Você está na página 1de 6

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DE

UMA DAS VARAS CÍVEIS DA COMARCA DE IBIÚNA/SP.


PRIORIDADE IDOSO

FERNANDA MACHADO, brasileira, casada, dona de casa, portadora do RG nº


48.049.124-9, inscrita no CPF/MF n° 500.861.078-71 residente e domiciliada na Rua José
Afonso n° 571, Bairro Vila Esperança, Ibiúna/SP, CEP 18.278-120, por seu advogado e
procurador, vem, perante Vossa Excelência, propor a presente:

AÇÃO DE INTERDIÇÃO COM PEDIDO DE CURATELA PROVISÓRIA

Em face de JULIO MACHADO (idoso), brasileiro, casado, aposentado, portador do


RG nº 3.738.700-2, inscrito no CPF/MF n° 126.333.450-04, residente e domiciliado na
Rua Antonio Orlando Salmasi, n° 424, Bairro Jd. Rosa Garcia, Ibiúna/SP CEP 18.275-
261, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:

I. DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA

A requerente pleiteia à Vossa Excelência seja deferida a benesse da Justiça Gratuita


com fundamento na Lei nº 1.060/50, com as posteriores alterações pela Lei nº 7.510/86,
por não ter condições de arcar com as custas processuais e honorários do advogado, nos
termos da declaração de hipossuficiência anexa.

II. DOS FATOS

A Requerente é filha do Requerido, que por sua vez é pessoa idosa, contando 68
(sessenta e oito) anos de idade.

O interditando é portador de epilepsia desde adolescente, tendo sofrido um


Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico no ano de 2018, o que agravou o seu estado
de saúde.
Em decorrência de ser portador de epilepsia e após o episódio que sofreu Acidente
Vascular Cerebral (AVC), o interditando se tornou totalmente acamado no mês de Maio
de 2022, momento em que perdeu totalmente a mobilidade do corpo, assim como a
capacidade da fala, apresentando também grande confusão mental, vivendo totalmente
dependente da ajuda de terceiros.

A Requerente realiza os cuidados com o interditando das 8h00 até as 14h30,


momento em faz a troca de turno com a sua irmã Daiane, que fica responsável com os
cuidados com o interditando até as 20h00.

A Requerente precisou sair do emprego no mês de Março deste ano, para se


dedicar aos cuidados com o seu pai que, além de auxiliá-lo em tudo o que é relacionado
à vida prática como se alimentar, tomar banho, se vestir e etc., também é responsável por
levá-lo em consultas médicas, nas compras de medicamentos e tudo que se relaciona ao
bem estar do requerido.

Com efeito, conforme se extrai do parecer médico da profissional Dra. Marcela


R. Machado, o interditando apresenta epilepsia grave, e necessita de assistência e
acompanhamento domiciliar, fazendo o uso diário dos medicamentos como fenitoina,
fenobarbital, carbamazepina.

Sendo assim, perante a incapacidade atual do interditando de exteriorizar suas


vontades e de realizar os atos mais simples e diários como comer, beber, tomar banho,
andar, também se encontra incapaz para os atos da vida civil.

Convém destacar que os irmãos da Requerente estão inteiramente de acordo com


a propositura da presente ação e concordam que a Requerente é pessoa mais hábil para
exercer a curatela do interditando.

Pelo exposto, a Requerente ajuíza o presente pedido de interdição com pedido de


curatela provisória, com o fim de poder representá-lo perante as repartições públicas,
autarquia previdenciária, bancos, firmar compromissos com tratamento médico, bem
como praticar atos como emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar,
receber e administrar benefício previdenciário, assim como lhe oferecer todos os cuidados
necessários para que possa ter uma vida digna.

III. DO DIREITO

O Código Civil, ao tratar da incapacidade para os atos da vida civil, preleciona:

Art. 4º São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de


os exercer (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015)
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não
puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.

O Requerido, como se verifica pelos documentos acostados, é portador de


epilepsia e após o episódio de Acidente Vascular Cerebral (AVC) no ano de 2018 não
sabe se expressar e nem compreende o que faz, necessitando do amparo judicial com
urgência.

No presente caso, temos que a interdição pode ser promovida pela filha do
interditando, conforme dispõe o artigo 747, inciso II do CPC:

Art. 747 A interdição pode ser promovida:


I – Pelo cônjuge ou companheiro
II – pelos parentes ou tutores;
III – pelo representante da entidade em que se encontra abrigado
o interditando;
IV – pelo Ministério Público.

O artigo 1.767, inciso I, do Código Civil dispõe:

Art. 1.767. Estão sujeitos à curatela:


I – Aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não
tiverem o necessário discernimento para os atos da vida civil;

Desse modo, está o Requerido sujeito à curatela, por não gozar da clareza de razão,
indispensável para exercer por si só os atos da vida civil.

Nessas condições, compete à Requerente, como curadora, poder representá-lo


perante as repartições públicas, autarquia previdenciária, bancos, firmar compromissos
com tratamento médico, bem como praticar atos como emprestar, transigir, dar quitação,
alienar, hipotecar, demandar, receber e administrar benefício previdenciário, assim como
lhe oferecer todos os cuidados necessários para que possa ter uma vida digna.

Assim, a teor do que dispõe os artigos 1.774 e 1.775, § 1, do novel Código Civil,
in verbis:

Art. 1.774. Aplicam-se à curatela as disposições concernentes à


tutela, com as modificações dos artigos seguintes:
Art. 1.775. O cônjuge ou companheiro, não separado
judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando
interdito.
§ 1o Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo
o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se
demonstrar mais apto.
§ 2o Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais
remotos.
§ 3o Na falta das pessoas mencionadas neste artigo, compete ao
juiz a escolha do curador.

Vale ressaltar que a curatela do Requerido não pode ser exercida por sua esposa
que conta atualmente com 66 (sessenta e seis) anos de idade e tem a sua saúde igualmente
fragilizada, pois é portadora de diversas doenças ortopédicas como artrose, artrite e por
ter realizado uma cirurgia recente na perna com a colocação de prótese por desgastes
ósseos.
Por isso, a nomeação de curadora ao Requerido afigura-se como medida imperiosa
à proteção de sua vida, de sua saúde e de seus interesses, haja vista que não apresenta
condições de providenciar por si próprio o suprimento de suas necessidades
fundamentais.

IV. DA CURATELA PROVISÓRIA EM TUTELA DE URGÊNCIA

A prova inequívoca da doença do Requerido deflui dos documentos anexos e dos


fatos já aduzidos, os quais demonstram a incapacidade do interditando para reger a sua
pessoa.

Desse modo, consubstanciada está a verossimilhança da alegação, a plausibilidade


do direito invocado (fumus boni juris), ante a proteção exigida pelo ordenamento jurídico
pátrio aos interesses do incapaz.

Ademais, como o interditando não detém o elementar discernimento para a prática


dos atos da vida civil, torna-se temerária e incerta a adequada gestão dos recursos
fundamentais à sua manutenção.

Assim, demonstrado está o fundado receio de dano de difícil reparação (periculum


in mora) ao patrimônio da interditando, até a efetivação da tutela pleiteada.

V. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer perante Vossa Excelência:

a) Seja deferida à Requerente da presente demanda assistência judiciária gratuita;


b) A concessão da Tutela de Urgência, nomeando a Requerente como curadora
provisória do interditando, a fim de que possa representá-lo nos atos da vida
civil, sobretudo na adequada gestão dos recursos fundamentais à sua
manutenção, convertendo-se em Curatela definitiva ao julgamento final da
presente Ação;
c) Sejam os pedidos da presente Ação de Interdição com pedido de Curatela
Provisória em Tutela de Urgência julgados procedentes, confirmando-se a
tutela de urgência para nomear em definitivo a Requerente como curadora ao
interditando, que deverá representá-lo e assisti-lo em todos os atos de sua vida
civil;
d) A representação do interditando na presente lide pelo digno membro do
Ministério Público;
e) O deferimento da produção de todos os meios de prova em Direito admitidos,
em especial a documental, juntada posterior de documentos, expedição de
ofícios, depoimentos pessoais das partes e outras que se façam necessárias,
bem como a oitiva de testemunhas.

Dá a causa o valor de R$ 1.212,00 (um mil e duzentos e doze reais) para fins de
alçada.

Termos em que pede e espera deferimento.

Victor Leite de Paula


OAB/SP 332.761

Você também pode gostar