ter tido seu fogo parcialmente aplacado.
No entanto, segundos depois, ele tirou os três dedos de
uma vez.
— Não. — eu gritei.
Eu quase chorei, meu corpo se contorceu o quanto era
possível naquela estrutura de metal. O fogo ardeu dentro
de mim mil vezes mais urgente. Eu precisava dele como
nunca. Precisava que ele me fodesse.
— Por favor, senhor, por favor. — eu supliquei. — Me
fode, enterra seu pau no meu cu, por favor.
Draco encostou a ponta de seu pênis na minha entrada já
lubrificada, mas não me penetrou. Ficou brincando comigo,
em uma tortura interminável, introduzindo apenas alguns
centímetros e logo se retirando, passando seu pau por
entre as minhas nádegas.
Quando finalmente ele enterrou-se para dentro do meu
corpo, eu gritei de prazer, sem conseguir me conter. Sem
que ele sequer encostasse em meu pênis, eu gozei com
violência, sujando meu peito de esperma. A cena pareceu
acender Draco ainda mais, porque ele me comeu com fúria
e urgência, aplacando toda a ardência e necessidade que o
feitiço infligira em meu ânus, dando-me tudo que eu
necessitava, e pegando tudo que eu oferecia.
Até que senti seu jato quente dentro de mim, seu
orgasmo forte e potente, que me pertencia, que era meu.
Que eu amava sentir me preenchendo todas as vezes que
seus olhos faiscavam de prazer, seu corpo tremia e ele
chegava ao ápice graças ao que eu podia proporcionar a
ele.
Capítulo 16

CAPÍTULO 16
NARRADO POR DRACO MALFOY
Eu desamarrei com cuidado todas as amarras que
prendiam o corpo de Harry e o ajudei a descer da estrutura
de metal, sabendo que ele poderia estar com dificuldade de
firmar-se no chão devido a intensidade do sexo. Com um
floreio de varinha, devolvi o X de metal de volta a parede e
ajudei Harry a vestir a calça novamente.
— Quero conversar, mas primeiro quero levar você pra
casa tudo bem? — perguntei.
— Tudo bem. — ele me respondeu.
Ele se sentou em uma estrutura de madeira enquanto eu
me vesti rapidamente. Saímos do quarto sem dizer nada.
Ele foi me seguindo, como um submisso, pois sabia que
poderíamos estar sendo observados. Quando chegamos
novamente a recepção, a jovem recepcionista e dois
homens que chegavam olharam para Harry e para as
marcas leves das amarras em seus braços. Era tudo bem
crível, sem dúvida.
Aparatei imediatamente em frente a Mansão Malfoy.
Harry continuou a me seguir sem dizer nada. Entrei em
casa, subi as escadas, na direção do meu quarto,
começando a me agoniar com seu silêncio. Será que tinha
sido cedo demais? Será que tinha sido muito para Harry
processar em uma única noite? Eu o forçara além do limite?
— Você permite que eu te dê um banho? — eu perguntei
com muito cuidado, como se ele pudesse se quebrar, ou
desaparecer.
Ele sorriu brandamente pra mim.
— Você está me perguntando como dominador? — ele
quis saber. — Ou é só um banho com meu namorado?
— A segunda opção. — eu respondi.
Bastava de Draco dominador naquela noite. Eu estava
certo de que Harry já tivera o bastante.
Ele segurou minha mão e me puxou para o banheiro, me
ajudando a despir a roupa. Logo estávamos os dois
completamente nus e ele me puxou para o chuveiro,
colando meus lábios nos seus. Suas mãos passearam pelos
meus cabelos, enquanto meus braços seguravam com
firmeza seu corpo, apertando-o junto de mim. Ele acariciou
minhas costas, meus braços, devagar, com cuidado… me
preenchendo de um sentimento que eu não conseguia
identificar. Harry me tocava como eu nunca tinha sido
tocado antes, com carinho, com ternura.
Deixei que ele me lavasse e, em seguida, ele permitiu
que eu fizesse o mesmo por ele. Quando alcancei seu pênis,
ele gemeu baixinho.
— Por favor, devagar, Draco. — ele pediu.
— Está sensível? — eu perguntei.
— Sim. — ele disse, de olhos fechados.
— Posso fazer um feitiço para que essa sensação passe.
— eu ofereci, com preocupação. — você quer?
— Talvez mais tarde. — ele dispensou. — Ainda quero
sentir ele assim um pouco.
— Ah.. Harry.. — eu suspirei, o lábios em seu pescoço,
trilhando beijos doces.
O acariciei com gentileza por mais alguns segundos. Em
seguida, o virei de costas pra mim. Escorreguei os dedos
ensaboados por entre suas nádegas, lavando-o ali, tirando o
excesso de lubrificação e meu próprio sêmen que eu tinha
despejado na entrada de Harry. Aquilo era íntimo demais,
um gesto terno, de cuidado. Eu queria que Harry se
sentisse cuidado por mim.
Harry soltou um longo suspiro.
— Juro que se você ficar fazendo isso. — ele falou
enquanto eu o massageava ali. — eu não vou mais querer
tomar banho sozinho.
— Estou as ordens, Harry Potter. — eu brinquei.
Ele se virou pra mim, sorrindo. Desligamos a água do
chuveiro e puxamos nossas toalhas.
— Vem, vamos para cama. — ele falou. — Já está quase
amanhecendo, daqui a pouco tenho que ir até o Ministério.
E sei que você ainda tem muitas perguntas.
Nós estávamos cansados, sem dúvida. Tínhamos dormido
muito pouco até ser chamados pelo chefe (ou ex chefe) de
Harry para ir ao clube de BDSM. A madrugada tinha sido
de discussão com Shacklebolt, depois de discussão entre eu
e Harry, seguida de sexo intenso… ou seja, nada muito
tranquilo e relaxante.
No entanto eu estava cheio de coisas na cabeça, sabia
que não conseguiria dormir naquele momento. Imaginava
que Harry também não. Peguei no armário uma potente
poção revitalizadora e nós dois tomamos, para encararmos
as horas acordados que ainda tínhamos pela frente. Me
senti imediatamente melhor disposto e vi a sombra escura
que já começara a aparecer embaixo dos olhos de Harry
sumir. Poções revitalizadoras eram desaconselháveis em
excesso, mas podiam ser tomadas esporadicamente sem
maiores prejuízos à saúde.
— Você está bem, Harry? — eu perguntei. — Sei que ter
um feitiço assim tomando conta das vontades de uma
pessoa pode afetá-la bastante. Espero não ter forçado
demais com você. Vi que você ficou um pouco assustado
quando eu disse o nome do feitiço…
— Eu estou bem. — ele respondeu, com calma. — Draco,
eu treinei para ser Auror, estudei sobre esse feitiço. Se nos
capturam… bom as vezes faz parte da tortura estuprar
aurores. Fazer com que a gente implore por isso é uma
espécie de requinte de crueldade comum em certos grupos
de bruxos das trevas.
Eu recuei um pouco. Bom, é claro que ele se contraiu
quando eu citei o feitiço. O fez pensar na utilização do opus
penetrant em um contexto de violência, o único no qual até
então ele tinha ouvido falar dessa magia.
— Eu entendo, é claro. — eu falei. — Você só tinha ouvido
falar do opus penetrant dentro de uma lógica de estupro.
— É mais do que ouvir falar, Draco. — eu expliquei. —
Embora eu nunca tenha vivenciado uma situação horrível
dessas, nós temos um treinamento prático para resistir ao
feitiço.
— Como? — minha voz subiu duas oitavas. — Prático?
Submetem vocês ao feitiço? Harry isso é horrível…
— Nós treinamos para resistir ao feitiço. Para numa
ocasião em que opus penetrant seja lançado contra um
auror ainda armado, ele não perca completamente a razão
e consiga contra atacar, se livrando do feitiço. Com muito
treino a maior parte dos aurores chega a esse ponto. — ele
explicou, depois fez uma pausa, como se medisse se deveria
continuar. — Em um estágio mais avançado do treinamento,
um colega lança o opus penetrant no outro desarmado e ele
tenta resistir. A ideia é, no caso de captura, não sucumbir
ao seu torturador, ao seu estuprador. Claro, é quase
impossível. A maioria não consegue resistir pouco mais de
dois minutos antes de pedir que o colega o penetre, o que
gera muito constrangimento e faz com que todos acabem
desistindo.
— Harry, me desculpe. — eu falei. — Se eu tivesse
imaginado esse tipo de treinamento, não teria proposto
esse feitiço. Não sem uma conversa antes. Não era minha
intenção fazer você se sentir mal, coagido, humilhado, ou
qualquer coisa do tipo…
Será que ele tinha tentado resistir em vão? Será que
nossa noite tinha lembrado a ele um de seus treinamentos?
Eu estava profundamente arrependido. Queria ter sabido
de tudo aquilo antes. Por que não perguntei? Por que não
conversei? Por que não insisti naquele assunto quando
percebi que ele já tinha ouvido falar no opus penetrant? Eu
estava irritado comigo mesmo, fui descuidado, me deixei
levar pelo meu próprio prazer, pela minha vontade de fazer
aquilo com ele.
— Draco, olhe pra mim. — meus olhos prenderam-se nos
lindos olhos verdes de Harry Potter. — Eu quero que você
fique calmo e preste atenção em mim, tudo bem? Se eu
tivesse me sentido mal, coagido ou humilhado… posso
garantir a você, eu teria resistido ao feitiço. É verdade que
a maioria dos aurores não consegue resistir ao opus
penetrant, mas eu consigo.
— Talvez por poucos minutos, mas e depois? — eu
perguntei a ele. — Você estava desarmado.
Ele sorriu brevemente pra mim.
— Deixe eu lhe contar uma coisa, tudo bem? Depois que
a minha turma de aurores a primeira parte do treinamento
e todos já conseguiam contra atacar com a varinha depois
de ser atingidos com o opus penetrant, passamos para a
segunda parte. Meu treinamento ia ser pela manhã, eu
tinha escolhido fazer com Rony, porque somos amigos
desde crianças, confio cegamente nele. Se afinal em um
minuto eu abaixasse as calças implorando, ele
simplesmente retiraria o feitiço e nenhum de nós nunca
mais falaria nisso. — ele contou. — Mas quando eu cheguei
lá, Philip tinha falado com Shacklebolt e pedido para fazer
meu treinamento. Disse que eu tinha sido o melhor na
primeira fase com a varinha e que eu precisava de algo
mais desafiador agora, afinal eu e Rony éramos próximos
demais. Eu já gostava dele naquela época, e ele sabia muito
bem disso, embora eu nunca tivesse dito. Quando entramos
na salinha na qual ocorriam os treinamentos, ele se sentou
em um banquinho e disse que tinha lido que quando a
pessoa já sentia atraída por quem lançava o feitiço, era
muito mais difícil resistir. Eu perguntei porque ele estava
fazendo aquilo, e ele respondeu que queria muito me ver
implorar.
— Filho da puta! — eu soquei involuntariamente a
parede.
Que homem nojento. Eu o queria a quilômetros de
distância de Harry. Do meu Harry. Se dependesse de mim,
esse tal de Philip nunca mais colocaria seus olhos sobre
ele.
— E então ele lançou o feitiço. E eu me senti tudo isso
que você falou, mal, coagido, humilhado. Todas essas coisas
que me senti com ele, e que jamais me senti com você,
Draco. — ele falou, acariciando de leve meu rosto. — E por
causa disso eu resisti ao feitiço durante 3 horas. Até que
ele se cansou e desistiu.
— 3 HORAS? — Eu estava atônito.
Aquilo era impossível. Inumano.
— Ele refez o feitiço a cada 15 minutos, tentando
aumentar os efeitos. — ele contou. — Uma hora e meia
depois resolveram entrar e ver o que estava acontecendo,
eu estava lá, sentado, imóvel, e assim permaneci. Eu suei
frio, meus músculos ficaram doloridos de tão rígidos,
contraídos. Meu cu ardia de um jeito que não consigo te
explicar. Mas eu suportei, sem nenhuma expressão no
rosto. Porque, Draco, eu preferia morrer do que pedir que
aquele homem me tocasse, mesmo sabendo que ele não ia
fazer isso na frente de todo o Departamento de Aurores.
Eu puxei ele pra mim, apertei ele junto do meu corpo.
— Porque você beijou ele depois disso? — eu perguntei,
sem entender. — Porque continuou gostando dele?
— Ah, bom, foi cerca de um ano depois. — ele falou,
fazendo uma careta. — Ele baixou a bola depois disso,
pediu desculpas. Achei que ele tinha mudado, mas já não
tenho tanta certeza.
— Detesto esse homem, realmente detesto. — eu falei,
com raiva. — Eu não quero você perto dele, nunca.
— Tá bom, senhor Draco Possessivo Malfoy. — ele riu,
tocando a ponta do meu nariz. — Mas eu não te contei tudo
isso pra você ter uma crise de ódio de Philip. Eu te contei
pra você entender que eu me entreguei espontaneamente
às sensações do feitiço, sem tentar resistir, sem querer
resistir.
Eu o abracei, sentindo que ele puxava meu corpo pra
junto do dele também, querendo me sentir.
— Você quase me enlouqueceu implorando pra eu te
comer. — eu confessei pra ele. — Você diz que se entregou
pra mim, mas eu também me entreguei pra você, Harry. Eu
preciso de você, do seu cheiro, do seu gosto. Preciso estar
dentro de você, preciso sentir seu corpo me apertar.
— Você é meu. — ele sorriu. — Porque eu ia querer
resistir a qualquer coisa que você fizesse comigo? Qualquer
feitiço? Se você é meu?
— Eu sou todo seu. — eu prometi. — E juro que vou ter
mais cuidado com você e esse negócio de feitiços sexuais.
— Achei que tínhamos acabado de superar esse tópico. —
Harry revirou os olhos.
— Parcialmente, superamos. — eu disse. — Me deixa
mais tranquilo que você seja capaz de resistir a feitiços que
alteram a sua vontade se você realmente quiser. E também
acho que há uma boa relação de confiança entre nós, que
nos permite dar esse passo… mas eu não sou Philip.
— Graças a Merlin, não. — Harry disse. — O que quer
dizer?
— Quero dizer que aurores não costumam ser os
melhores em feitiços e hã… magias no geral que mexem
com o desejo humano. — eu falei, com delicadeza.
Eu não queria colocar aquilo em palavras. Mas eu tinha
criado em meio às Artes das Trevas. Como nunca fui capaz
de matar ou torturar ninguém, meu pai tinha feito questão
de que eu fosse excelente em controlar outros bruxos. Eu
tinha encontrado poucos tão talentosos quanto eu em
magias desse tipo. O opus penetrant não era magia das
trevas, é claro, mas não deixava de ter o mesmo princípio:
uma magia de controle do desejo, da vontade da pessoa.
— Acho que estou te entendendo. — Harry falou. — De
modo geral, você está dizendo que é melhor que a média
em magia de controle humano, e que portanto pode me
controlar mais facilmente do que Philip?
— Em resumo, sim. — Eu assenti, feliz de ter sido
compreendido.
— Draco, não sei bem o impacto que isso vai ter no seu
ego, mas acho que vai ser bom para o nosso
relacionamento que você confie nas minhas habilidades de
auto controle. — ele sorriu pra mim, em desafio.
Levantou-se e parou em pé ao lado da cama. Deixou a
varinha em cima da mesinha de cabeceira e abriu os
braços.
— Manda ver. — ele disse. — Me lança uma Império.
— Como é? — eu perguntei, em choque.
Não era possível que ele estivesse realmente sugerindo
aquilo.
— Eu te pediria para me lançar um opus penetrant, mas
em primeiro lugar meu cu já está doendo, eu não gostaria
que ele também começasse a arder. — ele deu um sorriso
torto, parecendo levemente animado. — E além disso, eu
não tenho a menor vontade de ficar fazendo esforço pra
resistir a você e a esse seu pau delicioso.
— Harry! — eu ralhei com ele. — Não vou te lançar uma
imperdoável.
— Ora, Draco, só me faça caminhar até a porta. — ele
argumentou. — Você não confia em mim?
— Confio. — eu respondi.
E então ergui e a varinha e fiz a vontade dele.
— Império! — eu lancei a maldição e dei a ordem.
Vi Harry dar o primeiro passo e arquear as sobrancelhas.
E então parou. Dei a ordem novamente. Mas ele continuou
imóvel, me observando. Eu estava muito impressionado,
muito mesmo.
— Você tinha razão. — eu disse, abaixando a varinha. —
Não ajudou muito o meu ego.
Ele sorriu um pouquinho e veio para cama junto de mim.
— Se te consola, você fez com que eu desse ao menos um
passo. Faz muitos anos que isso não acontece. — ele
contou. — Na realidade, o último bruxo que conseguiu que
eu respondesse a pelo menos uma parte da ordem foi
Voldemort.
— Isso me consola um pouquinho. — eu sorri pra ele.
Na verdade eu estava feliz com aquilo. Significava que
ninguém podia fazer nada com Harry contra a vontade
dele. Significava que em nossas cenas BDSM seria mais
difícil ultrapassarmos limites. E significava que Harry
estaria mais seguro, caso fosse atacado por algum bruxo
mal intencionado. Como aquele idiota do Philip, por quem
eu já nutria uma profunda desconfiança.
— Vou colocar uma roupa. — ele disse. — Preciso ir ao
Departamento entregar uma carta de demissão agora de
manhã.
Eu segurei o pulso dele, impedindo o movimento que ele
já fazia para se levantar.
— Essa não é uma decisão muito radical, Harry? — eu
perguntei.
Quando ele disse pela primeira vez que abandonaria os
aurores não discuti muito. Ele tinha acabado de brigar com
o chefe, e nós tínhamos discutido por uma questão grave.
Harry tinha oferecido sua total liberdade pra mim em troca
do meu não envolvimento no plano de Kingsley Shacklebolt.
Ele estava visivelmente emotivo. Evidentemente não era
hora pra contesta-lo.
Mas se ele pretendia se demitir imediatamente, talvez
fosse o momento de fazer com que ele pensasse um pouco
naquilo.
— Eu não te pedi isso. Sei que você gosta de ser auror. —
eu disse a ele. — Como você me cadastrou no
Departamento, eu posso ficar sabendo das suas missões.
Quando eu disse que não queria que você fosse embora em
missões sem mim, eu estava querendo dizer que gostaria
de te acompanhar. Eu vou manter a minha palavra, não vou
aceitar a proposta de Shacklebolt, você não precisa se
demitir.
— Draco… — ele disse, baixinho. — Na verdade, não é
essa a questão. Se fosse isso, realmente, bastaria que você
pudesse me acompanhar. Se eu pudesse confiar nos
aurores, pra proteger você, seria o suficiente. Mas eu não
gosto de como as coisas estão sendo conduzidas por eles.
— Tudo isso por causa do que seu chefe fez ontem à
noite? — eu questionei. — Você vai abandonar seu sonho de
ser auror só por isso?
— Você acha que eu estou exagerando. — ele disse,
parecendo um pouco magoado. — Acho que não tem como
entender, a não ser que você esteja realmente lá. Faz o
seguinte, vá comigo hoje, Draco. Mas não diga nada que
não vai aceitar a proposta de Shacklebolt. Deixe-os pensar
que vai. Espere eu dizer que você não será espião.
— Tudo bem, vamos fazer isso. — eu falei. — Mas se
correr tudo bem hoje você vai continuar no Departamento?
— Sim, Draco. Eu não sou orgulhoso. Se eu estiver
errado eu repenso a minha decisão. — ele concordou. — Eu
dediquei os últimos anos da minha vida aos aurores. Na
verdade, eu adoraria estar errado.
Fiquei olhando enquanto ele se afastava para vestir-se,
mas logo me levantei também, para colocar uma roupa, já
que iria acompanha-lo. Depois de vestidos, descemos para
tomar café da manhã. Enquanto comíamos eu pensava que
também queria muito que Harry estivesse errado, pois eu
preferia vê-lo cometer um simples erro de julgamento do
que vê-lo triste.
Capítulo 17

CAPÍTULO 17
NARRADO POR HARRY POTTER
Já no Ministério na Magia, enquanto caminhávamos lado
a lado, de mãos dadas, com muitas cabeças virando em
nossa direção, eu me sentia culpado. Eu tinha certeza que
Draco passaria por uma manhã difícil, e eu o tinha levado
até ali.
Logo chegamos a porta de entrada para o Quartel Geral
dos aurores. Havia um identificador mágico, permitindo a
entrada apenas de aurores e bruxos cadastrados.
Imediatamente Draco e eu fomos autorizados.
Entrei de cabeça erguida, segurando a mão de Draco. O
salão principal tinha mesas largas, nas quais os aurores
podiam trabalhar em suas investigações. Naquele
momento, havia cerca de 20 aurores na casa, incluindo
Kingsley Shacklebolt, que naquele momento discutia com
Peter Cooper sobre o andamento das coisas na França.
— Malfoy. — Kingsley exclamou assim que nos viu. —
Harry. Eu sabia que vocês viriam, sabia que iriam entender.
Olhei discretamente na direção de Draco, e vi que ele
franzia a sobrancelha.
— Eu vim até aqui hoje… — eu disse em voz alta,
chamando atenção dos meus colegas. —… fazer a mesma
coisa que muitos de vocês fizeram quando cadastraram
seus contatos no Departamento. Esse é Draco Malfoy, meu
companheiro.
Muitos dos meus colegas mais próximos vieram nos
cumprimentar.
— Que bom que aceitou nos ajudar, senhor Malfoy. —
disse Peter Cooper, exaltando Draco na frente de todos. —
Você será um herói.
— O namorado de Harry vai participar de uma missão? —
perguntou Alicia, uma auror mais jovem, que tinha se
formado depois de mim.
— Ele valentemente aceitou ser nosso espião. — Kingsley
contou para todos os presentes, praticante endeusando
Draco. — O senhor Malfoy foi excepcionalmente corajoso
ao aceitar trabalhar infiltrado pra nós. Ele nasceu em uma
família bruxa bastante tradicional e achamos que ele vai
ser bem aceito pelos Purificadores do Sangue.
— Sem dúvida. — comentou Chase, um auror arrogante,
de quem eu não gostava muito. — É só ele mostrar a marca
negra no braço.
Todo mundo pareceu se contrair com aquele comentário
desagradável. Draco permanecia ao meu lado, segurando a
minha mão, impassível, como se estivesse alheio a tudo
aquilo. Eu tentava me manter firme, também, mas estava
espumando de raiva. Draco nem mesmo tinha dito a
Kingsley que aceitava ser espião, e ele e Cooper já o
estavam pressionando daquela maneira na frente de todos
os aurores.
— Ocorre que o esconderijo dos Purificadores do Sangue
permanece completamente secreto pra nós, apesar nas
nossas investigações na França. E nós acreditamos que o
senhor Malfoy é a pessoa perfeita para nos levar até lá. —
disse Kingsley, discursando para os aurores e tentando
desviar a atenção de todos daquilo que Chase tinha dito. —
Uma vez que os aurores ingleses e franceses flagrem uma
reunião dos Purificadores e muitos dos seus integrantes
sejam identificados e presos, o grupo vai enfraquecer.
Naquele plano, Draco seria uma isca. Aquilo estava
muito claro.
— E porque não pedimos isso antes ao sr. Malfoy? —
perguntou outra auror.
— Porque é um processo complicado envolver um civil
nas missões dos aurores. — respondeu Peter Cooper. —
Mas Harry o cadastrou, permitindo que ele participasse…
— Por que não usamos Hanna? — eu perguntei.
— O que? — Peter Cooper se virou pra mim,
desnorteado.
— Hanna Cooper, sua esposa. Ela é sangue puro, não é?
— eu questionei.
— S-sim. — ele disse. — Mas isso não tem o menor
cabimento.
— Por quê? — eu questionei. — Você não a cadastrou no
Departamento para que ela pudesse participar de missões?
— É claro que não. — ele exclamou.
Um silêncio duro pesou na sala. As pessoas começaram a
entender o que de fato estava ocorrendo, mas como eu já
havia imaginado, Kingsley tinha sido bem convincente em
seu discurso e ninguém achava que valeria a pena proteger
Draco Malfoy. No fundo, embora ninguém fosse sincero
como Chase tinha sido, a maioria pensava exatamente
como ele: Draco tinha uma marca negra no braço, nunca
iria merecer a mesma proteção que Hanna Cooper.
— Você não sabia que Kingsley planejava envolver Draco
na missão quando o cadastrou, Harry? — Alicia perguntou,
indignada.
Alicia era uma menina bastante integra e corajosa.
Talvez ela pudesse ser meu contato quando eu deixasse os
aurores.
— Fiquei imensamente surpreso. — eu disse, alterado. —
Principalmente porque quando tivemos nossa última
reunião geral, em fevereiro, foi decidido que ninguém, nem
auror, nem civil cadastrado no Departamento, trabalharia
como espião no caso dos Purificadores do Sangue. Porque
ainda não conseguimos identificar quem são os bruxos que
participam dessa seita e porque eles são extremamente
violentos.
— Ora, Harry, vai ficar tudo bem com Malfoy. — disse um
outro auror. — Ele está acostumado com… hã… esse tipo de
gente… não é?
— É mesmo? — eu perguntei, irônico. — Se Draco for o
responsável pela identificação do esconderijo deles, pela
prisão de vários dos membros dessa seita, você acha
mesmo que os que ficarem em liberdade serão tão idiotas
que não irão perceber? Acha mesmo que não irão atrás
dele?
— Podemos mandar Draco pra outro país, com outra
identidade. — Kingsley sugeriu.
— Excelente! Então usamos Draco, destruímos sua vida e
o mandamos pra outro país pra ficar por conta própria. —
eu gritei, com raiva. — Eu cadastrei Draco no
Departamento para que, se algo acontecesse comigo, ele
ficasse a salvo. Eu o cadastrei porque confiava em vocês
para protege-lo da mesma maneira que eu morreria antes
de permitir que que alguém machucasse os companheiros,
os filhos, os familiares de vocês.
Alicia estava ao meu lado, colocou sua mão em meu
ombro.
— Harry… — ela começou.
Mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa, Chase
disse:
— Você estava louco se achou que alguém aqui se
arriscaria por um Comensal da Morte.
Alicia abriu a boca, mas eu fiz que não com a cabeça, ela
rapidamente entendeu, mantendo-se quieta.
O restante, me encarou em silêncio, sem querer
concordar em voz alta com Chase. Mas estava tudo bem
claro nas expressões dos meus colegas, em tudo que
tinham dito naquela manhã, em seus gestos, no que tinha
ocorrido na noite anterior com Kingsley.
Eu não tinha mais dúvidas: eu não estava errado. Eu,
definitivamente, não concordava com o modo como as
coisas estavam sendo conduzidas pelos aurores. Eu não
pertencia mais a esse grupo, pelo menos não por ora.
— Vocês é que estão loucos se acham que permitirei que
arrisquem a vida dele. Draco não será espião de ninguém,
não irá se envolver. — eu coloquei um basta naquela
história.
— O sr. Malfoy deixou claro ontem à noite que essa
decisão não é sua. — Kingsley respondeu, como se tivesse
um trunfo.
— Eu vou fazer a vontade de Harry. — Draco disse, muito
brevemente, a voz fria e sonserina.
Kingsley socou a mesa, visivelmente contrariado. Toda
sua manipulação tinha sido vã.
— Ele teria que ser idiota para aceitar trabalhar pra nós
depois de tudo que foi dito aqui hoje. — falou Alicia.
Peter Cooper olhou feio para ela, mas não teve tempo de
repreende-la, porque eu logo tomei a palavra.
— E outra coisa. Além de ter ficado bem claro que os
aurores não protegerão meu companheiro, eu acredito que
a minha presença aqui o expõe a um risco que não estou
disposto a submetê-lo. — eu falei. — Por isso, estou me
demitindo.
— O que? Não, você não pode. — Kingsley gritou. — Você
é Harry Potter, se você sair, vai desacreditar os aurores. O
momento é crítico.
— Deveria ter pensado nisso antes. — eu me limitei a
dizer.
— Vamos negociar. — ele sugeriu. — Podemos colocar
alguém somente para a proteção de Malfoy.
— Não confio mais em você. — eu respondi. — Eu lhe
avisei ontem, Kingsley.
Ele fechou a expressão.
— Se sair, vou divulgar seu segredinho. — disse Peter
Cooper. — Isso mesmo, Harry, eu sou um dos aurores que
fez a investigação junto com Kingsley. Eu sei das suas
bizarrices sexuais com Malfoy. Na realidade, eu estava lá
ontem no esconderijo 18, eu vi quando vocês saíram.
Todos ofegaram, os aurores sabiam muito bem do que se
tratava o esconderijo 18, embora quase ninguém tivesse
posto os pés lá.
— Nós fomos encontrar Kingsley. — eu respondi, com
calma. — Estávamos disfarçados.
— Ficaram bastante tempo por lá. — Ele disse, com
maldade. — Deixe eu contar para os seus colegas aurores
como você saiu do quarto, atrás do seu dominador, de
cabeça baixa, coleira, os braços todos marcados de ter sido
amarrado, a calça rasgada demais, a bunda vermelha de
apanhar, mal conseguindo andar. Isso fazia parte da
reunião com Kingsley? Acho que não.
— Pare de atormentá-lo. — avisou Draco, em tom
ameaçador, dando um passo na direção de Peter.
— Não use esse tom comigo, seu comensal de merda. —
respondeu Peter, empunhando a varinha.
— Fique calmo, Draco. — eu pedi, colocando a mão no
peito do meu namorado. — Por favor. Vou lidar com isso.
Peter estava pintando um quadro bem exagerado da
noite anterior. Mas ele estava fazendo para me
desestabilizar. Para que eu perdesse o controle.
— Você tem uma foto, Peter? — eu perguntei, como se
não me importasse nenhum pouco com o que ele estava
dizendo.
— Sabia que você perguntaria isso. No final tudo se
resume a provas, não é mesmo? — ele sorriu pra mim.
Retirou o envelope do bolso e me entregou. Dentro havia
uma foto minha nos trajes na noite anterior saindo do
clube.
— Eu tenho cópias, é claro. — ele sentiu necessidade de
dizer o óbvio.
— Draco não está na foto. — eu comentei.
— Porque eu tiraria uma foto de Malfoy? Ele estava
vestido normalmente. — Peter deu de ombros. — O show
era você.
— Bom, se você fosse expor Draco, eu poderia ter ficado
um pouquinho incomodado. — eu disse a ele, devolvendo a
foto intacta. — Mas tudo que você tem é uma foto minha.
Pode publicar.
— Harry, você não está falando sério. — Draco sussurrou
pra mim.
— Ah, nós vamos processá-lo é claro. Você vai ser meu
advogado. — eu disse pra Draco. — Mas deixe que ele
divulgue, não vou morrer por causa disso.
— Você está blefando. — disse Peter.
— Escute aqui uma coisa, Peter. Eu matei Lorde
Voldemort, isso ainda está muito vivo na memória das
pessoas, e vai permanecer por muitos anos. Tenho certeza
que ninguém se importará se gosto de levar uns tapas. —
eu disse, fazendo muita gente ofegar. Depois caminhei na
direção da saída. Antes de ir, no entanto, me virei para meu
antigo chefe. — Se alguém me perguntasse sobre Kingsley
Shacklebolt que conheci na Ordem da Fênix, sobre o
homem que combateu lado a lado comigo na batalha em
Hogwarts; eu não saberia encontrar nenhuma semelhança
entre ele e o homem para quem estou olhando agora.
Depois, me virei novamente, e fui embora.
Draco seguiu atrás de mim, pelos corredores, até
entrarmos no elevador.
— Você entendeu agora? — eu perguntei, com mais
rispidez do que eu pretendia.
Nada daquilo era culpa dele, é claro.
— Eu entendi. — ele respondeu. — Eu fui estúpido de não
prever que problemas desse tipo aconteceriam, sendo eu
um Malfoy.
Eu cruzei a distância entre nós, imediatamente. Tocando
seu rosto delicadeza.
— Você não é estúpido, Draco. E você não merecia passar
pelas coisas que passou nessa manhã. — eu falei, com o
coração partido.
— Foi melhor assim. — Draco falou, resignado. — Foi
necessário para que eu compreendesse porque você não
concorda com o modo como os aurores estão operando. Foi
necessário porque agora posso te apoiar, me desculpe se
achei que você estava exagerando.
— Tudo bem. — eu disse, segurando a mão dele.
Nós descemos do elevador e nos encaminhamos para a
saída do Ministério, onde eu me despedi de Draco.
— Para onde você vai agora? — ele quis saber.
— Vou até a casa de Rony e Hermione, quero conversar
com eles, explicar tudo que está acontecendo. — eu falei. —
E você?
— Vou pegar uma papelada no escritório, encontrar
alguns clientes com quem tenho reuniões marcadas, depois
vou pra casa. — ele disse. — Você me encontra na mansão
mais tarde?
— Sim. — eu disse, depositando um beijo rápido em seus
lábios.
E aparatei.
Capítulo 18

CAPÍTULO 18
NARRADO POR HARRY POTTER
— Harry. — Rony me cumprimentou, feliz, quando
atendeu a porta. — Eu não sabia que você vinha hoje.
— Preciso falar com vocês. — eu disse, cansado. —
Hermione está em casa?
— Está na sala com o bebê… — ele falou, seu rosto
demonstrando preocupação pelo que eu havia dito.
Eu entrei na bonita casa que meus dois melhores amigos
residiam desde que tinham se casado há alguns anos atrás.
Eles viviam em um bairro trouxa, em uma casa próxima a
dos pais de Hermione.
— Mione! — eu cumprimentei, depois dei um beijo em
meu afilhado. — Olá pequeno Hugo.
Eu me sentei no sofá.
— O que está acontecendo, Harry? — Rony perguntou.
— Eu não quero trazer problemas pra vocês, sei que
estão em um momento importante com o nascimento de
Hugo. Mas vocês são meus melhores amigos… — eu disse,
mas então não pude continuar.
As palavras estavam sufocadas na minha garganta. Meus
olhos se encheram de lágrimas. Foi só quando parei para
olhar para os rostos preocupados de Ron e Mione que eu
percebi o quão perto eu estava de desabar. Senti o braço de
Rony ao redor dos meus ombros. Hermione, que estava
sentada de frente pra mim, segurou minhas mãos.
— Que isso cara? Você é meu irmão. Eu ficaria chateado
se algo sério estivesse acontecendo e você escondesse de
nós. — Rony disse.
— Depois de tudo que passamos juntos, Harry, nós somos
sua família. — Hermione falou. — Não é porque Rony e eu
nos casamos que significa que você pode se afastar.
Eu sorri pra ela. Hermione estava sempre certa, desde os
11 anos ela era assim, sempre sabia o que dizer.
— Tudo começou quando eu comecei a me relacionar
com um homem… — eu iniciei a história.
Hermione ficou animadíssima.
— Graças a Merlin! Achamos que você nunca superaria
aquele idiota do Philip. — ela exclamou, numa
demonstração clara de felicidade. — Nós o conhecemos?
— Na verdade, conhecem. — eu disse, pigarreando. — É
Draco Malfoy.
— Malfoy? — Rony engasgou. — Eca, Harry, que gosto
horrível.
— Pare com isso, Rony. — Hermione olhou feio para o
marido. — Malfoy mudou muito nos últimos anos, não é
mais o garoto imaturo influenciado pelo pai que ele era em
Hogwarts.
— A questão é que, o Departamento de Aurores de
repente ficou muito interessado no meu relacionamento
com Draco. — eu disse, amargo.
— Interessado? — Rony questionou, com desconfiança.
— Eu vou explicar tudo a vocês. — eu disse. — Mas para
que vocês possam entender realmente tudo o que está
acontecendo, tem um aspecto da minha relação com Draco
que vocês precisam saber.
— O que é? — Rony perguntou, curioso.
Eu fiquei muito vermelho.
— Fale de uma vez, Harry. — Hermione falou. — Não
vamos te julgar.
— Talvez a gente te julgue um pouquinho. — a essa
altura, Rony já sorria, me olhando com cumplicidade. —
Mas não vamos contar a ninguém.
— Hermione… — eu comecei, lembrando que minha
melhor amiga tinha nascido trouxa. — Você já assistiu
Cinquenta tons de Cinza?
— Se ela já assistiu? Hermione e todas as primas trouxas
dela amam esse filme! — Rony exclamou. — Mas o que que
isso tem a ver?
E então ele se deu conta. Rony ficou vermelho e explodiu
em uma gargalhada.
— Não acredito! Harry? — Rony sorria pra mim. — Você
é Christian Grey ou Anastasia Steele?
— Rony! — Hermione ralhou com o marido, parecendo
extremamente constrangida. — Você não precisa responder
essa pergunta, Harry.
— Sou Anastasia Steele. — eu disse muito baixo, sem
saber onde enfiar a minha cara.
— Sério? — Rony parecia levemente contrariado. —
Estava torcendo para você responder que era Christian
Gray. Eu poderia zoar Malfoy o resto da vida.
— Não existe nada de vergonhoso em ser Anastasia
Steele. — defendeu-me Hermione.
— Claro que não. — disse Rony, percebendo que tinha
dito besteira. — Desculpe, Harry, eu não quis dizer isso.
— Tudo bem. — eu sorri para meu melhor amigo.
Rony nunca tinha sido um poço de sensibilidade. Anos
atrás, Hermione tinha dito a ele que ele tinha a
profundidade emocional de uma colher de chá. Eu
reconhecia que meu amigo não lidava com essas questões
muito bem, mas isso nunca tinha me incomodado em Rony.
— Agora vamos deixar que Harry nos conte o que está
havendo. — Hermione disse.
O clima na sala voltou a ficar sério. Eu contei tudo aos
meus amigos. Contei como eu e Draco tínhamos sido
chamados no esconderijo, como Kingsley tinha manipulado
a situação para que Draco fosse espião, e que eu tinha o
convencido a não aceitar. Contei como tínhamos ido
naquela manhã ao Quartel General dos aurores e como
tudo tinha acontecido, das falas dos nossos colegas, da
minha demissão e da chantagem quando eu me recusei a
continuar sendo auror.
— Tudo isso é horrível, Harry. — Hermione estava
incrédula.
— Kingsley Shacklebolt, eu nunca teria acreditado. —
Rony disse, com indignação.
Eu concordei com a cabeça. Aquela seria uma decepção
difícil de superar.
— Sei que você está cansado, mas você poderia fazer
companhia a Hermione por uma hora, Harry? — Ron
perguntou, levantando-se bruscamente.
— Onde você vai? — Mione estava confusa.
— Não é óbvio? Me demitir. — ele respondeu. — Se eles
foram capazes de fazer isso com Harry, eu não quero mais
fazer parte dos aurores.
— Não é uma boa ideia. — Hermione opinou. — Se eles
acharem que Harry está influenciando outros aurores a se
demitirem, podem se voltar contra ele e Malfoy de forma
mais incisiva. Não acredito que Peter Cooper tenha falado
sério sobre publicar aquela foto, mas uma outra demissão
pode incentivá-lo.
— E agora que estou fora do Departamento, vou precisar
de contatos lá dentro. — eu disse. — Não há ninguém em
quem eu confie mais do que em você.
— Está certo, vou ficar. — Ron sentou-se novamente,
contrariado. — Mas só volto a trabalhar daqui a duas
semanas. Não vou ser útil a você durante alguns dias.
Precisamos pensar em uma outra pessoa.
— Pensei em Alicia. — eu disse.
Rony balançou a cabeça, aprovando.
Eu fiquei por mais um tempo, conversando com meus
amigos. Mais tarde, quando eu já tinha me despedido de
Ron e Mione e me levantado do sofá para ir embora, a
campainha tocou novamente. Rony se levantou para abrir.
Era um rapaz ruivo que, coincidentemente, não era um
Weasley. Tratava-se de Kim Hall, o submisso de Marcus
Vitaverza, nosso antigo colega de escola. Ele vinha
carregando várias pastas.
— Ah, Kim! Finalmente. — Hermione exclamou. — Achei
que não vinha mais hoje.
Kim largou as pastas em cima da mesa, cumprimentando
Hermione e indo acariciar o bebê.
— Esse é Kim Hall, o estagiário de Hermione no Hospital.
— Rony disse. — Pobre garoto, Hermione o faz trazer os
relatórios dos pacientes toda segunda feira.
— Eu não me importo. — Kim olhou pra nós com timidez.
— Já fomos apresentados. — eu disse pra Rony, e então
sorri para o garoto. — Kim é amigo de Draco.
Kim me sorriu de volta.
— Bom te ver, Harry. — ele disse. — Eu já vou indo,
preciso voltar para o hospital, vou pegar o Nôitibus
Andante.
— Harry pode te acompanhar, ele também já estava indo
embora. — Hermione sem levantar a cabeça de um dos
relatórios.
— Estou indo pra Mansão Malfoy, acho que o Nôitibus
pode me deixar lá também. — eu comentei.
Kim se despediu de todos. Rony recomendou que eu
mantivesse contato com ele e Mione e que contasse tudo
que estava acontecendo. Prometi que os deixaria
informados. E então, Kim e eu deixamos a casa. Tínhamos
dado poucos passos quando ele se virou pra mim e disse:
— Eu achei muito corajoso o que você fez naquela noite,
na festa de Blaise. — seu tom era tímido, como se não
soubesse se tinha intimidade o suficiente comigo para
poder dizer aquilo.
Eu sorri pra ele. Ele estava sendo muito gentil de dizer
aquilo, minhas ações na festa não tinham sido diferentes
das de nenhum outro submisso. Me preparei pra responder,
agradecendo-o, mas acabei não dizendo nada. Fui distraído
pelo que ocorria a nossa volta.
Eu encarei a rua onde Ron e Mione viviam, tinha algo
muito estranho no ar. Um silêncio esquisito. Nenhuma
conversa, nenhuma voz, nenhuma criança brincando. Onde
estavam as pessoas da vizinhança de Hermione? Tudo
parecia deserto. Não estava assim quando eu cheguei.
— O que foi? — Kim perguntou.
— Não se apavore, tudo bem? Mas há algo errado. — eu
disse, em voz baixa. — É melhor voltarmos, você vai estar
mais seguro com Ron e Hermione. Depois posso voltar pra
investigar.
Antes que pudéssemos dar meia volta, no entanto, Kinoss
surgiu das sombras, apontando sua varinha para a
garganta de Kim. Imediatamente, sem pestanejar, encostei
minha varinha no peito de Kinoss. Eu não permitiria que
ele fizesse nada àquele menino.
Kim olhava fixamente para o rosto de Kinoss, apavorado.
— Eu planejo a captura desse sangue ruim há semanas,
Potter. — Kinoss sibilou pra mim. — Não será você que vai
me impedir.
Vi que Kim fez menção de erguer a mão direita, mas
Kinoss voltou sua atenção pra ele de imediato.
— Nem pense em apertar esse colar e chamar seu
dominador. — ele disse pra Kim. — Isso mesmo, eu sei
muito bem que nessa pedrinha que você carrega no
pescoço há um feitiço de Proteu.
Kim ficou pálido, sua expressão de terror se acentuou.
— Achei que seu dono tinha lhe proibido de me olhar. —
Kinoss o provocou.
Como se só tivesse se lembrado naquele momento, Kim
olhou imediatamente pra baixo.
Aproveitei que Kinoss estava distraído com o garoto para
lançar um feitiço, empurrando-o para longe de Kim. Kinoss
se voltou pra mim com sangue nos olhos.
— O que você quer com ele, Kinoss? — eu questionei.
— Os Purificadores do Sangue estão precisando de novos
submissos. — ele falou, com crueldade. — Achei que ele
seria perfeito. Quando se cansarem dele, posso entregar
John a eles, ou até mesmo você.
Ele tinha a intenção de me desestabilizar, porque assim
que disse isso, partiu pra um ataque feroz. Kinoss duelava
bem, embora sem ética alguma, me lançando todo tipo de
feitiço das trevas. Mas eu era bom. Eu era ágil, sabia
desviar, sabia me defender. Se não fosse minha
preocupação com Kim, que parecia bastante indefeso, em
estado de choque, ajoelhado no chão, eu talvez pudesse ter
capturado Kinoss.
Mas foi tudo muito rápido. Ele me lançou um
Sectumsempra no braço direito, eu agarrei o ferimento
doloroso com a mão esquerda e segui duelando. Foi quando
Marcus Vitaverza apareceu. Kinoss se apavorou, ele já
estava tendo trabalho para duelar comigo, mesmo ferido,
agora que havia outro bruxo, ele não teria a menor chance.
Como o covarde que era, ele desaparatou.
— O que houve? — Marcus olhava para mim e para Kim,
tentando entender o que aconteceu. Ele ajoelhou ao lado de
seu submisso. — Kim o que houve?
Mas Kim só chorava e olhava para o chão. Ele estava
evidentemente em choque. Cabia a mim dar as respostas
que Marcus precisava.
— Kim foi entregar relatórios de pacientes na casa da
chefe dele. — eu comecei.
— Eu sei, ele faz isso toda semana. — Marcus me cortou.
Eu esperei pacientemente. Era evidente que ele gostava
muito de Kim e que estava sofrendo de ver o garoto
naquele estado.
— Desculpe, continue. — Marcus falou.
— Não sei se você sabe, mas a chefe dele é Hermione,
que estudou com a gente em Hogwarts. — Marcus assentiu
com a cabeça. — Eu vim fazer uma visita para Rony e
Hermione e encontrei Kim. Nós íamos pegar o Nôitibus
Andante juntos, Kim disse que voltaria pro Hospital e eu ia
encontrar Draco. Mas quando saímos da casa, Kinoss
apareceu e nos emboscou.
— Evidentemente esse filho da puta não esperava que
você estivesse com Kim. — Marcus passou a mão por entre
os cabelos, com raiva. — Eu nunca vou poder lhe agradecer
o suficiente, Potter.
— Me chame de Harry. — eu disse. — O que você acha de
levarmos Kim de volta? Hermione é médica, com certeza
tem uma poção calmante. Ela já tratou vítimas de situações
assim, vai saber como ajudar.
Marcus assentiu com a cabeça, e começou a puxar Kim
do chão. Eu tentei ajudar, mas quando movi o braço, a dor
excruciante do feitiço das trevas me invadiu.
— Harry. — Marcus chamou meu nome, me olhando com
preocupação. — Você está sagrando.
— Vamos rápido. — eu falei, suando frio. — Preciso de
ajuda.
Adentramos a casa de Rony e Hermione pouquíssimo
tempo depois. Marcus já amparava a mim e a Kim ao
mesmo tempo.
— O que houve? — Rony me segurou, aliviando o peso
dos braços de Marcus. — O que Marcus Vitaverza da
sonserina está fazendo aqui?
— Eu sou namorado do Kim. — Marcus se apresentou.
— Kim conseguiu chama-lo. — eu disse. — Kim e eu
fomos emboscados assim que saímos.
— Harry, você está sangrando muito. — Hermione olhou
com preocupação para minha camisa ensopada de sangue.
Ela ajudou Rony e a me colocar no sofá.
— Draco. — eu pedi, sentindo a dor do feitiço se espalhar
pelo meu braço. — Faça um Patrono, chame por ele.
Hermione me atendeu de imediato, sem questionar. Em
poucos segundos Draco Malfoy já estava as portas da casa
de Ron e Mione. Ele entrou de supetão, correndo pra mim,
o pavor tingindo seu rosto bonito ao me ver sangrar
daquela maneira.
— Harry? O que houve? — ele perguntou, em desespero.
— Marcus? Kim? O que vocês estão fazendo aqui?
A situação era de um caos evidente. Kim tinha ajoelhado
no chão novamente, aos pés de Marcus, e chorava sem
parar. Marcus tentou se abaixar ao lado dele, falar com ele,
acalmá-lo, mas nada parecia adiantar. Rony e Draco me
ajudavam a tirar a camisa, para olhar meu ferimento cada
vez mais doloroso. Hermione mexia dentro de um dos
armários, buscando poções que pudessem ajudar a mim e a
Kim.
— Eu vim visitar Ron e Mione, como tinha te falado. Kim
é estagiário dela, veio trazer uns relatórios, porque ela está
de licença, por causa do bebê. — eu explicava a Draco. —
Kim e eu saímos juntos, mal tínhamos dado alguns passos
quando Kinoss apareceu.
— Kinoss? — Rony questionou, a voz cheia de raiva.
Rony tinha me ajudado na investigação contra Kinoss.
Ele sabia tanto quanto eu que aquele bruxo não prestava.
— Como é que ele sabia que você estaria aqui, Harry? —
Rony perguntou. — O que esse homem quer com você?
— Ele não estava atrás de Harry. — Marcus disse, com
raiva. — Estava atrás de Kim.
— De Kim? — Rony perguntou, surpreso.
Eficiente como sempre, Hermione alcançou um vidro de
poção roxa nas mãos de Marcus, que entendeu que deveria
fazer Kim beber. Depois, ela veio até mim com uma poção
preta viscosa e me fez tomar uma colherada.
— Vai fazer melhorar a dor. — ela disse. — Agora vou
fazer os feitiços para tentar fechar o ferimento. Você sabe o
que é isso, não sabe? É um Sectumsempra.
— Por Merlin. — Rony ofegou. — Não vejo isso desde
Jorge…
— Você duelou com um Sectumsempra no braço da
varinha? — Marcus perguntou, parecendo impressionado.
— Eu não podia deixa-lo levar Kim. — eu respondi.
— Não é à toa que chamam você de herói. — Marcus
disse com fervor. — Eu estou em dívida com você.
Draco permanecia em silêncio ao meu lado, segurando a
minha mão, uma expressão de dor no rosto.
— Qual o interesse de Kinoss em Kim? Ele o quer como
submisso? — o ódio era latente na voz de Marcus.
Kim tinha parado de chorar, mas ainda parecia em
choque. Permanecia ajoelhado no chão, em silêncio. Até
então, eu não tinha dito nada acerca do porquê Kinoss
tinha tentado sequestrar Kim, porque isso envolvia a vida
particular de Marcus e Kim, e eu não tinha o direito de
expor os dois na frente de Ron e Mione, sem que me
autorizassem.
Mas agora, Marcus tinha falado abertamente sobre o
assunto.
— Submisso? — Rony perguntou, olhando de Marcus
para mim. — Isso tem a ver com aquela história de
Cinquenta Tons de Cinza outra vez?
Aparentemente, Marcus sabia o que era Cinquenta Tons
de Cinza, talvez pelo fato de Kim ter nascido trouxa.
Naquele momento, Marcus pareceu ter se dado conta de
que tinha falado de mais, na frente de estranhos. Sua raiva
pelo que tinha acontecido com Kim era tão grande, que ele
tinha cometido um erro.
— Está tudo bem, Marcus. — eu falei, tentando acalmá-
lo. — Ron e Mione sabem sobre eu e Draco. Eles entendem.
— Você contou? — Draco rompeu seu estado de silêncio,
mostrando-se um pouco chocado. — Eles… entendem?
— Malfoy, Mione e eu enfrentamos criaturas das trevas,
Comensais da Morte, caçamos Horcruxes, tudo isso ao lado
de Harry. Ele nos salvou a vida inúmeras vezes, o amamos
como a um irmão. — Rony argumentou. — Porque acha que
nos importamos com o que você e ele fazem na cama?
— Desculpe. — Draco respondeu, com sinceridade. —
Eu… eu não quis mesmo ofender. Mas as pessoas
normalmente…
— As pessoas normalmente não entendem. — Marcus
colocou.
— Está tudo bem pra nós. Se você está com Harry,
ficamos felizes por vocês Malfoy. — Hermione falou; depois,
se voltou para Marcus — E você também, Vitaverza. Seja lá
qual for a natureza da sua relação com Kim, se ele é seu…
hã… submisso… nós nunca vamos contar a ninguém.
— Eu fico muito grato. — Marcus sorriu pra ela,
brevemente. Mas seu rosto logo voltou a refletir
preocupação.
— Você está pensando nas razões que levaram Kinoss a
querer sequestrar Kim não é? — Draco perguntou ao
amigo, com solidariedade.
— O interesse dele deve ser bem forte. Kim vem toda
segunda, mais ou menos no mesmo horário, então Kinoss
deve ter planejado isso com cuidado. — Hermione opinou,
com inteligência. — Talvez ele possa estar apaixonado por
Kim.
O ciúmes faiscou nos olhos de Marcus.
— É pior que isso — eu falei, pesaroso — Ele quer
entregar Kim aos Purificadores do Sangue.
— O que? — O pavor se estampou no rosto de Marcus.
— Vocês precisam tomar muito cuidado. — eu aconselhei.
— Os Purificadores do Sangue estão a cada dia mais fortes,
Kinoss tem ligação com eles. Os aurores investigaram e
descobriram que vários membros da seita são praticantes
de BDSM, mas não são dominadores como você e Draco,
eles usam magia das trevas nos submissos. Kim nasceu
trouxa, se ele for entregue aos Purificadores, não vai durar
um único dia.
— Vão estupra-lo, tortura-lo e mata-lo. — Marcus
constatou. — Eu preciso de ajuda… Potter… os aurores…
— Eu abandonei os aurores. — continuei. — Aconselharia
você a não procurar por eles por enquanto. Kingsley
Shacklebolt está desesperado para descobrir o esconderijo
dos Purificadores, pode acabar manipulando a situação
para usar Kim como isca.
— Então o que eu faço? — Marcus perguntou, parecendo
desesperado.
— Precisamos reativar a Ordem da Fênix, com as pessoas
em quem confiamos. — eu falei.
— Sem dúvida. — Rony concordou comigo. — Isso já foi
longe demais. Não está mais só na França. Os Purificadores
estão agindo ao lado da minha casa. Precisamos nos
organizar com urgência.
— Vocês podem contar comigo. — Marcus falou.
— Tudo bem, eu concordo com vocês, mas agora que
tudo está esclarecido, vamos todos ficar quietos. —
Hermione ordenou, nos interrompendo. — Vou tentar
ajudar Kim.
Todos no cômodo estavam preocupados com o menino,
sobretudo Marcus, então a sala caiu em um silêncio
imediato. Todos nós olhávamos para Kim ajoelhado no
canto da sala, em expectativa.
— Talvez eu precise da sua ajuda Marcus, você sabe
porque essa posição? — ela perguntou, pensativa. — Não é
comum em pessoas em estado de choque.
— É a posição de um submisso. — Marcus respondeu,
brevemente.
— Certo. — Hermione fez uma careta. — Então talvez ele
responda a você, melhor do que a mim.
Hermione começou fazendo alguns feitiços, vendo os
sinais vitais, checando se estava tudo certo com a parte
física dele. Não havia nada errado nesse sentido.
— O importante é saber o que está inquietando ele. —
Hermione disse.
Marcus começou a se abaixar.
— Não se abaixe. — Hermione instruiu. — Você disse que
ele está na posição de um submisso. Faça como ele está
propondo. Fale com ele como um dominador.
Marcus pareceu respirar fundo, desconfortável com a
presença de Ron e Mione na sala, mas evidentemente
disposto a tudo pra ajudar Kim.
— Kim, me diga qual é o problema. — o tom era de
ordem, eu reconheci imediatamente. Era semelhante ao
que Draco usava comigo no quarto de BDSM.
— Eu olhei pra ele, senhor. — Kim disse, olhando pra
baixo. — Eu mereço ser punido.
— Quando Kinoss nos atacou, ele apontou a varinha para
o pescoço de Kim. — eu expliquei. — Kim ficou apavorado,
olhou pra Kinoss, foi uma reação natural. Mas então Kinoss
começou a provoca-lo, sobre Marcus não permitir que Kim
olhasse pra Kinoss.
— Se um dia eu tornar a ver esse filho da puta… —
Marcus começava a perder o controle. — Eu juro que eu…
Draco colocou a mão no ombro do amigo para acalmá-lo.
— Então vocês tinham uma regra. Como em Cinquenta
tons de Cinza? — Hermione perguntou, como se não
achasse aquilo estranho.
— Sim. — Marcus respondeu.
— Marcus, eu nunca tive uma relação com um submisso
como é a sua com Kim, com regras que tem que ser
cumpridas no dia a dia. — Draco começou a dizer.
— Graças a Merlin. — Comentou Rony, interrompendo-o,
sem se conter.
Eu soltei uma risada baixa. Havia um limite pra
compreensão de Rony a respeito do meu namoro com
Draco, e certamente seria o fato de eu permitir que ele
controlasse todos os meus passos.
— Porém, eu conheço bastante desse meio para saber
que a primeira regra entre um submisso e um dominador,
em relações como a sua, normalmente é que o submisso
coloque sua segurança pessoal em primeiro lugar. — Draco
continuou, olhando de canto de olho para Rony, como se ele
nada tivesse dito. — Em uma situação como essa, Kim
precisava olhar pra Kinoss. Olhar pra seu agressor podia
ajudá-lo a encontrar um meio de se defender.
— Isso é óbvio, Draco. — Marcus respondeu, com
impaciência. — É claro que não estou com raiva por ele ter
olhado pra Kinoss.
— Você precisa dizer isso a ele… — Hermione instruiu.
— Kim, olhe pra mim. — ele ordenou.
Kim olhou, com obediência.
— Você fez o certo, precisava se proteger, olhar pra ele
poderia te ajudar a se salvar. Você agiu bem, me chamou
assim que pode, usou o colar como eu te ensinei, se
manteve seguro. Eu estou orgulhoso de você. — Marcus
disse, com carinho.
— O senhor está? — Kim perguntou, incerto.
— Sim. — Marcus respondeu. — Se sente bem pra
levantar? Vamos pra casa comigo?
Kim ainda tremia, mas se levantou devagar.
— Nós também já vamos. — eu disse. — Pode me ajudar,
Draco?
Draco me amparou pra que eu levantasse do sofá.
— Você pode dar uma dose da poção roxa pra Kim, caso
ele tenha dificuldades pra dormir. Eu aconselharia que ele
não ficasse sozinho, levou um susto muito grande hoje,
pode ter pesadelos a noite. — Hermione disse a Marcus e
depois se voltou para Draco. — E sobre Harry, é bom que
ele fique com você por pelo menos uma semana. Os feitiços
não fazem com que esse ferimento cicatrize por completo, é
magia das trevas, precisa de tempo pra curar. Ele vai
precisar de cuidados.
— Eu sei. — Draco respondeu, com um sorrisinho. — Não
sei se vocês se recordam, mas Harry me acertou com um
desses no sexto ano.
— Me perdoe, Draco. — eu disse, me lembrando daquilo,
de repente. — Eu tinha me esquecido. Eu juro que não
sabia o que o feitiço fazia. Eu o encontrei rabiscado em um
livro de Snape e…
— Eu acredito eu você. — ele me interrompeu, a voz
terna. — Vamos. Tudo que eu quero é levar você pra casa.
Capítulo 19

CAPÍTULO 19
NARRADO POR DRACO MALFOY
— Eu vou direto para o banho. — Harry disse, assim que
chegamos em casa. — Preciso me livrar dessas roupas e
tirar todo essa sujeira e sangue do meu corpo.
— Você quer ajuda? — eu perguntei.
— Não, está tudo bem. — ele me garantiu. — Eu preciso
que você ligue para Blaise.
— Blaise? — eu perguntei, sem entender.
— Não sei se Kinoss estava blefando. — ele me contou. —
Mas quando estávamos duelando, ele disse que quando os
purificadores se cansassem de Kim, eu ou John também
serviríamos como submissos.
Eu senti o ódio ferver dentro de mim. Eu estava no meu
limite. Coisa demais tinha acontecido desde que eu e Harry
tínhamos ido passear tranquilamente em um parque de
diversões trouxa. Aquilo tinha sido no dia anterior, mas a
mim, parecia que tinha acontecido há semanas.
Percebendo que eu estava prestes a explodir, Harry
acabou com a distância entre nós colando nossos corpos.
Ele sujou minha camisa cara de sangue, mas eu não me
importei, apenas o puxei para mais perto, abraçando-o.
— Ei, fique calmo. — ele pediu. — Eu estou inteiro. Vou
ficar bem.
— Quando cheguei e vi você ferido daquele jeito… — eu
disse, as palavras saindo estranguladas, lembrando-me
daquele momento de pavor quando entrei na casa de
Granger e Weasley.
— Estou agradecendo aos céus por esse corte, Draco. —
ele disse, olhando para seu braço. — Se eu não estivesse lá,
se eu não tivesse escolhido justo hoje para visitar Rony e
Hermione… a essa altura talvez Kim já estivesse morto.
Respirei fundo diante das palavras dele.
— Você tem razão. — eu disse, por mais que me custasse,
eu tinha que concordar.
— Eu estou subindo. — ele disse me dando um beijo
rápido nos lábios. — Quando vier, traga algo pra comer.
Estou louco de fome.
Eu observei por alguns segundos Harry subir a escada,
antes de ir até o Magicofone discar o número de Blaise. Ele
atendeu no terceiro toque. Contei a ele o que tinha
ocorrido durante a tarde, Blaise ficou muito preocupado
com a tentativa de sequestro que Kim tinha sofrido e com a
possibilidade que acontecesse algo com John. Eu prometi
que eu e Harry iríamos pensar em alguma coisa para
conter os Purificadores e parar Kinoss. Mas enquanto isso,
ele precisaria tomar muito cuidado. Eu sem dúvida faria o
mesmo.
Quando desligamos, eu pedi que os Elfos preparassem
uma comida rápida pra nós e fui encontrar Harry no
quarto. Quando entrei, ele estava saindo do banho. Eu o
ajudei a vestir um pijama meu, sem que ele tivesse que se
mexer muito.
— Eu vou precisar de roupas, pra poder passar a semana
aqui. — ele falou.
— Vou pedir que um Elfo busque. — eu respondi. —
Agora vem, vamos deitar.
Alguns minutos depois, um dos Elfos Domésticos entrou
com nossa comida. Harry e eu estávamos famintos,
comemos bastante, até ficarmos satisfeitos. Quando
acabamos, eu levei os pratos de volta para cozinha. Quando
voltei, encontrei Harry já cochilando na cama. Eu o ajeitei
no travesseiro e me deitei ao lado dele. Também estava
exausto, logo em seguida, também estava dormindo.
—/—
As próximas duas semanas passaram-se rapidamente. Na
semana primeira semana, na qual Hermione Granger
deixou bem claro que Harry tinha que permanecer em
repouso para a cicatrização total do ferimento no braço, eu
pedi que enviassem para a minha casa toda a papelada
referente aos casos nos quais eu era o advogado
responsável. Eu também recebi na Mansão alguns clientes,
ao invés de marcar reuniões no escritório, optando por não
sair pra trabalhar.
Harry ficou um pouco rabugento nesses dias. Ele era um
homem muito ativo, estava inconformado com o que estava
acontecendo e não queria ficar na cama. Estava louco para
se levantar e enfim fazer alguma coisa útil para combater
Kinoss e os Purificadores. Embora eu insistisse que ele
descansasse, Harry aproveitou aqueles dias para escrever
algumas cartas, entrar em contato com amigos antigos,
pesquisar em alguns livros, procurando uma luz que o
fizesse pensar em um plano.
Na segunda semana, quando Hermione Granger o
examinou e disse que já estava curado, Harry começou
enfim a agir. Reativou a casa dos ancestrais da minha mãe,
os Black, que ele tinha herdado do seu padrinho, e
convocou vários dos antigos membros da Ordem da Fênix,
que tinham combatido ao seu lado, na guerra contra o
Lorde das Trevas. Ele entrou em contato com seus amigos
do tempo de Hogwarts e alguns aurores de sua confiança
que não estavam no Ministério no dia da demissão. Acabou
conseguindo reunir um bom grupo de pessoas que o
apoiavam e estavam dispostas a nos ajudar a deter os
Purificadores do Sangue.
Harry tinha voltado para o próprio apartamento, quando
Granger disse que ele já estava apto a fazer as coisas
sozinho e não precisava mais de quaisquer cuidados
especiais. A verdade é que fazia cerca de cinco dias que eu
não o via. Ele estava tão concentrado em pensar em um
plano, que estava há dias sem sair de casa, analisando um
monte de papéis e livros, refletindo sobre tudo o que afinal
ele sabia sobre os Purificadores.
Eu sentia uma falta horrível dele. Naquele dia, eu estava
saindo tarde do escritório, era uma sexta feira. Decidi que
ao invés de ir pra casa, eu iria para o apartamento de
Harry vê-lo.
Pouco tempo depois, eu já batia a porta. Harry me
atendeu despenteado, de pijamas, sacudindo um livro velho
na mão. Ele exibia um sorriso triunfal.
— Eu consegui, Draco. — ele exclamou. — Eu consegui.
Ele abriu espaço para que eu entrasse. A casa dele
estava uma bagunça, havia papeis e livros espalhados para
todo lado. Xícaras de café vazias se acumulavam nos
móveis da sala.
— Eu encontrei uma forma de enfraquecermos os
Purificadores. — ele falou, animado. — Na verdade, eu
cheguei à conclusão que o melhor caminho é de fato o
plano dos aurores. Precisamos surpreender os
Purificadores no esconderijo deles, identificar e prender
vários membros da seita, porque assim eles se tornarão
fracos. A única falha no plano de Shacklebolt era querer
usar você para isso, sacrificar um inocente.
— E como você pretende nos levar até o esconderijo dos
Purificadores sem sacrificar ninguém? — eu ousei
perguntar.
Ele sacudiu o livro na minha frente. Era uma poção
rastreadora, uma criação de um mestre de poções italiano,
que havia sido traduzida. O livro era um manuscrito, muito
velho mesmo.
— Onde é que você arrumou esse livro? — eu perguntei,
com desconfiança.
— Roubei da sua casa. — ele disse, sem constrangimento
algum. — Peguei na biblioteca, na semana passada, junto
com outros livros. Imagino que você não tenha jogado fora
junto com todas as outras coisas velhas do Museu da
Família Malfoy porque não é um livro de magia das trevas.
— Quando foi isso? Você deveria estar descansando e não
carregando livros da minha biblioteca. — eu ralhei com ele.
— Você estava com um cliente. — ele me olhou travesso.
— O que importa é que essa poção é o que nós
procurávamos.
— Você pode explicar melhor? — eu perguntei, ainda
irritado com a falta de interesse dele pela própria saúde.
— Eu pensei que Kinoss poderia muito bem nos entregar
o esconderijo dos seus amigos Purificadores do Sangue. —
ele abriu um sorriso maldoso pra mim. — Com essa poção,
nós poderíamos rastreá-lo. Depois de preparada, uma parte
da poção deve ser derramada em um pedaço de
pergaminho, enquanto outra parte é derramada na pessoa
que desejamos rastrear, ou seja Kinoss. O pergaminho vai
se tornar um mapa, mostrando onde Kinoss vai e quem ele
encontra. Durante cinco dias, o pergaminho funciona como
uma chave de portal que pode ser ativada, levando todos
nós até onde está Kinoss, ou seja, até o esconderijo dos
Purificadores.
— Assim, vários integrantes da seita seriam presos,
inclusive Kinoss por sua relação com eles. — eu disse, com
o humor renovado.
— Infelizmente, é uma poção muito difícil de fazer. —
Harry fez uma careta.
— Marcus é muito bom nisso. — eu sugeri. — Tenho
certeza que ele vai querer ajudar.
— Pensei que poderíamos pedir a Blaise para convidar
Kinoss para uma reunião comercial, fazer as pazes depois
do que aconteceu na festa de noivado. — Harry falou. — E
então, acidentalmente, deixar cair um copo de bebida nele,
com a poção.
— Será preciso conversar com Blaise. — eu ponderei
sobre a ideia de Harry. — Ele está com bastante raiva de
Kinoss, não sei se vai aceitar fazer isso.
Ele assentiu brevemente.
— Também precisamos investigar, para saber quando
Kinoss irá a França. — Harry lembrou de outra questão
crucial. — É importante que tudo seja calculado,
precisamos saber qual o momento certo.
— Não vamos cometer erros, Harry. — eu garanti a ele.
— Vamos agir com cuidado.
Eu o observei por alguns segundos, ele parecia
realmente cansado.
— Por que você não para um pouco de pensar nisso? —
eu sugeri. — Vem pra casa comigo? Estou sentindo sua
falta desde que você foi embora…
Ele ruborizou um pouco quando eu disse aquilo.
— Não quis mais te incomodar. — Harry falou baixinho.
— Você não estava nem conseguindo trabalhar direito por
minha causa.
— Você está falando sério, Harry? — eu questionei,
surpreso. — Depois de tudo… você acha que… Harry… eu
só quero que você volte a ficar o mais perto possível de
mim.
Seus olhos verdes brilharam radiantes pra mim, quando
ele abriu aquele sorriso perfeito que só Harry Potter podia
dar. Aquele sorriso que podia iluminar uma rua inteira.
— Eu vou, deixe-me só pegar umas roupas. — ele falou,
sumindo no corredor, na direção de seu quarto.
— Pegue alguma coisa mais arrumadinha que Marcus
nos convidou para jantar amanhã. — eu informei.
— Não precisa ser terno, precisa? — eu podia ouvir a
infelicidade em sua voz, do cômodo ao lado.
— Não. — eu respondi, sorrindo. — Pode ser uma camisa,
uma calça social e sapatos.
Ouvi um resmungo vindo do quarto de Harry, ele voltou
de lá com uma mochila nas costas.
— Nunca vou entender os sonserinos. — ele fez uma
careta. — Por que tenho que calçar sapatos sociais para me
sentar com você, Marcus e Kim? Que exagero, há alguns
dias vocês três estavam me vendo sem camisa e coberto de
sangue.
— Blaise e John também vão estar lá. — eu argumentei.
— Esse jantar é tipo festinha BDSM? — ele abriu um
sorriso safado pra mim.
— Marcus não esclareceu isso quando me telefonou. —
eu confessei. — Mas é provável. Talvez ele e Blaise tenham
achado que você se sentiria mais a vontade de participar de
uma dessas festinhas se fosse um evento mais privado, e
não como são as festas de Blaise, com tanta gente.
— Hmm. — ele pareceu em dúvida. — Não sei…
— Você sabe que não precisa fazer nada. — eu lembrei a
ele.
— Eu gostaria de olhar. — Harry falou, constrangido.
Já fazia um tempo que eu vinha pensando que Harry
tinha um pouco de voyeur.
— Isso te excita não é? Eu já percebi. — eu disse a ele.
— Como você sabe? — ele se surpreendeu.
— Quando nós transamos pela segunda vez, você disse
que tinha ido a um clube BDSM usando sua capa da
invisibilidade. Mas depois, quando nós fomos juntos a um
desses clubes, você disse que já tinha estado ali antes e se
cadastrado como voyeur. — eu falei.
Harry fez cara de quem tinha sido pego.
— Sim, a primeira vez que fui a um clube BDSM usei
minha capa; mas então descobri que havia salões abertos,
nos quais voyeurs podiam assistir. Me pareceu mais ético ir
assim. — ele comentou. — Eu fui mais de uma vez, porque
gostei de olhar. É isso que você quer que eu confesse?
— Eu também gosto de olhar. — eu confessei pra ele,
vendo seus olhos brilharem. — Acho que independente do
que aconteça, vamos nos divertir amanhã.
Harry sorriu pra mim, puxando-me para um beijo.
Capítulo 20

FAVOR, NÃO DÊ SPOILERS E NEM FAÇA


COMENTÁRIOS INADEQUADOS. SE VOCÊ É
IMATURO PARA LER CENAS BDSM OU CONTEÚDO
SEXUAL DE MANEIRA GERAL, NÃO COMENTE
NESSE CAPÍTULO. SE VOCÊ VER ALGUM
COMENTÁRIO INAPROPRIADO, MARQUE O USER
DRARRYFANFIC21 E ME AJUDE A IDENTIFICAR
PROBLEMAS.
CAPÍTULO 20
NARRADO POR DRACO MALFOY
No dia seguinte, por volta das nove horas da noite, Harry
Potter abotoava uma camisa azul marinho na frente do
espelho, encarando a própria imagem, evidentemente
nervoso.
— É impressão minha ou você está um pouquinho
ansioso para esse jantar, Harry? — eu provoquei, em tom
de brincadeira.
Harry me atirou uma almofada, que antes repousava em
uma poltrona ao lado do espelho. Eu desviei no último
segundo.
— Não precisa partir pra agressão. — eu reclamei.
— Vamos? — Harry perguntou, virando-se de frente pra
mim, já completamente vestido.
Nós descemos para a sala de estar. Fomos para a casa de
Marcus pela Rede de Flu, de modo que segundos depois já
estávamos em nosso destino. Marcus vivia em uma casa
bonita, em Londres, que tinha herdado de sua família. Ele
era, assim como eu, o herdeiro de uma longa linhagem.
Quando chegamos, Blaise e John já estavam lá, na sala
de estar, acomodados em uma poltrona. Eu tinha
combinado com Harry que ele trataria dos assuntos
relativos aos Purificadores do Sangue o quanto antes e que
depois, no restante da noite, não voltaríamos a tratar de
questões tão desagradáveis.
Meus amigos estavam muito preocupados com a situação
na qual nos encontrávamos. Assim que eu e Harry nos
sentamos e cumprimentamos a todos, Marcus questionou:
— Não quero parecer insistente, Harry, mas há alguma
notícia quanto a Kinoss e os Purificadores?
Kim olhou pra ele como se não acreditasse que Marcus
mal tinha esperado que sentássemos para fazer aquela
pergunta.
— Eu seria um hipócrita se ficasse dando voltas e não
fizesse essa pergunta de uma vez. — Marcus disse, como
quem se desculpava.
Blaise, Kim e John olharam pra nós com a mesma
expressão preocupada que Marcus demonstrava.
— Reuni um bom número de pessoas e pensei em um
plano. — Harry disse. — Mas vou precisar da ajuda de
vocês.
Harry contou tudo sobre o plano dos aurores pra chegar
no esconderijo dos Purificadores, sobre como queriam me
usar como espião, o que fez com que ele se demitisse.
Contou sobre sua ideia de colocar esse mesmo plano em
prática usando Kinoss sob o efeito de uma poção
rastreadora que ele tinha encontrado em um manuscrito
antigo.
Harry pediu a ajuda de Marcus pra fazer a poção,
entregando a ele uma cópia da página do livro onde a tinha
encontrado.
— É uma poção complexa. — Marcus franziu a testa. —
Talvez eu precise de mais um par de mãos, mas vou
conseguir, Kim pode me ajudar, ele também é bom com
poções.
— Sim, senhor. — Kim confirmou, aproximando-se para
ler o que Harry havia copiado no pergaminho.
— Também precisamos de Blaise. — Harry disse,
inseguro sobre como convence-lo.
— Blaise, precisamos que você faça as pazes com Kinoss.
Retome a aliança comercial que tinha com ele. — Eu disse
devagar.
— De jeito nenhum. — Os olhos de Blaise faiscaram de
ódio. — Esse é o homem que ameaçou entregar John aos
Purificadores.
— Peço que você reconsidere. — eu disse, tentando faze-
lo ouvir a voz da razão. — Fazer comércio com você é
interessante pra Kinoss, ele vai ouvi-lo se você procurar por
ele. Poder ser nossa chance de derramar a poção nele e
colocar o plano em prática.
— Se esse plano funcionar, os Purificadores ficarão
fracos e Kinoss será preso. — Harry argumentou. — John
estará seguro, Kim estará seguro, todos nós estaremos.
— Por favor, senhor. — John pediu, quebrando qualquer
resistência que Blaise ainda pudesse ter. — Desde de o que
aconteceu com Kim eu vivo com medo…
— Está certo. Não precisam dizer mais nada. — Blaise
concordou, mal humorado; e então se virou para o noivo. —
Faço isso por você, eu também estou com medo de que
aconteça algo.
— Agora vamos encerrar esse assunto. — eu pedi. — Eu
gostaria que nós pudéssemos esquecer de tudo isso essa
noite.
— Draco está certo, é pra ser um momento divertido
entre amigos. Não vamos deixar que Kinoss estrague. —
Marcus falou, abrindo um sorriso. — Vamos jantar?
Todos levantamos e deixamos nosso anfitrião nos
direcionar a sala de jantar, onde nos acomodamos à mesa.
Dois Elfos Domésticos serviram uma entrada de salada e
depois um prato principal, de carne. Estava tudo muito
gostoso e bem preparado, a conversa fluía bem durante a
refeição.
O assunto culminou em uma saudável discussão sobre a
secular briga entre grifinória e sonserina.
— Harry fica chateado quando é obrigado a usar sapatos
sociais. — eu o entreguei.
— Isso é coisa de sonserinos. — Harry resmungou.
— De certo Godric Gryffindor usava chinelos. — Marcus
o provocou.
— Você quer me convencer de que existe algum sentido
em usar um sapato que aperta os pés para sentar na sua
casa com seus amigos pra comer? — Harry argumentou.
Kim deixou escapar uma risada baixa.
— O que foi? — Marcus perguntou.
— Também odeio esses sapatos. — o garoto falou
baixinho, e depois acrescentou. — Senhor.
— Acho que estou me lembrando de você, Kim. — Harry
olhou com atenção para o menino. — Eu estava no quinto
ano quando você foi selecionado para a grifinória.
Kim estava radiante.
— Achei que você não se lembraria nunca. — ele falou.
— Ah, Graças a Merlin. — Harry exclamou. — Pensei que
estava sozinho no meio de tantos sonserinos.
— Kim é grifinório? — Blaise provocou Marcus. — Você
nunca me contou isso.
Marcus olhou pra ele de cara feia.
— Submissos grifinórios são ótimos, Blaise. — eu falei,
com um falso ar superior que eu sabia que provocaria
Harry. — Eu ousaria dizer que não há nada que um
grifinório faz melhor do que ser submisso de um sonserino.
Os sonserinos presentes riram alto.
— Não ligue para Draco, Kim. — Harry sorriu com
simpatia para seu colega de casa. — A inveja dos
sonserinos é lendária, eles se incomodam porque sabem
que os grifinórios sempre se divertem muito mais em
Hogwarts. No segundo ano, por exemplo, eu e meu amigo
Rony invadimos o salão comunal da Sonserina e saímos
ilesos.
— Isso deve ter sido incrível. — Kim estava radiante.
— Ele está blefando. — Blaise disse, visivelmente
incomodado com a perspectiva de Harry ter feito realmente
aquilo.
E não era pra menos. O salão comunal era um segredo
dos estudantes de cada casa, completamente proibido para
os demais alunos de Hogwarts. Como Harry poderia ter
entrado lá?
— Estou? — Harry provocou. — Então me diga, Blaise,
por acaso a entrada não seria uma porta de pedra
escondida na parede? O salão comunal não seria um amplo
aposento comprido com paredes de pedra, com luzes
esverdeadas no teto presas por correntes? Não há uma
lareira com console de madeira esculpida?
— Alguém te disse isso. — Blaise decretou, o ego
sonserino evidentemente ferido.
— Se você diz. — Harry deu de ombros, com um sorriso
vitorioso.
John riu baixinho da discussão, ele via tudo de fora, pois
não estudara em Hogwarts e sim em Durmstrang. A
sobremesa foi servida, fazendo com que Kim e Harry
parassem de exaltar os atributos da Grifinória. Pelo jeito,
não havia nada que distraia mais dois grifinórios do que um
bom prato de doces. Nós seis conversamos um pouco mais,
quando meus amigos acharam que já era a hora de
introduzir o assunto que estava por trás daquele jantar.
— Draco. — Marcus chamou. — Quando eu te convidei,
imagino que você tenha desconfiado das minhas intenções
de fazer uma cena BDSM.
Vi Harry arregalar levemente os olhos ao ouvir aquela
frase. Eu sabia que ele estava um pouco preocupado e
nervoso com aquilo. Não se podia descartar a inexperiência
de Harry quando se tratava de BDSM.
— Sim. — eu concordei. — Mas não sei se Harry está à
vontade.
Eu olhei para Harry, esperando que ele dissesse algo.
— Eu também não sei. — Harry disse, com franqueza. —
Se me sinto à vontade…
Ele estava um pouco confuso, mas tinha optado por ser
sincero. Particularmente, eu achei uma boa decisão. Fazer
sexo na frente de outras pessoas era um grande passo,
cabia a nós, que já estávamos acostumados com isso, deixa-
lo a vontade.
— Harry, é comum pra nós fazer essas cenas BDSM em
grupo. — Blaise falou. — Você é nosso amigo agora,
gostaríamos que participasse.
— Hoje, aqui na minha casa, não é nada tão grandioso
como foi na festa de noivado do Blaise. — Marcus explicou.
— É bem mais íntimo, mais informal, achamos que te
deixaria mais tranquilo.
— Nós entendemos que você nunca foi um submisso
antes, ainda é inexperiente, não queremos assustá-lo. —
Kim disse.
— Você pode começar só olhando. — John falou. — e
depois participar, se quiser.
— Eu posso fazer perguntas? — Harry olhava pra todos
nós.
— É claro. — John respondeu.
— Como funciona realmente? — Harry perguntou. — Há
regras?
— Tem a ver principalmente com voyeurismo, ter prazer
em ver o outro. — eu expliquei.
— Aqui nós todos somos monogâmicos. — John achou por
bem esclarecer. — Não é nada como essas cenas que você
talvez possa ter visto em clubes BDSM, com casais
misturados, submissos que transam com vários
dominadores ao mesmo tempo.
— Ninguém tocará em você além de mim. — eu garanti.
— Isso nem tinha passado pela minha cabeça. — Harry
me olhou, um pouco desnorteado com o rumo da conversa.
— As regras são as mesmas de quando você e Draco
estão sozinhos. — Marcus falou.
— Bom, então acho que podemos tentar. — Harry disse,
olhando pra mim.
Eu sorri pra ele. Harry gostava de um desafio.
Marcus se levantou da mesa e nos convidou para
acompanha-lo. Eu segui pelo caminho que eu já conhecia,
de mãos dadas com Harry, até chegar a um grande cômodo
que meu amigo usava para suas festinhas intimistas de
BDSM.
Blaise e eu tínhamos trazido, cada um, uma maleta, com
objetos próprios. Existia coisa que não se compartilhava.
Marcus, Blaise e eu tiramos a camisa e os sapatos,
deixando tudo no canto da sala.
Kim e John começaram a fazer os feitiços de preparação,
e em seguida tiraram todas as roupas, dobrando e
colocando no mesmo canto. Depois, ambos se ajoelharam
no chão ao lado de Marcus e Blaise, aguardando.
Harry acompanhou os meninos nos feitiços de
preparação, e se despiu com um claro constrangimento.
Suas bochechas estavam muito vermelhas e ele encarava
fixamente o chão.
Em um canto da sala, havia cadeiras que imitavam
tronos para que os dominadores se sentassem. Ao lado,
havia um banquinho baixo, para que os submissos se
ajoelhassem em cima. Eu segurei Harry pela mão,
caminhando com ele até lá. Ele se ajoelhou sem perguntar
nada, colocando-se no papel de submisso. Eu me sentei ao
lado dele, na cadeira.
Marcus ordenou que Kim se erguesse, prendendo com os
braços para cima a correntes no teto. Kim era um rapaz
ruivo, magro, a pele muito clara, e de aparência frágil. Ele
contrastava vigorosamente com Marcus, alto, forte, a pele
morena clara, e seus traços fortes, descendente de italiano.
Marcus começou a preparar e excitar o corpo de Kim
devagar, deixando-o como ele queria. Primeiro, sugou,
mordeu e beijou lentamente cada um de seus mamilos,
para depois prende-los com dois grampos próprios pra esse
uso. Kim apenas ofegava baixinho, olhando para o chão,
respeitosamente.
Em seguida, Marcus abaixou-se com lentidão, beijando a
barriga de Kim, em seguida suas coxas, sua virilha,
provocando-o, levando tempo para chegar em seu pênis.
Quando finalmente lambeu seu membro, Marcus colocou
apenas a glande de Kim na boca, massageando-a com a
ponta da língua.
Kim gemeu baixinho quando Marcus parou de modo
abrupto, tirando um anel peniano de metal do bolso,
prendendo na base do membro e testículos do seu
submisso.
Ao mesmo tempo, Blaise tinha levado John até um
banquinho baixo, parecido com o que Harry estava
ajoelhado, mas um pouco mais comprido. Ele ficou de
quatro lá, empinando-se pra Blaise. Quando John ficou
naquela posição, percebi que ele já usava um plugue anal.
Blaise tinha ordenado que ele usasse durante todo o jantar.
— Você aguentou bem, John. — Blaise elogiou. — Não se
ausentou nem por um minuto para tirar.
Blaise girou o plugue dentro de John, retirando-o e
colocando novamente.
— Quero que aguente um pouco mais. — ele disse. —
Acha que consegue?
— Sim, senhor. — John respondeu, obediente.
Blaise deu a volta no corpo de John, ficando próximo ao
rosto de seu submisso. Retirou a própria calça e a cueca,
ficando enfim, nu. Aproximou a ereção da boca de John,
deixando claro o que queria. John atendeu a ordem
implícita, tomando o pênis de Blaise na boca.
Quando olhei pra Harry ao meu lado, ele olhava para os
dois casais claramente excitado, seu pênis estava ereto,
embora ele não fizesse qualquer movimento para se tocar.
Acariciei levemente seu cabelo, chamando sua atenção.
Harry me olhou com os olhos febris.
— Você quer continuar só olhando? — eu perguntei.
— Não, senhor. — ele respondeu.
— O que você quer Harry? — eu queria ouvi-lo pedir,
queria que ele me contasse o que desejava naquele
momento.
Harry olhou novamente para Blaise e John, depois se
virou pra mim, os lábios entre abertos, umedecidos.
— Eu quero te chupar, senhor.
Senti meu corpo se arrepiar de excitação. Harry sempre
parecia saber o que dizer pra atiçar o meu desejo. Tudo
nele me enlouquecia, me inebriava. Eu tirei o que restava
das minhas próprias roupas, trazendo-o para o meio das
minhas pernas. Os lábios de Harry cobriram a minha
ereção e logo senti que ele me chupava com vontade. Eu
puxei um pouco seu cabelo enquanto ele lambia e sugava,
estimulando-o a continuar.
Eu via que ele tentava relaxar a garganta e me engolir
quase inteiro; em um dado momento ele parou para tomar
folego, massageando meu pênis com a mão e descendo os
lábios para lamber o meu saco, chupando-o deliciosamente.
Senti meu orgasmo chegando. Eu queria gozar em seu
rosto, enche-lo com a minha porra, marca-lo como meu.
Mas tive medo que ele não quisesse que eu o fizesse na
frente dos outros.
— Quero gozar em você. — eu gemi, era o melhor que eu
podia fazer.
Harry afastou-se alguns centímetros, fechando os olhos,
continuando a massagear maravilhosamente o meu
membro, oferecendo-se pra mim, até que me derramei
sobre ele, excitado demais pra manter qualquer controle.
Quando ordenei que ele se levantasse, um pouco de mim
escorria por seus lábios, seu queixo e bochecha. Eu limpei
com as costas da mão.
Naquele momento, Marcus e Blaise estavam amarrando
seus submissos lado a lado, deitados de barriga pra cima
em uma cama larga de couro vermelho, com os braços
acima da cabeça e os joelhos erguidos. Na beirada da
cama, havia duas máquinas de penetração anal, fabricadas
e vendidas por um famoso sex shop bruxo. Eu tinha uma
daquelas, estava em minha maleta pessoal. Marcus e Blaise
iam usa-las em seus submissos ao mesmo tempo.
Senti meu corpo reagir ao imaginar a cena, eu queria
fazer parte daquilo. Deixei meu olhar de desejo correr pelo
corpo de Harry, até fixar em seu rosto. Ele fez um
movimento curto com a cabeça, de afirmação, sinalizando
que tinha entendido que eu queria fazer o mesmo e que
aceitava participar.
Levei Harry pela mão até a cama, instruindo-o a se deitar
ao lado de John. Marcus e Blaise olharam pra mim, com um
misto de aprovação e surpresa, quando se deram conta que
eu e Harry faríamos parte da cena. Eu amarrei Harry da
mesma maneira que John e Kim tinham sido amarrados.
Tirei a máquina da minha maleta, fazendo um feitiço
para que ela se expandisse, assumindo seu tamanho real.
No mundo dos trouxas, uma máquina de penetração anal
era composta normalmente por uma estrutura de metal que
continha, em sua extremidade, uma prótese peniana, que
através de tecnologia trouxa, era introduzida e
reintroduzida em velocidade ajustável no ânus de um
submisso. Eu já tivera uma assim, antes de Harry, para
transar com homens trouxas. No mundo bruxo, a máquina
funcionava de modo semelhante, mas seu movimento
operava, é claro, com magia.
Harry parecia esperar que eu introduzisse a prótese
peniana (acoplada à máquina) nele de imediato, porque ele
arquejou de surpresa e prazer quando eu me abaixei entre
suas pernas, lambendo lentamente sua entrada, deixando
minha língua penetrá-lo primeiro. A respiração dele tornou-
se ofegante, conforme eu comecei a alternar meus dedos
em seu orifício, acariciando-o com lambidas, massageando
seu interior, deixando-o preparado como eu queria. Quando
eu me ergui, seus olhos verdes já queimavam, e eu sabia
que ele desejava ser penetrado.
Marcus, Blaise e eu ligamos as máquinas mais ou menos
ao mesmo tempo.
O cômodo tornou-se palco de uma cena profana,
permeada de gemidos que escapavam dos lábios dos três
submissos.
Marcus deixou que Kim fosse penetrado em uma
velocidade lenta, as mãos grandes acariciando o corpo
menor do ruivo que gemia, até que o dominador ajoelhou
no lado esquerdo da cama, aproximando o pênis do rosto
de Kim, fodendo sua boca em um ritmo acelerado, abafando
seus gemidos.
Blaise fez com que o movimento no interior de seu
submisso fosse mais rápido, de modo que John ofegava,
sentindo a pressão dentro de si. Querendo aumentar as
sensações, o dominador se abaixou, lambendo lentamente a
ereção de John, provocando seu membro excitado, ora
sugando-o com a boca, ora masturbando-o com a mão.
Eu não fiz absolutamente nada a não ser olhar nos olhos
de Harry, enquanto permitia que o objeto penetrasse seu
corpo em um ritmo acelerado, entrando e saindo sem
cessar, fazendo-o gemer, deixando seu pênis duro e
inchado. A cena era absolutamente perfeita, eu via a pele
dele se avermelhar, o peito dele subir e descer ofegante,
enquanto ele mordia os lábios, contorcia-se de prazer.
Marcus foi o primeiro a desligar a máquina. Ele já estava
muito excitado com os lábios de Kim em seu membro, com
a visão do corpo do garoto. Ele puxou Kim pra si, ainda
amarrado, e o penetrou, movimentando-se dentro de seu
submisso, possuindo-o. Não demorou muito, Blaise fez o
mesmo com John.
Quando só restamos eu e Harry, ele me olhou com
expressão de súplica. Seu corpo suava, a penetração dentro
dele era incessante, eu sabia que o estimulo em sua
próstata devia estar levando-o a loucura.
— Por favor, senhor, por favor. — ele implorou, sem se
importar que não estivéssemos sozinhos. — Por favor, eu
preciso…
Eu toquei seu pênis muito rígido e lubrificado de
excitação, masturbando-o devagar.
— É disso que você precisa? — eu o provoquei.
— Não, senhor. — ele disse, a voz rouca, misturando-se
aos gemidos. — eu preciso… dentro de mim… por favor…
Eu achei que não podia ficar mais excitado. Ele me
queria dentro dele. Aquele objeto não era o suficiente. Ele
queria a mim, minha pele, meu ritmo, meu toque.
— Você quer a mim? — eu quis ouvir.
Desliguei a máquina, retirando a prótese peniana de
dentro dele.
— Sim. — ele quase gritou. — Por favor, senhor, me fode.
E eu o penetrei. Estava ensandecido. Me sentia queimar
por ele. Harry Potter era meu fogo. Eu mergulhei pra
dentro de seu corpo, sentindo-o se contrair e me apertar.
Me movimentei encontrando o ritmo que era nosso,
buscando o meu prazer e o dele.
Quando estendi a mão para masturba-lo, ele me olhou
com intensidade.
— Não é preciso, senhor. — ele gemeu. — Já está vindo…
eu só preciso…
E então gozou, um jato forte, sujando nosso corpos de
esperma.
— Só precisa de mim. — eu disse baixinho, maravilhado.
— Sim. — ele murmurou, jogando a cabeça pra trás, os
olhos fechados.
Meu orgasmo veio fazendo todo meu corpo tremer, eu
me apoiei na cama para não cair sobre Harry.
Capítulo 21

CAPÍTULO 21
NARRADO POR DRACO MALFOY
Alguns segundos depois quando, consegui encontrar
forças pra me colocar de pé novamente, olhei para o lado.
Marcus, Blaise, Kim e John nos olhavam de queixo caído.
— Isso foi bem intenso. — John deixou escapar.
— Se eu não tivesse acabado de gozar, poderia fazer isso
só olhando pra vocês. — Blaise comentou.
Quando olhei para Harry, percebi que ele estava um
pouco envergonhado, ele olhava para o outro lado, sem
querer encarar meus amigos. Conclui que aquela noite já
tinha sido o suficiente pra ele. Eu o desamarrei, assim
como fizeram Marcus e Blaise com seus submissos.
— Kim, você pode leva-lo até um banheiro onde ele possa
se lavar e se vestir? — eu pedi.
Kim assentiu com a cabeça. Harry me olhou claramente
agradecido e seguiu andando atrás de Kim, não sem antes
parar no canto da sala e pegar suas roupas. John quis ir
junto, de modo que ficamos apenas Marcus, Blaise e eu.
Nós três nos vestimos, limpamos e guardamos nossos
objetos pessoais, relativamente em silêncio. Eu podia ver
que tinha algo no ar. Marcus e Blaise a todo tempo
trocavam olhares divertidos, carregados de significado.
— O que foi? — eu perguntei.
— O que foi o que? — Marcus devolveu a pergunta.
— Porque estão trocando olhares e dando risadinhas? —
eu quis saber.
— Não é nada. — Blaise falou. — É só que, achamos que
a noite foi bastante surpreendente.
— Não esperávamos que Harry Potter fosse assim. —
Marcus concordou.
— Assim como? — eu estava começando a me irritar com
o rumo daquela conversa.
— Ele anda por aí com toda aquela pose de machão. —
Blaise riu. — O Eleito, Herói do mundo mágico, derrotou o
Lorde das Trevas…
— E ele literalmente implorou pra que você comesse ele.
— Marcus completou, rindo também. — Em alto e bom som,
pra quem quisesse ouvir.
— Ninguém nunca disse que eu precisava comer um cu
pra derrotar Voldemort. — ouviu-se a voz de Harry Potter,
vinda da porta.
Marcus, Blaise e eu nos viramos imediatamente,
encarando Harry, que estava em pé com Kim e John ao seu
lado. Ele caminhou em nossa direção com o rosto cheio de
ressentimento.
— A prova de que uma coisa não tem nada a ver com a
outra são vocês, que se acham o máximo por serem
dominadores, mas chamam Voldemort de Lorde das Trevas,
porque não têm coragem de dizer o nome de um homem
que já está morto há mais de cinco anos.
Harry não esperou resposta. Ele se virou e saiu andando
na direção da porta.
— Harry. — eu o chamei.
Dei alguns passos para ir atrás dele, mas ele moveu a
varinha com tamanha rapidez e precisão que, mesmo de
costas, me acertou em cheio, atirando meu corpo pra trás,
fazendo com que eu caísse sentado no chão. Quando olhei
novamente para porta, ele já tinha ido.
Kim foi atrás dele na sala.
Um silêncio desconfortável tomou conta do cômodo até
que Kim retornasse para o quebrar. Eu me sentia
atordoado. O que tinha acontecido ali? Em um minuto tudo
estava bem. Agora Harry tinha me lançado uma azaração e
ido embora?
— Ele foi embora pela rede de Flu. Mandou avisá-lo que
não foi pra Mansão e nem pro apartamento. — Kim disse,
olhando pra mim. Depois, voltou-se pra Marcus. — Senhor,
eu quero ir embora.
Marcus olhou pra Kim, visivelmente incomodado.
— Combinamos que você permaneceria aqui, até que a
situação com Kinoss fosse resolvida. — Marcus disse, em
tom de quem encerra a questão. — A casa dos seus pais
não é totalmente segura, é um bairro trouxa.
— Harry disse que posso ficar com ele. Tenho certeza de
que é seguro. — Kim falou.
— Você disse que não sabia onde Harry estava. — Eu
acusei.
— Não, eu disse que ele não está na Mansão Malfoy nem
no apartamento dele. — Kim sibilou, perdendo a paciência.
— Na verdade, eu disse isso porque estava tentando ser
gentil. Porque o que Harry de fato falou é que não é para
você perder seu tempo procurando por ele nesses lugares
porque ele não quer te ver. E ele tem toda razão, depois
que você o trouxe aqui para ser humilhado.
— Eu não o trouxe aqui para… — eu comecei a falar.
— Você não vai ficar com Potter. — Marcus disse com
raiva, aproximando-se ameaçadoramente de seu submisso.
— Então, senhor, peço encarecidamente que o senhor
encontre algum outro lugar seguro para onde eu possa ir
ainda hoje. Porque, nesse momento, sinto como se tivesse
ultrapassando todos os meus limites emocionais se for
obrigado a permanecer na mesma casa que o senhor. —
Kim disse, olhando pra baixo, uma lágrima teimando em
cair pelo rosto.
— O que tudo isso tem a ver conosco? — Marcus
perguntou, mais gentil.
— O senhor e Blaise fizeram questão de humilhar Harry,
de se sentir superiores a ele, rir dele porque ele implorou,
porque ele se expressou livremente em um momento de
entrega com Draco. — Kim disse, com indignação. — Vocês
o chamaram aqui, disseram que ele era um amigo, pediram
que ele se sentisse a vontade. Harry confiou em vocês e é
assim que o tratam?
— Nós não sabíamos que ele estava ouvindo. — Blaise se
defendeu.
— E daí? Talvez essa seja a diferença entre sonserinos e
grifinórios. É isso que importa pra vocês? Se Harry estava
ouvindo? Mesmo que ele jamais ouvisse, nada dava a vocês
o direito de dizer essas coisas, porque é horrível. O que
alguém gosta ou não, na hora do sexo, não dita as
qualidades da pessoa. — a voz de Kim subiu duas oitavas,
eu nunca tinha o visto tão alterado. — Harry Potter fez mais
pelo mundo mágico do que todo mundo nessa sala junto, e
vocês falando dele como se ele fosse uma fraude.
— Vá de uma vez Kim, fique com ele. — Marcus se
irritou. — Você fala como se ele fosse uma espécie de Deus.
— E você fala como um ingrato. — Kim respondeu, de
cabeça erguida, no mesmo tom, quebrando a relação de
dominação e chocando a todos nós, sobretudo Marcus. —
Ele me salvou a vida. Você se esqueceu rápido demais…
deve ser porque não tem importância.
Kim se foi como Harry, sem olhar pra trás.
Quando só sobramos Blaise, Marcus, eu e John. Blaise se
virou para o seu noivo e perguntou:
— Você também vai embora?
— Não, senhor. — John respondeu, em voz baixa. — Mas
não se deixe enganar pela minha passividade, eu não gostei
nada do que houve. Quando está a sós com seu dominador,
todo submisso implora. Ao invés de zombar de Harry por
ter tido a coragem de fazer isso na nossa frente, talvez
deva se perguntar porque eu nunca confiei o suficiente no
senhor para fazer isso em uma cena em grupo. Mesmo
depois de tantos anos juntos.
— John… — Zabini estava claramente chateado por ter
magoado John.
— Eu vou esperar o senhor na sala de estar. — John
avisou. — Gostaria muito que pudéssemos ir pra casa
dormir. Estou com dor de cabeça.
— Claro. — Blaise respondeu. — Me dê só um minuto.
Quando John saiu, nós três nos encaramos em clima de
derrota.
— Foi três a zero pra eles essa noite. — Blaise disse,
abrindo um sorriso triste.
— Até agora eu não entendi o que eu fiz. — eu olhei
confuso para meus amigos. — Vocês foram dois babacas,
mas eu não disse absolutamente nada. Por que Harry não
quer me ver?
— Bom, nós fomos dois babacas. — Blaise respondeu,
referindo-se a Marcus e ele próprio. — Ele pode estar
chateado porque acha que você o expôs, que o trouxe até
aqui para fazer sexo na frente de idiotas imaturos, curiosos
com a performance do Menino-Que-Sobreviveu.
— Kim o defendeu como se fosse o namorado dele. —
Marcus disse, com certo amargor na voz. — Talvez Potter
achasse que você deveria ter feito isso. Quando ele avançou
pra nós, nos chamando de covardes e falando sobre
Voldemort, talvez ele esperasse que você o apoiasse.
Eu não tinha tido nem reação. Tudo aquilo tinha
acontecido rápido demais. Eu só sabia que eu precisava
encontrar Harry, mas Harry não queria me encontrar. Eu
queria vê-lo, abraça-lo, conversar com ele, esclarecer
aquilo. Por Merlin, eu não podia perder Harry por causa de
uma palhaçada daquelas, não podia.
— Eu vou atrás dele. — eu me levantei.
— Espere ao menos até amanhã. — Blaise aconselhou. —
Dê um tempo para que ele se acalme. Deixe que ele
converse com Kim, desabafe sobre o que houve.
— Amanhã vou usar o colar que dei para Kim para ir até
ele. — Marcus falou, parecendo estar sentindo dor. — Você
pode ir comigo, Draco, afinal ele e Harry estão no mesmo
lugar.
— Kim saiu daqui muito decepcionado. — Blaise
comentou.
— Ele tomou as dores de Potter de uma forma muito
intensa, pareceu pior do que se tivéssemos ofendido ele
pessoalmente. — Marcus falou.
— Kim é um jovem da grifinória, que entrou pra
Hogwarts quando Harry já era mais velho; ele e seus
amigos grifinórios eram crianças quando Harry venceu o
Lorde das Trevas. Kim provavelmente cresceu ouvindo
histórias sobre Harry, os feitos dele, as aventuras dele. —
eu falei. — Pise hoje em Hogwarts e fale com qualquer
menino da grifinória, quem você acha que é o herói dele?
Kim não é diferente.
— Draco tem razão. — Blaise concordou. — Kim acabou
de se formar em Hogwarts, ainda é um menino. Foi salvo
por Harry há algumas semanas…
— Além disso, Grifinórios são criados com um forte senso
de justiça. — eu continuei. — Nós todos prometemos a
Harry que o deixaríamos a vontade. Kim e Harry viram o
que aconteceu como uma traição, como um tratamento
injusto. E eles tem razão. Eu trouxe Harry hoje para que ele
se sentisse bem e agora posso perde-lo por causa de vocês
dois.
— Me desculpe, Draco, sinceramente. — Blaise disse,
com franqueza. — Eu fui um imbecil. Você tem sido um bom
amigo pra mim todos esses anos, certamente não merecia
isso. E nem Harry, não tem nada de errado no
comportamento dele, ele tem feito você muito feliz.
— Eu me arrependo muito de ter dito o que eu disse. —
Marcus admitiu. — Mas aparentemente não é só Draco que
corre o risco de perder o submisso hoje. Neste momento,
não sei nem onde Kim está. Tudo que sei é que se enfiou
em algum canto com Harry Potter.
— Você não está com ciúmes, está Marcus? — Blaise
perguntou, perspicaz. — De Harry e Kim.
— É óbvio que estou. — Marcus disse. — Eu sei que eles
não estão interessados um pelo outro no sentido amoroso
ou sexual. Mas eles pensam parecido, e talvez Potter possa
entender Kim de um jeito que eu nunca vou entender.
— Isso se chama amizade. — Blaise apontou. — Ao invés
de ficar tão incomodado, você poderia ficar feliz de Kim ter
encontrado um amigo em quem pode confiar, alguém que
ofereceu abrigo em um momento difícil.
— Você é um herdeiro de uma longa linhagem bruxa,
criado por uma família severa, educado nas artes das
trevas, assim como eu. — eu disse a Marcus. — Isso deixa
marcas numa pessoa. Existem coisas que eu e você
entendemos, que Kim e Harry nunca poderão entender.
Mas isso não significa que quero namorar você.
— Vocês tem razão. Eu sou um idiota. Afastei Kim, fiz
com que ele quebrasse nossa relação, se recusasse a
continuar a ser meu. — Marcus apontou. — Preciso
reverter isso.
— Precisa também pedir desculpas a Harry. — eu avisei.
— Caso você deseje continuar sendo meu amigo.
— Claro, Draco, eu vou fazer isso. — Marcus falou,
constrangido.
— O mesmo serve pra você, Blaise. — eu disse.
— Eu faria mesmo que você não pedisse. — ele me
garantiu.
Naquela noite eu fui pra casa sozinho, pensando em
como um jantar que tinha começado tão bem podia ter
dado tão errado, e nos momentos que eu tinha falhado com
Harry.
Eu mal consegui dormir, esperando que o dia seguinte
chegasse, para que eu pudesse procurar Harry e pedir para
que ele me perdoasse. Mas enquanto eu revivia tudo o que
Harry Potter já tinha feito por mim, todas as provas de
lealdade que ele tinha me dado, eu comecei a pensar no
que era preciso para que eu perdoasse a mim mesmo.
Capítulo 22

CAPÍTULO 22
NARRADO POR HARRY POTTER
Eu atravessei a lareira, irritado, adentrando o Largo
Grimmauld, nº 12, sede da Ordem da Fênix. Eu tinha
optado por este destino, ao invés de ir para meu
apartamento, pois tinha quase certeza que Draco não teria
a ideia de me procurar no antiga casa dos Black.
Infelizmente, minha conversa com os membros da Ordem
só tinha ocorrido no andar térreo da casa, na sala de jantar
e cozinha, de forma que eu só tinha me disposto a limpar e
retirar pragas desta parte da casa, com fundamental auxílio
de Monstro (que na maior parte do tempo, seguia
trabalhando em Hogwarts).
Isso significava que eu teria que me ajeitar por ali
mesmo. Comecei a organizar cobertores e travesseiros no
sofá. Pouco tempo depois, Kim apareceu, pela Rede de Flu.
— Kim. — eu chamei seu nome.
Ele estava com uma cara péssima. Os olhos vermelhos de
quem estava tentando não chorar, o rosto fechado em uma
carranca de raiva e desapontamento. Devia estar bem
parecido com o meu, naquele momento.
Antes de eu ir embora da casa de Marcus, Kim tinha ido
atrás de mim na sala e manifestado sua vontade de sair
correndo dali. Eu disse onde estaria, caso ele precisasse de
um lugar pra ir.
— O que é aqui? — ele perguntou, encarando o lugar
com curiosidade.
— Essa é a sede da Ordem da Fênix. — eu expliquei. —
Eu herdei do meu…
— Seu padrinho, Sirius Black. — Ele completou.
Não manifestei nenhum comentário sobre Kim saber a
respeito de Sirius. Era comum encontrar pessoas que eu
mal conhecia que tivessem conhecimento de detalhes
bastante pessoais da minha vida. Costumava me incomodar
mais quando eu era criança, sobretudo quando os outros
sabiam mais sobre mim do que eu mesmo. Mas agora
aquilo já fazia parte do meu dia a dia, eu não poderia estar
mais acostumado.
— Os quartos estão inabitáveis, essa casa não é utilizada
há muitos anos. — eu falei. — Se importa de ficarmos aqui
essa noite?
Transfigurei mais objetos da sala para que se tornassem
travesseiros e cobertores confortáveis para Kim,
depositando-os no segundo sofá disponível. Felizmente,
minhas habilidades em transfiguração tinham melhorado
bastante com o treinamento para Auror.
— Não, claro que não. — Kim respondeu. — Obrigado por
me receber. Me desculpe se eu tiver te incomodando, não
pensei em nenhum outro lugar pra onde eu pudesse ir.
Imagino que depois do que aconteceu, você deva estar
querendo ficar sozinho…
Na verdade, não queria. Eu estava triste, com raiva, e
cheio de dúvidas. E eu achava que talvez Kim pudesse me
ajudar.
— Você acha que eu fiz papel de idiota na frente de
todos? — eu perguntei, amargo.
— Você não fez papel de idiota, Harry. — Kim falou, com
gentileza, sentando-se ao meu lado no sofá. — Você é dez
vezes mais bruxo que eles. Pode apostar que deixei isso
claro.
— Obrigado por me defender. — eu disse, com
sinceridade.
— O que eles disseram foi injusto, foi nojento. — Kim
falou, claramente indignado. — Eu não podia ficar calado.
Marcus foi um idiota… eu me senti pessoalmente ofendido.
Eu entendia o que ele queria dizer. Kim tinha escolhido
Marcus, confiava nele, gostava dele. Ver Marcus se
comportando daquela maneira deve ter sido decepcionante.
Se eu tivesse ouvido Draco dizer as coisas que Marcus
disse sobre um outro garoto, que não eu, eu também me
sentiria pessoalmente ofendido.
— No seu lugar, eu estaria sentindo a mesma coisa. — eu
garanti.
— Marcus e Blaise falaram como se ser um submisso,
fizesse de alguém um fraco, incapaz, um mau bruxo. — ele
disse, com raiva.
— Tenho certeza que não é o seu caso. — eu falei,
sorrindo pra ele. — Hermione escolhe seus estagiários
entre os melhores alunos do curso de Medibruxaria. Não só
os melhores em nota, mas também os que atendem bem os
pacientes, os que trabalham com eficiência e enfrentam as
situações difíceis no hospital. E eu nunca vi Hermione
Granger cometer um erro de julgamento.
Ele sorriu de volta pra mim.
— Gostaria que Marcus enxergasse isso. — Ele falou,
tristemente.
— Ele permitiu que você viesse? — eu perguntei.
Eu duvidava muito que Marcus tivesse ficado tranquilo
com a perspectiva de Kim abandoná-lo e vir pra cá,
principalmente se Kim tinha discutido com ele e me
defendido.
— Pra te dizer a verdade, eu não sei nem se ainda existe
alguma coisa entre Marcus e eu. — Kim disse.
— Sinto muito, Kim. — eu falei. — Sei que gosta dele.
— Eu também sinto muito por você, Harry. Ficou
evidente pra todos nós o quanto você gosta de Draco. —
Kim respondeu. — E apesar de você ter todo direito de
estar magoado, também acho que ele gosta muito de você.
Pensar em Draco fez com que algo em meu peito doesse.
Parte de mim sabia que ele não tinha dito nada, as coisas
que me magoaram tinham saído dos lábios de Blaise e
Marcus. Mas ainda assim, eu me ressentia dele. Draco já
conhecia Blaise e Marcus há anos… o comportamento deles
nessa festa foi uma surpresa tão grande assim? Porque ele
me levou nesse jantar?
— Você é um submisso há um pouco mais de tempo que
eu… — eu falei.
— Uns seis meses, mais ou menos. — Kim comentou.
— Então você entende muito bem o que vou dizer. Mas
mesmo eu, que estou saindo com Draco há apenas um mês,
já percebi que a base de uma relação desse tipo é a
confiança. — eu disse. — Se eu vou obedecer alguém na
hora do sexo, o mínimo que eu preciso é ter a certeza que
essa pessoa não vai me expor ao ridículo.
Kim me olhava cheio de compaixão.
— Nessas festas, nessas cenas BSDM em grupo… os
submissos evitam falar sobre as sensações que tem na hora
do sexo, as vezes evitam até gemer. — ele me confessou. —
Justamente por causa dessas piadinhas. Às vezes alguns
desses caras sabem ser bem idiotas.
— O que você acha de falarmos de outro assunto, Kim?
Esquecermos um pouco esses dois sonserinos? — eu
perguntei.
Kim parecia muito chateado. Eu, sem dúvida, também
estava. Achei que falar sobre outro assunto era uma boa
ideia. Passamos uma noite agradável nos sofás da sala de
estar, falando sobre Hogwarts, a Grifinória e Quadribol.
— \\ —
Kim e eu acordamos tarde na manhã seguinte, com o
barulho da lareira sendo utilizada. Alguém, que eu tinha
autorizado, estava atravessando pela Rede de Flu.
— Dormindo a essa hora, Harry? — Jorge Weasley
materializou-se na minha frente, de braços cruzados,
vestindo uma gravata roxo berrante. — Se esqueceu que
tinha marcado comigo?
— Sim, me esqueci completamente. — eu disse, saindo
debaixo das cobertas e me sentando no sofá. — Desculpe,
Jorge.
Com todos os eventos da noite anterior, minha memória
tinha falhado. Kim se sentou também, com a cara amassada
e os cabelos despenteados. Eu fiz alguns feitiços para que
os nossos travesseiros e cobertores voltassem a ser objetos
da sala.
— Quem é esse? Um Weasley perdido? — Jorge riu,
referindo-se a Kim, pelo fato de ser um rapaz ruivo.
— Esse é Kim Hall — eu apresentei. — É um amigo.
Me recusei a apresentar Kim falando sobre Draco ou
Marcus. Kim e eu éramos amigos, ponto final.
— E o que houve com vocês? — perguntou Jorge, se
referindo ao nosso aspecto amassado, com roupa social da
noite anterior, dormindo no sofá. — Ressaca, decepção
amorosa ou atropelamento por trasgo?
— O segundo problema, infelizmente. — Kim reclamou.
— Confesso que estava preferindo o atropelamento por
trasgo. — concordei com veemência.
— Soube que você está saindo com Draco Malfoy…
provavelmente eu também preferiria o trasgo. — Jorge riu,
maroto, e então se voltou pra Kim, assumindo um ar
sedutor. — E você docinho, quem é seu namorado?
— Não acho que eu ainda tenha um relacionamento. —
Kim fez uma careta. — Mas você conhece Marcus
Vitaverza?
— Eca. Prefiro dois trasgos. — Jorge apontou. — Você
deveria tentar conhecer um grifinório. Se eu te convidasse
pra jantar, você aceitaria?
Kim ficou completamente vermelho.
— Jorge, eu te chamei aqui para te pedir uma coisa
importante. — eu disse, sério. — Não para flertar.
— Mas Harry, essa é a minha oportunidade de sair com
um garoto ruivo. — Jorge gracejou, em tom de súplica. —
Todos os outros que conheço são meus parentes.
— Jorge isso é sério, é sobre os Purificadores do Sangue.
— eu falei.
Jorge ficou atento, ouvindo o que eu tinha pra dizer. Nos
últimos anos, ele tinha expandido seus negócios, se
tornando um grande inventor e investidor. Jorge Weasley
conhecia quase todo bruxo em Londres, conhecia os
setores bons para se investir, tinha contatos em muitos
lugares, informantes, sempre parecia saber de tudo. Ele
era a pessoa perfeita para descobrir para quando Kinoss
tinha marcado a sua próxima viagem pra França.
— Deixe comigo. — ele concordou, quando eu expliquei o
que eu queria.
— Sabia que eu podia contar com você. — eu sorri.
— Agora já posso convidar seu amigo pra sair? — ele
perguntou, rindo também.
— Que tal almoçarmos nós três? — eu disse. — Você
poderia fazer companhia a Kim enquanto eu compro
alguma coisa para comermos.
— Por mim está ótimo. — Jorge concordou.
— Certo, deixe-me só ir ao banheiro primeiro. — eu
disse.
Eu fui ao banheiro, fiz alguns feitiços de higiene pessoal
e tentei desamassar um pouco as minhas roupas. Voltei
para sala para dizer aos meninos que já estava indo e que
logo retornaria com o nosso almoço, mas no exato instante
em que pisei no cômodo, ouvi Kim ofegar, segurando um
colar brilhante pendurado no pescoço.
Era o colar que Marcus tinha dado a ele, enfeitiçado com
feitiço de Proteu para que um pudesse chamar pelo outro.
O colar também funcionava como chave de portal, porque
no dia do ataque de Kinoss, Marcus tinha conseguido ir até
onde estávamos, através do colar.
Neste momento, Kim não tinha chamado por ele. Mas
ainda assim Marcus tinha conseguido ativar os poderes do
colar, visto que tinha acabado de se materializar na minha
sala, e o pior, trazendo Draco com ele.
— O que você está fazendo no sofá com Jorge Weasley?
— Foram as primeiras palavras de Marcus, claramente
enciumado.
— Quer que eu me livre dele, docinho? — Jorge
perguntou pra Kim, provocando Marcus propositalmente.
— Do que você o chamou? — a expressão de Marcus era
assassina.
— Marcus, você invadiu a minha casa sem ser convidado,
se quiser que eu permita sua presença aqui, recomendo
que fique bem calminho. — eu avisei, e depois me voltei
para Jorge. — Acho melhor nosso almoço ficar pra outro dia
Jorge, temos uns assuntos pendentes com esses dois.
— Claro, claro, o que vocês não dariam por um bom par
de trasgos não é mesmo? — Jorge riu, se encaminhando
para a lareira. — Até outro dia, Harry. Tchau docinho.
E com essa frase de efeito, ele desapareceu pela Rede de
Flu. Kim não conseguisse controlar uma risada, fazendo um
barulho engraçado com o nariz. Eu sorri de volta pra ele,
Jorge sempre teve essa habilidade de fazer as pessoas
rirem em momentos de tensão. Seu irmão Fred era igual.
— O que vocês dois estão fazendo aqui? — eu perguntei.
— Eu precisava te ver. — Draco disse, dando um passo na
minha direção. — Por favor, converse comigo.
Eu também queria conversar com ele. Eu tinha ido
embora na noite anterior muito chateado, e tinha impedido
Draco de me seguir. Acho que foi uma decisão acertada
naquele momento, eu estava com a cabeça quente. Me faria
bem um pouco de espaço e uma boa noite de sono. Naquele
momento, mais calmo, depois de já ter desabafado com
Kim, eu me sentia mais disposto a conversar com Draco.
Mas não ali, é claro, na frente de Marcus e Kim. Isso era
entre eu e Draco, eu queria privacidade.
— Nós vamos conversar. — eu prometi. — Mais tarde,
quando estivermos sozinhos, tudo bem?
Draco assentiu com a cabeça. Ele parecia abatido,
desnorteado. Embaixo de seus olhos azuis havia marcas
profundas, mostrando que ele não tinha conseguido dormir
direito. Eu não gostava nada de vê-lo assim.
— Eu também gostaria de te dizer algo, Harry, se você
estiver disposto a me ouvir. — Marcus falou.
— Tudo bem. — eu disse.
— Eu fui um imbecil com você ontem. Não há desculpas
para as coisas que eu e Blaise dissemos. — ele disse,
parecendo sinceramente envergonhado. — Você salvou a
vida de Kim e eu te retribui da pior maneira.
— Eu não salvei a vida de Kim por você. — eu respondi.
— Eu sei, mas ainda assim eu sou muito grato. — ele
falou, com humildade. — E embora isso não seja desculpa,
também quero que você saiba que o que aconteceu não foi
premeditado, Blaise e eu não planejamos magoar você. Nós
falamos sem pensar, foi uma piada idiota.
— Quer dizer que todo aquele papo de “você é nosso
amigo”, “queremos que você se sinta à vontade” era
sincero? — eu perguntei.
— Sei que nós acabamos fazendo você se sentir muito
mal, e que provavelmente você nunca mais queira tomar
nem um café conosco, muito menos participar de uma cena
BDSM. — Marcus sorriu com tristeza. — Mas era sincero.
— Acredito em você, Marcus. — eu estendi a mão pra
ele. — Vamos esquecer isso.
Depois dos últimos anos como Auror, eu tinha me
tornado muito bom em avaliar as pessoas. Marcus e Blaise
não eram pessoas más, não tinham me enganado, nem me
feito mal intencionalmente. Os dois tinham sido
REALMENTE MUITO IDIOTAS, mas Marcus estava ali,
reconhecendo isso. Eu não queria ficar remoendo aquela
história. Tinha preocupações muito mais importantes, um
plano pra pôr em prática, uma seita de bruxos das trevas
pra combater.
Marcus apertou a minha mão de volta e então, olhou
para Kim, como se esperasse uma reação da parte dele. O
ruivo olhava para cena sem dizer nada, e não fez nenhum
movimento para se aproximar de Marcus.
— Então Kim… — Marcus falou, contente. — Agora que
resolvemos tudo, podemos voltar para casa?
— Você resolveu com Harry, não comigo. — Kim falou.
— Ontem você estava irritado pelo que eu fiz a Harry. Eu
não tiro a sua razão, eu estava errado e vim até aqui me
desculpar. — Marcus se defendeu. — Mas eu realmente não
tenho ideia do que eu fiz a você.
— O que vocês falaram sobre Harry me ofendeu também.
— Kim esclareceu. — Vocês falaram como se um submisso
não pudesse ser um homem forte e corajoso.
Marcus se aproximou de Kim, sorrindo um pouco,
acariciando o rosto do ruivo.
— Mas você não é igual a Harry. — Marcus disse, em um
tom condescendente que eu sabia que irritaria Kim. — Você
é meu submisso doce, frágil e delicado, que eu quero
proteger… cuidar.
Ele tinha dito a coisa errada. Marcus podia jurar que
estava sendo romântico, mas aquelas eram as últimas
palavras que Kim queria ouvir. Ele tirou a mão de Marcus
de seu rosto em um ímpeto.
— Não. Isso foi um erro. Eu não sou um submisso. — ele
falou. — E acho que pelo jeito também não sou seu.
— Do que você está falando Kim? — Marcus parecia
completamente sem chão.
— Vá embora Marcus. — Kim pediu.
— Não… fale comigo. — Marcus insistiu. — Eu não
entendo… você não quer mais uma relação BDSM? Tudo
isso por causa de uma idiotice que eu falei?
Kim deixou a sala e se trancou no banheiro. Sua
mensagem era clara, ele queria que Marcus saísse.
— Acho melhor você ir. — Draco interviu, aconselhando o
amigo. — Converse com ele outro dia.
— Não… eu preciso que ele me ouça. — Marcus
demonstrava desespero.
— Outro dia. — eu falei. — Agora ele já está no limite.
Ele está triste, cansado, passou a noite em um sofá
desconfortável.
— Ele podia estar na minha casa muito bem acomodado.
— Marcus rosnou.
— Mas ele não quer. — eu respondi, tentando convence-
lo. — Agora por favor vá embora. Você vai encontra-lo de
novo, ele já prometeu que vai ajudá-lo com a poção
rastreadora. Dê um tempo pra ele.
— Certo. — Marcus parecia mais conformado. — Vocês
vão ficar aqui?
Eu olhei pra Draco antes de responder.
— Não, aqui ficaremos muito mal instalados. — eu disse.
— Enquanto essa questão com Kinoss e os Purificadores
permanece em aberto, acho que o mais seguro e mais
confortável para nós é ficarmos na Mansão.
Draco abriu um sorriso de orelha a orelha.
— Nunca fiquei tão feliz ao ouvir uma frase. — ele disse.
— Esperem pela minha visita na Mansão Malfoy muito
em breve. — Marcus disse.
— Está certo. — eu concordei. — Mande as roupas de
Kim por um Elfo Doméstico.
Marcus balançou a cabeça em sinal afirmativo e depois
despareceu por entre as chamas da lareira.
Capítulo 23

FAVOR, NÃO DÊ SPOILERS E NEM FAÇA


COMENTÁRIOS INADEQUADOS. SE VOCÊ É
IMATURO PARA LER CENAS BDSM OU CONTEÚDO
SEXUAL DE MANEIRA GERAL, NÃO COMENTE
NESSE CAPÍTULO. SE VOCÊ VER ALGUM
COMENTÁRIO INAPROPRIADO, MARQUE O USER
DRARRYFANFIC21 E ME AJUDE A IDENTIFICAR
PROBLEMAS.
CAPÍTULO 23
NARRADO POR HARRY POTTER
Depois que Marcus foi embora, eu disse a Kim que ele já
podia sair do banheiro e o convidei para ficar conosco na
Mansão. Ele olhou de mim pra Draco, parecendo incerto.
Eu entendia seu desconforto, afinal Draco era amigo de
Marcus há muitos anos.
— Está tudo bem, Kim. — Draco disse a ele,
tranquilizando-o. — Mesmo que Harry não tivesse te
oferecido abrigo, mesmo que eu e Harry não estivéssemos
juntos, ainda assim você poderia ficar na Mansão todo
tempo que precisasse.
Kim deixou o queixo cair, como se esperasse que Draco
dissesse qualquer coisa, menos aquilo. Mas eu não me
surpreendi, deixando meu coração se aquecer ao ver
aquela cena. Eu sabia quem Draco Malfoy era. Ele era
doce, gentil, preocupado. Eu tinha me apaixonado por ele
exatamente assim.
— Eu… eu achei que por sua amizade com Marcus… você
quisesse que eu voltasse a obedece-lo o mais rápido
possível. — Kim falou, com franqueza.
— Você é uma pessoa, Kim. Não é um bichinho de
estimação que Marcus comprou no Beco Diagonal. — Draco
falou. — Tem todo direito de não querer mais ser submisso.
Kim se deixou cair no sofá, parecendo extremamente
cansado.
— Entendo porque gosta dele, Harry. — Kim bufou. —
Draco não se parece em nada com Marcus.
— Você me conhece há pouco tempo, Kim. Antes de
Harry você me via nessas festas sempre com um garoto
diferente, com os quais eu não tinha qualquer tipo de
vínculo. Quando eu e Harry começamos a namorar, desde o
início ficou muito claro que eu só era seu dominador na
hora do sexo, Harry sempre foi livre. E eu sempre quis que
ele fosse livre. — ele disse, olhando pra mim com um
pequeno sorriso nos lábios. — Eu nunca quis um submisso
para obedecer as minhas ordens o tempo todo. Mas Marcus
é diferente, antes de você ele teve outros submissos, teve
até um relacionamento longo como o de Blaise e John.
— Eu sempre fantasiei com a dominação sexual. Na
escola tinha tido uns namorados, mas nada sério. Quando
ouvi falar desses clubes BDSM trouxas eu fui até lá, eu
queria saber como era. Acabei descobrindo que me
excitava muito olhar pra aquelas cenas. — Kim confessou,
fazendo com que eu me identificasse com a sua auto
descoberta. — Numa noite eu conheci Marcus no clube. Ele
me viu confundindo um trouxa, percebeu que eu era bruxo,
veio conversar. Acabamos nos envolvendo. Eu arrisquei
entrar em uma relação com ele, viver a minha fantasia.
Draco assentia com paciência, parecia já conhecer a
história, através da versão de Marcus. Eu sabia que Kim
era submisso há cerca de seis meses, Marcus tinha sido seu
primeiro dominador.
— A parte sexual me agrada muito. — Kim esclareceu. —
Mas o dia a dia dessa dominação vem mexendo com a
minha cabeça de uma maneira ruim… parece que vou
sufocar, que vou enlouquecer. Eu olhava para John e
Blaise… e acho sinceramente que John seja feliz com a
relação que eles tem. Eu esperava que isso pudesse
acontecer comigo também, mas já não tenho qualquer
esperança nesse sentido.
— Está tudo bem, Kim. Você não precisa gostar de ser
um submisso 24 horas por dia. Não é porque agrada John,
que precisa agradar você. — Draco aconselhou. — Muitas
pessoas só se interessam pela parte sexual de uma relação
BDSM, como eu, Harry, Simon e Leo.
— Mas não Marcus. Isso não é o suficiente pra ele. —
Kim falou, magoado.
Draco não respondeu. Provavelmente porque também
acreditava que Marcus também desejava um submisso para
além da cama.
— Você realmente gosta dele não é? — eu perguntei.
— Infelizmente. — Kim concordou. — Embora
evidentemente não seja recíproco.
— Não acho que isso seja verdade. — Draco falou. — Eu
conheço Marcus há muitos anos. Há um bom tempo eu não
o vejo realmente envolvido com alguém. Ele é sempre tão
frio e controlado, mas por você ele parece que está
perdendo a razão…
— Talvez, Draco. Mas Marcus me vê como garotinho
indefeso. Não enxerga nada além disso. — Kim falou, com
raiva. — Mas apesar das aparências, posso jurar para você
que não sou.
— Tenho certeza que não. — Draco respondeu, com
admiração. — Depois de tudo o que você disse ontem para
Marcus e Blaise… Você é tudo menos fraco.
— Obrigado. — Kim falou, encarando o outro com
firmeza. — Obrigado pelos conselhos e obrigado por me
deixar ficar em sua casa. Eu iria para casa dos meus pais,
mas agora que sabemos que Kinoss está atrás de mim, não
quero coloca-los em risco. Eles são trouxas, não tem como
se defender.
— Eu entendendo completamente. — Draco disse. — E
você é bem-vindo.
Draco, Kim e eu deixamos o Largo Grimmauld, nº 12, e
fomos almoçar na Mansão Malfoy. Quando chegamos na
casa de Draco, Marcus já tinha enviado as roupas de Kim,
que já tinham sido arrumadas em um quarto de hóspedes.
Logo após comermos, Kim subiu para o seu quarto,
alegando querer ficar um pouco sozinho. Eu sabia que ele
tinha muito o que pensar, mas era evidente que ele estava
dando a mim e a Draco um pouco de espaço.
Finalmente, depois de todo o drama acerca da relação de
Marcus e Kim, eu e Draco poderíamos conversar. Nós
fomos para o quarto dele, onde eu finalmente chutei pra
longe aqueles horríveis sapatos sociais e tirei a camisa da
noite anterior.
— Me perdoe, Harry. — ele pediu, assim que eu levantei
o rosto para encará-lo. — Por favor, me perdoe.
— Se os seus amigos são tão imaturos, você não devia ter
me convidado para ir a esse jantar. — eu falei, deixando o
ressentimento que eu tinha sufocado provisoriamente vir à
tona.
— Eu sei. Na hora não pensei em nenhum deles, pensei
em nós. Eu sabia que você se excitava de ver outras
pessoas, eu estava excitado com a possibilidade de transar
com você ali. — Draco parecia afoito para me explicar. — E
sinceramente não achei que algo assim pudesse acontecer.
Desde a escola não vejo Marcus e Blaise serem tão
babacas.
— Kim falou que em cenas em grupo muitos submissos
evitam falar sobre o que sentem porque alguns
dominadores fazem piadinhas. — eu acusei.
— Sim, mas não Marcus e Blaise. Há muitos anos não os
vejo agir desse jeito. — Draco justificou.
— Tudo bem. — eu assenti com a cabeça. — Tudo bem,
Draco. Foi uma bobagem. Eles disseram uma besteira sem
pensar. Estava sendo sincero hoje mais cedo quando
desculpei Marcus e farei o mesmo por Blaise.
— E por mim? — ele quis saber.
— As coisas são diferentes entre nós. — eu falei. —
Porque Marcus e Blaise não significam nada pra mim. Mas
você significa.
— Harry, por favor, não desista de mim tão rápido. — ele
pediu. — Eu vou consertar… eu vou provar a você…
Ele parecia tão perdido, tão desesperado, que eu não
consegui permanecer impassível aonde eu estava. Seus
olhos azuis encheram-se d’agua, brilharam de medo,
derramaram-se pelo seu rosto, perceptivelmente assustado
com a perspectiva de me perder. Eu avancei pra ele sem
pensar duas vezes, eu não queria vê-lo assim.
O tomei em meus braços, sentindo-o prender-se em mim
como se sua vida dependesse disso. Seus braços firmaram-
se em volta do meu corpo e ele se segurou, como quem
encontra um ponto estável em meio a um furacão.
— Eu estou apaixonado por você, Draco Malfoy. — eu
falei, em seu ouvido. — Eu não vou te abandonar. Ainda
mais por uma coisa tão ridícula.
— Ontem você foi embora, não me deixou te seguir… —
ele chorou.
— Ontem eu estava irritado. — eu falei. — Se você me
seguisse era capaz de eu atirar um monte de pássaros
raivosos em você igual Mione fez com Ron no sexto ano
quando ele começou a namorar Lilá. Mas foi só isso, eu
estava puto e me afastei. Nunca tive a intenção de terminar
com você.
— Mas… mas você disse que era diferente entre nós… —
Draco estava confuso. — Quando eu te perguntei sobre me
perdoar.
— Porque acho que ainda precisamos falar sobre isso. —
eu expliquei, afastando-me um pouco para olhar pra ele. —
Tem coisas sobre como eu me senti ontem que você precisa
entender, para que a gente possa continuar nosso
relacionamento.
Ele se sentou ao meu lado na cama, me olhando com
atenção, claramente disposto a me ouvir.
— A questão é que ontem eu estava deitado, amarrado
daquele jeito, com aquela máquina me penetrando… Draco
eu estava vulnerável. — eu deixava os sentimentos da noite
anterior voltarem, para que ele pudesse me entender. — E
eu sinto… eu fiquei com raiva porque se na hora do sexo
estou me submetendo a você, isso significa que confio em
você para que me proteja.
— Eu faria qualquer coisa pra proteger você, minha
maior preocupação quando estamos nessas cenas é que
você esteja se sentindo bem, confortável e que nada o
machuque. — ele falou, muito intenso, a voz carregada de
emoção. — Mas não sei como eu poderia tê-lo protegido do
que aconteceu ontem, Harry.
— Sei que você gosta de me ouvir dizer o que eu sinto e o
que eu desejo quando estamos transando. Mas se os
submissos normalmente não o fazem em cenas em grupo,
você podia ter optado por me preservar. — Eu não consegui
retirar todo tom de acusação da voz, por mais que eu
estivesse tentando dizer aquilo numa boa. — Na primeira
vez que implorei, você poderia ter me calado, mas ficou
dizendo coisas que me incentivavam a continuar, a ir mais
além.
Draco baixou a cabeça, a vergonha tingindo seu rosto.
— Eu estou certo, não estou? — eu perguntei.
— Está. — ele respondeu, em voz baixa. — Eu falhei com
você.
— E vai me dizer por que? — eu questionei, em tom
ameno.
Tinha que haver uma razão pra aquilo. Era verdade o que
Draco tinha dito antes. Ele sempre tinha sido muito
cuidadoso comigo, sempre tinha sido um amante
preocupado, capaz de me passar confiança e me fazer
sentir seguro na hora do sexo. O Draco que eu conhecia
não teria arriscado me expor. Então, enfim, o que tinha
dado errado na noite passada?
— Na noite passada, eu perdi o controle. — ele falou com
tamanho constrangimento que não parecia ser capaz de me
encarar. — Eu não poderia, mas eu perdi.
— Você poderia me explicar melhor? — eu pedi.
Ele levantou os olhos pra mim. Seu rosto estampava uma
clara decepção consigo mesmo.
— Eu não pretendia gozar novamente ontem à noite. Eu
estava tão envolvido por você, observando às suas reações,
admirando você deitado ali, estimulado pela máquina de
penetração anal… Eu tinha decidido só olhar pra você e ver
o seu prazer. Quando você implorou pela primeira vez, eu
imediatamente comecei a te masturbar. Eu não queria fazê-
lo pedir mais nada entende? Eu só queria ver você gozar.
— Draco… — eu estava surpreso… será possível que o
meu prazer o estimulasse tanto assim?
Mas antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa, ele
continuou.
— Mas aí, você disse que não era aquilo que você queria.
Que você precisava de mim dentro de você. — Draco falou,
como se eu tivesse dito algo absurdo. — Aquilo nunca tinha
acontecido antes. Qualquer outro garoto, depois de tanto
tempo de estímulo, estaria desesperado por um orgasmo.
Mas você queria a mim… e de repente eu senti como se o
meu corpo, a minha pele, fosse tudo o que você desejasse…
e isso levou embora todo meu controle. Eu era seu, você
estava me reivindicando, eu precisava ouvir… eu senti
como se fosse morrer se não ouvisse. Naquela hora esqueci
onde estávamos, esqueci dos outros, só existia você.
Quando eu te penetrei, você disse novamente que não era
preciso que eu te masturbasse… você mostrou pra mim que
tinha tudo o que queria, gozou pra mim, por mim, eu nunca
me senti tão necessário.
Eu me atirei sobre corpo, apertando meus lábios sobre os
dele, mergulhando num beijo apaixonado, carregado de
urgência e excitação. Draco tinha perdido o controle, eu o
tinha feito perder o controle… meu corpo respondia aos
toques de Draco, enquanto eu me deixava levar por tudo o
que ele havia dito.
— Eu gozo por você, meu amor. — eu murmurei, beijando
seu pescoço, completamente fora de mim. — Eu não sou
como os outros garotos… eu só quero gozar pra você…
Ele me puxou para o seu colo, apertando-me sobre a sua
ereção.
— Do que você me chamou? — ele gemeu, desorientado.
— Droga, Harry, ninguém nunca me afetou dessa maneira.
Eu segurei o rosto dele entre as minhas mãos, fazendo-o
me olhar.
— Você acha que é diferente pra mim? Não percebe
como me entreguei pra você sem pensar duas vezes? — eu
falei. — Você se surpreendeu de eu ter pedido pra ter você
dentro de mim… Draco, desde o dia que te senti pela
primeira vez, eu já sabia que nada mais me excitaria tanto.
Draco estava se entregando ao momento e eu também,
abaixei as mãos para desabotoar a calça dele, sentindo que
ele me dava espaço e a abaixava um pouco, deixando
exposto seu pênis enrijecido. Eu acariciei de leve,
provocando-o, deixando-o ainda mais duro.
— Seu pau é gostoso, grande e está sempre muito duro
pra mim. — eu sussurrei no ouvido dele. — Eu pedi pra
você me foder, porque gosto de sentir ele me abrindo, gosto
de sentir seu volume dentro de mim.
Draco me virou na cama com força, me deixando de
bruços, abaixando a minha calça rapidamente, e
pressionando seu corpo sobre o meu.
— E você quer sentir isso agora? — ele perguntou, as
mãos escorregando para o meio das minhas nádegas, após
um rápido feitiço de lubrificação.
Eu me empinei pra ele sem nenhum pudor, sentindo-o
tocar a minha entrada, me dilatar com dois dedos, abrindo-
me um pouco.
— Está sensível de ontem? — ele quis saber.
— Está. — eu confessei. — E isso me excita também.
Ele beijava meu pescoço deliciosamente enquanto metia
os dedos dentro de mim sem parar.
— O que te excita? Quando seu cuzinho está sensível e
mesmo assim eu te como? — ele me provocou.
— Sim. — eu murmurei. — Adoro saber que foi você que
me deixou assim.
Ele subiu em cima de mim, pressionando seu pênis entre
as minhas nádegas, fazendo entrar a cabeça.
— Só eu. Só eu te fodo bem gostoso até te fazer sentir
preenchido e satisfeito. — ele falou, rouco, possuindo-me
aos poucos.
— Aah Draco… — eu gemi seu nome pela primeira vez,
me contraindo em torno dele, sentindo-o entrar todo dentro
de mim. — Só você… só existe você.
Eu senti que ele perdia completamente o controle,
arremetendo pra dentro de mim, perdendo-se no meu
corpo, enquanto eu sentia que me perdia nele. Meu pênis
duro esfregava-se ao colchão conforme eu e Draco nos
movimentávamos juntos, e meu orgasmo veio logo, forte
demais pra que eu segurasse, como era sempre entre eu e
Draco Malfoy.
Mas eu ainda queria senti-lo.
— Quero que goze dentro de mim. — eu sabia que ele
faria de qualquer jeito, mas queria que ele soubesse o
quanto eu desejava aquilo. — Preciso disso.
— Você precisa? — ele perguntou rouco, sem parar de
me penetrar. — Então peça… diga pra mim tudo o que você
quer, Harry.
— Goza no meu cu, por favor, Draco… — eu implorei,
safado, como eu sabia que ele adorava.
Senti seu orgasmo me invadir, enquanto o corpo dele
tremia e ele me penetrava uma última vez. Depois, ele se
retirou de dentro de mim, e se deitou do meu lado, puxando
meu corpo pra junto do dele, me abraçando.
Capítulo 24

CAPÍTULO 24
NARRADO POR HARRY POTTER
— Do que você me chamou? — ele perguntou, afundando
o rosto no meu pescoço e respirando profundamente.
— Você não vai esquecer isso, não é? — eu tinha me
esquivado com maestria da primeira vez que Draco fez a
pergunta.
A verdade é que aquelas duas palavrinhas tinham sido
ditas antes que eu pudesse raciocinar, e agora eu me sentia
um pouco envergonhado. Falar do meu prazer, do meu
desejo por ele era muito mais fácil que falar daquilo.
— Eu nunca vou esquecer. — ele jurou, baixinho. —
Mesmo que você não queira falar sobre isso.
Deixei minha mão deslizar sobre as costas dele, fazendo
pequenos círculos, acariciando-o.
— Mas você quer. — eu me dei por vencido, depois de
alguns segundos. — Falar sobre isso.
— Quero. — ele falou baixinho, e quando olhou pra mim,
parecia tão envergonhado quanto eu. — Porque eu queria…
eu queria que me chamasse assim de novo.
Eu toquei sua bochecha, sentindo-me ser tomado por
uma ternura imensurável. Ele parecia vulnerável e tímido
naquele instante, embora Draco fosse quase sempre muito
controlado e praticamente nunca aparentasse timidez. Eu
fechei meus olhos, aproximando meu rosto do dele.
— Tudo bem. — eu disse, apertando minha boca na sua e
em seguida murmurando. — Meu amor.
— Harry. — ele disse meu nome baixinho, e eu pude
sentir em meus lábios que ele sorria. — Você também é o
meu amor.
— Eu sou? — eu perguntei, feliz, abrindo os olhos.
— Você é. — ele prometeu. — E eu juro que jamais
falharei com você novamente.
Não queria mais que ele ficasse remoendo que o
aconteceu com Blaise e Marcus.
— Deixe isso pra lá, eu entendi o porquê você de você ter
me incentivado a continuar falando sobre o que eu estava
sentindo, e foi algo muito maior, muito mais importante do
que qualquer coisa que aqueles dois idiotas possam ter
dito. — eu falei. — Tudo o que você me contou… as coisas
que você me disse que sentiu… Draco, isso é tudo o que
importa pra mim.
Ele ergueu uma das sobrancelhas.
— Você gostou. — ele disse, em tom acusatório. —
Gostou de saber que me fez perder o controle.
— É bom saber que também tenho esse poder sobre
você. — eu disse, sorrindo para ele. — Torna as coisas mais
justas. Afinal Merlin sabe que frequentemente perco todo o
controle quando estamos juntos…
Draco relaxou, sorrindo pra mim de volta.
— Gostei de te ouvir gemer meu nome. — ele falou. —
Faz muito tempo que não tenho uma relação sexual que não
seja BDSM… talvez a gente possa transar desse jeito mais
vezes.
— Podemos transar do jeito que você quiser. — eu
respondi com animação. — Estou aberto a novas propostas.
— Tome cuidado com o que promete. — ele aconselhou.
— Eu tenho muitas fantasias.
— Por exemplo? — eu perguntei, curioso.
— Adoraria brincar de professor e aluno em detenção. —
ele sorriu safado. — Ou de paciente e Medibruxo.
Senti meu corpo responder.
— Você está fazendo meu pau ficar duro de novo. — eu
reclamei.
— Deixe-me cuidar dele. — Draco pediu.
— Não posso. — eu respondi, embora fosse meu maior
desejo. — Marquei uma reunião na sede da Ordem para
daqui a meia hora, para conversar com o pessoal sobre o
plano. Hoje de manhã Jorge disse que descobrirá quando
Kinoss fará sua próxima viagem para a França…
— Isso é muito bom. — Draco concordou. — Mas
voltando ao nosso assunto anterior… eu posso fazer muito
pelo seu pau em meia hora.
— Sei disso. — eu ofeguei, sentindo-o me tocar. — Mas
eu queria tomar um banho e colocar um roupa limpa.
Porque você não vem comigo? Eu deixo você ficar me
abusando embaixo do chuveiro.
— Ah, Harry Potter… você sabe como convencer um
homem. — ele murmurou pra mim, se colocando de pé,
puxando-me pela mão.
Tomamos um banho gostoso juntos, cheio de beijos e
carícias e depois descemos para tomar um café.
Convidamos Kim para vir conosco para a reunião no Largo
Grimmauld, já que ele também estava envolvido. Ele
insistiu em ir, mesmo que Marcus, Blaise e John também
fossem estar presentes, já que participariam das nossas
ações.
Foi um encontro importante e de modo geral todos
acharam que o plano contra os Purificadores tinha
potencial, dando ideias para a sua execução. Muita gente
se dispôs a participar da batalha no dia que invadíssemos o
esconderijo deles, o que era fundamental para que aquela
ideia funcionasse. Sabíamos que os Purificadores eram
violentos e não tinham nenhuma restrição quanto ao uso de
todo tipo de magia das trevas e maldições imperdoáveis, se
não conseguíssemos reunir uma boa quantidade de bruxos
e bruxas dispostos a lutar, poderia tornar tudo muito
perigoso, e muitos de nós acabaríamos nem voltando pra
nossas casas. Eu não queria arriscar vidas, queria invadir o
esconderijo com um número tão superior ao deles, que os
forçaria a se render, ou ao menos viraria a batalha ao nosso
favor com rapidez.
Embora eu pessoalmente confiasse em todo mundo que
estava ali reunido na antiga casa de Sirius, muita gente
insistiu para que fosse feito um Feitiço Fidelius. Dada a
gravidade da situação com os Purificadores do Sangue,
esse plano era de fundamental importância e não podiam
haver brechas nem falhas. Tratava-se, é claro, de um feitiço
de extrema complexidade, então embora eu tenha sido
escolhido como fiel do segredo, o feitiço foi realizado por
Hermione, pois eu não tinha certeza se conseguiria
executá-lo com a mesma perfeição.
Depois do fim da reunião, grande parte dos membros da
nova Ordem da Fênix ia embora para suas casas, mas
alguns dos meus antigos colegas de escola ficariam para
jantar. Blaise, John e Marcus, que até o final da reunião
tinham permanecido afastados, também se aproximaram de
nós quando a maior parte das pessoas já havia partido.
Percebendo a aproximação deles; eu e Draco nos
afastamos um pouco para um corredor, junto com Kim, para
que a conversa fosse mais particular. Eu já sabia o que
Blaise iria me dizer, e eu daria a oportunidade para que ele
fizesse isso, da mesma forma que tinha dado a Marcus
naquela manhã.
— Harry. — Blaise falou meu nome, pesaroso. — Eu sinto
muito por ontem, de verdade. Queria ter um vira-tempo pra
me impedir de fazer tamanha burrice.
— Está tudo bem, Blaise. — eu disse a ele.
— Espero que você possa me desculpar também, Kim.
Sei que não foi só Harry que eu desrespeitei, piadinhas
idiotas como essa magoam todo mundo. Ninguém deve ser
julgado pelo que gosta na hora do sexo. — Blaise falou.
Kim pareceu gostar do fato de Blaise ter reconhecido
algo que seu próprio dominador, Marcus, não tinha sido
capaz de perceber. Era verdade que Kim tinha me
defendido e que tinha se revoltado pelo que tinha sido dito
sobre mim. Mas no fundo eu sabia que na noite anterior
Kim tinha explodido porque estava cansado de ser
subestimado.
— Obrigado por perceber isso, Blaise. — Kim sorriu. —
Foi muito legal da sua parte me pedir desculpas.
— John me ajudou. — Blaise olhou pro noivo com um
jeito apaixonado. — Ele faz de mim um homem melhor
todos os dias.
— O senhor me deixou muito orgulhoso hoje. — John
respondeu, visivelmente tão apaixonado quanto Blaise.
Kim tinha razão quando dizia que John e Blaise eram
felizes, mesmo com uma relação de dominador e submisso,
que eu jamais poderia pensar para mim mesmo. Porém,
quanto mais eu conhecia Kim, mais eu achava que ele não
poderia seguir a diante com aquilo.
— Você vai comigo até um cômodo vazio conversar. —
Marcus ordenou, olhando pra Kim com intensidade, como
se estivesse apenas esperando que Blaise se desculpasse
com ele para agir.
— Vá embora. — Kim falou.
Kim saiu andando o mais rápido que pôde, aproximando-
se de onde havia o maior número pessoas ainda
conversando na sala de estar. Marcus deu um passo para ir
atrás dele, bufando de raiva, mas Blaise colocou a mão no
peito do amigo.
— Ainda há muita gente aqui. Você quer mesmo fazer um
escândalo? — Blaise falou. — Venha, vamos embora. Em
outro momento você conversa com ele.
Marcus acabou sendo persuadido a ir embora. Eu troquei
um olhar significativo com Draco, sem dúvida Marcus
estava começando a me irritar. Era evidente que Kim não
queria falar com ele, e ele não estava nem tentando ser
gentil com o garoto. Quem ele pensava que era pra entrar
na minha casa e ordenar a alguém que fosse a um cômodo
vazio com ele? Tudo bem que ele desse ordens a Kim
quando ele era seu submisso e isso era um acordo entre os
dois, era algo consensual. Mas Kim já tinha deixado bem
claro que não era mais seu submisso.
— Escute bem o que eu vou dizer a você, Draco. — eu
falei. — A próxima vez que esse cara entrar na minha casa
e tratar Kim dessa maneira, eu juro que não vai existir
amizade entre vocês que vai me impedir de quebrar a cara
dele.
— Não estou nem reconhecendo Marcus. — Draco falou,
abismado. — Parece até que está possuído.
Nós esquecemos Marcus depois disso. Jorge Weasley
tinha pedido algumas pizzas e caixas de cerveja, solicitando
que fosse entregue no vizinho trouxa e depois confundindo
o motoboy, para entrega-las a nós.
Estávamos Draco e eu, Kim, Rony e Hermione (com o
bebê), Jorge, Gina, Neville e Luna amontoados na sala de
estar, comendo pizza com as mãos.
— Então assim que são as festas dos grifinórios? — Draco
perguntou, lambendo os dedos depois de terminar o
terceiro pedaço de pizza.
— Realmente boas, não? — comentou Rony, tomando um
gole de cerveja. — Por que… como são as dos sonserinos?
— Geralmente coquetéis com aquelas comidinhas que
não matam a fome das pessoas de verdade. — Kim
respondeu. — Ou jantares que você precisa se preocupar se
está usando o talher correto.
— E temos que usar roupas chiques, mesmo que a gente
esteja indo jantar na casa de um amigo. — eu contei. — Dá
pra imaginar Ron? Nós todos aqui de sapato social.
— Vocês estão falando sério? — Neville perguntou,
sorrindo.
— Infelizmente, é um problema sério, Neville. — Gina
disse, abrindo a segunda lata de cerveja. — Saí com um
sonserino por um mês, mas tive que desistir pela enorme
quantidade de bolha nos pés.
— Acho que é perda de tempo eu defender os sonserinos.
— Draco falou, rindo. — Estou claramente em
desvantagem, sozinho em um grupo enorme de grifinórios.
— Bom, eu não sou grifinória. — Luna comentou.
— Mas é como se fosse. — Rony lhe passou uma lata de
cerveja. — Você certamente come pizza e bebe cerveja
como uma grifinória. E pra nós isso é mais do que o
suficiente.
Eu encarei Draco, que também bebia com animação, e
parecia estar se divertindo junto dos meus amigos.
— Você também está se saindo bem. — eu disse a ele.
— Não é ótimo? — Draco riu. — Quem sabe um dia, com
muita dedicação, eu não ganhe um título honorário, igual a
Lovegood.
— Você nem parece o mesmo Malfoy que conhecemos na
escola. — Neville soltou, de repente, deixando escapar o
que vários dos meus amigos estavam pensando.
Era de conhecimento geral que Draco Malfoy tinha sido
forçado a ser um Comensal da Morte e não era um bruxo
das trevas, assim como sua mudança depois da guerra
contra Voldemort. Mas apesar disso, meus amigos não
conviviam com Draco desde de a época de escola, e as
memórias que tinham dele eram daquele período.
Lembravam de Draco ofendendo Neville, chamando
Hermione de sangue-ruim, cantando “Weasley é nosso Rei”,
falando mal de toda a família Weasley, chamando a Luna de
Di-Lua Lovegood.
Claro que aquilo tinha acontecido quando Draco era um
garoto e agora ele era um homem, mas isso não mudava a
imagem que as pessoas ali presentes guardavam dele.
Cabia a Draco transformar essa imagem e ele sabia isso.
— Sei que fui estúpido, preconceituoso e agressivo com
todos vocês em Hogwarts. — ele disse, assumindo a
responsabilidade. — Essa é a lembrança que vocês tem de
mim, e a culpa é minha. Mas eu tenho tentado ser
diferente.
— Você mudou. — Hermione disse. — Pra mim isso é
mais claro do que pra todos os outros.
Draco assentiu com a cabeça, como se entendesse.
— Por que? — Rony questionou, sem entender.
— Porque eu nasci trouxa. — Hermione falou. — Quando
Draco era criança me olhava como se eu fosse inferior. Mas
desde a universidade, ele me trata como igual, sempre com
muito respeito.
— Draco sempre me tratou bem. — Kim o defendeu. —
Eu também nasci trouxa.
— Bom, é claro que você está diferente, ou Harry não
estaria tão apaixonado. — Gina sorriu. — Com o tempo,
todos vamos nos acostumar… nunca imaginamos que um
dia comeríamos pizza com Draco Malfoy.
— Pra ser sincero, também nunca imaginei. — ele sorriu
de volta pra ela. — Mas estou feliz de estar aqui.
— Sem dúvida mais feliz do estaria que nessas festas
chatas que seus amigos sonserinos promovem. — Jorge
comentou. — E isso porque estamos apenas em uma
reunião entre amigos. Espere para ver uma de minhas
festas realmente boas.
— A última festa que Jorge chamou de “realmente boa”
durou três dias. — Rony contou.
— E eu voltei dela grávida de Hugo. — Hermione riu,
fazendo as orelhas do marido ficarem vermelhas.
— Uau, acho que nunca estive em uma festa assim. —
Kim suspirou.
— Há muitos lugares nos quais você nunca esteve, que
eu poderia te levar, docinho. — Jorge flertava
descaradamente com ele.
— Não seria difícil. Já que eu nunca estive em lugar
nenhum. — o garoto respondeu. — O mais longe que fui foi
Hogwarts.
— De que lugar de Londres você é, Kim? — perguntou
Hermione.
— Cresci em um conjunto habitacional em Whitechapel.
— ele respondeu.
Eu e Hermione olhamos um para o outro. Whitechapel
era um distrito trouxa, então os outros não sabiam o que
significava. Mas era uma área na East End, pobre de
maneira geral, composta por indústrias e habitada pela
classe trabalhadora. Como Kim estava conseguindo pagar a
faculdade? O curso de Medibruxaria era caro… Certamente
o fato dele trabalhar alguns turnos como estagiário no
hospital não eram o suficiente para que ele cobrisse essa
despesa.
— O que há nesse tal de Whitechapel que vocês estão
com essa cara? — Rony perguntou, sem tato nenhum. — E
não venham me dizer que não é nada… conheço vocês dois
há 12 anos.
— É um bairro pobre. — Kim respondeu, já que eu e
Mione permanecemos calados, certamente não o
exporíamos assim. — Eles estão se perguntando como eu
pago a faculdade. Não é?
— Você não precisa falar sobre isso, Kim. — eu falei.
— Tudo bem, é bom que Hermione saiba, porque talvez
eu tenha que parar com a faculdade. — Kim respondeu. —
Era Marcus quem pagava meu curso, mas nós terminamos
nosso relacionamento ontem.
— Você não pode largar a faculdade. — Hermione
indignou-se. — É o melhor estagiário que já tive. Como vou
ficar sem você?
Kim olhou pra ela, com um misto de felicidade pelo
reconhecimento do seu bom trabalho e tristeza por não
saber mais se conseguiria continuar.
— Vamos pensar em alguma coisa. — Rony sugeriu. —
Talvez a universidade concorde em ofertar uma bolsa para
um aluno que não tem condições de pagar, Mione disse que
suas notas são boas.
— Eu pedi quando entrei, eles disseram que não
oferecem bolsas no curso de Medibruxaria. Eu tinha boas
notas nos NIEMs, me disseram que eu poderia fazer outro
curso com bolsa integral. — Kim contou. — Mas esse era o
meu sonho… então Marcus quis pagar. Foi muita
consideração da parte dele, tínhamos acabado de começar
a nos ver.
— Eu sinto muito Kim, as coisas são sempre mais difíceis
pra quem não tem dinheiro. — Rony falou. — Vai por mim,
eu sei, fui pobre a vida toda. Agradeci aos céus pelo
treinamento de auror ser gratuito.
— Isso é verdade. Felizmente eu tive um bom primeiro
investidor. — Jorge falou, colocando a mão no meu ombro.
— Se não fosse Harry, eu não teria chegado tão longe.
— Não foi nada. — eu disse, sem graça com o
reconhecimento público do dinheiro que eu tinha dado a
Jorge e Fred tantos anos atrás.
Jorge tinha talento para os negócios, prosperando
abundantemente, de modo que tinha se tornado mais rico
do que todos os presentes naquela sala, com exceção de
Draco é claro, cuja herança multimilionária só multiplicava
conforme ele a investia.
— Claro que foi. — Gina concordou antes que Jorge
pudesse fazê-lo. — Graças àqueles primeiros mil galeões,
Jorge pôde ser meu patrocinador no Quadribol, e esse ano
eu vou disputar pela terceira vez a copa da Grã-Bretanha.
— Isso não é caridade, irmãzinha querida, é
investimento. — Jorge sorriu pra ela. — Agora porque você
não vai pra casa descansar? Amanhã você tem aquela
propaganda de poção para brilho capilar marcada, lembra-
se?
— Pode deixar, maninho, não esqueço meus
compromissos. — Gina riu. — Mas as fotos são só no final
da tarde. Eu e Luna temos um encontro daqui a pouco com
dois rapazes.
— Posso saber quem são? — Rony perguntou, ciumento.
Não tinha mudado nada nos últimos anos. Rony
continuava querendo saber com quem Gina saía, mesmo
que a irmã dele estivesse realmente curtindo a vida com
uma boa quantidade de jogadores sarados de Quadribol.
— Se você quer mesmo saber… Vítor Krum e um amigo
dele, que quer conhecer Luna. — Gina respondeu.
— Krum. — Rony falou, com raiva. — Nunca me livrarei
desse cara?
Hermione riu baixinho ao lado do marido.
— Fiquei muito curiosa. Nenhum Búlgaro nunca quis me
conhecer. — a loira pareceu animada. — Será que ele leu
minha matéria sobre elefantes anões na Bulgária?
Luna tinha virado editora do Pasquim, junto de seu pai.
Draco franziu a sobrancelha confuso com o comentário e vi
que Kim parecia abrir a boca para perguntar sobre os tais
elefantes anões, mas eu fiz um movimento leve de negação
com a cabeça. O resto de nós apenas sorriu, já estávamos
acostumados com Luna.
Gina e Luna se despediram de nós logo em seguida,
retocando o batom na frente de um espelho na parede.
Rony e Mione foram embora logo depois das garotas,
estavam visivelmente cansados, o que era compreensível.
Pais de primeira viagem, a rotina com um bebê tão
pequeno não era nada fácil. Ainda mais agora que a licença
de Rony tinha terminado e ele voltaria a trabalhar.
Eu, Draco, Kim, Neville e Jorge ficamos sentados,
bebendo mais um pouco conversando. O clima era gostoso
e descontraído. Eu já tinha me esquecido de qualquer
problema quando o colar de Kim brilhou novamente, como
tinha acontecido de manhã, e Marcus Vitaverza tornou a
invadir minha casa.
Eu empunhei a varinha, estava prestes a enfia-la na
garganta de Marcus quando Draco gritou:
— Cara, você perdeu a noção do ridículo? O garoto não
quer falar com você.
Kim tirou o colar do pescoço e atirou longe.
— Você falou que isso era pra minha proteção. — Kim
acusou. — Não pra você ficar me perseguindo.
— Depois de seis meses juntos você não acha que me
deve pelo menos uma conversa? — Marcus falou, com
rispidez. — Ou nem isso eu mereço?
Eu sabia que Kim tinha consideração por Marcus. Ele
não achava Marcus um cara ruim e francamente, eu
também não achava, embora ele estivesse me parecendo
uma pessoa completamente maluca desde àquela manhã.
— Está certo, vamos conversar. — Kim concordou.
Draco, que estava parado ao lado de Kim, falou:
— Nós vamos lhes dar privacidade…
— NÃO! — Kim gritou, apavorado, apertando o braço de
Draco instintivamente, fincando os dedos em sua pele de
forma desesperada, como se tivesse medo que ele se
movesse um centímetro sequer.
— Não vamos a lugar nenhum. — Draco disse com calma,
olhando pra Kim, tentando lhe passar segurança.
— Certamente não vamos. — Jorge Weasley olhava pra
Marcus com muita desconfiança e aproximou-se de onde
estavam Kim e Draco.
— O que você fez a esse menino, Marcus? — Draco
perguntou, ainda controlado. — Porque ele está com tanto
medo de ficar sozinho com você?
— Não se meta na minha vida, Draco. — Marcus
ameaçou. — Somos amigos há anos eu não quero ter que
brigar com você.
— Ameace meu namorado outra vez pra você ver se não
parto você em dois. — eu disse, sem sair do lugar.
— Chega. — Kim pediu. — Diga logo o que quer de mim,
Marcus.
— Quero que você volte. Você é meu submisso. — Marcus
falou, dando um passo na direção dele. — Não pode deixar
que uma briga boba…
— Submisso? — Neville perguntou, para ninguém em
especial.
— Não foi só a briga de ontem, Marcus. — Kim disse,
cansado. — Essa relação de submissão já não vinha me
fazendo bem, todas essas regras sobre o meu
comportamento, você dizendo o que eu podia e o que eu
não podia fazer… Eu não posso mais viver assim. Eu tentei
por você, mas não posso mais.
— Isso não faz sentido nenhum. — Marcus falava alto,
completamente frustrado. — Até ontem você estava bem. O
problema é a punição? Se está sendo demais pra você
podemos pensar em outra coisa.
— Punição? — Jorge Weasley perguntou, e eu só vi tanta
raiva nos olhos dele quando Percy saiu de casa anos atrás
humilhando seu pai e partindo o coração da sua mãe. —
Que punição?
— Eu vou perguntar de novo, Marcus, o que é que você
fez a Kim que o fez sentir medo de você? — Draco estava
perdendo a paciência.
— Isso não tem nada a ver com vocês. — Marcus gritou.
— Eu não tenho um orgasmo há duas semanas. — Kim
disse, muito constrangido, de cabeça baixa, a voz quase
inaudível. — Mas não é tão simples… ele… ele…
— Eu sei muito bem o que significa. Ele faz ser difícil de
suportar. — Draco encarou Marcus com raiva.
— Sim. — pelo tom de voz, era perceptível que Kim
chorava. — Todos os dias.
— Diariamente, Marcus? Você perdeu a razão? — Draco
sacudiu o amigo.
— Kim tem uma palavra de segurança! — Marcus se
defendeu.
— Duas semanas? — eu perguntei. — Duas semanas foi
quando Kim sofreu a tentativa de sequestro. Você disse que
não o puniria só por olhar para Kinoss sem a sua
autorização.
— Eu não o puni por isso. — Marcus esclareceu, alterado.
— O puni porque já tinha proibido que ele fosse até a casa
de Granger entregar aqueles malditos relatórios. E ele foi
mesmo assim, contrariou as minhas ordens, mereceu o
castigo e sabe disso.
— EU NÃO QUERO MAIS VOCÊ! — Kim gritou a plenos
pulmões, erguendo a cabeça, o rosto molhado pelas
lágrimas. — Você entendeu? Eu não sou mais seu submisso.
Você nunca mais vai me punir. Você nunca mais vai me
tocar. PORQUE EU NÃO QUERO. Preciso repetir?
— Se você não ficar comigo, todo esse plano contra os
Purificadores vai por água a baixo. — Marcus ameaçou,
desesperado. — Precisam de mim pra fazer a poção.
Em nome de Merlin, jamais achei que Marcus pudesse
descer tão baixo.
— Não me faça rir, Marcus. — Kim continuou, num
compreensível descontrole. — Você disse aos outros que eu
ia te ajudar, quando na verdade sabe muito bem que eu sou
capaz de fazer essa poção sozinho com uma mão nas
costas. Todos os avaliadores dos NIEMs deixaram bem
claro que sou o melhor aluno em poções que pisou em
Hogwarts desde Severo Snape enquanto você é apenas
acima de média. Hermione superou você em todos os
exames, no seu ano.
— Está certo. Espero que você seja bom o suficiente em
poções para viver fazendo remédios. — Marcus respondeu,
maldoso. — Porque se acha que vou continuar pagando sua
faculdade está muito enganado.
— Eu não quero nada que venha de você. — Kim gritou.
— Eu posso ser pobre, Marcus, mas eu tenho o meu
orgulho.
— Eu vou pagar a faculdade dele. — Draco disse,
calmamente.
— Nunca esperei que você me traísse dessa maneira,
Draco. — Marcus se voltou pro meu namorado, com os
olhos brilhando de raiva. — Se vocês estão achando que
isso acabou aqui estão muito enganados. Eu não vou me
conformar com isso… Kim é meu.
— Kim não é uma propriedade. — Draco gritou com ele.
— Ele é meu e vocês não vão escondê-lo de mim. —
Marcus gritou de volta, como se não tivesse ouvido nada
nem ninguém, completamente fora de si.
Aquilo estava saindo fora do controle. Eu puxei Jorge pra
perto de mim e sussurrei para que ele tirasse Kim dali o
mais rápido possível. O melhor é que Kim pudesse passar
pelo menos uma noite tranquilo, em um lugar onde tivesse
certeza que Marcus não o procuraria. Amanhã
encontraríamos uma forma melhor para lidar com esse
problema.
Quando Jorge ouviu meu pedido, parecia ser tudo o que
ele queria escutar. Ele trouxe Kim para junto de seu corpo,
e de repente o cômodo se encheu de uma densa escuridão,
impenetrável por qualquer feitiço. Eu reconheci
imediatamente, Pó de Escuridão Instantânea do Peru.
Quando tudo clareou, Jorge e Kim já tinham desaparecido.
Capítulo 25

FAVOR, NÃO DÊ SPOILERS E NEM FAÇA


COMENTÁRIOS INADEQUADOS. SE VOCÊ É
IMATURO PARA LER CENAS BDSM OU CONTEÚDO
SEXUAL DE MANEIRA GERAL, NÃO COMENTE
NESSE CAPÍTULO. SE VOCÊ VER ALGUM
COMENTÁRIO INAPROPRIADO, MARQUE O USER
DRARRYFANFIC21 E ME AJUDE A IDENTIFICAR
PROBLEMAS.
CAPÍTULO 25
BÔNUS — NARRADO POR KIM
Enquanto eu sentia lágrimas caírem sem parar pelo meu
rosto, um cansaço horrível tomou conta de mim. Eu não
queria ouvir mais nada. Queria que tudo aquilo parasse.
Desejei do fundo do meu peito poder desaparecer dali.
Foi como mágica.
Em um segundo, eu estava nos braços de Jorge Weasley,
uma escuridão tomou a sala, ele me puxou na direção da
saída e nós aparatamos juntos. Quando abri os olhos
novamente, eu estava em uma sala muito excêntrica,
certamente ampla, confortável e moderna, e com objetos
curiosos nas estantes.
— Eu não estou te sequestrando. — Jorge falou, enquanto
eu olhava em volta, desorientado. — Harry pediu que eu
levasse embora quando achou que as coisas ficaram
insustentáveis. Ele sabe que posso escondê-lo daquele
idiota.
— Por quanto tempo? — eu perguntei.
— Por quanto tempo você terá que ficar aqui? — Jorge
perguntou.
— Não. — eu corrigi, afoito. — Por quanto tempo você
pode me esconder de Marcus?
Jorge se aproximou de mim devagar, silenciosamente,
como um gato. Quando percebi ele já estava há poucos
centímetros de distância. Ele me encarava com olhos
espertos, e ao mesmo tempo, demonstrava empatia pelo
que eu estava sentindo.
— Você está realmente apavorado, não está? — ele
perguntou, em voz baixa.
E eu estava. Aquela era a verdade. Eu estava morrendo
de medo. Que péssimo grifinório eu era.
— Me conte o porquê. — ele sugeriu.
— A gente mal se conhece. — eu disse, na defensiva.
— Esse é um bom motivo para você me contar. — ele riu.
— Se você mal me conhece, não se importa com o que eu
vou pensar.
— Há outros bons motivos? — eu perguntei, sem
conseguir deixar de sorrir também.
— Ah sim. Eu larguei a escola pra trabalhar com logros e
brincadeiras, então você saberá que não sou do tipo que
julga. — Jorge contou. — E além disso, talvez você se sinta
melhor se conversar com alguém.
Ponderei sobre as palavras dele. Talvez fosse melhor
realmente, colocar aquilo tudo pra fora. Eu jamais
conseguiria dormir com tranquilidade aquela noite se não
conversasse com ninguém. Jorge me ofereceu um lugar no
sofá e se sentou ao meu lado.
— Você entendeu toda aquela história de dominação,
certo? — eu perguntei, um pouco constrangido.
Era difícil explicar isso pra quem não era envolvido com
BDSM.
— Eu conheço BDSM na teoria. Conheço Londres inteira,
eu tenho muitos contatos, estou envolvido com muitos tipos
de atividade comercial. Nada ilegal, é claro. — ele
acrescentou. — Mas isso fez com que eu soubesse da
existência desses clubes BSDM, do que acontece neles.
Também sei de alguns bruxos que mantém práticas desse
tipo.
— Certo. — eu estava um pouco mais aliviado. Eu ficaria
extremamente envergonhado de ter que explicar aquilo pra
Jorge. — Marcus… ele gosta desse tipo de coisa. Ele é um
dominador.
— Sei, um dominador. — Jorge falou, como se achasse
que Marcus não tivesse condições de dominar uma caixa de
fósforos. — Harry e Malfoy pareceram bem entendidos
desse assunto. Principalmente Malfoy.
— Harry e Draco… é diferente. Eles praticam BDSM, mas
é como uma fantasia, uma brincadeira sexual entende? —
eu expliquei. — É diferente de Marcus. Marcus leva isso
para o cotidiano, ele quer uma pessoa que obedeça as
ordens dele o tempo todo.
Jorge me olhava com o rosto sério.
— O que te levou a se envolver com ele?
— Eu acho… eu quis experimentar… a parte sexual me
excitava… e eu acabei gostando dele. — eu tentei organizar
meus pensamentos. — A maior parte do tempo não foi tão
ruim… ter que seguir regras me incomodava, mas Marcus
também era legal comigo e houve bons momentos. Mas aí
teve uma festa na casa de Blaise, e esse homem, Kinoss,
estava lá. Ele e Marcus trocaram algumas farpas, Marcus
na verdade já tinha me proibido de olhar pra ele. Naquela
noite, Blaise expulsou Kinoss da festa por ofender Harry e
Draco. Depois disso, Marcus mudou muito. Se tornou mais
possessivo, começou a limitar ainda mais os meus passos,
eu que já não gostava muito dessa parte da nossa relação,
comecei a me sentir sufocado.
— E aí chegou o dia que você foi levar os relatórios para
Mione contra a vontade dele? — Jorge me perguntou,
gentilmente.
— Sim. Aquele dia, quando eu e Harry fomos
emboscados, eu fiquei apavorado. Todos achavam que eu
estava com medo de Kinoss, mas eu estava ali com Harry
Potter, ele estava duelando muito bem. Eu não estava com
medo de Kinoss me sequestrar. — eu disse.
— Você estava com medo de Marcus. — Jorge completou.
— Porque tinha desobedecido as ordens dele. Tinha ido até
a casa da Mione e tinha olhado pra Kinoss.
— Exatamente. Eu não contei a ninguém, porque sei que
isso não faz sentido. Porque para ele me punir eu tinha que
permitir que ele me punisse. No BDSM, se um submisso diz
sua palavra de segurança, tudo para. Se eu não queria mais
ser seu submisso era só eu dizer a palavra. Bastava que eu
fosse embora, certo? — eu falei, sentindo uma vontade
horrível de começar a chorar outra vez. — Mas essa relação
de submissão me afetou, Jorge, eu não estava conseguindo
me libertar.
— Então deixou que ele te punisse. — Jorge falou,
baixinho.
— Sim. — e minhas lágrimas finalmente caíram quando
eu me lembrei de cada noite depois do incidente com
Kinoss na rua de Rony e Hermione.
— Quer me contar o que significa essa punição? — ele
perguntou, a voz muito calma. — Draco entendeu, mas
meus conhecimentos de BDSM não são tão amplos.
Eu baixei a cabeça. Não existia a possibilidade de eu
dizer aquilo olhando pro rosto de Jorge Weasley.
— Imagine que todas as noites, alguém vai até você e te
toca até que você esteja bem duro. Quando isso acontece, a
pessoa amarra a base do seu pênis, junto com os seus
testículos. Isso faz com que você permaneça com uma
ereção durante muito tempo e, ao mesmo tempo,
praticamente impossibilita que você tenha um orgasmo.
Depois de algum tempo, ter seu pênis duro sem gozar faz
com que você comece a se sentir dolorido. Como você está
recebendo um castigo, a pessoa permanece a todo instante
tocando, chupando, lambendo, utilizando vibradores… tudo
apenas na glande do seu pênis, que é a parte mais sensível.
— Eu nunca achei que falar sobre pênis pudesse me
causar tanto ódio. — ele tentou fazer uma piada, mas sua
voz era grave.
Quando o olhei, ele estava com uma expressão severa,
que não combinava com o seu rosto geralmente tão
tranquilo.
— Eu deixei, Jorge. Eu tinha uma palavra de segurança e
não utilizei. — eu falei, esperando ver decepção e pena em
seus olhos. — Que grifinório terrível eu sou de ter
permitido que alguém fizesse isso comigo.
Jorge me puxou para ele, em um abraço.
— Ei, você o enfrentou hoje. Acabou. — ele respondeu. —
Você é um bom grifinório.
— Se sou um bom grifinório, porque continuo com medo?
— eu perguntei, em voz baixa.
— Todo mundo sente medo, Kim. — ele me disse, com
paciência. — E você mesmo disse que isso tudo te afetou
muito. Agora que você conseguiu se desligar dele, com o
tempo isso vai passar.
— Será? — eu perguntei.
— Eu posso esconder você pelo tempo que quiser, ele
nunca vai te achar. — Jorge falou. — Mas se eu fosse você,
amanhã iria para a faculdade tranquilamente. Ele não pode
obrigar você a ser submisso dele. Você tem amigos que não
vão permitir isso. E acima de tudo, você não vai permitir
isso. Ele se acha grande e forte, e daí? Nós somos bruxos…
não um bando de trouxas. Vitaverza nunca foi grande coisa
em feitiços. Jogue umas azarações em cima dele que quero
ver se ele vai continuar com aquela pose toda.
— Você é legal, Jorge. — ele me fez rir. — Uma pena
termos convivido tão pouco em Hogwarts.
— Nós convivemos em Hogwarts? — ele estava um pouco
surpreso. — Achei que você tinha entrado depois que eu e
Fred decidimos deixar a escola.
— Só por alguns meses. — eu contei. — Eu entrei no ano
mesmo ano da Umbridge. Conheci você numa noite no
corredor, quando eu estava saindo de uma detenção com
ela. Eu me lembro de estar chorando porque aquela mulher
tinha praticamente me torturado apenas por me atrasar pra
aula. Você me levou para o salão comunal e mergulhou a
minha mão em uma poção.
— Essência de murtisco. — Jorge sorriu.
— Sim. — eu falei. — Você me disse que Hogwarts era
legal e que os outros professores não faziam aquele tipo de
coisa. Que eu tinha dado a azar de entrar junto com
Umbridge, mas pra eu não me preocupar, que logo ela iria
embora.
— Como você sabe que não era Fred? — ele perguntou.
— Nós éramos quase idênticos, as pessoas nos confundiam
o tempo todo.
— Era você. — eu disse a ele, pegando a sua mão
esquerda, mostrando a parte de trás, onde havia uma
cicatriz da detenção que ele próprio tinha sofrido. — Olhe
aqui a sua mão… me lembro de você dizendo que nem
ligava mais para a cicatriz da sua detenção com a
Umbridge… que até gostava da marca, porque parecia uma
gotinha de chuva.
— É verdade, sempre achei que fosse uma gota de chuva.
— ele abriu um sorriso radiante pra mim.
— Você me disse pra eu te contar o formato da marca
quando minha mão cicatrizasse, mas eu nunca tive
coragem de me aproximar de você de novo. Você era bem
mais velho, estava sempre rodeado de amigos, eu estava
certo que já tinha esquecido daquele garotinho chorando
corredor. — eu falei. — Mas sempre achei que parecia uma
estrela.
Ele pegou a minha mão com delicadeza, para observar.
— Por onde você andou Kim? — ele perguntou, me
olhando de um jeito estranho e doce ao mesmo tempo. —
Como sobreviveu à guerra?
Eu não esperava aquela pergunta tão de repente.
— Coincidentemente, meu avô adoeceu no mesmo
período que Voldemort assumiu o controle do Ministério,
falecendo algumas semanas antes da Batalha de Hogwarts.
Meus pais trabalhavam o dia todo, minha família tem
poucos recursos e ninguém que pudesse nos ajudar. Na
época eu tinha 13 anos, então todos concordaram que o
melhor era eu ficar em casa cuidando do meu avô. — eu
expliquei. — A professora McGonagall me emprestou todos
os livros que pôde. Eu passei aquele período estudando e
protegendo a minha família como foi possível. Quando a
guerra acabou, prestei os exames e consegui voltar a
estudar com a minha antiga turma em Hogwarts.
— Você é um homem muito interessante, Kim Hall. — ele
me disse, simplesmente.
— Olhe quem está falando. — eu acenei com a mão, na
direção dele.
Aquele era o cara que tinha vindo do nada e se tornado
um importante comerciante e investidor. Jorge era
excêntrico, engraçado, criativo. Desde a escola suas
invenções eram um sucesso, e elas tinham alavancado o
nome Weasley em toda a comunidade Mágica.
— Você acha? — ele perguntou.
— Você me faz rir. — eu respondi, deixando claro que
aquilo significava muita coisa. — Acho que ninguém mais
seria capaz de me fazer rir depois dessa noite.
— Estou aqui para satisfazê-lo. — ele brincou, sorridente.
— Há mais alguma coisa que você queira
desesperadamente?
E antes que eu pudesse sequer pensar nas minhas
palavras, eu respondi:
— Depois dessas semanas infernais? Em nome das
cuecas de Merlin… um orgasmo.
E Jorge parou na posição em que estava, seu sorriso se
desfez, e ele me olhou com uma intensidade inesperada,
para a qual eu não estava preparado.
— Posso te dar isso. — ele disse, rouco. — Se você
realmente quiser.
— Eu… eu… eu estava brincando. — eu respondi, incerto.
— Não… não posso te pedir uma coisa dessas… a gente se
conheceu hoje.
— Achei que a gente tinha se conhecido há anos atrás,
quando eu te mostrei a gotinha de chuva na minha mão. —
ele sorriu, tornando o momento menos tenso.
— Sim, mas isso não conta. — eu reclamei. — Depois
desse dia nunca mais nos falamos.
— É verdade. Mas eu posso jurar que nunca amarraria
seu pau. — ele piscou pra mim.
— Na verdade, não é tão ruim, se não for feito como
castigo. — eu comentei.
Jorge fez uma careta.
— Não consigo nem imaginar isso. — ele falou. — Eu iria
ficar muito agoniado.
— Não ia não. — antes que eu pudesse parar pra
raciocinar, eu já estava explicando aquilo pra ele. — Se eu
amarrasse você, não te machucaria, seria só pro seu
orgasmo demorar um pouquinho mais. Quando eu te
soltasse, quando deixasse ele vir, seria mais gostoso.
— Você é um garoto muito sexy. — ele disse, acariciando
meu cabelo, na parte de trás da minha nuca. — Me deixe te
dar um orgasmo… se você quiser… vai ser só isso. Sei que
pode estar com medo, por causa daquele idiota, mas não
precisamos transar.
— Você quer me dar um orgasmo? — eu estava no meu
limite.
Meus sentimentos eram confusos, Marcus estava
matando tudo o que eu sentia por ele, eu tinha certeza que
não voltaria a ser seu submisso, mas ainda estava muito
magoado com toda essa situação. Eu certamente não
estava pronto pra me relacionar com outro homem agora,
mas não era isso que Jorge estava propondo. Ele não estava
querendo um compromisso, não estava me pedindo em
namoro.
Jorge Weasley estava me oferecendo tudo o que eu
precisava naquele momento: um ombro amigo e um
orgasmo.
E eu queria desesperadamente aceitar. Queria aceitar
porque meu corpo tinha sido levado ao limite naquela
semana. Queria aceitar porque o cheiro do perfume dele
era bom, amadeirado, com algo muito familiar, que me fazia
querer respirar mais perto da sua pele. Queria aceitar
porque eu o desejava.
— Sim. — ele respondeu.
— Ok. — eu respondi, baixinho, deixando-me a meio
centímetro de seus lábios. — Mas se você vai me tocar…
também vou ter o direito de tocar você.
Jorge encostou os lábios nos meus.
— Você quer me tocar, Kim? — ele perguntou, sensual.
— Pode apostar que sim. — eu desviei para sua orelha
boa, mordendo o lóbulo, fazendo-o arrepiar, sussurrando. —
Desde hoje de manhã, quando você me acordou chamando
meu ex de trasgo e dizendo que queria sair com um ruivo
que não fosse seu parente.
— Aposto que eu fui uma visão e tanto. — eu podia
escutá-lo sorrir.
— Você é um gostoso, Jorge Weasley. — eu murmurei.
Jorge me puxou para o nosso primeiro beijo, deixando os
nossos lábios se tocarem, se conhecerem, nossas línguas se
explorarem. Foi um beijo gostoso, lento, sensual, que me
deixou querendo mais dele.
Eu o toquei por baixo da camiseta, sentindo os músculos
da sua barriga, os pelos finos do seu peito. Ele me deu
espaço para que eu o despisse, admirando seu corpo,
tocando-o. Eu me sentia maravilhado. Não só porque ele
era bonito, mas porque pela primeira vez eu estava tocando
alguém como eu queria, deixando-me ser guiado pelos
meus próprios desejos.
Senti sua mão em meu corpo, puxando a minha blusa pra
cima. O ajudei a me deixar nu, chutando meus sapatos pra
longe e desabotoando meu jeans, puxando-o rapidamente
pra baixo. Jorge fez o mesmo, até que estávamos nós dois
apenas de cueca no sofá.
— Vem vamos pra uma cama. — ele disse, se levantando,
me puxando pela mão.
Me deixei que ele me levasse para o seu quarto, sem
prestar muita atenção no ambiente a minha volta. Tudo o
que eu queria naquele momento era uma cama e Jorge
Weasley. Assim que entrei, fiz os feitiços de preparação que
estava acostumado, eu já os fazia não verbais, de modo que
Jorge vira apenas dois floreios com a varinha.
Quando nos deitamos, eu parti pra cima dele, me
sentindo poderoso pela primeira vez na vida. Beijei sua
barriga, ouvindo-o suspirar conforme eu me aproximava do
seu membro já duro, ainda preso na cueca boxer. Eu beijei
seu pênis por cima da cueca, molhando-a com saliva.
— Kim… — ele gemeu meu nome.
Eu o tinha feito gemer. Senti meu pênis enrijecer. Eu
estava muito excitado, me senti tão forte naquele momento,
tão confiante.
O ajudei a tirar a cueca, expondo seu pau grande e lindo.
Ele era bem maior do que Marcus, estava muito duro e
lubrificado. Passei a língua na glande, ouvindo seu gemido
baixo, e depois comecei a suga-lo. Sabendo que não existia
possibilidade de colocá-lo todo na boca, eu masturbava
parte dele com a mão, enquanto me dedicava a chupa-lo
gostosamente, de um jeito que eu sabia que o levaria a
loucura.
Adorei ouvi-lo gemer, ofegar diante dos meus toques.
Depois de um tempo, quando percebi que ele tremia, o
provoquei com a língua, o suguei sem cessar, deixando-o
gozar na minha boca.
— Achei que era eu quem te daria um orgasmo. — ele
disse ofegante.
Eu me deitei sobre seu corpo, pressionando-o, tomando
sua boca pra um beijo salgado, fazendo-o provar seu
próprio sabor. Jorge me correspondeu com urgência,
apertando as mãos na minha cintura, sorvendo seu gosto
nos meus lábios.
— Me desculpe, não resisti. — eu confessei. — Me senti
realmente poderoso de poder fazer isso.
— O que? Chupar o meu pau? — ele perguntou, em tom
de brincadeira.
— Não. — eu respondi — Tomar a iniciativa.
Algo brilhou nos olhos dele quando eu disse aquilo. E ele
se movimentou na cama, me colocando por baixo do corpo
dele.
— Minha vez. — ele disse baixinho, enquanto beijava
meu pescoço.
Deixei que ele me beijasse, sentindo suas carícias na
base do meu ombro, descendo pelo meu peito, mordiscando
meu mamilo. Aquilo ardeu um pouco, por causa da noite
anterior.
— Ai, Jorge, cuidado. — eu pedi baixinho. — Ontem…
ontem eles ficaram presos em grampos por tempo demais.
Jorge me lançou um olhar horrorizado.
— Seus… mamilos? — ele perguntou como se não
acreditasse.
Eu assenti com a cabeça, virando o rosto pro lado, um
pouco envergonhado daquela situação. Jorge puxou meu
rosto com delicadeza, fazendo-me olhar pra ele.
— Está tudo bem, você pode me dizer qualquer coisa. —
ele me tranquilizou, acariciando meus cabelos. — Eu só
quero te dar prazer, cada toque meu vai ser pro seu
prazer…
E fechei os olhos para sentir. Ele me tocava com carinho,
meus braços, meus ombros, meu peito. Me cobriu de
ternura até sentir que eu estava relaxado de novo, e então
voltou a me acariciar de outra forma, me acendendo por
dentro, me excitando, atiçando todo o desejo dentro de
mim.
Quando ele retirou minha cueca, eu ergui as pernas sem
pudor nenhum, aproximando os joelhos do peito. Eu estava
louco pra ser tocado por ele. Jorge ficou claramente
excitado com a cena, pois sorriu safadamente, passando a
língua pela minha entrada.
— Ah, Jorge… — eu gemi.
— É disso que você gosta? — ele perguntou rouco,
passando a língua mais uma vez no meu orifício, me
arrancando outro gemido.
— Sim… sim… me lambe aí. — eu pedi.
Ele girava a língua nas bordas do meu ânus, me fazendo
delirar, lambendo-me deliciosamente, até começar a me
penetrar com a sua língua. Ergui os joelhos me expondo
ainda mais, o que o incentivou a continuar com mais
ímpeto.
— Que delícia. — ele falou, parando de me lamber e
escorregando um dedo pra dentro de mim.
Ao mesmo tempo que seu dedo massageava meu interior,
ele ergueu um pouco a cabeça, deixando sua língua
acariciar levemente meu membro já muito excitado e
sensível.
— Isso é tão bom. — eu gemi.
— Eu vou fazer você se sentir muito bem. — ele
prometeu.
Jorge colocou um segundo dedo dentro do meu ânus,
movimentando levemente, massageando-me e me
preparando pra ele. Ao mesmo tempo, ele abaixou-se sobre
o meu membro, colocando-o quase todo na boca, chupando-
o habilidosamente. A sucção que ele fazia no meu pau era
alucinante, e eu não segurei meus gemidos, entregando-me
totalmente ao momento, permitindo-me sentir prazer.
Pouquíssimo tempo depois, eu já me derramava nos lábios
de Jorge, gozando deliciosamente, sentindo meu corpo
tremer.
Quando eu consegui regularizar a respiração, Jorge veio
por cima de mim, apoiando os braços na cama, para poder
me olhar.
— Se você quiser parar aqui, não tem problema nenhum.
— ele esclareceu.
Eu sorri pra ele. Jorge parecia ser realmente um homem
maravilhoso.
— Eu poderia parar. — eu disse a ele. — Se eu não
tivesse desejando tanto você.
— Você falou algo sobre ontem. — o rosto dele estava
preocupado. — Você está com dor?
Entendi a preocupação dele. Eu tinha reclamado da
sensibilidade nos mamilos, então ele tinha assumido que eu
e Marcus tínhamos transado na noite anterior. O que ele
queria saber, era se Marcus tinha machucado meu ânus, a
ponto de fazer com que eu estivesse com dor hoje. Mas não
tinha sido assim. Marcus estava focado em estimular meu
pênis e não me permitir gozar.
Mesmo quando ele ligou aquela máquina de penetração
anal, não ligou na mesma velocidade que Blaise e Draco
tinham feito. Tinha sido uma penetração bem lenta, Marcus
não queria muito estímulo na minha próstata. E quando ele
tinha resolvido me foder, ele já estava há um bom tempo
enfiando o pau na minha garganta, de forma que não
demorou muito.
— Não, Marcus foi… hã… muito breve ontem. — eu
comentei.
— Sei. — Jorge respondeu, certamente somando o título
de “ejaculação precoce” as características que ele atribuía
a Marcus; não que fosse verdade, mas eu não me importava
nenhum pouco. Marcus estava merecendo.
— Está tudo bem realmente Jorge. — eu o tranquilizei. —
Embora seja melhor você ir devagar.
— Por que? — ele perguntou, assustado.
— Alguém já deve ter te dito isso antes. — eu falei,
olhando pra baixo, e então de novo pro rosto dele. — Você é
imenso.
— Não vou machucar você. — ele prometeu, tocando
minha bochecha.
Ele se aproximou para um beijo lento, que desenvolveu-
se, tornando-se cada vez mais sensual. Senti que ele fazia
um feitiço não verbal de lubrificação em mim, voltando a
me tocar com os dedos, querendo ter certeza que eu estava
pronto pra ele.
Algum tempo depois, senti a cabeça do seu pênis
encostar na minha entrada, forçando-se pra dentro de mim.
Jorge me penetrou com lentidão e cuidado, sem deixar de
me beijar e acariciar meu corpo, até estar todo dentro de
mim. Quando enfim o senti me preencher, acariciei seu
cabelo, passando os dedos com leveza em sua nuca,
querendo que ele se sentisse tão envolvido naquele
momento quanto eu.
Ele ficou imóvel dentro do meu corpo, me encarando,
seus olhos presos nos meus.
— Está doendo? — ele quis saber.
— Um pouquinho. — eu confessei.
Não mais do que o normal, ele era grande, eu sentia meu
corpo resistir para acomodá-lo.
— Vou ficar parado até que você se acostume. — ele
falou.
Eu sabia que era difícil manter-se ali, segurar a vontade
de se movimentar. Eu o beijei outra vez, me sentindo arder
de paixão, sentindo meu desconforto ceder e meu corpo se
adaptar ao seu tamanho. Movi o quadril, indicando que
queria mais, que precisava dele. Jorge me respondeu de
imediato, arremetendo-se para dentro de mim, me
tomando.
Eu estava adorando seu ritmo, o modo como ele sempre
acertava minha próstata, massageando meu ponto de
prazer, como se seu pênis tivesse sido feito pra mim. Eu
gemia pra ele, por ele, por todas as sensações que ele
estava me causando.
— Aah Jorge… isso… assim… me come bem gostoso. —
eu pedia, incoerente.
Ele começou a massagear meu pênis, me masturbando.
— Goza pra mim de novo, Kim. — ele pediu. — Deixa eu
sentir seu cuzinho se contraindo todo.
Ele me levava para o meu segundo orgasmo, e eu sentia
que o levava para o mesmo caminho. Eu olhei pro seu rosto
quando gozei, tremendo, gemendo, meu ânus apertando
seu pau que logo em seguida enterrou-se para dentro de
mim uma última vez, mergulhando em gozo, enchendo-me
do seu líquido.
Quando acabou, eu o puxei pra mim, procurando seu
abraço, seu toque. E ele me deu tudo, deixando-se
descansar por cima de mim alguns minutos, até amolecer e
se retirar do meu interior, e deitar-se ao meu lado.
— Isso foi maravilhoso. — Eu suspirei, feliz.
— Foi sim. — ele concordou, me olhando. — Tudo em
você é excitante.
— Eu… eu… — havia algo que eu queria dizer, mas não
sabia como. — Jorge… eu… obrigado.
— Pelo sexo? — ele ergueu uma sobrancelha. — Eu tenho
ciência de que sou bom, mas ninguém jamais me agradeceu
por isso antes.
Eu fiquei muito vermelho.
— Não é pelo sexo. — eu tentei me explicar. — Não sei
como te dizer isso… mas a questão é que eu nunca tinha
tido uma relação sexual que não fosse BDSM.
— Ainda não entendi pelo que você está me agradecendo.
— ele me disse, com gentileza.
Nem eu estava me entendendo.
— Eu não sei. Por me tratar com carinho. — eu falei, num
ímpeto. — Por me deixar olhar pra você.
— Por te deixar olhar pra mim? — ele perguntou,
confuso.
Eu me vi, novamente, na constrangedora posição de ter
que explicar os detalhes pra Jorge.
— Um submisso não pode olhar pro seu dominador, a não
ser que ele ordene. — eu expliquei. — Do contrário, ele
olha pra baixo.
Jorge me olhou com surpresa.
— Isso existe mesmo? Quer dizer que essa foi a primeira
vez que você transou…
— Olhando pra alguém… — eu olhei pro rosto dele com
carinho. — E foi uma das melhores coisas que fiz na vida.
Ele me puxou pra junto de seu corpo, como se fosse
instintivo, segurando-me apertado em seu peito, o braço ao
redor da minha cintura.
— Eu não consigo acreditar numa coisa dessas. Como
Harry se conforma com isso? — Jorge perguntou,
parecendo revoltado. — Você disse que ele e Malfoy
praticam BDSM na hora do sexo.
— Como eu te expliquei, eles são diferentes. Pra ser
sincero, eu nem sei se eles praticam BDSM todas as vezes
que transam. — eu confessei. — Mas independentemente
de qualquer coisa, eles não seguem essa regra, Harry olha
pra ele o tempo todo.
— Como você sabe disso? — ele me pegou, sorrindo
abertamente. — Você já os viu?
— Os casais que praticam BDSM as vezes fazem isso na
frente uns dos outros. — eu resumi, ruborizando. — Você
pode parar de falar sobre a vida sexual de Harry e Draco?
Eu não posso te contar essas coisas.
— Tudo bem. — ele concedeu. — Mas me responda mais
uma curiosidade sobre você. Aqueles feitiços que você fez
antes… também tem a ver com essa história de submissão?
— Normalmente se ensina aos bruxos submissos dois
feitiços de preparação, pra se fazer antes do sexo. É um
hábito, acabei fazendo. — eu expliquei. — São bons feitiços,
na realidade, um elimina os pelos e o outro te deixa limpo
por dentro.
— Não é nada mal, realmente. — ele concordou. — Você
podia me ensinar esse dos pelos.
Eu sorri pra ele, assentindo. Nós conversamos um pouco
mais, no restante na noite, até que eu estivesse muito
cansado e quase dormindo. A última coisa de que me
lembro é de Jorge aproximar os lábios do meu ouvido e
murmurar:
— Kim.
— Hmm? — eu perguntei.
— Eu queria que você soubesse que mais pra frente,
quando você estiver pronto pra sair com alguém de
verdade, namorar… Eu quero sair com você. — ele
esclareceu.
— Também quero sair com você, Jorge. — eu murmurei,
com sono. — De preferência quando eu conseguir me livrar
da sensação de que meu ex vai aparecer a qualquer
instante, me amarrar e bater com um chicote nos meus
testículos.
— Vou esperar. — ele falou.
Capítulo 26

CAPÍTULO 26
NARRADO POR DRACO MALFOY
Quando a densa escuridão se dissipou, Jorge Weasley e
Kim tinham sumido da sala. Marcus se desesperou por
completo, começando andar de um cômodo a outro
procurando por Kim, gritando o nome do garoto, parecendo
um bicho enjaulado. Eu tentei segui-lo, falar com ele, mas é
como se ele não pudesse me ouvir. Ele atirava objetos,
quebrava coisas, em uma fúria enlouquecedora e
incontrolável.
Eu tentei encostar a mão no seu ombro, acalmá-lo de
alguma maneira, mas ele me empurrou no chão com um
giro rápido do corpo. Dois segundos depois, vi Harry partir
pra cima dele, acertando-o com um gancho de direita, que
fez com que escorresse sangue no canto de sua boca.
Marcus sorriu alucinado, com os lábios manchados de
sangue, convidando Harry a continuar.
— Vamos Potter. Bata. Bata outra vez. — ele gritou,
quebrando o espelho com um soco, os estilhaços entrando
em sua pele. — Eu quero sentir o gosto de sangue.
Mas Harry se conteve. Era visível que Marcus não estava
em seu juízo perfeito.
— Bata caralho. — Marcus partiu para cima de Harry,
virando cadeiras, destruindo coisas em seu caminho. —
Bata! Venha me provar que você não é só um viadinho de
merda.
Foi Neville Longbottom que agarrou o enorme corpo de
Marcus por trás, fechando os braços em torno dele,
contendo-o, limitando seus movimentos. Felizmente, os
anos tinham tornado Longbottom um cara tão grande
quanto Marcus. Harry tinha resistido até ali, evitando usar
a varinha para atacar Marcus, por ele ser meu amigo. Mas
nós todos sabíamos que por mais forte que Longbottom,
não iria segurá-lo pra sempre.
— Faça, Harry. — eu disse, infeliz.
Harry fez os feitiços necessários para desarmar e
imobilizar Marcus. Em alguns segundos, ele já estava
contido, em pé na sala de estar, com os braços presos para
trás, as pernas fixas no chão, e a varinha segura em uma
mesinha fora de seu alcance.
— O que diabos há com você? — eu perguntei.
Marcus me olhava com raiva, destilando ódio na minha
direção, como se eu o tivesse apunhalado pelas costas.
— Eu vou até o inferno atrás de Kim, Draco. — ele jurou.
— E quando eu o encontrar, vocês só colocarão os olhos
nele novamente depois que eu tiver matado Kinoss com as
minhas próprias mãos.
— Kim está seguro. — Harry tentou. — A Ordem está
protegendo ele o tempo todo.
— NÃO É O SUFICIENTE. — Marcus gritou, sacudindo o
corpo, ensandecido. — Kim é meu… eu vou protege-lo… ele
é meu…
Harry fez um feitiço, silenciando os gritos de Marcus. E
então me olhou, incerto.
— Esse cara é realmente perigoso, Draco? Você acha que
ele é capaz disso? — ele me perguntou. — Sequestrar Kim?
Frustrar nossos planos contra os Purificadores?
Eu não tinha ideia do que responder. O Marcus que eu
conhecia, que era meu amigo há tantos anos? Não,
definitivamente não. Aquele homem enlouquecido,
completamente doente e alucinado, que se debatia em suas
amarras invisíveis? Eu não fazia ideia.
— Harry… eu… eu… não sei. — eu gaguejei assustado
com a visão de Marcus daquele jeito. — Eu não o
reconheço… eu não…
— Eu sei que você é um bom Legilimente… — Harry
falou.
Sim, era verdade. Eu era um Legilimente muito bom.
Harry estava sugerindo que eu usasse um feitiço, invadisse
a mente de Marcus, descobrisse suas intenções e do que
ele era de fato capaz. Engoli em seco.
Eu conhecia Marcus Vitaverza desde criança, nós
dividíamos o dormitório na sonserina. Eu, Marcus, Blaise,
Vincent Crabbe e Gregory Goyle. Marcus tinha perdido os
pais muito jovem e vivia com uma avó paterna, era de uma
família muito antiga, tradicional, de origem italiana. Ele
tinha sido educado nas artes das trevas, ensinado a odiar
trouxas e nascidos trouxas, assim como eu. Também, assim
como eu, ele começou a questionar tudo isso, quando
Voldemort retornou.
No sexo ano, quando a avó de Marcus faleceu, uma
prima de terceiro grau, que vive na Itália, ofereceu a ele
que se mudasse. Marcus aceitou prontamente, era a
chance de se livrar de um dos caminhos pelos quais ele
teria que optar caso ficasse na Inglaterra: servir a
Voldemort ou pedir ajuda a alguém da Ordem — cujos
membros ele não conhecia bem e não tinha qualquer
amizade.
Marcus terminou a escola na Itália, mas nunca virou as
costas pra nós. Ele ofereceu abrigo a nós quatro, junto da
sua família. Blaise foi o único que aceitou, ele e sua mãe
não tinham ligações com o Lorde das Trevas, queriam fugir
da guerra, e acabaram mudando-se pra Itália também.
Nenhum dos dois estava aqui quando as coisas realmente
pioraram, quando Voldemort assumiu o Ministério, assumiu
Hogwarts, assumiu a minha casa, roubou tudo de mim.
Na Itália, Marcus e Blaise viveram entre os trouxas e os
nascidos trouxas, tiveram contato com muitas ideias
diferentes e conheceram inclusive, as práticas BDSM. Mas
no exato dia que o Lorde das Trevas foi derrotado, eles
voltaram, traçando um caminho reto para a Mansão Malfoy.
Eles me encontraram em pedaços, destruído por aquela
guerra. Foram Marcus e Blaise que me reergueram, se não
fosse por eles… se não fosse por eles talvez eu tivesse
tirado a minha própria vida naquela mesma noite.
— Eu não posso, Harry. — eu confessei. — Eu não posso
trair Marcus dessa maneira… eu sei que ele… sei que
talvez ele possa colocar tudo a perder… mas, Harry, ele me
ajudou quando eu não tinha mais ninguém… eu
simplesmente não posso…
Eu desviei o olhar, sentindo-me culpado por desapontar
Harry. Mas mesmo naquele momento, no qual ele tentava
resolver uma situação complicada e que envolvia o futuro
do mundo mágico; mesmo naquele momento no qual ele se
parecia muito mais com o intimidante homem reconhecido
nas ruas como o Eleito, do que com o amante suave que eu
tinha entre quatro paredes… ele me surpreendeu ao
segurar a minha mão, num gesto de apoio.
— Está tudo bem, meu amor. Eu não deveria ter pedido
isso. — ele falou, como quem se desculpa. — Você gostaria
de ir pra casa? Eu posso resolver essa situação…
— Não posso abandoná-lo nesse estado… — eu olhei pro
rosto de Marcus.
Harry assentiu com a cabeça, virando-se para
Longbottom.
— Nós poderíamos simplesmente dar uma poção para
esse cara se acalmar e depois deixa-lo ir embora. —
Longbottom sugeriu, com lógica. — Afinal, Kim tem sido a
nossa prioridade desde que soubemos que ele é o alvo de
Kinoss. Tem gente da Ordem o protegendo dia e noite. Se
podemos impedir que Kinoss o sequestre, certamente
podemos impedir que Marcus faça o mesmo.
Respirei fundo, sentindo um alívio momentâneo tomar
conta de mim. Nunca achei que me sentiria tão grato por
Neville Longbottom.
— E se ele contar a alguém dos planos contra os
Purificadores? Se quiser se vingar por termos escondido
Kim? — Harry perguntou, levando meu alívio embora, tão
rapidamente quanto ele viera.
— Ele não pode. — Longbottom respondeu, como se
fosse óbvio. — Fizemos o feitiço do Fidelius.
— Infelizmente, Neville, Marcus já sabia deste plano
antes de eu contar a vocês hoje. Eu o procurei
anteriormente porque esperava contar com a ajuda dele
para fazer a poção. — Harry respondeu, irritado. — Eu
cometi um erro.
— Então só há uma maneira. — Longbottom disse, muito
prático. — Esconde-lo até que esse plano termine.
— Sequestrar Marcus? Você enlouqueceu? — eu me
voltei para ele. — De jeito nenhum… isso é crime…
Harry se colocou na minha frente, os olhos fixos nos
meus.
— Você pode me garantir que ele não contará a ninguém
sobre o plano? — perguntou, me encarando tão firmemente
que senti vontade de dar um passo pra trás.
Eu olhei pra Marcus, debatendo-se, o olhar vidrado de
um louco. Aquele plano não podia ter falhas. Se eu
respondesse que sim, e Marcus contasse a alguém que
avisasse os Purificadores, todas aquelas pessoas que
estiveram mais cedo na reunião seriam emboscadas no dia
da invasão do esconderijo. Eu seria o responsável pela
morte de todas elas. Dizer sim era colocar todo mundo em
risco, inclusive Harry.
Então eu encarei o chão do Largo Grimmauld, nº 12 e
respondi:
— Não.
Meio segundo depois que a minha resposta veio, eu senti
minha varinha voando do meu bolso, minhas mãos sendo
presas atrás das costas, e quando dei por mim, meus pés já
estavam fixos no chão, ao lado de Marcus. Harry me
encarava, sua varinha entre os dedos, ele tinha me
imobilizado.
— Porque isso? — eu perguntei, desorientado.
Mas Harry não me respondeu, apenas me olhou com
pesar, mordendo a parte interna da bochecha. E então,
virou-se de costas, olhar pra Neville Longbottom.
— E agora, Neville? — ele perguntou. — Não posso
mantê-lo aqui. Não consigo pensar em um lugar onde ele
possa ficar. Terá que haver alguém que cuide nas
necessidades dele e o impeça de fugir, mas ao mesmo
tempo a pessoa também não pode desaparecer
completamente das suas atividades sociais, ou vai gerar
desconfiança.
— Eu fico com ele. — Longbottom deu de ombros. —
Desde que assumi de vez a vaga da professora Sprout,
ganhei aposentos privativos em Hogwarts. Marcus ficará
bem escondido lá, ninguém mais tem acesso. Como ele está
desarmado, será impossível sair enquanto eu estiver dando
aulas.
— É uma boa ideia. — Harry concordou. — Até porque
mesmo que ele conseguisse sair e arrumasse uma varinha,
não se pode aparatar nas terras de Hogwarts.
— Vocês não acham que estão exagerando? — eu
perguntei, mas nenhum dos dois me olhou.
— Está certo então, vou a Hogwarts conversar com a
diretora McGonagall. — Harry falou. — Não quero fazer
isso pelas costas dela.
— O quanto antes você for, melhor. — Longbottom
aconselhou. — O ideal seria que pudéssemos leva-lo para lá
através da Rede de Flu nessa madrugada, enquanto os
alunos estivessem na cama.
— Vou te emprestar a capa de invisibilidade, de qualquer
forma, para que não haja risco de ninguém ver Marcus. —
Harry sugeriu. — Mas antes que eu vá até lá… preciso
perguntar… você tem certeza Neville? Você vai ter que
dormir e acordar com esse homem todos os dias. Talvez
ainda demore algumas semanas para que a gente consiga
colocar nosso plano em prática.
— Fique tranquilo, Harry. — Neville sorriu, lançando um
olhar estranho na direção de Marcus. — Foi-se o tempo que
Vitaverza colocava sabão de ovas de sapo nas minhas
calças.
Harry olhou pra trás, encarando a mim e Marcus com
uma careta.
— Quando isso aconteceu? — ele perguntou ao amigo.
— Acho que alguns meses antes dele fugir correndo para
Itália com o rabo entre as pernas enquanto eu fiquei aqui
enfrentando Comensais da Morte, sendo torturado pelos
Carrow e fazendo Hogwarts resistir. — Neville continuava
olhando para Marcus, ampliando ainda mais o sorriso, e
pela primeira vez na vida eu tive um pouco de receio de
Longbottom. — Como você pode ver, não há com o que se
preocupar. Não tenho medo de Vitaverza, ele só tem
tamanho. E até nisso acho que hoje em dia talvez eu esteja
ganhando dele.
Eu não podia reclamar do ressentimento ainda vivo,
represado naquelas palavras. Se existiu alguém com quem
tanto eu quanto Marcus humilhamos em toda oportunidade
nos nossos primeiros anos em Hogwarts, essa pessoa era
Neville Longbottom. Naquela época, Neville era um menino
gordinho, distraído, com dificuldades na prática de feitiços
quando estava sob pressão. E nós éramos maldosos e nos
achávamos os futuros donos do mundo.
Não posso negar que fiquei um pouco preocupado que
Marcus fosse passar a próxima semana com alguém que
desgostasse tanto dele. Mas quando olhei para meu amigo,
vi que as palavras de Neville tinham provocado uma reação
nele. Marcus tinha parado de se debater. Seus olhos, que
pareciam tão vidrados, tinham voltado a entrar em foco, e
ele encarava Longbottom com intensidade.
— Se for demais pra aguentar, podemos pensar em outra
coisa. — Harry disse, colocando a mão sobre o ombro do
amigo.
Mas Neville fez um gesto despreocupado com a mão,
para tranquiliza-lo. Antes de partir, Harry desfez o feitiço
que silenciava Marcus.
— Ele parece ter se acalmado, Draco. — Harry falou, me
olhando com preocupação. — Talvez você consiga
conversar com ele…
E então desapareceu pelas chamas da lareira.
Longbottom se sentou no sofá, de frente pra nós, olhando
pra Marcus com interesse. Eu virei o rosto na direção do
meu amigo de infância.
— Marcus, por favor, fale comigo. — eu pedi. — Porque
você surtou dessa maneira? Eu conheço você… você não é
uma pessoa cruel… não consigo encontrar uma razão pra
ter punido Kim desse jeito… pra ter feito tudo o que fez
essa noite.
— Draco, eu não posso deixar que mais um garoto
inocente morra por minha causa. — Marcus me olhou,
visivelmente agoniado, parecendo destruído por dentro. —
Simplesmente não posso.
Mais um garoto?
— Você está falando de Giuseppe? — eu perguntei.
Giuseppe tinha sido submisso de Marcus por vários anos.
Ele era trouxa. Não nascido trouxa, trouxa mesmo, nunca
tinha feito e jamais faria um único feitiço em toda a sua
vida. Marcus tinha se apaixonado por ele no tempo que
vivera na Itália e o tinha trazido consigo para a Inglaterra.
Marcus e Giuseppe se amavam com loucura, e eu poderia
jurar que eles teriam ficado juntos pra sempre. Mas um dia,
Giuseppe estava andando por uma rua trouxa, houve uma
tentativa de assalto, ele reagiu, levou um tiro na cabeça,
morrendo na hora. Marcus não pôde fazer nada.
— Eu nunca contei a ninguém, mas não foi um trouxa
que matou Giuseppe. — ele falou.
O que? Como aquilo era possível?
— Giuseppe era trouxa, Marcus. Morreu num assalto,
com um tiro. Bruxos não usam armas. — eu tentei
argumentar, usando a lógica. — Se fosse um assassinato
bruxo, seria uma maldição, uma poção…
— Foi o que disse o Departamento de Execução das Leis
da Magia quando eu tentei fazer uma denúncia… não que
houvesse muita preocupação… Giuseppe era só um
trouxa… um estrangeiro… uma vida praticamente sem
importância pra eles. — Marcus falou, o ódio tingindo as
suas palavras. — Mas foi ele, Draco. Foi Kinoss. Ele fez
questão de me dizer. Ele me deixou bem claro que
assassinou Giuseppe.
Maldição. Eu senti a raiva subir no meu sangue,
preenchendo-me por inteiro. Eu odiava aquele homem.
Talvez fosse capaz de mata-lo eu mesmo, embora nunca
tivesse tido forças pra matar ninguém, nem quando a
minha vida e a vida da minha família estavam em risco.
— Desgraçado. — eu fiz coro ao ódio que Marcus sentia.
— Você entende agora? — Marcus perguntou. — Desde
aquele dia na festa de Blaise, eu já sabia que ele viria atrás
de Kim.
— Então você tentou proibir Kim de fazer coisas que o
deixassem exposto, e quando ele não obedeceu você o
puniu severamente, para que ele ficasse com medo e
acabasse acatando as suas ordens. — eu compreendi. — Foi
uma ideia muito ruim, Marcus. Você infernizou a vida do
garoto.
— Ele é meu submisso. — Marcus se defendeu.
— Era, não é mais. Kim já deixou claro que não quer. —
eu disse a ele. — Não é só por causa da punição, ele disse
que não gosta de ter que seguir regras, não gosta da
relação de submissão. Ele tentou porque estava gostando
de você, mas não quer continuar. Você não pode forçar, não
pode escravizar uma pessoa, Marcus.
— Tê-lo ao meu lado seguindo as minhas regras é a única
maneira de protege-lo. — Marcus falou, ansioso. — Pelo
menos até que eu consiga matar Kinoss.
— Isso não tem nada a ver com Kim. Harry já disse que
estamos protegendo ele. — eu respondi. — Isso tem a ver
com a culpa que você sente pela morte de Giuseppe.
— Tem a ver com os dois. — Marcus assumiu.
— Você sequer gosta de Kim? — eu quis saber. — Até
hoje de manhã eu estava achando que com Kim você
finalmente estava se envolvendo de novo, se apaixonando,
se permitindo ter sentimentos por alguém. Achei que esse
ciúmes que você estava demonstrando sentir dele era um
sinal de que ele era importante pra você, como Giuseppe.
— Ninguém é como Giuseppe. — Marcus me cortou,
ríspido, depois levou alguns segundos para se recompor. —
Olhe não me leve a mal, me importo com Kim, ele é um
bom garoto. Gosto de tê-lo como submisso, cheguei até
sentir ciúmes realmente. Mas não o amo como amei
Giuseppe… acho que isso é o tipo de coisa que só acontece
uma vez na vida de uma pessoa.
Harry escolheu aquele momento para retornar, dizendo a
Neville que tudo estava certo e que ele podia levar Marcus
embora. Neville guardou a varinha de Marcus segura no
bolso interno de sua jaqueta e fez um feitiço para que
Marcus flutuasse, levando-o consigo para perto da lareira.
Antes que os dois partissem pela Rede de Flu, eu pude
ouvir a voz de Marcus:
— Obrigado, Draco, por não me trair.
Harry desfez os feitiços que me prendiam assim que nós
ficamos sozinhos na antiga casa dos Black, me alcançando
minha varinha. Ele me olhou com um misto de culpa,
cansaço e determinação.
— Você está bravo comigo? — ele perguntou, em voz
baixa.
— Não. — eu respondi, no mesmo tom. — Foi a melhor
solução, assim eu não tive que fazer parte de nada.
— Foi o que eu pensei. — Harry falou. — Não queria que
fosse obrigado a apoiar uma decisão que envolvia deixar
seu amigo preso. Eu mesmo não queria ter feito… mas
achei que era necessário. No futuro posso descobrir que
estava errado, mas hoje, diante de tudo que vi Marcus
fazer…
— Tudo bem. — eu disse, trazendo seu corpo pra junto
do meu. — Não precisa se explicar… Eu só tenho a te
agradecer.
— Pelo que? — ele perguntou, afundando o rosto no meu
pescoço, respirando o meu cheiro.
— Por me entender. — eu respondi.
Ele olhou pra mim, sorrindo.
— Se Rony perdesse completamente a razão e fosse um
risco pro nosso plano, alguém teria que dar um jeito nele.
— ele falou. — Mas eu gostaria muito que não tivesse que
ser eu.
Se tinha uma coisa que eu amava em Harry, era a
capacidade que ele tinha de se colocar no lugar dos outros.
— Marcus acha que está protegendo Kim. — eu contei. —
Mesmo que de uma forma completamente deturpada. Ele
me disse hoje que foi Kinoss quem matou o antigo submisso
dele, Giuseppe.
Harry ergueu as sobrancelhas.
— Que estranho. Por que ninguém investigou isso? — ele
perguntou.
— O rapaz era trouxa, morreu por causa de um tiro,
então a morte não poderia ser atribuída a um bruxo. Mas
Marcus disse que Kinoss confessou que foi ele. — eu contei.
— Ele disse que até tentou fazer uma denúncia mas…
— Ninguém acreditaria. — Harry completou. — Esse
Giuseppe é tal submisso que Marcus ficou por bastante
tempo?
— Marcus o amava muito. — eu falei, assentindo. — Ele o
conheceu na Itália. Quando você venceu Voldemort, Marcus
voltou pra cá com Giuseppe… eles teriam vivido lá pra
sempre, mas Marcus estava muito preocupado comigo.
— Com você? — ele perguntou.
— Ele e Blaise vieram atrás de mim assim que a guerra
acabou. — eu contei. — Eles me encontraram na Mansão
naquele dia, depois da Batalha de Hogwarts. Eu estava ali,
despedaçado, naquela casa horrível onde eu tinha visto
tanta gente ser morta e torturada. Eu tinha perdido os
meus pais, minha varinha, a honra da minha família, eu
sentia tinha perdido tudo. Nada tinha sentido, e naquele
momento eu decidi tirar a minha vida antes que os aurores
viessem para me levar para Azkaban.
— Draco. — Harry me apertou para junto de seu corpo,
como se tivesse medo que eu morresse, mesmo sabendo
aquilo tinha sido há anos atrás. — Não não… eu não
permitiria. Eu sabia que você não era mau.
Eu sorri pra ele. Era a cara de Harry querer me proteger
de algo que já tinha acontecido há tanto tempo. Eu gostava
ainda mais dele por isso, como se fosse possível.
— Marcus chegou na hora certa, chutou o frasco de
veneno pra longe, me tirou da Mansão Malfoy. — eu
continuei, despejando tudo aquilo, porque precisava que
ele soubesse. Todo aquele horror que fez parte da minha
vida tinha vindo à tona naquela noite, eu queria contar,
queria dividir com ele. — Ele e Blaise cuidaram de mim,
organizaram um funeral digno e discreto pros meus pais
para que eles pudessem ser velados como gente. A maior
parte dos corpos dos comensais estava sendo abandonado a
própria sorte pela família. Perdi acesso aos meus bens
durante o julgamento, e eles cuidaram de tudo, pagaram
bons advogados até que eu fosse inocentado e pudesse
movimentar meu dinheiro novamente. Marcus e Blaise
ficaram ao meu lado, me ajudaram a ficar de pé de novo, a
enfrentar meus demônios. Me apoiaram quando eu quis
fazer uma faculdade, me conseguiram contatos, me
apresentaram meus primeiros clientes. Quando eu me
apaixonei por Harry Potter, nenhum dos dois disse que era
impossível, que não ia dar certo, ou que éramos diferentes
demais… eles só… ficaram felizes por mim, por eu estar
gostando de alguém.
— Vocês três se gostam muito. — Harry falou,
acariciando meu cabelo. — Eu te respeito ainda mais
depois de saber disso. Te respeito muito pela forma como
você agiu hoje, provando que tem muita consideração por
tudo que Marcus fez por você.
— Obrigado, Harry. — eu respondi.
— Vamos fazer assim, você poderia ir visita-lo em
Hogwarts, com a capa da invisibilidade. — ele sugeriu. —
Conversar com ele, saber se ele está bem. O que acha?
— Eu gostaria disso. — eu sorri pra ele.
Capítulo 27

FAVOR, NÃO DÊ SPOILERS E NEM FAÇA


COMENTÁRIOS INADEQUADOS. SE VOCÊ É
IMATURO PARA LER CENAS BDSM OU CONTEÚDO
SEXUAL DE MANEIRA GERAL, NÃO COMENTE
NESSE CAPÍTULO. SE VOCÊ VER ALGUM
COMENTÁRIO INAPROPRIADO, MARQUE O USER
DRARRYFANFIC21 E ME AJUDE A IDENTIFICAR
PROBLEMAS.
CAPÍTULO 27
NARRADO POR DRACO MALFOY
No dia seguinte, segunda feira, eu fui ao escritório pela
manhã, normalmente. Perto da hora do almoço eu recebi
uma coruja de Harry, dizendo que Jorge tinha convencido
Kim a ir a aula e que ele estava na Universidade. Mais do
que rapidamente despachei uma coruja ao responsável pelo
curso de Medibruxaria, dizendo que estava assumindo
todas as despesas acadêmicas de Kim de agora em diante.
Não queria nenhum problema com cobranças sendo
enviadas para casa de Marcus, sobretudo agora que ele
estava preso em Hogwarts.
Kim trabalhava no St. Mungus, de tarde, três vezes por
semana. Segunda-feira era um desses dias, então chegamos
em casa mais ou menos no mesmo horário. Harry não
estava na Mansão, tinha saído com Jorge Weasley para
conseguir um ingrediente necessário para a poção
rastreadora que não se podia simplesmente comprar no
beco diagonal, precisava ser contrabandeado.
— Kim. — eu o cumprimentei, quando o vi preparando
uma torrada na cozinha.
— Oi, Draco. — ele falou. — Como ficaram as coisas
ontem?
Eu já estava esperando por aquela pergunta. Ele iria
querer saber como tinha sido nossa “conversa” com
Marcus, porque estava com medo de ser perseguido. Achei
que Kim merecia ao menos uma verdade parcial, que não
ferisse a confiança que Marcus tinha depositado em mim.
Eu sabia que Marcus não desejaria que eu mencionasse
Giuseppe ao falar com Kim.
— Ficaram bastante complicadas depois que você e Jorge
foram embora. — eu contei. — Marcus ficou muito
descontrolado. Harry e Neville ficaram com medo que ele
estragasse nosso plano para pegar os Purificadores, afinal
contamos sobre o plano pra ele na noite do jantar, antes do
feitiço Fidelius.
— Você acha que ele seria capaz? — Kim perguntou,
preocupado.
— Não, acho que ele não faria isso. — eu respondi. —
Mas posso estar cometendo um erro… Marcus é meu amigo
há muitos anos. Harry e Neville acharam melhor esconder
Marcus até que a missão acabe. Neville é professor em
Hogwarts, vai mantê-lo em seu quarto.
Kim olhou pra mim sem dizer nada, como se medisse as
minhas reações. Eu podia ver o alívio estampado em seu
rosto, mas eu tinha deixado claro que gostava de Marcus e
que não tinha me envolvido, então ele estava evitando dar
sua opinião para não me contrariar.
— Eu compreendo que você concorde completamente
com a necessidade de prendê-lo. — eu o tranquilizei.
Ele fez um movimento afirmativo com a cabeça.
— Marcus não está normal. — eu senti a necessidade de
completar. — Ele está como um louco, uma pessoa
completamente desequilibrada. Não se parece mais com o
meu amigo.
— Isso não justifica. — Kim falou, categórico.
— Eu sei. Não existe justificativa pra tudo o que ele fez
com você, pro modo como ele agiu ontem. — eu garanti. —
Eu não estou defendendo, acredite em mim. Quando tudo
isso acabar e Marcus ficar livre, se ele voltar a te perseguir,
nós vamos mantê-lo longe.
— Você é um bom amigo, Draco. — ele abriu um sorriso.
— A propósito, muito obrigado por arcar com os custos da
faculdade. Eu juro que pagarei tudo de volta pra você um
dia.
— Não se preocupe com isso, Kim. — eu respondi.
— Não se preocupar com o que? — era a voz de Harry,
que entrava na minha cozinha, acompanhado de Jorge
Weasley.
— Nada demais. — eu respondi. — Kim e eu estávamos
conversando sobre os acontecimentos da noite passada.
— Neville e o trasgo dormindo juntos. — Jorge Weasley
gracejou. — Juro que por essa eu não esperava.
— Acho que Marcus nunca esperou ter que dividir a
cama com Longbottom. — eu comentei, fazendo coro ao
comentário de Jorge.
— Espero que ele aprenda boas maneiras nessas
semanas. Neville é calado e na dele, mas se tornou um cara
forte e… como eu soube por aí… muito bem dotado. —
Jorge falou, com irritação. — Tem tudo pra fazer Vitaverza
voltar de Hogwarts bem educadinho.
Eu ergui as sobrancelhas, sem entender aquela fala tão
inflada vinda de Jorge Weasley. Talvez ele tivesse ódio de
Marcus por alguma briga do tempo de escola, embora eu
não conseguisse me lembrar de nada nesse sentido. De
maneira geral, ninguém se metia muito com Fred e Jorge
naquele tempo, eles eram populares e sabiam bem se
vingar, caso fossem provocados.
— Porque toda essa revolta, Jorge? — Harry perguntou,
tranquilo, colocando em palavras o que ia em minha
cabeça.
Kim pigarreou.
— Eu e Jorge conversamos muito ontem… — ele explicou.
— Eu precisava me abrir com alguém… um amigo… depois
daquelas ameaças.
Harry olhou pra ele com compaixão, tocando seu
antebraço, mostrando apoio. Depois olhou pra Jorge,
entendendo a revolta. Se Kim tinha contado a Jorge sobre
as proibições de Marcus, a crueldade das punições que
tinha lhe infligido, era óbvio que tinha causado revolta.
— Jorge foi muito legal comigo. — ele falou, olhando pra
Jorge de um jeito doce.
Eu tinha certeza que Jorge Weasley iria fazer uma piada
sobre ser sempre extremamente legal, ou algo do tipo, mas
ele continuou com uma cara de bobo, sorrindo, olhando pra
Kim.
— Você vai ficar pra jantar, Jorge? — Harry perguntou.
— Não posso. — ele aparentava estar muito chateado de
ter que ir embora. — Estou seguindo uma pista de Kinoss
essa noite.
Nos despedimos de Jorge Weasley, que foi embora sem
mal olhar pra nós. Ele era só olhos e sorrisos pra Kim.
Esperava que ele soubesse onde estava se metendo. Kim
tinha acabado de sair de uma relação conturbada,
provavelmente demoraria até querer sair com alguém outra
vez.
Os dias que se seguiram correram com uma certa
tranquilidade. Kim estava trabalhando na poção
rastreadora em seus horários vagos, equilibrando com a
faculdade e os turnos no hospital; Harry vinha vigiando
Kinoss de perto, e encontrando-se com membros da Ordem
para acertar detalhes do plano; e eu tentava me concentrar
no meu trabalho e não parecer tão preocupado com o que
estava por vir.
Eu tinha conseguido visitar Marcus numa quarta feira de
tarde, três dias depois dele ter ido morar nos aposentos de
Longbottom de maneira nada voluntária. Por um lado, ele
parecia estar bem mais calmo, e não tinha matado, nem
sido morto por Neville. Por outro, parece que eles mal
tinham se falado, e que seus dias estavam sendo bem
entediantes, tendo como distração apenas uma infinidade
de livros de herbologia.
Uma semana depois de Marcus ter sido levado para
Hogwarts, no entanto, eu recebi uma visita nada agradável
no meu trabalho. Estava no meio da tarde, quando
apareceram Kingsley Shacklebolt e Peter Cooper, dizendo
que tinham perguntas importantes pra me fazer.
— No que posso ajuda-los? — perguntei solícito, embora
não tivesse vontade nenhuma de conversar com aquelas
pessoas depois da última visita ao ministério.
— Qual foi a última vez que viu Marcus Vitaverza? — foi
Shacklebolt quem perguntou, muito direto.
Droga, eles tinham notado o desaparecimento de
Marcus. Tentei não demonstrar culpa e preocupação
excessiva, que incentivasse as buscas, mas ao mesmo
tempo não forçar completa despreocupação, que os fizesse
desconfiar que algo estava errado.
— Jantei na casa dele acerca de uma semana. — eu falei.
— Por que? Aconteceu alguma coisa?
— Ele desapareceu. — Peter Cooper falou. — O senhor
sabe de seu paradeiro?
— Não sei. — eu disse, simplesmente. — Marcus faz
viagens frequentes pra Itália, tem negócios e familiares
nesse país. Talvez esteja por lá.
— Ele não avisa o senhor dessas viagens? — Peter
Cooper perguntou.
— Às vezes. — eu dei uma evasiva. — Ele é um homem
ocupado… assim como eu.
— Os senhores tiveram uma briga? — Peter Cooper
perguntou.
— Por qual motivo? — Eu devolvi a pergunta.
— Sabemos que o ex namorado dele está vivendo na
Mansão Malfoy. — Shacklebolt me respondeu.
— Bem, eu e Harry estamos morando juntos. Quando
Kim e Marcus terminaram, Harry ofereceu a Kim que
viesse morar conosco, até que ele conseguisse se organizar.
A família de Kim não tem muitos recursos, infelizmente. —
eu comentei, como se não desse muita importância a
questão. — Harry e os amigos gostam muito de Kim,
principalmente a Hermione Granger, que o contratou como
estagiário de Medibruxaria. Eu até me ofereci pra pagar o
curso do menino… qualquer coisa para fazer Harry feliz.
— Muita gentileza da sua parte. — Peter Cooper falou,
embora não parecesse achar nada disso. — Seu amigo
Marcus é que não deve ter gostado nada disso.
— Pode ser que não tenha gostado. — eu concedi,
deixando-os em um impasse. — Talvez seja por isso que
sumiu sem me dizer nada.
Os olhos de Kingsley Shacklebolt faiscaram na minha
direção, como se desconfiassem de cada uma de minhas
palavras. Mas sem ter como retrucar o que eu disse e sem
qualquer outra pergunta em mente, ele se levantou,
seguido de Cooper.
— Está certo, sr. Malfoy, passar bem. — Shacklebolt falou
e os dois saíram do meu escritório sem dizer mais nada.
Mandei uma coruja para Harry um minuto depois,
dizendo que eles tinham estado aqui. Não demorou muito
ele estava lá, mesmo que eu não tivesse pedido que ele
viesse. Eu sorri quando o vi andar apressado na minha
direção, contornando a mesa para me alcançar. Não sei
nem porque eu estava surpreso, eu deveria saber que ele
viria.
— Você está bem, meu amor? — ele perguntou, com
carinho.
Essa era a primeira preocupação dele. Antes de saber o
que os aurores tinham perguntado, ou se eu tinha dito algo
errado que poderia entregar a localização de Marcus. Antes
de qualquer outra coisa, ele queria saber se eu estava bem.
— Adoro quando me chama assim. — eu sussurrei,
puxando-o para o meu colo, sentando-o na minhas pernas.
— Estou bem. Eles foram devidamente despistados.
— Fiquei preocupado. — ele disse. — Cooper sabe como
desestabilizar uma pessoa.
— Não sou tão fácil assim de desestabilizar. — eu
prometi, deixando um beijo em seus lábios. — Mas ao
menos ganhei uma visita no meio da tarde.
— Na verdade, eu estava preparando uma surpresa pra
você. — ele sorriu, malicioso. — Se você puder sair mais
cedo, podemos ir pra casa aproveitá-la.
Ah eu sem dúvida podia. Harry Potter sabia muito bem
como fazer uma proposta irrecusável. Eu não tinha mais
compromissos o resto do dia, de qualquer forma, então
fomos embora juntos pra casa. Ele me levou pela mão para
um quarto pequeno da mansão que raramente era usado,
sendo só mais um quarto de hóspedes. Eu não fazia ideia
do que podia haver de interessante ali.
— Entre e me espere. — ele falou, sorrindo.
Quando entrei no cômodo, ele tinha sido transformado
em um quarto de hospital. Havia uma maca, próxima a
parede. Uma mesa de consultório com uma cadeira para o
Medibruxo e outra para o paciente. Pendurada em uma
delas havia um jaleco bordado “Dr. Malfoy — Medibruxo”.
Eu senti o sorriso tomar conta dos meus lábios lentamente.
Me lembrei do dia em que eu disse a ele que queria brincar
de Medibruxo e paciente. Quase no mesmo instante, notei a
minha maleta pessoal, com os objetos sexuais que eu tinha
levado para o jantar na casa de Marcus, em um canto da
sala.
Aquela tarde ia ser deliciosa.
Alguns instantes depois, Harry entrou, vestindo uma
camiseta branca bastante justa, de tecido transparente,
que marcava seu corpo de forma enlouquecedora, e uma
calça jeans clara. Sentou-se na cadeira de frente pra mim,
sorrindo, cheio de malicia.
— Então. — eu disse, fingindo ler uma ficha em minha
mesa. — Sr. Harry Potter, me conte qual o problema.
— Dr. Malfoy, estou com um pouco de vergonha de falar.
— ele disse, fazendo charme.
— Não precisa, eu sou Medibruxo. — eu respondi. —
Tudo que você me falar é sigiloso.
— O senhor conhece um feitiço chamado opus penetrant?
— ele perguntou.
— Conheço. — eu falei, curioso para saber onde ele
queria chegar.
— Então, há algumas semanas meu namorado fez esse
feitiço em mim. Mas eu já tentei de tudo pra desfazer, a
vontade de ser comido simplesmente não passa. — ele
falou, mordendo os lábios, todo sexy. — O que eu faço,
senhor?
— Fique tranquilo que vou te ajudar, tem um tratamento.
— eu falei. — preciso que você tire toda a roupa e deite de
bruços na maca, que vou te examinar.
Harry se levantou e começou a se despir devagar, com os
olhos presos em mim, se expondo aos poucos, me
provocando. A cada pedacinho de pele do seu corpo que eu
via meu desejo aumentava, eu me sentia duro dentro da
calça, meu pau latejando. Ele se deitou na maca, deixando
a bunda propositalmente empinada, como sabia que eu
adorava.
— Abra com as mãos, se mostrando bem pra mim. — eu
falei.
Harry me atendeu imediatamente, expondo seu orifício
rosado. Eu o toquei com a ponta do dedo, fazendo-o piscar.
— Nossa, basta que eu toque no seu rabinho pra ele se
contrair pra mim. — eu provoquei. — Seu caso é muito
sério, sr. Potter.
Eu enfiei um dedo todo em seu orifício e depois mais
outro, movimentando lentamente, dilatando-o para o que
eu queria fazer com ele. Harry gemia bem gostoso,
rebolando nos meus dedos.
— Me responda uma coisa, sr. Potter… — eu falei. —
Quando você deu pela primeira vez pro seu namorado, seu
cu era virgem?
— Era sim. — Harry gemeu, sentindo que eu colocava o
terceiro dedo dentro dele.
— Preciso que você me descreva como se sentiu quando
o pau dele entrou em você pela primeira vez. — eu falei,
excitado.
— Ah doutor, ele é tão grande, tão grosso, demorou até
eu me acostumar com tudo aquilo. — ele falou, fazendo
questão de virar o rosto de lado pra olhar pra mim. — Meu
cuzinho ardeu muito, mas eu adorei, cheguei a gozar com
ele todo dentro.
— Acho que seus sintomas não são fruto do opus
penetrant, sr. Potter. — eu disse, com malícia. —
Começaram desde a primeira vez que você deu essa
rabinho gostoso. A única forma de manter tudo sobre
controle é sendo comido com bastante frequência.
Eu tirei os dedos de dentro dele, indo até minha maleta e
pegando um objeto que ainda não tinha usado com Harry.
Era uma espécie de plugue anal, mas com um tipo de fio
que permitia que se bombeasse ar, aumentando o tamanho
do plugue.
— Fique de quatro, senhor Potter. — eu ordenei.
Ele atendeu prontamente, como sempre fazia, olhando
pra mim com expectativa e curiosidade. Molhei o plugue
com uma boa quantidade de gel lubrificante e depois
introduzi dentro dele devagar, deixando-o acostumar-se à
borracha macia, movimentando o objeto de tamanho médio
em seu orifício.
Harry deixou escapar um gemido baixo.
— Agora, a parte importante do seu tratamento, sr.
Potter. — eu orientei. — Conforme eu aperto essa
borrachinha, você vai sentir o volume aumentar dentro de
você.
Eu apertei e vi seu corpo responder, surpreendendo-se
com a ligeira mudança no tamanho do plugue, dilatando-o
um pouco mais, aumentando dentro dele. Eu apertei mais
um pouco, inflando o plugue, deixando Harry ainda mais
aberto, ouvindo-o ofegar.
— Oh… isso é… — ele se contorceu, movimentando o
quadril em volta do plugue.
— Como se sente, sr. Potter? — eu perguntei.
— Eu estou… aah… — ele gemeu alto, quando eu apertei
novamente, aumentando ainda mais o plugue. — Ah… estou
tão dilatado… não sei se posso mais…
— Eu gostaria de te deixar ainda mais abertinho. — eu
sussurrei, próximo do seu ouvido, escorregando a mão para
baixo do seu corpo, tocando sua ereção.
— Eu… aaah… — ele estava incoerente, sentindo minha
mão masturba-lo. — Faça… me abra ainda mais…
Eu apertei uma última vez a borracha, bombeando ar,
inflando o plugue. Não era nada de outro mundo e eu sabia
que Harry não estava com uma sensação dolorosa, mas sem
dúvida nunca tínhamos usado nada tão grosso.
— Pronto… você está perfeito… — eu murmurei, rouco,
masturbando seu pau com mais ímpeto, sentindo-o ficar
mais inchado na minha mão. — Agora você vai gozar assim,
todo aberto pra mim.
Continuei a massageá-lo de forma incessante, vendo-o
cada vez mais duro, acariciando sua glande, provocando
seu membro, levando Harry até o clímax. Quando percebi
que ele se aproximava, que sua respiração era ofegante
demais, que seus gemidos aumentavam, eu me aproximei
de suas nádegas, lambendo as bordas de seu orifício,
fazendo-o gritar de prazer e surpresa. Harry gozou na
minha mão, eu pude sentir seu cuzinho na minha língua,
tentando em vão se contrair em volta do plugue que
teimava em deixa-lo completamente aberto.
Quando seu orgasmo cessou, eu imediatamente retirei o
ar, aliviando o volume dentro dele, puxando lentamente o
plugue do seu interior.
— Então, sr. Potter, o tratamento foi eficiente? — eu
perguntei, acariciando sua entradinha ainda dilatada. — Ou
você continua com muita vontade de ser comido?
— Eu continuo com muita vontade, dr. Malfoy. — Harry
falou. — Tem uma coisa que não contei pro senhor.
— O que você me escondeu, sr. Potter? — eu perguntei.
— Eu só fico satisfeito quando meu namorado enche meu
cu de porra. — ele disse.
Puta que pariu. Harry estava safado demais. Há pouco
tempo ele era tão tímido na cama, agora ele me falava um
monte de obscenidades. E eu adorava. Cada vez que ele me
falava esse tipo de coisa, eu sentia meu pênis tão rígido que
parecia ser capaz de rasgar a minha roupa. Harry Potter
sabia muito bem como me enlouquecer.
— Então só existe uma solução pra você. — eu falei,
desabotoando minha calça e abaixando junto com a cueca,
libertando minha dolorida ereção. — Desça da maca e
venha até aqui sr. Potter.
Eu me sentei na cadeira, esperando por ele.
— Vem sentar no meu pau. — eu chamei.
Harry se virou de costas pra mim, e eu pude ver meu
pênis se enterrando pra dentro dele sem dificuldades. Ele
rebolou no meu pau deliciosamente, comigo todo em seu
orifício. Depois começou um movimento de vai e vem
ritmado, subindo e descendo, me fazendo delirar.
Eu gemi junto com ele, ofegando de prazer, meus olhos
fixos em suas nádegas, excitado de olhar pro seu corpo, de
ver meu pau entrar e sair de dentro dele. Algum tempo
depois aguentando aquela deliciosa pressão do seu corpo
no meu pênis eu gozei gostosamente dentro dele,
apertando sua cintura, beijando suas costas, puxando-o pra
baixo, fazendo-o permanecer com meu pênis dentro de si.
Foi preciso alguns minutos para que a gente se
recuperasse.
— E pensar que eu nunca gostei muito de me consultar
com medibruxos. — ele brincou, saindo de cima de mim.
— Não são todos tão gostosos. — eu sorri pra ele,
levantando também, ajeitando minha roupa.
— Tenho certeza que não. — Ele me puxou para um beijo,
ainda nu, demorando-se em meus braços. — E você é o
único que pode me examinar assim.
Eu fechei os braços em torno dele.
— Eu nunca fui tão possessivo na vida. — eu confessei. —
Mas sim, Harry, eu quero ser o único pro resto da sua vida.
Ele ergueu os olhos pra mim, puxando-me para aquela
imensidão verde e brilhante. Eu nunca tinha falado em pra
sempre com tanta clareza, mas com certeza isso já tinha
passado na minha cabeça muitas vezes.
— Quero você assim. Possessivo. — Ele deixou uma trilha
de beijos em meu pescoço. — Quero que você acorde todos
os dias desejando que eu seja somente seu. Que você
reivindique meus beijos, meu corpo, tudo que eu sou só pra
você.
— Isso não assusta você? — eu perguntei.
— Como poderia me assustar? — Harry questionou,
baixinho, em meu ouvido. — Como poderia, Draco, se eu te
amo?
Eu tomei seus lábios para um beijo forte, intenso, o beijo
que se dá e que se exige do homem que ama. As palavras
dele ecoavam na minha mente fazendo tudo clarear, ganhar
forma e sentido. Harry Potter me amava. Essa era a razão
de tudo… era pra isso que eu tinha chegado até aqui.
— Eu te amo, Harry. — eu falei. — Você não tem nem
ideia do quanto.
E eu lembrei daquele momento, anos atrás, quando
Marcus tinha chutado o pote de veneno das minhas mãos.
Ele me dissera que eu ia encontrar o motivo de tudo aquilo.
Algo ia fazer valer a pena todo sofrimento que eu tinha
passado, todas as perdas, tudo o que era ruim. Algo ia fazer
valer a pena a minha força, a minha vontade de reconstruir
a minha vida.
Era o amor de Harry. Era isso que eu tinha esperado a
vida inteira.
Capítulo 28

FAVOR, NÃO DÊ SPOILERS E NEM FAÇA


COMENTÁRIOS INADEQUADOS. SE VOCÊ É
IMATURO PARA LER CENAS BDSM OU CONTEÚDO
SEXUAL DE MANEIRA GERAL, NÃO COMENTE
NESSE CAPÍTULO. SE VOCÊ VER ALGUM
COMENTÁRIO INAPROPRIADO, MARQUE O USER
DRARRYFANFIC21 E ME AJUDE A IDENTIFICAR
PROBLEMAS.
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO BONUS — NARRADO POR MARCUS
VITAVERZA
Depois de uma semana preso no quarto de Neville
Longbottom, eu já estava mais ou menos acostumado com o
dia a dia ali. Neville saía pela manhã para dar aulas e
costumava voltar no meio da tarde. Na hora das refeições
algum elfo doméstico da escola me trazia um prato bem
servido, ordens da diretora McGonagall que sabia da minha
presença ali. Dei graças aos céus por Longbottom ser um
homem grande, de forma que eu pude usar suas roupas.
Claro que haveria desconfiança se houvesse movimentos de
pessoas indo até a minha casa buscar meus pertences.
Os aposentos privativos de Longbottom eram um amplo
cômodo no térreo do castelo, composto por uma
confortável cama de casal, uma mesa redonda de mogno
com quatro cadeiras, uma poltrona bastante confortável,
duas estantes altas com livros e um guarda roupas. Havia
também uma entrada para o banheiro e uma porta que
dava para a sala de aula, por onde eu tinha entrado uma
semana antes.
Algumas plantas da coleção de Neville que, acreditava
eu, não podiam ficar expostas à luz natural ficavam dentro
do quarto. Havia uma porta larga, de correr, que levava a
uma espécie de estufa particular, na qual ele trabalhava às
vezes por horas a fio. Na primeira vez que eu ficara
observando ele levantar vasos pesados, usando uma
camiseta de malha fina para aguentar o calor que fazia
dentro da estufa, eu me peguei admirando seu corpo. Eu
jamais teria imaginado que o trabalho de um professor de
Herbologia seria tão pesado… acho que a professora
Sprout provavelmente usava feitiços ou pedia ajuda de
alguém pra cuidar das estufas da escola.
Longbottom quase não tinha falado comigo, mas aquilo
não me incomodava. O que estava me enlouquecendo era
estar preso ali sem poder fazer nada para proteger Kim,
sabendo que Kinoss estava atrás dele. Eu já não dormia
bem desde de a morte de Giuseppe, mas as coisas vinham
piorando muito, e a sensação de impotência estava me
mantendo completamente desperto a noite.
Um dia, por coincidência, descobri que quando eu me
sentava na enorme e confortável poltrona que havia no
canto dos aposentos de Neville, meu sono vinha com mais
facilidade. Comecei a cochilar ali algumas horas por dia,
quando ele estava dando aulas.
Naquela segunda feira, dormi tão profundamente
durante a tarde que não acordei com o barulho de
Longbottom entrando no quarto. Eu estava exausto de
muitas noites em claro. Quando despertei ele estava
parcialmente debruçado sobre mim, seu corpo estava
suado, e ele exalava um cheiro denso e masculino.
Obviamente estivera trabalhando nas estufas de Hogwarts.
— Eu não me importo que você durma na cama. — ele
falou, não era um tom agravável, apenas prático.
Longbottom era uma pessoal essencialmente prática. Na
primeira noite, achei que ele fosse tentar um outro arranjo,
conjurar alguns cobertores e me fazer dormir no tapete.
Mas ele não tinha frescura, tinha botado um travesseiro do
outro lado da cama pra mim, se virado de bruços e dormido
confortavelmente como se eu nem estivesse lá. Se ele não
se importava de dormir na cama comigo de noite, ia ser a
última pessoa a se importar que eu tirasse um cochilo na
cama dele durante o dia.
— Eu sei. — eu respondi. — Mas não estou conseguindo
dormir. Não sei porque aqui parece que o sono vem mais
fácil.
Ele abriu um raro sorriso. Havia exatamente uma
semana que eu estava ali e até então Longbottom não tinha
me dirigido um único sorrisinho, nem que fosse de
desprezo ou escárnio.
— É a Scrophulariaceae nigrum. — ele falou, acenando
com a cabeça para uma pequena árvore preta, envasada,
posicionada ao lado da poltrona na qual eu estava sentado.
— Ela acalma você.
— A árvore? — eu perguntei, surpreso.
— Sim. — ele respondeu e pareceu irritado de repente. —
Venho tentando convencer o St. Mungus a me deixar usá-la
no caso dos meus pais, mas eles insistem que as
propriedades da Scrophulariaceae nigrum são mitológicas.
— Seu pais? — eu perguntei, como um reflexo.
E então cheguei à conclusão óbvia. Seus pais eram
Franco e Alice Longbottom, tinham sido torturados até a
loucura na primeira guerra contra Voldemort, quando
Neville ainda era um bebê. Claro que eles estariam
internados até hoje no St. Mungus, sob os cuidados dos
Medibruxos especializados. Ele não me respondeu nada,
me deixando concluir sozinho a que ele se referia.
— Preciso de um advogado. — ele suspirou.
— Draco é muito bom. — eu respondi.
Ele franziu a testa, mas não continuou o assunto. Vi que
ele cortava um minúsculo pedaço de uma folha negra da
árvore e o amassava em uma colher, com um pouco de
água.
— Tome, vai se sentir melhor. — Longbottom falou, me
estendendo.
Normalmente não aceitaria, eu não era chegado a poções
e beberagens calmantes. Muito menos uma não aprovada
pelo Conselho de Medibruxaria e recomendada por um
homem com quem eu praticara bullying a infância toda.
Mas eu não estava nada bem. Desde a noite do noivado
de Blaise, eu senti a ameaça nos olhos de Kinoss, parece
que tudo tinha voltado à tona. Eu vinha revivendo a morte
de Giuseppe o tempo todo na minha mente, criando a cena
na minha cabeça, de mil maneiras diferentes. Já era tarde
demais quando eu o alcancei, eu ainda guardava a memória
vívida de seu corpo morto, inerte nos meus braços. Seu
rosto outrora tão lindo desfigurado por aquele projétil.
Eu estava enlouquecendo. Não podia mais aguentar.
Peguei a colher das mãos de Neville Longbottom e engoli
o conteúdo gorduroso e amargo. E fiz o mesmo no dia
seguinte, e no outro. Três dias depois eu sentia que minha
mente tinha se apaziguado um pouco. Eu conseguia ver as
coisas com mais clareza. Meu sono tinha melhorado um
pouco, sobretudo porque Longbottom tinha me permitido
transportar a Scrophulariaceae nigrum para o lado da
cama.
Naquela noite, depois de um jantar silencioso (como
sempre) ao lado de Neville, eu recebi a visita de Blaise e
Draco.
— Blaise! Draco! — eu cumprimentei, quando
Longbottom abriu para que eles entrassem.
Os dois me cumprimentaram e também a Neville, que foi
educado, embora se mantivesse um pouco afastado, talvez
tentando dar a nós o mínimo de privacidade.
— Harry me disse que você queria falar comigo, Neville.
— Draco disse, fazendo com que ele viesse para mais perto
de nós.
— É verdade, espere um minuto. — Longbottom começou
a mexer na estante ao lado da mesa, na qual Draco, Blaise
e eu nos sentamos para poder conversar.
Em menos de um minuto ele já estava se sentando na
cadeira entre eu e Blaise, de frente pra Draco,
escorregando um grosso envelope pela mesa.
— Preciso de um advogado. — ele disse a frase que tinha
dito a mim três dias antes. — Vitaverza disse que você é
muito bom.
Draco olhou de mim pra Longbottom como se imaginasse
que assunto tinha surgido entre nós dois para que eu lhe
indicasse um advogado.
— Posso saber do que se trata? — Draco perguntou, com
cuidado. — Ou você prefere conversar em uma outra
ocasião? Pergunto porque tem áreas do Direito Mágico que
eu tenho mais conhecimento do que outras, dependendo do
processo, talvez seja mais vantajoso que eu te indique outro
advogado do escritório.
— Se você achar que não é sua área, tudo bem, mas
antes de mais nada quero que saiba que há uma razão para
eu querer que seja você a defender esse caso. —
Longbottom falou, e então fez uma pausa para encarar o
envelope. — Isso é… é sobre os meus pais. Eu quero
interferir no tratamento e o St. Mungus não está
autorizando.
Um lampejo de dor que eu não via a algum tempo nos
olhos de Draco apareceu. Era uma dor muito específica, dor
da guerra, dor de quem viu matar, de quem viu morrer, de
quem viu torturar.
— Tia Bella. — Draco falou, a voz quase inaudível, um
arrepio percorrendo seu corpo.
Depois de Voldemort, eu sabia que ninguém mais tinha
apavorado mais Draco do que Bellatrix Lestrange, a irmã
de sua mãe. O rosto de Neville se contorceu em um sorriso
horrível, quase grotesco.
— Sim. Tia Bella. — ele falou.
— Achei que isso fosse ser um motivo para você me
querer o mais longe possível do caso. — Draco disse, com
sinceridade.
— Você não é sua família. — Neville levantou os olhos
para encara-lo. — Você reescreveu a História. Não fez o
que eles esperavam que fizessem. Não se tornou o que eles
esperavam que se tornasse. Achei que devia a você a
chance de me ajudar a trazer meus pais de volta.
Draco o encarou por quase um minuto inteiro.
— Vou vencer esse processo, Neville. — ele disse, com
firmeza. — É uma questão de honra pra mim.
Neville sorriu um dos seu raros sorrisos reais.
— Estou contando com isso. — ele respondeu. — Agora…
querem que eu saia para poder conversarem melhor?
— Eu não me importo que fique. — eu me apressei a
responder, talvez tenha dito até rápido demais. — O quarto
é seu afinal.
Na verdade, eu queria que ele ouvisse o que eu ia dizer a
Draco e Blaise. Eu sabia que Longbottom tinha uma
péssima opinião de mim. Ele me achava covarde, agressivo
e um possível traidor. Eu não sabia porque aquilo
importava, mas de repente descobri que fazia diferença,
sim, o que Neville Longbottom pensava ao meu respeito.
— Tudo bem pra mim, Neville. — Draco sorriu. — Como
Marcus disse, nós é que estamos incomodando.
— Não há nada a esconder. — Blaise riu também.
Vi que Blaise me olhou rapidamente antes de responder.
Talvez achasse que eu tinha pedido para Longbottom ficar
para que ele não pensasse que estávamos discutindo um
plano de fuga secreto ou algo assim. Mas isso nem tinha
passado pela minha cabeça.
— Como está tudo? — eu perguntei. — O plano já tem
previsão pra acontecer?
— Parece que a viagem de Kinoss para a França vai
ocorrer até o final do mês. — Draco contou. — Descobrimos
que ele tem muitos negócios lá que precisam ser fechados
nesse prazo.
Por “descobrimos” ele provavelmente estava querendo
dizer Jorge Weasley, cuja função nos planos da Ordem era
acompanhar os movimentos de Kinoss e descobrir quando
ele viajaria para a França. Ele estava evitando dizer o nome
de Jorge, provavelmente porque não queria me chatear. Eu
via o jeito que Jorge Weasley olhava para Kim e o chamava
de docinho, só se fosse cego para não perceber que o
desejava. Depois, na minha última noite livre, tinha sido ele
quem sumira levando Kim.
— Os aurores estão nos fazendo perguntas sobre o seu
desaparecimento. — Blaise comentou. — Tanto eu quanto
Draco dissemos acreditar que você está tratando de
negócios na Itália.
— Como você está, Marcus? — Draco perguntou, tocando
meu braço, o rosto preocupado.
— Melhor. — eu disse, tentando corajosamente sorrir
mesmo na situação na qual eu me encontrava. —
Longbottom me deu um remédio.
Blaise e Draco imediatamente encararam Neville, com
expressões de dúvida.
— Sei o que estou fazendo, é uma planta que quero usar
no tratamento de meus pais. — ele falou. — Estou dando
uma dose mínima, ele não está dopado.
— Está me ajudando a pensar com mais clareza. — eu
confessei, e então me virei para os meus amigos. — E por
isso, tem algo que preciso dizer a vocês dois.
Os dois esperaram, me olhando.
— Mesmo que os outros não acreditem, eu preciso que
vocês dois saibam que eu não… eu não seria capaz… eu
nunca destruiria o plano contra os Purificadores. Eu jamais
contaria a ninguém, com ou sem feitiço Fidelius. Eu não
arriscaria a vida das pessoas da Ordem dessa maneira.
Além disso, os Purificadores do Sangue matam gente todos
os dias, trouxas e nascidos trouxas, como Giuseppe e Kim.
— eu falei, torcendo para que eles acreditassem em mim. —
Eu nunca poderia… Mesmo que eu tivesse escondido Kim,
mantido ele comigo como eu pretendia, ainda assim eu
entregaria a poção à Ordem conforme eu prometi. Naquele
dia falei que não ajudaria… mas foi da boca pra fora. É
claro que eu faria o possível para deter Kinoss e os
Purificadores… eu jamais correria atrás de uma vingança
sem sentido contra Harry ou quem quer que fosse… vocês
estão lutando pelas mesmas coisas que eu.
Blaise tocou meu braço com a mão, apertando,
demonstrando apoio.
— Nós sabemos, Marcus. — ele disse. — É claro que nós
sabemos.
— Eu acredito em você, Marcus, e fico feliz que esteja
conseguindo expressar tudo isso. — Draco falou, em um
tom animado. — Se eu disser isso a Harry ele pode
conversar com o restante da Ordem, para que você fique
livre…
— Não acho boa ideia. — Blaise discordou. — Me lembro
muito bem do dia em que Harry reuniu a Ordem da Fênix
para contar por alto o que tinha acontecido entre Kim e
Marcus e a forma como pareceu que Marcus podia colocar
tudo a perder. O apoio a decisão de prendê-lo em Hogwarts
até o final do plano foi unânime. A Ordem pode estar cheia
de bruxos da confiança de Harry, competentes, bons e
dispostos a lutar contra as trevas; mas eles sabem do
passado que temos e não confiam em nós. Não se esqueça
de tudo o que você ouviu no Quartel General dos Aurores,
Draco…
— Mas, Harry… — Draco ia começar um discurso inflado,
de confiança no seu namorado.
— Se me permitem um comentário, Zabini está certo. —
Longbottom comentou, virando-se pra mim. — Se algo der
errado neste plano depois de Harry ter convencido a
Ordem a votar para te libertar, a culpa vai recair sobre
você. A verdade é que nenhum de nós te conhece
realmente, não temos qualquer razão para confiar em você.
Os membros da Ordem que já tiveram alguma convivência
com você são os que estudaram conosco em Hogwarts, e
esses não guardam memórias muito positivas.
— É melhor que eu fique. — eu concordei.
Descobri que não era só a opinião de Longbottom que
importava. Eu queria poder sair dali com alguma
dignidade. Queria poder dizer que eu nunca teria traído a
Ordem. Não valia apena ir embora agora e correr o risco de
gerar mais desconfiança a meu respeito.
— Não será por muito tempo. — disse Draco, parecendo
pensar bem em tudo que Neville tinha dito.
— E Kim, como está? — eu fiz a pergunta que vinha
querendo fazer desde o início.
— Kim está bem, está em segurança. — Blaise garantiu,
como se já esperasse aquela pergunta e tivesse uma
resposta pronta. — A Ordem tem gente protegendo ele dia
e noite, onde quer que ele vá.
Eu assenti com a cabeça, respirando fundo. Ele estava
vivo. Não estava morto. Estava vivo. Não estava sangrando
com um tiro na cabeça igual a Giuseppe. Estava vivo.
— Ele parece… feliz? — eu quis saber.
— Superando. — Draco respondeu, tornando-se severo
de repente. — Você não fez nada bem a ele. Vou ter que te
pedir para não atormentá-lo quando sair daqui.
— Eu não sou um monstro. — era horrível ter que dizer
aquilo a alguém que me conhecia tão bem como Draco, mas
depois de todo o meu comportamento com Kim, era natural
que ele estivesse pensando daquela maneira. — Se ele
realmente não me quiser mais, não vou estuprar o garoto.
— Não foi o que pareceu. — Draco acusou.
— Também não precisa falar assim… — Blaise disse a
Draco, tentando acalmar os ânimos.
— Não, está tudo bem. Eu mereci isso. — eu admiti. —
Acho que a única coisa que posso dizer em minha defesa é
que eu não queria outra morte nas costas.
A expressão de Draco se suavizou um pouco.
— A morte de Giuseppe não foi culpa sua. — ele falou.
— Claro que foi. — eu encarei a mesa, sem conseguir
olhar pra mais ninguém. — Se ele fosse só mais um trouxa
italiano, passeando pelo Palazzo Davanzati, ainda estaria
vivo.
— Não é o medo de Kim morrer que te deixou tão
enlouquecido. Você não gosta tanto de Kim assim. — Blaise
virou-se pra mim, os olhos inteligentes me analisando. — O
que te fez perder a cabeça foi o medo de perder Giuseppe
pela segunda vez.
— Do que você está falando, Blaise? — Draco perguntou.
— Você engana Draco, mas não a mim. Desde que
Giuseppe morreu você não se envolveu seriamente com
homem nenhum, o primeiro que você esteve disposto a ter
um compromisso foi Kim. E não é porque você está
apaixonado por Kim, mas porque ele se parece com
Giuseppe. — Blaise falou, dizendo nada mais do que a mais
pura verdade sobre mim. — Venho notando isso
praticamente desde o início. Tirando a cor do cabelo, eles
são muito parecidos fisicamente. Mas vai além disso. São
dois rapazes jovens, de família pobre, com sonho de fazer
faculdade para cuidar de pessoas que estão doentes. Kim e
Giuseppe são meigos, gentis, tratam a todos com
humanidade e detestam injustiças.
— Acho que em parte isso é normal… Pelo menos sobre a
parte física e a questão da personalidade, é o tipo de garoto
que Marcus gosta. — Draco tentava me arranjar desculpas,
gaguejando um pouco. — O resto são coincidências…
— Não são coincidências. A camisa que ele fez Kim usar
no meu noivado, eu me lembrei dela imediatamente.
Giuseppe a usou em uma das nossas últimas noites na
Itália. Marcus guardou as roupas do ex namorado morto e
deu a Kim, para que ele vestisse… claro que Kim não sabe
disso. — Blaise continuou sem piedade. — É por isso que
ele enlouqueceu. Pra ele é como se Giuseppe tivesse
ressuscitado no corpo de Kim.
Eu fiz mesmo aquilo. Dei a Kim aquelas roupas para
sentir o cheiro do meu Giuseppe em um corpo que
estivesse vivo. Fechei os olhos e abracei o corpo magro de
Kim, tão semelhante ao de Giuseppe, ignorando a coloração
avermelhada dos seus cabelos, fingindo que tinha meu
amor ali de novo comigo. Eu era um doente.
— É verdade. — eu confessei. — Eu realmente fiz isso.
— Marcus isso é… é errado em tantos níveis. — Draco
disse, em voz baixa. — Não só com Kim, mas com você
mesmo. Você precisa superar, aprender a viver de novo,
sem Giuseppe e sem um substituto pra ele.
— Se Kim ainda me quiser… — eu comecei.
Eu tinha esperanças. Se eu pudesse manter Kim, poderia
manter Giuseppe.
— Ele não quer. — Blaise cortou. — Eu o vi. Ele está
melhor sem você. Pode ser duro de ouvir, mas é a verdade.
Ele está mais feliz, mais confiante, como se tivesse
recuperado as forças.
— Quando eu disse a ele que Harry e Neville tinham
tomado a decisão de te manter preso em Hogwarts, ele
ficou aliviado Marcus. — Draco fez questão de dizer. — A
última pessoa que ele quer ter por perto é você.
Blaise e Draco estavam fazendo questão de deixar aquilo
bem claro.
— Não estamos dizendo isso pra chatear você. — Blaise
falou. — Draco e eu queremos o seu bem.
— Eu sei. — eu assenti.
Se aquela era a verdade, eu preferia saber. Era eu quem
tinha estragado tudo com Kim. E Kim era um cara muito
legal, merecia coisa melhor do que alguém que só o queria
porque ele lhe fazia lembrar o ex namorado morto.
— Você me ajudou no momento que eu mais precisei. Me
ofereceu abrigo na Itália quando eu não tinha outra
alternativa. Protegeu a mim e a minha mãe. — Blaise
continuou. — Eu estou do seu lado, Marcus.
— Assim como eu. — Draco falou. — Você salvou minha
vida… sempre serei grato.
Blaise e eu nos viramos pra ele, surpresos. Draco nos
tinha agradecido por muitas coisas. Por termos voltado pra
Inglaterra por ele, por termos tirado ele da Mansão, por
termos ajudado ele a enterrar seus pais, a se livrar de
Azkaban, a reaver seus bens, a se reerguer após a guerra.
Mas nunca, nunca tinha me agradecido por ter impedido
que ele bebesse veneno no dia em que eu e Blaise o
encontramos destruído pela guerra. Draco Malfoy de certa
forma achava que podia ter colocado fim a muito
sofrimento se sua vida tivesse terminado ali.
— Você nunca me agradeceu por isso. — eu olhei pra ele.
— O que mudou?
— Harry. — ele sorriu. — Harry disse que me ama. Eu só
pude ouvir porque você me impediu naquele dia, Marcus.
Você é um bom homem, um bom amigo. Se você não está
bem… não vamos desistir de você.
— De jeito nenhum. — Blaise prometeu.
Conversamos um pouco mais, sobre assuntos mais
supérfluos, de forma que até Longbottom fez um
comentário ou outro. Depois, Blaise e Draco se despediram
de nós e foram embora.
Mais tarde, naquela noite, eu me deitei cansado, ao lado
de Longbottom, como já era de costume, vestindo um short
preto largo que ele tinha me emprestado. Adormeci rápido,
mergulhando em um sono profundo e sem sonhos. Lá para
o meio da madrugada, quase de manhã, no entanto, minha
mente possuiu-se de um horrendo pesadelo.
O rosto de Kinoss estava em todo lugar, rasgando
Giuseppe, seu corpo, seu rosto, cada parte sua que eu
amava. Seu grito preenchia meus ouvidos junto com a
risada rouca e cruel de Kinoss, que me avisava que cada
homem que eu tocasse, cada pobre coitado, sofreria com a
mesma maldição.
Eu me debatia, suava frio, sentia que lágrimas escorriam
pelo meu rosto e eu gritava por ajuda. Alguém precisava
salvar Giuseppe, salvar Kim, salvar cada um desses
garotos, pobres garotos. Eles não tinham nada a ver com
isso. A culpa era minha. Minha. Era eu quem tinha
arrumado briga com Kinoss.
E então senti mãos me segurando, um corpo pesado por
cima do meu, me contendo, prendendo meus braços do lado
do corpo. Quando despertei, vi que estava na cama,
encarando Neville Longbottom, que forçava-se pra cima de
mim, me contendo.
— Foi um pesadelo. — ele me contou, tentando me trazer
para o momento presente. — Tive que te segurar, você se
estava se debatendo tanto que achei que fosse bater a
cabeça.
— Certo. — eu concordei. — Obrigado.
Sem dúvida, tinha sido melhor. Naquela circunstância,
qualquer coisa que ele fizesse para me acordar, para me
tirar daquele abismo, seria bom. Se a ideia dele tinha sido
prender meus braços e jogar seu enorme corpo em cima de
mim, eu não iria reclamar.
— Quer um pouco mais de Scrophulariaceae nigrum? —
ele perguntou.
— Sim, por favor. — eu pedi.
Ele se levantou, para cortar um pedacinho da planta pra
mim, me dando uma dose um pouquinho maior do que a
usual. Senti os efeitos quase que imediatos se espalharem
pelo meu corpo, diminuindo minha taquicardia.
— Essa planta é realmente boa. — eu comentei.
— Venho me dedicando a estuda-la desde o final da
guerra. — ele contou, sentando-se ao meu lado na cama. —
Ela tranquiliza, diminui a frequência cardíaca, libera
substâncias no organismo que previnem crises de pânico e
ansiedade. Seus efeitos mágicos fazem com que a pessoa
fique mais concentrada, que consiga pensar para além da
dor, tomar decisões de forma mais calma e racional. Pode
ajudar meus pais a recuperar a sanidade, ao menos
parcialmente.
— Porque os Medibruxos são tão contrários? — eu
perguntei, confuso.
— O Conselho de Medibruxos são um bando de velhos
orgulhosos, nunca aceitaram nenhuma das minhas
pesquisas porque eu não tenho NOM e muito NIEM em
poções. Pra eles eu sou só um herbologista que tenho que
me concentrar em eliminar pragas e adubar plantas. Me
disseram para deixar a criação de novos medicamentos
para quem entende disso. — ele falou, com raiva.
— Você nunca pensou em tirar seus pais do hospital? —
eu perguntei.
— Se eu assinar um termo dizendo que me
responsabilizo por eles e que quero trata-los em casa, eu
posso fazer como eu quiser. Mas eu nem mesmo tenho uma
residência fixa, eu vivo em Hogwarts. Mesmo que eu
comprasse uma casa, eles ficariam em um ambiente
completamente estranho, eles estão acostumados com o
Hospital, estão lá há mais de 20 anos. — ele explicou. —
Meus pais tem atendimento diário de Medibruxos,
Magicoterapeutas, curandeiros, voluntários, grupos de
apoio, além de outras poções e feitiços de cura que também
os ajudam e que eu não teria como ter acesso. Eu não
tenho tantos recursos financeiros que me permitiriam
contratar uma equipe para oferecer isso a eles fora do St.
Mungus.
— É claro, eu entendo. — eu disse, colocando a mão
sobre a dele, antes que pudesse perceber que o fazia. — As
coisas vão se resolver… Logo a Scrophulariaceae nigrum
vai ajudar seus pais… como está me ajudando.
Ele encarou minha mão por alguns segundos e eu a
retirei. Olhei para um ponto fixo na parede pensando no
ponto que eu tinha chegado, precisar de ajuda de uma
planta mágica pra curar a minha loucura.
— O que foi? — ele perguntou.
— Nada, só estava pensando. — eu falei, em voz baixa. —
Seus pais precisam da Scrophulariaceae nigrum, o que é
justificável, eles sofreram com uma maldição horrível. Mas
eu não fui atingido por feitiço nenhum. E mesmo assim
terminei desse jeito, acordando suado no meio da noite,
assustado como se fosse um garotinho, implorando por uma
dose de calmante.
Ele fitou meu rosto por alguns segundos, seus olhos me
analisando, parecendo me enxergar até a alma.
— A dor de perder alguém pode ser tão destruidora
quanto uma Cruciatus, ou até mais. — ele falou, com
sinceridade. — Mas seus amigos tem razão. Nada vai ficar
melhor enquanto você não parar de procurar o menino que
morreu nos que estão vivos.
— Cada homem que eu toco, sinto o mesmo pânico. — eu
confessei. — Não consigo me livrar disso.
— Viver com sequelas emocionais, traumas por ter
perdido filhos, pais, companheiros, amigos… isso é mais
comum do que você pensa. Essa guerra fez muitos mortos.
Você não é o único que se sente assim. — ele falou. —
Muitas pessoas se consultam com os magicoterapeutas do
St. Mungus.
Eu sabia pouco sobre os Magicoterapeutas. Era uma
tendência recente no mundo bruxo, mais própria da cultura
trouxa, que tinha como costume falar dos problemas
emocionais com um profissional chamado psicólogo ou
psicoterapeuta. No mundo mágico, muitos estudiosos
trouxas foram incorporados na área da Magicoterapia, o
que foi considerado uma grande inovação, porque os
bruxos tinham o secular mau hábito de ignorar o
conhecimento trouxa.
— Você está sugerindo que eu preciso de um
Magicoterapeuta? — eu perguntei, talvez um pouco mais
incomodado com aquilo do que eu gostaria de aparentar.
— Mal não ia fazer. — ele disse, prático. — Eu mesmo
tenho um.
— Você tem? — meu queixo caiu.
Ele não tinha cara nenhuma de que se sentava em uma
poltrona para falar dos problemas.
— Tenho. — ele deu de ombros. — Por que? Está tão
abaixo de você pedir ajuda?
E de repente olhei pra ele. Neville Longbottom me
encarava, sério. Não tinha absolutamente nada me atraía
em um homem. Eu gostava de rapazes mais magros, de
baixa estatura, e traços delicados; Longbottom era imenso,
um brutamontes, o rosto quadrado demais, traços fortes,
másculos demais. Se eu procurava homens de jeito afável,
doce, sonhador… e ele era prático demais, duro demais,
sempre tão na dele, falava só o necessário. Se parecia até
comigo nesses aspectos e em outros tantos não. Ele era
mais corajoso, sabia o que queria, de onde vinha e pra onde
estava indo.
Apesar de tudo aquilo. Ou por causa de tudo aquilo, eu
não saberia dizer, eu o queria. Eu tinha o observado em sua
estufa privativa vezes demais para negar. Tinha gostado
demais do peso do corpo dele sobre o meu pra dizer que
não. Então ao invés de responder a pergunta dele, eu
incoerentemente o beijei.
Provei com urgência o gosto dos seus lábios, sugando-os,
até que Longbottom tivesse tempo de se recuperar e
empurrar meu peito com a mão espalmada, afastando-me
dele.
— Eu não sou gay. — foram as palavras que saíram de
seus lábios.
Surpreendentemente, aquilo me fez soltar uma risada
baixa. Seus olhos estavam firmes nos meus, eu via a brasa
ali, pronta para fazê-lo entrar em combustão.
— Tudo bem. — eu respondi, me aproximando dele. —
Mas então porque está me olhando assim?
E ele avançou. Me beijou com a mesma urgência que eu
o tinha beijado, demonstrando que desejava o mesmo que
eu. Senti sua barba por fazer roçar no meu rosto enquanto
eu explorava a boca dele com a língua, nós dois
mergulhando num beijo profundo, ambos pareciam buscar
cada vez mais e ninguém queria recuar.
Minhas mãos exploravam seu corpo, tocando seu peito
forte sem pudor nenhum, e ele reivindicava o direito de
fazer o mesmo comigo, apertando meu corpo, me
descobrindo, num frenesi louco de excitação. Há anos eu
não ficava com ninguém daquela maneira, sem ter controle
nenhum sobre as ações da pessoa, só me deixando levar
pelo desejo, só sentindo e deixando o que ele sentisse
também.
Desci a mão pro seu short, retirando-o rapidamente,
expondo seu corpo nu, maravilhoso, bem torneado. Neville
Longbottom era um homem lindo. Toquei seu pênis rígido,
grosso, sabendo como manipula-lo para deixa-lo ainda mais
excitado.
Ele beijou meu pescoço com volúpia, chupando-me,
marcando-me, para então dizer com a voz rouca:
— Eu não sou submisso, não sou delicado. Tem certeza
que quer continuar com isso?
Não era uma pergunta gentil, era um aviso. Mas eu já
tinha passado há muito tempo do ponto de voltar atrás. Eu
sentia meu corpo como um mar de libido, ondulando
incontrolável.
— Se eu prometer que dou pra você depois… você me
deixa te comer? — eu tentei negociar.
Longbottom se afastou um pouco para medir minhas
palavras.
— Por que você primeiro? — ele questionou, desconfiado.
— Porque já comi outros caras antes. — expliquei — Sei
como fazer ser… mais fácil.
— Se você estiver mentindo… — Longbottom estreitou os
olhos. — Vitaverza eu juro que…
— Como eu posso estar inventando? — eu perguntei,
incrédulo. — Então eu minto, e depois faço o que? Passo as
próximas semanas acordado evitando que você enfie sua
Mimbulus Mimbletonia no meu rabo?
Ele deu uma risada baixa e eu aproveitei que ele estava
parecendo desarmado, e avancei pra ele, beijando seu
ombro, seu pescoço, sugando-o com força e intimidade, da
mesma força como ele tinha feito comigo. Quando cheguei
próximo ao seu ouvido, mordi o lóbulo da sua orelha
devagar, encostando meus lábios ali.
— Não estou mentindo. — eu esclareci. — Estou fazendo
a você uma proposta que nunca fiz a nenhum outro.
Ele se virou de costas pra mim, apoiando as mãos na
parede. Aquele era o máximo de resposta que Longbottom
me daria.
— Preciso que pegue a varinha. — eu disse, encostando
meu corpo no dele.
Eu ainda estava de short, mas certamente ele podia
sentir minha ereção através da malha fina.
— Pra que…? — ele perguntou.
— Preciso que faça dois feitiços. — eu respondi.
Ele alcançou a varinha na mesinha de cabeceira e voltou
a posição que estava anteriormente. Eu voltei a me
encostar nele, passando a mão displicentemente pelo seu
corpo, tocando os músculos do seu peito, sua barriga.
— Você vai fazer os feitiços em você mesmo, e mais tarde
vai fazê-los em mim, porque estou sem varinha. — eu falei,
atrás dele, os lábios próximos do seu ouvido. — Primeiro
aponte pra si próprio e diga Corpus Purgatio.
Ele o fez, sentindo imediatamente os efeitos do feitiço em
si próprio, e portanto compreendendo pra que servia o
feitiço de limpeza. O segundo era o feitiço de lubrificação,
eu também disse a ele em voz alta o feitiço e ele o fez,
sentindo os efeitos imediatos em seu próprio corpo.
Eu desci a mão esquerda para o seu membro, segurando-
o habilmente, masturbando-o devagar, sentindo-o inchar
sob meu toque. Ao mesmo tempo, escorreguei um dedo por
entre suas nádegas firmes, introduzindo-o em sua entrada
apertada. Movimentei o dedo abrindo espaço, buscando
alargar seu canal.
Quando o invadi com o segundo dedo, Longbottom
separou mais as pernas e abaixou-se um pouco mais,
entendendo que era necessário facilitar pra mim e me dar
mais espaço. Eu continuei a prepara-lo, dedicando-me a
expandir seu orifício estreito, penetrando-o com três dedos.
— Vá de uma vez, Vitaverza. — eu o ouvi trincar os
dentes.
Aquilo não precisava ser dito duas vezes. Eu o queria
com sofreguidão. Tirei o short em meio segundo e arremeti
pra dentro dele em uma única estocada, até me encontrar
enterrado todo dentro do seu corpo.
— Desgraçado. — ele grunhiu.
— Foi você quem quis assim. — eu disse. — Agora não
reclame.
Eu fiquei parado dentro dele por quase um minuto
inteiro. Sabia que não seria Neville Longbottom a me dizer
que estava com dor e me pedir para esperar um pouco. Se
eu perguntasse a ele, era capaz até de se ofender comigo.
Então eu só parei, e deixei todo meu desejo guiar meus
movimentos.
Deixei meus lábios marcarem suas costas, beijando-o,
lambendo-o, mordendo-o, fazendo-o meu por aquele breve
momento. Minhas mãos apertavam-no, faziam seu corpo
arrepiar, tocavam onde eu sabia que o excitaria. Eu voltei a
manipular gostosamente seu membro, que tinha baixado
um pouco pela dor da penetração, fazendo com que ele
novamente se projetasse pra cima escandalosamente duro.
Quando parei de masturba-lo, passei os braços em volta
do seu corpo, puxando-o pra mim, começando a me
movimentar dentro dele, permitindo-me penetrar aquele
orifício tão apertado que se abria pra mim, enquanto
Neville ofegava baixo, segurando-se para não emitir
nenhum ruído.
Eu estava excitado demais, o corpo dele era delicioso, eu
queria me perder ali, alcançar todo meu prazer dentro
dele. Eu já arremetia pra dentro dele com necessidade,
num sexo gostoso, exigente e forte, quando percebi que ele
tinha descido a mão pro próprio pênis e se masturbava com
violência. Eu tinha parado de tocá-lo, porque sabia que ele
queria me comer depois, então achei que não queria gozar
ainda.
Mas pelo jeito ele queria. Meus movimentos dentro dele
estavam o levando a algum lugar. Suas mãos em si próprio
eram ágeis e, antes que eu pudesse alcançar seu membro
para ajuda-lo, senti que ele atingia o orgasmo, seu canal se
contraindo em mim, apertando meu pênis, me levando a
gozar junto com ele.
Quando eu saí de dentro de Neville e ele se virou de
frente pra mim, eu perguntei:
— Você quer esperar um pouco pra se recuperar?
Mas pelo jeito a pergunta o ofendeu, porque ele me
empurrou na cama de barriga pra cima, pressionando seu
corpo sobre o meu, fazendo-me sentir seu pau ainda
completamente duro, me mostrando que ele ainda
aguentaria muito mais. Sua mão direita foi de encontro a
minha boca, tapando-a.
— Você fica tão melhor calado, Vitaverza. — ele sorriu,
com malícia.
Ele tinha acabado de se masturbar e sua mão estava
melada de porra. Eu abri a boca, surpreendendo, sugando
quatro de seus dedos um a um, sorvendo seu gosto de
macho.
Aquilo tinha visivelmente deixado ele excitado. Ele tocou
meu pau, massageando-o, me deixando duro de novo. Fez
em mim os feitiços que eu tinha ensinado, e eu respirei
fundo, tentando lidar com a estranha sensação de sentir em
mim mesmo aquelas magias que para mim era tão comum
fazer em outras pessoas.
Eu ergui as pernas para que ele pudesse me tocar e ele
me penetrou com os dedos, um a um, da mesma forma que
eu havia feito com ele. Tornando-me lentamente mais
dilatado, mais largo e pronto para recebe-lo. Quando ele
me tomou, e eu senti seu pênis grosso invadindo-me,
possuindo meu corpo, não senti como se fosse um
sacrifício. Não senti como se fosse uma barganha, algo que
dei apenas para conseguir conquistar o privilégio de tê-lo.
Eu o quis. O quis quando a dor parecia lacerar-me por
dentro. O quis quando a dor abrandou, e abriu espaço pra
satisfação. O quis quando ele esperou, o quis quando ele
dispôs de mim com lentidão, e quando me comeu com
veemência, num furor indomável. Eu o quis quando ele me
tocou, me fazendo gozar pela segunda vez, desejando que
eu sentisse o que ele tinha sentido antes. O quis quando ele
se derramou pra dentro de mim, beijando a minha boca,
ofegante, desejoso de mim.
E o quis até mesmo quando tudo acabou, e ele se retirou
do meu corpo, deitando-se ao meu lado.
— Você sentiu pânico, Marcus, de me tocar? — ele
perguntou, lembrando-se do que eu tinha dito um pouco
antes de começarmos com aquilo.
Deixei um sorriso tomar meus lábios.
Aquele era o homem que tinha participado da Armada de
Dumbledore e lutado contra Comensais da Morte aos
quinze anos. Era o homem que tinha ido para Hogwarts sob
o domínio de Voldemort, tido aula com comensais, se
recusado a obedecer, sido torturado e liderado a resistência
em Hogwarts. Era o homem que tinha matado a cobra do
Lorde das Trevas com uma espada. O homem que tinha
permanecido de pé, lutando, mesmo quando muitos de seus
companheiros e amigos já tinham caído na última batalha.
— Você não vai morrer, Neville Longbottom. — eu falei,
fechando os olhos, sentindo o sono vir novamente. — Estou
bem certo disso.
Capítulo 29

CAPÍTULO 29
NARRADO POR HARRY POTTER
Era sábado à tarde. Eu e Draco estávamos na sala de
estar da Mansão. Eu tinha um livro no colo, mas estava
mais interessado em vê-lo trabalhar. Draco estava muito
ocupado analisando uma extensa papelada, visto que na
semana seguinte ele teria a primeira audiência judicial do
caso dos pais de Neville e, também, o julgamento final do
caso do divórcio e condenação de Richard Mehothewn.
Richard Mehothewn estava preso desde que tinha
atacado Draco na Floreios e Borrões, mas mesmo de dentro
de Azkaban tinha subornado muita gente, entrado com
vários recursos, contratado os melhores advogados e feito
com que o caso se estendesse por várias semanas. Draco
estava lutando com unhas e dentes. Aquela semana, Draco
estava certo de que colocaria um ponto final naquela
história, libertaria Katherine (a ex esposa de Mehothewn)
das garras daquele desgraçado, e manteria Mehothewn em
Azkaban ao menos por mais alguns anos.
Eu estava prevendo, no entanto, que Richard Mehothewn
não se deixaria vencer tão facilmente assim. E como um
aviso do destino, no momento em que tive esse
pensamento, um dos Elfos Domésticos da Mansão entrou
na sala, nos avisando que tínhamos visitas: o chefe da
seção de Aurores e um outro auror.
Eu me levantei, olhando pra Draco, que ergueu-se
também, vindo para junto de mim.
— Pode deixá-los entrar, Prim. — Draco falou, tranquilo.
Ele parecia decidido a não se incomodar. Eu vi Kingsley
Shacklebolt cruzar a porta, seu semblante sério usual, suas
costumeiras vestes roxas, e assim como Draco, não me
abalei. Mas atrás de Kingsley, não era quem eu esperava.
Era Philip quem tinha vindo com ele. Eu ofeguei baixo.
Draco apertou a minha mão e ouvi ele trincar o maxilar,
demonstrando que sabia quem tinha acabado de entrar em
sua casa.
Draco deu um passo na minha frente.
— Kingsley Shacklebolt! — Ele cumprimentou, numa
cordialidade fria e sonserina que eu raramente o via usar.
— No que posso ajudar os aurores hoje?
— Preciso falar com vocês. — Kingsley olhou diretamente
pra mim. — É urgente.
Draco se movimentou oferecendo um lugar pros aurores
nas poltronas, enquanto ele mesmo se sentou ao meu lado
no sofá, mais junto de mim do que seria indicado em uma
conversa como aquela, com pessoas com quem não
tínhamos intimidade, e cujo assunto provavelmente seria os
conflitos na França e os Purificadores do Sangue. Mas
Draco estava fazendo aquilo por causa da presença de
Philip, ele estava com ciúmes e eu entendia.
Philip por sua vez, permanecia em silêncio, observando a
mim e a Draco com atenção.
— Eu vim lhes dar um aviso. — Kingsley disse. — Richard
Mehothewn fugiu de Azkaban.
— O que? — A voz de Draco subiu duas oitavas. — Isso é
impossível…
— Claro que é. Se ele saiu é porque alguém o tirou de lá.
— eu falei, com raiva. — Depois da guerra tomamos todas
as providências para impossibilitar fugas.
— Ele certamente pagou alguém para tirá-lo de lá. Mas
não podemos provar, por enquanto. — Kingsley respondeu.
— O que sabemos é que ele está na foragido na França.
Escondido com os Purificadores.
— Maldito. — Draco praguejou. — Certamente de lá vai
dispor de todos os meios pra acabar com esse julgamento.
Inclusive matar Katherine e a mim.
— Acreditamos que você e a esposa sejam os principais
alvos dele, e é por isso que vim até aqui. O Chefe do
Departamento de Execução das Leis da Magia queria que
eu deixasse o assunto em segredo, ele não quer
desacreditar o Ministério, todos acreditam que Azkaban é
segura. — Kingsley disse a Draco. — Mas eu não podia
deixa-lo a mercê de Mehothewn, completamente
desavisado. Ainda mais agora que sabemos que Mehothewn
faz parte dessa seita pavorosa.
— Achei que você não se importasse se Draco vive ou
morre. — eu falei, com severidade.
Kingsley sustentou o meu olhar, com firmeza, e algo em
seu rosto me lembrou o homem que eu conheci anos atrás.
— Eu agi mal, Harry. — ele admitiu. — Espero que um
dia você possa me perdoar por isso. Estou tão desesperado
pra acabar com os Purificadores, que acabei me
esquecendo do porquê estamos lutando.
— Pelo menos você está tentando fazer alguma coisa,
Kingsley. — Philip veio em defesa do seu chefe. — Todos
nós estamos. Enquanto Harry deixou os aurores e resolveu
se esconder com o namorado na Mansão Malfoy.
— Não estamos nos escondendo. — Draco respondeu,
seco.
— Eu reabri a Ordem da Fênix. — eu disse.
Kingsley Shacklebolt abriu um sorriso de puro orgulho.
— Você abriu? Eu sabia que não ficaria parado! Sabia
que os combateria! — seu tom era animado, confiante. —
Vamos deixar aquela briga pra trás, Harry. Deixe-me ajuda-
lo. Coloco os aurores à disposição, vamos nos unir.
Eu não podia negar aquela ajuda. Os aurores eram uma
equipe treinada para combater bruxos das trevas, poderiam
ser muito mais do que úteis na batalha que viria. Mas
aquela decisão também não cabia só a mim.
— Você fez parte da Ordem da última vez, Kingsley. — eu
falei. — Sabe que isso precisa ser votado. Podemos
convocar uma reunião de emergência.
Shacklebolt concordou na mesma hora e eu pedi que
todos os membros da Ordem nos encontrassem na sede em
meia hora. Na hora marcada, a sala de estar do Largo
Grimmauld, nº 12, estava abarrotada pelos membros da
nova versão da Ordem da Fênix, Kingsley Shacklebolt,
Philip e outros dez aurores. Draco e eu contamos sobre o
aviso que eles tinham nos dado sobre a fuga de Mehothewn
(e sua união aos purificadores), bem como sua vontade de
se unir a Ordem, em nosso plano.
— Numa hora vocês viram as costas pra Harry e na outra
estão oferecendo ajuda? — Rony se indignou, voltando-se
para Peter Cooper que era um dos aurores presentes. —
Não era você que estava chantageando Harry com uma foto
outro dia, Cooper?
Arthur e Molly Weasley colocaram-se ao lado de Rony. Os
dois tinham sabido por cima do ocorrido, visto que não
tinham conhecimento da minha vida sexual, acreditando
que eu estava de fato apenas disfarçado naquela noite.
— Fiquei horrorizada quando Rony e Hermione me
contaram. — Molly falou, passando o bebê para o colo da
nora e apontando o dedo para Kingsley.
— Você é nosso amigo há tantos anos, Kingsley. — Arthur
falou. — Como pôde permitir uma chantagem tão baixa?
— Peter não publicou aquela foto, ele não estava falando
sério. — Kingsley falou tentando apaziguar a situação. — E
mesmo que tivesse eu não permitiria.
— É uma questão de saber se ainda podemos confiar nos
aurores. — falou Minerva McGonagall, que também fazia
parte da Ordem.
— Não é só você Kingsley, são esses meninos que você
treinou. — Gui Weasley completou.
— Nós temos une plane. — falou Fleur. — Non pode dar
errade. Non pode se espalher no Ministerie.
— Vamos fazer um feitiço do Fidelius, como fizemos
entre nós. — Hermione sugeriu. — Só os aurores presentes
saberão sobre o plano e não poderão contar a ninguém.
— E o resto de nós? — Perguntou Philip.
— O resto terá que cumprir ordens. — Kingsley
estabeleceu, achando a proposta justa.
Eu achei, também, muito justo. Se todos tinham se
submetido ao feitiço do Fidelius, os aurores não poderiam
ser diferentes. Os que não estavam ali na reunião,
poderiam ajudar na batalha sem ser informados
previamente sobre o plano. Era a melhor maneira de não
permitir que tudo se espalhasse.
— Nosso plano vai nos levar até os Purificadores, mas no
final ainda precisaremos lutar. — Draco falou. — O apoio
dos aurores vai nos proteger. Vai fazer com que a gente
esteja em maior número, com bruxos treinados em duelo.
Kingsley olhou pra Draco com admiração, porque tinha
sido a fala dele que convenceu a todos os presentes.
Naquele momento, todos olharam para os lados, para os
filhos, os pais, os amigos. Ninguém queria perder um ente
querido. Nós tínhamos saído de uma guerra horrível.
Queríamos que aquilo acabasse com o mínimo
derramamento de sangue.
— Vamos votar. — eu sugeri.
Por unanimidade, a Ordem da Fênix votou pelo auxílio
dos aurores. O feitiço do Fidelius foi feito, novamente,
pelas habilidosas mãos de Hermione. Havia outros bruxos
ali capazes, como era o caso da diretora de Hogwarts, mas
Minerva McGonagall tinha tanto orgulho da ex aluna que
insistiu para que fosse ela a fazer, mais uma vez. Coube a
mim contar o plano aos aurores presentes. Todos ouviram
com muito interesse, e não pareceram encontrar falhas.
— Isso pode realmente funcionar. — Kingsley ponderou.
— Já sabemos quando Kinoss irá a França?
— Descobri essa informação há algumas horas atrás. —
Jorge contou a novidade. — A viagem está marcada para
daqui a 5 dias. Pelo que ouvi, Kinoss é muito próximo desse
tal de Mehothewn, de quem vocês falaram. Mehothewn e
uns amigos estarão esperando Kinoss na noite de sua
chegada na França com uma festa, estou imaginando que
sejam ninguém menos que os Purificadores.
Todos nós ficamos animados. Aquela era uma notícia e
tanto.
— E a poção? Está pronta? — perguntou Justine Yalle,
uma auror de cabelos brancos compridos, por volta dos
sessenta anos, que eu sabia que era uma reconhecida
mestra em poções.
— A poção perde a validade depois de alguns dias, então
não pode ser feita com antecedência. — Kim explicou.
Aquela parte era toda com ele, eu entendia muito pouco
sobre a poção. — Mas já temos todos os ingredientes, se eu
começar hoje, ela ficará pronta em três dias.
— Você é Kim Hall, acho que participei das avaliações do
seu NIEM. — ela o olhou com atenção.
— Sim, sra. Yalle. — o olhar de admiração de Kim deixava
claro que ele sabia muito bem quem com quem estava
falando.
— O senhor é um excelente preparador de poções, o
melhor que vi em Hogwarts, desde que passei a avaliar os
exames. — ela disse, séria. — Fiquei muito interessada
quando Potter disse se tratar de um manuscrito antigo de
uma poção rastreadora… gostaria muito que o senhor
aceitasse trabalhar comigo nesse caso.
— Eu adoraria, sra. Yalle. — Kim sorria como se todos os
seus sonhos tivessem sido realizados.
— Se a poção estará pronta em três dias, isso significa
que no quarto dia ela precisará ser derramada em Kinoss.
— Hermione argumentou, com lógica. — Na véspera de sua
viagem.
— Essa parte é comigo. — Blaise torceu o nariz. — Talvez
eu possa parecer muito interessado nas vantagens
comerciais da viagem de Kinoss, por isso procura-lo um dia
antes de sua partida.
— Ao menos um sonserino com coragem em nosso grupo.
— Philip riu, sem deixar escapar uma oportunidade de
espezinhar Draco. — Achei que todos tinham medo de
trabalhar infiltrados em meio inimigo.
Peter Cooper soltou uma risada baixa.
— Que comentário desnecessário, Philip. — Kingsley
falou, olhando feio para os dois.
— Blaise não vai correr nenhum risco de vida. — eu
garanti.
— Como você pode garantir isso? — Philip questionou.
Vi que do outro lado da sala, John ofegou, olhando de
mim para o noivo, como se pela primeira vez tivesse
considerado a possibilidade de Blaise correr perigo.
— Kinoss e eu somos parceiros comerciais há anos.
Tenho uma desculpa bem crível para procura-lo. — Blaise
argumentou. — E não acho que Kinoss pense que sou do
tipo que entraria pra Ordem da Fênix, que me perdoem os
presentes, mas a primeira coisa que fiz quando o Lorde das
Trevas assumiu o poder foi fugir pra bem longe. Estou
fazendo isso agora porque a vida de John foi ameaçada.
— E mesmo que não fosse assim. — eu falei, e me virei
mais pra John do que pra qualquer outra pessoa. — Eu vou
estar lá todo tempo oculto pela capa da invisibilidade. Se
Kinoss atacar Blaise, vou protege-lo.
— E por todo o plano em risco? — Peter Cooper indignou-
se. — Por causa de Zabini?
— O problema do Quartel General dos Aurores são gente
como você, que acha que a vida de algumas pessoas valem
menos que a sua. — Rony se voltou contra Peter.
— Ele acabou de dizer que na última guerra fugiu de
Você-Sabe-Quem. — Peter esbravejou. — Eu fiquei pra
lutar. Ele é um covarde… não venha me dizer que a vida
dele vale o mesmo que a minha, porque não vale. Como a
de Malfoy também não valia, e é por isso que eu fiquei
contra Harry naquele dia.
— Chega Cooper. — Kingsley gritou, colocando um basta.
— Estou arrependido de tê-lo convocado para essa reunião.
Devia tê-lo enviado pra França com os outros. Você não tem
maturidade pra isso.
— Alguém tem algo a mais a dizer? — eu questionei. —
Porque do contrário, nos encontramos daqui a 5 dias, para
nos preparar pra batalha.
— Na verdade, há algo que eu preciso perguntar. —
Kingsley falou. — Já conversei com Malfoy e Blaise, mas sei
me despistaram. Onde está Marcus Vitaverza? Ele foi
capturado pelos Purificadores?
Todos nos entreolhamos, sobretudo eu e Neville. Neville
e eu explicamos como Marcus tinha sabido do plano antes
de fazermos o feitiço do Fidelius e seu descontrole
emocional nos passou a impressão de que ele poderia
colocar tudo a perder. Minerva McGonagall nos apoiou,
dizendo que tinha nos oferecido para abrigar Marcus em
Hogwarts.
— Bom… Presumo que tenha sido melhor assim. —
Kingsley assentiu.
— Talvez possamos fazer um relatório de que
encontramos pistas dele na Itália, como Zabini e Malfoy nos
informaram. — sugeriu outra auror presente.
— Algum outro assunto? — eu perguntei.
Como ninguém se manifestou, a reunião foi encerrada.
Eu pedi apenas que Kingsley, Rony e, é claro, Draco,
ficassem mais um pouco. Os outros aurores e demais
membros da Ordem da Fênix foram embora do Largo
Grimmauld, nº 12, despedindo-se de nós e entre si. O único
que, mesmo que não tivesse sido convidado a ficar,
permaneceu, foi Philip.
Draco tinha os olhos fixos nele, claramente questionando
o que ele ainda fazia ali. Ansioso por colocar um fim em
tudo aquilo, ignorei a estratégia de Philip pra chamar nossa
atenção e me voltei para o assunto particular que eu queria
ter com meu ex chefe.
— E sobre a segurança de Draco? — eu quis saber.
— Imaginei que você fosse me perguntar isso. — os
ombros de Kingsley murcharam. — Infelizmente quase todo
nosso pessoal está na França. Os ataques lá estão piores a
cada dia. A Inglaterra está sendo protegida apenas por
esses aurores que você viu hoje, e mesmo assim três deles
estão sendo direcionados para a proteção de Katherine, a
ex esposa de Mehothewn. Não posso dispor de uma equipe
pra proteger Malfoy. Mas ele tem você e essa Mansão que é
uma fortaleza. Se ele deixar de ir ao trabalho até pegarmos
Mehothewn daqui a 5 dias, ficará seguro.
— Não posso fazer isso. — Draco disse, categórico,
olhando principalmente pra mim — Se eu faltar ao
julgamento, sabe se lá por mais quanto tempo Mehothewn
vai conseguir empurrar essa história pra frente. Talvez até
fique livre. Katherine nunca vai se livrar dele. Se eu for,
tenho certeza que vou ganhar. E ainda há o caso de Neville.
Faltar em uma primeira audiência é muito ruim pra um
processo.
Em momentos como aquele os olhos azuis de Draco
pareciam dias de tempestade. Aquela era a forma que ele
tinha encontrado de lutar. De transformar o mundo. Se eu
combatia bruxos das trevas, Draco Malfoy ia vencer
Mehothewn no tribunal e salvar uma mulher inocente das
suas garras.
— Está certo. — eu concordei. — Você pode me conceder
um homem, Kingsley? De minha confiança?
— Um homem? — ele pareceu não esperar a pergunta. —
Posso.
Eu olhei pra Rony, que já parecia esperar aquilo. Meu
melhor amigo assentiu rapidamente com a cabeça.
— Você vai às audiências e somente às audiências,
estamos combinados? — eu disse a Draco. — Acompanhado
por mim e Rony.
Draco concordou, se dando por satisfeito. Depois disso,
Kingsley se despediu e foi embora pela Rede de Flu. Fiquei
esperando que Philip o seguisse, mas ele não o fez.
— O que você quer? — foi Rony quem perguntou.
— Eu quero falar com Harry. — Philip olhava fixamente
pra mim.
Draco deu um passo pra frente, para confrontá-lo, mas
foi Rony quem o fez primeiro.
— Harry não quer falar com você. — meu amigo
esclareceu. — Estamos todos muito melhores desde que
você foi pra França. Deveria ter ficado por lá.
— Não sabia que você respondia por Harry. — Philip
debochou. — Pela foto que Peter me mostrou essa manhã,
quando eu cheguei, achei que Malfoy é quem estava
fazendo isso.
— Diga de uma vez o que quer, Philip. — eu disse, com
rispidez. — Ou tudo isso era só pra me contar que Cooper
te mostrou aquela bendita foto?
Philip se aproximou de mim, me olhando com mais
intensidade do que eu esperava.
— Eu sempre te imaginei daquele jeito, Harry. Toda vez
que vinha falar comigo no Departamento, todo tímido,
gaguejando. — ele falou, levantando a mão pra tocar meu
rosto. — Você sempre foi tão bonito…
Eu me sentia paralisado, incapaz de me mover. O que
diabos estava acontecendo ali? Eu senti Draco ao meu lado,
segurando a mão dele, impedindo-o de me tocar.
— Não toque nele. — a voz de Draco era cheia de ódio.
— Não é você quem decide isso. — Philip o enfrentou. —
Harry e eu nos gostamos desde muito antes de você
aparecer na vida dele, não vai ser você quem vai nos
separar. Posso dar a ele uma vida feliz, respeitável, muito
melhor do que ele teria do lado de um comensal da morte.
— Harry não precisa de ninguém que lhe dê uma vida
respeitável. Ele é Harry Potter, conquistou sozinho todo o
respeito que alguém pode querer. — Rony se enraiveceu.
— Claro que ele é uma pessoa incrível. — Philip me olhou
de um jeito doce, mas havia algo muito errado ali. — E por
isso mesmo precisa de alguém que esteja à altura dele.
— E essa pessoa é você? Depois de tudo o que você fez?
Não pense que eu me esqueci do que ouvi você falar sobre
Harry dois dias antes de você ir embora pra França. —
Rony ameaçou. — Eu jurei que jamais contaria a ele, se
você não voltasse a assedia-lo. Mas aqui está você.
Eu vi Philip empalidecer.
— Pra isso que você ficou aqui hoje? Pra estragar minha
relação com Harry? — Philip se queixou, irritado.
— Relação? Que relação é essa? — Draco estava furioso.
— Se eu e Harry estamos juntos há quase dois meses e eu
nunca vi a sua cara.
— Eu fiquei pra proteger Harry de um homem que o
ridicularizou na frente de dois de seus colegas de trabalho.
— Rony estava decidido a expor aquela situação. — Eu ouvi
bem quando você disse a Chase e Peter que depois de ter
beijado Harry algumas vezes, ele não parava de correr
atrás de você querendo mais. Que se não fosse essa missão
na França, certamente você não ia escapar, e ia ser
obrigado a comer o Eleito.
Eu olhava de Philip pra Rony, sem acreditar que aquilo
tinha de fato acontecido.
— Isso realmente aconteceu? — eu perguntei, baixinho.
— Porque não me contou, Ron?
— Ele foi embora, Harry, não queria te magoar ainda
mais. — Rony tinha um jeito arrependido. — Eu vi como
você ficou… como sentiu a falta dele…
— Aquilo foi uma besteira, Peter e Chase estavam me
chateando sobre nosso namoro, eu ainda não estava pronto
pra assumir. — Philip avançou pra mim, aflito. — Você
sentiu minha falta… eu também senti a sua… me dê outra
chance.
— Não posso. — eu olhei pra baixo, sem saber o que
pensar.
— Por causa de Malfoy? Harry… você não pode estar
levando isso a sério. — Philip tentou impor-se sobre mim, e
me beijar.
Mas eu pisei pra trás, girando o corpo num embalo,
jogando-me contra o peito de Draco. Ele me segurou no
mesmo instante, resguardando-me em seu abraço.
— Quero ir embora. — eu pedi, debilmente.
Draco me atendeu instantaneamente, e em menos de um
minuto, eu já estava de volta em casa, na Mansão Malfoy.
Capítulo 30

CAPÍTULO 30
NARRADO POR DRACO MALFOY
Eu sentia meu sangue ferver. As coisas iam tão bem na
minha vida, com Harry, pela primeira vez eu sentia que
tinha uma relacionamento verdadeiro com alguém. Por que
esse cara tinha voltado justo agora? Se a maioria dos
aurores estava na França, porque ele não tinha ficado lá
para ajudar a conter os ataques dos Purificadores?
Eu entrei em casa com Harry, que parecia extremamente
aliviado de termos ido embora da sede da Ordem. Ele não
tinha sabido lidar com a presença do namoradinho que
ressurgiu das cinzas. Minha vontade era gritar. Olhei para
os lados, procurando Kim, porque não queria que ninguém
presenciasse aquela cena.
— Ele deve estar em um dos quartos, começando a
trabalhar na poção. — Harry informou, interpretando
corretamente meus gestos. — Duvido que nos ouça.
— Por que você agiu assim? — eu o censurei,
questionando seu comportamento na presença de Philip.
— Assim como, Draco? — ele perguntou, parecendo
extenuado pelos eventos daquela tarde.
— Como se fosse incapaz de levantar a voz pra ele.
Quanto mais ele avançava, mais você parecia não conseguir
pará-lo. Ou não conseguia ou não queria que ele parasse. —
eu o enfrentei, porque o fato de Harry estar agindo como se
não soubesse do que eu estava falando só aumentava a
minha raiva.
— Draco, isso não é verdade… — ele murmurou, sem
qualquer argumento plausível.
— Não é verdade? — o ciúme aparecia em cada sílaba
que eu pronunciava, meu tom de voz carregado de agonia.
— Ele estava lá se derretendo pra você. Dizendo como te
achava lindo, como vocês se amavam, como ele queria te
fazer feliz.
— Exato, ele estava dizendo… não eu. — ele disse, com
condescendência.
Eu odiava ser tratado daquela maneira, como se eu
tivesse vendo coisas onde não existem. Era pedir muito que
Harry tivesse mandado que ele se afastasse? Que tivesse
dito que não havia a menor chance de nada voltar a
acontecer entre eles? Que estava comigo, que me amava,
que ele não nos afastaria?
— Ele te pediu uma chance, e ao invés de você dizer que
não o queria, que não sentia mais nada por ele, que o que
houve entre vocês ficou no passado pra nunca mais voltar,
você só disse que não podia. — Eu sentia meus olhos
encherem d’água, minha voz embargar. — Você disse que
não podia, de cabeça baixa Harry, como se sentisse muito.
Como se quisesse muito dar uma chance a ele mas,
infelizmente, eu estava ali pra atrapalhar.
— Você está criando isso na sua cabeça. — ele
respondeu, aborrecido.
— Estou! Enlouqueci! Você deveria me trancar em um
quarto com Marcus porque certamente sou um risco pra
sociedade. — eu despejei aquilo, junto com as lágrimas
represadas em meus olhos.
Eu não podia mais aguentar. O ciúme queimava dentro
de mim, me enchendo de medo. Eu virei as costas pra
Harry e comecei a subir as escadas na direção do meu
quarto. Senti os passos dele atrás de mim, segundos
depois. Assim que entramos no quarto, ele deu um passo na
minha direção. Senti que ele queria se aproximar. Parte de
mim queria o mesmo que ele, mas minha outra metade se
desviava.
— Draco… — ele tentou abrandar o momento. — Eu não
quis dizer isso… desculpe. Se você se sentiu assim, me
desculpe.
— Você ficou praticamente mudo. — eu o repreendi. —
Se eu e Weasley não estivéssemos lá, a essa altura o que
teria acontecido? Você teria permitido que ele fizesse o que
quisesse com você?
— É claro que não. Mas vocês não me deram nem chance
de reagir. — ele alegou. — Philip se declarando e falando
dos meus próprios sentimentos como se não estivesse
nenhum pouco interessado em ouvir o que eu teria pra
dizer a respeito disso. Rony respondendo por mim, gritando
com ele, recriminando-o por coisas sobre as quais eu não
tinha conhecimento. Você tendo uma crise de ciúmes.
Parecia que eu estava sufocando.
Eu o observei com atenção. Eu tinha uma imagem de
Harry como uma pessoa que reage bem sobre pressão e em
situações difíceis. Eu tinha presenciado isso inúmeras
vezes, só no pouco tempo de namoro que tínhamos. Na
primeira vez que ele me procurou no quarto de BDSM sem
saber o que esperar, na forma como ele lidou com Kinoss
no noivado de Blaise e John, em seu comportamento no
Erthel’s Club com seu chefe e no dia seguinte no Quartel
General dos Aurores, no jeito como ele tinha lidado com
Marcus… Harry vinha me mostrando firmeza, coragem,
confiança, presença de espírito, maturidade.
Quem era esse homem que arruinava toda sua
capacidade de reagir? Que tinha feito com que ele perdesse
a fala?
— Nunca te vi se comportar da forma como se comportou
hoje. — eu tentava controlar o tom recriminatório da minha
fala. — Ele mexe com você? Você ainda gosta dele e isso ele
fez com que perdesse a fala?
— Não, Draco, eu não gosto dele… se você não confia em
mim pode usar legilimência. — ele gritou. — Não vai
encontrar dificuldades. Eu sou o pior oclumente que já
existiu.
O grito dele me abalou. Eu respirei fundo. Eu jamais
faria aquilo, nunca. Jamais desonraria Harry invadindo a
sua mente. Me arrependi imediatamente da acusação que
lhe fiz em um momento de paranoia.
— Me perdoe, Harry. — eu pedi. — Eu confio na sua
palavra.
— Detestei Philip ter vindo até mim daquele jeito, me
olhado com superioridade, como se tivesse certeza que eu
iria aceita-lo. Como se eu tivesse me arrastado atrás dele
por todos esses anos. — ele revelou, visivelmente enojado
— E fiquei ali, parado, me perguntando se eu realmente agi
assim. Como um idiota rastejando aos pés de Philip,
gaguejando pelo Departamento, essa figura tão patética
que ele fez questão de ressaltar.
— Duvido que seja verdade. — eu disse.
— Eu não. Você se lembra quando começamos a namorar,
e eu te disse que meu comportamento no geral diferia
muito do meu comportamento em relacionamentos. Que eu
era muito ruim neles? — ele perguntou, e eu concordei com
a cabeça. — Provavelmente Philip tem toda razão. Não agi
com ele diferente de como agi com Cho Chang aos quatorze
anos, babando suco de abóbora no jantar, enquanto olhava
pra ela. Eu sou tímido. Eu gaguejo quando fico nervoso.
Claro que procurei por ele quando nos beijamos… eu não
conheço essas regras… esperar um tempo, tentar não
parecer desesperado. O que Ron ouviu ele falar pra Peter e
Chase, é degradante porque não é mentira. Ron sabe, por
isso não me contou, ficou com pena de mim todo esse
tempo.
Eu juntei seu corpo ao meu, segurando suas mãos,
acariciando-as com leveza. Ele era tímido, era verdade,
podia não ter muito jeito com flerte. Mas ele não jogava
com sentimentos, era limpo, verdadeiro, e eu o amava por
isso. Não o considerava ingênuo, mas uma pessoa real, em
meio a tantas que pareciam estar por aí só brincando com
os sentimentos dos outros. Num mundo cheio de gente que
finge que dá só pra poder receber, alguém como Harry era
raro e precioso. E não tinha nada e errado com ele.
Senti meu ódio por Philip aumentar consideravelmente.
Porque a princípio ele só tinha feito com que eu me
sentisse ameaçado. Mas agora, vendo Harry aparentar se
sentir tão rebaixado, meu coração parecia esmagado
dentro do peito.
— Ele te fez sentir tão diminuído assim, meu amor? — eu
perguntei, mansamente.
A veracidade das minhas palavras o fizeram concordar,
num rápido movimento afirmativo.
— Ele nunca foi digno do seu amor. — eu toquei seu
rosto, num afago terno.
— Ele nunca teve. Gostei de Philip, fiquei chateado com o
que houve entre nós. — eu explicitei. — Mas você foi e
sempre será o único a ter o meu amor.
Meus braços se fecharam em seu entorno. Jamais
precisaria de Legilimencia. Eu podia sentir o amor nas
palavras dele, em cada toque dele. Apesar disso, eu tinha
me apavorado naquela parte. Tinha ficado em pânico com a
ideia de perde-lo. Talvez, lá no fundo, eu ainda não
conseguisse acreditar que tinha tido tanta sorte.
— Eu senti tanto medo das palavras dele mexerem com
seus sentimentos, de você desejar tê-lo de volta. — eu
murmurei incoerente, afundando o rosto no seu cabelo
preto que nunca parecia arrumado. — Eu te amo tanto… te
amo tanto, Harry. Quando vi que você não respondia, que
não o mandava embora.
— Mesmo se eu não tivesse te encontrado. Por que eu
iria querer de volta uma pessoa que faz com que eu me
sinta tão mal? — ele perguntou, com coerência. —
Principalmente depois do que Rony contou.
— Quando Weasley contou o que Philip disse sobre você,
minha vontade era arrebentar aquele merda. — eu
confidenciei. — Só não fiz porque achei que você fosse
brigar comigo depois.
— Por que eu brigaria com você? — ele sorriu, me
admirando.
— Você me repreenderia por me colocar em perigo ao
partir pra cima de um auror treinado. — eu sorri de volta
pra ele. — Você é muito protetor em relação a mim, desde o
início.
— De fato, eu sou. — ele assumiu. — Mas Rony e eu
estávamos ali, nada iria acontecer com você… e acho…
acho que eu teria gostado disso.
Eu encarei Harry Potter, pasmo.
— Teria mesmo? — eu estava abismado.
— Sei que na maior parte das vezes eu tomo a frente,
resolvo as situações. Mas hoje eu… hoje eu… simplesmente
não pude. — ele disse baixinho. — Eu disse a você. Eu não
sei lidar com esse tipo de coisa… hoje foi vergonhoso…
Philip a essa altura está no Quartel General rindo de toda a
confusão que eu permiti que ele causasse. E ainda por cima
envergonhei você, eu devia ter mandado ele embora, devia
ter eu mesmo quebrado a cara dele.
— Você não me envergonhou. — eu disse, me dando
conta que a poucos minutos eu estava cobrando dele
exatamente aquele tipo de ação.
— Quando ele veio pra cima de mim, juro a você que eu
quis reagir. — ele continuou falando, parecendo ansioso pra
que eu acreditasse. — Mas minha vontade de sair dali era
maior. Tudo o que eu queria era deixar de vê-lo. Poder estar
em casa com você. Quer dizer… eu sei que é sua casa. Mas
já estou aqui há algum tempo e… quando estou perto de
você…
— Aqui é a sua casa, Harry. — eu declarei, passional. — E
está tudo bem, já passou. Agora estamos juntos aqui.
— Não está tudo bem. — ele respondeu. — Mas essa não
foi a última vez que Philip me procurou. Ele deveria estar
na França, se está aqui é porque quer alguma coisa. Vai
voltar a me procurar. E da próxima vez, ele não vai me
pegar de surpresa. Eu vou estar preparado, vou dizer tudo
que está entalado há meses na minha garganta.
— Não gostaria que ficasse sozinho com ele. — eu pedi,
tentando não parecer paranoico.
— Nem eu. — ele riu. — Agora vamos esquecer isso, tem
outro assunto que quero conversar com você. É sobre a sua
segurança.
Eu torci o nariz pra ele.
— Achei que tínhamos combinado que eu ia defender
Neville na segunda e a Sra. Katherine na quarta-feira,
acompanhado por você e Weasley. — eu apontei, em tom
decidido, deixando claro que não ia permitir que ele me
convencesse a ficar escondido na Mansão Malfoy.
— Sim, não é sobre isso que eu queria falar. — ele estava
pisando em ovos, como se estivesse com receio de eu me
irritar. — É sobre a batalha no esconderijo dos
Purificadores.
Tentei não ficar extremamente aborrecido antes que ele
me dissesse onde queria chegar.
— Você não está me aconselhando a ficar em casa
enquanto você e todos os outros vão pro combate, certo? —
eu indaguei. — Porque se é isso, você pode ir tirando seu
hipogrifo da chuva.
— Não. — ele se apressou em me contradizer. — Eu disse
a você que estaríamos juntos nisso. Eu queria que você me
desse o dia de amanhã pra prepara-lo pra batalha.
Meditei alguns segundos sobre o que ele tinha dito. Eu
tinha muito o que estudar, é claro, sobretudo acerca do
processo de Neville. Mas eu vinha me preparando desde
que ele tinha me passado o caso, portanto, eu acreditava
que estava bem informado sobre as possibilidades para
uma primeira audiência. Quanto ao caso de Mehothewn, eu
já tinha revisitado aqueles documentos, aquelas leis, tantas
vezes que já sabia recitá-los de olhos fechados. Estava
lendo outra vez naquele dia por puro nervosismo, devido a
aproximação do julgamento final.
Mas a invasão do esconderijo dos Purificadores do
Sangue também era importante. E eu não podia negar que
estava um pouco enferrujado quanto às minhas habilidades
em batalha.
— Você quer me treinar em duelo? — eu perguntei, para
confirmar se tinha entendido bem.
Ele assentiu.
— Será bom pra nós dois. Você estará mais preparado
pra se defender e eu não ficarei tão preocupado. — ele
argumentou.
Tinha sentido, eu não queria que ele ficasse todo tempo
tentando me proteger e acabasse colocando a si mesmo em
riscos desnecessários. Concordei imediatamente. Naquele
sábado, passei o resto da noite estudando o caso de Neville.
No domingo, recebemos a visita da auror que ajudaria
Kim com a poção rastreadora. Ao mesmo tempo, Harry e eu
afastamos os móveis do maior cômodo da mansão para
treinar.
Harry me ensinou alguns feitiços que considerou úteis,
de um tipo avançado de defesa que não se ensinava em
Hogwarts. Ele era um professor muito bom. Era paciente,
didático e estimulante; durante aquele dia, comecei a levar
muito a sério a sugestão que ele tinha dado um tempo atrás
de lecionar a disciplina de DCAT. Tenho certeza que
acabaria se tornando a matéria favorita de muitos alunos.
Depois de me ensinar feitiços e me dar várias dicas sobre
como me posicionar e dominar o adversário, Harry fez com
que duelássemos durante algumas horas. Eu sentia que
estava levando uma surra, mas ele parecia animado com o
meu desempenho.
— Você é rápido, consegue desviar de vários dos meus
feitiços. — ele elogiou. — O fato de dominar feitiços não
verbais também é excelente, normalmente isso faria com
que eu não conseguisse prever seu movimentos…
— Obriga… — eu estava prestes a oferecer um sorriso
orgulhoso.
Mas ele continuou.
— Mas estou conseguindo identificar os feitiços que você
pretende fazer, porque você segue um padrão. Está
tentando me desarmar, quando eu me defendo, está
tentando me estuporar, e quando eu não caio, você lança
uma azaração, da qual eu desvio. — ele disse. — Mude o
padrão, aproveite seus pontos fortes.
— Quais são? — eu perguntei.
— Você se saiu bem com o que aprendeu hoje, é ágil,
inteligente. — ele me incentivou. — Também é bom com
feitiços de vontade, pode usá-los.
— Isso é Artes das Trevas. — eu fechei a cara.
Eu não lutaria assim. Não desceria a esse nível. Eu não
lançava uma Império em ninguém desde de a queda de
Voldemort, com exceção daquela madrugada em que Harry
pediu para que eu o enfeitiçasse, mas o contexto tinha sido
completamente diferente. Não era um conflito nem nada,
ele havia me pedido pra confiar nele, que a maldição não
surtiria efeito. Fiz com ele somente o que ele me mandou
fazer, ordenei que caminhasse até a porta, e mesmo assim
não tinha funcionado, Harry resistira. Mas isso era
totalmente diferente de amaldiçoar alguém em batalha. Eu
não faria, em hipótese alguma.
— Não são todos os feitiços que atuam sobre a vontade
humana que são Artes das Trevas, Draco. — Harry, falou,
com paciência. — Alguns são apenas azarações, e podem
ser muito úteis em batalha. E outra coisa, se você estiver
entre morrer e usar uma maldição, escolha a segunda
opção.
— NÃO! — eu falei, mais alto do que eu pretendia,
assustando-o com meu rompante inesperado. Me acalmei
para continuar a responder. — Harry… você, Weasley,
Granger, Longbottom, as pessoas da Ordem, os aurores…
vocês podem se dar ao luxo de em um momento de crise
usar uma maldição pra se salvar, uma Cruciatus, um Avada,
um feitiço das trevas qualquer. Mas não é o mesmo
comigo…
— E por que não, Draco? — ele perguntou, calmo. —
Você não é inferior a nenhum de nós.
— Porque diferente de vocês, eu nasci pras Artes das
Trevas, fui criado pra elas desde pequeno. E por muito
pouco, Harry, talvez por muito menos do que eu gostaria de
admitir, você vai lutar ao meu lado e não contra mim daqui
a cinco dias. — eu disse, sentindo o peso daquela vergonha
nos ombros. Arregacei a manga da camisa, expondo a
marca da qual eu nunca me livraria. — Isso não é uma
tatuagem, Harry. Você já pensou que eu posso estar a uma
maldição de me tornar o meu pai?
Mas Harry não se esquivou do horror daquela marca,
nem do que eu admitia em voz alta pela primeira vez. Não
se esquivou do meu passado, de quem eu era, não se
esquivou diante da possibilidade de me tornar aquilo que
todo Malfoy nascia pra ser: um maldito bruxo das trevas.
Em contrapartida, avançou pra mim como sempre fazia,
me acolhendo, me resguardando em seus braços. Eu não
entendia seu gesto, mas permiti que ele me segurasse e me
abracei a ele, deixando que ele aplacasse o meu terror.
— Eu estava lá no dia da morte de Dumbledore,
petrificado. — ele me contou, baixinho, fazendo meu peito
se apertar por ele ter visto aquilo. — Você não estava nem
perto de mata-lo, Draco. E é isso que importa, quem você é,
as escolhas que você fez, o homem que você se tornou.
— Você não entende, minha família… — eu tentava fazê-
lo compreender.
— Olha, eu posso não saber o que é crescer em uma
família bruxa tradicional, com ideologia puro sangue, que
ensina artes das trevas aos filhos desde que nascem. Mas
você acha que eu nunca tive medo de ter uma tendência
pro mal? — ele me perguntou.
Aquilo jamais me passaria pela cabeça. Num mundo
maniqueísta, onde o bem e o mal se separava em caixinhas,
Harry Potter era a personificação do bem.
— Você? — eu indaguei, cético.
— Vou contar a você uma coisa que quase ninguém sabe.
Ron, Mione e eu divulgamos, depois da guerra, quando
começaram a nos fazer perguntas, que estivemos caçando
Horcruxes naquele ano. Seis pedaços da alma de Voldemort
que ele tinha prendido a objetos e a sua cobra, Nagini. —
Harry falou. — Você conhece essa história, certo?
Eu assenti com a cabeça. Todos conheciam. Eles tinham
destruído cada pedaço da alma de Voldemort para torna-lo
outra vez mortal, antes de, enfim, mata-lo na batalha de
Hogwarts.
— O que as pessoas não sabem é que, involuntariamente,
na noite que matou meus pais e perdeu seus poderes,
Voldemort criou uma sétima Horcrux. — ele falou. —
Naquele momento, um pedaço da alma dele passou a
residir no meu corpo.
O que? Aquilo não era possível. Objetos, animais, tudo
bem. Mas estávamos falando do corpo de uma pessoa. O
corpo de Harry.
— Quer dizer que… você era uma Horcrux? — eu
perguntei, confuso, um pouco aterrorizado. — Durante
quanto tempo?
— Por dezessete anos, até a noite da última batalha,
quando Voldemort me lançou um Avada e destruiu a parte
dele que vivia em mim. — ele contou, me deixando
assombrado. — Você acha que com uma parte dele dentro
de mim eu nunca tive medo de ser mau? Que quando ele
possuía a minha mente, me fazendo sentir tanto ódio, eu
não tinha receio de me tornar uma pessoa ruim?
— Mas você não é, Harry. — eu murmurei.
— E nem você. — ele disse, amorosamente. — Mas se
quer entrar numa luta dessas sem estar disposto a matar
em nenhuma circunstância, é melhor eu te ensinar os
melhores feitiços de imobilização e incapacitação.
Ele voltou a me ensinar alguns outros feitiços antes que
parássemos para comer e descansar um pouco. Depois do
almoço, não me deu trégua, continuou me incentivando a
praticar, duelando comigo, me ensinando contra maldições,
azarações, estratégias de batalha. No final do dia eu estava
exausto, me sentei no chão do da sala, sentindo que não
podia mais dar um único passo.
— Chega Harry. — eu supliquei. — Parece que fui
pisoteado por um rebanho de centauros.
Ele riu, sem transparecer nenhum terço do cansaço que
eu sentia. Harry abaixou-se, me puxando pra cima, e
embora nós tivéssemos tipos físicos semelhantes, ele me
colocou em suas costas. Eu envolvi sua cintura com as
pernas e seus ombros com os braços pra não cair, me
apoiando nele, e deixei que ele subisse as escadas da
Mansão me carregando.
Quando chegamos ao quarto, ele me levou até o
banheiro, e soltou minhas pernas, me permitindo descer. Vi
ele abrir a torneira, ligando a água quente que começou
rapidamente a jorrar, enchendo a banheira que ainda não
havíamos usado juntos.
— Se isso é uma indicação pra sexo selvagem na
banheira, eu sinto te decepcionar. — eu comentei. — Eu até
tive alguns pensamentos pecaminosos enquanto te olhava
todo gostoso lutando, mas você acabou com o que restava
das minhas forças nas últimas duas horas.
— Você me acha todo gostoso lutando? — ele achou
graça.
— Você deveria ir para os duelos nu. — eu sugeri. — O
adversário ficaria arrebatado antes mesmo de você
começar a lançar feitiços.
Mas ele só me deu um sorriso doce, passando a mão por
debaixo da minha camisa, sentindo meu corpo úmido pelo
suor, me ajudando a me despir. Enquanto a banheira
enchia, Harry se dedicou a me deixar completamente nu.
Depois, pegou espuma e sais e usou na água, deixando o
banho perfumado e relaxante. Quando a banheira já estava
cheia, eu entrei, deixando meu corpo cansado submergir,
repousando com a sensação morna.
Vi que Harry também tirou a roupa, mas ele não entrou
todo na banheira junto comigo, se sentou na borda,
posicionando-se atrás de mim, massageando meus ombros
tensos pelo longo dia de treinamento. Os dedos dele
afrouxavam minha musculatura contraída e eu suspirei,
deixando meu corpo se estender mais pra frente, para que
ele pudesse descer a mão pelas minhas costas doloridas.
A pressão que ele fazia nos meus músculos resultavam
em um misto de dor e alívio, que atenuavam aquele
estiramento. Seus dedos correram pelo meu pescoço,
alongando-me, abrandando a distensão. O toque dele
desceu pelo meu peito, suavizando minha rigidez, fazendo
com que eu me sentisse completamente relaxado.
Quando ele entrou na banheira comigo, começou a
massagear minhas coxas, fazendo uma pressão
significativa, com movimentos circulares, reduzindo a
sensação de retesamento nas pernas. Os toques
continuaram em minhas panturrilhas, relaxando o músculo
que parecia tão comprimido e inflexível. Mas sua
habilidade se tornou incontestável quando ele se pôs a
massagear meus pés, friccionando-os com maestria.
— Aah, você é bom. — eu enalteci sua destreza. — Se eu
soubesse que você me trataria assim, nem teria reclamado
de tantas horas de treinamento.
— Você mereceu. — Harry respondeu, sorrindo com
leveza. — Se esforçou muito.
— Já acredita que eu voltarei vivo? — eu brinquei.
Mas o semblante de Harry se tornou austero de repente.
— Você vai voltar vivo, Draco. — ele falou. — Disso eu
nunca tive dúvidas.
Eu apenas fitei seu rosto, o estômago embrulhado pela
sensação de que ele gostaria de ter acrescentado: “… custe
o que custar”.
Capítulo 31

CAPÍTULO 31
NARRADO POR HARRY POTTER
Os três dias que se seguiram foram mais tranquilos do
que eu esperei. A poção ficou pronta sem maiores
problemas, e tanto Kim quanto Justine Yalle — uma das
maiores mestras em poções viva — disseram que estava
perfeita. Na segunda-feira, eu e Rony tínhamos
acompanhado Draco e Neville na audiência. Tudo tinha
corrido bem, segundo Draco, para um momento inicial,
embor Conselho de Medibruxaria tivessem trazido
advogados bem preparados para o processo.
Eu estava mais preocupado com quarta-feira, quando
seria o julgamento de Mehothewn. Eu e Ron chegamos ao
Ministério com Draco, levando-o apressadamente para o
Décimo Tribunal, atentos a qualquer sinal de ameaça.
Devido a nossa antiga amizade e ao nossos anos de
treinamento, Ron e eu trabalhávamos muito bem juntos, e
identificamos um grupo estranho entre as pessoas que
assistiriam ao julgamento assim que entramos na sala.
Certamente Mehothewn os tinha mandado, eu
reconhecia alguns rostos ali, ex seguidores de Voldemort.
Não Comensais da Morte perigosos de fato, mas bruxos
sem qualquer importância, sequestradores, mercenários,
gente que tinha pegado alguns anos em Azkaban e que
tinha tido a liberdade apressada pelo dinheiro de bruxos
como Mehothewn. Mas eles não tentaram nada durante
todo o julgamento. Estavam ali para apavorar Katherine e
Draco. E, é claro, para manter seu chefe informado.
Draco, no entanto, não se abalou. Levou o julgamento até
o fim, não desistiu até que o juiz concedesse o divórcio
definitivo a Katherine e condenasse Mehothewn a mais
cinco anos em Azkaban, por ameaças a ex esposa, ao
próprio Draco e por fugir da custódia do Estado antes de se
concluir o julgamento. Claro, como o réu não estava
presente, não foi preso, sendo considerado um fugitivo.
Na véspera da viagem de Kinoss e, consequentemente,
da nossa invasão ao esconderijo dos purificadores, eu e
Blaise nos falamos por Magicofone para combinar os
detalhes da parte essencial do plano: derramar em Kinoss
parte da poção rastreadora. Blaise disse que já tinha
mandado uma coruja a Kinoss um dia antes, demonstrando
interesse em retomar atividades comerciais e se
desculpando por “qualquer mal-entendido que possa ter
havido entre eles”. Kinoss tinha respondido de modo
favorável e os dois tinham marcado um encontro para às
20h.
Eu iria pra lá meia hora antes, pela Rede de Flu. Tinha
deixado Kingsley de sobreaviso. Se algo desse errado e eu
precisasse lutar, se Kinoss armasse pra Blaise chamando
outros bruxos das trevas, eu sabia que Kingsley conseguiria
mobilizar um bom número de pessoas rapidamente, o
patrono dele tinha o maior alcance que eu conhecia. Claro,
aquilo era só por segurança, sinceramente eu duvidava
muito que Kinoss estivesse desconfiando de Blaise a esse
ponto.
Um pouco antes do horário que eu tinha marcado com
Zabini, no entanto, eu e Draco comíamos um sanduiche na
cozinha e recebemos uma visita inesperada.
— Sr. Malfoy, Prim pede licença. — disse o Elfo
Doméstico. — Aquele auror está na sala de novo, querendo
ver o senhor Potter.
— Kingsley? — eu perguntei, confuso, sem entender o
que ele estava fazendo ali.
Não tínhamos combinado que eu mandaria um sinal pra
ele da casa de Blaise caso houvesse problemas?
— Não senhor. Esse não é o nome dele não senhor. —
Prim falou. — É o auror Philip.
Draco apertou o copo de suco com tanta força que achei
que fosse quebrar em sua mão.
— Quem esse garoto está pensando que é para entrar
desse jeito na minha casa? — ele esbravejou.
— O sr. Malfoy não quer recebe-lo? Prim fez mal em
deixa-lo entrar? — o pobre elfo se sacudiu em agonia. —
Por favor não castigue Prim, Menino Malfoy. Prim não é
castigado desde o tempo do senhor Lúcio. Prim gosta muito
mais do novo senhor Malfoy.
Draco parecia ter levado um soco no rosto com a fala do
Elfo, se forçando a suavizar a expressão, apesar da
presença de Philip em sua sala. Ele se abaixou na frente de
Prim, tocando seus bracinhos, como tenho certeza que
nenhum Malfoy antes dele jamais fez.
— Nunca mais haverão castigos nessa casa. — ele falou,
a voz calma. — Está tudo bem. Harry e eu vamos falar com
esse tal de Philip. Mas da próxima vez que ele aparecer em
nossa porta, Prim, você está autorizado a lhe dar um bom
chute no traseiro, certo?
— No traseiro dele, sr. Malfoy? De um bruxo? — Prim
perguntou, incerto.
— Com bastante força. — Draco instruiu.
E então se levantou, caminhando na direção da sala. Eu
segui atrás dele, decidido a não permitir que a cena no
Largo Grimmauld, nº12, se repetisse. Desse vez, eu não ia
permitir que Philip me calasse, que me fizesse se sentir
vexado. Ele era uma merda de um bruxo, uma merda de um
homem, aquilo estava bem claro pra mim.
— O que faz em minha casa? — Draco perguntou, com
irritação, assim que entrou no mesmo cômodo que Philip.
— Não tenho o menor prazer em estar aqui. — Philip
respondeu, com deboche. — Mas infelizmente, é onde você
tem mantido Harry.
— Não gosto do seu tom. — eu falei, antes que Draco
pudesse responder. — Você fala como se eu fosse um
incompetente que estivesse sido preso por um bruxo
malvado. Gostaria que você lembrasse de quem está
falando. Eu vou onde quero, se moro com Draco é porque
quero morar.
— Eu… é claro que não, Harry, claro que não… você é um
auror. — Philip estava desconcertado.
— Você é um auror. Aquele chantagista baixo do Cooper
é um auror. — Draco falou com frieza. — Harry é muito
mais do que isso.
— Harry é um excelente bruxo. — Philip ergueu o queixo
na direção de Draco. — Não preciso de você pra me dizer
isso.
— Que bom. — eu continuei, virando-me pra ele. — Por
que veio aqui?
— Kingsley me contou que você vai até a casa de Zabini
hoje, pra dar continuidade a missão. Achei que eu pudesse
ser útil. — Philip sorriu pra mim. — Se você encostar todo
seu corpo no meu, sua capa pode esconder nós dois.
Tudo aconteceu em meio segundo. A mão de Draco voou
no ar, acertando em cheio o rosto de Philip, que bem
preparado e já esperando uma agressão, após provoca-lo,
virou-se para revidar. Mas eu já tinha a varinha empunho,
imobilizando Philip com tamanha rapidez que seu
movimento não pôde atingir Draco.
— Não vai me deixar bater nele? — Philip se indignou. —
Ele pode me socar, mas não o contrário?
— Você o provocou dentro da casa dele. — eu disse,
dando de ombros. — E mesmo que a culpa fosse dele, ainda
assim eu não permitiria que você o agredisse. Ninguém
machuca Draco.
— Harry é muito protetor. — Draco sorriu com leveza, me
olhando de lado, me fazendo rir da nossa piada interna. —
Se eu estivesse andando tranquilo pelo Beco Diagonal e
alguém me atirasse uma bomba de bosta, acho que ele
seria capaz de mandar abrir um inquérito no Ministério
para investigar o culpado.
Minha postura diante de Philip estava passando a Draco
tamanha segurança que seu humor tinha melhorado
consideravelmente e ele parecia ter se esquecido das
razões que tinham levado ele a socar Philip. Eu gostava
daquele clima leve entre nós, e entrelacei meus dedos nos
dele.
— Ora, claro que sim. — eu brinquei de volta. — Eu te
amo.
— Você o que? — Philip parecia perturbado. — Isso não
faz nenhum sentido. Você não pode… não pode amar
alguém como Malfoy… não pode escolher ele ao invés de
mim. Você está inventando isso pra me fazer ciúmes.
— Não sei como pude me enganar tanto com você, Philip.
— eu levantei a voz, enfrentando-o. — Acho que fechei os
olhos cada vez que você tinha esse tipo de atitude, criei
desculpas para o seu comportamento. Você não é nada
além de um garoto orgulhoso, que se acha melhor do que
todo mundo, e que precisa sempre de alguém massageando
seu ego. Sinto vergonha de um dia ter servido a esse
propósito.
— Isso é por causa da história que Weasley contou?
Harry, eu já pedi desculpas. Eu não queria dizer aquilo. —
Philip disse, implorando. — Me perdoe, por favor.
— Também. Mas não é só por isso. É pelo seu
comportamento no dia da reunião da Ordem e agora hoje,
aqui na casa de Draco. É por não respeitar meu namoro,
não me respeitar, por me tratar como se eu tivesse que
estar grato por você me querer. — eu falei, despejando pra
cima dele tudo o que eu sentia. — É pela forma que agiu
todos esses anos, cada pequena atitude sua que eu relevei,
que eu me fiz de cego.
— Se você não ficar comigo, assim que essa guerra
passar, Peter e eu publicaremos aquela foto. — ele
ameaçou, mudando drasticamente seu tom.
Draco deu outro soco no rosto dele, com tanta força que
quebrou seu nariz, do qual passou a escorrer um filete de
sangue. Estávamos chegando onde eu queria. Existia
alguma razão para ele ter voltado pra Inglaterra, pra ele
parecer tão desesperado para que eu ficasse com ele. Ele
estava me chantageando. E eu descobriria o porquê.
— Te falta tanta criatividade que você precisa recorrer a
uma chantagem que já me fizeram? — eu debochei. —
Pergunte a Cooper o que eu respondi a ele. Minha resposta
pra você é a mesma. Publique. Não me importo nenhum
pouco.
— Não é possível que o nível de bizarrice sexual que você
faz com Malfoy seja tão extremo que você nem se importe
mais de ser considerado um devasso por todo o mundo
bruxo. — ele falou, exasperado.
Eu caminhei na direção dele, me colocando a poucos
centímetros, de modo que meu rosto ocupasse a maior
parte do seu campo de visão. Eu abri um sorriso ardil.
— Não me importo. — eu repeti, espezinhando-o. —
Sabe, Philip, se fosse no tempo que eu saía com você, eu
certamente me importaria. Mas Draco… Draco mudou
todos os meus conceitos… ele me dá tanto prazer, me faz
delirar, eu simplesmente não ligo pra mais nada.
— Esse filho da puta… — Philip começou a gritar
colerizado, olhando pra Draco atrás de mim, deixando-se
provocar.
Eu o calei com um movimento da varinha, aproveitando
que ele estava imobilizado.
— Eu o espero de joelhos sabia? — eu cutuquei a ferida
com prazer. — E deixo ele fazer tudo comigo. Ele é tudo
que eu sempre quis. Perto dele você é um projeto de
homem. Lembra-se quando você me enfeitiçou pra
conseguir que eu pedisse pra você me tocar, e ainda assim
eu não pedi? Então… com ele eu imploro, eu peço o tempo
todo, sem precisar de feitiço nenhum. Porque eu desejo ele,
porque ele me faz gozar só me comendo, sem nem tocar no
meu pau.
E dei as costas pra Philip. Olhei no relógio, estava na
hora que eu tinha marcado com Blaise. Me virei para
Draco, que me olhava admirado, e disse:
— Preciso ir. Ponha Philip pra fora. Não vai ter
dificuldades, ele vai permanecer imobilizado assim por
mais uns 20 minutos a menos que você desfaça o feitiço.
Eu deixei a Mansão Malfoy apressado, sem querer me
atrasar, mas me sentindo muito satisfeito. Cheguei
rapidamente a casa de Blaise, que eu já conhecia, do dia da
festa de noivado.
— Harry. — Blaise me cumprimentou.
— Oi Blaise. — eu o saudei. — Você está bem? Como está
John?
— John está bem, eu o convenci a visitar os pais, na
Alemanha. Achei que ele fosse estar mais protegido
afastado de tudo isso, até que essa batalha termine. — ele
me contou. — Não o quero aqui, se algo der errado, Kinoss
vai usá-lo para me atingir.
— Toda essa história de Marcus o fez pensar, não é? —
eu disse, adivinhando.
Eu sabia Kinoss tinha assassinado o ex submisso de
Marcus, Giuseppe, e depois tinha tentado sequestrar Kim,
devido a sua animosidade com Marcus. Não havia nada que
os garotos tivessem feito ao bruxo, apenas tinham se
envolvido com um inimigo de Kinoss. Claro que isso estaria
fazendo Blaise pensar, ainda mais depois da ameaça que
Kinoss tinha feito a John no dia que emboscou a mim e a
Kim na saída da casa de Ron e Mione.
— Sim. — ele admitiu. — Isso é comigo, Harry. Eu me
envolvi com Kinoss, fui ganancioso, sabia que ele não
prestava mas quis fazer comércio com ele mesmo assim. E
agora estou nessa situação. Colocando John em risco.
Eu coloquei a mão no ombro dele.
— Ei, John está bem. Está protegido. — eu disse,
oferecendo apoio. — Esse plano vai dar certo, Blaise.
Quando isso acabar, Kinoss vai ser preso. Não vai haver
mais perigo.
Ele respirou fundo, procurando se acalmar. Eu o
incentivei, Blaise precisava parecer bem quando Kinoss
chegasse. Nos posicionamos conforme tínhamos planejado.
O Elfo Doméstico de Blaise já estava devidamente
orientado, instruído a ignorar a minha presença, sabendo
que eu estava ali oculto embaixo da capa de invisibilidade
para protege-lo caso essa visita saísse do controle. No
horário marcado, Kinoss chegou, sendo recebido por Blaise
no escritório.
— Kinoss. — Blaise ergueu-se da poltrona para apertar a
mão do outro, cordialmente. — Que bom que aceitou meu
convite.
— Fiquei agradavelmente surpreso com a sua coruja. —
Kinoss respondeu. — Já acreditava ter perdido meu melhor
parceiro comercial depois daquele incidente com Malfoy no
seu noivado, e depois ainda houve o mal-entendido com
aquele submisso do Vitaverza.
Mal-entendido? Ele tinha literalmente tentado sequestrar
Kim e entregar aos purificadores.
Blaise ofereceu a Kinoss que se sentasse, voltando, em
seguida, ao seu lugar na poltrona.
— Draco e Marcus são meus amigos de infância, mas as
vezes podem ser muito dramáticos. — Blaise respondeu, em
tom ameno, como quem se desculpava. Ele estava indo
muito bem. — Toda aquela confusão, e agora Marcus nem
está mais com o tal submisso.
— Ouvi dizer que ele desapareceu. — Kinoss sondava.
— Foi embora pra Itália, pelo que parece. — Blaise deu
de ombros. — Mas veja você, eles me envolvem em seus
problemas, eu perco dinheiro, perco minhas melhores
parcerias, e o que recebo em troca? Draco nem mesmo está
preocupado com os velhos amigos… ele entrou pra elite
bruxa, se é que você me entende.
— A corja de Potter. — Kinoss respondeu, mostrando que
compreendia. — Estão bem próximos mesmo. Me contaram
que Malfoy está até defendendo Neville Longbottom no
tribunal, em um caso envolvendo os pais dele.
— Os pais dele! Veja se isso tem algum cabimento, se foi
a própria tia de Draco que os torturou até a loucura. —
Blaise exasperou-se. — Draco se esqueceu de quem é.
— Há benefícios, meu caro. — Kinoss comentou. —
Malfoy não é estúpido, está tirando toda vantagem que
pode dessa relação com o Eleito. Contatos, status social,
prestígio.
— É claro. Mas como nós não namoramos o Menino-Que-
Sobreviveu, vamos aos negócios, Kinoss, que bruxos como
nós ainda precisam lutar pelo nosso espaço. — eu podia ver
nos olhos de Kinoss que Blaise o tinha conquistado com
essa frase.
Eles passaram a próxima hora conversando sobre
negócios. Kinoss falou sobre os acordos que pretendia
fechar na França e que podia incluir Blaise, trazendo
vantagens para ambos. Depois de algum tempo de
discussão, o Elfo Doméstico de Blaise, Kiki, entrou com dois
copos de conhaque, tropeçando no tapete e derrubando
“acidentalmente” a bandeja sobre Kinoss. Em um dos copos
é claro, havia, misturado com o conhaque, a não
identificável poção rastreadora.
— Kiki, o que é isso? — Blaise levantou-se, berrando com
o Elfo. — Pra que serve um Elfo que me envergonha na
frente dos meus convidados?
— Kiki está doente, sr. Zabini. Kiki, se confundiu, não viu
o tapete. — O Elfo, sabendo do plano, dizia teatralmente.
— Quanta insolência. Inventando desculpas para o seu
senhor. — disse Kinoss, limpando o conhaque de si mesmo.
Mas já era tarde, ele poderia limpar o quanto quisesse, a
poção já havia penetrado. — Você não está sendo muito
indulgente com esse Elfo, Zabini? Sei que depois da guerra
foram criadas essas leis de maus tratos, mas Elfos
Domésticos precisam de pulso firme.
— Concordo integralmente com o seu ponto de vista,
Kinoss. — Blaise olhava furioso pro elfo. — Vá pra cozinha.
Depois que minha visita for embora, cuidarei de você.
O Elfo se retirou apressado, exibindo um olhar
amedrontado bastante crível.
Blaise se desculpou inúmeras vezes com Kinoss, que
parecia tão satisfeito com a retomada dos negócios entre os
dois, que não tinha se importado muito com a questão do
conhaque. O próprio Zabini serviu a eles uma bebida, e eles
brindaram ao brilhante futuro daquela parceria. Algum
tempo depois, Kinoss se despediu, e foi embora.
Quando nos vimos sozinhos, Blaise deixou o ombro cair,
respirando aliviado. Ele elogiou Kiki, dizendo que o Elfo
tinha se saído muito bem. Eu cumprimentei ambos pelo
excelente trabalho.
— Vocês dois se saíram bem, Kinoss ficou convencido. —
eu disse, e então me virei especificamente pra Kiki, abrindo
um sorriso. — O problema de muitos bruxos, é subestimar
os Elfos Domésticos.
Com a certeza de que Blaise estava bem, eu me despedi
dele. Antes de ir embora, no entanto, eu recomendei que
ele fechasse completamente a Rede de Flu e mantivesse a
casa bem protegida, por segurança. Ele ficaria sozinho até
o momento da batalha, apenas com Kiki. Eu acreditava que
Kinoss tinha se convencido da amizade de Blaise, mas eu
não podia correr o risco de estar errado e deixa-lo
vulnerável a ataques.
Quando retornei à Mansão Malfoy, Draco já estava no
quarto, me esperando embaixo das cobertas.
— Deu tudo certo? — ele perguntou, assim que eu entrei.
— Tudo certo, Kinoss não desconfiou de nada. — eu
disse, enquanto trocava minha roupa por um pijama. —
Blaise tem muita lábia.
— Disso ninguém pode discordar. — ele falou.
Eu fui ao banheiro rapidamente e quando voltei, me
deitei ao lado de Draco, aninhando-me junto ao seu corpo.
— Aquilo que você falou pro Philip sobre nós dois… — ele
me disse, puxando-me para seu peito. — Me excitou um
pouquinho, e eu fiquei vaidoso… mas você sabe que não
precisava dizer aquelas coisas, não é?
— Eu sei. — eu murmurei, fazendo um carinho leve em
sua barriga, vendo os seus finos pelos louros se arrepiarem.
— Você ficaria chateado se eu dissesse que não fiz por
você?
Senti que ele sorria e me apertava mais em seus braços.
— Se é assim, fico feliz por você meu amor. — ele disse,
carinhoso.
— Disse tudo que estava engasgado na minha garganta.
— eu falei, levantando a cabeça pra olhar pra ele.
As mãos dele seguraram meu rosto, trazendo-me para
um beijo.
— Você disse a ele que mora comigo. — ele afagou minha
bochecha com o polegar. — Isso também é verdade ou você
disse só para incomodá-lo?
— Você disse que aqui é a minha casa. — eu apontei, na
defensiva, olhando pra baixo.
— É verdade, eu disse, e eu quero que seja. — ele
respondeu, com paixão. — Mas você falou que ia embora
quando o plano contra os purificadores terminasse.
— Não quero ir embora. — eu falei, inibido, o olhar fixo
em um ponto no colchão.
— Essa reação é porque você está inseguro de vir morar
comigo ou porque está inseguro de me dizer que deseja
isso? — ele perguntou, paciente.
— De te dizer. — eu senti minha pele avermelhar.
Eu sentia o carinho dele no meu cabelo, embora eu não
conseguisse encará-lo. Fiquei grato dele não me perguntar
o porquê da minha insegurança naquele momento, porque
eu não saberia dizer. Eu não era bom com essas coisas,
algumas situações me deixavam assim.
— É o que eu mais quero. — ele murmurou, baixinho, me
fazendo olhar pra ele. — Que você nunca vá embora.
— Eu nunca vou. — eu jurei. — Nunca vou.
Capítulo 32

CAPÍTULO 32
NARRADO POR DRACO MALFOY
— Que horas Kinoss chegará a França? — Kim
questionou, enquanto almoçávamos.
— O trem está marcado para chegar lá as oito da noite.
— respondeu Jorge Weasley, que nos fazia companhia no
almoço naquele dia.
Na realidade, Jorge tinha se tornado uma visita muito
habitual na mansão, nos últimos tempos. Estava
evidentemente interessado em Kim, embora não parecesse
estar fazendo investidas mais incisivas no sentido de
convida-lo para um encontro, ou algo do tipo. Parecia que
Jorge tentava se aproximar de Kim, em um primeiro
momento, como amigo; um bom começo, em minha opinião,
depois de toda a confusão que o garoto tinha passado com
Marcus.
— Vamos nos reunir por volta das sete horas, na sede da
Ordem. — Harry falou. — O mapa já está funcionando?
— Sim, estou conseguindo acompanhar todos os passos
de Kinoss. — Kim abriu um sorriso orgulhoso. — Vai dar
tudo certo, o pergaminho vai nos transportar para o
esconderijo dos Purificadores, como planejamos.
— Nos transportar? — Jorge perguntou, como se só
tivesse se dado conta de algo naquele momento. — Nós.
Você está se incluindo? Você vai lutar?
— É claro que vou. — Kim respondeu, como se fosse
óbvio.
Harry dirigiu a ele um olhar gentil.
— Kim, tem certeza? Ninguém está te cobrando isso. —
ele falou. — Estou perguntando porque quando Kinoss nos
atacou, você ficou muito mal, paralisado. Hoje à noite vai
ser muito pior.
— Eu sei, Harry. Eu não fiquei mal por causa do ataque
de Kinoss exatamente, eu teria contra atacado se não
estivesse tão envolvido com essa história das punições de
Marcus e a submissão… — ele explicou.
— Você já duelou com alguém na vida fora de Hogwarts?
— Jorge falou, com uma rispidez desnecessária. — Já esteve
em uma batalha?
— Não, mas… — Kim levou um susto com o
comportamento de Jorge, sempre tão tranquilo e leve.
— Então reveja sua decisão. — Jorge falou sério. — Deixe
essa batalha pra quem sabe lidar com isso.
Kim levantou da mesa, deixando o prato de comida pela
metade.
— Não sabia que eu tinha outro dominador. — ele disse,
irritado, retirando-se do cômodo.
— O que foi isso, Jorge? — Harry perguntou, espantado.
— Você acha que ele tem condições de ir pra essa
batalha, Harry? — Jorge parecia mais aflito do que com
raiva.
— Eu não sei, nunca o vi duelando, não conheço as
habilidades dele. Mas mesmo que ele seja ruim, você não
precisava ter tratado ele desse jeito. Só vai afastá-lo de
você. — Harry aconselhou.
— Não posso deixar que ele morra, Harry. — Jorge abriu
um sorriso triste. — Ele me faz rir.
— Você ri o tempo todo. — eu disse, sem entender.
— Eu não sorrio de verdade desde… — Weasley
respondeu, parecendo ser incapaz de completar.
— Desde Fred. — Harry colocou uma mão no braço de
Jorge.
Eu me lembrava de Fred Weasley. Ele e Jorge eram
travessos, inteligentes, divertidos, todos gostavam deles.
Nem na sonserina eles eram tão criticados, apesar de se
tratarem de grifinórios. Eu soubera, algum tempo depois do
fim da guerra, da morte um dos gêmeos. Claro que aquilo
teria deixado um vazio irreparável na alma de Jorge.
— Olhe, Jorge, eu não conheci Fred, ao menos não
apropriadamente. Na realidade, acho que a última vez que
dirigi a palavra ao seu irmão foi pra insultá-lo em um jogo
de Quadribol. — eu disse, com franqueza. — Mas entendo
que seja uma perda que lhe causou uma dor imensa. Eu
gostaria de te dar um conselho sobre o que acabou de
acontecer, se você me permitir, se não for te ofender.
— Diga. — Jorge me fitou, com curiosidade.
— Neste momento, preso nos aposentos de Neville
Longbottom, há um homem que perdeu Kim por tentar
protege-lo a qualquer custo, sem se importar com os
sentimentos dele. Marcus também viu morto alguém que
amava muito, pelas mãos justamente de Kinoss, e na
cabeça dele isso justificou todas as ações horríveis que ele
cometeu com Kim. — eu falei, tentando explicar. — O que
eu quero dizer é: o grande amor da vida de Marcus morreu,
assim como seu irmão, mas Kim está vivo e não tem culpa
da dor que vocês sofreram por causa das pessoas que
foram tiradas de vocês. Não cometa o mesmo erro que
Marcus cometeu. Sei que você não vai puni-lo fisicamente,
ou sexualmente, você não é um dominador. Mas Marcus
não o puniu só assim, Marcus o fez se sentir incapaz, o fez
se sentir um homem fraco, que não pode se defender. Se
você continuar a falar coisas como as que acabou de dizer,
vai perder sua chance com Kim.
Jorge me encarou por vários segundos, a expressão
insondável, e por algum tempo achei que ele fosse me
socar. Mas ele surpreendentemente se levantou, me deu
um beijo na bochecha e disse:
— Obrigado, Malfoy. — ele caminhou na direção das
escadas, para ir ao quarto de Kim, parando no terceiro
degrau. — Vou dizer aos outros que podemos te dar aquele
título honorário de grifinório.
Quando Jorge desapareceu, Harry me olhava com um
sorriso orgulhoso no rosto.
— Isso foi muito legal da sua parte. — ele comentou,
acariciando levemente minha mão.
— Você achou? — eu perguntei, sorrindo pra ele.
— Achei. — os olhos dele faiscaram na minha direção. —
Você parecia tão certo, tão seguro. Me deu até um
pouquinho de tesão.
— Um pouquinho? — eu disse, com malícia. — Eu
poderia resolver isso, temos um tempo ainda, antes de
termos que nos reunir com a Ordem.
— Acho uma excelente ideia. — Harry mordeu o lábio,
sussurrando. — Senhor.
Eu adorava quando ele me chamava daquele jeito. Com
todo aquele clima de tensão com os processos judiciais que
eu tinha defendido naquela semana, o andamento do plano
para pegar os Purificadores, e a desagradável chegada
daquele babaca do Philip, eu e Harry tínhamos passado os
últimos dias sem muito tempo pra nós. Mais tarde teríamos
uma luta e por mais que aquilo tivesse sido planejado
cuidadosamente, eu estava, de certa forma receoso. Poder
tê-lo ali, no meio da tarde, me perder em seu corpo, em
seus toques, era como uma espécie de paraíso em meio a
tempestade.
— Vá para o quarto de BDSM e me espere preparado. —
eu ordenei.
Harry se levantou, instantaneamente. Eu o segurei pelo
pulso, antes que ele se retirasse.
— Escolha um plugue, qualquer um. — eu orientei,
murmurando em seu ouvido. — Quero que me espere com
ele todo dentro de você.
Eu pude ver a pele de Harry arrepiar com aquela ordem.
— Sim, senhor. — ele respondeu, obediente, deixando
meu pênis rígido ali mesmo.
Eu esperei vários minutos antes de subir para o quarto.
Queria que Harry ficasse um tempo em expectativa, nu, de
joelhos, algo dentro dele preenchendo-o, me esperando
chegar. Quando entrei no quarto, ele estava exatamente
assim. Eu sorri, excitado e satisfeito. Não disse nada, me
comportando como se Harry não estivesse ali. Retirei toda
a minha roupa e peguei alguns objetos nos armários, antes
de caminhar até ele.
— Levante-se. — eu ordenei, sendo obedecido no mesmo
instante.
Eu prendi as mãos dele em algemas, e em seguida, as
acorrentei para cima, de modo que ele não podia abaixar os
braços, ficando completamente disponível pra mim.
— Mostre-se pra mim, quero ver o que você escolheu. —
eu disse.
Harry empinou o quadril um pouco pra trás, e eu separei
suas nádegas com as mãos. Em seu orifício estava um
pequeno plugue de silicone, cuja envergadura era pensada
para estimular a próstata. Eu acariciei as suas nádegas
devagar, depositando um tapa em cada uma delas, ouvindo
Harry arfar pelo atrito e surpresa.
Me posicionei atrás dele, deixando-o sentir meu pênis
duro em contato com seu corpo, próximo à sua entrada.
Beijei seu pescoço, sua nuca, mordendo-o, deixando
algumas marquinhas leves em sua pele eriçada.
— Escolheu esse porque sabia que ia te dar mais prazer?
— eu perguntei.
— Sim, senhor. — ele gemeu.
— Não se preocupe… Prometo dar muito prazer pra você
hoje. — eu apertei seu corpo junto do meu, sarrando meu
pau nele. — Em troca, você vai me dar uma prova de
confiança.
Eu contornei o corpo dele, ficando de frente para olhar
pro seu rosto. Eu acreditava que Harry e eu já éramos
íntimos o suficiente pra aquele passo. Estendi na frente
dele uma mordaça, na forma de uma bolinha, que mantinha
a boca da pessoa que usava aberta, impedindo-a de falar.
— Você sabe pra que serve isso? — eu perguntei.
— Sim, senhor. — ele respondeu.
Não parecia assustado, me olhava calmo, mas com muito
interesse, como quem aguarda por algo novo que está por
vir.
— Quando estiver usando a mordaça, não vai conseguir
dizer nada, vai estar completamente disponível pra mim. —
eu esclareci. — Confia em mim o suficiente?
— Sim, senhor. — eu já sabia que essa seria sua resposta,
mas eu sempre precisava dar a ele a chance de recusar
qualquer coisa.
— Você terá um gesto para substituir a sua palavra de
segurança. — eu expliquei. — As algemas estão prendendo
seus pulsos, mas você pode abrir e fechar as mãos. Se
precisar que eu pare, quero que faça isso em um
movimento repetido, tudo bem? Eu vou estar
continuamente olhando para suas mãos, para ter certeza de
que tudo está bem.
— Sim, senhor. — ele disse, novamente.
Eu o amordacei, como eu queria, deixando-o
completamente vulnerável e acessível aos meus toques.
Comecei a manipular seu corpo, devagar, excitando-o.
Toquei seus mamilos de leve, dedilhando-os, provocando-os,
mordendo-os, ouvindo Harry tentar gemer apesar do objeto
em sua boca que o calava, até perceber que eles já estavam
muito sensíveis, projetando-se pra frente. Quando isso
aconteceu, os prendi com dois pequenos prendedores
macios.
Não eram grampos cruéis, Harry não estaria com dor,
mas eu sabia que tanto estímulo naquela área era
novidade, e a pressão nos mamilos podia ser muito
libidinosa. Quando olhei pro seu rosto, vi que sua expressão
era intensa, Harry respirava com dificuldade, e um pouco
de saliva escorria ao redor da mordaça. Suas mãos
pendiam nas algemas sem nenhum movimento, Harry
estava bem.
— Agora, vamos te estimular aqui. — eu toquei seu pênis
muito duro com a mão, sentindo-o pulsar.
Abaixei-me no chão, ajoelhando-me, e tomei seu pênis na
boca, sugando-o, lambendo-o, dedicando-me
principalmente a glande, deixando-o completamente
estimulado e inchado, até que ficasse a ponto de gozar.
Quando seu sabia que não faltava muito, me levantei,
obrigando-o a lidar com a frustração. Harry me olhava em
súplica, mas suas mãos permaneceram imóveis.
— Eu sei, é difícil. — eu disse, compreensivo. — Mas você
precisa ter paciência. Vou te dar tudo o que prometi. Eu sei
do que precisa.
Eu tirei os prendedores de seus mamilos, deixando beijos
leves ali, soprando-os, fazendo Harry se contorcer. Em
seguida, levei minhas mãos até suas nádegas, retirando o
plugue do seu interior. Depois, o pressionei contra a
parede, levantando suas pernas com as mãos, fazendo com
que elas envolvessem meu corpo.
Naquela posição, me encaixei nele, enterrando-me pra
dentro do seu corpo. Com ele ainda algemado e
amordaçado, eu comecei a fode-lo com devassidão,
sentindo seu canal pressionar meu pênis, que o invadia em
um entra e sai ininterrupto. Harry gemia como podia e
salivava, eu masturbei seu pau com volúpia, querendo leva-
lo ao extremo do prazer. Abocanhei um de seus mamilos
sensíveis, lambendo-o, estimulando-o em todos os lugares,
fazendo todo seu corpo responder a mim.
Harry gozou grunhindo, tremendo, agarrando-se em mim
com as pernas, como podia, no deleite mais obsceno que eu
já tinha assistido. Eu ardia por ele, deixei meu orgasmo vir
em seu corpo, firmando-me de pé, apoiando a nós dois na
parede para que não caíssemos. Soltei a mordaça assim
que acabou, e eu senti que as pernas dele deixavam de
apoiar-se em mim pra buscar novamente o chão. Sem o
limite do objeto, ao invés de falar, Harry me beijou com
ânsia, e eu correspondi, desejando seus lábios com o
mesmo desespero.
— Você está bem? — eu perguntei, enquanto soltava seus
pulsos das algemas.
— Isso foi… aah… — Harry se recuperava, ainda
ofegante. — Não poder falar… você me tocando…
— É mais intenso. — eu concordei. — Por isso demorei
pra propor isso. Ficar impedido de falar pode te fazer sentir
mais vulnerável, mesmo que haja um gesto para substituir
a palavra de segurança. Se você estiver amordaçado, não
pode pedir o que deseja, então precisa confiar que eu
saberei entender as necessidades do seu corpo.
— Eu acredito. — ele tremia de encontro aos meus
braços. — Você sempre sabe. Você corrompe, subjuga cada
centímetro do meu corpo à sua vontade…
Eu firmei seu corpo, percebendo que os espasmos ainda
o tomavam, e o trouxe pra mim, sentindo-o ainda excitado
apesar de ter gozado.
— Eu quero isso… adoro ver você tão submetido, tão
dominado por mim. Hoje, você sem poder falar, me deu
muito tesão. — eu admiti, mas também quis saber dele. —
Você se sentiu bem?
— Me senti tão subversivo… tão obsceno… quero fazer
isso de novo. — ele gemeu, parecia ainda imerso em delírio
e excitação.
Eu ri baixinho. De desejo, de surpresa, de felicidade.
Harry era tudo que eu tinha sonhado e jamais tinha
pensado em pedir.
— Harry, se você continuar a olhar pra mim desse jeito e
falar como se quisesse gemer por mais três horas no meu
pau, não sei como vou conseguir me controlar. — eu disse,
com sinceridade.
Vi que ele lutava pra voltar a si, pra controlar seu frenesi
sexual.
— Mas eu ainda estou todo duro. — ele reclamou,
roçando-se em mim, fazendo um biquinho irresistível.
— Uma outra hora, agora temos uma batalha pra vencer.
— eu o lembrei.
Capítulo 33

CAPÍTULO 33
NARRADO POR DRACO MALFOY
Perto da hora da chegada de Kinoss na França, todos nós
já estávamos reunidos na sede da Ordem da Fênix, que
nunca antes estivera tão cheia. Além dos membros da
Ordem, e dos aurores que tinham participado da última
reunião (incluindo, infelizmente, Philip), havia ainda cerca
de outros 40 aurores presentes. Tivemos que fazer feitiços
para aumentar o espaço para conseguir comportar a todos.
No centro da reunião estavam as consideradas
lideranças daquele movimento. Harry, é claro, e seus dois
mais antigos e principais companheiros de luta Weasley e
Granger, que após a guerra tinham ganhado bastante
prestígio e reconhecimento pela comunidade bruxa (os dois
tinham deixado o bebê pequeno, Hugo, com a mãe de
Weasley, em casa).
Junto deles estava Minerva McGonagall, que sendo
diretora de Hogwarts e possuidora de uma ordem de
Merlim, primeira classe, era considerada uma das maiores
bruxas vivas. E é claro, Kingsley Shacklebolt que
comandava os aurores presentes. Junto deles estavam
também Kim e Justine Yalle, que informavam os demais a
respeito do mapa que nos dava a localização de Kinoss e
consequentemente dos Purificadores.
— Eu achei que os aurores franceses colaborariam com a
missão, Kingsley. — McGonagall comentou, torcendo o
nariz. — Mas estou vendo apenas as forças da Inglaterra
aqui. Era de se esperar que se unissem a nós, depois de
todo o apoio que temos dado a eles para resistir aos
ataques dos Purificadores.
— Infelizmente, um grupo de tamanho considerável,
comandado pelos Purificadores está atacando na França
hoje. — Shacklebolt respondeu. — As informações que
temos é que são mercenários pagos, para capturar homens
e mulheres trouxas jovens para essa festa de recepção para
Kinoss.
— Isso é horrível. — disse sr. Weasley num canto. — Vão
estuprar essas pessoas, tortura-las.
— Os Comensais da Morte já faziam festas desse tipo. —
Philip comentou, olhando diretamente pra isso. — Draco
deve se lembrar… o pai dele, Lúcio, as adorava.
Aquilo fez com que eu empalidecesse. As lembranças que
eu gostava de manter afastadas assaltaram a minha mente,
sem pedir licença. Eu odiava tudo aquilo que eu tinha visto.
Toda aquela dor, aquele ódio, aquela tortura, toda aquela
morte. Todo aquele sangue manchando o chão da minha
casa, manchando o nome da minha família, manchando a
minha honra que nunca mais se reestabeleceria. Por causa
daquilo, eu nunca mais teria o direito de erguer a cabeça.
Sempre teria alguém como Philip pra me lembrar.
— Philip, se você não deixar essa rixa de lado, vou
expulsá-lo da missão. — Shacklebolt disse, definitivo,
fazendo com que o idiota se calasse. E então voltou-se para
Harry, Rony e Hermione. — Caso os aurores franceses
falhem em proteger alguns desses trouxas e eles acabem
sendo trazidos para a festa, vai ser preciso tomar cuidado
para que os Purificadores não os usem como reféns. Isso
pode pôr tudo a perder.
Shacklebolt começou a olhar o mapa por cima da cabeça
de Kim, e viu Kinoss chegar no esconderijo dos
purificadores.
— É aqui. Pegamos eles. — ele gritou — Estão todos
juntos. Estou vendo Kinoss, Mehothewn, e todos os outros
dos quais nós sempre desconfiamos mas nunca
conseguimos provar que faziam parte da seita. Deschamps,
Gauthier, Royer, Prevost, Moulin, Mercier, Lefebvre,
Lacroix, Vasseur, Bertrand, Dupuis, Carpentier…
Ele falava o nome das mais tradicionais famílias sangue-
puro da França.
— Há alguns bruxos ingleses envolvidos além de Kinoss e
Mehothewn. — disse Rony Weasley. — Estou vendo Dafne
Greengrass, Pansy Parkinson, Theodore Nott, Tracey Davis,
Millicent Bulstrode.
Aqueles eram meus colegas de casa. A maioria foi
considerada jovem demais para se alistar na época de
Voldemort, os pais estão em Azkaban. Poucos serviam com
tão pouca idade, como eu, que tinha recebido a marca
negra aos dezesseis anos. Eu me sentia horrível de ver o
caminho que eles tinham seguido, o que tinham se tornado.
A mão de Harry tocou a minha, apertando com força,
oferecendo apoio.
Blaise estava ao meu lado.
— Merlin. — ele ofegou. — Pansy… Theo… como vamos
lutar contra essas pessoas?
— Vamos procurar os franceses. — eu sugeri. — Deixe
que os outros lidem com eles.
— Os Purificadores do Sangue são muito numerosos. —
Exclamou Minerva McGonagall, sua voz imperativa
chamando atenção de todo grupo. — Muito mais do que eu
imaginava.
— Além dos líderes, eles contam com um grande número
de mercenários e apoiadores no geral. Por isso que temos
tido tanta dificuldade de conter os ataques e de identifica-
los. Eles lutam com máscaras e quase nunca são as mesmas
pessoas, eles tem gente o suficiente pra atuar em vários
lugares ao mesmo tempo. — Shacklebolt explicou.
— Vai ser uma batalha feroz. — Harry disse, em voz alta,
para que todos ouvissem. — Vamos dar as mãos, a chave de
portal vai ser ativada. Eles são muitos. Incapacitem todos
que puderem. Não deixem que desaparatem. E a cima de
tudo, fiquem vivos.
Todos seguiram as orientações de Harry, preparando-se
para o combate. Vi aqueles companheiros de anos darem as
mãos, compartilhando uma força inexplicável. Com a mão
livre, que não segurava Harry, eu alcancei Blaise, olhando-o
com uma promessa muda. Nós daríamos cobertura um ao
outro.
O pergaminho brilhou, levando todos nós para a batalha.
O esconderijo dos Purificadores era um grande e fortificado
castelo medieval, provavelmente uma propriedade antiga e
esquecida da família de um dos líderes, que tinha sido
muito bem enfeitiçado, escondido e preparado para aquele
fim. Assim que invadimos, ficou evidente que os pegamos
de surpresa, num clima relaxado e festivo. Em poucos
segundos, no entanto, tudo se tornou um caos total.
Apesar deles serem muitos, o fato de termos contado, no
último minuto, com auxílio dos aurores, tinha feito com que
invadíssemos com vantagem numérica. O talento dos
aurores e de muitos membros da Ordem da Fênix
acostumados a lutar fez com que o curso da batalha se
virasse ao nosso favor, e que conseguíssemos imobilizar e
incapacitar vários deles.
No entanto, os líderes da seita eram difíceis de conter.
Versados em Artes das Trevas, eles duelavam muito bem, e
era preciso vários dos nossos para bloquear os feitiços de
magia negra que eles nos atiravam sem pestanejar. No
meio da batalha, alguns bruxos começaram a chegar,
carregando trouxas sequestrados, que gritavam em pânico,
tornando tudo mais difícil.
Naquele estado de completo pandemônio, acabei
perdendo-me de Harry e de Blaise, e quando dei por mim,
estava ao lado de Philip, encarando justamente Kinoss e
Mehothewn.
Era uma péssima situação. Nossos adversários eram
bruxos poderosos e Philip era a última pessoa que eu
confiaria para lutar ao meu lado. Minha preocupação
tornou-se legítima quando Kinoss avançou pra mim,
lançando-me um Sectumsempra em cheio do peito, me
derrubando no chão. Olhei pra cima, me sentindo rasgar, o
sangue jorrar do meu peito, próximo ao coração.
— Agora vamos ver o que uma Cruciatus faz com você,
Malfoy. — Kinoss falou, sem clemencia.
— Me dê uma trégua, Mehothewn. — eu ouvi a crueldade
na voz de Philip. — Também quero torturar esse aí.
Mehothewn me odiava muito mais do que desejava
combater um auror de quem jamais tinha ouvido falar. Vi
quando ele abriu um sorriso sádico e apontou a varinha pra
mim. Eu não ia suportar. Jamais tinha ouvido falar de uma
pessoa que saiu com a sanidade intacta após sofrer o efeito
de três maldições Cruciatus conjuntas. Com meu peito
aberto daquele jeito, era provável que eu morresse. Com a
varinha ainda em mãos, chegou a passar pela minha mente
mata-los, tentar ao menos, mas eu não podia. Eu preferia
morrer com a minha alma intacta.
Fechei os olhos e esperei pela dor. Mas ela não veio. Um
corpo se atirou sobre o meu, recebendo a maldição no meu
lugar. Abri os olhos, era Harry, tinha vindo não sei de onde,
percebendo que era tarde para bloquear as maldições com
um contra feitiço, ele apenas se colocou na frente. Depois
disso, tudo era um borrão.
Vi o corpo de Harry erguer-se e se contorcer de dor na
cena mais grotesca que eu já presenciara. Philip retirou o
feitiço no mesmo instante, ao ver que atingira a pessoa
errada, e desaparatou, fugindo do que havia feito. Neville
Longbottom, que tinha se materializado ali, atingiu Kinoss
com um jato de luz verde, fazendo-o cair morto no chão. Ao
mesmo tempo, eu gritei, sem pensar, com o que tinha
restado das minhas forças:
— Avada Kedavra. — o corpo de Mehothewn caía em um
baque surdo, fazendo eco ao de Kinoss.
Harry caiu inconsciente no chão, sendo aparado por
Neville. E eu apaguei, o gosto de sangue, bile e morte na
garganta.
—/—
—/—
—/—
Quando voltei a consciência, o gosto de sangue ainda
estava em minha boca, mas a dor no meu peito tinha
amenizado consideravelmente. Abri os olhos, tentando
identificar o espaço, percebendo que me encontrava na
minha cama, na Mansão Malfoy. Tentei erguer meu tronco,
perguntar por Harry, mas isso fez meu peito arder em uma
dor excruciante. Deitei novamente, amparado pelas mãos
de Hermione Granger.
— Calma, não faça movimentos bruscos. — ela falou, a
voz tranquila, mas autoritária. — Você conhece o
sectumsempra, eu fechei o corte, mas vai demorar pra
cicatrizar completamente.
— Harry… — eu falei, a voz rouca, a garganta seca.
— Harry está ao seu lado, vire a cabeça levemente. —
Granger disse, paciente.
Eu fiz como ela instruiu. Harry estava deitado na cama
ao meu lado, como em um milagre. Ele parecia tão sereno
que se eu não tivesse visto ele ser atingido por aquelas
maldições, eu poderia jurar que ele apenas dormia. Eu
podia ver seu peito subir e descer com tranquilidade, numa
respiração profunda.
— Fiz todos os feitiços que conheço para preservá-lo dos
sintomas da maldição Cruciatus. — ela falou, tentando me
transmitir algum conforto. — É provável que ele só acorde
daqui há alguns dias.
— Ele vai se lembrar de mim? — eu perguntei.
Mas Hermione Granger não tinha uma resposta pra
minha pergunta, ela não podia saber se Harry acordaria
são ou completamente louco. Se teria todas as suas
memórias ou se recordaria parcialmente da própria vida. A
dor mexia com a mente, embaralhava os pensamentos,
levava as pessoas a insanidade.
— E os outros? — eu pigarrei. — Blaise? Kim? Weasley?
— Eu estou aqui. — Rony Weasley chamou minha
atenção, em pé, do meu lado esquerdo. — Estão todos
vivos. Ninguém do nosso lado morreu. O plano funcionou.
Capturamos praticamente todos os Purificadores que
estavam no esconderijo, pouquíssimos conseguiram
desaparatar. Segundo Kingsley era uma reunião grande e
maior parte da seita estava ali, nós os enfraquecemos como
queríamos, até mais.
— Eles foram todos levados pra Azkaban, pra aguardar
julgamento. — Hermione contou. — Amanhã vamos prestar
esclarecimentos sobre nossas ações para o Ministério e
para a imprensa. Kingsley disse que poderia fazer isso por
nós, mas dissemos que ele representa o Quartel General de
Aurores. Eu e Rony vamos como representantes da Ordem
da Fênix.
— Se Harry estivesse acordado, iria preferir assim. — eu
concordei. — Harry abriu a Ordem da Fênix, criou esse
plano, organizou essas pessoas. Shacklebolt não fala por
ele.
Vi um brilho nos olhos de Rony Weasley quando eu disse
isso, uma espécie de reconhecimento, de intimidade, que
não havia antes.
— Zabini ficou aqui até alguns minutos atrás, esperando
você acordar, mas como eu garanti que você estava bem,
ele foi embora encontrar um tal de John. — Hermione falou.
— Disse que volta assim que puder.
Eu assenti com a cabeça. Ele estaria louco pra ver John
depois de tudo aquilo.
— Jorge e papai foram feridos, como você tem muitos
quartos de hóspedes trouxemos os dois pra cá, mamãe
também veio, com Hugo. — Weasley continuou falando —
Eu e Hermione também pegamos um quarto, Mione insistiu
em tratar ela mesma de vocês dois, Jorge e papai aqui.
Nada de St. Mungus.
Há anos atrás eu me sentiria agoniado pela perspectiva
de ter a Mansão Malfoy invadida por grifinórios, sobretudo
por essa enorme quantidade de Weasleys. Mas agora eu me
sentia grato pela presença deles.
— Eu não me importo. A casa é de vocês… se precisarem
de algo Kim ou os Elfos podem ajuda-los a encontrar. — eu
respondi.
Kim já morava conosco há um tempo, sabia onde tudo
estava, podia ajudar os Weasley a se localizar melhor na
Mansão.
— E os aurores? — eu me forcei a perguntar. — Todos
bem?
— Doze aurores foram feridos e levados para o St.
Mungus, mas recebi uma coruja de um colega Medibruxo
me informando que não é nada grave, todos vão sobreviver.
— Hermione falou. — Quem passou pelo pior mesmo foram
você e Harry. Se não fosse Neville chegar a tempo… não sei
o que teria acontecido.
— Tudo culpa daquele maldito traidor do Philip. — Rony
Weasley rosnou. — Mamãe brigou feio com Kingsley. Se ele
tivesse expulsado aquele filho da puta, falso, vira-casaca…
— Nós entendemos Ron. — disse Hermione, calando o
marido. — Chega desse assunto, você está estressando
Draco.
Granger me tratava pelo primeiro nome, não era a
primeira vez que ela o fazia, mas agora sua voz parecia
carregada de preocupação ao dizer meu nome, como se eu
fosse uma pessoa querida, um amigo.
— Ora, Draco estaria bem feliz com Harry se Philip não
fosse um merda. — Rony se indignou. — Draco estava
ferido. Philip era um auror bom o suficiente pra te-lo
protegido até que Neville chegasse pra ajudar.
Aparentemente eu tinha deixado de vez de ser “Malfoy”
pra Rony Weasley também, que me defendia com unhas e
dentes, como eu só tinha visto um grifinório fazer pelo
outro. Aquilo fez meu corpo tremer, me deu vontade de
chorar, porque eu não merecia. Eu não era um deles, nunca
poderia ser. Eu finalmente tinha mostrado ao mundo que
era um verdadeiro Malfoy.
A cena não parava de rodar na minha mente. Minha
varinha obedecendo a ordem, meu desejo de matar, a luz
verde, a minha culpa, um corpo no chão, o gosto de morte
na minha boca, a minha alma se partindo. E eu fiz força pra
levantar o tronco apesar da dor cortante. Eu não podia
dividir a cama com alguém como Harry, não imundo como
eu estava.
Hermione empurrou meu corpo de volta.
— Olha o que você fez, Rony. — ela ralhou com o marido.
— Se o corte dele reabrir a culpa vai ser sua.
Rony colocou a mão sobre o meu ombro.
— Desculpe cara, sei que está com raiva, também estou.
— ele me ofereceu apoio. — Quando você e Harry
estiverem bem, vamos pegar esse desgraçado. Mas agora é
melhor fazer como Hermione está mandando.
— Não é por isso que estou com raiva. — senti vergonha
de encará-lo. — É pelo que eu fiz.
— O que você fez? — ele perguntou.
— Eu matei uma pessoa. — eu confessei meu crime, meu
pecado.
Eu podia ouvir a voz do meu pai, respirando no meu
cangote, me parabenizando. O rito de passagem, um Malfoy
adulto, um homem, um bruxo completo.
Hermione sentou ao meu lado na cama e segurou minha
mão, gentilmente.
— Fiquei me perguntando porque não fez isso antes,
quando eles estavam prestes a atacar você. — ela disse
com muita delicadeza. — Com esse corte no peito… você
não teria resistido.
— Eu preferia ter morrido. — eu deixei as lágrimas de
dor e ódio escorrerem pelos meus olhos. — Eu nunca matei
nem torturei ninguém. Não uso maldições contra um
inimigo desde a queda do Lorde das Trevas. Eu jurei… jurei
que não me tornaria um Malfoy. Eu preferia ter morrido…
preferia ter morrido a me tornar o meu pai.
— Você não é seu pai. — Rony me sacudiu com leveza,
levando em conta meu estado. — Abra os olhos. Olhe pra
mim. Olhe pra mim, Draco. Você não matou ninguém
gratuitamente, por crueldade. Você salvou Harry.
— Harry. — eu repeti.
A única pessoa pela qual eu abriria mão de qualquer
coisa.
— Neville fez o mesmo, matou Kinoss, protegeu Harry. —
Hermione disse, tentando me convencer.
Mas eles não entendiam. Do mesmo jeito que Harry
também não tinha conseguido compreender exatamente
quando eu tentara lhe explicar alguns dias antes. Não era o
mesmo pra eles.
— Olhe para o meu braço esquerdo, Hermione. — eu
ordenei. Harry me amava, não se esquivava daquela marca
por isso. Mas Hermione Granger se esquivaria. — Neville
Longbottom não tem uma dessas. Neville Longbottom não
foi educado todos os anos de sua vida pra ser um bruxo das
trevas.
Mas Hermione não se esquivou. Ela tocou a Marca Negra
corajosamente.
— Faça um corte no braço dele, Rony. — ela exigiu. —
Bem em cima da marca.
— O que? Mas… — Rony Weasley tentava questionar a
razão daquilo.
— Faça como estou mandando. — a voz de Hermione era
imperativa.
Rony Weasley não questionou mais, fez um feitiço
abrindo um corte longo sobre minha Marca Negra, fazendo
meu sangue brotar. Hermione abriu um corte em sua
própria mão, o sangue pingando, sujando os lençóis. Ela
empurrou a mão dela sobre a Marca Negra, fazendo com
que seu sangue penetrasse meu corpo.
— Há sangue trouxa correndo em suas veias, Draco
Malfoy. — ela me encarava. — Você está com nojo? Se sente
sujo?
Eram perguntas horríveis, mas seu tom não deixava
espaço pra que eu não respondesse.
— Não. — eu quase gritei, sem desviar o olhar, honesto e
franco.
Sentindo-se satisfeita, ela retirou a mão, fechando o
próprio corte.
— Você não é seu pai. Não é um Comensal da Morte. O
que fez essa noite foi necessário, e não há diferença entre
você e Neville. Se você deixar o corte se curar
naturalmente, em cima da Marca Negra vai ficar uma
cicatriz. Quando olhar pra ela, em vez de lembrar dessa
maldita ideologia de sangue puro, lembre que há sangue de
uma garota trouxa em você. — Hermione falou, indo em
direção a porta. — E mesmo que Harry enlouqueça e jamais
se lembre de nenhum de nós, nunca o abandonaremos,
Draco. Você é um dos nossos.
Ela saiu, deixando-me sem palavras, encarando aquele
corte, que embora ardesse, tinha aplacado a dor que se
abrira na minha alma no momento em que eu tinha tirado a
vida de Mehothewn. Rony conjurou uma faixa e rodeou
meu braço, cuidadosamente, para que não entrasse
impurezas na ferida e a mesma não infeccionasse.
Depois, ele pediu que eu chegasse um pouco para o meio
da cama. Ele me ajudou a me movimentar, eu me encostei
em Harry, grato por poder sentir o calor que emanava de
sua pele macia. Rony se deitou ao meu lado, no espaço que
eu tinha deixado vago.
— Vou ficar com vocês essa noite, para o caso de
precisarem de alguma coisa. — ele falou, em voz baixa.
E deitado ali, ferido, entre Harry inconsciente e Rony
Weasley que zelava por nós dois, eu me permiti ter
esperança.
Capítulo 34

CAPÍTULO 34
NARRADO POR KIM HALL — HORAS ANTES DA
BATALHA CONTRA OS PURIFICADORES DO SANGUE
Eu me levantei da mesa bruscamente na hora do almoço,
deixando metade da comida pra trás. Encarei Jorge
Weasley, engolindo suas palavras, impactando-me por
aquela inesperada decepção. Desde aquela primeira noite
que tínhamos passado juntos, Jorge me visitava com
frequência na Mansão. Nunca tínhamos voltado a ter
relações sexuais, nem mesmo um único beijo, mas ele
sempre me tratava com muita gentileza. Era divertido,
costumávamos conversar por horas, rindo de qualquer
coisa. Mas naquele momento, ele deixava claro que me
considerava um só menino frágil. Estava me subestimando
da mesma maneira que Marcus sempre fazia.
— Não sabia que eu tinha outro dominador. — eu disse,
sentindo meus olhos arderem.
Eu saí antes que chorasse na frente de todo mundo.
Caminhei rapidamente na direção do meu quarto,
apertando minhas mãos com força. Eu não era fraco, não
era. Bati a porta com raiva, pensando no porquê todos
pareciam chegar àquela conclusão. Era por causa da minha
aparência? Eu era um garoto magro, não muito alto, mas
por Merlin, eu era maior que Gina Weasley, que Hermione
Granger… ninguém parecia acha-las incapazes de se
defender. Seria por conta da idade? Nem aquilo fazia
sentido, muito mais jovem que eu, Harry já tinha
enfrentado Voldemort mais de uma vez.
A porta do meu quarto se entreabriu, revelando
parcialmente o rosto de Jorge Weasley.
— Posso entrar? — ele perguntou.
— O que você quer? — eu perguntei de volta, limpando
as lágrimas que tinham teimado em cair.
Jorge entrou, fechou a porta, e veio se sentar ao meu
lado na cama.
— Por favor não chore por minha causa. — ele pediu. —
Eu não mereço.
Levantei os olhos para encará-lo. Queria gritar que não
tinha derramado uma única lágrima pelo que ele tinha me
dito, mas não era verdade, então eu só continuei a olhar
pro seu rosto. Jorge parecia lamentar sinceramente.
— Me desculpe, Kim. O que eu disse não tem nada a ver
com você. — ele continuou. — Foi só meu medo estúpido de
ficar sozinho outra vez. Não justifica nada… mas na última
batalha em que estive, perdi Fred.
Eu senti meu coração se apertar. Ele devia sentir uma
falta absurda do irmão. Estendi a mão pra ele, em uma
oferta de paz e amparo. Jorge segurou, acariciando meus
dedos com o polegar.
— Tudo bem, já passou. — eu falei. — Você não vai ficar
sozinho. Agora é diferente da batalha de Hogwarts.
Estamos em maior número, isso foi planejado com cuidado,
e ainda temos o elemento surpresa.
— Obrigado. — ele sorriu. — Por me perdoar tão
facilmente…
Eu queria abraça-lo, dizer que tudo ficaria bem, mas em
minha garganta haviam palavras que precisavam ser ditas.
Eu não podia seguir em frente sem elas.
— Não quero que me ache fraco, Jorge. — eu disse, num
único fôlego.
— Nunca. — ele segurou meu rosto entre as mãos. — Eu
não acho. E prometo que não o tratarei assim novamente.
Eu assenti com a cabeça, respirando fundo, aliviado.
— Isso é bom, Jorge. — eu murmurei, baixinho. — É bom
porque… porque já gosto demais de você.
Jorge encostou seus lábios nos meus, em um beijo doce,
apaixonado, cheio de promessas e sentimento. Me deixei
levar, entregando-me completamente. Como eu tinha
sentido falta daquilo. Falta do seu gosto, da sua boca. Eu o
desejara todos os dias, a cada sorriso que ele me dava.
— Eu gosto tanto de você, Kim. — ele acariciou meu
cabelo.
— Quis te beijar todos os dias, desde a primeira vez. —
eu sussurrei contra os seus lábios, aproximando nossos
corpos ainda mais, deixando-me sentir o calor que vinha da
sua pele.
— Porque não me beijou? — ele perguntou, os lábios
trilhando pelo meu pescoço, eriçando a minha pele. — Eu
estava sendo cavalheiro… achei que você ainda queria
esperar.
— Também achei. — eu admiti, encostando a boca em
seu ouvido bom. — Mas a cada vez que te vejo, parece que
te desejo mais.
— Eu também. — ele disse, interrompendo nossas
carícias pra me olhar. — Você é contra transar antes de
uma batalha tensa?
Eu ri do jeito que ele falava. Ele tocou minha bochecha
com calma, rindo também.
— Não, mas gostaria de tomar um banho antes. — eu
falei. — Você me espera?
Ele fez um beicinho, mas assentiu com a cabeça. Fui
apressadamente até o banheiro, tomando um banho rápido
e fazendo os feitiços de preparação. Vesti uma cueca
especial que eu tinha comprado naquele dia mais cedo, em
uma sex shop que coincidentemente estava localizada ao
lado da Universidade.
Tratava-se de uma cueca branca que na frente cobria
meu pênis, mas atrás haviam apenas elásticos ao redor das
minhas nádegas, sendo completamente aberta, deixando
minha bunda exposta. Vesti um short preto, larguinho, por
cima, e saí do quarto, indo direto pra cama com Jorge, que
já tinha tirado os sapatos e a camisa.
Ele me puxou pra junto de si, beijando-me de novo.
— Você está cheiroso. — ele afundou o rosto no meu
pescoço.
— Chama-se sabonete. — eu ri.
Ouvi sua risada baixa, e deitei displicentemente de
bruços na cama. Ele se deitou de lado, bem perto de mim,
de modo que eu podia sentir sua ereção na minha coxa.
Jorge estava parcialmente inclinado sobre o meu corpo,
beijando as minhas costas lentamente, parecendo querer
provar o gosto de cada pedacinho da minha pele, sem
pressa, até embeber-se completamente de mim.
Senti quando suas mãos desceram para o meu short,
puxando-o pra baixo, e ele ofegou.
— Meu Deus. — a voz rouca, sua excitação era nítida. —
Foi isso que você foi comprar hoje naquele sex shop depois
da aula?
Virei o rosto de lado pra olhar pra ele.
— Sim. — eu sorri, com malícia. — Sabia que você estaria
me vigiando.
— Você fez pra me provocar? — ele fez um rápido feitiço
de lubrificação e então começou a passar o dedo na
portinha da minha entrada, sem me penetrar. — Você não
presta, Kim Hall.
— Em minha defesa, eu estava louco pra sentir você me
tocar de novo. — eu disse, empinando o quadril pra cima,
deixando-me mais exposto pra ele.
— E você comprou essa cueca pra usar pra mim? — ele
perguntou, deixando um dedo escorregar pra dentro do
meu corpo, depois de muito massagear e provocar minha
entradinha.
— Sim, só pra você, Jorge. — eu gemi, mexendo-me um
pouco ao redor do dedo dele, querendo mais movimento,
mais atrito.
Jorge introduziu o segundo dedo pra dentro de mim, e
começou a socar mais forte, me fazendo gemer baixinho.
— Você está há um tempo sem sexo, está bem
apertadinho. — ele sussurrou pra mim. — Quero te lamber
aqui de novo.
Aquilo era um ponto fraco pra mim. Eu adorava ser
lambido ali. Era uma coisa que Marcus raramente fazia, e
que na minha última relação sexual com Jorge, apesar de
ter me dado apenas algumas lambidas breves, eu tinha
praticamente delirado.
— Adoro quando você faz isso. — eu confessei.
— É mesmo? — ele disse, tirando os dedos do meu
orifício. — Então abre bem essa bundinha gostosa pra mim.
Eu separei bem as nádegas com as mãos, oferecendo-me
todo pra ele. Senti sua língua quente me invadindo, aquele
prazer lascivo me fazendo delirar, despertando cada célula
do meu corpo pro prazer. Ele me penetrou, me fodeu com a
língua, alternando estes movimentos com lambidas mais
leves que provocavam minha entradinha e me faziam
rebolar na sua boca. Ele me beijou ali, sugou, chupou,
mamou bem gostoso no meu rabinho por vários minutos,
nunca ninguém tinha ficado tanto tempo fazendo aquilo
comigo.
Eu sentia meu pênis, pulsar, latejando de excitação. Sua
língua em meu ânus me levava a um extremo e eu gemia
descontroladamente, esfregando-me nele, despudorado.
— Ah isso… me lambe bem gostoso. — eu pedia,
gemendo. — Fode meu rabinho com a língua.
Quanto mais eu pedia, mais Jorge me dava. Eu estava
alucinado, meu cu piscava de tesão de encontro ao seu
toque, contraindo-se sem parar. Meu pau babava, duro
como pedra, pressionado contra o colchão, até que não
aguentei, e gozei daquele jeito, me contorcendo todo,
chamando seu nome.
Jorge virou meu corpo de lado, para que eu ficasse de
frente pra ele.
— Você estava se masturbando? — ele quis saber.
— Não. — eu disse, constrangido.
— Você gozou só com a minha língua? — ele perguntou,
num misto de surpresa e excitação.
Eu assenti com a cabeça, sentindo as bochechas
avermelharem, enquanto eu tentava me recuperar daquele
orgasmo. Ele me puxou pra junto do seu corpo, me
tomando pra um beijo urgente, carregado de luxúria.
Depois, pediu pra que eu me deitasse de lado na cama, de
costas pra ele, e erguesse uma das pernas. Vi que ele se
livrava do restante das roupas.
Ele me ajudou a sustentar a perna de cima, segurando-a
com a mão, seu pênis gigantesco pressionando as minhas
nádegas, seu corpo todo colado no meu, envolvendo-me.
Senti seu pênis entrar em mim, me deixando todo dilatado.
— Ah… você é tão grande. — eu gemi, sentindo aquela
dor gostosa de estar preenchido de Jorge Weasley.
— Quer que eu pare? — ele murmurou, em evidente
esforço, movimentando-se lento dentro de mim.
— Não. — eu sussurrei de volta. — Gosto assim… de
sentir você me abrindo… me fodendo…
Jorge ia perdendo controle, arremetendo pra dentro de
mim com força, batendo na minha próstata, me fazendo
delirar de prazer. Meu pênis estava duro novamente,
inchado, pulsando cada vez que aquele estímulo em meu
ânus me levava ainda mais longe, a um novo ápice.
— Quero te deixar todo abertinho pra mim. — ele
confessou, me excitando ainda mais.
— Me toca Jorge, por favor. — eu pedi, sem conseguir me
aguentar. — Me deixa gozar no seu pau.
Jorge ofegou em choque ao encontrar meu pênis duro
novamente, mesmo eu tendo acabado de gozar. Ele gemeu
baixinho, me fodendo com mais força, puxando o meu pau
de dentro da cueca e o masturbando habilidosamente,
levando-me para mais um orgasmo. Até que gozamos
juntos, nossos corpos latejando de prazer e espasmos.
— Fiquei impressionado, dois segundos depois de gozar e
você já estava pronto de novo. — Jorge riu, alguns minutos
depois, quando conseguimos nos recuperar a ponto de ter
uma conversa coerente. — Merlin me ajude. Vou ter
dificuldades pra manter você satisfeito.
— É a idade. — eu brinquei. — 18 anos… hormônios
demais.
— Você está me chamando de velho? — ele disse, embora
tivesse apenas 25.
— Se a carapuça serviu. — eu ri.
— Vou mostrar a você quem é que não aguenta. — ele
disse, esfregando-se de novo em mim.
Deus do céu, aquele homem ia me matar.
— Tenha piedade, não transo há semanas, estou dolorido.
— eu reclamei, ainda rindo. — Por favor, recolha esse pau
enorme.
— É grande demais pra você? Te faz sentir dor? — ele
perguntou, a voz adquirindo um tom sério.
— Você sabe que é normal sentir um pouquinho de dor as
vezes, não é? Não é nada demais. — eu o tranquilizei, e
então me forcei a confessar baixinho. — Eu adoro seu pau,
parece que foi feito pra mim. Quando você me fode, ele
sempre bate especificamente no lugar que me dá mais
prazer.
— Adoro seu corpo inteiro. — ele me abraçou por trás. —
Você todo foi feito pra mim.
—//—
Minutos depois eu fui até a cozinha, beber uma água
depois de toda aquela atividade, vestindo o short preto e
uma camiseta qualquer. Encontrei Harry, vestido com a
mesma displicência, parecendo igualmente trêmulo e
extasiado, além de ávido por uma água gelada.
— Parece que não fui só eu que resolvi relaxar antes da
batalha. — eu provoquei.
Harry e eu tínhamos nos tornado muito amigos. Eu ainda
o admirava imensamente, ele era o Eleito, um homem
muito corajoso, que tinha feito muito pelo mundo mágico.
Mas naquele tempo morando com ele, eu tinha aprendido
também a conhecer a pessoa divertida e companheira que
ele se mostrava, fora de todo esse contexto heroico.
— Parece que finalmente Jorge Weasley se deu bem. —
ele riu. — Ele vem tentando há dias.
— Ele vem tentando? — eu me indignei. — E o que você
deixa pra mim? Parti pra cima dele como um furacão. Usei
até uma cueca aberta atrás.
Harry cuspiu água pelo nariz, sem saber se ria ou se
mostrava-se completamente chocado com o que eu tinha
dito.
— Isso existe? — ele perguntou, interessadíssimo — Me
empresta?
— Acho que vai ficar apertado em você. — eu respondi,
medindo seu corpo consideravelmente mais avantajado que
o meu. — Mas posso te comprar uma. Vende no sex shop na
esquina da minha faculdade.
— Eu adoraria. — ele agradeceu.
— O que te deixou tão safado, senhor Harry Potter? — eu
quis saber.
— Draco me amordaçou hoje. — ele confessou, com
timidez, as bochechas ruborizando.
Ergui as sobrancelhas. Aquilo era sério. Marcus já tinha
me pedido pra fazer, mas eu nunca aceitei. Nunca achei
que ele fosse conhecer meus limites sem que eu pudesse
expressa-los.
— Você está bem? — eu perguntei com preocupação.
— Estou ótimo. — ele exclamou. — Foi o orgasmo mais…
ah… mais revolucionário da minha vida. Não consigo fazer
meu pênis ficar mole de novo.
Eu o abracei de lado, passando o braço direito pelos seus
ombros.
— Fico feliz que você e Draco estejam tão bem, é
evidente a confiança e o amor entre vocês dois. — eu disse,
e depois acrescentei em tom de brincadeira. — E que fique
claro, estou te abraçando nessa posição porque não quero
que você encoste essa coisa em mim.
— Que coisa? — Jorge perguntou, entrando na cozinha,
acompanhado por Draco.
— Harry não consegue fazer o pau descer. — eu disse,
rindo.
— Ainda? — Draco perguntou, aproximando-se do
namorado. — Até eu estou começando a ficar assustado.
— Isso é maldade sua, que deixou ele assim e não quer
resolver o problema. — Harry reclamou, fazendo uma
careta. — Mesmo que ainda falte um bom tempo até a hora
de nos reunirmos na Ordem.
— Pobrezinho, deixe-me cuidar de você, então. — Draco
puxou o short de Harry pra baixo ali mesmo e o empurrou
contra o balcão alto de mármore, fazendo-o sentar sobre a
pedra fria.
— Aqui? — Jorge perguntou, incrédulo.
Ele conhecia Harry há muitos anos, o tinha como um
irmão, acho que nunca imaginara se deparar com aquela
situação.
— Ora, Weasley, se você está incomodado, há muitos
outros cômodos. — Draco deu de ombros. — Mas acho que
Kim gosta de assistir…
Harry me olhou, tímido, mas evidentemente excitado
conforme a boca de Draco baixava sobre seu pênis,
tomando-o na boca. Eu gostava mesmo de assistir, essa era
uma das razões pelas quais eu tinha me envolvido com
BDSM e aceitava participar daquelas cenas em grupo.
— Me lembro de você dizer que fazem essas coisas uns
na frente dos outros. — Jorge falou, com curiosidade.
— A maior parte de nós é voyeur. — eu expliquei. — Mas
não precisamos ficar aqui.
— Quero fazer isso com você. — ele falou, e eu sondei
seus olhos, pra ver se era sincero.
Deixei meu short cair junto com a cueca, desnudando-me
pra ele.
— Sou todo seu. — eu sussurrei.
Jorge me ergueu no colo com facilidade, me colocando
sentado no mármore ao lado de Harry. A cena era
excitante, nossos gemidos se misturavam, ele desceu os
lábios sobre o meu pênis com volúpia, me sugando
gostosamente. A boca dele me ordenhava, ele me permitia
penetrá-lo até a garganta, cobrindo-me de saliva e calor. Eu
gemi gostosamente, meus gritos se misturando aos de
Harry, que parecia entregue a uma espécie de ritmo
frenético, projetando-se para dentro dos lábios de Draco,
fodendo sua boca. Vi quando ele gozou, fazendo Draco
tomar todo seu líquido.
Eu já nem sabia se tinha condições de gozar uma terceira
vez, mas Jorge queria tudo de mim, me levou até o prazer,
sugando-me inteiro. Eu atingi o orgasmo em seus lábios,
gemendo, sentindo que perdia completamente as forças.
— Acho que é a nossa vez, Jorge Weasley. — Draco
sorriu, malicioso.
— Nada mais justo. — Jorge abriu a calça, abaixando-a,
expondo seu pênis já ereto.
— Puta que pariu. — Harry exclamou, arregalando os
olhos pra mim.
— Não dá nem pra competir. — Draco brincou, referindo-
se àquele pau enorme que Jorge exibia.
Jorge não se deu o trabalho de parecer envergonhado.
Outra pessoa talvez ficasse tímida na primeira vez que
estivesse fazendo sexo na frente dos outros. Mas não Jorge
Weasley. Timidez não constava em seu dicionário.
— Quero experimentar uma coisa nova. — ele olhou pra
mim. — Uma coisa que você me disse que poderia ser bom,
e no começo não acreditei. Agora já acho que nada pode
ser ruim com você.
Eu sabia do que ele estava falando. No nosso primeiro
encontro, nós tínhamos falado sobre amarrar o pênis, para
conter o orgasmo. Jorge tinha dito como ficaria agoniado
com aquilo, mas eu tinha explicado como faria com que ele
sentisse prazer, sem machuca-lo.
— Tem certeza? — eu perguntei.
Ele assentiu com a cabeça. Ele se sentia obviamente
instigado a tentar, sorria pra mim com confiança, excitação,
desejando saber mais sobre o prazer que eu poderia lhe
dar. Eu era mais novo, tinha tido apenas um parceiro antes
de Jorge, mas o que eu conhecia de BDSM possibilitava que
eu propusesse algumas experiências.
— Draco. — eu chamei. — Me empresta uma tira fina de
couro? Nada cruel… algo macio.
Draco ergueu uma sobrancelha, estranhando o pedido,
mas fez o feitiço convocatório, entregando em minhas
mãos. Jorge estava ereto, e eu o amarrei sob o olhar atento
de Draco.
— Já fez isso antes, Kim? — ele perguntou, em tom
ameno.
— Não, só fui amarrado. — eu respondi.
— Passe a fita mais embaixo, para envolve-lo melhor. —
Draco orientou. — E pode apertar mais, não vai machuca-
lo. Tão leve assim quase não fará diferença.
Fiz como Draco me instruiu, afinal ele era um dominador
há alguns anos, sabia como amarrar uma pessoa. Jorge
esperou corajosamente, parecendo não se importar com a
interferência. Quando terminei, encarei seu pênis rígido e
ereto, lambendo levemente a glande seguidas vezes,
provocando-o.
Jorge fechou os olhos, ofegante.
— Isso vai ser bom de assistir. — Draco murmurou. —
Adoro ver um ativo ser amarrado assim.
— O que acha de assistir fodendo minha boca bem
gostoso? — Harry ofereceu, ajoelhando-se no chão na
frente do namorado.
Draco aceitou sem pensar duas vezes, penetrando a boca
de Harry em um ímpeto, alcançando sua garganta, fazendo-
o engasgar. Mas Harry estava envolvido demais, não se
retraiu. Ambos olhavam pra mim e Jorge, excitados com o
espetáculo que oferecíamos.
Eu chupei a cabecinha do pênis de Jorge com destreza,
fazendo-o gemer, concentrando-me naquela parte tão
sensível. Minha língua roçava o buraquinho por onde
escorria pré gozo. Eu sentia seu pênis inchar e latejar sob
meus lábios.
— Ah Kim… você vai me enlouquecer… — ele gemeu —
Meu pau está doendo de tão duro.
Eu entendia. Retirei a boca de sua glande, abandonando
seu membro, e baixei a cabeça, lambendo seus testículos,
fazendo-o ofegar ainda mais. O saco de Jorge estava
apertado pela tira de couro, tornando-o sensível e
contraído. Eu o chupei, lambi, beijei com gosto, excitando-
o, levando-o ao limite.
— Kim… por favor… — ele suspirou.
Deixei de lambe-lo ali, para voltar a massagear a sua
glande. Eu expus a cabeça do seu pênis, dedilhando-a,
esfregando-a na palma na mão, deixando-a levemente
dolorida.
— Não posso mais aguentar… — Jorge gemeu,
suplicante. — Me deixe gozar, por favor. Eu preciso gozar.
Eu o desamarrei. Tomei seu pênis na boca, chupando-o
com luxúria, masturbando a parte que não conseguia sugar,
permitindo-nos mergulhar em um ritmo afrodisíaco. Ele se
esfregava em mim, introduzia-se na minha boca, e eu
atendia à sua lascívia, dava tudo que ele queria, até sentir
seu orgasmo vindo. Quando ele gozou, engoli parte do seu
jato forte, abri a boca, e permiti que ele sujasse meu rosto,
que ele visse seu sêmen em mim.
Jorge me puxou pra cima.
— Você é o homem da minha vida. — ele falou, os olhos
brilhando de luxúria.
— Jorge. — eu disse seu nome, como uma prece.
— // —
Mais tarde, naquela noite, eu estava em meu quarto,
cuidando de Jorge. Eu tinha ficado perto dele durante toda
luta, pois já tinha percebido que, apesar de viver uma vida
normal, o ferimento que lhe tirara um ouvido anos antes,
na guerra contra Voldemort, tinha tirado muito do
equilíbrio de Jorge Weasley. E equilíbrio era importante
demais em uma batalha.
Em um dado momento, enquanto lutávamos contra os
Purificadores do Sangue, um deles lançara um forte feitiço
em Jorge que, muito talentoso, tinha bloqueado no último
milésimo de segundo. A força da magia, no entanto, o
atordoara, fazendo com que ele cambaleasse para perto
demais de uma janela. O bruxo aproveitou do seu
desequilíbrio para lhe lançar um estupefaça.
Ao ser estuporado, Jorge perdeu a consciência. O
estuporamento para uma pessoa que não tinha um tímpano
podia ser um feitiço de auto risco. Pude ver seu corpo ser
lançado na direção da janela. O capturei no ar, com um
feitiço convocatório, e desaparatei, voltando a Mansão
Malfoy. Fiz tudo que pude pra ajuda-lo, todos os feitiços
que conhecia para que ele ficasse bem, e o deitei em minha
cama. Pouco depois os outros começaram a chegar, a
batalha tinha tido fim.
Com a situação de Harry e Draco, e os ferimentos que
ambos tinham sofrido, Rony, Hermione, Blaise, Molly
Weasley e alguns outros membros da Ordem, além de
Kingsley entraram na Mansão levando os dois
inconscientes para o quarto. Lá dentro ocorreu alguma
conversa que não ouvi exatamente, mas vez ou outra, do
meu quarto, os gritos de Molly e Rony, principalmente,
faziam-se escutar. Hermione tinha vindo ao meu quarto
assim que pôde, me dar detalhes sobre a situação de Harry
e Draco e saber de Jorge. Eu não o deixara nem por um
segundo.
Algumas horas depois tudo se aquietou e a maior parte
das pessoas foram embora. Ficaram apenas Rony e
Hermione (que estavam no quarto com Harry e Draco
esperando que Draco acordasse); e os pais de Jorge. Molly
Weasley parecia estar no quarto ao lado do meu,
verificando o estado do marido, Arthur Weasley, que tinha
sofrido ferimentos leves, e agora descansava junto do neto,
Hugo.
Eu tinha cuidado do sr. Weasley assim que ele chegara
na Mansão, sangrando, mas correndo para o meu quarto,
onde ele sabia que o filho estava desacordado. Arthur
estava consciente, tínhamos conversado um pouco. Seus
sinais vitais estavam bons, mas eu recomendei que ele
repousasse, ficando de cama ao menos até o dia seguinte.
Já era madrugada e eu continuava inquieto, sem pregar
os olhos, esperando Jorge acordasse. Eu sabia que só
restava esperar até que seu organismo se recuperasse e
que ele conseguisse abrir os olhos novamente. Era mais ou
menos a mesma situação que Harry; mas é claro, sendo
apenas um estupefaça e não três maldições cruciatus, eu
esperava que Jorge acordasse em alguns minutos. No
máximo em algumas horas. Mais do que isso, já seria
anormal e perigoso.
Ouvi alguém bater em minha porta.
— Entre. — eu pedi, já esperando ver Molly Weasley do
outro lado.
A mãe de Jorge entrou devagar no quarto, olhando para
o filho inconsciente na cama. Ela não estivera na batalha,
era a única, por estar cuidando do neto, Hugo. Ela já tinha
vindo mais cedo ver Jorge, mas estava muito alterada,
Hermione e eu apenas garantimos que ele ficaria bem, e
que precisava descansar.
— Disseram que você salvou a vida do meu filho. — ela
murmurou, parecendo prestes a chorar. — E que está
cuidando dele desde a hora que chegaram na Mansão.
— Gosto muito do seu filho, sra. Weasley. — eu disse, sem
jeito.
— Pode me chamar de Molly. Os meninos já me disseram
que você é o namorado de Jorge. — ela me olhava
amorosamente. — Bom, ele não poderia ter escolhido
melhor.
Ela sentou ao meu lado na cama.
— Ele vai ficar bem. — eu disse novamente, afagando seu
braço, oferecendo suporte.
— Porque ele não acordou? Eu nunca vi alguém ficar
tanto tempo desacordado por causa de um estupefaça, pelo
menos não alguém tão jovem. — ela perguntou.
— Sra. Weasley… — ela abriu a boca para me corrigir,
mas eu mesmo o fiz. — Molly… quando ele sofreu esse
ferimento no ouvido, ele não perdeu só a audição de um
lado. Ele perdeu uma parte importante do corpo que
confere equilíbrio, chamado tímpano. Os tímpanos nos
ajudam a nos locomover, nos movimentar, e são
fundamentais em uma batalha. Hoje, Jorge vive com apenas
um tímpano, então as funções que exigem equilíbrio são
mais complicadas pra ele. O estupefaça é um feitiço
atordoante, o efeito é muito mais incisivo em uma pessoa
cujo equilíbrio está comprometido.
— Como nunca percebemos que ele tinha problemas com
equilíbrio? — ela perguntou, parecendo sentir-se mal por
não notar que seu filho tinha um problema.
— Porque Jorge é um homem muito forte, valente, que
aprendeu a enfrentar as adversidades e viver com o que
tem. Mesmo com suas limitações, ele lutou como um herói
ontem à noite, nos ajudou a vencer, incapacitou vários
purificadores, me protegeu de muitas maldições. — eu
disse. — E quando tive a chance, o protegi também.
Quando ele foi atingido, quando vi que ele cairia da janela,
eu o trouxa de volta.
Molly sorriu pra mim, levantando-se da cama.
— Me avise quando ele acordar, Kim. — ela falou,
evidentemente mais tranquila. — Bem-vindo à família
Weasley.
Assim que sua mãe saiu do quarto, batendo a porta,
Jorge abriu um único olho, sorrindo travesso.
— Ela já foi?
— Que susto! — eu ofeguei. — Quer me matar do
coração?
— Não. — ele me olhava com carinho. — É que acordei
quando minha mãe estava aqui e eu queria um tempo
sozinho com você.
— Você ouviu o que eu falei? Sobe seu tímpano? — eu
perguntei, inseguro.
— Sim, acordei logo que ela entrou. — ele contou. —
Você já sabia que eu não tinha equilíbrio? Foi pra batalha
com a intenção de cuidar de mim?
— Fui. — eu disse, baixinho, esperando que ele não se
chateasse.
— Por que não me mandou a merda quando eu disse
aquelas coisas pra você no almoço? Por que não jogou na
minha cara que era eu quem precisaria de ajuda? Que era
eu que não tinha condições de ir pra uma batalha? — ele
quis saber.
— Porque eu queria que cuidássemos um do outro. — eu
expliquei. — Do jeito que foi.
— Sempre vou cuidar de você, Kim. — ele me disse, e eu
abaixei devagar para beijá-lo.
— Você vai ficar uns dias sem movimentos bruscos, tudo
bem? — eu orientei. — Ordens do seu medibruxo.
— Meu medibruxo é muito sexy. — ele sorriu. — Eu não
seria nem louco de ignorar as instruções dele.
— Acho bom. — eu ri. — Agora fique quietinho que vou
chamar sua mãe.
Capítulo 35

CAPÍTULO 35
NARRADO POR MARCUS VITAVERZA — HORAS ANTES
DA BATALHA CONTRA OS PURIFICADORES DO SANGUE
Eu estava no quarto de Neville Longbottom, que durante
o dia tinha se transformado, com autorização de Minerva
McGonagall, em meu laboratório particular de poções.
Naquele momento, eu acrescentava uma folha triturada de
Scrophulariaceae nigrum na poção cuidadosamente
calculada.
Depois daquela noite com Longbottom, eu sentia como se
algo tivesse começado a mudar dentro de mim. Eu tinha
saído completamente da minha zona de conforto,
experimentado viver o prazer de outro jeito, e por alguma
razão aquilo tinha me dado uma sensação de cura, como se
eu tivesse eliminado parte daquela culpa massacrante que
me esmagava desde a morte de Giuseppe.
Mas Neville tinha deixado claro que o que tinha
acontecido entre nós tinha sido apenas aquela vez. Não se
repetiria.
Apesar disso, eu gostava dele, sentia que devia a ele,
queria ajuda-lo. Então tinha pedido ao Elfo Doméstico que
trazia meu café da manhã para dizer a diretora que eu
gostaria de conversar com ela. Quando McGonagall veio
me ver, eu contei sobre a situação de Neville com seus pais
e a Scrophulariaceae nigrum, pedindo segredo.
Expliquei que ele tinha me dito que a principal ressalva
do Conselho dos Medibruxos era que Neville era um
herbologista sem NOM ou NIEM em poções, e por isso suas
pesquisas eram ignoradas, ele não podia criar um novo
medicamento. McGonagall pareceu realmente irritada com
a situação. Eu disse a ela que eu, embora não fosse nenhum
mestre em poções (como Kim tinha feito questão de
ressaltar na nossa última discussão), era certificado com
nota Ótimo no NOM e no NIEM em poções.
Depois de Hogwarts, eu tinha me interessado mais pelo
assunto, como um hobby, estudando sobre o tema. Então
me ofereci para fazer uma poção teste, que pudesse ser
usada no processo que Longbottom e Draco estavam
entrando contra o St. Mungus. McGonagall ficou bastante
sensibilizada, e disse que os elfos me trariam o que eu
precisasse assim que Neville saísse de manhã, e voltariam
para tirar tudo do quarto antes que ele retornasse.
Combinamos de não dizer nada a ele, por enquanto, caso
minha ideia não funcionasse.
Depois de alguns dias estudando a tese de Neville sobre
a Scrophulariaceae nigrum, estudando uma boa quantidade
de livros de poções, calculei uma mistura que eu julgava
perfeita. Eu tinha escrito a poção inteira em um grosso
pergaminho, no qual dissertava sobre a teoria de
construção daquele medicamento, embasado na pesquisa
de Neville, e em outras pesquisas na área de poções, que
eu conhecia mais profundamente. Ao final, assinei,
colocando o código dos meus NIEMs.
Naquele instante, eu concluía finalmente a parte prática,
cozinhando uma panela amostra, engarrafada em 12 vidros
idênticos. Estava pronto, eu estava muito animado, quando
Neville voltasse das aulas naquele dia, eu poderia contar a
ele.
Mas eu esperei… esperei… e ele não apareceu. Quando
anoiteceu, Minerva McGonagall adentrou os aposentos. Ela
era a única a quem Neville tinha fornecido acesso ao seu
quarto, cuja entrada era altamente privativa.
— O que houve, professora? — eu perguntei, preocupado.
— A batalha, Marcus. — ela me disse, parecendo
inquieta. — É hoje. Todos estão indo pra Ordem, vamos nos
reunir pra lutar.
— Longbottom sabe disso há quanto tempo? — eu exigi,
atormentado.
— Cinco dias. — ela falou. — Imagino que não tenha te
contado pra não te preocupar… ele sabe que você não está
bem…
Ela tentava falar delicadamente sobre o fato de eu ter
enlouquecido.
— Eu preciso ir até lá. — meu peito era ansiedade e
aflição. — Eu posso lutar, posso ajudar.
— Não. — ela respondeu, categórica. — Infelizmente,
não, Marcus. Um elfo vai vir lhe devolver a varinha daqui a
um tempo. Quando isso acontecer, você estará livre.
— Mas… Neville… — eu falei, incoerente.
— Neville me pediu pra te deixar uma mensagem. — ela
falou, olhando-me com compaixão. — Ele pediu que você vá
pra casa assim que puder, libere a passagem dele para que
ele possa aparatar até lá, e espere por ele. Neville vai
assim que puder. Ele pediu também que você confie nele.
— Porque ele não me disse ele mesmo essas coisas? — eu
perguntei, mais pra mim mesmo do que pra ela.
— Vai ter que perguntar a ele, Marcus. — McGonagall
sorriu, inesperadamente. — Se quer um conselho, tenha
paciência. Neville sempre foi um bom garoto, mas não lida
muito bem com sentimentos.
Dizendo isso, ela saiu porta a fora, trancando-me no
quarto de Neville. Eu juntei minhas pesquisas, as amostras
da minha poção, meu pergaminho pronto pra entregar a
Neville. Abri o armário e peguei uma camiseta dele, a que
eu mais gostava, a que eu mais tinha usado naquelas
semanas. Um tempo depois, como a diretora tinha dito, um
elfo apareceu, me devolvendo minha varinha.
Eu saí de Hogwarts, mais determinado do que eu tinha
entrado, com a mente mais lúcida, mais certo sobre quem
eu era, sobre o que eu queria, mas cheio de dúvidas e
preocupações. Quando cheguei a minha casa, tudo estava
exatamente como eu deixei, como se eu nunca tivesse saído
de lá.
Meus elfos vieram me receber e eu menti, dizendo que
estivera em uma viagem emergencial. Guardei tudo relativo
as poções da Scrophulariaceae nigrum, deixei a camiseta
de Neville em cima da minha cama, fiz um feitiço pra que
ele pudesse aparatar, e sentei na sala de estar pra espera-
lo. A mente tomada de apreensão e desassossego.
Será que o plano tinha funcionado? Kim estaria a salvo
ou sua associação comigo o tinha levado a morte? Todas
aquelas pessoas que eu conhecera na Ordem da Fênix
voltariam bem para suas casas? Onde estaria Neville?
Porque ele não tinha me dito nada?
Já era tarde da noite quando Neville Longbottom
aparatou no meio da minha sala. Ele estava suado, seu
rosto parecia cansado da batalha, havia um rasgo na
manga esquerda da sua camisa suja do que parecia ser
fuligem. Estava atraente como nunca.
Seus olhos me fitavam intensos, sérios. E de repente me
dei conta de que ele puxava pela mão um corpo inerte. Ele
largou no chão da minha sala um homem morto.
Robert Kinoss.
— Ele está morto. — eu sussurrei.
E senti como se todos os demônios que me assombravam
estivessem, enfim, me abandonando. Era aquele homem
que me perseguia há anos. Era aquele homem que tinha
tirado tudo de mim, Giuseppe, minha vontade de viver,
minha sanidade.
— Quem? — eu perguntei, embora já soubesse a
resposta.
Ele o tinha matado. Neville tinha matado Kinoss.
— Eu sabia que você nunca poderia seguir em frente se
ele estivesse vivo, mesmo que ele passasse o resto da vida
em Azkaban. — ele falou. — E além disso, eu precisei. Ele
estava torturando Harry.
Medi as palavras dele, ele parecia entender de verdade.
Ele tinha me trazido o corpo. Eu tinha feito faculdade de
direito bruxo, embora não trabalhasse com isso, como
Draco. Eu sabia que ele estava cometendo uma infração
grave ao mover um corpo do lugar da batalha. Os
Purificadores mortos, de acordo com a lei, teriam os corpos
levados ao Ministério para autópsia e depois ficariam
disponíveis para que a família requisitasse para enterro
particular. Do contrário eram enterrados no cemitério de
Azkaban.
— Por que trouxe o corpo? — eu perguntei, em voz baixa,
os olhos fixos no corpo morto do meu algoz. — Sabe que é
proibido…
— O corpo vai aparecer daqui a alguns minutos no
Ministério. — ele respondeu, mostrando que intencionava
levar Kinoss de volta. — Eu trouxe por que… eu entendo
você, Marcus… a sua dor… mais do que você imagina. Eu
vivi anos com a sua dor, parecia que eu nunca teria paz. Até
que um dia eu vi o corpo dela, completamente morta,
liquidada… Bellatrix Lestrange. Ver me ajudou a voltar a
respirar normalmente. Eu sei que parece mórbido…
sombrio…
— Obrigado. — eu agradeci.
Era mórbido. E sombrio. Mas era também necessário.
— Eu… — ele começou a dizer, sem jeito.
— Você me devolveu tudo, Neville. — eu disse. — Todas
as partes de mim que Kinoss arrancou, pra além de
Giuseppe.
— Não posso devolvê-lo a você, infelizmente. — ele me
olhou com tristeza.
— Ele está em algum lugar melhor. — eu disse, olhando o
céu pela janela. — Ele iria querer que eu seguisse em
frente. Que encontrasse alguém que pudesse gostar de
mim de verdade.
— Eu preciso ir, Marcus. — Neville disse,
desconversando. — Vou devolver o corpo, e me preparar
pra testemunhar contra um auror amanhã.
— Um auror? — eu perguntei, confuso.
— Os aurores tinham se unido a nós. Mas no último
minuto, um deles nos traiu. Amaldiçoou Harry com uma
cruciatus. — Neville contou, justificadamente revoltado. —
Na realidade, Harry foi atingido por três maldições
cruciatus ao mesmo tempo. Por Kinoss, Mehothewn e esse
auror.
— Mehothewn? — eu perguntei. — Ele não estava preso?
— Fugiu nos últimos dias. — Neville respondeu.
— Harry está bem? — eu quis saber. — E os outros?
— Harry ainda está desacordado, não sabemos como
estará sua memória. — ele parecia horrorizado de dizer
aquilo, a mesma coisa que aconteceu com seus pais
podendo acontecer com um de seus amigos mais próximos.
— O restante está bem. Temos alguns aurores no St.
Mungos, mas vão sobreviver. Fora isso, acho que só Jorge
Weasley foi ferido… e Draco que levou um sectumsempra
do Kinoss, mas também vai ficar bem.
— Então não matei Kim. — eu disse, desafogado do peso
que me sufocava.
— Não, Marcus. — ele disse, com gentileza. — Ninguém
morreu.
Ele se despediu de mim rapidamente, como se estivesse
ansioso pra ir embora. O deixei ir, mesmo que dentro de
mim um desespero gritasse para pedi-lo para ficar. Ele já
tinha dito que não queria mais, que tinha sido uma única
vez. Eu não podia ficar me enganando.
Acabei não dando a poção a Neville, nem mostrando a
ele o pergaminho que eu tinha feito, para ajudar na defesa.
Mas de repente me dei conta que Harry estava
inconsciente e que podia acordar a qualquer momento
enlouquecido, sem lembrar de ninguém, nem mesmo de
Draco.
Assim que amanheceu, agarrei o pergaminho assinado
com a dissertação da minha pesquisa, a metade das
amostras, e fui até a Mansão Malfoy. Ao tocar a campainha,
fui recebido por um Elfo Doméstico. A casa de Draco estava
barulhenta e cheia de grifinórios de cabelos ruivos: toda a
família Weasley estava, evidentemente, hospedada ali.
Na sala, estavam Hermione Granger, Rony Weasley, o
bebê, e um casal mais velho que eu reconhecia como os
pais de Weasley. O homem tinha vários curativos no corpo.
— Vitaverza. — Granger se levantou. — Imagino que
tenha vindo falar com Draco.
Eu assenti levemente com a cabeça.
— Mas além disso, você é a Medibruxa que está cuidando
do caso de Potter certo? — eu perguntei.
— Sim. — ela confirmou, confusa.
— Ele já acordou? — eu quis saber.
— Não. — Granger respondeu.
— Então tenho algo que pode ajudar.
Todos os Weasleys levantaram na mesma hora. Podiam
ter um pé atrás comigo, mas diante da possibilidade de eu
ter uma saída que pudesse ajudar Harry Potter, eles
estavam dispostos a esquecer qualquer que fosse a
desconfiança. Eu subi as escadas já conhecidas da Mansão,
atrás de Granger, seguido por Rony Weasley, com o filho no
colo, e seus pais. Entramos todos juntos no quarto de
Draco, onde ele repousava, parcialmente sentado na cama,
ao lado do corpo adormecido de Harry.
— Marcus! — Draco exclamou.
Eu caminhei até ele, estava evidentemente frágil. As
ataduras mostravam que o feitiço tinha acertado em cheio
seu peito. Havia outra bandagem em seu braço, onde eu
sabia ficar a marca negra, parecendo cobrir um ferimento
mais leve.
— Como você está, Draco? — eu me sentei ao lado dele,
olhando-o com preocupação.
— Me recuperando. Kinoss parece ter a mania do
Sectumsempra. — ele falou, a voz um pouco fraca. — O que
é no mínimo estranho. Não é um feitiço muito comum
desde o final da guerra. Era uma marca de Snape, depois
que descobriram que ele era partidário de Dumbledore, o
Sectumsempra caiu em desuso.
— Kinoss sempre adorou esse feitiço. — eu disse, com
amargor. — Mas felizmente esse bastardo não está mais
entre nós. Longbottom veio ontem de madrugada me
contar.
— Você e Neville parecem ter ficado bem próximos. —
Draco comentou, trocando olhares com Granger e os
Weasley que ainda estavam parados perto da porta.
— Longbottom é um cara legal. — eu disse, fingindo que
dava de ombros. — Por isso há um tempo venho pensando
um jeito de ajudá-lo no processo contra o St. Mungus. Um
jeito que talvez também possa ajudar Harry.
Todos no quarto olharam ansiosos pra o homem
inconsciente, deitado ao lado de Draco.
— Por favor, Marcus, qualquer ajuda é bem-vinda. — ele
me disse, em evidente desespero. — Essas maldições… as
cruciatus que ele levou… eram pra mim. Ele entrou na
frente.
Eu encarei Draco com compaixão. Se Harry não
acordasse bem, aquela era uma culpa que ele carregaria
para o túmulo. Culpa era uma coisa que eu entendia.
Expliquei tudo o que eu estava fazendo pra ajudar o
processo de Neville, falei da pesquisa, do apoio de
McGonagall, da poção teste que eu tinha criado e das
amostras que eu tinha produzido. Tirei da maleta que eu
tinha trazido comigo o grosso rolo de papiro onde toda a
minha teoria era explicada, com as instruções para se fazer
a poção teste, assinado por mim, com os códigos dos meus
certificados de NOM e NIEM exigidos pelo Conselho de
Medibruxos. Dei a Draco o papiro, com mais seis vidros de
amostra.
— Se Harry acordar com a memória danificada, vamos
poder ajuda-lo com a poção. — Rony Weasley parecia
contente.
— Vocês poderão tentar. — eu disse, sem querer dar
esperanças demais. — É uma poção teste. Apesar de ter
bastante embasamento. As pesquisas de Longbottom com a
Scrophulariaceae nigrum são realmente boas.
— Você permite que eu leia, Vitaverza? — Granger
perguntou, educada.
— Claro, vá em frente, você é Medibruxa. — eu disse,
enquanto ela pegava o papiro das mãos de Draco e o
desenrolava.
Os Weasleys pareciam esperançosos, enquanto se
retiravam do quarto com Hermione Granger, carregando as
amostras das poções, a fim de dar mais privacidade para
mim e Draco. Ele me olhava com uma expressão
insondável.
— O que te levou a fazer isso? — Draco me perguntou. —
Não me leve a mal, estou grato pela possibilidade que a
poção representa pra Harry. Mas você não fez por Harry.
Fez por Neville. Por quê?
— Neville tem me ajudado muito, não só me dando a
Scrophulariaceae nigrum. Acabamos… hã… nos tornando
próximos durante esse tempo que passei em Hogwarts. —
eu disse, esperando não passar a impressão errada. — Ele
parece entender como eu me sinto, e tenta me ajudar a
passar por isso. Ontem, ele ignorou todas as regras e me
trouxe o corpo de Kinoss.
— Ele o que? — a voz de Draco subiu, fazendo com que
ele tivesse que se controlar pra não chamar atenção dos
outros que poderiam estar circulando pelos corredores.
— Ele sabia que eu precisaria ver com meus próprios
olhos. Que não bastaria ninguém me dizer que ele tinha
morrido. — eu confessei, baixinho.
— Parece que vocês desenvolveram uma ligação muito
forte. — ele me olhou, com desconfiança.
Eu olhei pra Draco. Ele não estava usando legilimência,
mas sabia que ele podia ver em meus olhos que eu gostava
de Neville.
— Eu não acredito. Você está tentando fazer ele se tornar
seu submisso? — Draco ralhou comigo. — Isso nunca vai
funcionar. Você não está vendo que Neville não é o tipo de
homem que vai aceitar uma relação dessas?
— Eu não quero isso de Neville. Eu não quero mais isso,
Draco, de homem nenhum. — eu disse. — Eu estou
finalmente encontrando o meu caminho, superando toda
essa dor, esse medo, essa culpa que me consome.
— E acha que seu caminho é ao lado de Neville
Longbottom? — ele ergueu uma sobrancelha, chocado.
— Poderia muito bem ser. — eu ergui a cabeça para
encará-lo. — Mas Neville não parece querer o que ofereci a
ele.
— O que você ofereceu a ele? Uma relação como eu e
Harry temos? — ele perguntou.
— Não, acho que nem isso seria o suficiente. Neville não
se submeteria a mim nem na hora do sexo. — eu disse. —
Eu ofereci a ele uma relação comum, sem BDSM. Nós
transamos uma noite, foi naquele dia que você e Blaise me
visitaram. Mas depois ele não quis mais.
— Ele já tinha transado com outros homens? — Draco
quis saber.
— Não. — eu respondi.
— Pode ser difícil pra um cara acostumado a transar com
mulheres. — ele ponderou. — Você é ativo. Ele pode ter
achado doloroso, invasivo demais…
— Eu sei. — eu concordei. — Mas eu mostrei a ele o
outro lado… eu o deixei fazer o mesmo comigo.
— Você deixou ele te comer? — Draco estava
impressionado.
Eu assenti com a cabeça.
— Eu quero Neville Longbottom, Draco. — eu esclareci.
— Ele faz tudo parecer certo. Eu o desejei o tempo todo, o
desejei enquanto ele me fodia, o desejo agora, seria passivo
por ele o resto da vida se essa fosse a única condição para
tê-lo.
— Você está apaixonado de novo. — Draco sorriu. Ele
sofria por Harry, mas ainda assim conseguiu sorrir por
mim. — Finalmente. É lindo de se ver.
Draco e eu falamos mais um pouco, mas eu não queria
cansá-lo. Me despedi dele, pedindo para passar no quarto
de Kim, e conversar com ele. Draco me autorizou, desde
que eu fosse acompanhado por Rony Weasley e com as
mãos presas nas costas. Eu concordei de imediato, não
queria assustar ninguém. Assim que saí do quarto de Draco
e Harry, encontrei Weasley e Granger conversando no
corredor, com a minha pesquisa nas mãos.
— Isso aqui está muito bom, Vitaverza. — Granger me
elogiou, os olhos no meu pergaminho. — Muito promissor.
Estou certa que funcionará.
— Obrigado, Granger. — eu respondi, educadamente. —
Weasley, será que você poderia imobilizar as minhas mãos e
me levar até o quarto de Kim?
Weasley me encarou por alguns segundos.
— Draco pediu? — ele perguntou, me vendo concordar
com a cabeça. — Está certo. Mas saiba que meu irmão está
lá dentro, se recuperando de um ferimento, e eles estão
namorando. Não os chateie, ok?
— Eu juro que não vim fazer mal a ninguém. — eu
prometi.
Weasley me imobilizou, e me levou até o quarto de Kim.
Quando entramos, o casal que estava deitado
relaxadamente na cama, se sobressaltou. Vi Jorge Weasley
tentar se sentar, parecendo ser acometido de uma forte e
lancinante dor de cabeça, que o fez pressionar as têmporas.
Kim se ergueu, colocando-se entre eu e o namorado, a
varinha empunho, me encarando com valentia.
— Se você chegar perto de Jorge eu juro que o
amaldiçoo. — ele rosnou, me enfrentando.
— Calma. — eu pedi. — Não vou atacar ninguém. Olhe,
Weasley está mantendo minhas mãos presas.
Aquilo fez Kim abaixar a varinha. Ele se sentou ao lado
de Jorge, que passou o braço ao redor de sua cintura.
Aquilo não me causava ciúmes nem mágoa. Kim merecia
ser feliz. Eu não o amava afinal, eu gostava do fato dele me
lembrar o passado. Apesar disso, ele era uma pessoa legal,
e eu o queria bem.
— Então o que quer aqui? — Kim exigiu.
— Eu vim te pedir desculpas, por todo mal que causei a
você. Sei que você tem todo o direito de nunca me perdoar,
mas ainda assim eu tenho o dever de pedir. — eu falei,
vendo-o me encarar em silêncio. — E vim dizer para que
você não se preocupe, pois eu não irei persegui-lo de
nenhuma maneira, nem incomodá-lo, nem fazer qualquer
tentativa para prejudicar seu namoro.
— Você me assustou muito, Marcus. — ele falou,
baixando um pouco a guarda.
— Eu sei. Sinto muito. Eu posso lhe dizer um monte de
coisas sobre o meu passado que me levaram a agir daquela
maneira, porque eu enlouqueci àquele ponto, porque fui
tão cruel com você. Mas isso só vai trazer mais mágoas. —
eu falei. — Fico feliz que tenha encontrado uma pessoa
legal, e seguido em frente. Sinceramente. Eu nunca gostei
de você como você precisava, como você merecia, e acho
que nós dois sabemos disso.
— Eu certamente sei. — Jorge Weasley disse, as palavras
cortantes.
Eu ri baixinho. Jorge parecia realmente gostar dele. Eu
me retirei do quarto sem dizer mais nada, deixando os dois
a sós.
— // —
A noite, em minha casa, eu fiz um sanduiche rápido e me
sentei sozinho pra jantar. Eu tinha ligado pra Draco, pra
saber dele e de Harry. Ele estava com menos dor e Harry
continuava desacordado. Também tinha ligado pra Blaise,
que acabara de chegar da Alemanha, trazendo John. Os
dois estavam bem.
Eu tinha começado a mexer em algumas anotações
antigas de poções. Tinha me dado muito prazer fazer
aquela pesquisa. Eu estava pensando seriamente em
começar uma nova faculdade e me tornar mestre em
poções. Apesar de não ser um talento nato, como Kim, eu
era bom e achava que podia compensar com muito esforço
e estudo.
A faculdade de direito bruxo, apesar de ter sido útil para
os meus negócios, nunca tinha despertado meu interesse
real, de forma que eu nunca quis ter uma profissão. Agora,
eu pensava que estudar alguma coisa, fazer pesquisas que
me interessavam, podia ser muito bom pra mim. Eu tinha
ido de mal a pior só sentado em casa engrossando a minha
conta no Gringotes e pensando em BDSM.
Subitamente, contudo, um alto som de aparatação vindo
da sala tinha me tirado dos meus pensamentos para o
futuro. Fui rapidamente até o cômodo, para encontrar ali,
novamente, Neville Longbottom. Dessa vez ele não estava
sujo, nem suado. Vestia uma calça jeans e uma camiseta
limpa que marcava seu corpo bem desenhado. Seu cabelo
estava em desalinho, talvez pela aparatação, e seu rosto
mostrava evidente confusão.
— Estive na Mansão Malfoy. — ele foi direto ao ponto. —
Draco me disse o que você fez. Ele falou que com a sua
poção teste meu processo se torna praticamente causa
ganha logo nas próximas audiências. Hermione disse que a
sua pesquisa é perfeita, que casa todo conhecimento
teórico em poções com a minha tese sobre a
Scrophulariaceae nigrum.
— Isso é bom. — eu disse, em voz baixa.
— Segundo Draco, como você assinou com os códigos do
seu NOM e do seu NIEM aumenta a chance do St.Mungus
aprovar, porque se algo der errado, vão caçar seus
certificados e colocar a culpa em você. — ele continuou,
como se não tivesse me ouvido. — Se aceitassem a pesquisa
de um herbologista não certificado em poções, como eu, a
culpa de um possível efeito colateral negativo recairia
sobre o próprio hospital.
— Eu sei disso. — eu informei, para que ele não se
preocupasse, achando que eu não conhecia os riscos. —
Cursei a mesma faculdade que ele.
— Vai arriscar perder seus diplomas por mim? Por que?
— ele me interrogou, com exigência.
— Pelo mesmo motivo que você se arriscou ao me trazer
o corpo de Kinoss ontem. — eu respondi, evasivo.
— Não minta pra mim. Você não tinha como supor que eu
faria isso quando começou essa pesquisa. — ele firmou
seus olhos em mim com ferocidade, acusando-me.
— Você quer a verdade, Longbottom? Eu vou lhe dar. —
eu o confrontei, colocando-nos face a face, minha cabeça
erguida, sem permitir que ele desviasse o olhar. — Eu fiz
porque estou apaixonado por você. Porque quero te ajudar
a ter seus pais junto contigo, porque acho que isso vai te
fazer feliz, vai curar essa dor que você carrega desde
sempre aí dentro do seu peito. Eu fiz porque você me faz
enxergar uma outra forma de ver as coisas, por que você
me dá esperança pra consertar tudo isso que está quebrado
dentro de mim.
— Você está apaixonado por mim? — sua voz tinha
mudado radicalmente o tom, era como se pela primeira vez
ele me lembrasse aquele garotinho que eu tinha conhecido
na escola. — Como sabe?
— Depois de tudo que eu passei… eu não me declaro
levianamente, Neville. — eu disse. — Eu tenho um medo do
caralho de você pegar tudo isso que já está quebrado
dentro de mim e terminar de destruir, até que eu fique
irrecuperável. Porque você pode. Nesse exato momento,
você pode.
Ele me puxou para os seus braços, tomando-me pra si,
me envolvendo. Eu me deixei ser tocado, abraçando-o
também, perdendo-me em seu cheiro, em contato com seu
corpo.
— Eu jamais faria isso. — ele prometeu, colocando a mão
em meu peito, onde meu coração batia disparado. — Quero
amar cada parte de você. Cada parte que você acha que se
quebrou.
Eu sentia vontade de chorar. Estava constrangido que ele
me visse chorar por ele, mas minhas lágrimas caíram
mesmo assim. Eu já não era o mesmo homem de antes.
Quando ele me olhou, parecia não ver vergonha nenhuma
naquilo, limpando-as com uma delicadeza que não
combinava com a personalidade prática que ele assumia.
— Achei que não quisesse nada comigo. — eu deixei
escapar, antes de pensar no que dizia.
— E eu achei que você só quisesse sexo. — ele falou,
olhando para as próprias mãos, parecendo meio sem jeito.
— Eu tentei me aproximar… você me afastou. — eu falei,
com calma.
— Eu tive medo. — ele falou. — Esse sentimento é muito
novo pra mim. Você é um homem. Até ontem estava muito
envolvido com outra pessoa. Estava preso em meu quarto,
sob minha responsabilidade. Eu tive dificuldades pra
entender o que estava sentindo.
Eu compreendi. Era confuso pra mim também. Mas pra
ele devia ser ainda mais. A descoberta de um novo jeito de
ter prazer, de uma outra expressão da sua sexualidade. Ter
sentimentos por alguém de caráter duvidoso como eu, que
tinha feito mal a ele no passado. Era muito pra digerir.
— Posso te beijar? — eu pedi. Não queria ir além do que
ele estivesse pronto.
Ele avançou pra mim, tomando meus lábios com seu
beijo forte, urgente e masculino, que me seduzia como
nenhum outro, me tomava e me oferecia, me acendia de
luxúria. Ele desceu os lábios para o meu pescoço,
chupando, lambendo, me marcando como dele.
— Senti tanta a sua falta. — ele murmurou em meu
ouvido. — Acho que não consigo mais dormir sem você.
— Roubei uma camisa sua. — eu confessei, ofegante,
sentindo minha pele se arrepiar. — Preciso do seu cheiro.
— Marcus, eu quero você de novo. — ele falou.
— Sou seu, Neville. — eu sorri pra ele, experimentando
de novo a sensação de entrega. — Você pode fazer o que
quiser comigo.
— O que eu quiser? — ele se afastou um pouco pra me
olhar, sorrindo também. — Tem certeza? Acho que você não
tem ideia do que está me oferecendo.
Eu tive que rir com aquela colocação.
— Você é que não tem ideia do que estou te oferecendo.
— eu apontei.
— E se eu quisesse foder você agora em cima da sua
mesa de jantar e depois não deixasse você me comer. — ele
falou. — Você aceitaria?
Colei meu corpo no dele, sem saber se eu conseguiria
dizer aquilo olhando em seus olhos.
— Longbottom, se você tirasse toda minha roupa agora,
me deitasse naquela mesa, com os braços e pernas
amarrados, me batesse, enfiasse seus dedos em mim, me
comesse por todo tempo que quisesse, depois me desse seu
pau pra eu chupar, e gozasse em todo meu rosto, na minha
boca, me fazendo engolir a sua porra. Eu aceitaria. — eu
sussurrei em seu ouvido.
— Mesmo sem ter o direito de fazer o mesmo comigo? —
ele perguntou, rouco, parecendo surpreso.
— Sim. Na nossa primeira vez, eu propus uma troca,
porque queria muito você. — eu expliquei. — Ainda quero.
Mas agora acho temos que conversar sobre o que é
confortável pra cada um. Eu estou acostumado a transar
com homens, eu pratico BDSM há muitos anos, há todo um
universo de coisas que são familiares pra mim: cordas,
algemas, chicotes, plugues anais, vibradores, e outros
objetos que você nem imagina pra que servem. Mas você
não conhece nada disso, nunca colocou um pênis na boca, e
eu respeito seu tempo, não vou te forçar a fazer coisas que
não quer.
— Mas essas coisas todas, você usou sempre no papel de
ativo, certo? — ele confirmava. — Estaria disposto a ser
passivo pra mim?
— Estaria, se você realmente não quiser ser passivo
nunca. — eu disse, com simplicidade. — Claro que o desejo,
gostaria poder ser ativo também. Mas seu prazer é mais
importante pra mim do que qualquer coisa. E não quero
que faça nada que te deixe desconfortável.
— Então se eu nunca quiser experimentar algumas
dessas coisas BDSM que você está acostumado, você não
se importaria de transar sem esses objetos? — ele
perguntou.
— Não, não me importaria. E se decidirmos usar alguma
coisa, esteja você no papel de ativo ou de passivo, se você
se sentir mal, você me fala que nós paramos
imediatamente. — eu disse, tentando fazê-lo se sentir
seguro. Eu olhei pra ele com curiosidade, era óbvio que ele
não tinha pensado em tudo aquilo naquele instante. —
Parece que você refletiu muito sobre isso.
— Eu pensei. Pensei em toda a sua experiência. E na
minha ausência completa de experiência homossexual. E
com qualquer coisa que fuja as formas mais comuns de se
relacionar sexualmente. — ele confessou, me olhando. —
Eu desejo você, quero experimentar coisas com você. Mas
algumas delas me deixam receoso, me parecem estranhas.
— Você falou sobre ser passivo. — eu comentei. — Foi
estranho pra você?
— Um pouco. Eu gostei… gostei mesmo… eu gozei
daquele jeito… você viu. — ele parecia um pouco
constrangido. — Mas é tudo muito novo pra mim.
— Eu sei. — eu falei. — E se no começo a gente fizer só o
contrário?
— Você não vai sentir falta? — ele perguntou, inseguro.
— Não quero que sinta que não estou sendo o bastante pra
você.
— Provavelmente sim, vou sentir falta. Mas quero
esperar por você. Até que seja bom. Até que você possa
aproveitar sem se sentir estranho. — eu prometi, me
aproximando dele, tocando sua nuca, trazendo-o pra mim.
— E você é tudo o que eu quero… não há como eu sentir
que você não está me dando o suficiente.
Ele me puxou para um beijo, diferente dos que ele havia
me dado até então. Um beijo calmo, apaixonado, que me
acariciava, de certa forma tocando-me verdadeiramente. Os
lábios dele moviam-se sobre mim, fazendo com que eu me
sentisse amado. Eu queria fazê-lo se sentir do mesmo jeito.
Naquele momento, eu soube, que aquela vez seria muito
diferente da primeira. Eu o levei pela mão para o meu
quarto, fazendo em mim mesmo, rapidamente, os feitiços
de limpeza e lubrificação. Eu o despi com calma, sentindo
que ele fazia o mesmo comigo, até que nossos corpos
estavam completamente nus, colados um no outro,
roçando-se, pele quente na pele quente.
Eu o trouxa pra cama, deitando-o de barriga pra cima.
Seu pênis grosso projetava-se rijo. Eu me posicionei de
quatro em cima dele sem nenhum recato, exibindo meu
corpo, cedendo-me pra ele. Senti que seus dedos me
invadiam, alargando meu orifício, preparando-me, mais ou
menos no mesmo momento que desci os lábios sobre seu
membro, provando-o em minha boca, chupando-o devagar.
— Aaah. — ele gemeu, tentando se conter. — Marcus…
nossa… isso é muito bom.
Eu o suguei gostosamente, lambendo, sorvendo seu
gosto, até começar a sentir que ele movia seu quadril para
foder minha boca. Parei na mesma hora, ele começava a
ficar excitado demais, e eu já me sentia pronto pra ele.
Virei-me na cama, sentando-me em cima dele, sentindo seu
pênis próximo a minha entrada. Encaixei ele em mim,
deixando-o me penetrar.
Ele se sentou na cama, com o pau todo enterrado dentro
de mim, abraçando meu corpo, me ajudando a cavalgar
nele. Suas mãos me acarinhavam, e ele me beijou
apaixonadamente. Deixei que meus dedos também se
perdessem em carícias em seu corpo, sentindo seus
movimentos em meu interior. Éramos eu e Neville
Longbottom, dois homens grandes demais, talvez brutos
demais, amando com uma delicadeza que eu não conseguia
expressar.
Gemi quando senti que ele gozava dentro de mim. Meu
pênis latejava, mas eu nem tinha pensado em me tocar, de
tão envolvido que eu estava naquelas carícias, nos olhos
dele sobre os meus, em fazer amor com aquele homem.
Quando ele saiu de dentro de mim, senti que ele me
deitava na cama, beijando meu corpo com reverência, como
se quisesse adorar cada parte minha, cada pedacinho da
minha pele. Ele alcançou meu pênis, eu abri a boca pra
dizer que ele não precisava fazer se não quisesse, mas
Neville me encarava com tanta lascívia e desejo que eu tive
certeza que ele realmente queria aquilo.
— Quero te provar. — ele disse, como um clamor. —
Preciso sentir seu gosto.
— Me chupa. — eu pedi. — Por favor.
Ele me sorveu, me provou, impregnou-se de mim, me
chupou maravilhosamente. Mesmo que nunca tivesse feito
aquilo, eu estava encantado de ser o primeiro, e o que lhe
faltava em experiência, era muito mais do que compensado
em desejo, luxúria, vontade de mim. Me entreguei ao
momento completamente, sentindo-me atingir o ápice.
— AAh.. — eu gemi, baixo. — Neville… pare… eu vou
gozar.
Eu não sabia se ele permitiria, se ele queria que eu
gozasse em sua boca. Mas ele continuou, impiedosamente,
me chupando com mais força, sem cessar. Arrancando-me
um gemido gutural, me fazendo despejar-me para seus
lábios, bebendo-me todo, experimentando-me inteiro.
— Você é tão gostoso. — ele disse, quando acabou,
deitando-se do meu lado. — É o homem mais bonito que
conheço, eu tenho muita sorte.
Eu me enrosquei em seu corpo, abraçando-me nele.
— A sorte é minha, Neville Longbottom. — eu sussurrei.
— A sorte é toda minha.
Capítulo 36

CAPÍTULO 36
NARRADO POR HARRY POTTER
Eu me lembrava de uma dor pungente, que ardia por
todo meu corpo, minha mente, todo meu ser. Tão lancinante
que eu já não era mais eu, eu era somente sofrimento,
martírio, flagelo. Meu grito deixara um gosto acre na
língua, tinha se perdido na garganta. E de súbito, não havia
mais nada. Era tudo escuridão. Lugar nenhum,
desguarnecido de qualquer sensação.
E então aquele sonho. Draco Malfoy sangrava, a vida se
esvaia do seu corpo, escorrendo vermelha. Três varinhas
apontadas. Três inimigos. Três vinganças. Eu corri.
Disparei em sua direção, me lancei sobre ele, fui seu
escudo, o protegi. A dor retornava. Excruciante,
insuportável. Seguida a completa e mais assustadora
ausência de qualquer coisa, o vazio. O sonho outra vez. Um
ciclo vicioso, execrável, insofrível. Eu estava preso em
minha própria mente.
Até que finalmente despertei.
Quando abri os olhos, senti minha cabeça doer, meu
corpo fraco, sem energia, a boca seca, carente de água.
Tentei me mover, me sentar, e isso gerou uma grande
comoção. Era barulho por toda parte, meus ouvidos
zuniam, fechei os olhos tentando me orientar.
— Por favor, silêncio. — eu pedi, em voz baixa.
E como se eu tivesse gritado, todos se calaram. Minha
voz quase não saía. Uma mão me entregou meio copo
d’água e eu engoli, lentamente, umedecendo a garganta
ressecada.
Reabri os olhos, piscando para me acostumar com a luz.
Sete pessoas me olhavam. Seis delas, de pé a minha frente,
exibiam expressões quase idênticas: um misto de
felicidade, preocupação, expectativa. Mas o garoto loiro
sentado ao meu lado parecia prestes a desabar,
desmanchar-se diante de mim, os olhos azuis retendo
lágrimas. O reconheci na mesma hora: Draco Malfoy.
As lembranças da minha última noite acordado me
assaltaram sem qualquer sutileza, quase como um soco no
rosto, me deixando tonto. Me forcei a me concentrar. Olhei
para os Weasley, Hermione, Kim, minha família.
— Sou Harry Potter. Filho de Lilian e Tiago Potter. Fui a
Hogwarts aos 11 anos, estudei na Grifinória. — eu disse às
seis pessoas a minha frente. — Não posso precisar há
quantas horas, ou dias, lutamos contra os Purificadores do
Sangue. Eu fui atingido por três maldições cruciatus.
— Você se lembra. — Rony exclamou, feliz.
— Graças a Merlin. — Molly Weasley colocou a mão no
peito.
— Kim e eu vamos te examinar. — Hermione se adiantou.
— Há outras perguntas. Partes da sua memória podem
estar afetadas, mesmo que você se lembre de quem é. Mas
você parece ótimo, isso é muito bom…
— Preciso de 10 minutos com Draco. — eu pedi,
interrompendo-a.
— 10 minutos. — Hermione concedeu, séria. — Há
exames físicos que precisamos fazer. Cuidados importantes,
para que não haja sequelas. Não é bom deixar passar muito
tempo.
Eu concordei com a cabeça. Todos deixaram o cômodo.
Assim que a porta bateu, puxei Draco pros meus braços,
sentindo seu pranto cair sobre mim, molhando minha pele,
minha roupa. Ele soluçava, num choro incontido que eu
queria abrandar.
— Eu me lembro de você. — eu murmurei em seu ouvido,
carinhosamente. — Me lembro de tudo. Do tempo de
escola, de como você cresceu e se tornou o homem que eu
amo, da primeira vez que te procurei pra ser seu submisso
e me entreguei completamente pra você. Me lembro da
confiança entre nós, de tudo que dividimos juntos.
— Eu tive tanto medo… tanto medo, Harry. — ele
chorava.
— Eu estou aqui, meu amor. Estou aqui. — eu o
acalmava, apertando-o no meu abraço, cuidando pra não
esmagar o ferimento em processo de cicatrização que eu
via em seu peito. — Não precisa chorar. Eu estou aqui.
— Não queria que tivesse feito aquilo. — ele esclareceu,
sacudindo-se em meus braços, o choro incessante. — Não
queria te ver sendo torturado no meu lugar. Se você tivesse
enlouquecido, eu nunca iria conseguir conviver com a
culpa.
— Se eu não tivesse feito aquilo, você estaria morto, e eu
estaria aqui sozinho. — eu falei, com pesar, puxando seu
queixo pra cima, para que ele me olhasse. — Posso ter sido
egoísta, Draco, mas eu não poderia ficar sem você…
— Se você tivesse sofrido o efeito das três maldições por
mais tempo… — ele começou.
— Você não permitiria. — eu o cortei, porque no fundo
tinha certeza que ele tinha feito de tudo pra me salvar. —
Você me salvou, não salvou? Antes que eu enlouquecesse?
— Eu matei pra te salvar, Harry. — ele confessou, me
horrorizando. — Philip retirou a maldição e desaparatou
quando viu que tinha acertado você. Neville matou Kinoss.
E eu matei Mehothewn.
Eu sabia o que aquilo significava pra ele. Draco tinha
deixado muito claro. Eu fitei seu rosto em silêncio, vendo a
dor em seus olhos.
— Eu espero que um dia você possa me perdoar por isso.
— eu pedi, baixinho. — Eu te admiro muito por ser tão forte
e corajoso. Vou fazer de tudo para que um dia consiga te
mostrar que você é um homem incrível… não tem nada de
bruxo das trevas.
— Hermione e Rony me ajudaram bastante até agora. —
ele falou, encarando uma faixa em seu braço, sobre a
marca negra, cobrindo uma ferida. Depois olhou pra mim,
achando importante me informar. — Você ficou
inconsciente por três dias.
Eu não estava surpreso. Três cruciatus. Eu já tinha visto
gente dormir uma semana. Toquei a ferida em seu braço,
para a qual ele tinha olhado.
— O que houve aqui? — eu perguntei. — Não podemos
curar com um feitiço?
— Podemos, mas estou deixando que cicatrize
naturalmente, sobre a marca negra. — ele contou, como se
estivesse honrado de fazer aquilo. — Hermione cortou meu
braço e esfregou seu sangue no meu. Ela disse que agora
tenho sangue de trouxa dentro do meu corpo. Que é para
eu lembrar disso quando eu olhar pra marca, lembrar que
eu não sou meu pai.
Eu assenti com a cabeça devagar, tentando mentalizar a
cena. Eu entendia o propósito, mas aquilo era mesmo
necessário?
— Precisava de algo tão radical? — eu deitei a cabeça,
em dúvida.
— Talvez não. — ele me surpreendeu, sorrindo. — Mas na
hora eu estava em desespero, atormentado demais com o
que tinha feito, e o gesto dela me ajudou muito.
Eu segurei a mão dele, concordando.
— Hermione sempre parece saber a hora exata pra agir.
— eu falei. — Ela é assim desde criança.
— Por isso que você e Weasley sempre a seguiram
cegamente. — ele brincou. — Bom, mais ele do que você, é
claro.
Eu me sentia tranquilo, o clima leve entre nós estava
retornando, me dando a sensação que tudo ia ficar bem.
— No futuro, se você continuar interessado em fluídos
corporais trouxas, eu posso ajudá-lo. — eu ofereci, rindo
pra ele. — Eu sou mestiço, você sabe…
Draco me jogou um travesseiro, rindo também.
— Não acredito que você tenha feito uma piada sobre
seu sêmen trouxa. — ele fingiu irritação. — Quando eu me
curar desse sectumsempra, vou te dar uns bons tapas. Por
isso e por todo o susto que você me deu.
— Estarei esperando ansioso, Draco Malfoy. — eu pisquei
pra ele, com malícia. — Quando você for me bater, posso
usar a mordaça?
Os olhos dele faiscaram pra mim.
— Você merece uma punição severa por me fazer esse
tipo de pergunta quando não estou em condições de te
comer. — ele respondeu.
Eu gostaria muito de continuar aquela conversa, mais
sentia meu corpo muito fraco e a aparência de Draco
também era muito abatida, teríamos que deixar aquilo para
algum momento no futuro.
— Deu tudo certo com o plano? Estão todos bem? — eu
perguntei.
— Sim. — ele confirmou.
Naquele momento, Hermione bateu na porta do quarto,
retornando junto de Kim e dos Weasleys. Eles me fizeram
uma série de perguntas para ter certeza de que eu não
tinha falhas de memória e felizmente nessa parte, estava
tudo bem. Em seguida, Hermione e Kim fizeram vários
feitiços para analisar como estava minha saúde física.
— Sua imunidade está bem baixa. — comentou
Hermione, com severidade. — A dor das maldições
estressaram muito seu organismo, somados a esses dias
que você passou sem se alimentar…
— Vou agora mesmo lá embaixo fazer uma sopa. — disse
a sra. Weasley. — Esse garoto sempre foi muito magro.
Eu sorri internamente. Sra. Weasley tornava a repetir
isso ao longo dos anos, mesmo que eu não fosse mais
aquele garoto mal alimentado pelos Dursley.
— Molly, tem Elfos aqui… eles podem fazer a comida. —
o sr. Weasley disse a esposa com gentileza.
— Elfos! — Molly exclamou com desdém. — Vocês tem
alimentado Draco com a comida desses Elfos e olha como
ele parece abatido. Esses meninos precisam de uma sopa
nutritiva.
Eu sorri. Molly Weasley sempre tivera a mim como a um
filho.
— Tenho certeza que vou preferir a sua comida, sra.
Weasley. — eu disse, olhando-a com ternura.
— Não falei? — Molly olhou para o marido, triunfante.
— Harry sempre puxou o saco da mamãe. — Rony
reclamou, olhando pra Jorge. — E vice versa.
— Já reparou que ela sempre caprichou mais no suéter
dele no natal? — Jorge comentou.
— Deixem de ser ciumentos. — sra. Weasley disse, rindo,
antes de ir embora em direção a cozinha.
Ouvimos o choro de Hugo vindo do cômodo ao lado,
Hermione e Rony se mexeram ao mesmo tempo,
imediatamente, guiados pela necessidade do filho que tinha
acordado e chamava por eles. Mas Arthur Weasley se
colocou a caminho.
— Deixem comigo, sei que querem ficar um pouco com
Harry agora. — ele disse, compreensivo. — E além disso,
Hugo adora o vovô.
Poucos segundos depois, ouvimos o choro de Hugo parar
e Hermione voltou a olhar pra mim, com a expressão séria.
— Deixe-me adivinhar? — eu perguntei. — Muito
repouso?
— Isso é sério, Harry. — ela me olhou, a voz grave. —
Você precisa deixar seu corpo se recuperar, ou pode ter
complicações. Você quer estar andando no meio da rua e
ter um desmaio? Duas semanas quietinho em casa, sem
muito esforço, evitando fazer feitiços complicados. Vai
tomar as poções que eu te receitar. E sem sexo.
Fiz uma careta.
— Por duas semanas, nenhum dia a menos. — ela
repetiu, reforçando. — Eu e Rony vamos ficar aqui, para
ajuda-los, já que Draco vai ficar um tempo sem poder fazer
esforço também. O sectumsempra o atingiu no peito, o que
acaba sendo mais grave do que quando Kinoss atingiu você
no braço. Ele perdeu mais sangue, ficou mais fraco e a
cicatrização é mais lenta.
Eu olhei pra Draco, com preocupação. Tudo o que eu
queria é que ele ficasse bem. Eu detestava ficar parado em
casa sem fazer nada, ainda mais precisando de ajuda para
as atividades simples, mas eu precisava me recuperar, ficar
forte de novo. Porque eu sabia que o perigo não tinha
passado. Das três pessoas que tinham tentado torturar e
matar Draco naquela batalha, só duas estavam mortas. A
outra estava bem viva, e o pior: livre.
— Certo, Mione. Juro que vou seguir suas orientações. —
eu disse, sincero. — Agora, eu gostaria que vocês me
contassem o que eu perdi, nesses últimos dias.
Rony começou a me contar sobre como tudo tinha
funcionado com nosso plano. Com prisão de um grande
número de Purificadores do Sangue, alguns deles já
estavam entregando os membros que não estiveram
presentes no dia da batalha, para tentar um acordo com o
Ministério. Os ataques a trouxas e nascidos trouxas na
França tinham parado, a seita tinha enfraquecido.
Hermione me estendeu um exemplar do Profeta Diário,
com a entrevista que ela e Rony tinham dado em nome da
Ordem da Fênix. Kingsley tinha falado em nome dos
aurores. Li o texto da matéria, com interesse. Quando o
jornalista havia perguntado sobre meu estado, meus
amigos responderam a verdade. Que eu estava
desacordado por ter sido atacado por dois Purificadores e
por um auror, que nos traiu, e que agora estava foragido.
— Foi bom vocês terem ido falar. — eu comentei,
buscando aparentar calma, embora estivesse fervendo de
ódio por Philip ter tentado atacar Draco, ainda mais
sabendo que com seus ferimentos iria mata-lo.
— Não iriamos permitir que o Quartel General dos
Aurores e o Ministério abafasse o caso e escondesse a
traição de Philip. — Rony disse com raiva.
— Soube que Kingsley deu outra entrevista hoje, dizendo
que as buscas por Philip se tornaram prioridade e que ele é
considerado um traidor e um bruxo perigoso aqui e na
França. — Hermione falou. — Parece que vai sair amanhã
no Profeta Diário.
— Kingsley fez uma reunião com toda a equipe hoje de
manhã. Disse que, como chefe da seção de aurores,
acredita que tem focado muito no treinamento de combate,
mas que agora os testes de disciplina e caráter se tornarão
essenciais. — Rony sorriu, vitorioso e animado. — Peter
Cooper foi demitido pela chantagem que fez com você. E
Chase está em probatório. Eu não me sinto tão vingado
desde o quarto ano com Olho-Tonto e a…
E aí Rony parou, como se tivesse se dado conta de algo
de repente. Olhou pra Draco, que o encarava com
curiosidade. Jorge estava no canto, abraçado em Kim, e
começou a rir, olhando do rosto constrangido do irmão para
o de Draco. Tentei me lembrar do que eles poderiam estar
falando. Foi quando Hermione tapou a boca com a mão,
sem conseguir se controlar, engasgando com o próprio riso.
— Vocês estão falando de quando Moody me transformou
em doninha, não é? — Draco disse, se dando conta.
Quando meu olhar cruzou com o de Rony, eu caí na
gargalhada, lembrando-me da cena.
— Por Merlin, eu ri um mês daquilo. — eu suspirei,
limpando as lágrimas.
— Aaah… guardo essa memória com carinho na minha
mente. — Jorge contou, fingindo um olhar saudoso.
Draco me olhava, com um beicinho irritado.
— Não faça assim amor, você foi uma doninha tão fofa. —
eu brinquei. — Parecia um pompom todo branquinho.
— Espere essa porcaria de ferida cicatrizar, Harry Potter.
— Draco falou, mas já sorria também. — Que vou te
mostrar o pompom.
— // —
No final das duas semanas de repouso, eu já não
aguentava mais ficar parado. Mas segui religiosamente
todas as orientações de Hermione e Kim, e incentivei Draco
a fazer o mesmo. Logo nos primeiros dias, o sr. e a sra.
Weasley voltaram pra Toca, visto que Ron e Mione
garantiram ter tudo sob controle.
Rony saía durante o dia pra trabalhar e Kim para a ir a
faculdade e fazer seus poucos turnos no Hospital. Mione,
ainda no período da licença maternidade, passava o dia na
Mansão cuidando de Hugo e garantindo que eu e Draco
estávamos tomando as poções no horário.
Eu tinha me mudado permanentemente pra casa de
Draco, de forma que tinha convidado Monstro pra deixar de
trabalhar em Hogwarts e ficar ali comigo, onde tinha um
alojamento para os Elfos e ele não ficaria tão sozinho. Ele
aceitou prontamente. Monstro e os outros Elfos da Mansão
se empenharam muito em cuidar de nós.
Hermione foi muito esperta ao dizer a eles que
poderíamos ficar muito doentes se não seguíssemos suas
instruções. Os Elfos, apavorados com aquela possibilidade,
nos levavam comida no quarto várias vezes por dia, nos
ajudavam a subir e a descer a escada com feitiços de
levitação quando queríamos ir até a sala, e viviam nos
cercando para saber se estávamos bem ou precisávamos de
alguma coisa.
Jorge ficou ainda alguns dias no quarto de Kim, se
recuperando dos efeitos do estupefaça, mas depois
retornou para sua própria casa. Na teoria, porque na
prática ele aparecia o tempo todo para ver o namorado e
quase todos os dias acabávamos jantando os seis juntos.
Bom, os sete, com Hugo.
No último dia do nosso período de recuperação, um
domingo, nos juntamos todos na sala de Draco para
maratonar os três filmes da série Cinquenta Tons de Cinza.
Achamos que seria um programa divertido, depois de todos
aqueles acontecimentos. Sobretudo porque no dia seguinte
Rony e Mione voltariam para sua casa e Kim também já
vinha falando sobre voltar a morar com seus pais, agora
que não corria mais nenhum risco.
Nos espalhamos pelos sofás confortáveis da sala de
Draco enquanto Hermione e Kim tentavam fazer funcionar
o aparelho de DVD e a Televisão que tinham trazido da casa
dos pais de Mione.
— Tem certeza que isso vai funcionar aqui? — Rony
perguntou, em dúvida. — Não teria que ter aquela tal de
eleticidade?
— Eleti o que Rony? — perguntou Kim, rindo.
— Se diz eletricidade, Rony. — eu corrigi, mas também
não estava compreendendo como Hermione faria aquilo dar
certo. — E sim, é necessário energia elétrica pra fazer a TV
funcionar.
— Sua casa tem energia elétrica? — Jorge perguntou pra
Kim, de repente.
— Claro. — o garoto respondeu, com uma cara estranha.
— Não somos assim tão pobres.
— Maneiro. Papai vai adorar. — Jorge disse, animado. —
Já te contei que há anos ele coleciona tomadas?
Kim abriu um sorriso triste. Há tempos eu vinha
desconfiando que havia algo errado com seus pais.
— Jorge… seu pai nunca vai visitar a minha família. Você
nunca vai conhecer meus pais. — ele disse baixinho, muito
desanimado. — Meus pais não me aceitam.
— Não te aceitam? — Rony perguntou, sem entender, e
como sempre, sem muito tato.
— Não aceitam o fato de eu gostar de meninos, acham
que é errado. Quando meu pai soube me deu uma baita de
uma surra. — Kim contou, chateado. — Disse que só me
aceitaria em casa se eu parasse com isso. Foi uma das
razões de eu ter aceitado morar com Marcus.
— Você já era maior de idade, já podia fazer magia fora
de Hogwarts. — eu falei. — Porque não o impediu de te
bater?
— Ele é meu pai. — Kim falou, me olhando com
seriedade. — Não posso empunhar a varinha contra ele,
nem que seja pra impedi-lo de me agredir. Ele é pobre,
ignorante, sem estudo nenhum. Mas trabalhou a vida toda
pra me sustentar e jamais tinha sido violento comigo antes
disso. Eu o respeito, o amo.
— E como vai voltar pra lá nessas condições, Kim? —
Draco quis saber. — Vai fingir que não é mais gay?
— Terá que ser… — Kim lamentou. — Enquanto eu não
tiver dinheiro o suficiente pra alugar meu próprio
apartamento, me sustentar sozinho, terá que ser. O estágio
me paga muito pouco. Mas logo eu concluo a faculdade e as
coisas ficam mais fáceis.
— Porque não vem morar comigo? — Jorge perguntou.
Kim parecia já estar esperando a pergunta. Seu rosto
demonstrava que a ideia o deixava bastante desconfortável.
— Jorge… não me leve a mal, mas não quero depender
financeiramente de você. — ele respondeu.
— Mas aceitou depender de Marcus. — Jorge disse,
descontente.
— E foi um erro. Quando quis me separar dele, ele jogou
na minha cara que pagava coisas pra mim. — Kim falou,
vendo o namorado abrir a boca pra retrucar — Não estou
dizendo que você faria o mesmo, sei que não. Mas eu não
me sinto bem nessa situação. Acho que é importante pra
nosso namoro que eu tenha autonomia em relação a você.
Jorge fechou a cara, mas não disse mais nada. Era óbvio
que ele gostava muito de Kim e não queria pressioná-lo a
fazer nada que ele não quisesse. Mas estava preocupado
com a volta do namorado pra casa de pais tão
preconceituosos. Eu também estava.
— Kim, porque você simplesmente não continua aqui? —
eu sugeri, com calma.
Ele me olhou, incerto. Eu podia ver no rosto dele que ele
gostaria de continuar conosco.
— Porque não está certo. O combinado era que eu ficaria
aqui porque estava sob risco de vida. — Kim falou, íntegro.
— Até porque Draco já está pagando a minha faculdade,
meus livros, todos os materiais para eu estudar, não é justo
que eu também more aqui de graça.
— Kim você é meu amigo. — Draco respondeu. — Se um
dia no futuro eu ficasse sem dinheiro, você não abriria as
portas da sua casa pra mim?
— Sim, é claro. — Kim respondeu, na mesma hora. —
Mas você e Harry começaram a namorar há pouco tempo…
não preferem a casa só pra vocês?
— Kim, gostamos de você. — Draco garantiu. — Te juro
que se me incomodasse eu diria.
Eu passei os dois braços em volta do pescoço de Kim,
fazendo-o sentar do meu lado, beijando-o na bochecha.
— Diga que não vai me abandonar. — eu pedi, sorrindo.
— Tá bom, não vou. — Kim riu também, dando o braço a
torcer.
— Acho que você perdeu seu posto de melhor amigo,
Rony. — Hermione provocou o marido.
— Também estou vendo isso. — Rony fez uma careta,
ciumento.
— Sempre vou te amar, Ron, mas você é hetero. — eu
brinquei, ainda abraçado em Kim. — Tem horas que um
garoto precisa do seu melhor amigo gay.
— Credo, faltou me chamar de bicha amiga. — Kim falou,
entrando na brincadeira. — Maior pinta de passivona você,
Harry Potter.
Eu levantei, colocando a mão na cintura teatralmente.
— Você ta me chamando de passiva? — eu disse,
afetadamente. — Que bicha audaciosa você.
— Por Deus, o que fizeram com esse menino? — Jorge
riu. — Ainda ontem estava enfrentando um Rabo-Córneo
Húngaro e agora tá aí, parece que saiu da capa do
Semanário das Bruxas.
— Não havia me dado conta que Harry é o meu melhor
amigo gay. — Hermione comentou, divertindo-se. — Acho
que toda garota precisa de um também. Pra fazer compras
e falar de homens em detalhes íntimos.
Fiz uma careta.
— Acho que não posso ajudar, detesto fazer compras. —
eu disse, sorrindo amarelo. — E definitivamente não vou
falar de Rony em detalhes íntimos.
— Abençoado seja. — Rony ergueu as mãos pro céu
teatralmente.
— Harry é um gay fajuto. Ele gosta de Quadribol, Clube
de Duelos, essas coisas hetero. — Draco respondeu,
solidário. — De repente eu posso ajudá-la. Sou um bom
amigo gay, adoro compras. E soube de uns detalhes
anatômicos sobre os homens Weasley que me pareceram
bem interessantes.
Nesse momento, Jorge Weasley caiu na risada, enquanto
Rony teve um acesso de tosse, as orelhas ficando
vermelhas.
— Jorge, você poderia parar de falar das suas partes pras
pessoas? — Rony ralhou com o irmão. — Eu não sei como
você consegue fazer esse assunto surgir nas conversas.
“Bom dia, me passe as torradas, ah e a propósito, meu
pinto é imenso”.
— Eu não disse nada. — Jorge se defendeu. — Draco viu
ao vivo. Aliás, não só Draco, mas Harry também.
— Em nome das bolas de Merlin. Achei que você tinha
deixado essa fase exibicionista pra trás. — Rony reclamou.
— Em Hogwarts eu sempre ouvia falar das suas
competições com os outros alunos no dormitório, pra ver
quem era maior.
— Eu nunca entendi porque os garotos fazem esse tipo
de coisa. — Hermione revirou os olhos.
— Porque eu nunca soube dessas competições entre os
meninos? — eu perguntei, curioso. — Nunca aconteceram
no meu dormitório…
— Você queria ter ido assistir né, seu pervertido. — Kim
falou, me cutucando com o cotovelo.
Olhei pra Ron e Mione, sentindo que ruborizava. Parecia
estranho falar aquilo na frente deles.
— Como se você não quisesse ter visto. — eu respondi
pra Kim, em voz baixa.
— Ah, mas eu vi. — ele respondeu, sorridente. — Me
diverti muito mais em Hogwarts do que você.
— Está vendo porque eu mostrei, Ron? — Jorge provocou
o irmão. — Eles queriam ver.
— Você vai custar a me convencer que Harry pediu pra
ver seu pau. — Rony disse, aborrecido.
— Foi um acidente. — eu coloquei um ponto final na
história. Ron e Mione não precisavam saber dos detalhes
daquela tarde. Eu estava ávido por mudar de assunto. — E
esse filme? Sai ou não sai?
— Vocês me distraíram. — Hermione reclamou, voltando
a se concentrar na TV.
— Achei que a aura de magia da Mansão Malfoy fosse
muito forte pra esse tipo tecnologia trouxa. — eu comentei.
— Eu também. — Ron concordou. — Essa casa deve ser
da idade de Hogwarts.
— Mais velha. — Draco corrigiu. — Duzentos anos mais
velha que Hogwarts.
— Nossa. — Kim ofegou. — Não parece tão velha assim.
— Meus antepassados foram fazendo mudanças. Mas fui
eu que realmente fiz uma transformação radical aqui.
Mudei a estrutura, a deixei mais moderna e me livrei de
tudo que era relativo ao passado da família. — ele contou a
Kim. — Ia ser difícil viver aqui se eu a mantivesse como
era. Além das lembranças ruins, os quadros dos meus
familiares nunca nos deixariam em paz.
— Estariam gritando agora mesmo. — Jorge riu,
provavelmente se lembrando dos quadros da casa de Sirius.
— Dois nascidos trouxas, um mestiço, e três traidores do
sangue manchando a nobre casa da família Malfoy.
— Três traidores do sangue? — Draco perguntou,
confuso. — Quem é o terceiro?
— Você. — respondeu Rony, rindo. — Não achou mesmo
que podia se envolver com gente como nós e continuar com
status de sangue puro né? Os Weasley são a mais
tradicional família de traidores de sangue que já existiu.
— E dizemos isso orgulhosamente. — Jorge completou.
— Ta aí… traidor do sangue. Gostei. — Draco sorriu,
parecendo não se sentir mais tão deslocado em meio aos
meus amigos. — Sabe que agora que você falou… até já fui
acusado disso uma vez.
— Ah.. a acusação é o primeiro passo. Ainda lembro a
primeira vez, na escola, quando me chamaram de traidor
do sangue. — Jorge brincou, como se ensinasse uma lição.
— Parabéns, Draco.
— Acho que serve pra nós também. Eu só descobri que
havia algum problema em ter nascido trouxa na primeira
vez que me acusaram de ser um sangue ruim. — Kim
comentou.
— Você se lembra? — Jorge perguntou, demonstrando
carinho e preocupação.
— Acho que a pessoa nunca se esquece disso. No
primeiro ano derrubei, sem querer, o caldeirão de Anne
Rookwood na aula de poções. — o tom de Kim tinha se
tornado um pouco melancólico. Depois se voltou pra
Hermione, com quem se identificava por ter nascido trouxa.
— E você Mione? Se lembra da primeira vez?
A sala caiu em um silêncio desagradável. Kim não tivera
intenção de causar um clima ruim, não tinha como ele
saber. Mas eu, Rony e Jorge fitamos Hermione com a
memória muito vívida na mente. Ela era uma garotinha
determinada, estava no segundo ano, tinha enfrentado
corajosamente todo time de Quadribol da Sonserina.
Hermione olhava pra Kim, sem responder nada.
— Fui eu, não fui? — Draco disse, a voz baixa. Eu podia
ver a dor, arrependimento, a repulsa por si próprio. — Eu
fui a primeira pessoa a te chamar de sangue-ruim.
— Você se lembra? — Hermione ergueu os olhos pra ele,
parecendo sentir muito.
— Não. — ele respondeu. — Mas evidentemente vocês
todos se lembram.
— Não importa mais. — Hermione garantiu. — Eu já
perdoei você.
— Eu não me perdoei. — Draco falou. — E nunca vou.
Porque não é justo. Você vai guardar essa memória o resto
da sua vida. Seu marido vai guardar. Seu melhor amigo,
que por acaso também é o homem que eu amo, vai guardar.
E eu não consigo nem me lembrar… eu era o único que
merecia sofrer por isso, o único culpado, e eu não consigo
me lembrar.
O silêncio voltou a reinar na sala. Eu sentia meu coração
rasgar. Por Draco, por Hermione, por Rony, por todos nós.
Aquela maldita ideologia de sangue puro, aquela maldita
guerra que já acabara há anos mais tinha deixado tantas
marcas… Na hora que parecia que iriamos superar, vinha
mais uma mágoa, mais uma dor.
— Me desculpe. — Kim disse. — Se eu tivesse imaginado
que isso poderia acontecer jamais teria perguntado.
Mas ninguém poderia culpar Kim.
— Meus pais juravam que os bebês eram entregues aos
casais por uma fênix dourada. Eu acreditei nisso até os 11
anos, verdadeiramente. — Rony contou, virando-se pra
Draco. — Sei que não é a mesma coisa. Mas o que estou
querendo dizer é que você tinha 12 anos quando isso
aconteceu, você simplesmente repetiu à Mione o que ouviu
em casa.
— Continuei falando isso depois dos 12. — Draco não se
deixou convencer. — E não muda a marca que isso deixa
nas pessoas. Eu só queria me lembrar… pra poder pedir
desculpas sinceramente. Eu não consigo nem me lembrar.
Isso mostra como pra mim aquilo era usual.
Hermione o encarou.
— Está certo, Draco. Faço um acordo com você. — ela
ergueu-se, conjurando um vidrinho de sua bolsinha de
contas. Choquei-me quando vi Mione fechar os olhos puxar
o fio de luz de sua mente e depositar no recipiente. — Te
dou a memória, se você me jurar que vai ver uma única vez
e depois vai destruir. Estou fazendo isso para que você
consiga superar, não pra que fique remoendo essa história.
— Por que está me ajudando? — Draco falou, segurando
o vidrinho.
— Você não é mais aquele garoto que me ofendeu. Estou
fazendo isso por quem você é hoje. — ela sorriu. — E
porque, se não reparou ainda, todos nós gostamos de você.
— É isso aí cara. — Rony deu um tapinha nas costas de
Draco. — Nunca achei que fosse dizer isso… mas você nos
conquistou, Draco Malfoy.
— Que piegas. — Jorge riu, se aproximando dos dois,
abraçando Draco e o irmão. — Também quero participar do
momento.
— Se eu me encontrasse com Anne Rookwood e ela fosse
uma pessoa legal como você eu a perdoaria sem pensar
duas vezes. — Kim sorriu pra Draco.
Draco estava evidentemente emocionado.
— Vocês vão fazer meu namorado chorar. — eu ri.
— É um cisco. — Draco brincou.
— CONSEGUI! — gritou Hermione de repente, olhando
satisfeita pra TV ligada. — Se a Mansão tem uma aura de
magia, tem magia o suficiente pra que eu consiga enfeitiçar
algo tão trouxa como uma TV.
Aquilo fazia muito sentido. A TV não funcionaria com
tecnologia trouxa ali, mas poderia funcionar com magia.
— Você é o máximo, Hermione. — disse Rony, beijando a
esposa nos lábios, com evidente orgulho.
Nos acomodamos todos para enfim assistir aos três
filmes, o que fizemos com muita comida, bebida, e algumas
pausas para amamentar e trocar a fralda de Hugo, além de
explicar a Rony, Draco e Jorge alguns artefatos e questões
próprias da cultura trouxa que aparecem no filme. Os três
eram os únicos que ainda não tinham assistido à trilogia,
embora Rony conhecesse bem os personagens e um pouco
da história, devido às conversas de Hermione e suas primas
trouxas.
Quando acabou, engrenamos numa divertida conversa
sobre os filmes.
— Finalmente entendi porque Hermione gosta tanto de
Cinquenta Tons de Cinza. — Rony comentou.
— Você não está achando que Hermione quer que você
dê uma de Christian Gray, não é? — perguntou Jorge,
sacaneando o irmão.
Rony gargalhou.
— Hermione? De jeito nenhum. — ele provocou a esposa,
a olhando com malicia. — Eu já sigo a maior parte dessas
regras. Alimentação, oito horas de sono, exercícios físicos…
Mais fácil ela querer me bater com um chicote do que o
contrário.
— Não me dê ideias, Rony Weasley. — Hermione o
provocou de volta. — Quando você piscar, já estará vendado
e algemado em algum lugar.
— Socorro. — eu disse, sem querer imaginar aquilo. —
Por favor alguém tire essa imagem da minha mente.
— Não acho que eu iria reclamar. — Rony sorriu com
malícia, me ignorando completamente.
— Cuidado hein Rony, submissão sexual vicia. — Kim riu.
— Algumas mulheres dominadoras são muito sensuais.
Uma vez vi uma cena no Erthel’s Club que me deixou muito
impressionado…
— O que é Erthel’s Club? — Hermione quis saber.
— É um clube trouxa de BDSM. — eu respondi.
— Cenas com mulheres dominadoras podem ser muito
intensas de se assistir. — Draco concordou. — Uma vez, na
Espanha, estive numa festa bruxa de BDSM onde havia três
dominadoras. Elas se chamavam de Rainhas. Fizeram
coisas com os submissos que eu nunca tinha visto.
— Sabe, Rony Weasley, não me importaria de
experimentar algo assim. — Hermione ponderou. — Não
sabia que essa ideia de ser dominado te interessava.
— Você acha que me apaixonei por você por quê? Por que
me sinto atraído por mulheres submissas, quietinhas e
dóceis? — ele respondeu.
Hermione sorriu e eu fiquei com a impressão que eles
retomariam aquele assunto depois, quando estivessem
sozinhos.
— Ah.. — Draco exclamou de repente. — Me lembrei de
algo que fui incumbido de contar a vocês…
— O que é? — eu perguntei, curioso.
— Bom, ontem quando Marcus ligou, ele me pediu pra
contar que está saindo com uma pessoa. — Draco começou.
Fiquei confuso com o rumo da conversa.
— Porque qualquer um de nós estaria interessado na
vida de Marcus? — Jorge perguntou, irritando-se com a
menção do nome do ex namorado de Kim.
— Fico muito feliz que ele tenha arranjado outro
submisso. — Kim comentou. — Significa que ele estava
sendo sincero quando disse que não ia me perseguir mais.
— Não é um submisso, ele tem um namorado. — Draco
contou. — Uma relação sem dominação.
— Marcus? Não é possível. — Kim exclamou,
assombrado.
— Parece que eles estão bastante apaixonados. — Draco
continuou, sorrindo, parecendo absolutamente feliz pelo
amigo.
— Por quem ele pode ter se apaixonado nas últimas duas
semanas? — perguntou Rony, sem entender.
— Não acredito! — Hermione exclamou, parecendo se
dar conta. — Não foram nas últimas duas semanas. Toda
aquela história da poção teste para ajudar no processo
contra o St. Mungus… é Neville não é?
— 50 pontos pra Grifinória. — respondeu Draco,
confirmando.
— Neville e Marcus? — eu disse, surpreso que algo além
de amizade tivesse surgido ali. Mas então olhei pra Draco,
sorrindo. — Bom, suponho que seja tão surpreendente
quanto Harry Potter e Draco Malfoy.
Capítulo 37

CAPÍTULO 37
NARRADO POR DRACO MALFOY
Já fazia quase um mês desde que eu tinha voltado a
trabalhar. Inicialmente, parecia que eu e Harry tínhamos
uma vida tranquila, cheia de bons momentos com nossos
amigos e de incríveis momentos a dois. Mas com o passar
dos dias ele foi se mostrando cada vez mais incomodado.
Harry tinha sido convidado a retornar aos aurores e eu o
tinha incentivado, afinal com as novas políticas, eles
pareciam estar começando a se aproximar mais do que
Harry sempre tinha esperado da profissão. Mas ele tinha
sido categórico em sua negativa. Então eu tinha sugerido
que ele pensasse em outra coisa que pudesse fazer, algum
outro trabalho de que gostasse, que o fizesse feliz; mas
Harry tinha me dado uma resposta evasiva, dizendo que
ainda estava pensando em suas alternativas.
Eu sabia com o que ele estava atormentado: Philip não
tinha sido pego. Um mês e meio desde e batalha contra os
Purificadores e nem sinal dele.
Eu tinha dito a Harry para esquecer. Que aquele garoto
tinha percebido que estava sendo procurado em dois países
e para não passar o resto da vida em Azkaban por traição,
tortura e tentativa de assassinato, era muito provável que
ele já tivesse bem longe. Mas Harry insistia que não.
Tínhamos chegado a discutir algumas vezes por causa
disso. Se Philip não aparecesse nunca, ele ia passar a vida
em função disso? Não faria mais nada? Iriamos ficar pra
sempre sob a sombra daquele fantasma?
Então, naquele dia, quando estava no trabalho eu vi uma
coisa se mexer. Uma coisa que não deveria se mover em
nenhuma hipótese. Era um livro muito grosso para se
mover sozinho, alguém precisaria ter encostado nele.
Passei as horas seguintes muito atento a pequenos sons
que não deveriam estar ali, pequenos movimentos.
E ao final do dia eu estava convencido: Harry estava me
seguindo sob a capa da invisibilidade.
Ele já tinha feito isso antes, no passado, quando eu
estava sendo ameaçado por Mehothewn; era assim que ele
tinha me salvado de um ataque. Eu também sabia que ele
não estava ficando em casa durante o dia, porque Kim (nas
tardes livres) e os Elfos não se encontravam com ele; mas
ele me dissera que estava procurando pistas da localização
de Philip, o que tinha me aborrecido e nosso assunto tinha
se encerrado ali.
Mas eu deveria saber… ele não estaria procurando Philip
enquanto eu estava indo todos os dias trabalhar
tranquilamente sem qualquer proteção. Ele estava me
vigiando. E estava fazendo aquilo pelas minhas costas,
porque sabia que eu não concordava. Eu estava louco para
chegar em casa e confrontá-lo, assim que ele tirasse a capa
fingindo vir de algum lugar.
Mas minha vontade de incomodá-lo era maior, saí dali e
não fui pra casa, como combinado. O fiz me seguir com
aquela porcaria de capa por uma infinidade de lojas,
comprando várias peças de roupas, chegando em casa já
perto de 20:30. Quando abri a porta da Mansão Malfoy, no
entanto, quatro pessoas estavam sentadas
desconfortavelmente na sala de estar: Neville, Marcus, Kim
e Jorge.
Droga, eu tinha me esquecido que havia convidado
Neville e Marcus para jantar. Estava atrasado. Me adiantei
para cumprimenta-los.
— Me desculpem pelo atraso, tive um problema no
trabalho. — eu disse.
— Eles chegaram há 15 minutos, e nem você nem Harry
estavam em casa. — Jorge Weasley me olhava
acusadoramente, como se quisesse me esgoelar por obriga-
lo a fazer sala para Marcus.
— Esperamos um pouco, mas eu e Jorge já estávamos de
saída. — Kim comentou. Ele tinha combinado de sair com o
namorado justamente pra não se encontrar com o ex, eu
lhe devia um monte de desculpas. — Fizemos uma reserva
em um restaurante… se demorarmos mais iremos perde-la.
— Claro, podem ir, me desculpe atrapalhar a
programação de vocês. — eu disse, cordialmente, antes de
me virar para meus convidados. — Aceitam uma bebida?
Tenho certeza que Harry já deve estar chegando.
Como em um passe de mágica, Harry entrou em casa
dois segundos depois, me irritando profundamente com
aquele teatro. Ele cumprimentou Neville e Marcus e se
sentou ao meu lado. Ficamos um bom tempo conversando
amenidades. Fingi que tudo estava bem, não ia discutir na
frente dos outros. Se Harry podia mentir, eu também podia,
e melhor. Eu tinha crescido na sonserina, com certeza
podia jogar aquele jogo.
Depois do jantar, que tinha tudo pra ser muito agradável
em outras circunstâncias, Marcus me pediu para ir com ele
até a Biblioteca ver alguns livros de poções antigos, dos
meus antepassados, que ele queria emprestado pra usar
em suas pesquisas. Nós deixamos Harry com Neville na
sala de jantar, e fomos para a Biblioteca. Enquanto eu
procurava os livros e empilhava para entregar a ele,
perguntei:
— Tem algo que você queira me dizer em particular?
Devia ter alguma razão para ele ter me chamado ali no
meio de um jantar.
— Na verdade tem. — ele falou, me olhando. — É
Neville… sabe… eu gosto dele demais. Mas muitas vezes
acho que ele me esconde coisas.
Talvez fosse um mal de grifinórios.
— Em relação a que? A vida dele? — eu perguntei, me
identificando. — Você acha que ele mente? Que te diz que
vai fazer uma coisa, ou ir a algum lugar e vai a outro?
— Não! Nada nesse sentido. — Marcus exclamou. —
Acho que temos uma relação de muita confiança quanto a
isso, até eu me sinto à vontade pra falar do meu passado,
dos meus defeitos com ele. Ele também se abre comigo,
fala dos pais, da vida que teve com a avó, do trabalho dele
em Hogwarts. É mais em relação a sexualidade… é como se
ele tivesse um bloqueio para falar desse assunto.
— Achei que você tinha me dito que tinha acontecido
uma boa conversa no início. Sobre limites, ser passivo e
ativo… — eu comentei, franzindo a testa.
— Foi uma boa conversa. — Marcus assentiu. — Mas
depois daquilo nunca mais falamos a respeito. Eu disse que
saberia esperar o tempo dele… e eu não estava mentindo.
Mas parece que ele não me dá abertura pra falar de outras
possibilidades…
— Outras possibilidades é você voltar a ser ativo algumas
vezes. — eu resumi. — E fazer algumas das coisas BDSM de
que gosta.
Marcus me olhou, parecendo se sentir culpado.
— Olha, sim, eu gostaria de voltar a ser ativo algumas
vezes. E há algumas coisas BDSM que eu gostaria de fazer,
como uma brincadeira. Sei que com ele não rolaria essa
questão de dominação mesmo, olhar pra baixo, chamar de
senhor, obedecer e tal. — ele falou. — E eu nem desejo isso
dele.
— E se ele nunca quiser as coisas que você quer? — eu
perguntei.
— Eu vou abrir mão de tudo por ele, Draco. Mas queria
que ele fosse sincero comigo. — ele falou, preocupado. —
Até porque não é só isso. Ultimamente, as vezes, depois do
sexo ele parece chateado… eu pergunto o que houve, mas
parece que ele não consegue conversar comigo.
— Qual é o seu receio? — eu quis saber. — Do que você
desconfia?
— Penso que talvez ele esteja se arrependendo de ficar
comigo. — Marcus falou, parecendo perdido. — E se ele
tiver concluindo que gosta mesmo é de mulher? Que isso
foi um erro?
— Você acha que existe essa possibilidade? — eu
questionei, ponderando sobre a hipótese. — Ele me parece
gostar tanto de você…
— Eu não posso afirmar que ele gosta de mulher. O que
eu sei é que já estou praticamente transando como uma. —
Marcus falou, com aflição. — Nem peço mais pra ele me
chupar… só transo de costas pra ele nem olhar pro meu
pau… e nem sei se isso está sendo o suficiente.
— Marcus, você não acha que está meio paranoico? — eu
falei, trazendo-o pra realidade. — Você é um homem
enorme, não tem traços finos. Você não tem jeito
afeminado… não é nem mesmo delicado. Eu parado do seu
lado eu pareço uma Veela. Acho que quando Neville
Longbottom resolveu namorar você sabia muito bem onde
estava se metendo.
— De uma semana pra cá, nem consigo mais gozar,
Draco. — ele confessou. — Estou obcecado com esses
pensamentos.
— Você precisa conversar com Neville. — eu disse. — Ele
querendo falar sobre isso ou não. Não dá pra continuar
assim, Marcus…
Marcus me olhou sem saber o que dizer, apenas
concordou com a cabeça. Eu terminei de empilhar os livros
em suas mãos e nós saímos da biblioteca, quando
chegamos perto da sala de jantar, escutamos Neville e
Harry conversando. Assim que Marcus escutou Neville
dizer seu nome, ele me puxou de modo abrupto, forçando-
me a ficar parado para ouvir, sem entrar no cômodo.
Normalmente eu me oporia a ouvir escondido, mas Marcus
estava desesperado, e Harry bem que estava merecendo.
Então me calei.
— Definitivamente não o estou satisfazendo… Marcus
nem tem mais orgasmos. Ele fica escondendo o pênis para
que eu não veja, mas eu sei. — Era a voz de Neville,
irritada e constrangida. — Desculpe estar te dizendo isso
Harry… mas diante das circunstâncias você é o único
amigo com quem eu me sinto à vontade pra falar sobre
esse assunto.
— Eu entendo. Eu também namoro um homem, isso te
deixa mais confortável pra conversar comigo. — Harry
falou, oferendo apoio. — Você já tentou falar com ele sobre
esse assunto?
— Eu não consigo, Harry. Eu travo. Me sinto um idiota,
mas eu simplesmente travo. Eu penso um monte de coisas,
mas na hora de falar elas não saem. Ele chega até a me
perguntar o que há comigo, mas eu não consigo responder.
— Neville estava muito insatisfeito consigo mesmo. —
Marcus foi muito compreensivo comigo desde o início.
Disse que ia esperar meu tempo para a gente experimentar
coisas novas. Mas como vamos fazer isso se eu não consigo
falar sobre o assunto?
— Você quer experimentar com ele? — Harry perguntou.
— Até essas coisas da submissão?
— Não sou submisso, também não acho que seja um
dominador. — Neville ponderou. — Mas eu gostaria de
experimentar algumas coisas… fantasias sexuais sabe?
Dele e minhas também. Existem coisas que eu imagino
fazer com ele… mesmo não tendo experiência com homens.
O fato é que eu morro de tesão nele, e não sou um eunuco.
Quando olhei pra Marcus, meu amigo exibia um sorriso
de orelha a orelha. Me permiti sorrir também, ficando feliz
por ele.
— Eu entendo. E você está sendo sempre ativo? — Harry
perguntou.
— Essa é outra questão. — Neville falou. — Sim estou
sendo sempre ativo, e ele obviamente não quer isso. E na
verdade nem eu… eu gostei de ser passivo Harry… eu só
fiquei apavorado.
— Com o que? Com a dor? — Harry perguntou. — Você
sabe que com o tempo isso melhora não é?
— Não é a dor. — Neville explicou. — Naquele dia me
apavorei de gostar de ter ele me tomando, de me sentir
como se eu fosse dele. Me assustei por ter me sentido tão
dominado… como se ele tivesse o poder de conseguir tudo
de mim.
— Você acha que sentiu medo disso por ele ter sido um
dominador nas relações anteriores? — eu perguntei. — Ou
acha que se sentiria assim com qualquer pessoa?
— Não sei, acho que a segunda opção. — ele respondeu.
— Você nunca se sentiu assim com Draco?
Nesse momento, eu e Marcus já tínhamos os ouvidos
colados na parede, quase não respirávamos,
completamente atentos a conversa. Marcus estava
evidentemente preocupado com as coisas que ouvia.
— Sim… mas não me assusta me sentir assim. — Harry
explicou. — Eu gosto.
— Você acha que seria diferente se você fosse ativo
também? — Neville perguntou.
— Eu não sei. Nunca pensei nisso. — ele respondeu. —
Minha relação é diferente da sua.
— Por que? Marcus e Draco não são dois dominadores?
— Neville contrapôs. — Eles não gostam das mesmas
coisas?
— Bom, sim, mas quando Marcus começou a namorar
você, parece que ele se transformou. Ele se dispôs a abrir
mão do BDSM, a ser passivo por você. — Harry refletiu. —
No meu caso, eu procurei Draco sabendo que eu seria
passivo e submisso. E eu desejei isso.
— E você nunca quis experimentar o contrário? —
Neville estava curioso.
— Acho que isso é tão inconcebível pra Draco que eu
nunca nem me permiti considerar essa hipótese. — Harry
explicou. — Acho que seria algo que o faria se sentir mal. E
eu não tenho a menor vontade de fazer uma coisa que vai
deixar Draco mal.
— Acho que Marcus se sente exatamente assim. Ele não
propõe que eu seja passivo de novo, porque acha que vou
me sentir mal. — Neville falou. — Talvez eu esteja um
pouco inseguro, realmente… mas eu quero. Queria poder
falar com ele sobre isso… sobre o medo que eu senti, sobre
o fato de eu não conseguir me expressar bem. E se ele não
propor as coisas pra mim muito claramente, nunca vamos
fazer nada, porque eu não vou conseguir propor nunca.
— Você vai ter começar a aprender a falar como se sente,
Neville. — Harry respondeu, e de repente ouvi o barulho da
cadeira se arrastar. — Acho que talvez seja melhor eu ir ver
porque eles estão demorando tanto na biblioteca.
Marcus e eu nos apressamos para dentro da sala de
jantar, fingindo um assunto sobre os livros de poções. O
resto da noite correu tranquilamente, mas eu não
conseguia tirar aquilo da cabeça. Será que Harry estava
descontente com nossa vida sexual? Queria experimentar
algo diferente? Queria que eu fizesse com ele o que Marcus
estava fazendo com Neville?
Tudo aquilo era muito confuso.
Fui dormir aquela noite sem nem conseguir olhar pra
Harry direito. Era a história de Philip, a capa da
invisibilidade, essa questão do sexo… Me virei pro lado sem
dizer nada, sentindo o olhar dele sobre mim. Ele percebeu
que tinha algo errado, mas não forçou uma conversa. Nós
andávamos discutindo muito nos últimos dias, por causa da
sua paranoia com Philip.
Ele não se aproximou, não me abraçou, não se
aconchegou em mim na cama. Talvez porque sentisse meu
afastamento, ou porque ele mesmo não quisesse. Ele só
murmurou baixinho:
— Não pense que não sei que estou te magoando. Ou que
não me importo.
— Eu sei. — eu respondi.
Porque no fundo sabia que ele se importava. E sabia
também que eu e ele íamos passar por cima daquilo.
Tínhamos enfrentado coisas demais juntos para que eu
deixasse que a gente se perdesse um do outro. Harry
estava tentando cuidar de mim, porque me amava; mas
estava fazendo isso de um jeito equivocado, porque não
tinha sido sincero comigo. E eu tinha muito medo que ele
acabasse fazendo aquilo pro resto da vida, esperando um
ataque de Philip que nunca chegaria, e se esquecesse de
ser feliz.
— // —
Feliz ou infelizmente, eu não saberia dizer ao certo, eu
estava errado. No dia seguinte, ao sair de um almoço com
um cliente, marcado em um restaurante trouxa de Londres,
eu senti minha varinha ser tomada antes que eu pudesse
reagir, e quando eu percebi estava pressionado na parede
com uma varinha cutucando a minha garganta.
Olhei para o rosto do meu agressor, lá estava ele. Philip.
O rosto mais magro do que eu me lembrava, a barba por
fazer, a aparência mais suja, e os olhos muito mais
desvairados.
— Não reaja se não quiser morrer. — ele ameaçou,
agarrando meu braço esquerdo.
Percebi que ia aparatar comigo. Mas antes que o fizesse,
senti um aperto firme em meu braço direito. Era Harry, é
claro, que continuava a me seguir. Meu coração se
aqueceu, eu estava com ele, não tinha medo de nada. Senti
meu corpo ser levado dali, puxando Harry junto comigo.
Quando abri os olhos, me vi em um casebre sujo, de uma
peça só. Philip não perdeu tempo em fazer os feitiços para
imobilizar o meu braço e me por de joelhos. Eu sabia que
Harry estava afoito para saber suas intenções. Aquela era
nossa chance de descobrir, e eu sentia que devia isso a
Harry depois de tê-lo criticado tanto no último mês.
— O que você quer? — questionei. — Achei que a essa
altura já estivesse muito longe, escondido em algum buraco
como o rato imundo que você é.
Ele sorriu, com desdém.
— Vou desaparecer, sim. Mas não sem antes me vingar
do homem que me tirou tudo. — ele respondeu, se
referindo a mim.
— Me satisfaça uma curiosidade, Philip. Se você desejava
tanto Harry, porque não fez com que ele fosse seu? Ele
gostou de você por anos. — eu fiz a pergunta que sempre
tinha me inquietado. — Porque só agora, depois que ele já
tinha outra pessoa?
— Foi um erro de cálculo, sem dúvida. — ele retorceu os
lábios. — Mas veja o meu lado. Em Hogwarts eu era um
lufa lufa, de uma família trouxa, sem importância, que
ninguém conhecia, enquanto Harry era famoso. Ele nunca
me olhou duas vezes naquele tempo. Quando entramos
para o treinamento de aurores juntos, ficou muito claro que
as atenções eram sempre pra ele. Ele era considerado o
melhor da turma, o mais respeitado, o queridinho de
Kingsley… mas isso só acontecia porque ele era o Eleito.
— Acho que era porque ele era talentoso. — eu respondi,
vendo-o espumar de raiva.
— Não estou dizendo que não era. Mas eu sempre fui
muito mais. — ele continuou, destilando inveja. — Quando
notei que ele gostava de mim e que isso o deixava todo
tímido e retardado, percebi que tinha encontrado uma
maneira de me vingar. Eu seria gentil, o manteria
apaixonado por mim, e nunca corresponderia seus
sentimentos.
— Quanta maturidade. — eu revirei os olhos. — Parece
até meus planos pra provoca-lo quando eu tinha 11 anos.
— Mas eu comecei a me sentir atraído por ele, a deseja-
lo, a querer que ele fosse meu. — Philip falou.
Eu odiava ouvi-lo falar de Harry assim.
— E então fugiu pra França? — eu perguntei.
— Eu não queria um relacionamento com Harry Potter.
Viver à sombra do Eleito. Pensei que dessa forma nunca
seria reconhecido pelo meu talento, seria pra sempre
considerado só o namorado dele, sempre em segundo
plano. — ele respondeu, amargo. — Fui pra França que era
onde a ação estava acontecendo. Onde eu poderia liderar
missões. Onde eu poderia brilhar.
— Deixe-me adivinhar? Foi muito mais sujeira e morte do
que honras e glórias? — eu debochei.
— De certa forma, sim. — ele me olhou, com raiva. — E
enquanto isso, Harry estava aqui com você. E você só
melhorou com essa relação, ganhou clientes, contatos,
prestígio social que você já não tinha há muito tempo. Se
antes as pessoas te olhavam torto pelo seu passado de
comensal da morte, agora muita gente te olha por aí com
respeito, você é o companheiro de Harry Potter.
— Eu não me envolvi com Harry por nenhuma dessas
razões. — eu me indignei com o insulto.
— Ou você está mentindo ou é muito burro. — ele deu de
ombros. — Mas o fato é que eu percebi o que eu poderia
ganhar. As vantagens que eu tinha desperdiçado. E voltei
da França decidido a tirá-lo de você. Eu poderia unir o útil
ao agradável, tê-lo como eu desejava e ainda ascender
socialmente usando-o.
— Você me dá nojo. — eu falei, impressionado que
alguém pudesse ser tão imundo.
— É uma pena, porque você vai ter que me suportar
muito antes que eu lhe conceda o direito de morrer. — ele
disse, com crueldade.
— O que você quer dizer com isso? — eu questionei.
— Depois de tudo aquilo que Harry me falou, sobre te
desejar, sobre o prazer que você dá pra ele… sobre eu ser
um projeto de homem comparado a você. — ele falou, os
olhos de um carrasco. — Eu decidi te destruir. Eu vou
estuprar você, fazer de você meu submisso, submeter você
às coisas mais horrendas, tirar toda a sua dignidade, até o
homem que Harry Potter tanto deseja não existir mais.
Eu o encarava, seu rosto tirânico contorcido em um
sorriso bizarro.
— Gostaria de parecer mais apavorado. — eu disse,
fingindo um bocejo. — Mas o problema é que, na verdade,
como eu já tinha te avisado, Harry é muito protetor.
Harry entendeu a minha deixa, atacando Philip ainda
invisível, que lutava com ele sem saber ao certo de onde o
feitiço vinha, obviamente entrando em pânico diante da
surpresa daquele conflito. Ele era pior duelista que Harry,
embora fosse bom, e em poucos segundos ficou evidente
que Philip perderia.
Ao perceber que seria incapacitado, Philip decidiu lançar
sua última magia na minha direção, ao invés de focar-se em
Harry, com quem duelava. Eu o vi olhar pra mim e gritar,
inclemente:
— Patiens Longus.
Aquilo era magia negra. Era um feitiço sexual
extremamente cruel. A última vez que eu tinha visto aquilo,
tinha sido durante uma cessão de tortura, na época em que
Voldemort ainda era vivo, e um Comensal da Morte tinha
capturado um menino nascido trouxa.
O feitiço me atingiu em ondas, sem nenhum efeito
imediato. Mas eu sabia que era questão de tempo, logo o
sofrimento viria, e duraria horas até que eu me sentisse eu
mesmo outra vez.
Vi Harry o imobilizar, fazer um patrono, chamando os
aurores, que apareceram em questão de segundos, levando
o prisioneiro. Quando Harry correu até mim, segurando-me
com força, me tirando dali, eu me sentia quase anestesiado.
Aparatamos na Mansão Malfoy… diretamente dentro do
meu quarto.
A única coisa que eu conseguia pensar, é que talvez
Philip tivesse conseguido um pouco do que queria. Eu
perderia algo importante nas horas seguintes. Algo da
minha dignidade, do homem que eu sentia que era.
Capítulo 38

CAPÍTULO 38
NARRADO POR DRACO MALFOY
O Patiens Longus era um feitiço maldito. Seu efeito se
parecia com o opus penetrant e ao mesmo tempo não
lembrava este outro em nada. O opus penetrant, embora
também pudesse ser usado pra violentar alguém, era um
feitiço que despertava tesão, vontade de ser penetrado, de
fazer sexo anal. O Patiens Longus, embora fosse catalogado
como uma magia das trevas de cunho sexual, eu não sei se
tinha algo de verdadeiramente sexual nele.
Ele não despertava tesão, excitação ou qualquer tipo de
prazer. O que Patiens Longus o fazia era despertar um
comichão, uma espécie de pruído no ânus, que causava
uma angústia horrenda. A pessoa atingida não tinha
vontade de ser penetrada por uma outra, ela tinha uma
aflitiva ânsia de fazer aquela sensação parar. Mas não
conseguia. Então normalmente chegava a extremos com o
próprio corpo, destroçava-se por dentro, até que a dor
fosse maior do que aquela agonia. Ninguém saía com a
dignidade intacta, ninguém saía inteiro, Philip sabia muito
bem o que estava fazendo quando tinha escolhido
justamente aquela maldição pra me atingir.
Não havia contra-maldição, nenhum feitiço que pudesse
me ajudar, nenhuma poção. A única e mísera centelha de
esperança que eu mantinha, é que aquela maldição
demorava um pouco para começar a fazer efeito. Eu
pretendia usar aquele tempo de sanidade que me restava
impedindo que Harry me visse naquele estado, porque eu
tinha certeza que se isso acontecesse, eu jamais
conseguiria encará-lo do mesmo jeito. Se ele me visse
assim, eu jamais conseguiria tocá-lo outra vez, ou deixar
que ele me tocasse, como se eu fosse o mesmo homem de
sempre. E Philip teria sua vingança.
— Harry. — eu disse, ansioso para que ele me
entendesse. — Preciso que você me escute ok? Eu vou para
o quarto de BDSM. Preciso que você me deixe lá por um
tempo. Quando eu te mandar um sinal, mande alguém pra
me ajudar. Mas, por favor, não entre. Mande Kim.
Harry me olhava como se eu estivesse louco.
— De jeito nenhum. — ele falou, taxativo. — Você vai se
dilacerar todo por dentro.
Ele sabia. Sabia do que se tratava.
— Eu tinha esperança que você não soubesse. — eu
disse, em desalento. — Achei que isso fosse um tipo de
magia das trevas obscura demais, vil demais… até pra ser
estudado no curso preparatório dos Aurores.
— E é. Mas eu sempre achei que a primeira coisa que um
bruxo das trevas iria querer fazer com Harry Potter,
sabendo que eu era gay, seria justamente esse tipo de
magia. — ele respondeu. — Então eu estudei por conta,
pesquisei muito, li relatos. Eu posso ajudá-lo, posso fazer
tudo ser bem menos pior.
Eu percebia em suas palavras que a perspectiva de ser
violentado o tinha apavorado ao longo dos anos, que ele
tinha se esforçado pra aprender mais, pra fazer o possível
pra se defender. Mas eu já tinha visto uma pessoa sob o
efeito daquela maldição, a loucura era tão grande, o
desespero que o garoto parecia sentir, o auto flagelo que
ele próprio se infligiu… não me parecia que poderia ser
ajudado.
— Harry… eu já vi a maldição. — eu falei, expondo
aquela medonha lembrança. — Bastou um Comensal da
Morte fazer o feitiço em um rapaz, colocar objetos em sua
frente e montar o circo para que todos os outros
assistissem, inclusive eu. O garoto enfiou tudo dentro de si
mesmo, tinteiros, frascos de vidro vazios, tesouras, o cabo
de uma vassoura… foi dantesco. Quando ele já estava
sangrando, perfurado, jogaram-no na neve pra morrer.
Harry avançou pra mim, segurando as minhas mãos,
como se estivesse morrendo de vontade de me abraçar, mas
ao mesmo tempo tivesse medo de me assustar com um
movimento brusco. Ele me olhou, os olhos verdes lindos
como sempre, acalentando a minha alma.
— Eu sinto muito. — a voz dele era mansa. — Uma vez
salvei um jovem que tinha sido amaldiçoado pelo próprio
pai, por ser homossexual. Eu o levei pra um lugar seguro e
consegui ajudá-lo. O Patiens Longus causa uma angustia
muito forte na pessoa, ela não pode ser deixada sozinha,
não pode ser ela mesma a se tocar, porque fica
desesperada para fazer com que o efeito da maldição
termine e acaba se ferindo gravemente.
Eu entendia onde ele estava querendo chegar. Respirei
fundo, tentando me controlar, existia uma maneira, então.
Existia um modo de ajudar alguém naquelas condições.
— Você tocou o garoto? — eu quis saber.
— Não. Seria invasivo, eu era um estranho. O rapaz tinha
um companheiro. Eu o instrui sobre como fazer isso da
melhor maneira. Demorou um tempo até que a maldição
acabasse, mas ao final o menino estava bem e foi tudo bem
menos traumático do que poderia ter sido. — ele explicou.
— Se você não quer que eu te toque, podemos chamar
alguém. Quem sabe Blaise ou Marcus… Ou se o toque de
um homem nesse momento te fizer se sentir violentado,
podemos chamar uma mulher. De repente Hermione, ela é
medibruxa, vai tratar como uma questão de saúde.
— Não! — eu quase gritei, fazendo-o se sobressaltar. E
então o puxei pra mim, abraçando-o como se minha vida
dependesse disso. Enfiei meu nariz na pele do seu pescoço,
inspirando seu cheiro reconfortante. Ele me abraçou de
volta, segurando-me nos braços, mantendo-me junto de si.
— Só você… eu só confiaria em você pra isso… eu… eu
estou tão assustado, Harry.
Senti suas mãos acariciando meu cabelo, procurando me
acalmar.
— Eu vou fazer tudo ficar bem. — ele prometeu, me
acalentando. — Agora vou pedir que você me escute, ainda
temos alguns minutos. Quero que você tome um banho
quente, que relaxe os músculos, vai ajudar. Depois se deite
o mais confortavelmente que conseguir. Enquanto isso vou
pegar algumas coisas que podem nos ajudar.
Eu fiz como ele falou. Se tinha uma coisa que aquele dia
tinha me ensinado, era não desconfiar de Harry Potter
nunca mais. Ele estava certo quanto a Philip, se tivéssemos
feito do meu jeito, a essa altura eu já estaria sendo
horrivelmente violentado e torturado, para depois ser
morto por aquele traidor miserável. Harry tinha me trazido
pra casa em segurança, mesmo que sob o efeito daquela
maldição.
E se ele dizia que podia ajudar, que podia tornar tudo
mais fácil… eu acreditava na palavra dele. Entrei no
chuveiro, deixando a água quente cair sobre meu corpo,
tentando afastar a tenebrosa lembrança que eu tinha de um
garoto sofrendo com aquela maldição. Harry disse que
podia ser diferente… eu iria seguir suas instruções e tentar
controlar o pavor.
Eu me sequei e fui pro quarto. Harry já estava de volta.
Ele me guiou até a cama, pedindo para que eu me deitasse
de bruços, colocando um travesseiro alto sob o meu
quadril. Estar nu naquela posição fazia eu me sentir
exposto e desconfortável, mas ele logo em seguida cobriu
meu corpo com um lençol fino, numa tentativa óbvia de me
preservar.
Ele se deitou ao meu lado, debaixo do lençol, e fez em
mim um feitiço de lubrificação.
— Você vai prender as minhas mãos? — eu perguntei. —
Pra impedir que eu me machuque?
— Não. — ele respondeu, calmo. — Vai deixa-lo mais
desesperado. Nas minhas pesquisas notei que…
Mas antes que Harry pudesse me dizer qualquer coisa
que fosse, senti os efeitos do Patiens Longus chegando.
Tomou conta de mim, como se fizesse parte do meu ser,
como se eu não pudesse mensurar onde a maldição
terminava e a minha existência tinha início. O desespero
era avassalador.
Meu ânus formigava, coçava, ardia, agonizava, pinicava
horrivelmente. Eu queria fazer parar. Precisava fazer parar.
Sentia que poderia fazer qualquer coisa para que aquilo
parasse. Adiantei as mãos na direção das nádegas, mas
Harry percebeu antes de mim que a maldição tinha
chegado, e introduziu seu dedo mínimo na minha entrada.
Eu enfiei a cara no travesseiro. Queria gritar. Aquilo não
ia adiantar, não ia fazer parar.
— Draco, preciso que respire fundo e se concentre na
minha voz. Sei que é desesperador. Mas se ferir não vai
fazer a maldição parar, você precisa se concentrar nisso. Se
machucar não vai cortar o efeito. — ele disse, e eu tentei
me fixar naquilo.
Respirei contra o travesseiro, tentando me convencer de
que a ânsia que eu tinha de me rasgar para que aquilo
terminasse não resultaria em nada.
— A maldição demora algumas horas, independente do
quanto você se machuque. — ele falou.
Horas? Eu tremi, torturado. Eu não podia aguentar
aquilo por horas. Não podia.
— Preciso que se concentre no movimento do meu dedo.
O que estou fazendo é o suficiente para abrandar os efeitos
do feitiço. Concentre-se em sentir a ardência e o prurido
diminuírem a medida que eu te estimulo. — ele me
orientou.
O dedo dele entrava e saía de dentro de mim com leveza.
Mas a maldição parecia horrível. Eu não a sentia nenhum
pouco mais branda. Ao contrário, o desespero me tomava
de uma maneira que parecia que eu era feito dele.
— É você quem pode controlar. — a voz doce de Harry
me incentivava. — A sua mente pode controlar. É possível,
eu já vi alguém se controlando. Você é forte, com certeza
vai conseguir.
Eu fechei os olhos. Eu achava lindo o jeito que ele me
via, como um homem capaz de superar qualquer coisa, de
vencer qualquer obstáculo. E com ele, eu realmente sentia
que podia. Ele tinha me ajudado a ultrapassar tantos
problemas, tantas dores e medos que eu achava que
morreriam comigo. Eu era um homem mais forte com ele.
Me concentrei. Respirei fundo várias vezes. Por quase
uma hora inteira fiquei em silêncio, agarrando o travesseiro
com força, o corpo todo contraído, sentindo seu estimulo
delicado no meu interior. Os impactos da maldição sobre o
meu corpo se tornaram mais moderados, mas sobretudo, os
impactos sobre a minha mente foram ficando mais fáceis de
lidar.
E foi então que eu entendi, a agonia do Patiens Longus
não estava tanto no corpo, mas na mente. Uma vez
controlada a mente, era possível suportar os efeitos no
corpo.
Depois daquele longo tempo, eu enfim levantei a cabeça.
— Você conseguiu. — ele falou. — Agora o pior já passou.
Você só precisa manter a mente controlada. Vamos
continuar te estimulando até a maldição passar.
Eu assenti com a cabeça. Eu estava certo de que poderia
tolerar aquilo desde que mantivesse o domínio sobre o meu
consciente. Mas a sensação no meu ânus ainda era
desagradável, sobretudo porque o movimento do dedo de
Harry, por mais leve que fosse, começava a sensibilizar a
minha pele. Já era uma hora daquele movimento repetitivo,
incessante, na mesma região ardida do meu corpo.
Eu não disse nada a respeito disso, mas Harry parecia
saber. Ele puxou um tubo de pomada debaixo do
travesseiro, passou bastante do conteúdo no seu dedo
mínimo livre, e trocou a mão usava para estimular meu
corpo, introduzindo o dedo cheio do produto.
— O que é? — eu perguntei, com curiosidade.
— É uma pomada pra dor que pode ser usada no ânus. —
Harry respondeu. — É trouxa. Qualquer poção que envolva
magia teria o efeito cortado pela maldição.
Conforme ele massageava, fui sentindo um pouco de
alívio quanto ao seu entre e sai constante dentro de mim.
De repente me dei conta de que Harry não tinha tido tempo
de sair para comprar aquilo. Ele teria que ter em casa.
— Por que você tem isso? — eu perguntei, franzindo a
testa. — Tenho te machucado?
— Não. — ele se permitiu sorrir. — É de Kim. Ele disse
uma vez que comprou no final da relação com Marcus,
quando começou a se sentir muito intimidado e acaba se
contraindo demais na hora do sexo. Então hoje me lembrei
e pedi emprestado.
— O que disse a ele? — eu quis saber.
— Disse que nós tínhamos exagerado ontem e que eu
estava com dor. — Harry se limitou a responder, sem
explicar porque não tinha contado a verdade a Kim.
Mas eu sabia o porquê. Ele tinha dito isso porque sabia
que eu estaria me sentindo horrível com essa maldição.
Não é o tipo de coisa que se gosta de espalhar. Ser
obrigado ao estimulo íntimo contra a vontade, os efeitos
psicológicos da maldição, o impulso de se rasgar por
dentro… tudo isso tinha o poder de fazer alguém se sentir
bastante sujo, bastante degradado.
— Obrigado. — eu falei, simplesmente.
Ele não disse nada, só continuou me olhando com
suavidade. Por Merlin, como eu o amava, estava disposto a
qualquer coisa por ele. Minha entrega era tamanha, que ao
mirar seus olhos, eu acabei me lembrando da conversa que
tinha ouvido no dia anterior, entre Harry e Neville. E num
impulso, sem parar pra raciocinar, perguntei:
— Você tem vontade de me tocar assim?
O rosto dele se fechou na mesma hora, tempestuoso.
Harry me olhava como se eu tivesse dado um tapa em seu
rosto, chocando-o, deixando-o furioso.
— Coloque sua mão no meu pau. — Harry ordenou, eu
podia ouvir sua exasperação, embora ele falasse baixo.
Fiquei imóvel, sem conseguir expressar qualquer reação,
os olhos arregalados encarando-o.
— O que? — aquilo não fazia nenhum sentido.
— Faça o que estou mandando. — sua voz era
esmagadora.
Eu obedeci, tremulo, sentindo-me frágil com tudo aquilo.
Ao encostar a mão no seu pênis, o encontrei
completamente amolecido.
— Você pode ficar com a mão aí até essa maldição
acabar, sentindo como estou mole, sem qualquer desejo. —
Harry falou, frustrado. — Quem sabe isso te convença de
que não sou esse tipo de ser humano. Que eu jamais seria
capaz de ver o homem que eu amo sentindo-se magoado,
humilhado, violentado, cheio de dor, de desespero, sendo
forçado a ser tocado por horas, e pensar em prazer sexual.
— Eu… quando perguntei… eu não quis dizer agora. —
eu gaguejei, tentando expressar o que diabos tinha ido na
minha cabeça para que eu dissesse aquilo. — Eu não quis
dizer que você estivesse sentindo desejo agora… nesse
instante… foi uma pergunta geral… me veio na cabeça… na
verdade estou pensando nela desde ontem… por causa de
Marcus e Neville. É claro que não penso que você seria
capaz de algo tão desumano. Eu sou louco por você, mas te
visse sob o efeito dessa maldição, eu também jamais
sentiria qualquer tipo de prazer em te tocar. Só ia querer
cuidar de você, da mesma forma como está fazendo
comigo.
Harry me encarou, sentindo a sinceridade das minhas
palavras, parecendo compreender que tinha sido um mal
entendido. Por Merlin, Harry me amava, estava cuidando
de mim com todo o carinho e compreensão, claro que eu
não o estaria acusando de algo assim.
— Foi uma pergunta impulsiva, feita em um momento
idiota, eu não pensei. — eu disse, em tom de juramento. —
Eu me sinto fragilizado… sei que não é desculpa… mas é
como se minha mente não tivesse trabalhando direito.
Ele tocou meu rosto, afagando minha bochecha com o
polegar.
— Desculpe. Na verdade, pelas minhas pesquisas, é bem
normal que uma pessoa sob o efeito do Patiens Longus não
se contenha e diga coisas desconexas, ou em momentos
inadequados. Mesmo conseguindo controlar o desespero,
seus sentimentos, inseguranças, tudo fica muito a flor da
pele… afetado pelo feitiço. A mente dá saltos, fazendo com
que lembranças de alguns momentos apareçam, isso pode
ter acontecido exatamente agora, você acabou se
lembrando do jantar. — Harry explicou, visivelmente
arrependido. — Não se censure por isso, você não tem
culpa. Eu é que deveria ter sido mais paciente.
— Tudo bem, Harry. — eu disse, enfim tirando a mão do
seu membro, conseguindo relaxar um pouco mais. — Não é
uma situação difícil só pra mim. Pelo contrário, no seu
lugar, eu estaria enlouquecendo.
— Eu daria qualquer coisa pra ter sido eu, no seu lugar.
— ele falou, tão honesto que encheu meu peito de ternura.
Depois de um tempo, Harry puxou debaixo do travesseiro
um pequeno vibrador. Era minúsculo como um dedo, ele
tinha pegado no meu quarto de BDSM. Eu não tinha
comprado para usar para penetração anal, mas para passa-
lo sobre a glande do pênis. Harry o molhou com bastante
lubrificante e introduziu no meu ânus, no lugar do seu
dedo. Agora já tinha se passado cerca de uma hora e meia.
O vibrador fornecia um estimulo delicado. Era bom
trocar o tipo de movimento dentro de mim depois de tanto
tempo de entra e sai. O objeto, ao contrário, ficava sempre
no mesmo lugar, apenas vibrando, de forma que algumas
terminações nervosas já doloridas pararam de ser
incessantemente estimuladas.
Feito isso, Harry me puxou pra si, e eu deitei de lado,
gostando de poder mudar de posição, esticando alguns
músculos já retesados pela tensão. Em alguns momentos
parecia que o controle sobre a minha mente me escaparia e
que eu mergulharia de novo no desespero, mas estar
agarrado ao corpo de Harry me ajudava a ter forças para
manter o foco.
Ficamos mais uma hora e meia, apenas abraçados,
enquanto eu sentia o estímulo em meu interior amenizar o
horrível comichão que a maldição causava. Todo o tempo,
Harry acariciou minhas costas, meus cabelos, beijando meu
rosto, minha testa… me enchendo de afeto e dedicação. Até
que, finalmente, após três horas com aqueles efeitos sobre
mim, a maldição finalmente cessou.
— Acabou. — eu murmurei pra Harry, em um profundo
alívio.
Ele imediatamente se ergueu para tirar de dentro de
mim o pequeno vibrador e em seguida fez um feitiço para
tirar o excesso de sensibilidade daquela área.
— Você está bem? — ele perguntou.
— Graças a você, sim. — eu murmurei. — Obrigado.
Harry me deu um beijo leve nos lábios.
— Obrigado por confiar em mim. — ele respondeu. — Por
acreditar que eu podia te ajudar.
— Me perdoe por não levar a sério quando você insistiu
que Philip ainda era um perigo pra nós. — eu lhe devia
aquelas desculpas. — Você salvou minha vida tantas vezes
nesses últimos meses. Me sinto um crápula pela forma
como agi nos últimos dias. Eu quis acreditar que finalmente
tudo estava bem. Que finalmente teríamos um pouco de
tranquilidade, depois dessa loucura toda com os
Purificadores. Mas eu estava errado.
— Qualquer um de nós dois poderia estar certo. Philip é
completamente perturbado, poderia ter fugido como você
disse, ou ficado pra se vingar como eu achei que faria. —
Harry argumentou. — Mas eu não podia arriscar com você
entente? Olha… eu sei que as vezes sou um pouco
exagerado com isso de te proteger. Eu também agi mal…
eu menti pra você… não deveria estar te seguindo com a
capa da invisibilidade sem você saber.
— Eu já sabia. Reparei ontem quando um livro se mexeu
sozinho. — eu contei pra ele.
— Você não ficou irritado? — ele perguntou, inseguro.
— Fiquei, então me vinguei te arrastando pra fazer
compras. — eu dei um sorriso travesso.
— Ah, eu deveria saber que aquela tortura tinha uma
razão. — Harry riu, se dando conta. — Por que tantos
galeões em roupas, oh Merlin?
— Você me acha assim tão bonito porque eu também sou
elegante e bem vestido. — eu esclareci.
— Acho que não. — ele discordou. — Principalmente
porque prefiro você sem roupa nenhuma.
— Engraçadinho. — eu brinquei.
— Agora vamos, se vista, temos um compromisso. — ele
se levantou da cama.
— Qual é? — eu perguntei, erguendo-me também,
caminhando em direção do armário para procurar uma
roupa.
— Vamos até o Ministério prestar depoimento e ver
aquele filho da puta. — Harry abriu um sorriso maldoso. —
Mostrar a ele que você continua inteiro, que o plano dele
não resultou em nada.
— Acho que vou gostar disso. — eu respondi, a sede de
retaliação formando-se em meu âmago.
— Então se apresse, quero aquele desgraçado em
Azkaban ainda hoje. — ele disse.
Capítulo 39

CAPÍTULO 39
NARRADO POR MARCUS VITAVERZA
Nós tínhamos usado a Rede de Flu para ir da Mansão
Malfoy para a minha casa, depois do jantar. Quando
pisamos na sala de estar, pude ver que Neville estava um
pouco abatido e sem jeito. Ele parecia achar algo muito
interessante no tapete.
— Acho que vou indo. — ele falou. — Sei que tínhamos
combinado de eu dormir aqui essa noite mas…
Eu acabei com a distância entre nós, colando seu corpo
todo no meu, envolvendo-o em meus braços.
— Nem pense em fugir, Neville Longbottom. — eu o
provoquei. — Você não vai a lugar nenhum… vai ficar aqui
comigo.
— O que? — ele me fitava, parecendo intrigado com o
meu comportamento impulsivo.
— Você se esqueceu de uma coisa quando se envolveu
comigo. — eu sussurrei em seu ouvido, deixando o hálito
quente arrepia-lo, deslizando levemente os lábios em seu
pescoço. — Eu sou sonserino.
— E o que isso tem a ver? — ele murmurou,
evidentemente um pouco desconcertado com os meus
toques.
Deixei meus dedos se enfiarem pela sua nuca,
arranhando suavemente o pescoço e o couro cabeludo,
eriçando-o.
— Não somos certinhos como os grifinórios. — eu disse,
como se contasse um segredo. — Se escutamos nosso nome
atrás de uma porta, nós ficamos quietos para ouvir
escondido.
Senti que o corpo dele se imobilizava a medida que ele
entendia a que eu me referia.
— Você ouviu minha conversa com Harry? — ele
perguntou, temeroso.
— Ouvi. E quero conversar. — eu falei. — E também
quero bem mais do que conversar.
Ele se afastou um pouco para olhar pro meu rosto.
— Sou péssimo em falar sobre essas coisas. — ele
confessou.
— Vamos ter que dar um jeito — eu respondi, afagando
seu rosto. — Porque nem sempre vou ter a sorte que tive
essa noite. Você não tem ideia das coisas que estavam
passando pela minha cabeça.
— O que estava passando pela sua cabeça? — Neville
questionou, era claro seu interesse e sua inquietação.
— Eu achei que você estivesse descobrindo que não
sente desejo por mim. — eu apontei. — Ou que não sente
desejo por homens no geral.
Ele estava assombrado com a minha confissão.
— Não acredito que eu tenha chegado deixar a esse
ponto. — ele se recriminava, parecendo muito insatisfeito
consigo mesmo. — Precisamos conversar.
Nós nos sentamos no sofá, um ao lado do outro.
— Prometo que vou tentar melhorar quanto a isso. É
provável que com o tempo, conforme a gente vá se
tornando mais íntimo, se torne mais fácil pra mim. —
Neville falou.
— Eu queria perguntar sobre o medo que você disse que
sentiu na nossa primeira vez. — eu retomei aquele assunto.
— Na nossa primeira vez, eu me senti seu e isso me
deixou com muito medo. Eu achei que podia fugir desse
sentimento sendo só ativo. — Neville se abria pra mim. —
Mas eu estava errado… a cada dia que passa eu me sinto
mais como se pertencesse a você.
Eu sorvi suas palavras, o peso que elas conferiam ao
momento.
— E você acha que eu não? Eu também me sinto seu. —
eu me declarei. — Você não vê? Não percebe o medo
horrível que tenho de te perder?
— Você tem? — ele sorriu, me olhando apaixonadamente.
— É claro. — eu falei. — Eu tenho estado tão paranoico
com a ideia de você não me querer mais, tenho feito de
tudo pra tentar agradar você, pra tentar te satisfazer.
Ele me puxou pra um abraço forte, agarrando-se em
mim. Permiti deitar minha cabeça sobre o seu ombro.
— É por isso que você tem feito essas coisas? Tirou os
pelos do corpo, a barba… parou de querer que eu te
chupasse. — ele falou, gentilmente. — É por que achou que
eu não tinha desejo por você do jeito que você é?
— Sim… também parei de transar de frente pra você por
causa disso. — eu contei, baixinho, movendo a cabeça para
afundar o rosto em seu peito. — Antes da nossa primeira
vez você me disse que não era gay. Achei que eu pudesse
ter sido só uma fase pra você…
— Ah, Marcus… você é tudo pra mim… tudo. — Neville
falou, a voz embargada. — Eu sempre te desejei.
— Sempre? — eu ergui os olhos, confuso.
Os olhos de Neville tinham um quê de frustração.
— Eu melhorei muito com o tempo, Marcus Vitaverza.
Você não, você sempre foi assim, o garoto mais lindo do
mundo. Você caminhava pelos corredores de Hogwarts tão
alto e atlético… fazia todas as garotas suspirarem. — ele
disse, e então desviou os olhos para as próprias mãos. —
Todas as garotas e eu. A primeira vez que me toquei… a
primeira vez que consegui gozar… que senti prazer… tudo
por você.
Eu estava embasbacado, completamente atônito. Eu
fitava o rosto dele, o jeito que ele evitava me olhar nos
olhos, e mais uma vez eu tinha a nítida recordação daquele
menino doce que eu tinha conhecido em Hogwarts. Eu, em
contrapartida, tinha sido um adolescente imaturo e
convencido.
— Isso não é possível… eu te maltratava… te ofendia. —
eu disse, com remorso.
— Eu sei. — ele ainda não me olhava. — Sufoquei o
desejo que eu sentia por você. Convenci a mim mesmo de
que não gostava de homens, segui minha vida. Até o dia
que te encontrei de novo na sede da Ordem da Fênix. Você
continuava o mesmo homem, com mesmo jeito que me
encantava, e eu ainda sentia a mesma porcaria de
excitação.
— Por Merlin, Neville… quanta mágoa eu te causei? — eu
perguntei, angustiado.
— O suficiente para que eu me apavorasse com todos
aqueles sentimentos na nossa primeira vez. — ele me
olhou, finalmente, confessando. — Eu menti pra Harry hoje.
Eu não teria me assustado assim com qualquer pessoa, eu
me assustei porque era você. Porque você sempre teve o
poder de me despertar os desejos mais primitivos, mais
involuntários.
— Despertei esses desejos e nunca lhe dei nenhum
motivo para acreditar que eu fosse uma pessoa confiável. —
eu resumi.
— De certa forma, sim. — ele concordou. — E foi
principalmente causa disso que eu te afastei no dia
seguinte…
— Por isso tanto medo de se entregar… por isso tanto
medo de falar sobre seus sentimentos comigo… não é só
pelo seu jeito mais fechado. — eu falei, compreendendo.
Ele assentiu com a cabeça.
— Mas com o tempo fui vendo você de outro jeito. — ele
me disse. — Você se abriu pra mim, mostrou suas
fragilidades, suas inseguranças, seus erros. Mas mesmo
nos seus erros, Marcus… eu via que você era um homem
diferente daquele menino de Hogwarts. Você foi
derrubando os muros entre eu e você… eu fui cedendo… fui
me desprotegendo.
— Você tem razão quando diz que não sou mais aquele
garoto, eu mudei muito, Neville. Mas não sou, nem de
longe, o melhor dos homens. Ainda sou um cara cheio de
defeitos, e provavelmente se houvesse uma balança pra
pesar nossos méritos eu jamais teria pontos o suficiente
para merecer alguém como você. — eu o encarei, dizendo
tudo o que eu sentia naquele momento. — Mas eu te amo.
Ele me olhou por quase um minuto inteiro, os rosto
inundado de sentimentos, repleto de algo que eu não sabia
identificar. Ele avançou pra mim subitamente, possuindo
meus lábios de um jeito obstinado, como se nada pudesse
demovê-lo daquele toque, nem se o mundo desabasse ao
nosso redor. Eu o retribui com todo meu fervor, dando-me
pra ele, ofertando tudo que eu era, mesmo que ele
merecesse mais.
— Pra mim você é perfeito. — ele murmurou em meu
ouvido, suas mãos urgentes no meu corpo, tirando a minha
camisa. — Eu amo você. Cada defeito, cada mérito. Eu te
quero inteiro… não quero que mude nada.
— Nada? — eu perguntei, achando graça. Não era
possível.
Ele passou a mão no meu peito.
— Não. Nunca mais faça esse feitiço. Eu gosto dos seus
pelos aqui e em todos os outros lugares. — ele me tocava
com ar de proprietário, e eu estava adorando aquilo.
— É um feitiço comum, muitos passivos fazem antes do
sexo. — eu expliquei.
— Sei… você mandava aqueles garotos fazerem, seus
submissos. — ele me olhou, num misto de divertimento e
desejo. — E aí achou que eu quisesse o mesmo.
— Bom, sim. — eu concordei. Tinha sido exatamente
aquele o meu raciocínio.
— Então preste atenção em mim. Seu corpo me
enlouquece… teu jeito de macho, tua voz grave, teus pelos.
— ele murmurava em meu ouvido, me excitando, enquanto
sua mão passava displicentemente sobre minhas coxas,
apalpando-me sem pudor algum. — Às vezes você só me
abraça e eu já fico com tesão, teus braços fortes me
envolvendo, teu corpo grande e gostoso.
— Neville… — eu gemi seu nome quando ele esfregou
meu pau por cima da roupa, já dolorido de tão rígido,
apertado.
— E esse pau gostoso é como eu sonhei a adolescência
inteira. — ele continuava sussurrando, beijando meu
pescoço, me lambendo. Senti suas mãos abrirem minha
calça e eu ajudei a tirá-la com pressa, libertando meu
membro.
Sua mão manipulava meu pênis devagar, fazendo meu
corpo tremer.
— Ele é todo seu… — eu jurei. — Vem cá… deixa eu foder
sua boca.
— Você vai foder outra coisa hoje, Marcus. — ele deslizou
os dedos pro meu saco, relaxando-o, acariciando-o. —
Porque eu já não aguento mais de vontade de dar pra você.
Me separei um pouco dele, para encarar seus olhos.
— Também quero isso, mais do que você imagina. — eu
admiti. — Mas antes, preciso saber de uma coisa.
— O que? — ele perguntou, os olhos febris.
— Preciso saber se você acredita que eu nunca quero
magoá-lo outra vez. — eu deixei aquela angustia sair de
dentro de mim. — Se você não acredita, Neville… eu vou te
pedir que me dê mais um tempo. Me dê mais uma chance
de fazer você confiar em mim. Eu não quero possuir você
de novo antes disso.
— Eu acredito, minha paixão, eu acredito. — ele jurou,
me abraçando forte.
— Sou sua paixão? — eu perguntei, adorando ouvir
aquilo.
— Minha paixão, minha loucura. — Neville falou. —
Sempre foi, sempre vai ser.
Eu o tomei pela mão, levando-o até meu quarto. Tirei sua
roupa devagar, sem que meus olhos abandonassem os seus
nem por um segundo. Quando nós dois já estávamos
completamente nus, o deitei na cama, abaixo de mim,
deixando meu peso forçar-se sobre seu corpo e meus lábios
se perderem sobre a sua pele.
Eu o explorava com um sentimento novo. Com a
incumbência de amá-lo em toda parte, de venerar o corpo
magnífico daquele homem que me despertava tamanha
luxúria.
— Seu corpo me excita tanto… seu cheiro… sua pele. —
eu o adorava.
— Te excita? — ele falou, rindo baixinho, mas eu podia
ver um fio de insegurança por trás do seu tom. — Sempre
achei que você preferisse garotos mais delicados.
— Ah isso foi até passar tantos dias preso com você. —
eu sorri, safado, descendo os lábios pela sua barriga, dando
mordidas leves em seu rígido abdome. — Vendo você
trabalhar naquela estufa… todo suado… forte… e eu
tentando disfarçar a ereção.
— Quer dizer que você ficava me olhando? — ele
perguntou, a voz já rouca pelo desejo, empurrando minha
cabeça suavemente mais pra baixo, levando-me na direção
do seu pênis.
— Ficava… — eu confessei, passando a lamber
displicentemente a sua virilha, negligenciando seu membro
duro e excitado. — E naquela noite… quando você me
acordou de madrugada jogando seu corpo por cima do
meu… todo seu peso… segurando meus braços… ah,
Longbottom, eu adorei.
— Marcus… por favor. — ele pediu, umedecendo os
lábios.
— Por favor o que? — eu quis saber, queria ouvir ele
dizer, queria que ele me pedisse exatamente o que tinha
vontade.
— Me chupa… me toca… me come… faz qualquer coisa
que queira comigo. — Neville gemeu, ensandecido.
Eu o queria inteiro, queria tudo. Iria exigir tudo dele,
cada gota do seu prazer, cada gemido. Queria sentir sua
entrega, sua paixão. Queria me entregar pra ele na mais
recíproca e feroz conexão que eu já tivera com outro ser
humano. Fiz os feitiços de limpeza e lubrificação o mais
rápido que pude.
— Levante as pernas. — pedi.
Neville me atendeu, dobrando os joelhos, exibindo-se pra
mim. Meti a língua no seu orifício sem pensar duas vezes,
lambendo-o ali com languidez, deixando-o sentir aquele
toque novo, que o fazia contrair-se.
— Isso… ahh… isso é tão… — ele murmurou, a voz grave,
incoerente.
Eu nunca tinha tido tanto tesão em fazer aquilo quanto
naquele momento. Quando me afastei, o toquei com os
dedos, penetrando-o com dois para prepara-lo pra mim.
— Íntimo… intenso… — eu sugeri, porque ele não saberia
dizer. — E você deixa, você permite que eu te chupe aqui,
porque você sabe que é meu.
— Aah… — ele só fazia gemer, seu pênis intocado estava
lubrificado pelo pré-gozo. — Marcus…
Aumentei os movimentos dentro dele, acrescentando um
terceiro dedo, estocando mais forte.
— Quero ouvir você gemer assim com o meu pau dentro
de você… — eu falei.
— Então me fode. — ele suplicou. — Eu não consigo mais
esperar.
Tirei os dedos do seu orifício, ajoelhando de frente para o
seu corpo todo exposto, posicionando-me para penetra-lo.
Deixei meu pênis escorregar pelas suas nádegas úmidas de
lubrificante e saliva, provocando sua entradinha, sentindo
ela piscar, desejando-me.
Eu queria faze-lo perder o controle, perder-se em mim.
Mas quando entrei para dentro dele, preenchendo-o,
sentindo seu corpo me apertar, ouvindo seu gemido rouco,
eu é que parecia perder-me completamente pra ele. Prendi
meus olhos nos seus, vendo transparecer neles toda a
confiança que eu procurava, e comecei a arremeter lento,
cuidadoso, sem querer fazê-lo sentir nada além de prazer.
Quando comecei a penetra-lo com mais força e tomei seu
membro nas mãos, masturbando-o, Neville se entregou, se
permitiu gemer, se deu todo para aquela lascívia louca que
havia entre nós. Eu segurei sua mão, num impulso,
sentindo ele entrelaçar seus dedos nos meus; e então
nossos olhares pareciam não poder mais se soltar um do
outro. O sexo entre eu e Neville Longbottom as vezes era
assim, como se fosse algo milagroso ou metafísico. Como se
o mundo ruísse em nosso entorno, e estivéssemos elevados
a um outro patamar.
Nossos corpos se fundiam, e embora eu não tivesse feito
qualquer feitiço, parecia que tinha algo de magia ali, nos
ligando, fazendo-me sentir que era muito mais do que os
dedos dele em minha pele, do que meu membro
enterrando-se no seu corpo. Era como se algo fluísse dele
pra mim e de mim pra ele. Eu gozei mergulhado na mais
profunda afrodisia, sentindo Neville atingir o auge junto
comigo, liberando-se nas minhas mãos.
Descansei meu peso sobre o dele, sentindo nossos corpos
suados e as respirações instáveis. Ficamos ali, sem dizer
nada, por inúmeros minutos, simplesmente nos sentindo,
nos acariciando, nos permitindo ser completamente um do
outro.
— Você me deixou curioso com uma coisa. — eu falei,
sorrindo de repente, ao olhar pra ele.
— O que? — ele perguntou.
— Se você queria fugir do desejo que sentia por mim,
porque diabos sugeriu a Harry me levar pra ficar com você
em Hogwarts? — eu perguntei. — Tenho certeza que vocês
poderiam ter pensado em outra coisa pra me conter.
Ele me olhou, o rosto levemente ruborizado.
— Foi mais forte do que eu. — ele confessou. — Eu não
pretendia que acontecesse nada entre nós. Mas a
oportunidade de ter você na minha cama todas as noites…
eu não consegui deixar escapar.
— E se você ficasse duro? — eu perguntei, rindo.
— Muitas vezes fiquei. — ele riu também. — Disfarcei
com o cobertor… se eu ficava com tesão demais… ia ao
banheiro resolver.
— Pobrezinho… — eu o beijei rapidamente nos lábios. —
Vou cuidar das suas necessidades sexuais.
— É o mínimo que pode fazer. — ele comentou, safado. —
Depois de tantos anos me deixando todo excitado sem
nenhum alívio.
— // —
No dia seguinte, eu estava me sentindo bem mais alegre.
Além da incrível melhora na minha relação com Neville,
resultante de muito diálogo e uma boa dose de sexo
maravilhoso na noite anterior, eu vinha me sentindo melhor
comigo mesmo. Tinha começado a fazer algumas aulas na
faculdade e iniciado uma pesquisa em poções que estavam
despertando muito meu interesse e fazendo com que eu
tivesse um propósito, um objetivo.
Eu nem tinha percebido o dia passar, imerso em minhas
anotações, até que ouvi o barulho de Neville aparatando
em minha sala de estar. Ele me dispersou imediatamente,
eu ergui os olhos para encará-lo, notando que ele estava
desarrumado, suado e sujo de terra.
— Você veio direto das estufas? — eu ri.
— Estava com saudades. — ele me deu um beijo rápido
nos lábios.
Vê-lo daquele jeito estava me despertando ideias
pecaminosas, mas antes que eu pudesse dizer qualquer
coisa, ouvi o barulho do Magicofone. Levantei
preguiçosamente para atender.
— Alô. — eu disse, segurando o aparelho.
— Oi… Marcus? Aqui é o John. — uma voz familiar e
jovial me respondeu do outro lado.
— Oi, John. — eu cumprimentei, um pouco confuso com a
ligação. Ele nunca tinha me magicofonado, normalmente se
queriam falar comigo quem ligava era Blaise.
— Estou aqui na Mansão Malfoy, com Harry e Kim, e nós
decidimos organizar uma festa surpresa no aniversário de
Draco. — ele falou, animado. — Vai ser uma festa a
fantasia. Estamos ligando para convidar você e Neville.
Aquilo era pouco usual. As festas que fazíamos
costumavam ser bastante elegantes, normalmente todos
vestiam-se socialmente. Mas acho que tudo tinha mudado
nos últimos meses. Draco tinha feito um grupo de amigos
diferente depois do início do namoro com Harry.
— Festa a fantasia? — eu perguntei.
— Sim. — John respondeu, contente. — A propósito, você
pode pedir a Neville arranjar um uniforme da grifinória pra
Harry? Os que ele tem do tempo de escola não servem
mais, ele diz que era muito magrelo naquela época.
Eu sorri internamente. Draco ia enlouquecer se Potter
fosse fantasiado de estudante da Grifinória.
— Vou dizer a ele. — eu concordei. — Pode contar
conosco, estaremos lá.
— As oito. — ele informou, se despedindo.
Quando desliguei o telefone, me senti um pouco
nostálgico. Como se estivesse um pouco sozinho, afastado
até mesmo dos meus amigos. Eu sei que aquilo não fazia
sentido, porque ontem mesmo eu estivera na Mansão
jantando com Harry e Draco. Embora Harry me tratasse
com um pouco de desconfiança e afastamento, era sempre
cordial, e Draco me tratava com a mesma amizade de
sempre. Nunca tinha se afastado de mim.
— O que houve, minha paixão? — Neville perguntou,
carinhoso.
— Era John, o submisso de Blaise. Ele, Harry e Kim estão
organizando uma festa surpresa pra Draco e queriam nos
convidar. — eu contei, sem entender meu desanimo.
— E isso não é bom? — ele perguntou, gentil.
— É. — eu assenti. — Mas foi John que ligou. Por que não
Harry? Afinal o namorado de Draco é Harry.
Neville se sentou ao meu lado.
— Olha… talvez Harry e os outros demorem um pouco
pra se sentirem à vontade com você. — ele falou, sem
querer me chatear. — Principalmente Jorge e Kim.
— Eu meti os pés pelas mãos, cometi um monte de erros.
— eu suspirei. — E parece que esse foi o meu preço. Draco
é um irmão pra mim, ele fez um novo grupo de amigos no
qual Blaise pôde se integrar com naturalidade. Agora
mesmo Blaise e John estão na Mansão com Kim e Harry e
não há um clima ruim. Mas eu não posso me aproximar do
mesmo jeito, Neville… e a culpa não é de ninguém além de
mim mesmo.
— Talvez essa festa seja uma boa oportunidade pra uma
aproximação. — Neville sugeriu. — Na verdade, Rony,
Hermione, Gina e a maior parte dos novos amigos de Draco
mal te conhecem, com o tempo vão descobrir que você é
legal.
— Talvez. — eu ponderei, medindo suas palavras. — Mas
Jorge Weasley e Kim… ontem antes do jantar foi tão
desconfortável… não sei se é uma boa eu ir a essa festa…
— Sobre Jorge e Kim… bom… talvez realmente nunca
seja uma relação próxima, mas você pode perceber que
nenhum deles realmente te tratou mal ontem. Eles parecem
estar tentando superar isso tudo também. — Neville me
alertou.
— Kim é muito grato a todo apoio que Draco vem dando
a ele. — eu comentei. — Ele não destrataria um convidado
dele dentro da sua própria casa. Já Jorge Weasley eu não
sei porque me tratou cordialmente… toda vez que me vê
parece que vai soltar os cachorros em cima de mim, e eu
não lhe tiro a razão.
— Jorge gosta muito de mim. Não vai afastar você
porque sabe que isso também significa me afastar. — ele
contou. — No final as coisas vão se acertar, Marcus… só
tenha um pouco de calma, certo?
— Você me acalma. — eu sorri pra ele.
Porque desde o início tinha sido assim. Ele apaziguava
meus pensamentos, era a tranquilidade que eu precisava
quando me sentia angustiado. Ele sempre parecia saber o
que dizer para me trazer de volta para realidade, para
consertar tudo dentro de mim.
— Vou tomar um banho e já volto pra gente jantar. — ele
avisou, se afastando um pouco.
Eu segurei seu braço, num movimento impulsivo,
encarando-o com desejo.
— O que foi? — ele perguntou.
— Você se importaria de me foder aqui, agora,
exatamente assim como está? — eu disse, mordendo os
lábios, me lembrando de todas as vezes que eu tinha ficado
excitado de vê-lo trabalhar na estufa.
Ele abriu um sorriso safado.
— Tire a roupa Vitaverza. — ele mandou. — Acho que
você estava mesmo precisando de um homem como eu.
Eu desabotoei a calça, sedento por ele. Eu não achava,
tinha certeza.
Capítulo 40

CAPÍTULO 40
NARRADO POR HARRY POTTER
Eu atravessava os corredores do Ministério da Magia à
passos largos, cheio de raiva, com Draco ao meu lado. Nós
tínhamos passado cerca de vinte minutos na sala do chefe
do Departamento de Execução das Leis da Magia,
prestando depoimento sobre o ocorrido com Philip durante
a tarde.
Embora nem o chefe, nem os três secretários tenham
forçado Draco a dar detalhes sobre a maldição, era visível o
desconforto que ele sentia. Eu sabia que o Patiens Longus,
seus efeitos sobre a mente dos indivíduos, podiam deixar
uma pessoa bastante fragilizada por algum tempo.
Nossos depoimentos, somados ao fato de Philip já ser um
traidor procurado eram o bastante para encaminhá-lo para
Azkaban ainda naquele dia. Após essa excelente notícia, eu
tinha exigido vê-lo. O chefe do Departamento de Execução
das Leis da Magia tentou me dizer que por eu não ser mais
um auror, eu não ver o criminoso, mas tal devia ser minha
expressão de fúria que o homem voltou atrás no meio da
frase, pedindo a um funcionário que nos escoltasse até a
sala onde Philip estava preso.
Eu caminhava rápido, na ânsia de ver aquele maldito
outra vez.
Quando chegamos à porta, fomos informados de que
teríamos apenas alguns minutos. Parado na porta, no
entanto, Draco hesitou.
— Acho que não consigo fazer isso. — ele parecia tão
vulnerável que tudo o que eu queria era abraça-lo e leva-lo
pra casa. — Quando penso nas coisas que esse homem fez a
você… no que ele fez a mim hoje… eu me descontrolo. Ele
desperta tudo que tem de pior em mim.
Eu já me arrependia de ter sugerido aquilo. Deveríamos
ter vindo só prestar depoimento e colocar um ponto final
nessa história toda. Me senti mal por deixar meu próprio
desejo de vingança sobrepujar-se sobre minha
racionalidade, sobre o que era mais importante naquele
momento: o bem estar de Draco.
— Foi uma má ideia vir falar com ele… não precisamos
fazer isso. — eu disse, acariciando seu rosto. — Vamos pra
casa, você não precisa olhar pra esse homem nunca mais.
Eu via Draco apertar as mãos com força, os nódulos dos
dedos brancos pela pressão, suas unhas afundando-se na
carne.
— Eu preciso sim. Se eu não encarar esse filho da puta…
se eu não revidar depois de tudo o que ele fez… vou me
sentir um fraco o resto da vida. — ele argumentou, raivoso.
— Certo. — eu concordei, pensando no que poderia fazer
para ajudá-lo a enfrentar aquilo. — Qual é o seu receio?
— Ele não conseguiu o que queria, não me destruiu, mas
essa maldição… a maldição me deixou… — ele tinha
dificuldades de colocar em palavras, mas eu entendia.
— Ele não precisa saber disso. Diga a ele que o feitiço
não funcionou corretamente, que ele não conseguiu fazer.
— eu sugeri.
— Não é uma magia complexa. — Draco apontou, refletiu
sobre o que eu tinha dito. — Por que ele acreditaria nisso?
— Ele não tem como saber se é complexa. Já te disse que
nunca ouvimos falar do Patiens Longus durante o
treinamento de auror, aposto que ele pesquisou esse feitiço
no último mês, quando decidiu que queria se vingar de
você. — eu argumentei. — E nem deve ter dado a atenção
merecida, essa maldição foi um plano B, ele mesmo disse
que pretendia fazer outra coisa.
As ameaças de Philip pra Draco tinham sido outras, a
maldição tinha sido uma saída que ele usara quando
percebeu que eu estava ali para ajudar Draco e que não era
capaz de me vencer em um duelo.
— Pode funcionar. Ele sem dúvida tem um forte senso de
inferioridade, por trás de todo aquele ego. — Draco
ponderou.
— Use contra ele. — eu o incentivei. — Deixe claro como
um lufa lufa filho de ninguém não tem condições de atingir
um Malfoy.
Draco me olhou, erguendo uma sobrancelha, parecendo
desconcertado com o que eu tinha acabado de dizer.
— Você falou igual ao meu pai. — ele disse, com espanto.
— Sabe que não penso assim, e sei que nem você, mas no
fundo é o que Philip pensa. Você não viu o jeito que ele
falou sobre ninguém olhar pra ele? Sobre não ter o devido
reconhecimento por seus méritos? Sobre ele não ter o
nome de uma família bruxa importante? Ele nem mesmo
tem orgulho da própria casa em Hogwarts. — eu esclareci.
O rosto de Draco se abria em um sorriso de
compreensão.
— Nunca achei que voltaria a usar os ensinamentos do
meu pai pra alguma coisa. — ele considerou. — Mas sem
dúvida, na minha situação, Lúcio Malfoy entraria nessa sala
e esmagaria esse miserável como uma mosca.
— Bom… — eu suspirei, sorrindo. — Nunca diga dessa
água não beberei…
E juntos, nós finalmente entramos.
— VOCÊ! — Philip grasnou, contido por grilhões
mágicos, sua expressão se retorcia em choque ao olhar
para Draco.
— Eu. — ele respondeu, secamente, como se achasse
Philip tão inferior que não fizesse nem sentido vangloriar-
se sobre ele.
— Você deveria estar destroçado, chorando escondido
em algum lugar como o rato desprezível que é. — Philip
berrou, inconformado. — A única coisa que fazia essa
merda toda valer a pena era eu ter te atingido com a
maldição.
— Já a usou antes, garoto? — Draco perguntou.
Sua expressão era de uma rigidez altiva, sua postura me
lembrou um aristocrata, e me impressionou como naquele
instante ele me fez lembrar de seu pai. Ele tinha vestido a
máscara que a vida toda fora ensinado a usar, e fazia isso
muito bem, era extremamente convincente.
— Não… mas eu… — Philip queria argumentar, mas
estava começando a parecer incerto sobre os próprios
poderes.
— Alguns ramos das Artes das Trevas são bastante
complicados, é um tipo de magia que vem passando de
geração em geração nas mais tradicionais famílias bruxas.
— Draco falou, friamente. — Não é o tipo de coisa para um
menino sem berço, sem talento e sem experiência tentar.
Gente como você aprende a lançar as Imperdoáveis e se
acha o próprio Salazar Slytherin… garoto… deixe eu lhe
explicar uma coisa, pra conseguir usar uma magia difícil
como a Patiens Longus, os filhos são treinados pelos pais
praticamente desde que aprendem a falar. Você praticou
por quanto tempo? 20 minutos?
— NÃO É POSSÍVEL! — Philip descontrolava-se,
completamente exasperado, mergulhando na própria
frustração.
— Não se debata tanto nas correntes… Só vão apertá-lo
ainda mais. — Draco abriu sorriso maléfico, cheio de
dentes, os olhos azuis gelados como nunca, o rosto cruel. —
Quer dizer… não que importe muito… já estão vindo para
levar você pra Azkaban, onde você vai passar o resto dos
seus dias.
— Porque uma pena tão alta? — Philip apavorou-se. — Se
a maldição não teve nenhum efeito sobre você…
— Ora, quando o chefe do Departamento de Execução
das Leis da Magia colheu nosso depoimento, simplesmente
nos perguntou com qual feitiço você me atingiu. Ninguém
será tão invasivo a ponto de perguntar os detalhes dos
efeitos da maldição sobre mim. — Draco disse, seu sorriso
assustador se escancarando. — E de qualquer forma… você
traiu os aurores, atingiu Harry Potter com uma Cruciatus…
seu histórico não é nada bom…
— Harry eu… eu não queria… eu tirei feitiço assim que
percebi que tinha atingido você… jamais te amaldiçoaria. —
Philip disse, em tom ansiosamente amável, parecendo
desesperado por encontrar em mim alguma ajuda. — Eu te
amo… te desejo tanto… me arrependo tanto de ter ido pra
França. Se eu tivesse ficado estaríamos juntos e nada disso
teria acontecido.
Seu jeito me deu nojo. Me lembrou Rabicho, implorando
no chão da Casa dos Gritos no terceiro ano.
— Não estaríamos juntos. — eu garanti, rudemente. —
Kingsley teria me mandado até a Mansão Malfoy investigar
uma denúncia infundada, exatamente como aconteceu. E
eu teria reencontrado Draco, exatamente como aconteceu.
E você além de traidor, covarde e mal caráter ainda ia ter
sido corno.
— VOCÊ NÃO IA ME DEIXAR. VOCÊ ME AMA. — ele
berrou, enlouquecido. — Correu pra ele porque eu estava
longe. Olhe pra ele. Você não vê como ele é um maldito
bruxo das trevas? Como ele é idêntico ao pai?
Mas eu não respondi, abri um sorriso apaixonado na
direção de Draco, plantando um beijo doce em seus lábios.
E então estendi a mão pra ele, convidando-o para irmos
embora. Saímos pela mesma porta que entramos, e assim
que se viu fora daquela sala, o rosto frio e duro que me
lembrava Lúcio se desfez de imediato. Draco respirou
fundo, tentando estabilizar a respiração, sorrindo
corajosamente pra mim.
— Está tudo bem. — eu disse, tocando o seu braço. —
Você foi muito bem.
— Não era eu. — Draco fechou os olhos, se encostando
na parede, buscando apoio.
— Eu sei. — eu respondi. — Mas ele nunca vai saber.
Ele buscou a minha mão, segurando forte. Eu o guiei pra
fora dali, de volta pra casa.
— // —
Ao adentrarmos a Mansão Malfoy, encontramos nossa
sala de estar com um clima leve de animação. Já era de
noite, próximo a hora do jantar, Kim dividia um sofá com
Jorge Weasley, aconchegado junto ao corpo do namorado,
que o abraçava carinhosamente. Não dava mais pra chamar
Jorge de visita, ele praticamente vivia mais em nossa casa
do que na dele. No sofá ao lado, estavam sentados Blaise e
John, que levantaram-se rapidamente quando nos viram,
para nos cumprimentar.
Olhei pra Draco, medindo sua reação diante da visita
inesperada. Eu sabia que aquele dia tinha sido demais pra
ele, aquela maldição era difícil, exaustiva e mesmo quando
controlada fazia a pessoa se sentir muito mal. Talvez ele
quisesse simplesmente comer e se deitar.
— Desculpe ter vindo sem avisar. — Blaise se adiantou
pra nós, sorrindo. — John queria muito ver Kim.
— Tudo… Tudo bem. — Draco se forçou a colocar as
palavras pra fora.
— Draco? — Blaise se adiantou, olhando atentamente pra
ele. — O que aconteceu?
A dor aparecia nos olhos de Draco. Aquela maldição
deixava a pessoa muito suscetível às emoções. Ser atingido
daquele jeito, a violência de um toque forçado, a aflição, o
sentimento de estar sendo violado, desrespeitado,
transgredido… Era óbvio o quanto ele estava fragilizado.
— Vocês preferem que a gente volte outro dia? — John se
voltou pra mim, preocupado.
Eu estava prestes a dizer que talvez fosse melhor, mas de
repente uma única palavra saiu dos lábios de Draco.
— Blas. — era um apelido carinhoso que eu nunca o vira
usar.
— Estou aqui. — Blaise respondeu com firmeza.
Abruptamente, Draco se atirou nos braços do amigo,
abraçando-o, em silêncio. O outro retribuiu, de imediato,
abraçando-o forte e fraternalmente. Blaise me olhava por
cima dos ombros de Draco, com os olhos arregalados, como
se aquele tipo de atitude lhe fosse extremamente estranha
no comportamento do amigo.
— Leve ele pro nosso quarto, Blaise. — eu pedi. — Vou
pedir a um Elfo que leve algo para vocês comerem. Sirvo o
jantar pra John aqui embaixo conosco, tudo bem?
Blaise assentiu com a cabeça, concordando com o que eu
propunha. Ficamos todos observando enquanto os dois
subiam as escadas e despareciam do nosso campo de visão.
Eu me tranquilizei um pouco com aquela cena. Era ótimo
que Draco pudesse e se permitisse se abrir com alguém,
contar com um amigo. Aqueles últimos meses tinham sido
difíceis, tínhamos vivido momentos muito tensos. Houve o
ataque de Mehothewn na Floreios e Borrões, minha viagem
à França, o problema com os aurores, o ataque de Kinoss
que tinha me ferido com um sectumsempra, toda aquela
confusão com Marcus, a batalha contra os Purificadores do
Sangue na qual Draco tinha precisado matar um deles para
me salvar. Como se não bastasse tudo isso, nós dois saímos
com ferimentos sérios desse combate, tínhamos passado as
últimas semanas em um clima estranho, sob a sombra de
Philip, e agora aquela pavorosa maldição. Draco estava
extremamente sobrecarregado, quando tudo o que ele mais
precisava e merecia era tranquilidade e conforto.
— O que há com ele? — Kim verbalizou a dúvida explicita
no rosto dos outros dois.
— Um longo e difícil dia… que veio depois de meses
conflituosos e estressantes. Mas vamos todos ficar bem. —
eu tentei sorrir, me voltando pra John. — Que bom que
pediu pra ver Kim hoje… acho que Blaise é tudo o que
Draco estava precisando.
— Isso tem a ver com aquele verme? — Jorge perguntou.
— Philip? — eu confirmei, vendo-o assentir. — De certa
forma. Mas agora tudo acabou… o pegamos… ele já
passará essa noite em Azkaban.
— Essa é uma ótima notícia. — Kim exclamou.
— Enfim você terá paz, Harry. — Jorge me olhou,
solidário. — Sei que você jamais descansaria enquanto ele
estivesse livre.
— Blaise e eu sempre apoiaremos Draco no que ele
precisar. — John se colocou à disposição, apesar de não
saber o que tinha acontecido. — Não só Draco, mas você
também.
— Obrigado, John. — eu sorri, cansado. — Acho que
Draco está precisando mesmo ficar rodeado de gente que
gosta dele.
— Se isolar não traz nada de bom. — Jorge concordou,
sério.
Eu sabia que ele estava se referindo ao tempo que
perdeu Fred e acabou se afastando um pouco de tudo e
todos. Ele mergulhou numa tristeza muito profunda se
isolando daquela maneira… tinha sido a família e os amigos
que o tinham arrancado daquela depressão, o trazido pra
vida outra vez.
— Draco sempre me pareceu muito fechado. — John
ponderou. — Acho que nunca teve uma quantidade muito
grande de amigos, além de nós e Marcus.
— Depois que começou a namorar Harry ele fez amizade
com uma boa quantidade de grifinórios barulhentos. —
Jorge comentou, sorrindo.
Ele tinha desenvolvido um grande carinho por Draco.
— Então, de repente, poderíamos organizar uma festa
pra ele. — John sorriu de volta. — O aniversário de Draco é
daqui a duas semanas… ele normalmente oferece um
jantar. Mas acho que esse ano foi tanta coisa acontecendo
que ele nem parou para pensar nisso.
— Acho que é uma boa ideia. — eu refleti. — Draco gosta
dessas coisas.
— Mas espera aí… jantar? Como são esses jantares? —
Jorge quis saber. — Com comida de gente ou aquelas
comidinhas de gnomo?
— De gnomo — eu e Kim respondemos ao mesmo tempo,
mesmo que nenhum de nós tivesse ido a um aniversário de
Draco, o que resultou em uma longa gargalhada.
— Podemos fazer algo diferente esse ano. — Kim sugeriu.
— Com música pra dançar, comida boa e muita cerveja.
— Vocês estão falando com o rei das festas. — Jorge
ajeitou a jaqueta, exibindo-se. — Deixem comigo! Eu
organizei as melhores festas bruxas dessa cidade.
— Que tal um tema? — John opinou, com animação. —
Poderia ser uma festa a fantasia.
— Ah… eu tenho uma excelente ideia para uma festa a
fantasia. — eu deixei um sorriso tomar meu rosto. —
Alguma sugestão sobre como eu poderia arrumar um
uniforme da Grifinória?
Nós jantamos hambúrguer e batatas fritas na sala de
estar mesmo, planejando alguns detalhes da festa e ligando
para as pessoas que queríamos convidar. Eu tentei ligar
para Neville para pedir um uniforme da Grifinória, mas ele
não me atendeu no seu Magicofone privativo em Hogwarts.
Supus que ele pudesse estar trabalhando nas estufas da
escola, em alguma reunião com a diretora ou até com
Marcus. John deu a ideia de ligarmos pra Marcus fazendo o
convite para o casal e aproveitar para pedir que ele
avisasse a Neville sobre a necessidade de me arranjar um
uniforme. Eu fiquei um pouco constrangido com a ideia,
porque sabia que Marcus logo entenderia meu intuito, mas
John se ofereceu para fazer a ligação, de modo que acabei
aceitando.
Blaise desceu as escadas cerca de uma hora depois.
— Como ele está? — eu podia ouvir a ansiedade na minha
própria voz.
— Vai melhorar. — Blaise abriu um breve sorriso pra
mim. — Sabe, por muito tempo achei que Draco seguiria
sempre sozinho. Ele se abriu mais comigo hoje do que em
qualquer outro momento, parece mais disposto a se
aproximar de verdade das pessoas, a criar vínculos.
Qualquer um pode ver que ele se tornou um homem mais
feliz do seu lado.
— Ah… Blaise… eu… — eu me adiantei na direção dele,
para abraça-lo, mas no meio do caminho parei, olhando pra
John.
John me encarou como se achasse graça.
— Eu sou o submisso. — ele me lembrou. — Não precisa
me pedir autorização.
— Não é autorização. Quero saber se está confortável. —
eu esclareci.
John assentiu com a cabeça, abrindo um sorriso pra mim.
Eu abracei Blaise como a um irmão. Estava profundamente
grato dele ter estado ali pra Draco naquele dia.
— Obrigado, Blaise. — eu agradeci.
Quando nos soltamos, ele se voltou para o noivo.
— Vamos John? Acho que você pode conversar mais com
Kim outra hora… — Blaise falou. — Acho que Draco quer
ficar com Harry.
— Claro, senhor. — John assentiu.
Vi Jorge franzir a testa, evidentemente estranhando o
comportamento de um dominador e um submisso. Vi que
ele olhava de John pra Kim, como se refletisse sobre a vida
que o namorado levava antes dele. Todos nos despedimos
de John e Blaise, que foram embora pela Rede de Flu. Eu
disse boa noite para o meu casal de ruivos favorito e fui
para o quarto, encontrar Draco.
Ele estava embaixo das cobertas, vestindo um
confortável pijama. Sentei-me ao lado dele.
— Achei que você não vinha mais. — ele fez um beicinho,
reclamando.
— Estava fazendo sala para as visitas. — eu justifiquei.
— No caso Blaise e John né? — Draco riu. — Porque
Jorge Weasley já mora na minha casa.
— Ah sim. — eu revirei os olhos. — Outro dia acordei pra
tomar café Jorge estava de cueca samba canção na cozinha
fazendo torrada. O duro é quando aflora a intimidade.
Draco deu uma gostosa gargalhada e meu coração se
aqueceu.
— É bom te ver rir. — eu murmurei, apaixonadamente. —
Você parece mais tranquilo.
— Foi bom conversar com Blaise. — ele confessou. —
Espero que você não tenha ficado chateado… por eu ter
querido ficar um pouco sozinho com ele.
— Claro que não, Draco. — eu garanti. — Eu entendo
totalmente. Blaise e Marcus são seus Ron e Mione.
Ele sorriu com a comparação.
— Acho que é por aí mesmo. — Draco refletiu. — Vocês
três sempre foram inseparáveis…
— Amigos nos dão força, nos dão coragem pra continuar
em frente. — eu disse a ele. — Sabe… as pessoas gostam de
falar de mim como um herói, o grande Harry Potter que
derrotou o Lorde das Trevas. Mas a verdade é que eu não
teria ido a lugar nenhum sem Rony e Hermione.
Ele puxou as cobertas, abrindo espaço pra mim.
— Vem se deitar comigo. — ele pediu, a voz dengosa.
— Me deixe só tomar um banho e colocar uma roupa
limpa. — eu falei.
Draco fez uma careta, mas deixou que eu me afastasse.
Tomei um banho rápido, vestindo um short de pijama,
ansioso para voltar para o lado dele. Me deitei colado ao
seu corpo, sentindo-me relaxar contra a sua pele, nossos
braços e pernas se envolvendo.
— Quero falar sobre uma coisa. — Draco disse, sério. —
Preciso que você me diga a verdade… é sobre aquela
pergunta inconveniente que te fiz durante a maldição.
— Quer falar sobre isso agora, Draco? — eu perguntei,
examinando-o com cuidado. — Não prefere descansar…?
— É cedo, não estou com sono. — ele cortou, definitivo.
— E além disso não quero ficar com uma dúvida na
cabeça… as vezes uma coisa tão pequena a gente vai
deixando vira uma bola de neve. Quando ver estou
paranoico igual a Marcus, transando de costas pra Neville
não ver o pau dele.
— Como sabe disso? — eu perguntei, boquiaberto.
— Marcus me contou. — ele deu de ombros. — E também
ouvi Neville te contar, quando Marcus me fez ficar parado
atrás da porta para saber o que o namorado estava
pensando dele.
— Vocês estavam ouvindo? — eu fiz uma careta. — Bom…
suponho que tenha sido melhor assim. Aqueles dois estão
precisando urgentemente se comunicar.
— Diálogo é importante. — Draco argumentou, mas eu
sabia que ele já não estava mais falando de Neville e
Marcus e sim de nós dois.
Suspirei, me rendendo. Ele tinha me convencido.
— Está certo… o que você quer me perguntar? — eu
questionei.
— Quero saber se você tem vontade de ser ativo. — ele
disse, direto.
— Já te respondi a essa pergunta quando começamos a
namorar. — eu olhei pra ele calmamente. — Minha resposta
ainda é a mesma… não tenho vontade… prefiro assim como
estamos.
Ele sondava meu rosto, notando que eu estava sendo
sincero.
— Fiquei preocupado. — ele apontou. — Você disse a
Neville que Marcus tinha aberto mão de ser sempre ativo e
dominador por ele… fiquei pensando se você não sentia que
eu também deveria ter aberto mão disso por você… Quando
Neville te perguntou se você não gostaria de ser ativo, você
disse que nunca nem tinha pensado nisso porque eu não
iria gostar de ser passivo. Senti como se eu estivesse te
privando de algo.
— Draco… esse é o problema de ouvir atrás das portas.
Neville se apaixonou por um homem que é um dominador
sexual, mas ele não é um submisso, e agora os dois estão
tendo que fazer concessões, vivenciar o prazer de uma
forma diferente da que estão acostumados. — eu mostrei
meu ponto de vista. — Não é o nosso caso… por que você
abriria mão dos seus desejos se eu quero mesma coisa que
você? Por que eu ficaria pensando em ser ativo ou você
pensando em ser passivo se obviamente nós temos mais
prazer do jeito que estamos?
Draco respirou fundo, me puxando para junto de seu
peito.
— Você tem razão. Acho que deixei o conflito deles me
afetar. — ele suspirou.
— Tudo bem… foi bom a gente ter conversado. — eu
disse, delicadamente, permitindo-me uma risada baixa. —
Não quero que você tenha dúvidas. Eu juro a você, não há
no mundo um homem mais satisfeito sexualmente do que
eu.
— Só conheço um. — ele respondeu, beijando meus
lábios sem pressa.
Capítulo 41

CAPÍTULO 41
NARRADO POR DRACO MALFOY
Eu acordei com o barulho do despertador naquela sexta-
feira, tateando em busca do o corpo quente de Harry nos
lençóis, mas descobri que estava sozinho. Aquilo era um
pouco estranho, ele ainda não estava trabalhando em nada,
portanto naquelas últimas duas semanas tinha estado em
casa pela manhã.
Abri os olhos, erguendo parcialmente o corpo, e
encontrei uma bandeja de prata sobre a colcha no lado da
cama onde Harry dormia, na qual estava servida um café
da manhã com o que eu mais gostava: suco de maça,
waffles e ovos mexidos. Ao lado havia duas caixas de
presente, lindamente embaladas com laços prateados.
Eu sorri. Harry.
Tentei entender o porquê daquele carinho e foi então que
me dei conta: eu estava fazendo 24 anos naquele dia.
Minha vida estivera tão movimentada nos últimos meses
que eu tinha esquecido completamente.
Abri a primeira caixa, comprida e retangular,
descobrindo uma varinha. Encarei, atônito, achando que
nunca mais veria aquele objeto novamente: Pinheiro e pelo
de Unicórnio, 25 cm, e meio Flexível… aquela fora a minha
varinha durante 6 anos, até Harry toma-la de mim. Depois
da guerra, o Olivaras tinha reaberto, e eu tinha comprado
uma varinha nova.
Junto da caixa, havia um pergaminho dobrado. Eu abri,
encontrando a caligrafia de Harry.
Draco, tirei isso de você há muitos anos, achei que esse
seria o momento perfeito de devolver. A lealdade dela
mudou, mas ainda é sua. Queria que soubesse que foi com
ela que venci a guerra… a minha tinha se partido. Espero
que seu dia seja ótimo, boa sorte com o almoço de
negócios, tenho certeza que você se sairá bem. Convidei
alguns amigos para jantar, te espero a noite. Feliz
aniversário. Amo você.
Guardei a varinha com carinho. Era uma lembrança
especial, sobretudo agora que eu sabia que tinha ajudado
tanto Harry. Abri a segunda caixa, encontrando um
presente bem diferente. Era uma choker de veludo preto,
discreta, com cerca de meio centímetro de largura, com as
minhas iniciais em platina.
Era um presente que, normalmente, um dominador dava
a um submisso. Eu nunca tinha pensado em dar aquilo a
Harry, já que a nossa relação sub./dom. se restringia a
parte sexual. Havia um bilhetinho bem mais curto, no qual
Harry dizia:
“Para quando meu dono quiser que eu use...”
Harry queria brincar… eu estava excitado de imaginá-lo
usando a choker debaixo da camisa, durante o jantar.
Pensei no longo dia que ainda teria pela frente, sentindo
meu corpo reagir com frustração. Ao meio dia haveria um
almoço com Neville, Marcus, Advogados do St. Mungus e
um representando do Conselho de Medibruxaria para
tentar assinar, enfim, um acordo. De tarde eu precisaria
retornar ao escritório, havia alguns relatórios que eu
precisava entregar e o chefe da Organização dos
Advogados Mágicos para o Mundo Bruxo queria fazer uma
reunião. A noite, haveria ainda um jantar, até que enfim eu
pudesse ficar a sós com Harry e despi-lo, deixando apenas
de choker.
O dia se arrastou, como eu imaginei que fosse, enquanto
eu criava cenas de Harry Potter nu na minha mente. Ele
tinha alegado uma forte dor de cabeça na última semana,
para evitar transar, eu tinha me preocupado
verdadeiramente e pedido para ele falar com Granger,
quem sabe ela não lhe dava um remédio. Mas agora tudo se
encaixava… tinha sido tudo parte do seu plano, me deixar
dias à míngua para que eu ficasse ainda mais sedento por
ele hoje.
“Ah… você vai me pagar Harry Potter”, eu pensei,
abrindo um sorriso malicioso, enquanto assinava mais um
enorme relatório no meio da tarde.
Para piorar a minha situação, o chefe dos Advogados
Mágicos para o Mundo Bruxo me prendeu além do horário,
querendo me felicitar pelo desempenho no caso do St.
Mungus. Ele falou e falou sobre como o Direito em
Medibruxaria ainda tinha pouquíssimos advogados
qualificados e que eu poderia crescer muito se investisse
nessa área. Ao final já estava acreditando que ele era uma
pessoa extremamente prolixa, sobretudo para um
advogado.
Aparatei em frente à Mansão Malfoy atrasado, certo de
que nossos amigos já deveriam ter chegado pra jantar e
Harry deveria estar irritado querendo saber onde eu
estava.
Assim que abri a porta, no entanto, faz se ouvir um
ruidoso brado:
— SURPRESA — gritava uma quantidade significativa de
pessoas.
Assim que entrei, alguém apertou o play em uma música
animada. Minha casa tinha sido transformada. Os móveis
dos cômodos térreos, mais amplos, tinham sido
reorganizados, abrindo espaço para uma grande pista de
dança. A iluminação estava incrível, criando um clima
festivo. A minha mesa de jantar tinha tido as cadeiras
retiradas e nela estava servido todo tipo de comida gostosa,
no melhor estilo Grifinório. Havia pizza, hambúrguer,
batatas fritas, tacos, nachos, hot dogs, refrigerantes, e
muita cerveja.
Quase no mesmo instante, várias pessoas se adiantaram
para me cumprimentar e me desejar feliz aniversário. Eu
estava atordoado pela surpresa e todo aquela afeição e
apreço que todos demonstravam ao me abraçar, dando-me
os parabéns.
— Espero que goste de tudo. — disse Kim, sorrindo pra
mim, fantasiado de grego antigo, com uma túnica branca
curta e uma coroa de louros. — Foi um esforço coletivo
entre eu, Harry, John e Jorge. Embora os detalhes
espetaculares da iluminação e decoração se devam todos a
Jorge.
Estava tudo lindo, muito bem arrumado, de excelente
gosto. Jorge Wesley não estava mentindo quando disse que
sabia como dar uma festa.
— Está perfeito. — eu disse, sorrindo. — Eu adorei!
— Eu disse que ele ia amar. — Jorge se vangloriou para o
namorado, vindo me abraçar.
Ele estava vestido de Faraó egípcio, sem camisa, com
uma espécie de saiote e sandálias, além de uma faixa com
detalhes dourados em torno do pescoço e na cabeça. Seu
corpo parecia ter sido besuntado com uma espécie de óleo
dourado.
— Você sabe que os gregos dominaram os egípcios, não é
Weasley? — eu o provoquei.
— Estou contando que isso aconteça até o final da noite.
— ele riu. — Está liberado aquele seu quarto pornográfico?
— Vou usá-lo em algum momento. — eu confessei, rindo
também. — Mas podemos fazer um revezamento.
Agradeci a John por ajudar na organização, ele estava
muito fofo vestido de Pelúcio, Blaise tinha vindo de
sereiano. Em seguida cumprimentei Marcus e Neville, que
tinham disfarçado muito bem na hora do almoço, como se
não tivessem a menor ideia da existência daquela festa.
Ambos tinham tinham vindo de fantasmas, com uma roupa
que aparentava terem morrido na idade média e muito pó
branco.
Foram muitos abraços e cumprimentos, todos pareciam
querer a minha atenção, eu estava até um pouco
atrapalhado. Eram Simon e Leo, de jogadores de Quadribol.
Gina Weasley, de borboleta, que viera com Krum, vestido de
Pirata Bruxo do século XIX. Luna Lovegood de Tronquilho.
Rony e Hermione vestidos de coruja e gatinha, que eram,
respectivamente, seus animais de estimação.
Além destes, haviam alguns colegas mais próximos com
quem eu trabalhava no escritório, incluindo o meu chefe,
que me prendera até mais tarde propositalmente por conta
da festa. Alguns membros da Ordem da Fênix, de quem eu
tinha me aproximado mais naqueles últimos meses também
estavam lá. Mas meus olhos já procuravam
incessantemente uma única pessoa: onde estava Harry?
Até que o avistei em um cantinho, encostado na parede,
sorrindo pra mim. Ele me esperava paciente, como se
quisesse que eu tivesse primeiro o meu momento, com
todas as pessoas que estavam ali pra me ver.
Ele vestia um uniforme da Grifinória. A calça preta de
Hogwarts, com a camisa branca de botão marcando seu
corpo e ao redor do pescoço a gravata vermelha e dourada.
A capa preta pendia displicente, um pouco aberta, com o
brasão da casa no peito. No rosto, a mesma armação
redonda do óculos que ele usara toda a adolescência.
Me aproximei dele, sentindo meu corpo reagir. Aquilo me
lembrava um pouco o garoto que me irritara na escola e ele
sabia muito bem disso. Estava fazendo tudo para me
provocar.
— Feliz aniversário. — ele disse, rindo da minha
expressão.
— Não seria hora de um aluno estar no salão comunal? —
eu perguntei, referindo-me a sua roupa.
— Acho que vou acabar recebendo uma detenção. — sua
voz saiu arrastada, enquanto seus olhos verdes perdiam-se
nos meus, intensos.
Eu pressionei minha ereção contra o corpo dele, para
que ele sentisse o resultado das suas palavras, das suas
provocações.
— Era isso que queria? — murmurei em seu ouvido.
— Sim, senhor. — ele respondeu, rouco, se colocando no
lugar de submisso.
— Coloque a choker agora. — eu ordenei, em voz baixa.
— Você vai me encontrar no quarto de BDSM daqui a três
horas. Não precisa tirar a roupa, quero ter esse prazer.
Vi, satisfeito, que seu corpo se arrepiava.
— Sim, senhor. — ele suspirou.
— Agora… me diga uma coisa. — eu disse, me
recompondo, mudando o tom. — Onde está minha fantasia?
— Está na nossa cama, esperando por você. — Harry
sorriu. — E antes que você reclame, foram Kim e Jorge que
escolheram.
— Tenho até medo. — eu respondi, fingindo pavor.
Fui para o quarto tomar um banho rápido e vestir a
roupa que meus amigos tinham escolhido pra mim. Era
uma fantasia de dragão, uma piada, certamente, com o meu
nome, que significava dragão em Latim. Tinham asas bem
maneiras, esverdeadas escamosas que eu prendia nas
costas como se fosse uma mochila, bem leves, pra não
incomodar.
Mas seguindo a mesma onda das próprias fantasias, Kim
e Jorge tinham criado um Dragão sexy, de modo que o resto
da roupa consistia em um short semelhante a uma cueca
boxer, cujo tecido imitava a pele escamosa de um Dragão, e
braceletes do mesmo material que iam do pulso até o
cotovelo. Sorri com a gentileza daqueles braceletes, eles
tinham sido pensados para esconder a marca negra que
tanto me causava desconforto.
Eu não tinha qualquer problema em ser um dragão sexy,
fiz até um feitiço para esverdear meus cabelos muito loiros
e combinar com a fantasia. Quando retornei para festa,
cerca de dez ou quinze minutos depois, vi que Harry me
esperava ao pé da escada, encarando-me com os lábios
entreabertos, umedecidos.
— Não sou só eu que vou ficar de pau duro a noite toda.
— eu o provoquei.
— Definitivamente não. — ele ofegou. — Se você
mandasse, eu daria pra você aqui mesmo.
— Não me tente, Harry Potter. — eu o aconselhei,
aproximando-me dele, descendo os olhos sobre seu corpo.
De repente, reparei em seu pescoço, um pouco do veludo
preto aparecendo. Ele usava a blusa com os últimos botões
abertos e a gravata frouxa. — Consigo ver a choker sob a
sua gravata…
— Você quer que eu a esconda melhor? — ele quis saber.
— Não se importa que alguém veja? — eu perguntei. —
Muitos aqui sabem o que significa.
— Não dou a mínima. — ele respondeu.
Ele era meu. O resto não tinha nenhuma importância. Eu
o queria naquele instante, me sentia quase possuído de
desejo. Estava prestes a sugerir que a gente não esperasse
mais nenhum minuto para ir para o quarto de BDSM, mas
alguns amigos se aproximaram para conversar.
Acabei de deixando levar pelo ritmo gostoso da festa. A
música estava realmente muito boa, e várias pessoas
ocupavam a pista de dança. Inicialmente Harry estava um
pouco sem jeito, mas o fiz se soltar, mexendo-se junto da
música, colado ao meu corpo. A comida estava maravilhosa
e nunca terminava. No instante que uma bandeja se
esvaziava, aparecia abarrotada um segundo depois.
Blaise, John, Marcus, Neville, Rony, Hermione, Jorge,
Kim, Harry e eu acabamos relaxando em uma conversa
divertida em volta da mesa.
— Tenho que concordar que vocês grifinórios sabem se
divertir. — eu comentei, sorrindo.
— Damos as melhores festas! — Kim decretou.
— E o auge é sempre a comida. — Rony argumentou.
— Ah… a comida sempre une os grifinórios. — Jorge
disse, contente, pegando outro hambúrguer.
— Qual é o auge das festas dos sonserinos? — Neville
quis saber, cutucando o namorado. — Ouvi dizer que não
são tão animadas quanto as nossas…
— Sexo. — Marcus, Blaise e eu respondemos em
uníssono.
— Vocês fazem putaria em grupo nas festas? — Rony
perguntou, admirado. — Caramba, e eu achava que nós
éramos barra pesada e vocês eram os almofadinhas de
terno comendo canapé.
— Isso é sério? — Neville olhava pra Marcus, perplexo. —
E eu que ia bem despreparado no casamento de Zabini.
— Meu casamento será respeitável. — Blaise informou,
rindo. — A família de John estará lá.
— Blaise é tão puro na frente dos pais de John, que acho
que eles pensam que o filho vai casar virgem. — Kim
comentou, fazendo John rir e ruborizar ao mesmo tempo.
— É estranhíssimo. — eu concordei. — É como se você
visse um basilisco se transformar em um gatinho
doméstico.
— Vocês não conhecem bem o meu sogro. — Blaise
resmungou.
— Eu o entendo, Blaise. — Rony já se sentia tão íntimo
depois das cervejas que já estava tratando-o pelo primeiro
nome. — Morro de medo do pai de Hermione.
— Rony acha que meu pai vai lhe arrancar um dente. —
Hermione revirou os olhos.
— Por que ele faria isso? — eu perguntei, sem entender.
— Meus pais são dentistas. — ela explicou, fazendo Kim
rir. Ele era o único a entender a piada, além de Harry é
claro, que provavelmente já sabia do medo que o amigo
tinha da profissão do sogro. — No mundo trouxa, quando as
pessoas tem alguma doença em um dente as vezes é
necessário tirar, e colocar uma prótese. É nisso que meus
pais trabalham.
— Profissão perigosíssima. — Rony murmurou, como se
estivesse contendo um arrepio de pavor.
Isso fez rir a todos nós.
— Prometo que vou protege-lo. — ela deu um beijo leve
nos lábios do marido. — Se você concordar em dançar
comigo… Gina e Luna estão me chamando há séculos.
Rony deu uma olhada enviesada para a pista de dança,
incerto, mas acabou acompanhando a esposa.
— Os trouxas tem que passar por cada coisa… —
comentou, Jorge, impressionado. — Por exemplo, outro dia
fiquei pensando nesses feitiços que se faz antes do sexo,
para tirar os pelos e ficar limpo. Como eles fazem isso?
— Um ex meu me contou uma vez. — Marcus respondeu,
fazendo uma careta, e eu sabia que ele estava se referindo
a Giuseppe. — A descrição pareceu horrível.
Como eu nunca tinha dito aos trouxas com quem saía
que eu era um bruxo, eu nunca tinha perguntado isso. Seria
estranho questionar algo que eu já deveria saber.
— Agora fiquei curioso. — apontou Neville, fazendo coro
aos meus pensamentos.
— Eles limpam enchendo com água e depois colocando
pra fora, repetindo isso algumas vezes. — Kim explicou.
Todos nós o encaramos, com interesse.
— O que foi? — ele deu de ombros. — Eu não sou o único
gay daquele conjunto habitacional. Eu tenho amigos
trouxas.
— Isso parece extremamente desagradável. — Blaise
ponderou. — Dói?
— Não. — Kim respondeu. — Mas a cera quente dói.
— Cera quente? — a expressão de John ao perguntar era
puro pavor.
Harry riu baixinho.
— Os trouxas costumam tirar os pelos do corpo aplicando
uma camada de cera quente sobre a pele e depois puxando.
Isso arranca os pelos pela raiz. — Harry explicou, e a
medida em que ele falava todos nós soltávamos
exclamações de dor.
— Cera quente? — Jorge ofegou. — No saco?
— Nunca fiquei tão feliz por ter nascido bruxo. — eu
comentei.
— Não há outro jeito? — John perguntou, os olhos
arregalados. — Pra tirar os pelos…
— Ah… você pode raspar com uma lâmina, se chama
gilete. Ela não arranca, só corta os pelos, não dói. — Kim
comentou. — Mas algumas pessoas não gostam porque
cresce rápido demais, pinica, dá alergia e encrava os pelos.
— Acho que esse assunto me brochou por toda
eternidade. — eu disse, com fervor.
— É mesmo? — Harry murmurou baixinho, perto do meu
ouvido. — Então acho que não vai ver a última surpresa
que ainda tenho pra você essa noite.
Ele estava me enlouquecendo. Mordia os lábios, me
provocava, fazia todo meu corpo exigir seu toque, sua pele
na minha. Até depois daquele papo horroroso ele tinha
conseguido me trazer de volta para aquele estado de
magnetismo e fascinação. Decidi leva-lo de volta para a
pista de dança, onde eu podia roçar-me nele, roubar alguns
beijos, seduzi-lo. Seu corpo suava, então ele retirou a capa,
ficando apenas com a camisa e a gravata.
Depois de algum tempo ali, vendo-o se soltar, deixar-se
levar pela música em meus braços, tão bonito… ele com
aquela roupa me despertava as mais pecaminosas
sensações. Tinha todo um charme de menino travesso no
corpo daquele homem delicioso. Percebi que meu plano
falhara, era ele quem estava me seduzindo, não ao
contrário.
De repente vi Kim se aproximar de nós.
— Vamos cantar parabéns? — ele gritou, pois eu e Harry
estávamos próximos de onde vinha o som.
Harry parou a música um pouco para reunir os amigos,
chamando a todos para aquele momento. Jorge Weasley fez
flutuar um enorme bolo, coberto com o que parecia um
glacê azul brilhante, e os dizeres em prateado: Feliz
Aniversário Draco. Todos ecoaram a canção “parabéns pra
você”, e ao final soprei a vela, pedindo continuar a ter
aquela felicidade, aqueles amigos, e sobretudo o amor de
Harry. Nada importava mais que o amor de Harry.
Harry e John começaram a cortar o bolo e servir às
pessoas. Enquanto isso Marcus e Blaise vieram pra perto
de mim, os braços ao redor do meu ombro. Nenhum deles
precisava dizer nada, eu sabia que estavam felizes por
mim. Eu os abracei de volta. Eram meus irmãos.
— E afinal, parece que nós três estamos bem. — eu disse
a eles.
— Não temos do que reclamar. — Blaise considerou,
rindo. — Perto dos amigos… apaixonados por belos rapazes
que, pasmem, também gostam de nós…
— Está tudo bem melhor do que eu poderia esperar… —
Marcus permitiu-se sorrir também. — Obrigado por tudo
hoje, Draco. Neville está muito feliz, finalmente vai poder
começar a usar a Scrophulariaceae nigrum no tratamento
dos pais.
Mais cedo, naquele dia, enfim tínhamos chegado a um
acordo com o hospital. Eu estava pronto para responder,
quando vimos que Jorge e Kim caminhavam na nossa
direção. Vi que Marcus tornava-se um pouco rígido.
— Querem que eu saia? — ele perguntou, incerto.
— Não, tudo bem, fique. — foi Kim quem respondeu. —
Olha Marcus… temos os mesmos amigos, é importante que
a gente consiga conviver.
Marcus olhava para ele, seu ex submisso, a pessoa que
tinha ferido e magoado tanto.
— Você tem o direito de não me querer por perto, Kim. —
Marcus falou, simplesmente.
— Tenho. O que você fez comigo foi horrível e até hoje
não entendo o porquê, já que é evidente que você nem
mesmo gostava de mim. — Kim deixou aquela dor vir aos
olhos, mas na voz se via a sua força e determinação. — Mas
há Draco, que te ama e que me recebeu como a um irmão.
Há Neville, por quem você evidentemente está apaixonado
e que é amigo e companheiro de Jorge, de Harry, e de
vários outros aqui que prezo muito. Então eu tenho que
tentar.
— Acha que poderia me perdoar? — Marcus perguntou.
— Se um dia você quiser conversar… de verdade, me
dizer porque fez tudo aquilo… talvez. — Kim ponderou. —
Mas enquanto isso… No mínimo teremos que nos
acostumar a estar nos mesmos lugares.
Vi que Marcus assentia com a cabeça. Em seguida, ele
ergueu os olhos para Jorge, que o encarava.
— Neville é um grande amigo meu. — Jorge disse,
levemente contrariado. — A vitória que ele teve hoje, com
os pais, se deve a você também, não posso ignorar.
— Obrigado, Weasley. — Marcus respondeu,
educadamente.
Depois, Kim e Jorge se retiraram. Quando olhei pra
Marcus, achei que parecia mais conformado, e talvez até
mais tranquilo diante da postura dos dois.
Logo nos serviram bolo, que por sinal estava delicioso, e
a festa voltou a animar-se com as pessoas ocupando a pista
de dança. Mas eu olhei no relógio, sorrindo. Estava na hora
de encontrar Harry.
Capítulo 42

CAPÍTULO 42
NARRADO POR HARRY POTTER
Eu o esperei ajoelhado no quarto de BDSM. Tinha feito
os feitiços de preparação e tirado apenas os sapatos e as
meias, pois Draco havia dito que queria tirar o restante das
minhas roupas. Sabia bem que o tinha provocado além do
limite, e que o seu desejo seria me castigar, mas era
exatamente aquilo que eu queria. Desde aquela tarde,
antes da batalha contra os Purificadores, que eu tinha
gozado amordaçado, repleto de todas aquelas sensações,
que eu vinha querendo experimentar que ele me batesse
comigo usando a mordaça. Esperava conseguir aquilo hoje.
Ouvi o barulho da porta, quando ele entrou. Draco me
olhava com intensidade, ele despiu-se completamente,
tirando a fantasia (não que fosse muita roupa) e fez um
feitiço para seus cabelos retornarem à cor natural, e então
trancou a porta atrás de si, para não sermos incomodados.
Fiquei impressionado com o quão rígido ele já estava, seu
pau projetava-se pra cima em um nível extremo de
excitação.
Ele se aproximou de mim, impetuoso, ordenando que eu
levantasse.
— Você fingiu dor de cabeça por uma semana, me deu
essa choker de manhã para eu imaginá-lo com ela o dia
todo, se vestiu como um estudante da Grifinória pra me
excitar… — ele me acusou, baixo, enquanto desabotoava e
retirava a minha camisa.
— Sim, senhor. — eu respondi.
— Acho que precisa de uma lição, Harry Potter. — ele
disse, retirando a gravata do meu pescoço e começando a
amarrar minhas mãos juntas na parte da frente do meu
corpo. — Um bom castigo… não concorda?
— Sim, senhor. — eu gemi… não havia nada que eu
quisesse mais.
Ele começou a desabotoar a minha calça. Eu tinha minha
última carta na manga. Estava usando a cueca que tinha
pedido pra Kim comprar pra mim no sex shop próximo à
Universidade. Eu tinha escolhido uma vermelha, mantendo-
me no clima grifinório, mas atrás havia apenas elásticos no
contorno das minhas nádegas, deixando-as completamente
expostas. Vi o que restava do controle de Draco se esvair
quando ele abaixou minhas calças.
— Você é um putinho safado. — ele disse rouco,
pressionando o corpo atrás do meu, seu pau duro como
pedra pressionado nas minhas nádegas. — Veio com essa
cueca toda aberta para provocar o pau do seu homem?
— Sim… — eu murmurei, sentindo-me excitar com as
safadezas que ele dizia. — Sim, senhor.
— Hoje você vai apanhar por tudo que fez. — ele disse,
os lábios colados em meu ouvido, o membro sarrando em
mim.
Aquela era a minha chance.
— Eu quero pedir uma coisa, senhor… — eu murmurei.
— O que você quer? — ele perguntou, as mãos passando
pelo meu peito, eriçando meus mamilos. — Mas já aviso
que não estou tão benevolente hoje…
— Eu quero apanhar usando a mordaça. — eu pedi.
Ele contornou o meu corpo, ficando de frente pra me
encarar.
— Está certo disso? — Draco perguntou, sério. — Eu não
pretendo me conter.
— Estou certo, senhor. — eu prometi.
— Eu quero você deitado de bruços sobre os meus
joelhos. Não vou ter uma boa visão das suas mãos nessa
posição, então vamos fazer diferente da última vez. — ele
explicou.
Da última vez que eu tinha sido amordaçado, Draco tinha
me dito que eu poderia abrir e fechar as mãos algumas
vezes, se eu precisasse parar. Mas se ele me queria
debruçado em seus joelhos, minhas mãos ficariam para
baixo. Eu poderia entender porque agora esse gesto não
era a melhor opção.
— Você pode bater na minha perna três vezes, se quiser
interromper tudo. — Draco instruiu. — Tudo bem?
— Sim, senhor.
Draco se afastou por alguns segundos, para pegar o
objeto que eu já conhecia e prender em minha boca. Ele me
puxou pelas mãos, amarradas na gravata grifinória, até a
cadeira. Draco sentou-se, e me fez me debruçar em seu
colo, apoiado sobre ele, o quadril empinado.
Ele me mostrou uma régua escolar, de acrílico.
— Pra combinar com a sua fantasia. — eu podia ouvir o
sorriso na sua voz, repleta de malícia.
Eu me senti estremecer um pouco diante daquilo. Draco
tinha já tinha me batido com um açoite de camurça e uma
palmatória de couro. Aquilo era acrílico, cheio de arestas,
era provável que doesse mais. Me tornei um pouco mais
rígido. Ele sentiu que eu contraía as nádegas e as acariciou
com gentileza.
— Relaxe. — ele ordenou, a voz um pouco mais gentil.
Deixei o corpo amolecer apoiado nele, e quando menos
esperava veio o primeiro baque. Gemi alto mais pelo susto
do que pela própria dor. Sinto minha pele arder, envolver-
se em uma dor deliciosa que parecia me convidar a
entrega. Draco me bateu a segunda vez, e eu só gemi
baixinho, sentindo o tesão aumentar, meu corpo todo pedir
mais.
Ele passou a surrar a minha bunda com a régua, com
uma cadência constante, sem nunca cessar. Eu sentia
minha pele curtida latejar a cada impacto abrasador do
objeto sobre mim. Eu ofegava, excitado demais para que a
mordaça contivesse meus gemidos, meu corpo fervilhando
em sensações.
Era tão sensual estar ali, naquela posição, sujeitado às
vontades de Draco, que me frustrei quando ele parou. Se
eu pudesse falar, certamente imploraria pra que ele
continuasse. Draco deixou a régua de lado, me mostrando
outro objeto. Encarei a mão dele por alguns segundos,
segurando um cinto marrom escuro, dobrado na metade.
Eu sabia que ele mostrava aquilo para que, apesar da
mordaça, eu tivesse a chance de reagir negativamente.
Eu já tinha apanhado de cinto antes, sabia que ia doer
mais do que a régua ou qualquer outra coisa com a qual já
Draco tivesse me batido, mas também sabia que era
tolerável. Se Draco achasse que eu estava apavorado,
suspenderia a punição, e eu não desejava parar. Eu me
sentia quente, vivo, delirante. Procurei me descontrair em
seus braços, mostrar-me manso, pronto pra ele.
Draco sentiu minha resposta. Desceu o cinto sobre
minhas nádegas já fustigadas, em uma colisão vigorosa que
fez meus olhos arderem. Eu não emiti som. Sorvi aquela
dor, misturada ao prazer, deixando minha pele castigada
impregnar-se de ambos. Draco me bateu novamente,
encharcando meus olhos, fazendo meu corpo mover-se com
o baque. A incandescência que eu sentia escorreu pela
minha face, molhando meu rosto… eu estava embriagado
pela dor, pelo êxtase, pela libido.
Draco deixou o cinto de lado.
— Garoto corajoso. — ele elogiou, alisando minha bunda
surrada. — Você está tão lindo… tão vermelhinho.
Sentir ele me acariciar depois daquilo era uma mistura
alucinada de sensações. Era ele quem me punia e era ele
quem me abrandava. Seu toque ora firme, sólido e
fustigante; ora suave, doce e ameno. E eu era dele.
Disponível pra qualquer prazer que ele quisesse me dar.
Senti que Draco fazia um feitiço de lubrificação em mim
e, antes que eu pudesse pensar muito a respeito, senti seu
dedo acariciando minha entrada gentilmente,
massageando-a, se inserindo até a metade e retirando-se
logo em seguida. Depois, a frialdade do metal se pressionou
no meu ânus no instante seguinte. Tratava-se de um plugue
metálico de tamanho médio.
Gemi, ofegante, sentindo que salivava um pouco através
da mordaça. Mordi a bolinha com força quando o objeto
rompeu meu orifício. O plugue era rígido e pesado… era
penoso, torturante, mas ao mesmo tempo estimulante e
erótico.
— Se levante. — ele ordenou.
Eu fiquei de pé, saindo com dificuldade do seu colo. Eu
mal conseguia encará-lo, tamanha a intensidade de tudo o
que eu tinha sentido e continuava a sentir. Minhas nádegas
ardiam, doloridas. O plugue pesava dentro de mim, em um
prazer excruciante.
Mas Draco, puxou meu rosto pra cima, limpando as
lágrimas que tinham molhado a minha bochecha. Suas
mãos hábeis acariciaram meu corpo sem pressa, chegando
ao meu pênis totalmente duro, excitado dentro da cueca,
lubrificado pelo pré-gozo. Ele me acariciou ali brevemente,
sorrindo com devassidão.
— Olha só como você está excitado. — ele me mostrou. —
É disso que você gosta… você nasceu pra ser submisso… o
meu submisso.
Eu pisquei, absorto. Eu não podia nem ao menos
concordar, contido pelo objeto em minha boca. Minha
entrega era absoluta, ele cativava cada parte de mim, me
tomando, me arrebatando. Ele desamarrou as minhas
mãos, ainda presas com a gravata.
— Agora quero que você vá até a cama e fique de quatro.
— ele ordenou.
Eu fiz o que me foi mandado, louco para que ele me
preenchesse, me fodesse até que eu perdesse os sentidos.
Mas assim que eu me posicionei como Draco mandou, ele
tomou uma certa distância, pra me observar.
— Puxe o plugue de dentro de você, devagar. — ele
mandou.
Ele queria que eu me tocasse para ele ver. Virei o rosto
pra trás, olhando pra ele. Eu me sentia imoral, promíscuo,
puxando lentamente aquele objeto do meu interior,
sentindo-me esvaziar.
— Agora se foda com os dedos, quero ver você preparar
seu rabinho pra receber o meu pau. — Draco me dizia
indecências, os olhos fixos no meu rosto, me levando a
loucura.
Eu meti os dois dedos pra dentro da minha entrada em
um rompante, querendo me encontrar pronto pra ele o
quanto antes, ansioso e ardente para recebe-lo. Draco se
aproximou, acariciando minha bunda que ainda latejava.
— Isso, deixe ele mais aberto. — ele ordenou.
Sem parar pra pensar, coloquei os dois polegares dentro
de mim, pressionando as bordas, fazendo meu corpo
alargar-se pra ele.
— Ah… isso… você é demais, Harry. — Draco gemeu. —
Tão gostoso, tão sexy… fique exatamente assim pra eu te
comer.
Fiquei de quatro na cama, me doando para o prazer mais
lúbrico e carnal enquanto sentia Draco me invadir, se
assenhorar do meu corpo, penetrar-me inteiramente. Já
excitado e alucinado demais para conter-se, ele investiu
com vontade. Seu vai e vem era forte e potente dentro de
mim. Eu gemia, salivava, me movimentava junto com ele,
esfregando-me indecentemente em seu corpo,
despudorado.
Sua mão puxou meu pênis de dentro da cueca, me
masturbando em um compasso regular, delicioso, rítmico.
Eu inclinei mais o corpo pra frente, me oferecendo a ele,
me dando todo, querendo mais. Cheguei ao ponto máximo
do prazer, irrompendo em um orgasmo forte em suas mãos,
meu corpo convulsionando tão intensamente que senti que
meu ânus o prensava, exigindo de Draco seu gozo, que fluiu
pra dentro de mim.
Quis me jogar pra frente, deixar meu corpo descansar
inerte na cama, mas Draco saiu do meu corpo ordenando:
— Fique como está. Quero ver o seu cu depois de ser
fodido.
Respirei fundo, mantendo-me firme. Meu ânus estava
sensível, aberto, seu líquido escorrendo. Draco o acariciou
gentilmente com o dedo, causando-me uma involuntária
contração.
— Pisque pra mim… quero ver ele todo arrombadinho
piscando. — Draco falou, introduzindo um dedo dentro de
mim.
Eu pisquei em volta de seu dedo, contraindo e relaxando,
em um movimento levemente dolorido. A sensação de ser
tocado daquele jeito, logo após o sexo, começava a me
deixar excitado de novo. Eu tinha acabado de gozar e sentia
que meu pênis já reagia, respondendo ao toque a às
palavras de Draco.
— Que delícia. — ele murmurou, acariciando minha
entrada. — Todo cheio da porra do seu dono.
Eu gemi. Por Merlin, já o queria de novo.
Quando eu começava a sentir muito tesão com aquilo, ele
parou, me oferecendo a mão. Eu segurei e ele me guiou
para a cadeira onde ele estava sentado antes, dessa vez
instruindo que eu me sentasse. Ele se afastou um pouco e
eu vi que ele ia aos armários, procurar algum objeto,
demorando um pouco, deixando-me em expectativa.
Quando ele voltou, tinha uma vela acesa nas mãos. Eu já
tinha visto aquilo em um clube BDSM… será que ele ia me
queimar? Não me parecia nada agradável.
Minha expressão deve tê-lo alertado da minha
insegurança, porque ele acariciou os meus cabelos com
leveza.
— Fique calmo. Não é uma vela comum. — Draco me
orientou, a voz tranquila. — Lembre-se, você pode bater
três vezes na minha perna, se precisar.
Relaxei na cadeira, sentindo o toque das mãos de Draco
sobre mim. Ele dedilhava meus mamilos, beliscando-os,
deixando-os tesos e sensibilizados. Eu olhava para os
movimentos dele sobre o meu corpo, excitando-me com
seus toques, vendo-o me estimular até o limite.
Draco virou a vela, deixando o líquido quente cair sobre
meus mamilos, escorrendo pelo meu peito. Não machucava,
mas esquentava a pele, acalorando os sentidos. Ele fez o
mesmo com o outro mamilo, expondo-me outra vez ao calor.
Draco deixou que a vela gotejasse sobre meu peito, minha
barriga, minhas coxas abertas… vertendo, fluindo pelo meu
corpo. Ele soprava, espalhando o líquido sobre mim, que se
endurecia sobre a minha pele.
Eu já salivava muito, de tanto gemer, meu pau duro de
tesão. A saliva escorria pelo meu pescoço, de encontro ao
meu peito. Quando Draco parou, ele se ajoelhou no meio
das minhas pernas e começou a beijar o meu pênis por
cima da cueca. A sensação do tecido esfregando-se sobre a
minha glande sensível era aterradora, eu me contorci,
querendo que ele me livrasse daquilo.
— Aguente, meu putinho. — Draco pediu. — Aguente pra
mim.
Eu respirei, aguentando suas lambidas. Ele molhou bem
minha cueca, salivando, sugando a cabeça do meu pau por
cima do tecido, apertando-a em seus lábios, num prazer
desregrado e tortuoso. Quando ele parou, eu não sabia se
gemia de alivio, frustração ou ambos.
Ele se levantou, puxando-me pela mão, fazendo com que
eu ficasse de pé, de frente pra ele. Suas mãos ágeis me
livraram da mordaça e em seguida baixaram, puxando meu
pênis de dentro da cueca. Nossos corpos estavam
próximos, quase colados, nossas ereções se tocavam, e
Draco começou a masturbar nossos paus juntos. Ele puxou
minha mão na mesma direção, mostrando-me que eu
poderia ajudá-lo.
Tomei seu membro com gosto, querendo faze-lo gozar
mais uma vez. Masturbei seu pênis pressionado ao meu,
sentindo-o fazer o mesmo comigo. Nós olhávamos um pro
outro, perdidos no desejo que sentíamos. Ele impôs seus
lábios sobre os meus, ao me sentir gozar, seguindo-me logo
depois. Eu o beijei com ânsia, cedendo-me pra ele… eu
pertencia a Draco Malfoy.
E então o abracei, cercando-me dele, rodeando-o de mim.
Depois do sexo, eu era seu abrigo, ele era minha casa.
— Eu te amo. — eu murmurei.
— Eu amo você. — ele sussurrou de volta, segurando-me.
— Meu garoto valente…
— Preciso provocar você mais vezes. — eu ri, me
afastando um pouco para olhar pra ele.
— Você gostou? — ele quis saber.
Draco sempre perguntava, por mais óbvio que fosse meu
prazer, ele sempre queria saber se algo tinha me
desagradado. E eu adorava aquele carinho, aquela
preocupação.
— Eu sempre gosto. — eu contei a ele. — É como se você
conhecesse meu corpo melhor que eu mesmo, como se
soubesse cada desejo meu antes de eu sentir… você nunca
decepciona.
— Ah… Harry… — Draco suspirou, me trazendo pra mais
um beijo. — Eu fui todo feito pro seu prazer, e você pro
meu.
— Você gostou? — eu fiz coro a sua pergunta. — Sempre
quis fazer isso assim comigo?… tão intenso… tão forte?
— Não podia chegar assim no primeiro dia… você sairia
correndo para as montanhas. — ele riu. — Isso é uma
evolução em um relacionamento BDSM. Vem com a
intimidade, com a confiança…
— Eu provavelmente correria do cinto. — eu concordei.
— O cinto te assustou? Você pareceu tão relaxado
quando eu mostrei… — Draco disse, confuso e ansioso. —
Doeu muito? Foi isso que te fez chorar?
— Calma, meu amor, uma pergunta de cada vez. — eu
sorri pra ele, acariciando seu rosto. — Não doeu tanto… as
lágrimas foram… uma reação do meu corpo… era tudo
extasiante demais… foi quase que fisiológico… não sei te
explicar.
— Às vezes isso acontece. — ele assentiu, me
acarinhando também.
— Sobre a outra pergunta, não, não assustou. — eu
continuei. — Não é a primeira vez que apanho de cinto, já
sabia que seria suportável.
O rosto dele se anuviou, e ele ficou sério de repente.
— Como? — a voz parecia se forçar a sair. — Alguém te
agrediu?
— Entre os trouxas, não é tão incomum que o pai ou um
responsável bata no filho com um cinto. Apanhei várias
vezes do meu tio Dursley quando era criança. — eu contei a
ele.
— Isso é… nossa isso é bárbaro. — Draco deixou escapar,
e depois me olhou um pouco inseguro. — Desculpe se isso o
ofende… eu não estou querendo insultar os trouxas… mas…
— Não ofende. — eu o interrompi. — Existem bons
bruxos e maus bruxos. Entre os trouxas isso se dá da
mesma maneira… os pais de Hermione, por exemplo,
jamais fizeram nada parecido com ela.
— Entendo. — Draco assentiu. — Você gostaria que eu
deixasse de usar o cinto com você… por causa dessa
associação com o seu passado?
— Não, eu gostei. Apesar da minha bunda estar ardendo.
— eu disse a ele, rindo.
— Está certo. — ele se permitiu rir também. — Agora me
deixe cuidar de você.
Fiquei parado enquanto ele tratava das minhas nádegas,
com o mesmo creme azul que já usara antes, aliviando-me
na mesma hora. Ele fez feitiços para me limpar, tirando o
do meu corpo o esperma, a lubrificação, a saliva e a cera de
vela. Tudo aquilo me fazia sentir amado e precioso pra
Draco.
Nós dois nos vestimos novamente para voltar pra festa.
Quando eu estava terminando de ajeitar a gravata, ele me
disse:
— Você já pode tirar a choker.
— Não posso ficar até o final da noite? — eu perguntei,
sem querer tirá-la.
— Pode. — ele disse, se aproximando. — Mas você não
precisa… você não é meu submisso, é meu amor, meu
companheiro.
— Eu sei. — eu murmurei. — Mas é que isso foi tão
bom…
— E você ainda quer se sentir meu… — ele disse,
deslumbrado.
— Eu me sinto o tempo todo. — eu jurei. — Eu sou seu.
Capítulo 43

CAPÍTULO 43
NARRADO POR KIM HALL
Eu e Jorge dançávamos juntos, na pista de dança. Eu me
deixava levar pela música, movimentando meu corpo,
mexendo-me em um fluxo vibrante. Sempre tinha gostado
de dançar, desde pequeno, mas vindo de uma família pobre
e na qual a dança era considerada uma atividade
exclusivamente feminina, eu nunca pude fazer aulas. Mas
sempre que eu assistia alguma apresentação, que eu via
alguém fazendo qualquer tipo de dança, eu ficava
encantado com aquela arte.
— Você dança muito bem… — Jorge disse em meu
ouvido, como um sopro. — Tem umas dez pessoas só
olhando pra você.
Jorge também era um cara muito solto, ele deixava o
corpo se mover com o som. Mas as vezes eu percebia que
seu equilíbrio chegava até um limite, e que ele tinha
aprendido a ser cuidadoso com determinados tipos de
movimento corporal.
— Isso te preocupa? — eu perguntei, percebendo que, de
fato, alguns homens me olhavam.
— Não… não sou ciumento. — ele respondeu, tranquilo.
Era verdade. Jorge não era possessivo. Se tinha uma
coisa que eu adorava nele, é o jeito que ele vivia tudo com
liberdade. Ele dançava, beijava, transava, trabalhava, se
relacionava, vivia… tudo como o mais livre dos homens, e
essa liberdade se estendia, naturalmente, a mim. Mas as
vezes queria que ele tivesse um pouquinho mais de ciúmes,
na realidade nós nunca tínhamos chegado a falar mais
abertamente sobre fidelidade e sentimentos.
— Te dá tesão? — eu perguntei.
— Te ver dançar assim? — ele questionou, seus olhos
baixando sobre mim. Jorge tocou as minhas costas,
puxando-me para mais perto. — Sim… estou louco para ir
pro quarto com você… levantar esse seu vestidinho grego…
tirar sua cueca… te lamber todinho…
Minha libido se agitava, conforme as palavras
sussurradas de Jorge iam arrepiando os pelos na minha
nuca, perpassando meu corpo como uma descarga elétrica.
Fiquei na ponta dos pés para colar meus lábios do seu
ouvido bom.
— Eu estou sem cueca. — eu admiti, sabendo que o
assanharia.
Me virei de costas pra ele no segundo seguinte, cantando
junto com a música. Era uma cantora trouxa famosa, que
falava sobre tudo o que eu sentia.
You’re a shooting star I see
A vision of ecstasy
When you hold me, I’m alive
We’re like diamonds in the sky
I knew that we’d become one right away
Oh, right away
At first sight I felt the energy of sun rays
I saw the life inside your eyes
So shine bright, tonight, you and I
We’re beautiful like diamonds in the sky
Eye to eye, so alive
We’re beautiful like diamonds in the sky
Eu me sentia alvoroçado pela música, pelo que ele tinha
me dito, pela perspectiva de estar com ele naquela noite…
aproveitava a posição pra aproximar nossos corpos,
dançando junto a ele, mexendo o quadril que resvalava em
seu corpo, as vezes roçando-se em seu membro levemente,
como se fosse um acidente. Eu queria seduzi-lo, deixa-lo
louco por mim.
— Kim. — ele chamou meu nome com urgência, quando
não aguentou mais, imprensando sua pélvis contra as
minhas nádegas, as mãos firmes na minha cintura,
mostrando-me sua rigidez. — Vamos pro seu quarto… deixe
essa história de quarto de BDSM pra outro dia.
Nós tínhamos combinado de ir brincar no quarto de
BDSM de Draco… não íamos fazer cenas de submissão nem
nada, só nos divertir, mas naquele momento Draco e Harry
estavam ausentes da festa, de modo que nós dois sabíamos
que o quarto em questão estava ocupado. Sinceramente, eu
nem queria ir para o quarto. Estava tão excitado ali, a
música, as luzes, a sensação do corpo de Jorge no meu… eu
não queria ir a lugar algum.
— De jeito nenhum. — eu falei, mexendo com ele
propositalmente. — Vou buscar uma água gelada pra
você… quem sabe te acalma…
Quando fiz menção de me afastar, ele me segurou com
força, mantendo-me na sua frente.
— Não… fique aqui, é sério. — ele pediu, nervoso e
inquieto. — Estou muito duro… essa roupa que estou
usando não é nada discreta.
Eu ri baixinho imaginando a cena. Jorge era muito
grande. Ele usava apenas aquele saiotezinho egípcio,
certamente sua ereção ia marcar escandalosamente.
— Tudo bem. — eu respondi, me compadecendo. — Mas
você vai ter que ser um garoto obediente.
— Já prometi que vou deixar você conquistar o Egito
hoje. — ele brincou, referindo-se às nossas fantasias. —
Espere só até que Draco e Harry voltem para que eles nos
emprestem o quarto.
— Não quero ir para quarto nenhum. Quero que me
obedeça agora… — eu disse a ele, aproximando nossos
corpos ainda mais, afastando um pouco a nós dois das
demais pessoas que curtiam na pista de dança. — Estou
excitado… quero que me toque…
— Aqui? — ele era um misto de euforia e incredulidade.
— Sim… preciso que coloque um dedo na boca e depois
enfie dentro de mim. — eu disse, instruindo-o.
Eu tinha feito há uma meia hora antes os feitiços de
preparação, quando fui ao banheiro. Jorge fez como eu
pedi, senti seu dedo projetando-se por entre as minhas
nádegas, me acariciando, massageando minha entradinha
com a ponta do dedo antes de enfim me penetrar. Continuei
dançando, com seu dedo enterrado dentro de mim. Os
movimentos dele eram de uma cadência lenta.
— Está gostoso? — Jorge falou, os lábios varrendo meu
pescoço, beijando-me.
— Uhm… — eu gemi em resposta. — Me dê mais.
Jorge tirou o dedo de dentro de mim e o lambeu, junto
com um segundo dedo, molhando-os bem de saliva. Desceu
novamente na direção do meu orifício, enfiando dentro de
mim, socando um pouco mais forte. Eu tirei proveito da
dinamicidade e ritmo da música para mexer o quadril e
investir contra seu dedo, desfrutando daquilo.
— Kim… vamos pro seu quarto… — ele implorou. — Sei
que isso também não vai ser suficiente pra você por muito
tempo… você está me deixando louco.
— Você quer me comer, Jorge? — eu perguntei, sabendo
a resposta.
— Demais… não consigo nem explicar o quanto… —
Jorge disse, rouco.
— Se você quiser me comer… vai ter que ser aqui. — eu
ofereci.
Ele ficou calado por uns dois ou três segundos, enquanto
eu sentia seus dedos me deixarem.
— Kim… você sabe que algumas pessoas podem acabar
percebendo, não sabe? — ele questionou.
— Isso te faz perder a vontade? — eu quis saber,
devolvendo com outra pergunta.
Ele me virou de frente pra ele, em um súbito, olhando
pros meus olhos. Eu podia ver no rosto dele a lascívia, o
tesão, a luxuria que ardia entre nós.
— Não… na verdade me excita… o risco de ser visto, a
adrenalina. — ele sorriu, travesso, meu pau já duro
encostando-se no dele. — Pelo jeito te excita também… mas
tem muita gente conhecida aqui… até mesmo sua chefe…
Olhei pra Hermione bebendo com Rony, Gina e Krum a
alguns metros de nós.
— Então teremos que ser discretos… — eu disse,
mordendo os lábios. — Você vai ter que me comer
devagar… esperar as partes mais agitadas da música pra se
mover mais rápido, pra que eu possa rebolar no seu pau…
Ele enfiou os dedos entre os meus cabelos lisos, na parte
de trás da cabeça, puxando-os um pouco, arranhando a
minha nuca e a parte de trás do meu pescoço. Sua boca me
tomou para um beijo voraz e impetuoso, comprimindo os
lábios contra os meus, sua língua me explorando, me
tomando, me fazendo dele.
— Você quer rebolar no meu pau? — ele perguntou,
descendo os beijos pelo meu pescoço, aprofundando-os,
deixando em mim seu rastro, sua marca.
— Sim… vou fazer bem gostoso… até você gozar. — eu
prometi, sorrindo sensualmente pra ele.
Jorge me virou novamente, olhando para os lados, como
se para perceber o que as demais pessoas faziam. A festa
estava no auge. A maior parte dos convidados estava mais
pra lá do que pra cá, devido a uma boa quantidade de
cerveja. As pessoas dançavam, curtiam, conversavam, se
beijavam, todas muito entretidas. Nós tínhamos nos
afastado um pouquinho, para um canto, de modo que
ninguém parecia olhar especificamente para nós. O clima
escuro, com luzes de festa, auxiliava a esconder qualquer
coisa.
Ele tirou o pênis de dentro da cueca fazendo um rápido
feitiço de lubrificação. Se encostou na parede, para regular
nossas alturas, abaixando-se um pouco, e eu me empinei
pra trás, deixando seu pênis entrar devagar, até estar
inteiro enterrado em mim. Deitei a cabeça em seu ombro,
sentindo seu pau me expandir, me dilatar. Adorava aquele
volume todo dentro de mim.
— Aah que tesão… — eu gemi.
— Que rabinho quente, apertado… — ele sussurrou no
meu ouvido. — Adoro te sentir apertando meu pau.
Era Jorge dentro de mim, era a música, era o tesão, era
meu voyeurismo/exibicionismo falando, era aquela situação
excitante pra cacete, o risco de ser pegos tornava tudo
muito mais emocionante, e no fundo eu sabia que nem me
importaria que alguém visse, que alguém notasse que Jorge
estava me comendo ali, aquilo aumentava meu apetite.
Eu requebrei o quadril em torno dele, enquanto suas
mãos indecentemente apalpavam as minhas nádegas,
apertando-me. Eu me agitava em volta daquele pau,
estremecendo, oscilando com suas estocadas lentas, mas
precisas.
— Aah… — eu gemi, enquanto sua língua trabalhava na
minha clavícula. — Mete com força Jorge…
E Jorge fez. Num tal estado de volúpia e alucinação,
Jorge puxou minhas nádegas para os lados com as mãos,
deixando-as totalmente separadas, meu rabinho
escancarado pra ele. E se empurrou todo pra dentro…
bruto, intenso, impetuoso. Eu gemi, mordi meus lábios pra
não gritar, me apoiei na parede lateral para firmar meu
corpo que oscilava com as suas estocadas violentas, quase
selvagens dentro de mim.
Seu orgasmo foi tão vigoroso que esguichou dentro de
mim por vários segundos, enchendo-me do seu fluido que
escorria pela minha bunda e até na minha coxa, quente,
viscoso, viril. Jorge gozou tanto que percebeu que tinha
praticamente me inundado e fez um feitiço rápida pra me
limpar, enquanto encostava a cabeça no meu ombro,
ofegante, parecendo buscar um pouco de ar.
Ainda com o pênis rijo de excitação, olhei para os lados,
pra ver se estávamos sendo observados, mas nenhuma
cabeça parecia virada em nossa direção.
— Eu quero te fazer gozar. — Jorge falou, acariciando
meu corpo, eriçando-me. — Vire de frente pra mim pra que
eu possa te tocar…
— Eu quero sua boca em mim. — eu murmurei pra ele,
discordando.
— Não dá pra fazer isso aqui sem sermos vistos, Kim. —
Jorge respondeu. — Vamos pro seu quarto…
Ele finalmente me convenceu. O puxei pela mão, escada
a cima. A festa estava ótima, mas eu ia continua-la em
outro lugar. Jorge me acompanhou a passos rápidos, tão
ávido como eu para que chegássemos ao meu quarto.
Quando finalmente entramos, trancando a porta atrás de
nós, ele me pegou no colo com energia, deitando-me sobre
os lençóis, deslizando-me sobre meu corpo na direção do
meu pênis.
— Não é meu pau que eu quero que você chupe… — eu
expliquei.
Jorge entendeu rápido, erguendo as minhas pernas,
expondo-me, ele sabia muito bem do que eu gostava.
— Aah… Kim… você está todo aberto. — ele disse,
fazendo uma breve carícia com a língua que contornou as
bordas da minha entradinha sensível, que depois daquela
potente atividade sexual, tinha ficado tão dilatada que eu
tinha dificuldades em contrair.
— Você sempre me lambe aí antes de me comer… — eu
expliquei, olhando pra ele, excitado. — Mas é assim que eu
fico depois, Jorge… ainda mais quando você faz com mais
força que nem hoje…
Ele me massageou com a ponta do polegar, deixando um
rastro de beijos pelas minhas nádegas, dando algumas
mordidas suaves.
— Está tão rosadinho… — ele falou, uma rouquidão
característica de quando estávamos nos deixando levar
pelo desejo. — Está doendo?
— Um pouquinho… — eu gemi, manhoso. — Você deveria
cuidar dele… dar uns beijinhos…
Vi Jorge erguer a cabeça pra me olhar, tocando em meu
pau que latejava rígido, masturbando-o sem pressa.
— Você é tão sexy… — ele disse, sorrindo, continuando a
acariciar minha entradinha com os dedos. — Eu vou cuidar
Kim… vou te dar muito carinho aqui.
Ele desceu os lábios sobre meu rabinho, me deixando
tresloucado de tanto tesão, tocando-me no meu ponto mais
doce. Ele me provava, me sorvia, deixava que a língua
trabalhasse nas minhas preguinhas dilatadas, ali naquele
lugar onde eu era tão dele. Eu gemi, gritei, pedi, disse que
amava sentir aquilo.
Ele se deteve ali por um longo tempo, beijando meu
orifício alargado que piscava pra ele. Suas mãos hábeis
punhetavam meu membro teso, lubrificado, que se
avolumava sob suas mãos.
— Ah… me faz gozar assim… — eu supliquei, gemendo.
— Dá prazer pro meu cuzinho Jorge.
Jorge lambeu, chupou, mamou ali com ainda mais fervor,
enquanto manipulava meu pau já duro demais, cada vez
mais veementemente. Eu gozei como uma onda, que me
impulsionava para o extremo do prazer, arrebatando-me,
me fazendo arder em cada toque, rasgar-me em deleite nos
braços daquele homem.
O puxei pra mim, tremendo de satisfação, ainda
convulsionando, contraindo, desfrutando daquele orgasmo.
Jorge me abraçou com delicadeza, mas ao mesmo tempo
como se me acolhesse no próprio corpo. Eu deixei minha
cabeça descansar em seu peito, abraçando-o.
— Jorge… há algo que preciso dizer. — eu falei, sem
caber mais dentro de mim, tomado de violentos
sentimentos.
— O que foi? — a preocupação em sua voz era latente,
como sempre, como se ele estivesse disposto a fazer
qualquer coisa por mim.
— Vou dizer uma coisa a você que nunca disse a
ninguém. — eu ergui a cabeça para olhar, o rosto sério, o
coração disparado dentro do peito. — Porque não posso
mais continuar a esconder isso de você. Mesmo que…
mesmo que seja algo que te desagrade ouvir, Jorge… eu
não posso mais…
— Kim, você pode me dizer… seja lá o que for vamos
resolver, tudo bem? — ele respondeu, tentando me
transmitir confiança.
Senti o medo tentando me dominar, e eu lutei para
controlar aquilo.
— Tudo bem… — eu disse, respirando fundo. — Jorge…
eu preciso contar a você… acho que não é o que está
querendo ouvir mas… mas eu te amo.
Os olhos dele eram cálidos e ao mesmo tempo
carregados de paixão.
— Você me ama? — ele perguntou, como se não tivesse
certeza do que ouviu.
Eu confirmei com a cabeça.
— Sim, mas não vou te cobrar nada. — eu expliquei. —
Eu entendo… eu te entendo… eu te vejo como uma pessoa
muito livre.
Ele franziu a testa.
— O que? Não vai me cobrar nada? O que quer dizer com
pessoa muito livre? — seu tom era grave e desconfiado.
Eu me sentia enrolado nos meus próprios pensamentos e
palavras. Me sentei na cama, tentando organizar minha
mente.
— Bom eu sei que você nunca chegou a me pedir em
namoro, essa foi uma história dos nossos amigos que
contaram pra sua família quando você estava desacordado
depois da batalha. Eu tinha te salvado, você não ia
desmentir. — eu ponderei, lembrando-me de como
tínhamos começado a nos denominar “namorados”. — E
nunca tivemos uma conversa sobre isso, sobre
exclusividade, sair com outras pessoas e tudo mais.
— Não pedi porque achei que não era necessário um
pedido formal, que eu já me sentia seu namorado e você o
meu. — Jorge se sentou também, parecendo chateado. —
Eu nunca achei que precisávamos falar sobre
exclusividade. Não é evidente que não estamos saindo com
outras pessoas?
— Bom, é claro que não estou saindo com ninguém, eu
quero só você, não consigo nem pensar em deixar outro
homem me tocar. — eu disse, olhando pra baixo.
— Porque acha que não é o mesmo pra mim? — ele
reclamou, com irritação. — Eu praticamente vivo aqui na
casa do Draco, que horas eu estaria me encontrando com
outra pessoa?
Eu me sentia um pouco tonto e surpreso com aquela
reação tão impetuosa. Será que eu tinha interpretado mal o
comportamento tranquilo de Jorge? Eu achava que ele
fosse do tipo amor livre, relacionamento aberto, essas
coisas.
— Jorge… olha eu não… eu não quis ofender você. — eu
murmurei, olhando pra ele, arrependido. — Eu só achei que
você não se importasse… você sempre deixa claro que não
sente ciúmes…
Jorge segurou meu rosto entre as mãos, acariciando
minha bochecha.
— Um homem não precisa ser um maníaco controlador
pra se importar, Kim. — ele disse, e eu sabia que se referia
ao meu passado. — Pra mim não faz diferença se alguém te
olha, se te deseja. Eu tenho confiança em você, sei que
jamais me trairia.
— Nunca. — eu concordei, devolvendo seu carinho, os
olhos presos nos dele. — Nunca, Jorge, eu te amo.
Ele me puxou para um abraço forte, que me envolveu,
apertando-me em sua pele nua e quente. Eu descansei ali,
me sentindo acolhido, resguardado. Eu pertencia a Jorge
Weasley e ele a mim. Eu o amava, por Merlin, o amava mais
do que era possível expressar. Amor era uma palavra
pequena para o que eu sentia.
— Você é um bobo. — ele disse, em meu ouvido, a voz
mais calma e feliz. — Um bobo de ter escondido isso de
mim, enquanto eu estou aqui te amando todo esse tempo…
— Você…? — eu me surpreendi com aquilo, afastando-me
de súbito para encara-lo.
— Eu te amo, Kim. E ouvir que você me ama foi a
melhor… — ele respirou, a voz embargada, os olhos
enchendo-se de lágrimas. — Foi a melhor coisa que já senti.
Eu só não tinha lhe dito ainda porque tinha medo que se
assustasse… depois de tudo que você passou, eu não queria
forçar a barra.
— Ah… Jorge. –minhas lágrimas caíram junto com as
dele, e eu colei nossos lábios. — Tudovaleu apena… cada
coisa ruim que eu vivi… era meu caminho, me trouxe
atévocê.
Capítulo 44 - ÚLTIMO CAPÍTULO

CAPÍTULO 44 — ÚLTIMO CAPÍTULO


NARRADO POR KIM HALL
Ultimamente, de modo geral, eu era um garoto que não
podia reclamar da vida. Meu namoro com Jorge ia bem…
ele era romântico, doce, carinhoso, companheiro, me fazia
rir em qualquer situação, além de ser o melhor amante que
eu poderia querer, sempre disposto a satisfazer minhas
fantasias.
Meu curso na Universidade era cada vez mais instigante,
e o estágio nos hospital se tornara ainda melhor depois que
Hermione tinha retornado da licença. Sem precisar gastar
com quase nenhuma despesa de moradia e alimentação, eu
estava até conseguindo economizar um pouquinho para
ajudar meus pais. Eles continuavam a não saber do meu
namoro, mas enfim, nada era perfeito… eu os visitava
sempre que podia.
Naquela semana completava seis meses que eu vivia na
Mansão Malfoy, e se tinha uma coisa pela qual eu seria
grato pra sempre, era por Draco e Harry terem entrado em
minha vida. Não por uma questão financeira, claro que eu
também era agradecido por aquele apoio, mas porque os
dois me tratavam como parte da família. Eu me sentia
querido na Mansão, me sentia em casa.
Por causa de tudo isso, eu gostava muito de ambos,
muito mesmo, e estaria disposto a fazer qualquer coisa
para vê-los felizes. Então, quando um dia Draco me
procurou, meio que escondido de Harry, parecendo nervoso
e agoniado eu me dispus imediatamente a ajudá-lo.
— Kim… preciso da sua ajuda. — ele me disse em uma
noite na cozinha, aos sussurros, enquanto Harry estava na
sala falando com Rony pelo Magicofone.
— O que foi, Draco? Você parece aflito… — eu comentei,
preocupado.
— Eu… eu quero propor a Harry… quero pedir a ele que
se case comigo… — sua pele que já era branca parecia
ainda mais pálida, e Draco estava inquieto.
— É isso? — eu exclamei, sorrindo, dando uma olhada na
direção da sala para ter certeza de que não estávamos
sendo ouvidos. — Claro que vou te ajudar, basta que você
me diga do que precisa. Não fique tão nervoso, Draco… é
evidente que Harry te ama, claro que ele vai aceitar.
Draco torceu as mãos, em evidente estresse.
— É que pra mim… pra alguém como eu… só há um jeito
de fazer isso… não sei se eu poderia abrir mão. — ele
explicou.
— Acho que não entendi. — eu franzi a testa, confuso.
— Não vai ser como foi a festa de noivado de Blaise. Ele
simplesmente fez o pedido a John, é algo bem menos
tradicional. — Draco falou. — Eu não fui ensinado assim.
Um noivado bruxo tradicional tem um ritual… uma série de
magias, de juramentos que selam uma aliança.
— Certo… olha, Harry não entende nada a respeito disso.
Você deveria dizer a ele suas intenções, antes de dar início
a um ritual como esse. — eu ponderei.
Ele assentiu com a cabeça, parecendo refletir sobre o
que eu tinha dito. Me pediu para chamar algumas pessoas
que seriam importantes estarem aqui. Segundo Draco, o
noivado bruxo tradicional era um momento de reunião das
famílias. No caso de Harry e Draco, suas famílias eram seus
amigos.
Então, no dia combinado, a sala da Mansão Malfoy
contava com a presença de todos os que Draco tinha me
pedido para convidar: sr. e a sra. Weasley (que também
eram meus sogros), Gui e Fleur, Percy, Gina, Rony e
Hermione (com o pequeno Hugo), Jorge, Marcus e Neville,
Luna, Blaise e John, eu e o próprio Draco que andava de um
lado para o outro, parecendo ser capaz de abrir um buraco
no tapete.
— Fique calmo, Draco. — Marcus disse, colocando a mão
sobre o ombro do amigo.
Marcus e eu tínhamos enfim conversado. O que ele me
disse tinha sido horrível em tantos aspectos que eu nem
tinha sabido como reagir. Só de imaginar, aquelas roupas
que usei para que ele usasse meu corpo, como um boneco
vivo para se lembrar de alguém de quem gostou de
verdade, como ele se utilizou de mim, como uma coisa sem
sentimentos, me fez sentir terrível. Mas também despertou
em mim muita pena dele, por suas incapacidades, por seus
fantasmas. De certa forma, nós dois seguíamos em frente…
era aquilo que realmente importava.
— Não consigo… eu não… — Draco parecia prestes a
entrar em combustão espontânea.
Antes que ele ou qualquer um de nós pudesse dizer
qualquer coisa, ouvimos o barulho da porta. Era Harry, que
estava chegando em casa, depois da visita ao primo que ele
fazia mensalmente, sempre em um domingo, após o
almoço.
— Nossa… todos estão aqui! — Harry exclamou, ao ver
as pessoas na sala. — Aconteceu alguma coisa?
Draco segurou suas mãos, suando frio, os olhos azuis
fitavam o namorado em evidente desassossego. Ele puxou
Harry para mais perto de onde os outros estavam, que
deixou-se levar, contaminando-se por aquele estado de
apreensão.
— Draco… o que houve? — a voz de Harry era urgente.
— Eu pedi pra Kim chamar a todos aqui porque tenho a
intenção de te pedir uma coisa. — ele explicou, indo direto
ao ponto, a expressão refletindo sua impaciência. — Eu vou
pedir a você que se case comigo.
Como eu imaginava que acontecesse, o rosto de Harry se
desanuviou e um sorriso bonito se abriu pra Draco. Era a
expressão de um homem apaixonado.
— Eu… — Harry se preparou pra responder.
— Não. — a voz de Draco era cortante, interrompendo-o,
fazendo com que a confusão aparecesse no rosto do outro.
— Antes de me responder, tem uma coisa que você precisa
saber.
Harry esperou, com paciência.
— Você sabe como é um noivado bruxo? Já viu acontecer?
— ele perguntou.
— Bom, eu vi quando Blaise pediu a John. — Harry
parecia um pouco desorientado. — Também Rony e
Hermione. Não é muito diferente dos trouxas.
— Os Weasley não ligam muito pra isso. — Rony
comentou, rindo baixinho.
— O último da família que teve um noivado bruxo
tradicional foi meu pai. — Arthur explicou.
— Mas Blaise… Blaise é sonserino. — Harry apontou,
parecendo perdido.
— Sonserino não significa vir de uma família tradicional
bruxa, Harry. — a voz de Blaise era calma, tentando dar um
norte ao outro. — Minha mãe se tornou famosa por se casar
e enviuvar sete vezes, enriquecendo as custas dos falecidos
maridos. Nada muito conservador. Minha história é muito
diferente das de Draco e Marcus.
Harry encarou Draco, aparentando um pouco mais de
serenidade.
— Certo… olha eu não me importo que tenhamos um
noivado bruxo, embora eu não saiba ao certo o que isso
signifique. — ele falou pro namorado. — Mas eu quero
entender… você vem fazendo tanta força pra se afastar do
passado… achei que a última coisa que iria querer seria um
casamento com base nas mesmas tradições que todos os
Malfoys antes de você se casaram. Não estou julgando… só
quero entender porque isso é importante pra você…
— Eu… Harry, nem toda tradição bruxa é ruim. Não
existe nada de magia das trevas nesse ritual de noivado…
ou no casamento em si. — Draco falou, ansioso. — Isso é
importante pra mim porque eu cresci sentindo que assim é
que deve ser um casamento, que um dia seria meu dever
conhecer uma garota de boa família que meus pais
escolhessem e fazer esse ritual. Claro que nada aconteceu
dessa forma… mas eu sinto como se perdesse a honra se
procedesse de outro jeito com você. Eu não posso me casar
se não for assim… não posso me desprender disso. E o que
eu sinto por você, eu te amo tanto… eu quero uma vida do
seu lado, quero ser seu marido, quero me casar com você
do jeito que acredito que tem ser. Se você me aceitar.
Harry ergueu a mão direita, movendo-a em um afago
calmo na lateral no rosto de Draco, alisando seus cabelos
loiros vagarosamente.
— Aquiete o coração, meu amor. — ele disse, a voz
mansa. — Eu entendo e respeito. Me mostre como fazemos
isso…
O rosto de Draco era uma mistura de alívio e admiração.
— É preciso que os presentes façam um círculo em volta
de nós. — ele explicou, e em poucos segundos demos forma
à circunferência ao redor dos dois, segurando as mãos.
O círculo era um conceito mágico poderoso, primitivo,
como aprendia-se em algumas aulas em Hogwarts. No
imaginário trouxa, a aliança de noivado/casamento que se
colocava no dedo também simbolizava o fato da união não
ter fim, assim como esta forma geométrica.
Draco tomou fôlego, empunhando a varinha e tirando
uma pequena de caixinha de veludo do bolso. Antes de
abrir, no entanto… virou-se para Marcus e Blaise.
— Vocês são o mais próximo que eu tenho de família. —
ele disse, desculpando-se.
Ambos se emocionaram com aquele pedido mudo,
avançando para o interior do círculo, cada um colocando
uma das mãos em um dos ombros de Draco.
Aparentemente ambos conheciam o ritual, apesar de Blaise
não acha-lo tão essencial aponto de querer utilizar em seu
próprio casamento.
— Me lembre dos votos, Marcus. — ouvi Blaise pedir ao
amigo, enquanto ambos empunhavam a varinha. — Vi isso
poucas vezes.
— Proelio. — Marcus disse, e uma luz rosada saiu de sua
varinha. — Eu, Marcus Lorenzo Vitaverza, o apoio, Draco
Lucius Malfoy, meu irmão, em sua escolha. Convicto de seu
bom julgamento, dou-lhe a certeza de que receberei seu
futuro esposo como seu meu próprio irmão fosse.
Blaise repetiu as mesmas palavras, realizando o mesmo
feitiço. Todos nós estávamos extremamente concentrados
na cena que se desenrolava, muitos de nós jamais tinham
presenciado aquilo. Era inegável a força mágica que
tremulava no cômodo, fazendo-nos entender que aquele era
um ritual sério, que não podia ser feito ou tratado
levianamente.
Quando Marcus e Blaise retornaram ao círculo, dando as
mãos aos demais, Draco colocou um joelho no chão e abriu
a pequena caixinha. Lá havia um anel evidentemente
antigo. Era uma peça simples, de ouro dourado, sem
pedraria, com alguns desenhos cinzelados.
— Uma joia de família? — Harry perguntou.
— Está na família desde a idade média, foi dado por
Armand Malfoy a sua noiva em 1091. Permaneceu no cofre
por séculos, esquecido. Depois, meu pai o escolheu para
dar a minha mãe. — Draco contou, parecendo engasgar-se
com as palavras, inseguro. — Se você não o quiser,
podemos usar outro anel. Sei que minha mãe não é sua
pessoa favorita no mundo.
Ele parecia esperar alguma reação de Harry, uma
possível postura negativa em relação a um objeto que tinha
pertencido por tantos anos à mãe de Draco, que eu sabia
ter se chamado Narcisa Malfoy.
— Eu imagino o quanto significa pra você poder fazer
isso com a aliança da sua mãe. Não há nada de errado,
Draco… você a ama, e ela também o amava muito. — Harry
disse, afetuoso. — E você talvez não saiba disso, mas antes
de morrer, uma das últimas coisas que sua mãe fez foi
salvar a minha vida.
Draco estava perplexo, como se esperasse ouvir qualquer
coisa, menos aquilo. Hermione, Neville, Luna e os Weasley
já pareciam saber do que se tratava, mas Marcus, Blaise e
John que também não eram próximos de Harry há muito
tempo, pareciam igualmente impressionados.
— Isso é sério? — a voz de Draco era um fiapo.
— Sim, desculpe não dizer antes. Há muitas coisas sobre
a guerra que você não sabe, eu não gosto muito de
relembrar tudo aquilo, mas talvez seja importante pra nós
dois. — Harry refletiu. — Mas o que importa agora é que
você saiba que quero usar o anel… eu respeito sua mãe,
Draco. Pelo que ela fez por mim, e principalmente por tudo
que ela fez por você.
— Eu… obrigado… — a emoção tingiu o rosto de Draco,
que parecia prestes a chorar.
— Não precisa ter medo, meu amor. — Harry tentou,
outra vez, confortá-lo. — Faça como você planejou, como
você acredita que tem que ser.
Draco aparentou ter tirado forças da suavidade das
palavras que Harry lhe dizia.
— Proelio. — ele disse, e aquela mesma luz envolveu o
anel ainda na caixa. — Eu, Draco Lucius Malfoy, venho lhe
pedir, Harry Tiago Potter, que seja hoje o meu noivo,
aceitando tornar-se em breve o meu esposo, para dividir
comigo meu destino, e me acompanhar até o fim dos meus
dias. Eu juro que o protegerei com meu sangue, meus
braços, minha varinha… e… e o meu nome.
Os votos eram lindos, verdadeiramente emocionantes.
Draco tinha vacilado nas últimas palavras, porque sabia
que embora fosse sua vontade, aquilo nunca poderia se
concretizar. O nome dele não protegeria Harry, ao
contrário, talvez até fizesse com que o Eleito fosse
apontado por se casar com um ex Comensal da Morte de
uma família conhecida pelo envolvimento nas artes das
trevas, por mais que Draco empregasse um esforço
inumano pra desfazer essa imagem.
— Sim. — Harry afirmou. — Eu aceito.
Aquilo era tudo muito potente, poderoso. Draco tirou o
anel da caixa, colocando-o no dedo de Harry, que alargou-
se magicamente, deixando de ter a forma do dedo fino de
Narcisa para assumir as proporções do novo dono. A
intensidade do tom de rosa da luz se acentuou, cobrindo
anel, espalhando-se em espirais pela mão esquerda de
Harry, subindo pelo braço.
A magia se propagou em ondas, agitando o círculo,
vibrando por todos nós, atravessando-nos.
— Acabou? — Harry perguntou, assim que Draco se
levantou do chão, tomando-o para um beijo apaixonado.
— Não… — Draco disse, com calma. — Agora, no ritual,
seus pais precisariam me conceder sua mão.
— Mas eu sou órfão. — Harry disse o óbvio, debilmente.
— Eu sei. — ele lhe fez um afago terno nas costas das
mãos, onde agora repousava a aliança. — Mas eu pensei…
você sempre diz que os Weasley são sua família…
— Nós faremos. — Molly se precipitou para dentro do
círculo, passando um braço ao redor de Harry. — Você é
como um filho… sempre foi. Você sabe disso, não sabe?
Harry assentiu com a cabeça, parecendo incapaz de
falar. Molly já chorava, abraçada no menino.
— Alguém deveria ter preparado o coração da minha
mãe. — Jorge sorriu, olhando-a amorosamente. — Ela não é
mais a mesma garotinha.
— Alguém deveria ter preparado a roupa de Harry, com
uma boa capa de chuva. — Rony brincou. — Quando
terminar, mamãe terá deixado ele encharcado de tantas
lágrimas.
— Ora, ela não tem um casamento decente desde mim e
Fleur. — Gui cutucou o irmão. — Já que você e Hermione
resolveram fugir pra casar longe da família.
— Fiquem quietos todos vocês. — Molly fungou. — Hoje é
o dia de Harry.
Molly e Arthur se posicionaram no centro do círculo,
Molly ao lado do Eleito e o sr. Weasley ao lado da esposa.
— Eu, respeitosamente, peço a mão do seu filho em
casamento. — Draco disse aos meus sogros.
Ambos acenderam a varinha, dizendo “Proelio”, fazendo
com que a já conhecida luz cor de rosa envolvesse as mãos
unidas do casal de noivos, mostrando a benção dos “pais”.
— Nós lhe confiamos nosso filho e o recebemos no seio
de nossa família, como um de nós. — Arthur Weasley fez os
votos, concluindo o ritual.
Quando a luz cessou e o noivado bruxo chegou ao fim,
Draco encarou o homem com tamanha intensidade que
calou a todos os presentes. Embora aqueles fossem votos
de um ritual tradicional, repetido através das gerações,
aquelas palavras na boca de Arthur Weasley, dirigidas a um
Malfoy, tinham um peso. A inimizade entre o sr. Weasley e
Lucius Malfoy fora lendária, assim como a dos pais deles, e
de seus avós, e dos que vieram antes.
— Imagino o quão difícil não deva ter sido para o senhor
fazer esses votos. — Draco disse, sério.
— Deixe o passado onde ele pertence, Draco. — Arthur
disse, bondoso. Ele sabia que aquele garoto não era seu
pai, que não valia a pena remoer aquilo.
— Não. Você disse me receber em sua família. Eu
carrego o peso da minha nas costas, não só das ações
deles, mas de tudo que significou pra mim ser um Malfoy.
— Draco disse. — Deste modo, não posso ser recebido na
sua família de cabeça erguida sem fazer o que é necessário.
— Draco, meu querido… — Molly demonstrava ter todas
as palavras de uma mãe amorosa pra ele.
— Deixe, Molly. — Arthur cortou, olhando para Draco
com seriedade.
Draco se ajoelhou, de súbito, fazendo todos arquejarem,
completamente pasmos. Harry o olhava cheio de amor,
como se o quisesse pegar no colo, mas estivesse forçando-
se a deixa-lo ir a até o fim.
— Perdão por ofender sua família, por todo mal que
involuntariamente ou voluntariamente causei, pelo
atentado a vida do Rony, que por minha culpa poderia ter
morrido envenenado por uma garrafa de Hidromel. Perdão
por ser o responsável por deixar os Comensais entrarem
em Hogwarts na noite da morte de Dumbledore, as
cicatrizes no rosto de Gui são minha culpa. — ele disse, de
cabeça baixa.
Eu tinha acompanhado à época, pelo Profeta Diário, o
julgamento de Draco Malfoy. Eu sabia que ele era só um
menino, coagido, pressionado, com a família sob duras
ameaças de morte nas mãos de Voldemort. Mas sem dúvida
não se podia dispensar a mágoa, a culpa que havia em seus
ombros.
— Você quer o perdão bruxo? A tradição? — Arthur
perguntou.
— Sim. — Draco respondeu.
— O que? Não. — Molly grasnou. — Ele é um menino…
você não vai fazer uma brutalidade dessas com ele…
— O que significa esse perdão bruxo? — Harry perdeu a
compostura, ajoelhando-se ao lado de Draco, sacudindo-o
um pouco. — Não é o suficiente que ele te perdoe?
— Draco Malfoy tem mais honra do que Lucio jamais
teve. — o sr. Weasley disse, com certo orgulho na voz. —
Vou fazer como ele quiser que eu faça. Vou dar a ele o que
ele achar que precisa.
— O que é esse perdão bruxo? — eu perguntei, sem
entender.
A maior parte das pessoas presentes não parecia saber
me responder. John, Blaise e Marcus claramente entendiam
o que estava acontecendo, mas permaneceram calados,
aguardando.
— Por favor. — Draco pediu.
— Ignosco tibi. — Arthur Weasley proferiu, uma luz
desprendendo-se dele próprio, alcançando Draco,
atingindo-o.
O rosto de Draco se contorceu de dor e ele pareceu estar
sendo purgado daquilo. Não durou mais que dois segundos.
Quando levantou, um pouco tremulo, Arthur Weasley abriu
os braços para recebe-lo, segurando-o como a um filho.
— Você é um homem digno, Harry não poderia ter
escolhido alguém melhor. — ele disse.
Draco se afastou, claramente emocionado, voltando-se
para o noivo. Harry o puxou para um beijo sôfrego,
abraçando-o fortemente, trazendo-o pra si, como se
quisesse mantê-lo ali, resguardado, e nunca mais deixa-lo
ir.
— Juro que todos os dias vou lutar pra ser o homem que
você merece. — Draco disse, entre toques cheios de
ternura que cativavam a todos nós.
— Eu amo você. — Harry se declarou. — E me enche de
orgulho ser seu companheiro pro resto da vida, pra lutar
todas as batalhas que vierem ao seu lado, pra te admirar
em momentos como agora, admirar a sua força, a sua
integridade. E também pra aceitar cada defeito seu, cada
problema que vier, como você também parece disposto a
lidar com os meus… porque vou errar, Draco. Vou te
desapontar, vou despejar em você minhas imperfeições.
Não vai ser fácil o casamento de dois garotos teimosos,
obstinados, com passados conturbados, e cheios de
mania… mas com o seu amor posso fazer qualquer coisa.
— É tudo o que eu preciso, Harry. — as lágrimas de
Draco vertiam, escorrendo pela face sem constrangimento
algum. — Seu amor.
E enquanto olhava, pensei em como aquele amor tinha
mudado tudo. Tinha sido aquele amor que tinha
aproximado tanta gente diferente ali, propiciado tantas
amizades. Tinha sido aquele amor que tinha derrotado os
Purificadores do Sangue. Tinha sido aquele amor, o amor
de Draco e Harry, que tinha possibilitado a união entre
Neville e Marcus, entre eu e Jorge. Tinha sido aquele amor
que tinha mudado completamente a minha vida.
Acho que todo grande amor era assim. Imensurável. De
enormes efeitos, consequências, espalhando mais e mais
amor, mais e mais felicidade para todos ao seu redor.
FIM (ainda tem um epílogo e depois capítulos bônus com
o casamento/noite de núpcias do Draco e do Harry.
Continue a olhar os capítulos)
EPÍLOGO

EPÍLOGO
NARRADO POR HARRY POTTER
— Essa noite quero anunciar uma substituição em nosso
corpo docente. — disse a diretora Minerva McGonagall,
durante o jantar. — Vamos todos dar as boas-vindas ao
professor Marcus Vitaverza, que teve a bondade de assumir
a disciplina de Poções e o cargo de diretor da casa
Sonserina, no lugar do professor Slughorn que, como todos
sabem, há alguns anos vem manifestando seu desejo de se
aposentar depois de décadas de dedicação a nossa escola.
Uma alta rodada de aplausos fez-se ouvir no grande
salão, sobretudo na mesa da Sonserina, onde as meninas
batiam palmas com muito entusiasmo e faziam comentários
nada discretos umas para as outras.
— Seu namorado está fazendo sucesso. — eu mexi com
Neville, cutucando-o com o cotovelo, sentado ao seu lado
na mesa dos professores.
Eu tinha assumido as turmas do primeiro ao sétimo ano
em Hogwarts, na disciplina de DCAT, logo após meu
casamento com Draco.
— Marcus sempre fez todas as cabeças se virarem pra
ele, onde quer que fosse. — Neville deu de ombros,
sorrindo. — Desde novo ele é assim.
Eu me lembrava um pouco de Marcus na Sonserina, no
meu tempo de escola, ele era realmente um garoto bonito e
popular. Mas eu nunca tinha reparado muito nele.
Marcus caminhou até nós, sorridente, sentando-se do
outro lado de Neville.
— Professor Vitaverza. — eu cumprimentei, maroto.
— Quanta formalidade. — Hagrid riu, sentado do meu
outro lado. — Não vai pedir que eu lhe chame de professor
Potter né? Acho que eu não poderia.
— Professor Malfoy Potter no caso né? — Marcus me
provocou, rindo. — Há um nome do meio aí desde que ele
se tornou um homem casado.
O casamento bruxo tradicional, com os votos nos quais
Draco tinha insistido em fazer, incluíam necessariamente a
transferência do nome dele pra mim. Porém, ele tinha me
dito que o “Malfoy” poderia ficar sendo só mais um nome
do meio, de forma que eu passara a me chamar Harry
Tiago Malfoy Potter. Eu tinha achado aquilo bom, tinha
gerado menos burburinho, além de eu poder manter o
sobrenome do meu pai, o que era realmente importante pra
mim.
— Eu acho que está na ora de você mostrar mais respeito
por nós como professores dessa instituição, Hagrid. —
Neville brincou. — Afinal não o chamamos de Rúbeo.
— RÁ! — Hagrid debochou, gargalhando. — Ora vejam
só. Mal saíram das fraldas! Vou ter que contar essa para
Franco e Alice.
— Eles te mandaram um abraço. — Neville disse,
sorrindo. — Visite-os sempre que puder, Hagrid, os
Medibruxos disseram que é muito importante o contato
com as pessoas que eles já conheciam antes.
O tratamento dos pais de Neville com a Scrophulariaceae
nigrum estava dando excelentes resultados. Franco e Alice
Longbottom já tinham conseguido reconhecer quem eram
seus antigos amigos e familiares. Sua nova situação fez
com que eles quisessem sair do St. Mungus para viver com
a mãe de Franco, Augusta Longbottom, há alguns meses.
— Augusta está felicíssima de ter o filho e a nora em
casa. — disse McGongall, que já se sentara junto aos
professores e participava da conversa. Ela tinha estudado
com a avó de Neville e ambas eram muito amigas. — Está
muito orgulhosa de tudo o que você fez para trazer seus
pais de volta, Neville.
— É uma pena que eles não possam ficar comigo. —
Neville abriu um sorriso triste. — Sempre achei que quando
eles recuperassem a memória, a sanidade, nós iriamos ficar
juntos. Mas os Medibruxos disseram que não é bom, que
meu rosto é desconhecido pra eles.
McGonagall franziu a testa, demonstrando irritação.
— Ora é claro que não é. — Hagrid exaltou-se antes que
ela pudesse dizer qualquer coisa. — São seus pais. O rosto
mais familiar do mundo pra eles é o seu.
— Exatamente. — a diretora falou, com determinação. —
É bom que eles fiquem com Augusta porque ainda estão
muito desorientados, Neville. Ela tem mais tempo
disponível para atender as necessidades deles. Você é
muito jovem, está começando sua carreira agora…
— Eu… — Neville abriu a boca, pronto para responder.
Eu estava certo de que ele estava prestes a dizer que
abriria mão de tudo para cuidar dos pais.
— Eu sei que você faria qualquer coisa pelos seus pais,
mas como é que eles iriam se sentir se você deixasse suas
pesquisas, suas aulas? — Minerva perguntou, com
gentileza. — Eles estão com a sua avó, você pode vê-los
sempre que quiser. E pode apostar que eles o reconhecem.
— Claro que o reconhecem. — Marcus olhava para o
namorado amorosamente. — Ontem mesmo Alice me pediu
pra tomar conta de você.
— Ela pediu? — Neville voltou os olhos pro outro. — Ela
sabe sobre nós? Achei que vovó não tinha contado ainda…
— Ah, Neville… as mães sempre sabem. — McGonagall
sorriu.
— Porque não vamos para lá cedo amanhã? — perguntou
Marcus. — É sábado, podemos passar o dia com eles.
Neville assentiu com a cabeça, parecendo mais feliz.
— // —
Mais tarde, naquela noite, eu cheguei em casa pela Rede
de Flu, encontrando Draco, Jorge e Kim bebendo cerveja no
sofá. Kim tinha se formado em Medibruxaria e ele e Jorge
tinham decidido alugar uma casa juntos a cerca de um mês.
Eu estava morrendo de saudades de ambos, visto que Kim
tinha morado comigo durante todos os anos da faculdade e
Jorge tinha sido como se morasse, pois ele raramente
dormia fora da Mansão.
— Eu estava pensando quando é que vocês iam se
lembrar dos amigos. — eu reclamei, fazendo um beicinho.
Peguei uma cerveja e me sentei ao lado de Draco,
relaxando no sofá.
— Quanta carência. — Kim brincou.
— Harry está praticamente de luto desde que vocês se
mudaram daqui. — Draco comentou, rindo.
— Mas eu nunca morei aqui. — Jorge apontou.
Jorge Weasley exibia uma falsa expressão inocente.
— Você quer enganar quem com essa conversa, Jorge? —
eu o provoquei. — Seu apartamento era praticamente um
escritório. Você só usava pra fins de trabalho.
— Eu já te peguei fazendo xixi com a porta aberta. —
Draco reiterou meu ponto.
— Não foi como se você tivesse visto uma grande
novidade. — Jorge revirou os olhos.
— Bom, não foi uma novidade. — Draco riu. — Sobre a
parte do grande…
O comentário fez com que todos nós déssemos gostosas
gargalhadas. Jorge deu um soco leve no ombro do meu
namorado.
— Cuidado, Malfoy. — ele falou, chamando-o
propositalmente pelo sobrenome. — Seu marido pode achar
que você está interessado.
— De forma nenhuma, sei que Draco só tem olhos pra
mim. — eu defendi Draco, calmamente. — Quer dizer…
olhamos pra você também, Jorge. Mas isso é só porque não
dá pra não olhar. Meio que ocupa todo o campo de visão.
— É como ir a Londres e não olhar pra Torre do Big Ben.
— Draco apontou.
— Não sei se fico constrangido ou lisonjeado. — Jorge
respondeu, colocando a mão sobre o peito, teatralmente.
— Deixe de ser fingido, Jorge Weasley. — Kim ralhou com
o namorado, em tom de brincadeira. — Não existe
constrangimento nenhum dentro de você. Acho que você
seria capaz de falar sobre isso com a sua própria mãe sem
nem ficar vermelho.
— Também não precisa exagerar. — Jorge fez uma
careta.
— Falando em mãe, Kim… como ficou a situação com
seus pais? — eu quis saber, mudando completamente de
assunto.
Ele vinha falando muito em ajudar os pais, agora que
tinha se tornado um Medibruxo do St. Mungus. Kim tinha
se formado com notas excelentes, conseguindo uma
proposta imediata de emprego, com um bom salário.
— Bem… consegui fechar negócio com a casa em Little
Whinging. Você tinha razão, o lugar é tranquilo e eles
adoraram a vizinhança. Principalmente seu primo Duda e
Alice, foram muito receptivos. — Kim comentou, em tom
agradecido. — Agora posso dar a eles uma boa
aposentadoria.
— Você é um bom filho, Kim. — Jorge acariciou o braço
do namorado.
— Eles foram bons pais. — Kim respondeu, em tom
definitivo.
Draco e eu trocamos olhares breves. Sabíamos que Kim
sofria com a não aceitação dos pais em relação ao
relacionamento com Jorge. Nos últimos anos, ele tinha
chegado a contar a família sobre o namoro, mas o pai tinha
sido categórico em sua negativa. No entanto, Kim
continuava leal a família, sempre querendo fazer de tudo
para ajudá-los. Eu não o julgava, se meus pais estivessem
vivos, eu jamais os abandonaria para uma velhice solitária
e difícil em Whitechapel. Não importa o que fizessem.
Depois de mais algumas cervejas e conversa jogada fora,
Jorge e Kim se despediram de nós, indo embora pela Rede
de Flu. Eu me acomodei junto ao corpo de Draco no sofá,
que me abraçou carinhosamente.
— Como foi a primeira noite de Marcus em Hogwarts? —
ele quis saber.
— Ele estava bem alegre. — eu comentei, lembrando-me.
— Acho que vai ser engraçado. Ele e Neville, um diretor da
Sonserina e o outro diretor da Grifinória.
— Está ficando cheio de homens bonitos nesse corpo
docente de Hogwarts. — Draco riu, me provocando. — Será
que não tem uma vaguinha pra mim?
— Engraçadinho. — eu comentei. — As alunas faltaram
aplaudir Marcus de pé. Parecia até que Gilderoy Lockhart
tinha voltado a lecionar.
— Marcus sempre fez muito sucesso com as mulheres,
desde garoto. — ele disse, sorrindo.
— Neville comentou algo parecido durante o jantar.
Sabe… eu me lembro de Marcus ser popular na escola, mas
nunca prestei tanta atenção nele. — eu olhei pro meu
marido, perdendo-me em seus olhos azuis. — Acho que
desde aquele tempo, eu só tenho olhos pra um único
sonserino.
Algo brilhou nos olhos dele, aquele tom de tempestade,
que sempre aparecia quando eu falava algo assim. Ele me
apertou mais junto ao seu corpo.
— Você me odiava. — ele acusou.
— Não mais do que você. — eu devolvi, acariciando seu
rosto. — Nunca ouviu falar que o amor e o ódio andam de
mãos dadas?
— O que quer dizer? — Draco perguntou, intenso. — Que
desde aquele tempo já estávamos destinados? Prometidos
um pro outro?
— Quero dizer que eu nunca consegui ser indiferente a
você, e nem você a mim. — eu comentei. — Quero dizer que
esse desejo sempre esteve lá… latente… aguardando pra se
libertar.
Ele me puxou para um beijo delicioso, doce e ao mesmo
tempo cheio de vigor, mordendo meus lábios, sugando-os,
avermelhando-os. Eu me entreguei pro toque dele, para
suas mãos que passeavam pelo meu corpo, me apertando,
tirando minha camisa.
— Eu quero você. — ele esclareceu, rouco de excitação.
— Agora.
Eu ajoelhei ali mesmo, no tapete, submisso como ele me
queria, como eu adorava.
— Sou seu, senhor. — eu murmurei, jurando.
E deixei que ele me tomasse para mais uma noite de
luxúria e prazer, como só Draco Malfoy sabia me dar.
CAPÍTULO BÔNUS - CASAMENTO -
PARTE 1

CAPÍTULO BÔNUS — CASAMENTO — PARTE 1


NARRADO POR HARRY POTTER
Eu olhei a mim mesmo no espelho de um quarto no
térreo da Mansão Malfoy, que fora totalmente preparado
para mim naquele dia. Fazia cerca de seis meses que eu
tinha sido pedido em casamento por Draco, também na
nossa casa, e eu tinha insistido que nosso casamento
ocorresse ali, onde tínhamos sido e continuávamos a ser
tão felizes.
Foi Jorge quem assumiu a organização do casamento,
junto com John, que desde o último aniversário de Draco,
mostrava um incrível talento como organizador de eventos.
Kim também estava ajudando, quando podia, mas os
estágios e disciplinas do curso de Medibruxaria estavam
requerendo muito de sua dedicação, e Hermione, que
voltara da licença maternidade, insistia em ser auxiliada
por aquele a quem considerava o melhor curandeiro em
formação que ela já tinha visto, desde que se graduara
Medibruxa.
Os amplos e já belíssimos jardins da Mansão Malfoy
foram meticulosamente decorados e preparados para a
receber nossos convidados para a cerimônia que ocorreria
às 11h da manhã, e depois mesas tinham sido organizadas
ao ar livre para que todos almoçássemos. Uma empresa
tinha sido contratada para o buffet, cozinhando e servindo
a comida e a bebida; tratava-se de uma equipe indicada por
Jorge, a qual John estava comandando com olhos atentos,
para que nada saísse errado.
Naquele momento, eu terminava de me vestir, tentando,
em vão, ajeitar sozinho a gravata azul claro. Era importante
que eu vestisse azul, tinha me dito a senhora Weasley, que
assumira a responsabilidade, no papel de minha mãe, de
me informar o que cabia a mim naquele casamento
tradicional bruxo.
“O azul é a cor das noivas” — ela me contara. —
“Significa calma, serenidade, confiança, espiritualidade,
discernimento”.
Eu sabia que, sendo uma cerimônia tradicional, onde os
papéis de gênero eram bem demarcados, eu tinha ficado
com as funções da noiva, para que Draco pudesse realizar
seu desejo de casar-se como ele fora preparado a vida toda
para fazer. Eu seguia todas as orientações de Molly
Weasley com atenção e sem pestanejar. Queria que tudo
fosse perfeito, queria dar a Draco o casamento que ele
tinha imaginado.
John tinha me ajudado a escolher um terno bonito no tom
certo de azul. Eu não era grande coisa em comprar roupas,
mas estava satisfeito com o resultado. Ao final, minhas
vestes eram bem cortadas, de um tecido bonito em um tom
de azul claríssimo, que fora usado para confeccionar a
calça social, o colete e o blazer ajustado e elegante.
Embaixo, eu vestia uma camisa social branca, e a gravata
tinha um tom de azul um pouco mais escuro que o restante
da roupa. John também tinha me auxiliado na escolha de
sapatos sociais mais confortáveis, em um tom caramelo.
Eu tinha de escolher três damas de honra, e segundo a
tradição, cada uma delas usaria uma cor, simbolizando algo
de bom para o casamento. No entanto, como eu não era
bem uma noiva, não vi problemas que parte das minhas
damas de honra fossem do sexo masculino. E foi assim que
vi Molly entrar no quarto, carregando uma cesta imensa de
flores, acompanhada de Hermione, Kim e Rony.
— Ah, aí está minha dama de honra e meus dois “damos
de honra”. — eu sorri, me referindo a Mione, Kim e Ron.
— Não acredito que sou um damo de honra. — Ron
reclamou. — Por que estou vestindo rosa?
Meu amigo vestia-se de forma semelhante a mim, mas a
cor de sua calça, colete, blazer e gravata, ao invés de azul,
eram de um tom, também bastante claro e discreto, de
rosa.
— Não acredito que você ainda esteja reclamando disso,
Rony. — Hermione revirou os olhos para ele, dizendo com
condescendência. — Já lhe disse que foi a cor que sobrou.
Não tem nada demais, hoje em dia muitos homens
heterossexuais vestem rosa.
— “A cor que sobrou”. — Rony resmungou. — Se rosa é
tão bom, por que ninguém mais quis?
Meus “damos”/damas de honra, conforme a sra. Weasley,
tinham que vestir rosa, verde e branco. O rosa significava a
ternura, o romantismo, a sensibilidade e o amor. O verde
significava a esperança, a vitalidade, a harmonia e o
crescimento. E o branco a pureza, a paz, a honestidade e a
bondade.
Era tudo muito simbólico e mágico.
— Porque verde é uma cor mais discreta. — disse
Hermione. — E eu pude escolher um tom mais escuro que
não fosse tão chamativo. Você sabe que meu corpo ainda
não voltou como era antes, desde o nascimento de Hugo.
Hermione tinha optado por um vestido verde musgo,
num tom mais escuro e fechado. O tecido era bonito,
pregueado, moldava-se em seu corpo com um caimento
bonito. Ela tinha caprichado. Eu não a via tão linda desde
aquele baile de inverno, no quarto ano.
— Hermione, você continua a ser a mulher mais linda
desse mundo. — Rony disse a ela, em tom sério. — E não
falo isso só porque você é minha esposa.
— Rony tem razão. — eu concordei. — E não digo isso só
porque você é minha melhor amiga.
— Os dois tem razão. — Kim disse a ela, entrando na
brincadeira. — E eu não digo isso só porque você é minha
chefe.
Hermione riu.
— Tá bom, seus bajuladores. — ela exclamou, em meio a
risada. — Mas o verde continua sendo meu.
— E o branco é meu. — disse Kim. — Eu sou muito ruivo
e tenho sardas, não gosto de como fico de rosa.
— Isso não faz sentido algum. — Rony reclamou pra Kim,
com indignação. — Eu sou tão ruivo quanto você.
— Mas você não tem ideia sobre o que combina ou não.
— Kim o provocou, sorridente.
— Vamos parar com essa discussão, que está quase na
hora da cerimônia e eu preciso colocar as flores em vocês.
— disse a sra. Weasley, com eficiência. — Se eu não
aparecer com os quatro bem floridos em 20 minutos,
aquele menino John vai ter um troço.
— Ele está muito envolvido com a organização. —
concordou Kim, com fervor. — Blaise falou que pela
primeira vez na vida está achando John assustador.
Sra. Weasley e Kim começaram a acrescentar flores
verdes nas roupas e cabelos de Hermione. As flores eram
importantes no casamento bruxo, como eu tinha sido
informado. Era tradição que as damas de honra, e
sobretudo a noiva, usassem o maior número de flores
possíveis presas às vestes e ao cabelo, conferindo
prosperidade ao casamento.
— Harry, não acredito que você tenha me deixado usar
uma cor que não combina. — Ron disse pra mim, em voz
baixa, ciumento. — Só para seu novo melhor amigo poder
usar branco.
Olhei para Kim, vestido de forma semelhante a mim e a
Rony, só que na cor branca.
— Ron. — eu disse seu nome, puxando-o um pouco para o
lado, afastando-o dos outros três. — Você acha que sei o
que combina? Tive que pedir a outra pessoa que escolhesse
a minha própria roupa.
Rony ergueu a sobrancelha pra mim.
— Está certo. — ele disse, a contragosto, dando-se por
vencido.
— Olha só, desde o início sabia que isso seria um pouco
complicado pra você. — eu falei baixinho, para que só eu e
ele ouvíssemos. — A coisa toda de “damo de honra”, a
roupa rosa, as flores que sua mãe está colocando na gente.
— Não é complicado pra você? — ele quis saber. — Meio
que… ser a noiva?
Eu ri, baixinho.
— É importante pra Draco se casar assim. E eu o amo.
Provavelmente não teria escolhido me casar coberto de
flores azuis, mas gosto de poder realizar esse sonho dele. —
eu disse, com simplicidade. — Pra mim, estar com ele é
tudo que importa. Eu me contentaria em assinar um papel
vestindo jeans e camiseta, e depois chamar todo mundo pra
comer pizza e beber cerveja.
— É bom ver você tão feliz, Harry. — o rosto do meu
melhor amigo se apaziguou. — Sabe, eu fiquei muito
preocupado depois que houve aquilo com Philip. Tive medo
de você nunca superar seus sentimentos por ele, de você
nunca encontrar alguém que fosse estar ao seu lado de
verdade.
— Eu também tive. — murmurei, baixinho. — Mas eu
encontrei Draco. Ou melhor, reencontrei Draco.
— É, de certa forma ele sempre esteve lá. Te irritando a
vida inteira. — Ron brincou, rindo.
— É. — eu concordei, rindo também.
— Vamos lá, já deve estar quase na nossa vez de ficar
floridos. — Ron comentou, olhando pra Hermione, que
agora ajudava Molly a cobrir Kim de flores brancas.
— Antes quero dizer uma coisa, Ron. — eu falei,
segurando seu antebraço, impedindo-o de se aproximar dos
outros. — Quero te dizer que, embora eu ame Hermione, e
que Kim tenha se tornado muito importante pra mim nesse
último ano; se eu só pudesse escolher uma única dama de
honra, seria você. Você foi, literalmente, a primeira pessoa
que eu me lembro de ter gostado de mim de verdade. Eu
não poderia fazer isso sem você.
— Ah, Harry, você é meu irmão. — as orelhas vermelhas,
como quando ele ficava constrangido, a voz embargada de
emoção. — Eu iria até o inferno, vestido de rosa brilhante
com um milhão de flores cor de rosa, por você.
E eu o puxei para um abraço, sentindo o conforto e o
afeto de se estar nos braços de um irmão.
— // —
NARRADO POR DRACO MALFOY
— Porque ele está demorando tanto? — eu quis saber,
nervoso com o fato de Harry não ter aparecido ainda.
Eu não o via desde a noite anterior, como era o costume,
ele tinha dormido na Toca, pois já tinha entregado seu
apartamento alugado no centro de Londres há algum
tempo para morar definitivamente comigo.
Eu estava em pé, na frente de nossos convidados, já
acomodados nos bancos, esperando a cerimônia começar. A
minha direita estava Blaise, meu padrinho. Do outro lado
estava Marcus, que ficara muito emocionado quando eu
pedira que ele celebrasse o casamento. Ele era formado em
Direito Bruxo, logo, tinha podido certificar-se e pedir
autorização ministerial para realizar a cerimônia. Além
disso, assim como eu, ele conhecia cada passo daquele
ritual tradicional do casamento mágico, o que o qualificava
para fazer as magias necessárias que efetivariam minha
união com Harry.
— John já foi busca-lo. — disse Blaise, tranquilizador.
E como se aquilo fosse sua deixa, John apareceu
novamente nos jardins, fazendo um floreio com a varinha,
para que os violinos começassem a tocar a antiga música
da família Malfoy. Eu não a ouvia há muito tempo, e, para
mim, era uma melodia com caráter um pouco melancólico,
despertando-me sentimentos dúbios.
Mas não sobrou lugar pra mais nada, pra nenhum
sentimento de tristeza, quando Harry deixou a casa
principal e eu o vi entrar nos jardins, atravessando o
corredor indicado pelas colunas decorativas do jardim, com
Hermione, Rony e Kim a sua frente. Registrei brevemente
estes três, vestidos de verde, rosa e branco,
respectivamente, as cores habituais das damas de honra.
Molly Weasley tinha feito um incrível trabalho em
garantir a tradição do casamento. Quando ela me dissera
que ensinaria os dogmas e preceitos a Harry, para que ele
os adaptasse e os seguisse conforme se sentisse a vontade,
não imaginava que meu noivo fosse ser tão fiel a tradição.
Mas lá estava Harry, inteiramente de azul. Ao redor da
sua cabeça, havia uma coroa de flores, adornando os
cabelos escuros e rebeldes. Seu terno estava todo enfeitado
de rosas azuis e outras flores desta mesma cor. Ele estava
impecavelmente lindo.
Quando ele chegou perto, estendendo a mão pra mim, eu
o toquei, sentindo a vibração quente dos seus dedos.
Parecia que o tocava pela primeira vez na vida.
— Você está florido. — eu disse, contido, sem querer
transbordar meus sentimentos.
— E você está chorando. — ele disse, bondosamente,
acariciando as costas das minhas mãos com os dedos. —
Será alergia a todas essas flores?
Ri baixinho da brincadeira, percebendo, pela primeira
vez, as lágrimas emocionadas que escorriam pelo meu
rosto. As limpei rapidamente.
— Você está perfeito… perfeito. — eu murmurei, vendo-o
ampliar o sorriso pra mim, os olhos verdes cintilando na
minha direção.
Marcus pigarreou, chamando nossa atenção e dando
início a cerimônia. Quando chegou a hora, meu amigo fez o
feitiço definitivo, nos unindo, e eu ajoelhei à frente de
Harry, como era de costume. Coloquei a aliança em sua
mão esquerda, refazendo o juramento que eu fizera no
nosso noivado. Aquele era o momento da confirmação. E
então, chegou a vez de Harry, que tendo aceitado as
funções da noiva, para me dar o casamento que eu queria,
tomou minha mão esquerda, colocando a aliança em meu
dedo, jurou:
— Eu, agora Harry Tiago Malfoy Potter, me torno seu
esposo, para permanecer firme ao seu lado e honrar o
nome da sua família. — eram as palavras próprias da
cerimônia bruxa milenar, frias demais para tudo que
sentíamos um pelo outro.
Mas pra mim, eram carregadas de significado. Ouvi-lo
aceitar meu sobrenome, sem restrições, tinha pra mim um
peso que eu não podia explicar. E de certa forma, ali
fazíamos história. Era um outro momento para os Malfoy, e
eu sentia que meu nome tomava outro sentido, deixando de
significar uma família de bruxos das trevas,
preconceituosos, preocupados com a pureza do sangue.
Eu não sabia se era o primeiro Malfoy a me casar por
amor, mas certamente era o primeiro a me casar com um
homem. A procriação e geração de herdeiros era muito
importante para uma família como a minha, para que se
tolerasse casamentos homoafetivos. Para além disso, eu
era, certamente, o primeiro a me casar com um mestiço
sem ser deserdado (porque obviamente, sendo eu o último
Malfoy vivo, ninguém poderia me deserdar). Eu sentia que
vinha mudando a história da minha família desde a guerra,
limpando a sujeira do nome Malfoy, e certamente nada o
teria honrado mais do que uma pessoa tão maravilhosa
quanto Harry.
Assim que acabou, ele deu dois passos na minha direção,
deixando um beijo rápido nos meus lábios, me
surpreendendo.
— Nos casamentos trouxas, assim que o casamento é
realizado, o casal se beija. — ele me explicou, notando meu
aturdimento. — É uma tradição importante pra mim.
— É mesmo? — eu perguntei, um pouco fascinado com
aquilo. — Há alguma outra tradição trouxa que importe pra
você?
Se havia algo que importasse, algo com o que ele
sonhasse, eu queria lhe dar.
— Bruxos tem noite de núpcias? — ele me perguntou.
— Hã… acho que não sei o que isso significa. — eu
respondi, franzindo a testa.
A palavra núpcias era um sinônimo para casamento,
noite de núpcias, noite de casamento… o que exatamente
aquela expressão queria dizer?
— Significa a consumação do casamento. — ele me sorriu
safadamente, antes que eu pudesse concluir o raciocínio.
Soltei uma risada baixa.
— Acho que já consumamos esse casamento várias vezes.
— eu devolvi, com malícia.
Merlin sabe que eu e Potter não tínhamos vivido
castamente até ali. Muito longe disso.
— Não do jeito que será hoje. — ele se afastou um pouco,
pra me olhar nos olhos, sério.
Eu tinha planos pra aquela noite, queria leva-lo para o
quarto de BDSM, domina-lo, queria que ele fosse meu por
completo.
— Tenho planos para o meu submisso. — eu disse
baixinho em seu ouvido, aproximando-me outra vez,
passando a mão displicentemente nas suas costas.
— Hoje não. — ele me cortou, deixando-me um pouco
assustado.
Aquela nunca tinha sido a reação de Harry, ao contrário.
Quando eu falava algo assim, baixo, para que só ele
ouvisse, normalmente eu tinha o prazer de ver sua pele
arrepiar em antecipação, e ouvi-lo assentir, me chamando
de senhor, pronto pra mim. Ele costumava me deixar dar
ordens a ele em tudo que envolvia sexo, exatamente como
eu queria que fosse.
— Você vai me negar no dia nosso casamento? — eu
perguntei, entre um tom ameno de brincadeira e uma
verdadeira preocupação. Por que ele estava tentando dar
as cartas? Será que ele estava incomodado com alguma
coisa?
Antes que ele pudesse responder, no entanto, nossa
relativa privacidade foi interrompida pelos muitos braços
que vinham nos abraçar, cumprimentando-nos pela união.
Nossos amigos mais íntimos; meus colegas de trabalho;
alguns amigos pessoais meus; os muitos amigos de Harry
do tempo de escola; todos aqueles que lutaram ao nosso
lado quando ele reabriu a Ordem da Fênix para combater
os purificadores; alguns aurores com quem ele mantinha
amizade; e o corpo docente de Hogwarts, onde ele iniciaria
a trabalhar no próximo ano letivo, como professor de DCAT.
Foi quando eu vi um garoto grande e corpulento, que
parecia ter a mesma idade que nós, se adiantar pra Harry,
com uma moça ao seu lado, parecendo se sentir bastante
deslocada. Eram as únicas duas pessoas ali que eu não
tinha a mais vaga ideia de quem eram.
O garoto se aproximou de Harry primeiro, abraçando-o
fortemente. E foi quando ele se abaixou um pouco para
abraçar meu marido que eu vi que alguns traços de seu
rosto se assemelhavam aos dele.
— Duda… Alice. — eu reconheci o nome do primo de
Harry na frase. — Que bom que vocês dois vieram. Fiquei
preocupado que fosse muita maluquice mágica pra vocês.
Harry abraçou a moça, que identifiquei como a esposa
trouxa do rapaz.
— Sou um pouco traumatizado desde aquele rabo de
porco aos 12 anos. — riu Duda, que parecia estar
relativamente confortável. — Aliás, aquele gigante ali não é
o mesmo…?
— O mesmíssimo. — Harry riu, olhando rapidamente na
direção de Hagrid, que conversava com MacGonagall e
Slughorn. — Mas fique tranquilo, sua bunda vai sair daqui
intacta.
— Não se pode dizer o mesmo da sua. — o garoto o
provocou de volta, descaradamente. — Falando nisso, não
vai me apresentar o maridão?
Harry ruborizou, mas riu, e deu um soco no ombro do
imenso primo.
— Esse é Draco Malfoy, nos conhecemos em Hogwarts. —
ele falou, tocando meu braço. — Draco, esse é meu primo
Duda e a esposa dele, Alice.
— Muito prazer. — eu cumprimentei, apertando a mão de
ambos.
— Ele é muito bonito, Harry. — Alice riu. — Ele não teria
um primo hétero? De preferência… como vocês nos
chamam? Hã… trouxas?
— Alice, eu estou bem aqui. — Duda disse, com
indignação.
— Não é pra mim, amor. É pra Janice. — Ela esclareceu,
e então se voltou pra nós. — É minha irmã, sabe, acabou de
se divorciar, está precisando de um pouco de diversão.
Eu sorri amigavelmente.
— Infelizmente, não tenho primos. E acho que nenhum
grau de parentesco com alguém trouxa. — eu comentei, e
então olhei pra Harry igual a um bobo apaixonado. — Bom,
agora tenho um marido metade trouxa.
— Você tem. — ele sorriu pra mim, docemente.
— Mamãe mandou uma coisa pra vocês, deixei junto com
os presentes. — o garoto disse incerto. — Quase a convenci
a vir. Mas meu pai…
O rosto de Harry ganhou uma expressão de conflito. Ele
parecia não querer criticar seus horríveis tios na frente de
Duda, e então, só deu de ombros:
— Eu conheço tio Valter e tia Petúnia. — Harry
respondeu, tentando deixar de lado qualquer ressentimento
na voz. Pra qualquer um que não o conhecesse como eu,
ele pareceria ter sido vitorioso nesse propósito. — Fique
tranquilo Duda, não esperei que ela viesse. Ela não gostam
de magia, seria um pouco demais pra ela. Diga que lhe
agradeci pelo presente.
Harry apresentou o primo e a esposa a Kim e Hermione,
que também tendo nascido trouxas, conseguiram deixá-los
mais à vontade na festa. O almoço e a tarde transcorreram
num clima tranquilo e alegre, de confraternização e de
celebração entre amigos.
Eu estavagenuinamente feliz.
CAPÍTULO BÔNUS - CASAMENTO -
PARTE 2

CAPÍTULO BÔNUS — CASAMENTO — PARTE 2


NARRADO POR DRACO MALFOY
— Me surpreendeu que Harry tenha seguido tão
fielmente a tradição. — eu comentei com Blaise, Marcus e
Neville.
Nós quatro ocupávamos juntos uma mesa, conversando
animadamente, quando já no final do dia, o buffet que
tínhamos contratado servia um maravilhoso café da tarde,
que encerrava o evento com chave de ouro.
— A mim não surpreendeu em nada. — Blaise respondeu,
condescendente.
— Não? — eu perguntei, um pouco aturdido. Será que
tinha sido só eu? — Ele não foi criado em nosso mundo,
nem em uma família como a minha…
Enquanto argumentava meu ponto de vista, Harry se
aproximou de nós, passando a mão com leveza sobre meu
ombro e, em seguida, ocupando a cadeira vaga ao meu
lado.
— Do que estão falando? — ele perguntou.
Naquele dia, a cada vez que eu o olhava, ficava
arrebatado com a sua perfeição. As flores azuis tinham sido
bem presas em seu cabelo e roupas, a sra. Weasley fizera
um excelente trabalho, visto que mesmo tendo se passado
horas desde a cerimônia, elas permaneciam no lugar certo.
— Draco estava dizendo como ficou surpreso pelo seu
empenho em seguir as regras da tradição bruxa do
casamento. — Blaise me entregou, sorridente.
— É mesmo? — Harry disse, os olhos verdes vivazes e
desafiadores. — Para um garoto criado em Little Whinging,
eu acho que me sai bem de “noiva” tradicional bruxa.
Ele fez uma cara engraçada ao dizer “noiva”, como se
achasse aquilo divertido.
— Te incomodou? — eu quis saber.
Na minha ânsia de casar-me com ele segundo mandava a
tradição, até aquele dia, eu não tinha considerado
seriamente que Harry teria que assumir um papel
originalmente ocupado por uma mulher, e que isso, talvez,
não fosse o modo como ele esperava ou desejava se casar.
— Sabe, Rony me fez essa mesma pergunta hoje mais
cedo. — ele comentou calmamente, olhando na direção do
amigo, que sentava-se em uma mesa próxima, dividida com
Hermione, Jorge, Kim, e com primo de Harry e sua esposa.
— Acho que ele ficou um pouco desconfortável de rosa e
todo florido.
— Ele reclamou para mim durante dias porque Hermione
não o deixou ser a dama de honra que usava verde. —
Neville contou, rindo da lembrança.
— Confesso que, inicialmente, achei que Kim fosse ficar
com o rosa. — comentou Blaise.
— Kim odeia rosa. — Marcus explicou. — Acha que a cor
não combina com ele.
— Foi o que ele argumentou. — Harry contou, animado.
— Mas, cá entre nós, acho que ele está só aproveitando a
oportunidade de se vestir de noiva.
— De noiva? — Neville perguntou, confuso. — Mas as
noivas usam azul…
— No mundo trouxa, usam branco. — Harry informou,
com seriedade.
— É mesmo? Por quê? — Neville perguntou, interessado.
— Originalmente, significava a pureza, a virgindade da
noiva. — Harry explicava. — Antigamente, era bem comum
que as noivas trouxas se casassem virgens. Hoje isso é mais
raro, mas manteve-se o branco como cor tradicional.
Marcus, Blaise e Neville acharam interessantíssimo,
passando a conversar sobre as diferenças dos costumes
matrimoniais trouxas e bruxos. Aproveitei o momento para
chamar a atenção de Harry pra mim.
— Você está evitando a minha pergunta? — eu perguntei
baixinho para meu marido.
Uma arrepio me atravessou quando pensei em Harry
Potter dessa maneira. O meu marido.
— Não, não incomodou. — ele disse, me olhando com
suavidade, antes de acrescentar com bom humor. — Se o
que você faz comigo na cama não fere a minha
masculinidade, não vai ser um punhado de florezinhas azuis
que vão ferir.
Blaise soltou uma risada alta, sendo acompanhado por
Neville e Marcus. A essa altura, os três já tinham sua
atenção centrada em nós. Até mesmo eu sorri, encarando o
olhar travesso que meu marido me dava. Ah, meu Harry…
Tranquilo, bem humorado… tão bonito e atraente. Eu não
me cansaria nunca dele.
— Eis um homem muito seguro de si. — Marcus
comentou, acenando na direção de Harry com a mão. —
Louvável, Harry. Eu também não daria a mínima para as
florezinhas.
— Você não daria? — Neville ergueu a sobrancelha, com
diversão.
— Tive a mesma criação de Draco, Neville Longbottom.
— Marcus sorriu em desafio. — Um dia, vou me casar com
você, do jeito tradicional. E um de nós terá de ser a noiva.
— Bom, acho que também não dou a mínima para
florezinhas. — Neville sorriu de volta pra ele, parecendo
encantado com o que Marcus tinha dito, sobre querer casar
com ele um dia.
— Vamos precisar de um carregamento imenso de flores
para cobrir um de vocês dois. — Harry riu, referindo-se ao
fato de que ambos eram homens imensos.
— Se for eu, já vou avisando que você, Blaise e John
serão meus damos de honra. — Marcus me informou,
olhando-me de soslaio.
— John vai adorar. Ele vai querer usar verde, é sua cor
favorita. — Blaise falou.
— Pode ficar com o branco, me deixa pálido. — eu
respondi a Blaise. — E eu fico irresistível de rosa.
— Tenho certeza de que fica. — Harry segurou minha
mão, acariciando-a.
Eu me virei pra ele, encantado.
— Eu já te disse o quão bonito você está assim? — eu
falei, como um bobo apaixonado.
— Você não se cansa de dizer. — Harry ruborizou, dando
uma risadinha, deixando sua timidez vir a tona. — Eu sabia
que você ia gostar. Não sei porque ficou tão surpreso de eu
fazer tudo conforme as regras… fiquei muito determinado a
seguir com precisão o que a sra. Weasley me dizia. Eu sabia
que quanto mais tradicional fossemos, mais feliz você
ficaria.
Eu sentia ainda mais amor por ele, meu coração se
aquecendo com aquela fala.
— Foi por isso mesmo que eu disse que não tinha ficado
nenhum pouco chocado. — Blaise falou, sagaz, olhando de
mim pra Harry. — Evidentemente, vocês sempre fazem todo
o possível pra deixar o outro feliz.
Blaise se distraiu daquilo que dizia, no entanto, quando
John se aproximou de nós, parecendo agitado, dando
instruções para um dos garçons.
— Querido… acho que você está assustando a equipe do
buffet. — Blaise comentou com ele, contendo visivelmente a
vontade de rir.
John ignorou o comentário.
— Vocês precisam fazer as fotos. — ele disse pra mim e
para Harry. — Sozinhos, com os padrinhos, as damas de
honra, e o restante dos convidados. Luna Lovegood trouxe
a máquina fotográfica.
Harry tinha insistido que Luna, atual editora do Pasquim,
fizesse uma espécie de cobertura de imprensa exclusiva do
nosso casamento.
— Tem certeza que quer divulgar? — eu perguntei,
preocupado. — Luna disse que nos dará as fotos de
presente, mesmo que a gente não queira que ela faça uma
matéria sobre o casamento no Pasquim.
Sendo ele famoso como era, sempre havia especulação
sobre nossa vida privada. Eu sabia como Harry era
discreto, e, desde que tínhamos começado a namorar, ele
não tinha feito mais do que alguns poucos comentários
quando éramos abordados em algum evento público por
jornalistas. Em respeito a essa decisão dele, e também
porque não desejava ficar aparecendo na mídia às suas
custas, eu tinha mantido a mesma postura.
— Quero que todos saibam que você agora é meu marido.
Que tenho seu sobrenome. — ele falou, me olhando tão
carinhosamente que eu quase derreti ali mesmo. — Que eu
te amo.
— Você está fazendo Draco chorar. — John reclamou,
repreendendo Harry. — Assim não dá, ele vai ficar com a
cara toda inchada nas fotos.
Eu limpei o rosto com as mãos. Aquele casamento estava
fazendo de mim um regador ambulante.
— Vamos, homem, controle-se. — John disse, em tom de
ordem. — E vamos logo todos vocês fazer essa foto.
— Você está tão mandão, hoje. — Blaise disse, erguendo
as sobrancelhas. — Não conhecia esse seu lado.
John pareceu, de repente, desconcertado.
— Senhor, desculpe… — ele olhou para Blaise, os olhos
um pouco arregalados. — Eu não quis que parecesse que
eu estava lhe dando ordens.
Blaise puxou John pela mão para mais perto dele.
— Ei… não precisa ficar tão receoso. Eu não estou te
repreendendo. — ele falou, com carinho.
John ergueu a mão, querendo tocar seu rosto cor de
chocolate, esperando que Blaise assentisse brevemente
com a cabeça, para então acariciar a face de meu amigo.
— Na maior parte do tempo, sou seu submisso, senhor. —
John comentou, os olhos divertidos. — Mas durante essa
tarde, sou o organizador de festas de Draco.
— Você é muito bom nisso. — Blaise elogiou o marido. —
Deveria pensar em fazer isso profissionalmente.
— O senhor aceitaria? — ele perguntou, animado.
— Claro… — Blaise respondeu. — Vai te fazer bem. Você
tem estado muito sozinho em casa, enquanto estou no
trabalho.
— Sinto sua falta durante o dia… — John falou, terno.
— Eu também, meu menino precioso. — ele respondeu, a
mesma ternura nos olhos. — Mas ainda que isso não vá
passar totalmente, será bom se você tiver uma ocupação.
John sorriu para o marido, em resposta, mas logo
lembrou-se do seu propósito ali e nos arrastou para fazer as
benditas fotos.
Um pouco depois, feitas as fotografias, e tendo sido
partido nosso enorme bolo de casamento, saboreado e
elogiado pelos convidados; a maioria das pessoas começou
a retirar-se, até que, finalmente, no cair da tarde, eu e
Harry finalmente nos encontramos sozinhos. Kim,
compreendendo a necessidade de termos um lugar só pra
nós naquela noite, tinha ido dormir no apartamento de
Jorge.
— Você precisa me segurar no colo. — Harry falou, assim
que nos despedimos da equipe do buffet e dos últimos
convidados que se retiraram.
Nós estávamos já próximos da porta principal da Mansão
Malfoy, que dividia o interior da casa com o enorme jardim
onde tinha ocorrido a cerimônia e a festa de casamento.
— Como? — eu perguntei, sem esperar aquele
comentário.
— Você falou para eu pensar nos costumes trouxas que
eu gostaria de seguir. — ele me olhou, brincalhão. — Bom,
esse é um deles. O noivo deve segurar a noiva no colo
quando entram em casa pela primeira vez, como recém
casados. É para dar sorte.
— Se eu soubesse disso, tinha feito uns exercícios para o
bíceps durante a última semana. — eu respondi, com bom
humor, passando os braços ao redor de Harry e erguendo-o
do chão.
— Depois de tudo que eu comi nessa festa, acho mesmo
que você deveria ter investido nos exercícios físicos. —
Harry comentou, rindo.
Eu entrei em casa segurando-o nos braços. Quando ele
desceu do meu colo, ainda sorrindo pra mim, fechei a porta
da Mansão, trancando-a com um feitiço.
E então, voltei meu olhar para o rosto de Harry, cheio de
desejo de arrasta-lo para o quarto de BDSM. Mas a sua
negação, mais cedo, me fez parar.
— E agora? — eu perguntei, aproximando-me dele,
predador. Talvez ainda pudesse convencê-lo. Merlin sabia
que eu não costumava ter dificuldades em convencer Harry
Potter a ser meu submisso. — Não vai mesmo me deixar te
levar pro quarto de BDSM?
— Não. — ele negou, mais uma vez. Parecia muito
determinado. — Tem uma coisa que você não sabe. Há uma
parte da cerimônia do matrimônio tradicional bruxo que
ocorre na consumação do casamento, e que passa, como
um segredo, de mãe para filha.
Eu ergui as sobrancelhas.
— Sério? — eu perguntei. Não é que desconfiasse dele,
mas eu nunca tinha ouvido falar naquilo.
Ele assentiu com a cabeça.
— Sim. Sra. Weasley me garantiu que é muito secreto,
que é uma cerimônia com uma espécie de proteção mágica,
que impede que se conte para outras pessoas o que
acontece nela. — ele me explicou. — Além disso, fazer ou
não essa parte do ritual tradicional é uma escolha da noiva.
Uma espécie de presente que ela pode ou não dar a seu
marido.
— Isso explica porque eu nunca ouvi falar nem na
existência de algo assim. — eu comentei, ponderando. —
Na minha família, e na maior parte das famílias com as
quais eu convivi, não é comum um casamento por amor.
Imagino que a maioria das mulheres tenha optado por não
dar um presente sentimental a um marido ao qual se uniu
por conveniência. Eu não me espantaria se nenhum homem
da linhagem dos Malfoy tivesse vivido essa experiência.
— Você vai viver. — ele me disse, os olhos verdes
brilhando pra mim. — Eu quero te dar isso. Quero te dar
tudo de bom que eu puder, a vida inteira.
Eu olhava completamente enfeitiçado por aquele anjo
azul que era meu noivo. Naquele momento, esqueci o
BDSM, esqueci tudo. Sentia-me pleno da sua afetuosidade,
da sua afabilidade.
— Obrigado, meu amor. — eu agradeci, tenro.
— Vem comigo. — ele pediu, segurando a minha mão.
Ele puxou-me com suavidade, e eu o segui sem nem
pensar. O seguiria para toda a parte, para sempre.
Nós subimos as escadas da mansão, na direção do nosso
quarto.
— Tire a roupa pra mim. — ele pediu, os olhos um pouco
maliciosos diante da reivindicação.
Eu me despi pra ele, sem pressa, deixando meu terno
sobre uma poltrona, até estar completamente nu.
E então, Harry ergueu a mão direita, segurando a
varinha e começou a murmurar um encantamento. Quase
que de imediato, no meio do cômodo, surgiu um grande
recipiente azul, parecendo-se com uma banheira, que se
enchia de uma água perfumada. As flores azuis que
prendiam-se nas roupas e cabelos da Harry foram soltando-
se, levitando como se uma brisa amena as carregasse, indo
pousar sobre a água morna.
Quando ele terminou o feitiço, o encarei, maravilhado.
— Venha, entre. — ele tomou minha mão novamente,
levando-me na direção da água, ajudando-me a entrar.
Era inexplicável a sensação de mergulhar naquele
líquido encantado. Conforme meu corpo afundava, eu me
sentia completamente revitalizado, como se a água repleta
de flores pudesse curar cada uma das dores que um dia
senti, levar embora cada mau pensamento, cada tristeza
que um dia eu tive. Eu nunca, em toda minha vida, me senti
tão bem, tão seguro, tão radiante.
— Aaah… — eu suspirei, completamente fascinado. —
Você não pode entrar comigo? Queria que sentisse isso.
Ele se ajoelhou ao lado do recipiente, aproximando seu
corpo de mim, mas sem entrar na água.
— Não posso. — ele explicou, com pesar. — É só seu. É
um presente.
Eu ergui o braço esquerdo da água, querendo levar
minha mão até seu rosto, acaricia-lo, mas parei no meio do
caminho ao encarar meu antebraço. Era ali que jazia a
horrível marca, que posteriormente tinha sido desfigurada
pela cicatriz que Hermione Granger incutira em minha
pele. Mas agora, não havia mais nada. Tinha desaparecido
por completo, minha pele lisa e alva reluzia, com uma
espécie de luminosidade azulada em seu entorno.
— Merlin! — eu exclamei, chocado, a voz falhando, como
se minha garganta estivesse fechada. — Você sabia? Sabia
que faria isso?
— Fui informado de que a intensidade do sentimento
incutido no feitiço tornava mais concentrada as
propriedades da água. — ele me disse, parecia
impressionado. — Mas não imaginava que o banho seria
capaz de te livrar da marca.
Eu inspirei profundamente e então mergulhei a cabeça,
querendo estar totalmente submerso naquilo, sentindo as
últimas maravilhosas sensações da água, antes que o
recipiente desaparecesse por completo, e eu não estivesse
mais deitado naquela espécie de banheira, e sim nos braços
de Harry, que enrolava-me em um tecido felpudo que eu
reconheci, pelo tato, como sendo uma toalha.
Quando abri os olhos, ele sorria pra mim amorosamente.
— Estou extremamente feliz de ter podido te dar isso.
— Ah, Harry. Nunca vou saber o que fiz pra merecer seu
amor. — eu me declarei. — Mas, por Merlin, nunca me
deixe. Porque acho que não posso mais viver…
Ele me calou, antes que eu concluísse, prendendo seus
lábios nos meus, beijando-me com uma urgência
apaixonada. Eu retribui seu beijo, intensamente,
entendendo que aquela noite seria muito diferente de todas
as relações sexuais que já tínhamos tido.
Comecei a despi-lo com paciência, até deixa-lo nu, como
eu. Quando erguemo-nos no chão, ele logo se deitou na
cama, puxando-me pra cima de si, as mãos acariciando
minhas costas, meus braços, amando-me em toda parte.
Deixei minhas mãos passearem pelo seu corpo,
reverenciando-o do mesmo modo. Eu me sentia tremer, um
pouco amedrontado pela intensidade daquilo.
— Porque está tremendo? — ele perguntou, docemente.
— Eu… eu nunca fiz… nunca fiz assim com ninguém. —
eu expliquei, com um fio de voz, pigarreando para
conseguir fazê-lo entender o que senti. — Mesmo quando
não fui exatamente um dominador… eu assumi o controle…
de certa forma.
O fato era que, em toda a minha vida, as poucas relações
não BDSM que eu tinha tido com Harry ou com qualquer
outro, ainda assim, eu tinha me sentido no controle da
situação. Agora, era completamente diferente.
— Não sinta medo. — ele pediu, me olhando tão cálido
que foi capaz de arrastar o sentimento de insegurança do
meu peito com aquelas palavras. — Não estou te
controlando. Eu só quero que me deixe te amar.
Eu avancei pra ele, beijando seus lábios novamente,
sentindo o gosto açucarado da sua boca. Em um dado
momento, a fricção de nossos corpos tornou-se mais
urgente, e eu sentia sua ereção contra a minha, molhada,
lubrificada, umedecendo o atrito entre nós.
A mão dele desceu pelo meu corpo, encontrado espaço
entre nós dois, tomando meu pênis em um aperto lento e
luxurioso.
— Ah… quero você. — eu disse, incoerentemente.
— Me deixe pronto pra você. — ele pediu, com excitação,
os lábios entreabertos avermelhados dos meus beijos.
Encarei seus olhos febris, que brilhavam pra mim,
aguardando. Desci meus lábios sobre sua pele, beijando-lhe
o peito, a barriga, correndo lentamente os lábios sobre sua
ereção, à medida que erguia suas pernas dobradas. Ele
levantou mais o quadril, abriu-se ainda mais, expondo-se
pra mim.
Continuei a abaixar-me, deixando a língua passear pelo
períneo, até finalmente alcançar sua entrada que se
contraiu ao meu toque, me enlouquecendo. O lambi ali com
calma, ouvindo-o suspirar e gemer baixinho, mexendo-se,
impaciente, querendo ainda mais de mim.
O preparei pra receber-me, introduzindo meus dedos
nele, deixando-o mais aberto e relaxado.
— Por favor, Draco. — ele suplicou. — Preciso de você.
— Eu também preciso de você. — eu me ergui, colocando
meu quadril entre suas pernas, pressionando meu corpo
sobre o dele, sentindo-o excitado.
Nós dois gememos quando eu finalmente me encaixei em
sua entrada, deixando meu pênis penetrar seu orifício
quente e apertado. Ele se contraia em meu entorno,
movimentando o quadril, friccionando-se contra mim.
Perdido nele, comecei a arremeter dentro dele, toma-lo,
possui-lo.
Seus gemidos se intensificaram, ele se abraçou a mim
quando alcancei sua próstata, estocando unicamente ali,
querendo leva-lo ao auge do prazer. Minutos depois
daquela maravilhosa sensação, o senti apertar-me ainda
mais, e vi que ele gozava com o meu estímulo em seu
interior.
Adorava quando aquilo acontecia, tirava completamente
minha sanidade, e quando dei por mim, já gozava dentro
dele.
Nossos corpos relaxaram-se, um contra o outro, e deixei-
me apoiar em seu peito, sentindo sua mão acariciar
levemente meu cabelo.
— Eu também gosto assim. — ele me contou, baixinho,
referindo-se a fazer amor comigo daquele jeito, sem
brincadeiras, objetos ou dominação.
— Eu também, Harry. — eu suspirei. — Eu também.
INDICAÇÕES

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as partes”, publicada no perfil:
AnaVieira212121

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