Você está na página 1de 900

A BESTA

Copyright © 2021 SHADY B

Capa: Rique Morais

Diagramação: Thainá Brandão – Monte Casillas Design Editorial

Revisão: Thays de Souza Affonso

1. Romance de Época

2. Literatura Brasileira

Edição digital. Criado no Brasil.

1ª edição / 2021.
Esta obra segue as Regras ao Novo Acordo Ortográfico

REGISTRADA E PATENTEADA NO REGISTRO DE OBRAS

________________________

Todos os direitos reservados


Está é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos, são
produtos de imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes datas e acontecimentos
reais é mera coincidência.

São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de
quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº 9.610./98 e punido pelo artigo
184 do Código Penal.
Você vai me destruir, eu sei...
É quase como suicídio em câmera lenta...
Posso ver seu lado ruim tomar conta de mim...
Então me diga o que eu preciso fazer...
Para me afastar de você, para não me viciar em você.
Para me impedir de desmoronar quando a dor surgir.
Porque agora é tarde, eu quero você...
Não pelo lado bom, não, eu amo seu jeito ruim, sua vida
assombrada, sua mente perigosa...
Eu tentei sufocar esse amor, matá-lo, afogado, mas foi em
vão...
Com apenas um olhar, eu desmorono e me entrego...
Aqui estou eu, sendo arrastado pelo corredor da penitenciária
por doze policiais, com minhas mãos, assim como minhas pernas,
algemadas. Sorrio, olhando para esses bostas, pensando no quão
patéticos eles são. O medo de mim é tão grande que, para me
levarem até o tribunal foi preciso mais de trinta policiais federais.
— Vamos, Rinna — fala o chefe dos guardas, evitando olhar
em meus olhos, sabendo o quanto odeio que façam isso. Ele se
mantém a um passo atrás, checando se estou bem preso e sem
chances de escapar.
Causar medo nessas pessoas me dá tanto prazer. Eles nem
imaginam o quanto gosto de vê-lo aterrorizados.
Fui levado pelos policiais até o carro blindado da polícia, dois
helicópteros nos seguem para assegurar que não haveria chances de
fuga. No carro, meus pensamentos vão para ela, Katharina, bella
rosa. Meu advogado insiste para que eu faça um acordo para reduzir
a sentença. Eu poderia sair com pouco menos de trinta anos, como
se fosse aceitar fazer acordos com esses figlio di puttana. Perder
trinta anos da minha vida dentro de uma cela está fora de cogitação.
Não quero envolvê-la com a polícia, mas só a mínima chance
de a ver já faz a besta em mim rugir, a falta dela é pior que qualquer
maldita prisão.
"Eu vou esperar você, custe o tempo que custar". Suas
palavras são como uma maldição gravada em minha mente.
— Chegamos Rinna. — Fala o policial, abrindo a porta. Só
agora me dou conta que chegamos ao tribunal.
Uma chuva de flashes começa a pipocar. Levanto meu rosto e
olho para eles como os seres desprezíveis que são.
— A Besta, é verdade que o senhor é assassino em série e
está por trás das mortes das dezesseis mulheres? — Pergunta um
repórter que ignoro, sendo escoltado.
— Senhor Rinna, onde está Katharina Castelaresi, sua
esposa? — pergunta outro, porém me limito a controlar meu ódio por
esses cagna e entro no tribunal onde o maxi julgamento de Palermo
irá acontecer.
Lá dentro, agentes da força nacional estão posicionados,
preparados para uma tentativa minha de fuga. Mal sabem eles que
meu plano é sair pela porta da frente e não como um rato, fugindo.
Sorrio, olhando para o capitão da polícia federal italiana. Ostentando
uma medalha de honra ao mérito no peito por ter capturado a terrível
Besta.
— Seu advogado aguarda na antessala para se prepararem
para o julgamento. — Fala Vitório, o tão famoso capitão.
— Na Cosa Nostra se paga com sangue o peso da traição! —
Falo friamente, jogando sua sentença e ele sabe que quando a
sentença é dada, ela é comprida.
Me levam até a sala, um policial abre a porta para mim e eu
entro, vendo meu advogado e Vicenzo. Katharina não veio e isso me
deixa em alerta de que algo possa ter acontecido com ela e com
nosso filho.
— Onde está Katharina? — Pergunto de uma vez.
— Como você está, irmão? — Ele pergunta, preocupado.
— Onde está Katharina? — Pergunto novamente, ignorando
totalmente sua pergunta e indo direto ao que importa.
— Calma, sente-se, senhor Rinna. — Fala o advogado,
apontando para a cadeira em frente ao dois.
— Não vai demorar muito para me levarem para o julgamento,
então é melhor vocês dois irem direto ao que importa. Você
conseguiu pegar o dinheiro para comprar a porra do júri? —
questiono sobre a missão que dei a Vincenzo, para que pegasse uma
parte do dinheiro que guardo no meu cofre e subornasse o júri,
dessa forma sairei daqui como um homem livre.
— Não, Boss, eu falhei, não cumpri a minha missão. Quando
cheguei ao cofre era tarde demais, não tinha mais um euro se quer.
— Vicenzo fala baixando a cabeça, envergonhado por ter falhado e
pior, ter perdido a fortuna que guardei para esse tipo de situação de
emergência.
— Como seis bilhões de euros desaparecem?! — Falo
enfurecido, sem entender como conseguiram descobrir sobre esse
dinheiro se apenas Katharina e eu sabíamos, só contei a Vicenzo
agora que estou preso.
— Eu sinto muito, irmão, foi Katharina que levou todo o
dinheiro. E não foi só isso, ela fugiu, já mandei procurar em toda a
Itália, mas ela desapareceu com o dinheiro. Meus infiltrados estão na
Rússia para ver se ela vai até o irmão. Mas, por hora, ela não foi
para a Rússia.
Em choque eu paraliso, sem entender direito as palavras que
saem de sua boca. Não é possível, sorrio amargo pensando que não
pode ser possível. Ela não pode ter feito isso, não comigo, me traído
dessa forma, não Katharina. Minha própria esposa, a única mulher
que fui capaz de amar, La mia bella rosa. A dor é intensa, como
nunca imaginei sentir. Todavia, Katharina acaba de provar que ela é
capaz, sim, de me ferir da pior maneira possível.
— Como ela tirou tanto dinheiro sem ser vista, sem ser pega
por nenhum dos nossos?
— Ela usou seu helicóptero, levou tudo, todo o dinheiro, até
mesmo as joias, seus relógios, não sobrou nada. — Diz ele,
revoltado.
Ela me traiu, traiu a minha confiança e fugiu com meu filho na
barriga, levando todo o dinheiro. Ela conseguiu o que queria. No final
a promessa que ela fez lá atrás se cumpriu, ela acaba de arrancar
meu coração do meu peito.
Katharina acabou comigo, conseguiu me destruir, me derrotar,
o dinheiro não é tão importante e sim o fato dela ter mentido para
mim e fugido com meu filho.
— Nós vamos dar um jeito, eu vou te tirar daqui! — Fala
Vicenzo, desesperado.
— Quais são as chances de escapar dessa sentença agora?
— Pergunto ao melhor advogado criminalista de toda a Europa.
— Nenhuma, não vou te dar falsas esperanças, as provas são
concretas, a principal testemunha foi imprescindível e o júri é
composto na maioria por mulheres que provavelmente se
compadecerão das famílias das vítimas.
— Então serei condenado!?
— Provavelmente — fala o advogado, tenso.
— Você ficará no comando da família Vicenzo, um leão caiu,
mas isso não significa que a selva está a salvo. Faça-os entenderem
que a Cosa Nostra comanda a Itália, e jamais seremos subjugados,
quero a morte do traidor. Mostre a ele o que se acontece quando se
quebra a omertà!
Os policiais vêm me buscar e sou encaminhando para a sala
de julgamento. Os familiares das vítimas já estavam todos sentados,
só esperando a minha entrada, e como imaginei, estavam todos
apavorados, com medo da Besta.
Uma cela foi posta no meio do tribunal, onde fui levado, uma
cadeira e quatro paredes gradeadas e é assim que a terrível Besta
será julgada.
— Todos de pé para darmos início ao último dia de julgamento
do senhor Dimitri Salvatore Rinna.
O julgamento começa e o promotor começa a refazer todas
as acusações, porém minha mente está longe, em Katharina.
— Onde você está, bella mia? — Me pergunto em
pensamentos.
— Estamos aqui, senhores, em frente ao maior criminoso de
toda Itália, "A Besta" como é chamado, não só é um assassino cruel
como também um psicopata frio, sem sentimentos e capaz de tudo
para sair daqui. Senhores do júri, "A Besta" como prefiro chamá-lo,
foi responsável pelo homicídio de mais de cento e cinquenta
pessoas, quarenta delas morta por ele mesmo.
— Também foi o mandante direto da morte do juiz Falcone e
do magistrado Paolo Bocelino. Ele orquestrou, em nome da Cosa
Nostra, vários atentados à bomba por toda Itália. Mandou matar
Ignácio Salvo, influente membro da máfia por não ter conseguido
impedir as condenações de vários membros da Cosa Nostra.
— Também não podemos esquecer do massacre na avenida
Lazio em Palermo, onde foram eliminados mais de trinta criminosos
de uma máfia rival, assim como o Michele Calvatário, líder da facção
rival. Não suficiente, ainda mandou matar o general Carlos Alberto
Dalla Chiesa. Nosso general que tinha sido nomeado seis meses
antes como encarregado de acabar com toda a máfia siciliana, a
Cosa Nostra. Sem deixar de contar o fato desse homem aqui ter sido
o assassino de dezesseis jovens. Jovem essas que foram seduzidas
pelo charme da Besta e mortas por ele de maneira cruel,
interrompendo não só dezesseis vidas, mas também seus sonhos
por conta das atrocidades desse homem.
— Quero alertar aos senhores do júri que Dimitri Salvatore
Rinna, El capi del capo não pode ser inocentado hoje. A máfia é um
câncer sugando nosso país, movimentando cerca de cento e
cinquenta bilhões de euros por ano publicação do relatóriodo DIA -
Direção Investigativa Antimáfia, da Itália, precisamos estancar a
sangria e acabar com essa organização. Agora, o poder está nas
mãos dos senhores, a decisão de salvar nossas crianças de
crescerem em uma Itália refém da máfia e de homens como
Salvatore Rinna!
O promotor é bom, sabe bem quais palavras usar a seu favor,
sorrio friamente quando seu discurso acaba. Eles foram espertos em
ter chamado Andreotti para ser o promotor. Não é à toa que ele é
conhecido como o melhor da promotoria.
Meu advogado, em minha defesa, tenta reverter às alegações
e fazer um acordo, mas durante suas alegações, quando chega a
hora do traidor falar, eu sei que será difícil conseguir escapar da
condenação.
— Senhor juiz, eu peço a palavra. — Digo, olhando nos olhos
do juiz e percebo a tensão em sua fronte, como também que suas
mãos tremem sobre sua mesa.
— Com a palavra, o acusado.
— Eu não matei aquelas mulheres, mas eu sou culpado, é
isso que tenho certeza que querem ouvir. — Sorrio olhando para o
júri. Aqui, diante de mim, vejo um bando de hipócritas, eu estou
sendo julgado por um promotor assassino, um juiz viciado e um júri
corrupto. E as testemunhas não passam de traidores.
— Excelência, pela ordem, o acusado está fazendo injúrias a
respeito da minha pessoa. — Fala o promotor enfurecido.
— Podem cortar o microfone do acusado — diz o juiz me
impedindo de contar todos os podres que eles escondem. — Nesse
momento iremos nos reunir para chegar ao veredito. — Fala o juiz e
fico aguardando o resultado das votações.
Eu já sabia que não sairia livre, todavia a minha cabeça
trabalhava em várias hipóteses de matar Vitório, o promotor e o juiz,
até mesmo os vinte e um membros do júri. A Besta dentro de mim
estava enfurecida e transbordando ódio, não só deles, mas de mim
mesmo, por ter sido burro de acreditar em Katharina. Agora ela está
longe daqui com meu filho na barriga e desfrutando do meu dinheiro,
mas isso não ficará assim, sairei daqui ou não me chamo Dimitri
Salvatore Rinna.
— Todos de pé para ouvir a sentença do excelentíssimo
senhor Juiz. — Fala o orador quando todos voltam para a sala.
Me levanto olhando para ele e para todo o júri que parece
com medo de dar a sentença. Eles sabem que mexer com a máfia é
colocar suas cabeças a prêmio.
— Esse júri reconhece Dimitri Salvatore Rinna como culpado
pelos totais de cento e cinquenta assassinatos, como também
atividades criminosas como lavagem de dinheiro, formação de
quadrilha, extorsão, ameaça, sequestro, sequestro agravado de
morte e tortura. A pena fica vinculada a vinte e seis prisões
perpétuas, sem direito de recorrer dessa sentença, valendo partir do
momento dessa condenação. — Fala, batendo o martelo e
declarando a minha sentença.
Meu irmão grita enfurecido com o resultado da sentença e
meu advogado tenta contê-lo, a plateia comemora com o resultado
do julgamento. Eu não digo nada, apenas mantenho meus olhos fixos
em todos os presentes pensando que eles não perdem por esperar,
pois no momento em que estiver fora dessas grades, toda a Itália irá
sangrar.
O medo tem um cheiro distinto, algo que pertence apenas a
ele. Pungente, ácido, e ao mesmo tempo, doce. Fascinante. Ou,
talvez apenas doce e atraente para um doente como eu. De qualquer
maneira, a garota encolhida no canto do quarto tinha medo saindo
dela em ondas.
— Onde ela está? — Pergunto com a voz baixa.
— Eu não sei, eu não sei... eu juro! — Diz ela aterrorizada.
— Ah, querida, você é tão linda, tem certeza que quer me
desafiar? É mais fácil me dizer para onde a minha noiva foi? — Digo
com a voz tranquila, o que a deixa mais aterrorizada — Eu não gosto
de torturar mulheres, isso não me atrai, porém Augustos não se
importa de você ser uma. Ele vai arrancar a informação de você por
bem ou por mal. Seria tão mais fácil me dizer para onde ela foi. Nos
pouparia tempo e seu precioso rostinho ficaria intacto.
Vejo que ela engole em seco, com dificuldades para respirar.
Augustos dá um passo em sua direção e ela se encolhe mais na
parede, em seu rosto posso ver o medo e o pavor. Lágrimas
escorrem pela sua face e suas mãos tremem sem parar.
Faço um sinal para que Augustos se aproxime e ela grita em
pânico.
— Eu vou dizer, eu vou dizer, mas não vai adiantar, já é tarde
demais. Katharina já deve estar longe daqui ela conseguiu fugir de
você, eu posso até morrer, mas ela está livre. — Me desafia.
O irmão de Katharina olha para a tal Ana e grita, irritado.
— Fala logo onde eles estão, já sabemos que ela fugiu com
Ivan, não deixe isso se transformar em um escândalo!
— Eles iam até a fronteira da Finlândia e lá alguém ia ajudar
eles a atravessar, é tudo que sei, ela não me disse mais nada.
— Boa garota, poderia ter evitado todo esse constrangimento
se tivesse contado no começo.
— Vamos Augustos, chame Luca e Fabrícios, quero um
helicóptero, eu mesmo vou buscar a noiva fujona. — Digo, sem
paciência.
Saio daquele quarto com minhas mãos coçando para
machucar uma certa loira. Não tenho tempo para isso, uma porra de
uma princesinha russa.
Antes que eu possa começar a descer as escadas sou
interrompido por Natasha, e me arrependo amargamente de a ter
trazido para ser minha distração durante a viagem.
— É verdade que sua noiva fugiu? — Pergunta ela com um
sorriso contente no rosto.
Pobre Natasha, realmente acredita que um dia ela será minha
esposa.
— Sim, mas isso não é da sua conta! — Digo friamente.
— Como não, Dimitri? Essa é a oportunidade que nós
precisávamos, amor, agora nada pode te obrigar a casar com essa
loira sem sal.
Me viro para ela, olhando diretamente em seus olhos, e posso
sentir ela estremecer e abaixar os olhos amedrontada.
— Acho que não deixei claro seu papel aqui, não é, cadela?
Escuta bem o que eu vou dizer. Você não passa de uma boceta e eu
não te devo satisfações da minha vida, nunca te dei esperanças de
que teria algo a mais do que meu pau entrando em você. É melhor
usar essa boquinha apenas para me satisfazer ou terei que
dispensá-la. — Falo e vejo seu rosto cheio de lágrimas, que ela trata
de limpar rapidamente, sabendo que odeio essas demonstrações de
fraqueza.
— Me perdoe, "senhor", não cometerei o mesmo erro
novamente.
Ignoro seu pedido de desculpas, não tenho tempo para
castigá-la agora.
Desço as escadas com pressa, pois tenho uma reunião ainda
nesta tarde e odeio ter que perder meu tempo, Katharina pagará
caro por sua transgressão.
— O que vai fazer com a minha filha? — Pergunta a mãe de
Katharina.
Seu rosto está coberto de lágrimas, ela sabe que a punição
da sua filha pode ser terrível.
— Não machuque minha filha, por favor. — Súplica a pobre
senhora.
É uma pena que não tenho piedade por ninguém, muito
mesmo na ragazza fujona.
— Cecília, o deixe!! — Grita Andrei, pai de Katharina,
entrando na sala. — Seja lá o que for acontecer com Katharina,
agora a culpa será toda dela, ela sabia as consequências quando
decidiu fugir e humilhar nossa família!
Viro as costas, indo em direção à porta, nem me dignando a
responder aos dois. Se a pequena trapaceira pensa que pode fugir
de mim, está muito enganada. Ela não conheceu a Besta que está
prestes a caçá-la. O helicóptero pousa no jardim da casa dos
Castelaresi trazendo um vento frio. Me irrito, lembrando do porquê
odeio a Rússia, preferia estar em casa, resolvendo os assuntos da
família e não nesse maldito lugar frio, tendo que aturar os
Castelaresi e sua princesinha mimada.
— Eu vou junto com vocês! — Diz Aslan, atrás de mim.
— Senhor, alguma coisa está errada! — diz meu soldado,
correndo em minha direção.
— Acredito que não. — Digo olhando para Aslan, que não
consegue disfarçar que não aceita o fato da sua irmãzinha ser dada
a mim.
— Conseguimos rastrear o carro que eles usaram, estão indo
em direção à Finlândia.
— Todos os carros são equipados com GPS, acho que os
dois esqueceram esse detalhe. — Fala o irmão de Katharina, um
tanto ingênuo. Ou, quem sabe, esteja a protegendo.
Contudo, eu sei que a ragazza é muito esperta, para usar um
carro rastreável.
— Nós vamos para o leste, ela não foi para Finlândia.
Katharina está tentando nos despistar e provavelmente pagou
alguém para ser isca, pois sabia que sua prima seria interrogada.
Vejo o irmão de Katharina ficar calado, provavelmente já entendendo
para onde a irmã deve ter ido.
— Eles estão indo para Novogárdia e de lá, provavelmente
vão em direção à fronteira para a Suécia. — Fala Aslan.
— Avise nossos homens para fechar a fronteira com a Suécia,
ninguém sai.
Entramos no helicóptero e Aslan vem junto. Não falo nada, fico
concentrado em meu celular, resolvendo todos os preparativos para
a minha volta à Itália.
— Não machuque Katharina, ela errou, mas não merece ser
castigada, ela ainda deve ser sua esposa, só está com medo.
— Você será o chefe dos Bratvas logo, mas é um fraco. Se
fosse minha irmã, eu mesmo a castigaria, mas você está aqui
pedindo clemência pela sua! — Digo, com raiva.
— Pode pensar o que quiser, mas não vou deixar machucar
minha irmã. — Aslan diz.
— Sua irmã traiu sua família, desonrou o compromisso com a
Cosa Nostra. A decisão do que fazer com ela é minha, não pense
que sua presença aqui vai protegê-la das consequências de seus
atos.
— Katarina está confusa, aposto que foi enganada por Ivan,
ela não sabe o que descobrimos.
— Isso não importa mais. — Corto a conversa, pois não nos
levará a lugar algum.
O resto do percurso é feito em silêncio. Cada segundo que
sobrevoamos em direção a Novogárdia, minha raiva pela ragazza
aumentava. Uma coisa eu não podia negar, ela tem mais coragem
que metade dos homens do seu pai.
Seis carros com homens meus nos acompanham em terra. De
longe posso ver a Ferrari preta que os dois usam. Estamos fora da
rodovia, em uma estrada com gelo e terra, na saída da cidade.
Logo, eles percebem que estão sendo seguidos e aceleram, em alta
velocidade, tentando escapar. Sorrio, me divertindo, pois, a caça
acaba de ficar mais atrativa.

— Ivan, não adianta mais, eles vão nos pegar, é melhor nos
rendermos!
— Não, Katharina, eu nunca vou desistir, falta pouco para
chegarmos à fronteira, não vê que eles vão me matar?
— Ivan, por favor, ele vai te matar se não parar, é melhor
desistirmos! — Imploro.
— Não, Katharina! Eu não vou te entregar nas mãos da Besta,
jamais!! — Ele fala, enfurecido.
— Eu suplico, eles estão nos perseguindo, é tarde demais. Se
nos rendermos, eles podem nos deixar vivos.
— Para esse carro, Katharina!!! — Ouço a voz de Aslan no
alto falante com a cabeça para fora do helicóptero.
— Nós não podemos parar, você não entende, é tarde
demais, eu já sou um homem morto! — Fala pegando sua arma e
atirando contra os carros que nos perseguem.
— Precisamos atrasá-los — me entrega uma pistola. Tento
atirar nos carros, mas sei que é inútil, já estamos perdidos.
— Não há saída, jamais conseguiremos fugir dele!
O helicóptero ainda sobrevoa nosso carro, outros dois carros
colados no nosso, tentando nos fazer parar, batendo contra a lateral.
— Me escuta, Ivan, é tarde demais, para esse carro!!! —
Falo, desesperada, porém antes que ele possa fazer qualquer coisa,
meus olhos vão à nossa frente, onde o helicóptero pousou e lá está
ele. A Besta, descendo da aeronave junto com meu irmão e mirando
em nossa direção.
Com ódio, tremendo, eu coloco meu rosto e parte do braço
para fora da janela e olho em sua direção, atirando. Erro o tiro ao
sentir o impacto de um carro batendo contra nós, quase derrubando
minha arma no chão. Eu errei, mas ele não, e seu tiro acertou no
ombro de Ivan.
— Você está ferido, ele vai te matar!! — Grito, desesperada,
vendo o sangue escorrendo do ombro de Ivan, que geme de dor.
Ivan dá uma freada brusca e meu corpo é arremessado para
frente. Sinto um corte arder na minha testa e o sangue escorrer pelo
meu rosto. Ivan pega duas pistolas e sai do carro. Eu tento impedi-
lo, mas é tarde demais, ele já está lá fora e leva um tiro na perna.
Corro em sua direção com a minha Glock na mão, a adrenalina
percorre meu corpo, mas o pavor é maior que tudo, e tenho medo
desse ser o nosso fim.
Meus olhos estão presos nele, no monstro que me persegue,
não só na vida real, como até mesmo em meus pesadelos. Se ele
soubesse que prefiro a morte a ser dele, não estaria aqui. Paro ao
lado de Ivan, com a arma apontada para Dimitri. Ivan, mesmo ferido
ainda tenta manter a mira em direção a eles. Está claro para mim
que não há escapatória, estamos em desvantagem. Ivan está ferido
e o olhar assassino da Besta fixo em mim, demonstrando que ele
não terá piedade.
— Katharina, abaixe essa arma e venha comigo. — Fala
Aslan, aflito.
— Eu não vou, não aceitei acordo nenhum, eu não vou me
casar com esse homem.
Minhas palavras tiveram um efeito sombrio na feição da
Besta, que antes me olhava com raiva, agora me assombra com
puro terror. Meus olhos não saíram dos dele um segundo se quer, e
a cada passo que ele dava em minha direção, sentia meu coração
bater mais e mais acelerado.
— Nos deixe ir, por favor! — Eu suplico quando os dois estão
em nossa frente.
— Ragazza burra, pensou que ia conseguir fugir e desfazer o
compromisso? — Dimitri fala friamente, apontando a arma na minha
cara.
— Não machuque a minha irmã — rosna Aslan, mas
rapidamente é contido por homens de Dimitri.
— O que pensou, que ia fugir com seu amante e ter uma vida
tranquila fora da máfia? Subestimei você, bella mia. Você deveria
saber que uma vez na máfia, a única forma de sair dela é morta. —
Ele fala, mantendo a arma apontada para mim e seus homens na
direção de Ivan.
Eu não me amedronto com suas palavras e muito menos
abaixo a minha arma da sua mira.
— Não aponte uma arma para mim se não estiver pronta para
atirar, Principessa. — Fala, com um desafio no olhar.
— Eu não tenho medo de você, se for preciso eu te mato para
ter a minha liberdade!!
— Atire nele, Katharina! Mata esse desgraçado!! — fala Ivan,
do meu lado, me deixando nervosa e minhas mãos tremem.
— Nós dois sabemos o que acontece se você atirar em mim,
meus homens atiram no meio da testa do seu irmão, depois em você
e nesse merda do seu lado. Uma guerra entre os Bratvas e a Cosa
Nostra começa e nós sabemos qual lado da moeda tem mais poder.
Então, seja uma garota sensata e abaixe a sua arma, antes que eu
perca a pouca paciência que tenho.
Olho para Aslan, que está imobilizado por quatro homens. Eu
sei que ele poderia se desvencilhar dos quatro facilmente, mas o
desgraçado não quer. O que me faz pensar que ele está tentando
me proteger, evitando um confronto.
— Não escuta ele Katharina, atira de uma vez nesse
desgraçado, mata ele — fala Ivan.
Olho para ele e em seu olhar vejo algo que não tinha notado
antes, raiva e ódio.
— Eu sinto muito, Ivan. — Falo abaixando a arma, sem saída.
Nesse mesmo segundo, Dimitri é rápido, tirando-a das minhas
mãos com uma agilidade que só vi em meu irmão. Aponta para Ivan,
ouço o estampido do tiro e seu sangue cai sobre mim. Com a minha
arma ele o matou, matou bem na minha frente. O corpo de Ivan cai
no chão, eu olho para seu rosto coberto de sangue, com um tiro na
cabeça.
Dor! É o que eu estou sentindo, física e mental, eu sinto como
se minha alma estivesse desabando em um abismo. O meu amor se
foi, está morto. Seu corpo está caído em uma poça de sangue.
Acabou, ele morreu por minha culpa, minha culpa, se não tivesse
fugido após o meu noivado com o chefe da máfia italiana, talvez Ivan
estivesse vivo.
— Não, não! Não, Ivan, não!! — Grito, em choque, com
tamanho horror.
Desabo sobre o seu corpo com lágrimas transbordando pelo
meu rosto, não me importando com minha demonstração de
fraqueza. A dor é tão grande que gemo ao tocar seu corpo sem vida.
Contudo, maior que a minha dor é meu ódio.
Deixo o corpo do meu namorado e me levanto, resignada.
Olho diretamente para ele, o desgraçado que destruiu a minha vida,
o miserável que odeio com todo meu ser.
— Bom, agora que resolvemos tudo que tínhamos para
resolver, você vem comigo, bambina.
— Eu te odeio, Dimitri Salvatore Rinna. Eu nunca vou te
perdoar pelo que acabou de fazer, pode demorar o tempo que for,
mas eu ainda o destruirei, tirarei tudo de você e não terei piedade ao
ver seu coração arrancado por mim.
— Vai ser engraçado te ver tentar, bella mia, tentar arrancar
um coração que não existe! — ele ri, achando graça da minha
promessa.
— Vem, Katharina, vamos sair daqui. — Fala meu irmão, me
puxando em direção ao helicóptero e eu o acompanho, em estado
catatônico tamanha minha dor.
A minha vida agora se transformará em um inferno, mas uma
coisa eu garanto, já que estarei no inferno, farei de tudo para
queimar a Besta junto comigo.

Nem vi quando chegamos, só percebi quando meu irmão me


ajudou a descer e notei a quantidade de soldados na entrada da
nossa casa. Engoli em seco, imaginando o escândalo que minha fuga
traria para a família. Provavelmente, o acordo será desfeito e eu
serei expulsa da família ou quem sabe dada a algum outro membro
da Bratva que aceite uma mercadoria defeituosa, já que a honra de
uma Castelaresi é tudo. E eu acabei de manchar a minha ao fugir
com um soldado do meu pai.
Ele estava ao meu lado com toda sua pose autoritária. Eu não
olhava para ele, mas podia sentir seus olhos queimando minhas
costas. Dois soldados, que estavam em frente à porta, abrem a
mesma para que possamos entrar na sala. Encontro mamãe
chorando sentada no sofá, meu pai falando no telefone e os dois
irmãos do Dimitri fumando enquanto bebem, provavelmente uísque,
como se nada tivesse acontecendo.
— Filha, meu amor — diz mamãe, se levantando e vindo em
minha direção, mas bastou um gesto do meu pai para ela se sentar
novamente.
Aslan vai até ela, a levando para cima, já prevendo que as
coisas ficaram feias.
Não demora muito para que meu pai esteja na minha frente e
eu sinta o meu rosto ser virado de lado, tamanha a força do tapa que
ele me dá e eu acabar caindo na cadeira.
— Você envergonhou essa família, manchou o nome dos
Castelaresi Eu fiz tudo por você, ingrata, e você me trai dessa forma,
fugindo com um bosta, desfazendo o acordo que fiz com a Cosa
Nostra.
— Eu o amava pai...
Tento dizer, porém antes que meu pai acerte outro tapa em
meu rosto, vejo seu punho no ar sendo segurado por ele, o monstro.
— Não ouse tocar no que me pertence, Andrei. Katharina é
minha e se tem alguém que pode discipliná-la, esse alguém sou eu.
— Você ainda vai manter o acordo? — Pergunta meu pai,
descrente.
E só então olho para a Besta, sem entender, pois, jurava que
ele aproveitaria meu erro para quebrar o acordo.
— O casamento acontecerá amanhã, para evitar boatos
sobre a honra da minha noiva. O quanto antes acabar com isso,
melhor. A levarei para a Itália o mais rápido possível e conto com
você para abafar qualquer boato sobre o que aconteceu aqui hoje.
Engulo a minha raiva, pois minha vontade era gritar que
preferia estar morta a casar com ele, mas isso não me levaria a
nada.
— Suba para seu quarto, Katharina, teve sorte do seu noivo
ser benevolente. — Fala meu pai, me olhando com desgosto.
Subo as escadas, mas não sem antes perceber que um dos
irmãos de Dimitri me olha com se eu fosse um inseto desprezível,
enquanto o outro mantinha um sorriso divertido no rosto. Todavia,
meus olhos voltaram para ele, que não olhava para mim e se
mantinha concentrado em algo que meu pai falava.
Amanhã, meu destino será selado. Me casarei com um
monstro, um homem desprezível, cruel. Me mudarei para a Itália,
onde não terei a proteção da minha família e estarei sozinha no covil
do inimigo, mas uma coisa é certa, farei com que ele se arrependa
amargamente por se casar comigo.
Eu subo as escadas sentindo meu rosto arder pelo tapa que
meu pai me deu, mas a dor em meu rosto não é nada comparada a
dor em meu coração. Ivan está morto e a única culpada sou eu. De
certa forma, Dimitri está certo, eu fui ingênua pensando que poderia
escapar da família, eu sou filha do chefe da máfia russa e meu
casamento obviamente seria moeda de troca em seus negócios. É
óbvio que não ia conseguir viver uma vida feliz após ter fugido da
Besta. Antes que eu possa entrar no meu quarto, sou parada por
ela, Natasha, ou melhor, a puta do meu noivo.
— Pensei que tinha fugido e deixaria Dimitri em paz! — Fala,
olhando para mim de cima a baixo, com uma expressão de
superioridade.
Sorrio friamente, dando dois passos em direção à puta.
— Tudo o que eu queria era estar bem longe daqui, mas o
que eu e você queríamos não vai acontecer.
— Não pense você, que porque ele não deixou seu pai te
bater, Dimitri será seu, ele é meu. Eu o amo e não vai ser uma
bastarda russa que entrará no meu caminho!
Sorrio, divertida com o que ela fala.
— Por mim сука, ele é todo seu. Só não queira entrar no meu
caminho, porque você não sabe o que essa bastarda russa é capaz!
— Do que me chamou?! — Ela ainda tenta falar, mas eu
ignoro a puta italiana e entro no quarto, encontrando mamãe sentada
em minha cama, limpando o rosto. Me jogo em seus braços,
desabando, desolada.
— Acabou a minha vida mãe, ele está morto e agora eu vou
ter que me casar com aquele monstro.
— Oh, minha princesa, não chora. Não era para ser, você
merece mais do que viver uma vida fugindo como uma criminosa, o
que você fez foi errado. Poderia ser muito pior, eu não sei o que
seria de mim, se ele tivesse te matado. Katharina.
— Eu não me importo com aquele desgraçado, eu o odeio
com todas as minhas forças!
— Não diga isso, Katharina Peshkov Castelaresi. Ele será seu
marido, você não vê? Ele está te protegendo, filha. Talvez ele não
seja tão horrível como dizem — fala ela, tentando me consolar.
— Tem razão mãe, você deve estar certa. Preciso esquecer
Ivan, afinal amanhã é meu casamento. — Digo, mesmo que as
palavras rasguem minha garganta, mas falo o que ela precisa ouvir
para se acalmar, mesmo sabendo que a partir de agora minha vida
será um inferno.
— Eu vou rezar todos os dias para que você consiga
conquistá-lo. Você é forte, não é à toa que você leva o nome da
rainha Katharina, a grande a rainha da Rússia. Você é forte,
princesa, você é capaz!
— Você tem razão mãe, eu sou forte, não vou me intimidar,
mesmo que jamais seja feliz.
— A felicidade não nos é dada, Katharina, ela nunca vem de
maneira fácil. Ela precisa ser conquistada, só assim você conhecerá
o que é a verdadeira felicidade.
— É melhor a senhora ir para o seu quarto, daqui a pouco
meu pai vai aparecer, para falar com a senhora. E eu preciso de um
banho e descansar um pouco, afinal amanhã é meu casamento —
digo, tentando sorrir, mas meu sorriso sai mais como uma carranca.
Mamãe beija minha testa e me deixa sozinha. Entro no
banheiro e me livro das roupas sujas de sangue. No momento em
que meus pés tocam o piso de mármore do box do banheiro, eu sinto
todo o meu corpo relaxar. A frieza do piso me faz despertar para a
realidade do que tá acontecendo.
Ligo o chuveiro e desabado debaixo da água quente. Deixo
todo o pranto que estava guardando sair. Me sento no chão e soluço,
pensando em todos os momentos que passei ao lado de Ivan. Todas
as vezes que fugi para encontrá-lo, todas as vezes que queria gritar
e dizer que o amava, mas não podia, pois ele era apenas um
soldado.
Eu sabia que era errado e se o meu pai descobrisse, ele
nunca me perdoaria.
Enterrei a dor dentro de mim e deixei o ódio tomar conta do
meu ser. Eu faria a Besta pagar, custe o que custar, ele pagaria por
ter tirado a vida de Ivan.
Desligo o chuveiro e saio do box, vestindo um roupão. Olho no
espelho, tudo que vejo é uma mulher destruída e me odeio por isso.
— Eu não sou fraca. Não sou fraca, não. Eu sou Katharina
Peshkov Castelaresi!

— Espero que o que aconteceu hoje não se repita,


Castelaresi.
— Peço desculpa Rinna, perdoe meu acesso de raiva. Juro
que minha filha não é assim. Provavelmente o desgraçado do Ivan a
seduziu e a manipulou para que fugisse com ele.
— Isso não importa mais, ele está morto. Eu preciso que
apresse os preparativos para que o casamento ocorra amanhã. —
Falo, já sem paciência com esses malditos russos.
— Irei providenciar tudo, tenho certeza que o quanto antes
Katharina estiver casada, mais rápido ela irá se conformar.
O pai de Katharina me deixa sozinho, indo em direção ao seu
escritório falar com o filho. Vou até a biblioteca, onde sei que meus
irmãos me aguardavam. Os encontros fumando charuto, impacientes.
— Achei que estaríamos fora desse lugar depois do que a
maledeta fez. — Fala Vicenzo.
— Pois está enganado, os planos continuam, só a cerimônia
que será antecipada.
— Mas ela envergonhou a Cosa Nostra, não pode se casar
com uma perdida que fugiu com o amante. — Ele cospe, irritado.
— Eu gosto dela, ao menos ela tem personalidade. Não é
todo dia que alguém enfrenta o todo poderoso Salvatore Rinna —
fala Lorenzo, se divertindo com a situação.
— Não pretendo esquecer o que ela fez, e na hora certa irei
castigá-la pela sua afronta, porém cancelar este acordo é como
presentear a bambina depois do que ela fez.
— Odeio saber que uma Castelaresi fará parte da nossa
família. — Responde Vicenzo, apagando o charuto.
— O que aconteceu para estar todo sujo de sangue? —
Pergunta Lorenzo e só então noto que a gotas do sangue do
maledeto na minha camisa.
— Ela tentou lutar contra mim e isso faz com que quebrá-la,
destruí-la, seja um desafio para mim. — Digo, com um sorriso
sádico.
— Sério mesmo ela atirou em você?! — Fala Lorenzo,
sentado na poltrona de couro, se chocando com a audácia da russa.
— Eu sei que poderia matá-la, sem dúvida nenhuma estaria
no meu direito. Mas a Besta dentro de mim não quer isso, quero
castigá-la, feri-la, quero vê-la pagando caro por ter me humilhado.
— Não podemos confiar nela quando chegarmos a Sicília.
Muito menos no que diz respeito ao negócio da família. — Diz
Lorenzo.
— Está na cara que é uma princesinha mimada, se não, não
teria se envolvido com um traditore!
— Eu já consigo imaginar minhas mãos rastejando por sua
pele macia, até sua garganta, e então meus dedos enrolando em
torno dela. Eu sou um caçador, ela, a minha presa.
— Ela realmente teve esperança de que conseguiria escapar
de você, irmão? — Pergunta Lorenzo, rindo.
— Esperança deixa as pessoas tolas. Ela foi tola em tentar
escapar. Vicenzo, preciso que prepare tudo para nosso retorno após
o casamento. E, se encontrarem Natasha, mande-a para o meu
quarto. — Falo, me despedindo dos dois e indo até o meu quarto
para tirar esse cheiro imundo do meu corpo.

Ao entrar no quarto reservado para mim no palácio, vejo


Natasha de joelhos, de frente para a porta, nua e pronta para ser
castigada por sua afronta. Mas, estranhamente, não sinto aquela
excitação que geralmente vivencio ao vê-la nessa posição. Nesse
momento, tudo que desejo é castigar a loira que em breve será
minha esposa.
Passo por Natasha, indo direto para o banheiro, onde tomo
um banho relaxante e tiro o cheiro de sangue do meu corpo.

Saio do banheiro e a encontro na mesma posição, seus


joelhos estão vermelhos, o cabelo preso em um rabo de cavalo e
seus seios duro de excitação. Tenho certeza que sua boceta deve
estar encharcada. Coloco o cinto que trouxe do banheiro sobre a
cama e ela continua com o olhar baixo, de maneira submissa. Esta é
uma das coisas que gostava em Natasha, ela sabia se comportar
como uma perfeita submissa.
Caminho em sua direção e vejo sua respiração ficar agitada.
Viro seu corpo com violência e posso vê-la perder o fôlego. Ela sabia
que seria castigada e sua sorte é que estávamos na Rússia e não
tinha acesso a todos os meus brinquedos. Mas, pensando bem, não
precisava de muita coisa para submeter Natasha aos castigos.
— A primeira coisa que você vai aprender hoje é a não me
questionar nunca mais, e o seu lugar em minha vida.
Com um puxão, a arrasto pelo rabo de cavalo, até que ela
fique de joelhos, aos meus pés, enquanto eu me sento na cama,
usando apenas um roupão de banho. Minha vontade é descontar nela
toda a fúria que a loira me causou. Mas, meu lado racional diz que
não poderei fazer o que eu que quero, não aqui, debaixo do teto dos
Castelaresi.
Pego o cinto da calça social, que trouxe comigo do banheiro e
uso como coleira em seu pescoço, controlando seu ar. Abro o
roupão, expondo meu pau duro.
— Chupa sem usar as mãos e não ouse gozar, você está
proibida de ter prazer.
Aperto o cinto em seu pescoço e então ela desliza os lábios
pelo meu pau. Natasha engole meu cacete com gosto e usa os
lábios, apertando forte na base, enquanto a língua desliza pelo
cumprimento, o levando profundamente em sua garganta. Ela se
esforça bastante para me fazer gozar, mas ela não me controla.
— De pé! — Ordeno, como seu mestre.
Olho em seus olhos lacrimejantes e para seu pescoço,
marcado pelo aperto do cinto e uma satisfação toma conta do meu
ser, em breve, será Katharina a ser marcada por mim.
Só de pensar na sua pele pálida. Porra.
— Você é minha puta, Natasha, uma puta que não consegue
se comportar, não serve para mim.
— Desculpe, senhor — diz com a voz baixa, se segurando
para não chorar.
— Você será castigada pela audácia de mais cedo. Nunca
mais questione minhas decisões. A partir do momento que eu achar
que não serve mais para me satisfazer, irei descartar você. Porque é
para isso que as putas servem.
Deito ela sobre a cama, de quatro para mim, a posição que
mais gosto.
— Se mantenha firme e não se mexa, vou aplicar seu castigo.
— Falo, ficando de pé.
Em seguida só posso ouvir o som do meu cinto de couro
cortando o ar e Natasha tremendo ao sentir o primeiro impacto cruel
contra sua bunda. Eu não paro por aí, não ela merece ser castigada.
Ela merece pagar por ter me questionado sobre o casamento e ter
sugerido que deveria tê-la como esposa. A cada golpe, sinto o
êxtase em meu corpo. É lindo ver sua pele ganhando cor e o som
dos seus gemidos de dor. Foram mais de vinte golpes, havia
pequenos cortes sobre suas nádegas e o vermelho já tomava conta
de toda sua pele bronzeada. Ela se mantém firme, mesmo com as
pernas bambas pela dor. Quando me dou por satisfeito, tiro o
roupão, subo sobre a cama mantendo-a de quatro, cuspo no seu
rabo, preparando-o para o meu cacete, que estava duro feito ferro.
O corpo dela está tenso de novo e quando meu dedo toca o seu
cuzinho, ela se contrai, me irritando, recebendo um tapa como
punição.
— Vou foder seu rabo, duro e fortemente até gozar e você
não ouse me desobedecer e gozar. Está ouvindo?!
— Sim, mestre. — Fala, com a voz trêmula.
— Mantenha o rabo para o alto. — Digo, firme.
Começo a penetrá-la, a cabeça larga passa e ela trava os
dentes para não gritar pelo tamanho do meu pau, mesmo
acostumada, não é fácil para ela levá-lo.
Meto de uma vez e Natasha não aguenta e solta um gemido
alto de dor.
— Calada, isso é para o meu prazer e não para você!
Seguro na sua bunda machucada e continuo bombando com
destreza. Fecho os olhos e mordo o ombro dela, tirando meu pau de
dentro. Natasha se vira e ajoelha na minha frente, continuo me
masturbando até gozar no seu rosto.
— Quando chegarmos a Sicília você será devidamente
castigada, até lá espero que esse castigo sirva de lição para que
entenda de uma vez que você jamais será mais do que uma puta
para mim.
— Sim, senhor.
— Tome outro banho e saia do meu quarto. E, como parte do
seu castigo, quero que compre o vestido de noiva, o mais bonito que
encontrar, para minha noiva. Amanhã, Katharina tem que estar
perfeita para mim e isso será responsabilidade sua. — Sorrio,
sarcástico e ela apenas acena a cabeça, concordando.
O dia seguinte amanhece chuvoso e frio, acho que até o céu
está triste pelo que vai acontecer. Ele me tomará como esposa e
minha vida acaba. Eu mal saio do banheiro quando mamãe e minha
prima Ana entram no quarto com uma caixa grande.
— Bom dia, querida. Você acordou tarde, precisa começar a
se arrumar. A cerimônia será às quinze horas, temos muita coisa
para fazer — fala minha mãe como se não estivesse preste a me
casar com um monstro e sim o amor da minha vida.
— Para mim, esse dia não tem nada de bom, mãe.
Olho pelo grande espelho da época czarista da Rússia. Meu
corpo está pálido, meus olhos azuis sem vida e meu rosto vermelho
pela bofetada que recebi daquele que deveria ser meu herói, meu
protetor, meu pai.
— Nada que um pouco de maquiagem não resolva, eu vou
buscar uma bandeja com café da manhã para você, enquanto sua
prima te ajuda. — Diz mamãe, saindo do quarto e nos deixando
sozinhas. Só então posso respirar mais aliviada.
— Eles fizeram alguma coisa com você? — Pergunto,
abraçando minha melhor amiga.
— Não, mas foi por pouco. Eu tive que falar onde estava, os
italianos são animais.
— Não se preocupe, não foi por sua culpa que fui pega, não
sei como eles descobriram que eu não ia para Finlândia e sim para
Suécia. Mas, no fim, eu já deveria saber que não sairia ilesa da
máfia.
— O que aconteceu com Ivan?
— Ele está morto, aquele miserável o matou usando minha
pistola, bem na minha frente — falo com a voz embargada e Ana me
abraça.
— Eu odeio esses italianos, odeio meu tio por ter te
entregado a esse monstro.
— Não se preocupe comigo, eu estarei longe e quero ter a
certeza que ficará bem. Eu preciso falar com meu irmão. Onde está
Aslan?
— Eu não o vi, sua mãe disse que ele e seu pai estão junto
com os irmãos Rinna e que estavam em uma reunião desde a
primeira hora da manhã.
— Tudo bem, se o encontrar peça para ele vir falar comigo.
Quero poder me despedir do meu irmão. É bem provável que ficarei
muito tempo sem voltar à Rússia. Eu preciso que se cuide e pare de
sonhar com Otto. Você viu o que aconteceu com Ivan, não vai querer
que algo assim aconteça com seu professor.
— Você tem razão, eu estou tão triste por você, mas trouxe
algo que vai te ajudar — ela diz e tira do bolso um Iphone. — Lembra
a Felícia, minha amiga do curso de línguas?
— Sim, a italiana do intercâmbio.
— Ela mesma, eu pedi a ela que conseguisse esse celular, ele
está no nome dela e tem um chip italiano. Como ela vai voltar com a
sua família para a Itália ninguém, vai desconfiar. Eu já salvei meu
número e vamos poder nos falar sempre, sem que nenhum desses
italianos de merda saibam.
Sorrio, feliz por ao menos pode manter contato com ela e
assim ter notícia de todos. Corro com o celular para o closet e
guardo dentro do bolso interno de um sobretudo.
— A secretaria do seu noivo me entregou essa caixa, disse
que é seu vestido de noiva. Eu não vi, mas estou curiosa para vê-lo
— diz minha prima, apontando para a caixa preta sobre a cama,
quando voltamos ao quarto.
— Dimitri mandou a amante comprar o vestido de noiva para
mim — sorrio, achando uma piada.
— É sério, a mulher parecia que tinha chupado limão quando
me entregou. Disse que foi seu noivo que a mandou comprar.
Abro a caixa e me surpreendo ao ver um belo vestido branco
com renda no ombro e detalhes bem delicados.
— Uma coisa não podemos negar, ela tem bom gosto. — Fala
minha prima e eu sorrio, tendo ideias.
Experimento o belo vestido, que serviu como uma luva. Me
olho no espelho e decido tirar o vestido, enojada. O coloco de volta
dentro da caixa, em seguida mamãe abre a porta, entrando com
nosso cabeleireiro Nikhu e Anita, a maquiadora que adoro.

As próximas horas passam rapidamente. Eu queria que o


relógio parasse e nunca chegasse o momento mais temido por mim.
Mas, quando dou por mim, já estou pronta, maquiada, com as unhas
feitas e o cabelo em um penteado elaborado. Mamãe fica
emocionada, e insisti para que eu coloque o vestido, mas eu consigo
convencê-la, dizendo que quero fazer surpresa. Aos poucos meu
quarto fica vazio e então eu posso pensar no que farei. Mas, antes
que eu possa me vestir alguém bate na porta, eu volto a vestir o
roupão e abro a mesma, vendo meu irmão Aslan do lado de fora.
— Posso entrar? — Pergunta para mim, mas olhando para um
do guardas do meu pai.
— Entra. — Indico abrindo a porta.
— Você está linda — diz meu irmão gêmeo e meu melhor
amigo.
— Obra da mamãe, você sabe como ela é. — Digo, triste por
me afastar dele.
— Eu não tenho muito tempo, logo vão vir te buscar para a
cerimônia, mas eu preciso falar com você antes que vá embora.
— Eu não quero ir Aslan, tem que haver um jeito de escapar,
esse homem é um monstro. — Falo, chorando.
Aslan levanta meu rosto e limpa as lágrimas.
— Para de chorar. Você lembra quantas vezes insistiu para
que o papai te ensinasse a lutar junto comigo?
— Sim, mas isso não é importante agora.
— Você lembra das surras que ele te deu, toda vez que você
insistia? Lembra que você só parou de insistir quando eu prometi que
tudo que quisesse aprender, te ensinaria.
— Sim, você foi meu herói. Eu te amo muito, Aslan, não quero
me afastar de você, da mamãe, da nossa família. — Digo,
inconformada.
— Escuta, presta atenção no que vou te dizer, Katharina.
Você é minha irmã, você é forte e o sangue Castelaresi corre em
suas veias, nenhum italiano é forte o bastante para derrotá-la. Seja
esperta, irmãzinha. Use todas as cartas que tiver ao seu dispor, você
está indo para o covil da Besta, mas você não é só uma princesa da
máfia russa. Você é Katharina Peshkov Castelaresi e graças a você
Dimitri conseguiu ajuda em Londres quando estava encurralado, se
não fosse por nossa ajuda, talvez ele nem tivesse mais a Cosa
Nostra. Lembre-se disso, irmã, você tem mais poder do que ele
pensa.
— Eu prometo que serei forte — digo, erguendo minha
postura e deixando suas palavras infiltrarem em meu coração.
— Eles vão te testar, vão jogar com você, fingir e tentar te
manipular, mas é você que estará no comando do jogo. Tenho um
homem infiltrado e ele me avisará se algo acontecer.
— Ele não será capaz — falo, firme.
— Não, tenho certeza, você, Katharina dá poder a ele e poder
é tudo que Dimitri mais quer nessa vida. Agora, levante a cabeça e
não deixe mais nenhum maldito italiano fazer você chorar.
Sorrio para meu irmão, decidida, pois se a vida me deu limões
eu farei uma bela limonada. Abraço Aslan me sentindo feliz por ter
ele sempre ao meu lado. E então, nos despedimos. Eu só precisava
me vestir e então estaria pronta para o casamento. Aproveitei o
pouco tempo que tinha. Peguei uma tesoura que deixava no meu
quarto e sorrindo comecei a picotar o belo vestido branco, deixando-
o em retalhos. Tiro o roupão, olho para a delicada lingerie branca
que estou usando e penso que ela não combina nada com esse dia.
Troco rapidamente e pego o único vestido que tenho que ficará
perfeito para essa cerimônia. Me olho no espelho e sorrio pensando
qual será a reação do noivo ao me ver, tomara que ele enfarte e
morra de vez.
Abro a porta do quarto e fico feliz ao notar o olhar de choque
do soldado. Começo a descer a escadas, indo em direção ao salão
imperial, que já está todo decorado para a cerimônia. E, assim que
passo pela porta, vejo o olhar de raiva do meu pai.
— O que diabos você está fazendo?! — ele diz, se segurando
para não me bater. E me entrega o buquê de rosas vermelhas com
brutalidade.
— Vamos, papai, a cerimônia tem que começar. — Digo, com
a minha melhor cara de inocente e vejo-o trincar os dentes e segurar
o meu braço duramente.
— Você está envergonhando a nossa família, agindo como
uma mimada.
Não respondo, me mantenho calada, olhando para vários
rostos em choque por me ver vestida dessa forma. A música começa
a tocar, olho para o meu noivo e não posso negar que ele é belo, tão
belo com o diabo deve ser, olhos escuros, alto, muito musculoso e
de pele clara, vestindo um smoking preto, provavelmente italiano. E
seu olhar de ódio diz que ele não gostou nada do meu vestido preto.
O que ele esperava? Eu estou de luto.
Se Dimitri pensa que vou facilitar para ele, está muito
enganado.
Quando a música termina, estou em sua frente, meu pai
entrega minha mão para ele.
— Cuide da minha filha — diz meu pai fingindo ser um ótimo
pai.
Assim que nossas mãos se tocam sinto um arrepio ruim
percorrer todo meu corpo. Eu estou de pé em sua frente e sinto que
estou entregando minha alma ao diabo e ele me consumirá pelo fogo
do inferno.
Ouço a voz do padre chamando nossa atenção e começando
a cerimônia, só então nossos olhos se desprendem um do outro.

A cerimônia passou sem nem mesmo eu perceber, um laço foi


dado entre nossas mãos, uma tradição italiana. E então, senti meu
corpo estremecer, pensando que logo ele me terá em seus braços.
Após vários ritos, o padre finalmente diz: — Uma vez que é vosso
propósito contrair o santo matrimônio e manifestar o vosso
consentimento na presença de Deus, Dimitri Salvatore Rinna, aceita
Katharina Peshkov Castelaresi como sua legítima esposa? — ele
olha para o padre em nossa frente e diz firme.
— Sim — sorrio e o padre prossegue:
— Katharina Peshkov Castelaresi, você aceita Dimitri
Salvatore Rinna como seu legítimo esposo?
— Sim, eu aceito. — Falo com amargura, selando ali meu
destino.
Trocamos as alianças e então o padre fala.
— Confirme o Senhor o consentimento que manifestastes
perante a sua Igreja e Deus pai todo poderoso. Não separe o
homem o que Deus uniu! — O Padre proclama. — Eu vos declaro
marido e mulher. Pode beijar a noiva — diz o Padre.
Dimitri se aproxima de mim e puxa meu rosto de encontro ao
seu, então tudo acontece como se fosse em câmera lenta. O homem
que mais odeio no mundo agora é meu marido e seus lábios grudam
aos meus em um beijo intenso. Eu luto para não corresponder, mas
ele me morde, me fazendo gemer e sua língua entra em minha boca,
me devorando, sem se importar com o padre nossa frente. Ouvimos
os convidados aplaudindo e só então ele me solta.
— Agora você é mia, bella rosa! — Ele afirma.
— Isso é o que nós vamos ver...
Quando vi Katharina na entrada do salão onde aconteceria a
cerimônia, primeiro não tive reação, em seguida, minha vontade era
de ir até ela, arrancar o maldito vestido negro do seu corpo e surrá-
la. Mas eu não podia fazer isso, não agora. Então, engoli a minha
raiva e me contive. E, quando pôr fim a cerimônia encerrou, eu a
beijei. Ela tentou lutar contra mim, mas foi inútil, eu peguei o queria
pra mim. Ainda teria que aguentar a festa, para só então, dentro do
quarto, ensinar uma lição para a bella rosa.
Segurei sua mão e fomos cumprimentar os convidados. O
primeiro a nos felicitar foram os pais de Katharina, que se afastou de
mim e abraçou a mãe, enquanto eu recebia os comprimentos do seu
pai, de todos era o mais feliz com o enlace.
— Parabém, minha filha, enfim você está casada, mesmo que
meu coração fique partido por estar se mudando para a Itália, estou
tão orgulhosa. — Fala a mãe de Katharina, após se desfazer do
abraço.
— Tenho certeza que meu querido marido não se importará de
recebê-la em nossa casa, na Itália — fala a filha da mãe de maneira
sarcástica.
— Claro, a senhora será bem-vinda em nossa casa. Agora, eu
e minha esposa iremos cumprimentar os outros convidados. — Falo,
arrastando Katharina para o salão.
Quando percebo que não há ninguém por perto, puxo seu
braço para uma porta que imagino ser uma sala de música, empurro-
a para dentro com força e fecho a porta.
— O que pensa que está fazendo vestida dessa forma?! —
digo, a olhando friamente.
— O que acha? Estou de luto! — Ela fala, me enfrentando de
nariz em pé.
Dou três passos em sua direção e já estou com minha mão
direta circulando seu pescoço, enquanto ela está contra o piano.
— Não brinque comigo, Katharina, eu não gosto de jogos e
quando mandar um presente é porque quero você usando-o!
— Você vai encontrar o seu presente no seu quarto, ou o que
sobrou dele. — Ela fala, sem se intimidar com minhas mãos
apertando seu pescoço, deixando-a sem ar.
Quando vejo sua pele branca ficando vermelha e seus olhos
ficando zonzos, eu a solto, vendo-a ter dificuldades para recuperar o
ar.
— Te espero na festa, temos muito para comemorar, querida
esposa. — Falo, virando as costas e saindo.
A festa estava a todo vapor, o lugar todo decorado, realmente
os Castelaresi gostavam de ostentar suas riquezas. Dentre os
convidados havia pessoas influentes no país, entre políticos, artistas
e empresários russos que poderiam vir futuramente a fazer negócios
com a Cosa Nostra. O casamento era o grande acontecimento
desse ano.
— Pensei que tinha pulado a festa para ir logo para parte da
noite de núpcias — diz meu irmão Lorenzo assim que me vê entrando
no salão.
— Infelizmente, há certas coisas que temos que suportar,
como toda essa baboseira de festa de casamento. — Falo,
entediado.
— Você poderia ao menos fingir que está feliz com o
casamento. Tenho certeza que muitos homens dariam tudo para ter
uma noite com Katharina.
— Tenho certeza que sim, mas o único que estará fazendo
isso serei eu — digo, aceitando uma taça de champanhe do garçom.
Muitas pessoas vêm nos cumprimentar; bando de falsos e
puxa sacos, arrogantes, que querem conhecer o milionário Salvatore
Rinna. O italiano que agora também tem muita influência na Rússia.
Forço o meu melhor sorriso para todos. Natasha se mantém
afastada, sentada em uma mesa reservada para meus irmãos.
Vicenzo conversa de maneira animada com uma morena de vestido
rosa. Eu estava entretido em uma conversa sobre exportação com
Mikhail Smirnov, dono da maior frota marítima da Rússia, tudo que
era exportado para fora do país passava por seus navios. E foi
então que ela entrou. Katharina tinha trocado o vestido de baile
negro por outro, curto, que deixava suas pernas à mostra, mas como
a afrontosa que é, esse também era preto.
— Querido, vejo que já conhece o senhor Smirnov — fala ela
com um sorriso falso. Uma coisa eu não posso negar, ela tem fibra.
— Sim, estávamos combinando de ele ir até a Itália, conhecer
as belezas da Sicília.
— Perfeito, leve Charles com você, será ótimo revê-lo.
Mantendo minha mão em sua cintura, vamos até um fotógrafo
tira várias fotos. Há um desfile de mulheres com seus vestidos
extravagantes e suas joias caríssimas. Todos querendo fazer parte
do casamento da minha bela esposa, Katharina Peshkov Castelaresi.

Vejo meu cunhado vindo em nossa direção. Aslan Peshkov


Castelaresi.
Katharina se afasta de mim e abraça o irmão, seu olhar já diz
o quanto ele odeia o fato de sua irmãzinha agora pertencer a mim.
Ele beija o rosto da irmã e me olha firme.
— Você tem um tesouro nas mãos, Rinna, espero que não o
perca! — Ele fala, me afrontando.
— Realmente sou um homem de sorte, não se preocupe, sou
possessivo com o que me pertence. — Falo, olhando para Katharina
que, se pudesse, me matava com seu olhar.
— Tenho um presente de casamento para você, princesa! —
Fala, me ignorando e tirando um envelope do paletó, que entrega
para a irmã.
— Uma semana nas ilhas Maldivas. — Katharina lê em voz
alta e olha para o irmão, confusa.
— Eu sei que sempre quis conhecer, então por que não
aproveitar esse momento para ir relaxar? — Ele diz, sorrindo.
— Agradeço pelo presente Castelaresi, mas eu e minha
esposa teremos que recusar. Tenho muito a resolver na Itália e não
tenho tempo a perder com viagens desnecessárias.
— Mas é a lua de mel da Katharina — fala Aslan, revoltado.
— Claro que é, mas minha esposa vai entender que os
negócios vêm em primeiro lugar.
— Não se preocupe, Aslan, terei outras oportunidades para
desfrutar das ilhas Maldivas em melhor companhia. — Diz,
devolvendo as passagens.
— Vem, está na hora da dança dos noivos. — Falo,
arrastando Katharina.
— Tem certeza que isso é preciso? Você já conseguiu o que
queria; precisa me expor ao ridículo?! — Ela questiona, nervosa.
— Que tipo de casamento seria esse sem a valsa dos noivos?
— sorrio, a levando para o centro do salão.
Faço um gesto com as mãos para os músicos começarem a
tocar “Stay High”. Katharina dá dois passos para trás, ficando em
minha frente, os convidados se afastam e todos se reúnem para ver
a dança dos noivos. A melodia sexy toma conta do salão, me
aproximo dela pegando sua mão, a fazendo girar rapidamente e
parar em meus braços.
— Está pronta para nossa noite, bella rosa?
— Você não imagina o quanto. — Sorri enquanto arrasta a
perna entre as minhas.
Puxo seu corpo, mantendo-o colado ao meu enquanto
sussurro em seu ouvido.
— Você não imagina os planos que tenho para essa boquinha
afiada.
— Eu não tenho medo de você, esposo! — Diz assim que a
levanto no alto e desço arrastando seu corpo ao meu lentamente.
— Bom saber, bella rosa.
Encerro a música com todos os convidados batendo palmas.
(Não entendi essa frase)
— Parabéns aos noivos mais apaixonados da Rússia — fala
Natasha, debochando. E vem até nós, me beija no rosto, bem
próximo da minha boca, me deixando enfurecido.
— Obrigada, querida, tenho certeza que iremos nos dar muito
bem. Sempre fui muito amiga da criadagem aqui na Rússia, e não
será diferente na Itália. — Fala Katharina
— Cunhada, você está maravilhosa — fala Lorenzo,
percebendo o clima tenso.
— Obrigada, você é o Lorenzo certo?! — Katharina pergunta,
já que ele e Vicenzo são idênticos.
— Exatamente, o irmão mais bonito; por isso, mereço a honra
de dançar com a mulher mais bonita de toda Rússia. — Ele fala, me
provocando.
Katharina nem espera eu dizer não, ela sai acompanhando-o.
— Não demore, querida. — Falo firme, olhando para o meu
irmão, que entende o recado. — Faça as malas Natasha e peça para
Chaise te levar ao aeroporto, quero você fora da Rússia hoje.
— Mas Dimitri, eu ia voltar no jatinho com você!
— Falou bem, Natasha, você ia, mas quem dá as ordens aqui
sou eu e seu comportamento está me fazendo questionar se não
está na hora de trocar de cadela.
— Me perdoe, senhor, eu acabei bebendo demais e deixei o
ciúme falar mais alto. —diz, arrependida.
— Volte para a Sicília e resolverei sua falta de disciplina
quando estiver no calabouço. — Falo e noto que ela engole em seco.
Fico irritado por ter que lidar com esse tipo de problema
estúpido.
— Posso pegar minha esposa de volta, irmão? — digo de
forma autoritária e irônica, me aproximando dos dois.
— Claro, mano, só estava contente por saber que a nossa
família está aumentando e quem sabe em breve teremos bambinos
pela casa. — Ele fala e Katharina fica pálida, o que me diverte, afinal
logo estaremos fazendo justamente isso.

Depois da dança com Lorenzo, Dimitri estava se comportando


de maneira estranha, posso dizer até um pouco possessivo; a puta
italiana sumiu, provavelmente devia estar revoltada em algum canto.
Ainda tive que cortar bolo e posar para outras fotos. Eu me sentia a
melhor atriz de Hollywood, merecia um Oscar pela minha bela
atuação nesse ridículo que é esse casamento. Como se todo mundo
aqui não soubesse do que se trata essa cerimônia.
A maioria dos convidados já estava indo embora e eu comecei
a ficar temerosa com o que aconteceria a seguir, só de imaginar
esse monstro me tocando, sentia as náuseas tomando conta do meu
corpo.
Eu já tinha perdido a conta de quantas taças de champanhe
tinha tomado, enquanto fingia ser a filha perfeita para o grande
senhor Castelaresi.
— Acho melhor subirmos, já está tarde — diz o desgraçado,
tirando a taça da minha mão.
— Eu vou na frente — falo, ficando de pé e não esperando ele
responder, Caminho para a saída do salão, indo direto para as
escadarias com o coração acelerado. — O que vou fazer agora? —
Pergunto a mim mesma quando chego à porta do meu quarto.
Assim que entro, me deparo com a cama cheia de rosas
vermelhas, uma bandeja com champanhe e morangos. E não é só
isso, há velas por toda parte. Mamãe só pode estar ficando louca.
Tomo o banho mais rápido da minha vida, a todo o momento com
medo que ele invada o meu quarto e venha exigir seus direitos como
marido.
Entro no closet, colocando a primeira camisola que vejo pela
frente, não tenho muito tempo, logo ele estará aqui, preciso
encontrar uma forma de me defender.
Ando pelo quarto tentando encontrar uma saída, olho pela
janela do meu quarto, cogitando até mesmo pular, mas há
seguranças armados lá fora e não conseguiria fugir uma segunda
vez.
Abro as gavetas da minha penteadeira e me lembro do
presente que ganhei do meu irmão, quando fiz quinze anos. Ainda
está na caixa, nunca a usei por achar linda demais para usar nos
treinos. Um pequeno punhal de prata com pedras de brilhante
formando um desenho de uma rosa. Coloco-a em minhas mãos,
escondendo atrás das minhas costas, tremendo ao ouvir passos
próximos a porta.
— Que Deus me ajude, preciso seguir em frente, não posso
deixar esse monstro me tocar.
Lentamente a porta abre e então posso vê-lo entrar no quarto
com a mesma roupa da cerimônia, a única diferença é que não usa
mais o paletó. Em suas mãos está um dos retalhos do vestido que
ele comprou. Provavelmente deve ter achado em seu quarto, onde
deixei.
— Você destruiu o vestido que comprei para você!
Ele não está perguntando, sua voz é tão fria que sinto até a
temperatura do quarto mudar.
— Não foi você quem comprou e sim sua puta, não pensou
mesmo que eu usaria um vestido comprado pela sua amante! —
Digo, sarcástica.
— Aonde você quer chegar com essa rebeldia, bella mia?
Você não percebe que não adianta lutar, já estamos casados e você
agora me pertence!
— Eu não sou um objeto para pertencer a ninguém, saia do
meu quarto, você tem sua amante, não precisa de mim! — Digo,
nervosa com a sua proximidade.
— Aí que se engana bella mia, você é minha esposa e
preciso de um herdeiro. Você sabe como as coisas funcionam na
máfia, não se finja de inocente. — Fala, colando seu corpo ao meu.
— Eu não vou dormir com você! Eu tenho nojo de você,
Dimitri, te odeio com todas as minhas forças.
— Não me importo com seu ódio, Katharina, tudo que quero
de você é seu nome e um filho, se você me odeia ou não, para mim
não importa. — Diz, apertando meu maxilar, enquanto puxa meu
rosto para o seu, me beijando duramente. Escolho esse momento
para agir, empurro-o com toda a minha força para frente e coloco a
faca contra sua garganta.
— O que pensa que está fazendo?! — Pergunta
tranquilamente, como se eu não tivesse pressionando uma faca
contra sua garganta.
— Eu disse que você não ia me tocar, eu não serei sua
boneca inflável. — Falo com ódio, deixando lágrimas de raiva caírem
pelo meu rosto.
— Você está enganada, bella mia, você já é minha, toda
minha — fala e me surpreende ao girar a perna contra mim e me
derrubar na cama. — Você passou dos limites, Katharina, primeiro
fugiu, envergonhando minha família. Depois, teve a audácia de tentar
atirar em mim, destruiu o vestido que comprei e como se não fosse o
suficiente, ainda tenta cortar minha garganta. Não pensou mesmo
que ia escapar ilesa, você tem sorte de ser a minha esposa, se
fosse outra pessoa, agora estaria morta sobre essa cama,
provavelmente degolada.
— Então me mate de uma vez, é melhor do que ser casada
com um monstro como você.
— Te matar, meu amor?! Não, jamais, preciosa, você vale
muito para mim, Katharina Castelaresi. Você é meu troféu e logo
carregará meu herdeiro em seu ventre.
— Nunca vou abaixar a cabeça para você, muito menos vou
engravidar de um maldito.
— A bella rosa, você não imagina a vontade que tenho de te
surrar nesse momento — fala, passando a mão livre pelo meu colo,
apertando forte meu seio direito a ponto de doer. Mas não me movo,
nem reclamo, mantendo meu olhar de ódio firme para ele.
— Não imagina o que faria com sua pele pálida, bella mia,
com esses lábios carnudos. — Toca meus lábios com seus dedos,
enquanto eu tento me libertar.
— Me solta! — Grito, me debatendo e então ele coloca o
joelho contra a minha coxa e vai subindo minha camisola até chegar
na minha calcinha.
Em pânico eu me vejo sem saída e acerto uma cabeçada
forte nele. Dimitri me solta rosnando de dor, sinto que cortei minha
testa, mas não tenho tempo de pensar nisso, pois, pulo da cama
assustada e tento pegar o punhal. A Besta é mais rápida e, ao
tomar o punhal de mim, ele a coloca no bolso da calça.
— Esse jogo de gato e rato já está me cansando, posso ficar
a noite inteira aqui. Mas você não vai aguentar muito — aponta para
minha testa, que sangra.
— Vá embora, você já conseguiu o que queria, eu já sou sua
esposa, agora me deixe em paz. — Falo, limpando o sangue que se
mistura com minhas lágrimas.
Ele se abaixa, pega o retalho do vestido de noiva do chão e
vem em minha direção. Eu até tento me proteger, mas nada o
impede de vir até mim. Meu corpo choca contra a parede e me sinto
encurralada, como um animal ferido pronto para o abate. Ele levanta
meu rosto para si e usa o retalho para estancar o sangue.
— Não vai precisar de pontos, mas provavelmente sua cabeça
estará explodindo amanhã.
— Não preciso da sua ajuda, saia do meu quarto!
Tento me esquivar do seu toque, mas ele é mais forte e
pressiona os dedos contra meu rosto, mesmo eu me debatendo.
— Fique quieta, nós dois sabendo que você não é tão
delicada como parece.
Com as duas mãos eu empurro seu peito forte, tentando me
afastar.
— O que você pensa que está fazendo? Você ainda não
entendeu que é minha, Katharina! — Diz, colocando seu dedo, sujo
com meu sangue, na boca — Você é tão doce, bella mia, imagino se
sua boceta é tão doce quanto seu sangue. — Fala, me olhando
como uma cobra venenosa, pronta para dar o bote.
— Me deixa sozinha, eu nunca vou ceder a você!
— Não, essa é nossa noite de núpcias e você é minha
querida, será toda minha para usar do jeito que eu quiser. — Fala,
tirando a gravata.
— Tudo bem, me tome à força, na verdade eu não espero
nada menos do que isso, vindo de uma animal como você. Mas saiba
que, quando me tocar, quando me beijar, estarei pensando no Ivan.
— Digo por fim, me conformando com o meu destino.
— Não brinque comigo, Katharina, eu não gosto de jogos! —
Rosna, abrindo os botões da camisa social, deixando o peito forte e
bronzeado a mostra.
— O que foi, pensou que eu era virgem, que estaria aqui de
braços abertos esperando por você?! — Falo de cabeça erguida,
percebendo o choque em sua expressão.
— Você! Não ousou?
Ele não termina a fala, pois suas mãos estão no meu
pescoço, me pressionando contra a parede.
— Isso mesmo. Ivan foi meu primeiro e não imagina o quanto
eu fico feliz por ter sido assim! Você pode me tomar à força, mas
saiba, isso não muda o fato que amo outro.
— É bom saber que não precisarei pegar leve com você, bella
rosa — fala, soltando meu pescoço. Eu me encolho, tremendo em
busca de ar, sentindo uma vontade tremenda de vomitar.
Dimitri se afasta de mim, passa as mãos pelo cabelo,
nervoso. Suas mãos tremem, ele me olha com tanto ódio que sinto
que será o meu fim. Eu mal consigo me mexer, ele vem até mim, me
levanta e me joga novamente contra a cama.
— Como pode deixar aquele maledeto traidor tocar em você,
no que me pertence?! — Diz, fora de si, com os olhos escuros e o
rosto petrificado, se antes ele já era assustador, agora chega a ser
apavorante. Ele rasga minha camisola em duas. Me deixando apenas
de calcinha em sua frente.
— O que você está fazendo, sai de perto de mim, eu te odeio
seu mostro!!
Uso minhas mãos para tampar meus seios.
— Eu não importo que me odeie Katharina, pois saiba que seu
ódio é plenamente correspondido! — Fala e beija meus lábios...
Não, não pode ser. Ela não deixou aquele maledeto traidor
tocá-la. Eu sabia que deveria ter dado uma morte lenta para aquele
miserável. Quem sabe arrancar a pele das suas mãos e depois
queimá-lo, por ter ousado tocar no que é meu! Ela usa as mãos e
tenta tapar os seios fartos, mas não consegue escondê-los do meu
olhar. Katharina é realmente bela, como uma rosa delicada e
perfeita, não que não tenha tido mulheres maravilhosas em minha
cama, contudo há algo diferente em Katharina, algo que me
enfurece, algo que me deixa louco para submetê-la aos meus
desejos obscuros.
— Não importa que me odeie Katharina, pois saiba que seu
ódio é plenamente correspondido! — Falo e a beijo bruscamente,
mordendo seu lábio inferior, sentindo sangue doce escorrer dos seus
lábios.
Ela geme de dor e eu aproveito esse momento para chupar
sua língua. A Besta dentro de mim ruge para que eu a faça
minha, que a submeta, que a faça obedecer e a castigue com meu
chicote de tiras, até que ela aprenda que é minha e de ninguém mais.
Ela solta os seios e tenta me empurrar, mas tudo que
consegue é que eu pressione meu corpo sobre o seu, sentindo seus
seios em meu peito, fazendo com que eu fique ainda mais duro.
Katharina bate em meu peito, tentando se soltar e antes que eu
segure suas mãos ela me morde e eu a solto.
— O que vai fazer, me estuprar?! É só assim que consegue
uma mulher?! Bem que me avisaram que os italianos são animais. —
Fala furiosa, mas posso ver o medo em seu olhar.
Me levanto da cama, rindo da maneira como ela age, em uma
hora é como uma fera indomável, no segundo seguinte ela é apenas
uma raposa amedrontada. Katharina Castelaresi é uma caixinha de
surpresa.
— Você não precisa temer, bella mia, não a tomarei à força,
não preciso disso, muito menos com minha esposa. Você, como uma
Bratva, deveria saber que na Cosa Nostra não toleramos esse tipo
de barbárie. — Dou dois passos em sua direção, Katharina engole
em seco. Pego uma mecha dos seus cabelos loiros, sentindo o
quanto são macios. — Não preciso tomar uma mulher à força, bella
mia, elas vêm de bom grado a minha cama e com você não será
diferente. Ainda a terei nua de joelhos para mim; apenas esperando
para que eu possa castigá-la, submetê-la e subjugá-la aos meus
desejos perversos. Pode apostar, querida esposa, isso não vai
demorar a acontecer.
— Nunca, eu nunca serei sua, odeio você!
— Posso conviver com seu ódio Katharina, será apenas mais
uma pessoa me odiando nessa vida! — Falo, pegando a pequena
faca com a qual, minutos atrás, ela tentou me matar.
— O que vai fazer?! — Diz trêmula, dando um passo atrás.
— Você entregou aquilo que me pertencia a outro, você
humilhou meu nome e desonrou nosso compromisso, isso já seria o
bastante para que tivesse o direito sobre sua vida e a matasse.
Ninguém ousaria me questionar — Aponto a faca em sua direção, a
vendo ficar pálida. — Você não sabe o que despertou em mim. —
Falo friamente, a deixando ciente do que virá a seguir nesse
casamento.
Seguro seu pulso e uso a faca contra a sua pele branca. A
faca fica vermelha e sangue escorre pelo pulso delicado, em seguida
pego o lençol branco da cama e envolvo em seu pulso machucado,
Katharina não diz nada, apenas observa quando pego a tira de tecido
que sobrou do vestido de noiva, tiro o lençol e amarro em seu pulso.
Recolho minha camisa, vestindo-a sem olhar para ela.
— Entenda de uma vez por todas, Katharina, não adianta lutar
contra mim, todas as vezes que tentar me desafiar ou manchar o
meu nome, ou da Cosa Nostra, saiba que retaliarei três vezes mais.
Não se esqueça que acidentes acontecem e você não vai querer que
sua prima querida, ou seu amado irmão, sofram por sua
desobediência.
— Você não seria capaz! — Ela fala, deixando as lágrimas
tomarem conta do seu rosto. — Terá que pagar para ver, bella mia!
— falo, pegando o lençol, levando comigo e deixando ela sozinha no
quarto.
Desço as escadas em direção à sala e assim que entro vejo o
olhar apreensivo de Andrei. Provavelmente com medo que eu diga
que a filha dele abriu as pernas para o traditore e exija que ela pague
por essa desonra.
— Onde está Katharina? — Pergunta Aslan, deixando a
taça de champanhe no aparador.
— Provavelmente descansando depois de eu tê-la fodido! —
digo com o sorriso frio.
Ele não se controla, vem em minha direção para me acertar,
porém Andrei entra na frente.
— Ele é marido dela, Aslan, está no direito de fazer o que
quiser com sua irmã, depois do que ela fez, temos que agradecer ele
ainda a ter aceitado.
— Ela é sua única filha, como pode deixar esse homem falar
assim dela?! — Diz ele, exasperado e não espera resposta, sai da
sala batendo a porta.
Jogo o lençol com sangue de Katharina sobre o sofá.
— Amanhã partimos para a Itália, nosso pacto foi selado hoje,
agora a Cosa Nostra tem o apoio dos Bratvas, como também
poderei usar os navios da sua companhia para transportar nossa
mercadoria.
— Eu cumprirei minha palavra, Rinna.
Eu sempre achei que a morte era melhor que a vida, ao
menos na morte encontraremos nossos entes queridos e eu não
precisaria viver sendo atormentada pelo próprio demônio. Talvez,
Deus se compadecesse da minha alma e eu iria para o purgatório e
estaria livre das garras dessa Besta. Depois que Dimitri saiu do meu
quarto, eu desabei, tentei ser forte e enfrentá-lo, mas não foi como
imaginei, ele usou minha família contra mim. E agora o ódio que eu
tinha dele triplicou.
O álcool já tinha saído do meu corpo, depois das horas que
passei embaixo do chuveiro frio. Enquanto fazia um curativo em meu
pulso, comecei a perceber que fui impulsiva até mesmo ingênua
ontem à noite. Se quisesse sobreviver, teria que aprender não só a
jogar, como também a derrotá-lo. Ele deve ter algo ou alguém que
ama e quando tirasse isso dele, Dimitri saberia o que é o verdadeiro
sofrimento.
Eu mal consegui dormir, com medo que ele entrasse pela
porta do meu quarto e exigisse o que ele acha que é dele. Assisti o
dia amanhecer, o espetáculo tomando conta de toda a Rússia, a
neve continuava a cair, provavelmente essa seria a última vez que
veria o nascer do sol na Rússia. O relógio na cabeceira da minha
cama marcava sete e cinquenta, logo estaria partindo e precisava
me preparar antes que ele mesmo viesse me buscar.
Escolho uma saia branca confortável, um corpete preto e uma
sandália de salto fino. Dou um jeito no meu rosto inchado com
corretivo e não demora muito para baterem na minha porta. Abro e
vejo Ivana, minha segunda mãe, ou melhor, minha antiga babá, minha
e de meu irmão e cuidou da gente desde o nascimento. Tenho um
carinho imenso por ela.
— Já está pronta, princesa?
— Sim, Nana, vou chamar Elfie para terminar as minhas
malas.
— Eu vim me despedir de você, ainda me custa acreditar que
deixará essa casa, minha filha.
— Por que se despedir Nana? Eu avisei que se chegasse a
casar com o maldito você iria comigo para a Itália.
— Eu sei, meu anjo, mas seu marido me encontrou no salão
rosa e disse que não precisaria dos meus serviços na Itália, já tinha
empregados suficientes. Não sei como ele descobriu que eu iria com
você, mas pelo visto, ele não gostou nada.
— Ele não pode fazer isso Nana, ele não pode me tirar você,
já não basta tudo que estou perdendo? — Digo, inconformada com
essa situação, ele só pode estar me castigando, como falou. — Não
se preocupe, Nana, eu vou dar um jeito, prometo — digo, abraçando-
a — Isso não será uma despedida, vou mandar buscar você — beijo
seu rosto.
— Estão todos te esperando para o café, seu marido já
mandou preparar o jatinho; os carros já estão todos prontos para
levar vocês até a pista.
— Tudo bem, eu já estou pronta. — Sorrio, não querendo que
ela perceba o quão triste eu estou. Já basta uma pessoa infeliz
nessa história, não quero que Nana se preocupe, nem ela, nem Aslan
e muito menos mamãe.
Na mesa do café, estavam todos reunidos, com exceção do
meu irmão e não estranhei por ele não estar, provavelmente está
adiando o máximo que pode nossa despedida.
— Filha, estávamos aguardando você para o café. Como
dormiu? — Pergunta mamãe.
— Estou bem mãe, apenas gostaria que meu querido esposo
me explicasse por que Nana não vem comigo para a Itália? —
Questiono, me sentando ao lado do meu querido marido.
— Acho que você já está bem grandinha para precisar da sua
babá, esposa. — Ele fala sério e Vicenzo, seu irmão, mantém o olhar
fixo em mim, como se dissesse com o olhar que não sou nada para
seu irmão.
— Nana é mais do que uma empregada, eu deixei claro que
ela iria comigo!
— Como sou seu marido, você deve respeitar a minha
decisão e nesse momento, eu decidi que ela não vai! — Diz,
elevando a voz. Eu me seguro para não espetar a mão dele com o
garfo. Olho para mesa e todos se mantêm calados, ignorando a
discussão, apenas Lorenzo sorri feliz, enquanto uma empregada
serve o seu café.
— Você está linda está manhã, bella rosa, não vamos brigar
na frente dos seus pais, não é? — fala, pegando minha mão e
levando-a os lábios, fazendo o papel de perfeito ator. Preciso me
segurar para não limpar minha mão, que queima com seu toque.
O café passa de maneira lenta, noto que a puta italiana não
veio tomar café, provavelmente deveria estar dormindo ainda.
Imagino que o meu querido marido deva ter terminado a noite de
ontem na cama dela.
Por fim, era a hora de partir e eu ainda não tinha visto meu
irmão. Mamãe não parava de chorar e dizer que iria me visitar assim
que pudesse, meu pai apenas beijou minha testa e disse que sentia
orgulho de mim. Talvez um dia eu conseguisse perdoá-lo, mas nesse
momento a mágoa é grande demais. Minhas malas já estavam no
carro, os irmãos de Dimitri já tinham partido na frente, mas me
recusei a ir sem me despedir de Aslan. O olhar bravo de Dimitri já
dizia que ele não esperaria muito tempo, todavia, quando vi o
Porsche preto chegando, respirei aliviada, sabendo que ele tinha
voltado para se despedir de mim.
— Me desculpe o atraso! — Fala Aslan, me abraçando.
— Não se preocupe, o importante é que está aqui, tive medo
de que não conseguiria me despedir de você — falo baixo, apenas
para ele ouvir.
— Eu bebi demais ontem, quando acordei, vim correndo com
medo de que já tivesse partido. — Passa a mão direita no meu
cabelo.
— Eu vou sentir sua falta. — Falo, limpando o rosto.
— Eu também, pequena — ele me chama pelo apelido que
me deu ainda criança.
— Promete que isso não será uma despedida, que vou te ver
novamente.
— É claro que sim, nem que eu precise invadir a Itália para
vê-la.
— Eu te amo, irmãozão.
— Eu também te amo, pequena.
Depois de me despedir do meu irmão, Dimitri me levou até o
carro e dali em diante toda a minha vida mudaria. Entrei naquele
jatinho sabendo que precisaria ser forte por mim e por aqueles que
amo.

A viajem da Rússia a Itália foi longa, quase sete horas


aguentando Dimitri sentado ao meu lado. Ele se distraiu com o
computador, mas volta e meia eu sentia seu olhar sobre mim. Algo
me chamou atenção, a tal Natasha não estava no jatinho, e mesmo
curiosa não quis perguntar o porquê. Vicenzo, durante uma parte do
voo, entrou por uma cabine, provavelmente atrás da aeromoça.
Dormi durantes as últimas horas do voo e, no começo da tarde,
estávamos pousando em solo italiano.
— Seja bem vinda à Itália, cunhada — fala Lorenzo, como
sempre de alto astral, quando descemos do jatinho.
O clima estava languido e ensolarado, noto durante o
percurso de carro, as grandes palmeiras exóticas e o perfume
inebriante das laranjeiras e dos famosos limões sicilianos. Um recém
chegado a Sicília poderia dizer que é o lugar mais agradável do
mundo, tirando, claro, o fato de pertencer a Cosa Nostra e do
próprio demônio reinar sobre ela. A ilha mais bela do mediterrâneo, o
berço da maior máfia do mundo. Conforme o carro vai se afastando
da cidade, posso ver a beleza da fortaleza construída em pedra.

A noite já tomava conta do céu, mas ainda assim pude


admirar a bela fortaleza, ou melhor, o castelo de Vênus no topo de
uma montanha com vista para o mediterrâneo. Além de ser bem
distante da cidade, o castelo ainda conta com uma muralha bem
protegida e uma ótima visibilidade.
Quando soube que ficaria noiva da temível Besta da Itália, eu
tive que aprender o máximo que podia sobre ele, mesmo que muitas
das informações que encontrei fossem genéricas, no entanto eu
queria saber onde estava me metendo.
Com o carro já dentro da fortaleza, Dimitri me ajuda descer e
então posso admirar, porque não tem como não admirar a grandeza
rústica desse lugar, um tanto sombrio e ao mesmo tempo fascinante.
— Seja bem vinda a sua nova casa, bella mia. — Fala Dimitri,
olhando para mim enquanto eu não tiro meus olhos da construção
histórica.
— Obrigada — falo, sendo educada e o acompanho para a
entrada onde vejo uma fileira de empregados do lado de fora, assim
como outros homens de Dimitri.
Por ser o “Boss” da Cosa Nostra ele tem que manter a
segurança redobrada, há muitos conflitos na organização, assim
como na Bratva.
— Essa é minha esposa, Katharina Peshkov Castelaresi
Rinna, devem se referir a ela a partir de agora como senhora da
casa — ele fala firmemente aos empregados, que acenam,
provavelmente com medo dele.
Será que ele é carrasco até com os empregados? Me
pergunto internamente.
Lorenzo e Vicenzo entram sem nem ao menos nos esperar,
Dimitri me acompanha até a sala, porém não tenho tempo de reparar
em nada, pois o que me chama atenção é Natasha descendo as
escadas com um sorriso debochado e uma roupa pra lá de vulgar.
— O que ela está fazendo aqui?! — Pergunto a Dimitri.
— Que bom que chegaram, aguardava ansiosa por vocês!
Seja bem vinda, Katharina.
— Me chame de senhora, não sou sua amiga e não te dei
liberdade para me chamar pelo primeiro nome!! — falo curta e
grossa, e noto que Dimitri revira os olhos, entediado.
— Vou levar você para conhecer o quarto, nós conversamos
depois Natasha! — Ele fala para ela e eu me pergunto até onde essa
atrevida pensa que vai!
Subo a escadas com ele atrás de mim e nem me digno a olhar
para a puta que sorria, debochando de mim. Pelo visto terei que dar
a essa galinha uma lição. Pois, se demorar muito é capaz dela
querer sair voando. Eu mal consigo prestar atenção à decoração,
estou com muita raiva, até ele abrir a porta da única suíte do terceiro
andar, pelo menos foi o que reparei.
— Esse é nosso quarto — fala, abrindo a porta para mim.
O quarto é tão sombrio quanto o dono, detalhes em madeira,
uma decoração bem masculina. Um arrepio passa pela minha
espinha ao imaginar que dormiríamos juntos.
— Você dorme aqui? — Pergunto, mesmo já imaginando a
resposta.
— É claro, esse é nosso quarto de agora em diante — fala
abrindo o paletó e jogando o mesmo sobre uma poltrona de couro
marrom.
— Prefiro um quarto só para mim, não importa onde seja, só
não quero ter que dividir a cama com você.
— Isso está fora de cogitação, você dorme comigo, afinal
como acha que meu herdeiro será feito, e o que os empregados irão
falar sabendo que acabamos de nos casar e minha esposa dorme
sozinha?
— Eu não me importo, só quero estar longe de você!
— Sinto em lhe decepcionar, minha cara, mas você ficará aqui
comigo e chega de discutir esse assunto.
— Então, já que não quer falar sobre isso, me responda o que
sua puta está fazendo aqui! — Digo, afrontando-o

Estou cansado da viagem e ainda tenho a preocupação com o


carregamento de armas que foi descoberto e roubado pelo
Calvatário. Na minha mente só vem uma coisa, temos um “x9” na
família, alguém não fez bem o seu trabalho. E ainda tenho que lidar
com uma esposa e a falta de disciplina de Natasha.
— Não vai responder? — Ela questiona quando eu termino de
desfazer o nó da minha gravata, em seguida abrindo a camisa.
— Natasha é minha assistente e como preciso dela o tempo
todo, nada mais justo que ela morar aqui. — Falo, entediado com a
toda essa baboseira de mulheres.
— Você pensa que eu sou burra, Dimitri, pensa que não sei
que ela é sua amante?
— O que foi, bella mia, está com ciúme da minha assistente?
— Não me tire por imbecil, porque eu não sou! Por mim, tanto
faz se tem uma ou até mil amantes, a única coisa que não aceito é
que me desrespeite, você já fez isso quando, dentro da minha casa,
fodeu com essa vagabunda. Não vai fazer o mesmo a mantendo
debaixo do mesmo teto que eu vivo.
— Você está se esquecendo que não é você quem dá as
ordens aqui. A casa é minha e vive aqui quem eu quiser! — Falo,
tirando o cinto da calça e abrindo a mesma.
— Tudo bem, querido, talvez seja até bom deixar a sua puta
aqui, assim eu posso ensinar umas coisinhas a ela. — Ela sorri, mas
seu olhar já diz que não vai facilitar as coisas. Katharina se mostra a
cada segundo mais interessante, talvez não seja de todo ruim ser
casado com ela. Faz tempo que estou precisando de um desafio e
submetê-la será um prazer indescritível.
— Eu não tenho tempo para sua birra, Katharina, só faça o
favor de não tentar abrir a porta ao lado do meu closet. E nem pense
em fugir, pois a única coisa que vai conseguir é me enfurecer. — Tiro
a boxer e sorrio, vendo seu rosto ficar vermelho e ela desviar os
olhos.
— O que tem nessa porta? — Ela pergunta, sem ter
coragem de olhar para o meu pau, que está duro só de imaginá-la
sendo açoitada.
— Nada que precise, saber ao menos por agora! — Falo,
deixando-a estática e entro no banheiro.
Vou direto para o chuveiro e deixo a água quente relaxar meus
músculos tensos e tento não pensar em subjugar Katharina. Fico um
bom tempo no chuveiro pensando em várias coisas para acalmar
meu pau. Uma delas é o prejuízo que tive, preciso urgentemente de
um federal na lista de pagamento, só assim ficarei um passo à frente
deles, caso queiram fazer outra operação contra a Cosa Nostra.

Após terminar meu banho volto para o quarto, encontrando-o


vazio, provavelmente Katharina deve ter descido para conhecer a
fortaleza. Ela não ousaria tentar fugir, ou tentaria! Essa mulher irá me
enlouquecer. Me visto rapidamente, passo meu perfume, em seguida
ajeito meu cabelo, notando alguns fios brancos. Penso que já está na
hora de ter um filho, não falta muito para chegar aos quarentas e
para um italiano, família é dever e honra. Saio do quarto, indo direto
para o meu escritório, a porta está aberta e Vicenzo já me aguarda,
assim como Natasha, que estava concentrada no Ipad.
— Onde está Lorenzo? — Pergunto, estranhando meu
consigliere não estar aqui!
— Ele foi até a sede falar com os responsáveis pelo
carregamento, vai tentar descobrir alguma coisa que nos leve ao
responsável.
— Natasha, ligue para Aleksei e compre um novo
carregamento para essa semana. Só que agora o carregamento não
virá de avião e sim de navio; vou aproveitar o acordo com os
Castelaresi.
— Precisamos descobrir quem foi o traidor que nos entregou
— Vicenzo diz, irritado.
— Marque uma reunião para amanhã com todos os capos da
família, quero o nome do traidor nessa reunião e espero isso
resolvido até amanhã.
— Certo.
— Algo me diz que estamos sendo traídos e essa informação
não escapou por um associado e sim um de um membro. — Falo,
pensativo.
— Temos que ficar em alerta com a eleição de Berlusconi, as
coisas podem começar a ficar complicadas para a família. — Fala
Vicenzo, me lembrando do senador.
— Ainda não acredito que esse carcamano conseguiu
sobreviver e pior, se tornou senador da república com seu discurso
de acabar com a máfia italiana e com a Cosa Nostra — acerto a
mesa, lembrando do maldito sortudo que conseguiu escapar de dois
atentados que preparamos para ele.
— Sei que temos assuntos mais importantes para resolver,
mas ainda temos que decidir o que vamos fazer com o dinheiro do
subsolo. Nós estamos gastando cerca de trinta mil euros só de
elástico para prender o dinheiro. Com o excesso de cédulas estamos
tendo problemas com ratos e mofo no dinheiro, sem contar o gasto
com pesticidas.
— Como vamos resolver isso se não podemos simplesmente
colocar esse dinheiro no banco? — fala Vicenzo, me deixando
pensativo.
— O que iremos fazer então? — Pergunta Natasha.
— Vamos lavar, vamos lavar todo o dinheiro da Cosa Nostra...
Esperei apenas Dimitri entrar no banheiro para sair do quarto,
meu coração ainda estava acelerado. O maldito desgraçado tinha
que tirar a roupa na minha frente, se soubesse o quanto eu o odeio
não faria isso. Mas, uma coisa não posso negar, o maldito é lindo,
merda, lindo não é palavra apropriada. Encosto minha cabeça contra
a parede do corredor e tento recuperar o meu raciocínio.
— O que é que deu em mim?!
Espanto essas tolices e desço as escadas para o segundo
andar, onde provavelmente deve ficar a maioria dos quartos. Imagino
que vou demorar um tempo para conhecer toda a fortaleza. Os
corredores são mal iluminados, mas isso não significa que seja
menos bonito; talvez o aspecto sombrio e medieval se dá ao fato de
pertencer ao próprio diabo. Provavelmente essas paredes devem
esconder muitos segredos.
— Segredos esses que preciso saber — sorrio, abrindo a
primeira porta.
O quarto está vazio, mas aparentemente é apenas um quarto
de hóspede. Abro a porta de frente a esse e sorrio ao notar que
entrei no quarto da сука. Fecho a porta atrás de mim, tomando
cuidado para não ser vista. O quarto é bem luxuoso, a cama king
size ostenta lençóis de seda. Há uma foto dela na parede vestindo
uma lingerie vermelha e não posso negar que Natasha é muito
bonita, pena que o que tem de bonita tem de burra.
Como se sujeitar a ser amante de um homem, é, no mínimo,
falta de amor de próprio.
Na penteadeira, perfumes franceses e algumas maquiagens,
abro a porta do closet e olho as várias roupas de grifes famosas.
Depois de conhecer o terreno inimigo, decido dar minha
exploração por encerrada, pelo menos essa parte dela. Volto para o
terceiro andar e por sorte o quarto estava vazio, provavelmente
Dimitri deva estar em seu escritório com seus irmãos; ou quem sabe
saiu para algum lugar com a sua puta, para fodê-la. A enorme cama
está coberta com lençóis negros, cortinas escuras bloqueiam a vista
da sacada e só agora, sozinha, posso reparar melhor no ambiente.
Um quadro de Van Gogh, sombrio, em tons negros e vermelhos
decora uma das paredes.
Pelo visto, Dimitri é um apreciador nato de arte, já que os
poucos corredores que vi da fortaleza estampam obras de arte
valiosíssimas. Antes que a Besta volte para o quarto, decido ir dar
uma olhadinha na tal porta proibida. Ela fica à esquerda do closet,
uma porta comum, sem nenhum indício de algo especial por trás
dela. Mas, minha intuição me diz que dentro dela eu poderei
encontrar algo para usar contra Dimitri.
A porta estava trancada, bem como imaginei; tentei ouvir
algum som de dentro dela, mas estava tudo silencioso. Rapidamente,
analiso a fechadura e, sorrindo, tiro o brinco da minha orelha,
usando-o como chave para abrir a fechadura. Não é difícil, já fiz isso
tantas vezes que me tornei uma mestra. Assim que ouço o clique da
fechadura, sorrio e giro o trinco, entrando na sala, as luzes
automáticas se acendem e perco totalmente o fôlego com o que eu
vejo. Um quarto, não, um calabouço, pois é o que isso mais parece.
há tantos objetos que não sei bem por onde olhar. Ao que tudo
indica, meu querido marido gosta de jogos. Sinto o cheiro de couro,
há uma cruz de Santo André na parede, ao lado de um tipo de
cadeira de madeira estilo medieval. Ganchos na parede com
correntes e no canto direito vejo uma gaiola.
— Provavelmente para prender mulheres ali. — Penso,
engolindo em seco.
Vejo um cavalete que não consigo imaginar para que sirva,
são tantos objetos estranhos que não faço ideia para que sirvam,
não que eu, com quase vinte e sete anos, não tenha assistido, ou
melhor, lido, Cinquenta tons de Cinza, não sou nenhuma mocinha
ingênua, mas a ficção é uma coisa e ver essas coisas ao vivo e a
cores é muito mais assustador. Há tantos chicotes que me pergunto
se ele usa todos, também muitos consolos, vibradores e brinquedos,
cremes, óleos e objetos que não faço ideia qual suas funções.
Em uma prateleira de vidro negro noto alguns objetos variados
e uma algema de metal, que me chama atenção, abro a porta e toco
nela curiosa. No teto, uma grade suspensa me surpreende e na
minha mente imagens de mulheres sendo torturadas ganham vida.
— Será que ela traz mulheres aqui para torturar?!
No centro do calabouço, uma cama antiga de ferro
envelhecido, com dossel e lençóis brancos, que se destacam em
meio a todo o negro. Encontro também uma poltrona chamativa no
canto direito, um pouco elevada, é preciso subir os dois degraus
para alcançar o piso onde ela se encontra. Além de um mostro
sanguinário, ele é um dominador. Ou, quem sabe ele goste de ser
dominado. Não, balando a cabeça negando, um homem como Dimitri
ser submisso, isso chega a ser uma ofensa.
Segurando a algema eu saio do quarto antes que ele
descubra que eu estive aqui. Minha cabeça fica dando voltas,
tentando entender o que se passa na mente desse homem, mas
nada faz sentido.
— Será que a tal Natasha também participa desse tipo de
coisa? Não é possível, que tipo de mulher vai se sentir bem sendo
chicoteada, sentindo dor, sendo espancada e pior, gostar. — Meu
lado feminista grita socorro só de imaginar a cena.
Decido tomar um banho rápido, antes de descer para a sala
de jantar.

Termino meu banho e quando acabo de me maquiar, alguém


bate na porta do quarto. Caminho até ela, abrindo e vendo um
senhor que aparenta ter uns cinquenta anos, bem vestido, como
mordomo e segurando uma bandeja.
— Desculpe incomodar, eu sou Luigi; vim trazer um lanche
para a senhora e saber se tem alguma preferência para o jantar
desta noite. — Ele fala com um perfeito inglês, provavelmente não
saiba que sou fluente em italiano.
— Obrigada Luigi, muito gentil da sua parte. Pode falar
comigo em italiano, como vê sou fluente. — Digo gentilmente.
— Claro, senhora.
— Aproveitando que está aqui, gostaria de descer com você,
quem sabe conhecer melhor os funcionários da fortaleza — falo,
acompanhando-o e assim tento descobrir mais sobre os irmãos
Rinna e como as coisas funcionam nessa casa.

Todos os meus planos estão dando errado, assistir o homem


que amo se casando foi uma tortura. Mais de dois anos me
dedicando a conquistá-lo, a despertar seu desejo por mim, me
submetendo a todos seus gostos. Suportei até ver ele com várias
amantes. Doei-me de todas as formas. E agora ele se casa com
uma bastarda russa. Uma princesinha fraca, mimada, que não o
ama, pelo contrário, o odeia. Mas, se depender de mim, logo esse
casamento será desfeito e vou mostrar a Dimitri que ela não é boa o
bastante para ele.
Essa garota não terá paz não enquanto eu viver, ela não
tomará o que é meu. Se depender de mim logo ela voltará. Meu
desejo é que ela volte com o rabo entre as pernas para a Rússia,
onde é o seu lugar. Faço o meu trabalho em silêncio enquanto Dimitri
está concentrado no computador.
— Como o senhor pretende lavar o dinheiro do tráfico? —
Pergunto, curiosa, após Vicenzo sair do escritório, nos deixando
sozinhos.
— Ainda não tenho um plano concreto, vou precisa me reunir
com Daniela e Lorenzo. Mande uma mensagem para ela e peça que
esteja na sede após a reunião com os capos.
— E a apresentação da sua esposa para a família, quando vai
acontecer?! — digo, com um gosto amargo na boca.
— Isso eu resolverei, não precisa se preocupar. O que diz
respeito à Katharina é da minha conta. — Fala friamente e me olha
com seu olhar frio que faz minha calcinha encharcar.
— Certo, senhor — digo o olhando de maneira submissa.
E então, Dimitri me surpreende ao me puxar pelo pescoço, me
fazendo levantar da cadeira, a derrubando no chão.
— Por dias eu suportei a sua falta de disciplina e
comprometimento. Segurei-me por muito tempo para não castigar
você como deveria, mas agora estou em casa e você precisa de
uma lição para aprender a respeitar as minhas decisões. Katharina é
minha esposa, quer você queira ou não, ela é a senhora desta casa
e nada que você faça irá mudar isso. Lembre-se, vagabundas vem e
vão em minha cama, se não quer se a próxima a ir eu sugiro que
melhore sua postura e volte a ser a submissa que era antes desses
ataques ridículos de ciúmes.
— Eu prometo me comportar de maneira digna, senhor —
falo, suplicando perdão, me ajoelhando aos seus pés.
Dimitri volta a sentar na sua cadeira, enquanto me mantenho
de joelhos deixando as lágrimas caírem.
Dimitri tira o cinto da calça e usa contra o meu pescoço,
apertando e tirando meu ar. Fecho os olhos esperando que me puna.
Ele me arrasta de joelhos pelo escritório, me erguendo pelos
cabelos, machucando meu coro cabeludo e ergue meu rosto para o
seu, olhando em meus olhos. Meu corpo entra em chamas, tudo que
quero é satisfazê-lo e mostrar que sou perfeita para ele.
— Será castigada da maneira como precisa — ele fala, me
mostrando a quão necessária é minha punição. E então, me virando
contra a mesa, de costas para ele, tira o cinto do meu pescoço
prendendo minhas mãos atrás das costas fortemente, sinto meus
pulsos doerem. Me inclino para frente, sobre a mesa e ouço seus
passos atrás de mim. Fecho os olhos e me concentro em não me
mexer, sendo subserviente ao desejo dele de me castigar, pois eu
falhei e mereço ser punida. Meu dono abre o zíper do vestido que
uso, fazendo com que eu fique exposta a ele, apenas de calcinha.
— Não chore e não ouse gozar enquanto te castigo — ele diz
com sua voz firme de dominador, eu apenas aceno, mordendo os
lábios para me controlar e não gemer de dor quando a primeira
palmada vem.
O golpe é certeiro, a aliança queima na minha nádega
esquerda, que arde demais, ele continua me estapeando forte e
brutalmente, meu corpo está suado, a dor é intensa. Mas não
falharei com meu dono. Eu já não conseguia contar quantos golpes
levei, quando passa da quarenta eu estou a ponto de desmaiar.
Todavia, meu dono interrompe os golpes, percebendo que cheguei no
limite e se senta na poltrona de frente para mim, admirando a obra
de arte que fez. Minha bunda estava inchada com vergões e a onde
sua aliança acertou provavelmente ficará preto.
— Vou emprestar você para Raí amanhã e espero que se
comporte, não me desaponte ou me envergonhe, escrava. Estou em
uma linha tênue para me desfazer de você.
— Prometo me comportar, mestre — falo, odiando o fato da
minha punição não ter acabado. Para uma submissa, ser emprestada
é uma forma de humilhação, significa que não satisfaço meu dono
plenamente.
— Vá para o seu quarto, tome um banho e desça para a sala
de jantar, depois terá a noite toda para descansar. Raí vira te buscar
amanhã as oito, esteja pronta.

Após Natasha sair fico analisando os últimos quinze dias de


faturamento dos meus negócios. Alguns deles não estão dando tanto
dinheiro como antes e preciso dar uma atenção especial a isso. E,
para piorar ainda tivemos certa diminuição de lucros na Inglaterra,
provavelmente porque uma das máfias rivais está se instalando no
país. E ainda tenho grandes inimigos dentro da Cosa Nostra.
Não é fácil para muitos aceitar o meu comando, ainda mais
pelo fato de eu não ter vindo do mais alto escalão da Cosa Nostra.,
cheguei aonde estou sendo mais esperto que todos os que
antecederam a mim, não nasci para ser o capo, não, eu tomei o
poder de Michelle Navarro, o último capo da Cosa Nostra antes de
mim. Capo esse que não estava à altura para ser considerado o
“Boss”. Então, fiz o que deveria ter feito em uma reunião que ficará
gravada em minha memória enquanto eu viver. Foi nesse dia, onde
estavam todos eles reunidos, não só Michelle como seus aliados. Eu,
que era seu braço direito e membro da sua alta confiança, seu
conselheiro, o assassinei naquela noite, não só ele, todos os seus
aliados. Então. me tornei o chefe Capo dei capi, a Besta sanguinária,
como costumam me chamar.
Mandei uma mensagem para Mirian avisando da minha
chegada e que iria ao clube.
Quando termino meus relatórios, vou direto para a sala de
estar, encontrando Lorenzo chegando em casa com a camisa
desabotoada e sangue no colarinho.
— O que aconteceu com você? — Questiono.
— Eu trouxe alguém que vai querer interrogar — ele fala com
um sorriso no rosto e já sei que ele pegou um dos traidores.
— Onde está Vicenzo?
— Ele estava no jardim quando cheguei e foi levar nosso
convidado enquanto eu vim te buscar.
— Perfeito — digo ansioso, acompanhando-o para o lado de
fora, ou melhor, para a torre da agonia.
Lugar esse onde gostamos de levar nossos inimigos e
também aqueles que não cumprem as regras da família.
Chegando lá, me surpreendo ao ver Frederico Castilho
acorrentado no centro da nossa sala de tortura.
— Quais são as acusações? — Pergunto a Lorenzo, que olha
para o mesmo com asco.
— Frederico estava passando informações da família para os
federais também fechou um acordo de delação com um agente do
alto escalão da polícia, o Carvaniele.
— Tem algo a dizer em sua defesa!? — falo, ansioso para
começar sua sentença.
— Eu fui forçado, eles me ameaçaram, iam machucar minha
filha.
— Tem mais alguém que também traiu a família? — Pergunto
já puto com sua historinha.
— Não, senhor, eu só fiz isso por minha filha, por minha
família. — Ele diz, chorando.
— Você desonrou esta família, quebrou os laços de
comprometimento e descumpriu com seu juramento de sangue. Trair
a família é uma sentença de morte. A sua mulher será enviada a um
dos nossos bordéis e sua filha, por ainda ser pura, será dada em
casamento para um dos nossos. E assim, a partir de hoje, a família
Castilho já não existe mais!
Vicenzo cospe nos pés do maledeto e todos nossos homens
fazem o mesmo, quando o último, que é Lorenzo o faz, é minha vez
de me divertir. De certa maneira, estava ansioso para deixar a Besta
tomar conta, já que nos últimos dias meu controle estava se
esvaindo, por conta de certa loira teimosa.
Me livro do paletó, deixando-o sobre a cadeira de madeira.
Vicenzo já está preparando os brinquedos, Lorenzo usa as correntes
para manter o maledeto erguido. Pego o martelo e começo pelas
suas mãos. Vicenzo segura sua mão direita firmemente, e então eu
acerto o primeiro dedo com brutalidade, esmagando os ossos.
Sangue espirra pelo ar e escorre pelo chão da bancada. Seus gritos
suplicantes são como música para mim. Destruo todos os dedos das
mãos, assim como dos pés, enquanto Lorenzo joga sal em suas
feridas. Pego à estaca, um dos meus brinquedos revolucionários,
que consiste em um bastão de madeira com pregos por toda sua
ponta.
— Traidor, maledeto — bato com a estaca no seu rosto,
ouvindo o som dos ossos da sua mandíbula se quebrando.
Lorenzo ri quando vê ele se mijando de dor.
— Que fraco, na hora de trair a família foi forte, agora fica
feito um garotinho, se molhando! — diz meu irmão, acendendo um
cigarro.
— Não ouse desmaiar, ainda não acabei com você — falo
irritado, pegando a máquina de choque, acordando-o rapidamente.
— Por favor, senhor, me mate de uma vez! — Ele implora,
despertado, mas as palavras saem desconexas pela mandíbula
quebrada e pelo sangue que escorre.
— Uma morte honrada demais para um traidor de merda —
Nego seu pedido, arrasando uma de suas orelhas com o alicate.
— Ele não vai aguentar muito tempo — diz Vicenzo, me
desanimando.
Agora que a diversão estava ficando boa. Porém, ele ainda
aguentou firme por uma hora aquela tortura. Quando enfim o
miserável estava morto, mandei jogar seu corpo na fábrica de sal.
— Poderíamos alimentar Hades e Perséfone com os restos
dele. — Fala Lorenzo, olhando com nojo para o corpo sem vida.
— Você está brincando? Hades não come qualquer porcaria.
Não vou alimentá-lo com carne de terceira de um merda desse. —
Respondo, exasperado um absurdo desse.
— Tem horas que eu sinto que você gosta mais daqueles
animais do que de nós, que somos seus irmãos.
— Não duvide disso, meu caro — digo friamente. Em seguida,
saindo da torre da agonia, volto para casa, louco para tomar um
banho e tirar o sangue fétido de mim.
Assim que entro, junto com meus irmãos, vejo Katharina
conversando com Luigi, ela me vê e por mais estranho que pareça,
não se assusta com todo o sangue, apenas ignora e volta a falar
com o nosso mordomo.
— Cuidado ao pisar no tapete, manchar de sangue um tapete
persa seria um desperdício. — Ela fala e faz com que Lorenzo ria.
— Essa garota é única — ele diz, passando por mim, indo em
direção as escadas, junto com Vicenzo, que nem olha para ela. Eu
apenas aceno para os dois, indo direto para o meu quarto tomar um
banho rápido antes do jantar.

Eu estava sentado à mesa de jantar, esperando Katharina


chegar para o jantar. Já estava irritado, pois odeio atrasos.
Precisava explicar para a bambina quais eram suas obrigações
como esposa.
Inferno, um dia de casado e ela já me tirava do sério. Todavia,
antes que eu pudesse me levantar e ir buscar a maldita, vejo-a
entrando na sala de jantar acompanhada de uma das empregadas
da cozinha, sorrindo como se as duas já fossem grandes amigas,
mas seu sorriso morre assim que ela olha para a mesa.
— Posso saber o que a criada faz sentada em meu lugar?! —
diz a bella rosa, fechando a expressão.
— Eu sempre me sentei aqui, antes mesmo de você entrar
para a família — Natasha responde, se contendo, pelo visto a lição
de mais cedo surtiu efeito.
— Você disse bem, querida, sentava antes, quando eu não
fazia parte desta família! Então, de agora em diante, eu sentarei ao
lado do meu esposo e você pode comer ali, ou melhor, deve comer
na cozinha com os outros funcionários — ela dispara furiosamente.
— Levante-se, Natasha, Katharina tem razão, este lugar
pertence a ela, como minha esposa. — Digo, sem paciência para
dramas femininos.
— Claro, senhor. — Ela fala, se levantando e sentando perto
de Vicenzo.
— Acho que você não entendeu, querida, seu lugar é na
cozinha e não entre os donos da casa.
— Katharina, já chega!! — falo, ficando de pé e batendo na
mesa. — Natasha irá comer nesta mesa, como sempre foi e isso
acaba aqui! — Vocifero, puto com toda essa discussão.

Quando ele disse que a puta ia comer junto a nós eu tremi de


ódio, ele estava me humilhando. Ele me trata como se fosse essas
mulherzinhas fracas que abaixam a cabeça para tudo que seus
maridos falam, mas essa não sou eu.
— Um caralho que isso acaba aqui. Já que ela é sua
funcionária, deveria comer com os outros funcionários e melhor
ainda, dormir no anexo dos empregados! — Discordo, olhando
duramente em seus olhos sombrios.
— Não levante a voz para mim novamente, esposa! Esqueceu
que além de seu marido eu sou o capo desta família!! — Ele retruca
ameaçadoramente.
— Tem razão, você está certo, eu me excedi. — Sorrio por
dentro — Talvez isso se deva ao fato de antes eu pertencer à máfia
russa e agora ser um membro importante da italiana. E, como tal, é
meu dever sempre me lembrar das regras dessa organização.
— Pelas regras desta família, um verdadeiro líder nunca,
jamais deve quebrar um dos mandamentos da Cosa Nostra e eles
são. Primeiro: Não se apresentar sozinho a um amigo membro da
família. Segundo: Não olhar para as mulheres de nossos amigos.
Terceiro: Não se meter com a polícia. Quarto: Não frequentar bares
ou clubes que não sejam da família. Quinto: Estar disponíveis a
qualquer momento para a Cosa Nostra. Sexto: Os compromissos
devem ser respeitados. O sétimo é o meu favorito, esse é
maravilhoso: Deve-se respeitar a esposa, pois a matriarca de uma
família carregará em seu ventre o herdeiro.
— Parabéns, bella rosa, pelo visto andou pesquisando sobre
as regras da família, mas isso não quer dizer que sua voz se
sobressai à minha e como falei, Natasha continuará comendo
conosco à mesa e dormindo dentro da fortaleza. — Ele determina,
enfurecido ao perceber que entrei neste jogo sabendo todas as
regras.
— Tem razão, querido. Desculpe, Natasha. Tenho certeza que
meu esposo e seus irmãos tem um grande carinho por você e tenho
certeza que logo seremos grandes amigas — digo amigavelmente,
me sentando ao lado de Dimitri, esbanjando todo meu veneno.

O jantar transcorre demoradamente depois do ocorrido.


Enquanto Natasha esbanjava sorrisos, se sentindo confiante por ter
saído por cima do nosso primeiro confronto, eu já martelava em
minha mente formas de me vingar dela e do maldito do meu marido.
Lorenzo foi o único que fez questão de puxar assunto comigo, já que
Dimitri se concentrou em falar de negócios com o outro irmão e sua
puta. Quando, enfim a tortura acaba, eu corro para o quarto,
enquanto eles se dirigem à sala de estar.
Estava cansada, o dia havia sido exaustivo e ter que suportar
a presença de Dimitri e Natasha era desgastante.
Penso em meu plano para me vingar do maldito e guardo as
algemas em um lugar onde teria fácil acesso. Então vou ao banheiro
onde tomo um maravilhoso banho de banheira, afinal não poderia
deixar de testar a maravilhosa banheira da suíte, visto uma lingerie
branca e um robe combinando, saindo do banheiro e dando de cara
com Dimitri no meio do quarto, sem camisa.
— Não sabia que estava no quarto — falo, fechando o robe
que uso.
— Não tem nada aí que eu já não tenha visto, ou melhor, nada
que não me pertença.
— Pois eu prefiro que não olhe — digo irritada, indo até a
cama.
— Você está muito tentadora bella mia, por acaso está
tentando me provocar? — Pergunta, tirando a calça.
— Jamais, você sabe o que eu sinto por você: desprezo, nojo
e ódio. E caso você fosse o último homem da terra, ainda assim, eu
não te provocaria — digo amarga, me cobrindo com o edredom.
Dimitri começa a gargalhar das minhas palavras.
— Você ainda pagará caro por suas palavras, bella rosa. —
Fala divertido, tirando a boxer ficando nu em minha frente.
— Você não vai deitar pelado do meu lado! — Digo,
horrorizada só de pensar em algo assim.
— Eu sempre dormi nu, não será agora que isso irá mudar —
responde ele, deitando ao meu lado e desligando a luz do quarto.
— Por que não vai dormir com sua amante? Tenho certeza
que ela vai amar sua presença.
— Eu não durmo com ninguém, Katharina, se você está nesta
cama é por usar meu sobrenome e minha aliança, apenas isso. —
Fala, tocando minha barriga por cima do robe, arrastando seus
dedos sobre minha pele, causando um arrepio terrível.
— Pois eu não ligo para seu sobrenome é muito menos para
essa aliança. — Replico, odiando estar perto dele.
— Você gosta de brincar com fogo, bella mia, mas não está
preparada para ser totalmente queimada. — Fala maliciosamente,
subindo a mão até tocar meu seio direito, eu me seguro para não o
estapear, me mantenho indiferente.
— Você não sabe nada sobre mim Dimitri, não sabe que já fui
consumida pelo fogo há muito tempo e nada que você fale me fará
ter medo. — Digo firme.
— Bom saber disso, bambina. — Diz ele, se afastando,
colocando os braços atrás da cabeça e fechando os olhos como se
fosse dormir.
E então, eu viro de costas para ele, para tentar descansar um
pouco até que ele esteja dormindo.

Abro os olhos e pisco com dificuldades para enxergar. Está


tudo escuro, não importa para onde olhe, tudo que enxergo é a
escuridão. Me levanto e caminho, mesmo no escuro, tentando
entender onde estou. Sinto um cheiro ferroso, de sangue, tomando
conta do ar. Tampo meu nariz, tentando entender da onde vem o
cheiro forte. Olho para um feixe de luz fraca que vem da porta e ao
abri-la solto um grito de horror. Lá está ele, com os olhos brancos,
Ivan, sem vida no chão imundo, tendo seu corpo estraçalhado por
dois leões horríveis, eles comem sua carne e quando me veem
largam o homem da minha vida e caminham em minha direção.
— Socorro!! — grito e tento correr, mas as feras vêm em
minha direção. Me debato, porém, sou segurada por alguém. Tento
me desvencilhar, mas meus braços não respondem. Olho para trás e
vejo ele, Dimitri, me segurando e as feras em minha direção.
Acordo desesperada com o pesadelo horrível que tive. O
quarto está claro e Dimitri não está na cama. Tento levantar, porém
me surpreendo ao perceber que estou algemada na cabeceira da
cama.
— Não pode ser, merda! — digo horrorizada, olhando para as
algemas que prendem minhas mãos, as mesmas algemas que
peguei do calabouço.
A porta do meu lado esquerdo abre e então Dimitri passa por
ela, sorrindo de maneira fria para mim.
— Bom dia, bella mia, não disse que gostava de brincar com
fogo....
Estava presa na cama algemada. Dimitri caminhava em minha
direção, me olhando de maneira feroz. Meu coração está acelerado
e a ficha caiu. Estou perdida, como abaixei a guarda logo ao lado de
um predador?
— Você não consegue obedecer a uma simples ordem não é
bella rosa. Eu disse para não abrir aquela porta, mas você não me
ouviu! — Fala duramente, enquanto eu tento me soltar das algemas.
— Me solta! O que pensa que está fazendo me algemando
aqui? — Digo nervosa com sua proximidade. A cada segundo está
mais perto de mim.
— Qual era o seu plano, bella mia, me algemar com a minha
própria algema? O que queria ao entrar no quarto obscuro?
— Eu... Não queria nada, não me importo se você é esse tipo
de homem dominador; eu estou me fodendo para o que faz com suas
putas, só me solta daqui.
— Dominador, bella mia, não sou apenas um dominador, mi
amore, eu sou um sádico! — Ele fala, erguendo um objeto que
segura em mãos e só agora reparo que ele segura uma chibata de
couro preto. — Você sabe o que merece por ter entrado lá sem a
minha permissão? Sabe o que eu posso fazer com você assim,
algemada na minha cama?!
— Você não é meu dono, me tira daqui!
— Eu sou, bella mia, eu sou dono de cada pedacinho seu. —
Diz e passa a ponta da chibata pela minha coxa.
— Não me toque!!
— Eu sei que te excita às coisas que viu, mi amore, você não
imagina o que podemos fazer juntos naquele quarto.
— Nunca! Eu não sou uma das cadelas que você usa e que se
submete aos seus caprichos, Dimitri. Jamais permitirei a um homem
me usar como objeto, não serei escravizada por você, nunca!
— Não é o que os seus olhos dizem, bella mia, tenho certeza
que ficou excitada com o que conheceu. Eu tenho certeza que
gozaria apenas com o toque da minha chibata em sua pele nua.
— Você é ridículo, acha que uma mulher de verdade vai
querer se submeter assim? Vai sonhando, meu amor!
— Você não imagina o quão irritado eu fico com essa sua
língua afiada, não imagina o que faz comigo quando me desafia.
— Pois se acostume, você foi mimado por suas vadias. Eu
não sou como elas. Eu não sigo suas ordens.
— Não me venha com essa merda, caralho! — Bate a chibata
na coluna do dossel da cama. — Você vai seguir, Katharina, eu sou o
seu marido. Sou a porra do chefe da Cosa Nostra e você vai
aprender a me respeitar, nem que seja na ponta do chicote.
— Quando vai entender que eu não sou Natasha? Não sou
uma mulher submissa. Eu sou livre e amo ser assim.
— Livre, Katharina, você nunca será! No mundo que vivemos
liberdade é algo que não existe. Você está sobre o meu domínio, eu
mando aqui! Você me pertence e irá me obedecer como uma boa
esposa italiana deve fazer!
— É sangue russo que corre em minhas veias, se queria uma
mulher dócil e submissa deveria ter se casado com outra e não
comigo, já que você era o único que tinha opção de desistir. Eu
jamais vou me ajoelhar para você! — Grito, me debatendo. Ele
segura minhas pernas com força sobre a cama enquanto sobe em
cima de mim, apertando meu maxilar com a mãos livre.
— Vamos ver se você não vai me obedecer, Katharina, já
chega da sua falta de disciplina. Eu vou te ensinar a se comportar
como se deve! — Fala e beija meus lábios brutalmente, mordendo-os
quando não correspondo.
Noto que meus lábios sangram. Ele se afasta, sorrindo e se
levantando da cama rapidamente, indo em direção àquela maldita
porta. Aproveito que ele não está olhando e puxo a cabeceira,
tentando me livrar das algemas, todavia é inútil, ela nem ao menos
se mexe e eu continuo presa nessa cama. Não demora muito para
que Dimitri volte segurando uma corda preta e um objeto estranho
nas mãos. Meu corpo entra em alerta, engulo em seco a vontade de
pedir socorro.
— O que pensa que vai fazer com isso? — falo assustada e
ele sobe, se sentando em minhas pernas.
— Vou te ensinar a não desobedecer ao seu marido, minha
cara! Entenda logo que todas as vezes que me desafiar, quem sairá
prejudicada será você!
Após dizer isso, ele pega o objeto estranho e aproxima do
meu rosto. Tento me esquivar, mas ele é mais forte e coloca a bola
preta na minha boca, amarrando as correrias atrás da minha cabeça.
Dessa forma eu não consigo gritar e nem cuspir na cara dele como é
a minha vontade.
— Agora, bella mia, você terá o seu castigo e vai aprender a
não me desobedecer! — Ele fala, usando a corda que está sobre a
cama para amarrar meus braços.
Com meus braços amarrados, Dimitri solta às algemas de
ferro e aproveito o segundo para chutá-lo na barriga, mas o infeliz é
forte e me imobiliza.
— Quietinha, bella mia. — diz e começa a amarrar a corda
pelo meu corpo com força, uma técnica que nunca vi.
Estou tremendo de ódio e planejando formas de matá-lo
lentamente quando sair daqui. Dimitri sorri, olhando para o meu rosto
vermelho de raiva e continua fazendo seus nós. Meus braços estão
presos, ele me levanta da cama e, quando penso que irá me arrastar
até o maldito quarto, onde serei torturada, ele para no meio do
quarto, em frente à poltrona negra e continua a fazer nós, me
deixando de joelhos sobre minhas coxas.
— Você está tão linda, bella mia. Não imagina o prazer que
me dá ter você assim, contida e melhor ainda, sem abrir essa boca
nervosa para ofender seu marido.
Viro o rosto, me esquivando do seu toque asqueroso. Ele
sorri, ficando de pé bem na minha frente, enquanto eu fico ajoelhada,
refém dos seus desejos sombrios.
Que tipo de mulher maluca sente prazer em ficar contida,
humilhada e de joelhos em frente a um desgraçado deste?
— Espero que agora entenda, minha cara, que eu estou no
poder aqui e quando der uma ordem você tem apenas que obedecê-
la, senão as coisas vão ficar cada vez piores para você, bella mia!

— Deixa eu te explicar uma coisa, bella rosa, talvez você não


me conheça e se conhece, não me parece o bastante, então quero
que entenda de uma vez por todas quem manda aqui! Espero que
todos me obedeçam, sem discussões.
Me abaixo na altura que ela está e minhas mãos deslizam
sobre seus seios, ela evita olhar para mim, mas quem está no
controle aqui sou eu. Levanto seu rosto para mim e, ao contrário do
que imaginei, ela não está apavorada, nem com medo e sim furiosa,
como uma cobra se preparando para dar o bote em breve. Acaricio
sua pele pálida, imaginando-a marcada por meu açoite. Fico de pé,
olhando-a e ver Katharina amarrada de joelhos na minha frente me
dá um prazer indescritível. Se não estivesse atrasado para uma
reunião eu ficaria horas apenas observando-a contida e submissa ao
meu domínio, mesmo com seu olhar de fúria me desafiando.
O meu lado sádico diz que ela pode ser uma Brat, ou até
mesmo uma Switcher. Seu lado insurgente me instiga a querer
machucá-la, contê-la e dominá-la. Katharina me desafia de maneiras
como nenhuma mulher jamais fez. Isso me irrita ao mesmo tempo em
que me excita. Sempre fui um homem violento, moldado para ser
assim dentro e fora da cama. Existe uma luta diária sendo travada
entre a racionalidade e a Besta que vive em mim. Katharina me leva
à borda desse limite, limite esse que após ultrapassado, posso não
conseguir mais voltar atrás.
— Você ficará assim como castigo por não ter obedecido a
minha ordem, passará o dia assim para aprender que seu lugar é de
joelhos, aos meus pés. — Digo para irritá-la.
Após dizer isso eu vou ao banheiro da suíte, tomo um banho e
me preparo para sair, mas antes eu tranco a suíte e aviso aos
empregados que não poderão abrir a porta, pois Katharina passaria
o dia lá. Raí havia buscado Natasha logo cedo, ao menos agora as
duas teriam o que mereciam por me afrontar, cada uma à sua
maneira.
Lorenzo já estava na sede e Vicenzo me esperava para irmos
juntos. Oriento meus homens para que vigiem Katharina enquanto
estiver fora e, em hipótese nenhuma, deixassem ela sair do quarto.
Mesmo achando impossível ela se soltar, não poderia bobear, não
com a minha querida esposa.

Chego à sede da máfia, um edifício histórico mitchê, no centro


da bela cidade de Palermo, Sicília, berço de toda a máfia italiana. A
história da Cosa Nostra está gravada por todas essas ruas e prédios
históricos. Hoje, no século 21, a máfia está ainda mais poderosa do
que já foi nos anos 70, nossa organização fincou raízes por toda a
Europa e em vários lugares ao redor do mundo. De fechada, sou
supostamente um empresário bem sucedido no ramo das
exportações. Porém, na realidade a organização domina todos os
negócios sujos do país. A máfia Salvatore Rinna trabalha com
exportação. A Cosa Nostra tem como principais negócios a extorsão,
exploração de jogos de azar, tráfico de armas e drogas e algumas
casas de prostituição. Movimentando cerca de 32 bilhões por ano. E
esse dinheiro está começando a se acumular, é hora da máfia evoluir
nos negócios e começar a lavar esse dinheiro.
Entro na sede e vou direto para o elevador privativo, sem
cumprimentar ninguém. Vicenzo me acompanha, mas se mantém
entretido no celular. Seguimos direto para a sala de reunião,
passando por Lany, minha secretária, que já estava com um Ipad em
mãos, aflita. Provavelmente já sabe que Natasha não vem e ela terá
que nos assessora na reunião.
Na sala de reunião já se encontravam seis dos sete capos e
os três principais são das famílias originárias. Camorra, Ndrangreta
e Sagrada Coroa Úmida.
A família tem sua hierarquia constituída da seguinte maneira;
o Boss, também conhecido como o chefe ou Capo di Tutti capi. Em
seguida vem o consigliere, que é Lorenzo e meu subchefe, Vicenzo.
Na sequência hierárquica, vêm os capos de cada família, eles são
responsáveis cada um por uma parte dos negócios da família, dentre
eles os que são legais. Depois dos capos, os soldados e por último
os associados que não são membros diretos da máfia, geralmente
pessoas que trabalham indiretamente para a máfia.
— Chefe! — Cumprimentam, ficando de pé assim que entro
na sala.
Sento no meu lugar e só então todos se sentam. Lorenzo
escolhe esse momento para entrar com a encomenda em um saco
grande.
— Bem, senhores, como já devem saber, marquei essa
reunião para falar sobre um traidor na família.
Todos entreolham-se, tensos.
Lorenzo abre o saco e coloca a cabeça de Frederico Castilho
sobre a mesa de reunião.
— Como podem ver, Frederico Castilho traiu a família e pagou
por sua traição. A família Castilho já não existe mais, sua esposa
está morta e a filha será entregue a um dos nossos soldados, como
esposa.
— Mais alguém estava aliado a ele? — Pergunta Damon
Camorra.
— Ainda não sabemos, a investigação está a cargo de
Lorenzo e sabem que ele nunca deixa nada passar. Se Frederico
Castilho tinha aliados dentro da Cosa Nostra, descobriremos.
— Temos que falar do seu casamento, chefe — diz Vicenzo,
me irritando.
Vejo alguns dos chefes ficarem inquietos.
— Pois bem, fiz um acordo com os Castelaresi enquanto
estávamos na Inglaterra, como todos devem bem lembrar. Nesse
acordo recebi a mão de Katharina Peshkov Castelaresi e, na viagem
que fiz para a Rússia, oficializamos a união e agora estou casado.
— Esperava que firmasse casamento com um membro da
família — diz Juliano Sacra, que provavelmente ainda mantinha
esperança que eu me casasse com sua filha, Antonella.
— Como vamos confiar em uma Castelaresi?! — Pergunta
Dante Bruschetta.
— Katharina é minha esposa, e como tal, merece o respeito
de todos vocês.
— Ela pode nos trair, está no sangue dela, ela é uma russa e
todos os russos são bastardos traidores — diz Juliano.
— Eu proponho que ela passe pela prova de fogo. — Fala
Vicenzo, provocando.
— Eu não acho uma boa ideia. — Pondera Lorenzo,
preocupado.
— Se ela é uma mulher honrada, irá passar — diz Vitto
Gerevini.
— Estamos todos de acordo com a prova então?! — diz
Vicenzo e minha vontade é de arrebentar sua cara, todavia controle é
meu ponto forte e não deixo ninguém perceber que não quero fazer
isso com Katharina.
— Tudo bem, se todos querem, assim será!
Após falarmos sobre meus planos para lavar o dinheiro da
máfia, os capos da Cosa Nostra se mostram empolgados com meu
projeto. A reunião termina tarde e decidimos almoçar todos juntos no
Le Angeliche, restaurante de um dos nossos associados.

Depois de voltar do almoço encontro Daniela na minha sala,


me esperando.
— Boa tarde, chefe.
— Pontual, senhorita Copolla — falo, me sentando em minha
mesa. — Vamos direto ao ponto Daniela, você está queimada na
família após o incidente na Inglaterra, onde, além de não conseguir
capturar o famoso hacker Scofield, ainda deixou que ele morresse.
— Sim, chefe, falhei gravemente com a família. — Ela diz,
abaixando o olhar.
— Pois você terá uma segunda chance de se mostrar útil,
preciso que encontre para mim o melhor especialista em engenharia
financeira da Europa. E, desta vez o traga vivo, pois ele será peça
fundamental no esquema internacional de lavagem de dinheiro que
iremos começar, o maior esquema de lavagem de dinheiro do
mundo.
Daniela sorri, animada, abrindo seu notebook e começando a
trabalhar imediatamente.

Eram quatro da tarde, minha cabeça latejava com tantos


números, quando decido deixar Daniela trabalhando sozinha e saio
para tirar essa tensão que se formou em mim desde a volta à Itália.
Vou direto para a cobertura, onde as escravas já estão preparadas.
Assim que o elevador parou na cobertura, me desfiz do nó da
gravata, que parecia me sufocar. Ao passar pela porta, sou recebido
pelas minhas escravas de joelhos na posição de submissão. Caminho
até a minha poltrona de couro e observo as duas caminhando na
minha direção, como as cadelas que são.
Há pug anais de raposa nos ânus de cada uma. Nuas, de
joelhos, elas me aguardam da maneira como eu gosto; em sinal de
submissão e obediência.
— Espero que tenham se comportado no tempo que estive
fora — digo, acariciando o cabelo castanho de Lany.
— Sim, mestre. — Respondem juntas sem levantar o olhar.
— Prepare uma bebida para mim, Denise. — Digo e ela
prontamente vai em direção ao bar, enquanto Lany desfaz os nós do
meu sapato. — Está nervosa, Denise? — Pergunto, sorrindo ao
notar que ela respira rápido.
— Não, senhor. — Responde firme, arrumando a postura.
Vou em direção à mesa de centro, onde as duas deixaram o
que eu usaria separado, à minha disposição.
— Continue na posição. — Comando, tirando o plug de Denise
e colocando um vibrador médio lugar. Ela se agita, mas se mantém
firme, mordendo os lábios para não gemer pelo incômodo do
vibrador dentro do rabo dela. — Vamos aquecer, você parece com
frio Lany, sua pele está arrepiada.
— Sim, senhor.
Uso o chicote trançado, pois tudo que quero é machucá-las e
vê-las rendidas à dor, submetidas por meu chicote. Levanto Lany
pelos cabelos, colocando-a de joelhos na poltrona, com a bunda
exposta para mim e assim começa a minha diversão. O primeiro
golpe parece música para os meus ouvidos, o barulho da pele sendo
atingida é magnífico; a cor avermelhada tomando conta da sua pele
me encanta. Mas, não paro por aí; dois, três, sete, onze e quando
chego aos vinte e cinco golpes, as pernas de Lany já estavam
tremendo. Há pequenos cortes pela pele das costas e bunda, a coisa
mais linda de se ver.
Um frenesi de prazer toma conta do meu corpo, inclino a
cabeça de Lany ainda mais para baixo, deixando sua bunda na minha
direção. Retiro o plug brutalmente e, após colocar a camisinha, meto
meu pau no seu buraco. Gemo alto, rugindo como uma fera sedenta
por carne. Meto com força, sem me importar com seu prazer, isso
não é por ela agora e sim sobre mim. Ela está aqui como a boa
escrava que é, para satisfazer seu mestre.
Não abrando meus golpes e a giro para que fique de joelhos
no chão.
— Chupa, quero que beba todo meu gozo — digo firme.
Lany não demora a obedecer, sei o quanto ela ama chupar um
cacete. A mesma abocanha de uma vez, gemendo alto. Puxo seu
cabelo em um rabo de cavalo e meto forte sufocando-a de maneira
brusca. Lany faz de tudo para me levar o mais profundo em sua
garganta. Mas, se engasga e me tira fora da boca para respirar.
Acerto um tapa em sua cara e ela entende, voltando a chupar. Me
concentro em sua boca no meu pau, mas a porra da minha mente
viaja e já não vejo os cabelos castanhos de Lany e sim os loiros
brilhantes de Katharina, ela me chupando forte, apertando minhas
bolas com as mãos sedentas, levando meu pau fundo em sua
garganta, engasgando e o som que ela faz é tudo que eu preciso
para gozar fortemente em sua boca.
Abro os olhos e não é a bela rosa na minha frente e sim Lany,
que limpa a porra que escorre pelos seus lábios, chupando os
dedos.
Frustrado, puxo Lany para a mesa de centro, colocando-a
sentada, com as pernas arreganhadas. Pego os grampos de mamilo
e mordo o bico do seio esquerdo, vendo-o ficar duro e em seguida
prendo o grampo. Ela geme baixo, repito o processo com o direito e
por último prendo os grampos na corrente. Puxo Denise até que ela
fique de quatro, como uma cadelinha, ela engatinha até estar de
quatro, de frente para Lany. Denise entende o recado e começa a
chupar a bocetinha molhada de Lany. Coloco outra camisinha no meu
pau, que continua duro e meto tudo na boceta de Denise, fodendo
com raiva. Raiva por desejar que fosse outra ali e não elas. Eu tinha
duas das melhores escravas da Itália, mas eu queria a porra de uma
Castelaresi e pior, uma que não se submeterá aos meus desejos.

Já passava de oito da noite quando, depois de horas de foda


intensa com as minhas escravas, eu saí da cobertura. Ao entrar no
meu carro, me dei conta que passei tempo demais fodendo com elas
e esqueci que Katharina estava amarrada.
Acelero pelas avenidas iluminadas de Palermo em direção à
fortaleza e, em menos de meia hora, eu estava atravessando os
portões do lugar onde vivo. Estaciono o carro no pátio central de
qualquer jeito, depois um dos meus homens o leva para a garagem.
Entro na mansão e subo as escadas em direção ao meu
quarto. Abro a porta e entro na penumbra do quarto, acendo as luzes
e vejo Katharina caída no chão. Corro em sua direção e noto que ela
respira, só está desmaiada. Rapidamente vou desfazendo os nós
que a prendem, seu rosto está molhado de suor e sua pele vermelha,
cheia de hematomas onde haviam os nós da corda o que me faz
pensar que ela lutou para se soltar e acabou ferindo sua pele, já que
seus pulsos estão em carne viva. O que essa maledeta tem na
cabeça de se machucar dessa forma. Assim que ela está livre das
cordas, solto a gag ball. Tiro o cabelo do seu rosto, e imediatamente
sou atingido por uma cabeçada.
— Desgraçado — ela fala assim que me afasto com a mãos
na testa.
— Inferno de mulher! Por que fez isso?! — Questiono,
surpreso pelo ataque repentino.
— O que queria, seu desgraçado. Você queria o que, me
matar de desidratação, amarrada como uma vaca pronta para o
abate seu filho da puta?! — Ela grita, se levantando, trêmula.
— Se quisesse te matar Katharina, você saberia. Posso ter
demorado um pouco mais do que devia, mas você merecia esse
castigo por ser tão insubordinada e teimosa.
— Eu te odeio, Salvatore Rinna, pode ter certeza que farei o
que estiver ao meu alcance para a sua vida ser um inferno. Você vai
se arrepender de ter casado comigo, eu prometo.
— Eu já vivo no inferno, bella mia, você só não percebeu isso
ainda.

Eu nem quis ouvir o que ele dizia, entrei no banheiro com dor
em meus pulsos. Passei o dia amarrada feito uma vaca. Usei a
meditação, as aulas de ioga para controlar meu corpo e não surtar.
Conseguir controlar a vontade de ir ao banheiro e a sede foi fácil,
mas ficar amarrada com meus movimentos contidos foi terrível; fiz de
tudo para me soltar dos nós, porém o desgraçado sabia bem o que
estava fazendo e por mais que eu lutasse contra as amarras, elas
me mantinham presa e tudo que eu consegui foi esfolar meus pulsos.
Depois trancar a porta e usar o sanitário, coloquei a banheira
para encher. Meu corpo estava todo dolorido pelas horas que passei
na mesma posição e minha pele toda machucada. Dentro de mim o
ódio por esse homem só aumentava. Eu descobrirei algo que a
Besta ame e então farei questão de destruir. Como aprendi com
Aslan, uma guerra é vencida com inteligência e não com sentimentos,
não vou deixar a minha fúria me domar; serei fria, calculista.

Depois de passar horas no banho quente tentando aliviar meu


corpo da dor, encontro uma pomada sobre a cama, provavelmente o
idiota deve ter deixado lá. Aplico um pouco sobre os hematomas e
escolho uma roupa leve. Aproveito que estou sozinha e uso o
telefone que minha prima me deu, mando uma mensagem rápida
para ela avisando que estou bem e também perguntando como as
coisas estavam em casa.
Escondo o celular desligado e saio do quarto, faminta, em
busca da cozinha, já que provavelmente todos já deviam ter jantado.
Ao descer a escada encontro Dimitri bebendo na sala de frente à
lareira com seu irmão Vicenzo. Natasha não está com eles, nem
Lorenzo. É fácil diferenciar Vicenzo de Lorenzo, basta ele olhar com
essa cara de cu que ele tem, que percebo que é o irmão nojentinho
da família.
— Não precisava ter descido, Katharina, já tinha mandado um
empregado levar o seu jantar no quarto, para que descanse.
— Boa noite, cunhada — diz Vicenzo, seu olhar de deboche
passando pelos hematomas nos meus braços.
Ignoro o que os dois idiotas dizem e caminho até a cozinha,
encontrando Carlota, a cozinheira e Luigi o mordomo arrumando uma
bandeja.
— Senhora, desculpe a demora, já estava indo levar seu
jantar — diz Luigi, apavorado.
— Não se preocupe, Luigi, vou jantar aqui na cozinha mesmo,
já fiquei tempo demais naquele quarto.
Os dois parecem incomodados por ver a patroa comendo na
cozinha, mas prefiro comer aqui do que na presença dos Rinna e da
puta italiana.

Estava faminta e Carlota cozinha muito bem. Eu pensei que


não iria me acostumar com a comida italiana, mas confesso que
estou me apaixonando pelo tempero daqui. Fiquei conversando com
os dois e descobri por um bom tempo. Depois de terminar a
sobremesa, mandei os dois irem descansar, pois, já era tarde e
acabei atrapalhando o descanso deles, apesar de achar que Luigi é
quase um robô nesta casa, sempre disponível para os excêntricos
patrões. Sozinha, decido ir zanzar pela fortaleza. Vou explorando o
lugar, coisa que queria ter feito durante o dia, pois à noite esse lugar
parece ficar ainda mais sóbrio. Vou encontrando várias portas no
primeiro andar. Encontro uma bela biblioteca, várias salas vazias, um
mausoléu cheio de obras de arte, uma sala de treinamento, uma sala
de música com um piano de cauda e alguns instrumentos clássicos,
mas o que me chama atenção é uma guitarra elétrica prata que
parecia não combinar com o ambiente.
— Ela é minha — diz Lorenzo, saindo das sombras da sala de
música, me assustando.
— O que faz aí no escuro? — Digo, brava pelo susto.
— Foi mal, eu já estava aqui quando entrou, não resisti em
pregar uma peça, cunhadinha.
— Não me chama assim, meu nome é Katharina!
— Tudo bem, se prefere, te chamo de Katharina, princesa.
— Eu não sabia que tocava, isso não parece muito mafioso.
— Sorrio, imaginado.
— Bem, pode até ter razão, mas nem sempre eu fui um
mafioso, princesa.
— Como assim, você é um Rinna, já nasceu mafioso! Esse
mundo pertence a você desde que foi gerado. — Digo, confusa.
— Então você não sabe? — Ele pergunta, intrigado.
— Do que? — Questiono, curiosa.
— Eu sou um bastardo Katharina, eu não nasci no meio disso
aqui — ele diz, abrindo os braços — Eu e Vicenzo somos filhos de
uma das putas do meu pai — fala tranquilamente, enquanto eu fico
chocada com essa revelação.
— Eu não sabia, pensando bem, não parei para pesquisar
sobre a família Rinna.
— Meu pai só descobriu sobre mim e Vicenzo quando já
estávamos adolescentes, eu tinha sido adotado e não vivia aqui na
Itália. Ele foi me buscar a mando de Dimitri e foi quando descobri
que tinha irmão gêmeo.
— Uau, isso é realmente incrível, o que eu não daria para ter
vivido anos longe da máfia.
— Nem sempre a grama do vizinho é mais verde, princesa, há
pessoas terríveis dentro e fora da máfia. — Ele diz, pensativo.
— Eu gosto de violino, comecei a tocar com onze anos —
comento quando percebo que um silêncio estranho tinha tomado
conta do ambiente.
— Espero vê-la tocar um dia.
— Claro, se você tocar a sua guitarra também — digo,
sorrindo.
Percebo o quanto era fácil conversar com Lorenzo, ele é
divertido e carismático, bem diferente dos seus irmãos.
Conversamos por mais um tempo, até Lorenzo ter que sair, não sem
antes deixar escapar em meio a nossa conversa que Natasha não
estava na fortaleza, mas sim estava viajando. Então, quando fico
sozinha, não penso duas vezes em agir para mostrar a puta da Itália
seu lugar. Se ela fosse esperta, sairia por essa porta com o rabo
entre as pernas, agora, se quisesse me desafiar ainda mais, está
ferrada.
Depois de pegar tudo que precisava da lavanderia, vou a
passos leves até o segundo andar. Não vi Dimitri por nenhum lugar,
provavelmente deve ter saído para terminar a sua noite com algumas
das suas putas, já que a oficial não estava aqui. Essa era a minha
chance para aproveitar e fazer o que desejo. Entro no quarto da puta
e rapidamente tranco a porta para que ninguém entrasse e me
pegasse aqui. Deixo as coisas no banheiro e vou direto ao closet
dela, olho todas as roupas de marcas famosas, como Chanel, Louis
Vuitton. Algumas um tanto vulgar, outras até bonitas. Recolho todas
do closet, não é um trabalho muito rápido, mas por fim, coloco todas
na banheira, inclusive as lingeries que peguei da gaveta, morrendo de
nojo, sabe-se lá quantas doenças ela pode ter. Pego o galão de
cloro que trouxe da lavanderia, foi o maior que consegui, cinco litros
parece ser o bastante. Começo a espalhar pelas roupas fazendo
uma bela obra de arte. Uma a uma eu vou encharcando de cloro.
Chega uma hora que eu não aguento e começo a rir, imaginando a
cara da vagabunda quando encontrar suas roupas destruídas.
Quando termino, faço questão de devolver tudo para o closet
e saio do quarto da cadela, com um sorriso no rosto.

A noite estava fria e o mar agitado. Caminhando pela orla,


minha mente fica viajando, indo e vindo em seus olhos azuis. Sonhei
com ela mais uma vez. Seu corpo perfeito entregue a mim, sua pele
pálida brilhando de suor e então tudo se torna turvo, cinza, ela já não
sorri, já não olha para mim, ela já não é minha. E a fúria toma conta
de mim, a porra do controle se esvai, meu corpo se transforma em
puro ódio. Tudo que eu quero é machucá-la. Decido entrar em um
pub para espairecer, minha mente está atormentada. Já é quase
meia noite, às ruas estão praticamente vazias. Passando pela
entrada, sou recebido pelo som alto e uma multidão de pessoas,
todas entorpecidas pela bebida e por suas vidas frustradas. Sento
em uma mesa no fundo do pub, onde teria privacidade para beber e
não ser interrompido. Uma loira bonita de vestido xadrez entra no
pub e olha para o celular como se confirmasse algo. Senta sozinha,
perto da porta. Não consigo ver bem seu rosto, mas algo nela é
familiar e agita meu corpo. Me aproximo no momento em que o
garçom deixa a bebida em sua mesa.
— O que uma mulher bonita faz sozinha num lugar como
esse?!
— Afogando as mágoas de uma vida vazia — ela diz, sorrindo
para mim.
Seus olhos são escuros, mas seu rosto é delicado, com
traços finos impressionantes.
— Pelo visto temos algo em comum — digo, sentando na
cadeira a sua frente. Ela bebe um gole da sua bebida e eu a
acompanho com meu uísque.
Descubro que ela se chama Vanessa, é advogada e
atualmente trabalha no fórum, como jurada da corte da vara de
família. E acaba de descobrir que a irmã tem um caso com seu
marido e pior, está grávida do mesmo. Confesso que a vontade de
fode-la se foi assim que ela deixou duas lágrimas caírem, todavia,
Vanessa me surpreendeu quando me chamou para ir à casa da
amiga, que estava em Portugal e deixou a chave com ela.
Não penso duas vezes e acompanho ela até seu carro.
Enquanto ela dirige eu vou provocando-a, chupando seu pescoço,
seu colo, até deslizar as alças do seu vestido para baixo. A safada
estava tão sedenta que, antes mesmo de chegarmos à residência da
amiga, ela já estava sem calcinha.
Quando entramos na casa, não tenho tempo de reparar em
nada, uma coisa dentro de mim estava diferente essa noite. Eu
queria fode-la, queria marcar ela. Quando passamos pela porta do
quarto, a pego no colo e a jogo na cama com força. Vanessa, toda
safada, começa a se livrar das roupas, ficando nua. A calcinha ela já
tinha tirado ainda no carro.
O tesão me bate, junto com ele uma fúria animal já está
tomando conta do meu corpo inteiro!! Ela abre as pernas e começa a
se tocar, enquanto eu tiro minhas roupas. A puta estava louca para
ganhar um pau na boceta e eu daria isso a ela. Foderia ela até ela
cansar.
Uso seu vestido fino, que está jogado no chão e amarro em
seus olhos.
— Hum, você gosta de jogar, gatinho. — Ela fala de maneira
provocativa.
Abro mais suas pernas, deixando-a bem arreganhada e entro
com tudo em sua boceta. A vadia grita alto de dor e prazer. Começo
a socar meu pau com força, tentando aplacar a fúria que transborda
de mim e a dor que queima em minha alma.
Vanessa geme alto, gritando quando o primeiro orgasmo a
atinge. Mas, continuo metendo sem dó, estou com raiva, com ódio e
coloco dentro dela toda a minha frustração.
A cama começa a bater contra a parede, eu puxo seu cabelo
erguendo-a para que ela fique de quatro sobre a cama.
— Calma, gatinho, devagar — ela pede, mas a calo
rapidamente quando pego o cinto que usava, que está caído no chão
e prendo seus braços para trás.
Ela começa a gritar de prazer e isso me enfurece, levo minhas
mãos ao seu pescoço e comecei a apertar de leve, testando sua
capacidade.
— Essa putinha quer gemer, quer? Então geme de dor!!! —
Falo e dou um tapa forte em sua bunda.
Vou metendo sem dó e uso os meus dedos para testar seu
rabo e ver se ela já tinha dado ele antes. Como imaginei, meus
dedos entram sem dificuldade.
— Vagabunda, já deu muito esse cuzinho, não é?! — Falo
mordendo seu pescoço.
— Me fode, me come — ela implora, desesperada para
gozar.
Sem me importar com a dor que ela sentiria, a coloco-a de
quatro e enfio em uma estocada metade do meu pau no cuzinho
dela. Ela grita e grita muito, mas continuo sem me importar.
— Anda, putinha, anda.... Tá com dor?! Abre essa bunda.
Soco com gosto naquele rabo, ela está suada e já perdeu as
contas de quantos orgasmos tinha tido, parecia que ia desmaiar.
Dou um tapa forte na sua bunda e sou tomado por uma
overdose de luxúria e depravação. Meu pau, a esta altura, estava
pronto para gozar, então faço o queria fazer desde o começo.
Aperto seu pescoço por trás, com minhas duas mãos e gozo, tão
forte que minhas pernas falham, mas não antes de pegar o meu
punhal e crava-lo em sua barriga, seu rosto perder a cor e seus
olhos ficarem pálidos e sem vida. Um prazer inexplicável toma conta
de todo meu ser. Ela não era minha, era uma puta desgraçada.
Olho mais uma vez para a vadia e sorrindo, deslizo a faca da
sua barriga até sua garganta para confirmar que ela não
sobreviveria. Um vermelho belo começa a colorir os lençóis brancos,
me deixando fascinado. Com o sangue que escorre pelo seu corpo
eu deixo uma marca na parede. A minha marca. A marca da Besta!
Olho para o corpo da jovem sem vida e fico chocada com a
brutalidade deste assassino.
— Tudo indica que tenha sido um homem — fala meu colega
de trabalho, detetive Emanuel.
— Temos chance de encontrar digitais? — Pergunto à perícia,
que tenta encontrar alguma pista de quem possa ter assassinado a
moça.
— Por enquanto, não, a única coisa que descobrimos foi
sêmen no interior da vítima.
— Provavelmente do agressor. Vamos levar para o
laboratório, é possível que ele tenha cometido o assassinato durante
o ato sexual.
Fotografo a palavra Besta escrita com sangue na parede do
quarto e temo por estarmos diante de um assassino em série, já que
só um teria o prazer de assinar sua obra após um ato tão vil. Saio do
quarto, deixando a perícia trabalhando e, do lado de fora, encontro a
dona da casa e amiga da vítima, que estava em viagem, mas ainda
não a descartei como suspeita.
— Eu já liguei para o marido dela, ele está vindo para cá —
diz a amiga da vítima, limpando o rosto.
— Preciso que acompanhe o policial Adam para que ele colha
seu depoimento. Tente lembrar se alguém queria sua amiga morta.
Adam, assim que o marido chegar quero ser avisada, por favor.
— Claro, senhora. — Ele responde.
Eu aproveito para sair do local e fumar enquanto o marido não
chega. Todavia, assim que saio da casa vejo uma multidão de
repórteres e curiosos do lado de fora. Meu telefone dispara a tocar,
entro novamente na casa e atendo ao ver o número do meu chefe, o
delegado de polícia Albertino.
— Bianchi, como deixou a imprensa saber do caso?! — Ele
praticamente grita comigo.
— Eu não sei como isso foi acontecer, senhor. — Digo, calma.
— Inferno, se estamos lidando com um serial killer, tudo que
não queremos é a mídia espalhando o caos pela Itália, estamos em
plena campanha eleitoral.
— Tentarei descobrir quem passou informações para a
imprensa. Garanto que a partir de agora nada sai daqui sem que
saibamos.
— Lide com esses abutres ou terei que colocar alguém mais
competente no caso. — Ameaça, desligando na minha cara, como
sempre mostrando o babaca que é.
Ser mulher e trabalhar rodeada de homens só me faz
perceber o quanto somos subestimadas e desprezadas apenas pelo
sexo.
— Vitório!! — Grito o nome do meu parceiro, nervosa.
Ele se aproxima, chegando com o celular em mãos.
— Preciso que descubra quem foi o filho da puta que contou
para a imprensa sobre o caso.
— Já estou resolvendo isso. Você precisa ver isso — diz ele,
me entregando o telefone.
— "Na cidade de Palermo ninguém está seguro, anda solto
um assassino que mata pobres mulheres. Ele se alto denomina como
"A Besta". E mata a sangue frio, primeiro faz a vítima se encantar e
depois tira sua vida." — Diz a nota do maior jornal da cidade.
— Precisamos caçar essa Besta e prendê-lo antes que outras
jovens apareçam mortas.

Acordo na manhã seguinte mais uma vez com o maldito


pesadelo, dessa vez eu estava amarrada e Dimitri sorria
sadicamente, vendo Ivan ser despedaçado pelas bestas ferozes.
Esse horrível lugar está mexendo com a minha mente.
Dimitri dormia ao meu lado, mais uma vez nu. O lençol está
em seus pés e não consigo evitar passar os olhos pelo seu corpo
definido, ele deve treinar por muitas horas para ter tantos músculos
nos lugares certos. Pior que o desgraçado é bonito, com essa barba
cerrada e cabelos negros, seus olhos matadores que o tornam um
pedaço de mau caminho. Caminho esse que não pretendo percorrer.
Me levanto sem fazer barulho, pois não quero ter que aguentar ele
logo cedo. Vou para o closet e escolho um vestido branco leve, o
clima na Itália é bem diferente da Rússia, provavelmente eu
precisarei fazer compras em breve. Tomo um banho rápido, me visto
no banheiro e quando estou pronta, saio, encontrando Dimitri sentado
na cama, aparentando ter acabado de acordar.
— Bom dia, bella mia. — Ele fala, levantando e vindo até
mim.
— Não sei de onde você tirou esse apelido ridículo, meu nome
é Katharina.
— És bela, Katharina, bela e minha toda minha. Uma hora vai
se dar conta disso. — Ele afirma, tocando em uma mexa do meu
cabelo. Me afasto, saindo do quarto e deixando-o sozinho.
Desço as escadas, indo direto para a cozinha, que já estava a
todo vapor.
— Buongiorno — comprimentos todos.
— Buongiorno, senhora — respondem.
— A senhora acordou cedo — fala Carlota.
— Estou acostumada a acordar cedo na Rússia. Vicenzo e
Lorenzo já acordaram? — pergunto.
— Sim, já estão na mesa do café, senhora, quer que eu
prepare algo especial para a senhora?!
— Não é preciso, Carlota, tudo que prepara é delicioso —
digo e em seguida acompanho Luigi, que leva uma bandeja com
pães, croissant e brioche até a mesa onde já vejo meus queridos
cunhados sentados, tomando café.
— Bom dia — cumprimento-os, sendo educada.
— Bom dia, princesa — fala Lorenzo e Vicenzo me dá um
bom dia seco.
— Gostaria de saber o que você tem contra mim, Vicenzo? —
Pergunto de uma vez para o idiota, que parece ter chupado limão
logo cedo.
— Nada, deveria ter algo contra você, Castelaresi? — ele
pergunta ironicamente.
— Não dê ideias para o idiota do Vicenzo, ele só tem
dificuldade em confiar nas pessoas. — Fala Lorenzo, tentando
quebrar o clima tenso.
— Bom dia — fala Dimitri, entrando na sala e sentando em
seu lugar.
Os três começam a falar sobre negócios.
— O carregamento de coca será levado nos navios até a
costa da Irlanda e, de lá, faremos a distribuição. — Informa Vicenzo
a Dimitri.
Eu já estava contando os segundos, só esperando o circo
começar a incendiar. Me sirvo de um delicioso cappuccino e a
tradicional fatia de pão italiano com marmellata, quando Natasha
chega.
— Bom dia, queridos, já estão tomando café? cheguei tarde
— ela diz, com um sorriso sensual para Dimitri, que nem se move.
— Não seja por isso, querida, aguardaremos você para tomar
café com a gente — falo cinicamente e Vicenzo olha para mim como
seu eu estivesse possuída. Por dentro estou rindo do olhar chocado
dos quatro.
— O que foi? — Pergunto, fingindo estar confusa.
Natasha disfarça a confusão e sobe para o segundo andar.
Não demora nem cinco minutos para ouvimos seus gritos do segundo
andar.
— Que merda foi agora?! — Reclama Dimitri, jogando o
guardanapo na mesa e ficando de pé.
Eu finjo ignorância, demência continuo tomando meu
cappuccino, quando ela aparece, toda vermelha, segurando um dos
seus vestidos Gucci.
— Sua vagabunda, você destruiu todas as minhas roupas —
ela me acusa, jogando o vestido sobre a mesa.
— Você me chamou de que cyka? — Pergunto séria,
colocando minha xícara sobre a mesa.
— Você ouviu, sua bastarda, você me paga — Natasha vomita
a acusação, vindo em minha direção para dar um tapa na minha
cara. Porém, a puta não sabe com quem está lidando. Rapidamente,
segurei seu braço, girando-o atrás das suas costas, pressionando
seu rosto contra a mesa.
— A próxima vez que você levantar essa mão para mim vadia,
eu vou arrancar todas as suas unhas e fazer você comer. — Digo
com ódio, esfregando sua cara na mesa, porém, Lorenzo
rapidamente me afasta dela e Vicenzo o ajuda, separando nós duas.
— Foi você quem fez isso, Katharina? — Dimitri, que até
então se mantinha calado, pergunta, olhando direto para mim.
— O que acha meu amor? Eu avisei que deveria tirar sua puta
dessa casa.
— Me respeita, desgraçada, essa casa é minha. — Ela diz,
tentando se jogar na minha direção.
— Se quiser continuar viva, vagabunda, é melhor sair daqui
por bem ou vai sair dentro de um caixão. — Digo amarga e Lorenzo
não se contém e acaba deixando escapar uma risada discreta.
— Chega!! — Grita Dimitri, vermelho de raiva. — Estou
cansado de vocês duas, isso aqui não é a porra de uma creche onde
ficam brigando feito crianças.
— Mas, Dimitri, ela destruiu todas as minhas roupas, entrou
no meu quarto sem permissão. Você não pode deixar que ela faça
isso comigo — a vadia tenta se defender.
— Eu decido o que fazer ou não com a minha mulher,
Natasha. Pegue este cartão e compre tudo que precisar. — Ele fala,
abrindo a carteira e entregando um cartão prateado para ela, que
sorri que nem uma palhaça, se sentindo vitoriosa por conta de uma
merda de cartão.
— Te espero no meu escritório, Katharina. — Fala friamente,
indo até seu escritório com Vicenzo, nos deixando sozinhos na mesa.
— Você não vai conseguir. Nada que você faça vai me tirar do
meu lugar. — Natasha sorri, olhando para o cartão.
— Não se preocupe, Natasha, o lugar de puta da casa é todo
seu. — Respondo, deixando-a e Lorenzo para trás, saindo pela porta
dos fundos para tomar um ar puro e ficar perto dessa gente está me
deixando maluca.
Se Dimitri pensa que serei seu cãozinho, que ele dá ordens,
abano o rabo e obedeço, ele está enganado. Desço uma escada que
leva ao caminho de pedras em meio à grama, o sol está quente e me
arrependo por não ter pego meus óculos escuros. Dois homens de
Dimitri me olham de longe, mas não se aproximam e eu agradeço
por isso. De dia posso admirar melhor a fortaleza. Há muitas árvores
e muito verde, mas sinto falta de flores para alegrar o espírito
sombrio desse castelo.
Há uma grande fonte, três estátuas de Deuses gregos, isso
me faz lembrar que a Itália, mais especificamente a riqueza cultural e
histórica da Sicília, é tão surpreendente que nesta ilha italiana
existam mais monumentos da Grécia Antiga do que na própria
Grécia. Esta herança, essa que se refere à cultura romana. Quero
conhecer todos o Vale dos Templos, o tempo dórico. O mais bem
preservado templo grego do mundo. Realmente preciso usar os
poucos benéficos que tenho por ser casada com um maldito italiano.
Uma torre me chama atenção, por ser afastada da construção
principal, como se ela tivesse sido construída depois do castelo.
Continuo olhando o lugar, que é enorme e muito bonito mesmo, com
sua maneira rústica e sombria, a fortaleza é encantadora. Dá para
perceber que estão no terreno mais alto da ilha, o que dá uma vista
privilegiada de todo Mediterrâneo. O lugar é fantástico, daqui de
cima vejo a grandeza da Sicília.
Não sei quanto tempo fico olhando para o mar, pensando em
como minha vida mudou de um dia para o outro e quão difícil está
sendo viver sobre o mesmo teto que a Besta.
Volto a caminhar, prestando atenção no terreno, pensando
que daria um bom local para construir uma estufa, até me deparar
com algo aterrorizante. A menos de cinco metros de mim estava uma
fera, mas dessa vez não era o maldito do Dimitri, não, tinha um leão
selvagem, bem na minha frente e o pior é que seu olhar estava
voltado diretamente para mim.
— Merda, merda estou fodida — digo, trêmula, ao ver a fera
selvagem caminhando em minha direção.
Esperei cerca de cinco minutos e nada da maledeta chegar. A
desgraçada só pode estar querendo me enlouquecer, não é possível
que ela possa ser tão petulante e desobediente. O castigo de ontem
não foi o bastante para que ela aprenda a me obedecer.
Saio da minha sala batendo a porta e já no corredor encontro
Luigi.
— Onde está Katharina? — Pergunto a ele.
— A mulher é sua, irmão, é você quem deve saber onde a
Castelaresi está.
— Você está esquecendo que agora ela é uma de nós, Rinna
também é o sobrenome dela. Tenha isso em mente na prova de fogo
e se algo der errado o culpado será você!
Vicenzo sorri e não responde, saindo, provavelmente para a
sede.
Cheio de raiva, chamo um dos seguranças e ele me informa
que a maledeta foi ao jardim, pelos fundos. A raiva que estava
sentindo logo se transforma em preocupação.
— Que merda Katharina foi fazer logo no jardim dos fundos?!
Caminho a passos apressados na direção que ele me indicou
e não demora muito para que eu veja os cabelos loiros de Katharina.
Mas o que me deixa totalmente possesso e com ainda mais raiva é
ver que ela segura um rastelo, pronta para atacar Hades.
— Que merda você está fazendo?! — Grito, entrando na
frente de Hades antes que a louca o machuque.
— Essa besta é sua? — Katharina pergunta, assustada.
— O que deu na sua cabeça para tentar machucar Hades?!
— Pergunto, preocupado que ela o tenha ferido. Verifico seu pelo
atrás de algum ferimento que ela possa ter lhe causado.
— Você está brincando comigo? Eu quase fui devorada por
esse animal feroz e você está preocupado com ele!! — ela grita e
Hades ruge, irritado com Katharina.
— Calma garoto, eu estou aqui — digo, acariciando seu pelo,
acalmando-o e ele esfrega a juba no meu braço, num gesto
carinhoso, querendo atenção.
— Desaparece da minha frente, Katharina, se eu pegar você
tentando machucar Hades ou Perséfone, você irá se ver comigo. —
Digo firmemente, deixando claro para ela que isso não é brincadeira.
— Espero que esse maldito leão te devore, seu desgraçado!!
— Ela grita e Hades avança na direção dela para atacá-la, todavia,
entro na frente e ele para, não sem antes rugir para Katharina.
— Fora daqui Katharina! — Digo e ela joga o rastelo no chão
e sai em direção à fortaleza. — Ei, garoto, fica calmo — digo,
acariciando-o para que ele não vá atrás da desmiolada da Katharina.
Quando Hades está mais calmo, o levo até o oásis que
construí para ele e Perséfone, nos fundos da propriedade. Ganhei
Hades de presente quando ele tinha sete meses de vida, de um
contrabandista que estava passando pela Itália e queria fazer
negócios com a Cosa Nostra, contudo, tráfico animal não faz parte
dos negócios da máfia.
Quando ele se deu conta do terreno em que estava pisando,
me entregou Hades como presente de desculpas. Eu não queria
aceitar, mas temendo que o animal tivesse um destino pior na mão
de contrabandistas, eu o aceitei. Então decidi criar um lugar aqui na
fortaleza onde ele se sentisse livre e não como um animal de
estimação.
Um veterinário foi contratado e teve que morar aqui para
dedicar cem por cento do seu tempo aos animais, já que dois anos
depois da chegada de Hades, decidi mandar trazer uma fêmea, para
que ele não se sentisse tão só. Então Perséfone foi trazida de um
zoológico particular, que estava para fechar devido a sua má
administração e falta de recursos. Comprei a leoa deles e ainda dei
uma boa grana para que eles pudessem reconstruir o zoológico.
— Ei, garota, onde você estava? Estávamos procurando
você!! — digo à Perséfone assim que chegamos à área reservada
para os dois. A mesma está deitada sobre uma pedra e olha para
nós dois, entediada.
— Senhor, não sabia que estava aqui — diz Guido, o
veterinário e tratador dos animais.
— Onde estava que não viu Hades a ponto de atacar minha
esposa? — Pergunto, olhando para ele, que fica pálido na mesma
hora.
— Desculpe, senhor, eu saí por apenas um minuto para
buscar a comida dos leões. — Explica, nervoso, segurando dois
baldes com a carne de primeira que é servida para Hades e
Perséfone.
— Certo, espero que isso não aconteça novamente — o
aviso.
Deixo os dois se alimentarem e volto para a fortaleza para
tratar da minha mais nova dor de cabeça, Katharina.
Na entrada, encontro Natasha saindo, provavelmente para
suas compras. O que me faz lembrar o primeiro motivo pelo qual
estava furioso com Katharina. Inferno, essa mulher só pode ser um
castigo vindo do além para me atormentar. Passo pela porta da
frente vejo Luigi conversando com Lorenzo. Ignoro os dois e vou
direto para o escritório, atrás da loira. Porém qual a minha surpresa
ao encontrar o escritório vazio. — Maldita russa, continua a testar a
minha paciência. Vou direto para o quarto, onde provavelmente ela
deve se esconder. E, assim que abro a porta, vejo a maledeta
sentada na cama com o controle da tevê na mão.
— Qual o seu problema, Katharina, por que é tão difícil
cumprir uma simples ordem?
— Eu não sou seu soldado, Dimitri! — Diz, jogando o controle
sobre a cama e se levantando.
— Claro que não, se fosse, uma hora dessas eu já teria
arrancado sua língua. Por que entrou no quarto de Natasha e
estragou as roupas dela?
— Eu avisei que era para tirar essa mulher daqui. Se tem
alguém culpado, esse alguém é você, por que me humilha mantendo
a esposa e a amante sob o mesmo teto?!! — Grita, apontando o
dedo em minha direção.
— Esta casa é minha, Katharina, eu hospedo quem eu quero
dentro dela. Você se casou comigo há poucos dias e já quer mandar
na minha vida.
— Esta casa não é só sua, querido, acho que esqueceu que
meu pai fez questão do nosso casamento ser em regime de
comunhão de bens, como na máfia não existe divórcio, você não se
importou em assinar. Porém, eu não me esqueci desse fato, portanto
eu não quero a sua vadia vivendo aqui! — Fala afrontosa e tudo que
eu quero é fazê-la engolir suas palavras com meu chicote.
Dou um passo em sua direção, empurrando-a contra a coluna
de madeira do dossel da cama.
— Chega de birra! — digo, segurando suas mãos antes que
ela me acerte.
Pressiono meu corpo contra o seu tentando controlar minha
vontade de machucá-la.
— Escuta de uma vez por todas, quem dá as cartas aqui sou
eu, Katharina, você está sobre o meu domínio. Não quero mais saber
de brigas dentro dessa casa, aprenda a conviver com Natasha, pois
mulher nenhuma me põe cabresto. Você, Katharina, não passa de
um acordo que tenho que suportar pelo bem da Cosa Nostra. — Falo
friamente, olhando em seus olhos azuis.
— Pois para mim, Dimitri, você não passa de um demônio
querendo se passar por um Deus. Eu não tenho medo de você.
Quando ela diz isso eu já não me controlo, puxo seu cabelo
brutalmente e arrasto seu rosto para o meu, mordendo seus lábios
rosados e beijando sua boca. O gosto de sangue faz com que o beijo
se torne ainda mais intenso. Katharina tenta lutar, mas a mesma
eletricidade que queima em mim incendeia ela também e esse desejo
se torna incontrolável. Ela se entrega, me mordendo do mesmo jeito
que eu a mordi. Beijar seus lábios é como beijar o fogo, são quentes
como brasas e parecem me consumir a cada toque meu. Eu não
resisto e puxo a parte de cima do seu vestido, fazendo com que os
botões voem pelo quarto.
Meus lábios viajam pelo seu pescoço, o cheiro de rosa
preenche minhas narinas e meu pau está tão duro que estou a ponto
de enlouquecer se não entrar dentro dela. Katharina usa as unhas
para arranhar meu pescoço e meus ombros, mas nada me fará
parar, não agora que a tenho a minha mercê, tão submersa no
desejo que se submeterá a mim. Volto a beijar seus lábios com força
e puxo seu cabelo para machucar. Katharina geme chupando a minha
língua e arranha com força meus ombros. Há um duelo sendo
travado neste quarto, um duelo para saber quem está no comando.
Puxo a alça do seu sutiã, deslizando pelo ombro, porém, é nesse
momento que Katharina se afasta e limpa a boca, como se sentisse
nojo por ter me beijado.
— Não venha dar uma de virgenzinha assustada, Katharina,
você gostou e se não tivesse parado, agora estaria de quatro nessa
cama, comigo te comendo brutalmente. — Digo a olhando.
— Você é um escroto, saia daqui Dimitri, me deixa sozinha.
Não vê que o odeio, que quero distância de você?
— Pode odiar o quanto quiser, Katharina, mas me deseja e
aposto que está encharcada apenas com a porra de um beijo.
— Você é nojento! — Ela grita, tentando colocar a parte de
cima do vestido rasgado.
— Foda-se o que você pensa, pode negar e dar uma de
durona, eu não me importo. Uma hora ou outra, você estará
gemendo, amarrada, com a bunda marcada pelo meu chicote e meu
pau fundo na sua boceta.
— Nunca, seu desgraçado, eu tenho nojo de você e de mim
por ter aceitado seu beijo.
— Eu estou vendo que essa conversa não vai nos levar a
nada. Você está proibida de sair da mansão e de se aproximar de
Hades e Perséfone, e muito menos de entrar no quarto de Natasha.
Espero que, com isso, você perceba que toda vez que me afrontar a
única que sai perdendo é você. — Falo sério e decido deixá-la
sozinha e ir direto para a sede, onde tenho muito a fazer.

— A coca vinda da Colômbia é realmente de primeira — falo


após cheirar a pequena prova da nossa remessa, vinda de Bogotá,
na Colômbia.
— Eu falei, chefe, essa remessa é boa, vamos ter grande
lucro com ela.
— Vamos começar a transportar nossas mercadorias pelos
navios da família Castelaresi. Espero que tudo seja preparado em
menos de três dias para o primeiro transporte.
— Certo, chefe — Alejandro diz, saindo da minha sala.
— Senhor — diz Cibele, batendo na porta da minha sala.
— Entre — Autorizo, largando o balanço da carga vinda da
Colômbia.
— Bom dia, senhor, desculpe incomodá-lo, mas o senhor
Rinna mandou chamá-lo em sua sala o quanto antes.
— Obrigada, Cibele, estarei lá em alguns minutos — digo,
desligando meu computador, pegando os balanços e indo até a sala
de Dimitri.
Após bater na porta, ouço ele dizer para entrar.
— Mandou me chamar?!
— Sim, quero saber como ficou a organização da nossa carga
que será enviada pelos navios dos Castelaresi.
— Em três dias tudo estará pronto para despacharmos pela
Europa.
— Perfeito, tenho mais uma missão para você — falo ansioso.
— Preciso que coloque alguém de olho na Daniela, dei uma missão a
ela, de conseguir o engenheiro de finanças para começarmos nosso
esquema de lavagem de dinheiro. Porém, não tenho cem por cento
de confiança em Daniela, ela já falhou uma vez e agora é importante
demais que a missão seja cumprida.
— Certo, mandarei alguém ficar na cola dela.
— Temos outro problema, um dos nossos laboratórios na
Argentina foi descoberto pela polícia local. Infelizmente, perdemos
um grande lote de drogas, quero que entre em contato com nossos
associados da polícia de lá e tente descobrir quem passou a
informação para eles.
— Isso foi fita dada(delação), eles não tinham como encontrar
um laboratório subterrâneo em meio a uma área rural sem algum
dedo duro ter nos entregado.
— É o que eu imagino também, seja quem for, quero esse
maldito morto. Precisamos de um novo local para o laboratório da
América Latina, encontre um bom engenheiro para que o novo
laboratório seja mais seguro que o anterior. Não podemos perder
nosso comércio latino.
— Pode deixar, eu mesmo resolvo isso. Vou agora mesmo
falar com Daniela e ver o que descubro sobre o economista que ela
vai encontrar. — Informo, deixando a sala de Dimitri, pegando o
elevador privativo para ir até o andar da sala de Daniela Copolla.
Ao passar pelos corredores, noto que todos ficam calados,
concentrados em seus computadores, temendo não só pelos seus
empregos, mas também suas cabeças. Entro na sala de Daniela e a
vejo concentrada na tela de seu computador.
— Já tem o nome que precisamos, Daniela? — Pergunto à
melhor hacker da Cosa Nostra.
— Sim, consegui tudo que precisamos sobre ela, tenho uma
biografia da vida dessa mulher.
— Mulher? — Questiono, confuso.
— Sim, uma mulher. Seu nome é Ella Meyer, atualmente
trabalha na bolsa internacional de valores suíços, também presta
consultoria para o banco UBS. Enfim, ela é a mais qualificada para o
que precisamos, o difícil vai ser convencer Ella Meyer a trabalhar
para a família. — Diz ela, tirando os olhos da tela e olhando para
mim.
— Espero que já tenha bolado um plano e que dessa vez não
envolva tiros, como da última vez.
— Sim, tenho um plano, mas vou precisar de dinheiro vivo,
muito dinheiro. — Ela conclui, concentrada.
— Isso não é problema, diga à quantia que Lorenzo leva para
você.
— Vou precisar para hoje mesmo, já comprei a passagem
estou indo para a Suíça hoje à noite. Pelo que pesquisei sobre Ella,
não será fácil convencê-la a nos ajudar, nós estamos falando de uma
mulher com uma carreira no mundo financeiro intacta. Mas, ao se
juntar com a máfia, não estará mais tão intacta.
— Todo ser humano tem um preço, Daniela, você só precisa
descobrir qual é o dela.
Eu não conseguia entender porque agora e daquela forma,
como pude corresponder de maneira tão intensa ao beijo de Dimitri?
O pior é saber que ele tem razão, eu estava excitada com o toque
de suas mãos grossas percorrendo meu corpo.
— Eu só posso estar enlouquecendo, jamais deixarei um
homem como ele me submeter de maneira tão vil.
Isso só pode ser a carência, uma atração física, apenas isso,
é apenas meu corpo correspondendo a um homem bonito. Seja lá o
que for isso, preciso sufocar qualquer tipo de sentimento que não
seja o ódio por esse homem. Quando vi, pela janela do quarto, sua
Ferrari saindo pelos portões da fortaleza, pude voltar a respirar. Fui
direto para o banheiro tirar o cheiro dele, que parecia impregnar
minha pele.
Ligo o chuveiro na água fria e tiro toda a minha roupa,
entrando na água gelada, fazendo com que ela me desperte desse
torpor. Lavo meus cabelos e termino meu banho, me sentindo mais
leve. Recolho a minha roupa, jogando tudo na lixeira do banheiro, não
quero nada que me lembre o que aconteceu aqui.
Me troco rapidamente e, dentro do closet, pego o meu violino
e o celular que trouxe escondido. Tocar sempre faz a minha mente
clarear e os problemas desaparecerem.
Decido ir para a biblioteca, desço as escadas, dando graças
a Deus pela casa estar vazia, assim eu tenho um pouco de paz.
Entro na grande biblioteca e só agora posso observar melhor os
seus detalhes, ela tem dois andares, estantes de madeira
trabalhada, provavelmente por grandes artesãos, o teto é pintado à
mão, com belas pinturas mostrando um belo mapa da Itália antiga.
Abro as janelas, deixando o ar puro entrar, me sento na
poltrona de couro marrom perto da janela e observo daqui à vista
grandiosa. Posiciono meu violino e deixo a música fluir pelos meus
dedos. Coloco nela todas as minhas emoções e a melodia flui
lentamente, dando vazão a todos os meus sentimentos. A dor dentro
de mim faz a canção ser um tanto melancólica e triste, mas não
paro, continuo tocando para esvaziar minha mente.
As cordas dançam pelos meus dedos, uma lágrima escorre
pelo meu rosto ao imaginar como poderia ter sido a minha vida se
não estivesse aqui, como poderia ter sido se não fosse uma maldita
Castelaresi. Não sei quantas músicas toco, fiquei envolvida no violino
por muito tempo e quando a agonia dentro de mim se esvai, a
melodia do violino chega ao fim. Eu abro meus olhos e olho para a
vista de lá, me dando conta que não adianta mais chorar, pois nada
vai mudar. Ivan não voltará e eu continuarei sozinha no covil da
Besta, literalmente. Me lembro do leão feroz que ele tem como
animal de estimação.
— A senhora tem um talento incrível — diz Luigi, me
assustando, pois não tinha notado que ele estava me assistindo
tocar.
— Faz tempo que está aí?
— Não, senhora, acabei de chegar. Como à senhora não
desceu para o almoço eu decidi ver se quer que eu traga sua
refeição para a biblioteca.
— Fiquei tanto tempo assim entretida? — Pergunto, me dando
conta de que já é tarde.
— A senhora toca tão lindamente que não queria interromper.
— Obrigada, Luigi, não se preocupe, almoçar com vocês, na
cozinha.
— Tem certeza que é uma boa ideia, senhora? O senhor não
irá gostar de saber que fez sua refeição na cozinha.
— Deixa que, com Dimitri, eu resolvo.
Seguro no braço dele e saímos da biblioteca em direção ao
primeiro andar, mas ao descer as escadas tenho o desprazer de
encontrar com a puta, chegando das suas compras com dezenas de
sacolas.
— Luigi, ajude Kleber a trazer o resto das minhas compras —
ordena ela, com um sorriso de deboche.
— Luigi não é seu empregado, Natasha, que eu saiba você e
ele trabalham para a família. Ou seja, se quer suas compras em seu
quarto, vá buscar você mesma.
— Que isso, queridinha, está bravinha porque eu pude
comprar tudo que eu quis com o cartão de Dimitri, enquanto você
ficou aqui levando uma bronca?
— Natasha, tem horas, como agora, que eu sinto pena de
você. Sinto pena por pensar que existem mulheres como você, que
se contentam com o fato de um homem só a querer para o cargo de
amante, contente com míseros presentes caros e migalhas de
atenção. Tem horas que tenho pena por você estar perdendo seu
tempo com um homem que nunca vai te amar. — Digo, olhando para
ela com pesar.
— Você não sabe o que está dizendo, você não me conhece,
Dimitri me ama e você é o único empecilho para que sejamos felizes.
Está com inveja dos presentes que ele me deu, isso sim.
— Inveja, Natasha, do que? Sabe de onde eu vim, não preciso
do dinheiro de Dimitri. Eu sou uma mulher independente, tenho meu
dinheiro e mesmo que não tivesse eu sou formada, querida. Sou uma
advogada e, se precisar eu prefiro trabalhar de garçonete em um
botequim a depender de um homem.
— Isso tudo não passa de despeito. Katharina, aceita de uma
vez por todas que você está sobrando aqui. Dimitri não te suporta,
na verdade, ninguém nesta casa gosta de você. A melhor coisa que
faz é voltar para o lugar de onde veio.
Ela tenta retrucar, pois é nítido que minhas palavras a
abalaram.
— Como eu disse, são poucas as vezes que sinto pena de
você, pois logo me lembro que você não passa de uma puta e que
está nessa situação porque quer, então meu desprezo toma conta.
Eu te avisei, Natasha, você deveria ter me ouvido. — Falo deixando-
a sozinha, indo direto para a cozinha junto com Luigi que, ao passar
pela porta da cozinha, não se aguenta e solta uma gargalhada.
— Senhora, desculpe a minha falta de modos, mas nunca vi a
senhorita Natasha tão sem resposta como agora.
— Ignora ela, Luigi, vamos almoçar, porque não vou deixar
essa infeliz estragar meu apetite.
Não vejo mais a serpente pela casa. No meio da tarde eu já
estava entediada, até queria ir caminhar pelo jardim, mas o medo de
encontrar a besta me faz desistir. Ligo para Aslan, porém ele não me
atende. Penso em ligar para casa e falar com mamãe, mas tenho
medo do meu pai acabar atendendo. Sem ter muito o que fazer
dentro de casa, decido sair e conhecer Palermo. Visto uma calça
jeans escura, uma jaqueta por cima da blusa branca e pego minha
bolsa, pronta para sair.
— Luigi — chamo por ele ao chegar na sala de estar.
— Senhora, precisa de algo? — Ele pergunta, como sempre
prestativo.
— Preciso da chave de um dos carros do meu marido.
— Bem, senhora, eu não tenho permissão para entregar as
chaves dos carros do senhor Dimitri, todos sabem que ele tem muito
apreço por seus carros, nem mesmo os irmãos os usam.
— Não se preocupe, Luigi, Dimitri não vai ficar bravo, eu
mesmo resolvo com ele quando chegar.
— Se a senhora garante — ele vai até um aparador na sala e
tira de dentro de lá uma caixa. — A senhora escolhe — ele fala,
mostrando a quantidade de chaves dentro da caixa, provavelmente
meu querido marido tem uma coleção enorme.
Escolho a primeira que vejo e me despeço de Luigi, saindo da
mansão.
— Senhora, posso saber onde a senhora está indo? —
Pergunta um dos seguranças.
Ele tem cabelos castanhos claros e barba cerrada, realmente
a Itália é a terra dos homens bonitos. Jesus, é cada monumento.
— Estou saindo, não que isso seja da sua conta.
— Tenho ordem para não deixar à senhora sair, ordem do
chefe. — Ele diz, constrangido.
— Pois eu vou sair e é melhor não ficar no meu caminho. —
Respondo, dando dois passos à frente, mas sou parada por ele
novamente.
— Senhora, eu fui designado, junto com Romeu, para ser o
segurança da senhora, por favor, colabore, estamos apenas
cumprindo ordens.
— Qual o seu nome? — Pergunto, me controlando para não
estourar e mandar ele enfiar essas ordens lá naquele lugar.
— Chaise, senhora.
— Certo, Chaise, eu vou sair de um jeito ou de outro. Você
pode escolher vir comigo ou ficar aqui, a escolha é sua. — Digo,
sabendo que não vou conseguir me livrar dele mesmo. Tudo o que eu
quero é sair e conhecer a cidade.
Noto que ele engole em seco, provavelmente sem saber o que
fazer, por fim decide me acompanhar até o carro.
Quando chegamos no carro, fico em êxtase ao ver o modelo
exclusivo da Maserati. O outro segurança abre a porta de trás para
mim, como se eu fosse deixar a diversão por conta deles. Jamais,
entro, sento no banco do motorista e dou partida, animada.
— E aí, vão entrar ou vão ficar olhando?! — digo sem
paciência e não demora para que os dois estejam dentro do carro.
Saio da fortaleza cantando pneu, ligo o som do carro,
escolhendo uma música. Não demora muito e Bishop começa a
tocar, animando o dia que estava uma merda.
— Senhora, não é recomendável dirigir nessa velocidade —
diz Chaise, apertando o cinto de segurança conforme eu acelero a
mais de duzentos por hora na curva.
— Deixa de ser careta, Chaise, estamos em uma Ferrari.
Confiem.
Vamos nos afastando da fortaleza, vejo o sol se pôr e toda
Palermo se acender. A cidade é linda, fico encantada com tudo que
vou vendo pelo caminho. Passamos pela praça central. Conheço o
shopping principal, o teatro, assim como o mercado de peixe. Na
avenida da orla eu estaciono o carro e fico olhando pela janela,
observo muitas pessoas caminhando, crianças andando de bicicleta
e muitas flores.
— Está ficando tarde, senhora, é melhor voltarmos antes que
seu marido chegue.
— Vocês dois são uns chatos — reclamo, dando partida e
voltando para a minha prisão.
Já tinha decorado o caminho de volta, apesar de não ser
difícil localizar um grande castelo no alto de Palermo. Todavia, os
olhares de Chaise e Romeu para o retrovisor me deixam em alerta,
que algo pode estar acontecendo.
— O que foi? — Pergunto, olhando pelo retrovisor.
— Não se preocupe, senhora.
— Como não me preocupar, o que tá acontecendo?!
— Estamos sendo seguidos — fala Romeu, tirando a pistola
do coldre.
— Como assim estamos sendo seguidos, merda? — grito
nervosa e em seguida ouvimos tiros sendo disparados em direção ao
carro.
— Concentre-se na estrada, senhora, estamos aqui para
protegê-la — diz Chaise, abrindo o vidro do carro e atirando contra o
carro preto que nos segue.
— Precisamos tirar a senhora daqui — fala Romeu, nervoso,
atirando contra o carro e eu acelero, tentando chegar à fortaleza o
mais rápido possível, porém o que eu não esperava era o tapete de
lâminas em nossa frente.
Tento desviar, mas, em alta velocidade, passo por cima,
furando os pneus do carro, fazendo com que eu perca o controle da
direção. Tudo acontece em câmera lenta, os tiros param, mas o
carro gira, capotando no ar. Meu corpo queima de dor, meu pé está
preso nas ferragens. Não consigo ver Chaise, apenas Romeu, que
está preso no cinto, desacordado e com bastante sangue saindo da
sua barriga. Tento puxar meu pé, mas a dor no corpo é forte. Forço-
me a puxar meu pé pelo menos umas três vezes, até que ele esteja
livre. Solto o cinto de segurança e meu corpo cai com tudo batendo
na porta lateral, cortando meu braço com os cacos. Me arrasto pelo
vão aberto e consigo sair do carro, quando vejo o corpo de Chaise
no chão, desacordado. Tento ir até ele para pegar o celular e pedir
ajuda, porém antes que eu possa me levantar, vejo botas pretas na
minha frente. Um homem de preto que nunca vi coloca um pano no
meu rosto e o cheiro forte de clorofórmio toma conta. Aos poucos eu
vou apagando, não sem perceber que acabo de ser sequestrada.
Acordo com uma dor terrível na cabeça e um zumbido forte
em meu ouvido, o que me leva a crer que fui drogada. Lentamente,
vou abrindo meus olhos e me dando conta do lugar onde me
encontro. Estou sentada em uma cadeira com as mãos e as pernas
presas a ela, minha roupa está suja e meu cabelo esparramando
pelo meu rosto. Levanto a cabeça e sinto minha garganta arder de
sede, outro efeito das drogas que injetaram em mim. Meu ombro dói
e olhando para ele vejo uma grande ferida em carne viva,
provavelmente do acidente.
A sala onde estou não é muito grande, não há janelas, nem
banheiro, apenas uma porta, por onde meus sequestradores devem
passar. Não faço ideia por quanto tempo fiquei desacordada, mas é
bem provável que há essa hora Dimitri já saiba que fui sequestrada.
Ele pode não gostar de mim, mas não deixará que meu pai descubra
que fui sequestrada e eu conto com isso para sair daqui. A porta
abre e um homem alto de cabelos castanhos e barba comprida
passa por ela.
— Katharina Peshkov Castelaresi Rinna, um belo nome para
uma bela mulher. — Fala em russo, me surpreendendo. — Uma
russa casada com um italiano muito rico e influente chefe da Cosa
Nostra.
— Você parece saber muito sobre mim — digo com a voz
fraca.
— Não o bastante, pelo visto. Mas ele que vem de uma
família aristocrática e agora é esposa do poderoso Salvatore Rinna,
sua cabeça vale uma fortuna.
— E você pretende vendê-la. — Concluo, com asco.
— Negociá-la é o melhor termo a ser usado, mas antes disso
acontecer preciso mostrar ao seu querido marido o que acontecerá
caso ele não queira pagar o resgate. — Fala com um sorriso frio nos
lábios e acende um cigarro, tragando a fumaça para então soltá-la
no meu rosto.
Me concentro para não o mandar se foder antes da hora,
preciso manter a calma para sair viva daqui, minha vida está nas
mãos deste filho da puta. O desgraçado joga o cigarro no chão e
pisa em cima, voltando a abrir a porta e por ela passa outro homem.
Esse é aterrorizante, ele é enorme e sua aparência o deixa
assustador.
— Rain, dê à convidada um tratamento vip — diz o babaca ao
mutante.
O homem assustador avança em minha direção, tira o celular
do bolso e aponta a câmera para mim. Quando menos espero
recebo um soco certeiro no estômago. Seu golpe é tão forte que a
cadeira é empurrada para trás e só não caio por conta da parede.
A dor é intensa, só que maior que a dor que estou sentindo é
o meu ódio por esses miseráveis. Eu não tenho chance de me
recuperar do golpe, pois outro vem em seguida e logo depois um
tapa forte no meu rosto, fazendo com que meu lábio se parta.
Sangue escorre da minha boca, mas eu não ouso pedir para que
parem, pois é isso o que eles querem e não darei esse gostinho para
os bastardos.
— Acho que é o suficiente para fazer com que o marido da
belezinha aí pague o resgate — Fala. — É melhor entregar o que
pedimos, não acredito que a loira irá aguentar muito tempo a estadia
que preparamos para ela — ele diz, enquanto filma o meu estado.
Fico sozinha na sala novamente e aproveito esse tempo para
pensar em uma estratégia para sair daqui. Não é possível que esses
caras sejam tão burros a ponto de sequestrar a senhora da máfia
italiana.
O que eles estão pedindo para Dimitri em troca por mim. Se
bem conheço esse tipo de merda, se Dimitri pagar o resgate, ainda
assim vão me matar. Minha mente trabalha várias hipóteses, mas
nenhuma delas me parece lógica. Russos na Itália e pior,
sequestrando a esposa do Boss da Cosa Nostra. Não sei quanto
tempo fico sozinha na sala, mas uso esse tempo para me acalmar e
controlar a dor que se espalha pelo meu corpo. As cordas em
minhas mãos não estão bem amarradas, não da maneira como
devia. Se me concentrar o bastante, talvez eu consiga libertar as
minhas mãos e posso escapar daqui. A voz de Aslan vem na minha
cabeça, eu tinha apenas onze anos quando fui amarrada por ele em
uma cadeira como essa por quinze horas no meio de um lago
congelado, até que eu descobrisse uma maneira de me soltar.
Digamos que o modo de treinamento russo não é fácil e meu irmão
não facilitou em nenhum momento para mim. Ele queria que eu
estivesse preparada para que na hora certa eu pudesse me
defender.
Levanto meu rosto e tento enxergar alguma câmera na sala.
Não quero que os meus sequestradores vejam a minha tentativa de
fuga. Sinto que uma das paredes é falsa, mas ainda assim vale a
pena o risco. Junto os nós dos dedos e coloco os punhos na direção
do peito, esse gesto cria um espaço entre os pulsos. Giro o punho
de baixo em um ângulo de 45° e começo a afrouxar a corda. A dor
atrapalha meus movimentos e dificulta meus gestos.

Não foi tão fácil como pensei conseguir livrar meu pulso,
porém o som de passos perto da porta me faz parar os movimentos
e enrolar a corda sobre o pulso novamente.
— Sentiu nossa falta, loira? — Ele pergunta, puxando meu
cabelo e erguendo meu rosto para o seu.
— Não — grito de ódio.
— Pois deveria se acostumar, o desgraçado do seu marido
não quer pagar o seu resgate. — Diz com ódio na voz e então meu
corpo paralisa ao me dar conta do que ele disse.
— Você está mentindo para mim, Dimitri não faria isso —
digo, tentando me enganar.
— O maldito Rinna não quer pagar, o desgraçado recusou o
meu pedido pela sua soltura. Pelo visto, você não é tão gostosa
como parece — fala, passando as mãos asquerosas pelos meus
seios.
— Ligue para o meu irmão. Aslan pagará o que quiser —
tento convencê-lo, já que estou sem saída.
— Acha que eu sou idiota, maldita — fala, socando a parede
ao lado do meu rosto. — Me fala por onde o desgraçado do seu
marido está transportando as armas.
— Eu não sei do que está falando — digo séria, tentando
passar confiança.
— Não se faça de inocente, eu sei bem que a Cosa Nostra
recebeu um grande carregamento de armas e seu maridinho não quis
entregar as armas pelo seu resgate.
— Eu não sei onde estão essas armas, se precisar de
dinheiro ligue para o meu irmão e peça o resgate.
— Vadia desgraçada, fala para onde o maldito vai levar as
minhas armas.
Ele dá um tapa forte no meu rosto e eu gemo alto de dor.
— Eu já disse, não sei para onde ele vai levar as armas. —
Falo firme, mesmo lembrando da conversa que ouvi de Dimitri e
Lorenzo no jantar. As armas seriam enviadas pelos navios do meu
pai.
— Desgraçada, até agora eu fui bonzinho com você e mesmo
assim não quer colaborar comigo. — Ele pega um canivete de dentro
do bolso da calça e aponta para mim. — Como eu sou bonzinho eu
vou te dar mais uma chance de me dizer onde o maldito do seu
marido escondeu as minhas armas.
— Eu não sei onde estão essas armas.
— Você fez uma péssima escolha. Eu peguei leve com você e
não quis colaborar, se você não tem serventia para mim, deixarei que
meu amigo Rain se divirta com você. Sabe quanto tempo faz que ele
não tem uma mulher bonita para foder? — Diz enquanto passa o
canivete pela minha blusa, cortando não só ela como fazendo um
risco na minha pele.
— Eu vou te matar, seu maldito! — digo e gemo de dor ao
sentir minha pele sangrar.
— Tudo isso seria evitado se você me dissesse onde estão as
armas.
— Eu já disse que não sei, filho da puta — rosno e em
seguida recebo um tapa certeiro.
— Vadia nenhuma xinga minha mãe, bastarda. — Fala e eu
engasgo com o gosto de sangue em minha boca.
Ele vai até a porta e abre para que o tal Rain passe, meu
corpo treme de pavor ao imaginar o que eles pretendem fazer
comigo e me lembro que tudo isso é culpa do desgraçado do Dimitri,
que não pagou a merda do resgate.

Essa é a segunda vítima encontrada no mesmo padrão.


Solteira encontrada no seu próprio apartamento, vítima de um
homem não identificado.
— Que tipo de pessoa transa com a vítima e em seguida a
mata de maneira brutal. Não deixa impressões digitais, contudo,
deixa a sua assinatura do crime.
— Nós já montamos uma lista de suspeitos, mas por enquanto
é complicado demais achar esse homem.
— As únicas testemunhas que temos dizem que viram à
senhorita Catar por volta das cinco da tarde saindo em um táxi.
— Não tem câmeras no prédio e no horário que eles
chegaram já não havia quase ninguém na rua. Estamos tentando
puxar as câmeras de segurança dos prédios vizinhos, mas até o
momento nenhuma que desse uma visão boa da entrada do prédio
da vítima.
— Esse desgraçado está brincando com a gente — falo com
raiva, olhando para a pobre coitada estirada sobre a cama, com a
garganta cortada.
Evelyn Castilho, a pobre coitada, só tinha vinte e dois anos e
morreu de maneira terrível.
— Acha que tem alguma ligação entre ela e a primeira vítima?
— Pergunta Vitório.
— Temos que investigar, mas por hora não há nada que ligue
os dois casos a não ser o fato de serem jovens.
— Eu não consigo entender porque ele transa com as vítimas
antes de matá-las.
— Não dá para saber o que se passa na mente de um
assassino em série, mas ao que tudo leva a crer ele possui algum
tipo de transtorno psicológico, talvez uma aversão à mulher ou talvez
algum trauma do passado que o lava a matar.
— Para mim ele é só um desgraçado querendo aparecer! —
Diz meu parceiro.
— Senhora, temos uma coisa para mostrar — diz o chefe da
perícia.
— O que você tem para mim?
— Encontramos esse recibo no bolso da saia da vítima, é de
uma casa noturna, pode ser uma pista que nos leve ao assassino.
Pego o recibo e não posso acreditar na sorte que temos.
— Goccio - L'Arte. Conhece esse lugar? — pergunto ao meu
parceiro
— Conheço sim, é uma das boates da Cosa Nostra,
estaremos entrando em terrenos perigoso.
— Eu vou até o fim para descobrir quem é esse assassino,
seja onde ele estiver, eu irei caçá-lo.

Eu estava ferida, sentindo todo o meu corpo doer, mas não


deixarei um filho da puta desse me tocar. Assim que a porta fechou,
deixando-me sozinha com o tal Rain, esperei ele se aproximar para
encostar suas mãos asquerosas em mim e o ataquei com um soco
forte direto na sua garganta fazendo ele cambalear para trás, sem
ar. Aproveito esse momento para soltar as amarras das minhas
pernas, porém antes de terminar sou puxada com tudo pelo cabelo.
— Sua puta, desgraçada!! — Ele vocifera, me jogando com
tudo contra a parede.
A dor é horrível, minhas costelas doem, provavelmente devem
estar fraturadas. Lágrimas turvam a minha visão, mas estou decidida
a lutar pela minha vida, então me levanto, mesmo ferida e avanço
sobre o meu captor.
— Você parece gostar de apanhar, vadia — fala e tanta
acertar meu rosto, mas sou mais rápida e desvio, cruzando minhas
pernas nas suas o derrubando.
Ele é pesado e demora a tentar se levantar, aproveito esse
tempo para cruzar as pernas em seu pescoço, usando meus braços
para puxá-lo para trás, o mesmo luta tentando se soltar.
A dor que sinto em meu corpo é terrível, mas não paro de
puxar seu pescoço mesmo sentindo suas unhas rasgarem a pele da
minha perna.
— Morre, desgraçado!! — grito com toda a minha força,
puxando até sentir seu corpo amolecer e ele desfalecer.
Me afasto do corpo, tremendo, sentindo meu corpo fraco,
contudo meu ódio é tão grande que ainda chuto o miserável de raiva.
Até ouvir a porta abrir e o outro aparecer, mas antes que ele tire a
arma da cintura eu pego um pedaço de madeira da cadeira e acerto
a sua cabeça, fazendo com que a arma caia no chão.
— Vagabunda! — fala, se levantando e me puxando pelo
braço batendo a minha cabeça na parede.
Uso meu ombro, impulsionando minha cabeça para trás
acertando seu nariz, conseguindo me soltar, porém não consigo ir
longe, pois o mesmo se joga sobre mim, me segurando no chão.
— Eu vou arrebentar você, maldita!! — Grita e me acerta um
soco nas costas.
Eu mordo sua orelha com força, sentindo o sangue encher a
minha boca, ele berra, segurando a orelha rasgada. Cuspo o pedaço
que arranquei e engatinho em direção a arma, ele vê o que pretendo
fazer e tenta pegar antes de mim, mas eu alcanço a arma e atiro
bem no meio da sua testa, assistindo seu corpo sem vida desabar no
chão.
Tento me levantar, porém meu corpo está trêmulo, as lágrimas
caem sem parar, de raiva, de ódio e de dor, mas preciso sair daqui,
antes que outros desses homens entrem por essa porta. Não
conseguirei me defender no estado em que estou. Me levanto com a
arma em mãos, verifico que ainda tem quatro balas disponível; não é
muito, mas deve servir. Caminho com dificuldade até a porta, que se
encontra aberta. Mantenho a arma apontada para frente e passo por
ela entrando em um corredor. Não antes de reparar na câmera atrás
do fundo falso da parede, provavelmente que filmava tudo que
aconteceu lá dentro.
Devagar, caminho em direção a uma porta grande, que deve
ser a saída. Meus passos são lentos, estou muito ferida e sinto um
pouco de dificuldade para respirar, minha cabeça dói, assim como
todos os membros do meu corpo. Estou fazendo um esforço sobre
humano para me manter de pé e segurar essa arma.
Com passos arrastados eu passo pela porta e me choco ao
ver os capos da Cosa Nostra de pé em linha reta, olhando para mim.
Eu me lembro deles, pois fiz questão de estudar sobre cada uma das
famílias. Mas, não é somente eles que me chocam ao sair da sala
onde estava presa e sim os seus sorrisos, mesmo vendo uma arma
que aponto para eles. Confusa, não consigo entender o que está
acontecendo até ver no fim da sala, perto da porta, Lorenzo, Vicenzo
e lá no fundo, ele, Dimitri, todos olhando para mim. Não um olhar
qualquer e sim um olhar com algo mais, juro que posso ver orgulho e
admiração. Caminho apontando a arma para os três, me dando
conta do que fizeram comigo. Isso tudo não passou de um teatro
para saber se poderiam confiar em mim. As palavras de Aslan
voltam na minha mente, ele me avisou que isso aconteceria, era
óbvio que eles iriam me testar.
— Parabéns, Katharina, você passou na prova de fogo — fala
Vicenzo pela primeira vez desde que o conheci, olhando para mim
como uma igual, não havia repúdio em seu rosto apenas orgulho.
Dou mais dois passos em direção a eles e jogo a arma nos
pés de Dimitri, com raiva.
— Você me deixou orgulhoso hoje, bella mia — me elogia
Dimitri, antes que minhas pernas fraquejem e seus braços me
amparem.

Katharina apaga em meus braços, seu rosto está muito


machucado, assim como o resto do seu corpo. A Besta me faz
querer torturar cada um dos filhos da puta que feriram ela,
principalmente Vicenzo, por submetido a minha mulher a esse caralho
de teste.
Todas as senhoras da máfia, assim como minha mãe,
passaram pela prova de fogo, mas nenhuma delas conseguiu resistir,
todas relutaram, mas no fim, acabavam contando o que queríamos
saber. Porém, Katharina lutou bravamente e provou que é especial,
que além de resistir e não trair a Cosa Nostra ela ainda derrubou
dois dos melhores homens de Vicenzo e matou um deles. Bella rosa
me deixou orgulhoso e mostrou a todos os capos da Cosa Nostra do
que ela é capaz.
— Minha, toda minha.
Penso de maneira possessiva, vendo o olhar de todos os
homens da sala sobre ela. Lorenzo tira o paletó, jogando sobre o seu
corpo enquanto eu a levo nos meus braços em direção à saída. Hoje,
Katharina mostrou o quanto ela é única e não consigo imaginar
ninguém melhor do que ela para estar do meu lado. Penso,
orgulhoso, entrando no carro enquanto Lorenzo assume o volante,
partindo em direção à fortaleza.
— Você não vai mais precisar passar por isso, bella rosa, eu
prometo — digo, limpando seu rosto com meu lenço.
— Ela está bem? — Pergunta Lorenzo, olhando pelo
retrovisor.
— Pelo bem do seu irmão é melhor que ela esteja! — Digo
com raiva.

Chegando à fortaleza, saio do carro com ela nos braços,


nervoso. Estava no limite do meu controle para não voltar à sede da
máfia e arrebentar a cara de Vicenzo até ver seu rosto tingir de
vermelho.
— Traga Alfredo Paolella aqui o mais rápido possível. — Falo,
pedindo a Lorenzo que ele traga o médico da máfia para cuidar de
Katharina.
Entro em casa com ela em meus braços e Luigi, assim que vê
o estado de Katharina, arregala os olhos.
— Mande Carlota preparar a banheira do quarto e prepare
algo que Katharina possa comer quando acordar.
— Claro, senhor — responde, me deixando sozinho e eu subo
as escadas levando-a para o nosso quarto.
Coloco Katharina sobre a cama e começo a tirar as roupas
sujas de sangue, Carlota entra e vai direto para o banheiro preparar
um banho para ela. Tiro seus sapatos, desabotoo a calça e a tiro
com cuidado para não a machucar ainda mais. A blusa que ela usa
está em frangalhos e sangue escorre pelo risco em seu peito, que
por sorte não foi profundo. É provável que não deixe cicatriz. Tiro o
sutiã e a levo em meus braços até o banheiro. A banheira está
pronta e água bem morna, devagar sento minha esposa na mesma,
com cuidado para que ela não caia, pego a esponja e o sabão
líquido e começo a levar seu corpo. Katharina se remexe, assustada,
abrindo os olhos, confusa.
— O que está fazendo? — Pergunta com a voz fraca.
— Estou cuidando de você, bella mia, fique tranquila, você
está em casa.
— Foi tudo um teste, então?! — pergunta amarga, fechando
os olhos quando passo a esponja no ferimento do seu ombro.
— Você passou pela prova de fogo, amoré mio, e me deixou
orgulhoso.
— Eles me fizeram de saco de pancada, tudo por conta da
porra de um teste. — Diz enfurecida, tentando se afastar do meu
toque.
— Eu mandei chamar o médico para cuidar de você, tente não
se esforçar demais. — Falo, pegando um roupão. — Preciso tirar
sua calcinha, não pode ficar com ela molhada.
— Eu faço isso sozinha — afirma, tentando se escorar na
parede para ficar em pé, teimosa, como sempre, porém ela
cambaleia novamente, mas sou mais rápido e me aproximo,
segurando-a nos meus braços.
— Por que é tão teimosa, bella mia? Está ferida, me deixe
cuidar de você — falo e devagar, tiro sua calcinha.
Evito tirar meus olhos dos dela, estou excitado desde a hora
que a vi lutar contra os homens de Vicenzo.
— Eu não vejo motivos para você estar cuidando de mim. —
Replica ela enquanto amarra o roupão no corpo.
— Eu gosto de cuidar daquilo que me pertence — falo,
pegando-a no colo novamente, voltando para o quarto e a colocando
sobre a cama.
— De novo essa coisa de pertencer, me tratando como se eu
fosse uma mercadoria — diz brava e mesmo estando ferida e
debilitada ela não deixa de me enfrentar.
— Acostume-se Katharina, você pertence a mim e eu cuido do
que é meu.
— Não consigo imaginar um dominador sádico cuidando de
alguém, muito menos você!
— Quando você conhecer a dominação e a submissão irá
entender que cuidar da submissa e prezar pelo seu bem é uma honra
e um dever a um dominador.
— Eu não sou uma submissa, Dimitri.
— Você é mais que isso, Katharina, você é minha esposa. —
Falo olhando em seus olhos que, mesmo inchados, conseguem exibir
o azul mais bonito que já vi.
Alguém bate na porta, quebrando a tensão sexual entre nós
dois, cubro Katharina com o edredom e vou em direção à porta, a
abrindo. Lorenzo e o médico passam pela mesma.
— Como você está, Katharina? Fiquei preocupado quando vi o
estado que passou por aquela porta. — Pergunta meu irmão,
entrando no quarto e indo até a minha mulher.
— Então você também está envolvido nessa tal prova de
fogo?! — Pergunta Katharina, o acusando.
— Eu fui contra, não queria que te machucassem — ele
responde e eu estranho a maneira como ele olha para ela.
— Saia Lorenzo, não precisamos da sua presença enquanto o
doutor Paolella examina a minha esposa — Ordeno com a voz firme
e ele entende rapidamente o meu olhar e sai do quarto. Me sento na
poltrona ao lado da cama e espero pacientemente o médico
examinar Katharina.

Fico atento a tudo que ele faz e diz a ela. Katharina reclama
de dor quando ele examina seu abdômen, há um hematoma preto em
toda região. O doutor faz curativos em todos os cortes. Observo
quando ele abre o roupão de Katharina e engole seco vendo seus
seios, começando a limpar o corte do seu colo e depois aplicando a
pomada sobre o ferimento.
— O corte foi superficial, a senhora ficará bem, vou aplicar um
sedativo para que descanse e se recupere.
— Eu não quero sedativos, já basta às drogas que usaram em
mim, me dê apenas uns analgésicos que ficarei bem.
O médico olha para mim, eu aceno para que ele a obedeça.
Ele pega os comprimidos na maleta e prescreve uma receita.
— Eu vou precisar que a senhora vá até o meu consultório
para fazermos um raio-x, para ter certeza que não quebrou nada.
— Não se preocupe, doutor Paolella. Eu mesmo levarei a
minha esposa até o hospital para fazer todos os exames
necessários, agora se não precisa examinar mais nada, gostaria que
nos deixasse sozinhos, Lorenzo fará seu pagamento, como foi
combinado.
— Claro, chefe — diz, pegando suas coisas e saindo do
quarto.
— Como se sente? — Pergunto ajudando-a a se sentar
melhor na cama.
— Como acha que me sinto ao ser enganada por você e seus
irmãos? Eu sofri um acidente, fui sequestrada, torturada e tudo não
passou de uma maldita prova.
— Não era minha intenção fazer você passar por isso, não
gosto de vê-la machucada, Katharina.
— Falou o homem que tem um calabouço cheio de chicotes
para torturar mulheres.
— Isso não tem nada a ver com dominação, Katharina —
explico, tocando em seu ombro.
— A cada dia que passa em que estou casada com você,
você me faz sentir mais e mais ódio por ti.
— Não, bella mia, não é ódio o que está sentindo — falo,
tocando em uma mecha do seu cabelo louro, sentido o cheiro doce
de rosas.
Não sei explicar o que acontece quando estou perto de
Katharina, pois a cada segundo em sua presença menos controle eu
tenho da Besta dentro de mim. E a odeio por não conseguir controlá-
la, odeio por me desafiar, odiei por me fazer fraquejar e quase
acabar com a prova quando a vi no chão. Odeio por fazer com que
eu sinta esse desejo descomunal em tê-la. Seja lá que tipo de poder
Katharina tem, ele precisa acabar.
Eu passei a última semana me recuperando da tal prova de
fogo.
Sentada no jardim eu via o sol da manhã banhando toda
Sicília, estou há tão pouco tempo nessa ilha e já estou apaixonada
por esse lugar. Não saí muito do quarto, apenas para ir ao hospital,
onde Dimitri fez questão de me acompanhar. Estranhamente, depois
da tal prova, recebi meia dúzia de rosas brancas, que, segundo
Lorenzo, é uma tradição italiana para demonstrar o valor de uma
mulher, o que é totalmente ridículo.
Não vi Vicenzo, mas não esquecerei que foi por conta da
desconfiança dele que tive que passar pela tal prova. Sozinha aqui
nesse jardim, divido meus dias em ler, meditar, também liguei para
minha prima Ana e ela me disse algumas coisas que me deixaram
pensativa até agora.
— Eu não sei bem o que está acontecendo, mas alguma coisa
grande aconteceu.
— Do que está falando, Aslan está bem? — Pergunto
nervosa.
— Sim, ele está bem, levou um tiro de raspão, mas isso não é
mais importante e sim meu pai e o seu estarem falando sobre Ivan.
— Não estou entendendo, Ivan está morto e eu já estou
casada, por que isso agora?
— Eu não sei, mamãe me viu escutando pela porta enquanto
eles conversavam e eu tive que sair. O melhor é conversar com
Aslan, ele vai saber mais do que eu.
— Eu vou ligar para ele para entender melhor essa história.
Depois disso, liguei para Aslan e foi à sexta vez que liguei
para ele desde que me casei e não obtive resposta, por fim decidi
mandar uma mensagem pedindo que ele retornasse minhas ligações.
Já eram quase seis da tarde quando Aslan me ligou, fiquei com
medo de Dimitri chegar e pegar o celular. Porém, a ansiedade para
falar com meu irmão falou mais alto.
— Katharina? — Perguntou ele ao telefone.
— Aslan, estou quase enlouquecendo sem notícias suas.
— Estou bem, não tem o que se preocupar. — Ele responde
em russo e continua a conversar em nossa língua.
— Como não, Ana me disse que levou um tiro. O que tá
acontecendo aí?!
— Conflitos corriqueiros, mas não te liguei para falar de
problemas, quero saber como você está depois da prova.
— Como sabe da prova de fogo?! — Questionei, confusa.
— Eu disse que tinha um infiltrado cuidando de você. Eu não
estou aí, mas farei o que tiver no meu alcance para protegê-la do
maldito do Rinna.
— Eu não sabia o que eles estavam tramando, mas consegui
mostrar para os membros da família que não sou uma traidora.
— Eu sabia que conseguiria, você é uma Castelaresi e
nenhum italiano pode com você.
— Não está sendo fácil viver aqui, todos me odeiam e Dimitri
faz questão de me humilhar, mantendo a amante dentro da casa. As
únicas pessoas que parecem realmente gostar de mim são os
empregados, nem mesmo Lorenzo, que é mais simpático, não ouso
confiar. Ele pode estar apenas tramando contra mim ao lado do
irmão.
— O que você está fazendo em relação à cyka italiana?
— Ainda não arrumei uma maneira de tirá-la daqui. — Digo,
me lembrando dos planos que estou traçando.
— Tenho certeza que sua cabecinha fértil já deve estar com
várias ideias. Ligue para a mamãe, ela anda aflita sem notícias suas.
— Eu vou pensar bem no que fazer em relação à Natasha,
ainda não tenho acesso a um telefone meu. Não posso ligar para
mamãe desse número e correr o risco do seu pai descobrir.
— Ele também é seu pai Katharina.
— Ele deixou de ser meu pai quando me entregou como uma
égua premiada para um monstro.
— Ele sente sua falta, não quer dar o braço a torcer, mas já o
vi na sala de música olhando para seu retrato.
— Ele não pensou em mim quando fez o acordo, agora é
tarde para querer que eu pense nele. Mas, estamos mudando o foco
da ligação, quero saber o porquê do nome de Ivan estar sendo
citado pelos membros da Bratva!!
— Não quero falar sobre isso com você! O melhor que tem a
fazer é esquecer de uma vez por todas Ivan, você está casada e tem
que se preocupar apenas consigo mesma e com sua vida na Itália.
— Você nunca me escondeu nada, Aslan, por que os
segredos agora?!
— Você também não me escondia nada, Katharina, mas
escondeu que estava se envolvendo com um dos nossos soldados e
pior, que pretendia fugir. Agora preciso desligar, se cuide irmãzinha.
— Aslan.... — Tentei, mas em seguida ele desligou o telefone
na minha cara, me deixando sem respostas e ainda mais confusa.

De lá pra cá eu ando muito pensativa, tentando entender o


que pode estar acontecendo. Faz uma semana que venho me
recuperando, os hematomas quase desapareceram e os poucos que
tenho, consigo cobrir com maquiagem.
Decidi parar com a meditação, já estava horas ali
mentalmente debatendo o que pode estar havendo. Vou dar uma
volta no jardim, estava quase se tornando uma obsessão observar
Hades e Perséfone de longe. Mesmo sabendo que Dimitri havia
proibido de me aproximar dos dois, eu passava horas vendo a beleza
aterrorizante dos dois. Contudo, acabei convencendo Guido, o
veterinário e tratador dos animais, a me deixar observar de uma
distância segura. Algo em Hades me fascina, não sei explicar, talvez
a maneira poderosa como ele domina seu território, seu olhar feroz,
atento a todos os meus movimentos. No começo, eu pensei que
conseguiria fazê-lo sofrer ferindo os animais, mas agora, me pego
encantada por essas criaturas.
— Katharina, estava te procurando — fala Vicenzo,
estranhamente vindo até mim.
Reparo que ele carrega dois hematomas grandes no rosto, o
que indica que ele deve ter entrado em alguma briga feia.
— Vicenzo, cunhado, em que posso ajudar? — digo com a
minha melhor cara de atriz de Hollywood.
Desde que descobri que foi ideia dele o tal teste, venho
pensando em uma maneira de me vingar do desgraçado.
— Vim te buscar para levar ao Grota Palazze, Dimitri à
espera para que almocem juntos.
— Posso saber por que mandou você e não um dos
seguranças?!
— Bem, na verdade eu gostaria de falar com você em
particular por um instante, então preferi eu mesmo dar o recado ao
invés de mandar Romeu.
— Diga o que quer dizer Vicenzo, nós dois não gostamos de
rodeios, talvez seja a única característica que compartilhamos.
— Quero me desculpar por ter tratado você da maneira que
foi tratada ao chegar nessa família. — Ele fala com a voz tensa,
indicando que não está acostumado a se desculpar, bem típico dos
orgulhosos italianos.
— Certo — digo com desdém.
— Eu não fui justo com você, não estou acostumado com
pessoas estranhas entrando na família, não é fácil para mim confiar
nas pessoas, ainda mais no que diz respeito ao meu irmão. Porém,
você, Katharina, mostrou que eu estava errado. — Fala sério,
olhando em meus olhos.
— Você está desculpado, Vicenzo, eu entendo a necessidade
de ter que provar meu valor para a Cosa Nostra. — Digo
firmemente, tentando transparecer que não guardo mágoa, porém
Vicenzo não sabe de nada, melhor assim.

Depois da nossa pequena conversa, vou para o meu quarto,


não sem antes esbarrar com Natasha no corredor, mas ignoro sua
presença, como venho fazendo nos últimos dias, até conseguir a
chance que preciso para escorraçar ela daqui.
Hoje o dia está quente, então decido usar um vestido verde
pistache curto e um coque simples. Coloco apenas um par de brincos
de ouro e uma pulseira que amo da Cartier e em menos de quarenta
minutos já estou pronta e curiosa para saber o porquê desse almoço.
Alguma coisa me diz que a Besta está se preparando para atacar,
mas o que ele não sabe é que hoje eu que iria atacar. Sorrio,
entrando no carro. Chaise me leva e, por incrível que pareça, nem
ele e nem Romeu sofreram graves ferimentos com o capotamento do
carro, que teve perda total, pelo menos Dimitri teve um belo prejuízo.
Ao que parece, os meus seguranças não sabiam do teste.
O carro para em frente à entrada do Grota Palazze e à
primeira vista eu já fico encantada com o restaurante. Estamos no
alto da Costa, com vista para o Mar. Uma bela escadaria escavada
na rocha nos leva até a entrada do restaurante.
O maitre já me aguardava para levar até a mesa, porém meus
olhos estavam fixos nas ondas, que batiam nas rochas. O
restaurante é realmente único, provavelmente o mais incrível que já vi
e já está lotado. Passo meus olhos pelas mesas, tentando encontrar
Dimitri, mas não o vejo.
— Por aqui signora — pede, me levando por outra escadaria
de pedra até um segundo piso com uma vista ainda melhor do que a
primeira, onde apenas uma mesa estava posta e de costas para mim
estava ele, Dimitri, tão bonito como de costume, usando seu escuro
terno italiano, cabelos bem penteados, olhando para as ondas
batendo nas rochas.

— É uma bela vista — fala Katharina, chegando ao meu lado


em meu restaurante favorito.
— Realmente é algo único, eu tinha certeza que você iria
gostar depois de ficar uma semana presa em casa.
— Graças a você, claro — Dispara, com desdém enquanto
beijo sua mão de maneira galante.
— Infelizmente, não tenho o poder de mudar o que já
aconteceu, o que me resta é tentar seguir em frente e pensar no
futuro.
— O que você tá querendo, Dimitri, aonde quer chegar com
esse almoço romântico, mesa para dois nesse lugar paradisíaco? —
Fala desconfiada.
— Você está sempre com armas nas mãos Katharina, não
percebe que isso é inútil contra mim, nós estamos presos um ao
outro até o fim, querida! — Digo, servindo nossas taças com
Masseto IGT Tuscany, meu vinho italiano favorito.
— Não é bem assim, você pode morrer e então eu ficarei livre
— fala e leva o vinho aos lábios vermelhos, fechando os olhos ao
sentir o sabor.
— Sinto desapontá-la, bella mia, mas sou um homem cheio
de saúde e não tenho pretensão de morrer tão cedo.
— Uma pena, querido marido — fala com sarcasmo.
— Eu não te trouxe aqui para que briguemos, Katharina,
podemos ao menos ter uma refeição tranquila como um casal de
recém-casados comum. — Digo sério, olhando nos olhos dela,
cansado dessas discussões diárias.
O garçom traz as entradas, Fegatini e pequenos croquetes ao
erbe.
— O que você quer de mim, Dimitri? Seja direto, pois sei que
tudo isso aqui não passa de um teatro — ela fala, colocando a taça
sobre a mesa me olhando com os olhos azuis desafiantes.
Minha vontade é jogar tudo no chão, inclinar seu corpo sobre
a mesa e usar meu cinto para marcar sua bunda de vermelho até ela
aprender a não ser tão teimosa. Respiro fundo, controlando a fera
dentro de mim.
— Quero que seja minha mulher. — Digo, olhando para seu
pescoço e imaginando como ela ficaria linda usando uma coleira e
um arreio.
— Eu já sou sua esposa, Dimitri.
— Não, Katharina, você carrega meu sobrenome, mas ainda
não a tomei como minha, não da maneira que eu quero.
— Então, é isso — fala, engolindo em seco, pegando a taça
de vinho novamente e levando os lábios, nervosa.
— Não é nenhum crime desejar a minha esposa.
— Você tem Natasha, e sabe-se lá quantas amantes. Não é
possível que tenha esquecido o que me fez, simplesmente não se dá
conta de que fui obrigada a me casar com você contra a minha
vontade, eu odeio você!
— Eu posso conviver com seu ódio, Katharina, mas preciso
que entenda de uma vez por todas o seu papel em minha vida.
— Eu nunca vou me submeter aos seus jogos doentios.
— Tenho certeza que posso fazê-la mudar de ideia, você vai
gostar tanto quanto eu, amore mio.
— Eu não sou Natasha, não sou submissa, nunca vou amar
você, não depois de ter matado Ivan.
— Não quero seu amor, eu sou um veneno, as pessoas que
tentaram me amar acabaram morrendo. E eu não quero arrastar
você para o inferno, então eu prefiro conviver com seu ódio e seu
desejo por mim do com que esse tal sentimento ridículo que chamam
de amor.
— Não pode realmente acreditar que eu vou aceitar ser mais
uma na sua cama, que irei simplesmente conviver como sua amante
e com as migalhas que me daria, que esse é o tipo de casamento
perfeito na Cosa Nostra. Eu não sou esse tipo de mulher e você,
pelo visto, não conhece uma russa.
— É justamente por não ser comum e me desafiar que estou
aqui, bella rosa — digo, pegando sua mão e levando os lábios,
sentindo o cheiro de rosa que vem nublando meus pensamentos.
Katharina afasta meu toque, mas sei que seu corpo está
arrepiado.
O garçom traz os pratos e evito discutir durante a refeição,
ela come em silêncio, presa em seus pensamentos. Quando
terminamos, uma música leve começa a tocar.
— Dança comigo?!
— Não sabia que o Boss da Cosa Nostra, a Besta feroz,
dançava — fala, sendo sarcástica, aceitando minha mão estendida.
— Existe muita coisa que não sabe sobre mim, bella mia, mas
não se preocupe, terei um imenso prazer em te mostrar — Afirmo,
puxando seu corpo ao meu.
— Não estou acostumada com você sendo gentil, Dimitri, para
mim isso soa falso. — Ela fala, deixando seu corpo ser guiado pelo
meu.
— Posso ser gentil quando quero, Katharina, não se sinta
privilegiada — explico, girando seu corpo e puxando ela para mim.
— Prefiro quando fica longe de mim.
— Isso é impossível, toda vez que nos tocamos é perigoso.
Essa faísca que você sente é mais do que química, eu sinto as
chamas queimando em mim. E a minha Besta pronta para devorar!
— Falo e não espero resposta, a beijo, parando a dança e puxando
ela ainda mais para mim.
Katharina morde minha língua, tenta se afastar, mas eu não,
deixo e não demora muito para que ela se renda e retribua o beijo,
lentamente nossas línguas duelavam uma batalha para provar quem
está no controle, ela segura em meu pescoço enquanto eu aprofundo
ainda mais nosso beijo.
Meu desejo se torna fogo puro, não resisto e puxo seu cabelo,
descendo meus lábios pelo seu pescoço chupando e marcando sua
pele com mordidas. Ela parece inebriada, tão intoxicada pelo desejo
quanto eu. Volto a beijar sua boca, terminando de borrar todo seu
batom, porém da mesma maneira que começou, o beijo acaba.
Katharina se afasta, dando dois passos para trás e limpa os lábios,
sem conseguir olhar para mim.
— Chega, isso acaba aqui, não pense que esse beijo muda o
fato de te odiar com todas as minhas forças. — Fala, pegando a
bolsa e saindo do restaurante, me deixando puto da vida com sua
falta de respeito.
O pior é que estou duro feito pedra, sem alternativas de
aplacar o tesão da maneira que eu queria, com ela sobre essa
mesa. Mando uma mensagem para Natasha e decido tirar o resto da
tarde para tentar aliviar toda essa frustração que venho sentindo.

Chaise me levou de volta para a fortaleza, eu me sentia


atordoada, confusa e com ódio de mim mesma por ter cedido ao
toque daquele cretino. Algo deve ter dado errado com a minha
cabeça.
— Estou enlouquecendo, não posso, não posso deixar esse
maldito me tocar. — Fecho os olhos e deixo as lágrimas de
frustração caírem, me dando conta que chegamos apenas quando
Chaise abre a porta para mim, só então acordo do pesadelo que
estou vivendo.
Entro em casa feito um foguete, indo direto para a sala de
música, colocar para fora toda essa amargura que estou sentindo.
Tiro os saltos, jogando em qualquer lugar, solto meu cabelo e seguro
meu violino, sentando no chão. Toco uma canção que amo, "Faded",
pensando em Ivan e Dimitri. Por que minha vida tinha que ser assim?
Erro várias vezes a nota, meus dedos já estão machucados e
eu sinto as lágrimas escorrerem por meu rosto, me sentindo fraca
por tê-las deixado sequer cair.
— Eu vou acabar com a Besta, nem que seja a última coisa
que faça na vida. — Penso ao terminar a última melodia, não me
dando conta do tempo que estou aqui.
— Eu sabia que era boa, mas estava enganado, você é
espetacular — fala Lorenzo, me assustando, pois não tinha o visto
entrar.
— Você gosta de me assustar, só pode.
— Desculpa, não queria assustar você, princesa, acabei de
chegar e ouvi esse som vindo da biblioteca. Não resisti em assistir
você tocar.
— Que horas são? Nem vi o tempo passar.
— Já são sete, deu para perceber que estava no seu mundo.
— Vou tomar um banho e me preparar para jantar, nos vemos
mais tarde. — Digo, me despedindo dele.
Guardo o violino e saio da sala de música, ainda com a
cabeça cheia, pensando que fui fraca e cai na teia de sedução do
italiano maldito, mas isso não irá acontecer novamente.
— Aí está você — fala Natasha, me encontrando no caminho
para meu quarto.
— O que quer, cyka? — Digo, sem paciência.
— Quero agradecer você, querida, seja lá o que fez para
deixar Dimitri tão irritado, muito obrigada. Sabe como é, não é
sempre que ele está tão feroz como hoje. Sinto até minhas pernas
fracas, passei a tarde inteira fodendo com ele — fala, passando as
mãos pelo pescoço mostrando as marcas vermelhas.
Trinco os dentes de ódio e vejo tudo vermelho na minha frente.
Quem essa puta acha que é e pior quem o maldito acha que é para
me humilhar dessa maneira?
— Ele é viciado em mim, não consegue ficar muito tempo
longe da minha boceta. — Fala de maneira vulgar.
— Você me dá nojo, Natasha, se boceta segurasse um
homem, querida, não teria mais homem disponível em toda a Itália,
porque todos eles estariam dentro de você.!! — Falo com a minha
mente trabalhando em uma maneira dolorosa de matar essa vadia.

Subo as escadas para o meu quarto deixando-a com seu


sorriso de vitória no rosto. Tomo um banho rápido, com a minha
mente traçando o que fazer, mas uma coisa é certa; isso vai acabar
hoje. Me visto e vou atrás de Luigi colocar meu plano em prática.
— Luigi — chamo, entrando na sala e logo o vejo.
— Senhora, precisa de algo?!
— Sim, Luigi, gostaria de saber onde fica a maleta de
primeiros socorros — digo improvisando, já que não tenho o que
queria.
— Todos os quartos têm uma.
— Perfeito — sorrio para ele. — Avise a Carlota que hoje eu
farei um jantar especial. Vou cozinhar, hoje teremos um molho
especial — digo, dando gargalhadas por dentro.
Vou direto para um dos quartos de hóspedes, entrando no
banheiro abro todas as portas dos armários até achar o kit de
primeiros socorros, reviro a maleta com pressa até encontrar o
termômetro que estava procurando, por sorte ele é de um modelo
antigo, ou seja, contém mercúrio. Coloco o objeto no bolso da calça,
guardo tudo, saindo do quarto e vou ao próximo, mas não tenho a
mesma sorte, até encontrar na minha suíte outro termômetro. Tranco
a porta do banheiro com medo que Dimitri chegue e não dê tempo de
terminar o que pretendo fazer. O ideal seria ter uma balança de
precisão para que eu não acabe matando a vadia, porém vou ter que
medir no olho. Mercúrio líquido, como o encontrado em termômetros,
é relativamente inofensivo a olho nu, mas, em uma dose grande ele
pode ser mortal. Os sais de mercúrio oferecem ainda mais perigo,
pois se dissolvem em água e podem ser misturados a alimentos e
bebidas. Sorrio possessa de raiva.
— Eu avisei que era para tirar essa vagabunda dessa casa,
mas você não quis me escutar, não é Dimitri?!
Coloco todo mercúrio que consigo dos termômetros em um
pedaço de papel, dobro e escondo no meu bolso. Como se nada
estivesse acontecendo, preparar o jantar especial desta noite.
Frango à Kiev, a vadia não perde por esperar, ela deveria ter saído
dessa casa enquanto tinha chance.
O jantar estava pronto e segundo Luigi, Dimitri chegou e foi
direto para o quarto, ele avisou que eu estava na cozinha preparando
o jantar dessa noite. Eu mesma coloquei a mesa, dispondo os
talheres de prata e a louça de porcelana. Já estava terminando
quando Vicenzo chegou.
— O cheiro está delicioso, o que Carlota preparou essa noite?
— Pergunta, sentando à mesa.
— Na verdade, eu que fiz o jantar, decidi preparar uma galinha
hoje — digo rindo e ele me olha estranho, talvez percebendo o
quanto estou animada.
— Certo...
Lorenzo chega junto com Natasha, que não tira o sorriso de
vitória do rosto, faz questão de usar um top cropped e deixar todo o
colo marcado a mostra.
Volto para a cozinha para buscar o prato tradicional da
culinária russa, quando Dimitri chega à mesa.
— Bela noite, bella mia, você decidiu cozinhar para a gente.
Alguma ocasião especial que não saiba? — Fala, como se nada
tivesse acontecido e eu preciso me segurar para não jogar a
travessa na cara dele.
— Na verdade, não, ou melhor sim, estamos comemorando o
dia de hoje — digo abrindo um sorriso digno de Oscar.
Coloco o prato na mesa, e Luigi vem servir o vinho.
— Eu gostaria de propor um brinde — digo, me levantando.
— Você está esquisita hoje. — Observa Lorenzo, achando
graça.
— Um brinde à minha nova amiga, Natasha, sei que não
começamos bem, mas hoje eu percebo que deveria ter agido de
maneira diferente com você, desde o começo. Espero que possamos
ser grandes amigas — falo erguendo a taça, deixando não só ela
como todos da mesa chocados.
Dimitri me olha como se pudesse me queimar com o olhar, ao
mesmo tempo como se pudesse ler a minha mente, eu sorrio,
bebendo o vinho e é nesse momento que vejo o circo começar.
Natasha começa a passar mal, Lorenzo e Vicenzo cospem o vinho na
hora. Dimitri joga a taça no chão e olha para mim. Eu faço a minha
maior pose de chocada vendo-a se contrair e passar mal enquanto
Vicenzo tenta socorrê-la.
— O que você fez comigo, sua desgraçada? — ela tenta
dizer, mas não consegue se conter e começa a vomitar.
— Querida, o que você tem? — Digo, colocando a mão na
boca chocada com seu estado.
— Ela me envenenou, socorro — tenta dizer e suas pernas
falham, sendo amparada por Vicenzo.
— O que você fez Katharina?!! — Grita Dimitri, vermelho de
raiva.
Seu olhar é tão e feroz que nada nele me parece humano, é
como se ele tivesse se transformado na encarnação do demônio.
Mesmo tremendo de medo do que ele possa fazer, eu não abaixo a
cabeça e não me arrependo, sorrio olhando para a desgraçada e
digo de uma vez.
— Eu... eu te avisei para tirar essa puta de dentro dessa
casa. Você não quis me escutar. Agora, sua puta vai embora e vai
sair no meu estilo, dentro de um caixão.
Natasha se contorce de dor abdominal, enquanto Katharina se
mantém impassível, olhando para a mesma. O médico da Cosa
Nostra não demora muito para chegar. Tudo acontece rápido, uma
ambulância é chamada e ela é encaminhada ao hospital.
Minha cabeça já estava fervendo de tanta raiva do que
Katharina anda me fazendo. Eu só podia estar louco quando decidi
aceitar o acordo com o Castelaresi, me casar foi uma péssima ideia.
Katharina havia subido para o quarto, deixei para acertar as contas
com ela mais tarde.
— Onde ela conseguiu veneno? — Questiona Lorenzo,
encabulado ainda olhando para as taças de vinho sobre a mesa.
— Não faço a mínima ideia — digo pensativo.
— Ela poderia ter matado um de nós. Pelo visto, você não
tem controle sobre sua própria mulher — diz Vicenzo.
— É melhor você cuidar da sua vida, Vicenzo, porque da
minha cuido eu, não se esqueça que antes de ser seu irmão, eu sou
seu Boss. — Digo com raiva, dando dois passos em sua direção,
todavia, Lorenzo entra na frente, tentando apaziguar.
— É melhor você ligar para a família da Natasha, Vicenzo, e
avisar que ela está no hospital. Eu vou verificar as câmeras e tentar
entender como Katharina fez para envenená-la. — Fala Lorenzo,
apaziguando a situação.
Não espero mais nenhuma palavra ser dita, subo as escadas
em direção à suíte, onde Katharina me aguarda.

Abro a porta do quarto respirando pausadamente para


controlar minha raiva. Katharina está na sacada do quarto, olhando
para o jardim, com seus cabelos soltos em uma cascata de fios
dourados.
— Onde acha que vai chegar com esse tipo de atitude?! —
falo, chamando sua atenção. Ela se vira e olha para mim um tanto
alarmada.
— A lugar nenhum, só não aguento mais ser humilhada por
você e por essa mulherzinha dentro da minha casa. — Reclama,
entrando para o quarto e me enfrentando.
— Você passou de todos os limites possíveis, poderia ter sido
eu ou um dos meus irmãos a beber aquele vinho! — Grito enfurecido.
— Eu não sou tão amadora assim. — Fala debochando.
— Estou cansado da sua desobediência, da sua insurgência e
da sua falta de disciplina — falo, me aproximando dela,
encurralando-a contra a parede.
— Se ela morrer o único culpado aqui será você. Acha que
não sei que saiu do restaurante e foi direto para a cama com ela.
— Não preciso de cama para fazer o que eu fiz, Katharina,
acha mesmo que vou virar celibatário, não seja ridícula.
— Você é um desgraçado que acabou com a minha vida —
fala, socando meu peito, enfurecida.
Olhar para ela assim, enfurecida, os olhos transmitindo uma
força que nunca tinha visto antes, me fazem querer
desesperadamente subjugá-la. É um desejo tão intenso que chega a
ser doentio. Sinto uma necessidade de posse absurda, capaz de
nublar minha mente e me deixar atordoado.
— Chega!! — Grito, segurando seu braço e a jogando contra
a cama.
Apenas um maldito toque e é como se a pele dela acendesse
um fogo desconhecido em minhas entranhas.
— Me solta — ela reclama, tentando se soltar, porém a
seguro firme pelos braços, puxando-a para o meu colo.
— O que falta para você é uma boa surra, Katharina, é isso
que te faltou para que aprendesse a se comportar como uma boa
esposa deve ser.
— Não ouse encostar essas mãos nojentas em mim. Sei muito
bem onde elas estavam.
— Calada ou serei obrigado a te amordaçar.
— Eu não tenho medo de você — fala se debatendo enquanto
eu a coloco de costas para mim sobre meu colo.
Levanto a saia justa que ela usa, vendo a calcinha vermelha à
mostra.
— O que pensa que está fazendo, seu maldito?! — Grita e
então eu a repreendo com o primeiro tapa.
— Você vai apanhar até que entenda que o que fez foi errado
e me peça desculpas. — Sentencio, acariciando sua bunda rosada
pelo meu tapa, imaginando como ela ficará linda toda marcada pela
minha mão.
— É bom que esteja sentando Dimitri, pois eu nunca vou pedir
desculpas e você iria se cansar em pé! — diz tentando se soltar me
desafiando.
Aperto com força sua bunda, sentindo o quão gostosa ela é,
acerto o segundo golpe e seu corpo treme pelo impacto.
— Nós vamos ficar aqui a noite inteira se você não pedir
desculpas, Katharina — falo, acertando outro golpe, dessa vez na
polpa direita, analisando o desenho da minha mão se formando.
Continuo com uma sequência de mais de trinta golpes. Ela já estava
chorando, mas em nenhum momento pediu desculpas e continuou
firme, não se rendendo. A marca do meu anel já estava cortando sua
pele e gotas de sangue passavam por elas, porém eu continuei com
meus golpes, mesmo sentindo meu braço cansar.
— Eu não quero te machucar Katharina, só preciso que me
obedeça.
— Eu não vou pedir desculpa por algo que vocês dois
mereceram. — Ela fala e com raiva dou um golpe.
A Besta dentro de mim me dizia para jogar ela na cama e
fode-la até que eu pudesse esquecer quem sou. Porém, o meu lado
racional me mantém no limite e mesmo com fúria e com muita raiva
da sua teimosia eu não podia negar que castiga-la estava me dando
mais prazer do que mil putas já puderam me dar.
Já tinha passado de quarenta oito golpes e sabendo que ela
não aguentaria mais e iria desmaiar, parei com os tapas.
— Por que precisa ser tão teimosa?! — Pergunto, acariciando
sua pele machucada, não entendia o porquê de querer acalenta-la,
ainda mais depois de uma lição. Mas, com Katharina tudo é
diferente, é quase uma questão de sobrevivência. Nunca havia
necessitado de contato físico com alguém, mas com a loira que me
odeia tudo é diferente.
— Eu odeio você, Dimitri, eu ainda vou acabar com a sua vida!
— Eu já disse que não me importo em conviver com o seu
ódio, Katharina — digo, colocando seu corpo sobre a cama de
costas para mim, para que eu possa pegar uma pomada cicatrizante
e aplicar sobre sua pele machucada.
— Você me bate e depois cuida de mim. Que tipo de doente é
você?
— Eu não precisaria fazer isso se tivesse pedido desculpas
da primeira vez. Entenda que eu não tive escolha, isso não é pessoal
Katharina. Aceite que agora é tarde para chorar pelo leite
derramado, você é minha, acabou!
Katharina vira seu rosto para mim, limpando às lágrimas e
posso ver o ódio em sua expressão. Suas mãos tremem.
— É pessoal — ela sussurra — Quando você tira minha vida,
minha liberdade e mata aquele que eu amava é muito pessoal.
Decido não responder, só de pensar que ela ama aquele
miserabile traditore, meu corpo ferve de ódio. Sempre fui possessivo
com o que me pertence e saber que ela entregou o que era meu a
outro, faz meu sangue se tornar gelo.
Término de aplicar a pomada e saio do quarto, indo para o
meu escritório, direto ao bar. Pego uma garrafa de uísque, encho o
copo, bebendo de uma vez. Como se tivesse poucos problemas na
Cosa Nostra, ainda preciso me preocupar com minha mulher
tentando envenenar as putas que fodo.
— Quem ela pensa que é?! — Grito frustrado, passando as
mãos pelos cabelos, exasperado — Ela deveria era ser grata por
eu tê-la aceitado e não ficar causando um inferno na minha vida.
Isso só pode ser algum tipo de castigo, com todas as doces
esposas italianas, eu tinha que me casar justo com uma demônia
russa.
Batem na porta do escritório, sento-me na minha cadeira,
tentando me manter controlado e mando a pessoa entrar, Lorenzo
passa pela porta com um olhar curioso.
— Diga o que quer e me deixe sozinho.
— Eu só vim avisar que Natasha está bem, foi envenenamento
por mercúrio, mas para a sorte dela a quantidade não era letal,
porém é bem provável que ela tenha algumas sequelas no fígado e
vai precisar ficar no hospital por uns dias, em observação, depois
pode voltar para casa.
— Dos males, o menor. Peça para Luigi arrumar as malas
dela, assim que Natasha sair do hospital ela vai se mudar para a
cobertura junto com as escravas.
— Já não era sem tempo, deveria ter feito isso desde o
começo, evitaria essa confusão.
— Não estou fazendo isso por Katharina, e sim por mim, não
tenho tempo e nem paciência para essas briguinhas de mulher. Uma
hora ou outra Katharina terá que cair em si e entender que eu sou
homem e é meu direito ter quantas amantes quiser, além do mais
sou o chefe da Cosa Nostra. O que irão pensar de mim se minha
mulher quiser mandar no meu tratamento com as minhas cadelas.
— Bem, você sabe o que é melhor para você, só espero que
não tenha machucado Katharina, ela ainda não está acostumada com
a Cosa Nostra. Tenha paciência com ela.
— Se castigo ou não minha esposa, não é da sua conta,
Lorenzo, não gosto dessa sua maneira protetora com ela. Não se
esqueça que Katharina é minha mulher, e eu sou o chefe aqui!
— Claro, chefe. Bem, já dei o recado, vou para o clube com
Vicenzo, tenho duas gostosas gêmeas esperando por mim.

A dor no meu corpo não é maior do que a dor da humilhação,


me sinto como uma criança sendo castigada pelo pai após uma má
criação.
Me levanto e vou tomar um banho quente, minha pele arde
quando a água morna desliza por ela. Lavo meu rosto, limpando
todas as lágrimas de raiva e da frustração que estou sentindo.
— Eu juro que se essa maldita aparecer na minha frente,
dessa vez eu sou capaz de dar um tiro nela.
Não sinto uma gota de arrependimento, se pudesse, faria tudo
de novo apenas para ter o prazer de assistir a puta se debatendo na
minha frente, sem ar. E quanto a Dimitri, a Besta, não perde por
esperar, o que é dele está bem guardado. Saio do banheiro e visto
uma camisola de cetim creme, deito na cama e não demora muito
para que eu apague, exausta pelo dia infernal que tive.

Acordo na manhã seguinte com o sol entrando pela janela,


Dimitri não dormiu no quarto, provavelmente deve ter ido ver como a
cachorra estava. Se eu tiver sorte, ela passou dessa para uma pior.
Faço todo meu ritual matinal, mesmo com dor e dificuldade para
andar. Escolho um vestido azul escuro e solto na parte de baixo. Eu
posso estar toda dolorida, mas não darei o gostinho de Dimitri saber
disso.
Saio do quarto escondendo o celular desligado no bolso
interno do vestido, assim que tiver uma oportunidade ligarei para Ana
e para mamãe, estava com muita saudade dela.
Na sala de jantar, encontro a mesa do café vazia, então me
dou conta que dormi demais, porém é até melhor assim, prefiro
comer na cozinha com os empregados do que na presença daquela
Besta maldita.
— Bom dia — digo a Monalisa, ajudante da cozinha e a
Carlota, que estavam entretidas e não notaram minha entrada.
— Bom dia, senhora, quer que eu sirva o café na mesa?
— Não precisa, Carlota eu vou comer aqui mesmo. Onde está
Luigi, não o vi pela casa? — Pergunto, estranhando a sua falta.
— Ele está no quarto da senhorita Natasha.
— Ah, então a cadela já voltou?!
— Não, senhora — fala Monalisa e se cala colocando a mão
na boca.
— O que vocês não querem me dizer? — Questiono, entrando
na animação das duas.
— Ela não voltou senhora, a bruxa vai embora. Luigi está
nesse momento arrumando todas as coisas dela.
— Não posso acreditar — digo chocada e feliz ao mesmo
tempo.
— Sim, é verdade. O menino Lorenzo vai levar tudo hoje
mesmo.
— Isso é música para os meus ouvidos, precisamos
comemorar.
Após essa notícia até a comida pareceu mais saborosa.
Enfim, a vadia estava fora dessa casa. A primeira batalha estava
vencida, só que não é com apenas uma batalha que se vence uma
guerra.
Faço questão de pegar um livro e me sentar bem perto da
porta, queria assistir Lorenzo levando todas as coisas da cyka
embora para ter certeza que não era uma pegadinha de Dimitri.
Lorenzo desce as escadas junto com Luigi carregando cada um duas
malas, não consigo evitar, e um sorriso preenche meu rosto.
— Bom dia, princesa, vejo que acordou bem disposta.
— É verdade, estranhamente o ar dessa casa acordou mais
puro essa manhã. — Falo fechando o livro e colocando sobre o sofá.
— Infelizmente, preciso ir, adoraria ficar mais e fazer
companhia a você, porém o dever me chama. Ainda mais com o
jantar de hoje à noite.
— Que jantar?! — Falo com uma expressão de confusão.
— Dimitri não te avisou?! — Pergunta confuso, colocando as
malas no chão e olhando para o celular.
— Não sei se reparou, mas não somos exatamente um
exemplo de casal. — Falo irritada por não ser informada de nada.
— Hoje à noite terá um jantar aqui na fortaleza. Todos os
capos da Cosa Nostra virão para um jantar em sua homenagem, faz
parte da tradição.
— Me sinto lisonjeada. Um jantar em minha homenagem e eu
nem estava sabendo, isso é realmente incrível — digo irritada. O
maldito se importa tanto que não ia nem me avisar. — Obrigada por
ter avisado Lorenzo, tenha um bom dia. — Agradeço, subindo as
escadas e indo direto para a biblioteca ligar para Ana.
Passo pelas portas e tranco-as para não ser pega de
surpresa. Esse lugar é um dos meus favoritos, apesar de ainda não
ter explorado todos os cômodos da fortaleza, mas essa biblioteca
me traz uma paz e uma tranquilidade que tanto ando precisando.
Coloco o celular para carregar, me sento na cadeira perto da
janela e ligo para Ana, já que falar com ela é a única maneira que eu
tenho de me manter informada sobre a Rússia.
— Katharina, como você está?
— Bem, eu estou sobrevivendo a esse martírio, mas não é
tão ruim como eu pensava.
— E o seu marido, o malvadão, como ele está te tratando? —
Ela pergunta, como sempre, curiosa.
— Se quer saber se eu fui para a cama com ele, saiba que
isso não aconteceu e se depender de mim não irá acontecer, jamais.
— Como isso é possível, o lençol, Katharina você sabe como
funciona.
— Não liguei para falarmos sobre isso e sim sobre a Bratva.
Eu falei com Aslan ontem, ele não quis me contar o que tá
acontecendo, eu não sei o que ele esconde, mas eu sinto que é algo
grave.
— Bem, já que tocou nesses assuntos, eu não sei como
contar isso, mas é melhor falar de uma vez.
— Diga, Ana, o que tá acontecendo?
— Houve um atentado, um dos navios do seu pai explodiu,
estão todos aflitos, parece que teve algum confronto com a máfia
ucraniana e um tal Boris está sendo caçado pelo seu pai. Não sei
como a disputa começou, mas sei que tem mais coisa envolvida.
Dizem que eles não se conformaram por perder a liderança no
mercado do tráfico internacional marítimo para os Bratvas.
— Preciso de mais informações, Aslan está me escondendo
alguma coisa.
— Katharina, é melhor você não se envolver, agora você faz
parte da Cosa Nostra, não desafie seu marido.
— Não ficarei sentada enquanto a minha família está correndo
risco.
— Sua família agora é a Cosa Nostra.
— Não por escolha minha, Ana, eu nunca quis isso para mim.
— Tudo bem, é melhor não discutir sobre isso, infelizmente eu
não posso mais ajudar. Eles não falam nada perto de mim, tudo que
sei foi espiando os soldados do meu pai comentarem.
— Eu já sei quem pode me ajudar — digo lembrando de
Yeltsin, filho de um dos capos da Bratva que cresceu junto comigo e
meu irmão.
Ele é um dos únicos em quem posso confiar e que não irá
contar nada para Aslan sobre a minha ligação.
— Assim que descobrir algo, me liga, estou sempre aqui para
o que precisar. — Ela fala, se despedindo de mim e desliga o
telefone.
Não demora muito para que eu receba o número de Yeltsin,
que Ana conseguiu. Rapidamente eu ligo torcendo para que ele
atenda a ligação de um número que não conhece.
— Alô — fala, atendendo.
— Yeltsin, sou eu Katharina.
— Katharina, espera, Katharina Castelaresi?
— Sim seu idiota, quem mais poderia ser? — falo rindo da
sua voz confusa.
— O que aconteceu, como conseguiu meu telefone ou melhor,
seu marido sabe que está me ligando? Não quero problemas com a
Cosa Nostra.
— Deixa de ser medroso, estou ligando de uma linha segura.
E comigo não aconteceu nada, na verdade estou ligando porque
você é o único que pode me ajudar.
— Por que eu sinto que você vai me colocar em maus
lençóis?!
— Somos amigos desde que você tinha oito anos, não pode
me negar um favor.
— Na verdade eu sou amigo do seu irmão, você que sempre
foi uma pentelha e quis se enfiar no meio dos moleques.
— Vou direto ao ponto, Yeltsin, estou na Itália e não sei o que
está acontecendo aí. Aslan não se abre, a única coisa que sei é que
os ucranianos estão por trás do atentado.
— Não sei se isso é assunto para falar com você.
— Pensei que confiasse em mim — digo ofendida.
— Não é uma questão de confiar, a coisa está feia aqui, se
Aslan não contou, provavelmente é para evitar que fique preocupada.
— Eu não sou um cristal frágil, seja o que for, me conte de
uma vez.
— Certo, se eu não contar, de uma forma ou de outra é capaz
de ficar sabendo mesmo.
— Fala de uma vez, estou ficando nervosa.
— Os ucranianos estavam tramando contra nós a um bom
tempo, desde que seu pai assumiu o controle, precisamente. Eles
tinham um trato com o antigo chefe dos Bratvas e após seu pai
assumir o controle eles acabaram perdendo muito dinheiro, então
eles colocaram um x9 dentro da organização.
— Como isso é possível, como ninguém nunca percebeu?!
— Pois é, falhamos feio nessa parte. Pelo que Aslan me
contou eles tinham um plano de sequestrar você e usar isso contra
seu pai para fazê-lo entregar o comando para Boris.
— Meu pai nunca faria isso — digo, com um gosto amargo na
boca.
— Eles não acreditavam nisso, tudo estava dando certo até
seu marido descobrir quem era o traidor.
— Espera, Dimitri! Como assim Dimitri? — Questiono,
confusa, com a cabeça dando voltas e mais voltas.
— Eu não sei todos os detalhes, mas sei que o traidor foi
morto e depois que se casou e foi para a Itália eles tentaram
capturar o seu irmão para usar como isca para pegar seu pai. Mas
Aslan escapou, levou dois tiros, mas está bem. Agora estamos todos
atrás do maldito Boris e logo vamos poder pintar o chão com o
sangue do desagrado.
Ele continua a falar sobre o carregamento, mas a minha
cabeça está distante tentando juntar as peças do quebra cabeça,
tentando entender o que Dimitri tem a ver com isso e várias
hipóteses preenchem minha mente, mas apenas uma dela parece
acender como labaredas dentro da minha cabeça, porém é terrível
demais para que eu possa acreditar.
— Katharina, você está aí? A ligação está muda, Katharina.
— Sim, estou aqui — digo com a garganta seca e a voz
embargada.
— Yeltsin, você pode me dizer o nome do traidor, o que Dimitri
descobriu ou melhor o traidor que queria me sequestrar? —
Pergunto, mesmo que na minha cabeça eu já saiba a resposta.
— Essa é fácil Katharina, era Ivan, o seu segurança, ele era o
filho da puta, infiltrado...

— Ivan, o seu segurança, ele era o filho da puta, infiltrado...


— Ivan era o infiltrado.
A frase fica se repetindo em minha cabeça sem parar, eu não
consigo responder muito menos me mover. Um baque surdo é
ouvido, o celular cai no chão. Meu corpo escorrega e me vejo
desabando no chão, em choque. Ivan era o infiltrado. Ivan foi
infiltrado na minha casa apenas para me sequestrar e usar isso
contra meu pai. Boris, Boris, o chefe dos ucranianos. Flashes de
vários momentos meus com Ivan vêm à minha mente e meu sangue
ferve. Um gosto amargo preenche meus lábios, ódio puro e frio toma
conta do meu coração. Levanto a poltrona que se encontra do meu
lado e arremedo contra a parede, possessa.
— Maldito, filho da puta — grito, ensandecida com o que
acabo de descobrir. — Todo esse tempo tudo não passou de uma
mentira — concluo, inconformada ao saber a verdade.

Não sei quanto tempo fiquei trancada naquela biblioteca, só


sei que Luigi tocou meu ombro e eu despertei do transe, passei as
mãos pelo meu rosto e percebi que ele estava limpo, nem mesmo
uma miserável lágrima escorreu. Talvez eu já esteja me tornando
uma Salvatore Rinna.
— A senhora está bem? — Pergunta, preocupado pegando o
celular do chão e entregando a mim.
— Eu vou ficar — digo, me levantando e lembrando do jantar
e que Dimitri precisa me dar explicações do porque não me contou
que Ivan era um traidor, por que me manteve todo esse tempo no
escuro. O desgraçado sabia de tudo todo esse tempo e não me
disse nada, estou cega de ódio. Todos mentiram para mim, me
trataram como se eu fosse uma idiota que nunca descobriria nada.
— Como estão os preparativos para o jantar? — Pergunto,
erguendo a minha postura e mentalizando o que iria fazer de agora
em diante. — Quero que esse jantar saia impecável, nada pode sair
fora do combinado, chame todos os empregados para me
encontrarem no salão de vidro.
— A senhora vai querer receber os convidados lá?
— Sim, é grande o bastante e pelo visto não muito usado. Vou
precisar da ajuda de todos para que esse jantar seja inesquecível.
— Claro, senhora.
Foi tudo muito corrido depois disso, meu corpo estava aqui
preparando tudo para o jantar, mas a minha mente estava longe. Eu
não conseguia parar de pensar em todas as mentiras que Ivan
contou para mim, em todas as juras de amor, em todas as falsas
promessas, no quanto fui burra por ter confiado nele, por ter
acreditado que ele me amava, assim como eu um dia o amei. Me
sinto traída, destruída e culpada. Culpada por ter sido tão ingênua
em achar que, sendo uma Castelaresi, eu poderia ser amada. É
óbvio que qualquer um que se aproximar de mim será por interesse,
eu fui tonta e não percebi isso antes.

Luigi me avisa que tudo já estava pronto para o jantar, os


empregados estão todos a postos. Vicenzo já chegou, mas Lorenzo,
assim como Dimitri, ainda não chegou.
Eu não teria tempo para ir ao cabeleireiro e maquiador, então
tive que cuidar disso eu mesma; escolhi um vestido dourado com
pequenas pedras delicadas e uma fenda na perna direita, que nunca
tinha chegado a usar. Se iria ser apresentada ao alto escalão da
Cosa Nostra, precisava estar à altura. Sentei na frente do espelho e
comecei a me maquiar, nada muito exagerado, apenas ressaltando
meus olhos azuis vibrantes e quando estava pronta não pude
reconhecer a mulher à frente. Ela se parecia tanto comigo, mas por
dentro ela estava toda destruída, porém não deixaria que ninguém
percebesse.
Depois de pronta, desço as escadas devagar, notando que já
havia várias pessoas reunidas, mas quem me chama atenção é ele,
a Besta. Dimitri está de pé no último degrau esperando por mim,
usando um terno azul petróleo.
— Está muito bonita, bella mia.
— Obrigada — Agradeço, sorrindo falsamente, enquanto o
acompanho até os convidados.
— Quero apresentar a vocês, senhores, minha esposa,
Katharina Peshkov Castelaresi Rinna — diz, orgulhoso.
— Seja bem vinda à família — dizem em coro.
Alguns rostos são familiares, lembro-me deles de quando sai
daquela maldita prova, outro são estranhos. As mulheres me olham
com curiosidade e outras com inveja, eu apenas sorrio para todas
com educação.
— Vem, vou te apresentar os capos da família — ele fala, me
levando até o primeiro casal. — Esse é Damon, o capo da família
Camorra e sua esposa, Priscila. — Diz, apresentando o casal, um
homem bonito, de cabelos escuros e olhos castanhos claros, e a
mulher, uma morena de sorriso contido.
— É um imenso prazer conhecê-los — sorrio para os dois.
— Seja bem vinda à Itália, querida, espero que tenhamos a
oportunidade de nos tornarmos amigas. Não é fácil ser mulher de
homens poderosos como nossos maridos — ela fala, sorrindo e
percebo que o marido aperta seu braço sutilmente.
— Será um prazer, Priscila — falo, já gostando dela.
Não demoramos muito com os dois, logo sou levada até outro
casal e uma jovem morena muito bonita. O senhor me lança um olhar
reprovador e a garota só falta se afogar na baba que escorre da sua
boca, olhando para Dimitri. O que me leva a crer que a safada ou já
deu ou está louca para dar para ele.
Mal matei uma galinha e já tem outra querendo tomar conta
do galinheiro.
— Juliano Sacra, segundo capo da Cosa Nostra, sua esposa
Loreta e sua filha Antonella — diz, apresentando os três.
— É um prazer recebê-los em minha casa — digo sorrindo,
dando a minha mão para o velho beijar e trocando cumprimentos
com as mulheres.
Em seguida, vamos até um casal jovem, uma loira grávida
deslumbrante junto com um homem sombrio de barba cerrada. Olhar
da jovem parecia sem vida, sua postura fria ao lado da mulher me
faz pensar que ele não gosta muito da mesma.
— Esse é Dante Bruschetta e sua esposa, Rebeca.
— Prazer em conhecer a famosa esposa do meu amigo — diz
o tal Dante sorrindo, mas seu sorriso parece mais o de um
psicopata.
— O prazer é meu em conhecer os amigos de Dimitri, e claro
os capos da Cosa Nostra — falo e em seguida me calo quando ele e
Dimitri começam a conversar sobre a bolsa de valores e um tal
dinheiro.
Rebeca se mantém quieta e toca a barriga de maneira tímida.
— De quantos meses você está?
— Cinco, indo para o quarto.
— Já sabe o sexo do bebê?
— Ainda não, mas sinto que é um menino — ela fala e olha
para o marido, tensa e fico com pena da garota.
Dimitri me leva para conhecer os outros membros da família,
Vitto e sua esposa Beatrice, que gostei muito. Tom e Karlene e por
último Alesso Gambino. O único capo da Cosa Nostra solteiro.
Foram tantas pessoas apresentadas a mim que fiquei exausta e
cansada de tanto sorrir para eles. Luigi veio nos chamar até o salão
de vidro, onde o jantar seria servido. Ao todo quase trinta pessoas
vieram nessa apresentação. Senti como se fosse analisada por
todos, como um animal em um zoológico.
— Você preparou um excelente jantar, bella rosa. — Elogia
Dimitri, puxando a cadeira para que eu me sente ao seu lado.
— Obrigada, se tivesse feito a gentileza de me avisar antes,
teria caprichado mais.
— Tudo está perfeitamente bem. — Fala, se sentando em seu
lugar, só então todos os convidados se sentam.
Lorenzo e Vicenzo também estão em seus respectivos
lugares, por sorte a mesa de madeira de lei é grande o bastante
para todos os convidados.
As entradas são servidas e todos comem em um clima
amigável, Dimitri mantém uma conversa sobre negócios e as
mulheres só falam sobre compras e joias.
— Katharina, como é na Rússia, é verdade que lá dá para ver
a aurora boreal? — Pergunta Priscila, tentando puxando assunto.
— Sim é realmente lindo, infelizmente eu só pude ver uma vez
quando era mais jovem. Depois que comecei a trabalhar com meu
pai não consegui mais ter tempo para ir ver. Murmansk é um dos
sete lugares na Rússia em que podemos ver esse fenômeno da
natureza.
— Trabalhar? Como seu pai deixou você trabalhar? Uma
mulher da máfia não deve se preocupar com essas coisas. É nosso
dever cuidar da nossa família, filhos e marido — fala a tal Antonella,
me alfinetando.
— Bem, querida, eu não acho que uma mulher tem dever e
obrigação de fazer qualquer coisa que não seja o que ela queira.
Respeito a sua maneira de viver, mas eu me formei, sou uma
advogada graduada e não me formei apenas para ter um diploma na
parede. Trabalhei e posso dizer que fui muito útil para a Bratva. —
Falo firme e pelo olhar frio de Dimitri não era isso que ele queria que
eu dissesse, mas quer saber? Foda-se, ele casou sabendo quem eu
era, então agora vai ter que se acostumar. Os pratos chegam,
quebrando a tensão na mesa e todos começaram a comer o
delicioso jantar. Bisteca Fiorentina com cebolas caramelizadas e
aspargos.

Terminamos o jantar e Vicenzo se levanta, segurando a taça,


e diz.
— Eu proponho um brinde a minha cunhada, um brinde de
boas-vindas à família.
Todos nós levantamos e brindamos, algo tipicamente italiano.
Sorrio para todos, fingindo uma alegria que não é real. No final,
todos vamos para a sala de estar, os homens ficam em um canto
conversando e bebendo uísque e nós mulheres somos descartadas
como meros objetos de decoração. Entediada, decido atiçar um
pouco esses italianos metidos a besta.
— Senhoras, essa festa está muito silenciosa, espero que
gostem de música — digo após chamar Luigi e pedir que traga meu
violoncelo. Eu prefiro o violino, mas essa noite é especial e requer
algo mais dramático.
Assim que ele volta trazendo-me o instrumento, me sento na
poltrona, coloco o violoncelo no meio das minhas pernas, deixando a
fenda na minha coxa bem exposta. Olho para Dimitri, que me fuzila
com os olhos, e sorrio.
— Para você, querido. — Digo, arrumo a posição do
instrumento e começo a tocar.
Lorenzo ri e Vicenzo apenas observa calado, assim como
todos da sala.
"Bela Cia" uma canção histórica italiana, uma canção de
revolução e revolta, é o estou preste a fazer na vida de todos esses
merdas. A música que foi hino da resistência italiana contra o
fascismo de Benito Mussolini e das tropas nazistas durante a
Segunda Guerra Mundial. Também usada em manifestações de
trabalhadores e estudantes na Itália. Nada melhor que ela. A melodia
enche a sala e todos fazem silêncio, ouvindo o violoncelo preencher o
ambiente.
— “Uma manhã, eu acordei e as mentiras ficaram para trás,
para trás” — canto o refrão olhando nos olhos da Besta, dizendo que
já sei o que ele me escondia. — “Querido, adeus! Querido, adeus”
— Termino sorrindo para todos e posso ver Dimitri se corroendo de
raiva.
Até aquele momento eu não sabia o que era a verdadeira
arte, mas ver Katharina tocando de maneira tão melancólica e bonita
foi surreal. Eu sabia que ela tinha talento, mas ver seus dedos se
movendo nas cordas do violoncelo foi incrível, mesmo furioso com
sua provocação, não deixei de ficar excitado, assim como todos os
filhos da puta da sala. Vicenzo chama todos para o escritório e as
mulheres ficam na sala, junto com Katharina.

No escritório, Lorenzo serve uísque a todos e nos sentamos


para debater sobre o futuro dos negócios da família.
— Um dos nossos conseguiu um informante e nos trouxe isso
— falo, pegando o embrulho e jogando sobre a mesa.
— Que merda é essa?! — fala Juliano, chocado.
— Esta merda estava sendo vendida pelas ruas de Roma.
— Eu não quero isso aqui — falo, apontando para a pedra de
craque. — Quero descobrir quem foi o filho da puta que trouxe isso
para a Itália e está comercializando dentro dos nossos territórios.
— Deixa isso comigo, resolverei o quanto antes, tudo o que
não queremos é ter uma São Paulo aqui na Itália. — Fala, se
referindo a Cracolândia.
A merda da droga é perigosa demais e pode ficar fora do
controle rapidamente no país e temos que evitar destruir o nosso
mercado de cocaína com viciados em craque.
— Michele Calvatário anda causando problemas para nossa
família, perdemos um contrato com a Venezuela por conta da
influência dele. — Fala Alesso, acendendo seu charuto.
— Devemos matar ele de uma vez por todas — fala Lorenzo,
irritado com um dos últimos mafiosos da época de Liggio, meu
antecessor, o capo da Cosa Nostra que assassinei friamente,
tomando seu lugar.
— Mande Luca Brase investigar melhor o Calvatário. —
Ordeno a Lorenzo.
— Devemos ficar atentos com o que ele possa estar
planejando. Quero que Luca vá até ele e demonstre que está um
tanto descontente com a família e descubra o que puder.
— Farei o que diz — acata Lorenzo, saindo.
— E como vai ser a questão da lavagem de dinheiro? —
Pergunta Vitto, como sempre ansioso de mais.
— Já estamos providenciando tudo, logo o dinheiro da Cosa
Nostra entrará sujo e saíra mais limpo que o da casa da moeda e
então poderemos aplicar na bolsa e fazer nosso dinheiro trabalhar ao
invés de ficar mofando em nossos cofres.
— Isso é perfeito, não vejo a hora de começar — fala Dante
Bruschetta.
No fim da noite, todos já tinham ido embora e o jantar saiu
melhor do que eu imaginei. Katharina provavelmente tinha se
recolhido, cansada do dia de hoje. Ficamos apenas eu e meus
irmãos, conversando sobre o clube e a noite do fetiche, que estava
para acontecer no final da semana, quando o mordomo vem até mim
e avisa que temos visitas.
— Bernardo Provenzano — falo, recebendo-o na sala de
estar, curioso para saber o que o faz vir até mim uma hora dessas.
— Senhor Rinna, desculpe o horário, mas vim da França
diretamente para falar com o senhor.
— Quanto tempo não o vejo, a última vez foi no velório do
meu pai?!
— Muito tempo, ainda sinto a perda do seu pai, que Deus o
tenha. — Diz, se sentando na cadeira que indico para ele.
— Diga o que o trouxe aqui!!
— É sobre minha filha Isabela.
— Claro, claro, diga — falo entediado, querendo que ele vá
direito ao ponto.
— Minha filha única, meu tesouro, ela desgraçou sua vida.
— Como assim? — Pergunto, confuso.
— Ela arrumou um namorado que não era italiano, na verdade
um americano metido a galã de cinema. Ha dois meses, ele levou
Isabela para passear junto com um amigo. Eles a drogaram e
abusaram da minha filha. Faz uma pausa com a voz trêmula e volta a
falar. — Ela até tentou lutar, mas eram dois homens fortes contra
uma jovem frágil. E depois que eles fizeram o que queriam com
minha bambina, bateram nela como um saco de pancada e quando
fui ao hospital, seu rosto estava desfigurado, longe de lembrar a
jovem linda que eu criei. A minha menina, a luz da minha vida. Estava
acabada.
— Por que não veio diretamente a mim quando isso
aconteceu? — O questiono.
— Eu errei, deveria ter vindo direto até o senhor, mas não, fui
à polícia como um bom cidadão faz, os dois rapazes foram julgados,
o juiz os condenou a três anos de prisão, mas suspendeu a
sentença. Eles ficaram livres no mesmo dia. Então percebi que se
quisesse justiça, teria que vir à família pedir por ela.
— O que você precisa? — Pergunto, mesmo já sabendo o
que o infeliz quer.
— Mate os dois, mas não antes de machuca-los da mesma
maneira que fizeram com minha filha — fala com ódio dos
miseráveis.
— Isso eu não posso fazer — respondo, colocando o charuto
sobre o cinzeiro de ouro.
— Eu faço qualquer coisa que quiser, eu imploro.
— Vamos ser francos, você é apenas um associado da
família, jamais quis usar seu lindo nome com os assuntos da Cosa
Nostra.
— Eu não queria me intrometer, eu não quis me envolver.
— Eu entendo, você fez fortuna na França, montou um bom
negócio, não precisava de um amigo como eu, mas agora você vem
a mim. E me pede que mate pela sua amizade. Você vem a minha
casa no meio da noite, após um jantar importante e me pede que eu
mate alguém por você.
— Eu só peço por justiça.
— Isso é vingança, afinal sua filha está viva.
— Então eu peço que eles sofram o mesmo que ela está
sofrendo.
— Você tem sorte, hoje estou muito generoso e irei te ajudar.
Porém, saiba que um dia, talvez esse dia jamais chegue, eu vou
pedir algo para você. Até esse dia chegar, aceite a justiça como um
presente de Katharina, minha esposa, para sua filha.
— Grazie, chefe — agradece e, em seguida deixa da sala,
sendo acompanhado por um dos meus homens.
— Por que aceitou ajudar um bosta desse? — Pergunta
Vicenzo, confuso.
— Preciso de homens leais a mim e lealdade não se compra
com dinheiro — falo aos dois, os deixando sozinhos na sala indo até
o escritório buscar o celular que deixei lá.
— Dinheiro compra tudo! — Fala Vicenzo, irritado.
— Você tem muito que aprender ainda, Vicenzo.
Cansado, tudo que quero é tomar um banho e ter uma boa
noite de sono, já que a noite passada foi terrível para mim, por
dormir no clube. Mesmo querendo negar, já estava me acostumando
com a presença da loira endiabrada na minha cama. Ainda que não
seja do jeito que eu quero, mas isso será por pouco tempo.
Ao entrar no meu escritório, vejo Katharina, sentada na minha
cadeira com a minha pistola na mão.
— Agora nós dois vamos conversar, querido.
— Precisa estar com uma arma apontada para mim para
conversar, Katharina? — Pergunto, já irritado, odeio que toquem nas
minhas coisas. A maledeta conseguiu encontrar o fundo falso na
minha mesa e roubar a minha pistola.
— Ela é minha garantia que você vai me dizer tudo que quero
saber — fala nervosa e posso ver claramente seu pulso tremer.
Dou dois passos em sua direção, afasto a cadeira em frente à
mesa e me sento bem na mira da arma, achando até graça da sua
tentativa de me botar pressão.
— O que quer saber, bella mia?
— Por que escondeu de mim que Ivan era um infiltrado e
estava me levando para Boris? — Pergunta de maneira amarga, me
pegando de surpresa.
— Não achei que precisasse saber.
— Você está brincando comigo?! — Diz, possessa.
— Eu não gosto de jogos, Katharina.
— Todo esse tempo eu dizendo que o amava e você nunca
pensou em me dizer nada. Eu estava disposta a fugir com ele. Eu
abri mão da minha família por amor a ele. E vocês não pensaram em
me contar a verdade?
— Não faz diferença nenhuma para mim se você continua ou
não sofrendo por um traditore, como já disse antes para você,
Katharina eu não quero seu amor. Amor é para os fracos e tolos, que
se deixam enredar por sentimento vazios. Olha o que amor fez com
você.
— Como descobriu que ele era um espião?
— Seu pai estava desconfiado que alguém estava passando
informações para os ucranianos. Mandei Vicenzo investigar todos os
mais próximos a sua família e foi fácil descobrir que ele não só
passava informações para Boris, como planejava algo grande. Só
não imaginávamos que ele iria tão longe a ponto de foder a minha
noiva. — Digo amargo e ela engole em seco, colocando a arma
sobre a mesa e eu rapidamente a tomo. — Já disse para apontar
uma arma para mim apenas quando estiver pronta para atirar —
aviso, descarregando as balas.
— Então, naquele dia você me salvou?!
— Não me agradeça por isso, nós dois sabermos que só fiz
isso por benefício próprio.
— Ivan ser um miserável de um traidor não muda nada, eu
ainda continuo te odiando. — Fala, erguendo o queixo.
— Estou bem com seu ódio, amore mio.
— Odeio você Dimitri, por tudo que representa na minha vida,
por tudo que você já fez para mim. Nada nesse mundo irá mudar
isso, nem mesmo o fato de ter me salvado.
— Bem, agora que colocamos tudo em pratos limpos, acho
que não temos mais nada para discutir!! — Falo, colocando a arma
no paletó.
— Espera, ainda não terminamos essa conversa.
— Diga de uma vez, o que mais você quer Katharina?!
— Eu quero a cabeça de Boris em uma bandeja de prata. E
eu sei que você pode conseguir isso para mim.
— Você quer de vingança? Como seu namoradinho está
morto, vai descontar seu ódio no ucraniano.
— Ele é um desgraçado que me usou como fantoche, aposto
que riam da minha cara. Ele tentou matar meu irmão e não vai parar
até conseguir. Eu quero a cabeça desse filho da puta.
— Não me intrometo nos conflitos dos Bratvas, seu irmão é
grande o bastante para se defender.
— Você me deve isso, por ter me enganado todo esse tempo,
é o mínimo que pode fazer por mim.
— Eu não faço nada de graça, Katharina, sou um homem de
negócios.
— O que você quer? — ela pergunta, colocando as duas
mãos sobre a mesa e olhando para mim de queixo erguido.
— Você sabe o que quero, bella mia.
— Eu não posso — diz, perdendo a pose, se dando conta das
cartas que estão em jogo.
Eu não a quero apenas em minha cama, eu quero a sua
submissão.
— Bem, como disse, tudo tem um preço! — digo, me
levantando, pronto para sair do escritório.
— Uma noite, apenas uma noite e nada mais!
— Você tem minha palavra, bella mia, espero que cumpra a
sua. — Sorrio, sabendo que acabei de vencer uma bela disputa.
— É como dizem por aí; o diabo dá com uma e toma com
duas mãos. — Fala Katharina, selando ali nosso acordo.
Raiva é uma sensação de se queimar por dentro até só restar
pó. Já o ódio é como beber veneno e ir lentamente se afogando em
fúria.
— São todas vadias imundas, todas elas merecem pagar.
Estaciono o carro em frente à praia mais afastada de
Palermo, no fim de tarde e deixo o vento frio da maresia percorrer
meu corpo, que ferve de raiva. Não ter controle sobre o que eu
quero, o que desejo é desesperador. As lembranças de um passado
atormentado estão mais frequentes. Eu não consigo deixar de odiá-
la, mesmo que ela já esteja morta. Tiro o paletó, jogando no banco
do carro, desço para a faixa de areia, tentando aliviar essa sensação
de sufocamento e descontrole. Sento sobre uma rocha e observo as
ondas quebrando na areia. O sol já está se ponto, mas nem mesmo
a beleza da natureza, que sempre me acalma, parece fazer efeito.
Vejo um cachorro correndo, um belo labrador, que dispara em
direção ao disco que uma moça joga para ele. Noto o sorriso dela,
feliz, apontando para o mesmo e continuo sem me mover, apenas
analisando a interação dos dois até o disco que ela joga cair ao meu
lado. O animal vem até mim, porém eu já estava de pé, segurando o
objeto.
— Então, caiu aqui! — fala ela, sorrindo para mim.
— Não sabia que tinha uma mulher tão bonita nessa praia,
geralmente ela se mantém deserta por conta das águas vivas.
— Me chamo Andressa Pavanet, me mudei recentemente
para cá. Estou amando a cidade e principalmente a tranquilidade
desta praia deserta.
— Então, você não é daqui?! — pergunto, curioso com a
estranha loira de olhos verdes.
— Não, eu sou da Bélgica, vim para a Itália após descobrir
que minha avó deixou um chalé de herança para mim.
Andressa se senta ao meu lado e passamos horas
conversando, o clima entre nós dois é amigável, porém eu não
estava batendo papo com a loira apenas para conhecê-la, eu queria
mais. Quando o vento forte do começo da noite bagunça seus
cabelos eu ergo meus dedos, tocando seu rosto de leve, tirando o
cabelo do seu rosto. Ela sorri e eu aproveito esse momento para
beijar a doce garota, que corresponde de imediato, mesmo um tanto
tímida. Puxo Andressa para o meu colo e começo a beijar seu
pescoço.
— Nós estamos indo rápido demais, acabamos de nos
conhecer.
— Não é tão rápido, querida, não para o desejo que eu sinto
por você e você sente por mim — falo, soltando as alças do vestido
que ela usa, colocando um dos seus seios na boca, chupando
devagar apenas para vê-la fechar os olhos de prazer.
Depois disso, tudo acontece rápido, Andressa me leva até o
seu chalé, que não era muito longe dali. Vamos nos beijando até o
quarto e rapidamente vou tirando a roupa que ela está vestindo,
querendo fode-la e, quem sabe assim, tirar essa agonia que estou
sentindo.
Andressa fica de joelhos enquanto eu bato com meu pau na
sua cara. A garota tímida de mais cedo deu lugar a uma puta.
— Chupa sem morder, deixa meu pau bem babado.
Ela hesita, um pouco trêmula, mas logo o pega com as duas
mãos e cai de boca, começando a chupar. Chupa com tanta força
que parece fazer tempo que não tem um cacete na boca. A safada
faz com vontade e eu decido ajudar, puxando seus cabelos e
fodendo sua boca. Seu rosto fica vermelho e ouço sons de engasgo
preencherem o quarto, me deixando ainda mais excitado. Puxo com
força seu cabelo, sentindo meu pau vibrar dentro da sua garganta,
gozando profundamente e ela engasga, bebendo meu gozo.
— Encosta na parede!
Ela obedece, então começo a passar a mão nos seios
pequenos dela.
A garota tem um ar ingênuo fascinante, mas no fundo é mais
uma puta, como todas elas.
— Abre as pernas — ela abre bastante, então coloco a
camisinha, sendo precavido dessa vez, e rapidamente meto dentro
da boceta rosada de uma só vez.
— Oh, meu Deus você é grande demais, devagar.
— Não reclama, putinha, você não queria dar agora a pouco?
e então, aguenta — falo, socando meu cacete, arrombando sua
boceta. Ela se assusta com a minha fúria ao mesmo tempo que se
contrai, tendo um orgasmo alucinante.
Empurro sua cabeça contra a parede e soco, sentindo seu
corpo me apertar. Aproveito que ela está toda entregue e submissa
aos meus comandos e começo a morder seu ombro. Mas isso não
parece o bastante, eu preciso de mais, muito mais, então uso as
minhas mãos contra seu pescoço, apertando de leve, apenas para
testar sua reação. Ela está tão absorta pelo prazer que não diz
nada. Então, faço o que eu desejava fazer há vários dias e não pude.
Pego a faca no chão e seus olhos se arregalaram e o sorriso
preenche meu rosto. Ela tenta me arranhar, mas eu sou muito mais
forte que essas putas desgraçadas que não podem ver um pau que
já abrem as pernas para dar. Com delicadeza, deslizo-a pela a
garganta da vadia até seu abdome, sentindo o sangue quente
escorregar pelos meus dedos.
— Isso não aconteceria se não fosse uma puta. — Digo
sorrindo, deixando a minha marca na parede.

Boris não foi capturado, o que me faz duvidar da capacidade


de Vitto Gerevini, meu capo. Ele é conhecido por ser um exímio
caçador, rápido, silencioso e preciso No entanto, faz dois dias que
ele está na Rússia e ainda não capturou o ucraniano.
— Vicenzo, mande Daniela vir até a minha sala. — Falo ao
meu irmão assim que entro na sede da Cosa Nostra.
— Ela está na sala dela, mandarei ela vir em um instante —
ele assente, saindo do corredor.
Entro na minha sala e já me irrito ao perceber que o meu café
amargo não está sobre a minha mesa. Natasha ainda está internada
no hospital, então Dutch a substituiria até que ela pudesse ocupar
seu cargo. Sobre Natasha, bem, ela não ficou nada contente ao
saber que não voltaria para a fortaleza e sim para a cobertura, junto
com as escravas. Para um homem como eu, com um apetite sexual
voraz, é normal manter mais de uma submissa, no meu caso uma
submissa e duas escravas. Existe muita diferença entre uma escrava
e uma submissa. Submissa é uma mulher que sente necessidade de
servir, de se submeter a alguém, que sente prazer quando está
sendo dominada, não que ela precise necessariamente ser submissa
o tempo todo. Ela pode, por exemplo, se submeter entre quatro
paredes, mas ser uma praga fora dela, como uma brat. Além disso,
uma submissa se entrega dentro de um relacionamento estabelecido
por limites rígidos de disciplina e comportamento.
A escrava, por outro lado, representa um nível mais
aprofundado de submissão. Uma escrava se entrega totalmente,
estabelecendo poucos limites e normalmente não tem direito a safe,
palavra segura. Seu principal direito é se entregar a seu dominador.
Escravas normalmente vivem segundo as regras dos seus donos 24
horas por dia, sete dias da semana e tudo em suas vidas é regulado.
Devem pedir permissão até mesmo para sair e fazer coisas normais
que uma submissa pode fazer sem permissão. Na maioria das vezes,
uma escrava opta por viver integralmente como escrava, dentro de
casa, servindo seu dono. Ela escolhe isso para si. Ser uma escrava,
ou até mesmo uma submissa é a realização de suas vidas, é o que
lhes dá prazer. Entretanto, ultimamente nem mesmo as minhas duas
belas escravas estão conseguindo saciar meu lado sádico, que
venho tentando controlar por semanas, mas a cada dia o meu
controle está se esvaindo.
Venho me mantenho longe de Katharina para não colocar tudo
a perder, eu sempre me orgulhei do controle, da minha
impassividade, a minha maneira racional e fria de agir, mas Katharina
está colocando tudo a perder. A maldita russa vem quebrando todo o
controle que tenho. Os conselhos do meu mentor vieram a mente. O
capo que antecedeu a mim, Michele Navarra, ele mesmo, aquele que
matei sem qualquer compaixão, para tomar o poder e me tornar o
Boss. Com ele aprendi a ser o melhor nesse mundo, a não confiar
em ninguém. Fui seu pupilo, de garoto pobre e problemático a um
mísero soldado, assim como meu pai, eu passei para subchefe da
Cosa Nostra e tomar o poder foi apenas mais um passo na minha
trajetória no crime organizado da Itália.
Suas palavras parecem ficar voltando à minha mente. Ele
sempre me dizia para ter cuidado ao pousar meus olhos sobre uma
mulher bonita.
— "Mulheres bonitas são um paraíso para os olhos, um
inferno na alma e um purgatório para o bolso".
Não consigo deixar de pensar que ele tem plena razão.
Porém, Katharina é um inferno tão quente que eu quero mergulhar
nele. Minha querida esposa, que nem mesmo toquei. Justo eu, a
temível Besta italiana o chefe da Cosa Nostra, com trinta e sete
anos, sou temido, sou respeitado e tenho poder, muito poder, tenho
políticos, a polícia e empresários todos na minha mão. Mas, isso não
é o bastante, não, a fera que há dentro de mim quer mais. Ela quer
sair do controle, quer caçá-la e devorá-la. Quero submetê-la aos
meus desejos mais perversos.
— Senhor — diz Daniela, batendo na porta do meu escritório,
me dispersando dos pensamentos mais profundos.
— Entre, senhorita Copolla.
— Mandou me chamar?!
— Sim, soube que chegou ontem. Quero saber como foi à
viagem, se conseguiu completar sua missão. — Digo, olhando para a
mesma.
— Com êxito, senhor, a senhorita Meyer estará chegando à
Itália na próxima semana.
— Como conseguiu convencê-la a largar um emprego de
prestígio para trabalhar para a Cosa Nostra?
— Simples, eu dei a ela algo que ela não conseguiria
trabalhando para o banco suíço. — Fala sorrindo, eu levanto a
sobrancelha curioso. — Meyer só precisava de um empurrãozinho
para sair do banco. Com um patrão que a assediava, um ex-marido
psicopata, nada melhor do que estar sobre a proteção da Cosa
Nostra para sair da Suíça.
— Estou ansioso para conhecer a mulher que será
responsável pelo maior esquema de lavagem de dinheiro de toda
Europa.
Ficamos em reunião por boa parte da tarde, Lorenzo trouxe
relatórios financeiros e então tínhamos números reais para começar.
Eu precisava lavar esse dinheiro de maneira rápida e eficaz. E o
mais importante, sem chamar atenção da polícia.
Já era fim da tarde quando recebi uma ligação muito
esperada.
— Vitto, para estar me ligando, provavelmente deve ter
notícias para mim.
— Estou com ele, senhor, estamos pegando o jatinho agora
para voltar para Itália.
— Mas que bela notícia, meu caro.
— O filho de uma putana não foi fácil de encontrar, estava
bem escondido, mas o serviço foi completado. E o melhor de tudo,
sem chamar atenção dos Castelaresi, eles não saberão que a Cosa
Nostra está por trás da morte do ucraniano.
— Perfeito, será bem recompensado por essa missão. —
Digo, finalizando a ligação.
Giro na minha cadeira, olhando para o sol se ponto pela janela
do meu escritório.
— É, bella mia, em breve você estará sobre o domínio da
Besta que habita em mim!

Eu estava naquele quarto, esperando por quase duas horas a


fio, imaginando que fui feito de besta mais uma vez. Amar uma
pessoa que não corresponde a esse sentimento é cruel e
desgastante, mas aqui estou eu, esperando mais uma vez feito um
idiota a mísera atenção que ele me dá quando quer extravasar seu
desejo. Levanto da cama irritado e pego o paletó, pronto para sair
do quarto, quando a porta abre e ele passa por ela. Seus cabelos
negros estão desalinhados, a gravata já fora do pescoço e sua
expressão me desarma.
— Você demorou, já estava indo embora.
— Sabe como é difícil para mim vir até aqui.
— Mas, cá está você, mais uma vez, isso quer dizer algo.
Levanto a sobrancelha esperando que ele diga o que quero
ouvir, porém seu silêncio é tudo que recebo.
— Eu gosto de você — digo, olhando em seus olhos frios,
poucas vezes pude ver uma sombra de sentimento passar por eles.
— Eu também gosto de estar com você, do sexo gostoso que
nós dois fazemos.
— Você não está entendendo, não se trata apenas de sexo —
falo, exasperado. — Eu gosto de você, acha que se não gostasse eu
aceitaria as migalhas que me dá?! — Pergunto, irritado com sua falta
de reação ao me ver abrir o coração para ele.
— Isso é sexo Chaise, você sabe disso. Duro, bruto e
selvagem, não importa, é apenas sexo.
— Para mim não é mais o bastante. Sei que jamais vamos
poder sair desse quarto e dizer o que sentimos para outras pessoas,
ainda mais na sua posição, mas aqui estamos só nós dois e mais
ninguém.
— Você está complicando tudo, não foi isso que combinamos.
— Foda-se o combinamos, senhor pedra de gelo. Eu não
consigo continuar fingindo que não estou apaixonado por você, seu
imbecil.
— Sentimentos só deixam as pessoas vulneráveis
— Quer saber, eu cansei de ser seu brinquedo — digo, indo
em direção à porta, pronto para sair do quarto. Porém antes que eu
atravesse, sou arremessado contra a parede e atacado por seus
lábios ferozes, me beijando de maneira voraz.
Nossas línguas duelavam duramente, o beijo é feroz e com
raiva, ele puxa minha nuca com força, me pressionando contra a
porta do quarto. Minhas mãos voam para o seu peito largo, tentando
afastá-lo, magoado demais para aceitar suas investidas. Porém,
antes mesmo que eu possa me afastar, ele desce seus lábios pelo
meu pescoço, arrancando gemidos altos da minha garganta. Nesse
momento, eu já havia esquecido minhas reservas contra esse
homem, nesse momento existe apenas a luxúria tomando conta de
mim. E me deixo ser consumido pelo desejo e pela paixão que sinto
por ele.
— Não lute contra o que você quer, Chaise — ele fala com a
voz rouca e volta a me beijar. E eu me entrego intensamente ao
beijo.
Suas mãos descem para o cós da minha calça, meu corpo
todo se arrepia, já sabendo o que ele pretende fazer. Ele toca meu
pau super duro por cima da calça e não demora muito para que a
mesma desabe no chão junto com a boxer e meu pau salte,
gloriosamente duro. Então ele se abaixa, tocando-o com sua mão
direita. Rapidamente abre a boca e o abocanha.
— Porra, sua boca quente e molhada é o paraíso.
Ver um homem grande e perigoso como ele, cheio de
tatuagens, com meu pau na boca, me leva ao delírio.
— Eu preciso de você — falo, completamente entregue.
Sua língua desliza pela base do pau para logo em seguida
abocanhar novamente, levando-o até o talo na boca quente, me
deixando ainda mais duro. Seguro seus braços fortes, cheios de
tatuagens, enquanto soco na sua garganta e nossos gemidos
preenchem o quarto. O fogo toma conta dos nossos corpos. É
sempre assim quando estamos juntos, oito meses nessa relação
proibida e cada vez me vejo mais apaixonado por alguém impossível.
Antes que eu goze, tiro meu pau da sua boca e o beijo,
arranhando seu pescoço, lentamente tirando sua roupa. A arma cai
no chão, assim como tudo que ele usava. Nu, eu pude observar com
prazer o deus italiano em minha frente, porra ele é o cara mais
gostoso que já pus meus olhos e é meu, ao menos por essa noite.
Vou descendo beijos por seu peito até chegar no cacete
carente de atenção. Ele está com a cabeça jogada para trás, de
olhos fechados e dando pequenos gemidos. Seu pau rosado, grosso,
com cheiro másculo, estava duro pronto para mim e não perdi mais
tempo, vou chupando, lambendo toda a extensão, enfiando tudo na
boca, tirando, dando beijinhos na cabeça e indo em direção as bolas,
voltando, lambendo tudo.
Quando olho para ele, já está me encarando com um olhar
feroz. Se inclina para frente e me dá um beijo, em seguida me
empurra em direção à cama do quarto de hotel. Estou ajoelhado
sobre a cama, ele começa a passar a mão pelas minhas costas até
chegar a minha bunda e dar um tapa forte.
— Você está doido para ter meu pau te fodendo não é,
safado?! — Ele fala, colocando dois dedos na minha entrada.
Olho para trás e ele está com uma mão em seu pau e a outra
alisando minha bunda, passando o dedo na minha entrada, alisando
um lado, depois outro.
— Mete de uma vez, filho da puta!
Ele pega o lubrificante sobre a cama, aplicando na cabeça do
seu cacete, se abaixa atrás de mim, abre minha bunda, dá um
sorriso safado e esfrega a cabeça, dá uma encaixada no meu rabo e
eu aproveito para forçar um pouco para trás, ele percebe meu
movimento e levo outro tapa, dessa vez nas costas.
— Minha puta quer meu pau, não é? Depois se faz de difícil e
tenta fugir de mim — diz, socando de uma vez e eu solto um rosnado
alto pela dor.
— Me fode de uma vez.
Ele continua forçando até entrar tudo e em seguida começa a
bombar de uma forma gostosa. Sua rola grossa entrando e saindo,
aquela dor inicial logo passa e o prazer toma conta de mim. Não
consigo mais controlar os gemidos, olho para trás e observo ele
socando, abrindo minha bunda e vendo seu pau entrar em mim,
enquanto eu só sei gemer, tamanho o prazer.
— Você é todo meu, não se negue a mim!! — Diz, com os
cabelos negros todos bagunçados.
Percebo que ele está quase gozando, então aproveito que
meu orgasmo já está vindo e dou uma impulsionada para trás com
minha bunda, rebolo e começo a me masturbar, sentindo suas bolas
batendo em mim. O som de dois corpos suados se debatendo é
totalmente alucinante.
— Goza, safado, me dá seu leite — digo safado.
Ele começa a bombar mais forte, mais rápido, eu estou
gemendo, já descontrolado e logo estou gozando. Aperto a cabeça
do seu pau dentro de mim, arqueando as costas. Um gemido alto,
grosso e sinto seu pau pulsando dentro de mim, me enchendo com
seu leite.
Estava feito, não poderia voltar atrás. Eu tinha oferecido a
minha alma ao demônio e ele não se recusou a aceitá-la. Mas
naquele momento tudo que eu pensei foi na minha vingança. Meu
coração está quebrado, a dor é tão grande que em alguns momentos
procuro não pensar, não lembrar de todas as mentiras que me foram
contadas, todas as vezes que arrisquei a minha vida por conta de um
maldito impostor. De que abri mão de tantas coisas por amar um
miserável que não merecia nem uma lágrima minha.
Dois dias se passaram desde a proposta que fiz à Besta. Dois
dias em que eu não o vejo em nosso quarto e o silêncio, um estranho
silêncio toma conta da fortaleza, agora que a cyka não está mais
morando aqui.
Eu saio para conhecer a cidade, claro não ficaria mais presa
dentro dessa casa, me consumindo de amargura por ter sido feita de
trouxa por um homem. Eu não seria a primeira nem a última a ser
enganada por um filho da puta. Pelo menos foi isso que tentei
colocar na minha cabeça após desabafar por horas com Ana no
celular, conto tudo a ela. Também não aguento e ligo para minha
mãe. Choro, sentindo sua falta e sou consolada por ela, que me
garante que está bem, assim como Aslan e que em breve ela viria
me visitar. Provavelmente não demoraria muito mais para que meu
pai descobrisse que eu liguei, mas não me importo, já estava há
semanas na Itália, eles não poderiam me manter incomunicável como
se fosse uma prisioneira.
Confesso que conhecer as belezas de Palermo tem me
distraído, obviamente sou escoltada pelos meus cães de guarda.
Chaise por sorte não se machucou com o falso sequestro, apenas
Romeu que foi ferido mais gravemente e está se recuperando. O que
me faz ter mais raiva dos irmãos Salvatore Rinna. E, falando neles,
bem, Lorenzo está aparentemente muito ocupado e apenas o vejo no
jantar, já Dimitri. Ele não anda dormindo na fortaleza, ou, se dorme
aqui, eu não sei onde. Vicenzo parece estranhamente mais sociável
desde a tal prova e está começando a confiar em mim. Ontem, até o
vi fazendo yoga no jardim, o que me surpreende, já que não
imaginava um homem como ele fazendo meditação, ao menos
descobri algo que tínhamos em comum. Interessante saber que tanto
ele como Lorenzo não se aproximava de Hades e Perséfone, pelo
que Vicenzo deu a entender, esse é um campo proibido aqui.
Boris, bem, não perguntei sobre ele para Dimitri, mas Ana me
mantém informada sobre os conflitos na Rússia. Sei que uma hora ou
outra ele o trará para mim e terei que fazer algo que jamais me
imaginei fazendo. Me submeter a um homem, não qualquer um, mas
sim à Besta italiana.
— Senhora, tem visitas na sala a aguardando — fala Luigi.
— Quem é?
— São Karlene Ndrangreta e Priscila Camorra.
— Ok, desço em dois minutos, leve-as para o jardim leste.
Mande Carlota servir um lanche para as duas. Se certifique que
Hades e Perséfone estão no recanto deles, não quero assustar as
visitas. — Digo, fechando o livro “The White Queen’’, um livro incrível
que conta a história da Guerra das Rosas, agitada por tumultos e
intrigas”.
A Rainha Branca trata da vida de Isabel Woodville, uma
plebeia que ascende à realeza servindo-se de sua beleza, uma
mulher forte que enfrenta toda a monarquia pelos seus filhos. Vou até
a penteadeira confirmar se minha maquiagem está impecável antes
de descer para conversar com as duas. Pelo pouco que conheci das
duas eu já gostei delas, apenas Rebeca que me deixou curiosa, algo
me diz que ela precisa muito de mim. Talvez seja esse meu destino
na Itália, causar uma pequena revolução dentro da Cosa Nostra.
Sorrio animada, com a cabeça cheia de ideias.

— Boa tarde, senhoras, fiquei surpresa ao saber que vieram


me ver.
— Boa tarde, Katharina, Priscila, por favor.
— Certo.
— Bem, nós viemos aqui te conhecer melhor, sei que deve ser
um tanto assustador entrar na família, deixar seu país e se casar
com um mafioso. — Fala Karlene, pegando o copo de suco. —
Gostei muito de você Katharina, parece ser uma mulher forte,
decidida. Eu sei que ser esposa de um capo não é fácil — diz, com
um olhar triste. — Imagina do capo da Tutti capo. — Ela diz,
suavizando o olhar triste de antes.
— Sim, vocês têm razão, ainda não caiu à ficha que a minha
vida de agora em diante será aqui na Itália. Sinto falta da minha
prima Ana.
— Eu vim da Inglaterra para a Itália para um intercâmbio,
conheci Tom sem saber quem ele era, em uma balada, estava saindo
com um cara que acabou passando dos limites e foi quando ele me
salvou. Jamais vou esquecer que acabei vomitando no carro dele
quando ele me levava para casa. Me apaixonei por ele tão rápido, de
maneira tão intensa e para estar ao lado dele tive que abrir mão da
minha faculdade de odontologia, dos meus amigos, até mesmo da
minha família, que não pode saber quem somos. Então, evito ao
máximo recebê-los na minha casa.
— Você realmente teve sorte, Karlene, não são todas que têm
esse privilégio que você teve — fala Priscila, me fazendo olhar para
ela.
— Não consigo imaginar como abrir mão de toda sua vida por
um homem é privilégio — digo, exasperada.
— Ser amada, Katharina, ser amada por um capo. Homens
poderosos como os nossos maridos não costumam demonstrar
sentimentos, isso os torna fracos perante seus inimigos e Tom,
mesmo que de maneira discreta, demonstra amar a Ka!

Ficamos conversando por um bom tempo e confesso que


gostei das duas. Conversamos por horas, elas acabam me
confidenciando que Natasha não era amante de Dimitri há muito
tempo e que meu querido marido, assim como os outros capos,
frequentavam um clube particular da família, onde rolava de tudo.
Priscila ainda me confidenciou que sabia que o marido mantinha uma
amante, mesmo o amando e sofrendo com isso, ela não tinha muito
o que fazer e isso me deixou irritada. Pelo visto o mau dos italianos é
serem todos uns cafajestes. Também conversamos sobre Rebeca
que era a terceira integrante do trio, todavia desde a descoberta da
gravidez não tem podido sair muito de casa e que foi uma raridade
ela ter vindo à fortaleza naquela noite.

A tarde passa de forma agradável com a companhia delas,


fico triste quando elas se vão, mas combinamos de ir ao SPA no
sábado.
Luigi terminava de arrumar a mesa para o jantar quando entro
na cozinha, sentindo um delicioso cheiro de peixe.
— O cheiro está delicioso, Carlota.
— Luigi trouxe um belo peixe espada do mercado de peixe
Catânia. É o favorito do menino Lorenzo. — Diz ela sorrindo,
mexendo um molho na panela.
Vou para a adega buscar um vinho para o jantar e encontrei
Lorenzo entrando no corredor.
— Princesa, está perdida? — ele fala, sorrindo, com os
cabelos todos desalinhados e uma mancha de sangue na manga da
camisa.
— Estou indo para a adega buscar um vinho para o jantar.
Aconteceu alguma coisa?! — Pergunto, apontando para a mancha de
sangue em sua camisa.
— Ossos do ofício — Responde sorrindo e decido nem
perguntar.
Continuo o caminho até a adega, que é bem mais luxuosa do
que imaginei, toda de vidro e madeira de lei. A iluminação baixa e o
clima adequado para manter as garrafas. Escolho uma garrafa do
Muse de Miraval e coloco no balde de gelo sobre a mesa.
Vicenzo chega junto com uma moça, aos beijos na sala e
imagino ser alguma amante ou coisa do tipo.
— Boa noite, Katharina, espero que não se importe de ter
uma pessoa a mais na mesa esta noite.
— Claro que não, prazer, meu nome é Katharina.
— Meu nome é Daniela.
Nos sentamos à mesa, aguardando Dimitri chegar, Lorenzo
senta em seu lugar, já de banho tomado, mas nada de Dimitri
aparecer.
— Sabe onde está Dimitri? — Pergunto, irritada por ficarmos
todos feitos idiotas o esperando.
— Bem, eu fui o último a sair da sede, provavelmente ele
deve estar chegando, já que hoje é a noite negra no clube — fala e
percebo que Vicenzo o repreende com o olhar, fazendo com que ele
se cale.
— Já que meu querido marido não chegou, não podemos
desperdiçar uma comida tão deliciosa como essa, ainda mais sendo
o prato favorito de Lorenzo — digo, sorrindo para Daniela.
O jantar é agradável, Daniela, diferente do que imaginei não é
tão fútil como aparentava. Pelo que percebo, é uma hacker
habilidosa a serviço da máfia. Porém, o que me deixa de boca aberta
é o momento onde ela simplesmente sugere um ménage.
— É sério, Lorenzo, faz tempo que eu e você e seu irmão não
curtimos como daquela vez — fala, com um sorriso safado no rosto.
— É impressão minha ou te deixamos viciada, Dany?!
— Bem, o que posso dizer, um é bom, mais dois, meu amor, é
espetacular.
Eu não sabia para quem olhava, para Lorenzo, que se divertia,
Vicenzo, com sua pose séria ou para Daniela, atirada.
Depois de subir para o quarto, tomo meu banho e decido que
não vou ficar trancada nesta casa enquanto meu querido marido
curte a noite com suas putas, então me arrumo. Escolho um vestido
preto e curto, com bastante transparência. Com os cabelos soltos e
uma maquiagem delicada, me sentia bonita e pronta para relaxar
essa noite.
— Esperem, eu vou com vocês — falo, fazendo com que as
três cabeças se virem em minha direção.
Vicenzo abre a boca quando vê a roupa que uso, Lorenzo tem
um sorriso safado nos lábios. Homens.
— Então, vamos?!
— Não acho ser uma boa ideia você ir com a gente — fala
Vicenzo, vestindo sua máscara de seriedade.
— Pois eu acho uma ótima ideia, afinal ela é esposa do Boss.
O clube também pertence a ela, é sexta à noite, rapazes, vamos nos
divertir.
— Dimitri vai te matar, você sabe, né?!
— Deixe-o tentar — falo, passando por ele, indo em direção
ao carro.
O caminho é rápido e eu percebo que os gêmeos estavam
tensos com a minha presença, provavelmente temendo o que Dimitri
faria. Eu não ligo para o que ele vai pensar, só não quero ficar em
casa como uma esposa troféu, enquanto o canalha do meu marido
sai com outras. Do lado de fora eu já fico admirada com o tamanho
do clube, após passar pela entrada privativa. O lugar é composto por
três pisos principais e um subsolo, onde, segundo Vicenzo, eu estava
proibida de entrar, duas danceterias com palco armado e um grande
bar. No terceiro piso ficava a área vip, junto com um bar totalmente
reservado e é para lá que sou encaminhada.
Subimos o elevador privativo e chegamos na área vip.
— Vê se não faz nenhuma gracinha, porque não é só seu
pescoço que está na reta — fala Vicenzo, ainda incomodado com a
minha presença aqui.
Entramos em uma grande área com sofás de couro, barras de
pole dance, música ambiente, vários empresários e homens de
negócios com putas no colo, conversando entre si, porém, assim que
chegamos, os olhos de todos parecem ser direcionados a mim.
Lorenzo coloca a mão nas minhas costas me levando para o
fundo da sala e lá eu o vejo. Meu querido marido, tomando o que
deve ser uísque, com uma morena de joelhos em seus pés. Não foi
preciso falar nada para que eu entendesse que ela era uma
submissa, apenas a maneira como ela mantinha o olhar baixo já
entregava sua condição.
— Sentiu minha falta, bella rosa e decidiu vir até mim?
— Para sua tristeza, não, querido marido — falo, olhando
para a garota que nem ao menos se move e fica feito um cachorro
aos pés do dono. — Só estava cansada de ficar em casa e decidi
curtir.
Seu olhar parece me comer viva, passando da ponta dos
meus pés até meu rosto. Poderia jurar que o vi engolindo a saliva.
— Denise, vá até Tomaz para que ele a leve para casa, não
preciso de você por essa noite — diz isso olhando para mim, como
se me desafiasse com o olhar.
— Daniela, porque não vamos para a pista, estou precisando
dançar — digo, querendo me afastar do maldito.
— Vamos, então — concorda, me puxando para a pista de
dança, mas, mesmo estando longe, eu ainda consigo sentir seu olhar
em mim.
Uma música sexy de Camila Cabello começa a tocar, Daniela
e eu começamos a rebolar ao som da batida e alguns homens
tentam se aproximar, mas nunca para dançar comigo, apenas com
Dany. A música acaba e logo começa outra, eu fecho os olhos,
deixando a batida tomar conta do meu corpo, porém um corpo firme
me cerca e uma mão forte e possessiva vai parar em minha cintura,
me fazendo abrir os olhos, dando de cara com os olhos escuros de
Dimitri.
— O que pensa que está fazendo rebolando desse jeito em
um local cheio de homens?
— Estou dançando, não está vendo?
— Isso não é dança, bella mia, está mais para uma
provocação — fala, colando seu corpo ao meu enquanto sussurra no
meu ouvido.
— Eu não ligo para o que você pensa.
— Sempre com essa língua afiada, amore mio. Não imagina a
vontade que tenho de castiga-la. — Fala, circulando seus braços ao
meu redor, colando ainda mais nossos corpos, suas pernas
entrelaçadas as minhas, me guiando ao ritmo da música.
— Por que não vai atrás da sua putinha? Pelo visto, uma sai
outra já está entrando no lugar. — Digo, amarga.
— Isso não tem nada a haver conosco, bella mia.
— Não existe nós dois, Dimitri, não se esqueça que odeio
você com todas as minhas forças.
— Eu não me esqueci, amore mio, lembrarei disso quando
estiver socando meu pau na sua boceta. Vou meter tão forte que
tudo que irá pensar é no ódio que sente — fala, subindo as mãos por
cima do vestido até o meu rosto, virando-o para o seu e me beijando,
um beijo feroz, intenso e possessivo.
Ele queria demarcar território e mostrar a todos a quem eu
pertencia. Eu não correspondo, pelo menos não de imediato, porém,
o filho da mãe sabe fazer bem feito e puxa meu cabelo, pressiona
meus seios no seu peito malhado, mas logo meu cérebro volta a
raciocinar e eu me lembro da garota aos seus pés e sinto um nojo
imenso de mim.
— Não me toque! — Falo, limpando meus lábios, com asco.
— Antes que possa me tocar, você precisa cumprir sua promessa e
quando esse dia chegar precisa no mínimo tomar um banho de água
sanitária para limpar esse cheiro de puta grudado em você! —
Disparo, com raiva. Nesse momento, Vicenzo aparece, diz algo em
seu ouvido e eu aproveito para sair daqui. Para mim, a noite tinha
acabado, minha cota de homens babacas tinha se esgotado por
hoje. Quem ele pensa que é para me beijar logo após ter uma garota
com ele? Chaise, assim como outros dois soldados, estava de
prontidão do lado de fora e, assim que me viram, me levaram até o
carro, partindo em direção à fortaleza.
Tirei o salto alto no carro mesmo e quando paramos eu corro
para dentro, cansada, com a cabeça cheia. Tudo que eu queria era
dormir, mas quando passo pela porta do quarto, noto que sobre a
cama estava uma grande bandeja. Senti um arrepio frio subir pela
minha coluna e lentamente eu caminhei até a cama encontrando um
cartão branco, apenas isso. "Bella mia".
Apenas com essa frase eu já sabia o que tinha naquela
bandeja, deixo o papel cair no chão, levanto a tampa da bandeja de
prata e lá estava. A cabeça de Boris decepada, entregue em uma
bandeja de prata. Eu sabia que a partir de agora não tinha mais
volta, eu teria que cumprir com a minha palavra. Essa noite eu
deveria me entregar a ele, à Besta!
O gosto adocicado do Bourbon enche meus lábios. Daniela
está sentada no colo de Vicenzo e ele beija seu pescoço, enquanto
ela joga a cabeça para trás cheia de tesão. A cena é extremamente
excitante, porém a minha cabeça está longe, mais precisamente na
fortaleza. Dimitri se foi, assim como Katharina e é bem provável que
dessa vez os dois se acertem. Eu deveria ficar feliz pelo meu irmão e
por ela, mas por que não estou? Por que um sentimento de angústia
cresce dentro mim. Preciso esquecer os pensamentos que andam
povoando a minha mente ou acabarei maluco, para não dizer morto.
Talvez Vicenzo tenha razão e eu precise de uma boa esposa italiana.
Uma mulher da família, talvez isso faça com que acabe com esses
pensamentos que venho tendo. E ainda teve o babaca do Ximeno na
sala de treinamento, falando de Katharina com sua boca imunda, não
deveria nem mesmo pronunciar o nome dela.
Uma fúria monstruosa tomou conta de mim quando o vi junto
com outros soldados rindo e comentando o quanto a loira do chefe é
gostosa e que sua pele branca como a neve ficará toda rosada com
uns tapas. Eu não aguentei ouvir aquilo e deixei a minha irá tomar
conta. Voei em sua direção, socando sua cara com tanta força que
ele caiu sobre os pesos da academia. Eu não parei aí, não, é claro
que eu não pararia. Minhas mãos já estavam sujas de sangue e eu
ainda o enforcava com raiva e com ódio. Dimitri entrou na sala de
treinamento junto com Vicenzo, que separou a briga. Quando
descobriu o motivo da minha fúria, Dimitri me olhou friamente, tirou
sua pistola e deu dois tiros na cabeça de Ximeno. O aviso foi dado
com apenas um ato e um olhar. Agora nenhum soldado ousará falar
de Katharina novamente.
— Vai ficar só olhando, gatinho? — diz Daniela, me
chamando.
Saio dos meus devaneios e foco meus olhos nos dois. Daniela
estava, nesse momento, sem blusa e com os seios fartos à mostra,
enquanto punhetava Vicenzo. Deixo o copo de Bourbon de lado e
decido aproveitar a noite no corpo da bela loira.
Me levanto de onde estou e sento no sofá, ao lado dela, puxo
seus cabelos de lado, de maneira dura e mordo seu pescoço,
deixando-a com ainda mais tesão.
— Vocês ainda vão me matar de tanto prazer — fala, fogosa
e logo é calada pela boca de Vicenzo na sua.
Sorrindo, eu levo meu rosto até o vale entre seus seios,
mordo o biquinho rosado, para em seguida o colocar todo na boca,
mamando seus peitos, duro de prazer. Daniela geme baixinho,
enquanto meu irmão a sufoca com sua língua. Rapidamente, Vicenzo
se livra das roupas e aproxima seu pau do rosto dela, que
prontamente atende ao pedido mudo e abocanha o cacete do meu
irmão gêmeo. O inferninho, como é chamada a ala especial do clube,
estava cheio. No lugar, podiam ser encontradas coisas para os mais
diversos tipos de experiência sexual, desde masmorras para BDSM,
Glory Hole, cabines para fetiches, como voyeurismo, o salão oval,
onde fica a parte de swing, e claro, as mulheres que amam Gang
Bang.
Alesso Gambino mantém seu olhar em nós três, enquanto
duas loiras disputam quem o chupava. Ignorando a plateia eu me
mantenho concentrado na gostosa quase gozando apenas comigo a
chupando. A saia de couro preto ainda está em seu corpo. Sorrindo
eu vou até as roupas de Vicenzo, que estão jogadas no chão e pego
uma pequena faca, que sei que o mesmo carrega no bolso interno da
calça e rasgo a saia de couro em duas, fazendo Daniela gritar de
susto e com a rapidez que me desfaço do tecido. A safada está sem
calcinha e sua excitação escorre por suas coxas grossas. Dou um
tapa potente em sua boceta e a mesma engasga com o pau do meu
irmão na boca, todavia, Vicenzo não gosta e puxa seu cabelo,
socando na sua garganta com destreza. Abro suas pernas, me
ajoelhando no chão, a vadia fecha os olhos e eu puxo o lábio
esquerdo da sua bocetinha com os dentes, fazendo seu corpo
arquear de prazer, esfrego minha língua por todo seu canal e
lentamente vou trabalhando meus lábios por sua boceta. Daniela não
sabe controlar o tesão e começa a tremer quando chupo fortemente
seu clítoris.
— Safada, já gozou!? — diz Vicenzo, dando um tapa na
mesma, que está tremendo pelo orgasmo devastador que teve.
— Vem, Lorenzo, eu quero mamar você — diz, toda dengosa.
Atendo prontamente seu pedido, porém antes faço com que
ela fique de quatro na beirada do grande sofá. Vicenzo toma à
dianteira, colocando a camisinha e, sem aviso, mete seu cacete
dentro da boceta da safada. Sem tirar os olhos dos dois eu vou
tirando a roupa, o olhar guloso dela se fixa em minhas tatuagens, nos
dois braços fechados e um demônio com asas, tatuado, cruzava meu
peito.
A frase da Cosa Nostra "Un uomo che non si dedica alla sua
famiglia non sarà mai un vero uomo", tatuada em minhas costas.
Rapidamente eu tiro as calças e a boxer preta, Vicenzo mete como
uma fera, puxando o cabelo de Daniela. Eu me masturbo, vendo a
cena quente se desenrolar na minha frente. Rugindo, Vicenzo goza
junto com a safada e eu aproveito esse momento para começar a
foder a boca de Daniela, segurando sua cabeça. A mesma circula a
cabeça do meu pau com a língua e desce lambendo toda a
extensão, deixando meu cacete bem molhado, intensificando o ritmo
do boquete e usando as mãos para massagear minhas bolas.
Tomado de desejo e fúria eu fodo sua boca como se fosse uma
boceta. Vicenzo mantém seu olhar em nós dois, se masturbando em
total deleite. Daniela engasga com meu pau em sua garganta, aperto
seu nariz, vendo seu rosto ficar vermelho, sem ar. Sorrio, socando
mais e mais até tirar meu pau para fora e gozar. O primeiro jato da
porra vai direto para seus olhos, os seguintes por todo seu rosto.
A safada limpa o rosto e leva os dedos à boca, chupando meu
gozo. Fico em êxtase, olhando para ela, porém meu pau não dá sinal
que está satisfeito.
— A puta quer mais pau, Lorenzo, ela quer ser arrombada por
dois cacetes — fala Vicenzo, rindo.
Ele a coloca apoiada na mesa de bebidas, derrubando tudo
que estava sobre ela. Jogo uma camisinha para ele, que pega no ar,
rasgando o pacote.
— Você é uma cachorra muito safada e por isso não merece
que nós dois peguemos leve com você!
— Não mesmo, ela não queria ser fodida? Agora ela vai sair
daqui bem fodida — diz Vicenzo, sorrindo friamente e percebo que
Daniela respira fortemente, ansiosa para o que faremos a seguir.
Abro bem suas pernas, deixando-a arreganhada e meto meu
pau, socando forte e rápido, tamanho o tesão que sinto. Daniela está
encharcada, molhada de tesão e gemendo alto, jogando a cabeça
para trás. Meto com força e sinto minhas bolas batendo forte na sua
boceta, com seu gozo escorrendo por todo meu pau quente, mesmo
com a camisinha eu posso sentir seu desejo gritando alto e todos os
olhos da sala se fixaram em nós.
Vicenzo caminha até as roupas jogadas no chão, recolhendo
seu cinto, assim como o meu, enquanto eu continuo arrombando sua
boceta. Sabendo qual era a intenção meu irmão, fico atrás(?),
amarrando os dois cintos sobre os seios de Daniela, impedindo a
circulação de sangue, deixando seus mamilos inchados e vermelhos.
Sorrio para ele, girando a cadela, sentando com ela em meu colo no
sofá. Daniela, como uma boa cadela, começa a cavalgar no meu
cacete, gemendo de dor ao descer todo o corpo, levando-o ele até o
fundo.
O cheiro de sexo e suor preenche todos os quatros cantos da
sala, o tesão estava me levando à loucura. Não é sempre que eu e
Lorenzo participamos de um ménage, mas toda vez que isso
acontecia, é prazer garantido.
Daniela é uma foda gostosa, a loira sabe como satisfazer um
homem, não fica de frescura e é isso que eu e Lorenzo gostamos,
podemos pegar pesado com a puta que ela não reclama. Ao menos
aqui no clube eu posso me afogar no prazer e esquecer todas as
responsabilidades e os problemas com a família.
— Mete no meu cuzinho, Vicenzo — fala a safada, rebolando
gostoso no cacete do meu irmão.
Me aproximo e vou penetrando no seu cuzinho apertado,
milímetro a milímetro eu sentia o calor do seu rabo e meu pau
escorregando para dentro sua bunda até contrair. Ela revira os olhos
e geme de dor ao ser arregaçada pelo meu pau e para de se
mexer para recuperar o fôlego. Lorenzo dá um tapa forte na sua
cara e seu rosto fica vermelho, eu sorrio, puxo seu corpo pelas
fivelas(tiras?) do cinto e tiro meu pau de dentro do seu cuzinho, só
para meter de uma vez, brutalmente.
— Ham! — ela grita a cada golpe que nós dois damos com
sincronia em seus buracos apertados.
Seguro seu pescoço com as duas mãos em para impedir o ar
de circular, enquanto meto em seu cuzinho vorazmente.
— Não era isso que você queria, cachorra, nós dois te
fodendo, vadia?! — Digo em seu ouvido, vendo seu rosto ficar
vermelho, sem ar, aumentando o prazer dentro de mim.
Solto seu pescoço e puxo seus cabelos molhados de suor
para trás, Lorenzo morde o bico dos seios inchados, deixando-os
cheios de marcas.
— Ouh, não pare, por favor — diz, tremendo em nossos
braços, tendo a boceta e o cuzinho totalmente moldados ao nosso
prazer.
Ela desce, engolindo o pau de Lorenzo e depois sobe, toda
arrepiada, retraindo o cuzinho, estrangulando o meu pau em cada
movimento sincronizado. Eu sinto também o pau do Lorenzo
pressionando o meu pela fina camada de pele que nos separava.
Literalmente, uma batalha de espadas dentro de uma putinha safada.
— Me fodam de verdade, sem dó!!
E assim fazemos, cada bombada nossa a deixando mais
entregue e dominada, já tinha visto Daniela gozar mais de cinco
vezes e a safada continuava gemendo cada vez mais alto. Ao nosso
redor, vários homens se masturbavam, vendo a orgia acontecendo
entre nós três. Sinto o gozo vindo e começo a estapear a bunda da
cadela, seus gemidos aumentando cada vez mais enquanto ela
cavalga mais rápido. No auge do nosso tesão eu pergunto à safada.
— É isso que queria, putinha, dois paus te arrombando, te
deixando arregaçada?!
— Sim, eu tô gozando, eu tô gozando! — grita, quase
desmaiando, porém eu a faço acordar com outro tapa na cara.
Não aguentando mais, Daniela aperta suas pernas e o clítoris
contra Lorenzo, fazendo o mesmo gozar fortemente, eu vou junto,
segurando sua cintura com as duas mãos e enfiando tudo nela eu
gozo com força no seu rabo gostoso. Ela convulsiona de prazer,
desabando sobre Lorenzo, que apenas sorri para a safada.
Realmente, foi uma foda fantástica para finalizar essa noite.

Eu sabia que a partir de agora não tinha mais volta, eu teria


que cumprir com a minha palavra. Esta noite eu deveria me entregar
a ele, a Besta! Trêmula, deixo a bandeja com a cabeça de Boris
sobre uma pequena mesa de madeira no canto do quarto. Minhas
mãos ficam sujas de sangue, sangue podre de um miserável, mas
antes de ir ao banheiro tirar esse cheiro imundo de mim, me detenho,
olhando para a sacada do quarto. Lá eu vejo a Besta, chegando em
seu McLaren 720s, o som dos motores cantando é inconfundível.
Me afasto da janela quando vejo a porta do carro abrindo e
ele saindo por ela. Tiro todas as minhas roupas, entrando debaixo do
chuveiro frio, tomando cuidado para não molhar o meu cabelo, mas
despertando meu corpo para o que iria acontecer essa noite, porque
uma coisa era certa, o diabo dá rapidamente, mas vem e toma ainda
mais rápido.

Me enrolo no robe e vou ao closet procurar o que usar, saiba


que Dimitri estava me dando tempo para me preparar e por isso não
entrou no quarto, mas também estava ciente que não tardaria a
aparecer e reivindicar o que quer. Observo os vários vestidos
pendurados no closet, ponderando sobre o que vestir, optando por
uma lingerie apenas, mesmo sendo desnecessário roupa para o que
iríamos fazer. Opto por um conjunto preto sensual, cinta liga e uma
delicada renda, meus cabelos estavam uma bagunça, mas não faço
esforço para arrumá-los. Abro a porta que antes era proibida a mim
e vivia trancada. Agora está destrancada e à minha espera. O
calabouço é tão ou mais assustador do que me lembrava. As luzes
estavam acesas e a temperatura agradável. Olho para todos os
objetos espalhados pelo quarto, sentindo minha respiração acelerar.
O cheiro de couro preenche minhas narinas. A madeira escura e as
paredes de pedra dão um ar sombrio a todo o lugar, eu sabia que,
estando ali dentro, eu seria totalmente dele.
A cama, com lençóis de seda negra, me chama atenção, ele
deve esperar que eu o aguarde chegar de joelhos, como suas
escravas devem fazer, porém ele pode ser um dominador sádico,
mas eu jamais serei uma submissa. A Besta pode tentar, mas jamais
irá me quebrar. Vou em direção ao controlador do som colocando
"Two feet - Love is a bitch". Caminho no salto Chanel até a poltrona
negra, que me lembra o trono de um rei, me sento e espero o exato
momento que ele abrirá a porta e virá cobrar a promessa.

Não sei quanto tempo se passa, mas não demora muito para
a Besta passar pelas portas do calabouço. Ele ainda não tinha me
visto, então aproveito para analisar bem meu inimigo. Seus cabelos
estavam molhados, a barba por fazer e o costumeiro olhar
inexpressivo que me assustava pairava em seu rosto. Em suas
mãos, uma caixa que não consigo distinguir o conteúdo, pois a luz
está baixa. Ele usa uma camisa social branca, colete preto, calça
social e os pés descalços, poderia jurar que é o homem mais bonito
que já vi, mas para mim isso é apenas um disfarce para esconder
sua verdadeira essência demoníaca.
— Aí está você, bella mia. — Fala, olhando diretamente para
mim.
Seus olhos parecem brasas quentes, queimando a minha pele.
— O que você pretende fazer comigo? — Pergunto de uma
vez, ao mesmo tempo curiosa e amedrontada.
Não sou ingênua de achar que isso nunca aconteceria, mas
agora que estou aqui, pronta para ceder à Besta italiana, um misto
de medo e ansiedade toma conta de mim.
— Ah, bella mia, serei seu predador essa noite, te caçarei e
te comerei viva, como a Besta que sou.
— Eu não tenho medo de você, Dimitri, sou uma mulher de
palavra e cumprirei a minha. Mas, lembre-se, uma noite é tudo que
terá de mim, nada mais.
— Isso é o que veremos, amore mio — instiga ele, colocando
a caixa pequena sobre uma cadeira e caminhando feito um predador
em minha direção.
Em nenhum momento seus olhos saem dos meus, quando ele
para de pé(?), seus olhos passeiam por todo meu corpo.
— Muito bem, levante daí, não quero vê-la sentada num lugar
que não te pertence.
— Ok — digo séria, ficando em pé.
— Quando entrar neste quarto, quero vê-la de joelhos ao lado
da porta, esperando por mim de maneira submissa.
Quase sorrio, debochando do que ele diz, mas me contenho
ao perceber seu olhar duro. É melhor não irritar demais a fera.
— Tire os seus sapatos, não que não esteja linda com eles,
mas esta noite prefiro você sem eles.
Engulo em seco e bem devagar eu tiro o scarpin, ficando
descalça. Dimitri se abaixa e pega os sapatos, os colocando ao lado
da sua cadeira.
— Ótimo, não hesite em me obedecer quando lhe pedir algo,
bella mia, você fica ainda mais bela quando é obediente.
Mordo meus lábios para não soltar um palavrão e ignoro sua
ordem e as besteiras que ele fala. Dimitri avança lentamente em
minha direção, como um predador faminto, com seus olhos fixos na
minha boca e prontamente, ele me beija. Um beijo intenso e
inesperado, ao mesmo tempo arrebatador, sua língua chupa a minha
e eu acabo gemendo quando ele morde meu lábio, para em seguida
voltar a introduzir a língua na minha boca. O gosto do meu sangue
parece apenas deixá-lo mais excitado e só paramos o beijo quando
não havia mais fôlego e precisávamos de ar para respirar. Confusa
eu acabo perguntando:
— Por que me beijou?
— Seus lábios são deliciosos, não poderia deixar de beija-los
— fala com um sorriso predatório.
Dou um passo atrás, confusa com seu comportamento.
— Eu sei que para você tudo isso é novo e estranho. Não
tenho costume de me relacionar com mulheres que não sejam
submissas natas, muito menos de adestrar uma nova submissa,
porém com você, bella mia, tudo será diferente. — Fala, voltando à
postura de mafioso controlador. — Quero que conheça meu mundo,
que desperte a submissa dentro de você. Quero que deseje ser
subjugada, quero que ame isso tanto quanto eu.
— Isso nunca vai acontecer — falo a verdade.
— Uma das primeiras lições que deve aprender é não me
interromper quando eu estiver falando com você!! — diz, irritado —
Precisamos estabelecer limites rígidos, limites esses que você não
aceita que eu ultrapasse. A negociação é uma etapa importante para
quem vai iniciar uma relação de D/S.
— Não é uma relação, Dimitri, não confunda as coisas, é
apenas uma noite e só! — digo irritada, imaginando que claramente
ele pensa que eu serei mais uma das suas cadelinhas.
— Você ainda irá confiar em mim, bella mia, eu posso te
garantir isso. Ainda vai ser você a entrar por aquela porta
procurando por mim, para que eu a domine, para que a castigue
segundo os meus desejos mais obscuros.
Me contenho para não rir da sua cara, pois meu olhar já diz
exatamente o que penso sobre o assunto.
— Teremos tempo futuramente para discutir melhor seus
limites rígidos e limites brandos e negociar passo a passo da nossa
relação de dominador e submissa. Por hoje, apenas preciso que
confie em mim e seja sincera ao dizer se tem algo que não queira
tentar essa noite.
— Não gosto de giletes ou agulhas, nada que corte minha
pele, ou suspensão no ar, contenção da minha respiração ou
grampos na minha intimidade, ou algo desse tipo — digo séria o
olhando.
— Podemos nos preparar para isso mais para frente.
— Nunca! — digo decidida.
— Certo, por hora eu aceito seus limites, mesmo querendo
muito vê-la contida na bondage, suspensa pelas argolas do teto
enquanto eu fodo sua garganta como se ela fosse sua boceta.
Suas palavras têm poderes eróticos inexplicáveis sobre mim.
— Mais alguma restrição, amore mio?
— Você vai me bater? — Pergunto, tomando coragem.
— Vou, mas não vai ser para machucá-la, não quero te
assustar, bella mia, apenas te apresentar o mundo em que vivo.
Quero que você goste disso tanto quanto eu.
O olhar dele é tão intenso que balanço a cabeça,
concordando, mesmo sabendo que jamais vou gostar desse mundo
bizarro que ele diz.
— Preciso que entenda que jamais mudarei, Katharina, esse
sou eu, o homem que está em sua frente. Eu preciso estar no
controle, preciso que você se comporte, se não fizer o que eu
mando, precisarei te educar e ensiná-la a me obedecer.
— Então você sente prazer em me machucar? Isso que é ser
um sádico?
— Um pouco, talvez apenas o bastante para ver até onde
você aguenta, mas não o suficiente para feri-la de verdade. O
sadomasoquismo é sobre a busca pelo prazer através da dor
consensual entre duas pessoas. E a busca por um prazer extremo,
incapaz de ser encontrado em uma relação baunilha.
— Não consigo imaginar prazer em tudo isso.
— Você conseguirá em breve, amore mio. Você sentirá um
prazer inigualável. Até o final desta noite eu te levarei ao céu.
— Achei que o demônio tivesse sido expulso do céu? — Falo,
provocando e me assusto ao ver um sorriso divertido em seus lábios.
É a primeira vez que o vejo sorrir, chega ser bizarro ver as
covinhas em seu rosto.
— Você não imagina o quanto me excita essa sua língua
afiada, uma brat é um deleite a qualquer sádico.
— O que é brat? — Pergunto, confusa, vendo ele ir até o bar
servir um copo de uísque para si.
— Uma brat, nada mais é do que uma submissa rebelde que
sente prazer em provocar seu dominador, ela quer testá-lo e levá-lo
ao seu limite para só então castigá-la.
— Está enganado, querido, eu não tenho uma gota de sangue
submisso em meu corpo, muito menos sou essa tal brat.
— Eu nunca erro, bella mia — fala, abrindo o armário, onde
vários chicotes, chibatas, açoites, entre outros objetos de spanking
estão dispostos.
Engulo em seco, imaginando o que ele vai fazer.
— Tem noção de quanto tempo eu passei desejando estar
aqui com você? — Pergunta, escolhendo alguns objetos.
— Não — respondo e continuo de pé, olhando para ele —
Não vai ter uma palavra de segurança? — pergunto, um tanto
assustada com os objetos que ele separa de dentro dos armários.
— Não vejo necessidade. É muito simples, Katharina, você
confia em mim ou não?!
— É óbvio que não.
— Então, temos um problema aqui — diz, com um olhar
decepcionado e irritado. — A dominação e a submissão precisam ter
base em uma plena confiança. Você tem que confiar que seu
dominador irá saber a hora certa de parar, que vai respeitar seus
limites rígidos e saber a hora certa de te levar ao prazer.
— Pois eu não confio e não vejo como isso vai mudar, afinal é
só uma noite.
Ele sorri novamente e dessa vez, eu temo. Seu sorriso é
predatório e eu percebo que tinha me fodido com a minha resposta.
— Se quer tanto uma safe, você terá uma, mesmo detestando
ver você usá-la. Se for uma boa menina não precisarei castigá-la
duramente, apenas seja obediente. Sua palavra será "meu senhor"
— fala, me provocando, pois ele sabe que jamais o chamarei de meu
senhor, nem nascendo de novo.
— Certo!
Dimitri me leva ao centro da sala, puxa uma corrente que nem
tinha visto, prende as minhas mãos, com os braços abertos, para
cima, em algemas de couro. Meus braços ficam esticados e eu não
tiro os olhos dos seus passos.
— Se você se debater eu amarro seus pés também, se fizer
algum barulho vou amordaça-la.
— Merda — penso comigo mesma e me contenho.
Ele pega o copo de uísque e novamente bebe, sem tirar seus
olhos de mim.
— Você me deixou muito irritado com seu showzinho mais
cedo, ainda mais quando saiu correndo, me deixando sozinho. —
Fala, me queimando com os olhos e caminha em minha direção, me
rodeando até estar atrás de mim, sua respiração choca com meu
pescoço.
Ele toca minha pele com seus dedos frios, fazendo com que
eu receba uma corrente elétrica que passa por seus dedos. A carícia
leve me assusta e me faz arquear, assustada.
— Não se mova — diz com sua voz de aviso e eu sei que se
me mexer novamente, estarei fodida.
Seus dedos deslizam pela base da minha coluna até o fecho
do sutiã, ele desfaz o fecho e o mesmo cai no chão, pois o modelo
não possui alças, meus seios ficam à mostra e os sinto estremecer,
devido à tensão. Dimitri se vira, ficando de frente para mim e olha
para os meus seios como se os estivesse avaliando, sem pressa,
com toda a tranquilidade do mundo, enquanto eu estou angustiada
para que ele se mexa logo. Seus olhos seguem para a cicatriz recém
adquirida na prova de fogo, ela é pequena, quase não dá para
perceber, porém não escapa aos olhares do meu predador.
Dimitri se abaixa ficando na altura da minha cintura, ele é bem
mais alto que eu, por isso seu rosto fica na direção dos meus seios,
enquanto suas mãos vão para as laterais da minha calcinha fio
dental, Ele a rasga, transformando a pequena peça em duas e leva
os trapos ao rosto, se deliciando com o cheiro. Foda-se, não posso
negar que a cena é extremamente excitante, esse homem poderoso
de joelhos, cheirando a minha calcinha me deixa excitada.
— Seu cheiro é tão doce, não vejo a hora de provar da sua
boceta e ter a certeza se ela é tão doce quanto o cheiro.
Dimitri vai até a mesa, onde ele colocou vários objetos
diferentes, pega uma chibata de couro negro e um objeto de metal
que não consigo ver direto em suas mãos, arregaça as mangas da
camisa vindo até mim, beija meu pescoço o chupando e mordendo.
Gemidos sofridos saem da minha garganta, sua barba
arranha minha pele. Ele desliza de forma torturante seus lábios até
chegar aos meus seios pesados, seus dentes beliscam o bico, me
fazendo arquear as costas de dor, em seguida ele o assopra,
admirando a cor avermelhada que o toma. Depois, faz o mesmo com
o segundo, e os dois já estão latejando e ardendo pelas mordidas.
Ele rapidamente sacia a minha curiosidade ao abrir o grampo de
mamilo e o prender em um dos meus seios. A pressão é grande,
porém eu me seguro para não gritar, não darei esse gostinho a ele.
Quando os dois estão presos, ele puxa uma corrente que liga os dois
e sinto meu sangue ferver.
— Você fica tão bela assim, amore mio, contida, com esses
seios inchados.
Fecho os olhos para me concentrar no que ele diz e não na
dor, porém eu logo os abro ao perceber que ele passa lentamente a
ponta da chibata pelo meu pé direito subindo pela minha coxa. Dimitri
desvia da minha boceta, que implora por atenção, indo direto para
minha barriga. A chibata parece acariciar minha pele por onde
desliza. Um golpe surdo chega aos meus ouvidos e minha barriga
queima pelo golpe, mas ele não para aí, o próximo é na minha coxa,
mas não perto o suficiente da minha boceta, ele dá mais dois golpes,
mas nem mesmo a dor impede que eu sinta um tesão inexplicável
pelo que está por vir. Tento apertar minhas coxas e aliviar a tensão,
porém antes que eu faça isso, Dimitri acerta mais uma vez a chibata,
dessa vez em meu pé.
— Não ouse apertar as pernas, bella mia. Nós estamos só
começando e você só irá gozar quando eu estiver dentro de você.
Ele gira o pulso e passa a chibata por meu ventre até chegar
a minha boceta. Vai passando pelos lábios da minha boceta até o
meu clítoris. O chicote acerta um golpe seco naquele ponto, meu
corpo e mente entram em pura contradição, não sei se é dor ou
prazer que eu sinto. Porém, ele não para aí, sobe a chibata pela
minha cintura e volta a me golpear.

Dimitri não tem dó e me acerta com a chibata por pelo menos


trinta vezes, ordenando(?) todo meu corpo, eu já estava ofegante e
suando, quando ele a deixa de lado e vai até a mesa.
— Você está tão bela assim, marcada pelo seu dom, se eu
não fosse tão ciumento, mandaria pintar um belo quadro seu nua,
dessa forma, para ter em meu escritório.
— Nunca deixaria que fizesse isso! — Falo, horrorizada.
— Ah Katharina, o que foi que eu disse sobre me
interromper?! O que devo fazer com você? — Pergunta, irritado com
a minha falta de obediência.
Eu deveria estar com medo, mas fico apenas mais excitada.
— O que eu mandei você não fazer?!
Seus olhos queimam nos meus e a intensidade me tira o
fôlego, ele está em toda sua pose dominadora.
— Responda.
— Não vou me mexer e nem dizer nada mais — respondo,
mal conseguindo olhar para ele. Minhas palavras tem efeito imediato
é como se ele tivesse se transformado em uma fera brutal em minha
frente. Seu sorriso se torna sádico e seu olhar me assusta, Dimitri
vai até as correntes que prendem meus braços e as solta, me
liberando da posição, que já estava ficando desconfortável. Ele me
puxa até um banco de madeira e couro, ou melhor, isso parece
algum tipo de cavalete, me coloca deitada de costas para ele sobre
o mesmo e prende meus membros. Eu estou nua no cavalete,
amarrada pelos braços e pelas pernas, arreganhada, mas por
incrível que pareça, não estou nem um pouco constrangida. Dimitri
pega um objeto que parece uma borboleta e se abaixa, de cara para
a minha bunda, beijando onde as marcas de chibata deixaram
vermelho, um tapa forte é dado e minha bunda arde com o golpe da
sua mão.
— Não ouse gozar com meus golpes, bella rosa. — Diz e
estapeia o outro lado e não para, a cada tapa eu me seguro para
não gemer.
Ele faz questão de desviar da minha boceta carente de
atenção, pois tenho certeza que com apenas um mísero toque,
estarei gozando. Não sei quantos tapas levo, mas quando menos
espero ele coloca alguma coisa na minha boceta, que imagino ser a
borboleta. Minha boceta está encharcada, mas quando ele liga o
objeto, que sinto vibrar, eu grito e em seguida sou atingida pelos
seus tapas. Não sei onde me concentrar, nos tapas ou na borboleta
vibrando em cima do meu clítoris. Eu até tento me segurar para não
gozar, mas é mais forte do que eu e acabo gozando, desabando
mole sobre o cavalete.
— Você é uma menina desobediente, bella mia, não disse que
só poderia gozar quando eu estivesse dentro de você?! — Fala
bravo, desamarrando meus braços e pernas do cavalete e em
seguida tirando a borboleta da minha boceta.
Dimitri pega uma espécie de coleira de couro e prende ao
meu pescoço. Nessa hora eu sinto todo meu corpo esquentar de
fúria, minha vontade era mandá-lo enfiar a coleira no cu, entretanto
eu me lembro que ele cumpriu a sua parte do trato, então nada mais
justo que eu o obedecer, ao menos uma noite.
— De quatro, venha até mim engatinhando. — Diz, indo até
sua poltrona e se sentando nela à minha espera.
Tremendo de ódio, pensando em maneiras lentas de matá-lo,
eu engulo a minha raiva e faço o que ele diz, engatinho com o
máximo de dignidade que consigo e paro aos seus pés.
— Quero que abra minha calça e chupe seu mestre, sem
morder. Quero ver seus lábios carnudos devorando meu pau — fala,
indicando a grande elevação no meio de suas pernas.
E assim eu faço, trêmula de excitação. Lentamente, vou
abrindo o cinto da sua calça, o zíper e tirando seu membro grande e
pesado para fora. O filho da puta é bem dotado, seu membro é
assustadoramente bonito, com a cabeça rosada, veias saltando e
está duro feito pedra, implorando para ser tocado. Não tenho como
não imaginar o quanto vai doer ter tudo aquilo dentro de mim, mas,
como diz o ditado, quem entra na chuva quer se molhar.
Levo as duas mãos para a base do seu pau, massageio como
imagino que ele goste. Pela cabeça do seu pau o líquido do seu pré-
gozo escorre. Minha boca saliva de vontade de provar; então eu faço
o que estou desejando. Desço meus lábios diretamente pela cabeça,
sem me conter, preciso abrir ao máximo a minha boca para caber
tudo, devido ao seu tamanho. Subo e desço com a minha língua
percorrendo toda a extensão do seu membro. E, quando volto a
colocá-lo dentro da boca, uso a língua para brincar com a cabecinha,
deixando-a bem melada antes de esfregá-la em meu rosto.
O olhar feroz da Besta me diz que ele está gostando do que
eu estou fazendo e isso me incentivava a levá-lo mais profundamente
na minha garganta. Dimitri não se controla e acaba deixando um
gemido escapar quando engasgo com seu membro. Suas mãos vão
direto para o meu cabelo bagunçado, fazendo um rabo de cavalo e
usando-o para movimentar minha boca contra seu cacete. Uso as
mãos no que não caberia na boca, e chupo como se fosse uma fruta
suculenta, apertando meus lábios pelo cumprimento sentindo-o meter
cada vez mais rápido e me sufocar.
Me sinto poderosa, tendo esse homem gemendo de prazer
com meu toque. Seu rosto estava contorcido de luxúria, me deixando
excitada. Decidida a dar o golpe final, uso as minhas unhas,
arranhando de leve a base do seu pau, enquanto ele ruge, gozando
na minha boca. Os jatos são tão fortes que acabo engasgando e
deixando sua porra cair no chão.
Dimitri se levanta e beija minha boca, não se importando com
o sabor do seu gozo em meus lábios, me puxa em seus braços,
rapidamente me atirando sobre a cama. Fecho os olhos, ansiosa
para o que acontecerá de agora em diante, porém sua voz potente
me manda abri-los.
Só então Dimitri começa a desabotoar a camisa branca que
está colada em seus músculos e eu fico literalmente paralisada.
Minha cabeça me manda para correr deste lugar, mas meu corpo
teimoso, quer mais, quer senti-lo, provar o que ele tem para me
mostrar.
Seu peito malhado fica exposto aos meus olhos, aas
tatuagens assombrosas parecem à tela de uma obra de arte. Alguns
símbolos antigos da Cosa Nostra espalhados por seu peito e uma
frase em italiano que não conseguia ler estavam marcados em seu
braço, junto com um leão feroz, no peito uma caveira com uma faca
na boca.
Eu nunca pude contemplar suas tatuagens, não como hoje.
Nesse momento, sinto minha boceta molhar ainda mais, nem mesmo
a dor no corpo é capaz de conter o desejo que estou sentindo. O
diabo realmente sabe ser sedutor.
Dimitri tira a calça lentamente e quando resta apenas à cueca
boxer, eu fico com água na boca.
— Inferno, o que tá acontecendo comigo? Só posso estar
com algum tipo de febre.
— Gosta do que vê, bella mia?
Prefiro não dar o gostinho a ele de responder.
— Abra as pernas para mim, amore — fala, pegando uma
barra de ferro com algemas nas pontas.
Faço o que ele manda sem saber onde ele quer chegar, só
quando elas estão presas em meus tornozelos me dou conta que é
uma barra extensora.
— Procure não se mexer enquanto eu provo da sua boceta.
Ele abre a barra extensora e segura firme minhas coxas,
abocanhando minha boceta com força, eu grito e jogo meu corpo
para trás. Dimitri morde os lábios da minha boceta me causando dor,
porém o que ele faz a seguir me deixa confusa, sem saber ao certo
o que estou sentindo. Ele chupa meu clítoris de leve, esfregando sua
língua sobre ele, com os dedos ele abre os lábios só para em
seguida chupar, leva a língua até minha entrada, penetrando-a. Sua
língua faz magia em mim, causando uma sensação deliciosa, nem
me lembrava mais quem era, muito menos ele. Só queria que ele
continuasse, e ele continuou. Me chupou, lambeu, bebendo meu gozo
por duas vezes.
— Você pertence a mim, Katharina! — Fala com a voz rouca e
me beija.
Seu olhar é tão possessivo que parece saber todos os
segredos que escondo. Ele sobe pelo meu corpo, abrindo a barra e
minhas pernas desabam, moles na cama. Ele parece satisfeito ao
me ver cansada, todavia, não me dá sossego.
— Não ouse desmaiar, bella rosa, ainda tenho muito a dar
para você essa noite. — Diz, abrindo os grampos dos meus seios.
Sua boca vem até a minha e nos beijamos de maneira intensa.
Dimitri abre as minhas pernas e usa seus dedos para espalhar todo
meu gozo pela minha boceta.
— Você é minha Katharina, bella mia, toda minha. — Fala
segurando seu pau e eu me preparo para ser fodida brutalmente,
porém, Dimitri me surpreende ao entrar na minha boceta lentamente.
A dor é forte e sinto como se estivesse sendo rasgada. Por mais que
eu tentasse manter a minha mentira, o olhar de Dimitri me dizia que
ele sabia. E nada que eu fizesse o convenceria que eu não era
virgem.
— Você é tão apertada, só mais um pouco — diz, forçando
seu pau para dentro, então eu sinto uma dor intensa e seu pau se
afundar completamente em mim.
Dimitri não esperou mais nada, as portas já estavam abertas,
então, ele mete de maneira feroz, poderosa, declarando sua posse,
marcando meu corpo como seu, a cada golpe eu sinto meu corpo
tremendo.
— Sua boceta é deliciosa, amore mio, ela está esmagando
meu pau.
Há essa hora a dor já está indo embora, eu começo a relaxar
e deixo que ele meta gostoso em mim, gemendo alto.
— Isso é bom, não para!
Meus gemidos parecem música em seus ouvidos, a cama
chacoalha pela intensidade com a qual ele mete, mas ele não para,
acelera, metendo com força, eu posso sentir seu pau tocando meu
útero, ele é grande e grosso demais.
Depois de algumas estocadas violentas, ele diz: — Goza pra
mim, bella rosa. Goza para o único pau que vai sentir essa boceta
apertada! — Diz, abrindo ainda mais minhas coxas, olhando para seu
pau com sangue da minha virgindade.
Eu gozo sentindo todos os pelos do meu corpo arrepiarem e
meu corpo tremer. O rosto da Besta está coberto de prazer, ele não
dá nem tempo de me recuperar do orgasmo, e me levanta em seus
braços, sem tirar seu pau de dentro de mim, me gira na cama,
fazendo com que eu fique de lado. Abre as minhas pernas, se
colocando entre as duas e mete, sem dó nem piedade, nossos
corpos fazendo barulho ao se chocarem, pela força, porém isso não
é nada perto dos meus gemidos de prazer.
Dimitri continua suas estocadas, o homem parece uma
máquina de sexo. Nossos corpos ficam suados, o quarto cheira a
sexo, eu me sinto embriagada de prazer. Sinto Dimitri estremecer
atrás de mim até gozar, rugindo feito uma fera selvagem. Penso que
ele vai parar, mas não, seu pau não amolece, então ele me vira na
cama, me colocando de quatro.
Nada seria capaz de me preparar para o prazer imensurável
que estou sentindo, Katharina nunca me enganou com aquela história
de ter se entregado ao traidor. Por mais feminista e liberal que ela
fosse, ela ainda era uma princesa da máfia e como tal, nunca se
entregaria a um homem antes do casamento.
Confesso que no começo fiquei na dúvida, mas foi só conviver
com ela para perceber que ela não faria isso. É honrada demais
para se entregar dessa maneira. Não sei até onde ela foi com o
maledeto, mas isso já não importa, porque é meu pau que está
coberto pelo sangue da sua virgindade. Eu tive que me controlar para
não colocar tudo a perder, esta noite não foi só única para ela, foi
para mim também, pois pela primeira vez eu tive que pegar leve no
sexo, me contive para não a assustar, até mesmo traumatizá-la, com
a intensidade do meu desejo.
Acabo não fazendo nem um terço do que desejo, como o
sádico que sou, eu poderia acabar machucando-a e não é isso que
queria para a sua primeira vez. Não que eu tenha algum sentimento
por ela além do tesão, todavia, Katharina Castelaresi é minha
esposa e, como tal, eu preciso zelar por ela. Puxo seus cabelos para
trás e em um golpe só enfio meu pau em sua boceta, por trás. Essa
é realmente uma posição privilegiada, eu tenho visão perfeita da
loira, sendo fodida pelo meu pau.
Posiciono-a de quatro e me ajeito atrás, vou penetrando-a
lentamente até estar completamente enterrado nela. Ouço-a
reclamar da dor. Sei que está dolorida, mas isso apenas aumenta
meu tesão e saber que ela sente dor faz meu pau vibrar dentro dela.
Meto rápido e com a mão livre acaricio seu clitóris, para fazê-la
relaxar. Espero um pouco e começo a meter devagar, sentindo que
está cada vez mais fácil, até ela começar a gemer de prazer
novamente e a rebolar.
— Ah... isso, assim.
— Você é a minha, bella rosa, só minha! Essa boceta é
minha, essa boca carnuda é minha, esse rabo gostoso é meu, esse
corpo foi feito para mim! Você me pertence, caralho. E não pode
negar o que é meu!!!
Giro ela novamente quando percebo que suas pernas não
estão aguentando, me deito sobre ela e admiro seu corpo pálido. Ela
é toda perfeita, como uma pintura de Afrodite, tentadora, bela e
pecaminosa. Sua boceta lisa, sem um pelo está vermelha, seus seios
fartos, macios e com bicos escuros, ficam lindos quando estão
inchados.
— Só meus! — Penso, então desço chupando seus peitos e
mordo os dois lentamente, dando atenção especial aos mamilos, que
ficam duros e pontudos.
Também lambo e mordo ao redor deles, fazendo-a implorar
por mais, mas eu não ligo para seus pedidos, quero desfrutar desse
corpo que me pertence. Mordo-os forte, puxando, esticando.
— Ai! Ai! Ai! — ela geme de dor, mas continuo fazendo isso
até ela ultrapassar essa dor e encontrar o prazer.
— Você consegue sentir como fica molhada para mim? O
quanto me deseja? O quanto eu te quero? — Pergunto e a fodo mais
rapidamente com meu pau — Nós somos perfeitos juntos, amore
mio, tenho tantos planos para você — falo entrando e saindo no seu
calor e maciez, deslizando enquanto ela escorre, começa a ondular
de volta, seus músculos internos apertando meu pau. Ela se contorce
e goza mais uma vez.
Essa mulher parece consumir o meu juízo, eu não canso nem
enjoo, só quero mais e mais dela. Prendo suas mãos com as minhas,
segurando no alto da sua cabeça. Ela se remexe, inquieta e dou um
tapa na sua cara, de leve, para mantê-la parada. Me encaixo nela e
fico esfregando a cabeça do meu pau no seu clítoris, sem penetrar,
a quero implorando por mim primeiro.
— Dimitri — ela geme, manhosa.
— Peça ao seu senhor para fode-la, Katharina — ordeno e
ela reluta, me desafinando. Porém eu a castigo, esfregando meu pau
na sua boceta, mas não a penetro.
— Dimitri, por favor.
— Eu não ouvi ainda, amore mio.
— Por favor, senhor, desgraçado!!! — Grita irritada.
— Eu disse que quem manda aqui sou eu, amore mio. Então
vou repetir: deseja alguma coisa, safada? — penetro minha glande e
depois a retiro. Fico fazendo isso várias vezes, com ela tentando se
soltar e me levar para dentro de si. Só que eu não deixo, até que ela
desiste de se debater. — Pede, vai — insisto, sabendo que ela irá
me obedecer.
— Por favor, Senhor... Preciso de você dentro de mim — ela
finalmente admite, choramingando. — Me fode, por favor, senhor...
Não espero terminar a frase e a penetro de uma vez, bem
fundo, fazendo nós dois gemermos e gritarmos de prazer ao mesmo
tempo. Sua boceta é o paraíso, apertada, macia, quentinha, molhada
e vou fodê-la tanto que ela ficará viciada no meu pau!
Estoco mais forte e rápido enquanto a safada começa a
mexer gostoso. Katharina arranha meus braços feito uma onça feroz.
Me enfio mais fundo nela e Katharina choraminga, gemendo feito
uma gatinha manhosa. Estar dentro dela me dá mais prazer do que
mil putas sedentas por mim. Nós trocamos as posições muitas
vezes, vou metendo mais forte, com agressividade, e ela geme cada
vez mais alto. Não sei quantas vezes eu já tinha gozado dentro dela e
minha porra escorria da sua boceta, porém eu não me sentia
satisfeito, não dela. Eu queria mais e mais. Penetro-a com força e
puxo seus cabelos trazendo sua boca para a minha, enquanto a fodo
brutalmente, até deixá-la gozar. Ela se contorce, soluçando e dessa
vez o orgasmo é tão intenso que não dois gozamos juntos.
Katharina desmaia sobre os lençóis negros eu me retiro de
dentro dela. Recolho os brinquedos caídos pelo chão e vou para o
banheiro do calabouço. Pego algumas toalhas, molhando-as com
água morna e limpo todo seu corpo. Ela está tão cansada que não
acorda. Deixo Katharina descansando e vou tomar um banho gelado
para apagar o fogo que queima dentro de mim.

Ao voltar para o quarto, me deito ao seu lado, não sem antes


limpá-la e a cobro com um lençol, satisfeito.
— Como você sabia que eu ainda era virgem?! — fala,
fazendo com que eu olhe para ela, que agora está com os olhos
abertos, fixos em mim.
— Você nunca me enganou, Katharina! Posso até ter duvidado
no primeiro dia, mas com o tempo eu percebi que jamais faria isso.
— Eu o amava, isso é mais do que um motivo perfeito para
ter me entregado a Ivan.
— Não repita o nome desse desgraçado na minha frente —
falo, bravo.
— Tudo bem, isso já não importa, era apenas um hímen, não
significa nada.
— Nós dois sabemos o que significa, mas por hora é melhor
você fechar os olhos e dormir, ainda não estou saciado e a não ser
que você já esteja pronta para a próxima rodada, é melhor dormir.
— Nosso combinado foi uma noite e ela já acabou — diz,
emburrada, virando de costas para mim, não demorando muito a se
entregar ao cansaço e dormir.
— Veremos se será apenas uma noite, amore mio! Você me
pertence e mesmo que tente negar, ainda vai implorar por mim.
Semanas se passam e a investigação começa a andar, toda a
minha equipe está empenhada em tentar descobrir quem é esse
serial killer, seis jovens já foram vítimas desse cruel assassino.
Vanessa, Evelyn, Andressa, Jaqueline, Patrícia e a última, Bárbara,
a mais jovem de todas e por incrível que pareça a única que é garota
de programa e que morreu da maneira mais terrível, o que a destaca
das outras vítimas. Esses crimes são confusos, elas não se
conheciam, não são do mesmo círculo social, já que Patrícia
Fontenele era herdeira de uma das grandes famílias italiana. O que
leva a crer que elas apenas foram seduzidas por esse homem. Mas
a dúvida ainda fica no ar.
O que as liga, o que atrai ele para vítimas? Seis jovens
mulheres com a vida inteira pela frente, que foram seduzidas, usadas
e por fim assassinadas de maneira vil e cruel.
— A análise da faca do crime está aqui — diz Vitório, meu
parceiro. — Os cortes são bem parecidos, porém não são exatos, o
DNA recolhido do sêmen não bate com nenhum criminoso do nosso
banco de dados.
— Tivemos sorte de encontrar digitais no local do crime?!
— Não, ele é esperto o bastante para usar algum tipo de luva
e não deixar rastros de digitais.
— Desgraçado! — falo, olhando para as fotos das vítimas
espalhadas pelo quadro de dados dos crimes em frente à minha
mesa.
— O corte indica que a faca usada é pequena e a lâmina ou é
feita de prata ou revestida da mesma. — Diz ele, pensativo.
— Prata? Isso é estranho, um serial killer com um punhal de
prata. Ele poderia usar qualquer faca, mas por que um punhal de
prata?!
— Vamos investigar por toda Toledo se alguém comprou um
punhal de prata com as características da arma do crime.
— Pode ser uma pista, não é comum punhais de prata, mas
se for uma relíquia de família ou uma arma comprada fora da Sicília,
será difícil encontrar.
— Temos que tentar, mesmo que eu acredite que o criminoso
tem ligações com a máfia.
— Você acredita mesmo que ele é um dos membros dessa
organização?! — fala Vitório.
— Eu aposto a minha carreira que esse criminoso vem de lá.
Mesmo que apenas uma das vítimas tenha ido, na noite de sua
morte, a um clube conhecido dessa organização.
— Gabriela, se começarmos a mexer com a máfia, não tem
mais volta, estaremos nos colocando em risco. — Fala ele, me
alertando do perigo que é mexer nesse vespeiro.
Eu não sou ingênua de não saber que muita gente grande está
envolvida com a Cosa Nostra, falo de policias a políticos do alto
escalão.
— Não tem mais volta, eu não vou parar até descobrir quem é
esse assassino, até vê-lo apodrecendo atrás das grades. — Falo
firmemente, lembrando do rosto da mãe da última vítima indo
reconhecer o corpo da sua jovem filha.
— Então o plano de se infiltrar na Cosa Nostra está de pé?!
— Sim, o único problema é que teremos que mudar algumas
coisas. Meu rosto está estampado em vários jornais como a principal
detetive no caso da Besta. Obviamente seria reconhecida.
— Então o que pretende, Gabriela? — Pergunta, ansioso.
— Você, Vitório, você será meu infiltrado dentro dessa
organização criminosa. Se tudo der certo eu não só prenderei o
assassino em série, como também terei acesso ao cabeça dessa
organização e então colocaremos atrás das grades o líder da maior
organização da máfia da Europa. — Digo friamente, planejando
milimetricamente a maior operação secreta que a polícia federal
italiana já fez.

Acordo relaxado como há muito não me sentia, na verdade,


não me lembro qual foi à última vez que tive uma noite de sono tão
profunda. Estou acostumado a dormir pouco, atormentado pelos
meus demônios, dormir a noite toda é um luxo que não tenho há
muito tempo. Ao olhar para o lado vejo a cama vazia, Katharina não
está, o que me irrita, meu pau está duro, sedento pela loira, mas a
desgraçada não está aqui.
A fodi a noite inteira, mas ainda não me sinto saciado. Apenas
a quero mais e mais. É como se não pudesse ter o bastante dela,
minha obsessão apenas piorou ao sentir seu corpo desmanchando
de prazer, seus gemidos são música para a Besta em mim. Sua
teimosia apenas me instiga mais e mais a querer dominá-la.
Inferno de mulher, só pode ter sido criada pelo próprio
demônio para me enlouquecer.
Irritado, me levanto, jogando os lençóis negros no chão e
procuro por ela no calabouço, mas como teimosa que é, não está.
Saio do mesmo, indo até a suíte, o som vindo do banheiro me indica
que ela está tomando banho. Abro a porta do banheiro e uma cortina
de fumaça preenche minha visão, Katharina está de costas para
mim, com o corpo coberto de espuma enquanto esfrega lentamente
o pescoço.
Não deveria ser uma cena erótica, mas, porra, naquele
momento é, ver seu corpo pálido, todo marcado e a espuma
deslizando,
Me aproximo do chuveiro, já tirando minha boxer, Katharina
não percebe minha presença até que esteja de frente a ela.
— Por que não me chamou, bella mia?
— O que faz aqui?
— Você está tão linda se banhando que vim te fazer
companhia — falo, ligando a ducha de frente a sua.
— Pode fazer o favor de sair do banheiro, para que eu
termine meu banho em paz? — diz tentando se cobrir com as mãos.
— Não tem nada aí que eu não tenha visto, provado e me
deliciado, amore mio. — Digo sorrindo, enquanto pego a esponja
que ela deixou cair.
— Você disse bem, querido, viu, provou, deliciou, no passado,
sua noite acabou, nós tínhamos um acordo. Uma noite e agora
acabou. Então, se não for sair e deixar com que eu termine o meu
banho em paz, eu mesma sairei — diz com a voz azeda, que em
nada lembra a onça feroz que gemia horas atrás nos meus braços.
Avanço em sua frente, enfurecido, coloco meus braços
prendendo os seus, pressionando seu corpo contra o azulejo frio.
Meu pau está duro pressionando em seu abdômen, sua respiração
está acelerada e seus seios rijos, e por mais que queira negar, eu
sei o quanto ela me quer. Existe alguma coisa estranha que nos liga
e não sei explicar.
— Por que luta, Katharina, porque não aceita de uma vez o
seu papel ao meu lado? Você é minha esposa e eu te provei noite
passada o quanto somos bons juntos, o quanto posso te satisfazer,
te fazer gozar de várias maneiras, por que não aceita de uma vez
por todas que pertence a mim?
— Eu te odeio, Dimitri, e nunca serei o que quer. Deveria ter
se casado com uma das suas amantes, eu jamais aceitarei o que me
pede. Eu nunca serei uma esposa de fachada, uma mulher submissa,
que aceita que seu marido mantenha uma coleção de amantes.
— Então é isso, vai fingir que não amou o que fizemos, vai
fingir que não gozou feito louca no meu pau, que não adorou ser
submetida aos meus jogos.
— Não, pelo contrário, eu amei, você tem um pau gostoso —
diz, sorrindo e tocando meu cacete, que implora por ela. — Mas isso
não significa que outros não tenham, afinal agora que as portas
estão abertas, eu posso me divertir à vontade — diz, me
provocando, eu fico fora de mim e aperto seu pescoço batendo sua
cabeça contra o azulejo, enfurecido.
— Nunca mais diga isso, está ouvindo? Você pertence
apenas a mim, Katharina, não ouse se aproximar de qualquer homem
que seja!! Você não vai querer saber o que farei com ele e com
você!! — digo, possesso de ódio e ela não se amedronta e mantém
seu olhar desafiador a mim.
Maldita mulher, ela ainda vai me levar à loucura.
Solto seu pescoço, saindo do box, enrolando uma toalha na
minha cintura. Minha vontade era colocar ela sobre meus joelhos e
espancar sua bunda até fazer ela engolir suas palavras. Porém, isso
não resolve com Katharina, o máximo que conseguiria seria
machucá-la e ela não daria o braço a torcer. Preciso mudar a
estratégia, se quero vencer essa mulher. Me visto rapidamente e
volto para o calabouço, buscando a caixa do presente que comprei
para Katharina na noite passada. Quando volto, a vejo sentada em
frente à penteadeira, usando apenas um robe, penteado os cabelos
loiros. Coloco a caixa sobre a penteadeira, fazendo com que seus
olhos azuis se arregalem.
— Isso é para você, não precisa mais manter o celular
escondido, você não é uma prisioneira na Itália, Katharina, é livre
para falar com sua família.
Ela engole em seco e pega o celular, quando já estou pronto
para sair do quarto, ouço ela me chamar.
— Dimitri...
Paro com a porta aberta, sem olhar para ela.
— Obrigada — diz com a voz baixa e eu saio do quarto.

Olho para a caixa do Iphone chocada, todo esse tempo ele


sabia das minhas ligações e provavelmente deve ter ouvido minhas
conversas. Fecho os olhos e sou levada para as lembranças da noite
anterior, ele sabia todo esse tempo, ele sempre soube que eu era
virgem e por mais que eu devesse odiar ter sido com ele, confesso
que foi inesquecível.
Por muitas vezes eu quase me entreguei a Ivan, mas agora,
sabendo quem ele era, agradeço a Deus por não ter me deixado
levar.
Mesmo odiando Dimitri, mesmo sabendo que ele é um
maldito, não posso negar que ele sabe satisfazer bem uma mulher.
Apenas uma noite com a Besta e eu sei que nunca mais serei a
mesma. Minhas mãos vão para meus lábios, lembrando de cada
detalhe da noite que passou. Meu corpo está dolorido, há uma
ardência entre as minhas pernas, mas ainda assim eu faria tudo
novamente. Prazer, um prazer descomunal, bem como ele prometeu.
Eu só posso estar ficando louca, deve ser algum tipo de
feitiço. Não é possível que meu corpo fique quente apenas com a
lembrança do seu toque. Ele só pode ter algum tipo de pacto com o
demônio, nada justifica um desgraçado como ele ser tão gostoso.
— Inferno, Katharina, para de pensar nisso — repito a mim
mesma, voltando a me maquiar.
Após terminar de me arrumar eu saio do quarto com o celular
novo em mãos. É provável que o aparelho seja rastreado e tudo que
eu fale seja gravado, mas é melhor do que continuar me escondendo
dentro do closet para falar com meu irmão ou com Ana.

Ao descer as escadas encontro Lorenzo, chegando


provavelmente de uma noitada.
— Bom dia, Lorenzo, chegou agora?! — digo, assim que
desço.
— Bom dia, Katharina — fala sério, com uma frieza que nunca
tinha visto antes. Passa por fim em direção à escada sem dizer mais
nada.
— Que bicho o mordeu? — Pergunto a Luigi assim que entro
na cozinha.
— Eu não sei, senhora, eu estava passando às coordenadas
para os outros funcionários e apenas o vi saindo da torre.
— Ontem eu vim desligar a luz da cozinha que tinha ficado
acesa, quando vi o menino Lorenzo, ele não parecia bem, ontem
chegou junto com o irmão, Vicenzo e, após subir para o segundo
andar, ele saiu e foi para a torre, chegando só agora. — Fala Carlota
enquanto eu pego uma banana na fruteira.
Assim que dou a primeira mordida, começo a mastigar,
sentindo minha garganta arder e me lembro de algo que passou
despercebido ontem.
— Merda, merda. Como fui burra — digo a mim mesma,
fazendo com que os dois olhem para mim, em pânico.
— O que foi, senhora? — Pergunta Luigi, preocupado.
— Onde está Monalisa? — Pergunto pela outra empregada.
Além dos dois ela é a única que confio dentro dessa fortaleza.
— Eu vou chamá-la — fala Carlota, preocupada com meu
olhar.
Não demora muito para a mesma entrar na cozinha junto com
Carlota.
— Preciso que faça algo para mim.
— O que quiser, senhora — diz ela sorrindo, porém quando
digo o que quero, todos se calam e pelo olhar alarmado de Luigi, sei
que ele não concordou com o meu pedido.
— Tem certeza que a senhora quer isso?! — fala Carlota,
temerosa.
— Tenho, é da minha vida que estamos falando.

Depois de acertar com Monalisa, vou a direto para a mesa do


café, estou faminta e não espero Dimitri chegar. Vicenzo já está na
mesa, lendo o jornal e tomando apenas seu café. Lorenzo senta ao
lado do irmão, mas continua calado, alguma coisa provavelmente
aconteceu, ele não é assim, já estou acostumada com ele fazendo
alguma piada na mesa.
— Lorenzo, você está bem? — Me arrisco a perguntar.
Vicenzo dobra o jornal, olhando para o irmão com curiosidade.
— Estou ótimo — fala firme, pegando o café que Luigi serve a
ele, levando à boca no exato momento que Dimitri se senta à mesa.
O café é estranho, permaneço calada enquanto os três
conversavam, mas posso sentir uma energia estranha na mesa. Em
um dado momento, um dos seguranças vai até Dimitri e diz algo em
seu ouvido, que fechou o semblante, ficando ainda mais sombrio,
seus olhos fixam direto em mim e quase engasgo com o suco de
laranja.
— Quando terminar seu café, me encontre no escritório. —
Fala, se levantando e saindo da mesa.
Lorenzo deixa o cômodo e Vicenzo também sai logo em
seguida. Sozinha, pondero se vou ou não até Dimitri, entretanto, de
nada adiantaria ignorá-lo, a maldita Besta viria até mim seja onde
estivesse. Giro a maçaneta da porta do escritório e entro de uma vez
mesmo, sem bater. Dimitri está de costas, olhando pela janela.
— Bem, estou aqui — falo direta.
— Sente-se Katharina — diz, se virando para mim. — Quero
que me explique o que é isso?! — Pergunta, jogando uma sacola de
plástico em minha direção.
Abro a mesma, ainda que já saiba o que tem dentro.
— Pílula do dia seguinte, mas tenho certeza que você já sabia
disso! — Respondo, colocando a mesma sobre a mesma.
— Por que mandou Monalisa comprar essa merda?! — Ele
me questiona, enfurecido, batendo na mesa, me causando um
sobressalto.
— Para que eu tome, óbvio, você não usou preservativo, eu
não posso arriscar ficar grávida — digo, sendo firme.
— Você é minha mulher, Katharina, a senhora da máfia e
esperam de nós dois um herdeiro, quanto mais rápido você o
conceber, melhor. Essa é uma das suas obrigações como minha
esposa.
— Você só pode estar ficando louco! — Digo, horrorizada. —
Um filho, você quer que eu engravide e tenha um filho com você?! —
Pergunto, incrédula com a cara de pau desse homem.
Dimitri bufa e acende um charuto.
— Não se faça de burra, Katharina, porque nós dois sabemos
que isso você não é! — Grita, nervoso. — Por que motivo acha que
eu aceitei a porra do acordo com os Castelaresi?!! — Vocifera,
batendo na mesa e derrubando o cinzeiro de ouro negro. — Eu
preciso de um herdeiro e por isso aceitei esse casamento. Faça a
porra da sua obrigação como minha esposa!!!
— Você não pode me obrigar a gerar uma criança, não
estamos falando de um objeto e sim de uma criança, olha para nós
dois, Dimitri. — Digo, abrindo os braços. — Acha que temos
condições de ter um filho, nos odiamos, eu mal consigo ficar perto de
você, como quer trazer uma criança para um lar assim?! — digo,
revoltada com o absurdo que ele diz.
— Não seja hipócrita, Katharina, não parecia me odiar quando
me implorava para fodê-la mais e mais — Fala duramente, eu
estremeço de raiva.
Pego a sacola rapidamente rasgando a embalagem levando o
comprimido a boca, Dimitri joga o charuto no chão e avança em
minha direção.
— Maldita!! — fala, apertando meu maxilar, tentando abri a
minha boca e até consegue, mas eu já engoli o maldito comprimido.
— Desgraçada. Você pagará caro por isso, Katharina — ameaça e
confesso que meu corpo estremece com a ameaça.
Prefiro não dizer nada, meu bom senso sabe quando é hora
de sair de cena antes que a Besta ataque novamente.

Passo a manhã toda com a minha mente nebulosa, muita


coisa indo e voltando, mas principalmente, não consigo deixar de
pensar na intensidade do que aconteceu ontem. Nenhum dos irmãos
Rinna aparece para almoçar, entediada, eu decido caminhar pelo
jardim, pensando que eu deveria reformá-lo e apagar esse aspecto
sombrio da fortaleza. Talvez uma estufa, rosas vermelhas, as minhas
favoritas, na entrada. Lírios do campo perto da torre. Caminho por
toda a extensão do jardim, fazendo planos do que pretendia fazer,
até encontrar Giatho, o jardineiro principal da fortaleza, pois,
segundo ele me explicou, para manter tudo em ordem, precisava
dele e mais dois outros, para ajudá-lo a manter o refúgio de Hades e
Perséfone sempre conservado.

Pouco depois das duas da tarde eu já tinha tudo acertado


com os funcionários. É quando Luigi me traz o telefone, dizendo que
Karlene quer falar comigo. Conversamos por um tempo, aproveito e
passo o número do novo aparelho e fico por dentro das fofocas da
Cosa Nostra. Ela é muito divertida e consegue me distrair um pouco,
mas não consigo deixar de pensar no que estaria acontecendo com a
tal Rebeca, já que a mesma estava incomunicável. E por isso eu
decido ir até a casa dela.
Ser a senhora da máfia tem suas vantagens, quero ver quem
me impedirá de entrar.

Chaise reluta um pouco quando digo onde quero ir, mas por
fim concorda em me levar até a casa de Rebeca, que até então não
sabia onde era. Claro, sou obrigada a ir no banco de trás enquanto
ele dirige. O meu outro segurança ainda estava se recuperando do
acidente, sendo substituído por Ruggero, um cara fechado que não
esboçou uma mínima expressão facial enquanto percorríamos o
caminho até a casa de Dante Bruschetta, capo da Cosa Nostra.
Segundo Karlene, um dos mais próximos de Dimitri.
Ao chegar no portão, somos barrados pela segurança,
aparentemente, Rebeca está proibida de receber visitas. Chaise me
avisa que teríamos que voltar, porém eu não vim aqui para desistir.
Saio do carro sem paciência nenhuma com o brutamonte em minha
frente.
— Abra o portão, eu quero ver Rebeca.
— Não podemos, senhora, estamos apenas cumprindo
ordens.
— Você sabe quem eu sou?! — Questiono de maneira fria e
vejo os dois ficarem amedrontados. — Espero que não se
arrependam por terem proibido a minha entrada, serei obrigada a
contar ao meu marido, no caso o Capo di tutti capi, que sua esposa
foi barrada na entrada da casa de sua amiga, provavelmente vocês
terão uma bela conversa com ele. — Falo olhando para os dois, que
ficam nervosos.
Chaise e Ruggero se mantêm atrás de mim, enquanto os dois
homens que fazem a segurança abrem o portão, para que eu possa
passar.
— Bem, ser a senhora da máfia tem lá suas vantagens —
penso comigo ao passar pelo portão, em direção à entrada do local.
A casa é muito bonita, com uma fachada original italiana e um
jardim lateral bem cuidado. É realmente encantadora, mesmo tão
escondida.
Na entrada, sou recebida por uma empregada com uma cara
nada simpática.
— Em que posso ajudá-la?
— Vim vera senhora Rebeca, pode avisar que Katharina
Castelaresi Rinna está aqui.
— Claro, aguarde na sala de visitas — fala, me levando até a
bela sala.
Enquanto aguardo, outra empregada vem me trazer um chá e
não demorou muito para Rebeca aparecer, descendo as escadas
com um vestido simples de flores e a grande barriga aparente.
— Katharina, que surpresa vê-la aqui.
— Desculpe, vir sem avisar, mas estava entediada em casa e
quis vim conversar um pouco com você.
— Claro, sente-se — diz educada, se sentando em uma das
poltronas.
— Você parece cansada, a gravidez está te sugando muito?!
— Quisera eu fosse isso, meu anjinho não me dá nenhum
trabalho — fala sorrindo enquanto acaricia a barriga.
— Bem, vou ser sincera com você, eu vim aqui porque fiquei
preocupada com o que Priscila disse, sobre você estar sumida e não
poder receber visitas e nem ligações.
— Não queria preocupar vocês, meus Deus, estou me
sentindo culpada agora. Diga para ela e para Karlene que estou
bem, Dante só é um pouco controlador, mas logo eu vou poder sair
novamente, você vai ver — tenta dar um sorriso, mas ele não chega
aos seus olhos, posso ver claramente o quanto esta jovem está
sofrendo.
— Eu estou aqui para te ajudar, Rebeca, pode contar comigo.
— Ninguém pode me ajudar, Katharina, você, como uma
mulher criada dentro da máfia, deveria saber disso.
— O que quer dizer, Rebeca, o que estão fazendo com você?!
— Digo, pegando sua mão e tentando passar a ela confiança.
— Bem, eu não sei se devo confiar em você, mas segurar
tudo isso dentro de mim está me matando e eu sinto dentro de mim
que você tem um bom coração.
— Saiba que tem em mim uma boa ouvinte e confidente, estou
aqui apenas para te ajudar.
— Você não pode me ajudar, ninguém pode, na máfia não
existe divórcio e só terei paz quando estiver morta. Por muitas vezes
eu desejei que isso acontecesse, mas, desde que fiquei grávida, tudo
o que eu quero é que minha filha não passe pelo que eu passei.
— É uma menina, você já sabe?!
— Ainda não, mas eu tenho certeza que é e isso que vem me
atormentando, não sei o que Dante fará comigo quando descobrir
que é uma menina.
— Ele não pode te fazer mal, isso é um absurdo, você é
esposa dele, merece respeito.
— Ah, se você soubesse a minha história, saberia que
respeito e amor é tudo que eu não tenho de Dante Bruschetta.
— Eu tenho tempo, então me conte o que aconteceu.
— Bem, não sei bem por onde começar, mas talvez deva ser
no nosso noivado, ou melhor, como ficamos noivos, assim você vai
entender melhor seu ódio por mim. Dante nunca gostou de mim, na
verdade, ele já se apaixonou, até amou uma mulher, mas ela não era
eu, nunca fui. Mesmo que secretamente eu o admirasse e me
encantasse com seus olhos azuis, assim como todas as
adolescentes da minha época, ele era prometido da minha irmã,
Giuliana, os dois foram prometidos desde criança, eu cresci dentro
da máfia e já sabia desde sempre que aqui os casamentos só
serviam para unir família e conseguir ainda mais poder. Pois bem,
Giuliana, no começo, até gostava da atenção que Dante dava a ela,
minha irmã sempre foi mimada, a filha de ouro, perfeita, loira de
olhos claros e eu sempre fui a sem sal, a segunda filha. Puxei os
olhos castanhos do meu pai, meus cabelos não estão tão brilhantes
e cheios de vida como os da minha irmã, até mesmo a minha pele
sempre foi desbotada.
— Não diga besteiras, você é linda Rebeca.
— Obrigada, mas, como eu ia dizendo, Giuliana não era
apaixonada por Dante, não como ele. Dava para ver que ela fazia um
esforço enorme para se manter perto dele, até mesmo para aceitar
as carícias do noivo. Quando a data do casamento foi marcada eu
tinha apenas 17 anos, naquele dia eu chorei tanto que prometi a mim
mesma que tiraria Dante Bruschetta do meu coração. Mas, foi na
manhã seguinte que um golpe atingiu a minha família. Giuliana tinha
fugido com um dos subchefes de Dante. Ela estava tendo um caso
com ele há bastante tempo e ninguém tinha percebido. Aquilo foi
como uma bomba na minha família, uma guerra seria travada
enquanto Giuliana não aparecesse. Dante prometeu vingança contra
a minha família, pela desonra. Meu pai conseguiu localizá-los, mas já
era tarde demais. Ela mesma já se encontrava grávida, ainda me
lembro como se fosse ontem o olhar que Dante deu a ela quando ela
desceu daquele carro, sendo arrastada pelo meu pai. Não era um
olhar de ódio como eu pensei. Não, era dor, tristeza, ela havia
quebrado o coração dele. Giuliana viu o homem que ela amava ser
morto em sua frente, porém, por estar desonrada, não poderia se
casar com Dante, então uma substituta foi escolhida, aquela que
serviria apenas para tapar o buraco que a filha perfeita ocupava.
Eu fico olhando para ela, chocada, vendo lágrimas silenciosas
descendo por seu rosto.
— Exatamente, eu fui dada a Dante como uma mercadoria e
desde esse dia, minha vida tem se ornado um verdadeiro inferno. Ele
me odeia porque eu o faço lembrar dela, às vezes eu acho que ele
me odeia ainda mais por eu não ser ela. Vivo uma vida infeliz, com
um homem agressivo, que me trai com todas as putas da máfia, que
me humilha e faz questão de dizer todos os dias que tenho sorte,
porque se não fosse o acordo com meu pai, provavelmente eu nunca
conseguiria um marido com a minha falta de atributos.
— Ele é um verme miserável, como ele pode te tratar assim?
Você é esposa dele, se ele não queria se casar com você deveria ter
negado, mas ele preferiu fazer da sua vida um inferno ao dar o braço
a torcer.
— Eu até tentei, no começo, entender o que se passa na
cabeça do Dante, mas cheguei à conclusão que é impossível. Tem
horas que eu tenho tanto medo dele, seu olhar é de um assassino
sem coração. Ele nunca me amou ou um dia irá amar, eu só peço
que Deus proteja a minha filha, porque ele já deixou claro em várias
vezes que quer um filho homem, e que essa é a única coisa que
tenho que fazer direito, já que para o resto eu não sirvo de nada —
diz, chorando e eu não aguento vou até ela abraçá-la.
— Não se preocupe, eu prometo que ele não machucará sua
filha.
— Ninguém pode garantir isso — fala tirando os cabelos do
rosto e eu não consigo entender como Dante Bruschetta pode ser
tão cego que não vê a beleza dessa mulher.
— Eu vou te ajudar, Rebeca, não sei como, nem quando, mas
eu farei tudo ao meu alcance para te ajudar.

Depois de ficar por mais de três horas na casa da Rebeca,


volto para a fortaleza com a cabeça ainda mais nublada de
pensamentos, quando o carro passou em frente a uma farmácia.
— Chaise, pare aqui, por favor, preciso de um remédio para
dor.
— Tem certeza, senhora? Já estamos chegando.
— Tenho sim, é um remédio específico que não tem em casa.
Ele para o carro na farmácia e, desconfiado, entra comigo
enquanto o outro segurança aguarda do lado de fora, tento pensar
rápido em como faria para comprar o remédio com ele do meu lado.
— Chaise, pode procurar um protetor fator cinquenta para
mim — digo com a minha maior cara convincente.
— Claro, senhora — concorda prontamente, olhando ao redor,
verificando o perímetro e só então se afastando. Aproveito e me
aproximo da farmacêutica.
— Por favor, me ajude, senhora.
— O que foi, minha jovem? — ela diz, assustada com meu
olhar de pânico.
— Meu marido, por favor, não olhe — tento fazer com que ela
não chame atenção de Chaise — Meu marido é um homem
agressivo, ele me faz de saco de pancada todas as noites — mostro
meus pulsos, que estão com as marcas da algema de ontem à noite
— Agora ele decidiu que quer ter um filho, me ajude, por favor, eu
não posso engravidar desse homem.
— Quer que eu chame a polícia? — ela fala baixo, fingindo
procurar um remédio.
— Eu vou chamar, só preciso do remédio.
— Eu vou ajudar, você minha jovem, disfarce e fale que
precisa usar o banheiro.
Quando Chaise se aproxima com o protetor, eu me afasto da
farmacêutica e vou procurar por outras coisas, colocando na cesta
da farmácia e só então digo que preciso ir ao banheiro.
— Tem certeza que não dá para esperar chegar em casa,
senhora?
— É claro que não, Chaise, deixe de ser neurótico, já vamos
para casa, só preciso ir ao banheiro — falo bem convincente e dou a
cestinha para ele ir ao caixa pagar.
Rapidamente, vou até o banheiro, encontrando a farmacêutica
em uma das cabines.
— Temos que ser rápidas para que seu marido não desconfie.
— Sim, por favor.
Ela está com uma seringa, que tira do jaleco e me explica que
tem três meses de durabilidade. Eu ficaria segura por um bom
tempo, até que eu conseguisse me livrar do marido agressor, pobre
Chaise. Tomo a injeção, agradecendo a farmacêutica pelo que ela
faz. Saio da farmácia como se nada tivesse conhecido, dessa vez
com a mente mais tranquila porque sabia que, ao menos, não
engravidaria. Dimitri pode não ser agressivo como Dante, mas eu sei
que é tão ou mais cruel do que ele ou qualquer outro dentro da Cosa
Nostra.

Furioso após Katharina sair do escritório, eu preciso que ir,


mas minha vontade é algemar seus braços e suas pernas e mantê-la
no calabouço até que aprenda seu lugar. Minha raiva é tão grande
que por pouco eu não faço isso, porém a Cosa Nostra vem em
primeiro lugar, então coloco meus problemas conjugais de lado e vou
direto para a sede, para minha reunião com a senhorita Meyer,
Lorenzo e Damon.
Ao passar pela entrada, como de costume, todos os
funcionários baixam o olhar e não se arriscam a entrar no meu
caminho. Entro no elevador privativo e ao chegar no meu andar me
surpreendo ao ver Natasha de pé com um iPad na mão e meu café
na outra.
— Bom dia, senhor, já estão todos esperando para a reunião.
— O que está fazendo aqui Natasha, não deveria estar de
repouso até o fim da semana que vem!?
— Eu estou bem, me sinto bem e não aguentava mais ficar
longe do senhor — fala, baixando o olhar de maneira submissa, bem
diferente de Katharina, que me olha nos olhos e me enfrenta com
toda sua frieza.
— Vamos para a reunião, depois conversamos sobre sua
negligência com sua saúde — Digo, pegando o café e indo até a sala
de reunião — Bom dia — digo assim que passo pela porta e todos
ficam de pé.
Me sento e então começamos a reunião.
— Senhorita Meyer, me mostre o que vem fazendo desde que
chegou aqui. — Peço, olhando para a engenheira financeira, que
engole em seco e abre o notebook.
— Nós começamos a estratégia de lavagem há pouco tempo.
Como o valor é extremamente alto, não será tão fácil como imaginei.
O senhor Damon já começou a comprar no total quinze pequenos
negócios à beira da falência. A partir de agora, esses negócios
fazem parte do grupo Salvatore e irão render uma verdadeira
fortuna. Também conseguimos seiscentos laranjas, para nos ajudar
com depósitos aleatórios na conta principal.
— Quanto vamos conseguir lavar no próximo mês? —
Pergunto de maneira direta.
— Pouco, perto do que precisamos, cerca de setecentos
milhões. Ainda é um número pequeno, mas prometo que em breve
vamos chegar na meta estipulada.
— Sabe por que está aqui, senhorita Meyer?
— Sim, senhor, estou aqui para fazer todo o esquema
funcionar.
— Você foi escolhida por ser a melhor do ramo, não faça eu
me arrepender de tê-la colocado na Cosa Nostra, melhore esses
números, setecentos milhões está longe do valor que queremos. —
Digo, irritado.
— Aquela ideia de doar dinheiro às entidades sociais
fantasmas ainda está de pé. — Diz Lorenzo, me lembrando da ideia
que ele teve em criar ONGs falsas para que pudéssemos fazer
doações e dessa forma lavar o dinheiro sujo do tráfico,
transformando-o em dinheiro de doações.
— Não acho uma boa ideia, Lorenzo, esse tipo de ONG
sempre atrai atenção da mídia.
— Se for para investir em empresas fantasmas, podemos
abrir algo como uma pizzaria, existem muitas aqui em Palermo, uma
a mais uma a menos não vai fazer diferença — diz Damon,
pensativo.
— Uma boa, Lorenzo, consiga isso para mim ainda essa
semana. Pode ser um pouco afastada do centro de Palermo, para
que não chame atenção.
— Quanto podemos lavar com a pizzaria?
— Não muito, entre doze e quinze mil por dia — fala Meyer,
fazendo cálculos rápidos — Para conseguir o montante que
precisamos teria que ser uma rede de pizzarias por toda a Europa.
Olho para a mesma, interessado no que ela diz, Meyer olha
para nós três com os olhos arregalados.
— Vocês não estão falando sério, não é? — Questiona,
admirada.
— Por que não?! — Fala Lorenzo.
— Isso é muito arriscado, não estamos falando de um país,
mas sim da Europa toda, sem contar que todo esse dinheiro teria
que voltar para uma conta, às chances de chamar atenção das
autoridades é muito grande.
— Não estamos em negócio sem correr risco, senhorita
Meyer, faça o que meu irmão propôs. Iremos montar uma franquia
por toda a Europa, desse jeito podemos lavar muito mais dinheiro, de
forma rápida e específica.

A reunião termina tarde, acabo tendo que resolver problemas


com um carregamento vindo da Turquia e me ocupa a manhã toda.
Já passava das duas da tarde quando consegui chegar ao Tomilho,
um restaurante, e almoçar junto com Juliano Sacra, um dos meus
capos, também aproveito para rever meu grande amigo, Adam
Stanley, dono do restaurante, um ótimo chefe de cozinha e um dos
associados mais antigos da família.
— Quando terei o prazer de conhecer sua senhora? Vi uma
foto dela na capa de uma revista e tenho que dizer que, meu amigo,
demorou porque queria escolher bem. — Diz ele, nos servindo o
vinho.
— Em breve, meu amigo, trarei Katharina para jantar aqui —
digo.
— Tenho certeza que ela vai amar, Loreta e minha bambina
Antonella amam a comida do Adam. — Juliano diz, se referindo a sua
esposa e a filha, que de bambina não tem nada, já que é uma
piranha que abre as pernas para os soldados do pai. Só de pensar
que ele cogitou que algum dia eu me casaria com sua filha, tenho
vontade rir.

O almoço é produtivo, fico por dentro de como andam os


lucros nas casas de prostituição e algumas boates da família. A
metade das casas noturnas são legais, dessa forma não preciso me
preocupar com o dinheiro que entra. A Cosa Nostra mantém vários
negócios lícitos, como a produção e exportação de limão siciliano,
entre outras frutas cultivadas apenas aqui na Sicília.

Retorno à sede acompanhado de Juliano, que não para de


falar sobre o aniversário da filha e que faria muito gosto que eu fosse
junto com Katharina. Acabo tendo que aceitar, mesmo não
costumando ir a esse tipo de evento da máfia, porém, se não
aceitasse, ele continuaria insistindo. Ao entrar na minha sala, dou de
cara com Natasha, apenas de lingerie preta, de joelhos no canto da
sala. Fecho, a porta e volto meus olhos para a mesma, tentando
entender o porquê daquela cena na minha frente já não ser tão
excitante, como antes.
— Meu senhor, estou à sua disposição — diz, com a voz baixa
e sedutora, porém não sinto vontade de submetê-la, muito menos de
foder Natasha, não agora ou melhor, não depois de ontem.
— Vista suas roupas, Natasha, não estou com cabeça agora
— ordeno, indo até a minha mesa e notando-a engolir em seco,
trêmula.
— Tenho certeza que posso satisfazê-lo, senhor.
— Eu sei que sim, mas não agora, minha escrava. Vista-se e
volte para o seu trabalho, afinal você está aqui para isso e não para
dar a boceta para o seu chefe. — Digo frio e ela entende a
mensagem e se veste rapidamente.
— Hoje é a festa de governador, se quiser posso acompanhá-
lo, já que ano passado eu fui como sua acompanhante. — Sugere ao
abrir a porta para sair.
Quando ela diz isso, me lembro da festa de Nello Masumeri e
que não posso faltar. Com a correria acabei me esquecendo,
precisava mandar preparar o helicóptero e alguns homens para me
acompanhar.
— Não se preocupe, Katharina será minha acompanhante,
afinal ela é minha esposa — digo sério e ela fica tensa, mas tenta
disfarçar seu desgosto e sai da sala. — O ciúme de Natasha ainda
me trará problemas. — Penso comigo.
Ligo para Luigi e peço que avise Katharina sobre a festa, mas
sou surpreendido ao saber que minha querida esposa não se
encontra em casa. Estou digitando o número de Chaise, para
descobrir onde Katharina se encontra, quando a porta da minha sala
é aberta abruptamente e Dante passa por ela com uma expressão
feroz.
— O que sua russa foi fazer na minha casa, por acaso foi
interrogar minha mulher, que merda ela está fazendo com Rebeca?!
— Questiona, irritado.
— Espero que não esteja se referindo à minha mulher como
russa, ou melhor, não esteja se referindo à senhora da máfia como a
russa, pelo seu próprio bem — digo, me levantando.
— Desculpe, chefe — recua, nervoso.
— Me explique o que está acontecendo, mas meça suas
palavras para se dirigir à minha esposa da próxima vez, ou será a
última vez que terá voz para dizer qualquer palavra — digo friamente,
indo até o bar e escolhendo um dos meus uísques prediletos.
— Fui avisado pelos meus homens que sua esposa invadiu
minha casa e ameaçou meus homens para que a deixassem entrar e
que está há mais de três horas conversando com Rebeca. Sabe
como sou possessivo, não gosto que ninguém vá até a minha casa,
muito menos encha a cabeça dela de bobagens.
— Todos sabemos da sua obsessão pela garota, mas prometi
não me intrometer nos seus assuntos. No entanto, se uma das leis
da família estiver sendo descumprida, nem mesmo o seu cargo como
capo poderá te proteger.
— Só mantenha sua mulher longe de Rebeca.
— Farei o que me pede, mesmo achando que é bobagem.
Provavelmente Katharina só queira fazer amizade com a Rebeca.
— Não quero que Rebeca tenha amigos. Há um motivo para
ter proibido sua saída, ela estava se aproximando demais das
esposas de Camorra e do Tom.
— Certo, falarei com Katharina — digo, encerrando o assunto,
fazendo com que ele me deixe sozinho.
Já era começo da tarde quando voltava para fortaleza, mando
meu piloto ficar pronto para a viagem rápida que faremos. A casa do
governador fica em Catânia, iremos de helicóptero e passaremos a
noite em um hotel, para amanhã voltar para Palermo. Muitos políticos
importantes estarão nesse jantar, é importante reforçar a imagem de
empresário honesto que conquistei ao longo dos anos, agora
casado, prestes a formar uma família. formaria uma imagem ainda
mais imaculada da minha pessoa.
Ao chegar em casa, encontro Vicenzo fumando no jardim,
conversando com um dos nossos homens.
— Chegou cedo, também vai ao jantar do governador? —
Pergunto.
— Não, estou de saco cheio desse bando de baba ovo. —
Reclama ele, jogando o cigarro no chão e pisando.
— Peça para que Chaise mande o relatório do dia de hoje
para o meu celular.
— Certo — fala, enquanto eu entro em casa.
Vou direto para a suíte, louco para tomar um banho. O quarto
está vazio, provavelmente Katharina deve estar lá embaixo. Tiro
minhas roupas, indo direto para o banheiro e, ao abrir a porta, sou
recebido pela porra de uma visão deliciosa.
Katharina está de cinta liga de renda preta, inclinada sobre a
pia do banheiro enquanto passa um batom nos lábios carnudos, seu
corpo tentador me provocando.
— Se soubesse que seria recebido dessa forma, teria vindo
mais cedo, bella mia. — Digo, a assustando, que derruba o batom
na pia.
— Poderia não chegar assim, me assustando — fala, se
virando para mim e eu tenho a visão perfeita dos seios fartos
saltando da renda preta.
— O que foi, bella mia, porque está assustada, andou
fazendo algo errado?! — pergunto, dando dois passos em sua
direção.
Vejo sua respiração ficar agitada, seu peito subir e descer,
minhas mãos vão automaticamente para seu pescoço, em uma
carícia lenta. Seu cheiro de rosas enche meu nariz, nunca fiquei tão
excitado com um cheiro como agora.
— É claro que não — fala firme, escapando do meu toque,
mas não me convence — Eu preciso me vestir, querido, afinal
preciso estar à altura, não é todo dia que vou a um jantar na casa do
governador.
Katharina sai do banheiro, me deixando sozinho, mas nem um
pouco convencido.
— O que essa mulher está aprontando? Ela ainda vai me levar
à loucura.
Algo me diz que esse jantar será inesquecível.
Não sabia em que velocidade eu estava, tudo que eu queria
era ver o que estava acontecendo na minha casa. Frustrado, bato
contra o volante, com ódio. Não quero ninguém perto de Rebeca,
muito menos uma russa. Não quero ninguém influenciando suas
ações, muito menos que ela comece a sonhar com liberdade.
Liberdade essa que ela nunca terá, não deixarei espaço para que ela
faça o mesmo que a vadia da irmã, pois bem sei que no momento
que eu confiar nela e baixar a guarda ela enfiará uma faca em
minhas costas.de maneira vil. Como todas as mulheres, todas as
putas, esperando a melhor hora para tirar vantagem e eu não
cometerei o mesmo erro duas vezes, jamais.
Após estacionar de qualquer jeito na entrada, saio do carro
batendo a porta e vejo três dos meus seguranças aguardando.
— Quem liberou a entrada de Katharina? — Pergunto. indo
direto ao ponto e vejo os três ficarem pálidos, temendo o que posso
fazer.
— Foi eu, senhor — Jonathan dá um passo à frente e
rapidamente saco minha nove milímetros e atiro rápido no meio de
sua testa, ele desaba no chão sem vida, formando uma poça imunda
de sangue.
— Que esse seja um aviso claro que a próxima vez que um de
vocês desobedecer a minhas ordens, estarão mortos. — Digo,
limpando minha arma com o lenço, entrando em casa sendo e
recebido por Zaya, à governanta. — Onde está minha esposa?
— Ela está no quarto, senhor, provavelmente deve estar se
aprontando para o jantar.
Não respondo, apenas subo as escadas em direção à suíte,
querendo arrancar da boca de Rebeca o que tanto ela e a russa
conversaram.
A natureza dos russos é traiçoeira, não quero uma cobra
russa perto de Rebeca.
Abro a porta com brutalidade e Rebeca me olha, assustada,
deixando a escova de cabelo cair no chão.
— Precisava olhar na sua cara, traidora, e ver se terá
coragem de me enganar. — Digo amargo, me aproximando dela.
— O que foi, querido, o que aconteceu? — fala pálida, com a
voz trêmula.
Acerto um tapa forte em seu rosto, fazendo com que ela
cambaleie para trás, se escorando no dossel da cama.
— Eu faço tudo por você, sua vadia, e é assim que me
retribui? — Vocifero, cego pelo ódio.
— O que eu fiz Dante? Eu juro que me comportei, não fui ao
jardim e fiquei dentro de casa. — Chora falsamente, tentando me
ludibriar com suas lágrimas traiçoeiras.
— Não minta para mim, desgraçada — digo e puxo seus
cabelos com ódio, apenas por ela olhar para mim.
— Por favor, Dante, eu estou grávida — implora, colocando
as mãos sobre a barriga, como se pudesse a proteger.
Solto seu corpo contra a cama, me afastando dela para que
possa me controlar, para o bem do meu filho.
— O que você e Katharina ficaram fazendo na sala sozinhas?
O que ela veio fazer aqui e porque me desobedeceu? Aposto que as
duas estavam tramando pelas minhas costas!! — Grito, olhando para
ela, que treme, chorando muito.
— Ela só veio me ver, Karlene estava preocupada por eu não
estar saindo. Ela só veio fazer uma visita.
— Não minta para mim — grito, jogando o abajur contra a
parede.
— O que eu poderia fazer? Não poderia simplesmente me
recusar a atendê-la.
— Pois é o que deveria ter feito, mandado Zaya avisar que
não queria receber visitas, ao invés disso, recebeu a russa e ficou de
conversinha com ela a tarde toda, aposto que tramando contra mim.
— Claro que não, Dante, eu não faria isso, por favor acredite
em mim. — Ela suplica, limpando o rosto.
— Acreditar em uma puta como você, Rebeca, jamais. Ficará
trancada no quarto para aprender a me obedecer na próxima vez.
— Eu não sou uma puta, Dante, só tive um homem na minha
vida e esse homem é você. Não pode me deixar trancada aqui, estou
grávida.
— E só por isso que não te arrebento agora mesmo, a sua
sorte é que carrega meu herdeiro, ou seria duramente castigada.
Saio do quarto, fechando a porta, ainda a ouvindo suplicar
para que eu não a deixasse trancada, indo direto para o escritório.
Ao passar pela porta, vou direto para o bar, bebo a vodca direto do
gargalo da garrafa e minha garganta queima, a raiva e frustração se
misturam e, fora de mim, eu acabo fazendo uma besteira que
provavelmente amanhã me arrependerei, mas quer saber? Foda-se,
ela merece sofrer. Envio uma mensagem para a cadela e não
demora muito para Giuliana aparecer no escritório.
— Ainda não consigo acreditar que me chamou aqui — fala,
entrando no escritório e fechando a porta atrás de si.
— Não se sinta especial, Giuliana, nesse momento você não
passa de uma boceta disponível para foder.
— Não vou dar ouvidos ao que diz por que eu sei que, no
fundo, ainda me ama. Pode ter se casado com a tonta da Rebeca,
mas é a mim que você deseja — fala, abrindo o zíper do vestido,
fazendo com que ele escorregue pelo seu corpo.
Olho para seu corpo nu, tentando enxergar o que tanto me
fascinou no passado.
Como posso ter um dia pensando amar essa vadia?! Gostosa
certamente ela é, mas não há nada de especial. Seios medianos,
pele pálida demais, não há aquelas pintinhas que tanto amo em
Rebeca. Não, ela não pode jamais ser comparada com a minha
Rebeca.
— De joelhos, cadela — falo firme e ela prontamente me
obedece.
— Sabe quanto tempo esperei para que me procurasse? Eu
sabia que minha irmãzinha nunca o satisfaria.
Dou um tapa certeiro em seu rosto.
— Não abra essa boca imunda para falar da minha mulher,
cadela.
Giuliana engole as lágrimas e, de joelhos, abaixa a minha
calça junto com a boxer e segura meu pau com as mãos frias, o
colocando na boca. Seus lábios são quentes e sua boca baba no
meu cacete, enquanto ele sobe e desce em sua boca, mas eu
precisava de mais para me satisfazer e o que essa puta estava me
dando estava longe disso.
Puxo seus cabelos com força, fazendo-a levar meu pau
profundamente na garganta, seu rosto fica vermelho, movimento sua
cabeça e ela engasga no meu pau, mas não paro, continuo socando
meu pau como se fosse em uma boceta.
Com um gemido rouco eu gozo, enchendo a cara da vadia de
porra. Giuliana sorri, limpando o rosto e chupando os dedos com o
meu gozo. Viro a cadela de costas para mim, empurrando-a contra a
mesa, Giuliana geme, empinando a bunda magra em minha direção e
confesso que tenho que fechar os olhos para me excitar novamente.
Pego uma camisinha, colocando no meu pau, não tão duro
como deveria. Meto de uma vez no cuzinho da vagabunda, a safada
é arrombada mesmo. Fecho os olhos e imagino outra pessoa aqui
para obter meu prazer, meto com força, não me importando com
seus gemidos de dor; eu queria tirar toda essa raiva de dentro de
mim. Empurro a cabeça da vagabunda contra a mesa e continuo
arremetendo dentro do seu buraco, até encontrar o alívio, porém o
prazer é insignificante, como a vadia.
Escolhi um belo vestido preto de mangas, com um corte
profundo nas duas laterais, longo, com tecido acetinado e salto fino e
delicado, com tiras e pequenos cristais. Terminei a maquiagem e
como não tive tempo de ir ao salão, decidi fazer um coque de lado
deixando um pouco dos cabelos soltos presos com grampos.
Quando estou terminando, vejo atrás de mim, pelo espelho,
Dimitri, do outro lado do quarto, escolhendo a gravata borboleta,
com os cabelos penteados para trás, realmente ele muito sexy no
terno Armani de alfaiataria. O perfume Armani Code é característica
do seu cheiro amadeirado e parece impregnar por onde quer que ele
esteja.
— Estou pronta — digo ao pegar a pequena bolsa que irei
usar essa noite.
— Ainda não — diz, virando de costas para mim, indo até o
paletó que estava usando antes e tirando uma pequena caixa preta
de veludo de dentro do bolso.
Dimitri se posiciona atrás de mim, retira os pequenos brincos
de pérolas que uso e coloca um de safira azul com pequenos
diamantes ao redor, é uma joia belíssima e cara, que me deixa
confusa pelo motivo de estar a ganhando.
— Alguma ocasião especial para estar me dando um
presente? O celular já é assustador demais para um homem como
você, agora uma joia. O que quer com isso Dimitri? — digo, olhando
para ele pelo espelho, que sorri e beija suavemente meu pescoço,
fazendo com que todo meu corpo se arrepie.
— Não quero nada, amore mio, apenas que esteja ainda mais
bela ao meu lado.
Engulo em seco com a intensidade do seu olhar e me viro,
indo até a porta que ele abre. No caminho até a saída encontramos
Vicenzo com uma ruiva no colo, mas nem sinal de Lorenzo.
Acompanho Dimitri até a saída e me surpreendo ao saber que
iremos de helicóptero e não de carro. A viagem é rápida e não posso
admirar muito a paisagem belíssima da Sicília, pois em menos de
meia hora de helicóptero, chegamos à Catânia.
O helicóptero pousa em um grande hotel e Dimitri, junto com
três seguranças, me acompanha até o carro, que já nos aguardava.
Fico surpresa ao descobrir que vamos sozinhos no carro, eu e ele.
Um Porsche preto 911, com teto solar já estava pronto, à nossa
espera. Dimitri abre a porta para mim e adentro o belo carro,
esperando-o entrar e dar partida.
Não demora para que Dimitri estacione em frente a uma bela
mansão. Repórteres estão por todos os lados, assim como os
seguranças armados. Há dois carros atrás de nós com homens de
Dimitri nos acompanhando. Descemos e somos recepcionados por
uma chuva de flashes, Dimitri segura minha mão enquanto subimos a
grande escadaria.
— Senhor Rinna, quem é a bela mulher ao seu lado, sua
namorada? — Pergunta um repórter.
— Minha esposa.
Assim que as palavras saem de sua boca, eles ficam ainda
mais desesperados, querendo fazer mais perguntas, porém ele
ignora a todos, me levando para dentro da grande entrada da
mansão. O salão está todo decorado, várias pessoas conversando,
bebendo e rindo. Um típico jantar da primeira classe. Dimitri me leva
até um homem de uns cinquenta anos, loiro, ao lado de uma ruiva
que posso jurar ser garota de programa, pela forma como se porta e
está vestida.
— Nello Masumeri — fala Dimitri e logo o mesmo se vira para
nós com um sorriso no rosto.
— Dimitri Rinna, é um prazer revê-lo, amigo — fala, beijando o
anel de Dimitri, um sinal de respeito e logo já sei que ele é o
governador.
— Não perderia o aniversário de um amigo da família, essa é
Katharina, minha esposa — me apresenta e ele pega minha mão,
dando um beijo cortês.
— Venham, reservei um lugar de honra na minha mesa —
Explica o político e eu não deixo de reparar que ele nem fez questão
de apresentar a moça — Precisamos conversar sobre a campanha,
meu amigo, sabe que já estou para me aposentar e pretendo deixar
o cargo para meu filho. Matteo estudou na Inglaterra e está
preparado para o cargo de governador, é claro já está ciente dos
nossos negócios. — Fala a Dimitri, que apenas acena, puxando a
cadeira para mim na mesa.

Ficamos sentados à mesa enquanto vários políticos bajulam


Dimitri, me dando ânsia. As mulheres só falam sobre a semana de
moda em Milão, eu até finjo interagir com elas, mas meus ouvidos
estão focados na conversa dos homens. Tudo vai ficando claro para
mim, a máfia italiana financia a maioria dos políticos da Sicília, como
também alguns deputados e senadores da república, realmente a
política é suja.
— Aí está ele. — Fala o governador, ficando de pé e
abraçando um jovem loiro de olhos extremamente azuis. — Dimitri,
esse é meu filho, Matteo, futuro governador da Sicília. — Diz,
orgulhoso.
Dimitri se levanta e os dois se cumprimentam com um aperto
de mão, eu bebo mais um gole do meu champanhe, imaginando que
o futuro governador já começou mal por não ter beijado o anel do
Boss. O tal Matteo senta ao lado do pai, de frente para mim. O
governador vai até o palco, onde faz um discurso, muito bem escrito
por um assessor eu diria, e vários fotógrafos tiram fotos dele com o
filho. Eu já estava na terceira taça de champanhe quando enfim eles
vieram para a mesa e o jantar foi servido.
As entradas estavam deliciosas, sopa de frutos do mar com
camarão, salmão e tamboril. Tento focar na comida, mas os olhos de
Matteo sobre mim estão me incomodando.
— Não sabia que o senhor era casado, senhor Rinna.
— Sou um homem muito reservado e prefiro manter minha
bela esposa apenas para mim — diz, olhando para mim com um
sorriso doce que só me faz pensar o quão bom ator ele é. Se daria
muito bem em Hollywood.
— Na verdade, faz pouco mais de dois meses que nos
casamos. — Sorrio para o mesmo.
Procuro me concentrar no prato principal, mas a ruiva do
governador não para de jogar o cabelo e sorrir feito uma girafa para
cima de Dimitri, que não desgruda os olhos do decote da vadia,
enquanto discute com o governador a campanha do filho. A Bisteca
alla Fiorentina realmente estava divina, mas eu já estou a ponto de
pegar o osso do prato dela e enfiar na garganta de Dimitri se ele
continuar olhando para os peitos da vadia. Porém, antes que tenha a
oportunidade de fazer isso, o governador se levantou e vai abrir o
salão de dança.
— Vem comigo, bella mia — Dimitri me chama, segurando
minha mão e me conduzindo até onde os casais estão dançando.
A orquestra toca uma canção antiga de James Brown "Its' A
Mas World". A batida é quente, porém o que me chama atenção é o
quanto essa letra combina com o moreno na minha frente.
— Lembra quando foi à primeira vez que dançamos juntos?!
— Fala ao colar nossos corpos me guiando ao som sexy da música.
— Claro, jamais esquecerei, eu estava usando um vestido
preto, assim como hoje. O dia em que fui forçada a casar com uma
Besta.
Dimitri sorri, me girando duas vezes para depois me puxar
para si.
— É, bella mia, você tem uma lembrança diferente da minha
daquele dia. — Fala, arrastando suas mãos pelas costas nuas do
vestido, fazendo um arrepio tomar conta de mim, enquanto sussurra
no meu ouvido. — Tudo que eu me lembro é do quão gostosa você
estava naquele vestido, da vontade que eu estava de estapear sua
bunda branca até ela ficar vermelho vivo pela afronta. — Diz e o meu
corpo se arrepia. — "Esse é um mundo de homens". — Ele canta o
refrão da música.
— "Mas ele não seria nada sem uma mulher". — Digo o fim
da letra, sorrindo.
A música termina e dou graças a Deus, estar tão preto da
Besta está começando a me incomodar, é mais fácil lidar com Dimitri
quando ele é um babaca arrogante do que uma Besta sedutora.
— Me daria à honra de dançar a próxima música com essa
bela dama? — fala Matteo, nos abordando no meio da pista de
dança.
Dimitri serra os dentes, encarando o loiro, porém, antes que
ele mande o pobre coitado se foder eu dou um passo à frente.
— Claro — sorrio, provocando Dimitri e vou com Matteo.
Dimitri volta para a mesa e finge prestar atenção no que o
governador diz, mas eu sinto seus olhos me queimando enquanto
Matteo dança comigo. A música muda e agora uma bela canção de
"El volo" soa pelo salão, um clássico italiano.
— Você realmente é a mulher mais bela que já vi, não
consegui tirar os olhos de você a noite toda.
— Obrigada, Matteo, não acho adequados seus elogios, sou
casada.
— Infelizmente, mas isso não faz com que eu fique cego. —
Diz, colando seu corpo ao meu, me incomodando.
— Bem, talvez cego não, mas se não se afastar, morto. —
Falo séria e ele sorri, me girando.
— Uma mulher como você vale qualquer risco.
— Eu não falaria isso se fosse você — digo, me afastando,
quando enfim a música acaba.
Não preciso nem olhar para saber que Dimitri está atrás de
mim.
— A próxima vez que se aproximar da minha mulher, você
será um homem morto, senhor Masumeri — diz tão friamente que
sinto que essa é uma sentença.
Dimitri segura meu braço, me puxando para a saída.
— Pelo visto o italiano não gosta de jogos. — Rio por dentro.

Eu não tinha mais clima para continuar naquele maldito jantar,


não com todos aqueles miseráveis babando por Katharina. Não é
ciúme, é posse, se pudesse teria matado o maldito Matteo por ter
ousado colocar as mãos sobre a minha mulher. Maldita russa, por se
vestir de maneira tão provocadora, por sorrir para todos os malditos
da festa.
— Para onde vamos, você está machucando meu braço! —
ela reclama enquanto eu arrasto-a pela mão até o estacionamento,
onde meu carro está.
Um dos meus seguranças vem em nossa direção, mas faço
um gesto para que eles se afastem. Abro a porta do carro, jogando
Katharina no banco do passageiro, dando a volta e sentando no
banco do motorista. Saio da porra da mansão cantando pneu,
ignorando os repórteres na entrada, passo em alta velocidade,
saindo desse maldito jantar. Acelero, tentando controlar minha
vontade de voltar àquele maldito jantar e matar o desgraçado que
ousou tocar no que é meu.
— Você pode parar de acelerar, vai acabar matando a nós
dois.
— Fica calada, Katharina, eu não quero acabar fazendo uma
besteira.
— Eu não entendo porque você está tão irritado. Foi só uma
dança, não é como se eu tivesse pulado na cama dele — diz,
debochada.
Eu faço uma curva fechada, girando o volante e Katharina
grita, mesmo de cinto.
— Você é um idiota, não acredito que está com ciúmes, não
seja hipócrita, Dimitri, você é um machista de merda que mantém
três amantes, mesmo casado.
— Não é ciúmes, caralho — grito, apertando o volante com
tanta força que juro que posso ver o pescoço de Matteo nele. —
Você me pertence, é minha mulher, deve respeito a mim e não ficar
se esfregando com outro homem na minha frente.
— Babaca hipócrita, é isso que você é!!! — Grita, revoltada,
porém antes que possa respondê-la ouço som de tiros em nossa
direção. — Que merda é essa? — Katharina pergunta assustada,
olhando para trás.
— Estamos sendo seguidos — respondo, olhando pelo
retrovisor e vendo três carros pretos nos seguidos, com homens
armados.
— Onde estão os seus homens? — Pergunta, olhando para
trás.
— Os dispensei, foram direto para o hotel.
— Super inteligente da sua parte — ela bufa, nervosa.
— O carro é blindado, não se preocupe, não deixarei nada de
mau acontecer com você — digo, calculando uma rota de fuga para
nós dois.
Os tiros continuam, um dos carros tenta me fechar, porém
giro o volante desviando dos tiros que continuam, a adrenalina enche
minhas veias de fogo. Katharina está aterrorizada com o som dos
tiros e na minha mente fico pensando em como tirar ela daqui.
— Pega meu celular no bolso do paletó e manda nossa
localização em tempo real para Joyner, código 58.
Katharina rapidamente faz o que eu mando e posso ver que
ela se controla para não olhar para trás. O carro de trás bate na
nossa traseira, tentando me fazer parar, porém eu apenas acelero
nas avenidas vazias de Catânia, nossa sorte é que há essa hora já
não tem circulação de carros, ou tudo seria pior. Na minha frente,
vejo um túnel e uma ideia vem à minha mente quando lembro onde
ele vai dar.
— Preciso que se segure forte quando nós saímos do túnel.
— O que vai fazer? — Pergunta atônita, olhando para mim.
— Confie em mim — desvio meu olhar para o seu, tentando
passar confiança, jamais deixaria que algo acontecesse a ela.
Katharina aperta o cinto e se segura, reduzo a velocidade até
ter o carro da frente ao meu lado, eles continuam atirando, porém,
assim que entramos no túnel eu começo a contar e no exato
momento em que saímos eu giro o carro com tudo, batendo contra o
outro carro, fazendo com que ele gire na estrada, indo em direção a
lateral de um penhasco, caindo em meio à vegetação. O barulho da
explosão enche nossos ouvidos e eu sorrio, sabendo que agora só
faltam dois. Volto a acelerar enquanto Katharina tenta abrir o porta
luvas, atrás de algo.
— Precisamos revidar antes que eles acabem atirando nos
pneus.
— O carro é blindado, você está segura.
— Não estamos seguros, Dimitri, estamos sendo alvejados,
temos sorte que são péssimos de mira e não acertaram os pneus
ainda ou estaríamos mortos agora.
— Não se preocupe, eu vou tirar a gente dessa, logo meus
homens estarão aqui.
— Eu posso atirar no motorista do carro da frente, eu tenho
uma ótima mira.
— Você não vai arriscar sua vida!! — falo firme, mas a maldita
não me ouve e quando encontra uma Taurus preta, desprende o
cinto, engatilhando a pistola. — Não faça isso, Katharina, você vai
levar um tiro! — grito, descontrolado.
Ela ignora meu comando e abre o teto solar, virando de
costas para mim.
— Katharina, não — grito com ela de novo, mas é tarde
demais, ela coloca a cabeça no teto solar e atira em direção ao
carro.
O carro de trás desliza na pista e ela erra o tiro, se abaixando
rapidamente quando atiram em sua direção
— Sai daí, Katharina, senta no seu lugar.
— Eu posso, eu consigo!! — grita e mais uma vez coloca a
cabeça para fora e um tiro é disparado.
Katharina acerta o motorista na testa, porém, antes que ela
se abaixe, atiram nela. Ela cai no banco do passageiro, gemendo de
dor, com sangue escorrendo por sua pele do braço. A Besta dentro
de mim ruge, enfurecida, vendo sua pele pálida se transformar em
vermelho sangue.
— Katharina, fala comigo, Katharina!! — me descontrolo,
olhando seu vestido empapado de sangue na lateral.
— Eu estou bem.
O carro deles capota, batendo no carro de trás, mas meu
desespero é tão grande que não consigo pensar em outra coisa a
não ser Katharina sangrando no banco ao meu lado. Sinto uma
queimação dentro de mim, uma fúria tremenda que me acomete.
Ela não pode morrer, ela não vai morrer. Paro o carro no meio
da estrada, tiro o cinto, levanto seu rosto para mim, procurando onde
a bala pegou.
— Foi de raspão, Dimitri, eu estou bem — fala, tentando me
acalmar, porém, ver todo aquele sangue não me faz ficar tranquilo,
eu quero machucar e destruir quem fez isso com ela.
Olho para o braço onde o tiro passou de raspão,
provavelmente vai deixar uma bela cicatriz, mas ela ficará bem. Tiro
a gravata que uso e amarro seu braço para conter o sangramento,
meu coração está apertado. Nunca pensei que sentiria tanto medo,
medo de perder alguém. Levanto seu rosto para mim e seus olhos
azuis estão presos nos meus, como se por eles ela pudesse
enxergar toda a minha alma podre, ela é boa demais para mim, mas
sou egoísta demais para perdê-la. Beijo seus lábios com uma
delicadeza que nunca imaginei que conseguiria ter e logo me afasto.
— Fique aqui! — digo ao abrir a porta do carro, tiro minhas
duas pistolas Springfield 9 milímetros, cada uma com capacidade de
22 tiros, com extensor.
Caminho em direção aos dois carros batidos no meio da
estrada, um dos homens está jogado no asfalto, morto, com um
pedaço de metal no abdômen.
Caminho feito uma fera faminta por sangue, encontro no carro
da esquerda três homens que ainda estão vivos, alimentando minha
sede por sangue. A passos rápidos, chego na frente do carro e atiro
contra o ruivo, bem no olho direto, sorrindo, vou até o outro, que
tenta se arrastar entre os destroços, porém, piso em sua perna
cortada pelo vidro e ele grita de dor. Atiro no seu pescoço, ele
coloca as mãos para tentar não sufocar com o sangue, mas é inútil e
deixo-o agonizando, afogado em seu próprio sangue. Vou para o da
direita, ele age rápido, tentando pegar a metralhadora caída debaixo
do carro, mas antes que eu possa matar o desgraçado, ele recebe
um tiro na cabeça. Olho para trás, vendo Katharina atrás de mim,
segurando a Taurus com as duas mãos.
— Volta para o carro.
— Eu vim te ajudar — diz, teimosa, e eu percebo que ela não
vai me obedecer.
— Vem — digo, puxando-a para trás de mim, ouvindo o som
de carros vindo até nós e reconheço como os carros da Cosa Nostra
— Malditos atrasados.

Eu não vou ficar no carro esperando, não ouvindo os tiros lá


fora. Saio com arma nas mãos e vejo que é no momento certo, pois
um dos homens que nos seguiam estava prestes a pegar uma arma.
Atiro na sua cabeça antes que ele consiga atirar contra Dimitri, que
fica vermelho de raiva quando me vê fora do carro, mas eu não ia
ficar lá.
— Consegue lembrar quem atirou em você? — Ele pergunta,
olhando de um carro para o outro, onde dois dos bandidos ainda
estão vivos.
— O loiro — digo, apontando a arma para o mesmo.
Os homens de Dimitri se aproximam, cercando o lugar.
— Levem ele para Lorenzo, descubram quem está por trás
dessa tentativa de assassinato. — Fala a um dos seus homens,
apontando para o moreno que está preso pelo cinto de segurança,
com as ferragens do carro atravessando seu ombro.
Dimitri caminha em direção ao loiro de maneira assombrosa,
eu nunca vi seu olhar tão sombrio. Uma aura de horror toma conta do
ambiente e temo, pois é como se a verdadeira Besta estivesse em
minha frente. Ele guarda as duas pistolas no coldre e se aproxima
dos destroços do carro, tirando o loiro de lá.
Eu nem havia percebido que estava prendendo a respiração e
como todos estavam em silêncio, apenas ele, a cruel Besta, estava
no controle. Ele tira um punhal da perna direita e, pelo brilho, imagino
ser de prata. Na máfia não há julgamentos, apenas execuções e em
um golpe só ele crava a faca na barriga do criminoso, um sorriso
sádico preenche seu rosto quando ele puxa o punhal preso no
homem para cima, a arma vai rasgando o mesmo de baixo para
cima, até chegar à garganta.
Eu nunca tinha visto uma cena tão brutal em minha frente, o
sorriso de Dimitri ficará gravado na minha memória enquanto eu
viver, lá está a Besta italiana, aquela que eu devo temer. Sangue
escorre pelo chão assim como os órgãos do homem, Dimitri tira o
punhal de dentro dele e o limpa com um lenço, assim como suas
mãos, depois coloca o punhal de prata no paletó e vai até Joyner,
dando alguns comandos enquanto eu fico estática, olhando para o
corpo destruído do loiro que atirou em mim.
— Limpem essa bagunça antes que a polícia chegue, temos
pouco tempo. Não queremos chamar atenção desnecessária.
Ordena e vem até mim, me levando até o carro. Me sento no
banco, mortificada, Dimitri dá a partida e um estranho silêncio se
instala dentro do carro. Dois dos carros da máfia nos acompanham,
fazendo a segurança. A tensão dentro do veículo poderia ser
palpável e me incomodada. Ligo o rádio, me surpreendendo ao ouvir
Kings of Leon. Sorrio, imaginando Dimitri gostando de rock. Minhas
mãos estão tremendo e nem mesmo a melodia de “Use Somebody”
me acalma. Dimitri para o carro no acostamento, solta o cinto e
olhou para mim.
— Você está bem? — Pergunta preocupado, tocando meu
rosto com tanta delicadeza que parece ter medo que eu me quebre.
Sinceramente, eu não sei o que acontece, poderia culpar o
estado de choque por presenciar um assassinato tão brutal, a
adrenalina da perseguição ou quem sabe essa coisa estranha que
nos liga. Não sei como começa, mas quando dou por mim, estou
sendo devorada por seus lábios. Meu corpo entra em combustão, eu
precisava do seu toque, é como se a sua Besta tivesse despertado
uma chama dentro de mim. Eu precisava de mais, muito mais para
me sentir satisfeita, uma luxúria torturante me consome. Dimitri me
puxa para o seu colo, no banco do motorista, me pressionando
contra o volante, com as pernas abertas e bem em cima do seu pau
duro. Enquanto isso, sua boca duela contra a minha em uma batalha
deliciosa.
A minha calcinha já estava molhada, não consigo entender o
poder que ele tem sobre mim, pois basta um toque e eu desmorono.
Dimitri aperta um botão no painel e puxa o banco para trás, assim,
eu me sento completamente sobre ele, sua boca vai para o meu
pescoço e eu gemo alto arranhando seus braços por cima do paletó.
— Ninguém vai tirar você de mim!! — fala e em um gesto
brusco e me faz inclinar para trás, enquanto puxa minha calcinha de
renda, rasgando-a.
O mundo lá fora desaparece ao som de "Sex on Fire". Dimitri
abre as calças, afasta a boxer e me penetra. Consumidos, era assim
que nós dois estávamos sendo consumidos pelo sexo e pelo fogo
que ardia entre nós dois, subo e desço do seu membro, me sentindo
alargada. Puxo sua camisa, arrebentando os botões, para sentir seu
peito malhado pressionado ao meu. Minhas unhas deslizam pela sua
pele enquanto ele morde meu pescoço, me fazendo gritar quando o
orgasmo me atinge e estremeço, convulsionando de prazer, mas ele
não para aí.
— Seu cheiro me vicia — diz enquanto desce brutalmente o
decote do meu vestido, o rasgando.
Sua língua desliza dos meus seios até meu queixo e em
seguida morde meus lábios, beijando minha boca. Dimitri leva suas
mãos ao meu cabelo, que já estava bagunçado e me surpreende ao
puxar dois grampos e prendê-los em meus seios. O sangue desce
para os bicos, os deixando rígidos e doloridos, os lábios de Dimitri
lambem e chupam um, depois o outro, a dor misturada ao prazer me
leva a um novo orgasmo.
Rebolo feito uma louca sobre ele, suas mãos apertam tão
forte minha bunda contra seu pau que tenho certeza que ficarei toda
marcada, mas nada disso importa, apenas a luxúria, que nos cega.
Mordo seus lábios, enlouquecida, quando outro orgasmo arrebatador
me acomete. Desabo sobre ele, sentindo Dimitri fechar os olhos,
gozando tão forte que faz meu corpo inteiro se arrepiar.
Quando a névoa de prazer se esvai, me dou conta do que
estava fazendo e onde, do seu colo, sentindo meu braço doer e
percebendo que a gravata de Dimitri estava encharcada,
provavelmente devo ter me ferido mais pelo esforço. Olho pelo
retrovisor, vendo os carros dos homens de Dimitri parados atrás da
gente e me pergunto se eles conseguiam ver dentro do Porsche, fico
vermelha só de imaginar eles observando o que acabamos de fazer.
— Não se preocupe, o vidro é escuro demais para que eles
consigam ver o que está acontecendo aqui. — Assegura, fechando o
zíper da calça e voltando o banco para a posição.
Fecho os olhos envergonhada.
— Merda, por que o demônio tem que ser tão tentador, eu só
posso estar possuída. — Murmuro, pensando comigo mesma
enquanto tento arrumar o que sobrou do vestido, já que a calcinha
virou trapos.
Estava tão cansada por tudo que havia acontecido naquela
noite, que eu mal percebi quando Dimitri estacionou no hotel II San di
Catania o mesmo hotel que pousamos ao chegar de helicóptero.
Dimitri estaciona na entrada e logo um dos responsáveis vem para
recolher o carro, abre a porta para mim e saio segurando a frente do
vestido. Dimitri vem até mim e me pega no colo, me constrangendo
na frente de todos os funcionários do hotel, que olham para nós dois
curiosos.
— Eu posso andar — digo baixo para que apenas ele possa
ouvir.
— Você perdeu muito sangue, chega de atividades por hoje —
diz, autoritário e minha vontade é de socá-lo, mas meu corpo está
realmente fraco, a ponto de desmaiar.
Me lembro de entrar no elevador e depois disso apago,
exausta.

Acordo com a boca seca e uma dor intensa no braço direito,


abro os olhos e me vejo em uma cama com lençóis de seda. Me
sento com cuidado e percebo que estou em um belo quarto de hotel,
olho para o meu braço, com um curativo grande e percebo que levei
pontos. Puxo os lençóis que estão sobre meu corpo e me vejo nua e
estranhamente limpa, provavelmente alguém me deu banho. Me
levanto com cuidado, me enrolando no lençol.
— Preparem tudo para a minha volta, eu não quero saber
quem vocês vão ter que subornar ou o que vai ser preciso fazer, mas
eu quero todos os Calvatário mortos. Michelle pagará caro por essa
afronta! — Grita Dimitri da sacada do quarto, com um copo de
uísque na mão, enquanto fala com alguém no telefone. — Foda-se,
Vicenzo, a minha ordem já foi dada! — grita e agora sei com quem
— Todos, todos eles, exatamente, mandem os capos se
prepararem, quero tudo pronto quando voltar à Palermo.
Abro a porta da sacada, fazendo com que Dimitri se vire para
mim.
— Preciso desligar, Vicenzo, faça o que eu disse! — Diz e em
seguida desliga o telefone. — Há quanto tempo está aí? — Ele
pergunta, colocando o copo sobre a mesa.
— Acabei de acordar, foi você quem fez o curativo?! —
Pergunto, apontando para o meu braço.
— Mandei vir um médico para te examinar enquanto estava
desmaiada, a bala pegou de raspão, mas foi preciso dar seis pontos
para estancar o sangramento. Também te dei um banho para tirar
todo aquele sangue do seu corpo.
— Obrigada.
— Não precisa agradecer, é meu dever cuidar de você, vou
pedir que o serviço de quarto traga o café da manhã, você precisa
se alimentar.
— Você não parece ter dormido muito.
— Não dormi, tinha coisas importantes para resolver — diz,
se afastando, indo até a porta, porém, antes que ele saia eu
pergunto.
— Dimitri quem é Michelle Calvatário?
— Um homem morto...
Caos, tudo está um verdadeiro caos. Odeio não ter o controle
em minhas mãos, estou acostumado a controlar tudo e todos. Eu
deveria ter previsto que isso aconteceria, Calvatário está a minha
espreita a tempo o suficiente para eu imaginar que tudo que ele
precisava era um momento de fraqueza, um descuido e ele colocaria
fim à minha vida, tomando o controle da família. E eu dei isso de
bandeja ao sair daquela festa sozinho, sem meus homens, e pior,
coloquei a vida de Katharina em risco.
Meu descontrole quase custou nossas vidas, inferno, justo eu
que me orgulhava do meu alto controle agi como um soldado
amador.
Dou ordens para que Vicenzo reúna os capos da família e
chame nossos informantes dentro da família Calvatário para serem
interrogados e descobrirmos se eles fizeram jogo duplo ou não
sabiam da armadilha. De qualquer forma, eles falharam com a Cosa
Nostra e pagariam caro por isso. Eu tenho a cabeça cheia de
merdas, meu mundo sempre foi brutal, cruel e inconstante.
Alesso, meu capo, foi responsável por colocar três dos seus
homens dentro da família Calvatário, então ficou a cargo dele
conseguir as respostas que preciso.
Volto para a suíte presidencial do hotel, onde provavelmente
Katharina tomava seu café da manhã, e conforme o elevador
privativo sobe, eu lembro do seu corpo pálido e desacordado, com
suas roupas sujas de sangue. Meu corpo ferve de ódio, sua teimosia
quase a levou de mim. Fecho os olhos e tento não lembrar do
momento em que ela colocou a cabeça para fora do teto solar e
levou um tiro. As portas se abrem, tirando-me dos meus devaneios,
caminho até a suíte, entrando e de cara noto a mesa posta para o
café da manhã intocada, o som que vem do banheiro me alerta que
Katharina ainda não saiu do chuveiro.
Enquanto aguardo ela terminar seu banho, pego algo que
trouxe para a viagem na minha mala, colocando sobre a cama e
aguardo ela passar pela porta com os cabelos molhados usando
apenas uma pequena toalha branca. Deixo o que estava fazendo e
caminho em sua direção, a fazendo estancar seus passos e olhar
para mim fixamente.
Apenas dois passos e estou sobre ela, pressionando-a contra
a parede, minhas mãos vão para seu pescoço, seus olhos se
arregalam, mas ela não protesta, então minha boca vai diretamente
aos seus lábios rosados.
Nunca fui de beijar, para mim é íntimo demais deixar uma
submissa me beijar. Mas não beijar Katharina seria um sacrilégio,
seus lábios foram feitos para beijar e morder.
Aperto seu pescoço com força enquanto beijo sua boca,
roubando seu ar e ela não luta, não se debate ou tenta escapar.
Katharina morde minha língua com força e chupa o sangue que
escorre da mesma. Solto seu pescoço apenas para erguê-la em
meus braços, a toalha já se encontra no chão, seu corpo nu está
colado ao meu. Nossos olhos não desgrudaram um do outro nem
mesmo quando arremesso seu corpo contra a cama, arrancando um
gemido de surpresa dela.
— Tem noção do que poderia ter acontecido se aquele tiro
fosse um pouco mais para cima?! — Digo com raiva, olhando para
ela.
Abro os botões da minha camisa social ficando apenas de
calça.
— Se não tivesse feito nada, poderíamos estar mortos, então
não me arrependo — fala, teimosa, mordendo os lábios sem tirar os
olhos do meu peito.
— Você merece ser castigada para aprender a me obedecer.
— Você está brincando, não é? — fala debochada.
— Não, amore mio, você não tem noção do quanto eu
gostaria de espancar essa bunda branca com a minha chibata, mas
não farei isso, não hoje, quando você ainda não está bem.
— Como se eu fosse deixar você me espancar — diz,
teimosa.
— Ah, bella mia, seu castigo será tão prazeroso para mim,
você não tem ideia. — Falo, pegando sua perna e só então ela
percebe as correias de couro em cima da cama.
— O que você pretende com isso? — ela questiona, mas sei
que está excitada com a expectativa do que irei fazer, no entanto,
como uma boa brat, ela prefere lutar contra.
— Adivinha, bella mia — falo, me ajoelhando, prendendo seu
pé na correia e no dossel da cama, Katharina luta, mas o ombro
ferido a impede de continuar. — Quietinha, não queremos que abra o
ferimento.
— Eu não sou um brinquedo, Dimitri.
Ela tenta se soltar, mas sou mais rápido e prendo sua outra
perna no dossel, deixando-a toda aberta para eu castigá-la.
— Não, amore mio, você é muito mais que isso, você é minha
esposa teimosa, que precisa de um castigo.
— Não ouse — ela fala quando escorrego minhas mãos por
suas coxas.
— Eu posso sentir o cheiro da sua excitação, bella mia, mas
fique sabendo que seu castigo será ficar sem gozar.
— Não seja um babaca, Dimitri, me solta daqui.
— Apenas quando eu conseguir o que quero, bella rosa. —
Digo, dando um tapa forte na sua coxa, admirando as marcas que
ainda estão na sua pele, da nossa primeira noite.
Porra, como ela pode ser tão perfeita, apenas de ver minhas
marcas em seu corpo e eu já fico tão duro que aposto que, com um
mínimo toque dela, eu gozaria.
Subo sobre seu corpo, tomando cuidado com seu ombro,
pego-a pelo cabelo, fazendo seu corpo se curvar para mim e beijo
sua boca com brutalidade. Vou descendo minha boca em direção ao
seu pescoço, Katharina grita quando mordo o mesmo e vou
descendo meus lábios até seus seios fartos, os bicos rosados estão
duros de excitação. Ela tenta lutar, mas eu sei que ela gosta de ser
dominada. Mergulho minha boca naqueles peitos gostosos, chupando
com força enquanto Katharina apenas se contorce. Com a mão livre
eu belisco o biquinho do seio direito enquanto o esquerdo era
mamado.
A safada não aguenta, soltando um gemido rouco e puxa meu
cabelo, esfregando meu rosto mais e mais nos seus montes
carnudos. Devagar, eu vou descendo meus lábios pelo seu umbigo e
passando lentamente por toda sua pele pálida em direção a sua
boceta, que está escorrendo de tesão, mesmo ela tentando negar.
Olho para Katharina e a vejo de olhos fechados e com boca aberta,
sedenta por um orgasmo.
— Nunca mais vai colocar sua vida em risco como hoje. —
Falo, dando um tapa forte na sua boceta e ela treme.
— Merda, Dimitri, para de me torturar!! — ela grita.
— Eu só estou começando, bella rosa.
Olho para sua boceta rosada, toda molhada e sinto minha
boca encher de água, seu sabor ficou gravado em minha mente.
Inferno de mulher tentadora, Katharina parece uma deusa assim,
toda aberta para mim, uma perfeita Afrodite.
Enfio a língua bem devagar no meio daquela boceta, ela geme
e eu avanço, penetrando-a com a língua. Ela se contorce, tentando
gozar, mas eu tiro minha língua do seu clítoris e chupo os grandes
lábios. Abro bem sua boceta e passo meus lábios de baixo para
cima, do seu cuzinho até seu clítoris, Katharina fica a cada segundo
mais molhada.
Seu sabor escorre pela minha boca, mas não a deixarei gozar.
Bem devagar, vou descendo até a sua bunda gostosa, abro bem e
vou enfiando a língua no seu cuzinho, seu corpo se arqueia, porém,
antes que ela tenha seu orgasmo eu me afasto e estapeio sua
bunda.
— Merda, Dimitri, eu te odeio.
— Eu sei, amore mio, pode me odiar, acontece, desde que
não coloque sua vida em risco novamente — digo e coloco dois
dedos dentro da sua boceta, mas não mexo, não do jeito que ela
quer. — Não vejo a hora de ter meu pau aqui — digo, chupando seu
cuzinho gostoso, vendo sua pele arrepiar.
— Nem fodendo que vou deixar isso acontecer!!!
Acerto outro tapa, dessa vez em seu seio e ela se cala
surpresa. Tiro meus dedos molhados da sua boceta e lentamente
vou colocando no seu cuzinho.
— Merda!! — Geme, fechando os olhos, sei que ela ama a
dor.
Lentamente deslizo o dedo dentro do seu buraquinho
apertado, porém, antes que ela chegue ao limite, eu paro. Katharina
abre os olhos, olhando-me frustrada e vermelha de raiva.
— Você tá brincando comigo não é!? — Fala, inconformada.
— Esse é seu castigo, amore mio — digo, soltando as
amarras libertando suas pernas.
— Nunca achei que você fosse o tipo de homem egoísta —
ela tenta atacar meu ego para que eu de o que ela precisa.
— Como eu disse, esse será o seu castigo, querida, agora
venha comigo, eu vou te ajudar no banho para garantir que você não
vá se tocar — falo com um sorriso provocador no rosto e ela bufa,
se levantando da cama indo para o banheiro.
Olho para a revista em minhas mãos e não consigo acreditar
no que estava vendo. Era como ver a minha vida sendo vivida por
outra pessoa, minha vida sendo roubada de mim por uma maldita
bastarda russa.
Na capa da maior revista de fofoca da Itália está ela, a vadia
russa, ao lado do meu amor e a manchete de destaque diz:
"O solteiro mais disputado da Itália foi fisgado pela belíssima
herdeira russa. Ninguém sabe quando foi realizado o casamento ou
há quanto tempo eles estavam noivos. Mas, nossas fontes dizem
que o casamento ocorreu na Rússia e que o casal está muito
apaixonado."
"Para as solteiras da Itália, não fiquem tristes, ainda restam
dois dos irmãos Salvatore solteiros."
Fecho os olhos e me lembro da última vez em que estive nos
braços dele, foi tão intenso, ele me jogou sobre a mesa do seu
escritório, depois de chegar do almoço. Ele estava tão enfurecido, foi
tão bruto que me marcou toda e se eu fechar os olhos ainda posso
sentir o chicote de couro estalando na minha pele.
Dimitri nunca ficou tanto tempo sem foder, estava acostumada
a ver ele com as outras escravas, pois sabia que mesmo que ele
estivesse com Lany e Denise, no fim eu era a única que passava
mais tempo com ele, não só aqui na Cosa Nostra, como também na
fortaleza. O sorriso da vadia na foto parece zombar de mim e em um
ataque de fúria eu me descontrolo e começo a rasgar toda a revista,
derrubando tudo que está sobre a minha mesa. Chorando de ódio eu
destruo toda sala.
Me encolho na parede e choro, amarga.
— Eu não vou perdê-lo, Dimitri é meu e de mais ninguém, ela
não vai tirar ele de mim — digo, soluçando. — Eu preciso acabar
com essa miserável. Depois da maldita prova até o Vicenzo, que
achei que era meu aliado, virou para o lado daquela bastarda. Eu
preciso quebrar toda essa confiança que eles estão botando nela, de
alguma forma eu preciso fazer Dimitri odiá-la, aí sim será fácil me
livrar dessa maldita russa.
Me levanto, renovada com a ideia que me vem à mente, limpo
meu rosto, sorrindo, ajeitando meus cabelos.
— Você não é páreo para mim, maldita — falo, pisando bem
em cima da imagem do rosto dela, que sobrou dos pedaços da
revista.
Saio da minha sala e grito pelo nome da imprestável da
Eudora.
— Desculpe, senhora, eu estava organizando os balancetes
que a senhora pediu — ela fala, chegando toda atordoada.
— Seja menos imprestável, sua lerda, estou saindo e quero
que você limpe toda a minha sala e organize tudo.
— Certo, vou chamar o pessoal da limpeza.
— Nada disso, não quero essas pessoas estranhas na minha
sala, você é quem vai limpar, volto só na parte da tarde e espero que
tudo esteja do jeito que gosto.
Nem ouço sua resposta, entro no elevador, saindo do prédio,
vou direto para o centro de Palermo, entrando no shopping,
confirmando novamente se ele estará a minha espera.
Entro na praça de alimentação e vejo Marcelo na mesa, me
esperando. O conheci quando precisei entrar em contato com um
zoológico, atrás de uma maldita fêmea para aquele animal estúpido
que ele tanto cuida.
— Buongiorno, Marcelo.
— Buongiorno, senhorita Sortini, é um prazer revê-la depois
de tanto tempo. Confesso que fiquei curioso com o motivo da sua
ligação e desse almoço.
— Imagino que sim, vamos nos sentar, temos muito a
conversar. — Sorrio, sabendo que em breve Katharina não será mais
um obstáculo para a minha felicidade.

A viagem é rápida, eu odeio surpresas e detesto não saber o


que vai acontecer, mas pelo menos a expectativa para chegarmos
distrai minha mente daquele quarto de hotel. Sinceramente, não sei o
que está acontecendo, basta um toque dele e eu me rendo, o infeliz
tem uma boca maravilhosa e nunca senti um tesão tão grande.
Sinto meu corpo frustrado e juro que assim que chegar em
Palermo vou comprar um belo vibrador, não vou depender de filho da
puta nenhum, sorrio só de imaginar.
O helicóptero faz uma manobra e fico sem fôlego quando
percebo onde estamos. O grande vulcão está bem na nossa frente e
do alto eu posso ver toda a grandeza e beleza da Europa Continental
e o único vulcão a ter entrado em erupção nos últimos cem anos.
— Imaginei que você ia gostar de conhecer a cidade
arqueológica de Pompeia — fala Dimitri, olhando para mim.
Nem consigo responder, estou encantada com a beleza da
bela cidade de Nápoles.
O helicóptero pousa e Dimitri me ajuda a descer, alguns
seguranças nos esperam do lado de fora. Entramos no carro, que
nos aguarda e fico ansiosa para conhecer Pompeia, a cidade
histórica romana que foi totalmente destruída pela erupção do
grande vulcão Vesúvio.
A cidade foi totalmente soterrada pelas cinzas e lava do
vulcão, quase vinte mil pessoas conseguiram escapar, porém muitos
dos habitantes da cidade foram mortos pela grande erupção. A
cidade de Pompeia foi redescoberta em meados do século XVIII,
aparentemente intacta. Ela estava completamente soterrada pelos
detritos da erupção e pelo que li hoje é o mais importante sítio
arqueológico da era romana. E um dos lugares mais visitados em
toda a Itália.
Entramos no carro, indo em direção onde está a cidade.
— Contratei uma guia turística para te mostrar toda cidade,
mesmo achando que provavelmente eu, como bom italiano, seria um
guia melhor que ela — fala, se gabando.
O carro para na entrada do sítio arqueológico, a natureza é
realmente impressionante e de um ar rústico e fascinante. Dimitri
abre a porta para mim e segura minha mão, nos guiando até a
entrada da cidade. Uma ruiva de olhos claros nos esperava na
entrada.
— Bom dia, vocês devem ser o senhor e senhora Rinna?
— Sim, você é a guia turística e arqueóloga Marina, correto?
— Sim, eu mesma, é um prazer imensurável conhecer o
senhor. — Ela fala, quase escorrendo baba pela boca.
— Vamos, estou ansiosa para conhecer a cidade.
— Claro, senhora — diz, tentando disfarçar o constrangimento
e nos entrega dois folhetos, um que conta a história de Pompeia e
outro com o mapa da cidade, para que possamos nos localizar.
— A cidade é surpreendente, já tinha visto fotos de Pompeia,
mas nada se compara a estar aqui vendo com meus olhos dois mil
anos de história. — Digo.
— O sítio arqueológico retrata o melhor exemplo da vida na
Roma antiga. A maioria dos turistas vem pela estação de trem, que
foi construída após a descoberta da cidade, muito ainda está sendo
escavado e descoberto, mas tenho certeza que o senhor vai amar
conhecer a cidade — fala a ruiva, ignorando que eu estou aqui.
Dois portões nos indicam a entrada da cidade. Pego meu
celular para tirar várias fotos.
— Esses portões costumavam ficar abertos durante o dia,
devido ao comércio intenso na cidade e durante a noite era
totalmente fechado e vigiado por conta das invasões. — Fala Dimitri,
apontando para o portão.
Logo que nós entramos, podemos ver onde deveria ser o
Porto.
— É importante relembrar que Pompeia era uma cidade
litorânea e foi o monte Vesúvio que mudou isso trazendo terra e
muito detrito, mudando todo o lugar. — Fala a guia.
Reparo que as ruas são todas de pedras grandes,
rudimentares, o que demonstra o quanto à população de Pompeia
era evoluída.
— Esse grande salão que vamos entrar é o fórum da cidade e
lá atrás é o templo de Júpiter. Aqui, onde podemos ver apenas um
andar, na verdade eram três. O templo de Júpiter é um dos mais
importantes para os romanos na cultura grega, ele o deus júpiter
também era chamado de Zeus e sua estátua está praticamente
intacta.
Dimitri está tão tranquilo, me contando sobre a cidade, que
chego a estranhar, em nada se parece com o mafioso italiano que
conheço. Quem nos vê apenas imagina que somos um casal de
turistas conhecendo a bela cidade.
Conhecemos a cúria, uma espécie de prefeitura da época, o
templo, a basílica que na verdade era o tribunal e a praça onde
acontecia o grande comércio.
A voz da tal guia já estava me irritando e nem mesmo a beleza
de Pompeia conseguia aplacar a voz de galinha que ela tem.
— Katharina, vem, você precisa ver o banheiro público da
cidade, é um dos lugares mais peculiares de Pompeia — Dimitri me
chama, ignorando a guia que queria nos levar até a via da
Abundance. — Não precisa nos acompanhar, senhorita Marina, daqui
em diante eu mostro o resto da cidade para minha esposa — ele diz
friamente.
Um dos homens de Dimitri se aproxima e a acompanha para a
saída do local.
— Aqui era a área separada para os homens e do outro lado
à área das mulheres. Olha lá para cima — ele aponta para um rosto
entalhado em mármore. — Aquele ali é Netuno, na mitologia grega,
Poseidon, o Deus dos mares.
Tiro várias fotos e fico encantada com o passeio. A cada
segundo eu fico mais apaixonada pela Itália. Dimitri se mostra gentil
e me aponta todos os detalhes da cidade, mas o que mais me choca
são os corpos das vítimas do vulcão.
— Muita gente que vem aqui, vê esses moldes e acaba
confundindo com corpos carbonizados da erupção, que ficaram
naquele formato, mas não é bem assim. O que aconteceu foi que a
erupção foi tão intensa, que os gases tóxicos das cinzas sufocaram
as pessoas imediatamente e ao mesmo tempo foram soterrados.
Somente depois foi que essa terra se solidificou e mais tarde os
cientistas acabaram descobrindo esses espaços vazios e decidiram
preencher com gesso. — Fala sorrindo, apontando para o corpo.
— Isso é incrível, eu sempre imaginei que eram os corpos das
vítimas do vulcão — falo chocada com a imagem de uma estátua.
— Dois mil anos depois esse é o lugar mais visitado de toda
Pompeia — explica Dimitri, indicando a porta de uma casa — Esse é
um dos bordéis da cidade — fala, indicando para que eu entre. —
Ele costumava ser chamado de Lupanare, dizem que é por conta das
prostitutas, que eram chamadas de lupi devido aos sons que elas
faziam para atrair as clientes.
É um lugar bem simples, com alguns desenhos pornográficos
na parede, até mesmo nomes de algumas das garotas que
provavelmente trabalhavam aqui. Toco a parede de pedra e imaginei
quantas mulheres passaram por esse lugar e quantas histórias
aconteceram aqui há dois mil anos atrás. Os seguranças de Dimitri
bloqueiam na porta e ninguém mais entra, então posso aproveitar e
fotografar bem o lugar, pretendendo enviar para minha mãe, que é
apaixonada por história e arqueologia.
Dimitri me assusta quando se aproxima de maneira
impetuosa, seu olhar está carregado de desejo. Engulo em seco,
sem saber o que ele vai fazer.
— Coloque as duas mãos contra a parede.
— Você tá brincando, não é? Qualquer um pode entrar aqui.
— Ninguém irá entrar, eu garanto — ele rosna.
Sua mão sobe para a minha garganta, apertando-a levemente
entre os dedos.
— Você me ouviu, bella mia. Curve-se e coloque as mãos na
parede, agora — diz, com sua voz de comando e eu confesso que
mesmo não querendo, a traidora da minha boceta já estava
encharcada. Eu faço como me foi dito, apoio minhas mãos contra a
parede enquanto ele se move atrás de mim. Suas mãos encontraram
minha bunda e eu engasgo quando ele empurrou meu vestido para
cima.
— Eu deveria castigá-la por mais tempo, você não merece
recompensa, não depois de ter se arriscado ontem, mas eu vou
enlouquecer se não foder você duramente contra essa parede.
Fecho os olhos tentando segurar um gemido, o medo de
alguém nos pegar aqui apenas me deixa mais excitada, sem contar
que os seguranças poderiam ouvir o que estávamos fazendo.
Totalmente imoral, profanando a cidade. Deus, eu não deveria fazer,
não deveria, mas seria mentira se dissesse que não o queria dentro
de mim.
Suas mãos são rápidas, afastando minha calcinha e ouço o
zíper da sua calça abrindo.
— Muito bem, mi amore. — Diz com os dentes cerrados, sua
palma sobre minha bunda e seu pau me alargando por trás.
A posição não ajudava a conter os meus gemidos, mas eu já
não estava ligando se era tão errado, tão sujo. Eu só queria gozar.
Dimitri mete sem dó nem piedade em minha boceta, enquanto eu
mordo meus lábios para não gritar. Ele puxa meu cabelo para trás e
beija meu pescoço. Ele é tão rápido e duro que logo me vejo
gozando. Ele não me dá um segundo para respirar, me vira de frente
para ele, beijando meus lábios fortemente, erguendo minhas pernas
colocando-me em seu colo, assim mesmo, em pé, com apenas seus
braços me sustentando e me fode de maneira devassa. Eu o ouço
rosnar de prazer e de tesão, com seus olhos famintos colados em
mim. Inclina seus lábios suavemente para, em seguida, morder meu
pescoço e eu ofego, querendo gozar.
— O que você quer, Katharina, do que você precisa? — Ele
pergunta.
Ele estava me provocando, eu sabia disso, ele é um predador
e eu sou apenas a sua caça.
— Me faça gozar — falei de uma vez e é o bastante para ele
intensificar os golpes e juntos desabamos em um devastador
orgasmo.

Não consigo nem olhar na cara dos homens de Dimitri depois


de Pompeia. Almoçamos em Nápoles, em um restaurante acolhedor
de um dos "amigos" da Cosa Nostra.
Depois da manhã maravilhosa e começo de tarde, estávamos
mais uma vez no helicóptero, porém, dessa vez um clima fúnebre,
tenso já tomava conta de nós dois. Voltar para Palermo é como
voltar para a realidade e como um tapa na cara para a vida real.
Quando caminho junto de Dimitri para a entrada da fortaleza, eu
estremeço, me sentindo uma completa imbecil ao ver Natasha se
atirando em Dimitri assim que passamos pela porta de entrada. Solto
sua mão, como se ele estivesse contaminado de radiação. Sinto
nojo, asco de mim mesma por ter me deixado levar pela luxúria e
pelo desejo quando na verdade sei que não passo de mais uma na
cama desse mafioso de merda.
Dimitri afasta o toque de Natasha, com raiva e olha para ela
duramente.
— O que está fazendo aqui?
— Eu vim ver como estava, Vicenzo comentou sobre o tiroteio
e fiquei preocupada. Não consegui pregar o olho essa noite de tanta
preocupação — fala a cobra fingida.
— Ah, Hollywood está perdendo uma grande atriz. Eu posso
saber o que tá fazendo aqui, cyka?
— Não sabia que estava proibida de vir na casa onde morei
por tanto tempo.
— Pensei ter deixado claro o que aconteceria com você caso
botasse os pés aqui novamente.
— Vá, Natasha, avise Lorenzo que em meia hora quero todos
para a reunião — ele fala, dispensando a cadela, porém eu nem
espero a cobra sair, viro as costas e subo as escadas direto para o
quarto, sentindo toda a alegria de mais cedo evaporar.
Katharina sobe para o quarto sem nem mesmo olhar para trás
e minha cabeça começa a latejar. Eu poderia ir atrás dela e ensiná-la
a não virar as costas para mim, porém não tenho tempo a perder
com essas futilidades de mulher. Uma hora ou outra ela terá que
entender que Natasha não é uma ameaça ao seu posto, ela sempre
será a minha esposa, a senhora da máfia, mas um homem como eu
precisa de várias submissas para o meu desejo sádico. Vicenzo me
liga avisando que já estão todos me aguardando na sede. Antes de
sair da fortaleza me certifico que a segurança seja redobrada e
proíbo a saída de Katharina. Não quero ela fora desses muros
enquanto Calvatário estiver respirando.

Em pouco tempo chego à sede da Cosa Nostra, vou direto a


sala de reuniões, encontrando todos a minha espera. Assim que
entro todos se levantam, vou para minha cadeira, me acomodo e só
então começamos a reunião. Sentados ao redor da mesa estavam
todos os meus capos, todos aflitos. Foram horas de reunião e não
conseguimos descobrir como o maldito Calvatário sabia da viagem.
— Não acho aconselhável agirmos hoje. O melhor seria
planejar antes.
— Sou obrigado a concordar com o conselheiro. A avenida é
muito movimentada e muitos civis estão na rua — fala Alesso, chefe
da família Luchese, o que me faz olhar para ele e tentar entender
quando foi que um dos capos da família se tornou um fraco.
— Nós somos a maioria, foda-se o desgraçado do Michele
Calvatário, ele não se conforma com o golpe contra o Navarro, onde
nosso Boss tomou o controle da Cosa Nostra, mas no fim ele não
passa de um farabutto. — Fala Dante, da família Bruschetta.
— Tivemos muito trabalho para limpar o local, foi sorte que
nem a imprensa nem a polícia chegaram durante o tiroteio. — Fala
Vicenzo, me irritando.
— Nada que um suborno não dê jeito — diz Damon Camorra.
— Nosso informante confirmou que hoje à noite acontecerá a
festa de aniversário do neto de Michele, filho de Giovane. O garoto
tem onze anos e tudo indica que o bambino chegou à idade para
começar o treinamento. Sua esposa e noras estarão lá.
— A casa do estronzzo está sendo vigiada. Qualquer
movimentação e saberemos no mesmo minuto. — Fala Lorenzo,
colocando algumas fotos tiradas pelo informante, da entrada da casa
de Calvatário — Nós podemos invadir a casa dele pela manhã. O
miserável está quebrado.
— A família não tinha tanto poder, são poucos homens
vigiando a casa, os poucos que restaram da família Navarro e que o
apoiam estão em Taormina. Meu esquadrão está preparado para
invadir o galpão dele na hora que precisarmos — fala Juliano que,
mesmo sendo o mais velho do grupo, ainda mantém o sangue
siciliano forte nas veias.
— Eu penso que o melhor...
Levanto a mão, calando Alesso antes que ele fale mais
alguma merda.
— Esta reunião não foi convocada com o intuito de saber a
opinião de vocês,, a respeito de Calvatário. O conselho foi
convocado para anunciar que esta noite estaremos dizimando toda a
família.
— Isso acaba hoje, nenhum Calvatário viverá um dia a mais.
— A sentença foi dada e a sentença será cumprida — falam
todos, cumprindo o código da Omertà, conjuntos de lei, códigos e
ordens da Cosa Nostra.
Em menos de três horas tudo já estava pronto, Daniela, nossa
hacker, já tinha interceptado todas as câmeras de segurança da
avenida Lazio, como também da restaurante onde a comemoração
aconteceria. Quatro dos nossos homens já estariam dentro da casa,
enquanto a maioria chegaria de carro e cercaria o local.
— As mulheres e o menino devem ser poupados — diz
Vicenzo.
— Nenhum Calvatário deve sair vivo essa noite! — Digo,
amargo. — Foi por causa dessa maldita família que minha mulher e
eu quase morremos. Em primeiro lugar, nunca deveríamos ter
poupado eles quando derrotei Navarro, naquela época Michelle já
demonstrava que não aceitaria a derrota do seu padrinho facilmente.
— Falo, me lembrando que se tivesse matado o maldito na época
que tomei o poder de Navarro, nada disso estaria acontecendo.
— Nós não agimos assim — fala Lorenzo.
— Isso não faz parte do código da família, não mexemos com
a família. — Fala Alesso enquanto coloca duas pistolas na cintura.
— Pois isso mudou a partir de agora — digo friamente,
desafiando qualquer um dos capos que queira me contestar.
Todos se calam e continuam a arrumar seus equipamentos
para o massacre.
— Chefe, como seu conselheiro eu recomendo que fique na
sede da Cosa Nostra e nos auxilie daqui, não é preciso que esteja
em Lazio se expondo. — Fala meu irmão, Lorenzo.
— Não perderei a festa por nada — digo de maneira sádica,
escolhendo o rifle Helckeler como arma.
Após colocar minhas luvas de couro, estamos devidamente
prontos. Saímos da sede da Cosa Nostra em direção ao centro de
Palermo, especificamente para a avenida Lazio.

Nossos homens estão vigiando a mesa do Calvatário pelo


celular. Já dentro do carro, a caminho do restaurante, eu vejo o
maledeto levantando a taça para brindar junto com a família. Sorrio,
pensando que essa será a última vez que ele brindará na vida.
No total estamos em sete carros, todos blindados, com placas
frias. Daniela está na sede tomando, conta das câmeras da cidade,
assim nos avisará caso a polícia apareça.
Dante Bruschetta, Alesso Luchese e Vito Genovese estão
junto comigo, cada um em seus respectivos carros. Damon Camorra
já está nos esperando do lado de fora, com seus homens. Apenas
Juliano Sacra fica na sede para dar cobertura a nós, Tom Ndrangreta
fica responsável pelo cerco na sede de Calvatário e Vicenzo, por ser
o subchefe, não poderia estar aqui, já que fiz questão de vir eu
mesmo acabar com Calvatário. E, caso algo de errado aconteça
essa noite, ele estaria no comando da família.
Nossos carros param, cercando o quarteirão e tudo começa.
Os homens de Calvatário, assim que nos veem descendo, abrem
fogo e o cerco está armado.
Alguns civis gritam, tentando correr quando o tiroteio começa.
Os gritos e sons dos tiros são como música para a minha
Besta, a sede por sangue e morte toma conta de mim e aquela
adrenalina familiar me assola. Aponto minha arma para um dos
desgraçados à direita, dou dois tiros certeiros e ele cai no chão.
O fogo continua, Lorenzo corre em meio às balas, em direção
à entrada, os gritos estão mais altos, se misturando com o som das
balas. Alguns dos nossos homens são atingidos, eu me escondo
atrás de um dos carros quando vejo Damon sendo atingido na coxa.
— Figlio di puttana!!! — ele grita enquanto atira no miserável
que o atingiu.
Alesso corre até ele e o arrasta até atrás de um carro. Com
meus passos calculados, continuo indo em direção à entrada. Um
dos miseráveis me pega de surpresa, atirando em minha direção e
antes que a bala me acerte, Lorenzo me joga no chão.
— Você está ferido?!! — Ele grita, perguntando.
— Me dê cobertura! — falo, fazendo um gesto com a mão.
Abaixo a cabeça com a arma nas mãos e caminho entre os
carros e corpos caídos no chão. Nos esquivamos quando os tiros
ficam mais fortes. Dante corre atrás de um dos homens que tenta
fugir com o carro. Sorrio, o vendo pegar o desgraçado pelo paletó e
simplesmente o degolar usando sua faca, a cabeça é jogada no
banco do motorista.
— Tem cinco na porta, eu pego os da direita e você os da
esquerda, um deles está escondido atrás da placa. — Falo,
apontando para a entrada do restaurante.
Nos dividimos e rapidamente eu dou cabo de um dos
maledetos, porém as balas da minha arma acabam. Me jogo no chão
antes que um tiro me acerte, pego as duas pistolas no coldre e com
dois tiros certeiros eu acabo com os últimos dois que ainda restam
vivos.
Dante aparece do meu lado, todo coberto de sangue e um
sorriso sádico.
— Uma bela noite, meu amigo — digo, rindo ao ver a
quantidade de corpos espalhados pela Lazio. Lorenzo e Alesso vêm
em minha direção.
— Onde está Vito? — Pergunto a Damon que, mesmo ferido,
caminha até nós.
— Vito foi ferido nas costelas, ordenei que o levassem direto
para ser atendido pelo médico na sede.
— Como você está, cara? — pergunta Dante, olhando para
ele, que ainda está sangrando, mas se mantém firme, como deve
ser.
— Não vai ser essa balinha que vai me parar — ele ri e
amarra uma tira do próprio paletó na perna para bloquear a perda de
sangue.
Entramos dentro do Gagini restaurante, quatro dos nossos
homens já tinham rendido toda a família Calvatário e dois
seguranças. Os civis estavam todos apavorados, chorando
abaixados debaixo das mesas.
O cheiro de medo e terror pairava por todo o lugar. Meu alvo
está com as mãos na cabeça e uma nove milímetros apontada para
si, enquanto suas noras e esposa choram desesperadamente.
— Deem o fora daqui antes que nós resolvamos dar cabo de
vocês também. — Fala Lorenzo para os clientes e funcionários do
restaurante.
— Estejam cientes que o que aconteceu fica aqui, a Cosa
Nostra não perdoa traidores.
Todos abaixam a cabeça e vão saindo um a um, restando
apenas nós e a família Calvatário.
— Bom trabalho, rapazes — falo aos meus quatros soldados
que provaram seu valor essa noite — Agora tirem o resto do lixo —
falo, olhando para um dos seguranças de Michelle que se urina de
medo. — Patético, chega a ser vergonhoso presenciar um covarde
desse.
Lucky acerta dois tiros na cabeça do primeiro, que cai sobre
uma cadeira com um buraco do tamanho de uma tangerina no rosto.
Cezar abate o mijão, que ainda tenta correr, mas acaba caindo
morto no chão. As mulheres gritam, ainda mais assustadas.
Pego uma cadeira caída no chão, arrastando-a até estar bem
na frente de Michelle e sua família. Tiro as luvas cheias de sangue,
colocando-as no bolso do meu paletó. Não se ouve nenhum som na
sala, apenas os murmúrios das mulheres assustadas.
Acendo meu charuto cubano e solto a fumaça, sentindo o
sabor suave do tabaco.
— Como as coisas chegaram nesse ponto, eu sinceramente
não sei. Você foi tão infeliz, tão desnecessário, Calvatário, estava
pedindo para morrer.
— Você nunca foi digno de ser o Capo dei capi. Não passa de
um impostor, nem sangue das primeiras famílias você tem, não
deveria estar nesse cargo, não possui onore.
— Você, Calvatário, não tem o direito de falar de onore, não
passa de um invejoso desonesto — digo friamente.
— Ah, claro, você é um homem honesto e de honra. Como é
mesmo o nome que chamava Navarro? Il mio capo. Seu pai não
passava de um soldado e você teve sorte de Navarro ter pena de um
moleque selvagem de dezesseis anos, ele o tratou como um figlio.
— E você, como um fracote que sempre foi, não aguentou,
não é Michelle? Nunca aceitou o fato do seu padrinho preferir a mim,
a Besta selvagem, a seu próprio sangue. No fim, você estava certo,
Navarro foi apenas um degrau para minha subida ao poder.
Lorenzo ri.
— Sim, eu mesmo matei o filho da puta e tomei o que queria
para mim! — Digo, entediado com todo esse drama.
— Sempre foi o preferido dele. Ele ensinou tudo que sabia a
você e não imaginava que estava apenas criando uma serpente
dentro da família, que o eliminaria.
— Exatamente, e agora estou aqui para eliminar a família
Calvatário. — Falo, com um sorriso sádico na boca.
— Apenas faça o que tem a fazer e deixe minha família em
paz! — Ele grita.
— Você está morto, caro amigo, homens mortos não dão
ordens. — Falo, apagando o charuto e uma das mulheres começa a
chorar desesperada.
— Eu não suporto choro, mate essa mulher de uma vez! —
Falo, sem paciência para a vadia.
Dante puxa a vadia da cadeira pelos cabelos, seu marido
tenta impedir, mas com a arma de Rick na sua cabeça, ele é
impedido. Ele a coloca de pé e atira bem no meio da cabeça da
cadela. Seu corpo sem vida desaba no chão.
— Vamos lá, quem é o próximo?!
— Você não pode fazer isso, eles estão protegidos pela
Omertà. — Ele tenta gritar e vir em minha direção, mas é contido
pelos meus homens.
— Eu sou a única lei e ordem nesse restaurante, caro amigo,
quem faz as regras sou eu. Você assistirá à morte de toda sua
família e quando todos estiverem mortos em sua frente eu serei
misericordioso e livrarei a Itália de um parva como você.
— Você não pode, seu miserabile de merda!!! — Outro filho
tenta protestar.
— Lorenzo, vamos começar com aquele ali — aponto para
Renato, o sobrinho.
Ele puxa o garoto pelo cabelo e o coloca de frente para
Michelle, de joelhos, para em seguida dar um tiro na sua nuca. Um a
um vão sendo mortos, cada capo faz questão de matar ao menos um
Calvatário.
O chão de madeira polida fica vermelho com o sangue
maldito, mas quando chega à hora da sua esposa Magnólia, ele não
aguenta e deixa as lágrimas caírem.
Me divirto com sua cara de pânico quando Lorenzo arrasta o
corpo sem vida da mulher para junto aos outros. Faltava apenas um
dos seus filhos, quando algo inesperado acontece, no exato
momento que Lorenzo estava abaixado, tiros são disparados em sua
direção. Todos olharam alarmados para a direção de onde as balas
vêm e tudo acontece muito rápido, meu irmão é atingido no
abdômen, mas revida. Olho estático para o nipote que estava todo
esse tempo escondido debaixo da mesa com uma arma e atirou no
meu irmão. O mesmo cai no chão, com um tiro no pescoço.
— Louis!! — grita Calvatário, em choque ao ver o neto morto.
Seu filho está estático, sem ação.
— Como não viram o menino?! — grito a Rick, que socorre
Lorenzo junto com Damon, que pressiona o ferimento.
Me levanto, tiro a faca da perna, puxo Giovane e corto seu
pescoço.
— Nada disso estaria acontecendo se não fosse tão
ambicioso, o sangue da sua família foi parar em suas mãos quando
mandou seus homens atacarem a mim e minha mulher.
Puxo seu corpo para frente, ele não luta, depois da morte de
sua família, é melhor morrer do que viver com a culpa. Em meu ato
de misericórdia final, enfio a faca no seu abdômen e, com toda a
força, arrasto-a para cima, o rasgando inteiro.
A família Calvatário já não existe mais...
Eu não vejo mais Dimitri naquela tarde, tento não pensar no
que ele estaria fazendo na sede, com aquela cadela. Eu não tinha
direito de sentir ciúmes, eu nem mesmo gostava dele, tudo não
passa de tensão sexual, de prazer. Não tem como negar o quanto
ele sabe fazer as coisas. A maneira como ele me dominou contra as
paredes de Pompeia foi tão intensa, insana e ao mesmo tempo
extraordinariamente prazerosa. Não posso negar que agora entendo
porque essas vadias se jogam no colo desse canalha, ele sabe como
satisfazer uma mulher. Seja lá o que tiver acontecido nessa viagem,
acabou ao chegarmos em Palermo, não posso e não deixarei pau
nenhum me manipular. Não serei mais uma cachorrinha em sua
coleira.
Tomo um banho relaxante, o curativo havia sido refeito e eu
não sentia dor, apenas uma pontada quando movia o ombro. Durmo
boa parte da tarde e quando acordo, a lua já estava alta e nenhum
sinal de Dimitri. Estava acostumada com os jantares pontuais entre
os Rinna. Luigi faz um ótimo trabalho comandando a fortaleza, esse
lugar é quase tão grande quanto o que eu morava na Rússia,
entretanto, mesmo encantada com a Sicília, não deixo de sentir falta
de Aslan, da minha mãe e até mesmo do meu pai. Ivana, como ela
faz falta, porém o meu destino é aqui na Itália, na Cosa Nostra e
nada que eu faça irá mudar isso, então darei o toque russo à família.
Sorrio, pensando que eu posso ajudar a salvar Rebeca do
babaca desgraçado do Dante, ainda não sei como, mas tenho que
ajudá-la o quanto antes.
Desço as escadas e encontro Luigi na entrada da sala de
jantar.
— Boa noite, senhora, ia chamá-la para avisar que o jantar já
está pronto.
— Obrigada, Luigi, Dimitri já chegou?!
— Ainda não, senhora, o senhor Vicenzo pediu para que
servisse a mesa apenas para ele e a senhora.
— Ótimo, sabe me dizer se as mudas que pedi para a
reforma do jardim foram entregues?
— Sim, amanhã mesmo Romeu virá bem cedo, com mais dois
jardineiros, para começar.
— Perfeito, o quanto antes começar, mais rápido essa casa
vai ter um pouco de vida.
— Se me permite dizer, senhora, essa casa começou a ter
vida desde a sua chegada, todos gostamos muito da senhora.
— Obrigada, eu também gosto de todos, falando nisso, não é
necessário que fique trabalhando até tarde, depois de servir o jantar
pode se recolher e descansar, não é fácil comandar uma casa desse
tamanho.
Me despeço dele e vou para a sala de jantar, encontrando
Vicenzo com uma taça de vinho na mão, concentrado no celular.
— Então seremos só eu e você essa noite?! — digo,
chamando sua atenção.
Vicenzo olha para mim e sorri, ainda é estranho vê-lo tão
simpático.
— Dimitri está resolvendo negócios da família junto com
Lorenzo.
Me sento em meu lugar e logo Monalisa serve uma taça de
bordo(?) para mim.
— Eu imagino que ele tenha muitos negócios para resolver, a
amante esteve aqui para mostrar o quanto estava ansiosa para
discutir os negócios da família — falo sarcástica, levando a taça aos
meus lábios.
— Natasha esteve aqui? — Pergunta, confuso.
— Sim — falo, pegando os talheres, quando Luigi coloca uma
deliciosa massa com molho bolonhesa no meu prato.
— Natasha não passa de um brinquedo para o meu irmão, ela
não é ninguém importante, não precisa ter ciúmes.
— Não seja ridículo, Vicenzo, eu nem suporto Dimitri e não me
importo com ele, só não quero ser tachada como a corna do ano.
— Não sei qual dos dois é mais cego, sinceramente, não
esperava que meu irmão fosse gostar de alguém na vida, mas você,
cara cunhada, está mudando a natureza da Besta — ele fala, me
olhando profundamente e não posso evitar sentir um arrepio com a
intensidade das suas palavras.
— Você está vendo coisas, nem ele e muito menos eu,
gostamos um do outro, Vicenzo, esse é um casamento de fachada,
um acordo entre as duas maiores máfias do mundo.
— Tem razão, não está mais aqui quem falou. — Diz, voltando
sua atenção ao prato.
Vicenzo começa a me contar sobre a Cosa Nostra, eu presto
atenção em tudo que ele vai contando, sobre como Dimitri assumiu o
cargo de capo tão jovem e sem ter um parente na linha direta da
família do capo. Ele foi esperto, mas confesso que senti um pouco
de medo ao saber o quanto ele foi cruel e manipulador, mas o que eu
queria, vindo da Besta.
O jantar é agradável, Vicenzo tinha essa casca de babaca
insensível, mas no fundo, ele parecia muito com Aslan,
extremamente protetor e leal a Cosa Nostra, preferiria a morte a trair
a família, entretanto havia algo em Vicenzo que me deixava alerta,
uma sombra em seu olhar.
Estávamos na sala de estar, bebendo o que sobrou da
garrafa de vinho, quando sons de pneus cantando nos chama
atenção.
— Eles devem ter chegado — diz, alerta e só então eu
percebo que já é bem tarde.
A porta da frente abre e vários homens de Dimitri passam por
ela, mas eu congelo ao ver Lorenzo sendo carregado, coberto por
sangue. Dimitri está atrás dele, com as mãos e os braços cheio de
sangue.
— Lorenzo.
Corro em sua direção, assustada, todos param e olham para
mim, que estou apavorada, vendo o estado dele.
— O que aconteceu com ele? — Pergunto, preocupada com a
quantidade de sangue que ele está perdendo.
— Princesa, é você — ele fala com a voz fraca e um sorriso
no rosto abatido.
— Levem ele para o quarto, o doutor Campana já foi
chamado. — Ordena Dimitri.
— A missão foi cumprida? — Pergunta Vicenzo a Dimitri, me
irritando.
— Seu irmão gêmeo levou um tiro e vocês dois estão
discutindo sobre a missão!! — me irrito.
— Lorenzo não é um bambino, é um soldado da Cosa Nostra.
— Diz friamente, como se não se importasse se o irmão vivesse ou
morresse.
Idiota insensível, penso, virando as costas para os dois,
subindo as escadas.
— Onde você pensa que vai, Katharina?
— Vou cuidar do seu soldado, pelo menos até o médico
chegar — digo, amarga.
— Não é sua obrigação.
— Não importa, Lorenzo ao contrário dos dois babacas, foi o
único que me tratou bem desde que eu vim para essa maldita casa.
— Não quero você no quarto de Lorenzo, o médico já está
chegando, ele vai ficar bem.
O ignoro e continuo subindo as escadas
— Katharina!!! — Ele grita, mas eu finjo não ouvir.
Ao abrir a porta, me dou conta da gravidade da situação,
Lorenzo está pálido, deitado sobre a cama, sua camisa foi retirada
então posso ver claramente o tiro que ele levou. Seu cabelo está
molhado de suor, provavelmente pela febre.
— Não se preocupe, ele ficará bem, não é a primeira vez que
ele leva um tiro. Lorenzo é muito mais forte do que parece. — Fala
Luigi e me entrega toalhas limpas e então eu o ajudo a limpar o rosto
de Lorenzo, que delira, falando palavras desconexas, gritando para
uma tal de Nora parar. Seu corpo treme e eu olho para Luigi, aflita,
mantendo em sua testa uma compressa fria para tentar baixar sua
febre.
A porta volta abrir e Vicenzo passa por ela junto com Dimitri,
que está de banho tomado ao lado, do médico.

— Não se preocupe, senhora, seu marido ficará bem, a bala


não pegou nenhum órgão — diz o médico olhando para mim e todos
na sala se calam, não dá para ouvir nem mesmo suas respirações.
— Ela não é mulher dele — fala Dimitri com a voz tão fria que
estremeço — Saia, Katharina.
Eu poderia dizer que não, mas sempre me orgulhei de ser
uma mulher esperta e saber a hora certa de atacar e de recuar. Me
levanto, dando a volta na cama e saio do quarto sem olhar para trás.
Por um segundo, posso jurar que vi ciúmes no olhar de Dimitri,
balanço a minha cabeça, espantando esses pensamentos. Uma
Besta que não ama nem mesmos os irmãos jamais sentirá ciúmes de
uma mulher.
Relatórios e mais relatórios de autópsias, de perícia; tudo
parece um quebra cabeça e não consigo entender o que liga essas
mulheres. Dois novos corpos foram encontrados e dessa vez
nenhuma digital, apenas a marca registrada do serial killer.
A Besta, um tipo de codinome, um aviso, um símbolo ou um
amante de filmes de terror. Por que Besta: De onde vem esse nome,
o que ele quer dizer?!
— Gabriela, o chefe precisa de você, está um caos na
avenida Lazio.
— Onde ele está? — Pergunto ao policial, Sergey.
— Lá fora, estão todos sendo mandados para lá, a imprensa
está polvorosa.
— Merda!! — Penso, pegando minha pistola e meu distintivo e
acompanhando-o.
Na sala de reunião, estavam quase todos os policiais da
guarnição.
— Duas viaturas já estão controlando os curiosos e a
imprensa, mas não vai demorar muito para a avenida estar lotada.
Vou precisar de vocês investigando cada fio de cabelo da cena do
crime.
Em meus oito anos de carreira achei não pudesse me
surpreender mais, mas a cena diante de mim é um verdadeiro
massacre. Corpos espalhados por todos os lados, há marcas de
balas nas paredes, vidros quebrados e pessoas chorando, sendo
afastadas pelos policiais e a imprensa notificando tudo com flashes e
mais flashes.
— Isso vai pegar muito mal para a corporação. — Fala o
agente Silver, colocando um lenço na boca para não vomitar ao notar
a cabeça de um homem no banco de um carro.
Olho para cima, procurando e câmeras e vejo pelo menos
quatro câmeras que poderiam ser usadas, se dermos sorte elas
conseguiram registrar toda a ação dos criminosos.
— Recolham as digitais de todas as vítimas. Quero todos fora
no perímetro de cinquenta metros da cena do crime e fechem os
acessos para Lazio. Quero um helicóptero sobrevoando a área,
tentando encontrar qualquer movimentação suspeita.
Meu colega, o detetive Ribert, já estava entrando no
restaurante, mas meus olhos estão tentando calcular por onde tudo
começou.
— No total, eu conto pelo menos vinte e dois corpos pelo lado
de fora, mas há rastros de sangue indicando que corpos foram
arrastados.
— Provavelmente levados daqui, quem quer que tenha feito
isso também perdeu alguns dos seus e os levou consigo.
— Minha intuição diz que isso é coisa de guerra da máfia, o
que também me leva ao meu caso com o serial killer, tenho certeza
que tem envolvimento com a Cosa Nostra.
Ligo para o novo número do Vitório e rapidamente ele me
atende.
— Não combinamos que você não ia me ligar durante o dia?
— Fala, se referindo ao fato de estar infiltrado dentro da única
família da máfia que conseguimos descobrir.
A família Luchese, foi difícil conseguir descobrir o
envolvimento dessa família poderosa com a organização. Alesso
Gambino Luchese, viúvo, trinta e oito anos, empresário e dono de
uma cadeia de hotéis na Itália, se não fosse a sujeira que o finado
sogro deixou, jamais saberíamos a ligação dele com a máfia. A
esposa, junto com os pais, morreu nove anos atrás em um acidente
de lancha um tanto suspeito e ele ficou como único herdeiro. Vitório
acha que posso estar errada, mas pelo que eu sei sobre a
Organização, ele não recebeu só a fortuna, como é, sim, um dos
capos dentro da Cosa Nostra, ele pode ser o nosso passaporte para
desmascarar toda essa organização.
— Preciso saber se teve alguma movimentação suspeita essa
noite. Houve um massacre e aposto todas as minhas fichas que a
Cosa Nostra está envolvida.
— Bem, eles não me colocaram para trabalhar dentro da
casa, por enquanto eu fico só na segurança externa, nada novo
aconteceu. Alesso ainda não voltou desde de ontem, mas isso não é
estranho para um homem solteiro e com dinheiro.
— Certo, fique de olho caso ele chegue ferido ou algo assim.
— Pode deixar.
— Vitório, tome cuidado, você está no ninho da serpente.
— Eu sei.
Depois de desligar eu entro no restaurante, as portas estavam
quebradas, provavelmente por balas.
— Já interrogaram os clientes e os funcionários? — Pergunto
ao agente Hardy.
— Estranhamente, todos eles contaram a mesma versão, não
viram nada, não sabem de nada e que saíram antes de tudo
acontecer e não viram ninguém.
— Foram coagidos — digo, enfurecida.
— Levem eles para a delegacia, serão interrogados um por
um até um deles abrir a boca.
— Farei isso.
Do lado de dentro a cena era pior, corpos do que parece ser
uma família inteira.
— Tem uma criança aqui — fala um agente e todos os sete
policiais, incluindo eu, nos calamos ao ver a pobre criança morta.
Depois do impacto inicial, todos começaram a fazer seu
trabalho, coletando provas juntamente com a equipe da perícia.
Uma cadeira de madeira de frente para a mesa onde a
maioria da vítima está me chama atenção, ela foi posta
propositalmente de frente para a mesa da família. Me abaixo,
ficando na altura que a pessoa ficaria sentada ali e encontro algo que
me chama atenção.
— Hardy, me traga um saco de evidência.
Peço ao perceber algo que imagino ser o resto de um charuto
cubano e, usando luvas, recolho a evidência.
— Peça para Ferreira examinar essa evidência e vê se
encontra alguma digital.
— Gabriela, vem ver isso!! — A policial Barbara grita por mim.
Vou até ela, que está abaixada ao lado do corpo do homem
mais velho, entretanto não é o homem morto que me surpreende e
sim o corte atravessando seu peito. Perco o fôlego.
Não pode ser, os meus ferimentos, o mesmo tipo de golpe
daquele que venho perseguindo pelos últimos meses...
A Besta.

O quarto de Lorenzo está praticamente vazio, apenas o


médico e eu ficamos.
O médico da família estava na sede da Cosa Nostra cuidando
dos homens feridos. Então, eu tive que chamar um associado para
atender Lorenzo em casa. O doutor Youssef sabe como funcionam
as coisas na família e não arriscaria sua vida, nem seu bom nome
abrindo a boca. A bala de Lorenzo já foi tirada, ele terminava de dar
os pontos, a febre tinha sido controlada, porém Lorenzo continuava a
delirar, implorando para Nora ficar longe dele.
Vicenzo não tinha conseguido ficar quando ouviu Lorenzo dizer
o nome daquela miserável. Dos dois, ele foi o que menos sofreu,
mas ainda assim, não foi fácil pra ele. Meu pai é os únicos culpado
pelas cicatrizes que os dois carregam, ele nunca teve um cargo
grande dentro da Cosa Nostra, não passava de um soldado, um
vagabundo que se casou com minha mãe apenas quando descobriu
que ela estava grávida.
Meu avô renegou a mesma ao saber que ela estava grávida
de um criminoso. Ela perdeu a família, abriu mão do trabalho de
professora e se dedicou a ser a melhor mãe do mundo, mas o
bastardo não a amava e descontava todas suas frustrações em nós
dois, foi apenas quando comecei meu treinamento que pude colocar
para fora toda a minha raiva, minha fúria e o ódio que carrego.
Minha mãe estava morta, ela era a única ligação com o amor
que eu tinha e depois de ver seu corpo já sem vida, eu vi quanto
amar alguém nos deixa vulnerável, essa porcaria só serve para nos
destruir. Ela o amou até a sua morte e em troca só recebeu dor e
sofrimento, o velho maldito não se importava com nada além do seu
pau e a bebida, estava negligenciando seus serviços na família.
Quando consegui chamar atenção do capo da Cosa Nostra e ele
começou a me treinar foi que comecei a ouvir os boatos que meu pai
tinha engravidado uma prostituta em um dos bordeis da Cosa Nostra.
Na época, eu pouco me importava com os bastardos do meu
pai, no entanto, quando assumi o controle da Cosa Nostra e me
tornei o capo da mais poderosa máfia do mundo, eu não poderia
deixar os dois fora do meu radar. Então, a ordem foi dada àquele
velho inútil, ele tinha que trazer os moleques para começar o
treinamento. Foi assim que eu descobri que a puta desgraçada da
mãe dos dois os tinha vendido.
Vicenzo foi quem teve mais sorte, ele foi vendido para um
indiano que o tratava como animal, ele trabalhava feito escravo e era
espancado até desmaiar. Mas, Lorenzo foi quem mais sofreu, ele foi
adotado por um casal de americanos e digamos que ele não teve a
mesma sorte de Vicenzo. Quando os vi eu mal pude reconhecer meu
sangue naqueles dois pirralhos e soube, só de olhar para os dois,
que eles não seriam uma ameaça.
Após anos de treinamento duro eu os transformei nos meus
melhores e mais leais soldados e sozinhos, foram crescendo dentro
da Cosa Nostra, até ocuparem o cargo de consigliere e subchefe.
Quando Lorenzo fez vinte anos ele matou nosso pai, não
posso dizer que fiquei triste, apenas decepcionado por não ter
assistido.
— Está tudo pronto, senhor Rinna, só preciso que deem a
medicação que receitei e não o deixem fazer esforços físicos por um
tempo, até estar totalmente recuperado. — Fala o médico, me
tirando dos meus devaneios.
— Os seus serviços para com a família serão muito bem
recompensados.
— Obrigado, senhor, desculpe mais uma vez pela minha falta
de respeito com sua senhora.
— Não se preocupe.

Saio do quarto de Lorenzo e subo para o meu andar,


esperando encontrar a maldita rosa cheia de espinhos que trouxe da
Rússia. Katharina tem que aprender de uma vez por todas seu lugar.
Só de lembrar a maneira como ela me desobedece já acende uma
fúria dentro de mim, como ela pode pensar em virar as costas para
mim e se enfiar na porra do quarto do Lorenzo. Já não bastava a
maneira como o maledeto olha para ela.
— Inferno, essa mulher só pode estar querendo me ver louco.
Abro a porta, pronto para pegar o meu chicote e castigá-la,
quando estanco no lugar, vendo, caralho, Katharina usando uma
lingerie preta e um robe de seda curto, sentada na cama com o
controle da tevê nas mãos.
— Como Lorenzo está? — Pergunta olhando para mim e
deixando o controle de lado.
— Você está bem preocupada com meu irmão, não acha,
bella mia?
— Deixa de ser arrogante, Dimitri, ele levou um tiro, é óbvio
que vou me preocupar.
— Não quero você próxima de Lorenzo, espero não ter que
repetir.
— Ah, querido, há tantas coisas que eu não quero e mesmo
assim você faz, como por exemplo deixar a sua cadela entrar na
minha casa.
— Eu não chamei Natasha aqui — falo, me aproximando da
cama, desabotoando a camisa sem tirar os olhos das coxas dela.
— Como se ela precisasse de convite, já que ostenta o status
de sua amante.
— Você não deve se preocupar com isso, nenhuma delas
jamais ocupará o seu lugar. Você, bella mia, é minha esposa. —
Falo, descendo a calça, mas com o cinto nas mãos.
— Não imagina o que quando eu gostaria de não ser — fala,
me desafiando.
— Ah, amore mio, pensei ter deixado claro que você precisa
descansar, não posso castigá-la da maneira que você merece
quando usa essa língua afiada contra mim.
— Acho que você não tá entendendo como as coisas são,
querido marido. O que aconteceu na viagem não se repetirá, eu não
sou um capricho, não serei mais uma em sua cama, Dimitri. Eu
cumpri a minha parte do nosso acordo e agora acabou. Eu serei a
sua mulher apenas de fachada.
A cada besteira que sai da boca de Katharina eu dou mais um
passo em direção à cama e quando cheguei aos pés da mesma,
puxo suas duas pernas, a pegando de surpresa e a prendendo entre
a cama e eu.
— Vai negar que me deseja agora, bella mia, vai negar que
seu corpo queima por mim, que se eu tocasse essa bocetinha agora
ela não estaria molhada para mim?
Seu sorriso é tão sexy que chego a perder a linha do
raciocínio.
— Não, caro marido, eu não negarei, não tenho motivos para
isso. Mas quem comanda meu corpo é o cérebro e enquanto ele
funcionar eu jamais vou aceitar abrir as pernas para você enquanto
mantiver uma coleção de amantes em sua cama. — Fala na minha
cara e eu me afasto enfurecido, passando as mãos pelo cabelo.
— Você só pode estar de brincadeira! — Falo puto.
Quem ela pensa que é?!
— Posso te garantir que não é brincadeira — ela diz sem tirar
os olhos de mim
— Você só pode estar louca pensando que vai colocar uma
coleira no meu pescoço, eu não obedeço a ordem de mulher
nenhuma.
— Eu não te dei ordem, apenas constatei um fato.
— Não seja ridícula, está pensando o que, que só porque
comi a sua boceta vou largar três ótimas submissas por você?! —
Grito na cara dela.
Na mesma hora percebo que minhas palavras a feriram, mas
Katharina trata de levantar a máscara de mulher fria.
— Não pedi para que fizesse isso, fique com suas perfeitas
submissas. Essa boceta aqui se manterá longe de você e quer
saber, melhor ainda, em outro quarto — fala, se levantando.
— Nem ouse, Katharina, você dorme aqui, esse é seu quarto
— falo duramente.
— Nem fodendo que eu vou dormir no mesmo quarto que um
babaca feito você. — Fala dando um nó no robe curto que usa e
passando por mim, porém eu puxo seu braço impedindo-a de
alcançar a porta.
— Você não sai desse quarto.
— Não pode me obrigar a dormir na mesma cama que você,
sabendo que horas antes estava com suas putas, quer dizer, suas
perfeitas submissas, isso é nojento.
Ela abre a porta para sair do quarto, porém eu avanço em sua
direção pelo corredor.
— Volta para o quarto, Katharina, você já me envergonhou o
bastante por um dia. O que acha que vão comentar pelas minhas
costas quando descobrirem que minha mulher dorme em outro
quarto?!
— Eu não sei, talvez que a cama está muito ocupada com
suas vadias — rosna, começando a descer as escadas em direção
ao segundo andar, onde os quartos de hóspedes estão.
— Você não vai dormir aqui embaixo — falo, puxando o braço
dela, nervoso ao imaginar Katharina no mesmo andar que Lorenzo.
— Me solta! — grita.
— Luigi! — grito, chamando pelo mordomo, enquanto ainda
mantenho Katharina pelo braço.
— Me solta logo! — Fala, me olhando com ódio.
— Senhor, me chamou? — Luigi aparece, nervoso.
— Quero que tranque todos os quartos da fortaleza e fique
ciente que Katharina está proibida de se mudar para qualquer um
dos quartos da casa.
— Maldito, desgraçado.
Ela tenta me socar, mas sou mais rápido e a pego no colo
colocando-a no meu ombro enquanto ela se debate.
— Seu lugar é ao meu lado, Katharina, você pertence a mim.
Volto para o quarto com ela nos braços, tendo um pouco de
dificuldade, a coloco sobre a cama e tranco a porta
— Eu te odeio, Dimitri!! — ela grita, enfurecida.
— Isso não é novidade, amore mio, apenas uma pessoa a
mais me odiando no mundo. — Falo, ligando o ar, frustrado.
Apago as luzes e me deito ao lado dela, contudo, Katharina
não se dá por vencida, pega seu travesseiro, joga sobre o tapete e
deita no chão.
— Por que tem que ser tão teimosa, Katharina?! Inferno, eu
não vou tocar em você, só deita e dorme, eu tive a porra de um dia
estressante, só quero dormir.
— Se eu não posso ter um quarto para mim, o máximo que eu
posso é não ser obrigada a dormir na mesma cama que você — fala,
revoltada.
Eu vejo que discutir não adiantaria, Katharina não é como as
outras mulheres que já conheci, ela não se submeteria às minhas
vontades. Eu terei que ir devagar com ela. A brat dentro dela sempre
arrumaria uma maneira de me desafiar.
Fecho os olhos e tento dormir, porém o sono não vem, a
cama estava estranhamente fria. Pode parecer ridículo um homem
como eu dizer isso, mas, porra, eu já estava acostumado a dormir ao
lado dela, a acordar primeiro que ela e observar seu rosto sereno
em meio aos seus sonhos. Fico inquieto, tentando planejar como vou
expandir os negócios da Cosa Nostra para América Latina, quando
percebo que Katharina está dormindo. Me levanto com cuidado para
não acordá-la e a pego no colo, trazendo-a para cama.
Ela está gelada, sem cobertor nenhum no chão frio.
— Bambina teimosa. — Falo, beijando seus cabelos e
puxando-a mais para mim.
Katharina se aninha ao meu corpo, como de costume e
continua a dormir. Só assim é eu me entrego ao sono.

Os dias que se seguiram daquela noite parecem ter se


arrastado, em todos os jornais de Palermo se falava sobre o
massacre na avenida Lazio, confesso que isso me deixava
apreensiva, não estava acostumada com a maneira da Cosa Nostra
agir.
Os Bratvas sempre foram mais discretos no que diz respeito
aos negócios e o que aconteceu naquele restaurante teve
repercussão mundial. Lorenzo está melhor, agora já sai do quarto, o
que é bom, pois ele me faz companhia na parte da tarde, já que
minhas manhãs são atarefadas com a reforma do jardim e do pátio
lateral.
Estou construindo um pátio na parte leste da fortaleza, onde
tem a melhor vista do mar, na altura que estamos esse será o lugar
perfeito para curtir um almoço ou quem sabe até uma festa.
As coisas entre mim e Dimitri estão estranhas, todas as noites
eu me deito no sofá e acordo na cama, muitas vezes enroscada nele,
porém a raiva das coisas que ele me falou não passou e eu venho
fazendo de tudo para ignorá-lo, mas isso não significa que não posso
provocar, é inútil negar que suas palavras mexeram com meu ego,
então eu o farei engoli-las, vou mostrar para esse italiano de merda
que a russa aqui vale muito mais que mil putas italianas.

Perto do horário do almoço que ele teria com Dante, Alesso e


Damon, eu vou para a beira da piscina usando apenas um fio dental
preto que comprei na minha viagem com Ana para o Brasil. Finjo não
ver os três parados atrás de mim e continuo disfarçando que mexia
no celular, mas sentia minha pele queimar.
— Katharina!! — Dimitri rosna e então eu tiro os óculos
escuros, olhando para ele surpresa.
— Oi, não sabia que vinha almoçar em casa, senão o teria
esperado.
— Eu avisei a Luigi que teríamos visitas.
— Claro, devo ter me esquecido — falo, me levantando e
sinto o olhar de Alesso percorrer todo meu corpo.
— Onde diabos estão as suas roupas? — fala Dimitri, me
cercando para me proteger do olhar dos três.
— Poxa, esqueci de trazer uma saída de praia, não se
preocupe, já vou subir para o quarto — falo, me afastando dele e
indo para a entrada.
— Merda, você me paga por isso — diz, tirando o paletó e me
cobrindo com o mesmo. — Entra e é melhor estar devidamente
vestida para o almoço.
Bem, essa foi a primeira vez que eu decidi provocar a Besta,
até eu me ver encurralada contra a parede, no corredor do quarto,
com ele beijando meu pescoço, chupando a pele da minha nuca.
Tenho que ter uma força sobrenatural para resistir, depois do tanto
que esse miserável me humilhou, mas confesso que meu corpo ferve
toda vez que o maldito sai do banheiro nu só para me provocar ou
quando ele tenta me beijar.
Merda, eu não deveria me sentir dessa forma, não por um
miserável que tem três putas, amantes ou submissas, seja lá como
ele as nomeia.
Minha conversa com mamãe me volta à memória.
"Você é a única que pode comandar seu destino, filha, você
só será infeliz se assim deixar. Nós, mulheres, podemos ter o que
quisermos. Você, filha, é uma princesa, é linda, minha pequena
Katharina. Nunca se esqueça quem você é e use isso ao seu favor,
tome as rédeas da sua nova vida. Você é Katharina Peshkov
Castelaresi, descendente da uma grande imperatriz da Rússia e filha
do capo da máfia russa. Agora é esposa do chefe da Cosa Nostra.
Não deixe ninguém te rebaixar".
Ela tem razão quando diz que, quando nós queremos,
podemos, conseguimos, o que quisermos.
— Mas a pergunta é: o que eu queria?!
Uma luz vermelha acende em minha mente.
— Não, não — balanço a minha cabeça negando.
Eu não gosto dele, na verdade eu o odeio. Eu poderia estar
na Rússia, vivendo a minha vida, perto da minha família, dos meus
amigos e não aqui, apesar de aqui não ser tão ruim.
— Merda.
Essa atração não passa de desejo carnal, prazer e tesão, eu
ainda o odeio. Odeio quando ele simplesmente age como se eu
fosse uma boneca de porcelana. Odeio quando ele é arrogante e se
comporta como se fosse meu dono e eu fosse a porra da sua
cadelinha, odeio como ele é falso, odeio a porra do cheiro de puta
que vem das roupas dele.
Definitivamente eu o odeio, odeio Dimitri Salvatore Rinna. E,
pensando bem, mamãe tem razão, uma mulher consegue o que quer
e eu irei fazer esse maldito traidor galinha de uma figa pagar. Ele e
aquela puta dos infernos.
Falando em puta, vejo Natasha na fortaleza outra vez, só que
dessa vez não preciso expulsá-la novamente, pois ela apenas
conversa com Ninete, uma das funcionárias da casa e vai embora.
Confesso que fico incomodada com sua presença, mas Luigi me
garante que ela veio apenas atrás da caixa de joias que tinha
deixado na fortaleza.
Eu andava pelo jardim leste, onde Hades e Perséfone vivem.
As pequenas mudanças que fiz no oásis deles ficaram muito boas,
agora eles têm mais vegetação para curtir e um lago artificial, já que
a Itália é muito quente nessa época do ano.
Aos poucos, as duas feras estão se acostumando comigo e
minha fascinação pelos dois apenas cresce. Há algo nesses animais
que me encanta. Saindo de lá, vejo Vicenzo junto com mais dois
soldados, rindo de algo, caminho na direção deles e os vejo entrando
na ala norte, uma região que tinha vindo antes, então percebo que
vários dos homens de Dimitri estão aqui numa grande academia com
um ringue no meio. Provavelmente uma área de treinamento para
seus homens.
Fiquei meio de longe, assistindo às lutas, parecia um tipo de
competição, Vicenzo era desafiado. O desafiante ri, confiante,
entrando no ringue e de cara ele já comete um erro de principiante,
vai com muita sede ao pote atacando Vicenzo, que não precisou se
esforçar muito para o fazer beijar a lona. Outro o desafia agora,
esse é mais forte que Vicenzo, entretanto, ainda assim parece lento
perto da fúria do meu cunhado. Ele tenta o acertar no estômago,
mas Vicenzo é rápido e desvia, dando uma rasteira no mesmo, que
rapidamente se levanta e acerta um soco de direita em Vicenzo
que sorri, cuspindo o sangue. Seu olhar é brutal e um tanto
assustador, ele não tem piedade e não para de atacar o seu rival. E
os outros parecem amedrontados, pois não querem desafiá-lo.
Ele está saindo do ringue, quando decido entrar.
— Acho que você só teve oponentes fracos e por isso venceu
tão fácil — falo, me aproximando.
— Não tem ninguém aqui à altura para lutar comigo.
— Que bom que cheguei então, para te ensinar como lutar,
cunhadinho. — Falo debochadamente e alguns soldados riem, mas o
olhar duro de Vicenzo os faz se calarem.
— Não quero te machucar, Katharina.
— Está fugindo de mim, logo você, Vicenzo, o subchefe, com
medo de uma mulher — falo para provocar e então ele fica vermelho.
— Se é isso que você quer, então venha, mas saiba que não
vou pegar leve com você.
— Eu nem quero isso, cunhadinho. — Falo debochada,
disposta a me vingar desse idiota.
Ainda não esqueci a porcaria daquela prova, então nada
melhor que arrastar o orgulho desse machão na lama.
Os homens de Dimitri ficam calados e se aproximam do
ringue, prendo meu cabelo em um coque rápido, coloco meu celular
no chão e entro animada para lutar.
Eu mal entro no ringue e tenho que desviar de um soco vindo
com toda força em minha direção.
— Eu disse que não ia pegar leve com você.
— Eu nem quero isso — falo, desviando do seu chute para em
seguida atingir seu peito com a canela.
— Dimitri não vai gostar de saber que eu machuquei a
princesinha russa.
— Dimitri não está aqui — falo, recebendo um soco no
estômago, mas isso não me faz parar.
Viro o corpo, me abaixando antes que ele me atinja nas
pernas, inclino-me dando uma rasteira e ele desaba no chão.
— Você me subestima demais, cunhado — Digo enquanto
tento acertar seu rosto, o mesmo desvia, rolando para o lado e em
seguida dando um mortal para ficar de pé.
Ele me acerta com o joelho nas costas e me inclino sem ar
pela força do golpe. Ele é bom, muito ágil e forte, não posso negar,
mas eu aprendi com o melhor.
Me abaixo, pegando impulso e o acerto com o cotovelo no
rosto, Vicenzo fica tonto e tenta estancar o nariz que sangra, seu
corpo balança e ele cai no chão. Subo rapidamente em cima dele e
soco seu rosto sem parar. Vicenzo desvia, segurando minhas mãos.
— Muito bem, me pegou desprevenido.
Em um golpe rápido, ele cruza os braços no meu ombro e me
derruba no chão, ficando por cima e me acerta diretamente no rosto
para em seguida me atingir com um golpe no estômago, que me tira
o ar. Me debato, tentando me soltar, até conseguir usar o joelho e
acertar suas partes íntimas. Vicenzo coloca as mãos nas bolas e
grita de dor, sorrio, cuspindo o sangue que enche minha boca. Não
espero ele se recuperar, corro em sua direção e o acerto com os
dois pés o fazendo despencar no chão.
— Já chega de espetáculo por hoje, Katharina! — fala Dimitri,
que nem tinha percebido que estava observando toda a cena.
Todos os homens estão de olhos arregalados, acho que não
esperavam que uma mulher pudesse derrotar Vicenzo. Ofereço a
mão para o mesmo se levantar, porém ele ignora, levantando-se com
o ego ferido.
— Abra as pernas, agora — ordeno a Natasha, que está de
pé, com os braços presos ao teto, uma venda nos olhos e Gang Ball
na boca.
Prontamente ela obedece, mostrando que é uma submissa
obediente.
A insatisfação me incomoda, Natasha está presa ao teto,
completamente submetida a mim, Lany está na cruz de Santo André
com seu corpo ardendo pela chibata. Seu clítoris está inchado pelo
grampo que a mantém na linha da dor, e nem mesmo suas súplicas e
seus gritos foram o bastante para aplacar a fúria da Besta dentro de
mim.
Acabei passando dos limites e fiz algo que abomino no nosso
meio, feri uma escrava, peguei muito pesado com Denise em busca
de uma satisfação que não veio e ela desmaiou de dor. Assistir a
dor sempre foi um combustível para o meu prazer e submeter uma
escrava aos meus fetiches sempre me satisfez, o gozo vem, mas o
prazer pleno não é alcançado. Pego o chicote que eu tinha deixado
próximo da cama e sem que ela esperasse, começo a chicotear seus
seios. Ela grita alto, porém seu grito só alimenta o sádico em mim.
Cada chicotada que lhe dava, mais prazer eu tinha em vê-la à minha
mercê. Há um certo momento, já não era os cabelos castanhos que
via e sim o loiro. Katharina estava submetida a mim, eu via seus
belos seios ficarem vermelhos e inchados.
— Ah, bella mia, você fica linda toda marcada — falo em
êxtase.
Pego uma das velas que estavam iluminando o quarto e pingo
em seu seio esquerdo, ela grita e seus gritos me despertaram da
ilusão.
Raiva e fúria me saturam, eu queria a maledeta aqui! Era ela
que eu deveria castigar por ser tão teimosa e dormir no chão, longe
de mim.
Espalho gotas de vela pela boceta de Natasha, a mesma
tenta gritar, mas não consegue com a gag na boca. Coloco o que
sobrou da vela na mesa do canto e olho para seu rosto suado e
vermelho, todo marcado, sorrio e vou retirando minha roupa.
Meu pau está semi ereto, o traidor não quer nenhuma das
duas e sim a maldita loira que me espera em casa. Solto as amarras
de Lany, que cai de joelhos aos meus pés.
— Chupa devagar, me deixa pronto para foder vocês, minhas
cadelas. — Ordeno duramente.
Ela prontamente me obedece, com os olhos baixos, toca meu
pau e o leva fundo na sua boca, seus movimentos são precisos, eu
fecho os olhos e me concentro na sua boca quente molhada babando
nele. Quando vejo que já estava pronto, coloco um preservativo e
soco com gosto no rabo apertado da Lany. A cadela grita ao me
sentir puxar a corda que ligava o grampo no seu clítoris. Passo a
tarde toda no clube, fodendo as três escravas. Meu corpo estava
exausto, mas a minha mente insatisfeita.
Os negócios iam bem, a lavagem de dinheiro está sendo um
sucesso. Depois de Lazio qualquer inimigo meu tomaria muito
cuidado ao tentar me enfrentar.
Paguei um bônus extra para o chefe da polícia de Palermo
cuidar de tudo para mim. Mas ainda assim eu não me sentia
satisfeito, aprendi desde cedo que quando a calmaria é demais, é
sinal que vem tempestade grande pela frente. Eu só precisava
descobrir de onde ela viria.

Recebo uma ligação da fortaleza, era Guido, pedindo para


que eu fosse ver Hades já que ele vinha agindo estranho. Não
costumo parar meus afazeres para verificar os dois, porém, algo me
dizia que era sério, pois Guido não costuma me ligar. Essa é a
primeira vez desde que Hades chegou.
— Senhor, quer que eu dirija? — Fala Gonçalves.
— Não precisa, eu vou dirigindo. Você pode ir com os outros
seguranças — falo ao meu motorista, saindo do laboratório
subterrâneo que fica escondido nas margens do Lago di Bolsena.
Disfarçado de uma fábrica de conserva está o maior laboratório de
drogas do mundo, daqui nós preparamos e armazenamos toda a
droga que circula pela Europa e América Central. Pego as chaves e
saio de lá, indo direto para casa.

O caminho é curto, então chego rápido e estaciono na estrada


como ainda é dia, posso ver melhor todas as reformas que Katharina
vem fazendo.
Não questionei o que ela estava fazendo, já que essa coisa de
decoração é coisa de mulher, só que transformar a minha casa, a
casa do capo da Cosa Nostra em uma floricultura está fora de
cogitação, nunca vi tanta flor na vida, ainda tem a tal estufa, que ela
fez questão de construir. Não preciso andar muito para chegar ao
lugar onde os leões estão, e, de cara percebo que Hades está
nervoso, rugindo para Guido, que tenta acalmá-lo. Perséfone está
deitada, perto das pedras e nem olha para os dois.
Hades ruge, balançando a crista, arrastando as patas no chão
e posso ver que ele está bravo.
— Ei, garoto, fica calmo — Guido tenta controlar o animal,
porém ele fica apenas mais nervoso e avança contra ele o
derrubando no chão.
Ando até os dois e noto que ele não quer machucar, apenas o
derrubou para que ele não se aproximasse mais.
— Hades, calma rapaz — falo e ele ruge alto, mas seu rugido
não é natural, é um rugido de dor.
Ele larga Guido e vem até mim, bravo.
— O que aconteceu? — Pergunto a Guido, que se levanta
assustado.
— Eu não sei senhor, eles estavam bem. Hades está fora de
controle, Perséfone está deitada, com dor, preciso examiná-la, ela
pode estar doente, mas ele não deixa eu me aproximar.
— Ei, garoto — passo a mão na juba dele, mas ele não para
de rugir — Calma, garoto eu estou aqui — acaricio seu pelo e ele se
acalma um pouco, mas inclina o rosto na direção de Perséfone, me
deixando nervoso.
— Vai examinar ela que eu o distraio.
Tento entreter Hades, mas ele não fica totalmente calmo e
começo a ficar angustiado com a falta de movimento de Perséfone,
Hades choraminga, enquanto eu acaricio sua barriga.
— Senhor, precisamos levar ela para minha clínica, não vou
conseguir tratar ela aqui. Perséfone foi envenenada.
Aquilo cai como uma bomba, me atingindo e uma fúria
descomunal toma conta do meu ser, ninguém mexe com os dois.
— Traga o tranquilizante e mande meu piloto preparar o
helicóptero, não vamos conseguir levar ela tão rápido no caminhão.

O tempo estava passando, a vida de Perséfone estava por


um fio, eu já podia imaginar o que eu faria com o desgraçado que
havia feito isso com ela.
Hades teve que ser dopado ou não conseguiríamos tirar
Perséfone da fortaleza. Foi preciso vários homens meus para
levantar uma leoa de duzentos e dez quilos. Eu queria ir com ela e
cuidar para que ela fosse bem tratada, mas eu tenho certeza que o
aviso que dei ao tratador, deixando claro que se Perséfone morresse
ele não viveria para ver o próximo dia nascer, o manterá bem
empenhado em salvá-la.
Entro na mansão, indo direto para o escritório, verificar as
câmeras. A pessoa que fez isso seria descoberta ou eu não me
chamo Dimitri Rinna. Vou olhando a filmagem com atenção até ver
ela, Katharina. Ela chega ao refúgio e estranhamente, nem Hades e
nem Perséfone a atacam e parecem acostumados com sua
presença. Ela acaricia Perséfone, que lambe suas mãos e ri com o
gesto. Hades se mantém longe, apenas olhando as duas. O tratador
chega, Katharina se levanta, fala algo para ele e sai. Perséfone bebe
água e caminha até Hades, brincando com ele, então, do nada, ela
cai no chão, rugindo.
— Maldita desgraçada!!! — acerto um soco na mesa — Ela
fez isso para se vingar, filha da puta, ela feriu Perséfone, desgraçada
— falo ao vazio, subindo as escadas de dois em dois degraus.
O que quer que ela tenha colocado nas mãos e feito
Perséfone lamber a envenenou, também poderia ter matado Hades
se ele não fosse tão arisco.
Ao chegar no quarto o vejo vazio, ela deve estar lá embaixo
preparando o jantar, quem sabe já colocou veneno na minha comida.
— Mas essa vagabunda vai ver com quem ela foi mexer —
falo amargo e começo a revirar todas as coisas dela tentando
encontrar o maldito veneno, sem conseguir descobrir o que ela deu a
Perséfone, pois desta forma será mais fácil achar um antídoto e
salvar a leoa.
Não está no closet e nem no banheiro, vou até a penteadeira
e começo a mexer em todas as maquiagens e os frascos de
perfume, até encontrar a caixa de joias em ouro maciço que ela tem.
Não me surpreendo ao ver um pequeno saco com um pó
branco. Levo o mesmo ao nariz e um cheiro forte me diz que
encontrei o que eu procurava.
— E agora que eu vou matar essa desgraçada! — Penso,
coberto de ódio.
Meu corpo ferve, minhas mãos estão tremendo, a Besta
dentro de mim ganha vida assim que a vejo de costas para mim com
o seu violino nas mãos, rindo com Lorenzo.
— Sua vadia desgraçada, achou mesmo que eu não
descobriria o que você fez....
Eu ria, divertida, contando para Lorenzo da minha pequena
vingança contra Vicenzo.
— Eu queria ter visto a cara dele — fala Lorenzo, rindo.
— No fundo eu já o perdoei porque sei que se fosse meu
irmão eu faria o mesmo — digo, sendo sincera, mas nem tenho
tempo de ouvir a resposta de Lorenzo, pois sou puxada bruscamente
por Dimitri.
Meus cabelos caem pelo meu rosto, olho para ele que grita,
enfurecido, totalmente transtornado.
— Sua vadia desgraçada, achou mesmo que eu não
descobriria o que você fez!
— Do que está falando?! — Digo chocada, com o ódio que
vejo em seus olhos.
— Não se faça de imbecil, sua desgraçada — fala, me
chacoalhando fortemente. — Pensou que matando Perséfone iria se
vingar de mim?
— Eu não sei do que você está falando — digo séria,
tentando me soltar, mas seu aperto é tão forte que mal me mexo.
Um sorriso frio preenche seu rosto e não consigo evitar ficar
apavorada com sua expressão.
— Qual seria o seu próximo ato, envenenar a mim e aos meus
irmãos como fez com Natasha e Perséfone? — Ele pergunta,
apertando meu maxilar.
— Dimitri, você precisa se acalmar — fala Lorenzo do lado
dele, que está descontrolado de raiva.
— Eu não envenenei Perséfone, jamais faria isso. — Tento
dizer, porém, sou surpreendida pelo tapa forte acertando meu rosto
e meu corpo despenca no sofá.
— Que merda você está fazendo, Dimitri?! Katharina é sua
mulher! — Fala Lorenzo.
Em choque, coloco a mão no rosto onde posso sentir o ardor
do tapa.
— Eu vi, caralho, não adianta você defender essa vadia, foi
ela, ela envenenou Perséfone. Olha o que eu achei nas coisas dela!
— diz e joga no chão uma embalagem com um pó branco.
— Que merda está acontecendo aqui?! — fala Vicenzo,
descendo as escadas com uma bolsa de gelo nas mãos.
Dimitri dá dois passos para trás e passa as mãos pelo cabelo
nervoso.
— Você tinha razão, Vicenzo, eu nunca deveria ter aceitado
esse acordo com os Castelaresi. Essa vadia envenenou Perséfone e
está planejando fazer o conosco.
— Eu não fiz isso!!! — Grito, me levantando.
Em um segundo, Dimitri tira a arma do coldre e aponta para
minha testa, nessa hora Vicenzo entra na frente, tentando acalmar o
irmão, que não abaixa a arma e a mantém firme no meu rosto. Meu
ódio por esse homem vai ao limite, giro meu corpo e tiro a pistola
das costas de Vicenzo, apontando para Dimitri.
— Merda, Katharina, abaixa isso! — Lorenzo grita.
Destravo a arma e mantenho minha mira na sua cabeça.
— Espero de verdade que você atire na minha cabeça,
Dimitri. Porque se não atirar, eu garanto a você que esse tapa vai
custar bem caro a você! Eu não sei que tipo de mulher você pensa
que sou, mas uma coisa eu garanto, não apanho de homem nenhum
e jamais machucaria Hades e Perséfone.
— Te matar, não, Katharina, te matar seria muito fácil — fala,
abaixando a arma.
E então, Lorenzo, em um gesto rápido toma a arma da minha
mão.
— O que você tem na cabeça, Katharina? — Pergunta se
colocando ao meu lado para me proteger.
— Eu te avisei, bella mia, toda a vez que você tentar me
atacar eu retalharei três vezes mais. Se você tocar no que é meu eu
sou obrigado a tocar no que é seu.
— Dimitri, não faça nada com a cabeça cheia, precisa ser
racional. — fala Lorenzo enquanto Vicenzo fica calado, olhando para
mim, decepcionado.
— Não se intrometa na minha vida, caralho! Você não dá
ordens aqui, Lorenzo, quem você pensa que é para defender essa
maldita? — Fala, indo em direção a Lorenzo, porém Vicenzo entra na
frente, contendo a Besta de atacar.
— Eu não fiz nada, não sei como essa merda foi parar nas
minhas coisas, mas para mim está claro que foi armação. — Tento
me defender.
— Cala boca! — Fala, se afastando do irmão e, sem tirar os
olhos de mim, pega o celular.
Ele disca o número de alguém e um pressentimento ruim toma
conta de mim. Um terror que não tinha sentido antes me acerta, com
a expectativa do que virá a seguir.
— Jasper, preciso que pegue Ana. Leve-a para o nosso
galpão.
— Não faça isso, Dimitri, ela não tem culpa. Minha prima não
fez nada — me desespero, e ele ignora totalmente minha súplica.
— Saia da minha frente, Lorenzo — ordena.
— Não a machuque — ele diz, se afastando.
— Eu faço o que eu quiser com a porra da minha mulher.
Arruma uma para você e não se intrometa no meu casamento —
Fala furiosamente ao irmão — Você vem comigo, e torça para
Perséfone não morrer, pois a vida da sua priminha está por um fio.
— Você precisa acreditar em mim, Dimitri, eu não fiz isso —
falo enquanto ele me arrasta em direção a torre.
— Seja bem vinda à torre da agonia, amore mio. — Diz,
arrastando-me para dentro.
O lugar é assustador, com vários corredores escuros. O
cheiro ácido de sangue está por todo o lugar.
Ele me arrasta pela escada e eu acabo caindo ao subir um
degrau, porém ele me puxa bruscamente, me levantando. Meu joelho
sangra, mas a dor física não é nada comparada ao terror psicológico
de saber que algo pode acontecer com Ana por minha culpa.
Dimitri abre uma sala escura com grades de metal, me
jogando dentro dela.
— Ficará aqui até Perséfone ser salva, aproveite sua estadia
para rezar para que ela saia viva, ou já sabe o que vai acontecer
com a sua priminha.
— Maldito, você não pode me deixar aqui, desgraçado. Eu
não fiz nada, seu babaca. — Grito, mas sou totalmente ignorada por
ele, que simplesmente some, me deixando aqui na escuridão dessa
cela fedida.

Dimitri estava fora de si, nunca tinha o visto dessa forma,


mas, sabendo o quanto ele ama aqueles animais, dá para entender a
sua reação.
— Ele vai machucá-la. — Fala Lorenzo, de cabeça baixa,
pensativo.
— Ele não vai feri-la, Lorenzo, por mais que ele não queira
aceitar, ele gosta dela — falo, tentando entender porque Katharina
faria isso.
— Dimitri não ama ninguém além dele mesmo.
— Aí é que você se engana, meu irmão, ele gosta da russa,
só não quer assumir.
— Ela não fez isso, eu confio em Katharina. — Fala, se
levantando devagar, ainda se recuperando do tiro.
— Eu não confio em ninguém além de mim mesmo, temos que
aceitar que ela tinha motivos de sobra para fazer isso, sem contar o
fato de conhecer venenos, já que envenenou Natasha sem nenhum
pingo de remorso. — Falo, constatando os fatos.
— Alguém está tentando incriminá-la. Pode ter sido outra
pessoa que envenenou Perséfone, nós sabemos que todos na casa
tem medo dos animais. Quem mais poderia ir até lá e colocar veneno
para os bichos?! Eu não sei porra, mas não foi Katharina.
— Você está deixando essa paixão por ela falar mais alto que
seu raciocínio.
— Eu não sei do que está falando — tenta dissimular, mas eu
o conheço bem.
— É melhor você se afastar dela, logo não será só eu que vou
perceber isso, Dimitri não é burro.
Antes que Lorenzo possa me responder, Dimitri entra na sala
com sua cara nada boa, o que me surpreende é ver que Katharina
não está com ele.
— Onde está Katharina? — Lorenzo pergunta.
— Ela ficará na torre e terá o mesmo tratamento dos
prisioneiros até eu ter certeza que Perséfone está bem.
— Lorenzo, porque não vai falar com os vigias enquanto eu
converso com Dimitri.
Dimitri nem espera Lorenzo sair e já vai em direção ao seu
escritório.
Meu nariz ainda arde pela mão pesada de Katharina, mas a
dor no meu ego foi maior do que a física, entretanto, por mais que eu
esteja com raiva dela, não posso deixar de ser racional. Ela é
importante demais para ficar em uma cela na torre, mesmo se
tivesse sido ela a envenenar o animal. Não muda o fato do acordo
com o Castelaresi, agora ela é a senhora da máfia.
— Senhor, devo servir o jantar? — Pergunta Luigi, olhando
para mim preocupado, provavelmente todos os empregados da casa
devem ter ouvido a briga.
— Não precisa, acredito que ninguém vai querer jantar. —
Falo, caminhando em direção ao escritório.
— Senhor Vicenzo, desculpe minha intromissão, mas dona
Katharina ficará bem?! — Ele pergunta, preocupado.
E, pelo visto, não foi só meus irmãos que Katharina
conquistou, como os funcionários na fortaleza.
— Ela vai ficar bem — falo, sem ter certeza disso.
Entro no escritório e encontro Dimitri olhando para a tela do
computador com um copo de uísque na mão.
— Ela não pode ficar lá para sempre.
— Você é o único que eu não espero que a defenda. — Fala,
desviando o olhar da tela do computador para o copo em sua mão.
— Se não aguenta nem mesmo olhar para ela na cela, porque
não a tira de lá?!
— Não seja ridículo, Vicenzo, esse papel emocional não
combina com você.
— Eu nunca vi você tirar nem um dia de folga desde que te
conheço. Você não só tirou um dia de folga, como a levou para
passear. Está claro para mim que você gosta da russa.
— Engano seu, levá-la para Pompeia foi apenas uma
estratégia para seduzi-la, sabe muito bem que não forço mulheres,
ainda mais a se submeter a mim, não faria isso com a minha esposa.
— Não há nada de mau em gostar da sua mulher, Katharina é
uma mulher bonita e inteligente, diferente das mulheres que eu e
você conhecemos. Você se apaixonar, irmão, não muda nada, não te
transforma em um fraco.
— Você está sendo patético, Vicenzo, esqueceu de um dos
principais ensinamentos que te dei. Sentimentos são sinal de
fraqueza, eles são armas e combustíveis contra você mesmo. —
Fala abaixando a tela no notebook, em seguida fica de pé, olhando
para a janela, onde podemos ver a torre da agonia.
— Tudo bem, eu percebo que não adianta insistir nisso. Mas,
sejamos conscientes, Katharina não vai poder ficar lá para sempre.
Logo, seu sumiço chegará ao ouvido do pai e pior, do irmão. Não
queremos quebrar nosso acordo com os Castelaresi e ainda temos a
pequena chance de ela ser inocente. — Falo, pensando no que
Lorenzo disse.
— Ela não é inocente, eu vi as filmagens e só ela se
aproximou de Perséfone.
— Já pensou que pode ter sido o tratador, Guido, ele tem
mais acesso aos dois do que Katharina.
— Guido cuida dos animais desde que eles eram filhotes. Ele
ama os dois, não faria isso, está tão aflito quanto eu com a hipótese
de Perséfone morrer.
— Você está de cabeça quente, está deixando a raiva agir,
farei a minha investigação, se Katharina for culpada te direi e então
terá que pensar em outra maneira de castigá-la.
A cela tinha um cheiro forte de sujeira e podridão. Me
pergunto porque nunca tinha vindo aqui, nem mesmo sabia que essa
torre era usada para esse tipo de tortura.
Pela pequena janela com grades de ferro eu posso ver que já
é noite, não faço ideia de quantas horas se passaram desde que
Dimitri me arrastou para cá.
Minha cabeça fica dando voltas, tentando entender quem teria
coragem de fazer isso com Perséfone. Eu não consigo entender, ela
estava bem horas atrás e de todas as hipóteses, apenas um nome
fica brilhando feito um letreiro na minha mente, Natasha. A única que
ganharia algo ao me incriminar, mas isso não justifica como o veneno
foi parar nas minhas coisas. A cyka esteve aqui hoje, ela poderia ter
colocado veneno para Perséfone, mas as câmeras teriam visto,
também não explica o veneno no quarto, ela não subiu para o
terceiro andar, o que significa que alguém a ajudou. Talvez essa
mesma pessoa tenha colocado o veneno para os animais antes. Isso
faz sentido, assim a suspeita jamais cairia na puta.
Eu preciso sair daqui, só assim eu posso provar minha
inocência e salvar minha prima Ana. Ouço passos pelo corredor e
penso por um segundo que pode ser Dimitri, voltando para me tirar
daqui, porém não é ele é sim Niccolo, meu novo segurança, desde
que Romeu foi ferido na prova de fogo.
— Vim trazer sua refeição, senhora. — Fala tenso e olha para
a câmera.
Uma garrafa de água mineral e um pedaço de pão, olho para
suas mãos tremendo de raiva, mas decido pegar a comida.
Não sou burra de deixar a minha única refeição escapar, pode
ser que eu não receba outra amanhã, então pego sem pestanejar.
— Senhora, tem algum recado que queira dar a tvoya vtoraya
polovina[1].
Olho para Niccolo e então entendo que ele é o infiltrado,
aquele que Aslan colocou para me proteger, caso fosse preciso.
Aslan e eu sempre usávamos essa frase quando éramos crianças,
brincávamos que por sermos gêmeos, éramos um a metade do
outro.
— Me tire daqui — falo baixo, fingindo abrir a garrafa de
água.
— Eu não posso, não sozinho, mas posso avisá-lo que precisa
dele.
— Não. — Falo séria, pensando em Aslan.
Não quero que ele entre em conflito com a Cosa Nostra, no
fim das contas um acordo foi feito.
— Diga a Aslan para proteger a borboleta. — Digo em
código.
Caso ele seja pego não vai ter muito a entregar, apenas Aslan
e eu chamamos Ana de borboleta, então nem mesmo Niccolo vai
entender.

Ele me deixa sozinha, eu como o pão e bebo toda a garrafinha


de água, tentando planejar uma maneira de escapar. Não durmo
naquela noite, não naquele chão sujo e com o frio que faz durante a
noite. Na manhã seguinte ninguém vem até mim.
Me concentro na meditação para não pensar na fome. Tenho
que usar o chão para urinar, mas isso não é nada, Aslan me fez
sofrer coisas muito piores que essa humilhação. Se Dimitri pensa que
vai me quebrar deixando-me aqui, ele está apenas me subestimando
mais uma vez.

Não consigo saber que horas são, mas no que pareceu ser o
meio do dia, Lorenzo apareceu. Ele caminhava devagar pelo
corredor escuro até chegar na minha cela.
— Como você está? — Ele pergunta, preocupado.
— Estou bem, pode me tirar daqui? — Pergunto de uma vez.
— Infelizmente não, Dimitri ainda não voltou para casa,
passou a noite na clínica com a leoa. As coisas estão feias aqui na
fortaleza, Hades acordou da sedação e conseguiu escapar.
— Ele está bem? — Pergunto nervosa, imaginando um leão
de quase 300 quilos furioso escapando.
— Ele está bem, mas não posso dizer o mesmo de dois dos
nossos homens. Estão vivos, mas muito feridos. Vicenzo atirou nele
com tranquilizantes, ele está agitado sem Perséfone. Eu trouxe isso
para você, precisa comer rápido, e paralisei as câmeras para Dimitri
pense que está sentada no canto.
— Obrigada. — Agradeço ao receber o sanduíche que ele
traz, junto com suco de laranja — Me tira daqui, Lorenzo — falo
quando termino de comer a comida.
— Eu queria, mas não posso, não sem saber primeiro quem
fez isso.
— Foi Natasha, ela esteve aqui e falou com uma das
empregadas, eu não lembro qual era, mas Luigi deve saber. Ela não
subiu para o terceiro andar, mas a empregada pode ter colocado o
veneno nas minhas coisas.
— Eu vou investigar e prometo que logo você estará fora
daqui.

Dois dias se passaram e eu ainda continuo aqui, Lorenzo não


voltou, provavelmente para não deixar Dimitri desconfiar que ele está
me ajudando. Tenho certeza que foi ela, a cyka, eu vou sair daqui e
dessa vez faria o serviço bem feito, essa desgraçada nunca mais
entrará no meu caminho.
Eu não aguentava mais ficar aqui, meu corpo doía pelas
noites mal dormidas, com frio. Ao menos eu estava mais tranquila
com a mensagem que Niccolo me trouxe de que a borboleta estava
no casulo. Eu não aguentei e chorei naquela manhã, aliviada por
saber que ao menos Ana estava segura. Tentei usar tudo que
consegui para abrir o cadeado, mas era um cadeado moderno e não
conseguiria abrir a menos que tivesse a chave. Quando desisti,
decidi me concentrar na meditação e guardar minhas energias para
quando tivesse Dimitri e Natasha na minha frente.

Quatro malditos dias que estou presa aqui feito um animal. Me


sentia tão possessa de raiva e juro que seria capaz de matar o
imbecil do Dimitri junto com sua puta, e no fim ainda jogar os
cadáveres dos dois em uma fogueira e assistir eles queimarem.
Meus olhos estavam fechados, concentrada na meditação,
encaixo minha mente e me foco nas lembranças boas para que elas
me tragam a paz e a calma que preciso. Foi preciso muito tempo
para que eu conseguisse relaxar e então eu poderia até sentir o
cheiro de pinho dos pinheiros da minha casa. A neve começar a cair
e a aurora boreal iluminar o céu, da sacada do meu quarto eu
poderia ver sempre o espetáculo que acontecia.
— Pelo visto tem tido uma boa estadia aqui — fala Dimitri
caminhando até parar em frente às grades.
— Não tão boa quanto você queria, tenho certeza. — Falo,
levanto e limpo minhas mãos.
— Você teve sorte, sua priminha está livre, na verdade, ela
estranhamente decidiu passar uns dias na casa do seu pai. — Fala
com desgosto e eu sorrio.
— Como está Perséfone? — Pergunto, preocupada com seu
estado.
— Não seja hipócrita, Katharina, esse papel não combina com
você, mas se quer saber ela está salva e daqui a alguns dias estará
voltando para casa! — Fala, furioso.
— Dimitri, por favor, precisa acreditar em mim eu nunca faria
isso com ela, eu me afeiçoei aos dois. não seria capaz de feri-los.
— Sua prima escapou, mas seu castigo ainda não terminou —
fala friamente, ignorando tudo que eu falei.
— Não pode me manter aqui para sempre, uma hora ou outra
terá que me tirar daqui.
— Sei disso, por isso ficará apenas essa semana. Mas não
pense que ao sair daqui facilitarei para você, Katharina. Ainda a farei
pagar caro por ter ousado machucar algo meu. — Fala, se
afastando.
— Dimitri, espera! — chamo por ele, segurando seu braço
pela grade, o fazendo parar. — Não me deixe aqui, me leva com
você para o nosso quarto, para a nossa cama. — Digo, olhando em
seus olhos.
— Está tentando me manipular?!
— Não existe manipulação para o que aconteceu na viagem,
você sabe. — Falo, subindo minhas mãos por seu ombro.
— Acha que suas palavras vão me convencer a esquecer o
que fez?
— Não, eu sei que não, mas eu já fui castigada, não acha?!
— Não, eu não acho, não tendo em vista o que você fez — ele
fala duramente.
— Então me leva para o calabouço, me castigue, use o seu
chicote, me acorrente, me domine, faça do jeito que gosta, só me
tire daqui — falo lentamente, sem tirar os olhos dele.
A cela está escura, mas posso ver suas pupilas dilatando e o
pomo de Adão mexendo, Dimitri não diz nada, não é preciso. Ele
caminha até a porta e tira a chave do bolso, abrindo devagar. Meu
coração está acelerado e minha respiração falha. Não acredito que
ele abriu. Uma lágrima escorre pelo meu rosto, dou dois passos em
sua direção, me atirando em seus braços. Rapidamente sua boca
devora a minha, o desejo o consome. Fecho os olhos e gemo
passando minhas unhas pelos seus ombros, sinto seus dentes
mordendo meus lábios, suas mãos vão para minha bunda, apertando
com gosto.
O beijo se torna cada vez mais voraz, minhas mãos estão no
seu ombro, o apertando de maneira fugaz. Tento raciocinar mesmo
com sua barba arranhando meu rosto e o gosto de uísque me
embriagando. Me afasto para recuperar o ar e jogo meu ombro para
trás, totalmente afetada. E então, dois dedos em um golpe rápido
acertando-o no pescoço e no lado da cabeça, quase chegando no
ombro.
Dimitri se assusta, mas não pode fazer nada, pois desaba, a
desmaiado. Qualquer golpe muito forte ou lesão nessa área, se feito
corretamente, faz alguém desmaiar rapidamente.
— Filho da puta — digo e chuto suas bolas, furiosa.
Sem ter muito tempo para me vangloriar eu corro até ele,
pego o celular e fecho a cela, deixando-o trancado.
— Vamos ver quem vai gostar da estadia.
Jogo a chave no meio dos arbustos, pelo menos eles terão
bastante trabalho para tirar o imbecil de lá. Caminho atenta às
câmeras e ao virar à direta, a caminho da casa eu vejo dois
seguranças.
Chaise conversa com um homem que não reconheço, pois
está de costas, mas os dois parecem discutir. Penso que terei que
improvisar, não vou conseguir entrar na fortaleza, bosta, daria tudo
por um banho, mas as prioridades primeiro.
Dou a volta, me afastando dos dois e vou até o anexo onde
ficam os carros, torcendo para que um deles tenha deixado à chave
no carro.
Entro na garagem e vou olhando carro por carro, tentando
encontrar um que me permita passar despercebida. O carro de
Vicenzo é uma Ferrari azul com vidros pretos, perfeita.
— Onde pensa que vai? — Vicenzo diz, me surpreendendo.
— Merda!!
— Onde está Dimitri? — Ele pergunta, me encurralando
contra o carro.
— Eu não o vi, Lorenzo me soltou e eu vou atrás da Natasha!
Se é isso que quer saber.
— Não posso deixar você ir, Dimitri vai ficar puto com
Lorenzo!
— Vicenzo, não foi eu, precisa confiar em mim.
— Eu já sei que não foi você, vou falar com Dimitri, já tenho
provas, mas não posso deixar você sair — diz sério.
— Ninguém precisa saber que você me deixou sair.
— Eu nunca trairia meu irmão — ele fala duramente.
— Você me deve isso, Vicenzo, depois do que passei na
prova, se me deixar ir, coloco um ponto final no que aconteceu,
enterramos tudo. — Ele olha para mim, pensativo e
surpreendentemente me deixa ir.
— Vá, Natasha deve estar na sede. Mas lembre-se, não
estou fazendo isso por você e sim por Dimitri, tá na hora de tirar
essa vadia das nossas vidas. — Diz e joga a chave do carro para
mim. — Não o destrua, por favor.
Eu corro feito uma louca, bem, nunca me achei normal
mesmo. Estaciono na entrada do prédio, me olho no retrovisor e vejo
que minha aparência não era das melhores, mas já tive dias piores.
Uso lenços umedecido que encontro no carro e limpo meu rosto, tiro
a blusa de manga que usava ficando, apenas de segunda pele, faço
um coque no cabelo e desço do carro.
— Seja bem vinda, senhora — fala um dos seguranças,
olhando-me, pelo visto me reconheceu.
Passo pela grande entrada, havia muita gente trabalhando e
uma recepcionista no balcão de informações.
— Senhora Rinna, precisa de algo? — A moça de terninho me
pergunta.
— Sim, vim ver minha amiga Natasha. Sabe me informar se
ela já chegou?!
— A senhorita Sortini está na sala do senhor Rinna,
provavelmente preparando tudo para a chegada dele. — Ela arruma
os óculos no rosto — Me chamo Ariadne — diz simpática.
— Prazer, Ariadne, sou Katharina.
— Bem, senhora Rinna, o Boss na verdade já deveria estar
aqui, provavelmente deve estar chegando, tenho certeza que ficará
feliz em saber que a senhora está aqui.
— Claro — sorrio para a mesma, que me leva até o elevador
privativo, onde só paramos no último andar.
Realmente, o prédio é lindo e ninguém nunca diria que é a
sede do crime organizado.
As portas se abrem e não tenho nem tempo para olhar para o
andar do Boss, como ela disse, pois, meus olhos vão para a moça
sentada na mesa e que provavelmente deve ser da secretaria.
— Lay, Natasha está na sala do Boss?
— Sim, sabe como ela gosta de conferir se está tudo bem
limpo e organizado antes dele chegar. — Fala e quando percebe
minha presença, se cala.
— Obrigada, Ariadne, por ter me trazido até aqui, pode ir
agora. Na verdade, Lay, você pode ir com a senhorita Ariadne, eu
estive falando com Dimitri ontem e ele comentou que tem trabalhado
muito.
— Ele comentou, senhora? — Ela pergunta com os olhos
arregalados, alarmada. — Eu juro, senhora, que não estou fazendo
corpo mole eu prometo que...
— Não se preocupe, não foi uma crítica, querida, na verdade
foi um elogio e por isso você deve aproveitar seu dia de folga. —
Digo, tranquila e ela respira fundo, aliviada, recolhendo sua bolsa
acompanhando a outra até o elevador.
— Isso foi mais fácil do que eu imaginei.
Sorrio para a câmera, mandando um beijo para o meu querido
marido, tenho certeza que depois vai ver tudo. Abro a porta da sala
do maldito e qual o meu horror ao ver Natasha sentada na cadeira
dele, acariciando uma foto sua. Essa mulher só pode ser obcecada.
Bato a porta com tudo e ela se assusta derrubando, o porta
retrato.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunta, confusa.
— Está surpresa, sério? — Digo, debochada.
— Dimitri sabe que você está aqui?!
— Não, mas daqui a pouco ele vai ficar sabendo.
— Eu vou ligar para ele — fala, pegando o telefone, porém eu
sou mais rápida pegando o fio e o jogando longe.
— Ah, mas você não vai mesmo, cyka, eu vim aqui acertar
minhas contas com você.
— Eu não devo nada a você, sua bastarda. Veio aqui por
que? Está irritadinha porque Dimitri prefere a mim do que você?
— Eu vim aqui para acabar com você, cadela — falo,
avançando em sua direção, puxando seu cabelo e batendo sua
cabeça contra a mesa — Eu vim, vadia, te mostrar que ninguém
mexe comigo — bato novamente e ela grita de dor.
— Sua louca, me solta!!!
— Você pagou para sua comparsa envenenar Perséfone e me
incriminar. Pensou o que? Que ia se livrar de mim fácil assim. — falo,
jogando sua cabeça para trás na cadeira.
— Maldita, eu te odeio, você não pode provar que fui eu!!! —
Grita, jogando uma pasta de metal em minha direção, porém consigo
desviar.
— Tem razão, vagabunda, mas quando você estiver morta, eu
vou sentir tanta satisfação que não me importo se conseguir ou não
provar que foi você.
Natasha puxa meu cabelo com força enquanto eu soco seu
estômago.
— Eu te avisei, vagabunda, para não mexer comigo. — Soco
seu estômago, não com a força que eu queria, já que estou fraca
pelos dias que passei naquela cela, mas ainda assim consigo fazer
ela se inclinar de dor.
Me levanto, sentindo meu punho arder e sangue escorrer do
meu dedo. A marca do meu anel de noivado fica na cara da puta.
Limpo o sangue e Natasha surpreende me acertando com o abajur
na cabeça. Caio no chão, tonta, com a vista fraca, mas a adrenalina
e o ódio que sinto dessa cyka me faz despertar. Puxo ela pela perna,
ainda no chão e ela cai em um baque surdo. Me levanto com
dificuldade e subo em cima dela.
— Eu poderia dar um tiro na sua cabeça, sua vira-lata dos
infernos, mas seria rápido demais, você merece sofrer!! — dou o
primeiro tapa tão forte que minha mão queima.
— Que merda tá acontecendo aqui? — Uma mulher pergunta
da porta.
— Daniela, me ajuda, tira ela louca de cima de mim.
Daniela começa a rir, mas eu não presto atenção e dou outro
tapa na cara da vagabunda.
— Daniela!!! — Natasha suplica pela ajuda da outra mulher.
— Eu nem estive aqui, Natasha, se vira com a mulher do
chefe, aposto que fez por merecer. — Ela nos deixa sozinhas.
Seu rosto está todo deformado de tanto que eu bato, ela
arranha meus braços, tentando se soltar, mas nem mesmo o diabo
me tiraria de cima dessa mulher hoje, não até que eu acabe com ela.
— Tá gostando de apanhar, cyka, não era isso que queria
quando tentou me incriminar?!
— Eu deveria ter dado aquele veneno para você, maldita, filha
da puta!! — ela fala, cuspindo sangue, quase desmaiando.
— Deveria, mas você foi covarde e preferiu atacar quem não
pode se defender. — Dou, outro tapa para acordá-la.
— Na próxima eu vou envenenar é você, sua estúpida!!! —
grita, chutando minhas costas, conseguindo se soltar.
Natasha se arrasta até o sofá de couro, tentando se levantar.
Sorrio, vendo seu estado, sentindo um grande prazer, mas me
arrependo por não ter acabado com ela antes. Ela tenta correr até a
porta, porém eu sou mais rápida e entro na frente.
— Onde pensa que vai, não é corajosa para armar contra
mim, agora vai fugir? Não, não, querida. — Puxo seus cabelos,
sentindo parte dos apliques cair no chão.
Seu nariz está quebrado, assim como sua mão e todas suas
unhas, arrasto a cadela até as grandes portas de vidro, abrindo as
mesmas com apenas uma mão.
— Vai ser delicioso assistir você despencar daqui de cima e
virar purê lá embaixo.
— Me solta — ela se apavora e tenta escapar, mas uso toda
a minha força a puxando para frente, inclinando seu corpo contra o
parapeito.
— Dê adeus a sua vida, cyka...
Todas as pistas me levam a crer que a besta tem relação com
a Cosa Nostra italiana, as marcas no corpo de Michelle Calvatário
são as mesmas no corpo das vítimas do assassino em série. A
mídia caiu em cima da polícia de Palermo, até mesmo um deputado
estadual está pressionando meu chefe para conseguir respostas. As
escutas já foram colocadas na casa de Alesso Gambino, só preciso
que ele diga algo útil, uma mísera prova que ele está envolvido com
a Cosa Nostra para que eu consiga uma ordem de prisão. E quando
o mesmo estiver sob custódia será mais fácil conseguir que ele abra
a boca e entregue quem é o mandante dessa organização que há
mais de cem anos vem sugando as riquezas do nosso país e nunca
conseguimos colocar o cabeça da organização dentro da cadeia.
Chego à delegacia ansiosa para saber se hoje teríamos o
resultado da análise das digitais retiradas da cena do crime. Estou
apostando todas as minhas fichas que vou encontrar alguma coisa no
charuto. Cohiba é a marca de charuto mais cara que existe, um
simples soldado da máfia não fumaria um desses, então aí está a
minha chance de pegar algo de um dos cabeças. Entro
cumprimentando meus colegas de trabalho, e vou direto para a sala
da perícia falar com Dean, para saber os resultados. Assim que
passo pela porta do laboratório o vejo concentrado no microscópio.
— Dean — o chamo, fazendo-o virar para mim.
— Detetive Gabriela, em que posso ajudá-la? — Ele fala,
arrumando os óculos.
— Eu vim buscar o resultado da análise do charuto que
encontrei na cena do crime da Avenida Lazio.
Ele olha para mim, confuso e rapidamente sinto que alguma
coisa aconteceu.
— Eu pensei que já sabia!!
— Sabia o que Dean? O que aconteceu? Eu avisei seu
assistente que a análise do charuto era prioridade. O que
aconteceu?
— Bem, pelo visto ninguém te avisou, mas o chefe passou
aqui ontem à noite, quando eu estava terminando a análise e mandou
parar e descartar a evidência. Segundo ele, não era necessário
gastar tempo e recurso à toa e me encaminhou outras evidências
para examinar. Pensei que você tinha sido avisada. É como se
tivesse caído um raio e minha mente trabalha rápido e apenas uma
hipótese faz sentido. Ele mandou limpar qualquer prova que eu
pudesse ter contra o chefe da máfia. Desgraçado, trabalha para
eles.
— Obrigada Dean, provavelmente devem ter me avisado, mas
sabe como é, ando pegando muitos plantões e não estou tendo
tempo para descansar.
— Eu entendo, pois estou do mesmo jeito que você, mas fica
tranquila, logo vamos descobrir quem é esse assassino em série.
— Com toda certeza. — Falo, saindo do andar da perícia e
indo direto para sala do meu chefe, o desgraçado corrupto.
A porta está aberta, eu nem espero convite e já vou entrando.
— Precisamos conversar — falo, chamando atenção do chefe
de todo o departamento de polícia de Palermo.
— Detetive Bianchi, que bom vê-la, ia mandar te chamar.
—Acabei de sair da perícia e Dean me informou sua ordem
para não analisar o charuto que eu encontrei no restaurante da
Avenida Lazio.
— Ah isso, claro, mandei, pois é uma perda de tempo ficar
procurando DNA. Ficou claro que os bandidos que fizeram isso
estavam usando luvas.
— Mafiosos, nós sabemos que a Cosa Nostra está por trás
do massacre.
— Essas são apenas especulações, não existem provas, mas
isso não importa. Preciso te entregar isso. — Fala, me entregando
um papel.
Pego o papel, me segurando para não gritar “corrupto” na
cara dele, leio atentamente o documento e não quero acreditar no
que está escrito.
— Estou sendo demitida, é isso?! — Pergunto, mesmo
sabendo a resposta.
— Exatamente, detetive Gabriela Meireles Bianchi, você não
faz mais parte da corporação me entregue o distintivo e sua arma.
— Você não pode fazer isso, eu sou a melhor detetive do
departamento, nunca perdi um caso, eu sou a melhor aqui.
— Você pode ser boa, Gabriela, mas é ingênua demais para
não se dar conta como as coisas funcionam na Sicília. Não importa o
quanto você é boa, o sistema está acima de tudo. Eu sou o chefe
aqui e quero você fora do meu departamento.
Olho para o porco na minha frente com desprezo, tiro a minha
pistola do coldre, coloco em cima da sua mesa junto com o distintivo.
— Isso não acabou, eu vou pegar o chefe da Cosa Nostra e
então você verá um a um cair.

Fiquei dois dias trancada no quarto, eu chorei tanto que meu


rosto estava inchado, além do tapa que ele me deu. A fome era
minha companhia constante, como também o medo que a porta se
abrisse e ele viesse acabar o que tinha começado, nem mesmo o
fato de estar grávida o fazia ter consideração por mim. Pela janela
do quarto eu vejo o carro de Giuliana estacionar, reconheço de
imediato o conversível vermelho. Fico me perguntando o que minha
irmã faria aqui uma hora dessas, será que ela tinha vindo me ver?!
Mas, uma dor se instala em meu peito quando percebo que
horas se passaram e ela não vai embora.
— Não, não pode ser, ele não faria isso! — Tento formar uma
linha de raciocínio, não querendo acreditar que seria traída
duplamente pelos dois.
Apenas a mísera possibilidade de Dante estar com Giuliana já
me provoca náuseas, e tenho que correr para o banheiro e vomitar.
Decido não pensar nisso e me preocupar com o bem estar do meu
bebê. Tomo um banho para me acalmar e bebo água da torneira,
não poderia desidratar, eu precisava manter a calma até sair daqui.
Assim se passa o primeiro dia trancada no quarto feito um pássaro,
em uma gaiola de ouro. No dia seguinte, eu estava faminta e tonta
por causa da fome. Não era a primeira vez que Dante me deixava
trancada como castigo por coisas que existem apenas na mente
dele, mas é a primeira vez que ele faz isso comigo grávida. As horas
se arrastavam tortuosamente, vejo Dante saindo junto com muitos
dos seus homens e fico aflita, pois sentia que é alguma coisa séria.
Não consigo dormir, não com a barriga doendo de fome e
aflita, sem saber o que ia acontecer comigo. Quando ouço uma
movimentação intensa do lado de fora, levanto da cama, vou até a
sacada e lá o vejo saindo do seu Maybach Exelero prata. Ele desce
e mesmo com a escuridão da noite eu posso perceber seu olhar
diretamente para mim, na sacada. Seus olhos ferozes causam
arrepios pela minha espinha, minha boca fica seca, e minhas mãos
geladas. Volto para o quarto e me sento na poltrona, tentando me
acalmar. Minutos se passam até eu ouvir seus passos pararem na
porta, e a fechadura ser aberta. Perco o fôlego quando o vejo, Dante
olha para mim como um animal feroz, suas mãos, assim como sua
camisa, estão sujas de sangue, seus cabelos revoltos e sua postura
mais fria do nunca.
— Você entende por que tive que castigá-la? — Ele pergunta,
parando na minha frente.
Eu não consigo responder o medo é tão grande que apenas
balanço a cabeça, concordando.
— Eu sei que você não acredita que eu te amo, mas está
enganada, Rebeca, eu amo você, querida, amo cada pedaço seu,
ninguém chega aos seus pés, meu amor. Você só precisa ser
obediente, não pode me deixar, ninguém vai te tirar de mim. Você
pertence a mim e não quero a maldita russa perto de você. — Fala,
acariciando meu rosto e me apavoro.
— Me desculpa, Dante, eu prometo me comportar. —
Prometo, submissa, começando a chorar.
— Shiiiiu!! — Ele me corta. — Eu não quero ouvir seu choro,
amor. Eu quero que me beije e mostre para o seu homem o quanto
sentiu sua falta, o quanto se arrepende por ser uma bambina
desobediente. — Ele fala, olhando em meus olhos.
Tremendo, eu elimino a distância que nos separa e toco seu
pescoço, o beijando. O beijo do jeito que ele gosta, com a
intensidade que ele ama, mas não consegui segurar as lágrimas e
então o primeiro tapa chega. O tapa é dado com força e meu rosto
arde, eu quase caio para trás, porém seus braços me cercaram,
mantendo-me de pé.
— O que eu disse, se fosse obediente, eu não precisaria
bater em você. — Ele desfere outro tapa, mais leve — Entende? —
Pergunta e eu balanço a cabeça, concordando.
— Eu, entendi, amor, vou ser boazinha. — Falo para agradá-
lo.
— Isso mesmo — alisa meu rosto onde arde e fico com medo
dele bater de novo. — Se você for uma má garota, eu vou te
castigar, mas se for boazinha, eu te recompenso.
Sinto o medo fazer meu corpo tremer, o sorriso malicioso de
Dante me faz ter certeza de que eu não vou me livrar dele nunca.
Essa seria a minha vida até a morte.
Ele se aproxima, me jogando na cama e abre minhas pernas
com força, me deixando arreganhada e exposta para ele.
— Senti tanta saudade desse corpo, da sua pele, do seu
cheiro, do seu gosto — diz, beijando meus pés e vai subindo pelas
minhas coxas. Preciso respirar fundo para não me esquivar do seu
toque. Odeio como meu corpo corresponde ao seu toque, odeio a
mim mesma por um dia ter amado esse monstro.
— Você é toda minha, Rebeca.
Sua voz é calma e ele começa a acariciar minha boceta,
passando a mão pelo meu clítoris, meu corpo logo se aquece e logo
minha boceta está molhada e meus seios duros.
— Você vê, bambina mia, seu corpo mostra o quão vadia é,
sua boceta já está toda molhada para mim! — Ele ri e eu me
encolho, com nojo de mim mesma. — Relaxa, meu amor, eu amo ver
o quanto a controlo, não só sua vida e seus passos, como seu corpo,
até mesmo o ar que você respira, sou eu que controlo. Agora mostra
para o seu dono o quanto o deseja e implora para que eu a foda. —
Ele fala enquanto continua acariciando minha intimidade.
Começo a gemer baixinho, segurando as lágrimas, tentando
em vão me conter.
— Vamos, putinha, fala para eu foder essa boceta, fala.
Temendo que, se negasse o que ele queria, seria pior, então
faço o que ele manda.
— Por favor, Dante, me fode...
Ele não pensa duas vezes em sair de cima de mim, abaixando
a calça e a boxer, revelando seu pau duro, pronto para entrar em
mim. Ele encaixa na minha boceta e vai me penetrando, sem nenhum
carinho. Começa a se mexer, metendo com força e rapidez em mim,
esquecendo que estou grávida.
— Cuidado — falo, rouca em meio aos gemidos, colocando
minhas mãos sobre minha barriga.
— Isso, minha putinha, grita, vadia!!! — ele vai falando várias
obscenidades.
— Aí... Dante, devagar, está doendo. — Falo preocupada,
mas ele me ignora e continua a meter com bastante força.
— Eu nunca me canso dessa boceta apertada. Seu corpo foi
feito para mim.
Ele continua metendo, até que passa a mexer na minha
boceta com a mão, estimulando meu clitóris e o prazer vai voltando,
logo eu estou gemendo junto com ele, enquanto ele me dá várias
mordidas pelo meu corpo. Percebo que ele começa a forçar o corpo
mais rápido, metendo com força e gemendo grosso em cima de mim.
— Ahhh... Isso, puta... Eu sabia que todas vocês são putas,
só precisam de um pau grosso para mostrar a verdadeira natureza
de vocês, de cadelas. — Me humilha assim que o orgasmo me
atinge. Me sinto um lixo e tenho que conter um soluço na minha
garganta.
— Fica de joelhos que eu quero gozar na sua cara, puta! —
Fala com a voz grossa enquanto se masturba.
Com as pernas tremendo, me arrasto da cama para o
carpete, ficando de joelhos, um tanto tonta, com medo de acabar
desmaiando e ele me castigar.
— Ergue o rosto, putinha quero seu rosto vermelho pelos
meus tapas e todo branquinho com a minha porra.
Dante goza, soltando um gemido feroz, seu gozo escorre pelo
meu rosto, me sinto usada, uma puta, como ele fez questão de dizer,
um lixo, pois é isso que eu sou. Eu queria chorar, queria nunca o ter
conhecido, queria ser outra pessoa, ser livre das garras do capo
Bruschetta, mas ele jamais me deixaria livre.

Deixar Katharina dentro daquela cela foi mais difícil do que eu


imaginava. Eu não deveria ter qualquer tipo de sentimento por essa
mulher, muito menos depois do que ela fez.
As câmeras me deixam ver o que acontece na cela, mas eu
não consigo olhar, eu não consigo ver Katharina daquela forma e me
sinto um fraco por me deixar levar por essa mulher. Foram longos
três dias cuidando de Perséfone, por sorte a dose de veneno não foi
o bastante para matá-la e ela sobreviveu, mas teria um longo
período de recuperação. Com sua volta para a fortaleza, Hades
ficará mais calmo, pois estava descontrolado. Tivemos que deixá-lo
preso e às vezes sedado.
Entro na torre nervoso, pois há dias eu venho evitando olhar
para ela, me apegando a raiva que sinto por saber que ela traiu a
minha confiança. Katharina está sentada no chão, de olhos fechados,
seu rosto está molhado de suor. Ela está visivelmente pálida, e minha
vontade é tirar ela daqui, mas não posso, ela precisa pagar pelo que
fez.
Uma luta é travada dentro de mim entre querer ela fora desse
lugar e fazê-la pagar pelo que fez.
— Pelo visto tem tido uma boa estadia aqui. — Falo
friamente, chamando a sua atenção, que abre os olhos e me vê.
— Não tão boa quanto você queria, tenho certeza,
— provoca, ficando de pé devagar.
Pelo visto ela está fraca e a culpa por deixá-la sem comida
me atormenta.
— Você teve sorte, sua priminha está livre, na verdade ela
estranhamente decidiu passar uns dias na casa do seu pai. — Falo
com raiva, a desgraçada escapou de mim.
Não sei como tudo aconteceu, mas quando vejo a discussão
partiu para outro lado e Katharina implora para sair.
— Ficará apenas essa semana, mas não pense que ao sair
daqui facilitarei para você, Katharina. Ainda a farei pagar caro por ter
ousado machucar algo meu. — Falo, decidido que não dá mais para
deixá-la aqui.
— Dimitri, espera! — Ela me chama enquanto segura meu
braço por entre as grades.
Paro, sentindo meu corpo esquentar com apenas um maldito
toque, essa mulher só pode ser uma bruxa.
— Não me deixe aqui, me leva com você para o nosso quarto,
para a nossa cama. — Tenta me manipular.
— Está tentando me manipular?! — Digo frio, com raiva por
ela estar tentando me usar.
— Não existe manipulação para o que aconteceu na viagem,
você sabe. — Suas palavras são certeiras.
— Acha que suas palavras vão me convencer a esquecer o
que fez?! — Falo, lembrando do motivo para ela estar aqui e tento
me afastar.
— Não, eu sei que não, mas eu já fui castigada, não acha? —
Súplica, me olhando intensamente.
— Não, eu não acho, não tendo em vista o que você fez. —
Pontuo, revoltado.
— Então me leve para o calabouço, me castigue, use o seu
chicote, me acorrente, me domine, faça do jeito que gosta, só me
tire daqui.
Suas palavras tem efeito direto em meu pau e a imagem dela
de joelhos, no calabouço, pronta para ser castigada, me leva ao
delírio. Não sei o que dá em mim, bem, na verdade eu sei, é o tesão
doentio que eu sinto por essa mulher. Quando eu dou por mim já abri
a porta e nós estávamos nos beijando loucamente. Minha língua
chupa a sua, minhas mãos apertam fortemente sua bunda gostosa e
suas unhas arranhavam meu ombro. Intenso, louco e explosivo, é
isso que acontece quando estamos juntos. Minha boca viaja pelo seu
ombro, e quando Katharina me surpreende com um golpe forte na
lateral do pescoço. É tão rápido que mal consegui entender o que
houve, pois a escuridão toma conta de mim.

Abro os olhos e sinto minha cabeça latejar, estou deitado no


sofá da sala, me sento tonto, sentindo um cheiro forte de rum.
— Até que enfim acordou, já estava para jogar um balde de
água na sua cara. — Fala Vicenzo ao lado de Rubens, meu soldado.
— Onde está Katharina? — Pergunto, lembrando o que a
desgraçada fez.
— Katharina está na sede, foi atrás de Natasha, Daniela
avisou que ela está na sua sala.
— Preciso ir até lá. — Me levanto puto com ela, sentindo uma
dor horrível nas bolas, meu pau parece que foi esmagado por um
trator.
Que porra aconteceu enquanto estava desacordado, como fui
cair num truque velho desse?!
— Calma aí cara, antes preciso te mostrar uma coisa! — Fala
Vicenzo, me entregando o celular.
Confuso, pego o aparelho e dou play em um vídeo pausado,
nele posso ver Natasha e uma das empregadas da casa
conversando. As duas caminham juntas até o portão leste, onde a
câmera não consegue gravar bem, já que a vegetação atrapalha. O
vídeo segue para a escadaria, que leva para a minha suíte no
terceiro andar, a mesma empregada entra, e, como nos quartos não
tem câmera não posso ver o que ela faz lá dentro, porém, os únicos
que têm autorização para entrar no meu quarto são Luigi e Monalisa.
— Traga Ninete para nós — fala Vicenzo para os dois
soldados na sala.
Não preciso da chegada dela para entender que tudo não
passou de uma armadilha de Natasha.
— Katharina é inocente. — Falo, percebendo o grande erro
que cometi.
— Sim, foi Natasha, a sua cadela, ela armou para a culpa cair
em Katharina.
Nossos soldados trazem Ninete arrastada, ela está chorando,
descabelada, com o rosto todo deformado e o nariz sangrando,
imagino o tratamento que Vicenzo deve ter dado a ela.
— Eu vou perguntar apenas uma vez, seja direta ou sua morte
será lenta e dolorosa. — Falo, olhando para a mesma, que chora em
desespero.
— Eu sinto muito, senhor, eu não sabia que isso aconteceria.
Ela sabia que eu precisava do dinheiro para trazer meu filho para a
Itália. — Ela fala, soluçando.
— Seu tempo tá passando.
— A dona Natasha me pediu para colocar o pó na comida dos
leões e deixar a embalagem nas coisas da senhora Katharina. Eu
não queria que isso acontecesse, eu ju... — ela não termina de falar,
pois atiro na sua testa.
— Mande alguém limpar isso aqui — falo para Rubens,
pegando minha chave, nervoso, me dando conta da grande merda
que eu fiz.

— Vai ser delicioso assistir você despencar daqui de cima e


virar purê lá embaixo.
— Me solta. — Ela se apavora e tenta escapar, mas uso toda
a minha força a puxando para frente, inclinando seu corpo contra o
parapeito.
— Dê adeus a sua vida, cyka.
Natasha se agarra ao parapeito enquanto eu tento empurrá-la
para baixo.
— Katharina, não faça isso — Diz Lorenzo, pálido, entrando
na sala.
— Tarde demais, ninguém vai me impedir de fazer essa
vagabunda voar.
Uso meu braço esquerdo para soltar sua mão que agarra o
parapeito.
— Você não é uma assassina, Katharina, não suje suas mãos
com sangue dessa cadela. — Ele fala sério, se aproximando de nós
duas.
— Você não me conhece, Lorenzo, você não sabe do que eu
sou capaz!
— Eu te conheço, Katharina, você é boa, não é como nós,
você não é como ela.
Olho para a vagabunda toda destruída e para Lorenzo, então
tomo a minha decisão. Solto Natasha no chão da sacada, ela cai e
começa a chorar no chão, e é nesse momento que a porta abre
novamente e vejo passando por ela Vicenzo e Dimitri.
Limpo as minhas mãos sujas do sangue da vadia, quando
Dimitri para de frente para mim.
— O que foi, veio se vingar por ter te enganado e trancado na
cela?! — Pergunto, olhando para ele firmemente.
— Não, confesso que fiquei puto quando acordei e me dei
conta que você me enganou, mas eu mereci isso! — Fala, se
aproximando de mim e eu me afasto. — Está ferida, Natasha te
machucou? — Pergunta, fingindo estar preocupado, segurando
minha mão suja de sangue.
— Não me toque!! — me esquivo com ódio e já me arrependo
de não ter jogado a vadia pelos ares.
— Katharina, eu já sei o que aconteceu, eu preciso...
— Claro, como foi, Vicenzo ou Lorenzo quem te contou a
armação da sua puta contra mim?! — Digo debochada, o
interrompendo.
— Vicenzo conseguiu que Ninete confessasse.
— Tudo poderia ter sido evitado se tivesse acreditado em
mim. — Falo, amarga, deixando uma lágrima de raiva escorrer.
— Você tem que ente...
— Chega! Eu não quero ouvir você, Dimitri eu estou exausta
de tudo isso e quer saber? Você e essa vadia se merecem! — Digo
com desprezo. — Lorenzo, me leva para casa... — peço, me virando
para Lorenzo, que se mantém calado, olhando para a discussão.
— Você não vai com ele — Dimitri rosna, irritado, eu reviro os
olhos sem paciência. — Lorenzo, leva Natasha para a fábrica de sal!!
— Não, não, Dimitri, não!!
A puta começa a implorar, mas eu não tenho mais saco para
aguentar toda essa merda e saio da sala decidida a ir embora
sozinha.
As portas do elevador abrem, mas antes que eu entre, Dimitri
segura meu braço.
— Precisamos conversar, você não pode sair assim.
Puxo meu braço com raiva, até mesmo seu toque me
enfurece.
— Tarde demais para conversas, senhor Rinna, meu rosto
ainda arde pelo tapa que me deu, nada que me diga vai mudar o fato
de ter sido tratada feito um lixo por você!
— Eu estava errado com você.
— Me conta uma novidade — Debocho. — Estou cansada,
tudo que preciso é de um bom banho e comida, se não tem nada
novo para me dizer, preciso ir.
Eu vejo um conflito em seu olhar, algo está diferente, mas eu
não sei explicar o que.
— Chaise te levará em casa, mais tarde nós conversaremos.
— diz, mas eu nem mesmo o respondo, entro no elevador, me
afastando dele.

O caminho até a fortaleza é rápido, estava tão cansada e


dolorida que nem vejo quando chegamos. O sangue havia esfriado e
a dor toma conta do meu corpo, por sorte, tinha Chaise para me
ajudar a subir os degraus da entrada ou acabaria caindo no chão.
Na entrada da sala vejo duas funcionárias limpando o piso de
madeira que estava sujo de sangue e prefiro nem perguntar o que
aconteceu.
— Senhora Katharina, a senhora está bem? — Pergunta Luigi
assim que me vê e vem até mim.
— Estou bem, Luigi, só preciso que Carlota faça aquela
carbonada que só ela sabe fazer e de um bom banho.
— Pode deixar eu mesmo vou preparar a banheira para a
senhora.
Tomo um banho relaxante de quase duas horas onde choro,
deixando todas as minhas frustrações falarem. Sinto-me sozinha
nesse país, sinto falta da minha família, de Aslan.
Quando saio do banheiro eu já me sinto outra pessoa, todo o
momento de fraqueza se foi como as águas, pelo ralo. Me visto e
olho no espelho, minha aparência está abatida e cansada. Luigi traz
uma bandeja com o almoço reforçado, tomo um relaxante muscular e
devoro toda a comida, me sentindo renovada.
— Carlota vai ficar feliz ao ver essa bandeja vazia. — Fala
Luigi, recolhendo a bandeja.
— Eu estava há dias sem comer uma refeição decente e senti
falta da comida de Carlota.
— Senhora, eu sinto muito pelo que aconteceu, eu deveria ter
visto Ninete entrando no quarto da senhora, por minha culpa...
— Não termine essa frase, a culpa não é sua, se tem alguém
culpado esse alguém é Dimitri. Não quero que se preocupe, eu estou
bem. Pensando nisso tive uma ideia, chame Monalisa aqui, vou
precisar dela para fazer umas mudanças.

Katharina saiu me fazendo sentir um idiota, cai em uma


armadilha feita por uma qualquer.
Natasha é arrastada por Lorenzo que a segura bruscamente.
— Por favor, Dimitri, eu me arrependo de tudo, só fiz isso
porque te amo. Eu errei, mas errei por amor.
Implora se ajoelhando aos meus pés, me causando náuseas.
Um ódio infinito me assola, vendo o quão dissimulada é essa vadia.
— Leve-a para a fábrica e prepare tudo para minha chegada.
Vicenzo, peça para Guido trazer Hades, vou precisar dele.

Resolvo tudo que tinha para resolver na sede. Minha sala


precisou passar por uma limpeza, pelas câmeras de segurança vi
Katharina dando uma surra bem merecida na vagabunda da Natasha.
Ainda não sabia como iria consertar as coisas com Katharina, mas
daria um jeito de arrumar toda a bagunça que Natasha havia feito.
Cancelo meus compromissos e dirigi até a saída da cidade.
Meu lado sádico estava sob controle, agora, a besta em mim
quer sangue e morte. O cheiro forte de sal preenche minhas narinas.
Chego à fábrica abandonada em Bagheria, conhecida pela Cosa
Nostra como porta do inferno. As pessoas que não são confiáveis
acabam enviadas para cá e quem entra por essas portas, não sai.
Aqui é onde a Cosa Nostra faz seus problemas desaparecem, pelo
menos alguns deles. Ninguém sabe ao certo quantas pessoas já
morreram aqui, afinal as paredes não falam. Os muros altos
protegem dos curiosos e homens armados fazem a segurança.
Costumávamos usar a torre da agonia como lugar para manter os
prisioneiros, mas desde que a fábrica ficou abandonada decidimos
trazer os maledetos para cá.
As portas de madeira são abertas e aquela sensação
empolgante toma conta de mim, como acontece toda vez que estou
aqui. Temos várias salas de tortura, mas no fim todos vão pro
mesmo lugar o tanque cheio de ácido, onde os corpos são jogados,
não deixando nenhum vestígio ou prova. Homens que quebram o
código de Omertà, traindo a família são os que mais sofrem. O
desespero é tão grande que no fim eles imploram para morrer.

No fim do salão principal vou direto para a sala nove, a minha


favorita. Lorenzo está sentado, fumando, enquanto Natasha está
amarrada pelos braços, nua.
— Dimitri, por favor, eu prometo que nunca mais vou fazer
nada contra Katharina, só me deixe ir. — Natasha implora.
— Eu te avisei, Natasha...
— Eu saio do país, vou para longe, só me deixe ir, eu já
aprendi a lição, por favor, não me mate. — Ela súplica.
— É tarde demais para implorar. — Falo, tirando meu paletó e
dobrando as mangas da camisa.
A mesa de metal está pronta, com todos os brinquedos, mas
antes de começar eu tenho algo para dar a ela.
— Lembra disso?! — Questiono-a, retirando a embalagem
com o veneno que ela deu a Perséfone.
— Por favor, não.
— Em doses grandes eu poderia matá-la, mas, segundo
Guido, uma pequena dose causa dores terríveis e até hemorragia
interna.
— Dimitri, por favor, eu faço o que pedir.
— Lorenzo, abre a boca da vagabunda. — Ordeno e ele
apaga o cigarro, indo até ela.
Natasha tenta lutar com ele e mordê-lo, porém, Lorenzo
aperta seu rosto, tão forte que eu coloco uma pequena porção do
veneno em sua língua. Natasha engole e engasga, enquanto nós dois
rimos do seu desespero.
Vou até a mesa de instrumentos e olho uma a uma as opções.
Começo por meu alicate preferido. Volto com o objeto em mãos até
Natasha, que se debate, mas não consegue escapar, não com os
braços presos. Um a um vou arrancando suas unhas dos seus pés.
Os gritos de Natasha alimentam a fera que vive em mim.
Ela parece que vai desmaiar de tanta dor, entretanto, não vou
facilitar, acerto um tapa forte na sua cara e ela acorda, desnorteada,
chorando de dor.
— Por favor, Dimitri acabe com isso de uma vez. — Ela
suplica por uma morte rápida.
— Já está implorando? Katharina ficou três dias em uma cela
e não implorou nenhuma vez. Que feio Natasha, justo você que se
acha tão superior. — Debocho, fazendo Lorenzo e meus homens
rirem.
Pego o chicote com pontas de ferro e decido marcá-la um
pouco. O primeiro golpe vai em seus seios, sangue escorre e ela
acaba se mijando de dor.
— Mas já a diversão nem começou. — Falo e dou mais um
golpe, esse em suas pernas.
Meus homens assistem à cena empolgados, Lorenzo fuma
enquanto eu continuo o espetáculo, chicoteando a cadela miserável.
Natasha já desmaia, quando o meu chicote vai ao chão, meu
braço estava doendo e seu corpo todo ensanguentado.
— Acho que ela está precisando de um banho para acordar.
— Falo a Lorenzo e ele logo vai buscar o balde.
Pego o balde e despejo o conteúdo em seu corpo, Natasha
acorda, assustada com vinagre escorrendo por todo seu corpo.
— Ah, meu Deus, me mata, eu não aguento mais!!! — Grita,
horrorizada.
— Ah, querida, por favor, não seja fraca. Isso não é nada!
Eu poderia ficar o dia todo aqui me divertindo, mas pela
quantidade de sangue que ela está perdendo, não vai durar muito.
— Por favor, Dimitri, acaba com isso... de... uma vez. —
Soluça, cuspindo sangue.
Ela já estava acabada, não iria durar muito, para a minha
tristeza.
— Lorenzo, traga Guido — Ordeno e ele rapidamente vai
buscá-lo. — Eu vou te dar uma chance de viver, apenas uma chance.
— Falo, brincando com seu psicológico já fraco.
Solto seus braços e ela cai no chão, gemendo de dor, e nesse
momento Guido entra junto com Hades. Vou até ele, acariciando sua
juba e Hades ruge ansioso, provavelmente estranhando o lugar onde
estamos.
Seguro as correntes em seu pescoço, o levando até onde
estávamos, Guido sai, nos deixando sozinhos, Hades senta ao meu
lado, olhando para tudo ao seu redor.
— Você tem exatamente dez segundos para chegar até a
saída, quando eu chegar ao dez Hades estará solto e ele vai adorar
brincar com você. — Explico, me abaixando na altura de Hades, que
ruge para Natasha.
— Seja rápida, um.
Começo a contar quando Natasha tenta ficar de pé.
— Dois — ela se levanta e arrasta a perna ferida... — Três —
ela mal consegue dar dois passos — Quatro, cinco, seis — ela
chora, desesperada, se arrastando. — Sete, oito, nove.
A porta está perto, mas eu sei que ela não conseguirá.
— dez.
Hades corre em sua direção e a cena é tão brutal que
espantaria qualquer um. Os gritos de desespero de Natasha são
horríveis. Hades brinca com ela como se ela fosse um rato, as
mordidas que ele dá são apenas para feri-la, só está brincando. Por
fim, Hades vai direto para a garganta e já não resta nada da vadia.
Eu já fiz muitas coisas ruins, admito, mas não vou voltar atrás.
Não posso negar que matar Natasha me trouxe alívio, se dissesse
que não, estaria mentindo. Eu quis matá-la no momento que descobri
o que ela fez. Eu quis torturar e saboreei todo aquele sofrimento, me
diverti vendo a dor que causei. Um homem como eu está
acostumado a ter o poder, o controle e pela primeira vez na vida eu
não tenho o controle, me vejo confuso, sem saber o que fazer para
remediar um erro que cometi.
Tenho dinheiro, poder, sou temido, respeitado e invejado por
toda Itália, até mesmo no mundo, mas nada disso funciona com
Katharina. Ela me confunde, me enfrenta, e me enfurece, ao mesmo
tempo que me encanta. Sua insurgência desperta o pior em mim e a
mísera hipótese de ela ter me enganado me deixou descontrolado a
ponto de esquecer os negócios da família e agir como um soldado
amador, fiquei cego pela raiva e não deixei meus instintos
controlarem a situação.
Katharina é um perigo para a minha racionalidade e essa
obsessão por ela está me deixando louco a ponto de não conseguir
me satisfazer plenamente com as minhas escravas, as melhores,
mais obedientes e perfeitas submissas. O prazer vinha de maneira
tão singular, tão normal que agora me vejo frustrado, descontando
minha fúria em Denise e Lany. Acabo dispensando as duas, se não
servem para me dar prazer, não tem serventia para mim.
A fúria que vejo nos olhos de Katharina me encanta, sua força
me faz admirá-la, ela é forte, muito diferente do que eu imaginei
quando aceitei o acordo com Castelaresi. Bela como um anjo mais
perfeito, contudo, é perversa como um demônio enviado direto do
inferno para me enlouquecer e a besta dentro de mim precisa
dominá-la, submetê-la, subjugá-la aos meus desejos, só assim essa
loucura vai passar e eu voltarei a ser o que sempre fui. Saio dos
meus devaneios quando o meu motorista estaciona na entrada da
fortaleza, os portões são abertos e me dou conta que já é começo
da noite.
Hades já foi trazido para casa, apenas eu fiquei na fábrica
acertando as contas com o veterinário do zoológico, que não só
entregou o veneno a Natasha como também ensinou qual era a
dosagem certa. Entro em casa depois de conversar com o chefe dos
soldados da fortaleza e verifico se as novas câmeras já foram
instaladas, depois que Vicenzo mostrou os pontos fracos na
segurança da fortaleza.
Na sala de estar não encontro ninguém, nem mesmo Luigi,
que sempre está a postos para me receber. Provavelmente,
Katharina deve estar descansando depois de ficar três dias na cela
por culpa de Natasha.
Subo direto para o terceiro andar e encontro Luigi no
corredor.
— Senhor, não sabia que já tinha chegado, precisa de algo?!
— Acabei de chegar. Sabe onde Katharina está?
— A senhora está descansando, a coitadinha estava tão
abatida que tomou um remédio para dor e está dormindo até agora.
— Obrigado Luigi, pode pedir para Carlota servir o jantar no
meu quarto.
— Claro, senhor — diz, se virando para sair quando eu o
impeço. — Luigi, espere.
— Sim, senhor.
— Pode pedir para Romeu colher uma rosa e trazer com o
jantar.
— Vermelha, senhor?
— É a favorita de Katharina.
— Sim, senhor.
Três dias longe dela. Eu mal consegui entrar na porra desse
quarto, sua presença está marcada em cada canto dessas paredes.
Abro a porta do quarto e entro de maneira silenciosa,
Katharina está dormindo feito um anjo, toda esparramada, fecho a
porta, pronto para ir tomar um banho e tirar esse cheiro de sangue
de mim. Nesse momento ela abre os olhos e me vê.
— Não queria te acordar. — Digo, tirando o paletó.
— O que está fazendo? — Ela pergunta, arrumando o lençol
ao redor do corpo, então eu percebo que ela está nua.
Inferno, meu pau fica duro com a mísera visão das suas
coxas. Não é hora de ficar excitado, não com a fúria que vejo no
olhar de Katharina.
— Acho que ficará feliz em saber que Natasha não é mais um
problema.
— Ela nunca foi! O único problema que eu tenho é você!!
— É melhor conversarmos depois que eu tiver tomado meu
banho. — Falo, tirando os sapatos e indo em direção ao banheiro.
Tiro as roupas sujas com o sangue de Natasha, jogo em
qualquer canto do banheiro, entro no box e ligo o chuveiro, deixando
a água lavar toda a imundice sobre mim.

Saio do banheiro com uma toalha na cintura, encontrando


Katharina sentada na cadeira, já vestida e pela sua cara eu sei que
uma guerra logo vai começar.
Passo por ela, indo até o closet, as luzes se acendem assim
que entro, abro a gaveta atrás de uma boxer e a encontro vazia,
confuso eu faço o mesmo com as outras e todas se encontram do
mesmo jeito. Abro as portas atrás das minhas roupas e não encontro
nenhuma delas, do outro lado do closet todas suas coisas se
mantêm no mesmo lugar.
Que merda é essa?!
— Onde estão minhas roupas? — Pergunto, já irritado.
— No seu novo quarto.
— Que porra é essa, Katharina?!
— Não pensou mesmo que depois do que você fez, tudo ia
continuar como estava.
— Eu avisei que você iria continuar a dormir comigo, isso está
fora de cogitação. — Falo, agarrando-a pelo braço e a levantando
da poltrona.
— Você disse que eu estava proibida de me mudar desse
quarto, mas quem está se mudando é você. Eu prefiro morrer a
dormir na mesma cama que você. — Ela joga as palavras, com
raiva, puxando o braço bruscamente.
Passo as mãos pelo cabelo, nervoso, o que diabos essa
mulher quer?!
— Eu sei que eu agi errado, você não merecia o que
aconteceu. A culpa toda foi da desgraçada da Natasha.
— Você é tão hipócrita que não percebe que o problema aqui
não é Natasha e sim você. Se confiasse em mim, nada disso teria
acontecido.
— Eu estava errado, caralho, o que quer que eu diga?! — Me
enfureço com o seu ataque.
— Errado? Você estava errado?! Eu fiquei três dias numa
cela, a pão e água, feito um animal. E você apenas diz que estava
errado, Dimitri. Se tivesse dispensado a porra das suas amantes
antes de assinar esse acordo eu não teria passado por todo esse
inferno, se fosse a porra de um homem de verdade pediria no
mínimo desculpas.
— Natasha não existe mais, dispensei as duas escravas que
mantinha. Eu admito que estava errado, mas eu fui até benevolente
com você, nem mesmo a castiguei por ter me enganado e me
trancado na torre. O que mais quer de mim?! — Grito e a vejo
chocada.
Katharina fica sem fala por um segundo.
— Eu não quero que você seja infeliz, Katharina, o que
aconteceu três dias atrás não vai se repetir.
— Acha que o fato de ter dispensado suas putas vai me fazer
perdoá-lo? Está pensando o que, que vou cair no seu colo e
agradecer por ser a porra de um homem decente e não ter amantes
enquanto é casado? — Fala, cheia de rancor. — O seu problema,
Boss, Capo dei capi, o todo poderoso chefão, é que você sempre
me subestima demais.
— Katharina...
— Katharina nada, meu rosto ainda arde pelo tapa que você
me deu. Que tipo de mulher você acha que sou?! Já que não posso
me divorciar de você, o mínimo que você me deve é isso, distância.
— Você não pode me obrigar a sair do nosso quarto,
Katharina, nós somos casados, você é minha mulher.
— Eu era sua mulher quando me trancou naquela torre idiota.
Enquanto o poderoso chefão não aprender a pedir desculpas, eu não
quero nem ter que olhar para sua cara.
— Você só pode estar louca, eu sou o dono dessa casa, eu
mando na porra da Itália toda, você não dá ordens!!! — seguro seu
rosto, a pressionando contra a parede.
— Você pode ser o próprio diabo, mas ninguém me obrigada
a dormir na mesma cama que você!! — fala com chama nos olhos.
A solto, percebendo que, por hora é melhor deixá-la.
Katharina está fora de si e nada que eu fale vai fazê-la mudar de
ideia e se acalmar.
— Não acabamos aqui, bella mia, há muito a discutir. — Falo,
batendo a porta do quarto.

Um mundo cruel, completamente cinza, foi nesse mundo que


fui criado. Desde muito jovem eu lutei para chegar onde estou, após
nascer e crescer com a minha temida família.
Para mim, era irônico pensar que meus pais se amavam,
ambos filhos de mafiosos que mesmo em um casamento arranjado
encontram juntos a felicidade. Desse casamento nasceram dois
filhos, eu e meu irmão Gaill, nós dois desde cedo sabíamos que nos
tornaríamos mafiosos. Meu irmão, o capo da família Bruschetta e eu,
seu subchefe.
Muitos conhecem a fama da família Bruschetta, por sermos
os reis das armas de toda máfia, conseguimos não só as melhores
como as mais potentes armas do mundo.
Foi quando a guerra da máfia começou que tivemos que
escolher um lado. No começo, meu pai não quis se envolver, mesmo
com meus protestos, pois, conhecendo meu amigo Dimitri, eu sabia
que ele seria o novo capo da Cosa Nostra e não queria ficar do lado
perdedor quando tudo acabasse. Por fim, nós entramos na guerra
apoiando Dimitri, que a essa altura já tinha matado o Michelle
Navarro e tocava o terror em toda Itália.
No confronto entre Dimitri e seus aliados contra a
família Navarro, Gaill acabou sendo atingido. Meu irmão morreu e
minha mãe ficou arrasada. Eu, de certa forma, fiquei feliz com sua
morte, pois assim eu estaria no lugar que sempre deveria ter sido
meu. Como chefe da família Bruschetta.
Meus pais acabaram me convencendo que o próximo passo
seria me casar e assim conseguir um herdeiro, então a escolhida foi
Giuliana, de uma família tradicional.
Ela era perfeita para o papel de minha esposa e me vi
encantado pelo seu corpo e pela maneira sedutora que ela me
olhava. Por um tempo eu realmente acreditei que a amava, mas
Giuliana me mostrou o quanto às mulheres são vadias, no fim, ela
era uma puta, como todas as outras.
Aceitei a pequena Rebeca como substituta, mesmo a
contragosto. Meu pai, a mando da minha mãe, me convenceu de que
era melhor aceitá-la, pois assim eu poderia me vingar da família
Cintra. Rebeca, minha doce menina, parecia um cordeirinho quando
foi entregue a mim, seu olhar encantado no altar ainda está gravado
na minha mente. Ela se entregou a mim tão inocentemente que não
teve como não amar a bambina. Porém, eu não poderia esquecer
quem ela era e qual sangue ela carrega.
Eu precisava fazer com que eles pagassem, então fiz. A
marquei com meu cinto minutos depois de me desfazer em seu
corpinho, fiz questão de mostrar aos seus pais o tratamento que a
bambina teria ao meu lado. Giuliana também pagaria caro pelo que
me fez.
A pedido meu, Dimitri ordenou seu casamento com um dos
soldados da Cosa Nostra.
Alvarez era um viúvo de quarenta anos, mais velho que
Giuliana e assumiu o bastardo que ela carregava, mas a vida da
vagabunda não foi fácil ao lado dele. Infelizmente, ele acabou
morrendo meses atrás em um confronto na máfia, porém, eu ainda
não estava satisfeito, eu queria mais.
Meu ódio por vadias como ela me mantinha em alerta para
qualquer passo em falso que Rebeca desse. Não permitiria ser
passado para trás uma segunda vez, mesmo com aqueles olhos
doces, minha bambina poderia ser tão traiçoeira como sua
irmãzinha.
Dois dias tinham se passado desde que tirei Rebeca do
castigo, ela está se comportando bem. Não sai de casa, a não ser
para suas caminhadas matinais pelo jardim, e também está cuidando
bem do marido que tem.
Ao chegar em casa, ela me recepciona na porta, esperando
como uma boa cadelinha, então eu a fodo ali mesmo, na sala da
nossa casa. Não consigo ficar muito tempo longe do seu corpo.
Rebeca sabe do que eu gosto, ela é perfeita em tudo que faz e me
satisfaz como nenhuma das minhas putas jamais fez, mesmo que
ultimamente ela venha reclamando por conta da gravidez, mas eu
não me importo e meto com força até me sentir saciado.
Batem na porta do escritório, me despertando dos meus
pensamentos.
— Entre — digo e então Rebeca passa pela porta.
Ela está usando um vestido longo azul com os cabelos soltos.
Analiso sua roupa, verificando se ela está bem coberta. Ela sabe que
odeio quando deixa seu corpo à mostra, mesmo estando gorda, por
conta da gravidez, ela ainda consegue ser a mulher mais bonita que
já vi.
— Vamos, então, sabe que não tenho tempo a perder, ainda
vamos ter que passar na casa dos seus pais para almoçar.
Seguro sua mão, que está fria, ela está com medo do exame
de ultrassom. Todas as vezes que ela foi ao hospital me disse que
não deu para ver o sexo do meu filho. Porém, hoje não sairei da
clínica até ter a certeza que ela carrega meu herdeiro.

— Dante, estou um pouco enjoada, não podemos ir outro dia


fazer o exame? — Pergunta, com a voz trêmula.
— De jeito nenhum, trate de fazer esse enjoo passar, pois já
estamos chegando. — Digo, entrando no estacionamento da clínica.
O nome Bruschetta serviu para que não precisássemos
esperar e bastou chegarmos na clínica e já fomos levados para a
sala da médica.
— Bom te ver, senhora Bruschetta, vejo que veio
acompanhada hoje, é muito bom para o bebê que o pai seja presente
na gravidez. — Elogia a médica.
— Não temos tempo a perder, doutora, viemos aqui para ver
o sexo do meu filho. —Digo curto e grosso e a mesma engole em
seco.
— Certo, venha por aqui, preciso que deite na maca e eu vou
ligar o aparelho de ultrassom. O senhor pode se sentar naquela
cadeira. — Explica, apontando para o lugar.
— Ficarei de pé. — Digo, frio.
A médica aplica um gel na barriga de Rebeca e não demora
muito para o exame começar, o som do coração do bebê enche a
sala e Rebeca chora emocionada, bem coisa de mulher.
— Vamos, doutora, diga de uma vez o sexo do bebê que
minha esposa está esperando.
— Parabéns, os dois estão esperando uma menina...

A chuva bate no vidro do carro, Palermo está silenciosa essa


noite e minha compulsão está fora de controle, eu preciso de mais.
Fecho os olhos e posso vê-la na minha frente, ela entregue a mim e
então posso fazer o que quiser com ela. Sua pele pálida está
coberta de suor do orgasmo que eu a dei, ela é pura e única, e
minha, minha. Toda minha, apenas minha. Soco o volante enfurecido.
O ser maligno dentro de mim diz que devo machucá-la, que
ela não merece o meu amor, que ela tem que sofrer, que todas
merecem sofrer, são todas putas desgraçadas.
O carro derrapa na curva em alta velocidade, abro os olhos
apertando minhas mãos no volante. Quando estou cruzando a
avenida vejo um carro vermelho parado no acostamento, quase ia
passando por ele quando vejo uma loira de preto, descendo. Ela
tenta abrir o guarda-chuva, mas o vento o leva para longe, ela grita
de raiva e chuta o carro, que aparentemente quebrou.
Paro meu carro atrás do seu e desço, indo até ela.
— Precisa de ajuda, moça? — Pergunto, segurando meu
guarda-chuva.
— Não, obrigada. — Nega, desconfiada, tremendo de frio
pela chuva intensa.
— Tem certeza? A chuva não está com cara de que vai parar.
— Eu só preciso ir para casa. — Ela fala, inconformada,
olhando para o carro velho.
Confesso que ela é bonita, seus cabelos loiros e pele pálida
são como os dela, mas seus olhos são um lembrete que nenhuma
chegará aos seus pés.
— Posso te dar uma carona, o que acha? — Pergunto, já
sabendo que ela será a minha próxima presa.
— Eu não sei não, nem te conheço. — diz, desconfiada e um
raio forte corta o céu a assustando.
— Tenho cara de assassino para você?! — Pergunto,
debochado e ela sorri.
— Tem razão, eu realmente preciso de ajuda.
Ela entra no carro depois de pegar sua bolsa e seu celular,
que estava descarregado. Eu parto dali, mas não para a casa dela e
sim para o meu apartamento.
Desde que a polícia começou uma busca por mim, decidi
mudar minha tática com as minhas presas, não poderia me arriscar
como antes. Então, esse apartamento escondido na região norte de
Palermo vem bem a calhar.
— Para onde estamos indo? — Ela pergunta quando percebe
que não estamos indo em direção a sua casa.
— Vamos dar uma passada na minha casa antes de te levar
para casa. — Afirmo, levando a minha mão para sua coxa e ela fica
arrepiada.
— Não era esse o combinado. — diz, relutante.
— Eu sei que você também quer, não negue. — Provoco,
deslizando minha mão até a abertura do seu vestido.

Levo Camila até a cobertura, do prédio que tenho, ele serviria


para o meu propósito de satisfazer o mal que existe dentro de mim.
A porta mal fecha e eu já estou jogando-a contra a parede e beijando
seus lábios.
— Calma, vamos tirar essas roupas molhadas. — A puta
pede, se afastando.
Me sento no sofá e assisto ela lentamente se desfazer das
roupas. Camila se ajoelha e vem até mim engatinhando, ela tem um
corpo bonito. Abre o zíper da minha calça e pega meu pau duro.
— Você é um cara grandão. — Elogia ela, massageando meu
cacete.
— Fala menos e aja mais. — Falo, com desprezo.
Me afasto e vou tirando a roupa e a vadia, começa a me
chupar até quase me fazer gozar. Viro ela de costas para mim no
sofá e enfio meu pau na sua boceta de uma vez. Camila geme de
prazer, minhas mãos apertam com força seus seios pequenos,
beliscando até vê-los vermelhos. Eu já uivava de tesão,
socando fundo, ouvindo Camila gritar de prazer. A vagabunda já tinha
gozado duas vezes. Tiro meu pau melado daquela boceta e a coloco
de quatro para mim, meu alvo agora é seu cu. A vadia estremece
quando dou um tapa forte na sua bunda, e, sem dó, eu meto tudo de
uma vez, fazendo ela soltar um grito alto de dor, pela brutalidade do
meu ato. Eu não consigo me satisfazer, então começo a dar tapas
estalados na bunda da putinha, que tenta correr de mim. Odiava
mulheres como ela, vagabundas e traiçoeiras. Qualquer homem
pegava uma oferecida dessa.
— Me solta, tá me machucando.
— Cala a boca, vadia. — Ordeno, apertando seu pescoço por
trás, empurrando sua cabeça ainda mais no tapete da sala.
Ela tenta lutar contra mim, mas eu sou muito mais forte e seus
protestos são inúteis. Camila chora, pedindo socorro, enquanto eu
rasgo seu cuzinho apertado, que agora está esfolado.
— Não adianta gritar, sua burra, o prédio é todo meu. — Digo,
puxando seu cabelo loiro para trás, enquanto dou mais um golpe,
gozando dentro da vadia.
Camila treme, suada, gritando de dor e chorando, quase
chegando ao ponto de desmaiar. Mas eu a acordo com tapas fortes
na cara, fazendo com que ela abra os olhos. Uso as cordas que tinha
deixado separadas especialmente para esse momento, amarrando
seus braços e pernas. Fico sentado no sofá, admirando a obra de
arte. Ela está toda marcada, com seu rosto vermelho pelos tapas e
sua bunda toda esfolada. Nessa hora, vendo uma puta como essa
subjugada a mim eu me sinto o homem mais poderoso do mundo,
todas elas merecem pagar. Me levanto, indo até o quarto e lá pego o
que tanto quero, o punhal de prata com desenhos encravados nele
junto com algumas pedras preciosas. Camila vê a faca na minha mão
e começou a gritar desesperada, sabendo que seria o seu fim.
— Você não imagina o prazer que me dá ouvir seus gritos. —
Digo, me ajoelhando.
Ela tenta se arrastar para longe, mas a puxo pelos cabelos e
cravo a faca em seu abdome até o seu pescoço, tirando sua vida.
Essa é a primeira presa que devoro em dias, porém, a calma que
vem sempre depois da morte não chega e a satisfação não me
acomete. Preciso de mais, uma só não é o bastante....

O caminho até a casa dos meus pais é feito em silêncio,


apenas o som da chuva caindo no vidro do carro pode ser ouvido.
Eu sabia que isso não significava coisa boa, então decido acabar
com essa angústia de uma vez.
— Dante, por favor, diga alguma coisa — falo, com as mãos
tremendo.
— O que quer que eu diga, que você é uma imprestável, que
não serviu nem mesmo para me dar o filho homem?!
— A culpa não é minha — sussurro.
— Claro que é, mas isso não importa. Porque agora essa
menina será criada de maneira rígida para não se tornar uma puta
como as mulheres da sua família.
— Você está falando de uma criança.
— Uma criança que vai crescer, então, antes que isso
aconteça, vou mandá-la para um colégio interno onde ela vai
aprender a ser uma mulher decente.
— Não pode me afastar da minha filha. — Digo com aflição,
sentindo minha filha mexer.
— Quem decide isso sou eu. — Ele sentencia, estacionando o
carro.
— Queridos, que bom que chegaram — fala mamãe, me
abraçando assim que me vê! — A gravidez está te deixando tão
linda, meu amor. — diz mamãe, sorrindo.
— Obrigada.
— Bruschetta. — Cumprimenta meu pai e Dante nem mesmo
responde, apenas entra na casa, os acompanhando.
Giuliana, assim que entramos, vai até Dante e beija seu rosto
quase perto da boca, o que me deixa nervosa.
— Como vai, querida, cada dia que passa você está maior. —
Debocha.
— Como está meu sobrinho? — Pergunto, com saudade do
pequeno Bernardo.
— Ele está no internato, já tem idade o bastante para
começar seus estudos — ela explica, sem um pingo de sentimento.
— Vamos para sala de jantar, nós só estávamos aguardando
vocês. — Fala minha mãe.
— Estou ansioso para saber o sexo. — Fala meu pai quando
nos sentamos e o mordomo vem servir o vinho.
— É uma menina. — Dou um sorriso, forçado mexendo na
comida, sem apetite nenhum.
Todos na mesa ficam calados, mas o sorriso sarcástico na
cara de Giuliana é o pior.
— Pelo visto você não teve sorte igual a mim, de primeira eu
já tive um filho homem.
Suas palavras são tão ácidas que até me embrulha o
estômago.
— Esse é só o nosso primeiro filho, o próximo tenho certeza
que será um menino. O meu herdeiro. — Diz Dante, a respondendo.
O almoço vira algo terrível, Giuliana me alfineta o tempo todo,
mamãe tenta quebrar o clima tenso enquanto meu pai e Dante falam
sobre armas e drogas. Eu nem percebi quando terminamos o almoço
e todos vamos para a sala de estar.
O telefone de Dante toca e ele sai para atender, Giuliana se
levanta, deixando apenas eu e meus pais na sala.
— Você não parece bem, filha. — Fala mamãe, segurando a
minha mão.
— Eu vou ficar, mãe, é a gravidez, ela está mexendo com
meus hormônios, desculpa, mas precisa ir ao banheiro. — Digo, me
levantando e seguindo na direção em que Giuliana foi.
Subo as escadas que levam até o segundo andar, meu
coração estava acelerado e minha filha mexe na minha barriga,
agitada. No corredor que leva ao quarto de Giuliana eu ouço a voz de
Dante e sinto um calafrio só de imaginar o que ele está fazendo no
quarto dela.
A porta está semiaberta e por ela eu posso ver claramente a
cena bizarra que se desenrola lá dentro. Eles estão se beijando,
como se fossem amantes apaixonados, Giuliana acaricia seu peito e
Dante se afasta, ofegante. Eu não consigo me mexer, não consigo
gritar, nem mesmo sair de onde estou, meu corpo está estático,
como se tivesse perdido a capacidade de comandá-lo.
— Vamos, puta faça a única coisa que você serve para fazer!
— Diz ele, dando um tapa na cara dela.
— Como quiser, senhor! Eu sou sua para o que quiser. — Ela
fala e abre as calças dele.
Giuliana pega o pau de Dante e começa a chupar enquanto
ele puxa o seu cabelo com força. Meu corpo todo treme de nojo,
vendo a traição dos dois.
Dante continua sendo chupado até gozar na cara da minha
irmã. É tão nojento que meu estômago embrulha e coloco a mão na
boca para não vomitar. Recupero a força do meu corpo e saio dali
correndo.
Lágrimas nublam minha visão enquanto desço as escadas.
— Filha, o que ouve? — Pergunta mamãe assim que me vê.
— Eu preciso ir embora, não me sinto bem. — Digo, tremendo
muito.
— Onde está o seu marido?
— Pergunte a Giuliana, ela deve saber. — Despejo, com
amargura.

Estou na estufa, que agora se tornou meu local preferido na


fortaleza. As rosas ainda não abriram, mas a paz que esse lugar me
dá é tão grande que muitas vezes, como agora, eu venho aqui
apenas para tocar o violino.
Sentada, eu deixo a melodia de um filme que eu adoro fluir,
sentindo saudades de Ana. Ela era minha companheira nas salas de
cinema toda vez que Johnny Depp estreava.
De pé, na frente da porta da estufa, está Dimitri, seu olhar
vidrado em mim enquanto toco, sinto toda a eletricidade passando
por mim, ele é o caos, como nunca vi. Ele é um monstro escondido
sobre a superfície de um anjo tão belo, mas tão cruel. Ele é uma
besta, como todos os chamam.
A besta da Cosa Nostra.
Dois dias já haviam se passado desde a nossa última briga,
estranhamente, ele não me forçou a ficar no mesmo quarto que ele.
Jantei sozinha no quarto naquela noite, Luigi trouxe o jantar para mim
junto com uma rosa vermelha. Depois disso, tenho me esforçado
para evitá-lo o máximo possível, mas o infeliz faz questão de jantar
todos os dias comigo.
Dimitri bate palmas e caminha até mim assim que termino a
música, colocando o meu violino sobre a mesa.
— Chegou cedo, aconteceu alguma coisa?!
— Você toca divinamente bem. Esse lugar combina com você
— Ele me elogia, olhando ao redor para as minhas flores em toda
estufa. — É praticamente um jardim secreto de vidro, cheio de
flores.
— Estou estranhando sua vinda aqui, o que quer, Dimitri?
— Você está sempre armada contra mim, bella rosa, não vê
que não sou seu inimigo? Vim mais cedo apenas para te entregar um
presente. — Fala firme, mantendo seus olhos em meu corpo.
O miserável está lindo em um terno claro, risca de giz, com
suas típicas abotoaduras de ouro, o perfume inebriante e os cabelos
como sempre bem penteados. Seus olhos escuros se mantêm fixos
nos meus.
— Presente, sério, o que você quer de mim? — Pergunto,
disfarçando o quando a sua presença me afeta.
— Eu quero tantas coisas, amore mio, você não imagina as
coisas que eu quero com você. — Sorri de maneira divertida.
Já disse que ele fica assustadoramente sexy sorrindo?
Realmente, o diabo sabe ser tentador.
Eu não respondo e então ele tira uma pequena caixa do paletó
e abre-a para mim.
— Escolhi para você, espero que goste — ele fala, me
mostrando o colar de turmalina e brilhantes.
O colar é lindo, o pego da caixa e toco a pedra delicada,
encantada, até que o desgraçado tem bom gosto.
— Você gostou? — Pergunta, quase colando seu corpo ao
meu.
— É muito bonito, mas da próxima vez traga diamantes. —
Falo, debochando da sua escolha.
Pego a caixa, deixando Dimitri com a cara fechada. Idiota,
acha que vai me comprar com joias, pois está muito enganado se
pensa que sou esse tipo de mulher.
— Já que não gostou, vou dar para Monalisa e comprar os
benditos diamantes que você quer. — Retruca, pegando a caixa da
minha mão.
— Não, me devolve aqui. — Digo brava por pensar que ele vai
dar o meu colar.
— Nada disso, bella mia, te trarei seus diamantes. Agora
vamos entrar, Tom e sua mulher vieram nos ver e ela quer falar com
você.
— Tudo bem. — Respondo a contragosto, com raiva por ele
ter tomado a minha joia.

Dimitri vai para o escritório com Tom falar sobre negócios e eu


levo Karlene para a biblioteca.
— Tem notícias de Rebeca? — Pergunta, assim que Luigi nos
deixa sozinhas, após servir um lanche.
— Eu fui até a casa dela. A pobrezinha é mantida como refém
dentro da própria casa.
— Infelizmente não há muito o que fazer, Katharina, ela não
pode se divorciar dele, Dante é completamente obsessivo por ela.
— Divorciar, não, mas talvez ela possa fugir desse maldito. —
Digo, com nojo só de pensar na cara daquele babaca do Dante
Bruschetta.
— Para onde ela iria grávida, como se esconder da máfia,
Katharina? Se ela tentar fugir vai ser pior para ela mesma. — Diz,
nervosa.
Por um minuto eu penso que talvez devesse contar meus
planos para Karlene.
— Você tem razão, Karlene, não sei de onde tirei essa ideia.
Mas, me diga, não veio aqui apenas acompanhar seu marido, tem
alguma novidade para me contar? — Pergunto, mudando de assunto.
— Tirando o fato de que estão todos comentando que o Boss
da família se desfez das suas escravas e, de quebra, ainda tem a
morte de Natasha? Não tem uma pessoa em toda Cosa Nostra que
não saiba o que aconteceu com a piranha.
— Então, é verdade que Dimitri terminou com as escravas que
ele mantinha no centro! — Falo, pensativa, bebendo o meu suco.
— Ele gosta de você, Katharina, senão jamais abriria mãos
das duas. Precisa ver como os homens falam daquelas duas, como
se fossem deusas. — diz ela, com cara de nojo.
— Dimitri gosta apenas dele mesmo e dos leões. — Falo
rindo, achando até engraçada sua hipótese.
— Se você diz, mas agora é sério, amanhã estarei voltando
para minha casa, na Calábria, gostaria que me mandasse notícias de
Rebeca, se possível, por favor.
— Vou ficar muito triste sem você aqui em Palermo. Priscila
logo voltará para Nápoles, então ficarei completamente sozinha. —
Reclamo, me sentindo desanimada.
— Não se preocupe, no final de semana vai ter a festa da
Calábria, você e o Boss estão convidados a participar.
— Festa da Calábria?!
— É uma festa tradicional da família Ndrangreta, acontece na
nossa fazenda, todos os capos da Cosa Nostra vão. São quase três
dias de festa e você vai adorar a fazenda. — Me conta, toda
animada e eu me empolgo de sair um pouco da fortaleza.

Karlene vai embora e naquela noite jantamos apenas Dimitri e


eu na fortaleza, Lorenzo estava em uma missão, coisa que ele anda
fazendo muito ultimamente, mal se recuperou do tiro e não para mais
em casa de tanto trabalho que Dimitri dá para ele, Vicenzo havia
saído com uma mulher, provavelmente o lanche de hoje.

— Até quando vai ficar ignorando que estou aqui, Katharina?!


— Fala, ele batendo os punhos na mesa.
— Quem sabe até você pedir desculpas pelo que fez, daí eu
posso parar de te ignorar.
— Nunca peço desculpas, Katharina, deveria saber disso. Eu
sou o chefe da Cosa Nostra, eu sou a porra do homem aqui, não
pense que vou me humilhar pedindo desculpas para você.
— Tudo tem uma primeira vez, chefe! Eu estou cansada de
ficar brigando com você, não aguento mais o inferno que a minha
vida se tornou desde que te conheci. Se você não é capaz de
reconhecer seu erro e pedir desculpas, não temos mais nada para
conversar. — Falo irritada, me levantando, já sem fome.
— Não deixei você se levantar!! Eu ainda não terminei o meu
jantar, então volte e se sente como a mulher educada que você é!! —
Diz friamente e eu volto para a mesa, me segurando para não jogar
a taça de vinho na cara dele.

É sexta-feira e eu não vejo Dimitri, ele passa o dia resolvendo


assuntos de uma carga de cocaína que estava indo ao Porto.
Vicenzo e eu estávamos fazendo ioga na parte da manhã e é assim
que descobri que ele ficaria fora o dia todo.
Lorenzo anda tão atarefado que só o vi duas vezes na
fortaleza. Perséfone está se recuperando bem do envenenamento e
Dimitri já não proíbe a minha ida até a área dos animais. Até mesmo
Hades começou a aceitar a minha presença.

Termino de fechar a mala quando a porta do quarto abre e


Dimitri passa por ela.
— Está pronta?
— Sim, só preciso pegar meu chapéu. — Digo, indo até o
closet, mas sou interrompida pela mão de Dimitri segurando a minha.
— Espere preciso te entregar uma coisa. — Me avisa, ficando
atrás de mim.
Posso sentir o calor que emana do seu corpo e pelo espelho
grande no closet vejo nós dois refletidos. Ele puxa meus cabelos
para o lado, deixando meu pescoço nu. Seu toque me arrepia e me
odeio por ficar excitada com o deslizar dos seus dedos pelo meu
ombro.
Dimitri desliza o colar de diamante pelo meu pescoço e o
fecha, toco a pedra gelada e olho para o espelho, a bela joia é
extravagante e pesada, mas bonita, porém ainda preferia o outro.
Ele está jogando comigo e quer que eu assuma que preferia o
outro colar que ele escolheu.
— L'Odyssée de Cartier, esse é o nome do colar. Segundo
Arturo, são 16 quilates, em formato de pera, inseridos entre o cristal
de rocha. — Ele sussurra em meu ouvido.
— É lindo, mas não combina com uma festa na fazenda.
Então, irei guardá-lo para uma ocasião mais solene. — Digo, me
afastando do seu toque e retiro o colar, colocando no estojo e
guardando no porta joias que era da minha bisavó.
Dimitri me acompanha até a saída da mansão, mas,
estranhamente, não vamos de helicóptero. Ainda é cedo, o dia está
quente como sempre aqui na Itália.
— Porque não vamos de helicóptero? — Pergunto enquanto o
motorista nos leva em direção ao Porto.
— Pensei que gostaria de ir de iate, afinal estamos em uma
ilha e Calábria não fica a mais do que alguns quilômetros daqui, além
disso, a paisagem é linda.
Não respondo, mesmo que por dentro esteja empolgada.
Rapidamente nós chegamos ao Porto e o grande iate nos
espera.
— Onde estão Lorenzo e Vicenzo? — Pergunto, reparando
que os dois não estão em nenhum dos carros que nos seguia.
— Seremos apenas eu e você, bella mia. — diz de maneira
sedutora, então compreendo porque falam tantos que os italianos
são conquistadores.
Caminho para a frente do iate e admiro a bela vista, enquanto
Dimitri o pilota, os seguranças no seguem em outro barco.
O vento balança meus cabelos, o cheiro de sal do mar é
realmente refrescante e a água é tão azul que poderia até confundir
com a Grécia. Tiro os óculos e não resisto a esse lugar.
— Dimitri, para o barco!! — grito para ele.
— O que? — Questiona, confuso.
— Para o barco.
Ele para, tira os óculos e então eu tiro o vestido e pulo do
barco, mergulhando nas águas geladas de lingerie.
— Que merda você está fazendo?! — Grita Dimitri, vermelho
de raiva pelo espetáculo que dei aos seus homens.
— Essa água está uma delícia, não resisti. — Digo sorrindo,
balançando os braços.
— Vem, sobe. — Fala, apressado, pegando uma toalha.
— Tá! Tá bem, estraga prazer, só um último mergulho.
Respiro fundo e começo a mergulhar, prendo a respiração o
máximo que posso e então ouço o barulho de alguém pulando na
água.
Dimitri me puxa com força para cima.
— Que merda, Katharina, pensei que tinha se afogado.
— Foi mais fácil do que eu pensei — digo, rindo dele.
— Você está rindo de mim, sua safada! — fala e então me
beija.
Dimitri devorava minha boca, nossas línguas brincam uma com
a outra, eu gemo, sentindo seu toque em seu seio enquanto
aprofunda ainda mais o beijo. Meus braços circulam seu pescoço
enquanto eu mordo seu lábio para em seguida chupar sua boca.
— Senhor, aconteceu algum problema? — Pergunta um dos
homens de Dimitri, nos interrompendo no barco que agora está ao
lado do nosso.
— Não, caralho! — Responde e eu me afasto de Dimitri,
subindo as escadas.
— Que merda foi essa?! — Pergunto a mim mesma enquanto
me enrolo na toalha.

O resto da viagem é feita em silêncio, Dimitri até tenta falar


comigo depois que saio do banho, mas quando vê que eu estou com
fone e o ignorando bate à porta e vai a cabine de comando,
colocando o iate em movimento novamente.
Calábria é ainda mais linda do que eu imaginava, a cidade é
toda construída em cima das rochas, uma grande caverna na praia
de Tropeai.
O barco para e logo somos levados até o carro. De lá
seguimos, em menos de duas horas, à fazenda.
A fazenda Fattoria di Terra Rossa é maravilhosa, ao
chegarmos, vejo que há muitos carros estacionados, provavelmente
dos outros membros da Cosa Nostra.
— Bem vinda, Katharina — diz Karlene, me abraçando assim
que chegamos.
A casa é incrível e Karlene me leva para onde será o nosso
quarto, em seguida me apresenta sua mamma e sua nona, também
seu filho de seis anos Samuel.
— Muito bela essa ragazza que o menino Dimitri se casou —
fala a nona, ajeitando os óculos.
As crianças correm pela casa, muita música italiana tocando
devido à banda presente no local, Priscila amamentava sua filha de
oito meses enquanto o maior brincava com as outras crianças no
cercado de areia.
— Venha, venha, você precisa aprender com a gente a fazer a
massa. — Fala Karlene, me chamando para ir com as mulheres para
a cozinha, onde a típica massa italiana é feita.
É divertido ver que não levo jeito para fazer macarrão e me
divirto como a muito não fazia. Karlene conta que a fazenda produz a
cebola calabresa, uma cebola vermelha e pimenta calabresa.
Um cordeiro foi abatido para assar no almoço, Dimitri está
bebendo com os homens e as mulheres preparando a comida, todas
as esposas dos capos estavam aqui, menos Rebeca. Dante avisou
Dimitri que ela não se sentia bem o bastante para viajar. Fiquei triste
e minha vontade era ir até lá para ter certeza se ela estava bem,
mas o infeliz do Dante não ia me deixar entrar.
Uma mesa enorme é preparada e todos comeremos juntos,
bem no estilo italiano. O cheiro do cordeiro assando já estava me
dando água na boca.
— Ele chegou, ele chegou! — grita Priscila, empolgada indo
para a entrada.
As crianças começam a correr até a BMW prata entrando.
Minha boca abre quando vejo quem está saindo do carro.
Nada mais nada menos que Tiziano Ferro. Dimitri caminha até ele e
Tiziano beija o anel, como todos os mafiosos fizeram mais cedo.
— Ele é da família, não participa dos negócios, largou a Cosa
Nostra para se dedicar à música. Mas, nós sabemos que ninguém
deixa a família — fala Carine, esposa de Vitto, capo da família
Genovese.
Tom abraça Tiziano e os homens voltam a beber enquanto nós
terminamos de arrumar a mesa.

Sentamos todos juntos e antes da refeição me choco ao ver a


nona puxar uma oração. Jamais imaginei que a Cosa Nostra fosse
tão católica.
— Você está sorrindo muito, bella mia. — Fala Dimitri em
meu ouvido, servindo vinho para mim.
Todos se servem e então brindamos a 'buon raccolto' que
significa uma colheita próspera.
— Estou feliz em participar disso — respondo, sendo sincera.
Nunca vi algo tão simples, mas tão família como um almoço
na Itália. A primeira a se servir é a nona, Dimitri pode ser o Boss,
mas a nona era a chefe aqui.
A comida estava maravilhosa, nunca comi tanto como hoje,
ainda fui obrigada a experimentar o sorvete de cebola, arrancando
até uma gargalhada de Dimitri, quando descobri que a cebola
calabresa é doce.
Depois do almoço tradicional teve a chuva de tiros e os idiotas
ficaram atirando para cima. Mais uma tradição estranha italiana.
Logo depois, Dimitri me leva para os estábulos, onde os
animais estavam.
— Vamos dar uma volta pela fazenda — ele me chama.
— Não sei montar — falo, acariciando o cavalo.
— Espera, não me diga que descobri algo que a toda
poderosa Katharina Castelaresi não sabe fazer.
— Não é para rir, seu idiota, ninguém nasce sabendo tudo,
olha você, tão velho e não sabe pedir desculpas — seu sorriso morre
na hora.
Um a zero para mim, idiota, olho para ele debochada.
— Vem então, vamos aprender a montar, senhora Rinna —
Fala, pegando a cela e colocando sobre um cavalo marrom. — Não
se preocupe, é uma égua mansa, eu estarei bem atrás de você.
Primeiro, você precisa acariciá-la para que ela confie em você — Ele
instrui, colocando o animal na minha frente, do lado de fora do
grande estábulo.
— Ela é realmente linda — digo, passando a mão no pêlo
macio da égua.
— Vem, eu te ajudo a montar — fala, segurando meu
ombro(?) e me colocando em cima do cavalo, montando atrás de
mim sem seguida.
Seguro as rédeas do cavalo firme, com medo, Dimitri segura
firme na minha cintura e eu posso sentir seu pau duro na minha
bunda. É difícil me segurar para não gemer com a minha bunda
roçando no seu pau.
— Vamos correr um pouco — fala, me ajudando a acelerar o
galope.
Realmente, é divertido andar a cavalo e se não fosse o corpo
quente atrás de mim, provavelmente eu estaria adorando cavalgar.
Paramos na beira do lago para descansar. Levei a égua até a
árvore, onde Dimitri amarra as rédeas.
Sentamos na grama e Dimitri me conta sobre esse e outros
negócios legais que a Cosa Nostra tem, como a fazenda de Vicenzo,
onde são colhidos os melhores limões sicilianos de toda a Sicília. É a
primeira vez que nós dois conversamos tanto tempo sem brigar.

O sol se põe e é realmente lindo de assistir, eu estava


adorando estar aqui. Depois do passeio a cavalo, Dimitri vai junto
com Damon resolver alguma coisa relacionada aos negócios da
família e eu ajudo Karlene com as crianças, depois tomo um banho e
me preparo para a fogueira. — Ah, você está aí, estão todos te
esperando para começar a fogueira — fala a insuportável da
Antonella, já me irritando.
Ela pensa que não vejo a maneira como ela dá em cima de
todos os homens casados da festa. Mal me livrei de uma сyka e
outra já quer tomar o posto.
— Obrigada, Antonella, vamos então.
Dimitri está sentado em uma cadeira no canto da grande
fogueira, vou até ele, me sentando ao seu lado enquanto um dos
empregados serve uma taça de vinho.
As músicas tocadas são lindas, Tiziano vai até os músicos,
pegando o microfone e cantando "Il regalo piú grande". Não tem uma
mulher nesse lugar que não fiquei encantada com a voz desse
homem.
A noite estava tão agradável, a música e a comida, tudo
incrível.
Eu já tinha perdido a conta de quantas taças de vinho já tinha
bebido, minha sorte é que minha tolerância ao álcool é grande.
Quando Tiziano começou a cantar "Sere Nere", os casais vão
para perto da fogueira, dançar.
— Faltam vocês — diz Karlene, apontando para mim e para
Dimitri.
— Vamos ter que ir, bella mia, não podemos fazer desfeita
aos anfitriões. — Sussurra em meu ouvido.
Olho para os seus olhos, que estão mais escuros e o
acompanho até os casais. Dimitri me puxa bem perto dele e faz um
gesto para Tiziano, que apenas sorri, e então a música "Perdono"
começa a tocar.
Fico sem fala, não consigo nem mesmo respirar, é como se
tudo tivesse congelado apenas com a letra da música e Dimitri
olhando para mim enquanto leva meu corpo pela a melodia.
A música termina e todos estão olhando para nós.
— Isso foi um pedido de desculpas?!
— Talvez! Funcionou?! — fala, arrancando uma rosa do jardim
e entregando a mim.
— Talvez...
Eu já fiz muitas coisas na minha vida, me esforcei muito para
chegar onde estou. Eu tive que ser mais racional e calculista no meio
de um mar de tubarões, fiz muitas coisas ruins que alguns diriam até
abomináveis. Mas essa é a natureza do monstro que vive em mim.
Uma besta que recebeu uma rosa, uma bela rosa russa. E
quanto mais eu me aproximo, mais seus espinhos me cortam. Nada
que eu faça a impressiona, a seduz, ela não é como nenhuma mulher
que já conheci e isso me confunde.
Com Katharina, me vejo fazendo coisas que nunca fiz antes,
como sair de uma reunião para ir a uma joalheira escolher um maldito
colar que ela odiou. Sinto-me um babaca por me esforçar tanto por
uma mulher, sabendo que existem milhares que se ajoelhariam aos
meus pés apenas por um toque do meu chicote, mas, porra, ela não
é como as outras, nenhuma chega aos seus pés, ninguém me dá o
prazer que ela me deu.
Inferno, eu estou ficando louco, tamanho o desejo que sinto
por essa mulher, pois só o tesão justifica a minha atitude de pedir
para Tiziano cantar essa música para ela.

Seu perfume de rosas me embriaga, o vestido vermelho é tão


justo que quero furar os olhos de todos os homens da festa quando
ela desce.
Katharina sorri, girando em meus braços e quando o refrão
chega ao fim seus olhos azuis parecem enxergar a minha alma
imunda.
— Isso foi um pedido de desculpas?!
— Talvez! Funcionou?! — falo pegando uma das rosas do
jardim e entregando.
— Talvez — diz e em seus olhos posso ver o desafio.
Voltamos para os nossos lugares, as crianças já tinham ido
dormir assim como a maior parte dos convidados. Katharina
conversava com Lauren, irmã de Carine, esposa de Vito Genovese.
Sua taça estava sempre cheia, ela parece ter gostado do vinho
italiano legítimo de um dos vinhedos da Cosa Nostra.
— Temos que resolver o que fazer com o governador. — Fala
Tom Hide.
— A Cosa Nostra não apoiará o bastardo do Masumeri, não
depois dele ter me desrespeitado daquela maneira.
— Concordo, mas outro terá que substituí-lo, não podemos
correr o risco de ter alguém fora da Cosa Nostra no poder.
— Procure um candidato rival, alguém sem muitas chances de
vencer, alguém a quem podemos manipular e então vamos investir na
sua campanha. Uma coisa é clara: o filho de Nello não será
governador.
Katharina se levanta e a observo atentamente, ela entra e me
vejo sem prestar atenção na conversa ao meu lado.
— Terminamos nossa conversa amanhã — falo, cortando os
dois e indo em direção à entrada da casa, sem me despedir de
ninguém.
Subo as escadas que levam para o nosso quarto, o corredor
está vazio, provavelmente a maioria dos convidados já está
dormindo. Abro a porta do quarto, que está com luz baixa, e
encontro Katharina de costas para mim, em frente ao espelho.
Caminho em sua direção e ela me olha atentamente, toco seu
ombro, descendo até o zíper do vestido. Sua respiração fica
acelerada, meus olhos não deixam os seus, aproveito e desço o
zíper devagar.
— Sabe quanto tempo eu esperei para tirar esse vestido do
seu corpo?! — Falo quando o mesmo escorrega por seu corpo,
caindo no chão.
— Ainda não esqueci o que você fez, Dimitri, então é melhor
se afastar — diz, tirando os brincos de rubi.
Seguro seu pescoço, subindo para sua nuca massageando o
pescoço, enquanto meus lábios encostam em seu ombro.
— Cosa vuoi da me, amore mio? Non pensi che sia stato
punito abbastanza[2]? — Pergunto enquanto minha língua desliza
sobre a pele suave do seu ombro.
Katharina se afasta, ficando de frente para mim encostada no
espelho.
— Você não pediu desculpa, Dimitri — fala, cruzando os
braços sobre os seios fartos, ela não usa sutiã, apenas a pequena
calcinha vermelha.
Sua expressão é fria, mas eu posso ver suas pupilas dilatadas
e sua pele arrepiada assim como seus seios, que estão rígidos.
— Pensei ter deixado claro que me arrependi, bella mia.
— Não, não deixou claro; na verdade você deveria se ajoelhar
e pedir desculpas. O que fez foi tão horrível que uma musiquinha não
apaga a maneira como me tratou.
Começo a gargalhar da sua audácia.
— Eu não vejo motivo para o riso, estou falando muito sério!
— Eu nunca me ajoelhei a ninguém, e nunca farei, nem mesmo
se minha vida depender disso! Não espere algo assim de mim. —
Falo, quase a beijando.
Solto seu queixo e só então ela solta a respiração, escorrego
minhas mãos pela lateral do seu corpo.
— Por que você luta tanto se quer o mesmo que eu?! —
Questiono, me abaixando. — A única maneira de me ter de joelhos,
amore mio, é quando estarei chupando essa bocetinha, que está
implorando pela minha língua. — Falo, ficando na altura da sua
boceta.
Katharina fecha os olhos.
Maledeta, se não é a coisa mais erótica que já vi, sua calcinha
está encharcada, ela não precisa dizer nada, seu corpo demonstra
que me quer. Seguro sua bunda, trazendo seu corpo até o meu
rosto, o cheiro da sua excitação é tão bom que meu pau só falta
vibrar de tão duro que está.
Passo minha língua em sua boceta, por cima da calcinha e
Katharina solta um gemido. Eu não resisto e rasgo sua calcinha,
transformando-a em trapos e passo minha língua de baixo até em
cima.
— Oh, merda!! — xinga, enlouquecida.
Uso meus dedos para abrir bem sua boceta e abocanho com
gosto, chupando e mordendo. Toda vez que Katharina está perto de
gozar eu tiro minha boca e assopro sua boceta, fazendo-a puxar meu
cabelo, cheia de tesão.
Meto minha língua no seu buraquinho e vou revezando entre
chupar e enfiar a língua, seu corpo todo treme e eu me afasto, sem
deixar ela gozar. De pé, posso ver o olhar frustrado de Katharina.
— Eu não gosto de jogos, não desse tipo de jogo. Se quiser
mais alguma coisa, você terá que vir buscar. — Digo, sendo direto
deixando-a estática, com seu orgasmo interrompido.
Entro no banheiro com meu cacete pesado de tanto tesão,
ainda com seu gosto na minha boca. Ligo o chuveiro na água gelada
para ver se assim eu consigo me controlar e não voltar naquele
quarto, jogá-la na cama e só sair de lá quando nós dois estivermos
desidratados de tanto gozar.

A água fria cai sobre minhas costas, mas não consegue


apagar o fogo que corre em minhas veias, fecho os olhos, frustrado,
até sentir o toque de suas mãos em meu peito. Ela está nua dentro
do box, olhando para mim.
— O que você quer Katharina? — Pergunto sem tirar os olhos
dos seus.
— Eu quero você...
Não é preciso ela terminar a frase, eu a beijo cheio de
desespero desejo e loucura. Sua língua se apressa de encontro a
minha e sinto a perdição queimando ardendo, veneno puro correndo
pelo meu sangue.
O beijo fica intenso, Katharina cola seu corpo ao meu,
percebo sua excitação e isso me deixa louco.
— Você sabe que não tem mais volta, bella mia, agora você é
minha, completamente minha.
— E você, Dimitri, será completamente meu? — Provoca.
— Eu não sei ser o homem que você quer, Katharina. Eu não
sou o que você merece, sou uma besta sanguinária e você é boa
demais para mim.
— Não me subestime, você não sabe do que sou capaz
— fala, se ajoelhando e, caralho, eu quase gozo apenas com essa
imagem.
Ela começa a me chupar com gosto, eu não tenho forças para
reagir, apenas gemer quando sua língua esfrega a cabeça do meu
pau. Eu não queria gozar na sua boca, por isso a levanto e começo
beijando sua boca, seu pescoço, desço para seus seios, passo a
língua nos bicos, depois começo a chupar bem gostoso enquanto
meus dedos a masturbavam e sinto seu tesão aumentando.
Puxo Katharina para o meu colo, ela cruza as pernas na minha
cintura e eu aperto sua bunda, esfregando a cabeça do meu pau na
entrada da sua bocetinha.
— É isso que você quer, bella mia? — Pergunto, socando
meu pau. Sinto sua bocetinha quente ao meu redor, me apertando e
é o verdadeiro paraíso. Abaixo-a lentamente, fazendo meu pau
entrar bem devagar, judiando da safada a cada centímetro, ela é tão
apertada que apenas deixa tudo mais quente, limitando nossos
movimentos. Ela geme, rebolando, os seios estão vermelhos de
tanto que os chupo.
— Ah... Ah... Ah... Dimitri, mais rápido, por favor! — geme
enlouquecida, puxando minha cabeça para os seus seios, se
oferecendo, enquanto se esfola no meu pau.
Agarro sua cintura e meto com força ao mesmo tempo em
que a puxo forte para baixo e para cima, fazendo sua bocetinha
faminta engolir tudo. Estoco sem parar e a cada metida solto um
grunhido enquanto sua boceta engole meu pau com gula.
Seguro-a com uma mão e a outra aperta seu pescoço,
Katharina fecha os olhos, gemendo.
— Amore mio, eu vou te foder tanto que você vai ficar viciada
no meu cacete — digo, com os dentes cerrados, entre estocadas e
ela arranja minhas costas com força. — Goza, vai, quero ver você
gozando no meu pau — meto mais bruto e aperto seu pescoço
deixando-a toda vermelha sem ar.
Katharina goza tensamente, sinto sua boceta ondular e me
apertar e gozo fundo nela, enterrado até as bolas. Ela fica mole, mas
meu tesão ainda está muito grande. A coloco no chão, ensaboando
seu corpo, lavando cada pedacinho da sua pele, admirando todas as
marcas vermelhas que deixei nela. Terminamos o banho e a levo
para o quarto.
— Nós precisamos conversar — ela diz quando a coloco no
meio da cama.
— Depois, por hora eu preciso saciar essa fome que estou
sentindo desde o dia que voltamos de Pompéia.
— Merda, por que você tem que ser tão gostoso, seu maldito,
desgraçado!? — Diz, gemendo quando minha mão desliza por sua
barriga.
Recolho a gravata que estava no chão e uso para vendar seus
olhos.
— O que você vai fazer? — Ela pergunta, curiosa.
— Apenas fique quietinha que eu estou no comando.
Katharina respira fundo, pronta para retrucar, mas eu sei que
ela está louca de tesão e quer isso tanto quanto eu. Giro seu corpo,
colocando-a de quarto, vendada na cama, acaricio sua bunda
lentamente e quando ela menos espera eu dou um tapa.
Sua bunda fica tão linda, vermelha pelos meus tapas.
— Safada! — curvo-a, deixando bem empinada.
Sua boceta está pingando de tesão, sua bunda está toda
aberta para mim, do jeito que eu gosto. Dou outro tapa forte e ela
geme de tesão.
— Cachorra, não sabe como essa bunda fica linda com a
marca da minha mão.
— Vai ficar só olhando para minha bunda ou vai me foder?!
A maledeta provoca, não respondo e soco meu pau sem
aviso. Katharina se curva, sentindo mais ainda meu pau dentro dela,
aperto sua cintura e com a mão esquerda puxo seu cabelo loiro e
molhado para trás.
— Dimitri... — geme, pedindo mais.
— Há um animal em mim que cria vida quando estou dentro de
você. — Falo, puxando seu corpo, mordendo seu pescoço.
— Então venha me devorar. — Diz de forma provocativa,
empurrando sua bunda contra meu pau. Acelero, metendo nela com
força.
Ela é perfeita, sua boceta se encaixa, agarrando meu pau.
Katharina foi feita sob medida para mim.
— Isso, não para!!! — geme ensandecida, rebolando
enquanto estapeio seus seios.
Katharina goza tão forte que suas pernas fraquejam, deito
sobre ela, ficando de costas e continuo bombando meu pau na sua
boceta encharcada. Minhas bolas estão pesadas e o orgasmo me
atinge, rugindo e encho a sua boceta com meu gozo.

O sol já está nascendo, Katharina está exausta, depois de


horas e horas que passamos transando.
— Que horas são? — Pergunta, esfregando os olhos e o
lençol escorrega do seu corpo quando ela se senta, acordando.
— Ainda é cedo.
— O que vai ser agora? Isso que aconteceu só vai complicar
ainda mais a nossas vidas.
— Somos adultos, Katharina, não dá para fingir que não
somos bons juntos, não negue que gostou.
— Não, você tem razão, não dá para fingir que essa química
intensa não existe, porém, eu não sou como Natasha ou suas
escravas, Dimitri, eu nunca aceitarei ser traída, muito menos tratada
como uma cadela, uma mulherzinha fútil, sem cérebro. — Diz
seriamente.
— Você nunca será comparada a nenhuma delas, bella mia.
— Então me diga o que mudou, porque ainda me lembro de
você dizendo que não largaria suas perfeitas escravas por essa
boceta aqui! — Ela joga minhas palavras na minha cara, com gosto.
Tento entender o que mudou e dar a resposta a ela, mas não
consigo, nem mesmo eu entendo, só sei que preciso dela, preciso
submetê-la, preciso domá-la.
— Algo em você me faz querê-la acima de qualquer uma
delas e se para tê-la em minha cama, preciso abrir mãos das outras,
é isso que farei.
— Posso acreditar em suas palavras? — diz, mordendo o
lábio inferior para me provocar, mas seu tom mostra a dúvida.
— Eu sou um homem de palavra, confie em mim, bella mia.
— Se confiar em você, Dimitri, eu vou querer que faça o
mesmo comigo, independente do que parecer, de tudo estar contra
mim, você terá que confiar em mim.
— Temos um acordo, bella mia? — Pergunto.
— Ainda não, precisamos discutir o fato de você ser um
sádico dominador. Se teremos sexo sem envolver sentimentos e etc.,
vamos ter que negociar, sejamos práticos.
— Não precisamos negociar como se isso fosse um negócio.
Podemos discutir livremente e honestamente, sobre o que você quer
e as expectativas que eu tenho sobre você, amore mio.
— Você quer que eu entre nessa sem negociar os termos
antes? Mas nem fodendo, é a minha pele que vai estar na mira do
chicote, nem pensar.
— A questão toda, bella mia, envolve a psicologia, como você
se sentirá ao saber que tudo que for contra a sua saúde não será
feito. Preciso que saiba que não é incapaz de nenhuma prática, mas
cabe a mim, seu Dominador, levá-la pelo caminho da submissão.
— Não quero que me machuque, odeio ser humilhada, tratada
como uma cadela, isso jamais, não tenho uma natureza dócil e
submissa e isso não vai mudar jamais — fala cruzando os braços
nervosa.
— Uma coisa é não querer e outra é não poder, outra coisa é
não estar adestrada para vivenciar aquilo.
— Isso não vai dar certo, a minha vontade é socar a sua cara
quando fala essa palavra adestrar. Pode até perguntar para Vicenzo
o quanto meu soco é poderoso.
— Tudo bem, não vamos brigar, não usarei esse termo, mas
preciso que tenha a mente aberta para entrar nesse mundo. Eu sei
que você gostou e tenho certeza que posso fazer você sentir um
prazer como nunca antes. Se for para ficar em uma zona de
conforto, não é D/S e sim uma relação fetichista ou baunilha.
Nenhuma nova submissa do mundo tem condição de negociar nada,
afinal como saber o que você não vivenciou, ou determinar a
intensidade das práticas? Uma negociação só é justa com a
submissa já adestrada. Quer dizer, uma submissa experiente.
— Entendo onde quer chegar, mas se durante o ato, se você
fizer algo que eu não goste ou abomine e de alguma maneira me
sentir humilhada?!
— Então você deve usar a sua safeword ou palavra de
segurança, e então eu entenderei que chegou ao seu limite. A base
de tudo é confiança, Katharina, quero que entregue seu corpo e sua
alma para mim, quero que deseje ser dominada por mim assim como
eu desejo loucamente vê-la usando minha coleira.
— Ok, ok. Vamos por partes, não vem com esse negócio de
coleira para cima de mim. Confesso que tenho curiosidade, que
mulher não teria? As coisas que já fizemos foram deliciosas, mas
isso não significa que vou abanar o rabo sempre que você ordenar,
muito menos entregar minha alma para o diabo, uma coisa é meu
corpo e outra bem diferente é minha mente.
— Você não seria a minha rosa, se não fosse tão difícil —
falo, rindo da sua cara.
— Eu posso aceitar os seus jogos dentro do quarto, porém da
porta para fora isso acaba. Você não manda em mim, eu sou livre.
— Não existe liberdade quando se nasce na máfia, amore
mio, ainda mais sendo minha esposa.
— Então está na hora de começar a fazer mudanças dentro
da Cosa Nostra, Boss. Pois eu sou uma mulher livre e nunca serei
completamente dominada por você!
— Isso é o que veremos querida...
— Não estou brincando, Dimitri, eu não sou um objeto, jamais
serei como Rebeca ou Carine.
— Sei disso, Katharina, é por isso que estou aceitando seus
termos, justamente por você ser diferente, eu até gosto quando você
é teimosa, isso torna ainda melhor o desafio. Então eu espero
dedicação e obediência. Uma submissa deve saber que nem tudo
será flores, nem tudo será gostoso e que terá horas que vai doer, vai
ser ruim. Mas eu estarei aqui para cuidar do que me pertence.
— Eu posso tentar, não por você, mas por mim, porque estou
curiosa para conhecer esse mundo. Vamos deixar bem claro as
coisas aqui, isso tudo não passa de sexo, tesão, desejo e
curiosidade. Eu ainda te odeio e você a mim, então estamos
empatados. — Ela sorri debochadamente.
— Certo, bella mia. Agora me diga qual vai ser a palavra
escolhida para sua safeword.
— Libertá, porque não adianta quantas algemas coloque nos
meus pulsos eu sempre serei livre.

Katharina dorme depois da nossa conversa. Eu me levanto e


me reúno com Tom Ndrangreta para resolvermos alguns negócios
internacionais pendentes.
O café da manhã é servido, mas Katharina desce bem mais
tarde para fazer seu desjejum.
Meu telefone toca enquanto negociava um acordo com Alesso
Gambino, que ultimamente anda muito deslocado em nossas
reuniões, e atendo imediatamente vendo o número de Lorenzo.
— O presente já chegou, acho bom vocês voltarem logo para
Palermo — fala meu fratello.
— Mande Luigi receber e no fim da tarde estaremos em casa.

Katharina fica irritada por ter que voltar antes do fim da festa,
nona não nos deixa sair antes do almoço. Porém sou irredutível
sobre nosso retorno para Palermo, a volta é rápida e já estamos
ultrapassando os portões da fortaleza no fim da tarde.
Chaise abre a porta para Katharina e ela caminha na minha
frente para dentro de casa, quando dá um grito alto no meio da sala.
Entro logo atrás dela, tentando entender o motivo do seu
escândalo, quando noto ela abraçada o maledeto do Aslan no meu
sofá.
— Oh, meu Deus, eu senti tanta a sua falta — aperta o irmão,
chorando desesperada.
— Não sabia que vinha, Castelaresi!! — Digo ironicamente
para a visita indesejável ao lado da prima dela, que mandei buscar.
— Achei um gesto muito amigável da sua parte, pedir para
trazer Ana para ficar uns dias com a minha irmã, então pensei;
porque não vir também?! Afinal, meu cunhado é tão gentil. — Ele
debocha e eu travo os dentes para não mandá-lo se foder.
Era só o que me faltava, uma casa cheia de Castelaresi.

As lágrimas borram toda a minha maquiagem, eu chego em


casa tremendo, à dor de ser duplamente traída é horrível. Eu
sempre soube que Giuliana me odiava, mas nunca entendi o porquê,
no fundo ela não se conformou por eu ter me casado com o seu
noivo, mesmo tendo traído Dante. Por que fugiu grávida de outro
homem se ela queria Dante?
Dante nunca me amou e no fundo eu sabia que seria assim,
eu seria apenas uma substituta.
Eu não quis acreditar naquela noite, quando vi o carro de
Giuliana, mas agora tudo faz sentido, eles são amantes. Ânsia toma
conta de mim e corro para o quarto, porém, quando abro as portas
eu posso ver os dois na minha cama.
Será que ele a trouxe aqui?!
As lágrimas voltam a transbordar e eu sigo para o quarto de
visitas, me ajoelho em frente ao vaso e vomito todo o jantar. Sinto-
me uma idiota, como um dia eu pude amar Dante?!
Por muito tempo tudo que eu quis era que ele me amasse,
mas os meses se passaram e comecei a ver que o homem que eu
amava na juventude não passava de uma ilusão. Eu fui reduzida a um
objeto em suas mãos, usada e descartada quando ele queria. Fui
feita de saco de pancada sem nem mesmo entender o motivo, mas
agora eu sei que no fundo ele tem raiva por ter se casado comigo.
Me levanto do chão gelado, tiro as roupas e entro debaixo do
chuveiro. A água quente queima minha pele enquanto me esfrego,
com nojo do toque de Dante. Com os olhos fechados, a imagem de
Giuliana de joelhos chupando o meu marido não sai da minha mente.
Minha filha se agita na minha barriga e eu abro os olhos, preocupada
com o futuro, perguntando a Deus o que eu fiz para merecer tanto
sofrimento. Pergunto-me quantas mulheres passam pelo mesmo que
eu, tudo o que eu queria era ser comum como elas. Poder gritar, sair
de casa, me separar, ir numa delegacia e denunciar todas as
atrocidades que Dante já fez comigo, começar do zero e ter um novo
futuro, mas eu não posso.
Soluço em meio ao pranto, eu não posso, ninguém me
ajudaria, ninguém ousaria enfrentá-lo, o máximo que eu ganharia
seria uma surra.
— O que está fazendo nesse quarto? — Questiona Dante, me
surpreendendo dentro do banheiro.
Não respondo, desligo o chuveiro e visto o robe.
— Eu estou falando com você, Rebeca, quem mandou você ir
embora sozinha, ficou louca?
— Eu fiquei, com toda certeza, fiquei louca no dia que eu
aceitei me casar com você — falo amarga e vejo Dante paralisar.
— Que porra você disse?! — Grita, ficando vermelho.
— Eu vi vocês dois juntos, Dante, e não sabe o nojo que sinto
de vocês — falo, saindo do quarto, mas logo sou puxada
bruscamente batendo a cabeça na parede.
— Quem mandou você me seguir, Rebeca!? — Questiona, me
pressionando na parede.
— Me solta, está me machucando — digo, tentando me
afastar.
— Não levante a voz para mim, está ouvindo?! — grita,
apertando meu braço e tenho certeza que ficará marca.
— Por que não volta para sua amante e me deixa em paz? —
falo, magoada, fora de mim.
Pela primeira vez eu não tenho medo de enfrentá-lo, talvez
seja o ódio falando por mim.
— Porque ela não é você, querida, Giuliana é uma puta e só
serve para foder, nada mais.
— Eu tenho nojo de vocês dois! — digo, cuspindo na sua cara
e sinto meu rosto arder pelo tapa forte.
— Você tem nojo de mim, Rebeca, é isso?!
E acerta outro tapa na minha cara, ele olha para mim com
tanto ódio e o meu medo é tanto, que fico paralisada. Um tremor
toma conta do meu corpo, uma vontade tremenda de fugir, de gritar
que ele não tem direito de me tocar, mas tudo que faço é pedir
desculpas.
— Eu não quis dizer isso, me perdoa.
— Você vai me pagar caro, sua desgraçada, acha que pode
tratar o seu marido assim? Eu te dou de tudo e é assim que me
retribuí?
— Eu só queria que me amasse — eu falo baixo, tremendo de
medo.
— Eu te amo, não vê que tudo que eu faço é para que seja a
mulher perfeita, eu estou te protegendo para que não se torne uma
puta como as outras? — vocifera.
— Me solte, por favor, está me machucando — imploro, aos
prantos.
— Eu não posso, amor, eu preciso te educar, você precisa
aprender a respeitar seu marido.
Ele vai me bater novamente, meu Deus, eu sei que vai, penso
em pânico. Dante me arrasta pelo corredor até o nosso quarto, abre
a porta com brutalidade e me joga na cama.
— Dante, eu estou grávida, não machuque nossa filha, por
favor.
— Você não me dá ordens, vadia!!! Eu te dei tudo, sem mim
você não seria nada, sua família estaria arruinada e é assim que
agradece me desafiando, me desobedecendo? Qual é o próximo
passo, me trair?!
Sinto o tapa em meu rosto tão forte que me faz cambalear,
mas não consigo me afastar, pois ele agarra meu braço, enquanto
tudo que eu consigo fazer é tentar proteger minha barriga.
— Me perdoa, Dante, eu não farei nada, eu só tenho olhos
para você, querido — suplico em meio às lágrimas.
— Você acha que pode me questionar? Eu faço o que quiser,
eu fodo quem eu quiser, se eu quiser usar a puta da sua irmã eu vou
usar e quando me cansar eu faço questão de mandá-la para o pior
puteiro da Itália.
— Eu não vou mais te questionar, eu prometo! — Imploro,
vendo seu olhar de ódio.
— Eu vou lhe dar uma lição que nunca vai esquecer.
Tira meu roupão, me virando de costas, eu coloco a mão na
minha barriga, pedindo perdão à minha filha por tê-lo enfrentado.
Dante vai até o closet, eu não consigo me mexer, meu corpo todo
treme de medo e os meus soluços são o único som que se ouve no
quarto. Ele volta com duas algemas e prende meus braços no dossel
da cama de costas para ele.
— Amor, por favor, não me machuque — tento implorar, mas
é inútil.
O primeiro golpe do cinto vem e solto um grito tão alto que
minha garganta queima.
— Calada, amor, eu só estou fazendo isso para que aprenda
a ser uma mulher dócil e submissa ao seu marido.
— Por favor, Dante, não me machuca, pensa na nossa filha.
— Repito com a voz trêmula e a garganta ardendo pelos soluços,
mas ele me dá outro golpe, sem pena.
Eu não sei quantos golpes foram, mas minha barriga estava
dura, a dor nas minhas costas é excruciante, minha visão está turva
e meus braços moles, assim como todo o meu corpo, é como se eu
pudesse ver a morte diante de mim. Meus braços são soltos e eu
despenco sem força nenhuma sobre a cama. Ouço o grito alto de
Dante chamando por mim. O sangue escorre pelas minhas costas,
ele toca meu rosto, mas eu não vejo mais nada, apenas a escuridão.

Dias tinham se passado desde a minha demissão, me mudei


para uma casa escondida ao sudeste de Palermo. Conhecendo os
policiais corruptos da máfia eu sabia que estava marcada e que logo
eles viriam atrás de mim. Vitório conseguiu gravações de dentro da
casa de Alesso Gambino, mas infelizmente ele não pôde colocar as
escutas no seu escritório, apenas na sala. Eu tinha um áudio em
perfeito estado onde ele dizia que as drogas estavam sendo levadas
para o Porto em contêiner de molho, só precisava de alguém grande
para me apoiar nessa caçada, essa seria a minha chance.
A besta havia atacado novamente, eu sabia disso porque
mantenho um amigo meu dentro do departamento, me passando as
informações. Estranhamente, a vítima, dessa vez não foi encontrada
em sua casa e sim em um beco atrás de uma lanchonete, o que
dificulta muito o trabalho da polícia, pois o local não era a área do
crime.
A garota era uma jovem solteira de apenas 28 anos que
trabalhava como atendente em uma loja, curiosamente também é
loira, como todas as outras. Não tinha família, mas ainda assim, é
triste saber seu destino.
Ela, como as outras, teve relação sexual com o criminoso
antes de morrer, o que me faz pensar que ele deva ser um homem
bem apessoado, já que consegue seduzir e levar as vítimas para
longe de testemunhas antes de matá-las, não foram encontradas
digitais, como nos outros corpos. Seu peito foi rasgado como todas
as outras mulheres.
No local onde foi encontrado seu corpo também estava à
assinatura do serial killer, o nome “A besta”. Ela foi levada até lá e
descartada, o que indica que ele já sabe que está sendo perseguido
e todo cuidado é pouco a partir de agora. Vitório se mantinha
infiltrado para tentar conseguir mais informações e ganhar a
confiança dos mafiosos, mas para o departamento de polícia, ele
estava tirando sua licença não remunerada, então ele ficaria longe do
radar do chefe.
Consegui marcar uma reunião com um famoso juiz Giovane
Falcone, especializado em processar os chefes de organizações
criminosas. Ele é um ex-militar que foi considerado um herói nacional.
Creio que será o único que não aceitará ser subornado. A cafeteira
apita e me levanto para buscar outro expresso, minha cabeça lateja,
não ando conseguindo dormir direito. Depois da minha saída do
departamento eu voltei lá no mesmo dia, dessa vez no meio da
madrugada estacionei um carro alugado na parte de trás e usando
luvas recolhi todos os sacos de lixo que vinham da repartição.
Coloquei tudo no porta malas e passei dias vasculhando todo o lixo
até encontrar o que eu queria. o charuto, ou melhor, a minha prova
chave. Mandei para um laboratório de confiança e agora estou com
os resultados em minhas mãos pronta para ler. Levo a xícara aos
lábios enquanto rasgo o lacre do envelope, retirando a folha. Muitas
digitais foram encontradas, principalmente pelo material ter ido parar
no lixo. Muitos nomes de agentes da repartição, o que me deixa
frustrada. Eu já estava descartando a chance de achar algo quando
um último nome aparece na linha de digitais.
Dimitri Salvatore Rinna.
Um ataque de fúria foi o que aconteceu comigo quando ouvi
Rebeca dizendo que me odiava e que tinha nojo de mim. Tudo
aconteceu por culpa de Giuliana, eu a faria pagar por isso. Meu anjo
me enfrentou pela primeira vez.
Eu não vi o que estava fazendo e quando dei por mim ela
estava desabando sobre a cama, com sangue escorrendo das suas
costas. Meu desespero foi gigante, larguei o cinto, soltei as algemas
e toquei seu rosto molhado pelas lágrimas, os olhos fechados e o
pânico tomando conta de mim.
— Não!!! — Grito desesperado, me ajoelhando ao lado dela.
— Rebeca, acorda, abre os olhos, Rebeca!!! — Grito chacoalhando-
a, que não responde e nem se move.
Então, me dou conta da merda que fiz e o desespero me
assola. Sua respiração está fraca, suas costas estão em carne viva.
Mas não é só isso que me apavora e sim o sangue que começa a
escorrer pelas suas pernas.
Sinto o mundo ruir, me dando conta do que fiz. Minha garganta
queima com os soluços que escapam, pego seu corpo quente no
colo, desesperado para salvá-la. Salvar nosso bebê.
Desço as escadas gritando ordens para os meus homens e
rapidamente o carro está na porta da mansão.
Sento no banco de trás com Rebeca ainda desacordada,
minha perna está molhada de sangue. Ela não para de sangrar.
— Você não pode me deixar, meu anjo, eu não vou viver sem
você, não me deixe amor. — Falo enquanto acaricio seu rosto pálido.
O carro vira uma curva em alta velocidade a caminho do
hospital que a máfia patrocina.
— Amor! Amor! Aguenta firme. — Digo, tentando conter o
sangramento.
O caminho até o hospital é uma tortura e quando chegamos,
entro com ela nos braços.
— Nós precisamos levá-la agora para a sala de cirurgia. —
Diz uma enfermeira ao meu lado, me ajudando a colocá-la na maca.
— Me perdoe, meu anjo, você não é como ela, me desculpe!
— Repito para ela, chorando.
Rebeca é colocada sobre uma maca e muitos médicos a
rodeiam.
— O senhor precisa se acalmar, nós cuidaremos dela.
— Se acontecer alguma coisa com a minha mulher e com a
minha filha, eu acabo com a vida de vocês — ameaço todos eles.
Rebeca é levada por uma porta que não posso entrar. Fico
olhando para a porta por onde ela entrou, sentindo meu peito sendo
rasgado ao meio.
É como se eu estivesse perdendo o meu coração, a dor é
sufocante, pior do que qualquer coisa que já possa ter sentido.
Sento no chão gelado, já não consigo reagir e tudo que faço
ali é chorar de arrependimento, implorando que, se existe um Deus,
ele não leve Rebeca de mim.
Minha camisa está suja do seu sangue, meu corpo
anestesiado, não consigo mais raciocinar, tudo que sinto é dor e o
medo mais profundo.
— Você não vai morrer, Rebeca — digo sozinho em
desespero — Você não vai morrer, nós vamos ficar bem, meu anjo,
nossa filha vai nascer e seremos felizes, como sempre fomos.

Não sei quanto tempo passa, para mim parece uma


eternidade, ninguém aparece para me dar notícias e isso me
enfurece, minha vontade é de queimar todo esse hospital, mas eu
não posso, não quando a vida do meu anjo corre risco.
Estou me corroendo por dentro, quando sinto uma mão em
meu ombro, levanto meu rosto pronto para socar quem ousou me
tocar e vejo minha mãe, seu rosto está cheio de lágrimas e meu pai,
que está logo atrás, junto com seus homens.
— O que você fez, meu filho? — Pergunta ela, me abraçando.
— Eu a machuquei, mãe... — começo a falar quando vejo o
médico saindo pela porta da sala de emergência.
— Família de Rebeca Bruschetta! — Chama, lendo a ficha
— Eu sou o marido dela — digo, me levantando e indo o
mesmo.
— Sua esposa acabou de sair da sala de cirurgia. Está
sedada e deve ficar em observação por pelo menos um dia antes
que a levemos para o quarto. Ela perdeu muito sangue e está com
muitas lacerações nas costas, que tivemos que suturar, mas ela teve
sorte de não ter acertado nenhuma vértebra da sua coluna.
— Minha filha, como está a minha filha? — Pergunto em
aflição.
— Sinto muito, senhor, mas o bebê que sua esposa esperava
já chegou no hospital sem batimentos e não pudemos salvá-la. Uma
cesárea foi feita para a retirada do bebê, já que a gestação estava
avançada.
Desabo no chão, é como se um buraco estivesse se abrindo,
um grito sai, rasgando a minha garganta. Um grito de desesperança,
de culpa e de dor.
— Eu a matei, eu a matei! — gritei, sabendo que tudo era
minha culpa.
Eu fiz isso, eu sou um monstro, um assassino, um homem
cruel que não merece o anjo que tenho.
Não sei quanto tempo se passa, meu pai fica falando comigo,
tentando me acalmar. Os pais de Rebeca chegam e minha mãe
conta o que aconteceu ela com o bebê. Vejo a mãe de Rebeca
desmaiar e ser socorrida pelo marido.
O médico me leva para ver o corpo da minha filha e tenho que
me acalmar para acompanhá-lo.
— Filho, não se torture dessa forma, seu pai pode cuidar
disso para você.
— Eu preciso ir, eu preciso vê-la. — Falo, limpando o rosto,
tentando ser forte por Rebeca, que vai precisar de mim.
Acompanho o médico até um corredor que leva a uma sala
separada, o mesmo indica a porta, então eu abro e entro sozinho.
A sala gelada é ainda pior do que eu imaginei, uma maca de
metal está no meio. Tudo ao redor desaparece e vejo apenas o
minúsculo bebê com um pano branco cobrindo seu corpo sem vida.
Com as mãos tremendo eu retiro o tecido e olho para o
pequeno bebê de apenas vinte e oito semanas. Ela é linda, tão
pequena que caberia em minha mão, sua pele é tão branquinha como
a da mãe e sua boca pequena lembra a minha.
Eu toco seu rosto delicado e não aguento o peso tanta dor.
Me ajoelho no chão, chorando, arrependido e lembrando de todas as
vezes que maltratei e humilhei Rebeca, mesmo sabendo que ela
estava esperando esse anjinho.
Me recordo de todas as vezes que desejei que fosse um
menino, mas no fim eu ficaria feliz apenas se ela estivesse viva.
A dor me consome tão duramente, que me sinto imundo, um
maldito desgraçado. Tiro minha pistola Colt e miro direto na minha
cabeça, sabendo que a melhor coisa que eu faria seria acabar com a
minha existência.
Destravo a arma e coloco o dedo no gatilho, porém antes que
eu faça o médico me chama.
— Senhor, precisamos ir, sua esposa o aguarda. Suas
palavras me fazem parar antes que cometa outra besteira. Não
posso deixar meu anjo sozinho, ela precisa de mim, ainda mais
agora.
Guardo a arma novamente no coldre, olho para minha filha
mais uma vez, me despedindo do meu pequeno anjinho, que por
minha culpa não vive mais.
O médico me aguarda na porta, limpo meu rosto, voltando à
postura de homem cruel e do mafioso que sou.
O acompanho até a UTI, tenho que vestir roupas adequadas
para poder entrar. Meu coração acelera assim que passo pela porta
e vejo seu corpo pálido, ligado a aparelhos de monitoramento.
Seu abdômen continua inchado, mas saber que minha filha
não está mais ali acaba comigo. Me aproximo da cama segurando o
choro, não quero chorar, não posso ser fraco, não agora quando ela
precisa de mim. Toco suas mãos frias, seu rosto está tão pálido que
ela não parece respirar.
— Eu estou aqui, meu amor, eu vou cuidar de você, prometo.
Rebeca mexe o pescoço como se sentisse minha presença,
seus cílios piscam e logo ela abre os olhos azuis para mim.
Não há mulher mais perfeita, mais bela que ela. Minha
Rebeca.
Meu anjo fecha os olhos como se sentisse dor, em seguida
olha para mim e posso ver o terror tomando conta da sua face. Seus
olhos estão cobertos de medo, pânico e dor. Ela treme, gritando e
lágrimas escorrem pelos seus olhos.
— Socorro, socorro!!! — ela grita, se debatendo e meu
coração parece que está sendo pisoteado.
Os aparelhos apitam e logo vários médicos entram no quarto.
Assisto a tudo em câmera lenta, mas logo sou expulso do quarto e
então a ficha cai.
Eu a quebrei.
Dizem que a conexão entre irmãos gêmeos, sejam eles
fraternos ou idênticos, é especial, mas ninguém sabe ou entende
como é isso. Estar longe do meu irmão é como ter uma parte minha
afastada de mim. Só de olhar para ele eu já sabia quando algo
estava errado e pra ele era a mesma coisa.
Crescer no meio da máfia foi terrível, mas ele sempre esteve
lá por mim. Aslan enfrentou meu pai por diversas vezes para me
proteger e quando começou a me treinar eu sabia que no fundo era a
forma dele me proteger mesmo estando longe.
As lágrimas borram minha maquiagem enquanto eu aperto
meu irmão, emocionada.
— Ei, pare de chorar, pequena — me chama pelo apelido que
me deu desde que éramos crianças.
— Eu senti tanta sua falta, Aslan — digo, limpando meu rosto.
— De mim pelo visto nem sentiu falta — fala Ana, minha prima
e minha melhor amiga.
Me solto de Aslan e vou até ela, abraçando-a forte.
— Não posso acreditar que vocês estão aqui! — Digo
enquanto a abraço e vejo Dimitri indo para o escritório com Lorenzo.
— A mamãe queria vir, mas sabe como é nosso pai, disse que
ela virá junto com ele em outra ocasião. — Diz Aslan.
— Eu senti tanta falta de vocês dois, tanta coisa aconteceu.
— Falo e limpo as lágrimas.
— Eu também, princesa, é horrível saber que você está aqui,
tão longe e eu não posso protegê-la. — Ele diz, acariciando meu
rosto.
— Vamos para a biblioteca, temos muito para conversar —
falo quando vejo Augustos, um dos homens de Dimitri, passando em
direção ao escritório.
— Tem razão, quero que me explique que história é essa de
estar presa em uma cela. — Ele diz com o semblante fechado,
bravo.

Aslan fica de pé, olhando pela janela que dava para refúgio de
Hades e Perséfone. Luigi havia trazido um lanche para nós três
enquanto eu fui contando cada detalhe de tudo que aconteceu
comigo, claro, evitando os detalhes desnecessários para os ouvidos
do meu irmão.
Aslan já estava enfurecido quando falei da torre, por fim contei
da trégua entre mim e Dimitri na Calábria e que ele pediu desculpa e
eu decidi perdoar.
— Não acredito que perdoou esse miserável depois do que
ele fez.
— O que quer que eu faça, Aslan? Estou aqui foi por conta da
porra desse acordo. As cartas foram postas na mesa e não por mim.
O que me resta é jogar.
— Ela tem razão, primo, não dá para ficar nesse pé de guerra
— fala Ana.
— O miserável não pode achar que vai machucar minha irmã
e ficar por isso mesmo, ah, isso não. — Fala Aslan com os punhos
serrados, andando pelo quarto.
— Precisa se acalmar, não é hora de explodir, Aslan, eu
preciso de você agora. — Falo firme, ficando de pé e indo até ele.
— O que mais aconteceu que ainda não tenha falado?! —
Questiona, bravo.
— Calma, eu não fiz nada, na verdade preciso que me ajude
em uma missão.
— Katharina Castelaresi, sempre que me olha dessa forma eu
sei que você aprontou ou pretende aprontar.
— Bem, se não fosse importante eu não pediria a você, não
colocaria você em risco, porém, não tenho outra saída. — Falo
olhando pela janela, sentindo um mau presságio quando penso em
Rebeca.
— É melhor falar logo se não seu irmão vai fazer um buraco
no chão — diz Ana já preocupada.
— Aslan, preciso que você me ajude a salvar uma pessoa ou
melhor, duas. — Digo, pensando no bebê.
— Seja clara, pequena. — Fala enquanto se senta na cadeira
à minha frente.
— Tem uma mulher, seu nome é Rebeca, preciso que a tire do
país. Arrume documentos falsos e proteção, leve ela para bem longe
da Itália.
— O que ela fez para precisar fugir?
— Bem, ela não fez nada, na verdade o marido dela que fez,
mas é complicado demais para explicar tudo agora, só que a vida
dela corre risco e se ela não fugir é capaz dele matá-la. Por favor,
me ajude a tirar ela daqui.
— Certo, verei o que posso fazer — diz sério, mas no fundo
eu sei que ele vai ajudar e uma chama de esperança para Rebeca
cresce dentro de mim.

Conversamos por horas nem percebo quando o sol se põe.


Levo Aslan para o quarto onde ele ficará para que ele descansasse
um pouco antes do jantar, como não vi mais Dimitri e imagino que
deva ter saído com Lorenzo.
— Pode me contar tudo, quero saber cada detalhe, agora! —
fala Ana quando eu deito na cama do quarto que mostrei a ela.
— Não sei do que está falando — desconverso.
— Está bom, não sabe... E esse chupão no seu colo, seu
irmão, que é lerdo e não percebeu, mas desde que passou pela
porta eu vi. — Ela diz, rindo da minha cara de chocada ao olhar para
meus seios.
— Não dá para esconder nada de você.
— Conta logo como foi à primeira vez de vocês. Uma coisa
não posso negar, da mesma forma que ele é assustador parece ter
uma pegada e tanto.
— Ah, você não imagina que pegada — digo, fechando os
olhos e lembrando do calabouço.
— Quero detalhes — ela exige e joga uma almofada na minha
cara.
Sorrio e vou contando cada detalhe para minha prima e
melhor amiga, em alguns momentos não consigo evitar ficar
vermelha, principalmente quando conto o quanto eu gostei de sentir
seu chicote queimando em minha pele.
— Você sabe o quanto isso é loucura não sabe? Uma coisa é
ler sobre isso em um romance erótico e achar sexy e tal, mas não
consigo me imaginar presa em uma cruz sendo chicoteada.
— Eu simplesmente não sei explicar, é uma coisa intensa. A
sensação é nova para mim e a maneira como ele me toca.... Droga,
eu não sei realmente explicar, é um prazer cru em meio ao medo a
dor.
— Oh, meu Deus, você está apaixonada — ela diz colocando
a mão na boca, chocada.
— Claro que não, não diga um absurdo desses. Eu ainda o
odeio, ele ainda continua sendo o babaca arrogante, machista que
acha que é o dono do mundo.
— Mas você o quer, mesmo assim! Está claro, amiga.
— Isso se chama tesão, Ana, não misture as coisas. Ele é
apenas bom no que faz e eu gosto disso. Quando ele me toca não
existe vergonha, não tem moral, nem pudor, eu o sirvo e ele, a
Besta, me domina.
— Ah, Katharina, não precisa fingir para mim, você gosta do
boy, tá na cara. — Ela afirma, me irritando.
Me levanto da cama, já sem paciência para essa conversa
que não vai levar a nada. É óbvio que não tenho nenhum tipo de
sentimento romântico por aquela besta maldita.
— Eu preciso de um banho antes do jantar, nos vemos lá
embaixo e depois continuamos a conversa, você ainda precisa me
contar sobre o professor.

A minha casa está cheia de Castelaresi, se não bastasse o


sorriso convencido do irmão de Katharina, eles ainda fazem questão
de conversar em russo para que ninguém entenda o que eles estão
falando.
Decidi ir para o escritório trabalhar no nosso novo
carregamento que seria levado para a América. A maior parte do
dinheiro da máfia vem da extorsão, oitenta por cento dos negócios
da Itália paga para ter proteção e segurança. Virou uma tradição na
Cosa Nostra, sempre que um novo negócio é aberto, um dos nossos
homens vai parabenizá-lo e dizer que a partir de agora ele terá que
pagar o Pizzo, termo usado para proteção.
As empresas que se recusam a pagar o Pizzo podem ser
queimadas ou seus proprietários podem ser vítimas de acidentes
inesperados. Em troca, as empresas que pagam recebem a
proteção e podem obter vantagens como cortar a burocracia ou
resolver disputas com outros comerciantes. A coleta do Pizzo
mantém a família em contato com a comunidade e permite controlar
o nosso território.
Vito Luciano estava tomando conta da construção do mais
novo cassino da família em Vegas. Ele serviria não só para lavar
dinheiro como ampliaria nosso poder na cidade.
— Temos um grande problema — fala Lorenzo, sentado à
minha frente enquanto eu analiso o andamento da construção do
laboratório de coca.
— O que aconteceu?!
— A polícia federal prendeu nosso carregamento no Porto.
— Isso é responsabilidade de Alesso!!
— Sim, não sei como, mas alguém nos dedurou, Alesso já
está chegando da Calábria. Ele terá que nos explicar como a polícia
descobriu sobre o contêiner de molho.
— Ligue para o chefe de polícia e mande que ele consiga a
liberação do contêiner — ordeno, lembrando a ele que não é à toa
que mantemos a polícia na nossa folha de pagamento.
— Já fiz isso, entretanto a coisa está feia, não é a polícia
local que é responsável pelo caso, e sim a federal. Não consegui
descobrir quem está por trás dessa denúncia, mas vou molhar a mão
de uns contatos para tentar descobrir.
— Avise Alesso, que quero vê-lo amanhã no primeiro horário
na sede com o nome do traditore. Faça o que for possível para
descobrir quem está por trás dessa investigação. Mande Dante ir até
a Cosa Nostra também, vou precisar dos contatos dele.
— Isso não vai ser possível, Dante sumiu, não atende ao
telefone desde que o carregamento foi preso, estou tentando contato
com ele para me ajudar a resolver isso, já que ele não foi para
Calábria, mas ele não está respondendo.
— Mais essa agora, veremos depois onde Dante está, avise
Vicenzo para interromper as outras remessas por hora, até
sabermos com o que estamos lidando.
— Certo, chefe. — Diz, saindo do meu escritório.
Ligo para alguns contatos meus tentando descobrir como a
federal está na cola da Cosa Nostra, porém ninguém sabe de porra
nenhuma, nem mesmo o babaca do governador tem uma explicação
para essa operação. Frustrado, saio do escritório e encontro Luigi no
corredor, levando toalhas, provavelmente para os hóspedes não
desejados.
— Você viu Katharina?!
— Ela estava na biblioteca com os familiares, mas mandou
preparar novos lugares na mesa de jantar e foi para o quarto.
— Certo, me avise se Vicenzo chegar ou Dante.
— Sim, senhor — ele diz, subindo as escadas para o segundo
andar.
Vou em direção ao bar da sala de estar, preparando uma
dose de vodca Stoli Elit duas pedras de gelo e o sabor ardente
enche minha boca, relaxando a tensão.
— Aí está você, temos contas a acertar — fala Aslan, me
surpreendo com um soco de direita.
O copo cai no chão e meu maxilar queima pelo golpe
surpresa.
— Que porra é essa, seu cagna. — Falo, me recuperando e
acerto seu estômago.
— O que foi, seu Mudak? Achou que ia machucar minha irmã
e ficaria por isso mesmo?! — Diz, tentando me acertar um chute,
mas eu desvio.
— Não se meta onde não foi chamado, Katharina é minha
mulher, seu babaca mimado! — Grito, acertando de direta.
— Foda-se se você casou com ela, seu imbecil, está
pensando que pode fazer o que quiser com Katharina, minha irmã é
boa demais para perdoar um idiota como você, mas eu não — ele
tenta me socar, mas eu esquivo, ele acerta as garrafas do bar, as
quebrando.
— Você pensa que pode vir na minha casa e me ensinar como
devo tratar minha mulher? Você não está na Rússia, subchefe, aqui é
a Itália, você está em meu território, eu sou o capo aqui — falo,
acertando um chute em suas costas, que o faz se inclinar de dor.
— O que está acontecendo aqui? — Questiona Katharina,
descendo as escadas, correndo em nossa direção.
— Nada de mais, só vou ensinar uma lição para o seu
irmãozinho, a de nunca mais me desafiar. Levanto meu punho e o
acerto, porém, paro ao ver Katharina na frente do desgraçado com
as mãos erguidas, tentando nos afastar.
— Podem parar com essa palhaçada!! — Grita, ficando
vermelha.
— Esse babaca pensa que pode tratar você como uma
qualquer, ele está muito enganado, você é uma Castelaresi e como
tal ele lhe deve respeito.
— Parem os dois. Aslan, eu já falei para você que me resolvi
com Dimitri, respeite a minha decisão.
— Como quer que eu aceite? Esse babaca te trancou numa
cela, sem comida.
— Vou te mostrar quem é o babaca, seu cagna.
Avanço em sua direção, porém Katharina segura em meu
peito, me impedindo de avançar.
— Chega, meu Deus!! Parecem duas crianças. Dimitri, Aslan
é meu irmão, meu único irmão, se você o machucar, estará ferindo a
mim. — Ela fala com os olhos crispando de raiva.
— Era só o que me faltava, vai defender esse imbecil?! Esse
moleque de merda chegou aqui me acertando!
— Olha o que você fez com ele! — ela diz, tocando o rosto do
irmão, como se ele fosse uma criança.
Aslan aproveita a atenção que a irmã dá e fingi estar sentindo
dor.
— Merda, Dimitri, se você machucou meu irmão eu não vou te
perdoar — ela fala tocando a testa do irmão que sangra.
Eu não posso acreditar no que estou vendo, o desgraçado
está manipulando-a facilmente.
— Quero esse cara fora da minha casa!! — grito, saindo da
sala antes que acabe fazendo o que tenho vontade, ou seja, metendo
uma bala no idiota do Castelaresi.

Acendo o cigarro irritado, a pistola nove milímetros brilha na


minha frente como farol. Na minha cabeça consigo ver a imagem
perfeita do corpo sem vida do imbecil. Fecho e abro a minha mão,
me segurando para não volta lá e ensinar a esse maldito com quem
ele está falando.
A porta abre e Katharina passa por ela e mesmo puto não
consigo deixar de reparar como a saia preta que ela usa deixa sua
bunda gostosa.
— Espero que seu irmão já esteja fazendo as malas para sair
da minha casa. — Digo segurando a arma enquanto apago o cigarro.
— Não pode se descontrolar dessa forma toda vez que tiver
uma discussão com meu irmão — ela diz, rodeando a minha mesa de
carvalho e parando na minha frente.
— Eu, descontrolado, é sério isso?! — Debocho e então ela
estende a mão para tocar meu rosto, porém eu seguro seu pulso
com força, antes que me toque.
— Sei que meu irmão não é fácil, mas ele é meu sangue, você
tem que entender que para ele não é fácil me ver casada com você.
Solto seu braço com raiva e então ela toca meu lábio, onde
um corte sangra.
— Foda-se ele! Quero ele fora da minha casa! — Ordeno,
olhando em seus olhos.
Katharina respira fundo e não se intimida com a arma em
minha mão, ela sobe na mesa, sentando bem em minha frente.
— Essa casa também é minha, lembra? O que é seu é meu,
querido.
A desgraçada tira os saltos e arrasta o pé pela minha perna.
Me levanto rapidamente e coloco minhas mãos em seu pescoço,
apertando levemente.
— Está tentando me manipular, bella mia? — Pergunto, com
meu rosto a milímetros do seu.
— Está funcionando? — fala passando a língua pelos lábios
em um gesto provocador.
— Não brinque comigo, Katharina. — Falo, inalando o seu
doce cheiro de rosas, que toma conta do meu escritório.
— Você está muito tenso, querido, só quero relaxá-lo para
que pare de brigar com meu irmão — sussurra e em seguida beija o
canto da minha boca onde está cortado.
Eu já estava duro apenas por vê-la passando pela porta,
agora estou sedento e tenho a impressão que deixei o inferno e
estou na porra do paraíso. Katharina me beija de leve, sinto-a
experimentar meus lábios e em seguida chupar minha língua.
O fogo vai nos consumindo e em um piscar de olhos o que
começou com uma discussão se tornou uma verdadeira tempestade.
Minhas mãos vão para o seu pescoço, puxando seu cabelo enquanto
ela geme quando mordo sua língua.
Me afasto e olho para ela descabelada, com os lábios
vermelhos e os olhos vibrantes de tesão. Ela é coisa mais bonita que
já vi, minha, toda minha.
— Eu vou te foder forte contra essa mesa, não estou com
humor para a porra das preliminares, então é melhor você me dizer
agora se essa boceta está pronta para levar meu pau.
— É melhor você conferir — diz provocadora, abrindo as
pernas e então descubro que a descarada está sem calcinha.
— Ah, amore mio, você está sem calcinha, só pode estar
querendo ser castigada.
— Talvez — diz, cheia de luxúria.
— De pé — digo com a minha voz de comando e ela
prontamente obedece.
Giro seu corpo colocando-a de costas para mim, inclinada
sobre a mesa de carvalho real.
— Abra as pernas — digo rudemente e ela assim o faz.
Tiro a gravata do meu pescoço e a uso para amarrar seus
pulsos e deixá-la imobilizada. Levanto a saia deixando sua bunda
carnuda à minha mercê.
— Não deveria me provocar, não quando eu estou tão furioso
— digo, cheirando seu cabelo.
— Eu aguento — se esfrega em mim.
— Eu vou te castigar agora, Katharina. Mas primeiro, me
lembre qual sua palavra segura.
— Libertá, Boss.
Eu gemo sabendo que até para escolher uma palavra essa
mulher sabe me provocar.
Viro minha cabeça e vejo uma régua de madeira sobre a
mesa, pego a mesma e admiro mais uma vez sua bunda pálida,
acertando o primeiro golpe.
Os olhos de Katharina se fecham quando ela sente o primeiro
resquício de dor, seu gemido rouco alimenta o sádico em mim, o
prazer é tão grande que meu corpo vibra.
Outro golpe e dessa vez um grito rouco sai da sua garganta.
Outro, dessa vez em suas coxas e seu corpo pressiona contra a
madeira da mesa.
— Mais, bella mia?
— Oh, sim, não pare — ela geme.
— Respire fundo e segure, espere até que eu diga para soltar
o ar — falo enquanto miro novamente em sua bunda e dou um golpe
seco.
Ela morde o lábio e a dor arrepia seu corpo todo. — Perfeita,
não imagina o quanto está linda, querida.
Acaricio sua pele vermelha e digo sussurrando em seu ouvido.
— Preciso que você se entregue completamente para a dor.
Não lute contra isso.
— Sim, Boss...
Com um movimento rápido de trás para frente eu a acerto de
novo e então suas pernas amolecem e há somente o prazer da dor.
Me ajoelho atrás dela, esfrego a minha barba pela sua bunda
ardente, acaricio suavemente, beijando sua pele cremosa.
Separo suas nádegas e passo minha língua de cima para
baixo, sentindo todo seu sabor doce, rodo minha língua pela sua
boceta, chupando seu clítoris e uso um dedo em sua entrada.
— Respire, amore mio, você está merecendo ser
recompensada — digo, lambendo toda sua excitação até seu cuzinho
rosado.
— Mmm... — geme, gozando intensamente.
Chupo todo seu líquido até vê-la desfalecer. Libero seus
braços e a abraço, beijando seu pescoço.
— Como se sente, querida?
— Eu quero mais — fala com um sorriso leve nos lábios.
— Você é realmente perfeita para mim.
Eu acaricio sua bochecha macia e beijo seus lábios carnudos,
virando-a para mim, com os joelhos afasto suas pernas e com a mão
livre eu solto as amarras da sua blusa, admirando seus belos seios
saltando para mim.
— Eles são lindos, bella mia, adoro mamar neles — digo,
abocanhando seu seio esquerdo, circulando o biquinho, acariciando-o
com meus lábios, então eu o mordo e ela se inclina para mim,
gritando.
— Oh, Dimitri, não para — ela geme enquanto eu mamo
faminto seus peitos.
— Cazzo, estás tão molhada. Toda molhada, porra. — Falo
enquanto meus dedos afundam em sua boceta — Você está me
deixando louco. Tem alguma ideia do efeito que tem sobre mim?
Não, eu não acho que você tenha ideia alguma — rosno enquanto
abro as minhas calças, liberando meu pau, que tem fome por sua
boceta.
Sua saia está na cintura, seus cabelos todos revoltos, a blusa
caída em algum lugar do escritório e eu com as calças no pé, pronto
para fode-la.
Pego Katharina no meu colo, me sentando na cadeira com ela
nos meus braços, esfrego a cabeça do meu pau na sua boceta e ela
treme.
— Ah, Deus!
— Deus não está aqui, amore mio, apenas a besta — digo, a
penetrando de uma vez e ela grita de dor ao receber tudo de uma
vez.
— Você pode sentir isso, Katharina? Pode sentir quanto
somos perfeitos juntos?
— Sim, Boss. Eu posso sentir você me fodendo.
— Cavalga no meu pau— ordeno, então ela segura no meu
ombro e rebola gostoso em mim.
Katharina aperta meu pau sugando-o em sua boceta, sobe e
desce com força, se esfregando em mim. Molho dois dedos na boca
e levo até sua entrada de trás. Ela fecha os olhos, gemendo quando
lentamente meu dedo desliza sobre seu cuzinho apertado.
Devagar vou bombeando dentro dela, imaginando o prazer
que ela me dará quando estiver fodendo-a ali.
— Não para, querida, continua — digo quando ela desacelera
ao sentir o segundo dedo. — Você está pingando, amore mio.
— Sim, senhor — ela fala, rebolando.
— Goza pra mim, bella mia. — Falo sem parar de mexer
meus dedos.
Katharina joga o pescoço para trás, gemendo, gozando.
Chupo seu pescoço, levantando-a no meu colo, segurando na sua
bunda e meto com vontade em sua boceta.
— Tá pronta para gozar mais uma vez pra mim, amore?
— Sim, por favor.
Esfrega os seios no meu peito, eu a beijo assim, de pé,
fodendo enquanto ela segura no meu pescoço. Meu pau lateja de tão
duro e gozo tão forte que posso sentir meu gozo escapando da sua
boceta.
Meu pau ainda está dentro dela quando a porra da porta do
escritório abre e Lorenzo passa por ela.

Meu corpo vira gelo puro quando ouço o som da porta abrindo
e a voz de Lorenzo dizendo.
— Achei Dante...
— Fora daqui, maledeto!! — grita Dimitri e eu abaixo me
escondendo atrás da mesa, morrendo de vergonha, até mesmo a
dor na bunda havia passado.
— Meu Deus, meu Deus, que vergonha — sussurro, ouvindo a
porta fechar.
— Desgraçado, não sabe bater na porta?! — fala ele,
pegando a minha blusa no chão. — Vem aqui — Chama e me levanta
do chão.
Dimitri me ajuda a me vestir, eu tento dar um jeito na minha
aparência pós foda, mas está difícil depois de ter sido flagrada pelo
cunhado.
Como vou olhar para a cara de Lorenzo agora?
— Vem, vamos sair daqui — diz firme depois de se arrumar.
— Eu não sei se consigo olhar para o Lorenzo depois disso.
— Você não tem nada com o que se envergonhar. Para o bem
dele, espero que ele não tenha visto nada que pertence a mim.
Saímos do escritório e vejo Lorenzo de costas para nós dois,
olhando para a lareira.
— Eu vou subir para o quarto — falo, subindo a escada.
— Espero que tenha um bom motivo para ter entrado na
minha sala sem bater.
— Sim, desculpe se fui inconveniente não esperava que vocês
dois... Estivessem
— Seja direto.
— Encontrei Dante, ele está no hospital, parece que a esposa
dele não está bem — diz Lorenzo quando eu já estava no topo da
escada, me fazendo paralisar de terror.
— Rebeca, o que aconteceu com ela?! — Pergunto,
descendo.
— Não sei ainda, eles estão no hospital desde ontem, pensei
em mandar alguém ir até lá verificar.
— Eu vou me trocar e então vamos para o hospital, tenho
certeza que aquele bosta feriu a pobre Rebeca — digo para Dimitri.
— Fique aqui, Lorenzo pode ir até lá ver o que aconteceu.
— Nada disso, eu quero vê-la, preciso saber o que esse
babaca fez.
— Tudo bem, seja rápida, e vou mandar preparar o carro.
Tomo um banho aflita, meu medo era que fosse tarde demais.
Torcia para que nada grave tivesse acontecido com Rebeca, não
agora que estou tão perto de tirá-la daqui. Esse verme merece
pagar por todo o mal que fez a ela.
Eu havia avisado Ana que precisaria ir ao hospital ver uma
amiga e pedido para que ela ficasse de olho em Aslan, que qualquer
coisa me ligasse. Meu coração estava acelerado quando Dimitri
estacionou sua Ferrari em frente ao hospital e eu li o letreiro.
Dimitri abre a porta para mim e rapidamente entramos no
hospital. Percebo que vários homens de Dante estão espalhados
pelo lugar.
Corro até o balcão e falo a recepcionista.
— Boa noite, preciso de notícias de Rebeca Bruschetta.
— A senhora é parente?
— Não, eu sou amiga.
— Não podemos dar informações para quem não é da família.
— Eu resolvo isso, bella mia — Dimitri garante e eu me
afasto, sentando na cadeira metálica em frente ao balcão, sentindo
um mau presságio. — Vamos, a enfermeira nos levará até o quarto
de Rebeca. — Diz Dimitri e então eu vejo a enfermeira amedrontada,
nos indicando o caminho.
Assim que passamos pelo corredor que leva os quartos eu
vejo algumas pessoas que imagino ser da família de Rebeca, uma
senhora loira que deve ser a mãe dela chora sendo consolado por
um homem. Mas isso não é tão estranho quando o fato de Dante
Tommaso Bruschetta estar sentado no chão ao lado da porta do
quarto, acabado.
Seu pranto não me convence nem um pouco, apenas me deixa
com mais ódio, pois sei que algo muito grave aconteceu.
— O que aconteceu com Rebeca? — Pergunto diretamente a
ele.
— O que fazem aqui? — Ele pergunta, tentando recuperar a
postura de mafioso fodão, mas tudo que consegue é ficar de pé,
todo abalado.
— Katharina e eu soubemos que Rebeca sofreu um acidente
e viemos ver como estão — responde Dimitri olhando ao redor,
analisando o que pode ter acontecido, mas eu já sei o que esse
desgraçado deve ter feito.
— Rebeca caiu da escada e perdeu o bebê, minha filha está
em estado de choque desde que a trouxeram para o quarto. O,
médico contou da morte da filha e ela não reage mais.
Meu corpo congela, o choque é tão grande que não consigo
respirar. Uma lágrima cai pelo meu rosto.
Caiu, é óbvio que ela não caiu. Imagino a dor que ela está
sentindo, a culpa é minha, eu deveria ter feito algo, eu deveria ter
ajudado ela antes.
Dimitri acaricia meu braço, me trazendo de volta a realidade.
— Eu preciso vê-la.
— Ninguém vai entrar nesse quarto, é melhor irem embora.
— Eu disse que eu quero vê-la — digo, sendo firme,
enfrentando o idiota.
Dante me olha com ódio, mas, quer saber? Foda-se, não
tenho medo do bicho papão há muito tempo.
— Pode ser bom para Rebeca conversar um pouco com
Katharina — diz Dimitri, mas sua postura afirma que isso não foi uma
sugestão e sim uma ordem.
Dante engole seco, apertando o punho, mas sai da porta para
que eu passe. Não espero que ele volte atrás, abro a porta do
quarto, dando de cara com uma Rebeca debilitada, pálida, deitada
na cama, inerte e olhando para a parede.
Caminho até ela e as lágrimas escapam pelo meu rosto.
— Rebeca, sou eu, a Katharina — digo, acariciando seu
rosto.
Ela não se move, seus olhos estão abertos, mas totalmente
sem vida. É como se fosse apenas um cadáver na minha frente.
— Eu vou te tirar daqui, prometo que ele não vai mais te
machucar — afirmo e então ela se vira, olhando para mim sem dizer
nada, mas as lágrimas em seus olhos vermelhos são a resposta que
eu preciso.
Saio do quarto totalmente mortificada, limpo meu rosto
quando vejo o resto de aborto na minha frente.
— Ela disse alguma coisa para você? — Pergunta,
esperançoso.
— Não, ela está totalmente destruída, a filha foi arrancada
dela. — Cuspo as palavras com ódio.
— Eu preciso de ar — digo para Dimitri.
— Eu te levo.
— Não precisa, eu quero ficar sozinha por um segundo. —
Falo, levantando minha mão, me afastando daquele lugar, sentindo
como se as paredes estivessem se fechando ao meu redor.
Do lado de fora do hospital eu ligo para Aslan, desesperada
para salvar Rebeca desse monstro.
— Aslan, pozhaluysta, pomogi mne. U nas bol'she net
vremeni, zaberi Rebeka iz Itália. Aslan preciso de ajuda, preciso que
tire Rebeca da Itália agora!).

Estava fervendo de ódio quando subi para o quarto,


arrumando minhas malas, foi quando Ana entrou no quarto me
contando que Katharina saiu aflita para o hospital, acompanhada de
Dimitri. Não pude evitar ficar preocupado, mesmo ela me garantindo
que estava bem, que na verdade estava indo ver a amiga.
Mandei meu piloto preparar o jatinho para que retornasse hoje
mesmo para a Rússia.
Porém, precisaria deixar alguns homens que vieram comigo à
paisana tomando conta de Ana. Ao menos até ter certeza que elas
estão seguras. Não é justo com Ana fazer ela voltar comigo quando
mal curtiu a Itália. Ainda mais sabendo que assim que ela chegar à
Rússia meu tio vai anunciar seu noivado com Maksim, um dos capos
da bratva.
Ana tinha ido jantar junto com Vicenzo e Lorenzo, irmãos de
Dimitri. Eu já tinha perdido a fome quando meu telefone tocou e
Katharina pediu aflita que eu tirasse a amiga do país.
Prometi ajudar, mesmo sem saber como faria isso, a pobre
garota está num hospital cercado por homens da máfia.
Desliguei o telefone e me despedi de Ana e dos Salvatore,
saindo da fortaleza, avisando que iria embora para a Rússia, pois
tinha negócios urgentes para resolver.
Meu motorista me levou direto para o aeroporto, onde fingi
entrar no voo, para logo em seguida sair do jatinho vestido como um
dos seguranças. Provavelmente, Rinna colocou seus homens para
me seguir, precisava tomar cuidado extra, principalmente quando
fosse tirar alguém, um membro da Cosa Nostra, do país.
Fui para um hotel discreto nos arredores do hospital planejar a
operação de resgate da moça, sem deixar de pensar na encrenca
que Katharina me havia me enfiado.
Da sacada do quarto, liguei para a única pessoa que poderia
me ajudar a entrar no hospital.
— Isso é hora de me ligar, amigo? São quatro da manhã —
diz Godoy.
— Os amigos não escolhem hora, preciso de você para uma
missão aqui em Palermo.
— Palermo? Espera, você está em Palermo, no território da
Cosa Nostra!!
— Exatamente.

Conto a ele meu plano arriscado e por mais louco que pareça,
ele aceita me ajudar. Encerro a ligação com tudo acertado e agora
era só esperar a hora certa para pôr o plano em prática. Tirar ela da
Itália será fácil, o difícil vai ser mantê-la escondida, fora do radar da
Cosa Nostra, talvez eu devesse mantê-la na Rússia até a poeira
baixar e só depois enviá-la para longe.

São nove da manhã quando entro no hospital junto com dois


dos meus homens, vestidos de enfermeiro. Uma touca de
enfermagem, máscara e óculos de grau me ajudam com o disfarce,
Godoy estava encarregado de congelar as câmeras do hospital por
apenas seis minutos, esse era o tempo que tínhamos para sair com
ela até a ambulância que ele dirige, do lado de fora.
Entro sem chamar atenção, o crachá de liberação dos
enfermeiros que apagamos mais cedo me ajudam a passar pela
segurança. Vou direto para onde ficam os quartos, me separando
dos meus homens. Tigoh fará a cobertura da saída e Leonid ficará
de olho na entrada e me avisará caso tenha alguma movimentação
dos homens da Cosa Nostra.
Pego a maca no corredor e caminho até o quarto 17, onde a
moça está. Dois seguranças estão na porta e quando me veem,
levantam a mão, me impedindo de entrar.
— Preciso levar a paciente para os exames — Falo e logo
eles liberam minha passagem sem desconfiar.
Entro no quarto e noto que a garota está dopada, não consigo
ver seu rosto direito, mas ela me parece bem jovem, muito
machucada e bem doente, o que preocupa.
Se tivermos feito todo esse esforço e a mesma não aguentar
a viagem até a Rússia, Katharina não me perdoaria.
Tiro todos os fios do soro do seu braço com cuidado e pego-a
nos meus braços, percebendo o quanto ela é leve. Coloco-a sobre a
maca de rodinhas e então seu rosto fica visível para mim. Porra, ela
é linda, parece um anjo, como alguém tem coragem de machucar um
ser como esse? É tão pequena e frágil. A raiva queima dentro de
mim quando ouço seu pequeno suspiro de dor. Ajeito seu corpo
sobre a maca para não a machucar, pronto para sair do quarto, vou
em direção à porta, a mesma abre sozinha e então vejo nada mais
nada menos que o capo da família Bruschetta.
Dante Tommaso Bruschetta na minha frente.
— Onde pensa que vai levar minha esposa?!
O caminho de volta do hospital foi silencioso, Katharina estava
abalada com o estado de Rebeca. A história de que ela caiu da
escada ainda estava mal explicada, tentei extrair alguma coisa de
Dante, mas ele estava abalado demais para dar qualquer
informação.
O problema com o carregamento ainda permanecia em minha
mente e ainda tinha que lidar com Aslan na minha casa. Estaciono o
carro na entrada e Chaise abre a porta para Katharina, que entra
sem demora.
Na sala, encontro Lorenzo conversando com Ana e Alesso
Gambino.
— Onde está Aslan? — Katharina pergunta à prima.
— Ele foi embora há algumas horas, disse que tinha que
resolver problemas na Rússia e que ligaria para você depois.
Respiro aliviado, mas a expressão de Katharina me confunde.
Ela não grita ou fica brava comigo pela saída do irmão. Na verdade,
ela apenas se despede de Lorenzo e Ana e sobe as escadas sem
nem mesmo olhar para trás.
— Lorenzo, leve Alesso para o escritório e me aguarde lá.
Espero os dois saírem para então falar com Ana.
— Ana, peça para Luigi levar o jantar de Katharina no quarto,
é bem provável que ela não vá descer para jantar.
— Pode deixar, eu vou fazer aquela teimosa comer um pouco
antes de dormir.
Deixo-a sozinha e vou direto para o escritório, encontrando
Lorenzo e Alesso me aguardando. Adentro no mesmo e tiro meu
paletó. Acendo um charuto e olho para os dois, sentados na minha
frente.
— Quero que comece a me explicar como um carregamento
seu foi apreendido pela polícia federal e pior ainda, como nenhum
dos nossos informantes avisou que a federal está na cola da Cosa
Nostra?!
— As coisas estão fora do meu controle, Boss — ele diz,
nervoso.
— Como a porra do meu capo perdeu o controle! — Grito, já
sem paciência.
— Não sei como a polícia descobriu sobre o carregamento,
doze homens da família Gambino foram presos e ainda tenho meu
consigliere sob custódia.
— Você sabia disso?! — Aponto para Lorenzo.
— Não, chefe, estou sabendo agora, porém já tenho um nome
para te dar: magistrado Giovanni Falcone.
— Quem é esse? — Pergunto, estranhando um juiz estar
envolvido com a apreensão na Cosa Nostra.
— Não tenho muitas informações sobre ele, apenas que o
mesmo coordenou diretamente a operação que apreendeu nossa
mercadoria.
— Se alguém abrir a boca, você estará fodido, Alesso.
— Eles estão todos sob juramento da Omertà. — Tenta me
convencer que estamos seguros.
— Isso não garante o silêncio, homens são facilmente
corrompidos por dinheiro,
pela dor ou até mesmo pelo medo.
— Lorenzo, você vai precisar silenciá-los o mais rápido
possível. Avise Daniela que quero um relatório completo para
amanhã sobre esse juiz Falcone.
— Sei que falhei com a família, mas Fabrício é meu
consigliere e confio que ele não irá nos entregar — tenta apelar pela
vida do seu subordinado.
— Não estamos em posição de pagar para ver. A família
sempre virá à frente de qualquer um, até mesmo de você. — Deixo
um aviso claro.
— Nunca falhei com a Cosa Nostra, isso não acontecerá
novamente, alguém me traiu e descobrirei quem foi. Isso é uma
promessa, chefe.
— Você falhou comigo, Alesso, um capo que não sabe o que
acontece dentro da sua própria família não tem valor para a Cosa
Nostra. Espero que esse seja seu primeiro e único erro, ou terei que
colocar alguém mais competente em seu lugar.
Termino a reunião já bem tarde, subo para o meu quarto
cansado, a luz está apagada e Katharina dormindo com seus cabelos
espalhados pelo travesseiro, vou direto para o banho, onde deixo a
água quente aliviar a tensão dos meus músculos, depois de um dia
cansativo como hoje. Termino meu banho e saio do banheiro apenas
de boxer, deito ao lado de Katharina, que rapidamente se aninha ao
meu peito.
O cheiro dos seus cabelos de alguma maneira me acalma, me
pergunto qual foi o momento que me tornei tão dependente de uma
mulher. Uma coisa é certa: ela é um pouco de luz em meio a toda
essa treva. Minha intuição nunca me enganou e agora eu sinto que
vem uma grande tempestade pela frente.

ALESSO
Saio da fortaleza enfurecido, as coisas estavam saindo do
meu controle, foram anos de planejamento, não posso botar tudo a
perder agora.
Alguém me traiu e me pergunto quem poderia ter sido capaz
de nos entregar.
Entro no meu carro, partindo em direção à antiga casa do
meu sogro, que agora me pertence, como tudo do infeliz desde que
o matei, de lá pra cá venho trabalhando incansavelmente para
conseguir atingir o meu objetivo, que é assumir o controle da Cosa
Nostra. Eu havia me casado com Molly apenas com um único
propósito: me aproximar ainda mais do posto de capo dei capi da
Cosa Nostra.
O atentado com uma bomba no iate do pai dela foi perfeito
para eliminar os três de uma vez. Assim, me tornei o capo da família
Luchese, comandando todo os negócios da América Central, me
mudei para Granada, um país quente do Caribe, de onde comando a
punho de ferro toda a organização. Devagar eu fui conseguindo
contatos aliados e agora estou a um passo de conseguir tirar o trono
do poderoso Salvatore Rinna.

Olho para todos os seis novos soldados de joelhos na minha


frente com as mãos amarradas, depois de terem sido devidamente
surrados por mim.
O suor escorre do meu rosto, a raiva borbulha dentro de mim,
a voz daquele miserável me humilhando ecoa no meu ouvido, nos
últimos dois anos eu tenho trabalhado mais que qualquer um para
ganhar a confiança desse maldito desgraçado.
— Qual de vocês vai abrir a boca? — Digo, pegando o saco
de plástico, indo em direção ao primeiro da fila.
Balvin segura ele para mim enquanto coloco o saco em sua
cabeça, ele começa a se debater quando oxigênio acaba e seguro
forte até ver sangue escorrer pelo seu nariz, tiro o saco e pergunto.
— Você entregou informações para os tiras?!
— Não, senhor, eu juro — diz chorando, me enojando.
Tiro a pistola e atiro bem na cabeça do verme.
— Sobraram cinco, agora, quem será o próximo?

Três já estavam mortos, só restavam Jean e Vitório. Estava


me aproximando de Jean, quando Vitório levanta o rosto machucado
e me chama atenção.
— Senhor, preciso confessar algo — diz firme e então me viro
para ele — Eu... Eu tenho algo a dizer.
— É melhor que tenha respostas ou você será o próximo a
morrer.
— Alguns dias atrás eu saia do alojamento para fumar,
quando encontrei Jean conversando com alguém ao telefone, falava
em inglês, acho que ele não sabia que eu entendia a língua. Na hora
eu não dei muita importância, mas agora, depois do que o senhor
falou, eu penso que tudo faz sentido.
— Do que você tá falando, seu mentiroso, eu nunca entregaria
a família Luchese. — Jean grita, tentando avançar em direção a
Vitório, mas está amarrado e não pode.
— Diga o que você ouviu.
— O acordo de delação está pronto, vocês vão me proteger
quando ele for preso, não vão? — Ele perguntou a alguém, mas não
consegui ouvir o resto, pois logo ele me viu e desligou o telefone.
Nossa hora eu tremo de ódio, o cagna estava negociando um
acordo para me prender.
— Espero que a polícia tenha te pagado bem, pois isso vai
custar não só o caralho da sua vida como do bosta do seu irmão e
cunhada — sorrio friamente, dando a sentença. — Leve ele para a
fábrica de sal...
— Falo a Balvin, que arrasta Jean enquanto ele grita,
implorando que acreditasse nele — Você, Vitório, será
recompensado pela sua lealdade.
Entro em casa, indo direto para o meu escritório, um
problema estava resolvido, mas agora precisava entender quem
estava por trás dessa investigação. Ter a polícia federal na minha
cola enquanto eu armo o golpe contra Rinna não será bom.
Uma coisa de que posso me orgulhar são as conexões que fiz
nesses últimos dois anos, consegui amigos políticos e membros do
judiciário que irão me ajudar agora.
Ligo para Roco Chinici.
— Luchese, a que devo a honra da sua ligação?!
— Preciso de um favor seu, velho amigo.
— Não tão velho assim — ele diz, dando uma risada
sarcástica.
— Claro que não, mas vamos ao que interessa; você sabe
que gosto de ir direto aos fatos.
— Fale, em que posso te ajudar?!
— Juiz Giovane Falcone, preciso que descubra quem está o
ajudando em uma operação contra a família. Quem são os contatos
dele, quem é o responsável pela investigação, acabei de descobrir
que tinha um rato dentro da minha casa e ele estava passando
informação para a federal.
— Isso vai ser difícil, porém eu sou um magistrado, logo você
terá a informação no seu e-mail.
Fico horas no meu escritório mudando todas as rotas dos
carregamentos de cocaína que sairiam da América Central para a
Europa. Quando todos estavam em aviso sobre possíveis operações
da polícia, recebo um arquivo via e-mail do magistrado Roco Chinici.
A primeira folha continha informações sobre o juiz Falcone e
sua carreira militar brilhante, seguida da carreira como um juiz
respeitado em Roma, sendo transferido para a Sicília no último ano.
Ao que tudo indica, ele não aceitaria suborno.
No outro arquivo está o nome da detetive Gabriela Meireles
Bianchi, demitida do seu cargo após se envolver na investigação do
massacre de Lazio. Também foi responsável pela investigação de
outros casos importantes, incluindo o do assassinato de várias jovens
em Palermo. A pergunta que não quer calar é como uma simples ex-
detetive conseguiu informações sobre a Cosa Nostra e
principalmente o que levou um juiz de renome a ajudá-la. Uma coisa é
certa, seja o que for que está por trás dessa investigação, tem que
acabar. O melhor será cortar o mal pela raiz e matar os dois,
acabando de uma vez com essas operações antimáfia.

Estava sendo fácil demais para ser verdade, porém, o homem


olhando para mim agora me faz acordar e perceber que preciso ter
mais cautela se quiser sair daqui vivo com a garota.
— Onde pensa que vai levar minha esposa?! — Pergunta o
chefe da família Bruschetta.
Olho para ele calculando quanto tempo eu teria para escapar
caso desse um tiro na testa dele com a minha nove milímetros.
Entretanto, isso seria suicídio, ainda mais com os dois seguranças
do lado de fora do quarto.
— O doutor Rox pediu que a leve para fazer exames
complementares antes de dar alta à paciente. — Digo calmamente.
Dante olha para mim por um segundo e penso que ele me
reconheceu, mas os óculos, a touca hospital e a máscara ajudam a
disfarçar bem minha aparência.
— Tudo bem, seja rápido, quero levar minha mulher para casa
ainda hoje — diz, indo até a cadeira do lado da cama.
Não perco tempo e saio do quarto rapidamente, andando até
o elevador, empurrando a maca, mas ao invés de subir para o andar
dos exames eu desço com a maca para o subsolo, onde fica o
estacionamento.
— Vocês têm dois minutos para sair daí — fala meu parceiro
que vigia as câmeras.
Logo chego à garagem onde a ambulância já me aguarda.
— Vamos rápido ou não sairemos mais daqui — diz Godoy,
me ajudando a prender a maca de Rebeca.
Decido ir atrás com ela, cuidando para que ela não acorde ao
menos até estarmos no jatinho. Saímos do hospital sem chamar
atenção, não sei quanto tempo se passa, mas logo estamos em uma
pista de embarque clandestina, o jatinho é pequeno, mas suficiente
para acomodar todos os homens que me acompanham nessa
missão.
Godoy não embarca conosco para a Rússia, ele será meus
olhos e ouvidos aqui na Itália e vai ficar de olho em Dante Tommaso
Bruschetta, assim eu seria avisado caso ele descobrisse o paradeiro
de Rebeca.
Seis horas depois estávamos pousando em solo russo, tive
que aplicar mais uma dose de calmante em Rebeca, pois se ela
acordasse no meio do voo poderíamos ter problemas. Confesso que
só pude me tranquilizar quando o jatinho pousou.
Pego Rebeca no, cobrindo-a com um cobertor quente e a levo
para o carro. Meus homens iriam para Moscou e apenas Vladmir
ficaria comigo até chegarmos em Nordisk.
Os anestésicos logo perderiam o efeito e ela abriria os olhos,
confesso que estou ansioso para saber que cor são os seus olhos.
— Para onde vamos, senhor?
— Dirija até Nordisk, Vladmir, de lá você volta para Moscou
com o meu carro. Avise meu pai que ficarei isolado por um tempo.
A cidade de Nordisk é uma cidade bem afastada da capital,
uma das mais frias da Rússia e é famosa por ter seis semanas sem
luz do sol devido às grandes nevascas no inverno, o lugar ideal para
esconder Rebeca. Como mantenho um chalé de caça perto da
montanha, ninguém irá desconfiar caso eu simplesmente fique um
tempo por lá, já que costumo ir para relaxar duas vezes ao ano.
Apenas meu pai e Katharina conhecem esse lugar. O aquecedor do
carro nos protege do frio lá de fora, estávamos no carro a mais de
três horas sem parar nem mesmo para comer, envio uma mensagem
para Ana avisando que já estamos na Rússia, para que ela
tranquilize minha irmã. Rebeca geme, pisca os olhos duas vezes e
então olha para mim.
— Quem é você, onde estou? — Pergunta com a voz trêmula,
assustada, se afastando de mim.
— Não tenha medo de mim, estou aqui para te ajudar.
— Pare esse carro! — ela grita, assustada.
— Calma, você está segura, sou Aslan, irmão de Katharina.
— Katharina, onde estou? Dante... — Coloca a mão na
cabeça como se sentisse dor e na barriga, parecendo se lembrar de
algo e começa a chorar.
— Você está segura, ele não vai mais te machucar, estamos
na Rússia, indo para um lugar afastado onde vai poder se recuperar
em segurança.
Ela fecha os olhos e desmaia novamente. Fico preocupado
com seu estado de saúde, não precisa ser nenhum gênio para
perceber que ela foi espancada, já que está coberta de hematomas.
Enrolo o cobertor nela e quando o carro para na frente da
cabana, fico mais tranquilo, pois agora poderei cuidar dela em
segurança. Assim que ela estiver bem, poderá seguir sua vida longe
do cherv.

Quando o carro estaciona na entrada, Rebeca volta a acordar


e fica meio desorientada.
— Calma, você vai ficar letárgica por conta dos anestésicos
— digo pegando-a no colo, ela me olha, estranhando tudo ao redor.
— Seja bem vinda à Rússia, Rebeca — digo na entrada da casa,
onde um lago congelado se estende.
— Descarregue as malas para mim e deixe alguma munição
também. Usarei o Bentley Power on Ice que deixo de reserva aqui na
cabana.
— Certo, senhor — diz ele, indo em direção ao carro. Me
apresso a entrar na cabana para que Rebeca não fique com frio.
— Pode me colocar no chão, acredito que eu possa ficar em
pé — ela diz quando entramos na sala da cabana.
— Certo — concordo mesmo sem acreditar, por mim a
carregaria onde quer que ela fosse.
Rebeca olha ao redor, observando tudo com curiosidade.
— Sei que não é o que esperava, nunca imaginei trazer
alguém aqui, essa cabana serve mais como um refúgio, longe de
todos os negócios da bratva.
— Está ótimo, não importa muito o lugar onde esteja, uma
hora ou outra ele irá me encontrar — diz ela, desolada.
— Eu não deixarei que ele te leve, eu prometo te proteger —
digo firme, mas o medo em seu olhar não desaparece.
— Ninguém pode me proteger daquele monstro, eu só terei
paz quando estiver morta — fala chorando eu me, abraçando-a.
— Eu estou aqui, você não está mais sozinha — abraço forte
seu corpo frágil e ela geme de dor. — Te machuquei? — Pergunto,
preocupado.
— Não é culpa sua, são as minhas costas — ela fala indo até
a poltrona e sentando com dificuldade.
Me apresso em ligar o aquecedor, em seguida uso a lenha
que deixo pronta para a lareira. Pego a caixa de primeiros socorros,
por sorte tenho muitos, antibióticos e analgésicos, já que preciso me
precaver caso seja atacado por um urso. Nessa região eles são
muito comuns.
— Eu trouxe tudo, senhor — diz Vladmir.
— Obrigado.
Agradeço e então ele fecha a porta partindo.
— Eu preciso que tire a camiseta para que eu possa ver suas
costas — digo, sentando ao lado dela.
Rebeca fica pálida, deve ser constrangedor ficar seminua na
frente de um estranho, já que foi a comissária de bordo que vestiu a
roupa que ela está usando quando chegamos no jatinho.
— Tudo bem — fala, ficando de costas para mim.
Rebeca tem dificuldade para levantar a blusa, então eu toco
suas mãos e ajudo a levantar a camiseta preta. Quando consigo ver
sua pele, meu corpo todo treme de ódio ao ver a gravidade dos seus
machucados.
Ela foi surrada pelo bastardo, sua pele pálida está toda ferida
por marcas de cinto. Engulo a vontade de soltar um palavrão ao
perceber que pequenas lágrimas voltam a cair pelo seu rosto. Pego
uma pomada cicatrizante e começo a esfregar em suas costas.
Quando termino, uso um analgésico e um anti-inflamatório, que dou
para ela tomar.
— Obrigada — agradece, ainda acanhada.
— Não precisa me agradecer — digo e sorrio para ela — Vou
te levar para o quarto para que descanse enquanto eu preparo algo
para comer.
— Eu não quero dar tanto trabalho nem para você e nem para
Katharina, eu não sei o que pode acontecer se Dante descobrir que
ela me ajudou.
— Não pense nisso, minha irmã não é tão frágil como
aparenta e Dimitri não vai deixar nada acontecer com ela, afinal
temos um acordo.
Levo ela para o único quarto da cabana, já pensando que terei
que me arrumar no sofá, mas o importante é ela ficar confortável. O
quarto é pequeno, mas aconchegante e por sorte tenho uma pessoa
que vem aqui uma vez por semana cuidar da cabana quando não
estou.
— Amanhã eu vou à cidade comprar umas roupas e algumas
coisas que vai precisar. —, a colocando na cama e ajeitando as
cobertas sobre ela.
— Obrigada, Aslan, você realmente é um anjo — ela diz,
segurando minha mão quando faço menção de me levantar.
Juro que sinto meu coração acelerar com o leve sorriso
preenchendo seus lábios.
— O único anjo aqui é você Rebeca...

Acordo sentindo meu corpo quente, abro meus olhos e me


vejo deitada sobre o peito de Dimitri, seus leves pelos escuros
roçando meus seios, que estavam duros pelo contato. Seus cabelos
bagunçados enquanto dorme dão a ele um ar sexy quase predatório
e me vejo admirando seu rosto perfeito.
Como pode ser tão bonito e ao mesmo tempo tão mortal?
Decido me levantar e me preparar para o que irá acontecer
mais tarde.
À uma hora dessas Aslan já deve ter tirado Rebeca do
hospital, quase não dormi ontem de tanta preocupação, não só com
ela, mas com o meu irmão também. Vou direto para o banheiro fazer
a minha higiene, lavo o meu rosto e me procuro me tranquilizar,
pensando que tudo daria certo e logo eles estariam longe daqui.
Tomo um banho rápido, sem molhar o cabelo e saio do
banheiro, indo direto para o closet. O closet é enorme e acompanha
a mesma decoração do quarto, em tons de preto e madeira. Deixo a
toalha sobre o grande pufe no centro do closet e abro a gaveta de
calcinha, escolhendo uma peça cinza, como também o sutiã do
conjunto.
Fecho a gaveta e sou surpreendida pelos braços de Dimitri
me cercando.
— Acordou cedo, bella mia — diz, cheirando meu pescoço e
um arrepio sobe pelo meu corpo.
— Na verdade eu acho que você é que dormiu demais —
respondo, me virando de frente para ele.
— Você poderia ter me acordado para tomarmos banho
juntos, bella mia. — Fala enquanto sua mão percorre meu ombro,
onde não me sequei por completo.
— Acho que não teríamos tomado banho se tivesse te
acordado, você sabe que precisamos conversar sobre Rebeca, não
sabe? — pergunto e, para provocar, círculo seu pescoço com
minhas mãos, puxando de leve seu cabelo.
— Eu tenho certeza que podemos deixar essa conversa para
depois — Fala, beijando meu pescoço.
Nesse momento, já tinha perdido a linha de raciocínio, ainda
mais nua com um homem desse só de boxer beijando meu pescoço.
Viro meu rosto para ele e o beijo de maneira furiosa, com raiva dele
por me fazer desejá-lo tanto, com ódio de mim mesma por ser
seduzida por uma maldita besta.
Nossas línguas duelam uma batalha perdida, minhas mãos
vão para seu peito, onde o arranho. A traidora da minha boceta já
está escorregaria, piscando apenas com o seu beijo.
Me abaixo sem tirar os olhos dos seus, descendo sua boxer,
sorrindo e toco seu pau. Dimitri segura à porta de espelho do closet,
gemendo quando arrasto minha língua lentamente pelo seu
cumprimento. E o levo profundamente na minha garganta, fazendo
ele fechar os olhos, alucinado. A sensação de ter seu pau é puro
poder, seu olhar sobre mim me deixa louca. Ele pode ser o Boss,
mas quando estou chupando-o, o poder é todo meu. Sorrio, dando
um beijo na cabecinha e comecei a punhetar ele devagar. Dimitri
morde os lábios e não tira os olhos escuros de mim. Aperto meus
lábios na cabecinha, fazendo movimento de sucção e com as mãos
massageio de leve suas bolas pesadas. Seu pau estava escorrendo
de tão molhado.
— Caralho, desse jeito eu vou encher essa boquinha de
porra!! — Diz rouco, puxando meu cabelo.
Começo a mamar com vontade, relaxando minha garganta
para levá-lo o mais fundo possível enquanto deslizo a língua da base
do pau dele até a cabeça avantajada, ele tem um pau maravilhoso, é
difícil resistir.
— Isso, assim, safada — diz, dando um tapa de leve na minha
cara, me deixando ainda mais excitada.
Chupo que nem sorvete, punheto ele com a minha boquinha,
engolindo só a cabeça do pau, Dimitri não aguenta e começa a
gozar, rugindo feito uma fera. Sinto os jatos na minha boca e não me
faço de rogada, bebo tudo, sorrindo ao observar seu olhar feroz em
minha direção.
— Você foi perfeita, bella mia, agora é minha vez de brincar
com você — diz, me roubando um beijo para logo em seguida sair do
closet entrar no calabouço.
Respiro fundo, excitada com a expectativa do que ele faria,
Dimitri rapidamente volta e eu posso admirar o belo espécime de
macho à minha frente.
Em uma de suas mãos posso ver uma vareta com uma ponta
arredondada e na outra pequenos acessórios de metal com
correntes finas interligadas.
— Está pronta?! — Diz com um sorriso predatório nos lábios.
— Sim — gemo baixinho.
— Qual a palavra segura, bella mia?
— Libertá — exclamo e ele me beija de leve.
— Ontem eu castiguei muito essa sua bunda linda, hoje você
está livre de uma sessão de spanking. Mas, isso não significa que
não podemos nos divertir um pouco. — Fala com os olhos vidrados
nos meus seios, que estão duros.
Dimitri desce seus lábios para meus seios, chupando de leve,
fazendo-me contorcer, prende o que parecem ser prendedores e
gemo alto pela pressão, ele faz o mesmo com o outro e então me
contorço pela dor intensa misturada com o tesão do que ele está
fazendo.
— Esses são grampos para iniciantes, logo estarei usando os
com pequenos pesos — explica e prende uma corrente entre eles.
Ele me puxa até o pufe no meio do closet e me faz ficar de
pé, com a bunda inclinada para ele. Suas mãos acariciam minha
pele, me levando ao delírio, sinto ele tocar as marcas na minha
bunda com carinho, admiração e até mesmo orgulho.
Sinto seu pau duro encostado na minha bunda e começo a
rebolar, me esfregando.
Dimitri puxa os prendedores e eu gemo de dor, então seu pau
entra de uma vez na minha boceta.
— Mais rápido, por favor — peço gemendo quando ele coloca
a ponta daquela vareta no meu clitóris e sinto-a vibrar.
— Ohhhh, eu vou gozar — grito e sinto ele puxar a cordinha
dos grampos.
— Você me deixa louco, amore mio, não imagina os planos
que tenho para nós dois hoje à noite.
— Não para, por favor — imploro e ele volta a golpear seu
pau na minha boceta, por trás.
Suor escorre pelo meu corpo, eu estava tremendo quando
outro orgasmo me faz bambear. Dimitri me ajeita antes que eu caia,
me colocando totalmente de quatro para ele. Nessa posição eu
posso sentir seu pau me arrombando.
A cada golpe eu gritava feito louca com suas estocadas
ferozes, ele solta a varinha e puxa meu cabelo, apoiando meu rosto
no pufe, me deixando ainda mais curvada para ele.
— Mais, não para. — Imploro para ele de novo, sem nenhum
pudor.
Dimitri parece uma besta feroz devorando sua presa, eu já
tinha perdido todo o controle sobre o meu corpo, estava me
retorcendo inteira de prazer. Ele tira o pau só para então meter
novamente, desta vez mais fundo. Era possível ouvir o som que
nossos corpos faziam ao se chocar, Dimitri continua o vai e vem até
encontrar sua libertação dentro de mim. Eu gozo tão forte que
desabo sobre o pufe, com dificuldade de sentir minhas pernas.
Depois da foda matinal, Dimitri e eu tomamos um banho
rápido, ele faz questão de aplicar uma pomada de corticoide em
mim, mesmo comigo dizendo que não precisava. Ele insiste, pois
segundo ele é seu dever cuidar de mim. Visto uma saia longa beje e
uma blusa cinza com um salto fino.
Desço as escadas e vou até a cozinha, onde peço para Luigi
colocar a mesa do café na varanda com vista para o mar. Então
encontro Lorenzo rindo com Monalisa.
— Bom dia — digo sem graça, lembrando da cena do
escritório.
— Bom dia, princesa — fala, pegando uma uva da fruteira.
— Monalisa, pode ajudar Luigi a preparar a mesa do café na
varanda?!
— Claro, senhora, vou chamar ele — diz, nos deixando
sozinhos e eu fico constrangida.
— Não precisa ficar com vergonha de mim, principesca, eu
não vi nada, prometo — diz rindo.
— Mesmo assim foi constrangedor — falo baixo.
— Eu sou seu amigo, Katharina, não quero que fique um clima
estranho entre nós dois só porque peguei você e meu irmão fodendo
— diz debochado, rindo da minha cara vermelha de vergonha.
— Mas bem que você poderia ter batido na porta — retruco,
jogando uma laranja nele, fingindo estar brava.
— Aí, essa doeu. Princesa, relaxa, não foi a primeira vez que
vi meu irmão fodendo naquele escritório, mas se isso te tranquiliza
prometo que vou bater da próxima vez — ele explica, saindo da
cozinha com o cacho de uva.
— Idiota — resmungo.

No pátio, a mesa já estava posta, Lorenzo e Vicenzo


conversavam sobre algo enquanto Dimitri olhava para o mar com
uma expressão pensativa, assim que eu desço a escada ele se vira,
olhando para mim.
Deve ter alguma coisa errada com meu corpo, pois eu juro
que sinto meu coração acelerar com seus olhos sobre mim.
— Preciso de um cardiologista — digo a mim mesma quando
me sento à mesa ao lado dele.
O café da manhã na família Rinna é tradicionalmente servido
as nove, em seguida os homens vão para a sede da máfia, uma
rotina com a qual já me acostumei.
A mesa está farta, o típico café italiano, com brioche, café,
chá e o que os gêmeos mais gostam, cappuccino sem açúcar, alguns
bolos e uma grande variedade de queijos.
— Esse pátio ficou realmente bom — elogia Vicenzo, olhando
para o pátio.
— Essa vista precisava ser melhor aproveitada.
— Estou ansiosa para conhecer toda a fortaleza — diz Ana,
animada.
— Você vai amar o refúgio dos leões.
— Nem pense nisso — Proíbe Dimitri, porém antes que eu
possa respondê-lo, somos todos surpreendidos por Dante chegando.
— Me diga onde ela está! — grita Dante, apontando para
mim.
Chaise e outros seguranças se aproximam de nós, mas não
agem, Dimitri se levanta, colocando o guardanapo na mesa. Eu faço
a minha melhor cara de assustada com sua explosão.
— Do que está falando?! — Questiono firmemente.
— Como não sabe? Foi você, eu tenho certeza que foi você
que mandou aquele homem ajudar ela a fugir... — Fala, tremendo
muito, apontando o dedo para mim.
— Abaixa o tom de voz para falar com a minha mulher ou me
esquecerei que é meu amigo e te darei uma lição.
— Eu não sei do que ele está falando — Me defendo, virando
para Dimitri com a minha cara de assustada.
— Rebeca fugiu ou melhor, essa mulher a ajudou a escapar
de mim.
— São grandes acusações, Luchese, tem certeza do que está
dizendo?! — Pergunta Lorenzo, como o grande mediador que é.
— Rebeca fugiu do hospital, como assim? Não estou
entendendo nada — digo colocando a mão na boca, chocada.
— Não finja que não sabe, eu sei que foi você. Aquele
enfermeiro que tirou ela de lá foi a mando seu.
— Como eu faria isso, eu estive em casa a noite toda? Dimitri
pode confirmar — justifico com uma expressão de indignação.
— Está acusando minha mulher de ter ajudado na fuga da
sua?
— Claro que foi ela, quem mais ousaria me enfrentar? —
esbraveja apontando o dedo para mim.
— Abaixa essa porra desse dedo — Dimitri fala entre os
dentes, de maneira ameaçadora.
Dante se afasta, mas não fica menos bravo.
— Já verificou as câmeras de vigilância do hospital? —
Pergunta Vicenzo.
— As câmeras foram adulteradas, a única coisa que sei é que
alguém a ajudou a escapar. Um homem se passando por enfermeiro
a levou, alegando que ela precisava fazer alguns exames. Mais de
uma hora se passou e ela não voltou, quando fui atrás do tal
enfermeiro descobri que o médico nunca havia pedido exames e que
ela já não estava mais no hospital.
— Eu não tenho culpa, como uma simples mulher conseguiria
fazer tudo isso, adulterar câmeras e enfermeiro falso? Outra pessoa
a ajudou, não eu.
— Ela pode ter sido sequestrada — fala Ana, fazendo todos
olharmos para ela. — O que foi? Acontece o tempo todo na bratva.
— Algum inimigo seu pode ter levado-a para usar como isca
— diz Lorenzo.
— Seja o que for, Katharina não está envolvida, — diz Dimitri,
sério.
Eu abaixo a cabeça, deixando uma lágrima cair.
— Pobrezinha da Rebeca — digo soluçando.
— Vamos fechar as saídas de Palermo, seja quem for que a
pegou, nós vamos encontrá-la — diz Vicenzo.
— Eu estou desesperado, preciso encontrá-la — ele diz, em
pânico com a hipótese de Rebeca ter sido sequestrada jogada sobre
a mesa.
— Temos que encontrá-la, ela precisa de cuidados, ainda
mais agora, eu entendo sua preocupação, afinal é sua esposa e a
ama, mas isso não justifica colocar a culpa em mim — manipulo,
fazendo cena.
— Dante, você é meu amigo de longa data e por respeito a
essa amizade você não será punido pela sua falta de respeito com
minha esposa, espero que isso não volte acontecer.
— Me desculpe, chefe — diz tenso.
— Não é para mim que precisa pedir desculpas e sim para a
senhora da máfia.
— Me desculpe — diz para mim, mas em seus olhos eu posso
ver claramente seu ódio.
Ele não vai sossegar até provar que estou envolvida na fuga
de Rebeca.
— Não se preocupe, não há o que se desculpar — digo
docemente.
Dante sai acompanhado de Lorenzo e eu respiro aliviada por
ela estar longe desse miserável.
— Me deixem a sós com Katharina. — Ordena Dimitri com a
voz tão fria que sinto meu sangue congelar.
Me viro para ele e lá está a besta feroz, o homem cruel de
sangue frio, o Boss da Cosa Nostra, não o homem que passou horas
comigo naquele quarto.
— Vou perguntar apenas uma vez, você está envolvida nisso
Katharina?!
Katharina estava mentindo, era claro, por mais que ela
tentasse ser convincente, sua voz quase engasgava ao dizer que
Dante não precisava se desculpar e sua preocupação por Rebeca
soou tão falsa que até Lorenzo percebeu.
Katharina está armando contra minhas costas, mesmo que
seja para ajudar a amiga, isso não significa que ela possa arma
contra a Cosa Nostra.
— Me deixem a sós com Katharina — Digo, tentando
controlar a raiva que já borbulha em mim.
Olho para ela tentando entender como uma mulher tão
pequena e frágil conseguiu passar a perna no meu melhor capo e
tirar a mulher dele debaixo do seu nariz.
— Vou perguntar apenas uma vez, você está envolvida nisso,
Katharina?! — Pergunto diretamente.
— Não posso acreditar que está perguntando isso para mim!
— Diz, chocada.
— Katharina, não me faça de idiota, qualquer um percebe o
desprezo que sente pelo Dante.
— Mas é claro que eu o desprezo, esse homem é um
desgraçado maldito que não merece a mulher que tem.
— Então por isso decidiu ajudar a garota a fugir! — Afirmo
com raiva.
— É claro que não, como eu faria isso, adulterar câmeras e
enfermeiro falso, invadir um hospital?
— Você já me provou que é capaz disso e de coisas piores —
acuso-a, me lembrando de tudo que ela fez no pouco tempo que vive
na Itália.
— Pois fique sabendo que você me ofende ao desconfiar de
mim, Dimitri, nós tínhamos um acordo, deveria confiar em mim.
— Não misture as coisas, nosso acordo não vem ao caso
agora — falo, exasperado.
— Ah, está bom, não vem ao caso, então poderoso chefão,
ao invés de ficar tentando me acusar de algo que sou inocente você
deveria tentar descobrir porque Rebeca foi parar no hospital, pois
para mim está claro que o verme do seu amigo espancou ela a ponto
de fazê-la perder o bebê. Ou seja, ele quebrou um dos
mandamentos da máfia — ela fala bravamente, apontando o dedo
para mim.
— Isso são apenas suposições suas.
— Não são, Rebeca me contou o que ele fazia com ela, Dante
merece ser punido.
— E por isso ajudou ela a fugir? — Questiono.
— Eu já disse que não fiz nada, se Rebeca escapou do
maldito foi outra pessoa que fez isso. E quer saber? Melhor ela ter
fugido mesmo, assim ela não é obrigada a conviver com um monstro
como aquele.
— Katharina, você é a senhora da máfia, entenda que na sua
posição não deve fazer acusações graves como essa sem provas.
Rebeca tem motivos para mentir e tentar te enganar, já que a
mesma, assim como você, foi obrigada a casar.
— Ah, mas é claro que você não vai acreditar, não é?!
— Ela precisa fazer uma queixa direta a mim, como capo dei
capi eu resolveria o problema.
— Como se as mulheres da Cosa Nostra tivessem coragem
de enfrentar seus maridos e abrir uma reclamação direto com o
poderoso chefão aí.
— Você pode não gostar, mas é assim que as coisas
funcionam aqui na Cosa Nostra, todos são subordinados a mim. Até
mesmo você, então se estiver me escondendo algo é melhor dizer de
uma vez, porque caso eu descubra será pior para você!
— Tudo bem, Boss, é você quem manda! — responde com
ironia, cruzando os braços e virando as costas para mim, saindo.
— Katharina! —Chamo-a de volta, irritado com sua birra.
— O que foi poderoso chefão, precisa de mais alguma coisa
da sua súdita? — Diz com os olhos faiscando de raiva e então
percebo que meus planos para hoje à noite estão indo pelo ralo.
— Esteja pronta as oito, iremos jantar fora.
— Como desejar, chefe! — fala amarga e sai rebolando
aquela bunda linda naquela saia.
— Essa mulher vai me levar à loucura.
Depois da discussão que tive com Katharina de manhã, vim
direto para a sede, cheio de problemas para resolver. Estava tudo
indo bem, até o maledeto do Dante jogar um balde de água fria.
Luana, minha nova assistente, tenta dar conta da minha agenda
corrida e ser eficiente como Natasha era, porém, a garota é toda
atrapalhada e não pode me ver que começa a tremer de medo, pelo
menos ela serviu para enviar as flores que pedi para Katharina.
Não sou o tipo de homem sentimental, que compra flores para
mulher, porém, se tem uma coisa que eu sei é que quando uma
mulher está puta com você o máximo que vai conseguir dela à noite é
um travesseiro e um sofá na sala. Só contratei Luana porque Juliano
pediu para que desse uma chance a sua afilhada, que acabou de se
formar.
Lorenzo passa a manhã toda com Dante no aeroporto e no
Porto tentando descobrir se Rebeca saiu da cidade, até cheguei a
desconfiar que Aslan tivesse por trás disso, mas ele saiu da Sicília
muito antes da fuga de Rebeca, o que me leva a pensar que talvez
Katharina esteja falando a verdade sobre não ter ajudado Rebeca a
fugir, e a hipótese de ela ter sido sequestrada por nossos inimigos
parece muito válida.
Alesso conseguiu descobrir quem é o traidor dentro da família
Gambino, o merda já virou comida de piranha, mas ainda precisamos
investigar melhor e descobrir se a polícia tem outros infiltrados.
— Vamos, Daniela, não tenho todo o tempo do mundo para
essa porra — digo à minha hacker, que tecla no seu notebook sem
piscar.
— Espera aí, espera aí, consegui — diz ela, batendo palmas.
— Vamos, diga logo, também quero saber quem é esse
defunto que ousou nos enfrentar — diz Vicenzo, sentado na mesa de
reunião junto com Vito Genovese.
— Giovane Falcone, cinquenta e três anos, ex-militar
condecorado, juiz criminal casado com Francesca Falcone, tem
apenas uma filha, que estuda nos Estados Unidos. Se mudou para
Palermo há três anos, após uma carreira inabalável de juiz implacável
em Roma. Está neste momento trabalhando em conjunto com a
polícia federal e outro magistrado. Consegui as câmeras da rua onde
ele mora, assim como do ministério público onde ele trabalha. Não
consegui grampear o celular dele, mas podemos colocar uma escuta
no seu carro ou no escritório.
— Reparei que a agenda eletrônica dele está bem cheia, mas
dois nomes me chamaram atenção: um é da ex-detetive Gabriela
Meireles, ela é a mesma que mandamos demitir após o acerto de
contas com o Calvatário. E o outro é o seu colega de magistério
Paolo Borsellino, eles estão todos juntos, tramando contra a Cosa
Nostra — diz Juliano Sacra.
— O que mais tem sobre ele?
— Em uma entrevista para o jornal Avvenire ele fez grandes
críticas ao governador Nello Masumeri sobre sua falta de ação no
combate do aumento da criminalidade na Sicília.
— Um inimigo declarado da Cosa Nostra, precisamos eliminá-
lo. — Diz Vicenzo.
— Vou mandar meus homens o seguirem e armaremos a
melhor maneira de acabar com ele sem levantar suspeita para a
Cosa Nostra. — Fala Vito.
— Ainda tem a detetive e o outro juiz. Vicenzo, ligue para
Giovanni Brusca e diga a ele que a missão dele é eliminar esses
outros dois sem deixar suspeitas.
— Certo — ele assente, se levantando para sair da sala.
— Espere, vocês não vão gostar de ver isso — alerta Daniela,
ainda digitando no seu notebook.
O painel da sala de reunião se levanta e logo Daniela muda a
tela, focando em uma coletiva de imprensa.
— A luta contra o crime organizado na Itália ganha um novo
destaque no dia de hoje, estamos aqui para a coletiva de imprensa
que dará um novo rumo à luta antimáfia na Itália. — O apresentador
fala. — Com a palavra, juiz Giovane Falcone.
— Boa tarde a todos, como sabem dediquei anos da minha
vida na minha carreira militar para proteger a pátria que amo, a
minha querida Itália. Porém, em meio aos tempos de paz a Itália vive
um problema ainda maior que a guerra, um câncer que vem sugando
todas nossas riquezas, afundando nosso país em um mundo de
criminalidade e dor — O juiz diz duramente, de maneira corajosa.
— Chega de sermos reféns da extorsão, do medo, do crime.
A Cosa Nostra não é a dona da Itália e não governará mais nossas
vidas, a operação antimáfia colocará um por um dos seus chefes
atrás das grandes, dando fim a esse império de tortura e violência.
Os repórteres ficam todos em choque com suas palavras,
uma chuva de flashes dispara, estou apertando tão forte o braço da
minha cadeira que sinto o couro se romper.
— Declaro guerra aos mafiosos a todo o clã Corleonese,
guerra a Cosa Nostra!!
— Quero a cabeça desse juiz!! — dou a sentença.

Dirijo pelas ruas movimentadas de Palermo tentando controlar


esses sentimentos que crescem em mim. A dor está rasgando meu
peito, minha vida está fora de controle.
Pelo retrovisor, vejo o movimento dos carros circulando, mas
é a imagem do homem fraco que me persegue. Olho para mim
mesmo, sou poderoso, tenho dinheiro e uma bela reputação, mas
isso não me satisfaz, não. Por trás de toda essa fachada existe um
fraco. Aperto o volante, tremendo, os comprimidos no porta luvas
são apenas um lembrete do monstro que vive em mim. Abro o
compartimento e tiro dois, tomando de uma vez, me lembrando da
doutora Syndel.
Acelero, não me importando com o sinal vermelho, a
adrenalina me distrai da minha verdadeira vontade. Estou perdendo o
controle e segundo a medica, a cada dia minha obsessão está
piorando, logo precisaria ser internado ou perderia o controle, mal
sabe ela que já tinha feito muito mais do que perder o controle.
Me lembro da última presa, seus gritos pareciam música aos
meus ouvidos, ainda posso sentir o prazer que senti ao tirar sua vida.
Ela não passava de uma puta que não merecia viver, uma de muitas
que circulam por aí. A fúria corre por minhas veias feito fogo, a porra
do controle se esvai e tudo desmorona, meu corpo se transforma em
puro ódio. Tudo o que eu quero é machucá-la, mas ela não está aqui,
não está ao meu alcance e isso faz com que o monstro dentro de
mim se agite.
Meu coração está acelerado e o remédio não está fazendo
efeito, decido estacionar o carro em frente ao restaurante e beber
um pouco para tentar me acalmar. Bato a porta do carro e entro no
restaurante. Rapidamente uma mesa discreta é mostrada para mim.
Eu não tenho fome, tudo que preciso é de uma bebida.
O garçom traz uma corona gelada e com um gesto meu ele
entende que não quero ser aborrecido. A bebida aquece meu corpo,
olho ao redor, observando todas essas pessoas falsas, fingindo uma
falsa moral e ética, que não existe, no fundo, no fundo todos se
odeiam, mas precisam manter o personagem pelas convenções.
Duas mulheres de costas para mim me chamam atenção, as duas
riem como se tivessem num circo cheio de palhaços. Os copos sobre
as mesas mostram que elas estão bebendo há bastante tempo. Uma
é alta, magra, de cabelos loiros presos em um coque bagunçado e a
outra é ruiva, com cabelos compridos tingidos de um vermelho
brilhante bem vulgar, como provavelmente ela deve ser. A loira ri e
joga a cabeça para o lado e então eu vejo seu rosto, meu corpo
treme quando a reconheço, ela não me vê, o que é bom, pois agora
ela se tornou minha presa.

Com paciência, analiso minuciosamente as duas, até ver uma


delas dizer que iria ao banheiro, espero que a ruiva a acompanhe,
mas eu estava com sorte, ela não o faz, seria mais fácil do que
esperei. Espero ela entrar no corredor, deixo o dinheiro sobre a
mesa e acompanho de longe pelo corredor que leva aos banheiros e
uma saída lateral. Ela quase abre a porta do banheiro quando a
empurro para a lateral, fazendo-a tropeçar, por sorte o corredor
estava vazio e escuro o suficiente para que ninguém note enquanto
eu aplico a seringa com tranquilizante em seu pescoço.
Ela cambaleia, mas não apaga de uma vez, não, ela fica
desorientada e pode sentir o que aconteceria, mas não consegue
lutar. Saio com ela pela saída lateral sem que ninguém se desse
conta do que estava acontecendo. Jogo seu corpo semi-consciente
no banco de trás, ouvindo-a balbuciar palavras desconexas.
— Por que está fazendo isso... onde...
Quando entramos no apartamento, eu a arrasto até o quarto,
ela está tão mole que tropeça no tapete, bagunçando todo o cabelo.
Seus olhos são azuis como os dela, sua boca é rosada, eu não
resisto e aperto-a contra a parede, mordendo seu lábio.
Ela geme de dor, mas não consegue me afastar. Ela é
diferente das outras, eu quero fode-la, quero marca-la. Quando
passamos pela porta do quarto, a pego no colo e a jogo na cama
com força. Me livro das minhas roupas e ela começou a chorar,
assustada.
— Preciso ir embora, quero voltar pra casa... — fala enquanto
se encolhe.
O tesão bate em mim, junto com ele uma fúria animal, se eu
fechar os olhos eu posso ver aqui àquela que pertence unicamente a
mim. O desejo está tomando conta do meu corpo inteiro!! Puxo suas
pernas e com o punhal corto seu vestido, deixando-a apenas de
calcinha e sutiã. A puta tenta se soltar, mas eu abro suas pernas.
Ela chora ao sentir a faca arranhar seu seio, mas seu choro
não me comove.
Abro ainda mais suas pernas, deixando-a bem arreganhada e
entro com tudo em sua boceta. A vadia grita alto de dor, então eu
percebo que ela é mais puta que imaginei, a vagabunda já não era
mais virgem. Começo a socar meu pau com força, tentando aplacar
a fúria que transborda e a dor que queima em minha alma.
Ela geme alto, gritando enquanto eu seguro seus braços
brutalmente e meto sem dó, estou com raiva, com ódio e coloco
dentro dela toda a minha frustração. A cama começa a bater contra
a parede, eu puxo seu cabelo, erguendo-a para que ela fique de
quatro sobre a cama. Então começo a bater na desgraçada
enchendo-a de tapas em suas costas inteiras e sua bunda pálida.
— Não... não — ela tenta implorar, mas eu não dou ouvidos,
vou metendo sem dó e uso meus dedos no seu rabo. Sem me
importar com a dor que ela sentiria, tiro meu pau da sua boceta e
enfio em uma estocada metade do meu pau no cuzinho dela. Ela
grita alto, implorando para que eu pare, mas isso apenas me
enfurece, puxo seu cabelo com força.
— Tá com dor, puta, quem mandou ficar se oferecendo?
Agora está ganhando o que merece, desgraçada.
Soco com gosto naquele rabo, o esfolando. Sou tomado por
uma overdose de luxúria e depravação. Meu pau, a essa altura, está
pronto para gozar, mas é quando ela desaba na cama que me
descontrolo. A filha da puta não consegue manter as pernas firmes e
desmorona. Giro seu corpo, olhando para seu rosto vermelho, cheio
de lágrimas e fico enfurecido. Aperto seu pescoço por trás com uma
de minhas mãos e gozo, gozo tão forte que minhas pernas falham.
Ela já está roxa e sem ar, porém eu não quero que ela morra, não
ainda. Solto seu pescoço e pego o punhal caído no chão, sorrio
olhando para a putinha com seus cabelos loiros todos bagunçados,
os seus olhos azuis em pânico e vermelhos pelas lágrimas e deslizo
a faca pela sua garganta para acabar com sua vida maldita.
O sangue transborda pelo lençol fico encantando, vendo seus
cabelos loiros sendo tingidos de sangue, o prazer que ela me dá é
tão intenso que mal consigo explicar, me sento na poltrona de frente
para a cama, nu, com o corpo coberto de suor e sangue, com o
punhal de prata cravejado de pedras preciosas na mão.

— Precisa ficar calma, senão vai dar na cara que está


envolvida na fuga da moça. — Aconselha Ana sentada ao meu lado
na estufa enquanto eu mexo nas rosas para me tranquilizar.
— Se Dimitri desconfiar que mandei Aslan ajudar a Rebeca,
estou fodida, ele já está puto com meu irmão, tenho medo que isso
acabe gerando uma guerra.
— Aslan está seguro, você mesma disse que onde ele está é
impossível rastreá-lo — diz Ana, tentando me acalmar.
— Mas ele não vai ficar lá para sempre, se algo der errado,
eu conheço Dimitri, ele não acreditou em uma palavra que eu disse.
— Então seja esperta, use a sua melhor carta contra a besta,
minha amiga.
— Que carta, Ana, você não vê que eu estou fodida se ele
descobrir o que eu fiz?
— Ah, Katharina, para de ser ansiosa, tudo vai dar certo. E
outra, o bonitão está caidinho por você, ele não fará nada contra
você, amiga.
— Lá vem você com essa história de paixão, acho que esse
seu romance com o professor está afetando a sua mente e você
começou a ver sentimentos onde não existem.
— Ah, minha prima, você não sabe de nada — ela fala com
um sorriso bobo nos lábios.
— Me conta logo —exijo, abrindo a boca quando vejo seu
olhar encantado.
— Como eu vou explicar, aí... Não me olha assim, fico
envergonhada — diz, ficando vermelha.
— Fala de uma vez, sua safada, me fez contar tudo entre mim
e Dimitri e agora vem com esse mistério?
— Está bem, já que fica insistindo... Bem, eu e Fred fizemos
amor — fala corando.
— Não acredito, meu Deus Ana, como isso aconteceu?!
— Eu consegui convencer meu pai a me deixar dormir na casa
da minha amiga Francine e claro que ele colocou os pitbulls dele na
porta para me vigiar, mas Francine me emprestou o carro do irmão
para que eu saísse com Fred. Eu usei um sobretudo masculino e
como ninguém notou quem eu era ao sair, eu fui para casa do Fred,
então uma coisa levou à outra e tive a noite mais maravilhosa da
minha vida.
— Eu queria ficar feliz por você, mas isso é tão complicado,
você sabe que uma hora ou outra meu tio vai acabar arrumando um
casamento para você.
— Eu sei, eu sei, mas eu quero ter apenas uma lembrança
feliz quando a minha vida for roubada de mim. — Diz, deixando uma
lágrima escorre.
— Eu te entendo, só tenho medo de que acabe machucada.

Passo o dia com minha melhor amiga e prima, é maravilhoso


ter alguém para desabafar e aliviar toda essa pressão que venho
carregando, almoçamos sozinhas, já que nenhum dos irmãos Rinna
aparece na casa.
No meio da tarde, Chaise entra na biblioteca carregando um
lindo buquê de rosas vermelhas. — São para a senhora — diz ele,
entregando as flores e me deixando chocada.
— E ainda diz que ele não está caidinho — debocha Ana,
rindo assim que Chaise nos deixa sozinhas.
Abro o envelope e tiro um tecido fino de renda vermelho, uma
calcinha bem pequena com uma simples ordem.
— Quero que use essa noite.
— Gente, como esse boy italiano é safadinho — diz Ana,
rindo da minha cara desconcertada. — Bom, vou aproveitar que você
estará muito ocupada para me fazer companhia essa noite e vou
jantar com aquela minha amiga do intercâmbio, a Hillary, devo uma
para ela depois dela ter conseguido o celular para você.
— Verdade, agradeça a ela por mim e se divirta — falo,
olhando para as rosas vermelhas no meu colo.
Ana sobe para o quarto enquanto eu vou para a cozinha
escolher um vaso bem bonito para as minhas flores.
Termino de me maquiar e fecho o zíper da minha bota de cano
longo preta, de couro, o vestido branco justo está grudado no meu
corpo. Me olho no espelho e me sinto poderosa.
O colar de diamantes está no meu pescoço dando um
aspecto elegante e sensual.
— Nossa, você está um arraso — elogia Ana ao entrar no
quarto.
— Avise o Luigi para mim que quando Dimitri chegar é para
deixar claro que não irei jantar em lugar algum com ele.
— Dimitri vai morrer quando te ver. — Fala sorrindo.
— Assim espero, se não podemos vencer o inimigo juntamo-
nos a ele.
— Inimigo, sei. Um inimigo que te devora toda noite, não é,
safada?! — diz, saindo.
Apago as luzes do quarto e vou direto para o calabouço.
Deixo as luzes baixas e uma leve canção tocando.
"Camila Cabelo - This Love".
Me sento na sua poltrona de couro e espero a sua chegada.
Não demora nem meia hora para ouvir seus passos pelo quarto para
em seguida a porta do calabouço se abrir e lá está ele, usando seu
tradicional terno preto, barba cerrada e postura intimidadora olhando
para mim como se eu fosse uma obra de arte em exibição.
— Você gosta de ser uma brat teimosa, não gosta, sua
provocadora?! — ele rosna, abrindo o paletó e o jogando sobre um
banco de couro.
— Você gostou da surpresinha, Boss?
— Vou gostar mais ainda quando ver o que você está usando
por baixo desse vestido — Diz, se aproximando feito uma fera
selvagem — Você é uma tentação, amore mio! — Sussurra
enquanto morde meu pescoço, totalmente descontrolado.
— As rosas e esse outro presentinho aqui — digo abrindo o
zíper da frente do vestido deixando-o cair no chão.
Dimitri não perde mais tempo, me puxa para os seus braços,
me pressionando contra a parede de rocha e me beija brutalmente,
devorando minha boca.
— Você vai me pagar por ficar me provocando dessa
maneira, bella rosa! — Dá um tapa na minha bunda enquanto me
coloca no chão.
— Eu vou adorar pagar, Boss...
Ele nem me responde, vai logo me mordendo e beijando meus
lábios, grudando meu corpo ao dele.
— Você vai aprender tudo dentro deste quarto, vai ficar tão
viciada em ser dominada, que vai implorar para que eu a arraste
para cá. — Morde minha orelha, chupando em seguida.
Vamos direto para o cavalete, ele me coloca de bruços e faz
questão de esbofetear minha bunda coberta pela pequena calcinha.
— Eu poderia surrar essa sua bunda linda a noite toda, mas
sua pele precisa se recuperar primeiro, por hoje te ensinarei que
existem outras formas de dor sem ser spanking. Lembra sua palavra
segura?
— Sim — digo, já pronta para gozar apenas com seu tom de
voz ríspido e suas mãos me prendendo no cavalete.
— A próxima vez que encontrá-la aqui no calabouço, quero vê-
la nua, de joelhos, me esperando.
— Aí você já pediu demais — Debocho da ordem e ele puxa
meu cabelo para trás, mordendo meu pescoço.
— Não me provoca, amore mio. — Diz, com seus dedos
escorregando pela lateral da calcinha.
— Eu só falo a verdade, Boss.
Rosno, trincando os dentes quando ele toca minha boceta por
baixo do tecido, que pinga de tesão.
— Vou precisar te corrigir, te ensinar a ser uma cadelinha
obediente. — Sorrio com sua provocação.
Se ele quiser uma cadela vá procurar em algum canil.
— Faça o que tem que fazer, Boss. — Falo, gemendo quando
ele tira os dedos na minha boceta.
Dimitri me levanta do cavalete e me faz deitar na cama,
depois pega algo na gaveta. Um pedaço de pano preto, uma venda
talvez. Então abre a segunda gaveta, onde ficam as algemas e
mordaças, tira uma algema vermelha de couro e prende meus
pulsos. Usa a tira de tecido para me vendar.
Sinto meus seios duros de tesão só com a expectativa do que
ele vai fazer, ao mesmo tempo fico apreensiva por não enxergar
nada.
— Eu posso sentir o seu cheiro doce, mas nem pense em
gozar enquanto eu não ordenar, está ouvindo? — fala mordendo um
dedo do meu pé.
— Ok. — Respondo, já com minha calcinha como um lago.
Sinto-o se afastar e se posicionar em cima de mim, a venda
não permite que o veja. Dimitri toca meus seios e rasga a pobre
calcinha. Mais uma para coleção.
— Ela era linda, mas estava atrapalhando a minha visão.
Sinto ele subindo novamente na cama e um cheiro gostoso
toma conta do ambiente. Eu penso que ele vai me beijar, mas ao
invés disso, sinto o pau gostoso dele, já duro pela minha boca, no
meu rosto, pulsando, rígido do jeito que eu gosto.
— Chupa gostoso o seu dono. — Ele manda.
Eu sedenta, obedeço
— Sem as mãos.
Me sinto diferente, eu quero tocá-lo, quero senti-lo, mas não
posso. A venda faz com que meus outros sentidos fiquem aguçados
e me deixa nervosa.
Eu começo a lamber e a chupar seu pau, esta posição é
desconfortável, mas eu tento colocar todo o pau em minha boca.
Quando começo a chupar, ele me segura pelos cabelos e me faz
mexer a cabeça vigorosamente.
— Gostosa, chupa tudo! — Diz firme, todo dominante.
Eu sinto Dimitri pulsar em um entra e sai, fodendo minha boca.
Porém antes que ele goze, Dimitri se afasta e ouço ele andar pelo
quarto, me deixando frustrada. Eu não vou gozar, quero tocá-lo,
senti-lo. Não demora muito para ele voltar e subir em cima de mim
outra vez, tomando meus seios em suas mãos, ele aperta os
mamilos com os dedos, mordiscando-os, deixando-os duros e
empinados. Então eu grito com o susto ao sentir algo quente ser
pingado no meu bico, posso sentir o cheiro e o calor da vela
percorrer meu corpo. Curiosamente, o calor queima, mas também é
gostoso.
— Droga, Dimitri, o que você está fazendo? Tira essa venda.
— Falo, tentando me soltar.
— Quietinha, agora você vai sofrer para aprender a não me
provocar. — diz ele beijando a minha boca, porém antes que o beijo
possa aprofundar sinto um tapa forte na minha intimidade.
Eu estou ficando louca de desejo e quero que ele me foda
agora! Quero começar a sentir seu pau penetrar minha boceta
molhada, mas ele não me fode, o desgraçado me tortura.
— Ah... fode-me de uma vez Boss, eu quero te sentir dentro
de mim. — Eu imploro.
Ele pega mais vela, abre minhas pernas e sinto as gotas
queimarem, arderem, filho da puta!
Não tenho tempo de processar porque logo sinto seu pau
dentro de mim. Arqueio as costas pelo choque da invasão.
— Ahhh! — grito.
Meu corpo está em chamas.
— Safada, queria me provocar, não é?! — Ele rosna
mordendo os bicos dos meus seios.
— Oh sim, sim, me fode! Me come! Não aguento mais! —
Grito de prazer, gozando forte.
A cama fica completamente molhada com meu gozo e suor.
Dimitri me pega pelos quadris, me erguendo, para logo em
seguida empurrar o pau dentro de mim com força e começar a dar
estocadas ferozes. Levanta minhas pernas e me abre todinha. Com
a mão, tortura meu clitóris. Alternando estocadas fortes, afundando
todo seu pau enorme dentro mim, continua lento e, em seguida,
rápido. De repente, me pega e me coloca de quatro na cama, ainda
com as mãos amarradas para trás e começa a massagear minha
bunda.
Ele me faz chupar seu dedo e então o usa para massagear a
minha entrada anal, um arrepio percorre minha coluna e sinto ele me
invadir devagar com apenas um dedo, seu pau ainda está dentro de
mim, me fazendo gemer. Sinto-me completamente possuída,
amarrada, com os olhos vendados com seu pau me fodendo por trás
e seu dedo me castigando.
As estocadas não diminuem, ele começa a foder minha bunda
com seu dedo e eu finalmente explodo em um orgasmo violento.
— Ah, safada, você gozou novamente sem a minha
autorização! — Diz e acelera as arremetidas, tirando o dedo da
minha entrada.
Fecho os olhos gritando quando Dimitri puxa meu cabelo, que
já se estava molhado e para trás, inclinando meu pescoço para ele,
beijando minha boca, mordendo meus lábios de leve. Senti-lo dentro
de mim era indescritível, com a mão livre ele massageia meu clitóris,
eu não suporto e grito alto de tanto prazer.
Tremo, arrepiada com o novo orgasmo devastador. Ele soca
por mais um tempo e logo em seguida goza rudemente, me
ensopando com seu gozo.

Acordo com uma sensação letárgica, a cama do calabouço


está vazia e me dou conta que dormi demais. Faço minha higiene e
tomo um banho rápido. Depois de me arrumar desço as escadas e
assim que piso no térreo, quatro pares de olhos se viram para mim.
Confusa, dou um passo em direção a Dimitri, Lorenzo,
Vicenzo e Augustos, segurança da casa. Mas assim que percebo a
expressão de pesar no rosto dos quatro, eu estanco.
— O que aconteceu? — Pergunto nervosa, pensando no meu
irmão.
— Katharina, eu sinto muito, mas Ana, sua prima, está
morta....
Em um momento eu estava ali olhando para os quatro,
estranhando o clima fúnebre em seus olhares e no minuto seguinte o
chão se abre sob os meus pés e desaba. Uma simples palavra
consegue me derrubar no chão.
— Katharina, eu sinto muito, mas Ana, sua prima, está morta.
Me apoio no corrimão para não cair.
— É mentira, que brincadeira doentia é essa?! — falo subindo
as escadas, correndo pelo corredor que leva ao quarto dela.
Abro a porta e encontro o local exatamente igual ontem.
Um soluço rasgado sai da minha garganta, minhas pernas
falham e eu caio chorando no chão.
— Não pode ser, não, não com Ana!
— Você precisa se acalmar, Katharina — pede Dimitri me
abraçando enquanto me levanta do chão.
— Onde ela está, quem fez isso com ela?! — pergunto me
sentindo angustiada.
— Ana foi encontrada há duas horas pela polícia em um beco,
ela foi assassinada. Ainda não sabemos quem fez isso, mas prometo
que vou descobrir.
— Eu quero vê-la, eu preciso vê-la.
— Eu não acho que seja bom você fazer isso, não no seu
estado.
— Você me deve isso, é minha prima — digo amarga e ele
respira fundo, aceitando me levar.

Sou levada até a região mais pobre de Palermo, Lorenzo nos


acompanha em outro carro, junto com Augustos, eu passo o caminho
todo chorando, querendo acreditar que houve um maldito erro e que
não foi Ana que morreu, mas sim alguém parecida com ela.
O carro estaciona e podemos perceber a quantidade de
viaturas da polícia. O que me deixa ainda mais nervosa. Dimitri
segura minha mão, me dando força.
— Senhor Rinna — fala o chefe de polícia, cumprimentando
Dimitri, que aperta sua mão.
— Minha esposa gostaria de ver a prima.
— A cena ainda não foi totalmente analisada pelos peritos,
receio que não poderei deixar sua senhora entrar.
— Você não entendeu, eu disse que minha esposa quer ver a
prima! — Diz, mostrando quem está no comando aqui.
— Claro, claro — diz o homem, com medo e nos indica a
entrada do que parece ser um beco.
Alguns polícias olham para nós com espanto por não entender
o que civis fazem na cena de um assassinato, ainda estou sem
entender o que Ana faz nesse lugar e porque alguém a mataria.
Caminho em direção ao beco sujo, no pior bairro de Palermo com
Lorenzo e Augustos marcando o perímetro de segurança, fitas
amarelas marcam todo o local.
Uma lixeira fedendo faz meu nariz arder ao entrar no beco,
mais dois passos à frente e vejo o que jamais imaginei ver. O corpo
de Ana, minha prima, estirado no chão, nua e sem vida. Caminho em
sua direção e paraliso.
— Não toque nela — diz Dimitri, porém eu não respondo, nem
mesmo respiro e fico olhando para ela, cada mínimo detalhe do seu
corpo, seus cabelos loiros cheios de sangue e seu corpo mutilado
por um animal cruel.
Dou dois passos para trás para conseguir ler o que está
escrito no chão com o sangue de Ana. "La Besta"
Minhas mãos começam a tremer, eu olho para o nome na
parede e não posso acreditar. Dimitri me abraça, mas me esquivo do
seu toque com o corpo totalmente anestesiado.
— Quem fez isso? — Pergunto olhando para o corte no peito
da Ana.
O mesmo que Dimitri fez em um homem que nos perseguiu de
carro.
— Não pode ser, não tem como — falo em voz alta e então
olho para ele, concentrado na cena do crime.
— Quem fez isso?! — Pergunto, não querendo acreditar que
ele tem algo a ver com isso.
Não pode ser, não pode, não faz sentido já que ele estava
comigo, porém todos os indícios levam a ele.
— Eu vou descobrir!
Passo por ele, indo até o chefe de polícia. Não há mais nada
que eu precise ver naquele beco, Ana se foi e nada que eu faça pode
trazê-la de volta, o que me resta é o desejo por vingança.
— Vocês têm pistas de quem fez isso com Ana? — Pergunto
ao chefe de polícia.
— Ao que tudo indica ela foi mais uma das vítimas do serial
killer alto denominado como besta.
O policial conta que não foram encontradas digitais, o que
demonstra que o assassino é inteligente o bastante para limpar a
cena do crime, outra coisa que me chama atenção é o fato de a
arma do crime ser um punhal ou faca de prata de tamanho médio.

Dimitri dirige sozinho comigo no caminho de volta enquanto


Lorenzo e Augustos ficam para investigar melhor e liberar o corpo de
Ana da autópsia.
No trajeto, encosto minha cabeça no vidro do carro e fico me
lembrando do quanto ela estava feliz por estar aqui, feliz pelo amor
com o professor de música, tinha tantos sonhos, era tão boa. E
agora havia sido violentada ferida e morta de maneira brutal.
— Para o carro!!
— Estamos no meio da auto estrada, Katharina!
— Para o carro!!! — grito soltando o cinto, sentindo meu
corpo ferver de ódio.
Abro a porta e saio do carro, tentando respirar, desço meu
corpo contra o muro de pedra na lateral da via.
— Você está bem? — Pergunta ele do meu lado.
— Me diz... Diz pra mim que não foi você!! — grito, virando
para ele, quebrada pela dor.
— Não acredito que está me perguntando isso — fala
amargo.
Me aproximo dele e bato em seu peito.
— Fala pra mim que não foi você, não pode ser você, eu vi,
eu vi as marcas, o corte, o punhal de prata!!! — digo tremendo
muito, segurando em seu paletó.
— Katharina!!! — ele me chama, mas eu não paro de bater
em seu peito, gritando.
— Diz que não foi você, diz que não foi, não foi!!...
— Katharina — ele chama de novo, mas estou em choque.
— A besta, a besta, os cortes, a faca, besta, sangue, muito
sangue....
— Katharina, olha pra mim!!!
Não foi um pedido, foi uma ordem, foi um comando. Ergo meu
rosto vermelho pelas lágrimas que queimavam meus olhos.
— Eu não fiz isso, não sou um serial killer. Seja quem for esse
assassino, eu vou encontrá-lo, prometo. — Diz firme e então segura
meu rosto com suas mãos, limpando minhas lágrimas e diz — Eu
estou aqui com você, bella mia, e sempre a protegerei.
Liberdade, uma palavra tão simples, mas com um significado
enorme para mim. Eu estou livre das garras de um monstro, de um
homem tão cruel a ponto de matar sua própria filha. Escondida em
uma cabana no meio da neve, sendo protegida por um estranho.
Aslan não me conhece, nem mesmo me deve nada, mas cuida
de mim, às vezes eu me pego olhando para ele confusa, sem
entender porque ele está se arriscando dessa forma por uma
qualquer. Uma mulher quebrada, destruída, que só traz problemas.
Na primeira noite eu quase não consegui dormir de tanto
medo, os pesadelos com Dante me deixaram acordada a noite toda,
onde eu o imaginava chegando e matando Aslan e Katharina por
terem me ajudado, foi quando gritei tão alto que acordei Aslan lá em
baixo, que dormia todo encolhido no sofá. Ele veio até mim e me
abraçou forte enquanto eu apenas chorava.
Dois dias depois ele teve que me deixar sozinha para ir ao
enterro da prima, deixando-me angustiada, pensando que foi Dante
quem a matou, porém ele me garantiu que Dante não sabia onde eu
estava e não foi o culpado da morte da sua prima Ana.
Os dois dias em que ele passou fora foram aterrorizantes, os
pesadelos me deixaram acordada, o medo que a qualquer hora
Dante passasse pela porta e me arrastasse de volta para a Itália. Na
madrugada do segundo dia sozinha eu acordei gritando no meio da
noite e foi quando Aslan apareceu no quarto. Ele tinha dirigido por
horas para chegar o mais rápido possível, após o velório.
— Não tenha medo, eu estou aqui com você, ninguém vai te
machucar.
Um anjo protetor, é assim que o vejo, Aslan ficou comigo
naquela noite, sentado na poltrona esperando o calmante fazer efeito
e eu dormir. Na manhã seguinte, acordei com ele trazendo café para
mim, junto com roupas que tinha comprado. Fiquei constrangida ao
ver lingeries, absorventes, shampoo e outras coisas femininas.
— A mulher da loja me ajudou a escolher — explicou ele,
sorrindo.
Ele cuidou de mim e me senti mal por não poder ajudá-lo com
a cabana.
Da janela do quarto eu o via cortando lenha para nos aquecer,
o mau tempo estava piorando, mas por sorte eu já conseguia andar
sozinha e pude descer para o andar de baixo. A cabana é pequena,
mas não deixa de ser aconchegante, confesso que me sinto muito
mais feliz aqui, diferente do que sentia naquela mansão coberta de
luxo.
— Não sabia que estava aí — diz Aslan entrando na cozinha,
sem camisa, todo suado, me fazendo imaginar como uma pessoa
pode suar desse jeito nesse frio terrível.
— Eu... eu... — engasgo com as palavras, olhando para seu
peito malhado. — Eu quis fazer o jantar.
— Não quero que se esforce, você ainda não está bem.
— Estou me sentindo entediada e também uma invalida, só
quero retribuir de alguma forma.
— Você já acabou de ler os livros que eu comprei? —
pergunta, preocupado. — Eu deveria ter colocado uma tevê ou
internet aqui, como fui burro, é óbvio que está entediada. — Fala,
inconformado.
— Aslan, não se preocupe, eu só quero fazer um jantar para
você, na verdade, eu amei os livros que você comprou, mesmo que
eu não entenda uma palavra em russo — digo, rindo e então ele
congela e me olha intensamente, fazendo-me engolir em seco.
— É a primeira vez que sorri desde que chegou, deveria fazer
isso mais vezes, anjo, você fica linda sorrindo. — Fala tão convicto
que eu realmente acredito no que ele diz.
— Eu preciso ver o lombo — explico e vou saindo,
envergonhada.
— Vou colocar a lenha para dentro que vem uma tempestade
mais tarde, depois vou tomar um banho para provar esse lombo que
está com um cheiro tão bom.
Termino de arrumar a mesa da melhor maneira que consigo,
quando Aslan desce usando uma calça de moletom e uma regata, a
lareira estava aquecendo a cabana, deixando um clima agradável. O
zumbido do vento forte podia ser ouvido lá fora e fazia as árvores
balançavam enquanto a neve caía.
— A comida parece deliciosa — ele fala, se sentando na
pequena mesa redonda.
Me sento ao lado dele, pronta para servi-lo, quando ele toma
os talheres das minhas mãos.
— Você já fez a comida, eu sirvo. — Fala, com seus olhos
azuis grudados em mim.
— Espero que goste — falo animada, vendo-o cortar uma
fatia do lombo e levar aos lábios.
Aslan geme, fechando os olhos e saboreando a comida.
— Você cozinha divinamente, anjo — elogia, colocando mais
um pedaço na boca.
O jantar é agradável, Aslan me conta sobre o enterro da
prima, que sua tia não quis a presença da irmã no enterro, pois
culpava Katharina pela morte da filha.
Quando o jantar termina, Aslan abre uma garrafa de vinho,
levando-a até a mesinha de frente da lareira.
— Bebe uma taça comigo?!
— Não sei se é uma boa ideia — Respondo, receosa.
— Não se preocupe, seus antibióticos acabaram, uma taça
não lhe fará mal.
— Tem razão — concordo e aceito a taça, me sentando no
único sofá da sala, pequeno o bastante para me fazer sentir a
proximidade do seu corpo junto ao meu. Me pergunto como Aslan
está fazendo para dormir ali.
Levo a bebida à boca, sentindo o sabor amadeirado da uva.
— Não acredito que fui burro o bastante para lhe trazer livros
em russo. — Fala ele em italiano.
— Você pode ler para mim, tenho certeza que vou amar —
falo, animada.
— Ótima ideia — ele diz, se levantando e indo buscar os livros
que trouxe.
Permaneço sentada no sofá e uso o cobertor de pele
guardado ao lado da lareira para me aquecer. Aslan volta, sentando
ao meu lado, escolhe um e coloca os outros sobre a mesa.
— Qual você escolheu? — Pergunto com curiosidade, vendo-o
com o livro nas mãos.
— Bem, eu não sou um grande conhecedor de livros, como
Katharina, mas na faculdade éramos obrigados a ler Alexandre
Puchkin.
— Já ouvi falar, é um grande poeta russo — falei enquanto
deixo a taça sobre a mesa.
Aslan começa a ler os poemas de Puchkin e fico emocionada
com a melancolia dos seus versos. O vento bate forte nas janelas,
se misturando com o som do fogo queimando a lenha na lareira.
Aslan se move no sofá, ficando ainda mais próximo a mim, não sei o
que acontece, mas sinto seu braço tocando o meu, causando um
arrepio em meu corpo. — Talvez você goste mais desse do que dos
anteriores — ele diz, virando a página para o próximo poema.
— "Queima o sangue um fogo de desejo".
"De desejo a alma é ferida".
"Dá-me os teus lábios, o teu beijo é meu vinho e minha mirra".
"Reclina para mim a cabeça termalmente.
Faz com que eu durma sereno até que sopre um dia alegre".
"E se dissipe a névoa noturna".
Após dizer as palavras, Aslan olha para mim intensamente e
me beija, o beijo é tão inesperado que fico inerte, seus lábios são
macios e sinto meu corpo formigar conforme ele toca meu rosto, me
fazendo corresponder ao seu beijo de maneira apaixonada.
O beijo termina quando estamos sem ar, meus olhos estão
fechados, eu fico envergonhada quando os abro e vejo os seus olhos
azuis nebulosos, analisando meu rosto.
— Eu... sinto muito se dei a impressão errada, eu não sou
esse tipo de mulher — falo, constrangida.
— Você não tem do que se envergonhar, Rebeca, eu queria
beijá-la desde a primeira vez que a vi, mas sabia que não era o
momento certo, você ainda está muito machucada pelo merda do
Bruschetta. Mas, estarei aqui para te esperar e colar cada
pedacinho seu que se quebrou.

Um mês se havia se passado desde a morte de Ana, prima de


Katharina. O pai da moça veio até a Itália e exigiu da Cosa Nostra
um nome, ou melhor, a cabeça do culpado, o que colocou ainda mais
pressão sobre a organização. Porém, nada foi encontrado, nenhuma
pista que leve ao verdadeiro serial killer. As coisas na Cosa Nostra
estão difíceis, se por um lado quase todo o dinheiro guardado tinha
sido lavado e agora estava guardado de maneira legal para a Cosa
Nostra, do outro estávamos com vários problemas com a federal.
O juiz Falcone havia prendido outros seis dos nossos homens,
dentre eles o irmão de Tom Hide, da família Ndrangreta e, como
conselheiro, estou me dividindo em dois para dar conta de resolver
tantos problemas e negociar com nossos advogados a liberação
dele. Havia ainda o problema com Dante, que estava fora de controle
desde o desaparecimento da mulher. Acabou matando o diretor do
hospital, o que deu muito trabalho para acobertar, e custou bem caro
para a Cosa Nostra. Dois dos nossos melhores investigadores estão
à procura da moça, mas ela parece ter sumido igual fumaça. O Porto
foi fechado, mesmo assim ela desapareceu, no aeroporto ninguém a
viu.
Os gritos de Dimitri podem para ser ouvidos da minha sala,
reviro os olhos pensando se devo ou não ver o que está
acontecendo. Deixo a papelada de lado e decido ir até ele.
No corredor, vejo todos assustados e já prevejo que a fera
está de mau humor.
A porta da sala de Dimitri está aberta e dentro vejo a nova
assistente juntando os cacos de vidro de algo que ele quebrou,
Damon está sentado em frente à mesa de Dimitri, que está
visivelmente estressado.
— O que foi que aconteceu?
— Juliano foi preso agora de manhã junto com doze de seus
homens. A polícia federal invadiu a casa dele com um mandado de
busca e apreensão, estão revistando o escritório dele uma hora
dessas.
— Merda — digo, puto com toda essa situação.
— Quero a cabeça desse maldito juiz e dessa detetive de
merda.
— Giovani Brusca está trabalhando nisso, o desgraçado não é
burro, sabia que iríamos atrás dele e não está na mesma residência.
— Precisamos mandar um recado claro, para qualquer um
que ousar infernizar a Cosa Nostra, quero que mostre a esses
miseráveis que não estamos para brincadeira.
— Vou avisar Giovani para preparar algo grande para pegar o
juiz, algo que deixe nossos inimigos tremendo ao sentir o poder da
Cosa Nostra.
— Vá atrás da detetive, quero que você resolva isso
pessoalmente — fala, acendendo um cigarro.
— Tudo bem, farei isso hoje mesmo. Sabe onde Vicenzo foi?
Preciso falar com ele.
— Vicenzo está em reunião com o nosso candidato a
governador, semana que vem começa a campanha política e Nello
Masumeri já foi avisado que a Cosa Nostra não apoiará seu filho
para o cargo e sim Marcelo Matarezza.
— Não tem como não ganhar com o dinheiro que estamos
investindo na campanha.
— Exatamente, ele ao nosso lado, após as eleições será fácil
acabar com essa operação antimáfia.
— Eu vou falar com nossos advogados e tentar ajudar Juliano,
família sacra coroa sempre foi aliada dos Camorra, devo isso a
Juliano. — Fala Damon.
— Não tem perigo dele abrir a boca?! — sondo.
— Juliano é velho, mas é leal a Cosa Nostra, estará morto
antes de entregar a família, como deve ser.

Confirmo o endereço que Daniela me passou novamente e


desligo o carro. A casa fica na periferia, não é um endereço
resguardado no nome dela, mas Daniela descobriu essa casa
usando o sobrenome da detetive Gabriela. A casa estava
abandonada desde que a Tia avó morreu e ela está se escondendo
aqui.
Já é começo da tarde, mas por sorte ninguém me vê pulando
o muro da casa e com a minha taurus em mãos usando uma
máscara, eu me escoro na parede tentando ver a maldita policial.
A porta do fundo está encostada, lentamente vou abrindo, o
mantendo a minha arma em punho, avanço dois passos, entrando na
casa, quando sou rapidamente surpreendido por um soco nas
costas. Giro meu corpo e sou atingido novamente por um chute.
Puxo a detetive pelos braços, a jogando na parede, enquanto tento
achar minha arma que caiu no chão. Ela se levanta e me puxa,
desferindo três socos no meu rosto, porém antes que ela possa
recuar, a puxo pelo pescoço, acertando um murro em seu rosto.
— Desgraçada, você vai morrer, maldita!! — falo, acertando
seu estômago duramente.
Com agilidade, ela se levanta e me acerta nas pernas,
fazendo-me desequilibrar, Gabriela pega a cadeira de madeira e
quebra nas minhas costas, a dor é intensa, me fazendo cair de
joelhos no chão, mas impulsiono meu corpo para frente, puxando
suas pernas, fazendo com que ela bata a cabeça na mesa e caia
também.
— Agora você vai ver com quem se meteu, vagabunda! —
falo, pegando um pedaço de madeira da cadeira e finco em sua
perna dela, porém a desgraçada me chuta bem no meio do nariz, e a
máscara que uso se enche de sangue.
Gabriela se levanta, tira o pedaço de madeira da perna
enquanto eu me levanto, tentando limpar o nariz. Vejo minha arma a
dois metros de mim, corro em sua direção para acabar com a
miserável de uma vez. Pego a taurus e a destravo, pronto para atirar
na vadia, quando ela pula contra a janela, quebrando a mesma e
caindo no quintal. Corro e atiro contra ela, porém ela corre
mancando e desvia das balas. Pulo a janela a tempo de ver a
miserável subir em uma moto preta. Atiro até não restar uma bala,
mas a maldita escapa.
— Maldição!!! Eu vou te pegar Gabriela Bianchi.
Volto para dentro da casa, vasculhando cada milímetro do
lugar, tentando achar algo útil. Quando um mural chama minha
atenção, um desenho de um punhal feito de giz preto. Todos os
crimes da besta, cada vítima, fotos dos crimes, um quebra cabeça
que ela tentava montar. Uma foto de Dimitri e Katharina na cena do
assassinato de Ana, com meu irmão apertando a mão do chefe da
polícia me diz que agora, mais do que nunca, essa detetive tem que
morrer ou estaremos perdidos. Volto para o carro e pego os galões
de gasolina do porta-malas, espalhando o combustível por toda a
casa. Abro os registros de gás, deixando-o se espalhar pela casa.
Acendo um cigarro, fumando enquanto olho para a foto em minhas
mãos. Jogo o cigarro aceso em direção a casa e assisto as chamas
consumirem tudo, queimando todas as provas que ela guardava na
casa.

Chego na mansão mais cedo do que de costume e não sem


mais um pingo de paciência com o bando de incompetentes que me
cercam. Essa maldita operação antimáfia está me dando mais dor
de cabeça do que imaginei que daria e desde a morte de Ana os
laços entre a Cosa Nostra e os Bratvas estão abalados. Alguém está
matando mulheres jovens e querendo me incriminar de alguma forma,
eu sinto que é alguém do meu círculo pessoal, pois o apelido que me
foi dado ainda na juventude por Navarra de Lá Besta italiana, não é
algo que muitos saibam. Augustos, meu chefe de segurança da
fortaleza, me espera assim que estaciono o carro.
— Como foi à varredura? — Pergunto, indo direto ao que
interessa.
— Trouxemos os equipamentos especializados, senhor, não
encontramos nenhuma escuta na casa.
— Certo, faça o mesmo com o meu escritório e todos os
andares da sede, preciso ter certeza que não estamos sendo
gravados.
— Claro.
— Não esqueça de mandar mais vinte homens para aumentar
a segurança da fortaleza.
— Já providenciei isso, senhor, e irei pessoalmente escolhê-
los.
— Perfeito.
— Sabe da minha mulher?!
— Ela passou a manhã na estufa e agora está na sala de
treinamentos e, como o senhor orientou, proibi os soldados a
treinarem lá quando a senhora estiver usando o espaço.
— Muito bem.
Dou a volta no jardim e vou até o recanto dos leões. Hades
está nadando no lago artificial enquanto Perséfone come.
— Como eles estão hoje? — Pergunto ao treinador dos
mesmos.
— Estão mais saudáveis que nunca, chefe.
Entro no oásis e logo Hades vem até mim para brincar,
acaricio sua juba grossa e ele se esfrega na minha perna.
— Ei garoto, como você está hoje, hein?!
Hades ruge como se tivesse conversando comigo e eu sorrio
abraçando-o. Logo, a ciumenta chega e rosna para mim.
— Ei, menina tem espaço para você também — digo,
acariciando a leoa, que logo deita no chão.
Fico um tempo com eles e são nesses momentos que consigo
esquecer todo o estresse do meu dia.

Entro na sala de treinamentos e lá está ela, dentro do ringue,


dando socos e chutes no saco de areia. Katharina está visivelmente
mais magra e vem descontando toda sua raiva e ódio do assassino
de Ana no treinamento, enquanto não descobre quem é o culpado.
No calabouço, ela vem cada dia experimentando coisas novas,
me deixando em êxtase com sua resiliência. Ela se entrega de
maneira voraz, mas a fúria em seus olhos, sua obstinação, continua
lá. Por mais que ela ame ser submetida, seu lado brat sempre irá me
desafiar, tornando tudo ainda mais gostoso.
Ela é forte e me mostra a cada dia o quanto é perfeita para
mim.
Só de olhar a maneira como ela soca o saco, fico duro. Nunca
imaginei que uma simples mulher, uma russa com sangue Bratva nas
veias, me deixaria tão satisfeito.
— Há quanto tempo está lutando aqui sozinha?! — Pergunto,
fechando a porta atrás de mim.
— Desde o começo da tarde, estou cheia de energia, preciso
gastar ou sou capaz de surtar.
— Pensei ter acabado com suas energias ontem, na cruz de
Santo André. — Falo com um sorriso sádico nos lábios.
— Sou uma mulher cheia de energia, Boss, posso aguentar
aquilo e muito mais — provoca, limpando o suor que escorre do seu
rosto.
Abro meu paletó, colocando-o sobre um dos bancos, tiro a
gravata e os sapatos sociais.
— Vai lutar comigo, querido? — Ela pergunta, mordendo o
lábio só para me provocar.
— Vamos fazer uma aposta, amore mio, se eu te derrubar em
menos de cinco minutos, você vai diminuir o tempo que passa
treinando. Se você ganhar, pode pedir algo que queira de mim.
— Está pronto para perder para mim, Boss! — ela sorri,
arrumando as ataduras das mãos.
Sorrio, entrando no ringue, Katharina se posiciona no centro e
eu faço o mesmo. Espero ela dar o primeiro golpe. Ela vem em
minha direção, dando um soco no meu abdômen, porém eu consigo
desviar e acerto sua coxa.
— Isso é tudo que tem para mim, meu amor?
— Só estava me aquecendo — ela responde, me chutando no
ombro tão rápido que não posso desviar.
Dou uma rasteira e ela cai no chão de bruços, mas
rapidamente dá um mortal para trás, ficando de pé.
— Vamos lá, amore mio, mostre o que você tem para mim.
Maldita hora que a provoquei, Katharina me acerta um soco
tão rápido que sinto minha cabeça latejar.
— Porra — falo, colocando a mão no rosto.
— Você pediu, querido — debocha, mas não por muito tempo,
pois em um golpe rápido a imobilizo com os braços para trás e
sussurro em seu ouvido:
— Você não imagina o quando eu estou excitado com você
toda suada e descabelada, gemendo de dor, amore mio.
A filha da mãe tenta acertar minhas bolas com um chute por
trás, porém eu a empurro, protegendo nossos futuros filhos.
— Não ouse quebrar seu brinquedo, bella mia, senão quem
vai chorar será você.
Ela ergue os punhos para me acertar, mas eu desvio
rapidamente e dou um tapa forte na sua bunda, que ela prontamente
devolve, socando meu ombro.
A brincadeira estava divertida, mas a minha vontade é fode-la
aqui e agora, então, para encerrar a luta de uma vez, eu espero ela
me atacar e quando ela consegue me chutar nas pernas eu puxo seu
pé, derrubando-a no chão.
Caio por cima dela, seguro seus punhos para o alto e
lentamente vou lambendo do seu ombro até sua orelha esquerda.
— Você é boa, bella rosa, mas não melhor que eu.
Beijo sua boca duramente, a punindo por ter me desafiado,
sua língua chupa a minha e seu gosto é delicioso. Ela está brava por
ter perdido e tenta me socar, mas não para o beijo, morde minha
língua, chupando em seguida. Puxo seu cabelo, esfregando meu pau
contra sua boceta. Me sentei com ela no meu colo, Katharina rebola
em cima de mim, sentindo o meu pau feito aço, querendo ela. Seguro
sua bunda farta, esfregando sua boceta no meu pau enquanto
devoro seus lábios carnudos. O tesão nos deixa loucos, o suor
escorre pelos nossos corpos, tornando tudo ainda mais intenso.
— Eu preciso de você agora dentro de mim — fala, mordendo
meu queixo.
— Você quer meu pau te fodendo, amore mio?!
— Sim, eu preciso de você — diz, tentando abrir minha calça,
se atrapalhando com o cinto.
Me afasto de Katharina, a colocando de pé, abro minha
camisa e tiro o cinto.
— Vem aqui, bella mia — ordeno.
E ela vem rapidamente
— Tire as minhas calças e a boxer.
— Sim, Boss.
Quando estou nu, vejo seus olhos brilhando de desejo para
me chupar, mas hoje ela não terá esse prazer. Coloco Katharina de
frente para mim e escorrego minhas mãos para a lateral da calça
legging que ela usa, tirando a mesma junto com a calcinha. Puxo o
top bruscamente, rasgando a peça e então beijo seus peitos
gostosos, me fartando com os dois. Os biquinhos ficam vermelhos
conforme vou chupando e mordiscando, para logo em seguida
mamar feito um esfomeado. Aperto sua bunda, que leva as marcas
da surra de ontem.
— Você é muito deliciosa, amore mio, a melhor parte do dia é
quando estou te fodendo. Amo esses peitos gostosos — falo, dando
tapinhas nos mesmos. — Essa bunda vermelhinha pelo meu chicote
e essa boceta gulosa — falo, tocando a boceta encharcada.
— Você também não é de se jogar fora — declara
desbocada, recebendo um tapa ardido na bunda.
Pego a calcinha e enfio em sua boca, para que ela pare de
me provocar. Com a calça legging amarro seus dois punhos contra o
pilar do ringue.
— Agora você está contida, amore mio, está sob o meu
domínio. — Falo, provocando-a.
Abro suas pernas e caio de boca em sua boceta gostosa,
Katharina geme enquanto eu a cheiro e esfrego minha barba nela,
arranhando sua pele. Chupo fazendo um oito de cima para baixo,
parando no seu clítoris. Ela escorre de tanto tesão enquanto eu vou
bebendo todo seu gozo. Coloquei dois dedos dentro dela e vou
fodendo-a e chupando seu clítoris, levando-a ao delírio, do jeito que
ela gosta.
Tiro a calcinha da sua boca, amando ver seu rosto repleto de
prazer.
— O que você diz ao seu mestre quando ele te faz gozar,
bella mia?
— Obrigada, Boss. — Agradece, mordendo os lábios.
Viro seu corpo sem soltar seus braços da pilastra, a
colocando de quatro do jeitinho que eu queria. Sua bunda está
vermelha pela chibata que ela experimentou ontem. Não tenho pena
e meto de uma vez meu pau na sua boceta, fazendo-a gritar alto.
— Calada, você não quer que ninguém venha até aqui nos
interromper não é, amore mio? — digo, mordiscando sua orelha,
sem deixar ela se recuperar.
Seguro sua bunda e a penetro com vontade, fazendo
movimentos fortes, o desejo que sinto por essa mulher chega a ser
doentio, eu não consigo me sentir satisfeito e a cada segundo eu a
quero mais e mais. Acelero minhas estocadas e esfrego seu clítoris
com a mão livre, sentindo sua coluna se curvar de prazer. Ela já está
prestes a gozar pela segunda vez, então eu tiro a mão da sua boceta
não a deixando atingir o orgasmo.
— Dimitri, eu preciso de você! — Pede, rebolando enquanto
eu judio dela, metendo devagar agora, só para castigá-la. — Ah...
me fode, por favor, eu quero forte.
— Você gosta assim, safada?! — puxo seus cabelos do rabo
de cavalo e mordo seu pescoço enquanto soco golpes certeiros na
sua boceta apertada.
— Ahhh! — Grita quando acerto um tapa na sua boceta
encharcada e volto a mexer mais rápido. — Oh! Sim! Sim, não para
— diz, tremendo ao gozar duramente.
— Você é minha, Katharina! Minha submissa, eu domino você!
—Digo, beijando sua boca, puxando-a para trás.
— Eu não tenho dono, Boss, eu sou dona de mim mesma —
rebola, provocando a besta que vive em mim.
Soco com força, abrindo mais suas pernas e a cada golpe eu
sinto ela me apertar. Continuo a estapear a sua boceta enquanto a
fodo rudemente
— Ahhh! — Grito de prazer. — Maldita, gostosa! Estou
ficando louco, Katharina, só isso para justificar a dependência que eu
tenho de você. — Falo quando o orgasmo intenso me atinge e gozo
enchendo-a com meu gozo.
Desamarro seus braços, que estão vermelhos, e esfrego os
mesmos para que o sangue volte a circular. Ela está exausta e se
escorra em mim, cansada. Apanho minha camisa branca do chão e
visto em Katharina.
— Ficou parecendo um vestido em mim.
— Não quero que ninguém te veja quando sairmos daqui —
falo de maneira possessiva.
Terminamos de nos arrumar, os retalhos que sobraram das
suas roupas vão para o lixo. Entramos pelos fundos da casa, sem
chamar muita atenção. No banho, eu não resisti e a fodo novamente.
— Podemos jantar fora hoje, o que acha? Tem um velho
amigo meu, dono de uma pizzaria, que gostaria que conhecesse —
falo assim que termino de me vestir.
— Acho uma ótima ideia, não aguento mais ficar trancada em
casa, você poderia reconsiderar o que eu te pedi sobre trabalhar.
— Nem pensar, já falamos sobre isso. Não quero começar
outra discussão.
— Tudo bem, mas não pense que desisti — concorda,
colocando um par de brincos de safiras. Terminando de nos arrumar,
descemos as escadas, prontos para sair, quando Chaise abre a
porta para Ella Meyer entrar na sala de estar, onde estamos.
— O que faz aqui, senhorita Meyer? Quem deu permissão
para sua entrada?
— Já que o assunto é urgente, melhor ser tratado ainda hoje
e não amanhã, no escritório. — Vicenzo diz, logo atrás dela.
— Certo, então vamos para o escritório. Eu já volto — digo a
Katharina e beijo seus lábios de leve.
Ela olha para Ella curiosa, sei que está louca para perguntar
quem é ela, mas sai da sala, indo até a cozinha. Acompanho os dois
até meu escritório e noto que a senhorita Meyer está com algumas
folhas nas mãos e parece nervosa, ao sentar sua respiração fica
agitada e sua perna treme muito.
— Vamos direto ao que a trouxe aqui.
—Bem, como foi combinado, estou lavando o máximo de
dinheiro possível, usando as redes de negócios legais da Cosa
Nostra, como também dos nossos laranjas.
— Seja mais direta, senhorita Meyer, não tenho a noite toda
para te ouvir!
— Calma, Dimitri, é melhor você prestar atenção no que ela
tem a dizer.
— Como ia dizendo, eu estou cuidando de todas as contas
das seis famílias principais ligadas a Cosa Nostra, dentre elas a
família Luchese.
— Continue — digo.
— Muitas transações são feitas diariamente dentre as
famílias, isso é comum, nossa equipe de contadores está
trabalhando duramente para não deixar rastros na receita federal e
para isso eu preciso cuidar de todas as transações de grande porte
para que não haja furos. Faz dois dias que venho tentando entender
essa grande movimentação bancária na família Luchese. Porém não
havia nada de errado e quando descobri quem era o dono da conta
para onde o senhor Alesso Luchese fez uma transferência de treze
milhões de euros fiquei desconfiada e decidi olhar o histórico do ano
anterior. E aqui estão os extratos e balancetes bancários — diz e me
entrega os papéis.
— Como pode ver aí, o senhor Alesso Gambino Luchese fez
grandes transações nos últimos dois anos para Michele Calvatário e
seus filhos, como também fez outras transações em nome de Alberto
Peroli.
— O miserável estava financiando o Calvatário contra nós,
Alesso é um traidor e esteve todo esse tempo tramando contra a
Cosa Nostra!
A cada palavra que Ella fala, Dimitri vai ficando mais rígido na
cadeira e não precisou que ela terminasse para ele entender que
Alesso estava nos traindo.
— O miserável estava financiando o Calvatário contra nós,
Alesso é um traidor e esteve todo esse tempo tramando contra a
Cosa Nostra! — Concluo, puto.
— Maledeto desgraçado, eu vou arrancar o coração desse
filho de la putana. — Fala Dimitri, acertando o cinzeiro na parede,
fervendo de raiva.
Ali não estava o nosso chefe e sim a verdadeira besta.
— Eu vou deixá-los sozinhos, chefe, caso precise de mais
alguma coisa pode me ligar — diz Ella, recolhendo os papéis,
nervosa.
Assim que a porta fecha, Dimitri já questiona.
— Quem mais está junto com ele?!
— Ainda não sabemos, mas acredito que ele não deve estar
sozinho, não podemos mais confiar em ninguém de agora em diante.
— Eu o quero vivo, Vicenzo, eu mesmo terei o prazer de
acabar com a vida desse maldito. — Diz, deixando seu lado sádico
tomar conta.
Sorrio, sabendo que o traidor será estripado.
— Sua morte servirá de aviso para qualquer um que queira se
rebelar contra mim. A família Luchese não existirá mais.
— O melhor será agirmos com cautela para surpreendê-lo. —
Pondero, indo até o bar e servindo duas doses de conhaque,
entregando um copo a ele, para que ele se acalme.
— Ele não imagina que foi descoberto. Prepare uma equipe
pequena, uns doze homens. Vou levar cinco dos meus soldados de
elite.
— Chefe, é melhor que não vá, eu mesmo posso resolver
isso.
— Está brincando com a minha cara? Como quer que eu fique
aqui depois de saber que Alesso esteve todo esse tempo traindo a
família debaixo dos nossos olhos.
— É o melhor a fazer, a polícia está na nossa cola, Juliano já
foi preso, não é bom de expor dessa forma, o melhor é se manter o
mais distante possível e manter a fachada de CEO. — Digo de
maneira racional.
— Você está certo, Vicenzo, leve ele para a fábrica de sal.
Todos os outros membros da família Luchese, assim como os
soldados, devem ser eliminados, não podemos correr o risco de ter
traidores na Cosa Nostra.
— Faça a sangria, quero que todos vejam que a Cosa Nostra
não está amedrontada, e muito menos intimidada com as prisões.
Chame Lorenzo aqui, tenho algumas especificações para ele, sobre
o que faremos com esses malditos federais.
— Lorenzo ainda não chegou e também não atende o celular,
liguei para ele quando falava com Ella, mas o mesmo não atendeu.
— Onde aquele moleque se enfiou? Qual é a dificuldade em
se livrar de uma simples detetive?! — Ele bufa, passando as mãos
no cabelo.
— Vou deixar alguém avisado que assim que Lorenzo chegar,
deverá ligar para mim.
— Certo, vou dar as coordenadas aos soldados que o
acompanharão.

Saímos do escritório e posso ver que Dimitri está se


controlando, só eu sei o quanto ele tem asco de traidores e não ir ele
mesmo buscar Alesso o está enfurecendo.
— Aonde vão? — diz Katharina, entrando no corredor que
leva a saída.
Assim que Dimitri a vê, percebo que fica mais calmo, ele pode
negar o quanto quiser, mas meu irmão, o capo dei capi está, sim,
apaixonado por Katharina. O pior de tudo é saber que ele não é o
único.
— Vou resolver alguns negócios da família — explica de
maneira brusca e rapidamente Katharina fica rígida, cruzando os
braços, irritada.
— Você disse que iríamos jantar fora — ela fala.
— Tenho coisas mais importantes a fazer, Katharina, te levo
para jantar outro dia.
— Eu me arrumei para essa porra de jantar e agora você tem
negócios a resolver às oito horas da noite.
— Eu não tenho tempo a perder com suas infantilidades —
fala friamente.
Me sinto a porra de um terapeuta no meio de uma ”dr” de
casal, mas uma coisa eu não posso negar: os dois se completam na
teimosia.
— É claro que você não tem tempo a perder e muito menos
eu, não me arrumei para ficar em casa, se você vai trabalhar
problema seu, eu vou jantar fora.
— Fala, virando as costas e deixando nós dois sozinhos.
Dimitri soca a parede ao lado.
— Eu falo com os soldados e qualquer coisa ligo para avisar.
— Digo e Dimitri não responde, apenas sai em direção a Katharina.
Reúno alguns dos nossos melhores homens, onze soldados
altamente armados, usando três carros blindados.

A casa de Alesso fica na Pompéu, um bairro nobre de


Palermo.
Há alguns metros longe da rua que leva à casa de Alesso, um
Lamborghini vermelho está parado perto de uma caçamba de lixo.
Desligo o carro, faço sinal para que meus homens aguardem e saio
indo em direção ao carro.
Abro a porta do veículo, sentando no banco do lado do
motorista.
— Ele está lá? — Pergunto a Daniela, que usa um Ipad de
última geração com um software de hacker avançado, desenvolvido
por ela.
— Ele está no segundo andar, não tem câmeras lá, mas ao
que parece, ele levou duas putas para se divertir essa noite. Subiu
com as duas há meia hora.
— Ela explica, sem tirar os olhos da tela.
— Quantos homens você conseguiu ver pelas câmeras?
— Não posso dizer com certeza, pois não tenho todos os
ângulos da casa, mas aparentemente menos de trinta.
— Isso é bom.
Deixo Daniela fazendo a retaguarda e volto para o carro.

Usando três carros blindados estouramos os portões da casa


e a invadimos rapidamente, o tiroteio começa, o som de alarme
tocando.
Com um fuzil americano, acerto dois soldados que estavam na
guarita, Nicolai acerta outro à minha esquerda e por pouco não sou
baleado. Faço um gesto com as mãos para nos separarmos e para
cobrirem todo o perímetro da casa.
Na porta de entrada, miro e acerto outro soltado, quando
Halde é atingido atrás de mim. Me escondo atrás de um pilar quando
o soldado que atingiu Halde vem em minha direção atirando, me
abaixo e miro na coxa do desgraçado, atirando em seguida.
Ele cai de costas com o impacto da bala e eu caminho em sua
direção, observando sua perna sangrando, ele tentando pegar a
arma.
— Nada disso, cagna! — Atiro na sua mão esquerda antes
que ele a pegue.
— Por que estão fazendo isso? Nós somos da Cosa Nostra!
— Ele grita de dor.
— Não existem traidores na Cosa Nostra — atiro na sua
testa, acabando de uma vez com sua vida.
A maioria dos homens de Alesso já está morta quando eu
entro na casa. Encontro Ítalo lá dentro e posso ver que os homens
do lado de dentro já foram eliminados.
Subo as escadas em direção ao segundo andar, onde o
maledeto deve se esconder.
— Vocês fazem a retaguarda — falo para Ítalo e Paulo, que
está logo atrás dele.
Subimos a escada e vou direto à suíte principal, mas a porta
está fechada. Olho ao redor, checando se não vem mais ninguém,
atiro no trinco da porta e Ítalo a chuta, abrindo-a.
As duas mulheres estão nuas e gritam em pânico quando
veem as armas apontadas para elas, Alesso está de costas para
nós. Em passos rápidos, vou até ele, colocando a ponta do fuzil na
sua nuca.
— Vira devagar, traditore, que nós temos contas a acertar.
Quando ele se vira, eu me choco, percebendo que fomos
enganados, não é Alesso ali, e sim um homem bem parecido com
ele.
— Onde ele está, onde a porra do Alesso está?! — Grito,
transtornado.
— Eu sinto muito, eu sinto muito — o homem diz apavorado e
só então percebo que ele segura um pequeno controle nas mãos.
Tudo acontece rápido, somente agora o tic tac pode ser
ouvido. Eu corro o mais rápido que posso em direção a sacada
quando a bomba explode.

— Vamos logo nesse jantar! — Fala Dimitri de cara fechada,


assim que pego minha bolsa, pronta pra sair sozinha.
— Se não quiser ir, posso muito bem ir sozinha!
— Não estou com humor pra brigar hoje, Katharina, — fala,
estranhamente tenso depois da saída da mulher e de Vicenzo.
— Você está bem? — pergunto, estranhando sua tensão.
— Preciso de um pouco de ar fresco e também prometi te
levar para comer no melhor restaurante de Palermo, não é?
— O que está acontecendo?
— Nada que deva se preocupar — ele insiste em não me
contar, me irritando.
— Pensei que confiaria em mim depois de tanto tempo.
Dimitri respira fundo e abre a porta da frente para que eu
passe.
— Eu confio em você, Katharina, só não quero estragar o
resto da noite com problemas da Cosa Nostra.
— Tudo bem — desisto, o acompanhando até uma Harley-
Davidson V Rod.
— Gostou? — Ele pergunta, apontando para a moto.
— Vou gostar ainda mais se você deixar eu pilotar.
— Nem pensar, engraçadinha, não quero sofrer nenhum
acidente antes de chegar no restaurante — fala, me entregando o
capacete.
— Machista, aposto que piloto melhor do que você — reclamo
emburrada enquanto ele apenas ri, me fazendo sentir uma coisa
estranha no peito.
É tão estranho ver Dimitri sorrindo, não tem como negar que
ele fica ainda mais bonito quando sorri.
— Vamos, bella mia, a noite é apenas uma criança. — Fala
ele, ligando a moto.
Olho para o lado e vejo Augustos, segurança de Dimitri, entrar
no carro que nos seguirá junto com Chaise e outros três soldados.
Subo na moto e seguro firme na cintura de Dimitri enquanto ele
acelera, atravessando os portões da fortaleza.

Nós passamos pelas avenidas movimentadas de Palermo,


para entrar em um bairro que não conhecia. A noite está agradável,
meus cabelos balançavam conforme o vento batia.
O mar belíssimo do Mediterrâneo estava de ressaca, seguro
forte em Dimitri, sentindo seu cheiro amadeirado. Dimitri estaciona
em uma rua sem saída e então vejo um pequeno restaurante todo de
pedra, estilo rústico com heras por toda a lateral. Um lugar pequeno,
mas incrivelmente encantador.
— Surpresa?! — Ele pergunta, tirando o capacete e olhando
para mim.
— Sim, e ao mesmo tempo curiosa — respondo, colocando o
capacete sobre a moto, vendo nossos seguranças estacionarem e
se posicionarem do lado de fora.
— Vem, você vai adorar a comida daqui — ele garante,
segurando a minha mão e me levando para conhecer o restaurante.
Um garçom, ao ver Dimitri, rapidamente consegue uma mesa
para nós dois, o restaurante está cheio, mas a atmosfera do lugar é
intimista e acolhedora.
— É um prazer revê-lo, mio amico — diz um senhor de
cabelos branco, usando um avental de cozinha.
— Buona Notte, Domenico, como prometido, trouxe minha
esposa para conhecê-lo.
— Bela ragazza mio amico, demorou porque estava
escolhendo a própria Afrodite — elogia o senhor, me deixando
envergonhada.
— Realmente, eu escolhi a melhor — concorda Dimitri me
olhando de maneira quente.
O miserável tem o poder de me deixar excitada apenas com
um olhar.
— É um prazer conhecê-lo, Domenico.
— Vejo que não é da Itália, seu sotaque acaba entregando.
— Claro, sou russa — digo, assistindo o senhor engasgar e
olhar para Dimitri, se segurando para perguntar algo.
— Espero que minha comida esteja à altura do seu paladar,
senhora.
— Tenho certeza que o que me trouxer estará delicioso.
— Deseja algo especial para essa noite, amico?
— Nos surpreenda, Domenico.
Um garçom traz uma garrafa de vinho para nós dois, vinho
marchava, e nos serve.
— É realmente delicioso — falo, adorando o vinho.
— Este vinho é filho da Sicília, vem direto de uma das
fazendas de Vicenzo.
— Seu irmão produz vinho? — Pergunto, confusa.
— Temos muitos negócios legais, além de ser um ótimo
negócio, ainda despista a polícia.
— Não consigo acreditar que estou aqui, em um pequeno
restaurante com o poderoso Boss da Cosa Nostra.
— O que foi, achou que por eu ser um criminoso não sei curtir
uma noite agradável com a minha esposa? — Pergunta, levando a
taça aos lábios.
— Quem é você, Dimitri? A cada dia você me mostra uma
faceta sua que desconheço — falo, olhando em seus olhos.
— Eu sou apenas um homem, Katharina, alguns me chamam
de besta, de capo dei capi, Boss, chefe. Mas, para você eu sou
apenas Dimitri — afirma, pegando minhas mãos sobre a mesa e
sinto meu coração disparar.
O que é que esse homem está fazendo comigo?
A comida chega, sarde a biccafico, que consiste em uma
sardinha aberta e recheada com pimentão, anchovas e passas. O
prato principal é uma pasta all Norna, especialidade de Domenico.
Tudo deliciosamente preparado. Dimitri rejeita a sobremesa, porém
eu me delicio com o maravilhoso canolo.
— Espero que a comida tenha sido do seu agrado, senhora,
meu amigo aqui eu já sei do que gosta.
— Não tem do que se preocupar, Domenico, sua comida é
divina, agora entendo porque é o melhor restaurante da Sicília —
digo, agradecendo o chefe pelo excelente jantar.
— Fico muito feliz, senhora, espero vê-los mais vezes.
Nos despedimos dele e, ao invés de voltar para a fortaleza,
Dimitri decide me levar para caminhar pelo lado histórico de Palermo.
Os seguranças nos acompanharam de longe enquanto caminhamos
pelas ruas da famosa capital siciliana.
— Vai me contar agora o que te deixou tão estressado mais
cedo?
— Tenho a impressão que não vai desistir enquanto não
contar.
— Exatamente isso — sorrio.
— Estamos sendo traídos, um dos meus capos estava
financiando meus inimigos.
— O Dante? — Pergunto um pouco animada.
— Você realmente o odeia, não é? Mas não foi Dante, ele é
um dos mais leais dentro da família, nos conhecemos ainda jovens,
durante nosso treinamento.
— Que pena, não é dessa vez que ele vai fazer uma visita
para o capeta! — digo, inconformada, fazendo Dimitri rir.
— Você realmente não sabe onde Rebeca está ou tem
mantido contato com ela?!
— É claro que não — digo, incomodada com sua insistência,
minha intuição diz que ele sabe ou desconfia de algo.
— Vamos, quero te mostrar uma coisa antes de irmos — fala,
virando a rua em direção ao que parece ser uma praça.
Nos vemos em frente ao antigo prédio do senado, onde uma
fonte incrível está localizada.
— Onde estamos? — Pergunto curiosa, olhando as estátuas
e a bela obra de arte estilo romano.
— Estamos na piazza de lá vergonha — ele fala, rindo.
Eu olho confusa para as belas estátuas de anjos.
— Não consigo imaginar como algo tão belo pode ter um
nome de vergonha.
— A história é mais engraçada do que parece. Em meados do
século XVI, quando um nobre espanhol decidiu embelezar o jardim de
sua casa em Florença com uma fonte monumental. A obra foi
confiada aos escultores Francesco Camilliani e Michelangelo
Naccherino e incluiu 48 estátuas representando figuras mitológicas e
angélicas. Porém, após sua morte, seu filho endividado decidiu
colocar a fonte à venda. Então, essa bela obra prima foi comprada
pelo senado para ser colocada em frente ao Palácio Pretoriano. E,
para isso foram demolidas várias casas para dar espaço ao
monumento.
— Mas da onde vem o nome vergonha? — Questiono,
olhando para a água que corre pela fonte.
— Em frente à piazza existia um convento e as freiras ficaram
horrorizadas com tanta nudez, então elas quebraram os órgãos
genitais das estátuas, escondendo assim sua vergonha.
Eu não aguento e começo a rir, imaginando as pobres freiras
da época de 1500 constrangidas ao ver as estátuas.
— Precisa jogar uma moeda e fazer um desejo — diz ele,
abrindo a carteira, tirando uma moeda e a entregando para mim —
Feche os olhos — diz, ficando atrás de mim e segura minha mão —
Pense em algo que você deseja muito, um desejo profundo, bem
guardado dentro de si.
Sinto meu coração acelerar, apenas uma coisa vem à minha
mente. Jogo a moeda e abro os olhos vendo-a cair no fundo da
fonte. Me viro para Dimitri e seu olhar sobre mim me deixa sem ar.
— Não vai fazer um pedido?!
— Não, já tenho tudo que eu quero — afirma, puxando meu
pescoço e beijando minha boca intensamente.
Sua língua chupa a minha e meu corpo todo se aquece, se
tornando fogo puro. Minhas mãos vão para o seu ombro, apertando
forte enquanto nossas línguas se entrelaçam de maneira voraz.
Dimitri puxa meu pescoço e morde meu queixo, lambendo em
seguida e então volta a me beijar. Só interrompemos o beijo quando
já não temos mais ar. Meu batom está todo borrado e minha
respiração acelerada, meu cabelo bagunçado e meu corpo está
completamente em chamas.
— Vem comigo, bella rosa, vamos terminar nossa noite em um
lugar especial.
Depois do beijo entre Rebeca e eu, ela ficou um pouco mais
retraída, porém aos poucos eu venho mostrando a ela que pode
confiar em mim.
Ela é uma garota especial, o pouco tempo que estou ao lado
dela já percebi isso e me vejo mais e mais encantado pelo meu doce
anjo.
— Posso saber o que tanto escreve aí? — Pergunto ao vê-la
tão concentrada em um caderno de anotações.
— Bem, não é nada importante, é só umas besteiras minhas
— ela fala, toda tímida.
Eu fico louco quando vejo seu olhar envergonhado,
ultimamente estou adorando vê-la assim, principalmente quando ando
pela pequena cabana sem camisa.
— Se diz respeito a você, para mim é importante.
— É um roteiro para quando eu for embora, quando estiver
livre do monstro do Dante. Apenas a simples menção dela ir embora
me traz um gosto amargo à boca.
— E qual será o primeiro lugar que pretende ir ao sair da
Rússia?
— Ainda não decidi, estou em dúvida entre a Argentina e
Panamá. — Ela fala e tudo que consigo pensar é que em pouco
tempo ela estará longe de mim.
— Você merece recomeçar sua vida e ser feliz, Rebeca —
falo, acariciando seu rosto e ela fecha os olhos.
Sinto que ela quer que eu a beije, porém me afasto e decido
não fazer nada, não até que ela venha até mim.
— Eu quero te mostrar uma coisa lá fora.
— Sério, nesse frio, lá fora no meio da noite, e se vier um
urso nos atacar? — fala, amedrontada.
— Não deixarei que nada te aconteça, eu prometo, agora
coloca seu casaco e vamos lá fora, preciso te mostrar uma coisa —
falo animado para ela.
Rebeca volta usando um casaco de pele branco e as suas
botas. Levo-a para o lado de fora e, de frente para o lago, a fogueira
que montei continua a queimar.
— O que quer me mostrar? — Pergunta, curiosa ao ver a
esteira de madeira estendida de frente à fogueira.
— Senta aqui comigo — digo, oferecendo a mão para ela se
sentar do meu lado.
— Está muito frio aqui fora.
— Eu trouxe um cobertor para a gente se aquecer — falo,
cobrindo-a com o cobertor.
Olho para o céu esperando a hora certa que o show de luzes
iria acontecer.
— Meu Deus, Aslan, isso é lindo — Rebeca tem seus olhos
voltados para o céu, assistindo ao show da natureza.
— Apenas oito países no mundo têm o privilégio de poder
assistir esse espetáculo da aurora boreal.
— É realmente lindo — fala, encantada.
Não resisto e fico olhando para o seu rosto iluminado pela luz
que vem do céu.
— Sim, é realmente lindo — digo, olhando para ela.
E quando ela vira para mim e nossos olhares se cruzaram,
meu rosto se aproxima do seu, minhas mãos formigam de vontade
de tocá-la. Não é preciso esperar, pois sou surpreendido por
Rebeca, que me beija. No começo é apenas um beijo leve, um
encostar de lábios, mas o que começa devagar vai se aprofundando,
então me vejo devorando seus doces lábios rosados. O beijo se
transforma em uma chama, nem o frio do vento parece dar conta do
calor de nossos corpos se tocando. Puxo Rebeca para o meu colo e
continuo a beijá-la, porém a neve volta a cair e tudo que eu não
quero é deixá-la doente.
— Vamos entrar — falo enquanto beijo seu queixo, seu ombro
e chupo sua orelha.
— Sim — diz com a voz trêmula.
Eu a ajudo a ficar de pé e caminhamos juntos até a cabana.
Mal termino de fechar a porta e já estou pressionando-a
contra a mesma, minha boca desliza por seu pescoço arrancando
gemidos suaves dos seus lábios.
— Você tem um cheiro doce, anjo, tão doce que me deixa
louco — falo, pegando-a no colo e ela cruza as pernas na minha
cintura.
Me sento no sofá com ela no colo, sem interromper o beijo.
Suas mãos pequenas e frias tocam meu peito, ainda que de maneira
tímida.
— Não, não precisamos fazer isso agora, não quero força-la a
nada que não esteja preparada — digo, olhando em seus olhos
azuis.
— Eu quero você, Aslan, eu quero sentir prazer e não culpa,
eu quero me sentir desejada por um homem de verdade e não por
um monstro — diz e volta a me beijar.
Seu beijo é doce, ela tem gosto de mel, seu cheiro é
inebriante e tudo que quero é tê-la para mim, dizer que não importa
quem eu tiver que enfrentar eu não a deixarei se afastar de mim.
Minhas mãos correm por seu corpo, tento me controlar para não
parecer um lobo sedento, mas não resisto, não quando ela geme ao
sentir minha boca em seu ombro conforme vou descendo o casaco.
Rapidamente, tiro sua blusa do pijama e seus seios rosados ficam à
mostra, minha boca enche de água para mamar nesses peitos lindos.
Rebeca fica constrangida e tenta se cobrir.
— Eu quero vê-la — falo com a voz rouca, enquanto me
ajoelho no chão.
Lentamente vou descendo a calça de pijama que ela usa, sua
calcinha branca se junta ao resto da roupa no chão. Seu rosto fica
vermelho, ela está envergonhada com a cicatriz em seu abdômen,
porém eu a beijo mostrando que nada nela me causa repulsa.
Volto a beijar sua boca, que já se tornou um vício.
— Você é linda, Rebeca, não se envergonhe de nada em você
— falo enquanto beijo seu pescoço e chupo seu ombro.
Ela puxa meu cabelo, gemendo e vou descendo minha boca
até chegar nos seus seios pesados, chamando por mim. Começo a
chupar o direito de maneira esfomeada, mordendo o biquinho antes
de atacar o outro. Seu cheiro doce é como um afrodisíaco para mim.
Rebeca puxa minha camisa e eu a ajudo, jogando a mesma no chão,
suas unhas arranham minhas costas e eu fico louco com seu toque.
Largo seu seio e me afasto apenas para tirar a calça e a boxer.
Sento-a no pequeno sofá e faminto, me preparo para sentir seu
gosto na minha boca. Beijei seus dois pés e vou fazendo uma trilha
de beijos até chegar em suas coxas, indo em direção a sua boceta,
que já está pingando de tesão.
— Você não imagina o quanto esperei por isso — falo e não
espero uma resposta.
Abro suas pernas, admirando aquela bocetinha rosada com
uma leve penugem loira. Ela já está toda molhadinha de tesão.
Enfiei dois dedos dentro dela e chupo seu clitóris, fazendo
movimentos circulares com a boca, arrancando gemidos de prazer,
sentindo Rebeca gozar gostoso na minha boca.
Enfio minha língua toda dentro de sua boceta e vou tirando,
subindo com a mesma, fazendo movimentos de baixo para cima, até
chegar no clitóris. Continuo sugando seu grelinho, colocando dois
dedos dentro dela. Rebeca se contorce e geme, tremendo quando
um novo orgasmo a atinge.
— Você fica linda quando goza, meu anjo.
Com o tesão à flor da pele, massageio meu pau sem tirar os
olhos da sua boceta rosada, os pequenos pelos loiros me deixam
ainda mais excitado.
Ela parece uma pintura de tão perfeita, ficaria o resto da
minha vida apenas observando essa obra de arte. Começo a
esfregar por cima da sua boceta molhada, causando uma deliciosa
fricção, me posiciono em cima dela sem colocar meu pau dentro,
apenas esfregando no seu clítoris para deixá-la ainda mais
encharcada, ela crava as unhas nas minhas costas, lambe minha
orelha e me diz:
— Eu quero você, Aslan, não se segure, eu preciso do seu
toque, dos seus beijos.
É nessa hora que vou à loucura, encaixo meu pau em sua
entrada e deslizo devagar para não a machucar, pois ela é muito
apertada, respiro fundo para não meter de uma vez.
— Eu me sinto alargada, mas é tão bom! — ela grita,
mordendo meu ombro.
Suas palavras são como combustível, alimentando o fogo
dentro de mim e começo a bombar na sua boceta, segurando suas
penas e metendo forte, ela geme, se contorcendo.
E ela logo começa a falar algumas coisas como:
— Oh Deus, Aslan, não para — diz, arranhando meus braços.
Eu meto cada vez mais forte e mais rápido até que não
consigo mais segurar o gozo. Tiro o pau para fora e gozo em sua
barriga, espalhando a porra quente em seus peitos.
Beijo sua boca, puxando seus cabelos e trazendo seu rosto
para mais perto de mim.
— Eu nunca senti nada assim — fala, me abraçando forte.
— Eu também nunca senti nada como o que estou sentindo
por você, Rebeca. Não me importo com seu passado, não me
importo quem terei que enfrentar para estar ao seu lado, mas eu não
deixarei que se afaste de mim.

Decidi levar Katharina até a boate, nossos seguranças se


posicionaram do lado de fora.
Essa noite tudo que quero é dominá-la, satisfazer meu lado
sádico possuindo seu corpo de maneira intensa.
— Onde estamos? — Pergunta, olhando para as pessoas
dançando animadas ao som do cantor Michele Bortelonier.
— Vem comigo, bella mia, essa noite temos uma barreira a
ser rompida na sua dominação.
— O que está pretendendo, Boss?! — Diz, provocando.
Não resisto e dou um tapa estalado na sua bunda, por sorte a
música alta permite que sejamos ouvidos.
— Hoje eu vou romper essa barreira que levantou contra mim.
Você entrega seu corpo de maneira plena ao seu dono, tenho a sua
vida em minhas mãos, bella mia, mas não tenho sua entrega total,
sua alma, seus pensamentos, suas dores e desejos, seus segredos,
a dominação só será completa quando eu a possuir por inteiro.
— Eu não tenho segredos — replica, tentando me enganar.
— A alma é o desejo de um Dom. O corpo, qualquer baunilha
podem oferecer, mas alma e a devoção, apenas uma submissa nata
pode entregar. — Explico, levando-a para o elevador privativo, que
apenas os associados e membros do alto escalão da Cosa Nostra
tem acesso.
— Eu estou completamente entregue ao Bdsm, Dimitri, não
sei o que mais você deseja. — Fala, cruzando os braços no meu
pescoço, enquanto beija meu queixo e sobe mordendo meus lábios
até alcançar minha boca.
Empurro-a contra a parede de metal do elevador e arrasto
minha mão pela sua coxa.
— Creio que com tanta entrega, não há porque ter segredos e
sigilo para com seu Dom. Se seu Dom não é digno de tocar sua
alma, ele também não é digno de tocar seu corpo. — Digo, me
afastando assim que a porta se abre.
— Que lugar é esse? — Questiona, olhando para toda a
decoração hardcore.
— Nós estamos apenas na área light, lá embaixo nós temos
apenas o bar e a boate, é aqui em cima que a festa começa e tudo
fica mais interessante. — Conto para ela, ansioso para tê-la a minha
mercê.
Aqui em cima todas as paredes têm isolamento acústico e a
decoração é toda em estilo masmorra, preto e cinza, com pequenos
detalhes em vermelho.
Ajudo-a escolher uma máscara para seu rosto.
— Não vai usar uma? — Pergunta, curiosa.
— Não é preciso, amore mio, a única que quero proteger aqui
é você! — Digo de maneira possessiva.
Seguro em sua mão, que está fria, posso ver que ela está
nervosa, mas também excitada.
Levo-a para a primeira porta à direita, onde ela já é recebida
por um homem algemado ao cavalete, enquanto sua dominatrix o
castiga em frente a vários espectadores.
— Uau, eu não esperava isso — fala, chocada.
Eu apenas sorrio, imaginando que ela ainda não viu nada.
— Na esquerda temos uma sala de recreação — explico,
apontando para a sala onde um grande sofá em formato de “x” se
estende.
Nele, podemos ver vários casais sentados, alguns bebendo e
outros já se divertindo. Há mulheres de joelhos no chão, na posição
de submissas, nuas com suas coleiras e correntes.
— Vamos, quero te mostrar outras salas — declaro, levando-
a por um corredor todo escuro.
— Eu não consigo ver nada — argumenta, apertando minha
mão.
— Não se preocupe, basta seguir os gemidos que vai chegar
no lugar certo.
Não é preciso caminhar muito para chegarmos à sala roxa,
conhecida como a sala da orgia.
Uma mulher está sendo fodida por dois homens ao menos
tempo. Na direita, duas mulheres se chupam. Uma ruiva está de
joelhos, com as duas mãos algemadas em uma estaca, com a caixa
da penitência na cabeça enquanto seu rabo é fodido. Mas nada disso
chama mais a atenção de Katharina do que a loira de quatro sendo
chicoteada pelo seu dominador, enquanto beijava os pés de outro
dominador.
— Isso te excita, bella rosa? — Pergunto, sussurrando em
seu ouvido.
— Sim, Boss — fala com a voz rouca e eu massageio seu
seio por cima da roupa.
— Você quer ser castigada como ela, quer que eu use meu
chicote de tiras nas suas costas até gozar.
— Sim, Boss — ela engasga no final da frase quando belisco
seu seio.
— Venha, vou mostrar a minha sala reservada.

Levo Katharina pela sala de vidro de voyeurismo, uma réplica


da sala do Le Domain, do meu amigo Arturo. No quarto, um homem
ruivo beija a boca do seu parceiro ao mesmo tempo que uma morena
beijava os dois com gula e desejo. O homem de cabelos pretos, alto,
aperta os peitos da mulher já nua, que senta em seu colo de costas
para ele, que também está nu, ela abre a perna e o ruivo tem não só
a boceta dela, como o pau do seu companheiro em sua frente. Ele
se ajoelha e começa a chupar os dois de maneira desesperada.
Posso ver nos olhos de Katharina o quanto ela acha excitante a
cena.
— Os quartos individuais ficam logo ali, mas eu tenho uma
sala reservada que apenas eu tenho acesso. Venha por aqui — falo,
abrindo a porta da minha sala de jogos.
A sala lembra aqueles calabouços medievais.
— Eu posso sentir o cheiro de couro — ela fala enquanto
observa cada detalhe da sala, com as paredes de pedra escura e
iluminação suave.
As paredes e o teto são de tons escuros, uma cruz de santo
André, uma gaiola, um cavalete, cada objeto que uso em uma cena
de sadismo foi escolhido especialmente para estar aqui no calabouço
da dor. Katharina caminha até a parede da disciplina, onde todos os
meus chicotes estão bem organizados, por categoria de dor. Ela
toca de leve um deles, mas a curiosidade dela a leva para o chicote
trançado.
— Você nunca usou esse chicote comigo — aponta, pegando
o mesmo.
— Não adianta começar como um sádico psicopata e acabar
como um cordeirinho, portanto é importante que minha submissa vá
conhecendo aos poucos o impacto de cada instrumento no seu
corpo.
— Ele machuca muito? — Pergunta, curiosa.
— O efeito da maioria dos instrumentos varia muito, nesse
caso, o chicote de couro cru trançado é o pior, justamente porque o
couro trançado acaba produzindo, além do golpe, uma "raspada" na
pele, o que o torna mais dolorido e gera marcas mais profundas, que
eu não quero em sua pele.
— Se afaste dessa parede, venha até a minha frente e tire
suas roupas. — Ordeno de maneira direta.
Katharina respira fundo e faz o que mando.
— Você será castigada, essa noite não foi uma submissa
obediente e ainda desagradou seu mestre com mentiras.
— Eu não fiz nada.
— Calada, eu não permito que responda — ordeno, irritado
com sua desobediência e decido amordaça-la, assim ela entenderá o
seu lugar perante seu Dom.
Katharina continua de cabeça baixa, como ensinei, enquanto
eu a amordaço e a levo até a mesa. Inclino seu corpo contra a
madeira, prendendo suas pernas nos pés da mesa. Sua bunda fica
completamente à minha disposição.
— Hoje eu vou começar a treinar essa sua bunda, logo estarei
todo enfiado nesse seu cuzinho apertado — falo, dando um tapa.
Vou até uma cômoda de madeira, retirando de lá o lubrificante
e o plugue anal. Despejo uma grande quantidade em minhas mãos e
no seu rabo e lentamente vou massageando sua entrada anal com
um dedo tirando e colocando. Katharina começa a suar e se arrepia
toda, sentindo prazer com meus toques, coloco mais um dedo e vou
tirando e colocando devagar para não a machucar e não gerar
nenhum trauma quando ao sexo anal.
Quando sinto que ela está querendo gozar, retiro meus dedos
e insiro o plugue, impedindo seu orgasmo.
— Ficará com ele durante toda essa noite, para ir se
acostumando. Você está linda assim, amore mio, só estou achando
essa sua bunda linda pálida demais — falo, acertando um tapa
ardido no lado esquerdo — Vou te mostrar quem é seu dono, a quem
você pertence, amore mio — digo, dando outro tapa forte.
Ela não consegue gritar pois a mordaça a impede, suas
pernas estão presas e ela completamente à minha mercê.
— Você ainda não entendeu que pertence a mim!
Arrumo seus cabelos em minha mão, puxando seu corpo para
trás, enquanto mordo seu ombro e pescoço marcando-a como
minha.
— Você será castigada como deve, esta noite aprenderá que
não deve mentir ao seu dono — falo e solto seu cabelo para em
seguida acertar outro tapa, dessa vez na sua coxa — Depois da dor,
vira o prazer intenso como jamais sentiu! — explico e acaricio sua
bunda já vermelha, desferindo um tapa estalado.
— Ai!!! — Ela tenta gemer, mas a mordaça a impede.
— Vai levar mais cinco tapas para que não tente lutar contra
mim!
Toco sua bunda macia, quente, com carinho, deixando-a
arrepiada, para logo em seguida dar mais uma palmada. No total
aplico vinte e quando termino, minhas mãos latejam e a dor em seu
corpo me enche de prazer. Solto suas pernas e tiro a mordaça da
sua boca. Katharina está com as pernas bambas e o corpo pingando
de suor, ofegante. Viro-a para mim e a beijo suavemente.
— Fique de joelhos com as mãos para trás. —Falo enquanto
me afasto dela, tirando a minha roupa.
Enquanto abro o zíper da minha calça jeans, expondo para ela
meu pau pulsante, bato com ele em seu rosto e lábios.
— Por favor, Boss!
— Não
— Boss....
— Você foi uma menina muito malvada mentindo para mim,
bella mia. Não merece ser recompensada, não por sua indisciplina
— Me perdoe, Boss.
— Se entregue Katharina, se você se entregar plenamente a
mim terá seu Dom completamente para você. Vou conhecer todas
suas necessidades, seus desejos, seus medos e dores, se entregue
a mim.
— Eu não posso — diz rouca, me enfurecendo.
Sua resiliência me enfurece, tudo que eu quero é ter
dominância total sobre ela.
— De joelhos e cabeça baixa — ordeno duramente, me
segurando para não pegar pesado demais no seu castigo.
Escolho o chicote de tiras e vou alternando os lados, dando
chicotadas em seus seios, coxas e pernas, que logo começaram a
apresentar um delicioso tom avermelhado. Os gemidos passaram a
ser mais altos a cada golpe do meu chicote e ela ficava mais
desesperada. Me ajoelho em sua frente e levo minha mão a sua
boceta, que escorre de tesão. Levo meus dedos até sua boca e ela
chupa rapidamente, fechando os olhos.
— Você é uma menina má, Katharina, mentindo para o seu
dono.
— Eu não menti, por favor.
— Tentando me enganar novamente — digo, acertando o
chicote na sua boceta, fazendo-a gritar de susto e lágrimas
descerem pelos seus olhos — Vai continuar negando para seu
mestre que sabe onde Rebeca está?!
— Eu não sei...
Não a deixo terminar, puxo seus cabelos com força a
colocando de pé.
— Eu não gosto de mentiras — falo, virando de costas para
ela, escolhendo um vibrador bullet
Ela engole em seco quando coloco em sua boceta na rotação
mínima e me pergunto o quanto ela ainda vai aguentar. Me sento na
poltrona de couro em sua frente, massageando meu pau, olhando
para ela tremendo de vontade de gozar. Katharina morde os lábios
para não gritar conforme eu vou aumentando a velocidade. Quando
percebo que ela vai gozar, paro a vibração.
— Por favor, Boss — súplica, louca para gozar.
— Você sabe onde Rebeca está, Katharina?
— Por favor...
— Vou refazer a pergunta, Katharina, podemos ficar a noite
toda aqui. Você sabe onde Rebeca está?
— Sei, eu sei onde ela está, porém não posso deixar Dante a
encontrar, ela vai acabar morrendo! — grita, chorando.
É um choro sentido, tenho certeza que com apenas um toque
ela entrará em um estado de latência.
— Você se entregou a mim, bella mia, me sinto honrado por
isso. Eu não farei nada quanto a sua amiga fujona, porém, caso
Dante a encontre eu não poderei interceder a favor dela. — Falo,
sendo benevolente e pela primeira vez em minha vida eu me vejo
colocando a vontade de uma mulher acima da Cosa Nostra.
Meu coração está acelerado, o prazer de ver a sua entrega é
como uma dose de êxtase.
Limpo as lágrimas que escorrem pelo seu rosto, levanto seu
corpo e beijo sua boca, louco para sentir seus lábios nos meus.
— Você foi maravilhosa, amore mio, me deu um prazer jamais
imaginado — falo, beijando suavemente seus lábios vermelhos.
Levo dois dedos meus na boca e em seguida massageio sua
boceta com os mesmos, enquanto volto a beijar sua boca. Esfrego
meus dedos em seu clítoris duro, para frente e para trás, fazendo
um movimento ritmado e forte, ela treme, se curvando para frente
enquanto eu engulo seus gemidos de prazer. Me afasto e chupo
meus dedos, cheio do seu gozo.
— Vem aqui, amore mio, me dê essa boceta na cara, que eu
quero chupa-la até ter você desmanchando para mim.
Me sento na cama de dossel e ela caminha rapidamente até
mim, deito com ela por cima e Katharina monta na minha cara com
gosto, esfregando sua boceta safada na minha boca e treme
gozando com o simples toque da minha língua na sua boceta.
— Ahhh, não para delícia, Ahhh! — ela grita.
Chupo sendo dó nem piedade, lambo, mordo seus grandes
lábios e esfrego minha língua no seu buraco. Ela está vibrando de
tanto prazer, esfregando sua boceta em todo meu rosto. Eu fricciono
minha língua dura na sua entrada e mordisco seu clítoris, fazendo ela
tremer e desabar sobre mim. Viro-a na cama, seguro suas mãos
para cima e de uma vez só eu meto meu pau dentro da sua boceta.
Levanto suas pernas, coloco em meus ombros, deixando-a bem
arreganhada e soco com vontade, ouvindo o som dos nossos corpos
se chocando.
— Você me deixa louco, Katharina, estou viciado nessa
boceta.
— Não para, quero mais! — ela grita e então me beija.
A conexão entre nós dois é tão intensa que sinto a besta
dentro de mim rugir. Tudo nela me encanta, me fascina e me
enlouquece. Sua língua brinca com a minha e então ela me morde,
lambendo meus lábios enquanto eu continuo com as arremetidas
dentro dela. Sua boceta está esmagando meu pau, enquanto o
plugue está apertando seu rabo.
— Isso é muito bom, não para, estou quase gozando — diz,
gemendo.
Uso a minha mão para massagear seu clítoris inchado e ela
grita, gozando tão forte que tem uma ejaculação feminina. Sorrio,
orgulhoso da minha mulher, beijo a sua boca, colocando-a por cima
de mim, com meu pau ainda duro e longe de estar satisfeito dessa
mulher. Ela monta no meu pau com vontade e eu ajudo a se mexer
de maneira gostosa.
— Ah... ah... ah... Dimitri, por favor! — geme Katharina,
puxando minha cabeça para os seus seios, se oferecendo, rebolando
no meu pau.
Agarro sua cintura e meto com força, ao mesmo tempo em
que a puxo forte para baixo e para cima, fazendo sua boceta faminta
engolir tudo, ser literalmente fodida. Estoco sem parar, a cada
metida solto um grunhido feroz, sua boceta engole meu pau com
gula, aperta e ondula ao meu redor.
— Bella mia... você... foi feita... para mim — digo, com os
dentes cerrados, entre estocadas.
— E você é todo meu, Boss — ela diz e geme alto rebolando
mais rápido.
— Goza vai, quero te ver gozando no meu pau — meto mais
bruto e bato com força em sua bunda.
Katharina goza, mordendo meu ombro, sinto sua boceta
ondular e me apertar e gozo fundo nela, enterrado até as bolas.
— O que você diz ao seu mestre quando ele te faz gozar,
bella mia?!
— Obrigada, Boss — fala, cansada.
Ela desaba sobre mim e eu a abraço, completamente louco
por essa mulher. Beijo sua testa e a pego no colo, caminhando até o
banheiro. Coloco ela sentada sobre a tampa do vaso enquanto a
banheira enche, tenho todo o cuidado para banhá-la com sais
relaxantes e aplicar uma pomada cicatrizante em sua pele. Katharina
já está dormindo quando termino, visto apenas minha boxer e deito
ao seu lado na cama, sem sono, tentando entender essa montanha
de sentimentos que venho tendo desde que eu conheci essa mulher.
Som de tiros começam a ser ouvidos do lado de fora e Katharina,
que estava dormindo em meus braços, abre os olhos, assustada.
— O que está acontecendo?
— Ainda não sei, fique aqui, vou verificar — falo, colocando
uma calça e pegando minha arma. — Não saia deste quarto até eu
voltar — falo, firme.
Saio pela porta e vejo uma confusão, várias mulheres
correndo e gritando, alguns homens tentando se vestir e não consigo
entender o que está acontecendo. Caminho para onde parece vir
toda a bagunça e vejo uma mulher cheia de sangue correr por mim,
desesperada.
— O que está acontecendo? — Pergunto a um dos
seguranças
— Ainda não sei, senhor, houve alguma confusão e ouvimos
tiros, os seguranças do território já foram chamados.
Uma correria se instala, quase meia hora depois,
conseguimos separar a briga. Um dos associados do clube foi
assassinado pela esposa, que o seguiu e ao entrar no primeiro
andar, pegou o marido em meio a uma orgia. A mulher foi detida por
sorte, apenas o marido dela foi morto, um dos homens da família
Bruschetta conseguiu contê-la antes que ela atirasse em outros
sócios. Todos foram mandados embora e a madrugada encerrada
quando volto ao quarto. Estranhamente, conforme me aproximo da
minha sala, começo a ficar nervoso, a porta não está mais fechada
como tinha deixado. Entro na sala e não vejo Katharina, corro até o
banheiro e o mesmo também está vazio.
— Katharina.
Chamo por ela, tentando me convencer que é apenas uma
brincadeira, porém ao perceber que suas roupas, assim como seus
sapatos, estão no mesmo lugar, começo a ficar nervoso.
Ligo para Chaise, que ficou do lado de fora fazendo a
segurança, tentando descobrir se Katharina saiu, porém a sua
resposta me assusta. Katharina não foi vista. Chamo Augustus, meu
segurança e todos os outros homens que vieram com a gente.
— Ela deve estar em algum lugar do clube, procurem, onde
quer que ela esteja, Katharina precisa parecer.
— Eu vou checar as câmeras — fala Yan.
Meia hora depois, estou descontrolado.
— Onde ela está?
— Sinto muito, senhor, as câmeras foram cortadas, não há
uma imagem sequer do dia de hoje, não sabemos por onde ela
passou ou como ela passou sem ser vista pela nossa segurança.
Meu coração está acelerado com hipóteses do que pode ter
acontecido com ela, quando recebe uma foto no celular.
"De uma rosa toda despedaçada"
Não preciso de mais nada para saber que Katharina foi
sequestrada.
Acordo com sons de tiros sendo disparados. Dimitri veste sua
calça e pega a arma, me mandando ficar no quarto enquanto ele
verifica o que está acontecendo.
Visto sua camisa, que estava jogada no piso de madeira do
quarto e minha calcinha e me sento na cama, totalmente desperta,
meu corpo está todo dolorido, nem mesmo o tratamento, ou
aftercare, ou seja, cuidado que o Dom tem com sua submissa após
uma cena, que inclui pomada e o relaxante muscular, até mesmo
massagem, não conseguiu aliviar a dor que sinto na minha bunda.
Estar com Dimitri é como estar em uma gangorra de sentimentos. No
começo vem à ansiedade, à vontade, o desejo inigualável, a angústia
e a catarse em um orgasmo devastador. Na D/S tudo é um processo
psicologicamente tortuoso. Alguém bate na porta e fico na dúvida se
devo abrir ou não, porém, acabo me decidindo por abrir quando
lembro que Dimitri não levou nenhuma chave.
Assim que abro, vejo dois homens armados na porta. Tento
fechar, mas um deles coloca o pé na porta e tudo que eu posso fazer
é me afastar, tentando encontrar algo para me defender, porém os
dois são rápidos e entram no quarto, puxando meu cabelo.
Giro meu corpo, dando um chute na arma do moreno quando
o segundo me derruba no chão com um soco na costela.
Meu corpo treme, eu sei que eles querem me levar e não
sairei desse quarto, não, sem lutar. Impulsiono meu corpo para trás
e levanto dando uma cotovelada no bosta número um. Me esquivei
do segundo, porém sou puxada pelo braço e tento me debater, mas
é tarde demais, o primeiro bosta colocou um pano no meu nariz com
cheiro forte de clorofórmio. Eu ainda me debato e tento chutá-lo,
mas é inútil, a droga já tinha entrado nas minhas vias aéreas e eu
acabo apagando.

Sinto algo amargo na boca, mas não consigo abrir os olhos,


pois meu corpo está mole demais. Alguém balança meu corpo como
se quiser me acordar, porém eu não tenho força para voltar à
consciência. Não sei quanto tempo se passa entre eu tentar abrir os
olhos até conseguir ficar mais consciente a ponto de ouvir.
— O que vocês dois fizeram com ela? — Uma voz dura grita,
me fazendo franzir o cenho.
Abro os olhos devagar, sentindo muita dor de cabeça, então
me dou conta que estou deitada em uma cama dura e o lugar onde
estou está escuro, com cheiro forte de ferrugem.
— Ela está acordando, senhor. — diz uma voz.
Então, olho em direção a porta e vejo dois homens de pé, um
eu reconheço imediatamente como o capanga número dois, o outro
me parece familiar, porém a minha mente está lenta e demoro um
tempo para reconhecer que é Alesso ali, na minha frente.
— Que bom que acordou, russa, estava pensando que meus
homens tinham pegado pesado demais com você.
— O que fizeram comigo, onde estou?
— Muitas perguntas, rosa.
— O que querem comigo, porque me sequestraram? —
Pergunto de uma vez, com a voz trêmula.
— Você deu uma canseira nos meus homens, foi difícil armar
toda aquela confusão na boate para trazê-la para cá. Por pouco
Dimitri não chega no quarto antes que a tirássemos de lá.
— O que quer comigo, Alesso? Dinheiro eu sei que não é,
então diga de uma vez porque estou aqui! — Falo, sendo direta.
— Direta você, gosto disso, talvez essa sua língua afiada e
esse corpo bonito justifique o porquê de Dimitri estar tão encantado
por você! — Fala ele, viajando em devaneios.
— Me solta — falo ao perceber que minha perna está
acorrentada em uma corrente de metal.
— Não sem antes conseguir o que quero. Já não tenho nada a
perder, russa, Dimitri já descobriu que estive todo esse tempo
tramando contra ele. Você será minha moeda de troca, vou usar o
que ele ama para fazê-lo desistir do cargo de chefe da Cosa Nostra.
— Você está delirando se acha que Dimitri vai aceitar abrir
mão da Cosa Nostra por mim.
— Digamos que darei um incentivo para que ele assim faça!
— Diz de maneira macabra, se aproximando de mim.
Estremeço e me encolho no canto da parede o máximo que as
correntes em meus pés me permitem.
— Eu assisti sua prova de fogo, sei do que é capaz, pelo visto
teve treinamento de elite na bratva e levando isso em conta me
precavi — fala ele, mostrando as correntes chumbadas na cama de
concreto.
— Não chega perto de mim, traidor.
Ele sorri e entrega o celular para seu capanga. Um sentimento
de horror toma conta de mim, imaginando o que ele pretende fazer.
— Olha o que temos aqui, chefe, uma bela rosa russa — diz o
asqueroso, tocando meu cabelo e olhando para a câmera.
— Sabe, sempre fiquei curioso para saber o que ela tem de
especial para o manter tão encantado, mas não se preocupe, chefe,
eu irei experimentar para saber o que ela tem de especial.
— Não ouse me trocar, seu verme.
Cuspo na cara dele, que sorri, limpando e olha para mim com
ódio.
— Vai ser divertido esmagar sua rosa, Boss, vamos ver no
final o que sobrará da dama da máfia. — Fala, abrindo o paletó
enquanto eu me esquivo o máximo possível — Foi difícil durante todo
esse tempo dissimular o desprezo que eu sentia por você, por muito
tempo eu preparei a minha subida ao poder, mas você acabou sendo
mais esperto e descobriu meus segredos. Não se preocupe, já dei
um jeito na economista de merda que me entregou.
— Você não vai me tocar — digo com nojo quando o mesmo
desce a calça social, ficando de boxer branca.
— Não se preocupe, querida, quando acabar com você, não
sobrará nada para seu marido.
O capanga continua apontando o celular em nossa direção,
gravando toda cena.
Alesso segura meu braço, me puxando para a beirada da
cama, porém eu soco seu nariz, fazendo com que o mesmo sangre.
Ele devolve, me acertando um tapa tão forte que minha cabeça bate
contra a parede. Levanto meu rosto e olho para o celular sabendo
que será meu fim.
— Não entregue nada que esse traidor pede, mate, mate
todos eles!!! — grito a plenos pulmões e sinto meu cabelo ser
puxado.
Outro tapa na minha cara, minha boca enche de sangue,
lágrimas brotaram em meus olhos com a dor intensa no meu maxilar.
Alesso fecha os olhos com força, consigo sentir o tremor de
ódio no seu corpo.
— Quem pensa que é, vagabunda, para me bater? Está
vendo, chefe, eu queria entregar sua rosa inteira, mas ela não
colabora, terei que quebrá-la!!
Ele aperta meu pescoço com força, me tirando o ar, tento me
segurar e não me debater, mas é inútil. O sangue vai esquentando
na minha cabeça e eu não consigo respirar, até que ele para, mas
está longe de acabar e acerta um soco forte no meu abdômen.
A dor que sinto é imensa e faz minha vista escurecer. Tento
me defender, mas estou fraca e acorrentada e ele distribui uma
sequência de socos por todo meu corpo. Estou a ponto de desmaiar
tamanha dor, quando ele para de me bater, tira a boxer e eu tremo,
tudo menos isso.
— Não faça isso. — Consigo dizer, mesmo com a boca cheia
de sangue.
Ele se aproxima e puxa minha calcinha. Eu o chuto e levo
outro tapa.
— Filma bem o que vou fazer com ela! — diz ao capanga.
Eu não consigo evitar que as lágrimas de dor, medo e de
horror tomem conta do meu rosto.
— Por favor, não faça isso!
Suplico quando ele pega uma faca e corta a camisa de Dimitri,
que era a única barreira que me protegia dele.
Ele sobe em cima de mim e eu só consigo gritar para ele
parar.
— Eu estou só começando, rosa.
Alesso agarra meu braço e me puxa até a cama, tento sair
debaixo dele, mas é inútil, ele coloca todo seu peso contra mim, me
prendendo na cama. Coloca dois dedos dentro da minha intimidade e
eu grito de nojo, medo e pavor.
— Não faça isso, me solta, pode me bater, me espancar, me
torturar, só não faça isso! — digo com a voz embargada pelo choro.
— Para!! Para! — Grito enquanto ele coloca seus dedos imundos
dentro de mim.
Ele sorri de lado e não diz nada, aperta meu seio direito com
tanta força que suas unhas arranharam minha pele. Seus dedos
nojentos fazem movimentos repetitivos dentro de mim, enquanto
tento chutá-lo, mas as correntes não me deixam.
— Traz as algemas para mim — ele fala e então eu percebo
outro homem no quarto, esse eu não sabia quem era.
Eu não tenho como me defender, me sinto acuada, fraca e
abandonada, ali eu estou sozinha, acorrentada e com as mãos
algemadas, enquanto o monstro abusa de mim.
— Por favor!
Eu soluço quando sinto a cabeça do seu membro.
— A vadia é apertadinha, está explicado porque gosta tanto
dela — ele sorri para a câmera e eu fecho os olhos, tentando me
entregar à inconsciência e não sentir essa dor horrível.
— Está vendo isso, Dimitri, eu estou apenas começando,
quanto mais tempo demorar para me dar o que eu quero, mais sua
rosa vai sofrer — ele diz e grito:
— Para, para!!! — Tento arranhá-lo, mas as algemas
impedem que eu me mexa, então eu o mordo na orelha com toda a
minha força, arrancando um pedaço da mesma.
Ele grita de dor e dá um soco tão forte no meu olho, que não
consigo mais abri-lo.
— Vagabunda, gosta de morder, cadela, então eu vou morder
você, desgraçada. - Se inclina sobre mim e morde meu seio
esquerdo, chegando a machucar.
Eu só desejo morrer e não ver o que ele está fazendo comigo,
mas a minha mente me mantém consciente durante todo ato. Alesso
não tem piedade, não, ele quer me machucar, ele se vangloria,
olhando para a câmera, vendo meu corpo todo machucado.
— Por favor... — suplico
— Cala a boca, puta, eu só estou começando — diz, dando
outro tapa na minha cara.
Nesse momento eu já não tenho forças para lutar, meu corpo
e minha alma estão tão feridos que prefiro me manter inerte para
que assim essa tortura acabe logo e ele me mate de uma vez.
— Ah gostosa.
Seu membro continua a me machucar e ele me estapeia
quando percebe que eu vou desmaiar. Essa tortura dura uma hora,
que parece mais uma vida inteira.
Ele goza dentro de mim, me tornando tão imunda quanto ele.
Eu já não sou Katharina quando tudo acaba. Não, eu não sou
mais nada, apenas um pedaço de lixo.
— Viu o que eu fiz com sua rosa, Dimitri, entregue o poder da
Cosa Nostra. Quero que você abdique do cargo em uma reunião no
alto conselho. Entregue o poder para a família Luchese, ou seja,
para mim. Caso não queira fazer isso, saiba que eu fui apenas o
primeiro, meus homens estão ansiosos para experimentar a sua
russa.

Chego na fortaleza com muita dor no corpo e alguns cortes


também, devido ao meu confronto com a detetive. Tive que passar
no hospital da máfia para colocar meu nariz no lugar, por sorte não
quebrou, foi apenas uma torção. Vou direto para o meu quarto tomar
um banho, tiro as roupas sujas, jogando em qualquer lugar do quarto
e entro no banheiro, tomo um banho gelado, do jeito que eu gosto e
conforme a água cai, eu penso em formas nada delicadas de matar
a maldita Gabriela.
Me pergunto como ela conseguiu aquela foto e como ela está
tão perto de descobrir tudo sobre a Cosa Nostra. Apesar de ela não
ter visto meu rosto, não vai ser preciso muito para entender quem é
meu irmão. Porém, sem provas ela não tem nada, tudo foi queimado
se tornou cinza e será a palavra dela contra a minha, um empresário
respeitado contra uma ex agente demitida. Ela pode até tentar, mas
não vai conseguir acabar conosco.
Desligo o chuveiro, me enrolo em uma toalha, entrando no
closet, escolho uma camisa social e calça. Enquanto eu me visto
posso ouvir a movimentação lá embaixo, no mínimo devem ser Dimitri
e Katharina brigando. Termino de me arrumar e desço para o térreo.
Encontro Dimitri totalmente transtornado, com duas armas nas mãos,
apontando para Augustos, Chaise e outros dos nossos homens.
— O que aconteceu aqui? — Pergunto, receoso.
— Esses imbecis deixaram Katharina ser sequestrada. — Ele
fala com ódio e sinto meu corpo congelar.
— Como assim, sequestrada?! — Pergunto em pânico.
— Nós estávamos na boate quando uma confusão começou,
eu a deixei na minha suíte, porém ao voltar no quarto ela já não
estava lá, as câmeras de segurança foram apagadas e esses
incompetentes não viram a saída dela de lá. — Ele fala, possesso de
ódio.
— Precisamos fechar as fronteiras para que não a levem de
Palermo.
— Já fiz isso, senhor. — diz Augustus, nervoso com a besta
fora de controle.
— Tem alguém que possa ser suspeito?
Nessa hora, a porta volta a abrir e dessa vez é Vicenzo,
sendo carregado por Daniela e outro dos nossos homens.
— Que porra é essa? — Questiono, sem entender o que
inferno tá acontecendo.
— Me fala que, para você estar nesse estado, Alesso está
pior! — fala Dimitri, amargo.
— Foi uma armadilha. — Informa Daniela, colocando Vicenzo
no sofá.
— Alesso, de alguma forma, sabia da nossa chegada, ele
colocou um sósia para me enganar e por pouco eu não morri. O
traditore colocou uma bomba na casa, só sobrevivi porque pulei a
janela direto para a piscina, se não fosse isso estaria morto, mas
perdi oito dos meus homens nessa missão.
— Como assim, Alesso nos traiu?! — Questiono a Vicenzo,
que tira um pedaço de vidro da perna com ajuda de Daniela.
— Exatamente, o maldito estava junto com os Calvatário, se
você tivesse atendido o telefone quando te liguei, saberia.
— Como posso estar rodeado de incompetentes, como o
deixou escapar? Maldito, desgraçado, deve estar rindo de nós uma
hora dessas — fala Dimitri, emputecido.
— Você, Lorenzo! — diz, apontando para mim ainda com a
arma em mãos. — Ao menos você conseguiu cumprir a simples
missão que te ordenei? — Questiona autoritariamente.
— Infelizmente, não, chefe, a detetive escapou. — Respondo,
envergonhado por não ter cumprido minha missão.
— Como podem ser tão inúteis, do que me serve meu
subchefe e meu conselheiro se são dois incompetentes?! Alesso
pode ter pego Katharina.
— Katharina?! - Pergunta Vicenzo, confuso.
— Ela foi levada do clube há pouco tempo atrás.
— Merda, caralho, só pode ser ele — diz Vicenzo.
— Daniela, tente rastrear o celular de Alesso, preciso saber
onde ele está e se ele está com Katharina — fala Dimitri, delegando
ordens — Vocês dois
falharam comigo, não protegeram a minha mulher, a Dama da
máfia, principalmente você, Chaise — ele fala, agora olhando para
Augustus e Chaise
Nessa hora eu já temia que os dois fossem mortos, Dimitri
está fora de si, descontrolado de uma maneira como nunca vi. Ele
aponta a arma na cabeça de Vicenzo e eu sinto o suor escorrer pelo
meu rosto.
— Não faça isso, chefe, precisamos dos dois para encontrar
Katharina — fala Vicenzo, tentando ficar de pé, mas sua perna está
muito ferida e ele quase caí no chão, porém é amparado por Daniela
— Chaise é um ótimo rastreador e Augustus foi treinado pela
família Luchese, ele conhece mais daquela família do que qualquer
um dos nossos — falo, tentando convencê-lo.
— Vocês dois escaparam por hora, mas assim que Katharina
for entregue, terão a punição que merecem por terem falhado
comigo.

Estou ferida, a dor em meu corpo é terrível. Depois que parei


a moto em um motel perto da doca e meu corpo esfriou, a adrenalina
começou a baixar e pude sentir toda a dor possível. No quarto de
motel eu abri o kit de primeiros socorros com os medicamentos que
comprei em uma farmácia de um conhecido meu, sentei na cama
com a perna direita sangrando muito, tirei a calça com muita
dificuldade e então eu pude ver a gravidade do corte, joguei água
oxigenada para limpar e tive que morder o travesseiro para não
gritar.
Abri a embalagem com a agulha de costura e linha e comecei
a costurar todo o ferimento para conter o sangramento, quando
terminei, limpei e coloquei uma bandagem por cima.
A ferida estava queimando muito e senti que meu corpo
começou a ficar febril, tomei dois analgésicos fortes e um antibiótico
para o corte que não infeccionasse.

Tomo um banho quente e visto a mesma roupa que estava,


sento na cama e decido ligar para o juiz Falcone e avisar que a Cosa
Nostra está no nosso encalço, ele precisa se proteger antes que eles
façam algo contra ele.
— Detetive Meireles.
— Boa noite, magistrado.
— Tínhamos combinado que não ligaria para mim nesse
número.
— É uma urgência, não tive outra saída a não ser ligar.
— O que houve? — Pergunta, já atento.
— A Cosa Nostra tentou me assassinar, não sei como, mas
eles descobriram onde eu me escondia. Infelizmente, perdemos as
provas que tínhamos sobre o cabeça da máfia.
— Precisaremos redobrar a segurança, pois esses bandidos
não estão para brincadeira.
— Juliano Sacra falou algo que possamos usar?
— Pergunto, lembrando que ele é o único mafioso do alto
escalão que conseguimos prender.
— Infelizmente não, ele não abriu a boca, nem mesmo sob a
promessa de retirarmos todas as acusações contra ele, o velho é
casca dura.
— O que faremos agora? — Pergunto, me sentindo frustrada.
— Juliano já é carta descartada do baralho, já que o juiz
Signorino declarou sua soltura mediante fiança, ele aguardará em
liberdade o julgamento.
— Merda, estamos em um beco sem saída. — Falo,
inconformada.
— Não totalmente, Vitório pode ter informações úteis sobre a
família Luchese. Se prendermos Alesso pode ser mais fácil fazer ele
abrir a boca, ele tem que ser o próximo a ser preso.
— Falarei com Vitório, por hora o melhor é você se esconder.
— Mandei minhas filhas para os Estados Unidos, porém minha
mulher decidiu ficar.
— Tudo bem, continuarei seguindo Salvatore Rinna e tentando
de alguma forma provar que não só ele está envolvido com a máfia,
como é o chefe de toda Cosa Nostra.
— Certo, tome cuidado, o melhor agora é você usar um
disfarce.
— Tem razão, nos falamos assim que tiver algo mais concreto
em mãos.
Desligo o telefone e envio uma mensagem para Vitório,
perguntando se havia alguma forma de convencer Alesso a falar. Não
demora muito para ele me ligar.
— Vitório — digo ao atender.
— As coisas estão complicadas aqui, Gabriela, eu quase fui
descoberto. Sinto que logo terei que abortar a operação.
— Existe alguma chance de que, ao prendermos Alesso, ele
coopere com a gente?
— Muito difícil, tudo que esse homem quer é poder e controlar
a Cosa Nostra. Sinto que ele está armando para tirar o chefe do
poder. — Diz ele, me deixando confusa.
— Como assim? — Questiono.
— Ele parecia nervoso ontem, mandou os seus homens de
confiança para um galpão de armazenagem e deixou outros na casa.
Não sei o que está acontecendo, mas é coisa grande.
— Tudo bem, me avise se algo acontecer. Vou falar com os
outros agentes da federal para prepararmos uma operação para
prender Alesso o quanto antes, então você poderá sair do disfarce.

Por muito pouco agora eu estaria morto, se não fosse a


piscina provavelmente essa hora eu não estaria aqui, entretanto eu
falhei na minha missão, Alesso escapou e além disso nos fez perder
vários homens. O caos está instaurado, Dimitri está fora de controle,
ameaçando matar Deus e o mundo se não encontrar Katharina e por
muito pouco Chaise não foi morto. Meu telefone toca e rapidamente
eu atendo ao perceber que é Juliano.
— Diga, Juliano.
— Consegui sair graças a um esforço da parte do nosso
amigo juiz. Estou indo para casa e ficarei incomunicável para não
chamar atenção dos tiras.
— Certo, as coisas não estão indo bem por aqui, precisarei
de alguns homens seus aqui em Palermo.
— Tudo bem, mandarei alguns dos meus.
— Transfira seus carregamentos para o Tom Hide, ele vai
cuidar de tudo até ser possível seu retorno. — Falo, pensando em
como agiremos agora, já que estamos sendo atacados por todos os
lados.
— Desliga essa porra!!! — grita Dimitri, sem paciência.
Encerro a ligação e nesse momento Luigi abre a porta para
Damon.
— Tenho algo que pode nos ajudar — fala Damon ao entrar
na sala.
Ele, assim como os outros capos, foi avisado da traição de
Alesso e se prontificou a nos ajudar a encontrar Katharina e Alesso.
— Espero que ao menos você faça algo que preste — fala
Dimitri para Damon, que engole em seco.
— Eu consegui capturar um dos homens da família Gambino
perto da fábrica de sal.
— Traga ele até aqui — diz Dimitri de maneira brutal.
Seu olhar é de puro ódio vendo o homem algemado sendo
arrastado por Damon.
— Levem-no para a mesa de centro.
Ordena Dimitri e então Damon arrasta o homem algemado até
o meio da sala. Dimitri sorri sadicamente ao ver o homem tremer de
medo, sendo preso em cima da mesa. A fama de Dimitri já é
conhecida entre todos, ele é um homem cruel ao se tratar de tortura,
mas não é ele a torturar o homem e sim Lorenzo. Tenho a impressão
que Dimitri está se segurando para descontar toda sua fúria apenas
em Alesso. Dimitri apreciava o momento de dor do homem, para mio
fratello não existe melhor sensação do que ver o horror, o medo e a
dor nos olhos das pessoas. Lorenzo também não ficava atrás, ele
aproxima a barra ferro da perna do homem e gargalha diante do
grito de dor.
— Não vai dizer onde ele está? — Pergunta calmamente.
Em meio aos gritos de dor, o homem acaba falando que
Alesso tinha esvaziado a sua casa e não tinha nem ideia para onde
ele estava indo. Lorenzo atira no traidor, pois para nós ele não serve
de mais nada, um homem que abre a boca e deleta seu chefe não é
digno de confiança, é nesse momento que Dimitri recebe uma
mensagem no celular.
— Espera, chefe, não abra ainda! — alerta Daniela,
concentrada em seu computador.
— Um vídeo de um número desconhecido.
— Vou tentar rastrear de onde a mensagem foi enviada,
espere um minuto. — Ela diz, digitando sem parar. — Vou abrir por
aqui, só um segundo. — Ela coloca o notebook em cima do aparador
da sala.
A imagem congelada do play era um fundo escuro e não dava
para ver bem do que se tratava, mas bastou o vídeo começar para
entendermos que porra estava acontecendo.
Eu não consigo olhar, não consigo assistir a cena nojenta em
nossa frente, Daniela já está com lágrimas nos olhos e Dimitri não
tira os olhos da tela do computador, não até o vídeo terminar. Seus
olhos se tornam macabros como nunca vi antes. Ele segura o celular
tão forte nas mãos que o aparelho se quebra, fazendo com que
pedaços de vidros se enfiassem em sua pele, Lorenzo estava
estático, não havia palavras para descrever o que o maldito Alesso
tinha feito. Dimitri já não estava aqui e sim a Besta que todos nós
tememos.

Há dias que o desejo de ferir e matar é forte demais. Dias


como hoje em que a casca fina de civilidade se rompe, revelando o
monstro que vive em mim. A cena que se passou na tela daquele
computador foi descascadora e a dor que estou sentindo é diferente
de tudo que já senti. O rosto de Katharina está gravado em minha
mente, posso viver mil anos que jamais esquecerei aquele olhar
morto e vazio, da sua expressão de dor e de angústia conforme o
miserável a machucava. Eu não a protegi, eu falhei com ela e nesse
momento ela está nas mãos dele, sendo estuprada e ferida das
piores maneiras possíveis.
— Desliga isso, Daniela!!! — grita Lorenzo.
Um silêncio absurdo toma conta da sala.
— O que vamos fazer?! — Pergunta Lorenzo.
— Dimitri não pode dar o que ele quer - Damon diz, mas eu
não presto atenção em nada do que dizem, minha mente está
vagando para Katharina, minha mulher, minha rosa, bella mia está
sendo torturada por minha culpa, isso não pode estar acontecendo
com ela, não posso deixar que ele a machuque.
— Eu irei até ele — falo, já com a decisão tomada.
— Damon, Daniela, podem nos deixar sozinhos? — Lorenzo
fala para os dois.
Os dois saem, deixando apenas eu, Vicenzo e Lorenzo na
sala.
— Você não está pensando em fazer isso, não é?! — Vicenzo
diz.
— Não tenho saída, ele não vai libertá-la!! — Grito, possesso.
— A família vem em primeiro lugar! — Vicenzo grita também.
— Ela precisa de mim, porra !! — falo, me sentindo sem
saída.
Eu não posso dar o que ele quer e também não posso deixá-
la.
— Buon Vespero e santa sera ai santisti! Mesmo nesta santa
noite, no silêncio das trevas e sob a luz das estrelas e do esplendor
da lua, formo a santa cadeia! Em nome de Garibaldi, Mazzini e La
Marmora, com palavras de humildade, formo a Santa Sociedade
Cosa Nostra, sangre del mio sangre. Lorenzo e Vicenzo repetem o
juramento da máfia, juramento esse que fiz e nunca quebrei durante
os últimos dez anos em que estou no poder.
— Chefe, descobri a localização do número que mandou o
vídeo. — Diz Daniela, voltando para a sala.
— Me diga onde ele está! — Ordeno.
— Dimitri, pensa bem no que você vai fazer! - Vicenzo ainda
tenta me impedir.
— Eu sou o Capo dei capi da Cosa Nostra siciliana e tomarei
as minhas decisões.
Em menos de uma hora tudo estava pronto, os documentos
da minha renúncia estavam assinados. Vicenzo relutou, mas acabou
assinando como minha testemunha, assim como Lorenzo, como
manda a tradição. Tive que ser firme ao dizer que iria sozinho ao
local, não poderia arriscar ainda mais a vida de Katharina. Vicenzo
ainda tentou me seguir, mas devido aos seus ferimentos mal
conseguiu ficar de pé.
Eles pensam que eu vou totalmente sozinho, mas não sou
amador a ponto de confiar em Alesso, por isso Augustos e Chaise já
estão nas docas de tocaia para me ajudar a sair de lá vivo e com
Katharina. Eu não tive muita escolha, se viesse com escolta
provavelmente Alesso perceberia. É uma missão suicida, sim, mas
por Katharina valeria a pena qualquer risco. Estaciono uma quadra
antes da entrada do porto e com uma Ak 47 na mão e munição o
bastante para fazer muitos buracos, caminho pronto para salvar a
minha rosa.
Se existisse um Deus no céu, ele me ajudaria a tirar ela de lá
viva. Katharina não merece todo esse sofrimento, não ela, não a
minha Katharina.

Todos nós descemos, já com as armas em punho e tudo que


penso é numa forma de tirar Katharina daqui o mais rápido possível.
Conforme nos aproximamos, posso ver alguns homens armados
vigiando, apontando suas armas para mim, há muitos contêineres e
caminhões de carga e caminho em direção onde imagino ser um
pátio central.
— Quero saber onde está o chefe desse circo. Não quer
mostrar a cara, Alesso, tem tanto medo de mim assim? — falo alto o
bastante para que todos ouçam.
Sou rodeado de homens armados apontando suas armas para
mim, porém não vejo Alesso e muito menos Katharina.
— Vamos acabar com isso, vocês, membros da família
Gambino, lembrem-se que sou a besta da Cosa Nostra. Quanto
tempo vocês acham que Alesso vai ficar no poder? — Questiono,
olhando para eles. — Se vocês fossem espertos ficariam do lado
certo, pois tenho muita pena daqueles que ficam no meu caminho,
porque eu posso garantir que suas mortes serão espetaculares.
Todos ficam apreensivos com a minha promessa.
— Pensem bem em suas escolhas, aqueles que ficarem do
meu lado, sobreviveram.
— Tentando subornar meus homens, Dimitri? — fala Alesso,
assim que as luzes se acendem e eu posso vê-lo na ponta do píer,
puxando Katharina pelo cabelo com uma arma apontada para sua
cabeça.
Ela está muito machucada e parece drogada pela forma que
suas pupilas estão dilatadas e seu corpo mole.
— Eu estava te procurando, Boss.
— Eu já estou aqui traditore, pode soltar Katharina.
— E acabar com a diversão? Nada disso, olha para ela, veja
como está linda, a russa resistiu bastante para uma simples mulher.
— Tire suas mãos imundas da minha mulher, seu maldito
cagna.
— Ainda não aprendeu não é, Dimitri? Eu sou superior a você
de todas as formas.
— Você é um bosta, Alesso, não conseguiu subir na máfia por
mérito próprio e decidiu casar com uma herdeira para alcançar o
poder.
— Exatamente, isso tudo é pela posição, é sobre poder, é
horrível saber que um simples serviçal supera a Besta, o Boss, o
todo poderoso Salvatore Rinna?
— Você já tem o que precisa.
Jogo a pasta com os documentos em sua direção, mas ele
nem mesmo se move para pegar e continua com a arma apontada
para a cabeça de Katharina.
— Desconfortável, não é? Saber que com apenas um gesto
meu, ela estará morta! — Ele ri de maneira ensandecida.
— Solte ela, Alesso, e eu terei misericórdia em sua morte.
— Acha que está em posição de me dar ordens? Você não é
mais o Boss, a Cosa Nostra não te pertence. — Diz, puxando
Katharina ainda mais para perto da beirada.
— Não faça isso!! — Grito em pânico.
— Olha só, uma rainha e um rei mortos por um único pião,
esse é o fim inevitável do jogo!! — Gargalha feito louco.
— O que você prova matando-a? É a mim que você odeia,
deixe-a ir!
— Eu não deixei claro ainda, eu não me importo com quem
morre, mas você se importa, então irei humilhá-lo diante de todo meu
clã.
— O que mais quer? — Pergunto de uma vez, querendo
salvar Katharina de qualquer forma.
— Se renda, então talvez eu poupe a vida da sua vadia. No
chão, de joelhos!
Ele ordena como se eu fosse seu serviçal.
— Eu não farei isso. — Rosno, enfurecido pela sua
arrogância.
— Quer mesmo medir seu orgulho com a minha misericórdia?!
Ele destrava a nove milímetros e aponta novamente para
Katharina, nesse momento tudo paralisa e eu me vejo fazendo algo
que jurei jamais fazer, me ajoelhar diante de um verme.
A dor da humilhação queima dentro de mim, mas ela nem se
comparava à dor física que eu sentia ao ver Katharina sob a mira
daquela pistola.
—Hora, hora, hora, o grande capo, a besta, se curva diante
de mim.
— Você tem o que precisa, os papéis estão aqui, a Cosa
Nostra é sua, solte a minha mulher.
Nessa hora um disparo é ouvido.
— NÃO, não!!!!! — Grito, correndo em direção a Katharina,
que cai no mar.
Tiros são ouvidos, muito barulho e tudo que eu faço é correr
em direção a ela.
— Katharina!!! — Grito, desesperado, sentindo meu mundo
todo ruir.
Alesso é ferido, porém ele não consegue me atingir, pois
muitos policiais chegam com bombas de gás e eu não perco tempo,
pulo no mar em busca de Katharina.
Mergulho nas águas geladas da Sicília e não a vejo.
— Katharina!! — Chamo, olhando ao redor, tentando
encontrá-la.
Mergulho novamente e vejo sangue na água, mas nem sinal
dela.
— Katharina, bella mia, onde você está?!! — Grito, então
tento enxergar por baixo da água, mas o sal queima meus olhos e
nem sinal dela.
Eu não a vejo e o meu desespero só vai piorando. Nado até
sentir meus braços doerem, lágrimas que imaginei nunca derramar
começam a transbordar pelos meus olhos, meu peito arde de tanta
dor.
— Amore mio, onde você está? Katharina.
— Chefe, aqui! — grita alguém, eu olho para trás e então
consigo ver Chaise com um barco pequeno de pesca, segurando
Katharina. — Me ajude a tirá-la da água. — Ele pede e eu nado o
mais rápido que consigo.
Ajudo Chaise a colocar ela dentro do barco e subo o mais
rápido que consigo.
— A federal cercou o lugar, foi sorte eu os ter visto antes e
conseguido esse barco. — Ele diz, mas meu foco é Katharina, que
sangra muito, seu rosto está branco, tão pálido que ela parece sem
vida.
— Katharina, amore mio, abre os olhos, eu estou aqui —
digo, deixando as lágrimas caírem enquanto eu tiro os fios loiros do
seu rosto e tento encontrar de onde vem o sangue.
O tiro foi em seu abdômen e ela sangra muito, me deixando
assustado.
— Mais rápido com esse barco, Chaise.
— Eu estou indo o mais rápido que esse barco velho pode ir,
chefe — ele fala, nervoso.
— Não, Katharina! Não me deixe! — grito em prantos.
Descontrolado, sinto algo morrendo dentro de mim.
— Você tem que ficar bem, por favor, amor, não me deixa. Eu
te amo, minha rosa, a culpa é minha, eu deveria ter te protegido —
falo, abraçando seu corpo gelado — Só não me deixe!
Olho ainda mais desesperado e choro como nunca tinha feito
antes.
— Não, não, Katharina, você não pode me abandonar, sem
você só me resta à escuridão, eu não quero ficar sozinho na
escuridão.
Sinto seu coração batendo muito lentamente, é como se a
vida a estivesse deixando.
— Ti amo, bella mia!
Tudo aconteceu rápido, mas para mim parecia em câmera
lenta, Katharina foi levada de helicóptero para o hospital da máfia e
eu não sai do lado dela por nenhum momento, nem mesmo quando
os médicos queriam me obrigar a sair do centro cirúrgico.
Eu coloquei a porra da minha arma na testa do diretor do
hospital e entrei no centro cirúrgico. Foram às horas mais
angustiantes da minha vida, ver minha rosa entre a vida e a morte
arrancou uma parte do meu coração.
Katharina teve duas paradas cardíacas durante a cirurgia.
Nessa hora, eu me sentei no chão da sala de cirurgia e implorei para
o tal Deus para salvá-la. Eu me vi suplicando para que ele não a
tirasse de mim. Minha rainha é forte e desafiou a própria morte.
A bala não perfurou nenhum órgão importante, mas ela ficaria
em observação pelas próximas 48h para ver como iria se recuperar
após a cirurgia. Quando o cirurgião me avisou que ela estava estável
eu senti como se o ar tivesse voltado aos meus pulmões.
Eu tive que sair da sala de cirurgia para que eles terminassem
de cuidar dos seus outros ferimentos. Ela passaria por uma bateria
de exames para verificar que tipo de droga tinha na corrente
sanguínea, um coquetel antirretrovirais foi ministrado a ela,
juntamente com a pílula do dia seguinte, devido ao estupro. Chaise e
Lorenzo ficaram fazendo a segurança do hospital, Augustos foi
baleado e levado com a polícia, mas nem sinal de Alesso.
Eu o queria vivo, a morte era um presente para o que eu
pretendia fazer com ele.
Só me dou conta que minhas roupas estavam todas molhadas
quando uma enfermeira me oferece uma toalha, mas quando vê meu
olhar duro se afasta, assustada.
— Mandei Luigi trazer uma roupa para você. Vicenzo já foi
avisado de tudo que aconteceu, ele está falando com o conselho
agora sobre os federais e Alesso, precisamos encontrá-lo o quanto
antes.
— Não tenho cabeça para nada disso! — Falo duramente,
encerrando o assunto, tudo que importa agora é Katharina.
Quase duas horas se passam para enfim Katharina sair do
centro cirúrgico e ser levada para o quarto de UTI. Tomo um banho
rápido, aqui mesmo no hospital, e visto as roupas que Luigi trouxe.
Vou até o quarto dela, dessa vez os médicos me convencem a vestir
a roupa apropriada. Ela está dormindo, apagada com a forte dose
de remédios que deram a ela. Não vou sair do quarto, vou protegê-la
e vigiá-la, preciso que ela me veja quando acordar e me perdoe por
ter deixado que isso acontecesse a ela, a minha rosa, que não
protegi. Sentado do lado da cama eu vejo seu corpo todo
machucado ligado a vários fios, suas pálpebras, que guardam seus
olhos azuis que tanto amo, estão inchadas, sua pele pálida, quase
translúcida, que eu amo, está vermelha e coberta de hematomas.
Eu não a protegi como deveria, ela não merecia passar por
isso, não a minha Katharina.
Eu jurei que nunca amaria ninguém, mas não amar Katharina é
impossível. Amar Katharina é como veneno correndo por minhas
veias e quanto mais eu a toco, mais dependente dela eu me torno.
Acaricio seus cabelos loiros, beijo sua testa e faço aqui um
juramento. Eu nunca mais deixarei ninguém a machucar. O dia se
arrasta e ela não acorda, me mantenho no quarto enquanto o médico
a examina e a enfermeira troca sua medicação, é assim por dois
dias, até ela ser levada para o quarto. Ela não desperta em nenhum
momento, nem mesmo quando o médico me garante que ela já não
está mais sedada e acordaria a qualquer instante. No terceiro dia,
começo a ficar impaciente, pensando que os médicos do hospital
estavam me enganando e que Katharina estava pior do que eles
previram.
No quarto, faço questão de mandar trazer várias rosas para
encher o cômodo, ansioso para que ela pudesse ver as flores
quando acordasse. Batem na porta do quarto, levanto da cadeira
que virou minha companheira nos últimos dias, Lorenzo e Vicenzo
passam pela mesma e Lorenzo segura balões e um urso.
— O que pensa que está fazendo?! — Questiono, puto.
— Viemos ver como ela está, já que não sai do quarto e
avisar que Alesso não foi preso. Na verdade, ele escapou de mim. —
Fala Lorenzo, me deixando confuso.
— Como assim? — Questiono.
— Eu segui você quando saiu da fortaleza, eu não o deixaria
sozinho para enfrentar o Gambino, sem contar que, se ele te
matasse Katharina, ficaria desprotegida.
— Então você estava lá!! — digo.
— A nossa sorte foi ele estar lá, pois se não fosse ele, agora
estaríamos todos presos, Lorenzo só deixou Alesso escapar pois
estava à procura da pasta, tivemos sorte, ele conseguiu recuperar os
documentos no meio do tiroteio. — Fala Vicenzo.
— Assim que Katharina estiver bem e em casa,
segura, eu mesmo irei atrás do juiz Falcone. Agora, Alesso,
esse eu quero vivo.
— Como ela está? — Pergunta Vicenzo olhando em direção à
cama.
— Ela já deveria ter acordado, não entendo porque ela não
acorda, por que continua dormindo.
— Quando ela acordar, ela vai precisar de muito apoio — diz
Lorenzo, olhando para ela com um olhar que me incomoda.
— Ela terá a mim, eu darei tudo que ela precisar, isso
também significa que não precisa trazer presentes para minha
mulher. E se alguém tiver que comprar algo para Katharina, esse
alguém sou eu! — rosno, deixando claro a barreira que existe aqui.
— Certo, nós estamos de saída. Lorenzo e Damon estão
investigando o paradeiro de Alesso, enquanto eu tomo conta dos
negócios da família.
— Certo, cuidem de tudo enquanto eu fico aqui, mas lembre-
se, vocês já falharam uma vez, não vão querer falhar uma segunda.
— Dou um aviso claro.
— Ah, Lorenzo não esqueça de levar esses balões
horríveis, Katharina tem vinte e sete anos, não sete para gostar
dessas coisas ridículas!!

Mais dois dias se passam e eu já estou aflito, a beira da


loucura, a ponto de invadir a sala do diretor do hospital exigindo que
trocasse todos os médicos que cuidavam da minha mulher. Só me
tranquilizo quando mando trazer um neurologista de renome de Roma
para examiná-la.
— Entendo a angústia que o senhor deve estar sentindo,
vendo sua esposa neste estado, mas precisa entender que o corpo
dela sofreu um grande choque, ela está apenas dormindo, em um
estado de coma natural. Não há nada que a impeça de abrir os
olhos, ela só precisa acordar sozinha.
— Você me garante que não há nenhum problema no cérebro
dela?!
— Não, senhor Rinna, converse com sua esposa, estudos
dizem que isso ajuda muito.
O médico me deixa sozinho no quarto, mas eu não me sinto
aliviado. Me sento novamente na cadeira e olho para a mulher que
mudou tudo que existia em mim. Katharina Peskov Castelaresi, a
russa. Uma russa teimosa, feroz e indomável, tudo que eu jamais
imaginei querer e agora não consigo me imaginar sem. Acaricio seu
rosto, sem conseguir evitar uma lágrima quente que escorre pelo
meu rosto.
— Bella mia, não pode continuar dormindo, eu preciso de
você comigo, nem que seja para me enfrentar com sua rebeldia.
Todo demônio precisa de um anjo e você, Katharina, é minha luz em
meio ao meu mundo de trevas — paro de falar por um momento,
mas logo retorno. — Não, eu não consigo esquecer a cena de você
caindo naquele mar, eu não consigo esquecer que tudo que você
está passando é culpa minha. Preciso que acorde, amore mio,
preciso que abra os olhos para que eu possa dizer que te amo. Sim.
— Sorrio, limpando o rosto.
— Eu amo você, bella rosa, amo cada pedaço seu — paro
mais um momento — Eu não posso viver se for para viver sem você.
Não pode ficar dormindo enquanto eu sofro aqui, sentindo a sua
falta. Você, sua bruxa teimosa, me ensinou o que é amar alguém, me
fez sentir coisas que jamais achei ser possível e agora não pode me
deixar aqui nesse vazio, nessa escuridão. Seus olhos piscam
lentamente e eu me dou conta que ela está acordando, ela me ouviu,
ela está acordando. Katarina abre os olhos e olha para mim, porém
o tubo de alimentação atrapalha seus movimentos.
— Calma, amore mio, vou chamar o médico para tirar isso de
você.
Rapidamente o quarto fica lotado de médicos e enfermeiros e
assim que o tubo é retirado da boca de Katharina, ela entra em
choque com o médico tentando examiná-la.
— Não me toque, não me toque, tira a mão, tira. — Grita, me
deixando angustiado.
— Saiam todos daqui!!!
— Eu preciso chegar os pontos.
— Sai fora do quarto se quiser continuar vivo.
Todos saem, nos deixando sozinhos, Katharina chora muito e
treme, soluçando.
— Eu estou aqui, ninguém nunca mais vai te machucar, meu
amor — digo.
Me aproximo de Katharina, querendo abraçá-la, entretanto,
assim que a toco, ela congela e fica rígida, seu pranto fica ainda
mais intenso. Eu me dou conta que ela está com medo, com nojo de
mim, sinto como se tivesse acabado de levar um tiro. Aqui, na minha
frente, não está mais a minha rosa poderosa e indestrutível, só
restou cacos quebrados que terei muito cuidado em remendar.

Não resisti a procurá-lo, eu precisava falar com ele, ainda


mais sabendo da situação em que a Cosa Nostra se encontra. Não
sei qual será a punição que Dimitri dará a mim.
Eu falhei, não a protegi, não como deveria, eu falhei e por
conta disso ela está no hospital agora e por muito pouco não está
morta.
— O que faz aqui, como entrou na minha casa? — Pergunta
ele, bravo.
— Pela porta, não aguentei, precisava vê-lo.
— Você está se arriscando muito entrando aqui, ficou louco,
porra?! — Grita o moreno trabalhado em músculos.
— As coisas estão difíceis na família, eu não sei o que pode
acontecer comigo, precisava te ver, nem que seja para me despedir.
— Pensa que eu não sei, caralho? Eu estou a ponto de
enlouquecer, por muito pouco eu não perdi você.
Seus lábios estavam contraídos, seu olhar para mim é feroz e
ao mesmo tempo assombrado. Vejo a sua expressão de desejo,
assim como um animal faminto olhando sua presa, conseguia sentir
de onde estava o seu perfume característico, que amo. Dou dois
passos em sua direção e toco seu ombro.
— Eu te amo tanto, é tão difícil ficar longe de você, fingir que
não sinto nada quando o vejo. Por mim fugiríamos daqui, iríamos
para bem longe, onde poderíamos ser felizes.
— Jamais serei um desertor, a máfia está no meu sangue, eu
sou sangue e pólvora. Quando aceitou se envolver comigo sabia
quais seriam as regras, jamais poderão saber de nós dois. — Ele diz
e seu hálito fresco toma conta de minha respiração.
A sua proximidade deixa meu corpo quente enquanto eu
flexiono todos os músculos.
— Em breve você se casará e o que será de mim?
— Nada vai mudar — diz, encostando sua testa na minha e
em seus olhos claros eu vejo a verdade e um mar de emoções.
Eu o beijo, cheio de saudade, cheio de paixão, desejo e amor,
um beijo diferente, me parece um beijo de despedida. A chama entre
nós dois vai aumentando a cada toque e cada gesto vai incendiando
meu corpo. Sinto um arrepio quando percebo que ele está lambendo
meu pescoço com a língua molhada e quente. Sinto aquela língua de
ferro provando o suor salgado de minha pele nua. Percebo que sua
mão está apertando o interior da minha coxa com uma força incrível,
ela está deslizando lentamente e encostando no meu pau, que já
está duro feito aço só para ele.
Sua boca vai dando beijos suaves em meu pescoço, que já
está arrepiado e sem aviso, ele se afasta e começa abrir a minha
camisa, enquanto eu vou tirando os sapatos, tão desesperado
quando ele. Não demora muito para nós dois estarmos nus, como
viemos ao mundo, sentindo o calor do prazer. Cada toque, cada
gesto significava algo dentro da mente de nós dois. Muitos podem
chamar o que sentimos de imoral, de sujo e de errado, mas a essas
pessoas eu só posso dizer que elas não conhecem o que é amar. O
amor não escolhe cor, religião ou sexo, o amor simplesmente
acontece. Eu já me encontro totalmente dominado em cima da cama,
sentindo beijos sendo depositados por todo meu corpo.
— Eu senti tanto a sua falta. — Digo, com a voz trêmula.
— Eu ainda mais, não imagina como é estar longe de você,
não pode trocá-lo quando eu quero. — Fala e massageia seu pau
duro, olhando para mim.
Eu não preciso de convite, me levanto e começo a chupar
aquela bela vara, fazendo movimentos de vai e vem, eu o levo
profundamente na minha garganta, do jeito que ele gosta.
— Se continuar assim eu vou gozar na sua boca e eu quero
gozar no seu rabo gostoso! — Fale, tirando sua vara da minha boca.
Voltamos para a cama e não demora muito para que eu sinta
seu pau dentro de mim, os movimentos lentos e torturantes. Mordo
seu ombro, rugindo.
Só ele me faz sentir o grande prazer, algo diferente...
Dominante. Restritivo. Secreto.
— Não para — gemo enquanto ele me mete.
Não preciso me tocar para que o prazer alucinante tome conta
de mim e gozo muito. Ele me segue, gozando também e depois me
beija profundamente.
— Preciso ir, vou ajudar a rastrear Alesso! — Digo, depois de
ter tomado banho junto com ele e me vestido.
— Tome cuidado, Alesso pode estar fraco, mas não esqueça
que um lobo velho, mesmo ferido, não deixa de ser lobo.
— Não se preocupe, sei me cuidar, preciso ajudar na captura
dele, agora virou uma questão de honra para mim.

Sai do hospital e estamos voltando para casa, mas não tinha


forças para reagir, Dimitri disse que me ama e por mais que eu tente
mentir e me enganar, eu esperei muito para que ele falasse isso. Eu
ansiei ver amor em seus olhos, ver sua devoção, porém agora é tão
tarde, eu já não sou a mesma, eu sou apenas um retalho daquilo que
fui.
Dimitri tentou me convencer a falar com uma psicóloga, mas
eu me recusei, tenho tanto nojo e vergonha que não quero mais
ninguém sabendo o quanto eu sou suja.
— Chegamos, bella — diz Dimitri ao estacionar o carro e se
inclina para soltar o cinto, mas o pavor dentro de mim é tão grande
que me afasto do seu toque.
Solto o cinto sozinha e Chaise abre a porta para mim do lado
de fora, eu vejo todos os funcionários da casa aguardando a minha
chegada. Na minha cabeça, todos sabem o que aconteceu, todos
sabem que estou suja e manchada, abaixo a cabeça, com os lábios
tremendo. Dimitri vem até mim e toca no meu queixo, levantando meu
rosto.
— Não abaixe a cabeça jamais, amore mio, você é a senhora
da máfia, a dona dessa casa e não quero que ninguém a intimide.
Suas palavras são tão certeiras que eu quero acreditar, eu
juro que quero, mas eu não consigo, não depois do que aconteceu.
Dimitri me leva para dentro e eu preciso me esforçar muito para não
gritar quando ele me pega no colo e sobe as escadas para o nosso
quarto. A suíte, assim como o quarto do hospital, está cheia de
rosas vermelhas e eu não consigo segurar as lágrimas que caem.
— Eu não quero que você chore, se preferir eu mando tirar
todas daqui — diz ele nervoso, me colocando na cama.
— Não, deixe elas! — Digo as primeiras palavras que consigo
pronunciar desde que acordei do pesadelo que vivi.
Contudo, ainda não tenho forças o suficiente e nem coragem
para olhar nos olhos dele, não depois daquele vídeo onde ele viu o
quanto eu me senti suja.
— Você precisa descansar, vou pedir para Luigi trazer seu
almoço e se quiser posso ficar aqui e assistimos algo juntos. — Diz,
mas eu balanço a cabeça, tentando ficar longe.
Dimitri acena, concordando, me entrega o controle, mas eu
não pego, só quero dormir e não acordar mais. Espero a porta
fechar e me cubro, como se esse cobertor pudesse me proteger da
imundície. Fecho os olhos com força e tento dormir e não pensar no
pior dia da minha vida.

Acordo suada, com o coração acelerado e minha cabeça


doendo. Toco meu rosto e me dou conta que estava chorando de
novo. Toda vez que fecho meus olhos os demônios vêm atrás de
mim. Seus olhos estão gravados na minha mente. Estou cansada, eu
só quero não sentir isso queimando dentro de mim. A bandeja com o
meu almoço está sobre o criado mudo, ainda quente, me fazendo
pensar que não dormi quase nada. Me levanto e caminho com
dificuldade até o banheiro e ao me olhar no espelho eu não
reconheço a imagem que reflete ali. Uma casca suja e vazia, eu não
sou mais quem eu sempre fui. Tiro a roupa e não tenho coragem de
olhar para meu corpo, apenas o meu rosto já foi horrível o bastante.
Entro no box desesperada para me livrar dessa sujeira.
— Deus, por que eu, o que eu fiz para merecer esse castigo?
Tenho nojo de mim mesma, se eu tivesse lutado mais, se eu
não tivesse aberto aquela porta. Ligo o chuveiro quente, me esfrego
forte, com raiva e nojo, me esfrego mais e mais a ponto de ficar
vermelha e sentir minha pele doer, mas essa dor é superficial perto
da dor que sinto na minha alma. Choro, me sentindo suja, com asco
de mim mesma.
— Solta essa esponja — Diz Dimitri, entrando no box do
banheiro de roupa e tudo e impedindo que eu continue a me limpar.
— Eu estou suja, estou suja. — Repito, balançando a cabeça
em choque ao saber que ele está me vendo.
Ele está vendo a minha sujeira.
— Você não está suja, para com isso, não se machuque
dessa forma. Eu estou aqui com você, eu vou cuidar de você até que
você esteja boa. Eu juro que vou matá-lo da maneira mais horrível
possível.
— Ele fala, me cobrindo com o roupão.
— Não olha para mim, não me olha!! — grito, assustada.
Dimitri me leva para o quarto e chama Carlota para me ajudar
a me vestir, ela não comenta nada, fica quieta e apenas sorri quando
termina de pentear meu cabelo.
— Posso deixar seu marido entrar, senhora? Ele está parado
atrás da porta do quarto esperando a senhora se vestir.
Balanço a cabeça e ela sai, deixando Dimitri entrar, ele me
ajuda a comer, mas em nenhum momento tenta me tocar, o que me
deixa aliviada.
— Tome seus remédios, você precisa descansar, meu amor.
— Fala, me entregando os remédios e um corpo de suco.
Meu amor, é tão bom ouvir essa palavra saindo da sua boca
por alguns segundos, até me esqueço do que passou e sou apenas a
mulher que ele ama. Mas Dimitri ainda não percebeu que aquela
mulher morreu, só resta lixo em seu lugar. O remédio começa a me
deixar sonolenta e aos poucos eu vou sentindo meu corpo relaxar e o
sono vir. No meio do meu sono ouço a voz de Dimitri falando com
alguém ao telefone, não sei se é um sonho ou se é real.
— Aslan, ela precisa de você, eu não sei como ajudá-la, ela
precisa do irmão, estou a ponto de enlouquecer vendo-a se desfazer
dessa forma.
Desligo o telefone em estado de fúria, imaginando o que
Katarina deve ter passado na mão do sequestrador. Dimitri não
soube fazer a única coisa que ele deveria, que é proteger minha
irmã, minhas mãos tremem de ódio.
— O que aconteceu, você está vermelho, quem era no
telefone? — Pergunta Rebeca.
— Dimitri, Katharina foi sequestrada e violentada, preciso ir
para a Itália ver como a minha irmã está!
— Meu Deus, foi o Dante, foi ele quem fez isso com ela?! —
Pergunta, horrorizada.
— Não, foi Alesso Gambino, preciso ir para a Itália o mais
rápido possível.
— Eu vou com você. — diz, nervosa.
— Não posso correr o risco que Dante a veja, prefiro que
fique aqui na Rússia, aqui você estará mais bem protegida, eu tenho
um apartamento no centro de São Petersburgo, você fica lá até eu
voltar.
— Eu não quero ficar longe de você. — Fala, segurando
minha mão.
— Não se preocupe, eu prometo que voltarei logo, mas nesse
momento Katharina precisa de mim.
— Eu entendo — diz, beijando meus lábios e eu a abraço
apertado.
Passamos nossa última noite na cabana, cabana essa que se
tornou nosso refúgio. Jamais poderei voltar aqui e não pensar nos
momentos maravilhosos que vivemos nessas últimas semanas.

Chegamos em São Petersburgo por volta das três da tarde,


eu ainda teria que voltar para casa e conversar com meu pai, colocá-
lo a par do que aconteceu com Katharina e convencê-lo a quebrar o
contrato com Dimitri, libertando assim, de uma vez por todas, minha
irmã das garras daquela besta. Estaciono o carro na garagem do
prédio de luxo no centro de São Petersburgo. Dois homens meus, de
extrema confiança, ficarão responsáveis pela segurança de Rebeca.
— Vamos, quero te mostrar a cobertura antes de ir. — Digo,
abrindo a porta do apartamento.
— Uau — fala ela, olhando para a sala com vista para
Kotelnicheskaya Embankment Building.
— Assim que voltar eu farei questão de te mostrar toda à
cidade, por hora eu prefiro que não saia sem segurança, meus
homens podem comprar qualquer coisa que precisar.
— Eu não quero ficar dependendo de você, Aslan, eu
pretendo procurar um emprego. Eu estudei e sou formada em
arquitetura, posso arrumar um emprego para mim aqui.
— Claro, não quero prendê-la a mim, Rebeca, você não será
mais um pássaro em uma gaiola de ouro, quero que você se sinta
realizada, livre e principalmente feliz aqui na Rússia.
Me despedir do meu anjo foi difícil, mas neste momento minha
irmã precisa mais de mim. Desligo o carro e entro no palácio
Tsarskoe Selo, que fica na região de vila do Czar, antiga residência
imperial da família Romanov. O palácio foi herdado pela família da
minha bisavó e desde que a Bratva se iniciou, o local se tornou sede
da máfia russa.
Entro em casa e sou recebido por mamãe e minha tia Kira.
— Filho, onde esteve? Fiquei preocupada e também senti sua
falta. — Fala minha mãe, me abraçando.
— Eu estava caçando, mãe, mas estou bem. Preciso falar
com meu pai, sabe se ele está no escritório?
— Sim, ele não saiu de lá nem mesmo para almoçar.
— Eu vou falar com ele e depois converso com a senhora. —
Digo, preocupado.
Como vou contar o que aconteceu com Katharina para
mamãe? Mas o melhor é alertá-la para que ela não se assuste ao
ver Katharina no estado horrível que ela se encontra.
— Chefe, precisamos conversar. — Falo, batendo na porta e
entrando.
— Decidiu dar o ar da graça, quem acha que é Aslan, o
presidente da Rússia para simplesmente se afastar dos seus
deveres e ir para a porra de uma cabana no meio do nada com sua
nova amante?
— Não sei do que está falando, só precisava de um tempo
para espairecer.
— Espairecer?! Você é meu subchefe, logo a Bratva estará
sob seu comando, acha que vai poder abandonar tudo e ir se divertir
com uma vadia qualquer.
— Não fale assim de Rebeca!!! — Grito, revoltado.
— Esse é o nome da sua nova diversão?! — Questiona e eu
me preocupo com o que ele descobriu sobre ela.
— Nada sobre Rebeca diz respeito a você ou à Bratva.
— Diz respeito quando meu filho vai para a Itália e volta de lá
com uma mulher, larga seus deveres para se enfiar debaixo da saia
de uma italiana.
— Eu tenho dado meu sangue pela Bratva desde que era uma
criança, nunca falhei em uma missão, não se esqueça disso.
— Exatamente por isso preciso te lembrar que, seja qual for
sua ligação com essa mulher, não ficará na frente da Bratva, em
breve farei uma aliança e você se casará com uma herdeira bem
nascida, alguém digna de ocupar o lugar ao seu lado na mesa da
Bratva.
— Você quis mandar nas escolhas da minha irmã, obrigou ela
a se casar com um homem que ela odiava e o resultado disso foi
Katharina sequestrada e estuprada. Não pense que deixarei que faça
o mesmo comigo.
— Do que está falando?! — Pergunta e só agora eu posso
ver algum tipo de emoção passando por seu rosto.
— Katharina foi sequestrada por um traidor dentro da Cosa
Nostra, minha irmã foi espancada e torturada por um verme.
Meu pai fica, pela primeira vez desde que eu o conheço, sem
palavras.
— Vou levar mamãe para Itália e também Ivana, Katharina
está em um estado catatônico, não consegue reagir depois da
brutalidade feita a ela. Se não permitir, saiba que pela primeira vez
na vida passarei por cima das suas ordens e vou levar mamãe para
a Itália de qualquer forma.
— Não será preciso, eu mesmo irei levá-la a Palermo para
vermos nossa filha e o Sukin syn do marido dela.

Não sei quantos dias se passaram, na verdade dia e noite não


fazem diferença para mim. Não consigo sair do quarto, não consigo
me reerguer, não consigo sair desse poço sem fim que me arrasta
pra baixo. Dimitri vem insistindo para que eu aceite ajuda profissional,
até trouxe uma médica para conversar comigo, mas eu não consigo
nem mesmo olhar no rosto dela.
À noite é quando a tormenta fica pior, eu mal consigo deitar na
minha cama. Ao fechar os olhos, me vejo naquela cama de concreto
acorrentada e aquele monstro me torturando.
Dimitri vem sendo incrível, paciente e preocupado, ele não me
toca, com medo que eu surte novamente e dorme no sofá do quarto,
porque sabe que não suporto estar na mesma cama que ele. Me
sinto um fardo, quebrada, alguém que só atrapalha a vida de todos.
Lorenzo até tentou me fazer rir das suas piadas bestas, mas dentro
de mim não existe mais alegria, muito menos diversão. O sol está
nascendo mais uma vez, como não durmo direito, é rotina ficar na
varanda, de pijama, olhando para o céu. Me perguntando a Deus por
que, por que ele não me deixou morrer, pra que viver sendo
atormentada assim, é horrível.
— Você levantou cedo de novo?! — Pergunta.
Dimitri e vem até mim na sacada com um cobertor nas mãos,
cobrindo meu ombro e ficando parado ao meu lado.
— O que acha de ir ver Hades e Perséfone depois do café?
Não respondo de imediato, apenas olho para o vazio reclusa
na minha própria mente.
— Tudo bem.
— Eu vou trazer seu café da manhã, não é bom ficar muito
tempo aqui fora, está muito frio e você acabou de passar por uma
cirurgia.
Volto para o quarto e me sento na chaise, olhando para as
rosas no vaso ao lado da televisão. Não sei quanto tempo passa,
mas Dimitri volta para o quarto com uma bandeja de café da manhã.
— Vem, amore mio, Carlota fez tudo que você gosta. — diz,
mostrando a bandeja farta para dois.
Como de costume, eu não consigo comer quase nada, então
afasto o prato, pegando o guardanapo.
— Nada disso, você mal tocou na comida, eu também percebi
que está perdendo peso. Experimenta esse bolo — diz colocando um
pedaço na minha boca.
Dimitri me obriga a comer todo o bolo, ele sorri tanto quando
eu termino, que me senti um lixo por não ser mais a Katharina por
quem ele se apaixonou.
— Eu vou precisar ir para o escritório, mas não vou sair de
casa, mais tarde eu volto para te mostrar uma surpresa. — Fala,
empolgado.
Não consigo entender porque ele ainda luta por mim, será que
ele não entende que eu estou vazia, não existe nada aqui, apenas
uma casca fria?

Batem na porta do meu quarto, me assustando, toda vez que


alguém bate na porta eu lembro do clube, lembro que a culpa foi
minha pelo que aconteceu, se eu não tivesse aberto a porta nada
teria acontecido. Monalisa entra com um sorriso tímido.
— Senhora, o senhor Rinna mandou que eu viesse buscá-la
para ir ao jardim. Vou ajudá-la a se trocar e acompanhá-la até lá
embaixo. — Ela diz, mas eu não respondo e continuo olhando para o
vazio enquanto ela entra no closet. — O que acha desse vestido? —
Diz ela, me mostrando um vestido verde que eu adorava, mas agora
só me faz sentir mais pavor ao imaginar que meu corpo ficará
exposto e todos poderão ver minha imundice.
Minha cara de pânico faz ela desistir dele e escolher um
macacão longo cinza, ela me ajuda a colocá-lo e penteia meus
cabelos com cuidado.
— A senhora está linda. — Ela fala, mas não acredito. Ela
está mentindo.
Caminho ao lado dela para a sala, mesmo que minha vontade
seja me esconder debaixo das cobertas.
— Katharina, você está muito bonita, fico feliz que tenha saído
um pouco do quarto. — diz Vicenzo, sorrindo, parecendo feliz em me
ver.
Eu não respondo e ele fica sem graça, acompanho Monalisa
até o jardim, onde Dimitri está de pé me esperando.
— Que bom que veio, amore mio, pensei que teria que ir te
buscar — fala, beijando minha mão, mas apenas o leve toque já me
causa uma sensação de terror — Vem, suas flores te esperam. —
Ele fala, me levando a caminho da estufa.
A estufa está do jeito que eu me lembrava, o cheiro das flores
me traz uma sensação de paz e tranquilidade. Dimitri fica perto da
porta, apenas me olhando enquanto eu ando pela estufa, olhando
cada uma das minhas rosas.
— Elas sentiram sua falta, Romeu me disse que nenhuma
rosa nova brotou desde que você parou de vir aqui — fala ele,
pegando o alicate e cortando uma rosa vermelha, me entregando-a.
Pego o regador e começo a molhar uma por uma, tirando as
folhas secas e adubando as que estavam morrendo, Dimitri fica o
tempo todo observando o que eu fazia e me surpreende quando
arregaça as mangas da camisa social e começa a me ajudar. Por um
tempo eu consigo esquecer quem sou e o que aconteceu.
— Está ficando tarde, você precisa comer alguma coisa e
tomar seus medicamentos. — Fala, me ajudando a guardar tudo.
Pego a rosa vermelha e levo ao rosto adorando a sensação
de paz que ela me traz. Dimitri me leva até a entrada, mas ao invés
de entrarmos na fortaleza, ele me leva para o lado do pátio, onde um
objeto grande, com um tecido vermelho com um laço de presente
estava, olho para ele confusa e Dimitri sorri, puxando o pano
vermelho e revelando um carro branco lindo.
— Você gostou? Pensei que como você ama dirigir, precisaria
de um carro só seu, Chaise, claro, vai continuar te acompanhando
em outro carro, mas terá sua liberdade para dirigir.
Não respondo, o carro é muito bonito, mas jamais sairei, só
de me imaginar passando por esse portão sinto tudo ficar desfocado
e retorcido. Pisco várias vezes tentando não pensar que se não
tivesse insistido em jantar fora naquela noite nada teria acontecido.
— Ei, fica calma, eu estou aqui, você não precisa dirigir
agora, apenas quando estiver preparada.
Depois disso, volto para o quarto e não me levanto mais da
cama, nem mesmo quando a psiquiatra vem me ver, no dia seguinte.

— Como está se sentindo hoje, dona Katharina? — Pergunta,


mas eu a ignoro e me deito na cama, cobrindo o rosto. — Não quer
conversar um pouco comigo, fiquei sabendo que gostou de ir a
estufa, o que acha de darmos um passeio lá, nós duas?
Não respondo, continuo fingindo que estou dormindo, quem
sabe assim ela sai do quarto e me deixa sozinha.

Ela ainda tenta conversar comigo por quase uma hora, quando
percebe que eu não vou responder, então me deixa sozinha para o
meu alívio.
Tranco a porta para que ninguém me incomode e é quando
ouço alguém falar meu nome, alto o bastante para que eu ouvisse
pelo jardim. Caminho até a sacada e vejo Lorenzo segurando uma
guitarra e um microfone, com mais dois homens que nunca tinha
visto.
Me assusto por um segundo ao reparar que todos olham para
mim.
— Princesa, lembra que você me fez prometer que um dia
tocaria pra você, então chamei meus antigos colegas de banda para
uma apresentação exclusiva.
Ele começa a tocar uma música da banda Maroon Five -
"Memories"
A música é linda, mas toda vez que eu olho para baixo me
sinto exposta, sinto como se eles soubessem quem eu sou.
Memórias, as únicas memórias que tenho são aquelas, que não
quero lembrar nunca mais. Meus olhos se arregalam e começo a
tremer. Um pavor horrível toma conta de mim, tento falar para que
parem, mas não consigo, é como se não conhecesse as palavras. É
nessa hora que Dimitri aparece no gramado, todo de preto e dá um
tiro para cima, fazendo Lorenzo parar de tocar e seus amigos
arregalarem os olhos, em pânico.
— Caiam fora daqui vocês dois e você, Lorenzo, no meu
escritório!!! — Ele diz e eu me afasto da sacada com medo.
Os soluços rasgam minha garganta quando a porta se abre e
Dimitri passa por ela, sua fisionomia fica preocupada quando me vê
chorando.
— Calma, respira, eu estou aqui, amore mio, você vai ver,
aos poucos tudo voltará ao normal. — Diz, tocando meu rosto com
sua mão quente, que me causa um arrepio.
Não sei por quanto tempo fico chorando com Dimitri ao meu
lado, só me dou conta que acabei dormindo quando acordo sentindo
um cheiro familiar no quarto. Confusa, abro os olhos e tento entender
de onde vinha o cheiro.
Do lado da cama vejo mamãe, sentada, com seus cabelos
loiros presos em um coque e seus olhos azuis vermelhos de
lágrimas. Sinto braços ao meu redor e respiro fundo, inalando seu
cheiro doce, sentindo uma sensação boa de estar em casa.
— Minha princesa, eu sinto muito, meu amor, não sabe o
quanto eu queria tirar essa dor de dentro de você e aliviar seu
sofrimento. —Ela fala, me abraçando forte e eu acabo relaxando e
correspondendo seu abraço. — Eu estou aqui, minha menina, eu
prometo que essa dor irá passar, querida, você é tão forte, muito
mais forte do que eu jamais fui. — Fala, acariciando meu cabelo e eu
me entrego às lágrimas, sendo acalentada por ela.
Então percebo que Aslan também está no quarto, assim como
meu pai, uma mistura de sensações toma conta de mim.
— Eu estou aqui, irmãzinha, prometo que ninguém mais vai te
machucar — diz Aslan, se ajoelhando do lado da cama. Ele tenta
pegar minha mão, porém eu me esquivo, não quero que ele me
toque, que se contamine com a minha imundice, que sinta o cheiro de
Alesso em mim. Nojo, vergonha, culpa, tudo se mistura na minha
cabeça, meu pai sabe, Aslan sabe, Lorenzo, Vicenzo e Dimitri, todos
eles sabem o quanto eu não valho mais nada, porque agora eu estou
podre por dentro.
Desde que Rebeca fugiu, minha vida tem se tornado um
martírio, um verdadeiro inferno, estou a ponto de enlouquecer sem
ela. Cada canto da nossa casa me lembra seus olhos azuis e seus
sorrisos doces, sinto saudade de quando chegava e a via na sala
para me receber, sinto falta do seu cheiro nos meus lençóis, sinto
falta do sabor da sua boca e do seu corpo. Ainda não posso
acreditar que ela escapou de mim, que me deixou aqui, sofrendo,
sentindo sua falta.
Minha boneca me enganou também, não consigo tirar da
minha cabeça aquele enfermeiro de merda. Será que eram amantes
e ele a ajudou a fugir?! Não, não pode ser, ela não faria isso, mas o
que esperar de uma mulher que vem daquela família? A cada dia
ando mais descontrolado, acabei descontando toda minha frustração
na fábrica de sal, porém, isso já perdeu a graça e agora minha nova
vítima é Giuliana. Não esqueci que ela foi à culpada pela minha
boneca ir parar no hospital. Se Rebeca não tivesse nos flagrado
naquela tarde ela não teria me enfrentado, muito menos eu teria me
exaltado e a machucado. Minha filha estaria aqui, nós continuaríamos
felizes, mas a vadia mais uma vez atrapalha minha vida.
Não desisti de encontrar minha boneca, coloquei os melhores
detetives atrás dela, uma hora ou outra eu irei encontrá-la e ela
voltará para mim e dessa vez não a deixarei escapar nunca mais.
Chego em minha casa e não encontrei a cadela na porta me
esperando do jeito que deveria, o que já me deixa puto, subo as
escadas, enfurecido e a encontro usando as roupas de puta que ela
tem.
— Eu não ordenei que vestisse as roupas que deixei separado
e me aguardasse todos os dias na porta quando eu chegasse?!
— Eu não aguento mais, eu não sou a Rebeca, eu não sou a
sonsa da minha irmã. Eu não aguento mais as surras que me dá, eu
quero ir embora, quero ir pra minha casa.
— Sua casa, vadia, acha que depois do que fez vai escapar
assim? Você merece pagar caro por todo mal que fez a minha
bonequinha. Por sua culpa ela perdeu minha filha e fugiu, eu tenho
certeza que você sabe onde ela está.
— Eu já disse que não sei onde ela está, nunca pensei que
Rebeca fosse tão corajosa a ponto de fugir.
— Está mentindo, desgraçada — falo tirando o cinto da minha
cintura, me preparando para castigá-la.
— Por favor, me deixe ir.
— Ir por que, não era isso que queria desde que me casei
com sua irmã? Você vem me provocando, dando em cima de mim,
agora eu sou todo seu, vadia, vou te mostrar o meu melhor lado. —
Digo, acertando a primeira cintada nela.

Horas mais tarde eu me sinto mais calmo e Giuliana estava


desacordada no chão do meu quarto. Vou para o meu escritório
trabalhar, as coisas na Cosa Nostra estão fora do controle e se já
não bastasse à busca pela minha mulher, Alesso resolveu nos trair.
A polícia está na nossa cola e todos os capos estão
trabalhando ao máximo para apagar qualquer rastro que leve os
federais até nós, os capos de toda a organização. Ella Meyer fez um
bom trabalho em limpar a maior parte do dinheiro da organização,
mas nem se tivesse dez economistas seria possível de limpar tudo
no tempo que precisamos.
Meu telefone toca, é meu subchefe.
— Diga, Felipo.
— Chefe, estou mandando no seu e-mail o relatório com
todos os possíveis esconderijos de Alesso.
— Não seja burro, acha que Alesso é amador o bastante para
se esconder em imóveis dele?
— Creio que não, mas descobri que ele tinha contratado um
hacker para invadir o computador da senhorita Meyer. Todo hacker
tem um código na rede padrão, fiquei a madrugada toda trabalhando
com Daniela para descobrirmos quem poderia ser esse hacker e
descobrimos que é um ex programador que mora em Roma.
— Roma, mas o que esse homem tem para nos ajudar a
achar o traidor?!
— Aí está, pode ser uma chance pequena, mas Gambino
pode ter pedido a ajuda dele para se esconder. Nós estamos
tentando invadir as câmeras do aeroporto e checar se alguém com
as características de Alesso embarcou naquela noite ou no dia
seguinte. Pode ser que ele tenha ido para Roma.
— Certo, avise Daniela para enviar todos esses dados para o
e-mail principal da Cosa Nostra, falarei com Dimitri pessoalmente,
talvez valha a pena irmos a Roma verificar.
Desligo a chamada e decido ir até a fortaleza, contar a Dimitri
o que eu descobri.

Não demora muito para que eu atravessasse os portões da


fortaleza, os seguranças liberaram minha entrada e reparo que há
pelo menos doze homens da Bratva aqui.
Apoio minha mão no coldre da minha pistola Colt e olho para
esses bastardos com todo o desprezo que sinto pelos russos. Entro
na sala principal, sendo recebido por Luigi.
— Preciso falar com o chefe.
— Vou anunciar sua entrada, o chefe está na sala.
— Eu entreguei minha filha intacta e você a quebrou de uma
maneira que eu nunca... Nós tínhamos um acordo, Rinna, e o você
quebrou! — Grita o chefe da máfia russa a Dimitri.
Dou dois passos, entrando na sala e vejo Lorenzo, como
consigliere, tentando acalmar o irmão, Dimitri está muito nervoso e
outro homem alto, de cabelos loiros, está de pé, atrás do Bratva,
segurando uma nove milímetros.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunto, chamando
atenção de todos.
— Briga de família, não veio em boa hora — fala Lorenzo,
mas meu corpo congela quando o loiro que estava de pé se vira e
então olha para mim.
Ali está o maldito que tirou Rebeca de mim, era um Bratva
todo esse tempo, eu deveria saber, claro que foi a maldita russa.
Seu olhar se transforma em ódio puro direcionado a mim, mas
o meu não está diferente, ele a roubou de mim, foi ele quem tirou
Rebeca de mim.
— Voltarei em uma hora melhor — falo, apertando os punhos
e me segurando para não sacar minha arma e dar um tiro nesse filho
de la putana.
Não espero Dimitri responder, saio da sala, determinado a
recuperar o que é meu, entro no meu carro e ligo para o detetive
Acácio.
— Eu já sei onde ela está!! — falo amargo, segurando o
volante com tanta força que sinto minhas mãos doerem.
— Onde ela está? — Na Rússia, minha bonequinha está na
Rússia.
HORAS ANTES

Deixar Katharina na fortaleza sozinha foi difícil, ela não está


nada bem e sua recusa em receber um tratamento psicológico me
deixa louco. Tudo que eu quero é que ela volte a ser a mesma
Katharina de antes, que entenda que o que aconteceu não mudou
quem ela é. De cima do prédio mais alto, com vista ampla, olho pelo
binóculo a avenida Capaci date. O trânsito está normal para uma
auto estrada, é quase uma da tarde, meus homens estão espalhados
nas proximidades da avenida para caso algo dê errado.
Hoje, vou mostrar o poder da Cosa Nostra, chega de deixar
incompetentes resolverem as coisas para mim. Se a polícia declarou
guerra contra a família, é guerra que eles terão.
O rádio toca, silenciando todos que estão a minha volta.
— Chefe, estamos em frente ao ministério da justiça. Ele está
reunido com o general Dalla Chiesa nesse momento
— Os miseráveis estão tramando contra mim!!
— Só aguardando a saída dele, chefe.
— Tem certeza que ele faz esse trajeto todos os dias? —
Pergunto mais uma vez para garantir que tudo dê certo.
— Sim, chefe, tudo saíra nos conformes.

Aguardo atentamente por volta de quarenta minutos o aviso


dos meus homens sobre a saída do magistrado.
Ele está acompanhado do seu motorista, um segurança no
banco da frente, ele e a esposa no banco de trás, na frente vai um
carro com policiais federais, que cuidam da sua segurança. Todo o
momento eu olho para a avenida, esperando o momento onde ele
apareceria.
— O detonador está em minhas mãos — fala George,
especialista em explosivos, americano contratado por mim para
realizar esse serviço.
O carro branco onde o magistrado está começa a dirigir em
direção a Capaci, junto aos carros com os federais, quando o
comboio chega no meio da avenida, meia tonelada de explosivos são
disparados. A explosão é tão intensa que uma cortina de poeira
levanta, obstruindo toda a visão.
Uso o binóculo para tentar ver se alguém sobreviveu, uma
placa de concreto do asfalto, que parece ter uns seis metros, está
por cima do para-brisa do carro destruído. O carro dos agentes
federais também está todo destruído e pegando fogo.
Sorrio ao saber que meu inimigo foi abatido.
— Coloque nossos infiltrados por perto, precisamos checar se
ele não saiu com vida. — Falo a Nino Gioé pelo rádio.
Logo, uma multidão se aglomera ao redor do local, a polícia
federal e os bombeiros tentam salvar as vítimas. Um helicóptero de
imprensa sobrevoa o local da explosão.
Meu celular toca e atendo rapidamente.
— O alvo foi abatido, chefe, o juiz Alberto Falcone está morto.
— Fala Giovane Brusca.
Eu sorrio, sabendo que esse é só o começo.

No caminho de volta a fortaleza escuto pelo rádio do carro e


pelas redes sociais a notícia da trágica morte do juiz Falcone. O
recado que a Cosa Nostra deu foi claro, dessa forma temerão nos
enfrentar frente a frente, o próximo será o juiz Paolo Borsellino, só
que esse rato está tentando se esconder em Roma. Ainda tem a
detetive e o general Dalla Chiesa, todos conhecerão o peso de
enfrentar a Cosa Nostra. Farei uma verdadeira carnificina em
Palermo, até ter todos que se levantaram contra mim mortos.
Ao entrar na fortaleza, ouço um barulho ensurdecedor vindo
do jardim, confuso, desço do carro, indo até onde o som da música
vem. Embaixo da sacada do meu quarto está Lorenzo e dois homens
que não conheço tocando como se estivessem em um espetáculo,
Katharina está no topo da sacada, com os olhos arregalados e seu
rosto em pânico sob o olhar dos três. Tiro minha pistola da cintura e
dou dois tiros para cima, avisando que o show acabou, que quero os
dois patetas fora da minha casa.
— No meu escritório, Lorenzo. — Aviso, rígido, virando as
contas e indo até Katharina, que parece assustada.
Não espero por Lorenzo e vou subindo os degraus da escada
de dois em dois, nervoso, me sentindo culpado por ter deixado ela
sozinha, mesmo que seja por apenas algumas horas. As coisas
estão saindo totalmente do controle, não consegui acabar o verme
do Alesso, mas coloquei a maior parte dos meus homens
vasculhando cada canto da Itália atrás dele, ele não vai conseguir
sair do país, não com as fronteiras sendo monitoradas.
Entro no quarto e vejo Katharina sentada num canto,
chorando, vou até ela e não resisto em abraçá-la, como de costume,
seu corpo fica rígido, mas ela não me afasta.
— Calma, respira, eu estou aqui, amore mio, você vai ver,
aos poucos tudo voltará ao normal. — Digo, acariciando seu rosto e
limpando as lágrimas.
Aos poucos, ela vai se acalmando, eu acaricio seu cabelo de
leve e seus soluços vão diminuindo até ela estar dormindo. Deixo-a
no quarto e vou direto para meu escritório ter uma conversa definitiva
com Lorenzo. Abro a porta do escritório e o vejo sentado de frente
pra minha mesa, mexendo no seu celular.
— O que pensa que estava fazendo com aquele circo lá fora?
— Eu só quis ajudar, pensei que poderia animar ela.
— Acha que eu sou burro, Lorenzo, pensa que não vejo seus
olhares para cima da minha mulher?! — Falo, acertando um soco na
sua cara. E ele cai da cadeira, no susto.
— Eu não sei do que está falando, chefe — diz, limpando o
sangue do canto da boca.
— Não teste a minha inteligência, Lorenzo, fique longe da
minha mulher!!!
— Eu nunca tentei nada com Katharina...
— Claro que não, você não é louco a ponto disso, porém isso
não impede de olhar para ela de maneira desejosa. Talvez o seu
problema, Lorenzo, seja a falta de uma esposa, quem sabe assim
você para de querer cuidar da minha.
— Não estou pronto para casar. — Ele fala, já entendendo
onde quero chegar.
— Para mim, a atenção exagerada que vem dando à minha
mulher prova que você, querido irmão, está mais do que pronto para
fazer uma aliança para a máfia ao se casar, constituir sua própria
família e se mudar da fortaleza.
— Estou muito novo para casamento, não quero nenhuma
chata no meu pé.
— Pois vá se acostumando, em menos de um mês estará
noivando. Em seguida, será a hora de Vicenzo também fazer uma
aliança para família.
Lorenzo ainda tenta me convencer que está muito cedo para
que ele e Vicenzo formem alianças através do casamento, mas estou
decidido, o quanto antes eles se casarem, mais rápido sairão da
minha casa. Continuo no escritório, trabalhando, até Luigi bater na
porta, avisando que a família Castelaresi tinha chegado. Sai do
escritório e vou até a sala de estar, onde estranho encontrar não só
Aslan e Celina, mãe de Katharina, como também Andrei em pessoa.
— Grata surpresa vê-lo aqui, Andrei.
— Como queria que eu ficasse na Rússia, Rinna, com minha
única filha brutalmente atacada na Itália? — Fala, furioso.
— Onde está Katharina? Nós queremos vê-la. — Fala Aslan,
tão nervoso quanto o pai.
— Katharina está no quarto, dormindo, mas creio que a vinda
de vocês fará bem a ela. — Digo, indicando a escada. — Luigi,
acompanhe os três até a suíte. — Ordeno.
Os três o seguem em direção ao terceiro andar sem nem
mesmo olhar para trás. Preciso de uma bebida forte para aguentar a
presença de tantos Castelaresi na minha casa.
Me acomodo na poltrona de couro negro da sala e bebo meu
uísque mais forte, um puro malte escocês, minha cabeça lateja,
muita pressão de todos os lados, muitos problemas dentro da Cosa
Nostra e fora também. E agora ainda terei que lidar com a família da
minha mulher. Não demora muito para Andrei e Aslan descerem as
escadas, mortificados com o estado de Katharina, e começarem as
acusações.
— Eu avisei você, Rinna, que deveria cuidar da minha irmã,
olha o estado que ela está! — Grita Aslan, apontando o dedo na
minha cara.
— Acha que eu queria que isso tivesse acontecido, acha que
estou feliz em ver minha mulher assim, merda?! — Grito, me
levantando.
— Como deixou um capo da Cosa Nostra fazer uma
atrocidade dessas com minha filha? — Andrei diz com a voz ácida.
Nessa hora, Lorenzo entra na sala e fica calado, vendo a toda
a discussão se formar.
— Eu entreguei minha filha intacta e você a quebrou de uma
maneira que eu nunca... Nós tínhamos um acordo, Rinna, e você o
quebrou!! — grita Andrei.
— Vocês precisam se acalmar para tentar ter um mínimo de
civilidade. — Fala Lorenzo, tentando ser o consigliere e controlar a
discussão.
Aslan já estava com sua arma na mão, mas ele não teria
coragem de atirar em mim, não aqui dentro da minha casa, seria
assinar uma sentença de morte.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunta Dante,
chamando atenção de todos.
Logo penso que ele pode ter notícias sobre Alesso.
— Briga de família, não veio em boa hora — fala Lorenzo.
— Voltarei em uma hora melhor — falo tenso, olhando para
Aslan.
— Eu adoraria ficar discutindo com vocês dois o dia todo, mas
isso não vai trazer Katharina de volta. Se querem tanto ajudar a
minha mulher então tratem de se preocupar em conversar com ela e
convencê-la a aceitar ajuda profissional. — Falo deixando-os falando
sozinhos e vou para o escritório, onde encontro Vicenzo e Chaise. —
Espero que tenham notícias boas para mim — falo, sentando no meu
lugar, então Lorenzo aparece.
— Ignácio Salvo não conseguiu liberar Augustus e dois dos
nossos que estão presos irão a julgamento e bem provavelmente
serão condenados.
— Caralho!! — soco a mesa.
— Recebemos um e-mail do subchefe de Dante, temos uma
pista do paradeiro de Alesso.
— Seja direto, onde esse verme está? — Pergunto.
— Ele pode estar agora em Roma. — diz Vicenzo.
— Não é lá que o general Carlo Alberto Dalla Chiesa está? —
Pergunta Lorenzo.
— Exatamente — digo, pensando que talvez Alesso esteja
atrás de proteção.
— Ele foi nomeado há seis semanas como o chefe da
operação antimáfia. — Fala Chaise.
— Alesso deve estar desesperado, ele deve tentar um acordo
com os federais, com proteção à testemunha em troca de delação.
Seria a única maneira dele se esconder da mira da Cosa Nostra.
— Vamos ter que eliminar qualquer chance de Alesso nos
entregar, Dalla Chiesa tem que ser eliminado, mas Alesso eu quero
vivo. — Falo amargo, planejando tudo que farei com Alesso na torre
da agonia.
— Eu vou para Roma e o trarei para Palermo.
— Você já falhou em uma missão, não posso deixar que falhe
novamente. — Falo, decidido.
— Você não pode ir, chefe, deixar Palermo com os federais
na nossa cola e com a fortaleza cheia de Castelaresi não é uma boa
ideia, sem contar que o pai e o irmão de Katharina podem aproveitar
que não está para levá-la de volta para Rússia. — Fala Vicenzo, me
fazendo engolir em seco.
— Tem razão, não posso me ausentar, não quando Katharina
ainda não está bem.
Ligo para Tom Hide Ndrangreta, ordenando que ele prepare
alguns homens seus e vá para Roma eliminar o general Dalla Chiesa.
— Você, Lorenzo, junto com Chaise e Vicenzo vão para
Roma, tragam para mim Alesso, vivo e intacto.
Fiquei sozinha no quarto com mamãe, ela aos poucos
conseguiu me tranquilizar, Aslan e meu pai saíram do quarto, mas
daqui eu podia ouvir os gritos vindos lá de baixo. Eu não queria que
isso acontecesse, a culpa é minha deles estarem brigando. Mamãe
ficou comigo o tempo todo, logo ela abriu a porta e Ivana veio até
mim me abraçando. Senti tanta falta dela, as duas ficaram comigo a
tarde toda contando histórias de quando eu era criança. Mamãe me
ajudou a me vestir e queria me levar para jantar com eles na sala,
mas eu me recusei a descer, preferia ficar aqui no quarto, no meu
refúgio, onde me sinto protegida.
— Eu vou descer e venho te dar um beijo antes que você
durma.
Dimitri vem até o quarto trazer meu jantar, novamente me
obrigando a me alimentar.
— Em breve todo esse tormento que você está passando vai
acabar, eu prometo, amore mio. — Fala, beijando minha testa.
Me sento na sacada olhando para a lua brilhando no céu e
ouço o rugido de Hades, ele sempre ruge ao anoitecer. A porta abre
novamente, penso ser Dimitri, mas não, eram passos calculados que
pararam atrás de mim. Então eu vejo meu pai sentar na cadeira ao
lado da minha e olhar para a lua. Sua mão enrugada pela idade
ostenta os anéis de ouro símbolo da Bratva. Eu lembro de quantas
vezes senti o peso desse anel contra meu rosto, quantas eu apenas
queria chamar sua atenção, mas ele não via assim, então era
castigada severamente por ele, principalmente quando Aslan não
conseguia me proteger.
— Filha!? — Diz ele como se tivesse procurando as palavras.
Continuo sentada sem olhar para ele, com os olhos fixos na
lua.
— Você sempre foi obstinada, nunca se contentou com o que
eu planejava para você. Quando descobri que teríamos gêmeos,
uma menina e um menino, eu imaginei que você seria a minha
princesa, mas você queria ser um soldado, você queria provar que
era tão forte e tão capaz quanto qualquer um. Me desafiou para que
eu treinasse, mas eu não queria a minha menina machucada, eu não
queria que se envolvesse com a Bratva. Mas você não deixou Aslan
em paz até que ele começou seu treinamento.
Eu não respondo, fico calada, me lembrando de todas as
vezes que ele se negou a me treinar ou quando eu insistia em ver os
seus homens lutando ao invés de fazer as aulas de piano.
— Eu preciso que me perdoe, filha — Diz, olhando para mim.
— Eu sinto muito, filha, por não ter sido o pai que você merecia, por
ter assinado aquele acordo, mudando a sua vida, acabando com seu
sonho de se tornar uma grande advogada. Eu fiz o que achei ser o
certo para a Bratva e em momento algum pensei no que era certo
para a minha filha, minha única filha. Eu cometi um erro horrível,
pensei que Dimitri seria o certo para você e agora você está
sofrendo por culpa das minhas escolhas. — diz, com a voz
embargada.
E, pela primeira vez na vida, eu vejo meu pai chorar.
— Eu não sou um homem bom com palavras, nunca fui de
demonstrar carinho para você e para o seu irmão, eu fui criado
assim, fui moldado para ser o capo da Bratva, mas saiba que agora
estou aqui por você, se você me pedir, eu quebro o acordo com
Rinna e te levo comigo de volta para casa. — Ele fala firme, tirando
um lenço do bolso e limpa os olhos azuis. — Me diga se é isso que
quer, Katharina, diga que eu farei o que for preciso para que
melhore!
— Eu vou ficar na Itália, pai — digo firme.
Então ele me abraça e fico rígida, sentindo seu corpo
pressionar o meu, eu queria poder abraçá-lo e dizer que o perdoo,
que o amo, mas não consigo nem mesmo me mover e um nó se
forma em minha garganta.
Dimitri volta para o quarto e meu pai sai prometendo ficar
mais uns dias na Itália comigo.
— Você está bem, amore mio? — Pergunta Dimitri assim que
estamos a sós.
Assinto e vou para o banheiro tomar banho, como sempre,
debaixo do chuveiro vem à necessidade angustiante para me limpar e
lavar toda minha pele. Não resisto a me esfregar até sentir minha
pele arder. Me visto dentro do banheiro para que Dimitri não me veja
exposta, os hematomas estão sumindo do meu corpo e logo terei
que tirar os pontos da cirurgia.

Não vejo Lorenzo nem Vicenzo na fortaleza, mamãe vem me


mimando o máximo possível, assim como Ivana. Dimitri fez questão
de convidá-la a ficar conosco na Itália e ela sorriu agradecendo a
oportunidade. Eu queria ficar feliz, eu deveria ficar, mas como ficar
feliz se dentro de mim só carrego dor e desespero?
Eu consigo perceber que alguma coisa está acontecendo com
a máfia. Tudo parece nebuloso, a todo momento eu me pego
assustada, com medo que o monstro consiga me alcançar, mesmo
aqui dentro. Dimitri havia me garantido que eu estava protegida, mas
ele não poderia me proteger das memórias ruins e das lembranças,
não poderia me proteger de mim mesma.
— Oh moya drugaya polovina, não sabe a angústia que sinto
ao ver você assim. — ele fala se agachando no chão, ficando na
altura do meu rosto.
Eu não respondo e fico olhando para o seu cabelo loiro, que
cresceu, me perguntando se ele ainda iria me amar se soubesse que
a culpa é toda minha pelo que aconteceu.
— Ivana, você poderia nos deixar sozinhos? — fala ele.
— Claro, eu vou para a cozinha ajudar Carlota com o jantar.
— Vamos dar uma volta no jardim, você está precisando de ar
fresco — ele fala, me ajudando a ficar de pé.
Eu já não grito quando sinto o toque, mas preciso respirar
fundo e olhar bem para o seu rosto para me certificar que não é o
monstro me tocando.
— Rebeca mandou um beijo e me pediu para agradecer o que
você fez por ela. — Ele diz enquanto caminhamos pelo jardim da
fortaleza.
Olho para ele aliviada em saber que ela está bem e está
segura.
— Eu estou apaixonado, princesa, totalmente rendido à
italiana. Nunca imaginei sentir esse sentimento tão profundo por
alguém. — Ele fala com um brilho nos olhos — Ela me completa
como nenhuma outra jamais fez, eu quero protegê-la e quero cuidar
dela. Quero que ela seja feliz e consiga superar tudo que ela passou,
ao meu lado. — Diz de maneira apaixonada e eu fico contente em
saber que ao menos Aslan e Rebeca serão felizes.
Ficamos andando pelo jardim, Aslan me conta tudo sobre ele
e Rebeca, o quanto ela estava assustada quando acordou já na
Rússia e como aos poucos ela foi abrindo seu coração para ele.
Meus pais iriam embora amanhã, eu estava triste por não os ter
aqui, me sinto mais segura com Aslan por perto junto com Dimitri e
meu pai, sinto que estou protegida por eles e o monstro não chegará
perto de mim.
Olho para Hades nadando no rio do oásis de maneira
majestosa.
— Ele é assustador, onde já se viu ter um leão de estimação!
— fala Aslan, olhando pela grade para o feroz leão.
Perséfone está deitada sobre a grama, dormindo tranquila,
sabendo que tem o macho para protegê-la.
— Estava te procurando, bella mia. — Fala Dimitri, chegando
até nós.
— Convenci minha irmã a caminhar pelo jardim e me deparei
com essas bestas assassinas no quintal.
— Não chame Hades de besta, ele pode ficar ofendido e pular
a grade — diz Dimitri, assustando meu irmão, que olha para o animal
temeroso.
— Quem era aquele homem hoje de manhã? — Pergunta
Aslan e eu sinto um arrepio subir pelo meu corpo.
— Nada que diga respeito a você — fala Dimitri, curto e
grosso.
Aslan dá um passo em direção a Dimitri e eu coloco as mãos
no seu peito, impedindo a briga.
— Obrigado por ter tirado minha mulher do quarto, mas agora
eu preciso levá-la a um lugar. — Fala Dimitri, olhando para mim, mas
em seus olhos eu posso ver uma sombra.
Um arrepio corre por meu corpo, uma sensação de que algo
vai acontecer.
— Eu te vejo mais tarde, pequena. — Fala Aslan, se
despedindo, deixando Dimitri e eu sozinhos.
— Eu preciso que veja algo, talvez isso faça você voltar a ser
a Katharina de antes. — Fala ele, segurando minha mão.
Um frio toma conta do meu corpo quando caminhamos até a
torre da agonia, meu corpo todo fica gelado conforme subimos as
escadas que levam até as celas. Dimitri em nenhum momento solta
minha mão. Entramos em uma área que não tinha visto ainda. Tudo
paralisa, e eu perco o ar, meu corpo começa a esquentar junto com
um ódio amargo que enche minha boca de ânsia. Lá está Alesso
Gambino Luchese, acorrentado no meio da cela. Uma cadeira posta
em sua frente, como se esperasse um espectador.
No caso, esse espectador sou eu.

Nossa viagem de Palermo a Roma foi rápida, uma equipe


Ndrangreta já estava na cidade vigiando todos os passos do general
Dalla Chiesa. Ele seria monitorado 24 horas por dia, até que
conseguíssemos encontrar uma brecha na sua segurança.
Estava tudo pronto, meus homens espalhados, dois fingindo
serem clientes no restaurante, eu uso uma roupa preta de
motoqueiro e estou em uma Icon Sheene preta e o capacete me
protege de ser reconhecido. Na saída do restaurante, observo a
hora certa de agirmos e penso na ironia da situação, o general
honrado está traindo sua amada esposa com uma mulher quinze
anos mais nova que ele, a atriz e modelo iniciante Emanuelle Lasco.
Aguardávamos a saída dos dois do restaurante para não chamar
muito atenção, preferi escolher um assassinato limpo, sem chamar
atenção da imprensa, já que a cabeça de todos os capos da Cosa
Nostra está a prêmio, prefiro não dar bandeira.
Dalla Chiesa sai do restaurante junto com a amante e dois
seguranças, a mulher ri de algo que o homem diz e ele entrega a
chave do carro para ela. Os dois entram no carro e ela dirigi, vejo
que é hora de entrar em ação e acabar de uma vez por todas com
mais esse problema.
Meus homens dirigem dois jipes preto e seguem eles a uma
distância segura, sem chamar muita atenção, até estarmos longe do
fluxo de carros. Logo atrás, eu piloto minha moto, esperando o
momento certo de agir. Conforme eles rumam em direção ao
apartamento dela, meus homens aceleraram, fechando o carro dos
seus seguranças e atiram com as metralhadoras, em seguida o outro
jipe fecha o carro que Emanuelle dirige, atiram contra o carro até
transformá-lo em uma peneira. O primeiro jipe termina e sai cantando
pneu, o segundo faz o mesmo, atirando contra o carro, não deixando
chance para que o general Dalla Chiesa escape. Por fim, eu paro a
moto ao lado do carro, aponto minha nove milímetros para ele, mas
percebo que não há a mínima chance de ele estar vivo.
A missão foi completada com sucesso, subo na moto, indo em
direção ao centro de Roma, onde Lorenzo e Vicenzo já devem estar
cercando o maledeto traditore do Gambino.

— Onde está Lorenzo? — Pergunto a Vicenzo assim que


chego ao hotel.
— Ele foi buscar os disfarces, Alesso está se escondendo em
um dos apartamentos do prédio em frente. Passei o dia observando
a movimentação e pude ver ao menos três homens dele vigiando o
perímetro.
— Como vamos entrar? — Pergunto curioso, olhando para
Chaise, que vigia algo no binóculo.
— Ele está esperando um agente da federal se reunir com ele
hoje à noite para negociar um acordo.
— Lorenzo grampeou todo o sinal de celular a um quilômetro
do nosso perímetro.
Nesse momento Lorenzo aparece com três sacolas.
— Espero que isso sirva. — Fala, jogando uma para mim e
começo a rir vendo o disfarce de policial.
— É sério que eu vou ter que usar isso?! — Digo, com asco.
— É a única maneira de entrarmos sem causar um grande
estrago, não se esqueça que queremos ele vivo até chegarmos em
Palermo.
Nos vestimos e, usando o quepe e óculos escuros, nos
dirigimos ao prédio de frente. Os seguranças, quando nos veem,
usam o rádio, provavelmente para avisar da nossa chegada. Nossas
armas estão carregadas e com silenciadores para não chamar muita
atenção.
— Podem entrar, vigésimo quarto andar, apartamento vinte e
seis. — Informa um dos capangas.
Entramos no prédio e então a coisa começa a ficar mais
tensa, Alesso estava rodeado de mais segurança do que
imaginávamos, tinha pelo menos nove só no térreo e um deles nos
acompanhou no elevador. Vicenzo faz um gesto para Lorenzo, que
apaga o cara antes mesmo do elevador chegar no andar.
Arrastamos o corpo para a porta que leva às escadas, o deixando ali
e vamos direto para o apartamento vinte e seis.
Um tiro na fechadura da porta e rapidamente invadimos.
Lorenzo atira em um homem armado que tenta defender Alesso.
— Acabou, Alesso, você está fodido. — Falo, apontando a
minha pistola na sua cabeça.
Vicenzo mata outro homem de Alesso que estava de joelhos,
implorando por misericórdia, enquanto eu mantenho o traditore sobre
a minha mira.
— Me deixa ir Tom, nós dois sabemos que Dimitri está
perdendo o poder.
— Maledeto imundo. — Cuspo em sua cara, com nojo dele se
quer cogitar que eu trairia a família.
— Eu deveria arrancar suas bolas, seu porco, infelizmente eu
não posso, mas o que me deixa feliz é saber que Dimitri não terá
piedade da sua alma e você terá uma morte lenta e dolorosa. —
Fala Lorenzo, dando uma cabeçada em Alesso, que desmaia.
— Merda, Lorenzo, Dimitri disse que queria ele inteiro, porra.
— É só um corte na testa, ninguém precisa saber. — Lorenzo
responde.
— Temos que sair daqui e rápido. — Falo, alertando os dois.

Os homens de Alesso, assim que nos veem saindo do


elevador, abrem fogo, o cerco se arma e o tiroteio se inicia.
— Porra, protejam o bosta, ele não pode ter um buraco de
bala!!! — Grita Vicenzo, dando cobertura, enquanto eu arrasto o
corpo de Alesso para atrás de uma parede.
Os gritos de moradores do prédio e sons dos tiros se
misturam. Aponto minha arma para um dos desgraçados à direita,
dou dois tiros certeiros e ele cai no chão. Lorenzo corre em meio às
balas e consegue atirar em um deles, porém quase é atingido.
— Figlio di puttana!!! — Ele grita enquanto atira no miserável
que quase o atingiu.
Abaixo a cabeça, puxando o corpo de Alesso em direção à
saída, Vicenzo me dá cobertura enquanto Lorenzo fica para trás,
atirando nos homens de Alesso.
Nos esquivamos de tiros agora vindos de fora.
O barulho de sirenes é ouvido e nós percebemos que
precisamos sair agora ou não sairemos nunca mais.
— Não posso deixar meu irmão!!! — grita Vicenzo.
— Ele sabe se virar — falo, com dificuldades de carregar
Alesso.
Conseguimos colocar ele dentro do carro e Chaise aparece
para nos dar cobertura.
— Onde está Lorenzo? — Pergunta Chaise, ligando o carro.
— Ele está lá dentro ainda. — diz Vicenzo, algemando Alesso.
— Vocês dois podem ir, vou ficar para ajudar Lorenzo. — diz
Chaise, saindo do banco do motorista, que eu assumo, e ele vai com
a sua arma nas mãos, atrás de Lorenzo.
Dirijo em alta velocidade, passando pelo carro da polícia, que
estava chegando no prédio, uma viatura começa a nos seguir e eu
me desespero.
— Passa nossa localização para Antony, que solicitará
reforços — falo para Vicenzo, que rapidamente aciona nossos
homens.
Cruzo por uma avenida movimentada, furando o sinal
vermelho, mas a viatura se mantém na nossa cola, tento chegar a
Via Nazionale, onde geralmente está cheio de turistas. Corto,
fazendo um cavalo de pau, firmando o volante e entro na avenida
movimentada, é quando dois carros, que fazem nossa cobertura,
chegam atirando contra a viatura. Os policiais tentam revidar, mas é
inútil, o nosso armamento é superior. O carro da polícia capota e
acerta uma grande lixeira. Continuo dirigindo direto para a pista de
pouso, onde nosso jatinho nos aguarda.
— Não vamos sair daqui enquanto Lorenzo e Chaise não
aparecerem. — Fala Vicenzo, visivelmente abatido.
O dia amanhece e nada dos dois aparecerem, estou a ponto
de ligar para Dimitri para que ele ordene que Vicenzo entre no avião,
quando um carro amarelo entre no nosso campo de visão. Meus
homens se preparam, com as armas em punho, quando percebo que
é Lorenzo quem dirige o carro. Ele para o carro e grita por ajuda.
— Me ajudem a tirá-lo do carro, ele está ferido. — Fala
Lorenzo.
Vicenzo corre em direção a Chaise e ajuda a colocá-lo dentro
do avião, Alesso está dopado, no compartimento de carga.
— O que aconteceu lá quando saímos?!
— A polícia cercou tudo, se não fosse Chaise eu estaria
morto agora, tive que roubar esse carro para saímos de lá.
Estávamos a ponto de sermos pegos, Chaise levou um tiro por trás
para me defender. — Ele diz, trêmulo e Vicenzo tenta estancar o
ferimento de Chaise, com ajuda de Antony. O piloto decola, nos
levando de volta à Palermo, a missão foi cumprida, porém não da
maneira como eu tinha planejado.

— Eu preciso que veja algo, talvez isso faça você voltar a ser
a Katharina de antes. — Digo com a esperança que esse seja o
gatilho que a doutora me falou.
Caminho ao lado dela até a torre da agonia, seguro a sua
mão e fico surpreso por ela não me rechaçar. Ela está tensa, sua
mão transpira conforme nos aproximamos das celas que antes
abrigava os prisioneiros, mas que agora é ocupada apenas por um.
A levo até a cela, a maior daqui, onde tudo está preparado
para o que irá acontecer.
— Venha comigo, meu amor, hoje você terá sua vingança!
Coloco a cadeira bem de frente para Alesso, que está
acorrentado pelos braços e de joelhos no chão.
— Você traiu a família, Alesso, passou por cima da confiança
que lhe foi entregue. Você armou, manipulou para tomar o meu
cargo, dando um golpe na Cosa Nostra. Mas nada disso chega perto
do que fez à minha mulher. Você não só a sequestrou, como a
machucou e colocou suas mãos imundas sobre ela. Eu poderia ter
lhe dado uma morte rápida se tivesse apenas me traído, mas não,
você foi mais longe e agora vai sentir o peso da própria besta sobre
você! — Dou então a minha sentença.
Katharina olha para ele com nojo e ódio. Meu desejo pela
tortura, pela morte estava no extremo. Nos últimos dias, meu
controle estava se esvaindo, saber que ele a machucou, que ele a
tocou, que a feriu me faz querer machucá-lo da pior maneira
possível.
Me desfaço do paletó e da camisa, ficando apenas de calça,
deixando-os sobre a mesa de madeira, Lorenzo já tinha preparando
todos os brinquedos quando trouxe Alesso, as correntes estão
presas no teto e ele está nu. Paro em frente a ele e olho em seus
olhos com nojo, com desprezo, dou um soco no seu olho com todos
meus anéis, fazendo seu corpo balançar para trás.
— Foi assim que você bateu no olho dela? — pergunto e dou
outro soco no olho esquerdo. — Você gostou de bater na minha
mulher?!
O soco novamente, dessa vez em seu estômago, fazendo-o
cuspir sangue no chão. Pego o alicate de corte e me lembro das
mãos nojentas dele sobre a minha mulher. Vou até ele, puxo as
correntes que o prendem e seguro sua mão esquerda.
— Não, por favor, acaba com isso de uma vez — ele implora
quando corto o primeiro dedo, com brutalidade.
Sangue escorre pelo chão e seus gritos suplicantes são como
música para mim, Katharina observa a cena e se deleita ao ver o
sofrimento dele. Destruo todos os dedos das mãos, assim suas
mãos imundas estão decepadas. Pego à estaca, um dos meus
brinquedos favoritos, pois tem pregos na ponta.
— Traidor maledeto — bato com a estaca nas suas pernas e
ele se encolhe de dor. — Você é bosta, preferiu atacar uma mulher a
me enfrentar cara a cara — digo, cuspindo na sua cara. — Agora eu
vou te mostrar o que acontece com quem toca a minha mulher. —
Falo, pegando o meu punhal de prata.
Pego um par de luvas e ele começa a tremer de dor e medo.
Me baixo, seguro aquela merda que ele tem entre as pernas e em
um golpe só eu arranco seu pau e suas bolas fora. Ele começa a
vomitar, eu olho para Katharina, que continua vidrada no rosto dele.
— Não ouse desmaiar, quem vai terminar com a sua vida será
ela, a minha mulher. Vem aqui, amore mio. Você tem o direito de
acabar com esse bastardo de uma vez por todas — falo, segurando
o punhal para ela.
— Por favor, Dimitri, me mate de uma vez! — Ele implora,
com medo do olhar que Katharina direciona a ele.
Katharina vem até mim, segura o punhal e para em frente a
ele.
— Você vai pagar por tudo que fez a mim — ela fala.
Olho-a, então eu percebo que ela está de volta, a minha
Katharina, a guerreira imbatível.
— Pensou que poderia acabar comigo, que iria tomar o poder
de Dimitri, mas você não passa de um fraco — fala com asco e
desprezo. — Levanta essa cabeça, Gambino, a senhora da máfia
fala com você. — Acha que por ser uma mulher, eu sou fraca e
despreza tanto os russos, pois saiba que vai morrer pelas mãos de
uma.
— Me mata de uma vez então, Bratva. — Ele tenta provocá-la
para ter uma morte rápida.
— Não, nada disso, primeiro tenho que te contar que nós,
russos, somos descendentes dos vikings.
— Me mata de uma vez, caralho!!! — ele grita para Katharina.
— Os vikings tinham um ritual especial para tratar de homens
como você, traidores e covardes que não merecem piedade. Aqueles
que enfureciam a ira dos deuses.
— Me mata, porra!!! Vamos, Dimitri, me mata, você tem que
me matar — ele implora enquanto eu solto as correntes e o amarro
de joelhos, com os braços abertos sobre uma coluna de concreto.
— Vou desenhar uma águia de sangue em suas costas e suas
costelas vão se abrir como asas, vai ser lindo ver você morrer
lentamente conforme tenta respirar e a dor te consume — fala
Katharina, de pé em frente a ele.
— Não, não, por favor!! — ele grita, desesperado quando
entende o que ela pretende.
Ela sorri e caminha até parar atrás dele. Um corte é feito pelo
tórax e com a ajuda do meu punhal, com uma pressão que nunca vi
nem mesmo em cirurgiões. O sangue começa a escorrer pelo chão e
as mãos dela estão sujas de sangue.
— Haaaa! — Ele grita, tentando se debater, mas eu o seguro
no lugar, impedindo que Katharina acabe acertando algum órgão
vital.
Ela lentamente separa as costelas da coluna vertebral e eu
não consigo enxergar seu rosto, ela está concentrada no que faz e
vai abrindo cortes como se fossem asas de uma águia, de maneira
que não deixe ele morrer fácil. Eventualmente ele morreria pela
hemorragia, pela dor, mas seria uma morte lenta. Nós dois ficamos
assim, olhando para ele até perceber que ele está morto. Katharina
desaba e começa a chorar. Vou até ela e a abraço forte, tentando
consolá-la.
— Acabou, acabou, ele nunca mais vai tocar em você, meu
amor.
— Eu precisava fazer isso, eu precisava me limpar — ela diz,
tremendo.
— Ele mereceu, ele mereceu isso e muito mais. — Digo,
confortando-a
Ela me abraça forte enquanto eu acaricio suas costas.
— Não quero que chore mais, amore mio, acabou, eu estou
aqui por você.
— Eu amo você, Dimitri. — Ela fala em meio ao choro e eu
olho para seu rosto, tentando confirmar o que ela acabou de dizer.
— O que disse, Katharina?! — Questiono, confuso.
— É difícil ter que fingir ser forte o tempo todo e tentar
enganar a todos e o pior enganar a mim mesma, mas já não dá mais
para me enganar, eu amo a besta, eu amo o monstro, eu amo você,
Dimitri Salvatore Rinna.
— Você me ama, tem certeza do que está dizendo, bella
mia?! — Pergunto em choque.
— A verdade é que o monstro em mim ama a besta em você!
— Fala, tocando meu rosto cheio de sangue.
— Eu não mereço seu amor, Katharina, mas sou egoísta
demais para recusá-lo, eu quero tudo de você, bella mia — falo,
puxando-a para mim e a beijo com saudade e desespero, a maneira
como eu a amo chega a ser insana.
Estamos cobertos por sangue, mas a fome, a saudade e a
angústia são maiores que tudo.
— Me toque, aperte um pouco mais, até não podermos nos
soltar — ela fala, gemendo e morde meu lábio, eu sinto meu corpo
todo pegar fogo.
— Eu amo você, bella mia, amo cada pedacinho seu, nada
em você é sujo ou errado, você é perfeita, perfeita para mim. —
Falo, beijando seu pescoço, sentindo o cheiro de sangue ao nosso
redor, mas nada disso importa.
A besta dentro de mim implora para que eu a tome. Katharina
está com o rosto cheio de lágrimas, assim como o meu. O beijo se
torna profundo, nós dois estamos desesperados um pelo outro, é
como se uma barreira tivesse caído. Seus lábios devoram os meus
com saudade e com paixão, ela arranha meu braço e eu mordo seu
queixo, sentindo o gosto amargo de ferrugem.
— Me mostre a quem eu pertenço, quem é o único a ter meu
corpo, a me sentir. — Ela pede olhando em meus olhos e eu entendo
o que ela precisa.
— Ah, amore mio, vou te mostrar exatamente a quem você
pertence, que cada célula do seu corpo tem dono! – Ameaço.
Agarro-a pela cintura e deslizo as alças do vestido longo, seus
braços estão sujos de sangue, assim como meu peito.
Ela está linda e a besta dentro rugi com a visão. Tiro os
sapatos e volto a abraçá-la.
— Você me enfeitiçou desde o primeiro beijo que eu roubei.
— Toda noite brigamos e é quente como um inferno, mas em
seus braços, na nossa cama, me sinto no paraíso — ela fala, me
puxando para outro beijo.
— Vou te mostrar quem você verdadeiramente é, Katharina,
nada do que aconteceu mudou o existe dentro de você!! — Digo,
mordendo seu pescoço, olhando em seus olhos.
Ela abre o zíper da minha calça e toca meu pau, deslizando a
calça para baixo, então eu não perco tempo, puxo seu sutiã branco
com força, arrebentando-o. Olho para os seus seios, os devorando
apenas com o olhar, meu corpo treme de ansiedade, puxo seu
cabelo com força, em um rabo de cavalo e forço sua cabeça para
trás, me aproximando mais e digo.
— Eu amo você, Katharina, você é minha, só minha e de mais
ninguém! — Beijo seu pescoço exposto, mordo e chupo todo o
caminho até seus seios fartos, sujando toda sua pele branca de
sangue.
— Eu quero seu pau em mim, Boss. — Ela fala, massageando
meu pau.
— Não brinca com fogo.
— Toda vez que me toca eu sinto como se tivesse caindo em
brasas. Nós dois somos a própria chama que alimenta o inferno. —
Fala, esfregando sua boceta na cabeça do meu pau enquanto eu
chupo seus seios.
— Vamos nos queimar, querida.
Me abaixo, abocanhando sua boceta, que está pingando,
chupando-a com gula. Lambo de cima a baixo, sugando o clitóris e
puxando-o com os dentes, mordendo de leve.
— Dimitri, eu vou gozar assim! — ela grita, extasiada.
Eu aproveito e acelero ainda mais os movimentos da língua,
ela se arreganha mais para mim, abrindo mais as pernas e puxando
meu cabelo por trás.
— Eu sei do que você precisa — digo, mordiscando de cima a
baixo. — Sei o que você quer.
Penetro ela com a língua e a fodo por uns bons minutos,
observando seu rosto em êxtase, a maneira como ela treme quando
goza me deixa ainda mais louco. Ela choraminga, quase gozando,
fodo-a ainda mais rápido com a boca, ela começa a gritar,
ensandecida e quando está quase gozando novamente, eu paro.
— Não para! – Katharina suplica – Eu vou gozar de novo,
assim isso, isso!
Com a mão direita, seguro seus braços atrás, levando até a
mesa, pressiono seu corpo ainda mais na mesa e pincelo meu pau
na sua bocetinha, deslizando de cima a baixo, sem entrar. Katharina
geme desesperada e se esfrega em mim, se contorcendo, louca,
implorando para que eu a foda. Eu meto de uma vez só na sua
boceta, fazendo-a se inclinar para tentar encaixar melhor, sinto como
se estivesse no paraíso, sua boceta esmaga meu pau feito uma luva,
me apertando, ela está encharcada.
Seus olhos se fecham em êxtase, aproveito e mordo seu seio
esquerdo, ela rebola no meu colo, gemendo. Soco com força,
metendo com vontade, dá para escutar o som dos nossos corpos se
chocando.
— É assim que você quer, bella mia?! — Estoco sem parar,
fodendo sua boceta com força.
— Isso, Boss, mais rápido, me faça sua apenas – Diz entre
gemidos.
— Fala pra mim quem você é, Katharina, a quem você
pertence?!
— A você.
— Eu não ouvi, não entendi o que disse. Anda, fala! — Dou
um tapa em sua bunda.
Tiro meu pau todo, apenas para meter mais forte de novo e
de novo...
— Eu sou Katharina Peskov Castelaresi Rinna, eu sou a
senhora da máfia e pertenço a você, Boss, eu pertenço à besta! —
Grita, chorando quando o orgasmo a domina, só então eu gozo,
rugindo, a acompanhando.
Levanto seu rosto pra mim, puxo seus cabelos e beijo sua
boca lentamente. Vou beijando seu rosto com carinho, limpando suas
lágrimas, olhando em seus olhos azuis, os mais lindos que já vi, me
dando conta que jamais vou conseguir viver sem essa mulher.
— Nunca mais você vai passar novamente pelo que
aconteceu, eu prometo que irei protegê-la até o fim da minha vida,
está ouvindo!? — Falo sério para ela, que balança a cabeça e sorri
para mim. E o seu sorriso é como o sol, iluminando as trevas que
vivem em mim.
O frio da Rússia é formidoloso, odiei esse lugar desde que
coloquei meus pés aqui.
Após descobrir que Aslan Castelaresi foi o mesmo que pegou
Rebeca no hospital, eu comecei a investigar onde ele poderia estar
escondendo a minha mulher, ela não veio com ele para Palermo, isso
estava claro, já que o mesmo não saiu da fortaleza de Dimitri e foi
direto do aeroporto para ela. O palácio onde ele e sua família moram
estava sendo monitorado por meus homens, mas por enquanto nem
sinal de Rebeca, o que começa a me desesperar. Usando meu
charme e carisma eu consigo convencer uma das funcionárias do
palácio a ser meus olhos lá dentro. O lugar é tão grande que,
segundo ela, há muita gente que ela não conhece. Dou uma foto de
Rebeca para que ela investigue se ela estava escondida lá. Agora
aguardo dentro do meu carro, fora do território vigiado pelos Bratva,
para que ela me informe o que descobriu.
— Senti a sua — Ela fala ao entrar no carro, tentando me
beijar, porém eu me afasto, sem nenhum pingo de paciência.
— Vamos, querida, me diga o que descobriu, estou
preocupado com minha sobrinha, ela é muito jovem e pode estar
sendo enganada pelo Castelaresi.
— Bem, tudo bem, eu sei que você é um tio dedicado, mas
jovem não está no palácio. Na verdade, ninguém a viu, mas rola um
boato entre os funcionários.
— Boato? — Questiono, colocando a mão no queixo.
— Sabe como é, muitos empregados, a fofoca rola solta.
— Seja mais clara.
— Estão falando que o jovem Aslan está apaixonado por uma
estrangeira. Parece que ele até se afastou da Bratva para ficar com
ela por um tempo.
Seguro o volante do carro com tanta força que sinto o couro
romper.
— Será que ela é a minha sobrinha?!
— Acho que sim. — Ela diz, olhando para mim.
— Onde ele pode estar mantendo-a? — Pergunto nervoso.
— Não sei, talvez em alguma outra propriedade que seja tipo
um ninho de amor.
Não a deixo terminar de falar, saco a minha arma e disparo
contra ela, silenciando-a de uma vez.
— Maldita, maldita.
Ligo para o detetive e peço que ele descubra possíveis
propriedades que o desgraçado do Castelaresi possa ter.
— Se ele tocou em um fio de cabelo dela eu o mato!
— Digo retirando o corpo da garota do meu carro e jogando
dentro do rio.

Horas mais tarde me encontro com alguns dos meus homens


e o detetive.
— Eu fiz uma lista de possíveis locais onde ela pode estar se
escondendo, mas essa cobertura no centro me parece o local mais
tranquilo, é fácil para ela estar lá.
— Então é para lá que iremos. — Falo, ansioso para
recuperar o que é meu.

O prédio é um dos mais luxuosos da cidade, na minha cabeça


enumero várias opções para o motivo de Rebeca estar aqui, mas em
nenhuma delas a hipótese de ela ter um amante. Não a minha
Rebeca, ela não seria capaz disso. Entrar no prédio acaba sendo
mais fácil do que pensei, apenas dois homens fazem a segurança no
local, nem é preciso chamar meus homens para ajudar, liquido os
dois na recepção do prédio, assim como o porteiro escandaloso que
não parava de gritar. Entro no elevador, avisando meus homens para
ficaram lá embaixo e vão limpar tudo para não deixar rastro, como
também deixar o carro pronto. O elevador para no andar da
cobertura, toco a campainha, nervoso, guardando minha arma dentro
do paletó e espero ansioso ela vir me receber.
Assim que a porta se abre eu vejo Rebeca, com os cabelos
mais curtos, o olhar assustado e pele pálida, como se tivesse visto
um fantasma.
— Sentiu a minha falta, bonequinha?!
Ele é um assassino, ele não é bom, não, seu coração é ruim.
Ele é um predador que manipulou tudo e todos. Enquanto eu crescia,
ouvia minha mãe dizer; corra de homens como ele, pois eles podem
destruir seu coração. Ele é um leão, o rei da selva, ele é o cara mau
com um coração pobre. Eu sei que não é sensato amá-lo, mas eu
estou apaixonada por um monstro. Eu amo, amo a besta, amo um
monstro. E esse tipo de amor não é racional, é físico visceral.
O que aconteceu na torre foi só o começo da nossa noite,
Dimitri me levou em seus braços até a fortaleza, chocando Luigi e
mamãe, que estavam na sala e nos viram cobertos por sangue, mas
nem mesmo os respondemos, Dimitri subiu as escadas comigo, me
levando direto para o banheiro da nossa suíte. Tomamos banho em
meio a carícias, senti como se um peso tivesse saído dos meus
ombros ao aceitar o que estava óbvio. Eu amo Dimitri.
— Quando foi que isso aconteceu entre nós dois? — Pergunto
enquanto acaricio seu peito malhado, deitada com a coxa sobre ele
na cama.
— Isso...? — Questiona, esfregando seu nariz no meu
pescoço.
— Quando a besta italiana se apaixonou por uma russa
teimosa e indomável?!
— Eu posso adicionar muitos adjetivos além de teimosa e
indomável nessa lista, como por exemplo, debochada, desobediente,
encrenqueira, a lista é longa demais — fala com um sorriso no rosto
e eu acerto um tapa no seu peito fazendo ele rir.
— Posso ser tudo isso, Boss, mas ainda assim essa loira aqui
tem você nas mãos — falo, provocando e beijo seu peito.
— Porque eu fui dar asa à cobra? Ela já quer se enrolar na
minha garganta — diz ele fazendo cara de pânico e eu não aguento e
começo a rir.
— Você fica tão linda quando sorri, bella rosa, não sabe como
quase enlouqueci vendo você se corroendo daquela forma, pensei
que iria perdê-la para sempre — Fala, sério, olhando em meus olhos.
— Você se ajoelhou, você me disse que nunca se ajoelharia
para ninguém, nem mesmo se sua vida estivesse em risco.
— Não era a minha vida que estava em risco e sim a sua. —
Fala e meu coração acelera.
Me inclino sobre ele e beijo sua boca com carinho, desejo e
com paixão. Dimitri me puxa para cima dele enquanto aprofundamos
o beijo.
— Não sabe a saudade que senti de poder tocar você, estava
a ponto de enlouquecer, amore mio. — Fala enquanto beija todo meu
rosto.
— Sentiu falta do meu toque, Boss?! — digo, com um sorriso
provocador nos lábios.
Coloco meus braços ao lado do seu corpo, deixando meu
cabelo jogado para frente e vou beijando seu peito até chegar na sua
cintura.
Dou um leve beijo de leve sobre a boxer e ele a puxa para
baixo, se livrando dela, agoniado. Seu pau grosso pula na minha
frente e sorrio, olhando para essa maravilha.
Lentamente eu o levo em minha boca, sentindo a textura e ele
latejar de tesão, lambo a cabecinha e arrasto minha língua de leve
por ele, que está muito duro. Não perco tempo e o lambo inteiro,
passo minha língua por todo seu pau e com minha mão massageio
as bolas.
— Você vai me deixar louco assim, bella mia.
— A ideia é essa, Boss. — Digo e o abocanho, tentando levá-
lo profundamente em minha garganta.
Acelero a chupada e aguardo o seu orgasmo despejar em
minha boca, o que não demora muito para acontecer, Dimitri segura
meu cabelo contra seu pau e despeja todo seu gozo na minha
garganta.
Bebo tudo, me lambuzando, Dimitri me vira pela cintura e me
coloca de quatro na cama.
— Não imagina a visão linda que eu tenho de você, bella mia.
— Hum, vai ficar falando ou vai me fazer gozar?! — Provoco,
me inclinando ainda mais.
Dimitri acerta um tapa estalado na minha bunda e em seguida
lambe toda a minha polpa, que arde. Ele me arreganha toda e passa
a língua de cima para baixo e me contorço toda. Sua língua felina
não dá descanso a minha boceta, me chupa, lambe e faz
movimentos de vai e vem na minha entrada, para depois sugar meu
clitóris.
— Eu vou gozar, não para — digo, me esfregando na sua
boca.
E ele não para, pelo contrário, segura minha cintura e me
degusta como se fosse uma fruta fresca, não resta um canto onde
ele não passa aquela língua feroz. Eu estremeço toda, sentindo meu
corpo amolecer e o orgasmo alucinante me acometer.
— Você é deliciosa, amore mio, amo o sabor da sua boceta
— diz ele, beijando minha bunda e me virando para estar debaixo
dele.
Sentir seu pau entra em mim e é uma sensação maravilhosa,
fecho os meus olhos, gemendo e recebo um tapa na coxa.
— Olha para mim, quero que veja que sou eu que estou te
levando ao limite do prazer, que sou eu o único dono do seu corpo —
fala, chupando meu seio, me fazendo olhar para ele e ter a certeza
que ali é o meu Dimitri.
Ele arremete uma estocada brusca, me levando à loucura e
eu grito de tesão. Dimitri levanta minhas pernas até seu ombro e sem
dó me castiga com seu pau, me arrombando toda. Eu reviro os olhos
de tanto prazer.
— Meu mundo está um verdadeiro caos, mas tudo que eu
quero é ficar nessa cama com você! — Diz, gemendo.
Eu nem consigo responder, minha voz some quando eu gozo,
curvando as costas e tremendo toda. Meu corpo fica lânguido e ele
não para, tira todo seu pau e bate com a cabeça na minha boceta.
— Não me provoca, desgraçado.
— Olha a boca suja, amore mio — fala enquanto encaixa a
cabeça do pau na minha boceta e desliza lentamente no meu canal.
Puxo seu cabelo bruscamente e o beijo, sentindo sua barba
arranhar meu rosto do jeito que gosto. Nós nos beijamos de maneira
apaixonada, rendidos pela luxúria. O som dos nossos corpos se
chocando é como música em meus ouvidos.
— Eu amo você, Dimitri. — Falo, gozando novamente.
— Você é a única que me fez descobrir o que é amor,
Katharina, e nada irá nos separar, amore mio. — Fala, rugindo e
goza fortemente, me inundando com sua semente.
Tomamos outro banho e me visto para descer para jantar.
— Tem certeza que quer descer para jantar em família?
Podemos ficar aqui no quarto. — Fala Dimitri atrás de mim enquanto
eu tento maquiar meu rosto.
— Não podemos ficar trancados aqui para sempre, também
quero aproveitar o tempo que eu tenho com a minha família.
— O que acha de viajarmos, só nós dois, quem sabe para as
Ilhas Maldivas onde seu irmão falou que você queria conhecer? Nós
podemos ficar uma semana lá. — Fala Dimitri, acariciando meu
cabelo molhado, que não fiz questão de secar.
— Não podemos simplesmente fugir dos problemas, você é o
Boss, a Cosa Nostra precisa de você — falo, me virando para ele ao
terminar de passar meu batom.
— Então é melhor descermos logo antes que sua mãe ou
Ivana venham te buscar — fala com um sorriso tão lindo que quase
perco o ar. Quando foi que eu fiquei tão boba assim? Esse homem
só pode ter feito uma macumba para mim, não é possível ficar tão
mexida com um simples sorriso.

— Ainda não acredito que você está bem, minha filha — fala
mamãe, contente, enquanto somos servidos por Luigi.
— Já não há nada o que temer, nem o que me envergonhar,
eu não me sinto mais suja. — Falo, abaixando o olhar, triste.
— Não há nada de sujo em você, pequena. — Afirma Aslan,
me consolando.
Dimitri se mantém calado, assim como Vicenzo, que está
visivelmente contando os segundos para o jantar acabar, Lorenzo
conversa com meu pai sobre os negócios.
É a primeira vez eu que realmente me sinto em família, uma
grande família, toda torta, mas a minha família.
— Já que você está melhor, vamos voltar para a Rússia
amanhã de manhã — fala meu pai.
Dimitri só falta sorrir de felicidade e nem mesmo disfarça.
— Eu gostaria que ficassem mais, quase não pude aproveitar
vocês aqui.
— Os negócios não podem esperar, não podemos nos
ausentar por muito tempo. — Fala meu pai, decidido.
— Tem razão, tenho muito a fazer na Rússia — diz Aslan,
lembrando de Rebeca.
— Não fique triste, bella mia, podemos ir à Rússia em breve
— fala Dimitri, segurando minha mão sobre a mesa.
Todos, menos Vicenzo, olham para o gesto de carinho com
certa estranheza. Talvez seja inacreditável demais para eles
perceberem que a rosa conquistou a besta.

Assim que a porta se abre eu vejo Rebeca, com os cabelos


mais curtos, o olhar assustado e pele pálida, como se tivesse visto
um fantasma.
— Sentiu a minha falta, bonequinha?! — Pergunto, feliz ao vê-
la.
Ela tenta fechar a porta na minha cara, mas sou mais rápido e
empurro a mesma com força, abrindo-a.
— Eu vim te buscar, querida, estou disposto a esquecer sua
fuga e te perdoar — falo, paciente.
— Me perdoar, você me perdoar depois do que me fez? Você
matou a minha filha e eu tenho que te pedir perdão?
— Eu não vou levar em conta o que está dizendo porque sei
que está nervosa. A morte da nossa filha foi uma fatalidade, mas
juntos vamos superar tudo, você vai ver que logo estaremos
esperando um novo filho. Você verá.
— Será que não se dá conta do quanto você é doente? Eu
não quero ir com você, eu o odeio. Dante, eu fugi e fugiria novamente
se tivesse a chance — fala, me enfrentando e a pouca paciência que
eu tinha evapora.
Com três passos eu estou à sua frente e tiro a seringa do
meu bolso do paletó. Rebeca tenta correr de mim, mas eu a puxo
forte pelo braço e aplico o tranquilizante em seu braço fazendo com
que aos poucos ela vá apagando. Pego ela no meu colo e me sento,
em paz depois de semanas. Levo Rebeca até o carro, meus homens
fazem a limpeza e eu a levo para longe desse maldito lugar, onde
ninguém mais atrapalharia nossa felicidade.

A viagem da Rússia até a Itália é longa, dessa vez ninguém a


afastaria de mim, levo Rebeca nos meus braços direto para nossa
nova casa. Casa essa que fiz questão de escolher para nós dois,
não colocaria meu anjo naquele lugar que agora está imundo com o
cheiro da puta da Giuliana.
Falando nela, da última vez que me vinguei dela, acabei
pegando pesado e a vadia foi parar no hospital, eu poderia matá-la e
acabar com isso de uma vez, mas era muito melhor tortura-la
lentamente, pretendo deixá-la nas mãos dos meus homens antes de
dar fim na vadia de uma vez. Nessa nova casa eu pretendo apagar
as lembranças ruins que ela tem, aqui, longe de tudo e de todos eu
pretendo mostrar a Rebeca o quanto eu a amo e estou disposto a
perdoá-la por ter fugido de mim. Observo ela dormir tranquila, toco
seus cabelos loiros, que agora estão mais curtos, indignado por ela
os ter cortado. Seu rosto está mais corado e ela também ganhou
peso, o que caiu bem em seu corpo. Seu rosto franze lentamente e
ela vai abrindo os olhos, pisca várias vezes para se acostumar com a
claridade.
— Que bom que acordou, meu anjo — falo feliz e então
Rebeca se senta na cama, assustada.
— Onde estou... Como você... — começa a gaguejar,
nervosa.
— Senti tanto a sua falta, querida — falo, me aproximando
dela que se esquiva do meu toque.
— Não me toque, tenho nojo de você — fala com ódio no
olhar.
Me afasto, respirando fundo, tentando controlar a minha
vontade de fazê-la engolir suas palavras.
— Eu sei que está magoada pelo que aconteceu, eu não
deveria ter te traído meu anjo. Mas eu sou homem e a vagabunda da
sua irmã ficou se oferecendo.
— Como tem coragem de colocar a culpa nela? É você quem
me deve respeito, Dante, você era meu marido, era você quem
deveria honrar nosso casamento — diz, com lágrimas nos olhos.
— Eu ainda sou seu marido, meu anjo, eu errei, mas prometo
que agora será diferente. — Falo, pegando o buquê de rosas rosa
que mandei comprar e entrego a ela.
Rebeca pega as flores e olha para elas como se fossem
espinhos e as joga no chão.
— Acha que essas meras flores irão mudar tudo que
aconteceu? Você me traiu, me humilhou, me espancou e ainda
arrancou de dentro de mim a única coisa boa que tinha me dado,
minha filha. Eu nunca vou te perdoar, eu te odeio com todas as
minhas forças!!! — grita, com o rosto cheio de lágrimas.
Eu preciso fechar os punhos e contar até dez mentalmente
para não a machucar.
— Eu estou disposto a te perdoar, esquecer que fugiu,
esquecer que pediu para Katharina te ajudar a fugir. Posso fechar
meus olhos para os seus erros, você só precisa fazer o mesmo. Eu
te trouxe aqui para te reconquistar, você já me amou uma vez, pode
me amar novamente, o tempo fará isso.
— O tempo pode curar tudo, mas o meu ódio por você ele
não vai. Pode vestir essa máscara de bom moço, mas eu conheço o
monstro que é você, Dante, eu não o amo, na verdade, agora eu
tenho a certeza que nunca amei, o que eu sentia por você não
passava de deslumbramento de uma garota boba.
— Isso não é verdade, você me ama!! — Falo amargo,
tremendo com sua audácia.
Ela nunca falou assim comigo, nunca me enfrentou dessa
forma.
— O único homem que amo se chama Aslan Castelaresi!
Eu não me seguro e acerto um tapa tão forte em seu rosto
que ela se vira e sangue escorre pelos seus lábios, que ela trata de
limpar e sorri para mim.
— Pode me bater o quanto quiser, pode me espancar, eu não
me importo, eu posso viver o resto da minha vida no inferno com
você, mas jamais esquecerei as semanas no paraíso que só Aslan
pode me levar.
Me afasto dela antes que acabe fazendo o que tenho vontade,
que é fazê-la engolir cada maldita palavra que diz.
— Você viveu um inferno ao meu lado, meu anjo, você não
conhece o inferno, mas talvez eu possa mostrar a você um pouco do
que é verdadeiro inferno.
Pego meu celular e ligo para meu subchefe, que já tem tudo
preparado.
— Quero fogos de artifícios brilhando no céu de Palermo, que
não reste nem mesmo um membro para contar história! — Falo,
imagino o rosto do maldito russo que ousou tocar na minha mulher.
— O que você vai fazer?! — Pergunta Rebeca, nervosa e eu
apenas sorrio.
— Está tudo pronto, chefe, será perfeito, ninguém vai
desconfiar. — Fala, confirmando as minhas ordens.
Desligo o telefone e olho para Rebeca, que está alarmada.
— O que você vai fazer, Dante, o que está planejando? — Ela
pergunta, se levantando da cama e vindo até mim.
— Ninguém toca no que é meu, anjo, o maldito russo
entenderá isso da pior forma!

Eu mal dormi na noite passada, ansioso para voltar para casa.


Tentei ligar para Rebeca durante a noite, mas estranhamente ela não
me atendeu, provavelmente estaria dormindo por conta do fuso
horário. Mandei uma mensagem para meus homens e eles me
avisaram que estava tudo bem. Me vesti assim que o sol nasceu, eu
já estava com as malas prontas para voltar para casa. Desço para o
térreo e encontro Vicenzo chegando. Pela sua expressão nada boa
dava para perceber que ele não está bem. Passa por mim, como se
não tivesse me vendo e sobe as escadas. Malditos italianos, todos
sem educação.
— Eu costumava dizer a mesma coisa dos russos — fala
Dimitri, saindo do escritório.
— Rinna. — O cumprimento.
— Pelo que vejo já está pronto para voltar para casa!
— Sabe como é, esse lugar é quente demais para mim —
debocho.
— Está claro que não nos suportamos, Castelaresi, mas nós
dois temos algo em comum, Katharina, e por ela teremos que
aprender a conviver, afinal nenhum dos dois vai se afastar da vida
dela.
E, pela primeira vez, me vejo obrigado a concordar com o
maldito Rinna.
— Realmente, você está certo, pelo bem da minha irmã, eu
faço o sacrifício de suportar você, Rinna.
— O que tanto vocês dois conversam?! — fala Katharina,
descendo as escadas.
É nítido ver o quando ela está melhor, não sei o que
aconteceu naquela torre, mas não importa, desde que tenha trazido
minha irmã de volta.
— Apenas dizia para o seu irmão que é uma pena ele e seus
pais já irem embora, mal chegaram à Itália.
— Ah, sei... — Fala, cruzando os braços, duvidando das
palavras de Dimitri.
— Vamos para o pátio, pedi que Luigi e Ivana preparassem o
café lá fora antes de vocês irem.

O café da manhã se passa em um clima leve, os irmãos de


Dimitri não comparecem, mas isso não atrapalha o clima bom.
Mamãe se desmancha em lágrimas ao se despedir de Katharina,
meu pai a abraça pela primeira vez em muitos anos e diz algo em
seu ouvido que a fez derramar uma pequena lágrima.
— Vou sentir sua falta, pequena — digo, pegando suas mãos.
— Isso não é uma despedida, não quero chorar, irmãozão,
logo eu estarei indo para a Rússia, quero ver uma certa pessoa. —
Fala, sorrindo e eu a beijo na testa, depois a abraço apertado, me
despedindo.

O caminho até a pista de voo particular é rápido, meu pai se


mantinha entretido no celular enquanto mamãe dizia para mim o
quanto está feliz sabendo que Katharina está bem, que dá para ver
que ela e Dimitri estão apaixonados. Reviro os olhos toda vez que ela
elogia o merdinha do marido da minha irmã.
Chegamos no local e logo nossos homens começam a
carregar as malas para o jato. Alguma coisa está me angustiando,
afrouxo o nó da minha gravata. Meu pai fala com Vasily, nosso piloto.
Mamãe entra na aeronave, assim como a maioria dos nossos
homens. Olho ao redor, tentando entender o porquê dessa sensação
angustiante.
— Alguma coisa está errada — falo ao meu pai.
— Não temos tempo a perder, ainda hoje temos uma reunião
com Alexei sobre a aquisição de novos navios. — Fala ele, direto.
— Espera, eu preciso ligar para Katharina. — Falo, com a
angústia crescendo em mim.
— Já não se despediu da sua irmã o suficiente? — Questiona
ele, já sem paciência.
— Você pode ir entrando, só vou falar com ela, já entro.
Ligo para Katharina e demora três toques para ela atender.
— Aslan, já ia te ligar. — Fala com a voz tensa.
— Aconteceu alguma coisa com você, pequena? Tive um
pressentimento ruim.
— Eu também senti uma coisa ruim, não sei explicar. Lembra
quando éramos crianças?! — ela fala, me deixando mais tenso.
— Pode não ser nada, apenas besteira da nossa cabeça.
— Tem razão. Promete me ligar assim que chegarem na
Rússia? — Ela pergunta, nervosa.
— Eu prometo, pequena.
Assim que desligo o telefone, ele volta a tocar, o número de
Maksim, meu amigo e homem de confiança.
— Diga, Maksim, estou a ponto de entrar no voo de volta para
casa.
— Chefe, sinto muito te avisar somente agora, mas só fiquei
sabendo a algumas horas — Fala, me deixando nervoso. — Fala de
uma vez, porra — digo, já apertando o celular com força.
— A garota que estava com o senhor foi levada e seus
seguranças mortos.
Sinto como se tivesse levado um tiro, o olhar de Dante
naquela tarde volta, me castigando. Eu deveria saber, eu deveria
saber que ele descobriria.
Não tenho tempo de respondê-lo, pois nessa hora Igor vem
me avisar que estão prontos para decolar. A minha cabeça ferve de
ódio, tudo que penso é que ele conseguiu levá-la.
— Senhor, precisamos ir, o piloto já vai decolar.
— Eu não vou, avise meu pai que ficarei na Itália, tenho
assuntos para resolver aqui — digo, com uma expressão feroz e logo
ele se afasta e entra no jatinho para dar o recado.
Enquanto eu pondero maneiras de recuperar Rebeca e matar
Dante, meu telefone toca e vejo que é meu pai.
— O que pensa que está fazendo, moleque?!!
— Estou fazendo o que meu coração manda, só sairei da
Itália quando recuperar a mulher que amo.
— Você vai causar uma guerra, é isso que quer?! — Ele grita,
fora de si.
— Eu assumirei as consequências dos meus atos, a Bratva
não tem nada a ver com isso!
— Não seja um irresponsável, entre nesse avião e vamos
voltar para casa, esqueça essa garota, logo você estará de
casamento marcado.
— Pela primeira vez na vida, pai, eu não farei o que o senhor
manda.
— Aslan Peskov Castelaresi! — ele grita.
— Adeus, pai — falo firmemente e desligo o telefone.
O jato liga as turbinas e começa a se preparar para o voo,
observo o início da decolagem e tudo acontece em câmera lenta, o
jato começa a ganhar altitude, quando uma explosão acontece.
— Não!!!! Pai! Mãe, não!!! — Grito, desesperado, correndo
em direção ao avião que é consumido pelas chamas em pleno ar.
— Não, não!!! — grito em puro desespero, vendo várias
pessoas gritando e correndo por todos os lados.
O avião começa a cair em direção a um prédio e eu desabo
no chão, chorando ao assistir há queda do avião com meus pais,
envolto em fogo e fumaça.
Tudo parece surreal demais para ser verdade, em um instante
os dois estavam aqui do meu lado e agora tudo está em chamas.

A morte do juiz Falcone causou grande baque na operação


antimáfia. Ele era o pilar que sustentava a investigação, a mídia
agora cobre toda a repercussão da sua morte.
Palermo está um verdadeiro caos, até mesmo o presidente
teve que fazer um pronunciamento falando sobre o combate à máfia
em seu governo, o que não deixa de ser uma piada, já que o governo
federal nunca tinha feito nada contra a Cosa Nostra, nem mesmo
havíamos enterrado o juiz Falcone quando recebemos a notícia da
morte do general Dalla Chiesa, uma dupla perda para a operação.
Agora, o responsável pela operação é o magistrado Paolo
Borsellino, que está, neste momento, com a escolta duplicada. Tudo
parecia perdido, ainda mais depois da operação fracassada de
prender Alesso Gambino, ele era nossa chance de conseguir uma
confissão que nos levasse aos três irmãos Rinna. Não podemos
confiar em ninguém, todos podem se vender aos poderosos
mafiosos.
Eu consegui me recuperar da tentativa de assassinato contra
mim, mas nem mesmo pude ir ao enterro dos meus companheiros
Falcone e Dalla Chiesa. Ainda tem o assassino em série, que está
confundindo a minha cabeça e algo me diz que esse caso tem
ligação com a Cosa Nostra. Porém, não consigo uma forte prova que
faça a conexão, sem contar que depois da notícia do serial killer sair
em todos os meios de imprensa, pais de jovens desaparecidas
apareceram alegando que, supostamente, suas filhas podem ser
vítimas do assassino, aumentando ainda mais o número de casos.
Conseguimos a autorização do juiz para prender o delegado Albertino
e os agentes Romeiro e Thales por associação à máfia. Já Vitório,
agora está de volta ao cargo, reintegrado à nossa operação depois
da tentativa fracassada da prisão de Gambino.
— Sabe se conseguiram alguma informação de Augustus
Tomari?
— Ainda não, o cara é casca dura, não aceita abrir a boca.
— Ele foi fotografado fazendo a segurança de Dimitri
Salvatore Rinna, como ele explica suas ligações com a Cosa Nostra
sem envolver o chefe.
— Ele simplesmente não abriu a boca, diz que só falará em
juízo.
— Maldito — digo, batendo na mesa, frustrada, me sentindo
em um beco sem saída.
— Com a morte do juiz e do general estamos sem tempo,
precisamos prender o cabeça e não os soldados.
— Uma jornalista nos mandou uma foto onde o juiz Signorino,
foi visto junto com um dos supostos integrantes da Cosa Nostra,
dentro de um carro, recebendo um pacote. Ao que tudo indica ele
recebeu suborno para aceitar a liberação de Juliano Sacra.
— Isso não vai ficar assim, precisamos tomar o controle,
Palermo não pode seguir sendo refém desses criminosos.
— O que faremos agora? — Ele pergunta, sentando em
minha frente.
— Mande a jornalista publicar as fotos, quanto mais a
população se indignar com essas barbaridades, melhor para nós. A
máfia está acostumada a ter a população os apoiando, precisamos
reverter isso.
— A votação para a governador da Sicília será nesse fim de
semana, nós temos a chance de ter um governador que é contra a
máfia nos ajudando.
— Não podemos contar com a sorte de Masumeri ganhar.
— Está tudo pronto, vamos — fala o agente da federal, Zielo.
De carro, nós vamos direto a sede do meu antigo
departamento. Os agentes da federal entram, abrindo caminho.
Espero alguns minutos do lado de fora, dando tempo o bastante para
que Albertino seja algemado.
De certa forma, eu me sentia vingada depois de ter sido
expulsa da corporação por um maldito corrupto.
— Hora, hora, hora. O mundo dá voltas, chefe. Olha para
você, algemado em frente a toda sua guarnição — falo, olhando para
todos os meus ex colegas.
— Isso é coisa sua vadia, seja lá o que tenha feito, não passa
de uma armação sua para pegar meu cargo.
— Senhores, diante de vocês está o chefe de polícia mais
corrupto de Palermo. Temos provas de movimentações de grandes
quantias de dinheiro na conta de um familiar dele, o que o liga direto
com a máfia italiana.
— Você não sabe o que está falando — ele ruge e tenta vir
em minha direção, mesmo algemado.
— Eu sei muito bem quem você é, Albertino. Deveria ter
vergonha de vestir essa farda — falo amarga, vendo-o junto a seus
comparsas, sendo arrastados pelos policiais federais.
— A polícia federal italiana está fazendo uma intervenção na
civil, a partir de hoje todos vocês respondem a mim. Quero, para
ontem, todos os dados dos novos casos do serial killer e todas as
fotos e provas do caso.

Eu cresci em um ambiente imundo e fui vendido ainda criança


por aquela que deveria ser a minha mãe. Trabalhei desde que
aprendi a andar, feito um escravo, sempre fui um menino rebelde,
brigão, não suportava ordens e por isso era sempre castigado.
Na adolescência, tudo dentro de mim estava revolto, eu queria
matar o homem que se dizia meu dono, não só de mim, como de
vários outros meninos e meninas que eram obrigados a trabalhar dia
e noite em sua plantação de cacau.
Se fechar os olhos ainda posso sentir o cheiro do cacau que
tanto me enoja. Posso sentir os calos nos meus dedos e a dor dos
castigos quando eu roubava comida da casa grande.
Eu tinha apenas dezesseis anos quando conheci meu pai, para
mim até aquele momento não sabia nada sobre o velho maldito.
Achava que a puta da minha mãe tinha engravidado de um
qualquer, mas quando o poderoso membro da máfia parou na minha
frente, eu não acreditei que aquele homem era meu pai. Todos que
trabalhavam feito escravos na fazenda foram libertos e a fazenda
queimada. Não sobrou um pé de cacau para contar história. A máfia
não tolerava esse tipo de tráfico de humanos. Descobrir pelo velho
que a mulher que me deu à luz tinha morrido, vítima de alguma
doença sexualmente transmissível e até aquele dia não sabia que
tinha um irmão, muito menos gêmeo.
Quando conheci Lorenzo, me senti grato por ter sido apenas
escravizado, se a minha situação era lamentável, a de Lorenzo era
deplorável. O garoto era retraído e demorou muito para ele confiar
em mim. Aos poucos, fomos criando laços de irmandade e nos
dando conta que durante todos esses anos nosso pai sabia nosso
paradeiro, mas não fez nada para nos resgatar. Foi graças a Dimitri,
nosso irmão mais velho e chefe da Cosa Nostra que fomos
resgatados e levados de volta à Itália.
O treinamento para entrarmos na Cosa Nostra foi exatamente
o que dois pirralhos rebeldes precisavam para virar homens e a partir
daí eu jurei que a família sempre viria em primeiro lugar, pois foi
graças a Cosa Nostra que eu estava livre e havia me tornado o que
sou hoje. Amadureci e após Lorenzo matar o verme do nosso pai eu
subi de cargo dentro da organização, me tornando o subchefe da
organização, não sem antes ter que dedicar anos e anos de serviço,
Lorenzo conseguiu superar todo o passado e se transformou em um
homem frio, assim como todos devemos ser, e por ter uma ótima
comunicação e raciocínio lógico, se tornou o conselheiro do Boss,
Dimitri.
A vida de um simples catador de cacau mudou do dia para
noite. Eu tenho poder, dinheiro, prestígio e mulheres aos meus pés.
Mas, ultimamente venho me perguntando se isso é o bastante, se é
exatamente isso que eu quero. Jamais trairia a família ou
abandonaria meu cargo, preferiria a morte a isso, mas há dias, como
hoje, que eu apenas desejo ser outra pessoa, uma pessoa livre para
tomar suas próprias decisões. Não influenciar ninguém pelas minhas
escolhas, muito menos ser julgado por isso.
A viagem de volta de Roma para a Itália foi uma das horas
mais angustiantes da minha vida. Tudo estava acontecendo em
câmera lenta, Chaise foi levado para o hospital gravemente ferido, eu
nem mesmo pude ver seu estado, não quando eu tinha uma minha
missão a completar, que era entregar o maldito Alesso para Dimitri.
A máscara de homem sem coração estava estampada no
meu rosto, mas dentro de mim havia uma angústia sem limites. Foi à
noite mais torturante da minha vida, ainda tive que bancar o bom
anfitrião para os convidados. Russos não são confiáveis, Katharina
pode até ser uma exceção, mas isso não quer dizer que gosto de ter
a casa cheia deles.
— Aconteceu alguma coisa com você? — Pergunta Lorenzo
assim que o jantar termina e eu posso fugir para a biblioteca onde
tento colocar a minha cabeça em ordem.
— Nada, estou bem, por que a pergunta?! — Falo, me
esquivando.
— Você está estranho desde a volta de Roma. O que está te
incomodando?!
— Nada que te diga respeito.
— Se for os negócios da família, me diz respeito, sei que está
escondendo algo — ele diz, cruzando os braços.
— Não se meta nos meus problemas, Lorenzo, eu não sou o
único que esconde coisas aqui! — Digo, me referindo a algo que ele
tenta esconder de Dimitri para não parecer um fraco na Cosa Nostra.
— Eu não sei o que está falando — diz, nervoso.
— Tenho que ir — falo, já sem paciência, precisando estar em
outro lugar.

Chego ao hospital sozinho, sem nenhuma escolta e assim que


digo quem sou, a recepcionista me informa o andar onde ele está
internado. Tenho que vestir uma roupa especial para entrar na UTI,
antes de entrar no quarto eu paro do lado de fora e vejo uma
senhora de cabelos brancos. Não a conheço, mas seus olhos me
lembram os de Chaise, o que me faz pensar que ela deve ser sua
mãe. Entro no quarto e vejo uma enfermeira trocar a bolsa de soro,
ele está todo entubado, cheio de fios ligados ao corpo e pálido,
observo uma bolsa de sangue pendurada no suporte metálico e isso
me faz lembrar a quantidade de sangue que ele perdeu.
— Com licença, senhor — diz a enfermeira, me deixando
sozinho no quarto.
Me abaixo, ficando ao seu lado, sentindo-me um merda por
ele estar nesse estado.
— A culpa é minha por você estar aqui, eu deveria ter
impedido você de ir atrás de Alesso. Se eu tivesse feito algo, te
protegido, nada disso estaria acontecendo. Chaise, você precisa se
recuperar. Você precisa voltar, eu preciso que esteja aqui, preciso
dizer o que escondi de você todo esse tempo. Não me deixe assim,
eu não tive nem mesmo a chance de dizer que eu também te amo.
Me perdoa, eu nunca disse isso para você, não quis parecer fraco,
também não queria assumir meus sentimentos, não quando o amor
que eu sinto por você é impossível. — Limpo as lágrimas grossas
que escorrem pelo meu rosto.
— Eu fui um filho da puta egoísta, mas não é fácil para mim,
um homem da máfia assumir que ama um homem, que sou bissexual.
Mas você, Chaise, me ensinou que o amor não escolhe gênero, o
amor escolhe pessoas e não importa quem elas sejam. Chaise, você
precisa voltar, acorda, você é muito jovem para morrer. Eu não vou
suportar perder você. — Falo, chorando. — Por favor, acorda —
Soluço, já sem forças, vendo seu corpo tão abatido nessa cama de
hospital.
A porta do quarto abre e o médico passa por ela, disfarço
olhando para baixo enquanto limpo meu rosto.
— Como o paciente está, doutor?! — Falo, tentando controlar
o nervoso.
— Sinto muito, senhor, o disparo atingiu uma artéria femoral
da perna esquerda, ele perdeu muito sangue e entrou em coma.
— Deve haver algum engano, não pode ser — falo em puro
desespero
— Receio que não haja nenhum engano, infelizmente há
pouquíssimas chances de ele acordar do coma. Nós já fizemos todos
os procedimentos necessários, mas agora já não depende de nós.
— E se ele não acordar mais? — Pergunto, olhando para a
cama de UTI.
— Nesse caso precisaremos de uma autorização da família
para desligar os aparelhos, mas ainda tenho fé que o paciente possa
acordar.
Quem poderia fazer algo assim? - Digo em meio ao choro
enquanto sou abraçada por Dimitri. A notícia da morte dos meus pais
é tão aterradora que ainda parece mentira, ontem eles estavam aqui
e agora estão mortos. Eu não consigo parar de chorar, Ivana tenta
consolar meu irmão. Meus olhos ardem, os soluços saem pela minha
garganta rasgando, a dor é alucinante, perder os dois já é terrível,
mas perde-los da forma que os perdi é demais para suportar.
Dimitri me abraça, dizendo que está do meu lado, Aslan está
em estado de choque, a perícia trabalha para recolher os restos
mortais dos dois e fazer ao menos um enterro digno, que será na
Rússia, com todos os membros da Bratva presente.
— Ele disse que sentia orgulho da mulher que eu me tornei —
falo aos três. — É cruel demais, depois de anos brigado com meu
pai, quando eu consigo perdoá-lo, eu o perco. Mamãe não merecia
isso, ela era boa demais, não merecia morrer — falo, soluçando.
— No fundo, ele, assim como a sua mãe, amava muito vocês,
os dois precisam ser fortes e unidos agora — fala Ivana.
— Eu gritei com ele, eu o enfrentei e agora ele está morto por
minha culpa — fala Aslan, encarando para o vazio.
— Quem poderia querer a morte dos dois?! — Pergunto,
querendo vingança.
— A Bratva tem muitos inimigos, bella mia, muita gente se
beneficiaria da morte do chefe.
— Era para eu estar morto junto com eles, se não fosse a
ligação, a porra da minha intuição me dizia que algo ruim ia
acontecer, eu estaria dentro daquele avião, morto também! — Fala
Aslan, apertando o braço da poltrona.
— Alguém queria matar os três. Quem seria capaz de algo
tão meticuloso e cruel? — Questiono indignada.
— Dante Tommaso Bruschetta, foi ele, aquele verme maldito!
— fala Aslan e então eu sinto meu corpo gelar e Dimitri olhar para
ele desacreditado.
— Por que meu capo faria algo assim, essa é uma acusação
muito grave?! — Questiona Dimitri, ficando de pé.
— Por Rebeca, ele quis me matar porque eu me apaixonei
pela mulher dele. E por pouco não conseguiu, nossos pais foram
apenas vítimas do acaso!! — Ele diz.
Fico pensativa, com minha cabeça a mil.
— O que Rebeca tem a ver com tudo isso? Por que ele faria
algo do tipo?! — Questiona Dimitri, olhando agora para mim.
— Aslan tirou Rebeca da Itália para mim, ela está na Rússia
com ele, eles estão juntos agora.
— Ela estava, eu recebi uma ligação segundos antes de
entrar no avião, Dante foi à Rússia e pegou Rebeca, provavelmente
ela está aqui com ele, em Palermo.
— Que merda vocês dois fizeram? Olha a confusão em que
você se meteu Katharina. Ela é mulher dele porra!! — Fala, fazendo-
me sentir culpada.
Talvez se tivesse apenas ajudado Rebeca a matar Dante
meus pais estariam vivos.
— Eu só queria ajudá-la, eu não pensei direito — falo,
chorando e logo ele vem até mim e me abraça.
— Se acalma, nós vamos resolver tudo, eu prometo.
— Eu o quero morto, farei questão de tortura-lo lentamente
antes de matá-lo! — Fala Aslan, cheio de ódio.
— Até o momento vocês dois só tem suposições, não temos
nenhuma prova que ele mandou explodir o avião! — Diz Dimitri.
— Foi ele, eu tenho certeza que foi ele, vou acabar com a
raça daquele merda, ele vai pagar caro pelo que fez a Rebeca e por
ter matado nossos pais! — Grita Aslan.
— Você não pode simplesmente lançar guerra contra a o capo
da família Bruschetta sem nenhuma prova. Não seja a porra de um
amador!! — grita Dimitri.
— Foda-se, eu não estou pedindo a sua permissão, Rinna,
Dante é um homem morto e você não vai me impedir, merda!!
— Vocês podem se acalmar, por favor — digo nervosa e sem
saber o que pensar.
— Mesmo que exista uma pequena chance de não ter sido ele
que mandou explodir o avião, ainda assim eu o matarei pelo que ele
fez a Rebeca. — Fala meu irmão e os dois se encaram como se
quisessem matar um ao outro.
— Isso é um assunto interno que diz respeito a Cosa Nostra,
eu sou o Boss e tomo as decisões aqui!! Você parece se esquecer
que ela é mulher dele e você não está na Rússia, porra!! — fala
Dimitri com toda sua postura de Boss.
Me levanto e fico em frente à Dimitri entre os dois.
— Meus pais vieram apenas me ver e agora estão mortos,
completamente carbonizados. Eu não aceito que isso fique em
branco, Dimitri, quero vingança, quero fazer quem fez isso pagar
caro. Se não foi Dante que os matou, você tem que descobrir quem
foi.
— Eu mesmo vou matar esse maldito — fala Aslan e então
me viro para ele colocando a mão no seu ombro, onde fica a
tatuagem da Bratva.
Olho em seus olhos azuis que estão inchados como os meus.
— Você não pode mais deixar seu coração guiá-lo, precisa
ser racional. Nada será mais como antes, tudo mudou, só me resta
você, irmão. E agora, Aslan Peskov Castelaresi, você é o chefe da
Bratva. A Bratva vem acima do amor da sua família, até mesmo da
nossa vida, foi você quem me ensinou isso. E não pode começar seu
comando declarando guerra, não sem conseguir provar que Dante é
culpado.
— Os peritos vão analisar a caixa preta do jato e as câmeras
já estão sendo analisadas. Daniela e sua equipe irão ajudar. — Fala
Dimitri.
— E quanto a Rebeca, o que vai acontecer com ela?!—
Pergunta Aslan, cruzando os braços desafiando Dimitri.
— Eu vou até a casa de Dante hoje mesmo e falarei
diretamente com ela. Se for da sua vontade eu concederei o divórcio
a ela, o primeiro divórcio feito na Cosa Nostra. Isso é tudo que posso
fazer por hora.
— Eu vou com você — falo, pensando que comigo lá ela não
se sentirá intimidada.
— Irei com os dois me certificar que aquele maldito não fez
nada contra ela.
Ele não parecia o tipo que bateria em uma mulher, que
acabaria com minha autoestima, o tipo de homem que me
aprisionaria em uma jaula de ouro. No começo, eu me sentia
culpada, ele estava trabalhando para cuidar dos negócios, tudo que
eu tinha que fazer era amá-lo e ser a melhor esposa que ele poderia
ter. Mas, com o tempo eu comecei a perceber que não era o
bastante. Sempre tinha um motivo para um tapa, um soco, até
mesmo para me deixar trancada, eu me sentia culpada a maior parte
do tempo, por não ser a esposa que ele merecia.
Eu sempre o amei, desde a primeira vez que o vi, eu ainda era
uma criança e, como italiana pertencente à máfia, tradicionalmente
íamos à missa no domingo. Todos os mafiosos vão à igreja, é
fundamental para a Cosa Nostra. Ele já era um adolescente, tão
bonito com seus olhos azuis marcantes, ele sempre foi charmoso,
educado e inteligente. Havia um certo encanto que me fascinava
nele. O tempo passou e eu não o vi mais, porém não o esqueci e
quando ele e Giuliana ficaram noivos, chorei por dois dias, menti para
mamãe que estava doente para não ter que descer e vê-los
noivando. Eu fui tratada como a irmãzinha da sua perfeita noiva, mas
Giuliana nunca foi perfeita, na verdade ela nunca passou de uma
cobra venenosa. Eu estava muito feliz, quando me casei com ele,
pobre garota burra, eu deveria saber. Desde o primeiro dia de
casados ele me mostrou quem era, me machucou tanto, mas como
uma garota ingênua eu o perdoei no minuto que me trouxe flores. Eu
pensei que me casando com ele me sentiria no topo do mundo, mas
eu estava apenas me afundando no inferno. Perdi aos poucos o
brilho que existia em meus olhos e sentia como se andasse sempre
em uma corda bamba. Qualquer erro meu era um motivo para ser
castigada.
Eu já não era sua esposa, para ele eu não passava de posse,
controle e vingança.
Com o tempo eu passei a entender que Dante odiava tanto
Giuliana que procurou enxergar em todas as mulheres os erros dela.
No fundo, no fundo ele sempre esperou o momento que eu fizesse o
mesmo que ela para dizer que ele estava certo em me tratar como
tratou. Eu fui tão cega, tão boba, me encontrei vivendo em função de
um homem que não tem coração, eu me vi passando por cima de
mim mesma por amor a ele, suportando tudo apenas pela pequena
fé de que ele pudesse mudar e quando ele me tocava eu sentia ali
seu desespero, eu sentia um manto cair. Podia ver uma pequena
chama de sentimento vindo dele e por essa mísera chama eu
suportei tudo.
Eu precisei perder minha filha, sofrer as piores dores que uma
mulher pode sofrer para enxergar que homens como ele jamais irão
mudar. Essa história de vilão que se redime com o poder do amor é
apenas uma maneira ridícula de ilustrar os sonhos vazios de pessoas
fantasiosas. A verdade, a única verdade, nua e crua, não é bonita.
Homens como Dante não mudam, eles podem até mentir, manipular
com seu charme, fazer mil e uma promessas que vão mudar, dizer
amam, mas vai chegar uma hora, não importa por qual motivo, ele
vai achar um motivo para te machucar
Aslan foi o único que me ensinou o que é ser amada. O que
sentimos um pelo outro foi tão puro e genuíno. Eu não esperava mais
nenhuma chama de felicidade e vivi ao lado dele as melhores
semanas da minha vida, mas agora eu posso ser a culpada pela sua
morte.
Eu fiquei sozinha no quarto depois dele ter dito que iria matar
Aslan e entrei em pânico, meu pior pesadelo estava acontecendo. Eu
esmurrei a porta implorando para que ele não fizesse nada contra
Aslan e Katharina, eu morreria de culpa se algo acontecesse com os
dois. Não sei quantas horas se passaram, eu estava deitada no chão
ao lado da porta quando ouvi o barulho da chave abrindo a porta e o
trinco se mexendo.
— Passou à noite no chão, meu anjo, vai acabar ficando
doente — fala Dante, entrando no quarto com um controle nas mãos.
— O que você fez, Dante? Por favor, não os machuque, eles
não têm culpa de nada, se quer se vingar de alguém, use a mim —
falo, ficando de pé com dificuldade.
Ele vem até mim e segura meus braços, eu sinto meu corpo
tremer de nojo, asco e pavor. Seu toque me causa uma angústia
terrível e meus olhos se enchem de lágrimas, justo quando pensei
que já não conseguia mais chorar.
— Não chore, querida, tudo que acontecer agora vai depender
de você — fala e pega o controle da televisão que nem tinha
reparado no quarto e liga, mudando os canais até que eu vejo um
canal de noticiário. Meu estômago embrulha e meu corpo treme, em
pânico, quando vejo a notícia do avião particular de um milionário
russo que caiu em cima de um prédio após a explosão, o número de
mortos ainda não havia sido divulgado.
— Não, não, você o matou!!! Você o matou! — Grito,
batendo em seu peito, chorando sem parar e sentindo meu mundo
despedaçar.
— Não gaste suas lágrimas à toa querida, o maledeto
escapou, mas não por muito tempo, tanto ele quanto a irmã irão
pagar — fala com deboche.
— Por favor, Dante, eu suplico por tudo que é mais sagrado,
eu estou aqui, eles não têm culpa.
— Você vai ter que fazer melhor que isso se quiser que eu
poupe a vida daquele monte de bosta.
— Eu faço qualquer coisa, por favor, esqueça o que passou,
deixe eles em paz.
Imploro em pânico, pensando no que ele é capaz de fazer pra
se vingar de mim, Dante é completamente louco.
— Você pediu com tanto carinho que atenderei seu pedido, eu
vou esquecer o que houve, porém você terá que voltar a ser a
esposa devotada que sempre foi. Vai voltar a me amar e seremos
felizes de novo — fala de maneira doentia e beija meus lábios, me
fazendo congelar de puro horror. — Precisa se esforçar mais, se
quiser que eu seja piedoso.
Eu deixo as lágrimas escorrerem e abro a minha boca para
que ele me beije, Dante me arrasta para cama, onde me usa como
se fosse uma boneca, me sinto violada, suja, toda marcada com
seus chupões e mordidas. Quando ele termina o que queria que
fazer, fecho os olhos e tento pensar nos momentos mágicos na
cabana, pois eles serão o único refúgio da minha mente quando ele
me tocar. Alguém bate na porta do quarto, ele veste a calça jogada
no chão e vai abrir. Porém, estou tão traumatizada que não consigo
nem ver quem é e o que conversam.
— Querida, nós temos visitas, é hora de você mostrar para
mim o quanto quer os dois vivos.
Dante me obriga a colocar um vestido vermelho, que ele
escolheu. Desço as escadas ao seu lado, sentindo meu coração
acelerar, com um medo terrível do que aconteceria. Na sala principal
está Dimitri, Katharina e ele, o meu salvador, Aslan.
— Bom dia, a que devo a honra dessa visita?! — diz Dante,
debochado.
— Bom dia, Bruschetta, vim até aqui conversar com sua
esposa, em particular — fala o Boss. Aslan e Katharina ficam
calados.
— Tudo que tiver que dizer à minha mulher pode dizer a mim.
— Rebeca, nós estamos aqui para te ajudar — fala Katharina,
dando um passo em minha direção, porém Dimitri segura à mão
dela.
— Eu agradeço a visita dos senhores, mas não vejo motivos
para precisarem vir à minha casa — falo forçada e os três me olham,
confusos, principalmente Aslan.
— Rebeca, minha esposa me relatou o que vem sofrendo com
seu casamento, como chefe da família é meu dever fazer com nosso
código de conduta e mandamentos sejam respeitados. Se seu
marido a maltrata, estou disposto a dar o direito de divórcio a você
— fala o chefe olhando para mim.
Tudo que eu queria estava ali na minha frente, mas eu sabia
que no minuto que passasse pela porta Dante mataria Aslan, ele não
descansaria até que me tivesse de volta.
— Eu sinto muito se dei a impressão errada para sua esposa,
chefe, sabe como é, brigas de casal, eu acabei exagerando, mas
Dante e eu estamos nos recuperando da perda da nossa filha —
falo, olhando nos olhos de Aslan, tentando passar verdade, ele
precisa acreditar.
— Rebeca, não precisa ter medo, nós iremos te proteger! —
fala Katharina, preocupada.
— Eu amo meu marido, Katharina — digo, sentindo as
palavras rasgando minha garganta. — Tudo que eu vivi na Rússia
não passou de uma aventura de jovem, eu estava confusa com a
morte da minha filha e acabei fazendo besteira, mas agora eu
percebi que nunca deixei de amar meu marido — falo, olhando para
Aslan e sinto Dante me abraçar por trás.
— Bom, se é assim, não temos mais nada a fazer aqui — fala
Dimitri.
— Espera, Rebeca ele está te forçando a dizer isso. Não
precisa ter medo, eu não vou deixá-lo te machucar! — Fala Aslan,
dando dois passos em minha direção, angustiado.
— Vá embora, senhor Castelaresi, como eu disse, eu amo
meu marido.
Nessa hora, Aslan avança para acertar Dante quando Dimitri o
impede e Katharina puxa seu braço, o afastando.
— Vamos embora, não podemos fazer nada agora — diz
Katharina para ele, que mesmo relutante, sai.
Assim que a porta se fecha eu desabo, chorando no chão frio
de mármore, a dor que estou sentindo é tão grande que já não
consigo ver sentido no que sobrou da minha vida.
— Eu estou tão orgulhoso de você, meu amor — fala Dante,
se agachando de frente para mim. — Vem, meu anjo, levante, não
fique nesse chão frio — fala, oferecendo a mão para mim.
É então que vejo um brilho metálico na sua cintura, toda a
minha angústia e minha dor me fez agir de maneira impensada, puxo
a pistola da sua cintura, ficando de pé, apontando diretamente para
ele.
— O que pensa que está fazendo?! — diz calmo, ficando de
pé.
Ali na minha frente estava um ser imundo, um monstro, minhas
mãos estão tremendo muito, as lágrimas não param de escorrer pelo
meu rosto.
— Você nunca vai me deixar em paz, já não basta todo mal
que fez para mim, você ainda quer me aprisionar — falo, apontando
a arma para ele.
— Abaixe essa arma, amor, você não sabe usar e vai acabar
se machucando.
— Eu vou matar você, só assim eu vou ser livre, eu vou ter
paz — falo, totalmente fora de mim, a ponto de enlouquecer de
desespero.
— Para com isso, Rebeca, não brinca com essa arma, me
devolve e vamos conversar com calma.
— Eu não quero conversar!!! Eu quero que você suma da
minha vida, eu quero ser feliz longe de você!!! — grito descontrolada,
destravando a arma e então os olhos de Dante ficam alarmados.
— Meu anjo, você não é assim, abaixe essa arma, você é
boa, não consegue matar nem mesmo um animal, quem dirá a mim.
— Eu te odeio, porque você não aceita que eu não o amo e
me deixa ir, não me deixa ser feliz longe daqui longe, desse inferno!!
— Falo, chorando muito.
— Eu nunca vou conseguir viver longe de você, Rebecca, eu
te amo. Meu amor por você é grande demais para deixá-la escapar
de mim.
Em um ato de lucidez me dou conta que eu nunca terei paz,
ele nunca vai me deixar livre, a minha vida sempre será um calvário.
Dante dá um passo em minha direção e então eu aponto a arma
para a minha cabeça e ele congela.
— Abaixe essa arma, por favor — fala, em pânico.
— Tudo que eu queria era ser feliz, mas isso nunca vai
acontecer, nunca. Ali, eu vejo a única saída para o meu desespero,
escolho escapar para sempre do monstro.
Então, eu atiro....
— Rebeca, não!!!
— Rebeca, não!!! — Eu gritei em pleno desespero.
Eu grito, mas é inútil, seu corpo desaba nos meus braços, já é
tarde demais. Há um buraco de bala na sua cabeça e seus cabelos
loiros estão cobertos de sangue. Abraço-a e choro
— Por que fez isso, meu anjo, por que?! — Pergunto
chorando, desesperado, sabendo que minha vida acabou. — Eu teria
feito qualquer coisa por você, para provar que eu te amo. — Por
que!? O grito sai rasgando minha garganta.
Não há batimento cardíaco, seu corpo está quente, mas vazio,
sem vida, ela me deixou, ela se foi.
— Oh, amor, você não pode me ouvir chorar, mas eu te amei,
eu te amei!!! — Grito, dando vazão a toda a dor.
Agora eu vejo todos os meus sonhos morrerem, junto com ela.
— Meu mundo é tão frio sem você, Rebeca, porque você fez
isso?! Você é meu lar, você é minha fortaleza, você é meu mundo. Eu
mal posso respirar sem ter você, anjo. - Éramos felizes, íamos
formar uma família e por culpa deles tudo se perdeu. Você não
entendeu que eu te amo, o quanto eu sou louco por você, meu amor.
Eu deveria ter matado todos, assim você estaria aqui comigo. Agora
tudo dói muito, a dor é insuportável. Minha camisa está cheia de
sangue, o piso de mármore está vermelho com seu sangue, meus
seguranças estão todos olhando para mim, estáticos.
— Sumam daqui!! — Grito, soluçando em pranto.
Abraço forte seu corpo contra mim, não querendo acreditar
que ela se foi, parece um pesadelo onde a qualquer momento eu vou
acordar.
— Você faz o meu coração sangrar e tudo que eu te dei foi
meu amor, eu nunca amei como amei você, anjo. Agora estou
sozinho, Rebeca, sozinho sem você.
Não sei quantas horas fico no chão, segurando seu corpo sem
vida. A manhã dá espaço para a tarde e logo o dia se tornou noite e
eu ainda estou ali, abraçado ao seu corpo, agora gelado. A porta
volta a abrir e então ouço comandos direcionados a mim.
— Senhor, precisa se levantar, a senhora está morta — diz
Felipo, meu subchefe e homem de confiança.
Escuto o que ele diz, mas a minha mente não quer aceitar que
ela se foi e não voltará mais. Solto seu corpo frio e fico de pé,
olhando para o sangue em minhas mãos.
— Precisa fugir, chefe, a morte dela recairá sobre o senhor,
estão investigando a queda do avião! — Fala Mathias e eu olho para
corpo de Rebeca e para o sangue em minhas mãos, ainda estático.
— Eu não a matei, eu não faria isso, eu a amo! — Digo com o
peito rasgando em dor.
— Eu sei, todos nós sabemos que não faria isso, mas o Boss
não sabe e ele não vai salvá-lo. O Castelaresi agora é o chefe da
Bratva, precisa fugir antes que seja tarde e o senhor acabe morto.
— Eu não vou fugir!! Eu matarei todos, eles são os culpados
por Rebeca ter feito isso. Encheram a cabecinha dela com bobagem,
nós éramos felizes, eu a amava e íamos ter uma família, eu a amava
— falo desolado, sentindo-me perdido, sem saída e sem esperança.
— Não adianta ficar aqui, você é apenas um contra a Bratva e
a Cosa Nostra.
A razão diz que ele está certo, eu devo ir, mas o meu coração
diz que devo vingar a morte de Rebeca, de todos que ousaram
afastar ela de mim.
Eu não tenho tempo para pensar no que fazer pois a porta
abre e eu vejo Giuliana entrando pela porta da frente. Assim que olha
para mim paralisa, seus olhos vão para Rebeca morta no chão e
então seus olhos se arregalam e ela coloca a mão na boca.
— O que você fez?! — Pergunta, caminhando até a irmã no
chão.
— Se não fosse por você naquele maldito dia nada disso teria
acontecido e nós ainda seríamos felizes, mas você, desgraçada,
sempre teve inveja da sua irmã e não ficou feliz até estragar a nossa
felicidade — falo, apontando a arma que antes estava na mão de
Rebeca e agora está na minha.
— Eu não queria que isso acontecesse, a culpa não é minha
— chora falsamente.
— A culpa é toda sua e daqueles miseráveis que encheram a
cabeça dela, mas você vai pagar por isso — ameaço, dando três
passos em sua direção.
Ela começa a chorar e implorar pela sua vida e sem um pingo
de remorso eu atiro bem no meio da testa da vagabunda.
— Prepare tudo para minha partida, ninguém pode saber para
onde irei. Faça o serviço o mais limpo possível — falo a Felipo e vou
até o meu escritório.

No começo da manhã eu já tinha esvaziado o cofre e


recuperado documentos essenciais para minha fuga. Tomei um
banho, mas mesmo após horas no chuveiro parecia que o sangue de
Rebeca não saía das minhas mãos. Quando saio da mansão, vejo
que seu corpo continua no chão de mármore, junto com Giuliana. Eu
queria tirá-la de lá, dar um enterro digno, mandar plantar lírios como
ela gostava, mas eu não poderia, não agora. Meu motorista
estaciona em uma pista clandestina de onde eu partiria para longe da
Itália. Saio do carro e acendo um charuto, fumo enquanto o piloto
prepara tudo para o voo.
— As malas já estão no jato, senhor — falou meu motorista
quando jogo a bituca no chão.
Pego minha arma da cintura e atiro na nuca do mesmo, que
cai sem vida no chão.
— Mais alguém sabe onde estou indo? — Pergunto ao meu
subchefe.
— Não, senhor, tomei todos os cuidados possíveis, sua
identidade nova é desconhecida.
— Apenas você sabe, não é, Felipo! — digo, apontando a
arma para ele.
— Senhor, eu jamais abriria a boca.
— "Não ensine aos seus soldados todos os seus truques, ou
pode se tornar vítima de si mesmo". — Esse é um conselho que
Rinna deu a mim e jamais esquecerei. — Não é nada pessoal, eu sou
apenas um homem precavido — explico, atirando na mão dele, que
estava pronta para sacar o revólver, e quando ele grita de dor eu
acerto um tiro na sua garganta.
Entro no jato, partindo para longe dessa terra que cheira a
sangue e pólvora chamada Sicília.

Rebeca está morta. Eu falhei como chefe, falhei com


Katharina por não ter feito mais pela sua amiga. Errei em meus
julgamentos e por isso paguei um preço muito alto.
Alesso foi um traidor e Dante um louco, sua obsessão por
Rebeca o levou ao declínio, a loucura e a ruína.
Sua fuga ainda está sendo investigada, todos os seus
possíveis esconderijos estão sendo investigados, meu trato com
Aslan é que entregaria Dante a ele vivo, caso o encontre antes da
Bratva. Falando em Aslan, Katharina e eu fomos à Rússia para o
velório dos seus pais, o que foi emocionalmente desgastante para
ela, perder os dois de maneira tão horrível a feriu demais. Foram
quase cinco dias na Rússia, onde ela quis assistir à consagração do
irmão a chefe da Bratva. Voltamos para a Itália com a sensação de
que os problemas estão apenas começando. Há um caos
generalizado por todos os lados.
Todos os negócios de Dante foram tomados e agora fazem
parte do espólio da Cosa Nostra, a família Bruschetta não tem mais
ligação com Cosa Nostra. O que nos causa muitos problemas para
serem resolvidos, a polícia italiana ainda está na nossa cola.
O juiz Signorino, que trabalha para nós, foi encontrado morto
após ter divulgada sua foto recebendo propina em todos os jornais
italianos. A polícia está fazendo uma grande campanha contra a
Cosa Nostra. A pedido de Katharina, os pais de Dante foram
poupados de qualquer retaliação pelos atos do filho, porém
continuam sobre vigília intensa da Cosa Nostra. A família de Rebeca
está em luto intenso, já que não perderam apenas uma filha, mas
sim, duas. Luana, minha nova assistente, bate na porta da minha
sala.
— Entre — digo, largando alguns documentos sobre a mesa.
— O segurança da sua esposa mandou entregar esse
envelope — ela diz, entregando um envelope cinza de tamanho
médio.
— Me deixe sozinho — falo firmemente, esperando que ela
saia para abrir. — O que está aprontando, bella mia?! — fala ao
abrir a embalagem e encontrar uma renda preta dentro.
Tiro o tecido negro de dentro do envelope e percebo ser uma
pequena calcinha preta, delicada. Levo-a ao nariz sentindo o cheiro
doce da sua boceta. A safada está me provocando, deve estar louca
para sentir minha chibata queimando sua pele.
Coloco a calcinha no bolso e saio da minha sala.
— Luana, desmarque todos meus compromissos para o fim
da tarde, qualquer coisa que surgir, passe para Lorenzo resolver.

Chego rápido à fortaleza, as multas que levei por excesso de


velocidade não são nada comparado à ânsia que sinto em tocá-la.
— Senhor! — fala Luigi, estranhando me ver em casa tão
cedo.
— Katharina está em casa? — Pergunto de uma vez.
— Ela saiu, senhor, saiu com o carro novo, ela mesma foi
dirigindo e dispensou os seguranças.
— Ela só pode estar querendo me enlouquecer — digo
frustrado, afrouxando o nó da gravata, nervoso.
Ligo no seu celular e ela não atende, então mando uma
mensagem.
— Onde você está, Katharina Castelaresi Rinna?
Envio e rapidamente a mensagem é lida e ela começa a
digitar.
— Estou te esperando, Boss. — Em seguida, recebo uma
foto do cavalete no calabouço do clube.

Em menos de vinte minutos eu estou estacionando na boate,


há essa hora o movimento é bem menor, apenas o clube privado que
fica aberto vinte e quatro horas para os associados. Do lado de fora
do clube encontro os dois seguranças de Katharina, ao menos eles
fizeram o trabalho bem feito, mesmo ela ordenando, os dois a
seguiram em uma distância segura para ter a certeza que ela não
corre nenhum risco.
Entro na boate sem falar com ninguém, apenas aceno para
que eles fiquem de vigia, vou direto para o corredor que leva ao
elevador. Já no andar que leva ao meu quarto reservado, sinto meu
corpo esquentar apenas com a ideia do que irá acontecer. O sádico
dentro de mim quer castigá-la por ser tão desobediente e teimosa.
Uma verdadeira provocadora.
Giro a chave, abrindo a porta. Ao entrar noto as luzes baixas
e a música sensual preenchendo a sala. Encontro Katharina usando
nada além da minha camisa social preta e uma gravata cinza,
sentada na minha poltrona com um pirulito na boca e um copo de
uísque na outra mão. Caralho, se não é a visão mais excitante que já
tive na vida.
— Então é aqui que se esconde, querida?! — Falo, fechando
a porta do quarto, ficando de frente para ela.
— Quem disse que eu me escondi, Boss?! — fala com a voz
baixa.
As palavras, saindo dos seus lábios carnudos pintados de
vermelho, tem ligação direta com meu pau, que fica ainda mais
rígido.
— Você sabe que será castigada, não sabe? Fugir dos seus
seguranças e ainda vir à boate sozinha — digo, balançando a cabeça
enquanto analiso cada milímetro do seu corpo. — Não vou pegar
leve com você, amore mio. Está merecendo ter essa bunda
brutalmente castigada.
— Eu não tenho medo de chicote, Boss, amo a dor — fala,
colocando o pirulito dentro do copo e sorrindo para mim.
— Na arte de causar dor, eu sou um mestre. — Falo satisfeito
e vou tirando o paletó.
Caminho até ela, puxou a gravata, fazendo-a levantar o rosto
e a beijo com loucura e com paixão, bebendo dos seus lábios como
se fosse a minha fonte de vida.
Faminto e sedento, é assim que ela me deixa.
— Está preparada para spanking, amore mio?
— Sempre, Boss.
— Você sabe que não vou pegar leve com você, Katharina,
está pronta? — Pergunto, ainda incerto.
A besta em mim quer mostrar o meu pior lado, mas meu lado
racional duela, com medo de perdê-la.
— Me mostre a besta que vive em você. Me machuque, faça
o que quiser de mim. Eu estou sedenta, me alimentando do seu
toque. Eu preciso de você me dominando! — fala, com seus olhos
azuis fixos nos meus.
Engulo em seco, nervoso, apenas ela tem esse poder.
— De pé — falo com a voz sombria, deixando o meu lado
sádico tomar conta.
Katharina coloca o copo sobre a mesa de centro e fica pé em
minha frente, meu olhar desliza pelo seu corpo, analisando cada
pequeno traço que me encanta. Seus cabelos loiros estão soltos em
cascatas, sua boca vermelha borrada e em seus olhos azuis eu vejo
o fogo a consumindo. Em um gesto bruto rasgo a minha camisa, que
ela usa, transformando-a em trapos, deixando seus seios à mostra e
a gravata, já que a calcinha ela deixou pra mim.
Abaixo com minhas mãos na sua cintura, com meu nariz em
sua pele pálida, sentindo o cheiro doce de rosas, arrasto meu nariz
pelo vale entre seus seios e mordo um biquinho, chupando. Vou até o
outro seio e mordo. Me afasto, vendo seu rosto vermelho, assim
como seus mamilos inchados.
— Você é a visão mais bela que já vi, amore mio. — Digo,
inebriado.
Katarina não tem tempo de responder, pois a puxo
bruscamente em direção à mesa na lateral do quarto. Inclino seu
corpo sobre a mesa e escorrego meus dedos pelo seu corpo.
Quando chego em sua boceta não fico surpreso ao sentir meus
dedos se molharem com sua excitação, que transborda. A viro de
bruços sobre a mesa, com três dedos eu fodo sua boceta e com a
outra mão lhe aplico plasmadas. Observo o plugue que ela vem
usando, de tamanho médio, com uma joia na ponta. Tiro meus dedos
de dentro dela e me afasto, indo até a parede de pedra onde todos
meus brinquedos estão dispostos. Escolho um flogger de couro e
tiras longas.
— O seu papel é servir o seu dom, bella mia, e se eu quiser
usá-la no meu escritório ou até mesmo na sala da nossa casa eu
farei, você não dita às regras, eu as imponho, você é minha posse.
— Sim, Boss. — Ela responde, ainda com o corpo inclinado
sobre a mesa
Acerto o primeiro golpe e seu corpo se retesa, ficando rígido.
O plugue continua no lugar enquanto eu acerto o chicote na sua
bunda nua. O grito seco de Katharina enche o quarto, o som do
chicote cru arranhando sua pele parece música em meus ouvidos.
Começo devagar, com pouca velocidade e vou aumentando para que
ela vá se acostumando com o desconforto, com a dor do castigo.
O nível de dor que ela está sentindo é alto o que a faz gritar a
cada golpe das tiras em sua pele. Há linhas finas e vermelhas por
toda a sua bunda, mas eu quero mais, eu preciso de mais. Paro os
golpes e coloco o chicote sobre a mesa assim que percebo que ela
gozou, levanto seu corpo, seu rosto está vermelho e lágrimas
escorrem pelo seu rosto, beijo cada uma delas.
— Não se envergonhe por satisfazer seu dom, bella mia —
digo, olhando em seus olhos, entendendo o conflito dentro dela.
Ser uma submissa é experimentar uma verdadeira gangorra
de sentimentos. Sempre começa com ansiedade, vontade, desejo,
angústia e por fim o alívio da dor com o orgasmo, mas tudo isso é
um processo lento e doloroso que um sádico como eu ama assistir.
Levo dois dedos nos seus lábios e ela abre a boca, chupando-os
sem tirar os olhos de mim. Sua língua aveludada chupa meus dedos
como se fossem meu pau. Tiro os dois da sua boca e deslizo pela
entrada da sua boceta, metendo de uma vez. Faço movimentos
repetitivos a fodendo com meus dedos enquanto devoro seus lábios.
Ela está escorrendo de tão molhada e meus dedos trabalham
de maneira intensa, a distraindo da dor intensa na bunda, Katharina,
não resistindo mais, goza em meus dedos, quase desmaiando em
cima da mesa. Eu sabia que ela não conseguiria controlar seu gozo,
mas como um bom sádico não posso deixar de puni-la por um gozo
não consentido.
— Você gozou sem a minha permissão, bella mia.
— Desculpe-me, Senhor, mas... — Dou-lhe um tapa no rosto,
de leve, e ela sorri, me provocando.
— Eu deixei você falar escrava? Não entendeu que eu sou seu
dom?
— Me desculpe, tentarei me controlar — fala, sabendo que
controlar sua língua ferina é impossível.
— Agora vou lhe punir por ter gozado sem minha autorização.
Ordeno que ela fique de pé e vou até os instrumentos,
escolhendo o cane, uma longa vareta de fibra de vidro que uso para
disciplinar uma submissa teimosa.
Acerto o primeiro golpe no seio direito, vendo o mesmo
adquirir uma coloração avermelhada, em seguida faço o mesmo com
o esquerdo e vou aplicando golpes ritmados entre os dois. Katharina
fecha os olhos e morde dos lábios, tentando segurar a dor, seu
corpo está suado e ela está a ponto de desmaiar devido à
intensidade da sessão.
Largo o objeto sobre a mesa, ergo sua coxa, colocando sobre
a mesa e me ajoelho no chão, de cara com sua boceta molhada.
Começo a beijar suas coxas macias, apertando-as, Katharina fecha
os olhos e puxa meu cabelo, como se quisesse que eu fosse logo
para sua boceta. Lentamente eu a beijo e mordisco sua pele,
fazendo pressão com os lábios do jeito que eu sei que ela adora.
Ela já está gemendo gostoso, meu pau já vibra apenas com
seus gemidos suaves. Sua bocetinha lisa e rosada brilha de tão
molhada. Começo lambendo sua virilha, depois passo a língua pelos
lábios maiores, indo de cima pra baixo, me revezando entre eles
então chupo a parte interna deles, fazendo movimentos circulares.
— Safada, você gosta da minha língua nessa boceta, não
gosta?!
— Sim, não para — geme.
Volto ao trabalho, lambendo e degustando todo seu sabor.
Noto que as suas pernas começam a tremer cada vez mais, eu soco
minha língua dentro da sua boceta, indo fundo e passando a língua
nas paredes internas. Katharina geme alto, se contorcendo enquanto
minha língua não para de trabalhar, retomo o controle segurando-a
pelos quadris e imobilizando-a contra a mesa, seu clítoris está
enrijecido, pronto para gozar. Pressiono a ponta da língua nele, de
leve e então ela goza, indo ao delírio. Ela está tão molhada que
minha língua fica encharcada com seu gozo, seus gemidos
aumentam e o seu prazer, é intenso, uso minhas mãos para apertar
os biquinhos dos seus seios enquanto ela esfrega a boceta na minha
cara. Limpo todo seu gozo, deixando sua boceta vermelha, o plugue
no seu rabo aguardava por mim, essa noite eu a foderia de todas as
maneiras. Me levanto e olho para ela, com a respiração alterada,
toda mercada por mim. Me viro de costas e me livro do cinto, da
calça e da boxer, ficando completamente nu, então me sento na
cama que fica no centro do quarto e faço um gesto para ela vir até
mim enquanto massageio meu pau, olhando para ela. Katharina se
ajoelha no chão e vem engatinhando até mim, puxo a gravata no seu
pescoço.
— Abre bem a boca e me chupa.
Ordeno colocando meu pau em sua mão e ela faz com
satisfação. A língua passa pela cabeça e desliza por todo
comprimento.
Puxo a gravata com força e ela o engole, o levando fundo na
garganta, sufocando no processo. Katharina vai chupando e
punhetando ao mesmo tempo, lambendo a cabeça como se fosse
um sorvete, sua língua sobe e desce enquanto eu aperto a gravata
em seu pescoço. Eu rujo alto, gozando na sua garganta, ela
engasga com a quantidade de porra que escorre do meu pau, mas
engole. Gotas do meu gozo caem em seu seio, ela sorri e usa os
dedos para recuperar as gotas e levá-las à boca.
Louco de desejo, trago-a para mim, fazendo-a se sentar no
pau que ainda está duro por ela. Encaixo bem Katharina, que
começa a sentar devagarzinho, com uns movimentos lentos, subindo
e descendo só na cabeça do meu pau.
— Você ainda vai me deixar louco, safada — desfiro um tapa
estalado na sua bunda machucada e ela gemeu alto, quicando.
Katharina morde meu ombro enquanto eu seguro em sua
cintura, aprofundando seus golpes no meu pau. Levo minha mão até
seu rabo gostoso, toco o plugue, tirando ele do seu rabinho e
colocando novamente enquanto ela pula no meu pau. Estou prestes a
gozar na sua boceta gostosa, então decido ir direto ao principal.
Coloco ela na cama, de bruços e acomodo um travesseiro
embaixo da sua barriga para que ela fique bem arreganhada para
mim.
— Está pronta para receber meu pau nesse cuzinho gostoso,
amore mio?!
— Estou ansiosa, Boss — diz a safada.
Apanho o vidro de lubrificante, aplicando na minha mão e
espalhando no meu pau. Retiro o plugue do seu rabo e com meus
dedos molhados de lubrificante vou forçando sua entrada anal.
— Isso é bom — ela geme quando eu tiro e introduzo meus
dedos dentro dela.
Sorrio colocando agora meu terceiro dedo, a fodendo mais
fortemente. Deslizo meu pau pela sua boceta nessa posição, sem
tirar meus dedos do seu cuzinho, Katharina grita de prazer ao me
receber ao mesmo tempo que era fodida pelos meus dedos.
Tiro meu pau da sua boceta quando percebo que ela já está
pronta. Passo a cabeça na portinha do cuzinho dela, que fica tensa.
— Relaxa, amore mio, eu não vou te machucar — falo rouco,
sentindo a cabeça do meu pau passar pelo anel do seu cuzinho.
Com as duas mãos seguro sua cintura e entro todo no seu
cuzinho, fazendo ela gritar em choque.
— É muito intenso, eu me sinto apertada — fala com a voz
trêmula.
— Respira fundo, bella, a parte boa só está começando —
falo, bombeando meu pau no seu rabo gostoso e ela esfregando a
bocetinha em mim.
Seguro firme em seu cabelo e soco bem fundo, até que ela
goza de novo.
— Toca sua boceta enquanto eu como esse rabo gostoso —
falo, perdido em luxúria.
Katharina toca sua boceta enquanto eu bombeio com destreza
até o talo, dando golpes rápidos e profundos, fazendo com que
minhas bolas choquem contra sua boceta escorregadia. Eu puxo
seus cabelos loiros, molhados de suor e beijo seu pescoço, socando
bem fundo, até que ela goza de novo, desabando sobre a cama.
Continuo a meter com destreza até alcançar meu ápice e inundar seu
rabo com meu gozo.
Se alguém me dissesse que eu me tornaria uma submissa
meses atrás eu iria rir e pensar que essa pessoa estava delirando.
Mas olhando para mim agora, me vejo uma mulher plena, inteligente
e segura das minhas escolhas. Ao lado de Dimitri me vejo
descobrindo um mundo novo totalmente diferente do que eu
imaginava.
Uma submissa não é uma mulher fraca ou burra, jamais, ela é
forte e capaz de romper com preconceitos morais e sociais para
alcançar evolução, direcionamento e um prazer intenso, como jamais
visto. Tudo no BDSM tem um fundo psicológico, Dimitri faz com que
eu me liberte de qualquer impedimento moral ou psicológico, a sua
posse sobre mim me deixa satisfeita por saber que eu pertenço a
ele, assim como ele a mim. Ele me domina como nenhum outro e eu
o amo, sim, eu amo a besta, amo um monstro.
Dimitri me leva para a banheira de hidromassagem depois de
ter me fodido por horas, meu corpo está todo dolorido, ele
carinhosamente massageia cada pedacinho do meu corpo e eu
acabo dormindo na banheira. Quando acordo ele já tinha aplicado a
pomada pelo meu corpo e eu estava deitada na cama.
— Quantas horas eu dormi?! — falo, me sentando na cama e
vendo Dimitri já vestido, bebendo uísque na poltrona de couro onde
horas antes eu estava sentada à sua espera.
— Já é bem tarde, não queria acordá-la, estava dormindo
feito um anjo. — Diz sorrindo de forma satisfeita.
— Dizem que todos os demônios precisam de um anjo para
salvá-los. — Falo, deixando o cobertor cair.
— Você, Katharina, é a luz em meu mundo de trevas, a minha
alma está condenada, mas eu não posso deixá-la longe de mim. —
Ele confessa, colocando o copo sobre a mesa.
— Eu não vou a lugar nenhum, eu amo você, Dimitri, e ficarei
ao seu lado até o fim. — Digo com sinceridade, colocando para fora
os sentimentos que jamais imaginei sentir.
Dimitri se levanta e beija meu lábio de leve, tirando uma
mecha de cabelo dos meus olhos.
— Pensei em levá-la para jantar, mas será melhor voltarmos
para nossa casa.
— Eu adoraria jantar no Fabrícios, mas minha bunda não
aguenta ficar sentada por muito tempo — falo, sentindo a ardência
por todo lado.
— Peguei pesado demais com você, amore mio, não queria
machucá-la, mas não consigo me controlar quando estou com você.
— Eu estou bem, só preciso descansar e tomar um relaxante
muscular. — Garanto enquanto ele pega minha mão e beija meu
pulso.
— Vamos para casa, vou pedir que Luigi prepare algo para
que jantemos no quarto. — Fala preocupado e eu não consigo não
suspirar, louca por esse maldito italiano.

Eu estou correndo por um corredor estreito, usando um


vestido branco, meus cabelos estão soltos e bagunçados, atrás de
mim estava um homem usando capuz preto. A chuva caía fraca, a
cada passo que eu dava naquele corredor eu me sentia mais
encurralada. Seus passos são rápidos, ele está prestes a me
alcançar, o terror é tão grande que nem mesmo consigo gritar. O
corredor é tão escuro que não consigo enxergar a saída desse lugar.
O salto da sandália me atrapalha e me desequilibro, batendo
contra a parede. Só então eu me dou conta que não há escapatória,
esse é um beco sem saída. De repente, sinto que bati em algo no
chão, olho para baixo, tentando ver o que é, quando vejo o corpo de
Ana, sem vida, coberto de sangue. Lágrimas turvam minha visão e a
dor é terrível.
— Ana, não, não pode ser — falo assustada quando me viro,
dando de cara com ele.
Não consigo ver seu rosto, mas o terror e o medo me fazem
tremer. Suas mãos estão sujas de sangue e um punhal de prata é
apontado em minha direção, ele vai me matar, eu sei.
Fecho os olhos, esperando pelo golpe, mas quando os abro
ele não está ali, ele desapareceu. Minhas mãos antes limpas, agora
estão sujas de sangue e o punhal de prata segurado por mim é o
mesmo que ganhei de Aslan no meu aniversário, ele está coberto do
sangue de Ana, meu vestido branco agora está vermelho com seu
sangue.
Acordo assustada com o pesadelo horrível, olho para as
minhas mãos em pânico. Sinto uma vontade tremenda de vomitar,
corro para o banheiro, me ajoelhando contra o vaso e deixo o vômito
sair.
Lágrimas de horror escorrem pelo meu rosto sem eu nem
mesmo sentir, o sonho foi tão real que parecia que era eu ali. Já se
passaram cinco dias desde a noite que eu e Dimitri tivemos. Essa foi
a primeira vez que tive esse pesadelo, talvez deva ser o fato de
estar tão empenhada em tentar descobrir quem é o assassino por
trás do codinome “La besta". Nada me tira da cabeça que essa
pessoa está tentando colocar a culpa pelos assassinatos em Dimitri.
A ânsia vai passando, eu me levanto e lavo meu rosto, depois
faço minha higiene me perguntando se já não está na hora de tirar
essa dúvida de uma vez. Já se passaram meses desde que tomei a
injeção, tanta coisa aconteceu que acabei me esquecendo de voltar
à farmácia ou até mesmo procurar um ginecologista. Primeiro veio à
morte de Ana, meu sequestro e a morte dos meus pais, a minha vida
havia se tornado uma verdadeira loucura.
Escovo meus dentes, tomo um banho rápido, me visto e
desço as escadas em direção à sala de jantar, onde o café da
manhã será servido, mesmo achando que é improvável que eu vá
conseguir comer alguma coisa. Antes que eu chegue à sala de jantar
encontro Lorenzo com uma expressão fria, seus punhos estão
cerrados e seus cabelos bagunçados.
— Que cara é essa, aconteceu alguma coisa?!
Ele leva a mão esquerda ao rosto, frustrado.
— O imbecil do meu irmão está me enlouquecendo.
— Qual dos dois imbecis? — Pergunto, rindo do seu estresse,
Lorenzo é sempre o mais alegre e divertido da casa.
— Quem mais seria? Dimitri, ele colocou na cabeça que devo
me casar — reclama ele, inconformado.
— Talvez não seja tão ruim assim, Lorenzo.
— Você diz isso porque não sabe quem é a candidata à noiva
— ele fala, afrouxando o nó da gravata como se estivesse sufocado.
— Quem é a felizarda que vai levar o irmão Rinna mais gentil
e bondoso?
— Antonella — ele fala amargo e então eu paraliso.
— O que?! Está brincando? — Pergunto, chocada.
— Pois é, o idiota quer que eu vá falar com o pai dela ainda
essa semana.
— Mais nem por cima do meu cadáver que você vai casar
com aquela vadia, imagina eu cunhada daquela atirada, tendo que
aguentar ela em todas as reuniões de família. Dimitri só pode estar
querendo castigar você e a mim. — Digo, inconformada.
— Está decidido, eu serei o primeiro e em seguida será
Vicenzo que vai ser algemado ao matrimônio — fala com uma
expressão contrariada.
— Deixa comigo, Lorenzo, eu vou ajudar meu cunhado favorito
a escapar das garras dessa sirigaita e teremos opções melhores
para você do que Antonella.
Me despeço dele e vou à cozinha.
— Bom dia, senhora — diz Luigi prontamente.
— Bom dia, Luigi, você sabe se Dimitri já está na mesa do
café?!
— Ele está no escritório, senhora, está desde bem cedo lá,
trabalhando.
— Luigi, preparada uma bandeja de café para dois que eu vou
levar no escritório para ele.
— Para já, senhora.
— Monalisa, você poderia ligar para a farmácia para mim e
pedir uma coisa!?
— Claro, senhora, anota aqui o que precisa que eu ligo já —
ela fala, me entregando o bloquinho de notas, onde rapidamente
escrevo o pedido por cinco testes de gravidez.
Monalisa pega o papel e ao ler, sorri.
— Sério, senhora?
— Ainda não sei, você pode guardar segredo para mim?
— Com toda certeza, senhora.

Entro no escritório de Dimitri sem bater, ele já está prestes a


gritar com quem invade seu escritório, quando me vê.
— Bom dia, trouxe o café para nós dois.
— Bom dia, amore mio, não precisava, eu não pretendia
tomar café, tenho que ir à sede para resolver vários assuntos.
Coloco a bandeja sobre a mesa de escritório e dou a volta,
ficando de pé bem na sua frente, de costas para a mesa.
— Você está trabalhando muito ultimamente, precisa
descansar — falo, colocando a mão no seu ombro.
Dimitri cheira meu pescoço e sinto aquele arrepio gostoso que
só ele me causa.
— Os negócios vêm me dando muita dor de cabeça. Dante
foragido, a polícia na cola da máfia, o candidato a governador fora
da nossa folha de pagamento acabou vencendo as eleições, tudo
está saindo do meu controle. E ainda tem o serial killer.
— Você está muito estressado, meu amor, precisamos passar
um final de semana longe de Palermo — digo, esperançosa.
— Não me tente, bella mia, você sabe que essa não é uma
boa hora — fala firme.
Eu o beijo de leve, sentindo os pelos da sua barba raspando
meu rosto.
— Um final de semana podemos ir a Roma, só nós dois —
beijo seu queixo e ele não resisti, aprofundando nosso contato, me
beijando de volta e chupando a minha língua, faminto. Sento no seu
colo e o abraço forte enquanto nos beijamos de maneira apaixonada,
só nos separamos quando já não temos mais fôlego.
— Talvez dois dias em Roma não seja de todo ruim —
pondera, olhando para o meu decote.
— Vamos tomar nosso café, chefe, ou daqui a pouco a
comida serei eu — falo enquanto me levando do seu colo, ele me
puxa de volta, dessa vez me sentando de costas para ele e em
frente à mesa.
Tomamos o café em um clima gostoso, regado a carícias.
— Não vejo o que tanto você e Lorenzo implicam com a pobre
Antonella.
— Ah, Dimitri, faça o favor, até parece que você não percebeu
o quanto ela é atirada, só faltou comer você com os olhos, mesmo
eu estando do seu lado. Sem contar os boatos que rolam por aí a
respeito dela.
— São apenas boatos, o pai dela garante que ela é virgem,
sem contar que Juliano é um dos meus mais leais capos. Em um
momento como o que estamos passando é essencial manter os
aliados próximos.
— Pois eu não a quero como cunhada, pode arrumar outra
noiva para Lorenzo.
— Katharina...
— Eu faço greve, aí você vai ver, Boss, se aquela mulherzinha
entrar para nossa família. — Digo cruzando o braço, emburrada.
— Meu Deus, o que eu fiz para merecer uma megera como
esposa? — ele indaga, olhando para o teto, eu não aguento e
começo a rir. — O que eu não faço por você, bella mia. — Ele me
puxa de volta para ele.
— Eu quero te perguntar algo, uma dúvida que passou pela
minha cabeça hoje mais cedo, talvez seja besteira minha por causa
do pesadelo, mas...
— Você sonhou com o sequestro, com o traidor te...?!
Não o deixo terminar o que ia dizer.
— Não, não tem nada a ver com aquilo, eu sonhei com o
assassino de Ana. Eu estive lembrando que o policial informou que
ela foi morta por um punhal de prata e então me lembrei do meu.
Aquele que você me roubou.
— Nada disso, engraçadinha, eu não roubei, apenas tomei
para que não me matasse na nossa noite de núpcias — fala,
desconcertado.
— Certo, então poderia, por gentileza, me devolver, querido?
— Claro, mi amore, tenho certeza que não pretende mais
usá-lo contra a minha garganta quando estiver dormindo.
— Claro que não, a menos que você faça algo errado, como
pensar em me trair — digo, olhando para o meu esmalte.
Dimitri revira os olhos e vai até um móvel do lado da mesa no
grande escritório, pega uma chave que abre a terceira gaveta da sua
mesa. Ele pega uma caixa de madeira com um símbolo de um leão,
lá eu posso ver algumas joias e objetos valiosos. Dimitri revira todos
os objetos, mas nem sinal do meu punhal.
— Ele estava aqui, eu o guardei assim que chegamos da
Rússia, não é possível que esse punhal tenha.
Uma luz vermelha se acende na minha mente e então eu me
dou conta que a arma do assassino é o meu punhal.

Vito e Luciano falavam sobre o maldito Matteo Masumeri que


venceu as eleições para governador da Sicília, atrapalhando todos
os planos da família, mas a minha cabeça está longe, no punhal de
Katharina. Fico pensando em quem pode ter entrado no meu
escritório. Poderia se tratar de apenas um roubo, ainda não havia
verificado as outras joias, talvez umas das funcionárias responsáveis
por limpar meu escritório tenha visto a caixa e acabou levando o
objeto, que é cravejado de pedras preciosas, por outro lado, quem
seria tão louco de arriscar me roubar assim?
— Podemos matá-lo de uma vez, ele e o cagna do pai dele.
— Fala Damon Camorra.
— Se o maledeto morrer atrairemos todos os holofotes para
a Cosa Nostra, nós já temos problemas demais com os federais.
— Dante desapareceu feito fumaça, não consigo nem uma
pista dele. — Diz Vito, enfurecido, assim como todos nós por vermos
o maldito escapar dessa forma.
— Ele tem treinamento, precisamos pensar no que faríamos
se quiséssemos nos esconder, como encobriríamos nossos rastros.
— Fala Damon.
— O general Dalla Chiesa é o próximo da lista, tivemos que
mudar a rota do tráfico internacional duas vezes essa semana por
culpa das operações dele. O velho e escorregadio escapou da
emboscada que armei para ele — falo, levando a taça de vinho aos
lábios.
— Não temos nada que leve a polícia ao nosso nome, foi
sorte do destino termos começado a lavagem do dinheiro sujo meses
antes ou uma hora dessa estaríamos atrás das grades — fala Vito
Genovese.
— A senhorita Meyer é muito eficiente, ela escapou do ataque
de Alesso e também em liquidou todos os rastros que poderiam levar
a federal à nossa cola.
Meu celular vibra no bolso do meu paletó, eu estava pronto
para atendê-lo quando percebo a entrada da polícia no restaurante.
Domenico, o dono do lugar, se assusta e tenta ir em direção a eles,
mas é contido por um policial. Me mantenho sentado, atento à
quantidade de tiras que entra no restaurante, minhas mãos coçam de
vontade de pegar minha arma, porém me contenho, tentando
entender que porra está acontecendo.
— São federais — fala Vito Luciano sem olhar em direção a
eles, que caminham até nós.
— Fiquem tranquilos — Digo isso antes de ver a maldita
detetive, com um distintivo da federal no peito e um sorriso
presunçoso no rosto, caminhando até a minha mesa.
— Dimitri Salvatore Rinna.
— Vejo que me conhece, detetive.
— Como não conhecer? O senhor é um homem famoso,
senhor Rinna.
— Claro, sou um homem de negócios, me pergunto o que a
polícia federal italiana faz aqui?!
— Viemos buscar o senhor! — Ela diz me olhando nos olhos.
— Dimitri Salvatore Rinna, me acompanhe, o senhor está
sendo detido.

Dimitri foi trabalhar, eu fiquei boa parte da manhã pensativa,


ele garantiu que não é possível que o serial killer tenha acesso ao
seu escritório, que provavelmente deve ter esquecido e guardado o
punhal em outro lugar e logo o encontraria. Avisei Luigi que estava
procurando pelo punhal e confesso que fiquei apreensiva no começo,
mas vi que não fazia nenhum sentido à arma do crime ser minha.
Provavelmente eu tinha ficado muito impressionada devido ao
pesadelo, então havia decidido tocar para espantar esses
pensamentos tristes da minha mente. Passo boa parte da manhã na
biblioteca com meu violino até Monalisa bater na porta, me avisando
que o entregador da farmácia havia trazido o que eu pedi. Agradeço
a ela e pego a sacola, subindo direto para o meu quarto, nervosa
com a expectativa do resultado do teste. Me vejo lembrando do dia
em que Dimitri e eu fomos à fonte da vergonha, no pedido que fiz.
Fecho os olhos, respirando fundo e entrando no banheiro com
cinco testes nas mãos. Leio atentamente às instruções, aflita e
decido esperar dez, ao invés de cinco minutos, para ter mais
garantia. Faço os cinco testes e os coloco sobre a bancada da pia.
Não é uma boa hora para engravidar, tudo está um caos na
Cosa Nostra. Será que eu seria uma boa mãe, será que Dimitri seria
um bom pai? São os dez minutos mais longos da minha vida, onde
fico divagando o que seria da nossa vida se eu estivesse grávida.
Positivo + 1 diz o primeiro teste, assim como segundo, o
terceiro mostra duas listras bem vermelhas, o quarto e o último
dizem o mesmo.
— Grávida, eu estou grávida.
Me sento na tampa do vaso com os testes nas mãos,
sentindo lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
— Um bebê.
Toco a minha barriga plana pensando que tem um bebê aqui,
provavelmente há um mês.
Limpo meu rosto e sorrio emocionada.
— Seja o que for, eu já amo você, bebê.
Lembro da fonte da vergonha, onde eu pedi que Dimitri me
amasse, se ele me ama irá amar nosso filho e juntos iremos
aprender a cuidar dele, ou dela.
— Tenho que contar a ele, seu pai precisa saber que você
está aqui — digo emocionada, acariciando minha barriga.
Coloco os testes na minha bolsa, troco de roupa e decido
fazer uma surpresa para meu marido. Curiosa para saber qual será
a reação dele ao saber que será pai, nem me lembro de pegar meu
celular. Com a chave do meu carro na mão eu saio da fortaleza e
encontro meus cães de guarda na porta.
— Já que não adianta falar para vocês não me seguirem só
aviso que eu vou dirigindo no meu carro.
O caminho até a sede da Cosa Nostra, embora rápido, me
parece levar uma eternidade, finalmente estaciono e desço do carro,
seguida dos meus seguranças, que fazem o mesmo no carro de trás.
— Não precisam subir comigo — falo, apontando para o
elevador.
Na recepção, liberam a minha entrada direto, subo para o
último andar. Assim que o elevador abre, caminho até a mesa da
nova assistente de Dimitri, Luana que me parece uma boa moça,
mas ainda está sob análise.
— Boa tarde, Luana, sabe se meu marido está na sua sala?!
— Boa tarde, senhora, o senhor Rinna foi almoçar com o
senhor Camorra e Genovese e outros dois senhores.
— Faz muito tempo que ele saiu? — Pergunto desanimada.
— Ele já deve estar para voltar, tem uma reunião com a
senhorita Ella Meyer daqui meia hora.
— Tudo bem, eu vou esperar na sala dele, assim que ele
chegar, avise que eu estou aguardando por ele.
— Tudo bem, senhora — diz ela gentilmente e eu entro na sua
sala.

Ao entrar na sua sala, posso sentir aquele cheiro amadeirado


característico dele. Os móveis escuros com detalhes em couro e
piso de granito dão um ar elegante. A parede de vidro na lateral me
faz lembrar do dia em que quase joguei Natasha pela sacada.
Caminho até a grande mesa e olho para o quadro de Hades e
Perséfone, terrivelmente assustadores, sorrio pensando que todos
que entram nesta sala devem temer não só o terrível, Capô dei capi,
como seus animais de estimação. Sento na sua cadeira e coloco o
teste sobre a mesa para que ele veja assim que entrar. Aguardo
ansiosa os minutos passarem, até a porta abrir, porém não é Dimitri
que passa por ela e sim Daniela.
— Chefe, tenho uma pista quente do assassino — ela diz
olhando para o Ipad em suas mãos e estanca quando percebe que
sou eu que estou na sala e não Dimitri.
— Desculpe, senhora, entrei sem bater, nervosa demais,
achei que o chefe estava em sua sala.
— Não se preocupe, Daniela, Dimitri está em um almoço de
negócio — digo, já de pé.
— Eu volto depois, é realmente importante o que eu tenho a
contar para ele. — Fala, quase saindo da sala, quando eu a impeço.
— Espere, quando você entrou, eu escutei você dizendo que
tem pistas sobre o assassino — pergunto, caminhando em sua
direção.
— Não posso falar sobre o assusto com a senhora — tenta
sair, mas eu a seguro pelo braço.
— Nada disso, dona Daniela Copolla, você só sai daqui
quando me disser que pista é essa sobre o assassino da minha
prima.
— Se o chefe brigar comigo...
— Não se preocupe, Dimitri não vai fazer nada, diga de uma
vez.
— Tudo bem, melhor eu mostrar as imagens das câmeras.
Rapidamente, ela me mostra um vídeo das câmeras de
segurança do restaurante onde Ana estava com a amiga. No
estacionamento, vejo um carro preto importado estacionar. Um
homem de preto sai do carro, a imagem da câmera é em preto e
branco e a porcaria das plantas estão obstruindo a imagem, mas
posso ver seu perfil, ele é alto e olha para baixo, para em seguida
entrar no restaurante. Daniela acelera o vídeo até chegar no
momento onde vemos Ana saindo junto dele, não consigo ver se ela
fala algo, se ele está ameaçando-a, a imagem é bem ruim e está
escuro no local, porém os dois entram no carro e logo em seguida
ele sai com o veículo e então Daniela congela a câmera na placa do
carro.
— Você conseguiu rastrear o carro?! — Pergunto nervosa.
— Sim, consegui, porém está em um nome falso: Williams
Matte. Esse cara está preso, não passa de um batedor de carteira,
não teria como ter um carro desses, nunca, seu nome foi apenas
usado para despistar. Por um tempo eu achei que estava em um
beco sem saída, mas com ajuda do investigador da máfia comecei a
tratar de pensar em locais onde o assassino levaria as vítimas. Eu
mapeei todos os locais na cidade em que foram encontradas as
vítimas do Serial Killer, formando assim um triângulo — ela diz e me
mostra o mapa de Palermo. — Está vendo esse espaço aqui? Tudo
indica que o Serial Killer se esconde em algum canto perto daqui.
Não foi fácil, coloquei seis soldados cuidando das câmeras de
vigilância da cidade para tentar rastrear o carro e olha o que
achamos. Ela aponta para uma foto do carro preto entrando em um
prédio cinza.
— Ele foi visto mais de uma vez entrando nesse lugar, eu vim
avisar o chefe porque eu aposto todas as minhas fichas que é ali que
ele se esconde. — Diz, apontando para a entrada do prédio e o ódio
toma conta de mim ao lembrar da maneira brutal que Ana foi morta.
— Eu vou atrás dele! — digo, decidida.
— O que, está louca? - Ela pergunta, de olhos arregalados.
Caminho até a mesa de Dimitri, revirando as gavetas à
procura de uma arma, até que encontro uma onze milímetros no
fundo falso da gaveta.
— Você está louca, não posso deixar você fazer isso, ainda
mais sozinha.
— Então é melhor você vir comigo.
Saio da sala e Daniela me segue, ao invés de entrar no
elevador eu desço pelas escadas com sede de vingança.
— Vamos esperar o chefe chegar, isso vai dar merda para
mim.
— Fica tranquila, é apenas um maldito homem, eu vou colocar
uma bala na cabeça dele e então estaremos de volta.
Chegamos na garagem do subsolo.
— Onde está seu carro? Precisamos sair daqui sem que os
seguranças me vejam, se chegarmos lá com muita gente o maldito
pode escapar.
— É o vermelho à direita — ela aponta para o carro, eu me
abaixo sem que os seguranças me vejam e entro no banco do
passageiro enquanto Daniela entra no carro, dando partida.
— Você tem noção do risco que estará correndo?!
— O único que corre algum risco aqui é esse desgraçado! —
Falo, checando a munição na arma.
— Merda, eu estou ferrada — Daniela resmunga durante todo
o trajeto.
Estacionamos longe do prédio, mas a uma distância suficiente
para que ela tenha uma boa visão da entrada e saída do local.
— Eu vou entrar e você vai ficar na retaguarda, qualquer coisa
você liga para mim! — falo com a arma nas mãos.
Não espero ela responder e caminho em direção ao prédio
abandonado, preparada para acabar com a vida desse maldito.
Entro no prédio sem fazer barulho, pela pequena fresta do
portão lateral, agradeço por ter trocado de roupa e estar usando
calça e botas. Logo de cara percebo que está vazio e não há sinal
de moradores no primeiro andar. Uso as escadas para não fazer
barulho, subo até o último andar, onde fica a cobertura, que
provavelmente é o lugar onde o serial killer se esconde. Há apenas
um apartamento na cobertura, encosto meu ouvido na porta tentando
ouvir se tem alguém lá dentro, mas tudo que capto é o silêncio. Olho
ao redor tentando pensar em como vou entrar no apartamento.
Forço a maçaneta, que obviamente está trancada,
rapidamente uso a presilha do meu cabelo para abrir a peça e com
um pouco de dificuldade eu consigo abrir a porta. Agradeço
mentalmente a Aslan mais uma vez pelo ótimo treinamento.
Devagar, eu entro no apartamento e não vejo ninguém na sala,
que parece simples demais, a cozinha é conjugada e não vejo sinais
do Serial Killer. Verifico o corredor escuro e logo vejo uma porta,
provavelmente deve ser o quarto.
Eu estava pronta para atravessar as portas do inferno e
encontrar a verdadeira besta.
Respiro fundo e coloco a mão na fechadura, abrindo a porta
lentamente, assim que minha visão se acostuma com a fraca luz
amarela do abajur, que ilumina o quarto, meus olhos arregalam e eu
coloco as mãos na boca, em choque.
— Não, não pode ser!!
A audácia da policial estava me deixando irritado, seu olhar
autoritário e postura dura não conseguia esconder o temor que via
em seus olhos ao olhar para mim. Ela é esperta, ela sabe que sou
um predador que poderia acabar com ela rapidamente, mas não
faria isso, não aqui com uma plateia à vista.
— Viemos buscar o senhor! — Ela diz, me olhando nos olhos.
Eu olho para ela em desafio e tanto Damon como Vito se
levantam.
— Dimitri Salvatore Rinna, me acompanhe, o senhor está
sendo detido. — Ela repete.
— Detido? — Questiono, aumentando o meu tom de voz e
deixando todos apreensivos.
— Para uma acareação sobre suposto envolvimento do
senhor com a Cosa Nostra Siciliana.
Sorrio falsamente e me levanto, olhando para a mesma, agora
já de pé.
— Tem um mandato que me obrigue a acompanhá-la,
detetive?! — Questiono.
— Não, mas acredito que se o senhor não tem nada a
esconder não se negará a prestar seu depoimento.
— Sou um homem muito ocupado, como dizem os homens de
negócios tempo é dinheiro, mas farei esse favor de acompanhá-la
até a delegacia e prestar meu depoimento, claro acompanhado do
meu advogado. — Digo, sarcástico.
— É o direito do senhor, como disse é apenas uma
acareação, senhor Rinna.
Damon e Vito me acompanham em seus respectivos carros
enquanto eu dirijo, sendo escoltado pelos carros da polícia federal.
Meus advogados foram avisados para estarem me esperando na
porta da delegacia.
Ao chegar ao local e estacionar vejo um circo já armado e
então eu percebo que acabei de cair na armadilha da detetive. Ela
queria jogar meu nome na boca da imprensa como possível chefe da
Cosa Nostra, assim colocando um bando de abutres na minha cola e
manchando a minha reputação. A desgraçada foi esperta, mas
pagará caro por isso.
Entro no edifício sendo bombardeado por flashes, meus
seguranças estão a postos, assim como os dois Capos, que me
acompanham ao lado de dois dos meus melhores advogados para
dentro da delegacia. Todos os olhos dos polícias estão sobre mim, o
temor que eles têm me fascina.
— Por favor, senhor Rinna, você e seus advogados podem
aguardar na minha sala. — Fala ela, olhando para os dois, Damon e
Vito, e apontando para o cubículo que antes era ocupado pelo chefe
de polícia associado a Cosa Nostra.
Entramos na sala apenas e eu meus advogados, estou atento
a tudo, meus olhos vão para uma câmera falsa, amadora posta
sobre a mesa da detetive disfarçada de livro.
Não demora muito para ela voltar à sala com uma pasta nas
mãos e sentar na nossa frente. Um copo com água que é posto para
mim e outro para meu advogado, mas eu não o toco para não deixar
minhas digitais nele.
— Conhece esse homem? — diz ela apontando para a foto do
meu homem de confiança e motorista. Augustus.
— Conheço, ele foi meu motorista durante alguns anos, mas
foi demitido recentemente ao descobrimos que vinha fazendo
serviços por fora. — Digo com uma naturalidade assombrosa
olhando pra foto.
— Seu motorista? Ele é apenas um motorista? — Questiona,
me desafiando com o olhar.
— O que quer que eu diga, detetive? — Pergunto friamente.
— Seu motorista foi preso em uma operação policial e está
envolvido com a máfia, foi preso especificamente com vários homens
da família Luchese.
— Nunca ouvi falar! — Digo, entediado.
— Talvez isso aqui refresque a sua memória — fala ela
colocando uma foto, essa agora é minha e de Katharina na cena da
morte de Ana.
No ângulo da foto dá para ver que eu aperto a mão do chefe
de polícia Albertino, ou seja, ela estava nos vigiando.
— Eu me lembro claramente desse dia.
— O senhor não é obrigado a responder — diz meu
advogado, intervindo.
— Recebi uma ligação do chefe de polícia, o corpo da prima
da minha esposa foi encontrado. Eles precisavam de algum familiar
para reconhecer o corpo, então eu a levei até o local. No momento
dessa foto eu estava agradecendo cordialmente o delegado por ter
nos avisado. — Digo despreocupado e sua postura endurece. —
Mais alguma coisa, detetive? — Questiono
— Então é isso, vocês foram reconhecer o corpo? — fala
amarga, com os olhos em chamas.
— A senhora precisa entender que meu cliente não é obrigado
a responder suas perguntas, ele está sendo generoso em destinar
seu tempo a esse depoimento. — Fala meu advogado.
— Tudo bem, vamos ao que interessa, conhece esse outro
homem?! — mostra outra foto, essa agora de Lucca Base
entregando um envelope para o juiz Signorino.
— Nunca o vi.
— Seu nome é Lucca Base, ele pagou uma quantia de três
milhões de euros para o juiz Signorino libertar membros da Cosa
Nostra que estão presos, inclusive seu motorista.
— Não vejo o que isso tem a ver comigo, detetive.
— Lucca Base foi visto entrando na sede da sua empresa. O
que ele fazia lá?!
— Bem, é um prédio comercial, temos muitas pessoas
entrando e saindo, não vejo por que isso a faz pensar que eu esteja
envolvido com essa coisa de máfia.
— O cerco está fechando, senhor Rinna, nós estamos a um
passo de pegar o chefe da máfia italiana. Eu não vou descansar até
vê-lo atrás das grades.
— Deveria focar suas investigações no verdadeiro culpado.
Sou um homem de prestígio, um empresário honesto, nascido e
criado na Sicília, detetive, a senhora está procurando no lugar
errado.
— Isso é o que nós veremos. — Diz, frustrada.
— Se não tem mais nada a dizer — Digo me levantando. —
Como disse antes, meu tempo é precioso, boa sorte com suas
investigações, senhora detetive. — Falo, saindo da sua sala sem
nem mesmo esperar ela se pronunciar.

Deixo a delegacia fervendo de ódio, planejando a maneira que


eu mesmo trarei o fim dessa detetive de merda.
— Ela não tem nenhuma prova, chefe, está blefando — diz
meu advogado.
—Sei disso, ela quer me pegar, mas o que essa policial não
sabe é que eu sou o verdadeiro predador nessa selva. Avisem todos
os veículos de imprensa ligados à família que se sair uma mísera
nota sobre meu nome envolvido com a máfia eu queimarei a redação
de cada jornal dessa cidade — falo, virando as costas para os dois e
entro no meu carro.
No meu celular há várias chamadas perdidas de Daniela e
decido ligar para ela assim que chegar à sede, já que jornalistas me
seguem durante o trajeto de volta.
Estaciono meu carro no subsolo da sede, evitando que o carro
da imprensa me acompanhe. No estacionamento, vejo o Mercedes
branco de Katharina, ela deve ter vindo me visitar, Katharina é um
sopro de luz em minha vida sombria.
Entro no meu elevador privado e vou direto para o meu andar,
onde fica apenas a minha sala e uma grande sala de reuniões que eu
e os meus capos usamos para nos reunirmos. Assim que as portas
do elevador se abrem eu noto algo estranho, a aparência assustada
da nova assistente Luana me diz que alguma coisa está
acontecendo.
— Chefe, eu já ia ligar para o senhor — diz ela, pálida e então
percebo que os dois seguranças de Katharina estão olhando algo no
computador.
— O que está acontecendo aqui? — Questiono, indo direito
ao ponto.
— A sua esposa... a... ela estava aqui e então eu fui buscar
um café para servi-la na sala do senhor quando ela sumiu. — Diz,
trêmula de medo.
Tudo congela nesse momento, meu sangue esfria, um
sentimento de deja-vu me faz lembrar a última vez que eu ela
desapareceu e foi sequestrada.
— Como vocês dois deixaram ela sumir daqui?!
— Nós estamos verificando as câmeras, ela não usou o carro
e também não saiu pela entrada, acreditamos que ela ainda está no
prédio.
Entro na minha sala, indo direto para a minha mesa, verificar
eu mesmo as câmeras do sistema de segurança do prédio. Quando
algo me chama atenção. Curioso, pego o objeto estranho e
rapidamente entendo que se trata de um teste de gravidez.
Positivo+2, um nó é formado na minha garganta com a possibilidade
do que esse teste pode significar.
— Achamos ela, senhor — diz o segurança, entrando na
minha sala, fazendo com que eu guarde o teste no bolso do meu
paletó. — Pelas câmeras vimos que ela saiu com a senhorita Daniela
Copolla.
—Daniela?! — Questiono confuso, então me lembro das
ligações dela no meu celular.
Ligo imediatamente para ela enquanto alcanço a arma
embaixo da minha mesa e percebo que ela não está aqui.
— Chefe, que bom que ligou. — Diz ela assim que atende.
— Onde está Katharina, porque ela saiu escondido dos seus
seguranças?!
— Chefe, eu tentei evitar, eu juro, eu fiz tudo que eu pude —
diz ela, quase chorando.
— Diga de uma vez onde está a minha mulher, porra!! — grito,
já sem paciência.
— Nós viemos atrás do assassino da prima dela, eu encontrei
o esconderijo dele.
— O que?! Como assim vocês saíram atrás de um serial killer
sem reforços, ainda mais com a minha mulher?
— Nós estamos armadas, eu estou de olho, caso ele volte. —
Diz ela, não conseguindo acalmar a fera dentro de mim.
— Estou indo para aí agora mesmo. Vocês dois venham
comigo e torçam para não faltar um fio de cabelo na cabeça da
minha mulher, ou vocês vão se ver comigo.
Mando uma mensagem para Lorenzo e Vicenzo avisando
sobre Katharina, para que eles me encontrem no esconderijo do
assassino.

— Não pode ser — digo, olhando para o quarto.


Meu coração acelera e minhas pernas congelam, eu não
consigo me mover, meus olhos analisam tudo com um horror
indescritível.
— Não pode ser, ele não pode — digo, com a voz engasgada,
tamanho pavor.
O quarto escuro com uma cama de ferro no centro por si só já
é assustador, mas a mesa na lateral é o motivo do meu pavor, sobre
ele há um painel estendido na parede com fotos minhas, dezenas
delas. Fotos essas que nunca vi, de diferentes ângulos e posições,
fotos que foram tiradas sem que eu sequer soubesse.
Trêmula, consigo dar um passo para dentro do quarto, ainda
em estado de latência, lágrimas escorrem dos meus olhos quando
me dou conta de quem é o serial killer, quem é a Besta.
Sobre a mesa, alguns objetos me chamam atenção, uma
mecha de cabelo loiro e vários objetos separados como se fossem
relíquias, mas são apenas troféus das vítimas dele, e bem no meio o
punhal de prata. O meu punhal, com um pano preto ao lado,
provavelmente usado para limpar o mesmo. Aterrorizada, coloco a
arma na cintura e o pego na minha mão, o punhal parece queimar a
minha pele. As pedras preciosas que tanto me encantavam agora me
enchem de horror, a realidade é terrível demais para aceitar.
Acabo tropeçando no tapete e então observo uma mancha
escura nele, provavelmente de sangue que mesmo depois de lavado,
não saiu. Um nó se forma na minha garganta e flashes do que estava
debaixo dos meus olhos saltam em minha mente.
As facas no quarto já indicavam que ele tinha uma adoração
por elas, os olhares e o sangue no paletó, agora tudo se encaixa,
tudo faz sentido. Era ele todo esse tempo, ele roubou o meu punhal,
essas fotos só comprovam a verdade e ela é assombrosa.
Me apoio na cadeira, tentando respirar, horrorizada com o que
encontro. Nesse momento, a porta abre lentamente, me arrepiando
por inteira. Eu vejo seus cabelos escuros, o paletó impecável e os
seus olhos congelam em mim.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunta, entrando no
quarto.
— Por que? Por que é a única coisa que eu te pergunto,
Lorenzo?! — Questiono, dando voz à pergunta que assola minha
mente.
— Não era para você estar aqui! — Ele fala assustado e eu
mantenho a faca em minha mão, tremendo muito.
— Era você todo esse tempo, o assassino, o serial killer! —
Afirmo convicta.
— Eu não sei do que você está falando — ele tenta me
enganar.
— Não me tire como otária, Lorenzo, eu sei quem você é,
você é um monstro!! — Grito, fora de mim.
— Não! Você não, Katharina, você não pode pensar assim,
você não!! — diz, dando dois passos em minha direção e eu ando
para trás, assustada.
— Não tenha medo de mim, anjo, eu jamais machucaria você,
você não é como elas.
— Eram mulheres inocentes, Ana era inocente! — Falo,
chorando ao me dar conta que o homem que eu tinha como irmão e
amigo é um monstro.
— Você não entende, eu precisava fazer aquilo! — Explica de
maneira angustiada, como se fosse uma tortura falar a verdade.
— Por que, Lorenzo, por que?! Eu confiava em você, eu o
amava como se fosse meu irmão, você enganou todos nós, todo
esse tempo.
— Isso faz parte de mim, no começo eu não queria matar, eu
conseguia me contentar apenas com o sexo bruto, porém, depois de
um tempo isso já não me satisfazia. Foi na primeira vez que eu
sonhei com você, eu me senti atordoado, tentado a entrar no seu
quarto e tocar sua pele. E, para não a machucar, eu precisei ferir
outras, pois ao feri-las eu me sentia como em uma overdose de
luxúria, o prazer que tanto busquei havia sido atingido, foi assim que
me senti ao matar a primeira.
— Eu não reconheço o monstro na minha frente! — Digo,
desolada.
— Ninguém sabe como é sentir isso dentro de mim. Ser o
homem enjaulado, que não consegue lidar com o passado terrível! —
Grita.
— Ana não tinha culpa do que tenha acontecido com você!
— Eu não tive ódio dela, ela foi apenas mais uma, como todas
as outras, apenas você é diferente — fala friamente, sem um pingo
de remorso.
— Você é louco! Do que você está falando, Lorenzo?!
— A culpa foi delas, Katharina, eram todas putas, como a
vadia da minha mãe. Elas estão mortas porque mereciam, se não
fossem cadelas fáceis teriam escapado ilesas.
— Você é um psicopata, do que está falando? O que a sua
mãe tem a ver com seus crimes, Lorenzo?
— A puta que me concebeu, assim que viu que não
conseguiria usar os filhos para barganhar uma vida boa com o bosta
do meu pai, decidiu vender a mim e a Vicenzo. Eu fui enviado a um
casal de religiosos extremistas no interior dos Estados Unidos.
Cresci sendo doutrinado por dois demônios, eu era constantemente
espancado, mutilado, meu corpo foi usado em rituais religiosos, pela
religião deles, o Santo Graal, eles afirmavam que um homem pode
chegar ao paraíso por fazer coisas boas na terra, nessa seita, o
incesto, a tortura e a violência são permitidas. Todas as coisas
horríveis que eles faziam comigo eram justificadas, segundo eles
porque eram atos para Deus. Então, ela me tocava com suas mãos
imundas, me deixando podre como ela. — Ele fala com ódio nos
olhos.
— Ela insistia que tinha demônios dentro de mim e que ela
precisava me purificar, eles eram dois vermes, que abusaram da
inocência de uma criança. Eu cresci rodeado de ódio e dor, vi o
quanto as mulheres são sujas, então tudo que eu queria era acabar
com toda essa angústia, esse nojo, mas eu era fraco demais
naquela época.
Seu relato é tão chocante que eu mal consigo digerir as
palavras saindo da sua boca.
— No colégio, a única distração que eu tinha era a música, eu
gostava da guitarra, me ajudava a esquecer os problemas, mas não
demorou muito para perceberem que eu era diferente. Então,
chegaram a avisar meus pais que possivelmente eu tinha algum
distúrbio por bater em um colega de classe até ele desmaiar. A vadia
que me adotou não se importava, simplesmente me tirava da escola
e colocava em outra, foi assim por anos até o maldito do meu pai ir
atrás de mim. Ah, mas é claro ele não veio porque me amava,
porque se importava com o filho bastardo, não, ele sabia onde eu
estava o tempo todo.
— Tudo isso é terrível, Lorenzo, mas não justifica seus atos!
— Falo devagar.
— Meu pai nunca gostou de mim! Ele só veio porque o meu
irmãozinho mandou, o senhor perfeito, que sempre teve tudo que eu
não tive, ele teve uma mãe, um pai e teve a chance de ter a mulher
perfeita, você, Katharina, a única que não é imunda.
— Dimitri não tem culpa do que fizeram com você. — Falo,
tentando fazer com que ele entenda isso.
— É claro que você vai defender meu irmão, ele conseguiu te
contaminar, você agora é como ele — fala, me deixando apavorada.
— Lorenzo, esse não é você, esse não é o Lorenzo que
sempre me defendeu, sempre.
— Esse sou quem sou verdadeiramente. Eles tentaram me
concentrar no treinamento da máfia, eles não entendiam é que eu
não queria concerto.
— Você estava tentando incriminar seu próprio irmão! —
acuso, entendendo o seu jogo doentio.
— Ninguém sabe como é viver com essa fome, essa gana
dentro de mim, ser obrigado a contar mentiras, lutar dia após dia.
— Você é doente, Lorenzo — falo quando ele me olha de
maneira possessiva.
— Eu amo você, Katharina, amo você desde que a vi pela
primeira vez. Eu vi que você não é como elas, você é um anjo, então
eu quis ser como ele, eu quis ser a besta. — Fala, tocando uma
mecha do meu cabelo.
— Por que essas mulheres, por que a Ana foi sua vítima?!
— Eu não planejei, simplesmente aconteceu, ela estava lá e a
fome era grande demais.
— Ana não fez nada para você, tinha outras mulheres lá, por
que ela?!
— Nenhuma delas parecia com você, só ela! — Ele fala,
fazendo todo meu corpo paralisar. O horror é tão grande que meu
corpo bambeia.
— Nenhuma delas desperta a minha sede, a fome como você,
eu tentei aplacar essa ira nelas, mas foi em vão. Eu já não consigo
me controlar, eu preciso de mais e mais, eu preciso ter você — fala,
me pressionando contra a parede e em um gesto rápido tira arma da
minha cintura.
Eu seguro o punhal, apontado em direção a ele, Lorenzo tira a
munição da pistola e joga no chão.
— Eu não quero matá-la, princesa, você não é como elas. —
Diz, tentando pegar o punhal da minha mão, mas eu acabo cortando
sua mão, me defendendo.
— Não faça isso, Lorenzo! — Suplico, desesperada, vendo-o
olhar para o sangue que escorre da sua mão direita de maneira
doentia. Penso no meu bebê, em como protegê-lo, penso em Dimitri,
como gostaria que ele estivesse aqui. Lorenzo avança contra mim,
eu tento me proteger com o punhal na minha mão, mas ele me
acerta contra a quina da cama e eu fico tonta, vendo tudo escurecer.
Meu corpo fica mole, o punhal cai no chão, sinto ele me erguer, me
colocando na cama, tento me mover, porém ele amarra meus pulsos
à cama.
— Fica calma, não fica assim, sou eu, o seu amor, a sua
besta!
— Me solta, por favor! — Me desespero, sabendo que ele
está louco e controle.
— A partir de agora tem que confiar completamente em mim,
amor, eu sei o que é melhor para você, anjo.
— Você quer me matar como fez com todas elas, é isso?! —
falo, lutando contra as amarras. — Não faça isso comigo, Lorenzo,
você está doente, eu posso te ajudar — suplico em desespero.
— Agora é tarde, essa é a minha oportunidade de ter você
para mim. — Diz ele se levantando da cama e procurando o punhal
caído no chão do quarto.
O medo é assombroso, eu sabia que agora seria o meu fim.
Lorenzo pega o punhal de prata e sobe novamente em cima da
cama, ficando sobre mim, lágrimas escorrem sem parar, eu olho
para ele, assustada com o que ele está fazendo.
— Eu não posso, eu não posso, eu não consigo — diz
chorando como nunca vi antes, ele me larga e sai de cima de mim.
Então, se afasta da cama como se olhar para mim o machucasse.

ANTES
Após falar com Daniela tudo que eu queria era ir até
Katharina, o medo que algo acontecesse com ela me deixou a ponto
de cometer uma loucura. Uma multidão de repórteres atrapalhava a
minha saída da sede e foi preciso a chegada de vários homens meus
para afastar os abutres. O tempo estava correndo e a cada segundo
minha mulher corria mais risco nas mãos de um assassino em série.
Ao chegar ao local onde o esconderijo do assassino fica, vejo o carro
de Daniela estacionado do lado de fora, a metros do prédio que ela
me falou. Estaciono atrás dela e logo percebo que alguma coisa
estava errada. Faço um gesto para que meus homens e os
seguranças de Katharina fossem na frente e com a minha arma em
mãos eu observo o momento em que Paolo abre a porta do
motorista e o braço de Daniela pende, à mostra. Há muito sangue
saindo do seu abdômen.
— Ela está morta? — Pergunto, me aproximando e tendo uma
visão completa do seu estado lastimável, provavelmente ela lutou
muito.
— Não, ela ainda tem batimentos
— Chamem uma ambulância e a levem para o hospital o mais
rápido possível.
Seu estado me faz ficar ainda mais alerta, o temor de antes
se transforma em puro pânico e desespero, imaginando que
Katharina está sozinha nas mãos desse serial killer.
Rapidamente invadimos o prédio onde ele se esconde. O
carro de Lorenzo no estacionamento me faz ficar um pouco mais
tranquilo, penso que se ele chegou primeiro irá proteger Katharina.
Nos dividimos para poder vasculhar todo o prédio, porém algo me diz
que ele estaria na cobertura. Subo pela escadaria com o coração
acelerado, pedindo que nada de mau aconteça com Katharina até eu
chegar.
Há apenas um apartamento na cobertura, a porta está
encostada, em passos rápidos e silenciosos eu entro no apartamento
aparentemente normal e nada me chama a atenção, porém ouço um
som rouco de um gemido, dou dois passos em direção ao corredor
então eu ouço a voz de Katharina atrás da porta.
— Você quer me matar como fez com todas elas, é isso?!
Alguém diz algo, mas não consigo entender, o medo de perder
a minha mulher é tão grande que eu tento abrir a porta, mas ela está
trancada.
Com uma força sobre-humana eu dou um chute, abrindo a
porta. Meus olhos vão direto para Katharina, amarrada na cama,
mas não é isso que me choca e sim Lorenzo, sentado no chão do
quarto com as mãos sangrando e chorando. Eu não tenho tempo
para raciocinar sobre o que está acontecendo, corro até Katharina,
tocando seu rosto cheio de lágrimas.
— Eu estou aqui, meu amor, tudo vai ficar bem. — Prometo,
desamarrando as cordas.
Quando seus braços estão livres, ela se joga em mim, me
abraçando forte e em prantos.
— Onde está o assassino, onde está o serial killer? —
Pergunto a Lorenzo, que olha para Katharina nos meus braços.
— Ele está... ele está aqui — fala minha mulher com a voz
embargada pelo choro.
— Onde? — Pergunto confuso, sem entender onde o corpo
do desgraçado está, pelo estado de Lorenzo deve ter entrado em
luta corporal com ele.
Katharina se afasta de mim, levanta o braço e aponta para
Lorenzo, que mantém a cabeça baixa enquanto chora. Olho para ela
confuso, porém a dor em seus olhos me faz ficar estático, olho para
Lorenzo tentando entender o que Katharina quis dizer, porém a
realidade começa a ficar clara quando eu observo todo o quarto.
Fotos de Katharina por toda a parte, o punhal de Katharina
caído no chão. As peças do quebra cabeça começam a se encaixar
e com ela um ódio amargo toma conta do todo meu corpo. Tudo
agora faz sentido, a fúria dentro de mim é tão absurda que avanço
em direção a Lorenzo pegando-o pelo colarinho e o jogando na
parede.
— Dimitri!!! — Grita Katharina.
Mas eu não a ouço, avanço em direção a ele e soco seu peito
com ódio, Lorenzo me acerta com um chute na perna.
— Seu bastardo de merda! — Grito, socando-o com todo
meu ódio.
— O que foi irmão, não consegue aceitar que você, o todo
poderoso capo dei capi, não percebeu quem era seu irmão?! — Ele
grita e limpa o nariz, que sangra.
— Eu fiz tudo por você, seu maldito desgraçado, eu te dei
tudo que você tem, se não fosse por mim ainda seria o merda que
era! — Falo enquanto acerto ele novamente.
Lorenzo ri, mesmo com o rosto todo quebrado.
— Parem, por favor! — grita Katharina.
— Você sempre teve tudo que me foi negado, foi amado pelo
meu pai, teve uma mãe. Teve tudo que jamais tive.
— O pobrezinho do Lorenzo teve um passado traumático,
foda-se, todos que entramos nessa vida temos cicatrizes, mas isso
não significa que pode me trair, me trair dessa forma. Você tentou
me culpar pelos seus assassinatos, pelos seus crimes! — digo, cheio
de ódio.
— Você nunca a quis, mas eu a amei assim que a vi! — grita,
me acertando.
Então eu perco a fina barreira que mantinha meu lado animal
sob controle e avanço, socando seu rosto com toda minha fúria.
— Dimitri!!!
— Ela é minha, miserável, sempre foi, ela é minha mulher!! —
Digo enquanto soco seu rosto sem parar, mesmo vendo que ele já
está desfalecido no chão eu não paro de socar.
— Você vai matar ele! — grita Katharina, puxando meu braço.
Meu ódio é tão grande que me faz cego, só paro meus golpes
quando ela entra na frente do seu corpo.
— Para, por favor, não faça isso! — ela suplica, chorando e
então eu me dou conta do quanto ela está mal.
Abraço Katharina sentindo a dor terrível da traição do meu
irmão, aquele que entreguei a minha confiança, àquele que protegi
desde que o conheci e agora vejo que ele não passa de um doente.
A verdade é amarga e corre como veneno pelo meu coração, eu não
percebi, todos os sinais estavam claros. Lágrimas que nem
imaginava ter escorrem pelo meu rosto, me deixando amortecido
enquanto Katharina me abraça apertado e eu olho para Lorenzo no
chão desse quarto imundo.

Eu pensava que nada mais nessa vida poderia me machucar,


havia uma casca dura que me protegia de todos os tipos de dores, o
coma de Chaise foi terrível o bastante para me fazer agonizar, mas
saber o que Lorenzo fez foi ainda pior, nada pode justificar seus
atos.
Tudo que Dimitri e Katharina me contaram assim que cheguei
no tal covil da besta ainda é inacreditável, eu queria que não fosse
verdade, eu queria que não fosse o meu irmão o culpado por todas
aquelas atrocidades.
Lorenzo foi levado para a torre da agonia, Daniela nesse
momento passa por uma cirurgia. Em pouco tempo todos os capos
da Cosa Nostra vão chegar para iniciar o julgamento de Lorenzo, eu
mal consigo pensar no que fazer, são tantas coisas se passando na
minha mente agora. Flashbacks de memórias entre mim e ele
enchem a minha cabeça, os sinais estavam lá, mas eu estava
ocupado demais para perceber que havia algo errado com ele. A
última vez que o vi agindo estranho eu o segui e descobri que ele
estava se encontrando com uma psiquiatra. Eu deveria ter
investigado, eu deveria ter feito algo, eu sempre fui responsável por
ele, meu irmão mais novo, metade da minha carne.
— Ele está doente e precisa de ajuda! — Diz Katharina para
Dimitri, que ainda está calado, pensando no que fazer com Lorenzo.
— Eu descobri que ele vinha se consultando com uma
psiquiatra há alguns meses. — Digo, fazendo com que os dois olhem
para mim.
— Por que não me avisou, você sabia que ele era um louco,
um psicopata maldito?! — Acusa Dimitri.
— Não, é claro que não, acha que se eu soubesse que ele
estava assim eu não teria feito algo?! — Respondo revoltado.
— Precisamos agir com calma, brigar não vai ajudar em nada
— fala Katharina.
— Eu pensei que ele precisava de ajuda de uma profissional
para superar os pesadelos que ele tem com os pais adotivos, eu
pensei que ele se sentia envergonhado e não queria que você
descobrisse que ele não era forte o bastante para superar isso
sozinho.
— Precisamos encontrar essa médica, ela pode explicar o
porquê de Lorenzo ter feito isso. — Diz Katharina tentando encontrar
um motivo para ele ser um psicopata, mas para mim está claro que
faz parte da natureza de Lorenzo.
— Mande alguém buscar essa médica! — Ordena Dimitri.

Em menos de uma hora a doutora Syndel aparece no


escritório, com os olhos vendados, sendo trazida por Ruggero.
Dimitri continua sentado em sua cadeira, Katharina está de pé ao
lado e eu coloco uma cadeira no meio onde Ruggero senta a mulher.
A venda é tirada, então ela olha para Dimitri e Katharina e
depois para mim e fica pálida.
— Dimitri, que brincadeira é essa? — Pergunta para mim
como se me conhecesse.
— Meu nome é Vicenzo, deve estar me confundindo com meu
irmão gêmeo, Lorenzo — digo, mostrando uma foto de Lorenzo no
meu celular para ela.
— Não, deve estar havendo algum engano, esse é meu
paciente há um ano, seu nome é Dimitri.
— Meus Deus! — Diz Katharina, chocada assim como eu.
— Alguém pode me explicar o que está acontecendo, eu fui
raptada contra a minha vontade do meu consultório e não estou
entendendo nada. — Diz a médica, nervosa.
— Você está aqui para explicar o quadro do seu paciente, no
caso, Lorenzo. — Fala Dimitri.
— Ele é um assassino, descobrimos que ele é o serial Killer
por trás das mortes das jovens na cidade, ele é a besta! — fala
Katharina e a médica que fica pálida.
— Jamais imaginaria que meu paciente é o serial killer — diz a
médica, chocada.
— Doutora, não temos tempo a perder, é melhor a senhora
começar a explicar — diz Dimitri, colocando sua arma sobre a mesa.
— Conheci Dimitri, quer dizer, Lorenzo mais ou menos há um
ano, ele me procurou para ajudá-lo com seu transtorno. Primeiro
vocês precisam saber que sou uma psiquiatra psicanalista
especialistas em transtorno de personalidade. Logo no começo do
seu tratamento eu consegui diagnosticá-lo com transtorno obsessivo
compulsivo. Psicopata.
— Isso tem cura? — Pergunta Katharina.
— Não há cura, ele já nasceu um psicopata, isso não significa
que todo psicopata é assassino. O que o torna um assassino é o
meio onde ele vive.
— Seja mais clara doutora! — Dimitri ordena.
— Simples, se um psicopata nasce dentro de uma família
estruturada, rica, por exemplo, ele vai crescer e se tornar um
médico, um médico feroz, que tira um tumor de um paciente e se
esse paciente morre ele consegue socializar, ir às festas, se divertir
como se nada tivesse acontecendo, pois ele não consegue sentir
compaixão, empatia por ninguém. Isso não o torna um assassino. Já
um psicopata que cresce em uma família desestruturada, acaba
conhecendo o crime, tem meios disponíveis para matar e encontra a
faca e o queijo nas mãos, ele provavelmente vai se tornar um
assassino.
— Então Lorenzo é incurável?!
— Quando ele me procurou, não contou toda a verdade. O
pouco que eu sabia da sua vida era o passado terrível com os pais
adotivos e sua paixão pela esposa do irmão. Nós iniciamos o
tratamento com a medicação para controle da sua raiva e a terapia,
porém jamais poderia imaginar que o meu paciente era o
responsável pelos crimes que eu via no jornal.
— A culpa de tudo isso foi da mãe dele? — Fala Katharina.
— Ele guarda uma grande raiva da mãe biológica, a culpa por
tê-lo vendido ao casal que o adotou, mas vocês precisam entender
que o problema de Lorenzo vem de genética e do meio onde ele
cresceu.
— Ele manipulou a todos nós, ninguém desconfiaria dele —
fala Dimitri, amargo.
— Ele tem uma inteligência emocional muito grande, ele
consegue ter uma persuasão muito grande, uma falsa empatia para
que as pessoas acreditem nele. Normalmente, ninguém do convívio
pessoal consegue perceber os traços psicopatas.
— Como ele pode dizer que é apaixonado pela minha mulher e
pode matar essas mulheres por parecerem com ela se ele não tem
sentimentos? — Questiona Dimitri.
— Isso não passa de um mito, psicopatas tem, sim,
sentimentos, se ele não tivesse sentimento algum, ele seria um
objeto inanimado, ele sente raiva, sente dor, ódio, ele inclusive ama
Katharina. Ele via nas vítimas uma forma de encontrar Katharina
nelas.
— E quando seu objetivo não era alçando, ele se frustrava e
as matava.
— Porque ele nunca me matou, ele teve várias chances para
isso? Ou as mulheres do seu convívio como Daniela, ela também é
loira como eu.
— Para Lorenzo, a conquista faz parte do desafio, aquelas
que caiam fácil no seu jogo de sedução são as que são sujas como a
mãe dele, as mulheres que não representavam uma conquista, não
significam nada.
— Ele tem ódio por mulheres, é isso? — Pergunto, sem
entender como ele se tornou isso.
— Ódio de prostitutas, mulheres que o lembram a mãe que foi
um monstro para ele.
— Doutora, existe algum tratamento, uma clínica para onde
podemos levá-lo? — Pergunta Katharina na vaga esperança de um
fim melhor para Lorenzo.
— Não existe cura para um psicopata, não tem como
ressocializar um serial killer. Uma das características principais do
psicopata é ele não ter empatia pelo outro, ele não tem compaixão
pela dor do outro.
— Meu Deus, isso é difícil demais de aceitar — fala Katharina
chorando, sendo amparada por Dimitri.
Eu sinto tudo dentro de mim em pedaços.
— Obrigado, doutora a senhora foi de grande serventia —
digo, com um caco de vidro na minha garganta.
Dimitri faz um cheque generoso para a médica, deixando claro
que nenhuma palavra dita aqui poderia ser reproduzida. A médica
sai, mas deixou para trás um verdadeiro caos instaurado.

O meu punhal de prata reluz como fogo no centro da mesa de


Dimitri, ele é um lembrete vívido que tudo é real e não um pesadelo
ruim.
— Eu terei que matá-lo — diz Dimitri assim que a porta se
fecha e nós três ficamos sozinhos.
— Ele é meu irmão! — Diz Vicenzo, olhando para o vazio.
— Ele também é meu irmão, sangue do meu sangue. Mas
cometeu vários crimes, não só contra essas mulheres, como contra a
Cosa Nostra.
— Você não pode matar seu irmão — digo, sentindo uma dor
tremenda.
É difícil aceitar que a mesma pessoa que matou Ana e todas
aquelas vítimas é Lorenzo, o mesmo que cantou para mim, que me
defendeu, que sempre quis me proteger.
— O que vocês querem que eu faça? Não existe máquina do
tempo onde possamos apagar tudo que ele fez. Acha que não dói ter
que tomar essa decisão?
— A morte para aquele que quebra mais de um mandamento
da Cosa Nostra é a tortura desonrosa. — Diz Vicenzo, com a voz
trêmula.
— Do que ele tá falando, Dimitri? — Pergunto, notando que
Dimitri fica pálido.
— Eu não posso mudar as leis da máfia só porque ele é meu
irmão — diz Dimitri, me deixando amedrontada.
— Não podem matá-lo, eu sei que é horrível o que ele fez,
mas ele é irmão de vocês — grito, inconformada com a realidade.
— Ele será julgado pelos capos da Cosa Nostra. Eu não
posso protegê-lo, seria uma demonstração de fraqueza, eu sou o
líder, eu sou o Boss, não posso fraquejar.
— Por favor — diz Vicenzo, implorando pela vida de Lorenzo.
— Não está nas minhas mãos, Lorenzo assinou sua sentença
quando cometeu todos esses assassinatos, ele traiu a família e
armou contra o chefe, ele sequestrou Katharina e tentou matar
Daniela. — Aponta Dimitri, arrasado, então eu percebo que não há
saída.
Eu ando até a mesa e fico de frente com Dimitri, olhando em
seus olhos escuros, que estão cheios de dor. Eu posso ver o quanto
está sendo difícil para ele tomar essa decisão.
— Uma vez você me disse que sua alma está condenada e
que eu era um anjo de luz, iluminando a sua escuridão. Se eu sou a
sua luz, me escute, você não pode carregar o sangue do seu irmão
em suas mãos, faça isso por mim e pelo nosso filho.
As minhas palavras tem efeito imediato, seus olhos ficam
cheios de lágrimas. A dor ainda está lá, mas também há emoção.
Ele se levanta e vem até mim, beijando meus lábios de leve.
— Eu amo você, Katharina — diz, olhando em meu rosto,
limpando as lágrimas que escorrem.
Acaricia minha barriga, sabendo que ali vive o nosso filho.
— Eu juro que se eu pudesse evitar, eu faria, mas um
julgamento não pode ser evitado, ele era um consigliere, a sentença
será dada. Mesmo que Vicenzo vote contra junto a mim, a maioria
vai pedir a morte por tortura desonrosa.
— Deixe-o fugir então — imploro, desesperada por que sei
que a culpa por matar o irmão vai consumir sua alma e ele jamais
viverá em paz sabendo que ele o matou.
— E você vai conseguir viver tranquila sabendo que ele pode
estar matando outras mulheres?! — Pergunta, me deixando sem
alternativas.
— Não — digo desolada e então batem na porta do escritório
e todo meu corpo congela.
— Senhor, já chegaram — fala Luigi, olhando para nós com
pesar.
— Temos que ir — diz, segurando a minha mão e então eu
percebo que a sua mão está fria como a minha e treme.
Na sala de estar da fortaleza estão todos os membros do alto
escalão da Cosa Nostra. Os olhares estão direcionados a nós.
— Paolo e Ruggero, levem o prisioneiro para o pátio dos
fundos e preparem tudo.
Todos eles se sentam na grande sala, eu fico de pé ao lado
de Dimitri, nervosa demais para me manter sentada, Vicenzo está
tão ou mais balado que eu.
É a primeira vez que eu vejo um julgamento na máfia. Damon
conta cada crime de Lorenzo e cita todos os detalhes por trás das
mortes. Estão todos decididos que ele precisa morrer.
Eu me sinto um fantasma, é como se tivesse em uma
realidade paralela, as coisas que eles vão contando não me parecem
em nada com o Lorenzo que eu conheci, aquele que enfrentou o
irmão várias vezes para me proteger. O Lorenzo que me levou
comida pra mim. Vicenzo tenta remediar pedindo que mandem o
irmão para uma clínica onde ele ficaria até o fim da sua vida, porém
ninguém parece disposto a aceitar, clemência não é uma palavra na
Cosa Nostra.
Juliano Sacra, o mais velho de todos, fala com desgosto de
Lorenzo, provavelmente inconformado que a filha perdeu um possível
noivo.
— Eu não suporto mais ficar aqui, vocês são todos um bando
de hipócritas.
Jogo a verdade na cara deles e viro as costas, saindo da
sala. Eu volto ao escritório de Dimitri e me entrego ao choro que
parece não ter fim. A noite está gelada e o vento lá fora parece me
anestesiar. Olho para a sacada e consigo ver o refúgio dos animais.
Provavelmente, Dimitri mandou fazer seu escritório aqui justamente
para poder os vendo.
Toco meu abdômen ainda liso, pensado no meu bebê. Esse é
um mundo cruel para uma criança nascer, tenho medo que eu não
seja capaz de o proteger. As palavras de Dimitri ficam martelando na
minha mente, me alertando que não há nada que possa evitar a
morte horrível de Lorenzo. Hades ruge como se estivesse avisando
que algo ruim vai acontecer. Talvez ele sinta o clima fúnebre que
tomou conta dessa fortaleza. Seu rugido é tão alto como se tivesse
falando comigo, me dizendo o que eu deveria fazer. Tomo a minha
decisão, eu vou salvá-lo.
Saio do escritório e da casa sem que ninguém me veja e vou
direto para onde Hades e Perséfone estão. Assim que me veem, os
animais ficam agitados, meu plano é usar, já que ela é mais dócil e
obediente. Porém, assim que abro as portas do Oasis, deixando-a
sair, Hades vem atrás, cheirando minha barriga e rugi.
— Por favor, seja um gatinho bonzinho, Hades, me obedeça
— falo ao acariciar seu pelo, ainda insegura.
Caminho sendo seguida pelos dois até o jardim. No grande
pátio, luzes estão dispostas em círculo e no meio está Lorenzo,
amarrado em uma coluna, seu rosto está ferido e sua aparência não
é das melhores. Tem pelo menos oito homens o vigiando, com armas
em mãos. Hades para ao meu lado, curioso olhando em volta.
— Senhora o que faz aqui? — Pergunta um deles, que não me
lembro o nome.
— Quero ficar a sós com o prisioneiro.
— Não podemos deixá-lo sozinho, senhora, são ordens do
chefe — fala Ruggero.
— Eu vou me despedir dele — falo alto e Perséfone caminha
para frente assustando-os.
Hades ruge, mostrando os dentes e então eles se afastam,
mas não saem do pátio.
— Vocês sabem que não vão poder atirar nos animais de
Dimitri. Ele mataria qualquer um de vocês por machucar os bichos,
então é melhor vocês me deixarem falar com Lorenzo em paz! —
digo, controlando a minha raiva.
Hades anda até um dos homens e bufa como se estivesse
bravo. Antes que ele decida brincar com os homens, eles saem e
então eu posso caminhar até Lorenzo.
— Eu ainda consigo me lembrar de você levando comida para
mim na torre. — Digo, chorando muito.
— Você não pode impedir isso, princesa — ele fala, tão triste
que posso ver o Lorenzo que eu conheci e não o monstro de horas
atrás.
— Você vai ficar bem — choro em puro sofrimento.
— Você sabe que não, eu fiz coisas ruins, eu machuquei você.
Eu não queria machucá-la. — Ele fala com seus olhos claros tão
assustados que meu coração dói.
— Eu sei... eu sei — digo chorando e tento limpar o sangue
da sua testa com a minha mão.
— Eu não queria que você chorasse por mim. — Fala.
tentando sorrir, mas seus lábios estão machucados.
— Eu deveria ter percebido que você não estava bem.
— A culpa não é sua., princesa, você é boa demais para esse
mundo.
— Você sempre foi meu protetor, meu amigo — falo,
chorando.
— Eu estou com medo por mim, por ele, ele não é tão mau
como ele pensa, há amor dentro dele, agora eu sei.
— Eu preciso salvá-lo. — Digo, tentando explicar.
— Eu sei, princesa — ele diz, então eu o abraço forte e a dor
é sufocante demais para suportar.
— Você vai ficar bem, tudo isso vai... passar — soluço em
dor.
— Obrigado, princesa... — Ele diz, olhando em meus olhos e
essas são suas últimas palavras.
O punhal sujo de sangue cai no chão, ele está morto, Lorenzo
está morto. É nessa hora que todos os membros da Cosa Nostra
chegam e olham para a cena, estáticos.
— Não, não!!! — Grita Vicenzo, caindo de joelhos no chão.
— Está feito! — Falo, olhando para Dimitri, sabendo que eu o
salvei. Salvei sua alma de carregar o peso da morte do seu irmão e
salvei Lorenzo da morte terrível que ele teria.
A decisão tinha sido tomada, Lorenzo seria morto, esse foi o
resultado do julgamento. Ele seria morto por desonra. Os olhares
sobre mim diziam o que suas bocas não teriam coragem, que
estavam duvidando do meu comando na Cosa Nostra.
Um Boss que não percebeu o verdadeiro mal dentro da sua
própria casa. Eu teria que executar a sentença, essa seria a forma
de demonstrar o meu dever como chefe da Cosa Nostra, o dever
acima do sangue da família. Pensei que nessa altura da minha vida
eu jamais fraquejaria, que para sobreviver a esse mundo você
precisa ser invencível, enterrar seu coração o jogar fora, mas depois
que conheci Katharina vi meu coração voltar para mim e se encher
de vida. A frieza preenche minha fisionomia, mas a cada passo que
eu dou em direção ao pátio mais arrasado eu me sinto, Vicenzo ao
meu lado parece em choque, ele, ao contrário de mim, não
conseguia enganar.
Ouço Hades rugir e então fico alerta, pensando que ele pode
ter escapado, mas não precisa de dois segundos para que eu
perceba o que aconteceu. Todos nós olhamos estáticos para a cena
em nossa frente. Vicenzo cai de joelhos e chora.
— Está feito! — Katharina diz, olhando para mim.
Em seu olhar eu vi que ela fez uma escolha, ela provou mais
uma vez o quanto é forte e lá estava ela, protegendo não só Lorenzo
de uma morte horrível, como a mim.
Hades ruge para os capos.
— Não há mais nada a ser feito aqui, Lorenzo está morto,
podem ir — digo rudemente.
Todos saem e apenas Vicenzo continua olhando para o corpo
do irmão, já sem vida, enquanto chora. Eu caminho até Katharina no
exato momento em que a máscara imbatível de senhora da máfia
cai, ela me abraça forte e chora profundamente, deixando a dor
falar.
— Eu tive que fazer isso, eu tive que fazer — soluça,
mostrando o quanto ela está fragilizada.
— Acabou, acabou — falo, sentindo minha camisa ficar
molhada pelas suas lágrimas enquanto eu a consolo, dizendo que ela
fez o certo.
— Ele não sofreu.
Ela tenta dizer, porém acaba desmaiando de exaustão, me
fazendo ficar preocupado, pois ela está grávida e passando por tudo
que passou hoje. Levo Katharina nos braços e grito para que um dos
meus homens chamem Guido para levar os animais de volta ao
refúgio. Vicenzo solta Lorenzo, mas não tenho tempo para me
preocupar com seu estado ao ver o gêmeo morto, minha
preocupação agora é minha mulher e meu filho.

— Tem certeza que ela e meu filho estão bem? — Pergunto


mais uma vez ao médico, que examinou Katharina. Para o meu alívio,
ela não demora a acordar.
— Sim, senhor, foi apenas um desmaio normal no quadro da
recente gestação, aconselho evitar emoções fortes nesse primeiro
trimestre de gravidez e o quanto antes começar o pré-natal, melhor.
— Fala, fechando a sua maleta.
— Obrigada, doutor — agradece Katharina e então o médico
sai, acompanhado de Luigi e eu me aproximo de Katharina,
arrumando o travesseiro.
— Você me assustou, amore mio — digo, acariciando seu
rosto.
— Eu sinto como se tivesse carregando o peso do mundo nas
minhas costas, preciso ver Vicenzo e explicar que eu não tive saída a
não ser fazer o que fiz. — Diz, angustiada.
— Não se preocupe com Vicenzo, você precisa descansar
agora, por você e pelo nosso filho. — Falo, colocando o cobertor
sobre seu corpo.
— Dimitri... — ela me chama antes que saia do quarto.
— Eu amo você, Dimitri, acima de qualquer coisa eu sempre
vou te amar! — fala firme, me olhando nos olhos.
— Eu amo você, Katharina Castelaresi Rinna, amo como
jamais imaginei amar alguém nessa vida, eu prometo proteger você e
nosso filho! — Falo e beijo seus lábios suaves. Ela fecha os olhos e
uma lágrima escorre.
— Agora tenta descansar, eu já volto para ficar com você. —
Falo olhando para a mulher incrível na minha frente.

Saio do quarto, deixando-a descansar e vou até Vicenzo, que


ainda está segurando o corpo sem vida de Lorenzo.
— Precisa deixá-lo ir, Vicenzo, precisa deixar Lorenzo
descansar — falo, tocando seu ombro.
— Eu deveria ter sido um irmão melhor para ele — fala
Vicenzo.
— Não é hora de se culpar, nada que fizéssemos poderia
evitar o que aconteceu, Katharina tomou a melhor decisão por ele.
— Eu sei que sim, mas ainda assim é difícil aceitar que ele
está morto — fala, quebrado.
— Eu nunca fui o irmão que vocês dois mereciam, eu nunca
disse isso para você e para Lorenzo, e agora ele está morto e é
tarde demais para remediar isso, porém você está aqui, Vicenzo. E
eu quero que você saiba que eu me importo com você, irmão. —
Falo, ajudando-o a se levantar.
— Obrigado — fala com a voz embargada.
— Talvez seja bom você viajar, tirar um tempo para colocar a
cabeça em ordem, primeiro foi Chaise, agora Lorenzo, o baque foi
terrível para você — digo pela primeira vez deixando claro que eu sei
o que ele tentou esconder por todos esses anos.
— Há quanto tempo você sabe? — Questiona com a voz
rouca, olhando para mim.
— Há tempo suficiente para entender que isso não é da minha
conta, você faz o que quiser da sua vida desde que isso não envolva
a Cosa Nostra.
— Eu sempre dei e darei a minha vida à família. Eu posso
estar em pedaços, mas jamais deixarei você na mão, não quando
precisa de mim. — Fala sério e então eu vejo meu irmão forte na
minha frente, aquele que sempre foi leal e será até o fim.

A chuva cai gelada, as pesadas nuvens trazendo uma


escuridão para o céu da manhã. Os dias após o enterro de Lorenzo
passaram em câmera lenta e aos poucos estamos nos conformando
com o que houve, Daniela sobreviveu, surpreendendo a todos,
conseguimos esconder da mídia sobre Lorenzo ser o serial killer,
mas a imprensa já está nos cercando.
A missa em homenagem a Lorenzo está sendo celebrada na
Catedral de Monreale pelo bispo da arquidiocese de Nápoles, que
veio especialmente a pedido de Dimitri para realizar a cerimônia. A
catedral é belíssima, uma combinação de estilo de vários povos que
já passaram pela Sicília, como os gregos, normandos, bizantinos e
árabes.
Membros da máfia estão todos reunidos, todos de preto,
representando o luto. O catolicismo é a religião mais pregada na
Itália.
Uma coisa que aprendi morando na Sicília é que a religião, a
máfia e a política estão entrelaçadas há décadas. Uma não existe
sem a outra, e assim continuarão unidas pelas próximas gerações.
O bispo fala sobre o perdão de Deus, o amor Dele para com os
pecadores e uma pequena lágrima escorrem pelo meu rosto. No fim
da missa a maioria das pessoas vai embora, porém eu e Dimitri
somos chamados pelo bispo.
— Quero agradecer pela generosa doação que o senhor fez à
nossa diocese, vamos poder reformar o orfanato fundado pela igreja,
assim como implementar melhorias no nosso centro comunitário. —
Explica o bispo a Dimitri.
— É um prazer ajudar a igreja, padre, conte sempre com a
Cosa Nostra para o que a igreja precisar. — Fala Dimitri
cordialmente.
— Adoraríamos que sua senhora fizesse parte do coral da
igreja, me falaram que ela é uma musicista talentosa.
— Eu vou adorar padre. — Digo, contente para ajudar os
jovens do coral.

— Tem certeza que está se sentindo bem?! — fala Dimitri,


segurando meu cabelo enquanto eu vomito todo meu café da manhã.
Tem sido assim todas as manhãs, meu filho já na barriga está
mostrando para a mãe que é temperamental como o pai, nem
mesmo o remédio para o enjoo tem ajudado com a minha vontade
incontrolável de vomitar a cada três horas.
— A médica disse que isso é normal, no próximo mês esses
enjoos vão passar — falo me levantando, lavando meu rosto pálido e
escovando os dentes enquanto Dimitri mantém seus olhos sobre
mim, preocupado.
Ele tem sido assim desde que descobriu que vai ser pai, vem
me tratando como se eu fosse de vidro e a qualquer momento eu
fosse me quebrar, o que já está me deixando irritada. Até mesmo
sexo o filho da mãe anda negando, segundo ele pra não prejudicar
seu filho, enquanto isso eu fico subindo pelas paredes.
Dimitri colocou na cabeça que vai machucar o filho se me levar
para o calabouço, então estamos apenas no amorzinho tradicional.
Ele jura de pé junto que é um menino, já Vicenzo, assim como eu,
jura que será uma menina igualzinha a mim, para infernizar a vida do
pai.
— Marquei uma consulta com sua médica para daqui a meia
hora. Não aguento mais ver você passando mal desse jeito — fala
ele, todo mandão.
— Dimitri, você está começando a exagerar, até parece que é
você que está grávido e não eu. — Digo brava, cruzando os braços.
— Eu vou buscar seu sobretudo, está muito frio lá fora — fala,
ignorando o que eu disse.
O caminho até a clínica é rápido, os seguranças nos seguem
no carro ao lado. Dimitri estaciona na entrada e abre a porta para
mim, segurando minha mão. Entramos na clínica onde eu venho
fazendo o pré natal no último mês. Na sala de espera eu vejo várias
mulheres grávidas. A maioria com seus maridos e duas sozinhas.
Uma delas, assim que vê meu marido, só falta babar.
Dimitri puxa uma cadeira para mim e se mantém em pé do
meu lado. Pego um panfleto que fala sobre a importância da doação
de leite aos bancos de leite para recém nascidos que não podem
mamar de suas mães. Dimitri olha para o celular, prestando atenção
em uma mensagem que recebeu, me fazendo lembrar que as coisas
na Cosa Nostra não andam nada bem.
— Senhora Rinna — fala a enfermeira e eu engulo em seco,
nervosa como todas às vezes.
— Sou eu — me levanto, sendo acompanhada por Dimitri e as
mulheres me olham indignadas por ter acabado de chegar e já ser
atendida.
Caminho até o consultório da doutora Vasconcelos.
— Seja bem vinda, mamãe, como está esse bebezinho?! —
fala a médica, toda simpática.
— Ela não está bem, doutora — fala Dimitri, respondendo por
mim.
Me sento de frente à mesa da médica e Dimitri ao meu lado,
como sempre analisando tudo.
— Ele está exagerando, doutora, são apenas os enjoos que
persistem, principalmente na parte da manhã, eu ando vomitando
quase tudo que como.
— Certo, é normal se sentir enjoada no começo da gestação,
podemos mudar o remédio para enjoos, também recomendo que
tome suco de limão e maçã verde para ajudar a controlar o mal
estar. Vamos checar os batimentos do bebê e aproveitar que está
aqui para fazermos seu primeiro ultrassom. Dimitri me coloca sobre a
maca e me ajuda a tirar os saltos.
— Temos um pai muito atencioso aqui — diz a médica,
encantada com o cuidado que Dimitri tem comigo. Eu apenas reviro
os olhos, achando seu comportamento exagerado.
— Eu não sei se vou aguentar mais sete meses do meu
marido achando que vou quebrar, doutora.
— É normal pais de primeira viagem terem medo que algo
aconteça com o bebê e a mãe. A maioria dos abortos espontâneos
acontecem justamente no primário trimestre.
— Nada irá acontecer com a minha mulher, doutora, afinal é
por isso que eu pago uma fortuna para essa clínica, qualquer coisa
que aconteça aos dois, a responsabilidade está sobre a senhora —
ele fala com sua postura de mafioso e a médica fica nervosa.
— Claro, sua esposa e seu filho estão bem, senhor Rinna, não
se preocupe. — Ela garante, tentando tranquilizá-lo. Podre doutora.
A médica começa a medir a minha barriga e logo aplica um
gel gelado para fazer o ultrassom. Seguro a mão de Dimitri, que olha
vidrado a tela onde vários borrões preto e branco aparecem O som
do coração do nosso bebê enche o quarto e fico emocionada.
É o som mais lindo que já ouvi na vida.
— Você está completando nove semanas de gestação. Seu
bebê já está com três centímetros e pesando cinco gramas.
A doutora continua a mostrar cada detalhe do nosso filho,
Dimitri sorri, feliz, é a primeira vez que ele sorri desde a morte de
Lorenzo. Nosso filho tem sido um sopro de vida entrando na nossa
família. Esse bebê é a felicidade que estava faltando para nós dois.
— Já podemos ver o sexo do bebê, doutora? — Pergunto
ansiosa.
— Ainda não, ele é muito pequeno, provavelmente no quarto
mês ou no quinto poderemos ver o sexo do bebê, porém a medicina
está bem moderna e para pais ansiosos temos o exame de sexagem
fetal.
— É arriscado esse exame? — Pergunta Dimitri.
— Não, é um exame de sangue comum que vai detectar a
biologia molecular, amostras de fragmentos do DNA do bebê e assim
identificar o sexo.
— Eu quero fazer então, doutora — falo animada.
A médica prescreve o novo medicamento, também o exame
para sabermos o sexo e marca a data da minha próxima consulta.
Antes que deixar o consultório eu resolvo perguntar algo que estava
ansiosa para saber.
— Doutora, eu gostaria de saber se sexo na gestação está
liberado? Digamos que eu e meu marido gostamos de sexo um
pouco diferente e Dimitri anda meio inseguro quanto ao sexo. —
Pergunto, deixando Dimitri constrangido e a médica vermelha feito
um pimentão.
— Bem, não há nada que impeça a relação sexual na
gravidez. Na verdade, é normal a libido da gestante aumentar nessa
fase. Porém, quando diz sexo um pouco diferente precisa levar em
conta que não é recomendável que faça nada que coloque em risco
você e seu bebê. Posições e brinquedos estão liberados, desde que
não forcem demais a gestante em uma posição só.
Sorrio, sabendo que agora ele não foge de mim.
Saio do consultório médico radiante.
— Bella mia, você está tão provocadora hoje — Dimitri diz
assim que saímos pelo corredor.
— Talvez eu precise de um castigo, Boss — falo sorrindo e
ele só falta me engolir com o olhar.
— Não me provoque, amore mio — Ele me alerta, abrindo a
porta de saída e antes que eu possa respondê-lo, somos abordados
por uma multidão de repórteres por toda parte.
— Senhor Rinna, qual a sua ligação com a máfia italiana? —
Um repórter pergunta, nos cercando.
— Senhora Katharina, a senhora está de acordo com os
supostos negócios do seu marido? — Pergunta outra repórter, me
empurrando.
— Saiam da nossa frente — fala Dimitri com raiva.
Somos rodeados por eles e não conseguimos passar, Dimitri
segura a minha mão, tentando me proteger, mas as perguntas são
uma pior que a outra. A postura de Dimitri fica rígida quando tentam
novamente me questionar.
— Fica calmo, por favor — falo, tentando fazer com que a
coisa não fique pior.
Nossos seguranças nos ajudam a sair da multidão, eu quase
caio no chão quando um jornalista coloca a câmera na minha cara.
— Soltem ela!! — Ele grita e soca o repórter, aí tudo
desanda.
Eu puxo Dimitri para o carro, tentando evitar uma merda, ele
entra no carro junto comigo e dirigi saindo em alta velocidade da
entrada da clínica.
— Eu não sei como esses abutres descobriram que
estávamos aqui!
— Você precisa se acalmar ou vai acabar batendo o carro —
falo, prendendo o cinto de segurança.
— Eu juro que vou resolver isso, essa maldita detetive vai me
pagar! — Fala, desacelerando.

Ao chegarmos na fortaleza fico em alerta. Alguma coisa está


acontecendo, o carro de Vicenzo está estacionado na frente da
casa, assim como o de Damon. Os homens estão em alerta e Dimitri
olha ao redor, tenso. Entramos e logo vemos Vicenzo e Damon
conversando.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunta Dimitri aos
dois.
— Um caos, um verdadeiro caos está estourando. —
Responde Vicenzo.

Enterrar meu irmão gêmeo foi como arrancar uma parte


minha. Eu não cresci ao lado dele, mas mesmo na Índia, sofrendo
como um cão, eu sentia que faltava algo.
Quando conheci Lorenzo fiquei desacreditado, ele era idêntico
a mim, era como olhar para um espelho, a diferença era que eu era
mais fraco e magro enquanto ele estava saudável, ao menos seu
corpo estava bem, agora eu sei que sua mente já era doente desde
aquela época. Ainda assim, fiquei feliz, eu amei meu irmão, amei
meus irmãos, os dois eram a única família que eu tive.
Visitei Daniela todos os dias em que ela esteve internada, de
certa forma é impossível não me sentir culpado pelo seu estado, ela
passou por duas cirurgias e sobreviveu, lutando bravamente pela sua
vida. Ela teve alta há uma semana e está se recuperando em casa.
Mesmo que eu e Dimitri disséssemos que ela não precisava
trabalhar, como a mafiosa teimosa que é decidiu trabalhar de casa,
pois segundo ela, enlouqueceria sem fazer nada.
Já Chaise continua em coma, seu quadro é estável e segundo
o médico ele pode acordar a qualquer momento. Eu venho pagando
todo o tratamento, recentemente o transferi para uma clínica
especializada em neurologia, que trata de pacientes em coma
profundo. A mãe dele ainda o visita regularmente, de acordo com a
enfermeira que contratei. Eu evito ir vê-lo quando ela está com ele
para não deixar margem para suspeitas.
A esperança que ele acorde a cada dia está se esvaindo, ver
seu corpo estático é dolorido demais, porém eu não posso e não vou
perder a esperança de que ele acorde.
Batem na porta da minha sala e mando entrar, Damon passa
por ela com uma cara nada boa.
— Preciso de ajuda cara, a coisa está feia — diz ele, nervoso.
— O que aconteceu? — Questiono preocupado.
— Treze membros da Cosa Nostra foram julgados essa
manhã e condenados à prisão. Dentre eles está o Augustus.
— Merda, onde estava Ignácio que não conseguiu impedir
isso?
— Eu não sei cara, ele é nosso melhor advogado, mas a
federal está caindo com tudo contra a gente, sendo apoiada pelo
governador.
— Porra, precisamos alertar Dimitri que o cerco está se
fechando.
— O magistrado Paolo Borsellino retirou o habeas corpus de
Juliano, ele está sendo levado para a penitenciária para aguardar o
seu julgamento detido, para que não atrapalhe as investigações.
— Merda, precisamos dar um jeito nesse juiz o mais rápido
possível. — Falo pensativo.
— O cara é um fantasma, não conseguimos encontrar seu
esconderijo depois da morte de Falcone, tanto os agentes federais
como os outros envolvidos na operação “mãos limpas” estão se
protegendo.
— Vamos até a fortaleza falar diretamente com Dimitri e
pensar em um plano de contra-ataque, não podemos ficar de braços
cruzados enquanto a Cosa Nostra é atacada.

Envio uma mensagem para Dimitri no caminho avisando que


estava indo para a fortaleza junto com Damon, Tom também foi
avisado por mensagem, já que ele está em Gramada América
Central, assumindo os negócios de Alesso Gambino. Apenas Damon
Camorra e Vito Genovese estão em Palermo agora Luciano está
preso. Ter um capo da Cosa Nostra morto, um foragido e outro
preso é realmente o caos se instaurando.
Até agora nenhum mínimo sinal de onde Dante possa estar se
escondendo. Aslan, irmão de Katharina, vem investindo pesado na
sua captura, assim como nós da Cosa Nostra, mas o rato se
esconde bem.
Coloco todos os nossos homens em alerta e espero a
chegada de Dimitri.

Meia hora se passa até ele e Katharina chegarem e pelas


suas caras presumo que mais alguma coisa aconteceu.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunta Dimitri aos
dois.
— Um caos um verdadeiro caos está estourando. - Digo de
uma vez.
— Será que tem como as coisas ficarem piores?! — fala
Katharina colocando a bolsa sobre o aparador.
— Juliano foi preso novamente e Augustus foi condenado junto
com outros doze homens nossos — fala Damon.
— Como Ignacio Savo deixou isso acontecer? Caralho — fala
Dimitri, nervoso.
— Incompetência da parte dele, Juliano vai ficar preso até seu
julgamento, precisamos tirar ele de lá.
— A imprensa está na minha cola, não tenho um minuto de
paz. Qualquer passo meu está sendo vigiado pelos federais.
— Precisamos eliminar o magistrado Paulo Borsellino. Se
conseguirmos outro juiz para cuidar do caso será mais fácil que
aceite suborno.
— Você cuida disso, Vicenzo, descubra onde esse juiz se
esconde e faça um serviço limpo, sem chamar atenção para a gente.
Não deixe rastros, faça parecer um acidente. — Ordena Dimitri e eu
começo a pensar em como agir para pegar esse juiz de merda.
— E quanto aos homens presos? — Questiona Damon.
— Eu quero que mate Ignácio, ele sabe demais e não confio
em um advogado que não sabe defender seus clientes. Na Cosa
Nostra não aceitamos falhas, muitos menos fracassos. — Dimitri dá
a sentença.
— E quanto a detetive, você sabe que ela não vai parar até
ver você preso — fala Katharina, chamando atenção de nós três
para o que ela fala.
— Eu mesmo vou cuidar da detetive Gabriela. — Fala Dimitri,
servindo seu uísque.
— É muito arriscado, o melhor é mandar alguém no seu lugar!
— Aprenda comigo, amore mio, se você quer um serviço
bem feito, faça você mesmo. — Diz decidido.

Com a prisão de vários membros da Cosa Nostra, a moral da


equipe está lá em cima, mesmo sabendo que ainda estávamos longe
de terminar a operação é gratificante assistir à condenação dos
criminosos. Nenhum dos presos quis colaborar com a polícia, nem
mesmo com a proposta de uma delação premiada.
A Omertà, código de honra da máfia, os impede de falar.
— Conseguiu rever os exames das digitais? — Pergunto a
Vitório assim que entro na sua sala.
— As digitais batem, mas nenhum juiz vai aceitar um charuto
tirado do lixo como prova do envolvimento do Rinna no massacre de
Lazio.
— Eu sei que era ele lá — falo brava.
— Nós sabemos que ele está envolvido, mas a prova foi
contaminada quando foi descartada no lixo. — Diz Vitório, me
trazendo à razão.
— Estamos em um beco sem saída, a vigilância na casa dele
segue, porém não conseguimos nenhuma forma de entrar na
fortaleza e plantar nossas escutas.
— Talvez devêssemos usar a mulher dele!
— A mulher está grávida, você sabe que não gosto de
envolver família nisso, talvez ela nem saiba dos negócios do marido.
— Tudo bem, então vamos continuar nossa vigilância, uma
hora ele cometerá algum erro. — Diz Vitório.
Saio da sua sala e vou direto para o meu escritório, um
grande painel à minha direita faz uma linha de investigação, fotos de
Dimitri, seus irmãos e todos os suspeitos de terem envolvimentos
com a Cosa Nostra.
A morte de Lorenzo Rinna ainda é muito suspeita para mim.
Segundo a assessoria de imprensa, foi uma tentativa fracassada de
roubo do carro do mesmo, onde ele acabou sendo esfaqueado por
criminosos que ainda não foram encontrados. Tudo muito suspeito
para mim. Meu telefone particular toca me chamando atenção. Um
número desconhecido, que não está na minha agenda. Fico em
alerta, sabendo que não dou esse número para ninguém que não
seja de extrema confiança.
Decidi atender antes que a ligação caia.
— Alô — digo ao atender.
— Detetive Gabriela?!
— Sim, sou eu, quem fala? — Pergunto, me sentando em
frente ao meu computador, tentando rastrear o local de onde vem à
ligação.
— Meu nome é Ruggero, eu tenho informações que podem
ajudar a senhora a colocar o chefe da Cosa Nostra atrás das
grades.
— Como vou saber que isso não passa de um trote? —
Questiono, tentando ganhar tempo.
— Eu sou segurança e também motorista da casa e sou a
única chance que a senhora vai ter para prendê-lo — fala, me
deixando nervosa.
— Você tem provas para mim? Não trabalho com suposições,
sua palavra não basta para mim.
— Eu tenho um dossiê em mãos que será uma bomba contra
a Cosa Nostra.
— Certo, quando podemos nos encontrar? — Pergunto,
animada.
— Hoje no final da tarde perto do píer, por favor venha
sozinha, estou me arriscando muito e se descobrirem o que eu estou
fazendo, serei um homem morto. — Ele fala, preocupado.
— Certo, estarei esperando no píer às sete.
A ligação é confirmada como vinda de uma torre perto da
fortaleza onde Rinna vive, o que confirma as palavras do tal Ruggero.
Olho as listas com os nomes de todos os funcionários da casa e não
demora muito para que eu encontre o motorista da senhora Rinna.
Então, eu percebo que estou um passo à frente dos criminosos.
Espero as horas passarem para sair da sede da federal, nós
estávamos em um prédio comercial disfarçado para que não
fôssemos descobertos pela máfia.
O governador está nos dando todos os recursos possíveis
para ajudar na operação “mãos limpas” e acabar de uma vez por
todas com a máfia. Minha arma está na cintura, cheguei uma hora
antes para verificar o perímetro, vim sozinha para não correr o risco
de ter um informante dentro da polícia e Rinna acabar sendo
avisado, essa testemunha será a minha chave para sua prisão.
Um homem alto, usando preto, caminha em minha direção,
algumas pessoas ao nosso redor tirando fotos da paisagem bonita
de Palermo. Eu reparo que ele olha ao redor provavelmente
verificando se não está sendo seguido, faço um gesto com a cabeça,
ele entende que é para entrar no carro.
— Você é Ruggero? — Questiono assim que ele entra no
carro.
— Sim, sou eu mesmo — fala nervoso, olhando para todos os
lados. — Dirija para fora daqui, ainda não tenho certeza que não me
seguiram — ele fala agitado e então eu dou partida no carro, saindo
do Porto.
— Tem uma rua mais tranquila onde podemos conversar sem
sermos vistos — ele fala, preocupado.
Sigo na direção que ele informa e paramos em uma avenida
tranquila com poucas lojas abertas neste horário.
— O que você tem pra mim?!
— Primeiro, você precisa me garantir que vai me ajudar do
jeito que combinamos. — Ele fala com a voz mais grave eu confirmo.
— Farei o que estiver ao meu alcance — digo firme.
Ele abre o casaco preto tirando um grande envelope pardo de
dentro.
Pego o envelope lacrado e assim que eu o abro me dou conta
que cai em uma armadilha. Há centenas de dólares dentro do
envelope e então uma chuva de flashes começa a pipocar na minha
frente.
— Desgraçado — falo, jogando o envelope e o miserável abre
a porta do carro fugindo.
Eu ainda tento ir atrás dele, mas ao abrir a porta do motorista
o dinheiro cai no chão e os fotógrafos começam a me cercar.
— Merda — chuto a lataria do carro.
— É isso minha gente, um grande furo de reportagem. A
chefe da investigação contra a Cosa Nostra foi pega ao vivo
recebendo suborno de mafiosos. Será ela mais uma policial corrupta,
as imagens falam por si só — explica a repórter.
Entro no meu carro, tentando sair dali, porém o BMW X8
conversível me faz paralisar de ódio. Lá está o todo poderoso Dimitri
Salvatore Rinna sorrindo pois sabe que venceu essa.

Escapar dos repórteres foi difícil, não vi mais o desgraçado


do Rinna, provavelmente ele só foi verificar se seu plano deu certo.
Meu telefone toca sem parar, mas eu nem tenho como atender,
provavelmente meu rosto, nesse momento, está estampando todos
os jornais.
— O que está acontecendo aqui?! — falo aos homens da
corregedoria que estão dentro da minha sala.
— Gabriela Meireles Bianchi? — Pergunta um deles.
— Sou eu mesma.
— A senhora está sendo afastada da operação “mãos limpas”
e será investigada por recebimento de suborno e obstrução da
justiça.
— Eu não fiz isso, caí em uma armadilha, espera! — Digo,
olhando todos de pé na minha sala, assim como Vitório. — Como a
corregedoria veio tão rápido? — Pergunto, olhando para Vitório
confusa, eu pensei que teria um ou dois dias, tempo o bastante para
que eu pudesse provar que fui até lá para recolher provas contra o
Rinna e cai em uma armadilha.
— Eu os chamei quando mexi no seu computador para usar a
impressora e vi os e-mails trocados.
— Do que você está falando, Vitório?
— Estão todos aqui os e-mails que provam que você fez um
acordo com a Cosa Nostra para ajudar a soltura de Juliano Sacra.
— Eu não sei do que estão falando, esses e-mails são falsos,
meu computador deve ter sido invadido — digo em total descrença.
— As investigações serão feitas, detetive, por hora eu peço
que me entregue seu distintivo e sua arma — fala o chefe da
corregedoria.
— Não podem me afastar do caso, eu sou a chefe da
operação e trabalhei duro pra chegar até aqui.
— O chefe agora será Vitório, ele comandará tudo enquanto a
corregedoria investiga sua participação com a máfia siciliana.
Ali eu percebo que tinha sido traída por Vitório e havia caído
na armadilha de Dimitri.
O prazer que senti ao ver a detetive ser humilhada foi imenso,
não contava com o fato do seu braço direito a trair e fechar com
chave de ouro sua suspensão da investigação.
As notícias sobre seu afastamento caíram como uma bomba
na imprensa, ela teria muito trabalho para limpar seu nome. As
trocas de mensagens implantadas foram a cereja do bolo e não foi
difícil para Daniela, nossa hacker, fazer o trabalho. Chegando na
fortaleza, me lembro que amanhã Katharina e eu iremos à Florença
em um jantar com executivos estrangeiros que estão dispostos a
investir no turismo italiano. Geralmente, costumo recusar esse tipo
de evento, porém nesse momento tudo que preciso é demonstrar
que sou um empresário honesto sendo injustamente acusado. Seguro
a sacola com o presente que comprei para Katharina. Assim que
entro, noto que a casa está silenciosa, o que é estranho já que
ultimamente Katharina costuma tocar violino na biblioteca todo fim de
tarde.
— Luigi — chamo e não demora muito para ele aparecer.
— Desculpa por não o receber, senhor.
— Onde está Katharina? — Pergunto, sabendo que Vicenzo
não estará em casa, já que ele está na sede planejando a operação
que dará cabo ao juiz Borsellino, o maledeto conseguiu condenar
trezentos homens envolvidos com a Cosa Nostra, dentre eles,
soldados membros do alto escalam e alguns associados.
— A senhora está na piscina termal, levei um lanche para ela
há alguns minutos.
— Alguma intercorrência? — Questiono.
— Apenas alguns repórteres que se aglomeraram no portão
querendo entrevistar a senhora, porém os seguranças os
expulsaram.
— Perfeito — digo contente e saio em direção à escadaria
que leva até o subsolo, onde a piscina aquecida fica.
Não costumo usar, acho que vim aqui apenas uma vez desde
que comprei a fortaleza histórica em um leilão, quando me vi
apaixonado pelo local. A visão privilegiada de Palermo e a
segurança, sem ter vizinhos, foram outros fatores que me fizeram
gastar dezessete milhões de euros na propriedade. Atravesso o
corredor que leva à garagem e desço um lance de escada até
chegar na piscina termal com pedras vulcânicas trazidas do Vesúvio.
Katharina está de costas para mim usando apenas um micro biquíni,
posso admirar seu quadril, que está mais largo, e sua pele pálida
que tanto me fascina.
— Você parece uma ninfa das águas. Digo, embasbacado.
— Você chegou, amore mio. — Ela fala virando para mim
com um sorriso capaz de espantar até mesmo as mais terríveis
trevas que vivem em mim.
— Senti a sua falta — falo me sentando em uma cadeira na
beira da piscina.
— Sentiu?! — pergunta enquanto desamarra o nó do biquíni.
— Não me provoca Katharina, qualquer um pode ver você nua
aqui.
— Eu acho melhor você entrar então e me proteger, Boss —
provoca, jogando o biquíni em minha direção, eu o pego no ar.
Seus seios rosados ficam à mostra, ela sorri e mergulha, me
deixando duro apenas com a visão dos seus seios. Me livro do
sapato e rapidamente faço o mesmo com terno sob medida que
visto. Entro na piscina nu e a safada provocadora me devora com
seus olhos azuis.
— Eu sabia que não resistiria a essa água deliciosa — ela diz
e eu a puxo para os meus braços, beijando a sua boca com
saudade. Quanto mais eu a toco, mais eu a quero, me sinto um
viciado que passa o dia sedento por mais do seu vício.
Bebo dos seus lábios enquanto nossas línguas duelam entre
si. Katharina cruza as pernas na minha cintura, colando seu corpo ao
meu e então eu percebo que a safada está sem calcinha. A ergo nos
meus braços até colocá-la sentada na borda da piscina.
— Eu não esqueci sua queixa com a médica, bella mia. Foi se
queixar que seu marido não anda te satisfazendo, agora vai ser
castigada.
— Isso é tudo que eu quero, Boss — fala, jogando os cabelos
para trás e aperta os biquinhos dos seios.
Beijo sua barriga ainda pequena, que carrega nosso filho e
abro suas coxas analisando cada pedacinho da sua bocetinha
rosada. Minha boca chega a salivar para beber do seu mel. Caio de
boca, começando a passar a língua devagar, sentindo seu cheiro
doce de rosas, meu tesão vai a loucura ao sentir seu sabor. Puxo um
dos lábios com minha boca e ataco seu clítoris com a língua subindo
e descendo, fazendo um oito. Katharina joga o corpo para trás
enquanto aperta o, biquinho, dos seios, que estão pesados. Ela se
contorcendo gemendo e enche minha boca com seu gozo. Sorrio e
meto dois dedos bem fundo, mordo os lábios da sua boceta fazendo
ela ondular de prazer. Seu rosto está corado e sua pele toda
arrepiada.
— Não para... isso, assim... — Fala esfregando a bocetinha
na minha boca e eu não me faço de rogado, chupo com vontade.
Meu pau já ameaça estourar de tesão e ela já estava quase
gozando em minha boca pela terceira vez quando paro e a puxo para
mim.
— Ah, Boss, não sabe como eu amo essa sua língua feroz —
fala e me beija, eu puxo seu cabelo, trazendo seu corpo ainda mais
para mim.
Katharina escorrega até sentir meu pau na entrada da sua
boceta, com as mãos livres seguro meu pau e esfrego na entrada da
sua bocetinha, fazendo ela morder meu lábio e em seguida beijar
meu pescoço, me levando a loucura. Caminhei com ela nos braços
até as escadas da piscina, sentando com ela no meu colo em um
degrau. Katharina senta no pau gemendo alto ao senti-lo alargando-a
por inteira.
— Você é uma bambina provocadora. - Digo puxando sua
bunda pra frente para que ela me sinta por inteiro.
— Aí, amore mio, você vai me deixar louca — fala pulando no
meu pau. A água balança ao nosso redor enquanto nossos corpos se
chocam. Seus seios saltam na minha cara e eu não perdoo, mamo o
direito, esfomeado e puxo o biquinho, ela estremece me arranhando.
Puxo ela sem tirar meu pau de dentro e me levanto com ela
nos braços até a coluna de pedra, meto com vontade, sentindo meu
pau latejar. Seus gemidos preenchem cada canto do lugar, suas
unhas estão cravadas no meu ombro enquanto meu pau arregaça
com vontade sua bocetinha, que escorre.
— Eu não me canso de sentir você assim, bella mia você é
toda mia!
— Eu vou gozar, Boss, não para — fala ofegante e eu estou
pronto para inunda-la com minha porra.
Katharina goza gritando e eu a acompanho em um orgasmo
intenso, meu pau vibra dentro da sua boceta, gozando vários jatos de
porra.
— Eu não sei se vou conseguir andar — diz, colocando o
rosto no meu pescoço e eu rio do seu comentário.
— Vamos para a ducha, ainda não estou satisfeito, essa noite
eu vou te foder tanto, querida, que nunca mais vai ousar reclamar da
falta de sexo.
Ela engole em seco, sabendo o que a espera.
Uma hora depois eu já tinha perdido as contas de quantas
vezes eu já havia feito Katharina gozar. Sua boceta já estava
vermelha e sua pele molhada de suor. Nós tomamos banho juntos e
eu a trouxe direto para o calabouço, onde agora a castigo por sua
insolência ao me desafiar e também por ter arriscado sua vida ao
entrar no esconderijo de um serial killer. Seus braços estão esticados
pelas cordas no teto, sua pele está brilhando pela luz das velas que
iluminam o calabouço, seu cabelo bagunçado a deixa ainda mais
bela.
— Eu queria olhar para você! — reclama, brava por estar
vendada.
— Você não manda aqui, bella mia, eu sou seu dono e tomo
as decisões. — Digo firme e ela geme frustrada.
Começo a tortura beijando sua nuca e orelhas, causando
vários calafrios. Com minhas mãos eu aperto seus mamilos, puxando
os prendedores e sentindo seu corpo tremer conforme eu a toco.
Massageio seu corpo com óleo massageador termal e sua pele
começa a esquentar. Katharina tenta fechar as pernas para não
gemer conforme sua pele esquenta, dou um tapa estalado em sua
bunda e vou até o frigobar pegando alguns cubos de gelo, colocando
em um copo. A música erótica soa ainda mais sugestiva e com os
dedos molhados de óleo quente eu massageio sua boceta,
encharcando-a com meus dedos. Ela está muito excitada e querendo
gozar, mas ainda não deixo, preciso tortura-la um pouco mais.
— Se controle, bella rosa, não ouse gozar ainda.
A única resposta que dá são seus gemidos frustrados. Pego
um cubo de gelo e arrasto pela sua coluna, fazendo ela gritar.
— Eu não vou aguentar, Dimitri, isso é uma tortura! — Grita
com a voz trêmula.
Me encho de prazer vendo seu desespero. A besta em mim
ruge ao saber que ela é minha, totalmente minha e está entregue ao
meu desejo.
A pedra de gelo derrete em contato com sua pele quente, o
choque térmico a faz estremecer, vidrada. Esfrego outro cubo agora
pelo seu pescoço e vou descendo até os biquinhos dos seus seios,
que já estão vermelhos com as presilhas. Desço fazendo uma trilha
direto para sua bocetinha, mas antes que eu a toque, dou um tapa
forte na sua boceta.
— Boss, eu não aguento mais. Quero senti-lo em mim.
— Bella mia, está apressada! — Falo largando o gelo e
observo cada pedacinho do seu corpo encantado por tê-la submetida
a mim e sinto um prazer indescritível.
Tiro a venda e solto seus braços, que caem no meu ombro.
— Está querendo gozar de novo, amore mio? — falo,
pegando-a no colo e depositando-a para a cama, colocando-a sobre
os lençóis negros, de costas para mim.
Katharina entende o que eu quero e fica de quatro, com a
bunda farta à minha disposição. Puxo seu pescoço para baixo
deixando-a ainda mais inclinada à minha mercê e em um golpe só eu
entro na sua boceta, fazendo-a gritar.
— Você só vai gozar no meu pau — rosno e é o comando que
ela precisava.
Seu corpo balança quando ela goza gritando. Seguro sua
cintura para a manter na posição enquanto meu pau entra e sai em
arremetidas profundas na sua boceta.
— É assim que você gosta, bella mia?
— Sim, Boss! Sim, amore, não para!
— Goza para mim, Katharina! Goza para mim. — E
novamente ela atinge um orgasmo avassalador, suas pernas falham
e ela desaba na cama.
Tiro meu pau da sua boceta e começo a me masturbar
olhando para o seu rosto corado. Katharina engatinha até a pedra,
abre a boca, colocando a língua pra fora e, porra, vou ao delírio,
gozando ferozmente no seu rosto. Ela sorri satisfeita, passa os
dedos na bochecha e leva a boca lambendo toda a minha porra.
Caralho, se ela não é a mulher perfeita.

Tudo estava pronto para acabar com a raça do maldito Paolo


Borsellino. O plano era simples: iríamos envenena-lo. Paolo
Borsellino está se escondendo em um bunker subterrâneo embaixo
do fórum da cidade. Ele só sai de lá uma vez na semana para se
encontrar com o prefeito de Palermo e o ministro da segurança.
Invadir o bunker seria uma missão suicida, então teríamos que usar a
inteligência para fazer parecer que tudo não passou de um acidente.
Pelos relatórios médicos dele, que roubamos, descobrimos que ele
tem diabetes do tipo C, o mais grave. Todos os alimentos que
entram no fórum são devidamente periciados pela segurança, mas o
meu plano foi muito bem calculado.
O velho miserável terá uma morte súbita e parecer que ele
teve apenas uma morte por hipoglicemia.
Por mim eu preferiria estourar os miolos do maledeto, porém
o chefe exigiu uma morte limpa, então nós invadimos o restaurante
renomado de Palermo, onde ele costuma pedir suas refeições. Os
cozinheiros estão amarrados dentro da dispensa junto com os outros
funcionários e as portas estão fechadas para que os clientes não
venham. Os pedidos do fórum são sempre feitos por telefone e
entregues na portaria. Dois dos meus melhores homens estão com
disfarces de entregadores para levar a encomenda até lá. Daniela
havia conseguido romper o código de segurança das câmeras do
local, porém o bunker nos é inacessível, mas assim que o
magistrado começar a passar mal, provavelmente vão chamar uma
ambulância, que rapidamente poderia impedir sua morte com
atendimento imediato. Porém, a ambulância que irá chegar será uma
mandada por mim.
Ao invés de socorrê-lo, eu e os agentes da Cosa Nostra
estaremos disfarçados de médicos e irei aplicar uma dose de
insulina, terminando com a vida do miserável que colocou atrás das
grades quase trezentos homens da família. Um chefe de cozinha
associado à família veio nos ajudar com tudo. A dose do nosso
veneno será misturada ao molho parmegiana.
— Eles acabaram de ligar pedindo o almoço. — Fala Cléber,
um dos meus homens.
— Perfeito, cuidem para que tudo saia conforme o plano
inicial, estarei com a equipe dois aguardando na ambulância. Daniela
vai desviar qualquer chamada vinda de lá para um hospital para seu
celular, assim chegaremos primeiro para socorrê-lo — digo com um
sorriso sádico no rosto.
Na ambulância, a três quarteirões do fórum eu aguardo nosso
entregador dar o sinal que a refeição foi enviada. De brinde, o chefe
enviou um dos melhores vinhos, que por precaução também está
batizado com insulina.
— Como está a vigilância aí? — Pergunto a Daniela pelo
celular.
— Está tudo silencioso, nosso homem está chegando agora
com o nosso presente. — Diz ela, vigiando as câmeras.
— Agora é só aguardar — sorrio satisfeito.
Cerca de quarenta minutos depois Daniela liga avisando que
estão chamando a ambulância. Aguardo um pouco mais de tempo
para só então dar o sinal para o motorista, que dirige até a entrada
do fórum. Vários policiais estão com armas empostadas nos
esperando, todos parecem nervosos, o meu disfarce me ajuda a
passar despercebido, lentes de contato e um bigode falso. A roupa
de enfermeiro esconde as tatuagens com símbolos da Cosa Nostra
que cobrem meu corpo. Com ajuda de meus homens nós colocamos
o porco sobre a maca. É difícil carregar seu corpo até a ambulância,
quando estou prestes a fechar a porta do veículo dois agentes
federais decidem entrar junto.
— Vocês não podem entrar — falo sério aos dois.
— Nós iremos para cuidar da segurança dele, vocês estão
levando um paciente muito importante que pode ser atacado a
qualquer momento.
Penso em como impedir que eles entrem, mas me vejo sem
saída.
— Só um então — digo sem opção.
O agente entra na ambulância e o meu soldado finge estar
aplicando o primeiro atendimento.
— Ele vai morrer?! — O policial pergunta olhando para o
magistrado, que convulsiona.
— Não sabemos — falo tirando a insulina do bolso do jaleco.
— Precisam ajudá-lo — diz o homem e eu apenas assinto
aplicando a injeção direto na sua veia.
— Vamos, reaja — fala o soldado em um falso desempenho
de médico, merecendo até um aumento.
Assim que a ambulância para no hospital patrocinado pela
máfia, Paolo Borsellino já se encontra sem pulso.
— Sinto muito, ele não resistiu — falo com um falso pesar,
porém dentro de mim estou satisfeito, sabendo que o inimigo foi
eliminado.

A suspensão da detetive Gabriela Bianchi teve grande


repercussão, até mesmo internacional. Apenas as fotos dela
recebendo propina estamparam as capas de vários jornais
transformando tudo em um verdadeiro escândalo. A repercussão só
não foi maior devido à morte de Paolo Borsellino, que chocou a
todos, fazendo com que a mídia voltasse para a sua família e a
investigação da sua morte.
O laudo da autópsia encontrou resquícios de insulina no
sangue, mas não ficou comprovada sua overdose, para todos os
efeitos ele teve um infarto fulminante. Toda a operação “mãos
limpas” está se desfazendo, porém, a imprensa anda infernizando a
vida de Dimitri, jornalistas vêm investigando a fundo todos os
negócios em nome da família, até mesmo uma foto minha saiu nos
jornais, lembrando que minha família também tem negócios com
Dimitri no ramo da navegação.
Os navios da Bratva levam não só os vinhos, como também
pimenta calabresa e os produtos produzidos pelas indústrias de
fachada de Dimitri, além as drogas e as armas, que são distribuídos
no comércio global.
— Você está mais nervoso que eu — falo para Dimitri, que
está me deixando nervosa com seu revirar de olhos enquanto olha
para o relógio, aguardando o resultado do exame de sexagem para
saber o sexo do nosso bebê.
— Como consegue ficar tão tranquila, esse exame está
demorando demais, deveríamos queimar essa clínica, são todos
incompetentes.
— Deixa de ser estressado, a médica avisou que já estava
vindo. — Digo e nessa hora a porta se abre, mostrando a doutora
com o exame nas mãos.
— Pelo visto estão ansiosos.
— Diga logo, doutora, antes que meu marido acabe tendo um
ataque cardíaco e meu bebê cresça sem pai.
— Não se preocupe, seu filho não nascerá sem pai — ela fala
e o sorriso preenche o rosto de Dimitri. Olho pra ela emocionada. —
Parabéns, vocês estão esperando um menino.
— Obrigado, amore mio, você me faz o homem mais feliz do
mundo — diz Dimitri que me pega no colo e gira no meio da sala da
doutora.
— Eu vou vomitar, me desce! — grito, batendo no ombro dele,
que rapidamente me desce.
Ajeito meu vestido e vendo a emoção em seus olhos não
consigo ficar brava.
— Pelo visto vocês gostaram da notícia!
— Não imagina o quanto, doutora — Dimitri diz segurando
minha mão e beija minha testa.

Chegamos em casa sorrindo feito bobos, porém ao olhar o


portão os sorrisos se desfazem. Os muros estavam todos pichados
com frases como "Mafioso de merda" e "Máfia, o câncer da Itália".
Repórteres por todos os lados batendo no vidro do carro.
— Quando esse inferno vai acabar? — reclamo, irritada com
toda essa exposição que estamos tendo.
— A entrevista do governador dizendo que grandes
empresários estão envolvidos com a Cosa Nostra foi como gasolina
alimentando as acusações contra mim. Por sorte, ainda não
conseguiram nenhuma prova da minha ligação com negócios ilícitos.
Entramos na fortaleza e logo os portões são fechados. Nós
mal saímos do carro e o telefone de Dimitri dispara a tocar. Reviro
os olhos e todo o clima de felicidade se foi, dando lugar à tensão
dessa perseguição que vínhamos sofrendo.
— Eu vou para estufa — aviso, pensando em aproveitar e
ligar para Aslan e contar sobre seu sobrinho.
Estou morrendo de saudade do meu irmão e espero que ele
possa vir à Itália antes do nascimento do meu filho. Tento ligar para
Aslan assim que chego na estufa, porém, estranhamente ele não me
atende, meu irmão está passando por um momento difícil depois da
morte de Rebeca, ele tenta ser forte e não demonstrar fraqueza
agora que é o chefe, mas eu o conheço e sei que seu coração está
despedaçado.
Acaricio minha barriga.
— Você vai trazer muita felicidade para as nossas vidas, filho.
— Falo com ele enquanto vou caminhando pela estufa contando
sobre cada uma das flores.
A estufa está rodeada de rosas de diversas cores e modelos,
a que mais me fascina é a rosa negra, na Rússia nunca consegui
fazer uma brotar, pois elas são extremamente sensíveis. As rosas na
cor preta são flores tradicionais da Turquia, onde o solo e a água
contam com um PH mais alto, fazendo com que as pétalas tenham
uma coloração mais escura que o normal. Neste caso em especial,
elas nascem com a coloração vermelha e vão escurecendo com o
tempo até se tornarem negras e tão lindas. Tive que chamar um
geólogo para me ajudar a tratar a terra para que ela sobrevivesse.
Tiro as folhas secas com ajuda de uma tesoura de poda
quando ouço Hades rugir, bravo e o som das suas patas batendo na
grade. Largo a tesoura e a luva, saindo da estufa, caminhando até o
refúgio dos animais e não preciso andar muito para perceber o que
está acontecendo, o vento do helicóptero faz meu vestido balançar e
eu recomeço que é o helicóptero de um veículo de imprensa.
— Era só o que faltava — coloco minha mão no rosto para me
proteger quando vários seguranças me cercam.
— Senhora, precisa entrar — fala e eu olho novamente para
Hades, que ruge para o helicóptero sendo seguido por Perséfone.
— Eles estão assustando os animais.
— Entre, senhora!! — grita Ruggero usando seu paletó para
cobrir meu rosto e me leva até a fortaleza.
— Como assim, caralho, fecharam a sede?! — grita Dimitri
para Vicenzo, Ella Meyer, Vito Genovese, Tom e outros rostos que
não reconheço.
— Agenzia delle entrate fechou a empresa para uma vistoria.
Todas as contas serão fiscalizadas, eles tinham mandado, nem
mesmo nossos advogados conseguiram impedir.
— Fala para mim que você não deixou nenhum documento que
pode me foder — grita Dimitri com a economista.
— Todos os dados das lavagens e transações estão no meu
computador pessoal. Daniela jogou um vírus e todos os documentos
foram comprometidos.
— Quanto nós vamos perder com essa interdição federal? —
Ele pergunta, passando as mãos pelo cabelo, nervoso.
— Cerca de seis milhões por dia, mesmo que eles não achem
nada que o ligue a Cosa Nostra. Ainda assim será fácil a receita
federal encontrar as ações da bolsa de valores.
— Existe alguma maneira deles saberem que as ações foram
compradas com dinheiro lavado? — Pergunta Vicenzo.
— Não, porém eles podem congelar as ações por meses
durante as investigações, ou seja, vocês ficariam sem capital para
continuar os negócios ilegais.
— Porra!!— grita Dimitri e eu decido ir para biblioteca.
Estou nervosa demais para continuar assistindo o caos que
nossas vidas estão se transformando. Mandei uma mensagem para
as meninas, Karlene e Priscila, gritam animadas ao saber que é um
menino, já Carine, assim como eu, achava que era uma menina.
— Sei que as coisas não estão fáceis para todos nós com
essa investigação. Mas você precisa curtir a sua gravidez, amiga, o
primeiro filho é tudo novidade, precisa aproveitar cada momento. —
Fala Karlene.
— Eu queria que todo esse inferno tivesse passado e nós não
tivéssemos sendo perseguidos 24 horas por dia, acredita que até
helicóptero apareceu, tentando nos filmar.
Fico conversando com as meninas por um bom tempo, assim
eu acabo esquecendo os problemas fora da biblioteca.
Fui ouvindo todas as sugestões de nomes de meninos, mas
confesso que os nomes italianos estavam ganhando. Assim que
desligo a chamada de vídeo eu saio da biblioteca, não encontro
ninguém na sala. Subo direto para o quarto, pronta para tomar um
banho de hidromassagem e tirar dos meus ombros toda essa
tensão.

Ao entrar no quarto eu vejo Dimitri sentando na cama com


uma expressão tensa, ao lado da cama várias malas prontas.
— O que essas malas fazem aqui? — Pergunto, soltando meu
coque que já está todo bagunçado.
— Nós precisamos conversar — fala Dimitri com uma
expressão séria, colocando o copo de uísque sobre a mesa de
canto.
— Iremos viajar com todo esse caos na família, você não
disse que os negócios precisam se resolver?
— Nós não vamos viajar, Katharina, essas malas são suas. —
Diz tenso.
— Minhas, do que está falando?! — Questiono, caminhando
até ele.
— Você não está segura aqui na Itália, então decidi que o
melhor para você e para o nosso filho é que vá para longe de mim.
Eu comprei a passagem enquanto estava na biblioteca, Luigi fez as
suas malas. Tenho uma casa nas ilhas Maldivas à beira mar, seu
irmão falou que você adoraria conhecer. Eu chequei tudo, eles têm
um hospital adequado para o nascimento do nosso filho a menos de
quinze minutos da mansão.
— Você está me expulsando da sua vida?! Você não me ama
mais?! — digo com um gosto amargo descendo pela garganta.
— Nunca duvide do amor que eu sinto por você, bella mia.
Afastar-me de você será como arrancar um pedaço do meu corpo.
Se estou fazendo isso é para protegê-la e proteger nosso filho. Há
uma guerra se aproximando e você e meu filho não podem ser alvos
no meio disso, eu não posso perdê-los.
— Eu não sou fraca, Dimitri, você sabe disso, eu não tenho
medo da guerra, estou disposta a lutar se for preciso.
— Esse é o grande problema, querida.
— Não me chama de querida quando está me expulsando da
sua vida!! — Digo, apontando para sua cara, tremendo de raiva.
— Eu não posso te perder!! — Fala se levantando e
segurando no meu queixo. — Eu não suportaria saber que algo
aconteceu com você e com meu filho por causa da Cosa Nostra, por
causa do que eu sou.
— Você não pode me afastar de você assim! — Digo,
deixando as lágrimas transbordarem.
— Você será livre, amore mio, livre como você sempre quis,
pode ter uma gravidez calma, sem perseguições, se não quiser ir
para as ilhas Maldivas você pode voltar para a Rússia. Eu prometo
que quando tudo acabar eu irei te buscar.
— Para lá eu não vou!! — falo revoltada.
— Katharina, precisa pensar no nosso filho, no que é melhor
para vocês dois.
— Eu estou dizendo a você que eu não vou embora, não há
chance de eu deixar você sozinho!
— Pensa na liberdade que você vai ter longe de Palermo,
longe desse inferno, eu não quero perdê-la. — Eu não quero ser
livre, não se isso custar ficar longe de você, inferno!!!
— Não torne as coisas ainda mais difíceis para mim, meu
amor — diz, deixando uma lágrima escorrer pelo seu rosto.
— Eu vou ficar aqui, Dimitri, esteja acontecendo uma guerra
ou não, eu não irei embora, as coisas não serão fáceis, nosso filho
vai nascer aqui, como o legítimo italiano que ele é.
— Vocês são alvos fáceis, Katharina, eu estou cercado de
inimigos prontos para usar vocês como arma contra mim.
— Queime toda Itália, mate quem for preciso, mas eu não vou
me afastar de você, não vou. Seja o que for eu não vou desistir de
você, Dimitri, jamais!!! — Grito, fora de mim. Então eu vejo o fogo
da Besta em seus olhos.
— Eu amo você, Katharina Castelaresi Rinna! — Diz e me
beija profundamente, nossas lágrimas se misturam. O amor que
sentimos e tão intenso que pode ser palpável a dor de imaginarmos
um longe do outro.
— Nunca mais diga para eu ir embora! — Falo assim que
paramos o beijo, sem ar.
— Nunca mais, eu prometo! — Jura, me abraçando.
— Vem comigo, preciso te mostrar uma coisa. — Fala,
segurando minhas mãos e me levando para o seu escritório, no
térreo.
Nós entramos e Dimitri vai até o bar, na parede da direta. Ele
mexe em algumas garrafas de uísque e então ouso o som de um
clique. Eu percebo que ela é falsa, uma parede falsa atrás do bar.
Ele abre a porta pra mim e eu o acompanho para dentro.
— Onde estamos? - pergunto olhando para o corredor
escuro.
— Confia em mim? — Pergunta, segurando minha mão.
— Sempre! — Digo firme.
— Você está no único lugar dessa fortaleza que ninguém
ainda vivo conhece. Além de mim, claro, apenas eu e você sabemos
desta passagem secreta. — Dimitri me leva pelo corredor escuro e
assim chegamos ao que parece ser um porão.
— Eu não sabia que tinha um porão na fortaleza — Estranho.
Dimitri tateia a parede, tentando encontrar o interruptor. Assim
que as luzes se acendem, minha boca se abre em choque ao ver o
que ele guarda aqui.
Paletes e mais paletes de dinheiro, é tanto dinheiro que chega
a ter um cheiro forte. Eu nunca vi tanto dinheiro assim na minha vida.
— Há quanto tempo tem esse dinheiro aqui?! — pergunto,
chocada.
— Há bastante tempo guardo esse dinheiro aqui. Foi com
ajuda de um renomado arquiteto, Giovani Bonini, ele trabalhou na
reforma da fortaleza assim que a comprei. Esse cofre foi desenhado
por ele quando descobrimos a passagem secreta, daqui há uma
porta que leva direto para o jardim, perto do refúgio dos animais.
Antigamente era usada como uma rota de fuga pelos antigos
romanos. Giovan morreu no ano passado e com ele foi enterrado o
segredo desse cofre.
— Quando dinheiro tem aqui? — Pergunto, estarrecida.
— Cerca de seis bilhões de euros. Responde, tocando em um
bolo de dinheiro.
— Meu Deus, Dimitri é muito dinheiro em espécie.!
— E a nossa segurança, nossa e do nosso filho. Se acontecer
o que Mayer diz e perdemos o capital da Cosa Nostra, ainda
estaremos assegurados. Esse dinheiro pode nos ajudar a reerguer
os negócios da família. Se tudo der certo, como eu espero, não
vamos precisar usá-lo. Mas se algo acontecer comigo, ele pertence
ao nosso filho. — Diz com a voz tão sombria, que eu sinto um temor
no meu coração ao imaginar que com a Cosa Nostra declarando
guerra contra o estado, ele pode acabar morrendo.
— Nada vai acontecer, você não vai me deixar! É capaz de eu
ir até o inferno buscar sua alma pra continuar te atormentando pela
eternidade. — Falo seria e ele apenas sorri.
— Você é o grande amor da minha vida, enquanto você
respirar, eu terei motivos pra lutar!

Algumas semanas se passaram e agora posso sentir o vento


gelado passando pelas cortinas do meu quarto e também um aperto
no peito. A Cosa Nostra é banhada em sangue e pólvora. É preciso
ser insensível para sobreviver a esse mundo. Essa foi uma das
primeiras lições que aprendi ao chegar em terras italianas. Meu
filho mexe na minha barriga. já bem arredondada, fazendo com que
uma lágrima de emoção caia no meu rosto. Pego o violoncelo e
descido ir a torre da agonia, não me importando com a hora que é.
Todos já sabem o que irá acontecer daqui a pouco. Apenas os
seguranças estão na fortaleza. Os empregados foram dispensados.
Meus vigias me olham atentos, mas não me impedem de subir pela
escada central, até o topo da torre.
— Me deixem sozinha — falo, sinalizando que não os quero
aqui.
A noite está gelada, daqui do alto da mais alta torre da
fortaleza eu posso ver toda Palermo. Ela está coberta pela noite e
lua cheia banha o céu.
— A guerra começa quando a fúria da besta é despertada. —
Digo ao vazio.
A melodia de “The Rains of castamere” embala os
sentimentos que passam por mim. Olho para Palermo e deixo a letra
dessa música falar tudo que precisa ser dito. O leão sempre terá
garras, sempre irá rugir fazendo os ratos se curvar. Deslizo meus
dedos pelas cordas, sentindo toda a emoção transpassar. Eu canto
para a bela Palermo.
— Um leão ainda tem garras...
— As bombas começam a explodir em um espetáculo de
cores. Palermo está em chamas e eu sei que é as chamas da minha
Besta.
Os dias se arrastavam lentamente de maneira tortuosa desde
que ela se foi. Sua morte ainda parece mentira e às vezes me pego
olhando para o vazio, imaginando que ela ainda está viva, apenas me
esperando na nossa cabana, essa que não tive mais coragem de
visitar. Tudo lembra ela, cada pedacinho daquela casa tem seu
cheiro e seu toque.
Os negócios estão me mantendo ocupado desde a morte dos
meus pais, rebeldes estão tentando questionar se sou ou não capaz
de liderar a Bratva, muitos usam a minha idade para questionar que
ainda não tenho maturidade o suficiente para ser o chefe.
Eu, Aslan Peskov Castelaresi, sou o chefe mais jovem da
Bratva a subir ao poder e venho trabalhando duramente para mostrar
o meu valor. Agora, estou aqui dirigindo em direção ao palacete do
primeiro general Valeri, ministro de relações exteriores do governo e
membro importante da Bratva. Ao estacionar minha Ferrari eu noto
que Valeri tem usado bem o dinheiro que ganha.
— Boa noite, chefe — diz um dos seus homens.
Entrego a chave ao manobrista e arrumo meu blazer, entrando
no palacete. Sou recebido pelo mordomo, à música leve do piano me
faz lembrar Katharina, um sorriso singelo vem ao meu rosto quando
recordo que em poucos meses ela dará à luz ao meu sobrinho,
pretendo ir a Itália conhecê-lo assim que possível.
— É bom revê-lo, Castelaresi, os negócios andam mantendo
você ocupado desde que assumiu o cargo do seu pai. — Diz ele,
relembrando o fato de ter recusado esse jantar outras duas vezes.
— Sim, meu caro, há muito trabalho a ser feito desde que
assumi o cargo.
— Vamos, temos muito a conversar. — Ele me encaminha até
a sala de jantar, mas antes de adentrarmos o cômodo eu consigo ver
uma menina tocando piano. — Irina, mande Anastázia descer, o
jantar será servido em breve.
— Tudo bem, tio — a jovem responde em seguida sai em
direção à escadaria.
Chegamos à sala de jantar, posso ver sua esposa, Yelena, ao
lado de uma funcionária que termina de servir a mesa.
— Estou curioso para saber quais negócios urgentes temos a
tratar que não poderiam ser resolvidos por telefone — digo enquanto
me sento à grande mesa de jantar.
— Você deve saber que eu e seu pai sempre fomos grandes
amigos.
— Sim, e sou grato pela sua lealdade com a minha família.
— Talvez o que não saiba é que seu pai e eu fizemos um
acordo um pouco antes da sua viagem para a Itália. — Diz ele sério
e nesse momento a menina volta, apreensiva.
— Onde está Anastázia, Irina? — Pergunta Yelena
— Ela disse que não vai descer, tio, na verdade ela nem
mesmo se arrumou.
Sua fisionomia muda e seus punhos se fecham sobre a mesa,
então me lembro que Anastázia é sua única filha, que estava em um
colégio interno na Suíça. Nunca cheguei a vê-la, apenas sei que Bóris
sempre quis ter mais filhos, porém, sua esposa ficou estéril depois
do nascimento da menina.
— Vá buscar sua filha e faça-a descer aqui — diz à sua
mulher, que fica pálida. — Como ia dizendo, seu pai e eu fizemos um
acordo onde minha filha Anastázia se tornaria sua esposa — ele fala
com naturalidade.
Eu preciso segurar a máscara de frieza em meu rosto e levar
o vinho aos meus lábios para não o responder da maneira que eu
quero.
— Bem, Bóris, eu não estava a par desse acordo, mas de
qualquer forma, eu sinto muito, mas....
Não consigo terminar de responder, pois nessa hora uma
mulher de cabelos castanhos e olhos verdes entra na sala de jantar,
sendo acompanhada por sua mãe, Yelena. Ela é muito bonita e usa
um vestido branco delicado. Seu olhar para mim me deixa confuso,
posso jurar que, se pudesse, ela me mataria com o olhar.
Rapidamente eu me dou conta que ela é à filha, ela é Anastázia. A
jovem caminha até a mesa ainda com o olhar frio de puro ódio,
acomoda-se ao lado da prima, ficando de frente para mim.
— Essa é minha filha, Anastázia Pavlov Valeri.
— Prazer, senhorita — digo sem saber como agir.
Eu sabia que meu pai estava planejando meu casamento e
provavelmente seria um acordo comercial, porém eu não estava
preparado para me apaixonar por Rebeca, e jamais poderei amar
outra mulher como a amei, não estou pronto para entrar em um
relacionamento, não enquanto meu coração está de luto. Os
funcionários nos servem o jantar, Anastázia fica calada, olhando
apenas para a comida. A mãe faz questão de elogiar todas as
qualidades da filha enquanto o pai apenas a observa, orgulhoso.
Estão praticamente vendendo a garota como se ela fosse uma égua
premiada.
— Bem, como ia dizendo, senhor Valeri, eu me sinto honrado
por achar que sou digno de desposar sua filha, entretanto, não posso
aceitar.
Ele se levanta, indignado com minha recusa, porém, me
mantenho centrado.
— Seu pai deu a palavra dele que Anastázia seria sua
esposa, não pode voltar atrás com nosso acordo.
— Meu pai está morto, senhor Valeri, assim como minha mãe,
eu sou o chefe da Bratva, eu tomo minhas próprias decisões e digo a
você que não me casarei, ainda estou de luto pela morte da minha
família. Nem mesmo conheço sua filha para aceitá-la como esposa.
— Vocês terão tempo para se conhecerem depois de
casados, Anastázia foi bem educada e será uma esposa digna e
honrada.
— Sinto muito, Anastázia, mas não posso aceitar — falo
agora olhando para a moça, que parece aliviada.
— Você está recusando a minha filha, Castelaresi?!
— Como disse, quando achar que devo me casar eu mesmo
encontrarei uma esposa para mim.

Depois de muito discutir os termos da quebra do contrato com


Valeri, eu consigo desfazer o mesmo, mas não sem ter um grande
prejuízo financeiro. Meu pai tinha amarrado bem o acordo,
provavelmente porque ele sabia que eu tentaria escapar das suas
armações. Porém, ele não contava com o fato de eu me apaixonar e
agora, depois de ter perdido meu grande amor, não me importo de
abrir mão de um milhão e meio apenas para me ver livre desse
compromisso. Ficamos quase uma hora no escritório e não vi mais a
garota e nem sua mãe. Ao sair da casa em direção ao meu carro eu
a vejo, Anastázia está de pé em sua sacada olhando para mim, seus
olhos claros parecem queimar a minha pele. Alguma coisa estranha
acontece, como se meu corpo tivesse recebido uma descarga
elétrica. Abro a porta do meu carro, me afastando do seu olhar e
dou partida com a certeza que nunca mais a verei, ao menos era
nisso que eu acreditava naquele instante.

Acordo no meio da noite com uma vontade tremenda de


comer canolo, minha boca fica cheia de água, e eu posso até sentir o
sabor do doce nos meus lábios. Levanto da cama, observando que
Dimitri ainda está dormindo. Uma fraca chuva bate contra aporta da
sacada. Pego meu robe do braço da cadeira e sinto meu corpo
pesado com a barriga de seis meses, o visto enquanto meu filho se
agita. Saio do quarto sem fazer barulho, deve ser umas três da
manhã e todos nesse horário estão dormindo, provavelmente apenas
os seguranças estão de pé.
Desço as escadas segurando com cuidado no corrimão e
entro na bela cozinha, torcendo para que tivesse sobrado canolo.
Acendo apenas os pendentes da ilha em cima da mesa eu vejo uma
travessa com os doces.
O canolo é o doce mais popular e típico da Sicília, eu não
conhecia, mas Monalisa me apresentou e me fez adorar. É uma
massa modelada em forma de tubo, frita, crocante, recheada com
um creme de chocolate e pedacinhos de pistache. Encontro uma
travessa de vidro coberta por insulfilme e a apanho, coloco a
travessa sobre a bancada de granito preto e retiro um dos doces.
Levo o canolo aos lábios gemendo ao sentir o a textura crocante da
massa e a cremosidade aveludada do recheio do doce. Quando
estou no terceiro canolo ouço um ruído rouco, que parece mais um
gemido. Abro os olhos e vejo seus olhares escuros me encarando.
Dimitri tem uma expressão feroz no rosto, está usando apenas uma
boxer azul marcada, seus cabelos bagunçados e seu olhar só faltam
me devorar.
— Eu te acordei? — Pergunto, lambendo os dedos.
— A cama ficou fria demais sem você, bella mia — diz, dando
dois passos em minha direção.
Olho para ele, babando e me pergunto como esse homem
pode ser tão bonito. Eu provei do cálice da própria besta e agora eu
me vejo viciada e sedenta por ele. Eu sinto seu cheiro amadeirado
forte e único tomando conta de toda cozinha. Dimitri se aproxima
feito uma besta pronta para devora sua caça. Sem poder esperar
mais nos beijamos, nos consumindo e fervendo de desejo. Dimitri me
empurra para trás até que eu sinto o gelado do granito da ilha contra
a minha bunda, eu mal vejo quando sou erguida e depositada em
cima dela. Algumas coisas caem no chão, mas estou concentrada
no homem que beija meu pescoço, incendeia meu corpo e aquece a
minha alma. Sua língua devora a minha, nosso beijo é intenso,
molhado, de uma profundidade que só existe com ele. Ele me
empurra, ficando entre as minhas pernas e abre meu robe, me
deixando apenas de calcinha. Todo meu corpo se arrepia, me sinto
toda exposta ao seu olhar. Meus seios estão rijos e ainda maiores
por conta da gravidez, minha pele treme pelo seu toque.
— Era isso que eu queria fazer desde que a vi sentada,
chupando seus dedos — fala ele de maneira erótica, colocando
meus dedos em sua boca e chupando como se fosse uma fruta.
Engulo em seco, escorrendo de tesão, Dimitri se afasta
apenas para rasgar a minha fina calcinha, arrancando um grito de
susto.
— Ah, amore mio, você está pingando para mim — diz ele
abrindo as minhas coxas, deixando minha boceta bem arreganhada
para ele.
Dimitri faz uma carícia lenta com a língua pela minha coxa,
beija e lambe devagar minha pele, me torturando lentamente até
chegar no seu alvo principal; minha boceta. Sua barba me arranha e
me deixa ansiosa, ele sorri quando me vê tremer. Dimitri aperta e
morde minhas coxas, abre minhas pernas e vai direto para minha
boceta.
— Você é só minha, Katharina, só eu tenho você assim — fala
lambendo devagar minha entrada.
Dimitri afasta os lábios maiores da minha boceta e lambe de
baixo pra cima até encostar no meu clitóris, eu já estou suando de
tanto tesão. Sua língua feroz não dá trégua, ele chupa e morde cada
cantinho da minha boceta. Eu não aguento e gozo, me esfregando no
seu rosto. Dimitri bebe todo meu gozo, depois enfia dois dedos na
minha entrada, massageando de leve enquanto sua língua brinca
com meu clitóris. Eu já estou louca de desejo, totalmente em êxtase,
sentindo sua língua ir fundo na minha entrada e seus dedos
massageando, procurando meu ponto G. Minhas costas se
arqueiam, sinto um arrepio descer pela base da minha coluna, o
orgasmo é intenso, me deixando lânguida, mole em seus braços.
Dimitri chupa todo meu prazer, me fazendo gritar seu nome.
— Eu amo o gosto da sua boceta, bella mia, eu poderia ficar
a noite inteira só chupando essa delícia, mas meu pau precisa entrar
em você ou vou acabar gozando apenas por assistir seu rosto se
contorcendo de prazer.
— Eu sou sua toda sua.
Não é preciso dizer mais nada, Dimitri puxa as minhas pernas
para seu corpo e enfia seu pau de uma vez na minha boceta, me
fazendo gritar. Ele começa a me foder intensamente, empurrando
meu corpo contra o granito da ilha. Meus seios balançam com seu
movimento intenso de quadris e pela cozinha dava para ouvir o som
dos nossos corpos se chocando.
— Eu amo estar dentro de você — fala ofegante, metendo
cada vez mais forte e me levando ao delírio.
Fecho os olhos, prestes a gozar, quando ele tira seu pau de
dentro de mim, então abro os olhos, indignada e vejo ele pegar a
cobertura de chocolate do doce, sorrindo e esfregar em meu seio
direito, gemo ao sentir sua língua molhada lambendo meu biquinho
sujo de chocolate. Dimitri espalha a cobertura no esquerdo e faz o
mesmo processo, torturando meus seios sensíveis.
— Eu vou gozar se continuar me torturando assim.
— Você só vai gozar com meu pau dentro de você, Katharina
— diz, puxando meu cabelo, inclinando meu pescoço para trás e
fazendo meus seios ficarem ainda mais expostos para ele. Dimitri
chupa e morde os dois, deixando-os vermelhos, ele esfrega
chocolate pelo meu pescoço e dá uma mordida suave.
— Eu preciso de você, minha boceta está piscando, pedindo
pau — digo rouca, me esfregando em sua direção.
Ele sorri e beija meu lábio, então eu o sinto deslizar
duramente dentro de mim, era tudo que eu precisava para gozar
mais uma vez. Dimitri não para aí, continua metendo com gosto e eu
grito por mais e mais
— Isso, amor, me fode, me enche com seu gozo. — É quando
ele goza intensamente e eu sinto seu pau vibrar dentro de mim, me
levando ao orgasmo novamente. Minha boceta está escorrendo seu
gozo, Dimitri olha e sorri satisfeito com a bagunça que fizemos.
— Eu não sei se consigo andar, minhas pernas estão moles. -
Digo relaxada.
— Você não precisa se preocupar, mia cara, seu marido cuida
de você — diz, me pegando no colo e deixando toda à bagunça para
trás, subindo para a nossa suíte, onde tomamos um banho regado a
carícias.
Exaustos, desabamos na nossa cama, com meu rosto no seu
peito. Rapidamente, caio em um sono profundo.

“A lista dos crimes da máfia conhecida como Cosa Nostra


apenas aumenta, a morte do juiz Falcone ainda é sentida por todo
povo italiano. O luto ainda não tinha terminando quando fomos
novamente atacados por esses criminosos, o ataque à bomba foi
considerado um ataque terrorista. Palermo, Milão, Nápoles e Roma
arderam em chamas. O presidente da Itália fez um pronunciamento
essa manhã onde se solidarizou com as vítimas e condenou os atos,
segundo ele, abomináveis e inescrupulosos. Uma guerra está sendo
travada entre a Cosa Nostra e o Estado, todos os olhos dos países
da União Europeia estão voltados para Sicília. O presidente e o
governador da Sicília estão em uma reunião particular onde estudam
uma maneira de desmantelar essa organização criminosa. A
pergunta que todos nós, cidadãos, fazemos é quem é o grande
chefe, quando o cabeça dessa operação, conhecido como o Capo
dei capi, será preso.” — Pergunta a repórter para a câmera. Desligo
a tevê, sem paciência para essa bobagem. Desde que acordei é
apenas isso que passa na televisão, até os canais internacionais
estão repercutindo a guerra entre o estado e a Cosa Nostra.
— Você está assistindo essa porcaria de novo?! — fala
Vicenzo, se jogando no sofá.
— Só se fala nisso em todos os canais. Ficou sabendo que
Vito Genovese mandou sua esposa e filhos para Argentina? Juliano
fez o mesmo com Loreta e Antonella. — Digo, desacreditada.
— Você tinha que ter feito o mesmo que elas, deveria estar na
Rússia, protegendo o seu bebê! — Fala ele, soltando o nó da
gravata.
— Não vou deixar Palermo como uma covarde, Vicenzo. Eu
quero que meu filho nasça aqui na Itália. — Digo firme.
— As coisas não estão fáceis na família, Katharina, Dimitri
está tentando te poupar. Mas a polícia está na nossa porta. — Ele
explica, preocupado e me deixando aflita.
— Ele ainda está em reunião no escritório? — Pergunto a
Vicenzo, pois desde o café da manhã eu não o vejo.
Dimitri está trancado no escritório com os membros da Cosa
Nostra.
— Sim, provavelmente ainda discutindo como iremos mudar a
rota da cocaína da Europa. — Ele diz e nesse momento Dimitri
aparece, sendo acompanhado dos outros capos.
— Como você está, bella rosa? — pergunta Dimitri, beijando
minha testa.
— Eu estou bem preocupada com você, que não almoçou até
agora — falo séria e percebo que todos olham para nós.
— Eu estou bem, depois conversamos — Dimitri fala e eu
percebo a tensão em seus ombros. — Preciso que você vá a Roma
com Damon, nosso informante no gabinete do presidente irá ajudá-lo.
Precisamos saber qual será o próximo passo da polícia contra nós.
— Tudo bem, iremos hoje mesmo — responde Vicenzo e eu
decido subir e deixá-los terminarem os negócios a sós.
Vou em direção ao quarto do nosso filho, no terceiro andar.
Onde antes ficava apenas a nossa suíte agora foi construído um
quarto extra, quarto esse que já está todo decorado para o nosso
bebê. A decoração ficou toda em tema safári, um leão gigante de
pelúcia, parecido com Hades, às paredes foram pintadas à mão por
um artista de Nápoles, é realmente um quarto dos sonhos para
nosso filho. Ainda não decidimos o nome, agora que já sei que será
um menino deveria ser fácil. Mas precisa ser algo especial, assim
como meu filho é. Acaricio o pêlo da girafa ao lado do berço e posso
imaginar meu anjinho brincando no tapete comigo e com o pai ao seu
lado. Um movimento leve é sentido na minha barriga, coloco a minha
mão por cima e percebo ele se agitar.
— Eu tenho certeza que você vai amar esse quarto, meu
amor. — Falo, acariciando as ondulações.
— Eu tinha certeza que estaria aqui — fala Dimitri, entrando
no quarto já sem gravata e com a fisionomia cansada.
Me beija de maneira apaixonada e eu acaricio seu cabelo,
suas mãos me puxam mais para si e nós aprofundamos o beijo, mas
nesse momento nosso filho decidi pular dentro de mim, avisando que
ele está presente.
— Acho que alguém está com ciúmes do papai — falo,
interrompendo o beijo e rapidamente Dimitri sorri e acaricia minha
barriga.
— Ei, garotão, precisa dividir a mamãe com o papai — ele
fala, se abaixando na altura da minha barriga e a beija carinhoso. —
Eu estou ansioso para a sua chegada, meu filho.
Não tinha como não ficar emocionada com o amor que ele tem
pelo nosso filho e ali eu sabia que nós seríamos eternamente felizes
desde que estivéssemos juntos. Mal eu sabia que aquela seria a
última noite.

Após minha fuga da Itália eu precisava me esconder, a máfia


italiana estava atrás de mim, assim como a russa. Minha cabeça
estava a prêmio e muitos dariam um rim para me capturar. Eu não
poderia voltar para a Itália jamais, para minha família o melhor seria
se eu estivesse morto. De certa forma é assim que já me sinto.
Dante Tommaso Bruschetta, não, aqui no Brasil eu sou Paulo
Roberto Felice.
Vim para o Brasil meses atrás e aqui abri um negócio de
tráfico de heroína, meus negócios aqui estavam indo de vento em
polpa, o Brasil é um ótimo lugar para se esconder, o país é quente,
acolhedor e cheio de imigrantes. Estrangeiros aqui são comuns
devido à diversidade cultural e um italiano que decide se mudar ao
país e montar um negócio não chamou muita atenção, exatamente o
que eu queria. E com um pouco de lábia e inteligência eu consegui
contatos importantes aqui. Estou prestes a comprar uma fazenda
grande no Mato Grosso, onde pretendo investir em plantações de
coca. Estou a caminho da festa de aniversário do ex-presidente do
Brasil.
— Paulo Felice — diz ele me cumprimentando assim que eu
chego onde a festa está acontecendo.
— Um prazer conhecê-lo, senhor Felice, pode me chamar de
Inácio, nós estamos prestes a fazer um belo acordo de negócios, já
somos grandes amigos — o idiota fala com um sorriso soberbo no
rosto.
— Claro, eu trouxe os papéis para a assinatura, se não se
importa meu advogado já preparou tudo — falo, ansioso para tomar
posse da maior fazenda do Mato Grosso.
— Vamos para o meu escritório — ele fala, me indicando o
caminho. Conforme vamos passando pelo apartamento dá para ver
que tipo de comemoração ele está fazendo.
Há várias mulheres nuas, uma mais gostosa que a outra,
todas atendendo aos convidados, digamos que de maneira
excepcional.
— Fique à vontade para escolher uma para você!
O velho fala, apertando a bunda de uma negra de cabelo
cacheado. Sorrio e o sigo até o escritório. Com o contrato assinado,
brindamos com champanhe para comemorar o negócio. Uma loira de
olhos verdes me chama atenção, ela sorri no colo de um deputado,
mas eu posso ver que ela está incomodada. A safada é uma putinha
como todas aqui, mas não queria o velho gordo, seus olhos estão em
mim e eu a quero.
Me sento, fumando um charuto e faço um gesto com a mãos
para que ela venha para mim, à safada abre um sorriso e diz algo no
ouvido do deputado Cardoso. Passa por mim, indo até um corredor
que imagino que leve ao banheiro. Acompanho, louco para foder a
boceta da puta loira. Entro no banheiro e a vejo retocando o batom,
não digo nenhuma palavra, apenas puxo seu cabelo loiro e chupo sua
orelha.
— Calma, devagar! — ela diz, mas esfrega sua bunda
gostosa no meu pau.
— Nada disso, acha que não vi seus olhos em mim, maledeta
— digo, puxando sua saia para cima.
— Espera, bonitão — ela geme quando meus dedos tocam a
sua boceta.
Rasgo a calcinha fina que ela usa e me desfaço do meu cinto,
abrindo a minha calça, toco meu membro, que está duro, prontinho
para adentrar na sua boceta.
— Precisamos de camisinha — ela fala, rouca, enquanto
meus dedos a fodem.
Ela se afasta para pegar os preservativos na bolsa em cima
da pia, eu toco meu pau lentamente, me preparando para fode-la, é
quando a mulher tira uma arma de dentro da bolsa e aponta em
minha direção.
— Dante Tommaso Bruschetta, você está preso! — Ela fala
com a arma na minha cabeça e então eu me dou conta que a casa
caiu para mim.

Meu advogado entra na sala onde estou algemado, de frente


para mesa. Minha tentativa de suborno não surte efeito e descobri
que a polícia estava há semanas me vigiando.
— Quanto tempo vou pegar de cadeia? — Pergunto de uma
vez, assim que o advogado se senta.
— Você será extraditado para a Itália, o Brasil já negociou
diretamente com o ministro da justiça italiano a sua transferência.
— Se for para a Itália serei um homem morto! — Digo,
sabendo que assim que pisar na prisão Dimitri fará questão de me
matar.
Há muitos homens da Cosa Nostra dentro da cadeia, eles
podem simplesmente começar uma briga e no fim eu estarei morto.
— Você só tem uma alternativa para escapar da prisão
italiana, ir para os Estados Unidos após o julgamento. A Interpol está
envolvida e estão todos trabalhando juntos para desmembrar a Cosa
Nostra.
— O que eu preciso fazer? — Questiono, sentindo um gosto
amargo de ódio na minha garganta.
— Você terá que entregar alguma coisa valiosa para eles,
como um ex-líder da máfia Bruschetta.
— Você quer que eu seja um traditore, que quebre meu
juramento de sangue, quebre a Omertà.

Ao chegar na Itália, sou escoltado até um bunker, onde será


realizada a minha delação. Eu já não tenho nada a perder, na
verdade quem perderia seria Dimitri e de certa forma essa seria a
minha chance de vingança, chance de acabar com ele e a vagabunda
da sua mulher. Eu fico algemado em uma sala pequena com paredes
falsas, uma câmera na lateral gravava cada gesto que eu fazia. A
porta se abre e por ela passa o chefe de polícia encarregado da
operação “mãos limpas”, Vitório, e junto dele o primeiro ministro
Lucarelli em pessoa.
— Me sinto honrado de ser interrogado pelo primeiro ministro
da Itália.
— Não se ache especial, Bruschetta, para mim você não
passa de um rato, como todos mafiosos.
— Eu não sou um rato, meu caro, se estou aqui, é porque sou
um traidor, e se abrir a boca e contar tudo que sei, quero a garantia
de que serei levado para uma prisão nos Estados Unidos e não na
Itália.
— Nós temos um acordo. — O chefe de polícia concorda,
sentando em uma das cadeiras em frente a mim o primeiro ministro
faz o mesmo e me olha com superioridade.
— Bem, tenho muito a falar, meus caros, me digam por onde
querem começar?
— Pode começar dizendo quem é o Capo dei capi da Cosa
Nostra siciliana, quem é o Boss por trás de toda a máfia.
— Bem, isso é fácil de responder. O chefe da Cosa Nostra é
nada mais nada menos que Dimitri Salvatore Rinna, mais conhecido
como a Besta.

Acordo com meu celular tocando, por um segundo penso em


não atender, mas a pessoa continua insistindo e vai acabar
acordando Katharina, que já não anda dormindo bem por conta do
peso da barriga. Atendo quando vejo o número de Vicenzo.
— Que merda aconteceu para me ligar às duas da manhã?
— Você e Katharina precisam sair da Itália agora! — Grita ele
ao telefone.
— De que merda você está falando?
— Nós estamos fodidos, cara, Dante foi preso! — ele grita,
nervoso.
— Como assim, porra?! — falo, ficando de pé.
— Dante foi preso no Brasil há dois dias e sua extradição foi
feita em segredo. Ele está agora reunido com o chefe da operação,
eu não tenho dúvida que ele vai contar tudo.
— Mate o miserável, acabe com a vida desse traditore o mais
rápido possível.
— Se tivesse ao meu alcance, eu já teria feito. Saia da Itália,
vá para a Rússia com Katharina e de lá nós vemos o que vamos
fazer.
— Se cuide, irmão — falo, desligando o telefone, queimando
de ódio.
— O que aconteceu? — fala Katharina, já sentada na cama.
— Se vista o mais rápido que puder, nós vamos precisar fugir.
— Falo, acendendo a luz do quarto e pegando minha calça no chão.

Nunca vi Katharina se vestir tão rápido quando hoje. Vou até a


sala das armas, onde escolho duas Glock 20, colocando-as no
coldre na minha cintura. Pego também uma taurus para Katharina,
que rapidamente a destrava e com a minha favorita na mão, Magnum
desert eagle ponto 50, abro o cofre do closet, pegando os
documentos lá dentro e os destruindo. Rasgo os papéis em vários
pedaços, em seguida jogo na lareira, Katharina me ajuda, recolhendo
os passaportes falsos e colocando em uma mochila. É quando
ouvimos sons de tiro e helicópteros sobrevoando a fortaleza.
— É a polícia, eles já chegaram — diz Katharina, assustada.
— Nós vamos conseguir, vamos — digo, segurando a sua
mão e saímos pelo corredor, atentos ao tiroteio lá em baixo.
— Senhor, estamos cercados — fala Luigi, com uma arma
nas mãos.
— Solte a arma, Luigi, se esconda com os outros
funcionários. Vocês não serão presos, não sabem nada que
acontece aqui.
— Senhor, eu não posso deixá-los. — Ele diz, leal.
— Vá, Luigi — ordeno, ele desce as escadas e então ouvimos
sons de tiros.
— O que foi isso? — Pergunta Katharina com a arma em
punho.
— Fica calma, nós vamos conseguir, precisamos chegar ao
escritório e entrar no cofre, de lá é só seguir pela passagem secreta
até o refúgio dos animais. Existe uma saída lateral que leva à praia,
tem um esconderijo, eu sempre o deixo pronto para caso
precisarmos escapar. — Falo, tentando passar uma tranquilidade
que não estou sentindo.
Um agente entra pelo corredor e antes que ele nos veja eu
disparo dois tiros certeiros em sua testa, que cai morto
— Por aqui — fala Katharina, descendo para o segundo
andar.
A casa está tomada por gritos e tiros, o segundo andar está
cheio de agentes, Katharina atira em um enquanto eu elimino dois da
esquerda. As balas da minha arma acabam, eu pego as outras duas,
Katharina está quase sem munição também, um tiro quase me
acerta, porém eu consigo desviar, puxando Katharina para atrás de
um aparador.
— São apenas três, nós vamos conseguir, falta pouco — ela
diz, tremendo.
— Fica calma, pensa no nosso filho — digo a ela. — No três
nos matamos eles — digo, olhando em seus olhos azuis e então eu
conto com os dedos e nos levantamos pegando os agentes de
surpresa. Atiro em um deles e o outro acaba acertando meu ombro.
— Maledeto — grito, sentindo o sangue escorrer pela minha
camisa e a bala queimar meu ombro, Katharina atira no pescoço do
agente e corre em minha direção.
— Você está ferido! — grita, assustada.
— Calma, foi só de raspão — minto para tranquiliza-la. —
Precisamos ir — falo, segurando sua mão e seguimos até que
chegamos ao primeiro andar.
Os tiros do lado de fora continuam, um verdadeiro caos por
toda a fortaleza.
— Como está à situação?! — Pergunto a Ruggero, que está
com um fuzil nas mãos, junto com outros dois soldados, todos
tentando conter a polícia.
— Estamos cercados, chefe, perdemos a maioria dos
homens. Conseguimos matar todos os agentes que estavam na
casa, mas tem dois helicópteros sobrevoando, não vamos aguentar
muito tempo.
— Não deixem ninguém entrar, façam o que for preciso,
temos bombas de gás lacrimogêneo, joguem pelas janelas. Eles não
podem entrar!! — grito, dando as ordens.
Naquele momento já sabia que não conseguiria sair da
fortaleza, não com helicóptero sobrevoando, eu precisava salvar
Katharina, essa era minha missão. Entro no escritório ouvindo o som
da porta da frente sendo arrombada. Tranco a porta do escritório e
Katharina fecha as janelas com as trancas. Atrás do bar eu
destranco o cofre.
— Você precisa ir, siga pela passagem secreta até a praia,
não entre no barco, os helicópteros iram vê-la. Vá a pé o mais longe
que conseguir. — Eu digo, segurando seu ombro fazendo com que
ela olhe para mim.
— Nós vamos juntos, nós vamos conseguir. — Ela fala,
segurando a minha mão para que eu entre no cofre.
— Não, Katharina, você vai sozinha. Essa é a única maneira
de você escapar — digo, sentindo meu peito rasgar de dor.
— Você não pode me pedir isso — ela diz, chorando, em seus
olhos azuis eu posso ver a dor que ela está sentindo.
— É a única maneira de você sair daqui, meu amor.
— Vem comigo, por favor, vem comigo, nós vamos conseguir,
nós vamos conseguir juntos — ela diz, desesperada para que eu
entre com ela.
— Enquanto eu não for pego isso não vai acabar! Você
precisa fugir, você precisa cuidar do nosso filho. Eu amo você, como
nunca amei ninguém nessa vida, vá, Katharina.
— Não faz isso, por favor, eles vão te matar!! — ela grita,
agarrando minha camisa, desesperada, com lágrimas transbordando
dos seus olhos.
— Eu vou ficar bem se você e nosso filho sobreviverem. Você
não pode ser presa, amore mio, estamos cercados, Katharina, eu
não quero que meu filho nasça em uma penitenciária.
— Não, vem comigo!!! — Grita
— Vá — digo, entregando a arma com a munição que resta
para ela.
— Você vai ficar desarmado.
— Eu vou ficar bem, eu prometo — digo, beijando seus lábios.
Encosto minha testa na sua, deixando uma lágrima solitária
cair.
— Eu vou te esperar, custe o custar, eu amo você. Eu sempre
vou amar!
— Eu vou te encontrar, amore mio, você sempre será minha
Katharina — falo com um nó na garganta, sentindo que essa será a
última vez que a verei.
Ouvimos barulhos na porta e eu percebo que é tarde demais,
estão prestes a arrombar a porta do escritório. Katharina olha para a
porta e limpa as lágrimas, pegando a arma.
— Ele se chamará Maximiliano, como o lendário imperador de
Roma. Você tem que ficar vivo por ele e por mim. — Ela diz entrando
no cofre. Eu fecho a porta, selando-a por fora, então a porta atrás
de mim se despedaça no chão.
— Mãos na cabeça, Dimitri Salvatore Rinna, você está preso.
A minha ida à Itália foi toda feita às pressas. Ainda não podia
acreditar que a polícia tinha pego Dante antes de mim no Brasil, o
miserável foi esperto em se estabelecer por lá. Jamais poderia
imaginar que o verme se escondia no Brasil. Ele está preso sob
custódia do estado italiano, porém, eu não estou nenhum pouco feliz
com isso. Na cadeia ele não vai ter o que merece, não, Dante
precisa estar fora da prisão para que eu possa me vingar de todo o
mau que ele fez à Rebeca. A dor da sua falta não me deixa em
nenhum momento, saber que se ela ainda estivesse viva agora eu a
teria pra mim, a tornaria minha esposa e a amaria como ela nunca foi
amada, viveria para fazê-la feliz.
Estava no meu jatinho planejando a maneira como tiraria
Dante da prisão antes que ele fosse transferido para os Estados
Unidos, seria um plano audacioso, mas valeria a pena o risco.
Faltavam poucos minutos para aterrissar na Itália quando Katharina
me ligou, fiquei aflito com tudo que ela contou, Dimitri havia sido
preso, o que me surpreendeu. Pensar em minha irmã sozinha,
grávida e indefesa me deixou em puro desespero. Só consegui ficar
mais calmo quando o jato pousou em terra firme.
Em Roma, soube que Godoy estava com ela e a protegeria
por mim.
O meu amor, eu vou fazê-lo se arrepender amargamente por
ter tirado sua vida. Meu pequeno anjo sofreu horrores nas mãos
desse desgraçado. Um plano de fuga seria muito arriscado, por isso
seguiria o plano do meu amigo e braço direito, Serguei. Eu faria com
que Dante saísse de lá para ir ao hospital e no caminho eu o
pegaria.
— Tem certeza que esse cara vai nos ajudar. - Pergunto a
Mikhail, meu soldado.
— Sim, chefe, Morouh não tem nada a perder, apenas a
ganhar, ele já pegou perpétua. Com o dinheiro que iremos pagar ele
pretende comprar uma casa para a avó, que o criou.
— Certo, como saberemos que ele conseguiu chegar até
Dante e como ele pretende feri-lo para que ele precise ser levado ao
hospital?
— Na prisão, os caras improvisam com caneta, colheres de
plástico, até mesmo um parafuso solto pode ser usado como arma.
— Perfeito, fique de vigia, assim que Dante for encaminhado
para o hospital, nós o pegaremos.

Cinco dias se passaram até que meus homens me avisaram


que Dante Tommaso Bruschetta estava sendo levado ao hospital
após ser ferido em uma briga no pátio da prisão. Eu sorri, sabendo
que em breve eu colocaria minhas mãos sobre ele e então a minha
vingança se concretizaria.
— Tragam ele pra mim, vamos para casa que estou ansioso a
diversão vai começar. —Falei com um sorriso frio tomando conta dos
meus lábios. O levaria para Moscou, onde tinha preparado
acomodações especiais para recebê-lo.

O homem algemado na cadeira me enoja, o capuz em sua


cabeça não deixa que ele veja sua nova casa e nem seu captor. O
corte em seu abdômen foi suturado para que ele não tenha uma
hemorragia e morra. Matá-lo seria uma recompensa para ele, a
morte é pouco perto do que irei fazer.
— Onde eu estou, quem está aí?! — ele fala em italiano, com
a voz arrastada pelo tranquilizante que injetaram em seu pescoço
durante o voo.
— Você está no inferno, Dante. — Falo, dando uma risada
sádica.
— Aslan, seu desgraçado, eu vou acabar com você - ele diz e
tenta puxar as algemas, mas é inútil.
— Você não está em posição de fazer ameaças, no fim dessa
noite o único que estará acabado será você - falo com asco.
Aponto para meus homens, que o levantam da cadeira, o
arrastando para a primeira sala. — Eu o mataria, mas não antes de
apresentá-lo ao inferno que fiz especialmente.
Inspirado em Dante Alighieri, o autor e poeta Florentino do
século 13, ele foi o criador da obra a divina comédia, onde ele
apresenta o inferno, o purgatório e o paraíso, inspirado nele eu criei
nove salas do inferno para Dante Bruschetta.
A primeira sala, seja bem-vindo ao limbo, Dante, aqui você
começará a pôr tudo que fez, a cada sala que nós entrarmos, farei
pagar por um dos seus pecados, até que enfim implore pela morte.
— Eu não tenho medo de você, cagna, você não passa de um
bosta que não aceita que Rebeca me amava, que escolheu a mim e
não você — diz ele com escárnio.
— Ela o odiava, Rebeca tinha nojo de você, maldito, Rebeca
era um anjo e você não merecia nem mesmo respirar o mesmo ar
que ela.
Ele é amarrado com os braços pra cima, sua camisa rasgada
nas costas, pego o chicote longo de couro trançado. Lembro da
morte dos meus pais, do corpo de Rebeca sem vida naquele caixão,
golpeio suas costas e com o primeiro golpe sua pele se rasga,
porém ele não grita. No sexto golpe Dante já estava gemendo de
dor, mas eu não parei, não pararia até ver seu sangue escorrer pelo
chão. O acerto novamente, fazendo ele se contorcer.
— Você quer me matar por que eu fui o único homem da vida
dela, então me mate de uma vez! — ele grita, porém não morrerá
tão rápido.
Sangue escorre pelo chão e seus gritos de dor são como
música para mim, observo com deleite suas costas todas rasgadas.
— Eu volto amanhã, não se acostume com as acomodações,
como eu disse seu inferno, Dante, só está começando.
No segundo dia, Dante não é alimentado, meu ódio por aquele
verme não diminui após o primeiro dia do seu inferno. Ao chegar na
porta do limbo ainda posso ouvir os gritos sento soando pelos alto
falantes. Dante está desmaiado no canto da parede do quarto,
sangue escorre pela sua pele, me fazendo lembrar todos os
machucados de Rebeca e como ela estava traumatizada. Pego o
balde com água e jogo sobre ele, fazendo com que ele acorde em
choque.
— Maldito, o que pensa que eu sou, seu brinquedinho? — Ele
fala, ficando de pé, porém as correntes em suas pernas o impedem
de vir até mim.
— Pelo visto gostou das acomodações — digo com deboche.
— Me solte daqui que verá o que eu irei fazer com a sua cara
- ele rosna, mas eu ignoro e faço o gesto para os meus homens o
arrastem para a segunda sala, o vale dos ventos.
A sala havia sido planejada para chegar a uma temperatura
média de menos dez graus. Porém, eu não queria matá-lo
congelado, não, Dante só iria sofrer sentindo o frio queimar sua pele
molhada e ferida.
— Espero que goste das suas acomodações, aqui você irá
pagar por todas as humilhações que fez Rebeca passar, assim como
ter ousado ofender a minha irmã.
— O que vão fazer? — diz enquanto meus homens o
arrastaram para o meio da sala, as portas são fechadas e a então o
vento frio começa a entrar, congelando seu corpo.
Pelo vidro eu assisto ele tremer seu corpo sem parar, sua
pele se tornando cinza com apenas cinco horas de exposição ao frio.
Peço então para que desliguem o ar, fazendo com que Dante sofra
sendo torturado pelo frio.

No terceiro dia, tomava meu café da manhã animado para


mais um dia do inferno de Dante.
— Não acho que ele vá aguentar até a nona sala — fala meu
amigo e braço direito, Vladmir.
— Não quero que ele morra rápido, não é esse meu plano,
preciso que ele sinta na pele todo sofrimento que causou não só a
Rebeca, mas aos meus pais.
— Certo, antes de ir preciso te dar a notícia que Valeri deu a
mão de sua filha para Nicolau.
— Como assim? — pergunto, confuso.
— Anastázia, sua ex futura noiva, o pai da garota não perdeu
tempo e fechou um acordo com Nicolau, seu noivado será em menos
de três meses.
— Mas, como assim? Ele tem idade para ser pai da garota,
sem contar que os boatos dizem que ele foi um carrasco com sua
antiga esposa, não é à toa que ela morreu.
— Bem, você dispensou a garota, então ele foi atrás de outro
partido para filha. E sobre os boatos, não temos certeza de nada,
são apenas boatos. - Ele fala, mas não consegue me convencer, não
entendo porque estou preocupado com a garota, ela pareceu me
detestar.
— Preciso ir, meu hóspede me aguarda – digo, não querendo
pensar na garota de cabelos castanhos.
— Então vamos, estou louco para ver como ele vai se sair na
terceira sala - fala animado.

Ele havia sido levado desacordado, mas vivo, até a terceira


sala, onde ele pagaria pela morte da minha mãe. A imagem do seu
corpo carbonizado sendo tirado dos destroços do avião vem à minha
mente. Ela não merecia morrer dessa forma, ela sempre foi boa. E
por isso ele pagaria. Dante é colocado sobre a maca suspensa do
chão, seus braços e pernas algemados, ele abre os olhos, mas não
diz nada, seu corpo está fraco de mais. Faço gestos para que meus
homens o alimentem, despejando uma sopa fedida em sua boca. Ele
tenta fechar a boca, mas com Vladmir segurando seu pescoço e
inútil.
Em um balde os bichinhos aguardam a hora de se alimenta.
Coloco um dos ratos sobre a perna de dente.
— O que vai fazer, o que vai fazer? — ele fala em pânico e eu
me divirto.
— Vladmir, traz o maçarico — digo, seguro o balde de metal
contra a pena de Dante. O fogo faz com que o balde esquente, os
gritos do rato preso só não são maiores do que o de Dante. O
desespero do rato é grande, ele começa a roer a perna de Dante em
busca de uma saída até morrer. É divertido assistir ele gritar
enquanto membro a membro é comido pelos ratos, quando Dante
desmaia já é fim da tarde.
Suturem e cuidem dos ferimentos, amanhã eu volto para que
ele conheça a quarta sala do inferno.

O grande palácio conhecido por ser a opulenta morada de


Katharina, a grande rainha da Rússia e Alexandre Romanov, estava
vazio. A casa é grande demais para apenas uma pessoa, meus pais
já não estão aqui e muito menos minha irmã. Talvez seja hora de me
mudar e encontrar um lugar menor, talvez a cobertura do centro.
Após um banho relaxante, onde lavo o cheiro podre de sangue de
Dante em mim, eu deito na minha cama. Já esperando que eu fosse
mais uma vez sonhar com Rebeca, mas estranhamente o sono não
vem, eu não consigo dormir, minha mente está em conflito, os olhos
de Anastázia me olhando enquanto saia da sua casa tinha ficado
gravado na minha mente, seja o que for que esteja me
atormentando, isso precisa acabar.

Dois dias se passaram para que eu pudesse novamente


encontrar com Bruschetta, ele estava em um canto de sua cela,
encolhido, extremamente fraco e amedrontado, o que me faz pensar
que em nada ele lembra aquele mafioso que me desafiava.
— Meu pai foi morto na queda daquele avião junto com a
minha mãe, eles nem mesmo o conheciam, mas ainda assim você os
matou.
— Era para você estar naquele avião — diz com a voz baixa e
seu corpo fede a urina e sangue sua pele e nojenta assim como sua
alma podre.
— Mas, você fracassou, nem mesmo me matar conseguiu.
Então, aqui estamos nós, no seu inferno.
Com um alicate eu corto um dos dedos da sua mão, ele
sangra, gritando de dor, faço o mesmo com a outra.
— Não ouse desmaiar, não seja fraco, seu bosta – ri,
cortando outro dedo e vendo sua dor e seu sangue escorrer pela
sala.
Enquanto seus ferimentos ainda estão abertos eu pego o
balde de vinagre e jogo sobre seu corpo. Dante se debate,
chorando. Urina escorre pela sua perna, vejo o quanto o italiano é
fraco, então apanho a máquina de choque. E começo a eletrocutar
seu corpo molhado.
— Ahhh! — ele grita quando o choque o atinge. — Pare, pare.
— Quantas vezes Rebeca pediu para que parasse e quantas
vezes você continuou?! - Pergunto, fervendo de ódio enquanto vou
colocando a máquina de choque nas partes mais molhadas do seu
corpo.
— Me mate de uma vez, caralho! — Ele implora em pranto,
mas as palavras saem desconexas.
No quinto dia ele já está fraco demais, provavelmente não
aguentaria por muito tempo. Ele implora para que o matasse, que
acabasse com a tortura. Estávamos na sexta sala, aqui era
chamado de cemitério de fogo. Havia círculo ao redor da sala, no
centro Dante é posto em uma cadeira de ferro, ele está tão fraco
que não protesta ao ser amarrado na cadeira. Eu não pretendia
matá-lo, não ainda, todas essas salas foram especialmente feitas
para apresentar o inferno à Dante. Entretanto, quando o círculo de
fogo se acende eu percebo que ele morreria ali, queimado
lentamente. Sento na cadeira em frente e observo ele lentamente
sendo queimado. Dante tosse e tenta se soltar. O fogo não está tão
alto para chegar a sua pele, porém lentamente o calor começa a
consumir.
Seus gritos são ensurdecedores, todos os meus homens
presentes param para ver a cena.
Ali estava o homem que mais detestava na vida, Dante
Tommaso Bruschetta, lentamente sendo queimando, até não ter mais
vida. Não, ele morreria pela hemorragia, pela dor, mas seria uma
morte lenta. Nós dois ficamos assim, olhando para ele até
percebermos que ele está morto.

Ao voltar a Palermo, descubro que meu irmão tinha sido


preso, imediatamente eu aciono nosso time de advogados para
defendê-lo. Katharina está desaparecida e tentar encontrá-la é uma
das minhas prioridades, pois sei que é exatamente que o chefe vai
querer, ela está grávida e sozinha em meio à guerra que acontece
em Palermo. Muitos homens nossos foram mortos e quase trezentos
presos, dentre eles, Dimitri, Fabrício e Damon, os outros
conseguiram escapar da polícia, fotos de todos os capos da Cosa
Nostra estão espalhados por todos os jornais, o grande escândalo
da década, a prisão do Capo dei capi da Cosa Nostra, e devido ao
acontecido, eu assumi o cargo de chefe da mesma.
— O que iremos fazer? — Pergunta Vito Genovese.
— O julgamento será na próxima semana e provavelmente
Dante testemunhará contra Dimitri. — Falo, pensativo.
— Dante está nas mãos do Castelaresi — fala Daniela.
— Quando isso aconteceu? Desde a prisão de Dimitri que
tentamos eliminar o verme do Bruschetta dentro da cadeia e Aslan
Castelaresi não só conseguiu tirar ele de lá como o levou daqui.
— Ao menos não vamos precisar nos preocupar com o seu
possível testemunho. Uma testemunha que foge da prisão não tem
um depoimento confiável. — Fala Gasparello, um dos advogados da
família.
— Dimitri está sendo acusado não só de ser o chefe da máfia
como também de ser o serial killer que matou as jovens. — Fala Tom
Hide.
— Foi Lorenzo, todos nós sabemos que Dimitri não tem nada
a ver com isso. — Diz Daniela.
— Porém, a polícia tem um testemunho de alguém que viu
Lorenzo se apresentando a uma das vítimas usando o nome de
Dimitri. A testemunha não viu o rosto de Lorenzo, porém as
descrições dela batem com Dimitri, já que são irmãos.
— Merda — bato na mesa indignado. — Eu quero uma
retaliação, nem mesmo eu pude vê-lo, quero mostrar para esse
bando de políticos corruptos com quem eles estão lidando — digo,
amargo.
— Qual é o plano? — fala Vito, com um sorriso sádico no
rosto.
— Quero explodir a câmara dos deputados — digo, perverso.
— E a sede da polícia federal italiana.
— Isso será um massacre — diz o capo Ndrangreta.
— Explodiremos após o expediente, esse será um aviso claro
do poder da Cosa Nostra.
— Nossa equipe já chegou à Rússia, mas até agora nenhum
sinal de Katharina, apenas seu irmão está em São Petersburgo. —
Um dos meus homens de confiança informa, me lembrando da busca
por Katharina.
— Ela deve estar na Rússia, lá ela teria a proteção do irmão,
precisamos encontrá-la.
— Continuaremos as buscas, senhor — ele responde.
— O capitão Vitorio foi condecorado após a prisão do Boss,
ele recebeu uma medalha de honra ao mérito. — Diz Genovese, com
asco.
— Ele se infiltrou na família Luchese, com a morte de Alesso
voltou ao seu cargo na polícia, deveríamos ter eliminado ele junto
com a detetive. — Digo em pura frustração.

Dias depois, consigo a autorização para ver Dimitri, por sorte.


A polícia está me investigando, mas ainda não tem nenhum
mandado em meu nome. A fortaleza está sendo vigiada, então
preferi me manter em um duplex no centro de Palermo, que está no
nome de um laranja, não existe nenhuma forma da polícia descobrir o
lugar.
O julgamento está marcado para depois de amanhã. Após o
bem sucedido ataque ao parlamento italiano nossos advogados
conseguiram autorização para que eu pudesse falar com Dimitri em
uma sala reservada com a presença do advogado dele, sem
guarda. A estratégia da equipe de advogados é refutar as condições
de Dante e descredibilizar seu depoimento contra Dimitri. O fato de
ele ter fugido da cadeia nos ajudou, colocando em dúvida sua
palavra. Entretanto, o testemunho poderia de alguma forma ajudar na
condenação de Dimitri. A figura de uma mulher grávida, sofrendo ao
ver seu marido injustamente sendo acusado por crimes tão graves,
pode solidarizar a opinião pública e é exatamente isso que
precisamos, no entanto, ela está desaparecida por todo esse tempo
e não conseguimos encontrar nenhuma pista do seu paradeiro.
Daniela até havia conseguido localizar uma gravação onde
vemos Katharina no centro de Palermo, mas depois disso ela não
apareceu em nenhuma câmera da cidade.
Sou revistado assim que entramos na prisão, Dimitri está em
uma cela especial, separada dos demais presos, enquanto aguarda
o julgamento preso, já que o juiz negou o pedido de liberdade
enquanto ele aguarda o resultado do julgamento, alegando que
Dimitri é um risco fora da custódia policial.
— Está limpo, pode me acompanhar — fala o policial.
— Você sabe o que tem que fazer — falo baixo para que
apenas ele escute. As câmeras ficam sem áudio, misteriosamente,
durante minha conversa com Dimitri.
— Certo, vamos — ele diz, fazendo um gesto.
Passamos por um corredor, eu, o advogado e mais dois
polícias. Entro na pequena sala de interrogatório e encontro Dimitri
algemado, não só nas mãos, como também as pernas. Engulo em
seco, nervoso ao ver meu irmão nessa situação.
— Você demorou, irmão - ele fala e indica a cadeira para que
eu e o advogado nos sentemos.
— Foi difícil convencer o juiz do caso a liberar minha visita
sem que ouvidos nos escutem.
— Como está Katharina e meu filho? - Ele pergunta,
preocupado, eu posso ver as sombras em seus olhos e o medo que
algo tenha acontecendo com ela também.
— Não a encontramos, Katharina simplesmente desapareceu.
Perdemos o rastro dela.
— Isso não é possível, ela não pode desaparecer assim,
Katharina só pode estar com o irmão, ela provavelmente iria pedir
ajuda pra ele, ela está grávida, falta pouco tempo para meu filho
nascer, não teria como ela desaparecer assim.
— Aslan veio para a Itália e conseguiu tirar Dante da prisão,
eu acredito que Katharina tenha ido com ele de volta para Rússia.
— Mande nossos homens descobrirem onde ela está, se eles
estão seguros, se meu filho já nasceu.
— Eu já fiz isso, cara, nossos homens estão vasculhando a
Rússia, mas ela parece ter evaporado no ar.
— Preciso sair daqui porra, preciso descobrir onde está minha
mulher - diz ele, batendo na mesa, nervoso.
— Eu tenho um plano, já que você não quer fugir, penso que
devemos comprar o júri, assim você seria inocentado das
acusações.
— Isso pode dar certo, entretanto, custaria uma verdadeira
fortuna. E todas as contas estão congeladas, de onde tiraríamos
tanto dinheiro? — Questiona o advogado.
— Eu tenho o dinheiro - fala Dimitri, pensativo.
— Ella lavou todo nosso dinheiro e aplicou na bolsa em vários
negócios lícitos, a outra parte está congelada, de onde você
pretende tirar todo esse dinheiro?
— Da fortaleza, tenho seis bilhões escondidos em um cofre no
sótão.

Após a chegada da polícia, fui algemado e arrastado pelos


polícias para fora da fortaleza, vários dos meus homens estavam
mortos, outros algemados e sendo levados, como eu, para a prisão.
Fui levado para a sede da polícia federal, eles tentaram me fazer
falar, mas eu não abri a boca, não sou burro de confessar meus
crimes. A dor física no interrogatório não foi nada comparada a que
eu estava sentindo agora, sem saber onde Katharina está. Meu
coração diz que ela está bem, que ela é forte e inteligente e
conseguiu escapar, que está segura, porém a minha mente me deixa
em alerta, me dizendo que algo não está certo, ela deveria ter
procurado Vicenzo, poderia ter pedido ajuda pra ele. Várias
hipóteses haviam passado pela minha cabeça, mas nenhuma delas
fazia sentido algum. A fuga de Dante colaborou comigo, pois ele
seria testemunha chave no julgamento. Ainda assim a promotoria
tinha recolhido provas contra mim, entretanto o que me deixa
enfurecido são as acusações das mortes das vítimas de Lorenzo,
supostamente fui reconhecido por uma testemunha. O inquérito já foi
montado e nem mesmo pude aguardar o julgamento em liberdade. E
meses se passaram comigo aqui, atrás das grades, sem ver
Katharina, dormindo nesse colchão horrível, comendo essa comida
intragável.
Sou arrastado pelo corredor fedido da penitenciária por doze
policiais, com minhas mãos e pernas algemadas. Sorrio, olhando
para esses bostas, pensando no quão patéticos eles são. O medo
de mim é tão grande, que para me levar até o tribunal foram
necessários de mais de trinta policiais federais.
— Vamos, Rinna — fala o chefe dos guardas, evitando olhar
em meus olhos, ele sabe o quanto odeio que façam isso.
Causar medo nessas pessoas me dá tanto prazer. Eles nem
imaginam o quanto gosto de vê-los aterrorizados. Sou levado pelos
policiais até o carro blindado da polícia que me aguardava, dois
helicópteros nos seguem para assegurar que não haveria chances de
fuga. O julgamento dos outros membros da máfia já foi realizado, fui
levado para testemunhar, até tentaram me confrontar. Mas algo que
o desgraçado se esquece é que a Cosa Nostra se manterá viva
enquanto um membro respirar. No carro, meus pensamentos vão
para ela, Katharina, bella rosa. Meu advogado insiste que se ela
testemunhar conseguiremos reduzir a sentença. Eu poderia sair com
um pouco menos de trinta anos, como se fosse aceitar fazer acordos
com esses figlio di puttana.
Perder trinta anos da minha vida dentro de uma cela está fora
de cogitação. Mesmo não querendo envolvê-la com a polícia, só a
mínima chance de a ver já faz a fera em mim rugir, a falta dela é pior
que qualquer maldita prisão.
“Eu vou esperar você, custe o tempo que custar”. Suas
palavras são como uma maldição gravada em minha mente.
— Chegamos, Rinna. — Fala o policial, abrindo a porta e só
agora me dou conta que chegamos no tribunal.
Uma chuva de flashes começa a pipocar. Levanto meu rosto e
olho para eles como os seres desprezíveis que são.
— A Besta, é verdade que o senhor é o assassino em série e
está por trás das mortes das dezesseis mulheres? — Pergunta um
repórter, que ignoro, sendo escoltado.
— Senhor Rinna, onde está Katharina Castelaresi, sua
esposa? — pergunta outro, porém me limito a controlar meu ódio por
esses cagna e entro no tribunal.
Lá dentro, agentes da força nacional estão posicionados,
preparados para uma tentativa minha de fuga. Mal sabem eles que
meu plano é sair pela porta da frente e não como um rato, fugindo.
Sorrio olhando para o capitão da polícia federal italiana.
Ostentando uma medalha de honra ao mérito no peito por ter
capturado a terrível besta.
— Seu advogado aguarda na ante sala para se prepararem
para o julgamento. — Fala Vitório, o tão famoso capitão traidor.
— Na Cosa Nostra se paga com sangue o peso da traição! —
Falo friamente, jogando sua sentença e ele sabe que quando a
sentença é dada, ela é cumprida.
Me levam até a sala, que imagino estar Vicenzo e meu
advogado, talvez até Katharina. Um policial abre a porta para mim e
eu entro, vendo meu advogado e Vicenzo. Katharina não veio e isso
me deixa em alerta de que algo possa ter acontecendo com ela e
com nosso filho, já que não a encontram.
— Onde está Katharina? — Pergunto de uma vez a Vicenzo.
— Como você está irmão? — Ele pergunta, preocupado.
— Onde está Katharina? — Pergunto novamente, ignorando
totalmente sua pergunta, indo direto ao que importa.
— Calma, sente-se senhor Rinna. — Fala o advogado,
apontando para a cadeira.
— Não vai demorar muito para me levarem para o julgamento,
então é melhor você dois irem direto ao que importa. Você conseguiu
pegar o dinheiro para comprar a porra do júri? — questiono sobre a
missão que dei a Vicenzo, para que pegasse uma parte do dinheiro
que guardo no meu cofre e subornasse esse júri, dessa forma sairei
daqui como a porra de um homem livre.
— Não Boss, eu falhei, não cumpri a minha missão. Quando
cheguei ao cofre era tarde demais, não tinha mais um euro sequer.
— Ele fala, abaixando a cabeça, envergonhado por ter falhado e
pior, ter perdido toda a fortuna que guardei para esse tipo de
situação de emergência.
— Como seis bilhões de euros desaparecem?! — Falo
enfurecido, sem entender como conseguiram descobrir sobre esse
dinheiro, se apenas Katharina e eu sabíamos, contei a Vicenzo só
agora que estou na prisão.
— Katharina, eu sinto muito irmão, foi a Katharina que levou
todo o dinheiro. E não foi só isso, ela fugiu, já mandei revirar toda a
Itália, mas ela desapareceu com todo o seu dinheiro. Meus infiltrados
estão na Rússia para ver se ela vai até o irmão. Mas ao que parece
ela não foi para a Rússia.
Em choque eu paraliso, sem entender direito as palavras que
saem de sua boca. Não é possível, sorrio amargo pensando que não
pode ser possível. Ela não pode ter feito isso, não comigo, me traído
dessa forma. Minha própria esposa, a única mulher que fui capaz de
amar na vida. A minha bella mia.
A dor é intensa, a que sinto no órgão que chamam de
coração, órgão esse que pensei já não existir. Todavia, Katharina
acaba de provar que ela é capaz, sim, de me ferir da pior maneira
possível.
— Como ela tirou tanto dinheiro, sem ser vista, sem ser pega
por nenhum dos nossos?
— Ela usou seu helicóptero, levou tudo, todo o dinheiro, até
mesmo as joias, seus relógios, não sobrou nada. — Diz ele,
revoltado.
Ela me traiu, traiu a minha confiança e fugiu com meu filho na
barriga, levando todo o dinheiro. Ela conseguiu o que queria, no final
a promessa que ela fez lá atrás se cumpriu, ela acaba de arrancar
meu coração do meu peito. Katharina acabou comigo, conseguiu me
destruir, me derrotar, o dinheiro não é tão importante e sim o fato
dela ter mentido para mim e fugido com meu filho, me deixando aqui.
— Nós vamos dar um jeito, eu vou te tirar daqui! — Fala
Vicenzo, desesperado.
— Quais são as chances de escapar dessa sentença agora?
— Pergunto ao melhor advogado criminalista de toda a Europa.
— Nenhuma, não vou te dar falsas esperanças, as provas são
concretas, as testemunhas já foram ouvidas e o júri é composto na
maioria de mulheres que provavelmente se compadecerão com a
famílias das vítimas.
— Então serei condenado!?
— Provavelmente — fala o advogado, tenso.
— Você ficará no comando da família, Vicenzo, um leão caiu,
mas isso não significa que a selva está à salvo. Faça eles
entenderem que a Cosa Nostra comanda a Itália, e jamais seremos
subjugados.
Os policiais vieram me buscar e fui encaminhando para a sala
de julgamento. Os familiares das vítimas já estavam todos sentados,
só esperando a minha entrada, e como imaginei estavam todos se
cagando com medo da besta. Uma cela foi posta no meio do tribunal,
onde fui levado, uma cadeira e quatro paredes gradeadas e é assim
que serei julgado.
— Todos de pé para darmos início ao último dia de julgamento
do senhor Dimitri Salvatore Rinna.
O julgamento começa e o promotor começa a refazer todas
as acusações, porém minha mente está longe, em Katharina.
— Onde você está, bella mia? — Me pergunto em
pensamentos.
— Estamos aqui, senhores, em frente ao maior criminoso de
toda Itália, “A Besta” como é chamado, não só é um assassino cruel
como também um psicopata frio, sem sentimentos e capaz de tudo
para sair daqui. — Senhores do júri, “A Besta”, como prefiro chamá-
lo, foi responsável pelo homicídio de mais de cento e cinquenta
pessoas, quarenta delas morta por ele mesmo.
— Também foi o mandante direto da morte do juiz Falcone e
do magistrado Paolo Borderline. Ele orquestrou, em nome da Cosa
Nostra, vários atentados à bomba por toda Itália. Mandou matar
Ignácio Salvo, influente membro da máfia, por não ter conseguido
impedir as condenações de vários membros da Cosa Nostra.
— Também não podemos esquecer do massacre na avenida
Lazio em Palermo, onde foram eliminados mais de trinta criminosos
de uma máfia rival, assim como o Michele Calvatário, líder da facção
rival. Não suficiente, quando descobriu sobre a recompensa para sua
captura, mandou matar o general Carlos Alberto Dalla chinesa.
Nosso general que tinha sido nomeado seis meses antes como
encarregado de acabar com toda a máfia siciliana, a Cosa Nostra.
Sem deixar de contar o fato desse homem aqui ter sido o assassino
de dezesseis jovens. Jovem essas que foram seduzidas pelo charme
da besta e mortas por ele de maneira cruel, interrompendo não só
dezesseis vidas, mas também seus sonhos, que foram interrompidos
por conta das atrocidades desse homem.
— Quero alertar aos senhores do júri que Dimitri Salvatore
Rinna, El capi del capo não pode ser inocentado hoje. A máfia é um
câncer sugando nosso país, movimentando cerca de cento e
cinquenta bilhões de euros por ano, precisamos estancar a sangria e
acabar com essa organização. Agora o poder está nas mãos dos
senhores, a decisão de salvar nossas crianças de crescerem em
uma Itália refém da máfia e de homens como Salvatore Rinna.
O promotor é bom, sabe bem quais palavras usar a seu favor,
sorrio friamente quando seu discurso acaba. Eles foram espertos em
ter chamado Andreotti para ser o promotor.
Não é à toa que ele é conhecido como o melhor da promotoria
e foi escolhido a dedo para esse julgamento. Meu advogado, em
minha defesa, tenta reverter às alegações e fazer um acordo, mas
durante suas alegações, eu me levanto e peço a palavra.
— Senhor juiz, eu peço a palavra. — Digo, olhando nos olhos
do juiz e percebo a tensão em sua fronte, como também que suas
mãos tremem sobre sua mesa.
— Com a palavra o acusado.
— Eu não matei aquelas mulheres, mas eu sou culpado, é
isso que tenho certeza que querem ouvir. — Sorrio olhando para o
júri. — Na terra de assassinos, ser apenas um pecador é um
santuário, em meio a toda essa podridão. Aqui, diante de mim, vejo
um bando de hipócritas, eu estou sendo julgado por um
promotor assassino, um juiz viciado e um júri corrupto.
— Excelência, pela ordem o acusado está fazendo injúrias a
respeito da minha pessoa. — Fala o promotor enfurecido.
— Podem cortar o microfone do acusado — diz o juiz me
impedindo de contar todos os podres que eles escondem. — Nesse
momento iremos nos reunir para chegar ao veredito. — Fala o juiz e
fico aguardando o resultado das votações.
Eu já sei que não sairei livre, todavia a minha cabeça
trabalhava em várias hipóteses de matar o maldito Vitório, o traidor,
promotor e o juiz até mesmo os vinte e um membros do júri. A
espera para o resultado da sentença foi uma verdadeira tortura lenta
e silenciosa. A besta dentro de mim estava enfurecida e
transbordando ódio, não só dele, mas de mim mesmo, por ter sido
burro de acreditar em Katharina. Agora ela está longe daqui com
meu filho na barriga e desfrutando de todo o dinheiro que eu tenho,
mas isso não ficará assim, sairei daqui ou não me chamo Dimitri
Salvatore Rinna.
— Todos de pé para ouvir a sentença do excelentíssimo
senhor Juiz. — Fala o orador quando todos voltam para a sala.
Me levanto olhando para ele e para todo o júri, que parece
com medo de dar a sentença. Eles sabem que mexer com a máfia é
colocar suas cabeças a prêmio.
— Esse júri reconhece Dimitri Salvatore Rinna como culpado
pelos totais de cento e cinquenta assassinatos, mandante de mais de
cento e cinquenta como também atividades criminosas como
lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, extorsão e ameaça,
sequestro, sequestro agravado de morte e tortura. A pena fica
vinculada a vinte e seis prisões perpétuas sem direito de recorrer
dessa sentença valendo partir do momento dessa condenação. —
Fala, batendo o martelo e declarando a minha sentença.
Meu irmão grita enfurecido com o resultado da sentença e
meu advogado tenta contê-lo, a plateia comemora com o resultado
do julgamento. Eu não digo nada, apenas mantenho meus olhos fixos
em todos os presentes pensando que eles não perdem por esperar,
pois no momento em que estiver fora dessas grades, toda a Itália irá
sangrar.
Os gritos e as palmas da plateia no julgamento me irritam. Os
agentes me arrastam agora direto para a prisão onde provavelmente
irei cumprir a sentença.
Isso não vai ficar assim, eu prometo. - Vicenzo fala nervoso
enquanto eu sou arrastado para fora. Os flashes dos repórteres
voltam a me incomodar, todos ansiosos para registrar o momento
onde o Capo di tutti capi da Cosa Nostra siciliana foi condenado.
O que eles não sabem é que eu sou um predador, posso
estar enjaulado, mas sempre serei o predador. E em breve eu irei
fazer todos pagarem.
ANTES
Meu coração estava doendo, às lágrimas atrapalhavam a
minha visão, mas eu precisava fugir, precisava escapar. O corredor é
escuro, cheio de teias de aranha, os sons dos tiros lá fora me
deixam em pânico e eu corro até chegar a uma escadaria. Meu filho
estava agitado, o pânico é tão grande que sinto meu coração
disparado. Ao sair da escadaria, encontro uma porta de madeira
antiga, tento abrir, mas a mesma está emperrada, fecho os olhos
com raiva e chuto a mesma, frustrada. Até ouvir o som da madeira
chiando e a mesma abre. As luzes me indicam que estou no jardim
do fundo. O som das sirenes e gritos me deixam ainda mais em
alerta, com cuidado me escondo entre os arbustos para que as luzes
do helicóptero não me vejam. Corro sem parar até a porta que leva a
escadaria do píer até a praia. As chances de a polícia não estar na
praia é pequena, mas ainda assim eu preciso tentar. Respiro aliviada
assim que meus pés tocam a areia da praia. Continuo correndo em
direção à cidade, quando eu vejo o helicóptero vindo em minha
direção eu me abaixo perto das pedras, me escondendo. Espero por
alguns minutos até que percebo que posso sair, eu corro por muito
tempo até quando eu já não consigo ver a fortaleza, está muito frio,
meu filho está agitado, provavelmente sentindo a angústia dentro de
mim. As ruas de pedras de Palermo ficam visíveis, eu coloco a arma
na mochila e caminho em direção às casas, percebendo que o sol
começa a nascer. Eu preciso sair de Palermo o quanto antes.
Perdida, eu não sei pra onde ir, peço a Deus que proteja a mim e ao
meu filho. Não posso ficar na rua, logo a polícia irá me encontrar.
Viro à esquina tentando pensar pra onde ir quando vejo o restaurante
de Domenico e uma lágrima escorre do meu rosto, lágrima de alívio
por encontrar um lugar conhecido.
Vou em direção à porta do restaurante, que está fechado e
me lembro do Dimitri dizendo que Domenico mora nos fundos da
construção. Bato na porta, olhando ao redor para ver se não estou
sendo seguida. As luzes de fora se acendem e então uma senhora
com um lenço na cabeça, vestindo um robe, aparece na janela em
cima.
— Por favor, me ajude, eu preciso falar com o senhor
Domenico.
— Sinto muito, mocinha, não estamos contratando ninguém,
ainda mais essa hora - diz a mulher.
Olho novamente para trás com medo.
— Meu nome é Katharina Rinna, diga que a família precisa
dele. — Falo firme e a mulher arregala os olhos, entrando na casa e
não demora muito para Domenico parecer.
— O que está esperando, mulher, desça abra a porta para
ela. - Ele diz, apontando para mim e eu suspiro aliviada.
— Venha, senhora, entre — ela diz, abrindo a porta.
— O que aconteceu senhora? — diz Domenico, descendo as
escadas que levam ao segundo andar.
— Me desculpa incomodar, eu não tinha pra onde ir, a polícia
está atrás de mim.
Os dois se olham preocupados, eu me sento em uma cadeira
do restaurante sentindo as minhas pernas latejarem e a minha
barriga doer.
— Você precisa descansar, todo esse estresse pode fazer
mal para o bebê. — Fala a senhora me entregando um copo com
água que, com as mãos tremendo, eu pego, bebendo tudo.
Os dois me olha apreensivos.
— O capo foi preso, eu consegui escapar, mas a polícia deve
estar atrás de mim, provavelmente serei presa por ser cúmplice de
Dimitri.
— Não se preocupe, ninguém vai te achar aqui, eu tenho uma
dívida de honra com a Cosa Nostra e a manterei segura.
— Eu preciso de um telefone, preciso de ajuda para sair da
cidade. Não estarei segura se continuar em Palermo.
A senhora rapidamente me entrega um celular.
— Tome, minha filha. — Diz gentilmente.
A única pessoa que pode me ajudar a sair de Palermo sem
ser descoberta pela polícia é meu irmão. O telefone toca várias
vezes até que ele atende.
— Aslan!!
— Katharina, pequena, é você?!
— Sim, Aslan, preciso da sua ajuda.
— Onde você está, Katharina? — Pergunta meu irmão, já com
a voz tensa.
— Estou na casa de amigos, Dimitri foi preso e eu estou
escondida aqui, mas a polícia provavelmente está me procurando.
— Como assim Dimitri foi preso!? — Ele rosna, provavelmente
andando de um lado para o outro.
— Eu não sei, tudo aconteceu muito rápido, eu consegui
escapar, estou no centro de Palermo.
— Eu estou a caminho da Itália, Dante foi preso e está em
Roma, estou no jatinho, quase chegando.
— Preciso que me tire da cidade.
— Eu vou mandar alguém te buscar, tenho um amigo na
cidade, o mesmo que me ajudou a tirar Rebeca daí. Godoy irá
buscá-la e vai te proteger até a minha chegada.
Eu me despeço dele, me sentindo um pouco mais tranquila,
porém meu coração está pesado, sem saber o que pode estar
acontecendo com Dimitri.
— Venha, eu vou te levar para o quarto de hóspedes, você
toma um banho e descansa. Deve ter alguma rouba da minha filha
Helena aqui para você vestir.
— Obrigada, eu jamais esquecerei o que estão fazendo por
mim e por meu filho.
— Não precisa agradecer, na Itália nos protegemos os
nossos.

Eu não consigo dormir não com a preocupação da prisão de


Dimitri, eu fico deitada na cama por horas tentando acalmar meu
bebê, que está inquieto. Dona Fiorela havia me trazido uma bandeja
de café da manhã, eu não tinha fome, mas me obriguei a comer pelo
meu bebê. Então, Godoy, amigo de Aslan, chega junto de outros três
homens.
Eu agradeço ao casal por terem me ajudado me sinto
emocionada ao me despedir deles e entrar na mini van que os
amigos do meu irmão dirigiam.
— Para onde iremos daqui? —Pergunto à Godoy.
— Palermo está um verdadeiro inferno, tem policiais por todos
os lados, sem contar a imprensa de todo o mundo querendo notificar
a prisão do Capo dei capi.
— Dimitri está vivo? —Pergunto com um nó na garganta
— Não se preocupe, senhora, a polícia não o quer morto, vivo
ele vale mais para o estado. Pelo que estão noticiando ele foi preso
e está sendo levado para um local secreto onde ficará sob custódia
até ser encaminhado para a prisão. Suspiro aliviada, ao menos ele
está vivo e se ele está vivo ainda há esperança. Sair da ilha é um
tanto complicado já que todas as balsas estavam sendo revistadas.
Eu tenho que me esconder em um freezer de peixe em um barco de
pesca para conseguir passar pela barreira. Quando já estamos no
mar eu vomito todo conteúdo do meu estômago.
— Fica calma que logo estaremos seguros, eu prometo - fala
Godoy tentando me ajudar. Eu lavo meu rosto e olho para trás,
vendo a Sicília ficar cada segundo mais distante e como se tivesse
deixando um pedaço meu pra trás.
“Você precisa ser forte, Katharina, pelo nosso filho”.

Ao chegarmos à Calábria, pude descansar um pouco. Acabei


desmaiando no pequeno hotel onde nos hospedamos, meu corpo
estava exausto. Eu dormi por cerca de doze horas e quando acordei,
Aslan já estava na Itália, porém seu destino era Roma. Eu tomo
outro banho, Godoy tinha trazido roupas novas para mim, óculos
escuros e uma peruca morena. - Seu irmão está ao telefone - diz ele
assim que eu chego à mesa onde todos estão jantando.
— Aslan.
— Como você está, pequena? — Pergunta meu irmão com a
voz tensa.
— Eu estou bem melhor agora, descansei o bastante, posso
seguir viagem.
— Godoy vai te trazer para Roma, assim que acabar o que
vim fazer aqui nós voltamos para São Petersburgo. Ele diz decidido.
— Eu não vou voltar pra Rússia, Aslan.
— Como não, Katharina? Você está grávida, tem que pensar
no seu filho.
— Eu sei disso, meu filho é tudo que importa. Mas eu não
posso sair da Itália, não ainda. Meu filho precisa nascer aqui
— Você só pode estar louca, Katharina, não seja
inconsequente, ouça o que eu estou dizendo, Dimitri já está preso,
porra!
— Irmão, confia em mim, por favor, preciso resolver algumas
coisas antes de partir. Ajude-me a encontrar um lugar seguro para
que eu possa ficar algum tempo aqui na Itália.
— Porra, Katharina.
— Aslan, me escuta.
— Tudo bem, se é o que quer, farei o que me pede.

Um mês depois minha barriga já está enorme, meu filho cada


dia mais forte. Dimitri continua preso e seu julgamento acontecerá
daqui algumas semanas. De Palermo eu me escondi em Nápoles,
onde me refugiei em um bairro da periferia. Onde jamais seria
procurada. Contei tudo que pretendia fazer a Godoy e seus homens.
Aslan me ajudou com todos os detalhes que pode. Mas ainda assim
eu precisei ir pessoalmente atrás de Luigi. Por sorte ele não tinha
sido ferido no ataque a fortaleza. E aceitou se encontrar comigo em
Nápoles sem que Vicenzo ou qualquer um da Cosa Nostra ficasse
sabendo.
— A senhora tem certeza que seu plano dará certo? - Luigi
falou, tenso.
— Eu preciso pensar no futuro do meu bebê, não existe outra
maneira de fazer isso - falo decidida.
— Eu estarei ariscando muito, senhora, Vicenzo agora é o
chefe, eu devo lealdade à família, porém meu coração diz que eu
devo ajudá-la.
— A polícia está vigiando a fortaleza, qualquer movimentação
suspeita eles podem atrapalhar. Então preciso que seja discreto e
eficiente.
— Não vão desconfiar da quantidade de sacos de lixo que
vamos tirar da casa diariamente?
— Não, eu tenho certeza que não, eles estão preocupados
com os integrantes da máfia e não com simples empregados.
— O senhor Vicenzo não voltou à fortaleza desde a prisão do
irmão. Mas o que garante que ele não vá descobrir o que estamos
fazendo?
— Sei que o plano é arriscado, eu não estaria pedindo isso se
não confiasse em você. Luigi, você é minha única chance de
conseguir tirar todo aquele dinheiro de lá. Eu farei de tudo para que a
culpa não recaia sobre vocês.
— Ainda assim eles darão falta do dinheiro.
— Sei que sim, por isso eu irei finalizar o plano com a minha
volta à fortaleza. Eu sei que o que estou pedindo é difícil, mas eu
pretendo recompensa-los, você, Carlota e Monalisa Receberão uma
bela recompensa pela ajuda. A chance de vocês dois, como um
casal, começarem uma vida longe daqui.
— Tudo bem, senhora, eu farei isso, não por dinheiro e sim
pelo bebê e pela senhora.
Emocionada eu me despedi dele e meu plano entrou em ação
eu precisava assegurar o futuro do meu filho. E a minha
sobrevivência longe daqui. Luigi com ajuda de Monalisa e Carlota.
Iriam colocar o dinheiro do porão em sacos de lixo e aos poucos
colocando do lado de fora da fortaleza, onde um dos homens de
Aslan iria recolher, usando disfarce. Ainda assim eu precisaria voltar
à minha casa, Vicenzo provavelmente culparia os funcionários da
mansão pelo sumiço do dinheiro, então eu precisava deixar claro que
fui eu que o peguei.

Semanas depois, meu corpo está dolorido, talvez pela


dificuldade que venho tendo para dormir. Falta pouco tempo para o
meu bebê nascer. Meu filho fica sempre agitado durante a noite e
ontem senti pequenas pontadas nas costas. O julgamento de Dimitri
será depois de amanhã. Como advogada eu sei que ele não tem
nenhuma chance de escapar de uma condenação. O mínimo que o
juiz decretará será uma sentença de trinta anos. Pelos jornais eu
acompanho toda a repercussão da sua prisão, a Itália está um
verdadeiro caos. A Cosa Nostra havia feito várias retaliações desde
a morte de um ministro, como também a explosão da sede do
parlamento. Porém, nem mesmo isso foi o bastante para liberar
Dimitri da cadeia.
— Já podemos ir — fala Godoy com um colete à prova de
balas pra mim.
— Isso não vai caber em mim — debocho olhando pra minha
barriga enorme.
— Eu não pensei nesse detalhe — diz sem graça.
— A polícia provavelmente está monitorando a fortaleza.
Assim que você chegar, nós vamos ter pouco tempo até eles
chegarem.
— Quanto tempo nós temos? — Questiono, arrumando meus
óculos escuros no rosto.
— Cerca de vinte minutos até eles chegarem — responde,
preocupado.
— Vai dar tempo, tem que dar tempo — digo, positiva.

Eu já sabia que Vicenzo não estava na fortaleza e sim em uma


propriedade no centro, que a polícia não conhece. Isso me daria à
chance de pegar tudo que eu queria. Policiais continuam à paisana,
tentando capturar mais mafiosos. Apenas os poucos funcionários que
sobreviveram continuam na casa. O carro para na frente da minha
casa e eu sinto meu corpo todo se arrepiar com todas as
lembranças que me vem à mente. Uso a senha para abrir o portão e
entro na fortaleza, apertando o cronômetro do meu relógio e o tempo
começa a contar. Godoy e alguns dos seus homens vão na direção
da pista de pouso preparar tudo. Outros dois apagam os polícias
que estavam escondidos do lado de fora.
Ao passar pela entrada de pedra eu olho para a fonte com um
leão encravado, o jardim e as minhas rosas, que agora estão sem
vida. Deixo a tristeza de lado e foco no meu plano. Abro a porta da
frente e olho exatamente para onde as câmeras estão. Caminho
para dentro acariciando minha barriga, já que meu filho está
chutando, agitado.
— Senhora, já estávamos preocupados — fala Carlota, me
abraçando.
— Você está linda – Fala, olhando para minha barriga.
— Obrigada, Carlota, vocês estão preparados? — Questiono
para saber se as malas com o que restou do dinheiro já estão
preparadas.
— Sim, senhora, Luigi está no porão agora
— Eu vou para o quarto pegar algumas coisas e já estarei
indo para o porão. Preciso saber como estão os animais.
— Guido comentou que querem levar os animais para um
zoológico na cidade já que o proprietário está preso. Parece que
estão querendo se apropriar das propriedades em nome do chefe
também.
— Não vou deixar que Hades e Perséfone sejam levados para
uma merda de zoológico.
Rapidamente eu subo as escadas até o terceiro andar, onde a
suíte e o quarto do meu filho ficam. Vou direto ao quarto do meu filho
e lágrimas caem do eu rosto quando eu penso nas tantas vezes que
o imaginei aqui e agora sei que nunca irá acontecer. Pego o leão de
pelúcia que fica dentro do berço, sabendo que o meu tempo está
corrido eu vou direto para o meu quarto. Pego minha caixa de joias e
todos os relógios e abotoaduras de ouro de Dimitri. Antes que eu
saia do quarto, sinto uma pontada forte na barriga.
— Calma, filho — digo com a voz baixa e saio do quarto com
dificuldade para descer as escadas.
Assim que entro no escritório Luigi já me espera.
— Está tudo pronto, o helicóptero já está ligado.
— A sua parte do dinheiro está na sua casa, junto com as
passagens e a chave de uma propriedade em Cancun, no México.
Não esqueça que você e Carlota precisam sair da Itália. Obrigada,
Luigi, por tudo que você fez por mim.
— Não tem o que agradecer, senhora, foi uma honra servir à
senhora — diz, eu não aguento e o abraço, nessa hora Monalisa
entra e me abraça também. E então eu sinto minha calça molhar.
— Agora, não filho — digo nervosa, me dando conta que
minha bolsa estourou.
— Senhora, o bebê vai nascer.
— Ainda não está na hora — digo, sentindo uma pontada
forte.
— Precisa ir ao hospital — fala Luigi, nervoso.
— Ainda não preciso, seguir o plano — falo firme, sentindo a
contração.
— Vá, a senhora precisa sair logo e ir ao hospital — fala
Carlota e então eu olho mais uma vez para os dois, me despedindo.
Entro no cofre, indo direto para onde as malas de dinheiro
estão prontas, as contrações começam a ficar ritmadas. Eu forço a
porta que leva ao jardim, abrindo-a e encontro rapidamente um dos
homens de Aslan com Diana, namorada de Godoy, e também uma
ótima atiradora de elite, que está nos ajudando na fuga.
— Vamos, rápido — digo, gemendo de dor.
Carregado duas malas de rodinha e sentindo muita dor eu
saio do porão em direção ao helicóptero de Dimitri, o modelo Bell
525, que tem capacidade para levar até dezesseis pessoas. Além de
ser incrivelmente veloz.
— O que aconteceu com você? — Pergunta Godoy já com os
fones dentro do helicóptero.
— A bolsa estourou, meu filho vai nascer – digo, entrando no
helicóptero com muita dificuldade devido à dor.
— Vamos levá-la ao hospital, Diana — fala Godoy.
— Nada disso, se eu for para algum hospital aqui em Palermo
eu serei ineditamente reconhecida, precisamos sair da cidade e
seguir o plano!! — Grito gemendo de dor e logo todas as malas
estão dentro do helicóptero.
Godoy dá partida no helicóptero e saímos da fortaleza
ouvindo as sirenes da polícia chegando.
— O que vamos fazer? Você precisa de um hospital. — Diz
Godoy, nervoso
— Vamos para Calábria, me levem para um hospital de lá,
não fica muito longe.
— Não sei se dará tempo — diz Diana e então eu sinto uma
pontada tão forte que meu grito sai rasgando minha garganta.
Descido tirar a calça com sua ajuda, os outros seguranças estão
todos horrorizados com a cena.
— Eu acho que ele vai nascer! — grito, chorando e sentindo
uma vontade enorme de fazer força.
— Eu não sei fazer um parto — ela fala, nervosa, se
desesperando.
Seguro em seu braço com força e digo.
— Fica calma, eu preciso de você!
Faço força deitada sobre os bancos de couro do helicóptero.
Meu corpo está suado e a dor é intensa.
— Vamos lá, faça força — ela fala, um pouco mais calma.
Eu faço toda força que consigo uma, duas, três e quando é a
quarta vez eu o sinto sair.
— Ai, meu Deus, ele nasceu! — Diana grita, eu choro aliviada,
ouvindo o choro do meu filho.
— O garoto quis nascer na Sicília! — grita Godoy, todos
comemorando aliviados.
Diana o enrola em uma toalha, em seguida usa o seu casaco
de lã preto. E então me entrega o meu filho em meus braços. Seus
cabelos são escuros como o do pai, cada pedacinho do seu rosto
me lembra dele, mas quando seus olhos se abrem eu vejo a
imensidão do azul.
— Seja bem-vindo, meu pequeno Maximiliano.
Dois meses após meu julgamento estou enjaulado como se
fosse um animal. Enquanto isso, dentro de mim apenas o ódio
cresce.
Fui transferido para uma penitenciária de segurança máxima
em Bolonha. Aqui, sou vigiado por câmeras vinte e quatro horas por
dia. Mas, isso me não impediu de elaborar um audacioso plano de
fuga. Eu sairei da cadeia e vou atrás de Katharina e do meu filho,
que a hora já deve ter nascido. Ainda tem o dinheiro que ela me
roubou. E pensar que critiquei Arturo por ter sido enganado por
Verônica. Agora estou aqui, preso atrás dessas grades enquanto ela
desfruta do meu dinheiro e da liberdade. Por mais que eu tente odiá-
la com todo o meu ser, eu sigo amando aquela mulher.
— Maldita! — Grito, frustrado por sentir tanta saudade. Fecho
os olhos com o sentimento angustiante, ainda sem conseguir dormir.
Falta pouco para o túnel ficar pronto. O meu plano de fuga
foi bem arquitetado. Vicenzo foi atrás de um grande engenheiro, Vito,
um genovês que agora o ajuda com os detalhes finais da minha fuga.
Um avião já está preparado para me levar para Inglaterra,
pois vou precisar sair da Itália, apenas por enquanto. Pelo menos até
conseguirmos um acordo com Sergio Mattarella, presidente da Itália.
Eu tenho muito cuidado, porque o velho não é burro para se envolver
com a Cosa Nostra a troco de nada. Isso me custará caro, afinal.
Entretanto, para que a Cosa Nostra sobreviva, farei o que for
preciso.
Vicenzo se mudou para Roma, de onde ele organiza e
comanda todos os negócios da família. Vitório, o maldito capitão, foi
encontrado em seu apartamento enforcado. Não sem antes ter
escrito uma carta de suicídio dizendo que era um corrupto e não
aguentava mais a culpa por seus pecados. O desgraçado estava
morto, assim como decretei. Já o promotor Andreotti sofreu um
grave acidente de carro e capotou três vezes, pois os freios do seu
Mercedes estranhamente não responderam. Ele até chegou vivo no
hospital, mas acabou tendo uma parada cardíaca e faleceu.
O juiz que me condenou, esse está vivo, mas sua reputação já
era. Ele pediu sua aposentadoria antes da hora, após fotos dele com
seu amante vinte anos mais jovem que ele serem divulgadas. Todos
aqueles que ousaram ir contra mim, estão pagando caro, porém,
aquele que eu gostaria de ter o prazer de esmagar sumiu do mapa.
Dante foi pego por Aslan e a Bratva o levou para a Rússia e
provavelmente a essa hora, já está morto. Tenho certeza que se tem
alguém sabendo onde Katharina está é Aslan. Ele deve estar
mantendo a irmã protegida e longe do alcance da Cosa Nostra. Mas
eu estou prestes a sair daqui e, bella mia, se esconda bem, meu
amor, porque a Besta está pronta para te caçar. Na manhã seguinte,
eu risco a parede mais um dia. Porque em menos de uma semana o
túnel fica pronto e eu estarei livre desse maldito lugar.
— Dimitri Salvatore Rinna! — O guarda chama.
— Hoje não é dia de visita, Nestor. — Digo com descaso.
— O diretor quer falar com você agora. — Ele nem olhar pra
mim. Todos me temem aqui dentro, pois sabem que com apenas um
deslize, posso acabar com eles.
Sou algemado e levado pelo corredor até o a sala do diretor.
Assim que a porta e aberta, eu posso ver o maledeto do Malone,
sentado em sua cadeira, me encarando um tanto aflito.
— Espero que tenha um motivo importante para impedir meu
banho de sol.
— Bem… eu não queria incomodá-lo, mas não tenho boas
notícias. — Ele pega um lenço e limpa o suor que escorre pelo seu
rosto.
— Eu não tenho paciência pra enrolação, então seja direto!
— Você será transferido hoje para a penitenciária de Nápoles.
— Ele engole em seco.
— Como assim transferido?! Que é merda é essa?! —
Enfurecido, penso na minha fuga.
— Eu sinto muito, a ordem veio direto do ministro da Justiça.
— Eu não posso ser transferido pra Nápoles, meus
advogados já sabem disso?! Eu quero falar com meu irmão! —
Ordeno.
— Eu sinto muito, mas não tenho muito o que fazer. — Fala e
em um acesso de raiva, eu o puxo pelo colarinho fora de mim. —
Você vai se virar para adiar a minha transferência ou nós sabemos o
que pode acontecer com a porra da sua família! — Digo amargo e o
solto, saindo da sua sala descontrolado. Essa merda não pode estar
acontecendo, não agora! Falta menos de dois quilômetros para o
túnel ficar pronto.
Horas mais tarde, continuo sem conseguir falar com o filho da
puta do Vicenzo. O meu advogado veio até a prisão, mas não
conseguiu impedir minha transferência. Eu estava ferrado. Meu plano
de fuga tinha acabado de ir para o ralo.
— Nós daremos um jeito, chefe. — Diz um dos dois
advogados que cuidam do meu caso.
— Eu estou começando a achar que vocês dois já não servem
mais pra mim. Talvez esteja na hora de trocar de advogados.
— Nós vamos pedir sua volta para cá antes de cinco dias,
prometo, chefe — O advogado fica aflito.
O carcereiro me encaminha até a saída onde um ônibus nos
aguarda. Dois carros de polícia nos escoltariam. Outros seis presos
também seriam transferidos, juntos comigo. Dois deles são membros
da Cosa Nostra e os outros quatro, condenados à prisão perpétua
por assassinato. Algemado nas pernas e nos braços fui encaminhado
até o ônibus, dois guardas estavam a postos, ao lado da porta e
outros dois do lado de dentro. Sento em meu lugar e logo todos os
prisioneiros estão prontos para sair. Observo os agentes
conversarem entre si enquanto eu procuro pensar no que fazer agora
que estou sendo transferido. Começar uma escavação na nova
prisão vai leva tempo e um novo plano de fuga, tempo esse que não
tenho. Preciso sair daqui o quanto antes e ir atrás de Katharina.
Conforme o carro avança em direção a autoestrada, alguma
coisa me deixa em alerta. Olho ao redor e tudo que eu vejo é o
comboio que nos acompanha. Fecho os olhos e encosto minha
cabeça no vidro do ônibus tentando ficar calmo e pensar em uma
nova estratégia. O som de carros correndo me chama atenção. Olho
para o lado de fora do ônibus e vejo seis Ferrari pretas vindo em
nossa direção em alta velocidade. Os policiais ficam apreensivos,
olhando para o lado de fora. É quando um tiroteio começa. Confuso,
eu me pergunto se isso é algum plano de Vicenzo para me tirar da
prisão ou algum dos meus inimigos vindos para acabar comigo.
Os tiros são em direção ao comboio da polícia. Razão pela
qual o motorista do ônibus acelera, porém, na nossa frente entra
uma das Ferrari, fazendo com que ele seja obrigado a diminuir a
velocidade. Eu acabo batendo a cabeça na janela no exato segundo
que um dos carros da polícia capota e o outro é alvejado por dois
dos carros. Os policiais dentro do ônibus já estão com as armas em
mãos, prontos para um possível confronto. É quando, em nossa
frente, um homem de preto joga no meio da estrada uma fita de
pregos. Não tenho nem tempo de me segurar quando o ônibus
capota em alta velocidade.
Meu corpo é arremessado contra o vidro, fazendo estilhaços
cortarem minha perna e minha cabeça bater contra um ferro. Minha
visão fica embaçada, meu corpo todo dói. Nesse meio tempo, um
dos criminosos tem sua cabeça decepada pelo vidro. O motorista do
ônibus está desacordado, provavelmente morto. Em meu ouvido há
um eco surdo, barulho de freadas do carro misturados com os gritos
de um dos polícias ferido e outro preso. Eu tento me arrastar pra
fora do ônibus, mas algemado é difícil. Ouço passos em nossa
direção. O corte em minha coxa direita sangra e para piorar, tenho
dificuldade para enxergar, com a visão embasada e a cabeça zonza.
Os passos ficam mais próximos e ouço tiros sendo disparados atrás
de mim. Eu não tenho tempo de escapar. Dois homens me cercam
do lado de fora do ônibus. Tento reconhecê-los, porém não consigo.
De repente, uma arma é apontada pra mim, mas eu não tenho tempo
de reagir. O tiro e disparado e tudo fica escuro.

Acordo com a cabeça latejando e muita dor no corpo. O som


de gaivotas me faz despertar e o cheio do mar vem ao meu nariz.
Rapidamente eu abro os olhos confuso e um tanto zonzo. Flashes de
memória parecem piscar na minha mente. A minha transferência, o
ônibus capotando e em seguida o tiroteio. Por um segundo eu achei
estar morto. Tonto, eu me sento e noto que estava deitado na areia e
o corte em minha perna está suturado. As ondas do mar batem na
praia. Desorientado, não consigo lembrar como vir parar aqui. Estou
descalço e usando roupas comuns, não a da penitenciária. Penso
que se isso foi armação do Vicenzo, eu o farei pagar caro! Que
merda ele tinha na cabeça?!
Levanto cambaleante e olho ao redor tentando me localizar
mesmo em meio a dor. A praia parece deserta, não me lembro de
nenhuma praia na Sicília parecida com essa. Que lugar é esse? Vou
em direção à água e lavo meu rosto com a água gelada do mar e
tento melhorar a tontura, o que parece ajudar.
— Caralho, onde eu estou? — Tento entender o que
aconteceu, ou melhor, o que está acontecendo.
Sem obter nenhuma resposta racional, eu decido descobrir
por mim mesmo. Caminho em direção à praia em busca de alguém
ou alguma construção. Ando sentindo meu corpo ainda fraco. Não sei
que tipo de droga me deram, mas foi algo pesado. Provavelmente
usaram uma arma tranquilizante. Ando por cerca de meia hora e não
vejo ninguém, começando a perceber que estou em uma ilha talvez
deserta. O sol começa a se pôr e eu me preocupo se conseguirei
enxergar durante a noite.
Cansado e com a cabeça latejando, eu começo a ter
alucinações. Ao longe eu vejo uma silhueta, mas não é qualquer
silhueta, ela me lembra de Katharina. Eu só posso estar exausto.
Continuo andando em sua direção, ainda incerto do que estou vendo.
Seus cabelos loiros refletem o sol que se põe. Ela não pode
me ver, está de costas olhando para o mar. Eu devo estar em algum
sonho. Talvez eu esteja morto ou em coma. Tudo não passa de
ilusão da minha mente para me castigar, me fazendo lembrar do que
eu nunca poderei ter. Eu continuo caminhando até ela a cada passo
que eu dava meu coração parecia que ia explodir. O vento balança
seus cabelos, sinto seu cheiro de rosas e vejo que o vestido branco
que ela usa está com as pontas molhadas. Até mesmo sua pele
parece brilhar. Eu só posso estar morto. Lágrimas começam a
escorrer dos meus olhos. De saudade, de dor, de tristeza, de
abandono.
Continuo caminhando até ela mesmo sabendo que tudo não
passa de uma miragem. Meus passos são desesperados, pois,
mesmo que seja apenas um sonho, eu preciso vê-la, preciso trocá-la,
preciso dela. A minha rosa. Eu corro em sua direção como um
viciado em busca de mais uma dose da sua droga e assim que meus
passos são ouvidos por ela, Katharina se vira e então eu desmonto
em um pranto profundo.
— Você demorou muito, amore mio. — Ela segura um bebê
no colo. É o nosso filho. Eu desabo no chão, de joelhos e choro
abraçando a sua cintura emocionado.
— Eu senti tanto medo de nunca mais ver você, de não
conhecer nosso bambino. — Olho para eles emocionado.
— Nós estamos aqui, eu disse que iria te esperar, amor. —
Ela chora e me abraça, sorrindo em meio às lágrimas.
Levanto meu rosto e olho para o meu filho, sentindo meu peito
queimar.
Meu filho, meu filho com Katharina. Nesse minuto, um amor
absurdo toma conta de mim. Ele é a coisa mais linda desse mundo.
Seus cabelos ralos são escuros e seus olhos são azuis como o mais
lindo dia de sol. É tão perfeito.
— Maximiliano, esse é seu pai, meu amor — ela o mostra
para mim. Meu filho, sorri com a mão na boca, para mim.
Katharina o entrega para mim e eu pego o pequeno nos
braços, desajeitado. Como em uma lufada de vento, sinto como se a
vida tivesse voltado para mim.
— Se isso for um sonho, eu não quero acordar. — Estou
encantado.
— Você não está sonhando. Nós estamos aqui com você, meu
amor. E agora ninguém mais vai nos separar. — Ela olha em meus
olhos e eu faço o que queria fazer desde o primeiro segundo que a
vi.
Eu a beijo de maneira apaixonada. Com saudade, com paixão,
com amor.
— Eu pensei que você tinha me deixado, eu pensei que você
tinha fugido… — fico nervoso e não é para menos.
— Calma, eu vou te contar tudo, mas agora você precisa
descansar. Eu pedi para Aslan te trazer direto pra mim, mas, pelo
visto, ele quis te sacanear e te deixou do outro lado da ilha. — Ela ri
e então me dou conta, sem acreditar, que tudo foi obra dela.
Katharina me leva até uma tenda branca no meio da praia,
onde ela coloca nosso filho sobre a espreguiçadeira confortável e se
senta enquanto eu faço o mesmo, sentando de frente para ela, ainda
em choque por tudo que aconteceu. O nível de inacreditável estava
além do que eu podia dar conta.
— Você precisa me explicar o que aconteceu, porque nada tá
fazendo sentindo para mim. — Fico sério, me lembrando das
palavras de Vicenzo.
— Após a sua prisão, eu corri para o centro de Palermo.
Estava exausta e a polícia estava por todos os lados. Me vi perdida,
sozinha, com medo de nunca mais te ver. Tive medo que você tivesse
sido baleado ou pior, tivesse morrido. Eu não tinha para onde ir, só
pensava no nosso filho. Nosso bambino não merecia nascer na
prisão, não suportaria ter meu filho arrancado de mim.
— Como conseguiu se esconder de Vicenzo? Ele te procurou
por meses!
— Eu fui até o restaurante do seu amigo, pois estava perto de
lá e me lembrei que você comentou que ele morava aos fundos. —
Ela segura a minha mão e em seus olhos posso ver sinceridade.
— Domenico e sua esposa me ajudaram. Logo eu liguei pra
Aslan e ele mandou seu amigo vir me buscar e me proteger até que
ele chegasse.
— Você estava na Rússia então? Eu imaginei que Aslan
estava te escondendo.
— Eu poderia ter ido para lá e confesso que foi bem difícil
convencer Aslan a me deixar na Itália. Entretanto, na minha cabeça,
eu não poderia sair da Itália, não sem que nosso filho tivesse
nascido. — Ela sorri e olha para nosso filho, que segura um
brinquedo na mão.
— Então você ficou em Palermo todo esse tempo escondida!
Por isso pegou o dinheiro! Eu poderia ter saído daquele julgamento
se não fosse por você ter pegado o dinheiro! — Afirmo, me sentindo
traído.
— Olha pra mim! — Katharina levanta meu rosto para si,
acariciando o pequeno corte do lado esquerdo onde bati no vidro. —
Eu sou uma advogada, estudei seu caso enquanto aguardava o
julgamento. Não havia saída para você Dimitri. Mesmo subornando o
júri, seria impossível sair livre sem uma condenação.
— Vicenzo e o advogado disseram...
— Eu sei, mas eles estavam errados. Não podia te perder! —
Ela fala, e volta a chorar, então eu abraço forte seu corpo contra o
meu.
— Eu te amo, bella mia, mais que qualquer coisa nesse
mundo! Sofri como um louco só de pensar que você não me amava
mais.
— Eu jamais te abandonaria! Eu te amo, Dimitri, amo tanto
que decidi usar o dinheiro que você guardou para te trazer pra mim,
de modo que possamos reconstruir as nossas vidas, juntos.
Eu puxo seu rosto para mim e a beijo como um louco sedento.
Beija-la é como sentir um pedaço do paraíso. Só ao seu lado eu me
sinto em casa.
— Você me perdoa? — Quando interrompemos o beijo, já
sem fôlego, ela me olha.
— Eu não tenho o que perdoar, Katharina, você apenas
provou mais uma vez a mulher especial que você é. Mesmo sendo
louca por ter se arriscado dessa forma. — Digo bravo e ela ri.
Nesse momento, me dou conta de como senti falta da sua risada.
— Eu não seria Katharina Castelaresi Rinna se não arriscasse
tudo para salvar o meu amor. — Ela soa orgulhosa e eu me sinto o
homem mais foda do mundo por ter ela e meu filho aqui comigo.
— Posso saber onde estamos, bella mia? — Fico curioso
com o que ela planejou.
— Ilhas Maldivas. Afinal, senhor Rinna, você me deve uma
inesquecível lua de mel.
— Prometo fazer cada dia daqui pra frente ser inesquecível
para nós.

Ainda é difícil acreditar que o meu plano maluco deu certo.


Quando Aslan me avisou que o ônibus onde Dimitri estava capotou,
senti minhas pernas tremerem e o terror tomar conta de mim. As
horas seguintes foram uma tortura e eu só fiquei calma quando fui
avisada que eles tinham deixado à Itália e Dimitri estava vivo. Eu
pensei em esperá-lo na nossa casa, mas quando soube que ele
estava na praia eu não consegui esperar por estar ansiosa demais
para vê-lo e ter a certeza que ele estava bem. O homem que amo
estava aqui na minha frente, visivelmente mais magro e abatido, mas
vivo e do meu lado.
— Vem, eu quero te mostrar a casa e amanhã você pode
conhecer o resort.
— Resort, como assim? — pergunta confuso enquanto
caminhamos de mãos dadas, pelo caminho de flores, que leva até a
casa que ele tinha comprado.
— Do outro lado da ilha tem um grande resort, o qual comprei
para que possamos administrá-lo e recomeçarmos nossa vida aqui,
nas ilhas Maldivas. Afinal, para todos os efeitos, você está morto e a
Itália já não é um lugar seguro para o nosso filho. Dimitri me olha
com várias perguntas martelando em sua mente e minhas palavras
parecem fazê-lo refletir.
— Vamos, nós podemos conversar sobre isso depois. — O
levo para a entrada da bela casa de praia. Ela é cinza com a
fachada toda de vidro e vista panorâmica do mar. Construída em
cima das pedras, não é tão grande quanto a fortaleza, mas talvez
isso seja o que a deixa mais acolhedora para uma pequena família.
— A casa é mais bonita pessoalmente do que vi por fotos —
ele fica admirado. Eu sorrio, o levando para dentro.
— Filha, o jantar já está pronto. — Fala Ivana.
— Obrigada, o convidado especial já chegou. Pode dar banho
em Maximiliano para mim?
— Claro. É um prazer dar banho nesse príncipe — ela sorri e
pega Max de mim.
— Vem, você precisa de um banho e depois descansar. —
Levo Dimitri para o segundo andar, onde fica a nossa suíte.
Confesso que fiquei ansiosa, fazia tanto tempo que não o via. Sentia
falta dos seus beijos, dos seus toques. Assim que abro a porta, ele
me puxa pelo braço, tirando meu fôlego, e me pressiona contra a
parede, me beijando.
— Senti tanto a sua falta, bella mia. — diz com a voz rouca e
me beijando loucamente.
— Eu também estava enlouquecendo sem você! — gemo ao
senti-lo rasgar o topo do meu vestido e deixar meus seios à mostra
— Eles estão maiores.
— Digamos que meu corpo está um pouco diferente depois da
gravidez — fico constrangida com as estrias e quadril avantajado.
— Como pode ficar ainda mais gostosa? — Dimitri aperta a
minha bunda, me fazendo sentir a dureza do seu pau contra mim.
— Você precisa descansar, podemos fazer isso depois. —
Olho em seus olhos preocupada com seu ferimento na perna, afinal,
ele sofreu um acidente e eu estou aqui tão excitada que esqueci do
fato dele ainda está fraco.
— A única coisa que eu preciso é fodê-la. Eu posso morrer se
não fizer isso logo. — Ele desce o resto do meu vestido, me
deixando apenas de calcinha branca na sua frente.
Dimitri acaricia minha pele, tocando e cada uma das minhas
marcas, se abaixa e aperta a minha bunda dando um tapa forte e eu
gemo em resposta. Seu rosto se afunda em minha calcinha e eu
tremo, toda arrepiada e louca pra senti-lo.
— Senti falta do seu cheiro e do sabor da sua boceta! — Ele
beija minha boceta por cima da calcinha. Fecho os olhos tentando
não gritar, mas quando ele puxa a calcinha para o lado, dando uma
lambida, um gemido alto rasga minha garganta.
Eu estava praticamente me esfregando na sua cabeça.
— Eu posso sentir seu cheiro doce — Seus dedos separaram
os lábios da minha boceta e sua língua ataca diretamente meu
clitóris. Dimitri segura minha coxa no seu ombro e chupa com
loucura.
— Dimitri, oh...
— Sua boceta está encharcada, amore mio. — Ele fala
assoprando meu clítoris e faz movimentos sincronizados com a
língua, me fodendo com seus dedos.
Grito, gozando fortemente, sentindo meu corpo ficar mole e
Dimitri chupa todo meu gozo, me fazendo sorrir apaixonada.
— Eu quero seu pau em mim, Boss.
— Eu vou te dar muito pau, bella mia, vou deixar essa boceta
inchada.
Ele me puxa até o tapete de pele no chão e eu nem tenho
tempo de o ver tirando as calças. Dimitri me invade, me fazendo
gritar. A dor misturada com o prazer me leva ao êxtase, sua boca
beija a minha e eu arranho seu braço, descontrolada. As estocadas
são duras, selvagens e precisas.
— Porra, você está muito apertada. — Ele chupa meu
pescoço.
— Faz tanto tempo… — gemo sentindo o orgasmo se
construir dentro de mim.
Todo meu juízo se vai quando ele ergue as minhas pernas em
seu ombro e arremete seu pau, me levando ao limite.
— Você é minha, Katharina, toda minha! — ele ruge feito uma
besta selvagem e acelera os golpes em busca do seu prazer e
nossos gemidos se misturam.
Fecho os olhos tremendo e ele goza, desabando sobre mim.
Nesse momento, agradeço ao médico que me acompanhou após o
parto de Maximiliano por ter me recomendado o implante
anticoncepcional. Porque pela quantidade de gozo, provavelmente eu
já estaria grávida.
— Vamos tomar um banho, você esgotou as minhas energias,
marido. — Rio e me levanto com sua ajuda.
Nós optamos por usar o chuveiro. Dimitri ensaboa meus
cabelos, acariciando meu pescoço e não tem como não ficar
excitada com as mãos desse homem sobre mim.
— Você já está pronta para mim, querida — o safado esfrega
seu pau já duro na minha bunda.
— Eu sempre estou pronta para você, Boss! — o provoco e
ele segura seu pau esfregando na minha boceta por trás.
— É bom saber disso, porque eu pretendo passar muito
tempo dentro de você. — Seu hálito quente em meu pescoço me
provoca arrepios alucinantes. Solto um leve gemido, querendo tomar
fôlego. Com a mão esquerda ele puxa meus longos cabelos para o
lado enquanto beija minha nuca.
Posso sentir sua respiração acelerada e seus lábios
molhados. Me segura pela cintura me fazendo sentir seu pau
roçando minha bunda. Não preciso dizer nada. Dimitri esfrega seus
dedos na minha entrada anal e eu me arrepiei toda em expectativa.
O chuveiro é desligado eu me inclino para melhorar seu acesso e
então ele vai lentamente me alargando com seu pau. Empino a minha
bunda enquanto ele me segurava firme pela cintura e força para
colocar tudo dentro. Até senti suas bolas batendo em mim.
— Ah, isso, não para! — Grito e então ele soca até o final.
Dói e ao mesmo tempo é tão gostoso, é um prazer único. Dimitri
começou a socar com vontade e seus dedos na minha boceta me
levam ao delírio e gozo mais uma vez. Sinto explosões de espasmos
que irradiam por todo meu corpo, me causando arrepios, me
deixando de pernas bambas.
— Ahh, gostosa!! — Dimitri grita, gozando no meu rabinho,
enquanto eu tento que me apoiar na parede para não cair.

Nós tomamos banho juntos e depois eu troco o curativo de


Dimitri, que tinha sangrado com toda a agitação. Eu faço questão de
aparar sua barba que estava enorme. Suas roupas estavam todas no
nosso closet, junto com os relógios que peguei na fortaleza.
— Agora tudo faz sentido. Quando Vicenzo disse que você
tinha levado até mesmo meus relógios fiquei confuso. Falando nele,
preciso avisar que estou vivo e que escapei.
— Tem razão, ele deve estar preocupado, mas o melhor é
esperar a poeira baixar. Aslan levou um cadáver parecido com você
e deixou dentro do ônibus para depois o incendiar. — Nessa hora, a
imprensa Itália deve estar noticiando a sua morte.
— Você planejou todos os detalhes. — Ele me olha admirado
enquanto eu escolho uma saia longa branca com uma blusa azul.
Dimitri passa seu perfume e eu preciso de ser forte e resistir
à vontade de sentar nesse homem. Ao menos por algumas horas,
penso comigo.
— Você está linda, bela rosa. — diz, me puxando.
— Nós precisamos jantar daqui a pouco porque o pequeno
Max vai começar a chorar, querendo mamar.
— Então vamos, minha cara, já estou ansioso para vê-la
amamentar meu herdeiro. — Ele sorri e meu coração acelera. Me
vejo mais apaixonada nesse homem.
Nós descemos as escadas e encontramos Max já de banho
tomado no carrinho de bebê, segurando o seu leão de pelúcia com
Ivana conversando com ele.
— Tem um rapazinho bravo querendo a mamãe. — Ela dá um
sorriso e eu rio me aproximando do carrinho, pegando meu pequeno
nos braços.
— Você está com fome não é, meu amor. A mamãe está aqui
e seu papai também. — Sento no sofá com Dimitri ao meu lado.
Seus olhos brilham encantados com nosso filho, que assim que vê
meu peito, o abocanha faminto.
— Ele costuma mamar assim? — ele pergunta, assustado.
— Ele é um esfomeado, como o pai. — Acaricio os fios
negros da sua cabecinha.
— Quero saber tudo sobre ele. Me conta como foi o parto,
onde ele nasceu, como foram os primeiros dias.
Sorrio, me lembrando que Max não esperou a mãe dele
chegar em um hospital e nasceu dentro do helicóptero do pai.
— É uma longa história. Você não vai acreditar no que seu
filho aprontou — Olho rindo para nosso bebê.
— Nós temos todo tempo do mundo a partir de agora. Não
existe nenhum lugar onde eu queira estar do que aqui com vocês
dois.

Oito meses se passaram desde que cheguei na ilha. Deixar


o comando da Cosa Nostra não foi algo fácil pra mim. Afinal, meu
lado mafioso e sádico sempre vai precisar da emoção da adrenalina.
Porém, existe algo mais importante do que a Cosa Nostra, mais
valioso pra mim. É a minha família. Katharina e meu filho. Por eles,
eu decidi deixar o comando da organização nas mãos de Vicenzo,
agora o chefe da Cosa Nostra. É claro que ainda mantenho alguns
negócios obscuros, porém, tenho dedicado meu tempo ao resort e
passá-lo mais com a minha família.
Katharina me ajuda na parte da manhã e à tarde ela fica com
nosso filho na nossa casa do outro lado da ilha. Também descobri
que ela conseguiu tirar Hades e Perséfone da Itália e os levou para
um refúgio na África do Sul. Confesso que quando os vi depois de
meses, era minha vontade trazê-los para casa, porém, eu percebi
que aqui não era o lugar deles. Perséfone nunca tinha ficado prenha
em cativeiro, mas no refúgio ela está esperando seus primeiros
filhotes. Saber que Guido, o tratador que cuidou deles desde filhotes
é o responsável pelo refúgio me deixou mais aliviado. Hades agora
corria livre e seguro ao lado da sua fêmea. E outros leões também
seriam ajudados pela fundação que Katharina fundou.
— Onde eu coloco esses balões?
— Lá em cima, amor. Eu já falei: os amarelos são ao lado dos
verdes. — Katharina veste sua roupa curta, estilo safári.
— Eu não gostei dessa roupa. Não pode escolher uma maior?
— Nem pensar. Escolhi essa especialmente para o tema do
aniversário do nosso filho. E você vai se trocar daqui a pouco porque
os convidados estão chegando.
— E sério que eu preciso vestir aquilo?
— Se você quiser que nós terminemos nossa noite no
calabouço 2.0 é melhor ir se trocar.
— O que eu não faço por você, Katharina?
— Não demora — ela ri e vira as costas, indo até a
decoradora que termina os últimos detalhes da decoração Safari do
aniversário. Talvez eu possa ter exagerado um pouco para uma festa
para apenas poucos convidados, mas meu filho só irá fazer um ano
uma vez na vida, então ele merece o melhor.
Visto a roupa ridícula que Katharina escolheu e vou até o
quarto do meu pequeno, brincando com seus brinquedos no chão. —
Papa — ele grita, engatinhando até mim assim que me vê abrir a
porta.
— Você está aí, meu pequeno imperador, papai veio te buscar
— beijo as suas bochechas gordas e ele ri sentindo cócegas.
— Eu já o deixei prontinho pra festa — Ivana aparece. No
começo, não me sentia confortável com sua presença aqui, mas com
o tempo, eu percebi o amor que ela tem por Katharina e pelo meu
filho. Assim, ela se tornou indispensável e parte da família.
— Então vamos descer que senão sua mãe vai matar seu pai
— rio e meu moleque só ri, como se se entendesse o que eu digo.

A festa está toda montada no jardim. Katharina convidou


apenas as pessoas mais próximas a nós. Aqui nós não usamos o
sobrenome Rinna e sim Salvatore para não levantar nenhuma
suspeita de hóspedes ou funcionários. De qualquer forma, temos
documentos novos e Daniela conseguiu adulterar nossas digitais no
banco de dados.
Do lado de fora, eu vejo Vito Genovese com sua esposa e sua
filha. Vicenzo está de costas para mim conversando com Katharina.
Damon com uma taça de champanhe nas mãos. Giuliano Sacra ainda
está preso, assim como outros membros da máfia. Mas Vicenzo está
negociando um acordo com o presidente para afastar de uma vez
por toda a polícia da cola da máfia. Luigi com Carlota agora já
casados e morando na Grécia, onde ambos têm um pequeno
restaurante.
— Olha quem chegou! O tio mais lindo que você tem! — Aslan
segura um grande embrulho vindo de braços abertos em direção ao
meu pequeno traidor, que dá os braços rindo para o tio.
— Sério isso, filho? Não seja tão fácil só porque ele tem um
presente na mão — finjo estar bravo e Max apenas ri tentando pegar
o embrulho da mão do tio.
— Você está atrasado, Aslan, pensei que iria chegar ontem.
— Bem, é que aconteceram algumas coisas… — ele diz
nervoso e só então eu percebo que ele não está sozinho. A garota
de cabelos castanhos envergonhada atrás dele parece que vai
desmaiar.
Eu olho para Katharina e ela segue meu olhar pegando Max
nos braços, olhando para o irmão com aquela cara que me diz: conta
logo tudo.
— Esta é Anastasia Pavlov Valeri Castelaresi, minha esposa.
— Aslan, a contragosto a apresenta, como se a jovem, agora sua
esposa, tivesse uma doença terrível.
— O que? Como assim? Espera, quando foi que você se
casou e eu não fiquei sabendo?! Pior, eu não fui convidada! —
Katharina está indignada e eu rio por dentro sabendo que ele está
em mais lençóis.
— Você só pode estar brincando comigo! Primeiro, Vicenzo
joga uma bomba, agora você! — Ela gesticula muito e logo se cala
ao ver o olhar assustado da jovem.
— Podemos conversar lá dentro? — Aslan fica envergonhado.
— Querida, venha comigo que irei te mostrar a casa —
Carlota percebe o clima.
— Fica com o Max para mim que eu preciso ter uma conversa
séria com o meu irmão — ela me entrega nosso filho e leva Aslan
para a lateral do jardim.
— É, meu filho, mais um membro da família algemado e por
isso você precisa curtir muito antes de encontrar a garota certa. —
Beijo seu rosto e noto que Vicenzo parece tenso na mesa das
bebidas.
— Pela sua cara a coisa não anda bem na Cosa Nostra. —
Vou até ele.
Vicenzo coloca o copo na mesa e senta ao meu lado
angustiado: — O tempo passou tão rápido, esse carinha já tem um
ano — ele pega nas mãos de Max.
— Sim, mas eu tenho que dizer que esses foram os meses
onde eu estive mais feliz em toda minha vida.
— Eu posso ver o quanto eles te fazem bem. A russa
realmente conseguiu domar a Besta. — Ele ri, mas seu riso mais
parece uma carranca. Talvez o que se transforme em pranto.
—Tem notícia do quadro de Chaise? — Tentando saber se é
por conta dele não ter acordado, mesmo depois de tanto tempo, que
o fez estar tão estranho.
— Ele continua em coma. Provavelmente não irá acordar
mais, pois já faz muito tempo. Mas isso não importa não agora.
— O que quer dizer com isso?
— Eu aceitei o acordo com o presidente da Itália. A maior
parte dos negócios da Cosa Nostra passarão a ser legais. Apenas
as drogas e armas continuarão ilegais, é claro, porém, o governo
fará vista grossa com nossas transações, desde que eu aceite o
acordo com ele.
— O que ele ganhará em troca de nós ajudar?
— Uma parte do lucro e quando seu mandato acabar,
participação ativa nos negócios. Assim, passarei pra ele todos os
negócios da família Bruschetta e me casarei com sua filha Paola.
— Como assim se casar? Que história é essa, Vicenzo?
— Eu não posso viver a minha vida em função de uma pessoa
que não está aqui. O dever com a Cosa Nostra sempre vira em
primeiro lugar, ao menos até o pequeno Maximiliano crescer, não é
Max? — Ele aponta para o meu filho.
— Mas você não a ama. E eu pensei que gostasse apenas de
homem.
— Você quer saber se eu vou conseguir foder com a minha
futura esposa? — Ele questiona, amargo. — Não se preocupe com
isso, irmão. Eu não sou gay e sim bissexual. Para mim não existe
regras ou tabu. Eu amo a pessoa pelo que é ela e não pelo que ela
leva no meio das pernas — ele me olha sério e eu me sinto
envergonhado.
— Você sabe que eu vou te apoiar sempre, não sabe? —
Coloco as minhas mãos em seu ombro, sabendo o duro fardo que
ele carrega
— Eu sei. Talvez com o tempo eu posso vir a amá-la — ele
tenta dizer, mas no fundo, ele ainda segue amando Chaise e talvez
essa história não acabe bem.
— Ei, vocês estão aí, vamos, preciso levar o Max para ver os
trigêmeos, Arturo e Verônica chegaram — Katharina vem até nos.
— Está mais calma, bella mia? — beijo as suas mãos.
— Mais ou menos. Eu não sei o que faremos com nossos
irmãos. Aslan fez um gesto nobre ao salvar a garota, porém, ele não
a ama. Basta olhar pros dois para saber que esse casamento é
apenas fachada.
— Com o tempo eles podem se apaixonar, como nós dois.
— Acho difícil quando existe um fantasma no meio. Porque
meu irmão segue amando a memória de Rebeca, que mesmo não
estando aqui, ela é a dona do seu coração.
— Vicenzo me contou sobre o acordo.
— De certa forma, no caso de Vicenzo, eu fiquei feliz porque
sei que ele tem um bom coração e não gosto de saber que ele está
sozinho na fortaleza. Porque não sabemos se um dia Chaise vai
acordar e pode ser que isso nunca o aconteça. Vincenzo também
merece ter uma família como a gente.
— Você tem razão, espero que tanto ele quanto seu irmão
consiga ser tão felizes como nós dois somos, mia bela rosa.
Ela não tem tempo de responder, pois três pestinhas loiros
correm pelo jardim sendo seguidos por Arturo e sua mulher,
Verônica.
— Quanto tempo querida, você está linda. — Verônica abraça
Katharina.
— Obrigada, Verônica. Preciso voltar a Londres mais vezes e
precisamos ir novamente naquela loja incrível que você me
apresentou. — Katharina, depois da nossa viagem para Londres,
virou super amiga de verônica e Amanda.
— Você ficou bem nessa roupa, meu amigo. Quem te viu,
quem te vê. —Arturo debocha de mim.
— Meu caro, a praga que você jogou em mim foi certeira.
Olha o que eu tenho que passar nas mãos dessa mulher. — Digo,
inconformado e Katharina me dá um tapa, fazendo Arturo rir.
— Eu adorei a fantasia dos três combinando. Estou pensando
em fazer o aniversário dos trigêmeos da terra do nunca, Arturo ficará
lindo de Peter Pan.
— O que?! — Meu amigo olha indignado e eu rio da sua cara
assustada.
Katharina sai com Verônica e a tal Anastasia e as mulheres
parecem entretidas na conversa.
— Ela realmente amarrou suas bolas? — Arturo me entrega
a garrafa de cerveja.
— Sim, e o pior é que eu me sinto realizado e feliz sabendo
que sou apenas dela.
— Eu sei como é. Essas mulheres só podem ser bruxas! Meu
pau nem mesmo sobe pra outra, apenas a minha rainha tem esse
poder sobre mim! — Ele dá um gole e eu concordo olhando para a
mia bela rosa, que sorri.
— Aceitar o acordo com a Bratva lá atrás parecia um erro,
mas hoje eu sei que ficar noivo e me casar com Katharina foi a
melhor coisa que fiz na vida.
— Vamos cantar parabéns, vem! — Katharina vem e então eu
sou arrastado para trás da enorme mesa do bolo.
Todos cantamos parabéns para Maximiliano e juntos,
Katharina e eu assopramos a vela desejando que nosso filho tenha
uma vida longa e seja feliz como nós somos.

A festa já tinha acabado, mas alguns convidados ficariam no


resort para passar o fim de semana. Eu, entretanto, ainda estava
preocupada com Aslan e Anastasia. Porque no pouco tempo que tive
para conhecê-la, percebi que ela é uma boa garota e foi vítima de
um pai ambicioso assim como eu uma vez fui. Entretanto, preciso
deixar Aslan fazer suas próprias escolhas, sendo o que me resta
torcer para tudo dar certo. Coloquei meu filho exausto no berço. Pois
está muito cansado depois de tanto brincar na sua festa. Pego a
babá eletrônica e me apresso antes de Dimitri se despedir dos
últimos convidados e subir pro quarto.
Tomo um banho rápido e visto a lingerie que comprei. A
coleira parece gelada em minhas mãos. Eu mal acreditei que
Verônica conseguiu fazê-la em tão pouco tempo. A coloco em meu
pescoço e me olho no espelho. Sinto minha pele arrepiar. Toco a
coleira e a palavra Besta está gravada com pequenos diamantes.
Hoje eu confirmaria que ele é meu dono, meu senhor, e eu pertenço
unicamente a ele. Abro a porta que fica ao lado do closet do nosso
quarto dos jogos, ou, como ele gosta de chamar, calabouço 2.0.
Eu poderia me ajoelhar e esperar por ele na pose tradicional
de submissão. Mas se fizesse isso, não seria a sua rosa. Acendo as
velas para deixar o ambiente mais quente. Ligo uma música leve e
sensual. Jogo meu cabelo para frente, me sento em seu trono de
couro negro e aguardo a besta vir me devorar. A porta se abre e
Dimitri passa por ela, olha diretamente para mim. Ele está sem as
roupas de festa, seu cabelo está molhado e ele usa apenas seu
roupão negro.
— Esperando por mim, bella mia?
— Sim, Boss — sorrio passando a língua pelos lábios.
— Sabe quanto tempo eu fantasiei com você usando uma
coleira?
— Você gostou, Boss?
— Você não imagina o quanto queria. A Besta em mim está
rugindo pronta pra te devorar.
Acordar ao lado dessa mulher nos últimos dezoito anos tem
sido a melhor coisa que me aconteceu. Sou privilegiado por ser o
único a ver seus cabelos esparramados no travesseiro e seu rosto
sereno em um sono profundo. Para quem jurava que jamais
entregaria o coração a uma mulher, hoje eu me vejo cada dia mais
apaixonado. Katharina se aconchega em meu peito, eu acaricio seu
rosto e ela abre os olhos azuis que tanto amo.
— Faz tempo que você acordou? — Ela tem a voz
embargada.
— Não muito, mas a vista estava boa de mais pra me
levantar.
— E hoje que Max vai para a Itália! — Agitada, ela se levanta,
apresada.
— Ei, ainda tá cedo. O voo dele é só as dez.
— Não sei se vou aguentar viver longe do meu filho. —
Katharina entra novamente nesse assunto. Desde que Max começou
seu treinamento para máfia, ela está arrasada. porque nosso filho vai
se mudar para a Itália.
— Ele já é um homem, bella mia. — Sento na cama.
— Pra mim ele sempre vai ser meu bebê, e agora ele está
indo para o outro lado do continente.
Sorrio e me levanto, beijo seus lábios e digo firme, olhando
em seus olhos: — Max foi o melhor da sua turma. Ele treinou
comigo, com Aslan e vai passar na prova de fogo tranquilamente.
Você não tem com o que se preocupar, nosso filho será o melhor
capo que a Cosa Nostra já teve.
— Você tem razão, mas coração de mãe sempre fica aflito
longe do filho. Pelo menos a minha pequena não precisa passar por
isso — ela se refere a Dominika, nossa caçula com sete anos.
— Meu bebê tem o pai e o irmão pra protegê-la, não
precisará se preocupar com os negócios da família! — Fico sério.
— Assim eu espero, mas agora eu vou tomar um banho
rápido e tirar esse cheiro de sexo de mim. — Katharina provoca e eu
a puxo para mim beijando seu pescoço e esfregando a minha ereção
matinal nela.
— Eu adoro meu cheiro em você, amoré mio — sussurro.
— Nem pensar, bonitão. Você acabou comigo ontem e hoje eu
mal consigo caminhar sem sentir dor na bunda. — Ela resmunga,
mas o sorriso de satisfação está estampado em seu rosto.
— Você quem pediu, com força: assim, isso, mais, mais! —
Imito sua voz e ela me acerta um tapa, brava.
— Tá bom, tá bom. Vai tomar seu banho. Por hoje você
escapou. — Dou um tapa na sua bunda e ela sai rebolando.
Visto uma bermuda e vou em direção ao quarto da minha
pequena. Abro a porta e vejo Dominika acordada, de pijama da
Mulher Maravilha. Todos os dias ela escolhe uma super heroína
diferente.
— Papai e hoje que Max vai embora? — Minha pequena está
emburrada.
— Bom dia, princesinha do papai, você acordou bem cedo.
— Beijo seu rosto e tiro os cabelos loiros bagunçados da sua testa.
— Max vai pra Itália daqui a pouco.
— Eu não quero que meu irmão vá embora! Prometo que não
mexo mais nas coisas dele se ele não for. — Fala fazendo um bico
lindo e eu quase obrigo Max a ficar apenas para não ver a minha
pequena chorar. Dominika é uma cópia da mãe e consegue tudo que
quer de mim apenas se me olhar com esses olhos azuis.
— Nós podemos ir visitar ele nas férias. Max nunca vai deixar
de ser seu irmão mesmo estando na Itália.
— Só nas férias vai demorar muito, eu vou para a Itália com
Max e vou ser uma mafiosa, como ele. — Ela fica de pé e pula na
cama. Eu posso com uma coisa dessas?
— Nada disso, mocinha. Desce daí e vai tomar seu banho e
depois descer para a cozinha pro café. Você tem aula de francês
mais tarde.
Dominika me olha emburrada e faz o que eu digo. Sorrio
sabendo que ela puxou o gênio terrível da mãe. Max e eu estamos
ferrados quando essa pequena crescer. Desço para o segundo
andar e encontro Max na sala fumando um dos meus charutos suas
malas já estão na sala.
— Se a sua mãe ver você fumando na sala dela ela vai te
castrar. — Aviso e ele bufa.
— Se ela fizer isso, vocês ficarão sem seus futuros netos.
Ouvimos passos pela escada e rapidamente Maximiliano
esconde o charuto, com medo da mãe.
— Nem adianta esconder, eu já vi o que estava na sua mão,
engraçadinho!
— Desculpa mãe, foi mal. — Ele fica envergonhado.
— Eu só não vou te dar umas palmadas porque hoje você
está partindo pra longe de mim.
— A sério mãe, você não vai chorar de novo. — Max revira os
olhos.
— Quando você tiver seus filhos, vai ver o quanto é difícil vê-
los saírem de casa, correndo risco pelo mundo.
— Se depender de mim, vai demorar muito pra isso acontecer
estou bem solteiro. — Ele ri e então uma Dominika toda arrumada
desce as escadas com uma mochila rosa nas costas.
— Onde você vai com essa bolsa mocinha? — Katharina olha
incrédula.
— Eu vou com Max pra Itália, vou ser mafiosa igual ele! —
Responde firme e vai até o irmão segurando a mão dele.
— Ai meu Deus, era só o que me faltava! — Katharina fica
brava. — Fala com a sua filha, Dimitri!
— Por que tem que ser eu?! – Coço a cabeça com um pouco
de nervosismo.
— Max, conversa com a sua irmã, então, já que o puxa saco
do seu pai não tem coragem. — Resmunga para mim.
Max se abaixa na altura de Dominika e diz sério: — Prometo
que quando você estiver do meu tamanho, eu te levo pra Itália e vou
ensinar tudo que eu sei, mas agora a super heroína Dominika,
precisa ficar na ilha para proteger o papai e a mamãe dos vilões.
Dominika arregala os olhos em compreensão: — Verdade,
Max, eu vou ter de cuidar dos nossos pais! Mas você tem de
prometer que vai vir no meu aniversário.
— Eu venho sim. — Ele sorri em resposta.
— É pra trazer presente! — Ela diz séria e eu não consigo
disfarçar o riso.
— Pode deixar — ele abraça a irmã.
Tomamos café da manhã juntos em meio conversas e risadas
alegres. Nesse meio tempo, Katharina falou dos planos de
passarmos o Natal na Calábria e Max e eu concordamos.
No fim, a hora passou rápido e nosso filho agora se despede
de nós entrando no helicóptero que o levará para o aeroporto onde
vai pegar o jato para Itália. Maximiliano vai viver na fortaleza junto
com o tio e os primos e se preparara para assumir seu cargo de
chefe da Cosa Nostra. Abraço Katharina, que observa o helicóptero
partindo.
— Ele sabe se cuidar não se preocupe, Vicenzo estará lá
também.
— Não tem como não me preocupar, ele é cabeça dura igual
você. Sei que ele é forte e capaz, mas é teimoso igual o pai. — Ela
suspira.
— Em compensação, Dominika é igualzinha a você. — Pego a
minha princesa no colo e a giro no ar.
— Eu sou uma super heroína igual a mamãe que salvou o
papai. — Ela lembra da sua história favorita. Da rosa que salvou a
besta da escuridão e ensinou a ele o que era amar.
— Eu tenho certeza que a super heroína Dominika também vai
ter uma bela história para contar, assim como o irmão dela, o valente
Maximiliano. — Katharina beija nossa filha.
— Eu te amo, bella mia, obrigada por ter me salvado das
sombras, por ter me dado essa família linda.
— Eu também te amo, Boss. Nosso amor desafiou o que era
certo e errado, passamos por várias tempestades, por muitos
momentos de escuridão. Mas no final, eu não me arrependo nenhum
segundo de ter entregado meu coração a você.
— Eu viveria tudo novamente, desde que no final você
estivesse aqui do meu lado.
No fim a rosa foi consumida pelas chamas da Besta, e
descobriu que para encontrar a felicidade precisasse lutar por ela,
juntos eles viveram uma linda história de amor.

[1]
[2]

Você também pode gostar