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APRISIONADA A VOCÊ
1ª Edição
DA LÍNGUA PORTUGUESA.
Aviso
Glossário
Hierarquia e mandamentos
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Epílogo
Agradecimentos
“SE NÃO CONSEGUIRMOS COMPRAR VOCÊ OU TIRÁ-LO DO
LEMA DA BRATVA
EU SOU BRATVA.”
Este é um romance dark.
Se você não gosta do tema ou não costuma ler com a mente aberta:
que algo é um tabu pode significar que é sagrado e por isso interdito qualquer
personagens.
mas caso queira ler, basta procurar na Amazon Br. Sem ter lido os livros,
HIERARQUIA
Pakhan
Chefe da Bratva/Irmandade
Boss
Russa)
Konsultant: Conselheiro
Strateg: Estrategista
Trabalha com o Konsultant para garantir que os planos do Clã sejam
Kaptain: Capitão
Vory
morrer e viver pela Irmandade até o fim da vida. Servem da forma que o
MANDAMENTOS DA BRATVA
4: Você pode ter apenas uma esposa, mas pode ter vinte amantes.
trabalhará por meios legais, nunca mais terá contato com policiais que não
Cartel, Moto Clubes são inimigos pela vida e pela lei do submundo. Assim
10: Cumprimos uma pena na cadeia mais cruel de Moscou para provar
Leve-me à igreja
Vou lhe confessar meus pecados para você poder afiar sua faca
Amém”
Entre tantas frases que definiam a Bratva, essa poderia ser uma delas.
[1]
O Pakhan aposentado, mas que sempre seria o Pakhan nos corações dos
guerreiros e famílias fiéis, gostava de provar tal ponto, por isso, seu
surpreendeu.
Dinheiro.
Poder.
Fama.
tinham meu avô como o absoluto em seus corações. Bukin Malkovi quase
não era lembrado. Era como se após meu avô, Roman tivesse sido o próximo
na linha de frente. Embora vovô fosse tão querido, a fidelidade do nosso povo
a Roman não mudava por isso, muito pelo contrário, meu sogro caminhava
para ter tanta consideração em suas costas quanto o meu querido avô, mas
enquanto vovô estivesse vivo, as pessoas o adorariam simplesmente por ser
ele.
chegamos à porta dupla do salão. Atrás de mim, meus dois irmãos esperavam
para nos seguir, mas vovô me queria ao seu lado, como sempre foi desde que
nasci.
Com meu pedido, ele riu aquela risada contagiante, e embora sua idade
fosse bem avançada, qualquer um não lhe daria mais de setenta. Ele ainda era
irmãos Evarkov e Maksim conheceram o lado mais bruto dele mais vezes do
que a delicadeza escondida. Eles precisavam se tornar homens fortes, vovô
mim. — Alguém tem que ficar por perto até que esses dois criem juízo.
“Ele deu setenta anos fiéis e dedicados de sua vida à Irmandade, criou
seus filhos para nós e ensinou aos netos seus próprios passos. Ele foi o
sempre será lembrado como aquele que nos guiou em tempos difíceis e é a
“VORY V ZAKONE!”
guerreiros abriram as portas, vovô me puxou para dentro. Meu olhar seguiu
até o palco, onde meu sogro batia palmas com um sorriso direcionado ao meu
— Roman não é seu Viktor, devushka[2]. Não foi ele quem ensinou seu
filho a se comportar como o faz.
ações.
Meu marido.
Eu o odiava.
Odiava que não tivesse percebido que algo estava errado, que eu
gritava por socorro e que quando se foi, levou a única coisa que me fazia
querer ficar.
criou, mesmo já tendo vinte e seis anos de idade. Mesmo não sendo mais a
Senti o peso dos olhos do Pakhan sobre mim, não o meu avô, mas o
— Ele está de volta, devushka. Pela lei, você é dele, mas eu não vou
deixou.
Por nove anos, eu fui dele e, por nove anos, andamos numa corda
que eu pensei que nunca teria fim, mas agora ele estava de volta e eu seria
minha família.
— Ou seja... o senhor vai tratar de negócios.
Quando ele se referia à “família” não era apenas sobre mim e meus
honra.
nós quatro?
Ele acariciou o meu rosto e sorriu, dando um beijo casto em minha
testa.
Eu sabia que aquilo não aconteceria, mas fingi que era uma
seu pai sendo esquecidos e meu sorriso tornando-se sincero. Mas durou
observei sua entrada, a maneira como cada pessoa pareceu ficar ciente de que
que parou diretamente em mim. Meu coração errou duas, três batidas.
Era oficial.
— Vovô — mal consegui dizer, mas senti seu aperto em minha mão.
irmão cheirava à sangue, às vezes, para mim, sua colônia era medo. Ele se
alimentava do medo das pessoas à sua volta e apenas três pessoas escapavam
aparecer aqui?
que era onde Viktor estava. Os olhos de Maksim eram iguais aos meus.
Verdes, mas havia uma mancha no olho direito que o fazia parecer castanho
se olhasse rápido demais. Ele era tão bonito quanto Evar e igualzinho ao
pescoço, alguns pontos do rosto, pernas, pé. Ele todo. Quer dizer, pelo menos
aonde eu como sua irmã podia ver, além das coisas que infelizmente ouvia
mulheres dizendo.
Suas lutas lhe deram um corpo forte, e a genética o abençoou com uma
vovô.
— Então é melhor que esse fodido pare de te olhar.
esposas. Meu avô não saía da pista também. Com a primeira dança sendo
minha, depois de mim viriam outras mulheres. Era uma honra dançar com
ao vê-lo, depois de Maksim dizer que Viktor me encarava e sorri ao ver meu
— Ele morrerá, Maryia. Morrerá pelo o que fez com você, mas vou
— Eu não o quero morto. — Meu irmão ignorou meu olhar, mas puxei
seu rosto para baixo. — Não vai matá-lo, Maksim. Se fizer isso, perderei
faço ao meu.
Ele se referia ao apelido que ganhou nas ruas, graças à sua violência
tivesse me traído com uma russa, eu saberia que não haveria punição, mas foi
com... com...
— Você tem que pará-lo, Evá. Já não basta que seu julgamento está
outra vez.
uma postura fechada. Meu doce Evarkov, que nunca teve a chance de ser
suave.
em cima dele.
novamente.
Eu fiz como meu irmão caçula mandou e tentei fingir que meu marido
mim.
Ele não era mais o Viktor que eu conheci, dez anos atrás.
lendária.
Nunca houve uma trégua, nem entendimento e, muito menos, um
acordo de paz.
Não.
Fora de cogitação.
adrenalizava a nossa mente ver nossos estragos na TV, assistir ao pânico dos
nossos inimigos e beber cantando nossa vitória. Não seríamos a máfia mais
depois. Mas, pela primeira vez, algo mudou. Era pura sorte que eu estivesse
deles era lei tanto aqui quanto lá. Porém isso não impedia que sussurros
fossem iniciados, que revoltas renascessem e desejo de se levantarem contra
seus reis surgissem. Eu mesmo não havia levado bem a ideia de que por
minha irmã e Antony DeRossi, a Bratva recuaria dos ataques contra a Cosa
com as consequências.
Homens treinados para fazer o que lhes foi ensinado desde que vieram
sabia que era uma questão de tempo até que tudo desabasse.
Digamos que nossas unidades nos EUA não aceitaram tão bem assim.
dar o inferno para fora de lá. Mas Anya tinha sua teimosia como escudo e
aquelas palavras doces como arma. Ela deveria ter sido criada em nossa casa,
Ao invés disso, sua mãe, uma traidora da Cosa Nostra a levou embora
Luigi DeRossi fez duas coisas boas em sua vida: engravidou sua esposa
minha irmã, mas estava feliz que ela não andava mais por aquela terra. Me
encontraria lá embaixo.
Minha irmã não era uma “puro sangue”, mas isso não importava para
nós.
Se tinha algo em que não éramos ligados, era sangue. Família sempre
Desviei o olhar da rua para o meu telefone, onde uma foto antiga
Até eu.
razões e meu pai não deixou de me punir por isso. Em uma das noites que fui
proibido de voltar para a casa, estava vagando pela rua, quando fui parado
Entretanto, não foi a faca que ele colocou em meu pescoço que me
assustou, foram seus olhos. Só havia uma raiva incontida lá dentro, como se
me ensinava a lutar.
Durou apenas alguns meses até que meu pai descobrisse e acolhesse
rua e ele aprendeu que família vinha por merecimento. Volya ganhou o
respeito do meu pai, assim como sua afeição. Nos tornamos irmãos pela vida
e foda-se o sangue.
— Por que não dirige, então? — perguntei, sentindo imediatamente o
respeito.
Roman nos deu, e depois todo o caminho até a Rússia, o cara vinha sendo um
queixo para baixo se retorceram. Marcas de uma história que nem eu sabia
todos os detalhes.
— Não se faça de estúpido, Viktor. Você fez uma grande merda nesses
meses. Seu pai não me deixou ir te buscar e colocar um pouco de juízo na sua
cabeça fodida.
— Meu pai sabia que eu estava em uma missão, parece que você não se
— Ela ficou com o italiano e você sabe disso, todos nós pagamos o
preço.
unido para mandar uma mensagem a Lucca DeRossi e meu pai, por misturar
nossa gente, mas não surtiu o efeito desejado. Anya ainda se casou com
— O quê?
— Você parece ter esquecido, em seu tempo lá, que havia pessoas para
tarde.
— Osso Russo e Kolokol estão lutando duas vezes mais do que faziam,
por que você acha? — Seu tom de voz me preocupou, mas tentei me acalmar
esperando julgamento por ter matado um guerreiro com os irmãos de lá, mas
Nikolai interveio e o trouxe de volta, ainda assim, ele será julgado e punido
em Moscou.
menina italiana.
— Ah, não? Diga isso ao Osso. Kolokol estava prestes a entrar numa
ninguém o deixou subir. Então, além de ver o irmão ser levado para o
subterrâneo, ainda soube que a irmã estava sendo desrespeitada pelo marido
expulso de casa, meu pai me convocou para ir à Itália. Eu duvidava que ela
— Então, a única coisa que sabemos é que você trocou a sua mulher
russa, que todos amam e respeitam por uma italiana que ninguém conhece e
dá a mínima. Depois disso, ninguém mais está surpreso por ela estar ficando
louca.
Bati no volante com força, o carro deu uma leve derrapada, antes de
Volya não insistiu. Ele sabia que era melhor não me provocar naquele
momento.
ouvido.
“Eu tenho dias sombrios, Viktor. Dias que eu gostaria que houvesse
alguém lutando por mim, então, confie no que estou dizendo e, ao invés de
quebrar o coração dela, vá honrar seus votos. Mostre que ela é digna da
Sabia que existia uma porra de furacão para acalmar quando pisasse em
casa.
Sabia que seria mais fácil fazer sol na Sibéria do que ter minha esposa
acabado.
TORCHES, X AMBASSADORS
fez perceber que o buraco estava mais embaixo para mim do que imaginei.
— Dalyah.
— Não posso.
— Não pode?
— Comigo?
guerreiros.
A ela.
senti ligeiramente culpado. Antes de Anya, Dalyah era o que eu mais tinha de
próximo como uma irmã e não podia fingir que seus dezesseis anos a faziam
estúpida. Muito pelo contrário. Dalyah Zirkov era mais inteligente do que eu
e meu pai gostaríamos. — Você não passou os últimos meses vivendo atrás
de uma italiana?
Ela era mimada e a culpa não poderia cair em mais ninguém além de
mim e meu pai. Os guerreiros só estendiam a ela o mesmo tratamento que nós
a demos desde que passou a viver por perto, junto com sua mãe, minha tia
assassinado em meio à guerra com a Cosa Nostra, por soldados italianos, nos
EUA, minha tia voltou à Rússia, recusando-se a passar mais um dia fora de
sua terra natal. Levou um tempo até Dalyah se acostumar à nova realidade,
sentei, contendo o riso, enquanto brincava com fogo. Volya tomou um lugar
no outro sofá, observando as reações de Dalyah de perto. Assim como eu, ele
porta de saída.
russo falando em italiano me fez sorrir, sabendo que ela aprendeu a palavra
apenas para me confrontar. — Pelo o que ouvi dizer, ela é tão difícil quanto
eu.
Dei de ombros.
falando de você, então suba e se troque. Vista algo mais além dessa
camiseta.
— Isso é um vestido e não vou trocar. Minha mãe tem plena
— Suba. E. Troque.
jogando um joelho para cima. Por reflexo, o agarrei, antes que encontrasse o
resistência e como ela tentou lutar comigo. Levantei meus olhos para Volya.
meu estômago. A pancada foi mais forte do que eu esperava e, mesmo não
mesma.
Relaxei ligeiramente.
primeiro que nós, é bom que saiba ganhar tempo, mas não quer dizer que vai
Pela expressão, ela não gostou da minha aprovação. Se tomar conta dos
de Dalyah seria. Seu temperamento era seu maior trunfo e se ela não o
controlasse, um dia seria sua queda. Embora eu a comparasse com Elena para
irritá-la e desviar dos boatos que me envolviam, minha prima era muito
mãe, então alguém as levará para a casa. Enquanto isso, fique brincando com
Meu sangue ferveu ao perceber por sua voz que não era brincadeira. A
morto.
Volya ficou ao meu lado, tão injetado quanto eu com aquela nova
informação.
Dezesseis.
— Suba de uma vez, Dalyah, e diga a esse garoto que a menos que
queira fazer uma viagem com o barqueiro, é melhor ele ficar longe pra
caralho daqui.
— E de você — completei.
Os olhos arregalados de Dalyah eram um pequeno sinal do quão
irritada ela estava. Fechando as mãos em punhos, ela virou e começou a subir
a escada.
no topo da escada.
sorriso.
— Será que ela realmente pensa que a maioridade a fará livre de nós?
— zombei.
pequeno olho tatuado abaixo do seu olho esquerdo sinalizando que ele estava
um dia de vitória, mas quando fez de mim um irmão Bratva, foi um dia de
glória. Nada podia apagar aquele sentimento, até mesmo a lembrança ainda
se comparar àquilo.
puro Bratva, foi o dia que a condenei, e todos os anos pagando a penitência
pelo o que fiz a ela, seria pouco. Até mesmo o olhar de meu pai quando me
Não era decepção ou raiva, mas incômodo, pois ele teria que se desviar
de coisas importantes para tirar um tempo e lidar com as besteiras que fiz.
Vulgo Elena DeRossi. Como a história chegou a Moscou era um mistério,
mas eu tinha um palpite. Uma certa velha que, por alguma razão, meu pai se
achava eternamente grato por ter cuidado de Anya e a acolheu. Bem, eu dei à
velha uma passagem para uma casa de repouso cheia de luxos do caralho e
Anotado.
— Já estava na hora.
esperto fazer piada num momento como aquele, mas eu não tinha defesa.
Kolokol. Deu sua palavra de que a honraria e estaria segura com você. Queria
voltar atrás e nunca ter concordado, assim ela estaria casada com alguém que
a merece.
duvidar do que eu sentia por ela. Eu estava em cima dele no segundo em que
terminou de falar. Embora ele fosse anormalmente grande, construído sob
músculos de lutas sem fim, eu tinha o poder do descontrole irracional comigo
e isso me fez levá-lo a tropeçar até que estivesse apoiado na parede com meu
Fale sobre qualquer homem perto dela novamente e arrancarei sua língua.
— Eu não a traí.
Não realmente. Não fodi Elena e nem cheguei perto. Um beijo que
durou menos de dois minutos foi o mais longe que cheguei com ela, e embora
livre, Boss[5].
— Isso, eu não vou fazer — Roman declarou e, pela primeira vez desde
que entrei, olhei para meu pai. Ele estava descalço e usava um roupão de
veludo vermelho-escuro, segurando um charuto que queimava entre os
dedos.
— Ela foi para uma clínica, sabia disso? — Passou pelo meu pai,
fazendo Volya avançar para segurá-lo. Ele estava em seu direito de cobrar,
— O quer dizer?
— Ninguém lhe disse? — Deu uma olhada acusatória para Volya antes
Itália e pifou. Sua cabeça foi para algum lugar fodido que ninguém alcançava
ele havia saído de alguma luta e estava ali, lutando com o impossível:
conseguir um divórcio.
Roman não gostou de ser parado quando estava prestes a chamar mais
guerreiros para conter a situação, mas eu podia lidar com o meu cunhado.
seu pai. Até mesmo minha Maryia tinha seus momentos dentro da própria
cabeça. A diferença era que na maioria das vezes eu estava lá com ela, mas
cada detalhe da minha viagem a ela, mas não devo nada a você, Maksim.
irmão. Muito melhor. Eu dividi metade da minha vida com aquela mulher. A
— Até que ela diga com todas as palavras, você não se aproxima.
— Ela é minha esposa, Maksim. Eu vou pegá-la e vou levá-la para a
nossa casa.
que Volya dizia. Ainda que o rosto atormentado e furioso de Maksim dissesse
— Maryia pensou que os guerreiros não teriam tempo de chegar até seu
quarto, filho. Ela se deitou na cama e... — ele fez uma pausa, tragando o
charuto e me encarando no fundo dos olhos —... demos sorte. Mais duas
— Já chega. Maksim, você pode ser irmão dela, mas eu sou seu marido.
único responsável por ela. Não pense que vou deixar que interfira nisso. E,
Volya... irmão ou não, eu vou cobrar de você se vê-lo falando sobre ela assim
novamente.
entrar no ringue. — Os guerreiros vão puni-lo por suas traições, assim como
eu, meu avô e Evá teremos nossa vez com você. Eu duvido que sobrevirá ao
— Você fez seu ponto, Osso Russo. Vá para o ginásio se aquecer. Você
luta por si mesmo e por seu irmão agora, não se esqueça disso.
— Sim, Boss. Eu não tenho como esquecer. — Ele ergueu sua mão e
atos de guerra.
Roman riu.
viveria feliz para sempre, com um pedaço de território que Lucca DeRossi
lhe concederia?
coração, Viko. Fez o que um filho não deveria fazer com um pai. O que um
facilmente poderia tirar tudo de você? Deixá-lo na rua como um peso morto
para lidar com nossos inimigos por si mesmo? O que você seria sem a
você um capo.
— Eu não quero nada dos DeRossi!
seu olhar, que me peguei arrependido de ter aceitado ir para a Itália. Ainda
— Você vai receber sua punição — meu pai começou a falar, enquanto
contornava a mesa e se aproximava de mim. — Cada irmão terá sua vez com
verdadeiro Vory e prove a eles que a Itália não mudou você. Você é meu
— Eu sei que vai, você é um homem formado pela máfia. Jamais fugiu
de suas obrigações. Mas, Viko... Elena DeRossi e tudo sobre a família dela
homens. E minha esposa... eu estava ansioso para lidar com Maryia, mas
— Isso é tudo?
— Por enquanto.
Eu consegui rir.
Entre tantas frases que definiam a Bratva, essa poderia ser uma delas.
O Pakhan aposentado, mas que sempre seria o Pakhan nos corações dos
guerreiros e famílias fiéis, gostava de provar tal ponto, por isso, seu
surpreendeu.
Dinheiro.
Poder.
Fama.
Sharapova, meu avô, conquistou os dois. Era a razão pela qual embora
tinham meu avô como o absoluto em seus corações. Bukin Malkovi quase
não era lembrado. Era como se após meu avô, Roman tivesse sido o próximo
na linha de frente. Embora vovô fosse tão querido, a fidelidade do nosso povo
a Roman não mudava por isso, muito pelo contrário, meu sogro caminhava
para ter tanta consideração em suas costas quanto o meu querido avô, mas
ele.
chegamos à porta dupla do salão. Atrás de mim, meus dois irmãos esperavam
para nos seguir, mas vovô me queria ao seu lado, como sempre foi desde que
nasci.
Com meu pedido, ele riu aquela risada contagiante, e embora sua idade
fosse bem avançada, qualquer um não lhe daria mais de setenta. Ele ainda era
irmãos Evarkov e Maksim conheceram o lado mais bruto dele mais vezes do
mim. — Alguém tem que ficar por perto até que esses dois criem juízo.
“Ele deu setenta anos fiéis e dedicados de sua vida à Irmandade, criou
seus filhos para nós e ensinou aos netos seus próprios passos. Ele foi o
sempre será lembrado como aquele que nos guiou em tempos difíceis e é a
“VORY V ZAKONE!”
abriram as portas, vovô me puxou para dentro. Meu olhar seguiu até o palco,
onde meu sogro batia palmas com um sorriso direcionado ao meu avô e meu
coração acelerou.
— Roman não é seu Viktor, devushka. Não foi ele quem ensinou seu
ações.
Meu marido.
Eu o odiava.
Odiava que não tivesse percebido que algo estava errado, que eu
gritava por socorro e que quando se foi, levou a única coisa que me fazia
querer ficar.
criou, mesmo já tendo vinte e seis anos de idade. Mesmo não sendo mais a
Senti o peso dos olhos do Pakhan sobre mim, não o meu avô, mas o
— Ele está de volta, devushka. Pela lei, você é dele, mas eu não vou
deixou.
Por nove anos, eu fui dele e, por nove anos, andamos numa corda
que eu pensei que nunca teria fim, mas agora ele estava de volta e eu seria
minha família.
Quando ele se referia à “família” não era apenas sobre mim e meus
honra.
nós quatro?
testa.
Eu sabia que aquilo não aconteceria, mas fingi que era uma
seu pai sendo esquecidos e meu sorriso tornando-se sincero. Mas durou
que parou diretamente em mim. Meu coração errou duas, três batidas.
Era oficial.
— Vovô — mal consegui dizer, mas senti seu aperto em minha mão.
num ponto que eu conhecia muito bem: prestes a arrumar confusão. Meu
irmão cheirava à sangue, às vezes, para mim, sua colônia era medo. Ele se
alimentava do medo das pessoas à sua volta e apenas três pessoas escapavam
aparecer aqui?
vovô.
esposas. Meu avô não saía da pista também. Com a primeira dança sendo
minha, depois de mim viriam outras mulheres. Era uma honra dançar com
ao vê-lo, depois de Maksim dizer que Viktor me encarava e sorri ao ver meu
— Ele morrerá, Maryia. Morrerá pelo o que fez com você, mas vou
— Eu não o quero morto. — Meu irmão ignorou meu olhar, mas puxei
seu rosto para baixo. — Não vai matá-lo, Maksim. Se fizer isso, perderei
faço ao meu.
Ele se referia ao apelido que ganhou nas ruas, graças à sua violência
que era onde Viktor estava. Os olhos de Maksim eram iguais aos meus.
Verdes, mas havia uma mancha no olho direito que o fazia parecer castanho
se olhasse rápido demais. Ele era tão bonito quanto Evar e igualzinho ao
nosso pai quando mais jovem.
pescoço, alguns pontos do rosto, pernas, pé. Ele todo. Quer dizer, pelo menos
aonde eu como sua irmã podia ver, além das coisas que infelizmente ouvia
mulheres dizendo.
Suas lutas lhe deram um corpo forte, e a genética o abençoou com uma
As pessoas não sabiam que aqueles eram meus irmãos, meninos que
tivesse me traído com uma russa, eu saberia que não haveria punição, mas foi
com... com...
— Você tem que pará-lo, Evá. Já não basta que seu julgamento está
outra vez.
encarou. Ele era calmo por fora. Suas palavras duras eram acompanhadas de
uma postura fechada. Meu doce Evarkov, que nunca teve a chance de ser
suave.
em cima dele.
novamente.
Eu fiz como meu irmão caçula mandou e tentei fingir que meu marido
mim.
Ele não era mais o Viktor que eu conheci, dez anos atrás.
Vendo a seriedade de seu tom abaixei a cabeça, sem querer que meu
— Mas?
Elena DeRossi para vir com ele. Ele convidou a italiana para viver com ele,
firme.
— Sestra? Maryia?
coisa que meu irmão dizia, suor brotou em minha nuca e um gemido passou
completa.
que o vi e ele ainda estava lá. As mãos nos bolsos escondiam suas tatuagens e
nossa aliança de casamento. Será que ele ainda usava? Será que ela viu?
— Não sei que porra aconteceu, mas aquele filho da puta está vindo e
Não ouvi o que Maksim respondeu, mas Evá me levou pelo hotel até o
me acalmar. Mas assim que me sentei, meu corpo falhou, assim como minha
mente e a última coisa que vi foi uma névoa preta se fechar sob o rosto
preocupado de Evarkov.
— Maryia? Maryia!
Chanel Boy, o cheiro do couro novo vindo forte em meu nariz. O penteado
tinha apenas um fio fora do lugar e seu batom um pouco mais claro do que
quando a vi na sala mais cedo.
depois franziu o nariz ao ouvir o estalo dos meus ossos. — Vou marcar uma
ajeitar meu cabelo, mesmo que não tivesse muito a ser arrumado. Minhas
— Não há divórcio, Maryia, mas você pode arriscar dormir com outro
difícil. Se bem me lembro a paixão desenfreada foi o que uniu vocês uma
vez.
como uma piscina rasa. Não havia nada além de seu reflexo no espelho para
forma de garantir que sua amiga mais próxima não caísse em algum
escândalo.
se Maksim te traísse?
— Você o ama?
mão, me forçando de pé. — Voltar com Viktor não é uma escolha que você
pode ou não fazer. Finja que nada aconteceu. Finja que nunca soube de nada.
— Como pode dizer isso? Ser tão fria e egoísta? Meu coração foi
quebrado mais de uma vez, Viktorya, e você estava lá todas elas. Como pode
quando te avisei que não tinha volta. Você escolheu Viktor e escolheu essa
vida. Você podia ter esperado fazer 18 e pedir a seu avô para ir à faculdade,
ou ir embora de Moscou. Não somos todas obrigadas a casar, mas você quis
respiração.
— O que quer dizer? Maksim adora você, se apaixonar por ele não é
um perigo.
que houve.
que escolheu.
Eu voltei para o salão ao lado dela com o peso de suas palavras sobre
meus ombros. Tudo o que Viktorya disse era verdade e se eu tivesse o poder
— Seu marido não está mais à vista — disse ela. — Está livre por
hoje.
realmente ido, mas não gostei. Eu deveria estar radiante que poderia
comemorar com a minha família sem medo de que ele pudesse se aproximar
compreendi os sentimentos. Não fui eu quem o traiu, meu coração não podia
ser forçado a deixar de amá-lo só porque eu queria que assim fosse. Dez anos
— Eu sei que você viu Viktor, sinto muito. Como está? — Me fitou
— Não sei, Nika. Espero que não. — Dei risada. — Não hoje, pelo
menos.
Veronika riu.
— Não estou dizendo nada que nunca disse a ela. — Ela finalizou sua
quer perguntar a ela se ele contou que tipo de viagens sua amante faz
também?
— Que eu seja, então, mas quem trouxe o assunto à tona foram vocês.
— Eu só estava curiosa!
— Então pegue um avião e vá até lá, quem sabe você e Elena DeRossi
champanhe?
com Viktorya.
Veronika.
pés para dizer algo em seu ouvido. Meu irmão imediatamente esqueceu sua
— É claro.
demonstrarem interesse.
— Ele tem uma reputação horrível, Nika. Eu sei que você acha que está
lunático e você não se importa de Viktorya estar com ele. Mas só porque eu
tentando alcançá-la.
— Por que nós não começamos a julgar você pela sua cabeça fodida,
deixava meio fora da linha e honestamente, nada do que ela disse era
efeito.
mesmo.
“Não importa o quanto eu esteja tentando
confusão de nomes, termos e regras. Até que meu avô encontrasse tempo
para me introduzir ao meu novo mundo, continuei alheia à nova vida que me
fora dada. Vivendo apenas a dez meses aquela nova realidade eu já entendia
meu primeiro instinto foi vê-lo como um ladrão de bancos e quando eu disse
isso a ele, sua gargalhada ecoou no restaurante onde jantávamos. Seu riso
direção. Nem sequer o garçom que passava por nossa mesa pestanejou.
Que ele se sentia seguro para me levar para jantar quando revelaria
fez perceber que eu não tinha uma escolha para dizer “sim, eu aceito” ou
“não, isso está errado”.
interior, com minha mãe e um pai distante, eu não era leiga. Conhecia as
que meu avô estivesse nela. Que meu pai foi ausente porque dedicava sua
vida a isso. Ou que meu avô já tinha sido o homem mais poderoso na
hierarquia.
porquê não fiquei abalada com a revelação. Por que não fugi? Por que não
tentei voltar para a minha mãe? Por que não temi meu avô ou meus irmãos?
Eu apenas escutei meu avô em tudo o que queria dizer e nós seguimos
em frente.
vilões venciam.
que meu pai morreu por dedicar sua vida a uma organização criminosa. Que
aceitava que era uma parte dela e a realização de que jamais poderia sair.
Não nascer na Bratva não me tornou menos digna, mas me fez ingênua
antes de tomá-las.
olhos verdes críticos. Tão julgadores que me divertia. Ela vestia uma calça
jeans de boca larga e uma camisa branca de seda. Seu Louboutin parecia um
Ela era três anos mais nova que eu, mas não parecia. Se vestia como
sua mãe e minha tia Olga. Se comportava como uma velha mal-humorada.
— Na escola.
de Viktorya, mas ela não estava a fim de aproveitar isso. Aos 16, Viky estava
preocupada com escola, faculdade e agradar seus pais. E eu pensando que
estaria levando minha amiga adolescente a clubes com identidade falsa,
Já eu não tinha a quem agradar. Odiava Moscou e odiava vovô por ter
mesmo o meu namorado, e eu tinha certeza de que ele foi uma das maiores
razões para vovô ter me tirado de lá. Agora eu tinha que frequentar uma
escola para garotas, andar com meninas da máfia e todos os garotos ficavam
longe de mim.
precisava me acostumar com tudo, é claro. Seus estilos de vida que agora
Vivíamos muito bem antes de Moscou. Meu avô provia do melhor para
e Evarkov fez 10, ainda que eu fosse mais velha que Evá e tivesse 12, vovô
disse que era algo para os meninos. Eu aceitei, mesmo que morresse de
saudade e, por vezes, sentisse que vovô não gostava de mim tanto quanto dos
dois. Só depois fui entender que ele precisava dos meninos por serem
querendo me controlar e tudo piorou quando vovô ligou e avisou que aos
meus dezessete eu seria a próxima. Meus irmãos eram protetores, mas não
Petersburgo.
“— Sua mãe traiu a Bratva e a memória do seu pai. Ela não merece
Como eu implorei que ele a deixasse viver quando apontou sua arma para ela
Se minha mãe tivesse sido melhor para mim, eu a teria apoiado. Se ela
escondido.
O sorriso se foi.
— Por falar em irmãos, olha o seu ali. — Ela apontou para baixo, perto
ele estava diferente. Vê-lo, depois de anos, pessoalmente foi um choque. Ele
estava tão alto e forte, assim como Evar, mas não mudaram comigo. Pelo
irmão para dizer algo, então os dois começaram a rir. Eu pude ver metade de
um sorriso perfeito, uma pele bronzeada e uma barba curta, mas havia
— Viktor.
agarrando seu braço quando me inclinei, tentando ter uma visão melhor do
loiro. Ele tinha tatuagens nos braços musculosos, um pouco mais do que o
— Imundos?
— Qual parte de ele é amigo do seu irmão você não entendeu, Maryia?
— Ficou doida?
cigarro.
revirou os olhos.
— Sim, sim, tanto faz. Por agora, a única coisa que eu quero é saber
a Bratva junto com seus irmãos. Ele será Boss em breve. Viktor não está
estar em uma posição elevada na máfia, sabia também que apenas homens
perigosos ocupavam aquele cargo. Mas com aquele sorriso, como Viktor
necessário, mas fora isso tanto você quanto ele podem se casar livremente.
novamente. Maksim foi o primeiro a me ver, fechando a cara quando viu meu
short e camisa decotada. O salto não era tão alto quanto o de Viktorya, mas
Viktor Zirkov.
— E eu imagino que Dimitri e Alexi não saibam que você está aqui? —
Maksim nos avaliou. Eu podia dizer que ele desconfiava que eu fui a
única a fazê-la me seguir, mas não disse nada sobre. Ele fitou Viktor, que
— Que mal há nas duas verem a corrida? Estamos aqui para proteger
Maksim estreitou os olhos, mas deu um aceno breve. Se ele achava que
eu não via a forma protetora como olhava para Viktorya, estava muito
enganado.
De perto, ele era ainda mais bonito, e eu me senti vitoriosa por sua
atenção.
— Você me conhece?
Ele riu.
Ele se foi pelo o mesmo caminho que Maksim e eu fiquei ali no lugar,
obrigatoriamente a madrinha.
muito tempo.
— Você sonha e eu lido com a realidade, é por isso que nos damos
bem.
olhar antes de acelerar pela pista. Eu prometi a mim mesma que lhe daria seu
admitiria perder.
Eu sabia disso.
— Que seja, Viky, você ainda vai se casar com o meu irmão.
olhava como olhava seus carros. E meus olhos estavam muito focados em
Eu sou perigoso
uma prova concreta de seu crime, então arrancaríamos sua confissão e ele
morreria em seguida.
Eu não quis.
Minha importância na Irmandade havia sido declarada não porque o meu pai
não espirrar sangue se a coisa ficasse muito mais selvagem e o bar estava
vazio. Todas as bebidas tinham ido. O ringue era a única decoração aquela
noite. Um palco onde eu subiria para cair ou florescer, por assim dizer,
próximo. Um por um. Não era sobre vencer a luta, mas sobre permanecer
Nós éramos nossa própria lei. Assim como governávamos sob terror e
mais cruel.
Não porque eu tinha medo da punição que me esperava, mas porque ver
os homens que seguiam minha liderança duvidando de mim era mais do que
meu coração Vory podia aguentar. A Bratva não era apenas a máfia e
governava Moscou.
meu pai chegar à minha frente. Todos os homens em suas costas, ansiosos
para ver o Pakhan punir seu maldito filho. Ninguém duvidava dele, não, pelo
Ou tentaria.
Maryia.
— Vory V Zakone.
Eu sorri.
mim.
Silêncio completo.
Meu olhar percorreu a sala. Eu queria ver todos os rostos que tentariam
estava quieto. Petrificado no fundo da sala. Ainda que ele fosse tão
A sorte de meu pai foi ter líderes que não tinham medo de sujar as
Moscou, percebe o risco que corre. Eu poderia pedir sua cabeça, ou ceder aos
qualquer maneira e a situação sendo tão pessoal para ele como era, eu
Não reagi ou lutei, quando meu cunhado torceu meu braço e dor
agonizante estalou em minha mão quando ele apertou meu dedo, quebrando o
polegar da mão direita. O filho da puta fez de propósito para tentar prejudicar
meus socos, mas ele me conhecia melhor do que isso, eu já lutei com o punho
garganta, mas o parei antes que a surpresa me fizesse parecer fraco diante da
tortura. Maksim rosnou e me soltou, voltando a andar pela sala com os olhos
sobre mim. Ele não parava quieto no lugar, seus olhos avermelhados furiosos.
Ele estava feliz ao ver minha iminente desgraça, mas ainda queria mais.
Tivemos uma espécie de amizade por anos, e eu o conhecia mais do que o
com algumas argolas quebradas e pontas afiadas. Havia sangue por ela toda.
Sangue de Vorys que foram punidos antes de mim. Ela estava entre nós há
mais de vinte anos. Era a minha vez de carregar não só a minha culpa, mas a
de mais de 100 homens.
respingos de sangue que não saíam mais, mesmo com toda a limpeza. Não
na Bloodline.
chão.
Era como rezar o “Pai nosso” para mim. Foi a primeira coisa que ele
jovem garoto russo que nasce no Sindicato, ou aqueles que desejam se tornar
parte dele, aprende aquela oração.
Cartel, Moto Clubes são inimigos pela vida e pela lei do submundo. Assim
boca. Agora, de volta à Rússia, em minha casa, eu voltava a sentir o ódio que
Ele bateu outra vez. A dor quase insuportável me fez grunhir, mas eu
— Sétimo.
De novo.
— O oitavo.
Mais uma pancada da corrente, dessa vez a ponta bateu em meu ombro,
Viktor Zirkov, suba no ringue e lute contra os seus irmãos Bratva. Que Deus
pausa. — Se morrer, que o diabo o receba para pagar pelos seus pecados.
abalou quando abri os olhos, mas eu não podia demonstrar. Não quando cada
Para ele, eu deveria ser morto sem julgamento. Não era o que eu
achava, mas o que ele me ligou para dizer na noite anterior. Ninguém podia
olhos bem abertos no russo. Uma única brecha e eu entraria, então Alexi
cairia. Se seu primo me desse motivos, seguiria pelo mesmo caminho depois.
estavam usando os guerreiros para me cansar. Alexi estava. Não porque ele
não se garantia em uma luta, mas porque para me matar na frente do meu pai,
sem sua aprovação, ele usaria todos os danos que os guerreiros me fizeram
atingido algumas vezes, mas nada preocupante. Quando seu punho atingiu
ouvido.
cair.
Passei por trinta homens. Sangue escorria da minha boca e eu não havia
caído nenhuma vez. Já não podia contar com meu olho esquerdo, e a
queimação em minha garganta devido a alguns golpes era forte. Lutar com os
Volya me treinou. Ele sabia cada passo que eu daria antes que eu
fizesse. Se eu fosse cair por alguém, seria para o meu irmão e o pesar
momentâneo quando fitei seu rosto me dizia que ele não gostava disso. Me
humilhar diante dos Vorys não era de seu agrado, mas eu merecia. Ainda que
meu ego, minha confiança e meu respeito fossem provocados, eu sabia que
merecia.
que a partir dali meu orgulho decairia. Não havia como passar por Luka
Não havia como ganhar, mas eu só tinha que me segurar para não
perder.
prestes a acontecer.
sangue. Se aquele fosse o meu dia a dia, a Irmandade teria que me fornecer
homens que não me aceitavam ali e avancei, procurando um bom lugar para
ver a luta. Deixar minha irmã em casa para vir assistir à queda ou vitória
do Boss realmente não foi meu primeiro plano da noite, mas Veronika era
Eu não era muito nova quando Roman Zirkov o matou, mas ir de filha
últimos tentando compensar a marca que meu pai, Bukin Malkovi, deixou.
grande e enfrentar um mundo liderado por homens, a fim de dar algo bom à
Veronika. Quando eu disse a Roman que gostaria de ganhar meu lugar nos
negócios, ninguém gostou. Para eles, eu deveria ser julgada para sempre
pelos atos de meu pai. Minha irmã e eu. Porém Roman pensava diferente e eu
minha cama para servir ao único propósito que ainda me dava algum prazer.
homem cair no ringue. Dois Vorys rapidamente entraram para tirá-lo. Viktor
estava coberto de sangue, uma visão que talvez antes teria me amedrontado,
mas não mais.
volume e ele era sexy, na altura dos joelhos. Era sempre divertido ver como
ironizei.
— Viktorya não é da minha conta. O noivo dela está bem ali. — Ele
chão.
passar a noite.
distância.
— Uou.
— Não, vamos falar sobre você. O que está fazendo em Moscou? Pelo
o que ouvi, sua relação com Viktor não melhorou desde a volta dele.
— São Petersburgo está bem cuidada. Eu vim para garantir que nosso
— Acha que Roman não pesaria a mão porque o traidor é seu filho?
— Acho que homens como nós tem fraquezas que nos fazem pecar —
— Eu concordo.
Minha risada fez dois Vorys virar para ver o que estava acontecendo,
seus olhos críticos me jugando por estar tão próxima de outro Boss, o dono de
outro território.
— Você é um pedaço de mau caminho, Alexi. — Segurei minha mão
de tocar aquele rosto másculo, mas eu tinha uma regra que nunca quebrava.
— Eu sei, obrigada.
ainda assim, me admirava todas as vezes que olhava no espelho. Não trocaria
uma última vez para o ringue. As pernas de Viktor estavam moles, ele se
segurava nas grades, mas o sorriso torpe estava lá. Eu admirava sua força, ele
respeitavam tanto.
A sala ficou estranhamente calma quando o próximo oponente de
Viktor entrou. Maksim. Eu não fiquei para ver, não podia. Não quando sabia
que meu Boss não ficaria de pé naquela luta. Abri a porta e peguei meu carro.
Ritz. Se algo aparecesse, a minha pistola Taurus estava presa e de fácil acesso
em minha coxa.
vovô. Evitá-los a todo custo seria minha missão pelo restante da semana, ou
pelo menos até que alguém tivesse misericórdia de mim e me livrasse do meu
fardo.
Ele.
anos eu torci para que os dois se dessem bem. Eles estavam próximos em
idade e eu via como ambos se olhavam, mas depois entendi o perigo que seria
para ela.
Também entendi que alguém como o meu avô jamais poderia estar com
mas se ergueu para beijar minha testa. Seus olhos estavam vermelhos e
cerrados, e tinha um prato de comida à sua frente que três Vorys poderiam
dividir.
ouviu, ou fingiu, já que os hábitos dos meus irmãos tinham, há muito tempo,
se tornado imparáveis.
matar!
— E por quê?
Seus olhos lentos estreitaram mais ainda. Ele estava tão doentiamente
animado que me irritou. Tudo nele estava me irritando, assim como era
comum quando usava aquelas porcarias.
Eu não era estúpida e sabia que eles vendiam, sabia que muitos
usavam. Mas o meu irmão estar viciado em drogas não me agradava em nada.
— Vou comer mais tarde. — Olhei acusadoramente para Evá. Ele não
Eu sorri um pouquinho.
— Ah, mas nenhum dia é como hoje. — Ele riu e passou por mim,
pegando uma fatia de bacon do prato na mesa. Evarkov começou a rir com
Meu avô tossiu, só então percebi que ele também sorria por trás de sua
caneca.
com Alexi.
Como aposentado, meu avô não tinha mais muito o que fazer sobre os
negócios da Bratva, mas eu entendi que podia ser de cunho social. Ele sempre
— É claro, devushka.
pesados e passei o braço pela mesa e toda a comida, pratos e copos foram ao
chão.
minha atitude.
ringue.
Morto?
Não podiam...
ringue, ele estava um saco de ossos sangrento. Não vai viver para ver o
amanhã.
animados conversando sobre a tal luta, alheios a mim. Alheios ao fato de que
Um estrondo soou e eu pulei para longe quando Evá jogou Maksim por
chão.
— Eu teria feito isso com ele! — meu irmão gritou, rindo. Suas
levantou com a ajuda de Evá, falando mais detalhes de como ele havia sido o
fraturadas.
— Vocês não têm respeito por mim? — gritei e assim que abri a boca
senti o sal das lágrimas em minha língua. Eu peguei o prato que Sacha
acabara de preparar e o atirei em Maksim. Por sua alegria ridícula e sua falta
de consideração.
Ele desviou antes que a porcelana atingisse sua cabeça, mas o purê
não importava o que os dois diziam. Eu queria que ele fosse punido e queria
o divórcio, mas não o queria morto. Eu o amei por metade da minha vida,
Foi Maksim? Ou será que havia sido Dimitri? Ele era um bom lutador.
Ou Volya? Meu Deus, Volya... Se ele foi o último a lutar com Viktor,
Por meses temi vê-lo, mas diante da perspectiva de sua morte, tudo o
que eu queria era encarar aqueles olhos outra vez.
passando por vovô, Maksim e Evá. Evarkov mordia uma maçã e se apoiava
— Me impeça.
gritou, assim como eu, e embora sua aparência ficasse ainda mais brutal, eu
não sentia medo. Nunca temi meus irmãos, mas entendia porque todo o resto
do mundo o fazia.
tentar me impedir...
— O que vai fazer? Não há nada que você possa fazer que vá nos
machucar.
Posso ir passar um tempo com o Clã de Detroit. Sempre quis saber como eles
pudesse se hospedar.
— Dói que você pense em ficar na nossa cidade mais perigosa, Maryia.
— Isso seria bom — disse Evá, mordendo aquela maldita maçã mais
Obviamente não foi minha ameaça que o segurou no lugar, mas sim o
fisicamente, por sua raiva descontrolada. E isso ele não se permitiria fazer.
Talvez por isso Viktor escolheu uma dama italiana para me trair.
e entrar em busca dele, mas ela tinha aquele olhar rebelde que a fazia parecer
um pouco mais velha do que sua verdadeira idade e, no fundo, eu podia ver
tentou fazer com que eu parasse tal hábito, mas eu sempre encontrava um
— Pelo o quê?
— Você está calma. — E aquilo era a resposta sobre ele estar ou não
morto. Maksim mentiu, ou ele pensou que viu o que disse. Eu não sabia, mas
não importava.
— Sim.
Bom. Alessandra era muito boa no que fazia, é claro, ou Roman sequer
teria considerado tê-la trabalhando para a Bratva. A vida dos Vorys era
valiosa para ele.
saudade, dor e raiva quando o vi jogado no sofá. Tanta raiva que foi difícil
me destruísse depois.
limpá-lo, mas havia muito sangue. Precisaria pelo menos cuidar de alguns
ferimentos antes, e agora que Alessandra saiu, alguém precisaria lidar com
casa, longe de sua família e as lutas com seus Vorys. Um homem mudado. E
Ele obviamente sofreu com sua punição, eu mal reconhecia seu rosto.
Todo o corpo onde quer que eu olhasse estava machucado. Porém... seria
suficiente?
Eu me senti egoísta por pensar que enquanto eu sofria com meu
Como se nada tivesse acontecido. Eu seria obrigada a voltar para ele. Receber
história. Me manchando.
Seus Vorys podiam tê-lo perdoado, mas eu não o fiz. Nem sei se
Egoísta.
voz de Volodya atrás de mim. Ele estava encostado a uma pilastra no canto,
— Eu não te vi aí.
de terminar o serviço, sinto avisá-la que vou te impedir da forma que for
— Cuidado, Maryia.
— Sinto muito.
Volya deu um aceno brusco. Eu podia não gostar do que ele dizia ou
fazia, mas ele era o terceiro homem mais poderoso em Moscou. Havia regras
e formas de falar com ele. Insultá-lo como eu estava prestes a fazer não se
e virou o rosto para jogar a fumaça longe de mim, após alguns segundos. As
tatuagens cobriam sua pele escura, mas havia uma delas que me amedrontou
desde o momento em que ele a fez. Aquela debaixo do olho. Avisando que
nada lhe passava despercebido. O boné preto em sua cabeça o deixava com
uma aparência mais perigosa do que qualquer outro Vory andando nas
ruas. Volodya era ruim, eu sabia e provei disso vendo suas lutas algumas
vezes. Quando ele matou sem piedade e rezou sobre os corpos, após
comprovar a morte.
— Não, não importa. Viko vai pegá-la de volta e ele vai matar Maksim,
— Eu não preciso ameaçar, Maryia. Você sabe que é o que Viktor fará.
os meus irmãos de toda forma que podia, até que vovô cedeu e me deixou
— Maksim e Evá não são mais tão jovens. Seu Boss não pode mais
atingi-los.
seu avô, atirar em quem estiver pela frente e levá-la. É seu direito.
— Eu o odiaria — rosnei.
— Já não odeia?
— Eu vou limpá-lo — falei e virei para sair. Volya segurou meu braço.
— Você não chegará perto dele. Não quando eu sei que poderia ter um
Eu abri a boca para negar que faria algo do tipo, mas a fechei, porque
— Ele errou, Maryia, isso é fato, mas é com você, se ele vai errar ainda
mais.
fizer com que ele lute por isso, não vai gostar das consequências, você o
conhece.
qualquer pessoa no mundo, então sabe que se forçar a mão sobre mim, eu vou
fazê-lo pagar. Já fiz antes. Existe uma coisa que para homens como vocês,
Volya.
Viktor.
— Você diz isso porque ainda não amou ou foi amado por uma mulher
louca.
“Dei ao amor umas cem tentativas
HALSEY, WITHOUT ME
Quando eu entrei no escritório de vovô e vi Roman, quis dar a volta e
correr de lá, mas meu avô pareceu ver isso em meu rosto e se levantou,
— Entre, devushka.
— O senhor chamou?
Roman nos analisava com a face em branco. Ele era um dos poucos
reinou por um minuto, eu sentia o peso do olhar do meu sogro sobre mim.
pertencia ao seu filho. Mas onde estávamos agora? De repente, senti certo
medo de que Volya pudesse ter contado sobre o nosso encontro, dois dias
— Olá.
Olhei no relógio. 19h19. Que ironia. Viktor costumava dizer que todas
— Eu não quero voltar para ele. Não posso sequer pensar nisso.
— E está muito claro para todos que esses anos chegaram ao fim.
meses que ele esteve fora, não consigo suportar a ideia do que vão pensar se
eu voltar.
— Minha neta não quis dizer dessa forma, Roman — vovô intercedeu.
— Você vivia dizendo aos quatro ventos que o amava. Esse amor se
foi?
Ele não dava a mínima para o meu amor. Tudo o que Roman fazia tinha
levariam a um propósito.
filhos?
Engoli em seco, ignorando a raiva fervente que senti quando suas
em seu rosto.
Irmandade, mas não conhecia profundamente. Aquele dia foi o seu primeiro
a Viko o instinto de proteção que ele só tinha com Dalyah, até então. Vocês
Eu me lembrava. Ver meu sogro pela primeira vez de perto e falar com
— Mas ela deixará todas para trás, subirá e vai arrumar uma mala.
De repente, sua diversão se foi e ele me encarava com firmeza. Não era
uma visita amigável e tanto eu quanto vovô fomos tolos em pensar que
louco no peito, enquanto olhava de vovô para Roman, que agora não sorria
— Meu respeito por você segue intacto, Nikolai. Não me faça fazer
favor!
Você se lembra?
— Sim.
Ele havia dito que não tinha volta. Que eu escolhi Viktor e nosso
disse sim.
— Agora me pede que eu volte atrás na minha palavra?
estar livre tanto quanto eu. Então ele pode fazer suas... suas... suas aventuras
sem culpa.
não reivindicaria você novamente. Ele foi à Itália, ele errou e ao voltar pagou
forçá-la a obedecer.
— Não! — gritei. — Não faça isso, por favor! Eu irei com o senhor.
Ele destravou sua pistola e o som parecia música junto ao meu soluço
Eu olhei uma última vez para meu avô, então encarei meu sogro e
ele não me deixou ver vovô antes de ir. Muito menos, me respondeu se ele
estava bem. Eu tentava abafar meus soluços para esconder meu desespero
dele, mas seus olhos frios estavam grudados na direção. O carro deslizava
pelas ruas sem pressa e meu coração apertava mais a cada semáforo.
— Viktor está em seu quarto. Olga vai levá-la até lá para que
conversem.
— Você está certa, mas somos família. Eu sou Roman e “você” nessa
está.
Ele me analisou com crítica.
Eu assenti, cheia de alívio e raiva e saí do carro. Dessa vez, Dalyah não
presença, pois sempre me achou um mau exemplo para Dalyah, mas eu sorri
até Viko.
instruiu a informar qualquer coisa fora do normal para ele. Sergei está na casa
de seu avô, esperando por ordens, caso haja algum... risco para Viko.
Eu respirei profundamente.
rosto esticado era grande, mas me contive, percebendo que qualquer deslize
conselho de alguém que perdeu o amor de sua vida. Se eu pudesse ter Yuri de
volta, não teria sido tão ingrata com ele. Não deixe que Viktor lhe escape por
conta de um capricho.
Capricho?
Eu me virei para dar uma resposta, mas ela saiu, como se não quisesse
estragar o efeito de suas palavras sobre mim. Se sua intenção era me fazer
sentir culpada sobre Viktor, ela errou feio. Ele foi o único a me trair e me
perder. Não o contrário. Meu orgulho não era um capricho, era tudo o que eu
Viktor não estava em seu antigo quarto, então eu subi para o terceiro
andar, onde ele costumava me levar quando ainda não éramos casados. Onde
eu o deixei tirar minha virgindade antes sequer de ser sua noiva.
— Só Deus sabe quando meu avô vai deixar esse casamento acontecer.
— Toquei seu rosto. — Não quero mais esperar, Viko. Quero ser sua.
peito.
— A boceta — completei.
devagar, não querendo me assustar com o que fosse ver lá dentro ou até
mesmo não conseguir lidar com o baque de vê-lo acordado outra vez.
suas decisões e me fiz presente para criticá-lo quando não acreditava em algo
também. Foi com ele que eu dividi as últimas refeições da minha vida, de
quem acordei ao lado. Ele me conhecia melhor do que a mim mesma. Não
porta, estava me levando ao limite e a única razão para eu não ter saído foi a
usado para se apoiar. Ele não virou com o som da porta rangendo, nem
quando meus pés fizeram barulho ao entrar. Continuou sentado, olhando para
a frente. Suas costas tinham rasgos da infame corrente da qual já ouvi falar, a
corrente com que ele já havia punido Vorys que traíram a Bratva.
uma delas havia sido feita. A mais antiga dela estava já desgastada, mas nada
tirava seu poder. Poucos meses depois de nos casarmos, ele precisou finalizar
sua iniciação, então foi pego numa venda de drogas e ficou preso por três
anos. Quando ele saiu, se tornou um Vory e comprou nossa casa. Nove meses
iniciação. Ele saiu com cicatrizes, mais forte, mais homem. Três anos de
história que o tornaram o homem que ele precisava ser para se tornar
Eu o assisti governar Moscou com seu coração e alma. Então por que
— Entre, esposa — sua voz fez tudo dentro de mim tremer —, temos
cama, como se dois dias atrás não tivesse sido espancado e derrubado,
podia.
Mas eu ainda podia ver suas íris. Os olhos verdes que eram a minha
última discussão?
descontrole. Ele sabia, assim como todas as pessoas em nossos Clãs, que
nenhuma discussão seria capaz de acabar com a devoção que eu tinha por ele.
Só então eu vi sua face mais cínica. Aquela que ele usava em seu trabalho e
ringue e nas ruas continuavam firmes e até mais pronunciados que da última
barba estava raspada. Ele nunca gostou muito. Ele continuava o mesmo
para mim.
— Eu sei que você teria vindo cedo ou tarde, mas eu tinha pressa.
— Você veio quando pensou que eu estava morto. Imagino que seus
irmãos não perderam tempo em dar a grande notícia.
Ele riu, porém, não era a risada que me dava quando eu dizia algo
engraçado, era o riso reservado para quem ele via como uma ameaça. Isso me
tocando seu peito no meu e ergueu a mão para acariciar meu rosto. Seus
livre, Maryia. Você é minha. Eu te disse isso no dia em que nos casamos e
repito agora. Não há nenhum lugar para onde fugir. Vou caçá-la aonde você
for. Vou destruir quem abrigá-la, vou usar cada familiar com quem se
— Porque você sabe que essa é a única forma de me fazer ficar ao seu
lado.
— Não, porque nós jogamos esse jogo há anos e você ainda insiste em
eventualmente você vai ceder como sempre faz. Porque está aprisionada a
mim, zelenyye glaza. — Ele se inclinou e seus lábios tocaram o meu ouvido.
— Para sempre.
“O que nos tornamos?
Eu nunca vi os sinais
Você foi meu raio de luz, meu guia nas noites solitárias
graça no movimento.
Ele sorriu.
alheio.
homem que ele costumava ser quando dizia me amar. Como podia mudar de
— Maryia... você age como se não fosse aquela que sabe tudo sobre
meu próprio inferno, enquanto você se divertia com uma das suas
prostitutas!
hom...
Seus olhos pegaram fogo. — Se eu souber que você esteve com alguém,
enquanto estive fora...
eu não pude opinar sobre sua aventura com outra mulher. Ou mulheres.
piadas, Maryia?
louco de tocá-la.
Viktor tão irritado quanto ver as atenções que eu recebia. Ele perdia a cabeça,
Minha virgindade foi um prêmio para ele, termos nos casado foi apenas
amou.
Abri meus braços, encarando-o naqueles olhos vagos. — Não evoluímos, não
rei e rainha. E eu não tenho sequer a capacidade de lhe dar um herdeiro. Foi
por isso, não foi? Você foi buscar em Elena DeRossi o que eu não posso te
dar.
disso.
— Vamos começar tão cedo, zhena? Você me culpa por coisas das
Viktor sorriu.
— Retire o que está dizendo, Maryia, antes que eu a faça confessar suas
mentiras.
sua nova família resolve as coisas, não? Com violência e oprimindo suas
esposas. Se é disso que se trata, volte para a Itália, pois não vai me tocar
nunca mais.
aproximei do meu marido lentamente. Uma mecha do meu cabelo ruivo caía
menti. E adorei ver seus olhos pegando fogo de raiva, desejei que ele me
batesse apenas para que eu tivesse mais um motivo para fugir. — Eu seria
— E por quê?
não era o seu. — Enrolei a mecha solta no dedo. — E sabe o que mais? Eu
adorei.
contorcido de raiva. Ele fechou o espaço entre nós, então segurou minha nuca
aqueceu minha orelha e seus lábios tocaram minha pele no mesmo lugar.
— Viktor!
segurança o suficiente para conter os riscos que a Bratva lhe trazia. Eu não
sairia dali, a menos que ele abrisse a porta, ou pulasse a janela. O que estava
fora de questão...
Ou não.
Eu não duvidava das palavras de Viktor, ele sabia ser vingativo, cruel e
tomar atitudes repulsivas quando queria. Foi criado para isso. Eu não planejei
mentir ou despertar sua fúria, mas quando ele dizia coisas absurdas, após ter
me feito de idiota, por meses, eu queria me vingar da mesma forma que ele
fazia. Nada tirava um marido do sério tanto quanto dizer a ele que foi traído.
o amava, mas não precisava de mais dez anos para reconhecer nosso fracasso
juntos.
escapar daquele quarto. Era alto, mas não a ponto de me manter ali. Eu tirei a
sapatilha e joguei uma perna para fora, então me apoiei, mas assim que me
preparei para apoiar a outra, um estrondo soou ao meu lado e reconheci a bala
meu rosto e caíram na grama lá embaixo. Onde meu marido estava de pé,
mas Volya deu um aceno ao soldado quando confirmou que estava tudo bem.
Os dois se foram.
— Engraçado ouvir isso vindo de você, zhena, quando diz não ser tão
diferente de mim.
cabeceira trançada. Eu chutei e me debati, mas ele era enorme e não tive
qualquer chance.
— Você, como uma boa vadia de Viktor, vai obedecer a esse absurdo?
Ele saiu do quarto ouvindo meus gritos furiosos. Não era a primeira vez
que Viktor fazia algo do tipo. Quando nossas discussões saíam do controle,
restava apenas o mesmo destino para mim. Ser sedada, trancada ou o que ele
de mim mesma, mas agora, quando não me dava escolha a não ser ficar ali,
fitando aquelas paredes, até que decidisse me libertar, percebia o quão errado
era.
Eu estive tão loucamente apaixonada por ele por metade da minha vida,
Condenei a mim mesma por não ter ouvido Viktorya, meus irmãos e
meu avô. Por ter me casado com Viktor levada a ilusões de um coração
adolescente ingênuo.
A luz do dia foi embora e a noite caiu quando ouvi alguém entrar. Eu
no braço levantado, mas sabia que assim que fosse libertada, a dor se
mantive meus olhos lá. O dia se foi, a escuridão chegou e afogou meus
manteve distante.
— Você se importa?
apoia. Assiste calada. Então eu pergunto mais uma vez... do que te importa
como estou?
— Eu estou tão presa quanto você. Eu... — Seus olhos brilharam, mas
ela piscou para longe, erguendo o queixo. — Eu tento levar uma vida normal,
enquanto nada é exigido de mim, mas não sou idiota. Sei que estou tão
enfiada na Bratva quanto você. Sem amor, sem segurança, sem nenhuma
— Eu também.
— Eu ouvi o que minha mãe te disse mais cedo. Não concordo com ela.
amargo.
olhou para meu vestido cheio de sangue, não me encarou nos olhos e saiu. Na
época, eu me revoltei com seu pai, fiquei furiosa. Achava que era culpa dele.
Mas... eu não sou casada com Roman. Viktor era quem deveria ter ficado
comigo. Ele deveria pelo menos ter me dito que não era minha culpa.
— Uma carta?
eu incendiei o lugar. Eu queria queimar aquele lugar que levou meu marido e
meus filhos junto com as imagens que ficaram gravadas na minha cabeça, dia
após dia.
Roman?
preocupação também. Eu nunca disse a ninguém como tinha tanta certeza das
traições de Viktor. Aquela carta tinha mais do que imagens. Era a prova de
que alguém, pela primeira vez, tinha me dito a verdade de algo na vida, sem
— Eu não sei deveria dizer isso, mas... Elena... — Ela fez uma pausa
para observar minha reação diante do nome, depois continuou: — Ela está
importante quanto eu. Mais jovem, mais educada, que nasceu em berço de
— Maryia?
Eu pisquei e a fitei.
— Está tudo bem. Ela reconstruiu uma vida sem Viktor e ele voltou
todos te adoram, Maryia. Seu avô está fazendo tudo o que pode para mantê-la
segura e seus irmãos estão colocando pânico nas ruas para tentar se distrair e
— Eu pedi tanto que eles esquecessem essa ideia, mas agora só penso
compreensão.
— Eu acho que vocês vão viver aqui por um tempo, então... saiba que
única coisa com a qual eu queria ajuda, ela não poderia fazer para mim.
9 ANOS ATRÁS
desesperadamente até lá. Deus sabia que momentos como aqueles podiam ser
de Evá. Tinham Vorys entrando e saindo pelos fundos, por onde eles
chegaram.
— Maksa? — sussurrei.
— Vá, Maryia!
Viktorya me puxou para fora e começou a fazer ligações, enquanto eu
a minha mão com força, apoiando-me. — Está tudo bem, Maryia. Ele vai
Ele não lhe deu atenção. Seus braços me ergueram do sofá e ele me
mas Viko não se importava. Ele só queria garantir que eu tivesse consolo
testa.
— Foi um tiro limpo. Ele está fora de perigo. Seu irmão ficará bem.
— Viko? — Eu solucei.
— Agora seu avô verá que eu sou o único que pode protegê-la.
Eu só o soltei e deixei que entrasse na cozinha onde vovô temia pela vida
— Viky — sussurrei.
— Eu...
Trocamos uma vida por um casamento. Seu felizes para sempre, Maryia. Que
benção, não é mesmo?
Ainda que ninguém tivesse dito em voz alta, meus irmãos e até vovô
fosse dada.
Eu vi isso acontecer.
Venha e me liberte,
encolhida naquela cama, a primeira coisa da qual me dei conta foi meu
noite de choro sem refrigério e meus olhos pareciam pesados, como se eu não
longo dos anos em deixar que ele fizesse tal coisa. Mas não mais.
Exteriormente tudo estava tão igual, que parecia que eu tinha perdido
meu filho no dia anterior, então Viktor saiu e voltou essa manhã. Como se só
travada na tela.
para me manter perto, eu havia entendido. Sempre foi assim. Mas o quanto
ele estava disposto a lutar, até que percebesse que eu realmente não queria
mais aquilo? O que um Vory mais preza na vida é seu nome, fama e orgulho.
misericórdia.
irmãos seriam julgados, assim como vovô, pelos meus atos. No entanto,
Viktor seria humilhado. Se seus Vorys soubessem que ele não controlava a
esposa, não acreditariam que conseguiria lidar com suas questões na máfia.
Seus homens, seu território e seu cargo; tudo seria posto em dúvida.
Ou voltava deixando claro que tudo havia terminado entre nós. Que
meu amor não lhe pertencia mais, ainda que fosse mentira. Que não havia
chances de ele fazer o que fez comigo e voltar agindo normalmente. Eu não
Minha decisão foi tomada enquanto prendia meu cabelo firme no alto.
desgastada.
Minha calça larga feita sob medida era do mesmo estilista que fez a
camisa de seda rosa pastel abraçando meu corpo. O sapato alto fora um dos
primeiros presentes que Viktor me deu após nos casarmos. Dando mais do
que eu precisava e muito mais do que podia usar. Ele era exagerado quando
me mimava e eu sempre vi amor em seus excessos.
Até perceber que seu carinho era uma forma de me controlar e eu não
Mas o que mais me estranhou, foi ver o meu irmão ali. Evarkov tomava
pequeno sorriso, ainda com pena no olhar, mas pelo menos não parecia mais
Viktor sentado na cabeceira, comia, enquanto ouvia Evarkov falar sobre suas
lutas. Não pareciam nem de longe ter estado em pé de guerra apenas um dia
atrás. Meu irmão mais novo exalava sua atitude mais amigável, ninguém
Pelo menos, nisso eu não podia criticá-lo. Seu egoísmo não se esticava
aos homens que o serviam. Ele tratava seus Vorys como iguais.
para o retorno da minha zhena. Então, coma, pois temos um longo dia pela
frente.
Não era incomum ter chefs consagrados cozinhando para nós. Eu quis
ignorar sua ordem, mas obedeci. Sabendo que ideias e planos não podiam ser
realizados com rebeldia, mas com inteligência e foco. Para fazer o que eu
Ele acabou com seu vinho num único gole e bateu o copo na
superfície onde pudessem apoiar a comida. Selvageria pura. Era bruto, mas
— É claro que foi. Minha cabeça está um pouco mais clara esta
manhã.
momento — disse Viktor, não dando a nenhum de nós seu olhar. — Acabei
em sua mão, que o talher entortou sutilmente e eu cutuquei sua perna com o
pé para alertá-lo.
Meu marido travou seus olhos verdes em mim, inclinando a cabeça. Ele
acreditou.
Tão tolo. Ele sempre foi tão consciente do meu amor, que a ideia de
Sabia que meu amor era tão imparável que não havia nada que pudesse
— Fico feliz que também pense assim, zhena. Eu farei tudo ao meu
alcance para recompensá-la. Não só você, mas meus Vorys, meu Pakhan e
Estremeci quando sua mão cobriu a bochecha e ele segurou meu pulso,
suco sem gosto para o estômago. Eu vi o pó no meu copo. Olhei para ele, mas
remédio? Eu não sabia, mas desejei poder jogar em seu rosto. Primeiro o
pele.
planos.
faculdade — disse Dalyah, ignorando sua mãe e falando direto com ele.
Evarkov riu.
faculdade, Dalyah.
— Uau. Fico tão surpresa como você pensa que manda em mim.
— Volya fala para o seu bem, querida. Eu já lhe disse que isso não vai
acontecer.
— Mamãe, é a única coisa que pedi. Eu só quero estudar. Por que é que
um Vory ou um Boss.
nasceu.
— Você não tem apenas a imagem de seu tio para ajudar a preservar,
mas também a de Viko, nosso Boss e a de seu pai, que descansa com
orgulho.
oferecer.
continuar sonhando. — Viktor sorriu. — Mas não diga que não avisei
quando a acordar dessas ilusões. Maryia pode ir com você até o campus.
— É claro. Confio em você, zhena. Sei que não fará nada que eu não
aprovaria.
rapidamente puxei meu rosto para trás e me levantei sem poupar um olhar em
sua direção.
andar.
Eu sabia bem o que Viktor planejava com aquele jogo, era típico dele.
Agora faria de tudo para que os meses longe se tornassem apenas uma
lembrança conturbada do que houve.
alguns passos e nos desse privacidade, mas ele ficou bem atrás. Eu podia ver
no rosto de Dalyah que ela odiava a superproteção de seu primo tanto quanto
eu.
sopro no pescoço.
blá. Se afaste.
de privacidade, ok? Tenho certeza de que você pode nos proteger a essa
distância.
dele.
— Porra, não vejo a hora de fazer 18.
— Dalyah...
— Não seja como Volya, não me diga que estou sonhando. Preciso
— Eu teria liberdade com 18. Nem sempre essa idade traz boas coisas.
cartões de loja. Seu pai não quer pagar para dar uma lição nela.
Eu sorri.
— Sim.
— Você o amou no pior e no melhor. Eu rezo para que Viko veja isso
idade de Dalyah eu também sonhava alto. Sonhava com amores, uma vida
aparentavam mais novos. Eles caminhavam pelo campus como nós, saíam e
entravam nos três prédios erguidos lado a lado. Era um belo lugar. O tipo de
lugar de honra para se estudar e se formar com louvor. Com certeza todos
caminhávamos e ela me falava sobre sua vontade de estar ali, sobre como
que já conhecia, aprender e explorar. Fui uma conformada por toda a vida.
debater e teimar com Evá e Maksa, mas sempre acabava cedendo. Então me
Foi culpa dele ter me transformado no que eu era, mas foi minha culpa
Sorri para disfarçar que não havia escutado uma palavra do que dizia e
concordei.
—Tipo um namorado?
— Ou uma namorada? — Ela deu uma risadinha, mas parou ao ver que
manda no coração?
— Então sabe que, como sua mãe, a maior função dela é tentar educá-
vida, estou falando a verdade, mas esse não é o pior ou único defeito dela.
Eu sabia que Olga não era melhor das mulheres, mas nunca me
preocupei com ela, desde que se mantivesse fora do meu caminho quando eu
de Roman.
— Eu não perdoei seu primo, Dalyah. Como poderia? O que ele fez
muito a sério o que eu dizia. — Vocês ficarão juntos para sempre, mesmo
que infelizes. Assim como eu. Quer dizer... sei que é estupidez ficar
sonhando com faculdade e conhecer alguém legal aqui.
gosto é como as coisas são feitas. Por que eles mandam em nós? Por
que Aryshia é a única mulher com poder e no comando de um clã? Por que
Ela fez uma pausa, parando de andar e me olhou nos olhos — Por
que Viko pode te trair e pegá-la de volta, mas se você fizer o mesmo, será
morta?
lembrava dos últimos dez anos juntos, entre nossos altos e baixos. E como os
vou me incluir nele, não porque sou egoísta, mas porque não quero apoiá-la
em uma besteira que lhe levaria à morte. Você é mais inteligente que
isso, Maryia.
— Pois, me sinto burra. Me sinto tão estúpida por estar aqui, estou
entender.
— Ainda que ele não soubesse, acho que com o divórcio sendo algo
impossível, olhar para ele todos os dias e saber que eu venci, olhar para ele e
vê-lo como uma piada, já me bastaria. Ainda que só eu soubesse o que fiz.
O que seria tão doloroso para ele como sua traição foi para mim? Eu
ainda não sabia, mas torcia para que em minha cabeça louca em algum
momento uma revelação surgisse.
— Você deveria...
Sergei, que lhe deu um aceno. — Vejo que veio cedo para o tour, senhorita
Zirkov.
estava nela.
— Vá, Dalyah.
— Ela pode voltar outro dia. Eu lhe deixarei em casa primeiro, Maryia.
prestes a explodir, ela seguiu o reitor para dentro. Não me surpreendia que o
deixaria saber se entrou por mérito ou influência. Ainda que não importasse,
havia poucas chances de que Dalyah fosse aproveitar qualquer tempo naquela
universidade.
quando Dalyah acompanhou o reitor para dentro. — Você nunca sabe dos
perigos da faculdade não, é? Vai que o velho senhor tente algo com ela lá
dentro.
portas do prédio para esperar. Prendi meus olhos na grama verde e observei
minha vida.
Eu me virei pronta para gritar, mas ao ver o rosto que se espreitava por
aproximar.
— Dimitri?
Merda. De todos os homens, logo ele tinha que ouvir nossa conversa?
Se ele fosse até Viko com o que sabia, eu poderia muito bem me jogar na
frente de um caminhão na avenida. Se tinha algo que Viktor não tolerava era
ser enganado.
toda, ele continuava sendo um estranho para mim. Um estranho que agora
— E Sergei.
— Sim.
Não vou te julgar, Maryia Zirkov. Se fosse, não teria te enviado as fotos,
meses atrás.
Levei um minuto para processar suas palavras, mas quando o fiz, meu
— O quê?
envelope quando ele chegou a mim, mas me senti muito bem em deixar as
de tal forma. Eu quase me matei por suas ações. Dimitri nada tinha a ver com
a minha vida ou o meu casamento, se nos falamos nos eventos e festas foi
— Ainda que Viktor odeie você e Alexi, ele jamais faria algo assim
com Viktorya.
— Colocou fogo na linda casa de contos de fada que mantinha com seu
marido.
dele, pronta para dar o fora, mas ele segurou meu pulso e me puxou para trás
Zirkov.
largo eram como uma onda mansa empurrando concreto. — Ele está mais
quando ele me encarou novamente, o sorriso estava maior, havia ainda uma
descontrolada.
— Me deixe sair.
Ele desceu os olhos castanhos pelo meu corpo, sua perna direita se
intimidade.
ninguém. Quando realmente quiser se sentir vingada, venha até mim. Posso
lhe dar o gosto da vitória contra seu marido. — Ele enfiou o rosto em meu
pescoço, cheirou meu cabelo e tocou levemente minha orelha com os lábios.
Assisti a Dimitri ir embora, encarando suas costas cobertas por uma blusa
Eu sabia que não havia amizade entre eles, Viktor sempre odiou
os Romanoff, nem mesmo minha amizade com Viktorya era bem-vista por
Porém, após dois minutos, foi inevitável não olhar para trás. E eu
propriedade de Roman.
meu Boss.
Com certeza havia uma lista de ofensas dirigidas a mim em sua mente,
mas ele guardava todas elas. Seu desgosto era claro no olhar, mas seus lábios
me respeitavam — pelo menos na maioria das vezes. Olhei pela janela, não
vendo nenhum Vory lá fora. Seria tão fácil fugir dali, mesmo que por um dia.
“Seu marido tem uma única serventia e não é matar, ele está mais
dizer.
Eu refleti na pergunta. Viktorya nunca deu uma boa razão para adiar as
datas que Maksim ditava. Sempre havia algo. Uma viagem importante, um
curso que ela queria terminar, um convidado importante que não poderia vir
no dia.
Eu sorri.
Ela ainda era tão nova. Quando finalmente entendesse como os homens
meu medo.
Viky era a minha melhor amiga, eu não queria nada mais do que nos
tornarmos irmãs através de seu casamento com Maksim, mas o que a impedia
nunca me foi dito. E eu sabia que ela não diria, a menos que realmente
quisesse dizer.
— Até lá.
até cansar. Descobrir se meu corpo me levaria para trás ou para frente. Um
Viktor apreciaria?
caminhar novamente, fazendo uma pausa apenas para olhar em volta e ver
onde ele estava, mas não havia nada. Talvez eu tivesse imaginado? Não
duvidaria.
livremente, nem quando Viktor estava na Itália, então uma simples visita à
direção à cama, mas sabia que o maldito aparelho estava lá. Eu gostaria de
dizer que nunca mexi nas coisas particulares de Viktor, mas seria uma
mentira tão grande quanto dizer a Sergei que nada diferente aconteceu,
Meu cabelo estava ainda mais curto, uma cor acobreada vibrante,
Foi na mesma época em que Olga voltou ao país, Dalyah era ainda
mais jovem e seu pai tinha falecido há pouco tempo. Foi uma época difícil,
pronta para pegar a bolsa e ir à casa de vovô, mas parei com um sobressalto
corpo.
— Me chamou, querida?
Viktor riu.
— Ele é o único que pode lidar com você, zhena. Não me culpe.
sorriso doce.
Meu coração deu um salto. Não era possível que Dimitri tivesse lhe
dito algo, isso o colocaria em risco ao invés de mim. Ele foi o único a me
me tocou, como falou comigo. Abaixei a cabeça ao lembrar como sua perna
— Essa é a verdade?
Soltei um riso irônico, caminhando pelo espaço.
— Eu sou a única aqui com crédito para tal pergunta, querido. Você foi
o único a me trair.
Ele não estava preparado para me ver abordando aquele assunto tão
inferior, fitando meus saltos baterem no chão. Uma melodia do inferno. Sinos
— E se arrependerá.
traiu.
— Sim.
Ouvi-lo dizer apenas me fazia sentir menos louca. Como se finalmente não
— Eu não contei.
Ele deu um aceno curto, seus olhos claros me analisavam com um calor
abordagem.
— Você é.
— Três?
— Isso é ridículo.
— Dizer a você não vai apagar o que fiz, Maryia. Está no passado.
— Está no seu passado, mas é o meu presente cada vez que penso
nisso. Cada vez que te olho!
— Três — confirmou.
— Por que a insistência com ela, Maryia? Você já sabe que ela é uma
— Você falou com ela sobre construir uma família, sobre trazê-la para
— Foi.
com as informações. Para ser sincera, eu também não achava que pudesse,
— Um pouco mais.
— Quanto mais? Dez?
Dei risada.
os momentos?
Seu silêncio pareceu durar horas, mas foi apenas poucos segundos. Ele
encostar em mim.
— Não.
Sua sentença foi dita tão seriamente que me chocou, mas então no
segundo seguinte eu estava rindo. Ele podia ser tão cínico? Tão mentiroso?
Realmente?
eu atirasse algo em sua direção, ou tentasse fugir. Deus sabia que eu estava
próxima de fazer uma das duas coisas. Quando tomei fôlego, balancei a
assim.
enquanto eu chorava a nossa perda. Não contente em fazer uma vez, você
— Ah, não, querido, você sofreu. Sei disso agora. Sofreu e se consolou
sofrer será por mim. Eu não medirei os meus atos, marido. Você vai pagar
como eu quiser.
— Não me ameace, Maryia. Não me faça ter que agir contra a sua
rebeldia.
rosto. — Depois dos últimos meses, a morte será bem-vinda. Se esse for o
que eu acreditasse no que dizia —, o meu amor não é uma mentira. Quem eu
sou me obriga a agir de formas das quais não me orgulho e não honram você.
Meus atos não são guiados pelo o meu coração, mas pelo o que passo nos
agendávamos nossa reserva, e eu sabia que nem sempre era assim. Nem todos
Viktor por amá-lo tanto, seria para me manter com tal status na sociedade. Eu
a camisa social listrada em cores claras. Até seu colar de pérolas fazia com
sentar.
— Agora que está reconciliada com seu amado, eu esperava que fosse.
reconfortante, Viky.
Viktorya riu.
— Não.
— Então, o quê?
— Adivinha. — Sorriu.
— Preencheu a boca?
— Mais? Não.
— Essa é a intenção.
— Meu noivo não tem nada a dizer sobre isso, porque é o meu rosto e o
meu corpo cheio de alterações. Ele faz um monte daquelas tatuagens e moda
— Eu não sou como você. Não abriria minhas pernas antes de dizer
“sim”.
— Você é virgem?
— Eu não acredito. Maksa não ficaria com você por anos sem sexo,
— Eu não me importo, ainda que ele faça. Não estamos casados ainda.
casamento?
— Seu irmão me ama e me entende, ele vai esperar. Não temos pressa.
no ar, junto à minha indignação. Eu estava tentada a falar mais, mas sabia que
ainda que fôssemos amigas, ela estava certa. Eu não estava na posição de
assentir.
— Eu sei que está na hora e vou marcar. Podemos falar sobre outra
coisa agora? — Assenti, não querendo estragar o dia que apenas começava.
— Pensei que Dalyah viria com você.
você, Veronika e Alessandra. Dalyah nunca foi muito próxima, ela é anos
ela. Linda, independente, uma líder que seus Vorys escutam e obedecem. Eu
a venero. Inclusive, ela poderia te dar uma lição por tentar ofendê-la.
— Não estou com raiva, só não entendo sua necessidade em seguir meu
homens como ele fazem para tentar se livrar de seus pecados. Acho inútil que
ele se sinta culpado por ter matado Malkovi. O homem era um traidor, se eu
de homens salivando em cima dela não era uma surpresa. — Ela é forte,
fazer o que fazem e, aliás, acredito que eles ficam bem juntos. Alexi já está
além da idade do casamento, Aryshia também. Poderia ser uma boa junção.
— Talvez Aryshia o faça mudar de ideia. Uma mulher como ela deve
garantir.
— Você é apenas sua prima, Viktorya. Não pode conhecê-lo tão bem
assim, para afirmar tal coisa. O coração é algo inesperado e curioso. Eu sou
então. Aryshia e Alexi. Ainda que ela seja velha pra caralho para ele.
— Viktorya — a repreendi.
Ela sorriu.
Deixei-a com seu humor azedo, sabendo que quando voltasse à mesa
assim como ela aprendeu a lidar comigo, eu percebi como conviver com ela.
Gostei. A amava. Era minha melhor amiga. Uma irmã a quem eu confiava
falsa, mas eu não podia contar. Como faria? Eu já era julgada pelas atitudes
de Viktor, seria mais ainda se alguém soubesse do que houve entre nós.
— Não — rosnei, encarando o espelho. — Não existe um nós.
Lavei meu rosto, levando meu tempo para tirar toda a maquiagem e
minuto de silêncio.
A porta bateu novamente e eu senti que estava sozinha. Devia ser outra
e me fitei no espelho novamente, mas assim que levantei meus olhos, não foi
a mim que vi de imediato. Uma imagem colada com fita branca na porta do
Reconheci meu marido de cara, vestido num terno que raramente usado,
dedos. A outra mão, onde meu nome estava tatuado, era segurada por uma
ruiva sentada ao seu lado, quase no colo. Ele sorria. Ela também.
Era linda. Uma das três? Uma das sete? Ou as duas coisas?
Berlim, 2020
— Dimitri — sussurrei.
um grito de angústia, ódio e vergonha. Porém dessa vez não era dirigido
E assim como ele queria, decidi fazê-lo. Viktorya teria notícias de mim
mais tarde, por agora, pensaria que saí num ataque de birra por não gostar das
coisas que falou e como falou. Se eu tinha assuntos sérios para resolver com
Saí pelos fundos, determinada a acabar com aquilo de uma vez por
todas. Dimitri se achava muito esperto, até mesmo imortal. Estúpido. Ele não
mim. O fiz falhar, por isso ele continuava insistindo, tentando me usar como
subir na hierarquia através da guerra, eu não faria parte e, se fizesse, não seria
ao seu lado.
que poderia ter Vorys nas esquinas ou até me vigiando em janelas dos
prédios, Moscou estava tomada por mafiosos russos em todos os lugares, mas
precisava ser feito, a fim de resolver meus assuntos pendentes. E por mais
Eu precisava descobrir onde ele estava e, para isso, teria que ir atrás da
pessoa certa. Por ser médica e uma das pessoas que Roman declarou seu
apoio, Alessandra tinha a confiança de muitos Clãs, ela com certeza saberia
onde Dimitri vivia e, caso não soubesse, encontraria alguém para lhe contar.
porém, antes que pudesse acenar para algum veículo, um Lexus preto com
vidros escuros parou ao meu lado, veio devagar, parando antes de entrar no
beco estreito.
conversar.
me.
— Devemos ir, antes que algum dos homens de seu marido apareça,
senhora.
Aconteceu.
estava, o que aconteceria a seguir, mas o homem estava certo, ele só seguia
ordens.
Me rasgue em pedacinhos
seguranças e soldados por perto 24 horas por dia. Como morriam de medo de
claro, não estavam em nossa terra natal. Mas na Rússia, em Moscou, São
guerreiros Bratva. Aqueles que não eram oficialmente da facção, queriam ser.
capitão nas ruas ou ser indicado por alguém de dentro, então aguentar os
Mesmo quem era de fora não ousaria mexer com a Irmandade. Todos
a pagar por proteção, era um preço que eles pagavam para nós.
como lidar com isso. Se sua filha queria se casar com um homem Bratva, ela
seria honrada. Ainda que nem todos apreciassem nossa presença, eles
respeitavam. A Rússia aprendeu que era melhor nos ter ao seu lado do que
mas eles não me seguiam excessivamente. Eles ficavam por perto, mas minha
pagar o preço.
guerreiro. Por baixo do boné, eu podia ver a nuca marcada de tinta preta, que
rastejava por dentro do tecido da camisa e provavelmente continuava por
todo o corpo. Seus braços enormes eram igualmente tatuados, assim como
era um dos homens de maior confiança de Dimitri se lhe foi dada a tarefa de
me buscar.
apenas para fazer uma curva estreita. Foram mais dez minutos depois disso.
O silêncio só não dominava o carro pelo som do rádio, um rap antigo falando
vez ou outra seus lábios se moviam junto a música sem fazer som.
Será que ele sabia que se alguém me visse dentro daquele carro, sua
vida estaria acabada? Que sofreria por horas antes de morrer, por seguir uma
— Quando chegarmos lá, você dará outro nome, caso alguém pergunte
saiu e olhou para os dois lados na rua estreita e vazia. O prédio de poucos
andares tinha apenas uma luz acesa e todo o resto tomado por escuridão. Eu
passando pelo corredor da morte, onde russos enfrentavam seu último suspiro
na Prisão da Ilha Petak. Parte de mim queria exigir que o homem voltasse e
me levasse de volta para Viktorya, parte queria entrar apenas para colocar
Dimitri em seu lugar. Mas uma vergonhosa parcela no meu interior queria
saber se suas promessas eram verdadeiras. Se aquelas palavras foram reais, se
ele estava disposto a se arriscar me dando conforto e vingança contra Viktor.
sair. Meus sapatos pesavam uma tonelada. O segui, acelerando o passo para
entrar no prédio e não ser vista. Estava vazio lá dentro, com apenas um
tocando a boina com o dedo indicador quando seus olhos bateram em mim e
disse que nossa força estava na lealdade do nosso país e não de famílias
dentro da Irmandade. Eu queria ver sua cara se ele soubesse que sua
pausa ao ouvir seu assovio. O fitei, vendo-o apontar uma porta no fim do
corredor.
Ele sorriu.
é Zodiak.
— Sim, madame.
tampouco. Não falamos mais nada. Embora Zodiak tivesse me tratado com
que existia um limite que não se passava se não quisesse conhecer o lado
Havia uma única porta aberta que deixava um feixe de luz escapar para
o corredor vazio. Estava tão quieto que meu salto parecia uma metralhadora
Fiz uma parada antes de entrar, rezando uma breve oração. Deus
conhecia meu coração, minha mente e meus pecados. Ele também sabia que
eu não tinha total controle de minhas ações, ainda que quisesse ter. Ele me
perdoaria pelo o que quer que acontecesse naquele quarto, mesmo que Viktor
não o fizesse.
senhora sim.
distância.
frente junto com três pistolas desmontadas. Analisava as peças com calma,
com frieza.
queria.
campus da faculdade.
olhos.
antes.
diferente do outro dia no campus, não me tocou, mas ficou tão perto que
socorro. Ninguém viu e ninguém vai ver. Eu não poderia ignorar seu
chamado de desespero. Me sinto culpado por tê-la feito colocar fogo na casa,
aperto.
quero que me esqueça. Ambos podemos ser mortos por isso. Essa sua... —
— Obsessão?
insano.
de cada sentença.
Insano.
escuro. Alguém com quem não posso estar junto — ele sorriu — e eu
— Se você não pode se vingar de sua amada, o que te faz pensar que eu
bem escondidas, mas está lá. Minha vingança contra a minha amada — ele
colocou a mão sobre seu coração — é que ela também jamais será feliz com
quem ama.
— Como isso pode te deixar feliz?
— Você é doente.
outros não.
Dimitri.
— É por isso que agora estou deixando tudo nas suas mãos. — Ele
começou a dar lentos passos à frente, fazendo-me recuar com cada um. — Se
quiser conversar, falarei até que ambos estejamos roucos. Se quiser planejar
contra Viko, serei seu estrategista particular. Se quiser trepar, vou foder a
raiva que te consome para fora de você, Maryia. O que você quiser.
Eu parei, chocada com seu atrevimento. Minha mão voou em seu rosto
tão rápido que ele não teve uma reação de imediato. Eu estava indignada,
irritada e furiosa com a forma como pensava poder falar comigo. Avancei até
louca à toa. Trate como prostitutas as prostitutas do seu Clã, não eu.
Virei-me, pronta para sair sem olhar para trás, mas seus dedos em volta
— Dimitri, eu já...
Um beijo.
lábios juntos. O toque de sua boca era quente, diferente, novo. Eu nunca
beijei ninguém além de Viktor, em dez anos. Minhas pernas estavam fracas,
medo, ansiedade, raiva e curiosidade lutando uma batalha que ele se declarou
tatuagens. Senti seus pelos, algo tão íntimo encostando em mim que meu
acontecendo. Ele separou seus lábios, puxando os meus para mais perto. Só
minha recusa.
uma reação, mas eu não tinha uma para dar a ele. Recuei até a porta, sem
últimos vinte minutos para perceber que a atmosfera havia mudado, que o
— Olá, esposa. — Sua voz calma em meu ouvido era suave, recheada
ou um sopro forte, como um chute forte numa porta frágil, que precisei
trancar a sete chaves para que ele não percebesse que algo estava errado. Era
sempre daquele jeito, só que ainda mais naquele momento, quando minha
conhecedores.
luta não desviar os olhos e mentir, de esconder porque realmente não voltei
para a casa.
Porque fui tocada por outro homem. Meus lábios conheceram outro
gosto, meu beijo não era mais só dele. Eu estava longe da calmaria que exibia
naquele jantar.
— Aqui não é mais sua casa, zhena. Não importa se eu estou lá ou não,
menos que mexesse comigo como sempre fez. Depois de saber de suas
Que o nojo se tornasse maior que a atração. Que o conhecimento do que ele
fez pelas minhas costas com outras mulheres fosse maior do que as
Mas não.
forma como ele me beijava com tanto desejo, paixão e entrega, me fazia
Quando acabou, meu coração batia forte. Eu pegava fogo. Meus olhos
ardiam com a vontade de chorar, por reconhecer que não importava o que ele
fizesse, meu amor sempre seria maior do que todas as outras coisas. Quando
nos separamos, ofegantes, eu senti olhos sobre nós. Inclusive o seu, pesado e
me aterrorizava.
volta. Não aquele projeto de atuação em que ela tentava se esconder de mim.
abertos. Eu a vi ajeitar sua maquiagem virada para ele, que a fazia rir de algo
que dizia. Meu peito ardeu com ciúme. Eu odiava quando Maryia estava sob
indiferente parecia estar sobre nós dois, ainda que eu soubesse que era tudo
uma encenação. Na cabeça dela fazia sentido tentar mentir para mim, mas ela
deveria saber melhor, depois de dez anos ao meu lado. Eu não era Boss por
ser estúpido.
sua mão em casamento, matei por ela e mataria de novo. Não havia nada que
pudesse esconder de mim, não importava o quanto tentasse. Ela pensava que
eu não aprendi nada em nosso tempo juntos, a ponto de ser burro o suficiente
notado. Aquele era um dos principais motivos que o fazia um dos melhores
Vory.
— Eu não amei outra mulher. Só transei. Isso é tudo o que importa para
Maryia.
— Você não teria coragem de matá-la, Viko. Diz isso a ela, mas eu te
conheço.
mataria um Vory que me traísse, por que não faria o mesmo com minha
esposa? Volya não discutiu. Primeiro, porque ele sabia que não tinha nada a
estava comigo de bom grado ou não. Não fazia diferença para ele.
falei. — Se Style traiu seu próprio país, nada o impede de nos trair também.
— Ele já esteve aqui antes, sabe que faríamos isso. Não acho que iria
arriscar.
— Ele quer provar seu valor para o novo chefe da Yakuza. Todos nós
de seus homens.
— Você deveria ter dito isso a seu pai antes que ele soltasse Katana.
porta, à espera de Tieko entrar. — É assim que a Yakuza funciona. Eles são
governados por medo, não por lealdade. Nós temos que estar preparados para
tudo.
— Eu imaginei que essa fosse a última vez que veríamos Style aqui.
— Não, Volya. Enquanto Kazel não for parado, essa aliança viverá. Eu
garantir que suas prioridades continuam as mesmas. Por que estamos tão
modus operandi.
Volodya amaldiçoou.
Não me surpreendia que meu irmão tivesse entendido tudo sem que eu
precisasse falar.
impune de seus crimes atuais e antigos de nosso país não é uma opção.
para algo. O único sentimento que já reconheci em meu irmão era sua
lealdade, que vinha de um senso profundo de honra que nós não o ensinamos,
ela sabe dos riscos que corre sendo minha esposa, mas em sua cabeça nem
tudo é tão sério. Avise os outros Clãs para ficarem em alerta com suas filhas.
Não acho que Kazel atacaria diretamente a Bratva, mas não posso arriscar.
— Não duvido. Ele é um homem descontrolado, vimos isso quando ele
conhecer.
Konstantinova da Alemanha.
todos eles.
irmão, sorrindo.
Demeron estão dispostos a dar por ela. Eu gosto de Regnar — fiz uma pausa
—, mas se ele não tiver nada interessante a nos oferecer em troca, não há
Volya assentiu.
ninguém.
Eduard Pakarovi estava ali, assim como o seu pai. Evarkov, Nikolai e
expressão demonstrava que ele não gostava nada do que diria a seguir.
— Talvez sinta a nossa falta — Volya brincou, mas não sorria. Ele
Dei risada, levando a mão até minhas costas, onde uma pistola
Alexi e seu primo, Dimitri, eram membros que o corpo da Bratva não
convidado.
— Acha que não podemos lidar com nosso convidado? — Evarkov me
questionou.
aquele homem fazia ali. Viktor não havia dito nada, apenas pediu que eu
estivesse presente no jantar, como de praxe, mas algo estava diferente. Havia
— Então por que é que você o encara, como se fosse arrancar sua
cabeça?
corja há incontáveis décadas. Segurar as minhas emoções por ele não seria
— Pois você precisa se controlar. Eu nem sei por que Viktor me pediu
para vir neste jantar, talvez fosse para colocar juízo em sua mente e de Maksa
de um Boss, além da irmandade intacta e fiel atrás dele, é sua família unida.
Viktor vai querer que você aja como se fosse a mulher mais feliz do mundo.
que eu tinha certeza de que tanto Viktor quanto os homens da minha família
apreciaram.
manteve as mãos cruzadas atrás das costas, o terno era bem passado e o
sapato lustroso. O único homem de terno no lugar. Eu sabia que assim como
Mas Style queria mostrar que podia ser civilizado no covil dos lobos,
forte.
insinuação do convidado.
— Volya, leve Evarkov e Style aos seus lugares. Vamos jantar e depois
falaremos de negócios.
Evarkov deu a volta em nós dois, passando por Viktor sem perder a
mão e levando meus dedos aos lábios. Ele me olhou nos olhos e chupou um
por um, lambendo a palma da minha mão por fim, limpando o vinho tinto.
Tentei puxar, mas o aperto em meu pulso era firme, mostrando-me que
eu não tinha escapatória. A menos que ele quisesse, eu não iria a lugar algum.
e só assim ele me deixou ir, mas não se afastou. Minha coluna ainda estava
Sempre.
— Por que você queria que eu estivesse aqui? Para fazer com que seu
inimigo pense que estamos juntos e felizes? Que não existem falhas em seu
Clã?
— Porque você é minha. — Sua voz controlada era fria e feroz. Ele
piscou os olhos verdes em meu rosto. — Não há por que fingir ou mostrar.
Nós somos de verdade. Se está feliz, se mostre feliz. Se está com raiva de
não, Maryia. Sua loucura foi uma das coisas que me fizeram amá-la uma
década atrás. Contanto que ainda esteja ao meu lado, faça o que quiser.
ouvido.
Eu engoli em seco.
desconfiança.
sussurro fraco, mas quando a coloquei para fora, foi forte e decidida, como se
Se Viktor voltou pela Bratva, por seu compromisso com o Clã, eu não
nossos votos.
Aquele momento não foi calculado em sua mente, porque ele não me
muitas foram as vezes que nos deixou para trás quando atrasamos. Ela tinha
os pelos dos meus braços eriçarem. — Talvez ela queira ficar com eles esta
noite.
— Não faço ideia. Faz anos que não vejo aqueles dois.
curiosidade. Não havia sombras na janela, apenas uma cortina escura sendo
que recebia e todos os e-mails. Lia todos, ainda que fossem automáticos.
Veronika bufou.
qualquer jeito.
noite, quando nossas agendas nos permitiram estar juntas, era o dia de uma
vê-lo machucado e adorar admirar o quão feroz podia ser. As mesmas mãos
que antes me tratavam com tanta delicadeza e amor, também eram capazes de
atos vis e cruéis em cima do ringue. As lutas do meu marido atraíam público
de toda a Rússia.
Nas lutas envolvendo Boss e variados homens na linha de frente dos
ganhava mais uma luta ridícula e eu desejava que fosse muito, muito
machucado.
fechando a porta com calma, caminhando até o carro com sua elegância
clássica. Ela vestia suas roupas formais de costume, tinha o cabelo no alto e o
Nika riu.
— Eu sim, mas você já viu Viktorya vestir algo além dessas roupas de
vovó?
— Meus pais estão na cidade, assim como meu primo e irmão. Hoje é
um dia de merda — disse ela. — Eu gostaria de não ter que ir assistir àquele
— Só hoje?
Vorys.
éramos, porém, o lugar estava abarrotado de gente. O lugar era grande, mas,
tempo, conseguia ser temido. Ele era o equilíbrio perfeito para um Boss.
coragem. Eles tinham respeito e por isso ganhavam tanta lealdade. Pela
quantidade de mulheres na porta, não era difícil dizer que ganhavam muito
apenas para poder dizer que conheceram o gosto de um momento com algum
deles. Passei por elas de queixo erguido, evitando focar meus olhos em
qualquer pessoa.
para a Itália, nunca houve boatos de traições, então, a não ser que fosse algum
segredo muito bem escondido, ninguém na Rússia já havia dito que ele era
infiel a mim. Foi apenas em sua viagem para a Itália que o pesadelo se
culpar.
Viktorya e Veronika logo atrás. Sergei estava tão perto quanto podia, mas
sem invadir nosso espaço. Assim que entrássemos, ele poderia ir para algum
lugar do bar e tomar uma cerveja, enquanto assistia à luta, mas enquanto não
tivesse acesso. Por isso estávamos seguras, sem fiscalização constante ali,
pela segurança e nos alcançar. Viktorya se sentou ao meu lado, abriu sua
centro da mesa.
— Está sol aqui dentro, não é? — Veronika a alfinetou.
— Vocês deram sorte que vim, pois minha vontade era sequer ter saído
de casa.
Por algum motivo, quando seus pais estavam no país, seu humor ficava
pior do que já era. Ela ficava distraída, desligada até mesmo com suas
obrigações, insegura de seus próprios passos, ainda que fosse a pessoa mais
possível.
Quando Viktorya fez 19 anos, Roman enviou seu pai para cuidar de
responsabilidade de Alexi e Dimitri. Ninguém viu com bons olhos que ela
mas Viky não se importava. Negou qualquer tentativa de seus pais de levá-la
para fora de Rússia, assim como declinou quando seu irmão e primo tiveram
que ir para São Petersburgo, para que Alexi tomasse à frente do Clã.
de dez anos casada com um dos homens mais notórios da Bratva, e não
deveria falar sobre aquilo com elas, já que não estavam lá. Porém eu confiava
minha vida àquelas mulheres. Dizíamos tudo uma à outra, com exceção de
— Sim.
— Minha irmã não disse nada sobre essa reunião. Tenho certeza de que
foi algo pelo qual agradeci por todo o jantar. Mentir na cara de Viktor seria
fácil em comparação a ter que comer estando face a face com Dimitri
Romanoff.
está desconfiando que foi um louco, chefe de uma seita. Você se lembra
daquela cantora desaparecida?
Naja? Kaya?
— Naya — falei.
— Foi o que eu ouvi falar. Isso sim é ultra secreto, então não abram a
— Como sabe disso? — eu quis saber. — Não pensei que seus irmãos
comigo. Nós ficamos agitados com a volta de meus pais e o assunto surgiu,
enquanto eu e mamãe ficamos na sala. Vocês têm certeza de que eles não
apareceram no jantar?
tudo bem?
— Ale adora doces. — Veronika jogou o braço por seu ombro. — Vou
acompanhá-la nessa.
bar.
neandertais se matarem.
guardanapo amassado.
falando sobre tudo e nada. Nós tínhamos tanto a dizer e tão pouco tempo para
trouxe mais duas. Eu não ria tanto há um bom tempo, mas eu não estava ali
minha direção, cuspindo um pouco de saliva em meu colo, o que me fez rir
novamente.
meu cérebro era um bom conforto quando meus olhos foram atraídos até o
palco, onde Mikelin, o Vory responsável por administrar as lutas, gritava aos
seu Boss. Viktor Zirkov dispensava apresentações, mas para o efeito do show
servia bem.
questão de receber o dinheiro ele mesmo, ainda que tivessem Vorys para
cobrar a dívida. Ele amava olhar nos olhos de quem apostou em sua morte,
— Essa é a parte em que você desce e finge que está com medo por ele
— Nika zombou, virando mais uma dose da nossa quarta garrafa de tequila.
gritavam por Viktor. Não por seu nome, mas como Boss.
fila lá fora podiam ouvir. Arrepios cobriram meu corpo quando o assisti
peito duro e definido todo em exibição, a aparência de Viktor sempre foi algo
surreal, ele era chocante. Se eu não tivesse me apaixonado pelos olhos, teria
sido pelas tatuagens. Quando nos conhecemos, mesmo sem saber o
significado de todas, eu as amava. Estava enfeitiçada por elas. Um caminho
ao suor, alguns poucos podiam ser vistos através das brechas de pele que
Como um ímã, seus olhos voaram direto nos meus. Ele não olhou ao
redor, não. Apenas entrou, levantou a cabeça e olhou diretamente para mim.
copo vazou um pouco. Eu era tão instável quando se tratava dele, que virava
uma piada tentar fingir o contrário, ainda que eu quisesse. Ele me olhou
finalizadas.
lugar e, como em todas as vezes que fazia tal coisa, eu me senti única,
— Que olhar?
— O de boba apaixonada.
amor é o seu passe livre para a desgraça. Algo ruim sempre acontece. É um
amor amaldiçoado.
sensação.
conheço o peso de amar algo que não faz bem. Não importa o quanto
tentamos sair, é impossível. Não ceda facilmente, faça com que ele nunca
— Prometa-me que vai se lembrar de que ele é quem deve implorar por
mesma.
Foram oito segundos até que o juiz autorizou o início da luta. Eu precisei
tratava de ver tanto sangue. Era irônico, dado ao fato de que eu cresci naquele
levantou e, num golpe rápido, levou Viktor ao chão. Eu sabia que não
perderia, para Viko era fácil ganhar a luta rapidamente. Ele tinha treinamento
constante, lutava quase diariamente com seus Vorys, garantindo que nenhum
combate fosse perdido para o Clã ou a Bratva. Ele estava apenas dando um
show, como todos queriam, deixando que as pessoas que apostaram contra
finalizar quando de repente, o homem enfiou a mão atrás das costas e puxou
descer.
estava ciente de cada movimento do lutador, por isso, quando a faca estava a
quão próximo da morte ele vivia todos os dias, um lembrete simples e triste.
Eu desejava a sua morte, por todo o sofrimento que me causou, mas como
Um barulho alto foi ouvido, o corpo caindo com força para a frente. O
pálpebras, enquanto recitava uma oração baixa. Ainda quando tirava uma
Ele se levantou sem olhar para ninguém, nem mesmo para mim e
seguiu para onde os Vorys costumavam se preparar para lutar. Havia três
fosse sagrado. Sempre dizia que eram mais de 50 anos de história, jamais
para Sergei e ele inclinou a cabeça, entendendo que eu seguiria meu marido.
Ele dirigia bêbado e tão rápido que nenhum de nós sobreviveria a uma
outro.
Mas agora, eu não sabia como as coisas iam acontecer. Não depois de
tudo. Não podia ser hipócrita em dizer que recusaria uma noite com ele, se
me pedisse, mas não faria por ele, e sim por mim. Para saber onde meus
direção e sabia aonde estava indo. Não era preciso ser uma gênia para
descobrir. O que eu queria saber, era se conseguiria o que foi buscar. Fiz uma
pausa, dando um tempo para que chegasse à minha frente e voltei a caminhar
os bancos das cabines. O chuveiro estava ligado e junto a água caindo, ouvi a
Ao meu marido.
Olhei por cima, vendo a cortina aberta, por onde a ruiva e ele
quisesse.
Ela deu alguns passos à frente, entrando na cabine com ele. Eu arfei, a
raiva borbulhando em meu sangue, ameaçando vir à tona em forma de ações.
lo de seu tormento.
que o ordinário me trairia debaixo do meu nariz. Mesmo quando sabia que eu
Ele estendeu a mão e ela entregou a ele. Eu só podia ver seu braço, mas
via os olhos encantados da mulher. Ela era bonita, mas será que fazia alguma
diferença para Viktor? Pelo o que eu sabia, ele não tinha muitas exigências no
— Hoje não.
personalidade, mas foi o suficiente para que ela fugisse, correndo pela porta
Eu engoli em seco e reuni minha coragem para ir até ele. Para encarar
com meu marido, fiz o possível para manter os olhos nos seus.
— Se não foi por isso, então o quê? Seu caráter correto e honrado? —
Se eu queria uma resposta sobre onde meu corpo estava com relação a
cabelo da nuca com força, sentindo ódio dele e de quão fácil me fazia ceder.
colo, queixo, voltando aos lábios para maltratá-los um pouco mais. Ele
pressionou sua ereção dura em meu ventre, mostrando que o desejo feroz não
garganta para o fundo da sua. Ele rosnou em aprovação. Suas mãos desceram
até minha bunda, levantando-a e apertando, moendo seu pau duro em minha
passado, onde ele havia acabado de ganhar uma luta e precisava me foder
para finalizar sua noite. Ele precisava me comer, como precisasse para se
meu clitóris como uma prece silenciosa. Ele penetrou a pontinha do dedo em
duro.
Me foder... aquilo não era sobre nós. Era sobre seu ritual fodido. Sobre
situação.
seu rosto, não o surpreendendo. Não seria a primeira nem a última vez.
Cheguei tão perto de ceder a ele facilmente, como sempre fiz. Aquilo
não poderia acontecer, não se eu quisesse provar a mim mesma que não era
quarto. Pegadas que conhecia muito bem, então veio o arrastar no ferro da
consigo mesma.
dos motivos pelos quais morar naquela casa nunca daria certo. Fora todos os
fazia por Viktor antes, era por vontade e desejos próprios. Empurrei a coberta
para o lado, querendo levantar e mostrar a ela que eu poderia lidar com a
provável cara de morte que ostentava, antes que começasse a me dar ordens
mascaradas de sugestões.
pelos ombros. — Eu soube da luta de ontem. O Clã está muito feliz com os
resultados.
cabeça dolorida.
Seu olhar mostrava que não era a resposta desejada, mas naquele
precisava enxergar que meus dias de declarar amor e devoção a seu sobrinho
— Para quê?
braço. — Estou muito orgulhosa do meu sobrinho, Maryia. Ele quer retornar
— Isso é impossível.
— Nada que desejamos com o coração é impossível. O que eu vejo é
— Por quanto tempo mais você vai chorar sobre isso, ao invés de tomar
uma atitude?
— O alerta de Roman ainda está de pé, Maryia. Eu não acho que você
mais vivo por Viktor aquela manhã, a ignorei e entrei no banheiro. Ao invés
um lembrete de suas ameaças e torci para que cansasse com minha demora e
quando saísse, não estivesse mais lá. Escolhi não lavar o cabelo, podendo
prendê-lo em um coque alto e firme. Sério. Para que Viktor visse em minha
Não mais.
mesma pessoa por fora, mas por dentro havia uma tempestade se formando,
dirigida ao meu marido. Era como se ele fosse um prédio que a qualquer
ignorar o fato.
Voltei ao quarto, agradecendo que Olga não estivesse mais lá, tranquei
a porta. Vesti uma calça branca e uma blusa de seda rosa, calçando o mesmo
salto da noite anterior. Na minha bolsa havia apenas o celular, um cartão que
vovô me disponibilizara e as chaves de sua casa. Talvez eu fosse dormir lá
novamente à noite.
altos.
braços fortes. O cabelo bem penteado estava todo no lugar. Viktor parecia
ferimentos em seu rosto. Àquela altura, todos já sabiam que havia tirado uma
quer que fosse acontecer ali, mas eu não podia deixar, pois tinha uma coisa
em que meu marido era especialista. Tirar meu foco. A noite passada foi mais
direção, fazendo com que o chef e dono do lugar desde sua fundação, Rozek
— Estive ocupada nos últimos meses, chef, mas senti falta de sua
comida.
bairro.
brincadeiras lhe fossem feitas, mas isso se dava porque Rozek vivia na Rússia
clientes que tinha, ele dedicava parte de seus lucros com segurança na rua
Ele pegou minha mão depois de puxar a cadeira para que me sentasse.
Rozek, um amigo próximo. Um dos poucos que ele permitia pensar que fosse
ninguém provasse, mas sei que falta algo. Eu gostaria que você
experimentasse, Maryia.
— É claro. — Coloquei minha mão por cima da sua. — Já sei que vou
amar.
— Estou honrado. — Ele levou a mão ao peito, onde a logo do
tanto quem cuspiria no prato, quanto quem iria até o restaurante apenas
entendia isso.
Ele gargalhou.
— Ninguém vai deixar de falar certas coisas perto de você, zhena. Eles
ainda não estou cem por cento recuperada para ouvir, sem que me traga
de me perdoar.
— Muito pelo contrário. Significa que quando eu esquecer, posso me
lado. Elevar minha postura e manter uma expressão séria, até em branco perto
dele era difícil, mas eu precisava, se quisesse que ele entendesse o recado.
— Nada. Você já fez demais e a única coisa que quero não posso ter.
— O divórcio — confirmei.
gritava e você me mandava para a casa do meu avô. Você ameaça a minha
família, para que eu continue ao seu lado. Nunca. Tivemos. Paz — falei
sempre fiz.
— Não, você sempre fez o que achava que eu queria. O que era errado.
precisava era de alguém são ao meu lado. Você não pode me dar sanidade e
eu não lhe cobro isso, mas deveria ser responsável, quando eu não podia ser
sozinha. — Fiz uma pausa, sentindo minha garganta secar. — Você deveria
mas me afastei.
casamento, que destrói um pouco mais da minha cabeça a cada dia e, com
comigo se eu fosse.
Com o canto dos olhos, peguei o casal mais próximo nos olhando com
horror, e a mulher engasgando-se com o que quer que estava comendo. Sorte
a minha que nunca fui tímida com seu linguajar.
— Eu te dei amor incondicional, tudo o que você pôde fazer por mim
vinho — com certeza uma das garrafas mais caras do restaurante e enchia
uma ideia do que pensava. Eu perguntava e ele me dizia qualquer coisa que o
Uma coisa era fato; ele sempre fez tudo por mim, mas não era assim
Eu me lembrava de minha mãe amando o meu pai, até que não pôde
mais, até que ele se foi e ela se perdeu em quem era e os problemas
começaram. Seu abandono e sua tristeza ficando à frente dos sentimentos por
mim e meus irmãos. Eu não queria ser como a minha mãe. Presa numa
impaciente pelo o tom de voz. Sua voz rouca combinava com o rosto
machucado, ainda belo, mas machucado. Um tipo de beleza crua. Uma beleza
feia.
— Eu não direi o que tem que fazer. — Coloquei minha taça de volta
Enquanto seus olhos pegaram fogo por ser ameaçado, ainda que por
mim, seus lábios torceram num sorriso fechado. As veias dos braços saltaram
queixo contraía. Uma vez. Duas vezes. Quão controle estava exercendo para
não me tirar dali e lidar comigo da maneira como queria? Com fazíamos
antes?
um homem.
Ele não fazia ideia de como resolver o desafio que eu lhe dava.
Viktor assentiu após alguns minutos, engoliu todo o líquido
transparente de sua taça num gole só e pegou seu telefone. Nem dez segundos
— Vá para a casa — falou, com seus olhos fixos nos meus. — Nikolai
com os pratos.
Nós almoçamos uma refeição divina e eu deixei o Rozek saber que não
havia nada de errado com o prato, o que ele divertidamente respondeu com:
senhora Zirkov.
— Bem, é o protocolo.
Eu já tinha tido minha cota de privilégios por meu nome e minha família, mas
aquilo era... uau. Rozek simplesmente fez minha noite. Viktor apertou sua
mão com um curto aceno antes de irmos embora e o chef lhe disse algo em
voz baixa.
respeito.
Viktor acenou, pegando a chave e deixando um enrolado de notas em
encarar as notas, como se Viktor tivesse acabado de salvar seu dia. Talvez até
o mês. O valor não faria diferença para meu marido, mas na vida daquele
jovem...
esquina de uma rua conhecida por ser perto do parque onde o circo se
Viktor não se alterou, ele dirigia com uma mão, a outra ocupada com
— Paguei o quê?
— Cena? — Deu risada. — Por que sempre duvida das intenções das
e sincero comigo.
um pedaço de você. Acredite quando digo que a única conversa que Rozek
teve comigo sobre isso, foi para me impedir de quebrar sua cara feia enrugada
Eu reprimi um sorriso.
garçom.
soslaio.
Era verdade, e uma parte de mim ficava aliviada de saber que pelo
podem ter.
— Com certeza, porra — murmurou. Ele levou a mão à minha perna,
— Olhos verdes.
Eu não sabia o que aquilo queria dizer e ele não explicou. Eu não tive
coragem de perguntar.
“Por que você quer me ver sangrar?
quarto e ele ao seu escritório na casa anexada, mas ambos tivemos uma
marido ao lado dela parecia uma estátua, fitando-me como se tivesse medo de
encarar Viktor. Ele sabia o destino que quase teve ao se envolver com uma
Eu precisei dela outras vezes, inúmeras, mas ela nunca apareceu. Muito
marido perfeito.
aparecia — raramente. Meus irmãos não podiam vê-lo, Evarkov ficava ainda
mais violento e Maksim havia desistido de nossa mãe há muito tempo, sendo
assim, seu marido era apenas mais um homem que gostaria de espancar até a
morte.
de mim para Viktor, e ela os estreitou, como se não suportasse fitá-lo. — Sei
viesse comigo alguns dias. Poderíamos viajar. — Seu sorriso era sincero,
de mim.
Viktor. Dedicar o resto dela tentando livrar minha filha é minha missão.
Viko riu, passando um braço pelo meu pescoço e puxando-me para si.
— Engraçado que ela teve dez anos para escolher você ao invés de
— Ela nunca teve a opção de fazer isso — minha mãe retrucou. Ela
geralmente não discutia com Viktor, mas algo parecia diferente hoje.
sabia se a convidei para encerrar a troca de farpas dos dois ou porque a queria
perto.
sentimentos. Com o passar dos anos, depois que ela se foi e começou a
ela aparecia vez ou outra para uma visita rápida. Ben sempre estava ao seu
lado, às vezes eu me perguntava se ele tinha medo de que ela não fosse voltar
o que faria após sua morte. Mas ela era casada com o meu pai, o filho do
Pakhan. Todos pensavam que o resto de sua vida deveria ser dedicada a mim
e meus irmãos.
Bratva não era tão fiel com as mulheres como fazia com seus homens. Viktor
Por que minha mãe deveria ter medo de viver e voltar ao seu país, só
cozinheiras primeiro.
sem graça, sabendo que não era bem-vindo pelo dono da casa.
Esperei que minha mãe saísse, antes de me virar e encarar meu marido.
— Eu a quero aqui.
firmes.
— Você a detesta.
— Eu não a entendia. Vejo as coisas diferentes agora.
— Isso, porque antes você não a queria aqui, agora magicamente quer.
— Não. — Ele não hesitou em sua resposta, os olhos sagazes, fixos nos
— Então, deixa-a. E nem pense em ligar para Evá ou Maksa. Faça isso
por mim.
— Sempre fiz demais por você, Maryia. Mas não vou deixar que ela
— Meu pai está morto. Ela está viva. Dormir com outro homem
quando ela o ama, não é manchar a imagem de meu pai. Ela sempre o
— Isso é porque você nunca vai me deixar, zhena. Me faz rir e me faz
querer foder. — Ele deu um tapa em minha bunda, que me fez pular quando
Rezei para que Olga não voltasse até amanhã. O sermão que ela me
daria por estar cozinhando seria fichinha perto de como faria minha mãe se
mãe, embora fosse algo que em um tempo distante eu tivesse imaginado, não
pensei que poderia acontecer. Ela estava vivendo uma vida longe demais da
minha doméstica. Ainda que não fosse dentro dos padrões, eu era uma
esposa, quase uma mãe. Eu tinha obrigações com a máfia, com minha família
e com minhas amigas. Eu ainda me mantinha fiel a todas elas, exceto com
Viktor, mas passar aquele tempo com Kristina me fez almejar mais.
Que suas visitas pudessem ser mais comuns, que seu nome não fosse
uma maldição dentro da casa de vovô, que meus irmãos não a odiassem tanto.
entregar e precisar enfrentar seu abandono outra vez, como quando ela
preferiu não lutar por mim na época em que vovô decidiu me levar embora
com ele. Olhar para mim e meus irmãos após a perda de meu pai era tão
difícil, que ela decidiu abrir mão de seus direitos sobre nós. Talvez o tempo a
tivesse amadurecido agora, afinal, ela teve quinze anos para isso. Para
estarmos ali, de mulher para mulher, cozinhando uma típica ceia russa, com
seu marido fazendo uma torta americana de sua cidade e o molho especial de
sua família — assim disse ele.
Ben não era muito falante, quer dizer, eu imaginava que fosse com seus
tivesse medo de dizer algo prejudicial ao avanço que minha mãe e eu tivemos
naquele dia.
de jantar, eu rezei para que meus irmãos e meu sogro ficassem o mais longe
possível, mas também decidi abordar o assunto com Maksa e Evá. Talvez
eles poderiam reconsiderar a relação com Kristina, agora que odiavam Viktor
pelo o que fez comigo, compreenderiam por que mamãe queria liberdade e
Como fui tão cega com minha mãe, por tantos anos? Tão egoísta com
sua felicidade? Deus... eu precisava tentar que meus irmãos e talvez até vovô
do outro lado, pulando uma cadeira de distância dele. Meu marido não tirava
corajoso por conseguir falar sem gaguejar sob seu escrutínio, afinal, Viktor já
tinha espantado homens maiores com menos que isso. — No nosso primeiro
encontro, eu quis impressionar sua mãe e falei tanto sobre esse molho, que é
realmente famoso na minha família, mas acabei fazendo-o errado. Ficou tão
ruim e ela achou tão engraçado, que fomos para um segundo encontro.
molho delicioso.
Sorri para ela, pouco depois constatando que de fato estava. Kristina
fez a maior parte da comida e mantivemos uma conversa leve à mesa. Ben
Eu nem entendia por que Viko cedeu tão fácil a deixar os dois ficarem,
antes, para convencê-lo de algo, eram necessários dias. Não sabia se ficava
feliz ou aliviada.
Eu hesitei.
— Eles estão bem. — Não havia muito o que pudesse dizer. Os dois a
tristeza, alívio e saudade. — Que bom, Maryia. O que eles têm feito?
sabia que a essa altura eles seriam como o meu pai. Com certeza, piores do
que meu pai foi. Por algum motivo, eu queria protegê-la da verdade feia.
guerreiros letais, cruéis e brutais. Fiéis à Irmandade até os ossos. É assim que
ironia.
Talvez... talvez...
parar, mas seus olhos cruéis mostravam que o ponto final de sua paciência foi
tê-la perguntando dos dois. Ele não pararia. — Talvez uma boceta acalmaria
— Maksim está noivo, mas não achamos que chegará muito longe.
Talvez ele acabe matando sua noiva, quando perceber que ela está com tanto
medo de subir ao altar com aquele animal, que sempre encontra uma desculpa
para não marcar a data. — Ele balançou a cabeça, recostando-se para trás. —
pretendentes sabem que se sua morte não vier por uma overdose, será no
meio de um de seus surtos de loucura. Talvez seja gentil com ele e o mate
segurando a boca para não soltar o vômito. Ben a seguiu, mas antes me
Eu me senti tão doente quanto a minha mãe. Suas palavras não foram
necessárias e tampouco pedidas. Ela não precisava ouvir nada daquilo e nem
eu. Num impulso de raiva e descontrole, peguei minha taça de água, batendo-
sua garganta.
Ele segurou minha mão, rindo quando o vidro escorregou por seu
mão e a jogou por cima do ombro. Ele me empurrou contra mesa, minha
bunda escarranchada na madeira antiga e aproveitou minhas pernas abertas
— Deixe-me ir!
Tateei atrás das costas, procurando na mesa por algo, qualquer coisa
para atingi-lo. Encontrei uma faca, enrolando meus dedos ao redor do cabo e
girei meu braço para a frente, direcionando a ponta afiada em sua garganta.
Não tinha força para fazer com que se afastasse, mas ele me deixou ir.
Entrei na primeira porta que vi, um banheiro. Tentei fechar a porta, mas antes
que pudesse, Viktor a segurou com o pé, abraçando-me enquanto nos levava
para dentro, deixando a porta aberta quando me sentou no balcão de mármore
da pia.
Meu coração batia tão forte, com tanto ódio, que eu queria novamente
vez mais. Ainda que nossos corpos já estivessem colados, ele conseguia
Meu rosto estava pegando fogo, a cara de pau do meu marido havia
volta. Eu mesma encarei meu rosto corado e olhos arregalados quando ouvi
gemido de dor, quando senti minha lombar bater contra a pia de mármore no
O sorriso presunçoso que nasceu no canto dos lábios ficou bem nítido
debochada, combinada com a certeza nos olhos que ajudou para que eu me
irritasse profundamente.
Porém, antes que eu pudesse reclamar sobre sua ousadia, tive minha
boca coberta pela dele, engolindo um ofego surpreso e não conseguindo lutar
contra aquele beijo, gemendo quando a língua habilidosa começou a dominar
a minha.
Eu queria ser mais forte, queria poder não me abalar com qualquer
proximidade, ainda mais depois de tudo o que fez comigo, mas eu não
conseguia, meu desejo e amor por ele sempre falava mais alto do que
cicatrizes, enquanto as dele desciam por meu corpo, apertando com possessão
Viktor levou sua boca para o meu pescoço, beijando sem reservas ali, tirando
com facilidade mais gemidos afetados de minha garganta. Meu rosto quente
evidenciava que minha excitação já não estava mais sob meu controle, cada
novo beijo ou chupão que ele deixava em minha pele, fazia com que eu o
por alguma fricção que aliviasse a dor que o desejo trazia para o ponto mais
sensível do meu corpo. Viktor não facilitava para mim, enquanto sua boca
descia para os meus ombros, após ele abaixar as alças delicadas do vestido,
suas mãos se infiltraram debaixo da minha roupa, rasgando minha calcinha,
esfregar devidamente contra o corpo dele, sabendo que estava molhando sua
prévio, me fazendo tremer pelo jeito delicioso que sugava meus mamilos, um
de cada vez, em meio a apertos fortes no seio que não estava sendo tomado
por sua boca, me fazendo gemer enquanto puxava os fios de seu cabelo, era
boca descer por mim, negando com a cabeça de forma atordoada, quando ele
palavras sem sentido quando subiu beijos por minhas pernas, apenas piscando
para mim, antes de aproximar sua boca de minha boceta, jogando no chão os
restos da minha calcinha rasgada para, em seguida, lamber da minha entrada
até meu clítoris, não dando tempo para eu me acostumar com a sensação
arrebatadora que era ter sua boca em mim depois de tanto tempo e
do mundo.
Não me importei nem por um momento com meus gemidos serem altos
demais, éramos isso. Fogo, ódio, amor e guerra. Queimávamos sozinhos sem
nos importar com os rastros deixados do incêndio.
— A porta... — Tentei alertá-lo, mas ele sabia muito bem que estava
aberta. Qualquer um podia nos ouvir, ou mesmo passar e ver aquela cena,
mas como resposta, Viko forçou sua língua para dentro de mim, antes de
puxar seus fios para que ele intensificasse o que fazia, desejando com todas
sem pudor algum, ficando mais molhada a cada nova lambida ou sugada,
sentindo minhas pernas serem separadas pelas mãos fortes, para que eu
ficasse completamente aberta, sendo em seguida fodida por sua língua com
que gozaria a qualquer momento. Esse foi o sinal que fez com que ele parasse
o que fazia, me tirando tão rápido de cima da pia que nem deu tempo para
meu reflexo destruído, meu rosto estava vermelho, meus lábios inchados com
o meu batom todo borrado e meus olhos molhados, por conta do quase
calça batendo no chão, gemendo quando tive meu quadril puxado para que
senti presa nos olhos dele, que encarava pelo reflexo do espelho enquanto,
num movimento lento, senti a glande esfregando por toda a minha boceta
dentro de mim.
— Viko… — gemi por ele, querendo de uma vez o fim daquela tortura
e ser devidamente invadida por seu pênis grosso, entreabrindo meus lábios
Fazia tanto tempo que não transávamos, que foi impossível não sentir
mais ainda contra ele, desejando que aquela ardência que a breve penetração
tirar os olhos de mim, me devorando com a força com que me encarava pelo
espelho. Ele sabia como eu gostava, sabia como me tirar de órbita e foi o que
ele fez com a primeira estocada que deixou dentro de mim, acabando com a
indo e vindo dentro de mim, escorregando com facilidade por meu canal
que usava sua mão esquerda para puxar meus cabelos, me fazendo quase
ponto de chorar com o prazer que eu senti com aquele ato. — Eu quero que
A ordem suja que ele me deu só me fez apertá-lo forte dentro de mim,
O som obsceno que a fricção do pau dele causava dentro de mim graças
como uma promessa de me deixar fraca por mais tempo que o normal,
provavelmente por conta da saudade que meu corpo estava sentindo do dele e
ele sabia que eu viria no exato momento em que a minha respiração falhou e
faminto ao mesmo tempo em que meu gemido final ecoou pelo banheiro
aberto.
de seu próprio prazer e eu apenas pude ver, com meus olhos semicerrados,
composta, como sua filha, mas lhe faltava a frieza de Viktorya. — Como vai?
— Bem, muito bem, agora que todas as minhas meninas estão aqui e
Ale. Enganchando nossos braços, seguimos pelo corredor que dava acesso do
Não estava, mas ela gostava de pensar que suas visitas sempre nos
trariam motivos para comemorar por dias a fio, e os círculos sociais da Bratva
cunhada, deve ter tido um papel fundamental nisso, então serei grata
eternamente.
— Eu...
ouvimos conversas e agora isso é passado. Eu mal posso acreditar que minha
menina vai se casar. — Ela fez uma pausa, segurando minhas mãos e me
olhando no fundo dos olhos. — Eu lhe devo uma, Maryia. Cobre como e
quando quiser.
com aquilo, mas acenei, deixando-a pensar que tudo estava realmente
belíssimo e esplêndido.
irmã de um Boss.
— Sim, sim, é a mesma coisa. Nós precisamos fazer com que seja o
evento tão perfeito quanto a união da minha menina com Maksim Sharapova.
futuro evento, mas minha mente ainda girava sem parar na primeira frase.
Dias atrás, minha amiga não queria nem falar naquilo, nem sequer
pensar sobre. O que aconteceu? Sua mãe parecia tão feliz e satisfeita, mas eu
redor, indicando o espaço. Milhas e milhas de grama verde e céu aberto, além
poderíamos ter o religioso e trazer os carros até aqui, onde uma festa de tirar
o fôlego aconteceria.
Eu estava zonza.
na cadeira mais próxima, seu rosto foi o primeiro que vi. Que quis ver.
ali com pelo menos sete mulheres à mesa lhe acompanhando e todas
obviamente discutiam preparativos para seu casamento, mas não havia nada.
pensava ou sentia.
inclinava sobre as duas, com as mãos nos ombros de Viktorya, tentando ver o
como lixo depois de ter transado com Viktor e aproveitado cada segundo
— Ela não parece muito feliz, mas lhe dê algum tempo — disse Ivia.
casamento começaram.
Sem querer perder mais tempo, comecei a caminhar até a mesa, mas
— Maryia... eu não convivo com seu irmão, não o conheço além das
histórias. — Seus sérios e sagazes olhos azuis estavam fixos nos meus, a
esposa de um Boss a treinaram para ser esperta, minuciosa. Assim como eu.
Eu não sabia o que dizer, meu irmão era tão inconstante e imprevisível
quanto eu, mas algo que eu sabia era da paixão de Maksim por ela.
paixão de Maksim por ela havia ultrapassado tal limite há muito tempo.
piscina como um ponto fixo para seus encontros semanais. O lugar familiar
abertos a todos os públicos que tivessem dinheiro para pagar, sabiam que era
a seu respeito.
— Está tudo bem? — perguntei, com preocupação, e ela sorriu, mas era
forçado.
— É claro! — Elas eram tolas quando tentavam mentir para mim, pois
eu conhecia cada detalhe de suas personalidades. — Tudo bem. — Outra
mentira.
— Ela está bem? — perguntei baixinho, não querendo que Ivia ouvisse.
era apaixonada por Maksim, assim como ele por ela. Seu casamento não foi
forçado ou arranjado. Ele pediu quando ela fez 19 anos, e ela prontamente
aceitou. Se não queria uma vida ao lado de meu irmão, por que disse “sim”?
— Como assim?
Ivia falou sobre o que se tratava. Quer dizer... eu não sabia que Viktorya
tinha se decidido.
— Nem eu.
— Isso é fodido. Eu não entendo por que os dois não deixam isso para
— Eu não acho.
preso a isso.
— Ele a ama há anos. Ou esse casamento sai ou uma tragédia vai
acontecer.
realidade não seja tão trágica assim. Todos estão tão presos à ideia de que
esse casamento tem que acontecer, que simplesmente não conseguem pensar
em outro cenário.
podia contar com elas. Eram mulheres que sabiam os seus lugares e se
também.
é linda?
ideia.
— Deveríamos pensar em cores. O que representa esse casamento?
revista.
de atenção.
atenção.
mas isso não quer dizer que ele quer levar a mesma coisa para o começo da
desconfortável sob o escrutínio das pessoas. Ela sempre tinha uma resposta
educada, nunca passou por uma situação constrangedora pública sequer. Mas
ali, pela primeira vez, eu a vi muda.
engolia em seco sem parar. Eu me levantei, sem poder lidar mais um minuto
— Vamos todas!
falar de algumas coisas pessoais com ela. Tem a ver com o meu próprio
casamento.
Era uma mentira, é claro. Eu tinha tanta merda para falar sobre o meu
casamento, mas não abriria com Viktorya. Não quando envolvia alguém de
Alessandra que não tínhamos segredos. Nós todas éramos fodidas em algo e
cuidaremos de tudo.
começar a chorar. Lhe dei cinco minutos para que dissesse algo, qualquer
coisa, mas ela não o fez. Ficou imóvel ao meu lado, encarando o horizonte à
inalação da nicotina.
Sua cabeça girou para mim com força, os olhos azuis incendiados,
— Ficou maluca?
— Você não quer se casar com ele. Não o ama. Eu estou entre a cruz e
a espada, vendo a minha melhor amiga sofrer e sabendo que seu sofrimento
só terá fim se o do meu irmão começar. Mas não é melhor acabar com isso,
anos!
— Eu sei e sempre vi vocês dois como o príncipe e a princesa do meu
conto de fadas.
— Mas é como eu via. Até que abri meus olhos e enxerguei realmente.
Viktor e eu nunca tivemos perfil para isso, éramos loucos demais para um
conto de fadas, mas eu o amo. Mesmo com tudo, eu o amo e aceito quem ele
é. Mas você... como planeja viver uma vida ao lado de Maksim, quando
— Isso não é simples choque. Você não é uma mulher que fica
chocada. Assistiu a seus pais e seus irmãos irem embora, foi criada debaixo
e simplesmente lidou com isso. Sua armadura está caindo, Viky. Ninguém
esse passo. Não vou fazer Maksim sofrer ou envergonhá-lo. Não quando ele
— Viktorya...
que posso contar, mas... pare. Sei o que estou fazendo. Acredite em mim,
nada do que faço é por impulso. Não me deixo levar por sentimentos ou
emoções momentâneas, eu sou o que sou. Seu irmão conhece e aceita isso e
escolheu, que foi o único que me amou o suficiente para fazer de tudo para
estar comigo. Esse homem é o seu irmão. Não falaremos mais sobre isso.
— Devemos voltar.
terminamos, Ivia decidiu que seria bom dar um passeio para conhecer
Eu tentava encontrar mais uma brecha para falar com Viktorya uma
última vez, mas ela estava rodeada das mulheres a monopolizando para falar
quatro tão unidas há anos, que era difícil perceber que cada uma começava a
vida diária. Mas agora, eu me via um pouco distante de todas elas, por
tanto; por Veronika e Alessandra, que andavam lado a lado e longe de mim.
das minhas amigas. O sentimento me fez querer pegar todas elas e correr para
onde pudéssemos nos esconder e falar verdades que acabariam com o silêncio
uma noiva tão fácil! O escolheu em poucos minutos. Algumas lojas enviaram
Viky, é claro.
deslumbrante.
Viktorya. Aquela era só mais uma prova de que algo estava errado. Suas
importante de sua vida não seria diferente. Mas eu não disse nada, apenas
abertos de tênis, dei uma parada abrupta ao ver Maksim dentro de uma das
política que se estavam conversando com meu irmão, com certeza não se
Maksim fitou seu relógio, batendo com o dedo indicador duas vezes no
minha direção. Ele ainda não tinha me visto, e eu olhei para ver que nenhuma
sarcasmo, fúria e confusão. O único sorriso que ele tinha era tão perturbador
por carregar tantos sentimentos que se você não o conhecesse não saberia
zombando?
punho.
ela.
— Nada está errado com ela. Nós, garotas, demoramos a tomar esse
prometida.
mas acima de tudo, pensei que depois de ver o que Viktor fez comigo, você
respeitaria Viky.
de voltar ao trabalho.
noiva.
Joguei meu cotovelo em seu estômago, mesmo sabendo que não iria
— Nojento.
— Só uma pergunta.
— Isso é ciúme?
— Não, babaca.
para você.
Ele suspirou.
mas precisei esperar um até que fizesse dezoito. Conquistei meu status para
— Para ela?
— Por quê?
— Porque ela é perfeita. Uma princesa russa como você. Assim como
eu não gostaria de te entregar para qualquer vagabundo, sei que Dimitri e
Alexi não iriam dá-la de bandeja.
Deus.
Eu virei o rosto para encarar a rua, sem conseguir encarar meu irmão,
quando mentia na cara dele. Ou omitia. Tanto faz. Me sentia podre do mesmo
jeito.
— Eu a amo. Sim.
deixasse leve.
não virei para trás. Seus olhos ao me ver ali às três da manhã disseram tudo.
Eu era bem-vinda, ele estava ansioso para fazer um estrago.
duas janelas do quarto, puxou as cortinas pelo canto e olhou para baixo.
— Não.
que fez. Minha cabeça exigia que era pouco, que ele precisava pagar. Magoar
meu coração e usar meu corpo sempre que quisesse não seria algo que
deveria vir de graça. Não mais. Ainda que ele fosse um Boss. Ainda que
tivesse Moscou aos seus pés, eu não era seus Vorys. Eu não podia me deixar
Mesmo que ele nunca soubesse o que fiz, enquanto eu tivesse aquele
como ele me magoou. Eu podia trair sua confiança e seu corpo como ele fez
comigo.
se pretendia tirar?
meus braços. Eu devia correr. Uma parte de meu cérebro gritava isso, mas...
de você.
lentos. — O que esse criminoso insano pode oferecer a uma mulher como
você? — Dimitri abriu os braços. — O que a faria vir até mim de madrugada,
sozinha, se tudo o que tenho é esse quarto de hotel imundo?
Que tipo de desespero faria uma mulher deixar seu marido numa mansão
levar ao limite.
própria bochecha.
— Mudei de ideia.
Dimitri chegou mais e mais perto, seu cheiro invadindo meu espaço.
— Eu não seria tão... insano assim de recusar uma noite com você,
— É por isso que eu o quero. — Fixei meus olhos sérios nos seus. —
Preciso lembrar o que ele fez. Sei que vou estar com ele outras vezes, mas
preciso ter em meu coração minha própria vingança. Não posso deixar suas
Dimitri encostou nossos corpos, seu peito colando em minhas costas, a boca
roçando minha nuca, meu ouvido. Eriçando cada pelinho presente em meu
corpo.
— Vou te comer como quiser, e meu único propósito é poder rir na cara
do seu marido, sabendo que eu tive sua deliciosa esposa. — A voz rouca e
uma pecadora imunda. Tão imunda quanto as mulheres com quem Viktor me
traiu.
E eu fodidamente sorri.
— Vai ficar olhando? — perguntei, quando enfim fiquei nua, não tendo
enquanto bebia meu corpo, delineava cada centímetro da pele. Eu não sentia
nada por ele, mas naquele momento senti uma gratidão torcida.
aliados. Homens como eu... nós simplesmente apreciamos olhar demais antes
encarando os olhos dele numa espécie de aviso sobre aquilo ser, de alguma
forma não possível de explicar, demais para mim e ele, após poucos segundos
— Não me beije!
— Eu vou meter na sua boceta e sua maior preocupação é a boca?
Rainha.
sentir mais forte, mais superior. Não queria mais ser a Maryia louca que
Não.
Ele desviou a boca para o meu pescoço, enquanto suas mãos apertavam
brutalidade crua. Não havia amor e conexão ali. Apenas sexo faminto das
sensações, sentindo certo poder por estar ali, devolvendo na mesma moeda o
Seria aquela única, primeira e última vez. Mas era tudo o que eu
precisava.
Sempre ouvi dizer que a vingança era algo que corroía a alma, mas
naquele momento, não podia concordar. Fechei meus olhos, jogando de lado
meu amor por Viktor, minha amizade com Viktorya, meu respeito pelo nome
do meu Clã e deixei que Dimitri me tocasse como se fosse digno de mim.
traidora.
tirando a calça e cueca de seu corpo. Eu vi seu corpo por inteiro dessa vez,
forma de me vingar.
Realmente o quis.
castanhos me devoravam.
quebrado de minha garganta quando sua língua escorregou por entre meus
acordasse e me desse conta do que fiz, mas então seria tarde demais.
Estar com Dimitri nem me longe me fez sentir como eu me sentia com
como eu queria gozar forte com aquele homem. Tive consciência de que
gozaria forte, e acabaria logo em seguida. Fechei os olhos com mais força,
empurrei uma caixa cheia deles para fora do quarto e fechei a porta.
o ritmo insistente que ele colocou em suas lambidas, deixando minhas pernas
fracas e trêmulas apenas com sua boca e não, não chegava nem perto do que
Viktor era capaz de fazer comigo, mas era bom o suficiente para me fazer
desejar mais. Dimitri entendeu o que eu queria, assim que eu abri mais
minhas pernas, não precisando dizer nada para que se posicionasse entre elas
estocadas eram rápidas e fazia com que eu me agarrasse nele, sentindo prazer,
desencadeavam.
Ele rosnou, agarrando meu cabelo com força e puxando-o, então apoiou
mim.
paralisei, a força de seu impulso levando-me para cima e para baixo, a cama
— Você sempre foi. Eu te amo — ele sussurrou algo, um nome que foi
meu corpo suava por inteiro. Exausto. Mas em meio à falta de ar, tentei me
agarrar ao que disse. Comecei a bater as pernas, tentando sair de baixo de
Dimitri.
em meu quadril para me manter empinada para ele, doíam em minha pele,
mas era uma dor boa, eu gostava de estar ali, à mercê dele, recebendo seu pau
grosso bem fundo em mim, gemendo a cada nova estocada. Minha boceta se
mantê-lo por mais tempo dentro de mim, necessitada por cada novo
movimento bruto. Meu corpo estava quente e o som do nosso sexo sujo
ecoando naquele quarto fazia com que meu calor aumentasse, eu estava tão
O que falou?
Eu olhei para trás, tentando fazer suas palavras ganharem sentido, mas
Arregalei meus olhos quando tive meus fios enrolados nos dedos dele
para que, num impulso inesperado, ele erguesse meu tronco num forte puxão
de cabelo, me tirando completamente o ar e eu apenas consegui apoiar
espasmos que meu corpo recebia quando ele socava forte seu pau em mim,
percebendo que ele estava disposto a arrancar mais um orgasmo a todo custo.
— Quantos eu quiser. Eles são meus para tomar. Você não se lembra da
Isso não demoraria para acontecer, ainda que nada do que dizia fizesse
sentido, o calor que irradiava entre as minhas pernas vinha anunciando que eu
não duraria por muito mais tempo e ter meu cabelo puxado de um jeito tão
brusco mexia com meus desejos. Dimitri colou minhas costas em seu peitoral
e usou a mão que não segurava meus cabelos para manter minha bunda
colada à sua pélvis, iniciando uma sequência tão rápida de estocadas que eu
enquanto abria minha boca, revirando meus olhos e sentindo meu orgasmo
vir de uma vez só, sem ter para onde fugir da sensação esmagadora. Dimitri
estava mais entre nós. A respiração dele falhou segundos antes de eu sentir o
fortes. Manchando minha pele mais do que todo o ato já havia feito.
seu olhar, levantei-me , joguei as pernas para fora da cama, me sentia meio
peguei minha bolsa. Os sapatos altos me dariam trabalho, mas eu não podia ir
descalça.
— Maryia.
— Isso acabou.
A adrenalina não corria mais por minhas veias como antes, mas ainda
olhos, com medo do que vê-lo faria comigo. Quando voltei para a casa, na
noite anterior, alegando que Viktorya precisava de mim, estava escuro,
Lavei Dimitri e, com isso, foi embora a minha tristeza. Para fazer o
teste, quis foder Viktor, mas tive medo de que percebesse o quão usada
braços do meu marido em volta da minha cintura, seu pau duro cutucando
firmemente à minha pele. Minha pele dolorida de onde Dimitri tinha tocado
Senti-me doente, pois amei Viktor um pouco mais. Quando fui até
Dimitri, por um momento temi que fosse me odiar, me sentiria ainda mais
Mas, na verdade... ter fodido outro homem parecia ter igualado tudo em
minha cabeça.
Era como se não importasse o que Viktor fez, porque eu fiz igual.
de sempre. Ele era tão obcecado por mim, assim como eu era pela ideia de
nós dois.
— Vingada.
— Vingada?
seu.
Como é que, mesmo sendo um homem traído, em minha cabeça ele não
perdia a força e poder de quem era? Ele ainda exalava confiança, ego e
segurança. Dimitri era tão medíocre perto de Viktor, mesmo quando encheu a
vamos nos concentrar em daqui para a frente. Não vou te perder, zhena. Não
posso.
Dei risada, sentindo-me tão livre, tão leve que me inclinei e dei um
Viktor fez uma pausa, analisando meu rosto, meus olhos. Estreitou os
de café da manhã que sua tia devia ter preparado para que me levasse. — Está
tudo perdoado.
— Por quê?
— Você sabe que eu faria tudo por você, Maryia. Roubaria por você.
— Já roubou.
— Já matou.
o melhor caminho.
verdadeiro.
iate de 120 pés encorado na ponte, as ondas frias como o vento de Moscou
querendo levá-lo para longe da costa. Meu sobretudo voava, abrindo-se como
uma capa ao meu redor, e meus óculos escuros escondiam a confusão que
— Eu não gosto disso, porra — disse Volya, seus passos pesados sobre
qualquer surpresa, eu não vou hesitar em enfiar uma bala na cabeça dele,
Boss ou não.
última hora e, caso chegue a esse ponto, ficarei feliz em derramar sangue ao
seu lado. Mas, por enquanto, mantenha seu pau dentro das calças.
deles. Com uma puta chupando minhas bolas, enquanto faço isso.
Acendi um cigarro, fazendo uma pausa no lugar. Volya parou também,
encarando-me.
filho da puta.
telefone na mão.
— Diga.
minha garganta, ainda que depois de anos do vício, não tivesse mais tanto
efeito.
— Minha esposa é louca. Isso quer dizer que sempre está bem e mal,
iate.
— E então?
mim, depois a contragosto para Volya. Com certeza não havia amor e carinho
mas estavam todos focados demais em querer fazer de sua família mais bem-
sucedida que as outras, para nos deixarmos levar por carinho e fraternidade.
Porra, nem sequer havia tais sentimentos em nós.
Eu lidava com os outros Boss, mas Alexi era difícil. Nós batíamos em
que eu, e eu pensava que ele nunca seria tão bom quanto eu no que fazia.
chegasse.
bar bem abastecido, ele enchia três copos e exibia um sorriso de merda. —
Bem na hora.
— Por que não nos conta? Seria bom rir. — Volya aceitou o copo,
Você tem algo importante a dizer ou seu konsultant vai ficar jogando merda
cidade. Eu não mexo com esse lixo nojento. Você, sim. Como cortesia, vim
dar os nomes e avisar que estão sob o julgamento do meu Clã. Eu vou matá-
los.
— Eu vou julgar os três e lidar com seu crime. Não é seu negócio para
resolver.
porra do meu negócio para lidar. Você pode chamar seu papai e se entender
convidamos para voltar a liderar seu Clã, se você não pode evitar que três
Alexi avançou.
Eu avancei.
A última e única vez que deixamos nossos punhos resolver nossas
não cairia para Romanoff e ele não fecharia os olhos para mim, a não ser que
estivesse morto.
Embora, eu não me importasse de lutar com ele até que suas forças se
rincha.
— Aryshia.
Ela acenou para Volya, sem demorar muito seus olhos em meu
konsultant.
— Olá, Volodya.
— É claro. Afinal, que outro propósito uma mulher teria aqui, não é?
dela, por isso a permiti continuar sendo quem era sob meu comando em
Moscou.
Ela mandava em sua família, ela lidava com sua parte dos negócios e
— Alexi, algo que tem mais a ver com a Irmandade em geral do que
Nós todos esperamos que começasse a falar, mas ela hesitava. Com o
cabelo preso e uma franja de lado, ela conseguia ficar firme num salto
entenderia.
Alexi a encarava de cenho franzido, enquanto Dimitri apoiava o
fim de descobrir.
com força e os olhos fixos na mulher à nossa frente. Suas reações geralmente
eram em branco, para quem quer que fosse. Por que Aryshia o estava
Maraba.
Volya rugiu.
queixo.
— Não posso fazer isso. Foi um convite verbal. Uma senha que apenas
eu tenho. — Ela endireitou os ombros quando desviou os olhos de Volya para
Alexi, então para mim. — Decidi ir. É uma boa forma de descobrir mais
dar resultados.
— Saia.
acenar.
— Você não vai. Ele tem Naya sob suas garras e a garota é uma fodida
celebridade.
não, eu estou ordenando que esqueça isso. Nós vamos pegá-lo, mas eu não
— Não é porque ela é uma mulher, que não pode lidar com isso —
disse Alexi.
mulheres para quem fosse preciso, se isso fosse resolver algum problema.
Eu ouvi o copo de Dimitri cair no chão atrás do bar, mas não tirei meus
olhos de Alexi, que também me encarou nos olhos, sem demonstrar nenhuma
emoção por um breve minuto, então caminhou lentamente até o bar, pousou
em direção à saída.
cadáveres.
Eu não discuti dessa vez, embora não fosse deixar que matasse os meus
homens por conta própria. Esperei que saísse, acompanhado de Dimitri, então
— Você está fodendo Aryshia. — Não foi uma pergunta, mas ele deu
— Esqueça isso.
— Você aconselha?
aceitaria. Era um bom soldado. A Bratva era sua prioridade como a minha.
vista que está trepando com a irmã dela, sim, eu aconselho que pare.
volta na cabeça.
casará com uma Romanoff. Eu tenho a minha Sharapova. Você vai cuidar de
— É uma pena. Ela é uma criança e eu não vou me casar com a garota.
Foda-se.
— Você vai, porra, se casar. Prepare seu terno, seu melhor sorriso de
ordem.
por anos.
com a Bratva?
numa curva perigosa, mas que para nós, não trazia medo algum.
Dar um ultimato a alguém como Volya poderia muito bem ser o mesmo
que condenar Veronika Malkovi a uma vida de desgraça ao lado dele. Mas
Passar o dia com minha melhor amiga em seu novo estado de distração
assuntos da decoração e rodando pela cidade onde sua mãe deixou horários
sentimos planejando o meu casamento não estava ali. Tudo para ela era
qualquer jeito.
como se todo o resto fosse fazer sentido para mim também. Eu entenderia sua
podia voltar atrás. Era um risco lidar com meu irmão daquela forma, mas ela
podia pelo menos tentar, a fim de salvar sua vida da miséria eterna ao lado
dele.
alguém ligaria para Viktor. Até lá eu esperava ter tempo o suficiente para que
Àquela hora da tarde ainda não havia garotas pelo salão. Era em sua
após o dia de trabalho. Alguns esperavam para dali a poucas horas, quando os
levemente os olhos.
Viko seria cobrado. No caso, ele. — Eu vou apenas se sentar em uma das
estão lá dentro.
Atravessei o salão, seguindo para a porta que ainda não estava sendo
sofá, uma mesa de canto, suporte para chapéus e casacos — dos clientes — e
tinha um botão para ser acionado quando o cliente quisesse bebidas, drogas
ou outra coisa.
onde a Bratva investiu o suficiente para poder cobrar uma nota dos
cliente vestindo um terno que não fosse de marca ou sapatos caros. Nunca vi
reclamar da propina que recebia para fazer vista grossa quando os clientes
Rapidamente fechei a porta, não querendo que o cliente se irritasse com ela
havia apenas uma garota sentada no sofá. Eu a conhecia. Era uma das
frequentava, sabia quem era, e eu a respeitava por mesmo com sua fama,
Ela parecia apenas querer fazer seu trabalho e voltar para outro dia,
— Se importa?
Ela arregalou os olhos e pulou fora do sofá, exibindo o belo corpo mal
coberto por uma lingerie sensual que faria os homens lá fora revirarem a
sobre si mesma o que homens diziam dela diariamente. — Uma mulher que
por viver com mais liberdade nesse mundo, talvez entenda meus dilemas.
Ouvi dizer que vocês às vezes são mais eficientes que um psicólogo.
existam dois modos de viver. — Enchi meu copo de dose, virando-o puro. O
como gente.
Eu nunca fiz tal distinção, talvez por ter passado parte da vida fora da
Bratva. Isso me deu tempo de ver o mundo além do castelo dourado dos Clãs,
— Sei que é estranho — falei. — Parece até que eu sou solitária. Que
não tenho ninguém para ficar enchendo com meus — ergui os dedos em
aspas — problemas.
Onde recorrem a comportamentos que não são comuns. Se o seu é vir até
aqui, falar comigo e beber no escuro, então que seja. Por algumas horas, eu
histórias, Maryia... senhora Zirkov. E sei por mim mesma que às vezes as
coisas podem ficar confusas. Mas tem amigas que parecem ser muito fiéis.
o nosso círculo escutam, é que elas são sempre contadas pela metade. Talvez
eu tenha me cansado de ser taxada como louca. Acho que cansei de me ver
dizer... eu nunca fui diagnosticada. Meu marido apenas chegou em casa com
remédios, anos atrás, que com certeza precisavam de receitas para serem
compradas, mas eu nunca falei com ninguém, nem mesmo nas clínicas em
que fui internada me foi permitido conversar com alguém. E minhas amigas
— dei de ombros —, todas nós temos os nossos demônios. Talvez eu seja só
a mais chorona de todas elas.
que o Boss fez. — Seus olhos tremularam, ela buscava nos meus quaisquer
sinais de que estava indo longe demais, mas eu queria ouvir. Gostaria de
saber a opinião de alguém de fora que vivia uma vida tão torta quanto a
homens traindo. Civis, Vorys, Boss que vêm de outra cidade para escapar dos
boatos e impedir que suas esposas soubessem. Mas... quem acreditaria que
uma mulher como a senhora poderia ser traída? Faz com que o resto de nós
sinta que não podemos conhecer ninguém e confiar nele, porque se aconteceu
— Talvez não. Eu fiz as pazes com a minha vida, então, você também
pode. Quem impede que um dia saia daqui e encontre um amor bonito como
atrevo a sonhar demais. Não sendo quem eu sou. Não aqui. — Ela torceu as
Eu abaixei a cabeça, sabendo que não estava ali completamente por sua
vontade. Que meu marido era o grande responsável por seu corpo ser a fonte
onde tinham mais boates, e mais ruas enfeitadas por mulheres da Irmandade.
Eu não acreditava nem por um segundo que Viktor seria um bom homem e as
libertaria algum dia.
um minuto.
— Sente-se.
Xenia olhou entre nós dois, mas não debateu, voltou a se sentar. Seu
corpo inteiro tensionou quando Dimitri tomou o lugar ao seu lado. Apenas a
mulher separava nós dois no sofá estreito. A pequena sala de repente pareceu
menor, nos apertando, me sufocando. O que ele estava fazendo ali?
nossas putas.
— Isso é porque você não sabe nada sobre mim. — Firmei a voz. —
cidade. Que outra razão seria, além de me perseguir, até conseguir o que
queria?
Ele sorriu, erguendo as mãos para acariciar o cabelo solto de Xenia. Ela
O peito de Xenia subiu com força, e ela me olhou pelo o canto dos
de saber. Voltarei para São Petersburgo. Talvez faça uma visita aos Estados
assunto.
queria. Você sabe por que Viktor e eu realmente não nos damos bem?
Mas a curiosidade estava lá, eu não podia negar que tinha um pontinho
de interrogação crescendo.
— Mas eu vou contar — disse ele. — Fará sentido para você ,então. Eu
e meu primo, Alexi, crescemos juntos, portanto, era natural que meu pai
fizesse comparações dando a entender que tudo entre nós dois fosse uma
tomou uma respiração profunda, o sorriso indo embora e dando lugar a uma
expressão sinistra, — Nossas mulheres. Mas ele sempre dava um jeito de tirar
merda. Talvez eu devesse ter sido mais categórico, tirando algo dele também.
Quando eu decidi que faria isso, Roman anunciou que meu pai iria para os
Estados Unidos. Ficamos surpresos, é claro, ninguém esperava algo assim tão
cedo. Ele liderava São Petersburgo com punhos de ferro, mas é a Bratva e
escolheria um novo Boss, nosso Clã precisaria de um líder para tomar o lugar
de meu pai e eu estava preparado. — Ele riu. — Meu pai nunca revelou qual
de nós dois era sua principal escolha, mas eu dei duro para isso. Fiz trabalhos
que nenhum Vory queria fazer, fui aonde nenhum homem chegou. Eu estava
divisões. Àquela altura ele já tinha me tirado a única coisa que me importava
mesmo.
— Dimitri... — Ele me fez calar a boca ao enfiar a mão no meio das
pernas de Xenia, fazendo-a saltar. Quando ela mordeu os lábios, eu soube que
— A espera não levou anos, depois de alguns meses, meu tio anunciou
que estava voltando à Rússia e queria uma reunião comigo e Alexi. Que ele e
eu fui preso. Preso, Maryia. — Seu braço se movimentou com força e ela
gritou, assustando-me, mas ele não parou de falar. — Eu nunca pude chegar à
reunião. Quando saí da cadeia, dois anos depois, meu primo era Boss. São
Nem sequer tive a chance de lutar pela liderança do meu Clã. Lembro-me de
— É claro que quando ele virou Boss de Moscou, tudo fez sentido.
Talvez por eu ser filho de meu pai, o líder do Clã, ele não queria um laço tão
forte. Viktor queria ser o único filho a chefiar as cidades. Isso lhe dá mais
credibilidade, fortalece seu Clã. Faz com que Moscou esteja suscetível a ser o
foi quebrada. Não foi passado de pai para filho como na cadeira dos Zirkov.
Desde então... eu sempre pensei o que poderia fazer para que Viktor sentisse
o gosto da derrota como eu senti. O que eu poderia tirar dele para que fosse
ao fundo do poço como eu fui? Após tantos anos, percebi que não havia nada.
Ele tinha tudo. — Um gemido cortou suas palavras, mas ambos ignoramos
Xenia, enquanto o sutil movimento de seu ombro a levava mais e mais perto
— Não. — Sua voz era mais grave, eliminando qualquer suavidade que
havia antes, quando sua conversa fiada me levou à sua cama. — Eu queria
— Ele vai — rosnou. — A coisa boa sobre ser um bom amante, é que
durante o seu segundo gozo, eu me derramei pela segunda vez. Quando você
ficava tão aterrorizada com o travesseiro, que não se deu conta que meu
esperma te enchia. E a segunda foi em seu rosto. — Ele inclinou a cabeça. —
Como foi que você não pensou em usar um preservativo com seu amante,
Maryia?
queria dizer. Minha garganta secou, meus pés ficaram gelados, meu coração
— Não estou e você sabe. Eu não sou um homem que blefa nesse nível.
Me pergunto agora... qual será a reação de nosso Viko? Como será assistir à
sua esposa dar à luz uma criança que não é sua? — Ele inclinou-se para a
frente. — Ainda que não saiba quem é o pai... eu imagino o que ele vai sentir.
aquele rosto demoníaco. — Eu espero que ele sinta tudo o que eu senti. Que
seja ainda pior.
gostaria de dizer que sinto muito tê-la usado assim, mas não sinto. Também
não serei culpado quando não a forcei a nada. Você estava mais do que
disposta quando abriu as pernas e gritou como uma prostituta desesperada por
pau.
Ergui a mão, tendo forças para fechar o punho e tentar acertar seu rosto,
rosto em minha direção, foi como ver um espelho da minha própria reação.
Comecei a balançar a cabeça, mas não havia nada a dizer. Ela ouviu
na lateral. Sangue, carne e pedaços daquela mulher gentil voando pelo chão,
quente escorrer por meus braços e pescoço, minha pele fria abrigando sua
Eu queria ter tido forças para olhar e ver se Dimitri ainda estava lá, se
deveria saber que quando Dimitri entrou e ela o viu, jamais sairia viva. Meus
meus pés, subindo e alcançando meu peito apertado, meu coração dolorido e
deixei de sentir meus dedos, passando a ouvir apenas tum tum, tum tum, tum
ninguém.
Eu não estava morta como Xenia, mas com certeza me sentia como ela.
tinha acontecido.
O que a minha esposa fazia ali era um mistério para mim. Me senti
deu sinais que não reconheci ou se mesmo sem perceber ignorei. Quando sua
mente fodida entrava em parafuso, não havia muito que pudesse ser feito, eu
só tinha que estar lá. Deus sabe que das últimas vezes eu não estive e foi
acontecido.
tentavam sair.
— Recolha os pagamentos — avisei a Eduard, que segurava a porta de
acesso à cabine aberta. — Ninguém sai sem pagar toda a merda que
consumiu hoje.
avancei para dentro. Abri porta atrás de porta, encontrando algumas ainda
sendo utilizadas.
do corpo, ela arregalou os olhos ao me ver e tentou fugir. Por que tentaria
fugir? Apressei meus passos até ela, agarrando seu rosto e pressionando uma
faca na garganta.
— E-ela?
— Minha Maryia.
Olhei para trás, vendo Maksim e Evarkov chutando alguns paus e putas para
fora.
do caralho? — gritei.
cabeça para trás, pressionando o lado sem corte de sua faca Kunai dentro da
Todos estão fodendo e rindo pra caralho na onda da coca e do uísque puro de
Moscou, porra!
— Maryia — chamei, mas sabia que não haveria resposta. Ela sequer
piscava. Havia tantos pingos de sangue em seu rosto e braços, assim como
bem, zelenyye glaza, vou levá-la para a casa. Segure-se em mim. Apenas
Envolvi meus braços em sua cintura, mas antes que pudesse levantá-la,
fui puxado para trás. O braço de Maksim enrolado em meu pescoço e a faca
meu ouvido.
por todo o meu rosto, sem parar num só ponto fixo. — Você fodeu com nossa
Eu fiquei louco.
anos fodidos lutando e perdendo pouco a pouco de juízo pela Bratva, uma
dela. Ameaçar tirá-la de mim? Irmãos ou não, eu os lembraria porque era seu
Boss.
então me virei para Maksim, chutando-o no peito até que colidiu com a
fogo e ódio nos olhos, então fitou Maryia, lutando com a escolha que
acreditava ter que fazer.
— Maryia é minha, Evá. Nem você, nem seu avô, foda-se, nem Deus
descendo na terra pode tirá-la de mim. Faça as pazes com isso e eu dou
minha palavra que não vou matar você. Agora continue tentando levá-la de
mim e eu vou transformar sua vida num inferno pior do que já é. Vory ou
sua bochecha e deixei uma impressão do sangue de seu irmão na pele já suja.
— Viko?
prioridade no momento.
Ele analisou Maryia, irritando-me quando seus olhos a secaram de cima
a baixo, depois deu uma olhada no interior da cabine por cima do meu
ombro.
— Merda.
abelha acidentalmente. Ela não tiraria a vida de uma mulher que não lhe fez
nada.
acontecido aqui não é tão óbvio, mesmo que pareça. Controle as coisas por
Éramos insaciáveis.
boneca suja e quebrada. Suja com o sangue que não lhe pertencia, quebrada
dela. Ela me bateu, me xingou e foi corajosa o suficiente para dizer algumas
verdades. Ela não sabia da minha posição aqui, meu nome ou meu poder. —
Fiz uma pausa com a bucha em seu joelho. — Algo me diz que ela teria se
levantado para mim, mesmo se soubesse. É o sangue russo falando mais alto
do que o italiano.
que Maryia se trancou em sua própria cabeça, foi por presenciar algo que não
podia lidar na hora, então ela se fechava, como uma pequena pérola na
matava para aliviar o estresse e quando estava calmo demais matava para
Maryia não.
Envergonhava-se de sua cabeça. Eu amava o quão fodida ela era, porque foi
feita exatamente para mim. Linda demais, com uma boca esperta, coragem de
sobra e ousada o suficiente para me amar. E, ah, como me amava.
usá-lo sem que eu tivesse que ordenar tal coisa. — Vou te dar outro bebê, se
quiser. Te dou quantos quiser — sussurrei. — E não vou sair do seu lado.
Não importa o quão fodidas as coisas fiquem... Nós não nos separaremos
mais.
— Já faz um tempo, moya lyubov. Faz tempo pra caralho que não te
vejo assim.
cabelo curto.
sobrinhos.
“Eu quero me amar
sabia que foi Viktor quem fez, porque costumava colocar rum, e o aroma do
árvores. Uma vista tão bonita de ver que parecia o paraíso. Pisar sobre a neve
de Moscou era uma das melhores sensações que um homem podia ter,
algo que meus irmãos diziam a ele, e vi meu sogro passando ao fundo,
fumando e sorrindo do que quer que estivessem dizendo. Volya estava num
canto, observando lá fora, como eu me encontrava antes.
rosto. Inalei. Ele bebeu seu uísque, batendo o copo na mesa redonda à frente.
meus ouvidos escondendo o motivo de sua irritação, mas foi apenas até que
Ela passou os olhos por mim, conforme falava, então parou. Suas
“Maryia?” reconheci o que seus lábios diziam, mesmo sem som. Meus
suas mãos suadas me envolveu, puxando minha atenção para seu rosto cheio
de expectativa.
“Zhena” — disse ele, virou-se para o restante da sala e gritou algo,
então não havia nada além do silêncio absoluto e o zumbido, que aos poucos
diminuía. Eu prendi meus olhos nos seus, sentindo o peso da atenção de todos
vez.
resto de lado de focar em sua voz. O zumbido irritante desenfreou até que se
tornou um sopro leve, e por trás do véu, pude ouvir a voz de Viktor.
força.
finalmente.
“Obrigada por ser gentil comigo, senhora Zirkov. É uma bondade que
marido.
nós. Eu estava a ponto de abrir essa cabeça para ver onde se enfiou. — Ele
— Preciso garantir que sua família esteja cuidada. Me solte, eu tenho que ir.
Senti uma lágrima deslizar pela bochecha, mas ainda assim, ele não me
soltou.
— Maryia...
— Tenho que fazer isso, Viko — implorei, mesmo sabendo que ele não
devia dar a mínima para sua morte, eu implorei. — Mostrar a ela gentileza e
bondade para que saiba que... que no fim alguém se importou.
Sim.
Olhei por cima do ombro de Viktor, onde Volya ainda não tinha se
movido. Ele era como um falcão, sempre atento, imóvel. Não sairia de sua
posição, a não ser que Viktor ou Roman estivessem em perigo. E havia tanta
conseguido criar uma boa relação com a maioria dos Vorys e relações
aconteceu. Ele não me achava digna de seu irmão, é claro. Muitas vezes, no
Apenas até perceber que eu era boa demais para qualquer homem que
tossindo fumaça no ar. — Você não pode dar um tiro na cabeça de alguém e
então não teremos que esperar família ou qualquer merda querendo saber o
que houve.
descartáveis?
— Eu não podia correr o risco quando você estava naquela cabine. Não
sei se a tocou ou se ela tocou você. O assunto tinha que ser encerrado e eu o
mesmo que eu não quisesse. Era a última coisa que desejava ouvir. Fitei
irmão por trás, chutando suas pernas, enquanto o arrastava para fora. O rosto
Maksim riu e deu dois tapinhas na cabeça dela, como se fosse uma
garotinha ingênua.
tudo.
— Eles anunciam para que fique mais fácil pegá-los, idiota! — Dalyah
gritou.
— Quando eu estive fora, alguns homens decidiram que seria uma boa
voltei minha primeira corrida foi para caçá-los. — Ele deu de ombros. —
— Pelo amor de Deus. — Dalyah bufou. — Você quer dizer que não os
avisou que a missão incluía entrar naquele lugar e agir como homens bomba!
— Pare com isso — disse a Maksim, então fitei Viktor. — Que ataque?
— E por quê?
demais, garantindo-se atrás de suas fardas e pensando que seu governo podia
protegê-los de tudo.
mãos... suas mãos me seguravam com firmeza, garantindo que não importava
entrarem aqui e levarem Roman, eu, Volya e até sua mãe. Você não viu o que
Luka Kurakin viu, três dias atrás. Quando toda a família dele foi levada,
como assistiu à sua irmã de sete anos ser atingida pela bala perdida desses
mortos, ou forem todos para atrás das grades. Quem ficar, continuará
provocaram na televisão.
— Por que está tão obcecada com uma prostituta? Temos mais cem. —
problema.
— Você vai fazer um tour comigo, sim, irmão. Vai desenterrar o corpo
de Xenia, para que eu dê a ela uma homenagem digna. Ela não era apenas
uma prostituta, mas uma mulher boa e que diferente das esposas da Bratva,
consciência pesada é uma cadela, mas precisa deixar isso para lá. Passado no
passado.
— Não?
dizer a ele o que houve na cabine, nem o conteúdo das conversas ditas lá
imundo que carregaria comigo para sempre. A não ser que desejasse que meu
próprio marido me matasse, de forma ainda mais cruel do que Dimitri fez
com Xenia.
vida toda um inferno. Ele seria o próprio diabo ateando fogo e chamas numa
Ainda que o que Dimitri disse fosse verdade, deveria ser uma verdade
Ele deu um aceno curto, apertando minha perna uma última vez.
— Maksim, leve Maryia até meu pai. Aproveite e se despeça, você sai
em seguida.
— Eu ainda não perdoei aquela facada, para aceitar que fale comigo
assim. Celebrar nossa vitória na guerra não é perdoar, Viko. Não é perdoar.
ambos me ignoraram.
Não respondi sua pergunta até que estávamos longe da sala, já no meio
— Preciso que faça um favor para mim. — Olhei por cima do ombro.
— Vá até aquela boate e questione se alguém viu ou ouviu algo. Qualquer
coisa.
tudo e garanto... garanto que se Viktor descobrir não fará ameaças. Meu
pode me dizer.
pista do que estava acontecendo, mas nem mesmo em seus sonhos meu irmão
— Sim, o fodido fez seu ponto, afirmando a mesma coisa que você
disse agora. Não importa, se precisar levo quantas facadas for necessário,
— Sestra?
será pior.
la de pé. Meu filho queria explodir mais alguns prédios em frustração, acho
Nós temos uma longa história, Maryia. Não vou questionar o que aconteceu
— Eu não me lembro.
— Como eu disse... não vou questionar. Você já viu Viko matar?
a resposta.
Ele assentiu.
— Você sabe quem é seu marido, aquele sorriso de merda que carrega
dele.
— Ele riu, apontando o celular. — Tem vídeos na internet, dá para ver alguns
— Uma mensagem.
inteligentes, mas, na verdade, são burros. Estavam todos tão distraídos que
foi tudo uma brincadeira de criança. Prédio em chamas, quem liga para
aquele era Roman e ele não se importava com quem suas palavras
machucavam ou ofendiam.
— Sim. Ele fez. E fez tudo isso com um bom planejamento, estratégias
Maryia... é que a morte de Xenia não é nada para ele. Você não se lembra? É
uma pena. Viktor vai caçar a memória perdida para você, e então ele fará o
que faz de melhor. Será o Boss. Por isso, um dia será Pakhan. A não ser que
de falar com seu filho, mas Roman era um homem transparente. Suas
ameaças eram feitas de formas que faziam a pessoa ficar paranoica por
aquilo agora, sua desconfiança e os medos por trás do que faria se resolvesse
lado, que me visse como sua nora frágil, fraca e inocente. Que me chamasse
Ele piscou e piscou os olhos, seu peito expandiu, uma risada rouca
alcançar novamente. Seu abraço forte era sincero como não foi em muito
rapazes, a Bloodline receberá uma festa. Vamos lutar, beber e foder. Porra —
querem viver esse momento, mas não vou saber lidar com uma quarta perda.
te contando porque preciso. Você é meu Pakhan, mas peço que guarde o meu
segredo, pelo menos por alguns meses. Direi a Viko em breve, mas não
agora.
Por sua expressão, ele não gostou do pedido, mas entendia. Foi a
primeira verdade que eu disse a noite toda. Se o bebê não fosse uma
possibilidade por Dimitri, seria por Viktor, eu teria que viajar para fazer um
exame e confirmar futuramente, mas até lá, todas as dúvidas precisavam ser
marido se existisse uma criança e ela fosse fruto de minha traição, tudo para
— Vamos deixar entre nós, por enquanto, mas não guardarei segredo
para sempre, Maryia. Seu marido é o chefe de sua casa, não demore a contar
a ele.
— Eu não vou.
não sabia se era sua completa aversão à Bratva ou a vontade de ficar longe de
Olga, mas simplesmente encontrava outros lugares para estar. Eu não podia
julgá-la. Antes Viktor não permitiria a distância, mas estava tão ocupado
comigo, que parecia não perceber sua prima afastando-se cada vez mais.
sua calça. Ergueu uma sobrancelha loira para mim, fitando-me dos pés à
cabeça, então expirou com força, como se junto ao ar, deixasse uma tonelada
aliviá-lo.
— Sinto muito — falei, o que ele não sabia era que não me referia
moeda, por colocar sua reputação e orgulho em risco, por colocá-lo numa
adore as nossas.
foi dolorosa de fazer, mas eu precisava saber do que se tratava seu assunto
anterior com Maksim. — Esse é o único assunto que me faz cair recorrer a
agressões.
— Já te disse que não tive amantes. E não, não se tratava disso.
Coincidentemente falei com você sobre isso no dia que te tirei daquela
— Corte a merda, Maryia. Sou eu. Por pior que seja, você pode e vai
— Não acho que vai gostar de ouvir sobre meu tempo na Itália.
— Faça o teste.
Para mim, saber algo que era importante para ele, ajudaria a tampar o
enchendo de água após dinamites que nós dois explodimos dentro, mas pouco
a pouco, a cada passo dado, eles iam se fechando. Eu queria que o barco
voltasse a navegar. Mesmo sabendo que instáveis como éramos juntos, daqui
homens não compartilhavam detalhes com suas esposas, a Bratva não tinha
isso. A não ser que fosse algo estritamente secreto, maridos conversavam
com as mulheres. Quantas vezes eu virei a noite ouvindo Viko falar sobre
planos que tinha para a Irmandade. Quando chegou em casa irritado por algo
que tinha dado errado e até me permitia opinar e ajudá-lo, caso tivesse
alguma ideia.
se ele podia me contar detalhes de seus crimes e planos, sua resposta foi curta
e objetiva.
você tem esse tipo de poder no meio das pernas... penso sobre o que vou
é à toa que foi uma que fez o mundo inteiro virar o inferno que é e nem Deus
a impediu.
italiana. Muitos diziam que ele tinha matado a mãe da menina, outros que ela
fugiu e voltou para a Itália. Meu sogro nunca confirmou ou negou nenhuma
das versões.
família.
— Não. — Viko riu. — Eles são mais parecidos com políticos do que
sejam exceção.
vendo-a em sua frente. — Anya Katerina não é nada como elas. Ela é mais
— Passou por nossa cabeça, mas então esse ataque veio. Uma outra
pessoa levou um tiro que foi dirigido a ela e nós resolvemos esperar as coisas
se acalmarem.
na cama.
— Maryia.
— Foi ela. — Passei a língua pelos lábios secos. — Elena a salvou. Sua
estaria mais segura aqui. A Cosa Nostra não tem tradições sobre sangue e
— Sim, e ela sofre por isso. Algumas pessoas não sabem disfarçar
olhares, mas... ela tem filhos com o homem com quem se casou. Isso
complica tudo.
conhecia bem.
sabe disso, então... não há nenhuma chance de que minha irmã venha para cá.
Seus filhos nasceram na Itália, eles acham que têm direitos sobre Benjamin e
Carmina.
uma escolha dela. A protegeria como protejo Dalyah, mas ela está feliz.
— Feliz, sendo obrigada a viver longe de sua família? Feliz num lugar
onde as pessoas a olham torto por quem ela é? Sem direitos sobre os próprios
casamento.
para falar livremente sobre negócios, dar boas e más notícias gerais. Aquele
falaremos amanhã.
aquela cara de quem queria falar de negócios. Eu não dava a mínima para
porta.
uma das meninas antes de puxar uma garrafa da mão do barman e sumir no
boquete de uma loira nova no clube, ele costumava gostar de ser o primeiro
das novatas. Ao meu redor uma orgia do caralho acontecia com bebidas à
intoxicando o ar.
— Mil cairão ao meu lado, dez mil à minha direita, mas eu não serei
segurei as mãos, dando um aperto de aviso. Todas elas sabiam que eu não
merda. O uísque fodia com a minha cabeça, porém, eu sabia que não queria
estar com ninguém ali. Deixar Maryia foi uma necessidade e ela entendia.
Uma área inteira do clube foi fechada para nós, e os olhos dos curiosos
estavam atentos aos nossos movimentos. Cezak, meu capitão de elite, cuidava
das áreas centrais, garantindo que não haveria prostitutas nas ruas. O lucro
era certo, mas eu não gostava da estética, Moscou não foi feita para abrigar
desespero e sexo barato. Os clientes podiam encontrar toda a putaria que
vender o corpo nas esquinas eram mandadas para Maksim cuidar. Se não
tivessem aparência e saúde para serem enviadas aos clubes, ele ficava feliz
como diabos ele lidava com elas. Os castigos chegavam para todos que iam
fonte de lucros. Lutas nos rendiam muito dinheiro, e Eva adorava ser aquele
que no final das lutas importantes acabava de pé, respirando enquanto seus
uísque de sua bandeja cheia. Ela arrastou uma linha de pó para a frente em
minha direção.
O lugar no sofá ao meu lado foi ocupado por Cezak e, com olhos
destino, posso riscar Alexi da lista, ciente de que o problema ocorre além da
fronteira.
— Boss, você sabe como fazer as coisas, Moscou não ficaria em dúvida
com você. Mas... por que não lidamos com os Romanoff de uma vez? —
Olhei de canto dos olhos para Volya, vendo que embora a puta se
porra da ideia do ano e fosse ser promovido. Eu via a ambição em seus olhos,
mas não era o tipo de ambição que eu apreciava em meus homens. Aquela
chefe, acima de mim só meu pai que, em breve, irá embora. Estará velho
demais para dar conta da Bratva e do poder que ela tem. Eu sou um ladrão,
sim, mas não esse tipo de ladrão. Por que eu descartaria um adversário com
Alexi, que faz meus dias mais desafiadores? —Acenei ao redor. — Isso me
com ela antes que pudéssemos duelar para decidir quem levaria o prêmio
final. Eu não tenho força se trapaceio para vencer meus inimigos. Eu sou
forte quando os derroto. Quando venço sobre eles e rezo em seus corpos
mortos. Corpos que eu mutilei e matei. Quando me banho com seu sangue,
não porque trapaceei, mas porque sou melhor do que eles. — Traguei meu
próprio tabaco profundamente. — Alexi não terá uma queda fácil. Ele vai se
entende o raciocínio?
— Agora... depois de ter me dito isso, como quer que eu não pense que
você está sabotando minhas entregas para que a culpa caia nos Romanoff,
olhos. — Eu diria que você, Cezak, tem todas as razões para me trair e
explodir.
expectativas.
— Vamos garantir que ele está limpo, antes de chegar aos próximos
suspeitos.
Luka.
ordem.
O engravatado muito bem vestido nos olhou sem entender. Havia medo
em seus olhos, mas também algo que eu conhecia e já vira muitas vezes.
Desespero.
Eu sorri.
já sabia.
gravata e toda aquela merda formal, mas apenas para forasteiros. Na Rússia,
cozinha.
— De onde você é?
Dando uma rápida olhada nos homens se divertindo com sua segurança,
ele me fitou.
— Minha? — pressionei.
— Organização.
para Luka.
— Nakiel.
— Nakiel? — perguntei.
— Nakiel Tchekovi.
Chamei a garçonete outra vez. — Já que veio para me ver, aceita algo? Uma
fosse uma aberração, empurrando sua puta para baixo até ela engolir seu pau.
Eu estava curioso. Não era todo dia que meninos do interior viajavam
causa dela.
— Dinheiro — chutei.
e me propor algo do tipo sem ser convidado. Ou ele era a porra de um louco.
Ele se ajeitou para começar com sua proposta, mas eu o parei antes que
pudesse.
— Vou deixar meu secretário imediato te dar alguns recados, antes que
todos pudessem vê-lo. Aquilo, na verdade, parecia lhe deixar ainda mais à
vontade. O cara literalmente não tinha nada a esconder. Todos sabiam de sua
fama, assim como conheciam sua forma como veio ao mundo. Evarkov tocou
achar. Se eu descobrir que seu nome não é Nakiel fodido Tchekovi, vou te
achar. Se entrou aqui com a intenção de foder a Bratva, vou te achar e vou
— Não leve tão a sério a parte de arrancar a cabeça, eu raramente deixo que
ele chegue a esse extremo. Minha esposa está preocupada com sua alma e
impedi-lo. Ou não quis, confesso. Mas isso é bom. Faz bem para sua
reputação. Não faz bem aos meus limpadores, os rapazes da faxina não
homens o suficiente em minha vida para reconhecer sinais, mesmo que bem
escondidos. Ele entrou ali assustado, mas agora estava aterrorizado. Seu
pode se envolver com nenhum tipo de polêmica — seus olhos piscaram nos
— Algo aconteceu com minha família, dois meses atrás, e pela posição
de meu pai, não podemos buscar justiça. Ele não quer ter seu nome e carreira
envolvidos em sujeira.
— O prefeito da cidade.
vagamente. — Continue.
— Meu pai não vai deixar que eu busque justiça para o horror que
acometeu minha família, então preciso de alguém que faça isso por mim.
ele não deveriam dizer tais coisas para monstros como eu.
Ninguém o avisou que entrar ali e falar comigo, tentando apelar para o
ouviria em resposta.
ansioso e irritado.
— Minha irmã... — Ele fez uma pausa, a voz falhou. Parecia ter
esse policial. O que ela não sabia era que o delegado estava de olho nela há
putas.
— Ela não é uma prostituta. É uma menina ingênua e honesta.
— A minha esposa...
— Sua irmã deve ser muito boa para chamar atenção assim — Volya
provocou.
hotel, quase irreconhecível. Meu pai não vai fazer nada porque senão esses
homens não vão apoiá-lo na próxima candidatura, ele quer tentar para
Governador, enquanto isso minha irmã revive seu pesadelo dia após dia. Com
contas complicadas. Qualquer coisa que quiser. Eu não tenho como pegá-los
sozinho, ainda que tivesse uma arma, levaria tempo para aprender a usar.
Estou sozinho buscando justiça para ela. Vim implorar, desesperado!
ver. — Pensei por alguns segundos. — Nos entregue sua irmã e eu acabo
com todos eles. Ficarei feliz em incluir seu pai na lista por ser um covarde.
Ele olhou para mim, Volya, Luka, Robert, Evarkov, então para mim
novamente.
— Eu ouvi, ela está fodida. Todos estamos. Mas você quer justiça e o
justiça por ela, deve estar aberto à minha contraproposta. Seu pai é um
político, o que quer dizer que você pode fazer carreira também. Eu preciso de
bons políticos ao meu lado. Quantos anos sua irmã tem?
— Perfeito. Quando ela fizer 18, você a trará para mim. — Apontei
todos os lados. Não dei atenção a nenhum deles, estava muito ocupado com a
impunes. Talvez eles voltem para ela. Talvez façam outras vítimas. Tudo
porque você é fraco demais para ir até o fim com as coisas que começa. Você
simples “obrigado” ou a porra de Jesus sendo seguido por santos. Eu sou tão
criminoso quanto os homens que atacaram sua irmã. Você aceitando ou não a
negócios. Se essa é a sua resposta, pode sair agora, antes que eu deixe
estava cheio de ódio e indignação. Eu era bom em fazer isso, trocar uma
emoção por outra nas pessoas. Ele empurrou quem quer que estivesse em seu
você se tornará inútil. Preciso de sua força e rapidez nos ringues, sim, mas
também preciso dos seus filhos para serem treinados e lutarem ao lado dos
meus no futuro. Você vai se casar uma hora ou outra, assim como todos, e se
— E você vai jogar uma garota que acabou de passar pelo o que ela
trouxe para mim, conforme pedi. Tirei a tampa e dei um longo gole. Apreciei
garçonete que já ia saindo pelos fios de cabelo e a levou para um sofá atrás de
— Porra. Porra. Porra — murmurava, sem parar, até que a música alta
um querendo vê-lo.
— Mande entrar.
Ok.
por estar triste, ao mesmo tempo que consegui ficar feliz. Quando fui ao
Ainda estava muito cedo, sim, mas para quem já esteve grávida outras
mãe fazia a tristeza ser ainda maior, mesmo com a possibilidade de o bebê
encontrar, corri para o de Olga. Embora eu odiasse pedir qualquer coisa a ela,
eu não tinha absorventes. Quando Viktor foi embora, tudo ficou em nossa
pouco depois de perder meu filho, e agora que precisava deles, não estavam
aqui.
Assim como um bebê também não.
tivesse seus ciclos, ela provavelmente guardava tudo o que uma mulher
precisava em seu banheiro. Bati na porta uma, três vezes, e sem ter uma
Fiz o meu melhor para não olhar ao redor do quarto, sentindo que
invadia mais do que sua privacidade ali, mas a foto na mesa de cabeceira me
chamou atenção. No retrato, ela tinha o braço sobre o ombro de Viktor, que
alegria, enquanto Viktor não olhava para a câmera, talvez nem soubesse que a
foto estava sendo tirada. Meu marido nunca foi muito sorridente para as
câmeras, embora adorasse exibir suas várias facetas em meio a uma conversa,
e inoportunos.
calmantes, havia até mesmo um vidro de pílulas que, meses atrás, foi
não estava lá. Mas um dia simplesmente sumiu, e deduzi que havia sido
Mas estava ali, com a mesma marca de esmalte que eu havia feito. Às
vezes ficava tão dopada e confusa de outros remédios que não conseguia ler
efeitos que cada vidrinho me causaria. Uma vontade de levar embora comigo
Olhei uma por uma, encontrando tudo, alfinetes, linha, agulha, lenços e
pedindo a Viktor ou um dos meus irmãos levassem para mim, foi quando me
abaixei para fechar a porta que vi uma caixinha bem lá no fundo, escondida
atrás das toalhas. Eu a puxei para a frente, sabendo que se não estivesse ali,
apoiando a caixa no colo. Era uma daquelas que se fechava com cadeado,
que eu nunca tinha ouvido falar, teias de aranha e formigas andando por
debaixo de tudo. Mas a primeira coisa que vi, que me fez perder o ar, eu
conhecia muito bem. Engoli em seco, perguntando-me por que a tia do meu
Abri gaveta por gaveta outra vez, conferindo se não tinha deixado nada
dos pés, como se ela fosse surgir do nada e me pegar no flagra. Como se eu
loucura.
Eu precisava sair daquela casa, tinha que encontrar Viktor e sair dali.
Eu simplesmente não podia enfrentar Olga novamente. Não agora. Não com
a me dizer se foi capaz de fazer algo tão horrível me dominasse. Chamei seu
dali.
limbo onde ele nunca ouvia o que as pessoas deixavam lá. Liguei mais quatro
embaixo da janela e me sentei, fechando os olhos, mas assim que tudo ficou
novo. Quando foi para a caixa de mensagens, senti uma lágrima escorrer pelo
o rosto. Não era de tristeza, parecia mais com a lembrança de quando ele foi
embora e me deixou.
tudo o que já senti. Ameaçava me fazer sair daquele quarto e quebrar tudo o
que visse pela frente sem nem ter a confirmação antes. Olga me odiava, havia
seu único sobrinho, pois ela era fria demais para considerar Volya sua família
Seu ódio por mim justificaria uma ação tão condenável? Eu precisava
de Viktor, tinha que dizer a ele o que vi e descobri, mas ele não me atendia.
Deixei aquela fúria invadir cada poro, correr por cada veia e se assentar
feito perder meus três bebês, eu a mataria. Eu tiraria a vida da tia do meu
Sem olhar para o relógio, esperei que meu marido passasse pela porta.
Quando entrei menos bêbado do que gostaria em meu quarto escuro,
tateei a parede para encontrar a luz, mas não tive tempo, pois uma sombra se
pistola.
estivesse bêbado, não teria pensado duas vezes e explodiria sua cabeça.
a enfiar as mãos nos meus bolsos. — Onde está seu celular, não viu que te
liguei?
— A porra da bateria acabou, eu fiquei sem telefone na metade da
reunião.
mudei de ideia. Você não conseguiu a porra do meu perdão, filho da puta. Eu
senti suas unhas deixarem uma marca ardida em meu rosto, a segurei.
pareceu evaporar. Eu não a via daquele jeito há muito tempo, desde o dia em
que ambos recebemos a notícia de que nosso primeiro filho foi perdido. —
escorriam de seus olhos, mas ela não parecia perceber. Maryia sempre foi
sensível, embora os anos ao meu lado a tiveram tornado forte, muito forte, ela
Era o melhor nos negócios, porque sou ruim o suficiente, mas sempre
fui um péssimo marido, porque não faço ideia de como ser bom para ela.
Podia atuar, fingir ser alguém que não era, mas Maryia Sharapova nunca quis
meu fingimento, ela sempre quis minha verdade nua e crua, e eu dei. Dei até
que isso quebrou a nós dois.
passo.
— Bem? Eu não estava bem. Nunca estive bem! — Ela ergueu a mão e
acertou meu rosto, gritando na minha cara. Eu deixei. Ela precisava descontar
novo.
controle.
— Já chega.
Suspirei.
procurando.
Minhas costas atingiram a parede quando ele me jogou contra ela, mas
meu gemido de protesto pela dor foi engolido logo em seguida. Eu sentia o
beijo. As mãos dele percorriam meu corpo com brutalidade, tirando minha
tempo.
sendo tocada pelos dedos ásperos ao mesmo tempo em que sua boca me
beijava com vontade. Não pensando duas vezes, forcei minhas mãos em seu
Ele sorriu.
diferente dele — para conseguir isso. Devolvendo o favor, não fui nada
delicada ao abrir sua calça, expondo seu pau num toque ríspido, que fez com
que ele gemesse num misto de surpresa e dor, mas eu não me importava com
isso, não me importava com mais nada. Minha intenção era apenas usá-lo
para me satisfazer e era isso que eu iria fazer.
Para tirar aquela raiva do meu sistema, ainda que soubesse que ele
apertaram minha bunda, ao mesmo tempo tive meus seios tomados pela boca
jeito que ele me apertava e beijava iria deixar marcas, mas eu não ligava,
Viktor puxou meus cabelos com uma de suas mãos com força o
bastante para me fazer arquear meu tronco e — ao abrir meus olhos para
encará-lo — vi quando ele usou sua outra mão para esfregar seu pau duro
pela minha boceta, forçando a glande diretamente em meu clítoris. Gemi com
casa.
Eu estava tão molhada que foi fácil fazê-lo deslizar para dentro de mim,
desleixada para começar rebolar, cravando minhas unhas nos ombros dele
quando, enfim, dei início a quicadas certeiras, deixando meus olhos nos dele,
enquanto subia e descia por seu pau.
até meu peito, onde ele se inclinou e lambeu, fechando os olhos quando o
— Você é doente.
iria sozinha. Esposa da Bratva ou não, eu não ficaria debaixo do mesmo teto
sentia minha bunda arder com a força com que Viko apertava minha carne.
— Repita.
soltou e recostou-se.
— Me foda, Maryia.
Ele me tirou de seu colo sem nenhum aviso e eu tentei lutar para voltar
ao que fazia, mas Viktor não deixou. Puxando novamente o meu cabelo ele
enquanto fazia meu couro cabeludo arder tamanha a força. Eu gemi pela dor,
vendo nos olhos dele que não estava preocupado sobre aquilo me machucar
ou não, ele só queria mostrar que o comando era dele e eu não tive como
desmentir o fato. Era assim que devolvíamos. Eu lhe batia, ele perdia a
ignorando a sede que tomou minha boca quando encarei tão de perto a glande
inchada e molhada com a minha própria lubrificação. Eu sabia o que ele
queria — e o que eu queria também —, mas eu não iria ceder tão fácil, não
fechando minha boca quando ele esfregou seu pau em meus lábios, tentando
a todo custo me desviar dele. O puxão em meus cabelos se tornou mais forte
ao mesmo tempo em que eu senti uma das pernas dele se alojar entre as
minhas e foi impossível não gemer quando o tecido áspero da calça entrou
ali em busca de mais contato e, graças aos gemidos que começaram a sair da
minha boca contra a minha vontade, não pude evitar que enfim ele enfiasse
O gemido que ele soltou me fez gemer também. Perdi o ar quando ele
começou a foder minha garganta, segurando minha cabeça no lugar para que
eu não pudesse fugir. Minha mente girava em meio à excitação e falta de ar,
não tendo trégua nem mesmo quando meu engasgo piorou graças a uma
tendo minha boca sendo usada por ele, enquanto tentava me satisfazer em sua
daquilo.
Eu me sentia uma confusão de desejo e rancor quando ele me libertou
novamente para seu colo e me fazer sentar com tudo em seu pau coberto pela
minha saliva. Meus punhos foram segurados com uma das mãos dele,
enquanto sua outra mão mantinha meu quadril completamente colado ao seu
e meu gemido agudo saiu quebrado quando ele começou a se mover contra
mim, usando seus pés como forma de impulso para me foder forte e sem
piedade alguma.
Minha voz havia sido danificada pelas estocadas dele, fazendo meus
gemidos seguintes saírem falhos, mesmo que meu corpo implorasse para que
eu colocasse para fora todo o desejo que estava sentindo. Minha boceta ardia
pelo prazer, sua mão me mantinha parada, apenas recebendo tudo o que ele
queria me dar.
comendo com os olhos e com seu pau ao mesmo tempo. Estar imobilizada
parecia contribuir para meu prazer ser potencializado, a ideia de que ele
fora.
dono está aqui, zhena. Você me bate e eu te fodo. Vai me dizer por que
minhas costas para segurá-los acima da minha cabeça, não perdendo o ritmo
mim, parecia ainda maior. O olhar dele permaneceu feroz e eu não tive outra
anunciava que eu não duraria por muito mais tempo, sendo comida tão bem.
Ele precisou apenas levar a mão livre dele até meu pescoço e apertá-lo — me
Numa luta falha para respirar e me soltar ao mesmo tempo em que perdia o
quando meus punhos foram soltos sem deixar de olhar meu marido. Viktor
— Eu também — sussurrei.
Ele se inclinou e eu fechei meus olhos aos sentir seus lábios tomarem
os meus com calma. Suas mãos passeando por meu pescoço, rosto e costas.
— Minha Maryia.
acalmar meu corpo e me desligar do que havia acontecido nas últimas horas.
Então conversaríamos.
não me desse mais motivos para deixá-lo. Porque eu o faria dessa vez, sem
nenhum arrependimento.
Um pouco mais calma, depois de descontar na cama a raiva, frustração
e indignação sobre a descoberta que fiz mais cedo, deixei Viktor e me enrolei
seguiria.
Durante nossos dez anos juntos, eu podia contar nos dedos todas as
simplesmente não funcionava para mim. Embora ele fizesse piadas de que já
tinha visto sangue o suficiente para não se importar, aquela sempre foi uma
barreira que eu não cruzava, salvo as vezes como essa noite, quando a lógica
Quando nos casamos, ele mandou construir uma casa do jeito que eu
pequeno. Na época, eu pensava que foi um milagre tudo ter ficado pronto em
muito menos de um ano, depois entendi melhor quem era o meu marido e as
Eu só queria estar longe o suficiente para não ser suspeita quando Olga
não.
Sem conseguir provar o que ela fez, ele não poderia condená-la
publicamente. A Bratva não aceitaria sua punição. As coisas teriam que ser
feitas escondido e eu era a única capaz de fazer justiça por meus bebês. Os
Eu sempre vislumbrei coisas boas para mim. Sempre torci pelo melhor
não podia parar em pé, incompleta e sem mim, ele não respirava, sua
olhei para cima. Ele era alto, torci meu pescoço para vê-lo.
Sempre gostou de guerras, de caos. Mas sempre que deu sua palavra, a
presente.
nada, ou jurar e nem fazer um acordo para oferecer algo, pois sei que não
cumprirá. Vou pedir sua palavra como mais um passo para o meu perdão.
Ele franziu o cenho, pegando o cigarro com a ponta dos dedos e
— O que há de errado?
Encolhi os ombros.
— Quero minha própria casa. Isso aqui... este lugar... eu não estou bem
aqui.
— Quem me garante?
— Eu. Eu garanto.
— Nós estamos bem aqui. Protegidos. Você nunca está sozinha e vive
perto de sua família. Se o quarto não te agrada, podemos pegar o quarto andar
Colocou fogo nas cortinas e se deitou para queimar junto delas... — Ele fez
uma pausa, fechando os olhos. — Você sabe o que fez. Se meu Vory não
tivesse aparecido, você estaria morta. — Ele apertou meu queixo, abaixando
o rosto para perto do meu. — Como eu teria ficado se seu plano desse certo?
importar se minha mulher, aquela com quem passei os últimos dez anos dessa
Sergei me tirou da casa e a vi pegando fogo. Juro que me arrependi, sei que
não faria algo assim novamente. Quis voltar atrás, mas não tinha como. O
sangue borbulhar.
seu perdão. — Ele segurou meu pescoço, levando-me mais perto de seu
corpo. — Você quer privacidade e sua própria casa, te darei isso. Mas como
— Eu não falei sobre Olga. Deus sabe que minha paciência para seus
eu sei que você percebeu a ausência dela por aqui, o que inclusive deveria ter
me dito.
— Não minta para um mentiroso, Maryia. Você sabe que isso nunca
deu certo para nós. Minha prima está passando por uma idade complicada, é
um caminho difícil a seguir. Onde eu estava, vi meninas como ela, se
pensar que tem direito a isso, a uma vida fora da Bratva. Ela não quer
continuar vivendo aqui, onde negócios acontecem o tempo todo e sua mãe
traz, a proteção que damos a ela apenas por saberem quem é. Quando ela se
der conta de que não pode viver sem tudo isso, retornará ao seu juízo.
Enquanto isso, podemos lhe dar um quarto numa ala separada, teríamos nossa
tem, caso caia na tentação de fazer alguma besteira como aquela novamente.
mundo, zhena.
Segurei sua mão, dando um beijo nas costas antes de soltá-lo. Ficando
na ponta dos pés, segurei seu rosto e o puxei para baixo, selando nossos
lábios.
— E você irá.
pele.
Dimitri, Olga, a esperança de uma gravidez — mesmo sem ter certeza sobre a
paternidade. Eu nunca consegui mentir para ele, mas dessa vez, iniciei uma
dia revelar a verdade, não saberia nem mesmo por onde começar.
com outra pessoa assim como ele fez, não faria sentido na cabeça de
espelho, não faria sentido para mim também, mas em minha mente, era tudo
o que eu entendia.
Eu o soltei e me afastei.
— Eu não sei, Boss. — O fitei por cima dos ombros ao deixar cair o
Acompanhantes e limousines
Ah, o glamour...”
FERGIE, GLAMOROUS
Quando eu entrei no maior salão disponível de Moscou de braços dados
fazendo para nos ver chegar. Todos os olhos estavam em meu vestido, meu
Viktor não fazia tanta questão. Assim que pisou no salão, Sergei estava
mulheres podiam ser. Uma das coisas que eu aprendi a aproveitar no status de
Era a forma de Roman mostrar para todos que acima dos crimes e toda
mais disfuncional e brutal do mundo. Todos sabiam que ele era temido e
respeitado, mas meu sogro apreciava reforçar isso. Sua festa luxuosa tocando
Lutar, matar, tudo isso era importante, mas todos podiam lutar e matar.
Era o que Viktor fazia em seu próprio cargo também. Por isso,
Meu marido seria Pakhan um dia. Com seu pai morto ou não. Viktor já
estava pronto e era apenas uma questão de tempo.
um braço.
comunicar que marcou um horário para nós três num salão, onde faríamos
teria aceitado e a seguiria até o salão, onde a ouviria por horas em seus
os olhos.
batendo-a em sua cara com toda a força em meu braço. Eu tinha nojo de seu
rosto estúpido e seu botox exagerado. Não dei a mínima para o que faria
depois. Estranhei o fato de não ter revidado minha afronta, afinal, ela nunca
deixou nada do que fiz e lhe desagradava passar batido. Fiquei irritada por
não ter me confrontado, eu adoraria enfeitar seu rosto com minhas unhas
Decidi afastar meu ódio por apenas aquela noite, para que não me
de vodca no ar.
O traje era de gala, o que eu achei divertido. Roman tinha uma fixação
por filmes antigos e não renunciava a isso, mesmo sabendo que seus homens
preferiam jeans e boné. Cada elemento fazia com que parecêssemos pessoas
Bonito de ver.
com um tule cheio de pedras caindo por cima. Todo preto. O colo tinha um
decote aberto, exibindo uma das joias mais caras que Viktor já tinha me dado.
A sandália Dior era prateada e se enrolava num fio de cristal até minha
panturrilha.
Quando Viktor me presenteou com ela, mais cedo, fazendo questão de
antes de me beijar.
compensar por tudo o que aguentava ao seu lado diariamente. Fora os nossos
Fomos direto para a nossa mesa, onde meu avô, Maksim e Viktorya
Eu me virei antes que ele saísse e segurei sua gravata. Acariciei sua
bochecha, mas meus dentes cerrados eram sinal suficiente para que
entendesse meu recado.
ver daquele jeito com Viktor. Quando se afastou, Viko me olhou nos olhos.
Maksim, vamos.
levantar.
Maksim anda sensível ultimamente. Mas eu sugiro que recupere suas bolas
da bolsa da sua noiva e preste atenção nos negócios que temos a tratar esta
noite.
— Como o senhor está? Eu ia ligar, mas fiquei tão cheia de coisas para
Ambas estão. O Clã Sharapova agora tem as mais belas russas da Irmandade.
no rosto. Podia ter melhorado, sim, mas eu apostava mais na ideia de que
ela. Ninguém nunca viu Viktorya além da perfeição. Não seria diferente
agora.
falar com o seu marido para se mudarem, conseguir uma casa mais perto.
é difícil.
sério.
Fitei Viktorya.
— Finalmente a sós.
Ela suspirou.
— Quero que fale comigo! Não somos melhores amigas à toa. Já disse
que não vou me meter em seu casamento como pediu, ainda que eu não goste
disso, mas não vou aceitar seu silêncio. Não sou uma estranha.
Apontei para mim mesma e ela sorriu um sorriso muito pequeno, triste, mas
verdadeiro.
prometo que vou falar mais, você tem facilitado esse processo para mim.
Você é minha irmã. Se eu tivesse escolhido Yanka como melhor amiga, seria
insuportável.
Bufei.
— Pelo amor de Deus, eu não deixaria meu irmão se casar com você.
Viktorya riu.
Estados Unidos.
— Não.
— Tem razão. Quanto mais longe de Viktor, melhor. Ainda que ele não
com ele.
— Ah, cale a boca. Eles eram noivos apenas em sua imaginação e ela
escolheu infernizar minha vida por puro capricho. Ele nunca se comprometeu
com ela.
— Eles dormiam juntos desde que eram mamãe e papai patos na escola.
repente.
— O que?! Viktorya!
— Seu irmão deve ter um apetite sexual de outro mundo. Ele vai me
causar uma hemorragia em nossa primeira vez — falava sério, sua expressão
— Ele me convenceu a pegar uma vez. Meu primo e meu irmão não
pênis.
— Não isso. Quero que fale o que está sentindo, suas expectativas e
decepções.
— Eu te acompanho.
Nós caminhamos pelo salão sem pressa, parando para falar brevemente
três semanas de fofocas e para que pudéssemos testemunhar algo, caso fosse
Seguindo seu olhar, vi uma roda onde estavam Viktor, Robert, Aryshia
conseguiu material suficiente para chantagem. Os três vão sair desta festa
está acontecendo ao nosso redor. Se não fosse para sabermos, eles não nos
dariam armas e falariam sobre negócios na nossa frente. Mas não é deles que
frente. Os dois próximos demais para uma simples conversa social. Ela sorria
e enrolava uma mecha do cabelo, fitando meu irmão como se ele fosse um
prêmio. — Ela vai tentar um homem por evento, até que consiga se casar?
— Não. Evá não se casará nem que lhe ofereçam cem cabeças para
arrancar.
— Viktorya zombou.
teto que ele, mas vou fingir que ele é um pouco normal.
direção às escadas duplas. — O jeito que ele não se importa com nada e
traições?
— Não, não mais. Eu superei isso. Uma parte de mim sempre vai odiá-
lo por ter feito o que fez, mas segui em frente. — Engoli em seco. — Eu o
Viktorya conhecia tudo de mim a ponto de eu não precisar falar para que
— Então, o que é?
errado. Você não está chorando, nem surtando, está só... indiferente. Isso me
preocupa.
— Por quê?
dissesse que eu estava enganada. Que me garantisse que tal horror era
Dei de ombros, sem saber se o tom agudo em sua voz era de medo
não é estranho que a minha primeira gravidez estava indo bem até ela sair da
— Eu não quero pensar nisso, Viky. Você sabe o que isso faz comigo.
com uma emoção diferente. Ela acreditava nisso, acreditava que era uma
possibilidade.
preciso confirmar as datas. Farei isso. Só preciso que você me diga onde
meu marido. Ainda que não me aprovasse cem por cento, eu não posso
— Mulheres como Olga, como minha mãe... — ela suspirou —... como
eu... nós não vemos limites. Fazemos o que for preciso para alcançar nossos
objetivos.
bebezinhos?
— O marido dela está morto, ela nunca teve um filho homem para lutar
pelo poder da Bratva. Quando Yuri morreu, ela perdeu sua relevância e se
Não te deixar ter os seus filhos, lhe daria tempo para casar Dalyah e ter um
importante, o sangue mais puro. Ainda que sangue não seja a coisa mais
importante para nós, as pessoas ligam para isso. Veja Viktor. As pessoas
enchem a boca para falar dele, mas quando falam de Volya, algumas vezes há
certo desprezo, porque ele não é daqui. Ele se mostrou merecedor e capaz e a
Bratva o acolheu, mas ele não tem o sangue puro de um Pakhan ou um Boss.
ficando louca de vez, não que me desse ainda mais razões para acreditar
nisso.
— Você é jovem demais para já ter perdido três filhos sem nenhuma
puxou para si, abraçando-me. — Não posso imaginar alguém fazendo isso
com bebês inocentes. Crianças que ainda nem conhecem a podridão desse
mundo. — Quando se afastou tinha lágrimas nos olhos, mas olhou para
— Mas eu...
pesadelo em sua cabeça. Vingança é algo duro e cru, independente das razões
— Eu sinto tanto ódio e sei que a única forma de me livrar disso seria a
nós fomos tocados pela escuridão, mas enquanto você foi só tocada, pessoas
como eu e Viktor mergulhamos fundo. Isso não nos afeta como afetaria você,
garganta.
próximo mês, serão apenas golpes do destino. Ele chega para todos.
acaso.
dois minutos.
— Ela riu, deixando-me quando entrou. A única coisa boa daquela conversa
toda foi vê-la sorrir, mesmo não estando bem. Ela se esforçava por mim.
Desci até o segundo andar e virei o corredor para descer o próximo,
o havia usado apenas para irritar, deixando claro que odiava as roupas
formais. Viktorya me esperava, mas meu irmão era instável demais para ser
só precisava levá-lo para baixo e impedir que fizesse alguma besteira. Virei
ou poderiam ser — tinha três portas de distância uma da outra de cada lado, e
na terceira e última do lado direito, encontrei meu irmão. Mas o que vi estava
Por Deus.
A música alta ecoava lá em cima, portanto, não podia ouvir o que meu
irmão dizia quando se aproximou de braços abertos das duas mulheres, mas o
de um surto vendo coisas que não existiam foi para os ares quando tudo
Alessandra e a puxou ainda mais para perto, virou o rosto deixando que meu
Alessandra.
Não imaginei, eles ainda estavam lá, mas dessa vez Maksim as
empurrava para dentro enquanto os três riam. Se aquilo era um quarto, uma
pelos toques íntimos, com certeza não era a primeira vez que faziam algo
assim. Meu irmão fez sinal de silêncio com o indicador nos lábios, fechando
direção que eu estava. Ele não me via porque olhava para baixo, encarando
seus passos, mas quando cruzou o corredor e me viu ali de pé, imaginei que
Só que era Maksim e ele não disse nada. Ele apenas me encarou como
estudou —, eu pensei que este tipo de evento servia para ficar grudada em
seu marido.
uma explicação furada, qualquer coisa é melhor do que o silêncio que está
Ele suspirou.
aquele pesadelo acabasse logo. — Meu Deus! O que você está fazendo? —
melhores amigas!
— O que você fez com elas? Elas não são suas putas, Maksa! Você não
pode pegar duas mulheres como elas, honradas e com vidas planejadas, e
transformá-las em um brinquedinho!
prestes a agredir, mas não levantou a mão, apenas me acuou na parede. Seus
você não diz nada. Me deixa pensando besteiras que eu não preciso no
— Empurrei novamente, meus tapas fortes o fazendo dar dois passos atrás.
— Eu não sou um rato que você pega na rua para levar ao ringue, sou sua
Então, por que não cuidamos todos de nossas próprias vidas, Maryia?
minha vida o tempo todo, mas quando sou eu, vocês me mandam ficar na
— Você não sabia de nada e tudo estava bem. Vamos manter desse
que faria qualquer coisa por mim, se eu não fizesse perguntas sobre aquele
vamos todos nos reunir e falar a verdade, já que você está tão comprometida
Viktor, entrar todos naquele quarto e você diz a ele que se lembra do que
aconteceu na boate, por que Xenia morreu. E eu digo à Viktorya que passo
— Está me chantageando.
vive dizendo que é uma adulta responsável, que está bem e que não quer ser
tratada como louca. Prove. Faça como todos nós fazemos. Todos nós temos a
algo aconteceu aqui, Viktor saberá que você se lembra do que aconteceu lá.
— Eu...
Parecia uma princesa com seus cabelos loiros e o vestido azul claro. Ela se
olhos do rosto do meu irmão, enquanto era obrigada a mentir. Minutos atrás,
Deus.
Eu me sentia um lixo por mentir na cara dela, mas pela primeira vez
irmãos, mas uma questão de traições que envolvia mais do que ele e eu.
humilhação. E se ele a amava, por que é que trepava com duas de nossas
mentirem sobre isso e traírem Viktorya daquela forma era uma facada que eu
não conseguia entender.
Ele tirou os olhos de mim e avançou para ela, segurando seu rosto e a
um acidente de trem.
Engoli em seco.
— Então vou negar todos os convites para que minha primeira dança
único aceno. Seus olhos deslizaram para mim num tom de aviso que eu não
ousaria ignorar.
estar prestes a entrar na forca. Agora ela não estava feliz, mas parecia
conformada. Se esforçando.
Meu irmão era um traidor e não merecia sua dedicação, eu queria que
ela o odiasse, pois teria uma razão. Meus lábios estavam selados e me senti
tão egoísta, sabendo que a deixaria seguir em frente apenas para que os meus
Ele me fitou por um segundo, mas pareceu que tinha sido a porra de um
dia inteiro.
para a mesa.
estava longe de ser visto, assim como o meu avô. Evarkov estava na pista de
dança, segurava Yanka numa mão e uma garota na outra. Eu quis ir até lá e
fazê-lo soltá-la, pois apenas dois meses atrás tínhamos recebido o convite de
lo dançar com uma virgem que provavelmente não lhe diria ser menor de
idade. Mas não encontrei em mim forças para ir até lá. Desabei numa cadeira,
e ter amnésia pela manhã. O tipo de festa que homens como Roman
gostavam.
meu irmão era e o caráter das mulheres que andaram ao meu lado metade da
minha vida.
está? Preciso ver se ele te libera para me levar ou chamará outro Vory.
— Não, sem mais surpresas por hoje. Eu juro que vou surtar se...
arregalados.
perguntar. Alguém o viu entrando na mesma cabine que Xenia entrou. — Ele
— Sergei — meu tom de voz era tenso e trêmulo —, você não sabe o
que está dizendo. Tem ideia do que aconteceria se Viktor ouvisse isso?
primeiro dever é protegê-lo, mesmo que seja de sua própria esposa. Eu lhe
darei um tempo para contar a ele o que quer que aconteceu lá dentro, mas se
— Sergei...
— Isso era tudo, senhora Zirkov. Voltarei ao meu posto agora e direi ao
afastou um copo que estava perto de mim, mas não fazia ideia de quem
pertencia e segurou minha mão. — Serga disse que está pronta para ir.
— Estou cansada.
seria o último que veria antes que ele me desligasse daquele mundo. Eu sabia
que Viktor me mataria, ele era capaz disso depois do que fiz. E pela lealdade
cega de Sergei, eu não duvidava nem por um segundo que aquilo aconteceria.
levá-la depois.
por aí. A partir de agora você não sai da minha vista. — Ele me puxou para
— Ah, é? O quê?
seu peito.
— Não. Você pode ter mais quantos quiser, mas não é isso.
honestos raramente ficam ricos. Como é que eu sustentaria uma mulher como
você?
comida na mesa.
centavo gasto.
esquecer tudo ao nosso redor quando sorria para mim daquele jeito, sem
mostrar suas máscaras, mas seus olhos verdadeiros. Foi uma das razões pelas
por você.
— Eu sei, e ainda assim digo que não deixei de estar apaixonado por
você. Eu te amei e fui apaixonado desde que nos casamos, mas sou um
— Não sabia, mas você nunca teve a chance de me dizer não. Eu teria
encostei a cabeça no peito de Viktor. Eu não queria ver nada além de Viktor e
o nosso momento.
— É um segredo absoluto.
— Ok. — Eu sorri.
— Está preparada?
— Vai conseguir dessa vez. Está pronta? — Seu peito tremeu com o
riso.
— Diga-me — sussurrei.
— Digamos que Antony foi mais esperto do que negar a ela de ver o
presença dela deve ser mantida em segredo absoluto. Quando ela for embora,
amanhã à noite, você pode se vangloriar sobre a sua cunhada para quem
ombros de Viktor.
— É um segredo também.
— Agora?
— Imediatamente.
volta.
— Levará mais tempo que isso.
— Volya — rosnou.
— Tudo bem, Viko. Ficarei para cortar o bolo, então você tem tempo.
— Evarkov está bêbado pra caralho, você não vai sair com ele. Me
espere aqui.
outra vez.
— Não — rosnou.
estreita rua sem saída que dava para as portas dos fundos do salão, éramos
Ele não disse nada, mas não precisou, porque quando chegamos ao
final, onde a curva escondia lixeiras cheias, o cheiro foi a primeira coisa que
— Porra. — Eu olhei atrás de mim e falei com o primeiro Vory que vi:
— Não deixe nenhuma mulher vi aqui, nem mesmo Aryshia. — Fitei outro.
— Tranque essas portas com correntes e cadeados, Roman não precisa saber
disso hoje.
— O que você acha? — Volya perguntou.
bêbado e foder a minha esposa do caralho, mas vou ter que lidar com essa
fodido, nem um dia de paz para mim, hein? Nem uma hora, porra!
cada rosto. Sangue cobria seus corpos, pernas abertas escorrendo sêmen e
gargantas cortadas.
ou mensagem.
— Kazel. Essa porra de sol e vênus. Ele sabe que Tieko veio até nós,
— Quando é que alguém vai pegar esse fodido? Ele escapou da Liga,
aquela que tinha me servido vodca na última reunião. — Mas dessa vez, ele
errou, porque eu ainda não fui atrás dele. Não sou a porra de um homem
fardado como a Liga dos Diamantes e não trabalho limitado por acordos
de seu caminho. Ele caminhou entre as mulheres, desviando-se para não pisar
loira. — Eu tinha o meu pau em sua boca ontem, como foi que isso
— Quero saber como ele teve acesso aos clubes, como conseguiu os
nomes das meninas. — Havia pelo menos quinze ali. — Feche os clubes por
esta noite e amanhã também, ele deve ter o nome de todas elas. Redobre a
Ele bufou.
— Como sempre.
Deixando Volya, voltei ao salão. Essa noite perdemos pelo menos uma
menina de cada clube. Amanhã seria dia de me reunir com os Boss de outras
cidades e descobrir o que fazer. Eu devia ter escutado Aryshia. Anter de tratar
de fora.
bolo de dois metros de altura estava sendo arrastado para o meio do salão.
— Você garantiu que não sairia nenhuma prostituta nua dali de dentro?
— perguntei a Volya.
— Sim, a maioria das pessoas não apreciariam e seu pai sabia disso.
Foi por isso que ele passou os últimos dois dias fodendo em uma suíte do
— Volte para fora e garanta que nenhuma gota de sangue fique naquele
peso para mim, quando conheci Maryia passei muito tempo observando
Viktorya, buscando sinais de que sua relação com Maryia não seria algo a ser
levado à frente. Isso mudou depois. Ela esteve com minha esposa quando os
sentei, ela deu um pulo de surpresa ao me ver, sorrindo. Segurou meu rosto,
— Viko!
pegando na mesa uma minúscula bolsa que cabia na palma da minha mão,
— Talvez porque você a deixava tão louca que, na mesma medida que
comia, emagrecia?
— Touché — zombei.
alcançar a amiga, com isso, suas pernas bateram debaixo da mesa, quase a
— Mas...
— Você está deixando meu pau duro pra caralho, porra. Pare quieta.
— Lide com o seu marido. Vocês dão certinho. Até amanhã, meu bem.
— Ela vai até o noivo e você vai ficar com o seu maridinho.
estreitando-se em mim.
— Como pode deixar que isso aconteça? Maksim vai se casar com
Maksim, porque Viktorya claramente não o ama, mas agora que sei disso, eu
porque nós nos casamos por amor que todos serão assim.
Segurei seu rosto, beijei seus lábios e puxei sua cabeça para meu
ombro, sentindo-me a porra do dono do mundo quando ela me abraçou de
— Não.
completo.
todos os fantasmas da noite anterior esquecidos pelo menos por um dia, para
desvairada.
Viktor chegou tarde da festa, e sem dizer muito, me pediu para fazê-lo
momento. Algo tinha acontecido, eu podia sentir, mas ele não estava
ele fumava olhando para fora da janela, pensativo, quieto. Quando falei com
— Está pronta?
para si.
— Vai.
— Eu sei.
nas ruas.
— Você se lembra quando me levava a diversos lugares na cidade?
— Foi o nosso primeiro ano de casados. Tudo era mais calmo naquela
época.
— Faremos novamente.
— O Bolshoi?
do colégio e quando um deles viu nosso carro, pulou e gritou para os outros,
sorriso aos meninos que não podiam ter mais de 14 anos e joguei as notas no
ar. Seus gritos e agradecimentos podiam ser ouvidos mesmo quando Viktor
caminho.
— Eu também não.
elevador, sozinhos. — Então, você vai conhecer uma russa italiana. Ansiosa?
— Ela é muito importante?
engraçado.
importância de Dalyah.
— Você tem dois irmãos e eu lidei com eles pelos últimos dez anos. O
— Não se esqueça que eu ainda não te perdoei cem por cento, Viktor
puxou para si, beijando-me. Eu o empurrei antes que aprofundasse, assim que
— Você sempre cai nas minhas graças, assim como eu caio nas suas.
— Shakh i mat[13].
seguir em frente.
— Nada. Cuidado com o que fala sobre nossa vida pessoal e nem por
Você está bem informada e ela vive no escuro, se ela fizer alguma pergunta,
— Ainda que eu a queira aqui, não confio totalmente nela. Não quando
— E se não?
— Eu vou fingir por você e por Roman. Ela vai embora rápido de
— Sim.
observar.
— Seu nome é Antony. Você não vai falar com ele mais do que o
no mesmo ambiente?
qualquer maneira.
máximo que pude, e quando as vi, foi de longe. Aqueles anjinhos delicados e
puros eram o meu maior gatilho. É claro que mulheres na Irmandade ficaram
marido.
— Ok. — Dei risada. — Já estou avisada. Sua irmã sabe que você o
chama de diabinho?
— Ele só pode vir mais tarde, já teremos ido embora até lá. Agora
vamos.
Ele segurou minha mão e nos levou através do corredor, havia dois
acolchoado silenciava meu salto, mas Volya pareceu ter nos sentido chegar, o
que eu não duvidava, pois nada passava batido por aquele homem.
Você sabe que ele não teria concordado em trazê-la aqui pela bondade de seu
coração.
— Eu pensava que minha esposa era paranoica, mas você dá um novo
sentido à palavra.
Eu o belisquei.
vocês.
— Anya veio para ver meu pai e deixará o país de madrugada. Tudo vai
da sua conta. Porém o marido dela vai tomar o lugar de Lucca DeRossi
quando o fodido morrer ou decidir se aposentar. Eles não são como nós, é ele
e apenas ele.
Viktor soltou minha mão e agarrou o rosto de Volya dos dois lados,
— Irmão, por que porra você está me dando uma aula sobre o crime
organizado? — Sua voz foi aumentando conforme ele empurrava Volya para
trás, até que as costas bateram na parede. — Eu sei tudo isso, eu sou o crime.
Talvez eu o mate antes — sussurrou, os olhos exibindo um brilho perigoso.
braços.
cabelos castanho-escuros.
isso.
a porta foi completamente aberta e uma loira de tirar o fôlego apareceu. Ela
sorriu brilhantemente para Viktor, antes de fazer uma cara séria e pegar o
filho. — Benjamin! Você quer ficar de castigo pelo próximo ano inteiro?
momento e se afastaram.
de vermelho.
Um gritinho agudo chamou atenção do lado de dentro e ela indicou
com a cabeça.
fechou a porta. A última coisa que vi foram os olhos vazios de Volya fixos no
rosto de Anya.
parando para tentar tirar uma gosma colorida que grudou em seu sapato.
buscar algumas caixas que comprei pela internet, assim que chegamos.
Pensei que tudo isso pode ficar na casa do vovô para a próxima visita.
— É claro, apesar de que se a visita ao vovô for uma vez ao ano, esses
— Ele é seu castigo para o resto da vida. Por que é que nós casamos?
— Não tive tempo de responder, mas nem precisava. Ela abaixou e colocou
— Não abra a porra da porta, esta é a cidade do vovô, garoto, mas tem
pessoas ruins lá fora. E não abra a porta na casa de sua avó também.
— Um monte delas. Deixe que seu pai e sua mãe façam isso, certo?
Você pode olhar pela janela e avisá-los sobre quem está chegando.
— Sério?!
— Sério, mas olhe escondido. Não deixe quem está do lado de fora te
— Splendido[14]!
— Legal.
está errado com vocês todos?! — Ela suspirou e girou os olhos para mim. —
— Ok, eu vou levar isso como um sinal de que as coisas vão ser boas
— Não! Juro que não pensei isso, só... tentei manter as expectativas
— Então vamos nos dar muito bem. — Ela riu. — Roman virá agora?
começo do dia. Venha conhecer Carmina, ela vai ficar apaixonada pela cor do
seu cabelo.
perto como a vida mudava após a maternidade — que eu quase tive — era
mais doloroso do que a lembrança do sangue em minhas roupas e a dor dos
abortos.
a colocou no ombro, dando tapinhas leves em suas costas. Ela tinha os olhos
dedinhos gordos.
tinham uma floricultura, mas para tirar um dinheiro extra, eu olhava algumas
— Ela é linda.
— Olhe só, filha. Dê oi para a tia Maryia. Ela veio especialmente para te ver.
como “tia”.
falar o nome dele, porque Viktor não vai ouvir e ficar todo cão rosnador pra
cima de mim. Queria que você pudesse conhecê-lo.
— Eu sei. Odeio essa guerra e todo o ódio que eles vivem em função,
mas o que posso dizer? Não fui criada nesse mundo, embora pertença a ele,
mas me parece tão inútil. Morrer por poder. Por drogas e armas e dinheiro.
Eu não pensava da mesma forma que ela. Como Anya disse, ela não foi
criada no submundo, suas ideias sobre a Bratva eram rasas, mas eu não tinha
— Você gosta?
— Acho lindo. Viktor tem quase todo o corpo pintado, e a maioria dos
ofensas, mas o fato de meu pai conseguir criar cada vez mais liberdades
dentro da Bratva... quer dizer, tem uma mulher como líder, não é?
Lembrei-me do que Viktor falou sobre não falar de assuntos da
deste mundo, e as tias do meu marido são como soldados, sabe? Elas são
damas na rua e soldados em casa. Daí tem uma das minhas melhores amigas.
— Ela riu com saudade. — Ela está afastada da máfia por várias razões, mas
quando vivia na Itália, Elena era capaz de fazer até mesmo o chefe do
naquele momento.
— Você sabe?
— É difícil não saber. Ela é minha melhor amiga e ele vivia grudado
em mim, então...
Anya bufou.
ambos os lados. Elena estava fodida da cabeça naquele tempo, é uma longa
história e Viktor... ele não parecia quem é hoje. Havia todo um personagem
que algo devia estar acontecendo para que meu irmão estivesse tão confuso.
maior do que o desejo, mas vamos ver. Não posso dizer que estou evitando,
partir de agora, e quero que saiba que torcerei para que consigam dar a volta
por cima, não só com relação a uma criança, mas todo o resto.
mas se não confidenciei tal coisa nem à Viktorya, não diria para Anya nem se
sorriso reconfortante.
Ela gargalhou.
Viktor chamando da sala. — Ok, ok, hora de ir — disse ela, batendo palmas
antes de pegar a filha. Nós seguimos em direção à porta, mas antes de
sairmos, ela me fitou por cima do ombro. — Estou realmente feliz que isso
deu certo. Eu não queria odiar a minha cunhada e conviver com isso.
a minha vida?
perguntei se teria sido assim com nosso filho, se ele sentaria no chão com o
bonecos não são diversão para meninos como nós. — Ele fitou Benjamin, e o
— Ah, pronto. Não faça esse tipo de promessa a ele, Viktor, quando eu
alguém ousar te dar um antes de mim, vamos queimá-lo. Podemos até chamar
entende disso.
Anya olhou entre nós dois, meio duvidosa, mas em algum ponto devia
Benjamin e o puxou para seu colo. — Eu estou com fome, você vai pedir a
comida ou o quê?
— O telefone está bem ali, por que você mesmo não pede?
isso... Maryia, por que não me conta como o meu irmão era quando mais
acabando comigo
final do ano chegando, aquela época deixava todas as pessoas mais ansiosas e
cada um em seu campo de batalha, porém, havia aquela divisão onde nos
nunca tive problemas em dizer a ele as verdades que pensava, mas isso tinha
Viktor adorava.
Há quase dois meses nos mudamos. Um mês e 22 dias para ser exata.
Eu contei porque o alívio de estar longe de Olga foi tão grande que parecia
um sonho. Eu tentava não pensar nela também, pelo menos, enquanto não via
àquela casa para buscar as poucas coisas que tinha lá quando voltamos ao
meu país, ouvir música, vozes e carros o tempo todo. Tudo era incrível.
Bastava abrir a janela e o mundo estava literalmente aos meus pés. Nós dois
aberta.
Meu marido não sabia viver com pouco e eu não podia criticá-lo, pois
desculpa. Também fiz com que Viktorya não fosse, o que deve ter feito
Viktorya.
Também não falei com Maksim, o que estava deixando Evarkov louco,
já que sempre que queria me ver, eu exigia não levar nosso irmão.
Embora o meu desgosto por Maksim parecia crescer a cada dia mais, devido
Sua má vontade por estar ali fazendo compras era nítido, já que para ele
estava tudo bem ir com algum terno antigo ou uma camisa social e jeans
escuros. Em suas palavras “não era o seu casamento, então todo mundo podia
ir se foder”.
Mas não, não funcionava fácil assim.
— Lindo.
dono?
— Como assim?
tipo de coisa que Roman ou o nosso avô usaria. Eu pareço aquele fodido do
filme O Irlandês.
fora.
novamente.
dentro?
— Você pode fumar cigarro como todos os outros. Deixe seus
enrolados de maconha e o quer que você enfie naquilo para quando chegar
em casa.
para trás.
da loja ao mesmo tempo que eu lhe dava um tapa para tirar sua mão de mim.
— Isso aqui parece a merda que meu avô usaria, eu não vou ao Oscar
salvá-la.
— Você tem algo mais... — Dei uma olhada rápida em Evarkov, vendo
que ele estava desfazendo o botão da calça e prestes a descer o zíper bem ali,
se virou rapidamente.
frente...
por baixo.
Ele segurou o arco da cortina com as duas mãos, fazendo cada mulher
em mim.
— Esse mau humor tem algo a ver com o seu marido, o fodido fez
algo?
perfeito, quando, na verdade, eu já estou no meu rumo, todo fodido, mas foi o
É claro que ele sabia que Maksa era infiel à Viktorya. Provavelmente
— É pelas suas amigas que gostam de chupar boceta? Por que ele
— Vocês todos acham que eu sou cem por cento músculos e zero
cérebro.
— Isso não é verdade.
atenção nas coisas claras como a luz do dia. Eu me sento, fumo meu baseado,
e olho em volta. Eu sei de tudo, sestra. Tudo. Se você acha que o que
— Eu não acho o que elas fazem errado. Acho que erraram ao fazer
pelas costas de Viky. E o que é que você quer dizer com “bem perto de
mim”?
— Evá...
tudo o que eu queria era mais cinco minutos a sós com o meu irmão.
oponentes.
lado quando Evá fechou a cortina. Eu bebi minha água e me sentei, esperando
que saísse para mostrar. Conhecendo Evarkov, ficaríamos ali um bom tempo.
tinham se passado e eu queria matar o maldito. Ele jogou o braço por cima do
meu ombro.
— Isso não é verdade. Ela vai chupar meu pau sexta à noite. — Ele
telefone.
— Sestra, com esses olhos, esse corpo e toda a tinta espalhada pelos
matando.
fortemente por alguém e ela não vai te dar um fodido minuto do dia.
Eu gargalhei.
turvo, meu corpo amoleceu e eu não podia ver mais nada à minha frente.
Quando acordei novamente, o cheiro de álcool, a claridade e os
— O que houve?
sabendo que embora as ofensas entre nós fossem constantes, sua preocupação
Evá não sorriu e nem me provocou. Ele só ficou me olhando por alguns
minutos de silêncio.
— Evá?
coberta pelo lençol e suspirou, passando as mãos pelo rosto. — Está grávida
de novo, Maryia.
“Me engana uma vez, me engana duas vezes
Quando voltei para a casa naquela mesma noite, não tive coragem de
dizer a Viktor. Meu primeiro instinto foi pedir para refazerem os exames no
que estranhamente calado, não tentou brincar com a situação. Ele sabia que
não acreditava mais. Ainda que fosse jovem e saudável, quando perdi meu
último filho, prometi a mim mesma que não engravidaria outra vez, porém,
sempre foi por pensar que algo estava errado comigo, que era incapaz de
Mas agora, sabendo a dolorosa verdade por trás dos abortos que só fui
capaz de dizer à Viktorya, sabia que meu corpo não tinha nenhum problema,
que meus filhos foram forçados para fora de mim por Olga. A revelação de
que eu tinha uma quarta chance e poderia fazer tudo diferente me deixava
que não éramos expulsos apenas por nosso sobrenome, porque todos os
que não se esforçava mais. Os socos e chutes tão rápidos que me deixavam
lo e refletir sobre como seria quando eu contasse. Já tinha visto de perto sua
interação com crianças naquela manhã no Ritz com Anya e seus filhos. Mas a
Nas outras vezes, após a primeira perda, ele escondeu o seu medo e me
surpresa ao me ver, o que queria dizer que estava ciente da minha presença o
tempo todo.
pescoço. Beijei seu peito, respirei seu cheiro, suor, homem, masculinidade
exalando dele.
Beijei bem abaixo do nariz, depois desci aos lábios. Ele segurou minha
— Propositalmente, não.
— É por isso que sou quem sou. O que sou. — Ele franziu a testa,
fazendo mais suor brotar ali. — Você parece tensa. Quer dar um mergulho
comigo?
— Eu... — Hesitei. — Não sei como falar isso. Quer dizer... sei, mas
estou pensando maneiras de te dar a notícia. Já fiz isso outras vezes, mas
nenhuma é...
aconteceu. Eu estava numa reunião inadiável, mas teria corrido até lá. Porém
meu Vory ligou, dizendo que foi informado sobre seu marido já estar te
acompanhando.
Entendi por que ele teve acesso ao exame de gravidez, que era
lembrar-me da possibilidade de meu filho ser dele, desejei que Viko fizesse
isso.
era melhor assim, desde a noite no clube. Farei tudo para evitar que se
machuque novamente e se para isso tenho que colocar um time de Vorys ao
seu redor, não me importarei.
privacidade.
— Já fiz, zhena. Não vou pedir desculpas e não vou voltar atrás.
Você ainda estará aqui. Uma criança não é a coisa mais importante que pode
— Como não?
— Você voltou para mim, mesmo depois do que fiz, e isso é mais do
— Se algo acontecer de novo, não terei forças para tentar uma quinta
vez.
comprar.
— Tudo bem, você não vai roubar e nem comprar um filho para mim.
Existem outros métodos de fazer isso dar certo. Eu sei que você quer um filho
e sempre falamos sobre isso, mas existem outros métodos além de caminhos
errados.
— Sempre falei sobre filhos porque era natural que pensássemos nisso
Maryia, eu tenho você. Não tenho muitas coisas com as quais me importo e
você está no topo delas. Uma criança sempre virá em segundo lugar para
mim, eu nunca vou amá-la como amo você.
Talvez.
partido. Só você.
força.
que tudo.
buscar opiniões fora. Eu estarei ao seu lado como nunca estive antes. Você
mundo. Mas eu não ia contrariá-lo, não quando aquele bebê podia reconstituir
traga paz de jeito nenhum. Meu filho trará caos, fogo e desordem ao mundo.
para você.
— Para nós.
eu possa ter um pouco de felicidade, sei que ela não virá de um recém-
nascido nesse mundo podre. Virá de você, que mesmo depois de tudo o que
mundo.
— Não, mas sei o quanto você quer isso. — Ele apontou para mim. —
Você sempre quis uma garotinha, então, será uma menina para você e uma
— Com toda a certeza e provavelmente vou errar mais com ela do que
não é mais um desafio para mim, é diversão. Dê-me uma missão impossível e
trabalharei com isso. — Ele fez uma pausa, antes de pegar uma água com gás
no frigobar e colocá-la numa taça, empurrando-a para mim. — Está feliz?
— É claro.
— Com medo?
— Não desta vez. — Porque eu sabia que não havia nada de errado
comigo. — Mas quero esperar para que as pessoas saibam, podemos deixá-
— Eu vou, mas com meu avô, com Viktorya e Evá. Ele provavelmente
tirou uns fios de cabelo de meu rosto, empurrando-os para trás e me ergueu
empurrando um filho que não era seu. Dizer a verdade estava fora de
cogitação.
totalmente alheio ao que eu sentia. Havia também amor ali, um amor todo
Por que a vida nos condenou juntos, era uma pergunta para qual nunca
esses cantos, mas antes que pudesse aprofundá-lo, seu telefone tocou. Eu o
segurei pela gola da camisa, enrolando minhas pernas com força em sua
cintura.
em passos pesados.
barriga. Era bobo procurar por alguma mudança tão cedo, só havia meu
genética não me deixou vê-la muito grande, mesmo quando consegui chegar
aos seis meses, mas agora, eu tinha certeza de que isso mudaria.
Seria lindo.
para mostrar a ele como estava feliz. Segurei a cintura da saia para abaixá-la,
— Ficou louco, Viktor? — Espalmei seu peito para afastá-lo, mas ele
— Uma única vez, Maryia. E então eu vou começar a trazer sua família
enraivecida.
naquela cabine?
Elas me bateram.
empurrou para trás com o corpo grudado ao meu, me apoiando entre a grade
da sacada.
— Viktor... e-eu...
— Antes que pense em mentir, eu recebi de uma fonte segura que tinha
alguém lá. Um homem. Diga-me quem era.
minhas íris. Como se fosse detectar qualquer mentira dita por mim.
— Por que está dizendo isso, Maryia? — Ele me sacudiu uma vez. —
— Xenia era uma testemunha das coisas que ele me disse aquele dia, por isso
a matou.
diria que eu a planejei por meses, mas a verdade era que Sergei estava pronto
para me denunciar, e se não fora ele quem falou com Viktor ao telefone, em
breve seria. Eu não tinha para onde correr. Dizer a verdade levaria Viktor a
Ele diria a Viktor o que fizemos, o que eu fiz e meu filho pagaria o
Xenia, ele sabia que deveria eliminá-la, pois eu não diria nada. Por medo!
assim, o aperto foi diminuindo aos poucos, ele deslizou as duas mãos para
fixos.
Maryia. Se qualquer homem... eu o mataria lentamente. Mas sei que não está
mentindo, pois vejo o medo em seus olhos. — Ele deu um passo para trás,
soltando-me. — Embora ele seja o meu melhor homem, não vou deixá-lo
escapar com o que fez. Cobiçar o que é meu foi seu maior pecado e agora ele
pagará por isso.
começou a se afastar, indo em direção à porta para sair, mas fez uma pausa.
— Vamos.
Condenar Sergei para me salvar era uma coisa, mas assistir à minha
isso.
— Não, você não viu como eu faço isso. Está prestes a conhecer o
E se eu cair?
Apenas me avise
E se eu pecar?
E se eu desmoronar? Pois é
empurrou o outro que parou em sua frente, eu percebi que deveria tentar pará-
lo, mas sabia que àquela altura, nada tiraria da cabeça de Viktor que
Como eu o faria não cometer uma injustiça, sem o peso de sua cruel justiça
Eu era egoísta por colocar Sergei naquela situação? Talvez, mas ele não
espelho, a fim de verificar se algum carro estava ao nosso lado ou atrás. Ele
acelerou, fez curvas perigosas, sem ver nada além da estrada à frente, nos
— Eu me lembro. — Sua voz era firme e fria. — Não vou colocar meu
buzina disparando.
para mim.
aqui!
modo que eu seria lançada à frente se não fosse pelo cinto, que ainda assim,
da janela, mas ele não me ouvia com todo o caos acontecendo lá fora.
— Zhena.
— O que você vai fazer? — Fitei seus olhos. — Diga-me o que vai
inferno e sabia que isso aconteceria se me traísse. Nunca deveria ter sequer te
— A família dele?
inocentes!
— Eles não dirão nada, tenho certeza. A mãe vai proteger o garoto,
ainda que ame Serga! Se ela souber que a vida do filho está em risco, vai
— Nem todos são inocentes a vida toda. Você já deveria ter aprendido
isso no tempo que está comigo. O garoto vai crescer e nunca conseguiria me
atingir, mas pode se planejar para cobrar sua vingança em nossa filha. Eu não
— Isso é insano, você não pode matar uma criança agora, baseado
numa teoria do que aconteceria em anos! Ele pode tomar outro rumo na vida
certo ponto, mas se tornam culpados uma hora ou outra. Você não tem que
ver isso, fique no carro enquanto eu cuido da família. Levarei Sergei para que
caminho. Eu já tinha visto Viktor em todos os humores, mas não assim. Ele
nunca esteve tão louco e furioso como naquele momento. Não havia temor
em mim para Sergei, apenas para sua família. Me aterrorizava pensar no que
Sergei só estava recebendo o meu castigo por ter falado demais, mas eu
nunca imaginei aquele cenário. Desejei que tivesse ido até Viktor sem me
ele não imaginou que eu faria algo? Simplesmente pensou que eu ouviria sua
ameaça, enfrentaria aquele tipo de ultimato que tinha o poder de condenar a
minha vida e agradeceria a honestidade?
Ele foi confiante demais em seu laço com Viktor, pensando que meu
marido acreditaria mais nele do que em mim, mas eu precisava fazer algo
sem desconfiar, apenas medo absoluto que a fazia ir contra as regras de seu
Será que passava por sua cabeça que acabara de facilitar o ato de um
psicopata?
para contar e fazer as crianças comerem legumes. Ninguém de fora nunca viu
estaria vazia e falida, se Viktor soltasse sobre ela a fera que habitava seu
interior.
morte.
ele desceu. A luz da frente foi acesa e a cortina da janela se abriu por uma
brecha. A casa era grande e parecia segura, havia um lote de distância entre
cada residência, todas diferentes. Não era tão luxuoso quanto o condomínio
onde meu avô morava, mas ainda era bom. Mostrava que Sergei se importava
— A mãe e o garoto...
— Boss?
pará-lo, tentei fazê-lo me ouvir e poupar quem não merecia seu destino cruel.
com isso, você sabe. Nunca viu, mas sabe que acontece.
Imagine que um dia você fique fraco e alguém viesse para nos fazer pagar por
um erro seu. — Engoli em seco, sofrendo com aquele cenário. — Você não
decididos.
seu polegar acariciou minha barriga onde a mão estava antes de tirá-la. —
— Isso é uma ameaça real, ou você quer que ele saia livre do que fez
Ele não dava a mínima para Xenia, só queria provar o ponto de seu
Não.
de Sergei e ele deve ter visto a lágrima silenciosa escorrendo em meu rosto,
contra a porta. Sergei não lutou contra, mas falava algo com seus olhos
arregalados. Medo.
Eu sinto tanto...
Ao levar Sergei para dentro, encontrei sua esposa e o filho sentados na
aquela mulher tantas outras vezes, que o primeiro instinto deles foi me
tudo mudou.
daquele jeito se fosse para dar boas notícias. Eu fitei seus olhos desesperados
confusos. Eu sempre tinha sido como um tipo fodido de herói para ele e os
garotos de sua idade, mas não mais. Minha missão ali era outra e ele veria o
lado feio do mundo cedo, através de mim.
nada.
então.
disse...
dobrado. Ele caiu para a frente com o nariz jorrando sangue. Os gritos de sua
injustamente?
fazendo-o me olhar nos olhos. — Você foi estúpido em pensar que poderia
me trair assim e sair impune. Como pensou que eu não fosse vir atrás de você
e destruir sua vida de merda, depois que ela me contasse o que fez?
— Boss... sei como é louco pela senhora Zirkov, mas nem sempre as
nossas mulheres estão certas. Algumas delas mentem para se livrar de algo
— Eu não a queria e eu juro que não! Sei quem ela é para o senhor, eu
não seria estúpido assim. Ela esteve com outro homem aquele dia no clube e
ela que não podia levar essa mentira longe e eu contaria ao senhor.
Foi o suficiente.
hora da morte.
Maryia.
— Não, não, não, Boss! Eu imploro não por minha vida, mas por eles
— Boss...
— Como cortesia por todos esses anos, vou lhe conceder um último
— O quê?
dor do filho da puta. Myrna gritou e ameaçou avançar para ele, mas eu
reconheceu que era o fim, que não importava o que aconteceria ali, ele não
não aproveitei plenamente seu fim. Eu sempre lhe dei tudo. Um trabalho
quando ele não era ninguém, um lugar ao meu lado, privilégios e benefícios
Eu girei a arma no indicador e apontei para ele, depois para seu filho.
— Sergei.
chão que ela pisava. Pelo menos era o que eu pensava. A notícia de um filho
não foi recebida com total felicidade, ele nunca acreditou que homens como
nós deveríamos criar crianças, mas aceitou por ela, porque na época dizia
amá-la.
mim mesmo.
— Não, não, não! — ele gritava e pela primeira vez o ouvi chorar.
Olhei para a minha direita, encarando o rosto pálido do garoto e puxei minha
camisa branca do meu Vory traidor e sinalizava sua partida imediata deste
— Eu mandei, mas você me conhece bem demais para achar que eu lhe
entre nós dois, mas nada assim. Nada tão brutal. Eu não podia fazer isso
quando garanti que faria de tudo para que ela tivesse a criança.
em sangue.
— Você vai para o inferno de qualquer jeito, mas quero que entre
Garganta.
— E meu garoto?
Eu ri sombriamente.
Alyosha estava imóvel no mesmo lugar desde que entrei, seus olhos
fizesse o que mandei. Dei a ele um momento para se despedir de sua mulher,
mas ele não parecia querer aproveitar aquilo. Ter tirado a vida de Myrna
Se a amava tanto, por que foi atrás de Maryia? A única explicação era
que suas motivações fossem com outro propósito. Talvez ele não quisesse
Maryia daquele jeito, mas estivesse trabalhando com alguém para prejudicá-
la. Não adiantava perguntar, ele não diria agora que matei Myrna.
Sergei estreitou seus olhos claros em mim, todo o seu ódio me era
inferno pela injustiça que cometeu esta noite. — Então olhou para o filho. —
Vingue-se.
com seu sangue, mas não tinha sido o suficiente. Eu me levantei, empurrando
O olhei nos olhos, para que a última coisa que visse fosse eu. Quando
finalmente caiu, seu corpo convulsionou por alguns minutos até ficar imóvel.
meus, mas ainda assim, ele não correu, não chorou, não me disse uma maldita
palavra.
Kremlin, pois um russo não queria deixá-lo voltar para a casa a fim de que
ele não revelasse segredos de Estado. A lenda também dizia que, desde então,
Era simbólico.
morte tão marcante, todos os seguintes deveriam ter o mesmo destino. Seu
primeiro nome, apenas o primeiro, era esculpido nas paredes que guardavam
o poço, assim, apenas ele seria culpado. Sua família não deveria carregar o
A tradição da Bratva não falhava, mas não foi o que aconteceu com
Sergei. Não só porque ele não era um traidor de verdade — mesmo que
Viktor não soubesse disso. Ele não podia ser jogado no poço dos traidores
levantariam possibilidades.
Quando a morte de Sergei foi anunciada na manhã seguinte de seu
Ele seria enterrado ao lado de sua esposa e homenageado como um Vory, que
voltar pela noite e queimá-lo para fazer a cerimônia do poço, mas o que faria
imaginar a perda que meu marido devia estar sofrendo. Se Viktor não tinha
Volya ao seu lado, tinha Sergei. Sempre foi assim e agora, todos queriam
mundo. O que nenhum deles sabia é que Viktor foi o único a causar aquilo.
vez que meu marido mostrou um mero sinal de arrependimento foi quando
me traiu, quando me olhou nos olhos com desespero e disse que me amava,
Então eu pequei como ele, me deitei com outro homem e condenei dois
inocentes à morte.
apenas mudou quando senti algo, como um sinal sonoro em minha cabeça.
Ergui meus olhos, e com o meu coração na boca, assisti a Alexi caminhando
entre as pessoas até se aproximar. Ele usava um sobretudo preto, sua bengala
e uma boina oitavada que em qualquer outro homem pareceria ridículo, mas
ver com uma expressão diferente daquela, a maneira como ele falava e olhava
sob a borda do chapéu. Logo atrás dele avistei Dimitri, que caminhava com
confiança e com olhos fixos em mim. Ele vestia um terno cinza, sendo o
capaz de ver minha filha. Eu queria esconder o fato dele. Queria que aquele
homem sumisse.
Ele não devia estar ali, nem eu. Mas ele principalmente!
Desviei os olhos para ver quem mais estava lá, Alessandra ao lado de
Veronika, Aryshia segurando sua mão. Esposas, Vorys de rua, meu avô,
encarava, talvez ela estranhasse o fato de os dois estarem ali, assim como eu.
admitir. Eu podia mentir para qualquer um, menos para mim mesma. Ao
mesmo tempo que ele era a fonte de minha inquietação se descobrisse o que
fiz, também era a minha única segurança. A pessoa para quem eu corria no
era que Sergei havia ficado louco, matou a esposa e depois se matou.
A história oficial.
causou.
Sergei podia ser enterrado ali com sua esposa, eu não dava a mínima.
grama morta. Tinham muitas pessoas ali, muitas que nunca tinham sequer
olhado para Sergei. Eu joguei no fundo do esquecimento a consideração que
tinha por ele, a gratidão por todos os serviços prestados e foquei apenas na
não quisesse, tudo tinha que ser feito como de costume, a menos que quisesse
máximo que podia para que não notasse. Eu não teria conseguido se não
queriam falar com ele. Em sua maioria, sobre coisas que não tinham a menor
importância diante do evento trágico, mas agradeci por cada uma delas.
era numa tentativa de descobrir por que Dimitri estava tão fissurado em mim
ou outra coisa. Seus olhos escuros me observaram, até que eu entrei no carro
Não era nada muito exagerado como teria sido, caso se tratasse da
morte de alguém mais importante, mas ele foi um soldado dedicado à Bratva
irmão, parecendo discutir com Dimitri. Alexi tinha sua atenção voltada ao
que um Vory dizia confidencialmente para dele. Veronika falava baixo com
Meu avô, Evá e Maksim ocuparam uma mesa próxima da porta, porque
Sempre foi assim. Quando éramos crianças, logo que nós três começamos a
violentas, ele sempre se sentiu perseguido. Uma vez na escola, cismou que
meu rosto.
Eu estava tão perturbada, confusa e chateada comigo mesma, tão cheia
de culpa que decidi não me importar com suas mentiras naquele momento,
carinho quase me fez desmoronar —, pensei que tivesse feito algo, você tem
podemos usar um deles por alguns minutos. Eu quero ter certeza de que você
Volya.
— Coma — ordenou. — Sei que não está de acordo com o que fiz
ontem, mas foi para a segurança de nossa filha. Coma e poderá ir com suas
não tinha fome, mas precisava comer. Engoli alguns pedaços do pão da casa
Enquanto Viky deixava seu primo e irmão, e subia pela escada para o
segundo andar, Ale caminhou até a de Veronika, que ao ouvi-la, não fez
Dei uma volta maior que o necessário, evitando passar pelos Romanoff.
Eu não queria vê-lo me afrontando, mas meus olhos pegaram pelo canto
Dimitri tentando esconder um sorriso com a mão nos lábios.
Ele que fosse idiota de me seguir, dizer alguma coisa ou sequer tentar
algo e veria que eu diria algo a Viktor capaz de fazê-lo matá-lo, sem pensar
O que não era muito difícil. Meu marido apenas não o tinha matado
ainda por falta de motivos considerados justos pela Bratva para eliminar um
konsultant.
Ela deu uma tragada profunda antes de abrir a segunda porta e entrar.
Ale parecia confusa, meio insegura, mas Veronika tinha toda uma
— O quê?
— Vá se foder.
me defendeu:
disso. Sempre sou a única a sofrer enquanto todas vocês fingem indiferença
— Sim. Essa amizade não é saudável e quero que você e Maryia vão
incompreensível.
Veronika tentou passar por mim para sair, mas bloqueei a porta.
Ou é a única que pode tomar decisões aqui? Não sou uma pecinha descartável
da sua cabeceira. — Ela sorriu forçado, tentando passar novamente.
temos sido verdadeiras umas com as outras. Nossa amizade cresceu rápido
demais. Nenhuma de nós tinha pais presentes, uma família exemplo ou boas
Alessandra... eu nem sei o que dizer, porque às vezes sinto que não a
conheço. Não tem filtro. É como se não se importasse com o que as pessoas
— Não temos sido sinceras e quero que isso mude agora. Vocês não
são figuras descartáveis da minha cabeceira. São as únicas amigas que tenho,
para a minha família, mas nós nunca fomos assim, sempre estivemos juntas,
por que é que não estamos comemorando a morte de Sergei? Você ainda não
para ser sua sombra, você estará livre para ir aonde quiser comigo?
você?
respondeu.
acontecendo para todas. Vocês têm segredos assim como eu e nunca pedi que
disséssemos tudo, porque sei que algumas coisas são difíceis de serem ditas.
simplesmente sinto que não posso mais confiar em vocês, então, vamos fazer
como antes. Jogar verdade e desafio, apenas com a verdade desta vez.
— Eu sei, Ale, mas ainda somos as mesmas. E esse jogo estúpido ainda
serve ao propósito. — Estendi a mão para Viktorya. — Me dê.
— O quê?
— Seu isqueiro.
— Você não vai tentar colocar fogo em nós, né? — Viky zombou, mas
mim.
Ok.
levantar os olhos para nenhuma delas e o girei. A maldição rodou até que
Então explodiu.
Ergui meus olhos, vendo Viktorya fumar em silêncio. Ela já sabia, mas
— É sério, Maryia?
— Cuspa.
— Acho que minha irmã vai se casar, eu não sei com quem ainda, mas
olhar cortante.
Nem eu.
Recuei até encostar na parede atrás de mim e deslizei por ela, sentando-
me no chão.
Elas riram.
ninguém.
porque era engraçado, mas porque ela não poderia estar mais longe da
verdade.
Tentou brincar.
Alessandra puxou meu rosto para a encarar. — Essa é uma nova fase. O que
você precisar, Maryia... falando por mim, não prometo muitas revelações. —
Franziu a testa, olhando para baixo. — Mas toda a minha disposição e amor
são seus. Sou sua amiga. Qualquer coisa que você precise, eu faço. Ok?
barriga, piscando.
fingir que esse período sombrio de “não me toques” foi um surto coletivo? —
demonstrou.
Ele assentiu.
— Não. Deveria?
— Não. Deixe que viva, ele não deve ser culpado pelos erros de seu
pai. Acho que estou no meio de uma crise de consciência do caralho, já teve
isso?
ou apenas me fodendo.
— Sim.
que vai acontecer com aquele garoto debaixo do mesmo teto que Kolokol e
De repente, ele olhou por cima do meu ombro, sua mandíbula cerrou
com força e aquele foi o único sinal que tive antes de uma presença se
colocar atrás de mim, vi a mão com três anéis de ouro e reconheci. Mordendo
Eu era apenas um pouco mais largo que ele, resultado de lutas e dias
— Sinto muito por sua perda — disse ele, sem qualquer emoção na
Moscou socialmente.
mais pareceu que estava bebendo vodca cristalizada do que simpatia. Alexi
era tão ruim quanto eu, mas enquanto eu escolhia demonstrar ao mundo tudo
o que tinha, ele escondia. — Devo ir agora. Até logo, meus irmãos.
Puxei uma cadeira, a sentando e tirando seus saltos. Depois a ergui, nos
Ela riu.
— Garrafas caríssimas.
— Eu adorava as sinfonias.
— Eu sei, mas poderia não ter. Poderia ter ignorado todos os pedidos
que fiz, todas as razões que dei para que comparecesse a festas e eventos,
— E agora você vai me dar uma filha. — Ela abaixou a cabeça, como
se lembrar disso a fizesse pensar nas outras três tentativas falhas. — Você
abriu mão de muito por mim, Maryia. Muitas vezes, até de seu orgulho. Eu
cavalheiro para te conquistar, na verdade, vou te dar ainda mais motivos para
caros, danças como essa, sem música. Cobre sapatos de Paris e joias
para que eu demonstre. A minha cabeça está tomada por mortes, crimes e
sangue que derramei. Há muita dor, não minha, mas dos outros. Dor que eu
infligi. Que você seja capaz de me amar é um milagre. Cobre de mim para
mas apaixonado por ela e me tornei mais consciente do pecado que cometia
ao prendê-la a mim.
Luz na escuridão.
julgamento final.
Quando meu telefone tocou, eu deixei meu creme de pele para hidratar
a barriga na pia e corri até o quarto, apoiando o joelho ao lado do vestido bem
ela sempre aparecia com uma desculpinha, fazendo com que todas nós
remarcássemos.
— O que houve?
caminho da sua casa e passei por uma vila da esquina da Avenida Sokrodo,
um prédio de três andares caiu acima de duas casas, a maior parte das coisas
— Claro, claro.
Assim que desligamos, eu corri para colocar uma roupa quente. Me
me viu.
— Maryia.
— Eu não sei, minha senhora. — Dei risada de seu tom hesitante, como
brincando.
Eu não podia pedir a um Vory que ficasse vendo jornal o dia todo a fim
agradar era um caminho para fazer o certo com Viktor e tentar conquistar sua
confiança.
Nikki esteve comigo nas últimas duas semanas. Eu o conheci assim que
chegamos em casa do velório de Sergei. Ele era mais novo que Serga, mas
Nikki realmente foi rápido e assim que chegou à esquina, pedi que
parasse.
um cartão de crédito. — Use isso para comprar qualquer coisa que alguém
chegar em breve.
pode acreditar que estávamos planejando uma noite de farra e bebidas e essas
com Nikki para comprar qualquer coisa necessária, agora só preciso que me
delicadamente para sentar atrás de sua mesa. — Sério, Maryia. Separe tudo
— E depois?
— Até então, não, mas um senhor foi para o hospital em estado grave.
Sua filha ficou entre ir junto ou ficar e esperar que o filho fosse tirado de
bem?
para que abrigasse os feridos até que a comida fique pronta. Estamos
alcançá-lo.
Ele me segurou quando bati em seu corpo, abraçando-o com força.
— Não acho que sou necessário, você está fazendo um bom trabalho.
Bufei.
Ele riu e segurou meu pescoço, puxando-me para um beijo. Sua língua
parecendo ainda mais claros e bochechas coradas... Deus, tirava meu ar.
do topete. O casaco escuro aberto, mostrando apenas uma camisa por baixo.
Perfeito.
Simplesmente perfeito.
Dei risada.
— Dar ordens. Adoro fazer isso. — Ele piscou, deixando-me para falar
Eu caí na gargalhada.
Eu voltei ao trabalho.
— Alguma coisa? — perguntei, aos três guerreiros de rua tirados da
a Irmandade.
Levem tudo até meu escritório. Tem alguém esperando lá com Luka.
— Sim, Boss.
— Por que alguém iria destruir um prédio desses, caindo aos pedaços?
Eu soprei fumaça, refletindo se deveria dizer a verdade ou mandá-lo ir
fazer o que instruí junto com os dois. Decidi pela primeira opção.
— Porque este é o lugar onde eu costumava beber com meu pai, depois
manhã para uma reunião de compra do prédio. Acabei ficando preso em outra
reunião.
Ele não precisava saber que o motivo de meu atraso foi, em primeiro
tal maneira, a Itália nunca se atreveu a arriscar que atos de guerra como
Romeo não puxou seu pai ou tios, ele estava ficando ousado, quebrando
sabia sobre ele, já que a Bratva Miami lhe pertencia e Romeo estava
estadia na Itália.
Bastardo do caralho.
Minha esposa era linda pra caralho. Se não houvesse trabalho a ser
nervosismo que eu nunca, jamais vi em seu rosto. — Surgiu uma coisa que
— Evarkov me ligou...
Kolokol? Mande o psicopata para alguma cidade por uns dias, caralho. —
Passei por ele, mas Volya segurou meu braço, impedindo-me de seguir em
frente.
paciência com a demora em falar o que queria, quanto como a forma como
— Viktor.
— Estou ouvindo.
mostrar fotos da família, disse que a última tinha sido um dia especial.
monólogo.
diversões.
enfiou a mão no bolso, pegando um aparelho celular que não era o seu. —
Sergei estava com a esposa e o filho no dia em que Maryia esteve no clube.
RIHANNA, NEEDED ME
fiada na ponta da língua. Cantava os raps que ouvia no carro dirigindo pela
Ele me fodia com força quando chegava em casa, sempre tinha jantado
me penetrar.
mim.
Mas ultimamente podia muito bem ser uma estranha vivendo em sua
casa.
inadiável comigo, pois eu precisava provocar Viktor até receber uma reação
que me explicaria seu novo humor.
lilás cintilante. Meu plano era que assim que Viktor pisasse em casa, não me
era apenas a cereja no topo do bolo quando ele perdesse a cabeça. Nada fazia
outro lado da rua de uma boate com a frente lotada. A fila dobrava a esquina,
mas eu sabia que era só dizer meu nome que passaria facilmente.
— Ok, estou indo. Você já sabe, fique longe de mim, não venha com
essa sua atitude de homem das cavernas. Quero me divertir com minhas
amigas.
— Sim, e pelo amor de Deus, não comece com seu sermão de Boss isso
e Boss aquilo. Fique à vontade para dizer a ele onde estou quando ele ligar.
— Isso não será necessário, senhora. — Ele balançou a cabeça,
— Boss comprou semana passada. Ele deve estar aqui hoje, tinha
O filho da puta!
Abaixei meu vestido para não mostrar demais quando desci, e me virei
para o Vory.
siga!
contrário, senhora.
seguia de perto. — E, Nikki, você é muito boca aberta, eu espero que não fale
dos negócios do meu marido assim à toa para todo mundo.
— Acho bom que seja assim. — Tirei meu celular da bolsa, enviando
Agora eu sabia que meu marido estava lá dentro e meu plano seria
dissesse nada.
— Senhora Zirkov.
— Acha que eu consigo uma mesa lá dentro? — Era mais uma ordem
velada do que uma pergunta. Eu queria uma mesa. Só que eu conseguia ser
avisado na porta?
pertenciam à Bratva. Ele deu um aceno que mais parecia uma reverência e
pedidos de bebida.
Com certeza aquele serviço não era oferecido a todos os clientes.
— Sim, senhora.
— Você é um Vory?
Eu assenti, e abrindo minha bolsa, tirei uma nota para ele. O rapaz
tentou negar, mas insisti. Ele aceitou depois de um momento e voltou para o
no celular.
lugar.
seu telefone.
sabia.
Veronika riu.
— Vou ficar nessa vibe por hoje. Sintam-se à vontade para encher a
cara.
for, ele devia saber que bebês são feitos quando se goza dentro. — Ela virou
Cristo.
olhos.
da festa de Roman. Eu me lembro que ele saiu com Volya por um tempo.
— Eu sei. Porém eu sinto, sério, tem algo errado. Não é coisa da minha
cabeça. Mas... enfim! A pauta não é meu marido. Vou me resolver com ele
— Acho que vou usar nosso nome para entregar minha playlist ao DJ
cabine do DJ.
que não posso beber. Vocês fiquem perto de mim, sou a babá da vez.
gritou, me imitando.
Cheia de humor.
— Cale a boca. — Segurei sua mão e a puxei para a pista, ela agarrou a
de Ale, que puxou Nika. Nós deixamos nossas bolsas na mesa sem nenhuma
preocupação.
Afinal, sabíamos que ninguém seria louco de tocar nossas coisas.
uníssono.
Houve apenas um convite para dançar. E veio de um rapaz que não era
Eu via minha amiga lhe dando as costas, perdendo a paciência, mas o cara só
— Sim, mas foi rápido. Perdi de vista. Pensei que viria até você. — Ela
Você precisa aproveitar a farra enquanto essa barriga não te deixa pregada na
cama.
aconteça.
apoio a ela.
estava quase dizendo, mas então Veronika chegou por trás dela, a abraçou
outro lado.
Ale tentava fugir, mas Nika não deixava. Eu esperava que um dia
pudessem me dizer a verdade e que se sentissem livres para viver seu amor
Mesmo sabendo que havia algo errado, apreciei sua proximidade, pois
pescoço e comecei a me mover um pouco mais contra ele, mas Viko estava
Estiquei a mão para trás, querendo agarrar seu pescoço, mas ele
Virei meu rosto, a fim de encará-lo, mas ele pressionou o rosto no meu,
que algo estava errado. Pelo canto dos olhos, vi Viktorya tentando se
aproximar, mas um Vory a segurou, levando-a para longe, assim como
Alessandra e Veronika.
Fixei meus olhos nos seus, pensando em qualquer coisa que pudesse
Eu fiz não apenas um, mas dois inocentes morrerem para encobrir meus
erros.
Viktor me mataria.
— Viktor — sussurrei, mas minha voz não podia ser ouvida sob a
música alta.
— Não foi assim. — Solucei, tentando tocá-lo, mas ele virou o rosto,
— Eu não tenho um. Aquilo não era... — Fechei os olhos com força.
— Fale a verdade e alivio o seu julgamento. Minta para mim
— Por favor — implorei, com nossos olhares fixos. — Não pode fazer
Fazendo-me de tola.
viam como a verdadeira idiota traída por ele com o nosso inimigo.
seu pulso. Os olhos verdes arregalados de Viktor não me viam, só sua Dalila.
A traidora que ousou fazer o que ele nunca esperaria de mim: me deitar com
outro homem.
sua pele. — Olho por olho... d-dente por dente-e. — Lágrimas de tristeza, dor
meus joelhos. Minha garganta arranhava e meus olhos não paravam de liberar
as malditas lágrimas.
— O quê?
— Não vou matá-la, seria pouco. A Bratva vai saber as razões pelas
for levado ao meu julgamento. Até lá — ele apontou para mim com seus
olhos vazios —, fique longe de mim. Fique fora da porra da minha vista. Ou
Ele se virou, deixando-me para encarar suas costas sem dizer mais
nada.
Doeu.
Doeu mais do que ser morta por ele.
não me olhou — Você não vai me expulsar e não vai me humilhar assim. Eu
queria ir, você não me deixou, agora eu não quero. Sou sua para sempre,
Maryia. Agradeça por não receber a punição que deveria, eu a faria sofrer
chamas em mim.
— Pois viva com o seu amor e sua liberdade. Com o seu nome
mim novamente.
— Se a criança for dele, será criado para ser meu mascote de luta. E
o com força. — Pense em tudo o que nós vivemos, tudo o que já passamos
tirada de cima dele, sem nenhuma delicadeza. — Ela não me pertence mais.
das pessoas deviam ter visto meu vestido subir, ele tocando partes do meu
corpo que antes não teria, se Viktor não tivesse dito aquilo.
numa parada para fora, me inclinei para vomitar, meu estômago parecia estar
Acelerou e fazia curvas sem cuidado, precisei me agarrar onde pude para não
e chorei.
Chorei não só por tudo o que me disse, mas por perceber que não
importava o quanto eu o amasse, ele nunca seria capaz de me amar da mesma
forma. Não quando seu orgulho era maior.
Eu era tóxico
porta, assim que a campainha tocou. Só podia ser ele, Nikki não teria deixado
ninguém passar.
Eu estava pronta para implorar por perdão, se sua intenção era me dar
uma lição sobre o que houve, eu estava preparada para receber. Eu já tinha
Fui maltratada por seu Vory, fui olhada como se fosse uma bruxa
voltar para a casa, pois nosso filho não deixaria de crescer e eu não aceitaria
ser expulsa. Não quando ele não me deu a liberdade assim que pedi. Seu
olhos.
trás, dando assim a brecha para que ele entrasse e fechasse a porta de
— Eu sei que você mentiu para ele, arriscando a morte do pobre Sergei,
certo? E da esposa dele. Viktor matou a esposa também, inocente, cem por
cento inocente, era uma boa mulher. Vocês pretendem pegar o garoto órfão
— SAIA DAQUI!
garota que é ótima em chupar paus. Ele deve estar nas alturas agora.
— Dimitri...
— Eu vou ser rápido, tenho negócios a tratar nos Estados Unidos, como
você bem sabe, eu dei um jeito para que minha viagem fosse adiada até que
— SAIA!
— Bom, não temos como ter tanta certeza. Sabe que agora eu entendo
por que você se compadecia tanto de Xenia, indo até os clubes bater papo
com ela, como se fossem velhas amigas. Você se identificava com ela.
Porque, afinal, tem um filho sem um DNA concreto, sem uma paternidade
Você...
Ele agarrou meus cotovelos, me chacoalhando de forma que minha
— Maryia, você me deu porque quis, você foi até mim, a única coisa
que precisei fazer foi te propor um acordo uma vingança e você quis, não
diga que eu sou o culpado por isso. As escolhas são suas, as consequências
são nossas.
eu tenho certeza.
— Eu não, mas quero ter. Quero que seja uma criança forte, talvez eu
Ele me empurrou para trás, dando uma pequena volta ao redor de mim.
divórcio que ele te deu. — O encarei com espanto, ao saber que ele estava
ciente do papel que chegou naquela manhã. Nem eu conseguia sequer cogitar
que ele falava sério sobre se separar de mim. Dimitri sorriu. — Eu sou muito
bem informado sobre o que se passa dentro desta casa. Aproveite que ele te
que a sua amada não está ao seu lado — cuspi, fervendo de ódio.
— Oh, Maryia, você não entende um por cento do assunto, mas vai
Eu nem sabia por que estava dando explicações a ele, talvez fosse para
dizer em voz alta e tentar convencer a mim mesma de que Viko voltaria. De
que me perdoaria.
minuto.
envelope, onde você também vai encontrar o endereço de Elena e seu marido
Jack, essa será uma ótima oportunidade para que você e Elena se conheçam,
para que entenda por que ele sempre corre para ela.
joguei nele, Dimitri nem se mexeu, deixou que batesse em seu peito,
quebrando aos seus pés. Água o molhou desde a camisa até os pés, mas ele
apenas sorriu.
nojenta.
e levou a mão atrás das costas. Eu pensei que me mataria depois da ofensa,
— Eu sabia que faria algo assim, sua psicótica do caralho. Não vou te
longo demais, então quando fui me afastar, ele segurou meu braço e me
puxou para si, tirando o celular do bolso. Dimitri mexeu na tela antes de virá-
lo para mim.
— Um Vory do meu Clã está seguindo seu Viko desde ontem, e aqui
Eu não consegui desviar meus olhos da foto, não enquanto ele não tirou
— Não estou aqui para mentir para você, Maryia, vá veja por si mesma
onde o seu marido encontra consolo quando você o trai. Quando voltar, eu
estarei esperando uma resposta sobre meu pedido de casamento. E então, nós
Eu não tive sequer forças para me afastar quando as costas de sua mão
direita acariciaram o meu rosto. Minha mente ainda estava girando em volta
outra vez.
embaixo por apenas uma hora e meia. Se quiser fugir de seu Vory, é a sua
grande chance.
meio dos meus seios e beijou minha bochecha. Eu tremi de nojo, repulsa e
arrependimento.
Meu amor era para poucos, mas quando eu entregava, entregava tudo,
sem reservas e sem hesitação. Uma última chance foi dada a Viktor e ele
estava me traindo mais uma vez, mas ele não encontraria perdão agora, não
lembrando o porquê eu não deveria fazer nenhuma besteira. Não era apenas
a única coisa sobrando de tudo que já construí nesta vida. Quando os abri
Eu era Dalila para ele, mesmo quando me virava as costas para ir atrás
porque eu havia pegado o maior percurso para que pudesse pensar, havia
chegariam a acontecer, erros que faziam parte de mim e que não queriam ir
Dar permissão à Maryia para me deixar havia sido a coisa mais difícil
frente era uma cena que se repetia em minha memória, muito de mim estava
Maryia fez meu homem de maior confiança morrer. Antes disso, fez
ombros de Sergei.
Suas palavras de despedida martelavam minha mente e o meu coração
escuro.
Minha mente confiava em Serga, mas meu coração estava com ela,
portanto, eu destruí uma família que não tinha culpa por Maryia.
Dos pecados capitais, eu era uma mistura de todos eles. Que minhas
fogo junto a elas quando a hora chegar. Então... amaldiçoe o meu caminho
minha mente desde o avião. Decorei cada uma delas, as torci e as preguei em
de seu único familiar vivo. O único que eu deixei vivo, ainda que o garoto
provavelmente não quisesse ver minha cara pintada de ouro, eu tinha que
— Nem me esperou?
Ao me dar conta da presença, ergui meus olhos e fitei um rosto que não
via há muito tempo. O rosto do homem que cheguei a odiar por pensar que
estava roubando uma mulher de mim. A mulher que por um curto período me
fez olhá-la como se fosse a única saída para o meu inferno, aquela que
cheguei a ver como substituta quando pensei que meus erros com a minha
esposa eram grandes demais para consertar. Aquela que fez de mim um
— Jack — falei, com um aceno, a rincha entre nós havia ficado para
trás, pelo menos do que dizia respeito a Elena DeRossi. É claro que ainda
— Visita inesperada, Zirkov. Não é todo dia que estou tomando café
com a minha esposa e recebo um convite desses.
— Não foi um convite amigável. Não vim para tomar uma e bater papo.
— Parte dessa birra é porque nunca teve uma chance com ela, não é?
— Você conheceu Maryia. — Foi a única coisa que precisei dizer. Seu
minha Maryia.
Jack falar sobre ela me subia um fogo que nem Deus podia controlar. Ouvi-lo
então, se deitou na cama para dormir e morrer queimada. Esse foi o impacto
dessas notícias, agora, eu não te culpo, Corleone, tudo vale na guerra. Seja
por poder, seja por amor. Você não conhece Maryia e não devia nada a ela,
mas de alguma forma era o único a dizer a ela o que aconteceu na Itália.
Jack pegou o copo que eu bebia, serviu uma dose e a virou, batendo-a
igual para igual. Eu queria que ele sentisse o impacto do que eu diria a seguir.
Queria que sua cabeça explodisse pensando dias e noites, até que eu decidisse
algo que os DeRossi pensaram ter resolvido há anos, mas passaram longe.
Algo que tem o poder de destruir sua família. Você sabe o que é.
— Bernardo levou a culpa pelo o que Evangeline fez, mas não foi ele
quem a deixou livre. Assim como não foi meu pai quem a chutou da Rússia,
fui eu. Eu estava cansado de suas tentativas de dormir comigo. E olha que eu
era um garoto e podia ter cedido, mas desde novo eu tinha pré-requisitos.
precisava saber quem era a sua ponte na Rússia, não apenas culpado por ter
falado com Maryia, mas talvez por outras coisas que aconteciam na
Irmandade.
pessoa esteve em minha casa quando meu pai estava fora tratando de
no meu tempo na Itália. Estamos todos cercados por inimigos, sempre. Mas
RIHANNA, DIAMONDS
Comunicando-me em inglês, peguei um táxi dentro do aeroporto e
Talvez a culpa fosse do fato de saber que ali vivia a mulher que meu
marido preferia e sempre escolhia acima de mim. Por saber que estava prestes
acontecendo.
Ouvir falar era um faz de conta, mas ver... tornava doloroso respirar.
Vê-lo com ela seria a facada final para que eu desistisse daquele casamento
Eu observei a casa. Elena tinha bom gosto. Péssimo para homens, mas
gorjeta generosa por força do hábito. Ele me olhou com surpresa pelo
espelho.
sabia que eles chamavam. Me pareceu muito estranho, pois eu não conhecia
Elena, mas sabia que ela era importante na Cosa Nostra. Porque ela vivia
Quando pisei nas pedras que me levavam até mais perto do mar, senti o
era uma das melhores sensações para se sentir, ainda que meu dia tivesse sido
tranquilo. Gostei da ideia, eu podia pensar em algo assim para viver com
minha filha, já que se eu estava sendo expulsa da Bratva e por minha culpa o
Clã da minha família seria humilhado, não haveria motivos para viver na
cidade, nos olhos do furacão.
Toquei minha barriga como se o gesto fosse fazer com que ela ouvisse
que sentia muito por não ser perfeita como ela merecia e principalmente por
não ter conseguido escolher um bom pai. Tive minha quantidade exagerada
de erros, mas queria fazer certo por ela. Apenas para ela.
seguir em frente, mas caso contrário, o que faria? Ir para a casa sem respostas
de jeito nenhum era uma opção. Existia apenas um caminho para mim e
Viktor ali: ele me afogaria naquele mar ou eu daria um jeito de roubar sua
frente da casa fosse quase por inteira de vidro, uma cortina escondia a vista.
tive respostas.
esperava.
a parte de cima do biquíni corria pela areia branca, como se tivesse corrido
por toda a faixa de areia, e atrás dela, a seguindo com enormes sorrisos no
Eles tinham cabelos castanhos, assim como elas, e ainda que nunca
tivéssemos nos visto, eu sabia. Simplesmente sabia que aquela era Elena.
sua risada, mas então ela me viu e o riso morreu. A alegria foi embora, como
quase horror, puro instinto a dominou, pronta para proteger os filhos de mim.
Era uma surpresa que ela os tivesse, mas o que é que eu sabia da vida daquela
mulher ,fora que ela era um porto seguro para o meu marido?
Ela pegou seus filhos sem tirar os olhos de mim, carregando um em
neutra, como se aquilo não me afetasse, não queria que ela visse o quanto
Talvez o sentimento fosse tão gritante que não poderia ser disfarçado,
fizesse.
como eu senti quem ela era, ela sentiu o mesmo de mim. Não havia simpatia
da minha parte para Elena, e com a expressão em seu rosto eu podia ver que o
Tinha um sotaque forte, assim como eu. — Não sou mais parte da máfia,
você.
— Não, mas acredite quando eu digo que sei melhor do que ninguém
mais para um verde selva, verdes mais profundos enquanto os meus pareciam
rasos, vazios.
mamãe para tomar um café — disse lentamente, passou por mim e abriu a
porta com sua digital e uma senha. Não fez questão de esconder nenhum dos
dois, talvez agora ela se mudaria dali, assim que eu fosse embora.
Se Viktor estivesse ali, ela não me deixaria entrar. Viktor não era o tipo
já estava longe.
— Va bene. Vocês dois vão ganhar uma folga do banho, porque mama
Eles pareciam pequenos demais para falar tão certinho, mas eu não
estava ali para reparar em como seus filhos eram criados. Na verdade, agora
que sabia que Viktor não estava, minha vontade era sair e voltar para
Moscou.
uma xícara, depois voltou para nos trazer o bule de café até a pequena mesa.
— O que posso fazer por você? Tenho certeza de que não veio da
— Quando pensei que podia sentir algo por Viktor e depois... bem, descobri
você... — Meu sangue ferveu e devo ter indicado isso em meu rosto, pois ela
franziu o cenho. — Era uma ilusão. Sou apaixonada pelo meu marido. Temos
dois filhos, como você viu. Não há nada sobre Viktor aqui.
Elena riu.
expulsa da máfia, renegada pela família. Entendo Viktor, ele sempre gostou
de mulheres descontroladas.
— Você é aquela que colocou fogo na própria casa e deitou para morrer
Ela se levantou.
Eu me levantei.
seríamos.
Frente a frente.
— Diga se o meu marido esteve aqui e eu vou embora, antes que essa
Me diga a verdade!
— Eu vou chutar você e a sua loucura para fora da minha casa, se não
tempo. Nunca houve chance para nós dois. Uma Elena do passado se
divertiria com o seu desespero, mas a Elena que tem dois filhos e é casada
meus braços.
— Maryia...
à minha frente, com a boca aberta num grito silencioso, caía na mesma
Ela falava algo, alcançando uma faca do faqueiro caído da ilha junto a
— ... Você fez? O que você fez?! Os meus filhos estão nesta casa, você
aqui sozinhas... eu... eu sei que não foi você agora. O sotaque... escute as
vozes, estão falando inglês, mas não são italianos nem russos.
Eu não podia ouvir bem nem de perto, quanto mais de longe, ela se
— Tem certeza?
— Preciso ter — sua voz falhou —, não posso perder os meus filhos.
Eu toquei minha barriga, pensando em meu próprio bebê e em como fui
estúpida ao sair da Rússia sozinha, quando não era apenas eu para me cuidar.
— Sim. Você?
— Sei.
Nós nos apoiamos uma na outra para ficar de pé, e caminhamos através
lágrimas insistentes.
Nunca passei por algo como aquilo, era mil vezes pior do que ficar
presa em minha cabeça. Duas mil vezes pior do que acreditar que seria
naquela direção.
— Eu sei. Sei o que está sentindo, porque estou grávida, mas não
Eu jamais deveria ter dito aquilo a ela, assim como ela nunca podia ter
Éramos agora ambos alvos fáceis para nossas famílias, ainda que ela
não fosse mais parte da Cosa Nostra, eu duvidava que seu pai a deixaria ser
prejudicada, assim como o meu avô, mesmo humilhado por minha traição,
não me deixaria também. Éramos amadas o suficiente para não sermos pegas
E agora mais do que nunca... estávamos presas uma à outra com aquele
segredo.
diga também.
Filha da Bratva.
As solas dos meus pés estavam cortadas, tornando quase impossível caminhar
e sua perna estava mancando, com um filete de sangue escorrendo pela saia.
Ela foi direto para o bar em frente à janela, abrindo a última porta,
outra cair no tapete. Eu me aproximei ao ver que tremia muito. Meu filho
parede. Armas, facas, munição... havia até uma granada lá dentro. Ela a
pegou.
— Nunca se sabe — murmurou.
peguei uma faca, tirando a capa. Porém, como a porra do fogo do inferno
pé, ele chutou meu rosto de forma que me fez desabar para trás, batendo a
cabeça na porta do bar. Outro homem tirou a granada de sua mão, dando
— Olhe o que a vagabunda tem aqui. Nós vamos nos divertir com
— Não me toque!
— Vadia, vou retalhar você inteira como fizeram com a sua mãe.
braços, sacudindo-me para que o encarasse. Ele enfiou a mão atrás das costas
venha ao mundo.
Elena ainda lutava, mas quando eu vi que era impossível me livrar dele,
parei de tentar. Passei a fazer o possível para proteger minha barriga e deixei
que ele desferisse sua violência em lugares que não atingiriam a minha filha.
carregava um bebê.
Eu fitei seu rosto, e ela olhava aterrorizada para a escada, onde os filhos
estavam.
pequenas desgraças?
sapatos no chão.
com você no lugar da russa? — Ele forçou-me a encarar seus olhos. — Quem
pela morte, puta russa. Não somos burros, sabemos que veio sozinha e
principal aqui embaixo — aquele que segurava Elena disse, a jogou no chão e
novamente.
— O que está fazendo? — gritei, eu não podia deixá-los fazer aquilo.
Ela gritou, tentando se cobrir, tentando se arrastar para longe, mas ele
chorado. Mas não durou muito tempo, pois, ao se virar para mim, vi seus
força contra seu peito, cheirando seu cabelo e passando a mão livre pelo o
corpo dela. Seus olhos aterrorizados e ao mesmo tempo, furiosos, estavam
presos a mim, como se estivesse se obrigando a assistir ao que me acontecia.
pelo menos os pequenos estariam seguros. Meu olhar foi atraído de volta para
da lâmina deslizando para baixo. Eu cerrei os lábios para não gritar, quase
falhando, mas se morreria, seria com o meu orgulho. Quem lhe pagou queria
talvez sua intenção fosse apenas me assustar antes de começar os danos reais.
Ele se inclinou para observar o que tinha feito, passando a mão do meu
pescoço e deslizando pelos seios. Quando tocou minha barriga, fixou seus
própria mão com a força com que a tirou de dentro de mim. Meu corpo deu
sangue.
Deixei a cabeça cair para trás, sabendo que por minha culpa perdi meu
quarto filho.
— Deixe-a em paz — Elena pedia, sua voz fraca e rouca. — Por favor!
espirrou em cima de mim e seu corpo sofreu um espasmo bruto, ergui meus
olhos para ver uma estrela ninja cravada em seu pescoço.
em que aquele que me segurava me soltou para pegar sua arma e olhar ao
redor, para me arrastar para trás, saindo das garras dos dois. O homem que
Cosa Nostra.
fazer desmaiar. Fitei Elena, que agora tentava mais do que nunca se
desvincular do homem, mas ele não a deixava, com uma arma apontada em
sua cabeça.
expandindo até que fez o peito arder. O homem também se virou, arregalando
qualquer um que visse, mas não para mim. Havia sede de sangue, de
Ele não os desviou para mim, e eu não podia pensar que estava ali por
mim, ele nem sabia da minha presença. Veio por Elena, assim como Dimitri
avisou. Eu a fitei, e ela olhava para Viktor com tanta gratidão, que eu
Aceitar isso foi fácil dessa vez. Perdi meu filho, perdi Viktor.
Perdi tudo.
— Farei o que você quiser — disse ele —, mas deixe a minha esposa e
balançou a cabeça.
fazer sua voz ser ouvida, mas disse, ainda assim, como se estivesse em
posição de exigir algo.
— Está mentindo!
Viktor fez uma pausa, olhando-me por cima do ombro novamente, sem
— Mas não matou minha esposa. Tire a arma da cabeça dela e vamos
conversar.
voou pela sala, atingindo o chão, a cabeça de Elena e o tapete branco à sua
frente. Ele caiu para trás e assim eu pude ver um homem de cabelos
temendo que ele fosse ignorar a presença do homem ali e demonstrar seu
importante da Rússia, temido de leste a sul, ele tirou o machado das mãos do
isso, Elena abraçava seu marido. Ao mesmo tempo que Viktor passava o
antebraço pela testa e soltava a arma brutal, Elena soltou Jack e se aproximou
redor.
Assenti novamente, desviei meus olhos dela para assistir aos três
murmurei, com minhas últimas forças, sentindo-me cada vez mais fraca.
— Eu preciso ver minhas crianças, preciso ver o que houve com eles.
Como se a culpa fosse sua pelo o que aconteceu, mas não era. Nem sua, e
nem minha.
Ela correu escada acima, ignorando tanto Jack quanto Viktor em seu
caminho. Seu marido parou com a cabeça virada em minha direção, ainda que
eu não visse seus olhos, sabia que estava me olhando. Ele ficou ali por um
devagar, como se soubesse o quão ferida eu estava. Ele me olhou nos olhos
— E-eu ach-cho que... sinto muito. — Tentei dizer. — Sei que ficará
aliviado por ter que lidar com isso — sussurrei. — Por favor, me mate agora.
Eu não tenho você e não tenho mais a minha filha, estou pronta para ir.
começar a caminhar para fora, o senti chutar o corpo do homem que havia me
longe.
Embora ele me odiasse, meu coração estúpido não podia parar de sentir
Nada de bom podia vir depois disso. Não quando eu sentia o meu
quarto bebê indo embora, antes que pudesse ter uma chance real.
Não quando o amor da minha vida me odiava.
chances de que o filho concebido seja dele, em minha posição se faz uma
coisa. Você o mata na frente dela e depois a mata em público, para que assim
cruelmente forjados pela Bratva não hesitavam em punir quem os traiu. Fosse
traidora. Por um momento me passou à cabeça levar Maryia até a rua das
minha esposa, fodendo com ela como eu quisesse, até que estivesse pronta
para matá-la.
Como os traidores.
por tais brutalidades, me gelarem o sangue. Não podia me ver fazendo tudo
aquilo com ela. Seu rosto torcido de dor era algo que não me saía da cabeça,
era como se eu já tivesse a imagem pintada de como ela ficaria se eu a
levasse a julgamento.
Mataria uma criança que talvez fosse de Dimitri Romanoff, sim, mas
talvez fosse minha. Quando sugeri tal coisa, ela não negou, o que me
Mas seria tudo para que o meu ego se inflasse outra vez.
vingança pelo o que eu fiz com ela, por todas as minhas traições, mas ainda
assim, era difícil aceitar que tivesse sido capaz de fazer tal coisa, mesmo
Eu a amava e a fiz me dar outra chance repetidamente, por isso, por que
O divórcio veio como uma saída simples. Eu poderia dizer a todos que
estava cansado dela e escolhi lhe dar a liberdade, que queria outras mulheres
pensamento de não ter Maryia ao meu lado todos os dias era torturante, como
uma faca torcendo o meu estômago e um punho pesado socando o meu peito.
Pensei por um momento em levar a vida sem ela, dedicar meus dias à
Dimitri.
minha visão.
Mas tudo mudou quando Jack se levantou da mesa em meio a mais uma
de minhas ameaças e correu para seu carro, dizendo que Elena estava em
Maryia entrando.
Como ela sabia que eu estava ali, era um mistério que eu pretendia
Rússia e sem olhar em seus olhos iria embora outra vez, deixando Maryia
sozinha.
quando a segurei...
Minha Maryia.
perdesse aquela criança por ter ido atrás de mim. Vê-la ali, perto de ser
assassinada por aqueles homens me despertou para o fato de que eu não podia
Eu não podia viver sem a filha da puta com quem me casei, dez anos
atrás.
Quando a vi sangrando naquele sofá, sua traição foi jogada para trás,
Dimitri foi esquecido — ainda que eu planejasse fazê-lo sofrer por dias
outra.
Muitas pessoas diriam que eu merecia sua traição e eu não podia julgar.
Agora Dimitri... o inferno seria pouco para o que eu faria com ele. Ele
própria pele.
— E então?
— Ela está estável. A limpamos para que pudéssemos ter uma visão
esquerdo e costas, mas a pior parte infelizmente se trata do relato breve que o
senhor nos deu. A violência que ela sofreu foi algo horrível. — Ela engoliu
em seco, desviando os olhos dos meus para sua prancheta. — A vagina estava
bem machucada, mas a maior parte do sangramento se deu pela intromissão
do objeto quando não havia lubrificação. O bebê está bem e daqui a um mês,
— Sim, dei um resumo para ela sobre o que houve, embora eu prefira
ser delicada com a vítima. Esse momento é muito importante para a sua
um psicólogo.
passar por algo assim, se posso dar um conselho... não a abandone agora. Ela
falou de você sob o efeito da anestesia, muito. Algo sobre... não te ter mais.
Mas ela estava errada, vendo que o senhor passou a noite aqui. — Ela me deu
Quando abri a porta que nos separava, ela virou a cabeça lentamente,
Nós nos olhamos por um momento sem dizer nada, mas sabíamos que
Eu fechei a porta atrás de mim, tirei uma das mãos do bolso do meu
casaco e parei ao lado dela. Maryia evitou meus olhos, encarando o meu
nascer. Se você quiser, para ter certeza se quer fazer parte disso ou não. —
Quando você se casar novamente, a sua esposa deve querer outros filhos,
vida, conquistar coisas sem ser ao meu lado. Um castigo pela minha ridícula
reservado no inferno — inspirei com força —, mas isso é apenas para quando
que fiz, não há força o suficiente em mim para puni-la ou deixá-la ir. Estou
me forçando, mas há força suficiente para engolir o meu orgulho e aceitar que
não posso seguir meu caminho sem você. Te ver daquele jeito, ver sua vida
por um fio, me abriu os olhos para isso. Para o que seriam mais cinquenta
da nossa guerra.
— Não há ninguém e não há nada entre nós. Não fale ou pense sobre
lado. Você é a minha esposa e a mãe do meu filho, mas não confio em você.
Não vou deixá-la fora da minha vista. Minha decisão é por puro egoísmo,
você precisa entender, Maryia, que eu não teria me importado se apenas você
fosse sofrer com isso, mas eu não quero sofrer. E por isso o nosso casamento
permanece.
impacto das minhas palavras ao perceber que não havia perdão genuíno.
— Viko.
que sabemos que Dimitri foi o culpado por desviá-las, as coisas ficaram mais
comece a pensar grande demais pela falta dos nossos fornecimentos por lá.
Não vai acontecer novamente, nem que eu mesmo tenha que ir fazer as
novidade.
— Eu não sei que porra estou fazer aqui, se canso de dizer que isso vai
depois que o filho da puta sumiu, não tive escolhas. Ninguém sabia onde o
asas de seu pai como o rato que era. Não podia deixar que ninguém soubesse
o que ele fez para que meu nome não fosse humilhado, para que Maryia não
não tinha provas de que ele me roubou, apenas me convenci disso, depois de
descobrir o que ele fez com Maryia, convenci meu pai e meu konsultant sem
citá-la no meio da história. Mas Alexi não levaria bem, se eu não tivesse algo
Minha única escolha foi ordenar aos meus meninos nos Estados Unidos
que procurassem por ele, como se suas vidas dependessem disso, pois
dependia.
primo no pescoço.
lucros para toda a Bratva, ao contrário de você, eu não viso apenas Moscou,
Nenhuma cidade é apenas uma cidade para mim. Estou atento sobre a Bratva
meu ombro, e lançou um olhar para Volya. — Cuide da honra que vocês
certeza de que eles estão apenas atrás de alguém que possa parar aquele
— Você tem uma boa equipe aqui, Volya é seu braço direito e
esquerdo. Serga se foi, mas você tem seus cunhados, embora sejam loucos,
são devotos de Maryia, por isso farão qualquer coisa por você. Saiba jogar
com isso.
— Eu sei — assenti.
Volya não disse nada, mas aproveitou a deixa para me encarar, como se
— E meu neto?
— Que boa notícia! Uma garota vai adoçar a nossa vida, da? Vamos
cuidar para que ela não seja confusa igual a família da mãe. — Ele me
em sua tia enquanto estou longe. Quando eu voltar, não terei escolha senão
— Boa ideia.
Ele assentiu e começou a sair, mas parou na porta, fitando-nos por cima
do ombro.
— Eu já disse que não vou me casar com a garota, mas você se faz de
surdo, então serei ainda mais claro. Se eu for forçado a isso, ela sofrerá um
acidente fatal.
— Ah, sim, ficará sem noiva e sua amada o perdoará por matar sua
irmãzinha?
— Não? Então, todo esse show não é porque não quer se casar com a
irmã de Aryshia?
importante. A Bratva tem homens mais do que suficientes para amarrar a essa
seremos sempre. Matarei por você, te cobrirei em tudo o que precisar e sei
que fará o mesmo por mim, mas recentemente você anda com uma mania
apenas goze, quando eu mando puxar o gatilho, mire. Se eu disser que vai se
caro, porque ela é uma vadia cara. Vá até Aryshia e peça sua irmãzinha em
liderança nos negócios para querer matá-la, mas se passar a ficar na frente
dos meus planos, eu irei. Principalmente sabendo agora que ela é a fonte
Toquei meu rosto abaixo do olho, no mesmo lugar que sua tatuagem
permita ser um inútil internamente, mas não demonstre isso. Porque eu não
vou tolerar. Amar Maryia me faz ser fraco todos os dias, mas isso me torna
Ele me encarou sem dizer nada, com o rosto vazio. Eu servi uma dose
— Evarkov tem uma luta esta noite e armas são permitidas, estou
ansioso para ver como ele arrancará cabeças desta vez.
— Evarkov.
decoração.
Dei-lhe um tapa nas costas, fazendo-o engasgar. Volya foi direto para o
bar, separando-se de mim. Passei sem falar com ninguém, mas vendo os
estava mal.
Enjoava.
Vomitava me chupando.
— Hormônios da gravidez.
Além de minha mente estar focada em caçar Dimitri, eu ainda tinha que
encontrar o responsável pelo ataque à Maryia. Jack e eu não falamos sobre
trabalhar juntos, e eu tinha certeza de que a próxima vez que eu fosse ouvir
dele, seria para concordar em me dizer quem era seu informante — embora
Dimitri.
destroçar meus oponentes, ainda que não fosse meu dia de lutar.
ficar aqui dentro, lidando com isso, o que no momento, parecia pouca bosta
para mim.
ele deu um pulo, com medo do que eu faria a seguir e se seria direcionado a
ele.
começaram a pegar garrafas do bar e das mesas, saindo em fila para fora. Um
— Vão, porra, vão! Vão! — Evarkov gritava, ameaçando bater com sua
Havia poucos comércios na rua, grande parte eram casas sobre as lojas,
e os donos moravam lá. Pessoas que não podiam pagar lugares mais caros em
ruas mais abastadas e nobres, então acabavam ali, no berço da Bratva. Onde
nossa violência dominava as ruas.
Crianças corriam para a casa sob os gritos de seus pais, mas queriam
cortinas.
tampa com o dente, tomando vários goles, quase não sentindo a queimação.
Aquela merda já não me afetava há muito tempo, beber desde criança fez
minha tolerância subir 99%, e meu corpo se acostumar. Vodca parecia água e
começando a andar até virar numa curva redonda, dando uma volta e
mão, continuaram fazendo com mais três garrafas, até que eu parei em frente
à Bloodline.
Acenei o dedo ao redor, mostrando que era o que eu queria, então, eles
fazendo.
fogo engolir o lugar que tinha sido nossa casa por anos.
terreno. A nossa nova casa e no quintal... — Traguei meu cigarro uma última
vez e o joguei no chão, uma linda linha subiu dos dois lados e formou uma
bola no chão, fazendo todos eles pularem para trás. — No quintal teremos o
Eles urraram, gritos extasiados com a ideia nova encheram o ar. Eu fitei
Fitei Evarkov, dando um aceno. Ele riu, jogando a cabeça para trás,
então correu e pulou pela linha de fogo, gritando como se tivesse acabado de
gozar ao entrar. Rodeou o espaço, fumaça subia, o fogo esquentava nossas
peles, estaríamos todos cobertos de suor assim como Kolokol e seu oponente
que lutaria com ele surgiu, empurrando todos de seu caminho e pulou para
dentro, tentando esconder uma careta de dor quando o fogo agressivo beijou
Evá apontou um dos lados da arma para ele e sorriu seu melhor sorriso
psicopata.
celular na mão, e entregou para mim. Viky e Veronika se inclinaram para ver.
— Aqui diz que ele incendiou a Bloodline e agora eles vão lutar num
— Ele claramente não está bem — disse Ale. — Fique aqui em casa
Dei risada, descartando sua sugestão sem nem pensar. Eu nem sabia o
que tinha acontecido.
— Viktor pode estar cem por cento desequilibrado, mas isso nunca se
imprevisíveis.
Eu sabia disso, aprendi. Mas também aprendi que não havia nada que
carregava um filho que tinham chances iguais de ser de outro homem. Ele
E aquilo era algo que eu não esperava de jeito nenhum, não dele.
nas costas.
Quero um clima tropical, drinks, sol, mar e danças até varar a noite.
dizia nada.
era claro para mim que amava meu irmão. Se não amava, sentia algo muito
próximo disso.
Nada ficava oculto para sempre, portanto, aquela bomba alguma hora
sorrir.
presentinhos que eu não encontraria de jeito nenhum em outro lugar. Ela está
— E seu avô?
— Ele insiste que é um menino, mas sei que quando nossa garotinha
dizer o que eles eram, mas ela, minha Kisha. Uma russinha de olhos verdes
para ser mimada por tios loucos, um pai psicopata e uma mãe... — Fiz uma
risada.
perdido o meu filho, mas ele estava ali comigo. Seguro, saudável e eu faria de
tudo para que fosse feliz. Além do mais... Eu não tinha como ficar pior.
Jamais confiaria em alguém naquele nível para contar tudo o que havia me
acontecido.
ninguém mais. Enquanto elas conversavam e riam, não pude deixar de pensar
Minha mente vez ou outra viajava para Elena, a mensagem que recebi
dias atrás e precisei apagar para não correr riscos. Eu sonhava com o seu
simplesmente esqueci cada traço dos rostos deles. De cada um. E embora os
minha vida e o meu casamento não deveria ser tão facilmente apagado, mas
me olhei no espelho e desejei poder te ver outra vez. Você sofreu para
— Esqueça.
Eu não podia.
Elena não me machucou. Ela me deu algo que eu nem sabia que
precisava.
Paz.
— Por aí, mas sabia que vocês se dariam bem. Ela é muito perspicaz.
paralisaram.
Alessandra saiu. — Acho ótimo. Vamos fazer. A bebê ainda não vai estar
muito grande e eu não vou ser a chata, enjoando e impedindo vocês de fazer
longos passeios.
— Maryia.
sensação que meu corpo recebia toda vez que o via. Estava vestido todo de
preto, com um casaco chumbo de botões grossos destoando da cor. Nos pés,
botas pretas pesadas das quais ele tinha uma coleção na despensa, já que dizia
Sorrindo, fui quase salteando segurar sua mão, virando-me apenas para
mandar beijo para elas, inclusive, Veronika, que veio da cozinha correndo
— Aproveite!
— Aonde vamos?
— Você verá.
homem parado em frente ao seu Audi, que deu um aceno curto antes de ir
subia.
voz era profunda e grave, o que tornou um pouco difícil respondê-lo sem ser
com um “sim”.
— Não se preocupe com isso, você tem outras coisas a pensar. — Ele
deu uma olhada rápida em minha barriga, dando-me mais uma empurradinha
para entrar.
— Ele se machucou?
espetáculo.
especial de presenciar.
a descer, mas travei meus saltos no chão para que não me puxasse.
— Não.
perguntas — resmunguei.
frente à grande porta principal, meu casaco estava cheio de salpicos de neve,
assim como o cabelo. Rindo, passei a mão para tirar, e Viktor estendeu a
fez uma reverência, deu um passo atrás e com a postura reta, olhando para a
nunca tinha visto o Bolshoi deserto, era uma das coisas mais assustadoras e
— Você ainda nem viu o que fiz. — Ele olhou por cima da minha
cabeça. — Deixe-nos.
na frente do Bolshoi, mas como está frio, dançaremos aqui dentro. O que
acha?
— Ficou maluco?!
vez.
Rindo, o encarei.
chiques?
amo mais do que odeio... é um dilema. Quero matá-la, quero beijá-la, quero
ver o rosto de nossa filha... Quero levar você para conhecer o mundo, cada
lugar que já teve vontade de ver. Quero me tornar Pakhan com você ao meu
lado, quero esquecer o que fez e que esqueça o que eu fiz. — Ele me girou,
— Posso?
— E o bebê?
— Mentirosa.
Puxei seu rosto para baixo, encontrando nossos lábios e deixando que
nossas línguas deslizassem juntas. Uma música de um lugar que nunca ouvi
Viktor agarrou meu cabelo num aperto firme, puxando meus olhos para
os seus.
— Sim, Boss.
acariciando meu lábio inferior com o polegar. — Não tem câmeras ligadas.
Continue.
boca encheu d’agua quando o puxei para fora. — Pensei que fosse me
destruir na nossa primeira vez.
baixo para cima, de cima para baixo. Passando as costas das mãos, vendo-o
pediu em casamento.
esfregava por sua carne quente e sensível. Enorme. Deus, eu realmente amava
com as duas mãos, e eu apenas deixei que fodesse minha boca, seus olhos
coloridas piscantes, pinheiros pequenos por todo o canto e uma grande árvore
Petiscos para quem quisesse apenas beber por um tempo e todos os tipos de
recentemente instaladas, pois tanto eu, quanto Viktor amávamos ouvir música
casa no mesmo lugar quando se casasse, mas ela não desistia da ideia de uma
tanto que se não fosse a ideia de dar algo mais doméstico para Kisha, eu não
enorme, senti uma alegria tomar conta de mim, sabendo que em breve a
Maksim do outro. Escutava algo que meu irmão dizia e parou no último
degrau, olhando ao redor até que seus olhos me encontraram, ele então sorriu
cintura.
— Se comporte!
Ele agarrou a gravata e a puxou até tirar, então jogou em cima de uma
das mesas.
— Vamos dançar.
os lados, nos esfregando juntos quando uma parte da música acelerou apenas
em notas de piano. Eu caí na risada. — Você vai me pedir pra te foder forte e
Percebendo que quando o deixei para que subisse de encontro a meu irmão e
seu konsultant, não estava tão feliz assim, pois, de acordo com ele, receber
— Eu o encontrei.
levando.
— O que você vai fazer?
— Simples assim?
Viktorya estiver casada com o seu irmão até lá, sorte a dela, mas se estiver
junto, vai dançar a coreografia diabólica que ensaiei para todos eles.
precisava acontecer. Apenas ser minha amiga não impediria Viktor de matá-
— E quanto a nós?
Sempre nós.
guardando para ele como uma prisioneira apaixonada por seu captor e, na
Segurava-me.
ouvido.
Ele segurou meu queixo, virando meu rosto bem devagar de um lado
beijou.
abraços indecentes em público — o que ele adorava fazer por alguma razão.
e minha risada. Viktor pegou sua arma, sendo seguido por vários Vorys no
mesmo movimento.
— Fique aqui!
então olhei para cima e vi uma corda pendurada do corredor da escada para
baixo.
da mãe.
fossem fazê-la ser escutada, mas os olhos arregalados, quase saltados para
Feliz Natal.
sala. Não foi difícil encontrar. Num longo vestido vermelho, com o cabelo
cena encostada perto da árvore de Natal. Seus olhos deslizaram para mim e
Fique perto de mim. Vou levá-la para longe, até que limpem isso.
e... Sorri.
sorrindo também.
No fim, eu estava aprisionada a ele, mas Viko jamais poderia viver sem
mim.
berço da máfia e simplesmente não vivi até me convencer a voltar para esse
máfia russa. Foi um longo caminho (na minha cabeça, porque, na realidade,
foram só 4 meses).
mãe que lia um livro a cada dois dias e ficava me atentando tipo “AMEI
Obrigada.
Zoe, agora posso voltar para você com a carência num nível 1000. Tá
pronta?
foi “Sangue real” da Jas. Eu sou fã assumidíssima e ela sabe, então aqui vai
Jana de novo) meu coração é de vocês. Eu ainda nem acredito que isso tudo
próximos.
Por favor, avalie este livro! Eu nunca peço, mas estou pedindo de
coração: AVALIE!
É muito importante!
Seja com 1 ou 5 estrelas.
Mil beijos,
Nana
[1]
Padrinho.
[2]
Menina.
[3]
Formiga.
[4]
Seus porcos.
[5]
Chefe.
[6]
Irmã.
[7]
Olhos verdes.
[8]
Idiota.
[9]
Idiota.
[10]
Meu amor.
[11]
Eu te amo.
[12]
Eu te amo pra caralho.
[13]
Xeque-mate.
[14]
Legal.
[15]
Gatinha.
[16]
Amigo.
[17]
Minha lua.