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NOSSO BEBÊ INESPERADO
do destino. Ela estava grávida e ligada para sempre a um homem que não a
amava.
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pois os pais nunca estiveram presentes para cuidar dela e da irmã, sua
melhor amiga, Alice.
Só que sua vida muda de cabeça para baixo ao encontrar o cunhado da irmã,
um homem que só tinha visto uma vez e faz seu coração acelerar de modo
Apaixonado pelos sobrinhos, acredita que sua vida está muito melhor sendo
apenas o “tio legal”.
Ele se sente atraído por ela, mas vai negar até o fim.
Só que uma viagem junto com a equipe do hospital, onde trabalham, vai
colocar os dois em situações nem um pouco confortáveis, inclusive,
mentiras podem ser contadas.
Porém, a vida dos dois vai virar de cabeça para baixo quando retornarem
Era apenas um acordo para proteger sua amiga, mas agora ele é pai de um
fatal.
situações, pois os pais nunca estiveram presentes para cuidar dela e da irmã,
sua melhor amiga, Alice.
Só que sua vida muda de cabeça para baixo ao encontrar o cunhado
da irmã, um homem que só tinha visto uma vez e faz seu coração acelerar
de modo que ela não aprecia nem um pouco.
Ele se sente atraído por ela, mas vai negar até o fim.
Porém, a vida dos dois vai virar de cabeça para baixo quando
inesperado.
Era apenas um acordo para proteger sua amiga, mas agora ele é pai
Não que esperasse que meu novo relacionamento fosse uma bomba
prestes a estourar, Deus sabe que estava tentando ser positiva, só que tudo
em mim, soava como um grande alarme onde a qualquer sinal ruim, era
para correr.
Sabia que Henri e Alice não iriam ser sempre daquela forma, afinal,
Todos eram ótimos, inclusive, a sogra de Alice, que foi uma querida
Eu sabia que sendo filho de Josiane, ele deveria ser um cara legal
também.
Bebi um gole do meu champanhe, sorrindo, quando Alice me
encarou do outro lado do salão.
direção.
Ele parou para falar com alguém, sorrindo de algo que a pessoa
falou.
noiva de outro...
Só que a diferença entre mim e um canalha era que não pisava nos
Eu me aproximei dela.
Ela demorou para se virar, mas quando fez, senti como se estivesse
Senti o toque por todo o meu braço, só que meu sorriso sumiu
Eu sabia que Lilian nunca seria minha esposa, porque ela estava
noiva. Só que também não a veria mais, e Sabrina nunca iria saber que levei
um fora.
do meu noivo.
“Eu queria tanto subir ao altar com você, Jorge. Queria tanto
Não podia ficar daquela forma para sempre, uma hora teria que me
levantar e seguir em frente.
Mesmo com medo, meu melhor amigo conseguiu fazer com que me
Por quê?
se espalhou por meu quarto e fez camadas no chão. Abracei meu corpo e
senti quando uma segunda pessoa fez o mesmo.
Alice chorava por passar horas sozinha, sem nossos pais e quando eu
estava fazendo, deixando tudo, o marido, a filha, seu trabalho, apenas para
ficar comigo.
de pensar no cansaço que seria a viagem para São Paulo no final de semana.
frente com os lobos, marcando uma reunião da nossa empresa que coincidia
com a data.
Aquele Diabo de terno que não tinha amor ao seu melhor amigo.
Porém, não fiz aquilo, pois tinha afilhados lindos demais para serem
Isso sem falar de Gabriela que precisava dos conselhos que eu dava
ao seu marido.
debochei.
— Claro, por isso você já está casado.
com minha irmã na cidade? Ela vai viajar e não pode vir na chácara.
Henrique só irá na próxima semana e, infelizmente, não temos como pegar
— Ok, vou ligar para Lili e pedir para ela preparar tudo. É pequeno,
pode deixar com a Josi que ela vem para a chácara amanhã.
Desde então, fiquei distante em toda reunião social que ela aparecia.
Inclusive, fui arrastado para ser uma das pessoas que deveriam ficar
de olho na Lilian, quando alguns meses atrás Alice pediu para me certificar
que ela estava bem durante meu estágio no hospital da minha família em
Curitiba.
Finalmente, pronto.
Demorei muito para tomar coragem e cheguei até a pensar que seria
mais adequado Henrique ou Heloísa lidar com aquilo. Porém, nenhum dos
dois queria o cargo e, em algumas semanas, eu seria oficialmente CEO da
Montenegro.
Meu trabalho com Leon não deixaria de existir, inclusive, tentei
mais adequado.
poderia ser uma coisa muito ruim e não queria arrumar problemas com a
minha família.
Antes mesmo de sair de casa, já pedi meu jantar pelo aplicativo com
a intenção de passar no restaurante para pegar e evitar toda a espera, pois
estava com fome.
Subi rapidamente em direção ao apartamento de Lilian, sendo
liberado sem dificuldade na entrada, pois meu nome estava autorizado.
Mesmo fugindo por mais de cinco anos para não ficar no mesmo
lugar que aquela mulher, não precisava olhar duas vezes para saber que ela
não era Lilian Santiago.
adoráveis nos cabelos curtos e olhos tão grandes que me lembravam aquele
desenho dos Monstros S.A.
Sorri de canto.
resmungou. — Ela disse que não conhecia você, mas que poderia ficar
tranquila.
Fiz exatamente a mesma coisa que faria se fosse Mel, Enzo ou José
Hannah deveria ter um ano e pouco, porém, era tão pequena que
cabia nos meus braços perfeitamente.
me perguntava se aquilo era uma forma dela passar pelo luto, minimizando
as dores.
perguntar, eu só vi esse filme por causa dos meus sobrinhos e não é por
curtir animações infantis, ok?
com uma caixa enorme, segurando com mais força que o necessário.
— Não sabia que vocês moravam aqui. Na verdade, eu nem sei bem
quem é você, mas acho que pelas fotos, você não invadiu o apartamento.
A mulher riu.
Havia algo nos olhos de Carol, mostrando que talvez ela e Lilian
piscando.
descia.
esquecendo.
A casa principal dos Montenegro foi onde vivi toda minha infância.
Apesar de quase não ter boas memórias com meu pai, conseguia visualizar
perfeitamente meus irmãos e eu tomando café na área externa junto com
Só que como era um cara gente boa, sempre ria da cara dele quando
tinha oportunidade.
Heloísa era a que estava mais distante, porém, como a única mulher,
encontrei.
demais.
Só que naquele dia parecia que realmente habitava uma família ali.
sala.
Era engraçado de ver, pois, não pensei que meus irmãos do nada
iriam ter tantas crianças por metro quadrado.
mão.
Sorri.
jantar?
Sentia realmente falta de quando morava com ela, pois mamãe era
como uma melhor amiga.
suficiente para assumir o controle da minha vida, mas às vezes queria voltar
a ser criança e estar em casa, com minha mãe.
Eu não sabia que seria um tio tão babão até ver a Mel.
Tudo começou por ela, seguindo de Enzo, e depois já estava
babando pela adorável Amora, desejando conhecer o José Miguel e a Lara.
Eu os amava.
Desde a morte de Jorge, eu não sabia bem como sair das barreiras de
E eu jurava que não tinha nada mais adorável do que uma criança
Porque por mais que eu tentasse ser forte e dizer para Alice que
estava bem, que estava superando, não era bem como as coisas aconteciam.
paciente, sorrindo.
Ele era realmente bom naquilo que fazia e diferente de quase todos
os braços.
— Vocês vão ter que aprender a conviver — falou num tom velho e
principalmente, depois que minha irmã mais nova se casou com um dos
herdeiros e donos do local.
Ele assentiu.
Suspirei
Não queria levar aquilo à direção. Até pouco tempo, era Josiane
ele.
Nem quando ele veio para a reunião no hospital, onde foi anunciada
a mudança de direção, eu estava, o que foi curioso, pois caiu justamente no
fez menção de soltar mais uma das suas pérolas de sabedoria. — Sobrevivi
à coisa pior.
Ele suspirou.
— Lili...
Ele descobriu havia pouco tempo sobre a morte de Jorge e por mais
que eu evitasse expor a minha tristeza, às vezes aquilo me escapava. E
quando não conseguia fugir, vinha um longo discurso sobre o quão forte eu
estava sendo.
Meu Deus, eu odiava discursos sobre luto.
esquecer por um minuto que uma parte do meu coração estava sangrando
vinte e quatro horas por dia desde o momento em que ele se foi.
fechar a porta.
conseguia sentir tristeza e agonia toda vez que caminhava por eles, como
se os anos de trabalho não tivesse me preparado para nada.
Desde que Jorge morreu, vinha afirmando para mim mesma que
nunca mais deixaria de aproveitar todos os míseros segundos com as
pessoas que eu amava. Só que, por outro lado, eu não falava com a minha
mãe desde aquele fatídico dia em que ela foi a culpada pela morte dele.
Em luto por meses fingia que estava bem, disposta a pegar a maior
quantidade possível de horas no hospital, dizendo a todas as pessoas que se
que vestia, aos meus pés e todos iriam ver o quão machucada eu estava.
Eu só queria que aquela dor parasse e nunca mais queria sentir nada
casa deles.
curso superior logo após decidir assumir uma segunda empresa. Porém,
uma coisa que sempre me incomodou foi fazer as coisas pela metade.
precisava ser um bom administrador para não levar para o buraco todo o
esforço de anos da minha família. Então, estava cursando administração
havia quase dois anos e nem mesmo minha mãe sabia daquilo.
na tela.
está chutando minhas costas de tanta revolta. Vou doar este menino para
você, Caio.
Sorri.
anos de idade, não perdi a chance de zoar a pobre garota. E mesmo que ela
tenha puxado meus cabelos para defender a amiga, de alguma forma aquilo
foi o que me causou admiração.
— Cuide bem dele, por enquanto, estou trabalhando para dar uma
Ainda não sabia como iria explicar a situação que me envolvi com
mãe solteira, então acabei intervindo por ela, falando que eu poderia
assumir a criança.
Porém, o problema não era especificamente ela ser mãe solo, mas
quem era o pai da criança.
Ela descobriu tarde demais o envolvimento dele com coisas erradas
e não quis contar ao homem que estava grávida, com medo de que algo
acontecesse a ela ou ao bebê.
Eu amava aquela garota, ela era como minha irmã, sempre foi. E por
Ela sempre disse que não queria ser avó de uma criança fora do
casamento e por mais que ela fosse bem liberal em muitos quesitos, quando
o assunto era filhos e família, ela ainda tinha suas origens bem tradicionais.
A parte ruim era que dentre quatro semanas aquela bomba iria
brancas.
Já eram quase onze horas da noite e estava ali para ver se estava
ranzinza e bocejou.
Sabrina riu.
contra minha mão fez meu sorriso aumentar. — Eu sei, querido, eu também
senti muito a sua falta. Sabe, é difícil não ver você por dois dias seguidos.
— Eu vejo você desde que eu tinha sete anos de idade, então, por
Minha amiga que estava com a boca cheia de batatas fritas riu,
Sorri quando vi uma foto dela na estante, havia alguns anos, em uma
Henrique.
Sorri.
E aquilo era divertido, pois, ver um homem como Leon rendido por
duas crianças sempre me faria rir.
— O tio Caio não sabe cuidar de você, né, amor? — falou com o pequeno,
limpando os lábios do bebê.
— Sei sim — protestei, aproximando-me da Gabi e me abaixando
costas.
— Foi você que me coagiu — Leon respondeu à pergunta que
deveria ser retórica.
— Ok, não foi bem assim. Talvez, Aurora tenha me coagido, ela
segurou meu terno com muita firmeza, foi impossível não a notar.
— Amo ser mãe, mas às vezes queria tirar férias nas Maldivas.
casa e ainda ela contratou a filha da senhora para cuidar dos dois. Pois,
apesar do amor pelos filhos, eles ainda eram crianças que em alguns
momentos jogavam o mundo pelos ares a cada oportunidade.
atentos.
— Meu Deus, esse menino vai ficar horrível, deveria ter nascido
Jurava que todo aquele plot twits de vida com bebê, ser feliz e
casado, tanto para Leon como para meus irmãos, ainda era assustador para
mim.
mamadeiras.
Mas, enfim, era melhor aguentar aquilo do que fazer novos amigos.
— Você viaja para São Paulo amanhã, né? — ele indagou, tirando-
me dos devaneios.
hospital.
Leon encolheu os ombros e afastou os pés para longe de Aurora
sorrindo, vendo-a assentir. — Mas que linda. Seu papai idiota não consegue
ler não?
Sorri.
pai acha que você consegue falar idiota, então vamos ver se você consegue
falar coelho.
alguma coisa.
— Ela sabe que era eu quem dava conselhos amorosos para você?
Nada de falar essa palavra, amor. Não pode, princesa, sua mãe vai infartar.
Ela sorriu.
— Toelho? — indagou, inteligente.
Leon gemeu.
— Diota?
Aurora sorriu.
banho dela, senão ela vai acabar desmaiando de tanto sono com a loucura
de vocês.
na lanchonete.
vez que estou presente em algum dos eventos da família do meu cunhado,
ele nunca está. Dizem que ele foge de relacionamentos e da pressão da mãe.
muito bem.
quem eu dividia palco no hospital. Não por ele ser inteligente e bom, mas
porque ele era implicante e não me deixava fazer nada. Qualquer centímetro
da sua glória ameaçada significava que eu estava ganhando e com aquilo,
quase vergonhoso.
Porém, com quase seis meses indo à terapeuta e jurando que não ia
Jorge. Eu garantia, que quando aquela caixa se abria era como se estivesse
caindo em queda livre em um poço sem fundo.
de Alice. Sabia que ela ficaria preocupada, e eu não queria causar nenhum
alarde, pois ela com três filhos tinha muito com o que se preocupar.
melhor.
Depois dele ser preso, ela precisou se divorciar e perdeu a casa alugada,
órgão pós-morte.
Eu não sabia em que momento ele decidiu aquilo, mas sempre foi
daquela forma.
Nenhuma das três me viu entrar ali e não pareciam notar minha
Acabei transferindo meu plantão para aquele dia devido ao fato que
queria visitar minha irmã e a família dela no fim de semana. Fazia alguns
dias desde que fui à fazenda onde Alice e Henrique moravam e estava
que eu já vi. Enquanto Enzo era um eterno bebezinho, tão fofo que chegava
naquela mulher.
a examiná-la.
cima da cama.
Caio Montenegro.
Papai?
Caio?
A única coisa que sabia era que tinha tantas perguntas e nenhuma
resposta.
— Como estão as coisas por aqui? — indaguei a Pablo, enquanto
deslizava a caneta entre os dedos.
Abri a porta assim que a alcancei, passando por uma jovem sem
olhá-la uma segunda vez e me aproximei de Sabrina que estava sentada na
cama.
Ela sabia sobre nossa história, contei a ela, pois a conhecia havia
anos, afinal a mulher era uma das médicas mais antigas do Hospital
Montenegro.
Sabrina.
Lilian Santiago.
Caralho!
Tinha ignorado o fato de que ela trabalhava ali desde que iniciei na
Montenegro, porém, ela acabou de ver uma cena que não havia como eu
negar.
daquela forma.
seu foco em mim, para analisar os cílios enormes cobrindo os olhos como
um véu. As bochechas coradas pela maquiagem e os cabelos castanhos lisos
enquanto estendia o braço livre para que o enfermeiro pegasse sua veia.
de orelha a orelha.
do bebê de vocês — ela falou com uma certeza inabalável e era ruim
contestar quando ela usou meus, nossos, sobrinhos como argumento.
Só Deus sabia o tanto que ouvia de Enzo sobre a tia Lilian perfeita,
a tia Lili divertida.
Até poucos minutos atrás, só quem sabia sobre ele era Carla. Porém,
naquele momento, tinha Lilian e ela estava ligada à minha família até seu
último fio de cabelo.
havia algumas semanas e eu me apaixonava por ela a cada vez que aparecia
uma foto nova enviada por Alice.
Sorri, assentindo.
— Você é a Lilian.
consultório dela.
trazia.
aclamado, pois de todos os filhos que Josiane Montenegro teve, ele era
realmente tão bonito que chegava a ser uma competição ridícula.
— Sim.
— E eu era noiva.
todo charmoso falar comigo, acreditando que toda mulher cairia aos seus
pés.
— Sua mãe sabe que você vai ser pai? — indaguei, mudando de
confessou.
Assenti lentamente.
deduzia.
— Obrigado. Seria pedir muito que você não contasse nada para a
minha mãe?
ainda não sei como explicar isso — falou, agitado, esfregando o rosto.
enxergar a minha alma e senti meu coração acelerar na medida que ele não
desviava o olhar.
Ele assentiu.
— Realmente. O que torna tudo ainda mais difícil de acreditar. Você
continua tão bonita quanto o dia em que esfregou sua aliança de noivado na
minha cara — falou e saiu antes que eu tivesse chance de rebater.
impossível.
como Caio. Sem falar que ele estava formando uma família, e eu precisava
— Doutora.
antes de abrir.
— O paciente chegou — a recepcionista falou, encarando-me com
incerteza.
sobre filhos e expectativa pós-casamento. Descobrir que ele não queria ter
filhos não me abalou na época, porque me parecia uma coisa que eu nunca
desejaria ter.
Só que quanto mais via minha irmã feliz com a família dela mais me
ameaçando aparecer.
ao falar.
— E foi. Ela não está bem. Alice vive preocupada com ela desde
— Nem consigo imaginar como as coisas devem estar para ela. Faz
quanto tempo?
— Mas isso não quer dizer que você não a ache bonita. — Tornou a
casamento de Alice e ela era a cara da Lilian. Eu só não sabia na época que
era irmã da sua cunhada. Quando perguntei quem era, você respondeu que
era sua futura esposa. — Ela me encarou com deboche. — Foi a lei da
algumas coisas, que não havia como só ter uma pessoa certa. Ele pode ter
sido importante para ela, porém, não quer dizer que ela nunca chegue a
— Ok. Depois não diga que não avisei — falou, toda sabichona,
estendendo a mão para pegar a garrafinha de água do lado da cama.
— Vou para casa tomar um banho e volto para ficar com você.
— Caio.
— Não, ele não vai ficar perto de vocês depois de tudo aquilo —
falei, irritado.
Ela suspirou.
que tem razão e não porque usou este tom mandão comigo.
direção contrária.
talvez, eu tenha exagerado em dizer que Lilian seria minha futura esposa.
Naquela época, me casar era uma das coisas que menos passava na
minha cabeça. E ainda é, porém, neste momento era mais fácil pensar na
ideia de um futuro com alguém.
Só que falei aquilo para Sabrina para brincar com a situação, já que
havia acabado de levar um fora de uma mulher absurdamente linda.
Franzi o cenho.
pela metade.
fazermos um brinde.
Sorri.
— É sim. Por favor, me diga que ele fez seu coraçãozinho apenas
acelerar.
— Não quero que se apaixone, quero apenas que me diga que seu
coração acelerar.
Segurei a risada.
— Quer dizer que meu coração acelerado foi pura ansiedade?
desejava.
Suspirei.
nenhum interesse em mim, palavras essas que ouvi quando fui ver como
Sabrina estava.
Não sei explicar o motivo de ter me afetado tanto com suas palavras.
— Ah, isso é tão legal. Você finalmente está vendo pessoas novas.
corpo na defensiva.
Carol suspirou.
— Não vendo neste sentido, mas é bom saber que ainda vai se
— Carol?
— Sim — respondeu, balançando os pés, com as pernas apoiadas na
beirada do sofá.
Carol não rebateu, porque ela sabia que, no fundo, não valia mesmo
a pena amar tanto alguém, pois quando tudo acabava, só sobrava dor e
era horrível.
Sorri de canto.
— Caio, ele vai ter um filho com a Sabrina. Ela está grávida, quase
culpa.
— Mas já?
Fazia tanto tempo que eu não saía de casa sem ser para o trabalho
que era até mesmo estranho.
Desci do carro ao chegar ao aeroporto, observei a movimentação em
rápida, pois ela tinha que voltar para pegar Hannah na vizinha.
compradas em blocos, então eu iria com um grupo e pela tarde, outro grupo
pegaria o próximo voo para São Paulo.
preto, blusa preta folgada, com uma jaqueta de couro por cima.
Tudo escuro.
Caio Montenegro estava tão bonito que precisei parar por meros
A última coisa que queria era falar com ele depois daquele encontro
da noite anterior.
do meu noivo.
assistente.
falava. Eu jurava que era apenas algum tipo de briga saudável no trabalho
pela incompatibilidade de personalidade. Ou só uma grande implicância,
Caralho!
Ela tinha um defeito.
livro aberto em seu colo, livro que não estava sendo lido, pois, ela,
claramente, estava dormindo.
capa.
onde a mulher estava com algemas e qualquer coisa que fosse o conteúdo
do livro, deveria ser incrível.
têmporas.
de quem não se importava com o fato de que toda vez que Lilian me olhava,
algo em mim, reagia. — Somos quase família, vamos nos conhecer melhor.
Bernardi.
William.
Ela bufou.
primário.
Abri um sorriso, vendo que ela indagou aquilo ainda de olhos bem
fechados.
não é o Montenegro mais legal, bonito e charmoso, nem nos seus sonhos —
Lilian tagarelou.
— Ok, mas, por outro lado, Alice é mil vezes mais bonita que você
— menti.
Alice era linda, mas nunca um olhar dela me deixou tão hipnotizado.
Ela suspirou.
orgulhoso, como uma mãe galinha vendo os seus pintinhos se saírem muito
bem.
— Pois é, até você sabe que Alice é mil vezes melhor que você —
com a Lilian.
Abri a boca para me desculpar, mas não o fiz, sem coragem para tal
ato.
Eu senti meus ouvidos se esticando para tentar ouvir o que ele dizia
que merda é essa? — Ele parou ao meu lado na fila para pegar nossas
malas, congelado.
eu tenho.
Seja lá quem fosse, o carma estava vindo rápido para alguém que
— Não estou.
Uma segunda voz me fez virar a cabeça junto com Caio, quase lado
abraço de homem.
curiosidade.
esteira.
bom negociador, você quer que eu arrume uma noiva falsa. — Caio se
irritou ao falar. — Se soubesse disso, tinha mandado Leon e Gabriela no
meu lugar.
havia anos.
da esteira.
Claramente eram negócios, mas o que me fez pensar foi “que tipo de
Caio foi insuportável comigo no avião, e sabia que fui chata com
ele.
— Já chegou?
— Sim, brevemente.
— Eu já o conhecia — relembrei.
Alice acreditava que voltar a sair com pessoas era a solução para os
carona, Will. Vou chegar em breve num táxi... Droga, que merda é essa? —
Parei ao lado da esteira, vendo Lilian fazer o mesmo. — Noivo? William?!
que só homens honrados conseguem fazer bons negócios. Ligam isso com
Depois, você pode terminar seu noivado falso quantas vezes quiser.
malas em fileiras.
— Não estou — William falou, só que não era mais na ligação, mas
perguntei, irritado.
Talvez eu fosse um bom mentiroso, mas fingir que tinha uma noiva,
bom negociador, você quer que eu arrume uma noiva falsa — resmunguei.
Revirei os olhos.
— De nada.
mentira.
dia seguinte, pois tinha combinado de jantar com meus amigos ainda
naquela noite.
— Está sim, entre. Sou Helena. — Deu espaço para que eu entrasse
no recinto enquanto beijava o topo da cabeça do bebê quando ele
choramingou.
O apartamento amplo estava com alguns convidados e consegui
reconhecer Enrico com uma garotinha nos braços.
A filha de Richard estava bem mais velha desde a última vez que a
vi.
começaram a se dissipar.
Rafaela.
Ela riu.
para a loira e depois para o homem com a bebê. — Ele é amigo de Will que
é amigo do papai. No fim, está todo mundo junto.
Sorri, negando.
Rafaela era daquele jeito, não tinha tempo ruim com ela. Foi o seu
espírito animado que nos aproximou havia alguns anos.
desde a última vez que nos falamos sumiu e fiquei me perguntando o que
aconteceu.
segurava.
deixando surda, mas era bom, não me permitia ficar pensando muito
no que aconteceu, nem na minha culpa por não estar me preparando para a
Franzi o cenho.
Caio.
Suspirei baixinho.
o maluco estressado.
maluco em pensamento.
— Acredito que sim. — Foi tudo que falei, aceitando a taça com
tivesse ouvido.
— Nada é tão ruim que não possa piorar, não é este o ditado?
Sorri.
novamente para o bar, pedindo uma nova rodada. — Só que até que você
volte ao modo megera, beba comigo, Lili. Álcool tem um poder, fazer
amigos. — Levantou o copo com uísque.
Não evitei a risada leve que escapou, brindando meu drink com o
dele.
Ficamos em silêncio por muito tempo, enquanto o garçom deslizava
pelo bar atendendo os clientes e de vez em quando pedia uma nova bebida,
vendo Caio repetir o gesto, juntando algumas garrafas sobre o balcão.
Mas assim que fiquei de pé, minha cabeça girou e meu corpo foi
amparado antes que caísse no chão. Funguei, sem conseguir abrir os olhos,
sentindo o cheiro horrível em meu corpo.
— Confesso que não era assim que eu imaginava uma manhã com
Camiseta do Caio.
Alerta vermelho!
dolorosa.
— Não fez nada. Venha comigo, vamos tomar um banho frio e café
forte.
banheira.
— Disse que ele não merecia morrer. Disse que queria cantar
situação.
sabia que ele me agradeceria depois, quando ela não estivesse fedendo.
rindo.
presenciaria o pior porre da minha vida. Ainda mais que ele seria gentil o
suficiente para manter segredo sobre todas as coisas vergonhosas que eu fiz.
Suspirei.
cedo demais para admitir aquilo, mas eu já o julguei cedo demais também,
então achava que não teria problemas.
Saí do banheiro uma hora mais tarde, então tomei um comprimido
para dor de cabeça e café preto e sem açúcar que Caio deixou na minha
escuro.
— Pensei que estaria morta. Então trouxe comida — ele disse com
— Nada.
constatando que minha cabeça parou de rodar toda vez que me levantava.
Curitiba era um reflexo daquilo. Sem falar que Josiane não errou com a
— Você estava irritada com algo ontem. Acho que um evento que
não envolva ficar bêbada feito um gambá vai te fazer bem. Vai ser incrível.
braços. — Sem falar que estou doente, não deveria nem pensar em sair.
— Você estará ótima até o fim do dia. E tenho tempo livre, podemos
Maravilhas.
você não negou sobre sermos amigos. — Abriu um sorriso espertinho e tive
a certeza de que aquele homem conseguia tudo o que queria com aquele
sorriso.
deslumbramento.
sim.
Lancei a ele um olhar sério, mas Caio não se atreveu a dizer nada.
pálida. — Tocou minha testa, e eu quase me afastei, pois seu toque fez uma
corrente elétrica percorrer por cada espaço do meu corpo, deixando-me
incomodada.
da minha irmã.
Sorri.
E realmente não era, porém, ficar bêbada não era meu estilo.
Sorri.
— Estranhamente legal, apesar dele ter um estilo abusado. Irritante
A conversa com Alice durou por mais alguns minutos e sorri das
vida.
minhas opções.
Fui ao shopping durante a tarde com o Caio e escolhi um vestido
sobre os julgamentos cruéis do homem, que categorizava as roupas como
Não sabia que sapato usar, muito menos qual dos vestidos usar.
no corpo, além de ter uma cauda discreta no final, na altura do joelho. Ele
era bem marcado no corpo, mas o detalhe embaixo o deixava mais
— Ei — falei sorrindo.
— Como você está? Sumiu? — indagou enquanto me encarava de
modo analítico. — Maquiada? Vai sair?
Sorri, sabendo que não havia como esconder nada da minha amiga.
combinação.
Eu a encarei.
— Sério, confia em mim. Vai se arrumando enquanto fala comigo
que vou opinando.
— Sim, mas o que eu sei sobre ele? Nada. Poderia ser mentira e...
Maravilhosamente bem.
Senti seus olhos descendo por meu corpo coberto pelo vestido que
ele me ajudou a escolher e tornarem a subir, lentamente, incendiando por
Safado.
atrasado. Pensei que não viria. — Segurei o vestido mais acima, firmemente
para que ele puxasse o zíper.
Ele estava tão bonito naquela noite, mas jamais diria aquilo a ele.
Abri um sorriso.
— Impossível. E é brega.
hotel.
muita coisa explícita, sabendo que criaria um caso lá em Curitiba, caso eles
pensassem que estávamos envolvidos.
sentados à mesa.
o senhor Fontana e decidiu dar uma recepção pela chegada deles no Brasil.
— Cheio.
Segurei seu rosto, focando nos olhos castanhos, atraindo seu olhar.
culpado.
desesperado.
— Podemos pegar um vinho barato de mercado, voltar para o hotel
e tomar enquanto conversamos. Apesar de você não estar totalmente
Ela sorriu.
meu nome na etiqueta. Puxei a cadeira para Lilian, enquanto ela olhava ao
redor, observando tudo.
saber que deveria manter minhas mãos e pensamentos longe, estava ficando
quase maluco.
— Que bom. Fiquei bem surpresa ao saber que você seria pai.
Assenti.
travei.
Juntos?
Ah, sim, claro, ela achava que nós dois tínhamos algo.
Lilian se franzir.
Sorri.
Ela assentiu.
— Por isso fiquei confusa quando você não disse para Will que
os ombros.
ser um negócio muito digno. Como vou sustentar uma mentira do tipo?
Não. Difícil demais.
expressivas, olhos castanhos, os lábios cheios, tão bonita como uma maldita
pintura.
Parecia ter sido escolhida de forma milimétrica, pois tudo nela era
harmônico.
aqui.
vocês.
muito criterioso com meus contratos. Pois, um homem que honra a mulher
ao seu lado, honra qualquer contrato. Olha lá, minha esposa. — Apontou
sentando-se.
Fiz o mesmo, escondendo o rosto entre as mãos, esfregando a pele
só pensei em te ajudar e quando vi, já tinha falado. Pensei em dizer que era
mais algum.
idiota.
suavemente pelos lábios vermelhos sangue. — Não posso beber muito, sou
— Quem está contando sua taça, querida? Com toda certeza não é
Suspirei resignado.
Como explicaria que não me casei quando cinco anos depois o tal
Seus olhos brilhavam e poderia arriscar dizendo que ela estava feliz
por estar ali.
— Claro — respondi tomando um gole, observando-a por cima da
borda da taça.
olhar.
com aquilo.
Ela perdeu o noivo havia pouco tempo e era ligada à minha família
presentes também. Então, caso eu faça algo de errado, precisarei disso para
acalmá-la.
para o matrimônio.
para a esposa da mesma forma que meus irmãos olhavam para seus
companheiros.
Era apaixonado.
dela.
ele olha para a esposa, Caio? — tagarelou, indignada com ela mesmo.
trazer segurança. — E vai ficar tudo bem. Vou na próxima reunião e manter
muito.
Lilian gemeu.
fazendo-me sorrir.
que bebesse.
Sorri.
— Sabe que se isso chegar no ouvido das nossas famílias vai virar
uma loucura, né? — indagou, movendo-se levemente no ritmo da música.
firmemente.
Assenti.
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Ela assentiu.
O desejo que sentia por Lilian não deveria vir à tona. Eu a deixaria
com toda certeza perturbada e ela já estava carregando o peso do mundo em
seus ombros.
negar.
Primeiro pensei que seria mais fácil mentir, mas depois de ser
convidada por Antonela Fontana para um passeio por São Paulo, senti
No fim, o foco não foi Caio e eu, mas assuntos gerais, desde
maternidade, até o último lançamento da Gucci.
espelho.
Escolhi uma calça social justa no corpo, com cropped de renda que
não era tão indecente, mas dava um ar sensual à roupa, coberto por um
blazer escuro.
Ele teve uma reunião com Fontana no dia anterior e segundo meu
noivo falso, tudo parecia promissor.
Encarei a aliança falsa que Caio me deu naquela manhã, pensando
no fato de que ela estava no lugar onde usei a de Jorge por anos e só a tirei
terno.
Eu a adorava.
Ele riu.
Era incrível.
sua direção.
Ele era alto e ainda que meus saltos me dessem mais altura, ele
sair do preto.
Eu ficava fugindo.
respondeu a ninguém. E desde que perdi Jorge, não sentia nem metade
daquilo, o que era assustador.
Aquilo era transparente em seu rosto cada vez que falava da sua
empresa com Leon.
Sorri.
Assenti.
pouco mais.
rostinho lindo. — Segurou meu rosto entre os dedos. — Vão sair a coisa
mais linda do mundo.
mantive próximo, com as duas mãos ainda em seu rosto, colocando meus
lábios sobre os seus rapidamente.
Um...
Dois...
Três segundos.
Era o suficiente.
Ele não falou nada sobre o beijo e acreditava que iria encarar aquilo
Eu sabia bem qual era a resposta para aquilo, não era porque podia
ajudar, mas porque eu quis.
comecei isso.
— Te vejo depois?
Ele confirmou.
Neguei.
Sorri.
— Lilian a adorou.
Aquilo não era uma mentira, afinal, Lilian e Antonela haviam se dado bem.
A única coisa que deixava minha falsa noiva maluca era o fato de estarmos
definitivamente mentindo.
— Antonela também, minha esposa tem um olho bom para essas coisas.
Relacionamentos. — Piscou. — Ela disse que vocês são promissores. E que não
devem deixar a chance de serem felizes ir embora.
Eu o encarei, pensativo.
Se Giulio soubesse...
Quase gemi ao ouvir aquilo, sabendo que se ele fosse esperar meu
casamento com Lilian, seria mais fácil esperar o mundo acabar.
Lilian amou muito Jorge, todos falavam aquilo, era visível no seu rosto
sempre que falava dele, então para se apaixonar novamente, a pessoa tinha que ser
extraordinária.
— Pensativo?
Virei o rosto rapidamente, vendo Enrico a alguns passos, com uma xícara
entre os dedos.
Não era segredo para Enrico e William sobre minha mentira e vi o homem
Ele olhou para longe, observando Helena discutir com William na porta da
sala do CEO da empresa.
A loira não dava o braço a torcer para qual fosse a conversa, sabendo bem
que qualquer que fosse dos dois, ela os tinha na palma da mão.
William gostava de fingir que não faria qualquer coisa por ela, já Enrico
passou daquela fase fazia tempo.
— São feitos cão e gato. Helena o tem como um irmão. Não veja coisa
— Não faço isso. Sei como é esse tipo de relação. Tenho dois irmãos, sou
próximo à minha cunhada e se alguém quiser ver malícia, é loucura. Ela é como a
minha irmã. Tem pessoas que não precisam de sangue para se tornar família.
Ele assentiu.
Neguei rapidamente.
— Mas sabe que são amores diferentes, né? O ex-noivo é passado. Uma
pessoa pode amar mais de uma vez.
— Eu sei, mas acontece que ele não é apenas ex-noivo porque eles
terminaram, mas porque ele morreu — resmunguei. — É o pior tipo de
finalização. Ela não teve um final. Ela simplesmente o perdeu e ficou destruída.
Falar sobre a dor dela me desesperava, pois vê-la tão forte, sempre
tentando esconder as coisas que sentia era insano. Não sabia se conseguiria passar
por tudo que Lilian passou, afinal, nunca perdi ninguém importante.
— Oi — falei ao telefone.
— Sim, mas aí o taxista me levou para comprar roupas novas para minha
palestra no sábado — falou com animação, fazendo-me sorrir. — Vamos almoçar
— Não me deixe bêbada, por favor. Eu fico sem filtros e com problemas
de comportamento.
— Esse é o objetivo — rebati rapidamente.
Lilian chegou ao meu apartamento por volta das onze e meia, com as
sacolas espalhadas por minha sala.
Gostaria de não ter dito que ia cozinhar, pois, sabia bem que minhas
especialidades na cozinha era ovo e miojo.
Foi o que fiz antes de retornar, vestindo um calção folgado e blusa de frio,
pois o tempo fechou em São Paulo naquele dia.
— Você está estranho. — Foi a primeira coisa que saiu dos seus lábios,
fazendo-me arquear a sobrancelha.
minha frente.
— Ah, qual é. Não mude de assunto, você fecha um negócio perfeito e fica
estranho? — Ela me encarou com impaciência. — Deveria estar brindando
comigo, fazendo a comida que você me prometeu. Não pedindo delivery.
Sorri.
— Sim, mas isso não é motivo para ficar estranho. Me conte como foi a
reunião. — Tirou o celular do bolso, colocando a taça próxima à minha.
Antes que eu fizesse algo, ela puxou o notebook das minhas mãos,
colocando longe de mim.
Eu a encarei, vendo a mulher tirar uma foto das nossas taças juntas,
postando em seus stories, comigo marcado.
Sorri.
Todo mundo estava agitado, pois, era o dia de uma das palestras
mais importantes e a pressão do evento começava a aumentar.
automático.
Pablo não era uma das pessoas que gostaria de encontrar naquele dia
Menos eu.
médico da minha área de atuação e decidi que faria o possível para que
estúpida.
anotações.
Ele já chegou insinuando que eu deveria ter feito algo, o que não era
verdade, afinal, nem eu mesma sabia como do nada o hospital me colocou
novamente na lista.
— Nada. Acredito que eles tenham visto o erro antes que fosse tarde
saí da sala de reuniões antes que acabasse trinta anos mais velha.
Bella Mia era um dos maiores hotéis de São Paulo e sabia que tinha
filiais por vários estados do Brasil, pois quando tentei ver o endereço na
internet, pesquisei Bella Mia e apareceu mais de trinta.
— Ei.
— Não, não sei, quem cuida disso é a assistente e não sei o que
houve com a agenda — respondeu.
Eu sabia que ele estava mentindo porque não me encarava.
Caio fez aquilo e não precisava que ele falasse para eu ter certeza.
chance de descobrir e entender doenças que ainda não tinham uma real
solução.
Desci do palco assim que as pessoas começaram a se dissipar e vi
uma moça loira se aproximando.
Ela sorriu.
borda do copo.
Senti meu rosto pegar fogo, mas não tive tempo para dar uma
um evento.
vendo a mensagem de Caio brilhando na tela, como se soubesse que ele era
Vamos comemorar.”
de carnaval.
certeza fui colocado na terrível zona da friendzone, onde um dia você entra
orelha a orelha.
jantar.
percebi que era a primeira vez que comprava flores para uma mulher que
Lilian ofegou.
abriu, revelando o colar delicado que comprei para ela com um pingente em
formato de coração.
gesto romântico demais para dois amigos, então acabei optando por uma
rosinha claro e bem delicada.
fazendo-me estremecer.
“amigo”.
Porém, se era aquilo que ela precisava de mim, eu seria seu amigo.
entrávamos no local.
— Sim, Alice comentou que ele pediu uma indicação para Josiane, o
que nos fez rir na época, mas depois entendemos. Josi e Henri são tipo
divórcio dos meus pais e eles criaram um vínculo muito forte. Tanto que
Acho que a última vez que falei com ele foi no casamento de
pai.
então não tenho lembranças dele. Henri e Heloísa tiveram sua presença. E,
eles o consideram como pai, só que eu não, só tenho a minha mãe. E se um
desde a morte do Jorge e não faz diferença para mim. Primeiro porque ela
nunca foi uma mãe, e, segundo, porque me acostumei a viver sem ela. —
Encolheu os ombros, e me senti triste por ela.
Minha relação com meu pai era ruim, mas nunca houve mágoas nem
nada do tipo. Com Lilian era diferente, ela culpou a mãe pela morte do
noivo em um momento de dor e não parecia querer reatar qualquer vínculo
com a mulher que deu a vida a ela.
Abri a geladeira de Caio, peguei os biscoitos de chocolate ainda na
conflitos.
sobrancelha arqueada.
— Seria rude da sua parte não me alimentar bem. Fui uma noiva de
mentira maravilhosa.
Caio não era o tipo de cara que se esforçava para ser bonito, pois ele
era naturalmente assim. Até quando ria, distraído, seus olhos castanhos
para frente.
Era uma má ideia desejar tanto sua boca, ser beijada por ele.
Só que fiz.
Fiquei na ponta dos pés, puxei seu rosto em minha direção, colei
Era perfeito.
forçando-me a encará-lo.
Segurei a risada.
Beijei a pele sensível do pescoço, vendo que sim, ele era ainda mais
cheiroso quando estava perto.
— Não pensa tanto. Eu só queria beijar você e... — Senti seus dedos
em meu queixo, e senti meus olhos encontrando os dele.
Segurei a risada, ficando na ponta dos pés para alcançar a sua boca.
Ele negou.
— Acho que seu olhar pode ser descrito como apreciativo. Eu deixo,
sei que sou bom de olhar.
Àquela altura não queria pensar sobre o quão errada a situação era.
torno da minha pele, prendendo o bico entre os dedos, fazendo meu centro
se contrair em expectativa.
puxei a blusa para fora do meu corpo, ficando nua da cintura para cima na
sua frente.
denunciava aquilo.
tempo.
Ele riu.
— Não acho que essa seja a função de um amigo, mas não vou
reclam... Porra! — exclamou quando minha mão desceu, entrou em sua
Mas não demonstrei, puxando a calça para baixo com a mão livre,
sobre a ponta. Eu me abaixei, ficando ajoelhada aos seus pés, segurando seu
— Você não precisa fazer isso. — Deslizou a ponta do dedo por meu
pacote completo.
Minha boca desceu em seu membro e engoli o máximo que
— Vem cá, não vou durar muito se continuar me chupando com essa
Eu me levantei, beijando sua boca, fazendo com que ele sentisse seu
gosto.
sorrindo safado.
Ele se abaixou, beijando minha pele, subindo pela barriga, até que
alcançou meu seio, tomando o mamilo em sua boca. Com meu corpo colado
ao seu, como uma segunda pele, alcançou a mesa da cozinha, colocando-me
sobre o móvel.
Senti sua boca descer sobre meu corpo, passando por cada pedaço
para trás.
aproximar.
— Sim, goza em meus dedos — sussurrou, sem se afastar, com o
rosto me encarando.
minhas pernas.
sonolenta.
Ele sorriu.
Eu sorri.
Era insano que a culpa não caiu sobre mim e só queria mais dele, do
seu corpo.
Eu o queria completamente.
Caio riu.
costas, arrepiando minha pele. — Estou num limite insano e preciso estar
dentro de você urgentemente.
Suspirei, sentindo suas mãos puxarem minhas nádegas em sua
— Se protege?
— Sim.
Abracei seus ombros, beijei seu pescoço, subi pela barba por fazer e
alcancei sua boca, tomando seus lábios.
Poderia até estar sob efeito do sexo maravilhoso que ele estava me
repetir aquilo.
— Não faça isso. É sexo. — Encarei seu rosto, sentindo seu membro
significa.
Ele assentiu.
— Sim. Mas sem chance de você fugir da minha cama até que isso
como fugir da situação, sabotando a primeira coisa boa que fiz em meses.
Acordei assustado, procurando por Lilian no quarto, pois queria ter
Mas tudo que encontrei foi um bilhete colado na tela do meu celular,
fazendo-me suspirar frustrado ao ler as palavras escritas de modo
apressado.
fugir.
que saía com muitas mulheres, mas sempre fui legal fora da cama.
Sabia muito bem que não deveria ser um canalha com alguém
adormecemos.
Pensei em ligar para Alice para saber se Lilian havia chegado, mas
ansioso. Suspirei frustrado ao ver que não era ela, mas Sabrina.
— Esqueceu de mim? — Atendi sorrindo, deixando o assunto Lilian
de lado e caminhei até o banheiro.
os sais na água.
resmungou, e suspirei.
noite acordado com medo de que ela morresse enquanto passava mal? —
perguntei, irritado.
Sabrina riu.
Ela riu.
Lilian era o oposto das mulheres que já passaram pela minha vida.
afilhado merece que se arrume, já que depende da sua aparência para ele ser
bonito.
Então, talvez, Lilian tinha razão em querer que eu fosse seu amigo e
desse a ela alguns orgasmos.
E digamos que era o melhor filho, pois Henrique e Heloísa não eram
quase loiros.
mais escuros.
— Ei, loirinha do tio! — exclamei sorrindo, e ela estendeu a
mãozinha segurando uma uva com uma firmeza invejável. — Já comendo,
pequeno dragão?
Mel riu.
cá? Só vive na sua casa agora — falei, enquanto me abaixava para falar
calma, Caio — meu irmão disse e apareceu na porta, segurando Lara nos
braços.
força, enquanto Alice observava a filha mais nova como se algo pudesse dar
reunidos. — Vem cá com o tio, Mel, me deixa beijar sua bochecha suja.
Ela veio sem dificuldade, agarrando-se com a mão livre na minha
camisa polo.
Porém, quando Mel viu que a avó iria tirar a uva da sua mão, enfiou
tudo na boca, arregalando os olhos com o ato, fazendo a mamãe rir e Alice
— Filha, com cuidado — Alice falou olhando Mel, que atenta, virou
o rostinho para a mãe. — Senão se engasga, MelMel, tira da boca, vai. Com
cuidado agora.
impensados.
sua mão. — Com cuidado, a vovó não vai pegar sua uva.
Ela olhou em direção à mamãe quando ouviu vovó, parecendo
Bem, funcionou.
me com alegria.
Sorri.
— Boa. Vi muitas coisas legais, conheci a tia Lilian que vocês tanto
falam e comi umas comidas maravilhosas — descrevi alegre, sabendo que
àquela altura não era mais segredo que conheci a Lilian. — Deveriam vir
comigo da próxima vez, acho que vão amar conhecer São Paulo.
extensão sua.
— O que é extensão?
Henri sorriu.
— Claro que pode. É ele quem vai viajar com duas crianças. Não
fico preocupado com vocês inteiros, mas com a integridade do tio de vocês.
— Ele abriu um sorriso debochado de quem deixava claro que sabia que a
minha tática de ser o tio preferido não era tão fácil.
— Não fica bravinho, não, mas Heloísa pode estar esperando mais
um.
Mamãe assentiu.
a filha.
— A dúvida é assustadora. Não era ela que não queria ver Rafael
Mamãe riu.
— Ah, querido, eles são loucos um pelo outro. Não vamos ser
alguns biscoitos. — Sem falar que a Amora quer um novo irmãozinho, né?
— Sim, o José já está grandinho. Não é mais legal brincar com ele
de boneca.
— O novo bebê poderia ser uma menina. Será que podemos pedir
Mamãe suspirou.
cegonha e bebês.
— Como assim você fugiu? — Caroline perguntou indignada,
naquela noite.
durante a madrugada.
prato da noite em que comi na filial de São Paulo junto com Caio.
chegar bem pertinho dele e falar... — minha amiga falou, agitada, movendo
as mãos de modo engraçado. — “Precisamos repetir”.
Para ela, eu ter dormido com Caio era uma coisa boa?
Sim, foi maravilhoso, mas era tão complicado que nem sabia
eu sofri nos últimos meses, então do nada dormi com outro. — Suspirei. —
Pareço uma maluca que não tem controle sobre meus sentimentos. Eu me
— Isso é ofensivo.
Eles riram.
Não tive muito tempo para ficar com Hannah naquele dia, cheguei
em casa e a mãe dela já estava com minha roupa escolhida para sairmos
para jantar.
Carol deixou a Hannah com a babá que ela costumava ficar e tive
relacionamento e já está cheia de medo. A vida não precisa ser tão séria,
Lilian.
Eu a encarei, pensativa.
— Pelo amor de Deus, o primo dele está do seu lado. Não sei nem o
motivo de ter contado isso para vocês.
Eles riram.
nada.
tornamos amigos.
David voltou para o Brasil fazia seis meses e desde então vinha me
O problema não era apenas aquilo, a verdade, era que nunca fui
Porém, mesmo que nunca admitisse aquilo para ele, Caio era
incrível.
de Carol. — Acho que se você está pronta para superar a fase triste e
dolorosa do luto. Não tem prazo, Lilian, falo por experiência própria que
não havia um tempo correto para superar a falta de alguém que foi
importante para você, muito menos jeito certo de lidar com o luto.
naquele momento via que foi algo muito impensado, muito mimado se
podemos dizer assim.
Provavelmente, não mudaria nada, pois finalmente tive coragem de
falar para ela tudo o que ficou preso na garganta desde minha infância. Para
ser mais exata, desde que Alice nasceu e comecei a ser a irmã que cuidava
— Vou falar com ele. — Suspirei. — Afinal, mesmo que não repita
o sexo, ainda somos amigos. Nos demos muito bem. As mentiras que
conheceu.
Sabrina.
fez relembrar mais um motivo para entender que não deveria ter cedido ao
meu desejo.
compromissado.
Meu Deus, que tipo de pessoa eu era?
novamente, vendo que Caio ainda não havia notado nossa presença ali.
Caio Montenegro.
ombro, vendo Caio puxar a cadeira para Sabrina, respondendo algo a ela.
um toque de perversidade.
— Oi. — A palavra saiu tão tímida que me fez sentir uma ridícula,
inteiro pensando que perdi o único amigo que fiz em meses, era
maravilhosa.
com um sorriso.
dias atrás.
— Bom, tenham uma boa noite. Vou voltar para a mesa — ele falou
e se virou.
O maldito do ciúmes.
Eu o encarei, assustada.
— Os dois nunca tiveram nada. Mas se você não tem ciúmes, não
combinei de dormir com minha irmã naquela noite, já que ela viajaria
dentre dois dias de volta para a fazenda.
perguntando.
— Ok, então está pronta para me dizer o que você tem na cabeça
para fugir de mim?
preocupada.
Como iria falar para ele tudo o que passava na minha cabeça?
vergonhoso.
— Não é. E poderemos seguir em frente se falarmos sobre, mas se
amigos.
Suspirei.
— Não me envergonhe.
— Vou dormir com Alice hoje, não vou para casa — falei, negando
com a cabeça, segurando sua mão, impedindo que ele dispensasse o Uber.
estranha, não esperada por mim, então cruzei os braços para ele não notar
meu desconforto.
Piscou antes de se virar para o Uber e dispensar o serviço não usado. Ele
tornou a me encarar. — Por favor, não fuja. Não estou pedindo que você
esteja na minha cama, só quero que você não me afaste. Agora, se quiser vir
Caio e eu não fazíamos o tipo birrento, ele era sincero demais para
aquilo, e eu já guardava muita coisa dentro de mim.
Sabia que não falar sobre algo que machuca traria consequências.
Seu tom era sensual, mas seu rosto estampava um sorriso, o que
causou uma reviravolta em meu corpo, acendendo partes que não sabia que
Ele pegou minha mão e me levou até seu carro, enquanto eu pensava
Sorri.
mais transar comigo, era só ficar e falar como uma pessoa normal.
Ela suspirou.
confuso.
Ela queria?
Ela dormiu com outro, amava o noivo e era normal que houvesse
culpa. Mesmo que Lilian não devesse mais devoção nem nada a ninguém.
Assenti.
Eu queria dormir novamente com Lilian, mas não estava nem doido
sempre. Sem falar que não queria perder sua amizade, pois ela acabou se
tornando importante.
somos maduros para lidar com o sexo que aconteceu. Foi bom, mas não vai
tornar a acontecer.
A firmeza dela em dizer aquilo era invejável e queria dizer com toda
bem, Lili. Vamos ficar bem. Você ainda é minha noiva falsa maravilhosa.
— Agora me leve para a casa da minha irmã, pois bebi e não estou
de carro.
Não era um cara apaixonado, mas ainda assim, não era todos os dias
E nunca seria.
— O que foi?
coloquei a mão na base da sua coluna, enquanto ela negava com a cabeça,
desacreditada.
— Você sabe que não vou deixar você me colocar de canto, né?
— Caio — repreendeu.
— Ainda somos amigos. Só que agora sei que você é ainda mais
Ela sorriu.
Merda!
Eu queria beijá-la, queria dizer que ela não era culpada, que não
fomos um erro.
— Caio?
— Você não está interessado nela, né? Ela sofreu muito, Caio. Sério,
soco no estômago.
E era muito pelo contrário, achava lindo a devoção que Henri tinha
por Alice e só sabia que não precisava de nada daquilo para ser completo.
palavras.
— Ok. Estou cansado para te analisar. Tem pizza o suficiente, se
cedo.
pai.
Assenti.
sorrir, sabendo que sim, ele ainda chutaria minha bunda um dia.
Eu só não esperava que fosse por descobrir que dormi com sua
cunhada.
adoravam.
Sem falar que Alice me odiaria por me meter com sua irmã.
sua cabeça.
apartamento.
conversaram e agora andam juntos por aí? Tem que ter alguma relação —
tagarelou, assumindo o papel de irmã mais velha que sempre foi meu.
isso.
— Não.
— Sim, é assim que falam. Você é meio idosa sim, tem três filhos,
— Não começa.
desviando o foco.
ficando doida — sussurrou. — Ela gruda nos meus seios a maior parte do
tempo e muda o horário de dormir. Crianças dão um trabalho.
Ela riu.
Assenti.
— Mas não passo pela loucura dos seios e nem nada do tipo.
— Sim, mas você e a Carol dividem meio que uma maternidade ali.
— Claro, mas não é como você. Eu não tenho fraldas, nem nada do
de primos.
Alice riu.
— Ela estava na dúvida sobre a gravidez. Estão esperando que o
resultado do exame de farmácia seja um falso positivo, por isso fizeram um
tudo mudou quando falamos mais sério sobre o assunto e decidimos que
— Foi depois disso que fugi para Curitiba. Não literalmente, já que
minha passagem estava comprada, mas... — Bufei ao lembrar das minhas
— Ora, é que ele é bem comentado por aí e sei que já teve muitas
mulheres. Porém, pode sempre ser um caso de fake news — disse, fazendo-
Mas confesso que todo preparo se foi, pois, passei a noite em claro
pensando em tudo o que aconteceu desde que encontrei Lilian no
restaurante e com a expressão de Henrique falando que não poderia brincar
Eu não era.
Ele bufou.
isso.
Leon bufou.
— Sim, mas é fama e nunca afirmei que ficava com uma mulher a
cada dia, nem nada do tipo — me defendi, irritado por todos pensarem a
mesma coisa. — Nunca me preocupei em corrigir, porém isso tomou um
rumo insano.
dois meses. Não tente ver coisas onde não tem. Saio com mulheres, mas
nada insanamente inovador, nem prometo nada a elas. Trato bem, mas não
juro amor. Não sou um canalha. — Meu tom de voz aumentou, e meu
— Isso te irritou.
— Não, me desculpa. Não sabia que sua vida pessoal não era mais
assunto que discutimos.
— Mas você sempre nega encontros, fala que está bem solteiro e...
— Eu sou feliz solteiro, mas nunca disse que o amor não existe.
Inclusive, te falei isso quando você brigava com Gabriela, que quando
encontrasse a mulher certa não pensaria duas vezes em fazer tudo por ela.
cima.
— Não, mas aprendi coisas com o tempo. Você fez um bom papel
de conselheiro quando minha vida estava uma merda e agora é o meu
momento de fazer o mesmo por você.
Sorri, negando.
— Você não tem como saber que minha vida está uma merda.
— Mas você está cheio de questionamentos e até ela ficar é um
passo assim... — Juntou os dois dedos no ar, indicando uma distância
— Não. Você se sentiu desconfortável por algo que seu irmão falou,
então vai conversar com ele e explicar o motivo de não querer que isso se
Suspirei.
riu.
Suspirei, sabendo que o caminho de falar sobre aquilo era mais fácil.
Caminhei em direção ao meu apartamento, sentindo o peito arder à medida
em que avançava, como se ainda estivesse com uma faca enfiada nele.
Entrei na academia bem cedo como de costume e estava voltando para casa
ainda com a rua escura porque o local funcionava vinte e quatro horas e não
parava um minuto. No caminho, acabei tirando o telefone de dentro do bolso para
E no caminho de volta para casa, a todo instante pensei que estava sendo
seguido porque vi a sombra de um cachorro de grande porte caminhando a alguns
metros de mim. Toda vez que me virava para frente, ele apertava o passo,
parecendo, realmente, ser um perseguidor.
Terrível.
Assim que terminei de fazer a compra, concluí que inventar uma desculpa
para a mudança de número era mais fácil do que ir atrás do contato antigo.
pronto para sair de casa novamente, afinal já eram quase oito da manhã.
Apenas coloquei um curativo rápido sobre o corte, mas parecia que ele
insistia em arder toda vez que movia o ombro, tornando-se um completo
incômodo.
quando ele escondeu o rosto entre as patas. — Eu precisava da sua ajuda e você só
apareceu depois.
rendendo-me àquilo.
cabeça em meu peito, pedindo por mais carinho. — Está perdido ou... — Procurei
por uma coleira, mas não encontrei nada.
Como ele não aceitou o comando, me dei por vencido, peguei o cachorro
— Se quiser, pode se sentar, mas espero que esteja limpo e não suje meu
carro — brinquei, alisando sua pelagem novamente.
O bairro onde morava era uma área residencial bem extensa e se o dono
fosse daquela região, teria algum cartaz ou anúncio por ali. De qualquer forma,
poderia deixá-lo no abrigo no início do bairro, pois sabia que era melhor do que
ele ficar perdido, seguindo pessoas estranhas.
cachorro que não conheço. Principalmente, você com essa carinha de malvadão.
— Estava rindo daquilo em seguida, porque ele realmente tinha cara de malvado,
porém claramente se rendia por um carinho.
assim que sair do trabalho, prometo que te ajudo a achar sua família. — Alisei seu
pelo, saí do carro e caminhei em direção ao abrigo que já estava aberto.
Era um petshop que tinha uma ala para abrigar animais abandonados e eu
Meu apartamento era pequeno para criar animais, então adotar algum era
impossível, mas eu gostava de ajudar.
— Ele me seguiu durante a manhã e tentei achar o dono, pois acredito que
esteja perdido, mas não encontrei nada.
Olaf?
seguida pegou uma das guias que ficavam do lado de dentro do petshop. Logo ela
voltou passando no pescoço do cachorro, puxando-o para fora do carro. — A
família viajou e disse que não tinha como levá-lo. O Olaf ainda não se adaptou e
acha que a família vai voltar, por isso ele já fugiu algumas vezes. Ele ficava na
casa antiga, esperando os antigos donos, mas o dono atual não gosta de animais,
então ele não foi mais até lá.
E quando me despedi dos dois, Olaf me encarou por cima dos ombros da
cuidadora e fiquei rapidamente triste por deixá-lo ali.
Fazia muito tempo desde que tive um animal de estimação, o último foi um
cachorrinho, ainda na minha infância. Ele morreu cedo demais e eu nunca quis
outro, porque tomaria o lugar dele.
— Olá, doutora Santiago, que surpresa você por aqui — falou, levantando-
se.
— Nada, não foi nada disso que está pensando — falou, esfregando
levemente um lado do peito.
— Eu me machuquei, ok?
Coloquei a sacola sobre a mesa dele e o empurrei contra sua vontade até o
pequeno toalete no canto da sua sala.
Não dei atenção, tirando primeiro o curativo que ele fez sem me preocupar
nem com o fato de que estava sem luvas, coisa muito importante para a medicina.
Porém, já dormi com aquele homem e não podia me dar ao luxo de muitos
“não-me-toques”.
Ele se encolheu quando pressionei levemente o algodão molhado contra o
corte.
Não precisava ser um gênio para saber e queria perguntar como ele
conseguiu aquilo.
Não era profundo para precisar de pontos, mas precisava ser limpo com
frequência até a cicatrização.
— Se você não ficar quieto, não vou dividir os brownies que trouxe com
você — avisei, vendo o homem se sentar lentamente, como se fosse uma grande
ameaça e segurei a risada. — Muito bem, senhor Montenegro — sussurrei,
Caio suspirou.
— Você quer me beijar, né? — indagou com uma confiança nunca abalada
e um sorriso de canto de rosto.
Eu gemi quando ele me firmou contra ele, como se não pudesse me soltar.
Caio foi mais rápido do que eu e bateu a porta do banheiro antes que
alguém nos visse naquela situação completamente comprometedora.
Segurei o xingamento, levantando-me rapidamente do seu colo, e ele me
encarou, assustado.
A voz agitada de uma das enfermeiras fez Caio pular de cima do vaso só
com a rápida menção da amiga, lavando o rosto rapidamente.
A enfermeira fez uma pausa e escutei passos apressados correr para fora da
sala, sendo acompanhados por ela.
pelo parto de Sabrina, observando que ela estava pálida, dando a vida para
mim.
Eu iria acordar.
— Caio.
Sabrina.
O mesmo cheiro desde que ela tinha doze anos, pois ela nunca
mudou o perfume.
chorosa.
— Não, Sabi, vamos ter outro bebê. Faço o que você quiser, só não
solta minha mão — prometi, desesperado, sem pensar em mais nada que
criança.
Estive em cada momento com ela e as emoções se misturavam como
— Eu vou ficar bem. Ravi vai ficar bem. Vamos todos ficar bem, eu
prometo.
— Ela vai ficar bem, você vai ver — Lilian murmurou, e eu quis
chorar.
Eu apenas repeti todas as vezes em que ela falou “de novo”, até que
a.
Enlacei meus dedos nos seus, precisando tocá-la, saber que não iria
desmoronar enquanto Lilian estivesse ali.
— Eu pedi que ela ficasse. E nós dois sabíamos que se ela ficasse,
Ravi morreria. Eu não acredito que fiz isso. — Esfreguei a mão livre em
frente ao rosto.
Sabrina tinha que viver por aquilo, se não fosse por mim, tinha que
Queria mesmo.
Ela estava...
Ela estava...
Por favor...
Acorda logo.”
Caio desmoronou.
Não foi uma cena em que você vê que a pessoa lamenta a perda da
outra, eu, simplesmente, vi que ele perdeu o chão no instante em que entrou
chegada da sua família, pois liguei para eles poucos minutos depois que
Encarei o teto.
A cena dele desmoronando passava em minha mente a todo o
— Lilian.
grávida? Morreu?
— Eu sei — sussurrei.
meu rosto.
— Tudo bem. — Se deu por vencida, puxando uma segunda cadeira
para perto. — Não tem motivos para me dar respostas. Não é hora para
respostas. Caio vai acordar maluco, devastado. Sabrina era como uma irmã
para ele. Os dois cresceram juntos e não posso acreditar que ela morreu.
apoio.
eram reais. Por isso, o silêncio sempre foi mais bem-vindo do que qualquer
coisa.
Eu precisava respirar.
Passei pela porta onde Sabrina havia dado à luz e parei, encarando o
nada. Lembrei-me do pequeno Ravi e de como ele não teve a chance de
sentir o calor da mãe, nem mesmo ter seu pai com ele.
Ele estava sozinho e só tinha poucas horas de vida.
ficava o berçário.
Era um corredor conhecido por mim, porque ali ficava toda a ala
pediátrica.
sorri.
— Oi, querido...
Os olhinhos fechados, os lábios bem corados e a expressão plena
demonstrava que ele não fazia ideia do que estava acontecendo ali fora.
Mas não tinha dúvida nenhuma que os dois poderiam ser um time e
tanto juntos.
— As coisas estão meio complicadas por aqui, querido. Mas sei que
você e o Caio vão conseguir. Sei que sim. Olha só, ele é forte e você tem
sorte. Ele é incrível, Ravi, e você vai amá-lo, tenho certeza disso. —
Suspirei. — Sua mamãe foi morar com o Papai do céu. — Deixei a notícia
mais triste sair de mim. — Eu não conhecia muito dela, mas o pouco que
conheci, devo dizer que ela também era incrível, pequeno Ravi. Você iria
Foi preciso uma coragem descomunal para sair da cama cedo naquela
dentro do pequeno berço que Lilian providenciou, me sentia grato por ninguém
Em meio a toda raiva, dor e tristeza que sentia, eu só sabia sorrir toda vez
Caio vai se despedir da sua mamãe agora. — Coloquei a mão por dentro do móvel,
tocando a bochecha rosada do menino. — E pedir perdão para ela, por pedir para
ficar enquanto eu sabia que poderia perder você. — Engoli o seco, encarando os
sapatos sociais. — Eu amo muito a sua mãe, Ravi. E eu amei você desde que ela
dos cabelos brancos dela, tenho certeza. — Toquei seu narizinho minúsculo. — E
foi por isso que pedi por ela. Eu quis que ela ficasse, porque se eu pudesse, daria
tudo que tenho só para ter vocês dois aqui. — Suspirei. — E eu peço perdão para
você novamente, porque não queria que você deixasse de existir nem por um
minuto, Ravi. Você é a mais pura benção e amo que esteja aqui.
ruins e das boas. De como Sabrina foi uma amiga incrível e como era sua pessoa.
Eu sempre ficava sem fôlego porque Lilian tinha o sorriso mais lindo do
mundo.
seus ombros e Lilian se encaixava em meu corpo, como se fosse a coisa mais
natural do mundo.
— Sua família já foi. Josiane disse que parece que você se sente mais
confortável comigo e respondi que era loucura, pois é claro que você precisa deles
também.
— Ele é do abrigo no fim do bairro, fugiu uma vez e o levei de volta. Deve
ter aprendido o caminho. — Foi tudo que falei, não explicando muito sobre o
animal.
O apoio que Lilian me deu nas últimas vinte e quatro horas foi mais
significativo do que qualquer um. E apesar de amar minha família, mamãe me
pressionava e perguntava a todo instante se eu estava bem, se precisava de alguma
coisa e...
Era sufocante.
Lilian não falava, ela só se aproximava e ficava comigo, até que parecesse
que eu não iria desmoronar na frente de todos.
E eu agradecia a todo momento por cada passo que ela dava em minha
direção.
comigo e Ravi. É meio assustador dizer isso, pois sempre tive um pouco de medo
de fantasmas, mas deixo você aparecer caso prometa não puxar minhas pernas,
nem bater portas. Eu tenho uma criança para cuidar e não posso infartar... — Dei
uma risada leve, esfregando o rosto.
— Eu prometi a você que se fosse necessário nunca soltaria sua mão, nem
a dele, prometi isso há tanto tempo, quando não fazíamos ideia do que aconteceria.
— Encarei o céu que estava nublado, mas não era uma novidade. — Nunca
soltaria vocês, Sabi. Você sabe disso. Vou dar meu melhor também. Não importa o
que aconteça, Ravi sempre terá a mim.
Senti quando ela se abaixou ao meu lado, passando os braços em torno dos
meus ombros, puxando-me para um abraço apertado.
— Obrigado, mamãe.
Fiquei para trás com Josiane, esperando Caio se despedir, mas acabei
chorando novamente quando vi a mãe dele se render e ir consolar o filho.
Naquele momento, me obrigava a ficar longe enquanto os dois
conversavam e me aproximei da minha irmã.
— Porque você tem sido a pessoa que mais entendeu o Caio, que mais
apoiou e sabia exatamente o que fazer. Não sei como conseguiu.
Suspirei.
Sorri.
Poderia dizer que ele estava destruído, mas aquilo era tão batido já.
Suspirei.
Ele beijou minha têmpora, alisando meus cabelos e senti que Caio
afundava o rosto entre os fios.
— Tem sim. Não sei explicar, só que tudo dói. E eu não consigo definir
nada, só queria tirar essa dor.
— Eu sei como é, não precisa explicar. Só que quando estiver doendo,
pede um abraço. Eu amo abraçar você.
— Para de graça.
— Sei que ainda dói em você o luto — sussurrou. — E por isso sou grato,
por você ignorar a sua dor e estar aqui por mim. Queria ter estado ao seu lado. Iria
segurar sua mão da mesma forma.
Encolhi os ombros.
Senti a mão de Caio pegar a minha mão livre, enlaçando nossos dedos e
sorri com aquilo.
“Você tem cheiro de amor, Caio”, quis dizer, mas não queria envolver
ainda mais complicações naquela equação.
E admitir aquilo para mim mesma era um desafio, porque por mais que
meu coração ainda estivesse preso ao passado, ele não deixava de acelerar a cada
momento em que meus olhos se encontravam com os de Caio.
Ravi havia acabado de tomar banho e foi Lilian quem assumiu aquela
função, pois ela falou que não tinha como aprender cada coisa cinco minutos
antes, apenas olhando um tutorial no Youtube.
telefone do bolso e buscava na internet, qual era a posição correta para se colocar
uma fralda.
de Sabrina, porque metade das coisas que estavam no apartamento dela, que foi
comprado para ele, viria para o meu.
sendo útil, pois não queria me afogar no mar de sentimentos que me rodeavam.
— Você parece que vai desmaiar apenas para vesti-lo — Lilian falou com
as mãos na cintura, saindo do banheiro.
Ela já estava vestida em uma calça jeans e camisa preta, com alguns
acessórios.
No quarto também havia uma mala pequena que ela preparou para a noite,
falando que ajudaria em tudo e que ficaria por ali.
— É uma fralda, não tem erro — afirmou, pegando Ravi dos meus braços
e o colocando na cama novamente.
— Tem certeza de que é normal ele dormir pós-banho? Ele fica muito
sonolento.
— É sim, muitas crianças reagem diferente. Tem sorte que Ravi adora
tomar banho e estar de barriguinha cheia, assim ele dorme igual um príncipe —
Assenti.
— Tenho sim — falei, passando o pente com cerdas molinhas nos fios de
cabelos de Ravi.
Ele tinha um tufo de cabelos castanhos bem cheio e estava com cheirinho
de bebê.
— Preciso explicar essa situação. Mamãe não falou nada, mas sei que
ficou chateada pela surpresa. — Peguei a bolsa que preparei com Lilian me
auxiliando, pois precisava aprender cada passo daquela nova rotina.
Ela concordou balançando a cabeça.
Contei para Lilian sobre Sabrina e tudo o que envolvia a gravidez de Ravi,
no fim, ela entendeu e apoiou a minha decisão.
sozinhos.
Logo eu que nem cogitava criar uma criança com alguém, naquele
momento tinha uma e seria carreira solo.
Mamãe se ofereceu para ficar comigo depois do enterro, mas falei que
Lilian estava no meu apartamento, e ela acabou cedendo, falando que uma
pediatra era melhor.
Não era uma coisa que poderia acordar um dia e perceber que não passava
de um pesadelo.
E se não conseguisse ser metade do que minha mãe foi para mim?
— Caio?
Coloquei as coisas no chão do elevador antes de abraçar seu corpo por trás,
afundando o rosto em seus cabelos, enquanto minhas mãos se enlaçavam em Ravi
em um abraço grande.
— Medo? — sussurrou.
Lilian me acalmava.
— Você vai conseguir. Vai ser um pai incrível para ele, não tenho dúvida
nenhuma disso.
— E se eu falhar? — sussurrei.
— É normal falhar. Você é humano. Você vai falhar e vai consertar o erro.
Ele vai crescer, vai amar você e um dia, ele também falhará com você porque ele é
humano também. E, neste dia, você vai ajudá-lo a consertar o erro, porque sabe
como é.
Ela riu.
— Eu só quero ajudar. Nem sei se posso dar conselhos, não sou mãe.
— Você seria uma mãe incrível, também — falei com convicção, vendo-a
sorrir.
Ela era a coisa mais linda e seus olhos brilharam quando ela pensou sobre
ser mãe. Então, talvez seja bem mais do que um “quem sabe” qualquer.
Beijei a pintinha que ela tinha no pescoço, uma das que desciam por seu
colo e iam para o vale dos seios.
Eu sabia daquilo porque minha mente decorou cada pequena coisa sobre
ela.
Era insano.
Mas quase sorri quando vi sua pele se arrepiar e ela não me afastou.
Ravi não saiu dos braços de Caio e quando o fez, foi para os meus.
— Ok, quando você vai explicar? — Henri indagou, dando-se por vencido
pela curiosidade, enquanto colocava a taça de vinho na mesa, fazendo Caio
arquear a sobrancelha.
Ele me contou como tudo iniciou com Sabrina, sobre nunca terem se
envolvido e que sempre foi para proteger o bebê e ela. Assim como também me
contou que estava cursando uma segunda graduação em segredo, mesmo que fosse
algo muito bom, ele ainda mantinha para si.
Era meio idiota que tivesse tanto orgulho dele, mas eu tinha.
— Sinto muito, não fazia ideia — o irmão mais velho foi o primeiro a
falar.
— Tudo bem, é normal você fazer o juízo errado de mim, sempre — Caio
disse com certa amargura e franzi o cenho, confusa de onde vinha aquilo.
— Está tudo bem, querido, você não precisa explicar mais nada. — Ela
alisou o rosto do filho, com carinho.
— Sabe que não temos nada contra isso, Caio. Se você olhar para nossa
família, vai entender que nunca diríamos nada — Henrique afirmou, apontando
com a cabeça em direção à sala, onde as crianças estavam. — Amamos as
crianças. Amamos você e amamos o Ravi. Ele é um Montenegro.
Sorri, pois não sabia como ele chegou a pensar que não daria.
— Então... — Rafael falou, pela primeira vez desde o boa noite rápido que
emitiu ao chegar. — Agora vocês são um casal? — Apontou de Caio para mim,
fazendo os olhares de todos se virarem para nós.
Senti meus ombros ficarem eretos novamente, tirando a cabeça do ombro
de Caio.
— Sim, amigos — afirmei, vendo Rafael sorrir por trás da taça de vinho,
olhando em direção a Heloísa, como se apenas ele soubesse de um segredo.
Eu não queria ter atacado Henrique quando ele fez a pergunta, porém, a
lembrança dele duvidando de mim, ainda era viva na memória e veio misturada a
raiva da situação, então, tudo acabou saindo como uma bola de neve.
Quase ri, Henrique era a pessoa mais calma do mundo e ele deveria saber
que não assustava nem uma mosca.
— Ah, Caio, não foi isso. É que sabemos como você foge de
relacionamentos, eu só avisei algo.
— Quando você duvida do que somos, faz nós mesmo duvidar. É insano
depender da sua aprovação, mas eu não consigo mudar isso — resmunguei,
revirando os olhos.
Revirei os olhos.
— Não falo isso da boca para fora e você sabe. Falo porque é verdade.
Sempre soube que você iria encontrar o caminho, Caio. Há momentos que o medo
fala mais alto, mas, porra, você é um dos caras mais honrados que já vi e sei que
você vai ter uma família irada um dia. Com Ravi, quem sabe, com Lilian e todos
os bebês que um dia virão. — Ele me segurou, focando os olhos em mim e me
senti um idiota por chorar tanto. — Você é nosso caçula, Caio, e nos preocupamos
o tempo todo, porque se você cai, sabemos que falhamos e que iremos cair junto.
Só que tudo isso, cada passo que dá, mostra o quão incrível você é.
meia hora.
Caio ainda não havia acordado quando passei pelo quarto dele para checar
o Ravi.
— Você está tão envolvida! — ela exclamou, enquanto eu me sentava na
estava acontecendo.
um tanto preocupante.
Ajudei o Caio em tudo, expliquei para que servia cada coisa, como
preparar o leite da forma correta e alguns truques que poderiam facilitar sua vida.
Nem sequer cogitei que ele poderia achar invasivo a minha presença
— Eu vou para casa hoje à noite, prometo — falei para Caroline, e ela
franziu o cenho.
— Você acabou de perceber quão envolvida está e agora quer fugir? — fez
— Faça como quiser, mas sabe que seu coração já está enlaçado e vai te
puxar de volta.
— Dormiu bem?
hoje. Ele é tão irritante” — imitou minha voz, fazendo-me revirar os olhos.
Sorri.
— Ele vai me amar tanto que vai ser meu confidente, confia. — Balancei
os ombros, vendo-o sorrir.
Ele caminhou de modo lento para atender a mãe e quando abriu a porta,
estava certo.
O gingado de Apolo veio direto para mim e mesmo que ainda tivesse um
pouco de medo do cachorro, ele seguia o mesmo ritual todos os dias. Chegava,
colocava sua cabeça sobre a minha perna e esperava por seu carinho, assim que
recebia, ia em direção ao compartimento que Caio comprou havia poucos dias,
onde ele comia ração e tomava água.
— Eu, ou o bolo?
Ele fez isso num dia, quando seguiu Caio no almoço, fez de novo no jantar
e no dia seguinte apareceu para o café da manhã.
demais.
E tinha Ravi.
Mesmo não se parecendo tanto com ela, todas as vezes que o encarava,
sempre acabava lembrando da minha melhor amiga.
Não esperava ver o pai dela ali, porque os dois não se falavam havia anos,
mas lá estava ele, enterrando a filha sem se desculpar.
O velho estava realmente caindo aos pedaços, mas nunca procurou a única
filha para finalmente ter paz.
— Então foi este pentelho que Sabrina colocou no mundo. — Seu tom
amargo me fez revirar o estômago e senti Lilian segurar meu braço com mais
força, percebendo a raiva do homem.
— Não fale assim dele, por favor — pedi, cobrindo o rostinho de Ravi do
sol.
Horace me encarou.
— Eu avisei que ela não deveria ter amigos homens — falou com rancor.
— Disse que ter essa criança era uma estupidez, mas ela não me ouviu. Sabrina
nunca me ouviu.
Horace era um velho amargurado, não merecia a filha que tinha, assim
como não merecia o neto que tinha.
Ele havia dormido algumas vezes no berço móvel no quarto dele, que foi
todo decorado com as coisas que a mãe dele queria e naquele instante estava
pronto para ser usado.
— Porque aquele Horace foi detestável com você e o Ravi — ela explicou,
sentando-se na beirada da cama para tirar os saltos.
— Não é a primeira vez que ele é detestável. Era comigo, com Sabrina,
com qualquer pessoa que fizesse a filha dele feliz. — Esfreguei o rosto, sentando-
— Sinto muito.
— Não tem que sentir. Foi normal. Eu só fechei os olhos e pedi paciência.
Ela sorriu.
— Porque você tem que ter privacidade e liberdade. Estou aqui faz uma
semana e não quero mais te atrapalhar. — Ela se levantou, parando na minha
frente.
Quando me deu a mão, puxei-a em minha direção, fazendo com que caísse
sobre mim e me deitei na cama, puxando-a para debaixo de mim.
— Fica aqui — sussurrei em seu ouvido. — Você não dormiu bem a noite
porque teve plantão. Fica aqui, dorme e eu te faço companhia. Eu e Ravi.
— Eu não estou sorrindo — menti, sentindo o tapinha que ela deu em meu
peito.
— Caio!
“É, Megerinha, o que vou fazer com os meus sentimentos por você?”
Arrumei os cabelos enquanto observava Lilian tentando fazer Ravi dormir
a todo custo.
— Ele completa um mês em quatro dias. Sei que falamos que não iríamos
fazer nada, mas nem um bolinho? Ele está a coisa mais gostosinha do mundo, vai
ser lindo — minha amiga falou, encarando-me com um olhar de cachorrinho que
“Minha amiga?”
que Sabrina morreu e era uma data importante para Ravi. Eu não queria
comemorar porque era como se fosse uma comemoração pela morte dela e aquilo
Porém, sabia que aquela data estaria sempre marcada, que em algum
momento teria que enfiar a dor garganta abaixo e comemorar a vida do meu filho.
“Meu filho.”
Toda vez que me dirigia a Ravi daquela forma, parecia, simplesmente, uma
loucura.
Às vezes, parecia que Lilian se dava melhor naquilo do que eu, porque ela
Ele nunca chorava quando estava com Lilian e a assistia fazer as coisas de
cheirinho de bebê e era a coisa mais maravilhosa do mundo. Então, quando ele
segurou minha camisa, impedindo-me de me afastar, choramingando, encarei-o
sem entender.
Ela me ajudava tanto que nem sabia explicar quão grato estava de tê-la em
minha vida.
Abri a porta com a mão livre, deixando Apolo entrar e ele foi direto para o
pote de água, bebendo longos goles antes de se acomodar na caminha enorme no
canto da sala.
Eu me dei por vencido e comprei uma cama havia algumas semanas, assim
como a ração apropriada e naquele momento ele tinha um santuário.
Apolo não era uma visita fixa, ele saía às vezes, dava suas voltas no bairro,
Não fui às últimas aulas por causa de uma pausa e acabei passando muito
Com medo, Lilian deu um passo para o lado, mas ele não desistiu e
avançou dois passos em sua direção, enfiando o urso contra sua perna.
“Meu garotinho...
Meu filho.”
Não fazia diferença se Sabrina estivesse ali, pois sabia que de alguma
forma, ele seria meu.
— Papai vai ficar algumas horinhas fora, campeão — falei, beijando sua
bochecha. — E se comporte com a tia Lilian, porque ela é sua amiga e você não
pode ficar enjoado com ela.
Não sei se crianças tão pequenas dão sorrisos de verdade, mas ali estava
um sorriso.
Acho que eu, Ravi e Apolo vamos ficar bem — falou com um sorriso lindo no
rosto.
— Vem cá — pedi.
Queria beijá-la de verdade, mas estava com medo dela recusar novamente.
Só que suas mãos seguraram meu rosto e senti quando ela beijou minha
boca, fazendo-me arregalar os olhos por alguns minutos, antes de finalmente
corresponder.
Eu o beijei porque eu queria.
Caio estava em torno de mim tinha um mês e não nos afastamos. Nós nos
tocávamos todos os dias, às vezes, adormecíamos juntos, só que não era nada
sexual.
Foi um beijo rápido e senti meu coração acelerar enquanto meus lábios
tocavam os dele, lentamente, fazendo-me lembrar cada detalhe da noite em São
Paulo, onde por um momento, tudo deixou de existir.
Meus dedos tocaram a barba por fazer de Caio que sorriu de canto,
fazendo-me retribuir.
Ele suspirou.
alisando o cachorro.
Apolo tinha uma coleira com o nome escrito e o número do apartamento de
Caio atrás, deixando claro que ele tinha dono.
O homem custava a admitir que era dono do cachorro, por causa da relação
deles ser meio “casual”, já que o animal passava bastante tempo fugindo do
apartamento e retornando.
Mas tinha certeza de que ele faria qualquer coisa pelo bicho.
Caio nos encarou uma última vez antes de sair e abri um sorriso para dizer
que estava tudo bem.
Ele chorar por Caio foi a coisa mais fofa dos últimos dias.
Sabia que Caio cuidava bem dele, mas acho que ele pensava demais em
Sabrina e esquecia da realidade às vezes. Com aquilo, sua relação com Ravi não
era tão forte quanto deveria.
— É, você vai acabar apaixonadinho por ele, né? — Pincelei seu nariz,
vendo Apolo subir em cima do sofá em um pulo, apoiando o ursinho de um lado
antes de encostar a cabeça na minha perna.
Naturalmente, tinha medo dele porque não o conhecia, mesmo que ele se
derretesse toda vez que um carinho chegasse.
Ele era tão atento a tudo que me deixava boba, tagarelando com ele.
Ele adormeceu por uns trinta minutos, logo depois que Caio saiu de casa, e
naquele momento se recusava a dormir novamente.
Caio falou que era melhor que eu dormisse no quarto principal com ele,
mas acabei recusando, sabendo que se fizesse aquilo, não teria volta.
No dia a dia, já era muito difícil ficar longe dele, imagina se dividisse as
noites.
Apoiei a babá eletrônica na bancada da cozinha, fazendo tudo rapidamente.
Fui algumas vezes ao meu apartamento e sempre que ficava algum tempo
lá, Caio ligava, perguntando quando iria voltar porque Ravi estava com saudade.
Sorri.
Ravi...
Voltei para o quarto apenas com um café e vi Ravi bocejando, mas todo
agitado.
Decidi que daria um banho nele, pois geralmente acalmava nosso bebê
dengoso.
O som leve da música folk americana saía da Alexa no canto do quarto,
enquanto eu jogava água nos cabelos do menino, com ele bocejando enquanto
relaxava com a água e os aromas que comprei na semana anterior, deixando o
banho de Ravi mais relaxante.
— I rewind thе tape, but all it does is pause... On the vеry moment, all was
lost — prossegui, lembrando de quando me sentava na sala e passava horas
cantando músicas com Jorge, com ele no piano e às vezes, o meu violão.
Era uma das nossas coisas preferidas, que simplesmente foi embora,
porque tranquei todos os instrumentos dentro de um quarto, como se aquilo fosse
esconder o fato de que ele se foi.
A última vez que toquei foi numa festinha do Instituto Aurora, mas me
trouxe muitas memórias e acabei escondendo novamente o instrumento.
Tirei o Ravi do banho, virando-me e dei de cara com Caio parado na porta
Ele parecia estar cansado, mas estava tão bonito, parado ali, nos
observando.
— Espero que não seja uma música triste demais — falou, aproximando-
se.
Ele beijou meus lábios em um selinho, como se fosse a coisa mais natural
do mundo e eu gostei.
Suspirei.
Só que fiz algo impensado quando adicionei mais uma foto ao porta-
porque ele era importante para mim, mas também por Ravi.
Ele era tão pequeno e inocente, e toda vez que pensava sobre o fato de que
sua mãe havia partido cedo demais, a dor se intensificava em meu peito.
— Tudo bem?
— Sim, só queria saber como andam as coisas por aí, com Ravi e Caio.
— Tudo dentro do possível controle. Caio ainda está bem mal e acredito
que vá levar um tempo até que as coisas voltem ao normal — revelei. — Ele não
quer fazer o mêsversário de Ravi no momento, porque é a data de falecimento de
Sabrina.
Dos três filhos, a mais agitada era a biológica e aquilo era uma ironia.
Gostava de estar perto dos meus sobrinhos, só que eles eram tantos que
não conseguia mais focar minha atenção em apenas um.
— Não tenho certeza se você sabe o que é ter paz. — Cruzei os braços, e
Pablo suspirou.
— Este número vai entrar em contato com você. Recomendei seu nome e
elas querem marcar uma entrevista.
— Sim, minha irmã é uma das diretoras e perguntou se conhecia uma boa
pediatra. Eu recomendei você.
dentro dos bolsos do jaleco. — Temos nossas diferenças, mas não deixaria de ser
justo com isso.
indaguei, irritada.
Pablo suspirou.
Segurei a risada.
— Não precisa acreditar em mim. Quando ela ligar, só diz sim. É uma
ótima oportunidade. — Piscou rapidamente antes de sair da minha sala.
Eu o segui, ainda chocada, pois aquilo não era o normal daquele homem.
— Posso perguntar para sua irmã o que fez para te deixar mais legal?
Ele riu.
Dei passos inseguros para trás, com os olhos tão arregalados que pensei
que iriam cair do meu rosto.
O corredor estava vazio, mas Pablo ainda estava conversando com a chefe
de enfermagem e os dois observavam a cena.
— Com Ravi?
Entrei assim que Caio soltou minha cintura, preocupada com a forma que
ele me olhava.
Assim que a porta se fechou em suas costas, o homem se aproximou,
avançando sobre mim.
Mas meus olhos estavam focados em Lilian e Pablo saindo da sala dela,
Pablo e ela nem sequer se suportavam, por que os dois estão sorrindo
tanto?
Ainda não tinha falado com mamãe sobre o paradeiro de Ravi, mas sabia
que ela não recusaria.
Tranquei a porta assim que entrei, vendo que Lili me encarava a todo
instante como se eu fosse maluco.
Deixei o gemido baixo escapar quando ela abriu a boca, deixando que sua
língua encontrasse a minha.
— Você estava com ciúmes? — indagou rindo quando deu um passo atrás,
para respirar.
Precisava me acalmar.
Antes que pudesse pensar sobre os motivos para não fazer, meus dedos já
estavam puxando o jaleco branco para fora do seu corpo, derrubando o caderno e o
porta-canetas dela no caminho.
Ela riu quando tentei puxar os botões da camisa social que vestia.
Brinquei com vão entre seus seios, deslizando a língua pela pele macia,
vendo que ela tentava fechar as pernas, mas a impedi, deixando abertas para mim.
Tirei o mamilo para fora do sutiã, deslizei a língua pela auréola rosada e
mordisquei antes de sugar, ouvindo-a gemer baixo.
A voz de uma das enfermeiras me fez parar, com a boca ainda contra os
mamilos de Lilian.
Ela me encarou brava, por cima dos ombros antes de abrir a porta
apenas o suficiente para sair do consultório, abandonando-me na sala bagunçada.
Morar com ela era uma tentação constante, porém, estive mais focado em
dor, luto e perda do que nela.
Busquei o post-it rosa que havia ali e escrevi um bilhete rápido, antes de
sair do consultório, para ela não se esquecer do nosso jantar, disposto a conseguir
uma noite sozinho com ela.
Mamãe havia conseguido uma babá para Alice, para Heloísa e naquele
momento era a minha vez.
Ela sabia julgar bem as pessoas e conhecia mais gente do que nós três
juntos.
atendi sua chamada, dois dias depois dele e eu nos beijarmos no meu
consultório.
Naquele dia, saí duas horas mais cedo do que ele do trabalho e
acabei passando na casa dos Montenegro para ver Ravi antes de ir para meu
Eu, realmente, estava fugindo, mas ele não precisava saber daquilo.
— Vem para casa, Lili — ele falou com um toque manhoso que me
fez rir. — Ravi está com saudade.
Caio suspirou.
— Como ela é?
Não era uma competição. Não tinha motivo para ficar irritada com a
nova babá, pois sabia que uma hora aquilo iria acontecer e precisava aceitar.
— Claro.
tão intenso. Com Caio, não há esforço nenhum. Ficamos juntos por um
que sempre que estava tudo bem, viria algo para me desmoronar em
seguida.
Enquanto não dava hora de ir para a casa de Caio, enrolava por ali,
fazendo qualquer coisa para me distrair.
O piano que toquei a vida toda estava empoeirado, pois tinha quase
um ano que não ia ali.
O violão abandonado pendurado na parede também demonstrava o
A música sempre foi um refúgio para mim, como a dança foi para
Alice por muito tempo. E quando conheci o Jorge, descobri que ele tocava e
hobby.
áreas, mas era para a música que corríamos quando a vida machucava.
Não tive isso quando ele se foi, pois me lembrava de cada momento.
Saí da sala para pegar um pano limpo, iria tirar toda aquela poeira
meses de vida. Minha amiga estava muito sensível com os abusos que sofria
do ex-marido e chorava muito.
sabão na cozinha, junto com alguns panos para limpar a sala de música.
acreditava que ele era um dos homens mais bonitos que eu já tinha visto.
pela primeira vez por perceber que não estava mais apaixonada por Jorge.
Ele sempre seria parte da minha vida, eu o amaria para sempre, mas
Cruz.
pronto para dizer que ela não precisava fazer aquilo, que eu poderia
amamentar o menino.
Caminhei até a porta com Ravi encaixado nos meus braços e a abri,
dando de cara com um bolo azul e vermelho, com velinhas em cima e cheio
de pequenas estrelinhas.
cabeça, curioso.
Lilian tinha uma mochila nas costas e segurava uma sacola azul.
— Claro que vim. — Entrou quando dei espaço para que ela
mais roupas na minha mochila, porque a tia Lilian não pode ficar fedida —
falou para Ravi que ria a cada palavra que saía da boca dela, completamente
hipnotizado.
sala.
Mônica era jovem, tinha os cabelos loiros e olhos claros. Ela era
filha de uma das governantas que trabalhou na mansão dos Montenegro por
Segurei a risada.
Não sei o que falei que fez Lilian reaparecer no apartamento, mas
colo da mulher.
Se quiser, é claro.
minha direção.
Lilian bufou.
do mundo.
— Como se tivesse que provar que tem um lugar aqui. Ela poderia
terminar o turno dela sem ficar assustada com uma maluca que pegou a
mamadeira — alfinetei.
— É claro que eu não fiz isso. Até disse que ela poderia ficar.
Segurei o riso.
mim.
cima do balcão, o amparando. — Pede pro papai cantar parabéns para você,
Ravizinho, pede...
velinha junto com Lilian, sabendo que aquele momento deveria ter sido
comemorado.
Por pior que fosse aquele dia para mim, estava celebrando por Ravi.
Ele merecia.
Ela sorriu.
havia ali, permanecendo por mais tempo do que seria considerado normal.
— Bom dia.
A voz masculina me fez virar, encontrando-o atravessando a
Caio me olhou.
— Tem razão, a visão de baixo é boa. — Fui sincera, vendo que ele
— Você está bem? Geralmente quando flerto com você cora igual
pouco de café.
pedaço de bolo.
— Tudo bem, se não quer avançar nada, não precisa, Lilian. Só que
não precisa fugir de mim, também, não vou morder você — falou, com um
sorriso sacana surgindo no canto dos lábios. — A não ser que você peça,
Megera.
Caio, puxando sua boca contra a minha, fazendo-me suspirar conforme seus
lábios cobriam os meus.
Eu o queria.
contra o meu de forma que não houvesse mais espaço entre eles. Meus
dedos desceram na lateral da roupa que ela vestia, puxando a blusa de seda
dedilhando a ponta dos mamilos enquanto via seu corpo reagindo ao meu
toque, com os pelos se eriçando conforme a beijava inteira.
moletom e queria muito avançar sobre ela, me enterrar dentro dela, porém,
tinha que ir com calma.
dela.
Ela gemeu quando desci os dedos por sua entrada, parando ali.
Ela suspirou.
— Pronto.
focados em mim.
minhas mãos por suas costas, colando minha boca na sua em um beijo
boca até sua orelha, fazendo uma trilha por sua pele.
quando sinto sua boceta pingando por mim — falei com a voz abafada
contra sua pele, deslizando a língua por ela, até alcançar os mamilos duros.
— Agora.
balcão.
completamente duro, sentindo sua boceta quente engolir meu pau, fazendo-
encará-la, com o sorriso sacana preenchendo seus lábios inchados por causa
dos nossos beijos.
Tremi quando Lilian gozou, sem desviar os olhos dos meus, sabendo
meu peito. — Não estou mais usando o DIU, desculpa não ter dito antes.
aquela informação.
— É a verdade.
Lilian cheirava a meu perfume e não pensei que amaria tanto aquilo.
Senti seus dedos deslizarem por meus cabelos, em uma carícia lenta.
— Eu não ando de mal com a vida — sussurrou. — Faz alguns
cabelos.
“Às vezes, pareço gostar de você bem mais do que você de mim”,
desde que meu irmão se casou com Alice, não teria como evitar, eu teria me
Ela sorriu.
— Acho que não dá para pensar nisso quando você está quase
mesinha de cabeceira nos fez rir, ainda com a boca colada uma na do outro.
Eu me afastei, beijando o vale dos seios de Lilian, antes de virar para buscar
branca que usei no dia anterior e ela estava mais bonita do que quando a vi
Suspirei, levantando-me.
Mas estar brava com Pablo já era uma coisa tão comum como
respirar, só que das outras vezes, apenas aceitei calada quando ele tentou
me esfaquear pelas costas.
porque só Deus sabia, mas poderia matar o homem naquele momento e...
— Eu sei, eu sei — ele falou, abrindo a porta do consultório que
tinha a placa com seu nome. — Sei que não foi legal.
— Não foi legal?! Ah, você vai ver o que não foi legal. O que você
porta do consultório.
sua, irritada.
animada, tanto que passei a última semana falando com a irmã dele, sobre
feito aquilo.
— Não nos damos bem, mas me tirar daqui para que você fosse
promovido e ficasse com todo o setor nas suas mãos é tão, mas tão baixo,
Pablo.
havia um mês que Pablo havia ganhado uma nova faceta, o de amigo.
— Acho bom mesmo, porque não vou sair do projeto por sua causa,
Se eu fosse demitida daqui por causa de Pablo, iria fazer a vida dele
tocava.
diploma de medicina.
Só que, por mais que estivesse quase morando com Caio, não queria
— Lili, por Deus, não seja dramática, já falei que vou resolver tudo
— Desculpa, ok?
depois faz pior. Eu não quero ser sua amiga, não quero ser amiga de um
falso, filho da puta.
— Ok, posso chamar o Caio para levar você para casa? — indagou.
— É, eu mereci.
elevador privativo.
Confesso que esperar até o fim do plantão para brigar com Pablo foi
uma missão difícil.
— Provavelmente é só TPM. Eu fico chorona — confessei, não
querendo culpar minha menstruação por tudo, mas era uma verdade. — Já
chorei porque falaram comigo de modo atravessado. Em meu período, fico
Ele riu.
como se me carregar fosse uma coisa comum. — Sua calça está manchada,
acho que devo ter razão — falou, apontando com a cabeça para o meio das
minhas pernas.
que minhas lágrimas na frente de Pablo tinham um motivo e não era porque
— Você não ficou com ciúmes de Pablo desta vez — falei, mudando
de assunto.
de forma nenhuma.
presente, não me preocupo porque sou eu quem dorme com você — disse,
encarando-me com uma intensidade que fez meu estômago se agitar, com as
malditas borboletas.
— Confiante você — brinquei, encarando seus lábios.
monumento.
ombro.
— Eu sei que ele sempre vai ser o amor da sua vida, Lili. —
Segurou minha mão. — E eu sei também que se não fosse pela tragédia que
Jorge era tudo e se ele estivesse vivo, seríamos tão felizes juntos.
— Só que você é meu presente. — Quis dizer que o amava, mas era
cedo demais. — Jorge foi meu passado, foi tão importante para mim,
acreditar nos meus sentimentos que eu nem sei explicar como... Só que ele
não está mais aqui, Caio, e não podemos ficar o colocando entre nós dois.
— Ele não está entre nós dois — assegurou com a mesma confiança
de antes. — Acho que se o conhecesse, iria até gostar do cara. Para você
amá-lo tanto, ele deveria ser incrível.
— Ele era sim. E você também é. — Alisei seu rosto, sendo sincera.
Eu me apaixonei duas vezes, uma por Jorge e outra por Caio, e tive
procura da mulher.
Ela havia ido tomar banho enquanto o jantar não era entregue, e
assim poderíamos aproveitar um jantar juntos enquanto Ravi dormia no
— O que houve?
— Nada, nada! — praticamente gritou a última parte. — O que está
acontecendo? O que...
— Lilian. — Eu me aproximei.
deveria ter vindo, mas está vindo muito e... — Soluçou, incapaz de
completar a frase.
meu coração batendo tão forte em meu peito que pensei que fosse desmaiar.
Lilian estava com dor e havia sangue, o que me fez ver tudo
tremido, sentindo as mãos tremendo pelo medo.
novamente.
de vê-la chorar.
casa dela era mais próxima do que a da minha mãe e agradeci quando
minha irmã me atendeu.
— Pode ficar com Ravi por algumas horas? — Fui direto ao ponto,
pegando a carteira e documento, buscando a bolsa de Lilian, que ela levava
antes.
Lilian chorava e não sabia o que fazer. Sem contar que ainda havia
sangue e não sabia o motivo.
Lilian.
Minha namorada?
que estava acontecendo, mas não falou nada, porque não parava de chorar.
“Fica calmo...
Fica calmo...”
Ela já estava sob muita pressão, pois tinha sangue no corpo dela e eu
não sabia nada sobre aquilo, então tinha que ficar calmo.
Era o que repetia a todo minuto, como se aquilo fosse me salvar a
qualquer momento.
simplesmente afundava.
Caio estava do lado de fora, já eu seguia ali, ouvindo cada uma das
palavras dolorosas do médico. Só que uma parte de mim, não ouvia mais,
apenas sentia os pés perderem o chão lentamente, com uma sensação forte
de ter mais uma parte do seu coração arrancado.
Um bebê.
— Está tudo sob controle agora, só vamos cuidar de você para que
Meu Deus!
O doutor me encarou.
— Como?
— Não posso dizer ao certo, querida. Sabe que nestes casos, não há
Naquele momento, não era a médica que passou anos numa sala de
aula estudando sobre o corpo humano, era alguém que só sentia a dor de
Eu nunca saberia como ele seria, o que ele se tornaria, seu sexo, seu
rosto, seu cheiro, seu sorriso.
— Amor...
Ele sabia...
Bastou olhar para os seus olhos para saber e me encolhi ainda mais,
chorando.
— Eu caí, não sabia que ele estava aqui e saí correndo — murmurei,
apertando-me contra ele, querendo apenas que Caio não deixasse de me
amar porque perdi nosso bebê. — Eu sinto muito, sinto muito. — Encostei
a cabeça em seu ombro.
— Não foi sua culpa — falou mais firme, o mesmo tom que usava
com confiança para coisas banais.
Você...”
Eu queria tanto ver um bebê de nós dois, só que não tinha mais. Ele
E eu suspirei.
Eu não sabia como ele estava calmo, não entendia como ele podia
nunca mais.
— Você vai acordar sim, não fale isso — ele falou, repreendendo-
me.
Não abri os olhos, não conseguia abri-los, apenas senti suas mãos
em meus cabelos enquanto as vozes sumiam lentamente, fazendo-me perder
completamente a noção, até que adormeci completamente.
Lilian dormiu e sabia que não era um sono tranquilo porque ela
sequer, e eu nem pensei em me afastar, sabendo que de nós dois, ela era
quem mais precisava de apoio.
nesta opção.
linha.
Estava ligando para Alice para avisar que Lilian estava no hospital,
Só que Lilian tinha uma ligação de outro mundo com a irmã mais
me sentei ao seu lado, puxei seu corpo para um abraço e sussurrei palavras
Lili já estava abalada demais, pois foi ela quem perdeu mais de nós
dois e eu só queria pegar todas as dores do seu coração para colocar o mais
longe possível da minha menina.
— Oi?
A voz feminina do outro lado da minha me puxou de volta para a
realidade.
Franzi o cenho, pois Alice e Henri tinham uma babá e eles não
— Quem é você?
— Estou a caminho.
— Você está cuidando dos filhos do meu irmão, então, por favor,
fique aí!
Ela suspirou.
— Ok, mas só por causa das crianças. Achei você muito petulante.
Quem é você, aliás?
vida da filha.
suas filhas.
— Oras, seu...
Deixei que seu braço com o soro ficasse do outro lado, sem correr
Perdemos um bebê.
Eu não sabia dizer onde estava doendo, pois era a mesma sensação
me sugando.
E o pior, nunca saberia como ele seria.
Talvez, eu não fosse um bom pai para Ravi e o universo viu aquilo,
tirando-nos ele.
aquilo.
— Caio?
acordasse e sabia que ela viu que eu estava chorando, porque meu rosto
ainda estava todo banhado de lágrimas.
— Eu não quero ser fraco, mas dói tanto que parece que o conhecia.
Chorei um pouco mais quando mamãe falou que estava tudo bem
doer.
— Alice já sabe?
Assenti.
Eu sabia daquilo.
vez.
levaria para dormir com ela no nosso apartamento, o que me deixou mais
enfermeira passou pelo quarto e eu, finalmente, estava cansado demais para
resistir ao sono.
A última coisa que pensei ao dormir foi nele, no nosso bebê perdido
que nunca teria um rosto e em Lilian, em como eu queria pegar cada parte
do seu coração e colocar no lugar, beijar as partes rachadas e prometer que
nada nunca mais voltaria a quebrá-lo.
Eu perdi um filho...
Por mais que tentasse ver as coisas por uma ótica racional e
Namorado?
de mim.
da vida do Caio até que ele não se lembrasse que estive ali um dia.
Sabia que ele iria ser bem mais feliz sem mim.
Por que de que serve amar alguém se tudo que você causa é dor?
pessoa a entrar.
O local tinha mais alguns buquês, todas lindas tulipas brancas que
— Olá.
buquê de rosas.
Brancas.
instante.
Não me sentia confortável com mamãe ali, muito menos com Pablo.
Vou dar dois minutinhos a vocês... — Olhou séria em direção a Pablo, que
encolheu os ombros.
vai fazer a dor sumir... — sussurrei, mais para mim do que para ele.
Pablo se foi tão rápido quanto chegou e senti minha cabeça tombar
Fechei os olhos.
— Pode tirar as flores? — pedi para Caio, assim que a porta se abriu
novamente.
— Estou aqui.
A voz masculina me fez virar a cabeça em direção à entrada. Dei um
sorriso triste, mas estava feliz por ele não ter ido embora.
— Eu sei que está brava com a sua mãe, mas ela só quer ajudar, Lili
com raiva. — Sei que está brava, que está doendo, mas eu não vou. Já me
afastei demais de você, esperando que a dor fosse embora. Ela não vai, Lili,
ela só fica menor com o tempo.
— Por favor, vá. — implorei por algo que não devia ser implorado.
— Eu sei que não fui uma boa mãe. — Ela se aproximou, ficando
Quis dizer que não tínhamos, mas sabia que aquilo era cruel.
Pensei no meu pequeno bebê e em como os papéis poderiam se
inverter tão rapidamente. Sempre fui a filha e, talvez, tivesse provado o um
por cento mais doloroso do que era ser mãe.
Eu não sabia se foi uma boa ideia deixar Aline sozinha com Lilian,
avisando que voltaria em breve, que só fui ver como Ravi estava.
Mas não era possível, pois tinha que ser um bom pai para Ravi.
E ser um bom pai quando você acabou de perder um filho era uma
coisa ruim. Só percebi aquilo quando meu filhinho sorriu para mim, no colo
da avó, cheio de expectativa.
minha mente.
colo.
a cozinha.
estava bem agitado sem ver vocês por quase dois dias — respondeu,
servindo-me uma xícara de café assim que me aproximei. — Você está bem
existência dele, mesmo assim sinto uma dor tão grande — respondi,
desabafando de uma vez. — Só que não posso desmoronar agora, preciso
sinceridade.
Mamãe sorriu.
— Eu sei.
E realmente sabia.
Ainda sentia meu coração ardendo por causa da conversa que tive
com mamãe sobre Lilian e o bebê, então quando entrei no quarto, não
esperava vê-la deitada no ombro da mãe, adormecida, enquanto Alice lia
lado.
Alice sorriu.
Encolhi os ombros.
— Sim, ele falou que se tudo correr bem, no fim do dia ela já pode
voltar ao hospital.
Lilian estava quieta. Não falava muita coisa e parecia estar em outro
mundo.
confusa.
Quis dizer que meu apartamento era nossa casa, que vinha sendo
— Mamãe ficou com ele. Ela vai cuidar dele por uns dias —
— Não vou chorar só por ver seu filho, Caio — falou, fazendo-me
suspirar.
Porém, por mais que não fosse algo que pudéssemos evitar para
— Sei que não — afirmei, abraçando-a por trás. — Mas pensei que
poderia cuidar melhor de nós dois, sozinhos. Eu e você. Depois Ravi vem e
— Juntos. Não acha mesmo que vou deixar você ir embora depois
de tudo.
Ela suspirou.
— Caio...
oportunidades. Um dia, vamos ter um segundo bebê e a dor ainda vai estar
aqui, porque perdê-lo abriu um buraco. Mas acho que fica mais suportável
com o tempo.
— Sim.
As coisas não estavam perfeitas, mas sabia que ficariam melhor com
o tempo.
— Vou dormir no sofá hoje — Caio falou, com um monte de
travesseiros em suas mãos, no meu segundo dia pós-hospital, ainda em seu
apartamento.
Não estávamos nos falando direito e uma parte daquilo era culpa
minha.
sobre a morte do filho, então ele ia para o hospital e ficava apenas meio
Eu seguia no quarto.
No momento, era a única coisa que poderia fazer por nós dois.
Meu humor não estava dos melhores e quanto mais me forçava a ser
Então, estava decidida a convencer Caio que era uma ideia melhor
— Não acho isso legal — falei, encarando os lençóis nas suas mãos.
olhos.
— Eu...
não vou dar espaço o suficiente para você me colocar para fora, Lilian.
— Você sabe que não, Lilian! Eu sou maluco por você. Estou
sugerindo coisas que você pode querer, mas você não sabe como é enfiar
Era a verdade.
— Dói ver você chorar, então não faz isso sem motivo, por favor —
lembrar de tudo que perdi, até quando estava cansada demais para chorar e
acabava dormindo.
— Caio... — falei.
Suspirei.
pois está foi minha casa por dois meses e nunca me senti menos do que
amada ali.
— Prometo.
— Prometo.
Ele não servia como porta-retratos, mas pelo menos era a única
coisa que me lembrava deles.
estável.
Nós nos falamos pouco desde que tudo aconteceu, conversamos por
gemido desesperado.
e a pequena Hannah.
— Aqui — Carol falou com uma chave nas mãos enquanto eu saía
do apartamento delas. — Sei que ela está te afastando, é mecanismo de
defesa. Fez isso com todos quando tudo aconteceu e se você não for
dizer que estão apaixonados, mas não posso falar por ela. — Encolheu os
ombros, deixando-me sozinho para impedir que Hannah subisse na beirada
do sofá.
Sabia que poderia ficar com ela e dar espaço para que absorvesse
Talvez, fosse doer por muito tempo, só que as minhas feridas eram
nossas cervejas, caminhando lado a lado pela quadra que ligava meu
apartamento ao bar.
Leon foi para minha casa, mas Apolo estava muito agitado quando
ele chegou, por isso acabei pegando duas cervejas e falei ao meu amigo que
iríamos caminhar um pouco.
Ele aceitou sem falar nada, abrindo a garrafa e me ouvindo
optar pela adoção de Aurora e depois que aquilo foi efetivado, o milagre
sofrendo, não por causa dos bebês. Porém, sempre que pensava na família
que teríamos se eles estivessem aqui, partia meu coração.
entrei em silêncio, pisando na ponta dos pés até que alcancei seu quarto.
maluco obsessivo.
estava bem coberta. Acabei colocando uma meia que achei em seu closet
nos seus pés, porque ambos estavam frios.
que estavam jogadas ao lado da cama e acordei com meias grossas por
causa do frio.
Dormir sabendo que Caio estava ali perto me trouxe uma paz não
esperada.
Aconteceu o inesperado...
Eu me apaixonei novamente.”
era um pouco comum já puxar a veia dramática em cada linha dos meus
desabafos.
Ali tinham cartas para minha mãe com cada sentimento ruim sobre
ela que tive nos últimos meses. Tinha as da Alice, onde lembrava da nossa
A única carta de Alice que queimei foi quando eu disse que às vezes
não queria ter sido uma irmã mais velha, porque era um fardo pesado
É a sua mãe.
Acho que de todas as coisas, não ter você é a que mais dói.
menino ou menina.
Só que dói tanto que não sei mais como fazer parar.
Eu amo tanto a ideia de ter você que me recuso pensar que sempre
será apenas isso, um sonho.
ali.
Sabia que a família de Jorge vinha ali algumas vezes, mas pelo visto
— Trouxe flores e uma carta, mas sei que você preferia flores a
qualquer coisa que o faça ficar lendo por muito tempo... — Não evitei a
risada, alisando a calça jeans para tirar a sujeira que ficou. — Não venho
aqui há muito tempo e confesso que não gosto deste lugar — disse, olhando
ao redor. — Só que preciso me despedir. Passei por muita coisa desde que
você se foi, Jorge. Parece loucura precisar vir a um cemitério para falar com
— Escrevi tudo que penso, sinto e preciso colocar para fora, porque
“Não sou uma pessoa muito fácil de se apaixonar, você sabe disso.
“Eu sofri por meses até ter alguém que entendia que um coração não
“Eu menti sobre muitas coisas, disse que era noiva falsa dele em um
“Ele foi adotado por um cachorro e só Deus sabe como animais são
“Ele também odeia que eu chore, mesmo que seja por coisas que
“Tirando o dia em que ele deu em cima de mim, em uma festa, mas
“Eu fico bem quietinha, fingindo dormir, porque não quero mandá-
lo embora, nem quero parecer fraca por não conseguir lidar com a dor de
perder tudo.
“Ele coloca post-it nos meus livros perdidos pelo apartamento e sei
que marca só as cenas mais calientes porque gosta de me irritar.
“Você foi meu primeiro amor e eu daria minha vida por você.
“Só que Caio curou meu coração e quero apenas passar o resto dos
“Criar o pequeno Ravi com ele, ter todos os bebês que possamos ter
e amá-los tanto para que a dor do bebê que perdemos se torne apenas uma
lembrança no passado.”
— Tem muitas coisas que poderia falar dele, da mesma forma que
escrevi inúmeras cartas que você nunca irá ler.
chegada.
estava entre meus dedos, não levantando a cabeça para encarar a mulher.
“Não quero saber o que ela foi fazer, nem como está.”
— Acho que tem. Ele disse que gosta do seu cantinho de leitura —
Carol respondeu.
iria para casa ficar com Ravi e Apolo, já que o turno da Mônica acabaria em
breve.
Sem Lilian lá, eu precisava deixar Ravi com a mulher de uma forma
Tive que contar da faculdade para mamãe, porque não tinha como
pedir que cuidasse do meu filho sem explicar os motivos para a tal
necessidade.
— Enviei um buquê de flores para ela, Ravi — falei para meu filho,
usando uma guia bem maior que se expandia conforme ele desbrava o local.
— Eu a deixei irritada porque roubei o livro, mas aí comprei flores e pedi
Meu filho era a coisa mais linda do mundo e a cada dia que passava
boquinha para que ele não ficasse sujo de baba. — Sim, prometo que
quando puder decidir, levo você nas visitas, mas até lá você fica com a vovó
e ela vai mostrar a você todos os doces que ela conhece, mesmo você não
Apolo ao parque. Apolo quase derrubou uma senhora, você precisava ver...
Ravi sorriu de tudo que eu disse, acho que ele me vê como um piadista.
Suspirei.
Contar para Sabrina sobre meus dias estava sendo bom, era como
colocar para fora coisas que eu queria compartilhar com ela, mas nunca fiz.
Por que você simplesmente não via que dói demais quando estamos
separados?
— Para Lilian — Alice leu em voz alta o cartão que estava no buquê
de flores vermelhas.
“Querida, Megera,
dia.
Cada coisa...
Te amo.
Até mesmo os que chorei em silêncio para que você não chorasse
junto.
Sempre seu,
Caio Montenegro.”
já recebi na vida, ele ainda era tão doloroso que me fez soluçar.
meu corpo.
— Consegue sim.
parecendo dar comandos certos para que Apolo entrasse no elevador e não
na mesa do consultório.
233.
sono.
Porém, a dona Josiane ficava com meu filho duas vezes por semana
porque sabia que eu gostava de dormir no apartamento da mulher que
Eu a queria, mas não invadiria seu espaço. Daria minha vida por ela,
mas sabia que Lilian era quem deveria vir até mim.
que Lilian estava atendendo desde que voltou a trabalhar com o fim do
que aquilo a destruiu, mas que ela não se deixou cair no fundo do poço.
Eu a observei atendendo uma criança de longe, pelo vidro do setor e
vi quando ela riu do que a menina falou, alisando os cachinhos da criança
— Não é uma coisa que quero dividir com você — falei com
sinceridade.
— Ok, mas sabe que ela sente sua falta — ele falou, fazendo-me
baixar o olhar. — Lilian não gosta de falar comigo porque ela diz que sou
uma cobra. Mas ela fica procurando você com o olhar, ri dos post-it que
você deixa nos livros e os cola num quadro na sala dela. Vocês não
aceitou?
saber que quando estiverem juntos, uma hora você vai ver uma mamãe
pular da boca do seu filho e será dirigido a Lilian.
que a presença da Lilian estava causando em nós. Causava tanto, que nem
tivemos coragem de comemorar o quarto mês de vida de Ravi, porque
simplesmente não queria ter fotos de memórias onde ela não estava.
— Não fale assim — ela pediu. — Você sabe que ela se importa
muito.
— Não coma a borboleta, filho. Ela tem a vida toda pela frente.
Só me dei conta que falei com o cão como se estivesse falando com
Ravi, minutos depois e aquilo me fez rir.
Lilian sempre dizia que não adotei o Apolo, que ele havia me
adotado, porque nosso relacionamento só funcionou por pura insistência
mundo.
— Por quê? Foi demitido? — brinquei, rindo. — Ou ganhou um
Ele riu.
Eu o encarei, em choque.
Não havia ninguém naquele hospital que amava mais o seu trabalho
você, não achei justo ser eu, então acabei me demitindo. Já tenho uma
— Oi.
— O senhor Caio deu entrada com o filho na emergência. Parece
chão.
um curativo na testa.
Eu o abracei.
Fiz a única coisa que conseguia fazer, passei o braço em torno dos
de ver.
Jorge.
Só que tinha mais medo ainda de perdê-lo sem conseguir dizer a ele
— Eu amo você.
você, Caio.
— Não disse que te amo por nada disso — afirmei, segurando seu
rosto, encostando minha testa na sua. — Disse porque é verdade. Eu sou
completamente louca por você. Se eu soubesse que o final seria com você,
enfrentaria as dores novamente. Você curou uma coisa que nunca pensei
que poderia ser curada, meu coração. E não quero machucar o seu, porque
podemos viver juntos. Nossa casa, nosso Ravi, nosso futuro. Não me
importo com minhas dores do passado, nem com tudo que pode acontecer.
Eu sou corajosa.
Megerinha.
distância que nos cercava. Puxei uma respiração lenta enquanto os lábios de
casamento da sua irmã e você estava tão linda que acho que me apaixonei
um pouco apenas por olhá-la. — Deslizou os dedos por meus cabelos,
mantendo-me próximo a ele, mesmo que não possa me abraçar por causa do
braço. — Eu disse a Sabrina que um dia me casaria com você e, talvez,
tenha razão, porque, no fim, quero mesmo me casar com você, Lilian
Santiago.
Fingi pensar.
— Hum...
sala de espera do outro lado, segurando o pequeno Ravi nos braços, como
se o menino pudesse quebrar a qualquer momento.
muito.
Neguei com a cabeça, não querendo dizer que meu coração quase
saiu do peito.
como se fosse a coisa mais normal do mundo e aquilo fez meu coração
dolorido por dias finalmente sorrir.
Caio tinha razão quando falou que iria ficar tudo bem.
Josiane não deixou Caio sair do hospital e até mesmo brigou com o
médico de plantão para deixar o filho internado, mesmo sob os protestos do
Ela afirmou que o filho precisava de observação e que ele iria ter
observação.
Caio ficou tomando soro e analgésico por causa das dores no corpo,
Josiane me fez prometer que iria para casa com o menino, mas não
queria sair de perto de Caio e dali era só virar a cabeça e vê-lo deitado.
— Ficou tudo bem, né? — O meu suspiro foi mais alto do que o
continuei falando, sabendo que no futuro, ele não saberia que quase teve um
irmão. — Mas, as coisas acontecem da forma que Deus quer e,
Ravi sempre seria amado por mim, porém, sabia que ele sempre
seria de Sabrina.
Ela me amava.
adormecido, por causa dos analgésicos, mas ali estava eu, encarando Lilian
adormecida nas poltronas da sala de espera enquanto pensava nos motivos
Era tudo tão insano que repetia as palavras dela a cada momento em
minha mente.
falou que era para irmos para casa dela, para almoçarmos lá, já que eu era
irresponsável o suficiente para sair do conforto do hospital.
— Oi, querido — falei para Apolo assim que entrei na casa da
Dei risada, vendo Lilian colocar nossas bolsas sobre o sofá da sala
de estar.
Ela estava decidida a fazer tudo sozinha, mas não deixei, afirmando
— Você me parece estar feliz demais para quem foi jogado a mais
de dois metros por um carro... — Ela me encarou com desconfiança e
encarei Lilian, sorrindo para minha atual namorada. — Ah, já sei... Entendi
rebateu.
magoem, mas acho que vocês dois já são calejados o suficiente para isso.
Lilian assentiu.
significava.
— Nada.
felicidade.
lábios.
— Quero que seja minha. Vamos começar devagar. Quero que seja
minha namorada e divida a casa comigo e meu filho — sussurrei. — Vamos
usar isso para fortalecer nosso forte. É a nossa proteção, Lilian. Sei que tem
medo e também tenho, mas sei que somos maiores que eles... — Beijei cada
uma das lágrimas que caíam dos seus olhos, e ela fungou.
desci a mão por suas costas, alcançando a barra da camisola de renda preta
que Lilian estava vestida.
completamente alheia ao fato de que fazia mais de uma hora que acordei.
Dormir com Lilian nunca era uma coisa ruim, longe disso, e olha
que sempre odiei dividir meu espaço.
polaroids coladas ao lado, pois foram as datas que ela passou conosco.
O quarto mês estava vazio, não havia nada, porque foi o tempo em
que ficamos separados.
Suspirei, entrando no banho e assim que saí, decidi que era melhor
nem lembrar Lilian do mêsversário, porque sinceramente eu não queria
de sair do apartamento.
caminhando.
o sorriso do rosto.
fosse um pouco mais profundo nos meus pensamentos sobre aquilo, sabia
que era como descer uma ladeira de onde não poderia voltar.
É você saber que nunca vai ter o passado de volta, mesmo que você
queira muito lamentar por ele. Saber que se o fizer, não conseguirá subir de
homem era.
maluquice vir aqui falar sobre esse assunto. — Coloquei o jarro de flores no
meio do túmulo branco. — Só que queria realmente ter conhecido você. Sei
que se estivesse aqui, ela nem olharia para mim, e, principalmente, que
você era o amor da vida dela. Porém, acho que você era um cara incrível,
“Só Deus sabe como Lilian é, e para ela amar tanto o Jorge, ele
— Não fico feliz com você indo tão cedo, porque isso machuca a
Lilian, e mesmo que você estivesse aqui, sei que teria me apaixonado por
ela caso tivesse chance — sussurrei a última parte.
Fugi por anos dela porque tinha consciência do que sentia e do que
ela causaria em mim.
— Só queria dizer que vou cuidar bem dela. Não tem nada no
mundo mais precioso do que Lilian e meu filho, e passarei todos os dias
cuidando do coração que um dia foi partido quando você se foi — prometi a
última coisa, sabendo que era impossível saber se ele me ouvia ou não.
Era uma coisa que só quem mexia com espiritualidade poderia dizer.
Mas a promessa era mais para mim do que para ele, afinal, Lilian
merecia.
Apolo foi o mais animado de nós dois com aquilo e correu porta
adentro para conferir o que Lilian estava cozinhando.
— Por que tem dois bolos assando? Só fiquei fora uma hora.
Ela corou.
Sorri.
parte, e soltei um gemido. — Por favor! Marquei dois dias antes para que
você não se sinta pressionado com o luto e...
vestido com camisa social e uma pequena gravatinha, além da calça jeans
minúscula que coube nele com perfeição.
um dos mais novos dele, porque realmente parecia uma roupa legal.
que mandei gravar a inicial dele havia poucas semanas, sem que ele fizesse
ideia.
tarde, quando você estiver sendo a estrela da festa com seu lookzinho de
amava.
Caí em cima dele, para desviar do bolo entre nós dois e ri quando
ele levantou a câmera, segurando-me para que não saísse do lugar.
pegar Ravi e colocá-lo no meu colo, puxando o bolo para próximo de nós
dois.
Tínhamos tirado fotos na cozinha, como todas as outras vezes, mas
piscina.
Enzo nunca reclamava sobre nada que Amora fazia. Os dois eram
E mesmo que fosse um bolo simples, ainda assim, era a coisa que eu
Era o fato de fazer algo especial para ele, tirar um tempo para
aquilo.
vestido.
com carinho.
de bebê.
copos sobre a mesa. Ele olhou em minha direção, sorrindo e fiz o mesmo,
sentindo o coração saltar no peito com aquele homem me encarando.
que fugia de todas as reuniões por causa da pressão? — ela falou a última
frase mais alto, fazendo meu namorado rir, encabulado.
Não foi nada de mais, ela só levou um pequeno susto com a queda e
Então, tirei mais uma foto dos dois homens da minha vida,
E deu certo.
algumas semanas.
melancia.
— Cheguei.
Sorri, pegando Ravi do chão para ele chegar mais perto do pai.
A primeira palavra demorou para sair dos lábios dele e foi “Apóio”,
surpreendendo a todos.
porém, duas semanas mais tarde veio o primeiro “papa”, deixando Caio
Caio riu.
— Eu fiz muitos relatórios e tive uma reunião chata com seu primo.
com Leon e pela tarde, no hospital. Ele havia mudado a rotina para pegar
dois turnos diferentes e ter uma folga dos dois empregos no fim da semana
para ficar com a gente.
Eu nunca reclamei do fato dele trabalhar tanto, mas adorava que ele
se preocupava em ficar conosco.
blusa do pai.
— Mas sabe que ele vai te ver como uma mãe, Lili — declarou o
óbvio.
Sim, era claro que ele iria, mas nunca pensei em como reagir caso
aquilo chegasse a acontecer.
Meu namorado sorriu, tão lindamente, tão calmo, que quase me fez
chorar.
Ele sorriu.
— Ele vai saber sobre ela assim que puder entender, Lili, eu
decisões, somos tudo o que ele tem. Gosto de pensar que quando ele
crescer, ainda seremos mamãe e papai dele, porque ele é nosso. Por um
acaso do destino, mas é. E eu sempre vou amá-lo.
Porém, fazia parte da minha nova vida ser corajosa, mesmo quando
o medo ameaçasse me travar.
Caio suspirou.
com medo de dar errado e não viver uma vida maravilhosa com você, vai
ser muito pior. Então, estou apenas vivendo.
dei.
Não de ser mãe, acho que enfrentaria qualquer coisa para ser mãe, mas
tenho medo de que caso aconteça de novo e não consiga superar como da
última vez.
ter um bebê no futuro. — Tocou meu ventre. — Assim que se sentir pronta,
podemos começar a treinar para isso... — A parte final veio como uma
possível, ainda tem tantas opções. A família dos nossos irmãos me inspira a
fecharem conforme ele tocava minha pele, tão leve que me fazia encostar
mais contra ele, querendo senti-lo. — Caio — repreendi quando ele desceu
a mão.
que estavam cobertas apenas pela camisa que era mais comprida que o
normal e não me deixava nua enquanto fazia comida.
Beijei sua pele, com meus dedos brincando com sua boceta, até que
alcancei sua entrada, escorregando dois dedos dentro dela, fazendo-a gemer,
com o corpo inclinado para frente, apoiado contra o sofá da nossa sala de
estar.
levantando a camisa até que tive a visão da sua bunda empinada em minha
direção.
— Diga o que quer, amor — falei, esfregando meu pau contra sua
bunda.
“Meu Deus, que mulher deliciosa...”
— Caio... — implorou.
entrada.
— Fizemos sem.
— Sim.
— Sabe que...
— Sei.
Sorri.
— Muito.
— Tomo remédio?
Sabia que ela se referia à pílula do dia seguinte, mesmo que não
ele esteja maiorzinho, podemos esperar. Até lá, ficamos de olho na questão
de saúde e exames periódicos, para quando acontecer nossos corpos estejam
— Acho ótimo.
importante.
ri.
longe um do outro.
Assenti lentamente.
ganharia.
— Ok.
Nós dois sabíamos que não era tão simples assim, pois mesmo os
melhores métodos contraceptivos ainda havia riscos, mas não falaria aquilo
naquele momento.
fazer uma festinha onde fosse uma real comemoração, porém, que também
com o tempo passando e ele se tornando cada vez mais dono do nosso
apartamento.
— Apóio, Apóio...
direção ao cachorro que passou por nós, suspirei vendo a roupa que
coloquei naquela manhã completamente suja dele rolar pela varanda da avó.
mais próximos.
Os dois não evitaram de rir de Caio, zoando pelo fato de que ele
afastando-se novamente.
única coisa encomendada foi a comida, pois não queríamos passar horas no
fogão.
minha cabeça.
Não que ele fosse crescer de uma hora para outra, afinal ele ainda
Só queria saber de andar por todos os lados e parecia que não estava
mais cabendo nos nossos colos.
Caio sorriu.
encarou o filho, vendo que o menino não parava quieto e era acompanhado
por Lara.
Os dois tinham apenas alguns meses de diferença, Lara já andava
com mais confiança e falava mais palavras, enquanto Ravi era mais lento
nos passinhos e pedia as coisas numa língua que só Caio e eu entendíamos.
— Ele é tão amado e sei que era isso que Sabrina iria querer. A
maior preocupação dela era deixar o filho bem, por isso criamos uma
mentira. Ela não quis tirar o bebê, nem se aproximar do pai dela, mesmo
sabendo que ele poderia protegê-la, porque sabia que Ravi era indesejado
Loirinho mesmo.
mais loiro. E apesar da aparência dele lembrar muito ela, o menino não iria
ter o mesmo tom de cabelo dela.
Caio sorriu.
— Não — murmurou, passando o braço em torno dos meus ombros,
beijando o canto da minha testa.
O fim do dia chegou rápido e assim que vi, a casa da mãe de Caio
estava cheia de convidados.
arqueava a sobrancelha em minha direção cada vez que via mais alguém
aparecer na porta.
testa na minha.
perto do hospital e um pouco perto da saída da cidade, então fica fácil para
irmos para a fazenda. Sem falar que teremos mamãe perto o suficiente.
Queria morar perto das pessoas que amava e aquilo não era
nenhuma dificuldade.
— Seu cachorro é quase a miss simpatia — Heloísa falou, parando
Rimos da cena.
Ela estava bonita e parecia mais leve do que a Heloísa que conheci
no casamento de Alice.
Ela e Rafael estavam noivos havia muito tempo, porém, ainda não
de se casarem, pois ela disse que não iria se casar grávida, mas tudo não
rindo.
Quase oito horas da noite, e as crianças ainda estavam por ali,
A festa havia começado mais cedo, pois Lilian não queria que
terminasse tão tarde, então a maioria dos convidados já tinham ido embora.
— Nem quando Helena invadiu sua casa e disse que você tinha uma
filha? — Will perguntou, recebendo um olhar atravessado do amigo. —
risada.
Ninguém emitiu uma opinião sobre a versão de Rafael, mas via que
Sorri com o gesto, vendo que Alice tinha os olhos sobre mim,
Não era preciso muito para entender que já estávamos naquela fase.
Mas a única pessoa que sabia realmente era mamãe e ela estava
sentada numa cadeira ao lado de Lilian, escondendo o sorriso por trás das
mãos, quando me abaixei ao lado da minha namorada.
ajoelhado ao seu lado. — Meu Deus, você quase me mata de.... — A frase
morreu nos seus lábios, quando me viu estender a caixinha em sua direção.
falei de todas as formas que amo você... — Toquei sua mão, puxando-a
— Amo cada coisa em você, Lili. E acho que tenho este sentimento
quando você me deu o fora e em seguida falei para minha amiga que um dia
Assenti.
mas sei que faz isso até mesmo com coisas felizes — murmurei, deslizando
as mãos por sua bochecha, as deixando livre das lágrimas. — Não tem nada
no mundo mais precioso do que você e meu filho, Megera. Passarei todos
os dias cuidando do seu coração lindo, se você quiser ser minha esposa.
Ela usava sempre ele, desde quando ganhou, mas só percebi que
tinha minha inicial gravada nas costas havia algumas semanas, quando
E sabia bem que ela não estava lá quando comprei, então toda vez
que via o colar, me fazia sorrir.
Caminhei pelo corredor do Vale Fontana enquanto observava as
pinturas pregadas na parede. Eram obras de artes bonitas, algumas bem
conhecidas, outras nem tanto, e franzi o cenho, parando em frente a uma
Em algumas horas diria sim, para Caio no altar e não esperava que
ignorar.
Sim, tinha medo de que alguma coisa acontecesse com Caio, ou com
pensava que ele iria acabar mais independente e se afastar, mas foi o
contrário.
E, naquele instante, com seus dois aninhos completos, ele não podia
caminho, mas o fato dele escolher justo naquele momento para querer viver
no colo era preocupante.
Eu vinha tendo total controle dos meus períodos desde que Caio e
eu voltamos e só ficamos sem proteção quando tivemos a conversa sobre
Perdi nosso bebê porque não sabia que estava grávida e aquilo não
— Vem com a tia, Alice, querido, sua mamãe não pode pegar peso
— Alice falou enquanto Caio se aproximava, franzindo o cenho.
Eu não havia falado com ele sobre o bebê ainda, estávamos cientes
que poderia ter acontecido, mas não tínhamos uma confirmação.
noivo, e o encarei.
O que mais me agradava era poder falar sobre tudo aquilo com Caio
meses, mas o que mais me marcou foi o fato dele ter ido comigo conhecer a
pessoa que recebeu o coração de Jorge.
Sorri com suas palavras que eram simples, mas diziam muito.
Ele sabia o quanto tinha medo, assim como eu sabia o quanto ele
Não iríamos sair de lua de mel para longe, decidimos ficar em Bento
dele coberta por parte do vestido preto rodado que escolhi para tomar café
Sua boca tocou meu ventre, e eu quase chorei quando ele o beijou.
Sorri.
— Eu também — confidenciei.
significado dele para nós. Era a realização do que tinha sonhado desde que
saí daquele hospital, desesperada, sem saber como iria superar a perda que
sofri.
Só que eu superei.
Para ele, estávamos apenas nos casando como havíamos dito que
O local era lindo e o casamento perto do salão dos vinhedos foi uma
mesmo que me doesse um pouco ainda, minha família, pai e mãe, estavam
ali.
Nossa evolução estava sendo boa, não incrível, mas boa.
Não havia nada que desejasse mais do que um futuro ao lado dele.
— Pronta — confirmei.
Estava pronta, estava sendo corajosa e não iria pensar em tudo que
poderia machucar, mas nas coisas boas que iríamos ter juntos.
Quando caminhei em sua direção, sabia que de todas as minhas
Mas quando ela me contou sobre o bebê que esperava, meu coração
machucado por causa do passado se acalmou.
primeira fileira, era algo simbólico para que Sabrina estivesse ali.
Eu queria muito que minha amiga tivesse vivido para me ver dizer
— Agora os dois são nossos titios, até a tia Lili que agora não é só
Eu poderia jurar que Amora iria mostrar a língua de volta para Enzo
que fez uma careta ao ser repreendido por Alice, antes dela se levantar para
chamar Lilian.
Ela hesitou, mas foi abordada por nosso pequeno, que falou um
sonhando.
votos, sabia que nada no mundo me faria mais feliz do que passar a vida
Ter Lilian na minha vida era a realização mais bonita que já tive e
prever.
Deslizei a espátula sobre o chantili branco, focando toda minha
atenção em uma simples tarefa que parecia bem mais fácil com todos os
milhares de vídeos que vi na internet na última semana.
Os dois juntos eram uma coisa realmente boa de ver, pois era um
casal completo.
Sim, completo.
O que ela não sabia era que combinei com Alice para aparecer no
dia seguinte, pois sabia que as duas nunca passavam as datas importantes
separadas.
Quis fazer aquilo porque queria que Lilian estivesse próxima das
pessoas que ela amava.
— Sim, fica quietinho para sua mãe não acordar antes do momento
certo — falei, encarando minha obra enquanto deixava o resmungo sair dos
meus lábios.
Aquilo não estava da forma que desejei e por isso comprei um bolo
espreguiçava.
pia, fazendo com que ela levantasse a cabeça, encarando o bolo com
— Caio...
Lilian sorriu.
estávamos cientes que depois daquela gestação, ter mais filhos não poderia
ser uma opção recorrente, pois era muita preocupação.
Só que Deus havia nos abençoado com dois bebês em seu ventre e
pensar naquilo ainda aquecia meu coração, porque seria dois sonhos
bolo.
— Mas Lili...
Tremi com medo, imaginando o gosto daquele bolo, mas não evitei
em sorrir.
— E a foto — disse, trocando as velas de lugar.
— Vem cá.
beijou.
— Eu amo você.
— Obrigada — sussurrou.
Porém, ver Ravi afundando a mãozinha no bolo nos fez rir e aceitar
tradição.
chegado.
pensava em cada coisinha que poderia dar errado e perder tudo que tinha.
Sem dúvida, não era tão forte assim para superar a perda de dois.
Porém tinha o Caio ao meu lado e toda vez que ele falava dos filhos,
preocupava que ele fosse sofrer ainda mais, caso algo acontecesse.
primeira contração.
de lágrimas.
Eu estava acabada.
Havia dois dias que dei à luz a gêmeos, não dormia bem com eles
chorando e com certeza meus seios haviam virado o novo parquinho deles.
aquela bagunça.
— Acho que eles estão deixando claro que não são uma cópia.
Apenas homenagens — brincou, e assenti.
família, Alice era a pessoa que mais amava no mundo e para Caio,
— Canto, claro.
A caminho do nosso quarto, parei no de Ravi, vendo o menino
não era mais tão necessário, porque geralmente Caio acordava quando o
Beijou meu rosto e a última coisa que vi antes de fechar os olhos foi
nossa cama.
dos dois.
Maria Alice me lembrava Lilian, os cabelos bem escuros, o mesmo
formato do rosto e os olhos castanhos, no mesmo tom.
Com certeza, ela iria mudar com o tempo, mas esperava que não.
ela, mas ele tinha um tufo de cabelos bem escuros na cabeça e os olhinhos
— Papai.
ombro.
Henry novamente, e daquela vez, o irmão não protestou, deixando que ela
dormisse próxima a ele.
Realmente, ter uma família não era fácil, requeria abrir mão de
alguns momentos nossos para cuidar deles, mas nunca faltava amor.
Eu amava tanto eles que daria qualquer coisa só para vê-los bem.
Talvez sempre lembraria e aquilo era bom, pois passou a não ser
uma dor, mas uma benção.
ainda irritada.
Nossa família queria ir para a neve naquele ano, como foi o destino
havia alguns anos. Sem contar que foi um pedido insistente de Ravi com a
Apesar das pessoas falarem o quão parecido ele era com a nossa
Igual a Lilian.
Não mudou nada desde que ele tinha três aninhos de idade e sua
Ela odiou a viagem para a neve havia cinco anos e desde então,
meu corpo.
Suspirei.
um time. Enquanto Ravi era agitado e falador, Henry era o mais calmo,
menos com Mali, pois desde o nascimento, a menina nunca deu paz ao
irmão.
Não havia coisa que Maria Alice amasse mais no mundo do que
perturbar Henry.
pode empurrar, Henry. Ela é menina! — ele exclamou, como se ser menina
fosse a diferença.
Henry suspirou.
Ele sempre parecia ficar resignado quando Ravi brigava com ele.
Não tinha um dia em que não o via apaixonado pela minha mãe, o
que só que me fazia gostar ainda mais do homem.
Sim, ela enrolou o Rafael por anos antes deles finalmente subirem
ao altar novamente.
Rafael era inteligente para muitas coisas, mas para a esposa, não.
mais novo.
Yuri Montenegro era o mascote dos herdeiros Montenegro, com
apenas três anos.
nas de Lilian, beijando o dorso, vendo sua aliança ali. Minha mão também
carregava a minha e se você subisse um pouco mais por meu braço, veria
que havia outra adição, a pequena tatuagem de asas de um anjo, com a data
Suspirei.
Fazia anos desde que perdemos o bebê e toda vez que encarava a
termos os gêmeos, e eu entendia aquilo, afinal era muita pressão para ela e
para toda nossa família. Então, optamos pela cirurgia, onde não teríamos
surpresas no futuro.
neve, rolando junto com Enzo, sendo seguida pela menor, Melinda, que
mesmo sendo alguns anos mais nova, o irmão e a prima nunca a deixava de
fora.
Ela assentiu.
havia respondido.
Só que uma coisa que quase nunca dizia era que nunca deixaria de
amá-la.
APENAS ME AME, Um amor para o CEO
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Sinopse: O CEO não sabia, mas uma única noite mudou toda a vida de
Olivia. Agora ela tinha um filho dele e ele nunca teve chance de
conhecê-lo.
⠀ OLIVIA TURNER é uma estilista que se mudou para Nova Iorque para
Mãe solo, teve que amadurecer cedo para cuidar do pequeno Archie e
apesar das adversidades, não tem nada que não faria pelo seu filho. Só que
segredo que os juntava para sempre. E ela não está preparada para rever o
primeiro homem da sua vida.
cabeça para baixo e ele não tem mais forças para seguir em frente. Anos
depois, vivendo para o trabalho, descontando sua solidão em coisas que não
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(Série onde cada livro conta a história de um casal, pode ser lido
separadamente)
Brasil, saiu da cidade natal depois de ter que assumir uma gravidez
Cinco anos depois, Mariana se salvou e seu filho é seu maior presente. Só
que ficar desempregada a faz aceitar um emprego fora de Porto Alegre para
coração partido e está no Brasil há cinco anos, vivendo como melhor lhe
convém, ou seja, festas, bebidas e mulheres. Um ultimato das irmãs o faz
voltar para casa. Ele só não esperava reencontrar a única mulher que já o
rejeitou.
Mariana parecia imune a ele. Mas ela só estava tentando proteger seu
coração.
Ele queria uma chance, mas para isso, precisa aceitar que o amor não
machuca.
Leia aqui
INIMIGO
Diana Louzada é a herdeira da qual o poderoso Felipo Fontana não
Estava tudo de acordo com os planos dele quando ela se apaixonou e ele se
entregou. Uma gravidez inesperada, uma briga que gerou um caos na vida
da jovem estudante de medicina veterinária. Ela precisava recomeçar, mas
quanto mais foge do seu passado, mais próxima dele se encontra.
O CASAMENTO DO CEO
Leia aqui
repudia. Javier representa tudo que ela não quer em um marido. E, para
início de conversa, ela nem ao menos desejava se casar, mas, ainda assim,
GRUPO DE WHATSAPP
TIKTOK
PÁGINA DA AMAZON
É estudante de pedagogia, nascida no sudeste do Pará, se apaixonou
por livros ainda na adolescência por meio das fantasias de Rick Riordan e
Outros títulos:
4. Apenas me ame
5. Sempre te amarei
6. A redenção do fazendeiro
7. Minha escolha
8. O casamento do CEO
[1]
Animal sem raça definida.