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The characters and events portrayed in this book are fictitious. Any similarity to real persons, living or
dead, is coincidental and not intended by the author.
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permission of the publisher.
ISBN-13: 9781234567890
ISBN-10: 1477123456
Karen Berg
Rocco
— Acho que por hoje deu. — John gira na cadeira de um lado para o
outro. — Alguma dúvida?
Natália ajeita o jaleco e tira. Fernanda ri falando algo com o marido, mas
nem presto atenção, estamos apenas nos quatro na sala agora.
Manuella e eu não contamos. A semana foi intensa tanto para mim, quanto
para eles. John revendo papeladas e cirurgias.
"— Manuella não vai se casar até estar pronta. Não ouse engravidar
minha filha!"
— Ela está bem. — Garanto, vendo-o assentir com as mãos nos bolsos do
jaleco. — Estou indo buscar ela na faculdade. O carro ainda está na oficina e
não quero que pegue Uber ou algo assim. O trânsito do Rio é muito caótico.
— Certo. Mande um beijo para ela, estou com saudades.
O campus fica a meia hora do hospital e faz mais de um dia que não nos
vemos. Não foi a semana de estar fazendo estágio, ou o que chamamos de
internato. Os alunos precisam encarar essa etapa para concluir o curso e ter o
diploma em mãos.
Agora não fazemos ideia do que vamos fazer e de como vamos seguir.
Ela já deve estar saindo. Trocamos mensagens rápidas entre uma cirurgia e
seu horário disponível. Estou com saudades.
Observo em silêncio e ela ainda não notou que eu estou há poucos metros,
apenas esperando. Isso me espezinhou. Judiou.
Ela poderia estar marcando de ir à uma balada. Poderia estar livre para
fazer o que quiser com pessoas de sua idade.
Me odiei por ter o dobro de sua idade e desejar tanto ela que chega a doer.
Tudo em mim se revira ao olhá-la. Seus olhos grudam aos meus como se
nada fosse mais importante do que nós dois.
— Você nunca desce quando vem me buscar... Está com ciúmes, doutor
Rocco? — Andamos devagar até o carro e então paramos, eu franzo o cenho
e ela cruza os braços.
— Ciúmes? Só por que estava rindo para colegas da sua idade? — Seu
sorriso aumenta e eu continuo sério. — Não estava com ciúmes.
— Não? Então esse mau humor e cara amarrada é o que? Posso saber?
— Sou assim por vida. — Falo baixo, vendo seu sorriso aumentar
enquanto enlaça meu pescoço e ri contra minha boca.
— Não estava. Eu estou. — Falo sério, vendo seu sorriso sumir do rosto.
— Sou louco e ciumento quando se trata de você. Possessivo.
— É? — Semicerro os olhos.
— Você sabe que sim. — Esfrega o nariz ao meu e arfa como uma gata.
Assim ela faz o que quer comigo. — Vamos sair daqui. — Diz baixo contra
minha boca, espalmando a mão sobre meu peito. — Por favor.
— Minha peste.
Casa.
Sorrio sem querer.
Trazer Manuella para morar comigo foi um passo e tanto. Jamais pensei
que sentiria vontade de dividir o mesmo teto com alguém novamente, mas
agora já não imagino isso aqui sem ela.
A cobertura fica no Leblon e não é tão longe assim da casa dos seus pais.
É um meio termo.
Manuella preencheu minha vida e minha casa, ela é meu furacão. Mas ao
contrário, não veio bagunçar, e sim para arrumar tudo o que tinha
desorganizado em mim.
Ela abre os olhos e encontra os meus, então sorri daquela forma sapeca.
— Minha garota.
5 semanas.
Engulo em seco e volto a olhar para ela, vendo o sorriso fraco na boca
avermelhada.
— Está dando para perceber? — Assinto quando ela leva as mãos até a
barriga e espalma, então me olha com os olhos brilhando. — É tão lindo...
Saber que tem alguém crescendo aqui dentro, não é?
Aqui não existe inseguranças, medos e nada que não seja nosso amor e o
quanto nossos corpos se desejam.
Arqueio seu pescoço e ouço o gemido baixo que escapa dos seus lábios.
Meu pau lateja e o tesão golpeia quando a coloco sobre a cama. Apoio
meu corpo para não colocar todo meu peso em cima dela assim que as
pernas enlaçam meus quadris.
Enfio os dedos em seus cabelos, agarro sua cabeça com firmeza e a beijo
com desespero. Com tanto desejo que chega a doer no íntimo.
Me afasto apenas para olhar para o corpo nu jogado no meio dos lençóis
emaranhados, com os seios firmes e redondos subindo e descendo. O corpo
esguio. A barriga lisa carregando uma parte minha e dela.
É minha loucura.
— Não.
— Vou levar uns documentos para o seu pai, não tenho que voltar para o
hospital a não ser para uma emergência.
— Certo.
Acordei bem enjoada essa manhã mas não falei nada. Ainda vou começar
o pré-natal e estou apenas cuidando da minha alimentação. Não estamos
mais brigados, mas é inevitável não sentir àquela discussão que tivemos
ontem à noite.
Ele usa uma camisa polo branca assim como a calça moldando o corpo e
com os cabelos bem penteados. De óculos escuro da para ver que está sério e
calado.
— Certo. — Seguro a bolsa, abro a porta do carro mas quando vou descer
sinto sua mão segurar a minha.
— Manuella...
Desço do carro, bato a porta devagar e ergo o queixo, saindo sem olhar
para trás, ou tenho certeza de que iria chorar agora e eu não quero que ele
veja. Continuo andando calmamente e fecho os olhos quando ouço o carro
dar partida e sair.
Mordo o lábio ao ver Júlia andar na minha direção com um sorriso largo,
que se desfaz em questão de segundos quando me olha.
— Eu sei que ele não está radiante com a gravidez e eu também estou com
medo, Ju. Sei que íamos conversar e planejar tudo depois que eu terminasse
a faculdade... Mas aconteceu, Júlia!
— Sabia que ele não ia soltar fogos e comemorar, mas está aqui dentro e
ele parece não entender, Júlia!
— Você sabe que não está sozinha nisso, você tem a mim. — Ela sorrir
devagar. — Eu te amo e amo essa sementinha aí dentro... Estamos juntas.
Esse doutor que não cruze o meu caminho ou eu juro que ninguém me
segura de dizer poucas e boas para ele. Você está grávida, caralho! Não
merece estar passando esse nervoso.
— Cala a boca seu idiota do caralho! Boca de apito! — Júlia fica na sua
frente.
— Não conta para ninguém, por favor. Meus pais não sabem ainda e...
— Se ele abrir essa boca eu a deixo sem dentes para contar! — Júlia
ameaça e ele a fita.
— Estou. É só... Enjoo e... Está tudo bem. — Sorrio, apertando sua mão e
sinto o beijo estalado na minha mão.
— Você vai ser uma mãe foda pra caralho! — Segura em meu queixo. —
Conta comigo para o que precisar M&M. Agora vai ter trocar fraldas do
velho e do bebê.
Passa por ela rindo e dá uma leve piscadela enquanto Júlia apenas mostra
o dedo do meio em sua direção.
— Soca fofo.
Ainda sinto aquele aperto no âmago, mas não vou deixar tomar conta de
mim.
Tento comer alguma coisa mas parece que o bolo formado na garganta não
desce por nada. Tomo apenas um suco de laranja natural e aviso a Júlia que
vou para casa descansar um pouco. Após insistir para ir comigo, a convenci
que está tudo bem e peguei um Uber, já que meu carro ainda está na oficina.
Uma mulher madura com o rosto jovem e tão leve. Deve ter quase a
mesma idade da minha mãe. É muito bonita e tem um sorriso doce, assim
como os olhos amendoados.
— Vai ficar, acredite. Tudo vai valer a pena quando tiver seu bebê nos
braços.
Engulo em seco quando ela acena segurando a bolsa e sai pelo calçadão.
Continuo parada, sentindo o coração apertado, então o celular vibra na
bolsa e eu o pego, vendo o nome de Rocco na tela. Bloqueio, colocando-o
dentro da bolsa novamente.
Rocco
Não precisa de muito para saber que está magoada comigo. O trajeto essa
manhã foi feito em silêncio, assim como quando acordou, estava silenciosa.
— Queria conversar com você sem Manuella por perto, pode ir lá em casa
para conversamos?
— É alguma coisa...
Ouço o barulho da moto parar ao meu lado e me viro com o celular ainda
no ouvido, fitando o moleque tirar o capacete.
— Se perdeu ou veio buscar a Manu com medo dela ter fugido de você?
Parece não ter engolido muito bem que Manuella está comigo e sempre
que me vê faz questão de deixar isso muito claro.
Viro de costas e abro a porta do carro, mas quando estou prestes a entrar
escuto ele falar.
— Cuidado, não tem mais idade para estar nervoso, tio. Nem para dar
conta de uma mulher tão nova quanto Manuella.
Liguei para Ana Júlia mas ela disse apenas que a Manu saiu mais cedo.
Liguei para a casa dos pais dela e não está lá, mas temendo preocupar eles,
só inventei uma desculpa qualquer.
Ela não atendeu a porra do celular e agora ele está desligado, já que sequer
chama. Estou puto, preocupado e enlouquecendo.
Pego o telefone e infelizmente vou ter que avisar a John para tentar
encontrar alguma solução para o meu desespero. Ele poderia saber onde ela
está.
Que estamos...
Ah, Deus!
A porta se abre e eu para olha-la entrar devagar com o rosto pálido e
levemente avermelhado.
— Liguei feito um doido para seus colegas e ninguém sabia onde você
estava. Fui na faculdade e nem sinal de você. Custava ter atendido a porra do
seu celular? Me avisar onde estava?
Continua em silêncio, coloca a bolsa no sofá e tira os tênis, isso tudo sem
me olhar em nenhum momento. A olho passar por mim, indo em direção ao
quarto.
Franzo o cenho.
Ela passa por mim, entra no quarto e apenas ouço a porta do banheiro se
fechar.
Giro nos calcanhares e entro no quarto, indo para onde está, abro a porta
do banheiro em um solavanco e a vejo dentro do box de costas e nua. A água
molhando todo seu corpo.
Sem esperar por qualquer reação de sua parte, entro com tudo no espaço
molhado e a viro para mim, vendo as lágrimas descendo por seu rosto.
— Eu sou, eu sei que sou um idiota. Você tem razão de estar cansada de
mim, de querer me afastar e de achar que sou um insensível!
A água molha nós dois ao mesmo tempo e seus cabelos grudam no rosto.
— Você disse que não ia sair do meu lado! Que íamos fazer isso juntos,
mas você não está fazendo isso, Rocco! — Umedece os lábios. — Não está
fazendo! Você prometeu, mas está falhando!
— Escute bem o que vou te falar, Rocco. — Ergue o rosto e fixo o olhar
ao seu. — É tudo novo para mim também. Eu não esperava uma gravidez e
nem planejei isso, mas tem um bebê crescendo aqui dentro. Eu sinto muito
se não era isso que queria.
— Eu juro, Rocco.
Meu âmago se aperta enquanto seguro seus braços para olha-la com meu
rosto a centímetros do seu. Arfando.
— Não disse que vamos transar. Vou apenas te dar um banho, como faço
sempre.
Franzo o cenho quando ela abre os mesmos e as íris cor de mel se fixam
em mim. Espalmo a mão na curva da cintura e desço sob o olhar curioso e
lânguido que me lança.
Ela fecha as pernas, prendendo minha mão quando a desço. Sei que é
apenas afastá-la e pronto.
— Abre as pernas. — Peço contra sua boca e ela nega. — Por favor.
— Não.
A água gelada nos molha e meu pau lateja de encontro ao ventre. Arrasto a
barba na carne do pescoço e em seu colo. Ela tenta se desvencilhar, é uma
peste. Os bicos dos seios ficam intumescidos, raspando em meu peito e eu
seguro em seus braços, a olhando.
— Não se negue a mim, amor. — Pressionei a perna entre suas coxas,
abrindo-as e ela geme alto quando a cabeça do pau babando passa pela
umidade da boceta que eu sei que vai me engolir se eu forçar mais. — Seu
corpo me pertence, minha pequena. Tudo que tem aí dentro é meu e você
sabe disso.
— Nem parece que acha isso. — Fala rude com o rosto a centímetros do
meu e eu passo os dedos devagar pelas dobras dos lábios. Ela está tão
excitada quanto eu. — Saia.
— Eu sou um idiota, mas não duvide nunca de que sou louco por você. —
Fixo o olhar ao seu, mordiscando seus lábios. — Sou louco por você.
Alucinado. Maluco.
A pele se arrepia por inteira e os bicos dos seios tão pontudos onde passo
a língua devagar, ouvindo-a gemer ainda mais. Enfio o seio todo em minha
boca e chupo, intercalando entre um e outro. Manuella treme, se abrindo
cada vez mais com os olhos lânguidos enquanto se abre. Meus dedos se
banhando na lubrificação natural que solta enquanto goza, esfregando-se em
mim.
Ela se arqueia gemendo alto, sem tirar o olhar do meu enquanto a penetro
mais e mais fundo, lambuzando-a, fazendo um barulho gostoso e molhado.
A beijo forte, saqueando a boca e enfiando a língua, mordiscando seus
lábios. Colo a testa a sua e retiro os dedos devagar.
— Rocco.
Meu coração salta e meu pau dói. Quando enlaça meu pescoço, desce
devagar rebolando e sorrio, sentindo-a me engolir. É tão apertada, caralho.
Enfio a língua em sua boca como enfio o pau em sua boceta. Rápido.
Tomo tudo. Enfio a mão na bunda, abrindo-a e a acaricio após estalar um
tapa forte, marcando a carne.
— Ainda vou te foder bem aqui. — Nega devagar enquanto passo o dedo
lentamente. — Vai amar tanto dar essa bunda para mim, minha pequena. —
Olho bem no fundo nos seus olhos, vendo a excitação e o medo. — Vou te
preparar antes, Manuella e depois vai me dar tanto esse cuzinho que vai ficar
viciada igual a sua boceta.
— Ah! — Geme alto quando meto sem parar, abrindo bem suas pernas.
Os lábios esticando ao redor do meu pau e eu gemo junto em sua boca,
sentindo-a me apertar enquanto a fodo sem parar.
— Fui passear, não estava com cabeça para mais nada. — Está sentada na
cama com as pernas dobradas, usando uma das minhas camisas, com os
cabelos soltos e ainda úmidos.
— Já marcou a consulta?
— Manuella.
Ela ri e dá de ombros.
— Está ofendido? Mas é isso que eu sinto toda vez que me olha. —
Umedece os lábios e fecha os olhos. — Eu me sinto assim.
Manuella
Me remexo na cama devagar, sentindo os lábios molhados em meu
pescoço e pisco, sentindo os arrepios provocados pela barba áspera. Abro
um olho, me acostumando com a claridade do quarto.
Dormimos sem nos falar ontem a noite após toda a discussão. Por mais
que todo meu corpo e mente estivessem a mil por hora, o cansaço falou mais
alto e depois de tomar um suco me deitei e apaguei em seguida.
— Sei que está brava comigo, minha pequena e tem todos os motivos para
isso, mas quase entrei em surto de loucura quando não te encontrei em lugar
nenhum e te vi chegar daquele modo.
— Trouxe seu café da manhã, tente comer, por favor. Vou te deixar na
faculdade ou se preferir...
— Como quiser.
Sorrio, ajudando-o a tirar sua camisa com a mesma rapidez que a minha é
tirada e descartada do meu corpo.
Após cairmos na cama agarrados um ao outro, desesperados de uma saudade
que nem tinha porquê sentir.
— Sim, senhor. Me avise se ficar de plantão, vou almoçar com meu irmão
hoje. Vamos contar ao meu pai e resolver o que tivermos que resolver.
— Te amo, peste.
— Também te amo.
Ando rápido e apenas quando cruzo os portões ouço o carro dar partida.
Acho que finalmente vamos no resolver e enfrentar o que vier pela frente.
Sorrio mordendo o lábio. Sei que estou super atrasada e preciso chegar no
laboratório logo.
— Bem, mas estou super atrasada. Com licença, Davi. — Passo por ele
não querendo prolongar qualquer tipo de assunto, mas sinto apenas a mão se
fechar em meu antebraço.
— Seu titio não permite que converse comigo? Ou está realmente fugindo
de mim?
— Não tenho motivos para fugir de você, Davi. Apenas quero ir para
minha aula. — Falo paciente e reviro os olhos.
Desde que soube do meu relacionamento com Rocco, sempre fica com
esse olhar acusador e piadinhas idiotas sobre a nossa diferença de idade. Faz
sempre questão de tentar me constranger em frente aos nossos colegas.
Inferno.
O semblante da minha amiga suaviza e sei que está tão aliviada quanto eu.
Júlia sempre foi meu elo e meu porto seguro em todos os momentos e sei
que nesse não seria diferente.
Será sempre.
Sai da faculdade logo após o fim da última aula. Fiquei com Júlia no
intervalo, onde conversamos um pouco e contei o que aconteceu. Ela me
apoiou e disse que vai estar ao meu lado seja qual for a minha decisão.
Comemos juntas e eu insisti para que fosse comigo até a casa dos meus
pais, já que vou almoçar com meu irmão e queria sua companhia também,
mas ela disse que é um momento nosso e apenas me deixou no condomínio,
falando que vamos nos ver mais tarde.
Vou conversar com Felipe e contar da minha gravidez antes de falar aos
nossos pais.
Tiro os óculos de sol assim que entro pelos portões caminhando devagar.
— Mal vem aqui agora. Fiquei feliz quando ligou falando que vinha
almoçar. Fiz escondidinho de frango, do que jeito que gosta.
— Sim. Está na piscina com o amigo que não se desgrudam. Vai lá, vou
esquentar a comida e pôr na mesa.
— Você estava com uma cara de idiota, Felipe. Rindo à toa e eu não
acreditei.
Observo Thiago sair da piscina meio sem jeito e o encaro. Eles têm a
mesma idade e são melhores amigos, inseparáveis.
— Bem, e você?
— Ótima.
Os dois se olham e eu os encaro.
Rocco
Encaro John assim que saímos da sala de reunião, pouco mais de 21h.
Fernanda e Alisson saíram na frente.
— Por que não me contou antes? —Olho-o tirar o jaleco. — Eu Alisson
não temos problema algum, nosso término foi em comum acordo e nos
damos melhor do que pensamos que nos daríamos.
— Você viu a forma como ela te olhou? Essa mulher ainda te ama,
Rocco. — Diz sério e eu franzo o cenho. — Infelizmente quando soube que
a médica contratada era sua ex esposa, não pude mais voltar atrás, já que
seria muito antiético da minha parte.
— Jhonatan...
— Sei que somos adultos e responsáveis, mas você passou dez anos
casado com ela e é nítido que Alisson ainda tem sentimentos por você. Esse
foi um dos motivos de eu não ter te falado antes. — Balanço a cabeça. —
Espero do fundo do meu coração que...
— Parece que não me conhece há mais de vinte anos, John. Meu
casamento com Alisson acabou e agora somos bons amigos, nada mais.
— Eu espero que realmente seja só isso. Converse com a Manuella sobre
essa transferência, não deixe ela ser pega de surpresa sobre a identidade da
Alisson. — Bate em meu ombro e eu assinto.
— Não vejo motivos para esconder isso dela. — Falo firme e ele sorri de
lado.
— Espero.
Conheço meu melhor amigo muito bem para saber o quanto deve estar
preocupado com essa transferência de Alison para cá, o que não tem
cabimento algum esse sentimento.
Mesmo tendo sido um término em acordo comum, pelo fim ter sido um
pouco conturbado já que partiu dela o primeiro passo para o divórcio, agora
somos amigos, apenas.
Tenho um carinho e admiração imensa por ela, por tudo que fez por mim
em meus piores momentos e pelos incríveis dez anos que passamos juntos.
Infelizmente, não fui capaz de fazê-la feliz como ela merecia, de não ter
dado tudo de mim como ela fez, mas é um ciclo encerrado e já não existe
mais nada, a não ser um grande respeito e carinho.
Alisson surge no corredor quando saio da minha sala após pegar uns
exames, me encara por alguns segundos antes de parar a minha frente.
— Era a última pessoa que pensou em encontrar aqui, não é? — Balança
a cabeça, segurando a bolsa no antebraço.
— Sem sombra de dúvidas. — Sorrio. — Você sempre foi surpreendente.
— Um desafio que precisei enfrentar. Você está tão diferente. — Aponta
com a mão.
— Posso dizer o mesmo. Onde está morando? Quando chegou?
— Faz menos de cinco dias. Estou morando aqui ao lado, o hospital está
custeando tudo. — Me explica enquanto andamos lado a lado e entramos no
elevador. — Apenas até eu me estabilizar, nunca imaginei mudar de país
assim, mas confesso que ter sido casada com um brasileiro facilitou o
português.
— Que está perfeito, diga-se de passagem. — Ela me olha atentamente.
— Vamos tomar um café? Tenho tantas perguntas.
— Claro, vamos. Não vou te atrapalhar?
— Não, a lanchonete do hospital é aberta a noite inteira. Vamos.
Alisson é apenas dois anos mais nova que eu, mas nunca perdeu a
essência jovial que a rodeia.
Seguimos para a lanchonete, onde nos sentamos na mesa reservada do
canto, com ela a minha frente e eu me acomodo.
— Mariane me aconselhou a vir. Eu queria ter te ligado e falado que
estava vindo ao Brasil, e iria fazer... Mas jamais pensei que viria trabalhar no
mesmo hospital que você, te juro que não pensei em tamanha coincidência.
— Leva a xícara de café aos lábios. — Quando cheguei aqui, lembrei do
sobrenome do seu amigo e ele aparentemente soube do meu também... Foi
uma surpresa e tanto para nós dois.
— Eu imagino que tenha sido. A decisão de vir para cá foi repentina e
decisiva também, você sempre soube da minha amizade com John.
— Ah, como esquecer do amigo que sempre falou com tanto carinho?
Ele tem uma família linda, a esposa e... — Suspira me olhando. — Tem um
carinho enorme por você pelo modo que fala.
Um estalo vem em minha mente e a olho.
— E o seu filho? A última vez que nos falamos você me disse estar...
Grávida.
Seu sorriso se alarga de imediato. Realmente a maternidade caiu bem.
— Minha mãe veio comigo e está cuidando dele. Foi a decisão mais
linda que já tomei em toda minha vida, Rocco. — Morde o lábio e suspira,
eu sorrio e engulo em seco. — A melhor de todas elas.
As incontáveis brigas que tínhamos de repente me tomam e eu baixo os
olhos, focando na fumaça fumegante do café.
— Esperar o que Rocco? Há quantos anos estamos insistindo no mesmo
assunto com você esperando o melhor momento? Quando vai ser o melhor
momento!?
Ergo os olhos. As lágrimas descem por seu rosto e ela as limpa com as
costas das mãos.
— Eu não estipulei uma data para ter filhos, Alisson! A rotina no
hospital está um inferno e minha cabeça está uma confusão! Não vê que um
filho agora seria...
— Uma perda de tempo? Você vê o quanto prioriza tudo, menos o que é
importante de verdade!? Menos a sua vida pessoal.
Abro os olhos e volto a fitá-la.
— Queria que o conhecesse. — A voz doce dela me faz assentir. — Seu
medo de crianças já passou? Ou ainda as teme?
O tom sai em modo divertido e isso me dá um desconforto imenso.
— Desculpe.
— Não precisa se desculpar. Vou adorar conhecer seu filho.
— Mariane me contou que está com uma pessoa, mas não me deu muitos
detalhes e não procurei saber. Está namorando?
Tomo um gole do café e deposito a xícara devagar.
— Estamos juntos desde que cheguei ao Brasil. — Me adianto, vendo a
surpresa em seus olhos. — Estamos morando juntos.
Alisson abre a boca, então torna a fechar e ri assentindo.
— Uau!
— Manuella é filha do John e da Fernanda.
Seus olhos se arregalam de imediato e ela desequilibra a xícara e a
seguro junto com ela. É óbvio que seria um choque imenso.
Lembro de uma época que cheguei a mostrar uma foto de Manuella junto
de John. Alisson pisca diversas vezes.
— Isso me pegou de surpresa. E-eu fico muito feliz por você e... Quantos
anos ela tem? — Volta a beber o café.
— Vinte e dois anos. É chocante, acredite. Até eu aceitar foi complicado.
— Eu imagino. Uma menina. — Sorri sem jeito e percebendo, se corrige.
— Pela idade, mas deve ser uma mulher incrível. Desculpe, não estava
esperando por isso.
— Não se desculpe. E você? Como está? Se casou novamente?
— Não, não penso nisso. Não sei se estou pronta para tal coisa. — Fala
sem jeito. — Ela trabalha aqui? A sua namorada.
— Manuella está na faculdade, mas logo vai começar a estagiar aqui
também.
— Ah! Faculdade. — Ri, passando a língua pelos lábios. — Você está
me surpreendendo muito. Tem mais surpresas, Rocco Maldonado?
Sorrio e me ajeito a cadeira, apoiando uma perna na outra. Nego sob seu
olhar curioso e com toda deve mesmo ser um choque e tanto.
Mas com toda certeza não será o maior.
— Bem-vinda ao Brasil, Alisson. Sabe que pode contar comigo para o
que precisar.
— Digo o mesmo. — Seus olhos brilham de repente e ela pisca devagar
enquanto me levanto.
— Boa noite.
— Até mais, Rocco. É um prazer estar aqui e saber que posso contar com
você.
Levanta também e eu a abraço gentilmente, me despedindo e então saio
em passos largos em silêncio.
Manuella
— Gosta, Manuella?
O fato de sempre falar meu nome nesse tom faz um arrepio passar por
minhas entranhas e gemo descontrolada quando me beija. Sinto os dedos no
meu pescoço intensificar para eu não me mexer, só para lamber, chupar e
mordiscar meus lábios do jeito que quer.
O peito musculoso esmaga meus seios e sinto o pau duro em meu ventre,
me fazendo gemer e o agarrar, me dando por inteira. O olhar se torna mau
quando para o beijo para me encarar e o fito segurar em meu queixo,
arqueando meu pescoço sem tirar a mão do mesmo.
— A vontade de surrar você, de te comer com tanto ódio que não consiga
andar e nem deixar de me sentir em cada passo que der é enorme. — A voz é
raivosa e profunda. A corrente do tesão, da adrenalina e do desejo correm
por minhas veias como brasa. — Tem noção do que sinto vontade de fazer
com você, Manuella?
Sinto o polegar roçar no bico intumescido sob o tecido da blusa, ele aperta
entre o polegar e o indicador.
— Gosta de brincar com fogo, Manuella? — Sua mão sobe por minha
coxa e eu solto o ar preso. — Responda, peste.
Não foi difícil deslizar o dedo que brincava no meio dos lábios vaginais
para dentro de mim e meus músculos se fecham de imediato ao redor, o
sugando para dentro.
— RESPONDA, CARALHO!
Arquejo quando ele ergue uma de minhas pernas e coloca em seu ombro,
me segurando trêmula. Rocco mete o dedo bem fundo e tira quase todo,
apenas para enfiar novamente.
— Ah! Inferno.
— Que boceta gulosa, Manuella. Está vendo como te deixo? Como seu
corpo reage ao meu? — Olha em meus olhos fixamente, metendo o dedo do
meio e deixando a mão bem espalmada. Está todo dentro. — Porque a sua
boceta é minha. Seu corpo é meu!
Posso ver a faísca em seus olhos e o maxilar cerrado quando ele se ergue
como um felino prestes a atacar a presa. Eu sou a presa. Me mantém presa
novamente, com as mãos firmes em meus quadris e me faz virar de costas
em um único movimento.
Me faz apoiar as mãos espalmadas nas paredes e abre minhas pernas com
as suas.
Ardeu.
Beija meu pescoço, desce por minha espinha e mordisca cada pedaço de
pele que encontra no caminho.
— Eu sou maluco nessa bunda. Tem noção da vontade que eu tenho de me
enfiar aqui, Manuella? — Sinto a mão afastar uma das bochechas da minha
bunda e passar o dedo por minha boceta, espalhando toda lubrificação.
— Nunca vai se enfiar aí, já viu o tamanho do seu pau? — Falo séria,
balançando a cabeça. — Não vai enfiá-lo em meu cu.
Antes que eu termine de falar, sinto a língua entre minh bunda e um grito
fino de tesão se espalha, quebrando o silêncio do quarto. Jogo a cabeça para
trás, presa em um desejo insano, sentindo a língua e os lábios sugando tudo.
Beija cada dobrinha, suga meu clítoris e o dedo úmido rodeia meu cu,
molhando-o.
— Oh!
— Preciso de mais.
— Ah, sua filha da puta endiabrada! — Agarra meu cabelo, puxa para trás
e saqueia minha boca com a dele. — Vai levar tanto pau nessa boceta e nesse
cu.
Sorrio, abrindo a boca e sentindo-o encaixar a glande em minha entrada.
Estou toda melada, o que facilita e eu gemo alto, fechando os olhos ao senti-
lo deslizar.
— Ah, porra! — Digo entre os dentes, sentindo as socadas cada vez mais
rápidas e o barulho de pele melada se chocando uma na outra enquanto sinto
o pau me arregaçar, tomando tudo que é dele.
Rocco roça meu clitóris com o dedo anelar e sussurra baixo em meu
ouvido, sem deixar de me foder.
Não nego que adoro quando manda em mim, mas óbvio que eu não
obedeço, só gosto de fazê-lo achar que manda.
— Só se tiver uma emergência, vou tirar a tarde de folga. Mas vou estar de
plantão até sábado. — Beija meus dedos e eu sorrio quando ergue o rosto. —
Por que não dormiu mais?
— Não me olhe com esse olhar de médico, eu sei que faz mal, mas eu
preciso comer algo bem calórico. — Abro os braços. — Vou pedir um
combo.
— Prontinho.
— Isso é uma bomba. — Diz sério. — Deveria comer uma fruta, tomar
um iogurte.
— Então esse é seu modo de agir? Fingir que não lembra? — Pergunto
magoada. — Por que as vezes juro que parece que tenta não tocar no assunto
e que isso vai passar.
Engulo em seco, franzindo o cenho e ele apoia o braço nas costas do sofá.
— Como se sua ficha não tivesse caído ainda, é isso? Não caiu?
— O fato de eu não tocar no assunto não quer dizer que eu tente não
lembrar, Manuella.
— Me ouça...
— Não ouço! Se abrir sua boca para falar do meu filho assim... Você não
tem coração dentro do seu peito! Tem a porra de uma pedra. Meu corpo só
serve para você foder? É isso?
— Me deixe sozinha, por favor. Não sou capaz de olhar para sua cara
nesse momento de tanto ódio que estou sentindo, Rocco.
Rocco
São perguntas que parecem rodear minha mente sem uma resposta
concreta para finalizar essa angústia que assombra.
O fato de achar que Manuella não merece estar passando por isso e que eu
estou sendo incapaz de todas as maneiras.
Nenhuma resposta.
O silêncio permanece.
Ela nem se move. Está deitada com as pernas dobradas e aos prantos.
Meu coração fica em pedaços.
— Não. Encoste. Em. Mim. — Afasta minha mão e a apunhalada dói mais
ainda. — Acha que... Vai me tocar e vou abrir as pernas para você e então
vai ficar tudo bem?
— Eu...
— Você nem tem mais argumentos, Rocco! Sabe por que? São todos
vagos, como o amor que você diz ter por mim. — Se senta na cama e limpa
o rosto avermelhado pelas lágrimas.
— Eu amo você.
— Não te culpo por isso, minha pequena! Eu só queria que tivesse sido
em um momento melhor da sua vida.
Ajeito os cabelos que caem sobre seu rosto e a beijo, sentindo a mão em
meu peito.
— Acha que eu queria estar passando por isso? E você não... Não está ao
meu lado!
Não saio do seu lado até ouvir a respiração ficar lenta e colocá-la devagar
sobre a cama, onde pega no sono profundo.
Sinto meus olhos queimarem e sem ao menos perceber uma lágrima rola,
me fazendo limpá-la.
— Ah, Manuella.
— Meu filho! Como estão as coisas por aí? — Sua voz soa animada e eu
me aproximo da janela, olhando para a cidade movimentada.
— Liguei apenas para dar a novidade em primeira mão. A senhora vai ser
avó, Manuella está grávida.
Rocco
A voz da minha mãe do outro lado denunciou o quanto ficou feliz com a
novidade.
Mamãe vibrou com a notícia e riu do outro lado da linha com muito
carinho e amor.
— Seu pai sentiria tanto orgulho de você, meu filho! O tanto que pedi
para termos um netinho e agora... Agora você vai ser pai!
— Ah, meu Deus, estou tão feliz! De quanto tempo ela está? Ela é tão
jovem e...
— Rocco.
— Podemos nos falar depois, mãe? Só peço para guardar segredo, por
favor. Depois nos falamos e vou te deixar avisada sobre tudo.
Desci para pegar o lanche que ela pediu e insisti para que comesse, então
depois de muita insistência ela comeu apenas um pouco e logo após correu
para o banheiro e vomitou absolutamente tudo.
Preocupado, entrei no banheiro mesmo sob seus protestos para que saísse.
— Não foi um pedido. — Tiro sua blusa do pijama e sinto seus olhos fixos
aos meus.
Ela ri sem humor, me encarando enquanto tira o short e entra no box. Liga
o chuveiro e se enfia embaixo da água morna, fazendo o vidro embaçar com
o vapor.
— Quero o divórcio.
— Se for capaz... Eu espero que ame alguém de verdade, Rocco. Que sinta
esse amor te rasgar de dentro para fora e não consiga controlar o
sentimento.
— Alisson...
— Mas não a destrua. Não a torne vazia como me tornou. Não a impeça
de viver seus sonhos. — Soluça com a mão no rosto.
Ela coloca a mão sobre o rosto, abafando o choro que teima em escapar
de sua garganta.
— Mas me tornou e espero que trate a sua próxima mulher melhor, se for
capaz.
— O proibido? Era assim que fazia com minha filha quando ela vinha
para cá? Seu porco!
Passei na padaria perto do hospital assim que sai. Não teria que enfrentar
as longas horas de plantão, já que John conseguiu trocar e a doutora Castro
ficará em meu lugar. Apenas se tiver uma emergência muito grave que eu
vou retornar.
Odeio a espera da fila e agradeço por não estar imensa. Pego apenas uns
frios, geleia e o pão sem casca que Manuella tanto adora. Não nos falamos
nesse dia exaustivo e tenho quase certeza que deve ter passado o dia
estudando.
— Boa noite. — Minha voz sai mais grossa e rouca enquanto fecho a
porta.
Ana Júlia semicerra os olhos, me fitando sem falar uma palavra sequer,
fazendo eu me sentir pior do que eu já estou.
Manuella
— Certeza que vai ficar bem? — Felipe segura em minha mão. — Sabe
que eu posso dormir aqui na sala.
Nego, afagando seu rosto e passo as mãos pelos cabelos que caem na sua
testa.
— Não estou sentindo nada, Feh, foi apenas vontade de estar com meus
amigos. — Explico e o abraço, ouvindo-o suspirar. — Pode ir para casa
tranquilo.
— Ela sabe que a qualquer momento pode nos ligar e voltamos correndo.
— Júlia morde o lábio com a mão na cintura. — Não é?
— Seja lá o medo que estiver sentindo, nada disso é maior do que o amor
que a gente sente um pelo outro e desse ser que cresce aqui dentro.
Felipe está sendo meu porto seguro desde que contei da gravidez. O
choque inicial da notícia foi substituído pela felicidade em saber que terá um
sobrinho ou sobrinha. Eu ri e chorei ao mesmo tempo abraçada a ele.
Assim que a aula acabou ela veio correndo e ficou o resto do dia comigo.
Me abri e conversamos e chorei deitada em seu colo sentindo o afago em
meus cabelos. Malditos hormônios.
Liguei para Felipe e ele perguntou se poderia vir até aqui com Thiago para
me ver, então aproveitamentos para ver filmes juntos e assim aquela angústia
foi embora antes que eu me desse conta.
Estou com tanta raiva! Uma raiva com um misto de mágoa e chateação.
Mas amo muito mais meu bebê e nós dois somos um só agora. Então, ou
ele ama a nós dois, ou não ama nenhum.
— Seu pai vai dar um jantar no próximo sábado e vamos até lá. — Dá um
passo à frente, na minha direção e eu continuo no mesmo lugar. — Vamos
conversar com ele quando estiverem a sós, a casa vai estar cheia e...
— Tenho afinco para lutar pelo que eu quero! Coisa que você não teve e
parece que não vai ter. Então, Rocco Maldonado, reaja! Porque está
perdendo a sua mulher e o seu filho! Você deveria estar sendo nosso apoio e
também nossa base.
— Você quer me perder? Quer me ver indo embora da sua vida? Quer a
gente saia da sua vida?
— Reaja, inferno! Reaja, porque eu não quero mais lutar sozinha por isso!
— Eu sou um egoísta por te querer tanto que dói. Tenho o dobro da sua
idade, odeio barulho, odeio balada e... Às vezes odeio gente também. Tenho
ciúmes de qualquer ser humano que olhe em sua direção e me faz quase
infartar de tanto ódio ao menor sinal de interesse. Eu odeio o fato de ser tão
velho para você.
— Rocco...
Seus olhos brilham presos aos meus. É uma loucura o quanto mexe com
meu coração e o quanto o amo com uma força absurda.
— Somos, não é?
Volta a me beijar e dessa vez não tem pausa nem nada para quebrar o
nosso desespero. Tira minha roupa sem parar de me beijar e eu gemo alto
quando me penetra. Não foi tão rude e nem tão lento, foi na medida. Me
desesperei sentindo cada arremetida enquanto sugava os bicos dos meus
seios, deixando-os pontudos e sensíveis, intercalando entre um e o outro com
uma fome inexplicável.
Sinto meu interior convulsionar quando gemo ainda mais alto, gozando e
o levando junto. Seus músculos se enrijecem sob meu toque e sinto o pau
pulsar preso dentro de mim. Fomos loucura. Insanidade. Paixão.
— O que?
— Pensei o que seria de mim com uma mini versão sua. — Fica sério de
repente e eu arqueio a sobrancelha.
— Quem tem problemas com a sua idade é você, eu não reclamei de nada.
— Agarro seu pescoço e o beijo enquanto sorrio.
Rocco me olha fixamente e volta a ficar sério quando me puxa para seu
colo. Ele está sentado com as costas apoiadas na cabeceira.
— Eu sei, meu amor. Mas são seu pais querem o melhor para você,
independentemente de qualquer coisa. — Diz baixo, desenhando um círculo
imaginário em minha coxa.
— Eu sei.
— Mas esse não é o ponto da conversa. — Tira uma mecha da franja que
cai sobre meu rosto e ajeita a sua camisa em meu corpo. — Sabe a
transferência que seu pai está há meses conversando? Da nova pediatra que
vem de Washington?
— Seu pai estava receoso e por isso não nos falou antes.
— A médica... É a Alisson.
— Seu pai vai dar um jantar e não queria te pegar de surpresa. Estava
preocupado e...
— Manuella.
— Claro que não! Somos amigos agora, nosso término foi em comum
acordo. Eu e Alisson não temos mais nada.
Assinto e suspiro.
— Seu pai se preocupou por bobagem. O jantar vai ser no sábado e depois
que ficarmos a sós vamos conversar com ele, certo?
Ele beija minha bochecha, meus olhos e a ponta do meu nariz.
— Eu também.
Não há motivos.
Rocco
Manuella.
A rotina está tão pesada que me culpo em vê-la tão sobrecarregada. Está
enjoando com mais frequência e mais sonolenta a cada dia que passa, então
mais uma semana é concluída.
É inacreditável ainda.
Já sinto o sangue correr com mais força nas veias e solto um pigarro
baixo, semicerrando os olhos.
— Não, o que?
— O resto do seu vestido. — Faço um gesto com a mão livre de cima para
baixo, procurando o restante da peça.
— Deixe de ser bobo, nem está tão curto assim. — Dá uma voltinha e eu
quase desfaleço no mesmo instante.
O vestido preto é justo na parte de cima, tem detalhes delicados e um
decote singelo à frente, já que as costas estão nuas. A saia é rodada, solta e
mal chega na metade das coxas. As pernas torneadas equilibradas em saltos
altos da mesma cor.
— Eu estava mais.
Ana Júlia chega com os pais e vai diretamente abraçar a amiga, me olha e
dá um leve aceno de cabeça.
Felipe apareceu logo após, junto com amigo, onde ficaram juntos com os
amigos da irmã. Peguei um copo, servi gelo e apenas dois dedos de whisky,
vou dirigir e não pretendo beber mais que o permitido.
Olho para trás e vejo Thales chegar acompanhado dos pais, sorri e vai na
direção de Manuella para cumprimentar ela. Fecho o semblante no mesmo
instante.
Que maravilha.
— Certeza que vai seguir neuro, assim como o pai. — Fernanda o abraça e
ele nos encara.
— Não vimos sua namorada por aqui Felipe, não tem ainda?
— Não.
Engulo em seco.
— Acha?
— Estamos sim.
Vitória assente e volta a atenção para frente, onde Fernanda conversa com
os amigos. Felipe está ao lado atento ao que a mãe e o pai falam. Seu amigo
se aproxima e fala algo em seu ouvido, o fazendo rir.
— Amo minha nora, mas as vezes Fernanda exagera em achar que pode
controlar as vontades e desejos dos filhos. — Suspira. — Me deixe ir salvar
o meu neto antes que o pobrezinho surte.
Sai rapidamente e segura Felipe pela mão, dizendo algo para Thiago que a
acompanha de imediato.
John para de repente e sorri vindo em minha direção.
Pisco devagar, mordendo o lábio quando ela se afasta e passa as mãos pelo
vestido vermelho. Um modelo realçando as curvas do corpo, mas nada
vulgar, com os cabelos soltos e a maquiagem leve.
" — Acho que tive há poucos meses esse mesmo mal-estar e nasceu um
menino lindo."
— Muito prazer, Alisson. — Estendo a mão a sua frente e ela a olha antes
de segurar e apertar levemente. Está gelada.
Os olhos escuros fixam aos meus e ela pisca, posso ver um brilho que logo
é afastado pelas piscadas rápidas.
O clima parece ter ficado mais pesado e eu não faço ideia do motivo, ou
talvez seja o fato de ter duas mulheres que fizeram parte da vida de Rocco
presentes no mesmo lugar. Ele me encara e eu sorrio de lado, mordendo o
lábio.
— Obrigada.
— Eu juro que não fazia ideia que era a ex esposa do Rocco. — Explica
segurando em minha mão. — Você sabe que o começo do seu
relacionamento foi um pouco difícil de aceitar, mas desde que esteja feliz é o
que sempre vai ser importante para mim, entendeu?
— Não precisa se preocupar, papai. Não vejo motivos para achar que eu
pensaria algo assim. — Franze o cenho e beija o dorso da minha mão.
— Continua não achando até hoje. — Olho para o lado mordendo o lábio,
sua mão segura meu queixo, me fazendo voltar a encara-lo. Está sério, com
as sobrancelhas unidas e os lábios cerrados. — Ela sabe que estou grávida,
quando nos esbarramos eu não estava tão bem, então ela percebeu e eu disse.
Me observa atento.
Assinto e sinto a mão enlaçar minha cintura. Ergo a cabeça e fixo o olhar
ao seu, mas mesmo com o salto preciso olhar mais alto para o encarar. A
camisa azul marinho está com alguns botões abertos no peito e as mangas
dobradas até os cotovelos, deixando os braços fortes amostra. A calça social
o deixa mais sério e tão mais gostoso.
— Não vi nada demais nele. — Enfio as mãos pelos fios dos cabelos e os
puxos levemente.
— Porque não viu a maneira que esses imbecís estão olhando para sua
bunda e para suas pernas sempre que anda.
— Que coisa feia! Homens que tem a idade de ser meu pai me comendo
com os olhos. — Afago sua barba e desço pelo pescoço, sentindo-o respirar
fundo. — Não acha muito feio, doutor?
Me sinto queimar de dentro para fora com o olhar fulminante que Rocco
me lança.
— Adivinha... Titio?
— Por que você me trata assim, Ana Júlia? O que eu te... Uepa! — A voz
de Thales ecoa e eu olho para o lado, vendo-o parado com um sorriso no
rosto, ao lado de Júlia.
— Por isso eu te trato assim, seu idiota! Sai do meu pé, Thales que coisa
chata! — Júlia ralha, o fazendo rir ainda mais.
— Não demore.
— Se ele te der um soco você sabe que vai parar lá na casa do caralho, né
seu idiota? — Júlia acerta um tapa em seu ombro. — Você é tão ridículo,
Thales!
— É hilário ver a cara dele, como se fosse pular no meu pescoço. Ele acha
que eu te quero de verdade? — Ri balançando a cabeça e se aproxima de
mim. — Eu te tenho como uma irmã M&M's.
Vejo Alisson com uma taça na mão próxima aos meus pais. Sorri, passa a
mão na testa e volta a acariciar a nuca, então desvia o olhar para Rocco
quando ele diz algo que não dá para entender.
— Sua suja.
Sorrio e a abraço.
Rocco
Sorvo um gole do whisky que tem mais gelo do que bebida. John fala
sobre o desenvolvimento do hospital e Alisson o escuta concentrada. Seu
português sempre foi perfeito e ela soube desenvolvê-lo com maestria ao
longos dos anos que passamos juntos.
Não posso negar que sinto o olhar prender ao meu repleto de dúvidas e
talvez perguntas. Fiquei surpreso em saber que ela e Manuella se
encontraram e conversaram.
— Tudo bem, amor. — Fernanda acaricia seu rosto e o beija. — Meu filho
é um príncipe, não é?
— Você que quase morreu de saudades quando fui embora. — O olho pela
borda do copo, rindo e revirando o olhar.
A encaro, até então estava em silêncio e ela sorri, negando com a cabeça.
John me encara por cima da borda do copo que leva aos lábios.
O clima parece ter ficado pesado ou apenas foi pura impressão pelo
silêncio que tomou. Uma funcionária se aproxima e fala algo para Fernanda,
que pede licença e se retira.
— Mariane sabe?
— Sim, mas John e Fernanda não sabem ainda, se puder por favor...
— Alisson, eu...
— Não vou ser a ex ressentida, não sou a megera que voltou para se
vingar ou qualquer coisa do tipo, Rocco.
Franzo o cenho.
Vou para perto do bar e coloco o copo vazio apenas para encher com um
pouco mais de whisky. Acho que apenas assim vou conseguir suportar essas
horas enfadonhas que ainda faltam para o fim do jantar.
Me aproximo da enorme janela que dá acesso ao jardim e percebo a
movimentação que está tendo próximo a piscina, todos reunidos
conversando animadamente. Jovens e filhos de alguns dos médicos
presentes.
Observei Manuella que tinha entrado e passado poucos minutos ali dentro
comigo, não me incomodou o fato de não estar ao meu lado, estou odiando
essas conversas também.
Está com Ana Júlia, sentadas enquanto algumas meninas de pé falam algo
que as fazem rir. Felipe está um pouco mais afastado com os amigos.
— Espero que não esteja pensativo com sua crise de idade agora. —
Vitória sorri e eu a olho parar ao meu lado. — Está?
— Imagino. Presumo que esse seu silêncio não seja apenas pela crise de
idade que insiste em te rodear, não é?
— Não, não é. Mas você pode ficar depois do jantar? Queria conversar
uma coisa com todos vocês.
A encaro colocar a mão em meu peito por baixo da camisa e dedilhar meu
peito.
Cerro o maxilar e seguro em seu rosto com a mão livre, tomando a boca
em um beijo sufocante, enfiando a porra da língua em sua boca com um
desejo absurdo e intenso. Afasto a boca, seguro seus pulsos e me encosto na
cadeira com a expressão séria.
Quero foder ela. Arrancar essa porra de vestido e fodê-la. Estou duro e
sinto a porra do meu pau querer se enterrar dentro dela como eu preciso do
ar para respirar, mas me contenho. Não vou transar com Manuella aqui, com
tantas pessoas lá embaixo.
— Manuella...
— Não sou boa em seguir ordens, se ainda não percebeu, doutor. Agora
me deixe tirar essa tensão de você.
Rocco
Parece um anjo.
Não tiro os olhos dos seus um segundo sequer e já sinto o tesão correndo
nas veias com força, concentrando principalmente em meu pau, esticando-o
e querendo rasgar o tecido da calça de tão duro que está.
Manuella sorri.
Arfa com o pau na boca, passando a língua devagar, desceu até onde
aguenta e volta novamente. Um filete de baba desce pelo canto do queixo,
com os olhos lacrimejando e o rosto avermelhado.
— Não viu nada ainda, doutor. — Morde o lábio segurando o pau e coloca
pressionado em minha barriga.
Fica esticado com a mão pequena, segurando e passa a língua por toda
extensão, o deixando mais duro do que já está.
— Manu...ella! — Puxo o ar, sentindo a língua passar pela glande até em
as bolas pesadas e ela leva a boca, sem parar de me masturbar com mão. —
Que filha da puta!
— Olha para mim, sua filha da puta! Quero ver entalada no meu pau...
Esses olhinhos gulosos. — Agarro seu rosto e movo a cabeça devagar, ela
geme sem deixar de me engolir até o talo. — Vou gozar na sua boca.
— Olha para mim e engole minha porra! — Ela assente e minha voz sai
trêmula, assim como meu corpo. Fico descontrolado de puro tesão e
desespero e ela geme quando o primeiro jato sai grosso.
— Cala a boca ou todos vão ouvir seus gemidos, inferno! — Rosno contra
os lábios entreabertos.
— Será que estamos com tanta cara de pós foda assim? — Manuella ri
encostando a cabeça em meu ombro.
Ela para perto do avô e fala algo, o fazendo sorrir. Fito-a balançar os
cabelos e pego um copo com água da bandeja que o garçom passa servindo,
sorvo um gole e olho para Alisson, que desvia o olhar na hora.
— Onde se meteu?
— Tomar um ar.
Volto a encarar Alisson que nos olha atenta, voltando a atenção para
Vitória que diz algo apertando sua mão e ela assente, sorrindo levemente. É
um desconforto estranho ver esse olhar, como se estivesse lendo todos os
meus pensamentos e atitudes.
— Sobre?
— Eu...
Manuella
— Deu para perceber que está comendo sem parar, está até com o rostinho
mais redondo e os quadris também. — Arlete para fixando o olhar e me viro,
encontrando mamãe parada.
— Vou procurar a Júlia. — Digo rápido e saio da cozinha pela porta dos
fundos, indo para o jardim.
Não sei se ela estava olhando como médica ou como mãe, mas sei que não
é tola.
— Deixa eu arrumar seu cabelo, está caindo nos seus olhos. — Thiago
mexe nos cabelos do meu irmão. — Fica todo despenteado.
— Não tem o que temer sobre nada, está ouvindo? Você sabe que tem a
mim. — Observo-o engolir em seco e assentir, dando um sorriso de canto.
— Eu te amo mais que tudo.
— Alisson, foi um prazer te receber e mais uma vez seja muito bem vinda.
A casa está quase vazia, para a minha felicidade. Rocco está ao meu lado
enquanto eu beberico um copo de água, tentando amenizar o enjôo que
parece ficar insuportável a cada minuto.
— Está pálida, querida. Está tudo bem? — Olho para todos os olhares que
se voltam em peso para mim.
Uma roda de médicos é um péssimo lugar para sentir qualquer mal estar.
Subo as escadas e entro no meu antigo quarto, suspiro e tento fazer a ânsia
passar, sentindo o suor frio e suspiro pesadamente. Entro no banheiro, passo
a toalha em meu rosto devagar e tudo parece girar, me causando uma náusea
horrenda.
Não a encaro, só fico olhando para os pés e engulo em seco o bolo que se
formou na garganta.
— Não pode ser. Não... Você não seria tão imprudente. — Repete como se
fosse para si mesma, ainda de costas. — Deus, tem convidados lá embaixo
ainda! Todos com um diploma... e anos de profissão!
— Eu quero que saia da sua boca! Abra a boca e fale, porque não posso
acreditar que foi tão idiota, tão imprudente ao ponto...
— Não vou falar o que você já sabe e está esperando apenas uma
confirmação da minha boca! — Ergo o rosto e vejo seus olhos se arregalar.
— Era isso que queria ouvir?
— Onde enfiou a merda da sua cabeça, sua inconsequente! — Esbraveja,
negando veemente.
— Minha filha?
Abro a boca, mas não é a minha voz que sai. Rocco dispara com a voz
arrastada, ficando a frente do meu pai que olha entre mamãe e eu.
O quarto parece ter ficado pequeno para tantas pessoas, o clima pesou e o
silêncio tomou conta de tudo. O olhar de mamãe recai sobre mim e vovó dá
um meio sorriso, eu só continuo estática no mesmo lugar.
— Ah, meu Deus! — A risada ecoa pelo quarto e minha mãe parece fora
de si. — Melhor momento? Qual seria o melhor momento?
— Como pôde ser tão... Tão idiota ao ponto de não ter se cuidado,
Manuella? Meu Deus! — Passa as mãos pelos cabelos.
— Não é o fim do mundo? Ah, por favor, Vitória! Ela está no auge da vida
dela! — Berra com o dedo em riste. — O que tem na sua cabeça? O que
pensa que é a vida, Manuella?
— Fernanda. — Rocco se aproxima e ela estende a mão.
— Fernanda.
— Você sempre tentou me moldar a sua perfeição, e para que? Para provar
que a grande doutora Maria Fernanda Monteiro é a mulher mais perfeita do
mundo! Que tem filhos incríveis e obedientes... Que não falhamos! —
Disparo, sentindo as lágrimas descerem. — Não somos robôs, mamãe! Eu
sinto muito se você se frustrou, se te desapontei por escolher viver a minha
vida da forma QUE EU QUERO!
— Não, você acha que sabe o que é melhor. — Soluço, sentindo os braços
me segurarem. — Mas não sabe.
— Não está vendo como ela está abalada, Fernanda! — Vovó ofega.
Ela me olha com o cenho franzido.
— O que!? — Disparo.
— Fernanda, pare!
— Você...
— Gritar não vai resolver absolutamente nada. Ficar barrando aos quatro
ventos não vai resolver!
Puxo o ar que não quer vir de modo nenhum, sentindo Rocco me abraçar e
afundo o rosto em seu peito. O soluço escapa da garganta sem eu controlar.
— Mamãe.
— Não passe a mão na cabeça da Manuella, ela deveria estar focada na
faculdade!
— Aconteceu o mesmo com você, Fernanda! E olhe onde está hoje, uma
obstetra renomada e incrível. Pare e pense! Sua filha nesse momento não
precisa de julgamento e sim de amor! Amparo!
— Manu.
— Fernanda.
Ouço o riso baixo dela ecoar e fecho os olhos.
— Quando ela estiver voltando para essa casa com um bebê nos braços e
infeliz, espero que entendam o que estou falando. Com licença.
Não sei ao certo os sentimentos que tomam conta de mim nesse momento,
é um misto de tantas coisas. Raiva. Medo. Tristeza.
Sinto vovó me abraçando forte, repetindo que não era necessário tudo
isso, que mamãe está nervosa e falando tudo da boca para fora. Me sento no
sofá com Felipe ao meu lado apertando meus dedos.
— Tia Fernanda ficou muito brava. Oh M&M's, te ver assim acaba com o
meu coração de manteiga. — Thales balança a cabeça. — Faz mal ficar
assim.
— Cadê o velhote?
— Está com papai no escritório. Vocês viram o Thiago? — Felipe
pergunta. — Não o vi.
— Vai ficar tarde, Ju. — Ele nega veemente. — Seus pais já foram e...
Rocco
— Fernanda sempre teve esse jeito explosivo, mas isso foi demais John.
— Rodolfo suspira sentado no sofá. — Estava fora de controle.
— A amo como se fosse minha filha, mas não vou admitir que trate minha
neta dessa forma! Manuella não precisa de repreensão, ela é uma mulher!
Deus... Agindo como se isso fosse o fim do mundo!
Estou de pé e fito John, que está em silêncio, sentado na poltrona solo com
a mão pousada no queixo, sem falar muito desde que entramos aqui.
Fernanda realmente disse coisas grotescas demais e não consigo deixar de
pensar.
— Vou ver como minha neta está. Eu espero realmente que Fernanda se
contenha e converse com Manuella como deveria ter feito. — Vitória ajeita
os cabelos passando as mãos devagar. — Venha, Rodolfo. Acho que Rocco e
John precisam conversar.
— Vocês sabem que agora tem um elo muito maior que os prendem, não
é? — Olhamos para ele, que sorri de lado. — Saibam ver isso.
John se levanta e anda até o aparador, enche o copo com o líquido âmbar e
sorve tudo em um gole só, acabando com a bebida e volta a depositar o copo
vazio no mesmo lugar.
— Não tenho muito o que dizer, esperei o melhor momento para vir
conversar com vocês e... Acho que estava procurando não o momento, mas
as palavras certas. — Começo franzindo o cenho. — Eu te prometi que não
ia ter bebês ou casamento antes dela se formar, eu não quis atrapalhar a vida
dela ou...
— O que?
— Então é isso que importa. Aconteceu e não temos mais o que fazer, não
vou falar que estou radiante, mas estarei tranquilo se ela estiver bem, porque
mesmo nunca querendo... Nunca tendo vontade e desejo, eu sei que você vai
se esforçar para ser um ótimo pai.
— Porque agora você é responsável pela vida que ela carrega e eu espero
do fundo do meu coração que você faça o que eu fiz quando soube que ela
estava a caminho. Eu me transformei. — Sorri e percebo-o limpar o rosto. —
É um sentimento tão forte, é uma coisa que te faz ficar de joelhos só para vê-
los de pé.
Continua parado no mesmo lugar e tanta coisa passa por minha mente. O
medo da impotência, de falhar.
— Não vou agir como o século passado, mas acho justo. — Cruza os
braços. — É meu neto. Eu quero que tenha o melhor e não estou falando do
lado financeiro, Rocco.
— Vou ser avô do seu filho, meu Deus! Meu bebê vai ter um bebê. —
Repete entre dentes, engolindo em seco. — Meu bebezinho vai ter um bebê.
— Ela está se cuidando? Já sabe com quantas semanas está? O que está
tomando? O que está usando?
— Vai começar o acompanhamento médico e está tudo bem. — Ele
assente levemente. — Vou ver como ela está.
— Eu também. Deus! Eu vou ser avô aos 45 anos. — Passa a mão pelo
pescoço. — Avô. — Me olha sério e balança a cabeça. — Avô. — Repete
como se não acreditasse. — Vou te matar, eu juro!
— Não está sentindo nada? Jura? — John pergunta logo atrás de mim.
— Estou bem.
— Precisa se cuidar e cuidar desse bebê aí dentro. Sua mãe está de cabeça
quente.
—- Ela sempre foi assim. — Manuella morde o lábio e posso ver a aflição
em seu rosto quando me olha.
— Só foi pega de surpresa. Porque não ficam aqui hoje e amanhã vão? Já
está tarde e você bebeu, não vai dirigir bêbado com minha filha grávida.
— Claro que não. Sua mãe falou aquilo da boca para fora, minha pequena.
— Eu te amo. Você nasceu para mim, minha pequena e não quero mais te
fazer chorar. Nunca mais.
Rocco
— Podíamos ir para um pub essa semana, marcar com todo mundo como
fazíamos antes. — Pâmela bate palmas animada. — Que tal?
Estamos reunidos no pátio da faculdade. Já almocei no restaurante com
Júlia e voltamos para concluir um trabalho, agora estamos livres
conversando com os amigos.
— Aquele bar na lapa, podemos ir lá. — Camila ergue a mão.
— Vamos, Manu? Sentimos sua falta nos acompanhando.
— Talvez nos encontremos lá. — Mordo o lábio, vendo Júlia assentir.
— Manu ainda pode sair com a gente? — Olho para trás quando Davi se
aproxima segurando o capacete.
Reviro os olhos de imediato.
— Nossa, Davi você é cuzão em! — Thales vem em nossa direção. —
Solta o anjo da Manuzita!
— Falei alguma mentira, Manu?
— Falou merda. — Júlia ri sem humor. — Aliás, supera Davi.
— É porra! — Thales abre os braços. — Manu não pode ter estresse que
faz mal para o bebê dela.
O silêncio se instala e todos os olhares se voltam para mim.
— Ah, boca de sacola! — Júlia o encara. — Tem a boca vazada, né?
— Você está grávida? — Davi dispara. — O velhote te engravidou?
— Que eu saiba, duas pessoas têm que transar para poder fazer um bebê,
não sabe aula de anatomia?
— Não vê que ele te engravidou para te prender a ele?
— Davi, vai dar um passeio na casa do caralho! Maior cuzão! — Thales o
olha. — O que você tem a ver com a vida da M&M's? Tá grávida sim e você
não é o pai!
— Cala a boca, Thales! — Davi dispara e me olha de cima a baixo. — O
que foi que viu nesse homem? Está perdendo toda sua vida com um vovô!
Sério, Manuella? Um bebê do velhote?
— Ah, vai se foder! — Júlia entra na minha frente. — Vem, Manu!
— Sai da minha frente! — Peço, saindo junto com Júlia. Me despeço das
meninas e aviso que depois conversamos.
Já está praticamente no horário de ir para a clínica, então só aproveitamos
para sair logo.
— Esse Davi está me dando nos nervosos. Que garoto babaca! — Júlia
balança a cabeça enquanto sorvo um gole de água. — Está tudo bem?
— Sim. — Umedeço os lábios. — Que idiota.
— Me desculpa! — Thales aparece. — Você sabe que quando estou bravo
só sai besteira e acabei falando demais.
— Só quando está bravo? Era uma coisa que partia da Manu falar e não de
você! — Júlia rebate.
— Foi sem querer, M&M's.
— Tudo bem, Thales. Davi que consegue ser um idiota.
— Não escuta nada que ele tem pra falar. Me perdoa tá? — Sorri e eu
assinto, vendo-o olhar para Júlia. — E você não perde a oportunidade de me
maltratar né?
— Sai da minha frente.
— Doce de limão!
Balanço a cabeça rindo enquanto entramos em seu carro. Ela vai me
deixar na clínica, já que eu voltaria com Rocco.
Ou ao menos foi o que pensei.
Ele não atendeu o celular e não respondeu as trinta mensagens que deixei.
Olho para Júlia aflita segurando minha mão a cada minuto e hora que
passamos na clínica.
— Ele não vai vir. — Diz baixo e eu mordo o lábio.
Se tiver acontecido algo?
Meu coração palpita em mil e uma maneiras e pensamentos diferentes.
Liguei para o hospital, mas ele não sabia dizer onde estava.
Sorrio triste quando Júlia segura em meu rosto para me olhar.
— Não viemos aqui atoa. Depois você descobre o que aconteceu, agora
vamos ver nosso bebê.
Seguro o choro preso na garganta e assinto quando a médica nos chama
após longas horas de espera.
Foi um martírio, me senti sozinha.
Respondi todas as perguntas que me fizeram e eu parecia responder no
automático. Quando me deitei na maca e o gel espalhou por minha barriga,
eu fechei os olhos.
— Estou aqui com você. — Júlia sussurra e tento ao máximo não chorar.
Mas é impossível me conter.
A lágrima desce rolando por meu rosto ao ver o borrão na tela surgir aos
poucos. O bolo se forma e eu fecho os olhos, tornando a abri-los marejados e
sorrio.
Não estou mais sozinha. Agora entendi tudo.
Digo baixo quando um soluço rompeu da garganta:
— Oi pontinho...
Rocco
Olho para o relógio. Foi impossível sair do hospital, então saio às pressas,
praguejando baixo e mordendo o lábio. Não teve como avisar, nem como
mandar a porra de uma mensagem, já que celular é a última coisa que eu
penso em pegar nesses momentos.
Rocco????
Não vou mais te esperar!
Cada mensagem é uma facada no peito. Posso sentir a angústia nas letras.
A dúvida entre ir na clínica e saber que não está mais lá ou ficar aqui,
sendo que poderia vim ou vai estar em casa. A chamada cai na caixa postal
para o meu desespero e angústia.
E assim é na terceira, quarta e na quinta chamada. Ela não vai atender.
Não vai me perdoar.
— Ela sente a mesma coisa por você. O jeito que a Manuella te olha...
Vocês vão ter uma família, Rocco.
A fito morder o canto do lábio sem tirar os olhos dos meus e fica um
silêncio incômodo. Não deveríamos estar tendo essa conversa, não sabendo
que o motivo do nosso término foi exatamente esse.
— Se eu te falar que não doeu, estaria sendo hipócrita. Aliás, isso foi o
que me fez pedir o divórcio.
— Alisson.
— Não lutei por você, porque não se pode lutar sozinha. Não fiz isso antes
e não farei isso agora. — Sorri e dá de ombros. — Mas se eu puder te falar e
se quiser me ouvir...
— Eu te ouço.
— Lute por ela, lute por sua família. Não deixe seus medos e inseguranças
te fazerem perdê-la. Você a ama, você é apaixonado por ela, e é recíproco,
Rocco. — Sua voz ainda está embargada. — Só desejo que lute por seus
sonhos e por seu filho. Tenha a coragem que não teve de lutar por nós dois.
— Não precisa dizer que sente muito... Eu sei que sente, mas não precisa.
Você vai ser pai.
— E eu não sei o que fazer. — Levanto sem olha-la, desabafando o que
está em meu peito e na minha mente. Continuo de costas, com as mãos nos
quadris. — Eu não sei o que fazer para não deixar ela infeliz.
— Não fui capaz de fazer você feliz, imagine uma menina da idade dela!
Ela deveria estar curtindo o auge da juventude e não grávida. Os planos da
faculdade, a carreira brilhante que os pais dela idealizaram e eu não consigo
entender que amor paterno é esse que tanto falam.
Nego veemente com o cenho franzido e paraliso, dando de cara com o par
de olhos fixos aos meus, parada perto da porta.
— Você não precisa me pedir nada. — Diz sem olhar para Alisson, com os
olhos fixos aos meus. — Não me deve nada.
Quero abraçar ela e me desculpar, mas nem me acho digno de fazer tal
coisa.
— Não. Não estou porque Júlia estava comigo, segurando minha mão!
Porque o pai do meu filho se preocupa com tudo, menos com a existência
dele! — Diz brava, balançando a cabeça e empurrando a pasta em meu peito,
que seguro para não cair. — Você não se importa, eu já entendi, então está
livre disso! Está livre dessa responsabilidade que não quer, mas saiba de uma
coisa.
— Para que? Para pedir desculpas e daqui dois dias fazer a mesma coisa?
— Ri entre as lágrimas grossas. — EU NÃO QUERO SUAS DESCULPAS!
Sabe por que, Rocco?
A encaro soluçar.
— Manuella.
— Me deixa te explicar.
— Mas sabe, Rocco? Eu cansei e você não vai rejeitar meu filho. Sim, ele
é meu, porque ele não precisa de um imbecil como você, que não sabe se vai
querer ele ou não.
Morde o lábio e eu sinto o soco no estômago das palavras me atingindo.
Manuella
Abro a porta, não conseguido respirar direito nem ver o que está a minha
frente. Sinto as mãos de Júlia me agarrarem e nego veemente. Puxo o ar,
apenas para o soluço escapar mais alto do que eu gostaria que tivesse saído.
"Só desejo que lute por seus sonhos e por seu filho. Tenha a coragem que
não teve de lutar pela gente."
"E se eu não souber ser pai, Alisson? Se eu não... Se eu não conseguir dar
atenção e viver para essa criança?"
Sai da clínica com Júlia e o coração apertado por não tê-lo ali comigo
naquele momento, pensando que poderia ter acontecido mil e uma coisas, e
aconteceu. Ele estava desabafando com ela. Desabafando com a mulher que
ainda é apaixonada por ele.
— Ela vai passar mal, deixe-a! — Ouço Júlia falar e paro encarando
minha mãe andar na minha direção.
O cenho franzido.
— O que houve?
— Para que? Para dizer que me avisou? Que está feliz me vendo assim?
— As palavras saem atropeladas e trêmulas.
— Manuella!
— Tia Fernanda, ela vai passar mal! Por favor, Manuella! — As mãos me
seguram e eu não sei se estão frias ou é meu corpo.
"E se eu não souber ser pai, Alisson? Se eu não... Se eu não conseguir dar
atenção e viver para essa criança?"
Meu pai parecia fora de si e não disse mais nada, apenas me ergueu do
chão, me colocando nos braços enquanto eu só conseguia chorar em seu
peito.
Podia ouvir a voz de Rocco logo atrás e eu só repetia que não queria vê-lo.
Estou com medo pelo meu bebê e não o perdoaria se acontecesse alguma
coisa com ele.
— Fica aqui comigo, por favor. — Peço baixo, vendo-a sorrir enquanto
estala a língua.
— Ele não vai chegar perto do meu bebê. Ele não vai chegar perto dele.
Repito baixo e ouço a porta se abrir e papai entrar. Ele tirou o jaleco e está
apenas com a camisa azul de mangas. Me olha e posso ver a expressão
fechada no rosto.
— Eu vou beber uma água. — Júlia se levanta e sai, nos deixando a sós.
Ele é a única coisa que me importa nesse momento e será por ele que vou
lutar para ficar bem.
Eu me basto sozinha.
Rocco
Levanto em um salto quando John sai e fecha a porta atrás de si, ajeita as
mangas da camisa com os olhos fixos aos meus. Ele ficou longos minutos no
quarto da área mais reservada do hospital com Manuella.
— Me deixe falar com ela. — Peço rápido e ele ri de lado com as mãos na
cintura.
— Ela não quer falar com você. — Ana Júlia que até então estava calada
se ergue e para na minha frente. — Me desculpe, tio John mas ela não quer
falar com ele.
— Tudo que Manuella queria era apenas que fosse sincero. Minha amiga
estava infeliz e não era por sua idade, mas pela maneira que vem tratando
como se o bebê não existisse. Então, por favor, não finja que se importa
agora. — Ana Júlia suspira, limpa o rosto e olha para John.
Batemos boca alguns minutos atrás, mas agora parece que ele vai socar a
minha cara a qualquer momento e eu não revidaria se o fizer, estou
merecendo.
— Que merda você fez, Rocco? — Abre os braços. — A única coisa que
eu te pedi foi para fazê-la feliz!
Fernanda nos olha ao lado de Natália, que parece prever uma catástrofe e
logo se aproxima.
— John, não acho que esse seja o melhor momento para discutirem. —
Diz baixo. — Por favor!
— Nesse momento meu lado paterno está aflorado, então escute bem o
que vou te dizer... Se tivesse acontecido alguma coisa com a minha filha e
com o meu neto, eu juro por Deus que eu te arrebentava no soco, Rocco! E a
vontade está vindo com muita força nesse momento.
— Eu mereço, estava sendo um idiota e tudo que mais quiser falar. Porque
temi tanto em deixá-la infeliz, que era o que estava fazendo! Sim, John, eu
estava! Mas eu amo a sua filha.
— Não, não ama. Porque não se machuca quem ama e você fez isso em
dobro com ela e o com o bebê que VOCÊ colocou lá dentro! Se não o
queria, tivesse coberto seu pau, tivesse alertado ou não tivesse transado!
Porque é isso que acontece quando se tem descuido! Eu fui pai aos 24 anos e
assumi a responsabilidade, Rocco. Você sabe disso porque estava ao meu
lado!
Diz com ira, mantendo o olhar preso ao meu e eu engulo em seco, com o
punho cerrado.
— Vire homem, porra! Vire homem, seu caralho! — Dispara. — Ela está
magoada com você e eu mais ainda! Então contorne essa situação se a ama
como diz.
Fecho os olhos quando Fernanda me encara e sai logo atrás. Passo as mãos
pelos cabelos e Natália bufa, descruzando os braços.
— Não vou sair daqui, eu preciso vê-la. Preciso conversar com ela.
— Não vou sair daqui, Natália. Vou ficar plantado aqui até falar com ela.
— Não saio. — Digo sério e John suspira. — Não saio até falar com ela.
— Vai sair, sim. Deixe Manuella descansar e depois você conversa com
ela, se ela quiser. Mas nesse momento ela não quer, então cai fora.
— Me deixe falar com ela, eu imploro John. Por favor! — Peço com um
misto de cansaço e desespero que jamais pensei sentir.
— Vão começar a brigar aqui como dois adolescentes? — Olha entre nós
dois com as mãos enfiadas no jaleco. — Como médica, eu coloco os dois
para bem longe desse corredor.
— Eu sei, por isso vou respeitar, para não a deixar mais nervosa do que
está. — Ergue o queixo. — Podem dar licença agora?
— Não vou desistir de conversar com ela. Vou respeitar, apenas, mas avise
a ela que não vai se ver livre de mim.
Oito semanas.
Nos meus 43 anos de vida nunca senti um vazio tão infernal quanto nessas
duas semanas desde que ela me deixou.
— Ela disse que vocês não tinham mais nada para conversar.
Manuella me deixou.
Era o fim?
Foi um inferno.
Conversei com Alisson e ela parece ter se sentido tão culpada quanto eu,
pediu desculpas a John e Fernanda e parecia ressentida ao vir falar comigo.
— A culpa não foi sua, Alisson o único culpado sou eu. — Me encosto na
parede, pousando a cabeça na mesma. — Eu que estraguei tudo, meu medo
irracional e idiota acabou com tudo.
— Lute por ela. Não a deixe achar que tudo se perdeu, Rocco. — Diz
baixo, me fazendo olhá-la. — Não desista.
E eu não desisti.
Fiquei plantado na porra da faculdade, esperando-a durante todo o dia,
mas nenhum sinal dela. Nada. O desespero aflorou e tudo se revirou dentro
de mim. Era como se não estivesse em lugar nenhum.
Foi quando vi Ana Júlia passar pelos portões junto com colegas e desci do
carro, sem aguentar mais a angústia que me deixa cego, louco e morto de
saudades da minha peste. Ela pareceu surpresa e raivosa quando me viu,
arqueando a sobrancelha e segurando os livros.
— Uma pena, doutor. Quando ela quis conversar, você não estava
disponível. Tente novamente mais tarde. — Sua voz soa baixa e enraivecida.
— Eu sei que errei feio, mas estou enlouquecendo sem notícias dela. Sem
saber como ela e o bebê estão.
Por pouco não acertei seu queixo com um soco, mas só dei meia volta,
entrei na porra do carro xingando meio mundo de tanto ódio me
consumindo, soquei o volante, praguejando com aquela coisa na garganta
impedindo a voz de sair.
Eu juro que ia matar um.
— Estou louco de preocupação, de saudades e... Ela não pode ter sumido.
Eu sei que vocês sabem.
— São dois meses, Vitória. — Falo baixo suspirando e ela assente. — Ela
quer me punir? Já conseguiu.
Três meses.
É sufocante.
— Você sabe disso. Peça para ela voltar, John. Mande-a vir gritar na
minha cara que eu sou um ranzinza insuportável. Mande-a me xingar. Só por
favor, peça para ela voltar. — Coloca as mãos na cabeça. — Estou
desesperado sem notícias, você não fala absolutamente nada e eu...
Umedece os lábios e posso jurar ver uma sombra de sorriso no seu rosto.
— Se quiser mesmo descobrir, vai ter que lutar por isso. Desculpe.
— Tá bom. Avise a sua filha que se vingar de mim usando meu filho é um
golpe muito baixo! — Aponto para o peito e ele continua parado.
E não é apenas a falta de sexo, porque nunca achei que na minha idade eu
ia ter que bater punheta para amenizar a vontade de transar.
— Vem, idiota. — Ana Júlia sai o puxando, parecendo mais tensa que o
normal.
Falam alguma coisa baixo que não consigo identificar, então saio puto,
passando feito um furacão pelo corredor, quando um mini ser humano vem
correndo e me faz parar de imediato. O menino paralisa com o dedo na boca
e bochechas rosadas.
— Mamã!
— Oi Owen. — Olho para ela. — Ele parece muito com você, Alisson.
Pisco, assentindo.
— Eu vou resolver uma coisa, nos falamos depois. Foi um prazer, Owen.
Alisson sorri e eu dou meia volta, indo para a sala de John novamente, em
passos apressados.
Viro o corredor e dou de cara com Ana Júlia, que paralisa ao me ver e
arregala os olhos.
— Doutor.
Semicerro os olhos.
— O que foi?
— Manuella...
Manuella
Três meses.
Apesar de amar Rocco com toda minha alma e meu coração, meu bebê
sempre vem em primeiro lugar.
Fiquei no apartamento dos meus pais no início, revezando entre a casa dos
meus avós também. Júlia e Thales iam me ver todos os dias junto com
Felipe. Fiz todos os trabalhos online e foi a melhor decisão que tomei.
Passei uns dias na casa de Angra e meu papai ficou louco achando que eu
poderia sentir alguma coisa, mal sabia ele que eu já estava sentindo. Os
frangalhos do que restou do meu coração.
Mas ele não estava lá quando o bebê chutou pela primeira vez.
Só que precisava voltar a minha vida e foi exatamente isso que eu fiz. Não
me escondi, nem fugi, apenas protegi a vida que eu carrego. Vou começar a
estagiar por poucas horas, apenas para compensar e cumprir a carga horária
que a faculdade precisa.
Thales e Júlia foram me buscar e eu avisei ao meu pai que ia assim que
Rocco saísse do plantão, não queria vê-lo agora, não queria olhar para ele.
Fiquei na sala, apenas esperando o sinal de Júlia para que eu pudesse entrar.
O jaleco solto, a camisa branca com alguns botões abertos e barba por
fazer marcando o rosto. Parece mais magro e com o rosto abatido.
Fixo o olhar ao seu, erguendo o rosto.
— Manuella...
Se dirige diretamente para mim, mesmo com papai no meio de nós dois e
eu assinto.
— Rocco. — Papai chama, mas ele não tira os olhos dos meus.
— Está falando de coragem por que? Isso é coisa que você não tem! — O
corto, rindo sem humor. — Não tenho motivos para te ligar, para te avisar ou
te dar satisfações da minha vida!
— Ah! Seu filho? Aquele que até ontem você nem aceitava? Aquele que
você não tem sentimento paterno nenhum?
Continuo o encarando.
— Fique aí.
— Perdoar pelo que? — Engulo em seco. — Por ter ignorado meu bebê?
Por ter ido desabafar com sua ex sobre ele? Por não o amar? Pelo que
exatamente está me pedindo perdão, Rocco?
— Por tudo! Por ter sido um babaca, um idiota e insensível com você e
com nosso filho! Eu estava enlouquecendo com tantas coisas, Manuella!
Com o fato de achar que pode se arrepender lá na frente.
— Eu quero nosso bebê. Não quero que ele sinta que... Que o pai dele não
lutou por ele. Eu quero vocês. Eu preciso de vocês.
— Não é.
— É sim! Eu queria ter ouvido isso meses atrás, mas não, você preferiu
desabafar com sua ex sobre nosso bebê! Preferiu se abrir com ela do que
comigo, do que com a mãe do seu filho! Essa que você diz tanto amar!
— Amar em palavras? Amar da boca pra fora? Não quero seu amor! —
Meu queixo treme enquanto o olho se aproximar de mim. — Você me traiu,
Rocco. Me traiu quando não conversou comigo, quando não se abriu
comigo!
Ele segura em meus braços, me fazendo colar em seu corpo, com os olhos
fixos aos meus.
— Tenho sim!
— Você sabe que eu tenho, minha pequena. Que ele é tão meu quanto seu.
— É meu filho! — Coloco a mão no peito. — Ser pai é muito mais do que
colocar seu esperma, doutor! E foi só isso que fez!
— Voltei para levar a vida que estava levando antes e isso não vai incluir
nós novamente. Acabou. Essa sua crise de terceira idade já me encheu a
paciência, essa merda nunca foi um problema para mim e você sabe disso.
Vinte anos não nos separaram, quem fez isso foi você, Rocco!
Nega devagar.
— Não. — Sussurro.
— O que foi?
— Nada. — Nego rapidamente.
Não queria ter voltado para casa, só o fiz realmente por insistência de
papai e Felipe. Minha relação com minha mãe ainda não está das melhores e
eu não faço questão de mudar isso.
Não nos falamos nesse período, mas ela mandou algumas mensagens, que
apenas ignorei e deixei sem resposta.
Sai do hospital logo após sair da sala, ainda trêmula e ofegante, desejando
apenas ficar o mais longe possível dele.
— Você devia ter ficado quieta e não ter chutado para ele te sentir. —
Digo baixo, sentada na cama, olhando ao redor do meu antigo quarto. Bom,
agora é meu de novo. — Ele te sentiu. Se bem que ele parece uma pedra de
gelo, aquele idiota.
— Seu pai é um idiota dos maiores. Passou esse tempo inteiro e acha que
vou perdoá-lo agora? — Balanço a cabeça. — Vamos dar um gelo nele. E
você, sua pequena traidora, não mexa quando ele estiver perto.
Paraliso e nego.
— Não, pode mexer sim, mamãe fica preocupada quando você não mexe.
— Afago-a devagar, sentindo o peito inflar de tanto amor. — Minha
princesinha.
Sorrio levemente.
— Achei que éramos três. — Olho para a porta e vejo Felipe parado, então
levanto da cama quando ele entra.
— Senti sua falta aqui nesse quarto. — Aperta minha mão. — Não é a
mesma coisa sem você aqui.
Ele veio a noite, mas não quis falar com ele e nem desci.
Papai deu boa noite, saiu e ficamos deitados olhando para o teto em
silêncio.
Franzo o cenho. A luz de abajur acesa me deixa ver seu rosto com
perfeição.
— São riscos que temos que correr, não dava para guardar esse segredo.
— Ele assente. — Não dava para disfarçar o que eu estava sentindo,
entende?
— E o Thiago?
— O que tem ele?
— Está bem.
— Sim.
Continuo o olhando sem falar mais nada, mexendo nos fios claros dos
cabelos, ajeitando-os e afasto uma mecha que cai em sua testa.
— Você e ele...
— Eu te amo.
— Seu bobo.
Desço as escadas ouvindo os burburinhos na sala de jantar. Dormi
tranquilamente essa noite, melhor do que pensei do que seria. Felipe já está
na mesa de café da manhã posta, papai sentado na cabeceira e mamãe ao seu
lado.
— Vou para a faculdade. — Aviso a papai, mas ele nega, apontando com o
dedo para a cadeira ao seu lado.
Deixo Felipe na escola como nos velhos tempos, já que fica no caminho e
então sigo para a faculdade. Não demoro muito para estacionar e ajeito os
cabelos enquanto coloco os livros na bolsa e desço do carro.
— E o que você tem a ver com isso? Não te interessa! — Engulo em seco.
— Por que não me deixa em paz? Sério! Ainda não superou?
— Não acho justo uma mulher como você perder sua vida com aquele
velhote e ainda mais te deixou grávida!
— O que esse otário está falando aí? Davi, pelo amor de Deus, segue reto
e vai para a casa do caralho, meu filho! — Júlia aponta.
— Estou conversando com a Manu que ela não precisa daquele coroa! Eu
posso criar seu filho se você deixar.
— O que? — Eu e Júlia falamos juntas.
— Sinto muito acabar com a festa e disputa de quem vai criar a minha
filha, mas ela tem pai.
Me viro para Rocco e ele fulmina os dois com o cenho franzido, punho
cerrado e o maxilar trincado.
— Perdeu seu tempo, eu disse que não temos mais nada para conversar. —
Cruzo os braços na altura do peito.
— Ouviu o que ela disse? Sai fora! — Thales fala atrás de mim.
— Eu vou ver a minha mão na sua cara! — Diz brava. — Davi seu
encrenqueiro, cai fora também, ninguém te chamou aqui!
As pessoas pararam para olhar, mas graças aos céus já começam a circular.
Volto a olhar para Rocco passando a mão pela barba enquanto me olha. Está
com olheiras enormes, mas veste uma camisa polo azul grudada no peito
musculoso.
Sinto o entalo na garganta quando sinto ele segurar meu queixo e me virar
para a frente, seus olhos brilhantes presos aos meus.
— O nosso bebê é uma menina? — Pergunta quase em um sussurro e eu
suspiro, tirando sua mão do meu rosto.
Me afasto sentindo o queixo tremer enquanto nos olhamos. Ele está sério e
compenetrado em todas as minhas reações.
— Não temos mais nada para conversar. Não vou deixar ninguém criar
minha filha, farei isso sozinha, como estou fazendo! Agora tenho que ir para
a minha aula.
— Acha que vai se livrar de mim assim? Você acha que vou deixar você
sair da minha vida?
— É nossa. Minha e sua! Feita com todo amor e desejo que existe entre
nós dois! — Arfa contra meus lábios entreabertos, mas eu o empurro,
juntando o resto de sanidade que tenho.
— E aí?
Sorrio de lado.
— Vou tirar o juízo dele, Júlia. Vou fazê-lo enlouquecer de uma maneira
que ele nem imagina.
— Às vezes eu acho que você tem muito tesão reprimido por mim,
docinho de limão. — Franze o cenho.
— Quem vai chorar é você quando eu tirar essa sua marra de gata brava
com uma surra de pau tão grande, Ana Júlia, que vai ficar de pernas bambas
por três dias. Aí você vai ver quem soca fofo, docinho de limão.
— Soca fofo!
— Bombomzinho.
— Se fode comigo.
Alguns olhares em minha direção são apenas por dois motivos: a gravidez
e por ser filha do dono do hospital.
Júlia ri.
Que maravilha.
— Claro.
Não sinto raiva de Alisson pela situação de tudo o que aconteceu. Sei que
é uma profissional incrível e me apego a isso para prestar atenção em todas
as explicações que me dá da área pediátrica. Apenas fui vendo o básico, já
que é a primeira experiência aqui como uma profissional.
Lembrei das inúmeras vezes que corri pelos corredores do hospital quando
vinha visitar meus pais e o quanto amava pular na cadeira do meu avô, que
me esperava com um sorriso.
Agora estou aqui e daqui a alguns anos estarei formada e minha filha
fazendo o que eu fazia.
— Ele me disse.
— Nos podemos conversar, por favor? Não tomarei mais do que cinco
minutos.
Tenho uma maturidade imensa para não instigar uma rivalidade entre nós
duas, poderia recusar apenas por educação, mas eu realmente quero ouvi-la,
mesmo sabendo que ela não terá nenhuma desculpa a me dar.
— Aproveitei que hoje está mais calmo. Quer beber alguma coisa?
— Não sei ao certo o que devo te dizer, mas vou tentar ser breve. — Cruza
as mãos, ajeitando a postura. — Naquele dia em que entrou na sala do Rocco
e nos viu conversando, foi apenas um desabafo da minha parte e que gerou
sendo um dele também.
— Entendo exatamente o que sentiu, Manuella. Não sei até onde ouviu
nossa conversa, e posso repetir tudo que falamos, mas de todo o meu
coração... — Morde o lábio, franzido o cenho. — Não pense que voltei para
atrapalhar a vida de vocês, que vou ser um estorvo ou qualquer coisa do tipo.
Engulo em seco.
— Fui casada por dez anos com Rocco e realmente esperei por uma coisa
que ele não estava pronto para me dar. Porque não teve amor, Manuella. Ele
nunca me amou e eu demorei para entender isso. — Sorri sem humor. — Eu
achei que era amor e ele achou confortável e foi ficando. Foi tudo, menos o
que chamam de amor.
— Eu só quero que saiba que de todo meu coração, eu quero que sejam
felizes e que criem o bebê de vocês juntos. Se dêem uma chance de serem
felizes. Rocco te ama, assim, como você o ama também. — Suspira,
mordendo o lábio. — Conversem e pensem no bebê de vocês. Me desculpe
ter tomado seu tempo, mas eu precisava dizer que torço muito por vocês
dois.
— É uma menina. Ele descobriu hoje pela manhã e está surtando porque
acha que meu ex-namorado vai assumi-la. — Vejo-a rir. — Vou deixá-lo de
castigo por uns dias, até ele aprender.
Rocco
Interessante, não?
A peste está de lado tomando um suco e mexe nos cabelos enquanto sorri,
balançando a cabeça de um lado para o outro.
É uma rotina encontrá-la aqui, já que está em processo de estágio, mas não
sei se me sinto aliviado por vê-la todos os dias ou se sinto desespero porque
ela sequer dirige a palavra a mim.
Quatro semanas.
Minha filha.
Xinguei John por não ter me contado, por ter ajudado a esconder de mim.
Mas também não o julgo.
Está tudo um caos e eu estou furioso.
Furioso por ela não me deixar participar de absolutamente nada que diz
respeito a nossa filha. E eu faço de tudo. Nem consigo senti-la mexer,
porque ela não me deixa toca-la.
Manuella acena, se despedindo dos abutres e sai com Ana Júlia que ri
falando algo com ela.
— Vem comigo. Agora. — Saio a levando e ela faz de tudo para se soltar,
mas a mantenho presa perto de mim.
— Está me ameaçando?
— O que aconteceu?
Nossa relação está amena pelas circunstâncias, a sua com Manuella nem
tanto. É geniosa.
— Sobre?
— Saiu mais cedo e estava em casa. Liguei para Arlete para saber como
ela está e fico sabendo que saiu com Felipe, Ana Júlia e Thales para
um PUB na barra. A gravidez dela é extremamente saudável, mas ela precisa
descansar, se cuidar... E eu estou preocupada!
Sinto meu olho direito tremer levemente e puxo o ar uma, duas, três vezes
seguidas.
— John está em cirurgia e claro que acha que ela precisa sair para
desopilar a mente, mas é uma gravidez!
— Vou buscá-la agora! Ela não vai sair carregando minha filha para cima
e para baixo.
Deveria da meia volta e deixá-la aqui. Aliás, é livre e pode fazer o que
quiser.
Mas meu gênio, meu ciúme, meu amor e meu descontrole não me
permitiram.
— Vim te buscar, isso não é lugar para uma grávida estar. — Falo alto,
voltando a atenção ao rapaz que me encara ainda de pé perto da mesa. —
Perdeu alguma coisa?
— Na-não, eu...
— Manu, amiga...
— Vem agora. — Peço e não preciso falar muito para saber que só vou
sair daqui com ela.
Dou espaço para que passe saindo marchando à frente com pressa e raiva e
então a sigo logo atrás, como um cachorro desgraçado, louco e babando por
ela. O ciúmes me espanca.
Estamos prestes a sair desse lugar infernal quando Manuella para e o tal
do Davi olha entre ela e eu.
— Já vai, Manu?
— Perguntei a ela, não a você tio. Aliás, meio tarde para estar fora...
O resto da porra do controle que eu não pensei que ainda tinha vai para
puta que pariu. O seguro pela camisa e faço me encarar.
Estou com ódio, sentindo todos os nervos tremendo em uma carga de raiva
pura e distinta.
— O que pensa que está fazendo? Ficou maluco? Está agindo como um
louco!
— Porque estou! Queria ouvir isso... Ótimo! Estou louco, alucinado e
completamente fora de mi, e isso é tudo culpa sua!
— Minha? Eu não te pedi para vir até aqui e agir como um animal. — Me
olha de cima a baixo. — Não me trate como se eu fosse uma responsável,
jamais colocaria minha filha em risco!
— Deveria estar descansando, mas olha onde está. Será que vou ter que te
trancar na porra de um quarto até ela nascer?
— Põe? — Suspiro.
— Sim. — Assente.
— A gente põe fogo onde quiser. Onde estiver. — Mordisco seu lábio
inferior. — Você me queria peste e você me teve, e vai me ter. Ouviu,
Manuella?
A barriga impede o contato corpo a corpo, mas não o calor e o tesão que
nos corrói de dentro para fora e o mesmo. Não foi difícil vira-la com as mãos
apoiadas no carro, o estacionamento está escuro e o carro bem afastado.
— Rocco.
— Vai tomar meu pau caladinha aqui e depois a gente se resolve na cama
em casa, de onde nunca mais vai sair. Entendeu, Manuella? — Sussurro em
seu ouvido, segurando seus cabelos e enfiando a mão por baixo, sentindo o
tecido da calcinha enfiado no meio da boceta.
— Você ficou louco. Você... Ah, porra! — Geme quando enfio os dedos.
— Eu não vou...
O tiro ainda úmido de gozo e dos fluídos que saia o empurrando para
dentro do seu cu que contraiu meu dedo enquanto gemia.
— Não vai ter uma parte do seu corpo que não tenha me tido. Vou
arregaçar seu cu, Manuella.
— Fode, então.
Esse homem atrás de mim como uma muralha de músculos, puto e raivoso
vai acabar comigo.
Devia sentir medo, mas apenas o tesão toma conta quando ele me beija
forte. Mordisco seus lábios e me apoio, sentindo-o passar a glande devagar,
forçando a entrada.
Mordo o lábio.
— Caralho, Manuella! Está vendo como seu cuzinho engole meu pau,
amor? — Sussurra, me fazendo gemer. A fricção em um misto de dor e
prazer.
— Você está me... Ah! Acabando comigo. — Digo entre dentes, o ouvindo
rir.
Achei que não fosse aguentar isso. Relaxei, sentindo a dor gostosa e louca
e suas mãos afagando meu corpo.
— Entrou até o talo. Que cuzinho gostoso você tem, minha peste atrevida
e abusada! Eu vou meter tanto nesse rabo, sua filha da puta!
Afasta minha bunda com ambas as mãos e eu viro para olhá-lo por cima
do ombro.
Sorria de lado.
Começou a se mover e a loucura se fez completa, em penetrações que me
alargam e melam. Eu estou ensandecida. Louca.
— Vou gozar dentro dessa sua bunda e ver minha porra escorrendo por
entre suas pernas, sua desgraçada!
— Me perdoe, por ter demorado tanto. — Afaga meu rosto e sei que não
se refere ao tempo de me buscar aqui. — Me perdoe.
Não tive planos de sair realmente naquela noite, tinha apenas decidido
levar Felipe na comemoração de um amigo. Não iam ficar até tarde, já que
são menores de idade. Por insistência de Júlia e Thales, tomei um suco de
frutas vermelhas.
— Liguei para John e avisei que está aqui e daqui você não sai mais.
— Eu senti tanto medo de não ser para ela o que merece. O que vocês
merecem. — Vejo-o engolir em seco o bolo formado na garganta. — Senti-la
mexer foi... A coisa mais linda que eu já senti em toda minha vida.
— E a gente de você. Meu Deus, não me deixe ir embora nunca mais. Não
me deixe ir embora nunca mais, Rocco!
— Estou aqui agora. Meu Deus! Como eu me odeio por ter te feito chorar,
minha pequena. — Limpa uma lágrima que desce rolando e eu suspiro
pesadamente.
Meu peito se enche de um misto de sensações indescritíveis.
Ele me tira da água e sinto a toalha ser passada por meus braços e pernas,
me secando. Me levou no colo até a cama e me deitou devagar. Fiquei de
olho, vendo afagar seus cabelos, sentindo-o me beijar na testa, nas
bochechas e nos olhos.
— Rocco.
— Eu amo.
— Minha vida são vocês. Tem outro cardiologista lá. Ainda trabalho no
hospital, só que com uma carga horária menor.
-— Ele está aqui, mas com outras prioridades agora. — Segura meu
queixo e me beija. — Entendeu?
— Ela sente quando você a toca, vai gostar mais de você do que de mim.
Rocco fica sério e percebo sua expressão mudar sempre que a sente. É um
misto de sentimentos que passa por seus olhos.
— Será?
— Para com isso, Manu. Ela já te ama por aguentar o filho dela. — Júlia ri
e eu bato em seu braço.
Estou ansiosa para conhecer minha sogra, nos falamos pelo telefone e ela
parece ser incrível, também está radiante com a minha gravidez e vai ficar
com a gente por alguns meses, até depois do nascimento.
Me ergo, sentindo uma dor insana nas costas e Júlia me ajuda sorrindo.
— Deve estar atrasado, como sempre. Só não perde a cabeça porque está
grudada no pescoço. — Estala a língua e revira os olhos.
Claro que evitamos contato mais íntimos pelos corredores, já que a regra
era válida para todos os funcionários, mas não contenho o sorriso que me
toma.
Assinto.
Claro que nos tornamos mais cuidadosos na cama agora, ainda tem a
mesma intensidade, mas sem tanta emoção por causa da barriga que chega a
atrapalhar algumas posições. Mas ainda faz loucuras com a língua.
— Obrigada.
— Tia.
— Rocco.
— Natália.
— Melhor eu ir de escada.
— O que foi?
— Queria te foder mesmo, mas não vou. Com calma, lembra? — Espalma
a mão em minha barriga e eu engulo em seco. O contato faz uma corrente
elétrica passar por meu corpo. — Seu corpo está gerando nossa filha e é a
casinha dela agora.
— Vou. Porque nunca pensei que você ia amar ela assim como eu... E
nos... — Desabo em um choro lamentável, ouvindo-o rir e encosto a testa em
seu peito soluçando.
— Quero que veja uma coisa. — Diz baixo e eu assinto, limpando o rosto.
Ele vai até a mesa extremamente organizada, abre uma das gavetas e volta
com algo em uma caixa minúscula.
Pulo em seus braços enlaçando seu pescoço e o beijo. Ele me aperta rindo.
— Gostou?
— Eu amei, meu Deus! — Limpo o rosto, vendo-o pegar a jóia nas mãos.
Coloca junto com o pingente que me deu de aniversário que eu carrego
comigo desde então. — Nossa Mia.
Me beija sorrindo.
— Nossa Mia. — Repito, afagando sua barba e coloco a mão por cima da
sua que está afagando minha barriga. — Eu amo você.
Rocco
O dia foi menos estressante do que imaginei que seria. Passa das 19h
quando estaciono em frente a casa de John. Minha mãe chegou mais tarde do
que o previsto, já que o vôo atrasou. Fui buscá-la no aeroporto e matamos
um pouco da saudade que pareceu mais forte quando a vi.
A gravidez a deixou com um brilho, uma luz e uma coisa indescritível que
eu não sei explicar sempre que a olho. Está radiante e posso dizer que cada
vez mais gostosa.
Não canso de elogiar seu corpo. Cada pedacinho dele que gera a nossa
filha.
Nunca pensei que sentiria tanto desejo por uma grávida, mas não é
qualquer uma... É minha mulher.
O pingente com o nome de Mia não foi a única jóia a ser escolhida. Fui
com John e ele me encarou quando contei o nome da minha filha, tentou
disfarçar e desviou o olhar do meu, mas percebi limpar o rosto rapidamente.
— Mia.
Balança a cabeça.
— É lindo.
— Ah, Deus! Ela é uma boneca. — A abraça. — Como vai, meu amor?
Que barriga mais linda, meu Deus!
— Você é um teimoso, Rocco! Ah, Vitória, quem diria que nossas famílias
iam se juntar dessa forma?
— Ah, mas tem uma carinha de anjo. — Mamãe segura em seu rosto. — E
nossa menina? Como está?
— Perfeitamente bem.
— Mariane irá ficar conosco, faço questão. — Vitória fala. — Temos que
colocar todos os assuntos em dia.
— Faço questão, minha amiga. Temos que preparar tudo para a chegada
da nossa menina.
— Parece que voltei a ter vinte anos. — Confesso, tomando o copo de sua
mão e bebendo um gole.
Assinto devagar.
— Mãe dos meus filhos. A mulher que quero passar o resto dos meus dias.
— O melhor amigo dele, tipo Rocco e John quando tinham essa idade. —
Fernanda ri, beijando o filho.
— Um dia te disse que casaria com sua princesa e a faria minha rainha.
Sinto o bolo tomar minha garganta, mas continuo.
— Não fazia ideia de que vinte e dois anos depois eu estaria sendo pai da
sua neta. — Manuela me olha, limpando o rosto. — Não sou o genro que
desejou e sonhou para a filha de vocês, acreditem, eu lutei para isso. Mas
não se pode lutar contra o destino, e ela é o meu.
— Nunca pensei que fosse vê-lo tão feliz, meu filho! Meu Deus! —
Mamãe nos abraça, rindo entre o choro. — Seu pai estaria tão orgulhoso de
você!
— Papai!
— Eu te amo tanto.
Fernanda me olha, assentindo devagar.
— Ah, vovó!
Manuella me encara sorrindo quando a aliança fina desliza por seu dedo e
a beijo apaixonadamente.
E vou repetir sempre que puder o quanto eu vou lutar para fazê-la feliz.
Ela chorou em meu peito e Deus... Eu nunca pensei que sentiria uma coisa
tão forte por um ser que nem chegou ao mundo ainda.
Vou pegá-la a tarde ou ela vai vim com Júlia para o hospital, já que tem
uma ultrassonografia com Fernanda, que a acompanha depois de insistir e
Manuella permitir. Fico feliz pela aproximação das duas.
Ou quase.
— Emergência?
Cardiologia.
Levanto-me.
Tudo parece se mover em câmera lenta quando me sinto ser arrastado para
fora. Tudo pareceu se mover lentamente enquanto eu corria pelos corredores.
Ouço meu nome. Ouço um desespero.
Nada me faz parar enquanto meus pés deslizam pelos corredores, apenas
seguindo o extinto.
Sirenes ecoam.
Não sei se foi meu grito ou de John que ecoou pelo hospital quando Davi
entrou com ela nos braços, carregada complementa imóvel.
— MANUELLA!
Manuella
Rocco
Rocco passou a noite ao meu lado dormindo na cama auxiliar, sorri assim
que acordei vendo-o dormir.
— Vou chamar a Alana para te ajudar no banho, não quero que se esforce.
— Papai assente. — Pedir um café da manhã bem reforçado. Está sentindo
alguma coisa? Pode falar. Dores nas costas? Ela já mexeu?
— Cuidado no meu bebê. Mantenha suas mãos longe, Rocco. Ela está
debilitada.
— Sai daqui, John!
Os olhos presos aos meus por segundos quando passeou por minha
barriga, seios e braços.
— Não sei o que falar, Manuella. — Sua voz sai arrastada após uns
segundos de silêncio.
— Eu sei... Só que nunca senti isso, Manuella. Eu sei que já não tenho
mais idade para ficar dependente de alguém.
Encosto a testa a sua. Meus cabelos úmidos ainda e sua camisa molhada
pelas gotas de água que caiam.
— Você não vai, Rocco! — Encosto a testa em seu peito, não conseguindo
mais segurar o choro. — Não vai.
Sinto o ar faltar.
Olho meu irmão por alguns minutos, vendo-o tirar os cabelos do rosto. Os
olhos azuis fixos aos meus, mas as batidas na porta nos fazem olhar para a
mesma que se abre e sorrio.
O buquê de flores é a primeira coisa que vejo quando Thales, Davi e Júlia
entram no quarto.
Não sei o que teria acontecido comigo e com Mia sem a ajuda deles.
Felipe segura em minha mão e graças a Deus não teve mais feridos tão
graves. Rocco entra na sala alguns minutos depois com tia Natália, que veio
me ver e saber como estamos.
— Garoto problema.
Felipe, que estava preso na tela do celular, ergue o olhar nos encarando e
eu sorrio.
Mamãe e papai insistiram para eu ficar na casa deles, mas preferi ir para o
apartamento de Rocco, onde íamos ficar mais confortáveis. Mariane vai ficar
com a gente por uns dias.
Mia está bem e é apenas isso que importa. Vai chegar em menos de oito
semanas e eu vou fazer de tudo para mantê-la bem para vir ao mundo
saudável.
Estou me sentindo cada vez mais enorme, mas linda ao mesmo tempo.
Rocco diminuiu a carga horária no hospital apenas para ficar com nós duas e
eu amo tê-lo o tempo inteiro comigo. Com a gente.
Júlia vem me visitar todos os dias e algumas vezes até Thales também.
Felipe está sempre ao meu lado e com as provas da escola fica cada vez mais
tenso em relação a tudo. A todos os seus sentimentos guardados.
Minha gestação está saudável, ela estava perfeita e pode vir a qualquer
momento. Quando quiser. Quando estiver pronta.
Eu estou.
Passo as mãos pelo berço montado no quartinho projetado que está pronto
para recebê-la. As cores em tom pastel de rosa, lilás e amarelo. Passo o dia
inteiro aqui dentro segurando cada ursinho de pelúcia como se fosse ela.
Rocco
Poderia ser uma obra de arte. Das mais valiosas. Raras e especiais.
O quarto está lindo e escolhemos tudo juntos, mas não vamos ficar aqui
por muito tempo. Optamos por uma casa maior e está faltando apenas alguns
detalhes, vamos ficar aqui por alguns meses até nos mudar.
E assustado também.
Amo sentir minha filha mexer, são movimentos intensos que fazem
Manuella gemer com dores. Converso com ela todas as noites e é tão incrível
vê-la responder com um chute.
Mereço as duas?
Meu corpo reage ao seu de imediato, não precisa de muito para Manuella
despertar meus desejos insanos. A vontade é de fodê-la até cair de exaustão,
mas eu sei controlar.
Fazemos amor lentamente, adoro beijar cada parte do seu corpo antes de
me enterrar dentro da bocetinha com lábios inchados pela gravidez.
Com 37 semanas e seis dias ela resolveu dar indícios que queria vir ao
mundo.
A bolsa estourou.
Foi apenas tempo suficiente para ligar para John, que atendeu no primeiro
toque, como se estivesse esperando a qualquer momento. A peguei no colo,
vendo-a fechar os olhos e puxar o ar.
— Vai ficar tudo bem, sua menininha vai chegar. — Mamãe segura em
meu rosto, mas eu não consigo falar absolutamente nada.
— Está nervoso?
— Acho que não tem não ficar. — Confesso, afagando seus cabelos.
— Nossa garotinha.
Ou eu deixei de ouvir.
Fernanda suspirou.
Estou hipnotizado.
Nossa filha.
— Oi vovô.
Ele assente e volta a conversar com Mia dormindo tranquila nos seus
braços.
Minha mãe está no paraíso com a neta. Vitória e Rodolfo choraram e riram
ao mesmo tempo quando a seguraram.
Eu estou extasiado.
— Por que não tivemos mais uns dois desses? — John pergunta, a fazendo
rir.
Minha menininha.
— Ela é perfeita, né? — Sussurra sonolenta enquanto Mia mama
desesperada no seio.
— Como você.
— Ela é sua cara. — Olhou entre nós dois rindo. Está cansada e mesmo
assim não deixa de sorrir. — Meu amor.
— Nosso amor. Não acredito que me deu uma coisinha dessas. — Segurei
a mãozinha que parece uma miniatura comparada a minha.
— Rocco...
— Só quero que saiba que é você. Sempre foi você. Você nasceu para mim
e me refez nascer.
— Eu te amo. Eu te amo tanto! — Encosta a testa na minha sorrindo. —
Nós te amamos.
O medo de viver me fez temer por algo que eu sempre soube que estava
pronto.
Ela pousa a mão em meu peito e a olho apaixonado. Ela está linda com os
cabelos soltos, o vestido de noiva feito uma segunda pele no corpo
curvilíneo a deixam parecendo uma sereia. Minha sereia.
Mas não foi as palmas ecoando pelo salão que nos chamou atenção e sim a
gargalhada que faz nossos corações disparar de um amor incondicional. John
e Fernanda se aproximam segurando Mia balançando os bracinhos e pernas
em nossa direção.
— Oi, meu amor! — Ela sorri para a mãe esfregando o nariz ao seu.
— Mimi! — Aponta.
Ela me olha dando um leve sorriso e eu sei que é o mais sincero possível.
Está radiante e feliz, e eu mais ainda por saber que ela está bem.
— Meu Deus! Te entreguei a minha garotinha. — John bate em meu peito.
— Nunca vou superar. Nunca.
— Só por isso eu te perdôo. Não é, vovô? — Faz uma voz fina e puxa
Manuella para abraçar. — Papai te ama.
— Estou tão feliz. Por tudo. Por nós dois e pela família que construímos.
— Foi você que me deu tudo, Manuella. — Olho para Mia brincando com
Fernanda. — Você me deu tudo. Tudo!
— Sua peste.
— Ranzinza.
A festa está apenas começando e eu nunca imaginei que estaria adorando
o caos que se tornou. Mia pegou no sono no meu colo logo após Manuella
amamentá-la em uma sala reservada, a levamos para o andar de cima onde
preparamos para que ela descansasse.
Ela trocou o vestido longo por outro mais curto e não deixa de ser branco,
sorri sem jeito quando saímos do quarto, deixando Mia aos cuidados de
Nana. É nossa babá apenas em momentos de necessidade.
Manuella e eu cuidamos em tempo integral da nossa filha. Os melhores
momentos.
Está uma mulher linda, gostosa e sexy para o inferno após a gestação. Está
mais encorpada.
— E você acha que eu vou esperar essa festa acabar para te comer,
Manuella? — Ergo seu queixo.
Dou umas batidinhas com o pau na sua cara e ela volta a passar a língua
pela glande babada.
— Eu vou te foder tanto garota! Abre essa boca, sua filha da puta.
— Ah..!
— Como se já não fizesse isso. Ah! — Geme alto quando meto um dedo.
— Ah, porra!
Não sou delicado ao descer o decote do vestido e seus peitos pulam para
fora com os bicos enrijecidos, fartos. Coloco um deles na boca e mamo com
desejo. Manuella geme, se agarrando em mim e é apenas o tempo de enfiar o
pau dentro dela com tudo.
Gemo ouvindo os seus gemidos. Essa menina sendo a tentação viva para
acabar com meu juízo que eu não tenho. É uma devassa.
Uma loucura insana veio em minha mente quando os olhos fixam aos
meus.
É meu fim.
Manuella
— Você não?
— Ela está tão pequena... — Digo rindo quando ele se aproxima para me
beijar. — Está brincando comigo?
— Não. Sei que precisa se concentrar nos estudos e já está atrasada com
tudo. Mas eu quero outro.
— Quando Mia fizer um ano. — Mordisco seus lábios e ele afasta meus
cabelos. — Ou antes.
Esses cincos meses de vida da nossa pequena só me fez ter certeza de que
fiz a escolha certa. Ele ainda tem seus problemas com nossa diferença de
idade, mas acho que é normal sua insegurança.
Voltamos para a festa com a desculpa que Mia deu trabalho para dormir.
Tadinha.
Vovó conversa com mamãe e papai na mesa, Felipe me olha enquanto está
perto de Thiago, que ajeita sua camisa discretamente. Arqueio a sobrancelha
sorrindo.
Estou feliz, mas preocupada pelo meu irmão.
— Eu não queria ser assim! Não queria sentir isso. Não queria, Manu! —
Chora com as mãos enfiadas nos cabelos.
— Felipe! Pare com isso e olhe para mim! O que está acontecendo? Meu
amor.
— Papai vai me odiar. Mamãe também. Porque eu sou assim! Mas eu não
consigo...
— E você acha que nosso amor vai mudar por isso? — Nego veemente.
— Meu amor.
— Eu estou com medo Manu. Estou com medo.
Não será fácil quando nossos pais descobrirem, mas estarei ao seu lado.
Pisco devagar, olhando Júlia vir em minha direção. Ela está linda e foi a
minha madrinha de casamento. Thales vem logo atrás falando algo que a fez
revirar os olhos.
— Julinha é o caralho!
Alisson subiu para pôr Owen no quarto ao lado onde Mia está dormindo.
Danço com Júlia, segurando uma taça de bebida nas mãos e ficamos por
uns minutos na pista, então saímos para ir ao banheiro juntas.
— O vi há poucos minutos.
Nos tornando bons amigos e ele até está mais tranquilo em relação a
Rocco e suas piadas sem sentido.
— Para de me perseguir, por Deus! — A voz de Alisson ecoa e paramos
os três quando ela sai de uma das salas.
— Doutora?
Está sério e sorri de lado, então sem dizer nada passa por nós.
Meu Deus.
— Amor da minha vida
Na maternidade
Minhas mancadas
Lindo.
— Exagerado
Irei adorar ler sua avaliação e saber que conseguiu sentir todas as
emoções presentes e o que ainda está por vir…
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