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Elly Magalhães – O Acordo Indecente


Capa: Almeida Designer
Leitura Crítica: Andressa Müller Viana
Revisão ortográfica: Lidiane Mastello
Diagramação – Jéssica Silva
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O titular do direito autoral da obra literária a seguir proíbe terminantemente: cópia,


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Aviso
PlayList
Nota da Autora
Mensagem da Autora
Recadinho do Blackwood
Dedicatória
Epígrafe
Prólogo 1 - Liam Blackwood
Prólogo 2 - Elizabeth Evans
Capítulo 01 - Elizabeth Evans
Capítulo 02 - Elizabeth Evans
Capítulo 03 - Liam Blackwood
Capítulo 04 - Elizabeth Evans
Capítulo 05 - Liam Blackwood
Capítulo 06 - Elizabeth Evans
Capítulo 07 - Liam Blackwood
Capítulo 08 - Elizabeth Evans
Capítulo 09 - Liam Blackwood
Capítulo 10 - Elizabeth Evans
Capítulo 11 - Liam Blackwood
Capítulo 12 - Elizabeth Evans
Capítulo 13 - Liam Blackwood
Capítulo 14 - Elizabeth Evans
Capítulo 15 - Liam Blackwood
Capítulo 16 - Elizabeth Evans
Capítulo 17 - Liam Blackwood
Capítulo 18 - Elizabeth Evans
Capítulo 19 - Liam Blackwood
Capítulo 20 - Elizabeth Evans
Capítulo 21 - Liam Blackwood
Capítulo 22 - Elizabeth Evans
Capítulo 23 - Liam Blackwood
Capítulo 24 - Elizabeth Evans
Capítulo 25 - Liam Blackwood
Capítulo 26 - Elizabeth Evans
Capítulo 27 - Liam Blackwood
Capítulo 28 - Elizabeth Evans
Capítulo 29 - Liam Blackwood
Capítulo 30 - Liam Blackwood
Capítulo 31 - Elizabeth Evans
Capítulo 32 - Liam Blackwood
Capítulo 33 - Liam Blackwood
Capítulo 34 - Elizabeth Evans
Capítulo 35 - Liam Blackwood
Capítulo 36 - Elizabeth Evans
Epílogo 1 - Liam Blackwood
Epílogo 2 - Elizabeth Blackwood
Agradecimentos
Leia Também
Embora esse livro retrate um romance com leves toques de hot.... Ou não tão leves
assim...
O Acordo Indecente possui alguns gatilhos que serão listados a seguir, então leiam
apenas se estiverem confortáveis com os temas abordados.
A obra a seguir apresenta gatilhos como: Gordofobia e baixo-autoestima, Abandono de
incapaz, violência física, violência verbal.
Esse é um livro para maiores de dezoito anos! Contém cenas descritivas de sexo
explícito.
Preparei uma playlist muito especial dedicada a esse casal incrível, aproveitem para
desfrutar da playlist durante a leitura. Basta clicar no ícone abaixo ou busque por
O Acordo Indecente no Spotify
Olá, amores, tenho um recadinho para vocês!

Embora não seja obrigatório e ambas as histórias sejam completamente distintas eu


recomendo que façam a leitura do livro: Contrato com a Fera: Uma esposa para o Magnata
de Las Vegas, para maior entendimento de alguns personagens mencionados durante o livro.
Desde já agradeço a vocês por estarem aqui comigo, com enorme carinho e gratidão
Elly Magalhães.
Ah e não se esqueçam de avaliar o livro, seu feedback é muito importante para mim e
para o meu trabalho.
Antes de iniciarem a leitura eu gostaria de fazer alguns adendos importantes. Bom
primeiro de tudo é que eu estou muito feliz por ter escrito a minha primeira mocinha plus size,
dar vida a Elizabeth foi a realização de um velho sonho, e em muitos momentos eu me vi nas
mesmas situações que ela.
Desde pequena nunca fui uma garota padrão e isso sempre foi motivo para brincadeiras
de muito mau gosto, apelidos do tipo: baleia, botijão e até mesmo gorda eram constantes durante
a época de escola.
Vivi um pequeno inferno particular até os meus doze anos, eram dias difíceis, dias que eu
só queria desaparecer, eu nunca entendi o porquê de tanta maldade vinda de outras crianças.
Felizmente eu cresci com uma família que nunca deixou de me apoiar e de cuidar de
mim, e eu sei que muitas não tem esse privilégio e que assim como Elizabeth passaram por
poucas e boas com a família ou até mesmo conjugues.
Conforme eu ia crescendo meu corpo e minha mente foram mudando e eu entendi que eu
não precisava seguir os padrões para ser bonita, e hoje eu sinto-me incrível. Claro que existem
aqueles dias em que estamos com a autoestima lá embaixo, e que não conseguimos evitar certas
inseguranças e eu busquei trazer isso para a vida da Elizabeth e espero ter conseguido.
A cada uma de vocês que sofrem com comentários maldosos a respeito de seus corpos,
vestimentas, cabelo, características físicas etecétera, saibam que vocês são incríveis, únicas e
especiais.
Sintam-se abraçadas minhas lindas.
Com carinho, Elly.
Olá, minhas princesas, bom fico feliz que estejam aqui curiosas para desvendar a minha
história (e cá para nós eu amo uma fofoca) ...
Enfim se estão à procura de um homem engraçado, bonito, ah e acima de tudo
"cadelinha" estão no caminho certo pois eu sou esse homem...
Um verdadeiro príncipe encantado, capaz de lhes arrancar os mais intensos suspiros....
Tenham uma boa leitura gostosas!
Com carinho, Liam Blackwood.
Para o meu eu de onze anos que se trancou no banheiro da escola e caiu em uma crise de
choro convulsiva depois de uma brincadeira perversa, saiba que a sua versão do futuro se tornou
uma mulher brilhante, nós conseguimos passar por toda aquela tempestade.
Há uma lenda japonesa que diz o seguinte: existe uma linha vermelha que conecta duas
almas através do dedo mindinho, e essa linha ganha o nome de Unmei no akai ito, significa
corda vermelha do destino, isso quer dizer que não importa o tempo e nem a distância...
As duas almas sempre irão se unir novamente...
Phoenix, Arizona
Passado

— Liam! — Ouvi o grito alto de Leona vindo do andar de baixo. — Estamos atrasados
para a aula.
Entretanto, eu não me movi, permaneci sentado no mesmo lugar, observando o
jardim, me perguntando por que algumas coisas não tinham explicação. Em boa parte do
tempo eu me sentia um verdadeiro ninguém e odiava essa sensação de ser um estorvo, um
verdadeiro peso morto na vida de todos, principalmente da minha mãe que eu nem cheguei
a conhecer.
A única coisa que sabia a seu respeito era que ela não resistiu ao meu parto e acabou
morrendo ainda na mesa de cirurgia, e então meu pai biológico não aceitou o fato de que a sua
mulher havia partido e lhe deixado sozinho com um bebê, resultado disso, fui colocado para
adoção com apenas dias de nascido.
Além disso, sabia que meu pai deixou comigo um colar que lhe pertenceu em vida, e
pediu para que meu nome fosse mantido já que ela o havia escolhido.
Bem, essa era a história que as madres do orfanato me contavam, algumas crianças
odiavam saber sobre suas reais origens, eu por outro lado, queria saber tudo o que pudesse a meu
respeito.
Diferente do que muitos pensam, bebês não eram facilmente adotados, eu era a prova
viva disso, passei anos e anos indo de um lar para o outro, não me adaptava em nenhum lugar, e
sempre retornava para o orfanato.
Até que aos doze anos uma luz no fim do túnel surgiu para mim, fui adotado por um
viúvo chamado Raul Blackwood, a ideia de início foi assustadora, eu não queria mais ser
rejeitado e por incrível que pareça eu não fui.
Quando cheguei à sua mansão senti muito medo e a primeira pessoa a qual tive contato
foi Leona, sobrinha postiça de Raul, pelo que sabia seus pais eram empregados de Raul e
faleceram quando ela era bem pequena, então para que ela não fosse mandada para um orfanato,
Raul conseguiu adotá-la e a criava como sua sobrinha legítima.
Com Raul eu me senti amado pela primeira vez, mas ainda assim, eu sentia que me
faltava algo. Sentia-me vazio e incompleto por alguma razão.
— Não me ouviu gritar por você? — Leona surgiu na porta do meu quarto usando seu
uniforme impecável.
— Ouvi — respondi sem olhar para ela. — Só não queria ter que ir à aula hoje.
— Li — disse, se aproximando de mim. — Sei que está triste, mas precisamos ir.
Minha tristeza tinha um motivo muito forte, meu pai adotivo encontrava-se doente e eu
temia que o pior acontecesse, há alguns meses papai descobriu um câncer em estágio avançado,
os médicos lhe deram pouco tempo de vida e isso me destruiu por dentro, eu não queria me sentir
como me sentia quando estava no orfanato.
— E se algo acontecer enquanto estivermos na escola?
— Não vai acontecer nada, tio Raul vai ficar bem.
Mesmo sem acreditar em suas palavras, eu me levantei, peguei minha mochila e a
acompanhei para fora do quarto. Saindo da casa e passando pelo jardim, avistei Raul sentado em
uma espreguiçadeira perto da piscina, seu semblante tranquilo acalentou meu coração, enquanto
Leona foi para o carro, eu aproveitei para falar com meu pai.
— Pai? — o chamei, seus olhos verdes logo se voltaram para mim juntamente com um
largo sorriso que brotou em seu rosto.
— Oi, meu filho — disse com a voz cheia de alegria. — Por que não queria ir à aula?
— Não quero deixá-lo sozinho — confessei.
Ele então se sentou na ponta da espreguiçadeira e fez um gesto para que eu me sentasse
ao seu lado.
— Liam, sei que está com medo de que eu passe desta para melhor, mas precisa entender,
meu filho, que se essa for a vontade de Deus não há nada que possamos fazer para mudá-la.
— Mas, pai, não é justo — minha voz embargou —, ele já tirou a minha mãe e vai me
tirar você… Não quero ficar sozinho.
— Você não vai ficar sozinho, filho, eu vou estar sempre aqui — apontou para o meu
coração —, lhe dando a força necessária.
— Pai…
— Ouça, Liam, quando eu partir deixarei o meu legado para que você o leve adiante, e
sabe por quê? — Acenei em negativa. — Porque eu acredito em você e sei que será um homem
íntegro e fará sempre o que for certo.
Raul era dono de uma rede de hotéis em alguns países do mundo e me ensinava
diariamente tudo que precisava saber para levar isso adiante.
— Espero ser um dia igual ao senhor!
— Será ainda melhor que eu, agora vá para escola, meu menino, amo você!
— Também te amo, pai.
Nós nos abraçamos e eu senti um aperto esquisito no peito, então para sumir essa
sensação o abracei com mais força.
Deixei o papai sozinho e segui para o carro com uma aflição desconhecida e que me
deixou apavorado.

Ao chegarmos ao luxuoso colégio onde só estudavam os da alta classe de Phoenix, me


despedi de Leona e fui para a minha sala, infelizmente estava dois anos atrasado e precisei repetir
de série dois anos seguidos, porém isso não me desmotivou.
O fato de que era o mais velho da minha classe fazia de mim o mais respeitado e
temido, alguns idiotas daqui tinham medo de mim porque eu já me meti em diversas confusões,
principalmente para defender a minha melhor e única amiga, Elizabeth Evans. Liza ou Elis
como eu costumava chamá-la era filha do casal de empresários Julia e Malcom Evans, que
lideravam uma empresa de publicidade no país, a garota era herdeira de uma fortuna, mas isso
não impedia com que ela sofresse bullying de alguns idiotas por conta do seu peso.
Elis era a garota mais gentil que conhecia, se eu pudesse eu a protegeria de tudo, sabia
que era esquisito, mas ela despertava em mim coisas que eu nunca seria capaz de explicar, de
alguma forma me sentia completo quando estava com ela.
Antes de nos tornarmos amigos ela sofreu bastante nas mãos de alguns valentões da sala
e de algumas garotas idiotas, mas o estopim foi quando durante a apresentação de um seminário
ela foi chamada de alguns nomes nada legais e caiu em um choro convulsivo.
Eu não deixei barato e ameacei bater em qualquer um que mexesse com ela, e depois
disso viramos amigos.
Entrei na sala e fui direto para o meu lugar, ao lado de Elizabeth, sua expressão triste me
deixou em alerta.
— Bom dia — cumprimentei-a — O que houve? — perguntei ao notar sua cara de choro.
— Bom dia, Li. — Enxugou as lágrimas rapidamente. — Nada de mais apenas uma
discussão que tive com a minha mãe.
Devo mencionar que detestava os pais da minha melhor amiga, em especial a sua mãe,
que mais parecia uma cobra peçonhenta, que sentia prazer em ofender a própria filha.
— O que ela fez com você? Sabe que pode me contar tudo!
— Mamãe quer que eu seja perfeita em tudo, quer me moldar, quer que eu faça dietas
malucas.
— Ela não pode fazer isso com você, Liza.
— Eu sei, mas tentar explicar isso pra ela é em vão. — Respirou fundo. — Ela diz que
seu não for magra e bonita que o Tyler Mitchell não vai aceitar se casar comigo.
— Ela continua com essa história maluca de querer que você se case?
— Sim, ela diz que será importante para as duas famílias.
Já tinha um tempo que Elizabeth vinha falando desse tal casamento, basicamente quando
ela completasse vinte e um anos seria entregue de bandeja para o engomadinho e egoísta Tyler
Mitchell e saber disso só me fazia odiar a sua mãe ainda mais.
Nós poderíamos fugir juntos, apenas Elis e eu, longe de tudo e de todos... Chacoalhei a
cabeça afastando tal pensamento.
— Que maluquice! — Minha voz soou levemente alterada. — Você deve se casar com
alguém que você ame, e não alguém que a sua mãe escolheu.
— Sabe que minhas opiniões são totalmente ignoradas naquela casa. — Seu olhar
angustiado era quase como um pedido de socorro. — Eu só queria fugir de tudo, viver bem
longe.
— Eu sei como se sente — falei com toda sinceridade — Mas não se preocupe, estarei
aqui com você, Liza.
— Obrigada, Liam. — Ela abriu um largo sorriso e senti mil coisas esquisitas em meu
peito. — Mas agora aproveitando o gancho do assunto casamento. Você pensa em se casar um
dia? — perguntou despretensiosamente.
— Deus que me livre! — respondi com sinceridade.
— Nossa! — Gargalhou — E por quê?
— Acho que isso não é pra mim. — Dei de ombros, querendo me livrar o mais rápido
possível desse assunto.
Eu não pensava em me casar e nem me imaginava com uma família feliz no futuro,
entretanto, se um dia eu pudesse escolher a mulher com quem dividir a minha vida, sem dúvida
alguma, seria Elizabeth Evans.
Todo esse meu trauma em relação ao assunto não se deu por acaso, alguns anos após ser
adotado por Raul, ele se abriu para mim, revelando um de seus maiores pesadelos, perder a
mulher da sua vida e que ainda por cima estava grávida. Isla Blackwood foi vítima de um
assalto, no calor do momento reagiu e acabou sendo baleada não resistindo aos ferimentos,
segundo meu pai, Isla faleceu a caminho do hospital.
— Queria ter esse pensamento, mas sou uma tola romântica, mesmo sabendo que jamais
irei realizar meu sonho de encontrar o meu príncipe encantado.
— Não pense assim, seus pais irão mudar de ideia.
— Não coloco tanta fé nisso, mas tudo bem. — Emitiu um suspiro de pura derrota e isso
me entristeceu na hora. — Vamos focar na aula agora?
— Vamos! — respondi e me virei para frente, tentando focar no que a professora estava
dizendo.
As aulas do dia foram passando numa lentidão absurda, e a sensação de que algo ruim
estava prestes a acontecer só aumentava.
Na hora do intervalo deixei Elizabeth na biblioteca e saí à procura de Leona, mas
estranhamente ela desapareceu, o que era no mínimo esquisito, Lê sempre ficava próxima da
quadra com os amigos e coincidentemente hoje ela não estava.
Estava caminhando de volta para a biblioteca quando fui chamado para comparecer à
diretoria, de início pensei até que pudesse ser algo que eu tivesse aprontado, mas não me
recordava de nada.
Mesmo assim fui até a sala do diretor e ao passar pela porta a primeira coisa que vi foi
Leona sentada aos prantos, minha cabeça deu um nó, minha garganta secou e neste momento eu
só pensava no meu pai.
— O que aconteceu? Por que você está chorando, Lê? — perguntei aflito, mas ela não
respondeu.
— Liam… — a diretora Paula chamou meu nome, e senti uma coisa estranha.
— Reponde, Leona! — Ignorei os chamados de Paula.
— Liam querido. — Olhei para a diretora e novamente para Leona e isso foi o suficiente
para que eu entendesse o que estava acontecendo. — Sinto muito…
Não, não, não.
Minha mente repetia inúmeras vezes seguidas, meu pai se foi! Eu não me despedi dele!
Estava sozinho de novo.
— Leona, diga que é mentira? — Minha visão começou a ficar embaçada e eu precisava
ouvir que isso não passava de uma mentira, de uma brincadeira de mau gosto.
Mas Leona não respondeu e chorou ainda mais alto.
Não fazia sentido, papai estava bem quando eu saí de casa e ele parecia tão feliz, ele não
podia ter partido, isso não.
— Ele se foi, Liam... — Foi com essa pequena frase que meu mundo desmoronou.
Raul Blackwood partiu… meu pai se foi deixando um imenso buraco em meu peito!
Uma ferida que talvez nunca pudesse ser cicatrizada.
Liam partiu, sem se despedir de mim, levando consigo um pedaço de mim, me vi
totalmente vazia, ter Liam comigo todos os dias era como ter um motivo para sorrir e para
manter-me de cabeça erguida, agora já não sabia como seriam as coisas.
Já se passaram duas semanas desde que Raul Blackwood faleceu, e desde então eu não
tinha notícia alguma de Liam, eu só queria saber se ele estava bem, e se estava precisando de
algo.
Eu sempre vi em Liam um porto seguro, um amigo e não ia negar que tinha uma certa
quedinha por ele, afinal como não se derreter pelo garoto que era praticamente o sonho de toda
escola.
Liam e eu tínhamos apenas três anos de diferença de idade, aos dezoito anos, meu amigo
esbanjava beleza e autoridade, todos o temiam, menos eu. Eu conhecia o verdadeiro Liam por
baixo daquela casca dura.
— Ele não vai voltar, Elizabeth, não vai voltar — repeti para mim mesma.
— Oi, esse lugar está ocupado? — Assustei-me com uma voz feminina desconhecida que
ressoou ao meu lado.
Olhei rapidamente para a figura franzina e me dei conta de que nunca a vi antes.
— Ah, sim, está vazio.
— Posso me sentar aqui?
— Claro.
Observei a garota que se ajeitou na cadeira ao meu lado, ela era bonita e tinha um corpo
que talvez eu nunca chegasse a ter, e isso me frustrava um pouco.
— Que falta de educação da minha parte, me chamo Alexia Bennett, é um prazer
conhecê-la.
— Elizabeth Evans, o prazer é meu. — Estendi a mão para cumprimentá-la.
— Evans?! — exclamou. — Da Evans Advertising?
— Sim — respondi sem graça. — Meus pais são os donos — falei indiferente.
Não gostava desse status e nem de carregar esse “fardo”, aquela empresa não significava
nada para mim, sendo bem sincera.
— Uau, uma herdeira. Quer dizer, não me admira, já que esse colégio é apenas para
filhinhos de papai. — Soltou uma risada de puro desdém.
— Não ligo para isso, engana-se quem pensa que dinheiro e status é tudo na vida —
comentei com sinceridade. — Você é nova por aqui, não é?
— Sim, e não. Meu pai trabalhava fora de Phoenix, mas acabou sendo transferido para
cá, vivíamos em Chicago.
— Entendo.
Alexia e eu éramos o total oposto, notei isso no momento em que trocamos nossas
primeiras palavras, ela não tinha medo de ser quem era, e prezava pela sua autenticidade,
enquanto eu tinha medo de ser eu mesma.
— Então, Liza, posso chamá-la assim, não é?
— Claro.
— Me fala um pouco sobre você, tenho o pressentimento de que seremos grandes
amigas. — Sorriu gentilmente e eu me senti acolhida por ela, o buraco em meu peito causado
pela ausência de Liam acabou se dissipando um pouco.
— Bom, não tenho muito o que falar sobre mim, sabe? Não sou uma adolescente
rebelde, acho que já deu para perceber, gosto de música e arte e acho que só, como eu disse,
não tenho muito o que falar.
— Nossa, vamos mudar isso, amiga. Tenho um pressentimento bom a respeito de você,
acho que seremos grandes amigas, diria até que irmãs.
— O sentimento é recíproco. — Pisquei.
Com a chegada de Alexia, as coisas se tornaram suportáveis, ela era uma garota enérgica
e adorável, embora às vezes assumisse um comportamento frio e fechado.
Nós nos tornamos inseparáveis desde então, ela com sua ousadia e eu com a minha
hesitação continua. Lexi, forma como passei a chamá-la, vinha de uma família humilde, seus
pais eram pessoas incríveis, sua mãe era cozinheira e seu pai era motorista de uma
transportadora de renome em todo o país.
Sentia-me feliz tendo-a como amiga, porém havia coisas que Alexia não entendia, e eram
nesses momentos que eu sentia uma enorme falta de Liam.
Os dias logo se tornaram meses, e nada, nenhum sinal de Liam, eu nunca contei a
Alexia sobre ele, por alguma razão, a minha paixonite idiota me fazia sentir um ciúme absurdo
dele, mesmo tendo a consciência de que Liam jamais olharia para mim de modo diferente.
Um ano se passou e eu simplesmente decidi que não pensaria mais nele, embora isso
fosse quase que impossível, principalmente após o aumento das minhas discussões com minha
mãe.
— Você prometeu não me deixar, Li, é uma pena que não tenha cumprido a sua
promessa. — Encarei a estrela mais brilhante do céu como se ela fosse capaz de amenizar o
que eu sentia.
Ah, Liam, acho que vou sentir sua falta para sempre...
Phoenix, Arizona
Presente

Quem poderia prever que eu me tornaria viúva aos vinte e oito anos? Isso mesmo,
ninguém. Mas é exatamente isso que aconteceu.
Por cinco longos anos vivi um casamento infeliz e totalmente de fachada com Tyler
Mitchell, minha mão foi prometida a ele quando eu tinha apenas quinze anos e por mais que eu
batesse na tecla de que não aceitava essa união, acabei sendo completamente ignorada por
todos ao meu redor e então fui jogada nesse casamento infernal!
Tyler e eu nunca nos suportamos, ele sempre foi arrogante, egoísta e egocêntrico, sem
falar nas inúmeras vezes em que ele fazia questão de destruir minha autoestima por conta do
meu peso.
Desde pequena sempre fui gordinha, o que para Julia Evans era o fim da picada,
mamãe sempre me forçava a fazer dietas ridículas, dizendo que eu precisava ser perfeita e que
não existiam princesas gordas, uma coisa não muito legal a se dizer para uma garotinha de dez
anos que sonhava com seu príncipe encantado. E quando a família Mitchell apareceu em nosso
caminho, mamãe parecia ter enlouquecido de vez, já que não parava de dizer que eu selaria o
elo entre a Evans Advertising e a Mitchell Communication.
E então aos vinte e um anos eu me vi obrigada a me casar, todos os dias ao lado de Tyler
era como estar mais perto do precipício, aguentei suas humilhações e admito ter sido idiota o
bastante para não revidar e me livrar dessa união, mas não havia nada que eu pudesse fazer.
Tyler sempre foi um cara bem estranho e tornou-se ainda pior cerca de dois anos atrás,
foi quando descobri que ele estava fazendo o uso frequente de cocaína, fui em busca de ajuda,
pensei comigo mesma que talvez meus pais pudessem ser misericordiosos comigo, mas eu estava
totalmente enganada.
E então o pior aconteceu! Tyler foi assassinado misteriosamente e largado em uma vala
funda. Não sabemos quem foi o autor do crime e nem o motivo do crime, apenas recebemos a
notícia.
Confesso que fiquei abalada, apesar de tudo, Tyler era um ser humano e não merecia um
final tão cruel assim, mesmo odiando-o eu nunca lhe desejei mal.
A cerimônia de seu velório foi extremamente rápida e sem muitos discursos bonitos, ele
não tinha uma família grande e amorosa, era somente ele e seu pai, um velho que me causava
arrepios, nunca me senti bem quando ele estava por perto.
Saímos do cemitério e senti a sensação de estar sendo observada, porém ignorei e
continuei caminhando até o carro. Me sentei no banco de trás, ficando totalmente alheia à
conversa entre papai e mamãe, até que meu nome foi citado na conversa.
— Agora é a hora de pensarmos em como manteremos nossos negócios com a Mitchell
Communication — disse mamãe e aquilo me gerou um choque total.
— Mamãe, por favor, acabamos de enterrar o Tyler, não é a hora para pensarmos nisso
— ralhei irritada.
— Está enganada, Beth, os negócios não podem parar! E é por isso que seu pai e eu
chegamos a um acordo.
— E que acordo seria esse? — perguntei com medo de qual seria a resposta dela.
— A solução para os nossos problemas é muito clara, filha — meu pai falou. — Você se
casa com Thomás Mitchell e continuamos com a nossa sociedade.
— O quê? — soltei um grito exasperado. — Isso é nojento e ridículo! Thomás era meu
sogro, além disso, tem idade para ser o meu pai!
— Bobagem, Beth. — Mamãe jogou os cabelos para trás, desdenhando das minhas
palavras, como sempre. — É muito comum meninas mais novas se casarem com caras mais
velhos.
— Normal quando o homem não é seu ex-sogro e um velho asqueroso!
— Está sendo egoísta, Elizabeth, lhe damos tudo do bom e do melhor, pagamos as
melhores escolas e a melhor faculdade, isso é o mínimo que você pode fazer por nós, pela sua
família!
— Estão me cobrando por fazerem o mínimo? — indaguei, sentindo uma revolta absurda.
Mamãe sempre fazia questão de jogar tudo isso em minha cara, para que eu me sentisse
culpada por não fazer o que me era ordenado, mas eu estava cansada disso.
— Não seja malcriada, Elizabeth Christina Evans — meu pai advertiu. — Thomás
Mitchell é um bom partido e já está ciente do nosso acordo.
— Eu não vou me casar com ele!
— Isso não está em discussão. — Papai deu a palavra final.
Meu peito se apertou e eu comprimi os olhos para não cair em um choro convulsivo,
precisava bolar um plano para escapar disso, nem que para isso eu desaparecesse do mapa.
O resto da viagem a caminho do apartamento que eu dividia com Tyler foi regado a um
silêncio ensurdecedor, o clima era pesado e até o ar parecia doer meus pulmões. Saí do veículo
sem olhar para trás e rapidamente entrei no prédio, saindo em disparada até o elevador. Não
podia deixar que minha vida fosse arruinada mais uma vez.
Entrei em casa e fui direto para o banho, passei um tempo debaixo do chuveiro, deixando
minhas lágrimas caírem, estava exausta disso, de não ter minha liberdade e nem o direito de fazer
minhas próprias escolhas.
Vesti a primeira peça de roupa que encontrei no closet e joguei-me na cama, caindo no
choro novamente. O toque estridente do meu celular me puxou para o mundo real, peguei o
aparelho sobre a mesa de cabeceira e achei estranho o número desconhecido que brilhava no
visor.
— Alô? — atendi com certo receio.
— Elizabeth, justamente a pessoa que eu procuro. — A voz masculina e desconhecida
me gerou um arrepio ruim.
— Quem está falando? E como sabe meu nome?
— Você sabe quem eu sou, afinal tem uma coisa que me pertence! — bradou e neste
momento senti um pânico brotando no meu íntimo.
— Eu... eu não sei do que você está falando! Não sei quem é você e nem sei o que eu
tenho que lhe pertence!
— Você sabe muito bem quem eu sou, assim como eu sei quem você é Elizabeth Christina
Evans, filha de Malcom e Julia Evans, viúva de Tyler Mitchell.
Das duas uma, ou isso era um golpe, ou eu estava realmente fodida por algum motivo que
até eu mesma desconhecia.
— Por favor, me deixe em paz. Não acha feio demais passar trotes para as pessoas?
— Não é trote, meu anjo! Mas vou direto ao assunto, Tyler foi bem específico antes de
morrer ao dizer que o meu tesouro está com você! E eu quero o que me pertence, Elizabeth, ou
eu mato você!
Jogando essa bomba em meu colo, o desconhecido simplesmente desligou o telefone.
Mal sabia eu que esse seria apenas o começo do meu inferno particular.
Um mês se passou desde a morte de Tyler, um mês em que eu vivia um verdadeiro
inferno particular. Não sei quando foi que a minha vida tomou esse rumo tão catastrófico, tudo
que planejei durante minha infância e adolescência foi por água abaixo, a Elizabeth de
quatorze anos sonhava com uma vida perfeita, com um príncipe encantado e viver um felizes
para sempre em seu castelo mágico.
Mas o que aconteceu e vinha acontecendo era qualquer coisa, menos um conto de
fadas. Levantei-me no mesmo horário de sempre, fiz meu café da manhã e olhei pelas janelas
do apartamento, pois nos últimos dias vinha andando com o estranho pressentimento de estar
sendo seguida.
Aquela maldita ligação não saiu da minha cabeça, Tyler disse ao estranho que eu tinha
algo que lhe pertencia, mas eu não fazia ideia do que ele estava falando, em tese Tyler nunca me
presenteou com nada, ou conversou comigo sobre sua vida. Nunca conheci Tyler de verdade e
também nunca fiz questão disso.
O barulho irritante do meu celular fez meu coração disparar e peguei o aparelho temendo
em quem poderia ser, e para minha sorte ou não, tratava-se da minha mãe. Estava evitando a
minha família por semanas, meus pais não tiravam da cabeça a ideia absurda do meu casamento
com Thomás, confesso que preferia ser jogada ao mar com um saco amarrado na cabeça a aceitar
esse casamento.
— Alô, mãe, o que você quer?
— Isso são modos, Elizabeth? — Revirei os olhos mesmo sabendo que ela não conseguia
me ver.
— Ligou para falar da minha falta de modos, dona Julia Evans?
— Não! Liguei para avisar que teremos um jantar hoje à noite e não adianta fugir de
nós, nosso motorista irá buscá-la e por favor, Elizabeth, se vista adequadamente.
— Jantar? E eu posso pelo menos saber qual motivo?
— Thomás quer ver você, e nós também. — A náusea veio com tudo, ela queria me expor
como uma carne de vitrine de açougue.
— Mãe, eu já disse uma vez e irei repetir, eu não vou me casar com o Thomás!
— Você vai mudar de ideia, Elizabeth, nem que para isso eu tenha que tomar
medidas drásticas. — O arrepio subiu em minha espinha ao ouvir seu tom de voz tenebroso.
— Espero você às oito, Elizabeth!
Mamãe desligou o telefone antes mesmo que eu pudesse respondê-la ou questioná-la,
meu dia que já não estava dos melhores tornou-se ainda pior com aquela ligação.
Sentia um nó em meu peito dilacerando-me por dentro, os questionamentos em minha
cabeça não paravam, o que diabos eu fiz de errado para merecer tudo isso? Já não tinha mais
lágrimas para expelir, pois tudo que fazia nesses últimos dias era nada mais nada menos do que
chorar.
Toquei o relicário em meu pescoço, a única lembrança que tinha da minha falecida avó,
Christine Evans, ela era a única pessoa que realmente me amava independentemente das minhas
escolhas.
Passei o dia praticamente todo deitada sem ânimo para fazer absolutamente nada, ao
anoitecer me levantei, contra a minha vontade, tomei um banho e escolhi um vestido verde com
gola alta, a peça apesar de ficar extremamente justa em meu corpo não me deixava
desconfortável. Calcei um par de sandálias com um salto razoavelmente baixo, não fiz nenhuma
maquiagem elaborada e olhei meu visual um pouco menos mórbido.
Esperei pacientemente o horário marcado pelos meus pais, até que o porteiro do prédio
interfonou para avisar que Jason, o motorista da família, já estava à minha espera. Peguei uma
pequena bolsa de mão e desci pelo elevador tendo a sensação de estar indo a caminho da
guilhotina.
— Boa noite, senhorita Evans!
— Boa noite, Jason.
O cumprimentei e entrei no veículo rezando para que essa noite acabasse o mais rápido
possível.
Durante o trajeto até a mansão da minha família, não conseguia parar de pensar na
ligação que recebi, quando contei isso aos meus pais, eles desdenharam de mim, dizendo que era
uma loucura da minha cabeça e que tudo não passava de trotes, já que Tyler jamais seria capaz
de fazer algo que pudesse me prejudicar, e sendo bem sincera eu duvido e muito disso.
Jason estacionou no jardim da imensa e extravagante propriedade, e só de estar aqui já
me sentia sufocada, gentilmente ele abriu a porta do carro para mim e mesmo o meu cérebro
dizendo: "não, não vá" meu corpo dizia: "vá e não irrite a imaculada Julia Evans".
Por falar nela, mamãe já estava esperando-me no hall da casa, com um olhar impaciente e
que logo se tornou de desaprovação ao mirá-lo em mim. A passos lentos fui até ela já me
preparando psicologicamente para o que enfrentaria a seguir.
— Oi, mãe, boa noite — falei ao me aproximar dela.
Mamãe balançou a cabeça de um lado para o outro em um gesto de desaprovação e isso
me matou por dentro.
— Eu disse que era para se vestir adequadamente, Elizabeth.
— Qual o problema com a minha roupa? — perguntei, olhando para o meu próprio
corpo.
— Você não deveria usar isso! Veja bem, filha, com esse corpo…
Mamãe sempre criticou meu corpo, meu cabelo, meu rosto, meu jeito, tudo que eu fazia
nunca parecia ser bom o bastante para ela. Mas de todas as coisas as quais ela criticava, o meu
corpo era o pior.
Sempre fui forçada a fazer dietas mirabolantes, e ela fazia questão de me comparar às
filhas de suas amigas, para ela nada que eu fizesse ou vestisse seria o bastante.
Ouvi comentários duros vindos de sua parte durante toda a minha adolescência e a única
pessoa que fazia tudo parecer mais tranquilo era o meu melhor amigo Liam, o qual eu não via há
quase dez anos, desde a morte do seu pai, Liam simplesmente desapareceu do mapa.
— Se me fez sair de casa apenas para criticar o meu corpo, acho que é melhor que eu
volte para casa — rebati.
— Pare de drama, filha, não é para tanto! Agora vamos entrar, seu pai e Thomás estão à
nossa espera.
— Por que ele está aqui? — questionei.
— Já sabe a resposta, Elizabeth, não se faça de sonsa. Agora vamos.
Fui puxada pelo braço até o interior da mansão, tudo estava muito bem arrumado e
decorado, numa extravagância sem tamanho. Eu odeio essa casa! Essas pinturas caras, essas
paredes cheias de não me toque, eu odeio tudo isso!
— Filha querida! — exclamou meu pai numa animação sem igual. — Já estava
preocupado com sua demora.
— A minha vontade era não estar aqui, mas fui obrigada, afinal de contas vocês não me
levam a sério — falei com acidez em minha voz.
— Elizabeth, bons modos! — mamãe me repreendeu.
— Elizabeth querida, estava ansioso para vê-la.
Thomás veio em minha direção e tomou minha mão sem o meu consentimento, o beijo
deixado na pele delicada do meu dorso me fez sentir um nojo de outro mundo.
— Já eu não posso dizer o mesmo! — murmurei entre dentes.
— Não deveria ser tão arisca com seu futuro marido, Elis. — Sua voz era diabólica assim
como seu olhar sobre mim.
— Elizabeth está sendo sarcástica. — Mamãe deu um leve beliscão em meu braço como
forma de me punir. — Bom, vamos jantar? — disse ela com todo cinismo do mundo.
Caminhei em direção à cova dos leões, me sentindo uma presa em meio a tantos
predadores e que Deus fosse misericordioso comigo antes que eu fosse devorada.
Durante o jantar nenhuma palavra foi dita por mim, enquanto meus pais e Thomás
conversavam felizes sobre os negócios, eu só queria enfiar o talher em minhas mãos nos globos
oculares de Thomás. Mas me contentei apenas em apertá-los com força.
— Então, Thomás… — começo a falar. — Alguma notícia sobre o assassinato do
Tyler? Ou será que isso não tem tanta relevância assim?
— Ainda não temos nenhuma pista sobre quem foi o assassino covarde que tirou a vida
do meu filho, e por mais que pense do contrário, eu me importo com isso, querida, afinal Tyler
era o meu herdeiro e único filho.
— Tyler era um garoto tão gentil — mamãe lamentou, fingindo estar abalada. — Não
acredito como tiveram coragem de tirar a vida de um homem tão bom.
— Bom pra quem, mamãe? — questionei. — Por falar nisso, a senhora contou para o
Thomas que eu fui ameaçada um mês atrás? E que essa pessoa disse que Tyler foi muito
específico ao dizer que eu tenho algo que lhe pertencia?
— Ligações? Ameaças? Do que está falando, Elizabeth? — perguntou Thomás.
— São loucuras da minha filha — papai interveio. — Foi apenas um trote.
— Não foi trote, papai! — falei exasperada — Quer saber? Esse jantar pra mim já deu,
acabou. — Joguei o guardanapo com força na mesa e saí para fora da casa, ouvi mamãe
chamando-me, mas não dei ouvidos, tudo que eu queria era sumir desse lugar.
Para o meu azar acabei não encontrando Jason para me levar de volta, então decidi ir
caminhando, assim aproveitaria para espairecer.
Mesmo com o medo e com minha intuição gritando para que eu não fosse a pé, eu
continuei a caminhar. Cruzei meus braços rente ao peito para amenizar um pouco o frio e fui
andando o mais rápido que conseguia.
E vinte minutos depois estava praticamente em casa, e só o que me separava dela era
apenas um beco escuro, olhei para os dois lados da avenida antes de atravessar a rua, até que um
par de faróis fortes surgiram do nada encurralando-me, o carro freou bruscamente e me senti
paralisada de medo.
Dois homens encapuzados desceram do veículo e caminharam rapidamente até mim, um
deles me puxou abruptamente pelo braço.
— Você está ficando sem tempo, Elizabeth! Meu chefe não gosta de esperar!
— Do… do que você está falando? — gaguejei de medo.
— O chefe quer aquilo que lhe pertence! Não se faça de sonsa, sua vagabunda — o outro
encapuzado disse. — Se não quiser ter o mesmo fim que o seu marido é melhor entregar o
maldito pen drive.
Do que diabos ele está falando?
— Pen drive? — Pisquei atônita e totalmente alheia. — Eu não sei de pen drive nenhum!
— O recado já foi dado!
Fui jogada no chão com força, a ardência em meu braço era o claro sinal de que estava
levemente machucada, sem dizer mais nada eles entraram no carro e arrancaram o veículo numa
velocidade surreal.
Permaneci no mesmo lugar com as lágrimas caindo em meu rosto, toquei meu braço
ferido e comecei a chorar ainda mais alto.
Precisava descobrir o que Tyler armou para mim ou eu teria o mesmo fim que ele.
Las Vegas, Nevada

Mais um final de semana agitado no Blackwood Hotel's, as reservas não paravam e


estávamos com quase todas as melhores suítes ocupadas, em geral, as pessoas que se
hospedavam por aqui tinha um destino quase que traçado para o The Island of Sin, cassino do
meu melhor amigo Alexandre e agora de sua esposa Kiara.
O Blackwood Hotel's passou a ser minha responsabilidade após a morte do meu pai Raul,
ele tinha um sonho de que eu levasse o seu legado adiante e era isso que estava tentando fazer.
No total tínhamos quatro hotéis, o primogênito ficava em Phoenix, minha cidade natal, o
segundo em Chicago, o terceiro em Berlim e o último e mais luxuoso aqui em Las Vegas.
Ser CEO e presidente de uma rede de hotéis não era nada fácil, mas confesso que gostava
de manter minha cabeça ocupada o tempo inteiro.
Minha saída de Phoenix após a morte do meu pai foi algo muito repentino, eu
simplesmente decidi que não queria mais ficar ali e fui embora para Boston na primeira
oportunidade, deixei tudo para trás, inclusive minha melhor amiga, Elizabeth Evans, quando
voltei alguns anos depois, fui procurá-la, mas fui informado de que ela estava casada, então
deixei as coisas do jeito que estavam. Não iria negar que sentia sua falta, ela sempre foi tão gentil
comigo, tão paciente e eu me sentia muito mal pelos péssimos pais que ela tinha.
Balancei a cabeça para afastar meus pensamentos do passado, não era hora de pensar
nela. Liza deveria estar feliz agora, bom, pelo menos era isso que eu esperava.
— Senhor Blackwood, posso entrar?
— Pode, Alexia.
Alexia Bennett era minha secretária há quase cinco anos, era ela quem cuidava de tudo
para mim enquanto eu estava no cassino.
Nós nos conhecemos durante uma conferência de grandes empresários aqui em Las
Vegas, na época, Alexia era apenas uma estudante que demonstrou muito talento então não
pensei duas vezes antes de contratá-la, nós dois acabamos nos tornando amigos e por uma grande
coincidência Alexia também veio de Phoenix.
— Então, querida Alexia, a que devo a honra de sua ilustre visita tão cedo?
— Só vim lembrá-lo de sua reunião com o governador, ele está ansioso para vê-lo.
— Não posso remarcar? Sabe que eu detesto aquele velho! — Revirei os olhos
instantaneamente ao lembrar de Scott Lewis, ele era um parceiro de negócios do meu pai, e
consequentemente se tornou o meu, Scott todos os anos promovia um grande evento que
segundo ele era beneficente, o que não era verdade, e sempre escolhia o Blackwood Hotel’s
como local da festa.
— Infelizmente o senhor não pode remarcá-la — respondeu, dando uma risada baixa. —
Mais uma coisa, senhor, sabe que preciso do meu afastamento no próximo mês. Já encontrou
alguém para me substituir?
— Ainda não encontrei ninguém, Lexi.
— Se não encontrarmos, eu posso adiar minha ida ao Arizona.
— De jeito nenhum, Alexia, é a sua família e eles precisam de você mais do que eu.
Recentemente o pai de Alexia precisou passar por uma cirurgia cardíaca e sua mãe pediu-
lhe que ela passasse um tempo com eles ajudando nos cuidados com o pai, então decidi dar a ela
uma licença de um ano e agora precisava encontrar uma nova secretária.
— É um homem muito gentil, senhor!
— Que é isso, Lexi! Assim me deixa sem graça. — O que não era mentira, nunca fui bom
em receber elogios.
— Bom, senhor, preciso ir agora, tenho que planejar a sua reunião, com licença.
— Tudo bem, obrigado, Lexi.
Ao ficar sozinho em meu escritório comecei a pensar em uma seleção para possíveis
candidatas ao cargo de minha secretária.
Lamentei comigo mesmo o fato de Leona já ter um cargo como secretária, afinal, minha
prima era extremamente inteligente e organizada. Lê e eu fomos criados juntos desde pequenos,
quando eu fui adotado por Raul, ela já vivia com ele e foi criada como sua sobrinha após a morte
de seus pais, na época ela tinha cerca de cinco anos de idade, apesar de ter herdado uma boa
parte da fortuna do meu pai, Leona preferiu seguir trabalhando, assim ela dava o exemplo ao
filho Nathanael, fruto de seu relacionamento com Luke, e que infelizmente não teve um final
feliz, já que ele acabou morrendo após a aeronave que ele conduzia colidir contra uma montanha.
Cocei a nuca em busca de uma solução para o meu problema, ficar sem secretária era algo fora
de questão para mim.
A movimentação no hotel não parava e isso me deixava absurdamente feliz, gostava de
saber que estava fazendo jus ao pedido do meu pai de levar adiante o legado dos Blackwood,
embora por muitos anos eu tenha acreditado que não era merecedor de tudo que tinha agora.
Depois que meu pai se foi, eu achei que não era digno de levar adiante o legado que ele
construiu com tanto suor, me sentia um bastardo sem identidade, e até cogitei ir em busca do
meu pai biológico, mas deixei isso de lado.
Remoer as feridas do passado doía e muito!

Depois de um dia agitado, saí do meu escritório no hotel e segui para o meu apartamento,
para tomar um banho antes de ir ao The Island of Sin, agora com o nascimento dos meus
afilhados, dificilmente Alexandre ficava no cassino à noite. Alexandre Dubrov[1], o homem que
mais jurou nunca se apaixonar pagou com a língua e de quebra teve dois filhos lindos, os gêmeos
Ettore e Ella, fruto de seu casamento com Kiara.
Assim que passei pela porta principal avistei Anne, minha empregada e que era quase
como uma mãe para mim, a mulher gentil e simpática trabalhava comigo desde a época em que
papai era vivo e eu não abri mão de sua presença quando me mudei para Vegas.
— Oi, Anne, ainda está aqui mulher? — falei de modo brincalhão. — Desse jeito vou ter
que insistir que more comigo!
— Ora, menino, sabe que eu não sossego enquanto não o vejo passar por essa porta, e não
estou mais com idade para ser babá!
— Assim me ofende, Anne, mas agora chispa daqui mulher. — Fui até ela e lhe dei um
abraço apertado, e ela retribuiu da mesma forma. — Lembre-se, amanhã é a sua folga, não quero
ver nem um fiozinho desses seus belos cabelos brancos por aqui!
— Tem certeza de que ficará bem sem mim? Deixei comida pronta, mas nunca se sabe…
— Anne? — Segurei seus ombros com cuidado. — Vou ficar bem, precisa descansar.
— Tudo bem, menino, se cuide, Liam.
— Você também, Anne.
Acompanhei-a até a porta e fiquei parado no hall de entrada até vê-la entrar no elevador.
Voltei para dentro do apartamento e segui direto para o banheiro, joguei uma ducha fria no corpo
e escolhi um terno simples, caprichei no meu perfume e não esqueci de pôr o colar que pertenceu
à minha falecida mãe.
Comi algo rapidamente antes de sair de casa, e logo peguei o caminho em direção à
minha segunda casa, o maior e mais luxuoso cassino do país.
Cheguei ao cassino, cumprimentei os seguranças e subi direto para o escritório do meu
amigo. Passei pela recepção e vi que minha prima não estava mais em seu horário de trabalho.
— Alê, amigo. — Bati à porta de sua sala antes de entrar de vez.
— Entre, Liam.
Era engraçado ver meu amigo assim com esse sorriso bobo, logo Alexandre que sempre
foi tão carrancudo e tão sério, agora vivia sorrindo até para o vento.
— Como vai o papai do ano? E os meus afilhados como estão?
— Ettore e Ella estão cada dia mais espertos, Deus, eles crescem tão rápido.
— Não vai demorar muito para que Ella apareça com um namoradinho em sua porta. —
Ri ao ver a expressão assustada do meu amigo. — Conhecendo bem a Kiara e a Victória tenho
certeza de que elas ficarão do lado da Ella.
— Para de falar! Só de imaginar algum engomadinho pedindo a mão da minha princesa
eu enlouqueço.
— Se acalme, amigo, faltam muitos anos para isso.
— Não sei se isso me assusta ou me conforta. — Soltou um suspiro. — Bom, vou indo
agora, a essa hora tenho certeza de que Kiara está na luta para pôr Ettore para dormir e eu não
quero deixá-la acordada a noite toda.
— É um pai e marido maravilhoso, amigo, me orgulho de você.
— Obrigado, Liam, quem sabe um dia a felicidade também não bata à sua porta.
— Acho que fui expulso da fila da felicidade, querido amigo. — Dei de ombros. —
Agora vaza daqui.
— Qualquer coisa me ligue — advertiu.
— Pode deixar que eu não vou te ligar — disse, o empurrando porta afora.
Ao ficar sozinho no escritório, comecei a pensar nas palavras do meu amigo, será que um
dia eu terei a sorte de encontrar alguém? Nunca parei para pensar nisso, sempre cresci
determinado a não me envolver emocionalmente com ninguém, mas volta e meia a solidão me
acertava em cheio.
— Não pira, Liam Blackwood, não pira!
O melhor a se fazer era deixar tudo do jeito que estava. Mas algo me dizia que minha
vida estava prestes a mudar.
O mundo com certeza me odeia!
Deus o que eu fiz para merecer tudo que vem me acontecendo? Desde o dia em que fui
abordada por aqueles homens misteriosos que eu não parava de pensar no maldito pen drive que
eles tanto falavam.
Revirei todo meu apartamento, o resto das coisas de Tyler, quebrei até as paredes dos
quartos, mas não encontrei absolutamente nada!
O que me levava à conclusão de que Tyler era um verdadeiro filho da puta e que estava
disposto a ferrar com a minha vida. Após aquele incidente, me tranquei dentro de casa e não
atendia mais às ligações desconhecidas e também estava evitando ou pelo menos tentando evitar
meus pais e o nojento do Thomas, por falar neles, tanto papai quanto minha mãe pouco se
importaram com as ameaças que sofri e quando mostrei a eles o meu braço machucado, eles
disseram que eu estava inventando coisas.
Tentei ir em busca da polícia, mas fui repreendida pelos meus pais, que me acharam uma
louca à procura de atenção.
Eu precisava tomar uma atitude o quanto antes, ou iria acabar sendo morta ou pior ainda
seria casada com um velho asqueroso.
Estava há horas sentada frente ao computador, encarando a tela na tentativa de que
alguma luz clareasse meus pensamentos, até que meu telefone começou a tocar
desesperadamente e para minha surpresa e sorte, o nome de Alexia minha amiga que morava em
Las Vegas brilhou no visor.
Nunca soube onde Alexia trabalhava e nem com o que, minha amiga nunca gostou de
falar muito a seu respeito, só sabia que ela trabalhava como secretária, o resto era desconhecido
por mim. Ela se mudou para Las Vegas depois que o pai ganhou um bom dinheiro com a venda
de alguns lotes de terras, o dinheiro foi diretamente para ela, que decidiu construir sua vida fora
daqui.
— Lexi, oi quanto tempo!
— Oi, Elis, desculpa, amiga, meu trabalho é uma loucura, como você está?
— Não estou nada bem! Posso te contar uma coisa?
— Claro! Mas pelo seu tom de voz já dá pra sacar que não é coisa boa.
— E não é mesmo...
Narrei tudo para ela, desde o dia do velório de Tyler até o ataque que sofri dias atrás, falei
sobre os planos malucos dos meus pais e que vale ressaltar o quanto Alexia os odiava, primeiro,
porque meus pais eram extremamente preconceituosos e não aceitavam a minha amizade com
Lexi pela nossa diferença de classe, e segundo, pela forma como mamãe me tratava.
— Não sei o que fazer, Lexi. — Deixei as lágrimas escaparem. — Só queria ir para bem
longe daqui!
— Tive uma ideia, mas é uma mega loucura, amiga! — O que não me surpreendeu, afinal
Alexia sempre foi dona de ideias mirabolantes.
— Conta logo — pedi eufórica
— Por que você não vem para Las Vegas?
— Eu ir para Las Vegas? Como assim? — questionei confusa.
— Escuta — pediu com calma. — Sabe que daqui a um mês eu vou retornar para
Phoenix, não é?
— Sim, mas aonde você quer chegar?
— Meu patrão vai precisar de uma secretária enquanto eu estiver fora, ele é um homem
super justo e de bom coração, você pode vir pra cá e trabalhar com ele até que eu retorne ou até
que as coisas melhorem pra você.
— Lexi está falando sério?
— Bom, se você quiser, falo com ele hoje mesmo.
Isso é uma grande loucura? Sim, talvez!
Mas era mil vezes melhor do que ficar aqui e esperar que o pior acontecesse, iria aceitar a
oferta da minha amiga e construir uma vida longe daqui, sem me importar com mais ninguém.
— Lexi, eu aceito! Céus! — Estava esperançosa e eufórica ao mesmo tempo. — Mas,
amiga — fiz uma pausa em minha alegria, pois tudo estava sendo bom demais para ser verdade.
— Você nunca me contou para quem você trabalha, sempre foi tão misteriosa com isso, pelo
amor de Deus não me diz que é para a máfia.
Ouvi sua risada do outro lado da linha.
— Não, amiga, não é para a máfia — respondeu, tranquilizando-me. — Trabalho para
um bilionário dono de uma rede de hotéis, Liam Blackwood, dono do Blackwood Hotel's.
Liam Blackwood... Liam Blackwood… Liam Blackwood…
O nome que marcou minha adolescência ressoava como um CD arranhado em minha
mente.
Não pode ser! O mundo é realmente tão pequeno assim?
— Elis, você ainda está na linha? — perguntou Lexi ao notar meu silêncio.
— Estou, é só que… Nunca me disse que trabalhava para Liam Blackwood.
— Achei que fosse irrelevante, mas por que o espanto?
— Porque eu conheço o Liam! Éramos melhores amigos na época do colégio.
Quando Alexia ganhou uma bolsa de estudos no mesmo colégio que eu, Liam já havia
partido para sabe-se lá onde e eu nunca toquei no nome dele nem com ela e nem com ninguém.
— Porra! Então isso é perfeito, eu falo com ele sobre você e ele poderá te ajudar…
— Não! Não diga nada a ele, nem sobre o que eu te contei e nem sobre a minha ida para
o país.
— Ué, mas por quê?
— Prefiro assim, é melhor, explico quando estivermos juntas.
Na verdade, eu tinha medo de que ele não se lembrasse mais de mim ou coisa do tipo,
então deixaria para vê-lo pessoalmente e tirar as minhas próprias conclusões.
— Tudo bem, como quiser.
— Lexi, pode fazer um grande favor pra mim?
— Claro!
— Compre a minha passagem, não quero correr o risco de que meus pais descubram isso.
— Vai desaparecer sem contar a eles? Quanta rebeldia.
— Conhecendo-os bem, sei que eles mandariam me internar em uma clínica psiquiátrica.
— Devo concordar com você, mas não se preocupe, comprarei a passagem.
— Lexi, compre para o primeiro voo de amanhã!
— Certo, vou te enviar meu endereço.
— Obrigada, Lexi, está salvando a minha vida.
— Somos melhores amigas, e sei que faria a mesma coisa se a situação fosse contrária,
estou louca para vê-la, amiga.
— Eu também, te amo, Lexi.
— Também te amo, Elis, assim que eu comprar as passagens ligo avisando.
— Okay.
Encerrei a chamada ainda sem acreditar nas coincidências do destino, em algumas horas
eu estaria bem longe daqui.
Joguei o celular na mesa de cabeceira e comecei a organizar tudo para minha fuga, não
iria levar quase nada comigo. Por sorte ou precaução, todo meu dinheiro ficava no meu cofre em
meu closet, assim não precisava me preocupar caso meus pais tentassem rastrear minhas contas
bancárias.
No final do dia Lexi me ligou novamente para avisar que a passagem já tinha sido
comprada, além disso, ela me passou seu endereço conforme o combinado e me deu algumas
dicas e coordenadas do que eu deveria fazer ao chegar em Las Vegas.
É hora de chutar o pau da barraca e recomeçar bem longe daqui!
Las Vegas, aí vou eu!

Três dias após minha ligação para Alexia, eu embarquei rumo ao meu recomeço, era a
hora de tomar as rédeas da minha vida, eu ficaria o mais longe possível da minha família, de
Thomás e do misterioso por trás das constantes ameaças.
Descartei meu telefone em uma vala a caminho do aeroporto e compraria um novo
aparelho quando estivesse em Las Vegas. Confesso que nunca senti tanta adrenalina como a que
sentia agora, iria para um lugar totalmente novo, fugindo de um destino cruel e de quebra iria
rever o meu melhor amigo, embora eu não tivesse tanta esperança de que ele ainda se lembrasse
de mim ou pior tinha medo de que ele não me quisesse perto.
Por via das dúvidas, pedi a Alexia que me indicasse restaurantes ou lanchonetes onde
pudesse trabalhar caso Liam não me aceitasse como sua secretária, precaução nunca era demais.
O voo de Phoenix até Nevada foi extremamente rápido, cheguei à cidade do pecado ao
anoitecer, desembarquei tranquilamente, pegando minhas poucas malas e logo segui para fora do
aeroporto, onde Alexia já me esperava.
— Lexi! Quanto tempo. — Ela veio ao meu encontro, me puxando para um abraço
apertado, fazia anos que não nos víamos.
— Senti tanta saudade, Elis! Você está linda!
— Diz isso pra minha mãe — falei, e ela instantaneamente revirou os olhos.
— Sabe o que eu acho da sua mãe, Elis, precisa entender que não é saudável as coisas
que ela te diz. Te colocar sempre pra baixo, não respeitar suas escolhas, isso não se faz com um
filho.
— Acho que agora eu estou começando a entender isso — admiti, sentindo uma dor em
meu peito. — Mas agora eu quero esquecer a minha vida em Phoenix, quero pensar apenas no
meu futuro e no quanto pretendo ser feliz aqui.
— Falou e disse! — bradou com um entusiasmo típico dela. — Vamos para o meu
apartamento, jantamos e depois conversamos.
Pegamos um táxi e seguimos até o apartamento onde Lexi residia. O bairro era um pouco
mais afastado do tumulto de Las Vegas, o que para mim era ótimo. Depois de me acomodar no
meu novo quarto, tomei um banho rápido e fui de encontro a Lexi que estava finalizando o
preparo do jantar.
Enquanto o risoto ficava pronto, fui ajeitando a mesa, Lexi e eu começamos a conversar
sobre coisas aleatórias, e volta e meia ela mencionava o nome de Liam na conversa.
Com as refeições prontas, nós nos sentamos à mesa para comermos, e eu tinha me
esquecido completamente o quanto a comida da minha amiga era deliciosa.
— Já avisei ao Liam que amanhã uma candidata ao cargo de secretária irá procurá-lo.
— Ele não perguntou quem era?
— Perguntou incontáveis vezes, Liam é aquele tipo de velhinha fofoqueira, sabe? —
Soltou uma gargalhada. — Mas eu disse que era surpresa e que ele deveria confiar em mim.
Liam sabe que eu não levaria ninguém que não fosse de minha confiança para o seu escritório.
— Vocês parecem ser bem amigos, não é? — Eu odiava admitir o quanto isso havia me
incomodado de certa forma.
— Sim, nos tornamos amigos, porém é uma amizade mais focada no nosso crescimento
profissional.
— Entendo — respondi, me sentindo aliviada.
— Elis, não acha que o Liam vai achar estranho o fato de que você uma herdeira
milionária veio parar justamente em Vegas e trabalhando com ele?
Eu já tinha pensado nisso, além de pensar nas possíveis desculpas que diria a ele.
— Direi que estou em busca de novas oportunidades, que decidi viajar pelo mundo e que
quis me estabelecer em Vegas por um tempo. E bem, o resto eu direi que é pura coincidência.
— Como quiser, eu não irei mais tocar nesse assunto, afinal é a sua vida e eu confio em
você, amiga, sei que sabe exatamente o que faz.
— Obrigada, Lexi, se não fosse você eu estaria perdida, não faço a menor ideia do
motivo que levou Tyler a mentir sobre algo tão sério.
— Tyler sempre foi um escroto, não sei como a sua mãe morria de amores por ele —
disse indignada.
— Todos achavam ele o cara ideal e perfeito, e eu era a gorda problemática. Sofri muito
dentro da minha própria casa, os xingamentos, a forma hostil como eu fui tratada, coisas que eu
não merecia passar, mas passei, infelizmente.
— Sinto muito, amiga.
— Tudo bem, mas agora fala como está o estado de saúde do seu pai? — Tratei de mudar
o foco da conversa antes que eu começasse a chorar.
— Papai teve uma piora e mamãe não consegue dar conta de tudo sozinha, inicialmente
pedi demissão ao Liam, mas ele disse que me daria uma licença de um ano, me pagando todo
salário integralmente.
— Ele sempre foi muito gentil. — O que era a mais pura verdade, Liam sempre me
defendeu dos valentões e das garotas que faziam bullying comigo por conta do meu peso.
Alexia e eu passamos a noite e quase metade da madrugada conversando, ela me explicou
que Liam ficava no escritório o dia todo e que ao sair ia diretamente para o The Island of Sin[2]
um cassino do qual ele era sócio, agora ele passava um pouco mais de tempo no cassino, pois seu
melhor amigo e dono do lugar, acabou de se tornar pai de gêmeos que também eram seus
afilhados.
Após uma longa conversa, fui para o quarto disposta a dormir, pois amanhã seria um
longo e grande dia. Pousei a cabeça no travesseiro, tentando pôr ordem em meus pensamentos o
que era quase impossível, já que eu me encontrava agitada demais para pregar os olhos, e depois
de alguns minutos eu finalmente adormeci.
Os primeiros raios de sol atravessaram a pequena janela do quarto, abri os olhos e respirei
fundo, sentindo o ar do meu novo lar mais leve, separei um conjunto de terno, composto por um
blazer social azul-escuro com uma saia no mesmo tom, um par de saltos finos nude e segui para
o banho.
Joguei uma água gelada em meu corpo para despertar até a minha última geração, saí do
boxe, parei na pia, escovei os dentes e aproveitei para ajeitar meus cabelos, fazendo um rabo de
cavalo bem elegante. Meus cabelos eram a única coisa que mamãe não julgava, afinal eram
iguais aos dela, meu cabelo era longo e batia até um pouco acima do bumbum, eram escuros
como a noite sem luar e ondulados, mas hoje eu os escovei para dar um ar mais profissional.
De volta ao quarto, me vesti e fiz uma maquiagem leve, passei um batom num tom nude
com fundo amarronzado e me senti pronta e confiante para o meu dia. Peguei uma bolsa e
coloquei alguns itens para o caso de alguma emergência, em seguida fui para a sala, onde Lexi
me esperava com uma deliciosa xícara de café em mãos.
— Bom dia! Uau, você está incrível!
— Obrigada, mas não acha que está exagerado? Essa roupa, esses sapatos?
— Você está perfeita, Elis, você é linda, amiga.
— Estou nervosa.
— Eu também ficaria — deu uma risadinha —, mas vai dar tudo certo, agora tome seu
café pra gente ir para o hotel, Liam chega extremamente cedo.
— Você não disse que ele fica no cassino até tarde da noite?
— Fica, mas ainda assim ele consegue chegar ao hotel bem cedo. Liam odeia atrasos,
inclusive.
— Entendi. — Tomei mais um gole do meu café mesmo contra a minha vontade.
Alexia pediu um carro de aplicativo para nós duas e graças a Deus ele não demorou a
chegar. No meio do caminho passamos em frente ao tal cassino e me surpreendi com a beleza do
lugar, o Blackwood Hotel's ficava a cerca de cinco minutos do The Island of Sin, e segundo
Alexia, noventa por cento dos hóspedes do hotel estavam em Las Vegas apenas para irem ao
cassino.
Chegamos ao hotel e fomos direto para o elevador que dava acesso ao andar onde
funcionava o escritório, minhas mãos suavam tanto que eu mal conseguia pensar. Fiquei
esperando por Alexia na pequena recepção enquanto ela ia conversar com Liam, avisando a ele
sobre a minha chegada.
Alguns minutos depois a vi saindo do escritório dele com um sorrisinho no rosto.
— Então? — perguntei baixinho.
— Ele está louco para conhecer você, vai lá.
— Me deseje sorte.
Ela riu e assentiu para mim, peguei minha bolsa e a joguei em meus ombros, caminhando
até a porta da sala. Bati levemente e ouvi uma voz grave e autoritária autorizando a minha
entrada.
Chegou a hora, seja o que Deus quiser.
Apesar de estranhar o fato de que Alexia não falou absolutamente nada a respeito da sua
indicação para o cargo de secretária, eu não a questionei, pois confiava nela e sabia que Alexia
jamais colocaria alguém no meu escritório que não fosse de sua confiança.
— Com licença, senhor Blackwood. — Ouvi batidas sutis à porta, juntamente com uma
voz doce e melodiosa.
— Pode entrar. — Uma ansiedade sem igual me consumia por alguma razão
desconhecida.
A mulher que passou pela porta fez meu corpo paralisar, analisei seu corpo de cima a
baixo, parando em seu rosto angelical ainda sem crer no que meus olhos viam.
— Elizabeth? — Não pode ser, Elizabeth Evans, minha melhor amiga de infância. —
Não brinca! Elizabeth!
— Oi, Liam, quanto tempo.
— Porra! — exclamei eufórico.
Encurtei a distância entre nós e corri até ela, enlaçando seu corpo em um abraço forte,
gesto esse que foi retribuído na mesma intensidade.
Elizabeth tinha um delicioso cheiro de morango, e isso era bom pra caralho.
— Por que não deixou Alexia avisar que era você a candidata a vaga?
— Bom, fiquei com certo receio de que você não me reconhecesse. — Deu uma risada
baixinha.
— Liza, eu seria um louco se não reconhecesse você. — Elizabeth nunca saiu dos meus
pensamentos. — Peço perdão pelo meu sumiço repentino, sei que falhei com você, e...
— Tudo bem, Liam, eu entendo de verdade, não se preocupe com isso.
Meu coração continuava acelerando conforme Elizabeth sorria para mim, o que era
estranho.
— Sente-se. — Acenei para o sofá no canto do meu escritório. — Estou curioso para
saber como você veio parar aqui.
Na última vez em que a vi, Liza estava se lamentando pelos pais narcisistas que tinha,
eles queriam que ela se casasse com um babaca tudo por dinheiro e poder.
— Bom, eu me formei em publicidade, e depois fiz uma segunda faculdade em
administração de empresas, comecei a trabalhar com meus pais até…
— Até?
— Até me casar com o Tyler.
Porra! Ela se casou com aquele babaca!
— Então você se casou? O Tyler está aqui em Vegas?
— Na verdade, Tyler está morto. Ele foi assassinado e... Estou viúva teoricamente.
— Eu sinto muito, eu… Me desculpe por tocar no assunto.
— Tudo bem, meus sentimentos por Tyler não mudaram, eu me casei com ele por
obrigação, sabe do inferno em que eu vivia. Não tive muitas opções.
— Você merece ser feliz, Liza, eu sinto muito não ter ficado por perto pra proteger você.
— Águas passadas, Liam, agora decidi tomar as rédeas da minha vida. E por ironia do
destino minha melhor amiga é a sua secretária.
— Mundo pequeno — comentei descrente de que essa coincidência era realmente
possível.
— Muito — concordou.
Parei de falar apenas para analisar Elizabeth, ela continuava linda, a diferença era que
agora ela era um verdadeiro mulherão. O rosto parecia ter sido esculpido por anjos, a boca
carnuda tingida com um batom que realçava ainda mais os seus lábios. Seu corpo curvilíneo
totalmente moldado pelo conjunto que ela usava.
Porra, era errado pra caralho desejá-la, mas não conseguia evitar, Elizabeth era a
personificação de beleza.
A verdadeira Afrodite.
— Então podemos falar sobre o cargo? — Pisquei atônito, tentando voltar à realidade ao
ouvir sua voz chamando-me.
— Claro, está contratada! — declarei sem pestanejar.
— Mas você nem me entrevistou, Liam — protestou.
— Não preciso, sei que é inteligente e boa no que faz.
— Não está me dando o cargo apenas por pena ou pelo fato de já nos conhecermos, não
é?
— Claro que não, Liza. — Em partes era por isso sim, porém eu não iria dizer isso para
ela. — Sei que você é capaz, além do mais, você foi indicada por Lexi, ou seja, o universo está
conspirando a nosso favor.
Conviver com Kiara, Leona e Victoria acabou me ensinando a ser um pouco mais good
vibes em certas situações.
— Tudo bem, senhor Blackwood, quando eu começo?
— Amanhã mesmo, senhorita Evans. Acertaremos seu salário, folgas e benefícios.
— Obrigada, Liam, prometo que não irei desapontar você.
— Sei que não vai, Liza. Agora Lexi irá passar para você meus compromissos, meus
horários e tudo que precisa saber antes de começar.
— Ok!
Nós nos levantamos e ela veio até mim dando-me um último abraço antes de sair do
escritório, oh mulher cheirosa dos infernos. Se Elizabeth já mexia comigo antes, agora o que ela
causava em mim tornou-se ainda mais intenso. Porra, faltou pouco para que eu agisse como um
cãozinho obediente.
Fiquei sozinho em minha sala, porém não parava de pensar em uma coisa. Elizabeth disse
que Tyler foi assassinado, o que era muito esquisito, já que aparentemente Tyler era o tipo de
playboyzinho que sempre seguia as regras, o famoso filhinho do papai.
Essa pulga em minha orelha não iria me deixar descansar em paz, precisava me
aprofundar nisso ou não sossegaria. Peguei meu telefone e liguei para um velho conhecido meu,
um detetive que contratei alguns anos atrás quando cogitei buscar pistas a respeito do meu pai
biológico.
— Alô, Christopher? Sou eu, Liam Blackwood, tenho um serviço para você.
— Olá, Blackwood, quanto tempo, decidiu voltar às buscas pelo seu pai biológico?
— Não, preciso que faça uma investigação sobre um assassinato ocorrido em Phoenix,
não sei ao certo há quanto tempo ocorreu.
— Claro, preciso de um nome e sobrenome.
— Tyler, Tyler Mitchell.
— Certo, entrarei em contato assim que descobrir alguma coisa a respeito.
— Ótimo.
Encerrei a chamada ainda sentindo o aroma inebriante de morangos frescos impregnado
em mim.
E algo me dizia que Elizabeth não estava aqui à toa.
Saí do escritório sentindo minhas pernas bambas, não esperava que Liam fosse me tratar
tão bem, e melhor ainda que ele tivesse se tornado um homem tão lindo e forte. Liam estava
completamente diferente do garotinho que vi anos atrás, os braços finos deram lugar para
músculos, além de incontáveis tatuagens.
Céus, que perdição!
— Então, amiga? Como foi? — perguntou Alexia.
— Foi tudo perfeito — disse, tentando voltar ao meu normal. — O cargo é meu, por falar
nisso.
— Ótimo! Vou ensinar a você tudo que precisa saber sobre o cargo e sobre os horários do
Liam.
— Vamos lá!
Passamos as próximas horas concentradas, Alexia me mostrou como tudo funcionava,
bem como as dependências do prédio e alguns locais importantes do hotel.
Basicamente a agenda de Liam consistia em reuniões, e pelo menos uma vez ao mês ele
fazia alguma viagem para seus hotéis espalhados pelo mundo. O Blackwood Hotel's estava
presente em Phoenix, sendo este o primeiro a ser fundado, uma unidade em Berlim, Chicago e
este aqui em Las Vegas, que era considerado o mais famoso e luxuoso de todos.
— Estou faminta! — exclamou Alexia.
Olhei para o relógio e vi que já passava das duas da tarde, eu fiquei tão nervosa e tão
imersa em tudo que estava sendo ensinado que acabei perdendo a fome.
— Acabei me esquecendo totalmente de parar para comer.
— Tem um restaurante aqui perto, acho que ainda estão servindo alguns pratos.
Arrumamos tudo antes de sairmos, peguei minha bolsa e guardei meu caderno de
anotações. Caminhamos rumo ao elevador até ouvirmos a voz de Liam ressoar atrás de nós.
— Aconteceu alguma coisa, Senhor Blackwood? — perguntou Alexia.
— Não, Alexia, só queria avisar que tem o resto do dia livre, sei que precisa arrumar as
suas coisas antes de viajar.
— Obrigada.
— E, senhorita Evans, quero convidar você para jantar comigo essa noite.
— Jantar? Eu e você? — Tentei processar o que ele acabou de dizer.
Eu e Liam jantando juntos, numa espécie de encontro.
Não, Elizabeth, não pira, é apenas um momento entre amigos.
— Se não quiser tudo bem, não tem problema — disse com certo nervosismo.
— Ela aceita, Elizabeth só está meio fora de órbita — minha amiga tomou a frente por
mim, arrancando uma risadinha de Liam.
— É… sim eu aceito, Liam.
— Ótimo, onde eu busco você?
— Estou ficando no apartamento da Alexia…
— Perfeito, pego você às oito.
Exibindo um sorriso sedutor e capaz de enlouquecer qualquer mulher, Liam virou de
costas e caminhou de volta até sua sala.
— O que foi que aconteceu aqui? — indaguei em choque.
— Algo me diz que ele é caidinho por você. — Minha amiga gargalhou.
— O quê? — Estalei a língua. — Não viaja, Lexi, é só um jantar.
Pressionei os botões do elevador apressadamente, a verdade é que esse convite me deixou
um pouco nervosa.
— Um jantar com seu melhor amigo, gato e que coincidentemente é o seu chefe a partir
de hoje.
— Olha eu tinha esquecido o quanto você fala demais. — Fingi estar irritada.
Lexi sorriu e não tocou mais no assunto, saímos do hotel rumo ao restaurante que
ficava no final da rua, fizemos nossos pedidos, e devo admitir que não sentia fome alguma.
— Amiga? Você ficou calada de repente.
— Estou bem, Lexi, só pensativa. Será que foi uma boa ideia eu ter fugido de Phoenix?
— Elizabeth, você fez o que achou certo, você estava sozinha, amiga, ninguém acreditou
em você quando contou sobre as ameaças, sem contar no casamento que seus pais queriam
empurrar você.
— Tem razão, se eu ficasse lá seria muito pior.
Só de pensar num possível casamento com um velho tão desprezível feito Thomás, todo
meu estômago se embrulhava, o conhecia tempo o suficiente para saber que ele era tão babaca e
tão arrogante quanto o falecido filho. E o que mais me chocava nessa história era que ele parecia
não ter se importado com a morte do único filho e herdeiro.
— Agora é a hora de pensarmos no seu encontro com o chefinho.
— Lá vem você de novo. — Inspirei fundo.
— Relaxa, amiga, só estou provocando você. Mas você não pode negar uma coisa!
— O que, Alexia Bennett?
— Que Liam ficou babando por você.
— Tanto refrigerante está fazendo mal para o seu cérebro, sabia? — Mudei o assunto.
— É talvez. — Deu de ombros. — Mas não dá pra negar a forma como ele olhou para
você.
— Podemos mudar de assunto, por favor? — supliquei, sentindo meu rosto queimar de
vergonha.
— Falando sério agora, acha que seus pais estão preocupados com o seu sumiço?
— Duvido muito, na verdade, eles devem estar preocupados com o fato de que não terão
a mim para selar o acordo com a Mitchell Communication. — Dei de ombros.
— Você é preciosa demais, amiga, não deveria passar por isso.
— Obrigada por ter me estendido a mão quando eu mais precisei.
— É isso que fazem os amigos, eles ajudam uns aos outros. — Sorriu de modo gentil, e
eu fiz o mesmo.
Finalizamos nossa refeição e demos os demais assuntos como finalizados, não estava
disposta a pensar na minha vida caótica em Phoenix. Vim para Vegas em busca do meu
recomeço e lutaria para tê-lo.
Só esperava que nada desse errado no meio do processo.
Voltei para o meu escritório como uma criança que acabou de ganhar seu presente
perfeito, não sabia de onde surgiu a ideia de convidar Elizabeth para sair, só sabia que eu
precisava ter um tempo a sós com ela, precisava ouvir sua risada e sua voz melodiosa.
Peguei meu telefone e a fim de ligar para Alexandre, avisando que essa noite não estaria
no cassino e esperava que ele me entendesse, com o nascimento dos gêmeos, eu me ofereci para
cobrir as noites dele no cassino, pois sabia o quanto ele ficava preocupado em deixar Kiara
sozinha na mansão com os pequenos.
Com o celular em mãos busquei pelo contato do meu amigo, disquei o número e esperei
pacientemente até que ele atendesse.
— Alô, Liam? Aconteceu alguma coisa amigo? — Percebi certa preocupação em sua voz.
— Está tudo bem, Alê, na verdade, liguei para dar um aviso.
— Pois diga, homem!
— Essa noite não poderei ir ao cassino, uma amiga de infância chegou em Vegas e eu a
convidei para jantar, espero que você entenda e…
— Oh, porra! — soltou um grito estrangulado. — Finalmente um encontro!
— Não é um encontro, Alexandre Dubrov, é apenas um jantar entre amigos.
— Sei… Mas não se preocupe amigo, essa noite Kiara e eu ganhamos um
valenight, minha irmã se ofereceu para cuidar dos gêmeos enquanto eu e Kiara
aproveitamos nossa noite no cassino.
— Bom, sendo assim, nos vemos amanhã.
— Tudo bem, amigo, divirta-se.
Encerrei a ligação com Alexandre e corri para desligar meu computador, despedi-me de
alguns funcionários e segui para o estacionamento do hotel. Estava eufórico e ansioso, me sentia
um garotinho imensamente feliz.
Não sabia que isso mexeria tanto comigo, na verdade, Elizabeth mexia comigo, e sempre
balançou meu coração, não que eu fosse perdidamente apaixonado por ela quando éramos
adolescentes, mas algo em meu ser adorava estar ao lado dela, a sua companhia deixava tudo
mais colorido e feliz.
Ela não merecia a família deplorável que tinha, lembrava-me perfeitamente das manhãs
em que ela chegava completamente desolada depois que sua mãe fazia algum comentário ruim a
respeito do seu corpo ou do seu jeito. E eu me sentia culpado por não ter ficado para protegê-la
deles e do idiota do Tyler.
Parei de pensar no passado e em todas as coisas que eu poderia ter feito assim que passei
pela porta principal do meu apartamento, acabei me esquecendo de que Anne estava de folga
hoje, mas conseguia visualizar sua cara de choque quando eu lhe contasse sobre meu "encontro".
Anoiteceu e estava quase na hora de ir buscar Elizabeth, depois de tomar um bom banho,
vesti um smoking cinza, peguei um par de sapatos pretos e caprichei no perfume, não exagerei a
ponto de tornar-se enjoativo, mas usei uma quantidade generosa.
Peguei um dos meus relógios favoritos que pertenceu ao meu pai Raul, juntamente com a
correntinha que usava desde que me entendia por gente, de alguma forma me sentia protegido
quando a usava.
Estava quase finalizando quando meu celular começou a tocar desenfreadamente, peguei
o aparelho sobre a cama e vi o nome da minha prima brilhando no visor. Leona era como uma
irmã para mim e eu a amava muito, tínhamos histórias de vida um tanto quanto parecidas.
— Oi, Lê, como você está?
— Oi, primo, só liguei porque fiquei preocupada, Alexandre avisou que você não iria ao
cassino hoje. Quis perguntar o motivo, mas quando vi ele já tinha sumido do meu campo de
visão.
— Não foi nada de mais, se lembra da Elizabeth?
— Vagamente, mas não é aquela sua melhor amiga da época da escola?
— Sim, ela está em Vegas, vai trabalhar comigo de agora em diante e eu aproveitei para
convidá-la para um jantar.
— Isso é bom, só assim você se distrai um pouco dos seus compromissos.
— Olha só quem fala. Você também precisa de um pouco de distração.
— Sabe que não tenho tempo, Nathanael precisa de mim por inteira e bem… Não me
sobra tempo. — Ouvi um longo suspiro vindo do outro lado da linha.
— Você merece ser feliz, Lê.
— Você também, Liam. Agora vou desligar, está na hora de colocar Nathanael para
dormir.
— Dê um abraço nesse menino lindo, amo vocês.
— Nós também te amamos.
A ligação ficou muda e constatei que Leona já havia desligado a chamada. Olhei para o
relógio de mesa e vi que faltavam apenas dez minutos para as oito horas. Peguei minhas chaves e
carteira em cima da mesa de cabeceira, conferi se os alarmes de segurança estavam ativados e saí
rumo ao apartamento de Alexia.
Felizmente, minha ex-secretária não morava muito longe de mim. Acelerei o carro à
medida que meu coração se acelerava. Céus, eu estava nervoso, muito nervoso por sinal.
Cerca de quinze minutos depois estacionei em frente ao condomínio, Elizabeth já estava
na portaria à minha espera, puta que pariu, que mulher!
Desci do carro para ir ao seu encontro e precisei me controlar para não babar diante da
visão mais deliciosa e estonteante que meus olhos estavam vendo.
Elizabeth usava os longos cabelos escuros soltos, descendo como uma cascata pelas suas
costas, o vestido preto colado ao seu corpo deixava suas curvas ainda mais realçadas o decote
sutil nos seios me fez ter os mais pecaminosos pensamentos, fui subindo meu olhar até chegar ao
seu rosto emoldurado pela pouca maquiagem, a boca carnuda tingida por um tom vermelho
sangue que fez meu pau pulsar só de imaginar ter meus lábios grudados aos dela.
— Boa noite, senhorita Evans — a cumprimentei de modo formal.
— Boa noite, senhor Blackwood. — Eu devo admitir que amava a forma como seus
lábios se moviam sensualmente ao pronunciar meu sobrenome.
— Você está… linda! Esse vestido... — Porra, me faltavam palavras para descrever o
quanto ela estava magnífica com ele.
— Está feio? — Percebi sua insegurança já que ela passava as mãos freneticamente sobre
o tecido.
— Claro que não, eu ia dizer que esse vestido a deixou ainda mais bela.
— Obrigada. — Notei um certo rubor em seu rosto.
Aproximei-me dela, inspirando seu perfume doce frutado, sentindo o cheiro delicioso de
morangos frescos que pareciam exalar de seus poros. Deixei um beijo em sua bochecha,
sentindo-me louco para tomar seus lábios.
— Linda e cheirosa… — Ela engoliu em seco e percebi sua respiração tornar-se ruidosa.
— Está me deixando sem jeito, Liam.
— Estou? Na verdade, o que estou fazendo é exaltar você, Elizabeth, sabe o quanto é
linda, sempre foi…
— Não sabia que tinha se tornado um grande galanteador.
— Me tornei muitas coisas, princesa, mas acredito que galanteador não seja uma delas.
Bem, vamos?
— Si… sim.
Peguei sua mão delicada e macia e a guiei até o carro, abri a porta do carona para ela e
esperei até que ela estivesse devidamente acomodada para dar a volta até o banco do motorista.
— Eu poderia levá-la ao restaurante do meu hotel, mas acho que seria muito óbvio.
— Eu adoraria, não veria problema algum.
— As coisas com você devem ser únicas, Elizabeth, assim como você. — Ela sorriu
timidamente para mim.
Não consegui evitar e acabei agindo dessa forma com ela, como um adolescente cheio de
hormônios.
Liguei meu carro e peguei a avenida principal até o restaurante que eu havia escolhido,
como era um dos homens mais influente e rico de Las Vegas não tinha a necessidade de fazer
uma reserva.
A escolha do restaurante pareceu agradar a Elizabeth, já que seus olhos brilharam assim
que chegamos ao local.
— Uau! Que lugar lindo! — disse ela fascinada.
Desci do veículo e abri a porta para ela, como um bom cavalheiro devia fazer, entreguei
as chaves para o manobrista e enlacei nossas mãos, uma onda de choque percorreu o meu corpo
com esse mero contato entre nós dois.
Não demorou muito para que fôssemos guiados para uma mesa, a mais luxuosa e
requintada do restaurante, inclusive. De onde estávamos sentados podíamos ter um vislumbre de
toda a cidade do pecado.
— Não sabia que precisava vir a Vegas até estar em Vegas. Esse lugar é lindo —
comentou Elizabeth.
— Las Vegas tem um toque especial de beleza e luxúria, gosto disso, não me vejo em
outro lugar a não ser aqui.
— Por isso nunca mais voltou a Phoenix?
— Em partes sim, sei que lá fica localizado o primeiro Blackwood Hotel's, além disso,
uma boa parte da minha história começa lá, mas não me imagino morando lá novamente.
— Entendo, voltar para o que te causa dor é como voltar para a morte. — Seu tom de voz
me deixou em alerta, como se ela estivesse falando de si própria.
— Presumo que esteja falando por experiência própria, não é?
— Bem… dado a tudo que vivi por lá, sim. Mas não quero falar sobre isso, por favor.
— Como quiser.
— Agora me fala sobre os hotéis, não sabia que vocês possuíam tantas filiais.
— Quando meu pai morreu, eu me dediquei ainda mais aos estudos, e mudei para Boston,
nessa época só tínhamos o Blackwood Hotel's em Berlim e Phoenix. E não demorou muito para
que eu abrisse uma filial em Chicago e por fim aqui em Vegas. Quando cheguei aqui, conheci
Alexandre Dubrov nos tornamos melhores amigos e sócios. Meu amigo é dono do maior cassino
do país e eu me orgulho disso, me orgulho do meu amigo e de suas conquistas, Alexandre
merece toda a felicidade.
— Quero poder conhecer o cassino algum dia.
— Faço questão de levá-la assim que possível.
Cada vez que Elizabeth sorria eu me sentia o homem mais sortudo do mundo, e não sabia
explicar o real motivo disso. Fizemos uma refeição agradável, volta e meia falávamos da época
de escola, onde Elizabeth sempre encobria as cagadas que eu fazia.
Depois de pedir uma tradicional sobremesa de Vegas, demos nossa noite como encerrada,
refiz o caminho de volta ao condomínio, embora eu não quisesse deixá-la.
— Está entregue, princesa — disse ao descer do carro, abrindo a porta para ela.
— Obrigada, Liam, foi muito bom passar essa noite com você, não sabe o quanto eu senti
sua falta.
— Também senti muita saudade de você, fico feliz que o destino tenha nos unido
novamente.
Estávamos parados na calçada do prédio, e a vontade que eu sentia de tomar os lábios
carnudos de Elizabeth não passava por nada.
— Acho melhor eu entrar, amanhã é um longo dia — falou e eu sabia que ela havia
percebido a grande tensão entre nós dois.
— Elizabeth? — chamei-a antes que ela sumisse para dentro do edifício.
— Sim?
Meus olhos estavam fixos em sua boca, eu queria beijá-la, eu precisava disso. Não sabia
por que, mas precisava.
— Eu… eu… — Merda, Liam, o que está fazendo? — Não foi nada, linda. Tenha uma
boa noite.
— Você também, tchau, Liam.
Ela se despediu de mim e lentamente foi se afastando até sumir por completo.
Sentia minha respiração irregular, meu coração acelerado e minhas mãos suando.
Elizabeth não deveria mexer tanto comigo.
Entrei no meu carro e dirigi de volta ao meu apartamento disposto a tomar algumas boas
doses de uísque para findar meus pensamentos pecaminosos. Não podia deixar que o meu desejo
atrapalhasse a minha amizade com Elizabeth.
Essa noite foi sem sombra de dúvidas a melhor de toda a minha vida! Me senti nas
nuvens pela primeira vez na vida, eu me senti uma mulher incrível perante a um homem. A
forma como Liam me tratou, como ele elogiou a minha roupa, coisas que eu nunca ouvi antes.
As únicas pessoas além dele que nunca criticaram a minha aparência eram Alexia e a
minha falecida avó, pois meus pais e até mesmo Tyler sempre fizeram questão de me colocar
para baixo.
Quando Liam falou do meu vestido eu já estava preparada para ouvir o pior, algo do tipo
"isso não valorizou você" ou "você vai usar isso? Com esse corpo?" Frases dolorosas, mas que
eu me acostumei a ouvir desde sempre.
Depois de me despedir de Liam, um sentimento esquisito se apossou do meu corpo, eu
senti um desejo descomunal por ele, algo que nunca senti antes. Uma única vez na vida eu quis
me entregar a um homem de corpo e alma e permitir que ele fizesse o que bem entendesse
comigo.
Aos vinte e oito anos seguia virgem, e tinha meus motivos para isso, o primeiro era meio
óbvio, a insegurança que sentia em relação ao meu corpo nunca me deixou ter uma experiência
mais quente, quando me casei com Tyler até cogitei me entregar a ele, mas as palavras ofensivas
que ele proferiu para mim, me fez desistir na hora.
Senti-me um lixo naquele dia e chorei muito, desde então decidi que ele não me tocaria,
tentei me masturbar algumas vezes a fim de experimentar a sensação arrebatadora da qual
minhas colegas tanto falavam, mas sempre me sentia travada e não conseguia chegar lá, foi
quando tive a ideia de pôr piercing nos mamilos com a intenção de aumentar minha sensibilidade
no local, o que funcionou, mas ainda assim, eu não conseguia atingir o orgasmo como se minha
mente não conseguisse se libertar das amarras e tabus.
Bastou um simples toque de Liam que todo o meu corpo pareceu queimar e arder em
desejo. Mas devia pôr de uma vez por todas em minha cabeça, que Liam era apenas meu amigo e
agora o meu chefe, nada mais do que isso.
As semanas seguintes fluíram de forma leve, meu trabalho era incrível, Liam era um bom
chefe, além de ser um bom amigo. Lexi voltou para Phoenix, ela me ligava todos os dias para me
dar notícias suas e de seus pais, em sua última ligação ela avisou-me de que meus pais estavam à
minha procura e que Thomas estava espalhando por aí que eu desonrei a memória do seu querido
filho e que fugi com um amante.
É mole uma coisa dessas? Passei cinco anos sendo humilhada, traída e tratada como um
lixo, e agora ele simplesmente quer fazer de Tyler o marido exemplar?
Que piada!
Lexi também me contou que não havia nenhuma pista sobre quem foi o assassino de
Tyler, e que a polícia estava quase dando o caso como encerrado. Admito que pensei em voltar,
queria contar para a polícia sobre as ligações estranhas que recebia, mas agora não adiantaria de
nada, já que antes de largar meu celular no meu antigo apartamento eu joguei o chip no vaso
sanitário, eliminando qualquer coisa que pudesse ser usado como uma possível prova. Acredito
que agora o melhor a ser feito era esquecer tudo, pelo menos por enquanto.
Juntaria um bom dinheiro até o retorno de Alexia e quem sabe futuramente não me
mudava para o Brasil, sempre quis conhecer o país, aprendi até o idioma deles para o caso de
uma possível visita.
Estava quase encerrando mais um dia de expediente, não sabia que trabalhar como
secretária poderia ser tão bom, era tudo que minha mente conturbada precisava para se acalmar.
Liam era um homem de muitos compromissos, e até me designava para comandar
algumas reuniões quando ele não podia se fazer presente, ele confiava em mim
profissionalmente, e isso fazia com que eu me sentisse útil.
— Elis?
— Que susto! — Levei a mão ao peito, tentando acalmar meus ânimos, estava tão imersa
em meus pensamentos que nem notei a presença dele.
— Desculpe pelo susto. Você está muito ocupada? Queria conversar com você.
— Só estou finalizando aquele relatório que me pediu, mas pode falar. O que aconteceu?
— Bom, não sei se Alexia avisou a você, mas pelo menos uma vez no mês eu vou até
Chicago para uma importante conferência que ocorre em meu hotel.
— Sim, ela me avisou a respeito, precisa que eu prepare sua viagem?
— Na verdade, vim avisar que você irá me acompanhar.
Eu e Liam juntos em uma viagem? Qual a probabilidade de isso dar certo?
— Nossa, me pegou de surpresa.
— Não se preocupe com nada, tudo será custeado por mim, além do mais, terá uma suíte
exclusivamente sua em meu hotel. Se a sua resposta for sim, partiremos daqui a um mês.
— Tudo bem, eu vou com você.
— Ótimo, quero que fique a par de como funciona o sistema dos hotéis Blackwood, sei
que seu contrato aqui é apenas de um ano…
— Obrigada pela oportunidade, Liam.
— Mais uma coisa, está livre hoje à noite?
— Sim, mas por que a pergunta?
— Quero levá-la ao The Island of Sin.
— Sério? — Desde o dia em que comecei a trabalhar aqui, que Liam não parava de falar
no quanto amava esse cassino.
— Sim, teremos algumas apresentações circenses hoje, algo que sempre acontece com
frequência por lá.
— Que legal!
— Vou aceitar isso como um sim, pego você às nove, tudo bem?
— Claro. Obrigada pelo convite.
— De nada, Elis, preciso dar uma saída agora, tenho uma reunião com o Alexandre, meu
sócio, vejo você hoje à noite.
— Até mais tarde.
Queria gritar de euforia, mas não o fiz, ao invés disso, peguei meu celular e mandei uma
mensagem para Lexi contando das novidades. Ela respondeu instantaneamente, sempre batendo
na tecla de que Liam era apaixonado por mim, mas eu não a levava a sério.
Um homem como Liam nunca amaria alguém como eu. Aprendi isso desde cedo.
— Para de pensar nisso, Elizabeth! — me repreendi e voltei a focar em meu trabalho, ou
pelo menos tentei focar.

Estava olhando-me no espelho, sentindo-me confiante e poderosa, estar em um lugar


novo me permitia ser quem eu realmente era de verdade, minha autoestima melhorou cem por
cento desde que eu cheguei aqui, algo que julguei impossível.
Hoje optei por um vestido vermelho com mangas compridas, ele não possuía nenhum
decote, mas é extremamente curto e justo ao corpo, essa peça era uma das tantas outras que
estavam guardadas há meses em meu guarda-roupa, no entanto, eu nunca tinha coragem de usá-
las, pois não suportava mais tanto julgamento a respeito da minha aparência.
Coloquei um par de saltos bem altos, prendi o cabelo em um rabo de cavalo, peguei um
brinco de brilhantes que ganhei da minha avó e finalizei meu visual com uma maquiagem leve
contornando minha boca com um gloss marrom. Enviei uma mensagem para Liam, avisando que
já estava pronta e ele me respondeu dizendo que estava na portaria. Quase esqueci de passar meu
perfume, Liam parecia gostar e muito dele.
— Que pensamento tolo, Elizabeth.
Ao chegar à portaria vi Liam parado, conversando com o síndico como se fossem velhos
amigos, hoje ele não estava usando seus ternos tradicionais e sim uma camisa social com alguns
botões abertos, deixando uma parte de suas tatuagens à mostra. A calça jeans preta justa moldava
lindamente suas coxas grossas.
Oh, tentação de homem!
— Boa noite — cumprimentei Liam e Jhonatan, o síndico.
— Boa noite, senhorita Christina. — Para todos no prédio eu me chamava Christina,
evitava dar o meu primeiro nome, vamos ver por quanto tempo isso irá funcionar.
— Boa noite, princesa, pronta?
— Sim, Liam, estou pronta.
— Hora de conhecer a ilha do pecado…
Saímos do condomínio e como sempre ele fez questão de abrir a porta do carro para mim,
em um gesto muito bonito e muito cavalheiro.
O cassino não ficava longe de casa, e tinha certeza de que qualquer um no mundo
conseguia visualizar esse lugar de longe. Havia luzes fluorescentes e coloridas para todos os
lados, placas gigantescas e iluminadas.
Fui conduzida por Liam até a área interna do cassino e cheguei à conclusão de que se o
pecado tivesse uma forma com certeza seria a desse lugar.
Tudo era instigante demais, os jogos, a música, a decoração, tudo te fazia não querer sair
daqui nunca mais.
— Gostou, princesa? — perguntou, enquanto esperávamos nossas bebidas no bar antes de
irmos até seu amigo.
— Tudo é muito bonito!
— Vai amar o camarote e as apresentações que teremos hoje à noite — soou convicto.
Pegamos um caminho que dava acesso ao primeiro andar, onde o camarote nada sutil
ficava localizado. Ao entrarmos no local, um casal muito elegante estava à nossa espera.
— Chegaram, finalmente! — exclamou a mulher que caminhou em minha direção com
um largo sorriso.
Ela era muito bonita e elegante, parecia até uma boneca de porcelana, os olhos grandes e
verdes pareciam brilhar contra a luz.
— Desculpe-nos pela demora, estava apresentando o cassino a Elizabeth.
— Sem problemas — respondeu a mulher. — Olá, querida, sou Kiara, seja muito bem-
vinda ao The Island of Sin.
— Muito prazer, sou Elizabeth.
— Faço das palavras da minha esposa as minhas, seja bem-vinda, sou Alexandre, dono
desse paraíso e sócio dessa velhota fofoqueira.
— Querer saber informações na íntegra não faz de mim um fofoqueiro! — Liam
defendeu-se.
— Então defina-se, Liam! — Kiara disse, caindo na gargalhada.
— Bom… eu gosto de me manter informado, apenas isso.
— Sei bem. Vamos nos acomodar, o show já vai começar.
Havia quatro poltronas reservadas para nós, sentei-me ao lado de Liam, e não demorou
para que o show começasse. Tiveram apresentações de trapezistas, malabaristas e até mesmo
mágicos, tudo muito bem-feito, eu me sentia uma criança abobalhada assistindo a tudo, percebia
Liam olhando para mim de relance enquanto eu me maravilhava com o show.
O espetáculo durou cerca de uma hora e meia, e após o final o DJ tomou conta da pista de
dança.
— Quer dançar, Elis? — perguntou Liam.
— Tem certeza?
— Claro, vamos lá.
Agarrei sua mão estendida para mim e o segui, chegamos à boate onde as batidas
envolventes de uma música pop reverberava no local. Comecei a mover meu corpo lentamente,
brigando com o pouco de insegurança que sentia, e que logo passou. Fechei meus olhos,
deixando meu corpo ser guiado pela música, senti as mãos fortes agarrando minha cintura o que
me fez abrir os olhos assustada.
— Sou eu, princesa… — sussurrou Liam.
Continuei movimentando meu corpo sem me importar com nada, Liam continuava com
as mãos firmes em mim, e isso fez com que meu corpo se arrepiasse inteiro. Em determinado
momento fui virada por ele, nossos corpos ficaram colados e nossas bocas próximas uma da
outra. Senti o desejo e o fogo se alastrando pelo meu íntimo.
— Vou beijar você, Elizabeth, a menos que você não queira… — disse com a boca
próxima ao meu ouvido.
— Eu quero, Liam, me beije… — pedi desesperada.
Que se foda o amanhã, não podia mais negar meus instintos. Liam segurou meu corpo
pela base da minha coluna, me deixando firme a ele. Senti o roçar de seus lábios nos meus, ele
começou em movimentos suaves e tímidos, mas que logo assumiram uma intensidade única.
Sua língua passeou pela minha boca, explorando cada cantinho dela, eu o segui e fiz o
mesmo, sentindo o gosto de uísque misturado ao seu sabor que eu sequer saberia explicar um dia.
Passei minhas mãos em volta de seu pescoço, enquanto Liam usava a mão livre para
acariciar meu rosto. Podia jurar que senti algo duro roçando em mim, mas mantive a calma,
afinal eu também estava excitada pra caramba, puta merda era só um beijo, e eu já me sentia
assim, a ponto de explodir.
Nossas línguas dançavam em um ritmo que apenas elas conheciam, tomei coragem e
suguei seu lábio inferior, deixando uma mordida leve no local o que fez Liam soltar um gemido
baixinho.
Até que a música parou e nosso beijo também, estava sem fôlego assim como Liam.
— Esse foi o melhor beijo da minha vida — falou, deixando alguns selinhos em meus
lábios. — Você é perfeita, princesa.
Não disse uma palavra, pois estava tentando processar tudo que aconteceu, não sabia o
que fazer agora então apenas continuei sorrindo.
O que aconteceria se estivéssemos em outro lugar? A sós, com certeza terminaríamos
transando e eu não iria me opor quanto a isso.
— Você está bem, Elis?
— Sim… estou bem.
Permanecemos na pista de dança, mais algumas músicas tocaram, Kiara e o marido
juntaram-se a nós e o beijo acabou caindo no esquecimento, pelo menos por enquanto.
Eram quase quatro da manhã quando Liam e eu fomos embora, meus pés estavam
pedindo socorro, escolhi o modelo mais desconfortável para usar e agora sentia o
arrependimento.
— Espero que nada entre nós dois tenha mudado por causa do beijo! — Liam me encarou
preocupado ao me deixar na porta de casa.
— Fica tranquilo, Liam, nada mudou.
— Ótimo, mas só pra você saber. Eu nunca irei esquecer esse beijo.
— Nem eu, mas acho que é melhor que isso não volte a acontecer, somos amigos e
trabalhamos juntos, eu…
— Tudo bem, Elis, não esquenta, princesa. Boa noite, linda.
— Boa noite, Liam.
Senti seus lábios em contato com minha bochecha deixando um beijo suave em minha
pele, acabei retribuindo o gesto antes de me virar rumo ao elevador do prédio.
Apesar de ter amado esse beijo não poderia deixar que isso se repetisse.
Beijar Elizabeth foi como ir ao paraíso por um breve segundo. Que delícia de beijo, que
delícia de mulher, a sensação era que Elizabeth havia sido feita especialmente para mim, como se
cada partícula do seu ser me pertencesse.
Mas ela tinha razão, nós dois éramos apenas amigos e colegas de trabalho, uma relação
entre nós, por mais casual que fosse, poderia nos colocar em uma situação embaraçosa.
Depois de deixá-la em casa, fiz o retorno para o meu apartamento, ainda me sentia
excitado e anestesiado com o que aconteceu minutos atrás, meu pau se animava a cada vez que
as lembranças das minhas mãos percorrendo o corpo de Elizabeth eram projetadas em minha
mente.
Cheguei ao meu apartamento sendo abraçado por um silêncio ensurdecedor, eu gostava
da minha paz, no entanto, ultimamente me sentia inquieto estando aqui sozinho.
Fui até o bar que mantinha em casa e servi-me de uma dose generosa de vodca, senti o
líquido descer queimando em minha garganta, o que era bom, eu acho. Quando me dei conta
já havia bebido praticamente metade de uma garrafa, chacoalhei a cabeça afastando os sinais
da minha embriaguez e segui para o banheiro a fim de tomar um banho gelado.
Tirei minhas roupas, jogando-as de qualquer jeito no chão, entrei para dentro do boxe
deixando a água fria entrar em contato com meus músculos tensos, fechei meus olhos para sentir
a fundo a sensação de relaxamento, mas não demorou muito para que minha mente viajasse
novamente, trazendo à tona os mesmos pensamentos de minutos atrás.
— Oh, porra! — praguejei, meu pênis estava enrijecido, estava louco de desejo por uma
mulher que eu beijei uma vez na vida.
Tentei lutar contra a vontade de me tocar pensando na minha melhor amiga, pois sabia o
quanto isso era errado e devasso, o que Elizabeth pensaria de mim se soubesse disso?
Caralho… como seria beijar todo o corpo curvilíneo de Elizabeth? Trilhar um caminho
molhado, começando pelos seus lábios macios e carnudos, descendo até o seu pescoço, chupando
a pele delicada, deixando marcas em toda região… Aquela boca… Eu daria tudo se pudesse
passar horas e horas beijando-a até perdermos o ar, enquanto minhas mãos exploravam cada
pedaço do seu corpo, apalpando sua bunda gostosa.
— Uhmmm. — Não contive o gemido primitivo que se prendeu da minha garganta. Foi
mais forte do que eu, eu precisava gozar imaginando que a minha Afrodite estava aqui comigo,
sussurrando as mais pecaminosas palavras, sorrindo para mim maliciosamente.
Movi minha mão para cima e para baixo, o líquido pré-ejaculatório escorria de minha
glande, aumentando ainda mais o meu tesão.
Permaneci de olhos fechados, pois tudo que tinha no momento era a minha imaginação
fértil que não parava de criar cenários eróticos envolvendo a minha melhor amiga e eu.
Aumentei o ritmo dos meus movimentos até sentir meu corpo tensionar, meu pau pulsar à
medida que meu sêmen era expelido em um jato forte.
Recostei-me na parede fria do banheiro, deixando meu corpo ser tomado pelo prazer,
ainda respirava com dificuldade, meu coração batia num ritmo rápido como nunca antes.
Lentamente abri meus olhos, minhas pálpebras pareciam pesar toneladas. Após me sentir
recuperado do orgasmo recente, finalizei meu banho e decidi me deitar para dormir. Ou pelo
menos tentaria dormir.

Duas semanas se passaram após o ocorrido do beijo, felizmente o clima entre mim e
Elizabeth permaneceu harmônico, não tocamos mais no assunto e seguimos nossas vidas.
Entretanto, não dava para negar que o fato de que em alguns dias faríamos uma viagem a sós
mexia e muito comigo, mesmo sabendo que iríamos ficar em quartos separados, o simples fato
de estar sozinho com Elizabeth em um lugar distante me causava sensações estranhas, porém
evitava pensar nisso.
Segui esperando por informações a respeito do assassinato de Tyler Mitchell, Christopher
me pediu mais alguns dias, alegando que estava sendo difícil demais para ele buscar informações
mais concretas a respeito do caso.
Sabia que era errado agir pelas costas da minha amiga, mas já tentei sondá-la a respeito
do assunto, contudo, Elizabeth sempre se esquivava, o que deixava claro que algo muito errado
havia acontecido.
— Liam? Está prestando atenção em mim? — Balancei minha cabeça, trazendo meus
pensamentos de volta à realidade.
— Desculpa, amigo, me distraí — disse, ajeitando minha postura. — O que dizia?
— O que está acontecendo com você? — questionou Alexandre.
— Por que essa pergunta?
— Você anda bem esquisito esses últimos dias, pra ser mais específico desde o dia em
que beijou a sua "melhor amiga" — usou aspas — na pista de dança.
— Alê…
— Liam, não sei muito sobre você e essa moça, mas ao que tudo indica, ela parece ser
especial para você.
— Ela é — confirmei o óbvio —, mas decidimos que para o nosso próprio bem, e para o
bem da nossa amizade, nós não iremos repetir aquele beijo.
— Sei… — estalou a língua — algo me diz que você não está aflito apenas por conta
desse beijo.
— Elizabeth já foi casada — revelei, não sabia por que, mas isso me causava uma ânsia
de vômito, não pelo fato dela já ter sido casada. Mas sim pelo fato de que ela foi casada com
Tyler.
— Isso te incomoda?
— Não, necessariamente, mas o casamento dela era uma espécie de acordo, para selar
negócios entre famílias poderosas, essas coisas…
— Entendo…
— O marido dela foi assassinado misteriosamente. E algo me diz que a Elizabeth sabe de
alguma coisa, ou algo aconteceu com ela. Conhecendo bem a família de merda que ela tem, sei
que eles não aceitariam sua mudança repentina de país assim tão facilmente.
— O que pretende fazer? Já tentou conversar com ela?
— Elis se fecha quando eu toco no assunto, então tomei minhas próprias
providências.
— E quais seriam?
— Contatei um amigo meu para investigar a fundo o assassinato de Tyler.
Meu amigo não disse nada, apenas assentiu e coçou a nuca.
— Acha que o que estou fazendo é errado? — perguntei.
— Você está agindo de acordo com a sua intuição — respondeu calmamente. — Mas
tome cuidado, amigo, remexer no passado pode ser assustador.
— Tomarei cuidado — falei por fim. — Agora vou rodar um pouco pelo cassino.
Levantei-me, ajeitando minha gravata, e saí do escritório sob o olhar curioso e
preocupado do meu amigo.
Minha cabeça encontrava-se numa confusão total, e eu precisava arrumar essa bagunça o
quanto antes.
Enfim a tão esperada viagem chegou, confesso que estava nervosa e com expectativas
altíssimas por alguma razão. Felizmente, minha relação com Liam não mudou após nosso beijo
no cassino, e isso tirou um peso gigantesco dos meus ombros.
Estar aqui em Las Vegas e manter meu segredo em relação a Phoenix, vinha sendo mais
fácil do que eu imaginava, pois desde que cheguei aqui me sentia finalmente em paz.
As ligações estranhas cessaram, e ninguém procurou por mim, afinal ninguém sabia onde
estava e nem o que estava fazendo, fiz questão de deixar todos os meus cartões em Phoenix, para
evitar que meus pais ou quem quer que fosse pudesse rastreá-los.
Lexi me mantinha informada sobre algumas coisas, segundo ela, meus pais estavam
dizendo que eu fui fazer uma terceira faculdade na França, a pedido do meu "futuro noivo", e
sabia que eles estavam fazendo isso apenas para encobrir possíveis escândalos.
— Você está tão calada, Elis — comentou Liam enquanto seguíamos a caminho do
aeroporto onde seu jato particular estava à nossa espera.
— Estou? — Ajeitei-me na poltrona. — É impressão sua, estou apenas ansiosa para nossa
viagem — menti.
— Não se preocupe com nada, Elis, as reuniões serão tranquilas e rápidas.
— Ok — é tudo que consegui dizer. — Terá algum encontro importante nessa viagem?
— Sim, com um velho parceiro de negócios, Gabriel Sanchez[3] , fizemos um acordo
alguns meses atrás.
— Entendo.
Fizemos o resto do trajeto no mais completo silêncio, volta e meia Liam comentava sobre
alguma coisa ou lugar que víamos pelo caminho.
Assim que chegamos ao aeroporto, o jatinho já estava pronto para o embarque. O voo de
Las Vegas até Chicago duraria cerca de três horas, o que era razoavelmente rápido.
Ao desembarcamos em nosso destino, um carro já estava à nossa espera para nos levar
até o Blackwood Hotel's, segundo Liam, a filial de Chicago não era tão grandiosa quanto a de
Las Vegas, entretanto, não deixava de ser luxuosa.
— Já esteve em Chicago antes, Elis? — perguntou ao entrarmos no carro.
— Não, as poucas vezes que sai de Phoenix foram apenas para ir à França visitar a minha
falecida avó.
— Christine era o nome dela, não é?
— Você ainda se lembra? — indaguei surpresa.
— Sim, sei o quanto era especial e importante para você, sei que ela era a única pessoa
que não julgava você.
— Vovó era única. — A mera lembrança da minha vó fazia meu peito se apertar.
— Sinto muito pela sua perda, Elis.
— Obrigada, Liam. — Forcei um sorriso para ele e me concentrei em olhar as paisagens
que iam passando diante dos meus olhos.
Chegamos ao hotel e Liam estava enganado ao dizer que esse hotel não era grandioso, já
que, o lugar era gigantesco, a fachada seguia o mesmo padrão do hotel de Las Vegas.
Adentramos o majestoso hall e partimos rumo à recepção.
— Senhor Blackwood, como vai? — saudou a recepcionista.
— Olá, senhorita Mendes, eu vou muito bem, obrigado. Os quartos que solicitei já estão
prontos?
— Quartos? — Ela piscou confusa.
— Sim, Amanda, eu comuniquei a respeito da minha vinda até o hotel juntamente com a
minha secretária, e solicitei que fossem preparadas duas suítes para nós.
— Senhor… houve um pequeno problema — disse hesitante.
— E que problema é esse? — rebateu ele.
— Infelizmente só foi feita a reserva de uma suíte.
— Então trate de providenciar outra, Amanda, por favor.
— Senhor, não temos mais nenhuma disponível, pelo menos não hoje.
— Porra! — Liam ficou tenso e nervoso ao saber que algo fugiu do controle.
— Se não for problema, podem dividir o quarto até amanhã, há uma suíte ao lado da sua
que será liberada amanhã às seis da manhã.
Dividir o quarto com Liam poderia ser uma boa ou uma má ideia, não que eu estivesse
esperando outra coisa, mas acho que éramos maduros o bastante para lidar com isso.
— Liam — toquei seu braço —, não tem problema algum para mim, podemos dividir o
mesmo quarto essa noite.
— Tem certeza, Elis? Posso deixar você aqui e procurar um lugar para passar a noite.
— Tenho certeza, Liam — afirmei confiante.
— Então tudo bem — ele acena para mim —, pode fazer nosso check-in, Amanda.
— Sim, senhor.
Após a realização do check-in, fomos levados até o quarto, a suíte gigantesca exalava
luxo e conforto, e tinha certeza de que ela era bem maior do que o meu antigo apartamento.
— O que achou? — perguntou Liam.
— É muito bonita, e tão grande. — Ouvi sua risada abafada. — Eu moraria aqui
tranquilamente.
— Prezamos sempre pelo conforto dos nossos clientes — disse todo convencido e eu
acabei sorrindo diante de seu comentário. — E obrigado, Elis, por não surtar em relação a essa
situação.
— Tudo bem, Liam, não esquenta — o tranquilizei.
Liam abriu a boca para dizer alguma coisa, mas seu telefone começou a tocar
freneticamente.
— Preciso ir ao saguão, o senhor Sanchez está à minha espera, volto mais tarde, pode
pedir o que quiser e se por acaso precisar sair me avise.
— Tudo bem, Liam.
Ele sorriu para mim e saiu do cômodo, deixando-me a sós com meus próprios
pensamentos intrusivos. Céus, Liam me desestabiliza.
Saí do quarto atordoado com os últimos acontecimentos, dividir o quarto com Elizabeth
não estava nos meus planos, saber que passaria a noite inteira sendo atormentado pelo delicioso
aroma de morango vindo de Elizabeth era o meu maior problema no momento.
Entretanto, tinha que ser maduro o suficiente para arcar com isso. Caminhei rumo ao
saguão do hotel onde um velho amigo me esperava. De longe avistei Gabriel, e devo admitir que
seu semblante parecia menos assustador do que há alguns meses.
— Gabriel Sanchez! Olha só pra você, parece menos assustador agora — desdenhei.
— E você continua sendo o idiota de sempre, não é? — perguntou com uma carranca
séria, mas logo abriu um largo sorriso. — É bom ver você, Liam.
Trocamos um breve cumprimento e logo seguimos até as poltronas. Gabriel começou a
falar a respeito da sua rede de hotelaria que vinha se expandindo pelo mundo, era notório que
aquele homem passou por uma grande mudança e para melhor eu diria.
— Bom, queria poder ficar para aproveitar as noites em Chicago — disse ele ao se
levantar para ir embora.
— E por que não fica, caro amigo?
— Está maluco? Tenho duas mulheres à minha espera! — Arregalei meus olhos, o que
fez Gabriel soltar uma risada alta. — Minha filha e minha esposa, veja só. — Gabriel sacou o
celular do bolso e começou a me mostrar fotos de uma garotinha linda, o homem sorria em todas
elas juntamente com a moça que eu me recordava de já ter visto alguns meses atrás.
— Ela é muito linda, e se parece com você — comentei.
— Milena é o meu coração fora do peito, daria a minha vida por ela!
— Fico feliz por você.
— Obrigado, amigo, bom se precisar de mim pode ligar que eu irei ao seu socorro.
— Obrigado, Gabriel.
Acompanhei Gabriel até a saída e em seguida me dirigi até o bar do hotel, pedi uma boa
dose de uísque, não sabia por que, mais o fato de que Gabriel, o homem mais improvável do
planeta tenha formado uma família, me deixou um pouco intrigado, e diria até incomodado, eu
não me considerava um homem alérgico a relacionamentos e a formar uma família, eu escolhi
não me relacionar com ninguém baseado no que aconteceu com meu falecido pai Raul, a dor que
ele sentiu ao perder Isla deve ter sido dilacerante e eu não suportaria passar por isso.
Entretanto, às vezes eu pensava como seria se um dia eu formasse uma família como
Gabriel e Alexandre formaram, meu melhor amigo agora era pai de dois anjinhos lindos e vivia
um casamento feliz com Kiara, será que um dia eu viveria o mesmo? Estava na casa dos meus
trinta e um anos e até hoje nenhuma mulher fez meu coração bater mais forte… Quer dizer, havia
uma mulher que conseguia esse feito, mas sabia que não era o adequado dado ao fato de que
éramos melhores amigos.
— Para, Liam! — repreendi-me.
— Falando sozinho, Li? — Quase caí para trás ao ouvir a voz doce de Elizabeth
ressoando atrás de mim.
Ela parou ao meu lado e se sentou na cadeira à minha frente. Porra, ela estava linda, na
verdade, ela era linda! Elis usava um vestido vermelho que deixava seus ombros à mostra, meu
olhar vagueou pelo seu rosto perfeito, descendo até o seu colo e parando bem no seu decote que
ressaltava seus seios.
— Li? Você está bem? — indagou preocupada.
— Estou. — Me recompus. — Por que não estaria? — Minha voz acabou saindo um
pouco mais rude do que eu gostaria.
— Sei lá, você parecia meio alheio a tudo.
— Estou bem, princesa. Então me acompanha? — Ergui o copo em sua direção.
— Claro!
Chamei o garçom e pedi mais uma rodada de uísque para mim e Elizabeth. Não demorou
muito para que ele retornasse com os pedidos. Elizabeth pegou o copo em mãos e antes de beber
o líquido âmbar, ela levou o copo próximo de suas narinas e começou a inspirar o aroma exalado
pela bebida.
— Royal Salute 62 Gun Salute e seu aroma inconfundível.
— Não sabia que entendia de uísques — falei, enquanto observava a forma que seus
lábios se abriram para receber a dose generosa da bebida.
— Amo, é a minha bebida favorita, e esse aqui então… Tem um sabor único.
— Então aceita mais uma dose, senhorita?
— Por que não pedimos uma garrafa? — sugeriu ela.
— Tem certeza?
— Claro! — Ela arqueou as sobrancelhas. — Ou acha que sou fraca para isso?
— Claro que não, Elis, mas já que insiste.
Ela sorriu para mim e se virou para o garçom para fazer o pedido de uma garrafa
completa do nosso uísque favorito. As horas passavam e aqui estávamos nós bebendo e rindo, o
que mais me chocou foi saber que Elizabeth nem parecia se abalar com o excesso de álcool em
seu organismo, pois continuava intacta e com sua postura elegante de sempre.
— Acho melhor pararmos com a bebedeira, amanhã você tem uma reunião bem cedo —
anunciou Elizabeth.
— Tem razão, consegue ficar de pé ou já está balançada pela bebida? — perguntei com
escárnio.
— Há-há. — Gargalhou. — Tenho certeza de que estou mais sóbria do que você.
— Se quer acreditar nisso, princesa, então tudo bem.
Por um ato involuntário acabamos entrelaçando nossas mãos, Elizabeth não recuou ao
perceber nossa proximidade e assim caminhamos até chegarmos ao quarto.
— Vou tomar um banho rápido, volto já. — Elizabeth pegou sua bolsa e seguiu para o
banheiro.
Caminhei até a cama, sentando-me na ponta para retirar meus sapatos, desfiz o nó da
minha gravata e comecei a desabotoar os botões da camisa social até me ver livre dela. Em
seguida fui até minha mala em busca de algo confortável para vestir durante a noite, escolhi uma
calça moletom juntamente com uma camiseta regata. Assim que meus olhos bateram na direção
do banheiro senti meu coração palpitar ainda mais.
Elizabeth saiu do cômodo usando um pijama rosa composto por um maldito short de
moletom que deixava boa parte das suas coxas grossas expostas, isso sem contar a blusa de alças
finas minúscula que marcava seu corpo.
— Liam? Ouviu o que eu disse? — Voltei à realidade quando percebi que ela estava
estalando os dedos em minha direção.
— Não, Elis, desculpe, o que dizia?
— Que eu já terminei o meu banho e que vou me deitar.
— Tudo bem, vou jogar uma ducha no corpo, pode procurar o melhor lado da cama.
— Tem certeza? Digo isso porque posso dormir no sofá.
— De jeito nenhum! — bradei. — Se isso for problema eu durmo no sofá.
— Não! Não precisa, eu só… bem achei que você quisesse.
— Já disse, querida, não esquente. — Caminhei até ela a passos lentos, percebi sua
respiração ofegante à medida que eu me aproximava dela.
Ajeitei uma mecha de cabelo atrás de sua orelha e deixei um beijo suave em sua testa
antes de me trancar dentro do banheiro.
Passei bons minutos debaixo do chuveiro a fim de esquecer que Elizabeth e eu
dormiríamos juntos e ainda por cima na mesma cama. Depois de alguns minutos, desliguei o
registro d'água, enxuguei meu corpo, vesti-me e voltei para o quarto, Elis estava deitada virada
para a parede com o celular em mãos e parecia bem distraída.
Aconcheguei-me na cama evitando o máximo de contato com seu corpo. Percebi o
quanto Elizabeth estava focada em seu celular a ponto de morder o dorso da própria mão.
— Elis, o que aconteceu? — perguntei.
— Nada! — ela respondeu apressada, bloqueando o aparelho na mesma hora. — Eu
estava lendo um livro de romance… e algo tenso aconteceu, só isso.
— Ah, ok. — Sua resposta apesar de parecer convincente não me convenceu cem por
cento, mas deixei isso de lado. — Tenha uma boa noite, Elis.
Aproximei-me dela e deixei um beijo de boa noite em sua bochecha, ela permaneceu no
mesmo lugar com os lábios carnudos entreabertos e as pupilas dilatadas.
— Boa noite, Li.
— Boa noite, Elis.
Apaguei a luz do abajur e me virei para o lado oposto, praguejando mentalmente o quanto
seria difícil dormir ao lado dessa mulher.
Que Deus me ajude.
Senti um peso em meu corpo e lentamente comecei a abrir os olhos, desci meu olhar até
minha cintura, onde o braço de Liam me mantinha totalmente grudada a ele.
— Droga! — murmurei baixinho.
Estamos deitados unidos em uma conchinha perfeita, como se fôssemos um casal de
verdade, coisa que estava bem longe de acontecer, o braço tatuado e musculoso de Liam em
volta da minha cintura, trazia uma segurança que eu jamais saberia explicar, mas eu precisava
sair do seu agarre antes que fosse tarde demais.
Com cuidado retirei seu braço do meu corpo, felizmente ele não se moveu durante o
processo, levantei-me e me espreguicei, permaneci parada ao pé da cama admirando cada detalhe
de Liam.
O corpo musculoso, os braços nus cobertos por tatuagens que eu sequer sabia onde
começavam, seu rosto apesar de másculo possuía um certo toque angelical inexplicável.
— Foco, Elizabeth, foco!
Dirigi-me até a minha mala em busca de um look casual para usar durante a reunião, em
seguida corri para o banheiro antes que Liam despertasse.
Enquanto a água fria escorria pelo meu corpo, não conseguia esquecer do momento de
bebedeira que Liam e eu tivemos. Se eu fosse outro tipo de mulher teria me atirado em cima dele
sem me importar com as consequências. Entretanto, eu prometi a ele e a mim mesma que não
repetiríamos o que aconteceu no cassino.
Após um banho gelado, saí do boxe do chuveiro para começar a me arrumar, teríamos
uma reunião importante com um poderoso dono de uma rede de hotelaria com quem Liam
mantinha alguns negócios.
Vesti-me casualmente, escolhi para hoje um vestido preto social que ia até os joelhos
juntamente com um blazer na mesma cor, prendi meus cabelos e fiz uma maquiagem leve para o
dia.
Ao sair do quarto, dei de cara com o que parecia ser a visão do paraíso, Liam estava
sentado na ponta da cama com os cabelos desgrenhados e a cara amassada de sono.
— Bom dia, dorminhoco.
— Bom dia, Elis. — Seus olhos encararam os meus, rapidamente seu olhar desceu pelo
meu corpo, fazendo uma análise rápida de mim. — Você está linda!
— Obrigada. — Senti meu rosto queimar, meu coração acelerou, sabia que não deveria
me sentir assim, mas não conseguia evitar.
— Vou tomar um banho antes de descer para o café.
— Vou esperá-lo no salão, o senhor Maldonado pode chegar a qualquer momento.
— Tudo bem Elis, se surgir algum problema e eu não tiver chegado não hesite em me
ligar.
— Pode deixar.
Caminhei até a mesa de cabeceira ao lado de Liam para pegar minha bolsa, senti o toque
áspero de sua mão em meu braço, causando uma onda de energia em mim.
— Obrigado por estar aqui, Elis. — Engoli em seco sem saber o que responder e nem
como agir, mas não deixei de sorrir para ele.
— Estou fazendo o meu trabalho, Li.
Peguei minha bolsa juntamente com meu celular e o tablet que usamos para trabalhar e
segui até o salão onde era servido o café da manhã.
Pedi apenas uma xícara de café preto com uma porção de salada de frutas enquanto
esperava pacientemente por Lucas. Pelo que li nos relatórios, Lucas Maldonado era um homem
extremamente rico e assim como Liam tinha negócios em todo o mundo.
— Com licença, senhorita Evans? — Me assustei com a voz grave e imponente. Olhei
para o dono da voz e fiquei em dúvidas se estava vendo um homem ou um semideus diante de
mim.
— Pois não, posso ajudá-lo? — perguntei ainda meio desnorteada.
— Espero que sim. — Deu um sorriso de canto. — Sou Lucas Maldonado, vim para me
reunir com Liam Blackwood.
Levantei-me imediatamente para cumprimentá-lo de maneira formal e adequada.
Não pode ser, esse homem é Lucas? Céus, achei que fosse um velhinho gagá.
— Muito prazer, Senhor Maldonado, sente-se, por favor.
— O prazer é absolutamente meu — disse com certa malícia. — E por favor me chame
apenas de Lucas.
— Como quiser.
Nós nos sentamos um de frente para o outro, Lucas era muito bonito, um rosto
milimetricamente perfeito, era corpulento, um verdadeiro sonho de consumo.
— Não sabia que Liam estava namorando — falou após um tempo.
— Ah, não... Liam e eu somos amigos, na verdade, eu trabalho para ele agora.
— Então quer dizer que uma jovem belíssima como você está solteira? — Senti o toque
de sua mão sobre a minha, entretanto, não senti o mesmo choque que sentia com o toque de
Liam.
— Pode se dizer que sim — respondi.
— O que um pobre homem feito eu deve fazer para ter uma chance com uma mulher
feito você?
— Está me convidando para sair, Senhor Maldonado? — indaguei decidida a entrar no
seu joguinho, quem sabe isso não era uma oportunidade para que eu finalmente perdesse a minha
virgindade.
— Estou, então tenho seu sim?
Estava prestes a responder quando Liam apareceu ao nosso lado com uma expressão de
total desaprovação em seu rosto.
— Veio aqui para tratarmos de negócios ou para cantar a minha secretária, Maldonado?
— Encarei Liam totalmente perplexa com seu tom de voz e postura.
— Blackwood. — Levantou-se para cumprimentá-lo. — Perdoe-me, mas não
pude resistir, a senhorita Evans tem uma beleza estonteante.
— Obrigada, Lucas, eu fico sem graça com tantos elogios.
— Una mujer como tú hace perder la cabeza hasta al hombre más racional. Eres muy
hermosa [4]. — Sua frase dita em um espanhol sensual e perfeito fez com que Liam soltasse um
pigarro de repúdio.
— Será que podemos trabalhar agora? — perguntou ríspido.
— Claro, Blackwood, não esquente, meu caro.
Liam não o respondeu e se sentou ao meu lado, ficando de frente para Lucas assim como
eu.
A reunião teve início, e o clima finalmente pareceu ter voltado ao normal, Lucas e Liam
assumiram a postura profissional novamente e começaram a debater a respeito de como iriam
fazer uma ligação entre os hotéis da família de Lucas e os hotéis de Liam, eu seguia quieta
anotando cada ponto importante debatido por eles, e devo admitir que gostava disso.
Trabalhando com Liam eu podia finalmente me sentir útil de alguma forma.
— Liam... — chamou Lucas ao fim da reunião. — Foi uma honra poder me reunir com
você, espero que tenhamos mais encontros como esse.
— Digo o mesmo, Lucas — Liam respondeu sem esboçar muita emoção.
— E, senhorita Evans? — Puxou um cartão do bolso do paletó. — Me ligue enquanto
estiver em Chicago para que possamos marcar nosso encontro.
Ele pousou o cartão em minha mão juntamente com um beijo demorado e suave em meu
dorso. Dei uma olhada de canto de olho para Liam que apenas encarava a situação com o mesmo
semblante sério e fechado de minutos atrás.
— Pode deixar, foi um prazer conhecê-lo.
— El placer fue mío, mi hermosa rosa [5]
— Gracias [6] — respondi em um espanhol meia-boca.
Lucas sorriu para mim antes de seguir até a entrada do salão onde seus seguranças
estavam à sua espera. Sentei-me novamente encarando o pequeno cartão em minhas mãos, até
Liam tomar uma atitude que me pegou de surpresa.
Ele simplesmente o arrancou de minhas mãos e o rasgou em pedacinhos.
— Liam? Por que fez isso? — perguntei irritada.
— Você não vai sair com aquele playboyzinho! — bradou decidido
— Como é que é? — rebati incrédula.
— Isso mesmo que você ouviu, Elis! Estou te protegendo, vai por mim, conheço esse
tipinho.
— Ah, é claro... — Estava com muita raiva de Liam e não sabia explicar o porquê. —
Acha que nenhum homem se interessaria por mim, não é?
— O quê? Claro que não, Elis, de onde tirou isso? Só estou cuidando de você, afinal
somos amigos e não quero que você sofra por causa desse cara.
— Não é você quem tem que decidir isso, Liam.
— Elizabeth, por favor...
— Quer saber? É melhor eu voltar para quarto, tenho muito o que fazer. Me avise assim
que o meu quarto estiver liberado.
Recolhi as minhas coisas da mesa e parti em disparada para o quarto. Estava chateada
com Liam, afinal era a primeira vez que um cara gato feito o Lucas demonstrava o mínimo de
interesse em mim.
E daí que ele só queira me comer? Talvez fosse isso que eu precisasse, ser comida, pelo
menos uma única vez na vida.
Passei pela porta do quarto e a fechei com toda força atrás de mim. Peguei meu celular e
fiz uma videochamada para Alexia, minha melhor amiga era a única que podia me dar uma luz
nesse momento.
— Alô, amiga, como você está? — ela atendeu animada.
— Oi, amiga, você não vai acreditar no que aconteceu!
— Pela sua cara não foi nada de bom, conta logo.
Relatei a Alexia tudo que aconteceu durante a reunião, inclusive o cartão deixado por
Lucas e todo o escarcéu armado por Liam.
— E foi isso... Saí do salão e o deixei falando sozinho, estou puta demais.
Para a minha surpresa, Alexia começou a gargalhar como se tivesse ouvido uma grande
piada.
— Elizabeth Evans, o que você tem de inteligente tem de lerda.
— O quê? Não entendi.
— Liam estava com ciúmes de você, boba!
— Alexia Bennett, não pire! De onde tira essas asneiras?
— Então tá, vamos recapitular… — ouvi seu suspiro — ele te chamou pra sair assim que
reencontrou você e ainda por cima te tratou feito uma princesa, segundo, beijou você no cassino
enquanto dançavam como um casal apaixonado e agora isso! Esse homem te quer, meu amor!
— Amiga... Você tá pirada, Liam é meu melhor amigo, é um homem poderoso e que
coincidentemente agora se tornou meu patrão, nossa relação nunca passará disso.
— Não estou não, bem lá no fundo você sabe que eu tenho razão.
Um nó se formou em minha cabeça, me senti confusa, Alexia não podia ter razão sobre
isso.
— Vou desligar agora, Lexi, preciso preparar alguns relatórios.
— Você está fugindo do assunto, mas não tem problema. Falo com você depois, te amo.
— Também te amo.
Desliguei a chamada antes que Alexia dissesse mais alguma coisa que pudesse me causar
ainda mais confusão.
Mas será que ela tem razão?
— Não se iluda, Elizabeth!
Deixei meus pensamentos de lado e foquei na planilha que precisava terminar, sem deixar
de repetir para mim que Liam e eu éramos apenas amigos.
Confesso que fiquei puto com o que aconteceu durante a reunião, não estava em meus
planos ter uma crise de ciúmes e muito menos agir daquela forma com Elizabeth. A forma como
ela me deixou falando sozinho no salão hoje de manhã mexeu muito comigo.
O pior era que Elis estava achando que nenhum homem era capaz de se interessar por ela,
o que era uma grande mentira, porra, eu daria a minha vida apenas por mais um beijo dela,
entretanto, sabia que isso não era o adequado, afinal de contas éramos amigos, e eu não queria
magoá-la, Elis já passou por muita coisa ruim nessa vida, e tudo que eu mais queria era poder
protegê-la, até mesmo de mim.
Passei o resto do dia fora, aproveitei para resolver algumas pendências aqui em Chicago,
não quis perturbar Elizabeth, então pedi que Amanda lhe avisasse que eu passaria o dia fora e
que o meu quarto já estava pronto.
Peguei meu telefone a fim de ligar para Alexandre, mesmo não sendo o certo no
momento, sabia que ele era o único que podia me dar uma luz.
— Alô, Liam? Como estão as coisas em Chicago amigo? — Ouvi um murmúrio baixinho
ao outro lado da linha, o que me levou a crer que meu amigo estava em casa ao lado dos filhos.
— Oi, amigo, está em casa, uau, que surpresa.
— Ella está febril hoje, e só quer saber do colo da mãe, e Ettore está agitado demais,
Kiara não daria conta de cuidar deles sozinha, então decidi deixar o cassino sob os comandos de
Vic e Oliver.
— Quem diria que a Fera de Vegas se tornaria um superpai! — Soltamos uma
gargalhada.
— Pois é, amigo, mas não respondeu à minha pergunta, como estão as coisas?
— Fora do controle seria a resposta certa!
— Liam Blackwood, o que você aprontou?
— Digamos que eu tive uma crise de ciúmes, porque o meu cliente espanhol e aspirante a
sedutor deu em cima da minha secretária e melhor amiga.
— Hum — murmurou em tom de deboche.
— Tem alguma coisa para me dizer, Alexandre Dubrov?
— Nada, na verdade, eu já esperava por isso, amigo.
— Não entendi, esperava pelo quê?
— Que o retorno da sua melhor amiga em sua vida fosse mudar você, se ficou com
ciúmes dela é porque sente algo.
— Claro que sinto, porra, ela é a minha melhor amiga.
— Tem certeza de que só gosta dela como amiga? — Um silêncio pairou na linha, afinal
eu não tinha respostas para tal pergunta. — Liam?
— Não sei — respondi por fim. — Não posso dizer o que sinto, só sei que quando a vi
conversando com Lucas, eu enlouqueci, e só não voei no pescoço daquele espanhol porque sei
o quanto isso mancharia a minha imagem e a da Elis.
— Está tudo bem não saber como se sente, sentimentos são difíceis de serem entendidos,
você bem sabe como foi para mim lidar com tudo que sentia por Kiara.
— São situações diferentes, amigo.
— Tem certeza? — rebateu. — Bom, preciso desligar agora, está na hora do banho da
Ella.
— Tudo bem, dê um abraço em meus afilhados e na Kiara.
— Pode deixar, amigo, e Liam?
— Sim?
— Não faça nada de imprudente.
— Não farei, fique tranquilo.
Encerrei a ligação e continuei sentado no mesmo lugar, encarando a fachada da
floricultura que ficava em frente ao hotel.
— Será que Elis gosta de flores? — perguntei a mim mesmo já indo em direção ao
estabelecimento.
Decidi pegar para Elis um buquê simples de tulipas, que serviria como um pedido de
desculpas pelo meu ato vergonhoso.
Segurei o buquê com força observando sua delicadeza e beleza, rezando para que Elis
gostasse delas. Segui para dentro do hotel novamente, passei no meu quarto apenas para tomar
um banho rápido e trocar o terno por algo mais confortável, antes de ir para o quarto de Elis.
Bati à porta do cômodo com suavidade, mas não obtive nenhuma resposta, comecei a
bater com um pouco mais de força, até que finalmente Elis surgiu diante de mim, usando um
pijama rosa muito fofo e absurdamente curto.
— Liam, o que houve? — perguntou meio atordoada.
— Acordei você? — indaguei, sentindo-me culpado.
— Sim — respondeu secamente —, mas não me respondeu, aconteceu alguma coisa?
— Eu... Bem... Eu vim pedir desculpas pela forma como agi mais cedo. Fui um babaca,
Elis, me perdoa. — Coloquei o buquê à sua frente, o que a pegou de surpresa. — São para você,
aceite-as como um pedido de desculpas.
— Li... Elas são lindas, eu amo tulipas, obrigada.
— Não precisa me agradecer, princesa.
Nossos olhares se cruzaram, os olhos castanhos de Elizabeth brilhavam para mim como
duas estrelas cadentes no céu, um calor desconhecido subia pela minha espinha, Deus, eu quero
essa mulher.
— Quer entrar pra conversarmos?
— Conversarmos...?
— Sobre os relatórios que eu fiz, preciso do seu aval, antes de lançá-los no sistema do
hotel.
— Ah, claro — tentei soar indiferente.
Ela deu passagem para que eu pudesse entrar no cômodo, em seguida me acompanhou
até a cama, nos sentamos um ao lado do outro e enquanto ela ligava o notebook, eu não
conseguia parar de observá-la.
Elizabeth era a definição de perfeição, ela era linda, tanto por fora quanto por dentro.
— Então, Liam? O que achou? — Pisquei atônito tentando recobrar os sentidos, mas foi
em vão.
— Elis não dá mais para aguentar isso.
Ela me encarou confusa sem entender o significado das minhas palavras, me aproximei
dela tocando seu rosto com ternura antes de me deliciar em sua boca.
Beijá-la foi como acender em mim uma chama que até então eu jamais senti.
— Liam... — murmurou ofegante. — Não podemos...
— Eu paro se você me disser que não quer o mesmo que eu. — Cessei nosso beijo apenas
para encarar seu rosto ruborizado. — Se disser, Elizabeth, que não está enlouquecendo de desejo
como eu. Eu juro que jamais volto a beijá-la.
Ela não respondeu, ao invés disso voltou a colar seus lábios aos meus, levando-me ao
delírio. Minhas mãos percorreram seu corpo, conforme ela gemia baixinho contra a minha boca.
— Quero tocar você, minha princesa... — sussurrei no pé do seu ouvido, lambendo a pele
delicada de seu pescoço.
O corpo de Elizabeth parece ter sido feito exclusivamente para o meu toque, ela arfou a
cada vez que eu explorava suas zonas erógenas, os gemidos emitidos por ela eram um gás para
mim.
Elizabeth se ajeitou na cama sem parar de me beijar, meu pau latejava dentro da calça em
busca de atenção. Porra, eu sabia que era errado, ela era a minha amiga, entretanto, eu seguia
ignorando esses avisos.
— Liam...
— O que você quer, minha princesa?
— Quero você, Liam! — falou decidida.
— Se é isso que você quer, é isso que terá. — Rocei meus lábios em sua bochecha,
descendo para o seu pescoço. — Serei todo seu, meu amor.
Isso está realmente acontecendo? Ou eu estou tendo um sonho erótico daqueles bem
intensos?
Céus! Estava prestes a transar com meu chefe e melhor amigo, meu sexo pulsava à
medida que os beijos de Liam se tornavam intensos, cada toque dele em meu corpo fazia com
que eu estremecesse por completo. Suas mãos ágeis vagavam pelo meu ser, Liam se posicionou
entre minhas pernas enquanto eu roçava meu corpo no seu em busca de alívio para a sensação
inexplicável que estava sentindo.
A umidade em minha calcinha se tornava mais evidente a cada instante.
— Porra! Você é tão linda, Elis. — Beijou-me com mais afinco. — Quero ver você sem
nenhum empecilho, quero endeusar você da forma como você merece... — sussurrou e eu me vi
de pernas bambas com suas palavras. Mesmo que os olhos de Liam flamejassem de desejo, eu
me sentia insegura por alguma razão.
— Liam... Ele parou de me tocar e olhou para mim ao notar meu receio, subitamente ele
se levantou e isso me deixou confusa e até mesmo irritada, ele parou de pé ao meu lado e
estendeu a mão para mim.
— Vem aqui, Elis. Mesmo sem entender o seu pedido, eu o obedeci. Toquei sua mão e
ele retribuiu o gesto com ternura, Liam beijou o dorso da minha mão, seguindo com uma trilha
de beijinhos por todo meu braço até chegar à minha clavícula. Fui puxada pela cintura e nossos
olhares se cruzaram de uma maneira que nunca havia acontecido antes.
— Sei o que está pensando, Elis, acha que eu não sou capaz de desejá-la...
— Eu... — Liam calou minha boca usando seus lábios aos meus, em um movimento tão
afetuoso e gentil.
— Eu quero você, Elis, e vou venerar você da forma como merece.
Dizendo essas palavras, ele deu um passo para trás, desfazendo o seu enlace da minha
cintura, e ali eu me rendi completamente a ele. Liam puxou minha blusa, deixando meus seios
expostos para ele, seu olhar foi de desejo para surpresa em questão de segundos.
— Porra! Que delícia, Elis. — Sem delicadeza alguma ele espalmou meus seios,
brincando com os mamilos rijos enfeitados pelas pequenas joias metálicas.
Olhando-me como um predador abocanhou meu seio de uma única vez, sua língua ia de
encontro à minha pele e todo meu corpo se encontrava numa combustão de prazer. Liam chupava
meu seio enquanto mantinha o outro mamilo em seu poder, beliscando o bico sensível.
— Li... Isso é bom... Agh. — Os gemidos escapavam da minha boca antes mesmo que eu
pudesse controlá-los.
— Você me deixa maluco, Elizabeth. — Voltou a nivelar seu rosto ao meu, tomando
meus lábios para si em um beijo intenso e desejoso. Decidi ignorar os monstrinhos que
conversavam incansavelmente em minha mente e tomei o controle da situação.
Comecei a apalpar o membro de Liam sob o tecido da calça e tive a constatação de como
ele era grande e grosso. Como seria colocá-lo em minha boca?
— Quero tocar você — sussurrei, adentrando minha mão por dentro do tecido até
encontrar o meu “pote de ouro”, senti seu membro melado e completamente duro, pronto para
mim.
— Minha princesa... — Liam cessou nosso beijo, agarrando meus cabelos, me forçando a
olhar para ele. — Se continuar me provocando assim eu não irei responder pelos meus atos. Sua
voz enrouquecida e carregada de luxúria fazia minha intimidade pulsar.
Queria tê-lo em minha boca, sentir o prazer cru e intenso que eu poderia proporcionar a
ele, e mesmo sem ter noção alguma de como começar, eu estava disposta a tentar.
Mantive meus olhos fixos nos dele e lentamente fui me agachando entre suas pernas até
ficar totalmente ajoelhada aos seus pés, puxei o cós de sua calça juntamente com sua peça íntima
e vi seu pau saltar como se estivesse em busca de liberdade.
Céus!
Vê-lo assim sem nenhum impedimento era ainda mais prazeroso. Com cuidado toquei
toda a extensão do membro até chegar à sua glande melada pelo pré-gozo. Liam fechou os olhos
brevemente enquanto sua boca emitia sons primitivos e deliciosos de serem ouvidos.
— Que delícia, meu amor... Não sabe o quanto eu venho sonhando com isso, em ter essa
sua boca linda engolindo todo o meu pau.
Comecei lambendo a cabeça do seu membro e com cuidado o coloquei em minha boca,
levando até o máximo que podia, Liam parecia gostar das sensações que eu lhe proporcionava
seus gemidos eram deliciosos de serem ouvidos.
Segurando firme em sua base, movimentei seu pau para cima e para baixo sem tirá-lo da
boca, o que fez Liam agarrar meus cabelos e mover os quadris lentamente, como se estivesse
fodendo a minha boca.
— Elis... Me peça para parar... — não respondi — se não responder vou entender isso
como um sim e enfiar o meu pau bem no fundo da sua garganta — disse como um predador
faminto.
Eu por outro lado continuei ignorando-o, não queria parar de chupá-lo mesmo que seu
pênis dilacerasse minha garganta depois disso. Ele começou a estocar lentamente em minha
boca, aproveitei a mão livre e comecei a estimular suas bolas, li em algum lugar que isso
aumentava o tesão nos homens.
Nesse momento eu tinha o controle da situação, agarrei-me nas coxas grossas de Liam e
ele parou de estocar, deixando que eu mesma guiasse o boquete.
— Vou gozar, princesa! — anunciou num sussurro.
Seu corpo se enrijeceu até que um jato salgado foi despejado com tudo em minha boca,
na época da faculdade lembro-me de ouvir algumas colegas comentarem coisas do tipo “se um
homem gozar em sua boca, olhe no fundo dos olhos dele e faça a melhor cara de puta conseguir”.
E foi exatamente o que eu fiz, engoli tudo e fui retirando seu pau lentamente da minha
boca, umedecendo meus lábios com a língua.
— Você é tão gostosa, amor! — disse com a voz rouca e a respiração entrecortada.
Liam arrancou a peça de roupa que usava ficando apenas de cueca, que homem delicioso.
Com cuidado Liam me ajudou a ficar de pé novamente, suas mãos agarraram meu corpo,
caminhando comigo até a cama onde ele me pôs deitada sem deixar de olhar para mim com seu
olhar faminto.
— Agora é a minha vez de satisfazer você, meu amor, e tenha em mente, Elizabeth, que
essa não será a primeira e muito menos a única vez em que eu a farei gozar.
As palavras possessivas ditas por ele deixou-me ainda mais excitada, Liam avançou em
minha direção como um predador, minhas pernas se abriram automaticamente, pois eu já sabia o
que viria a seguir.
Nossas bocas voltaram a se unir, suas mãos continuavam a rondar todo meu corpo até
chegar ao cós do short do meu pijama, sua mão adentrou minha intimidade, tocando em meu
ponto sensível e apenas isso me levou aos céus. Ele massageava o nervo inchado, fazendo
movimentos circulares, minha boceta encharcava a cada toque lascivo dele em mim.
— Me diga, Elis… Você quer que eu te faça gozar?
— Sim… sim — respondo em um fio de voz.
Liam sorriu maliciosamente para mim e retirou sua mão do meio das minhas pernas, a
imagem erótica dele levando os dedos melados pela minha lubrificação à boca seria o motivo dos
meus futuros sonhos pecaminosos.
— Abra bem as pernas para mim, Elis… — ordenou enquanto engatinhava na cama até
se colocar diante da minha virilha. — Ainda não fez o que eu mandei, amor… Deixe suas pernas
bem abertas, porque eu estou louco para chupar sua boceta.
Sentindo-me em chamas eu o obedeci, meu short foi arrancado de uma vez só e agora
aqui estava eu, totalmente nua e excitada para o meu melhor amigo.
— O aroma da sua boceta está me deixando maluco.
Ele brincou com meus grandes lábios, massageando-os lentamente, senti seu dedo ser
introduzido com cuidado em meu canal vaginal, causando um leve desconforto.
Talvez essa fosse uma boa hora para revelar a ele que sou virgem? Melhor não, dizem
que surpresas na hora H são interessantes.
Sem nenhum aviso Liam abocanhou-me de vez me levando à loucura, meu corpo parecia
em êxtase e eu só pensava em sentir mais dessa sensação. Sua língua explorava cada centímetro
da minha boceta, seus movimentos eram alternados entre lambidas por toda a área encharcada e
sucções suaves em meu clitóris.
Toquei meus seios, pressionando os bicos intumescidos a fim de aumentar o prazer único
que me estava sendo proporcionado.
— Você é deliciosa, Elizabeth — proferiu Liam com o rosto enterrado no meio das
minhas pernas.
— Eu não imaginava que isso pudesse ser tão gostoso… Ah, céus... — murmurei em um
gemido rouco e baixo.
Um calor totalmente desconhecido se espalhou em meu ventre, céus, eu iria gozar pela
primeira vez e seria na boca do meu melhor amigo! Fechei meus olhos ao sentir uma onda de
espasmos se apossando do meu ser.
Senti minhas pálpebras pesadas, meu corpo todo tremeu, Liam agarrou minhas coxas com
força enquanto estava sendo devastada pelo meu primeiro orgasmo.
— Olhos abertos, minha linda… Olhe no fundo dos meus olhos enquanto enche toda
minha boca com seu mel — pediu, e mesmo me custando uma força absurda, eu abri os olhos e o
encarei com o mesmo desejo que ele.
Aos poucos fui me recuperando do orgasmo delicioso de segundos atrás, Liam ergueu-se
novamente, tirando a cueca de qualquer jeito antes de vir de encontro a mim.
É agora! Não tem mais como voltar atrás.
— Antes de continuar preciso ter certeza de que você realmente quer isso, Elis —
sussurrou contra minha boca.
O pensamento chato de que ele pudesse estar se arrependendo do que estava acontecendo
entre nós dois me deixou incomodada.
— Estou mais do que decidida a continuar… Mas se você está disposto a desistir por
mim tudo bem — respondi exalando coragem, mas por dentro estava morrendo de medo de ser
rejeitada, acho que não suportaria tal coisa.
— Nunca mais diga isso, minha princesa. — Sua mão segurou meu rosto com cuidado e
seus lábios tocaram minha bochecha. — Estou dizendo isso, Elis, porque depois que meu pau
entrar nessa sua boceta gostosa, nenhum outro homem irá tocar você… — Minha vagina se
contraiu de tesão com sua fala. — Porque a partir de hoje todos os seus melhores orgasmos serão
proporcionados somente por mim. Senti seu pau pincelando minha entrada e assim percebi o
quanto estava molhada novamente. Respirei fundo me preparando para o que viria a seguir. —
Estamos entendidos, minha deusa?
— Sim…
Liam empurrou seu pau contra mim de uma só vez, senti-me como se estivesse sendo
rasgada por dentro e ele percebeu na hora que algo estava errado.
— Elis? — Sua voz soou preocupada. — Você era virgem? Mesmo horrorizada pela dor
e a ardência causados pelo recém rompimento do hímen, me esforcei para respondê-lo.
— Sim… eu era. — O choque e a preocupação duelavam em seu rosto. — Porra,
princesa, deveria ter me avisado, eu machuquei você? — perguntou visivelmente nervoso.
— Não! — Puxei seu rosto para o meu, colando nossas bocas. — Fique tranquilo, estou
bem, estou ótima na verdade, tudo que eu mais quero agora é que me consuma por inteira.
Mesmo com certo receio, Liam começou a mover-se lentamente dentro de mim, sentia
seu membro me preenchendo cada vez mais.
A dor e a ardência foram desaparecendo, dando lugar ao puro e absoluto prazer.
— Porra, amor… Sua boceta é tão apertada, tão quente, parece ter sido feita sob medida
para o meu pau.
As investidas assumiram um ritmo intenso e acelerado, nossas pélvis chocavam-se e
nossos gemidos tornaram-se um só. Os olhos de Liam estavam fixos nos meus, acesos como
brasas de fogo.
Suas mãos me apertavam marcando sua posse sobre mim e eu me via cada vez mais
ensandecida de prazer. Trocamos um breve beijo, traçando uma dança entre nossas línguas.
— Que delícia… Por favor, não pare, Liam — supliquei afoita mesmo tendo a certeza de
que ele não iria parar.
— Você é tão linda e tão gostosa, e agora acima de tudo é minha — declarou, metendo
cada vez mais rápido e cada vez mais forte.
Meu corpo começou a fraquejar novamente e toda inquietação de minutos atrás voltou
com força e dessa vez de forma mais violenta e vigorosa.
— Li… vou gozar!
— Goza, minha linda, mostre-me o quanto você consegue ser ainda mais linda ao gozar
no meu pau.
E foi ouvindo Liam sussurrar isso em meu ouvido que eu explodi pela segunda vez em
um delicioso orgasmo, Liam continuou estocando dentro de mim de forma mais lenta, ao mesmo
tempo em que meu corpo se agitava de prazer.
Não demorou muito para que o orgasmo o atingisse, Liam retirou seu membro da minha
boceta, deixando-o recair em minha virilha, logo um jato quente foi expelido em minha pele
enquanto ele urrava feito um animal.
— Minha! — rosnou ao olhar seu sêmen em minha pele, eu só sabia sorrir feito boba,
ainda custava acreditar no que havia acontecido aqui.
— Foi incrível, princesa — disse antes de se deitar ao meu lado, puxando meu corpo para
si, eu estava exausta e totalmente feliz. Ficamos abraçados sem dizermos uma palavra, o silêncio
tomava conta do quarto, e só o que era ouvido no momento, era o som dos nossos corações e o
chiado de nossas respirações entrecortadas.
— Me desculpe por não contar que era virgem antes de transarmos — falei depois de
alguns minutos.
— Tudo bem, Elis, só fiquei preocupado, não queria machucar você.
— Você não me machucou — fui sincera. — Foi tudo perfeito. — Ao ouvir minha
confissão ele abriu um sorriso gigantesco para mim.
— Prometo que suas próximas vezes serão ainda melhores — disse beijando meus lábios.
— Não usamos camisinha, olha fica tranquilo, meus exames estão em dias e…
— Relaxa, princesa, eu quem devo me esclarecer com você, fui desatento quanto ao uso
de proteção, mas também estou limpo e saudável.
— Ok — respondi, soltando um bocejo, o sono e cansaço estavam vindo com tudo.
— Vamos tomar um banho, você precisa descansar.
Não o respondi e apenas segui seus passos rumo ao banheiro, enquanto a água quente
escorria em meu corpo, Liam fazia uma deliciosa massagem em minhas costas. Após o banho,
vesti meu pijama e observei Liam sentado na cama com uma carinha de cachorro que caiu da
mudança.
— O que aconteceu? — perguntei, indo em sua direção.
— Nada. — Soltou o ar de forma dramática. — Só não queria ter que dormir sozinho
naquele quarto, não depois do que tivemos aqui.
— Não precisa ir se não quiser, consigo dormir ouvindo seus roncos — provoquei.
— Como você é má, Elizabeth Christina — disse, puxando-me para cama.
— Vem, deita comigo, linda.
Deitei-me na cama enquanto ele se aconchegava e me puxava para si, colando nossos
corpos.
— Boa noite, Li — falei, sentindo meus olhos cada vez mais pesados.
— Boa noite, Elis, durma bem. — disse ao passar o braço em volta da minha cintura.
Não consegui dizer mais nada, estava exausta demais, então eu apenas adormeci em seus
braços após ter a melhor noite de toda a minha existência.
Aconteceu!
Eu transei com a minha melhor amiga. Porra, essa foi sem sombra de dúvidas a melhor
noite de toda a minha vida.
O que tivemos foi algo muito além de sexo, foi pura entrega, conexão, algo que eu jamais
saberia explicar com palavras. Entretanto, o fato de Elizabeth ainda ser virgem foi algo que me
pegou de surpresa, e confesso ter adorado ser o primeiro a penetrar sua boceta gostosa.
Continuava deitado encarando o teto enquanto Elis estava adormecida ao meu lado, sua
ninhada de fios castanhos se espalhavam na fronha branca, minha mão tocava involuntariamente
a sua face, afastando alguns fios desordenados que estavam grudados em seu rosto.
— Ah, minha linda, você não sabe a loucura que vem causando em minha cabeça —
confidenciei baixinho.
Permaneci imóvel admirando sua beleza até que ela começou a despertar
preguiçosamente, seus olhos castanhos se voltaram diretamente para mim, Elis abriu um sorriso
tímido, fazendo de mim um filho da puta de muita sorte apenas por ter esse privilégio.
— Bom dia, me observando? — falou em um tom de voz cheio de manha. — Espero
não ter assustado você com minha cara amassada. — Ela gargalhou e eu não resisti ao som
melodioso que ela reproduziu e acabei rindo também.
— Bom dia, princesa, não diga uma besteira dessas, eu estava admirando você, pensando
em como você pode ser tão linda mesmo dormindo. — Aproveitei a proximidade entre nós e a
puxei para os meus braços, tomando seus lábios.
— Por que você vive me chamando de princesa, Liam?
— Você não gosta do apelido?
— Não é isso. — Ela tornou a me encarar. — Acho que não estou acostumada com isso.
Senti um ódio crescente em meu peito, sabia de tudo que Elis sofreu, e graças aos pais
dissimulados e loucos por dinheiro, ah, e não podia me esquecer do idiota do Tyler, todos eles
contribuíram para que a vida da Elis fosse um terror.
— Espero que se acostume rapidamente, afinal de contas você é uma princesa para mim,
ou melhor, é uma verdadeira deusa, a minha Afrodite.
As palavras saíram antes mesmo que eu pudesse controlá-las, mas quer saber? Que se
foda! Nada do que foi dito por mim é mentira. Elizabeth era uma princesa e merecia ser tratada
como tal.
— Você me deixa até sem jeito falando dessa forma, na verdade eu meio que não sei
como agir perto de você, quer dizer depois de ontem à noite.
Senti uma pontada no peito, um certo incômodo pelas suas palavras.
— Nada entre nós irá mudar, exceto uma coisa… — Umedeci meus lábios e ela logo
notou a malícia em minha voz. — A partir do momento em que eu toquei você, tornou-se minha
Elis, assim como eu serei seu.
— Ok. — Sorriu. — Acho que estamos atrasados, temos um encontro com Lucas e
alguns executivos em alguns minutos.
— Cancele, pois se o Lucas der em cima de você novamente eu juro que corto fora o
pescoço daquele espanhol metido a besta.
Como se tivesse acabado de ouvir uma boa piada, Elis gargalhou alto e eu me senti um
grande idiota por estar demonstrando ciúmes dessa forma. Afinal éramos amigos com benefícios
e contrato de exclusividade, embora ela ainda não soubesse.
— Não é para tanto, Liam, lembre-se, amigos, amigos, negócios à parte.
— Tudo bem, senhorita Evans, me convenceu. — E mesmo contra a minha vontade eu
me levantei da cama, estava morrendo de vontade de cair de boca na boceta deliciosa de Elis,
mas não queria parecer um devasso, então tratei logo de me controlar.
— Uau, vejo que seu amigo acordou muito animado — Elizabeth comentou com os olhos
fixos na protuberância em minha calça.
Meu rosto queimou de vergonha e ela pareceu se divertir com a situação.
— Pensei no sabor da sua boceta e isso aconteceu — respondi, tentando soar o mais
normal possível.
— Senhor Blackwood, quanta perversão.
— Não tenho culpa de você ser tão gostosa. — Dei de ombros. — Bom, vou até o meu
quarto, tomar um banho e me vestir, encontro você no saguão para tomarmos café antes da
reunião.
— Tudo bem.
Caminhei até ela e enlacei sua cintura, capturei seus lábios de forma voraz, entrelaçando
nossas línguas, ela emitiu gemidos baixinhos e meu pau reagiu ao sentir seu corpo curvilíneo
roçar no meu.
— Melhor pararmos por aqui ou eu farei você de café da manhã… — soprei contra sua
boca antes de desfazer nosso enlace, deixei um selinho em seus lábios e parti rumo ao meu
quarto.
Sozinho no cômodo, comecei a pensar com um pouco mais de clareza… acho que estava
fodido, estava me apaixonando pela minha melhor amiga.
Pensei em ligar para Alexandre em busca de algum conselho vindo do meu melhor
amigo, mas não sabia se era o certo a fazer.
Depois de passar alguns bons minutos debaixo da água gelada, fechei o registro do
chuveiro e saí do banheiro, peguei o terno impecável pousado sobre a cama, vesti-me e
permaneci encarando meu reflexo no espelho. Não sabia por qual motivo hoje meus olhos
decidiram observar com um pouco mais de cuidado a fina corrente que carregava comigo por
anos.
Às vezes sentia um certo vazio em meu ser ao constatar que eu nunca saberia nada a
respeito dos meus genitores, tudo que tinha era apenas esta gargantilha que pertenceu à minha
falecida mãe.
Chacoalhei a cabeça dando fim a esses pensamentos, não se podia mudar o que havia
acontecido, eu não tive culpa de perder minha mãe para uma fatalidade do destino.
Peguei meu celular em cima da mesinha de cabeceira e saí com destino ao saguão do
hotel, logo avistei Elizabeth que parecia distraída com algo ao seu redor, aproveitei a deixa para
apreciar sua beleza.
Elis era naturalmente linda e perfeita, ela era dona do sorriso mais doce e belo que eu já
vi em toda a minha vida, sempre teve na verdade, era o sorriso dela que me dava forças para
continuar os estudos já que eu sempre vivia metido em problemas por conta do meu
temperamento e isso mudou graças a ela.
Caminhei até ela e a peguei de surpresa ao abraçá-la por trás, inspirando o aroma
delicioso que seu corpo exalava.
Oh, porra, de mulher cheirosa!
— Desculpe-me pela demora, minha linda — disse ao me desvencilhar de seu corpo.
— Sem problemas, vamos? Estou faminta — ela falou e rapidamente percebi a mudança
em sua expressão.
— O que houve, linda? De repente você ficou calada e com uma expressão triste.
— Não foi nada, só estava pensando que se mamãe me ouvisse dizer isso com certeza
ela me repreenderia.
— Não consigo entender o motivo disso. — Semicerrei os olhos, na verdade eu já
imaginava o motivo, mas custava a acreditar.
— Bem, você se lembra que mamãe sempre foi muito rígida comigo em relação ao meu
peso — suspirou pesarosa —, então deve imaginar as coisas que ela me dizia.
— Sua mãe está e sempre esteve errada, você é perfeita, cada detalhe seu é único, cada
curva do seu corpo, cada milímetro do seu rosto, tudo que te compõe é perfeito, minha doce
Afrodite.
— Você é um verdadeiro cavalheiro, tão gentil comigo, sempre sabe o que dizer para me
animar, mesmo depois de anos isso não mudou. Obrigada por tudo, Liam.
Seus olhos voltaram a brilhar e seu sorriso tornou a aparecer em seu rosto.
— Me agradeça exibindo esse sorriso lindo todos os dias.
Permanecemos em um breve encanto, nos encarando com intensidade, os lábios
volumosos e rosados de Elis estavam entreabertos e eu estava a um passo de beijá-la, mas nosso
encanto foi quebrado pelo som estridente do toque do celular de Elis.
— Estamos atrasados — falou meio sem graça.
— Tudo bem, vamos lá. — Soltei uma risada forçada.
Segui ao lado de Elis para a área do buffet antes de irmos para a maldita reunião.
Eu estou realmente fodido, muito, muito, mais muito fodido.
Duas semanas depois...

— Você parece muito feliz, amiga! — Estava há quase uma hora ao telefone com minha
amiga, sentia falta de Alexia e do seu espírito alegre e enérgico.
— Você acha? — me fiz de desentendida. — Preciso te contar uma coisa.
— Desembucha, mulher... espera aí — fez uma pausa dramática —, não vai me dizer
quê... Você e o Liam...
— Sim... Nós ficamos enquanto estávamos em Chicago.
— Finalmente! Céus, eu disse que ele estava caidinho por você. — Ouvi seu gritinho
estrangulado vindo do outro lado da linha. — Mas agora conta, quero saber todos os detalhes,
até mesmo os sórdidos.
— Meu Deus, Alexia, você é terrível!
— Sem enrolação, mocinha, quero saber de tudo.
Passei os minutos seguintes narrando para minha amiga alguns dos principais
acontecimentos da viagem até Liam e eu chegarmos às vias de fato. À medida que
eu relembrava da minha noite quente com meu “melhor amigo”, sentia um pulsar latente
crescendo em minha boceta.
Céus! Quanta perversão se passava em minha cabeça nesse exato momento.
— Atrapalho, princesa? — Dei um pulo para trás ao ver Liam surgir ao meu lado, meus
olhos bateram diretamente nos seus, fazendo uma onda elétrica percorrer minhas veias.
— Lexi, ligo para você depois, preciso desligar agora.
— Ele acabou de chegar, não é? — desdenhou. — Tudo bem, amiga, se cuida, amo
você.
Despedi-me dela e foquei no monumento dos deuses que estava parado ao meu lado,
olhando-me como se eu fosse um banquete a ser devorado.
— Espero não ter atrapalhado você — disse meio preocupado.
— Você nunca atrapalha, Li, e eu estou em horário de trabalho, não deveria estar falando
ao telefone.
— Tsc! — Balançou a cabeça em forma de desaprovação. — Bobagem, princesa, só
passei aqui para fazer um convite.
— Convite? — Arqueei as sobrancelhas curiosa.
— Sim, quero que aceite jantar comigo hoje à noite.
— Adoraria — respondi rapidamente.
Liam continuava a me olhar com certa malícia, senti uma quentura gostosa correndo em
mim. Nesse momento eu desejava não estar nesse escritório e poder agarrá-lo realizando meus
sonhos eróticos.
— Elis? Você está bem?
Engoli em seco quando percebi que estava quase babando enquanto o observava. Poxa,
Liam, você tinha que ser tão gato?
— Desculpe-me, eu me distraí... — Exalei o ar dos meus pulmões. — Sobre o nosso
jantar, aonde iremos hoje à noite?
— Vou recebê-la em meu apartamento, isso é claro, se não for um problema para você.
— Problema nenhum, então quer dizer que eu serei agraciada com seus dotes culinários
essa noite?
— Digamos que sim. — Gargalhou e eu fiz o mesmo. — Busco você às sete, tudo bem?
— Por mim tudo bem.
Liam se aproximou ainda mais de mim e pude sentir seu perfume amadeirado cada vez
mais próximo a mim, ele puxou a minha cadeira e segurou meu queixo, deixando nossos olhares
fixos um no outro. Liam pegou-me pela mão e me colocou sentada sobre a mesa do escritório,
em seguida ele se colocou entre minhas pernas sorrindo para mim com satisfação, minha saia
social acabou subindo, ficando um pouco mais curta que o normal e apesar da adrenalina e do
medo em ser flagrada por alguém, eu encontrava-me puramente excitada.
Seus lábios começaram a brincar com a pele sensível do meu pescoço, a barba por fazer
causava um arrepio intenso em meu corpo.
Ele beijou meu pescoço e seguiu trilhando um caminho até chegar ao vale dos meus seios
e quando senti sua boca quente mordiscando-me, arfei involuntariamente e me agarrei ao seu
corpo.
— Estou morrendo de saudades de você, Elis — sussurrou com a voz enrouquecida.
Pacientemente ele desabotoou minha camisa social, até que eu ficasse apenas de sutiã.
Suas mãos espalmaram meus seios por cima da peça, dando atenção aos bicos rijos. Meus
gemidos escapavam da minha garganta e minhas pernas se abriram para Liam.
Ele desceu as alças da minha peça íntima e expôs meus seios, tentei escondê-los mais foi
vão, já que Liam os abocanhou de uma vez, deixando-me calada, apenas desfrutando das
sensações de puro prazer que ele me proporcionava.
— Li... alguém... alguém pode chegar aqui...
— Relaxe, minha linda, só se preocupe em gemer pra mim, apenas isso importa agora
— Ordenou.
Com uma mão ele me manteve presa sob seu poder e com a outra ele adentrou o meio das
minhas pernas, encontrando minha excitação. Ele acariciou a parte interna das minhas coxas
antes de tocar minha boceta, espalhando minha lubrificação entre minhas dobras e foi impossível
conter o gemido alto quando ele estocou um dedo dentro de mim, entrando e saindo lentamente,
como se estivesse me penetrando com seu pau.
A língua quente de Liam continuava a circular meus mamilos, volta e meia ele os mordia
puxando os piercings com cuidado. Sem nenhum aviso ele se abaixou e com um movimento
rápido puxou o elástico da minha calcinha e arrancou de uma só vez.
— Liam! — protestei ao ver o tecido vermelho em pedacinhos.
— Não vai precisar disso enquanto minha boca e meu pau estiverem dentro de você,
apenas relaxe e goze para mim, minha princesa.
O apelido causava em mim um tremendo rebuliço, o que ajudava a me deixar ainda mais
excitada. Minhas pernas foram arreganhadas, Liam segurou meus tornozelos com força para
garantir que eu não fosse sair do seu agarre, algo que nem cogitava.
— Deliciosa, meu amor — proferiu brincando suavemente com meu nervo inchado.
Sua boca veio de encontro à minha boceta sem nenhum aviso, as investidas começaram
lentas, como se Liam estivesse de fato me degustando, mas logo ele tornou-se faminto, agindo
pelo desejo primitivo.
Usando os dedos, Liam manteve meus grandes lábios afastados enquanto me chupava
com uma habilidade incrível, me vi ensandecida em meio a tanto prazer e na minha incessante
busca por mais dessas sensações, rebolava descontroladamente.
Liam não parou e penetrou-me com o dedo indicador, estocando com a mesma
intensidade em que me chupava. Capturei meus seios apertando-os com precisão. Até sentir o
orgasmo se aproximando de mim, levando consigo todo o meu resto de sanidade.
— Li... eu vou gozar — gritei em um gemido sôfrego.
— Goza pra mim, amor — incentivou sem parar de me penetrar.
O frenesi me atingiu com tudo e meu corpo entregou-se ao prazer. Minhas pernas
bambearam e meu coração parecia prestes a pular para fora do peito. Respirei ofegante enquanto
Liam se levantava sugando os dedos melados pelo meu gozo, olhei diretamente para sua ereção
que parecia prestes a rasgar o tecido social de sua calça.
Liam me beijou, me dando a oportunidade de experimentar o meu próprio gozo, eu
retribuí o seu beijo com a mesma fome e urgência e mesmo languida pelo orgasmo recente, eu já
me sentia molhada de novo.
— Porra amor, eu preciso te sentir, preciso te foder aqui mesmo — rugiu feito um
animal. — Quero me enterrar bem fundo na sua boceta, me deixa comer você de quatro nessa
mesa — pediu com a voz cheia de tesão.
— Por favor, Li... sou toda sua.
— Então fica de quatro e empina essa bunda gostosa pra mim.
O obedeci imediatamente, Liam me ajudou a descer da mesa e a ficar na posição certa.
Empinei o máximo que pude e a primeira coisa que senti foi uma palmada forte em minha bunda,
seguida por uma puxada bruta de cabelo, senti minha boceta doer de tesão.
— Gostosa — rugiu, dando outro tapa ainda mais forte em minha nádega. — Juro que
queria ser um pouco mais delicado, Elis, mas não consigo, amor.
— Eu não lembro de ter pedido para você ser delicado — provoquei disposta a testar
meus limites.
Olhei de relance para Liam que sorria para mim, um sorriso safado, seu pau rijo roçava
em minha entrada, torturando-me lentamente, antes de estocar de uma vez, arrancando de mim
um grito alto de prazer.
A brutalidade de Liam era na medida certa, o agarre em meus cabelos demonstrava toda a
sua posse, o que me fazia gemer cada vez mais alto.
— Porra, linda, sua boceta é o meu novo vício, caralho.
Ele continuava, bruto, rápido, meus seios roçavam contra a mesa de madeira à medida
que nossos corpos se chocavam na mais sensual das danças.
Não sabia que o sexo era algo tão gostoso.
As estocadas foram se dissipando e se Liam não estivesse segurando minha cintura eu
desabaria agora mesmo.
— Quero gozar nos seus peitos, Elis, vou deixar você marcada com a minha porra!
Deixei-me ser atingida pelo segundo orgasmo enquanto Liam seguia entrando e saindo de
dentro de mim. Meu corpo logo amoleceu, não demorou muito para que Liam parasse de meter
em minha boceta, ele virou meu corpo com cuidado e me colocou sentada novamente na cadeira.
Ao perceber que ele realmente iria gozar em meus seios, uni os dois de modo que o
deixasse satisfeito e mordisquei meus lábios, sentindo-me ansiosa pelo seu prazer. Liam
bombeou seu pau para cima e para baixo até que o jato quente veio de encontro à minha pele.
Sorri para ele que continuou se masturbando até que não restasse mais nenhuma gota a
ser expelida.
— Marcar você com a minha porra é algo incrivelmente pecaminoso e excitante.
— Devo confessar que estou gostando de ser marcada dessa forma. — Dei uma risada
safada para ele.
Liam tocou minha bochecha e seguiu acariciando meu rosto até chegar aos meus lábios,
ele roçou o polegar em meu lábio inferior com delicadeza antes de curvar o corpo para me beijar.
— Você é perfeita, querida, vamos tomar um banho no banheiro do meu escritório, em
seguida poderá ir para casa, se preparar para hoje à noite.
Totalmente suada e descabelada, eu o acompanhei até seu escritório, Liam me deu
privacidade para que eu tomasse banho e foi logo em seguida.
Enquanto o esperava parei para pensar em tudo que aconteceu entre nós e na bagunça que
a minha vida se encontrava.
— Está pensativa, meu anjo. — Assustei-me ao vê-lo sair do banho passando a toalha nos
cabelos molhados.
— Só pensei longe, então quer dizer que eu tenho o resto do dia de folga?
— Sim, quero que fique bem cheirosa para mim e não se preocupe com o que usar,
mandarei algo especial para você.
— Liam, não precisa, tenho várias roupas novas.
— Não foi um pedido, meu amor — avisou com autoridade.
— Como quiser, senhor Blackwood.
Estava prestes a abrir a boca para continuar falando quando meu celular começou a tocar,
nem me dei ao trabalho de olhar quem era, e imaginei ser Alexia novamente.
— Alô?
— Achou que fugiria de mim, Elizabeth?
Aquela voz.
A maldita voz.
Não, não, não!
Senti meu sangue gelar, ele me achou!
— Co... como me achou? — perguntei com a voz trêmula, Liam percebeu meu
desconforto e se aproximou de mim preocupado.
— Eu sempre estou a um passo de você, deixei que achasse que estava livre de mim, mas
não está. Sei tudo que você vem fazendo, Elizabeth, sei que está em Las Vegas e que está
trabalhando para um ricaço.
— Não! — berrei, assustada.
— Escute bem, porra — gritou a voz desconhecido. — Quero o que me pertence ou o seu
namoradinho morre.
— Não! — gritei mais uma vez, sentindo a impotência e a dor se apossando de mim.
— Elis? — Liam me amparou ao notar que estava prestes a cair, rapidamente ele tomou o
telefone da minha mão. — Alô? Desgraçado! Desligou.
Meus olhos se encheram d’água, estava com medo não só por mim, mas por Liam que me
ajudou e que não tinha nada a ver com tudo isso.
— Elis, o que está acontecendo?
— Nada — menti.
— Não foi nada, Elizabeth, porra, você está pálida e está tremendo.
— Não posso dizer — minha voz saiu em um sussurro —, não posso...
— Elis, quero ajudar você, por favor, converse comigo.
— Prometa que manterá segredo?
— Dou a minha palavra.
— Tudo bem.
Era hora de revelar o segredo que eu jurei nunca revelar.
Percebi que algo estava errado com Elizabeth à medida que seu corpo tensionava, quem
quer que fosse do outro lado da linha era alguém que queria o mal de Elis, e eu descobriria quem
era.
Aproximei-me dela ao notar que ela estava quase caindo com tudo no chão, a segurei
com força impedindo seu corpo de se chocar ao chão, tomei o telefone de sua mão, sentindo uma
fúria cegando meus olhos.
— Alô? Desgraçado! Desligou.
Raiva! Era apenas isso que sentia ao ver o estado de choque de Elizabeth.
— Elis o que está acontecendo? — perguntei.
— Nada — ela mentiu.
— Não foi nada, Elizabeth, porra, você está pálida e está tremendo. — Isso só fazia com
que eu sentisse mais raiva.
— Não posso dizer — sua voz sai em um sussurro fraco —, não posso — repetiu.
— Elis, quero ajudar você, por favor, converse comigo.
— Prometa que manterá segredo? — pediu.
— Dou a minha palavra.
— Tudo bem.
Elizabeth respirou fundo, colocando as mãos pousadas em seu colo.
— Tudo começou após meu casamento com o Tyler, ele sempre foi um cara muito
esquisito, mais depois que fui obrigada a conviver com ele dia e noite eu pude ter a mais pura
certeza disso.
Eu ouvia cada palavra proferida por Elizabeth, sentindo um mix de sentimentos, e a
curiosidade era o que mais prevalecia.
— Até que um dia o pior aconteceu, recebemos a notícia de que o corpo do Tyler havia
sido encontrado em uma vala nas ruas de Phoenix, quem o matou não deixou pistas ou qualquer
rastro que seja.
— Então você saiu de Phoenix por que o Tyler foi morto?
Ela fez que não com a cabeça, inspirou profundamente e encarou-me.
— Na verdade, eu fugi. Meus pais queriam que eu me casasse com o pai do Tyler para
que nossos negócios não fossem afetados...
— Como é que é? — ralhei incrédulo. — Não acredito que seus pais sejam tão filhos da
puta a esse ponto — esbravejei.
— Como se isso não fosse o suficiente, eu comecei a ser ameaçada, essa ligação que
recebi hoje não foi a primeira, e com certeza não será a última.
— Ainda não entendo, por qual motivo você está sendo ameaçada? — inquiri em meio ao
nó que se formava em minha mente.
— Tyler armou uma emboscada para mim, e ao que tudo indica estou sendo procurada
por conta de um pen drive que eu sequer sei da existência. Fui encurralada na rua, alguns dias
antes de vir para cá, estou com medo, Liam, não tenho mais para onde fugir, ele me achou e o
pior de tudo é que eu nem sei de quem estou fugindo — o que antes era um choro baixo agora
tornou-se mais alto e desesperado —, estou com medo...
Aproximei-me dela e sentei-me ao seu lado, com cuidado segurei sua mão e toquei seu
rosto com a minha mão livre. Elizabeth não passaria por isso sozinha, eu precisava fazer alguma
coisa que garantisse a sua proteção.
— Vou te proteger, princesa, nada e nem ninguém fará mal a você.
— Não pode me proteger, ele... ele ameaçou matar você, não posso te colocar em perigo
dessa forma.
Eu não estava nem aí para ameaças, a vida da Elizabeth valia muito mais do que a minha,
e eu não me importava em morrer por ela.
— Isso não está em discussão, pensarei no que fazer para proteger você, e depois
veremos o que fazer quanto a essas ameaças e...
— Liam, por favor...
— Já tomei a minha decisão — deixei claro a minha posição. — A propósito não vou
deixá-la sozinha, vamos para o meu apartamento.
— Não quero incomodar você.
— Você nunca me incomodaria, vamos até o seu apartamento, buscamos suas coisas e
depois do jantar conversamos melhor.
— Obrigada, Liam. — Abriu um sorriso melancólico.
— Não precisa agradecer, linda. — Me levantei e estendi a mão para ela. — Vamos,
querida.
Elis segurou minha mão e se colocou de pé, percebi a tristeza estampada em suas íris
douradas e saber que não podia fazer nada para ajudá-la partia o meu coração.
Saímos do escritório e seguimos direto para o apartamento da minha antiga secretária e
que agora é ou melhor era ocupado por Elis. Ela fez as malas rapidamente enquanto eu
conversava com ela, no intuito de distraí-la, sabia que nesse momento muitas coisas estavam
passando em sua cabeça.
Com tudo pronto, partimos para o meu apartamento que ficava um pouco distante do
prédio em que Elizabeth vivia, tudo aconteceu tão depressa que eu nem parei para analisar a
seguinte situação; Elizabeth e eu dividiríamos a mesma casa.
O que não era um problema para mim, exceto se tirar o fato de que eu estava ficando
louco por ela, e ficar sozinho com ela poderia fugir do meu controle.
Chegamos à minha casa, e ao abrir a porta dei de cara com Anne, eu deveria ter ligado
avisando que estava levando Elizabeth para lá, mas tudo foi tão rápido que me esqueci
completamente.
— Anne querida, ainda por aqui — falei ao passar pela porta, trazendo comigo uma das
malas de Elizabeth.
Percebi a tensão em seus músculos, ela estava com medo e com receio, e eu a entendia
por isso.
— Oh, menino, eu achei que você só viria mais tarde, por isso aproveitei para adiantar
algumas coisas — Anne disse gentilmente e logo sua atenção se voltou a Elizabeth. — E você
deve ser a Elizabeth, não é?
— Sim... sou eu — ela respondeu de forma tímida.
— Sou Anne, é um prazer conhecer você, Liam fala tanto de você que sinto como se já a
conhecesse.
Arqueei as sobrancelhas para Anne, indicando à minha adorável governanta que ela falou
mais do que deveria. Ela simplesmente deu de ombros e sorriu.
— O prazer é meu, Liam e eu somos velhos amigos.
— Anne, Elis precisará ficar aqui em casa por um tempo.
— Espero não incomodar — disse Elis.
— Querida, não é incômodo algum. — Anne sorriu. — Já estou de saída, mas se
quiserem posso preparar o quarto para Elizabeth.
— Não será necessário, Anne, eu mesmo arrumo tudo, pode ir descansar.
— Como quiser, menino. — Anne prendeu a bolsa em seus ombros e se voltou para nós
antes de sair porta afora. — Foi um prazer finalmente conhecer você, Elizabeth.
— Digo o mesmo.
As duas trocaram um sorriso sincero e Anne seguiu para fora do meu apartamento, me
deixando a sós com Elizabeth.
— Então... — comecei a falar — seja bem-vinda ao meu humilde lar. Espero que se sinta
em casa.
— Obrigada, Liam, está sendo tão generoso comigo, nunca irei conseguir agradecer a
você por tudo isso.
— Não se preocupe, somos amigos. — Senti um amargo na boca ao proferir essas duas
palavras, fiquei momentaneamente desconcertado e ela percebeu, mas me recompus
rapidamente. — Estou aqui para ajudá-la no que precisar. Bom, vamos conhecer a casa? Tenho
um quarto de hóspedes, não está bem decorado, afinal eu nunca recebi ninguém aqui, mas
podemos mudar se você quiser.
— Fica tranquilo, Li, tenho certeza de que tudo estará perfeito.
— Mas não hesite em me dizer se precisar de alguma coisa, vamos fazer um tour pela
casa.
Involuntariamente eu estendi a mão para ela pela segunda vez no dia, Elizabeth me
aceitava de bom grado e isso só fazia com que a confusão em meus sentimentos aumentasse.
Fizemos um breve tour pela casa, e ensinei a Elis como funcionavam os sistemas de
segurança e alarmes de incêndio. Deixei para lhe mostrar seu quarto por último. O cômodo em si
não tinha nada de especial, as paredes pintadas em um tom nude quase rosa, um closet extenso,
suíte e uma enorme cama king size compunham o ambiente.
— O que achou? — perguntei nervoso.
— Eu adorei, Li, já disse para não se preocupar com isso — ela disse enquanto seus olhos
vagavam pelo cômodo.
— Vou deixar você sozinha para descansar um pouco, vou dar um pulo no cassino, mas
volto para fazer o nosso jantar.
— Se você quiser eu posso cozinhar — se ofereceu, e era óbvio que eu não iria aceitar.
— De jeito nenhum, você é minha convidada, e terá uma estadia digna de uma princesa.
Aproximei-me de seu corpo e suavemente puxei-a para mim, nos encaramos
intensamente, eu não me contive e toquei seu rosto, acarinhando a pele macia antes de
deixar um beijo em seus lábios. Beijo esse que foi retribuído da mesma forma.
— Volto logo, se precisar de qualquer coisa me ligue.
— Tudo bem.
Mesmo relutante eu saí do quarto e segui para o estacionamento do prédio. Eu não tinha
nada para fazer no cassino, mas precisava conversar urgentemente com meu amigo, precisava de
uma luz, e Alexandre era a única pessoa que poderia me ajudar ou não...

Cheguei ao cassino e passei pela recepção, era quase fim de expediente comercial e
Leona já se preparava para ir embora, a cumprimentei e segui direto para o escritório do meu
amigo.
Era engraçado estar aqui agora, antes o escritório de Alexandre se assemelhava a um
mausoléu de tão escuro e sombrio.
Hoje o lugar era regado por fotos dele com a família, fotos dos filhos, ah, e não podia
deixar de mencionar uma foto emoldurada de Kiara.
— Quem te viu, quem te vê — provoquei ao vê-lo focado na fotografia da esposa.
— O que está fazendo aqui? E a essa hora?
— Estou com problemas. — Sentei-me de frente para ele e expirei todo ar dos meus
pulmões.
— Você? Liam Blackwood está com problemas? — desdenhou. — O universo é justo.
— Há-há. — O feitiço virou contra o feiticeiro, passei tanto tempo atormentando o meu
amigo na época em que ele negava seus sentimentos por Kiara, e agora sentia que chegou a sua
vez de retribuir o gesto.
— Estou curioso, o que o trouxe aqui?
— É complicado — cocei a nuca —, envolve a Elizabeth, a família demoníaca dela, o
marido problemático que agora está morto e de quebra o ex-sogro dela.
— Já vi que isso é mais complexo do que eu imaginava.
— Sim, é.
Então narrei com riqueza de detalhes tudo que Elizabeth passou, eu sabia que poderia
confiar cegamente em Alexandre, por isso não tinha medo de lhe contar sobre o que eu ouvi. E a
cada palavra que eu dizia, cada vez que lembrava do olhar assustado de Elis, chegava a uma
única conclusão.
— Uau! — exclamou meu amigo. — Eu realmente não imaginava isso.
— Muito menos eu.
— O que você vai fazer? — perguntou Alexandre.
— Algo que pode parecer maluco e inapropriado — falei convicto e isso fez
Alexandre arquear as sobrancelhas confuso demais com minhas palavras.
— Seja um pouco mais específico.
— Vou me casar com a Elizabeth.
— O quê? — Piscou atordoado. — Como assim você vai se casar com ela, quando
decidiu isso?
— Agora! — Alexandre continuava me olhando totalmente descrente. — Sem
julgamentos, amigo, por favor, não foi tão diferente assim com a Kiara.
— Tem razão. Bom, mas pelo que sei ela é viúva, com certeza haverá burocracias quanto
a isso. Faz apenas meses que o marido dela foi morto.
— Sei bem, mas darei um jeito em relação a isso. Elizabeth terá o sobrenome
Blackwood, e terá toda a proteção necessária.
Eu estava enlouquecendo, não havia outra palavra para descrever esse momento.
— E depois do casamento, o que irá fazer?
— Voltaremos a Phoenix, vou atrás do responsável por essas ameaças e tirarei a limpo
toda essa história, depois Elizabeth será livre para fazer o que bem entender. — Um bolo
formou-se em minha garganta, eu não queria deixá-la, e não sabia se ela iria aceitar o meu acordo
e a minha ajuda.
Conhecendo-a bem, sabia que ela estaria disposta a resolver tudo sozinha.
— Bom, seja como for, estarei aqui para apoiá-lo.
— Obrigado, amigo.
Passei um tempo conversando com Alexandre, resolvendo alguns assuntos do cassino,
iria me ausentar por alguns meses até que tudo estivesse perfeitamente resolvido.
Saí do The Island of Sin sentindo meu coração palpitar, estava prestes a ter uma síncope.
Uma parte de mim estava confiante de que Elizabeth aceitaria o meu acordo, a outra encontrava-
se totalmente perdida.
Estava parado em frente ao prédio, reunindo toda a coragem existente em mim, peguei o
elevador e parti para o meu andar. Assim que as enormes portas de metal se abriram, eu saí e
caminhei até o meu lar.
Parei em frente à porta, enquanto minha mente trabalhava em quais armas iria usar para
convencer Elizabeth a aceitar a minha ajuda.
— Vamos lá, Liam, é agora ou nunca.
Medo era tudo que conseguia sentir no momento, não estava preparada para receber
aquela ligação, principalmente depois de ter vivido um momento tão intenso e único com Liam.
Meu mundo ruiu mais uma vez e a sensação de impotência me deixou desesperada a
ponto de contar a Liam toda a verdade, uma parte de mim sentia muito por colocá-lo no meio
disso, já a outra sentia vergonha de ter fugido como se eu realmente fosse uma criminosa.
Entretanto, agora não havia mais o que ser feito, aceitaria meu possível destino, mesmo
com Liam oferecendo sua proteção a mim, não era justo que ele segurasse uma bomba que
poderia estourar a qualquer momento.
Por falar nele, nunca saberia retribuir todo seu acolhimento e zelo comigo, saber que em
partes eu não estava totalmente sozinha criava um certo acalento em meu peito, Liam me
apresentou todos os cômodos da sua casa e me ensinou como funcionavam os sistemas de
segurança do seu apartamento, e agora aqui estava eu, arrumando meu novo quarto que
provavelmente seria temporário, pelo menos até que eu decidisse o que iria fazer com a minha
vida.
Fiquei sentada no chão do quarto por um bom tempo enquanto dobrava algumas roupas
para separá-las no closet, a vontade de chorar era enorme, mas eu reprimi as lágrimas pelo
máximo de tempo que consegui, infelizmente não consegui resistir e desabei em um choro de
pura dor e desespero.
Deixei toda mágoa e culpa extravasar, não conseguia mais guardar tanta coisa em meu
peito.
Chorei até a cabeça doer, até sentir que não tinha mais forças de produzir uma lágrima
sequer, meu celular tocou e vi o nome da minha amiga brilhar no visor, contudo, não atendi, não
queria ter que explicar a ela qual o motivo da minha voz de choro, embora eu soubesse que
precisava lhe dar satisfações já que o apartamento em que eu estava era o seu.
Desliguei a chamada e coloquei meu celular no modo não perturbe, em seguida guardei
as roupas dobradas em seus respectivos lugares, separei um pijama confortável e segui para o
banho.
Molhei meu corpo literalmente da cabeça aos pés, lavei meus cabelos com a vã esperança
de que a água gelada melhorasse o caos infernal em que minha cabeça se encontrava, o que
claramente não funcionou.
Terminei meu banho e penteei meus cabelos para evitar que os fios embaraçassem
enquanto secava, vesti-me e passei um pouco de hidratante na pele e uma colônia pós-banho,
decidi me deitar um pouco, já que Liam me pediu para esperá-lo para o jantar.
Minha cabeça pesava uma tonelada assim como meus olhos que se fecharam lentamente
assim que pousei a cabeça no travesseiro macio, permiti-me sentir um pouco de paz e assim fui
transportada para o mundo dos sonhos, sonhos esses que incluíam o meu melhor amigo, chefe e
agora meu protetor.

Senti um toque carinhoso em meu rosto e cabelos estava tão gostoso que custei a abrir os
meus olhos.
— Hora de acordar, minha linda. — Despertei lentamente, temendo que isso fosse apenas
um sonho, mas para a minha sorte não era. — Você é linda dormindo, sabia?
— Liam... — murmurei meio sonolenta. — Está há quanto tempo me vigiando?
— Há pouco tempo, gosto de admirar você seja dormindo ou acordada.
— Eu estou toda descabelada, com a cara amassada e ainda por cima dormi com o cabelo
molhado. — Apontei para ninhada de fios que se embolaram enquanto eu dormia.
— Continua linda para mim. — Deixou um beijo demorado em minha bochecha. —
Nosso jantar está pronto, vamos?
— Você preparou o jantar?
— Sim, eu disse a você que teríamos um jantar e prometi a você que experimentaria os
meus dotes culinários. — Deu uma piscadinha travessa e se levantou da cama.
— Fico lisonjeada com tal privilégio.
Levantei-me da cama mesmo contra a minha vontade e caminhei até o closet, peguei meu
secador de cabelos e uma escova para desembaraçar os fios e terminar de secá-los.
Liam me observava com atenção enquanto desfazia os nós, mecha por mecha com todo
cuidado para não os danificar. Liguei o secador na tomada e comecei a direcionar o jato quente
nas partes que ainda não secaram. O que era para ser algo fácil se tornava uma tarefa cansativa já
que eu tinha muito cabelo.
— Posso ajudar você, linda? — perguntou Liam ao se aproximar de mim.
Desliguei o secador e coloquei sobre a bancada de mármore e o encarei diretamente.
— Está se oferecendo pra secar os meus cabelos?
— Estou, por que o espanto?
— Nada, é só que isso dá muito trabalho e eu não quero te incomodar mais.
— Nada que esteja relacionado a você, será incômodo. E eu estou me oferecendo para
ajudar você porque sei que está exausta.
— É muita gentileza sua — falei, tentando conter a emoção que seu gesto despertou em
mim.
— Faço o que estiver ao meu alcance para garantir que você fique bem.
— Obrigada, Liam.
Entreguei a ele o aparelho e o ensinei a manuseá-lo, Liam pegou tudo de primeira e
quando percebi ele estava conduzindo o secador com uma maestria absurda, ele usava os dedos e
separava meus cabelos cuidadosamente.
Sentia-me em um conto de fadas.
Sentia-me cuidada e até amada.
Fiquei tão imersa em meus pensamentos que nem me dei conta de que Liam já havia
desligado o secador e que agora estava me observando de uma maneira diferente do habitual.
— O que foi? — indaguei.
— Nada, linda. — Seu olhar dizia o contrário, mas não insisti em saber o que realmente
se passava em sua mente.
— Agora sim podemos jantar — falei.
— Vamos lá, linda.
Guardei o secador e segui Liam até a sala de jantar, minha barriga roncou ao sentir o
aroma delicioso da comida, a mesa bem-posta só deixava em evidência o quanto Liam era
cuidadoso com absolutamente tudo.
Fiz menção em puxar a cadeira para me sentar, mas fui impedida por Liam.
— Não seria nem um pouco cavalheiro da minha parte se eu não puxasse a cadeira para
você, linda.
Meu rosto corou e meus batimentos cardíacos aceleravam sempre que o ouvia me chamar
dessa forma.
— Obrigada, Liam.
Ajeitei-me na cadeira e Liam se afastou de mim dando a volta na mesa e se sentou em
uma cadeira de frente para mim.
— Gostaria de ter preparado algo mais elaborado para nós.
— Não se preocupe, está tudo perfeito.
Liam preparou alguns filés de frango grelhado, salada de batatas com arroz e uma jarra de
suco de laranja fresco. Me servi e dei a primeira garfada, o gemido de satisfação com a comida
veio logo em seguida.
Não era possível que Liam Blackwood não tivesse nenhum defeito.
Fizemos nossa refeição em silêncio, e nesse momento era como se nós dois fôssemos um
casal de verdade.
— Quero conversar com você — anunciou ele ao terminarmos de comer.
— Claro, o que houve? — Liam parecia receoso e acabei deduzindo que talvez ele já
tenha se arrependido de me ajudar. — Já sei, está arrependido, não é?
— Por Deus, Elis, eu nunca me arrependeria de nada do que estou fazendo por você.
— É só que você ficou tão sério de repente e...
— Linda, eu andei pensando em alguma coisa que pudesse ajudar a te manter protegida.
E eu cheguei a uma conclusão.
— E que conclusão seria essa? — perguntei com medo de sua resposta.
— Um acordo.
— Um acordo? — Olhei confusa para ele. — Que tipo de acordo?
— Você e eu nos casarmos, com meu sobrenome posso protegê-la até resolvermos sua
situação, e quando encontrarmos o causador de tudo isso, eu te dou o divórcio e seguimos com
nossas vidas e nossa amizade.
— Um casamento? — Minha pergunta saiu em um grito estrangulado. — Não está
falando sério, não é?
— Mais sério que isso impossível — falou com a voz firme e então eu percebi que não
era uma brincadeira. — Elis eu sei que é uma loucura e que você já passou por um casamento
desastroso e que deixou sérias consequências em sua vida.
— Põe sérias consequências nisso — debochei.
— E é por este motivo que meu casamento com você carrega a melhor das intenções,
quero que você seja livre para viver e encontrar o amor de sua vida.
Não sabia o porquê, mas senti uma pontada de tristeza ao ouvi-lo dizer que eu deveria
encontrar um amor.
— Não é tão fácil assim, Liam, além do mais, nem sei se posso me casar legalmente,
esqueceu que fiquei viúva há poucos meses?
— Eu sei, mas não se preocupe, Alexandre tem um advogado excelente e que cuidará de
todos os trâmites e burocracias. Nada mudará entre nós, Elis, eu a respeitarei acima de tudo e
será apresentada a todos como a minha mulher, será respeitada por todos e quem ousar magoá-la
receberá uma punição justa. Acredite em mim, princesa, eu quero te proteger.
— Eu não sei o que dizer.
— Não precisa me dar uma resposta agora, eu espero o seu tempo.
Comecei a analisar as vantagens desse acordo, a principal delas era que Liam ao menos
gostava de mim, mesmo que como amiga, o que já significava muito, ele me respeitava e me
tratava como uma mulher, e não me rotulava pelo meu corpo.
Aparentemente não teria nada a perder. Entretanto, eu devia estar ciente de que não
poderia me apaixonar pelo meu amigo.
Já estou na chuva, o que resta agora é me molhar.
— Já me decidi, Liam — afirmei determinada. — Eu aceito.
Os olhos de Liam se arregalaram, ele estava surpreso assim como eu.
Aceitei o acordo de Liam e não sabia o que viria a seguir.

O acordo indecente entre nós dois mudaria nossas vidas para sempre.
Ela aceitou!
Meu Deus ela disse sim!
Não acreditava que Elizabeth realmente aceitou essa loucura de casamento. Uma grande
parte de mim quer sair correndo e gritar por toda Las Vegas que eu iria me casar com uma
mulher incrível, mesmo que esse casamento tivesse um certo prazo de duração.
Porém, isso não iria me impedir de ser o melhor marido do mundo, Elizabeth seria tratada
como uma rainha e eu não mediria esforços para fazê-la feliz. Queria que ela não visse esse
casamento apenas como um acordo.
— Você realmente aceita? Sabe que não precisa me dar uma resposta agora, posso
esperar por isso.
— Não há muito o que pensar, e eu realmente não tenho muito o que pensar pra ser
sincera, estou cansada de fugir, Liam, é como se eu fosse a criminosa e não o contrário, tudo que
eu quero é poder ter a mínima chance de ser feliz. — Fez um desabafo sincero e isso partiu meu
coração, principalmente porque percebi o enorme esforço que ela fazia para não chorar.
— Prometo a você que eu moverei o mundo inteiro para encontrar a pessoa que está por
trás desses telefonemas, não se preocupe com nada, querida.
— Nunca vou saber retribuir a você por todas as coisas que vem fazendo por mim.
Ah, princesa, eu sei inúmeras coisas que você pode fazer por mim, e não sabe como eu
estou louco para sussurrar as mais sujas palavras no seu ouvido, enquanto a ouço gemer o meu
nome...
— Liam? — Chacoalhei a cabeça ao me dar conta de que divaguei demais. — Você ficou
calado de repente.
— Desculpe, princesa, mas respondendo à sua pergunta não precisa me agradecer por
isso. — Ela abriu um largo sorriso para mim e meu coração disparou. — Eu amo quando sorri,
sempre amei o seu sorriso.
Confessei e Elis corou, sua pele branca assumiu um rubor encantador, ela ajeitou algumas
mechas de cabelo atrás da orelha e me encarou fixamente.
— É um verdadeiro galã, senhor Blackwood.
— É um elogio, princesa?
— Com certeza.
Porra de mulher linda dos infernos! Como pode existir alguém tão perfeita assim?
Perfeita e minha, totalmente minha.
— E agora, quais serão os próximos passos a serem dados?
— Vou contatar o doutor Emanuel Thompson, um advogado muito bem recomendado
pelo meu amigo, pedirei a ele que entre com todos os recursos legais para os trâmites do nosso
casamento, além disso, quero um contrato com uma cláusula de que se algo me acontecer
durante ou após o nosso casamento você ficará com todos os meus bens.
— O quê? Como assim um contrato e por que quer que eu fique com os seus bens?
— Quero garantir que tenha um bom futuro, Elis, e não há ninguém nesse mundo que eu
ache mais merecedora disso do que você. Ah, e outra coisa, todas as suas despesas serão
custeadas por mim de hoje em diante. — Peguei minha carteira em meu bolso e retirei um dos
meus cartões sem limite e segurei entre os dedos. — Esse cartão é seu a partir de hoje.
— Por que está me dando um cartão, Liam? — indagou incrédula.
— Será a minha noiva de hoje em diante, quero que tenha tudo o que desejar.
— Não posso aceitar, Liam, é muito abuso da minha parte.
— Tsc. — Me levantei e caminhei até ela, parei ao seu lado e me agachei ficando com o
rosto o mais perto dela possível. — Aceite, linda, por favor.
— Não vai me deixar em paz se eu não aceitar o cartão, não é?
— Não, e sabe disso. Tenho um excelente poder de persuasão.
— Tudo bem, Senhor Blackwood. — Ouvi-la me chamar de senhor causava uma reação
imediata em meu pau.
Elis pegou o cartão da minha mão e o analisou por um tempo.
— Quanto posso gastar? Não quero extrapolar.
— É um cartão sem limite, Elis, poderá gastar o tanto que quiser.
— Mas... mas...
— Mas nada, amor, vá às compras e compre tudo que precisa, incluindo aqueles vestidos
que deixam você incrivelmente gostosa.
Droga! Tenha modos, Liam.
— Você realmente gosta dos meus vestidos? — perguntou com certo brilho no olhar.
— E por que não gostaria? Você fica linda neles.
— Mamãe dizia que não eram o tipo de roupas adequadas para alguém com um corpo
igual ao meu.
A tristeza em suas palavras só me fez sentir o mais puro ódio da sua família, sempre
tentavam colocá-la para baixo, magoando-a com palavras e atitudes.
— Ela não sabe o que diz, você é linda, com e sem roupas... — deixei escapar.
— Liam...
— Estou sendo sincero, linda. — Tomei seus lábios em um beijo lento e cheio de
cuidado, nesse momento não havia nada sexual no ato, era apenas carinho. — Vamos nos deitar?
Creio que o dia de hoje tenha sido muito longo e exaustivo.
— Verdade. Quer ajuda para retirar a mesa?
— Não precisa, Elis.
— Imagina, faço questão de ajudar.
Como sabia que ela não mudaria de ideia, decidi aceitar sua ajuda, estiquei minha mão
para ajudá-la a se levantar, retiramos a louça em silêncio e após guardar tudo e deixar os pratos
na lavadora, seguimos para os nossos quartos. Estava a um passo de implorar a Elizabeth que
dormisse comigo, mas me contive.
— Boa noite, linda, durma bem e qualquer coisa pode me chamar.
— Boa noite, Li, ficarei bem, bons sonhos.
Todos os meus sonhos serão com você, pode ter certeza.
Deixei-a em seu quarto e rumei para o meu, ainda estava desacreditado do que fiz, mas
não me arrependi. Peguei meu celular e decidi ligar para Alexandre disposto a lhe contar da
novidade.
— Liam Blackwood, isso lá são horas de me ligar? — A delicadeza do meu amigo
chegava a ser comovente.
— Deixa-me adivinhar... Os gêmeos estão te dando uma rasteira, acertei?
— Sim. — Ouvi sua respiração pesada do outro lado da linha. — Eles estão crescendo e
tornando-se cada vez mais agitados.
— Compreendo, amigo, bom se não for problema quero levar Elizabeth para conhecê-los.
— Problema nenhum, amigo, e por falar nela, já contou sobre o casamento?
— Sim — quase gritei. — Ela aceitou.
— Meus parabéns, amigo, estou vendo que a história irá se repetir. — Gargalhou.
— Não é para tanto, há um grande diferencial aqui, eu não obriguei Elis a nada, ao
contrário de você — alfinetei.
— Hoje sinto vergonha dessa minha atitude, porém não consigo me arrepender, essa
loucura que cometi foi sem dúvidas o maior acerto da minha vida.
— Kiara te trouxe à vida, amigo, vocês são perfeitos um para o outro.
— Sim, sem dúvidas. Mas voltando ao seu casamento, como pretende prosseguir?
— Entrarei em contato com Thompson, para que ele faça o que for necessário para
oficializar essa união. Depois darei uma festa de noivado do jeito que Elis merece.
— Ofereço a minha casa para a realização da festa, tenho um jardim enorme e faço
questão que o use.
— Obrigado, amigo, conversarei com Elizabeth sobre isso.
— Agora se me der licença voltarei para os meus pequenos.
— Boa noite, amigo.
Trocamos mais algumas palavras e em seguida desliguei a chamada, estava cansado
fisicamente, entretanto, minha mente seguia ligada a mil por hora e não conseguia me desligar,
desliguei o abajur e deixei o celular sobre a mesinha de cabeceira, deitei-me e comecei a encarar
o teto, me fazendo inúmeras perguntas, sendo a principal delas: o que acontecerá de agora em
diante?
Sabia que sentia algo por Elizabeth, embora não soubesse exatamente o quê. Passei as
mãos pelo rosto e me virei para o lado a fim de dormir um pouco, mas assim que fechei meus
olhos, meu celular vibrou em cima do móvel e a mensagem que acabei de receber me fez prender
a respiração por alguns segundos.

Christopher Gilbert: Caro senhor Blackwood, tenho informações importantes e de seu


extremo interesse. Me encontre no restaurante localizado em frente ao Blackwood Hotel´s na
sexta-feira ao meio-dia.

Com certeza Christopher tinha as informações que precisava a respeito de Tyler e toda a
sujeirada em que ele estava metido antes de sua morte. Enviei uma mensagem confirmando
minha presença e voltei a desligar meu celular.
Mal podia esperar para desvendar os mistérios que envolviam o assassinato de Tyler, e
algo me dizia que isso seria apenas a ponta do iceberg do que iríamos enfrentar no futuro.
— Obrigada por me acompanhar, Kiara, não tive tempo para conhecer Las Vegas da
forma como ela merece.
— Imagina, Elizabeth, é um prazer te fazer companhia, desde o nascimento dos gêmeos
que eu quase não venho ao shopping. — Soltou uma risada enérgica.
— Por favor, Kiara, me chame apenas de Liza.
— Tudo bem, Liza.
Fazia alguns dias desde que Liam me propôs o acordo de casamento, nossa relação não
mudou em absolutamente nada, continuamos nossas vidas como antes, exceto por este detalhe.
O advogado já estava cuidando de toda papelada referente ao casamento, para que nada
nos impedisse de firmar matrimônio. Eu devo admitir que estava ansiosa para esse casamento,
sentia que seria muito mais do que um simples acordo entre nós dois e isso, de certo modo, me
animava.
Convidei Kiara para vir comigo ao shopping, pois precisava comprar algumas coisas
básicas para o meu guarda-roupa, Liam deixou um segurança ao nosso encalço por precaução já
que não sabíamos onde o verdadeiro criminoso estava.
Kiara e eu entramos em algumas lojas de roupas de grife e acabei não resistindo à
tentação e comprei alguns vestidos, lembrei-me de Liam dizendo que adorava me ver usando-os.
— Então, Liza, está animada com o casamento? Você e Liam parecem se gostar muito —
comentou enquanto caminhávamos até uma loja de roupas íntimas.
— Liam e eu somos velhos amigos, esse casamento foi a forma que ele encontrou para
me proteger.
— As histórias estão se repetindo. — Kiara me deixou confusa com sua fala.
— O que quer dizer?
— Bom, não sei se você sabe, mas eu fui basicamente obrigada a me casar com o
Alexandre, é uma longa história, no início foi terrível, nós não nos suportávamos, mas com o
passar do tempo, as nossas birras foram se tornando algo a mais, em meio a um contrato de
casamento, nós nos apaixonamos e o resto não é difícil de se imaginar.
— Você o ama muito, não é?
— Sim, Alexandre é o amor da minha vida — respondeu toda emocionada.
— Não sei o que sinto por Liam, eu gosto dele, mas ao mesmo tempo, eu sinto coisas que
vão além do gostar, entende?
— Entendo perfeitamente, bom o conselho que tenho para você é que dê tempo ao tempo,
tudo acontece com um propósito.
— Obrigada, Kiara.
Trocamos um rápido abraço e seguimos para os corredores da loja, fui até a ala com
lingeries específicas para o meu biotipo e comecei a me encantar com as peças sensuais e ao
mesmo tempo delicadas que vi nas araras.
— Uma boa lingerie faz milagres — Kiara me incentivou a pegar a peça que eu estava
paquerando desde que a vi.
Decidi pegar a peça mesmo sabendo que ela ficaria mofando em meu guarda-roupa.
Comprei mais algumas peças íntimas e alguns pijamas e dei minhas compras por encerradas.
Kiara e eu nos dirigimos até a praça de alimentação para que pudéssemos almoçar antes
de voltarmos para casa, me sentia cansada e tudo que mais queria era um bom banho para relaxar
os músculos.
O motorista da família Dubrov me deixou no condomínio luxuoso em que Liam morava e
eu tratei de subir imediatamente, confesso que depois daquela maldita ligação eu estava receosa
demais para ficar sozinha por muito tempo.
Assim que cheguei ao apartamento, me certifiquei de que os alarmes estavam acionados
já que Liam não estava em casa, coloquei as sacolas em cima da cama e fui até o banheiro para
tomar um banho rápido.
Durante o banho não conseguia parar de pensar nas palavras de Kiara, dar tempo ao
tempo... Será que eu devo realmente me deixar levar pelos meus instintos e entregar tudo nas
mãos do destino?
Deixei a água escorrendo em meu corpo, enquanto buscava por respostas para as minhas
perguntas. Desliguei o registro d’água, sequei meu corpo, vesti um roupão e fui arrumar minhas
compras.
Retirei as peças da sacola e fui dobrando cada uma com cuidado, principalmente os
vestidos, que além de caros, eram de uma delicadeza surreal. Deixei a lingerie por último pois
não havia experimentado a peça na loja e estava ansiosa para vê-la em meu corpo.
Desfiz o nó do roupão e comecei a vestir o conjunto com muita paciência e me surpreendi
em como ela parecia ter sido feita exclusivamente para o meu corpo. A peça tinha um tom de
rosa muito elegante, a calcinha rendada não cobria quase nada, mas ainda assim ficava
confortável e bonita, o sutiã de alças finas abraçava meus seios e os deixava maiores do que o
normal, passei a cinta-liga em minhas coxas e as regulei para ficarem no tamanho certo.
Olhei meu reflexo no espelho totalmente embasbacada com a imagem que era projetada
aos meus olhos, céus, essa sou eu?
Alisei meu corpo e comecei a imaginar qual seria a reação de Liam ao me ver usando
essa peça, será que ele gostaria? O que será que ele diria?
Imediatamente as cenas quentes que protagonizamos no escritório, a forma como meu
corpo foi dominado por ele, suas mãos tocando cada parte de mim, seu pau entrando e saindo da
minha boceta, me levando ao delírio.
Mordi o lábio com força e rocei as pernas uma contra a outra, minha boceta latejava e me
sentia excitada apenas por pensar em Liam.
Porra!
Caminhei até a cama e me sentei com as pernas abertas de frente para o enorme espelho
do quarto, umedeci lábios e com os dedos afastei a calcinha para o lado e comecei a dedilhar ao
redor do meu clitóris sem tocá-lo diretamente, brinquei com o nervo inchado, fazendo
movimentos circulares. Comecei a brincar com toda a minha boceta, espalhando minha
lubrificação por toda a região. Senti uma quentura inexplicável e o aumento da minha excitação
era tanto que sentia escorrer pelas minhas pernas.
— Ah, Liam... — gemi, chamando por Liam mesmo que ele não estivesse aqui para me
ajudar a cessar esse fogo intenso que sentia.
Penetrei minha boceta usando um dedo e quando me senti confiante introduzi mais um,
comecei a estocar lentamente, aumentei a intensidade quando senti que o orgasmo estava prestes
a chegar. Fechei meus olhos e foquei apenas nas sensações que estava sentindo, não me
importava em gemer, à medida que meus dedos saíam cada vez mais lubrificados de dentro de
mim.
Gozei em meus próprios dedos e meu corpo se entregou aos espasmos involuntários, me
deixei levar pelo regozijo do momento, retirei meus dedos totalmente melados da minha boceta e
ainda com os olhos fechados os trouxe em direção à minha boca, mas uma mão forte segurou o
meu braço me impedindo de completar o serviço.
Assustei-me e abri meus olhos dando de cara com Liam. Porra, ele viu tudo?
Ele estava com a camisa social aberta com o pau rijo para fora, vi que assim como eu, ele
também estava se tocando já que a glande de seu pênis estava totalmente melada.
— Porra, amor. — Levou meus dedos à sua boca e os chupou vagarosamente,
saboreando-se com meu prazer. — Que delicioso, estava se tocando pra mim, amor?
Sua voz era um sussurro rouco, suas pupilas estavam dilatadas e a sua postura era de um
predador prestes a devorar a sua presa, e eu esperava ser essa presa.
Liam não esperou por uma resposta minha e montou em mim, arrebatando meus lábios
para si, seu beijo era puro fogo e desejo, não havia nada de delicado e gentil, estava
absolutamente do jeito que eu gostava.
Enquanto nos beijávamos, o membro de Liam recaiu em minha barriga e levei minha
mão até a glande, descendo pela extensão, começando uma punheta lenta.
— Liam... Eu quero você dentro de mim agora — supliquei.
— Não precisa me pedir duas vezes, amor.
Liam se encaixou perfeitamente em minha entrada e estocou de uma só vez, ele
movimentava o quadril devagar como se estivesse me torturando com seu pau e devo admitir que
estava adorando essa tortura.
— Diga, amor... Estava se tocando pensando em mim? — Desceu a mão pelo meu corpo
e tocou meu seio, espalmando o mamilo intumescido, pressionando-o com força. — Era no meu
pau que você pensava enquanto gozava desse jeito, amor?
— Sim, eu preciso demais de você, Liam, me fode com força. — Mordi o lóbulo da sua
orelha e isso foi o gás que Liam estava esperando.
Seu pau foi enterrado cada vez mais fundo dentro de mim, o ritmo frenético das estocadas
me fizeram sair fora de órbita, estava em outro mundo e nesse mundo tudo que interessava era o
prazer.
— Elis, eu quero gozar dentro de você, por favor, amor, me deixe encher a sua boceta
com a minha porra.
— Faça o que quiser comigo, Liam, sou toda sua.
Como fazia uso da pílula não vi problema algum em ceder ao seu pedido, principalmente
porque eu também estava louca para sentir seu gozo dentro de mim.
O ápice se aproximava de mim e finquei minhas unhas nas costas de Liam, o agarrando
com mais força e o puxando para mais próximo de mim possível.
Minhas paredes internas se contraíram, Liam apertou minha cintura com veemência,
nossos gritos de prazer foram proferidos simultaneamente, nossos olhares se cruzaram revelando
uma intensidade mesclado a um sentimento totalmente novo para mim, senti seu gozo me
preenchendo e explodimos juntos em uma combustão única e avassaladora.
— Meu novo lugar favorito no mundo — Liam murmurou, enquanto saía lentamente de
dentro de mim.
Permaneci imóvel sentindo-me anestesiada demais para me mover, Liam se deitou ao
meu lado e acariciou meus cabelos, fechei meus olhos sentindo suas carícias a fundo, ele parecia
tocar minha alma e talvez estivesse conseguindo.
— Elis? — sua voz branda me chamou minutos depois.
— Sim, Liam?
— Obrigado por voltar para a minha vida.
Fiquei sem palavras diante da sua declaração sincera, então me aconcheguei em seu
peito, sentindo o calor que emanava de seu corpo.
— Vou tomar um banho, me acompanha?
— Sim, estou toda suada.
Nós nos levantamos e seguimos para o banho, sabia que podia parecer algo clichê, mas
eu nunca me senti assim em toda a minha vida, era como estar vivendo em um conto de fadas,
onde meu príncipe encantado era um bilionário gostoso e que me fodia maravilhosamente bem.
Depois do banho, fiquei sozinha no quarto enquanto Liam se trocava no quarto ao lado,
vesti um pijama leve e fresco, prendi meus cabelos em um coque alto e por puro instinto peguei
meu celular em cima da mesinha, fazia dias que eu não tocava nele, verifiquei as diversas
chamadas perdidas de Alexia e enviei uma mensagem dizendo que estava bem e que entraria em
contato com ela depois, não contei sobre a ligação e muito menos a respeito da proposta que
Liam me fez, iria esperar até que as coisas se resolvessem e que a poeira baixasse.
— Topa assistir um filme comigo? — Olhei em direção à porta, onde Liam estava
recostado na parede de braços cruzados me encarando.
— Claro, adoraria.
Joguei o celular para escanteio novamente e me levantei para acompanhar Liam, parei ao
seu lado e ele esticou a mão para mim, a recebi de bom grado e ganhei um beijo delicado em
troca.
— Vamos assistir no meu quarto, tudo bem para você?
— Sem problemas, Li. — Abri um sorriso para ele.
Liam era tão cuidadoso que já havia deixado tudo pronto para assistirmos, sua cama
estava cheia de almofadas, além disso, uma bandeja com uvas, morangos e algumas guloseimas
estava sobre ela.
— Uau! — exclamei, levando as mãos à boca. — Preparou tudo isso em quanto tempo?
— Não foi nada comparado ao que eu realmente queria fazer por você, pensei que você
merecia uma noite especial, então fiz o que estava ao meu alcance — disse meio sem jeito. —
Seu filme favorito continua sendo Titanic, não é?
— Você ainda se lembra?
— Claro, nunca me esqueceria disso. Eu nunca me esqueço do que é importante
Elizabeth DeWitt Bukater. [7]
— Fico feliz em saber disso, Liam Dawson8.
Ele soltou uma gargalhada gostosa de ser ouvida e em seguida nos guiou até a enorme
cama King size. Me acomodei confortavelmente e Liam me puxou para o mais perto possível
dele. Tentei não suspirar com o romance intenso entre Jack e Rose, mas tornava-se impossível,
principalmente quando My heart will Go on começou a tocar.
Percebi o olhar de Liam em mim, porém ele não falou nada, apenas me observava e
afagava meus cabelos. Nas cenas finais do filme já me encontrava debulhada em lágrimas,
inconformada com a morte de Jack, mesmo já tendo assistido ao filme incontáveis vezes.
— Ele... ele — funguei — ele poderia ter sido salvo, ele caberia perfeitamente em cima
dessa porta velha.
— Também acho, amor, ela deveria ter feito um pouquinho mais de esforço para ajudá-lo
a subir — concordou comigo ao mesmo tempo que colocava um morango em minha boca.
“Ele me salvou, de todas as maneiras que uma pessoa pode ser salva”, por algum motivo
essa frase dita pela Rose ressoou em minha cabeça mais do que deveria.
Ao fim do filme eu já me encontrava praticamente sem lágrimas, não importava quantas
vezes eu assistisse, eu sempre iria me emocionar com esse final.
— Você sempre vai chorar com esse filme, não é?
— Sim... — Enxuguei minhas lágrimas.
— Linda até chorando, como pode?
— Bobo, você sempre me bajulando, assim fico mal-acostumada.
— Pode ficar mal-acostumada o quanto quiser, estou sendo sincero com você.
— Obrigada, Liam, por cuidar de mim. — Me levantei da cama e Liam me encarou
confuso.
— Aonde você vai?
— Para o meu quarto, acho que você deve estar exausto, não é?
— Estou, mas quero que você durma comigo. Por favor.
Ele assumiu uma expressão de cachorrinho perdido e me vi impossibilitada de recusar o
seu pedido.
— Tudo bem.
Antes de me deitar novamente o ajudei a arrumar a cama, guardando a bandeja e os
outros itens em seus lugares. Nos deitamos e Liam me puxou para seu corpo, senti como se um
ursinho muito fofo me abraçasse.
— Boa noite, Elis.
— Boa noite, Liam.
O sono não demorou muito para dar os primeiros sinais, logo minhas pálpebras
começaram a pesar e minha respiração tornou-se mais lenta e meus olhos começaram a se fechar
lentamente.
— Estou perdidamente apaixonado por você, Elizabeth Christina... — confidenciou em
um sussurro quase que distante de mim.
Foi a última coisa que escutei antes de adormecer.
Estava há quase duas horas acordado observando a mulher incrível que dormia ao meu
lado, e por mais que eu tentasse me mover e sair dessa cama, acabava não conseguindo, pois meu
corpo não respondia aos meus comandos e me via totalmente paralisado, olhando atentamente
cada mínimo detalhe de seu rosto perfeito.
Por impulso, acabei deixando escapar a frase que vinha se prendendo em minha garganta
por dias e que só tive coragem de repetir em voz alta, porque Elizabeth já havia adormecido, não
me sentia pronto para dizer isso olhando em seus olhos, tinha medo de magoá-la de alguma
forma e Elis não merecia passar por uma decepção.
— Linda. — Deixei um beijinho em sua bochecha e me levantei para preparar nosso café
da manhã.
Elis se remexeu na cama, mas não acordou, ela se virou para o lado oposto, sentido a
enorme vidraça do meu quarto e eu me peguei observando seu corpo mais uma vez, meu
amiguinho se animou com o que viu, afinal era impossível não ficar duro ao ter essa visão do
paraíso tão perto de mim.
Sacolejei a cabeça a fim de afastar tais pensamentos obscenos a esta hora da manhã e
segui para o chuveiro, pois no momento só a água gelada era capaz de acalmar meus nervos.
Durante o banho, comecei a pensar nas coisas horríveis que Christopher provavelmente
descobriu a respeito de Tyler e toda a sua morte misteriosa, sabia que precisava comunicar a Elis
o fato de ter mandado investigar seu falecido marido e esperava que ela entendesse os meus
motivos.
Depois de me sentir relaxado o bastante, peguei a toalha no suporte e a enrolei em meu
corpo, caminhei para fora rumo ao closet, fazendo o mínimo de barulho possível para que Elis
não acordasse até que o café estivesse pronto. Vesti apenas uma bermuda e corri para a cozinha.
Preparei algumas panquecas e as incrementei com morangos e calda de chocolate, passei
um café fresquinho e fiz uma jarra de suco de laranja, infelizmente não tinha nenhum cereal na
dispensa, sabia que Elizabeth adorava cereal de milho, então fiz uma anotação mental de que
devia adicionar isso à lista de compras do mês.
Com tudo finalizado, peguei uma bandeja e organizei cada item e segui de volta para o
quarto.
Deveria ter comprado flores, Liam... Pensei comigo mesmo.
Elizabeth continuava deitada, seus olhos dourados encaravam o teto e um riso sutil se
formava em seus lábios.
— Bom dia, princesa, trouxe nosso café. — Ela voltou seu olhar para mim e abriu um
sorriso largo.
— Bom dia, nossa quanta mordomia. — murmura sonolenta.
— Você merece, linda, fiz tudo que você gosta, só ficarei devendo o cereal.
— Imagina, Liam, tudo está perfeito e eu não ligaria se você trouxesse apenas um
pãozinho com manteiga para mim.
Aproximei-me da cama e depositei a bandeja na mesa de cabeceira, Elis se espreguiçou
lindamente e logo se ajeitou na cama para comermos, trouxe a bandeja para a cama e a coloquei
entre nós. Elizabeth se serviu com uma generosa xícara de café e a bebeu de vez, em seguida
começou a comer suas panquecas.
— Então, teve uma boa noite de sono? — perguntei assim que ela terminou de comer.
— Umas das melhores desde que cheguei aqui.
— Fico feliz, princesa. — Analisei seu rosto por um tempo e decidi que esse era o
momento ideal para lhe falar sobre as investigações. — Elis, tem uma coisa que você precisa
saber.
Sua expressão mudou radicalmente e percebi a tensão em seus ombros, Elizabeth
respirou fundo, me encarando temerosa.
— O que aconteceu?
— Amanhã tenho um encontro com um investigador.
— Investigador? — rebateu confusa.
— Elis, assim que você chegou a Las Vegas, eu contratei os serviços de um investigador
particular para que ele buscasse informações concretas a respeito do assassinato do Tyler, e ao
que tudo indica ele obteve êxito em sua busca.
— Por que não me contou antes?
— Não sei, sinceramente eu não sei.
— Poxa, Li, podia ter me contado, não estou com raiva de você por isso, é só que eu
gostaria de ter sido informada, se bem que eu não devo exigir que me diga nada, afinal de contas
eu levei meses pra te contar a verdade.
— Eu sinto muito, princesa, me desculpe, por favor, de hoje em diante não esconderei
mais nada de você.
— Tudo bem, Li. — Soltou uma lufada de ar. — O que acha que ele descobriu? Será que
finalmente vou ter uma pista de onde está esse maldito pen drive?
— Espero que sim, meu encontro com Christopher está marcado para o meio-dia.
— Vou com você — afirmou decidida.
— De jeito nenhum — bradei. — Linda, coisas horríveis poderão ser ditas amanhã e não
quero que fique triste com o que irá descobrir.
— Mas, Liam? — protestou, fazendo um biquinho fofo.
— Já decidi, princesa, você não vai.
— Tudo bem, mas promete me contar tudo?
— Prometo. — Beijei sua mão que estava repousada em minha coxa.
O assunto foi dado como encerrado, pelo menos por enquanto, olhei no relógio e vi que já
estava na hora de ir para o escritório, mesmo lhe dando o dia de folga, Elizabeth insistiu em ir
trabalhar e acabei acatando ao seu pedido, pois tinha reuniões importantes com alguns políticos e
outros empresários do ramo hoteleiro e sabia que não daria conta de tudo sozinho.
A real é que eu sequer prestei atenção no que foi discutido durante a reunião e nem me
dei ao trabalho tentar acompanhar o que estava sendo discutido entre os presentes naquela sala.
Assim que a reunião acabou, eu dei o turno de trabalho como encerrado, fiz algumas
ligações que estavam pendentes, dei uma rápida passada no cassino juntamente com Elis e
partimos para casa logo em seguida.
Depois de desfrutar de um jantar maravilhoso feito por Elis, nós nos recolhemos para
dormir, e é claro que eu não deixei que ela fosse para o seu quarto, eu tinha desenvolvido uma
espécie de dependência por Elizabeth, quanto mais perto ela ficava, mais calmo e feliz eu me
sentia.
Elizabeth Evans é a minha droga, o meu vício, a minha tentação favorita e a única
mulher que tem e sempre terá um passe livre dentro do meu coração.

Na sexta-feira levantei-me bem cedo, a ansiedade estava a mil, e não via a hora de ouvir
tudo que Christopher tinha para me dizer. Cheguei ao local combinado pontualmente ao meio-dia
e logo avistei a pessoa que eu esperava ter todas as respostas para as minhas inúmeras perguntas.
— Sr. Blackwood, como vai? — Levantou-se e me cumprimentou com um forte aperto
de mão.
— Estou bem, Christopher, obrigado por perguntar, e você como está?
— Muito bem, senhor, presumo que esteja ansioso para saber o que descobri.
— Não imagina o quanto. — Soltei uma risada nervosa.
— Sente-se, por favor. — Me acomodei na cadeira, ficando frente a frente com ele. —
Bom, senhor, foi um tanto quanto difícil reunir pistas e chegar a uma coisa concreta, quem ceifou
a vida do Tyler estava decidido a não deixar rastro algum.
— Porra — rosnei indignado. — Então não encontrou nada?
— Não foi isso que eu quis dizer. O que eu encontrei sobre o assunto, explica muitas
coisas. — Ele tirou uma pasta de sua maleta e colocou diante de mim. — Tyler tinha
envolvimento com o tráfico de drogas, além de vender, era usuário de cocaína, maconha e
êxtase...
Peguei a pasta e comecei a ler página por página do relatório feito por Christopher, Tyler
nunca valeu um centavo e agora lendo estas páginas eu tinha a mais pura e absoluta certeza.
Cheguei ao final do relatório e um nome chamou minha atenção.
— Adam Hale...
— Adam é o principal suspeito de ser o mandante do crime contra Tyler. Ele é o maior
traficante de drogas do Arizona, além de ser procurado por inúmeros crimes, inclusive
assassinato. Felizmente um de seus soldados foi preso em flagrante vendendo drogas em frente a
uma universidade em Kingman. Consegui algumas informações a respeito de Adam.
— Quais informações foram essas?
— Adam está à procura de um dispositivo que fora roubado por Tyler, neste dispositivo
contém inúmeras informações altamente sigilosas e perigosas que podem pôr um fim nos seus
negócios.
— E como eu posso encontrá-lo?
— Esse é o X da questão, não se acha o Adam, ninguém o acha, ele simplesmente
ressurge das cinzas quando lhe convém.
Porra, como iria ajudar Elizabeth se nem sabia onde esse filho da puta se meteu?
Senti um sentimento de frustração em meu peito, aliado à impotência em saber que nadei
tanto para no fim morrer na praia.
— O homem que capturamos nos deu uma informação valiosa. — Meus olhos brilharam
com aquilo e a esperança voltou a se fazer presente. — Adam esteve em Phoenix, à procura do
que lhe pertence, ele possui um galpão na cidade e se mantém escondido por lá sempre que
precisa resolver seus assuntos.
— E onde fica esse galpão?
— Não consegui o endereço, sinto muito. O desgraçado fez um voto de lealdade, e só o
que conseguimos foi isso.
— Já foi o bastante, obrigado, Christopher.
— Por nada, senhor, sinto muito por não ter tido mais êxito nesse caso.
— Não há problemas, você fez o que pôde. Bom, vou transferir seus honorários para sua
conta ainda hoje.
— Obrigado, é sempre um prazer fazer negócios com o senhor.
Trocamos um breve cumprimento antes de sairmos do restaurante, senti um mix de
emoções, em partes, estava frustrado por não conseguir ter pistas mais precisas sobre Tyler e a
perseguição contra Elizabeth, mas ao mesmo tempo estava satisfeito em saber que agora tinha
um nome a ser buscado.
Atravessei a rua e segui até o estacionamento para buscar o meu carro, estava louco para
contar a Elizabeth o pouco que descobri hoje.
Além disso, o mais viável para nós no momento era irmos para Phoenix e pôr um fim em
toda essa confusão.
Meu celular tocou assim que entrei no carro e para a minha surpresa era o doutor
Thompson, o advogado que contratei para resolver a burocracia dos papéis relacionados à viuvez
de Elis.
— Alô, Senhor Blackwood, está podendo falar agora?
— Claro, doutor, o que tem a me dizer?
— Senhor, entrei em contato com o cartório de Phoenix e o senhor não vai acreditar no
que descobri.
— Diga, homem, quer me matar de curiosidade? — Minha voz soou como um rosnado
desesperado.
— Senhor, a senhorita Evans nunca esteve casada.
— Como é que é?
Como assim Elizabeth nunca esteve casada? Pisquei atordoado sem crer no que
Thompson acabou de me contar.
Elizabeth não era viúva.
— Isso mesmo que o senhor ouviu, ela nunca esteve casada, muito menos o Tyler, o
homem com quem ela dizia ser casada.
— Não pode ser, ela afirma que passou cinco anos casada com ele.
— Senhor, nesse caso só há duas possíveis respostas.
— E quais seriam?
— A primeira é que a senhorita Evans pode ter mentido a respeito desse casamento.
— Isso nunca! — exasperei. — Elis jamais mentiria.
— Acalme-se, senhor, é por isso que levantei a teoria que acredito ser a mais correta.
— Pois fale — o pressionei.
— Os documentos do casamento podem ter sido falsificados, desde a certidão até a
cerimônia, tudo pode ter sido forjado.
— Caralho...
Será que a vida de Elizabeth foi um inferno por nada? O desgraçado do Tyler foi doente a
esse nível? Ou pior, será que os pais dela sabiam dessa merda toda e compactuaram com tudo
isso?
— Já que este assunto foi resolvido, senhor, posso dar continuidade nos documentos
para o seu casamento com a senhorita Evans?
— Sim, Thompson, pode prosseguir. Não se esqueça do contrato em que eu deixo claro
que Elizabeth terá metade do que me pertence.
— Claro, senhor, irei providenciar.
— Até logo, Thompson, e obrigado.
— Por nada, senhor, sempre as ordens.
Liguei o carro aflito para chegar em casa, Elizabeth e eu tínhamos muito o que conversar.
Tudo que Thompson contou se mesclou às descobertas feitas por Christopher.
Não sabia o que pensar.
Não sabia o que fazer.
Não sabia como contar nada disso a Elizabeth sem lhe causar tristeza.
Dirigi o mais rápido possível, ignorando os sinais vermelhos ao longo do caminho.
Cheguei ao meu prédio e corri para o elevador com o coração quase saindo pela boca, as
mãos suando e o medo de estar errado a respeito de Elis.
No entanto, sabia que ela nunca mentiria para mim, Elizabeth não era esse tipo de
mulher.
Parei na porta do meu apartamento, respirei fundo, puxando o ar com força e lentamente
fui esvaziando os pulmões.
Chegou a hora.
Passei pela sala e joguei as chaves no móvel ao lado da porta, Elis estava deitada no sofá
com o notebook no colo e parecia alheia à minha presença.
— Elis? — Parei ao seu lado e me agachei.
— Oi, então como foi com o detetive?
— Elis, antes de falarmos sobre isso, precisamos conversar sobre o seu casamento com o
Tyler.
Elizabeth desligou o notebook e pôs na mesa de centro, em seguida se levantou e me
encarou preocupada e curiosa.
— O que aconteceu? Você está me assustando.
— Elis, preciso que me responda com total sinceridade do mundo.
— Está me assustando, Liam. O que houve?
— Elis como foi a sua cerimônia de casamento com o Tyler.
— Um juiz de paz foi até a nossa casa e fizemos as assinaturas dos papéis, não houve
festa nem coisa parecida. Não acharam necessário, e pra ser sincera eu dei graças a Deus por
isso. — Ela tornou a me encarar com o semblante confuso. — Mas por que isso agora?
— Porque você foi enganada, Elis, seu casamento com o Tyler nunca existiu.
— O quê? — soltou um gritinho de espanto.
— Elis, você não é viúva, você nunca esteve casada, Elis.
— Não pode ser.
“Você não é viúva, você nunca esteve casada, Elis.”
— Não pode ser.
Senti o ar faltando em meus pulmões, minha visão nublou e não conseguia pensar com
racionalidade, as coisas não faziam mais sentido em minha cabeça. Como assim, eu nunca estive
casada? Cambaleei para o lado e me joguei com tudo no sofá, essa notícia pegou-me em cheio.
— Ei, você está bem, princesa?
— Como... como assim, eu nunca fui casada? Eu assinei os papéis, eu vi o juiz de paz.
Meu Deus. — Puxei meus cabelos com força e Liam me abraçou a fim de me confortar.
— Princesa, eu falei com o advogado antes de vir para casa, ele entrou em contato com o
cartório de Phoenix, não há nenhum registro de casamento no seu nome e muito menos em nome
do Tyler.
— Então por cinco anos eu vivi um inferno por nada? — Minha voz saiu em um fio,
embargando-se à medida que ia processando as informações.
— Sinto muito, princesa.
Lágrimas grossas desciam pelo meu rosto sem dó, não queria acreditar que toda a minha
vida estava um caos por conta de um homem que sequer foi meu marido legalmente, meus pais
jogaram baixo comigo, meus sentimentos pouco importavam para eles, e isso doía, sentia como
se uma faca afiada tivesse sido cravada em meu peito.
Sentia-me perdida, enganada e profundamente abalada.
— Elis, você está bem?
— Não — respondi secamente. — Não há como ficar bem, não quando se descobre uma
merda dessas, Liam, eu fui enganada, perdi os melhores anos da minha vida, a troco de quê? Eu
poderia ter sido tão feliz, cinco anos presa a uma vida que não me pertencia, e por mais que eu
tente me livrar disso, eu não vejo escapatória, porque Tyler ferrou a minha vida — gritei e mais
lágrimas caíram pelo meu rosto.
— Sei como está se sentindo, mas eu prometo a você que tudo será diferente de agora em
diante, vou fazer o possível e o impossível para que seja feliz, Elizabeth.
— Obrigada, Liam, eu nem sei o que seria de mim se não fosse você, meu anjo protetor.
— Não agradeça, agora precisamos conversar a respeito do que descobri sobre o
assassinato de Tyler.
— Certo, eu aguento mais essa. — Sequei minhas lágrimas e ajeitei minha postura.
— Tyler foi assassinado a mando de um dos maiores traficantes do Arizona, o nome dele
é Adam Hale, e segundo as informações que Christopher conseguiu, Tyler além de vender
tornou-se um viciado. Isso não agradou ao Adam e bem o resto você já sabe.
— E quanto ao pen drive, o que descobriu?
— Adam está à procura de um dispositivo que foi roubado por Tyler, neste dispositivo
contém inúmeras informações altamente sigilosas e perigosas que podem pôr um fim nos seus
negócios.
— Desgraçado, como Tyler pôde armar para mim desse jeito? — questionei. — O que eu
vou fazer agora? Não sei absolutamente nada sobre esse pen drive.
— Elis, acho que o mais viável é que voltemos para Phoenix.
— Voltar para Phoenix? — Arregalei os olhos. — Não posso voltar, Liam, eu fugi de lá,
esqueceu?
— Chegou a hora de parar de fugir, Elis, você não é a criminosa nessa história.
Ficava receosa em ter que retornar para Phoenix e enfrentar a ira de Julia Evans, mamãe
iria me encher de perguntas e possivelmente se faria de desentendida quando o assunto do falso
casamento fosse levantado.
Liam tinha razão, eu não era a criminosa, iria voltar a Phoenix, ir atrás desse tal de Adam
e provar a ele que eu não sabia de absolutamente nada a respeito do pen drive que ele tanto
procurava.
— Você tem razão, Liam, é hora de voltar. — Soltei o ar lentamente. — Estou com
medo, Liam.
— Eu sei, amor, e é por isso que eu estarei ao seu lado o tempo todo.
Liam acabou se tornando o meu porto seguro nesses últimos meses, sempre cuidando de
mim mesmo sem saber, e agora que sabia toda a furada em que estava inserida redobrou ainda
mais os seus cuidados.
Liam era um homem perfeito, ele era sem dúvida alguma a companhia perfeita para
qualquer mulher, e eu me sentia uma mulher de sorte por tê-lo comigo, mesmo que fôssemos
somente amigos.
— Você se calou de repente, linda, o que houve?
— Só estou pensando em algumas coisas, não se preocupe. Então quando partiremos para
Phoenix?
— O que acha de irmos na próxima semana? Preciso resolver alguns assuntos no
escritório antes de irmos, além disso, irei mandar que preparem a mansão Blackwood para a
nossa chegada.
Por fora eu estava fingindo manter a calma em relação a tantas descobertas, mas por
dentro encontrava-me destroçada. Não queria acreditar que meus pais me fizeram de idiota todo
esse tempo, queria colocá-los contra a parede e questioná-los qual o motivo de terem jogado tão
baixo comigo.
— Elis? — Sua mão tocou minha bochecha, acarinhando-me com ternura. — Eu estou
aqui com você, sei que você está se sentindo chateada e confusa com tudo isso, mas eu estou
aqui agora, e não vou te deixar, nunca mais.
Meus olhos se encheram d’água e não consegui mais segurar minhas lágrimas, inúmeras
coisas se passavam em minha mente, e eu só conseguia pensar nos anos em que perdi por achar
estar casada com um homem que nunca sentiu o mínimo de empatia por mim.
— Me abraça, por favor — pedi com a voz chorosa.
— Vem aqui, amor. — Me aconcheguei nos braços de Liam e continuei chorando, o que
começou como um murmúrio baixo logo se tornou um choro alto carregado de dor e mágoa. —
Chore, linda, coloque tudo pra fora.
Passei longos minutos aninhada a Liam até que a última lágrima caísse, o silêncio entre
nós era reconfortante e eu aproveitava para ouvir o som do seu coração que batia de forma
acelerada.
— Como se sente agora, linda? — perguntou Liam enquanto desfazia nosso enlace
lentamente.
— Melhor, chorar alivia as dores da alma. — Forcei uma risada e falhei miseravelmente.
— Prometo que essa será a última vez que você irá chorar por conta do Tyler e da sua
família — proferiu e eu acreditei, me apegando a suas palavras.
— Acho que molhei todo o seu terno com as minhas lágrimas. — Apontei para o terno e
a camisa social ensopados.
— Bobagem, amor. — Fitou-me com uma expressão engraçada e que ao mesmo tempo
me deixava com as pernas amolecidas.
Aqui estavam elas novamente, as tão faladas e temidas borboletas no estômago, sentia
como se milhões de borboletas fizessem a maior festa dentro de mim a cada vez que Liam me
olhava dessa forma.
Estávamos nos encarando de uma forma intensa, como se analisássemos a alma um do
outro, permanecemos assim até que o toque estridente do celular de Liam ecoou na sala
quebrando nosso encanto. Liam respirou fundo e sacou o aparelho do bolso, observando
atentamente o visor.
— É o Alexandre, preciso atender, linda.
— Tudo bem, vou para o meu quarto descansar um pouco, nos vemos na hora do jantar.
— Tudo bem, princesa. — Ele caminhou até mim e deixou um beijo arrastado em minha
bochecha e testa.
Enquanto subia as escadarias que davam acesso aos quartos tentava me acostumar com a
ideia de ver os meus pais novamente depois de tantos meses, ainda tinha o Thomas, pai do Tyler,
o velho asqueroso que me queria como esposa.
Iria enfrentá-los sem medo, eu era a vítima nessa história, era eu quem precisava de
respostas e não o contrário.
Assim que entrei no cômodo, avistei meu celular vibrando em cima da mesinha, respirei
fundo e caminhei até o móvel. Peguei o aparelho e não me surpreendi quando vi Alexia me
ligando pela centésima vez só essa semana, estava sendo uma péssima amiga por não lhe dar
notícias, mas não estava em bem mentalmente nos últimos dias, porém tinha a obrigação de
conversar com ela e lhe contar as coisas que me aconteceram recentemente.
— Alô, oi, Lexi.
— Elizabeth! — exclamou. — Por onde você andou? Estou tentando falar com você há
dias.
— Me desculpe, Lexi, é que aconteceram tantas coisas ruins nesses últimos dias, que eu
não estava com cabeça alguma para conversar.
— O que aconteceu? Não vai me dizer que eles acharam você?
— Sim, Lexi, foi horrível, não sei como, mas eles ficaram sabendo que eu estou em Las
Vegas e que trabalho para o Liam.
— Como assim descobriram? Mas vocês conseguiram encontrar o responsável por tudo
isso?
— Não. — Emiti um suspiro longo.
— Sinto muito, amiga, espero que tudo isso se resolva logo, estou com saudades de você.
— Eu também estou morrendo de saudades suas. Mas tenho uma boa notícia, na próxima
semana retornarei para Phoenix.
— Jura? — gritou eufórica. — Mas espera um pouco, você vai vir a Phoenix com um
louco misterioso à sua procura?
— Liam estará ao meu lado, além disso, preciso conversar com meus pais, descobri uma
coisa terrível e preciso de respostas.
Fiz um breve resumo para minha amiga, claro que sem contar os detalhes mais profundos
da situação, principalmente a parte que Liam me propôs um acordo de casamento.
— Uau, tudo isso é de enlouquecer qualquer um. Será que seus pais realmente foram
capazes de mentir pra você?
— Eu tenho certeza de que sim, eu os conheço muito bem para saber que eles adoram
estar no controle de tudo.
— Bom, pelo menos iremos matar a saudade uma da outra.
— Tudo tem seu lado bom e ruim, é o que dizem.
Conversei com Lexi por quase duas horas, ela me contou que estava feliz por ter voltado
para casa e que conheceu um rapaz nesse meio tempo, um enfermeiro que sempre ia até sua casa
para monitorar o tratamento de seu pai, segundo ela, os dois estavam se conhecendo melhor e já
saíram algumas vezes, mas que não rolou nada além de beijinhos.
Após encerrarmos nossa conversa, deixei o celular novamente na mesa de cabeceira e
caminhei até a pequena varanda do meu quarto, olhei o imenso céu azul em busca de coragem
para enfrentar os próximos capítulos dessa loucura que eu chamava de vida.
E tinha uma leve intuição de que passaria por fortes emoções.
— Ainda custo a acreditar em toda essa história que me contou, os próprios pais
mentiram para ela durante cinco anos.
Contei a Alexandre tudo que descobri a respeito do assassinato de Tyler até a farsa de
casamento que assombrou Elizabeth por cinco anos.
— Pois é, amigo, estou com tanta raiva deles que nem sei se consigo encará-los sem
cometer uma atrocidade — falei, tentando manter a calma, o que no momento era quase
impossível.
— Bom, agora que tudo foi descoberto, é hora de agir, precisam pôr fim nessa situação e
provar que Elizabeth é só uma vítima nessa história.
— Estou cuidando disso. — Virei minha bebida de uma só vez, o líquido âmbar desceu
queimando pela minha garganta, não satisfeito com uma dose, tomava a segunda a fim de
esvaziar meus pensamentos.
— Tem alguma coisa incomodando você — meu amigo afirmou ao fazer uma análise
minuciosa de mim com seus grandes olhos azuis.
— Não é nada. — Ajeitei-me na poltrona e voltei a encarar a movimentação do cassino.
— Só estou preocupado com Elis e com tudo o que está acontecendo nos últimos dias.
— Tsc. — Alexandre estalou a língua enquanto balançava a cabeça negativamente. —
Liam Blackwood, eu o conheço e não é de hoje, amigo. Sei que não é apenas isso que aflige
você.
— Do que está falando? — me esquivei da sua pergunta, pois já sabia exatamente onde
ele queria chegar.
— Vai olhar nos meus olhos e negar que existe outro motivo que vem tirando o seu sono,
e que esse motivo tem nome, sobrenome e agora reside o seu endereço.
— Amigo — fiz uma pausa —, eu não tenho ideia do que você está falando.
— Você sabe exatamente do que eu estou falando, está apaixonado pela Elizabeth.
Como continuar negando isso? É sufocante demais guardar meus sentimentos dentro de
mim e não poder explaná-los por medo de não ser recíproco. Eu nunca senti isso em toda a
minha vida, mas bastou Elis voltar que tudo mudou, de repente eu comecei a sentir a incessante
vontade de protegê-la e agradá-la.
— Liam?
— O que você quer que eu responda, amigo? Já sabe a resposta para a sua pergunta.
— Inalei o ar e soltei lentamente. — Estou apaixonado por Elizabeth, mas não sei o que
fazer — admiti em voz alta pela primeira vez.
— Como assim não sabe o que fazer? — inquiriu meu amigo, assumindo uma
expressão esquisita no rosto.
— Simples, eu.não.sei.o.que.fazer — falei silabicamente. — Elizabeth passou por tantas
coisas, eu não quero correr o risco de partir seu coração.
Nunca fui um homem de sentir medo de enfrentar os problemas, a vida me ensinou a ser
forte desde sempre, entretanto, eu estou lidando agora com um sentimento novo e que pode
causar danos irreversíveis tanto em mim quanto em Elizabeth. E eu prefiro a morte a magoá-la.
— Seu medo é compreensível, amigo, você nunca sentiu isso antes.
— Como sabe? — Arqueei as sobrancelhas em busca de uma explicação para sua
afirmação.
— Porque só amamos uma vez, Liam, nosso coração nunca se engana quando a pessoa
certa aparece, e nós custamos a entender o porquê que na maioria das vezes tudo é tão confuso,
quando o amor chega ele não dá avisos, nem manda um telegrama ou faz uma ligação. Quando
você menos espera lá está você, louco de amores por alguém, está em busca da felicidade dessa
pessoa e não sossega enquanto não vê que o seu amor está feliz. Quer proteger a pessoa em uma
redoma de vidro para que o mundo não a machuque. Amar é saber que a sua alma enfim
encontrou a paz.
As palavras do meu amigo acabaram me fazendo enxergar muitas coisas, e uma delas é
que não importava o perigo que eu pudesse enfrentar me ao me arriscar indo atrás de um
criminoso que podia acabar com a minha raça, Elizabeth sempre viria em primeiro lugar em
minhas escolhas.
Por ela eu mataria e morreria sem pestanejar!
— Você fala do assunto com muita propriedade, não é? — perguntei mesmo já sabendo
qual seria a sua resposta.
— Sabe que sim — lançou uma piscadela —, agora é a sua vez de fazer a coisa certa e ir
atrás da sua mulher, exponha seus sentimentos a Elizabeth, não tenha medo, amigo.
— Definitivamente não estou acostumado com essa sua versão, com essa vibe paz e
amor. — Gargalhamos ao mesmo tempo. — Kiara te faz muito bem.
— Kiara salvou a minha vida, e de quebra me deu uma família, dois lindos filhos.
Filhos, nunca pensei nessa possibilidade, quando meu falecido pai perdeu a esposa, ele se
fechou para o amor, então eu acabei criando essa barreira em relação aos meus sentimentos, não
queria me casar e muito menos formar uma família, tudo isso por medo de sofrer o mesmo que
papai sofreu com o assassinato cruel de Isla.
— Acha que eu seria um bom pai? — Do nada essa dúvida veio à minha mente.
— Eu tenho certeza de que sim. — Senti sua mão apertando meu ombro como forma de
apoio. — Agora vá, amigo, eu cuido de tudo por aqui.
— Obrigado pelos conselhos.
Despedi-me de Alexandre e saí do cassino completamente nervoso e ansioso, dirigi pelas
movimentadas ruas de Las Vegas e no meio do percurso senti vontade de parar no shopping para
comprar algum presente para Elis, queria que esse momento fosse especial e inesquecível.
Para a minha infelicidade, a maioria das lojas já estavam fechadas devido ao horário, mas
por sorte, acabei encontrando uma joalheria aberta, entrei no estabelecimento e comecei a olhar
as vitrines em busca de algo que me chamasse atenção.
— Olá, senhor, posso ajudar? — Uma vendedora veio ao meu socorro.
— Sim, estou em busca de um presente para uma pessoa especial?
— Temos ótimas opções, mas quem será o felizardo ou felizarda a ser presenteado?
— Busco um presente para a minha noiva. — Sentia vontade de gritar isso aos quatro
cantos.
— Tenho algo aqui que pode ser o que o senhor procura. — Ela caminhou até o balcão,
pegou uma caixinha de veludo e a pôs à minha frente, ela abriu a caixa revelando um delicado
anel em brilhantes, acompanhado de uma pedrinha em formato de coração com a cor azul.
— Nossa! — exclamei embasbacado.
— Esse é um diamante, raríssimo senhor, o que torna esse anel único, só há apenas mais
uma peça igual a essa no mundo.
— Irei levá-lo, embrulhe para presente, por favor.
— Sim, senhor.
Fui até o caixa e finalizei minha compra, saí da loja como se tivesse ganhado na loteria,
não conseguia parar de sorrir enquanto caminhava rumo ao carro, segurando o pequeno
embrulho.
Eu queria ser um pouco mais romântico então parei em uma floricultura e peguei um
grande buquê de rosas, tudo por Elizabeth, pois ela merecia o mundo inteiro aos seus pés, eu
estava aqui disposto a rastejar por ela se necessário.

Cheguei em casa e as luzes da sala estavam apagadas, porém, ouvi o barulho da TV vindo
do meu quarto, o que me levava a crer que Elis estava por lá, caminhei na pontinha dos pés,
fazendo o mínimo de barulho possível até chegar próximo ao meu quarto, a porta estava
entreaberta e Elis estava deitada em minha cama, abraçando meu travesseiro enquanto assistia a
um filme qualquer.
— Toc, toc, posso entrar princesa? — Ao me ver, ela arregalou os olhos como se
estivesse sido pega em flagrante.
— Li, me desculpa, eu não queria invadir seu quarto sem sua permissão. — Ela estava
tão nervosa que nem reparou no buquê em minhas mãos.
— Se acalme, princesa, você pode fazer o que quiser nessa casa — tentei tranquilizá-la.
Ela então pareceu ter percebido o que eu tinha em mãos, seus olhos castanhos me
analisaram e ela parecia confusa.
— São para você, linda.
— Pra mim? — perguntou incrédula enquanto agarrava o buquê com cuidado. — Mas
por quê?
— Porque, Elizabeth — puxei a caixinha com o anel e a coloquei diante de seus olhos —,
eu estou completamente apaixonado por você, desde o dia em que você voltou para a minha vida
que eu não paro de pensar em você nem por um segundo. Eu tentei lutar contra isso juro que
tentei, mas não consegui.
— Liam... Eu...
— Vou te entender, princesa, se disser que só me vê como seu melhor amigo, eu juro que
te espero pelo tempo que for, eu só não posso guardar esse sentimento aqui dentro. — Apontei
para o meu peito.
Esperei por uma resposta de Elizabeth, mas ela não veio, acompanhei seus movimentos
com atenção, ela colocou o buquê em cima da mesa de cabeceira e em seguida ela me
surpreendeu com um beijo daqueles capazes de me enlouquecer. Retribui seu beijo com a mesma
veemência que ela, os lábios macios de Elis tinham um sabor único, que eu jamais seria capaz de
descrever. Me desvencilhei de nosso agarre apenas para observá-la.
Sua beleza natural ainda era algo que me fascinava e muito.
— Eu estou apaixonada por você, Liam — confidenciou ao distribuir uma série de beijos
pelo meu rosto.
Ela também estava apaixonada por mim, porra! Sem dúvidas eu era a porra do homem
mais feliz do mundo nesse momento.
— Eu quero fazer isso do jeito certo, princesa. — Me ajoelhei diante dela e com cuidado
segurei a joia delicada entre meus dedos. — Elizabeth Christina Evans, aceita ser a minha
namorada, a minha noiva, esposa, amante, a minha futura senhora Blackwood?
— Meu Deus! — exclamou. — Você está falando sério?
— Muito sério, linda, vamos esquecer o nosso acordo e viver a nossa paixão, eu quero
você ao meu lado pelo resto da minha vida.
— É claro que eu aceito.
Passei o anel em seu dedo e logo em seguida fui puxado para cima por ela, Elizabeth
capturou meus lábios unindo aos seus, beijando-me com carinho, estávamos saboreando um ao
outro, esse beijo carregava algo especial, era o beijo que sela o sentimento arrebatador que
sentíamos um pelo outro.
Agarrei Elis pela cintura e ela gemeu contra minha boca, sua mão explorava meu corpo
tateando meu pau sob o tecido da calça e bastou isso para que eu me sentisse louco de vontade de
me enterrar bem fundo em sua boceta.
Elizabeth nos guiou até a cama sem desfazer nosso beijo que agora assumiu um ritmo
voraz e carregado de desejo, tateei o colchão me certificando de que não corríamos o risco de
cair no carpete e continuei beijando sua boca, distribuí selinhos em seus lábios e trilhei meu
próprio caminho entre sua boca e pescoço, Elis abriu as pernas e eu me coloquei no meio delas,
desci minha mão até alcançar o cós do seu pijama e me deparei com sua boceta molhada e pronta
para mim.
— Saber que serei o único homem a comer essa boceta gostosa para o resto da vida me
deixa ainda mais alucinado por você. — Pressionei seu clitóris, massageei o ponto inchado,
fazendo com que Elizabeth se agarrasse ainda mais ao meu corpo.
Tirei seu short e arreganhei bem suas pernas, sua boceta brilhava contra a luz devido ao
excesso de lubrificação, respirei fundo, sentindo o aroma delicioso que sua boceta exalava e com
cuidado a penetrei com meus dedos, entrei e saí de dentro dela me deliciando cada vez mais com
as reações de seu corpo.
Elis era gostosa demais, gostosa e minha.
— Liam... — choramingou.
Aproveitei a mão livre para explorar os peitos deliciosos que ela possuía, os piercings em
seus mamilos os deixavam ainda mais irresistíveis. Chupei, mordisquei e brinquei com eles até
sentir a boceta de Elis latejar, retirei meus dedos de sua entrada e ela me encarou furiosa.
— Por que parou?
— Porque você vai gozar no meu pau, princesa, vai lambuzá-lo com todo o seu gozo
delicioso.
Livrei-me das peças de roupa que no momento eram o meu maior empecilho e me
posicionei adequadamente, antes de penetrá-la inspirei o aroma inebriante de sua excitação, e me
senti como um animal feroz prestes a devorar sua presa.
Pincelei meu pau em torno de sua boceta, usando a glande do meu membro para
massagear seu clitóris sensível e Elis gemia cada vez mais alto, até que decidi acabar com sua
tortura e estoquei em sua boceta sem lhe dar nenhum aviso.
— Porra — rugi ao sentir seu calor, tomando conta do meu pau. — Sou a porra do
homem mais feliz e sortudo do mundo...
Nossos corpos suados se chocavam de forma frenética, nossos gemidos se mesclavam
criando uma melodia única e prazerosa de ouvir, nada além de nós dois importava agora.
Somente Elizabeth e eu.
Tornando-nos um só.
— Li... Me promete uma coisa... — pediu em meio a um gemido e outro.
— O que você quiser, minha princesa.
— Seja meu para sempre, meu único homem, quero ser sua para sempre.
— Eu sou completamente seu, princesa. — Peguei sua mão e a coloquei em meu peito
em seguida uni nossos lábios. — Cada mísera batida do meu coração te pertencerá até o fim de
nossas vidas.
Trocamos um beijo lento, intenso e apaixonado, não parei de fodê-la até sentir seu corpo
se contorcendo embaixo de mim, sua boceta se contraiu reivindicando meu pau como seu e eu
aceitava isso de bom grado.
Esperei até que Elis alcançasse seu orgasmo, deixando que ela aproveitasse o seu
momento para sair de dentro dela, sentindo o meu ápice cada vez mais próximo.
— Não... — Puxou-me pelo quadril. — Quero que você goze dentro de mim —
sussurrou.
— Caralho, princesa. — Minhas palavras saíram quase como um rosnado.
— Encha a minha boceta com a sua porra, amor. — Elizabeth irradiava desejo, luxúria e
malícia.
Arrematei algumas vezes em uma sequência rápida, bruta e sem um pingo de delicadeza,
e foi impossível de resistir ao orgasmo violento que se apossou do meu corpo, o que aconteceu
nesse quarto foi bem mais que sexo, foi a junção de duas almas que se conectaram através do
prazer carnal.
Desabamos exaustos um ao lado do outro, imersos em nosso próprio mundo.
Não havia palavras para serem ditas no momento, Elis se aninhou ao meu peito e foi aí
que eu me dei conta de que: Eu finalmente encontrei o meu verdadeiro lar, ao lado de Elizabeth.
Phoenix, Arizona
Dias depois

Eu voltei.
Voltei para o país que deixei de lado e que fugi como uma criminosa, não estava sendo
fácil para mim, e confesso que se não fosse Liam eu não conseguiria me manter com a cabeça
erguida. Liam estava sendo meu porto seguro, nunca me senti assim antes, segura, feliz e amada.
Mesmo com sua presença aqui, sabia que eu não iria conseguir enfrentar os meus pais
sem derramar uma lágrima, e por isso vinha me preparando psicologicamente para esse embate
épico que teríamos em alguns dias, sabia que mamãe tocaria onde mais doía em mim a fim de me
atingir, ela sabia que suas palavras duras a respeito do meu corpo tinha o poder de me
desestabilizar, embora eu tivesse aprendido a lidar com isso com o passar dos anos.
— Está tão calada, amor. — Senti uma carícia suave em minha bochecha. — Sei que não
queria estar aqui, mas prometo que logo voltaremos para Las Vegas.
— Estou bem, querido, só estou nervosa.
— Estarei ao seu lado o tempo inteiro, não se preocupe.
— Mais uma vez obrigada, por tudo.
Liam deixou um beijo em minha bochecha e em seguida me puxou para seus braços,
estávamos a caminho da mansão onde Liam morou durante até a morte de seu pai, ficaríamos
nela até que tudo fosse resolvido e esperava que fosse o quanto antes.
Chegamos à mansão e já fomos recepcionados por Ayme, a governanta que era a
responsável pela organização da casa, Ayme nos guiou pelos cômodos até chegar aos nossos
aposentos, Liam pediu para que o gigantesco quarto de casal fosse preparado para nós dois e
assim foi feito.
— Esse lugar é magnífico — comentei enquanto observava alguns quadros de muito
valor presos nas paredes do quarto.
— Ah, sim, papai adorava essa casa e essas obras de arte pertenceram à falecida senhora
Blackwood, dona Isla.
— Chegou a conhecê-la? — Ele acenou em negativa, a verdade era que eu sabia muito
pouco a respeito de Liam, só o que sabia a seu respeito era que ele foi adotado por Raul
Blackwood.
— Era como se eu a conhecesse, sabe? Papai falava muito sobre ela, e sobre o quanto ele
a amava.
— Sinto muito pela morte dele, Liam — falei com sinceridade. — Liam? — chamei sua
atenção para mim.
— Sim, princesa.
—É que... — comecei a ficar temerosa e dividida entre saciar minha curiosidade ou
deixar para lá — nada, esquece, Li.
— O que quer saber? — Ele se sentou na cama e me puxou para o seu colo sem se
importar com o meu peso. — Pode me perguntar o que quiser, amor.
— Como você foi adotado? Que pergunta idiota — retratei-me em seguida.
— Não foi uma pergunta idiota, linda. — Ajeitou uma mecha do meu cabelo atrás da
minha orelha. — Bom, vou começar do começo, eu perdi minha mãe assim que nasci, não sei
direito, mas aparentemente ela morreu em decorrência de um parto complicado, então meu pai
decidiu que o melhor a se fazer era me deixar para adoção. Segundo as irmãs do orfanato, ele não
estava preparado para cuidar de um bebê.
— Eu sinto muito, Li.
— Passei a infância sozinho, não conseguia me adaptar a nada, fui passando de família
por família e no fim sempre voltava para o orfanato. — Soltou um riso fraco. — Até que Raul
Blackwood apareceu como um anjo em minha vida, ele me adotou e me deu tudo que eu não
tive. Ele me deu um lar, amor e segurança, me colocou na escola, e conheci você, a garota mais
meiga e inteligente do mundo.
— Desde aquela época você já me protegia — comentei.
— Quando vi você, eu já sabia que de alguma forma eu deveria protegê-la, e foi o que eu
tentei, lamento ter falhado e abandonado você — proferiu cabisbaixo.
— Ei — segurei seu rosto, forçando-o a me encarar. — Você não teve culpa, amor, além
disso, você perdeu o seu pai, era eu quem deveria ter ido atrás de você.
— Quando meu pai se foi, uma parte de mim se foi com ele, eu não queria mais ficar
nessa casa e nem em Phoenix, então consegui através de meios legais me tornar emancipado e
assim eu fui para longe, quando eu voltei, pensei em procurar você, mas não tive coragem, eu
achava que você não quisesse me ver, sei que agi mal e quem sabe toda essa confusão não teria
sido evitada.
— Está tudo bem agora, Li, não podíamos prever nada disso, o que importa agora é que
estamos juntos e logo tudo isso vai acabar. — Liam segurou minha mão e deixou um beijo lento
e carinhoso sobre o dorso.
— Princesa, já faz alguns dias que eu venho pensando em uma coisa.
— No que, posso saber?
— O que acha de se mudar definitivamente para Vegas comigo? Sei que você foi para lá
apenas por não ter outra opção, mas agora que estamos juntos eu quero que fique comigo, sei que
estou sendo egoísta em te pedir isso, afinal, você tem a sua vida aqui e...
— Liam — cortei-o —, eu não tenho nada aqui, nada me prende a esse lugar, pelo
contrário, eu só tenho péssimas recordações desse lugar.
— Então isso é um sim? — perguntou com os olhos carregados de expectativas.
— Sim, lar é onde nosso coração se sente em paz, e é ao seu lado, Liam, que eu sinto a
paz que sempre desejei ter.
— Existe uma lenda japonesa que diz que existe uma linha vermelha que conecta duas
almas através do dedo mindinho, e essa linha ganha o nome de Unmei no akai ito, significa corda
vermelha do destino, isso quer dizer que não importa o tempo e nem a distância. As duas almas
sempre irão se unir novamente.
— Assim como nós dois — completei.
— Assim como nós dois — ele repetiu.
Envolvi Liam em um forte abraço, meu lar, meu porto seguro e o dono do meu coração
sempre seria Liam Blackwood.

O dia que eu mais temia chegou!


Hoje seria o dia em que iria confrontar meus pais em busca de respostas, queria entendê-
los e saber o que os levou a mentir para mim dessa forma tão baixa e tão cruel.
Escolhi minha melhor roupa para evitar comentários desnecessários e desagradáveis
vindos da minha mãe, tudo que menos queria hoje era mais uma confusão com dona Julia Evans.
— Princesa, você já ajeitou esse vestido mil vezes. — Liam me abraçou por trás, me
passando a confiança que precisava no momento.
— Estou nervosa, amor.
— Sei que está. — Ele girou meu corpo para que pudéssemos nos encarar. — Não tenha
medo, você é forte e conseguirá aguentar mais essa.
Apenas assenti e me deixei envolver em seu abraço.
Não havia mais como voltar atrás, é agora ou nunca.
A caminho da mansão dos Evans, local esse que chamei de lar por anos, eu me mantinha
agarrada aos papéis enviados pelo doutor Thompson onde comprovava o meu verdadeiro estado
civil.
O motorista de Liam estacionou em frente à fachada luxuosa alguns minutos depois e ao
descer do carro me sentia a caminho da guilhotina, respirava fundo a cada passo dado, alguns
funcionários da casa arregalaram os olhos ao me verem, afinal, passei meses sumida feito uma
foragida, Liam segurava minha mão o tempo todo e isso fazia com que eu me sentisse segura.
Ao chegarmos ao hall de entrada deparei-me com Magdalena, uma das empregadas da
casa, Mag como costumávamos chamá-la sempre foi muito gentil e prestativa comigo, por isso
eu tinha tanto apreço pela sua pessoa.
— Senhorita Evans, quanto tempo, menina, por onde esteve?
— Oi, Mag, precisei passar um tempo fora, só que agora alguns assuntos importantes
precisam ser resolvidos.
— Entendo, menina, seus pais estão furiosos, e o senhor Mitchell não deixa de vir aqui
todos os dias para saber a respeito da senhorita. — Foi difícil conter a ânsia de vômito ao ouvir o
nome de Thomás Mitchell.
— É por isso que estou aqui, Mag, para dar um fim a essa bagunça feita por eles.
— E o rapaz bonito quem é? — Sua atenção voltou-se para Liam.
— Sou Liam Blackwood — a cumprimentou com um aperto de mão —, sou noivo da
Elizabeth.
Meu coração ficou extremamente quentinho ao ouvi-lo dizer que éramos noivos, mesmo
não sendo uma verdade absoluta.
— Meus parabéns, você merece ser feliz, querida.
— Obrigada, Mag, onde meus pais estão?
— Na sala de jantar, discutindo como sempre.
— Tenho uma leve intuição de que eu sou o motivo dessa discussão. — Soltei uma
lufada de ar. — Preciso ir, Mag, vejo você depois.
— Boa sorte, senhorita.
Mag seguiu para a direção oposta enquanto eu me agarrei à mão de Liam como se a
minha vida dependesse disso.
— Está pronta, linda?
— Sim — menti, porém eu não poderia fraquejar agora.
Adentrei a área interna da casa, segui até a sala de jantar e de longe avistei meus pais que
discutiam por algum motivo.
— Mãe, pai. — Eles se viraram em minha direção, me olhando como se eu fosse um
fantasma.
— Elizabeth, onde você se meteu garota insolente? — meu pai gritou, o que já era de se
esperar.
— Nossa que recepção calorosa — ironizei. — É assim que tratam a filha de vocês que
poderia estar morta a essa altura?
— Sem dramas, Elizabeth, você agiu como uma covarde, fugiu ao invés de encarar as
suas responsabilidades — mamãe acusou-me — E a propósito quem é você? Não vê que isso é
um assunto familiar — perguntou, encarando Liam.
Antes que ele pudesse responder, me coloquei à sua frente, tomando o controle da
situação.
— Esse é o Liam, meu noivo.
— Noivo? — Mamãe soltou uma gargalhada desdenhosa, o que já foi o bastante para me
fazer querer chorar, porém não lhe dou esse gostinho.
— Sim, senhora Evans, Elizabeth e eu somos noivos — Liam interveio.
— Não pode se casar com ele ou será que você esqueceu que é viúva e que além disso já
está prometida ao Thomás.
— Por quanto tempo vai continuar com essa mentira, mãe? Eu já sei de tudo.
— Do que você está falando, Elizabeth?
— Disso — ergui a pasta em minhas mãos —, o documento que comprova que Tyler e eu
nunca fomos casados, por que mentiram para mim?
Ambos estavam incrédulos com o que eu acabei de dizer, meus pais acharam que eu seria
a Elizabeth indefesa para o resto da vida.
— Esses papéis são falsificados Elizabeth — meu pai ainda tinha a cara de pau de negar.
— Senhor Evans, não há mais por que mentir, ou resolvemos isso de forma civilizada
ou eu serei obrigado a tomar medidas um pouco mais radicais, se é que me entende — sibilou
Liam furioso.
— É... Bem — papai começou a gaguejar.
— Chega, Malcom — bradou dona Julia. — Quer a verdade Elizabeth? Então terá —
gritou. — Nós falsificamos sim esses documentos, e sabe por quê? Pra garantir o crescimento do
nosso império. Então não foi difícil arquitetar todo o nosso plano, armamos a falsa cerimônia e
falso juiz de paz, os documentos que você e Tyler assinaram não valiam de nada. Os Mitchell
não desconfiaram de nada, e assim nossas fortunas foram triplicadas. O imbecil do Tyler quase
pôs tudo a perder quando morreu, foi quando decidi que você se casaria com o Thomás, ele sim
nos daria tudo que merecíamos, ele aceitou esperar até que você pudesse se casar legalmente e
tudo ia bem, meus planos fluíam lindamente, eu tinha tudo sob controle até você estragar tudo.
Essas palavras me dilaceraram por dentro, Julia não tinha dó de suas palavras e as
destilava sem dó.
— Tudo isso apenas por dinheiro, mamãe? Já não são ricos o suficiente?
— Não se tratava apenas de dinheiro, e sim poder, principalmente quando você desse ao
Thomás um novo herdeiro.
— Como você pôde pensar em algo tão doentio assim? Em algum momento pensou em
mim e nos meus sentimentos?
— Nós te fizemos um favor — rebateu rispidamente.
— Favor? Sério? Mentir e me privar de viver cinco anos da minha vida foi me fazer um
favor?
— Elizabeth, vamos ser sinceras, olhe só para você. — Apontou para o meu corpo e
nesse momento percebo aonde ela queria chegar. — Que homem em sã consciência olharia para
você? Uma garota que nunca teve modos ou padrões, não sabe o quão envergonhada eu ficava
quando precisava aparecer com você nos eventos da empresa, as outras garotas da sua idade
sempre impecáveis com os melhores vestidos, e você? Eu tinha que operar um grande milagre
para que ficasse no mínimo apresentável.
Prendi a respiração, meus olhos ardiam e minha visão se nublou conforme as lágrimas
foram se acumulando em meus olhos. No entanto, não podia chorar. Não aqui, não na frente
deles. Liam apertou minha mão trazendo-me um pouco de conforto enquanto mantinha o punho
livre cerrado assim como a mandíbula travada.
— Então esse é o problema? Meu corpo? Ser gorda me torna um estorvo em sua vida a
ponto de você precisar mentir, é isso? — As palavras travaram em minha garganta, entretanto,
precisava continuar forte.
— Sabe que sim, céus sempre fiz de tudo para que você mudasse ao menos um pouco e
se tornasse mais apresentável, todos os anos de dieta foram jogados no lixo — fez uma pausa e
olhou para mim com desprezo —, eu sinto nojo de você, Elizabeth, nojo de cada partícula do seu
corpo.
— Já chega, porra! — Liam gritou e puxou meu corpo para trás de si. — Se não calar a
porra dessa sua boca, eu juro que sou capaz de cometer uma loucura. Não vou tolerar que falte
com respeito à minha mulher, eu quem sinto nojo de dois seres desprezíveis como vocês que não
merecem uma filha como Elizabeth.
— Quem você pensa que é rapaz? O defensor de almas desamparadas — Julia
debochou enquanto Malcom apenas observava tudo com atenção.
— Eu sou a porra do homem que ama a mulher que vocês fazem questão de desprezar, e
serei o homem a colocá-los na cadeia por cometerem o crime de falsidade ideológica, serei eu a
arruinar o império de vocês. — Ele respirou fundo e voltou a falar: — Eu sou Liam Blackwood,
o maior pesadelo de vocês e de qualquer um que ousar tocar em um fio de cabelo da Elizabeth ou
tratá-la com desrespeito.
Malcom e Julia permaneceram estáticos e boquiabertos, eu por outro lado, me sentia
sufocada e completamente destruída. Liam voltou sua atenção para mim novamente e me
abraçou forte.
— Vamos embora, amor — sussurrou com a voz branda.
Não o respondi e apenas o segui para fora daquela casa, tudo que eu queria era esquecer
que isso havia acontecido, por mais que me doesse e que rasgasse a minha alma, a partir de hoje
meus pais morreram para mim.
Faltou muito pouco para que eu perdesse a cabeça e cometesse uma loucura da qual
muito provavelmente iria me arrepender depois, e o que aconteceu na mansão dos Evans só
serviu para alimentar o meu ódio pela família de Elizabeth, que a essa altura já alcançava níveis
absurdos.
No caminho de volta para a minha casa, Elis permanecia calada e chorosa, e eu me vi de
mãos atadas, por não saber como amenizar toda a dor que ela estava sentindo no momento.
Se antes eu já queria Malcom e Julia presos, agora desejava isso mais do que nunca. Eles
iriam pagar não só pelo crime que cometeram como também por todas as merdas que já fizeram
contra Elis.
Chegamos na casa e saímos do carro em um silêncio cortante, o olhar triste de Elizabeth
acabava comigo, meu peito se inflou de dor e impotência, e tentei não deixar à tona a enorme
vontade de voltar aquela casa e fazê-los engolir cada merda dita.
— Está tudo bem, amor, quer se deitar um pouco? — perguntei ao entrarmos no quarto.
Ela maneou um aceno positivo como resposta e seguiu em direção à cama, de forma
totalmente robótica, Elis retirou os sapatos e o casaco antes de se deitar, caminhei até ela e me
deitei ao seu lado, a puxei para que ela ficasse colada a mim e a deixei livre para chorar em meu
peito.
Elizabeth chorou por quase duas horas enquanto eu me mantinha ao seu lado afagando
seus cabelos, lhe dando todo apoio e carinho que ela precisava em um momento como esse.
— Liam? — chamou-me baixinho depois de um certo tempo.
— Oi, minha linda — respondi, tocando seu rosto delicadamente.
— Meu peso é um problema pra você?
A insegurança e o medo por trás de suas perguntas me causaram uma dor imensurável. A
meu ver, Elizabeth nunca seria rotulada pelo seu corpo e sua aparência, ela sempre seria para
mim, a minha melhor amiga, minha mulher, o ar que inflava meus pulmões, a minha religião, a
minha vida.
— Amor, quero que entenda uma coisa... — segurei seu queixo com cuidado — você é
perfeita do jeito que é, você é incrível, linda dos pés à cabeça, seu corpo é o meu templo sagrado,
e eu irei venerá-lo da forma como ele merece, e sabe por quê? — indaguei e ela acenou em
negativa. — Porque eu te amo, amo seu corpo, seu cheiro, seu sorriso, seus cabelos, sua voz. Eu
te amo, Elizabeth, até os mínimos defeitos que você tem. — Fiz uma breve pausa, que se dane,
Elis não tinha defeito algum. — Vale ressaltar que você não tem nenhum defeito, usei isso
apenas para dar ênfase em meu discurso apaixonado. — Gargalhei ela fez o mesmo.
— Eu amo você, Liam Blackwood. Obrigada por ser exatamente o príncipe encantado
que eu tanto sonhei.
— Um príncipe que ainda vem com um bônus incrível — disse, umedecendo os lábios
enquanto Elis me olhava confusa.
— E eu posso saber que bônus seria esse, vossa alteza?
Abri um sorriso malicioso para ela e avancei em seus lábios devorando sua boca carnuda
com uma fome que parecia insaciável, posicionei o corpo de Elis no meio da cama e me ergui
para beijá-la, nossas bocas se conectaram de uma forma única, como se fôssemos feitos sob
medida um para o outro.
Senti o toque das mãos macias de Elis em meu corpo na tentativa desesperada de
desabotoar minha camisa, entretanto, hoje o prazer seria voltado única e exclusivamente para ela.
Cessei nosso beijo, o que fez Elizabeth emitir um murmúrio de desaprovação, em seguida
me levantei da cama e estiquei a mão para ela, Elizabeth me olhou intrigada com os cabelos
desgrenhados, a respiração ofegante e os lábios carnudos ainda mais inchados.
Mesmo receosa e desconfiada ela aceitou minha mão e se ergueu da cama, deixando-se
ser guiada por mim, parei frente a um enorme espelho que ficava ao centro do quarto e me
coloquei atrás dela.
— O que você está fazendo, Liam? — perguntou confusa.
— Uma coisa que você jamais irá esquecer — sussurrei em seu ouvido. — Irá sempre se
lembrar da mulher gostosa, incrível e linda que é. — Mordi o lóbulo de sua orelha.
Tinha um plano em mente e sabia que Elis jamais se esqueceria do que iria acontecer
neste quarto.
— Antes de começarmos o nosso jogo, quero que me dê carta branca para fazer o que eu
quiser com você, amor.
Puxei seu quadril, chocando-o contra o meu e lentamente fui subindo a barra de seu
vestido até chegar à sua peça, íntima tocando sua boceta superficialmente, ela arquejou o corpo,
jogando a cabeça para trás e nesse momento usei a deixa para morder seu pescoço.
— Estou esperando uma resposta, amor. — Pressionei seu clitóris por cima da calcinha.
— Faça o que quiser comigo — balbuciou com dificuldade. — Sou inteiramente sua.
Elizabeth me deu o passe livre que eu queria para pôr meu plano em ação, subi seu
vestido lentamente, me deliciando com o show que acontecia bem diante dos meus olhos, deixei-
a somente de calcinha e parei para admirar cada detalhe de seu corpo curvilíneo.
Comecei a tocar seu rosto com ternura e fui descendo a mão pelo seu corpo chegando aos
seus seios empinados, os piercings eram um delicioso convite para mim, e me vi na obrigação de
lhes dar atenção.
Brinquei com seus peitos, alternando entre uma massagem lenta e leves beliscões em seus
bicos rijos antes de levá-los à boca, mamando um por um com vontade, como se a minha vida
dependesse disso.
Observei cada reação de Elis, a forma como ela tentava conter os gemidos agarrando
meus cabelos, me incentivando a continuar. Deixei seus seios de lado e desci com meus beijos e
mordiscadas até sua virilha, me coloquei de joelhos e iniciei uma trilha de beijos lentos e
molhados da altura de seu umbigo até seu monte de vênus, toquei sua boceta por cima do tecido
minúsculo que ainda a cobria e inspirei o cheiro delicioso que ela emitia, ela estava pronta para
mim, e eu amava isso, a nossa conexão.
Puxei a poltrona que se encontrava próxima de nós e coloquei Elizabeth sentada com as
pernas bem abertas, sua intimidade chegava a reluzir de tamanha excitação e isso me deixou
ainda mais afoito.
— Linda, olhe para o seu reflexo no espelho, e veja o quão deliciosa você é — ordenei
com a voz rouca antes de puxar sua calcinha e cair de boca em seu monte inchado.
Elis se contorcia na poltrona a cada movimento feito pela minha língua, senti-me
anestesiado com seu sabor, a boceta de Elis era tão doce e apetitosa quanto ela, e eu poderia
passar todos os meus dias aqui, enfiado no meio de suas pernas.
— Liam... Eu preciso de mais, por favor não pare — suplicou aflita.
Não diminuí a intensidade das investidas, aumentei seu prazer introduzindo dois dedos
em sua boceta, eles deslizaram numa facilidade surreal, essa era a prova do quão excitada a
minha mulher estava.
Comecei fodendo-a com minha língua e dedos até sentir que seu corpo estava cada vez
mais próximo do ápice.
— Caralho, amor, você vai me enlouquecer dessa forma — soltou um gemido alto. —
Acho que vou gozar.
— Goza, meu amor, estou aqui para me afogar no seu prazer, me dê tudo de você.
Seu corpo arquejou mais uma vez até ser tomado por uma onda de espasmos involuntário
em decorrência do forte orgasmo que a atingiu, por Deus, estava quase gozando só de vê-la
assim, meu pau estava dolorido dentro da calça, deixando claro o poder que ela tinha sobre meu
corpo.
A visão do paraíso estava bem aqui, diante dos meus olhos, e eu seria o único filho da
puta a ter esse privilégio. Quando o efeito do orgasmo recente começou a desaparecer, Elis
voltou a recobrar seus sentidos, seus olhos me encararam e eu vi o puro fogo do desejo incendiar
suas íris.
— Espero que nossa brincadeira não tenha acabado, senhor Blackwood. — Ela se
levantou e se enroscou em meu corpo, apalpando meu pau levemente e tive que me segurar para
não gozar. — Porque eu pretendo ter mais um orgasmo, e dessa vez com o seu pau enterrado
bem fundo em minha boceta — sussurrou com pura malícia, e isso foi a minha ruína.
Desfiz nosso agarre apenas para me livrar das peças de roupa que nesse momento eram as
minhas maiores inimigas, expus minha nudez para Elis que mordeu o lábio inferior ao bater os
olhos em meu pau que estava prestes a explodir por ela.
Avancei em seu corpo, agarrando seus quadris com força e urgência, a ergui em meus
braços ansioso e desesperado para me fundir a ela, como se fôssemos uma só alma, a passos
largos chegamos até a cama, a deitei com cuidado sobre o colchão macio.
— Você quer saber qual o bônus que o seu príncipe encantado possui, meu amor?
Antes que ela cogitasse me dar uma resposta, eu me coloquei entre suas pernas e a
penetrei de uma vez, segurei sua cintura com firmeza, me deliciando com a ideia de que ela
ficaria com a marca dos meus dedos.
— Responda, meu amor. — Estoquei lentamente, sentindo seu prazer umedecendo todo
meu pau.
— Si... sim — falou com dificuldade.
— O seu príncipe aqui, será o único a te comer bem gostoso e te fazer gozar sempre que
você desejar. — Meti mais uma vez, sem pena ou delicadeza e Elizabeth gemeu alto.
Os gemidos da minha mulher serviam como um delicioso combustível para os meus
ouvidos, a cada estocada, Elis se contorcia mais e mais, nossos corpos suados se colidiam
freneticamente, o quarto era tomado pela melodia incansável dos nossos gemidos e sussurros
pecaminosos.
— Eu te amo, Liam — declarou em um fio de voz.
Nossos olhares se cruzaram, a intensidade era tanta que me sentia à beira do orgasmo,
inclinei meu corpo para baixo, nivelei nossos rostos sentindo nossas respirações tornando-se
cada vez mais ruidosas.
— Eu.te.amo.Elizabeth — disse pausadamente à medida que frenesi se aproximava de
mim.
Cheguei ao meu ápice sendo acompanhado por Elizabeth, que atingiu o segundo orgasmo
gemendo meu nome loucamente. Desmoronei ao seu lado, a puxando junto comigo, beijei sua
testa suada, me sentindo o homem mais feliz do planeta ou melhor mais feliz de todo o espaço
sideral.
— Sinto muito pelas coisas horríveis que ouviu, amor.
— Vou ficar bem, o que me conforta é saber que em meio a tudo isso eu tenho você ao
meu lado.
— Vou estar sempre aqui, minha linda. Vamos tomar um banho para descansarmos um
pouco?
— Vamos.
Tivemos mais uma intensa e deliciosa rodada de sexo durante o banho, Elis me
presenteou com um boquete delicioso, me dando o prazer de gozar em sua boca deliciosa. Após
nosso banho, solicitamos que nosso jantar fosse servido no quarto, assistimos a alguns filmes de
comédia romântica e não demorou para que ela pegasse no sono.
Ajeitei o cobertor em seu corpo e me levantei para desligar o abajur ao seu lado da cama
até ouvir o toque de seu celular sobre a mesinha, o número era desconhecido e meu coração
gelou na hora pois eu já tinha ideia de quem poderia ser.
— Alô? — atendi e me afastei de Elis para que ela não acordasse.
— Ora, ora, Liam Blackwood, o protetor — desdenhou a voz masculina do outro lado da
linha.
— Adam Hale.
— Vejo que já decorou o meu nome, não é?
— O que você quer com a minha mulher, porra?
— Não se faça de ingênuo. Elizabeth tem algo que é meu e eu quero de volta.
— Ela não sabe de nada, não vê que ela é uma vítima de toda essa pilantragem.
— Que se foda, porra, não quero desculpas, tragam a porra que me pertence e eu os
deixo vivos, se eu tiver piedade é claro.
— Mas...
— O tempo está passando, Blackwood. — O desgraçado desligou sem me dar a chance
de respondê-lo.
Precisava tomar uma atitude e resolver esse mistério o quanto antes, ou do contrário teria
que me preparar para caçar e matar Adam Hale, nem que isso custasse a minha própria vida.
Dias depois...

Alguns dias se passaram desde o último e desastroso encontro que tive com meus pais, ou
melhor ex-pais, já que depois do que eles fizeram comigo eu os deletei por completo da minha
memória, algo que não foi muito difícil de fazer. Liam e eu permanecemos em Phoenix à procura
de respostas para a maior incógnita que rondava a minha vida.
Retornamos ao meu antigo apartamento para revirarmos tudo pela milésima vez em busca
do maldito pen drive que era tão importante para Adam Hale, uma parte de mim queria encontrá-
lo e clamar por misericórdia, apelando para qualquer sentimento que pudesse estar soterrado
dentro de seu coração.
Entretanto, a outra parte queria se esconder e fingir que nada disso estava acontecendo,
mas sabia que não adiantava fugir, ele iria me encontrar, eu sentia isso, de uns dias para cá notei
o estranho comportamento de Liam, ele vinha se mostrando ainda mais protetor a ponto de me
acompanhar até para ir ao banheiro.
Sempre que perguntava o que havia acontecido ele desviava do assunto e no fim dizia
que era apenas precaução, mas eu sabia que havia acontecido alguma coisa, porém não forçava a
barra.
No meio de todo esse caos, Liam conseguiu dar entrada no processo contra Julia e
Malcom, se o crime de falsidade ideológica fosse confirmado, os dois poderiam pegar uma pena
de até cinco anos de prisão, admito que meu coração doía com isso, afinal a ambição deles aliado
ao desprezo da minha mãe que os colocou nessa situação.

— Amor, não acho que seja uma boa ideia você sair por aí sozinha. — Liam me encarou
preocupado enquanto eu me vestia para me encontrar com Lexi.
— Querido, eu só vou até a cafeteria com a Lexi, é um local público, nada poderá me
acontecer.
— Eu fico preocupado, linda, não sabemos onde o Adam está e se ele por acaso estiver
esperando por você na cafeteria?
— Liam, isso é algo impossível, ele não correria esse risco. — Terminei de calçar minhas
botas e fui até ele. — Ficarei bem, amor, não se preocupe. — Deixei um beijo em seus lábios.
— Um segurança irá com vocês.
— De jeito nenhum, isso só levantará mais suspeitas, Lexi está vindo me buscar e me
trará para casa sã e salva.
— Elis... Se alguma coisa acontecer com você, eu serei capaz de pôr fogo no mundo. —
proferiu, segurando meu queixo com ternura.
— Vai ficar tudo bem. — O envolvi em um abraço forte.
Permanecemos abraçados até Lexi me avisar que já estava me esperando do lado de fora
da propriedade, me despedi de Liam e segui até o jardim e de lá rumo para a área externa da
mansão.
O que mais me chamou atenção foi o carro que minha amiga estava dirigindo, um modelo
bem atual e de luxo, não que ela não tivesse condição de adquirir um modelo como esse, porém
achei esquisito dado ao fato de que seu pai estava doente e ela ajudava diretamente nos custos do
tratamento.
— Liza, quanto tempo, amiga, senti saudades — falou animada assim que entrei no carro.
— Também senti sua falta, uau, adorei o carro.
— Eu estou apaixonada, é a realização de um grande sonho.
— Fico feliz por você.
Ela não comentou mais nada, a respeitei e eu também não puxei assunto, Lexi ligou o
carro e logo o rugido potente do motor ressoou em meus ouvidos, em seguida colocou-o em
movimento a caminho da cafeteria.
Um frio percorreu minha espinha, um mau presságio me assolou, será que Liam tinha
razão?

Chegamos ao estabelecimento e nos acomodamos em uma mesa ao lado externo, o que


era ótimo para apreciarmos a vista da cidade, Phoenix era uma bela cidade, entretanto, as coisas
horríveis que vivi aqui me fizeram criar uma certa mágoa do local.
— Então, amiga, me conta como vão as coisas entre você e o Liam? — Lexi perguntou
após beber um gole do seu cappuccino.
— As coisas estão bem, Liam e eu nos acertamos e estamos vivendo felizes, na medida
do possível, é claro.
— Sempre soube que vocês iriam se acertar no fim das contas, e o que o Liam acha sobre
toda essa história envolvendo o Tyler e o misterioso que vive à sua procura?
— Ele faz de tudo para me manter segura, quase não me deixa sozinha, inclusive
ofereceu enviar um segurança para ficar ao nosso encalço.
— Nossa, quanta superproteção. — Deu um sorriso debochado o que me deixou
levemente desconfortável.
— Eu não o julgo — disse, dando uma colherada na minha sobremesa. — É a forma dele
mostrar que me ama.
— Entendo — murmurou.
De repente senti o clima pesado entre nós, algo estava esquisito, porém continuava
acreditando que era apenas impressão minha. Minha mente vagueava para a conversa que tive
com Liam hoje pela manhã, não sabia por que essas palavras estavam mexendo tanto comigo.
— Minha mãe não consegue ficar muito tempo longe de mim, com licença, Liza. —
Lexi balançou o celular entre seus dedos antes de se levantar para atendê-lo.
Passei alguns minutos sozinha até ela retornar para a mesa, ela guardou o celular na bolsa
e me olhou apreensiva.
— Está tudo bem? — procurei saber.
— Sim, está tudo bem — respondeu apressada —, mas precisamos ir agora, tenho que
dar uma passadinha em um lugar antes de deixá-la na mansão.
— Aonde você vai?
— Não se preocupe, amiga, não vou raptar você. — Gargalhou e eu não consegui fazer o
mesmo por alguma razão.
— Tudo bem, vamos.
Pagamos a conta e seguimos para fora da cafeteria, algo em minha consciência dizia: Não
entre nesse carro, Elizabeth, fuja, ligue para o Liam.
No entanto, eu acabei ignorando essa voz e segui a minha amiga, afinal Alexia era minha
melhor amiga, éramos unha e carne desde sempre, não havia o que temer, eu estava segura com
ela.
Alexia dirigiu apressadamente pelas ruas da cidade, logo o movimento frenético das
avenidas foi cessando, e o frio em minha espinha crescia incontrolavelmente.
— Para onde estamos indo? — questionei aflita ao ver que estávamos saindo da rodovia
principal.
Ela não me respondeu e aumentou o volume da rádio local que tocava dentro do veículo,
não conseguia controlar o medo latente que se espalhava em meu corpo, meu coração começou a
palpitar e sabia que isso não era um bom sinal.
— Alexia?
— Sinto muito, Elizabeth, mas eu fiz o que precisava ser feito. — Não consegui
identificar nenhum tipo de emoção em suas palavras e isso me assustou.
— O quê? — Pisquei atônita.
O carro freou no meio do nada e a única coisa que vi foi um velho galpão a alguns metros
de nós, tentei abrir a porta do carro, mas era tarde demais, pois Alexia já havia descido do
veículo e travado as portas e as janelas. Bruscamente a porta do passageiro foi aberta, Alexia me
encarava com uma expressão diabólica no rosto.
— Hora do acerto de contas, Elizabeth.
Foi tudo que escutei antes de ela pressionar um pequeno pedaço de pano em meu rosto, o
resto do mundo tornou-se um completo borrão para mim.
Esse é o meu fim!
Alguns minutos antes...

Desde que vi Elis entrando naquele carro que uma sensação esquisita se apoderou de
mim, eu não deveria me sentir assim, afinal ela saiu com Alexia, e nós já éramos amigos há
tantos anos, porém não conseguia me tranquilizar com isso.
Peguei meu celular e liguei para um dos meus seguranças e pedi para que ele ficasse
próximo à cafeteria sem levantar nenhuma suspeita, só assim ficarei um pouco mais tranquilo.
Tentei me manter calmo enquanto as horas se passavam lentamente, Elis ficou de me
enviar uma mensagem quando estivesse saindo da cafeteria e até agora nada, sentei-me na
poltrona da sala de jantar e dei um único gole em meu uísque, senti o líquido descer queimando
pela minha garganta.
Meu celular começou a tocar freneticamente, atendi sem ao menos olhar quem estava
ligando para mim, pois acreditava que fosse Elizabeth.
— Alô, Elis?
— Resposta errada, senhor Blackwood.
Não reconheci o dono da voz e isso me assustou.
— Quem está falando?
— Presumo que nós não nos conhecemos ainda, bom, senhor, eu sou o homem que foi
enganado pela família da sua querida noiva, o homem que teve os planos interrompidos por
você e pela querida Elizabeth...
— Não estou para brincadeiras porra! — esbravejei. — Quem é você?
— O nome Thomas Mitchell soa estranho para você?
Puxei na memória e logo reconheci o maldito nome e sobrenome do infeliz que estava
tomando o pouco de paz que me restava.
— O que você quer?
— Só liguei para avisar que em breve sua doce Elizabeth estará enterrada a sete palmos
da terra assim como o estúpido do meu filho.
— Como é que é? — O ar começou a faltar em meus pulmões, senti a aflição correndo
em minhas veias.
— Isso mesmo que você ouviu, Elizabeth a essa altura do campeonato está tendo uma
conversa com um velho amigo, Adam Hale, você o conhece, não é? Pois bem, fiz um favor para
ele, deixei Elizabeth como uma espécie de presente para Adam, quando o idiota descobrir que
ela é inocente, será tarde demais e eu já estarei bem longe com o pen drive que ele tanto busca.
— De que porra você está falando? Elizabeth está segura, ela está com a...
— Alexia? — Soltou uma gargalhada escarnia. — Aquela vadia não pensou duas vezes
antes de me vender as informações sobre a localização da Elizabeth.
— Alexia não faria isso. — Bufei indignado.
— Como você acha que o Adam descobriu o telefone dela enquanto estavam em Las
Vegas? Como acha que ele sabia sobre você?
— Filhos da puta!
Alexia não podia ter traído a nossa confiança, me recusava a acreditar nisso.
— É melhor correr, Blackwood, antes que seja tarde demais.
— O que tem de tão importante na porra desse pen drive? São só informações sobre os
crimes do Adam.
— Engano seu, isso é o que Adam queria que vocês pensassem, esse pen drive é a chave
que eu preciso para ter acesso a uma inestimada fortuna na Suíça.
— Vou encontrar você e vou acabar com a porra da sua vida — gritei.
— Acho melhor você se preocupar em salvar o cadáver da sua Elizabeth, tenha uma boa
vida, Blackwood.
Thomas desligou a chamada e me vi desesperado, porra, precisava saber se Elis estava
bem, ainda estava em negação me recusando a acreditar que Alexia fez o que fez por dinheiro.
Peguei as chaves do meu carro e rumei para o estacionamento completamente enlouquecido,
assim que entrei no carro meu celular voltou a tocar, era o segurança que designei para vigiar
Elizabeth.
— Alô, senhor?
— Onde está a minha mulher?
— Eu sinto muito senhor, mas eu a perdi de vista, a senhorita Evans foi levada, senhor.
Não consegui ouvir mais nada depois disso, meu mundo parou. Elizabeth estava em
perigo, e eu precisava salvá-la antes que fosse tarde demais.
O medo tomou conta do meu ser, eu me vi de mãos atadas, estava em um verdadeiro beco
sem saída, tudo que sabia era que precisava salvar a minha mulher e eliminar quem ousasse tocar
em um fio de cabelo dela.
— Ainda está na linha, senhor? — Ygor perguntou após o longo silêncio entre nós.
— Sim, onde você está, Ygor?
— Na rodovia que dá acesso à saída da cidade, não me dei conta de que havia carros me
seguindo e um dos passageiros atirou nos pneus do meu carro, não consegui continuar o trajeto,
sinto muito.
— Escute, Ygor, convoque o maior número de homens que conseguir, estou indo para aí
imediatamente.
— Sim, senhor.
Havia mais uma pessoa a quem eu podia recorrer nesse momento e não pensei duas vezes
antes de discar seu número enquanto dirigia a mil por hora até o local em que Ygor estava.
Após três ligações caírem na caixa de mensagem, eu já havia perdido as esperanças em
contatá-lo, até vê-lo ligando de volta.
— Blackwood, me desculpe pela demora, o que aconteceu?
— Preciso que mande interditar todos os aeroportos e saídas de Phoenix.
— Calma, homem, pode me explicar, por favor?
— Não tenho tempo para explicar, Christopher, sei que você tem esse poder, sei qual é a
sua verdadeira face, então é dela que eu preciso no momento, a minha mulher corre perigo, e
existe um homem chamado Thomas Mitchell, que é o principal culpado disso. Precisa impedir
que esse homem saia de Phoenix.
— Tudo bem, considere feito, reunirei meus homens e ligo assim que tiver novidades.
Estava numa verdadeira corrida contra o tempo, dirigi pela cidade até sair da zona urbana
indo no sentido à rodovia mais importante da cidade, eu só pensava em Elizabeth em como ela
devia estar assustada e chateada por ter sido traída pela amiga, tentava não pensar na
possibilidade de Adam ter a machucado, pois isso só fazia com que eu sentisse ainda mais raiva e
impotência.
Depois de dirigir pelo que pareceu uma eternidade, eu finalmente avistei Ygor
juntamente com os homens que pedi para que ele reunisse, todos eles estavam mascarados,
inclusive Ygor. Olhei ao redor de onde estávamos e me senti como uma agulha no palheiro.
Onde Elizabeth está?
— Senhor, um dos rapazes deu a informação de que há um velho galpão a alguns
quilômetros daqui.
— Galpão? — A ficha demorou alguns segundos a cair e logo me dei conta de que o
galpão só poderia ser o esconderijo fantasma de Adam. — Vamos até o maldito galpão. —
ordenei. — Ygor, preciso de uma arma.
— Senhor, é arriscado e...
— Eu não perguntei se é arriscado, Ygor, eu quero a droga de uma arma agora —
esbravejei furioso.
Ygor foi até o carro, pegou algo em uma mochila e em seguida veio em minha direção,
colocando um revólver em minhas mãos, eu não fazia ideia de como se usava isso, mas deixaria
para aprender quando estivesse estourando os miolos de Adam, foda-se se isso faria de mim um
assassino, era a vida da minha mulher que estava em jogo. Eu aceitaria queimar no fogo do
inferno se esse fosse o preço para tê-la a salvo.
Nesse momento estava lidando com algo mais importante que os meus valores, estava
lidando com a vida da mulher que eu amava, e não me importava em acabar com a vida dos
desgraçados que se meterem em meu caminho.
Com os homens reunidos era a hora de colocar o plano em ação, entramos todos nos
respectivos carros que vieram ao socorro de Ygor e seguimos as coordenadas informadas que
deram até o galpão.
Aguente firme, amor, estou chegando.
Senti uma dor de cabeça inexplicável, abri meus olhos lentamente e não vi nada além de
escuridão, exceto por um pequeno filete de luz em algum lugar, meu corpo doía e senti algo
preso em meus braços e pernas. Com muito esforço puxei na memória os últimos
acontecimentos.
Eu estava na cafeteria hoje pela manhã, sentindo uma inquietação e um mau
pressentimento entrei no carro de Alexia e...
— Acorda, princesinha. — Por falar nela, sua voz ressoou em meio à escuridão.
— Alexia? Por favor me tire daqui!
Ouvi uma risada baixinha seguido pelos saltos de Alexia que batiam contra a superfície
de madeira, ela saiu da escuridão ficando cara a cara comigo, seu olhar para mim era de puro
nojo e desprezo, e nesse momento eu não reconhecia a pessoa que considerei minha amiga por
anos.
— Não posso tirá-la daqui, e não faria isso mesmo que pudesse.
— Por que estou aqui? Por que está fazendo isso comigo? — indaguei em busca de uma
explicação cabível para sua atitude.
— Você está aqui porque tem contas a acertar com Adam Hale, e eu só estou cumprindo
a minha parte, entregar você e receber o meu dinheiro, depois disso eu sumo de Phoenix e
ninguém irá me encontrar — respondeu com a voz carregada de ódio.
— Não consigo entender. — Minha voz embargou. — Éramos melhores amigas, você
sempre foi como uma irmã para mim, o que eu fiz com você para merecer uma traição dessas?
— Você sempre foi tão ingênua, não é? — Riu. — Nunca suportei você, quer dizer de
início eu até que gostava de você, mas depois eu vi que você era só uma riquinha mimada que
gostava de fingir que era amiga da bolsista pobretona.
— Não! Alexia você sempre foi importante pra mim, eu nunca te vi dessa forma, sabe
muito bem que eu nunca liguei para classes sociais.
— Sempre foi uma tola, por isso o Tyler fez o que fez com você. — Ela se aproximou de
mim e ao parar do meu lado puxou meus cabelos para trás com força. — Acabou para você,
Elizabeth Evans, e o seu salvador não está aqui para salvar você.
— Você é uma víbora peçonhenta, eu acreditei em você por anos, te ajudei e é dessa
forma que você me agradece? Me apunhalando pelas costas?
— E você sempre foi uma idiota que reclamava da sorte que teve, porra, Elizabeth, você
nasceu em berço de ouro, teve tudo do bom e do melhor, mas sempre se fazia de vítima, sua
gentileza e sua bondade me causam nojo, e eu não perdi tempo quando surgiu a oportunidade
perfeita de me livrar de você.
Eu continuava prendendo o choro, não queria chorar, os motivos que levaram Alexia a
me trair eram os mais tolos possíveis, ela sempre soube do completo inferno que eu vivi por
anos, se dizia preocupada comigo, me estendeu a mão, me deu abrigo e um trabalho e agora
puxou meu tapete sem mais nem menos. E tudo por dinheiro.
— Se me queria na ruína, por que me ajudou?
— Eu ajudei você por que de alguma forma isso me faria ser superior a você, e em um
belo dia depois do meu retorno a Phoenix eu acabei encontrando seu sogro, o Thomas. Ele me
fez uma proposta irrecusável, eu dava a ele todas as informações sobre o seu paradeiro e em
troca ele me daria uma fortuna que me tiraria dessa vida miserável. Então com as informações
certas, ele começou o plano dele para rastrear o Adam, e o resto você já sabe, não é, queridinha?!
Adam entrou em contato comigo e eu garanti a ele que lhe daria para ele em uma bandeja de
prata, e bem eu consegui.
Tudo começou a fazer sentido naquele momento, a ligação que recebi em Las Vegas, as
informações sobre Liam, tudo foi culpa dela.
— Você se vendeu como uma vadia barata, Alexia. — O tapa estalado atingiu meu rosto
com força, a ardência e a dor foram o bastante para que eu caísse em lágrimas.
— Eu adoraria ficar aqui e ver o que o Adam vai fazer com você... — falou com um
sorriso diabólico.
— Você sabe muito bem que eu sou inocente, sabe que eu não tenho nada comigo.
— Pouco me importa. — Deu de ombros. — Adeus, Elizabeth, diga ao Adam que eu
mandei lembranças.
— Alexia? — gritei enquanto ela se afastava. — Alexia? Por favor, me tire daqui.
Foi em vão, ela se foi sem olhar para trás.
Meu peito doía ao constatar que fui traída dessa forma pela pessoa que chamei de amiga
por quase uma vida. O pior de tudo isso era saber que eu era inocente e que não fazia ideia de
onde estava o pen drive que tanto procuravam.
Por que Tyler me odiava tanto a ponto de armar algo tão baixo para mim? Embora eu não
o suportasse, em momento algum eu lhe desejei mal, isso só me deu a mais pura certeza de que
em toda a minha vida eu vivi cercada por leões que não viam a hora de me devorar, primeiro
meus pais, depois Tyler e agora Alexia.
Continuei em um breu total, ouvindo apenas o ruído da minha respiração irregular e o
som descompassado do meu coração, até que um baque surdo ecoou no lugar, seguido por um
clarão de luz, sentia que estava sendo observada, mas ainda não conseguia identificar quem
estava em meio às sombras.
A figura distante começou a se mover, vindo em minha direção e aos poucos consegui
vê-lo, era um homem de meia-idade, cabelos grisalhos, alto e cheio de tatuagens e cicatrizes pelo
rosto, ao chegar perto de mim soltou um riso diabólico.
— Achou que fugiria de mim para sempre, Elizabeth?
É ele, Adam Hale.
— Adam... — murmurei.
— Em carne e osso, querida, finalmente nos conhecemos. — Ele veio até mim e me
analisou de cima a baixo, em seguida tocou meu rosto, tentei me esquivar, mas ele apertou meu
queixo com força. — Tão linda, será uma pena matá-la — sussurrou em meu ouvido, causando-
me nojo e medo. — Quem sabe nós dois não nos divertimos um pouco, se me entregar o que eu
quero posso mantê-la viva à minha mercê...
— Eu prefiro morrer a deixar que me toque — esbravejei.
— Tem uma personalidade arisca, querida, mas posso mudar isso. — Adam soltou meu
rosto e se afastou de mim, quando vi que ele segurava uma adaga em mãos senti um frio na
espinha anunciando que meu fim estava próximo.
Penso em Liam e em todas as coisas boas que vivemos, pensei no quanto eu o amava e
em como as coisas entre nós dois seriam interrompidas dessa forma.
— Tyler me disse que você era uma mosca morta, pelo visto ele estava errado, afinal me
fez perder muito tempo procurando por você.
— Eu juro que não sei de pen drive nenhum, tudo que o Tyler disse era mentira —
gritei.
Adam se irritou com minha atitude e avançou em minha direção, senti a lâmina afiada da
adaga se arrastando em minha pele, ele desceu o objeto cortante pelo meu braço, arrancando de
mim um grito agudo de dor.
— Escuta aqui, você vai me dizer onde ele está e aí quem sabe eu poupe a sua vida, hum?
Ou melhor, mando você para o quinto dos infernos e poupo a vida do seu namoradinho...
— Liam não tem nada a ver com isso.
— É claro que tem, querida. — Ele tombou a cabeça para o lado como se estivesse
pensando ou se lembrando de algo. — Sabe, querida, no dia em que matei o paspalho do Tyler
ele implorou para que eu não o matasse, foi quando ele decidiu abrir o bico e dizer que o pen
drive que ele havia roubado estava com você. Eu poderia ter sido benevolente com ele e lhe
poupado, mas já era tarde demais, Tyler já havia sido condenado, e vejo que esse também será o
seu fim.
— Adam, eu juro que não sei de nada, eu não sabia sobre o Tyler e seus negócios e muito
menos sobre você, por favor, não cometa uma loucura contra alguém inocente. — supliquei.
— Chega — gritou e voltou a pressionar a faca em minha pele. — Terá o mesmo fim que
o seu maridinho, Elizabeth, se é inocente ou não isso não me importa, o que eu sei é que você
morrerá assim como o Tyler. — Senti a lâmina mais próxima do meu abdômen. — E sabe do
pior, lindinha? É que o seu namoradinho não encontrará nenhum vestígio do seu corpinho lindo,
porque eu queimarei esse lugar com você dentro e tudo que você ouviu aqui se tornará cinzas
assim como você — bradou, olhando no fundo dos meus olhos e não consegui ver nada de
humano em suas íris negras, apenas ódio.
Senti o correr da adaga em minha barriga, o grito de dor se prendeu em minha garganta
enquanto Adam sorria ao ver a lâmina suja com meu sangue, senti algo úmido e quente
escorrendo em mim. Adam tornou a avançar em mim e dessa vez cravou a adaga em meu braço.
Deus, eu preciso de um milagre.
— Irá sangrar até morrer, querida, e quando seu corpo estiver pálido e sem um pingo de
força aí eu acabo com tudo isso aqui. — Apontou para o lugar em que estávamos.
Eu iria morrer, e tudo isso por conta de uma mentira.
Liam preciso de você...
Liam preciso de você...
Liam preciso de você...
Usei a força do meu pensamento à medida que sentia meu sangue se esvaindo do meu
corpo, eu só precisava dizer ao Liam que o amava, pela última vez.
Adam me observava com um riso de satisfação em seus lábios, mas sua expressão mudou
rapidamente quando disparos foram ouvidos não muito longe de nós, olhei em direção à luz e vi
o meu anjo salvador.
Ele estava aqui.
Liam veio me salvar.
Mas acho que já é tarde demais.
Chegamos ao galpão e o grito de Elizabeth fez meu sangue gelar, ele a feriu. Porra! Não
consegui chegar a tempo de impedi-lo. Os homens recrutados por Ygor estavam cuidando para
que nossa entrada fosse perfeita, e eu juro por Deus que faria questão de matar Adam Hale.
Enquanto estávamos aqui, Christopher e seus homens estavam cuidando do
monitoramento da saída da cidade, o que poucos sabiam era que Christopher tinha fortes ligações
com a máfia devido ao seu trabalho com investigador, para sociedade ele podia ser apenas um
homem comum, porém poucos sabiam sobre o quanto ele era letal.
— Senhor, chegou a hora, por favor, não faça nada precipitado ou será fatal para nós.
— Advertiu Ygor.
— Não posso prometer isso, ele tocou na minha mulher — rosnei enfurecido.
Ygor não disse nada, apenas sinalizou para que os demais fizessem a invasão do local,
segui-os até a área indicada, um dos rapazes efetuou diversos disparos para cima como forma de
assustar Adam e quem quer que estivesse no galpão.
De longe eu avistei uma figura masculina que olhava atentamente em nossa direção,
entretanto, não tive tempo para analisá-lo, pois meus olhos bateram em Elizabeth que estava
sentada, amarrada e sangrando.
— Fica longe da minha mulher, seu desgraçado — gritei enquanto caminhava feito um
lobo feroz em sua direção.
Adam não se intimidou, muito pelo contrário ele sorriu de modo desdenhoso enquanto
girava a adaga entre os dedos, o vermelho vivo refletia na lâmina, era o sangue dela. Eu iria
matá-lo.
— Vejo que veio defender a sua donzela em perigo e ainda trouxe consigo a cavalaria. —
Gargalhou.
Corri em sua direção e avancei em seu corpo o agarrando pelo pescoço, em nenhum
momento ele deixou de sorrir e isso me deixou ainda mais irado.
— Vou matar você, Adam, mexeu com a mulher errada — sibilei.
Desferi uma série de socos em seu rosto, sentindo o ódio borbulhar em minhas veias, ele
não parava de rir, porra. Fui tirado de cima dele em um solavanco tão violento que mal tive
tempo para raciocinar.
— Senhor, pare com isso ou poderá piorar a situação.
Fiquei estático, estava fora de mim e reconhecia isso, entretanto, não conseguia lutar
contra o que estava sentindo.
— Li... Liam? — A voz fraca e sôfrega de Elis me arrancou bruscamente do meu
momento de puro descontrole.
Corri até ela e tratei de desamarrar seu corpo, percebi que ela estava com ferimentos e
que um deles estava sangrando. Elizabeth estava pálida e suada, eu precisava tirá-la daqui
imediatamente.
— Amor — agarrei seu corpo —, eu estou aqui, vim salvar você, meu amor, aguente
firme.
— Dói... — choramingou.
— Vai ficar tudo bem, estou aqui agora.
Um gargalhar diabólico fez com que eu voltasse minha atenção para a direção de Adam
que mesmo imobilizado por um dos rapazes, não perdia o cinismo.
— Isso chega a ser comovente — começou a balbuciar. — Pena que todos vocês
morrerão em breve, tem uma bomba acionada em algum lugar desse galpão e assim que eu matar
vocês, eu sairei daqui e os deixarei queimando até virarem cinzas.
Em um movimento ágil e violento, Adam conseguiu golpear Tony que caiu ao seu lado,
urrando de dor, ele pegou sua arma e disparou na direção de Ygor e Jasper, em seguida voltou
suas atenções para Elis e eu.
Estamos sozinhos, já que os outros estavam cuidando dos soldados de Adam que se
encontravam nas imediações do galpão, e não me restava outra alternativa a não ser acabar com
isso o quanto antes.
— Hora do meu acerto de contas — disse enquanto se aproximava de nós.
Saquei o revólver da cintura e o deixei engatilhado, Elis me desculpasse por isso, mas se
eu não o matasse, não teria paz em minha vida.
— Hora do acerto de contas, Adam Hale. — Protegi o corpo de Elizabeth contra o meu e
puxei o gatilho, em uma sequência de disparos secos e rápidos e só me conformei quando vi
Adam caído no chão.
— Desgraçado — urrou de dor.
Ele estava perdendo muito sangue, o que me confortava de certa forma, Ygor se arrastou
até nós certificando-se de que estávamos seguros, felizmente o tiro lhe atingiu apenas de raspão.
— Liam... eu... — Elis murmurou com a voz fraca.
— Acabou, amor, esse pesadelo acabou. — A ergui em meus braços.
— Senhor, precisamos sair daqui, a bomba foi localizada e nós temos pouco tempo para
sairmos do galpão.
Logo o reforço chegou e os rapazes feridos foram levados, enquanto eu corria contra o
tempo para tirar Elizabeth desse lugar, ela gemia de dor e seu ferimento parecia não parar de
sangrar e isso me deixava cada vez mais aflito.
— Não podem me deixar aqui — rugiu Adam que se encontrava ferido e agora
amedrontado, pois sabia o que lhe esperava.
— Claro que posso. — Saí do galpão sem olhar para trás.
Uma viatura da polícia acabou de chegar ao local, eu sequer parei para olhar e deixei tudo
sob os comandos de Ygor, precisava levar Elis ao hospital urgentemente.
— Vou salvar você, amor — repeti enquanto colocava Elis em um dos carros.
Ela estava cada vez mais empalidecida, seus lábios estavam perdendo sua coloração
natural, seu rosto estava banhado em suor e vi seu estremecer diante da dor cada vez que ela se
movia.
— Amor? — choraminga com a voz trêmula.
— Ei, linda, não fala nada, por favor, não se esforça, amor.
— Eu preciso te dizer uma coisa... — Engoliu em seco. — Uma última vez...
Crispei os olhos controlando a vontade de chorar, não podia nem pensar nisso, não podia
cogitar a hipótese de perder a minha mulher.
— Não, linda, você não vai dizer nada, está ouvindo? Você vai ficar bem.
— Eu te amo, Liam, você foi a única coisa boa que aconteceu em toda a minha vida —
fez uma pausa em busca de fôlego —, meu eterno anjo protetor, meu primeiro e último amor.
— Amor, isso não é uma despedida, vou te salvar e vamos ser felizes, eu vou te dar o
mundo, meu amor, vamos nos casar e nós vamos envelhecer bem juntinhos ao lado dos nossos
filhos e da nossa família.
Os olhos de Elis se reviravam, e ela se agarrava a mim a cada movimento feito pelo carro
que estava sendo dirigido em alta velocidade a caminho do hospital mais próximo.
— Eu te amo...
— Elis? — Seus olhos se fecharam lentamente. — Princesa, abre os olhos, por favor. —
Toquei seu rosto, mas ela não reagiu. — VAI MAIS RAPIDO, PORRA, MINHA MULHER
NÃO PODE MORRER — esbravejei para o motorista.
O choro que prendi por horas escapou de minha garganta juntamente com um grito alto
carregado de dor, não podia perder a mulher que eu amava, não posso viver sem Elizabeth. Eu
não sabia viver sem ela.

O caminho até o hospital pareceu durar uma eternidade e isso me matava pouco a pouco.
Assim que o carro freou bruscamente na emergência, eu saltei para fora aos berros chamando a
atenção dos enfermeiros para que viessem ao meu socorro.
Ergui Elis em meus braços e corri com ela em direção à entrada do pronto-socorro onde
ela rapidamente foi colocada na maca e os primeiros procedimentos foram realizados.
— Pulsação fraca, batimentos cardíacos debilitados — a enfermeira falava enquanto a
examinava e eu chorava cada vez mais. — Corte no braço e abdômen, aparentemente houve uma
perda de sangue considerável e...
— Ela vai ficar bem? Não vai? — perguntei desesperado.
— Faremos o possível para que sim, senhor, agora precisa deixar que cuidemos dela.
— Não posso deixá-la sozinha. — Agarrei a mão fria e pálida de Elizabeth com força.
— Sinto muito, senhor, mas precisamos levá-la.
Agachei-me diante da maca, me aproximei de seu rosto, deixando um beijo demorado em
sua pele, ansiando que tudo isso passasse o mais rápido possível.
— Fique comigo, amor, não me deixe, por favor.
Ela foi levada para dentro e eu permaneci estático aos prantos, com o medo latente em
meu ser, Elis eu preciso de você amor, não ouse me deixar. Meu celular tocou e não senti
vontade alguma de atender, porém ao ver o nome de Christopher no visor mudei rapidamente de
ideia.
— Alô, senhor, boas notícias, Thomas foi capturado ao tentar fugir em uma
embarcação ilegal, estamos com ele em nosso domínio e encontramos o pen drive que o Adam
tanto busca. O que faremos com ele agora, senhor?
— O entregue para as autoridades — foi tudo que consegui dizer. — Resolva tudo que
for necessário, Christopher, por favor.
— Como quiser, senhor, o manterei informado.
Assim que encerrei a chamada fui rapidamente à recepção do hospital para fazer o
preenchimento da ficha médica de Elis, encarei os olhares de julgamento recaindo em mim,
como se eu tivesse culpa de algo, mas os ignorei.
Soltei um suspiro pesaroso e cansado encostei-me contra a parede, escorregando
lentamente até cair no chão, estava exausto, destruído e frustrado, sentia medo de que a qualquer
momento alguém aparecesse aqui dando-me alguma má notícia.
— Chefe? — Era a voz de um dos seguranças que estava presente no resgate de Elis.
— Sim? — Ergui o rosto para encará-lo.
— Adam foi detido e levado ao hospital, aparentemente os ferimentos foram superficiais
e ele será mandado para o presídio assim que tiver alta.
— Como estão os rapazes?
— Alguns feridos, porém nada grave, por sorte conseguimos tirar todos do galpão antes
da explosão.
Assenti aliviado por ser uma coisa a menos para me preocupar, Adam estava vivo e
esperava que pagasse por todos os seus pecados ou eu mesmo faria questão de mandar sua alma
para o inferno.
Já fazia horas que eu estava sentado no chão desse hospital sem receber nenhuma notícia
do estado de Elis, me sentia inútil por não poder fazer nada e pior ainda me sentia culpado,
deveríamos ter voltado para Las Vegas assim que os pais de Elizabeth confirmaram que tudo não
passou de uma armação cruel. Onde o principal objetivo era o dinheiro.
Em meio ao tormento que estava passando precisei ligar para o meu amigo em Las Vegas
para desabafar e chorar, Alexandre me disse que embarcaria para Phoenix ainda hoje, mesmo eu
o tendo garantido que não seria necessário.
Nesse meio tempo também recebi um telefonema de Christopher que já havia levado
Thomas para a delegacia e pasmem, o desgraçado possuía inúmeras denúncias por alguns crimes
como: fraudes e sonegações de impostos.
Agora o que me restava era encontrar a vadia traidora da Alexia, e juro por Deus que se
eu a encontrasse não sabia o que seria capaz de fazer.
— Com licença. — Ouvi uma voz masculina chamando-me. — É o acompanhante da
paciente Elizabeth Evans?
Levantei-me rapidamente e quase caí com tudo no chão, o médico olhou para mim com
uma expressão neutra em seu rosto e isso me preocupou, pois não sabia o que viria a seguir.
— Como ela está? Ela está bem, não é? Elizabeth está acordada? — perguntei,
atropelando-me em minhas próprias palavras.
— Se acalme, senhor — pediu.
— Por favor, não minta para mim... Como ela está?
— O quadro da senhorita Evans é estável agora, ela foi submetida a uma cirurgia devido
ao corte na barriga que felizmente não foi profundo e nem perfurou nenhum órgão, porém...
— Porém?
— O corpo dela está fragilizado devido à alta perda de sangue, devemos esperar as
próximas quarenta e oito horas são cruciais em um pós-operatório, principalmente no caso dela.
Prendi a respiração e trinquei o maxilar com tanta força que o ouvi estalar, Elis ainda
corria risco de vida, esse pesadelo já era para ter tido um fim.
— Doutor, ela ainda corre algum risco? — Me arrependi da minha pergunta assim que
fechei a boca.
— Eu queria poder ter uma resposta para essa pergunta, entretanto, agora isso já não cabe
a mim e sim ao corpo dela, por isso a importância do monitoramento árduo nessas primeiras
horas. — Ele tocou meu ombro para me passar confiança. — Não perca a fé, senhor Blackwood.
— Não vou. Eu posso vê-la?
— Ela será transferida para o quarto daqui a pouco, pedirei para que venham avisá-lo.
— Tudo bem. — Ele acenou para mim e deu as costas indo na direção oposta.
Fiquei sozinho novamente com o mesmo buraco e angústia de antes.
Elis só precisa de tempo...
Elis só precisa de tempo...
Repeti incansavelmente a mim mesmo como uma oração e torcia para que Deus ouvisse o
meu apelo desesperado.

Anoiteceu e eu continuava no mesmo lugar, ainda não pude ver Elizabeth e eu quase
armei a maior confusão no hospital por conta disso, felizmente fui contido pelo meu amigo e sua
esposa que chegaram na hora exata, caso contrário eu estaria a caminho da delegacia agora.
— Aqui, Liam, beba isso.
— O que é isso Kiara? — Arqueei a sobrancelha. — Não está tentando me dopar, não é?
— Claro que não, é um chá de camomila — respondeu.
— Precisa se acalmar, Liam, você seria preso por desacato, acha que Elis ficará contente
com isso? — bradou Alexandre.
— Estou com medo, porra, eu... eu não sei o que vai ser de mim sem ela. — Soltei o ar
com força.
— Entendo a sua dor, Liam — Kiara me confortou. — Sabe que passei por algo parecido.
— Lançou um olhar para o meu amigo.
— Elizabeth é forte e sairá dessa. — Fui abraçado por Alexandre e desabei em lágrimas
mais uma vez.
— Senhor Blackwood? — Olhei para a enfermeira parada à minha frente. — A senhorita
Evans já foi transferida para o quarto, já pode vê-la.
— Porra, eu... eu estou indo agora mesmo.
— Vá, amigo, estaremos aqui esperando notícias.
Deixei meus amigos na sala de espera e segui a enfermeira até o quarto onde Elis estava,
antes de entrar vesti-me adequadamente e fiz uma breve higiene nas mãos. Ao entrar deparei-me
com uma Elizabeth pálida com o corpo coberto por fios que bipavam a cada segundo, além de
alguns acessos venosos em seus braços, havia um grande curativo em seu braço esquerdo, ainda
assim seu rosto permanecia tão sereno e tão delicado como sempre foi.
Encostei ao seu lado e segurei sua mão macia estranhando a baixa temperatura, sentindo
falta do calor do seu corpo.
— Oi, princesa, eu falhei com você, deveria ter protegido você da forma certa, espero que
me perdoe por isso, amor — fiz uma breve pausa apenas para respirar —, eu te prometo, amor,
que você será muito feliz, vou passar todos os meus dias provando a você o quanto eu te amo, e
vou jurar amor eterno a você na igreja diante de Deus, olhando nos seus olhos. Fica comigo, Elis,
lute e viva, meu amor. Eu preciso de você.
Queria que a vida real funcionasse da mesma forma que os contos de fadas, onde o
príncipe beija a princesa adormecida, ela desperta e eles vivem felizes para sempre, pena que as
coisas não são dessa forma.
Continuei ao lado dela por horas, até ser praticamente arrancado do quarto a mando do
meu amigo, que insistiu para que eu fosse para casa tomar um banho e trocar de roupas e mesmo
contra a minha vontade eu fui.

Cinco dias.
Cinco malditos dias se passaram e Elis continuava na mesma, os médicos tiraram a
sedação após as primeiras vinte e quatro horas, me garantindo que logo ela iria reagir, porém o
tempo continuava passando e ela permanecia do mesmo jeito.
Eu estava há dias sem comer ou beber, nada disso me importava no momento isso era
totalmente irrelevante. Para piorar a situação, Alexia não foi localizada e eu me sentia cada vez
mais irritado em relação a isso. Pelo menos Julia e Malcom já foram convidados a depor e o
processo contra eles já foi iniciado.
— Precisa comer, Liam — insistiu Kiara.
— Não consigo, nada desce, Kiara, até mesmo o ar que eu respiro me dói por dentro, já
faz cinco dias e nada, ela continua na mesma.
— Ela vai ficar boa, os médicos disseram que agora precisamos esperar o tempo dela.
— Eu tenho ouvido isso desde o dia em que a trouxe para cá...
— Não perca as esperanças, agora coma um pouco, precisa se manter de pé por ela.
No fim acabei tomando um pouco da sopa e comi alguns pãezinhos, me apegando nas
palavras ditas por Kiara; eu preciso me manter firme por ela.
Que sensação esquisita.
Como explicar a estranha sensação de estar completamente fora do ar? Era como se meu
corpo e minha alma não pertencessem à mesma matéria, e por mais que eu tentasse me conectar
ao meu corpo, eu simplesmente não conseguia.
Tudo que eu conseguia era sentir o toque de Liam seguido por suas súplicas, eu queria
voltar para ele, eu queria voltar, mas não conseguia fazer isso.
— Está na hora de voltar, minha borboletinha... — Ouvi uma voz doce em meio à
penumbra. Era a voz da minha avó, porém eu não conseguia vê-la.
Meus olhos se abriram e tudo que vi foi um teto branco desconhecido por mim, minha
cabeça parecia confusa e meu corpo parecia ter sido destroçado, pois sentia-me um caco.
Varri o local em que estava e o choque veio ao notar que estava em uma cama hospitalar
cheia de curativos e fios, mas não foi isso que me chamou atenção e sim o homem que dormia
encolhido na minúscula poltrona do quarto.
Liam estava aqui! Não era um sonho, ele nunca me deixou.
— Li... Liam — balbuciei seu nome com dificuldade. — Liam...
Fiz um pouco mais de força e consegui elevar meu tom de voz e felizmente chamei sua
atenção, Liam arregalou os olhos como se não acreditasse no que seus olhos viam e rapidamente
se levantou vindo em minha direção.
— Amor, você está acordada, porra você voltou pra mim! — exclamou eufórico,
agarrando minha mão com força.
— Você me prometeu uma velhice feliz, lembra? Eu preciso que cumpra sua promessa,
senhor Blackwood.
— Eu te amo, amor, e eu prometo cumprir com a minha promessa. — De repente Liam
se debruçou sobre mim com cuidado e começou a chorar, um choro sôfrego e alto. — Me perdoa
por não ter protegido você da forma certa, me perdoa, amor.
— Você não teve culpa de nada, amor, eu quem fui a idiota dessa história toda, não vi os
sinais e me deixei levar...
— Não fala isso, princesa, nada foi culpa sua. — Ele beijou minha testa e acariciou meu
rosto.
Pedi para Liam trazer um copo com água para mim, pois sentia uma dor absurda em
minha garganta devido aos dias que fiquei apagada, nesse meio tempo um médico e uma
enfermeira vieram até o quarto para me examinarem e checarem meus sinais vitais.
Com tudo ok, eles se retiraram do quarto nos deixando a sós novamente, tinha muitas
perguntas e precisava de respostas.
— As coisas parecem um borrão em minha mente. Como se tudo que passei não tivesse
passado apenas de um pesadelo.
— Foi horrível, amor, eu senti tanto medo de perder você, e a cada noite que você
permanecia aqui desacordada eu me sentia ainda mais perdido. Porém, nunca perdi as minhas
esperanças, eu sabia que você voltaria para mim.
— Eu te amo tanto, tudo que eu mais quero agora é esquecer essa história e voltar para
Las Vegas com você.
— Eu te amo muito mais, princesa, logo estaremos juntos e longe daqui para sempre.
— Amor, e a Alexia o que aconteceu com ela?
— Não conseguimos localizá-la, os pais dela já foram avisados sobre o ocorrido e eles
também não sabem nada sobre ela.
— Ainda não acredito que ela teve coragem de me entregar para a morte, e tudo isso por
dinheiro — lamentei.
— Ela conseguiu enganar a nós dois, amor, infelizmente. — Emitiu um suspiro longo. —
Mas vamos esquecer disso, pensaremos apenas na sua recuperação e no nosso futuro, o resto não
tem importância.
Liam estava certo, nada disso importava mais. Agora era a hora de deixar meu passado e
todas as minhas dores para trás, era o momento de viver o novo, a minha nova vida ao lado do
meu verdadeiro amor.

Alguns dias se passaram e eu finalmente ganharia minha sonhada alta, precisei


permanecer internada por conta dos meus ferimentos, que felizmente estavam com uma boa
cicatrização. Durante os dias que fiquei aqui recebi a visita de Kiara, Alexandre e até mesmo
Leona que tive o prazer de conhecer.
Liam me contou que Thomas havia sido preso assim como Adam e que ambos já haviam
sido transferidos para a penitenciária, ambos seriam julgados o quanto antes e segundo o nosso
advogado, suas penas seriam severas, isso me confortava, mesmo sabendo que jamais seria o
suficiente para reparar a dor em meu peito e em meu físico.
Alexia seguia desaparecida e até seus pais vieram me visitar no hospital para me pedirem
perdão pela atrocidade cometida pela filha e é lógico que eu os perdoei. Julia e Malcom também
não se safaram de suas tramoias, por ironia do destino o falso juiz de paz contratado por eles para
realizar o meu casamento com Tyler, acabou sendo preso e confessou ter participado do plano
maquiavélico dos meus pais.
Tudo agora estava finalmente entrando nos eixos.
— Bom dia, minha princesa. — Liam adentrou o quarto, trazendo consigo um buquê
belíssimo, ele estava com uma aparência impecável, digno de um príncipe.
— Bom dia, querido, nossa você está lindo, alguma ocasião especial?
— Claro, hoje você deixa esse lugar, além disso, eu precisava estar vestido a caráter para
fazer uma coisa. — Sua expressão era de puro mistério, o que me deixou curiosa.
— Fazer o que exatamente?
Liam caminhou até mim e passou o buquê para as minhas mãos, mal tive tempo de
admirar a beleza das flores, pois ele se ajoelhou diante de mim, retirando uma caixinha de veludo
do bolso do paletó.
— Eu nunca me imaginei fazendo isso e devo admitir que estou nervoso pra caralho —
soltou uma risada nervosa —, Elizabeth, você sempre esteve em minha vida desempenhando um
papel importante e mesmo estando longe de você por anos eu nunca esqueci da sua voz, do seu
sorriso, e do seu cheiro que ficou cravado em mim por anos. E eu tive a chance de tê-la em
minha vida novamente, e mesmo prometendo a mim mesmo que seríamos apenas bons amigos,
eu não pude evitar o desejo e o sentimento inexplicável que crescia em meu peito dia após dia.
Eu te amo, Elis e quero passar o resto da minha vida ao seu lado, me daria o privilégio de ser a
minha mulher, minha esposa e a minha melhor amiga para o resto da vida?
— Liam! — exclamei em choque.
— Casa comigo, me deixe fazer de você a mulher mais feliz do mundo.
— Sim! Meu Deus, mil vezes sim.
Liam abriu um largo sorriso para mim, retirou o anel da caixinha e o colocou em meu
dedo com cuidado, em seguida se levantou e capturou meus lábios em um beijo lento e
apaixonado.
— Eu te amo, e vou te amar até o fim da minha vida, Senhora Blackwood.
— Eu te amo, Senhor Blackwood, e te amarei eternamente.
Liam e eu éramos duas almas que foram destinadas a se unir.
Sempre foi o Liam e sempre seria o Liam.
Um mês se passou desde todo inferno que Elizabeth e eu vivemos, aqueles dias foram os
mais difíceis de toda a minha vida, porém como dizem por aí: após a tempestade sempre vem a
calmaria e graças a Deus, estava vivendo agora a melhor fase da minha vida ao lado de
Elizabeth.
Voltamos para Las Vegas dois dias após sua alta do hospital e já começamos com os
preparativos do nosso casamento que aconteceria dentro de alguns meses, Elis confidenciou a
mim o seu desejo de se casar à beira-mar e eu estava disposto a realizar o seu sonho, felizmente
Alexandre, meu amigo e o nosso padrinho, me cedeu sua casa na praia em Miami Beach onde
iríamos realizar a nossa cerimônia, queria fazer desse casamento algo inesquecível para
Elizabeth.
Era fim de noite e após um longo e exaustivo dia de trabalho aqui estava eu no meu lugar
favorito do mundo, nos braços de Elizabeth.
— Então, amor, o que acha de procuramos uma casa maior para nós? — perguntei
enquanto acariciava seus cabelos.
— Uma casa maior? Amor, seu apartamento é gigantesco, acho que não tem a
necessidade de nos mudarmos para uma casa grande.
— Eu sei, amor, mas estou pensando no futuro. Acho que viver em um apartamento a
vida toda é confinante demais.
Elis se virou para mim e me encarou com seus grandes olhos dourados brilhantes, seu
sorriso largo aqueceu meu peito.
— Sempre gostei da ideia de uma boa casa com jardim e piscina...
— Pois logo, logo, você terá a sua casa dos sonhos, meu amor. — Beijei o topo de sua
cabeça. — Agora vamos dormir, já está tarde e sei que está cansada.
Ela se aninhou ao meu peito e adormeceu minutos depois, enquanto eu permaneci
encarando suas feições delicadas. Eu amava essa mulher e era um filho da puta de sorte por ter o
seu amor.
Na manhã seguinte acordei bem cedo e segui minha rotina de sempre, levantei-me, passei
alguns minutos admirando Elizabeth, em seguida desci para preparar o nosso café da manhã, fiz
tudo que Elizabeth gostava de comer e arrumei na bandeja juntamente com suas vitaminas que
foram receitadas após o seu acidente para repor os nutrientes perdidos.
Todos os dias fazia questão de pedir que uma rosa ou uma tulipa fossem entregues em
meu apartamento, tudo isso para presentear a minha mulher, ver Elizabeth sorrindo era sem
sombra de dúvidas o meu combustível diário.
Ajeitei tudo em seu devido lugar e parti em direção ao quarto, ao entrar vi que Elis já
estava acordada com os cabelos desgrenhados e mesmo assim ela não deixava de ser linda.
— Bom dia, flor do dia, hora do café da manhã.
Fui até a cama, coloquei a bandeja em cima do lençol branco e puxei Elizabeth com
cuidado para beijá-la.
— Bom dia, amor, já te falei que vou ficar mal-acostumada com você me tratando dessa
forma — ralhou.
— E daí? Eu não ligo. — Dei de ombros. — Estou aqui para satisfazer todas as suas
vontades, minha linda.
— Você é um fofo, sabia? — Sorri para ela e deixei mais um beijinho em seus lábios.
Começamos a tomar nosso café enquanto falávamos sobre nosso casamento, não
pretendíamos fazer uma lua de mel até que tudo relacionado a Julia e Malcom fossem resolvidos,
ambos não foram presos ainda, mas tiveram seus bens retidos e ao que tudo indicava eles
também falsificaram o testamento da falecida avó de Elis.
Com tudo devidamente esclarecido e comprovado, toda a fortuna dos Evans passaria a ser
somente de Elizabeth, assim como a empresa de publicidade que estava quase na falência devido
à má administração e desvio de verbas.
Estávamos imersos em meio à nossa conversa até que meu celular começou a tocar, me
surpreendi quando vi o nome de Christopher no visor, não tínhamos contato desde o resgate de
Elizabeth.
— Alô? — atendi com certo receio.
— Alô, senhor Blackwood?
— Christopher, que surpresa, a que devo a honra de sua ligação?
— Senhor, tenho novas informações sobre o paradeiro do seu pai biológico.
Senti um frio na espinha, fazia tantos anos que eu havia deixado isso de lado, me vi em
um dilema, eu poderia desligar aquela chamada e nunca saber o que ele tinha a me dizer, ou
poderia ouvi-lo e seguir essa pista uma última vez.
— Senhor? Está na linha?
— Ah, sim, estou. Pode dizer, Christopher.
— Bom, as últimas pistas confiáveis que tive indicaram que seu pai vive na Grécia.
— Grécia? — perguntei confuso.
— Sim, aparentemente seu pai se casou alguns anos depois da morte de sua mãe. —
Como ele teve coragem? Pensei comigo mesmo. — A mulher com quem ele se casou estava
adoentada e não tinha muitos anos de vida. Então ela ofereceu ao seu pai um tipo de acordo,
onde ele se beneficiaria quando ela partisse. Infelizmente, não tenho muitos detalhes sobre isso,
porém o mais importante é que ele está vivo.
— Então? Conte tudo.
— Ele está bem, é viúvo e hoje em dia comanda de forma remota os negócios que antes
foram de sua falecida esposa e que agora lhe pertence.
— E qual nome dele? Nunca tive essa informação antes.
— Denis Katsaros.
— Denis... — O nome do homem que me abandonou.
— Enviarei um e-mail com todas as informações necessárias, incluindo o endereço dele
em Santorini.
— Certo, obrigado, Christopher.
Encerrei a chamada e me ajeitei na cama incrédulo, Elizabeth me encarava preocupada e
curiosa.
— Amor, o que aconteceu? — inquiriu.
— Meu pai... — murmurei. — Christopher achou o meu pai.
— Minha nossa! — exclamou. — E o que você pretende fazer?
— Sinceramente, amor, não sei. Uma parte de mim quer ir até ele e tentar saber um
pouco da minha história e a outra parte... — soltei um suspiro longo — a outra parte se sente
perdida.
— Querido — pegou minhas mãos e as uniu contra as suas —, independente da sua
decisão, eu estou aqui com você e vou apoiá-lo acima de tudo.
— Obrigado, amor. Quer saber? Acho que vou procurá-lo — disse determinado.
— Tem certeza?
— Sim, vou pôr um fim a isso, preencher as lacunas vazias da minha vida, saber um
pouco sobre a minha mãe e depois eu finjo que nada aconteceu.
— Sendo assim, então tudo bem. — Minha mulher me deu um abraço apertado seguido
de um beijo demorado.
Era hora de voltar ao passado e descobrir quem eu realmente era.
Alguns dias se passaram e nossa viagem para Grécia com destino a cidade de Santorini
chegou, eu estava uma pilha de nervos e não sabia como iria agir quando chegasse a hora de ficar
frente a frente com homem que me deixou sozinho.
Elizabeth sabia o quão tenso eu estava e fazia de tudo para me distrair, contando algumas
piadas ou falando qualquer coisa que me fizesse pensar em algo além dessa viagem.
Desembarcamos em Santorini no início da manhã, o clima fresco e ensolarado se casava
perfeitamente com a beleza do lugar. Peguei o papel em meu bolso, lendo atentamente o
endereço passado por Christopher pela milésima vez desde que entrei no avião.
— Não se preocupe, amor, tudo vai ficar bem. — Elizabeth apertou a minha mão e me
guiou até o carro que estava à nossa espera.
O endereço dado pelo investigador dava até o centro da cidade em uma parte mais nobre
de Santorini, segundo informações do motorista que estava nos acompanhando, aproveitei para
perguntar se ele saberia me dizer alguma coisa sobre o tal Denis Katsaros, porém não obtive
sucesso.
Fizemos um trajeto que durou cerca de meia hora até chegarmos à casa rústica com uma
fachada branca e longas portas azuis. É aqui! Porra, estou a um passo de conhecer o meu pai.
— Chegou a hora. — Engoli em seco antes de abrir a porta do carro.
— Se acalme, Liam, por favor.
— Tudo bem, eu consigo.
Descemos os dois do carro e rumamos até a frente da casa, toquei a campainha com as
mãos trêmulas e me sentia à beira de um colapso. Após acionar a campainha três vezes seguidas
estava quase desistindo dessa ideia maluca quando vi a porta sendo aberta.
Prendi a respiração imaginando que daria de cara com meu pai, mas não foi bem isso que
aconteceu.
— Olá, posso ajudar? — Uma moça nos recepcionou, pela sua fisionomia eu diria que ela
tinha no máximo vinte e quatro anos ou até menos.
— É... Bem... é — comecei a gaguejar e ela me encarou confusa, até Elis tomar a frente
da situação.
— Olá, me chamo Elizabeth e esse é o meu noivo, Liam, nós estamos à procura de Denis
Katsaros. Você o conhece?
— Quem são vocês? O que querem com o meu pai? — Porra, essa garota é minha irmã?
Não quero acreditar que ele teve outro filho e me largou como um cãozinho sem dono.
— Pai? — perguntei com a voz falha. — Você é filha do Denis?
— Eu sou sim — respondeu desconfiada. — Podem me dizer o que querem por favor? —
disse educadamente.
— Eu vim atrás do Denis, porque ele é o meu pai — falei de uma vez.
— Oh — a garota arregalou os olhos surpresa e levou as mãos à boca —, entrem... Por
favor.
Ela nos deu passagem para dentro da casa e não deixei de reparar no lugar que apesar de
simples era aconchegante e elegante, seguimos a garota até os fundos da casa onde havia uma
área com piscina, ela nos levou até uma mesa de rústica de madeira antiga com bancos do
mesmo material e lá nós nos acomodamos.
— Me desculpem pela minha reação repentina, eu só não imaginava que você fosse
aparecer depois de tantos anos. — Suas palavras me chocaram, será que Denis procurou por
mim? — A propósito, meu nome é Zoe, muito prazer em conhecê-los.
— O prazer é meu, Zoe — Elizabeth e ela trocaram um breve aperto de mão.
— O que quer dizer com aparecer depois de tantos anos? — perguntei atordoado.
— Denis, nosso pai, ele procurou por você durante anos, depois que a minha mãe se foi,
ela deixou toda fortuna para mim e para o papai, e ele usou a grade parte dele para procurar por
você, mas nunca conseguiu encontrá-lo, até que um dia alguém ligou para ele dizendo que você
estava morto e ele já havia lutado tanto para encontrá-lo que acabou acreditando.
— Sua mãe sabia sobre mim?
— Sim, ela sabia. Meus pais se respeitavam muito, eles eram amigos, mamãe não tinha
ninguém no mundo e nem o seu pai, então eles decidiram se casar só para que a minha mãe
vivesse essa experiência antes de partir. — Abriu um sorriso fraco. — Papai fez a minha mãe
feliz até seu último dia de vida.
— Quantos anos você tinha quando ela...
— Quinze anos, bom quando ela e papai se casaram os médicos deram a ela apenas dois
anos de vida, mas esses dois anos se transformara em cinco, dez, até que o tumor se espalhou e
tornou-se agressivo a ponto de não termos mais o que fazer a não ser nos preparar para a sua
partida.
— Sinto muito, Zoe.
— Bom — começou a secar as lágrimas com o dorso da mão —, papai não demora a
chegar, ele precisou resolver alguns assuntos.
— Podemos esperar aqui?
— Claro, claro — respondeu apressada. — Me fala um pouco sobre você, o que você faz
da vida?
— Eu fui adotado alguns anos depois por um ricaço chamado Raul, ele foi a minha
família, me protegeu, me amou, até o dia que ele se foi e então eu me vi sozinho novamente. De
resto eu estudei, me formei e agora sou CEO de uma rede hoteleira, agora levo uma boa vida ao
lado da minha noiva. — Apertei a mão de Elis.
— Fico feliz que esteja feliz...
Eu ia abrir a boca para lhe fazer uma pergunta, mas me calei ao ver um homem alto de
cabelos grisalhos surgir na nossa frente, será que ele é o meu pai?
Parei de respirar por alguns segundos e comecei a observar seu rosto em busca de
semelhanças físicas entre nós e achei logo de cara.
Porra, é ele.
— Zoe querida, não me disse que teria visitas. — Ele caminhou até nós com um largo
sorriso no rosto, parou ao lado de Zoe e deixou um beijo no topo de sua cabeça.
— Pai — Zoe chamou sua atenção. — Quero apresentar uma pessoa que você vai adorar
conhecer... — Ela se levantou e veio até mim, eu me coloquei de pé e me deixei ser conduzido
por ela.
Ficamos frente a frente, e ele parecia não entender muito a situação ao seu redor e percebi
seu olhar de curiosidade em mim.
— Pai, esse homem que veio de tão longe nos ver... Ele é o Liam, o meu irmão, papai, o
seu filho.
O mundo parou de girar na hora em que as palavras ditas por Zoe atingiram Denis, ele
arregalou os olhos sem saber como agir, piscando atordoado enquanto sua boca abria e fechava
murmurando coisas desconexas.
— Não pode ser... Liam, meu filho, Liam.
— Oi, Denis, finalmente nos conhecemos. — Reprimi a vontade que tinha de puxá-lo
para um abraço, já que metade de mim sentia uma mágoa por ter sido abandonado.
— Filho! — exclamou e me puxou de surpresa para seus braços, seu abraço forte
derrubou todas as muralhas emocionais que eu construí, não consegui conter-me e retribuí o
gesto.
— Acho que precisamos conversar, Denis.
— Claro, vamos nos sentar. — Sua voz saiu estrangulada e embargada.
Desfazemos nosso abraço e nos sentamos, apresentei Elizabeth para ele, que sorriu
genuinamente para ela.
— Agora que já fizemos as apresentações uns dos outros, diga-me, Denis, por que me
abandonou? — fui direto ao ponto.
— Certo, bom primeiramente saiba, Liam, que eu nunca tive a intenção de abandonar
você. Mas eu não tive outra escolha.
— Como assim?
— Eu e a sua mãe levávamos uma vida simples, mas ainda assim feliz, eu tinha um
trabalho que me pagava o básico e a sua mãe precisou abandonar o emprego assim que
completou seis meses de gestação. Celina teve um descolamento de placenta e a gravidez dela foi
considerada de risco. Eu comecei a trabalhar mais para conseguir driblar as contas e as despesas
hospitalares da Celina. E quando nós descobrimos que você seria um menino, sentimos uma
alegria inexplicável.
Eu não queria chorar.
Não iria chorar.
Mas porra não consegui evitar.
— Celina escolheu chamá-lo de Liam, e nós não víamos a hora de você nascer. Mas aí
tudo mudou — disse pesaroso.
— O que aconteceu?
— Sua mãe começou a ter muitos sangramentos e dores na reta final da gestação, e
consequentemente eu faltava ao trabalho para acompanhá-la ao hospital. No dia que você nasceu
eu fui mandado embora e fiquei sem chão. Como eu chegaria em casa e daria essa notícia pra
Celina? Ainda mais em um momento de tamanha fragilidade — Denis não se importava com as
lágrimas que escorriam em seu rosto e a essa altura do campeonato eu também não me
importava. — O destino foi tão cruel conosco, sua mãe passou mal e eu a levei novamente para o
hospital, você nasceu lindo, forte e saudável, mas eu sentia que algo iria acontecer — fez uma
pausa —, Celina teve um pico de pressão alta, ela pressentiu que seu fim estava próximo, e suas
últimas palavras dela foram cuide do nosso filho, depois ela teve uma eclampsia e eu assisti tudo
aquilo sem poder salvar a minha mulher, eu fiquei desesperado e quando a notícia da morte da
Celina foi confirmada eu morri por dentro, então quando você teve alta, eu te levei para o
primeiro orfanato que encontrei e te entreguei nas mãos de uma freira, você era tão pequeno e tão
indefeso eu não saberia cuidar de você, nem te dar uma boa vida e boa educação, então decidi te
dar uma chance de ter tudo isso. Eu pedi para que não mudassem o seu nome, Celina escolheu
esse nome com tanto amor, e eu deixei com você a corrente que eu dei a Celina quando nos
conhecemos, ela usava como um amuleto da sorte.
Toquei meu pescoço e puxei a corrente para fora, Denis começou a chorar ainda mais alto
e sua dor me atingiu em cheio também.
— É o colar dela... — murmurou. — Você ainda o tem.
— Eu nunca o tiro, é o meu amuleto querendo ou não. — Dei um riso fraco.
— Me perdoe, filho, me perdoe, por favor, me perdoe. Eu fui fraco e covarde e não
cumpri com o que prometi a Celina, eu abandonei você, eu entendo se você me odiar para o resto
da vida, mas tenha em mente que eu sempre amei você.
— Você buscou por mim, Zoe me contou.
— Sim, eu fui atrás de você anos depois. Alguns meses após o seu nascimento eu fui
despejado e passei a frequentar os abrigos da cidade em busca de comida e trabalho e foi lá que
eu conheci a Layla, mãe da Zoe. Nós nos tornamos bons amigos, até que Layla confidenciou a
mim sobre seu problema de saúde e sobre o desejo de se casar e ser mãe. Eu me sensibilizei com
a história da Layla e bem o resto acredito que Zoe já tenha lhe contado.
— Sim, por alto.
— Layla sempre soube sobre você e me ajudou a procurar por você, eu voltei ao orfanato
em que te deixei, mas as madres diziam que não sabiam sobre você, eu busquei por anos por
você, filho, até receber a informação de que você estava... Morto. Foi quando eu decidi parar de
procurar e aceitar que você e Celina me odiaria para toda a eternidade.
— Denis... Eu perdoo você. Não o julgo pelo que fez, você estava perdido e sozinho.
Acho que podemos recomeçar do zero.
— Está falando sério, meu filho? Irá me dar o seu perdão?
— Sim, Denis, tem o meu perdão.
Eu poderia não o perdoar e sair porta afora sentindo-me culpado por isso, mas não havia
a menor chance de ir embora daqui sem dar a Denis o seu perdão, principalmente agora que sabia
toda a minha história.
Em momento algum eu vi mentira em seu olhar, só o que eu vi era dor e tristeza pura e
crua.
— Obrigado, filho. — Fui abraçado por ele novamente, nos deixando guiar pelas nossas
próprias lágrimas. — Agora que estão aqui, por favor almocem conosco, sei que não tenho o
direito de pedir nada, mas Zoe e eu ficaremos felizes com a companhia de vocês.
— Sim! — exclamou Zoe. — Por favor, fiquem.
— Ficaremos sim — confirmei.
Olhei de soslaio para Elizabeth que sorria de uma orelha a outra, seu olhar meigo passava
para mim a seguinte mensagem "estou orgulhosa de você".
O perdão que concedi ao meu pai serviu como um tipo de libertação para o meu ser, me
senti livre e em paz comigo mesmo.
Era hora de virar mais uma página da vida e recomeçar uma nova era, ao lado da minha
mulher e da minha família.
Santorini, Grécia
Algumas semanas depois.

Liam e eu ainda estávamos em Santorini como se estivéssemos vivendo nossa lua de mel
antecipada, eu particularmente estava adorando o lugar, o clima, as pessoas e a boa comida
servida aqui, embora não tenha conseguido comer absolutamente nada desde a última semana.
Fora isso, nossa estadia aqui estava sendo melhor do que imaginávamos, Denis e Liam
estavam se acertando e descobrindo coisas em comum, eu ficava mais do que feliz ao ver meu
noivo firmando laços com o pai biológico.
De início, Liam se sentiu confuso e temia que isso interferisse de alguma maneira no seu
amor pelo seu falecido pai adotivo, porém eu o tranquilizei e aos poucos ele foi conseguindo
lidar com tudo que sentia.
Além de Denis, meu noivo estava cada vez mais próximo da irmã caçula, os dois também
possuíam gostos em comum, como a paixão por Bon Jovi e apreço por números. Por falar em
Zoe, ela vinha se tornando uma grande amiga a cada dia que passávamos juntas, ela era uma
garota tímida, mas ainda assim engraçada e super alegre.
Hoje era sábado enquanto Denis e Liam saíram para jogar golfe em uma espécie de
programa entre pai e filho, Zoe e eu decidimos vir ao centro da cidade, queria levar alguns
presentes para os gêmeos Ella e Ettore e para os nossos amigos e padrinhos de casamento
Alexandre e Kiara.
— Qual você acha mais bonito, Zoe? — Estendi dois vestidos infantis em sua direção,
seus olhos se mantiveram fixos as peças, mas logo sua atenção se desviou de mim olhando para
alguma coisa no lado exterior da loja. — Zoe? — a chamei e ela continuou distraída.
Virei-me em busca de descobrir o que lhe chamava tanto a atenção e não demorei muito a
encontrar. Os olhos de Zoe estavam vidrados no homem bem corpulento ao lado de fora da loja
que conversava ao telefone.
— Hum, acabo de achar sua distração, Zoe — provoquei-a até que ela caiu na real.
— Ah, o quê? — Se fez de desentendida.
— Que é ele?
— Ele quem?
— O cara lá fora que você não para de admirar, não precisa mentir ou sentir vergonha,
Zoe, não estou aqui para julgá-la.
— Tudo bem, aquele é Hércules Galanis — disse em meio a um suspiro. —
Simplesmente o homem mais cobiçado de Santorini.
— Mais cobiçado?
— Bom, Hércules é dono de metade de Santorini, a família dele é extremamente influente
em toda a Grécia. Além disso, ele é conhecido pela sua gentileza e benevolência com os mais
necessitados.
— Uau, um bom partido.
— Pena que ele me odeia agora.
— Odeia? O que aconteceu? — perguntei curiosa. — Claro, se você quiser contar.
— Acontece que Hércules e eu éramos noivos — arregalei os olhos surpresa com sua
confissão —, estávamos felizes e vivendo a melhor fase do nosso relacionamento, até que um
mal-entendido e uma mentira destruíram tudo que tínhamos construído. Hércules acredita
fielmente que eu o traí, e nada no mundo o faz mudar de ideia.
— O quê? — questionei incrédula. — Como assim, Zoe?
— É uma longa história, e acredite não é uma história nada bonita de ser ouvida, tudo que
eu queria era poder provar a ele que sou inocente e que eu fui a verdadeira vítima de toda essa
história.
— Meu Deus, Zoe, eu sinto muito por isso.
— Tudo bem, quer dizer ainda dói, entende? Principalmente porque ele não me deixou
contar tudo que aconteceu na noite em que ele me deixou sozinha e no momento em que eu mais
precisava do seu apoio.
— Ainda sente algo por ele? — perguntei, e ela acenou confirmando.
— Sinto, infelizmente, Hércules foi o meu primeiro grande amor, será difícil de
massacrar esse sentimento do meu peito, já se passaram dois anos e ainda me sinto vazia por
dentro, como se uma parte minha me faltasse.
— Sinto muito, Zoe, espero que um dia ele se arrependa e reconheça o que fez a você.
— Águas passadas. — Deu de ombros.
O tal Hércules então voltou sua atenção para dentro da loja, seu olhar se cruzou com o de
Zoe, ele a olhou com certo desprezo antes de sumir de nosso campo de visão.
Zoe chacoalhou a cabeça e voltou a se concentrar na peça, não sabia o porquê, mas algo
me dizia que havia muito mais nessa história do que o que me foi contado. Porém, não a
pressionei.
Saímos da loja e fomos até um restaurante próximo dali para almoçarmos, fizemos nossos
pedidos dos pratos principais e desfrutamos de um almoço divino, na hora da sobremesa comecei
a sentir meu estômago embrulhar só de ver aquele sorvete na minha frente.
— Você está bem? — perguntou minha cunhada.
— Só um enjoo, acho que esse sorvete está estragado. — Fiz uma careta de nojo.
Zoe experimentou a sua sobremesa e a saboreou lentamente em busca de algo que
pudesse estar incorreto.
— O sorvete não está estragado, Elis, você está realmente bem? É a quinta vez essa
semana que você reclama desse enjoo.
— Verdade. — Comecei a buscar na minha memória quando foi a última vez em que eu
tomei a pílula anticoncepcional e pelas minhas contas eu já deveria ter menstruado. — Meu
Deus, Zoe, será que eu estou...
— Grávida? É uma possibilidade, ou pode ser apenas uma coincidência.
— Não tem como ser coincidência, Zoe.
Meu Deus, um bebê. Isso não estava em meus planos pelo menos não por agora, Liam e
eu nunca falamos a respeito de termos filhos e uma possível gravidez pode ser o divisor de águas
em nossa relação.
— Tem uma farmácia aqui perto, podemos ir até lá e você faz o teste imediatamente.
— Tudo bem, vamos.
Chamei o garçom para pagarmos a conta e seguimos até o final da rua onde a farmácia
estava localizada, peguei três testes de diferentes marcas e tipos e fui até o banheiro para realizá-
los. Li pacientemente as instruções, sentindo um misto de nervosismo e medo.
Fechei os olhos e respirei fundo assim que coletei a amostra de urina, coloquei os três
testes comprados dentro da amostra e esperei o resultado enquanto Zoe me aguardava do lado de
fora do banheiro.
Tentei manter a calma e busquei acreditar nas palavras de Zoe de que tudo poderia ser
apenas uma coincidência, entretanto, a verdade logo apareceu: dois tracinhos azuis.
Positivo, eu estou grávida!
— Grávida! Estou grávida — gritei.
— Elis? — Zoe me chamou do lado de fora.
Abri a porta e assim que ela entrou seus olhos bateram nos testes positivos sobre a pia,
ela me olhou em choque, mas em seguida abriu um largo sorriso.
— Estou grávida, Zoe — repeti desacreditada.
— Vou ser titia — comemorou animada.
Estava feliz mesmo com medo, me sentia feliz, pois nesse momento uma vida vinha
sendo gerada dentro de mim. Olhei-me no espelho do banheiro e alisei minha barriga ainda sem
crer que em breve eu e Liam teríamos um bebê.
— Oi, bebê, você me deu um susto, hein? Saiba que eu já o amo muito e seu pai também
vai amar você.
Sabia que a notícia pegaria Liam de surpresa, contudo, sabia que ele ficaria feliz, bom era
o que eu esperava.
— Vamos para casa, eu preciso contar para o Liam o quanto antes — falei desnorteada e
apressada.
Recolhi os testes, os enrolei em um pedaço de papel higiênico e os coloquei dentro da
bolsa, aproveitei que estava em uma farmácia e fui em busca de algo que me auxiliasse a dar a
notícia para Liam, optei por comprar uma chupeta branca sem muitos detalhes.

Em casa esperava pacientemente por Liam que estava na adega com o pai, Zoe foi para
seu quarto descansar e eu fiquei sozinha pensando nas mil formas de dar a notícia ao meu noivo.
Tomei um banho gelado para esfriar a cabeça, vesti o primeiro pijama que encontrei na
mala e me sentei na ponta da cama com a chupeta em mãos. O sorriso em meus lábios foi
involuntário ao pensar no bebê.
Ouvi a maçaneta da porta sendo girada em seguida a porta foi aberta e Liam adentrou o
quarto sorrindo alegremente, escondi a chupeta rapidamente ao vê-lo se aproximando de mim.
— Oi, princesa. — Beijou minha boca. — Como foi seu dia?
— Muito bom e o seu, querido? — Tentei manter a naturalidade.
— Incrível, eu não sabia que teria tantas coisas em comum com o meu pai, ainda é
estranho aceitar que ele é meu pai, mas estou me acostumando. — Deu um sorrisinho nervoso.
— Fico feliz, amor.
— Que carinha é essa? Parece apreensiva. — Me analisou minuciosamente.
— Impressão sua, amor.
— Tem certeza? — insistiu e eu quase contei a novidade, porém me contive.
— Sim.
— Vou tomar um banho, volto já.
Ele seguiu para o banheiro, deixando-me sozinha novamente, peguei a chupeta que eu
havia escondido e voltei a admirá-la, permaneci assim por um bom tempo, imersa em meus
próprios pensamentos.
Minha cabeça criou mil cenários imaginários ao lado do meu filho e do meu noivo.
— Por que está com uma chupeta nas mãos? Comprou para os gêmeos? — questionou
Liam ao sair do banheiro.
Levantei-me e respirei fundo indo ao seu encontro, ele me olhou sem entender nada.
— Liam, essa chupeta é o primeiro presente do bebê.
— Bebê? Que bebê, amor?
Levei minhas mãos à barriga e os olhos dele se arregalaram na hora.
— Nosso bebê, Liam, eu estou grávida; — Abri um sorriso contido.
— Grávida... — repetiu atordoado.
O sorriso em meus lábios morreu no momento em que vi Liam desabar com tudo no
chão.
Porra, Liam, desmaiou!
— Merda!
Agachei-me e tentei reanimá-lo, dando alguns tapinhas em seu rosto, mas ele não
acordou, comecei a ficar desesperada e corri para chamar Zoe e Denis. Meu sogro se apavorou
ao ver o filho naquele estado, então fui obrigada a lhe contar o que causou o desmaio em Liam.
Denis ficou extremamente feliz com a notícia, porém não tínhamos tempo para
comemorar isso, já que Liam continuava desmaiado, ele foi colocado no carro de Denis
juntamente com a ajuda de Zoe e seguimos para o hospital mais próximo.
Liam foi levado para ser examinado enquanto nós três permanecíamos na recepção
esperando por notícias.
— Eu não fazia ideia de que a notícia da gravidez ia mexer tanto com ele — falei aflita.
— Ele só não estava preparado para o baque, logo ele acorda, Elis, fique tranquila. —
Zoe me abraçou.
— Deus está sendo muito generoso comigo, trouxe meu filho de volta e ainda me trouxe
um neto, obrigado por esse presente, Elizabeth. — Tentei sorrir para Denis, mas não consegui,
estava nervosa demais para isso.
— Espero que Liam aceite bem a notícia depois que o susto passar.
— Ele vai adorar a notícia, tenho certeza.
Apeguei-me às palavras de Denis, até que o médico responsável por Liam veio em nossa
direção, nos levantamos e caminhamos em sua direção aflitos por notícias.
— Como meu noivo está, doutor?
— Fiquem tranquilos, Liam só passou por uma queda de pressão repentina, ele recebeu
alguma notícia impactante antes de desmaiar? — o médico perguntou e eu não sabia o que dizer,
porém optei pela verdade.
— Sim, eu contei a ele que estou grávida, e ele caiu no chão feito um saco de batatas.
O homem na minha frente comprimiu os lábios, segurando-se para não rir, e eu tive que
concordar que se fosse em outras circunstâncias eu também teria uma crise de riso daquelas.
— Acredite, isso acontece com bastante frequência, bom, ele já está consciente e me
pediu para avisar que quer ver você que eu presumo ser a noiva dele.
— Sim, eu realmente posso vê-lo?
— Claro, vamos lá!
Olhei para Zoe e Denis que acenaram positivamente para mim, segui o médico até o final
do corredor, ele me deixou na porta do quarto em que Liam se encontrava e antes de sair se virou
para mim.
— Aproveite que está aqui e realize um ultrassom para saber como está o bebê, pela
reação do seu noivo devo presumir que acabou de descobrir a respeito da gravidez, não é?
— Sim, descobri hoje cedo.
— Ótimo, assim que puder vá à recepção e diga que o Doutor Lykaios pediu que você
fosse encaixada na lista de pacientes urgentes da Doutora Gavras.
— Sim, senhor, obrigada.
Ele me lançou um sorriso gentil e seguiu seu caminho. Respirei fundo antes de girar a
maçaneta da porta, e esperava que Liam não desmaiasse novamente.
Nunca na vida que eu conseguiria me imaginar em uma situação como essa. Já passei por
tanta coisa nessa vida e agora que descobri que seria pai, eu simplesmente desmaiei feito um
tolo. Minha maior preocupação no momento era com Elizabeth, tinha medo de que a minha
reação a tenha causado algum mal, tanto para ela quanto para o nosso filho.
Nosso filho... Porra, eu vou ser pai.
— Liam, posso entrar? — perguntou Elizabeth meio hesitante.
— Claro, princesa, venha aqui.
Lentamente ela adentrou o cômodo fechando a porta atrás de si, percebi que ela não me
encarava diretamente, e sabia que devia tomar uma atitude o quanto antes.
— Você está bem? O doutor disse que você teve uma queda de pressão.
— Estou bem, amor, não se preocupe, e quanto a vocês? — indaguei, me referindo a ela e
ao nosso bebê. — Espero que minha reação não tenha assustado você.
— Na verdade, assustou sim, eu senti medo, Liam, você desmaiou e eu fiquei
desesperada, eu achei que você...
— Que eu o quê? Acha que fiquei bravo com você? — Ela apenas assentiu. — Amor, eu
jamais ficaria bravo com você. Eu confesso que não esperava isso, achei que demoraríamos a dar
esse passo — segurei suas mãos junto as minhas —, mas saiba que eu já amo o nosso bebê, e irei
amar todos os nossos futuros bebezinhos, e tentarei ser para eles o melhor pai do mundo.
— Eu te amo — declarou com os olhos marejados. — Nós te amamos.
Puxei Elis para mais perto de mim e levei minha mão até sua barriga, não sabia descrever
a sensação que senti no momento, vários sentimentos se mesclavam em meu peito agora.
— Oi, meu bebê, seu pai foi pego de surpresa com a notícia da sua chegada — comecei a
acarinhar a barriga de Elis —, mas saiba que eu já te amo tanto, meu amor, e nós vamos ser uma
família muito feliz, eu te prometo.
Olhei para Elis que secava o rosto com o dorso da mão enquanto observava a minha
primeira interação com o nosso filho.
— O Doutor Lykaios disse que eu devo procurar a obstetra do hospital para realizar o
primeiro ultrassom.
— Então vamos, o que estamos esperando? — Me levantei em um rompante que me
deixou momentaneamente tonto.
— O que está fazendo, Liam? — indagou Elizabeth que me segurou pelo braço.
— Indo até a médica, oras.
— Se acalme, por favor, temos tempo para isso. Não quero que você caia duro
novamente.
— Eu vou cair duro se eu não souber como nosso filho está — respondi. — Amor, eu
estou bem, foi só um susto.
— Teimoso. — Bufou irritada e eu aproveitei para lhe roubar um beijo.
Com a ajuda de Elis caminhei para fora do quarto até a recepção, Denis e Zoe me
encararam chocados como se tivessem visto um fantasma em sua frente.
— Filho, não deveria estar de pé.
— Estou bem, foi só um susto, agora preciso ver o meu bebê.
Ele lançou um olhar preocupado para Elis, porém não voltou a questionar minha atitude,
enquanto isso Zoe comprimia os lábios para não cair na gargalhada diante de toda a situação.
Chegamos ao local informado pelo Doutor Lykaios e Elizabeth passou para a enfermeira
responsável as informações e dados necessários para a consulta, depois disso nos sentamos para
esperar a nossa vez e a essa altura meu coração estava quase saindo pela boca.
— Senhorita Evans. — Elizabeth e eu nos levantamos e marchamos até o consultório
indicado.
Acredito que eu estava bem mais nervoso para essa consulta do que Elizabeth.
— Olá, sejam bem-vindos, sou a Doutora Agnes Gavras.
— Olá, sou Elizabeth e esse é o meu noivo Liam. — Trocamos um aperto de mão formal
antes de iniciarmos a consulta.
— Então, Elizabeth, suponho que sua gravidez tenha sido uma descoberta recentemente,
não é?
— Sim, descobri há algumas horas.
— Certo, nesse caso uma ultrassonografia tradicional não é o indicado para analisar a
saúde do feto.
— O que isso quer dizer, Doutora? — indaguei nervoso.
— Calma, papai, como é uma gravidez recente o mais certo é realizarmos uma
transvaginal, pois ela nos permitirá ver o embrião com clareza.
— Tudo bem.
Elis se levantou a pedido da médica e foi até o pequeno banheiro do consultório para se
vestir adequadamente para a realização do exame, depois disso, ela se deitou na maca e Agnes
começou a preparar o aparelho que seria utilizado, tentei não surtar quando percebi onde ele seria
introduzido, porém não consegui afastar o seguinte pensamento: E se ela machucar o meu filho?
Elis e eu olhamos atentamente para o visor, vi três minúsculos pontinhos pretos e não
entendi muito bem do que se tratava.
— O bebê está bem? — perguntei.
— Sim, opa, acho que vi alguma coisa aqui. — Ela parou subitamente e encarou o visor
com uma expressão esquisita, fazendo Elis e eu entrarmos em alerta.
— O que aconteceu? Doutora, que cara é essa? — desatei a falar em meio ao nervosismo.
— Se acalmem, por favor, eu fiquei surpresa, não se preocupem, eles estão bem.
— Eles? — Elis a encarou com uma expressão assustada.
— Isso mesmo, vocês foram premiados em dose tripla.
— O que isso quer dizer? — Eu entendi o que ela quis dizer, só não consegui processar
essa informação.
— Quer dizer que em breve vocês terão três lindos bebezinhos correndo por aí.
Três bebês.
Eu iria ser pai de três bebês.
— Pelo amor de Deus, não desmaie de novo, Liam — advertiu minha noiva enquanto
Agnes caiu na gargalhada.
— Teremos três bebês, amor, meu Deus, três bebês — repeti ainda atônito.
— Sim, amor, fomos agraciados com essa dádiva.
Abracei Elis e nos deixamos levar pela emoção do momento, eu nunca me achei
merecedor de nada até Elizabeth voltar para a minha vida e me mostrar que eu poderia ser muito
feliz.
— Agora é a hora de procurarmos a nossa casa dos sonhos, viver com três crianças em
um apartamento está fora de cogitação.
— Tem razão, amor, começaremos nossas buscas assim que voltarmos a Vegas — ela
completou.
Após o exame fomos nos encontrar com Denis e Zoe, o Doutor Lykaios quase teve um
ataque quando me viu perambulando pelos corredores, mas ainda assim assinou a minha alta.
A notícia de que teríamos três bebês na família pegou a todos de surpresa, meu pai pulou
de alegria, assim como Zoe, aproveitei para telefonar para Leona e Alexandre, ambos nos
parabenizaram e ficaram extremamente felizes por nós dois.
No fim do dia fizemos um jantar em comemoração à grande novidade, e percebi certa
tristeza vindo de Denis, então decidi chamá-lo para conversar enquanto Zoe e Elizabeth faziam
uma videochamada para Kiara.
— Estou achando o senhor muito calado, aconteceu alguma coisa?
— Só estou pensando, meu filho, volta e meia me pego pensando na vida que poderíamos
ter tido, na família que teríamos sido, porém em partes eu penso que se nada disso tivesse
acontecido você jamais teria conhecido a mulher da sua vida.
— Essas são as peças do destino, Deus escreve certo por linhas tortas, e foi exatamente o
que aconteceu comigo, conosco na verdade. — Ele acenou e virou um gole do seu vinho.
— Desejo que seja imensamente feliz, meu filho, que forme a família que eu não pude
lhe dar.
— Obrigado, pai. — Os olhos de Denis brilharam ao me ouvir chamá-lo de pai pela
primeira vez.
— Achei que não era merecedor desse título, obrigado por isso, filho.
Nós nos enlaçamos em um abraço apertado puro e verdadeiro, o abraço que ansiei
receber por anos.
Olhei para o canto da sala de jantar e vi Elizabeth juntamente com Zoe, ambas olhavam
toda a cena com os olhos cheios d’água, maneei um aceno para que elas viessem se juntar a nós.
Nosso abraço coletivo possuía um significado gigantesco, era a representação do amor, o
amor que não cabia no peito e transbordava, o amor que nos unia e uniria a nossa família para
sempre.
A vida era uma montanha-russa de emoções e acontecimentos, quando que eu poderia
imaginar que um dia eu viveria algo assim?
Estava plena e completamente feliz como nunca pensei que fosse ser, apesar de todos os
eventos traumáticos pelos quais eu passei, agora eu estava enfim vivendo o meu felizes para
sempre, ou quase isso.
Desde a descoberta da minha gravidez que muitas coisas aconteceram, coisa boas em sua
maioria, já outras não tão boas assim, Alexia foi encontrada morta semanas atrás em um clube de
dança no Canadá, não tive muitas informações a respeito de sua morte, porém fiquei um pouco
abalada com a notícia, de certa forma, eu realmente a amava como uma irmã, pena que não era
recíproco.
Malcom e Julia estavam pagando pelos seus crimes, infelizmente meus pais preferiram
agir do modo errado do que serem honestos consigo mesmos e comigo, após algumas
investigações foi comprovado que o testamento da minha falecida avó foi falsificado, o
verdadeiro documento foi encontrado no cofre do meu pai. Dona Christine deixou todos os seus
bens para mim, inclusive seu apartamento em Paris e a mansão em que eu morava com meus
pais, por decisão minha, eu optei por me desfazer da mansão e ficar somente com o apartamento,
o resto da fortuna seria deixado para os meus filhos.
Liam e eu encontramos a casa dos sonhos, uma residência grande, com jardim e piscina
do jeito que eu sempre sonhei, seria nessa casa onde iríamos escrever a nossa nova história ao
lado dos nossos filhos, amigos e família.
Enquanto não nos mudávamos oficialmente para cá, nós aproveitamos para passar nossas
tardes sentados no jardim, isso se tornou nosso passatempo favorito, Liam acarinhando minha
barriga, conversando com nossos bebês, criando vínculos com eles desde cedo.
— O que acha de escolhermos os nomes para os nossos filhos? — Liam sugeriu.
— É muito cedo, não acha? E nós nem sabemos o sexo deles.
— Eu sei, mas sou um homem precavido, amor, o que posso fazer? — Deu um sorriso.
— Tudo bem, vamos escolher. O que você sugere?
— Se tivermos três garotinhas eu pensei que poderíamos chamá-las de Clara, Celina e
Christine, podemos homenagear a sua avó e a minha falecida mãe. O que acha?
— Perfeitos. — Me emocionei com a sensibilidade de Liam ao escolher homenagear sua
mãe e a minha avó. — E se forem meninos, quais nomes daremos a eles?
— Pensei em Elijah, Noah e Damon.
— Excelentes escolhas, amor, porém faltam alguns meses para descobrimos o sexo deles.
Encontrava-me no quarto mês de gestação e meu casamento com Liam estava marcado
para o próximo fim de semana, nos casaríamos em Miami Beach, à beira-mar como eu sempre
sonhei.
— Não tem importância, o que importa é que já amo os meus filhos, e sei que eles já
amam o papai. — Se debruçou para deixar um beijo em minha barriga.
— Será que sobra um pouquinho de amor para mim? — brinquei.
— Para você todo o amor do mundo, minha princesa. Eu te amo.
— Eu te amo muito mais.
Nossas juras de amor foram seladas com um beijo intenso, beijo esse que só Liam tinha,
o beijo que significava muito mais do que um gesto de carinho e amor, significava que enfim
encontramos o nosso lar.

Miami Beach, Flórida


Uma semana depois

Chegou o grande dia! Eu iria me casar e dessa vez com o homem da minha vida. Estava
nervosa e enjoada por conta da gravidez, meu estômago estava agitado assim como eu, que não
conseguia ficar quieta enquanto Victória, a irmã de Alexandre Dubrov, arrumava meus cabelos.
— Pare de se mexer tanto, Elis, ou sua maquiagem e cabelo ficarão um caos — minha
cunhada repreendeu minha inquietação.
— Estou uma pilha de nervos, me desculpem, meninas.
— Se acalme, ficar nervosa só prejudicará você e os bebês.
— Kiara tem razão — completou Zoe.
Respirei fundo e procurei me acalmar antes que Victória arrancasse fora os meus cabelos,
e após uma árdua batalha contra o meu nervosismo, eu finalmente consegui relaxar.
Com o penteado e a maquiagem prontos, segui para o momento mais esperado por mim,
o vestido de noiva do jeito que eu sempre quis com direito a véu e grinalda. O modelo de alças
possuía o busto todo bordado à mão além de ser coberto por minúsculos cristais, desde o busto
até a longa cauda, o véu era simples, mas também possuía alguns pontos de luz já que o destaque
era a tiara.
Fiquei pronta e olhei meu reflexo no espelho, segurando a vontade de chorar, meus olhos
bateram em minha barriga saliente indicando o crescimento saudável dos meus filhos, Zoe me
entregou o buquê e parou ao meu lado com uma feição triste e então me recordei o motivo.
— Está tudo bem, Zoe?
— Estou bem, só tive algumas lembranças do passado.
— Você será muito feliz, Zoe, você merece isso.
— Obrigada, Elis. — Ela me envolveu em um abraço forte e permanecemos unidas até
Denis chegar para me conduzir ao altar.
— Pronta, querida?
— Sim.
Ele estendeu o braço para mim e me conduziu até a área externa onde ocorreria a
cerimônia, era hora de ser oficialmente a senhora Blackwood.
Caminhei lentamente, tinha medo de tropeçar em meus próprios pés, mas todo o meu
nervosismo e insegurança se dissipou assim que avistei meu noivo no altar. Liam estava lindo
usando um terno branco impecável, sorrindo de uma orelha a outra. Céus, eu o amava tanto.
Quando pensei que meu casamento não poderia se tornar mais perfeito, a melodia lenta e
romântica da canção Perfect do Ed Sheeran começou a ser tocada pelos violinistas presentes.
Tudo aconteceu em câmera lenta, dando-me a impressão de que estava sonhando, como
se eu estivesse vivendo um filme clichê dos anos dois mil. O trajeto até o altar terminou, Denis
beijou minha mão e a passou para Liam.
— Você está tão linda, meu amor.
— Você está maravilhoso — retribuí seu elogio.
Voltamos nossa atenção para o juiz de paz, para que ele pudesse dar início a cerimônia.
— Senhoras e senhores, estamos aqui reunidos para celebrar a união desse jovem casal
— ele fez um breve discurso antes de começarmos a trocar os votos —, Elizabeth Christina
Evans, é de livre espontânea vontade que você aceita Liam Brandon Blackwood como seu
legítimo esposo?
— Sim, eu aceito.
— Liam Brandon Blackwood, é de livre espontânea vontade que você aceita, Elizabeth
Christina Evans como sua legítima esposa?
— Sim.
Antes de começarmos a trocar as alianças, o juiz proferiu mais algumas palavras bonitas
e a essa altura, tanto eu quanto Liam, estávamos aos prantos. Liam segurou minha mão com
delicadeza enquanto na outra segurava a aliança que logo seria minha.
— Elizabeth, essa aliança significa muito mais do que a joia que simboliza o nosso
juramento de casamento, essa aliança é um pedaço do meu coração que é, sempre foi e sempre
será seu. — Liam passou o anel em meu dedo com certa dificuldade já que suas mãos tremiam
muito por conta do nervosismo.
— Liam, essa aliança é um pedaço não só do meu coração, mas também um pedaço da
minha alma que pertencerá a você até o fim de nossas vidas, eu te amo, obrigada por fazer de
mim a mulher mais feliz e amada do mundo.
Delicadamente deslizei a aliança em seu dedo anelar e a beijei logo em seguida.
— Pelo vasto poder concedido a mim, eu vos declaro marido e mulher — proferiu o juiz.
— Pode beijar a noiva.
A salva de palmas ressoou ao nosso redor, era possível ouvir um gritinho ou outro dos
nossos convidados, todos estavam felizes por nós dois.
Agora era oficial, Liam e eu estávamos casados, unidos e entrelaçados para todo o
sempre, deixamos de ser duas matérias e nos tornamos uma só.
— É hora de vivermos o nosso felizes para sempre, Senhora Blackwood — soprou contra
meus lábios.
— Vivo quantos finais felizes forem necessários, contanto que seja ao seu lado, meu
amor. — Trocamos um beijo apaixonado e demorado, beijo esse que simbolizava o início de um
novo ciclo em nossas vidas.
Realizamos uma breve comemoração após a cerimônia, e para a minha surpresa Zoe foi a
sortuda a pegar o buquê, já que a disputa era somente entre ela e Leona, que inclusive veio
acompanhada de seu filho o pequeno Nathanael e de seu namorado.
Enquanto nossos amigos e convidados aproveitavam a festa, Liam me levou para uma
parte distante da multidão, onde o sol começava a se pôr, o contraste entre o pôr do sol e o azul
do mar se encaixavam perfeitamente, assim como Liam e eu.
— Que lindo — contemplei a beleza diante de mim.
— Sim, é muito lindo. Mas não é tão lindo quanto você.
— Bobo.
— Apaixonado seria a palavra certa para me descrever. Amor, eu trouxe você aqui para
que possamos fazer o nosso juramento, tendo o sol e o mar como testemunhas.
— E que juramento é esse?
— Que não importa o que aconteça, nem quantos anos se passem, seremos para sempre
nós dois contra o mundo — disse com seriedade.
— Para sempre nós contra o mundo... — recitei, entrelaçando nossas mãos.
— Para sempre nós — repetiu, beijando nossas alianças.
Sorrimos um para o outro e permanecemos ali admirando o pôr do sol, imersos em nosso
mundo, após selarmos nosso juramento que se estenderia além de nossas vidas.
Anos depois...

Os últimos anos foram os melhores e mais felizes de toda a minha vida, era um homem
feliz, realizado e bem-sucedido, entretanto, minha fortuna nunca seria páreo para as minhas
verdadeiras riquezas: minha família.
Elis e eu estávamos casados há cinco anos, vivíamos um casamento feliz cheio de amor,
companheirismo, durante o dia nos dividimos entre cuidar dos nossos filhos e de nossas
empresas e sempre terminamos as noites nos amando como dois eternos amantes, o sexo com
Elis seguia sendo o melhor do mundo.
Além disso, fomos agraciados com três menininhas que podiam até ser idênticas em sua
aparência, porém no quesito personalidade minhas princesinhas eram bem diferentes, Clara,
Celina e Christine esbanjavam carisma e beleza, eu me considerava um pai extremamente babão,
principalmente por realizar a todos os desejos das minhas pequenas.
Nesse meio tempo Malcom, pai de Elis, acabou sofrendo um enfarte na penitenciária e
morreu na hora e alguns meses depois, Julia pediu para ver Elizabeth a fim de lhe pedir perdão,
minha mulher a perdoou e até levou as meninas para conhecê-la, porém a relação das duas jamais
seria de mãe e filha novamente.
Com a nossa breve passagem ao Arizona eu acabei decidindo passar a mansão e o hotel
que ficavam localizados em Phoenix para Leona, que se mudou para o Brasil, após seu
casamento com Ethan, um empresário do ramo petrolífero, agora ela vivia feliz ao lado do
marido e dos filhos, seu primogênito Nathanael e sua caçula Melanie.
Tudo agora seguia em sua mais perfeita sintonia, Elizabeth agora era minha sócia no
Blackwood Hotel´s e me ajudava tanto com a parte administrativa quanto no que dizia respeito
ao nosso marketing, minha mulher era extremamente talentosa no que faz e disso não havia
dúvida.
Meu pai e minha irmã seguiam suas vidas na Grécia, e quase sempre estavam aqui em
Vegas, até Zoe encontrou ou melhor reencontrou o amor de sua vida e casou-se com o grego
Hércules Galanis, com quem tem uma linda menininha chamada Athena.
— Papai? — Ouvi o chamado de uma das meninas e corri até elas.
Ao chegar ao jardim me deparo com Clara aos prantos, Christine com a cara emburrada e
Celina observando o pequeno show de suas irmãs.
— O que aconteceu, Clara? E por que você está emburrada, Christine?
— A Clara não quer me deixar brincar com a boneca dela — Chris respondeu toda séria,
das três, ela era a que mais tinha o temperamento forte.
— Princesas, o papai já conversou com vocês sobre isso, se lembram? As três devem
compartilhar seus brinquedos umas com as outras, mas nada de brigarem por isso.
Tentei apaziguar a situação entre elas, quando eu disse que cada uma das meninas
possuía uma personalidade única eu não falava por brincadeira, Clara era a mais sensível e
sempre chorava quando algum de nós a repreendia, Celina, por outro, lado puxou a mim, ela era
calma e engraçada e geralmente sempre apartava a briga das duas irmãs e por último vinha a
Christine, sendo a mais temperamental e impaciente das três.
E mesmo cada uma tendo a sua particularidade, o meu amor por elas não deixava de ser
incondicional, eu daria a minha vida por elas sem pestanejar.
— Agora prometam ao papai que não irão mais brigar por isso.
— Prometemos, papai — as duas minis encrenqueiras responderam.
— Ótimo, agora eu quero um super mega abraço das minhas três princesas.
Abri meus braços para recebê-las e me mantive unido a elas por um longo tempo,
aproveitei para enchê-las de cócegas, pois sabia que elas adoravam.
— Sobra um pouquinho de abraço para a mamãe? — perguntou minha mulher ao se
aproximar de nós e lógico que as três saíram em disparada para abraçar a mãe.
A cena diante de mim era tão linda que não conseguia me mover, estava paralisado
observando minha mulher e minhas filhas interagindo entre si, saí do meu transe e caminhei até
elas me juntando ao abraço, sendo acolhido rapidamente pelas mãozinhas gorduchas de Celina.
— Quem diria que chegaríamos tão longe — Elis sussurrou.
As trigêmeas se desvencilharam do nosso abraço e voltaram a brincar com suas bonecas
sentadas sobre a grama recém-aparada, Elizabeth e eu nos sentamos próximos a elas para
observá-las, nos aninhando um ao outro, inspirei o perfume frutado de Elis como se fosse a
primeira vez.
— Sou a mulher mais feliz do mundo, graças a você que me presentou com tudo aquilo
que eu sonhava, eu te amo, Liam.
— Eu te amo, minha linda, para sempre nós dois contra o mundo — citei o juramento que
fizemos anos atrás.
— Para sempre nós. — Deixei um beijo rápido em seus lábios macios antes de voltar
nossa atenção para nossas filhas.
No fim das contas, cada um de nós encontramos o nosso porto seguro, o nosso lar e a
nossa paz, e felizmente eu encontrei tudo isso e muito mais em Elizabeth, o anjo em forma de
mulher que transformou a minha vida e que deu a ela um novo sentido.

Fim.
Meses depois.

— Como dará a notícia ao Liam?


— Estou planejando fazer isso da melhor maneira possível. — Dei uma risadinha
maliciosa.
Kiara, Zoe e eu estamos perambulando pelo shopping em busca da lingerie perfeita, cada
uma de nós estava disposta a surpreender os nossos maridos, eu tinha um certo motivo especial
para isso.
Desde o meu casamento com Liam que eu nunca mais soube como era me sentir triste e
inferior a alguém por conta do meu peso ou por me sentir oprimida de alguma forma, Liam me
tratava como uma rainha, me colocando sempre para cima mesmo quando eu me sentia péssima.
Foi assim durante os nove meses de gestação das trigêmeas, havia dias em que eu me
sentia horrível comigo mesma e com a minha aparência, quando Clara ficou doente pela primeira
vez, eu chorei horrores e me senti a pior mãe do mundo, mas graças ao meu marido tudo foi
superado.
Continuamos vagando de loja em loja, até acharmos a que nos chamou mais atenção, as
meninas e eu seguimos para ala onde ficavam as melhores e mais ousadas lingeries.
Kiara escolheu uma verde simples, porém totalmente rendada e drapeada com alguns
cristais, Zoe escolheu um conjunto azul bebê que combinava com seus olhos azuis.
Eu optei por um belo conjunto preto, todo trabalhado na transparência e renda, algo bem
ousado, diga-se de passagem, depois de finalizarmos nossas compras decidimos ir ao salão de
beleza para aproveitarmos o nosso "dia de garotas", nossos maridos estavam na missão de cuidar
das crianças, enquanto nós tirávamos o dia de descanso.
O que era extremamente engraçado ver três homens poderosos como Liam, Alexandre e
Hércules sendo vencidos por seis crianças, as trigêmeas, os gêmeos e a pequena Athena, filha de
Hércules e Zoe.
— Como acha que os rapazes estão se saindo com o programa super babá hoje? —
indagou Zoe, já gargalhando.
— Meu medo é que o Liam deixe as meninas tocarem fogo na casa, meu marido não
consegue impor limites com as trigêmeas. — Liam era extremamente coruja e babão, e não
conseguia dizer "não" quando nossas filhas lhe pediam algo e isso era uma questão que precisava
ser trabalhada o quanto antes.
— Alexandre quer montar um mini cassino em casa para Ella e Ettore. Imaginem? Uma
pequena versão da Fera?
— Ettore tem todas as características do pai, parece uma cópia perfeita — acrescentei.
— Sim, e sei que terei problemas em relação a isso, Ettore tem uma personalidade forte
até demais.
Quando Kiara me contou como se casou com Alexandre eu fiquei em choque, ambos
eram completamente diferentes e vieram de mundos diferentes, porém foi impossível evitar o
sentimento forte que nasceu entre eles.
— Felizmente Athena é tranquila, acho que herdou isso de mim. — Zoe deu de ombros.
— Hércules e eu estamos pensando em aumentar nossa família, quem sabe daremos mais alguns
netinhos ao senhor Denis.
O clima entre nós era sempre assim, leve e regado a risadas, Kiara e Zoe eram as irmãs
que eu não pude ter e eu era muito sortuda por tê-las em minha vida.
Como havíamos previsto ao chegarmos em casa nos deparamos com um verdadeiro caos!
As trigêmeas, Athena e Ella tinham usado os meninos como suas cobaias no pequeno salão de
beleza improvisado por elas, Alexandre e Liam estavam com os dedos e unhas pintados de rosa,
Hércules estava com vários laços presos ao cabelo e até mesmo Ettore não escapou das garras
das pequenas.
Organizamos toda a bagunça feita pelas crianças e após o jantar, Liam se encarregou de
colocar as pequenas para dormir enquanto eu colocava o meu plano em ação.
Peguei a caixinha que estava guardada há quase uma semana e a deixei sobre a
penteadeira, em seguida tomei um banho relaxante na banheira, caprichei no meu perfume, o
favorito de Liam e vesti o conjunto provocante.
Antes de me deitar na cama para esperar por Liam, olhei meu corpo no reflexo do
espelho, eu havia mudado e muito, desci meus dedos até minha barriga onde a cicatriz do ataque
de Adam servia como um lembrete diário de que eu fui uma sobrevivente, logo mais abaixo
estava a cicatriz que fez de mim a mulher mais feliz do mundo, o símbolo do nascimento das
minhas meninas.
— Cada dia mais gostosa, amor. — Ouvi a voz rouca do meu marido atrás de mim.
Liam estava parado próximo à porta e seus olhos varreram meu corpo de cima a baixo,
seu olhar ainda provocava em meu corpo sensações que chegavam a ser desconhecidas pela
humanidade.
— Me assustou, amor.
Ele saiu das sombras e veio caminhando a passos arrastados até chegar em mim, ele me
abraçou por trás e senti o calor que seu corpo exalava passando para mim.
— Você me enlouquece, sabia? — sussurrou com a voz enrouquecida, seus lábios
começaram a roçar meu pescoço, beijando-me lentamente.
Liam deslizou as mãos em meu corpo até chegar à minha calcinha onde ele contornou
meu clitóris por cima do tecido, tentei me concentrar e olhar para frente, mas não consegui, Liam
pressionou meu grelo, escorregando os dedos em minha entrada.
Joguei a cabeça para trás sentindo o bambear das minhas pernas à medida que Liam me
provocava.
— Amo a forma como seu corpo sempre reagiu aos meus toques. — Arfei contra seu
corpo ao sentir seus dedos me invadindo sem nenhum aviso. — Sua boceta sempre soube
reconhecer seu verdadeiro e único dono, não é?
— Si... sim.
— Quero que você se deite na cama com as pernas bem arreganhadas, amor.
É, meus planos não saíram como o esperado, mas tudo bem, o que importa agora era
apenas o prazer que meu marido estava disposto a me proporcionar.
Fiz o que Liam me pediu e me deitei na cama, pronta para ele, meu marido me encarou
com fogo em seus olhos, fazendo meu corpo fervilhar.
— Tive uma ideia, amor — disse, enquanto se virava na direção do closet.
Fiquei confusa com sua atitude, mas não o questionei e permaneci esperando, segundos
depois ele retornou com um vidrinho de óleo corporal de morango em mãos.
— O que você pretende fazer, Senhor Blackwood?
— Vou fazer a minha mulher relaxar e gozar. — Mordeu o lábio inferior e minha boceta
latejou com seu olhar safado em minha direção.
Delicadamente ele derramou um pouco de óleo em minhas pernas e começou a
massagear lentamente, seus movimentos subiam e desciam indo das minhas panturrilhas até a
parte interna das minhas coxas, a cada vez que ele repetia seus movimentos ele chegava mais
perto de tocar minha boceta e isso me enlouquecia.
Ele então decidiu desbravar um pouco mais do meu corpo e seguiu com sua massagem
até o meu abdômen, meus seios foram expostos numa rapidez impressionante, Liam mordiscou,
chupou e lambeu meus mamilos enrijecidos, agora sem os piercings a sensibilidade nessa área
era ainda mais aguçada.
— Liam, por favor... Se não me tocar eu vou morrer. — Minha voz soou dramática e
desesperada.
Meu marido sorriu e começou a voltar sua atenção somente para minha virilha, ele
aplicou um pouco de óleo em meu baixo ventre e tornou a massagear, tentei fechar minhas
pernas em uma atitude desesperada de conter meu desejo, porém minhas coxas foram agarradas
com força.
Senti seu toque lascivo em minha boceta e o grito de prazer se prendeu em minha
garganta já que minhas filhas dormiam no quarto ao lado. Liam começou a me masturbar,
penetrando-me com os dedos em um ritmo acelerado.
— Liam, eu preciso de você agora!
— Ainda não, meu amor, primeiro vou te fazer gozar na minha boca e depois vou foder a
sua boceta gostosa e deixar toda a minha porra dentro dela. — Minha calcinha foi ao chão em
questão de segundos, enquanto Liam a removia com paciência aproveitava para marcar minha
pele com mordidas e beijos.
Sua língua tocou meu clitóris fazendo movimentos circulares e lentos, tentei não gemer,
mas tornou-se impossível dado ao prazer que estava sentindo no momento. Agarrei os cabelos de
Liam à medida que o prazer se intensificava em meu corpo.
— Você está quase lá, amor — ouvi um rosnado primitivo vindo do meu marido.
Liam me explorava lentamente de cima para baixo até chegar ao ponto mais sensível,
onde ele diminuiu o ritmo, chupando-me ainda mais devagar, seus dedos começaram a me
masturbar enquanto sua língua passeava freneticamente por minha boceta, até que o orgasmo
finalmente me atingiu, me fazendo tremer enlouquecidamente, meus batimentos estavam
descompassados e minha respiração entrecortada, meus olhos pesavam uma tonelada e nem isso
foi o suficiente para fazer Liam parar, meu marido só ficou satisfeito quando me viu
enfraquecida de prazer.
— Nunca vou me cansar disso, do seu sabor delicioso.
Não tive tempo para me recuperar, ao abrir meus olhos Liam já estava nu e vindo em
minha direção, minha boca salivou só de ver seu pau enrijecido pronto para me foder.
Seu pau me preencheu por completo e lentamente Liam se moveu dentro de mim, seus
lábios tomaram os meus e nós dois nos entregamos totalmente ao prazer, esquecendo o mundo lá
fora, vivendo dentro do nosso próprio mundo.
Liam movimentava o quadril de modo que seu pênis chegava cada vez mais fundo, as
estocadas assumiram uma cadência acelerada, sua pélvis chocava-se contra a minha em uma
espécie de dança erótica e única.
— Os anos que passo ao seu lado só aumenta o meu amor por você — rosnou baixinho
sem diminuir a frequência de suas investidas. — Eu te amo tanto, porra, eu te amo.
Dessa vez suas palavras saíram como um urro primitivo, senti seu sêmen sendo expelido
dentro de mim, o que me fez ficar ainda mais excitada, minha boceta se contraiu e eu gozei junto
com ele, nossos corpos suados tremiam de prazer e a nossa conexão tornava tudo mais intenso.
O orgasmo intenso nos deixou enfraquecidos ao ponto de desabarmos no colchão sem
forças para nos mover, me aninhei ao peito de Liam, sentindo o chiado de sua respiração
ofegante juntamente com seus batimentos cardíacos acelerados.
— Tenho uma surpresa para você. — Levantei-me e fui em direção à penteadeira.
Liam não fazia ideia da grande surpresa que eu tinha para ele, e esperava que ele gostasse
assim como eu.
— Mais uma surpresa, amor? — questionou assim que me sentei ao seu lado.
— Sim, digamos que essa é diferente — tentei soar misteriosa e Liam me encarou
confuso.
Coloquei a pequena caixinha de papel em suas mãos e esperei pacientemente a sua
reação, os olhos de Liam se arregalaram assim que ele retirou um par de sapatinhos brancos da
caixa.
— Você está...
— Grávida, seremos papais mais uma vez.
— Amor, isso é sério? — A emoção estampada em suas palavras me fez querer chorar
ainda mais.
— Sim, eu descobri há pouco tempo, estou com mais ou menos dezessete semanas. —
Graças a Kiara eu descobri a minha gestação, estávamos em sua casa a caminho do pediatra
quando passei mal assim que pusemos os pés na clínica. — Dessa vez teremos um garotinho, o
nosso Damon. — Levei sua mão até a minha barriga.
Liam me puxou para si e me abraçou forte, suas lágrimas de alegria e emoção.
— Eu te amo, você me deu toda a felicidade que eu sempre busquei, amo você e a nossa
família.
— Nós também te amamos.
Com um beijo apaixonado eternizamos o nosso momento, marcando o início de uma
nova jornada, uma muito feliz por sinal.
E quem poderia prever que um acordo quase indecente, com o meu melhor amigo fosse
capaz de se transformar em uma linda e épica história de amor?

Pode levar dias, meses, horas e até anos, duas almas predestinadas sempre ficarão
juntas no final.
FIM.
Agradeço primeiramente a Deus pela sabedoria e paciência, sem ele e sem a sua força me
amparando nos momentos difíceis essa história não chegaria ao fim.
A minha beta, Andressa que nunca larga minha mão a cada novo projeto, sempre
surtando comigo a cada ideia nova, obrigada por tudo e por sempre acreditar em meu trabalho,
Liam Blackwood é tão seu quanto meu.
A Ella Ares por estar comigo em tantos momentos durante o meu processo de escrita e
por me mandar tanta energia positiva.
Um agradecimento pra lá de especial a Nay a irmã que a vida me deu, eu gostaria de que
um terço das pessoas pudessem ter alguém como você na vida delas, quem tem uma irmã/amiga
como você, tem tudo na vida, te amo minha menina de ouro.
Lidi Mastello obrigada por revisar meu bebê com tanto carinho.
Aos meus leitores espalhados por esse planeta de meu Deus, as minhas queridas fadas do
WhatsApp que nunca me abandonam, obrigada por apreciarem o meu trabalho e por sempre
estarem aqui comigo.
Casamento por contrato + AgeGap + Hate to lovers + Convivência forçada + Slow burn
A Fera de Vegas irá se casar, que rufem os tambores...
Alexandre Dubrov é um homem arrogante e egocêntrico, na sua vida o amor entre um
homem e uma mulher é apenas uma ilusão, uma tolice.
E é por isso que ele está decidido a ter um herdeiro por meio de um casamento por
contrato. E ninguém melhor para esse papel do que a filha do homem que possui altas dívidas em
seu cassino.
Alexandre vê em Kiara Bianchi a oportunidade perfeita de realizar o seu sonho. Kiara
não tem outra escolha, ou ela se casa com a Fera ou precisará arrumar uma forma de quitar as
dívidas de seu pai.
Ela o odeia!
Ele acha que ela é só mais uma interesseira!
Ela esconde os demônios que precisou enfrentar por anos!
Ele quer um herdeiro!
Um magnata arrogante e sério.
Uma jovem inocente e sonhadora.
Um contrato de casamento.
Uma atração inevitável.
Será que Kiara e Alexandre se permitirão amar, em meio a tanto rancor?

Livros disponíveis na Amazon e Kindle Unlimited

[1] Protagonista de Contrato com a Fera: Uma esposa para o Magnata de Las Vegas.
[2]
Cassino fictício de Alexandre Dubrov.
[3] Gabriel Sanchez protagonista de: Uma nova chance para o bilionário arrogante da autora brasileira Ella Ares, livro
disponível na Amazon e Kindle Unlimited
[4] Uma mulher como você, faz até o mais racional dos homens perder o juízo. Você é belíssima.
[5] O prazer foi meu, bela rosa.

[6]Obrigada.
[7]
Faz referência a personagem principal do filme Titanic de 1997 – Rose DeWitt Bukater.
8
Faz referência ao Personagem principal do filme Titanic de 1997 – Jack Dawson

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