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Copyright © 2022, Joane Silva

Silva, Joane

DESEJADA POR ELES

1ª Ed.

Brasília - DF, 2022

Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua


Portuguesa. Todos os direitos reservados.

É proibida a reprodução total e parcial desta obra, de

qualquer forma ou por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive


por meio de processos xerográficos, incluindo ainda o uso da

internet, sem permissão de seu editor.

A violação de direitos autorais é crime previsto na lei nº.


9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares

e acontecimentos descritos são produtos da imaginação do autor,


qualquer semelhança com acontecimentos reais é mera

coincidência. Todos os direitos desta edição reservados pela autora.


AVISOS

Este livro possui linguagem crua e cenas de teor sexual.


Não recomendado para menores de 18 anos.
SINOPSE

Criada por pais religiosos e ensinada a seguir regras


rígidas, Amora sente que não sabe quem é a pessoa que se tornou.

Quando faz dezenove anos e se muda para outro estado,


a garota conhece a liberdade do mundo cheio de pecados,
sensações e tentações que uma alma sedenta não poderia resistir.

Tudo parece demasiadamente sufocante, até que dois

homens entram na sua vida. Hugo e Luca são como o sol e a lua, o
fogo e o gelo, opostos que se complementam de alguma forma.
Opostos que seduzem os anseios do seu corpo, alma e coração.

Amora não tinha nada e agora quer tudo, mas será que
ela está pronta para homens poderosos, misteriosos e possessivos

como os primos Ferrari?

Desejada por eles é um romance quente entre dois


homens e uma jovem em processo de descoberta. Uma história de

amor quente, cuja paixão resiste aos limites impostos.


EPÍGRAFE

Amo como ama o amor. Não conheço nenhuma outra


razão para amar senão amar. Que queres que te diga, além de que

te amo, se o que quero dizer-te é que te amo?

Fernando Pessoa
SUMÁRIO

PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
EPÍLOGO
LEIA TAMBÉM
SOBRE A AUTORA
PRÓLOGO

AMORA

Pai nosso que estais nos Céus, santificado seja o vosso

Nome, venha a nós o vosso Reino, seja feita a vossa vontade assim
na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje,
perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem
nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos

do Mal. Amém.

Aos sussurros, as palavras escapam dos meus lábios,


mas cada uma delas faz com que eu me sinta a pessoa mais

hipócrita e pecadora do mundo. Todos esses sentimentos


conflituosos surgem no meio de uma missa de domingo na paróquia

que conheço tanto quanto a minha própria casa.

Ao mesmo tempo em que a palavra pecadora me causa

aflição, pois os meus pais me ensinaram com fervor a como evitar o


pecado, ela também me deixa curiosa. Pecar é fazer algo muito

errado, ter ações que não agradam a Deus.


Mas pecar também é fazer o que se tem vontade e

satisfazer os desejos carnais, não por ser uma pessoa má, mas
somente porque o pecado é algo irresistível, um anseio que vem

das profundezas da alma. A vontade de pecar vem de um lugar que,

felizmente, ninguém consegue enxergar, nem mesmo os olhos


sábios e atentos de pessoas que parecem saber as respostas para

todas as questões do mundo. Pessoas como a minha mãe.

— Filha. — Ouço uma voz distante e um dedo cutucando

o meu ombro de maneira insistente. Só assim desperto para a


realidade de onde e com quem estou.

— O que aconteceu?

— A missa começou e terminou enquanto estava perdida

em pensamentos. Você não tem jeito, não é, Amora?

— Não sei do que a senhora está falando, mamãe —

minto.

É claro que sei, ouço a mesma ladainha desde criança.

Ela não cansa de falar as mesmas coisas e eu não tomo jeito. Nada

muda, e não é por falta de tentativa de nenhuma das partes.

— Não sabe? — indaga com ceticismo e eu dou de


ombro, enquanto caminhamos entre os bancos da paróquia em
direção a saída. — Você é assim desde criança. Não importa
quantas vezes venha a missa, sempre estará com os pensamentos

em outros lugares. Não adianta sair de casa se não fizer com o

coração aberto, filha — fala, eu balanço a cabeça com resignação.

Não é que eu não goste de vir à igreja. Como poderia

odiar se cresci ouvindo os sermões do padre Emílio todos os


domingos?

O que está me incomodando cada dia mais é o

sentimento de culpa por todas as coisas que faço e as que desejo

fazer fora daqui. Na intimidade do meu quarto, e em um lugar íntimo

que somente eu tenho acesso, não sou a garota certinha que os

meus pais muito devotos pensam, ou esperam que eu seja.

Não sou a pessoa que finjo ser até para mim mesma

quando não estou protegida pelas paredes do meu quarto.

— Você não ouviu o que eu falei, ouviu? — Mamãe se

irrita e dá um leve beliscão no meu braço. Tudo enquanto sorri para


as outras beatas.

Ao olhar rapidamente para trás, me deparo com o meu

pai conversando com o padre e amigo de adolescência. Às vezes


chego a pensar que ele gosta mais do padre do que da minha mãe

e de mim.

— Desculpa, dona Gerusa. Estou morrendo de dor de

cabeça — justifico-me, e apesar de não ser toda a verdade, não


estou mentindo.

— Virou a noite de novo? — pergunta, ao sairmos para o


pátio da paróquia. Ela aproveita para falar comigo, pois logo as

suas amigas se aproximarão e monopolizarão sua atenção. —


Entendo o fato de você ter sonhos grandes, Amora. O seu pai e eu
nos orgulhamos da sua garra...

Sei que tem um “mas” vindo aí.

— Mas?

— Mas você está exagerando e deixando de viver por

causa desse sonho. Estude, mas viva. Saia com as suas amigas e
curta dias lindos de sol como o de hoje — aconselha, então ergue a

cabeça e sorri com os olhos fechados para o céu.

Aos quarenta e dois anos, minha mãe é uma mulher

muito bonita, vivaz e apaixonada pelo meu pai. Eles são um casal
exemplar para todos os membros da congregação. Sinto orgulho
deles, mas também sinto o peso da responsabilidade, porque todos
esperam que eu seja a filha perfeita e um exemplo para as outras

garotas da minha idade. Tenho apenas dezessete anos, mas quase


sempre sinto que tenho o dobro.

— Eu pretendo viver, mamãe. Mas farei isso depois que


cumprir com o meu objetivo, que consiste em dar o primeiro passo

rumo ao sucesso.

— Só não se esqueça de quem você é e de onde veio

quando alcançar o sucesso que tanto busca. Uma pessoa não é


nada sem a sua verdadeira essência.

— Eu sei, dona Gerusa — falo.

O pior é que sei mesmo. Se Gerusa soubesse que na

prática ainda não cheguei a fazer nada para a decepcionar, teria


poupado muita saliva que gastou comigo.

— Você é a filha que eu pedi a Deus. Tenha isso em


mente — declara, ao me abraçar rapidamente.

Gosto muito dos momentos de sensibilidade da minha


mãe, mas às vezes sinto que ela tenta colocar algum tipo de

pressão para que eu não chegue nem mesmo a cogitar desviar do


bom caminho.
— Espero não estar atrapalhando esse momento bonito
entre mãe e filha — uma das amigas da minha mãe fala. Ao
desfazer o nosso abraço, olho em volta e, como não poderia deixar

de ser, vejo um grupo de mulheres nos cercando.

Se fôssemos abelhas em uma colmeia, mamãe seria a


abelha rainha.

— Vocês sabem que nunca interrompem — Gerusa

afirma sorrindo.

Diferente de mim, ela é perita em lidar com as pessoas


de forma cordial. Faz tudo sem parecer forçada.

Já eu...

— Você! Nem pense em se esconder — Jussara surge do

nada na minha frente e entrelaça o braço no meu.

Ela, assim como as outras garotas que frequentam a


paróquia, é minha amiga desde sempre. Não me lembro de uma

época em que não era próxima das mesmas garotas.

— Eu não estava indo me esconder — falo, mas estou


mentindo.

— É claro que estava. Você mudou muito, Amora.


Sim, eu mudei. Nos afastamos um pouco e a culpa é
única e exclusivamente minha por desejar algo desconhecido. Sei
que pode parecer loucura, mas não faço ideia do que anseio. Minha

única certeza é de precisar de uma vida diferente da que levo. A


única vida que conheço.

— As pessoas mudam e nós crescemos — falo.

— Crescer não significa deixar as antigas amizades de


lado. Que conversa estranha essa sua.

Ela não me entende, mas não a culpo, pois ninguém

entenderia.

— Desculpa, eu... só estou cansada.

Sim, é a mesma desculpa de sempre para todas as


pessoas há algum tempo.

— Você vai conseguir, amiga — Jussara afirma e rezo

todos os dias para que esteja certa. Eu preciso que dê certo. — A


galera está combinando uma saída para depois do almoço. Quer vir

com a gente?

— Eu não sei.
Não quero ir, mas não direi para não magoar os

sentimentos da Jussara e dos outros.

— Por favor, Amora! — ela insiste. — Você tem que

aproveitar os seus amigos agora. Se tudo correr bem, em breve

estará longe e não teremos outra oportunidade como essa tão

cedo.

— Tudo bem, eu irei. Mais tarde você me liga para

combinarmos a saída — digo, e ela mostra o seu sorriso de

satisfação. — Mas nada de parques de diversões, não temos mais


dez anos — brinco.

No caminho de volta para casa, fico em silêncio no banco

de trás do carro enquanto os meus pais conversam de forma

animada.

Eu estava tranquila até parar e conversar com a minha

amiga de infância. Agora tenho uma saída marcada, mas sinto


desânimo só de pensar em estar com pessoas que eu conheço,

mas que não me conhecem. Não mais.

Faz um tempo que passei a me sentir desanimada e sem

vontade de sair com eles. Não quero mais estar com garotas que
me tratam como um ser de outro mundo só porque desejo mais do

que me casar e ter filhos. Filhos que, provavelmente, teriam a

mesma vida que eu. Não sou julgada por causa dos meus sonhos,

mas também não estou interessada no incentivo de pessoas que


não querem sair do lugar.

Sem contar uns dois ou três rapazes que são colegas de

congregação, mas que não escondem que querem ter algo a mais
comigo. Ter mais na minha realidade significa namoro de no máximo

um ano para fugir da tentação, depois casamento e filhos antes dos

vinte e cinco.

Foi assim que aconteceu com os nossos pais, mas não é


o que quero para mim. Quando eu for beijada, quero que seja com

paixão, bem diferente do único e desastroso beijo que dei em um

garoto de quem gostava no colégio

Não sei nada sobre paixão, ou sobre a liberdade de fazer

o que quiser com o meu corpo e as minhas vontades, mas sei que
tudo isso existe em algum lugar e sonho que um dia será a minha

vez.

Quanto ao pecado? Peco todos os dias quando desejo a

liberdade longe do molde que foi feito para mim. Peco quando sinto

medo do que eu poderia fazer se fosse outra pessoa e estivesse em

outro lugar.

— Não se tranque no quarto — o meu pai fala alto da

sala quando já estou passando a chave na porta.

Tenho ficado mais trancada do que deveria e não sei

como os meus pais não perceberam. Com certeza não notaram, ou


teriam dito algo.

Aqui no meu cantinho, sinto que criei um universo à parte

que é só meu, um lugar onde posso ser eu mesma. A culpa não


chega até mim quando estou aqui.

— Como diz a sua mãe, todo dia é dia — sussurro, ao

trocar minha calça por um vestido confortável e prender os meus

fios loiros no alto da cabeça.

Sento-me na minha escrivaninha para começar o dia de

estudos, porque não conseguir uma bolsa para cursar direito na


universidade particular mais conceituada de São Paulo não é uma

opção para mim.

O problema é que a minha mente está cheia e o meu

corpo tenso demais e não tenho concentração suficiente para ler


uma linha sequer da apostila de estudos.

Sei exatamente o porquê de estar desconcentrada e

agitada. Tenho ciência do que o meu corpo quer agora e,

infelizmente, estou começando a ficar habituada com esse lado


escuro e vergonhoso de mim. Sentir-me vazia e necessitada depois

de chegar da missa faz com que eu me sinta especialmente doente.

Depois de vários minutos inerte olhando para a tela do

notebook, o pego em minhas mãos e levo para a cama. Com os


dedos tremendo, digito o site que quero no navegador de internet.

Depois de colocar os fones de ouvidos, ajeito-me

confortavelmente com as costas contra a cabeceira da cama, tiro a


calcinha, dobro os joelhos e separo as minhas coxas.

O meu coração sempre bate acelerado nos primeiros

momentos. Um nervosismo tão grande toma conta do meu corpo

que parece que estou sendo tocada. Para a minha completa


consternação, uma pequena parte de mim lamenta que seja apenas

uma fantasia.

Na primeira vez em que a curiosidade me venceu e eu


abri um site como esse, senti um misto de medo e nojo. Hoje,

fazendo isso quase todos os dias, porque é só depois do alívio que

me sinto relaxada, tudo o que sinto é uma vontade imensurável de


ser outra pessoa.

Queria ser um outro alguém para deixar o meu corpo

arder, para sentir o suor da minha pele e a minha respiração

ofegante. Queria ser um outro alguém para ter os meus seios


chupados por duas bocas e minha “boceta”, é dessa forma que eles

se referem a vagina, devorada com tanta força que gritaria a plenos

pulmões.

Se eu fosse outra pessoa, poderia ter dois homens na


cama comigo. Um homem me pegando por trás e outro pela frente.

Enquanto a minha boceta fica molhada e os meus dedos

trabalham com afinco em busca de alívio, a minha mente entra em


conflito, pois ainda sou a filha exemplar de pais extremamente

religiosos. Uma filha que daria tudo para ser outra pessoa que

tivesse liberdade para agir como a atriz do vídeo erótico.


CAPÍTULO 1

AMORA

DOIS ANOS DEPOIS

Quando coloco os meus dois pés na calçada do campus


da UFER, Universidade Ferrari, sinto-me como se estivesse
entrando em um novo e estranho mundo. É tão diferente da
realidade de onde venho que tudo em mim se agita.

Foram mais de dois anos focada e afastada das pessoas


mais próximas de mim para que esse sonho se tornasse realidade.
Agora que estou aqui, pronta para dar início a longa jornada que me

guiará rumo ao sucesso, posso finalmente respirar fundo e dizer


para mim mesma ou gritar para o mundo que venci. Sim, eu venci e
estou exatamente onde gostaria de estar aos dezenove anos de

idade.

É engraçado como os prédios altos e a grande estrutura


que compõem a universidade são assustadores de uma forma que

me tornam pequena. Ao mesmo tempo, sinto um misto de excitação

e ansiedade para finalmente viver uma nova vida.


Sim, eu sei que o fato de estar aqui não significa que me

tornarei outra pessoa, ou que a filha recatada e modelo da dona


Gerusa e do seu Jorge deixará de existir, mas a liberdade pela qual

tanto ansiei está começando a fazer morada dentro de mim pouco a

pouco.

— Pela carinha, você acabou de chegar. Estou certa? —


Ouço uma voz atrás de mim, volto a minha cabeça para trás e dou

de cara com uma moça que parece ter a mesma idade que eu.

É uma menina linda, cuja pele dourada e cabelos loiros


platinados, vários tons mais claros do que os meus, fazem parecer

que ela passa muitas horas debaixo do sol. Será que a garota é

uma surfista?

— Você está certa, acabei de chegar e não consigo

fechar a minha boca de jeito nenhum — comento e dou uma

risadinha que a faz rir junto comigo.

É perturbador perceber como eu me sentia estranha na

minha cidade, tão inadequada que era incapaz de ainda ter alguma

afinidade com pessoas tão próximas, e como o sorriso vem fácil

perto da garota que, literalmente, acabei de conhecer. Até mesmo

aquele vazio existencial parece mais suave.


— Pode me contar como veio parar aqui, loirinha? Tá, eu
sei que parece uma pergunta meio óbvia, porque só temos duas

opções: o seu pai é um velho bilionário e está pagando seus

estudos, ou você entrou através de uma bolsa, mas isso nos leva

para a primeira opção, já que você é tão linda que não parece ser o

tipo de garota que passa horas debruçada em cima de livros — ela

faz um comentário cheio de julgamentos que levam em conta minha


aparência.

Mas o fato de a garota estar sorrindo me faz acreditar

que é apenas uma provocação.

— Você está brincando, não é? — questiono para ter

certeza se continuo sentindo simpatia por ela.

A surfistinha arqueia a sobrancelha, solta uma

gargalhada e então responde: — Na verdade, nunca falei tão sério

em toda a minha vida. Os meus pais me ensinaram a não julgar

pelas aparências, mas não posso fingir que você não parece ser
exatamente o tipo de pessoa que tem tudo na vida de mão beijada

pelo simples fato de ser linda e gostosa além da conta.

Gostosa?
Sei que não estou mais na minha pequena cidade do

interior, mas não consigo evitar o ato de abaixar a cabeça e corar de


maneira vergonhosa. Ninguém nunca me chamou de gostosa. Se

ela falasse algo assim na frente dos meus pais, os dois teriam um
ataque de histeria.

Para eles, até mesmo a palavra gostosa parece


pecaminosa.

— Saiba que você está muito errada, garota sem nome.


Eu sou apenas a filha recatada de uma beata e de um homem cujo
melhor amigo é um padre. Para chegar até aqui tive que dar o meu

sangue com muitas noites em claro e o rosto em cima de livros de


direito.

Apesar de estar apenas explicando alguns fatos sobre

mim, fico com medo das minhas palavras ofenderem, mas a


expressão da garota não muda e eu fico feliz por ainda existir a
possibilidade de ela se tornar a minha primeira amiga em São

Paulo.

Será bom ter uma amiga, porque não tem nada pior do

que se sentir sozinha em qualquer lugar que seja. Eu me sentia


sozinha, mesmo quando estava rodeada de pessoas e não quero
que a história se repita agora, não em um lugar onde o jogo social é

quase tão importante quanto respirar.

— Em apenas três minutos de conversa percebi que


você é franca, mas que também é doce e meiga. Por outro lado, sou
essa pessoa maluca e tagarela que está vendo. — Ela usou ótimas

palavras para nos descrever. — Não poderíamos ser mais


diferentes, mas é exatamente por isso que acredito que nos

daremos bem se você me perdoar pelo julgamento precipitado.

— Não há o que perdoar, garota sem nome — falo

quando ela entrelaça o braço no meu e começa a me levar para


dentro do prédio. — Eu me chamo Amora, e você?

— Sou Vanessa, sua nova melhor amiga.

É engraçado como ela fala frases desconcertantes como

se fosse as falas mais normais do mundo. A sua intensidade e


intimidade poderiam ser sufocantes, sobretudo, considerando que
acabamos de nos conhecer, mas era de alguém como ela que eu

estava precisando.

Não sabia desse fato até agora, mas a forma como ela
me fez sorrir com sinceridade em cinco minutos de conversa
mostrou o que realmente preciso.
Fico com a sensação de que serei engolida pelo mar de
pessoas que transitam de um lado para o outro quando entramos na
área comum do prédio. São todos jovens demais, mas imagino que,

assim como eu, saibam que estão vivendo uma etapa importante de
suas vidas, porque não é qualquer um que pode dizer que

conseguiu chegar tão longe.

Claro que não sou ingênua a ponto de não saber que

alguns homens poderosos compram a entrada dos seus filhos em


uma universidade como essa, mas também é de conhecimento

geral que o processo seletivo é rígido e que não são todos que
conseguem amolecer os corações de quem comanda esse reino
universitário com dinheiro.

— Você também é caloura? — questiono, porque ela não


parece impressionada como eu. Aparentemente, hoje é só uma

segunda-feira como outra qualquer para a minha nova amiga.

— É o meu segundo ano, espertinha. Passei da fase de


ficar com a boca aberta como você está agora

— Qual curso você faz?

— Irei me formar em engenharia civil para trabalhar na

empresa dos meus pais. Não que eu esteja muito empolgada para
continuar debaixo das asas daqueles dois, mas é muito
reconfortante saber que tenho por onde começar... Nossa! Sou
exatamente a pessoa que julguei que você fosse.

Vanessa parece sinceramente consternada e eu ofereço

um sorriso condescendente.

— Você está certa em contar com os seus pais —

comento, sem deixar de virar a cabeça de um lado para o outro,


prestando atenção a tudo que surge no meu campo de visão.

Apesar das minhas palavras, sei que estou sendo

hipócrita, porque mal via a hora de sair das asas muito protetoras

dos meus pais.

Estar aqui era tudo o que eu queria, mas não posso fingir

que o desejo de sair de Roda Velha não foi um dos motivos que me

levaram a tanto esforço. Nos últimos dois anos, quando deixei de

fingir que não estava perdida dentro de mim mesma e que não
ansiava por encontrar o meu caminho, a minha angústia se tornou

suportável.

O meu verdadeiro caminho. Minhas escolhas. Minha

própria cabeça me guiando.


— Menina, não consigo fechar a boca. Vi o quanto este

lugar era luxuoso nas fotos do Google, mas é mais impressionante


pessoalmente — comento, permitindo que Vanessa me leve para

uma mesa no refeitório.

Nós duas nos sentamos uma de frente para a outra, mas

me permito ser um pouco indelicada e continuo prestando atenção


no fluxo de pessoas indo e vindo, nas paredes muito brancas e nas

lanchonetes que cobrem os dois lados do refeitório.

Ao olhar para cima, conto cinco andares e tenho mais


certeza de que os donos deste lugar são muito ricos, considerando

a quantidade de alunos que a universidade deve receber todos os

anos nos três turnos de aulas.

— Amora, você sabe que terá cinco anos para continuar


babando, não sabe? — ela pergunta e eu balanço a cabeça dizendo

que sim. — Então para de ignorar a sua amiga e presta atenção na

conversa. — Mais uma vez, Vanessa é delicada e divertida, embora

eu mereça uma bronca.

— Desculpa, Vanessa. Ainda não consigo acreditar que

estou aqui. Parece um sonho.


— Por que tenho a sensação de que você se refere a

algo que vai além do fato de ter conseguido uma bolsa de estudos?

— Talvez você seja boa com essa coisa de intuição e

tenha percebido a verdade por trás do meu deslumbre.

Faço o comentário ciente de que a minha nova amiga

deseja saber mais. O fato não me deixa desconfortável, porque sinto

a necessidade de conversar com alguém e, de alguma forma,

Vanessa me faz acreditar que é essa pessoa.

Junto com todos os sentimentos que vão da alegria para

a ansiedade e passam pela excitação, chega o momento de colocar

para fora tudo o que reprimi durante os últimos anos da minha vida.

Talvez Vanessa se torne uma amiga de verdade, talvez


seja alguém que não voltarei a ver depois de hoje, mas ela tem

ouvidos e está disposta a me ouvir. É isso que importa.

Durante pelo menos uma hora, depois que pedimos um

lanche com refrigerante, conto a minha história para a surfista.

Não que eu tivesse muita coisa para contar, pois a minha

vida até aqui era qualquer coisa, menos interessante. De alguma

forma, preciso de aprovação, necessito que alguém me ouça e me


diga que não estou louca, que não sou uma pessoa má e que não
estava errada por ter desejado vir para bem longe dos meus pais e

de todas as pessoas que eram familiares para mim.

Preciso ouvir de alguém que não me conhece que não

sou uma pessoa horrível por querer mais do que a vida que os meus

pais têm para me dar. Por desejar ser uma pessoa diferente da que

fui criada para ser.

Depois que termino de desabafar sobre o meu

desespero, minha insatisfação e sobre o quanto me fechei dentro de

mim mesma sem deixar que ninguém entrasse até chegar ao dia de
hoje, a garota que conheço há menos de uma hora, mas que me faz

sentir que somos amigas de uma vida inteira, sorri novamente e

coloca a mão em cima da minha em sinal de conforto.

— Não me olhe com essa cara. Não espere um novo


julgamento vindo de mim, porque isso você não terá, loirinha. Na

verdade, tudo o que me contou me faz acreditar que você é uma

mulher muito forte. É forte por ter conseguido se libertar de certa

forma de uma realidade onde não se sentia satisfeita, mas também


por ter feito tudo sem machucar os seus pais no processo. Você

pode sentir que não, mas tenho certeza de que é a filha que eles

querem.
Realmente, as suas palavras aquecem o meu coração e

me deixam ainda mais leve.

— Obrigada por me ouvir, Vanessa, e não pense que sou

louca por ter despejado os meus problemas em cima de você


quando acabamos de nos conhecer. Eu realmente quero ser sua

amiga.

— Eu gostei de você — declara. — Acredite em mim

quando digo que seria preciso muito mais do que uma loirinha
problemática para me fazer sair correndo — ela brinca bem quando

um som altíssimo soa nas caixas.

— O que é isso? Nós não estamos mais no colegial — eu

falo com divertimento, deixando de lado a conversa séria e pesada


de segundos atrás. Vanessa faz o mesmo e solta uma gargalhada.

— Querida, não se engane. Por trás da estrutura luxuosa

do prédio nós temos os donos, dois homens ricos, um pouco bregas


e muito pomposos. Por outro lado, não posso negar que os dois são

lindos de morrer. — A garota se abana como se estivesse com calor,

antes de olhar para mim novamente. — Não sei por que estou

falando isso, você já deve ter visto as fotos deles por aí. Não existe
alguém no Brasil que não tenha ouvido falar dos primos, sócios e

melhores amigos inseparáveis, Hugo e Luca Ferrari.

Aparentemente, eu não sou do Brasil. É claro que já ouvi


falar os nomes e sobrenomes dos dois empresários famosos, mas

nunca dei atenção para nenhum deles. Se alguma vez vi fotos dos

dois, não me lembro.

Vanessa acaba de dizer que são muito bonitos, mas

nunca pensei que os donos de um grupo bilionário de universidades

pudessem ser algo além de velhinhos podres de ricos. Agora que

ela mencionou os caras, não posso deixar de me sentir curiosa.

— Eu... — tento começar, mas sinto vergonha de admitir

que não são só as minhas roupas longas e um pouco folgadas

demais que estão desatualizadas. Esperta como já percebi que é,

Vanessa não deixa de notar o meu constrangimento.

— Pela sua cara, e espero que saiba que os seus olhos

não conseguem esconder suas emoções, você não faz ideia de

como eles se parecem.

— Eu realmente não faço — confesso.

— Bom, isso não será um problema, porque o sinal que

você acabou de ouvir significa que, assim como no começo de todos


os semestres, estamos sendo convocadas para uma breve reunião
no auditório com os donos da universidade e professores de direito.

— O que?! — pergunto, surpresa. Tenho certeza de que

falei alto demais e que verei olhares me fuzilando por causa da

minha inconveniência se eu virar a cabeça para o lado.

— Ei, não ligue para eles. Hoje é o seu primeiro dia, é

normal que esteja toda atrapalhada. Mas você é esperta e se

acostumará rápido com o universo dos universitários meio loucos.


Logo deixará de agir como uma caipirinha — brinca

— É sério que os donos da universidade são professores

de direito?

Eu não consigo parar de pensar no quão absurda essa


ideia é. Será que os alunos conseguem se sentir à vontade sabendo

que suas notas dependem das pessoas para as quais pagam as


mensalidades?

E quanto aos alunos que, assim como eu, estão aqui por
causa de uma bolsa de estudos? Elas sentem a pressão de terem

que provar alguma coisa para os homens que têm os seus destinos
nas palmas de suas mãos?
Eu não estou nada bem. Toda a alegria e a sensação de
que estava tendo um ótimo primeiro dia se esvaíram como areia
pelos meus dedos.

— É muito sério. Mas não precisa ficar assim, querida.


Todos os semestres turmas inteiras se formam em direito e os
alunos saem vivos das aulas do professor Hugo e do professor

Luca. Embora o meu curso seja no último andar do prédio, já ouvi


dizer que o nível de exigência e seriedade dos dois não têm nada a
ver com o fato de serem os donos da universidade. Comenta-se que

eles agem com o máximo de profissionalismo possível e que sabem


separar as duas coisas.

— Eu não sei... — murmuro, não sentindo nenhuma


convicção em suas palavras. Ela pode até estar falando a verdade,

mas não consigo imaginar uma realidade diferente da aterrorizante


e repressora que criei na minha mente.

— Além do mais, você é linda com esses cabelos loiros


brilhantes, enormes olhos azuis e a boca de Angelina Jolie. Isso
sem mencionar o seu corpo, que presumo ser lindo por baixo de

roupas tão recatadas.


— Não entendi o que tudo isso tem a ver com os meus
professores.

— Tudo! Basta que você dê um sorriso na direção


daqueles dois que eles te darão dez em todas as provas.

Eu sei que a minha colega está brincando, mas a ideia


me arrepia.

Eu jamais usaria esse método para conseguir alguma


coisa na vida. Além do mais, nós estamos falando de dois
professores. Mesmo se eu fosse outra pessoa, não daria conta do

tipo de homens que devem ser.

— Eu jamais faria isso — aviso

— É claro que não faria, afinal, você foi criada pelos seus
pais. Mas eu não te julgaria se caísse na tentação — afirma,

deixando-me mais curiosa a cada segundo que passa. — Você


entenderá as minhas palavras quando colocar os olhos em cima do
Hugo e do Luca Ferrari. Vamos?

Com as mãos geladas e o coração acelerado por alguma

razão que não consigo compreender, Vanessa e eu pegamos os


nossos pertences e nos dirigimos para o auditório.
O lugar é enorme e caberia facilmente cinco mil pessoas
sentadas nas cadeiras. Apesar de estar cheio, Vanessa me puxa

para nos sentarmos nas cadeiras da primeira fileira, bem de frente


para o palco onde, provavelmente, os professores farão os
discursos de boas-vindas.

Nós esperamos no mínimo vinte minutos até eles


finalmente chegarem. Quando dois homens vestidos com ternos

escuros sobem no palco e se posicionam em cadeiras centrais de


uma fileira com mais de trinta pessoas, que imagino serem
professores, sinto que o chão está sumindo debaixo dos meus pés.

O meu coração acelera, a minha mão fica mais gelada do que


estava antes e tenho a nítida sensação de fôlego faltando.

Ouço uma risadinha ao meu lado e uma voz dizendo eu


avisei. É a voz da Vanessa. Olho em sua direção e faço uma careta

de desgosto, mas a garota simplesmente sorri.

— Você é uma traidora! — sussurro.

—Traidora? Por quê? Falei que eles eram gatos. Talvez


não tenha sido tão detalhista, mas foi de propósito, porque eu

precisava ver a sua reação. Sua calcinha está molhada?


— O que?! — Devo parecer escandalizada, mas é porque

realmente estou.

— Esqueci que você é uma garota pudica. Aposto que


não sabe o que significa estar com a calcinha molhada.

Se ela soubesse que, pelo menos na teoria, não sou tão

inocente quanto pareço...

— Não existe a menor chance de eu conseguir olhar para


esses homens todos os dias na sala de aula. Eles... eles...

Respiro fundo, tento procurar as palavras, mas só existe

uma capaz de definir o que Hugo e Luca Ferrari estão me fazendo


sentir neste exato momento.

— Eles me causam medo.


CAPÍTULO 2

AMORA

— Caramba, já vi que nós duas seremos mesmo grandes

amigas, você é muito estranha. De todas as coisas que pensei que


fosse dizer a respeito dos caras gostosos, medo não passou pela
minha cabeça.

A verdade é que nem eu mesma sei o porquê de ter

falado isso, ou o porquê de ter tido essa sensação ao bater os olhos


nos dois homens.

A quem estou tentando enganar? Eu sei, é claro que sei.

Não é deles que sinto medo, é de mim mesma.

— Esqueça o que falei. Não estou agindo de um jeito

normal, mas juro que não sou maluca como pareço ser — a minha
fala faz Vanessa soltar uma gargalhada e melhorar o clima estranho

que eu havia criado.

Estou certa de que ela chamou atenção com a risada


ruidosa, é por isso que abaixo a cabeça para não olhar para frente e
perceber que notaram a minha existência. Não quero que isso

aconteça. Não assim.

— Nossa! Que bom que você voltou atrás. As garotas


daqui abaixam as calcinhas para esses dois. E mesmo que você

não seja como elas, tenho que te avisar para não tentar nada,

porque esses caras são lindos, gostosos e um tesão, mas também


são rígidos nas regras de não se relacionarem com alunas. Duvido

que eles saibam que todas as garotas que frequentam a

universidade têm vaginas entre as pernas.

— Eu realmente não precisava ser avisada. Se estou sem

fôlego é tão somente pelo impacto da beleza óbvia deles, mas

jamais passaria pela minha cabeça sentir qualquer coisa por


homens assim.

— Homens assim?

— Eles são velhos, Vanessa!

Embora não tenha nada em seus corpos que grite a

palavra velhice, poderia apostar que Luca e Hugo Ferrari estão mais

perto dos quarenta do que dos vinte, enquanto eu acabei de

completar dezenove anos de idade.


Eles são homens, eu sou uma garota. Mesmo se um dia
fosse louca o suficiente para nutrir qualquer atração por um deles,

ou pelos dois, não teria a ilusão de ser correspondida.

— Não faço ideia da idade deles, mas enxergo bem e

vejo que são dois gostosos podres de ricos. É uma pena que ajam

como se cada garota daqui fosse transparente. — Vanessa parece


chateada de verdade enquanto fala. — Mas também não os julgo,

porque aposto que os dois têm as mulheres mais lindas do país aos

seus pés.

Toda a empolgação dela está me deixando um pouco

tonta e até respiro aliviada quando vejo que a reunião começará.

— Olhe, os professores falarão agora — comento, ao

apontar discretamente com a cabeça quando os vejo de pé na frente

dos microfones.

Quando Vanessa finalmente para de falar, esse tempinho

me mostrou que ela não preza pelo silêncio, o que é bom para
alguém como eu, que ficou tempo demais em silêncio, permito-me

apreciar intimamente todas as reações que os homens estão

causando no meu corpo e no meu coração somente com meros

olhares da minha parte.


Um loiro e um moreno. O mais baixo deles é apenas uns

dois centímetros menor do que o outro. Ambos são fortes por baixo
de seus ternos feitos sob medida, mas não fortes de um jeito

estranho que pareça que são fisiculturistas.

É estranho como são parecidos um com o outro, e

embora um tenha cabelos escuros e o outro fios dourados, a


constituição dos seus rostos é semelhante. Eles têm queixos duros

e expressões sérias. De onde estou, perturbadoramente perto,


constato que suas bocas são altamente beijáveis, apesar de eu não

entender muito de beijos para chegar à uma conclusão.

De tudo o que é belo nos professores, que pude catalogar


em questão de segundos por causa do fascínio que as belezas de

ambos causaram, nada é tão perturbadoramente perfeito quanto os


seus olhos. Dois pares de olhos, o loiro tem olhos verdes, enquanto

o moreno tem olhos castanhos e ambos encaram a multidão como


se fossem os donos do mundo.

Isso não deveria parecer fascinante para mim, afinal, os


meus pais me ensinaram que ninguém deve se sentir melhor do que

ninguém, mas não posso calar as reações do meu corpo, ou a


pontada de expectativa no meu estômago quando o loiro, Hugo,
como ele acabou de se apresentar, começa a fazer o discurso de

boas-vindas.

Suas palavras iniciam uma onda de aplausos e o som


quase me faz cair da cadeira, porque eu estava distraída demais
pensando com a vagina traidora que tenho entre as pernas. Ela tem

me dado mais dor de cabeça do que deveria.

— Um novo semestre começa hoje e vocês são vitoriosos

por estarem aqui, sobretudo por almejarem o futuro grandioso que


terão quando saírem por essas portas com seus diplomas em mãos.

Mas lembrem-se que tudo dependerá de esforços pessoais. Vocês


determinarão se terão o futuro de sucessos ou de fracassos. Cada
um aqui decidirá o quanto valerá todos os anos e todas as horas

que passará assistindo aulas e mais aulas, virando noites fazendo


trabalhos e estudando para provas. Eu vou repetir: o futuro depende

de cada um de vocês.

As palavras de Hugo Ferrari causam um tipo de arrepio

bom em minha pele, pois embora tenha dito frases clichês e óbvias,
elas são tudo em que acredito. Eu sei que o meu futuro e a minha

felicidade dentro e fora da universidade dependem de mim. Todas


as escolhas que fiz até aqui, mesmo que acompanhadas de um
pouco de culpa, foram feitas pela busca da felicidade genuína que
encontrarei em algum lugar.

Depois que Hugo termina, Luca Ferrari toma o seu lugar


e suas palavras são menos calorosas, mais práticas e o discurso é

mais longo. Tudo nele transmite frieza, mas de alguma forma me


sinto quente.

Quando os meus olhos caíram em cima dos dois homens

vários minutos atrás, senti algo como nunca havia sentido antes e
sei que não foi somente por causa da beleza de seus rostos e

corpos tentadores cobertos com roupas caras.

Foi como sentir um choque de adrenalina. Como voltar a

respirar, depois de ter passado a vida inteira semimorta. Eu não sei


nada sobre o que é uma relação amorosa entre um homem e uma

mulher, mas posso supor que isso seja atração física, o que me
deixa mortificada, pois se não bastasse sentir essas coisas por um

deles, senti algo pelos dois ao mesmo tempo e com a mesma


intensidade. Tudo isso me deixa muito assustada, principalmente
quando lembro do tipo de sexo que passei a gostar de ver nos

vídeos e dos desejos que não posso refrear.


Apesar de vir me sentindo suja e doente há um tempo por
causa dos meus anseios obscuros, sempre acreditei que estava
protegida de alguma forma, pois sempre foram desejos que nunca

se tornariam realidade. Sentia-me incapaz de ficar quente por causa


de dois homens ao mesmo tempo na vida real.

Então cheguei no meu primeiro dia de aula, olhei para os


meus futuros professores e simplesmente senti uma vontade
irresistível de esfregar uma perna na outra. Ainda estou me

segurando para não sucumbir ao desejo de fazer isso.

De repente, enquanto o moreno que verei todas as

semanas fala, a minha mente começa a criar imagens de quatro


mãos passeando pelo meu corpo, do peso de dois homens em cima

de mim, dos corpos de três pessoas suados em uma cama que

parece pequena demais para tanta gente.

De repente, eu me torno a atriz principal de todos os


filmes adultos que assisto. No lugar das atrizes, me vejo ao lado

desses dois, homens que jamais olhariam para mim com outros

olhos, mãos mundanas que eu jamais permitiria no meu corpo.

Sempre tive medo do que poderia fazer com a minha

liberdade, mas essa reação e a queimação no meu coração


mostram que eu não tinha com o que me preocupar, porque sou

incapaz de fazer algo do que passa pela minha cabeça todas as


vezes que assisto cenas de sexo ou quando sonho com elas.

A intensidade do que estou sentindo agora causa um

pouco de vertigem e tenho a sensação de não estar conseguindo

respirar direito. Quando tudo se torna demais para mim, minha única
vontade é sair correndo daqui para que eu possa voltar a mim

mesma e esquecer que pensamentos, sentimentos e sensações tão

errados em vários níveis confundiram o meu corpo e minha mente.

— Vanessa, preciso ir para casa — digo, ao me levantar

para sair

— Ei, você está bem? — ela pergunta e segura a minha

mão para impedir que eu dê mais um passo.

Minha nova amiga me olha com preocupação e isso faz

com que eu me sinta culpada por ser tão estranha. Sem conseguir

dizer mais uma palavra, simplesmente puxo a minha mão e saio

pedindo licença enquanto bato nos joelhos das pessoas que estão
sentadas na nossa fileira de cadeiras.

Enquanto caminho para fora do auditório, segurando a

bolsa na frente do meu corpo como se a minha vida dependesse


disso, sinto dois pares de olhos queimando as minhas costas, mas

não olho para trás para saber de quem são os olhares. Eu não

quero saber, talvez não tenha ninguém me olhando e eu só esteja


ficando doida de vez.

Eu deveria saber que em algum momento tudo o que lutei

para reprimir viria à tona e eu seria forçada a lidar comigo mesma. O

problema é que não quero ter que lidar com nada, porque estou aqui

apenas para estudar e pela liberdade que tanto almejei.

Felizmente, a condução passa assim que chego à parada

de ônibus que fica na frente da universidade. Os meus pensamentos

se tornam distantes durante a viagem de trinta minutos, enquanto


me forço a não pensar no que aconteceu comigo naquele auditório.

Colocarei a minha cabeça no lugar e tudo terá passado

quando eu acordar amanhã. Amanhã entrarei na sala de aula e

verei aqueles homens única e exclusivamente como meus


professores, porque é isso que eles são. Nada de fantasias sexuais

bizarras com pessoas que não fazem e jamais farão parte do meu

mundo de outra forma que não seja em uma relação acadêmica.

Apesar de ser atormentada por tais desejos com mais

frequência do que gostaria, tenho certeza de que não faria nada se


tivesse a chance. Sei que sob a casca sou totalmente a filha dos

meus pais e eles me ensinaram a como evitar o pecado.

Quando chego ao pequeno apartamento para o qual


mudei há dois dias, um lugar que dei a sorte de alugar por um preço

bom somente porque o proprietário estava precisando de alguém

para ficar de olho na sua mãe idosa que mora na porta ao lado, jogo
minha bolsa em cima do sofá velho e caminho até a geladeira para

pegar um copo com água gelada.

Às vezes parece mentira que os meus pais tenham

aceitado bem a mudança para uma grande cidade que fica tão longe
de Roda Velha, mas acredito que eles confiam na minha criação e

sentiram que não deveriam causar problemas depois de eu ter me

esforçado para conseguir a bolsa integral.

Na próxima semana começarei a fazer algumas


entrevistas para trabalhar durante meio período. Preciso arcar com
as minhas despesas, pois não quero que os meus pais gastem mais

dinheiro comigo. Basta o fato de terem continuado me sustentando

nos anos em que me dediquei totalmente aos meus estudos.

Para me distrair e esquecer dos homens perfeitos que


conseguem dominar todo um auditório somente com os seus

olhares, tomo mais um banho e coloco um filme para rodar no meu

notebook, mas nada é capaz de me prender. Como uma medida

desesperada, tento estudar, mas também desisto e decido me


alimentar.

Depois de fazer uma janta rápida, tomo um banho frio e

me deito na cama de solteiro. Depois que aprendi a apreciar o toque


macio da minha pele nos lençóis de uma cama, passei a dispensar

qualquer peça de roupa.

O problema é que estou quente demais e a fricção me

deixa sensível. Essa sensibilidade faz os meus pensamentos


voarem para lugares onde não deveriam estar. Quando finalmente

consigo dormir, o meu sono é agitado e permeado por sonhos que

são quentes e perturbadores de quatro mãos e dois pares de olhos

me olhando como se quisessem me devorar. Um par castanho e


outro par verde.
Acordo bem cedo sentindo a minha boceta úmida, quente

e estranhamente dolorida. Deve haver algo muito errado comigo...


Como é possível que eu sinta falta de toques, de gostos e arrepios?

São experiências e sensações que não tive em meus dezenove

anos de vida.
CAPÍTULO 3

AMORA

UMA SEMANA DEPOIS

— Você está contratada, moça — Tico, o dono do


barzinho que fica próximo a universidade, fala e eu fico com vontade
de sair pulando e gritando para comemorar.

Eu tinha alguns lugares em mente, mas nem nos meus

melhores sonhos imaginei que daria certo na melhor das opções.

— Tico, confie em minha palavra quando digo que você


não se arrependerá da contratação. Eu serei a melhor garçonete

que esse bar já teve.

— Ei, também não precisa forçar a barra, gatinha — Lili, a

outra garçonete de cabelos coloridos que está sendo muito legal


comigo, brinca.

Cheguei às oito e meia da manhã com um currículo

carente de experiências nas mãos e com as duas pernas tremendo,


mas logo o dono e todos os funcionários do bar marbella fizeram
com que eu me sentisse à vontade. Fiquei confiante de que iria me

sair bem no teste e fui premiada pela minha confiança recém


adquirida quando consegui o emprego de meio período.

Compreensível, o gentil proprietário garantiu que a minha

vaga será na parte da tarde. Farei turnos que começarão às uma e

quinze e terminarão às cinco e meia da tarde. Desta forma, terei


tempo de ir até a minha casa para tomar um banho e depois correr

para a universidade.

— Estou tão animada! Você quer que eu comece agora?

É isso mesmo, estou pedindo para trabalhar. Quem

poderia imaginar uma coisa dessas?

Eu realmente gostei daqui e não foi apenas pelas

pessoas ou pelo ótimo horário de trabalho. Marbella é um bar

pequeno e, aparentemente, frequentado por gente simples como

eu.

Não há muito para ser visto além de um espaço modesto,

mas sortido com todos os tipos de bebidas, uma pequena pista de

dança e no máximo trinta mesas com cadeiras do lado de dentro e

na calçada.
Lili me disse que nas noites de sexta tem música ao vivo,
mas não estarei aqui para ouvir.

— Menina, toda essa energia está nos deixando tontos.

Eu sugiro que você volte para casa, relaxe e se prepare, porque

logo verá que não é tão fácil trabalhar como garçonete,

principalmente em um barzinho tão movimentado quanto o marbella


— a garota de cabelos coloridos avisa em uma tentativa de deixar-

me ciente do que me espera.

Mas a verdade é que não estou preocupada com o que

me espera, não quando tudo parece ter começado a dar certo na

minha vida. Cheguei a São Paulo há uns dias, comecei a estudar há

uma semana e não lembro de um único dia que não tenha sido bom,
apesar de ainda estar tentando me adaptar à nova realidade.

— Tudo bem. Realmente preciso ir para casa terminar um

trabalho que deixei inacabado, mas esperem por mim amanhã no

horário combinado. — As minhas palavras, assim como a maioria


das que saíram da minha boca desde que cheguei para fazer a

entrevista, arrancam algumas risadas das pessoas que estão à

minha volta. Não sei o que estou fazendo de errado, mas acredito

que eles estão me enxergando como um ser de outro mundo. Não


julgo ninguém por isso, porque também percebo que as pessoas

que moram nesta cidade são totalmente diferentes das que vivem
em Roda Velha.

Quanto a minha empolgação, ninguém nunca entenderia,


pois só eu sei como é me sentir bem na minha própria pele pela

primeira vez, podendo fazer as minhas escolhas sem pensar na


opinião dos meus pais a todo instante.

É claro que penso neles e no que diriam sobre


determinadas coisas que desejo experimentar, mas não deixo que
as sombras de ambos me afetem, não como acontecia quando

estava debaixo de suas asas.

Ao chegar ao meu prédio, dou uma passada para ver se


a senhora Cândida está bem e meia hora depois fecho a porta do

meu apartamento que já está totalmente habitável, embora os


móveis sejam velhos. Ainda com o coração acelerado de alegria por
ter conseguido o trabalho de garçonete em um local que fica tanto

perto da faculdade quanto daqui, deixo a minha bolsa em cima do


sofá e vou até a janela para arregaçar as cortinas.

No momento, tenho a sensação de que nada pode


manchar a minha paz de espírito, mas é disso que se trata: apenas
uma sensação. No fundo, as minhas entranhas se reviram em

expectativa pelo que virá no futuro. Tenho medo de perceber que


nada está bem quanto parece, que aquela enxurrada de

sentimentos e sensações estranhas não foi sufocada como quero


acreditar que foi.

Eu fiz de tudo para não pensar neles nos últimos dias e


realmente não pensei, mas sei que o fato de não ter encontrado

com nenhum dos dois me ajudou na missão. Não sei o que sentirei
quando estiver novamente tão perto daqueles homens lindos e de

corpos perfeitos, cujas personalidades me deixam curiosa e causam


um frio na minha barriga.

Eles poderiam ser daqueles professores que não dão

aulas para calouros. Mas minha esperança morreu quando descobri


que os dois não só dão aulas para os novatos como fazem questão.

Infelizmente, será impossível me livrar da tentação. Na terça verei


direito penal com Hugo Ferrari e na quinta terei aula de direito

tributário e empresarial com Luca Ferrari.

Dei-me ao luxo de não comparecer nas aulas dos dois na

primeira semana. Eu disse para mim mesma que não perderia nada,
afinal, eram apenas aulas introdutórias em que os alunos se
apresentariam uns para os outros e para os professores. Bom,
suponho que tenha acontecido isso. Não é costume no colegial?

Só que a semana acabou, o final de semana passou e


hoje é terça-feira, o dia em que terei aula de direito penal com o

professor Hugo Ferrari, o loiro de sorriso cativante, o homem


proibido. Não posso pensar nele de outra forma que não seja uma
apropriada para a relação entre aluna e professor.

Às vezes me pergunto se não seria mais fácil se eu já


tivesse um namorado. Eu poderia ter saído de Roda Velha com

alguém, pois ter um garoto me esperando seria a forma mais fácil de


resistir aos impulsos que tento reprimir o tempo todo.

Quando a culpa vem, tento me punir e digo para mim que


não há nada de errado com quem sou e com os meus desejos.

Convenço-me de que os meus pensamentos pecadores são apenas


as consequências por ter levado uma vida de repressão, quando

tudo o que eu queria era viver e experimentar coisas que os meus


pais jamais aceitariam, experiências que alguém como eu não
deveria desejar.

O problema é que esse afago que faço em mim mesma


nos momentos de lucidez e maturidade dura pouco. Rápido demais,
volto para a corda bamba onde me equilibro entre desejar e resistir,
entre querer e renunciar.

Há momentos em que sinto que estou por um fio de


cometer um ato de rebeldia, mas também há momentos em que

sinto que nunca estive tão longe de ser alguém diferente da filha
doce e recatada do melhor amigo de um padre.

Mas talvez tudo isso seja apenas uma grande bobagem e


eu esteja sofrendo à toa, considerando que na última semana não

me senti a mesma pessoa descontrolada do auditório. Está tudo

bem, porque nenhum dos garotos que vi nos últimos dias me deixou

sensível da forma que os primos Luca e Hugo deixaram. Até então,


apenas eles foram capazes de causar alguma reação no meu corpo.

Isso é bom, não é?

É claro que é bom, porque eles seriam as últimas

pessoas no mundo com quem eu teria alguma chance. Não que eu


queira uma chance.

Já chega de palhaçada! Brigo comigo mesma pela

quantidade de tempo que ando perdendo com devaneios sem


sentido. Se a minha mãe morasse na minha cabeça, ela já teria me

dado uma bronca.


— OK, Amora, está tudo certo. Está na hora de você

fazer aquele pequeno trabalho de economia e só depois se


preocupar com a aula de direito penal.

Além de o meu professor ser ninguém menos do que o

Hugo Ferrari, e pelo que li na internet ele é um dos melhores

criminalistas do país, direito penal é a minha matéria preferida na


faculdade. Foi justamente por gostar de assistir documentários e

julgamentos sobre crimes bizarros, e outros não tão bizarros assim,

que decidi ser advogada. Quero isso desde os doze anos de idade e
não fui capaz de mudar de ideia depois de adulta.

Depois de mais de três horas com o rosto enfiado nos

livros, com os dedos doendo de tanto digitar no teclado do

notebook, começo a me preparar para a aula que começará às sete


e quinze da noite. Arrumo-me e repito o tempo todo na minha

cabeça que não estou querendo ficar bonita para ninguém, que só

preciso causar boa impressão nos meus colegas na primeira aula de


penal que comparecerei.

Depois de tomar banho, escovar os meus cabelos longos

e deixar os fios em ondas naturais, vou até o pequeno guarda-

roupa, cuja porta está por um fio, e escolho o vestido menos


recatado que possuo. Opto por uma peça de alças finas e decote

em V com estampa floral. Ele é justo até a cintura e fica mais

soltinho na parte inferior.

Trata-se de um vestido que usei poucas vezes, tudo


porque a minha mãe não gostava do comprimento. Se ela estivesse

aqui, pediria para que eu o tirasse. Restariam apenas duas opções:

a dona Gerusa me faria desistir de usar, ou faria a barra para

aumentar o tamanho do dito cujo.

Mas ela não está aqui e eu tenho todo o direito de querer

me sentir bonita como uma mulher de dezenove anos. Não preciso

me parecer com uma senhora de cinquenta anos, cuja vida consiste


em cuidar de cinco gatos e dois coelhos.

Às seis e meia da tarde, depois de rezar uma ave Maria e

pedir por proteção, como faço todos os dias ao acordar, ao deitar e

ao sair de casa, pego a minha bolsa e vou para o ponto de ônibus.

O problema de depender do transporte público é que não

dá para saber quando irei me atrasar ou quando chegarei adiantada

em algum compromisso. Logo hoje, dou o azar de pegar meu ônibus


na hora errada. Ele só passa depois que termino de contar vinte

minutos de espera no ponto de ônibus.


A aula estava marcada para começar às sete e quinze da

noite e às sete e meia paro ofegante na porta da sala de aula. Sei


que posso entrar depois do início, porque vi isso acontecer com

algumas pessoas na última semana, mas me atrasar está ao lado

de não gosto de chamar atenção na lista de coisas que mais odeio


no mundo.

Um garoto e uma garota param ao meu lado, sorriem

para mim e depois entram. Em vez de os seguir, fico parada como

uma idiota olhando para a porta, que é novamente fechada bem na


minha cara.

Sua lerda!

Depois de respirar fundo durante um minuto completo,

finalmente deixo de ser covarde, abro a porta e entro na sala de


aula. Pretendo entrar discretamente e sem fazer alarde para sentar-

me no final da sala, mas eu deveria ter imaginado que não seria tão

fácil assim.

Agindo como um babaca, o professor Hugo chama a


minha atenção e sou obrigada a olhar em sua direção. Espero

sinceramente que eu esteja fazendo cara de paisagem, porque por

dentro estou me tremendo toda. Existem vários motivos para a


minha reação e um deles é o fato de estar vendo o loiro gato ainda

mais de perto do que da outra vez.

O que será que ele quer comigo?

— Moça, olha para mim quando eu estiver falando com


você.

Sim, ele chamou a minha atenção como se eu fosse uma

criança de cinco anos fazendo birra. Fez isso na frente de uma

turma de quarenta e cinco alunos no mínimo e já não sei onde enfiar


a minha cara. Se um buraco se abrisse na minha frente, eu me

jogaria nele e nunca mais sairia de dentro.

— Desculpa, eu estava um pouco distraída — minto,

porque eu não estava distraída, apenas consternada.

— Não irei me estender sobre o seu atraso, porque

imprevistos acontecem e dois colegas seus acabaram de chegar —

o homem fala e estica o olhar para o casal que entrou antes de mim.

— Mas devo confessar que estou curioso, pois não lembro de ter te
visto na primeira aula. Acredite, eu me lembraria de você.

De tudo o que o professor Hugo acabou de falar, não sei

o que me chocou mais: se foi o fato de ele ter percebido que eu não
estava presente na aula passada, quando tinha outros mais de
quarenta alunos para prestar atenção, ou se é o último comentário

que se parece muito com um flerte.

Mas é claro que não é um flerte, porque Hugo não faria


isso em uma sala de aula nem mil anos. Nem fora dela. Além do

mais, tenho certeza de que os comentários sobre ele não se

relacionar com alunas são realmente verdadeiros. Por que eu


duvidaria disso?

O mesmo se aplica ao primo gostoso de olhar frio.

No lugar deles, e com o dinheiro que devem ter, eu

também não olharia para garotas quando poderia ter mulheres mais
velhas e experientes.

— Eu não pude comparecer. Tive um imprevisto que

envolvia assuntos pessoais — minto na cara dura e não me sinto

culpada por isso. Trata-se da minha sobrevivência nessa selva de


pedra.

Acredito que nem mesmo a minha mãe ou o meu pai me

julgariam por falar inverdades quando tudo o que desejo é sair da

sala e respirar fundo.

Enquanto o professor olha para mim sem nem ao menos

piscar, a turma inteira faz silêncio e presta atenção em cada palavra


que sai das nossas bocas.

Se por um lado estou a ponto de desmaiar pela vergonha

e por outros sentimentos nos quais não quero pensar agora, o

professor Hugo parece cem por cento controlado e até mesmo

entediado enquanto lida com uma aluna rebelde logo na segunda


aula do semestre.

— Está tudo bem, e já que você não teve a chance de se

apresentar na semana passada, eu gostaria que fizesse isso agora


— fala, engulo em seco e não consigo controlar a língua dentro da

boca. Tenho certeza de que teria menos problemas se conseguisse

domar o meu gênio de vez em quando.

— Tem certeza de que isso é realmente necessário? Nós


não estamos mais no colegial, e acredito que conseguirei conhecer

todos os meus colegas nos próximos cinco anos.

Misericórdia! Por que eu não posso simplesmente manter

a boca fechada para preservar a minha paz de espírito?

— Senhorita, você não está tentando questionar os meus

métodos, estou certo?

— Está. Foi apenas um comentário sem sentido causado

pelo nervosismo. Não sou boa em falar para tanta gente. — Agora
estou envergonhando-me e a turma inteira começa a sorrir.

O professor Hugo deve estar se perguntando o que estou


fazendo aqui se tenho medo de falar em público. Mal sabe ele que é

apenas mais uma mentira, pois timidez não está na lista dos meus
defeitos.

— Pessoal por favor! Por que vocês estão sorrindo? A


garota não contou nenhuma piada — ele chama a atenção dos

idiotas e eu sorrio por dentro. — Nós não temos a noite inteira,


apresente-se, por favor — o homem pede mais uma vez.

Ao virar-me de frente para a turma, começo a contar

sobre quem sou.

— Eu tenho dezenove anos e me chamo Amora de


Moraes. Vim de uma cidade pequena do interior para me formar em
direito e pretendo me tornar advogada criminalista.

Depois que termino de falar, a turma aplaude e eu sinto o


meu rosto corar violentamente. Também ficou surpresa quando olho
para o lado e noto que o professor também está batendo palmas,

enquanto tenta conter o riso.

Seus dentes são bonitos e seu sorriso é tão perfeito que


sinto tudo dentro de mim ficando quente. As minhas pernas tremem,
desta vez por razões diferentes.

— Muito bem, Amora. Agora você pode se sentar e

aprender tudo o que te levará a ser uma advogada brilhante daqui


alguns anos. — Depois que termina de falar, Hugo joga uma
piscadinha para mim. Será que alguém notou?

Será que isso realmente aconteceu?

É necessário que eu abrace a bolsa na frente do meu


corpo como forma de proteção, ou para me impedir de ir até ele e
tocar na sua pele que parece ser tão macia. Talvez eu implorasse

para que me deixasse beijar sua boca e sentir o toque da sua língua
na minha.

Ei, de onde saiu esse pensamento? Eu devo ter perdido a


cabeça de vez, penso enquanto passo pelos alunos e encontro uma

cadeira vazia. Sinto um par de olhos curiosos me seguindo a cada


passo que dou.

Durante a primeira parte da aula, Hugo ministra a matéria

de forma didática e paciente. Ele é tão bom no que faz que não tem
como uma pessoa não prestar atenção em cada movimento da sua
boca. Eu mesma não consigo desviar o olhar, seja pelas coisas que

ele diz ou por motivos mais promíscuos.


Na segunda metade da aula ele passa um exercício de
pesquisa, então se senta como rei na sua cadeira e fica mexendo no

celular. Eu fico dividida entre fazer o que foi proposto e levantar o


olhar em sua direção a todo instante, simplesmente porque não
consigo agir de outra forma. É como uma força me puxando para ele

e eu sou incapaz de fazer outra coisa além de entregar-me às


minhas vontades.

Que estou fascinada pela beleza do homem não é


nenhuma novidade, o que me deixa surpresa é perceber que, em
alguns momentos, ao erguer o olhar do notebook para o encarar,

flagro o professor também me encarando.

O único problema é que não sei ler o seu olhar. Não sei
se ele está gostando do que vê, se me acha bonita, ou se está
pensando no quanto sou estranha depois da cena que tivemos no

início da aula.

Sabe aquele formigamento em todo o corpo que senti no


auditório? Então, o seu olhar em mim o deixou duas vezes mais

intenso. Mais uma vez, imagino as suas mãos passeando pelo meu
corpo.
Tudo bem! Não morrerei por admitir que estou me

sentindo atraída pelo professor Hugo Ferrari, mas que mulher em sã


consciência não se sentiria atraída por tamanha beleza física? O
que dizer desse sorriso lindo e personalidade que parece ser tão

carismática e calorosa longe das paredes da universidade?

Hugo Ferrari mostrou em apenas uma aula que realmente

é competente e profissional, mas posso apostar que no âmbito


pessoal é o oposto e que deve deixar uma fila de corações partidos
por onde quer que vá.

Quando a aula termina, ajo como da última vez em que


estive perto dele e do primo e saio apressada da sala.

O problema é que faço isso sem olhar por onde estou


andando e acabo esbarrando no corredor em um corpo duro como

um pedaço de granito. Vejo a minha bolsa caindo no chão em


câmera lenta e os livros que eu estava segurando voando pelos
ares.

Agacho-me no mesmo instante para recolher os meus

pertences, mas a pessoa que provocou isso não faz o mesmo, algo
que aconteceria se estivéssemos em um filme de comédia
romântica.
Se essa cena fosse um filme, a gente se abaixaria no
mesmo instante e ficaria com os rostos muito próximos.

Como aqui é a vida real, termino de recolher o meu

material, levanto-me e olho para a pessoa em quem esbarrei. Os


olhos castanhos que me encaram estão furiosos e, pela segunda
vez na noite, sinto vontade de me esconder, ou de desmaiar para

acabar de uma vez com esse dia constrangedor.


CAPÍTULO 4

AMORA

Deus grego!

É isso que a minha mente berra enquanto Luca Ferrari


olha para mim em silêncio, de uma forma que faz parecer que está
com vontade de arrancar a minha cabeça fora do pescoço e jogá-la
na lixeira parada ao nosso lado.

— Será que não pode olhar por onde anda, garota? Você
poderia ter se machucado seriamente por causa da sua
imprudência.

Este homem está mesmo sugerindo que é tão forte que

somente um esbarrão no seu peito duro poderia me causar algum


dano?

Chega a ser engraçado perceber como um órgão tão

pequeno quanto uma vagina pode colocar mulheres em apuros.

Bastou trocar duas palavras com o Luca e o seu primo e eu percebi


que a atração que sinto não elimina o fato de serem dois grandes

idiotas pomposos. Meu corpo pode até gostar deles, mas as suas
personalidades e arrogâncias não causam outra reação que não

seja uma irritação profunda.

— Perdoe-me por isso, professor Luca — peço com


humildade e ele arqueia a sobrancelha bonita e bem-feita.

— Se você me der licença — o moreno passa por mim

sem dizer se me desculpou ou não. Fico com vontade de correr


atrás dele para dizer umas verdades bem-ditas na sua cara.

Luca Ferrari é muito mau e consegue fazer com que o

seu primo se pareça com um anjo de candura, embora eu tenha

certeza de que o professor Hugo é tudo, menos um anjo.

— Finalmente te encontrei, garota. — Ainda estou com a

boca aberta quando a minha amiga surge na minha frente e, como

tem feito desde o dia em que nos conhecemos, entrelaça seu braço

no meu e sai me arrastando para qualquer lugar onde acha que

devemos estar. — Que cara é essa? Parece que viu um fantasma.

— Acabei de passar a maior vergonha da minha vida.

Como se não bastasse, foram duas vergonhas com as últimas

pessoas do mundo das quais eu gostaria de chamar atenção.

— Amora, explique isso melhor — ela pede, enquanto


caminhamos em direção ao refeitório.
Temos intervalos de quinze minutos entre uma aula e
outra. Intervalos que são bem-vindos, pois a primeira semana de

aula deixou bem claro o porquê de essa universidade ser tão

conceituada. Todas as matérias são muito puxadas, os professores

são exigentes e os alunos não têm outras opções além de se

esforçarem muito para chegarem ao final dos seus cursos para

pegarem seus diplomas.

— Se eu te contar, você não vai acreditar — falo, a garota

começa a sorrir antes mesmo de saber das merdas que fiz hoje.

— Pelo pouco que te conheço, tenho certeza de que

acreditarei em tudo o que me disser. Percebi que você é capaz de

ser fofa e maluca na mesma medida. Além do mais, você parece ser
o tipo de garota que atrai problemas, mesmo que fuja muito deles.

Vanessa foi assertiva em tudo o que disse. Sou atraída

para problemas como uma espécie de karma.

Enquanto devoramos os pedaços de pizza que


compramos, adoro o fato de ter encontrado uma colega que não tem

frescura para comer, assim como eu também não tenho, conto as

minhas peripécias no começo da aula com o Hugo e o esbarrão que

dei no gelado do Luca agora há pouco.


Como não poderia deixar de ser, a traidora da Vanessa ri

da minha cara, mas tem um momento de solidariedade quando digo


que tudo o que aconteceu não foi o suficiente para aplacar o fogo

entre as minhas pernas e a maldita atração.

Não faço a menor ideia de qual seria a minha verdadeira

reação se, por um milagre, homens como aqueles olhassem em


minha direção por mais do que dois segundos, mas posso apostar

que eu sairia correndo como se tivesse sido tentada pelo próprio


diabo.

— Querida, juro que entendo o seu lado. Passei por essa

fase assim que cheguei aqui e lembro que não conseguia pensar
em nada que não fosse na minha vontade de dar a boceta para um

daqueles dois, ou até mesmo para os dois ao mesmo tempo, mas


passou e tenho certeza de que será igual com você. Perceberá que

eles são inalcançáveis e se contentará com os gatinhos da sua sala,


ou de qualquer outro curso que ofereçam aqui.

— E se não passar? E se eu for mais boba do que você e


todas as outras garotas que se apaixonaram por eles?

— Neste caso, você terá que tomar pelo menos cinco


banhos gelados por dia. Sabe o que é pior nisso tudo? — Vanessa
indaga

— Você falará, mesmo se eu disser que não quero ouvir

— brinco

— Tenho certeza de que você sairia correndo assustada,


caso fosse notada por eles. Você está com fogo no rabo, Amora,

mas é apenas uma garota inocente que, no fundo, sonha em se


apaixonar e em viver uma linda história de amor com final feliz como

nos contos de fadas.

— Tenho me perguntado se você é minha amiga ou uma

hater — provoco, e a surfistinha joga uma piscadela em minha


direção.

Eu gosto muito da sua franqueza e do fato de as suas


palavras provocativas, mas com fundos de verdades, me manterem

com os meus dois pés no chão e com a cabeça no lugar. Sei que já
cansei de repetir para mim mesma tudo o que ela acabou de falar,
mas é sempre bom ouvir a verdade de pessoas que estão

enxergando tudo do lado de fora. Não preciso complicar a minha


vida desenvolvendo uma obsessão não só por um, mas por dois

caras inatingíveis. Homens que, de alguma forma, são muito


perigosos para alguém como eu.
— Você está disposta a tornar o fim da paixonite pelos
seus professores uma realidade?

— É claro que estou! Não é nada legal passar por


constrangimentos na frente daqueles caras só porque não consigo

agir como uma garota da minha idade quando aparecem.

— Então está na hora de você dar o primeiro passo.

Não estou entendendo onde ela quer chegar, mas


confesso que tenho medo de perguntar, porque Vanessa é tudo,

menos uma pessoa que tem todos os parafusos da cabeça nos


lugares certos.

— Van, não gosto da expressão no seu rosto — aviso.

— Não tem expressão nenhuma — ela se defende, mas

não acredito na sua inocência. — Não fique agitada, você só precisa


saber que o Guto está vindo até nós.

— Guto?

— O gatinho da minha sala. Tive uma queda por ele, mas

já passou — ela confessa.

— O que o fato do seu amigo estar vindo falar com você


tem a ver comigo?
— Acontece que o Guto nunca me quis. Sabe por que ele
não olhou para mim? — Balanço a cabeça sem entender nada. —
Ele é muito certinho, exatamente como uma garota que conheço, e

eu sou maluca demais. Se Guto está vindo até aqui, deve ser por
sua causa, então aja como uma pessoa normal e sorria, tudo bem?

— Amiga, você precisa me ajudar a fugir disso — peço de


forma desesperada, pois apesar de ter perdido vários minutos da
minha noite falando sobre homens com ela, eu realmente não estou

à procura de um namorado ou alguém para simplesmente beijar na

boca neste momento.

Se fosse apenas para beijar por beijar, eu teria dado um


jeito de fazer isso assim que cheguei e percebi alguns olhares em

minha direção. Poderia ter aproveitado até mesmo em Roda Velha,

afinal, a minha mãe era controladora, mas não ficava vinte e quatro
horas por dia na minha cola.

— Vanessa, percebi que chegou um pouco atrasada hoje

e vim perguntar se está tudo bem com você. Posso me sentar?

— É claro, sinta-se à vontade — ela fala e me encara


com o olhar de alguém que tem certeza de que o cara está a

usando como desculpa para chegar perto de mim.


Guto se senta de frente para mim, deixando-me constatar

que ele é um garoto bonito com os seus cabelos cortados no estilo


militar e olhos cor de mel. Mas, apesar de ser agradável aos olhos,

ele é apenas um garoto e talvez eu tenha desenvolvido um gosto

peculiar por homens que por pouco não poderiam ser meus pais.

— Está tudo bem, Guto. Não aconteceu nada. Só não


gosto da aula da professora Leda e decidi encurtar a minha tortura

— a justificativa o faz sorrir e eu não deixo de perceber o quanto o

seu sorriso é cativante.

— Que bom, porque eu realmente fiquei preocupado.

Você é uma das garotas mais pontuais que conheço.

Como a Vanessa pode acreditar que esse garoto não

gosta dela? Ele realmente se preocupa e sabe até mesmo que


costuma ser pontual em seus compromissos. Isso significa que

presta atenção na minha amiga, não é?

— Deixe-me te apresentar minha amiga, Amora.

Depois das apresentações feitas, nós três começamos a


conversar e gosto dele como gostei da Vanessa logo de cara. Guto

é gentil, bem-humorado e leve. Exatamente o tipo de garoto por

quem eu deveria me interessar, mas sinto que não é o que está


acontecendo, por melhor que seja a sua conversa. Sem contar a

aparência agradável. Os meus pensamentos ficam voltando a todo

instante para as lembranças das interações que tive com os meus


professores mais cedo.

Sempre que penso neles, o meu corpo reage de alguma

forma. Ele vem dando sinais de que não será hoje que a paixonite

sem importância, como a Vanessa classifica, deixará de existir.

Ao longo da conversa consigo perceber que Vanessa


realmente não se enganou: Guto está mesmo interessado em mim.

Apesar de não corresponder minimamente aos seus flertes, não

corto as suas asas, porque talvez seja preciso uma tentativa de me


dar bem com ele, caso eu perceba que a minha amiga está errada e

que a obsessão inapropriada pelos primos Ferrari não se trata de

algo passageiro e sem importância.

Se não passar, terei de arrancá-los da minha pele, pois


mesmo se me desejassem da mesma forma que os desejo, algo

que jamais aconteceria, eu não poderia fazer o que sinto vontade.

Ainda sou Amora de Moraes, a garota cuja liberdade veio junto com
a carta de aceitação em uma universidade. De outra forma, eu não

teria dado dois passos para longe de casa.


No fim das contas, muitas coisas continuam iguais.
CAPÍTULO 5

AMORA

Eu olho para ele e ele olha para mim. A turma está em

silêncio e os únicos sons que consigo ouvir são os das batidas


desenfreadas do meu coração. Tenho certeza de que verei rostos
sérios e corpos tensos se olhar para os lados.

Em plena nove horas de uma noite de quinta-feira,

depois de uma tarde corrida de trabalho no bar marbella, tenho que


suportar o olhar gelado do meu professor de direito empresarial e
tributário.

Deixe-me explicar exatamente o que aconteceu: o


homem de gelo acabou de fazer uma pergunta dentro do tema da
matéria e fui aluna que levantou a mão para responder.

Aparentemente, embora eu tenha certeza que a minha resposta

estava certa, o homem não ficou contente com o que ouviu. Talvez
não estivesse a fim de conhecer o som da minha voz.

Isso é muito estranho, não é? Também sou aluna como

qualquer outra que está dentro desta sala. Por outro lado, talvez eu
esteja interpretando errado a sua cara de bravo e o seu silêncio

insuportável. Será que o professor Luca acordou com o pé esquerdo


hoje?

Só pode ser isso. De outra forma, quais razões Luca

Ferrari teria para não gostar de mim? Ou para começar um tipo

bizarro de perseguição?

Na verdade, estou começando a acreditar que o meu

caso é de internação. Só uma doença poderia explicar a mania de

perseguição e a certeza de que os primos Ferrari poderiam estar


reparando em mim quando a realidade é que não sabem que existo.

— Senhorita?

— Amora. O meu nome é Amora de Moraes — digo, mas

tenho certeza de que ele sabe, considerando que chamou a minha

atenção quatro vezes em uma hora de aula.

A primeira aconteceu porque virei para o lado e fiz uma

pergunta para a minha colega. Ele não gostou. A segunda foi

porque levantei a mão para responder uma pergunta e dei a

resposta errada. Ele também não gostou. A terceira foi porque

respondi certo, mas falei demais. A terceira está acontecendo agora,


porque mesmo que ainda não tenha aberto a boca para me
responder a questão, sua expressão diz tudo.

— Senhorita Amora, sei que está ansiosa para mostrar o

quanto é inteligente e que sabe mais do que os seus colegas que

aparentemente não fizeram o mínimo para adquirirem o

conhecimento básico da matéria, mas preciso pedir que dê uma


chance para que pelo menos tentem responder quando faço uma

pergunta, tudo bem?

Por favor! Preciso que caia um meteoro em cima da

minha cabeça agora mesmo, peço em pensamento, enquanto me

seguro para ser forte e não desviar o meu olhar do seu.

A expressão fica menos rígida e surge a sombra de um

sorriso no seu rosto depois que chama a minha atenção na frente da

turma inteira. O babaca gostou de me colocar no meu lugar.

Mas preciso ser justa com o Luca e admitir que ele tem

motivos válidos para chamar a minha atenção, afinal, eu estava


mesmo dando uma de exibida ao tentar responder todas as

perguntas.

Para a minha total vergonha, não finjo que não estava

fazendo tudo isso para o impressionar. No meu íntimo, queria que o


homem visse o quanto sou inteligente, mas em vez de receber um

elogio ganhei uma bronca e um momento de constrangimento.

— Desculpa, professor. Hoje é a minha primeira aula e

acabei me empolgando.

— Você não estava presente na semana passada? — o

moreno pergunta e eu balanço a cabeça dizendo que não.

Aparentemente, eu não deveria me sentir estranha por


causa disso, o professor Luca é bem diferente do seu primo, que
disse na minha cara que notou a minha ausência. Para o Luca, e

devo encarar o fato como uma boa notícia, sou apenas mais uma
aluna transparente como qualquer outra.

— Vamos continuar, turma. Passarei um questionário com


vinte questões discursivas, quero que vocês respondam a cada uma

delas e me enviem o arquivo por e-mail até terça-feira da semana


que vem — ele fala, ao desviar a atenção de mim.

Passado o momento estranho, respiro aliviada por


finalmente deixar de ser o alvo de olhares curiosos. Mais calma,

constato que, apesar de tudo, a primeira aula com o Luca foi mais
fácil do que a primeira aula que tive com o Hugo.
É engraçado pensar assim, porque acreditei que seria

exatamente o oposto, considerando os julgamentos


preestabelecidos que havia feito a respeito dos dois.

Depois de vinte minutos finalmente toca o sinal que


anuncia o fim da aula e começo a juntar as minhas coisas. Como

sempre acontece, fico para trás enquanto os meus colegas saem


apressados como se estivessem indo tirar o pai da forca.

Concentrada em juntar o meu material, é muita coisa


porque gosto de estar com todos os meus livros, notebook,

cadernos e anotações em mãos para não perder nada durante as


aulas, não percebo quando a sala fica vazia. Todos saem e me
deixam sozinha com o professor Luca.

Eu estou sentada em uma cadeira na metade da sala e

ao lado da parede. O professor gato está parado em pé na frente do


quadro e encarando-me de uma forma diferente. Não consigo
imaginar o que se passa pela sua cabeça, mas a sensação é de que

não existe nenhuma distância entre os nossos corpos.

De uma forma como nunca aconteceu, mesmo com

alguns metros de distância nos separando, o sinto em minha pele,


porque até nisso fracassei.
Depois que nos conhecemos na terça-feira, o Guto e eu
trocamos telefones e começamos a conversar através de
mensagens. Estamos nos dando bem e tenho certeza de que

seremos grandes amigos. Por enquanto, acredito que não


passaremos da amizade, apesar de as cantadas leves deixarem

bem óbvio que o garoto quer mais do que isso.

Cada momento em que percebo que o Guto não desperta

nenhum interesse, mais me sinto compelida a esquecer o impacto


que os primos problemas causam no meu corpo.

Em minha defesa, admito que é extremamente difícil agir


com racionalidade e colocar na minha cabeça que o que estou
sentindo se trata apenas das consequências causadas pela vida de

renúncia que levei até agora. Com ele me olhando desse jeito,
minha vida se torna duas vezes mais difícil.

Depois de cada interação com o Luca e com Hugo,

desdenho de mim mesma ao dizer que estou criando coisas que


não existem. Fiz isso agora há pouco quando acreditei que o
professor estava irritado comigo por algum motivo.

Agora que estamos sozinhos na sala, não há mais como


fingir que esse olhar não é diferente da forma como fita os outros
alunos. O homem me encara em silêncio e de uma forma que
poderia desnudar o meu corpo sem que precisasse erguer um único
dedo.

Em vez de pegar o meu material e sair correndo para

longe daqui, continuo sentada encarando-o de volta e prendendo a


respiração.

Eu poderia falar alguma coisa para quebrar o clima, mas


fico esperando que Luca dê alguns passos para encurtar a distância

entre nós, ou que diga alguma coisa para acabar com tudo isso.

Não faço ideia do que realmente estou esperando, só sei

que preciso que ele faça alguma coisa e algo me diz que Luca fará,
que me surpreenderá de alguma forma.

Merda!

Você é aluna e ele é o seu professor.

Você é aluna e ele é o seu professor.

Sem desviar o olhar, fico repetindo as palavras


internamente. Tento voltar a pensar com racionalidade, mas sei que

é impossível, sobretudo depois de ter pensado nele de maneira

obsessiva após o esbarrão que tivemos na terça-feira. Foram


pensamentos impuros que fariam os meus pais me renegarem e

nem ao menos considerei quão problemático seria me envolver com


um professor. Não um mero funcionário, mas uma pessoa que pode

mudar a minha vida tanto para melhor quanto para pior aqui dentro.

Como procuro por problemas, também penso no seu

primo, o loiro lindo cujo sorriso não sai da minha cabeça.

Quando a troca de olhares se torna longa e intensa

demais, escolho agir como uma covarde, ou como uma pessoa

sensata, penduro a alça da bolsa no meu ombro, pego os meus


livros e começo a caminhar em direção a porta.

— Amora — Luca me chama, volto a olhar em sua

direção e paro de andar. Não fugirei, ainda não.

Com o coração que não sabe se acelera ou se para de


bater de vez, faço o que ele me pede e, ainda de costas, espero.

Como um sedento por água no deserto, espero por uma palavra, ou

pelos passos que o trarão para mais perto de mim.

Feito um gatuno que age no meio da noite enquanto


todos dormem, o homem caminha até mim com passos silenciosos.

Eu sei que está se aproximando, pois o cheiro do seu perfume fica

mais forte e tenho a sensação de sentir o calor do seu corpo


esquentando o meu com mais intensidade a cada pequeno passo

que o traz para mim.

— Olhe para mim — Luca fala apenas três palavras e

nenhuma delas soa como um pedido. O meu corpo se arrepia


quando chego à conclusão de que ele é o tipo de homem que dá

ordens e espera que sejam seguidas sem questionamentos.

Esse é o tipo de coisa que eu deveria abominar... Quer

dizer, que abomino, porque ninguém manda em mim, mas consigo


pensar em momentos e em lugares onde eu gostaria de receber

ordens e me sentiria contente por obedecer.

Sim, tenho pensamentos impuros quando penso em

sexo, apesar de ainda esperar por algo que seja especial.

Depois de uma vida inteira ouvindo que o momento de

entregar o meu corpo para alguém tem que ser pensado e

planejado, porque é uma das experiências mais importantes na vida


de uma mulher, passei a colocar muitas expectativas no ato de fazer

amor.

De todos os ensinamentos que quis protestar, o que dizia

respeito a guardar a minha virgindade nunca foi um deles.


Realmente acreditei quando a minha mãe me disse que teria que
ser com um homem escolhido a dedo, em um lugar e dia especiais.

Mas talvez eu tenha colocado muita expectativa no ato e não seja


nada como imagino quando acontecer.

Hoje, enquanto crio fantasias e mais fantasias na minha

mente fértil, e em todas termino com um sorriso no rosto e o corpo

dolorido de um jeito bom, também encontro espaço para questionar


se o sexo realmente é tudo isso. Pergunto-me se acontecerá da

forma que quero. Talvez não seja tão bom, talvez não se torne

importante. Talvez este homem e o seu primo sejam apenas meras


fantasias mentirosas e completamente diferentes na vida real.

— Você é sempre assim? — Luca pergunta, ao segurar o

meu pulso e me virar de frente para ele.

No mesmo instante, prendo a minha respiração, pois


ainda não tinha o visto tão de perto. Encarando-o a no máximo cinco

centímetros de distância do meu rosto, noto que o homem é muito

mais bonito do que me lembrava. Não sei como isso é possível.

Os seus olhos gelados e castanhos não piscam enquanto


encaram os meus olhos, ou quando seu olhar desce rapidamente

para a minha boca. Ao perceber o que está fazendo, ele ergue a

cabeça e volta a encarar os meus olhos no mesmo instante.


— Assim? — devolvo a pergunta, não deixando passar

despercebido o fato de ele ainda estar segurando o meu pulso com

o seu aperto firme. Um toque escaldante que espalha fogo por todo

o meu corpo.

— Desse jeito estranho de quem olha para mim, mas

mantém os pensamentos em outro lugar.

— Eu não sei... — tento me defender, apesar de ele estar

certo, porque estava mesmo perdida em pensamentos, mas o


professor Ferrari me interrompe.

— O seu jeito fora daqui não me interessa em absoluto,

mas na minha aula quero que você fique cem por cento focada em

mim, está bem? Não pense que estou pegando no seu pé ou algo
parecido, porque você não é diferente das outras alunas em quase

nada — afirma e cada palavra é uma surpresa diferente. — Percebi

que é esforçada e tem conhecimento acima da média, estou te


alertando para que aproveite todo o seu potencial.

Caramba! Ele me surpreendeu e me deixou sem

palavras. Tudo bem que falou de forma dura e em tom de bronca,

mas também me deu um conselho e fez elogios de forma indireta,


não fez?
— Tentarei dar o meu melhor, professor. Também quero

me desculpar mais uma vez por ter tentado responder todas as


perguntas que o senhor fez. Realmente estou muito feliz por estar

aqui, mas também empolgada de uma forma que pode ser

constrangedora — falo e deixo escapar uma risadinha, mas Luca

permanece sério, ainda sem desviar o olhar do meu. Ainda sem


soltar o meu pulso.

A forma como me olha agora deixa-me perturbada. É por

isso que tento me soltar, mas o professor me segura com mais

firmeza ainda.

— Tem mais uma coisa.

— Tem? — questiono.

O senhor olhos castanhos solta o meu pulso e fico sem

saber se sinto alívio ou decepção, mas sou surpreendida quando


envolve o braço forte na minha cintura e puxa o meu corpo para o

seu.

Como acontece com dois amantes, agora os nossos

corpos estão grudados e não passa nem ar entre a gente. O meu


coração está batendo na garganta, as minhas pernas estão trêmulas

e o meu cérebro virou gelatina.


Luca Ferrari jamais faria algo assim, então chego à
conclusão de que a nossa conversa acabou, que voltei para casa,

deitei na minha cama e dormi. Depois de pegar no sono, comecei a

sonhar com ele me agarrando na sala de aula.

É um sonho! Com certeza, é um sonho

— Você disse alguma coisa? — o homem pergunta e sua

voz parece real demais

— Nada disso é real. Só estou sonhando com o meu

professor de direito tributário me abraçando como um namorado.

— Você não está sonhando. — Ouço, pisco algumas

vezes e nada acontece.

— Não? É claro que estou, o professor Luca do meu

sonho diria a frase que você acabou de falar.

— Você sente o meu corpo? Porque eu sinto cada curva


do seu, assim como o tremor da sua carne por causa da nossa
proximidade. — Todas as palavras são sussurradas no meu ouvido.

O que quero agora é derreter de tanto calor.

— Professor...
— Não é um sonho. Você está na sala de aula e eu
realmente estou te abraçando. Mas não pense nem por um segundo
que estou fazendo isso por te desejar. Se tomei essa atitude, foi

para deixar bem claro que notei a forma como você estava me
olhando.

— Eu não estava olhando... — declaro, sentindo-me

completamente mortificada.

— É claro que você estava, garota. Eu sou um homem de


trinta e oito anos que sabe reconhecer um olhar de desejo e
reconheci o seu. Mas quero que entenda que não conseguirá nada

aqui, porque sou o seu professor, um homem que tem idade para
ser o seu pai e não estou nem um pouco interessado em me
envolver com uma aluna. Portanto, pare com isso! Não volte a

implorar com esse olhar inocente para que eu te coma até que não
consiga mais sentir as suas pernas, porque não vai acontecer,
nunca! Você está me entendendo? — questiona, eu me obrigo a

balançar a cabeça. — Pode sair agora. Volte na próxima aula sendo


apenas a garota com futuro promissor que você é.

Primeiro ele me humilhou, depois usou palavras que


soaram quase paternais. Agiu como um pai quando fala com uma
filha que faz birra. Muda de constrangimento, não preciso pedir
novamente para que me solte, pois Luca faz isso por conta própria.

Livre do seu agarre, viro as costas e saio correndo com


os olhos cheios de lágrimas, jurando para mim mesma que isso
acaba aqui, que de agora em diante tentarei ser mais cuidadosa

para mascarar os meus sentimentos.


CAPÍTULO 6

LUCA

É o terceiro copo de vodca que esvazio, mas não posso

dizer que estou sentindo o gosto da bebida. Embora eu sempre


tenha usado o álcool para relaxar em momentos de tensão, algo que
o meu querido primo detesta que eu faça, porque ele é certinho e

tão chato que tenho certeza de que só somos melhores amigos por
sermos primos, desta vez ele não está cumprindo o seu papel de
entorpecer a minha mente e me fazer esquecer.

Aos trinta e oito anos de idade, e dono de uma fortuna


avaliada em dez milhões de reais, tenho plena consciência de que
tive a vida que qualquer pessoa gostaria de ter. Nasci e cresci em

lares minimamente decentes e não me lembro de algum dia ter

desejado algo que não pudesse ter.

Em retribuição à vida, não fiquei com os braços cruzados


apenas gastando o dinheiro dos meus pais, que são boas pessoas

quando estão longe um do outro. Fui o filho ideal quando estudei,

quando me formei na faculdade e tornei-me um dos melhores


advogados de direito tributário e empresarial do país. Sem falsa

modéstia, não finjo que não tenho orgulho do homem que sou, pelo
menos no que diz respeito ao âmbito profissional.

Se no pessoal gosto de ser livre e sem amarras, um

homem que nem mesmo pensa em se casar e muito menos em ter

filhos algum dia, no trabalho, que consiste em dar aulas na


universidade que pertence a minha família, o empreendimento que

existe há mais de cinquenta anos e que foi começado do zero pelos

meus avós paternos, sou cem por cento comprometido.

Eu tento ser o melhor professor possível para os meus

alunos e posso perfeitamente lidar com os garotos rebeldes, ou com

aqueles que não querem nada além de gastar o dinheiro dos pais
enquanto fingem que almejam ser pessoas de sucesso. Sobretudo,

sou perito em afastar garotas que sonham em conquistar um espaço

na minha cama.

Desde que decidimos que queríamos não só advogar,

mas também nos envolver na parte administrativa e no magistério

da nossa universidade, Hugo e eu estabelecemos algumas regras,

cuja principal consistia em nunca nos envolvermos com uma aluna

ou qualquer mulher do nosso quadro de professores.


Como com qualquer coisa que me proponho a fazer,
sempre focado no sucesso da missão, consegui obedecer a nossa

principal regra e ainda não tinha me sentido nem ao menos tentado

a cometer uma indiscrição com uma aluna ou uma mulher da zona

proibida. Para mim, as garotas que frequentam a minha aula sempre

foram apenas garotas. Tudo isso era verdade até hoje.

Então um novo semestre começou na semana passada e

na primeira aula que ministrei para os calouros, aula focada em

apresentações para que os alunos se familiarizassem uns com os

outros e comigo, tive a impressão de que seria um ótimo semestre

sem grandes dores de cabeça. A turma pareceu ser tranquila.

Mas eu estava muito errado na minha percepção inicial.

Apesar de eu ter passado horas tentando me convencer

de que estava exagerando e que não aconteceu nada de mais, a

aula de hoje me fez perceber que o semestre não será tão calmo

quanto imaginei que seria e tudo graças a uma aluna. Sim, uma
maldita aluna.

Amora de Moraes, esse é o nome da loira linda e

cheirosa que em apenas uma aula conseguiu causar essa bagunça

na minha cabeça e mexer com o meu corpo. Eu não sei se ela


percebeu o que fez, mas a garota conseguiu me levar de zero a cem

muito rapidamente.

Ela me deixou profundamente irritado com o seu jeito

exibido ao levantar a mão para responder todas as perguntas que


fiz, sem saber que uma das coisas que mais detesto como o

professor é ter que lidar com alunos prepotentes que pensam que
são melhores do que os outros, embora não acredite que a garota

seja prepotente. Pensar assim me deixa maluco, porque só resta um


motivo para que tenha agido daquela forma.

Depois que a garota me irritou, que chamou a minha

atenção para si e causou um forte impacto por causa da sua beleza


angelical, simplesmente não consegui mais ignorar a sua presença

na sala de aula. A aula contou com quarenta e três alunos, mas


apenas Amora de Moraes se destacou pelo tempo em que esteve

na minha presença.

Mesmo quando a moça estava com a cabeça abaixada,

vez ou outra eu erguia o olhar do meu smartphone e olhava em sua


direção. As olhadas aconteceram de modo automático, porque não

planejei encarar a moça com curiosidade. O que mais me


surpreendeu foi perceber que ela também estava me encarando o
tempo todo de onde estava. Notei que Amora não estava nem

mesmo conseguindo se concentrar o suficiente para responder ao


questionário que passei para a turma.

Como eu disse para ela, sou maduro e experiente o


suficiente para interpretar olhares e ficou mais claro do que água

que os seus eram de desejo. Não que eu não esteja acostumado,


não que não tenha acontecido com tantas outras garotas muitas e

muitas vezes, mas foi a primeira vez que o olhar de uma delas me
incomodou. É simples de explicar: ter a sua atenção voltada para

mim incomodou-me porque fez o meu corpo reagir como nunca


reagiu em uma sala de aula.

O que senti foi um misto de curiosidade com um pouco de

incômodo e expectativa enquanto a jovem estava sentada. A merda


aconteceu quando ela pegou os seus pertences no final da aula e

ficou em pé, quando permitiu-me ver o seu corpo da cabeça aos pés
e naquele momento pensei em Amora de Moraes como uma das

mulheres mais lindas que tive a chance de conhecer. Isso é muita


coisa, porque estive com muitas mulheres belas.

O que a torna diferente, apesar de eu não saber


exatamente do que se trata, vai além da beleza física. É claro que
os seus olhos azulados, os longos cabelos loiros e o corpo magro,
mas com todas as curvas nos lugares certos, são colírios para os
olhos de qualquer homem com sangue correndo nas veias, mas

acredito que foi a inocência que enxerguei no seu olhar a real


causadora da reação breve e inconveniente do meu corpo.

Vejo Amora como uma garota inocente em todos os


sentidos da palavra e eu não saberia responder o porquê de ter

chegado a isso se alguém me perguntasse. Gosto de mulheres


experientes, mas a sua inocência e o jeito de falar, que pareceu

doce e atrapalhado ao mesmo tempo, me fizeram vivenciar um


momento de fraqueza pela primeira vez nos mais de dez anos em
que sou professor de direito tributário e empresarial.

— Merda!

Mesmo afetado por causa de uma garota, ainda sou Luca


Ferrari, o homem que sempre está no controle das próprias

emoções e que não perde tempo com bobagens amorosas,


simplesmente por nunca ter sentido vontade de amar a uma única
mulher. O homem que sempre fui reagiu quando lembrou que

estava em uma sala de aula e que a garota mexendo com o meu


corpo e minha cabeça era apenas uma aluna.
Talvez eu tenha sido duro demais na hora de colocá-la no
seu devido lugar, tudo porque precisava lembrar a nós dois de quem
somos, mas não me arrependo das palavras que falei e não voltaria

atrás se tivesse a chance, pois aquele momento de fraqueza e


insanidade foi apenas um incidente que não voltará a se repetir.

Amora de Moraes é uma garota linda como muitas são,


ela também é inteligente e parece ser diferente das mulheres com
as quais convivo, mas ela não é e nunca será material para um caso

rápido de sexo tórrido e sem compromisso. Sim, é isso que eu faço:

transo apenas por desejo, não por paixão ou por um amor feito para

durar para sempre.

Depois de fazer o que era certo, apesar de ter

acompanhado a garota com um olhar até ela sumir das minhas

vistas, focado especialmente na sua bunda perfeita, Amora


continuou atormentando os meus pensamentos e me fez buscar

consolo na bebida, apesar de os três copos de vodca não terem me

consolado de forma alguma.

Ainda estou me sentindo culpado, confuso e atormentado


por ter enxergado uma garota jovem, inocente e proibida como uma
mulher gostosa que eu gostaria de levar para a cama e foder até

deixar a sua boceta e o meu pau em carne viva.

— Luca, bebendo essa hora da noite? — Eu me assusto

quando ouço a voz do meu primo. Estava tão distraído que não ouvi

quando ele chegou.

O meu pai e a mãe do Hugo são irmãos, então nós dois


crescemos juntos como primos e melhores amigos. E por mais que

tenhamos feito amizades individuais ao longo da vida, nós sempre

tivemos um ao outro e nos tratamos como irmãos.

Apesar de as nossas personalidades serem opostas em


muitos sentidos, conseguimos nos entender nas coisas que mais

importam e apenas por isso acabamos sonhando e realizando os

mesmos sonhos. Ele e eu escolhemos seguir os passos dos nossos


pais e dos nossos avós quando nos formamos em direito, cada um

na sua área de atuação. Nós dois nos apaixonamos pela

magistratura por causa do nosso avô e decidimos sair da casa dos

nossos pais aos dezoito anos de idade para dividirmos um


apartamento.

Desde então, moramos juntos e eu quero muito acreditar

que essa será a nossa realidade durante um tempo. Apesar de


termos os nossos momentos de desavenças, como pessoas

normais que moram juntas têm, sabemos respeitar o espaço um do

outro no apartamento de luxo que possuímos e temos poucos


problemas de convivência.

Se somos diferentes como o sol e a lua em muitos

aspectos, temos em comum o gosto pela diversão, principalmente o

tipo de diversão que tem bocetas envolvidas. O senhor certinho e eu

gostamos de foder em grande estilo e há quem diga que o nosso


apartamento é um grande antro de perdição.

Quando estamos a fim de agito, colocamos as nossas

melhores roupas e saímos à procura de conquistas fáceis. Ao final


de cada noite de caça, voltamos para casa com duas ou mais

mulheres para uma festinha particular.

Às vezes tudo se transforma em uma orgia, às vezes

cada um vai para o seu quarto para curtir o momento de forma mais
íntima. De todas as putarias que experimentamos, e olha que foram

muitas, principalmente quando envolvem bebidas e mulheres

gostosas, Hugo e eu gostamos mesmo é de compartilhar.

Se sexo é bom de qualquer maneira, ele se torna muito

melhor quando brincamos com a nossa presa e a deixamos tão


louca de tesão que ela fica disposta e doida para dar a boceta para

nós dois ao mesmo tempo. Tanto ele quanto eu sentimo-nos


realizados quando deixamos nossas putas totalmente acabadas

sobre uma cama depois de gozar em nossos paus sem parar.

Por causa da liberdade, e por muitos outros motivos, sei

que a minha vida é boa, tão boa que às vezes sinto medo de que
tudo acabe.

Mesmo que eu nunca diga para o Hugo, sinto medo do

dia em que ele deixará a vida de diversão para se aquietar com


esposa e filhos. A pior parte é saber que não há como evitar que

esse seja o nosso fim, pois meu primo é exatamente o tipo de

homem que se compromete em algum momento com esposa, filhos

e animais de estimação em uma casinha com cerca branca.

— Porra! Me dê isso aqui — esbravejo e tento pegar o

copo que ele tirou da minha mão, mas o idiota se afasta.

— Só assim para você parar de viajar no mundo da lua.

Preste atenção em mim quando eu estiver falando, caralho!

— Quem disse que quero te ouvir, filho da puta? — É,

talvez eu esteja mesmo um pouco bêbado.

— Você não respondeu a minha pergunta — diz.


— Que pergunta?

— Esqueceu que não bebemos em dias de semana? —

Balanço a cabeça de um lado para o outro dizendo que não esqueci.

— No entanto, você bebeu o suficiente para estar um pouco


bêbado, isso significa que aconteceu alguma coisa que te perturbou

e levou a quebrar uma das nossas regras.

— Não aconteceu nada, cara. Eu só quis relaxar de uma

forma diferente desta vez.

— Nada de ir em busca de boceta? Não estou te

reconhecendo, Luca Ferrari — Hugo provoca ao se jogar no outro

sofá de dois lugares da nossa sala.

— Eu não estava com vontade.

— Aconteceu algo diferente na universidade? Problemas

com um aluno, professor ou coordenador de um dos cursos? —

Hugo continua com o seu interrogatório e eu perco a paciência.

— Primo, não estou com cabeça para isso agora — digo,


antes de levantar-me e desejar boa noite. — Amanhã a gente se

fala. — Sem dar a chance de ele continuar falando, dirijo-me para o

meu quarto.
Ao trancar-me na suíte, deixo que o meu corpo caia de

costas sobre a cama e fico olhando para o teto como se ele fosse
começar a conversar comigo. Hugo e eu não costumamos esconder

coisas um do outro, mas não direi a ele que pela primeira vez em

todos esses anos, mesmo que tenha sido por apenas um segundo,

olhei para uma das nossas alunas com cobiça.

Eu não tenho razões para falar, porque estou certo de

que algo assim não voltará a se repetir. Aquela garota não tem nada

de especial, ela é apenas uma aluna e continuará sendo apenas

uma aluna.
CAPÍTULO 7

AMORA

DUAS SEMANAS DEPOIS

— Sim, dona Gerusa, você precisa acreditar na minha


palavra quando eu digo que estou bem. Tenho me alimentado
direitinho e durmo mais de oito horas todas as noites. O meu
desempenho continua alto na universidade e não estou fazendo

nada que a senhora e o papai não fariam — digo ao telefone pela


terceira vez só nessa conversa, porque a minha mãe tem dificuldade
para acreditar que estou sobrevivendo sem eles e que está tudo

bem. — Prometo que ligarei com mais frequência, tudo bem?


Preciso desligar, pois tenho muito trabalho acumulado para fazer.

Beijo, mamãe — digo e desligo, sem dar oportunidade para que ela

comece outro assunto e faça da nossa ligação um podcast.

Gosto muito quando a minha mãe me liga para matarmos


a saudade, ou para me deixar a par do que está acontecendo na

minha cidade, mas também me irrito, porque ela tenta me controlar

até mesmo através de simples ligações. O meu pai é mais tranquilo,


mas não é por não se importar, ele só prefere deixar as partes mais

difíceis da minha criação para ela. É assim desde que eu era


criança.

Depois de encerrar a ligação que durou mais de uma

hora, levanto-me da minha cama e vou ao banheiro para tomar

banho. Quando termino de me lavar, seco os meus cabelos, prendo


os fios em um rabo de cavalo frouxo e faço uma maquiagem leve,

cuja única extravagância fica por conta do batom que tem cor de

chocolate.

Se fosse um dia como outro qualquer, neste momento eu

estaria me preparando para me deitar, mas hoje é sábado, o

aniversário de um mês da minha chegada a São Paulo, e finalmente


decidi aceitar o convite da Vanessa e do Guto para uma saída em

grupo.

Depois de muita insistência, os dois me convenceram de


que seria uma boa ideia irmos a uma casa de shows onde

acontecerá a apresentação de um cantor internacional muito

famoso, que não faço ideia de quem se trata. Tive que fingir

interesse quando Vanessa me mostrou o cara, porque não queria

parecer um ser extraterrestre.


Relutante em aceitar, deixei bem claro que não danço,
que não ingiro bebidas alcoólicas e que não aceitarei os avanços de

ninguém.

Ambos aprenderam a me conhecer nas últimas semanas

e sabem que não devem insistir para que eu faça o que não quero

fazer, assim como aceitaram que tenho a minha própria ideia de


diversão.

É isso, continuo sendo a filha dos meus pais e estou bem

com as minhas decisões.

Depois de um mês tendo que fazer tudo sozinha e cuidar


de mim mesma, os dias, as horas e as semanas passaram rápidos

demais. Agora sinto que finalmente coloquei a minha cabeça no

lugar e estou em paz para agir como uma garota normal com os

problemas e conflitos internos normais para uma jovem mulher de

dezenove anos.

Toda a culpa por ser diferente da filha que os meus pais


esperavam simplesmente desapareceu e levou junto os

pensamentos insanos que envolviam os meus professores. Claro

que não aconteceu de um dia para o outro, mas, depois de repetir

sem parar que os pensamentos e sentimentos relacionados aos dois


não passavam de uma loucura inventada por uma mente fértil,

conseguir tirá-los da minha cabeça.

Também preciso dar créditos para o professor Luca

Ferrari, pois foram as suas palavras duras e o fato de ter me


colocado no meu lugar em uma única conversa que me fizeram

acordar daquele transe.

Eu ainda acho os dois homens lindos e extremamente

atraentes. Aquela atração que senti quase que de forma instantânea


desde o primeiro momento em que os vi ainda está viva, mas
entendi as palavras do meu professor quando ele disse que não

acontecerá nada entre nós por muitos motivos válidos, mas também
porque não me quer. Eu também não o quero. Agora sei que não

quero.

Sempre que entro na sala de aula nas terças e quintas,


faço de tudo para me manter invisível. Sem encarar qualquer um
deles por mais tempo do que deveria e sem mãos levantadas para

responder às perguntas.

Hoje, sou o que deveria ter sido desde o primeiro

instante: uma aluna disposta e ávida para aprender, uma aluna que
admira os seus professores tão somente pela capacidade intelectual
que possuem. Quanto a todo o resto, tento fingir que não existe

quando estou no mesmo ambiente que eles.

Para os dois, tudo permanece igual e isso mostra que os


olhares ou palavras que sugeriam segundas intenções foram
apenas fantasias que criei. Tanto o Luca quanto o Hugo têm agido

com profissionalismo e distanciamento, porque nunca se


comportaram de outra forma comigo ou com as outras garotas do

curso.

Todos os dias tenho mais provas de que tudo o que

dizem a respeito dos primos é a mais pura verdade. São homens


lindos, ricos e com o mundo aos seus pés, mas também ótimos
profissionais e totalmente respeitosos, embora eu tenha certeza que

muitas meninas, inclusive eu, se perguntam como seria se


quebrassem suas regras de conduta.

Depois que termino de me maquiar e arrumar o meu


cabelo, visto uma blusa justa preta que deixa um pedaço da minha

barriga de fora, junto com a saia curta de couro e botas de cano


baixo. Embora essa não seja a ideia, o look sugere um pouco de

despojamento e sensualidade. Ao ficar pronta, dou uma piscadinha


para o espelho e gosto do que vejo, pois, modéstia à parte,
realmente estou linda hoje.

Quando saio de casa, Vanessa e Guto já estão me

esperando no carro que ela pegou emprestado com os pais. Apesar


de me sentir um pouco apreensiva por ser a primeira saída com

meus amigos, acabo deixando o ânimo deles me contagiar durante


a viagem que dura apenas quinze minutos até a casa de shows.

Vanessa, Guto e eu estamos muito entrosados. Sinto-me


muito bem por saber que tenho duas pessoas com as quais posso
contar em um lugar onde não conheço quase ninguém.

Ao chegarmos ao destino, nós três entramos e eu me

surpreendo com o quanto o lugar está cheio. A música está


estourando através das caixas de sons e não há muita iluminação
além dos jogos de luzes que refletem na pista de dança de piso

espelhado. Apesar de estar levemente assustada com a novidade,


também estou excitada pela experiência nova que viverei. A
verdade é que a minha vida em São Paulo é feita de experiências
novas todos os dias e a cada uma que vivencio, mais sedenta para
continuar experimentando me sinto.

— Amiga, você precisa relaxar um pouco. Está tão tensa

que tenho medo de a sua tensão ser contagiosa — Vanessa fala e


sorri de um jeito que aquece o meu coração.

Eu simplesmente amo essa garota e tenho certeza de


que ela sabe disso. Quanto ao Guto, que é tão gentil que entrou na

frente para procurar uma mesa para nos sentarmos, gosto dele

quase tanto quanto gosto da Van, mas me sinto um pouco

desconfortável na sua presença por saber que o que quer de mim


vai além da simples amizade. Vanessa fica me perguntando o

porquê de eu não dar uma chance para o garoto e eu sempre digo

que não farei nada que não quero por pressão. Não quero ficar com
Guto.

— Você precisa me dar um desconto, Vanessa. Sabe que

é a primeira vez que venho a um lugar como esse e não estou

sabendo nem mesmo como respirar aqui — a minha fala faz com
que ela solte outra gargalhada e eu acabo rindo junto.
Guto volta apenas para entrelaçar seus braços nos

nossos e nos levar para a mesa que conseguiu reservar.

Nos primeiros minutos, nós três ficamos apenas

conversando e bebendo. Eles pedem cervejas e eu peço uma batida

de morango sem álcool, pois apesar de estar vivendo novas

experiências, experimentar bebidas alcoólicas não faz parte dos


meus planos. Se não fosse por respeito aos meus pais, seria porque

nunca senti vontade de experimentar qualquer bebida alcoólica e

não acredito que isso mudará agora.

Quando a noite começa a ficar agitada, Vanessa acaba

me convencendo a levantar-me da cadeira para dançar na pista,

embora eu preferisse ficar sentada olhando hipnotizada para casais

que apenas dançam, ou que se esfregam de uma forma que me


deixa completamente sem jeito por jurar que estão prestes a transar

em público.

Apesar da resistência inicial, é impossível não permitir

que a música e a batida penetrem o meu corpo. Quando percebo,


estou com os olhos fechados e com a cabeça jogada para trás,

deixando que a música me leve. Mexo meu corpo do jeito que sei,

porque dançar nunca foi o meu forte. Estou tão alheia às pessoas
que me cercam que não me importo se estou sendo a melhor ou a

pior dançarina no momento.

Agora, tudo o que quero é sentir. Sentir o meu corpo se

mexendo, sentir a liberdade e sentir a minha pele quente e suada


enquanto meu coração pulsa de forma acelerada.

Em algum momento sinto um corpo mais perto do meu

por trás, um corpo que não me toca, mas que está muito próximo

disso. Não faço nada para provocar, acredito que não saberia como
fazer algo assim, mas também não me sinto incomodada e não me

afasto da pessoa que está invadindo o meu espaço pessoal.

Tenho plena ciência de que estou sendo hipócrita por ter

dito para a Van que não permitiria avanços. Agora, não só estou
permitindo como me sinto tentada a corresponder.

A primeira música termina e a segunda começa enquanto

eu e a pessoa desconhecida continuamos dançando sem nos


afastarmos um do outro. Mas nós também não nos viramos e não

nos tocamos em momento algum.

O problema de brincar com o fogo é que ele é perigoso e

pode queimar. O fogo que faz o meu coração acelerar e quase parar
quando um braço envolve minha cintura em um abraço apertado e
possessivo. De forma automática, toco a sua pele com as pontas

dos meus dedos e descubro que se trata de um homem. Sim, a


pessoa que está me provocando há um tempo é do sexo masculino

e tem o cheiro tão bom que entorpece os meus sentidos. Um cheiro

familiar que só agora percebo, mas que não consigo lembrar a


quem pertence.

O toque e o cheiro que fazem o meu corpo reagir, fazem

nascer uma dor incômoda entre as minhas pernas e torna

impossível resistir ao desejo de esfregar uma na outra para aliviar a


tensão. O toque e o cheiro que me fazem agir como a mulher que

não sou ao empinar a bunda contra o desconhecido ousado que me

tocou sem pedir permissão no meio de dezenas de pessoas.

Guiando-me pelos instintos, começo a rebolar minha


bunda contra sua ereção e finalmente descubro o real significado da

expressão calcinha molhada quando sinto sua dureza. O meu

desconhecido, que dança e aproveita para pressionar o seu pau


duro na minha bunda, abaixa a cabeça e enfia o nariz no espaço

entre meu pescoço e ombro.

Nós ficamos assim durante mais duas músicas, até que a

tensão sexual se torna demais para que eu consiga segurar, quando


tudo o que preciso depois de um tempo o sentindo tão intimamente

com a bunda é gozar. Preciso gozar até não aguentar mais, um

orgasmo causado por outra pessoa, não pelos meus dedos depois

de assistir a filmes de sexos mecânicos e totalmente foras da


realidade, ou o que imagino ser a realidade quando duas pessoas

que se querem como o meu corpo deseja o toque desse

desconhecido se encontram.

Quando não dá mais para suportar, quando a minha pele


fica totalmente sensível, a calcinha molhada e os bicos dos meus

seios duros e doloridos de vontade, finalmente faço uma escolha e

viro-me de frente para ele.

Num primeiro instante e por causa da penumbra do local,

não consigo ver mais do que seus olhos, cujas pupilas estão

dilatadas de tanto desejo sexual não satisfeito. É claro que não sei

nada sobre o tesão, mas duvido que um olhar selvagem como esse
trabalhe no dia a dia do meu homem misterioso.

Antes que eu abra a boca para dizer qualquer coisa, o

olhar de desejo se torna surpreso e depois fica completamente

horrorizado. Eu não preciso perguntar, apenas sinto o meu mundo


caindo quando reconheço a pessoa que me atiçou até segundos

atrás quando um dos refletores joga luz no seu rosto.

O meu olhar fica tão horrorizado quanto o dele quando


me dou conta de que o homem que fez o meu corpo despertar de

forma tão intensa não é ninguém menos do que o meu professor de

direito tributário e empresarial. Luca Ferrari, o mesmo homem que


me humilhou há duas semanas e que me fez acordar para a

realidade da pior forma possível.

— Você?! — Não consigo ouvir o som da sua voz por

causa da música alta, mas posso ler os seus lábios e ver o ponto de
interrogação no rosto bonito.

É claro que Luca não sabia que estava roçando o pau em

uma aluna. Se soubesse, não teria sequer lançado um olhar em

minha direção. Eu mesma teria fugido dele. Mas agora é tarde,


porque acabei de cometer o maior erro de todos, ainda que tenha

sido por engano.

O fato de ter acontecido por engano não apaga o que


aconteceu. O fato de ter sido engano não fará com que eu esqueça

desta noite, jamais esquecerei.


Sem dizer uma única palavra, até porque, não tenho nada
para dizer, fujo do homem que mexe com a minha cabeça sem dar

um segundo olhar em sua direção. Sinto-me tão estarrecida que não

me importo de estender os braços para afastar as pessoas que


estão no meu caminho.

Tudo o que preciso agora é respirar um pouco de ar

fresco, digo a mim mesma ao mirar a porta de saída e apressar o

passo. O meu coração está prestes a sair do peito. A calcinha


molhada torna o ato de caminhar incômodo, mas tenho o objetivo de

sair daqui e farei isso.

Só mais alguns metros.

Só mais alguns metros.

É o que digo em pensamentos como forma de incentivo,

mas eu tinha que encontrar um empecilho no caminho.

— Merda! — esbravejo.

O meu corpo bateu no de alguém com tanta força que eu

teria caído com a bunda no chão se não tivesse sido segurada com
firmeza pela cintura por mãos fortes.
Como aconteceu há pouco mais de um minuto, fico
novamente pressionada por alguém, um corpo duro e muito maior
do que o meu. Como da outra vez, o seu cheiro também não é

estranho, então ergo a cabeça e, podendo enxergar com clareza


desta vez, dou de cara com Hugo Ferrari.

Os meus olhos estão arregalados, a minha boca está

aberta e o meu coração bate tão acelerado que ele deve estar
sentindo as batidas contra o seu corpo. Mas o que mais me
surpreende e me deixa confusa é perceber que Hugo olha para mim

de uma forma completamente diferente do jeito que o seu primo


olhou.

Há curiosidade no seu olhar, mas também existe um


pouco de calor e um sorriso que ele tenta esconder. O sorriso que

eu morreria para ver depois de ter me sentido tão apavorada por


causa do Luca.

Eu sei que não deveria ser assim porque eles são primos,
mas a verdade é que os dois homens mexem comigo com a mesma
intensidade e de formas completamente diferentes. Enquanto Luca

me aterroriza e me faz querer sair correndo, apenas para ser


perseguida, pega e encurralada depois da caçada, Hugo me faz
querer ficar para me aconchegar no seu abraço e no calor do sorriso
que insiste em esconder de mim.

— Eu conheço você, não conheço? — O som da sua voz


me faz despertar do transe para perceber quão ridícula e perigosa é
toda a situação com eles.

— Você deve estar me confundindo com outra pessoa.

Nós não nos conhecemos — afirmo e, assim como fiz com o Luca,
fujo dele em direção a saída.

Quando finalmente chego do lado de fora da casa de

shows, olho de um lado para o outro sem saber o que fazer. Vim de
carona com os meus amigos e não faço ideia de onde eles estão
agora. Tudo o que sei é que preciso sair daqui imediatamente e que

só uma mãozinha celestial poderia resolver os meus problemas.

— Guto? O que você está fazendo aqui? — pergunto, ao


apertar os olhos e me convencer de que o garoto que está a alguns
metros de distância é realmente o meu amigo. Se eu não tivesse me

afastado dele, nada teria acontecido entre mim e os primos Ferrari.

— Vanessa esqueceu a carteira com os cartões de


crédito no carro e eu vim pegar — explica. — Está tudo bem com
você? — ele questiona, certamente percebendo o quanto estou
perturbada.

— Mais ou menos. Eu preciso que faça algo por mim,


Guto.

— Qualquer coisa — fala sem pestanejar.

— Leve-me para casa. Por favor, me leve agora para


casa — imploro. Por mais que esteja confuso, curioso e doido para
fazer muitas perguntas, ele apenas balança a cabeça, abraça-me

pelo ombro e me leva para o carro da nossa amiga.

Sem saber o que está acontecendo, mas extremamente

preocupado, Guto abre a porta para mim e depois se senta no


banco do motorista. Ele liga o carro cheio de pressa, mas antes de o
meu amigo colocar o veículo em movimento, olho para a entrada da

casa de shows e tenho a impressão de ver Hugo e Luca Ferrari


parados lado a lado na calçada. Ambos me fitando com olhares que

são impossíveis de serem decifrados de onde estou.

Mas o que estão pensando ou sentindo agora não é


importante. Não quando tenho muito mais problemas com os quais

me preocupar. Por exemplo, preciso descobrir como voltarei a


assistir suas aulas depois de ter esfregado minha bunda no pau de
um e de ter caído nos braços do outro. Tudo aconteceu depois de

eu ter dito na frente do espelho que havia superado.


CAPÍTULO 8

HUGO

Luca e eu estamos parados na frente da casa de shows

como dois idiotas que observam a conquista da noite indo embora


com um garoto qualquer. O problema é que Amora de Moraes é a
nossa aluna, não a nossa garota, infelizmente.

Depois de um mês inteiro, creio que já posso lamentar o

fato de não poder, ou talvez seja apenas por escolha, não tocar na
mulher que mais despertou interesse em mim nos últimos tempos.

Depois de tantos acontecimentos nos últimos minutos, o

que mais preciso agora é de uma bebida bem forte para tentar
organizar os meus pensamentos e colocar a minha cabeça no lugar.

— Cara, vamos entrar? Nós dois estamos precisando

conversar. — Por mais que Luca seja fechado e que goste de evitar

conversas mais sérias, mesmo quando são necessárias, ele balança


a cabeça e apenas entra atrás de mim.

Hoje é sábado, o típico dia em que saímos de casa à

procura de diversão e voltamos com duas ou mais mulheres para


fodermos até o dia clarear. Mas talvez tenhamos encontrado uma

pedra no nosso sapato, uma bela pedra, diga-se de passagem, e


está na hora de falarmos a respeito dela.

E embora eu esteja tentando agir com calma e

naturalidade com ele, porque é isso que faço, a verdade é que estou

extremamente surpreso de perceber que talvez tenha descoberto o


porquê do comportamento diferente do meu primo nas últimas

semanas. Luca está tenso desde a noite em que cheguei em casa e

o encontrei bebendo vodca, algo que não costumamos fazer em


dias de semana.

Depois de dez anos, Luca e eu encontramos uma

rachadura na nossa armadura de proteção e, se eu não estiver


entendendo tudo errado, o nosso ponto fraco é a mesma pessoa.

Amora de Moraes, uma loirinha linda de sorriso fácil e

corpo perfeito que teve a minha atenção para si quando coloquei os


meus olhos em cima dela na primeira aula oficial do semestre.

Desde então, tenho lutado para fingir que ela é uma aluna como as

outras, não a personificação da mulher perfeita para mim, ou pelo

menos a garota perfeita que o adolescente que fui um dia desejava.


Apesar de ter que fingir durante as aulas e de não poder
me aproximar, gosto de olhar quando Amora fica alheia a mim. A

garota já não me encara com a mesma frequência da noite em que

chegou atrasada. Tive que ser duro e ela nunca saberá que estendi

aquela cena em uma tentativa patética de termos um pouco de

interação.

Gosto de fantasiar como seria se eu pudesse saber um

pouco mais a seu respeito. Queria poder descobrir coisas pequenas

como a sua idade e comida preferida, mas também queria poder

desvendar algo mais pessoal como quais são os seus sonhos.

Sobretudo, gostaria de saber como se parece a sua bocetinha, se

ela é tão inocente e intocada quanto parece.

Aos trinta e seis anos, vivi o suficiente e reconheço uma

garota inocente de longe. Amora certamente é a garota mais

inocente que já tive o prazer de ver. Não parece haver nada de

superficial nela ou em seu comportamento.

O fato de ter me sentido atraído pela moça não é

surpresa para mim. Apesar de ela não me atrair apenas por isso, a

minha preferência pelas loiras não é segredo e até virou piada na

minha família. O que realmente me choca é acreditar que o meu


primo também esteja interessado na nossa aluna, porque, além de o

Luca não gostar de mulheres jovens demais, ele prefere as mais


experientes que saibam exatamente como lidar com um pau.

Se você me perguntar o que há de tão especial nela que


nos deixa tentados a quebrarmos as nossas próprias regras, regras

que foram seguidas à risca por mais de dez anos, eu não saberei
dizer. Ela só é... especial de alguma forma e eu daria tudo para

descobrir o que torna Amora de Moraes diferente das outras. Eu


queria poder esquecer de quem somos para entender o porquê de

ela fazer o meu corpo desejar explorar o seu com tanta intensidade
há semanas. Desde a primeira vez em que flertei com ela na frente
de toda a turma, algo que nunca havia acontecido.

Quando nos sentamos à mesa, peço uma garrafa de


cerveja para nós dois, porque sinto que precisaremos de álcool

antes de começarmos a conversa. Durante longos quinze minutos,


ficamos bebendo em silêncio e sem coragem de encararmos,
porque sabemos exatamente o que o outro está pensando e o que

está sentindo. Sim, Luca e eu somos unidos a esse ponto. Nós dois
nos conhecemos como poucas pessoas se conhecem, nos

amamos, nos entendemos e compreendemos um ao outro.


Acredito que sou o que mais se agarra a uma

dependência emocional, embora devesse ser o contrário,


considerando as nossas histórias com nossos pais. Eu vejo o amor

de perto entre os meus e Luca cresceu em um lar dividido.

Há um senso de proteção em mim que só fica latente

quando o assunto é o meu primo. Sou dependente emocionalmente


dele pela necessidade de saber que está feliz sempre que estou.

Agarro-me a esse cara desde criança por saber que ele faria isso se
fosse mais aberto. Luca não fala, mas vejo que sente medo de me

perder, o seu melhor amigo.

Sou praticamente a única constante na sua vida e quero


continuar sendo até que não precise mais de mim.

Apesar de não saber como abordar o assunto, acredito

que conseguiremos nos entender no final, pois nunca deixamos e


nunca deixaremos que uma garota fique no nosso caminho, ainda
que seja essa garota, que é especial o suficiente para fazer nós dois

duvidarmos das nossas próprias convicções e escolhas.

Não é novidade para Luca e eu desejarmos a mesma

garota, isso acontece desde a adolescência e esse fato nunca foi


um problema, já que costumamos convencer as melhores a ficarem
conosco dois, seja ao mesmo tempo ou um de cada vez. Não
importa quem come a boceta primeiro, desde que o outro coma
depois fica tudo bem entre nós. Quando nos cansamos da conquista

da vez, simplesmente seguimos em frente sem olharmos para trás.

Uma conversa nunca é necessária, mas desta vez é


diferente, porque estamos falando de uma garota que não deve ter
mais do que vinte anos, além de ser nossa aluna. Não uma aluna

como outra, cujos pais deixam rios de dinheiro na universidade para


pagarem os seus estudos ou para limparem suas merdas. Até onde

pude descobrir, Amora de Moraes entrou com uma bolsa integral e


tem uma inteligência acima da média.

— Eu vi a forma como você estava dançando com ela na

pista — começo, indo direto ao ponto, pois só assim terei sua inteira
atenção sem nenhuma tentativa de fuga.

Meu primo ergue o olhar e me encara em silêncio,

pensando um pouco antes de abrir a boca para falar alguma coisa.


Ele gosta de fugir, mas sinto que desta vez não negará o que está
acontecendo.

— Eu não sabia quem era quando ela estava dançando


de costas para mim e esfregando a bunda no meu pau. Se tivesse
percebido, não teria praticamente rasgado as roupas daquela garota
e transado com ela no meio da pista de dança — fala entredentes,
eu olho para as suas mãos com curiosidade ao notar que seus

punhos estão cerrados sobre a mesa. Não me lembro se algum dia


vi meu primo tão tenso quanto agora.

— Acredito em você, Luca. Sei que age com sensatez e


sem esquecer dos nossos valores éticos quando é preciso. Mas
também presenciei o momento em que a moça se virou de frente e

vi a forma como olhou para a nossa aluna. Amora é a nossa aluna,

Luca — digo.

Obviamente, não estou fazendo uma cobrança. Seria


hipocrisia quando eu mesmo estou me sentindo tentado pela garota.

Se falo com ele neste tom é tão somente para fazer com o que se

abra e não pense em negar o que vi.

— De que forma você acha que a olhei? Se estivesse


realmente prestando atenção em mim, teria notado que fiquei em

choque quando percebi que estava me esfregando em uma das

nossas alunas.

— Você a olhou com desejo. Não tente negar, porque te

conheço como ninguém e da mesma forma que você me conhece.


Mesmo que não queira, porque nós temos um código de conduta

que seguimos a risca desde que o criamos, você está com vontade
de quebrar a principal regra de não foder com uma delas nossas

alunas pela primeira vez.

Deixo de mencionar a minha suspeita de que ele bebeu

naquela noite por causa dela, pois não quero o pressionar demais,
pelo menos, não ainda.

— Já que você quer tanto falar a respeito de olhares de

desejo, Ferrari, por que não falamos de você? Eu também vi a forma


como você a segurou em seus braços agora há pouco. Ela deve ser

muito ingênua se não tiver percebido que estava praticamente a

comendo com os olhos, filho da puta!

— Não me diga que está com ciúme? — provoco.

— Hugo, sei que você é o primo sorridente, aquele que

tem energia boa e um sorriso gentil para todos, mas isso não é

assunto para brincadeiras, cara. Nós estamos falando da boceta de

uma aluna. Tudo bem que é uma garota linda, gostosa e totalmente
o seu tipo, mas ela não é para você e muito menos para mim.

— Está falando isso por causa da regra? — indago.


— Pela regra e por muito mais. Ela é jovem e você deve

ter percebido que também parece ser muito inocente. Mas a pior

parte é que nós somos a porra dos donos da universidade onde ela
estuda e o seu futuro praticamente está em nossas mãos.

— Como sempre, você está pensando demais. Não

chegou nem mesmo a admitir que quer a gostosinha e já está

pensando em todos os problemas que teria se a levasse para a

cama.

— Isso não vai acontecer. Eu não me envolverei com

uma aluna minha e espero que você faça o mesmo.

— Acredita mesmo que irá resistir durante cinco anos? —

questiono.

— Tenho certeza de que não será tão difícil. Não faltam

mulheres nos querendo, inclusive, foi para isso que viemos aqui,

não foi? Hoje mesmo afundarei o meu pau até o esgotamento


dentro de uma boceta quente e esquecerei que desejei foder com

aquela pequena vadia agora há pouco.

Hoje nós viemos para caçar, do contrário, não estaríamos

aqui e não teríamos a encontrado fora da universidade. Esta casa


de shows não é um lugar que normalmente costumamos frequentar.
— Ao contrário de você, primo, não sou tão forte e não

tenho certeza de que não perseguirei aquela garota até convencê-la


a se entregar para mim. Eu a quis desde o primeiro instante e não

estou mais aguentando a necessidade de chegar mais perto dela

para sentir o cheiro bom do perfume doce ou para tocar aquela pele
macia. Eu preciso experimentar Amora, nem que seja uma vez.

De uma única vez, deixo escapar o que estava entalado

na minha garganta e me sinto aliviado por finalmente colocar os

meus desejos e os meus pensamentos para fora. É bom falar com a


única pessoa que poderia me entender neste momento, pois ele

está passando pela mesma situação que eu.

— Você nos colocará em problemas — Luca afirma.

— Às vezes parece que você se esquece de que tenho


trinta e seis anos de idade e que não sou uma criança que não sabe

o que faz. Sei quem nós dois somos e quais são as nossas

responsabilidades, primo. O que tiver que acontecer, e se acontecer

alguma coisa entre ela e eu, acontecerá de maneira planejada e de


uma forma que não traga consequências desastrosas para nenhum

de nós dois e muito menos para ela — declaro de maneira clara e

firme. A expressão no seu rosto é séria.


Ele está sofrendo por querer se entregar tanto ou mais do

que eu, principalmente depois de ter a sentido tão perto, mas o

conheço e sei que resistirá até a última gota de força que existir no

seu corpo.

— Quer saber? Se você está disposto a arriscar o seu

pescoço para se envolver com uma aluna, que para piorar é

bolsista, faça como bem entender — meu primo fala, entorna o resto

da bebida e coloca o copo de volta na mesa com mais força do que


era necessário. Então ele se levanta e me deixa sozinho na mesa.

Apesar da sua atitude, voltamos juntos para casa

levemente embriagados e ao lado de duas gostosas que nos


presentearão com alguns momentos de prazer. A que está ao meu

lado não é a mulher com quem eu gostaria de terminar a noite, mas

ela será necessária para me impedir de fazer a besteira de ir

procurar a pequena loira. Ainda não é o momento.

Eu senti que Amora reagiu a mim da mesma forma que

reagiu ao meu primo e tenho certeza de que ela deseja a nós dois.

Em algum momento, a garota será minha de todas as formas que a

desejo. Sinto tanta fome que não irei parar até que o meu toque
esteja tatuado na sua pele.
Quanto ao Luca, Amora também o pertencerá, porque ela

nos quer, nós dois a queremos e não há nada mais simples do que
isso. Ela será nossa e algo me diz que viveremos a experiência

mais perigosa, mas também a mais prazerosa das nossas vidas.


CAPÍTULO 9

AMORA

Apesar de eu ter temido pela chegada da terça-feira,

nada impediu que ela chegasse. O restante do final de semana,


assim como a segunda-feira, passou tão rápido que mal tive tempo
de me preparar para o iminente encontro com o professor Hugo na
aula de hoje.

Assim como nas semanas anteriores, poderia ser apenas


uma aula como outra qualquer e eu fingiria que o loiro não é o
homem por quem estou ardendo de desejo. O problema é que os

incidentes de sábado tornaram impossível a missão de continuar


atuando como fiz nas últimas semanas.

Depois do encontro com os primos Ferrari no sábado,

tudo o que acreditei que havia acabado voltou à tona e não tenho a

menor dúvida de que a tortura recomeçará.

Resignada, acordei mais cedo, respirei fundo e fiz tudo o

que tinha que fazer. Inclusive, me estressei com alguns clientes

engraçadinhos que vez ou outra surgem no marbella e me tocam


sem permissão, algo com a qual, infelizmente, estou aprendendo a

lidar. Eu sei que nenhuma mulher deveria se acostumar a toques


sem permissão, mas são ossos do ofício e eu preciso do emprego

para me manter em São Paulo. De qualquer forma, há alguns

métodos que uso para me defender e impedir que uma mão boba se
torne algo mais desagradável.

Depois que saí do trabalho, voltei para casa, tomei um

banho e me preparei para a noite, fingindo o tempo todo que não

estava me arrumando mais do que o normal.

Felizmente, Vanessa se ofereceu para me dar uma

carona hoje e o professor Hugo não terá que chamar atenção para o

meu atraso mais uma vez.

A minha saída estratégica da casa de shows foi

providencial e me livrou rapidamente da loucura que vivi naquele

lugar, mas também colocou os olhos atentos da minha amiga em


cima de mim e Vanessa não consegue superar o fato de o Guto ter

me levado em casa de maneira repentina. É claro que ela não ficaria

de fora, então tive que contar exatamente o que aconteceu.

Como não poderia deixar de ser, porque estamos falando

da maluca da Vanessa, ela passou o final de semana inteiro me


torturando com perguntas e comentários engraçadinhos a respeito
da minha dança com o professor Luca e do meu esbarrão no Hugo.

Ela brinca ao dizer que está com raiva de si mesma por não ter visto

o momento em que tudo aconteceu, mas tem certeza de que os

donos da universidade se entregarão aos desejos da carne pela

primeira vez por minha causa e, segundo suas palavras, farão sexo

com uma aluna.

Ela não pergunta se eu quero fazer sexo com eles e nem

mesmo considera estranho o fato de não ser apenas um, mas dois

homens mexendo com a minha cabeça. No dicionário da Vanessa,

não existe a hipótese de uma mulher não desejar transar com

homens como Luca e Hugo Ferrari.

— E então, querida, será que hoje você fará mais do que

babar no professor Hugo? E quanto ao Luca? Você é tão safada,

Amora. Tem essa cara de santa, mas está cobiçando e sendo


cobiçada por dois homens ao mesmo tempo — ela fala, vez ou outra

desviando o olhar da direção enquanto nos leva para a


universidade.

— Vanessa, será que você pode simplesmente esquecer


do assunto? Juro que já penso demais em toda essa situação para

que você piore ao me lembrar daqueles dois a todo instante. Além


do mais, não aja como se tudo isso fosse um filme de comédia

romântica, porque eu não poderia pensar em nada mais degradante


e indecente.

— Se fosse um filme, seria um filme para maiores de

dezoito anos no bom estilo cinquenta tons de cinza. Transar com um


daqueles dois ou com os dois ao mesmo tempo poderia até ser

indecente e degradante, mas também seria a experiência da qual


você nunca mais se esqueceria. Esteja certa disso.

Apesar de não ter presenciado nenhum momento de


interação entre os caras e eu, Vanessa, que não se importa com o

que falei a respeito dos meus pais e da forma como me criaram,


sempre se empolga com a possibilidade de eu ficar com eles. Ela

não duvidou da minha sanidade quando contei a respeito do


interesse de ambos em mim.
Mesmo que eu tenha duvidado das minhas percepções

em diversos momentos, a amiga que fiz em São Paulo acredita


piamente que Hugo e Luca estão atraídos por mim como nunca

estiveram interessados em outra.

— Sei que você não leva as minhas palavras a sério, mas

a verdade é que não passo de uma virgem. — Apesar de eu ter


certeza de que ela já sabia, considerando todos os fatos que contei

sobre a minha criação, digo pela primeira vez com todas as letras a
maior verdade sobre mim. Não vejo como algo da qual deveria

sentir vergonha, porque no fundo sinto orgulho por ter preservado a


minha virgindade até aqui, por não ter me entregado a um cara
qualquer e apenas para me livrar de uma barreira.

— Eu já sabia — Vanessa declara com uma risadinha


discreta, mas não me olha como se eu fosse a pessoa mais

estranha do mundo, apesar de não ser comum encontrar virgens de


dezenove anos por aí.

— Se já sabia, tente conter a sua emoção, porque


mesmo se eu estivesse disposta a tentar algo, não saberia o que

fazer com um homem como professor Hugo, muito menos com o


seu primo que tem o coração de gelo — declaro. Pensar em fazer
sexo com eles me faz sentir vontade de sair correndo e me
esconder debaixo das cobertas. Ou correr para os seus braços,
dependendo do momento de loucura.

— Amora, não tente se enganar. Por mais que tenha tido

uma criação tão rígida, vejo no seu rosto que você tem fogo nas
veias e muita vontade de viver tantas experiências novas e
prazerosas quanto quiserem te apresentar. Basta apenas que se

permita e não pense em ninguém além de si mesma. Você é uma


pessoa maravilhosa que precisa viver e se entregar a vida, porque a

vida te recompensará com muito prazer e noites de sexo suado com


um daqueles dois, e até os dois se for a garota que acredito que
você é

— Eu queria me enxergar da forma como você me


enxerga, sabia? Na verdade, gostaria de ser como você, uma

mulher sem medo e cheia de sede por grandes e novas aventuras.

— Quem disse que você não é essa mulher? Você é, e


tenho certeza de que em breve descobrirá uma nova Amora de
Moraes. Felizmente, estarei ao seu lado para ver o seu desabrochar

quando isso acontecer.


— Ainda bem que tenho você para conversar. Do
contrário, já teria enlouquecido com os meus pensamentos que são
sempre tão confusos que às vezes é insuportável ficar dentro da

minha própria mente.

— Se estou sendo a voz da sua razão, significa que a sua


situação é muito crítica — o seu comentário faz nós duas soltarmos
gargalhadas, então o momento de conversa fofa termina e a
surfistinha volta a falar da possibilidade de eu ter um caso com os

meus dois professores.

Felizmente, chegamos à universidade dez minutos

adiantadas. Com um plano em mente, despeço-me dela e ando


apressada em direção à sala de aula. Com o coração um pouco

acelerado, opto por me sentar no final da sala, tudo para tentar

tornar-me invisível aos olhos do meu professor de direito penal.

Enquanto mexo no meu celular e finjo que está tudo bem,


a sala começa a encher. Meus colegas entram aos poucos, até que

soa o sinal para o início da aula e o Ferrari entra. Reluto para

levantar a cabeça, mas acabo me entregando, porque não posso


fugir durante uma aula inteira.
Quando o meu olhar se depara com a figura alta, forte e

poderosa, sinto a minha boca ficando seca, porque Hugo Ferrari


sempre causará esse impacto no meu corpo, mente e coração. Ele

sempre será aquele que monopolizará a minha atenção, ainda que

eu esteja em um recinto com mais outras cem pessoas.

Desta vez, sei que não estou sentindo sozinha, porque o


loiro de olhos verdes também me encara por mais tempo do que

deveria, um olhar intenso que diz muito mais coisas do que eu

gostaria de saber a respeito do que aconteceu naquela noite e do


que acontecerá no futuro se nós dois nos permitirmos.

No fundo, mesmo com medo e sem fazer ideia do que me

espera, sei que me permitirei, pois nunca quis tanto algo como

desejo fazer descobertas com alguém que pode me ensinar tudo o


que desejo aprender. Ainda sinto os mesmos anseios de quando

estava em Roda Velha e não fazia ideia de que existia alguém em

algum lugar que poderia me dar o que eu estava buscando.

Então cheguei até aqui e encontrei não só uma, mas


duas pessoas que me fazem ofegar de desejo com simples olhares,

e toques acidentais que deixam a minha pele sensível e a carne

entre as minhas pernas tão úmida que causa desconforto.


Por mais que eu tenha me mantido controlada nas

últimas semanas, e até tenha chegado a acreditar que seria possível

fugir da atração, sonho com o meu corpo ao lado dos corpos deles
em uma cama todas as noites. São sonhos eróticos em que me

vejo com um deles em um momento e com outro no segundo

seguinte. Mas os melhores sonhos são aqueles em que eu estou

com os dois, sendo tocada sem reservas. Sendo possuída por


quatro mãos ávidas até a exaustão.

Todos os sonhos terminam com nós três deitados juntos

na mesma cama. Eu no meio com a cabeça descansando no peito

de um deles e o segundo me abraçando por trás. Ambos me


tocando com possessividade, como se o meu corpo os pertencesse.

Por mais que seja incômodo, porque tenho muito mais

coisas para fazer além de pensar em homens, é mais conveniente


sonhar com eles quando estou em casa do que na sala de aula e na

presença de um dos protagonistas das minhas fantasias insanas e

sensuais.

Travo uma batalha interna para prestar atenção na aula e


assimilar o conteúdo importante que Hugo está passando hoje, mas

perco todas as batalhas para a minha própria mente. Se alguém me


perguntar o tema da aula, não saberei responder. Vez ou outra,

flagro olhares do professor em minha direção, mas são olhares


fugazes, porque aqui ele é cem por cento profissional, ao contrário

de mim, que não consigo me controlar.

Sei que estou agindo desta forma pelo que aconteceu na

casa de shows e porque a ansiedade pelo que ele fará a seguir tem
me dominado desde que escapei naquela noite, mas existe a

possibilidade de o Hugo continuar sendo somente o meu professor

de direito penal e fingir que nada aconteceu. Será melhor para nós
dois se o loiro fizer isso, é o que diz a voz da minha razão. Mas a

maior parte de mim quer que ele se aproxime para conversarmos

sobre a gente.

Talvez seja mais fácil fingir. Para todos os efeitos, nós


apenas esbarramos um no outro em um lugar que estava cheio

demais. Quanto ao Luca, não posso dizer o mesmo, pois o senti de

forma tão íntima que é impossível esquecer ou fingir. Não quero que
ele se esqueça da forma como esfreguei a minha bunda na frente

da sua calça. Preciso que se sinta incomodado e desconfortável

quando estiver perto de mim, que se lembre o tempo todo do que

nós dois fizemos, assim como acontecerá comigo na próxima


quinta-feira quando estiver na aula o ouvindo como se nada tivesse

acontecido.

A aula começa e termina sem que eu perceba.

Propositalmente desta vez, demoro mais do que o necessário para


guardar os meus pertences e espero até que todos os colegas de

curso deixem a sala. Quando finalmente o professor Hugo e eu

ficamos a sós, levanto-me da cadeira e ando em sua direção. Ao

mesmo tempo, ele sai de trás da sua mesa e vem até mim.

Nós dois acabamos nos encontrando no meio da sala de

aula, tão próximos que consigo quase sentir o calor do seu corpo no

meu. Não sinto o seu calor da forma que o meu corpo gostaria, mas
sinto o cheiro, que é uma mistura de perfume masculino caro com o

odor natural de homem limpo, másculo e bem cuidado.

Hugo e eu nos encaramos durante alguns segundos, até

que a sua intensidade se torna insuportável a ponto de fazer-me


corar de constrangimento e nervosismo. Abaixo a cabeça e no

mesmo instante o loiro toca o meu queixo com as pontas dos dedos

para erguer a minha cabeça, obrigando-me a olhar dentro dos seus

olhos. Olhos que não estão mentindo e dizem com todas as letras
que ele me quer.
— Percebi que você estava distraída e não prestou

atenção na aula. — De todas as coisas que Hugo poderia dizer, ele


tinha que me dar uma bronca?

— Sinto muito, professor. Eu só estava...

Eu estava pensando em quê? Em mim fazendo sexo com

ele e o primo?

Estava cheia de expectativas e ansiosa para este


momento, embora não soubesse ao certo o que esperar, mas as

suas palavras jogaram um balde de água fria na minha cabeça e

soaram como um tapa na minha cara, um tapa que me colocou no


meu lugar.

— Você não pode permitir que assuntos particulares

interfiram nos seus momentos de aprendizagem.

— Tudo bem, preciso ir agora — falo, tento fugir


novamente, mas o homem segura o meu braço e impede que eu

saia.

Agora estamos ainda mais próximos do que antes,

praticamente respirando o ar que o outro respira. A sensação de


estar tão próxima quanto possível me entorpece e deixa minhas

pernas fracas, tão fracas que é preciso que eu erga os braços e


apoie as mãos no seu peito duro e aparentemente definido por baixo
da camisa social azul-marinho.

— Ainda não terminei de falar com você. — Desta vez,

Hugo abaixa a cabeça e sussurra as palavras bem baixinho no meu

ouvido.

— Não? — indago, ele sorri e balança a cabeça,

confirmando que não entendi errado e que isso não é uma

alucinação.

Em seguida, o professor se afasta de mim e caminha até


a porta, mas é somente para trancar com a chave. Ele também

fecha todas as janelas, isolando-nos do mundo que existe fora

destas paredes e não posso negar que suas ações fazem o meu
coração bater ainda mais acelerado.

Tão rápido quanto saiu, o loiro lindo volta para perto de


mim e me surpreende completamente quando envolve minha cintura

com os dois braços em um abraço terno, mas firme e possessivo ao


mesmo tempo.

— Por que está fazendo isso? — Minha voz sai quase


como um sussurro. Apesar da pergunta, as minhas mãos estão
buscando apoio no seu peito novamente.
— Faço porque quero e porque posso. Acima de tudo,
faço por saber que é exatamente disso que você precisa. Estou
certo?

Depois de ter passado tantas semanas desejando esse


toque e todas as sensações que o seu abraço estão me fazendo
sentir agora, depois de ter feito planos mentais de como eu agiria se

por um milagre algo parecido com isso acontecesse, simplesmente


engulo a minha língua e balanço a cabeça de um lado para o outro
dizendo de maneira inequívoca que não quero o seu abraço

Merda! Por que estou fazendo isso, se queria o seu toque

mais do que qualquer coisa?

— Não negue, menina. Não sou como os garotos


inexperientes com os quais você deve estar acostumada e vejo a

forma como me cobiça com o olhar. De maneira voluntária ou não,


você me cobiça desde o dia em que chegou atrasada e interrompeu

a minha aula, lembra-se? — Ainda incapaz de falar, balanço a


cabeça dizendo que sim.

Apesar de saber que um abraço não é nada perto de tudo


o que Hugo pode fazer com o meu corpo, sinto-me quente e
excitada no calor dos seus braços, mas também me sinto segura e
protegida.

Depois de um minuto inteiro sendo observada por ele,


finalmente encontro a minha voz e decido falar algo para quebrar
um pouco da tensão sexual e do nervosismo que estou sentindo.

— Desde que cheguei à cidade ouço as pessoas falando

que você e o seu primo são homens sérios e extremamente


profissionais. Elas dizem que vocês dois nunca saíram e que nunca
sairiam com uma aluna. No entanto, você está me abraçando de

uma forma que parece pouco profissional.

Embora não tenha coragem de continuar, gostaria de


dizer que não é uma reclamação e que estou apenas tentando

entender a sua atitude. Sim, sei que ele me deseja. Até mesmo eu
com a minha falta de confiança habitual me convenci de que está
acontecendo alguma coisa entre os primos Ferrari e eu, mas parece

tão surreal que preciso ouvir da sua boca para realmente acreditar
que não estou no meio de um dos meus sonhos fantasiosos.

— Você quer que eu pare? — Hugo faz a pergunta que


imaginei que fosse fazer. No seu lugar, eu também perguntaria a

mesma coisa depois do meu comentário.


— Não, só preciso te entender — digo, decidida a ser
sincera.

— Realmente há algumas regras comportamentais para


serem seguidas aqui dentro, mas estou disposto a quebrá-las por

você.

— Por que eu dentre todas as garotas que demonstram

interesse em você?

— Não faça essa pergunta, apenas saiba que você é

diferente das outras, que desejo te tocar e passar um tempo ao seu


lado. Mas preciso que seja sincera e me diga se realmente
interpretei certo os seus olhares de desejo. Quero que me diga

agora se quer dar esse passo sem volta.

Parece que estou vivendo um sonho, pois Hugo está

dizendo tudo o que jamais acreditei que fosse ouvir, mesmo que
tenha desejado tantas e tantas vezes. Ainda assim, preciso ter

certeza e me assegurar de algumas coisas.

— E se eu disser que não quero?

— Então tudo continuará como sempre foi e nós dois


seguiremos sendo apenas professor e aluna. Eu jamais te
prejudicaria por causa de um mal-entendido — Hugo garante e, por

algum motivo, sinto que posso confiar nele.

— Você não interpretou errado os meus olhares e eu não


estava louca por acreditar que me desejava como mulher. Apesar de

eu não fazer ideia de onde isso me levará, quero você mais perto de
mim, quero tudo o que puder me dar e o que puder me ensinar,

professor. Você me ensinará bem, não é? Dizem que é um


excelente professor.

Não sei de onde a fala saiu, mas gosto de perceber que


sou capaz de provocar um homem como Hugo Ferrari.

— Algo me diz que você será uma aluna muito dedicada


— o professor gato fala, abaixa a cabeça e deixa um beijinho no
meu pescoço. Um toque leve e rápido, mas que faz todo o meu

corpo se arrepiar de prazer e ansiar por mais.

Quando ele volta a levantar a cabeça, o seu olhar cai na

minha boca e eu passo a ponta da língua entre os meus lábios de


forma inconsciente. O meu gesto mexe com Hugo, sinto quando

seus braços ficam mais apertados em volta da minha cintura e vejo


quando os seus olhos castanhos escurecem.
— Eu disse a mim mesmo que iríamos apenas conversar,
mas preciso te beijar, garota — ele fala, e a necessidade na sua voz
chega a quase a ser palpável. A mesma necessidade que sinto no

momento.

— Não sei se sou boa nisso e em muitas outras coisas


que talvez você esteja esperando de mim. — Só agora lembro-me

de ser sincera para que o homem não compre gato por lebre e se
frustre ao encontrar uma garota boba, em vez de uma mulher

experiente que sabe o que está fazendo.

— É simplesmente impossível que você não seja

naturalmente boa. Mesmo se não fosse, sou o professor aqui


esqueceu? Se formos mesmo seguir em frente, te ensinarei tudo o
que precisa aprender — Hugo declara, então abaixa a cabeça e

encosta levemente a boca na minha.

Cuidadoso, como se soubesse coisas a meu respeito que

ainda não tive a chance de contar, leva alguns segundos sem mover
os lábios, apenas permitindo-se sentir os meus lábios e deixando-
me sentir o toque dos seus. O toque pelo qual tanto esperei.

— Sabia que você é linda? — Sem falsa modéstia,

balanço a cabeça. — Que bom que posso te falar hoje e quantas


vezes eu quiser a partir de agora. Quero que saiba que te desejei
quando entrou nesta sala completamente acanhada e atrasada.

Algo assim nunca tinha acontecido.

— Pensei que tivesse ficado chateado por causa do meu


atraso — brinco, falando contra sua boca e tendo dificuldades para

manter a concentração quando os meus lábios estão formigando de


vontade de serem tomados pelos seus.

A sensibilidade recorrente entre as minhas pernas fica


mais intensa a cada segundo que passa. Sei que logo começarei a

lutar para não apertar uma coxa na outra na tentativa de aliviar a


tensão e a dor do desejo.

— Não fiquei chateado, só estava tentando conversar

com você e disfarçar o impacto que a sua presença causou na


minha mente e no meu corpo.

Adoro a forma como fala comigo e como faz com que eu


me sinta à vontade estando nos seus braços pela primeira vez, mas

minha mente e meu corpo estão implorando por mais.

— Por favor, Hugo. Eu preciso que você me beije agora,

senão...
— Senão o quê? — ele provoca, ao deixar que as mãos
que estavam na cintura escorreguem para a minha bunda e apertem

os dois lados com gosto. O gesto faz com que a minha boceta seja
pressionada contra o seu membro e me surpreendo ao sentir o

volume que deixa evidente que está excitado, mesmo que ainda não
tenhamos feito nada além de conversarmos e nos abraçarmos.

— Querida, por mais que eu queira te beijar até deixar

sua boquinha avermelhada, não posso fazer isso aqui.

— Mas você disse... — Não termino de falar, porque


Hugo coloca dois dedos nos meus lábios para me impedir de
continuar.

— Eu disse que precisava te beijar, mas estou me


arriscando demais por você e não quero brincar com a sorte ao
começar algo que posso não conseguir parar, não aqui.

— Você me enganou — declaro.

Juro que não queria, mas estou agindo como uma criança
de cinco anos de idade. Hugo dá uma risadinha, finalmente me
presenteando com o sorriso pelo qual ansiava nas últimas semanas.

Depois o loiro me faz gemer e quase implorar por mais ao dar uma
mordidinha no meu lábio inferior.
— Enganei até a mim mesmo quando pensei que poderia

te tocar aqui, mas não está certo e nós ainda precisamos conversar,
Amora — afirma. — Para sermos bem mais do que aluna e
professor, temos que estabelecer algumas regras para que você não

tenha problemas, porque tudo o que não quero é prejudicar o seu


futuro aqui na universidade.

Por mais que esteja me sentindo frustrada, aceno com a


cabeça concordando com suas palavras. Hugo está certo.

— O que faremos agora? — questiono com a esperança


de a noite não terminar assim.

— Eu te levarei até a minha casa para que possamos


conversar com privacidade e sem medo de sermos vistos por olhos
curiosos. Você quer vir comigo?

Por mais que tenhamos ido de zero a cem muito

rapidamente, apesar de parecer que demorou até demais para


chegarmos a esse ponto, gosto do fato de o Hugo sempre me dar
opções, mesmo sabendo que pode fazer o que quiser comigo. Ele

não faz suposições e não toma decisões por mim. Em vez disso,
pergunta a minha opinião.
— Tudo bem, nós podemos ir para a sua casa — falo.
Mesmo com medo, estou decidida a arriscar, a não mais fugir dos
meus desejos. — E quanto ao Luca? — questiono.

Fico um pouco sem jeito e não sei se Hugo consegue


perceber. Meu professor falou que temos que conversar e realmente

temos, a começar pela confissão de que estou tão atraída pelo Luca
quanto por ele.

O que Hugo pensará de mim quando souber?

Continuará me desejando? Ou pensará que sou uma

vadia que precisa de dois homens ao mesmo tempo?

De qualquer forma, independentemente do medo de

acabar com o que nem começou ainda, Hugo saberá que sinto
desejo pelo seu primo, porque não existe nenhuma chance de eu
conseguir agir com naturalidade perto do Luca, principalmente

depois do que fizemos no fim de semana.

— Hoje é um dos dias de folga do meu primo e ele foi

fazer uma visita para os pais na cidade vizinha. Acredito que não
aparecerá — Hugo explica e não sei se o que sinto é alívio ou
decepção. Realmente não sei. — Você não gosta dele? —

questiona.
— Não! Quer dizer, é claro que eu gosto, ele é meu
professor — declaro e abaixo a cabeça.

— Ei, eu só estava brincando com você. Não precisa ficar


sem jeito — fala com carinho, depois beija o canto da minha boca e
me abraça por um tempo, deixando que eu sinta o meu corpo contra

o seu tanto quanto desejo.

Combinamos de sermos discretos. Depois de ver que não


tem ninguém nos corredores, saio primeiro e espero no
estacionamento perto do seu carro. Cinco minutos depois,

observando ao redor para ter certeza de que não estão nos vendo
juntos, o professor Hugo e eu entramos no seu carro e pegamos a
estrada.

Passo a viagem inteira em silêncio e olhando através da


janela, enquanto estalo os meus dedos em sinal de nervosismo.

Fico me segurando para não me beliscar para ter certeza de que


isso não é um sonho e que realmente estou cometendo a loucura de
ir até a casa do meu professor, um homem experiente e muito mais

velho do que eu. Ainda não acredito que estou começando algo com
Hugo Ferrari.
Mesmo que a situação pareça perigosa e que faça um

alarme soar na minha cabeça, o meu coração e o meu corpo


tomaram uma decisão. Hugo Ferrari terá tanto quanto quiser de mim
e eu não me privarei de tomar tudo o que ele quiser me dar. Esta é a

minha vida e eu quero vivê-la plenamente, mesmo que faça


escolhas questionáveis, mesmo que sejam escolhas das quais
possa me arrepender no futuro.
CAPÍTULO 10

AMORA

O apartamento do Hugo não fica longe da universidade.

Quando chegamos e ele abre a porta, dando espaço para que eu


entre, torna-se humanamente impossível não deixar que o meu
queixo caia no chão com a visão da sua sala.

Eu não tive a oportunidade de entrar em um lugar que se

parecesse minimamente como esse aqui, mas tenho certeza de que


não existem no Brasil tantos apartamentos mais luxuosos do que
esse.

Apenas a sala consegue ser três vezes maior do que o


pequeno apartamento que alugo em uma área nada nobre e bem
diferente de tudo aqui. Mesmo com todo o luxo, a sua sala faz o

estilo minimalista, visto que não contém mais móveis do que o

necessário. As cores em tons de branco e mogno conversam entre


si e enchem os meus olhos, porque amo apreciar as coisas belas.

Mas o que realmente chama a minha atenção é a enorme TV e o

jogo de sofás onde cabem perfeitamente vinte pessoas sentadas.


Na frente dos sofás há uma pequena mesa de centro na

cor branca e ela está cheia de controles metricamente organizados,


algo que não me surpreende, pois imagino que toda a residência é

equipada com a mais alta tecnologia. Tudo para garantir o conforto

do seu dono.

Enquanto babo, chego à conclusão de que quero viver


em um lugar como esse se um dia tiver dinheiro para tanto. Se o

apartamento fosse meu, eu não colocaria nem mesmo a minha

cabeça para fora da janela e passaria o dia inteiro jogada no sofá


tomando sorvete e assistindo na Netflix.

Quando sinto que me envergonhei o suficiente, dou um

pigarro e crio coragem para olhar em direção ao Hugo. O homem


que me deixou aproveitar o momento de deslumbre tem uma

expressão divertida no olhar, como se não entendesse o motivo

para tanto estarrecimento com a beleza do seu apartamento que

mais parece uma mansão no alto de um edifício de luxo.

É claro que ele não me entende. Eu também não

entenderia a minha reação se as nossas posições estivessem

invertidas.
— O seu apartamento é lindo — finalmente falo, então
caminho até o sofá e deixo a minha bolsa com os livros em cima do

maior. Em seguida, volto para perto do Hugo, que continua me

observando em silêncio e com curiosidade, como se não

acreditasse que estou aqui. Bom, estamos empatados neste ponto,

porque também não acredito que fui corajosa a esse ponto.

— Que bom que você gostou. Cada pequeno detalhe foi

planejado por mim e pelo Luca.

— O Luca? O que ele tem a ver com a decoração da sua

casa? Não me diga que vocês dois moram juntos.

— Sim, moramos. Não acha que seria exagero um

apartamento desse tamanho para uma pessoa morar sozinha?

Perguntei pelo Luca mais cedo porque fiquei com medo

de o encontrar quando estivesse com o seu primo, mas não

suspeitei que morassem juntos. Pensando bem, faz sentido se

realmente são tão próximos como todos dizem.

— Você tem razão, é grande demais apenas para você —

digo, um pouco distraída.

Eu nem sei se estou falando coisas que façam sentido.

De repente, quando a ficha cai de uma maneira brusca e entendo


que estou na casa dos meus professores, começo a sentir todo o

nervosismo que estava tentando disfarçar vindo à tona.

— Amora, não faça essa cara — ele pede ao puxar o

meu corpo para o seu e fazer carinho no meu rosto. — Você quer
estar aqui, não quer?

— Eu quero, mas... — interrompo a frase pela metade,


porque não faço ideia do que poderia dizer depois do mas.

Ao mesmo tempo em que quero mais do que tudo estar


aqui com ele, sinto que não sei o que fazer agora que consegui

exatamente o que vinha desejando, mesmo que fosse um sonho


que parecia muito fora da realidade e impossível de acontecer.

Parece surreal que eu esteja tão perto do Hugo, sentindo tantas


emoções enquanto os seus dedos fazem carinho na lateral do meu

pescoço.

— Vem, sente-se comigo. Eu te trouxe para


conversarmos algumas coisas e faremos isso — Hugo fala, então

segura a minha mão e me leva para o sofá.

Sentamo-nos no estofado menor, embora pensar neste


sofá como pequeno pareça errado. Acomodamo-nos com os corpos
voltados um para o outro, tão próximos que os nossos joelhos se

tocam.

— Pode me dizer por que está tão nervosa?

— Acredita que eu não deveria estar? Por mais que


esteja certo e eu realmente queira ficar com você, ainda somos

aluna e professor. É mais do que isso, ainda sou bolsista na


universidade que pertence a você e ao seu primo, que por sinal

também é meu professor.

— Sei que é um problema para você, mas também é um

inconveniente para mim e se eu acreditasse que poderia seguir em


frente para deixar tudo como estava, teria feito isso. O problema é

que passei semanas resistindo e tentando te esquecer, mas não


consegui.

— O que você quer de mim, Hugo? Sei que um homem


como você está acostumado a ter todas as mulheres que deseja e
que espera por algo que talvez eu não seja capaz de te dar. Quero

muito que a gente aconteça, mas... e se eu não for a pessoa que


você precisa?

Eu estava indo bem, mas a última frase que deixo


escapar é um claro sinal da minha insegurança.
— Não acha que tem muitos “talvez” entre as suas
frases? Não pense no que preciso ou nas mulheres que tive antes,
porque é você que eu quero, loirinha. Não acredito que será fácil,

porque nunca fiz algo assim antes, mas quero tentar e aceitarei tudo
o que tiver para mim, até mesmo se for menos do que o meu corpo

deseja de você com tanto fervor.

— Nunca estive com um homem, não da forma que você

quer estar comigo — confesso, parecendo incapaz de usar a


palavra sexo.

— Não pode dizer as palavras certas? — ele pergunta


com divertimento. — Você está me dizendo que nunca fez sexo, é
isso?

— Sou virgem. Fui criada com princípios rígidos e

ensinada a acreditar que a minha virgindade era algo importante


que deveria entregar para alguém especial. Não pense que não fiz

sexo por falta de vontade, porque ultimamente isso é tudo em que


tenho pensado. Talvez haja algo de errado comigo.

Não sei qual efeito as minhas palavras causam no

homem bonito, mas o Hugo simplesmente elimina todo o espaço


que existe entre nós dois, envolve a minha cintura com o braço e me
puxa para cima das suas pernas. Ao acomodar-me em cima das
suas pernas, Hugo abaixa a cabeça e dá uma mordida no meu
pescoço. Sinto-me tão bem que parece que sempre fizemos isso.

— Você não faz ideia do que as suas palavras causam

em mim, menina. Quanto ao fato de você ser virgem, me sinto


especialmente orgulhoso por saber que me considera especial o
suficiente para se entregar a mim. Gosto de pensar que te ensinarei
tudo o que quer e precisa aprender sobre se entregar de corpo e

alma a uma paixão, ou ao sexo apenas pelo sexo como uma válvula

de escape, uma vontade de relaxar da melhor forma possível.

Quanto a pensar apenas nisso, tenho sofrido do mesmo problema,


porque desejo te comer mais do que anseio pela minha próxima

respiração.

— Não pode falar essas coisas... — a minha voz sai


sussurrada, quase um gemido, enquanto ajeito-me melhor no seu

colo com a intenção de pressionar a bunda no seu membro que está

duro de excitação.

— Sim, eu posso e tenho certeza de que você quer ouvir


isso e muito mais. Não pense que já estive enganado a respeito da

sua inocência, porque ela sempre esteve estampada no seu rosto,


mas também há rastros de uma mulher quente por trás de tudo isso,

uma mulher que só precisa de uma oportunidade para começar e


nunca mais parar — enquanto fala, o professor começa a subir os

dedos pela minha barriga até a ponta do seu dedo indicador tocar

de leve meu mamilo duro.

Tudo o que Hugo diz e a forma como ele fala me fazem


desejar ronronar como um gatinho e gemer como uma cadela no

cio.

— Temos que ir com calma, porque não estou preparada.


Eu quero, mas não hoje.

Mesmo que uma parte minha esteja implorando para que

eu tire as minhas roupas e me entregue agora mesmo, tudo para

aliviar a dor do vazio que venho sentindo há muito tempo, sei que
preciso ir com calma, porque o Hugo Ferrari não é um homem como

outro qualquer. Tanto não é que eu deveria me sentir envergonhada

por ter vindo até aqui e agora pedir calma, negando o que esperava

receber de mim hoje.

Ele me chama de garota por alguma razão e estou agindo

como uma agora mesmo. Ficaria triste, mas não o julgaria se me

mandasse ir embora.
— Está tudo bem, pequena. Como acabei de falar, quero

o que você estiver disposta a me dar. É claro que anseio pelo

momento em que poderei te comer de todas as formas possíveis, e


te garanto que você gozará gostoso todas as vezes, mas não te

pressionarei.

Sua declaração me faz rir como uma boba, mas nem tudo

são flores e precisamos falar sobre a parte problemática do nosso

caso.

— A minha vida nunca mais será a mesma dentro

daquela universidade se alguém descobrir que estou com você.

Embora já tenha ido longe demais para cogitar desistir,

não posso deixar de pensar no que possa acontecer caso alguém


além da Vanessa descubra o que pretendo fazer com o meu

professor. De todas as formas, é algo antiético da nossa parte e

todos desconfiariam do meu desempenho. Iriam supor que tenho


privilégios por dormir com um professor.

— Seremos discretos e ninguém sequer suspeitará que

estamos juntos. Nada impede que a situação mude em algum


momento, ou até mesmo que a gente decida terminar antes de

irmos tão longe, mas será o nosso segredo por enquanto e caberá a
nós dois tomarmos todas as decisões que envolvam os aspectos

das nossas vidas como um casal. Assim está bom para você?

Confortavelmente sentada no seu colo, e deixando que

os meus dedos façam carinho nos cabelos da sua nuca, aceno

positivamente.

Estou cheia de sensações neste momento, mas o


sentimento de surpresa tem se sobreposto aos demais. Embora eu

tenha imaginado que Hugo Ferrari era exatamente assim, constatar

de perto o quanto ele pode ser quente, mas também doce e


compreensível é muito melhor.

— Tem algo mais que preciso falar com você, Hugo

Sei que tudo estava indo perfeitamente bem até agora,

mas não posso esconder os meus sentimentos pelo seu primo, não
algo tão importante.

— Deixe-me adivinhar: É sobre o Luca?

— Como você sabe? — minha pergunta entrega a

verdade, mas ele não parece surpreso e chateado com a menção a


outro homem. Só não sei se continuará assim quando ouvir o que

tenho para dizer.


— Querida, eu vi a forma como você estava dançando

com ele na outra noite. Na verdade, não consegui desviar o meu

olhar um segundo sequer, e devo confessar que a forma como você

estava sendo ousada ao rebolar essa bunda bonita nele me deixou


dolorosamente excitado. Não sei se pôde sentir, mas eu estava duro

de tesão quando esbarramos um no outro.

Suas palavras me fazem corar de vergonha, mas também

ficar quente de excitação ao imaginá-lo me assistindo em um


momento insano com o seu primo.

— Você desejou estar no lugar dele? — pergunto com

ousadia, pois Hugo me deixa à vontade e disposta a ser a mulher


que ele espera que eu seja.

— Não necessariamente no lugar dele. Se estivéssemos

em um lugar menos público, eu poderia ter me juntado a vocês.

Você teria gostado?

— Eu realmente não sei — respondo com sinceridade,

apesar da fase de negação ter passado, não sei como encararia a

experiência fora do campo das fantasias.

— Você sente atração por ele, não sente? — questiona


— Sinto desejo por você — respondo sem pensar duas

vezes, embora não esteja cem por cento sincera.

— Por mim, e por ele também — Hugo completa a frase


que ficou inacabada.

— Por ele também — confirmo. — Mas o seu primo é

diferente de você e não sei como seria se eu pudesse... —


interrompe-me pela vergonha de falar exatamente o que se passa

pela minha cabeça.

— Se pudesse estar com ele da mesma forma que está

comigo agora?

— Sim, mas o professor Luca não gosta de mim, não

dessa forma.

— Você está enganada, querida. Apesar de o Luca ser

frio como um bloco de gelo, ele está muito interessado em você. Te


quer tanto quanto eu, mas é muito mais fechado e não admitirá tão

facilmente. Antes de finalmente entregar os pontos e te reivindicar,

ele ainda resistirá por um tempo.

— Não se incomoda com o fato de eu também gostar do


seu primo?
Estou ciente de que toda essa conversa, cujo tema
principal é a minha atração por dois primos, é indecente e

escandalizaria os meus pais, mas ouvir Hugo falar sobre a

possibilidade de me dividir com o professor Luca de forma tão


natural e tranquila, sem demonstrar ciúme, me deixa não só

surpresa, mas nitidamente mais excitada pela perspectiva de ter

dois homens como eles aos meus pés.

Nunca fui especialmente vaidosa, mas posso me dar ao


luxo de ser quando penso em Luca e Hugo Ferrari dispostos a se

arriscarem e quebrarem algumas regras em nome do desejo que

sentem por mim. Logo por mim, a mulher com zero experiência que
pode perfeitamente ser uma decepção na cama.

— Muito pelo contrário. Te quero, e iria te querer


independentemente de fatores externos, mas confesso que será

muito mais prazeroso se você também pertencer a ele.

— A amizade e parceria de vocês dois é famosa, mas

não pensei que fossem unidos a esse ponto — brinco, mas estou
tentando assimilar essa informação. Pensei que teria problemas por
desejar os dois, mas a realidade é que, aparentemente, eles curtem

compartilhar suas mulheres.


— Agora que você sabe que o Luca e eu gostamos de
compartilhar durante o sexo, espero que também entenda que será
minha e dele em algum momento. Sabe disso, não sabe? Diga para

mim com todas as letras que você será minha e do Luca.

— Ele não me quer — digo, e dou uma rebolada discreta


no seu colo. Sinto o seu pau mais duro, nós dois estamos excitados

com toda a conversa sobre fazermos sexo a três.

De tudo o que está sendo discutido, a minha única


preocupação no momento é a possibilidade de o Luca não me
querer.

— Sim, ele te quer e você sentiu naquela noite na casa


de shows — afirma, segura a minha cintura com firmeza e ele
mesmo esfrega a minha boceta quente na frente da sua calça

social.

— Responda minha pergunta, linda — pede com a boca


contra a minha, mas sem me beijar. Por que Hugo não pode
simplesmente facilitar a minha vida e me dar o que quero de uma

vez?

— Quero você e quero o Luca. Pertencerei a vocês tanto

quanto me desejarem, ou até onde eu tiver coragem de ir —


complemento a última parte, porque não posso fazer promessas
demais sem ter certeza de que poderei cumpri-las.

— É assim que se fala, minha linda — elogia-me —


Agora quero a sua boca, porque não posso mais passar um
segundo sequer sem experimentar sua doçura. Estou ardendo por

você, garota. — Depois da declaração, Hugo segura os cabelos da


parte de trás da minha cabeça com firmeza e puxa minha boca em
direção a sua.

Antes de me dar exatamente o que nós dois queremos, o

homem cheira o meu pescoço profundamente e depois morde de


leve as minhas bochechas.

— Que cheiro é esse? Eu amo isso na sua pele.

— É uma loção corporal de frutas vermelhas — falo.

Minha voz escapa fininha, seguida de um gemido que não pude


conter.

— Não mude nunca, o seu cheiro me deixa louco de

tesão — o loiro declara e então toma minha boca. Eu finalmente


estou sendo beijada por Hugo Ferrari.

Como sabe que sou inexperiente, mesmo que eu não


tenha dito que a inexperiência também se estendia a beijos, Hugo
começa bem devagar, explorando a minha boca com cuidado e sem
envolver a língua. Ele me dá um longo beijo de lábios e me faz

imitar cada um dos seus movimentos até que, em determinado


momento, começo a me sentir à vontade e eu mesma tomo a
iniciativa para ditar o ritmo do toque viciante das nossas bocas.

A cada segundo que passa, enquanto fico mais à vontade


e familiarizada com o ato de beijar, mas intenso e provocante o

nosso amasso se torna. Quando Hugo toca minha língua com a sua,
ele faz uma descarga elétrica de desejo disparar através do meu
corpo.

Com a minha bunda fazendo movimentos circulares no

seu colo, o provocando sem medo de fazer com que perca a


cabeça, me jogue no sofá e me coma sem que eu esteja preparada,
o abraço pelo pescoço com firmeza e sinto quando os seus braços

envolvem a minha cintura mais apertado. Então as nossas línguas


começam a se buscar e as nossas cabeças se movem de um lado
para o outro em um beijo gostoso, cheio de tesão e indecente. Um

beijo que não poderia ser dado em público, porque seríamos presos
por atentado violento ao pudor.
Eu já tinha ouvido falar do beijo de língua e de como ele

poderia ser altamente erótico e viciante, mas nem nos meus


melhores sonhos imaginei que seria tão bom e excitante a ponto de
deixar a minha calcinha molhada e os meus peitos doloridos pela

vontade de serem tocados de alguma forma pelas mãos grandes e


habilidosas desse homem lindo, cheiroso e certamente perito em
fazer mulheres gritarem de tesão.

— Hugo, por favor — imploro dentro da sua boca quando


me afasto minimamente para respirar, mas não sei se estou

implorando para que pare, para que continue, ou para que me leve
mais longe.

Quando Hugo sobe a mão e aperta um dos meus seios,


fazendo-me gemer dentro da sua boca e minha boceta implorar pelo

seu pau, descubro a resposta e sei exatamente pelo que estou


implorando.

— Por favor, quero mais... — peço quando o seu beijo

desce para o meu pescoço, que deve estar vermelho e com no


mínimo duas marcas de chupões.

— Você ainda não está preparada e eu não deixarei que


esqueça disso quando o seu corpo falar mais alto que a voz da
razão — ele diz contra o meu colo, embora o seu mastro duro
pressionando minha boceta mostre que gostaria de dizer o oposto

— Eu só preciso de uma prova. Por favor... — imploro,

rebolando sem parar. Sei que é algo completamente insano, mas


depois de tanta espera e desejo por algo que parecia impossível,
não tenho qualquer receio de pedir ou mostrar o que quero dele

agora.

Em um momento de fraqueza, Hugo se entrega e me


deita de costas no sofá. Ele deixa o corpo desabar sobre o meu,
mas toma cuidado para não me sufocar com o seu peso e eu o

recebo entre as minhas pernas, gemendo mais alto quando sinto


intimamente o peso, o calor e a dureza do seu pau sedento pela
minha boceta que ficou vazia por tempo demais.

Quando a mão grande segura a minha coxa com firmeza


e levanta a minha saia até que ela fique completamente enrolada

em volta da minha cintura, ouvimos o som de um pigarro. O meu


corpo fica duro de tensão e os meus olhos se arregalam quando
percebo que não estamos mais sozinhos no apartamento.

Sem sair de cima de mim, Hugo ergue um pouco a

cabeça e procura o invasor. Eu faço o mesmo e nós dois nos


deparamos com Luca parado bem na nossa frente.

— Não precisam parar por mim. Continuem como se eu

não estivesse aqui.


CAPÍTULO 11

AMORA

Não precisam parar por mim. Continuem como se eu não

estivesse aqui.

Com meu coração disparado por motivos completamente


diferentes do desejo que estava sentindo até segundos atrás, fico
ouvindo a frase do meu professor de direito tributário repetindo-se

na minha mente sem parar.

Completamente em choque e constrangida, tento tirar o


peso do corpo do Hugo de cima do meu, mas ele não permite que

eu saia. Quando desvio o olhar do Luca para o Hugo, vejo que ele
não está nem um pouco abalado, muito pelo contrário, há a sombra
de um sorriso no seu rosto.

— Pensei que você fosse dormir na casa dos seus pais

— ele fala, enquanto a sua mão faz carícias despreocupadas de


subir e descer na minha coxa, que ainda está em volta da sua

cintura. Apesar do susto, e de ter tentado escapar uma vez, o meu


corpo ainda se sente em casa e completamente confortável embaixo

do seu.

— Eu não estava com cabeça para as conversas dos


meus coroas, então decidi voltar para casa. Mas não imaginei que

fosse encontrar uma festinha particular me esperando — ele fala e

abre um sorriso presunçoso ao olhar de mim para o primo.

Por um momento, imaginei que Luca fosse virar as costas

e entrar no seu quarto para nos dar privacidade, em vez disso, o

homem senta-se à nossa frente no sofá grande. De maneira


relaxada, o moreno se acomoda com as pernas abertas e os braços

cruzados na frente do peito.

— O que você está fazendo, cara? Não percebe que está

assustando a Amora?

Sim, o fato de eu estar deitada debaixo de um homem e

sendo observada por outro pode realmente me assustar. Mas estou


assustada? Não, eu não estou assustada. Para a minha completa

consternação, não estou nem um pouco assustada. Na verdade,

sinto-me curiosa pelo que acontecerá a seguir, apesar de ter plena

certeza de que não estou preparada para o que pode rolar até o

final da noite.
— Ela não parece assustada. Por que não fingem que eu
não estou aqui?

A sua beleza morena e a forma como os seus olhos frios

esquentam quando estão focados em mim me fazem querer dar o

que Luca quer, e o que ele quer é assistir seu primo me tocando da

forma que ele tocaria se tivesse coragem de admitir seu desejo.

Quando volto a minha atenção para os olhos escurecidos

de desejo do loiro, ele balança a cabeça positivamente, aceitando o

desafio que eu aceitei antes. Tanto quanto deseja me tocar, o loiro

lindo deseja provocar o primo e mostrar para ele o que está

perdendo.

Corro o risco de surtar mais tarde quando estiver sozinha

na minha casa, ou quando colocar a minha cabeça no travesseiro e

a culpa vier, mas no momento não sou capaz de pensar com

racionalidade ou de pesar os prós e os contras de estar indo rápido

demais, porque o que mais quero agora é continuar vivenciando as


sensações e os sentimentos que me sufocam, que me afogam de

um jeito bom. Que me fazem agir como uma mulher madura, segura

e que deseja aprender a como agradá-los.


Uma parte essencial de quem sou finalmente se entrega

e descobre que era disso que eu sentia falta. Esse lado obscuro que
sempre esteve à espreita percebe que a busca finalmente terminou.

Todo o medo, toda a culpa e o sentimento de que eu estava em um


lugar onde não deveria estar, totalmente inadequada para a vida
que foi dada para mim... Tudo aconteceu para que eu chegasse até

este momento e descobrisse que sou essa pessoa devassa que não
se deixa levar pelo medo e que é capaz de tudo para ter esses dois

de todas as formas possíveis.

— O que você quer, princesa? Fale para mim e para o


Luca o que devo fazer para que se sinta bem — Hugo rouba minha
atenção ao falar alto o suficiente para nós três ouvirmos.

— Eu preciso de alívio. Não aguento mais a dor do


desejo entre as minhas pernas ou estar sempre com a calcinha

molhada. O meu corpo dói a dor do vazio, um vazio que nunca foi
preenchido — digo, deixando que as verdades escapem livres pelos
meus lábios, enquanto encaro os olhos verdes e profundos do meu

lindo professor.

Ainda segurando a minha coxa com firmeza, Hugo dá


uma rebolada vigorosa para esmagar seu cacete no meu centro
pulsante e desejoso. Por um breve momento, porque não sou capaz

de esquecer que ele também está presente e que tem metade do


meu desejo para si, olho em direção ao Luca e me surpreendo ao

perceber que está acariciando o seu membro por cima da calça


jeans de maneira lenta e cadenciada.

O moreno se toca enquanto alterna o olhar da mão do


primo, que segura a minha coxa, para o meu rosto, fixando-se

principalmente nos meus lábios que permanecem entreabertos


enquanto tento puxar a respiração que está mais curta a cada

segundo que passa.

— Darei tudo o que você quiser, loirinha — fala, mas sai


de cima do meu corpo. Sento-me no mesmo instante, levemente

assustada e muito decepcionada por ter perdido o seu calor e o seu


peso.

Hugo senta-se com as costas apoiadas no encosto do


estofado e me olha com um misto de seriedade e desejo antes de

falar.

— Prometa-me que dirá se eu fizer alguma coisa que te

deixe desconfortável, ou se eu estiver indo rápido demais. Lembre-


se que é tudo sobre você e o seu prazer desta vez.
— Eu prometo e confio que você irá parar se eu pedir —
digo, embora esteja um pouco incerta a respeito do que Hugo tem
em mente. Mas o seu lindo sorriso me faz esquecer da incerteza e ir

para cima dele quando o homem bate na perna para mostrar o que
precisa que eu faça.

Apesar da minha inexperiência, entendo o que tem em


mente e então sento no seu colo, de costas desta vez. Nesta

posição fico de frente para o Luca, que mesmo não participando


ativamente terá uma visão privilegiada de mim e do seu primo juntos

pela primeira vez.

Como nunca fui uma pessoa que sente vergonha do


próprio corpo, não me importo quando Hugo começa a tirar a minha

camisa. Não só não me importo como o ajudo a livrar-se da peça.


Em seguida, também permito que tire o sutiã e gosto da forma como

Luca encara os meus seios, cujos mamilos estão tão duros quanto
poderiam estar.

Felizmente, os meus peitos são partes do meu corpo das


quais sinto orgulho. Eles são médios e imagino que sejam do

tamanho que homens como esses dois gostam.


— Você é linda, Amora — Luca fala a uma distância
segura e, de maneira um pouco contraditória, considerando a
situação em que estou, fico corada de vergonha por causa do elogio

aberto. — Agora deixe que meu primo tire a sua calcinha, porque
preciso saber se a sua bocetinha está molhada e tão sedenta de

tesão que você será capaz de fazer qualquer coisa por um orgasmo.
Acredite, eu daria tudo para te fazer gozar com a boca.

— Por que não faz? — pergunto, tentando acabar com a

sua resistência. Luca está resistindo, se não fosse o caso, ele

estaria aqui, tocando-me como o Hugo.

— Porque não é o momento — o moreno diz e eu gosto


da sua resposta.

Enquanto sinto o olhar do Luca me queimando, tanto fogo

que meu corpo todo se arrepia, Hugo se livra da minha calcinha e

da saia ao mesmo tempo com suas mãos peritas. Agora estou


completamente nua na presença de dois homens e não poderia me

sentir mais plena do que agora, porque saber que pertenço a eles

de alguma forma é o suficiente para limpar os meus pensamentos


de qualquer coisa, menos da fome que me consome.
Pelada e com as pernas totalmente abertas no colo do

Hugo, esqueço-me de onde estou e de quem sou quando as suas


mãos se fecham nos meus seios e os dedos começam a apertar e

beliscar os meus mamilos de forma dolorosa, cuja dor termina em

um prazer indescritível que desce direto para o meu centro pulsante.


Em seguida, delirando de desejo por causa do toque do Hugo e pela

forma como Luca me encara, vejo o moreno acariciar o seu pau por

cima da calça. Esqueço-me de tudo, menos da entrega e do que ela

significa para nós três.

— Hugo, por favor... — começo a implorar quando a sua

mão desliza dos seios para a minha barriga e em seguida encontra

morada entre as minhas pernas. No momento em que os dedos

indicador e médio tocam os meus lábios vaginais, que estão


completamente encharcados, vejo o Luca abrir a calça e tirar o

membro grande, duro e grosso para fora. A minha boca enche-se

d’água e a minha boceta fica ainda mais molhada por saber que
está duro por mim.

Quando o meu homem loiro e impaciente desiste de

brincar com os meus lábios vaginais e enfia dois dedos na minha


boceta, Luca começa a se masturbar tocando o seu pau com
movimentos de subir e descer. Em meio ao calor do tesão, sinto que

a experiência jamais será esquecida por nós.

Enquanto o moreno se toca sem tirar os olhos da mão do

primo entre as minhas pernas, o Hugo acelera os movimentos e me


leva para a beira de um precipício, o orgasmo que se constrói pouco

a pouco e que virará o meu mundo de cabeça para baixo no final.

— Como você é quente, querida — Hugo fala pertinho do

meu ouvido para me provocar e me sinto diretamente atingida


quando todo o meu corpo se arrepia de prazer e as paredes do meu

sexo se apertam em torno dos seus dedos. — Por que você não

goza agora para nós dois? Gosta dos meus dedos, não é? Agora
imagine que é o meu pau que está socado profundamente na sua

bocetinha enquanto o Luca te come por trás, metendo no seu

cuzinho apertado.

O olhar do Luca para mim e a visão dele se masturbando


enquanto os dedos do Hugo fodem minha boceta... Tudo é demais,

muito mais do que eu poderia suportar, então, soltando um grito que

ecoa pelo apartamento, gozo como nunca havia gozado antes.


Gozo pela primeira vez para alguém além de mim mesma.
Fico tão zonza que mal consigo manter os meus olhos

abertos enquanto ondas de desejo e tremores percorrem todo meu


corpo, mas ainda encontro forças para manter minha cabeça

erguida e presenciar o momento em que Luca aperta o maxilar e

goza nos dedos. Ele solta um rugido alto e tenho certeza de ouvir a
sua voz sussurrando o meu nome algumas vezes.

Enquanto o meu corpo sofre espasmos, meu homem loiro

continua segurando a minha boceta com possessividade e beijando

o meu pescoço suado, como se não fosse capaz de parar de me


tocar. Eu não quero que ele pare de me tocar, pois não posso e não

consigo imaginar um lugar melhor para estar do que no calor dos

seus braços.

Minutos depois, quando o meu corpo se acalma e a


minha respiração normaliza, encontro forças para levantar a minha

cabeça do ombro do loiro e olhar diretamente para o Luca. Como se

estivesse desgostoso pelo que acabamos de fazer, ou como se


estivesse me culpando por ter fraquejado na sua ferrenha

resistência, o cara simplesmente guarda o membro a meio mastro

dentro da calça, sem se importar com a bagunça do próprio

orgasmo, e deixa a sala sem dar um segundo olhar para nós dois.
Ele não falou uma única palavra.
— Deixe-o ir. Luca ainda tem um longo caminho pela

frente — Hugo fala, antes que eu tenha oportunidade de pensar no

que aconteceu ou de fazer algum comentário.

Mas a verdade é que estou me sentindo tão bem e


verdadeiramente sã pela primeira vez que não quero pensar no

Luca, ou no fato de ele ter fugido depois que me viu gozar e de ter

gozado por minha causa. Não quero perder o meu tempo pensando

em um homem que não quer estar comigo, ou que se martiriza por


querer, enquanto tenho um maravilhoso que merece toda a minha

atenção.

No momento, sinto que ter o Hugo é o suficiente para


mim, porque ele me quer tanto quanto eu o quero e é isso que

importa. Decidida, porque não posso mais agir como uma boba, não

depois do que acabei de fazer, viro minha cabeça para o lado e

tomo a iniciativa ao dar um beijo de língua no meu homem. Beijo do


jeito que ele me ensinou agora há pouco.

Depois de alguns minutos apenas nos beijando, tempo

suficiente para me deixar acesa novamente, deixo os meus desejos

de lado para pensar no homem lindo que, ao contrário do seu primo,


ainda não encontrou o seu momento de satisfação. Rapidamente,

saio de cima do seu colo e sento-me ao seu lado no sofá.

Como se fosse a mulher mais experiente do mundo,


sendo atentamente observada pelos seus olhos verdes e quentes,

abro sua calça e tiro o membro para fora.

— Querida, não se sinta obrigada a fazer isso. Posso


cuidar disso sozinho.

— Quero fazer isso por você — declaro, ao beijar sua

boca mais uma vez. Pego o seu membro e, contando apenas com a

experiência adquirida nos vídeos pornôs, passo a masturbá-lo. Pela


forma como Hugo geme e investe contra a minha mão, parece que

estou indo pelo caminho certo.

Depois de poucos minutos entre gemidos e beijos na

boca, o loiro goza na minha mão e faz o meu sexo se apertar de


desejo quando chama pelo meu nome sem parar e me segura

contra ele, incapaz de permitir que eu me afaste um centímetro

sequer do seu calor.

Diferente do que aconteceu agora há pouco, não fica um


clima estranho depois que os resquícios de prazer vão embora e eu

volto a encarar o seu rosto. Ele não me olha com arrependimento,


não se levanta e não me deixa sozinha para lidar com o que
fizemos.

Muito pelo contrário, o homem lindo volta a beijar o meu

rosto com carinho, depois sorri para mim e me abraça bem

apertado. O meu coração dispara e, embora seja uma loucura


sequer cogitar essa ideia, sinto que Hugo é o homem por quem eu

poderia me apaixonar perdidamente.

— Você foi perfeita, querida — o loiro elogia ao se


levantar do sofá e pegar minha mão para que eu também fique em

pé. — Você aprende rápido, mas só receberá o seu diploma quando

aprender a quicar no meu pau — ele brinca e eu gosto desse seu


jeito despojado e sem papas na língua que ama falar coisas

obscenas como se estivesse falando sobre o clima.

Gentil, meu professor junta as minhas roupas que


estavam espalhadas em volta do sofá e me leva pela mão para
algum lugar.

— O que você está fazendo? — questiono, levemente


alarmada.

— A gente se divertiu, agora serei cavalheiro e cuidarei


da minha loirinha — declara.
O cuidar do Hugo significa realmente cuidar. Quando
entramos no seu quarto enorme e tão luxuoso quanto à sala, ele me
leva para o banheiro e me ajuda a tomar banho. Eu não sei o que

está acontecendo comigo para estar indo tão longe logo no nosso
primeiro encontro como pessoas que estão se envolvendo
romanticamente, mas me permito viver sem medo. Hugo age como

se fosse acostumado a dar banho em suas mulheres, mas duvido


que outra sortuda tenha tido o mesmo privilégio.

Quando penso que ele me dispensará com até breve e

um te ligo em algum momento para mais um pouco de diversão,


Hugo pega uma de suas camisas no closet enorme e joga em minha

direção. De modo automático, porque estou surpresa demais com


tudo o que está acontecendo entre nós dois para protestar ou dizer
alguma bobagem, visto a camisa e me sinto reconfortada quando

seu cheiro me dá boas-vindas.

Hugo poderia ter me dado a camisa apenas para que eu

não voltasse com minha roupa suja para casa, mas ele segue sendo
maravilhoso ao me abraçar pela cintura e me levar para perto da
sua cama. Sem dizer uma única palavra, o loiro se deita de costas e

apenas espera. Hugo não me pressiona e me dá a chance de fazer


uma escolha entre deitar ao seu lado ou virar as costas, pegar a
minha bolsa e simplesmente ir para casa.

O grande problema é que a decisão não parece ser difícil


neste momento, então tiro a minha sandália e me deito com ele na
cama. Sim, estou deitada nos braços do meu professor e sinto que

nunca estive tão bem em toda a minha vida.

Sei que o amanhã não tardará a chegar e que pode trazer


consequências em forma de uma tonelada de arrependimento por
algo que não pode ser consertado, mas, por enquanto, tudo o que

sinto é a mais pura e plena satisfação.

Depois de ter sido apresentada ao prazer carnal, tenho


certeza de que foi apenas a ponta do iceberg de um mundo de

descobertas que me espera, não quero simplesmente levantar e ir


embora. O meu coração e o meu corpo precisam que eu fique aqui,
que continue deitada com a cabeça e que durma sentindo as

batidas do seu coração.

O amanhã não pertence a mim, mas hoje eu escolhi


dormir com Hugo Ferrari.
CAPÍTULO 12

HUGO

DIAS DEPOIS

— Se você tivesse noção da expressão idiota que tem no


rosto agora, pararia de agir como um adolescente que viu boceta
pela primeira vez.

Luca e eu estamos sentados no sofá maior do nosso

apartamento tentando jogar uma partida de um dos nossos jogos


preferidos no videogame, mas ele está mais interessado em me
provocar do que em realmente me vencer, algo que acontece muito

raramente. Se o cara é bom em muitas coisas, certamente não é


bom com jogos eletrônicos.

Ele é frio na vida, mas é afobado e descuidado em

simples joguinhos. Quanto a provocação, não importo, porque

imagino que eu realmente esteja andando por aí constantemente


com cara de bobo depois que comecei a me envolver com a amora,

a loirinha linda e inteligente. Sem mencionar que ela é gostosa, mas

tento não me atentar a esse fato para não parecer que só estou
interessado nela por causa disso... Porra! A garota realmente é

muito deliciosa.

Tão deliciosa que não consigo pensar em outra coisa


desde aquela noite. A noite em que me deixou beijar sua boca e

fazê-la gozar com os meus dedos. Depois da primeira vez, Amora

me deu liberdade para fazer mais do que beijá-la e a levar ao


orgasmo com os dedos.

— Pode continuar me provocando, idiota. Pensa que não

percebo que tudo isso é para esconder que gostaria de estar com
uma cara de idiota parecida com a minha?

— Você está errado — garante.

— Não, eu não estou. Tanto não estou que gozou na sua

mão por causa da visão da boceta da garota.

Faz exatamente uma semana do dia em que Amora

esteve aqui no apartamento pela primeira e única vez e meu primo e

eu temos voltado ao mesmo assunto com frequência desde então.

Se por um lado estou completamente entregue a essa

atração que fica cada dia mais forte, crescendo a ponto de fazer-me

esquecer dos motivos que tornam o nosso envolvimento perigoso


para todos, Luca tenta fugir e fingir que não a quer tanto quanto eu,
embora sempre encontre uma forma de mencioná-la para me
provocar. Tento relevar, pois mesmo que eu queira compartilhá-la e

sinta que o meu primo merece todas as sensações contraditórias e

deliciosas que fazem parte de mim quando estou com Amora, ele

não é um homem que age bem sob pressão.

Quanto mais se sente pressionado, mais Luca se afasta e


se fecha dentro de si mesmo. Depois de uma vida inteira ao seu

lado, sei que age assim por causa da separação dos pais e de uma

vida sempre dividido entre os dois, tendo as pessoas que deveriam

o proteger difamando um ao outro. Para Luca é muito mais

confortável não se deixar levar por quaisquer sentimentos, mesmo

que seja uma simples atração, a sofrer por não ter controle sobre
um aspecto da sua vida.

— Tenho que confessar que ela tem a boceta linda e a

minha boca encheu-se d’água com vontade de provar até deixá-la

vermelhinha ou até que gritasse o meu nome sem parar como a

puta que existe dentro daquele corpinho, mas ela não vale o

suficiente para me fazer arriscar um escândalo envolvendo os


nossos nomes e o prestígio da universidade.
— Se é assim que você pensa, respeitarei a sua decisão,

mas saiba que eu terei tudo o que puder daquela garota — garanto,
muito além de qualquer possibilidade de voltar atrás na decisão que

tomei a respeito de me envolver com uma de minhas alunas.

É estranho que a essa altura da vida, com idade

suficiente para pensar em esposa e filhos, essa seja a primeira vez


em que realmente quero uma mulher para além de uma noite de

sexo. É claro que não estou pensando em algo duradouro com ela,
e não acredito que Amora queira isso, porque ela sabe tanto quanto

eu das complicações que teríamos se o nosso relacionamento se


tornasse público, mas sinto que a loirinha merece ser tratada tão
bem quanto eu puder tratá-la, sobretudo depois de ter sido sincera e

contado sobre sua criação e no que acredita quando o assunto é


relacionamento.

No momento em que ouvi sua história tive vontade de


dizer o que penso a respeito de duas pessoas que oprimem uma
filha, mas engoli a minha língua e guardei os meus pensamentos

apenas para mim, afinal, estou tentando me dar bem com uma
garota fora da cama pela primeira vez e não quero começar

ofendendo os seus pais


Amora e eu estamos nos conhecendo e estou bastante

surpreso com algumas descobertas, pois não imaginei que estar


com uma mulher sem sexo envolvido poderia ser tão bom, embora

eu pense em comer sua boceta todas as vezes em que coloco os


meus olhos no seu rosto e corpo perfeitos.

— Merda! — reclamo, ao perceber que perdi a segunda


partida seguida.

— É isso que acontece quando você fica pensando na


boceta que ainda nem provou — Luca comenta e solto uma risada.

Realmente, ando muito distraído. Isso começou há


exatamente dez dias.

Depois que trouxe Amora até aqui, que a beijei e a fiz


gozar nos meus dedos, ações que trouxeram um pouco de

arrependimento na manhã seguinte, porque percebi que fui rápido


demais e que poderia ter a assustado, nós não paramos mais.

Na manhã seguinte ela acordou na minha cama e nos


meus braços, mas não permiti que se sentisse desconfortável e agi

de uma forma que a fez entender que não fizemos nada de errado.
Realmente não fizemos.
Então comecei a envolvê-la aos poucos. Passei a
convidá-la para sair comigo, a mandar mensagens durante o dia e a
fazer com que confiasse em mim. Sim, fiz tudo o que imagino que

um namorado faça para a sua garota quando tem a intenção de


agradá-la. Não houve motivos escusos por trás dos meus gestos,

apenas o desejo de ver o seu rosto corado de constrangimento,


porque não consegue esconder os seus sentimentos, ou para ter os
seus sorrisos que tanto aquecem o meu coração quanto fazem o

meu pau protestar de tesão.

Sou um homem com sangue quente correndo nas veias e


não posso negar que estou louco para transar com Amora, mas
sinto que preciso ter certeza de que ela está preparada para dar

esse passo comigo, porque nada me daria mais orgulho na vida do


que saber que fui o primeiro homem na vida de uma garota como

Amora e que foi bom.

É uma pena que a situação em que estamos me obrigue

a fazer malabarismos para nos encontrarmos sem sermos


descobertos, tudo porque haveria um escândalo muito grande se
nosso envolvimento amoroso viesse à tona. Há tanto em jogo,

principalmente para ela, que não consigo nem começar a elencar


tudo o que poderia dar errado, mas nem os meus trinta e seis anos
de experiências de vida seriam capazes de me demover da decisão
de seguir em frente e experimentar todas as sensações que
envolvem o meu corpo, minha mente e coração quando penso ou

quando olho para Amora de Moraes.

— Porra, Hugo! Será que você está tão fodido da cabeça


por causa da garota que não percebeu que a merda do seu celular
está berrando?

Eu acordo do devaneio com um tapa na nuca e a voz alta

do Luca. Ele joga o controle de lado e desiste de jogar videogame,

um programa que gostamos de fazer nas tardes de domingo.

Quando pego o celular e desbloqueio a tela para ver quem está


incomodando em pleno domingo, deixo que o sorriso se espalhe

pelo meu rosto quando descubro quem enviou a mensagem.

Boa tarde. Não consigo parar de pensar em você.

É uma mensagem simples, palavras que poderia escrever


para qualquer pessoa, mas o meu corpo reage e meu coração

dispara como se ela tivesse confessado que quer chupar o meu

pau. Ao meu lado, Luca estica o pescoço para ler o conteúdo e faz
uma careta depois que termina.

Eu também tenho pensado em você. Envio


Estou sentindo falta dela, apesar de termos nos

encontrado há dois dias quando fui tomar um suco no pequeno bar


onde trabalha como garçonete.

Bom, não foi realmente um encontro. Apareci de surpresa

e, para não deixar que eu saísse com as mãos vazias, ela me

seguiu quando fui ao banheiro masculino e me presenteou com um


beijo gostoso, longo, macio e molhado. Ainda não fomos além de

beijos, orgasmos com toques e mãos bobas, é por isso que as

minhas bolas estão tão azuis que sinto que meu pau poderia cair a
qualquer momento.

Apesar de estarmos saindo juntos e trocando salivas,

Amora e eu não temos nada definido. Ela não é a minha namorada

e não falamos sobre sermos exclusivos. Eu poderia perfeitamente


ligar para uma das minhas fodas casuais e marcar uma transa, mas

o meu pau murcha apenas pela possibilidade de se abrigar no calor

de uma boceta que não seja a da minha aluna.

Depois de cinco minutos sem que Amora responda a


minha mensagem, decido tentar a sorte.

Quer que eu te busque para irmos até a cafeteria que

fica perto do metrô? Envio mais uma mensagem.


A escolha do local é estratégica por dois motivos: é longe

o suficiente dos olhares indiscretos, é barato o bastante para os

bolsos da loira. De forma levemente irritante, a garota é


independente e não aceita que eu pague suas coisas. Chega a ser

frustrante, pois sinto vontade de mimá-la em alguns momentos.

Por outro lado, tento entender o seu modo de agir, pois

imagino o quanto seria duramente julgada, caso o nosso

envolvimento se tornasse público. Antes de tudo, Amora seria


taxada como interesseira, apesar de ela parecer qualquer coisa,

menos interesseira. Na verdade, eu não poderia pensar em outra

pessoa mais desapegada de bens materiais do que ela. Posso


apostar que isso tem a ver com a sua criação.

Estou te esperando. Desta vez, a loirinha responde

rapidamente e aposto que estava esperando o convite. Ainda com


um sorriso idiota no rosto, guardo o meu celular no bolso e dou a

tarde de diversão com o Luca por encerrada.

— Então é isso? Aquela garotinha chama e você vai atrás

dela abanando o rabinho como um cachorro?

— Não é isso que você quer fazer também? Sinta-se à

vontade para vir com a gente. Tenho certeza de que Amora não se
importará — afirmo.

Ainda não me acostumei com a ideia de que nós dois não


só fracassamos na regra de não nos envolvermos com uma aluna,

como aconteceu ao mesmo tempo e com a mesma mulher. Amora

pode parecer comum para quem não está prestando atenção, nada

diferente das outras que não despertaram o nosso interesse em


todos esses anos, mas Luca e eu temos faro e sentimos que ela era

especial em muitos sentidos quando a vimos.

— É claro que ela não se importaria. A garota não passa


de uma domadora de paus que está doida para dar aquela boceta e

o cuzinho para nós dois.

— Nunca pensou em como seria bom se pudesse deixar

a preocupação de lado para foder a loirinha? — indago, porque


tanto quanto planejo comer a Amora também lamento o fato de não

poder fazer a três.

— Não — diz sem pensar.

Por mais que se trate de sexo e das putarias que


gostamos, sei que é mais do que isso. Fui condicionado a incluí-lo

em tudo, sobretudo nas coisas que são importantes para mim e no

momento parece importante estar com ela.


— Você está muito envolvido e nem a fodeu ainda —

comenta.

— Sabe que acontecerá, não sabe?

— Sim, eu sei, porque parece que todo mundo


enlouqueceu. A garota age como se não fosse sua aluna e bolsista

em nossa universidade. Você age como se não fosse o professor

dela, como se não lembrasse de que é totalmente antiético transar

com a pessoa para quem elaborará provas e dará notas ao final de


cada semestre.

As palavras ficam ecoando no silêncio que se estende

durante alguns segundos, porque sabemos que o futuro da Amora

será comprometido e que pessoas duvidarão da sua capacidade se


não formos cuidadosos e tudo der errado.

— Seremos cuidadosos — afirmo, e o deixo sozinho na

sala. Combinei de sair com Amora e tudo o que não preciso agora é
me preocupar com algo que não permitirei que aconteça.

Em um carro popular, diferente do que costumo usar no

dia a dia, paro na frente do prédio com fachada simples e ela já está

na calçada me esperando. Sem olhar para os lados, a garota abre a


porta e entra no veículo.
A loirinha sorri para mim e tudo que não seja ela some da

minha mente quando curvo o corpo e beijo de leve os seus lábios.


Sinto vontade de aprofundar o beijo e devorar sua boquinha

gostosa, mas me seguro, porque aqui não é o lugar e nem o

momento.

— Isso é uma loucura, não é? — questiona, e tenho


certeza de que se refere a nós dois. O mesmo questionamento que

venho me fazendo há dez dias.

— Sim, é uma loucura e não te pressionarei para

continuarmos, caso queira parar de me ver — digo as palavras, mas


por dentro sinto medo de que realmente tenha me chamado para

terminar o caso que mal começamos. Um caso tórrido e mais

quente do que qualquer sexo que tive.

— Não quero parar. Nem sei se ainda sou capaz de fazer


isso. Não agora que você me deu uma prova de algo que eu vinha

desejando sem saber se realmente seria possível de viver. Eu não

tinha certeza se um desejo como esse poderia existir na realidade


como nas minhas fantasias — suas palavras me fazem bem, então

seguro a sua mão, beijo a palma demoradamente e depois coloco o

carro em movimento.
— Existe, e será muito melhor do que tudo o que você
fantasiou — afirmo, minha garota sorri para mim.

Assim como nas outras duas vezes em que estivemos

juntos a sós nos últimos dias, a nossa saída é agradável e eu adoro

o fato de ela ser tão sincera e aberta de uma forma que me permite
conhecê-la e admirar a garota que é. Seja na sala de aula ou fora

dela, a inteligência da Amora me impressiona e me faz acreditar no

seu futuro.

Mas o que mais mexe comigo é a sua coragem, pois

mesmo tendo sido criada para ser alguém diferente da garota que

enxergo, ela está comigo agora permitindo-se viver. Eu sei que irá
mais longe para satisfazer cada um dos seus desejos, até mesmo o

de se relacionar comigo e com o Luca ao mesmo tempo, porque o


deseja tanto quanto deseja a mim. O fato de não tentar esconder me

deixa ainda mais envolvido.

— O que você quer fazer agora? — a minha garota

pergunta depois que terminamos de experimentar todos os tipos de


cafés estranhos. É quando afasto a minha cadeira da mesa, seguro
a sua mão e a coloco em cima das minhas pernas. Adoro segurá-la

assim.
— Que tal isso? — indago de forma provocante ao enfiar
os dedos entre os fios dos seus cabelos com força suficiente para
fazê-la gemer tanto de prazer quanto de dor.

— Você sempre tem excelentes ideias, professor Hugo


Ferrari. — Sei que pode ser problemático, mas gosto quando usa o
fato de sermos aluna e professor como forma de provocação. Amora

me deixa duro quando me provoca.

— Quero te beijar agora — sussurro no seu ouvido, não


me importando com a ideia de estarmos no centro de uma cafeteria
e diante dos olhares de muitas pessoas.

— Estou aqui e você pode fazer o que quiser comigo —


declara e suas palavras atingem diretamente o meu pau, que está
confortavelmente acomodado entre as bochechas da bunda

redonda e linda.

Quando os meus lábios encontram a boca macia, minha


mente fica desfocada de tudo, menos do desejo de ter mais e mais
dela e de tudo o que puder me dar. Por enquanto, é isso que

importa.

Quero ficar assim, segurando-a entre os meus braços,

porque sei que chegará o momento em que a Amora será inteira e


completamente minha, então esse dia será um dos mais prazerosos
da minha vida.

Haverá um momento em que as barreiras deixarão de


existir e poderei dizer que finalmente tenho a garota, não uma
garota qualquer, mas a única que eu traria a uma cafeteria, a única

que colocaria no meu colo e beijaria em público. A única que me


faria arriscar o meu próprio pescoço por pequenos momentos como
este.
CAPÍTULO 13

AMORA

UM MÊS DEPOIS

— Eu não acredito que o meu bebê finalmente cresceu —


Vanessa brinca enquanto dobramos algumas peças de roupas e
arrumamos dentro de uma mala de tamanho médio.

— Pare de falar assim, sua doida! Não percebe que me

deixa sem jeito? — Apesar das minhas palavras, faz muito tempo
que perdi a capacidade de me sentir sem jeito perto da pessoa mais
sem filtro que já conheci.

— Como você quer que eu fale? A minha amiga religiosa

na verdade é uma devassa que está se preparando para o final de


semana com o namorado. Final de semana que será especial

porque ela fará sexo pela primeira vez. — É irritante a forma como

ela fala, pois faz parecer que a pessoa a quem se refere não sou eu.

— Vanessa, vamos com calma, ninguém falou sobre sexo


— digo, mas o fato de as minhas bochechas ficarem vermelhas diz
muito sobre as verdades que estou querendo esconder dela, ou não

admitir nem mesmo para mim.

— Tudo bem, engane-se o quanto quiser, mas quero


deixar bem claro que se eu estivesse no seu lugar não perderia a

chance de brincar naquele parque de diversões que é uma

montanha de músculos e mais gostoso do que uma garota fracote


como você merece — Vanessa provoca, mas sei que está tão

empolgada quanto eu para a aventura que estou prestes a começar.

Apesar de estar tentando agir com normalidade, mal


dormi ontem à noite de tanta ansiedade, além de ter ficado fazendo

planos mentais e mirabolantes sobre o que pretendo fazer nos

próximos dois dias. Na maior parte deles, não me vejo dando um


passo sequer para fora do chalé.

Não me imagino querendo conviver com outros seres

humanos quando posso ter o que mais gosto atualmente todo para
mim.

— Quem te disse que eu perderei a chance de brincar?

— pergunto, ao arquear uma sobrancelha e a garota bate palmas

como se fosse uma menina de seis anos de idade que ganhou de

presente o seu brinquedo preferido.


O fato de eu ter uma amiga que nunca me olhou com o
julgamento e que parece achar normal tudo o que estou sentindo e

vivendo tem me ajudado muito a superar o medo e a culpa nas

últimas semanas. Ela sempre está aqui e nunca me deixa ser mais

do que uma garota comum que está vivendo uma paixão e se

entregando por completo a tudo o que vem junto com ela pela

primeira vez.

— Assim que se fala! — Ela comemora, mas depois olha

com preocupação para a minha mala. — Não acha que as suas

roupas estão inadequadas demais? Nada contra o seu estilo

testemunha de Jeová, mas bem que poderia ser mais ousada —

comenta.

Não me incomodo. Na verdade, suas críticas às minhas

roupas me divertem, porque são sempre comentários muito

engraçados e que não são levados em consideração. Se

dependesse da Vanessa, usaria minissaias e cropped vinte e quatro

horas por dia.

— Não sei se você ouviu quando falei que estou indo

para a Serra, o lugar frio onde se usam calças, casacos e


cachecóis. Não iremos para a praia, sua maluca — explico, ao jogar

uma peça no seu rosto.

— Ei, seu projetinho de vadia! — a garota reclama aos

risos e volta a jogar a blusa em mim, mas a pego no ar. — Pense


que estamos totalmente empolgadas arrumando a sua mala para

uma viagem com o seu macho, enquanto tem um rapaz com o


coração partido por aí.

Ela se refere ao Guto e mais uma vez não está falando


sério. Deixei claro desde o início que sentia apenas carinho de
amigo por ele e Vanessa parou de tentar nos juntar. Nunca dei

esperanças e na última vez em que nos vimos deixei ainda mais


claro a minha posição quando recusei sua gentileza excessiva. Mas

também tento entender, porque sei o que é gostar de alguém.


Sentimento não é algo automático que se possa ligar e desligar a

qualquer hora.

— Você bem que poderia tentar consolar, não é? — falo

para provocar, mas poderia ser uma boa ideia, porque só eles não
perceberam que formariam um belo casal.

— Deixe disso, garota. Não me jogue para cima daquele


garoto, porque superei essa fase há muito tempo.
— Tenho certeza de que ele gosta de você e precisa

apenas de um empurrãozinho para perceber que é mais do que uma


simples amizade.

Ela me contou que Hugo não se aproximava antes de se


interessar por mim, mas agora a conhece melhor e deve ter notado

todas as suas qualidades que vão além da beleza.

— Você não vai começar sua carreira de cupido, vai? Se

fizer isso, espalharei para todo o campus que está prestes a dar a
boceta para o seu professor de direito. Não só professor, mas um

dos donos gostosos da universidade.

O meu coração dispara, os meus olhos aumentam de

tamanho e um alarme dispara na minha cabeça. Mesmo que ela


esteja me provocando, tremo só de imaginar algo assim

acontecendo, porque até o momento tudo está indo bem até demais
para ser verdade.

— Não precisa fazer essa cara, Amora. Só estou

enchendo o seu saco.

— Eu prometo nunca mais tentar te jogar para cima do


Guto se você me prometer que nunca mais falará uma coisa dessas.
Nem mesmo de brincadeira.
— Tudo bem, amor. Mas saiba que você está sendo
paranoica. Você e o Hugo são tão discretos que ninguém suspeitaria
que são um casal.

Um casal. Será mesmo que estamos fazendo isso de

sermos um casal? Como não tive um relacionamento antes dele,


não sei exatamente o que estamos fazendo e o que é necessário
para que um homem e uma mulher sejam considerados casal.

Quando Vanessa e eu focamos na arrumação das minhas


coisas para a viagem, deixo os meus pensamentos voarem e penso

nas últimas semanas, nas mudanças que aconteceram na minha


vida. Mudanças inesperadas, mas bem-vindas e das quais não me
arrependo.

Hugo e eu nos entendemos de alguma forma naquela

noite, tudo continua igual entre a gente no que se refere a


universidade. Na sala de aula, ele mal olha em minha direção e me

trata como as outras alunas. Gosto disso, porque faz com que eu
me sinta menos estranha por me relacionar com um dos meus
professores.

Quando o assunto é nós dois fora das paredes de uma


sala de aula, as coisas mudam completamente. Provando todos os
dias que é o homem maravilhoso que imaginei que fosse, Hugo
continua indo devagar, dando espaço e tempo para que eu me
acostume com a nova realidade. Faz isso mesmo depois de eu ter

pulado etapas, de ter dormido e acordado nos seus braços no nosso


primeiro “encontro”.

Apesar de não ter sentido o arrependimento que acreditei


que fosse sentir, acordei sem jeito na sua cama na manhã seguinte
e tentei fugir o mais rápido possível. Até dei uma desculpa para

escapar do seu olhar e do seu toque. O peso da realidade abateu os

meus ombros e fiquei sem acreditar no que havia feito, mas nem

naquele momento desejei que pudesse voltar atrás para fazer tudo
diferente.

Surpreendentemente, Luca estava em casa quando

entramos na cozinha para a primeira refeição do dia. Com o seu


jeito de sempre e a mesma frieza no olhar, o homem sorriu para

mim e conversou como se não tivesse visto a minha boceta.

Confesso que teria estranhado menos se Luca não tivesse agido

com tanta cordialidade. Aquele não era ele. Aparentemente, hoje


sou apenas o caso do seu primo, mas o homem não teria gozado

para mim se fosse algo tão simples.


Assim como fiz antes, voltei a deixar de lado o fato de

não entender o moreno e foquei no homem que fez o meu coração


disparar no primeiro momento em que o vi. Por sua causa, ele

nunca mais voltou ao normal.

Então voltei para casa naquela manhã e Hugo tem sido a

sua melhor versão em todos os dias que vieram depois. Ele nunca
me deu um segundo sequer de arrependimento, muito pelo

contrário, a cada dia que passa quero mais e mais da sua

companhia. Quero jogar-me de cabeça, mesmo tendo motivos para


temer as muitas consequências do nosso relacionamento

complicado. Mas nenhuma complicação é o suficiente para me

cogitar me afastar dele.

Estive com o meu professor muitas vezes nas últimas


semanas. Teve os dias em que nos encontramos no

estacionamento, que entrei no seu carro e permiti que me trouxesse

em casa. Em todas as vezes que Hugo me deu carona nós ficamos


pelo menos meia hora aqui na frente nos beijando

despreocupadamente, mas sem nunca avançarmos o sinal o

suficiente para que acabasse em sexo.


Houve dias em que ele me buscou e me levou para

almoçar em restaurantes discretos, longe o bastante para que não

encontrássemos nenhum conhecido da universidade. Em


contrapartida, nunca mais voltei a colocar os meus pés no seu

apartamento e sei que é assim por causa do Luca. Apesar de ter

fingido tranquilidade na manhã seguinte, ele está agindo como se eu

não fosse nada. Realmente não sou nada, mas saio com o seu
primo e Luca terá que aceitar.

Sei que não age assim por ciúme, porque ficou bem claro

que eles não têm problemas para compartilharem mulheres, então

acredito que ele pensa que o primo merece coisa melhor do que eu.
Para o Luca sou inferior, tanto que me descartou para o sexo, ou um

caso rápido e sem importância.

Irrita-me muito o fato de ainda pensar no Luca de vez em


quando. Penso nele, mesmo quando sinto que não poderia ser mais

feliz. Sou completamente eu quando estou com o loiro, mas quando

fico sozinha na intimidade do meu quarto pergunto-me como seria

se pudesse ter o dobro de tudo o que Hugo me faz sentir. Quando


deito a cabeça no travesseiro, admito para mim mesma que ainda

sinto atração pelo moreno de olhar frio, embora não acredite que a

situação entre nós mudará em algum momento.


Na maior parte do tempo, Luca Ferrari é apenas Luca

Ferrari, meu professor de direito tributário e empresarial. O


professor mais rígido que eu poderia ter encontrado na

universidade. Diferente do Hugo, ele não me trata como as outras

alunas. Muito pelo contrário, é mais rígido e muito mais exigente.

Voltando ao Hugo, porque o seu primo não merece os


meus pensamentos, as nossas saídas se tornaram mais frequentes

no decorrer das semanas. Estarmos juntos foi bom para que

pudéssemos nos conhecer melhor. Agora ele sabe a história de


como foi criada e o porquê de eu ter me mantido virgem até os

dezenove anos. Também nos aproximamos mais no sentido

amoroso.

Os nossos beijos se tornam mais quentes e as nossas


mãos mais ousadas no corpo um do outro a cada novo encontro. O

loiro gato me fez gozar muitas vezes, principalmente no seu carro

depois das nossas saídas, mas não chegamos até o final.

Ele respeita o meu tempo e não tenta me induzir a ir


além. Mas depois de tantos beijos, mãos bobas, orgasmos e

amassos, sinto que estou pronta para dar um passo definitivo. Está
na hora de ir até o fim, porque o desejo tanto que não consigo

pensar em outra coisa.

Sempre esperei que a minha primeira vez fosse

acontecer com alguém especial. Agora que estou pronta para me


entregar para o Hugo, percebo que ele é muito melhor do que eu

esperava. De todas as formas que importam, o loiro é o meu cara

especial e não tenho a menor dúvida disso.

Há três dias, depois de me trazer da universidade, Hugo


confessou que gostaria de passar mais tempo comigo. Um tempo a

sós, sem medo e sem corrermos riscos de um escândalo. Eu

declarei que também gostaria de ter mais tempo com ele, então o
loiro propôs que a gente fizesse uma viagem no final de semana.

Por acreditar que estava brincando no início, entrei na sua onda,

mas Hugo me surpreendeu quando declarou que estava falando

sério.

Fiquei tão animada com a possibilidade que comecei a

criar cenários de nós dois na minha cabeça, mas depois coloquei os

meus pés no chão e expliquei que não poderíamos viajar. Além das

muitas outras razões, eu disse que não teria condições financeiras


para fazer uma viagem.
Foi difícil, mas o homem derrubou todos os meus

argumentos e me convenceu de que dinheiro não seria um


problema. Apenas desta vez, já deixei bem claro que não quero ser

bancada, permitirei que ele me mime. Hugo sabe que tudo voltará

ao normal quando voltarmos de viagem. O normal é uma realidade

em que ele paga suas contas e eu pago as minhas. Cedo em


algumas coisas, mas não neste assunto e não permito que pague

nem mesmo as minhas refeições quando saímos juntos.

Não sou esse tipo de garota e não suportaria se alguém

pensasse que sou interesseira, que estou de olho apenas no


dinheiro em sua conta.

Hugo está animado e nem sabe da surpresa que o

espera. Até agora há pouco estava fingindo até para mim mesma,
mas sei exatamente o que acontecerá na viagem, porque o desejo

mais do que qualquer coisa no mundo e estou certa de que o loiro

me quer da mesma forma.

Se eu não confiasse na sua sinceridade, não acreditaria


que está há semanas sem fazer sexo por minha causa, porque até

agora não dei o que um homem como ele espera de uma namorada,

ou de qualquer mulher com quem tenha um relacionamento.


Apesar de ficar nervosa sempre que imagino como serão
os dias em que passaremos juntos, também estou ansiosa e

disposta a ser a melhor amante que ele merece. Serei a melhor,

porque o Hugo me ensinará e ele é um excelente professor em


todos os sentidos da palavra.

Já serei dele quando o fim de semana acabar e nada me

fará mais feliz do que isso.

— Porra, finalmente terminamos — Vanessa fala e me tira


do meu devaneio.

Ao olhar para a cama e ver tudo o que precisarei para os

próximos dois dias ao alcance das minhas mãos, sinto um frio na

barriga de pensar que amanhã cedo viajarei ao lado de um Ferrari.


Não um garoto qualquer, mas um Ferrari, um dos homens mais

lindos, desejados e ricos do país.

Mesmo depois de semanas, ainda sinto dificuldade para

acreditar que realmente tive a sorte de fisgar alguém que é muito


mais do que os tabloides apontam. Ele é a síntese dos meus sonhos
românticos de adolescente. De forma arriscada, porque não é a

primeira vez que penso assim, sinto que eu poderia perfeitamente


amar o Hugo com todas as forças do meu coração se a nossa
história não estivesse fadada ao fracasso. Seria ao lado dele que eu
escolheria o meu final feliz, caso me dessem a chance de fazer uma
escolha.

— Você sabe que é a melhor amiga do mundo, não


sabe? — pergunto emotiva, ao me aproximar da minha surfistinha e
abraçá-la apertado.

— Eca! — Ela me empurra e limpa o rosto, enojada por

causa do beijo molhado que dei na sua bochecha. — Não quero


acabar com o seu sorriso, mas preciso te lembrar que ainda é
quinta-feira e já passa das seis da tarde, querida.

— Você realmente acabou de jogar um balde de água fria


na minha cabeça? — reclamo.

— Sim, porque estou aqui para ser a voz da sua


consciência.

Depois do aviso da minha amiga, deixamos a preparação


e os planos para a minha viagem de lado. Uma de cada vez,
tomamos banho e nos arrumamos para a última aula da semana.

Como ela disse, ainda é quinta-feira e hoje tenho uma aula


importante.
Felizmente, Vanessa está sempre com o carro da mãe,
então conseguimos chegar rápido e sem atrasos na universidade.

Tudo corre bem na aula de direito civil, mas simplesmente não


consigo prestar atenção, pois estou ansiosa para passar um tempo
com Hugo.

Depois de uma aula que parece ter durado cinco horas


em vez de uma e meia, saio da sala e vou em direção ao banheiro
antes de ligar e pedir para que o Hugo me busque no ponto de

ônibus. Com um carro diferente para que ninguém saiba que se


trata dele, o loiro me pega na parada todos os dias e me leva para
casa, agindo como um verdadeiro namorado.

Ele não é, mas no meu coração o trato como meu

namorado gostoso, lindo e que beija como um deus.

Depois de usar o banheiro, paro na pia para lavar minha


mão e quase caio de susto ao erguer a cabeça, encarar o espelho e
me deparar com Luca Ferrari parado atrás de mim, encarando-me
através do espelho.

Com o coração disparado no peito, desligo a torneira e


viro-me de frente para ele. Encaro-o com a cabeça erguida para

mostrar que não tenho medo da sua expressão ou do olhar gelado.


Mas o meu coração está disparado por motivos que vão além da
ansiedade. Tratando-se dele, a excitação sempre fará parte de

todas as sensações que me acompanham. Assim como sou atraída


pela doçura e luz do Hugo, também sou atraída pela frieza e
escuridão do seu primo.

— O que faz aqui? — questiono

— Eu posso estar aqui. Esqueceu que a universidade me


pertence?

— Você sabe muito bem do que estou falando. Por acaso


está me seguindo?

— Pra falar a verdade, eu estou — o homem confessa e


se aproxima do meu corpo, que agora está apoiado na pia.

— Por quê? — pergunto. Por um momento, as imagens


de quando viu meu sexo e se masturbou para mim passam pela

minha cabeça.
— Hugo me disse que vocês passarão o final de semana

juntos — comenta, mas nada disso parece real. Ele passou um mês
me ignorando e agora está falando de um assunto pessoal.

— Nós iremos para Gramado. Por que isso te interessa?

Está querendo vir junto? — provoco, porque simplesmente não


consigo resistir

— Não, desta vez não irei. Saiba que só será assim


porque imagino o que acontecerá entre vocês dois nos próximos

dias, mas depois que voltarem você também será minha. Tenha isso
em mente enquanto estiver se divertindo com o meu primo. —
Depois de todas as palavras que me deixam com a boca aberta, o

moreno cheiroso se aproxima e me puxa para o seu corpo pela


cintura, deixando-nos colados em um abraço da cabeça aos pés.

— Você enlouqueceu? — questiono, porque tenho


certeza de que não sou a doida aqui e que este homem passou o
mês inteiro me ignorando ou tratando-me com dureza na sala de

aula.

— Enlouqueci por você, por não aguentar mais resistir ao


fato de te querer e não te ter. Eu juro que tentei, tentei muito, mas
desisti de lutar.
— Não precisava ter lutado, porque nunca tentei te
afastar de mim — confesso, deixando-me ser abraçada por ele da
forma que sempre quis, mas que nunca aconteceu.

— Você nunca tentou, mas quer muito mais do que sexo.


Sexo é tudo o que posso e estou disposto a te dar, menina. Por
outro lado, Hugo é o cavaleiro de armadura reluzente que combina

com você.

— Não é uma disputa para sabermos quem é o mais


adequado para mim. O Hugo e eu temos ciência de que o nosso
caso acabará em algum momento, pois mesmo se quiséssemos,

não daria certo. Você perdeu muito tempo para nada — provoco-o
ao ficar nas pontas dos pés e dar um beijo no seu o queixo. Com o
seu corpo contra o meu, Luca relaxa visivelmente e eu me sinto

especialmente vaidosa por sua reação.

— Entregue-se para ele, querida. Quando voltarem será a

nossa vez, então você dará tudo o que eu quiser — fala contra a
minha boca e olhando dentro dos meus olhos. — Deixe que o Hugo
use a sua bocetinha porque ele te merece e você também merece

que a sua primeira vez seja com um homem especial.


— E você? — Sinto o meu corpo reagir tanto por estar
junto ao seu quanto por lembrar-me de que transarei com o Hugo.

— Te Esperarei — declara, abaixa a cabeça e sussurra:


— Agora te darei uma pequena prova.

Ao dizer as palavras, o moreno segura a minha cintura


com firmeza e me coloca sentada em cima da bancada de mármore

da pia. Luca se coloca entre as minhas pernas, segura os cabelos


da minha nuca e aproxima sua boca da minha.

Diferente do Hugo, Luca não começa com delicadeza, ele

devora a minha boca ao enfiar a língua sem pedir licença e eu o


recebo como um sedento em busca de água no deserto, o tomo
com a mesma avidez.

O beijo rapidamente se torna quente, molhado e ruidoso

quando envolvo minhas pernas em volta da sua cintura e seguro os


fios escuros dos seus cabelos. Perdida de desejo e agindo como
uma mulher que sabe o que está fazendo, aperto os meus seios

contra seu peito duro. De maneira desajeitada, Luca desce as mãos


pelas minhas costas e segura com força os lados da minha bunda,
tanta força que provavelmente minha pele ficará marcada por um

tempo.
O meu corpo esquenta e a minha calcinha fica molhada
muito rapidamente, então começo a gemer e me esqueço de onde

estou quando sua boca desliza dos meus lábios para o meu queixo
e depois para o meu pescoço. Ele morde a pele sensível e jogo tudo

para o alto ao implorar para que continue, para que nunca pare.

Como tudo que é bom dura pouco, Luca dá dois passos


para trás e me encara com os olhos escurecidos de desejo, com a

respiração ofegante e a boca úmida. Imagino que a minha boca


também esteja úmida e vermelha, considerando o fato de estar
formigando

— Viaje e não deixe de aproveitar o que será uma das

experiências mais importantes da sua vida. Não pense em mim nos


próximos dias. Quando voltar, tenha em mente que você não terá
apenas um, mas dois homens para agradar e satisfazer — declara e

faz minha pele arrepiar quando acaricia meu lábio inferior com o
dedo indicador. — E não se preocupe com o Hugo, porque deixarei
que ele saiba que tomei uma decisão e que estou disposto a te

reivindicar. — O moreno se aproxima mais uma vez, dá um selinho


nos meus lábios e sai do banheiro da mesma forma repentina que
apareceu.
Com as pernas bambas, desço da bancada e apoio o

peso do meu corpo ao segurá-la com firmeza. Com um sorriso no


rosto corado, toco meus lábios inchados com as pontas dos dedos.
O meu coração está disparado e não posso acreditar no que acabou

de acontecer.

Parece que alguém lá em cima me ama muito, porque

tudo na minha vida tem dado tão certo que sinto até medo de
quando a sorte se virar contra mim.

Eu já estava nas nuvens com a ideia de transar com o


homem que tem me feito feliz nas últimas semanas, então a outra

parte do meu todo veio até mim e finalmente se entregou nas


minhas mãos quando afirmou que não resistirá mais ao desejo. Ele
disse que será tão meu quanto desejo ser dele.

Se eu fosse a mesma de antes, agora estaria sentindo


medo dos meus desejos e da ideia de pertencer a dois homens,
algo que é um tabu na sociedade e indecente demais para ser

cogitado por noventa e nove por cento das pessoas, mas mudei.
Nós não somos todas as pessoas, estamos prontos e dispostos a
criarmos a nossa própria ideia de diversão. Estou sendo eu pela
primeira vez ao fazer tudo o que desejo fazer e lutarei por mim até
onde as minhas forças puderem ir.

Sei que não temos futuro, porque seria impossível para

alguém que teve a criação que tive realmente se relacionar com um


deles ou com os dois de verdade. Mas enquanto estivermos juntos,

não deixarei de viver e de experimentar tudo o que vem junto com a


paixão e o desejo que ambos me fazem sentir com a mesma
intensidade e de formas diferentes.

LUCA

Eu desejei Amora de Moraes quando a vi pela primeira


vez no corredor da universidade. Sempre soube da atração e nunca

a neguei. O problema é que, assim como reconheci a atração,


também reconheci a sua inocência com um simples olhar em minha
direção.

A ideia de inocência não me atrai e eu nunca desejei

mulheres que não soubessem como manejar um pau. Faço sexo


desde os meus quinze anos e sempre optei por bocetas conscientes
de que teriam apenas sexo de mim. Fujo das que parecem

perigosas e das que têm estampadas em suas testas esperanças de


levarem um homem solto como eu a se amarrar em um
relacionamento sério. Definitivamente, não faço esse tipo de coisa,
tanto porque não quero quanto por não gostar de dramas.

Amora é uma garota que precisa de amor e todas as


bobagens que envolvem um relacionamento sério. É a mulher certa
para um homem como meu primo, que não merece menos do que a

loirinha perfeita.

Saber desses fatos sobre nós três deveria ser o suficiente


para me manter afastado, como vinha fazendo nas últimas
semanas, mas cheguei no meu limite e não estou mais disposto a

renunciar ao que o meu corpo deseja tão ardentemente. Desejo que


ficou dez vezes mais intenso depois que presumi que seria uma boa
ideia gozar vendo a sua bela e doce boceta sendo fodida pelos

dedos do meu primo.

O meu lado observador me faz perceber verdades para

as quais os outros se mantêm alheios, e para mim parece óbvio que


a relação entre Hugo e Amora é algo além de sexo, mesmo que os
dois acreditem que estão na mesma página e que o caso que

começaram terminará em algum momento. Suspeito de que os verei


se tornando um casal em público e fazendo planos para o futuro em
breve.
No final de tudo isso, serei a pessoa que sobrará e estou

bem com isso, porque quero que seja assim.

Seguirei em frente mesmo sabendo que pode ser


arriscado, porque o desejo por Amora é muito maior do que a

atração por todas as mulheres que passaram pela minha cama. Ela
é linda fisicamente, mas também é intrigante e chegou a hora de
conhecê-la de perto. Terei minha garota até tirar esse tesão do meu

sangue, até ter certeza de que é possível continuar com eles sem
tirar de ambos a chance de serem felizes juntos.

Se pudesse arrancar esse desejo do meu corpo sem


fazer nada a respeito, juro que arrancaria. Como não posso, baterei

na boceta rosada da loirinha e darei tudo o que ela implora com o


olhar. Depois disso, serei apenas o primo do seu homem. Quando
acabar, eles olharão para mim e verão que foi melhor assim.

No controle dos meus sentimentos e emoções, esperarei


pela volta dos dois. Quando estiverem aqui, a verdadeira diversão

começará e todos nós teremos o que desejamos.


CAPÍTULO 14

AMORA

GRAMADO – RIO GRANDE DO SUL

Hugo e eu chegamos a Gramado há algumas horas,


depois de uma viagem que pareceu longa e enjoativa demais, mas
ainda estou extasiada pela beleza da cidade enquanto caminho
pelas ruas com o braço entrelaçado no do loiro lindo.

Se continuo nas nuvens, ainda sem acreditar que


realmente viemos juntos em uma viagem de casal, Hugo parece
estar se divertindo, porque ele acha todas as minhas reações a

coisas que considera simples e corriqueiras engraçadas.

Fico feliz por ter escolhido as roupas adequadas para a


cidade coberta por uma garoa. Faz mais frio do que estou

acostumada, seja em São Paulo ou em roda Velha, mas é

justamente o frio que deixa o lugar mais belo. Ainda mais lindo do
que vi nas fotos do Google.

Todas as residências imitam palácios na rua por onde

estamos andando agora e eu não consigo resistir a ideia de pegar


meu celular e tirar muitas fotos para mostrar para a minha amiga

quando voltarmos. Ao meu lado, Hugo presta mais atenção em mim


do que na bela cidade. Vez ou outra, ele abaixa a cabeça para beijar

o meu pescoço, beijos que me distraem e me deixam ansiosa para

quando estivermos sozinhos.

Em uma tentativa de respeitar a minha privacidade e o


sinal de que eu gostaria de ir mais devagar, ele me deu a opção de

ficarmos em quartos separados, mas dei a dica do que espero que

aconteça entre a gente quando escolhi dividir a cama. Hugo não


escondeu a felicidade e foi a minha vez de me divertir com a sua

reação.

— Imaginei que você fosse gostar de um lugar assim e


aparentemente não errei — Hugo comenta. É bizarro como ele me

conhece sem de fato me conhecer.

— Você foi perfeito na escolha, professor. Gramado deve


ser uma das cidades mais lindas que existe no mundo — declaro. —

Eu gostaria de passear pelo o resto do dia, mas confesso que estou

morrendo de frio e prefiro ir para o chalé agora — digo, os seus

olhos brilham de interesse enquanto o meu estômago se aperta.


Sei que o fato de estarmos no mesmo quarto não
significa que precisamos entrar tirando as nossas roupas e nos

jogando na cama, mas sabemos que é uma doce tortura e uma

deliciosa tentação ficarmos tão próximos entre quatro paredes.

— Esta viagem é para você — declara. — Se quer voltar

para o chalé, então nós voltaremos.

Hugo alugou um pequeno e aconchegante chalé,

localizado na vila que fica a alguns quilômetros de distância daqui. É

perto o suficiente para que possamos voltar a pé. Ele é composto

por uma cozinha pequena e bem equipada, dois quartos, sendo um

de casal, e uma sala com lareira. Devo confessar que a lareira

enche os meus olhos, pois consigo me imaginar aconchegada no


peito do Hugo enquanto deixamos o fogo aquecer os nossos corpos,

antes de começarmos a produzir o nosso próprio calor.

Ao entrarmos na residência, olho para o relógio na

parede da sala e fico surpresa por perceber o quanto o tempo


passou rápido. Chegamos depois do almoço, trouxemos nossas

malas e saímos em seguida para um passeio. Voltamos só agora,

quase sete horas da noite.


Ainda sem jeito e pouco à vontade um com o outro agora

que finalmente conseguimos um pouco de privacidade, o loiro e eu


decidimos começarmos pela parte mais fácil. Eu entro no banheiro

para tomar um banho quente e ele fica na sala para pedir o nosso
jantar. Agimos como se a tensão sexual não existisse.

Depois de vinte minutos, sentindo-me totalmente


aquecida com minha calça e blusa de moletom, com meu cachecol

e touca vermelha na cabeça, peças nada sexys para uma noite de


sedução, caso essa seja a intenção, retorno para a sala e me

deparo com nosso jantar servido na pequena mesa de centro que


fica alguns metros na frente da lareira.

— Você está linda — o homem, que fica estupidamente

mais belo com roupas de inverno, me elogia quando me nota.

— Não estou.

— Sim, você está. Não seja teimosa, porque quem está


te vendo sou eu e decido o que é belo e o que é feio quando se trata

dos meus olhos — ele dá uma bronca de brincadeira, então se


aproxima e me abraça pela cintura. — Obrigado por ter vindo.

— Eu não poderia estar em outro lugar — declaro, fico


nas pontas dos pés para alcançar a sua boca e beijo de leve os
seus lábios. Depois do beijo, Hugo segura minha mão e me ajuda a

sentar no tapete.

Sentados lado a lado, jantamos em um clima leve e


conversamos a respeito do que vimos desde que chegamos. Cheia
de planos para o sábado e para o domingo, conto sobre todos os

lugares que pesquisei e que pretendo visitar antes de voltarmos.


Hugo concorda com tudo.

— Existe um lugar que eu tinha certeza de que você


gostaria de conhecer, mas ele não faz parte do seu itinerário —

comenta, depois que toma o último gole do seu vinho e dá o jantar


por encerrado. Também me sinto satisfeita. Estou tão cheia que
poderia explodir se colocasse mais um grão de arroz na boca.

Além de Gramado ser uma belíssima cidade, sua

culinária também é maravilhosa.

— De qual lugar você está falando? — pergunto com


curiosidade, porque tenho certeza de que selecionei os pontos

turísticos mais belos daqui. Tem um em especial que deixei de fora


propositalmente, mas jamais admitirei para ele porque fiz isso.

Mesmo curiosa, não imagino que estejamos falando do


mesmo ponto turístico, porque o Hugo não parece ser esse tipo de
homem.

— Se você não sabe, deixarei que tenha uma surpresa

quando eu te levar até lá.

— Quando quer, você sabe ser muito malvado, não é?

— Não é por causa disso que gosta tanto de mim? —


Hugo provoca, mas ele realmente não imagina o quanto estou

gostando dele.

Não faço ideia de como ou se quero classificar os

sentimentos que tenho por Hugo Ferrari. Não tenho certeza se é


apenas carinho, uma atração que se tornará menos intensa depois
que transarmos ou se existe algo a mais. De tudo o que sei, a maior

verdade é que nunca gostei tanto de estar com uma pessoa como
gosto de estar com ele. Hugo desperta muitos desejos no meu

corpo, mas também deixa o meu coração leve e tem a incrível


capacidade de me fazer esquecer de quem sou. Então,
independentemente do nome que poderia dar aos meus

sentimentos, sei que é algo importante como nunca senti por outra
pessoa.

— Eu disse algo errado? — ele questiona por causa do

meu longo momento de silêncio.


— Não sei se você é capaz de dizer algo errado —
declaro, ele sorri para mim, aproxima mais o corpo e beija o meu
ombro.

Dentre as muitas razões para gostar dele, uma delas é o

fato de sempre fazer carinho em mim. Quase sempre sem segundas


intenções e apenas porque Hugo é assim, embora tente usar uma
máscara na faculdade, e até mesmo fora dela com pessoas que não
julga importantes o suficiente para verem todas as suas qualidades.

— Seus elogios me deixam com tesão — provoca, mas

sei que está falando sério de certa forma.

— O que você acha de nos aconchegarmos no sofá e


assistirmos a um filme, homem com tesão? — pergunto.

Poderíamos simplesmente ir para o quarto e enfim

transarmos, mas quem disse que tem que ser agora? Pode parecer

besteira, mas não quero que seja uma coisa apressada, que
aconteça porque sabemos que inevitavelmente acontecerá.

Entregarei minha virgindade porque é tudo o que mais

quero, mas tenho certeza de que saberei quando for hora certa, sem

pressão e sem momentos de silêncio prolongado.


— Um filme e o seu corpo quente e gostoso contra o

meu? Eu não poderia pensar em um programa melhor para uma


noite de sexta-feira — declara, segura a minha mão e me ajuda a

ficar em pé novamente.

Depois que usamos o banheiro para escovarmos os

dentes, voltamos para a sala e nos jogamos no sofá de três lugares.


Ligamos a TV e começamos a procurar filmes na Netflix. Não é uma

missão fácil, porque eu quero assistir um romance e ele quer algo

que tenha suspense ou terror.

É óbvio que eu ganho a disputa quando lembro da sua

afirmação de que a viagem é para mim. Se é assim, tenho direito de

escolher até mesmo o filme que assistiremos. Depois de um suspiro

ruidoso, Hugo se conforma que terá que assistir a um filme


açucarado.

Como todo casal que está em Gramado, uma cidade que

só deve perder para Paris como a cidade dos apaixonados, mal

prestamos atenção nos primeiros quinze minutos do romance.


Ficamos mais focados em fazermos os nossos próprios momentos

românticos quando aconchegamos nossos corpos um no outro.


Sentindo o cheiro do perfume e o calor do seu corpo

grande e forte, estou com a minha cabeça deitada no seu peito e

com os braços em volta da sua cintura. Abraço-o apertado, com


medo de que desapareça e me faça acordar para descobrir que tudo

não passou de um sonho bom.

Hugo parece relaxado e fica com suas mãos paradinha

ao lado do corpo. Ele não me toca, ainda que eu tenha certeza de

que está se segurando muito para não acariciar o meu corpo e


começar algo para o qual não estou preparada. Acho que estou

pronta, mas não posso o culpar por não saber, afinal, não saí

gritando aos quatro ventos que estava nos meus planos entregar a
minha virgindade nesta viagem.

Cheia de ousadia e sentindo que talvez seja o momento

certo, levanto a cabeça e beijo o pescoço do Hugo. Começo com


um beijo leve, um beijo que sobe aos poucos até que meus lábios

alcancem sua bochecha. Jogo o calor da minha respiração no seu

rosto e sinto quando a pele da sua barriga, que está sendo

acariciada pela minha mão quente, se arrepia.

Vou além ao tocar o pescoço e virar sua cabeça para a

minha. Sem dizer nada, capturo sua boca e começo um beijo


quente, cálido e de língua. Um beijo que rapidamente me deixa

quente e me faz subir em cima do seu colo.

Incapaz de resistir a mim, meu loiro me abraça forte pela

cintura, segura com firmeza o meu cabelo e começa a praticamente

comer a minha boca, tirando e colocando sua língua de maneira

frenética, como imagino que seriam os movimentos do seu pau se


estivesse investindo na minha boceta.

Como sempre acontece quando começamos com os

nossos amassos, o clima esquenta e passo a rebolar no seu colo.


Entre um beijo e outro, sinto a minha boceta cada segundo mais

úmida e dolorida de vontade de ser finalmente invadida pelo seu

pau.

Minha mãe costumava conversar sobre sexo comigo e


sempre me disse que seria doloroso e até mesmo traumático. Ela

tentou colocar na minha cabeça que o sexo existe para a

procriação, nunca para sentir prazer. Mesmo sabendo que sentiria

um pouco de dor e desconforto na primeira vez, nunca cheguei a


acreditar que seria como mamãe falou.

Como algo assim poderia ser ruim?


Assim como os alimentos mais gostosos são os mais

prejudiciais para a saúde, sempre enxerguei o pecado como algo

para manter distância, mas completamente tentador e viciante.

Se a minha mãe acredita que o desejo carnal é pecado,


então serei a maior pecadora e o sexo será o maior pecado que

cometerei.

— Hugo, eu... — procuro as palavras perfeitas para o

fazer entender que preciso que me possua agora e que não aguento
mais esperar, mas Hugo toma a dianteira e me interrompe

— Está na hora de você ir dormir. — Aqui está ele: o

balde de água fria

Será que eu devo deixar mais claro que quero transar?


Que tudo o que não quero fazer agora é dormir?
CAPÍTULO 15

AMORA

Deitada de barriga para cima e olhando para o teto, sinto-

me completamente frustrada com o Hugo por ter acabado com a


minha diversão. Por outro lado, não posso o culpar por não ter
deixado as minhas intenções mais óbvias. Se ao menos eu pudesse
dormir para esquecer do incidente...

O problema aqui é que não há uma gota de sono no meu


corpo. Não diria que estou entediada, porque o meu corpo está
aceso e ardendo por um desejo que Hugo recusa satisfazer.

Tudo bem que eu estava em um impasse sobre estar ou


não preparada e sobre a escolha do momento certo até minutos
atrás, mas agora que me sinto chateada como uma criança birrenta

que teve o seu pirulito favorito negado, percebo de que toda a ideia

de momento certo era apenas uma armadura que coloquei para me


proteger, porque junto com o desejo também havia o medo.

Agora que tudo parece mais claro, consigo sentir que a

apreensão e a ansiedade que são comuns na primeira vez ainda


estão aqui. Mas a minha vontade de ser dele é muito maior,

principalmente depois que tive mais uma prova de como será


quando realmente nos entregarmos a paixão. No fundo, o medo que

me acompanhou até o momento em que tomei a iniciativa e parti

para cima do Hugo me fez acreditar que eu poderia voltar atrás no


último segundo. No fim das contas, foi ele que voltou atrás e agora

me sinto frustrada e deixada de lado.

Eu poderia entender que Hugo não é adivinha, tentar

dormir e deixar a conversa sobre fazermos sexo para amanhã, mas


simplesmente não consigo, sobretudo sabendo que ele está muito

acordado ao meu lado na cama. Assim como a minha, a sua

respiração também parece difícil e o homem não pode nem mesmo


se mexer para não ir contra a sua decisão de só me comer quando

tiver certeza de que estou pronta e de que é isso que quero.

Eu quero e estou preparada, porra! Devo estar preparada

desde o dia em que eu vi pela primeira vez.

— Por que você parou? — finalmente pergunto ao virar

minha cabeça para o lado e encará-lo. Hugo também vira a cabeça

em minha direção.
— No momento em que estávamos nos beijando e nos
entregando um ao outro, a sua mente estava totalmente tomada

pelo desejo. Você não estava pensando com clareza. Disse que

queria fazer sexo, mas não parecia uma escolha racional e eu seria

um filho da puta se tirasse a sua virgindade e fizesse com que se

arrependesse na manhã seguinte.

Eu sabia que Hugo havia parado por um senso de

responsabilidade, porque o homem que estou aprendendo a

conhecer cada dia mais é realmente assim, mas ouvi-lo dizer com

todas as letras faz o meu coração disparar no peito. Talvez jamais

tenha sido sobre o momento certo, só sobre a pessoa certa. Com

toda certeza do mundo ele é a pessoa certa não só para tirar a


minha virgindade, mas para ter o meu coração em suas mãos se o

quiser.

— Hugo, não estamos nos beijando ou nos tocando

agora. No entanto, estou dizendo com todas as letras que quero

que você transe comigo hoje. Eu preciso que me toque com a mão e

com a boca, mas também com o seu pau desta vez. Quero que
preencha sem parar o vazio que sinto entre as minhas pernas.

Minha boceta dói de necessidade de você, apenas de você.


As minhas palavras cruas, sacanas e diretas são para

ele, mas o meu corpo também reage e fica totalmente quente e


sensível. Não querendo dar ao loiro a chance de me rejeitar,

estendo o braço até o seu corpo e, sem saber ao certo o que estou
fazendo, toco seu pau com a mão aberta por cima da calça de
moletom cinza.

O loiro estava a meio mastro, mas o meu toque faz com

que ele fique completamente duro e excitado rapidamente. O meu


corpo e meu coração se regozijam por saberem que desperto esse

tipo de reação nele. Hugo me quer e duvido que seja capaz de dizer
não a todos os meus desejos nesta noite. São muitos, pois sinto que
sou feita de desejos.

— Amora, por favor, não me tente. Não faça nada do qual


você se arrependerá amanhã — apesar das palavras, a sua voz

está um pouco mais rouca do que o normal e a respiração alterada.


Tenho certeza de que poderei sentir as batidas do seu coração mais
aceleradas se deitar a cabeça em seu peito.

Nós dois estamos nos sentindo da mesma forma e essas

são as consequências de negarmos aos nossos corpos o que eles


tanto querem.
Como o seu senso de responsabilidade está aguçado

demais para que faça alguma coisa, percebo que palavras não são
suficientes e então parto para a ação. Sem pensar muito no que

estou fazendo, tiro a coberta de cima do meu corpo e me sento na


sua cintura com uma perna de cada lado. Quero ver se Hugo terá

coragem ou forças para me tirar de cima dele.

— O que você está fazendo, menina?

— Não sou uma menina e o que estou fazendo se chama


ter atitude. Era isso que você queria, querido? Estou dando

exatamente a resposta que você deseja para a dúvida que


atormenta essa sua cabeça loira e linda.

Sem pensar em mais nada, curvo um pouco o corpo e


apoio as minhas mãos no seu peito para me equilibrar. Então

começo a rebolar na sua cintura, esfregando minha boceta no pau


que está completamente excitado.

Os olhos do meu professor ficam vidrados no meu rosto.

Já perdido de desejo, ele passa a língua pelo lábio superior como se


estivesse imaginando que sou uma refeição, uma deliciosa refeição

que devorará por completo até não sobrar nada de mim. Eu quero
muito ser devorada até à exaustão, preciso que Hugo finalmente me
mostre o porquê de as pessoas serem capazes de atos impensáveis
por sexo.

— Porra! Pare com isso amora, você está me matando e


não quero gozar na calça como um maldito adolescente — o

homem suplica e eu mexo o meu quadril com mais vigor como se


não estivesse ouvindo. Pressiono os nossos sexos de uma forma
gostosa, mas totalmente torturante.

Sinto-me tão molhada entre as pernas que posso apostar


que o tecido do meu moletom está escorregadio e umedecendo a

sua calça por tabela.

— Então não seja um adolescente que goza na calça e

me coma — antes que eu termine de falar a última palavra, o loiro


inverte as nossas posições, me joga de costas no meio da cama e

abre as minhas pernas amplamente.

Em vez de se deitar entre as minhas pernas, Hugo fica


pairando o corpo sobre o meu, tentando-me sem dar de uma vez o

que queremos. A forma como os seus olhos me encaram cheios de


fogo e desejo faz promessas de uma noite inteira em claro, isso se

eu aguentar as semanas de seca que viveu por minha causa. Ele


me deixa trêmula de expectativa.
— Amora, espero que você realmente saiba pelo que
está pedindo, porque quando eu começar, não serei mais capaz de
parar. Meu desejo por você vai além de qualquer compreensão.

Você sente isso, não sente?

O homem gostoso encosta a parte inferior do corpo no


meu e me deixa sentir melhor o seu pau em riste. Antes que eu
tenha a chance de envolver minhas pernas na sua cintura e o puxar
para cima de mim, Hugo se levanta, vai até a mesa de cabeceira,

abre a gaveta e pega uma tira de preservativos.

Os meus olhos se arregalam, ele dá um sorrisinho de

lado e joga os pacotinhos laminados na cama.

— Você é tão contraditória, não é? Acabou de agir como

uma mulher sedutora, mas fica com as bochechas vermelhas por

causa de preservativos.

Tímida no momento errado, dou de ombro e me atenho a


ficar calada, mas fico com a boca cheia d’água quando o meu

professor gato começa a fazer um show particular para mim. Ele

abre botão por botão da sua camisa de flanela e os meus olhos


percorrem com avidez cada um dos gomos do seu tanquinho duro e

bem talhado. Imagino que foi conquistado e mantido com algumas


horas na academia. Mas eu realmente perco a cabeça quando Hugo

se livra da calça de moletom e me presenteia com a visão de seu


corpo vestindo nada além de uma cueca boxer azul-marinho.

Uma peça que molda com perfeição a frente do seu corpo

e faz a minha boceta chorar de vontade quando meus olhos caem

no seu o pacote que não esconde a monstruosa excitação. De


repente, tudo o que mais quero é vê-lo sem a peça para relembrar o

quanto é longo, grosso e cheio de veias, um pau tão bonito quanto

imagino que membros masculinos consigam ser.

Com um sorriso de satisfação, a pura alegria masculina

de saber o que passa pela minha cabeça agora, meu loiro volta a

subir na cama e começa tirando meu casaco de frio. Como não me

dei ao trabalho de vestir sutiã, Hugo é presenteado com a visão dos


meus seios despidos quando se livra da parte superior da minha

vestimenta. Seus olhos escurecem quando fitam os mamilos que

estão duros desde quando estávamos tentando nos distrair com um


filme.

Incapaz de parar, ele desce a cabeça, deixa uma

mordida dolorosa em um bico duro e uma chupada gostosa no

outro.
— Você tem os peitos mais lindos que já tive o prazer de

ver e tocar, loirinha. — Hugo elogia. — Você me deixará gozar em

cima deles, não é? Consigo imaginar essas belezas alvas meladas


com a minha porra. Diga para mim que fará.

— Deixarei que faça o que quiser, porque sou sua —

declaro, embora meu coração saiba que me refiro a mais do que

sexo e esta noite. Prefiro manter essa verdade apenas para mim,

pelo menos por enquanto.

— Sim, você é todinha minha. Sempre foi e será muito

mais depois que eu te comer do jeitinho que quer, gostosa —

declara com possessividade e me beija.

Depois de beijar e possuir meus lábios com chupadas e


mordidas, o homem volta a ficar sobre os joelhos. Ele puxa a calça

moletom pelas minhas pernas deixando-me apenas com a minha

calcinha que é grande demais para ser considerada sexy. Pela


forma como encara a peça branca e úmida que cobre a minha

boceta, Hugo parece que não se importa se é uma lingerie sexy ou

uma calcinha broxante.

— Estou sentindo o cheiro do seu desejo, sabia? —

indaga e me deixa mortificada quando se arrasta pela cama com


habilidade e coloca a cabeça entre as minhas pernas, deixando o

seu nariz em contato com a peça molhada.

De maneira completamente obscena, Hugo Ferrari passa

o nariz na minha vagina por cima da calcinha e sente o cheiro do

meu desejo. É íntimo e escandaloso demais para a minha mente

que foi treinada para ser pudica, mas algo nunca pareceu tão certo
para mim.

— Hugo, por favor... eu não posso mais esperar — sua

atitude ousada me faz perder o pudor, então começo a implorar e a


erguer meus quadris da cama para esfregar o meu sexo no seu

rosto, deixando-o lambuzado com a prova do meu desejo.

— Isso, gostosa. Rebola no meu rosto — ele incentiva.

Completamente fora de controle e livre de qualquer pudor,


mantenho meu quadril erguido. Como se estivesse fazendo uma

dança descoordenada, continuo esfregando meu sexo por todo o

seu rosto, principalmente no nariz e na boca

— Estou fazendo certo? Por favor, me diga — peço,


encontrando espaço para um pouco de insegurança em meio ao

tesão.
— Mais do que certo, minha putinha, mas pode ficar

melhor — Hugo afirma, então segura as laterais da minha calcinha e

rasga um dos lados da peça, em seguida jogando-a em um canto

qualquer do quarto. Completamente nua, sinto-me segura, livre e


entregue ao que acontecerá entre nós.

Antes de colocar novamente a cabeça entre as minhas

pernas e nos fazer arder de tesão, Hugo ergue o tronco o suficiente

para encarar o meu corpo nu para ele.

— Linda! Você é muito perfeita, garota.

— Você também é — devolvo o elogio e tento o puxar

para cima de mim, mas Hugo tem outros planos e se nega a dar o

que quero. Não que eu tenha qualquer objeção quanto aos seus
planos, ele sabe melhor do que eu sobre o que estamos fazendo.

— Sei que você está ansiosa e totalmente perdida de

tesão, mas não permitirei que acabe rápido demais ou que não
aproveite tudo o que pode aproveitar. Farei com que seja perfeito,

nem que eu morra torturado por conta disso — declara.

Hugo arrasta o corpo pela cama e coloca a cabeça entre

as minhas pernas. Cheio de fome, uma fome que o torna insano,


começa a chupar a minha boceta. O loiro começa devagar com
beijinhos leves, como se estivesse venerando o meu sexo, mas logo

perde a paciência e enfia a língua entre os meus lábios vaginais,


tirando e colocando como já fez com os dedos e como espero que

faça com o pau em breve.

Cada mordida, chupada e lambida me leva para a beira

de um precipício. Fico muito perto de gozar, mas o meu alívio nunca


vem, porque Hugo não deixa. Quando o meu corpo entra em

combustão, quando começo a me contorcer e a segurar nas

cobertas da cama com força, desesperada para encontrar o alívio

do orgasmo que somente ele é capaz de me dar, meu amante tira a


cabeça das minhas pernas. A sensação é de desespero e

abandono.

O desejo causa sentimentos contraditórios, ao mesmo


tempo em que me sentia torturada e queria que ele parasse,

também não queria que me deixasse e já sinto falta da sua língua

quente e úmida castigando o meu sexo.

— Você tem a bocetinha mais doce do que eu vinha


sonhando todas as noites — declara ao subir o corpo lentamente

pelo meu. Hugo faz isso distribuindo beijos molhados nas minhas

coxas e na barriga até que sua boca chegue ao meu pescoço.


Agora entre as minhas pernas, o meu homem cheio de
desejo olha nos meus olhos com fome e diz sem palavras que

finalmente nos pertenceremos. Então ele abaixa a cabeça e me

beija para que eu sinta a verdade do que acabou de revelar. Não sei
se deveria, mas não acho estranho sentir o meu gosto na sua

língua, muito pelo contrário, saber que a sua língua esteve na minha

boceta me deixa ainda mais excitada, se é que isso é possível.

Depois de vários minutos me beijando e deixando-me


aproveitar o peso do seu corpo no meu, algo que me faz sentir

apaixonada, mas também protegida, Hugo termina o beijo na boca e

passa pelo pescoço para terminar com uma mordida gostosa e


dolorosa na minha orelha.

— Gostosa... Você é minha — declara, cheio de


possessividade.

— Sua, sou sua. Agora torne essa verdade absoluta,


Hugo. É tudo o que quero — peço e acompanho com o olhar

quando estende o braço e destaca um preservativo da tirinha. Ele


volta a ficar sobre os joelhos e finalmente se livra da cueca boxer.
Sem tirar os olhos que ardem de paixão dos meus, cobre o seu pau

com o preservativo.
Olhando-me de um jeito bem safado e sem demonstrar
nervosismo por estar com uma virgem, Hugo se masturba
lentamente algumas vezes e minha boceta fica tão acesa que tenho

a sensação de que os líquidos do desejo estão escorrendo pelas


minhas coxas e molhando cobertor da cama.

— Quero você — declaro.

Quis tanto esse momento que não imaginei que fosse ser

difícil. Não esperei ficar nervosa a ponto de me sentir travada, mas


estou impressionada com o quanto me sinto confortável para
apenas deixar acontecer, para não guardar nada do que passa pela

minha cabeça e não negar o que meu corpo deseja. Prestes a ter a
minha primeira vez, me sinto como outra mulher e gosto muito da
nova versão de mim mesma.

Sinto que não voltarei a ser a mesma depois de ser dele.


Nem de longe a mesma.

— Querida, você está molhada e pronta para mim, mas


preciso que saiba que será um pouco desconfortável e doloroso

quando o hímen for rompido — ele fala com cuidado ao se colocar


entre as minhas pernas e passar a cabeça robusta do seu pênis nas
dobras da minha boceta. Era para ser uma conversa séria, mas
Hugo simplesmente não consegue se manter longe de mim. Que
bom, pois não quero que se mantenha. Não agora e nem em todas
as horas que passaremos sozinhos e juntos nesta cidade.

— Apenas faça, querido — as minhas palavras são o


gatilho que ele precisava, então meu amante finalmente se deita

sobre mim. Sem tirar o olhar do meu, posiciona a cabeça do pau na


minha entrada e começa a me penetrar lentamente.

Embora saiba que o momento dolorido e desconfortável


virá, gosto de cada segundo da invasão lenta e cuidadosa. Se antes

eu estava vazia, agora ele faz com que eu me sinta muito cheia, tão
cheia que poderia explodir em sensações. Esperando até que eu me
acostume com sua presença em mim, meu homem entra até a

metade e depois tira. Ele faz isso algumas vezes. Para me distrair
da dor, desce a cabeça e beija minha boca quando dá o impulso
final e se coloca inteiramente dentro de mim.

Solto um grito de dor dentro da sua boca e me agarro aos


seus ombros enquanto o meu corpo luta para se ajustar à invasão.
É tão desconfortável e estranho que posso comparar a vestir um

sapato cuja numeração é menor que o tamanho do meu pé. Incapaz


de corresponder, continuo permitindo que me beije. Sinto vontade
de pedir para que saia de dentro de mim, mas resisto sem dizer
nada. Deixo viva a esperança de que ficará melhor, tem que

melhorar, porque sempre acreditei que sexo era uma das melhores
coisas da vida.

Depois de alguns minutos completamente imóvel entre as


minhas pernas e distribuindo beijos no meu pescoço, nas
bochechas e nos meus lábios, meu loiro lindo levanta a cabeça e

pergunta: — Está tudo bem?

— Não. Na verdade, estou me sentindo enganada — falo

com sinceridade e ele dá uma risadinha, embora seja uma risada


tensa. Imagino que seja difícil para o Hugo se controlar e não tomar

de mim o que tanto quer. Ele já tomou, eu que me enganei por


acreditar que seria bom na primeira vez. Não foi por falta de aviso
ou conhecimento teórico.

Por que pessoas românticas só se fodem?

— Sexo é bom e essa é apenas a sua primeira vez.


Imagino que seja desconfortável e que esteja sentindo dor, mas te
garanto que logo se sentirá bem, que terá tanto prazer que não vai

mais querer parar de sentar no meu pau a cada maldita respiração


— o loiro fala entredentes, abaixa a cabeça e dá uma mordida

dolorosa no meu lábio inferior

Embora seja bom e até mesmo doce de certa forma,


Hugo tem os seus momentos de homem malvado quando me dá

mordidas que incomodam, mas que fazem a minha boceta arder de


tesão ao mesmo tempo.

— Faça com que seja bom — peço em tom de


provocação ao erguer de leve o quadril para o provocar.

— Saiba que tomarei suas palavras como um desafio,


minha gostosinha — declara.

Depois disso, ele realmente faz a missão da sua vida me


fazer delirar de prazer. Com cuidado, meu professor ergue os

quadris e tira o seu membro, deixando que somente a cabeça fique


entre os meus lábios vaginais. O movimento faz com que eu sinta
um ardor irritante, mas não digo nada. Então ele volta a meter e o

ardor dá lugar a uma dor grossa.

Entre as minhas pernas e com muita paciência, o homem

repete os movimentos várias vezes, entrando e saindo devagar e


com cuidado. A cada estocada, a dor fica mais distante e o prazer
mais presente. Tudo vai ficando mais intenso até que eu começo a
erguer os quadris da cama para o encontrar no meio do caminho de
suas penetrações.

— Hum... — Com os olhos revirados de prazer, deixo

escapar um gemido.

— Esse gemido é de dor ou de prazer? — Ele deve saber


a resposta, mas pergunta para ter certeza.

— Significa que preciso que você continue e que não

pare nunca mais — declaro, Hugo solta uma risada de satisfação e


então passa a meter na minha boceta um pouco mais rápido. —
Sim, professor, continue assim... — Peço, entorpecida de prazer

quando envolvo minhas pernas na sua cintura e finco as unhas nos


seus ombros. Tudo para que fique tão em mim quanto for possível.

No momento, eu sou dele e ele é meu. Ele está em mim e


eu estou nele e não poderia pensar em nada melhor do que o ato de

fazer sexo. Ainda que uma fisgada leve de dor persista, o prazer já é
três vezes maior e posso afirmar que o sexo que estou começando
a conhecer é tudo o que as pessoas falam.

— Gostosa! Sua bocetinha é tão apertada e boa que não


sei como farei para viver sem querer estar dentro de você o tempo

todo. Não quero mais parar — declara ofegante quando o suor


começa a se acumular no seu corpo. Hugo perde um pouco do
controle na qual estava agarrado ao colocar a mão entre o meu

corpo e o colchão para apertar minha bunda. Segurando-a contra o


seu sexo, o loiro começa a meter com força e rapidez, ou com mais
força e rapidez do que antes.

Sei que de onde vem todo esse prazer que sinto agora
tem muito mais. Sei que Hugo é capaz do triplo de intensidade e de
todo o tesão que deixa o meu corpo em chamas, mas ele respeita o

fato de ser a minha primeira vez e isso toca diretamente no meu


coração.

— Não precisa parar nunca — declaro perto da sua


orelha ao dar uma mordida que o leva a gemer no meu ouvido. O

gemido e o prazer das estocadas na minha boceta fazem com que


as paredes do meu sexo se apertem em volta do seu pau. Todo o
meu corpo fica excitado, então sinto que estou perto de gozar de

uma forma como não acreditei que fosse acontecer na primeira vez.
Sonhei que seria bom..., mas daí a gozar?

— Você gozará gostoso para mim, minha putinha? —


Faz a pergunta provocativa ao colocar a mão entre os nossos
corpos e acariciar o meu clítoris.
Sentindo o calor, o peso do seu corpo em cima do meu e
até o seu cheiro misturado ao de sexo, recebo as metidas vigorosas

e os toques de suas mãos que me levam a jogar-me de cabeça nas


águas turvas e revoltas do prazer sem limites.

— Hugo... Hugo... — Em vez de gritar, sussurro o seu


nome sem parar enquanto as ondas do orgasmo varrem todo o meu
corpo e me fazem contorcer embaixo do seu peso. Tremo por pura

satisfação e entrega.

Depois de vários segundos, o meu corpo finalmente se


acalma e eu toco meu rosto. Sinto as minhas bochechas molhadas
por causa das lágrimas de alegria. Com um sorriso lânguido de

contentamento, ainda sinto meu homem entre as minhas pernas e


me comendo de maneira incansável.

Hugo mete várias vezes até que, beijando-me e enfiando

a língua gostosa e exigente dentro da minha boca, também goza.


Esgotada por causa do orgasmo intenso, ainda sou capaz de
corresponder ao seu beijo e de gemer dentro da sua boca. Quando

o corpo do Hugo se acalma, ele ainda continua me beijando de


língua e ainda arrancando gemidos de mim sem quebrar a nossa

conexão física.
Depois de um tempo, Hugo termina o beijo com um

selinho carinhoso, sai de dentro de mim e se levanta da cama. Com


a mente entorpecida por sexo e pela ideia do que acabou de
acontecer, fico com um sorriso lânguido no rosto observando o meu

homem entrar e sair do banheiro segundos depois livre do


preservativo. Hugo tem uma flanela nova na mão e me faz ficar com

vergonha quando olho para o meu sexo e noto que há um pouco de


sangue seco cobrindo meus lábios vaginais.

Com cuidado e carinho, o loiro passa a flanela úmida e

geladinha entre as minhas pernas. O gesto faz com que eu sinta


uma mistura de queimação e alívio na boceta que pega fogo depois
de ser invadida por um membro que deve ser maior do que a média

geral dos homens. Embora eu não tenha visto outro pau


pessoalmente, o dele é tão grande quanto os pênis dos atores dos
filmes pornôs que assisto e imagino que ter pau grande seja quase

um pré-requisito para serem contratados para esse tipo de filme.

Depois que termina de cuidar de mim, meu amante deita


ao meu lado e puxa o meu corpo para cima do seu. Desta vez, eu
mesma abaixo a cabeça e inicio o beijo. Um beijo carinhoso, quase

um agradecimento por ele ter feito a minha primeira vez ser tão
especial quanto imaginei que seria. Na verdade, foi muito mais do
que nas minhas maiores fantasias. Pensei que soubesse algo sobre
prazer por causa das tantas vezes em que gozei com os meus
próprios dedos, ou até mesmo com os toques e beijos roubados

entre nós, mas o que acabou de me apresentar foi muito além de


tudo que eu poderia fantasiar.

Qual o motivo das lágrimas? — indaga com uma ruga de


preocupação no rosto.

— Lágrimas de prazer. O tesão foi tanto que meu corpo


quis extravasar de alguma forma — declaro, dando selinhos na sua
boca bonita.

— Está dizendo que foi bom para você?

— Mas do que bom. Você tornou a experiência mais do


que especial e só consigo pensar que quero fazer de novo, de novo
e de novo — minha declaração faz com que o meu homem deixe

escapar uma gargalhada. Sabendo que sou dele para qualquer


coisa, Hugo desce as mãos pelas minhas costas até agarrar e

segurar os dois lados da minha bunda com firmeza.

— Saiba que também foi perfeito para mim. Apesar de eu


ter trinta e seis anos e de ter saído com mais mulheres do que

poderia contar, nenhuma foi como você. Nunca estive tão ligado a
alguém durante o sexo como estive ligado a você. Acredite que tudo
o que mais quero agora que tive uma prova é continuar te comendo

sem parar, mas não farei isso.

— Por quê?! — pergunto mais alto do que deveria e sem


querer acreditar que Hugo será desmancha prazer a esse ponto.

— Querida, você acabou de perder a virgindade. Mesmo

que tenha gostado muito, fui mais intenso do que deveria e você
acordará dolorida e sensível amanhã. Não quero ser o responsável
por te fazer sofrer por abusar do sexo — declara, ao apertar os

lados da minha bunda.

— Quando faremos de novo? — questiono e imagino que

a minha pergunta seja inocente, porque ela faz com que o loiro
sorria antes de levantar o pescoço e oferecer a boca para um beijo.
É óbvio que nos beijamos até precisarmos parar para respirar.

— Com certeza não será amanhã, mocinha. Você terá o


dia livre para conhecer os pontos turísticos que colocou no seu

itinerário.

— Esqueça os pontos turísticos, professor. Prefiro ficar

aqui namorando você — afirmo, realmente tentada a passar os dois


dias de viagem trancada neste chalé sozinha com o meu homem

que além de lindo sabe foder como um deus do sexo.

— Por que não deixa de ser ansiosa e aceita o que posso


te dar agora? — questiona, depois inverte as nossas posições para

ficar novamente em cima de mim e entre as minhas pernas.

— Depende do que você estiver disposto a me dar —


provoco, ele desce o corpo pelo meu e fica com o rosto entre os
meus peitos.

— Já que você está perguntando, posso te dar isso —


fala e, durante muito tempo, os únicos sons que são ouvidos no
quarto são os dos meus gemidos e pedidos que imploram para que

continue.

Embora mantenha a palavra e não volte a transar comigo,


ele me faz sentir prazer de outras formas ao beijar-me do seu jeito
nada inocente, ao lamber todo o meu corpo e ao dar-me alguns

orgasmos com a boca entre as minhas pernas durante quase toda a


madrugada.

O dia já está quase amanhecendo quando nos

aconchegamos em um abraço de conchinha para finalmente nos


entregarmos ao descanso dos justos. Começo a dormir com um

sorriso no rosto.

Um sorriso de satisfação, mas também de

reconhecimento, porque finalmente encontrei mais uma parte da


pessoa que realmente quero ser.

Eu sou essa mulher de dezenove anos que não se


intimida quando recebe um convite para viajar pela primeira vez com

o homem com quem está tendo uma relação. Eu sou essa mulher
que se entrega de corpo, alma e coração e que não tem medo do
que pode acontecer dentro de um quarto quando há muito desejo

envolvido.

Acima de qualquer coisa, sou uma versão mais livre da


Amora que passou anos lutando por liberdade, não liberdade para

contrariar todos os ensinamentos dos pais, pois no fundo


compreendo o que tentaram fazer comigo, mas liberdade para fazer
as minhas escolhas sem medo dos julgamentos.

Você é minha.

Ouço uma voz distante e sussurrada no meu estado de


semiconsciência.

Eu sou sua. Respondo


Não sei se deixei as palavras escaparem ou se apenas
as senti.
CAPÍTULO 16

AMORA

Hoje é domingo e finalmente estou acordando do jeito

que gostaria de ter acordado ontem cedo. Antes mesmo de


despertar por completo, sei que estou experimentando o paraíso na
terra. Não ouso nem ao menos me mexer e apenas me permito
curtir as sensações que a boca do Hugo entre as minhas pernas me

faz sentir.

Cumprindo com a palavra e o senso de responsabilidade


que ele nunca abandona, mesmo quando quer muito se entregar

aos prazeres do sexo, Hugo não voltou a transar comigo depois que
tirou a minha virgindade. E por mais que eu tenha reclamado

quando ele avisou que não faríamos sexo por um tempo, fiquei

agradecida, porque ontem de manhã acordei me sentindo tão


dolorida que parecia que eu havia apanhado.

Tudo doía, inclusive membros fantasmas que eu nem

imaginava que existiam, mas eu estava mais dolorida e sensível

entre as pernas. Quase chorei quando tive que usar o banheiro,


então lembrei o porquê da dor e ardência e esqueci de me

arrepender.

Maravilhoso e atencioso, meu loiro não deixou de me


mimar e nem de me tocar do jeito que havia prometido. Ontem nós

acordamos às dez da manhã e fomos tomar café em um restaurante

cuja comida era maravilhosa. Depois que nos alimentamos,


entrelaçamos as nossas mãos e, como um casal em lua de mel,

apesar de eu ter noção da realidade o suficiente para não pensar

em nós dois como um casal de verdade o tempo todo, começamos


a explorar a cidade, cobrindo todo o itinerário que eu havia feito

antes de chegarmos.

Depois de um dia inteiro na rua, felizes por beijarmos na


boca e tocarmos um no outro sem medo de sermos descobertos,

voltamos para a casa, tomamos banho juntos e saímos novamente

para explorar a cidade. Ontem à noite nós fomos a uma boate

badalada e aproveitamos tanto que só voltamos para o chalé perto

das duas da madrugada.

Quando estávamos na boate, aproveitamos a

oportunidade que não sabemos se irá se repetir. Dançamos de


maneira sensual, nos beijamos de forma indecente ou simplesmente
conversamos ao pé do ouvido.

Em resumo, senti o gosto de ter um namorado lindo, bom

de cama e extremamente atencioso. Hugo me deixou tão mal-

acostumada nas últimas horas que não sei como será voltar para a

casa e me deparar com a realidade em que teremos que nos


esconder. Uma realidade em que ele terá muito mais coisas com o

que se preocupar para perder tempo pensando em mim, ou nas

minhas necessidades.

Mas nós dois ainda estamos aqui e eu tenho mais é que

aproveitar, em vez de ficar pensando nos problemas futuros. Por

aproveitar, me refiro a deixar que o meu corpo sofra com espasmos


de prazer, que os meus olhos rolem para cima enquanto tenho as

minhas pernas arreganhadas em cima dos seus ombros fortes.

— Hugo, por favor... — começo a implorar quando o meu

corpo chega ao limite da tensão sexual, mas o meu homem continua


me comendo como se não estivesse ouvindo o som da minha voz.

— O que você quer, querida? Por que não fala as

palavras corretas? — provoca, ao dar uma longa lambida entre os

meus lábios vaginais.


— Eu preciso que você me faça gozar.

— Como a minha pequena vadia quer gozar? — pergunta

mais uma vez ao colocar dois dedos dentro da minha boceta, então

ele começa os movimentos de tirar e colocar. Não sinto mais do que


tesão com o seu toque, pois apesar de ainda sentir incômodo, é

uma sensação leve. Ainda que fosse mais intensa, eu não diria, pois
a minha vontade de fazer sexo novamente é muito maior do que a

sensatez de esperar.

— Eu preciso do seu pau — declaro quando o loiro


assopra na minha vagina. É preciso que eu me segure nos lençóis

da cama para não gozar ainda. Desta vez, tento resistir para que
aconteça apenas quando ele der o que quero.

— Onde você quer o meu pau, amor?

— Na minha boceta. Estou com saudade de você e


preciso que me coma.

Desistindo de me torturar, o meu deus grego tira o rosto


do meio das minhas pernas e se deita ao meu lado na cama. Hugo

pega um preservativo em cima da mesa de cabeceira, coloca no seu


membro e me puxa para o seu colo. Alarmada, olho com um ponto
de interrogação no rosto, o homem lindo sorri e explica por que

estou montada nele.

— Sei que está implorando para que eu coma essa


bocetinha sedenta e não consigo pensar em nada melhor para fazer
do que me enterrar dentro de você e nunca mais sair, mas você é

uma deliciosa aprendiz e está na hora de aprender mais uma lição.

— Lição? — questiono, pensando rapidamente em como

é conveniente que nós dois já estejamos completamente despidos.


Apesar de termos aberto mão do sexo, nos livramos do uso de

roupas aqui dentro.

— Sim, uma lição — fala. Hugo envolve o braço na minha

cintura, segura o membro e o posiciona entre os meus lábios


vaginais, mas ainda não me penetra. Eu gemo quando o homem

começa a me provocar, fazendo movimentos de ir e vir com a


cabeça grossa e robusta na minha boceta.

Fico com vontade de o xingar por me torturar desta

forma, mas entendo o porquê de o Hugo estar fazendo isso e entro


em ação. Finalmente tomo por mim mesma o que quero e sento-me

no seu pau, soltando um gritinho quando me sinto completamente


cheia dele.
— É isso, querida. Desta vez você não tem que pedir,
porque o controle está nas suas mãos. Está em cima de mim, então
é você que quicará em cima do meu pau, que sentará e balançará

esses peitinhos na minha cara até levar nós dois a deliciosos


orgasmos.

— Sim, eu farei isso — falo com um sussurro. Querendo


mexer com ele como mexe comigo, envolvo os meus braços no seu

pescoço, quase encosto os peitos que tanto adora no seu rosto


quando começo a mexer os meus quadris, fazendo movimentos

circulares do jeito que sei. Não que eu saiba alguma coisa, mas
deixo-me guiar pela minha intuição.

Vendo seus olhos escurecidos de desejo e sua boca

tentando abocanhar um dos meus seios, ou os dois ao mesmo


tempo, porque o homem é ganancioso, decido acelerar. Começo a

realmente sentar no seu colo, engolindo seu pau sem deixar que
nada além das bolas fique de fora.

— Isso, sua vadia, engula o pau do seu macho. Deixe-me


sentir essa sua bocetinha gananciosa. Deixe que eu te coma

todinha e diga que me pertence — ele fala com o tom de voz rouco,
completamente insano de desejo.
— Sou sua — repito as duas palavras três vezes
seguidas e gemendo sem parar, então tiro os meus braços dos seus
ombros, seguro seu rosto e o beijo, um beijo onde nossas línguas se

buscam, um beijo que, em conjunto com as sentadas no seu pau,


faz nós dois gozarmos juntos, um gemendo dentro da boca do outro.

Quando acaba, nós ainda ficamos na mesma posição


durante um tempo. Ele sentado com as costas apoiadas na
cabeceira da cama e eu em cima das suas pernas, completamente

nua, suada e o abraçando apertado pelo pescoço.

Se fosse possível, eu gostaria de morar nos seus braços

— deixo as palavras escaparem e imediatamente sinto meu corpo


ficar tenso, porque tudo o que não quero é que Hugo descubra que

estou mais ligada a ele do que deveria. Apesar do meu medo e

insegurança, o homem afasta a minha cabeça do seu ombro e faz


com que eu o encare.

— Sou um homem vivido e cheio de responsabilidades

que nunca causaram ressentimento em mim, porque gosto de ter

todas as horas dos meus dias ocupadas com o trabalho e alguns


momentos de diversão quando sobra o tempo. No entanto, estou

aqui com você e só consigo pensar que não há outro lugar onde eu
gostaria de estar. Então não se sinta acanhada por causa dos seus

sentimentos, porque eu também estou no mesmo barco. A paixão


que sinto agora me faz pensar pela primeira vez que gostaria de ser

outra pessoa para continuar aqui com você e sem pensar em mais

nada.

Depois que Hugo termina de falar, o silêncio se estende


entre nós, um silêncio que não é nada desconfortável. Quando os

sentimentos se tornam insuportáveis, nós simplesmente nos

abraçamos com força e nos beijamos longamente.

Depois de uma manhã deliciosa no quarto, apenas


namorando e aproveitando tudo o que não aproveitamos ontem,

quando falo em aproveitar me refiro a fazermos sexo sem parar,

Hugo e eu deixamos o chalé para finalmente desfrutarmos do

passeio que ele havia me prometido. Hugo passou esse tempo todo
fazendo mistério e não me contou o destino, ainda que eu tenha

perguntado diversas vezes.

Depois de vinte minutos de viagem de carro, chegamos

ao destino final. Ao sair do veículo, fico surpresa e sem acreditar


que ele realmente me trouxe aqui.

Nós estamos na frente da fonte dos apaixonados, um dos

pontos turísticos mais famosos de Gramado pela sua beleza e

simbologia. A estrutura de pedra, que foi inspirada na famosa


Fontana di Trevi na Itália, é um lugar que reúne milhares de

apaixonados e foi justamente por isso que deixei a fonte de fora do

meu itinerário.

Os meus olhos brilharam quando vi a imagem da fonte


com seus milhares de cadeados coloridos, mas optei por ignorar,

pois não queria que Hugo pensasse que eu estava tentando insinuar

alguma coisa. Como nunca deixa de me surpreender, meu loiro fez


o que eu não tive coragem e me trouxe até aqui.

— Você parece surpresa, mas quero saber se foi uma

surpresa boa ou ruim — ele pergunta e, sem conseguir me conter,


jogo-me em seus braços. Abraço-o apertado pelo pescoço e dou

diversos selinhos na sua boca.


— É a melhor surpresa que você poderia ter feito para

mim, Hugo. A fonte foi o ponto turístico que mais chamou a minha
atenção enquanto estava me organizando para vir, mas não tive

coragem de incluí-la nos meus planos, porque tive medo de que

você entendesse como uma insinuação — como estou nas nuvens,


decido ser sincera com ele.

— O seu problema é às vezes pensar demais, Amora. Sei

da fama que a fonte dos apaixonados carrega e conheço todas as

tradições, mas é apenas uma fonte — ele fala e dá de ombro. O


loiro desfaz o nosso abraço, caminha alguns metros e pega um

pequeno coração vermelho que é menor do que a palma da minha

mão.

Ao meu lado novamente e segurando uma caneta entre


os dedos, Hugo escreve os nossos nomes lado a lado no coração, o

prende no cadeado e o entrega na minha mão.

— Por que você está fazendo isso? — pergunto com o

coração quase saltando do meu peito.

— Porque nós dois estamos juntos aqui, porque esta

viagem está sendo uma das melhores que fiz na vida e porque

quero repeti-la mais vezes com você. Então quero que vá até lá e
prenda o nosso cadeado junto com todos os outros. Se pelo menos

uma das crenças for verdadeira, a vida será boa conosco e nos trará

novamente — Hugo fala com calma e tranquilidade. Ele não faz

ideia do que suas palavras fazem com o meu pobre coração.

Sem querer fazer isso sozinha, seguro sua mão e

caminho com ele até a fonte. Com os dedos trêmulos, deixo o

cadeado com os nossos nomes junto com muitos outros e então

engulo em seco para também engoli as lágrimas que tentam


embasar as minhas vistas. Viro-me de frente para o Hugo com os

olhos marejados.

— Obrigada por me trazer até aqui. Sei que hoje à noite


teremos que voltar para a realidade, mas quero que saiba que

nunca fui tão feliz como nos últimos dois dias.

— Você não tem que agradecer. Na verdade, esse papel

é meu, porque é uma honra para mim poder estar ao seu lado,
menina. Quero que me prometa que não deixará que a realidade

nos afaste — ele pede com seriedade e não consigo segurar a única

e solidária lágrima que rola pelo meu rosto. Carinhoso, Hugo a

captura com a ponta do dedo indicador.


— Depois de tanta felicidade nos últimos dois dias, sinto

medo da realidade que me espera. — Não senti medo antes, mas


antes não tinha ficado tão próxima dele e não estava tão envolvida.

— Não tenha medo, vai ficar tudo bem.

— Eu sei que vai, porque confio em você — digo e

minhas palavras nunca pareceram tão sincera para os meus


ouvidos.

Sem conseguir me conter, porque sou incapaz de ficar ao

lado dele sem o tocar, fico na ponta dos pés, o abraço pelo pescoço

e beijo sua boca mais uma vez. Um beijo longo que envolve mais
sentimentos do que eu poderia nomear.

Como temi, Hugo Ferrari não será apenas um homem

qualquer que está de passagem pela minha vida. Na realidade em

que me divido entre o que sou e o que quero ser, ele é e sempre
será um ponto de equilíbrio, ou de desequilíbrio, a depender das

escolhas do momento. A única certeza que tenho é de que meus

sentimentos por ele mudaram algo dentro de mim e não sei como o
novo lado de quem me tornei ficará quando tudo terminar, porque

não tenho dúvidas de que terminará mais cedo ou mais tarde.


CAPÍTULO 17

AMORA

SEMANAS DEPOIS

— O pedido da mesa onze era um pastel de frango com


catupiry e cerveja de barril — com uma linha de suor enfeitando a
sua testa, Tico passa por mim e dá o aviso.

Apesar do salário não ser grande, considero Tico um

excelente chefe. Só sendo muito bonzinho e paciente para aturar o


meu baixo desempenho das últimas semanas.

— Perdoe-me por isso — falo apressada, pego o pedido

errado em cima do balcão junto com a comanda e troco pelo certo.

Apressada, porque os clientes já devem estar putos e com fome por


causa dos meus erros, saio de trás do balcão e faço a coisa certa

desta vez.

Com um longo suspiro, peço para Lili segurar as pontas e

vou até o banheiro. Depois de soltar um longo suspiro, me tranco


em uma cabine, fecho a tampa do vaso e me sento em cima dela.
Muito cansada por causa da semana de provas, quem me dera se

fosse apenas isso, começo a chorar. Um choro ruidoso e copioso.

Eu realmente estou me sentindo exausta e frustrada nos


últimos dias. Como um tapa na minha cara, a realidade que me

recebeu há algumas semanas, depois de uma viagem maravilhosa,

mostrou-se surpreendentemente mais dura do que já era. Seria


mais fácil se eu acreditasse que mereço, poderia pensar que Deus

está me castigando pela minha desobediência e por ter me

entregado a um homem sem estar em um relacionamento sério,


algo que eu não deveria fazer, segundo a dona Gerusa e o meu pai.

Sempre que essas ideias me ocorrem, respiro fundo e

digo a mim mesma que estou pensando besteiras. Se tudo parece


complicado demais, é apenas porque a vida não é fácil para

ninguém e não seria diferente comigo.

São tantas coisas acontecendo que é até difícil saber por


onde começar a numerar, mas acho que posso começar falando

sobre a minha volta a São Paulo depois de uma viagem de dois dias

com o meu professor de direito penal. Dois dias que não consigo

esquecer e que ficarão marcados na minha memória para sempre.


Diferente do que uma pequena parte minha que é tola e
iludida possa ter pensado, o meu relacionamento com o Hugo não

mudou. Na faculdade, tudo continua igual. Isso é muito bom, porque

não preciso de mais uma grande complicação, mas posso dizer que

algo mudou fora dela e não foi para melhor.

De repente, o homem que já era ocupado ficou ainda


mais ocupado nas últimas semanas e quase não tivemos um tempo

juntos. Às vezes sinto que seria muito melhor se ele estivesse

tentando fugir de mim para passar a mensagem de que só queria

sexo e nada mais. Então eu teria motivos para o esquecer, ou pelo

menos para tentar. Mas a verdade é que Hugo realmente está cheio

de compromissos importantes e quase não tem tempo para mim.

O fato de me sentir chateada por causa disso me deixa

duplamente alarmada por perceber que os meus sentimentos por

ele são muito mais profundos do que queria acreditar que fossem.

Saber disso me deixa sensível, estressada e mais distraída do que é

tolerável para uma garçonete.

Fora os sentimentos tolos que nutro pelo Hugo, há

também a situação estranha com o seu primo. Depois da cena no

banheiro da universidade e de ter feito promessas para quando eu


voltasse de viagem, Luca continuou mantendo distância de mim,

mas agora é uma distância apenas física.

Ele me olha por mais tempo do que deveria quando

estamos em sala de aula e de repente comecei a encontrá-lo nos


corredores da faculdade com mais frequência do que antes. Há

promessas de prazer sem limites, há fogo e necessidade na forma


como o moreno me encara, mas ele me deixa louca por nunca se

aproximar fisicamente, por nunca acabar com a tortura que já se


tornou cansativa.

Diferente do que sinto pelo Hugo, quase sempre sinto

raiva do Luca, porque ele passa a impressão de que tudo isso é um


jogo, como se fosse o caçador e eu a presa. Como todo caçador,

gosta de brincar com seu alimento antes de devorá-lo. O problema é


que não me sinto nem um pouco disposta a brincar na situação em

que estou.

— Foda-se, Luca Ferrari! — sussurro entredentes, ao

secar furiosamente as lágrimas do meu rosto.

No meio de toda a bagunça que é a minha mente, há

espaço para sentir raiva de mim mesma, pois sinto que minha vida
seria muito mais fácil se eu me sentisse atraída apenas pelo Hugo,
embora saiba que não é apenas atração. Mas eu tinha que ser essa

pessoa perturbada que quer dois homens. Dois homens que atiçam
esse lado depravado quando deixam bem claro que adorariam me

dividir.

Hugo me contou um pouco a respeito da sua relação com

o primo quando estávamos em Gramado e não escondeu a sua


ligação com Luca, ou o fato de precisar o incluir em seus momentos

importantes para que se sinta completamente feliz.

Além dos dois homens na minha vida que já causariam

problemas demais sozinhos, há os meus pais.

Tudo bem que a minha mãe me deixou incomodada

quando começou a tentar me controlar à distância com suas


ligações constantes, mas nunca quis que ela simplesmente parasse

de me ligar. É basicamente isso que está fazendo agora. Como


sempre foi mais reservado, não senti que havia algo errado quando
papai deixou de entrar em contato comigo, mas a dona Gerusa agia

diferente e a sua mudança de atitude tem me deixado um pouco


preocupada.

O problema é que estou no período de prova e não posso


ficar preocupada com o fato de a minha mãe ter começado a passar
uma semana inteira sem falar comigo. Ela simplesmente não age
assim e me sinto propensa a acreditar que pode estar acontecendo
alguma coisa que não querem me contar.

Mais longe do que gostaria de estar neste momento em

específico, sinto-me com as mãos atadas por não poder


simplesmente pegar um avião e voltar para casa. Estando frente a
frente com os dois, poderia olhar em seus olhos e entender o que

está acontecendo.

Não posso ir por causa das provas.

Também existe a chance de não estar acontecendo nada


e eu só esteja enlouquecendo.

Apesar de elas terem começado na segunda-feira, passei


a me dedicar exclusivamente para as avaliações há duas semanas

e mal tenho tido noites inteiras de sono. Minha vida é uma tentativa
de conciliar boas notas com o meu trabalho de meio período aqui no
marbella. Para completar a fase ruim, ainda tenho que lidar com o

Guto, que não consegue entender a forma educada que uso para
dizer que não quero ficar com ele.

Minha amiga compreensível, que não está levando em

consideração o meu mau humor, tem sido o meu único momento


leve ultimamente. É somente quando estou com ela que consigo dar
alguns sorrisos sinceros. A garota está em êxtase por causa dos
detalhes que soube a respeito da perda da minha virgindade.

Ambiciosa, Vanessa quer os detalhes de quando eu transar com o


Luca, ou detalhes de como será quando eu ficar com os dois ao

mesmo tempo.

Embora ria das suas loucuras, fico tentada a dizer que


nenhuma das duas hipóteses se tornará realidade, pois ultimamente

não tenho certeza se continuarei nem com o Hugo.

É isso. Como deu para perceber, não tem nada na minha

vida que esteja em seu devido lugar e tenho motivos para chorar e
me estressar. Na verdade, acho que tenho chorado pouco. Se

chorasse mais, se gritasse ou se quebrasse alguns copos, talvez

conseguisse extravasar todos os sentimentos de angústia, medo e


frustração que venho sentindo.

Dez minutos depois, respiro fundo e saio da cabine do

banheiro. Aproximo-me da pia, ligo a torneira e jogo água fria no

meu rosto para me acalmar.

— Você precisa se acalmar e ter paciência, Amora. Só

mais meia hora e você poderá ir para casa — digo para o espelho.
Não que seja uma boa notícia, porque hoje ainda é sexta-

feira e eu tenho uma aula para assistir. Felizmente, a prova da


matéria de hoje foi a primeira avaliação do semestre na semana

passada.

Ao sair do banheiro, coloco um sorriso no rosto e

continuo a trabalhar enquanto finjo que está tudo bem. Mas duvido
que as pessoas que trabalham aqui não tenham notado que as

minhas últimas semanas foram uma merda.

Alguns minutos mais tarde, depois de errar mais três


pedidos e de ganhar olhares de pena do meu chefe e da Lili, minha

amiga garçonete, recebo uma mensagem que me faz abrir o

primeiro sorriso sincero do dia.

Boa noite, loirinha. Eu queria passar a noite de hoje


com você, mas surgiu um imprevisto e terei que substituir um

dos professores do turno da manhã em uma palestra sobre

direito criminal na universidade federal.

O sorriso morre pouco a pouco para cada palavra que


leio, até que sobra apenas uma careta de desgosto no meu rosto.

Apesar dos seus compromissos, Hugo e eu nos encontramos

sempre que podemos e fazemos valer o nosso tempo juntos.


Seja no seu apartamento, momentos em que não me

importo se o Luca está ou não em casa, porque não penso em mais

nada além do Hugo quando estamos juntos, ou em quartos de


hotéis, os nossos momentos são os melhores dos meus dias.

Mostrando que eu estava certa nas minhas suspeitas, as

primeiras transas em Gramado foram apenas amostras do que

Hugo é capaz. O loiro me ensinou algo diferente em cada encontro

que tivemos nas últimas semanas. Ele levou o nosso prazer além de
qualquer limite e agora sinto que conheço o seu corpo tanto quanto

conheço o meu. Confio nele o suficiente para saciar cada um dos

seus desejos e realizar suas fantasias, porque Hugo faz o mesmo


por mim.

Que pena, eu estava ansiosa para te ver. Até comprei

uma lingerie nova e usaria especialmente para você.

Pois é, a garota que era virgem até semanas atrás está


se deixando levar pelas ideias da Vanessa e comprando lingeries

para agradar o seu homem.

Guarde para mim, porque não faltarão oportunidades


para que eu tire do seu corpo gostoso com os dentes.

Eu mal posso esperar por este momento.


Devolvo a mensagem e olho em volta para ter certeza de

que não tem ninguém percebendo o meu sorriso bobo.

Eu preciso que você faça algo por mim e por você.

Leio a nova mensagem e realmente não faço ideia do que

virá a seguir.

Qualquer coisa, desde que não seja enterrar um

corpo, professor de direito criminal.

Engraçadinha! Prometo que não será algo tão difícil.

A verdade é que eu percebi que você não está bem e

quero que se dê ao luxo de faltar aula hoje. Passe um tempo

com o Luca.

Luca?!!!!

Respondo a mensagem com vários sinais de

exclamação, porque não posso acreditar que Hugo está me pedindo

isso. Se o seu primo quisesse ficar comigo, ele não me evitaria.

Sim, o Luca. Você sabe que ele conversou comigo

assim que voltamos de viagem e confessou que quer ficar com

você. Nós também já conversamos sobre o fato de eu não me


importar de te dividir com ele, desde que você queira também.

Você quer, não quer?

Hugo quer mesmo que eu responda a pergunta através

de uma mensagem de texto? Tudo bem que os meus desejos me


tornam uma pessoa mais liberal do que a maioria da população

mundial na teoria, mas não tão liberal a ponto de falar

tranquilamente sobre esse assunto por mensagens.

Loirinha, você ainda está aí?

O que você quer que eu responda?

Diga que sim, ele precisa de você.

Você não precisa?

Devolvo com outra pergunta, porque não consigo lidar


com a ideia de o Hugo não precisar de mim quando estou cada dia

mais ligada a ele.

Muito mais do que você imagina. Mas também sei que

você é minha e estou dando autorização para que passe um


tempo com ele.

Sua última mensagem faz com que o meu coração

dispare por tantos motivos diferentes que eu levaria uma hora inteira
pensando em cada um deles.

Preciso da sua autorização?

Mando a mensagem para provocar, porque jamais faria


algo para o magoar. Para mim, seria preferível resistir à atração

insana pelo seu primo a correr o risco de o perder.

Precisa, porque sou o seu dono. Vá com ele e em

breve estaremos juntos, minha linda.

Meu dono...

— O seu turno acabou. — Ouço a voz da Lili e escondo o

celular atrás das minhas costas no mesmo instante, embora ela não

fosse me julgar, porque também fica mexendo no smartphone


quando deveria estar trabalhando.

— Hoje não foi o meu dia, Lili — digo sem graça e ela

concorda com a cabeça.

— Isso ficou bem claro, principalmente para os clientes —


ela comenta com simpatia e eu consigo achar engraçado o

suficiente para dar uma risada.

Ainda tensa por causa do dia difícil e pela noite que está
apenas começando, vou até o balcão, pego a minha bolsa e saio do
estabelecimento. Olho com curiosidade de um lado para o outro,
pois embora tenha dito que eu deveria sair com o Luca, meu loiro

não especificou como isso aconteceria.

Não preciso pensar ou esperar muito. Menos de um

minuto depois da minha saída do bar, o mesmo carro que o meu


loiro costuma usar quando sai comigo para ao meu lado na calçada.

Sem pensar duas vezes, entro no carro com vidros

escuros e bato a porta. Nervosa, porque não tenho intimidade com o


Luca, nem de longe a mesma intimidade que tenho com o seu

primo, reluto para olhar em sua direção.

Antes de dar a partida, o moreno segura o meu queixo e

vira a minha cabeça em sua direção. No mesmo instante, sou


atingida pela beleza dos seus olhos castanhos, mas também pela

frieza constante que nunca o deixa.

— Você precisa que o seu primo aja como intermediário

para os seus encontros? — pergunto com petulância.

— Na verdade, não preciso. Mas a ocasião pediu, porque

nós dois sabemos que você é dele.

Penso em abrir a minha boca para dizer que não sou de

ninguém além de mim mesma, mas não consigo, pois estaria


mentindo. Mesmo ainda acreditando que o nosso relacionamento
não será mais do que algo casual e com data para acabar, sinto que
sou dele e continuarei sendo enquanto estivermos saindo juntos.

— O que você quer comigo?

— Tem certeza de que não sabe? — Luca pergunta e, de


forma maliciosa, olha todo o meu corpo de cima a baixo.

— Não, eu não sei.

— Esqueceu de tudo o que eu te disse antes de viajar

para dar a boceta para o meu primo? — as palavras desrespeitosas,


cruas e diretas me atingem, mas faço o meu melhor para não deixar
que ele perceba. — Posso te fazer lembrar: Estou aqui porque está

passando da hora de você matar sua curiosidade a meu respeito.

— Curiosidade?

— Sim, a sua curiosidade. Você está com meu primo,


mas parece que ele não é o suficiente.

— Você não sabe do que está falando — rebato,


perguntando-me se realmente será uma boa ideia fazer isso. Como
passarei um tempo a sós com esse cara se nem conseguimos
conversar sem trocarmos provocações o tempo inteiro? Será que
uma atração compensa tudo isso?

— Sim, eu sei. E que bom que você teve a sorte de


encontrar duas pessoas como o Hugo e eu. Nós gostamos de
brincar com os mesmos brinquedos e agora você saberá o que

significa pertencer a nós dois.

Suas palavras fazem um calafrio percorrer o meu corpo e


sinto que realmente estou perto de descobrir como é a sensação de
ter prazer em dobro.
CAPÍTULO 18

LUCA

Já tive casos com mulheres mais velhas, cujas idades

eram bem mais próximas da minha. Mulheres experientes e


decididas, mas não tão corajosas quanto essa garota, que já esteve
aqui em casa vezes o suficiente para sentir-se à vontade.

Assim que chegamos, depois de uma viagem mais longa

do que deveria por causa do trânsito intenso causado pela


proximidade do fim de semana, ela deixou a bolsa em cima da mesa
de centro e caminhou até a varanda que faz uma bela vista para a

cidade.

Depois de ter feito promessas que não a assustaram na


universidade, passei as últimas semanas me segurando por saber

que Amora precisava de tempo. Mesmo que eu seja um filho da

puta, tenho sensibilidade suficiente para perceber quando não é o


momento para agir.

Tenho certeza de que aquele final de semana foi

importante para nós três. Foi importante para eles, porque


finalmente puderam ficar juntos. Foi importante para mim, pois me

despi das incertezas e esperei com ansiedade por este momento.


Ainda assim, não agi tão rapidamente como acreditei que fosse

acontecer, pois as minhas suspeitas se concretizaram e ficou obvio

que Hugo e Amora não só fizeram sexo, como se conectaram


emocionalmente de alguma forma.

Então optei por esperar mais um tempo e fiquei quieto,

apenas observando de longe e dando tempo para que os dois se

entendessem em um nível mais profundo na realidade, que é


brutalmente diferente do conto de fadas que devem ter vivido em

Gramado.

Se eu fosse uma pessoa diferente, tiraria o meu time de


campo e os deixaria viver a história que precisam construir, ainda

que não tenham se dado conta disso conscientemente, mas não

aprendi a ser um homem honrado e duvido muito que aprenda

depois de trinta e oito anos.

O meu primo mais novo é a pessoa que mais amo e

respeito no mundo e não sei se ele faz ideia do quanto a sua

presença na minha vida me ajudou a não me perder no meio do

caminho, depois de ter sido criado por pais tão tóxicos. Ele merece
a garota. Ele merece que ela o queira tanto quanto a quer. Mas nem
mesmo todo amor e respeito que tenho por ele é o suficiente para

me fazer voltar atrás. Aprendi com a vida a pegar tudo o que quero

e o que eu quero há muito tempo é ter essa garota para mim.

Não tem nada a ver com amor ou sentimentos mais

duradouros do que algumas transas intensas, tem a ver com paixão


e um tesão que não podem mais ser negados. No fim das contas,

cada um de nós é guiado pelos seus próprios desejos, talvez

desejos diferentes, mas simples e puros desejos. Eles querem mais

e eu quero sexo. Quando acabar, todos nós teremos pegado o que

queríamos e eu garantirei que não termine mal, que nada do que

estivermos prestes a viver abale a minha relação com o Hugo,


porque prefiro perder um braço a ferir a única pessoa que realmente

me importa.

— Tem certeza de que você está bem? — faço a mesma

pergunta que havia feito no carro ao me aproximar da garota e ela

balança a cabeça dizendo que sim.

Mas estou percebendo que Amora não está bem. Esse é

o sinal de que o Hugo está emocionalmente ligado a ela, porque ele

me avisou a respeito disso e estava certo.


— Não minta para mim. Antes de qualquer coisa, você

precisa saber que eu não suporto mentiras. Aprecio a honestidade,


mesmo que a verdade doa — afirmo, ao segurar sua mão e virar

seu corpo de frente para mim.

Amora tenta me encarar, mas ela simplesmente não

consegue. Não é por outra razão que não seja o fato de os seus
pensamentos fugirem para longe daqui a todo instante. Acabei de

pensar no quanto ela é corajosa e não mudei de ideia, isso significa


que está estranha por um motivo diferente do medo ou desconforto

por estar sozinha comigo. Eu sei que Amora não teria vindo se
sentisse que não ficaria confortável. A loira quer estar aqui, mas não
sabe como desligar os seus pensamentos e serei eu a fazer isso por

ela. Farei de uma forma que nunca esquecerá.

— Não estou mentindo — defende-se e tenta fugir do

meu olhar mais uma vez, então a abraço pela cintura, como se
estivesse acostumado a fazer isso, e a levo para a sala novamente.
Sendo tão cuidadoso quanto consigo ser, sento-a no sofá de dois

lugares e me acomodo ao seu lado, perto o suficiente para


podermos conversar, mas nem de longe tão perto quanto eu

gostaria de estar.
Não posso negar que estou estranhando a minha atitude

de querer conversar para entendê-la, em invés de a seduzir de uma


vez e ter apenas o seu prazer, porque foi para isso que a trouxe,

mas não posso passar por cima do senso de cuidado que eu nem
sabia que existia em mim até agora. Amora é linda e muito mais

gostosa do que deveria, mas ela também é uma pessoa de carne e


osso. Uma pessoa que é importante para mim pelo simples fato de
ser importante para o Hugo.

— Pronto, você está confortavelmente sentada e já pode

começar a falar — digo, a garota me olha com expressão confusa.

AMORA

Iludi-me ao pensar que poderia chegar aqui e aproveitar a


companhia do Luca, ou o conhecer da forma que ainda não tive a

chance de fazer, mas estava completamente enganada, porque não


posso simplesmente desligar os meus problemas e preocupações
na hora que eu quiser.

De uma forma que eu desejava há um tempo, estou aqui


com ele, mas poderia estar em qualquer outro lugar, porque os

meus pensamentos não me deixam ficar inteira para o Luca.


Olhando-me com sinceridade e como se realmente se
importasse comigo, o moreno espera que eu comece a me abrir.
Esse pequeno gesto já é suficiente para me deixar curiosa a seu

respeito e me fazer suspeitar que o homem de gelo não é tão


gelado ou tão babaca quanto parece.

Diferente do que imaginei, também não estou me


sentindo acanhada, tímida ou desconfortável por estar sozinha com

ele.

Deve ser algo que está no sangue dos primos Ferrari,

porque senti como se os conhecesse ou devesse conhecer de


alguma forma desde que os vi pela primeira vez. No meio da
atração imediata que despertaram no meu corpo, houve também

uma espécie de reconhecimento. Mas talvez não seja nada disso e


eu só esteja criando coisas na minha mente para ter alguma ligação

que não seja sexual com os caras.

Depois de uma vida inteira me sentindo sozinha e


inadequada, pode ser que eu esteja me agarrando a uma espécie
de ilusão ao acreditar que eles, mesmo sendo tão diferentes em

muitas coisas, são extremamente parecidos comigo em alguns


pontos.
— Quer mesmo ouvir? Eu tenho certeza de que não foi
para saber dos meus problemas que me trouxe até aqui.

— Realmente não foi, mas agora estou pedindo para que


me conte por que está tão distante.

— Se quer realmente saber, as últimas semanas foram


complicadas, mas não sei se você entenderia.

— Posso tentar — Luca fala e faz com que eu realmente

me sinta à vontade para me abrir.

Talvez eu esteja precisando desabafar com alguém.

— Tudo bem — digo, então começo a despejar as minhas

merdas no lindo homem que não poderia imaginar que a nossa

saída acabaria assim.

Durante um tempo, realmente desabafo com o Luca e

não deixo de notar o quanto ele fica atento e interessado em cada

palavra que sai da minha boca. Embora seja a primeira vez que
conversamos como pessoas civilizadas, o homem demonstra

preocupação e até mesmo seca as lágrimas que vergonhosamente

deixo escapar. Não me considero uma pessoa chorona, mas é a

segunda vez que choro hoje.


— Se serve de consolo, te garanto que essa fase

passará, porque todos nós estamos sujeitos aos momentos ruins.


Apenas tenha pensamentos positivos e acredite que está tudo bem

em casa — ele fala. Agindo por impulso, aproximo-me e o abraço

apertado pelo pescoço. Sinto-me estranhamente reconfortada pelo


calor do seu abraço.

O dia de hoje foi tão estranho que até o Luca me fez

enxergá-lo com outros olhos. Não que isso signifique que a atração

foi substituída pela afeição.

— Sente-se melhor? — Luca pergunta quando

desfazemos o nosso abraço.

— Está querendo dizer que o seu abraço tem poderes de

cura? — Provoco-o e, pela primeira vez, consigo tirar um sorriso


genuíno do seu rosto.

— O meu abraço não, mas tem outras partes do meu

corpo que podem fazer com que você se esqueça dos seus

problemas.

— Aí está você, o verdadeiro Luca Ferrari, o homem de

gelo.
— Posso ser tão quente quanto o Hugo se você quiser —

devolve a provocação e eu fico sem jeito.

— Não é estranho que estejamos aqui sem ele? É claro

que não existe problema algum em uma garota ficar a sós com o
primo do cara com quem está saindo, mas sabemos que no nosso

caso não é tão simples.

— É estranho para você? — ele devolve a pergunta.

— Não tanto quanto deveria — respondo sem pensar. Se


fosse para sentir algum desconforto com a ideia, eu não teria

cogitado me relacionar com os dois.

— Não é desconfortável ou estranho para mim e nem

para o Hugo, acredite. E você precisa entender que não é a


primeira e nem será a última vez que nós dois nos envolvemos com

a mesma mulher. Tudo é combinado e esclarecido entre todas as

partes, é por isso que nunca houve enganos e nós dois sempre nos
divertimos muito. Você quer isso não quer?

— Sim, eu quero.

— Então deixe-se levar e não se preocupe demais,

porque é mais simples do que parece. Será descomplicado


enquanto estivermos entre as paredes deste apartamento. — Com o
seu jeito calmo e claro de falar, Luca me tranquiliza e eu apenas

balanço a cabeça concordando com tudo.

— Obrigada por ter me ouvido — agradeço.

— Deixe disso, princesa. Logo você descobrirá que sou

muito mais do que um rostinho bonito — Luca brinca e eu sorrio. —

O que quer fazer agora? Eu tenho uma ótima ideia de como te


distrair, mas tenho certeza de que você tem outros planos.

— Na verdade, não tenho plano algum — afirmo, me

sentindo à vontade comigo e com ele. Deixando evidente que se

sente da mesma forma, meu professor chega mais perto e me


abraça pelo ombro no sofá.

Apesar de o dia ter sido complicado como todos os outros

das últimas semanas, estou contente na medida do possível por ter


começado a conhecê-lo melhor.

— Que tal isso? — Luca fala, então segura a minha

cabeça e me beija.

Nada diferente do seu jeito de ser, Luca é extremamente


controlado no simples ato de beijar. Ele começa bem devagar,

deixando que eu experimente a sua boca que é macia e cálida.

Depois de alguns minutos, toca a minha língua com a ponta da sua


e começa uma dança de línguas se buscando de maneira tão

gostosa e excitante que me faz sentir vontade de morrer dentro do

seu beijo. Um toque quente que rapidamente me leva a jogar os

meus problemas para o fundo da minha mente.

Diferente do Hugo, que começa com tudo e joga fogo no

meu corpo de maneira quase instantânea, fazendo-me arder de

tesão em cinco minutos, Luca constrói isso aos poucos, como um

fogo que começa de uma pequena faísca até criar uma combustão.

Por outro lado, as suas mãos são mais ousadas. Elas

acariciam todo o meu corpo, deixando uma onda de arrepios de

prazer por onde quer que os dedos passem. Sem deixar de mover a
língua dentro da minha boca, o moreno aperta minha coxa, sobe a

mão pela minha barriga e fecha no meu seio com firmeza. Eu gemo

ruidosamente.

Quando o clima se torna quente demais e fico a ponto de


pedir para que vá além, Luca termina o nosso beijo e tira a mão do

meu corpo. O homem olha nos meus olhos de um jeito que me

deixa saber que até ele está surpreso com a nossa química.

— Por que parou? — pergunto, sentindo-me levemente


ofegante, mas completamente quente.
— Porque você não está em um dos seus melhores dias

e não quero me aproveitar disso — declara, mas pega minha mão e


coloca em cima da sua ereção. — Está sentindo isso? Esse sou eu

morrendo de vontade de te comer, mas teremos outras

oportunidades para fazermos isso.

Mesmo contrariada, balanço a cabeça em concordância.


Embora queira dizer que dar uns amassos seria uma ótima maneira

de tentar sentir-me melhor, mantenho o silêncio, pois ainda não nos

conhecemos o suficiente para que eu dê essa informação. Se fosse

com o Hugo, nossas roupas já teriam sumido e eu não saberia mais


o meu nome.

Mesmo tendo recuado, o professor não deixa de me tocar

quando levantamos do sofá e nos encaminhamos para a cozinha,


após ele sugerir que a gente prepare um jantar. A todo instante,

enquanto nos dividimos na tarefa de cozinhar, ele dá um jeito de

tocar em alguma parte do meu corpo, de beijar os meus lábios e


meu pescoço.

Hugo estava certo quando sugeriu que eu passasse um

tempo com o seu primo, porque mesmo que esteja acontecendo de

uma forma diferente da que eu havia imaginado, o moreno está


conseguindo distrair a minha mente. Luca está me deixando muito
perto de contente e relaxada com seu jeito calmo e controlado, o

que já é mais do que senti nos últimos dias.

Quando terminamos a massa e escolhemos um bom

vinho, o moreno e eu voltamos para a sala e jantamos enquanto


conversamos amenidades.

Depois do jantar, voltamos a nos aconchegar no sofá e

não demora muito para que o homem volte atrás na sua decisão e
comece a me tocar novamente. Em questão de minutos vejo-me

quase deitada no sofá enquanto Luca, com o corpo parcialmente em

cima do meu, beija sem parar a minha boca e todo o meu pescoço.

Completamente insana de desejo e sentindo a minha


calcinha molhada, viro a cabeça para o lado a fim de dar mais

liberdade para a boca do Luca e me deparo com o seu primo em pé


na nossa frente.

Em vez de sentir-me constrangida, ou como se estivesse


o traindo de alguma forma, fico ainda mais excitada, principalmente
por causa da forma como seus olhos encaram a cena.
CAPÍTULO 19

HUGO

Ter a agenda sempre cheia é quase uma consequência

de estar na minha posição. Junto com todo o dinheiro, prestígio e os


muitos milhões na minha conta, há também grandes
responsabilidades das quais não posso fugir, mesmo que às vezes
tudo o que eu queira é um tempo para aproveitar a vida.

Apesar de não ter me sentido assim com muita


frequência antes de começar a me envolver com a Amora, agora
chego a lamentar o fato de ser Hugo Ferrari, um dos reitores e

professor de uma universidade particular.

E mesmo que tenha começado a desejar mais tempo livre


para ficar com a loira, afastei-me um pouco na noite de hoje para

que ela passasse um tempo com o Luca. Quando percebeu que eu

estava diferente quando voltei da viagem com a loirinha, o meu


primo até tentou me provocar, mas caiu na própria armadilha e

acabou dizendo com todas as letras o que nós já sabíamos.


Luca a quer e Amora quer o meu primo tanto quanto me

deseja. É a equação perfeita e foi por isso que não recusei o convite
para substituir o professor Hermes em uma palestra na universidade

federal. Eu sabia que cairia em tentação e sairia correndo atrás da

minha garota se não tivesse um compromisso inadiável. Mas


também não teria qualquer problema em faltar se não estivesse

tentando fazer com que os dois se entendessem.

Realmente me sinto atraído pela minha aluna e o fato de

ter tirado a sua virgindade e transado com ela muitas vezes nas
últimas semanas tornou o meu desejo ainda mais latente. Estou até

mesmo começando a duvidar da minha certeza de que o nosso

envolvimento está fadado ao fracasso total e rápido. Depois de


semanas, continuo louco por ela e muito distante de sentir que o

nosso tempo acabou.

Mesmo com esses sentimentos que ainda não quero e

nem sei se sou capaz de nomear, ainda preciso deixá-la livre para

experimentar tudo o que quiser, assim como preciso que o meu


primo fique bem. No momento, ela necessita de liberdade para

experimentar estar com ele, assim como Amora é a pessoa que o

fará bem.
Em vez de sentir-me possessivo e enciumado como
aconteceria se eu fosse outro homem, ou até mesmo se fosse

alguém diferente do meu primo a tocando, estou ansioso pela

possibilidade de os dois se entenderem, porque todos nós sairemos

ganhando se isso acontecer. Amora terá nós dois aos seus pés e

Luca terá a garota que mais o atraiu em muito tempo. Mas serei eu

o mais sortudo por saber que o meu melhor amigo não está sozinho
e que pode sentir tudo o que sinto quando toco na Amora.

A loirinha não é perfeita apenas na cama, ela é muito

mais do que qualquer homem poderia sonhar para si e nada me

deixa mais contente do que pensar na possibilidade de ela ser

nossa. Sei que é extremamente complicado, e que talvez não exista


um modo de darmos certo, não da forma que deveria, mas farei o

que estiver ao meu alcance para que fiquemos juntos da melhor

forma possível enquanto nós três quisermos e da forma que

quisermos.

Eu fui criado por pais que se amaram desde muito jovens

e que ainda se amam, mesmo depois de três décadas. Acredito no


amor, em relações forjadas na paixão e no companheirismo, mas,

acima de tudo, acredito na liberdade para expressar sentimentos, ou

para fazer tudo o que o corpo pede sem reservas. É por isso que
não tenho qualquer problema com o fato de chegar em casa e ver a

minha garota embaixo do corpo do meu primo. Muito pelo contrário,


a cena faz o meu pau sacudir de excitação, porque ela é dele tanto

quanto me pertence.

Como eu poderia nutrir qualquer sentimento ruim quando

o seu rosto se ilumina para mim e ela mostra o sorriso de


reconhecimento mais belo que uma garota poderia dar para o seu

homem?

Quando nota a minha presença, Luca olha em minha


direção, mostra um sorriso malicioso e depois dá mais um beijo no

pescoço provavelmente muito cheiroso da loira. Como é uma


experiência completamente nova para Amora, ela começa a se

sentir dividida entre experimentar as sensações de estar sendo


acariciada pelo meu primo e prestar atenção em mim parado na sua

frente, mas acabo com seu dilema ao me aproximar deles.

Por entender o que pretendo, Luca se senta e ajuda

Amora ao puxá-la pela cintura. Depois que eles se acomodam,


sento-me no lado esquerdo do sofá.

Sem cerimônia, toco o pescoço da loira, viro sua cabeça


em minha direção e capturo sua boca em um beijo deliciosamente
longo e excitante. A garota, que já estava sensível por causa do

amasso no meu primo, geme dentro da minha boca e envolve um


dos braços na parte de trás do meu pescoço em um abraço firme e

possessivo. Ao abrir rapidamente os olhos, não me surpreendo por


perceber que Amora está com a mão livre na perna do Luca, que

toca seus seios cujos mamilos estão duros de excitação.

— Hum — ela geme, e o som toca diretamente no meu

pau. Ele fica tão duro que chego a sentir dor. Sinto-me
extremamente excitado por estar com as mãos em cima dela, mas

parte disso é pela ideia de nós três estarmos finalmente nos


entregando. Livres como deveria ter sido desde o começo.

Embora eu queira tirar peça por peça das suas roupas e

mostrá-la como é ser devorada por dois lobos famintos, tento dar
uma acalmada nas coisas, porque não me esqueci de que Amora

não está passando por uma boa fase. As últimas semanas me


fizeram a conhecer bem o suficiente para saber que sexo é

exatamente o que precisa para relaxar e esvaziar a sua mente


momentaneamente das preocupações, mas preciso ter certeza de
que é isso que ela realmente quer, pois sempre dou e sempre darei

opções para minha garota.


— Ei, minha linda — falo quando termino o beijo duro
com selinhos e encaro de perto os seus olhos azulados. Comecei a
perceber que estava ficando fodido da cabeça pela menina quando

pequenos detalhes a seu respeito passaram a mexer comigo. Um


bom exemplo é o fato de Amora nunca desviar o olhar do meu

quando a encaro. Não sei se ela sabe disso, mas esse pequeno
gesto mostra que acredita e confia em mim. Realmente quero que
confie, porque me sinto incapaz de magoá-la. Não faria isso, não de

propósito.

— Oi, querido. Você faz ideia do quanto sinto falta de


passar mais tempo com você — declara, beija meu rosto com
carinho e depois volta a cabeça em direção ao Luca para fazer o

mesmo com ele. É atenciosa demais para não permitir que ele se
sinta excluído da nossa interação.

Acostumado a apenas foder e depois virar as costas para


suas conquistas, meu primo fica confuso durante milésimos de

segundos, mas logo abre um sorriso gentil para ela.

— Eu também sinto a sua falta, mas prometo que tentarei

dar um jeito na minha agenda para que possamos aproveitar mais


um ao outro — declaro, realmente disposto a fazer alguma coisa. —
Quero que você venha até aqui mais vezes e que passe mais tempo
comigo e com o Luca — falo em nome de nós dois, porque sei que
ele também quer isso.

— Eu posso tentar — Amora fala.

— Você está melhor? — indago e ela sabe a que me


refiro, porque tem sido aberta e não tenta esconder seus problemas

e preocupações de mim.

— O dia estava sendo uma merda, mas o Luca foi me


buscar e tem sido uma companhia maravilhosa — declara, se volta

para ele e beija sua boca. Ao seu lado, abaixo a cabeça e deixo

uma mordidinha leve no ombro macio. — Ele encontrou uma ótima


maneira de distrair os meus pensamentos, então você chegou para

tornar tudo ainda melhor. — Aparentemente, não tenho com que me

preocupar, porque Amora está deixando claro que algumas doses

de prazer são sua ideia de distração.

Se é disso que precisa para ficar bem e fugir um pouco

da realidade, é o que daremos a ela.

AMORA
De repente, quando me vejo sentada entre dois homens

lindos e gostosos demais para a minha saúde, os problemas vão


para o fundo da minha mente e eu não sou nada além de desejo e

sensações.

Hoje é sexta-feira e estou aqui, sendo tocada e beijada

abertamente por dois homens ao mesmo tempo, porque eu não


poderia e não gostaria de estar em qualquer outro lugar. Eles mal

começaram, mas já perdi a mente e sinto a minha calcinha tão

molhada de desejo que um deles poderia tentar me comer agora


mesmo que não teria dificuldade para me penetrar. Estou pronta.

— Amora, docinho... é melhor você parar de nos

provocar. Podemos pensar que você está pedindo por algo para o

qual não estar preparada. — É a voz do Luca e ele não me conhece


como o Hugo. Se conhecesse, saberia que já me sentia preparada

antes de os conhecer.

Se antes havia desejo e sobrava medo, agora não resta

nada além de certeza, porque é isso que acontece quando colocam


doce na frente de uma criança. Ela irá querer experimentar tudo e

não saberá a hora de parar.


— Não se preocupe. Eu saberei a hora de parar — falo

olhando para ele, mas sentindo a boca gostosa do Hugo chupando

e mordiscando meu pescoço. Ele adora esse ponto do meu corpo.

Sentindo-me tão excitada que sou incapaz de suportar


preliminares e jogos de provocações, desvencilho-me do Luca,

levanto a saia do meu uniforme do marbella e subo nas pernas do

Hugo. Escolho o loiro porque ele está acostumado com o meu corpo

e sabe como me dar exatamente o que quero e na hora que quero.

— Eu quero que você me coma e me faça esquecer de

tudo — peço para o loiro, alto o suficiente para que Luca ouça.

Preciso que ele ouça e se sinta provocado.

— Não precisa pedir duas vezes, querida — Hugo fala e


começa a tirar a minha roupa cheio de pressa.

Quando fico quase completamente despida, usando

somente a calcinha, o seu primo dá um puxão no lado esquerdo e a


peça rasga no meu corpo. Surpresa, olho em sua direção e me

deparo com seus olhos pegando fogo de desejo.

A verdade é que neste momento os dois estão tão loucos

por mim quanto estou por eles. Perceber esse fato faz a umidade na
minha boceta aumentar ainda mais. Estimulada pelo seu gesto,
puxo a cabeça do Luca para mim e o beijo de um jeito gostoso,

envolvendo a sua língua na minha de forma cadenciada e sensual.

Ao mesmo tempo, rebolou gostoso no colo do meu loiro,

sentindo seu pau duro e enorme por baixo da calça de linho contra

os lábios melados da minha boceta. Estou tão necessitada que sou

capaz de gozar apenas sentindo sua língua chupando meu pescoço


e o cacete pressionado na minha boceta.

— Por favor... preciso foder — falo dentro da boca do

Luca, então me esfrego com mais vigor, Hugo.

— A bocetinha gulosa da minha loirinha está necessitada,


é isso? — Luca termina o nosso beijo para perguntar, então me faz

ver estrelas e quase entrar em combustão quando leva o dedo

indicador e o médio para os lábios e os chupa sem tirar os olhos dos


meus. Depois de deixar um gemido escapar, reajo ao puxar com

firmeza os cabelos da nuca do Hugo e então começo a mexer o

meu quadril para a frente para trás, quase a ponto de gozar com a

fricção gostosa entre os nossos sexos.

Depois que tira os dedos úmidos da boca, o moreno os

coloca na minha boca e me obriga a chupar. De uma maneira

inesperada e gostosa, porque não faço ideia do momento em que


Hugo abriu o zíper da calça, tirou o pau para fora da boxer e colocou

o preservativo, sinto o seu cacete me penetrando até o fim e

deixando-me inteiramente cheia. Tão cheia que sinto uma leve

sensação de dor antes de me adaptar ao seu tamanho e espessura.

Ainda chupando os dedos do Luca e encarando seus

olhos escuros de tesão, começo pular no pau do Hugo, subindo e

descendo sem parar, fazendo sexo com ele com tanta força que os

meus peitos pulam no seu rosto, algo que o homem não deixa
passar em branco quando agarra um deles com a mão e leva o

outro a boca para chupar com uma possessividade faminta que

deixará sua marca durante dias.

Quando tira os dedos da minha boca, Luca segura os

cabelos perto da minha nuca com força suficiente para fazer com

que eu sinta dor. Ele puxa minha cabeça para trás e devora a minha

boca com um beijo que rouba meu fôlego e me faz sentir como se
estivesse prestes a desfalecer, um beijo que não gostaria que

acabasse.

Era isso que eu queria durante todo esse tempo. Queria a

sensação de transar com dois caras. Não homens quaisquer, mas


homens que soubessem o que estavam fazendo. Com certeza,
Hugo e Luca sabem o que estão fazendo, tanto é que não sei se

sobreviverei a esta noite.

— Eu quero gozar. Por favor, Hugo, me faça gozar com


esse pau que está me rasgando — entre gemidos, imploro dentro da

boca do seu primo, que está descendo a mão da minha barriga para

o meio das minhas pernas. Quando os seus dedos começam a


manipular meu clítoris, entendo qual era a sua intenção.

— Você já pode gozar, querida — Hugo fala de forma

provocativa ao erguer os quadris do sofá para me encontrar no meio

de cada sentada, enquanto Luca continua manipulando a minha


boceta.

— Meu Deus... — berro e gozo para os meus dois

homens. Mesmo com o meu corpo todo suado sofrendo com

espasmos, sinto que sou incapaz de parar de rebolar e de fazer


movimentos circulares no pau do Hugo que está completamente

dentro de mim.

Com a visão turva e sem saber quais são as mãos que


estão me tocando agora, deixo a minha cabeça cair no ombro do

loiro e espero até que a minha respiração se normalize. Quando


penso que terei um pouco de descanso, sou tirada de cima das
pernas do Hugo e depois jogada de costas no sofá menor.

— Agora é a minha vez, princesa. — Ouço a voz do Luca,

ergo a cabeça tanto quanto consigo e vejo Hugo abandonado e se

masturbando enquanto observa nós dois.

Sem perder tempo, o moreno tira seu membro para fora e

veste a camisinha. Ele se ajoelha diante de mim, coloca as minhas

pernas em cima dos seus ombros e então começa a comer minha


boceta que acabou de gozar com a boca, me devora como se eu

fosse o seu prato preferido, como se estivesse morrendo de fome.

O homem ávido beija meu sexo como se fosse a minha

boca, ele morde, lambe e chupa até me deixar muito perto de gozar
novamente, mas sempre me deixa frustrada ao impedir meu alívio

completo. Antes que eu comece a implorar por mais sexo, Luca se


levanta e se deita entre as minhas pernas.

— Finalmente você será minha, não é? — pergunta com


malícia, balanço a cabeça e envolvo minha perna no seu quadril
para que tenha mais contato com meu sexo. É estranho como eu

me sinto esgotada e cansada depois de ter transado tão


intensamente com o Hugo, mas também incapaz de parar agora.
Não posso e não quero parar antes de dar o mesmo prazer para o
Luca.

— Não goze ainda — peço, olhando diretamente para o

Hugo. Obedecendo-me, meu loiro começa a se acariciar mais


lentamente para retardar seu orgasmo.

Quando volto a atenção para o Luca, ele envolve os


dedos em volta do meu pescoço e o aperta com força suficiente

para aprender um pouco da minha respiração. Em vez de sentir


receio, fico ainda mais excitada.

— Eu quero você agora — declaro, caso ele esteja

pensando em me provocar antes de dar o que nós dois queremos.


Luca mostra o seu sorriso mais perfeito e finalmente começa a
meter centímetro a centímetro do seu cacete dentro do meu sexo

sedento e sensível, logo depois de ter sido duramente usado.

Tanto quanto o seu primo, Luca é deliciosamente grosso


e longo. Quando entra por inteiro, ele envolve minha outra perna em
seu quadril, segura minha cintura ao ficar sobre os joelhos e passa a

investir com força.

Como se estivesse desesperado por ter se negado a mim

durante tanto tempo, ele soca sem parar, faz com que o meu corpo
se mova e meus peitos balancem para cima e para baixo. Perdida
no meio de tanto desejo, procuro o olhar do meu loiro e o vejo
assistindo a cena enquanto se masturba. Então levo a minha mão

entre as minhas pernas e começo tocar meu clítoris na tentativa


desesperada de apressar o orgasmo.

Ao perceber o que estou tentando fazer, Luca acelera


ainda mais as socadas na minha boceta, socadas tão profundas que
fazem com que eu o sinta no meu útero.

— Vadia da bocetinha gulosa... Que bom que você é tão

safada, porque terá que dar para nós dois sempre que te quisermos.
Você é a nossa vagabunda. Nossa para fazermos o que quisermos.
Vamos, diga que esse corpo, esses peitos e essa boceta nos

pertencem.

— O meu corpo, a minha boceta e os meus peitos são de


vocês — declaro, não suportando segurar o orgasmo.

Quando me jogo nos braços do prazer máximo, solto um

grito de satisfação que percorre todo o meu corpo em tremores que


não têm fim. Luca separa as minhas pernas dos seus quadris e sai
de dentro de mim. Sem dizer nada, ajuda-me a ficar de joelhos e
para na minha frente masturbando seu membro. Rapidamente,
Hugo se levanta e fica na minha frente.

Na mesma posição em que vi muitas atrizes nos filmes


adultos que assistia, ergo a cabeça e alterno meu olhar entre um e

outro. Espero enquanto eles fazem a corrida rumo ao orgasmo. Com


suas mãos grandes e fortes, os dois fazem movimentos de ir e vir
nos seus membros até que ambos jogam jatos de porra em cima

dos meus seios, um pouco no meu rosto e até mesmo nos meus
cabelos. Sem pudor, como se não fosse a primeira vez fazendo algo
assim, pego uma gota com a ponta do dedo e o chupo como se

fosse a minha bebida favorita.

Depois que seus corpos se acalmam, eles ainda


continuam se masturbando durante alguns segundos. São
incapazes de desviar seus olhares de mim. São olhares de desejo,

olhares encantados que parecem não acreditar no que acabaram de


fazer com uma aluna. Não que haja arrependimento, assim como
não estou arrependida de ter transado com os meus professores.

Diferente do que aconteceu da outra vez, Luca não me


deixa. É ele quem me ajuda a ficar em pé, embora sinta que as
minhas pernas são incapazes de sustentar o peso do meu corpo
agora. Parada entre os dois deuses gregos despidos, me sinto a

mulher mais cansada, mas também a mais realizada e satisfeita do


mundo.

Eles não falam muito, porque as palavras são

desnecessárias neste momento, mas demonstram o quanto


gostaram quando, um de cada vez, beijam a minha boca

longamente. Em seguida, como se fossem incapazes de ficar longe


de mim, os dois me levam para o banheiro e tomamos banho juntos.

Na hora de dormir, entramos no quarto do Hugo e então


Luca me pressiona contra a porta e me beija de um jeito
escandalosamente sensual. Depois ele sai para dormir no seu

próprio quarto. Sua escolha não me afeta, pois mesmo tendo feito
sexo com os dois, não estou pronta para dormir no meio deles.

Ao mesmo tempo em que me sinto exausta, também


sinto que poderia passar a noite em claro quando deito nos braços
do Hugo. É por isso que o acordo no meio da noite para transarmos

mais uma vez. Quando o sono finalmente vem, eu me agarro ao


meu loiro como se ele fosse o meu bote salva-vidas e durmo o sono
dos justos sentindo-me completamente inteira e satisfeita.
Sei que a vida não acontece dentro deste apartamento e
que os meus problemas estarão me esperando do lado de fora
quando eu sair, mas no momento quero fingir que a realidade não é

outra além desta. Enquanto puder, fingirei que não preciso ser nada
além da mulher do Hugo e do Luca Ferrari.
CAPÍTULO 20

AMORA

As últimas semanas serviram para me mostrar como a

vida pode realmente ser bela.

Passaram-se exatamente vinte e oito dias desde a noite


em que estive aqui no apartamento dos meus professores e transei
com os dois. Quase um mês passou sem que eu tenha percebido,

porque a vida me provou sem deixar dúvidas que as tempestades


existem para que os dias de sol também existam.

Não foi como se tudo tivesse mudado para melhor na

manhã seguinte à noite mais feliz da minha vida. Claro que não foi
assim, mas, aos poucos, encontrando doses de prazer e felicidade
nos braços de dois homens, as coisas começaram a melhorar e

senti que finalmente a sorte havia voltado a sorrir para mim.

Parte do meu estresse foi embora junto com as semanas


de provas e a recompensa veio nos dias seguintes quando recebi as

minhas notas e tive a certeza de que havia valido a pena perder

noites de sono para estudar. As minhas notas foram excelentes.


Fiquei orgulhosa de mim mesma, mas também contente por poder

mostrar para o Hugo e para o Luca que sou capaz. Não que eu
precise fazer isso, ou que eles me pressionem, mas uma parte

vaidosa de mim deseja os impressionar.

As coisas também ficaram melhores com os meus pais.

Depois de semanas distante, ligando-me pouco e agindo de um


modo que parecia estranho, minha mãe quase voltou ao normal com

sua mania de querer saber tudo sobre a minha vida e de me ligar

mais de uma vez ao dia. Eu disse quase, porque não esqueci do


que aconteceu e ainda suspeito de que esteja tentando esconder

alguma coisa importante de mim. Já cheguei a perguntar mais de

uma vez, mas a dona Gerusa sempre diz que está tudo bem. No fim
das contas, não me resta outra saída que não seja acreditar na sua

palavra.

Desde que tudo melhorou, comecei a fazer valer o salário

que recebo como garçonete e parei de estressar os clientes com

minhas trocas de pedidos.

Quanto ao Guto, suspeito que a Vanessa tenha

conversado com ele, porque o meu amigo está mais tranquilo.

Finalmente está começando a agir como um verdadeiro amigo ao


meu lado. Nota-se que ele ainda não superou o que quer que
acredite sentir por mim, mas pelo menos tem tentado seguir em

frente. Tanto é que começou a andar pelo campus com uma garota

ruiva. A essa altura do campeonato, já desisti de ser o cupido entre

ele e a Vanessa, porque cheguei à conclusão de que eles não

dariam certo de forma alguma.

Agora que estou vivendo uma fase mais tranquila, posso

me dar ao luxo de dormir aqui no apartamento dos caras em plena

noite de quarta-feira. Como não poderia deixar de ser, as noites que

passamos juntos são as melhores para mim.

Parece que uma chave virou na cabeça de nós três e na

nossa relação quando nos entregamos por inteiro pela primeira vez.
Hugo e eu já estávamos nos entendendo perfeitamente bem tanto

na cama quanto fora dela e eu estava começando a me sentir muito

conectada a ele. Ficamos menos tensos e mais próximos um do

outro do que poderíamos esperar nas últimas semanas e sinto que

estou a um passo de me apaixonar, porque é simplesmente

impossível para alguém não se apaixonar por um homem como


Hugo Ferrari.
Quanto ao Luca, que começou em desvantagem, embora

a nossa relação não seja uma competição, ele conseguiu recuperar


o tempo perdido com maestria e muito rapidamente se tornou tão

essencial para mim quanto o seu primo.

Mesmo que sejam primos e muito mais unidos do que se

costuma ver por aí, consigo não confundir as coisas e sei que são
pessoas diferentes com personalidades completamente diferentes.

Essas divergências fazem com que a relação que tenho com cada
um deles separadamente seja diferente.

Se Hugo é aberto, carinhoso e quente como o fogo do

inferno, além de agir de uma forma que me faz acreditar que seria
capaz de cometer loucuras em nome de uma paixão, Luca

demonstra seus sentimentos através do sexo e sem fazer muito uso


das palavras. Ele é reservado quando não está dentro de mim, mas

tem mostrado como se sente na forma gentil como me trata. Apesar


de serem opostos em muitos aspectos, não consigo dizer que gosto
mais de um do que do outro. Eles apenas são o que são e juntos

formam o meu todo perfeito.

Quanto aos seus sentimentos, e posso estar


completamente equivocada a respeito disso, acredito que o Hugo
poderia pensar em ter algo mais sério e até suspeito de que possa

estar se apaixonando por mim da mesma forma que estou me


apaixonando por ele. Por outro lado, Luca não parece disposto a

arriscar o coração, muito menos o seu nome e prestígio. Apesar


disso, ele deu um passo corajoso e se entregou a mim tanto quanto

estou entregue a ele.

Na maior parte do tempo, apesar de uma parte perigosa

querer seguir por caminhos tortuosos, não fico pensando sobre o


futuro da relação sem nome que estamos vivendo, muito menos a

respeito dos sentimentos deles. Sei muito bem que não existe uma
forma de darmos certo fora deste apartamento que se tornou o
nosso lugar especial e esconderijo particular.

Eu optei por renunciar aos meus medos, das indagações


e planos para o futuro para viver essa paixão. É por isso que estou

jogada em um sofá macio, usando nada além da camisa azul e


surrada do Luca enquanto ele e o primo preparam um jantar para

nós três.

Minhas roupas estão jogadas por aí, porque os dois

estavam tão sedentos que me pegaram quando entrei na sala. Luca


me comeu primeiro e em pé contra a parede do lado da porta.
Depois transei com o Hugo de quatro no sofá onde estou deitada
agora. Mesmo que esteja cansada por ter sido usada tão dura e
intensamente agora há pouco, não consigo tirar o sorriso rasgado

do rosto. Sendo sincera, tenho que admitir que não deixei de sorrir
depois que dei para os dois gostosos.

Hugo e Luca são incansáveis. A minha sorte é que eles


se revezam quanto ao desejo de ficarem comigo. A dinâmica é bem

simples: como adoram o fato de me terem, nunca tivemos


problemas com relação ao tempo em que cada um passa comigo.

De maneira aleatória e combinada entre eles, Luca e Hugo se


revezam para me buscarem no marbella durante a semana. Eles me
levam até o meu apartamento simples e nenhum dos dois têm

problemas com as rapidinhas na minha cama pequena antes de me


levarem para a aula.

Sendo extremamente cuidadosos, eles me deixam uma


quadra antes do prédio do campus e eu sigo o resto do caminho a

pé. Mas a parte mais difícil de ter um relacionamento escondido é


olhar e não poder tocar. A minha vida é especialmente difícil na
faculdade, principalmente quando vejo garotas cochichando a

respeito de cada um deles e não posso pedir para que tirem os


olhos, porque os dois professores mais lindos da universidade são
meus homens.

Sinto que amanhã será especialmente complicado, pois


será o primeiro dia da semana de palestras e terá o dobro de

garotas e professoras dando em cima deles. Assim como nas aulas


de terça e quinta-feira, terei que fazer cara de paisagem e fingir que
os dois não estão me comendo constantemente há um mês.

— Você já pode voltar do mundo da lua que o jantar está

pronto, princesa. — Ouço a voz do Luca e dou um pulo do sofá.

Depois de ter dado a boceta duas vezes, estou morrendo de fome.

Realmente não sei o que deu nesses dois para terem ido
juntos me pegar no ponto de ônibus depois da aula. Eles me

trouxeram para cá e fugiram completamente da nossa rotina. Não

que eu tenha algo do que reclamar, amei a surpresa e gostaria que

repetissem mais vezes. Todos os finais de semana são nossos para


nos divertirmos sem limites e sem pudores, mas o sábado e o

domingo não só demoram para chegar como parece passar rápido

demais.

Sentada ao lado dos caras mais lindos e gostosos do

mundo, devoro a comida como se estivesse há anos faminta. Já os


dois, polidos e educados, se alimentam com toda a calma do

mundo, mas não posso dizer que suas tentativas de esconderem


seus sorrisos são elegantes.

— Não riam de mim! — exijo olhando de um para o outro,

mas minhas palavras causam efeito contrário e os idiotas começam

a gargalhar.

— Não tem a menor graça — digo

— Tem muita graça — Hugo afirma. — Não sei como um

corpo pequeno como seu suporta tanto alimento — seu comentário

me faz arquear a sobrancelha. — Não pense que é uma


reclamação, gosto de você bem alimentada e cheia de energia.

— É claro que gosta — digo, ao rolar os olhos para cima.

Mais uma vez os primos sorriem.

Quando terminamos, pegamos as nossas taças com


vinho e voltamos para relaxarmos no sofá. Como costumamos fazer

com frequência, deito-me de lado no sofá com a cabeça nas pernas

do Luca e os pés em cima do colo do Hugo.

Confortavelmente acomodados, começamos

conversando amenidades a respeito do dia e terminamos com


provocações sexuais tão pesadas que nos levam a estados caóticos

de excitação.

— O que você me diz a respeito do Júlio Teles? — Hugo

questiona. Fico com vontade de rolar os olhos para cima


novamente, mas o seu olhar severo me faz pensar melhor.

— Também quero saber — Luca endossa a pergunta do

primo.

Querem saber de algo a respeito desses dois? Eles


sentem ciúme de mim.

— Júlio é o meu colega, porque não posso ficar isolada

do resto da turma durante cinco anos.

— Você poderia fazer amigas, não poderia? — Hugo


questiona.

— Quem disse que não tenho amigas? Eu basicamente

converso com a turma inteira, mas vocês dois só conseguem prestar

atenção quando converso com garotos.

— Você pode nos julgar por isso? Estamos apenas

cuidando do que nos pertence — Luca afirma ao pegar a barra da

sua camisa e puxar pela minha cabeça, deixando-me


completamente nua. Era óbvio que a conversa sobre ciúme se

encaminharia para um sexo sem sentido do qual eu jamais


reclamaria.

— Loirinha, não sorria mais para o Júlio ou para qualquer

garoto idiota daquela turma. Os seus sorrisos, a sua boceta, o seu

cuzinho e todo o seu corpo nos pertencem — o loiro garante, então


abre as minhas pernas e as coloca em cima dos seus ombros.

Por sua vez, Luca permanece sentado, mas deixa que

sua mão escorregue para o meu seio e seus dedos começam a


brincar com um mamilo excitado. Por falar em excitação, o seu pau

duro está quase cutucando o meu ouvido.

— Você ainda é a nossa garota, não é? Diga, Amora. Ou

pararei e não darei o que você quer — Hugo exige ao dar um tapa
seco em cima da minha boceta, quase me fazendo chorar de

desejo.

É assim que acontece sempre. Basta que me toquem

para que eu me excite e me sinta disposta a foder com eles até o


esgotamento físico.

— Eu sou sua, Hugo Ferrari. Sou sua Luca Ferrari —

declaro. — Por favor, me comam agora — peço, porque não tenho


qualquer pudor na hora de implorar para que deem o que meu corpo

deseja.

Como sempre estão na mesma página que eu, suas

roupas desaparecem entre uma respiração e um piscar de olhos. Os


belos homens ficam tão pelados quanto eu.

— Como você tem sido uma boa garota, comerei o seu

cuzinho hoje. Você quer?

— Eu quero. Por favor, Hugo — imploro, imaginando a


sensação de ter o meu orifício esticado até o limite da dor pelo pau

grande e grosso do meu loiro, que fode como se fosse a última vez

sempre que tem a oportunidade de enfiar seu cacete na minha

bunda.

Depois da primeira vez em que dei para dois homens na

mesma noite, uma transa seguida da outra, perdi todos os limites e

na mesma semana, após muita preparação com dedos, fiz sexo


anal com o Hugo. Eles disseram que iriam parar se eu não

gostasse, mas não só gostei como pedi por mais nos encontros

seguintes. Há dias em que faço sexo anal com um e sexo vaginal

com outro. Às vezes, quando estamos muito fogosos, permito que


façam o que quiserem com o meu corpo. Acordo completamente

dolorida e assada na manhã seguinte, mas vale a pena.

Eles ainda não tentaram a dupla penetração, mas sei que


estão doidos por isso. Eu também quero, mas o medo de não

conseguir levar os dois com seus paus monstros tem me feito adiar,

mesmo morrendo de vontade de experimentar.

— É claro que você quer, princesa. Você é a nossa

putinha safada e sem limites — Luca provoca, então Hugo deixa de

chupar minha boceta para passar a língua nas pregas do meu cu.

Deixando-me insana de tesão, ele começa a enfiar o dedo indicador


e o médio, os leva até o fim e depois tira com cuidado.

Minutos depois, Hugo estende o braço e pega o tubo de

lubrificante da mão do primo. Depois que começamos a fazer sexo

anal, eles colocaram alguns tubos em lugares estratégicos e sempre


temos um por perto quando precisamos. Aqui na sala, por exemplo,

sempre terá um dentro da gaveta da mesinha de centro.

Depois de jogar um pouco do líquido oleoso nos dedos, o


loiro prepara a minha bunda e me faz ficar com a boceta molhada

de vontade no processo. Quando termina de me torturar, Hugo se

levanta e me ajuda a ficar em pé. Ele beija minha boca como se


quisesse me engolir, um beijo gostoso que causa um arrepio na
minha espinha dorsal e deixa os meus lábios formigando e sensíveis

quando termina. Ainda assim, eu poderia perfeitamente continuar

por mais algumas horas sem reclamar uma única vez.

Um pouco desnorteada, olho para o sofá e vejo o meu


moreno lindo deitado de costas se masturbando e olhando com

fome para nós dois nos pegando. Ao jogar uma piscadela para mim,

o moreno pega dois preservativos na gaveta da mesa de centro. Ele


desenrola um no seu membro e joga o outro para que o primo faça o

mesmo.

Ao desvencilhar-me de um, subo em cima do corpo do


outro, o beijo da mesma forma e esfrego os lábios vaginais da

minha boceta molhada no seu pau duro.

— Coloque-me para dentro, minha putinha — o som da


sua voz sai gutural enquanto implora por mim. Sem pensar duas
vezes, apenas pego o membro e o enfio dentro da minha boceta,

soltando um grito de contentamento quando o sinto inteiramente


dentro de mim quente e apertado.

— Assim, sua gostosa... Agora rebola no cacete do seu


macho, me ordenhe como a vadia que você é — suas palavras
sacanas me fazem fincar as unhas no seu peito, arquear as costas e
começar a rebolar sem parar.

Sento-me no seu pau sentindo tanto prazer quanto é

possível e dando o mesmo prazer que recebo. Com uma


intensidade que não havia experimentado ainda, começo a sentir
que não tenho o suficiente. Entre uma rebolada e outra, olho por

cima do ombro e sinto a minha boca encher-se d’água quando vejo


o meu loiro em pé assistindo à cena enquanto se masturba.

Com o dedo, o chamo para mim e ele para com o sexo


diante do meu rosto. Mesmo perdida de desejo, consigo ver um

pouco de esperma na cabeça robusta e rosada no seu membro.


Incapaz de me conter, e ainda sentando sem parar no Luca, pego o
membro do Hugo e o engulo cheia de fome e de um tesão que

parece cada dia maior.

Mesmo perdida no prazer, consigo me dividir entre sentar

no Luca e chupar o pau do Hugo, deixando-o completamente


melado com a minha baba. Louco de tesão, o loiro fecha os dedos
na parte de trás da minha cabeça. Segurando os meus fios com

firmeza, ele mesmo passa a controlar a forma como o chupo.


Dou a boceta para um e engasgo com a minha própria
baba enquanto chupo o cacete do outro, mas não consigo parar. É
tão bom dar e receber prazer que eu poderia morrer feliz se a minha

hora chegasse agora. Só que a minha hora não chegou e quero


tudo, quero cada experiência de ser deles sem não deixar nada para

o amanhã.

— Hugo, quero que você coma a minha bunda agora —


peço. Surpreso, ele tira o membro da minha boca para me encarar.

Embaixo de mim, Luca fica imóvel e segura com firmeza a minha


cintura para me impedir de continuar sentando no seu pau.

— Querida, você tem certeza de que quer fazer dupla


penetração? Talvez não seja a hora.

— É a hora. Eu quero ser comida por vocês dois ao


mesmo tempo. Não sou de vocês e vocês não são meus? — Ambos
confirmam. — Então estou dizendo que quero vocês agora: Luca na

minha boceta e você no meu cuzinho.

Em momentos como este, o medo de outrora vai embora


e resta apenas a necessidade de experimentar e satisfazer todos os
meus desejos mais secretos.
— Você é perfeita, porra! Eu nunca te deixarei ir — Hugo
declara, então se curva e me dá um beijo de língua sem se importar

com o fato de eu estar toda babada.

Depois que Luca encontra a melhor posição ao se sentar

com as costas contra o encosto do sofá, Hugo para atrás de mim,


tão perto que me deixa acesa com o seu cheiro de homem, de
perfume caro e sexo. Então o loiro empina minha bunda, afasta os

dois lados e começa a meter seu pau no meu ânus.

Prendo a respiração nos primeiros centímetros, porque é

extremamente desconfortável. A sensação é de que estou sendo


rasgada ao meio e cheia deles além do limite do que possa ser

considerado suportável. Ainda assim, vou além. É isso que quero


fazer, porque eles nunca me deram nada que não fosse prazeroso.

— Relaxe, amor. Logo ficará bom, então você terá o

maior prazer de todos. — Luca incentiva quando aproxima a boca


do meu peito e começa a chupar um mamilo para me distrair. Ele
realmente consegue me distrair, pois Hugo já está completamente

metido no meu cu quando lembro de soltar a respiração.

— Como se sente por levar dois paus ao mesmo tempo,


minha linda? Você tem um pau na sua bocetinha e outro no seu cu
— Luca provoca.

— Não sei explicar — falo entre gemidos e tento mexer


meu quadril, mas não consigo.

— Calma, meu amor — Hugo pede ao firmar o meu


quadril imóvel entre ele e o seu primo.

Após vários minutos usando as mãos e a boca para me


distrair, o loiro começa a me penetrar lentamente e com cuidado. O
lento e com cuidado se torna rápido e voraz minutos depois.

Completa como nunca estive, começo a ansiar por mais e Luca não
deixa de perceber. Bem devagarinho, ele também começa a se

mover na minha boceta.

Quando me vejo sendo fodida pelos dois, dois paus

entrando e saindo do meu cuzinho e da minha boceta, sinto que fui


feita para eles e para este momento de entrega. Parece que tudo o
que fizemos até aqui foi apenas ensaios para este momento.

— Isso, minha vadia... Comece a rebolar essa bunda


gostosa — Hugo fala no meu ouvido ao puxar com firmeza o cabelo

de parte de trás da minha cabeça. — Dá essa boceta sedenta para


ele.
— Hum — gemo sem parar, tocada por quatro mãos, dois
paus e duas bocas. Bocas que alternam beijos de línguas que
roubam o meu fôlego e me deixam a ponto de desmaiar de tesão,

por um desejo que parece insuportável, mas do qual não consigo


abrir mão.

Se transar com eles separadamente já era sublime, não

sei como explicar o que sinto agora. Tudo o que sei é que estou
onde deveria estar e com os homens que quero para mim.

— Porra! Esse seu cuzinho está me matando, linda —


Hugo fala e, ao segurar minha cintura com firmeza, acelera ainda

mais as estocadas e não para até me fazer sentir seu pau mais
apertado dentro de mim quando solta um urro de prazer quase
gozando.

Rapidamente, ele tira o membro do meu ânus, se livra da


camisinha e despeja sua porra na minha bunda.

Luca continua batendo na minha boceta sem parar,


erguendo freneticamente os quadris do sofá e fazendo os meus

peitos pularem por causa dos movimentos acelerados. Perdida de


desejo, aperto os bicos dos meus peitos, arqueio as costas para trás

e solto um gemido ruidoso quando gozamos ao mesmo tempo.


Completamente esgotada, suada e suja de porra, estou
jogada contra o peito do meu moreno enquanto sinto Hugo beijando

o meu pescoço por trás. Mas também me sinto feliz e completa


como nunca fui.
CAPÍTULO 21

AMORA

— Sinto tanta inveja de você, minha amiga — sentada ao

meu lado em uma das cadeiras do auditório, de uma forma que me


faz lembrar do dia em que nos conhecemos, a surfistinha comenta.

— O que há em mim para que uma garota como você


sinta inveja? — pergunto, mas me arrependo quando ela arqueia a

sobrancelha e vira o rosto para o palco onde Hugo e Luca estão.


Eles recepcionarão os palestrantes da noite.

Estamos na semana do direito e não posso pensar em

nada mais entediante do que assistir palestras intermináveis durante


cinco dias seguidos, mas pelo menos tenho o consolo de saber que
terei dois colírios para os meus olhos durante todos os minutos

chatos em que passarei com a bunda nesta cadeira.

— Não sei, diga-me você. Não estou dando a boceta para


aquelas duas obras de artes ali. Sério, parece mentira que você

tenha conseguido seduzir duas pessoas que nunca deram um

segundo olhar para as garotas da universidade.


— Eles que me seduziram, amiga. Não o contrário.

— Eu acredito, mas isso não importa. Quero saber qual

será a reação dos seus pais quando você apresentar seus


namorados.

Sei que Vanessa está me provocando como sempre faz

com tudo e com qualquer assunto, mas suas palavras são recebidas
como tapas na minha cara desta vez. Se estou feliz e realmente

perto de me apaixonar pela primeira vez, é apenas e tão somente

por não pensar nos meus pais na maior parte do tempo.

Aqui, embora minha mãe não me deixe esquecer da

realidade, sou apenas a Amora, uma estudante de direito e futura


advogada. Mas também sei que a minha verdadeira vida não é a

que vivo agora e sinto muito medo de que acontecerá quando eu me

formar. E mesmo que pareça distante, porque estou apenas no

primeiro semestre, sei que o tempo passará mais rápido do que eu


gostaria.

Independentemente do tempo e do que possa acontecer

na minha relação com os meus professores, ela terminará. Mesmo

se quiséssemos mais, eu jamais poderia apresentá-los aos meus

pais. Nós três jamais sairemos das sombras.


— Ei, onde estão os seus pensamentos? — Ainda bem
que Vanessa me acorda para a realidade, porque pensar nos meus

pais e nos meus amantes no mesmo contexto me leva para o fundo

do poço do pessimismo.

— Eles não são meus namorados — afirmo em resposta

à sua última fala.

— Não são, mas estão te olhando como se fossem,

minha amiga — afirma, eu ergo o olhar e me deparo com Hugo e

Luca me encarando dos seus lugares. De imediato, abaixo a

cabeça. Tenho a sensação de que estão permitindo que todos

percebam que existe algo entre nós e isso é tudo o que não

queremos que aconteça.

Sentindo-me um pouco sufocada, peço licença para a

loira e deixo o auditório. Respiro fundo quando chego do lado de

fora e ainda caminho alguns metros até chegar ao jardim do prédio.

Respirando aliviada, encosto-me na parede e tento limpar a minha


mente que, durante um segundo de fraqueza, me levou para lugares

onde eu não queria ir. Só sou a mulher mais feliz do mundo quando

me esqueço de que vivi outra vida antes desta.


Uma vida da qual jamais poderei escapar, não o

suficiente para me sentir livre para fazer escolhas sem medo de


decepcionar outras pessoas além de mim mesma.

— Não te julgarei por ter fugido, porque as palestras


realmente são chatas. Na verdade, não entendo o porquê de os

reitores terem obrigado os alunos dos outros cursos a


comparecerem.

— Eles devem ter bons motivos — falo para o Guto, mas


teria escolhido ficar sozinha por um tempo.

— Não está tentando defender os primos Ferrari, está?


Está na cara que essa bobagem é invenção daqueles dois

pomposos e convencidos.

Apesar de tentar fazer parecer que suas palavras são

apenas provocativas, noto a tentativa de alfinetá-los, uma ponta de


inveja de dois homens que estão a anos luz na sua frente em todos
os quesitos possíveis.

De mal humor, e coloco isso na conta da TPM, sinto

vontade de atacar o meu amigo para dizer que as palestras não são
bobagens e que elas podem nos ensinar muitas coisas, apesar de
realmente serem entediantes, mas fico calada para não criar

problemas com ele.

— Não estou tentando defendê-los — limito-me a dizer.

— Que bom, porque tenho notado os olhares daqueles


dois para você. São olhares de desejo, como se estivessem

planejando tirar as suas roupas e fazer o que dizem que nunca


fizeram com uma aluna.

Sua declaração faz o sangue congelar nas minhas veias,


prendo a respiração, mas tento não fazer uma careta. Não posso

acreditar que isso está acontecendo! Tudo o que me resta agora é


tentar contornar a situação.

— Você só pode estar de brincadeira, Guto! Em qual


realidade os meus professores olhariam para mim do jeito que você

está falando?

— É claro, devo estar ficando maluco — diz, e chega

perto de mim de uma forma que me deixa desconfortável. — Além


do mais, tenho certeza de que você não seria ingênua a ponto de se

entregar para dois homens que não levam mulheres a sério. Se


levassem, não estariam solteiros com a idade que têm.
Com o corpo tenso, fico com vontade de dizer que a vida
pessoal deles não é da sua conta, mas opto mais uma vez por
engolir as minhas palavras.

— É melhor pararmos de falar da vida dos meus

professores — digo.

— Você tem razão, Amora. Vamos falar sobre a gente.

— Não existe um agente, Guto.

— Não existe porque você não quer — ele afirma.

Avançando o sinal de uma forma que não havia feito antes, e


deixando-me com a sensação de que não conheço, o garoto
simplesmente para na minha frente e me abraça pela cintura para

puxar o meu corpo para junto do seu. — Não consigo parar de


pensar em você. Eu juro que tento todos os dias, mas não paro de

desejar ser mais do que seu amigo.

— Solte-me, por favor — peço, e apoio as mãos no seu

peito na tentativa de o afastar de mim.

— Só uma chance, Amora. É só isso que eu te peço: uma

chance para te mostrar o quanto podemos ser bons juntos.


— Não! Quantas vezes terei que deixar claro que só te
enxergo como amigo?

— Mas, e se...

— Algum problema aqui? Uma palestra muito importante

está sendo ministrada no auditório e vocês dois decidiram sair para


namorar? — O meu corpo gela quando ouço a voz do Luca, que

agora está parado bem na nossa frente. De onde ele veio?

Ao mesmo tempo em que me sinto aliviada, porque a sua


chegada faz com que o garoto me solte imediatamente e talvez

possa o ajudar a acreditar que está imaginando o interesse dos

meus professores em mim, uma pequena parte também se sente


irritada por ele agir como se não me conhecesse.

Estou sendo extremamente contraditória? Com certeza

estou, mas ninguém deveria pedir coerência para uma garota na

TPM, ou simplesmente quando se trata dos seus homens.

— O que estão esperando que ainda não entraram? —

Luca pergunta com rudeza e, como duas crianças, Guto e eu

entramos novamente no prédio.

Em vez de ir direto para o auditório, entro no banheiro.


Menos de um minuto depois, Luca entra também. Óbvio que ele me
seguiria até aqui depois do que viu.

— Por que você permitiu que outro cara te tocasse se


sabe que é minha? — O homem para na minha frente com seus

olhos gelados e com o corpo pressionando o meu contra o balcão

da pia.

— Eu sou? — questiono com petulância e completamente


sem paciência. Acho que a cena com o Guto já foi o suficiente.

— Sim, você é. Embora aja como uma vagabunda entre

quatro paredes comigo e com o Hugo, não faça o mesmo fora de

casa. — Assim que as palavras escapam, ergo a mão e desfiro um


tapa no seu rosto. Estamos fazendo uma cena e até correndo o

risco de sermos flagrados a qualquer momento, mas parece que ele

se esqueceu disso.

— Respeite-me, Ferrari!

— O que está acontecendo? — como se tivesse

recuperado o bom senso repentinamente, Luca pergunta ao tocar o

lado agredido do rosto.

— Guto é um colega que nunca escondeu que gosta de

mim. Ele estava pedindo uma chance quando você chegou —

explico. — Se me conhecesse o suficiente eu não teria que explicar


isso, mas saiba que foi o Guto que me agarrou sem a minha

permissão e que você tem muito mais coisas com as quais se

preocupar além desse ciúme idiota.

— Do que você está falando? — pergunta preocupado.

— Parece que você e o seu primo desaprenderam a

como disfarçar, porque ele notou a forma como me olham e acredita

que estão interessados em ficar comigo — falo. Deixo de mencionar

a Vanessa, mas ela é minha amiga e confio nela. — Estou


preocupada, Luca. Se o Guto contar para mais alguém, a suspeita

pode virar um boato e me prejudicar muito aqui dentro.

— Não precisa se preocupar, darei um jeito — declara e

me deixa mais apreensiva.

— O que você vai fazer com ele?

— Nada. Só teremos uma conversa onde deixarei claro

que ele está totalmente enganado, apesar de realmente não estar,

não é mesmo? — questiona-me. De repente, a expressão no seu


rosto suaviza, Luca abaixa a cabeça e beija meu pescoço de leve.

— Te darei as chaves do meu carro agora e preciso que espere pelo

Hugo, está bem? — Balanço a cabeça em concordância. — Você


não está bem para continuar aqui, então ele sairá em cinco minutos

e te levará para casa.

— E você?

— Eu resolverei o problema com garoto e em breve me

juntarei a vocês — Luca diz e concordo mais uma vez com seu

plano.

Embora devesse estar preocupada com o Guto, confio no


Luca e sei que ele fará apenas o suficiente para tirar as suspeitas de

cima de nós. Ele não prejudicaria o meu colega de forma alguma.

Depois de um beijo leve e carinhoso na minha boca, Luca


permite que eu saia com as chaves do seu carro na mão. Prestando

atenção no estacionamento para ter certeza de que não tem

ninguém por perto, entro no carro de vidros escuros e me acomodo


no banco do passageiro. Espero pelo meu loiro com ansiedade,

porque tudo o que quero para hoje é ser mimada por eles e

esquecer desse incidente.

LUCA

Depois de ter dito com convicção para mim mesmo que

Amora seria apenas um caso sem importância, uma boceta que eu


comeria só até sentir-me satisfeito, estou na minha sala na reitoria

encarando um rapaz que poderia perfeitamente ser meu filho.

Encaro-o como se fôssemos do mesmo nível, ou como se

tivéssemos a mesma idade.

Por outro lado, sinto que não deveria me surpreender

com a atitude inesperada, porque desde o começo estou fazendo

tudo o que disse para mim que não faria. O meu pior engano foi

acreditar que não me envolveria quando estava na cara que a


garota era perigosa.

Começou com sexo, o melhor sexo que fiz na minha vida,

diga-se de passagem, e evoluiu pouco a pouco até chegar ao dia de


hoje. Hoje sinto que poderia acabar com a raça de qualquer homem

por olhar em sua direção.

Sem que eu me desse conta, de forma tão suave que não

faço ideia de quando aconteceu, a garota errada simplesmente se


instalou no meu corpo, na minha mente e no meu coração. Agora

não consigo acordar ou dormir sem que ela esteja nos meus

pensamentos.

Ainda sou o mesmo e não posso calar todas as minhas


preocupações, ou frear o meu medo de que tudo se torne um
grande escândalo que respingará no nosso sobrenome ou no futuro

da garota. Ainda assim, não consigo sequer pensar na ideia de não


a ter na minha vida da forma como está agora.

Nunca amei e nunca estive apaixonado, não faço ideia do

nome que poderia dar para essa obsessão, mas a quero muito, de

uma forma que me assusta, mas que não me faz correr como um
covarde.

Com toda certeza o meu primo está apaixonado pela

garota, mas não posso deixar de me sentir grato por tê-lo na minha

vida, porque não sei como seria se ele não estivesse envolvido na
equação como um ponto de equilíbrio entre o meu lado prático e o

desejo de simplesmente entregar-me a vontade de pegar a porra da

Amora para mim.

Agora que o perigo está à espreita por causa desse idiota


parado e tremendo à minha frente, eu poderia me acovardar e

lembrar-me o porquê de ter sido contra o nosso envolvimento com

ela no início, mas simplesmente não consigo me arrepender. Se ele


está aqui, é tão somente para que eu possa eliminar qualquer

chance que o garoto tenha de arruinar as nossas vidas.


— Por que me chamou, reitor? — Guto pergunta. —
Você exigiu que eu voltasse para o auditório e eu voltei, o que mais

poderia querer de mim?

— Serei breve com você, porque não tenho tempo para

perder, Guto Montes — falo, e fico em pé. Chego mais perto dele
para que possamos nos encarar frente a frente. — Te chamei para

informar que você estava tão entretido quando assediava Amora de

Moraes que não percebeu que eu também estava lá.

— Amora é minha amiga e eu não estava a assediando.

— Eu sou advogado e digo que você estava assediando

a garota. Mas vamos voltar para a conversa que ouvi agora há

pouco. Você falou com todas as letras sobre um suposto interesse


meu e do meu primo nela. Fez isso sem considerar a gravidade da

acusação que poderia prejudicar a garota de quem se diz amigo.


Sugiro que você repense o que falou e que não ouse repetir tantos
absurdos para outra pessoa, porque existem câmeras por todo o

campus e eu poderia perfeitamente puxar o vídeo do momento em


que você agarrou a moça sem autorização. Te garanto que não
haveria outra pessoa prejudicada nesta história além de você.
Embora eu tenha agido com irracionalidade e totalmente
guiado pelo ciúme sem sentido, tanto que fui agredido pela gatinha
arisca, segui Amora quando notei que ela não estava tendo um bom

dia e pude ouvir quase toda a conversa entre ela e o seu colega.

— Não estava pensando em falar a respeito disso com


ninguém — ele afirma.

— Que bom que pensa assim, mas se surgir algum boato

envolvendo meu nome, o do meu primo e daquela garota, você


responderá por mais crimes do que possa imaginar. Pode ir agora
— falo, o garoto sai da sala apressado e sem um segundo olhar em

minha direção.

Tenso, vou até o minibar que tenho aqui na minha sala e


me sirvo um gole de uísque. Solto a respiração que nem sabia que

estava prendendo e permito que o meu corpo relaxe com a certeza


de que o problema está resolvido.

— Estamos seguros novamente — garanto em voz alta.

Não posso esquecer-me de conversar com o Hugo sobre

a forma como encaramos a nossa mulher. Se o idiota percebeu,


qualquer pessoa poderia ter percebido também.
Satisfeito e duplamente aliviado por acreditar que Guto
Montes deixará Amora em paz daqui por diante, caminho até o
estacionamento, pego o carro do Hugo, já que ele a levou para casa

com o meu, e deixo o campus.

Ansioso para chegar, permito que um sorriso raro escape

dos meus lábios por saber que ela estará em casa quando eu entrar
pela porta, que poderei tanto relaxar quanto me perder de paixão
em seus braços.

Amora tem derretido o gelo que estava em volta do meu

coração todos os dias e sinto que não conseguiria mais suportar a


solidão que havia me autoimposto. Mesmo com medo, quero-a na
minha vida e na vida do meu primo. Assim como ele, estou disposto

a arriscar tudo para nunca perder a felicidade e o prazer que tenho


agora por sua causa.
CAPÍTULO 22

AMORA

É impressionante como o tempo passa depressa quando

se vive em um estado quase constante de felicidade. Num piscar de


olhos, as semanas passaram e agora estou aqui, despedindo-me do
Luca e do Hugo no aeroporto. As aulas acabaram e estou indo
passar as férias que durarão quase dois meses com os meus pais.

A verdade é que estou dividida, pois mesmo sentindo que


preciso os ver para ter certeza de que estão realmente bem e para
matar a saudade, também queria não precisar sair de São Paulo

agora. No fundo, sinto um medo bobo de tudo ser diferente quando


eu voltar para o próximo semestre. Agora eles estão aqui, sentados

em um banco na fila de embarque para o próximo voo, mas será

que estarão me esperando quando eu voltar?

De um jeito que só nós poderíamos entender, Hugo, Luca


e eu conseguimos um equilíbrio perfeito e somos felizes com a

dinâmica que criamos para o nosso relacionamento que, apesar de


não termos falado com todas as letras, parece muito com um

namoro sério onde um se preocupa com o outro.

Na primeira vez em que o Luca disse que o primo me


levaria para casa e ele me levou para o seu apartamento, o lugar

acabou se tornando o meu lar de certa forma e tenho passado mais

tempo com eles do que no meu cubículo. Passar mais tempo com
os dois significou conhecer muito mais do que os seus corpos. Eu

os conheci individualmente, assim como os dois me conheceram

como poucas pessoas conhecem. É até estranho como as


descobertas que faço sobre eles e as que os dois fazem sobre mim

nos tornam mais próximos.

A essa altura, depois de tantas semanas agindo como


namorados, estamos mais relaxados, mas não descuidados, e o

peso de eles serem meus professores e de estarmos em um

relacionamento proibido deixou de ser uma preocupação constante.

Sabemos que os problemas existem, mas não deixamos de viver

por causa deles. Nos queremos, apesar deles.

Sinto-me segura e acredito que ambos fariam qualquer

coisa para me proteger. Luca provou algo quando resolveu a

situação com o Guto, que se afastou de mim e passou a apenas me


cumprimentar como se não tivéssemos sido nada além de meros
conhecidos.

Se o sexo nunca foi um problema, o tempo mostrou que a

tendência é que ele fique melhor a cada dia que passa. A verdade é

que nem sei como explicar a sensação de ter as minhas maiores

fantasias realizadas. Tenho tanto prazer com suas mãos, bocas e


seus membros no meu corpo o tempo todo que às vezes sinto que

irei explodir.

Apesar de o sexo ser uma parte muito importante do

nosso relacionamento, ele não é tudo. Eles se preocupam com meu

bem-estar e demonstram que sentem muito carinho por mim.

Embora eu seja ambiciosa e espere que seja mais do que desejo e


preocupação algum dia, sinto-me satisfeita com o que tenho por

enquanto. Faz tempo que abri mão de fingir que os dois não são os

mais próximos de amor que senti por alguém. No fundo, sei que é

muito mais do que admito para mim mesma, mas até onde puder, ou

até que eu tenha certeza de que não estou levando tudo muito a

sério sozinha, esconderei os meus sentimentos mais profundos até


mesmo de mim.
— Bom, parece que chegou a hora — digo quando a voz

no alto-falante anuncia o início do embarque e a fila começa a


diminuir com mais rapidez do que eu gostaria. — Prometam que

sentirão a minha falta — digo, usando o humor para não chorar.

É muito fácil acostumar-se com o que é bom. Acostumei-

me com eles e agora tenho a sensação de que estou os perdendo.

— Você não faz ideia do quanto realmente sentirei —

sempre carinhoso e próximo, Hugo fala. Ele enlaça minha cintura e


beija os meus lábios de leve. — É melhor você voltar logo, se não
fizer isso, irei te buscar.

— Eu não reclamaria — declaro, então volto a minha

atenção para o Luca, que estava apenas assistindo a nossa


interação.

Fico boba e completamente encantada sempre que


percebo o quanto sentem prazer em assistir um ao outro me dando
prazer ou apenas sendo carinhoso. Apesar de um relacionamento a

três não ser natural para a maioria das pessoas, a forma como
reagem a nós faz com que eu sinta que é natural para a gente e

quase sempre me esqueço de que o resto do mundo simplesmente


não se relaciona com mais de uma pessoa, pelo menos, não

abertamente e com todos os envolvidos cientes.

— Também sentirei a sua falta, princesa — desta vez,


Luca prefere usar as palavras para declarar seus sentimentos.
Assim como o primo acabou de fazer, ele me puxa para os seus

braços e me beija de forma possessiva durante alguns segundos.

Sei que estou dando um show por deixar-me ser beijada

por dois homens em um aeroporto lotado, mas não consigo me


importar com o que irão pensar ou dizer agora.

— Eu só quero que o tempo passe rápido — afirmo.

— Passará, querida. Quando perceber, estará de volta

nos nossos braços, sendo comida bem do jeitinho que você gosta —
Hugo fala no meu ouvido e eu sinto as minhas bochechas ficando

vermelhas.

— Não deixem de me ligar — peço quando chega a

minha vez na fila. O meu coração está apertado e já sinto saudade


antes mesmo de embarcar.

— Nunca — Luca fala, dou mais um beijo rápido nos


lábios de cada um deles e então parto. Não tiro os olhos deles até
que se torne impossível de continuar.
Quando tomo o meu lugar no assento, finalmente
permito-me derramar algumas lágrimas, mas são lágrimas que
misturam sentimentos de saudade e alegria, pois significa que eu

estava muito feliz e que farei de tudo para continuar sendo feliz
quando voltar.

Para que a viagem se tornasse real, pensei em pedir


demissão, mas o meu chefe se recusou aceitar. Segundo ele, o

movimento no bar ficará mais tranquilo agora que a universidade


está de férias e ele não passará sufoco com uma funcionária a

menos enquanto eu estiver fora.

Felizmente, consegui passar com notas altas em todas as


matérias, algo que deixou os meus dois professores mais queridos

muito orgulhosos, e tudo o que eu preciso fazer agora é retornar


para começar o segundo semestre. Apesar de estar sentindo o meu

coração apertado por motivos que não sei explicar, sinto que preciso
ser grata, pois estou vivendo a melhor fase da minha vida.
CAPÍTULO 23

AMORA

ALGUMAS HORAS DEPOIS

Enquanto caminho pela calçada de paralelepípedo da


pequena e antiga Roda Velha, sinto-me estranhamente apreensiva e
com o coração ainda mais apertado no peito. Os acontecimentos
dos últimos meses me mudaram tanto que é quase como se eu

tivesse saído daqui uma pessoa e estivesse voltando outra que não
combina com os ideais do lugar.

Ainda assim, esta cidade e seus habitantes fazem parte

da minha vida. Sempre farão.

Como há coisas que nunca mudam, sou parada por


alguém a cada passo que dou, principalmente pelas amigas carolas

da mamãe. Todos fazem perguntas curiosas sobre como é a vida

em uma cidade grande. Fico tensa e à espera de uma pergunta a


respeito de namorados, porque é a cara deles perguntarem sobre

isso, mas o questionamento não vem e eu estranho muito o fato.


Por outro lado, fico aliviada por não terem entrado no assunto,

porque eu não saberia como responder, não com honestidade.

Quando entro em casa na hora do almoço, sou recebida


por um grupo de dez pessoas e muitos abraços entusiasmados.

Fico surpresa, pois mesmo que minha mãe tenha enviado uma

mensagem avisando que estava preparando um almoço especial


para me receber, não imaginei que Lírio Sena estaria presente.

Lírio é um rapaz de vinte e três anos que conheço desde

criança porque sua mãe é uma das melhores amigas na minha. Até
onde fui informada, ele estava estudando medicina no Rio de

Janeiro. Aparentemente retornou e está sorrindo para mim como se

fôssemos velhos amigos. Mas a verdade é que nunca fomos


próximos por causa da diferença de idade que parecia ser grande

quando éramos crianças.

Mas é durante o almoço barulhento e animado que


entendo o porquê da sua presença e de ele ter me olhado de um

jeito diferente. Sem mais nem menos, todos começam a fazer

insinuações a respeito de um possível namoro entre Lírio e eu. A

principal incentivadora é a minha mãe e isso me deixa apavorada,


sem entender nada e com vontade de sair correndo daqui pela porta
que entrei.

De repente, parece que todos surtaram e sou a única

pessoa normal.

Felizmente, o almoço termina depois de algumas horas e


eu vivo a doce ilusão de que terei paz para passar as minhas férias

de forma tranquila, apenas matando a saudade e aproveitando os

meus pais.

Mas não é o que acontece quando o almoço termina e

muito menos nos dias que seguem depois dele. De maneira


insuportável, a minha mãe encontra formas de me fazer encontrar

com o Lírio em qualquer lugar onde piso os meus pés. Quando

chego em casa, ela se torna ainda mais insistente ao começar a

falar sobre o quanto eu me daria bem se me casasse com um futuro

médico ou quando frisa cada uma das qualidades do rapaz.

Qualidades que não me interessam em nada, porque já tenho


namorados o suficiente.

Quando Luca e Hugo entram em contato comigo, opto

por não dizer nada a respeito do que está acontecendo, pois prefiro

resolver a situação sozinha e sem causar alarde.


A cada dia que passa a situação se torna pior. Três

semanas depois, finalmente chego no meu limite quando Gerusa o


convida juntamente com a mãe para jantar aqui em casa sem

perguntar a minha opinião. Agora eles estão aqui, arrumados como


se estivessem em um encontro com a rainha, e tenho certeza de
que minha mãe está aprontando alguma coisa.

Jantamos em silêncio durante alguns minutos, mas o

silêncio é quebrado quando Lírio fala as últimas palavras que eu


gostaria de ouvir.

— Não sei o que aconteceu nos últimos anos, mas se

tornou uma linda mulher, Amora — ele elogia.

— Obrigada — limito-me a dizer, muito mais interessada


no copo vazio que está na minha mão.

— Pedi que a minha mãe marcasse o jantar com a sua


porque queria pedir autorização para passar um tempo com você.
Acredito que podemos nos conhecer melhor — declara, eu deixo o

copo que estava segurando escapar da minha mão e ele se


estilhaça no chão.

Todos se assustam, mas ninguém fala nada a respeito,


estão mais interessados em fazerem escolhas por mim.
— Está autorizado — Jorge fala.

— Que bom. — O garoto se anima e abre um sorriso

enorme. — E você, Amora? O que acha de passar um tempo


comigo? — pergunta, eu respiro fundo e realmente esgotada depois
de semanas, dou a resposta mais sincera.

— Acredito que é uma péssima ideia. Perdoe-me, você é


um cara muito legal, mas não quero sair com você e seria errado da

minha parte te iludir quando tenho certeza de que não


corresponderia às suas expectativas — ao terminar o meu

desabafo, coloco o guardanapo de colo em cima da mesa, levanto-


me e subo para o meu quarto.

Sentindo-me frustrada e decepcionada, jogo-me de


costas na minha cama e tento me acalmar. Eu sabia que não seria

fácil voltar depois de sentir o gosto da liberdade, mas não passou


pela minha cabeça que seria tão difícil. Passei várias semanas
preocupada e acreditando que estava acontecendo alguma coisa

com a minha mãe, mas ela não só está bem, graças a Deus, como
está disposta o suficiente para ir além nos seus planos de fazer

escolhas por mim.


Como ela teve coragem? Se eu soubesse que o jantar
seria para isso, se ao menos ela tivesse me avisado a respeito, não
teria me dado ao trabalho de comparecer.

— O que foi que você fez? — Gerusa entra quinze

minutos depois. Ela bate à porta com tanta força que me sento com
um pulo na ponta da cama. — Você foi rude com os nossos
convidados. Agiu como se não tivesse recebido educação.

— Nós duas fizemos coisas erradas, mamãe. A Senhora


não fez nada além de me pressionar e tentar impor suas vontades

desde que voltei de São Paulo.

— Eu tenho tentado te pressionar e impor minhas

vontades? Que palavras são essas, menina? Onde foi que você
aprendeu a dizer isso? Aposto que foi na maldita cidade onde está

vivendo agora, não foi? Bem que a Marlene disse que garotas como
você só aprendem coisas ruins quando deixam as asas dos pais.

— Garotas como eu?

— Exatamente, garotas que não têm um pingo de juízo e

bom senso. Estava tão preocupada com você que deixei de viver.
Então decidi ficar um pouco afastada por um tempo, porque eu
sabia que pediria para que voltasse imediatamente e não quero
destruir os seus sonhos.

— A senhora não tem poder para destruir os meus


sonhos. Também não poderia me obrigar a voltar para casa, porque

tenho dezenove anos e não sou mais uma criança.

— Qual é o seu interesse em ser adulta e independente?

É para agir como uma pessoa insana e desprezar o melhor marido


que poderia arranjar na vida?

— Eu não preciso de um namorado — afirmo,

perigosamente perto de falar o que não devo.

Sei que ela não me entenderia, que provavelmente me


desprezaria como filha e como pessoa. Por entender a sua posição

e saber que não posso mudar as crenças de uma vida inteira, não

consigo nem mesmo esperar por outra atitude dela.

— É claro que você precisa de alguém, Amora. Ninguém


veio ao mundo para viver sozinho e mais dia menos dia você se

casará — afirma. — Quero que me diga agora mesmo por que falou

aquelas grosserias para o pobre rapaz.

— Não quero falar a respeito disso agora, mamãe. Por


favor, apenas respeite a minha decisão — peço, muito cansada
psicologicamente depois de ter passado as últimas semanas sendo

levada ao limite.

Dia após dia, fui entendendo o porquê de eu ter tentado

manter o meu coração seguro nos últimos meses. Em todas as

horas desde que cheguei me lembraram dos motivos que me

fizeram ter a certeza de que jamais poderia viver plenamente a


paixão que sinto por Luca e Hugo Ferrari

— Você se esqueceu de que aprendeu com o padre que

não pode existir segredos entre mães e filhas? Diga-me o que está
acontecendo — pede. Sabendo que Gerusa não me deixará em paz

enquanto não sanar sua dúvida, digo a verdade que acreditei que

nunca sairia da minha boca para ela.

— Não posso sair com o seu escolhido porque já tenho


namorados em São Paulo.

— Namorados? Eu entendi bem o que você falou? —

Horrorizada e surpresa, minha mãe se aproxima ainda mais de mim

com os punhos cerrados. Embora queira me encolher, permaneço


inerte, incapaz de mexer um músculo sequer do meu corpo.

— Entendeu perfeitamente bem. Conheci dois homens e

estou me relacionando com eles — mal termino de falar quando a


mão da minha mãe voa direto no meu rosto. Ela me agride com

tanta força que fico tonta ao sentir o gosto metálico de sangue

dentro da minha boca.

— Você se tornou uma vagabunda, Amora? O que


aconteceu com a minha filhinha? — Ela se pergunta, chorando de

decepção e de raiva. Então, perdendo o controle de vez, a mulher

empurra as minhas costas contra o colchão e começa a me dar uma

surra. Ela nunca tinha levantado a mão para mim.

Incapaz de reagir contra a minha própria mãe, apenas

suporto a sua fúria agressiva enquanto desfere tapas e até socos

em outras partes do meu corpo que suas mãos conseguem tocar.


Ela só para quando é impedida pelo meu pai que entra no meu

quarto e a puxa de cima de mim sem entender nada.

— Posso saber o que está acontecendo aqui? O que deu

em você, Gerusa? Iria matar a nossa filha?

— Essa aberração não é minha filha — muito mais do

que a surra que acabei de levar, suas palavras me ferem

profundamente. — Eu quero que você pegue suas coisas e saia da


minha casa imediatamente.
— Filha... — a voz amorosa e preocupada do meu pai me

faz chorar ainda mais, mas não respondo. Sinto-me ferida e


envergonhada demais para fazer qualquer coisa que não seja

chorar.

Antes que Jorge tenha a chance de entender por si

mesmo o que está acontecendo, ela o puxa para fora do quarto e


me deixa sozinha.

Com as mãos tremendo, começo a juntar os meus

pertences. Machucada, sozinha e puxando com dificuldade a minha


mala de rodinhas, deixo a casa dos meus pais menos de vinte

minutos depois. Como a rua está muito movimentada, várias

pessoas presenciam a minha aparência e a forma como estou

saindo da cidade, mas a verdade é que não consigo me importar.


Tudo o que quero fazer agora é chorar e lamber minhas próprias

feridas.

Sabia que perderia algo se ousasse ser eu mesma e

desafiasse os planos que os meus pais haviam feito para mim.


Sabia que só teria duas escolhas e que qualquer uma delas me faria

perder os meus pais ou os homens por quem estou apaixonada.

Sim, estou louca e completamente apaixonada por eles. Se não


estivesse, não sentiria que mesmo quebrada ainda tenho algo de

bom na vida.

Sempre soube que não teria como acabar de outra forma

e foi justamente por isso que decidi que não contaria para os meus
pais a respeito deles. Frustrei os meus planos em um momento de

desespero e esgotamento mental, mas talvez tenha sido melhor

assim. Foi como arrancar um band-aid de uma vez só, embora eu

não saiba como sobreviverei a ideia de ter sido renegada pelos


meus pais.
CAPÍTULO 24

HUGO

Não faz nem um mês que a nossa garota deixou a cidade

para passar as férias com seus pais, mas o meu primo e eu


estamos agindo como se estivéssemos há uma década sem a
nossa boceta preferida, embora Amora tenha deixado de ser apenas
sexo muito bom há muito tempo. Na verdade, tratando-se de mim,

não tenho certeza se ela chegou a ser apenas sexo em algum


momento.

Agora estamos aqui, em plena noite de terça-feira,

largados no sofá com copos de uísque em nossas mãos e sem


sabermos como distrairmos as nossas mentes até que ela volte.

Após meses acostumado com a rotina da qual ela fazia

parte, a sua ausência me faz sentir que está faltando uma parte de

mim e do idiota ao meu lado.

— Eu amo aquela garota — um pouco feliz por causa da

bebida, olho em direção ao Luca e finalmente confesso o que não

queria dizer nem para mim mesmo, apesar de estar guardando o


sentimento há um bom tempo. — Estou insana e completamente

apaixonado por ela. Sinto que não importa quem ou o que eu tenha
que destruir, porque farei o que for preciso para ficar com Amora.

Depois de finalmente falar, a sensação é de ter o peso de

cem quilos retirados de cima dos meus ombros. O amor e a paixão

que estavam guardados me sufocavam. Se for sincero comigo, terei


que admitir que os meus sentimentos se tornaram mais profundos e

irrevogáveis em Gramado. Fui feliz com ela como nunca havia sido

naqueles dois dias e soube que jamais a deixaria ir, mesmo que de
forma inconsciente.

Mesmo mais leve por ter confessado para o Luca, sei que

só me sentirei cem por cento em paz quando me declarar para a


principal interessada.

Apesar da Amora ser transparente quanto as suas

emoções e de eu suspeitar dos seus sentimentos por nós dois,


preciso ouvi-la dizendo com todas as letras que nos ama para

acreditar que nada poderá a tirar de nós.

— Óbvio que a ama. Na verdade, soube antes que você

se desse conta disso.

Era tão óbvio assim?


Como não seria se flertei com a garota na frente de toda
a turma no segundo em que a vi na minha frente pela primeira vez?

— E quanto a você, o que me diz?

— Não sou você, primo. Não estou pronto para falar dos

meus sentimentos — Luca afirma e me sinto satisfeito, porque ele


fez um grande progresso. Se fosse antes, negaria suas emoções. —

Mas não posso negar que também estou morrendo de saudade

daquela loirinha fogosa.

— Como não sentir falta da expressão engraçada que ela

faz quando fica em dúvida de qual cama dormir? — comento


divertido.

— No final, Amora sempre deixa a escolha nas nossas

mãos, já que é incapaz de decidir entre nós — Luca fala e sorri.

— Nós sabemos que ela não precisa decidir, não é? —


eu faço o questionamento, ergo o meu copo e ofereço um brinde ao

meu primo.

Antes que os nossos copos se toquem, o som da

campainha interrompe a conversa. Como não estamos esperando

ninguém, ficamos indecisos se atendemos ou não a pessoa que

veio sem avisar, mas eu me levanto e vou até a porta.


Ao aproximar o rosto do olho mágico, sinto o chão sumir

debaixo dos meus pés quando vejo o estado em que a minha


mulher está.

LUCA

Enquanto o Hugo ajuda Amora a sentar-se no sofá,

caminho de um lado para o outro com os punhos cerrados tentando


conter a minha fúria, porque simplesmente não consigo lidar com o

fato de ela estar machucada.

Alguém desferiu tapas no seu rosto, arranhou sua pele e

deixou algumas marcas roxas nos braços e pernas. Alguém que


não tem amor pela própria vida a fez chorar e não posso ver as

lágrimas de uma garota que está sempre sorrindo, mesmo quando


seus dias se tornam difíceis demais.

No meu limite, aproximo-me, sento-me do seu lado


esquerdo no sofá e falo: — O nome, só preciso que você me diga o
nome.

Preciso de uma válvula de escape para descontar a

minha fúria. Nenhum ser humano merece ser agredido desta forma,
muito menos minha garota. Porra!
— Foi a minha mãe — ela fala e vira o rosto machucado

para mim.

Além das feridas causadas pelo espancamento, sua


expressão não esconde a tristeza profunda e menos ainda o
cansaço. Não imagino como o voo deve ter sido infernal.

— A sua mãe? — pergunto surpreso, porque esperava


tudo, menos isso. Amora balança a cabeça confirmando, olha de

mim para o Hugo e volta a chorar copiosamente.

Sem a pressionar para nos dizer o que aconteceu, o meu

primo e eu primo esperamos pelo seu tempo. Imagino que seja


difícil para ele tanto quanto é para mim se conter, mas nós dois

sabemos como lidar com a nossa garota. Sabemos do que ela


precisa e do que não precisa que façamos agora.

Minutos depois, após puxar uma longa respiração e secar


as últimas lágrimas, nossa loirinha começa a falar e me deixa mais
puto a cada palavra que sai da sua boca.

Mais machucada por dentro do que por fora, Amora conta

com detalhes como foram os dias em que ficou na sua cidade natal
e não posso deixar de me perguntar que tipo de pessoa é a sua
mãe. Ela não deveria ser mãe, deveria?
Tudo bem que não tenho um bom exemplo com a minha
própria mãe, mas ela nunca fez nada alegando que era por amor.
Na verdade, suas brigas com o meu pai e a forma como falava mal

dele para mim eram consequências do seu narcisismo. Ela se


amava acima de tudo, até mesmo de mim.

De forma nada surpreendente, porque ela é assim, minha


princesa agiu com coragem e contou sobre nós três. Depois disso

foi duramente agredida e renegada pelos próprios pais. Sei que as


ações partiram da mãe, mas o seu velho não é diferente, porque

aparentemente é um idiota que não disse uma palavra e muito


menos impediu que ela saísse da forma como saiu de casa.

Sei que a sociedade como um todo tem alguns valores

intrínsecos e que não está preparada para as pessoas que fazem as


escolhas de relacionamento que fizemos, ainda assim, fico

negativamente surpreso quando situações como essa acontecem.

A mulher que se diz tão religiosa e temente a Deus tratou


a própria filha como uma criminosa e a expulsou de casa. Da minha
parte, não sei se suportaria vê-la na minha frente algum dia.

— Sinto muito, meu amor — Hugo fala e ela sorri de


forma triste para ele.
— Eu não poderia aceitar a imposição que ela estava
tentando fazer, mas também não consigo imaginar como será a
minha vida sem eles — Amora afirma e eu sinto o monstro do ciúme

rugindo dentro de mim só de pensar nela dando uma chance para


outro homem.

Amora é nossa e só o Hugo e eu podemos tocar em


qualquer parte do seu corpo. Que se fodam as pessoas que não
entendem isso, inclusive a sua mãe.

— Você tem a mim e o seu Hugo — declaro, e a garota

sorri com incredulidade. Está tão exausta psicologicamente que

duvida de tudo, até de nós três.

O meu coração dispara quando procuro os seus olhos e

percebo que não é mais tempo de fugas e que chegou a hora de

superar o medo para finalmente me entregar por inteiro para a

minha princesa perfeita e corajosa.

— Eu tenho? Porque sinto que perdi os meus pais para

poder fazer minhas próprias escolhas, mas foi principalmente por

causa da paixão que vocês despertam em mim. Fiz tudo isso em


vão? Vocês se cansarão de mim e logo me jogarão para escanteio.

O que será de mim quando não tiver mais ninguém? — Amora


desabafa, agora soluçando de tanto chorar. Eu, que nunca gostei de

demonstrações exageradas de afeto, sinto vontade de a pegar em


meus braços e acalentá-la até que pare de chorar.

Eu olho para o Hugo, ele olha para mim e balança a

cabeça discretamente, dizendo em silêncio que está na hora de

fazer a minha escolha.

— O Hugo não te deixará porque ele te ama. Eu não te

deixarei, porque também te amo como nunca amei outra mulher

— finalmente declaro e sinto como se estivesse renascendo com um


coração que bate em outra frequência. Tudo em mim se renova,

tudo por ela e para ela.

— Não, vocês não me amam — Amora se nega a

acreditar, enquanto balança a cabeça de um lado para o outro e


procura os nossos olhares em busca da verdade.

— Nós te amamos, meu amor — Hugo fala com mais

paciência e carinho e sei que ela conseguirá acreditar nele. —

Estávamos bebendo e sentindo saudades antes de você chegar.


Sentimos tanta saudade que parecia que estava faltando algo nesta

casa e em nós. Acredita que teríamos arriscado tanto se fosse

apenas por sexo?


— Amam pra valer? — volta a perguntar, agora sorrindo

entre lágrimas. A briga com seus pais dói e ainda doerá por um

tempo, mas Amora está encontrando no nosso amor uma pequena


dose de alegria no meio do sofrimento.

Hugo e eu demoramos tempo demais para dizermos as

palavras certas quando tudo o que uma garota como Amora precisa

é de segurança. A segurança que somente nós podemos dar.

Mas enquanto estivermos respirando, não será tarde


demais para fazermos a coisa certa. Agora que me entreguei, sinto

que sou capaz de tocar o céu com as minhas próprias mãos, porque

todos os medos e erros se tornam pequenos quando um amor tão


avassalador chega sem avisar e transforma o medo em coragem, o

gelo em fogo.

— Mais do que qualquer coisa — por coincidência, Hugo

e eu falamos ao mesmo tempo e ela sorri de pura satisfação.

— Eu também amo muito vocês. Estou tão apaixonada

que às vezes parece que os sentimentos me sufocam. Estava

tentando negar para mim mesma por medo da rejeição, mas tudo o
que quero agora é extravasar e mostrar todos os dias com o meu

corpo e com palavras o quanto vocês são importantes para mim.


— Se quiser, pode começar agora mesmo — Hugo fala

para provocar e tira um sorriso genuíno da nossa mulher.

AMORA

Cheguei mais cedo com a sensação de que a minha vida

estava toda errada. Estava tão desesperada que até pensei em ir

direto para o meu apartamento, mas os meus pés simplesmente me


guiaram para os braços dos meus homens.

Depois de tanta dor e de lágrimas que duraram a viagem

inteira até aqui, eles simplesmente me deram razões para um

sorriso sincero. Agora, com o coração dividido entre a dor e paixão


que arde intensamente, sinto vontade de gritar que Hugo e Luca

Ferrari são meus de verdade. Os seus corpos e os seus corações

bondosos são meus porque me amam tanto quanto os amo.

Mesmo tendo sido renegada e expulsa de casa por causa

do meu amor, sinto que valeu a pena ter escolhido gritar pela

liberdade para fazer as minhas próprias escolhas. Escolhi amar, em

vez de me casar com um rapaz escolhido pela minha mãe e estou


sendo recompensada com o amor dos dois homens que amo.

Apesar de estar machucado, meu corpo começa a reagir

às palavras de amor dos meus homens lindos que me deixam sem


fôlego.

— Eu sei que não devo pensar em...

— Você não vai — Hugo fala, antes que eu tenha a

chance de terminar a frase e Luca balança a cabeça concordando


com o primo.

— Preciso de vocês agora.

Talvez não seja exatamente a coisa certa a se fazer.

Talvez eu só esteja tentando usar o sexo como uma válvula de


escape para as minhas dores.

— Nós cuidaremos dos seus machucados e depois você

descansará, moça — o meu loiro fala, Luca me pega em seus

braços e me leva para o quarto dele.

Em silêncio, nós três tiramos as nossas roupas e

entramos no box para tomarmos banho juntos. Apesar de não

resistirem e me beijar debaixo da água, os dois se mantêm firmes

na decisão de não transarem comigo hoje.

Pela primeira vez, deito-me para dormir numa cama com

os meus dois homens. Acomodada entre eles, descanso minha


cabeça no peito do Hugo e sinto quando Luca me abraça por trás da

conchinha.

— Obrigada por existirem e por me amarem — realmente


esgotada, sussurro, mas não durmo antes de ouvi-los declararem

que também me amam.

Apesar de estar com metade do meu coração quebrado e


doendo insuportavelmente, a outra parte não poderia estar mais viva

e cheia de paixão.

Tenho ciência de que não será fácil e de que tudo mudará

agora que as declarações de amor tornaram o nosso


relacionamento mais definitivo, mas assim como enfrentei os meus

pais para estar aqui, aconchegada entre os seus corpos e sendo

plenamente amada, sou capaz de enfrentar qualquer pessoa para

viver a nossa paixão.


CAPÍTULO 25

AMORA

Voltei da minha cidade há três dias e estou há três dias

implorando em vão por sexo, porque meus namorados cuidadosos


disseram que só ficariam comigo quando eu estivesse bem. Hoje
finalmente estou acordando sentindo prazer.

— Continue, estou perto de gozar — sussurro com a voz

um pouco rouca tanto por ter acabado de despertar quanto pelo


tesão.

— Abra mais as pernas, princesa — Luca pede com a

cabeça entre as minhas pernas e a boca na minha boceta.

No meu limite, puxo seus fios escuros e rebolo no seu


rosto, obrigando-o a dar-me tudo o que quero.

— Goze para mim — meu homem fala e começa a enfiar

dois dedos dentro dos meus lábios vaginais. O moreno faz

movimentos de entra e sai e não para até levar-me ao orgasmo


intenso. Grito seu nome tão alto que poderia incomodar os vizinhos

do apartamento de cima se eles não morassem na cobertura.


Quando meu corpo para de sofrer espasmos e finalmente

relaxo sobre a cama, abro um sorriso lânguido e recebo o meu


homem gostoso em cima de mim. Com a cabeça enfiada entre o

meu pescoço e ombro, Luca veste o preservativo rapidamente e me

penetra.

Do seu jeito controlado, ele mete de forma cadenciada e,


aos poucos, começa a acelerar as penetrações, me comendo até se

perder no prazer e gozar dentro de mim. O seu rugido me faz gritar

e gozar novamente.

— Bom dia, querido. Onde está o Hugo? Senti falta dele

aqui na cama com a gente — declaro.

Embora também façamos sexo separados, é

especialmente prazeroso quando os dois me comem ao mesmo

tempo. Amo ter quatro mãos, duas bocas e dois paus me tocando.

— Ele se levantou antes para preparar o seu café da


manhã e pediu para que eu te despertasse do jeito que você gosta

— declara ao sair de cima de mim, me pegar em seus braços e me

levar para tomarmos banho.

Os últimos três dias, apesar de eu ter me sentido

angustiada em alguns momentos por não ter recebido nenhuma


notícia de casa, foram os mais felizes da minha vida e sinto que só
não estou completa porque perdi as únicas pessoas que amava

verdadeiramente antes do Luca e do Hugo chegarem.

Depois que cheguei aqui completamente quebrada e

arrastando uma mala, não voltei mais a colocar os meus pés no

meu próprio apartamento. Não posso negar que tem sido perfeito
passar os dias ao lado dos meus namorados sem me preocupar

com a hora de ir embora, mas nós não falamos a respeito do

assunto e estou começando a me questionar se não me tornei um

incômodo de certa forma. Talvez eles queiram que eu volte para o

meu lugar.

Melhor do que estar aqui fisicamente é poder dividir a


cama com os dois todas as noites. É algo tão natural que tudo me

leva a acreditar que só precisávamos ser sinceros quanto aos

nossos sentimentos para que isso acontecesse. Todos os dias antes

de dormir, Hugo e Luca me amam até o esgotamento e então me

abraçam de forma protetora durante a noite inteira.

Quando amanhece, tomamos café da manhã juntos e

depois eles saem para trabalhar. Fico em casa apenas curtindo as

minhas férias e os esperando. Depois da forma como a minha ida a


Roda Velha terminou, ainda não tive coragem de sair daqui e

ninguém, nem mesmo a minha melhor amiga, sabe que voltei de


viagem.

Tudo bem que tenho sido feliz com eles, mas os meus
problemas familiares mostram que a vida não é um conto de fadas e

que nós três temos que conversar para resolvermos as nossas


vidas.

— Você está distante, meu amor. Aconteceu alguma

coisa? — Hugo pergunta, ao tomar um gole do seu café preto e


amargo.

— Os mesmos problemas de sempre — declaro e ele

arqueia a sobrancelha, porque me conhece e suspeita que tem algo


a mais me incomodando. — Também coloquei na minha cabeça que

não podemos continuar fingindo que a vida só existe aqui dentro.


— O que quer dizer com isso? Aposto que está se

preocupando demais. É sua cara fazer isso — Luca aponta.

— Precisamos falar sobre como será a nossa situação na


universidade daqui por diante. Sei que não podemos sair
escancarando o relacionamento e que as pessoas não entenderiam,

mas também não quero viver cem por cento escondida como se
estivéssemos cometendo um crime por nos amarmos.

— Você está certa — o loiro afirma e troca um olhar com


o primo.

— Vocês estão me escondendo alguma coisa?

— O Luca e eu conversamos e chegamos à conclusão de

que, se iremos mesmo nos relacionar seriamente, você precisará


deixar a universidade.

— Nem pensem nisso! Lutei muito para conseguir a bolsa


de estudos e não posso simplesmente desistir agora.

Eles só podem estar de brincadeira!

— Calma, querida. Deixe-o terminar de explicar.

— Você não sairá da universidade diretamente, só será


transferida para o polo da cidade vizinha. Desta forma, ficaremos
assegurados de que o nosso relacionamento não prejudicará
nenhum de nós três, considerando que o grande problema aqui é o
fato de sermos seus professores e seus namorados.

— Sendo assim, posso aceitar — digo aliviada por

perceber que a solução deles é bastante razoável e viável.

Sempre foi uma opção, e acredito que nunca fizemos


nada a respeito porque nenhum de nós acreditava que o

relacionamento se tornaria sério a ponto de precisarmos tomar uma


atitude. De maneira ilógica, estávamos seguros de que nos

separaríamos antes de sermos pegos em um escândalo.

Acima da incredulidade, cada um de nós tinha motivos

para tentar manter o coração fora da equação, mas parece que


aprendemos que o amor não é uma escolha.

— Tem algo a mais incomodando essa sua cabecinha


loira e linda? — Luca questiona, ao curvar o corpo na direção do
meu e morder o meu lábio inferior de um jeito safado que faz meu

sexo apertar.

— Acho que está na hora de eu voltar para casa.

— Pensei que os últimos três dias tivessem deixado

claro que aqui é a sua casa — Hugo diz, ao dar de ombro.


— Não conversamos sobre isso — reclamo.

— Não há motivo para uma conversa, princesa. Você

quer continuar morando naquele cubículo quando tem espaço


suficiente no apartamento dos seus namorados? — Luca endossa

as palavras do primo.

— Então é isso. Estamos juntos há três dias e venho

morar com vocês. Não estamos indo rápido demais?

— Três dias, Amora? Você tem certeza? Até onde me


lembro, falamos a respeito dos nossos sentimentos há três dias,

mas estamos te comendo sem cessar há semanas — Hugo fala e

eu fico acanhada. — Mas estamos te dando uma escolha neste


exato momento. Se não quiser morar com a gente, ou se acredita

que está indo rápido demais, você tem a opção de ficar no seu

próprio apartamento. Sempre terá opções, amor.

— Só não quero incomodar — declaro. A verdade é que


não imaginei que fossem querer que eu morasse aqui, mas estou

com muita vontade de fazer isso.

— Você incomodará se não estiver ao alcance das

nossas mãos sempre que te quisermos — Luca fala e me faz soltar


uma risadinha.
— Então querem mesmo que eu venha morar com

vocês? A minha mãe teria uma síncope se... — começo a falar, mas
engulo em seco quando lembro de como está a nossa relação ou a

falta de uma depois do que aconteceu.

— Esqueça-os por enquanto e dê tempo ao tempo, meu

amor. Embora tenham agido mal com você, eles sempre serão seus
pais — mais maleável do que o primo, Hugo diz. — Quando

estiverem preparados, eles perceberão que foram injustos, pois

sempre serão sua família, independentemente das escolhas com as


quais não concordam.

— Eu te amo. Você sempre tem as melhores palavras

para dizer no momento certo — declaro.

— Eu tenho, é? Então me mostre o quanto você é grata.

— Se quiser uma amostra, terá que vir me pegar. — Ao

dar o café da manhã por terminado, saio correndo da cozinha. —

Isso serve para você também, Luca — digo quando chego à sala.

Com seus passos enormes, Hugo chega até mim em dois


tempos e me agarra por trás enquanto seu primo se posta na minha

frente. Eles me pressionam entre seus corpos como se eu fosse a

salsicha e eles os pães de um sanduíche.


— Estão tentando me intimidar? — provoco ao esfregar a

bunda contra o pau do Hugo e passar a mão na frente da calça do

Luca.

— Eu tenho certeza de que a garota que dá a boceta


para nós dois não se intimida tão facilmente — Luca fala quando tira

sua camisa do meu corpo e me deixa completamente nua. Desde

que comecei a ficar mais tempo com eles, passei a dispensar o uso

excessivo de roupas.

— Vocês dois pretendem me comer agora ou terei que

resolver o meu problema sozinha? — digo para tentá-los mais um

pouco e os ajudo a se livrarem das próprias roupas.

— Você se arrependerá dessas palavras, garota — Hugo


fala ao me pegar em seus braços e envolver minhas pernas na sua

cintura fina.

Então ele me beija de um jeito que me deixa quente muito


rapidamente, enquanto seu primo começa a brincar com a minha

bunda com seu dedo médio e o indicador por trás.

Em pé no meio da sala entre os corpos de dois homens,

não consigo ouvir outros sons além dos meus gemidos e o ofegar
de prazer que ambos deixam escapar enquanto me beijam e me
tocam com mãos e dedos, deixando-me mais do que pronta para os

levar na minha boceta e no meu cuzinho.

Quando beijos e toques não são mais o suficiente, coloco

a mão entre os nossos corpos, pego o membro do Hugo e deixo na

entrada da minha boceta. Em pé como estamos, o sinto penetrando

centímetro a centímetro até ficar inteiro dentro de mim.

Perco-me no prazer de ser possuída por um dos homens

que amo, mas rapidamente sinto falta do outro e peço para que

penetre a minha bunda. Agora sendo devorada pelos dois amores


da minha vida, que entram e saem judiando de mim do jeito que nós

três apreciamos, sinto-me inteiramente completa e apaixonada.

A vida é e sempre será um desafio. Muitos problemas

surgirão no meu caminho, mas tenho certeza de que será mais fácil
ao lado dos homens da minha vida, porque nenhum problema é

grande demais quando os tenho segurando a minha mão e olhando-

me com os seus olhos apaixonados que dizem que fariam qualquer

coisa por mim.


CAPÍTULO 26

HUGO

CINCO MESES DEPOIS

Apenas observo e espero enquanto a minha garota senta


no pau do Luca. Não consigo tirar os olhos da sua bunda perfeita,
assim como não posso deixar de me masturbar para ela.

A cena me excita de uma forma que o sexo com outras

mulheres não conseguiu pelo simples fato de amar ver minha


mulher sentindo prazer e sendo devorada pelo seu outro homem,
mas sei que só me sinto assim porque ele é meu primo e eu o amo.

Luca a ama e é amado por ela de volta. Está tudo perfeito.

O fato de nós três termos nos declarado há cinco meses


foi um divisor de águas na relação que vínhamos construindo

degrau por degrau. Eu já estava muito apaixonado por ela, embora

tivesse certeza de que não conseguiríamos ficar juntos da forma


que gostaríamos. Existiam muitos impedimentos, mas a forma como

temos conseguido remediar cada um deles para ficarmos juntos

serve para mostrar que nenhum de nós de fato estava disposto a


lutar pelo nosso amor antes, não até ele ser jogado em nossos

rostos de maneira irremediável.

Quando simplesmente dissemos que a amávamos e


ouvimos a mesma declaração de volta, logo depois de Amora provar

o seu amor ao enfrentar os pais por nós, tudo o que parecia

impossível se tornou possível.

Faz cinco meses que vivemos assim: livres para nos

amarmos com nossas mentes, corpos, almas e corações. Livres

para nos entregarmos e fodermos até não aguentarmos mais.

Depois que apresentamos a solução para a Amora, Luca

e eu começamos os trâmites para transferi-la da universidade.


Agora ela cursa direito no polo da cidade vizinha e está totalmente

adaptada aos novos professores e ao novo horário, considerando

que agora estuda na parte da manhã. A loira teve que deixar o

emprego de garçonete e foi um custo a convencer de que somos


seus homens e temos o direito de mimá-la. Amora ainda reclama,

mas tem nos permitido sustentá-la. Ela gosta de dizer que é

temporário e está até mesmo procurando um estágio na área de

direito.
É claro que o meu primo e eu sentimos falta de tê-la em
nossas aulas todos os dias, mas sabemos que foi a melhor decisão

por um bem maior.

Como não gostamos que Amora fique esperando em

pontos de ônibus, nós dois nos revezamos durante a semana para a

levar e trazer da universidade. Embora tenha mudado algo para o


Luca e eu, o fato de uma das nossas alunas ter sido transferida sem

uma grande justificativa passou batido para os outros professores e

o coordenador do curso de direito, afinal, até onde todos sabiam,

Amora era apenas uma aluna como qualquer outra.

Então o tempo começou a correr, conhecidos começaram

a me ver em público com a minha ex-aluna e rapidamente ficou


claro o motivo da sua transferência. Mas o burburinho realmente

aumentou quando tanto o Luca quanto eu aparecemos ao lado da

Amora em eventos importantes, juntos e separadamente. Meses

depois, ninguém sabe ao certo se ela está namorando com ele,

comigo ou conosco dois, até porque, não passou pela nossa cabeça

subirmos em um palco para contarmos que somos um trio.

Para o bem da nossa saúde mental e da nossa felicidade,

deixamos que as pessoas façam suas especulações e que cheguem


às conclusões que quiserem chegar.

A nossa namorada parece quase completamente feliz,

mas o rompimento com os pais ainda é algo doloroso para ela e

sempre será se não fizermos alguma coisa.

Apesar de não suportar a sua mãe e de sentir que jamais

terei qualquer admiração por ela depois do que fez com a própria
filha, amo Amora demais para continuar permitindo que se sinta

infeliz. Foi em nome deste amor que conversei com o Luca e juntos
decidimos tentar unir a família novamente. Como um bom
advogado, ele deu um jeito de conseguir o número do telefone da

casa dela na cidade do interior e entrou em contato com o seu pai.


Por incrível que pareça, ele mostrou-se mais sensato e menos

cabeça dura do que a esposa.

Temos mantido contato com o senhor frequentemente,


apesar de ele ter optado por fingir que não somos os namorados da
sua filha e agora nos tratam como amigos dela. Mesmo que me

custe, respeito sua decisão, pois pelo menos o homem está


disposto a fazer as pazes com Amora e convencer sua esposa a

fazer o mesmo.
Não tem sido nada fácil, mas tanto eu quanto o Luca

sabemos ser pacientes e sábios quando é necessário e estamos


tentando o fazer entender que, apesar de não apoiar e não

concordar com as escolhas da filha, Amora sempre será uma parte


dele. Insistimos com Jorge, porque sabemos que ele passará o

recado para a esposa e colocará a ideia na sua cabeça.

Ontem pela manhã, enquanto a nossa mulher estava na

aula, recebemos uma ligação de Roda Velha e ouvimos uma boa


notícia. Notícia que nos deixou excitados e cheios de boas

expectativas.

Hoje minha loirinha acordou cheia de tesão e agora está


transando como uma louca e sem fazer ideia da surpresa que terá

muito em breve. Uma boa surpresa, é o que eu espero.

— Onde estão os seus pensamentos? — minha mulher


pergunta, agora parada na minha frente toda descabelada. Ela
nunca esteve tão linda.

— Em você — digo.

— Tem certeza? Você parecia preocupado, meu amor —


ela fala toda maliciosa e gostosa, ao apoiar as duas mãozinhas
pequenas nos meus ombros e subir em cima das minhas pernas.
No sofá da frente, Luca fica apenas nos olhando com um sorriso
satisfeito no rosto por ter comido nossa mulher.

— Estava me perguntando quanto tempo levaria para


você se cansar dele e vir foder com o seu macho.

— A espera acabou, amor. Estou aqui para você agora —


Sendo a ótima aluna que aprendeu muito rapidamente sobre como
dar e receber prazer para nós dois, Amora pega o meu membro

duro e coberto com um preservativo. Sem mais provocações, o


coloca dentro da sua bocetinha apertada e melada.

Quando minha mulher começa a sentar no meu pau, sinto


o meu peito e meu corpo arderem de tesão e amor. Então perco o

controle quando seguro sua cintura com firmeza, inverto as nossas


posições e a deito de costas no sofá.

Entre as pernas macias, começo a meter o pau na sua


boceta sem parar. Ouço-a gritar o meu nome e implorar para que eu
soque com mais força, para que não pare nunca mais.

— Não pararei, porque você é minha — falo de maneira

possessiva, sentindo meu peito arder com tanto amor que ele
poderia simplesmente explodir agora, enquanto penetro-a até levar-

nos ao orgasmo.
Mesmo quando o suor seca e Amora deita o corpo suado
no meu, ainda continuo a abraçando com força, simplesmente
porque não posso soltá-la agora. Não posso soltá-la nunca. O seu

lugar é nos meus braços e eu soube praticamente desde o primeiro


momento que jamais a deixaria ir, embora tenha tentado negar.

Acima de tudo, sei que não permitirei que atrapalhem a nossa


felicidade.

Depois de tomarmos um banho a três, algo que gostamos


de fazer quando a compartilhamos durante o sexo, Luca e eu

saímos para trabalhar na parte da tarde. Quando voltamos para a

casa, primeiro ele e depois eu, pedimos para que Amora peça um
jantar especial, mas não contamos a razão.

Ela fica um pouco desconfiada e até desconfortável,

porque não pode deixar de lembrar de como acabou o último jantar


especial do qual participou. Mas nossa garota confia em nós, pede o

jantar e escolhe uma de suas melhores roupas para a noite.

Quando ela chega à sala, Luca e eu também já estamos

prontos e vestidos para darmos o seu presente especial. A loira não

consegue esconder a curiosidade e ansiedade, então pego-a em

meus braços e a sento em cima das minhas pernas para


esperarmos os meus sogros chegarem.

Quando a campainha toca, ela olha para mim e depois

para o Luca sem entender nada, mas se poupa de fazer perguntas.


Assim que o meu primo abre a porta e nossa mulher dá de cara com

seus pais, ela pula das minhas pernas e, como se estivesse vendo

dois fantasmas na sua frente, empalidece no mesmo instante.

Ela realmente não os esperava. Não sabe o que dizer ou


como reagir agora que estão aqui. Mas dou crédito a ela, porque os

senhores estão se comportando da mesma forma. Eles ficam

desconfortáveis quando olham de mim para o Luca, é quase como

se fôssemos dois diabos encarnados. Imagino que realmente


sejamos para eles, já que desviamos a garota do bom caminho e a

tornamos uma pecadora.


— Que bom que os senhores puderam vir — com um

sorriso forçado, é Luca quem primeiro se aproxima e os

cumprimenta com apertos de mãos. Como se estivessem com


dúvidas se podem confiar no meu primo, eles o encaram por um

tempo.

Os meus sogros reagem da mesma forma quando é a

minha vez, mas suas expressões ficam menos pesadas. Ao

contrário do Luca, consigo esboçar um sorriso sem fazer parecer


que os quero fora da minha casa neste exato momento.

Eu gostaria que esses dois radicais estivessem aqui?

Com certeza não. Mas eles são os pais da minha namorada e tanto
eu quanto o Luca teremos que nos acostumar com eles nas nossas

vidas.

Quando saímos do caminho, os pais da Amora a fitam

como se estivessem vendo a filha pela primeira vez e ela não faz
diferente deles. Parece passar uma vida até que, de uma forma que

nem mesmo a garota estava esperando, a senhora baixinha corta a

distância entre elas e simplesmente abraça a filha apertado com


lágrimas nos olhos.
Liberando todas as emoções que vinha guardando, a loira

chora copiosamente nos braços da mãe e começa a pedir


desculpas. Da mesma forma, a senhora também se desculpa com a

filha por ter dado uma surra e por ter a expulsado de casa da forma

como fez.

— Você sabe que é o maior orgulho da minha vida, não


sabe? — Minha sogra fala de um jeito carinhoso enquanto seca as

lágrimas da minha mulher, que balança a cabeça afirmando que

sabe. — Preciso que você entenda que mesmo sendo muito difícil
de aceitar as escolhas que você fez, nada mudará o fato de eu ser

sua mãe e te amar com a minha vida.

— Eu sei, mamãe. Não pedirei desculpa por ter feito o

meu próprio caminho, mas quero que me perdoe por ter


decepcionado a senhora, por não ter conseguido ser a filha que

esperava.

— Amora, você é a filha que eu esperava nas partes que

mais importam — ela fala sorrindo entre lágrimas e só então olha


para mim e para o Luca. É como se estivesse nos vendo só agora.

— Quanto aos seus amigos, eles são muito bonitos e o apartamento


é maravilhoso. Acho que vi algo parecido em uma das novelas que

assisto.

— Eles não são... — Amora tenta corrigir, mas a senhora

não deixa e continua tagarelando sobre o apartamento.

Depois que tem o seu momento de perdão com a mãe,

Amora recebe o abraço do pai, um homem sério que peca sempre

que deixa o controle e as decisões importantes nas mãos da

esposa. Mas não há dúvida de que ele ama a filha, apesar de


também não concordar com suas decisões. A verdade é que o

homem é o grande responsável por elas estarem fazendo as pazes.

Durante o jantar surpreendentemente leve, fica claro para

mim e para o Luca que os nossos sogros são cabeças-duras demais


para cederem. Já sabemos que por um bom tempo, quiçá durante a

vida inteira, nos tratarão como apenas amigos da nossa garota.

Para mim está tudo bem, desde que continuem sendo os


pais da minha mulher e que façam parte da sua vida da forma que

ela deseja. Sei que Amora vive bem aqui e até prefere o fato de

morarem em outra cidade, longe o suficiente para não conseguirem

a controlar, mas ela precisa sentir que tem os pais na sua vida e que
é amada por eles.
O jantar não foi por outro motivo além do nosso desejo de

tirar o rastro de tristeza do olhar da mulher que amamos e ela


agradece da melhor forma quando se deita nos nossos braços no

final da noite, depois que seus pais se despedem com a promessa

de que farão visitas de vez em quando.

Amora simplesmente não se cansa de agradecer. Faz


isso porque ainda não entendeu inteiramente que os dois homens

da sua vida são capazes de fazerem qualquer coisa por ela. Gestos

inimagináveis para fazê-la uma mulher feliz, completa e realizada. É

isso que uma garota especial como Amora de Moraes merece. A


minha Amora, o amor da minha vida. A pessoa que nasceu para ser

minha e do meu melhor amigo.


EPÍLOGO

AMORA

QUATRO ANOS DEPOIS

— É com muita honra que convido os formandos da


turma de direito para receberem os cumprimentos e o diploma das
mãos dos nossos professores e coordenadores, Luca e Hugo
Ferrari.

Vestida com a minha toga, uma beca e um sorriso amplo


no rosto, espero com expectativa para que chegue a minha vez de ir
até eles. São tantas emoções neste momento que precisaria de

horas para narrar o porquê de eu estar me sentindo a mulher mais


realizada do mundo.

As turmas dos polos das outras cidades foram

convidadas para realizarem suas cerimônias de colação aqui na

sede, é somente por isso que estou me sentindo privilegiada ao lado


dos meus amores e dos meus pais, que assistem tudo cheios de

orgulho no auditório. Vanessa também veio, porque a minha melhor

amiga em todos esses anos não poderia faltar.


Ao lado das pessoas que mais amo em um momento de

grande realização, sinto que não me falta nada. Muito pelo contrário,
tenho o que a maior parte das pessoas passam a vida perseguindo.

Desde o dia em que coloquei os meus pés em São Paulo,

que olhei para dentro de mim mesma e vi que precisava aprender a

andar com minhas próprias pernas e tomar decisões pensando na


minha felicidade, nunca mais fui infeliz, não de verdade ou por muito

tempo. Minha sorte realmente ficou escancarada quando amei e fui

amada pelos homens da minha vida.

Aconteceu há mais de cinco anos e todos os dias

lembro-me de ser grata por ter tido coragem para seguir em frente.

Eu estava com medo, mas fui com medo. Eu me sentia culpada,


mas fui sentindo culpa. Não queria decepcionar os meus pais, mas

essa vontade não me impediu de me apaixonar e de viver o amor

em sua plenitude ao lado do Luca e do Hugo Ferrari.

Como recompensa pela minha fé e coragem, a vida me

devolveu com muitos momentos bons, uma vida tão perfeita que até

os momentos ruins se tornam experiências pálidas se comparadas a

tudo o que ganhei até aqui.


Depois que fiz as pazes com os meus pais e comigo
mesma por nunca ter me arrependido dos passos que dei, senti-me

mais leve e incrivelmente aberta para tudo o que poderia viver. Eu

também me senti corajosa, uma coragem que não me abandonou

nos últimos anos.

Ao lado dos meus namorados, os homens mais belos,


quentes e amorosos que eu poderia desejar, fui feliz e fiz feliz. Amei

e fui amada.

Hugo, Luca e eu tivemos um namoro de dois anos,

contados a partir da noite em que declaramos o nosso amor. No dia

do aniversário de dois anos, depois de um jantar que preparamos

para comemorarmos, ambos me levaram até a varanda do nosso


apartamento, se ajoelharam como perfeitos cavalheiros aos meus

pés e me pediram em casamento.

Do jeito mais romântico do mundo, ambos fizeram

declarações de amor e me entregaram o anel que tinha tudo a ver


comigo. Cravado em diamantes, o seu aro imitava o desenho de

três corações entrelaçados e o significado me levou às lágrimas. O

anel nunca saiu do meu dedo e não pretendo o tirar.


É claro que eu disse sim, então me tornei noiva do Hugo

e Luca Ferrari. Quando dividi a boa notícia com os meus pais, eles
simplesmente ignoraram a minha felicidade e continuam tratando os

dois como meus amigos.

Sentia-me decepcionada no início, tanto que sonhava

com a completa aceitação deles, mas o tempo e a maturidade me


fizeram entender que eu teria que aceitar e respeitar as escolhas

dos meus pais, assim como eles aceitaram a minha de certa forma,
embora vivam com o medo de alguém de Roda Velha descobrir que

a garota exemplar tem dois homens.

Hoje vejo que jamais será fácil para eles entenderem o


nosso amor. Então meus pais são pessoas religiosas que em nome

da fé que proferem condenam o que estou fazendo, mas são a


minha família e nós nos entendemos quanto a isso.

Contento-me com o que recebo e sinto que é o suficiente


saber que me perdoaram e que me amam, apesar de condenarem o

meu relacionamento com o Hugo e o Luca.

Na família deles a situação não é muito diferente. Embora

sejam pessoas viajadas e liberais, não conseguem engolir o fato de


os dois primos terem escolhido ficar com a mesma mulher.
Felizmente, embora saiba que amam seus pais e o resto da família,

meus amores não são tão próximos deles e não tenho que conviver
com todos por mais tempo do que gostaria.

Para quem vê de fora, tudo parece mais fácil e até


mesmo excitante. Sob o ponto de vista de quem não tem nada a ver

com a nossa vida, Hugo e Luca são apenas belos homens ricos e
excêntricos com gostos peculiares quando o assunto é

relacionamento. Eu, por outro lado, sou a sortuda que conseguiu


fisgar de uma única vez os homens mais cobiçados do Estado de

São Paulo. Para as mentes maldosas, sou uma caçadora de


fortunas que deu o duplo golpe do baú.

Depois de tanto tempo, não tenho qualquer pudor na hora

de aparecer em público com Hugo, com Luca ou com os dois ao


mesmo tempo. Não me importo com o que possam pensar a

respeito da minha relação com os primos Ferrari, porque apenas


nós três sabemos da nossa amizade, amor, cumplicidade e paixão.

Depois de um ano de noivado, me casei com os meus


amores em uma cerimônia simbólica em Gramado. Pois é, tinha que

ser em Gramado, porque Hugo cumpriu a sua promessa de


voltarmos outras vezes. A diferença é que fomos os três juntos nas
viagens para um lugar que também se tornou especial para o Luca.

Hugo passou a acreditar nas superstições relacionadas à


fonte e há um cadeado com os nomes de nós três gravados dentro

de um pequeno coração vermelho.

— Amora de Moraes. — Ouço meu nome e, exultante de


felicidade, subo no palco. Sou cumprimentada por uma fileira de

professores até chegar a vez dos meus maridos, que sorriem para
mim com algo diferente da forma como sorriram para os outros

alunos. Eles não precisam mais fingir que sou apenas mais uma
entre muitos.

Luca entrega o canudo que simboliza meu diploma.


Também é ele que segura a minha mão e de maneira ousada, sem

se importar com quem está nos assistindo, beija demoradamente a


palma.

Quando dou um passo para o lado e paro na frente do

meu loiro que sempre será quente como o sol em dias de verão, ele
vai além, enlaça minha cintura e me beija de leve na boca. Aturdida,

mas sentindo borboletas no estômago, ouço a plateia reagir com


palmas e assovios frenéticos, pois a cena fugiu completamente da
formalidade da cerimônia.

— Quando chegarmos em casa, a festa realmente


começará, amor — Hugo fala alto para apenas eu e meu outro

marido escutarmos.

— Estou ansiosa — declaro e sigo o meu caminho,

sentindo meu coração disparado no peito, porque amar e ser amada


por eles sempre trará a sensação de primeira vez.

Quando desço do palco, fico ao lado dos outros alunos

até que todos sejam chamados. Em seguida, Luca faz um discurso

inspirador e termina a cerimônia de colação de grau.

Depois de alguns minutos, meus maridos me levam junto

com os meus pais e minha melhor amiga para o salão onde

acontecerá o baile.

Cinco minutos depois da nossa chegada, os mais velhos


(meus pais) e os mais gostosos (meus maridos) se sentam e eu sou

puxada pela Vanessa para a pista de dança. Ela se formou em

engenharia e hoje trabalha em um escritório renomado. Quanto à

parte de relacionamentos, a doida está transando com o chefe, mas


é apenas um caso sem compromisso, segundo ela. Tento não me
meter, porque Vanessa é grandinha e sabe o que está fazendo, mas

fico louca para dizer que em breve estará casada com tal chefe ou
com o coração partido ao meio. Em casos como o dela não existe

meio-termo e sou a prova viva disso

— Qual foi a sensação de receber o diploma das mãos

dos seus maridos, que também são os homens mais gostosos e


belos de São Paulo?

— Tenho que confessar que me senti especialmente feliz

e excitada, principalmente quando Hugo fez promessas sacanas no


meu ouvido.

— Você bem que poderia filmar uma foda com os dois e

me mandar.

— Vai sonhando — digo sorrindo, não levando a sério sua


curiosidade mórbida. Sempre que Vanessa vem com a sugestão,

peço para ela abrir o notebook e assistir um filme pornô de dupla

penetração. Embora não seja tão escandaloso e mecânico, a

dinâmica dos nossos corpos é a mesma dos atores.

— Tudo bem, garota sortuda de dois maridos, vamos

esquecer dos seus machos e mexer os nossos esqueletos, pois


tenho certeza de que você pagou muito caro por cada convite que

comprou para este baile.

Vanessa está certa quanto ao valor, mas não gastei

muito, pois ela foi a minha única convidada além dos meus pais e
dos meus amores.

Enquanto danço com ela no meio da pista, vez ou outra

desviou o olhar em direção às mesas e vejo meus pais e os meus

maridos conversando. Eles se dão tão bem quanto meus pais se


dariam com amigos meus. Não é nisso que preferem acreditar?

Eles realmente são meus amigos, penso com malícia.

Amigos que me fodem praticamente todos os dias há anos, porque

o tempo não diminuiu o fogo da nossa paixão que parece arder cada
dia mais alto.

— Vou buscar uma bebida — falo um pouco mais alto

para que minha amiga me ouça por cima da música.

Mas é claro que não estou em busca de bebida. O que fiz


foi uma manobra para fugir dela e me encontrar com os meus

homens. Eles estão sempre prestando atenção em mim e viram o

momento em que me afastei.


Com a certeza de que me seguirão, passo pelos

convidados até chegar à sala que foi separada para as garotas


descansarem entre uma dança e outra. Dois minutos depois, meu

moreno entra e me abraça apertado, enquanto fala do quanto está

orgulhoso de mim.

— Orgulhoso? — provoco.

— Orgulhoso e excitado, porque você nunca esteve tão

gostosa — diz e, para provar sua excitação, pega minha mão e

coloca em cima da sua calça.

Quando sinto um tremor de desejo atravessar minha


espinha dorsal e parar bem no meio das minhas pernas, ouço o som

da porta sendo trancada com chave. Olho para a frente e vejo Hugo

parado, encarando-me como se quisesse me comer viva.

— Você estava maravilhosa, meu amor — ele elogia e

abraça o outro lado do meu corpo. — Com certeza era a mais

inteligente, mas também a mais gostosa de todas.

Sendo abraçada pelos meus maridos e sentindo as


evidências claras dos seus desejos, sou a mulher mais feliz do

mundo.
Embora algumas pessoas estejam começando a cobrar

filhos, nós conversamos e chegamos à conclusão de que não

queremos bebês por enquanto, porque somos egoístas demais uns

com os outros para dividirmos nossas atenções. Mas também


sabemos que seremos bons pais, que nossos filhos chegarão da

melhor forma possível e no momento certo.

Por enquanto, tudo o que eu quero é ter sucesso na

minha carreira e amar e ser amada pelos meus maridos acima de


tudo. Eles são as partes que faltavam em mim. São o meu dia e a

minha noite, o meu sol e o meu gelo.

Hugo e Luca Ferrari são os meus maiores pecados, os


pecados que não me arrependo de ter cometido, pois foi por pecar

que encontrei o meu lugar no mundo.

Se sei exatamente quem sou, é por ter amado

intensamente.

FIM
LEIA TAMBÉM
SINOPSE
“Ele faz com que eu me sinta indefesa. Tudo nele me
afasta. Tudo me atrai”

Tendo nascido com um problema na perna que torna a


sua vida mais difícil, Sofia se vê obrigada a ir morar com a tia e as
primas quando perde seu pai, a única pessoa que a amava

incondicionalmente.

Cheia de sonhos e ilusões, a garota de vinte e dois anos


conhecerá Donovan Magno, um homem frio e cruel, que é
considerado o dono de toda a região, inclusive das terras em que a

sua tia mora.

Aos trinta e seis anos, depois de ter perdido a mulher de


sua vida, Donovan é incapaz de amar. Vive pela responsabilidade

que tem com o filho de um ano, embora não consiga deixar de o


culpar pela morte da mãe. Ele terá todas as suas certezas

questionadas depois da chegada de Sofia à cidade. Ela é um perigo


para o seu coração, o faz desejar ser mais do que uma casca.

“Ela é a calmaria, eu sou a tempestade. Juntos, somos a

ruína, mas também a cura um do outro.”


SINOPSE
Pode o amor causar dor?

Aos 19 anos, Ella leva uma vida simples e tranquila e o

fato de viver com tão pouco não é capaz de apagar o brilho no seu
olhar, pois acredita que o seu lugar é onde está o seu coração. Mas
tudo muda depois da chegada de Diego Estrada, filho do maior dono

de terras da região, um homem frio e misterioso que não faz


questão de ser cordial com quem está à sua volta. Sua chegada do
transforma o mundo de Ella conhece e sua inocência deixa de
existir.

O seu toque causa mácula, a sua voz provoca medo e,


principalmente, a sua alma e o seu olhar lhe despertam arrepios.

Aos 30 anos, Diego pensa ter perdido tudo, até mesmo

um pouco da sua humanidade, e voltar para o lugar do qual partiu


tantos anos atrás lhe causa muito mais do que incômodo. Quando

ele conhece a bela e inocente Ella, a bondade e a ingenuidade da


moça provinciana perturbam-no e trazem à tona desejos que há

muito tempo estavam adormecidos.

Pode o amor curar?


Medo e dor. Paixão e erotismo, esta não é uma simples

história de amor.
SINOPSE
O que acontece depois do “felizes para sempre”?

Herdeiro de um império milionário, Antônio Orsini é um

homem que vive de aparências. Frio e atormentado por fantasmas


do passado, ele espera pelo dia em que sentirá que pertence a
algum lugar, onde sua vida não será uma mentira completa. Tudo

muda quando se envolve com Beatriz, uma garota 20 anos mais


jovem, inocente demais para um homem marcado como ele.

A paixão que os une é intensa. A dependência física e


emocional que um desenvolve pelo outro pode ser mais perigosa do

que eles imaginam.

Eles são felizes por quase 1 ano, até que um terrível


acidente muda o rumo das suas vidas.

Uma gravidez inesperada.

Um homem cujas memórias recentes são completamente


apagadas.

A descoberta de segredos que colocam em dúvida o

amor que parecia indestrutível.


Até que ponto vale a pena lutar por um amor perdido?
SINOPSE
Marina sempre viveu uma vida perfeita, cercada de luxos
e mimos. Até que, aos seus 17 anos, uma tragédia muda o rumo de

sua vida: a perda de seu pai, único parente vivo e pessoa que ela
mais ama, deixando-a desamparada e sozinha no mundo. E, para
completar o pesadelo em que passa a viver, a garota se vê obrigada

a viver sob a tutela de Erick Estevan, melhor amigo de seu pai, de


quem guarda antigas e profundas mágoas.

Erick vê seu mundo inteiro virar do avesso com a


chegada da filha de seu falecido melhor amigo aos seus cuidados.

Tendo sua vida inteira planejada, a adição inesperada não seria um


problema, se não fosse o doentio desejo que sente pela garota que

viu crescer.

Marina é agora uma linda e proibida mulher, que


assombra seus pensamentos e desperta sentimentos que o homem

tanto luta para suprimir.

Na batalha entre obrigação e desejo, será a razão capaz

de definir o que é certo e errado?


SINOPSE
De uma família feliz e bem estruturada, Luana Aguiar viu
o mundo à sua volta desmoronar quando perdeu a mãe. A garota

então ficou aos cuidados do pai, um homem que não soube superar
a perda da esposa e acabou se entregando a vícios que seriam a
sua ruína. Vícios que o levaram a colocá-la nas mãos de Gabriel

Souto, um homem impiedoso e sem coração, como muitos dizem. A


fama de Daniel Souto o precede e, sem que tenha escolha, a jovem
se vê presa ao seu mundo sombrio, cercada de mistérios e luxúria.

Gabriel Souto não pede, ele toma para si, esse é o seu

lema de vida. Não seria diferente quando o assunto é o seu desejo


de arranjar uma esposa para tornar-se um homem respeitado

perante a alta sociedade, que não enxerga além do que quer ver. A
oportunidade surge quando o tolo Júlio Aguiar faz a pior aposta da

sua vida e entrega de bandeja exatamente o que ele estava

procurando, poupando-lhe o trabalho de ir à caça.

Uma relação nascida do ódio, um desejo que não pode

ser reprimido e um reencontro inesperado. Será que o amor

conseguirá florescer em corações tão inóspitos?


SOBRE A AUTORA

É maranhense de 29 anos, mora em Brasília, Distrito


Federal. No seu apartamento, ao lado dos pais e um sobrinho,

mergulha no mundo da imaginação escrevendo livros de romances


eróticos, comédias românticas e dramas. Com quase 3 anos de
carreira, conta com 12 títulos lançados na Amazon e mais de 50

milhões de páginas lidas pelo Kindle. Títulos como O tutor, Vendida


para Gabriel e Marcada por mim tornaram-se Best-seller na
Amazon.

Acompanhe mais informações sobre outros títulos da


autora nas redes sociais.

INSTAGRAM: https://bit.ly/autorajoanesilva

WATTPAD: https://bit.ly/joanesilva

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