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AO JUÍZO DA CÍVEL DA COMARCA DE ________

LUCAS BISPO BOTELHO, inscrito no CPF sob nº


135.361.286-45, RG nº 3.992.868, residente e
domiciliado na ________ , ________ , ________ , na
Cidade de ________ , ________ , ________ , vem à
presença de Vossa Excelência, por meio do seu Advogado,
infra assinado, ajuizar

AÇÃO DE INTERDIÇÃO C/C PEDIDO DE CURATELA


PROVISÓRIA

em favor de LUCAS BISPO BOTELHO, inscrito no CPF


sob nº 135.361.286-45, RG nº 3.992.868 residente e
domiciliado na ________ , ________ , ________ ,
________ , ________ .

DOS FATOS

O interditando foi acometido por doença de iscrisofrenia, não


dispondo do necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil,
sendo incapaz de reger sua pessoa e seus bens, conforme cópia de laudo
médico em anexo.

Ocorre que considerando a existência de um benefício


previdenciáos a gerir, faz-se indispensável o deferimento da interdição aqui
pleiteada.

A incapacidade do interditando ganha maior relevância diante do


fato de que esta impossibilitado de respoder pelos seus atos, está em um
grau elevado, o qual o interditado etá perdendo o sentido do que faz,
esquecendo de tudo o que realiza, inclusive sendo vítima de "amigos" mal
intencionados que, possuem ciêcia de seu estado clínico, e com
interditandos, tirando vantagens de sua incapacidade.

Assim, considerando a legitimidade do requerente, uma vez que


convive em situação análoga a filiação com interditando, requer a presente
intervenção estatal para fins de que seja efetivada a internação.

DA LEGITIMIDADE

A requerente é mãe do interditando, conforme documentos em


anexo, possuem endereços em comum, convivendo com o mesmo sua vida
enteira.
Assim, nos termos do Art. 747 do CPC/15, demonstrada a
legitimidade do Requerente.

DO DIREITO

A capacidade prevista no primeiro artigo do Código Civil pode


sofrer restrições legais quanto ao seu exercício, o que ocorre quando a
pessoa não possui condições para a prática dos atos da vida civil para reger
e administrar a sua própria rotina.

Diante de um fato como este, nos termos dos artigos 747 a 770
do Código de Processo Civil, deve ser declarada por meio do procedimento
de interdição, bem como nomeado curador, consoante o artigo 1.767 do
Código Civil, in verbis:

Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:

I - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não


puderem exprimir sua vontade;

II -(Revogado);

III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;

IV -(Revogado);
V - os pródigos.

Trata-se de medida de proteção ao incapaz, voltada ao auxílio na


condução de sua vida civil, conforme destaca a doutrina:

"A curatela cria laço de dependência da pessoa a cargo de


outra, com o seu curador, laço esse que se assemelha ao
de família. (...) É medida de proteção ao incapaz, que
se insere dentro do direito de família, onde pode ser
assegurada, com mais eficácia, a proteção do
deficiente físico ou mental, criando mecanismos que
coíbam o risco de violência a sua pessoa ou de
perda de seus bens. A proteção legal se impõe ao maior
incapaz para que não seja prejudicada a execução de
suas obrigações sociais, comerciais e familiares e para
que haja proteção efetiva de seus bens e de sua pessoa.
A interdição decorre de decisão soberana do juiz." (NERY
JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de Andrade. Código
Civil Comentado. 12 ed. Editora RT, 2017. Versão ebook,
Art. 1.767)

"Estão sujeitos à curatela todos aqueles que não podem,


por si mesmos, exprimir sua vontade lúcida, isto é,
aqueles que mesmo tendo o requisito da maioridade, são
ou estão incapazes de discernimento do mundo real com
o imaginário. Esses incapazes serão curatelados após um
processo judicial de interdição. Curatela é, portanto, um
encargo conferido a alguém, para administrar os bens e a
vida de quem impossibilitado pela falta de lucidez, não
pode fazê-lo por si mesmo. (Comentários ao Novo Código
Civil - Da união estável, da tutela e da curatela, Ed.
Forense, 2007, pág. 408).
A jurisprudência reforça este direito ao dispor:

EMENTA: CURATELA DECRETAÇÃO PRESSUPOSTOS.


Tendo a curatela por pressuposto fático a incapacidade do
adulto que, em virtude de doença ou deficiência mental,
não esteja em condições de dirigir a sua própria pessoa e
administrar seus bens, seu pressuposto jurídico é que
seja ela reconhecida por sentença judicial em ação de
interdição, promovida por quem, legalmente, tem
legitimidade para tanto. (Apelação Cível nº
000.255.1703/00 - Comarca de São Lourenço- Relator:
Exmo. Sr. Des. Páris Peixoto Pena).

Posto isso, diante do direito à proteção do interditando, resta


assegurada a sua interdição e a nomeação da autora como sua curadora, de
acordo com os limites da curatela prudentemente fixados na sentença de
interdição.

DA TUTELA DE URGÊNCIA - INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA

A INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA é medida urgente e necessária, e


se trata de pedido PERFEITAMENTE COMPATÍVEL DE SER CUMULADO
com o pedido de INTERDIÇÃO, podendo ser declarada de plano.

Nesse sentido são os precedentes sobre o tema:

Agravo de instrumento. Interdição proposta pelo


Ministério Público. Ordem de emenda da petição inicial
para excluir o pedido de internação compulsória da
interditanda. Hipótese na qual não se identifica óbice
processual à cumulação pretendida, notadamente
porque os pedidos de interdição e de internação
compulsória são compatíveis entre si, o mesmo
juízo é competente para conhecer dos mencionados
pedidos, e a ação foi ajuizada pelo rito ordinário.
Cumulação havida que se harmoniza com o art. 327 do
CPC Pedido liminar de internação compulsória. Recurso
instruído com laudo médico circunstanciado
caracterizando os motivos para a necessidade de
internação compulsória, na forma do art. 6º da Lei
10.216/01. Prova documental que demonstra
suficientemente o estado de saúde da agravada bastante
debilitado em decorrência do alcoolismo, necessitando de
tratamento médico imediato sem a ingestão concomitante
de álcool. Hipótese na qual o tratamento ambulatorial não
tem surtido resultado. Presentes os requisitos para o
deferimento da internação compulsória. Agravo
provido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2239639-
51.2016.8.26.0000; Relator (a): Rômolo Russo; Órgão
Julgador: 7ª Câmara de Direito Privado; Foro de Valinhos
- 1ª. Vara Judicial; Data do Julgamento: 07/03/2018;
Data de Registro: 07/03/2018)
#3596805

Interdição c.c. internação compulsória. Ação civil


pública visando a interdição e a internação compulsória de
incapaz. Sentença de procedência. Inconformismo. Não
conhecimento. Prestação de serviço correlato de
assistência à saúde contemplado no Sistema Único de
Saúde. Matéria afeita à competência da Seção de Direito
Público. Resolução nº 623/2013, do art. 3º, inciso I.11,
deste C. Tribunal de Justiça de São Paulo. Precedentes.
Remessa dos autos à redistribuição. (TJSP; Apelação Cível
1007002-30.2016.8.26.0297; Relator (a): Rômolo Russo;
Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Privado; Foro de
Jales - 5ª Vara; Data do Julgamento: 22/02/2019; Data
de Registro: 28/02/2019, #93596805)

Trata-se de efetivar o princípio da celeridade processual e


cooperação, positivado no Art. 6º do Novo Código de Processo Civil.

Nos termos do Art. 300 do CPC/15, "a tutela de urgência será


concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do
direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo."

No presente caso tais requisitos são perfeitamente


caracterizados, vejamos:

A PROBABILIDADE DO DIREITO resta perfeitamente


caracterizada a necessidade de internação compulsória do interditando pela
demonstração inequívoca de sua incapacidade de convívio social sem
cuidados médicos e psiquiátricos.

Ademais, o interditando passou por uma séria de tratamentos


médicos e psiquiátricos que não mais surtem efeitos, conforme cópia do
histórico médico que junta em a nexo.

Ou seja, tratam-se de situações que se adequam perfeitamente


à Lei n.º 10.216/2001:
Art. 4º - A internação, em qualquer de suas modalidades,
só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se
mostrarem insuficientes.

Art. 6º - A internação psiquiátrica somente será realizada


mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os
seus motivos.

Assim, conforme destaca a doutrina, não há razão lógica para


aguardar o desfecho do processo, quando diante de direito inequívoco:

"Se o fato constitutivo é incontroverso não há


racionalidade em obrigar o autor a esperar o tempo
necessário à produção da provas dos fatos impeditivos,
modificativos ou extintivos, uma vez que o autor já se
desincumbiu do ônus da prova e a demora inerente à
prova dos fatos, cuja prova incumbe ao réu certamente o
beneficia." (MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de
Urgência e Tutela da Evidência. Editora RT, 2017. p.284)

Já o RISCO DA DEMORA, fica caracterizado pelos riscos em que


o próprio interditando corre ao não dispor de tratamento e cuidados
especiais, colocando em risco até a sua família, ou seja, tal circunstância
confere grave risco de perecimento do resultado útil do processo, conforme
leciona Humberto Theodoro Júnior:

"um risco que corre o processo principal de não ser


útil ao interesse demonstrado pela parte", em razão
do "periculum in mora", risco esse que deve ser
objetivamente apurável, sendo que e a plausibilidade do
direito substancial consubstancia-se no direito "invocado
por quem pretenda segurança, ou seja, o "fumus boni
iuris" (in Curso de Direito Processual Civil, 2016. I. p.
366).

Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado


receio de dano irreparável, sendo imprescindível a INTERNAÇÃO
COMPULSÓRIA do interditando, nos termos do Art. 300 do CPC.

DA CURATELA PROVISÓRIA EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Nos termos do Art. 749, parágrafo único do CPC/15, "justificada


a urgência, o juiz pode nomear curador provisório ao interditando para a
prática de determinados atos.

Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado


receio de dano irreparável à vida e à dignidade do interditando, sendo
imprescindível a imediata nomeação de curador provisório ao incapaz,
considerando a premente necessidade de assistência a sua saúde e
adequada gestão dos recursos fundamentais a sua manutenção.

DA VEROSSIMILHANÇA DAS ALEGAÇÕES: Como ficou


perfeitamente demonstrado no laudo médico que junta em anexo, a
incapacidade do interditando o impede de reger sua própria vida, como já
reconhecido em decisões sobre o tema:

DIREITO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE


INTERDIÇÃO. NOMEAÇÃO DE CURADOR PROVISÓRIO.
NECESSIDADE. PRESENÇA DOS REQUISITOS DA TUTELA
ANTECIPADA. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO, EM
CONSONÂNCIA COM O PARECER MINISTERIAL. DECISÃO
REFORMADA. (...) Desse modo, prejudicial seria negar a
concessão da tutela de urgência, ainda que em cognição
sumária, para nomeação de curador provisório, eis que
exaustivamente comprovado, através do Laudo Médico e
outros documentos acostados aos autos, a sua
incapacidade para exercício dos atos da vida civil." (AI nº
40004265820208040000, AM 4000426-
58.2020.8.04.0000, Primeira Câmara Cível, Relator
Anselmo Chíxaro, Data de Julgamento: 27/04/2020, Data
de Publicação: 28/04/2020, #63596805)

Dessa forma, imperiosa a concessão da medida liminar, para


determinar provisoriamente, em caráter de urgência, o requerente como
curador ao interditando.

DA JUSTIÇA GRATUITA

O Requerente atualmente trabalha como autônoma, tendo sob


sua responsabilidade a manutenção de sua família, razão pela qual não
poderia arcar com as despesas processuais.

Para tal benefício o Requerente junta declaração de


hipossuficiência e comprovante de renda, os quais demonstram a
inviabilidade de pagamento das custas judicias sem comprometer sua
subsistência, conforme clara redação do Código de Processo Civil de 2015:
Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser
formulado na petição inicial, na contestação, na petição
para ingresso de terceiro no processo ou em recurso.

§ 1º - Se superveniente à primeira manifestação da parte


na instância, o pedido poderá ser formulado por petição
simples, nos autos do próprio processo, e não suspenderá
seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver


nos autos elementos que evidenciem a falta dos
pressupostos legais para a concessão de gratuidade,
devendo, antes de indeferir o pedido, determinar à parte
a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.

§ 3º - Presume-se verdadeira a alegação de


insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa
natural.

Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei,
faz jus o Requerente ao benefício da gratuidade de justiça:

PROCESSUAL CIVIL. IMPUGNAÇÃO À ASSISTÊNCIA


JUDICIÁRIA GRATUITA. DECLARAÇÃO DE
HIPOSSUFICIÊNCIA. AUSÊNCIA DE PROVA EM
CONTRÁRIO. 1.O direito ao benefício da assistência
judiciária gratuita não é apenas para o miserável, e pode
ser requerido por aquele que não tem condições de pagar
as custas processuais e honorários advocatícios sem
prejuízo de seu sustento e de sua família. Precedentes.
2.O escopo da gratuidade de justiça é assegurar a todos o
acesso ao Judiciário, conferindo eficácia aos comandos
constitucionais insculpidos nos incisosXXXVeLXXIVdo
art.5ºdaCarta da Republica. 3.Ao impugnante incumbe o
ônus de provar cabalmente a inexistência dos requisitos
autorizadores à concessão do benefício da assistência
judiciária gratuita. 4.Inexistindo prova de que, a
despeito da parte impugnada atuar no ramo de
paisagismo, aufira renda suficiente para arcar com
o pagamento das custas e despesas do processo
sem o comprometimento de seu próprio sustento,
tem-se por correta a rejeição da Impugnação à
Assistência Judiciária. 5.Apelação Cível conhecida e
não provida. (APC 20140111258250 Orgão Julgador1ª
Turma Cível DJE : 23/02/2016 . Relator NÍDIA CORRÊA
LIMA, #93596805)

A existência de patrimônio imobilizado, no qual vive a sua família


não pode ser parâmetro ao indeferimento do pedido:

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO PRIVADO NÃO


ESPECIFICADO. IMPUGNAÇÃO AO PEDIDO DE
ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. ASSISTÊNCIA
JUDICIÁRIA. AJG. NECESSIDADE. A existência de
patrimônio imobilizado em nome do postulante não
é motivo para indeferimento do benefício quando
comprovado não dispor de recursos líquidos e que
sua renda é compatível à concessão; e o impugnante
não faz prova adversa. - Circunstância dos autos em que
se impõe manter a decisão recorrida. RECURSO
DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70070511886, Décima
Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
João Moreno Pomar, Julgado em 25/08/2016).

Assim, considerando a demonstração inequívoca da necessidade


do Requerente, tem-se por comprovada sua miserabilidade, fazendo jus ao
benefício.

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição


Federal e pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça
ao requerente.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, REQUER:

• A concessão da Assistência Judiciária Gratuita, nos termos do


art. 98 do CPC/15;

• O deferimento da antecipação de tutela para:


a) Seja concedida a curatela provisória, nos termos do Art.
749, parágrafo único do CPC;

• A citação do interditando para, em dia designado,


comparecer perante o juiz para entrevista, nos termos do art.
751 do CPC/15;
Considerando o estado de saúde do interditando, que o
inviabiliza de deslocar-se conforme laudos em anexo, requer
seja ouvido em juizo, nos termos do §1º do referido artigo;
• A intervenção do Ministério Público no feito, nos termos do
Art. 178 do CPC/15;

• A total procedência da ação para determinar a interdição do


interditando, nomear o autor como curador definitivo, a fim
de que possa representá-lo nos atos da vida civil, e demais
trâmites do art. 755, § 3º, do CPC/15;
5.1 Cumulativamente, requer a confirmação da tutela de
urgência, se deferida;

• A produção de todas as provas admitidas em direito, em


especial o laudo pericial que junta em anexo, bem como
análise pericial nos termos do Art. 753 do CPC/15, indicando
desde já, os quesitos a serem formulados em anexo;

Nestes Termos, Pede e Espera o Deferimento.

Brasília- DF, de setembro de 2022.

ROBSON DA PENHA ALVES

OAB/DF 34.647

OAB/GO 34886-A

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