Você está na página 1de 50

1

NFPSS | RETA FINAL – PC/SP


Ciclos Método

NFPSS PARTE 01 PCSP


SUMÁRIO

DIREITO CIVIL.................................................................................................................................................... 02
DIREITO ADMINISTRATIVO.............................................................................................................................105
DIREITO CONSTITUCIONAL.............................................................................................................................207
CRIMINOLOGIA............................................................................................................................................... 309

DIREITO CIVIL1

Fala Galera! Tudo bem com vocês??? O NFPSS traz pontos do edital que vocês não devem deixar de levar
para a prova. Caso o tempo esteja muitoooooooooo corrido, procurem por #APOSTACICLOS!! Esta # não
pode MESMOOOO ser deixada de lado! Bora revisar???

LINDB

EXISTÊNCIA VALIDADE VIGÊNCIA EFICÁCIA


A lei só existe após a Para ter validade, a lei A lei só ganha vigência A eficácia ocorre
sua PROMULGAÇÃO. precisa ser compatível depois da vacatio legis enquanto a lei estiver
formal (procedimento) (lapso temporal apta a produzir
O momento da e materialmente necessário para que as qualquer efeito (efeitos
existência não se (conteúdo) com a pessoas tenham antes da vigência –
confunde com a Constituição. conhecimento de sua retroeficácia ou eficácia
vigência. Isso porque, existência). retroativa; efeitos após
depois de promulgada, a vigência –
a lei precisa de um iter Depois de promulgada, ultraeficácia ou
legislativo para que as deverá ser PUBLICADA, ultratividade da lei).
pessoas tenham passando a ter vigência NÃO CONFUNDIR COM
conhecimento da norma (teoria da efetividade, que é a
para, somente depois, obrigatoriedade produção dos efeitos
passar a ter vigência: simultânea – entra em desejados por quem
publicação → lapso vigor em todos os locais produziu a lei.
temporal → vigência. do país ao mesmo - Se, antes de entrar em
tempo. Na omissão de vigor, ocorrer nova
disposição específica: publicação do seu
vacatio legis de 45 dias texto, destinada a
no país e de 3 meses correção, o prazo de
nos estados vacatio legis começa a
estrangeiros). correr da nova
publicação. As
correções a texto de lei
já em vigor consideram-
se lei nova.

1
Por Paula Alves Fernandes

2
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

A revogação é gênero da qual ab-rogação e derrogação são espécies.


AB-ROGAÇÃO é a revogação total da lei.
DERROGAÇÃO é a revogação parcial da lei.

#SELIGA
REPRISTINAÇÃO É o restabelecimento dos efeitos de uma lei que foi
revogada pela revogação da lei revogadora. Só é
admitida de forma expressa.

INTEGRAÇÃO DA NORMA: #NESSAORDEM

1º LEI
#NEVERFORGET:
2º ANALOGIA ordem alfabética:
3º COSTUMES A, C, P.
4º PRINCÍPIOS GERAIS
LACUNAS:
Lacuna normativa Lacuna ontológica Lacuna axiológica Lacuna de conflito ou
antinomia
ausência total de norma presença de norma para presença de uma choque de duas ou
para um caso concreto o caso concreto, mas norma para o caso mais normas válidas,
que não tenha eficácia concreto, mas cuja pendente de solução
social aplicação seja no caso concreto.
insatisfatória ou
injusta;

DESUETUDO DIREITO ADQUIRIDO COISA JULGADA ATO JURÍDICO


PERFEITO
É a revogação da lei pelos É aquele que se É a qualidade que É o ato pronto e
costumes. Não admitida incorporou ao reveste os efeitos acabado, já tendo
no Brasil, pois aqui vigora patrimônio do particular. decorrentes de uma exaurido seus
o princípio da Todo direito adquirido é decisão judicial contra a efeitos. Ele é a
continuidade das normas patrimonial. A nova lei qual não cabe mais antítese das relações
- lei terá vigor até que deverá respeitar o impugnação dentro dos continuativas, pois
outra a modifique ou negócio jurídico mesmos autos. estas são as que
revogue (expressa ou celebrado sob termo ou perpassam no tempo
tacitamente). condição suspensiva. (iniciam sob a égide
de uma lei e
continuam após o
início de uma nova
lei).

CRITÉRIOS BÁSICOS DE SOLUÇÃO DOS CHOQUES ENTRE NORMAS:


Critério CRONOLÓGICO Norma posterior prevalece sobre a anterior
Critério da ESPECIALIDADE Norma especial prevalece sobre a geral.
Critério HIERÁRQUICO Norma superior prevalece sobre a inferior

3
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Antinomia de 1º Grau: Conflito entre normas que envolve apenas UM dos critérios acima expostos.
Antinomia de 2º Grau: Choque de normas válidas que envolve DOIS dos critérios analisados, ou, quando
não houver a possibilidade de solucionar um conflito pelos critérios acima, haverá uma antinomia de 2º
grau.
Antinomia Aparente: Aquela que pode ser resolvida pelos critérios da especialidade, hierarquia e
cronológico. Quando a própria lei tiver critério para a solução do conflito.
Antinomia Real: Não pode ser resolvida pelos critérios acima. Não há na lei critério para a solução do
conflito.

LINDB E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:


Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos
abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.
Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis
alternativas.

Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a invalidação de ato,
contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo expresso suas consequências
jurídicas e administrativas.
Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o caso, indicar as
condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses
gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou perdas que, em função das peculiaridades do
caso, sejam anormais ou excessivos.

Art. 22. Na interpretação de normas sobre gestão pública, serão considerados os obstáculos e as dificuldades
reais do gestor e as exigências das políticas públicas a seu cargo, sem prejuízo dos direitos dos
administrados.
§ 1º Em decisão sobre regularidade de conduta ou validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma
administrativa, serão consideradas as circunstâncias práticas que houverem imposto, limitado ou
condicionado a ação do agente.
§ 2º Na aplicação de sanções, serão consideradas a natureza e a gravidade da infração cometida, os danos
que dela provierem para a administração pública, as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os
antecedentes do agente.
§ 3º As sanções aplicadas ao agente serão levadas em conta na dosimetria das demais sanções de mesma
natureza e relativas ao mesmo fato.

Art. 23. A decisão administrativa, controladora ou judicial que estabelecer interpretação ou orientação nova
sobre norma de conteúdo indeterminado, impondo novo dever ou novo condicionamento de direito, deverá
prever regime de transição quando indispensável para que o novo dever ou condicionamento de direito
seja cumprido de modo proporcional, equânime e eficiente e sem prejuízo aos interesses gerais.

Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato,
ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as
orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se
declarem inválidas situações plenamente constituídas.
Parágrafo único. Consideram-se orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos
públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por
prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.

4
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Art. 26. Para eliminar irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito
público, inclusive no caso de expedição de licença, a autoridade administrativa poderá, após oitiva do órgão
jurídico e, quando for o caso, após realização de consulta pública, e presentes razões de relevante interesse
geral, celebrar compromisso com os interessados, observada a legislação aplicável, o qual só produzirá efeitos
a partir de sua publicação oficial.
§ 1º O compromisso referido no caput deste artigo:
I - buscará solução jurídica proporcional, equânime, eficiente e compatível com os interesses gerais;
II – (VETADO);
III - não poderá conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito reconhecidos por
orientação geral;
IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento e as sanções aplicáveis
em caso de descumprimento.

Art. 27. A decisão do processo, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, poderá impor
compensação por benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do processo ou da
conduta dos envolvidos.
§ 1º A decisão sobre a compensação será motivada, ouvidas previamente as partes sobre seu cabimento, sua
forma e, se for o caso, seu valor.
§ 2º Para prevenir ou regular a compensação, poderá ser celebrado compromisso processual entre os
envolvidos.

Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo
ou erro grosseiro.

Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade administrativa, salvo os de
mera organização interna, poderá ser precedida de consulta pública para manifestação de interessados,
preferencialmente por meio eletrônico, a qual será considerada na decisão.
§ 1º A convocação conterá a minuta do ato normativo e fixará o prazo e demais condições da consulta
pública, observadas as normas legais e regulamentares específicas, se houver.

Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas,
inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas.
Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em relação ao
órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão.

Responsabilidade do parecerista:
FACULTATIVO OBRIGATÓRIO VINCULANTE
O administrador NÃO É obrigado O administrador é obrigado a O administrador é obrigado a
a solicitar o parecer do órgão solicitar o parecer do órgão solicitar o parecer do órgão
jurídico. jurídico. jurídico.
O administrador pode discordar O administrador pode discordar O administrador NÃO pode
da conclusão exposta pelo da conclusão exposta pelo discordar da conclusão exposta
parecer, desde que o faça parecer, desde que o faça pelo parecer.
fundamentadamente. fundamentadamente com base Ou o administrador decide nos
em um novo parecer. termos da conclusão do parecer,
ou, então, não decide.
Em regra, o parecerista não tem Em regra, o parecerista não tem Há uma partilha do poder de
responsabilidade pelo ato responsabilidade pelo ato decisão entre o administrador e
administrativo. administrativo. o parecerista, já que a decisão do

5
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Contudo, o parecerista pode ser Contudo, o parecerista pode ser administrador deve ser de
responsabilizado se ficar responsabilizado se ficar acordo com o parecer.
configurada a existência de configurada a existência de
culpa ou erro grosseiro. culpa ou erro grosseiro. Logo, o parecerista responde
solidariamente com o
administrador pela prática do
ato, não sendo necessário
demonstrar culpa ou erro
grosseiro.

PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CÓDIGO CIVIL DE 2002

#BORADETABELA
Segundo Flávio Tartuce, “a respeito do princípio da eticidade, o Código Civil de 2002
se distancia do tecnicismo institucional advindo da experiência do Direito Romano,
procurando, em vez de valorizar formalidades, reconhecer a participação dos valores
éticos em todo o Direito Privado. Cumpre transcrever as palavras do Ministro José
Delgado, do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que “o tipo de Ética buscado
pelo novo Código Civil é o defendido pela corrente kantiana: é o comportamento que
confia no homem como um ser composto por valores que o elevam ao patamar de
respeito pelo semelhante e de reflexo de um estado de confiança nas relações
desenvolvidas, quer negociais, quer não negociais. É, na expressão kantiana, a certeza
ETICIDADE do dever cumprido, a tranquilidade da boa consciência. Nota-se a valorização de
condutas éticas, de boa-fé objetiva – aquela relacionada com a conduta de lealdade
das partes negociais –, pelo conteúdo da norma do art. 113, caput, segundo o qual
“os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar
desua celebração” (função interpretativa da boa-fé objetiva). Ademais, o art. 187 do
CC/2002 determina qual a sanção para a pessoa que contraria a boa-fé no exercício
de um direito: cometerá abuso de direito, assemelhado a ilícito (função de controle da
boa-fé objetiva). Ato contínuo, o art. 422 da Lei Geral Privada valoriza a eticidade,
prevendo que a boa-fé deve integrar a conclusão e a execução do contrato (função de
integração da boa-fé objetiva)
Esse princípio tem dois sentidos. Primeiro, o de simplicidade ou facilitação das
categorias privadas, o que pode ser percebido, por exemplo, pelo tratamento
OPERABILIDADE diferenciado da prescrição e da decadência. Segundo, há o sentido de efetividade ou
concretude, o que foi buscado pelo sistema aberto de cláusulas gerais adotado pela
atual codificação material.
Voltando à lei material, no que concerne ao princípio da socialidade, o Código Civil de
2002 procura superar o caráter individualista e egoísta que imperava na codificação
anterior, valorizando a palavra nós, em detrimento da palavra eu. Os grandes ícones do
Direito Privado recebem uma denotação social: a família, o contrato, a propriedade, a
posse, a responsabilidade civil, a empresa, o testamento. Como novidade de grande
SOCIABILIDADE impacto, a função social dos contratos passou a ser tipificada em lei, nos arts. 421 e
2.035, parágrafo único, do Código Civil. Trata-se de um princípio contratual de ordem
pública, pelo qual o contrato deve ser, necessariamente, visualizado e interpretado de
acordo com o contexto da sociedade. Esse princípio deve ser confrontado perante os
regramentos que foram instituídos pela Lei da Liberdade Econômica, de setembro de
2019.

6
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

DAS PESSOAS NATURAIS

Inicialmente, é importante lembrar que pessoa natural não se confunde com pessoa física, pois o
Direito Civil atual caminha no sentido da “despatrimonialização”.

#SELIGA:
TEORIAS SOBRE O INÍCIO DA PERSONALIDADE
A personalidade jurídica se inicia com o nascimento com vida. O nascituro não
NATALISTA teria direitos, mas apenas expectativa de direitos. Os autores clássicos adotam
CC/02 esta teoria, que também é adotada pelo Código Civil (embora ele sofra
influência concepcionista em algumas oportunidades)
Para a teoria concepcionista, com a concepção, já surgem direitos da
personalidade de cunho existencial. A expressão “nascimento com vida” revela
marco temporal para a aquisição de direitos patrimoniais. O nascituro, portanto,
para essa teoria, tem direitos da personalidade.

CONCEPCIONISTA “Com efeito, ao que parece, o ordenamento jurídico como um todo – e não
STJ e CONVENÇÃO apenas o Código Civil de 2002 – alinhou-se mais à teoria concepcionista para a
AMERICANA construção da situação jurídica do nascituro, conclusão enfaticamente
sufragada pela majoritária doutrina contemporânea [...] Por outro ângulo,
cumpre frisar que as teorias mais restritivas dos direitos do nascituro – natalista
e da personalidade condicional – fincam raízes na ordem jurídica superada pela
Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002.” (Trecho do voto do
Rel. Min. Luis Felipe Salomão,no REsp no 1.415.727 – SC, j. 04/09/2014)
Defende que, embora o nascituro detenha direitos da personalidade desde a
concepção, os direitos patrimoniais estão condicionados e, por isso, a sua
personalidade como um todo está condicionada ao nascimento com vida.
PERSONALIDADE
Nascituro teria personalidade jurídica sujeita a condição suspensiva.
CONDICIONAL
Doutrinadores mais modernos são adeptos a esta teoria: Francisco Amaral,
Nelson Rosenvald, Cristiano Chaves, Pablo Stolze.

#SELIGA
É cabível indenização do DPVAT por morte do feto em acidente de trânsito
O DPVAT é um seguro obrigatório contra danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre,
ou por sua carga, a pessoas, transportadas ou não. Em outras palavras, qualquer pessoa que sofrer danos
pessoais causados por um veículo automotor, ou por sua carga, em vias terrestres, tem direito a receber a
indenização do DPVAT. Isso abrange os motoristas, os passageiros, os pedestres ou, em caso de morte, os
seus respectivos herdeiros.
O art. 3º, I, da Lei 6.194/74 afirma que deverá ser paga indenização do DPVAT aos herdeiros do falecido no
caso de morte no trânsito.
O STJ decidiu que, se uma gestante se envolve em acidente de carro e, em virtude disso, sofre um aborto,
ela terá direito de receber a indenização por morte do DPVAT, nos termos do art. 3º, I, da Lei 6.194/74.
O Ministro Relator afirmou expressamente que, em sua opinião, “o ordenamento jurídico como um todo —
e não apenas o Código Civil de 2002 — alinhou-se mais à teoria concepcionista para a construção da situação
jurídica do nascituro, conclusão enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina contemporânea”.
STJ. 4ª Turma. REsp 1415727-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 4/9/2014 (Info 547).

7
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

CC, Art. 6º: “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes,
nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. ”

ESPÉCIES DE MORTE
É aquela em que há um corpo cujas funções vitais cessaram.
MORTE REAL #SELIGA: De acordo com a Lei 9.434/97, para fins de doação de órgãos
basta que se cesse uma função vital: a encefálica.
Tratar uma pessoa que está viva como se morta estivesse. Não existe
no ordenamento jurídico Brasileiro, na medida em que ofende a
dignidade da pessoa humana. Pode-se dizer, todavia, que restam
resquícios da morte fictícia no Brasil em dois momentos do direito
MORTE CIVIL/FICTA
sucessório, já que a pessoa é afastada do direito sucessório:
a) Exclusão do herdeiro por indignidade;
b) Deserdação;

Não há prova da materialidade (é o inverso da morte real).


Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de
ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de
vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for
encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos,
MORTE PRESUMIDA somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e
averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Lei nº 9.140/95, Art. 1o São reconhecidos como mortas, para todos os
efeitos legais, as pessoas que tenham participado, ou tenham sido
acusadas de participação, em atividades políticas, no período de 2 de
setembro de 1961 a 5 de outubro de 1988, e que, por este motivo,
tenham sido detidas por agentes públicos, achando-se, deste então,
desaparecidas, sem que delas haja notícia.

CAPACIDADE

CC, Art. 3º São ABSOLUTAMENTE incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16
(dezesseis) anos.

A Lei 13.146/15 alterou o regime jurídico das incapacidades, de maneira que apenas o menor de 16
anos é absolutamente incapaz (arts. 3º e 4º) e APENAS contra este não corre a prescrição aquisitiva ou
extintiva (art.198, I do CC).

CC, Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de exercê-los:


I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.

8
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

#IMPORTANTE: Os absolutamente incapazes serão representados, ao passo que os relativamente incapazes


serão assistidos. Todavia, quanto aos relativamente incapazes, maiores de 16 anos, existem situações em
que não se exigirá assistência. Nestes casos, mesmo sem assistência, o ato será válido. Ex:

a) Fazer testamento: Art. 1.860, P.U, CC.


b) Ser testemunha (art. 228, inciso I, do CC);
c) Votar (Art. 14, da CF);
d) Ser mandatário (Art. 666, CC);
e) Se ele for emancipado;

#OLHAAJURIS:
Depois do Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015), que alterou os arts. 3º e 4º do Código
Civil, não é mais possível declarar como absolutamente incapaz o maior de 16 anos que, em razão de
enfermidade permanente, encontra-se inapto para gerir sua pessoa e administrar seus bens de modo
voluntário e consciente.
A Lei nº 13.146/2015 teve por objetivo assegurar e promover a inclusão social das pessoas com deficiência
física ou psíquica e garantir o exercício de sua capacidade em igualdade de condições com as demais pessoas.
A partir da entrada em vigor da referida lei, só podem ser considerados absolutamente incapazes os menores
de 16 anos, ou seja,o critério passou a ser apenas etário, tendo sido eliminadas as hipóteses de deficiência
mental ou intelectual anteriormente previstas no Código Civil.
O instituto da curatela pode ser excepcionalmente aplicado às pessoas com deficiência, ainda que agora
sejam consideradas relativamente capazes, devendo, contudo, ser proporcional às necessidades e às
circunstâncias de cada caso concreto (art. 84, § 3º, da Lei nº 13.146/2015).
STJ. 3ª Turma. REsp 1927423/SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 27/04/2021 (Info 694).

#RELEMBRARÉVIVER:

É o titular de interesses juridicamente protegidos, qualificado como tal por


SUJEITO DE DIREITO
uma norma jurídica.
É a medida da personalidade. Aptidão jurídica (de gozo) ou de fato
CAPACIDADE
(exercício/ação).
CAPACIDADE DE DIREITO, É a aptidão para adquirir direitos e contrair deveres. Todas as pessoas
AQUISIÇÃO OU DE GOZO possuem esse tipo de capacidade.
É a aptidão para praticar, pessoalmente, por si só, os atos da vida civil (ex.:
CAPACIDADE DE FATO/ contrato). Nem todas as pessoas possuem tal capacidade. Todavia, não
EXERCÍCIO/ AÇÃO havendo capacidade de fato, é possível suprir a sua ausência por meio de
representação ou assistência.
Aptidão especial exigida para a prática de certos atos (ex. CC arts. 496, 1749,
LEGITIMAÇÃO
I, 1.687).

DIREITOS DA PERSONALIDADE

Direitos da personalidade são àqueles ligados aos nossos atributos fundamentais, a ex. a honra, a
imagem, a intimidade e a integridade física. Antes de tudo, os direitos da personalidade são direitos
fundamentais (todo direito da personalidade é um direito fundamental, mas nem todo direito fundamental
é um direito da personalidade).
Tartuce associa os direitos da personalidade a cinco ícones:
a) vida e integridade físico-psíquica;
b) nome da pessoa natural ou jurídica;

9
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

c)Imagem, classificada em imagem-retrato e imagem-atributo;


d) Honra subdividida em: honra subjetiva e honra objetiva;
e) Intimidade.

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE:


Intransmissíveis
Irrenunciáveis
Não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária
Admite-se ato de restrição voluntária nos casos previstos em lei ou decorrente da autonomia
privada. Ex.: doação de órgãos, cessão de imagem. Além disso:
(i) não pode ser permanente. Exceção: doação de órgãos.
(ii) não pode ser genérica.
(iii) não pode violar a dignidade do titular.
Inatos
Absolutos: oponíveis erga omnes (opõem-se à observância de todos, como predicado da proteção da
dignidade da pessoa humana).
Extrapatrimoniais: não podem ser objeto de penhora ou expropriação, muito embora isso seja possível
quanto às consequências econômicas.
Impenhoráveis: não pode ser penhorado, mas a indenização já recebida pode ser penhorada.
Imprescritíveis: não há prazo extintivo para o seu exercício. A indenização, por sua vez, submete-se a
prazo prescricional de 03 anos.

STJ: imprescritibilidade para pretensão patrimonial decorrente de tortura (STJ, Resp 816.209/RJ).
Súmula 647-STJ: são imprescritíveis as ações indenizatórias por danos morais e materiais decorrentes de
atos de perseguição política com violação de direitos fundamentais ocorridos durante o regime militar.

Art. 943, CC: O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança
Vitalícios: perduram durante toda a vida do titular e, em regra, adquirem-se desde a concepção, salvo as
exceções legais e as decorrentes da sua própria natureza.

#DEOLHONASÚMULA:
Súmula 37, STJ: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.
Súmula 387, STJ: é lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.
Súmula 388, STJ: a simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.

#VAMOSDELEI
CC, Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

Art. 12, do Código Civil. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar
perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o
cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. (Cláusula Geral de
Tutela aos Direitos da Personalidade).

Art. 13, do Código Civil. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida
em lei especial. (Direito à integridade física).

10
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Art. 14, do Código Civil. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo,
no todo ou em parte, para depois da morte. (Direito à integridade física).
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

Art. 15, do Código Civil. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento
médico ou a intervenção cirúrgica. (Direito à integridade física).

#PRESTAATENÇÃO: O art. 12, parágrafo único, do CC, prevê regra geral para a tutela dos direitos da
personalidade, tendo como legitimados: ascendentes, descendentes, cônjuge e colaterais até o quarto grau.
Por outro lado, o art. 20, parágrafo único prevê regra especial, pois só trata de determinados direitos da
personalidade (imagem e direitos morais do autor), tendo como legitimados apenas os ascendentes,
descendentes e cônjuge.

#ATENÇÃO: O que são as diretivas antecipativas de vontade? Em atenção à autonomia privada, há


importante debate, no cenário nacional, derredor da (i) legalidade da chamada diretriz antecipativa de
vontade, também denominada declaração antecipada de vontade. Diretriz antecipativa de vontade consiste
em um gênero, tendo como principais espécies o testamento vital e o mandado duradouro. Por testamento
vital compreendem-se as instruções prévias de uma pessoa, consciente, derredor de tratamentos que deseja,
ou não, receber, quando da terminalidade da vida. Ensina Joaquim Clotet que visa afastar prolongamentos
vitais dolorosos e fúteis, os quais não promoverão a cura, mas apenas trarão a perpetuação da dor.
Dialoga o testamento vital com a ortotanásia, sendo um negócio jurídico unilateral, extrapatrimonial,
informal, inter vivos e atípico. Tem batismo digno de crítica, pois remete à figura do testamento, ato
sucessório diverso e mortis causa. Já o mandado duradouro - também chamado de poder duradouro do
representante para cuidados com a saúde - diz respeito à nomeação de alguém para que tome decisões pelo
paciente, quando este esteja em situação incapacitante, seja ela transitória ou definitiva. Veja-se que
diversamente do testamento vital, o objeto do mandado duradouro não condiz apenas com a terminalidade
da vida, conforme vaticina Joaquim Clotet. Outrossim, no mandado duradouro se elege um substituto para
declaração de vontade, quem agirá no melhor interesse do paciente; enquanto no testamento vital é o
próprio paciente quem declarará a sua vontade

#JURISEMFRASES:
Não é possível a completa supressão e substituição total do nome registral, por pessoa autoidentificada como
indígena, por ausência de previsão legal, bem como por respeito ao princípio da segurança jurídica e das
relações jurídicas a serem afetadas.STJ. 4ª Turma. REsp 1927090-RJ, Rel. Min.Luis Felipe Salomão, Rel. para
acórdão Ministro Raul Araújo, julgado em 21/3/2023 (Info 768).
Configura dano moral, sujeito à indenização, a veiculação, em rede nacional de TV, de imagem de pessoa nua
em praia de naturismo, sem autorização e com atribuição de conotação pejorativa. STJ. 4ª Turma. AgInt no
AREsp 1519848/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/08/2022 (Info 746).
É inadmissível a homologação de acordo extrajudicial de retificação de registro civil de menor em juízo
sem a observância dos requisitos e procedimento legalmente instituído para essa finalidade.
STJ. 3ª Turma. REsp 1698717-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 05/06/2018 (Info 627).
A existência de um homônimo que responde a processo criminal, ainda que em outro estado da federação,
pode ensejar um constrangimento capaz de configurar o justo motivo para fundamentar a inclusão de
patronímico. REsp 1.962.674-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado
em 24/05/2022, DJe 31/05/2022. (Info 748)
Configura dano moral, sujeito à indenização, a veiculação, em rede nacional de TV, de imagem de pessoa nua
em praia de naturismo, sem autorização e com atribuição de conotação pejorativa. STJ. 4ª Turma. AgInt no
AREsp 1519848/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/08/2022 (Info 746).
É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou
audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de

11
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes. STF. Plenário. ADI 4815/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 10/6/2015 (Info 789)
O direito ao esquecimento é considerado incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro. Logo, não é
capaz de justificar a atribuição da obrigação de excluir a publicação relativa a fatos verídicos. STJ. 3ª Turma.
REsp 1961581-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 07/12/2021 (Info 723).
É incompatível com a Constituição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido como o poder de
obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados verídicos e licitamente obtidos e
publicados em meios de comunicação social analógicos ou digitais. Eventuais excessos ou abusos no exercício
da liberdade de expressão e de informação devem ser analisados caso a caso, a partir dos parâmetros
constitucionais – especialmente os relativos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da
personalidade em geral – e as expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível. STF. Plenário.
RE 1010606/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 11/2/2021 (Repercussão Geral – Tema 786) (Info 1005).
Poder Judiciário pode determinar que o Google desvincule o nome de determinada pessoa, sem qualquer
outro termo empregado, com fato desabonador a seu respeito dos resultados de pesquisa; isso não se
confunde com direito ao esquecimento.
STJ. 3ª Turma. REsp 1660168/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/06/2022 (Info 743).

#IMPORTANTE
O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de
gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o
qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa. Essa
alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo “transgênero”.
Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de
certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial.
Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento
do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos
públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos. STF. Plenário.
RE 670422/RS, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/8/2018 (repercussão geral) Info 911).
Os transgêneros, que assim o desejarem, independentemente da cirurgia de transgenitalização, ou da
realização de tratamentos hormonais ou patologizantes, possuem o direito à alteração do prenome e
do gênero (sexo) diretamente no registro civil. O direito à igualdade sem discriminações abrange a
identidade ou expressão de gênero. A identidade de gênero é manifestação da própria personalidade
da pessoa humana e, como tal, cabe ao Estado apenas o papel de reconhecê-la, nunca de constituí-la. A
pessoa transgênero que comprove sua identidade de gênero dissonante daquela que lhe foi designada
ao nascer por autoidentificação firmada em declaração escrita desta sua vontade dispõe do direito
fundamental subjetivo à alteração do prenome e da classificação de gênero no registro civil pela via
administrativa ou judicial, independentemente de procedimento cirúrgico e laudos de terceiros, por se
tratar de tema relativo ao direito fundamental ao livre desenvolvimento da personalidade. STF. Plenário.
ADI 4275/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 28/2 e
1º/3/2018 (Info 892). Para mais informações de como isso se efetua na prática, consulte o Provimento
n. 73/2018, do CNJ, que dispõe sobre a averbação da alteração do prenome e do gênero nos assentos
de nascimento e casamento de pessoa transgênero no Registro Civil das Pessoas Naturais (RCPN).

#PEGAOGANCHO:
NOME SOCIAL
Decreto nº 8.727/16 -Art. 1º Este Decreto dispõe sobre o uso do nome social e o reconhecimento da
identidade de gênero de pessoas travestis ou transexuais no âmbito da administração pública federal direta,
autárquica e fundacional.
Parágrafo único. Para os fins deste Decreto, considera-se:

12
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

I - nome social - designação pela qual a pessoa travesti ou transexual se identifica e é socialmente
reconhecida; e
II - identidade de gênero - dimensão da identidade de uma pessoa que diz respeito à forma como se relaciona
com as representações de masculinidade e feminilidade e como isso se traduz em sua prática social, sem
guardar relação necessária com o sexo atribuído no nascimento
Art. 6º A pessoa travesti ou transexual poderá requerer, a qualquer tempo, a inclusão de seu nome social em
documentos oficiais e nos registros dos sistemas de informação, de cadastros, de programas, de serviços, de
fichas, de formulários, de prontuários e congêneres dos órgãos e das entidades da administração pública
federal direta, autárquica e fundacional.

#AJUDA360
A utilização de fotografias que servirem tão somente para ilustrar matéria jornalística sobre fato ocorrido e
narrado pelo ponto de vista do repórter não constitui, per se, violação ao direito de preservação de imagem
ou de vida íntima e privada de outrem, não havendo que se falar em causa para indenização por danos
morais.rocesso em segredo judicial, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em
23/08/2022, DJe 31/08/2022. (Info 748)

A análise acerca da ocorrência de abuso no exercício da liberdade de expressão a ensejar reparação por dano
moral deve ser feita no caso concreto, pois, em tese, sopesados os valores em conflito, é recomendável que
se dê primazia à liberdade de informação e de crítica, como decorrência da vida em um Estado Democrático.

De acordo com a jurisprudência deste Tribunal Superior, publicações que narrem fatos verídicos ou
verossímeis, embora eivados de opiniões severas, irônicas ou impiedosas, a princípio, não configuram ato
ilícito.

A notícia veiculada na revista expressa o pensamento da repórter sobre fato ocorrido durante a cobertura de
evento do qual participavam vários famosos, o que, a toda evidência, gera o interesse do público que consome
esse tipo de notícia.

Nessa perspectiva, apesar da utilização de opiniões severas e irônicas, a publicação narrou fato ocorrido e
que, inclusive, estava sendo apurado criminalmente pela autoridade policial, de modo que sua divulgação,
ainda que somente sob o ponto de vista de uma das partes, não demonstra, inequivocamente, o intuito de
difamar, injuriar ou caluniar a pessoa.

Isso porque "A liberdade de informação diz respeito a noticiar fatos, e o exercício desse direito apenas será
digno de proteção quando presente o requisito interno da verdade, pela ciência da realidade, que não se exige
seja absoluta, mas aquela que se extrai da diligência do informador, a quem incumbe apurar de forma séria
os fatos que pretende tornar públicos" (REsp 1.897.338/DF, Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
julgado em 24/11/2020, DJe de 05/02/2021).

Com base nessas considerações, conclui-se, portanto, que a utilização de fotografias serviu tão somente para
ilustrar a matéria jornalística sobre fato ocorrido e narrado pelo ponto de vista da repórter, e de interesse do
público-alvo do veículo de comunicação, tratando-se, na hipótese, de exercício regular do direito de
informação, de modo que não constitui, per se, violação ao direito de preservação de sua imagem ou de sua
vida íntima e privada, não havendo que se falar em causa para indenização por danos patrimoniais ou morais
à imagem.

#MAISAJUDA360
A divulgação científica não autorizada de imagem de paciente viola direitos de intimidade e a ética
médica, gerando responsabilização solidária entre os médicos autores do artigo e a editora.Processo sob

13
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

segredo de justiça, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
16/8/2022, DJe 31/8/2022. (Info Ed. Esp. 8 – STJ

A bioética medicinal pauta-se por quatro pilares: veracidade, privacidade, confidencialidade e fidelidade, de
modo a preservar não só os direitos inerentes à personalidade, senão também a própria relação de confiança
essencial aos tratamentos. O interesse científico não pode se sobrepor aos direitos humanos dos pacientes,
devendo ser compatibilizados.

No caso, trata-se de violação da confidencialidade dos dados médicos.

Em observância aos ditames do Código de Ética Médica, do Conselho Federal de Medicina, bem como do
Conselho Nacionalde Saúde e da Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos, não resta dúvida,
sobre o modo como se procedem as publicações em geral, e as científicas em particular. É do autor a
responsabilidade pelo material submetido, sendo descabida a restrição da condenação unicamente à editora.
Tais casos não se confundem, por exemplo, com a atividade jornalística, em que a revista é dona do processo
editorial e pode intervir com assertividade não só no fluxo como no texto da publicação, na medida em que
os profissionais de imprensa estão funcionalmente submetidos aos ditames da empresa.

É certo que os editores deveriam ter rejeitado a publicação naqueles termos, com a exibição da face e torso
desfigurados da paciente, quiçá concedendo aos médicos a possibilidade de submeter novamente o texto e
as imagens; a imposição de medidas mitigadoras da exposição certamente era também responsabilidade dos
editores.

Contudo, isso não isenta os autores da responsabilidade primária pelo registro (também a captação não foi
autorizada, nem mesmo de forma subsequente à recuperação da vítima) e sua submissão à publicação
científica. Nesse campo específico (pesquisa e divulgação científica), são os autores os responsáveis pelo texto
e seus acessórios.

Enquadram-se, assim, os médicos-autores do artigo no conceito de agente do ato ilícito, nos termos do arts.
159 e 1.518 do Código Civil/1916, vigente à época.2

O CC, abraçando o posicionamento jurisprudencial, dispõe que, malgrado os direitos da


personalidade tenham sido feitos para a proteção do ser humano, sua aplicação se estende às Pessoas
jurídicas, no que couber (naquilo que sua falta de estrutura biopsicológica permite exercer).

Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.

STJ, Súmula 227: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.

1) Imagem (imagem atributo);


2) Nome;
3) Honra objetiva.

#FAZOLINK
Não se admite que o dano moral de pessoa jurídica seja considerado como in re ipsa, sendo necessária a
comprovação nos autos do prejuízo sofrido. Apesar disso, é possível a utilização de presunções e regras de
experiência para a configuração do dano, mesmo sem prova expressa do prejuízo, o que sempre comportará
a possibilidade de contraprova pela parte ou de reavaliação pelo julgador. Ex: caso a pessoa jurídica tenha

2
https://www.concursos360.com/br/juris/?q=hbGdhlEQ6r9b8aKXK6O5

14
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

sido vítima de um protesto indevido de cambial, há uma presunção de que ela sofreu danos morais.STJ. 3ª
Turma. REsp 1564955-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 06/02/2018 (Info 619).
Cuidado: existem julgados em sentido contrário, ou seja, dizendo que pessoa jurídica pode sofrer dano
moral in re ipsa. Nesse sentido: STJ. 4ª Turma. REsp 1327773/MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
28/11/2017 (Info 619). STJ. 4ª Turma. AgInt-AREsp 1.328.587/ DF. Rel. Min. Raul Araújo, julgado em
07/05/2019. STJ. 3ª Turma AgInt-AREsp 1.345.802/ MT. Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 25/02/2019.

EXTINÇÃO DA PESSOA NATURAL

A extinção da pessoa natural se opera com a morte:

#DEOLHONOCC
Art. 6 o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos
casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Art. 7 o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o
término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de
esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Art. 8 o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos
comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.

#DEOLHONATABELA
Aferida, em regra, por um profissional da medicina, nas 24 horas
seguintes ao falecimento e, na sua falta, por duas testemunhas, na
MORTE REAL
forma dos arts. 78 e seguintes da Lei de Registros Públicos (LRP -
6.015/73).
Um motivo aparente para o desaparecimento, e, em virtude da
MORTE PRESUMIDA SEM
grande probabilidade da morte, autoriza sua declaração sem
PROCEDIMENTO DE AUSÊNCIA
perpassar pelo procedimento de ausência. Art. 7º do CC.
Quando alguém desaparece sem um motivo claro. não havendo a
aplicação das hipóteses do art. 7° do Código Civil. Nesses casos.
deverá o magistrado lançar mão da declaração de ausência. Tal
exigência é necessária para que não seja, indevidamente, declarado o
óbito de alguém. Lembra-se de que, em rigor técnico. o ausente é
MORTE PRESUMIDA COM
aquele que desaparece de seu domicílio, sem deixar notícias.
PROCEDIMENTO DE AUSÊNCIA
Uma vez ausente, como posto, lança-se mão de um procedimento de
ausência, o qual é composto por três fases:
a) curadoria de bens ou arrecadação de bens do ausente;
b) sucessão provisória; e
c) sucessão definitiva.

AUSÊNCIA

Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado
representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer
interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
(...)

15
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois
anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1 o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta
ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
Seção II
Da Sucessão Provisória
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou
procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra
provisoriamente a sucessão.
(...)
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias
depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do
testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
§ 1 o Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao
Ministério Público requerê-la ao juízo competente.
§ 2 o Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar
em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do
ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.

Seção III
Da Sucessão Definitiva
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória,
poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
(...)
#SELIGA:
Se o ausente tem mais que 80 anos e há mais de 5 anos não se tem notícias dele, será possível requerer
diretamente a sucessão definitiva, sem necessidade de sucessão provisória
(...)
A regra do art. 38 do CC traz uma hipótese autônoma de abertura da sucessão definitiva, que ocorre de forma
direta e que não depende da existência, ou não, de sucessão provisória.
É dispensável a abertura da sucessão provisória quando presentes os requisitos da sucessão definitiva
previstos no art. 38 do CC.
Não se afigura razoável o entendimento de que o herdeiro de um octogenário desaparecido há mais de cinco
anos precise, obrigatoriamente, passar pela fase da abertura de sucessão provisória, com todos os seus
expressivos prazos, diante de uma hipótese em que é absolutamente presumível a morte do autor da
herança. STJ. 3ª Turma. REsp 1924451-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 19/10/2021 (Info 716).

PESSOA JURÍDICA

Muitas foram as teorias que procuraram afirmar e justificar a existência da pessoa jurídica,
tendo o Código Civil de 2002 adotado a teoria da realidade técnica.
#SELIGANASDEMAISTEORIAS
Negava a existência da pessoa jurídica como sujeito de
TEORIA NEGATIVISTA
direitos.
Admitem a existência da pessoa jurídica, podendo ser
TEORIA AFIRMATIVISTAS
subdivididas na Teoria da Ficção e na Teoria da Realidade.

16
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Defende que a pessoa jurídica teria uma existência


meramente ideal, por ser uma criação do direito. Seria uma
TEORIA DA FICÇÃO LEGAL (SAVIGNY) existência abstratamente criada, porém não sociológica,
pois não aceitavam que a pessoa jurídica tivesse uma
atuação social.
Para esta teoria a pessoa jurídica não seria mera abstração ou
TEORIA DA REALIDADE OBJETIVA OU
criação da lei, mas teria existência própria, real, social,
ORGÂNICA (CILERK E ZITELMAN)
assim como os indivíduos. . Seria uma criação da sociologia
A pessoa jurídica teria existência e atuação social real, muito
embora a sua personalidade fosse criação da técnica
TEORIA DA REALIDADE TÉCNICA OU DA
jurídica. Entende que a personificação dos grupos sociais é
REALIDADE JURÍDICA (GENY,
expediente de ordem técnica, sendo a forma encontrada
SALEIL/ES, FERRARA)
pelo direito para reconhecer a existência de grupos de
indivíduos que se unem na busca de fins determinados.

#RESUMINHO

ESPÉCIES DE PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO


 são formadas pela união de indivíduos com propósito de
realizar uma finalidade ideal ou não econômica (art. 53).
 O ato constitutivo é o estatuto (art. 54), devendo seu
registro ser feito no CRPJ.
 não há, entre os associados, direitos e obrigações
recíprocos; o estatuto poderá instituir categorias de associados
com vantagens especiais;
 a qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto
não dispuser o contrário;
ASSOCIAÇÃO
 é possível a exclusão do associado havendo justa causa,
reconhecida em procedimento que assegure a ampla defesa e o
contraditório (eficácia horizontal dos direitos fundamentais);
compete privativamente à assembleia geral
 destituir os administradores e alterar o estatuto.
 dissolvida a associação, o seu patrimônio será atribuído a
entidades de fins não econômicos designadas no estatuto ou,
omisso este, à instituição municipal, federal ou estadual, de fins
iguais ou semelhantes.
 instituída por meio de contrato social, com o objetivo de
exercer atividade econômica e partilhar lucro.
SOCIEDADE  sociedade empresária - Requisito material: atividade típica
de empresário; Requisito formal: registro público da empresa
na Junta Comercial
 são instituídas por escritura pública ou testamento;
 se o estatuto não for elaborado no prazo assinalado pelo
instituidor, ou, não havendo prazo, em 180 dias, a incumbência
FUNDAÇÕES será do Ministério Público;
 alteração do estatuto da fundação: deliberação de 2/3 dos
competentes para gerir e representar a fundação, não contrarie
ou desvirtue o fim da fundação e seja aprovada pelo órgão do

17
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Ministério Público (caso este denegue, o juiz poderá suprir, a


requerimento do interessado).

 EIRELI deixou de existir no ordenamento jurídico brasileiro


a partir da Lei 14.195/2021.
EMPRESA INDIVIDUAL DE
 Todas as EIRELIs foram transformadas em SOCIEDADES
RESPONSABILIDADE LIMITADA
UNIPESSOAIS.

#TEMQUELEROCC:
48-A. As pessoas jurídicas de direito privado, sem prejuízo do previsto em legislação especial e em seus
atos constitutivos, poderão realizar suas assembleias gerais por meio eletrônico, inclusive para os fins do
disposto no art. 59 deste Código, respeitados os direitos previstos de participação e de
manifestação. (Incluído pela Lei nº 14.382, de 2022)

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

O uso abusivo da personalidade jurídica em detrimento de seus credores, poderá dar ensejo à
desconsideração dessa autonomia patrimonial. A desconsideração da personalidade jurídica autoriza o
afastamento dos efeitos da personalização da sociedade – autonomia e separação patrimonial – nos casos
em que a personalidade jurídica for utilizada de forma abusiva, em prejuízo aos interesses dos credores.

#ABREOVADE
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou
administradores. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e
segregação de riscos, estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração
de empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações
sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados
direta ou indiretamente pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização da pessoa jurídica com o
propósito de lesar credores e para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei nº 13.874,
de 2019)
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato entre os patrimônios,
caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; (Incluído
pela Lei nº 13.874, de 2019)
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor
proporcionalmente insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º deste artigo também se aplica à extensão das obrigações de sócios
ou de administradores à pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos de que trata o caput deste artigo
não autoriza a desconsideração da personalidade da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da finalidade original da atividade
econômica específica da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)

18
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Desconsideração da Personalidade jurídica (Teoria Maior, CC)


Deve-se provar:
1) Abuso da personalidade (desvio de finalidade ou confusão patrimonial);
2) Que os administradores ou sócios da pessoa jurídica foram beneficiados direta ou indiretamente pelo
abuso (novo requisito trazido pela Lei nº 13.874/2019).

#PEGAOGANCHO: Incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Relação de consumo. Art. 28, §


5º, do Código de Defesa do Consumidor. Teoria Menor. Sócio. Atos de gestão. Prática. Comprovação. A
despeito de não se exigir prova de abuso ou fraude para aplicação da Teoria Menor da desconsideração da
personalidade jurídica, não é possível a responsabilização pessoal de sócio que não desempenhe atos de
gestão, ressalvada a prova de que contribuiu, ao menos culposamente, para a prática de atos de
administração. REsp 1.900.843-DF, Rel. Ministro Paulo de Tarso Sanseverino (in memorian), Rel. para acórdão
Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por maioria julgado em 23/5/2023, DJe 30/5/2023

#FIQUEDEOLHO
Cuidado com algumas nomenclaturas específicas trazidas pela doutrina:

NOMENCLATURAS DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA


Desconsideração inversa Permite que a pessoa jurídica, eventualmente, responda por obrigações
pessoais de um ou mais de seus integrantes.
Desconsideração indireta Consiste em desconsiderar a personalidade jurídica da empresa controlada
para atingir o patrimônio da empresa controladora, que em geral detém um
patrimônio mais significativo e robusto capaz da saldar as dívidas da
empresa controlada.
Desconsideração Os credores podem requerer a desconsideração expansiva da personalidade
expansiva jurídica para atingir o patrimônio da nova pessoa jurídica constituída pelos
mesmos sócios, no mesmo endereço e com o mesmo objeto social, em uma
clara tentativa destes de se esquivarem da responsabilidade pelas dívidas da
primeira sociedade constituída.

O sócio executado possui legitimidade e interesse recursal para impugnar a decisão que defere o pedido de
desconsideração inversa da personalidade jurídica dos entes empresariais dos quais é sócio. STJ. 3ª Turma.
REsp 1980607-DF, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/08/2022 (Info 744).
O fato de ser o Fundo de Investimento em participação (FIP) constituído sob a forma de condomínio e de não
possuir personalidade jurídica não é capaz de impedir, por si só, a aplicação do instituto da desconsideração
da personalidade jurídica em caso de comprovado abuso de direito por desvio de finalidade ou confusão
patrimonial. STJ. 3ª Turma. REsp 1965982-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 05/04/2022
(Info 733).

FUNDAÇÕES

#SELIGA
CAPÍTULO III
DAS FUNDAÇÕES

Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial
de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

19
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: (Redação dada pela Lei nº 13.151, de
2015)
I – assistência social; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
III – educação; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
IV – saúde; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
V – segurança alimentar e nutricional; (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável;
(Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão,
produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; (Incluído pela Lei nº 13.151, de
2015)
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; (Incluído pela Lei nº 13.151,
de 2015)
IX – atividades religiosas; e (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)
X – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.151, de 2015)

Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo
não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.

Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a
propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela,
por mandado judicial.

Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo,
formularão logo, de acordo com as suas bases (art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o,
em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz.
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, não havendo prazo,
em cento e oitenta dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.

Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas.
§ 1 º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo ao Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios. (Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)
§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo
Ministério Público.

Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o
qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
(Redação dada pela Lei nº 13.151, de 2015)

Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da
fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria
vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.

Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua
existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-

20
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação,
designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.

BENS

Bem jurídico é toda utilidade física ou ideal que seja objeto de um direito subjetivo.

CLASSIFICAÇÃO QUANTO À MOBILIDADE (ARTS. 79 A 84, CC). Bens considerados em si mesmos

IMÓVEIS

Bens imóveis por natureza a imobilidade decorre de sua essência.


Bens imóveis por ascensão física industrial a imobilidade decorre da atuação humana, concreta
e efetiva.
Bens imóveis por ascensão física intelectual são os bens móveis incorporados ao bem imóvel
pela vontade do proprietário.
Bens imóveis por determinação legal (art. 80, CC) I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os
asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.

MÓVEIS

são aqueles que podem ser removidos ou transportados


Bens móveis por natureza a mobilidade decorre de sua essência, sendo
possível a remoção por força alheia ou por força
própria.
Bens móveis por antecipação eram imóveis, mas foram mobilizados por uma
atuação humana concreta e efetiva.
Bens móveis por determinação legal (art. 84, CC): Art. 84. Os materiais destinados a alguma
construção, enquanto não forem empregados,
conservam sua qualidade de móveis; readquirem
essa qualidade os provenientes da demolição de
algum prédio.

PARTE
FRUTOS PRODUTOS PERTENÇAS BENFEITORIAS
INTEGRANTE
Saem do bem sem Saem do bem Não constituem Acessório unido Acréscimos e
diminuir a diminuindo o parte integrante, ao bem melhoramentos
quantidade. principal. São mas servem de principal introduzidos no
utilidades que modo duradouro formando com bem
Podem ser não se renovam ao este um todo principal. Podem
naturais, (não renováveis), uso, serviço ou indivisível ser:
industriais e civis. de maneira que a embelezamento • Necessárias;
sua percepção de • Úteis;
É aquela utilidade esgota/diminui a outro bem. É a • Voluptuárias.
que a coisa coisa principal. coisa
principal Ex: Ouro, carvão, que, sem fazer Não existe
periodicamente petróleo, etc. parte

21
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

gera e cuja integrante do bem benfeitoria


percepção não principal, acopla- natural. A
diminui a sua se benfeitoria é
substância (não ao mesmo para SEMPRE
esgota a coisa sua artificial.
principal). melhor utilização,
Ex: para melhor servi-
frutos naturais lo.
(laranja, soja, É a coisa que, sem
maçã, bezerro em integrar o bem
relação à vaca); principal, facilita a
frutos industriais sua utilização. Ex.:
(manufaturados); Ar-condicionado,
frutos civis escada de
(denominados incêndio,
rendimentos, trator. OBS: As
como aluguéis, pertenças não
juros, seguem a sorte do
dividendos). principal, é
exceção
à regra.

NEGÓCIO JURÍDICO

Ordinário - Nascimento natural, morte natural,


Fato jurídico em sentido
decurso do tempo.
estrito (a intervenção
Extraordinário - Tem carga de imprevisibilidade ou
humana não existe)
FATO JURÍDICO inevitabilidade, um furacão por exemplo.
Em sentido Ato jurídico em sentido estrito (não
amplo, é todo Atos Jurídicos lato sensu - negocial) - com consequências
acontecimento Ações humanas (se destaca impostas pela lei e não escolhidas pelas
Lícito
natural ou precipuamente a ação da partes.
humano apto a pessoa, ou seja, sua Negócio Jurídico - regulamentação pela
criar, modificar manifestação de vontade em autonomia privada.
ou extinguir praticar o ato) Atuação humana com efeitos
Ilícito
relações jurídicas. repudiados pelo ordenamento.

Ato-fato (embora a atuação do homem seja o núcleo do fato, é desprovida de


voluntariedade e consciência em direção ao resultado jurídico existente).

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


PLANO DA EXISTÊNCIA são elementos: partes (ou agentes), vontade, objeto e forma.
partes ou agentes capazes; vontade livre, sem vícios; objeto lícito, possível,
PLANO DA VALIDADE
determinado ou determinável e forma prescrita e não defesa em lei.
estão os elementos relacionados com a suspensão e resolução de direitos e
PLANO DA EFICÁCIA deveres, caso da condição, do termo, do encargo ou modo, das regras de
inadimplemento negocial (juros, multa e perdas e danos), do registro

22
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

imobiliário, da rescisão contratual, do regime de bens do casamento, entre


outros.

#PEGAOGANCHO:
Boa-fé objetiva Boa-fé subjetiva
Significa manter uma conduta de acordo com Não é um princípio, mas sim um estado
padrões sociais de lisura, honestidade e correção. psicológico.
Tem como objetivo não frustrar a legítima confiança Para examinar a boa-fé subjetiva, deve-se analisar
da outra parte. se a pessoa pensava, sinceramente, que agia ou
Deve ser examinada externamente, ou seja, não não de acordo com o direito (é examinado se a
importa qual era o sentimento da pessoa, mas sim a pessoa tinha boas ou más intenções).
sua conduta. Deve ser examinada internamente, ou seja, de
acordo com o sentimento da pessoa.

Funções do princípio da Boa-fé:


I) INTERPRETATIVA: Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé́ e os usos do lugar de
sua celebração.
II) CONTROLE: controle das condutas humanas, eis que a sua violação pode gerar o abuso de direito,
modalidade de ilícito (art. 187).
III) INTEGRATIVA: função de integrar todas as fases pelas quais passa o contrato (art. 422). Faz surgir deveres
anexos, como por exemplo: a) dever de cuidado; b) dever de respeito; c) dever de informação; d) dever de
agir conforme a confiança depositada; e) dever de lealdade; f) dever de cooperação; g) dever de agir
conforme a razoabilidade, a equidade e a boa razão.

FIGURAS PARCELARES DA BOA-FÉ OBJETIVA


(SUBESPÉCIES DO ATO ILÍCITO OBJETIVO - ABUSO DE DIREITO)
VENIRE CONTRA FACTUM Vedação do comportamento contraditório.
PROPRIUM (ou teoria dos
atos próprios)
SUPRESSIO Supressão de um direito ou obrigação decorrente de conduta reiterada das
partes.
SURRECTIO Surgimento de direito ou obrigação decorrente de conduta reiterada das
partes.
TU QUOQUE A locução significa "tu também" e representa as situações nas quais a parte
vem a exigir algo que também foi por ela descumprido ou negligenciado.
EXCEPTIO DOLI Exceção de dolo, ou seja, não age com boa-fé aquele que atua intuito não
de preservar legítimos interesses, mas, sim, de prejudicar a parte contrária
DUTY TO MITIGATE THE Credor a evitar o agravamento do próprio prejuízo.
OWN LOSS
ADIMPLEMENTO Ocorre quando a obrigação do devedor, ainda que não cumprida
SUBSTANCIAL completamente, é tão próxima do que esperava o credor que seria injusta
eventual resolução, afrontando a boa-fé objetiva. Vale lembrar que o STJ
entende que não se aplica a teoria em casos de alienação fiduciária.

#PEGAOGANCHO: O tu quoque é uma figura parcelar da boa-fé objetiva e quer dizer “Até tu?”. de acordo
com esta teoria uma pessoa não poderá violar a norma jurídica e depois tentar tirar proveito dela. Ex. Se um
adolescente entre 16 e 18 anos, dolosamente, ocultar a sua idade ou se declarar maior, para realizar um ato
civil, este ato não será anulável.

23
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

CC, Art. 180: “O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar
a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ouse, no ato de obrigar-se, declarou-
se maior. ”

#OLHAOGANCHO: 3
O que é a supressio?
O instituto da supressão (supressio), também conhecida como verwirkung, é uma expressão (decorrência)
do princípio da boa-fé objetiva e serve para limitar o exercício de direitos subjetivos.
A supressio significa que...
- o credor de uma relação jurídica não exerceu seu direito por longo tempo,
- de forma que isso gerou a justa expectativa no credor de que ele continuaria sem exigir esse direito,
- podendo-se considerar, portanto, que aquela obrigação contratual deixou de existir.

Segundo já decidiu o STJ (AgInt no AREsp 296.214/SP), a supressio consiste na...


- possibilidade de haver um redimensionamento da obrigação
- pela inércia qualificada de uma das partes em exercer um direito ou uma faculdade,
- durante o período da execução do contrato,
- criando para a outra parte a legítima expectativa de ter havido a renúncia àquela prerrogativa.

Assim, a supressio é como se fosse a renúncia tácita a um direito pelo seu não-exercício ao longo do tempo.
Alguns autores apontam o art. 330 do CC como sendo um exemplo de supressio que foi positivado na lei:
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente
ao previsto no contrato.
(...)
Em tese, a teoria da supressio é reconhecida pelo STJ?
SIM. O STJ admite a adoção da supressio, a depender das circunstâncias do caso concreto.
A supressio está diretamente relacionada com a boa-fé objetiva. Isso significa que essa teoria somente deve
ser adotada quando ficar demonstrado que a eventual mudança de conduta da parte gerará violação à boa-
fé objetiva:
Para configuração da “supressio”, consistente no não exercício do direito subjetivo por tempo além do
razoável no curso da relação contratual, deve se apresentar como conduta manifestamente desleal,
violadora dos ditames da boa-fé objetiva.
STJ. 3ª Turma. AgInt no REsp 1471621/SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 09/11/2017.

Requisitos
A configuração da supressio exige 3 requisitos:
a) inércia do titular do direito subjetivo;
b) decurso de tempo capaz de gerar a expectativa de que esse direito não mais seria exercido e;
c) deslealdade em decorrência de seu exercício posterior, com reflexos no equilíbrio da relação contratual.

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


* Vício de consentimento: o defeito está na formação da vontade (vontade interna) e o prejudicado é um
dos contratantes. Ex.: Erro, Dolo, Coação, Lesão ou Estado de Perigo.

3 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Ex-empregado mantido no plano de saúde por mais de dez anos após a demissão, por
liberalidade do ex-empregador e com assunção de custeio integral do serviço, não poderá ser excluído da cobertura do seguro.
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/e43739bba7cdb577e9e3e4e42447f5a5>. Acesso em:
05/07/2023

24
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

* Vício social: o defeito está na manifestação da vontade (vontade externa) e o prejudicado é sempre um
terceiro. Ex.: fraude contra credores e simulação.

DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO


São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade
emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de
diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a
alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira
a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
DO ERRO OU III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo
IGNORÂNCIA único ou principal do negócio jurídico.
O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão
determinante.
O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de
vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas
circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada.
O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem
a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na
conformidade da vontade real do manifestante.
São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental
quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte
a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso
DO DOLO
contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por
todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para
anular o negócio, ou reclamar indenização (DOLO BILATERAL,
ENANTIOMÓRFICO, RECÍPROCO ou COMPENSADO).
A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao
paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua
família, ou aos seus bens.
DA COAÇÃO Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com
base nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o
simples temor reverencial.
Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de
salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra
DO ESTADO DE PERIGO parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz
decidirá segundo as circunstâncias.
Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
DA LESÃO valor da prestação oposta.
Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.

25
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

JDC150. A lesão de que trata o art. 157 do Código Civil NÃO EXIGE DOLO DE
APROVEITAMENTO.
Para a caracterização do vício de lesão, exige-se a presença simultânea de:
a) elemento objetivo (desproporção das prestações); e
b) elemento subjetivo (a inexperiência ou a premente necessidade).
Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os
praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda
quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como
lesivos dos seus direitos.

REQUISITOS: PRESSUPOSTOS:
- Anterioridade da dívida No caso de alienação onerosa:
-Eventus damni (prejuízo aos Eventus damni + consilium fraudis
DA FRAUDE CONTRA credores) Na alienação gratuita ou remissão
CREDORES Consilium fraudis (intenção de
de dívida:
prejudicar credores ou conluio entre
Exige-se apenas o eventus damni.
alienante e adquirente do bem)
OBS: nos casos de disposição gratuita
de bens ou remissão de dívida, basta
comprovar o evento danoso aos
credores, dispensando-se a
comprovação de consilium fraudis
- O ato jurídico praticado tenha
levado o devedor à insolvência

#TABELANDO
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
NULIDADE ANULABILIDADE
Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: Art. 171. Além dos casos expressamente declarados
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; na lei, é anulável o negócio jurídico:
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu I - por incapacidade relativa do agente;
objeto; II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado
III - o motivo determinante, comum a ambas as de perigo, lesão ou fraude contra credores.
partes, for ilícito; Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado
IV - não revestir a forma prescrita em lei; pelas partes, salvo direito de terceiro.
V - for preterida alguma solenidade que a lei Art. 173. O ato de confirmação deve conter a
considere essencial para a sua validade; substância do negócio celebrado e a vontade
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; expressa de mantê-lo.
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir- Art. 174. É escusada a confirmação expressa,
lhe a prática, sem cominar sanção. quando o negócio já foi cumprido em parte pelo
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas devedor, ciente do vício que o inquinava.
subsistirá o que se dissimulou, se válido for na Art. 175. A confirmação expressa, ou a execução
substância e na forma. voluntária de negócio anulável, nos termos dos arts.
§ 1 o Haverá simulação nos negócios jurídicos 172 a 174, importa a extinção de todas as ações, ou
quando: exceções, de que contra ele dispusesse o devedor.
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resultar da
pessoas diversas daquelas às quais realmente se falta de autorização de terceiro, será validado se
conferem, ou transmitem; este a der posteriormente.

26
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

II - contiverem declaração, confissão, condição ou Art. 177. A anulabilidade não tem efeito antes de
cláusula não verdadeira; julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício;
III - os instrumentos particulares forem só os interessados a podem alegar, e aproveita
antedatados, ou pós-datados. exclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de
§ 2 o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa- solidariedade ou indivisibilidade.
fé em face dos contraentes do negócio jurídico Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência
simulado. para pleitear-se a anulação do negócio jurídico,
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível de contado:
confirmação, nem convalesce pelo decurso do I - no caso de coação, do dia em que ela cessar;
tempo. II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o
os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim negócio jurídico;
a que visavam as partes permitir supor que o teriam III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a
querido, se houvessem previsto a nulidade. incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado
ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-
se a anulação, será este de dois anos, a contar da
data da conclusão do ato.
Ação declaratória de nulidade:
(1) majoritária - imprescritível, com base no art. 169
Ação anulatória – prazo especial. Estão espalhados
do CC, jurisprudência e doutrina.
no Código Civil. Há um prazo geral, quando não
(2) Prescreve em 10 anos, que é prazo geral de
houver prazo específico – art. 179, CC – 2 anos. Ex.:
prescrição no art. 205 CC. Caio Mário.
a anulação da venda de ascendente para descente.
(3) Declaração de nulidade é imprescritível, mas
Art. 496. Súmula 494 do STF está superada. Ex nunc.
para desfazer os efeitos patrimoniais teria um prazo
de 10 anos. – Stolze e enunciado 536/CJF. Ex tunc.
Interesse público (norma de ordem pública). Interesse particular (norma de ordem privada).
Coisa julgada erga omnes. Coisa julgada inter partes.
Juiz deve declarar de ofício. Juiz não pode declarar de ofício.
Não pode ser sanado/suprido/convalidado, mas
pode ser objeto de conversão.

#PEGAOGANCHO:
A simulação provoca a nulidade absoluta do
negócio jurídico. É o que prevê o caput do art. 167
do CC. Diante disso, como se trata de matéria de
ordem pública, a simulação pode ser declarada até
mesmo de ofício pelo juiz da causa (art. 168,
parágrafo único, do CC). Como negócio jurídico Pode ser suprido/sanado – confirmação ou
simulado é nulo, o reconhecimento dessa nulidade assentimento/convalidado (gênero). Ex.: simples
pode ocorrer de ofício, até mesmo incidentalmente decurso do tempo.
em qualquer processo em que for ventilada a
questão. Logo, é desnecessário o ajuizamento de
ação específica para se declarar a nulidade de
negócio jurídico simulado. Dessa forma, não há
como se restringir o seu reconhecimento em
embargos de terceiro. Para casos posteriores ao
Código Civil de 2002, não é mais possível aplicar o
entendimento da Súmula 195 do STJ às hipóteses de
simulação. STJ. 3ª Turma. REsp 1927496/SP, Rel.

27
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Min. Moura Ribeiro, julgado em 27/04/2021 (Info


694)

#IMPORTANTE:
Doação de imóvel aos filhos do casal não é fraude contra credores se a família continua morando nele.
A ocorrência de fraude contra credores requer: (i) a anterioridade do crédito; (ii) a comprovação de prejuízo
ao credor (eventus damni) e (iii) o conhecimento, pelo terceiro adquirente, do estado de insolvência do
devedor (scientia fraudis). O eventus damni trata-se de pressuposto objetivo e estará configurado quando o
ato de disposição impugnado pelo credor tenha agravado o estado de insolvência do devedor ou tenha
levado-o a este estado. A fraude contra credores na hipótese de alienação de bem impenhorável,
especialmente de bem de família, exige uma ponderação de valores pelo Juiz em cada situação particular: de
um lado, a proteção legal conferida ao bem de família, fundada no direito à moradia e no mínimo existencial
do devedor e/ou sua família e, de outro, o direito à tutela executiva do credor. "O parâmetro crucial para
discernir se há ou não fraude contra credores ou à execução é verificar a ocorrência de alteração na
destinação primitiva do imóvel - qual seja, a morada da família - ou de desvio do proveito econômico da
alienação (se existente) em prejuízo do credor. Na hipótese, os recorrentes e seus filhos residem no imóvel
desde o ano 2000. Embora esse bem tenha sido doado, no ano de 2011, pelo casal aos filhos menores, a
situação fática em nada se alterou, já que o bem continuou servindo como residência da entidade familiar.
Ou seja, o bem permaneceu na posse das mesmas pessoas e teve sua destinação (moradia) inalterada. Essas
peculiaridades demonstram a ausência de eventus damni e, portanto, de disposição fraudulenta. A
jurisprudência do STJ é no sentido de que a proteção instituída pela Lei 8.009/1990, quando reconhecida
sobre metade de imóvel relativa à meação, deve ser estendida à totalidade do bem. Assim, não sendo a
esposa devedora, a doação de sua quota-parte sobre o imóvel (50%) não pode ser tida por fraudulenta. E,
haja vista que os donatários residem no local, por mais essa razão, o imóvel está protegido pela garantia da
impenhorabilidade do bem de família. STJ. 3ª Turma. REsp 1.926.646/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 15/02/2022.
O reconhecimento de simulação na compra e venda de imóvel em detrimento da partilha de bens do casal
gera nulidade do negócio e garante o direito à meação a ex-cônjuge
Na análise do vício da simulação, devem ser considerados os seguintes elementos: a consciência dos
envolvidos na declaração do ato simulado, sabidamente divergente de sua vontade íntima, a intenção
enganosa em relação a terceiros, e o conluio entre os participantes do negócio danoso.
No caso concreto, ficou demonstrado que as circunstâncias evidenciam seguramente a ocorrência de
simulação no negócio jurídico envolvendo a compra e venda de um imóvel em prejuízo à meação da ex-
esposa. STJ. 3ª Turma. REsp 1969648-DF, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 18/10/2022 (Info 754).
Pode ser válida a estipulação que confira ao credor a possibilidade de exigir, “tão logo fosse de seu
interesse", a transferência da propriedade de imóvel
Situação adaptada: em 1970, Hugo e sua esposa Maria assinaram um documento particular reconhecendo
que metade de uma gleba de terra pertencia a Diogo, irmão de Hugo. No mesmo documento os signatários
ainda consignaram que a fração de Diogo lhe seria transmitida tão logo ele manifestasse interesse nesse
sentido.
Esse documento foi levado a registro em 1977, mas apenas em 2006 Diogo interpelou seu irmão e sua
cunhada para que lhe transferissem a sua fração. Como não foi atendido, promoveu ação de obrigação de
fazer pleiteando a outorga da escritura pública correspondente ao seu quinhão no imóvel.
Os réus alegaram que essa condição segundo a qual a propriedade do imóvel seria transferida a Diogo
“quando fosse de seu interesse”, seria vedada pelo art. 115 do CC/1916 e pelo art. 122 do CC/2002, por se
tratar de condição puramente potestativa. Assim, referida condição deveria ser considerada não escrita e,
portanto, inapta para suspender a fluência do prazo prescricional. O STJ não concordou com os argumentos
dos requeridos. O art. 122 do CC/2002 (correspondente ao art. 115 do CC/1916) proíbe as condições
puramente potestativas, assim compreendidas como aquelas que sujeitam a eficácia do negócio jurídico ao
puro arbítrio de uma das partes, comprometendo a seriedade do acordo e depondo contra a boa-fé objetiva.

28
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

No caso, a estipulação assinalada mais se assemelha a termo incerto ou indeterminado do que,


propriamente, a condição potestativa. E mesmo admitindo tratar-se de condição, seria de rigor verificar
quem ela beneficiava (credor e devedor), não havendo falar, por isso, em falta de seriedade na proposta ou
risco à estabilidade das relações jurídicas. STJ. 3ª Turma. REsp 1990221-SC, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado
em 03/05/2022 (Info 735).

Elementos Acidentais do Negócio Jurídico

CONDIÇÃO TERMO ENCARGO/MODO


Evento futuro e INCERTO Evento futuro e CERTO Cláusula acessória à liberalidade
Quando suspensiva: suspende a Quando suspensivo: NÃO impede a NÃO impede a aquisição nem o
aquisição e o exercício do aquisição do direito, mas, apenas o exercício do direito - gera
direito seu exercício - gera direito adquirido. direito adquirido
Condição incertus an incertus: Termo certus an certus: há certeza
há absoluta incerteza em quanto ao evento futuro e quanto ao
relação à ocorrência do evento tempo de duração.
futuro e incerto
Condição incertus an certus: Termo certus an incertus: há certeza
não se sabe se o evento quanto ao evento futuro, mas
ocorrerá, mas, se acontecer, incerteza quanto à sua duração.
será dentro de um determinado
prazo

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

#JOGORÁPIDO:

PRESCRIÇÃO
- A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão.
- A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro,
depois que a prescrição se consumar; tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado,
incompatíveis com a prescrição.
- Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
- Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou
representantes legais, que derem causa à prescrição, ou não a alegarem oportunamente.
- A prescrição iniciada contra uma pessoa continua a correr contra o seu sucessor
- Salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem
ou interrompem a prescrição.
- A prescrição intercorrente observará o mesmo prazo de prescrição da pretensão, observadas as causas
de impedimento, de suspensão e de interrupção da prescrição.
-Não corre a prescrição:
a) entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; b) entre ascendentes e descendentes,
durante o poder familiar;
c) entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela.
d) contra os absolutamente incapazes;
e) contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
f) contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.

29
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

#PEGAOGANCHO:
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PRESCRIÇÃO. INTERRUPÇÃO. EMENDA À INICIAL.
EFEITOS DA CITAÇÃO VÁLIDA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO INTERNO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO.
1. A interrupção da prescrição, na forma prevista no § 1º do artigo 219 do Código de Processo Civil, retroagirá
à data em que petição inicial reunir condições de desenvolvimento válido e regular do processo, o que, no
caso, deu-se apenas com a emenda da inicial, momento em que já havia decorrido o prazo prescricional.
2. O Tribunal de origem decidiu com base nos elementos de prova dos autos que estava prescrita a pretensão,
rever esse entendimento esbarra no óbice da Súmula n. 7/STJ.
3. Agravo a que se nega provimento.
(AgInt no AREsp n. 2.235.620/PR, relator Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 8/5/2023, DJe de
17/5/2023.)

CAUSAS QUE IMPEDEM OU SUSPENDEM A CAUSAS QUE INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO


PRESCRIÇÃO
Art. 197. Não corre a prescrição: Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
conjugal; I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que
II - entre ascendentes e descendentes, durante o ordenar a citação, se o interessado a promover no
poder familiar; prazo e na forma da lei processual;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou II - por protesto, nas condições do inciso
curadores, durante a tutela ou curatela. antecedente;
III - por protesto cambial;
Art. 198. Também não corre a prescrição: IV - pela apresentação do título de crédito em juízo
I - contra os incapazes de que trata o art. 3o ; de inventário ou em concurso de credores;
II - contra os ausentes do País em serviço público da V - por qualquer ato judicial que constitua em mora
União, dos Estados ou dos Municípios; o devedor;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que
Armadas, em tempo de guerra. extrajudicial, que importe reconhecimento do
direito pelo devedor.
Art. 199. Não corre igualmente a prescrição: Parágrafo único. A prescrição interrompida
I - pendendo condição suspensiva; recomeça a correr da data do ato que a
II - não estando vencido o prazo; interrompeu, ou do último ato do processo para a
III - pendendo ação de evicção. interromper.
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva qualquer interessado.
ser apurado no juízo criminal, não correrá a Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor
prescrição antes da respectiva sentença definitiva. não aproveita aos outros; semelhantemente, a
interrupção operada contra o co-devedor, ou seu
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um dos herdeiro, não prejudica aos demais coobrigados.
credores solidários, só aproveitam os outros se a § 1 o A interrupção por um dos credores solidários
obrigação for indivisível. aproveita aos outros; assim como a interrupção
efetuada contra o devedor solidário envolve os
demais e seus herdeiros.
§ 2 o A interrupção operada contra um dos
herdeiros do devedor solidário não prejudica os
outros herdeiros ou devedores, senão quando se
trate de obrigações e direitos indivisíveis.
§ 3 o A interrupção produzida contra o principal
devedor prejudica o fiador.

30
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

#OLHAAJURIS:
A interrupção da prescrição ocorre somente uma única vez para a mesma relação jurídica, isto é,
independentemente de seu fundamento
Exemplo hipotético: Montago Ltda deveria pagar, em setembro de 2012, R$ 300 mil à Galícia Comércio Ltda.
Essa quantia estava materializada em três duplicatas mercantis de R$ 100 mil cada. Não houve pagamento
na data do vencimento. Logo, iniciou-se a contagem do prazo prescricional para a credora exigir o pagamento
da quantia.
Em outubro de 2012, a credora (Galícia) levou as duplicatas a protesto. Isso interrompeu a prescrição (art.
202, III, do CC).
Em dezembro de 2014, a devedora (Montago) ajuizou, contra a credora, ação declaratória de inexigibilidade
dos débitos. O pedido foi julgado improcedente. Isso, em tese, tem o condão de interromper a prescrição.
No entanto, no caso concreto, essa ação não teve o condão de interromper porque a prescrição já havia sido
interrompido uma vez antes e o art. 202 do CC somente admite uma única interrupção da prescrição.
Em suma: não é possível a interrupção do prazo prescricional em razão do ajuizamento de ação declaratória
de inexigibilidade dos débitos pelo devedor quando já tiver havido anterior interrupção do prazo
prescricional pelo protesto das duplicatas.
STJ. 3ª Turma. REsp 1963067-MS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/02/2022 (Info 727).

#PEGAOGANCHO:
Teoria da Actio Nata 4
#AJUDAMARCINHO:
Em regra, o termo inicial da prescrição é data da violação do direito (teoria da actio nata)
Na legislação civil brasileira, prevalece a noção clássica de que o termo inicial da prescrição se dá com o
próprio nascimento da ação (actio nata), sendo este determinado pela violação de um direito atual,
suscetível de ser reclamado em juízo.
Tanto é assim que o Código Civil de 2002, em seu art. 189, dispõe expressamente que “violado o direito,
nasce para o titular a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos a que aludem os arts. 205 e
206.”
Sob essa ótica, o prazo prescricional é contado, em regra, a partir do momento em que configurada lesão ao
direito subjetivo, sendo desinfluente para tanto ter ou não seu titular conhecimento pleno do ocorrido ou da
extensão dos danos (art. 189 do CC/2002).
É o que se chama de viés objetivo da teoria da actio nata:
(...) Pelo viés objetivo da teoria da actio nata, a prescrição começa a correr com a violação do direito, assim
que a prestação se tornar exigível. (...)
STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.091/PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/05/2019.
(...)
Viés subjetivo da teoria da actio nata
O STJ passou a admitir que, em determinadas hipóteses, o início dos prazos prescricionais deveria ocorrer
a partir da ciência do nascimento da pretensão por seu titular, no que ficou conhecido como o viés
subjetivo da teoria da actio nata.
Com efeito, pelo sistema subjetivo, o início do prazo prescricional só se dá quando o credor tenha
conhecimento dos elementos essenciais relativos ao seu direito.
Assim, “segundo a vertente subjetiva da actio nata, a contagem do prazo prescricional exige a efetiva inércia
do titular do direito, a qual somente se verifica diante da inexistência de óbices ao exercício da pretensão e
a partir do momento em que o titular tem ciência inequívoca do dano, de sua extensão, e da autoria da lesão”
(STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.091/PE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 14/05/2019).

4
https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/da52dbdb51e5c9b3fcacdc228065d5e0

31
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Actio nata em sua vertente subjetiva é excepcional


Vale ressaltar, contudo, que a “a aplicação da teoria da actio nata em sua vertente subjetiva é excepcional”
(STJ. 3ª Turma. REsp 1.736.091/PE, julgado em 14/05/2019).

Exemplo de aplicação da teoria da actio nata em sua vertente subjetiva


Prescrição relativa à indenização em virtude de incapacidade permanente, em que a jurisprudência do STJ
fixou-se no sentido de que o prazo prescricional começa a fluir apenas a partir do momento em que a vítima
toma ciência inequívoca de sua invalidez e da extensão da incapacidade de que restou acometida.
Nesse sentido:
Súmula 278-STJ: O termo inicial do prazo prescricional, na ação de indenização, é a data em que o segurado
teve ciência inequívoca da incapacidade laboral.

Teoria da actio nata


• na vertente objetiva:prestigia o valor segurança;
• na vertente subjetiva: prestigia o valor justiça.

Quando se deve adotar a vertente subjetiva?


A adoção do sistema subjetivo pode revelar-se adequada na medida em que o estabelecimento do termo
inicial do prazo prescricional na data do nascimento da pretensão (= sistema objetivo) possui o inconveniente
de impor ao credor o pesado ônus de identificar, em curto espaço de tempo, quem é o devedor e a extensão
de sua pretensão, o que nem sempre se revela fácil ou possível.
Os inconvenientes da vertente objetiva também se revelam naquelas hipóteses em que a experiência comum
aponta notória dificuldade para o titular do direito tomar conhecimento do nascimento da sua pretensão,
como ocorre nas hipóteses em que há alguma distância física entre o titular do direito e o objeto tutelado
pelo sistema jurídico (p. ex. propriedades rurais longínquas) ou naquelas outras em que existe algum lapso
temporal entre o ato ilícito (dano-evento) e a lesão (dano-prejuízo), como ocorre, por exemplo, nos casos de
problemas de saúde cujos sintomas demoram a surgir.
(...)
Viés subjetivo da teoria da actio nata tem maior campo de aplicação no caso de responsabilidade
extracontratual
O viés subjetivo da teoria da actio nata encontra maior campo de aplicação na hipótese de responsabilidade
civil por ato ilícito absoluto (= responsabilidade civil extracontratual). Isso porque neste caso existe uma
maior dificuldade para o credor determinar o causador e a extensão do dano sofrido.
Assim, pode-se afirmar que, em regra, o viés subjetivo da teoria da actio nata possui maior afinidade com as
hipóteses de responsabilidade civil por ato ilícito absoluto, estabelecendo-se como termo a quo do prazo
prescricional a data do conhecimento, pelo titular, do nascimento da pretensão.

Em alguns casos, a lei impõe a adoção da vertente subjetiva


Por fim, deve-se apontar como critério serviente a guiar o intérprete na determinação do dies a quo dos
prazos prescricionais a própria escolha levada a efeito pelo direito positivo.
De fato, em algumas hipóteses o próprio legislador, de maneira expressa, impõe a adoção da vertente
subjetiva da teoria da actio nata.
É o que se verifica, por exemplo, no art. 27 do CDC - ao estatuir que o prazo prescricional se inicia a partir do
conhecimento do dano e de sua autoria pelo consumidor - e no art. 206, § 1º, II, “b”, do Código Civil, ao
estabelecer que, nos contratos de seguro em geral, o termo a quo do prazo prescricional é a “ciência do fato
gerador da pretensão”.

Resumo dos critérios para adoção do viés subjetivo

32
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Assim, ainda que de modo não exaustivo e não cumulativo, pode-se concluir que são critérios que indicam a
tendência de adoção do viés subjetivo da teoria da actio nata:
1) a submissão da pretensão a prazo prescricional curto;
2) a constatação, na hipótese concreta, de que o credor tinha ou deveria ter ciência do nascimento da
pretensão, o que deve ser apurado a partir da boa-fé objetiva e de standards de atuação do homem médio;
3) o fato de se estar diante de responsabilidade civil por ato ilícito absoluto; e
4) a expressa previsão legal a impor a aplicação do sistema subjetivo.

#SEGUIMOSDERESUMO
DECADÊNCIA
- Não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição, salvo
disposição em contrário.
- Não corre decadência contra os absolutamente incapazes.
- Os relativamente incapazes e as pessoas jurídicas têm ação contra os seus assistentes ou
representantes legais, que derem causa à decadência, ou não a alegarem oportunamente.
- É nula a renúncia à decadência fixada em lei.
- Deve o juiz, de ofício, conhecer da decadência, quando estabelecida por lei.
- Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de
jurisdição, mas o juiz não pode suprir a alegação.

#OLHAADIFERENÇA
PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Põe fim à pretensão. Põe fim ao direito
Relacionada aos direitos subjetivos (cunho Relacionada aos direitos potestativos (aqueles
prestacional. Aqueles que se opõem a um dever que se opõem a um estado de sujeição)
jurídico).
Somente pode ser prevista em lei. Pode ser prevista em lei (decadência legal) ou
através de contrato (decadência convencional).
Prazo da prescrição pode ser impedido, suspenso Prazo de decadência não pode ser impedido,
ou interrompido. suspenso ou interrompido (em regra –art. 207 do
CC: “Salvo disposição legal em contrário, não se
aplicam à decadência as normas que impedem,
suspendem ou interrompem a prescrição”).
Exceção (disposição legal em contrário): art. 26, §
2º, do CDC

#SELIGANAJURIS
É de 10 anos o prazo prescricional aplicável à pretensão de restituição de valores de benefícios
previdenciários complementares recebidos por força de decisão liminar posteriormente revogada, tendo em
vista não se tratar de hipótese de enriquecimento sem causa, de prescrição intercorrente ou de
responsabilidade civil. (REsp n. 1.939.455/DF, relatora Ministra Nancy Andrighi, Segunda Seção, julgado em
26/4/2023, DJe de 9/6/2023.)
"O termo inicial dos juros de mora, em ação de cobrança de valores pretéritos ao ajuizamento de anterior
mandado de segurança que reconheceu o direito, é a data da notificação da autoridade coatora no mandado
de segurança, quando o devedor é constituído em mora (art. 405 do Código Civil e art. 240 do CPC)". (REsp
n. 1.925.235/SP, relatora Ministra Assusete Magalhães, Primeira Seção, julgado em 10/5/2023, DJe de
29/5/2023.)
É de 10 anos o prazo prescricional aplicável à pretensão de restituição de valores de benefícios
previdenciários complementares recebidos por força de decisão liminar posteriormente revogada, tendo em

33
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

vista não se tratar de hipótese de enriquecimento sem causa, de prescrição intercorrente ou de


responsabilidade civil. O fundamento legal é o art. 205 do Código Civil. STJ. 2ª Seção.REsp 1.939.455-DF, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/4/2023 (Info 772).
A fluência da prescrição da pretensão indenizatória fundada na imputação de crimes dos quais se venha a
ser posteriormente absolvido tem início com o trânsito em julgado da sentença na ação penal
Caso hipotético: João trabalhou como diretor de um banco até o início do ano 2000. Vale ressaltar que, nessa
época, a instituição financeira estava enfrentando uma grave crise decorrente do fato de que grandes
devedores do banco tornaram-se inadimplentes e não pagaram os empréstimos que haviam contraído. João
foi demitido. A instituição financeira divulgou ao mercado e comunicou ao Banco Central que os prejuízos
sofridos decorreram da má gestão de João que teria aprovado os empréstimos sem as garantias necessárias.
O banco insinuou João teria se apropriado indevidamente de valores e promovido desvio de recursos. Por
esse motivo, João foi alvo de processos administrativo e criminal. Ao final das apurações, João foi absolvido.
A decisão absolutória no âmbito penal transitou em julgado em 04/09/2009. No dia 01/11/2011, João ajuizou
ação de indenização contra o banco. O juiz, contudo, extinguiu o processo por prescrição. O autor recorreu
alegando que a pretensão não estaria prescrita, considerando que o prazo prescricional somente teria
começado a fluir após o trânsito em julgado da sentença penal absolutória.
O STJ acolheu o entendimento.
Inicialmente, cumpre ressaltar que o prazo prescricional é de 3 anos, nos termos do art. 206, § 3º, V, do CC.
Assim, é trienal o prazo prescricional aplicável à pretensão de indenização fundada em atos ofensivos
praticados após a rescisão do contrato de trabalho.
Quanto ao termo inicial, a fluência da prescrição da pretensão indenizatória fundada na imputação de crimes
dos quais se venha a ser posteriormente absolvido tem início com o trânsito em julgado da sentença na ação
penal. STJ. 4ª Turma. AREsp 1192906-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 14/3/2023 (Info 767).
Em ação indenizatória que se origina de alegado ilícito concorrencial, uma vez verificada inexistência de
decisão do CADE sobre a formação de cartel, o prazo prescricional é de três anos - art. 206, § 3º, V, CC/2002
- e o termo inicial para sua contagem é a data da ciência do fato danoso. STJ. 4ª Turma. REsp 1971316-SP,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/10/2022 (Info 756).
O termo inicial do prazo de prescrição da pretensão ao recebimento de honorários advocatícios contratados
sob a condição de êxito da demanda judicial, no caso em que o mandato foi revogado por ato unilateral do
mandante antes do término do litígio, é a data do êxito da demanda, e não a da revogação do mandato. STJ.
4ª Turma. REsp 1777499-RS, Rel. Ministro Raul Araújo, julgado em 22/11/2022 (Info 759).
Em razão do princípio da unicidade da interrupção prescricional, mesmo diante de uma hipótese interruptiva
extrajudicial (protesto de título) e outra em decorrência de ação judicial de cancelamento de protesto e título
executivo, apenas admite-se a interrupção do prazo pelo primeiro dos eventos. REsp 1.786.266-DF, Rel. Min.
Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 11/10/2022.
Em ação indenizatória que se origina de alegado ilícito concorrencial, uma vez verificada inexistência de
decisão do CADE sobre a formação de cartel, o prazo prescricional é de três anos - art. 206, § 3º, V, CC/2002
- e o termo inicial para sua contagem é a data da ciência do fato danoso. STJ. 4ª Turma. REsp 1971316-SP,
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/10/2022 (Info 756).
Em razão do princípio da unicidade da interrupção prescricional, mesmo diante de uma hipótese
interruptiva extrajudicial e outra em decorrência de citação judicial, apenas admite-se a interrupção do
prazo apenas pelo primeiro dos eventos (no caso, o protesto)
Nos termos do art. 202, caput, do Código Civil, a prescrição pode ser interrompida somente uma única vez.
Logo, em razão do princípio da unicidade da interrupção prescricional, mesmo diante de uma hipótese
interruptiva extrajudicial (protesto de título) e outra em decorrência de ação judicial de cancelamento de
protesto e título executivo, apenas admite-se a interrupção do prazo pelo primeiro dos eventos.
STJ. 4ª Turma. REsp 1786266-DF, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 11/10/2022 (Info 754).
Aplica-se a prescrição quinquenal do Decreto 20.910/1932 às empresas estatais prestadoras de serviços
públicos essenciais, não dedicadas à exploração de atividade econômica com finalidade lucrativa e
natureza concorrencial. REGRA: em regra, o prazo de prescrição quinquenal, previsto no Decreto nº

34
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

20.910/1932 e no Decreto-Lei nº 4.597/1942, não se aplica para as sociedades de economia mista e empresas
públicas.
EXCEÇÃO: Aplica-se a prescrição quinquenal do Decreto Nº 20.910/1932 às empresas estatais prestadoras
de serviços públicos essenciais, não dedicadas à exploração de atividade econômica com finalidade lucrativa
e natureza concorrencial. STJ. 1ª Turma. REsp 1635716-DF, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em
04/10/2022 (Info 753).
A propositura da ação revisional pelo devedor interrompe o prazo prescricional para o ajuizamento da
ação executiva. Caso adaptado: em julho de 2007, João celebrou contrato de mútuo com a Caixa Econômica
Federal (CEF). Em julho de 2010, venceu a última parcela do contrato. Em julho de 2018, a CEF ajuizou
execução cobrando R$ 200 mil de saldo que João ainda estaria devendo. O executado arguiu a prescrição
afirmando que a pretensão se submetia ao prazo prescricional de 5 anos, previsto no art. 206, § 5º, I, do
Código Civil. Como a última parcela venceu em julho de 2010, a instituição financeira teria até julho de 2015
para executar (5 anos). A CEF, contudo, contra argumentou afirmando que, em janeiro de 2010, João ajuizou
ação revisional contra ela pedindo que fosse recalculado o saldo devedor considerando que os índices
aplicados para reajuste das parcelas estaria errado. Essa ação revisional somente foi definitivamente julgada
em julho de 2017. Assim, a CEF argumentou que a ação ajuizada por João para discutir a dívida interrompeu
a prescrição, pois somente após o trânsito em julgado da decisão é que seria possível saber o valor exato a
ser exigido do devedor. Em outras palavras, a CEF defendeu que a prescrição foi interrompida com o
ajuizamento da ação que controverteu os valores. Esse prazo prescricional somente foi reiniciado (do zero)
após o último ato do processo, qual seja, o trânsito em julgado da sentença. O STJ concordou com a CEF. A
configuração da mora nem sempre induz à inércia do credor em relação à persecução do seu direito. A quebra
da inércia do credor é caracterizada não só pela ação executiva, mas por qualquer outro meio que evidencie
a defesa do crédito representado pelo título executivo. A possibilidade de o credor negociar, transigir ou
reconhecer, total ou parcialmente, eventual excesso do crédito no âmbito da própria ação movida pelo
devedor pode evitar a necessidade posterior da execução de um título que representa um mesmo objeto. O
reconhecimento da prescrição se opera em desfavor do titular do crédito. Assim, a disposição contida no §
1º do art. 784 do CPC/2015 não deve ser interpretada no sentido de que a ação executiva seja a única forma
de o credor demonstrar uma atitude ativa em relação à pretensão de receber o que lhe é devido. STJ. 3ª
Turma. REsp 1956817-MS, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 14/06/2022 (Info 743).
A pretensão de repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a serviços de TV por
assinatura não previstos no contrato sujeita-se à norma geral do lapso prescricional de dez anos.
STJ. 4ª Turma. REsp 1951988-RS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 10/05/2022 (Info 737).

#TEMQUESABER
PRAZO PRAZOS DE PRESCRIÇÃO
I - a pretensão dos hospedeiros ou fornecedores de víveres destinados a consumo no
próprio estabelecimento, para o pagamento da hospedagem ou dos alimentos; II - a
pretensão do segurado contra o segurador, ou a deste contra aquele, contado o prazo:
a) para o segurado, no caso de seguro de responsabilidade civil, da data em que é
citado para responder à ação de indenização proposta pelo terceiro prejudicado, ou
da data que a este indeniza, com a anuência do segurador; b) quanto aos demais
01 ANO seguros, da ciência do fato gerador da pretensão; III - a pretensão dos tabeliães,
auxiliares da justiça, serventuários judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de
emolumentos, custas e honorários; IV - a pretensão contra os peritos, pela avaliação
dos bens que entraram para a formação do capital de sociedade anônima, contado da
publicação da ata da assembléia que aprovar o laudo; V - a pretensão dos credores não
pagos contra os sócios ou acionistas e os liquidantes, contado o prazo da publicação
da ata de encerramento da liquidação da sociedade.
02 ANOS Prestações alimentares.
03 ANOS I - a pretensão relativa a aluguéis de prédios urbanos ou rústicos;

35
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

II - a pretensão para receber prestações vencidas de rendas temporárias ou vitalícias;


III - a pretensão para haver juros, dividendos ou quaisquer prestações acessórias,
pagáveis, em períodos não maiores de um ano, com capitalização ou sem ela;
IV - a pretensão de ressarcimento de enriquecimento sem causa;
V - a pretensão de reparação civil;
VI - a pretensão de restituição dos lucros ou dividendos recebidos de má-fé, correndo
o prazo da data em que foi deliberada a distribuição;
VII - a pretensão contra as pessoas em seguida indicadas por violação da lei ou do
estatuto, contado o prazo:
a) para os fundadores, da publicação dos atos constitutivos da sociedade anônima;
b) para os administradores, ou fiscais, da apresentação, aos sócios, do balanço
referente ao exercício em que a violação tenha sido praticada, ou da reunião ou
assembléia geral que dela deva tomar conhecimento;
c) para os liquidantes, da primeira assembléia semestral posterior à violação;
VIII - a pretensão para haver o pagamento de título de crédito, a contar do vencimento,
ressalvadas as disposições de lei especial;
IX - a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no
caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório.
04 ANOS (i) Pretensão relativa à tutela.
I - a pretensão de cobrança de dívidas líquidas constantes de instrumento público ou
particular;
II - a pretensão dos profissionais liberais em geral, procuradores judiciais, curadores e
05 ANOS
professores pelos seus honorários, contado o prazo da conclusão dos serviços, da
cessação dos respectivos contratos ou mandato;
III - a pretensão do vencedor para haver do vencido o que despendeu em juízo.
Prazo geral (art.205 do CC)
- A ação de repetição de indébito por cobrança indevida de valores referentes a
serviços não contratados de telefonia fixa.
- Responsabilidade CONTRATUAL (inadimplemento contratual).
- Pretensão de cobrar dívida decorrente de conserto de automóvel por mecânico que
não tenha conhecimento técnico e formação intelectual suficiente para ser qualificado
10 ANOS
como profissional liberal.
-Prazo para que um advogado autônomo possa cobrar de outro advogado o valor
correspondente à divisão de honorários advocatícios contratuais e de sucumbência
referentes a ação judicial na qual ambos trabalharam em parceria.
-Ação pedindo o ressarcimento por despesas médico-hospitalares que não foram
pagas pelo plano e que estariam previstas no contrato.

#SELIGANAJURIS:
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça definiu que nas pretensões relacionadas a responsabilidade
contratual, se aplica a regra geral (art. 205 do CC/2002), que prevê dez anos de prazo prescricional, e, nas
demandas que versarem sobre responsabilidade extracontratual, aplica-se o disposto no art. 206, § 3º, V, do
mesmo diploma, com prazo prescricional de três anos.
O termo a quo do prazo prescricional está diretamente relacionado ao surgimento do interesse processual
para a propositura da ação; enquanto não houver interesse, condição da ação, não se inicia a prescrição.
Na falta de predeterminação de data para o cumprimento da obrigação, é necessário constituir o devedor
em mora, para então surgir a pretensão de cobrança.
Na espécie, proposta a ação antes de findo o prazo decenal após a notificação dos devedores, deve ser
afastada a prescrição. STJ. 3ª Turma. REsp 1.758.298/MT, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 3/05/2022.

36
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Art. 200. Quando a ação se originar de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a prescrição
antes da respectiva sentença definitiva.
Exemplo hipotético: em 2010, “P” praticou estupro, sem violência real, contra “T”. Em 2012, o Ministério
Público ofereceu denúncia contra “P”. Em 2014, o processo penal foi extinto sob o argumento de que o MP
seria parte ilegítima porque não houve representação, conforme se exigia antes da Lei nº 13.718/2018. Logo
em seguida, “T” (a vítima) ajuizou ação de indenização por danos morais contra “P”.
Mesmo já tendo passado três anos do fato (art. 206, § 3º V, do CC), não houve prescrição. Isso porque o
prazo prescricional somente se iniciou com o trânsito em julgado da sentença do processo penal.
STJ. 3ª Turma. REsp 1987108-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 29/03/2022 (Info 732).
O art. 197, I, do Código Civil prevê que “não corre a prescrição entre os cônjuges, na constância da sociedade
conjugal”.
Se os cônjuges estão separados há muitos anos,não se deve aplicar a regra do art. 197, I, do CC.
Mesmo não estando prevista no rol do art. 1.571 do CC, a separação de fato muito prolongada, ou por tempo
razoável, também pode ser considerada como causa de dissolução da sociedade conjugal e, em assim sendo,
não tem o condão de impedir a natural fluência do prazo prescricional da pretensão de partilha de bens de
ex-cônjuges.
Caso concreto: a pretensão de partilha de bem comum após mais de 30 anos da separação de fato e da
partilha amigável dos bens comuns do ex-casal está fulminada pela prescrição.
STJ. 3ª Turma. REsp 1660947-TO, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 05/11/2019 (Info 660).

DIREITO DAS OBRIGAÇÕES #APOSTACICLOS

O direito das obrigações reúne o conjunto de normas reguladoras da relação jurídica pessoal
vinculativa do credor ao devedor. A relação é pessoal e vinculativa.

ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL


ELEMENTO IMATERIAL, ELEMENTO SUBJETIVO ELEMENTO OBJETIVO
ABSTRATO OU ESPIRITUAL
Trata-se do próprio vínculo São os sujeitos da relação que É o objeto da obrigação (a
abstrato que une o credor ao devem ser determinados ou, ao prestação). O conceito de
devedor. menos, determináveis prestação – objeto direto – não
varia: a prestação é a atividade do
devedor direcionada à satisfação
do crédito (de dar, fazer ou não
fazer). O bem da vida é o objeto
indireto da obrigação porque o
objeto direto de toda relação
obrigacional é a prestação.

CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES


* A classificação básica é formada pelas obrigações negativas e obrigações positivas. As obrigações
negativas são as obrigações de não fazer e as obrigações positivas podem ser as de fazer e as de dar.
As obrigações de dar podem ser as de dar coisa certa ou dar coisa incerta
Regulada a partir do art. 250, CC, a obrigação de não fazer é aquela que tem
por objeto uma prestação negativa, ou seja, um comportamento omissivo do
OBRIGAÇÃO DE NÃO devedor.
FAZER #SELIGA: O que são obrigações de não fazer transeuntes? São também
denominadas obrigações negativas instantâneas, sendo aquelas que, quando
descumpridas uma única vez, são irreversíveis, gerando inadimplemento

37
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

absoluto, na medida em que é impossível retornar ao estado originário. Ex.:


Obrigação de não divulgar segredo industrial de empresa
Regulada a partir do art. 247, CC, a obrigação de fazer é aquela que tem por
objeto uma prestação de fato positiva, ou seja, na obrigação de fazer interessa
ao credor a própria atividade do devedor. A obrigação de fazer poderá ser
OBRIGAÇÃO DE FAZER fungível (não personalíssima), quando a atividade possa ser prestada por
terceiro, ou infungível (personalíssima), quando somente a atividade do
próprio devedor interessa.

A obrigação de dar é aquela que tem por objeto prestações de coisas. “Dar”,
em direitos das obrigações, pode significar: transferir a propriedade da coisa,
transferir apenas a posse ou a detenção da coisa ou restituir.
A coisa pode ser certa ou incerta.
a) Obrigação de dar coisa certa (art. 233, CC): a obrigação de dar coisa certa é
aquela que tem por objeto uma coisa determinada ou individualizada, a
exemplo da obrigação imposta à construtora na venda de determinado
apartamento.
OBRIGAÇÃO DE DAR
b) Obrigação de dar coisa incerta (art. 243, CC): trata-se de uma obrigação
genérica com prestação determinável. Vale dizer, é a obrigação em que a coisa
é indicada apenas pelo gênero e pela quantidade, não estando ainda
individualizada. Em regra, a individualização da coisa (operação denominada
concentração do débito ou da prestação devida), é feita pelo devedor, se o
contrário não resultar do título da obrigação. E toda escolha deve ser feita pela
média.

Pessoal, vamos ver algumas modalidades de obrigação??

OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA – ARTS. 233/242.


PERDA COM CULPA O devedor responde pelo equivalente mais perdas e danos.
PERDA SEM CULPA Resolve-se a obrigação, com o retorno das partes à situação anterior.
Poderá o credor exigir o equivalente ou aceitar a coisa no estado em que
DETERIORAÇÃO COM CULPA se achar, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização
por perdas e danos.
Poderá o credor resolver a obrigação ou aceitar a coisa, abatido de seu
DETERIORAÇÃO SEM CULPA
preço o valor que perdeu.

DIFERENÇA ENTRE OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA e OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA:
Obrigação de Dar Coisa Certa: Caracteriza-se quando seu objeto for constituído por um corpo certo e
determinado, estabelecendo entre as partes da relação obrigacional um vínculo em que devedor fará a
entrega ao credor de uma coisa individualizada.
Obrigação de Dar Coisa Incerta (obrigação genérica): Consiste na relação obrigacional em que o objeto,
indicado de forma genérica no início da relação vem a ser determinado mediante um ato de escolha, por
ocasião do adimplemento.

OBRIGAÇÕES SOLIDÁRIAS
SOLIDARIEDADE ATIVA (ARTS. 267 A 274)

38
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Na solidariedade ativa, cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da
prestação por inteiro (art. 267, do CC). Em complemento, enquanto alguns dos credores solidários não
demandarem o devedor comum, a qualquer daqueles poderá este pagar (art. 268, do CC).
O pagamento feito a um dos credores solidários extingue a dívida até o montante do que foi pago (art.
269, do CC).
Se um dos credores solidários falecer deixando herdeiros, cada um destes só terá direito a exigir e receber
a quota do crédito que corresponder ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível (art.
270, do CC).
Convertendo-se a prestação em perdas e danos, subsiste (permanece), para todos os efeitos, a
solidariedade (art. 271, do CC).
#OLHAOGANCHO: De acordo com o art. 263, do CC/2002, a obrigação indivisível perde esse caráter
quando da sua conversão em perdas e danos, o que não ocorre com a obrigação solidária ativa, que
permanece com o dever do sujeito passivo obrigacional de pagar a quem quer que seja.
O credor que tiver remitido (perdoado) a dívida ou recebido o pagamento responderá aos outros pela
parte que lhes caiba (art. 272, do CC).
Como novidade na atual codificação material, preceitua o art. 273 que “a um dos credores solidários não
pode o devedor opor as exceções pessoais oponíveis aos outros”. As exceções pessoais são defesas de
mérito existentes somente contra determinados sujeitos, como aquelas relacionadas com os vícios da
vontade (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão) e as incapacidades em geral, como é o caso da falta
de legitimação. Na obrigação solidária ativa, o devedor não poderá opor essas defesas contra os demais
credores diante da sua natureza personalíssima.
Segundo o art. 274, do CC (redação dada pela Lei nº 13.105, de 2015), “O julgamento contrário a um dos
credores solidários não atinge os demais, mas o julgamento favorável aproveita-lhes, sem prejuízo de
exceção pessoal que o devedor tenha direito de invocar em relação a qualquer deles”.
#OLHAAJURIS:
Ação de regresso. Subtração de bens mantidos em cofre alugado. Dívida solidária oriunda de sentença
condenatória. Terceiro e instituição financeira. Pagamento integral da condenação pela instituição
financeira. Pretensão pelo ressarcimento. Solidariedade passiva desconstituída na relação interna dos
codevedores. Dívida solidária que interessava somente ao terceiro que praticou o ato ilícito. Aplicação do
art. 285 do Código Civil. REsp 2.069.446-SP, Rel. Ministro Moura Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade,
julgado em 23/5/2023, DJe 29/5/2023.

SOLIDARIEDADE PASSIVA (ARTS. 275 A 285):


Na obrigação solidária passiva, o credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores,
parcial ou totalmente, a dívida comum. Se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores
continuam obrigados solidariamente pelo resto (art. 275, caput, do CC). Não importará renúncia da
solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores (art. 275, parágrafo
único, do CC).
Como ocorre com a solidariedade ativa, o art. 276, do CC, traz regra específica envolvendo a morte de um
dos devedores solidários. No caso de falecimento de um destes, cessa a solidariedade em relação aos
sucessores do de cujus, eis que os herdeiros somente serão responsáveis até os limites da herança e de
seus quinhões correspondentes. A regra não se aplica se a obrigação for indivisível. Outra exceção é feita
pelo comando, eis que todos os herdeiros reunidos são considerados um único devedor em relação aos
demais devedores
Tanto o pagamento parcial realizado por um dos devedores como o perdão da dívida (remissão) por ele
obtida não têm o efeito de atingir os demais devedores na integralidade da dívida (art. 277, do CC). No
máximo, caso ocorra o pagamento direto ou indireto, os demais devedores serão beneficiados de forma
reflexa, havendo desconto em relação à quota paga ou perdoada.

39
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Dispõe o art. 278, do CC, que “qualquer cláusula, condição ou obrigação adicional, estipulada entre um
dos devedores solidários e o credor, não poderá agravar a posição dos outros sem consentimento destes”.
Por regra, o que for pactuado entre o credor e um dos devedores solidários não poderá agravar a situação
dos demais, seja por cláusula contratual, seja por condição inserida na obrigação, seja ainda por aditivo
negocial. Deve ser respeitado o princípio da relatividade dos efeitos contratuais, eis que o negócio firmado
gera efeitos inter partes, em regra.
Impossibilitando-se a prestação por culpa de um dos devedores solidários, subsiste para todos o encargo
de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos só responde o culpado.
Na solidariedade passiva, o devedor demandado poderá opor contra o credor as defesas que lhe forem
pessoais e aquelas comuns a todos, tais como pagamento parcial ou total e a prescrição da dívida (art. 281
do CC). Mas esse devedor demandado não poderá opor as exceções pessoais a que outro codevedor tem
direito, eis que estas são personalíssimas, como se pode aduzir pelo próprio nome da defesa em questão.
Exemplificando: qualquer um dos devedores poderá alegar a prescrição da dívida, ou o seu pagamento
total ou parcial, direto ou indireto, pois as hipóteses são de exceções comuns. Por outra via, os vícios do
consentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão), somente podem ser suscitados pelo devedor
que os sofreu.
O Código Civil de 2002 continua admitindo a renúncia à solidariedade, de forma parcial (a favor de um
devedor) ou total (a favor de todos os codevedores), no seu art. 282, caput (“O credor pode renunciar à
solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores”). A expressão renúncia à solidariedade
pode ser utilizada como sinônima de exoneração da solidariedade. Enuncia o parágrafo único do
dispositivo que “Se o credor exonerar da solidariedade um ou mais devedores, subsistirá a dos demais”.
O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota,
dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no débito, as partes
de todos os codevedores (art. 283, do CC). Entretanto, se a dívida solidária interessar exclusivamente a um
dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que a pagar (art. 285, do CC).

#OLHAOGANCHO:
#SELIGAMP:
#APOSTACICLOS
Os pais, detentores do poder familiar, não respondem solidariamente por contrato oneroso de prestação
de serviços escolares celebrado entre a instituição de ensino e terceiro estranho à entidade familiar. "(...)
os pais, detentores do poder familiar, têm o dever de garantir o sustento e a educação dos filhos,
compreendendo, aí, a manutenção do infante em ensino regular, pelo que deverão, solidariamente,
responder pelas mensalidades da escola em que matriculado o filho". Assim, o genitor ou a genitora, que não
conste como responsável financeiro no contrato de prestação de serviços escolares firmado pelo outro
cônjuge com a instituição de ensino da criança, detém legitimidade para figurar no polo passivo de ação de
cobrança da dívida. A responsabilidade solidária dos genitores, nos termos em que reconhecida nos julgados
supramencionados, decorre da interpretação combinada de dispositivos do Código Civil de 2002, do Código
de Processo Civil (de 1973 e/ou de 2015) e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Consoante
interpretação dos arts. 1.643 e 1.644 do CC/2002 e 592, IV, do CPC/73 (correspondente ao art. 790, IV, do
CPC/2015), o casal responde solidariamente pelas obrigações relativas à manutenção da economia
doméstica, em proveito da entidade familiar, ainda que a dívida tenha sido contraída por apenas um dos
cônjuges/companheiros, sendo possível, inclusive, requerer a excussão dos bens não só do legitimado
ordinário, mas também do coobrigado, extraordinariamente legitimado, uma vez que o patrimônio deste se
sujeita à solvência do débito utilizado para satisfazer as necessidades da entidade familiar. Ainda, conforme
previsão contida no art. 55 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), "os pais ou responsável têm a
obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino". Desse modo, sendo a obrigação
relativa à manutenção dos filhos no ensino regular de ambos os genitores, tem-se que a dívida originada de
contrato de prestação de serviços educacionais firmado em benefício da prole é comum ao casal, como
resultado do poder familiar. Nesse cenário, firmado o contrato de serviços educacionais por apenas um dos

40
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

detentores do poder familiar, é indiferente que o outro não esteja nominado no instrumento para que seja
possível o redirecionamento da execução da dívida. Isso significa que, constando do contrato apenas o nome
da mãe, o pai também responde pela dívida inadimplida, e vice-versa. Isso, porque, como já mencionado, o
poder familiar implica responsabilidade solidária de ambos os genitores em prover a educação dos filhos.
Ocorre que, na hipótese, tem-se circunstância excepcional, diferenciada. Trata-se de determinar se o
inadimplemento das mensalidades escolares relativas a contrato de serviços escolares firmado por terceiro,
estranho à entidade familiar, obriga os pais da criança ao pagamento do débito decorrente da contratação.
Com efeito, nos termos do art. 265 do CC/2002, a solidariedade não pode ser presumida, resultando de
previsão legal ou contratual. Assim, não havendo como se reconhecer a responsabilidade solidária
decorrente do poder familiar (legal), a única maneira de se redirecionar a execução aos pais do aluno seria
caso houvesse alguma anuência ou participação de qualquer dos pais no instrumento contratual firmado
pela ora agravante com a parte contratante. Afigura-se, pois, descabida a aplicação da mesma ratio ao
julgamento de circunstância fática e jurídica distinta. Consequentemente, inexistindo previsão legal e/ou
convencional que respalde o reconhecimento da solidariedade entre os genitores do aluno e os contratantes
dos serviços, não é possível, na hipótese, redirecionar a execução das mensalidades inadimplidas aos
genitores, que não fizeram parte da avença. STJ, AREsp 571.709-SP, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma,
por unanimidade, julgado em 7/2/2023 (Info. 763).

TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

ASSUNÇÃO DE DÍVIDA CESSÃO DE CRÉDITO


Regra: consentimento EXPRESSO do credor Regra: não precisa de consentimento expresso
Exceção: é permitido o consentimento tácito Eficácia: Apenas para que a cessão tenha
apenas no caso do adquirente de imóvel EFICÁCIA perante o devedor, será necessária à
hipotecado e se o credor, notificado, não impugnar sua NOTIFICAÇÃO. Repare: não pede o
em trinta dias a transferência do débito. (art. 303). consentimento, mas apenas a notificação!
Substitui o polo PASSIVO da obrigação Substitui o polo ATIVO da obrigação
* Não se confunde com a novação ativa subjetiva,
pois não é criada uma obrigação nova.
* Não se confunde com o pagamento com sub-
rogação

#SELIGA: Na cessão de crédito, a reponsabilidade é pro soluto, o cedente responde apenas pela existência
do crédito, ao passo que no endosso a responsabilidade do crédito é pro solvendo.

#NÃOCONFUNDA: novação é uma forma de pagamento indireto em que ocorre a substituição de uma
obrigação anterior por uma obrigação nova, diversa da primeira criada pelas partes. Seu principal efeito é a
extinção da dívida primitiva.

INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAÇÕES

a) Inadimplemento absoluto ou definitivo: é a hipótese em que o cumprimento da obrigação se tornou


impossível ou inútil ao credor (art. 389, CC). Ex.: contrata costureiro e ele entrega o vestido depois do
casamento.

OBS.: se a impossibilidade absoluta for de natureza inicial (desde a origem da obrigação) estamos a tratar de
caso de nulidade da obrigação por ausência de objeto.

41
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

b) Inadimplemento relativo ou mora: é a hipótese em que o cumprimento da obrigação ainda é possível e


útil ao credor. Em regra, há um simples atraso no cumprimento da obrigação (tempo). Antigamente, a única
hipótese de inadimplemento relativo era a de situação de atraso, mas o Código Civil ampliou o conceito de
inadimplemento relativo, abrangendo também o cumprimento da obrigação em lugar distinto ou de forma
diversa da contratada. Agora temos o aspecto do tempo, da forma e do lugar. Ex.: mandei pintar minha casa
e pintou a do vizinho (ainda é possível e útil cumprir o que foi pactuado).

#PEGAOGANCHO: Qual é a diferença entre a violação negativa e a violação positiva do contrato? Violação
negativa do contrato é aquela que tem por base o inadimplemento obrigacional, ou seja, a pessoa não fez o
que deveria ter feito. Violação positiva do contrato, para Herman Staub, é o descumprimento do contrato
em uma situação de adimplemento. A pessoa cumpriu a obrigação, mas o fez em lugar distinto ou de forma
diversa. Também é considerada violação positiva do contrato o cumprimento da obrigação principal com o
descumprimento dos deveres anexos. Já se fala, outrossim, em uma terceira modalidade de descumprimento
das obrigações, chamada de violação positiva do contrato ou do crédito, a qual consiste no cumprimento
inadequado da obrigação. Em geral consideram-se hipóteses de quebra positiva do contrato os casos de
cumprimento defeituoso da prestação, de violação dos deveres laterais ou anexos e os de inadimplemento
antecipado.
Boa-fé objetiva – em toda obrigação há um núcleo da relação jurídica obrigacional. A obrigação deixar de
ser enxergada como um único ato e passa a ser estudada como um processo, um conjunto de atos que
deverão ser satisfeitos (conceito dinâmico de obrigação).
Os deveres anexos (são sinônimos: deveres laterais/colaterais, deveres satelitários, deveres secundários,
deveres acessórios, deveres fiduciários) são decorrentes do princípio da boa-fé objetiva. São exemplos:
deveres de probidade, retidão, lealdade, ética, confidencialidade. Quando se cumpre a obrigação nuclear,
mas se descumpre os deveres anexos, há uma violação positiva do contrato. Nesse segundo sentido de
violação positiva (descumprimento dos deveres anexos) não existe solução expressa na lei. Em regra, a
questão será resolvida mediante pagamento de indenização.

CLÁUSULA PENAL

#AJUDAMARCINHO:
CLÁUSULA PENAL
Cláusula penal é...
- uma cláusula do contrato
- ou um contrato acessório ao principal
- em que se estipula, previamente, o valor da indenização que deverá ser paga
- pela parte contratante que não cumprir, culposamente, a obrigação.
A cláusula penal também pode ser chamada de multa convencional, multa contratual ou pena convencional.
NATUREZA JURÍDICA
Trata-se de uma obrigação acessória, referente a uma obrigação principal.
Pode estar inserida dentro do contrato (como uma cláusula) ou prevista em instrumento separado.
FINALIDADES DA CLÁUSULA PENAL
A cláusula penal possui duas finalidades:
- Função ressarcitória: serve de indenização para o credor no caso de inadimplemento culposo do devedor.
Ressalte-se que, para o recebimento da cláusula penal, o credor não precisa comprovar qualquer prejuízo.
Desse modo, a cláusula penal serve para evitar as dificuldades que o credor teria no momento de provar o
valor do prejuízo sofrido com a inadimplência do contrato.
- Função coercitiva ou compulsória (meio de coerção): intimida o devedor a cumprir a obrigação,
considerando que este já sabe que, se for inadimplente, terá que pagar a multa convencional.

42
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

ESPÉCIES DE CLÁUSULA PENAL


CLÁUSULA PENAL MORATÓRIA CLÁUSULA PENAL COMPENSATÓRIA
(compulsória) (compensar o inadimplemento)
Estipulada para desestimular o devedor a incorrer Estipulada para servir como indenização no caso de
em mora ou para evitar que deixe de cumprir total inadimplemento da obrigação principal.
determinada cláusula especial da obrigação
principal. É a cominação contratual de uma multa
para o caso de mora.
Finalidade: para uns, funciona como punição pelo Funciona como uma prefixação das perdas e danos.
atraso no cumprimento da obrigação. Para outros
autores, teria uma função apenas de inibir o
descumprimento e indenizar os prejuízos (não teria
finalidade punitiva).
Aplicada para o caso de inadimplemento relativo. Aplicada para o caso de inadimplemento absoluto.
Ex: em uma promessa de compra e venda de um Ex: em um contrato para que um cantor faça um
apartamento, é estipulada multa para o caso de show no réveillon, é estipulada uma multa de 100
atraso na entrega. mil reais caso ele não se apresente.

#OLHAAJURIS: Em um contrato no qual foi estipulada uma cláusula penal COMPENSATÓRIA, caso haja o
inadimplemento, é possível que o credor exija o valor desta cláusula penal e mais as perdas e danos?
NÃO. Para o Min. Luis Felipe Salomão, a natureza da cláusula penal moratória é eminentemente reparatória
(indenizatória), possuindo também, reflexamente, uma função dissuasória (ou seja, de desestímulo ao
descumprimento). Tanto isso é verdade que a maioria dos contratos de promessa de compra e venda prevê
uma multa contratual por atraso (cláusula penal moratória) que varia de 0,5% a 1% ao mês sobre o valor total
do imóvel. Esse valor é escolhido porque representa justamente a quantia que o imóvel alugado,
normalmente, produziria ao locador.
Assim, como a cláusula penal moratória já serve para indenizar/ressarcir os prejuízos que a parte sofreu, não
se pode fazer a sua cumulação com lucros cessantes (que também consiste em uma forma de ressarcimento).
Diante desse cenário, havendo cláusula penal no sentido de prefixar, em patamar razoável, a indenização,
não cabe a sua cumulação com lucros cessantes.
Se não houver cláusula penal, continua sendo possível a condenação por lucros cessantes
Nem sempre os contratos de promessa de compra e venda possuem cláusula penal estipulando multa para
a construtora em caso de atraso na entrega do imóvel. Assim, se não existir cláusula penal e se houve
efetivamente o atraso, será possível, em tese, condenar a construtora ao pagamento de lucros cessantes: O
atraso na entrega do imóvel enseja pagamento de indenização por lucros cessantes durante o período de
mora do promitente vendedor, sendo presumido o prejuízo do promitente comprador. Os lucros cessantes
serão devidos ainda que não fique demonstrado que o promitente comprador tinha finalidade negocial na
transação.
STJ. 2ª Seção. EREsp 1.341.138-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 09/05/2018 (Info 626).
Vale ressaltar, no entanto, que essa hipótese será cada vez mais rara na prática, considerando o que decidiu
o STJ no REsp 1.631.485-DF: No contrato de adesão firmado entre o comprador e a
construtora/incorporadora, havendo previsão de cláusula penal apenas para o inadimplemento do
adquirente, deverá ela ser considerada para a fixação da indenização pelo inadimplemento do vendedor. As
obrigações heterogêneas (obrigações de fazer e de dar) serão convertidas em dinheiro, por arbitramento
judicial. STJ. 2ª Seção. REsp 1.631.485-DF, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/05/2019
(recursorepetitivo) (Info 651).

#SAIBADIFERENCIAR

CLÁUSULA PENAL ARRAS CONFIRMATÓRIAS

43
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Art. 416. Parágrafo único. Ainda que o prejuízo Art. 419. A parte inocente PODE PEDIR
exceda ao previsto na cláusula penal, NÃO PODE o INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR, se provar maior
credor EXIGIR INDENIZAÇÃO SUPLEMENTAR se prejuízo, valendo as arras como taxa mínima.
assim não foi convencionado.
ARRAS
CONFIRMATÓRIAS (Art. 418/419, do CC) PENITENCIAIS (Art. 420, do CC)
Previstas no contrato com o objetivo de reforçar, São previstas no contrato com o objetivo de
incentivar que as partes cumpram a obrigação permitir que as partes possam desistir da obrigação
combinada. combinada caso queiram e, se isso ocorrer, o valor
das arras penitenciais já funcionará como sendo as
perdas e danos.
Em regra, são as arras confirmatórias. Assim, no Ocorre quando o contrato estipula arras, mas
silêncio do contrato, as arras são confirmatórias. também prevê o direito de arrependimento.
Se as partes cumprirem as obrigações contratuais, Se as partes cumprirem as obrigações contratuais,
as arras serão devolvidas para a parte que as havia as arras serão devolvidas para a parte que as havia
dado. Poderão também ser utilizadas como parte dado. Poderão também ser utilizadas como parte
do pagamento. do pagamento.
Se a parte que deu as arras não cumprir o contrato: Se a parte que deu as arras decidir não cumprir o
a outra parte poderá reter as arras. contrato (exercer seu direito de arrependimento):
ela perderá as arras dadas.
Se a parte que recebeu as arras não executar o Se a parte que recebeu as arras decidir não cumprir
contrato: a outra parte poderá exigir a devolução o contrato (exercer seu direito de arrependimento):
das arras mais o equivalente. deverá devolver as arras mais o equivalente.
Além das arras, a parte inocente poderá pedir: As arras penitenciais têm FUNÇÃO UNICAMENTE
- Indenização suplementar, se provar maior INDENIZATÓRIA.
prejuízo, valendo as arras como taxa mínima; Isso significa que a parte inocente ficará apenas com
- A execução do contrato, com as perdas e danos, o valor das arras (e do equivalente) e NÃO terá
valendo as arras como o mínimo da indenização. direito a indenização suplementar.
Súmula 412-STF: No compromisso de compra e
venda com cláusula de arrependimento, a
devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua
restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui
indenização maior, a título de perdas e danos, salvo
os juros moratórios e os encargos do processo.

#IMPORTANTE:
Na hipótese de inexecução do contrato, revela-se inadmissível a cumulação das arras com a cláusula penal
compensatória, sob pena de ofensa ao princípio do non bis in idem. Ex: João celebrou contrato de promessa
de compra e venda com uma incorporadora imobiliária para aquisição de um apartamento.João
comprometeu-se a pagar 80 parcelas de R$ 3 mil e, em troca, receberia um apartamento.No início do
contrato, João foi obrigado a pagar R$ 20 mil a título de arras.No contrato, havia uma cláusula penal
compensatória prevendo que, em caso de inadimplemento por parte de João, a incorporadora poderia reter
10% das prestações que foram pagas por ele. Trata-se de cláusula penal compensatória. Suponhamos que,
após pagar 30 parcelas, João tenha parado de pagar as prestações. Neste caso, João perderá apenas as arras,
mas não será obrigado a pagar também a cláusula penal compensatória. Não é possível a cumulação da perda
das arras com a imposição da cláusula penal compensatória. Logo, decretada a rescisão do contrato, fica a
incorporadora autorizada a apenas reter o valor das arras, sem direito à cláusula penal. STJ. 3ª Turma. REsp
1617652-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 26/09/2017 (Info 613).

44
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

RESPONSABILIDADE CIVIL #APOSTACICLOS

Responsabilidade civil é a OBRIGAÇÃO que incumbe a uma pessoa de ter de REPARAR os danos
causados a outra, ou seja, é o fenômeno jurídico que propicia ao credor de uma obrigação por ato ilícito
buscar ressarcimento junto ao patrimônio do devedor. A RESPONSABILIDADE CIVIL deriva de uma violação
de uma norma jurídica preexistente, impondo ao infrator a obrigação de indenizar. A depender da natureza
da norma jurídica violada, a obrigação pode ser CONTRATUAL OU EXTRACONTRATUAL (responsabilidade
aquiliana).
Como relação obrigacional, há a ideia de credor, devedor e prestação. O credor é a vítima. O devedor
é o sujeito que deu causa ao prejuízo ou ao dano. A prestação consiste em tudo aquilo que for necessário
para a reparação do dano, ou seja, um dar ou um fazer, restabelecendo a situação anterior.

ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL


Pode ser uma:
Ação: culpa in comittendo.
 Omissão: culpa in omittendo. A omissão será relevante quando
houver o dever de agir, seja decorrente da lei, do contrato ou dos
costumes sociais. Normalmente, o descumprimento contratual
consiste em uma omissão.
A ação ou a omissão pode se expressar em 03 situações possíveis:
 Ato próprio: a obrigação de indenizar é imposta à pessoa que
praticou a conduta e causou o resultado. Essa é a situação padrão,
é a regra, com fundamento no artigo 186 e no artigo 942 do CC.
 Ato de terceiro: a obrigação de indenizar é imposta à pessoa
CONDUTA
diversa da que praticou a conduta e causou o resultado. Ex.: pai
que responde pelos atos dos filhos.
 Fato da coisa ou do animal: a obrigação de indenizar será imposta
a uma pessoa, danos decorrentes de fato de coisa ou do animal. O
elo com a pessoa do devedor está na relação de poder
(propriedade ou posse). Ex.: cachorro que causa lesões corporais.
#SELIGA!! Essa conduta nem sempre será ilícita, porque pode haver
responsabilidade civil por ATO LÍCITO (Paulo Lobo, Von Tur, Martinho
Garcez, Demogue, Windischeid). Ex.: a desapropriação é um ato LÍCITO
que gera responsabilidade civil; é um ato admitido pelo direito, mas causa
dano.
 Culpa lato sensu ou em sentido amplo: engloba o Dolo (ação ou
omissão voluntária) e Culpa. No âmbito cível, NÃO HÁ DIFERENÇA
entre o comportamento doloso e o comportamento culposo,
porque o objetivo primordial da indenização não é a punição.
CULPA LATU SENSU (DOLO  Culpa em sentido estrito ou stricto sensu: é a violação de um
OU CULPA EM SENTIDO dever preexistente relacionada a três padrões de conduta:
ESTRITO) imprudência (falta de cuidado + ação. Ex.: dirigir bêbado),
negligência (falta de cuidado + omissão. Ex.: omissão de socorro),
imperícia (falta de qualificação em sentido geral para
desempenho de uma atribuição. Ex.: empregado não foi bem
treinado para aquilo).
É a relação de CAUSA E EFEITO entre o fato do agente e o resultado do
dano, ou seja, o fato antecedente constitui a causa do efeito do dano. O
NEXO DE CAUSALIDADE
CC adotou a teoria da causalidade adequada, diferente do Código Penal
(equivalência dos antecedentes, em regra)! Excludentes: fato de terceiro,

45
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

fato exclusivo da vítima, cláusula de não indenizar, legítima defesa própria,


estado de necessidade, exercício regular de direito e caso fortuito/força
maior.
É o fato jurídico gerador da responsabilidade civil;
Pode ser:
Dano Material/ Patrimonial: Prejuízos que atingem o patrimônio
corpóreo de alguém. Subdividido em:
Danos Emergentes (Danos Positivos): refere-se o que a vítima
efetivamente perdeu. A mensuração é efetivada através da teoria da
diferença, comparando-se o patrimônio antes e depois do ilícito.
Lucros Cessantes (Danos Negativos): refere-se ao que a vítima
razoavelmente deixou de ganhar, e, portanto, sua mensuração não pode
se basear em danos meramente imaginários/hipotéticos.
Dano Moral: Decorre da violação dos direitos da personalidade. Dor,
sofrimento, tristeza, vexame, angústia e humilhação são as
consequências do dano, e não o dano em si. Possui tríplice função: a
compensatória (clássica), para mitigar os danos sofridos pela vítima; a
punitiva, para condenar o autor da prática do ato ilícito lesivo; e a
preventiva, para dissuadir o cometimento de novos atos ilícitos.
Dano Estético: Lesão à beleza física, à harmonia das formas externas de
alguém. É toda alteração morfológica do indivíduo, abrangendo as
deformidades ou deformações, marcas e defeitos, ainda que mínimos,
DANO
mas que impliquem um afeamento da vítima.
Perda de uma chance: Decorre da perda de uma oportunidade ou da
frustração de uma expectativa de um fato que provavelmente ocorreria,
desde que a chance seja real, atual e certa. É um dano intermediário entre
o dano emergente o os lucros cessantes. Não se paga como indenização
o valor do resultado final que poderia ter sido obtido, mas sim uma
quantia a ser arbitrada pelo juiz.
Dano coletivo: Violação a direitos da personalidade em seu aspecto
individual homogêneo ou coletivo em sentido estrito, em que as vítimas
são determinadas ou determináveis. É aferível in re ipsa, decorrendo da
mera prática de conduta ilícita que, de maneira injusta e intolerável, viole
direitos de conteúdo extrapatrimonial da coletividade, revelando-se
despicienda a demonstração de prejuízos concretos ou de efetivo abalo
moral.
Dano social: Decorre de comportamentos socialmente reprováveis,
que diminuem o nível social de tranquilidade. Somente pode ocorrer em
demandas coletivas. Envolvem interesses difusos e as vítimas são
indeterminadas ou indetermináveis. Decorre do princípio da
sociabilidade.

MODALIDADES DE RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO À ORIGEM


Responsabilidade civil contratual ou negocial Responsabilidade civil extracontratual ou
aquiliana
É o inadimplemento de uma obrigação. Está nos Responsabilidade que tem origem na VIOLAÇÃO DE
artigos art. 389, 390 e 391. ATENÇÃO: em caso de UM DEVER GERAL DE ABSTENÇÃO pertinente aos
inadimplemento não se utiliza o art. 186 do CC. É direitos reais ou de personalidade. É FUNDADA NO
um erro comum em peças jurídicas falar em “NEMINEN LAEDERE”, dever apriorístico imposto a
todos de não causar danos a outrem.

46
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

responsabilidade civil com base no art. 186


quando há descumprimento de um contrato.

MODALIDADES DE RESPONSABILIDADE CIVIL QUANTO AO TIPO


Subjetiva Está estruturada na teoria da culpa, pressupondo o ato ilícito culposo ou doloso. Assim, a
ou clássica vítima só obterá a reparação do dano se provar a culpa do agente.
O desenvolvimento industrial, bem como o crescimento populacional geraram novas
situações que não podiam ser amparadas pelo conceito tradicional de culpa. Nesse contexto,
a responsabilidade civil ocorre independentemente da culpa, e admite a exclusão da
responsabilidade em algumas situações. Tem como fundamento uma das seguintes teorias:
Risco da Atividade Risco Proveito Risco Criado
É adotada quando a É adotada nas situações em Aplicável aos casos em que o
atividade profissional que o risco decorre de uma agente cria o risco. Se satisfaz
desempenhada cria riscos atividade lucrativa, ou seja, com a constatação objetiva da
a terceiros. O risco é o agente retira um proveito relação de causalidade entre o
inerente à atividade e não do risco criado. Parte do risco de uma atividade e o dano
Objetiva resulta do específico pressuposto de que a injusto, ou seja,
Simples comportamento do atuação empresarial deve independentemente da obtenção
agente suportar o bônus e o ônus. de qualquer proveito. É mais
ampla do que a teoria do risco
proveito porque defere a
obrigação objetiva de indenizar
mesmo que os danos não tenham
decorridos de uma atividade
empresarial.
Objetiva Não admite o afastamento da responsabilidade por caso fortuito, força maior e culpa
Agravada exclusiva da vítima. Adotada nas hipóteses de:
(Risco  Dano ambiental
Integral)  Dano nuclear

#OBS: O caso fortuito e a força maior somente serão considerados como excludentes da responsabilidade
civil quando o fato gerador do dano não for conexo à atividade desenvolvida.

 Eventos externos = estão fora do risco do negócio ou do empreendimento e, portanto, são caso
fortuito e força maior, excluindo a responsabilidade civil. Ex.: queda de um cometa no banco. FORTUIRO
EXTERNO – RISCOS ANORMAIS – os RISCOS ANORMAIS decorrentes do FORTUITO EXTERNO romperão o
NEXO DE CAUSALIDADE, não sendo possível o reconhecimento da responsabilidade. ex.: DOLO DE
TERCEIRO.
 Eventos internos = estão dentro do risco do negócio ou do empreendimento, não sendo caso
fortuito ou força maior, não excluindo a responsabilidade civil. RISCOS NORMAIS de um empreendimento
– todos os empreendimentos têm riscos. Ex.: acidente causado por CULPA DE TERCEIRO não afasta a
responsabilidade de contrato de transporte. Q motorista profissional que atropela pessoa – objetiva.

#OLHAALEI:
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados
em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco
para os direitos de outrem. cláusula geral de responsabilização civil objetiva.

47
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. ➔ CUIDADO COM A PEGADINHA: O INCAPAZ
RESPONDE CIVILMENTE DE MANEIRA SUBSIDIÁRIA E EQUITATIVA.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do
necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: ➔ RESPONSABILIDADE OBJETIVA POR ATOS DE
TERCEIROS.
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para
fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.

Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte,
responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.

Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem
pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. ➔ Restrição
ao direito de regresso.

Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a
existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo
criminal. ➔ Independência das instâncias.

Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima
ou força maior.

Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier
de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.

Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem
ou forem lançadas em lugar indevido. ➔ Hipótese de causalidade alternativa.

Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano.  ESSA SEMPRE CAI! Não é pelo grau de culpa.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização. ➔Hipótese de redução equitativa do dano.

#FIQUEDEOLHO:
O art. 932 do Código Civil traz hipóteses de responsabilidade solidária. Assim, as pessoas
mencionadas nos incisos deste artigo respondem solidariamente com o causador do dano. Isso está previsto
expressamente no caput do art. 932 e no parágrafo único do art. 942. Veja:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: (...)
Art. 942. (...)
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no
art. 932.

48
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

Assim, por exemplo, se o empregado pratica um ato ilícito, podemos dizer que haverá uma
responsabilidade solidária entre o empregado (causador do dano) e o empregador, nos termos do art. 932,
III:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que
lhes competir, ou em razão dele;
Ocorre que o caso dos incapazes é uma exceção a essa regra. Se o ato ilícito foi praticado por um
incapaz, o responsável por ele irá responder de forma principal e o incapaz terá apenas responsabilidade
subsidiária e mitigada. Essa diferença de tratamento está prevista no art. 928 do CC:
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem
obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do
necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Veja que o art. 928 afirma que o incapaz somente responderá se as pessoas por ele responsáveis:
• não tiverem obrigação de fazê-lo; ou
• não dispuserem de meios suficientes
Desse modo, não é certo dizer que o incapaz responde de forma solidária. Ele responde de modo subsidiário.
Isso porque seu patrimônio só servirá para pagar a indenização se ocorrer alguma das duas situações acima
listadas.
Além disso, o incapaz não irá responder se, ao pagar a indenização, isso ocasionar uma perda em seu
patrimônio que gere uma privação de recursos muito grande, prejudicando sua subsistência ou das pessoas
que dele dependam (parágrafo único do art. 928).
Perceba, portanto, que o art. 928 excepciona a regra da responsabilidade solidária trazida pelos arts. 932 e
942, parágrafo único.
O art. 928 é regra especial em relação aos demais, cuidando especificamente da situação peculiar
dos incapazes, ficando o art. 942, parágrafo único, responsável por normatizar todas as demais hipóteses do
art. 932.

RESPONSABILIDADE CIVIL DO INCAPAZ


 Os incapazes (ex: filhos menores), quando praticarem atos que causem prejuízos, terão
responsabilidade subsidiária, condicional, mitigada e equitativa, nos termos do art. 928 do CC.
 É SUBSIDIÁRIA porque apenas ocorrerá quando os seus genitores não tiverem meios para
ressarcir a vítima.
 É CONDICIONAL e MITIGADA porque não poderá ultrapassar o limite humanitário do patrimônio
mínimo do infante.
 Deve ser EQUITATIVA, tendo em vista que a indenização deverá ser equânime, sem a privação do
mínimo necessário para a sobrevivência digna do incapaz.
 A responsabilidade dos pais dos filhos menores será SUBSTITUTIVA, EXCLUSIVA e NÃO
SOLIDÁRIA. STJ (Info 599).
 Se os pais têm condições de arcar com os prejuízos: os PAIS
responderão diretamente e objetivamente.
 Se os pais não têm condições de arcar com os prejuízos: o FILHO responderá pelos
prejuízos subsidiariamente e equitativamente.
 Se o filho foi emancipado voluntariamente pelos pais: pais e filho Responderão solidariamente
pela totalidade dos prejuízos
RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA OU DO ANIMAL
Uma pessoa será responsabilizada pelo FATO (acontecimento juridicamente relevante) da coisa. O
VÍNCULO da pessoa se estabelece pela sua RELAÇÃO DE PODER com a coisa.
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima
ou força maior. Jurisprudência e doutrina acrescentam culpa ou fato exclusivo de terceiro e caso fortuito.

49
NFPSS | RETA FINAL – PC/SP
Ciclos Método

A responsabilidade é do guardião, ou seja, a pessoa que detém poder de comando sobre o referido bem.
Essa responsabilidade agora passa a ser OBJETIVA, como se pode notar pelo artigo 936. Dentre as
excludentes (culpa da vítima ou força maior), não há menção ao CASO FORTUITO. Destaque-se que não é
qualquer culpa da vítima, é preciso entender que há GRAUS DE CULPA, nesse caso, somente a CULPA
EXCLUSIVA DA VÍTIMA para excluir a responsabilidade do dono ou detentor do animal.

#FIQUEDEOLHO:
Não se aplica a teoria da perda de uma chance para responsabilizar empresa que deixou de apresentar seus
livros societários em prazo hábil para subsidiar impugnação de alegada doação inoficiosa por um de seus
sócios, na hipótese de não restar comprovado o nexo de causalidade entre o extravio dos livros e as chances
de vitória na demanda judicial.
OBS.: Parte interessante do julgado: Os pressupostos para o reconhecimento da responsabilidade civil por
perda de uma chance, no caso concreto, foram bem sintetizados no acórdão de origem: "(i) a viabilidade
e a probabilidade de sucesso de futura ação declaratória de nulidade de doações inoficiosas; (ii) a
viabilidade e a probabilidade de sucesso de futura ação de sonegados; (iii) a existência de nexo de
causalidade entre o extravio de dois livros e as chances de vitória nas demandas judiciais.".
REsp 1.929.450-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
18/10/2022. (Info 754 - STJ)

#SÚMULAS
Súmula 642-STJ: O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do titular,
possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória. STJ. Corte
Especial. Aprovada em 02/12/2020, DJe 07/12/2020.

#DEOLHONAJURIS
A Teoria do Desvio Produtivo do Consumidor é predisposta a ser aplicada no âmbito do direito consumerista,
notadamente em razão da situação de desigualdade e de vulnerabilidade que são características das relações
de consumo, não se aplicando, portanto, a relações jurídicas não consumeristas regidas exclusivamente pelo
Direito Civil. STJ. 3ª Turma. REsp 2017194-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2022 (Info Especial
9).
A pensão por ato ilícito somente é devida quando o autor do fato causa a morte ou a debilidade física da
vítima. Caso adaptado: “M” foi acusado de ter praticado homicídio contra “L”. Ele foi absolvido na esfera
criminal em razão da dúvida existente a respeito da causa da morte e do dolo. Na esfera cível, ele foi
condenado a pagar indenização por danos materiais em favor da filha de “L” consistente em pensão mensal.
A condenação na ação indenizatória baseou-se na omissão em prestar socorro e no abandono do corpo em
local indevido.Essa condenação não encontra amparo no Código Civil.Nos termos dos arts. 948, II, e 950 do
CC/2002, a pensão por ato ilícito somente é devida quando o autor do fato causa a morte ou a debilidade
física da vítima. Não sendo nenhum destes o fundamento da responsabilidade civil no caso, o afastamento
da condenação ao pagamento de pensão é medida que se impõe. STJ. 4ª Turma. REsp 1837149-PR, Rel. Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 22/11/2022 (Info Especial 9).
A existência de outros beneficiários não retira a legitimidade do autor de buscar a cobertura securitária
nem o dever da seguradora de indenizar; se outro herdeiro aparecer no futuro, ele deverá pleitear o que
entender direito por meio de ação própria
No caso de morte em razão de acidente de trânsito, a existência de mais herdeiros não afasta a legitimidade
dos que figuram no polo ativo da demanda para pleitear o pagamento integral da cobertura do Seguro
Obrigatório de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres, ou por sua Carga, a
Pessoas Transportadas ou Não (Seguro DPVAT), cabendo àqueles que se sentirem prejudicados requererem,
por meio de ação própria, o que for de direito. STJ. 3ª Turma. AgInt no AREsp 2067882/MT, Rel. Min. Marco
Aurélio Bellizze, julgado em 15/8/2022. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 2103981-MT, Rel. Min. João Otávio de
Noronha, julgado em 14/11/2022 (Info Especial 9).

50

Você também pode gostar