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EXMO. SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA DA COMARCA DE ...

MARIA, (Nacionalidade), (Profissão), (Estado Civil), portador da Carteira de Identidade nº (xxx),


inscrito no CPF sob o nº (xxx), residente e domiciliado à Rua (xxx), nº (xxx), Bairro (xxx), Cidade
(xxx), Cep. (xxx), no Estado de (xxx), por seu procurador infra-assinado, mandato anexo (doc.
...), e ao final assinado, com escritório profissional na (endereço completo), vem
respeitosamente à honrosa presença de V. Exa., propor a presente

AÇÃO DE INTERDIÇÃO C/C PEDIDO DE CURATELA PROVISÓRIA

em favor de MAFALDA, (Nacionalidade), (Profissão), (Estado Civil), portador da Carteira de


Identidade nº (xxx), inscrito no CPF sob o nº (xxx), residente e domiciliado à Rua (xxx), nº (xxx),
Bairro (xxx), Cidade (xxx), Cep. (xxx), no Estado de (xxx), pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos:

TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA - IDOSO

DOS FATOS

A interditanda foi acometida por doença de Mal de Alzheimer, não dispondo do necessário
discernimento para a prática dos atos da vida civil, sendo incapaz de reger sua pessoa e seus
bens, conforme cópia de laudo médico em anexo.

Ocorre que, considerando a existência de bens a gerir, faz-se indispensável o deferimento da


interdição aqui pleiteada.

A incapacidade da interditanda ganha maior relevância diante do fato de que foi diagnosticada
com a doença há mais de oito anos, estava desaparecida desde 17 de janeiro de 2016 e
atualmente possuí 90 anos de idade, em razão do avanço do Mal de Alzheimer, encontra-se
incapaz de cuidar de si mesma, tomar decisões e gerir seus próprios interesses, o que a coloca
em situação de risco..

Assim, considerando a legitimidade da requerente, uma vez que filha, requer a presente
intervenção estatal para fins de que seja efetivada a internação compulsória e sucessivamente
a sua interdição.

DA LEGITIMIDADE

A Requerente é filha da interditanda, conforme documentos em anexo.

Assim, nos termos do art. 747 do CPC, demonstrada a legitimidade do Requerente.

DO DIREITO

O artigo 1º do Código Civil estatui que “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem
civil“. Assim, liga-se à pessoa a ideia de personalidade, que é consagrado nos direitos
constitucionais de vida, liberdade e igualdade.

É cediço que a personalidade tem a sua medida na capacidade de fato ou de exercício, que, no
magistério de Maria Helena Diniz:

é a aptidão de exercer por si os atos da vida civil, dependendo, portanto, do


discernimento, que é critério, prudência, juízo, tino, inteligência, e, sob o
prisma jurídico, da aptidão que tem a pessoa de distinguir o lícito do ilícito, o
conveniente do prejudicial.(Curso de Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do
Direito Civil. São Paulo: Saraiva)

Todavia essa capacidade pode sofrer restrições legais quanto ao seu exercício, visando a
proteger os que são portadores de uma deficiência jurídica apreciável. Assim, segundo Maria
Helena Diniz , a incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil. Os artigos 3º
e 4º do Código Civil graduam a forma de proteção, a qual assume a feição de representação
para os absolutamente incapazes e a de assistência para os relativamente incapazes.
A incapacidade cessa quando a pessoa atinge a maioridade, tornando-se, por conseguinte,
plenamente capaz para os atos da vida civil.

Entretanto, pode ocorrer, por razões outras, que a pessoa, apesar da maioridade, não possua
condições para a prática dos atos da vida civil, ou seja, para reger a sua pessoa e administrar os
seus bens. Persiste, assim, a sua incapacidade real e efetiva, a qual tem de ser declarada por
meio do procedimento de interdição, tratado nos arts. 747 a 770 do Novo Código de Processo
Civil, bem como nomeado curador, consoante o artigo 1.767 do Código Civil.

Posto isso, depreende-se que a interditanda faz jus à proteção, a qual será assegurada ante a
sua interdição e a nomeação da autora como sua curadora, a fim de que esta possa
representá-la ou assisti-la no exercício dos atos da vida civil, de acordo com os limites da
curatela prudentemente fixados na sentença de interdição.

A capacidade prevista no primeiro artigo do Código Civil pode sofrer restrições legais quanto
ao seu exercício, o que ocorre quando a pessoa não possui condições para a prática dos atos
da vida civil para reger e administrar sua própria rotina.

Diante de um fato como este, nos termos dos artigos 474 a 770 do Código de Processo Civil,
deve ser declarada por meio do procedimento de interdição, bem como nomeado curador,
consoante com o artigo 1.767 do Código Civil, in verbis:

Art. 1767. Estão sujeitos a curatela:

I – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderam exprimir


sua vontade;

II – (Revogado);

III – os ébrios habituais e os viciados em tóxico;

IV – (Revogado);

V – os pródigos.
Trata-se de medida de proteção ao incapaz, voltada ao auxílio na condução de sua vida civil,
conforme destaca a doutrina:

“A curatela cria laço de dependência da pessoa a cargo de outra, com o seu


curador, laço esse que se assemelha ao de família. (...) É medida de proteção
ao incapaz, que se insere dentro do direito de família, onde pode ser
assegurada, com mais eficácia, a proteção do deficiente físico ou mental,
criando mecanismos que coíbam o risco de violência a sua pessoa ou de
perda de seus bens. A proteção legal se impõe ao maior incapaz para que
não seja prejudicada a execução de suas obrigações sociais, comerciais e
familiares e para que haja proteção efetiva de seus bens e de sua pessoa. A
interdição decorre de decisão soberana do juiz.” (NERY JUNIOR, Nelson.
NERY, Rosa Maria de Andrade. Código Civil Comentado. 12 ed. Editora RT,
2017. Versão ebook, Art. 1767)

Posto isso, diante do direito à proteção da interditanda, resta assegurada a sua interdição e a
nomeação da autora como sua curadora, de acordo com os limites da curatela prudentemente
fixados na sentença de interdição.

DA CURATELA PROVISÓRIA EM ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

O défice intelectual duradouro deflui dos elementos de convicção em anexo e dos fatos já
aduzidos, os quais demonstram a incapacidade da interditanda para reger a sua pessoa.

Ante a proteção exigida pelo ordenamento jurídico pátrio aos interesses do incapaz, como a
interditanda não detém o elementar discernimento para a prática dos atos da vida civil, torna-
se temerária e incerta a adequada gestão dos recursos fundamentais à sua manutenção.

Destarte, entendendo que há nos autos prova inequívoca dos fatos alegados nesta petição,
requer a autora a antecipação dos efeitos da tutela pretendida, nomeando-a curadora
provisória da interditanda não havendo nenhum perigo, pois a mesma estará sempre sujeita a
prestação de contas e destituição em caso de má gestão dos bens e da interditanda.
DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer-se a Vossa Excelência:

A concessão da tutela provisória de urgência, nos termos do art. 300 do Novo CPC, com a
nomeação do(a) autor(a) como curador(a) provisória a(a) interditanda(o), a fim de que aquela
possa representá-la nos atos da vida civil, sobretudo na adequada gestão dos recursos
fundamentais à sua manutenção.

A citação do interditando para que, em dia a ser designado, seja efetuado sua entrevista, nos
termos do art. 751 do Novo CPC;

Seja concedido prazo legal para que o interditando possa apresentar impugnação nos termos
do art. 752 do Novo CPC;

A representação do interditando nos autos do procedimento pelo digno Membro do Ministério


Público, nos termos do § 1º do art. 752 do Novo CPC;

Seja julgado procedente o pedido, confirmando-se a antecipação da tutela, para nomear em


definitivo o(a) autor(a) como curador(a) a(o) interditando(a), que deverá representá-lo(a) ou
assisti-la(o) em todos os atos de sua vida civil, de acordo com os limites da curatela
prudentemente fixados na sentença.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, que ficam desde
já requeridos, ainda que não especificados.

Atribui-se à causa o valor de R$ XXXXX, para fins de alçada.

Termos que

Pede deferimento.

(Local, data e ano).

(Nome e assinatura do advogado).

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