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— Bom, a pessoa para quem você vai trabalhar não é exatamente fácil
de lidar... — ele começa e eu abro um grande sorriso, sabendo que consegui
o emprego. — Ele pode ser... complicado.
— Eu não ligo, posso dar conta de qualquer coisa, qualquer pessoa.
— Nisso eu acredito — Alexander declara, dando uma risadinha. —
De qualquer maneira, isso vai ser bem interessante.
— Obrigada, obrigada por me dar essa chance. — Estico a mão e ele
aperta. — Posso só pedir um favor?
— Claro, por que não? — retruca, ainda sorrindo.
— Você se importa de não contar a ninguém quem eu sou?
— Por isso está usando o nome de solteira da sua mãe? Não quer que
ninguém a reconheça?
Assinto e ele aperta as sobrancelhas de novo.
— Tudo bem, mas se você estiver...
— Não se preocupe, eu só quero uma vida nova.
— Então, neste caso, seja bem-vinda.
— Mal posso esperar pra começar.
Divórcio é uma merda.
Não, não é pior do que ficar casado com uma traidora, mas ainda é
uma merda.
Primeiro ela quer os pratos que ganhamos de presente de casamento,
depois está exigindo os quadros, os talheres e até a porra da lava-louça.
Quer saber, que se dane, ela pode comer essa porcaria toda.
— Não quero nada — digo, encarando o olhar magoado da mulher
para quem jurei todo meu amor.
— Mas Landon... — ela sussurra, só que meu olhar furioso deixa
claro que não quero porra nenhuma. Não quero absolutamente nada da
minha ex-mulher. Só preciso que isso acabe logo.
— Fique com o que quiser, quero apenas que saia da minha casa.
— Nossa casa — ela revida, tentando arrumar briga.
— Minha casa. Comprada com o meu dinheiro antes de nos casarmos.
Quero você fora até semana que vem.
— Landon, por favor... vamos conversar. Eu... eu sinto muito.
— Devia ter pensado nisso antes de dormir com o maldito personal
trainer. — É, bem clichê, eu sei, mas foi exatamente isso que aconteceu.
Minha esposa, a mulher que jurou fidelidade diante do padre, me traiu
com um instrutor de ginástica com menos músculos do que eu.
— Você também... — ela fala, me fazendo erguer os olhos novamente
na sua direção. Ao sentir minha fúria silenciosa, ela respira fundo e molha
os lábios. — Você também errou.
— Eu não traí você.
— Mas me excluiu da sua vida.
— Excluir você da minha vida é o que farei agora.
Assim que termino de falar, pego meu casaco na guarda da cadeira e
saio. Não quero ficar nem mais um segundo nesse lugar, diante da mulher
com quem pensei que passaria o resto dos meus dias.
Ela me traiu.
Nosso casamento acabou.
E o meu dia já começou terrível.
E ao que parece, não vai melhorar muito mais. É o que me dou conta
ao chegar no escritório e encontrar uma garota colorida na mesa onde,
supostamente, deveria haver uma secretária para mim.
Pequena, com cabelos compridos e ondulados que descem até as
costas, ela parece se harmonizar com o ambiente. Embora esteja usando
uma calça verde escuro e uma blusa cor-de-rosa.
— Boa tarde, senhor Scott, sou sua nova secretária. — Ela vem toda
sorridente na minha direção, estendendo a mão, que eu ignoro por pura
impaciência.
— Quem é você? — pergunto, virando-me para a minha sala.
Escuto o som dos saltos vindo atrás de mim.
— Catherine Pierce — ela diz, depois que jogo meu casaco em uma
cadeira e me sento atrás da mesa.
— Você tem experiência como secretária?
— Não.
— Tem formação?
— Sim.
— Fala mais algum idioma?
— Três e meio... não sou muito boa em alemão.
— Qual seu último emprego?
— Trabalhei em um abrigo de animais — responde rapidamente, mas
algo no seu tom me diz que não quer se aprofundar no tema.
— E o que a fez mudar de ramo?
A secretária dá de ombros e suspira.
— Às vezes é bom mudar.
— Você não acha que passou da idade pra uma mudança de carreira?
— pergunto e ela alteia as sobrancelhas.
— E você não é muito velho pra ter uma babá? — retruca, deixando-
me atônito pela ousadia.
— Eu sou o chefe — declaro e ela sorri, mas não é um sorriso
amigável.
— E mesmo assim eu tenho uma lista de tarefas que me fazem
parecer sua babá — crispa de volta, olhando-me no fundo dos olhos e sem
qualquer medo. — Agora, se não tiver mais motivos pra me chamar de
velha, tenho que buscar seu sanduíche de tofu defumado. Seja lá o que for
isso.
Completamente sem reação, vejo a mulher bonita e atrevida sair da
minha sala sem voltar a me olhar, sacudindo a bunda empinada e a cascata
que ondula nas costas.
Quando minha avó disse que eu teria apenas mais uma chance e que
se eu infernizasse outra secretária me colocaria em férias forçadas de um
ano, não imaginei que ela estivesse planejando se vingar de mim, mas ao
que parece é isso que está acontecendo aqui. E Alexander, o gestor dos
recursos humanos, é o cúmplice da minha avó.
Algo me diz que essa última chance pode ser também a minha
sentença final.
Antes de sair, dou uma olhada no espelho e suspiro. Talvez eu deva
desistir, não é como se eu precisasse trabalhar nem nada disso. Eu só estou
cansada de estar em casa. Preciso me sentir útil, preciso fazer algo diferente
e com pessoas que não se impressionem por eu ser quem eu sou, por quem
eu fui.
Na verdade, o que eu preciso mesmo é de uma vida nova, de
preferência uma em que ninguém me conheça e sem cães indefesos que
precisem ser salvos. Não consigo lidar com mais nenhum babaca que
machuca animais.
Meu telefone toca, o nome que pisca na tela é Kathleen, minha irmã
mais nova e muito mais temperamental.
— Você vai mesmo fazer isso? — minha irmã pergunta quando
atendo o telefone.
— Vou — digo, mas minha voz sai incerta.
— Se quer voltar ao trabalho, nós podemos dar um jeito... podemos
arranjar algo pra você, sem que precise passar por essa bobagem toda de
entrevistas.
Suspiro, ansiosa e tensa.
— Já passei na entrevista — resmungo e minha irmã faz um muxoxo.
— Além disso, não quero sua piedade.
— Não é piedade, Cathy, nós somos família. Você não precisa
arrumar um emprego... você já tentou isso.
— O abrigo de animais não conta, só durei dois dias lá.
Ela suspira pesado, porque é verdade, durei exatos dois dias no abrigo
de animais e praticamente fui expulsa depois de xingar um sujeito que
queria um pet que fosse exatamente igual a uma planta de plástico e não
desse trabalho algum. Odeio gente cretina, ainda mais quando dizem que
devemos educar os cães e as crianças com disciplina e pancadas.
— Vamos, Cathy, você já fez tanto por mim, deixa eu fazer algo por
você.
E, simples assim, minha irmã liga um bendito interruptor dentro de
mim, aquele que faz a minha determinação bater o pé e ir até o fim.
— Preciso disso, Kathleen. Preciso mesmo disso — respondo e ela
não diz nada por algum tempo. Então eu continuo com minha
argumentação. — Tenho que fazer isso por mim, do meu jeito.
— Então só me resta desejar boa sorte.
— Obrigada, sei que vai dar tudo certo.
Não vai dar nada certo.
Tenho certeza disso quando o babaca a quem chamam de senhor Scott
me pergunta se não estou velha demais para mudar de carreira.
Primeiro que não fiquei tempo o bastante no abrigo de animais para
chamar de carreira e segundo que ele não tem nada a ver com isso.
Nunca é tarde pra começarmos de novo.
Além disso, eu vou fazer trinta e dois anos, não é como se eu fosse
uma centenária nem nada assim.
Quem precisa de três idiomas e meio para buscar café puro e amargo
e sanduíche de tofu defumado? E quem é que come esse negócio? Credo!
Dou uma boa olhada no sanduíche, tendo certeza de que é o tipo de
coisa que um protetor dos animais comeria, e isso eu poderia respeitar, mas
Landon Scott não faz esse tipo. Na verdade, sua cara emburrada me faz
pensar que ele é o tipo de cara que chuta os animaizinhos indefesos que
cruzam o seu caminho.
E se for esse o caso, talvez ele descubra que todo mundo tem um lado
bom e um lado mau. No meu caso, o meu lado mau pode ser um pé no saco.
Bato na porta da sala dele e entro.
— Com licença — falo, colocando um copo de suco e o sanduíche em
um aparador, perto de uma garrafa de whisky caro.
Landon ergue os olhos do computador e me focaliza. É a primeira vez
que dou uma boa olhada nele e acabo prendendo minha respiração. O
homem é a versão empresarial de um Deus. Grande, com os cabelos cheios
e bagunçados que contradizem a imagem metódica e arrogante. A barba
grossa envolve um maxilar marcante e um lábio inferior carnudo onde uma
garota poderia se perder.
Os olhos escuros escondem alguma coisa e apesar de ele me encarar
com uma expressão carrancuda, com uma curvinha bem entre as
sobrancelhas, é, sem qualquer sombra de dúvidas, o homem mais marcante
e sensual que já vi na vida.
Isso deveria ser proibido, é muito difícil odiar o chefe quando ele é
uma parede de músculos com um rosto astuto e perfeito. É praticamente um
viking de origem turca.
Com o corpo pegando fogo, eu solto o ar com força e me controlo
para não acabar dando mais uma boa secada no grandalhão rabugento.
— Você escutou? — ele pergunta e eu volto a mim, engasgando com
um susto.
— Desculpe, o que disse?
— Você sempre desliga assim do nada? — Landon pergunta, com
uma atenção perscrutadora que é quase invasiva.
— Não, só estava pensando se esqueci de alguma coisa... — minto
descaradamente, mas se ele percebe, não deixa transparecer.
— Você esqueceu o café, me trouxe suco.
— Ah, não esqueci, fiz uma troca estratégica — declaro, sabendo que
ele não vai gostar nada. — Suco natural tem vitamina C e o açúcar da fruta
vai trazer energia para manter o ritmo de trabalho. Ao contrário do café, que
dá um pico de energia e depois rouba sua atenção e humor.
— Mas eu pedi café — ele retruca.
— Café em excesso causa úlcera. — Cruzo os braços na frente do
peito. — Ainda mais em alguém estressado.
— Não sou estressado — ele resmunga, contrariado.
— Você quer dizer que não é pouco estressado e sim muito... —
rebato, sem pensar duas vezes, e me arrependo no instante seguinte,
apertando os lábios para me impedir de continuar falando.
— Tome cuidado com suas palavras, senhorita Pierce, eu sou seu
chefe.
— Exatamente. E meu papel é zelar por você, não destruir sua saúde
o entupindo de café amargo e forte.
— Essa decisão não é sua.
— Mas você não pode me obrigar a compactuar com o seu plano de
acabar com a sua própria vida aos poucos... — Penso por um instante e
então me viro, colocando minhas mãos na cintura e o focalizando bem nos
olhos. — Não me diga que você fuma também? Me recuso a trabalhar com
um suicida.
— Como é? — ele pergunta atônito.
— Você fuma?
— Não.
— Ótimo, então está tudo bem — respondo, saindo da sala.
— De onde foi que você saiu? — ele pergunta mais pra si mesmo,
mas como não sou do tipo que segura a minha língua, eu me viro com um
sorriso no rosto e respondo.
— De um abrigo de animais.
Isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto, uma conspiração entre
minha avó e Alexander. Não tem outra explicação.
A secretária atrevida mal começou no cargo e já me retrucou várias
vezes, trocou meu café por suco e ainda me chamou de suicida.
Aperto o botão do elevador, mas antes que a porta abra, vejo
Catherine vindo na minha direção, numa corridinha engraçada que a faz
parecer uma pequena maratonista.
— O que eu digo se perguntarem por você? — ela solta um gritinho,
acenando. — Segura a porcaria da porta, preciso falar com você.
— Fecha. Fecha. Fecha. — Aperto o botão de fechar a porta do
elevador, torcendo que a tecnologia do edifício seja mais rápida do que
minha nova secretária.
A porta está prestes a se fechar completamente quando vejo a mão
pequena de unhas pretas atravessando. A maldita porta se abre por causa do
sensor de movimento.
Engulo um suspiro impaciente quando a vejo cruzar os braços na
frente do peito e empinar o queixo na minha direção, encostando-se no
metal frio e impedindo o elevador de me tirar do alcance de suas respostas
atrevidas.
— Então, o que eu digo se perguntarem por você?
— Diga que eu morri — crispo irritado.
— Tá bom. — Ela dá um passo para trás, deixando que a porta
recomece o processo de fechar.
Algo no olhar diabólico que ela me dá, apenas um instante antes de eu
ficar fechado no elevador, me diz que ela vai realmente dizer que eu morri.
Preciso dar um jeito nessa criatura antes que acabe ainda mais com o
meu dia.
Assim que paro no andar do RH, os recursos humanos, todos os
olhares se voltam para mim. É claro que eu já vim aqui antes, especialmente
para gritar com Alexander e obrigá-lo a demitir minhas secretárias, então, é
basicamente isso que todo mundo espera.
Sigo até a sala dele e não espero que a secretária me anuncie, na
verdade, o olhar que ela me dá é de medo puro e não faz menção nenhuma
de se mexer para me impedir de passar.
Abro a porta num rompante, pronto para explodir.
— No que diabos você estava pensando? — pergunto e congelo no
lugar ao ver quem está sentado na frente dele.
Quem está sentada.
— Vovó — falo, engolindo em seco.
— Landon, querido, já ia subir para vê-lo...
Vou até a minha avó e ela se levanta, passando os braços ao meu redor
e me puxando para um abraço exagerado. Do jeito que ela sempre gostou.
— Você está lindo como sempre — ela diz, segurando meu rosto entre
suas mãos. — Mesmo com esse vinco entre as sobrancelhas.
Ela toca a linha tensa entre minhas sobrancelhas e eu sorrio,
desconcertado. Minha avó sempre foi espontânea e viva, sempre disse o que
pensa e nunca mediu esforços para cuidar da família. Ela sabe bem como
me desmontar e não precisa de grandes gestos para isso.
— O que aconteceu? — ela pergunta e eu desvio do seu olhar
inquisitivo.
— Não aconteceu nada.
— Você sempre mentiu muito mal, querido, fale, o que há de errado?
— Minha secretária é... irritante.
— Mas ela acabou de começar... não é possível que já tenha cometido
algum erro... — Alexander fala e minha avó alterna entre o olhar divertido
do seu homem de confiança e o meu olhar contrariado.
— Ela trocou meu café por suco e disse que não é minha babá.
Alexander solta uma risada barulhenta que me faz bufar.
— E você veio fazer queixa dela como uma criança que reclama da
babá por não fazer suas vontades? — Minha avó me encara com uma
expressão impaciente.
— Eu vim avisar ao Alexander que deve demiti-la imediatamente.
— Ah, que ótima notícia. — Vovó abre um sorriso grande. — Quer
dizer que decidiu tirar um ano sabático para descansar e desestressar? Está
pensando em viajar?
— Não vou tirar sabático nenhum — resmungo.
— Então não vai demitir a moça — vovó é incisiva.
— Essa deveria ser uma decisão minha, vovó. A senhora está
querendo me castrar nos negócios?
— Meu querido, se o problema fosse o seu... — Ela olha na direção
dos meus países baixos e sorri. — Eu ficaria feliz de resolver, mas o
problema é o seu temperamento ruim.
— Vovó...
— Escuta, Landon, sofremos dois processos por causa dos seus
surtos, não vou permitir que a empresa que lutei para construir fique
marcada como um lugar ruim para mulheres trabalharem. O único jeito de
você demitir essa secretária é tirando um ano para descansar e tratar sua
raiva, do contrário, só se ela colocar fogo no prédio.
— Ela nem é uma boa secretária, acabou de começar e já implicou
com meu sanduíche, minhas coisas... — tento argumentar, mas minha avó
não amolece o olhar.
— Trocar o café por suco pode ser uma decisão muito saudável, você
deveria agradecer a ela.
— Vocês só podem estar querendo me enlouquecer — resmungo e a
minha avó me puxa para outro dos seus abraços expansivos.
— Amo você, querido, só quero o melhor pra você e nossa família.
— Vou acabar ficando maluco.
— Espero que sim.
Assim que mais um arranjo de flores e um cartão de condolências
chega, eu coloco sobre a mesa do senhor Landon “diga que eu morri” Scott.
Ele vai me matar, eu sei que vai. Mas que culpa eu tenho?
Foi ele que me mandou dizer que morreu.
Imagine só, ele saiu e não voltou pelo restante do dia, então passei a
tarde atendendo ligações e declarando seu óbito.
As causas foram as mais variadas, é claro.
“Ah, a senhora não sabia que beber café demais pode causar úlcera?
Pois é, eu tentei avisar ao senhor Scott, mas ele era viciado em cafeína, o
corpo não aguentou.”
“A causa da morte? Sanduíche de tofu defumado. Ele engasgou e
ninguém conseguiu salvá-lo, uma verdadeira tragédia. Eu também acho, é
mais seguro comer um bom filé”
“Síndrome do estresse agudo.”
“Foi atropelado ao tentar chutar um cãozinho no meio da rua.”
É por isso que eu não duro no emprego, primeiro quase dei um murro
em um sujeito que falou que ia bater no seu cão, e agora, acabo de
assassinar meu chefe cretino.
Ele merece, eu sei, mas isso provavelmente vai me custar a nova vida,
vai custar meu recomeço secreto. Um que tinha tudo pra dar certo já que
parece que meu chefe não me reconheceu e não tem ideia de quem eu sou.
Em minha defesa, ninguém tem culpa que ele sai da cama com o pé
esquerdo. Aquele sujeito é muito rude e merece uma lição.
Me sentindo praticamente uma justiceira das secretárias indefesas,
passei o dia de ontem declarando o óbito do homem que acha que todos
devem beijar o chão onde pisa.
E agora que os arranjos e as condolências começaram a chegar na
portaria, ninguém sabia para onde mandar, então mandaram para sala dele e
eu fiz questão de organizar tudo lá. Pode até ser que eu acabe demitida
depois disso, mas vai ter valido muito a pena.
Quando o elevador apita e eu o vejo caminhando todo elegante no seu
terno bem cortado e no corpo de viking turco, eu prendo a respiração e
mordo o lábio.
— Meu crachá trancou na portaria, providencie outro — ele diz,
passando por mim.
— Sim, senhor, e... bom dia.
Landon para e me lança um olhar apertado, cheio de desconfiança.
— Bom dia, Catherine. — O jeito firme e másculo como sua voz soa
o meu nome me faz engolir um gemido. É intrigante como eu não vou com
a cara dele, mas seu olhar e sua voz rouca me fazem sentir arrepios em toda
parte.
Sorrio de um jeito doce, mas isso não vai salvar a minha pele, tenho
certeza de que ele vai ter um troço e vou acabar na rua.
Quando eu comecei meu negócio, anos atrás, meu jeito irreverente
ganhou o mundo e me levou ao topo. Por um bom tempo, as pessoas me
amavam por isso, mas não é o caso de Landon Scott, ele não gosta nem um
pouco da minha língua afiada e do meu jeito de ver as coisas.
Se bem que ele ainda nem me conhece e algo me diz que as coisas
vão piorar muito quando me conhecer e souber quem eu sou e o que eu fiz.
— Mas que porra é essa? — ele grita da sala dele.
Ops. Ele achou as flores... e os cartões.
Respiro fundo e sigo até a sala.
— São condolências — digo, entrando só com metade do meu corpo
no escritório. — Você morreu, lembra?
Sem acreditar, ele pega o primeiro cartão e lê, depois pega outro e
outro e mais outro.
— Parece que eu morri mesmo — fala e cai na gargalhada de um jeito
inesperado e desconcertante. — Você pode, pelo menos, me dizer a causa
da minha morte?
— Você estava tão estressado que sua úlcera estomacal atacou
enquanto chutava um cãozinho no meio da rua, comendo um sanduíche de
tofu defumado e por isso acabou morrendo atropelado.
Ele ri ainda mais alto.
Landon fica bonito sorrindo. Ele tem um rosto grande e forte e a
expressão dura de antes o deixa muito masculino e lindo, mas o sorriso
seria capaz de derreter a calota polar.
— Você é uma diabinha — ele declara, começando a tirar os arranjos
de cima da mesa. — Pelo menos vou ter um pouco de paz.
— Deixa que eu cuido disso — começo a retirar as flores da mesa.
Ele assente e seu olhar profundo esquadrinha meu rosto de um jeito
poderoso e estonteante. Landon Scott é um mistério, quando mais pensei
que ele ia surtar, ele simplesmente riu.
Sem jeito, recolho todos os arranjos de flores e deixo em cima da
minha mesa, vou cuidar delas depois. Os cartões, eu empilho em cima da
mesa dele.
— O que vai fazer com isso? — pergunto e ele arqueia as
sobrancelhas de um jeito quase devasso de tão sexy.
— Eu não vou fazer nada.
— Certo, certo, deixa que eu desfaço o mal-entendido — resmungo,
indo com a mão até os cartões.
Landon me impede de pegá-los, roçando os dedos grossos nos meus e
enviando uma onda de eletricidade por todo meu braço.
Com a respiração pesada, ergo meus olhos e encontro os dele.
— Vamos deixar assim por alguns dias — fala, quebrando o instante
estranho e quente entre nós.
— Tudo bem. — Recolho minha mão e engulo um suspiro.
Não, não posso estar atraída pelo meu chefe.
Isso seria tremendamente errado.
Eu não sou uma traidora.
Tudo bem, como diria a minha irmã: olhar não tira pedaço e Landon
Scott é uma visão e tanto.
Sem voltar a olhar para o homem que acaba de sacudir as coisas
dentro de mim, giro nos calcanhares e saio da sala, carregando três dos doze
arranjos que chegaram até agora.
— Já volto pra pegar os outros — explico e ele apenas resmunga, já
concentrado no computador.
Faço mais três viagens para dar conta de todos os arranjos e deixo os
cartões de condolências exatamente onde estavam, na mesa de Landon. Ele
também não volta a olhar pra mim, pelo menos não que eu perceba.
Depois de fechar a porta do escritório dele, dou uma boa olhada em
cima da minha mesa e coloco minhas mãos na cintura, pensando na loucura
que eu fiz ao dizer que ele morreu pra todo mundo que ligou atrás dele.
— O que eu faço com vocês? — pergunto baixinho, olhando com
cautela para um arranjo de flores brancas.
De repente, o mundo todo ao redor se ilumina diante dos meus
olhos. Como se até então eu não tivesse consciência da quantidade de gente
que circula de um lado para o outro no andar.
— Hum... acho que tenho uma ideia — falo pra mim mesma,
sabendo que se ele estiver me observando através das paredes de vidro do
seu escritório, vai ter certeza de que não bato bem.
Pego três dos arranjos e começo a andar por todo o andar,
transitando entre as mesas e postos de trabalho.
A primeira flor vai parar em uma sala de reuniões que fica do lado
oposto da sala de Landon, também com paredes envidraçadas e uma boa
iluminação por causa de uma janela grande.
A flor seguinte vai para a recepcionista do andar.
— Você gosta de flores? — pergunto e a mulher ergue os olhos com
ares de desconfiança.
Não fomos formalmente apresentadas ainda, mas isso não me
impede de abrir um sorriso grande. Ela deve ter pelo menos dez centímetros
a mais do que eu de altura e parece uma executiva de alto nível, com uma
elegância natural e genuína.
— Então, flores?
— Por quê? — ela pergunta com a mesma voz fria que me recebeu
quando cheguei.
— O senhor Scott pediu que eu providenciasse algumas flores para
o escritório. Você gosta?
Ela assente, começando a abrir um sorriso discreto.
— Não tem alergia? Ele não vai ficar bravo nem nada assim.
— Alergia pra flores? Nem pensar. Posso ficar com a cor-de-rosa?
— Claro, ela é toda sua. Acho até que combina com a sua mesa —
falo, percebendo que ela tem um grampeador fofo, num tom salmão
delicado.
— Eu gosto de tons de rosa — a recepcionista explica, estendendo a
mão por cima do balcão. — Eu sou Petra, muito prazer.
— É bom saber, não vai ser difícil acertar no presente — solto e ela
sorri mais amplo agora. — Eu sou Cathy, a nova secretária do chefão.
— Você é a nova vítima, isso sim — solta e então morde o lábio,
constrangida.
— Ele é sempre mau com as secretárias? — pergunto, num tom de
confidência.
— Você quer a verdade ou uma mentirinha bondosa? — pergunta e
eu suspiro, imaginando o tanto de coisa que posso acabar descobrindo.
— A verdade dura e crua, pode mandar — faço uma careta e imito
uma faca imaginária entrando no meu peito. — Eu aguento.
Rindo, ela assente.
— Tudo bem, mas não conte a ninguém que eu falei.
— Ai, meu Deus, não me diga que ele é um assassino em série.
— Não, mas a empresa precisou fazer um acordo bem caro com a
última secretária e com uma antes também, só não sei bem o motivo.
— Nossa, mas o que ele fez pra essa última?
— Ele gritou tanto que a garota ficou traumatizada. Dizem que ela
nem sai de casa por medo de encontrá-lo na rua.
— Mentira! — Coloco as flores em cima do balcão porque estão
começando a pesar nos meus braços e me aproximo dela para escutar
melhor. — Eu nunca ia imaginar.
— Então, a avó do Landon é dona de tudo e depois do processo
ficou muito chateada.
— Também pudera.
— Ela sempre se orgulhou de ser uma boa empresária, praticamente
criou um império sozinha depois que ficou viúva do primeiro marido.
Imagina como ela ficou,
— É, eu posso imaginar — declaro e a verdade é que eu realmente
sei como ela deve ter se sentido.
— Ela deixou bem claro que se ele demitir ou surtar com mais uma
secretária, no caso você, ele vai precisar tirar férias de um ano.
— Isso poderia ser bom, ele é meio tenso mesmo.
— É, mas não tem nada que ele ame mais do que trabalhar.
— Então ele tem que ser bonzinho comigo?
— É o que parece.
Com uma estranha alegria brotando dentro do meu peito, eu
simplesmente não consigo evitar de sorrir.
— Isso vai ser muito interessante.
Depois que o último executivo deixa a sala de reuniões, sinto como se
todo o meu corpo retesasse. Não é uma coisa simples falar de cortes no
orçamento, ainda mais quando todos parecem estar decididos a culpar
alguém, eu.
Irritado e rabugento, viro na direção da única pessoa que parece não
estar nem aí para o orçamento da empresa e menos ainda para o meu humor.
Catherine abre um sorriso doce que me faz esquecer o motivo de eu
estar tão irritado. Ela caminha na minha direção e me entrega um copo de
suco.
Um maldito copo de suco.
— Vai por mim, você vai me agradecer daqui um tempo — ela diz,
como se adivinhando o que estou pensando.
— Duvido muito — resmungo, pegando o copo de suco e saindo da
sala de reuniões. — Desmarque o restante do meu dia.
— Tudo bem — ela diz, dando passinhos apressados para me
acompanhar.
Passo por uma das mesas e uma das novas advogadas abre um sorriso
discreto pra mim.
— Boa tarde, senhor Landon e... obrigada pelas flores. Boa tarde,
Cathy.
— Oi, Miranda, como está seu gato? — Catherine para no meio do
corredor, deixando-me completamente atônito.
— Muito melhor, aquela receita caseira que você me indicou abriu o
apetite dele.
— Fico feliz de saber, depois vou te mandar um link sobre florais para
gatos, você acredita que tem até calmante?
— Sério? — A tal Miranda pergunta e eu continuo parado,
observando a interação das duas sem entender sequer por que continuo
aqui.
— Bom, a gente conversa depois — Catherine sorri e a outra mulher
ergue os olhos pra mim, migrando depois para o arranjo de flores sobre a
mesa. É aí que eu entendo do que se trata.
Minha secretária arbitrária, não satisfeita em dizer que morri para um
bando de contatos da minha agenda, resolveu distribuir as minhas flores de
condolências para o andar todo.
— Quantas? — pergunto em voz baixa depois que ela se põe a andar
outra vez.
— Quantas o quê?
— Quantas flores recebemos?
— Vinte e três.
— E você distribuiu todas no andar?
— Claro que não, também mandei uma para a sala dos zeladores, para
as recepcionistas dos andares e uma para a portaria.
Então do nada ela para, pouco antes de chegarmos à porta do meu
escritório, e se vira na minha direção, apertando um pouco os olhos.
— Posso perguntar uma coisa?
— Algo me diz que você vai perguntar mesmo se eu disser que não.
— É, acho que sim. — Ela concorda com um aceno. — O que você
fez para a Joanna?
— Quem?
— Joanna Carlson do departamento comercial.
— Ah, ela...
— Sim, ela. O que rolou entre vocês?
— Não rolou nada — resmungo, tentando me desvencilhar do
assunto.
— Então por que ela devolveu as flores e mandou você se ferrar? Ou
melhor, mandou você enfiar naquele lugar.
— Não foi nada — Volto a caminhar na direção do meu escritório,
mas Catherine segue ao meu encalço.
— Com toda certeza foi alguma coisa, a mulher só faltou entrar pelo
meu telefone e me dar uma surra.
— Ela estava muito brava?
— Olha, digamos que ela tem um repertório de xingamentos de
respeito.
— Vou ligar pra ela, aquela mulher não tem direito de atacar a minha
secretária.
— Claro, porque só você pode fazer isso — ela crispa, entrando atrás
de mim na minha sala. — Não preciso que você me defenda, sei cuidar de
mim.
— Já percebi isso. — Sento na minha cadeira e ligo o computador. —
Mais alguma coisa, senhorita Pierce?
— Sim, quero saber o que aconteceu entre vocês, pra decidir se fico
do lado dela ou do seu.
— Você fica do meu lado, eu sou seu chefe.
— Um chefe com a fama de maltratar as secretárias... talvez eu deva
fazer uma visitinha pra Joanna.
Suspiro, me sentindo preso à armadilha dessa diabinha.
— Saímos pra jantar e foi um desastre.
Ela volta, nitidamente animada com a conversa.
— Me fale mais.
— Não seja uma fofoqueira, Catherine.
— Quando você fala meu nome assim, parece que vai cair o prédio —
ela resmunga, puxando a cadeira na frente da minha mesa e se sentando. —
Vamos, desembucha.
— Você me deixa em paz se eu contar?
— Prometo que sim.
Por que será que não acredito nisso?
— Droga. — Suspiro e ela sorri, sabendo que ganhou a merda da
discussão. — O jantar era pra tratar assuntos de negócios, mas ela
confundiu as coisas.
— Ah, ela achou que o poderoso chefão queria algo além do cardápio.
— Catherine se diverte, apoiando os cotovelos na mesa e firmando o queixo
nas palmas. — Me conte mais.
— Quando ficou claro que eu não estava interessado em nada mais,
ela ficou... desapontada.
— Tudo bem, mas ficar desapontada não é exatamente um motivo pra
mandar você enfiar as flores... o que exatamente você disse pra ela?
— Que não estava interessado em comê-la.
— Você usou essa palavra? — a secretária pergunta, começando a
corar.
— Carlson perguntou se eu queria ir pra casa dela ou pra minha. Fui
honesto e disse que não comia as mulheres da empresa. Misturar negócios e
sexo não funciona.
— E o que ela fez?
— Me mandou enfiar meus negócios no mesmo lugar que mandou as
flores.
Catherine solta uma risada alta e descoordenada, é fofa e estranha na
mesma proporção e eu me vejo sorrindo com ela, pela segunda vez essa
semana.
— Bom, agora já sei que nunca mais vou mandar flores pra ela.
Minha secretária curiosa e atrevida se levanta da cadeira e ruma para
fora da sala, há um brilho ferino no seu olhar que enche todo o ambiente. A
energia dela é incrível e seu jeito astuto me faz pensar em quanto deve ser
ardente.
Afasto o pensamento quando algo me ocorre.
— Então, vai ficar do meu lado ou do dela?
Catherine sorri e dá de ombros.
— Jamais ficaria do lado de alguém que dispensa flores.
— Você é uma diabinha — falo baixo quando ela sai.
Essa mulher pode não saber, mas tem algo de muito intenso e forte,
algo que me desestabiliza totalmente.
Não posso.
Não misturo sexo e trabalho.
Minha secretária não é uma opção, mesmo que tenha uma bunda
gostosa e um olhar desafiador.
O melhor que posso fazer é tratá-la como qualquer outra secretária. O
problema é que ela não é como as outras, não mesmo.
Meu chefe é um pé no saco.
O que ele tem de lindo e sensual, tem de insuportável, gritão e
rabugento.
Ele pode ser muito bom com números e todo mundo diz que os
investimentos que a empresa faz por causa dele geraram muitos lucros e
respectivamente aumentos salariais no último ano, mas isso não justifica a
falta de paciência dele para lidar com as pessoas.
— Eu já disse que isso está errado. — Ele praticamente berra com
um analista de uns vinte anos.
— Desculpe, senhor Scott — o homenzinho mais baixo e muito
assustado fala, encolhendo-se.
— Refaça os malditos cálculos e me traga essa merda quando
estiver certa.
— Sim, senhor — o rapaz sai, todo vermelho e assustado.
Suspiro, sabendo que vai ser um longo e árduo dia ao lado do humor
azedo dele.
Assim que ele me vê através da parede de vidro, fecha a cara e eu
sorrio. Vai sobrar pra mim, ah, se vai.
— Me traga um café e nem pense em trocar por suco ou vou acabar
demitindo você — ele rosna lá de dentro.
Eu sei que ele não vai me demitir, mas não estou muito a fim de
entrar em outro embate, ainda mais depois de finalmente começarmos a
melhorar a nossa relação.
Se é que podemos chamar isso de relação.
Preparo o café e levo, ao invés de comprar na cafeteria da esquina.
Há uma pequena cozinha no fim do corredor e todo mundo a usa, não faz
sentido me fazer andar por aí feito uma louca por causa de café.
Além disso, coloquei na conta de Landon café suficiente para
abastecer todo o escritório, todos ficaram felizes com o “agrado” do chefe e
ele ainda economizou um bom dinheiro.
Também sou boa com números e em matéria de custo-benefício,
fazer um agrado aos funcionários pode render um sentimento de
valorização, mesmo que simples.
— Seu café, senhor Scott — falo ao entrar na sala e encontrar um
olhar estressado para o celular.
— Obrigado, deixe aí.
Coloco na mesa e me viro para sair. Antes que eu chegue na porta,
porém, Landon já está grunhindo.
— Mas que porra é essa?
— Café. Você disse que não queria suco — falo, me virando
devagar.
— Você encheu essa porcaria de açúcar. — Ele berra, me fazendo
respirar bem fundo para não o mandar para o inferno. — Amargo. Eu tomo
café puro e sem açúcar. Por que é tão difícil fazer uma coisa que seja do
jeito que eu pedi? Qual é a dificuldade de entender?
— Desculpe.
— Por que será que eu não acredito no seu pedido? — ele pergunta,
apertando os olhos ainda mais irritado.
— Porque você está de mau-humor? — arrisco e ele grunhe outra
vez.
— Saia. — Ele berra.
— Sim, senhor — resmungo.
— E leve a merda do café. Só me traga outro quando entender que
eu tomo puro e sem açúcar.
— Entendi, amargo como você.
— O quê?
— Amargo é como você quer — falo, torcendo para não ativar o
modo chefe louco que acaba sendo processado.
Eu posso suportar seus rompantes e tentar fazer desse escritório um
ambiente um pouco mais saudável para quem trabalha neste andar, mas se
ele cruzar a linha do que sou capaz de lidar, não vou hesitar em fazê-lo se
arrepender, mesmo que tenha que expor quem sou e acabar processando
esse cabeça-dura.
Grande coisa um café com açúcar.
Acho que é isso que falta na vida dele, talvez assim não fosse tão
chato e estressado.
Alguns dias depois
Landon Scott é tão irritante que é até difícil descrever. Ele se acha
superior a tudo ao redor e pensa que todos devemos reverenciá-lo como se
fosse algum tipo de entidade divina e sobrenatural. Só que ele não passa de
um cara chato, amargurado e provavelmente de coração partido.
O que não justifica seu jeito rude de tratar todo mundo ao redor. E o
mais irritante é que quanto mais ele tenta me tirar do sério, mais eu quero
dar o troco. Simplesmente não consigo evitar.
Logo que a reunião acaba, todo mundo vai saindo e ele fica lá, com
cara de quem comeu algo estragado. Algo me diz que não devo, mas
também não consigo evitar e entro na sala.
— Posso ajudar com alguma coisa? — pergunto e ele me esquadrinha
de cima abaixo. Seus olhos pairam sobre meus pés e algo me diz que ele vai
reclamar dos meus sapatos.
Meus sapatos de cupcake.
— Que sapato é esse?
— Gostou? Comprei numa liquidação... bom, mais ou menos, mas
não quero falar dessa fase, só posso dizer que gastei muito em leilões online
— desconverso, sabendo que ele está incomodado com o meu gosto para
cores desde que comecei aqui.
— Isso aqui é um escritório sério, vista-se adequadamente — crispa,
descontando em mim seu ódio universal por mulheres.
— Tô pelada por acaso? — devolvo, sem estar realmente irritada, só
impaciente com sua babaquice de sempre.
— Não, mas isso... isso é ridículo. — Ele aponta para os meus sapatos
e para a minha roupa como se fosse o fim do mundo o fato de uma pessoa
gostar de ser criativa.
Em outro momento, eu explicaria os motivos que me levam a querer
ter esse tipo de experiência. Em outro momento, não, para outra pessoa,
uma que não fosse tão chata e cheia de julgamentos.
— Falou o cara que usa sempre as mesmas cores. Preto. Preto. Preto
— Explodo, jogando as mãos para cima e me virando para sair da sala de
reuniões.
— Aonde vai? Não me deixe falando sozinho. — Ele vem atrás de
mim.
— Escuta bem uma coisa, você é meu chefe, não meu consultor de
moda. — Eu me viro pra ele e aponto minha unha preta na sua direção. —
Eu trabalho direito, faço todas as suas vontades e o respeito, então não
venha querer me transformar em um... um chato como você.
— Alguém já disse que você é irritante?
— Já e eu continuo não dando a mínima — retruco e isso faz Landon
grunhir irritado.
— Você ainda vai me enlouquecer. — Ele se vira e vai na direção da
sua sala, marchando.
— Você já parece meio louco — grito e ele só dá outro grunhido
como resposta.
5 anos antes
Quando a porta do meu escritório se abre, escuto um insuflar de ar
profundo. Sei exatamente a quem pertence esse som, e sei também por que
ele acaba de fazer isso.
Estou com as duas palmas no chão, esticando todo meu corpo num
formato de triângulo e isso faz com que minha bunda fique empinada na
direção da porta.
Adam não costuma entrar sem bater, mas quando o faz, quase sempre
me pega em alguma situação vergonhosa.
— Alguém já disse que você tem manias estranhas?
— Ah, pode apostar que sim — declaro, recolhendo meu corpo um
pouco mais e segurando meus dois tornozelos. Espio por entre minhas
pernas, piorando a imagem que ele deve estar tendo de mim. — Então,
sócio, o que quer?
— É estranho ouvir você me chamando de sócio — ele resmunga,
tentando desviar os olhos da minha posição estranha. — Você vai ficar
assim por quanto tempo ainda?
— Por quê? Isso o incomoda?
— É estranho falar de números quando sua bunda tá na minha cara —
ele retruca rapidamente, mas posso ver o momento em que se arrepende
disso, pois desvia os olhos e as bochechas ficam coradas.
Começo a desenrolar meu corpo como aprendi nas aulas de yoga e
respiro fundo, demorando um pouco além do necessário. Eu sei, estou
sendo uma abusada e ele facilmente poderia me processar por assédio, mas
não consigo evitar, tem algo em Adam que me faz querer avançar a linha.
— Me desculpe, não foi minha intenção — falo, mas até mesmo para
mim isso soa como uma tremenda mentira.
Adam parece notar e abre um sorriso de covinhas que derrete ainda
mais a minha força de vontade.
— Foi sim — escuto-o retrucar e sorrio.
— Como?
— Foi sua intenção sim, Catherine — Adam avança um passo na
minha direção.
Quando nos conhecemos na faculdade, achei que acabaríamos nos
tornando algo mais, mas aconteceram tantas coisas e nossos caminhos
tomaram direções tão diferentes que acabei desistindo dessa possibilidade.
Adam namorava com a mesma garota desde o ensino médio e eu... eu
namorei com uma quantidade considerável de nerds e até alguns jogadores
de futebol americano. O que posso fazer se tenho uma queda por garotos
com cara de malvados?
Nós nos tornamos amigos e acabamos descobrindo a mesma paixão
pela ciência. Isso nos levou a um projeto que só nos aproximou ainda mais.
E agora nós somos sócios.
E o meu sócio lindo, inteligente e gato está solteiro.
E eu estou louca para avançar a linha proibida entre nós.
— Tudo bem, foi minha intenção — confesso, encarando-o de frente.
— Por quê? — ele pergunta, dando mais um passo na minha direção e
me fazendo sentir um estranho revirar no estômago.
— A pergunta certa é: Por que não?
— Por que não? — faz a pergunta e há algo de feroz no seu olhar
intenso e profundo.
Não posso negar que Adam é um dos homens mais bonitos e
inteligentes que já conheci, sua forma de olhar para o mundo me enche de
vontade de descobrir tudo o que podemos criar, quando falamos de ciência,
saúde e pessoas, sinto como se eu fosse capaz de resolver todos os
problemas da face da terra.
Talvez eu seja.
Talvez não.
Só sei que não quero que essa sensação passe.
— Porque somos sócios.
Ele sorri com o canto dos lábios e eu penso por um instante, buscando
na minha mente por motivos válidos para não darmos o passo seguinte.
— Porque vamos curar o câncer e misturar trabalho e prazer nunca é
uma coisa boa...?
— Isso é verdade, mas acho que podemos lidar com isso — ele fala e
isso faz meu coração se encher de uma sensação nova e inesperada.
— Porque você ama sua ex e talvez queira voltar com ela...? —
continuo listando, um pouco ansiosa.
— Não amo — ele fala, colocando as mãos nos bolsos da calça e
parecendo um pouco tímido.
— Não?
— Não. — Adam dá o passo seguinte e para bem na minha frente.
Seus olhos estão profundos e a forma como ele me olha faz todo meu corpo
esquentar. — Terminamos porque não era amor, Cathy. Terminamos porque
acabou, porque ambos queremos seguir caminhos diferentes.
— Tudo bem, esse item está riscado da lista — retruco, de repente me
sentindo inibida. — Também não pode ser considerado como um motivo
pra fazermos isso.
— Fazermos o quê? — ele pergunta de um jeito sedutor.
— Misturarmos negócios e prazer — respondo, criando coragem para
voltar a olhar nos belos olhos claros.
— Acho que posso resolver isso.
— Ah, é? — Eu cruzo os braços e lançando um olhar desafiador.
— Porque um dos motivos para eu estar sozinho hoje é porque não
consigo tirar uma certa nerd da minha cabeça.
— Hum...
— Uma nerd linda e um pouco doida. E sabe, ela já tá na minha
mente há muito tempo.
Suspiro, sem nenhum tipo de resistência porque a verdade é que ele
também está na minha cabeça há muito tempo.
— Quanto tempo? — pergunto e Adam finalmente cruza a linha entre
nós.
— Desde o dia que te conheci — ele responde com firmeza, passando
as mãos pela minha cintura e me trazendo para junto do seu corpo.
— Não sei se devemos — sussurro, mas a mão dele vem até meu
rosto.
— A decisão é sua, Catherine, mas se depender de mim, você nunca
mais vai sair do meu lado ou da minha vida.
Assim que ele termina de falar, eu me lanço para os seus braços,
enganchando-me no seu pescoço e me entregando para o que quer que
esteja rolando entre nós.
As mãos dele mergulham no meu cabelo e eu solto a respiração com
força, sentindo cada parte do meu corpo começando a esquentar.
— Vou considerar isso como uma permissão — ele sussurra no meu
ouvido, depois mordisca a ponta da minha orelha e eu solto um gemido.
— Ok — respondo, sentindo-me envolver nos braços e na energia
dele. — Isso é uma permissão.
— Ótimo — ele diz, esmagando meus lábios com os seus e me
invadindo com a língua sedenta.
— Agora não tem mais volta, nós cruzamos a linha — falo quando
nossas bocas se afastam.
— A culpa é da sua ginástica doida, ela me fez criar coragem.
— Você quer dizer que só porque empinei minha bunda você criou
coragem de dar o passo seguinte? — pergunto, resmungando.
— Alguém já disse que você tem uma ótima bunda?
Assim que o elevador abre a porta, eu escuto algo que me faz
congelar. Um tipo de gemido e um riso alto. Logo, outros gemidos enchem
o ar e eu me vejo procurando de onde vem o barulho.
— Isso, assim mesmo. — A voz dela me faz virar na direção do som.
— Assim? — alguém pergunta.
— Isso, deem tudo de si. Vamos lá.
Com certeza ela está aprontando. É só o que faz desde que chegou
aqui, mudar as coisas de lugar e me desafiar. Bagunçar a minha vida e me
responder como bem entende.
— Isso mesmo, vamos lá — Catherine comanda, animada.
— O que é que tá acontecendo? — pergunto ao me aproximar de um
mensageiro que está parado no corredor.
O sujeito leva algum tempo para notar que o peguei espiando. Meus
olhos seguem os seus e então eu vejo.
Todos os funcionários do andar estão na sala de reuniões. Catherine
está na frente, agachando e levantando com agilidade e movimentos
exagerados.
— Bunda pra trás, como se fossem sentar numa cadeira — ela declara
e repete o gesto. — Vamos lá, ativando o cérebro. Não esqueçam dos
braços, pra frente e pra trás, eles são importantes.
— Vou ativar minha dor nas costas — um dos velhos do arquivo
resmunga e ela ri alto.
— Não seja rabugento, vamos lá, abaixe só até onde consegue. E
acreditem, o dia vai ser muito mais produtivo depois disso.
— Só o meu salário que não vai ser mais produtivo — Carl, gerente
de contas a receber, resmunga e todos caem na risada.
— Pense pelo lado positivo, pelo menos o seu dia vai ser mais
divertido e menos estressante.
— Que merda ela tá fazendo? — resmungo e o moleque da
correspondência me observa por baixo das sobrancelhas grossas.
— Eu não sei, mas é uma visão e tanto — fala, referindo-se ao fato de
minha secretária estar agachando e empinando a bunda perfeita.
— Essa mulher ainda vai me arrumar um processo — reclamo e ele
estala a língua, sem dar a mínima.
— Eu não acredito nisso. — A voz de Alexander me faz soltar um
chiado de susto. — Ela é boa, fez todo mundo chegar mais cedo pra
começar um alongamento.
— Ela é maluca.
— Não exagere, Landon, a garota é motivada.
— Estranha, atrevida e respondona.
— Parece uma descrição muito familiar, não acha? — Ele me
provoca. — Além do mais, atividade física moderada melhora mesmo o
desempenho cognitivo. É ciência pura.
— Você tá adorando isso, não é? — reclamo e ele sorri.
Desgraçado, ele está mesmo gostando disso.
— Sua avó me disse para contratar uma boa secretária, pra mim, ela
parece perfeita.
— Isso se a descrição do cargo exigir habilidade de me enlouquecer.
— Você pode demiti-la, mas daí vai ter que tirar férias de um ano
inteiro e não vai poder contratar mais ninguém para substituí-la pelos
próximos dez anos. A decisão é da dona da empresa, resolva com ela.
— Minha avó quer me punir. — Suspiro, sabendo que fiz por
merecer. Nós praticamente fomos processados porque berrei com a última
secretária. Com as duas últimas secretárias.
— Já deu uma olhada no currículo dela? Viu onde se formou?
— Não tive tempo.
— Pois deveria, ela é boa. Só precisa de uma chance.
— E eu preciso de um bom remédio pra dor de cabeça, é só isso que
ela me dá.
Uma das coisas boas de não se depender do salário para viver é que
posso tramar uma vingança contra o meu chefe, sem me preocupar com
uma possível demissão ou com gastos que não se pode arcar.
A Catherine do passado jamais gastaria dinheiro com uma
disputazinha boba com o chefe, ela sequer teria um chefe, mas a Cathy do
passado não existe mais. Ela morreu junto com Adam.
A nova Catherine é capaz de infernizar o chefe encomendando online
muitas lingeries sensuais e mandando entregar nos horários mais
inoportunos do dia.
A primeira embalagem chega durante uma pequena reunião que ele
tem com um dos gestores de TI, responsável pelos sistemas das lojas
HOPE.
A caixinha de presente é preta e tem um grande laço vermelho ao
redor. Deixo-a na mesa de Landon e não digo nada. Enquanto isso, o sujeito
atarracado com quem ele conversa lança um olhar curioso para a
embalagem.
— Não sabia que era seu aniversário — escuto-o falar para Landon,
que me lança um olhar cheio de desconfiança.
— E não é.
Com um sorrisinho de vitória, saio da sala e assumo meu lugar,
espiando de vez em quando na direção da sala dele, só para pegá-lo me
olhando com as sobrancelhas vincadas. Em menos de quinze minutos, meu
chefe praticamente dispensa o homem para fora do seu escritório com
alguma desculpa que parece não convencer o sujeito.
Assim que ele vai embora, Landon corta a distância entre ele o
presentinho. Algo no seu olhar me diz que ele sabe que estou aprontando.
Ele abre a caixa e puxa o papel fino de dentro, revelando uma lingerie
preta toda rendada, com fitinhas e laços.
Com as duas mãos, ele inspeciona o tecido de renda e respira fundo.
Seu olhar feroz me pega completamente desprevenida, e assim que nossos
olhos se cruzam, eu sei que fui longe demais.
— Presentinho legal — a voz de Alex me sobressalta, fazendo
Landon desviar os olhos de mim e encarar o gestor do RH. — Namorada
nova, Landon?
Alex contém a vontade de rir quando Landon, em câmera lenta, se
toca que está praticamente hasteando a lingerie como se fosse uma
bandeira.
Meu chefe se atrapalha um pouco e a guarda de volta na caixa.
— O que quer? — pergunta, a voz engasgada e rouca.
— Me entregaram isso por engano — Alex abre um sorriso divertido
quando se dá conta de que a caixa que está carregando é igual à que Landon
está segurando com firmeza.
Meu Deus, acabo de criar o caos na empresa.
Meu chefe vai me matar.
Landon pega a caixa e dá uma olhada no cartão. Tem apenas seu
nome e ele o larga em cima da mesa.
— Mais alguma coisa? — o viking turco pergunta todo carrancudo.
— Não vai abrir? — Alex cruza os braços e não parece nem um
pouco tentado a se afastar. Ele está se divertindo muito.
— Não.
— Vamos lá, eu poderia ter aberto no meu escritório.
— Você e eu sabemos o que tem aqui — meu chefe responde seco, e
Alex me lança um olhar muito astuto.
É claro que ele sabe que isso é coisa minha.
Sou a única pessoa nessa empresa que não pode ser demitida.
Baixo meus olhos e tento disfarçar, mas sinto minha pele quente
enquanto meu coração acelera. Eu sei que ele está olhando para mim.
Depois de se livrar de Alex sem abrir a caixa, Landon bate a porta e
fecha a cortina, impedindo que eu veja sua reação ao ver a outra lingerie.
Eu deveria ter parado na primeira, só que estava muito competitiva e
decidida a ter minha vingancinha pessoal.
Vai ser um dia bem difícil.
A terceira lingerie chega bem na hora em que estou prestes a sair do
escritório, para uma merecida pausa para o café enquanto Landon faz uma
videoconferência com a irmã em Paris e mais uma série de executivos.
Espio a reação dele ao ver a embalagem sendo deixada por um dos
rapazes da correspondência.
Landon fica vermelho e sem jeito quando a irmã pergunta o que tem
no presente. Ele tenta desconversar, mas seu olhar me diz que ele está
começando a ficar incomodado.
Com um sorrisinho de vitória, eu sigo até a copa que fica no final do
corredor. Miranda vem logo atrás de mim e se coloca na função de fazer a
cafeteira funcionar, enquanto eu preparo uns sanduíches para nós.
— Então, que que tá rolando?
— Como assim? — pergunto, mas até eu consigo perceber a nota de
bom humor na minha voz.
— Primeiro que você está toda sorridente, e segundo... não parou de
chegar presentinhos para o seu chefe hoje. É alguma ocasião especial?
— Ah, sim, muito especial — declaro, caindo na gargalhada.
— Meu Deus, Cathy, o que você aprontou?
— Eu? Nada — tento desviar do assunto, sentando à mesa e focando
a atenção em preparar nosso lanche.
— Qual é? Você tá com cara de quem começou uma guerra.
— Na verdade, quem começou a guerra foi ele, eu apenas sou melhor
em contra-ataque.
— Isso é tipo aquele negócio das flores? Você disse pra alguém que
ele está de aniversário ou que morreu outra vez?
— Não, os presentes eu mesma comprei.
Miranda se senta na minha frente e apoia o queixo na mão, esperando
que eu conte o que está rolando.
— Se eu falar, você vai ter que jurar pela sua vida que não vai contar
pra mais ninguém.
— Então é sério mesmo.
— Muito.
— Certo, eu juro, agora comece a falar.
Com um suspiro vencido, eu narro a história toda, desde a aparição de
Landon na minha casa até sua provocação com o suco, depois, conto do
acordo que fizemos e de como ele ficou exibindo seu tanquinho com a
desculpa de ter se sujado de suco outra vez, uma mentira deslavada.
— Revanche, entende? — falo.
— Meu Deus, isso é tão insano, mas ao mesmo tempo é a cara de
vocês dois.
— Nossa cara? Como assim?
— Vocês dois têm essa coisa... essa energia intensa, sabe. É como se
fossem ímãs que se atraem. Além disso, você é a única pessoa aqui que não
tem medo de enfrentá-lo.
— Isso porque ele não pode me demitir.
— Ele não demitiria você nem mesmo se pudesse, o chefe tá caidinho
por você. Acho que vocês têm uma ligação.
— Não confunda atração com outra coisa.
— Só porque você não quer admitir, não significa que não seja
verdade.
— Você está me saindo uma bela alcoviteira, hein — reclamo e ela
estala a língua.
— Cathy, em algum momento você vai ter que seguir com a sua vida
e ser feliz — ela solta e então comprime os lábios com as duas mãos,
arrependida. — Me desculpe, eu não quis dizer isso.
Suspiro.
— Então você sabe?
— Sei, mas não quis ser invasiva.
— Você sabe quem eu sou e o que eu fiz. — Engulo o caroço que se
forma na minha garganta. — E ainda assim me chama de amiga?
Miranda pousa a mão delicada sobre a minha e me faz olhá-la direto
nos olhos grandes e redondos.
— Você fez o que achou que era certo, não é?
— Sim — respondo, a voz saindo cortante e dolorosa.
— Então, por que eu não seria sua amiga? — Ela toca com carinho
minha mão, me fazendo sentir toda a sua compaixão. — Não sou muito
boa em fazer amigos, Cathy, e não vou perder uma das poucas que eu fiz.
— Mas o que eu fiz foi errado, Miranda. Um crime.
— Não sei exatamente o que aconteceu, só o que saiu nas notícias,
mas eu tenho certeza de que você não cometeu nenhum crime. O que você
fez foi amar.
Com uma pontada de dor me cortando de dentro para fora, eu a deixo
me puxar para um abraço e me apertar forte.
— Você é muito especial, Cathy, não importa o que tenham feito você
pensar.
— Acho que você acaba de se tornar a minha melhor amiga, Miranda
— falo, fazendo-a rir.
— Eu nunca tive uma melhor amiga, meu Deus, será que devemos
começar a trançar nossos cabelos?
Rio junto com ela.
— Melhor fazer isso depois do expediente, algo me diz que o senhor
Scott já está bastante bravo comigo por hoje.
Quando volto para a minha mesa, encontro a porta de Landon
fechada. A cortina também está do mesmo jeito e por isso não tenho ideia
de como ele está a respeito dos meus presentinhos.
Assumo meu lugar e fico esperando.
Meu chefe não aparece por um bom tempo, mas quando a porta se
abre, todo meu corpo explode de ansiedade.
— Catherine — ele chama, sem aparecer para que eu o veja.
— Ai, meu Deus, é hoje que ele me chuta daqui — sussurro para mim
mesma, enquanto me levanto e sigo para a sala de Landon.
Assim que cruzo a porta, todo o sangue do meu corpo vai parar nos
dedos do meu pé. Meu chefe está parado diante da mesa e há pelo menos
oito lingeries esticadas sobre ela.
Preto, branco, cor-de-rosa, vermelho, azul escuro, verde, roxo e
amarelo claro.
Os olhos dele vão das lingeries para o meu rosto e há um brilho felino
neles, o que me faz sentir esquentar dos pés até a cabeça.
Com o meio das minhas pernas latejando, eu me esforço muito para
não olhar pra ele.
— Suponho que isso pertença a você — ele fala com a voz rouca.
— Pertence a você — declaro, criando coragem para encará-lo.
— E você espera que eu use isso quando? — a voz dele soa um pouco
mais divertida agora e seu olhar é de pura satisfação.
Dou de ombros.
Landon dá um passo para dentro do meu espaço pessoal.
— Pensei que tínhamos combinado sem provocações — fala com a
voz de trovão que me arrepia até nos lugares mais escondidos.
— Você começou. — Cruzo os braços diante dos meus peitos.
— Acho que só tem uma solução pra nós agora — ele declara, os
olhos faiscando.
— Você me demitir?
— Não, mas nós esquecermos o nosso acordo.
— Algumas poucas lingeries são suficientes pra minar sua força de
vontade, chefe?
— Você quer dizer: oito lingeries de renda?
Sorrio, sabendo que venci a batalha.
— É só roupa — provoco mais um pouco.
— Roupa que deve cair muito bem em você. O que acha de fazer um
pequeno desfile de moda?
— Isso poderia ser considerado assédio — provoco e ele ri.
— Isso e você babando pelo meu abdômen — retruca, animado e
convencido.
— Em minha defesa, você é grande e alto, é difícil não notar — tento
soar comportada, mas isso o faz rir ainda mais alto.
— Diabinha deveria ser seu segundo nome.
— Eu não tenho um segundo nome — respondo, mordendo o lábio e
tentando conter a vontade de falar outra coisa.
— Então, vamos esquecer o nosso acordo e aproveitar os meus
presentes?
— Uau, isso foi bem direto. — Começo a rir numa mistura entre me
sentir ousada e me sentir muito em pânico. — De repente ficou tão quente
aqui.
Me abanando, sigo para a porta.
— Vamos fazer seguinte, escolha uma lingerie e eu vou usá-la no
aniversário da sua avó.
— E eu poderei ver?
— Veremos.
Quando estaciono na frente do duplex de Catherine, sinto um estranho
salto dentro do meu peito. Eu sei que estou arriscando demais, mas não
consigo evitar, desde que a diabinha me enviou aquelas lingeries que não
penso em outra coisa que não seja sentir o gosto da sua boca.
Saio do carro tentando não pensar que ela pode estar usando a lingerie
que eu escolhi. Tentando lidar com o começo de uma ereção que vai acabar
me colocando em uma enrascada.
Bato na porta e não espero para entrar.
— Já tô quase pronta — ela grita de dentro do quarto.
— Tudo bem, cheguei cedo — respondo, perdendo algum tempo
diante das plantas artistas da minha secretária.
— Agora sim, pronta — ela fala e eu me viro.
A visão de Catherine me deixa sem ar.
Ela está mergulhada num vestido preto que contorna os seios em um
decote em forma de coração e que a abraça até os quadris, absolutamente
linda. Perfeita.
Baixo meus olhos lentamente, devorando a imagem sensual que está
diante de mim. O vestido elegante desce até o chão, deixando à mostra a
ponta dos saltos altos.
— Uau, você tá uma delícia — falo, sem conseguir conter minha
língua.
— Você também não está nada mal — ela retruca, passando a mão na
cabeleira ondulada de um jeito sexy. — Podemos ir?
— Ainda não — respondo, cortando a nossa distância e passando meu
braço pela cintura dela.
Catherine respira fundo e solta um gemido baixo, reagindo ao meu
toque com uma intensidade que é enlouquecedora. Com a mão na lombar
dela, eu a puxo para perto e planto um beijo na sua bochecha.
Com a mão livre, subo até seu ombro e afasto um pouco vestido,
procurando por uma resposta.
— O que está fazendo? — ela sussurra.
— Descobrindo se você está usando a minha lingerie — respondo,
sem desviar os olhos do contorno dos seios.
Ela engole um suspiro, deitando um pouco o pescoço e me dando
acesso. Afasto o tecido do vestido e encontro a alça do sutiã.
— Vermelho — solto, surpreso que ela tenha aceitado a sugestão.
— O que foi? Não acreditou quando eu falei pra escolher a cor?
— Você não parece do tipo que permite que alguém escolha sua roupa
íntima.
— Tem razão. — Ela se vira, ficando de frente pra mim e pousando
uma das mãos no meu peito. — Mas resolvi abrir uma exceção.
— Ah, diabinha, você não tem ideia do que tá fazendo comigo —
admito e os olhos delas ficam profundos e sexys. Catherine morde o lábio
inferior.
— É melhor irmos, antes que a gente acabe fazendo algo que vai
complicar tudo.
— Tudo bem.
No percurso da casa de Catherine até a da minha avó, ela não fala
mais do que meia dúzia de palavras. Eu, por minha vez, não consigo parar
de imaginá-la na lingerie vermelha.
Meus pensamentos mais sacanas resolvem me infernizar por todo o
trajeto e eu a imagino em cada uma das peças que ela me enviou para me
provocar. Preto, cor-de-rosa... cada uma delas fica perfeita na imagem que
formulei sobre o corpo dela.
Se Catherine soubesse como me deixa bem perto de perder o controle.
— Você está bem? — ela pergunta quando eu passo pela portaria e
paro o carro na frente da porta.
— Por que a pergunta?
— Você passou o caminho todo suspirando.
— Acabo de descobrir que tenho muita imaginação — confesso,
saindo do carro e indo até a porta dela.
Abro e cedo a mão para Catherine, só então percebendo que ela está
carregando um pequeno embrulho de presente.
— Só espero que não seja outra lingerie — digo, olhando para o
presente nas mãos dela.
Catherine solta uma risada alta, depois, ela se aproxima ainda mais.
— Só pra você saber, vermelho combina comigo — sussurra no meu
ouvido, mandando ondas de eletricidade para cada maldita terminação
nervosa do meu corpo.
— Diabinha, diabinha, você ainda vai me enlouquecer.
— Já disse, você meio que já parece louco — ela replica, dando de
ombros de um jeito descontraído e lindo.
Depois de entrarmos na casa, guio Catherine até o jardim, onde uma
tenda grande com palco e pista de dança foi montada. Há mesas cheias de
convidados por todo o lado e pequenos grupinhos de executivos e
funcionários que conversam animadamente.
As luzes do gramado criam uma aura bonita e aconchegante, embora
haja muita gente que eu nunca nem vi na vida.
Vovó não é do tipo que faz grandes eventos ou cria comoção com a
mídia, mas o seu aniversário é sempre uma ocasião e tanto.
Nós cumprimentamos algumas pessoas enquanto procuro minha avó.
Catherine caminha tensa ao meu lado e posso ver que ela não gosta desse
tipo de coisa tanto quanto eu.
— Minha avó está ali — indico e ela insufla o ar com força. Eu a guio
até a matriarca da minha família e nós chegamos no momento exato em que
vovó e Holly se viram na nossa direção.
— Landon, querido, por um momento achei que não viria — vovó diz
e eu sorrio.
— Dei minha palavra.
— Você deve ser a Catherine — Holly fala, estendendo a mão para
que minha secretária a pegue. — Eu sou Holly, a irmã simpática do Landon.
Catherine aperta a mão da minha irmã e sorri, aproximando-se dela e
da minha avó.
— Você sabe que isso nem é tão difícil, não é? — ela pisca, atrevida.
— Todo mundo é mais simpático que ele.
Minha avó solta uma gargalhada alta.
— Garota, já gostei de você — minha irmã acompanha o complô
contra mim.
— Três contra um é covardia — resmungo e as três nem dão bola
para o meu drama.
— Isso é pra senhora — Catherine se volta totalmente para a minha
avó e entrega o pequeno presente. — Landon me disse que a senhora gosta
dos Beatles.
— Eu amo — vovó responde. — Mas por favor, não me chame de
senhora, isso me faz sentir com dez anos a mais. É apenas Mary.
— Ok, Mary.
Vovó abre o pequeno embrulho e tira uma caixinha de madeira de
dentro. Ela é antiga e entalhada. Dentro da caixa há um pequeno pedaço de
papel plastificado, protegido da ação do tempo.
— É verdadeiro? — vovó pergunta e então eu vejo do que realmente
se trata.
É um autógrafo de Paul McCartney.
— É sim, tem uma certificação, veja. — Catherine tira um envelope
de dentro da caixinha de madeira e passa para as mãos da vovó que
encontra o certificado de um especialista.
— Uau, isso... isso é perfeito. Acho que eu não deveria aceitar, deve
ser a coisa mais valiosa nessa casa toda.
— Nem tanto — Catherine sorri, envergonhada. — Mas fico muito
feliz que gostou.
— Caramba, é verdadeiro — Holly solta com seu jeito extravagante
depois de examinar o certificado. — Como você conseguiu isso? Passamos
anos tentando encontrar um que não fosse falsificado.
Catherine dá de ombros.
— Digamos que eu conheço alguém, que conhece alguém que tinha.
— Isso é meio evasivo até pra você — sussurro no ouvido dela e isso
a faz erguer os olhos na minha direção.
Seu sorriso é quase imperceptível e some tão rápido quanto aparece.
Mas não consigo evitar de me prender nos seus olhos. Catherine é diferente
de todas as pessoas que já conheci e seu jeito me faz querer ser melhor só
para vê-la me olhando assim.
Mas também me faz querer ser o mesmo só para vê-la respondendo
daquele jeito travesso e espevitado.
— Vamos dançar? — Catherine pergunta quando a música na pista de
dança fica mais lenta.
Nós deixamos os olhares atentos da minha avó e de Holly. Puxo
Catherine pela mão e ela não impõe nenhuma resistência, me deixando
guiá-la por entre as pessoas até a pista.
Alguns curiosos ficam prestando atenção em nós, mas tento não focar
nisso. Só quero viver o momento, deixar que a minha estranha secretária
desperte coisas que achei que nunca mais seria capaz de sentir e ver aonde
isso vai me levar.
Paramos na pista e eu a puxo para os meus braços, encaixando minha
mão na sua lombar. Catherine cabe perfeitamente nos meus braços e o
suspiro que dá me instiga a querer tê-la ainda mais perto.
— Tenho uma confissão a fazer — sussurro no ouvido dela.
Por baixo dos cílios volumosos, ela me lança um daqueles seus
olhares profundos e inquisidores.
— Quero muito esquecer nosso acordo — admito e ela morde o lábio.
— Isso é muito arriscado, as coisas podem acabar mal.
— Já não começaram muito bem, não tem como ficarem piores —
provoco e ela dá um sorrisinho.
— Você está tentando negociar comigo?
— Está funcionando? — respondo com outra pergunta.
— Talvez...
Assim que Catherine termina de falar, eu a colo ao meu corpo e
seguro seu rosto com as minhas duas mãos, acabando a nossa dança quando
grudo minha boca na sua.
Quando os lábios dele esmagam os meus, sinto um arrepio que
percorre toda a minha coluna, desde a base, na lombar, até os pelinhos da
nuca. A sensação se espalha em ondas pelo meu corpo, aquecendo cada
parte de mim.
A mão dele dança nas minhas costas, me segurando com uma pegada
firme que só inflama ainda mais o meu desejo.
— Landon — sussurro em um gemido quando ele baixa a cabeça e
enfia o nariz no meu pescoço.
— Sim, Catherine? — pergunta baixinho perto do meu ouvido e
provocando uma sensação de eletricidade bem no meio das minhas pernas.
É difícil demais de conter a explosão de sensações que meu chefe provoca
em mim.
A boca dele mordisca a pele do meu pescoço e o lóbulo da minha
orelha e depois volta aos meus lábios.
É tão sutil e sensual que não consigo me conter, então envolvo meus
braços no seu pescoço e o puxo para outro beijo.
Abro meus lábios e permito que ele me invada com a língua
implacável. Ela busca pela minha e exige que eu me entregue, ritmando
nosso contato como se ambos fizéssemos parte de uma engrenagem
perfeita.
Pegamos fogo na pista de dança e nada mais importa.
Mordisco o lábio inferior do homem que parecia me odiar até pouco
tempo e ele reage apertando meus quadris com as mãos fortes e me fazendo
roçar na sua ereção.
Estamos diante de muitos olhos curiosos, mas nada mais faz sentido,
ninguém tem importância quando tudo o que sentimos é como fogo puro e
feroz. Um calor tão poderoso que é impossível afastar.
— Quero você, Catherine — ele sussurra com a voz rouca e sensual
no meu ouvido e eu amoleço nos seus braços.
Ergo meus olhos, sem conseguir resistir mais ao desejo e assinto.
— Também quero você.
— Ótimo, vamos sair daqui. — Ele me puxa pela pista de dança e nós
nem mesmo olhamos ao redor enquanto nos afastamos de todos. Eu sei que
não deveria ter deixado chegar a tanto, mas não me importo. Só quero sentir
mais dessa sensação.
Só quero um pouco mais de Landon Scott.
O apartamento de Landon fica em uma das áreas mais nobres de São
Francisco, no alto das colinas, em Nob Hill, entre o centro e o conhecido
Fisherman’s Wharf. Não posso dizer que fico surpresa com isso. Landon
tem bom gosto e, ao contrário de mim que não dou a menor bola para o
dinheiro na minha conta bancária, ele gosta de aproveitar as coisas que seu
dinheiro tem para oferecer, como um carro de luxo e uma cobertura.
O lugar é refinado, mas aconchegante, o que é bem curioso, já que ele
parece praticamente viver no escritório.
Assim que ele acende as luzes, ergo meus olhos para as portas duplas
de vidro, que dão para uma varanda que deve ser maior do que a sala do
meu sobrado. A vista é absolutamente linda e me faz suspirar.
Enquanto observo São Francisco pelo ponto de vista da varanda de
Landon, sinto sua aproximação lenta e felina. Meu estômago toma um
pequeno sobressalto quando ele enfia o nariz no meu pescoço e me abraça
por trás.
— Gostando da vista? — pergunta, mordiscando o lóbulo da minha
orelha.
— Muito — sussurro, virando-me para ele e passando meus braços
pelo seu pescoço.
Quando nossos olhos se encontram, sei, sem qualquer sombra de
dúvida, que Landon Scott é muito mais do que as aparências dizem. Há algo
de selvagem no castanho profundo dos seus olhos que me puxa para ele
como um ímã.
A atração é poderosa, mas também é mais do que isso.
É mais do que apenas desejo.
Existe uma conexão, algo muito além do que sou capaz de explicar.
— Você virou minha vida de cabeça pra baixo — ele diz e então
esmaga meus lábios com sua boca carnuda.
Minhas mãos correm da sua nuca até seu rosto, passando pelo maxilar
forte que me leva por um ritmo intenso e feroz.
Não há nada de meigo ou delicado, Landon exige tudo de mim com
sua boca implacável. Enquanto me invade e me envolve, suas mãos descem
da minha cintura e se assentam na curva da minha bunda e quadris.
Solto um gemido quando ele me puxa contra sua ereção.
— Quero você, diabinha, quero muito — diz, mordiscando meu
queixo e mergulhando com a boca na curva do meu pescoço.
Então eu me entrego.
Sem pensar no que vem depois ou nas consequências do que estamos
fazendo. Quero apenas esse momento.
— Espera — sussurro, espalmando a mão no peito de Landon e
ganhando apenas alguns centímetros de distância entre nós.
Ele me lança um olhar confuso, mas não se move, respeitando o meu
afastamento breve. Viro de costas e seguro meus cabelos.
— O zíper — peço e ele grunhe quando se dá conta do que se trata,
avançando até mim e baixando o zíper numa velocidade incrível.
Depois disso, Landon pousa as mãos nas alças do meu vestido e puxa
ambas para o lado, pelo ombro, baixando o tecido lentamente.
O vestido vai parar nos meus pés e eu fico apenas de lingerie.
A lingerie vermelha que ele escolheu.
— Você cumpriu com a sua promessa — ele fala com a voz rouca e
excitada.
Viro para ele e percebo seus olhos dilatados de desejo, isso me
esquenta ainda mais.
Depois que Landon me dá uma olhada de cima até embaixo, eu me
aproximo e começo a ajudá-lo a se despir.
Primeiro o terno, depois a camisa, expondo um peitoral que me faz
acreditar mesmo que ele é um viking turco.
Sua pele bronzeada, seus músculos definidos, o contorno do corpo
perfeito.
Landon é o homem mais sexy que eu já vi.
Nossos olhares se cruzam e, nesse momento, sei que não tem mais
volta.
Eu vou até o fim.
Nós iremos até o fim.
A lingerie de renda vermelha abraça o corpo perfeito da minha
diabinha. Ela espera enquanto eu termino de tirar meus sapatos e os
empurro para o lado, baixando a calça em seguida e dando uma visão das
minhas pernas e cueca.
— Belas coxas. — Catherine morde o lábio inferior.
Corto nossa distância e a envolvo nos meus braços, puxando-a para
me dar acesso à sua boca.
As mãos da minha secretária mergulham nos meus cabelos, cheias da
mesma fome que sinto. Quando ela geme baixinho, ao sentir minha mão
firme na curva da sua bunda, sinto que perco de uma vez por todas o que
ainda restava da minha resistência.
Quero Catherine como nunca quis uma mulher antes e, a menos que
ela me peça para parar, vou até o fim. Não importa o que pode acontecer
amanhã, esta noite, eu a quero pra mim.
Com as duas mãos na bunda dela, iço Catherine nos meus braços e ela
envolve as pernas na minha cintura, a boca ainda grudada na minha e as
duas mãos no meu rosto.
— Landon — ela geme, quando eu caminho com ela enganchada a
mim. — Quero você.
— Diabinha, você não tem ideia de como me deixa falando assim. —
Eu rumo para o meu quarto, empurrando a porta com o pé, para não perder
nem uma parte do nosso contato.
Deito-a de costas na minha cama e aprecio o corpo perfeito e sensual
que me convida.
— Linda e perfeita.
Ela lambe os lábios e eu avanço, cobrindo-a com meu corpo e
afastando suas pernas, para me encaixar entre elas.
Roço minha ereção na beirada da calcinha e ela geme, fechando os
olhos e me puxando pelos ombros.
Com a minha boca, exploro a pele entre a curva do pescoço e os seios,
raspando os dentes devagar enquanto saboreio seu gosto. Catherine é
deliciosa e eu mal posso esperar para me enfiar entre suas pernas e ouvir
mais dos seus gemidos.
Raspo os dentes na borda da taça do sutiã e ela arqueja, contornando
meu corpo com as pernas e roçando no meu pau, que lateja dentro da cueca.
Tiro seu seio de dentro da lingerie e exponho o mamilo pequeno e
duro. O rosado da aréola fica todo arrepiado quando passo a ponta da
língua.
— Delícia — sussurro contra a pele quente, abocanhando o bico do
seio e começando a chupá-lo. — Você não tem ideia de como pensei em
fazer isso — admito, partindo para o outro seio.
Começo a chupar o outro mamilo e Catherine enfia uma das mãos nos
meus cabelos e o puxa. Tão ardente e entregue.
Ajudo-a a tirar o sutiã e admiro a beleza perfeita dos seus seios,
lambendo-os até que ela começa a gemer.
— Ah, Landon, isso é muito bom — sussurra, a voz toda manhosa e
sexy.
Isso me estimula a percorrer seu corpo com a minha língua e eu desço
pelo ventre lisinho, mordiscando a pele e a arranhando de leve com a minha
barba.
Quando chego perto do meu alvo, migro com a boca para a parte
interna da coxa dela, mordendo de leve e arrancando outro gemido
impressionante.
Sento sobre minhas pernas e aprecio a visão de Catherine com as
pernas abertas ao meu redor. Exposta e linda.
Gostosa pra caralho.
Entregue pra mim.
E eu vou me deliciar.
Com o dedo, roço a parte debaixo da calcinha e sinto a umidade. Isso
faz meu pau latejar, carente para estar dentro dela.
Arranco a calcinha de um jeito brusco que a faz arquejar. Então passo
o dedo direto na pele quente e excitada. Ela aperta o lençol com força e iça
um pouco os quadris, mostrando o quanto está pronta para mim. Eu enfio
meu dedo na boceta molhada.
— Porra, Catherine, você tá toda melada pra mim.
Ela geme, completamente entregue.
Coloco outro dedo na fenda e começo a massagear seu clitóris com
meu polegar, enquanto entro e saio de dentro dela.
É uma loucura o que isso faz comigo.
Dentro da cueca, meu pau empurra cheio de ansiedade, latejando pelo
desejo, enquanto meu coração bombeia o sangue com força e o faz acelerar
as batidas.
— Ah, Landon... — ela chama meu nome, ditando o ritmo em que eu
a penetro com meus dedos. Exigindo de mim o prazer que quer receber.
Tomado pelo desejo mais animal, sinto que não existe a menor chance
de lutar contra o que está acontecendo. Quero Catherine, quero senti-la.
Passo minha língua pela bocetinha inteira, desde a fenda até o ponto
mais inchado, repetindo esse gesto e tirando meus dedos para poder sentir
de fato o gosto da mulher que tumultuou minha vida e mudou tudo. A
bocetinha deliciosa se contorce com o toque da minha língua.
E eu só paro quando encontro o clitóris intumescido.
Lambo-o, impondo pressão e sentindo todo seu mel correr pela minha
garganta.
É viciante.
É uma delícia.
E eu quero muito mais.
— Gostosa demais — rosno contra a pele quente e inchada. Quando
Cathy choraminga, sei que não posso mais esperar. — Preciso entrar em
você, Catherine.
Ela ergue a cabeça, os olhos profundos e dilatados, a boca vermelha e
suplicante.
Pairo sobre o corpo perfeito, mergulhando minha boca no seu pescoço
delineado e chupando a pele com força. Me sentindo uma fera, quero
marcá-la como minha, enquanto saboreio o gosto de cada um dos seus
pedaços.
Catherine é livre e sempre será uma mulher de opinião, mas nesse
instante, tão entregue e sexy, só consigo senti-la como sendo minha.
Completamente minha.
Me encaixo entre suas pernas e posiciono meu pau ansioso na fenda
molhada. Ela geme mais, incitando meu corpo contra o seu e
choramingando de vontade.
— Landon, por favor — pede, impelindo os quadris contra a minha
pélvis.
Me empurro para dentro dela bem devagar, permitindo que ela tome
seu tempo para se acostumar comigo.
Enquanto isso, beijo seu pescoço e queixo, chegando aos lábios no
mesmo instante em que nossas mãos se encaixam sobre a cama.
Ela aperta meus dedos entrelaçados aos seus, começando a
impulsionar o próprio corpo e ditando o ritmo.
Nós sintonizamos nossos movimentos e eu começo a entrar e sair da
boceta apertada que me deixa louco.
O ritmo é intenso e brusco e vai me roubando o controle a cada nova
estocada.
As mãos de Catherine vão para as minhas costas e ela enfia as unhas
no mesmo instante em que fecha os olhos, gemendo alto e me fazendo
mergulhar na sua aura eletrizante.
— Caramba, Landon, eu... eu vou...
— Goza, linda, goza no meu pau — peço no seu ouvido, sentindo o
efeito que isso tem sobre ela.
Catherine é arisca e ardente na mesma medida. Sua língua afiada
sempre me deixou com a sensação de que ela deveria ser uma gatinha
selvagem na cama. Agora, tenho certeza de que ela é quente como fogo
puro e eu quero muito me queimar.
— Mais forte — ela choraminga e eu firmo meus antebraços na cama,
empurrando meu pau mais forte e abrindo o espaço que preciso. Ela se
contorce, esfregando a boceta enquanto eu me enterro nela.
Seus gemidos manhosos vão se perdendo em meio aos meus próprios
grunhidos. Como dois animais sedentos, nós encontramos o prazer.
Ela cruza as pernas na minha cintura e abocanha minha clavícula,
implorando para que eu continue metendo com força.
— Goza, linda, goza pra mim — eu peço outra vez e ela me aperta
com a bocetinha deliciosa, derrubando qualquer muro e me fazendo
entregar a ela tudo o que tenho.
Cada gosta do meu prazer.
E do meu desejo.
Fecho os olhos, sentindo a onda de prazer que me percorre inteiro.
Nesse momento, sou açoitado pela lembrança da primeira vez que a
vi, toda sorridente e colorida, respondendo que não era velha para mudar de
carreira se eu não era velho para ter uma babá.
Estoco mais forte.
Lembro da nossa primeira discussão sobre o café.
Estoco outra vez, arrancando outro dos gemidos de Catherine.
A imagem do seu sapato estranho vem logo em seguida, me fazendo
sentir uma estranha necessidade de ter mais dela do que apenas seu
orgasmo.
Beijo Catherine, que reage mordiscando meu lábio inferior.
E, então, como se num último suspiro de força da minha mente, todas
as lingeries que a diabinha mandou me entregar surgem na minha cabeça,
assim como o nosso momento de filme no parque e sua declaração
embriagada sobre meu tanquinho, eu arquejo e entrego a ela o resto que
ainda pertencia a mim.
Minha alma.
Rugindo, eu gozo sem controle dentro da diabinha, ouvindo-a gemer e
me apertar com a bocetinha. Mesmo entregue, mantenho as estocadas, até
sentir o aperto que ela me dá quando encontra seu próprio prazer.
Nos embalamos mais um pouco, até que perco as forças e rolo para o
lado, abrindo os braços para que ela se aproxime. Foi bom pra caralho e
assustador de um jeito muito difícil de explicar.
Em um momento estou me entregando ao prazer e ao desejo e, no
seguinte, estou entregando tudo que há em mim para ela. Absolutamente
tudo.
Não para o seu corpo ou para o prazer, mas para ela.
— Sabe o que me ocorreu agora? — Catherine pergunta, se
aninhando aos meus braços.
— Não me diga que está com vontade de tomar um suco — provoco e
ela ri alto e leve.
— Não, é mais sério do que isso.
Puxo seu queixo e a faço me olhar nos olhos.
— O que foi?
— Não usamos preservativo.
Droga, nem pensei nisso. Estava tão profundamente envolvido que
sequer lembrei do mais importante.
— É verdade, mas eu estou limpo, sempre me cuidei e meus exames
estão em dia.
Ela suspira e assente, ponderando sobre alguma coisa. Como se
medindo as palavras que vai usar comigo.
— Bom, eu não fico com ninguém há... um tempo. Também estou
limpa.
— Um tempo? Quanto? — eu pergunto, me divertindo com a
repentina timidez.
— Algum — ela desconversa, começando a tocar de leve o meu
tanquinho que não pôde explorar muito antes, porque eu estava louco para
senti-la.
— Alguns meses? — insisto no assunto, o sorriso lascivo moldando
meu rosto.
— Um pouco mais — vejo as bochechas dela corando.
— Um ano?
— Dois — admite entredentes.
— Puta merda! — crispo, apoiando-me nos cotovelos para observar o
rosto tomado pela timidez. — Como isso é possível?
— Não sou boa em relacionamentos — ela se esquiva, mas algo me
diz que é mais do que isso. Algo me diz que tem a ver com seu coração
partido.
— Não posso prometer muito porque sei que sou difícil, mas não vou
machucá-la — digo, sentindo um sentimento grande e estranho se apoderar
de mim. — Não vou magoá-la.
— Vou tentar fazer o mesmo.
Eu aposto que sim.
Quatro anos antes
— Uau, nunca imaginei que você pudesse ficar ainda mais linda do
que é — a voz dele me sobressalta.
Viro na direção da porta e vejo meu futuro marido encostado no
batente. Ele está usando um terno feito sob medida e, embora tenha perdido
algum peso nos últimos meses, ainda fica perfeito nele. Os cabelos
repicados e o sorriso sensual me brindam com uma onda de calor por todo o
corpo.
Adam sempre fica lindo de terno, mesmo quando os cabelos estão
bagunçados ou a barba por fazer. É como se ele praticamente tivesse
nascido para usar qualquer coisa em qualquer ocasião.
Só que essa não é uma ocasião qualquer. É o nosso casamento.
— Você está lindo — digo, indo até ele e passando meus braços no
seu pescoço. — Perfeito.
— Pronta para se tornar minha esposa?
Assinto, mas um caroço se forma na minha garganta e, com os lábios
prensados, tento conter as lágrimas que querem acabar com a minha
maquiagem de noiva. Uma delas escapa e corre pelo meu rosto. Adam a
limpa com o polegar depois de me puxar para os seus braços.
— Queria ter mais tempo, pra nós casarmos na igreja — ele sussurra,
beijando a palma da minha mão com seu jeito carinhoso e fofo.
— Nós não vamos desistir, Adam — solto em um ruído que mais
parece um ganido do que a minha voz.
Eu sei o que ele pensa, mas não estou pronta para entregar os pontos
ainda.
— Não estou desistindo, amor, estou apenas seguindo com a minha
vida — ele sorri, mas há um tom de tristeza no seu sorriso e isso parte ainda
mais meu coração.
— Nós não estamos nos casando pelos motivos certos, Adam. Você só
quer um escape.
— Estou me casando porque amo você, Catherine. Não venha me
dizer que isso não é o motivo certo — ele crispa, chateado. — Se você quer
desistir, fale por você mesma e não me culpe.
— Não quero desistir, eu amo você — falo, ganhando alguma
distância do homem que amo para que ele me veja no vestido.
Não é um vestido de noiva no sentido tradicional, mas é o mais perto
que sou capaz de chegar disso nas atuais circunstâncias. É um vestido
branco elegante, que me faz sentir bonita e uma futura esposa.
— Eu quero ser sua esposa, mas saiba que isso não vai mudar nada.
Não vou desistir.
— Não pedi que desistisse, pedi que fosse minha esposa.
— Então está claro que vou continuar com a minha pesquisa? Eu vou
achar uma cura pra você, custe o que custar pra mim.
Adam corta nossa distância e me prende no seu abraço.
— Eu te amo, Catherine Brooks, você pode, por favor, parar de me
torturar e ir até o juiz dizer sim? Não quero esperar nem mais um dia pro
mundo saber que você é minha.
— E você é meu. — Eu afundo no seu abraço e suspiro.
— Eu sou seu, todo seu.
Ergo meus olhos marejados e encontro o sorriso doce de Adam. Ele
planta um beijo suave nos meus lábios.
— Pronta?
— Pronta.
— Ótimo, mal posso esperar por nossa lua de mel.
— Você é um safado, Adam.
— E você é o quê? Um anjinho?
— Não, eu sou a sua futura esposa.
— Adoro como isso soa — ele declara, me pegando pela mão. —
Putz, esqueci onde coloquei a chave do carro.
— No seu bolso. — Rio.
— Certo, certo, vamos lá acabar com essa espera. Vamos lá fazer de
você a minha mulher.
Antes de sair, paro no meio da sala do nosso apartamento e o faço me
encarar de frente.
— Eu digo sim, Adam. Mil vezes eu digo sim pra você e pro nosso
amor. Eu te amo.
— Eu te amo, Catherine.
Quando abro os olhos e me dou conta do que fiz, todo meu corpo
retesa. Fui fraca, traí Adam e tudo pelo que lutamos. Não resisti ao desejo
por Landon e agora estou aqui, presa sobre os músculos do seu braço e
sentindo o compasso da sua respiração.
Traí todo o amor que juramos diante de um juiz.
Até que a morte os separe, diria o padre se tivéssemos casado diante
de um. E, embora não tenhamos casado com um padre, eu fiz isso, não foi?
Eu o matei e o perdi para sempre.
Fecho os olhos e respiro fundo.
Landon parece tão tranquilo, os cabelos rebelados sobre o travesseiro
e o corpo relaxado, me envolvendo em um tipo de casulo quente e
agradável.
Eu gostaria de poder me dar ao luxo de ficar aqui com ele.
Eu fui esse tipo de garota, do tipo que dorme até o dia seguinte, mas
não posso mais ser assim. Não há mais espaço para esse tipo de sentimento
no meu coração.
Além disso, prometi não magoar Landon, quando ele prometeu o
mesmo por mim. Isso significa ir embora agora e não prolongar o que não
pode acontecer entre nós.
Ele é meu chefe.
Eu sou apenas a secretária.
Nós não temos nada em comum e não podemos mandar pelos ares
uma relação de trabalho que já não é perfeita.
Se bem que perfeição é superestimada.
Eu me arrasto para fora da cama, tentando escapar do aconchego
sonolento dos seus braços.
Assim que consigo sair e piso no chão de madeira, sinto-o se mover
de leve.
— Aonde pensa que vai, diabinha? — ele pergunta com a voz rouca.
— Eu preciso ir.
— Saindo de fininho? — Landon se senta na cama e me lança um
olhar divertido.
— Sim, sinto muito — respondo, mas sem conseguir explicar mais.
— Isso nunca deveria ter acontecido.
— Por quê?
— Porque você é meu chefe.
— Você está demitida — ele declara, saindo só de cueca e vindo na
minha direção.
Depois de transarmos pela segunda vez na madrugada passada, ele
vestiu a cueca e preparou um lanche para nós. No fim, nós passamos algum
tempo conversando até que eu peguei no sono nos seus braços.
— Você não pode me demitir. Ainda mais agora que sua avó me adora
— eu falo, desaforada, enquanto tento achar minha calcinha e sutiã em
algum lugar do quarto.
— Quando fala assim, me dá vontade de deitar você na cama e dar
umas palmadas nesse rabo gostoso — ele declara, avançando na minha
direção com mais determinação.
— Você não... — começo a protestar, mas é tarde demais, Landon já
me prendeu nos seus braços e, sem qualquer esforço, me arrasta de volta
para cama.
Ele me coloca de quatro e se encaixa entre as minhas pernas, roçando
o pau já ereto e firme na minha entrada. Solto um gemido, sentindo crescer
a excitação e a umidade em mim.
Landon aperta minha bunda com uma mão e com a outra, ele me dá
uma palmada que me faz dar um gritinho de sobressalto.
— Você achou que eu não faria — ele declara cheio de si.
Eu me viro e fico de pé na cama.
— Você é mau — falo, passando minhas mãos nos seus cabelos e
puxando-o contra meu peito. — Agora tem que me compensar.
— Compensar? — pergunta, a voz inflamada e sexy.
— Cada palmada é um orgasmo que vou querer.
— Diabinha, eu vou fazer você gritar de tanto prazer — ele retruca,
apertando minha bunda com as duas mãos e me dando outra palmada em
seguida.
Me jogo nos seus braços e contorno a cintura dele com as pernas,
esquecendo completamente do meu objetivo de fugir.
— Antes, eu vou precisar de um banho — falo, apontando para a
porta do banheiro na suíte. — Vamos?
— Seu desejo é uma ordem, senhorita.
— Sabe, posso acabar gostando desse seu lado obediente.
— Veremos.
Landon me leva até o banheiro e empurra a porta com o pé, só para
não tirar as mãos da minha bunda.
Ele roça os dedos na pele já úmida entre as minhas pernas, buscando a
entrada e rugindo ao me sentir molhada.
— Você me deixa louco — ele diz, me colocando sentada em cima do
armário da pia e afastando minhas pernas de um jeito brusco.
Landon coloca dois dedos e eu deito um pouco, encostando no
espelho e o sentindo me penetrar com ritmo.
O polegar dele vai direto ao meu ponto sensível e ele o pressiona toda
vez que seus dedos mergulham dentro de mim.
— Landon... — choramingo, quando o prazer de ver e sentir um
homem tão gostoso me tocando é demais para suportar sozinha.
— Porra, Catherine — rosna. — Gemendo assim eu perco o controle.
Meus olhos descem pelo abdômen definido e suado de Landon,
pairando sobre o pau que me deixou dolorida há pouco tempo. Ele é grande
e já está duro, pronto para me levar por um caminho de prazer puro e
insano.
Desço de cima da pia e o empurro contra a parede.
— Hora de perder o controle, grandão — falo, pousando a mão no
abdômen dele e roçando as minhas unhas nos gomos.
Um.
Dois.
Três.
Três gomos de um lado e três do outro.
— Você é tão gostoso — provoco, envolvendo o pau com a minha
mão. A extensão dura pulsa de leve com o meu toque.
Quente.
Intenso.
Feroz.
O olhar de Landon me instiga a provocar ainda mais. Então, eu desço
com meus dedos até as bolas e massageio de leve, baixando meu corpo e
ficando de joelhos na frente dele.
— Segura os meus cabelos — peço e isso o faz conter um grunhido
com muito esforço.
Landon enfia a mão nos meus cabelos e os prende em forma de um
grande rabo de cavalo, segurando com firmeza, mas sem forçar demais.
Quando sinto a expectativa dele, molho meus lábios e me aproximo
da cabeça do pau, lambendo bem lentamente e provocando a glande com a
minha língua.
Vou descendo com a língua e percorrendo a extensão, deixando-o bem
molhado com a mistura da minha saliva e do pré-gozo.
Eu faço o percurso de volta, brinco mais um pouco com a cabeça e,
então, o mergulho dentro dos meus lábios, começando um vai e vem
molhado e quente.
Com uma das minhas mãos, seguro na coxa torneada dele e, com a
outra, aperto as bolas e começo uma carícia, enquanto aumento o ritmo em
que o chupo.
Landon grunhe e eu sinto mais um pouco do pré-gozo correr pela
minha garganta, me deixando ainda mais excitada.
— Diabinha... assim eu não aguento.
— Ótimo — declaro, aumento a fricção da minha mão e lambendo-o
ainda mais. — Você pode resistir ou se entregar, a decisão é sua.
Chupo mais um pouco e ele acaba fechando os olhos, segurando meus
cabelos, mas sem impor qualquer pressão. Eu aproveito que estou no
controle e o domino com a minha boca e minhas mãos, sentindo seu gosto
delicioso e aproveitando cada segundo.
— Catherine — ele grunhe, me fazendo levantar e me empurrando
com delicadeza para dentro do box.
Landon liga o chuveiro e dosa a temperatura. Então, mergulha meu
corpo sob a água e me vira de costas.
Sua boca paira sobre meus ombros e pescoço e ele chupa a minha
pele sem qualquer cuidado, me fazendo sentir crescer a necessidade de tê-lo
me tocando nos pontos mais sensíveis.
Minha bunda roça na ereção e ele escorrega a mão pelo meu quadril.
Depois vai, devagar, buscando o caminho no meio das minhas pernas, até
achar o ponto sensível que ele pressiona com vigor, massageando-o em
movimentos circulares.
Fecho os olhos e posiciono minhas mãos na parede, precisando de
esforço para não amolecer.
Sem tirar os dedos que me incitam a gozar, Landon posiciona o pau
bem na entrada e, devagarinho, vai mergulhando dentro de mim.
— Essa bocetinha já tá toda meladinha pra mim — ele sussurra e
morde a curva do meu pescoço.
Começo a gemer conforme ele me preenche mais e mais.
— Rebola no meu pau, Catherine, e goza pra mim — ele pede e eu
começo a rebolar, me entregando inteiramente ao prazer.
É como se todo meu corpo vibrasse, seguindo pelo caminho que ele
leva com o pau que me abre e me completa.
— Meu Deus, Landon, eu vou gozar — choramingo, deixando que o
prazer me arrebate em ondas, numa espiral envolvente e sexy que não dá
qualquer margem para escapatória.
Eu gozo gemendo bem alto o nome dele e isso o faz empurrar-se com
mais força, rugindo conforme encontra o próprio prazer.
— Deliciosa — sussurra, puxando os dedos do meu clitóris e levando
aos lábios. — Gostosa pra caralho.
— Isso é sexy — falo, mordendo meu lábio.
— Encaixe perfeito — ele diz, ao tirar o pau de dentro de mim e me
envolver num abraço. — Me prometa uma coisa, Catherine.
— O que é? — pergunto, deitando minha cabeça no seu peitoral forte
e deixando que as batidas apressadas do seu coração encham meus sentidos.
— Prometa que vai passar essa noite comigo. Não vá embora,
diabinha.
— Você é meu chefe... não devíamos.
— Amanhã nós pensaremos nisso, vamos só ficar juntos essa noite,
ou melhor, esse final de semana e aproveitar. — Ele ergue meu queixo com
carinho e me faz olhá-lo por baixo dos meus cílios molhados. — Promete,
diabinha. Promete que não vai embora.
Beijo o lábio cheio e suculento e suspiro.
— Prometo.
Vê-la ir embora é praticamente uma tortura, ainda mais depois de
passar praticamente o final de semana todo me enterrando no meio das suas
pernas e comendo a bocetinha gostosa.
Catherine é tão teimosa.
Ela já está decidida que não importa que o nosso entrosamento seja
ainda mais forte do que nossas discussões, a química e a atração também
não importam. Ela está decidida a se afastar de mim, se isso significar que
vai continuar no emprego.
Mesmo que tenha sido perfeito.
Mesmo que eu não consiga parar de pensar nela.
Pareço um adolescente, sofrendo por uma garota bonita que está me
rejeitando. Isso não vai ficar assim, não vai mesmo.
Essa diabinha me deixou provar seu sabor delicioso e agora eu quero
muito mais disso e não vou desistir assim tão fácil.
Então passo o resto do meu final de semana pensando em maneiras de
convencer minha secretária de que o que temos é melhor do que seu cargo.
Penso em suborná-la com uma promoção, mas acho que isso só a
faria se afastar mais e ainda acabaria sendo processado ou acabasse levando
um chute na bunda, Catherine não é do tipo que leva desaforo para casa.
Talvez eu deva demiti-la... e acabar com outra secretária doida na
minha vida? Melhor não fazer isso.
O jeito é ignorar o fato de que somos chefe e secretária e não deixar a
diabinha escapar da minha vida.
Acho que tenho uma ideia.
Chego antes de todo mundo ao escritório e a primeira coisa que faço é
colocar o máximo de tarefas em dia. De repente, me sinto animado e
renovado e poderia trabalhar em alto nível de eficiência o dia todo, ainda
mais sabendo que ela logo deve chegar.
Minha diabinha não perde por esperar.
Quando Catherine chega, estou com a cortina da sala fechada e a
porta também. Sei que ela vai ficar curiosa e provavelmente vai chegar
cheia de coisas para falar, mas não tenho planos de escutar nenhuma
desculpa que justifique nosso afastamento.
— Catherine, você pode vir aqui? — peço por telefone e ela assente,
um pouco mais calada do que o normal.
Assim que entra na minha sala, Catherine estaca no lugar ao se dar
conta de que estou sem camisa e começando a desabotoar a minha calça.
— O-o qu-que está fazendo? — ela pergunta atrapalhada.
— Trocando de roupa — minto e ela dá uma olhada ao redor,
procurando a roupa que vai vestir.
— Mentira — crispa e seus olhos percorrem meu corpo numa fração
de segundo.
Por causa do seu olhar faminto, meu pau lateja na cueca e eu me vejo
praticamente arrancando minha calça.
— Verdade — minto outra vez e ela sacode a cabeça numa negativa
inconformada. — A menos que você prefira que eu não vista nada.
— Aí está — ela declara num tom vitorioso. — Sabia que é uma
armação.
— Juro que não — continuo com minhas mentiras descaradas, mas
desta vez eu avanço na direção dela e a envolvo nos meus braços. — Tudo
bem, é mentira.
— Landon — ela geme meu nome e isso me deixa louco.
Puxo Catherine para a minha mesa e a deito de costas, sem dar tempo
para que ela pense.
— Estou com saudade da sua bocetinha — falo, puxando o vestidinho
executivo dela para cima e expondo uma calcinha preta que ressalta a pele
alva. — Tão gostosa.
— Landon... não podemos.
— Podemos — discordo e ela geme quando afasto a calcinha e passo
meu dedo. — Você não quer? Meladinha assim eu acho que quer.
Ela geme outra vez e eu tiro meus dedos, pairando sobre ela e
puxando o seio de dentro do vestido.
Chupo o bico duro com força e ela enfia a mão nos meus cabelos,
enviando ondas de desejo por cada uma das minhas terminações nervosas.
— Diga que não quer e eu paro, Cathy — falo, torcendo para que
minha boca seja mais convincente no seu mamilo.
Chupo o outro seio e ela geme alto.
— Droga, Landon, você é...
— Implacável? — provoco.
Grunhindo, Catherine sai de cima da mesa e me empurra contra a
cadeira.
— Você vai pagar por isso.
Ela praticamente arranca a minha cueca e a joga no chão, tomada por
uma fome que põe fogo no meu corpo.
Catherine se posiciona no meu colo, sentando devagar sobre o meu
pau e me engolindo inteiro.
— Porra, Catherine, isso é bom — grunho, puxando a ponta de trás do
seu cabelo e assentando minha outra mão na sua lombar, para ditar o nosso
ritmo.
Cathy contorna meu pescoço com os braços, sem parar de subir e
descer. Ela morde meu ombro devagar, molhando a pele já quente pela
nossa proximidade.
— Com força, Landon — pede no meu ouvido e sua voz não passa de
um sussurro.
Eu levanto da cadeira e, com ela ainda enganchada ao meu pau, nos
levo para o sofá que fica na outra ponta da sala. Eu me sento e recosto na
guarda.
Ela então firma as mãos no encosto e continua subindo e descendo,
gemendo meu nome e me levando a loucura.
Quando Catherine fecha os olhos, eu começo a me empurrar com
mais velocidade para dentro dela, aumentando a fricção que meu corpo faz
no seu ponto sensível, enquanto a preencho com toda a minha extensão.
— Landon! — ela chama meu nome seguidas vezes e isso desperta
meu lado mais selvagem.
— Olha pra mim, Cathy — peço e ela abre os olhos profundos e
nublados.
Viro Catherine e a deito de costas, pairando com meu corpo e a
invadindo com meu pau. Entro e saio, em busca da minha própria
satisfação, quase desesperado de necessidade.
Ela me aperta dentro da bocetinha, gemendo manhosa quando goza
para mim. É inebriante e delicioso.
É... diferente de tudo que já senti.
Solto um som rouco quando tudo em mim pulsa para dentro dela. Eu
jorro, sentindo meu coração bater com força e percebendo algo que vai
mudar tudo.
É mais do que sexo.
É mais do que qualquer coisa que já senti antes.
Estou apaixonado por Catherine.
Saio de dentro dela zonzo com a descoberta que acabo de fazer.
Eu amo a minha secretária. Amo a diabinha que bagunçou a minha
vida.
Aninho-a nos meus braços, mas ela resmunga e se levanta. Vai até o
meu banheiro e volta algum tempo depois, o vestido já no devido lugar.
— Isso é jogo sujo, Landon Scott — ela me acusa com o dedo enriste.
Sento no sofá, pronto para uma discussão.
— Por quê?
— Porque você sabe que tenho um fraco pelo seu tanquinho e usou
isso pra transar comigo.
— Você podia ter me parado — declaro, recostando tranquilamente
no sofá e cruzando as pernas.
Pelado, convencido e... apaixonado.
Ela grunhe, irritada comigo e com ela mesma.
— Você sabe que quer isso.
— Não podemos, Landon — Catherine anda de um lado para o outro.
— Podemos sim.
— Você é meu chefe.
— E nós somos adultos.
— Não é ético.
— Foda-se a ética, Catherine. EU. QUERO. VOCÊ. Que parte disso é
difícil de entender?
— Isso tem que parar.
— Tudo bem — mudo a tática. — É só você resistir ao meu
tanquinho.
— Eu poderia processar você por assédio — ela resmunga, pegando
minha camisa da cadeira e jogando em mim. — Cubra esse maldito
tanquinho.
Levanto e pego a camisa, mas não a visto. O que faço é o oposto.
Ainda nu, seguro a mão de Catherine e a trago para os meus braços.
O cabelo ondulado rebelde cai sobre os olhos e eu puxo uma mecha
com cuidado, colocando-a atrás da orelha dela e finalmente encontrando
seus lindos olhos.
— Você só precisa admitir que quer isso tanto quanto eu.
— Não posso — ela sussurra e há uma nota de dor na sua voz que me
preocupa.
— Do que tem medo, Cathy?
Ela suspira e deita a testa no meu peito.
— Por favor, Landon, não insista mais. Nós temos que fingir que
nunca aconteceu e seguir adiante.
— É o que você quer? — pergunto e ela assente, fazendo um nó se
formar na minha garganta. — Tudo bem, vamos fingir que nunca
aconteceu.
— Obrigada.
Catherine se afasta de mim e segue até a porta.
— Catherine... — chamo antes que ela saia.
— Sim?
— Vou fingir que não aconteceu, mas não vou fingir que não quero
que aconteça de novo.
— Landon...
— Quero você diabinha e não costumo desistir do que eu quero.
[1]
Departamento de recursos humanos.
[2]
“E aí, bonitão?” Em francês.
[3]
Cidade ou conjunto de cidades que fazem parte de um distrito judicial e é atendido por um fórum. Em regra, o juiz deve morar
na comarca ou no máximo a 50 quilômetros dela.