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TÍTULO ORIGINAL
© 2017 Melissa Bashardoust
Publicado mediante acordo com a Flatiron Books. Todos os direitos reservados.
© 2018 Vergara & Riba Editoras S.A.
Bashardoust, Melissa
Garotas de neve e vidro [livro eletronico] / Melissa Bashardoust; tradução Edmundo Barreiros. --
São Paulo : Plataforma21, 2018.
2 MB; Epub
Título original: Girls made of snow and glass.
ISBN 978-85-92783-65-1987
1. Ficção de fantasia 2. Ficção juvenil I. Título.
18-14143 CDD-028.5
Lynet não ficou deitada na neve por muito tempo – ela não
queria que ninguém passasse e a encontrasse ali,
especialmente Nadia. Ela sabia que a cirurgiã não tinha
nada a ver com seu nascimento – sua criação –, mas tinha
sido ela quem lhe contara, portanto, Lynet a culpava por isso
mesmo assim.
Nesse momento, levantando-se da neve que a criou, Lynet
odiava todo mundo que sabia o que ela era antes que ela
mesma soubesse – seu pai, Gregory, Nadia…
E Mina.
Parte dela ainda queria acreditar que Mina não sabia, mas
a dúvida ia permanecer até que ela perguntasse. Antes que
pudesse recuar, Lynet permitiu que sua indignação a levasse
até os aposentos da rainha. Mas quando chegou lá, a rainha
não estava. O fogo, porém, estava aceso, por isso Lynet
soube que Mina voltaria logo. Ela caminhou pelo quarto,
pensando em todas as vezes que tinha estado ali antes,
noite após noite – todos esses anos, todas as confidências
que tinha compartilhado, todas aquelas oportunidades para
Mina lhe contar os segredos de sua criação.
Ela sempre achou que o quarto de Mina era um dos lugares
mais bonitos em Primavera Branca. Mina colecionava peças
do Sul adquiridas todo dia de mercado. Uma seda laranja-
clara estava pendurada em torno de sua cama, o tecido
diáfano cintilando como líquido. Os vermelhos, laranjas e
amarelos de pêssegos e maçãs iluminavam o aposento
como se fossem feitos de luz. Na mesa de cabeceira havia
um espelho de mão de prata sem nenhum vidro na moldura.
Mina dizia que o guardava, mesmo quebrado, porque ele
pertencera a sua mãe.
Na parede dos fundos, havia um espelho grande com uma
moldura de madeira que refletia toda essa cor e luz para si
mesmo, aumentando o quarto para um mundo próprio.
Lynet parou diante desse espelho, surpresa com o próprio
reflexo. Ela se perguntou qual seria sua aparência se tivesse
nascido de forma natural, uma criança de carne e osso. Será
que teria os traços delicados da mãe? Ou seu exterior se
igualaria ao interior, sua pele por fim repousando
confortavelmente sobre seus ossos, de modo que não
tivesse sempre a sensação de que queria saltar para fora do
próprio corpo? Ela se sentiu aprisionada por esse reflexo – e,
ainda assim, alguma parte teimosa de si queria lutar por ele
e tomá-lo de volta da mãe. Era a vez de Lynet viver agora,
não era? Ela tinha todo o direito de reclamar esse reflexo
como seu. Seria meu se eu estivesse em qualquer lugar,
menos aqui, pensou ela. Se deixasse Primavera Branca,
abandonasse a promessa de uma coroa e de uma vida que
não era sua, então poderia ser quem desejasse…
Uma porta bateu e a assustou, e ela ouviu vozes vindas da
sala íntima de Mina. Uma das vozes era da própria rainha, e
depois de ouvir por um momento, Lynet reconheceu a voz
do pai, também.
– E você nem pensou em me consultar primeiro? – Nicholas
estava perguntando.
– Você nunca se importou antes – respondeu Mina. – Eu sou
livre para fazer o que quiser com o Sul. Esse era nosso
acordo.
– Construir e melhorar estradas e reviver a universidade é
uma coisa, mas isso é um castelo, Mina. Qual o sentido em
empreender um projeto desses?
Houve uma pausa pesada, e Lynet não precisava ver o rosto
da madrasta para saber que estava duro de raiva. Lynet
tinha anos de prática em fingir não perceber as discussões
entre o pai e a madrasta, mas, com o passar dos anos,
sempre que ouvia Mina levantar a voz com raiva ou baixá-la
em desafio, Lynet começava a imaginar que, em vez disso,
era sua própria voz, dizendo ao pai todas as coisas que
desejava poder lhe dizer.
– Não espero que você entenda – disse Mina em voz baixa.
– Mas no Sul, o abandono do castelo de verão sempre
representou que o Norte não ligava para nós. Terminar sua
construção vai ser uma espécie de legado, não apenas para
mim, mas para você também. Vai dar ao Sul algo de que se
orgulhar e vai empregar centenas de pessoas. Sei que o
povo do Sul deseja isso, Nicholas. Eles escrevem para mim o
tempo todo, contando o quanto estão gratos por alguém
finalmente se importar com eles…
– Isso vai levar anos, Mina.
– Eu tenho anos para dar.
Então Nicholas fez silêncio, e Lynet prendeu a respiração,
perguntando-se o que ia dizer e quem venceria essa
batalha.
– Você me prometeu, Nicholas – sussurrou Mina. – Você não
se lembra?
– Claro que sim, mas eu ainda… – Ele fez uma pausa e
disse com voz mais calma: – Vamos discutir isso mais tarde,
talvez depois do aniversário de Lynet.
– A construção já começou. Não vou deixar que você tire
isso de mim, Nicholas.
– Mais tarde, eu disse. Não quero estragar o aniversário de
Lynet com nossa briga.
Lynet ouviu a porta se abrir e fechar outra vez, então ouviu
Mina dar um suspiro.
Em outro momento, Lynet estaria ansiosa para saber mais
sobre o novo projeto da madrasta. Mina sempre falava do
castelo de verão com muito carinho e lhe contava sobre suas
cúpulas douradas e pisos de mármore, o resto abandonado e
inacabado. Ela deixaria claro para Mina que concordava com
a decisão, não importava o que Nicholas dissesse, e isso
seria algo que elas compartilhariam.
Naquele momento, Lynet, que só conseguia pensar no
segredo que Mina tinha guardado dela por todos esses anos,
saiu do canto para se sentar na cama e esperar.
Quando Mina chegou aos aposentos e viu Lynet, seu rosto
se contraiu em um sorriso tenso.
– Você chegou cedo! – ela exclamou. – Espero que não
tenha ficado muito tempo esperando aqui.
Lynet não conseguiu se controlar. Então respirou fundo e
disse:
– Por que você nunca me contou que eu era feita de neve?
Mina ficou boquiaberta com a surpresa antes de se
recuperar e voltar ao sorriso forçado.
– O que você disse?
Seu fingimento era insuportável. Lynet esperava que
qualquer outra pessoa a ignorasse, mas não podia aceitar
isso de Mina.
– Mina, por favor – ela pediu em um sussurro. – Não minta
para mim.
O sorriso desapareceu aos poucos do rosto da madrasta.
Ela apertou os olhos por um momento, em seguida, assentiu
para si mesma e tornou a abri-los. Mina foi até onde Lynet
estava sentada na cama e levantou delicadamente a cabeça
da enteada com as mãos, os dedos envolvendo o queixo
dela.
– Quem lhe contou, então? – ela perguntou com voz triste,
mas resignada.
– Então é verdade – disse ela. Seus últimos resquícios de
esperança morreram enquanto encarava a madrasta com
olhos arregalados e suplicantes. Pelo que estava suplicando,
ela não sabia.
Mina começou a dizer algo, mas então parou, as
mandíbulas tensas. Suas mãos caíram do rosto de Lynet.
– Meu pai falou com você? – Quando Lynet não respondeu,
Mina a segurou bruscamente pelos ombros. – Me diga, foi
ele que fez isso? Não, não, ele está viajando agora, não
podia ter… – Ela soltou Lynet, e seus ombros relaxaram de
alívio quando virou. – Mas, se ele não contou a você, então
quem foi? – Mina murmurou para si mesma.
– A verdadeira pergunta é: Por que você não fez isso? –
disse Lynet. Sua voz estava ficando mais alta. Ela se
levantou da cama, querendo ficar em um nível mais próximo
da madrasta. – Por que você me deixou descobrir sozinha?
Mina ficou em silêncio, e Lynet desejou que ela não
parecesse tão triste – estava ficando mais difícil para ela
continuar com raiva do que irromper em lágrimas como
uma criança. Sem olhar para Lynet, Mina caminhou devagar
até a mesinha de cabeceira e tocou delicadamente o cabo
do espelho de mão quebrado. E, de repente, afastou a mão.
– Houve momentos ao longo dos anos – ela explicou, ainda
olhando para baixo, para o espelho – em que pensei em
contar, mas, conforme você crescia, a verdade parecia mais
um fardo que um dom. Eu esperava que você nunca
descobrisse. – Ela levantou o rosto e olhou para Lynet, com o
fogo refletido em seus olhos castanhos e afetuosos. – Você
não preferiria nunca ter descoberto?
Lynet começou a refletir sobre a resposta, mas então
sacudiu a cabeça, como se estivesse tentando afastar
alguma coisa. Ela não queria ver o ponto de vista de Mina.
Não queria ser convencida. Queria gritar, liberar parte do
pânico que ameaçava tomar conta dela por completo.
– Sei que meu pai nunca me disse, mas você… sempre
confiei que você seria honesta comigo. Você devia ter me
preparado para isso. Devia ter me dito alguma coisa. Se
fosse você, em vez de mim, não ia querer saber?
– Não – disse Mina quase imediatamente, um tom cortante
na voz. Ela estendeu a mão na direção do rosto de Lynet. –
Eu teria achado um ato de crueldade contar a você.
Lynet recuou da mão estendida de Mina, afastando-se até
tropeçar no canto de um tapete. Essa pequena indignidade
foi demais para ela, e qualquer coragem que estivesse
tentando manter diante dessa revelação se estilhaçou num
instante, deixando-a com todo o medo e o sofrimento de
uma criança que descobria a dor pela primeira vez.
– Não faz nenhum sentido! – ela gritou, enquanto irrompia
em lágrimas. Lynet fechou os olhos e envolveu os braços ao
redor do corpo, esperando Mina se aproximar e a abraçar a
qualquer momento. Mas momentos se passaram, e ela ainda
estava sozinha no escuro.
– Não é? – disse Mina, a voz baixa e vacilante. – Não há
nada que você possa fazer em relação a isso, nada que
possa mudar, então qual o sentido de saber a verdade? Por
que eu a contaria a você, se não para machucá-la?
Quando Lynet abriu os olhos de novo, Mina estava agarrada
a uma das colunas da cama como um escudo entre as duas.
Lynet se perguntou se já tinha visto a madrasta com uma
expressão tão aflita. Ela quase se moveu para confortar
Mina, até se lembrar que era ela quem precisava ser
consolada. Era por isso que estava com tanta raiva, com
tanto medo, não porque Mina não tinha lhe contado antes,
mas porque Mina não estava fazendo nada para melhorar
aquilo. Ela achava que Mina lhe diria que estava tudo bem,
mas, em vez disso, a madrasta parecia estar com ainda mais
medo que Lynet.
– Pelo menos, me diga o que mais você sabe – pediu Lynet.
– Me diga… Diga o que eu devo fazer.
A voz dela falhou, e o som pareceu finalmente atingir Mina.
Ela se aprumou, foi até Lynet e a envolveu nos braços.
– É claro, Lynet – disse ela, as mãos acariciando os cachos
da enteada, desemaranhando-os depois de anos de hábito. –
Diga o que quer saber.
Ela a conduziu delicadamente até a cadeira em frente ao
espelho, e Lynet afundou nela agradecida. Ela não queria
mais estar com raiva – estava amedrontada e confusa
demais para encarar a verdade sozinha, e a sensação dos
dedos da madrasta alisando seu cabelo a fez se sentir
segura. Mais que isso, a fez se sentir ela mesma.
– Então, afinal, o que eu sou? – ela perguntou, com a voz
rouca. – Sou apenas uma… boneca?
– Não, você não é apenas uma boneca – Mina respondeu. –
Meu pai a moldou não apenas de neve, mas de sangue.
– Isso é importante?
As mãos de Mina pararam por um instante, mas, em
seguida, continuaram.
– Sim, é importante. Sem seu sangue, você seria artificial,
uma imitação perfeita de ser humano, mas apenas uma
imitação. Você não cresceria nem envelheceria – Você…
você não teria batimentos cardíacos. Sangue cria vida
verdadeira…
Lynet inspirou, trêmula.
– Então eu não… não vou morrer com a mesma idade de
minha mãe?
Mina levantou o rosto, surpresa, e olhou nos olhos de Lynet
pelo espelho.
– É disso que você tem medo? Oh, Lynet, não, sua vida
pertence a você, para vivê-la como decidir.
Lágrimas novas encheram seus olhos, embora Lynet não
soubesse dizer se eram de alívio ou desespero. A menina
cobriu o rosto com as mãos, envergonhada que Mina a visse
assim, mais uma vez, mas quando Mina tentou afastar as
mãos do rosto delicadamente, Lynet permitiu, procurando
obter forças do exemplo da madrasta. Mina estava ajoelhada
ao seu lado, esperando-a falar.
– Desculpe – Lynet conseguiu dizer. – Desculpe por eu estar
assim, mas eu… eu gostaria que não fosse verdade. Eu
gostaria de ter algo que fosse apenas meu. Eu gostaria que
tudo fosse diferente.
Mina pareceu se encolher, mas, em seguida, assentiu.
– Eu entendo. Mas me escute, lobinha. Eu nunca conheci
sua mãe, só conheço você. Você não precisa ser como a sua
mãe, não importa o que as pessoas digam.
– Às vezes acho que vou ser, querendo ou não…
Ela pegou a mão de Lynet com um brilho feroz nos olhos.
– Não vou deixar que isso aconteça. Você não é sua mãe e
tem direito de ter algo que pertença apenas a você.
Nesse momento, Lynet acreditou nela. Acreditou que Mina
pudesse fazer qualquer coisa que estivesse determinada a
fazer, que sua vontade era mais forte que qualquer magia.
Lynet jogou os braços ao redor do pescoço de Mina, que a
abraçou forte.
– Obrigada – disse Lynet.
Mina se afastou primeiro, como sempre fazia.
– Está se sentindo melhor agora? – perguntou ela.
Lynet fez que sim, embora não soubesse ao certo como
estava se sentindo. Aquela sensação incômoda de que
estava aprisionada no corpo de outra pessoa continuava.
Mas, na verdade, ela sempre se sentira assim, mesmo antes
de saber a verdade
Mina mordeu o lábio e, em seguida, disse:
– Quero lhe mostrar algo.
Ela se levantou, foi até a porta e estendeu a mão para
Lynet, esperando que a enteada a seguisse. Lynet a
acompanhou, e as duas deixaram o quarto e caminharam
juntas pelos corredores, atravessando a longa galeria até a
ala oeste do castelo, até chegarem a um corredor estreito
que Lynet não sabia ao certo se já tinha visto antes. Isso,
porém, era impossível; ela conhecia todos os cantos de
Primavera Branca, mesmo se visitasse alguns com menos
frequência.
No fim do corredor havia uma porta simples de madeira.
Mina a empurrou e a abriu, e Lynet entrou atrás dela. Então
ela reconheceu o lugar: era uma capela ou, pelo menos,
costumava ser. A fileira de altares de pedra ainda estava ali,
mas os bancos de madeira para os fiéis tinham sido
removidos ao longo do tempo, à medida que o Norte parou
de acreditar em qualquer deus além de Sybil, e agora o
ambiente parecia cavernoso e vazio. Havia três grandes
janelas com vitrais lado a lado na parede atrás dos altares,
mas, como não batia muito sol, as janelas eram embotadas
e um pouco tristes, todo o padrão de cores aparentava a
mesma tonalidade sombria.
– Sempre achei esta capela reconfortante – Mina
comentou, a voz mal ecoando no salão vazio. Ela caminhou
até a fileira de altares e se sentou diante do central, em um
único movimento gracioso. Sua presença fazia o local
parecer íntimo, em vez de solitário.
Lynet se sentou ao lado de Mina, tomando cuidado para
não fazer nenhum barulho – de algum modo, ela imaginou
que, se fizesse isso, seria desrespeitoso.
– Eu costumava vir aqui quando queria ficar sozinha –
prosseguiu Mina. – Eu sabia que ninguém mais vinha a esta
capela, por isso acreditava que esse era o único canto de
Primavera Branca que me pertencia.
Lynet a observava com reverência, impressionada com o
sorriso sereno de Mina, os olhos castanhos e delicados agora
sem o brilho da chama que sempre ardia em seus
aposentos. Mina quase nunca falava de sua vida antes de se
tornar rainha, como se não tivesse de fato começado a
existir até que passasse a usar uma coroa. Lynet acreditava
nisso – ela não conseguia imaginar a madrasta como outra
coisa além de rainha, embora tivesse uma vaga lembrança
da ocasião em que as duas tinham se conhecido, antes de
Mina e seu pai se casarem. Mesmo em suas memórias, Lynet
sempre via Mina como uma chama, feroz, indomável e régia.
Mas ali, em meio ao silêncio calmo e tranquilo da capela,
ela podia imaginar Mina quando criança – não uma criança,
mas com dezesseis anos, a mesma idade da qual Lynet se
aproximava rapidamente – sentada ali sozinha em um
mundo estranho e frio, com sua chama um tanto reduzida.
Ela pensou no fogo que sempre crepitava no quarto de Mina,
as peles que usava mesmo quando todo o resto de
Primavera Branca tinha se acostumado com o frio. Este
lugar tinha lhe dado uma sensação de conforto, de
pertencimento, e Lynet desejou poder encontrar as palavras
para dizer à madrasta o quanto estava feliz por estar ali com
ela naquele momento.
– Você vai encontrar algo que seja apenas seu – disse Mina,
tomando a mão de Lynet. – E, quando encontrar, não deixe
que ninguém o tire de você.
Lynet pensou na discussão ouvida entre Mina e o pai, a
forma como a madrasta tinha lutado pelo que lhe pertencia.
Será que Lynet algum dia seria capaz de fazer isso? Será
que poderia arder tão forte quanto a madrasta, quando era
feita de neve?
– Obrigada por me contar a verdade – disse Lynet. Ela
esperava que Mina entendesse que estava lhe agradecendo
não apenas por isso, mas, especialmente, por compartilhar
desse lugar, dessa memória, com ela.
Mas Mina franziu de leve o cenho quando olhou para as
mãos unidas. Quando finalmente falou, foi para dizer em
uma voz entrecortada:
– Sim, Lynet, é claro.
Lynet quis perguntar o que ela estava pensando, mas algo
a impediu. E continuou enxergando aquela garota sentada
sozinha na capela; era estranho, até incômodo, pensar que
Lynet na época não fazia parte da vida de Mina. O que quer
que Mina estivesse pensando – quem quer que tivesse sido
no passado – estava a um mundo de distância de Lynet. A
garota apertou mais a mão da madrasta, sem estar pronta
ainda para aceitar que havia tantos segredos escondidos no
centro da chama, brilhante demais para que ela os visse.
8
LYNET
a
1 edição, maio 2018