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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DO

JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ACRE,

JOSE ADENIZIO CORREA DA SILVA, brasileiro, solteiro, desempregado,


inscrito sob CPF. 029.095.492-40, residente e domiciliado na Rua Luiz Gonzaga, n.272,
Bairro Vitoria, na cidade de Rio Branco – AC, vem, porintermédio de seus procuradores e
advogados infra-assinado, com endereço do escritório descrito no rodapé da página, vem a
juízo, com base no art. 203, da Constituição Federal e do art. 20, da Lei n. 8.742/93,
respeitosamente perante Vossa Excelência, interpor a presente

AÇÃO DE CONCESSÃO DE AMPARO SOCIAL PESSOA PORTADORA


DE DEFICIÊNCIA

em face do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, autarquia


federal, criada pela Lei n. 8.029, de 12 de abril de 1.990 e Decreto n. 99.350, de 27 de junho
de 1.990, com sede representativa na Capital do Estado, pelos fatos e fundamentos de direito
a seguir aduzidos:

I.DA JUSTIÇA GRATUITA.


Ao momento da ação, o autor encontra-se incapaz de prover seu sustento devido estar
acometido de patologia grave, e nos termos dos artigos. 98 e 99, do CPC, não possui condições
de arcar com as despesas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio
sustento e da família, razão pela qual requero deferimento do benefício de gratuidade da justiça
e, ainda eclarece que tal requerimento se formula para efeito de eventual necessidade de
apresentação de recurso.

II. DA TUTELA DE URGÊNCIA

Desde logo, registre-se cuidar-se a pretensão autoral de requerimento com


natureza alimentar, a qual, com base na comprovação dos pressupostos dos artigos. 294 e
300 do CPC, pretende obter provimento favorável já em primeira instância, por meio de
pedido de tutela de urgência.

O Código de Processo Civil de 2015, mantém a possibilidade do pedido de tutela


de urgência como espécie de “antecipação dos efeitos da tutela” ligada a pedido que
envolve a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo, sendo aqui requerida aquela de natureza satisfativa, veja-se:

“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos


que evidenciem a probabilidade do direito e o perigode dano ou o risco
ao resultado útil do processo. [...]
§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após
justificação prévia.”

Na presente situação, além da evidente existência de teses jurisprudenciais e


inúmeros dispositivos legais que corroboram com o pleito autoral, tudo o quanto relatado
está devidamente comprovado por robusta documentação, vez que fora acostados: (a)
Laudos e Exames médicos, atestando o quadro clínico grave e incurável; b) cópia do
requerimento administrativo; c) Declaração de Hipossuficiência constatando o seu estado
de miserabilidade d) CADUNICO.

O perigo de dano é evidenciado pelo fato do autor estar acometido de patologias


que o incapacitam, como também em estado de miserabilidade, qual tem passado
necessidades, sendo plenamente válido o requerimento do BPC/LOAS.
Isto posto, pugna pela concessão da tutela de urgência em caráterde medida
liminar inaudita altera pars, pela condenação do réu a conceder- lhe o benefício
previdenciário pretendido.

III.DOS FATOS

A parte autora sofreu semi amputação em antebraço direito, por arma branca, que evoluiu
para lesao no nervo radial, com dedos em garra e dificuldade para extensão dos punhos e dedos
e perca de força. O sente dor a minima manipulação do punho direito, e apresenta rigidez
articular, atualmente em uso de condroprotetor, analgesicos opioides e moduladores de dor.
Diante do quadro apresentado e conforme laudos em anexo, o autor encontra-se totalmente
INAPTO ao labor.
Neste ponto, convem mencionar que o autor sempre foi trabalhador rural, sempre
trabalhou na roça, e nao possui capacidade para qualquer outro tipo de trabalho que exiga
tecnica, força, entre outros.
Devido a condição, o requerente faz uso diário de medicamentos e convive com todas
as limitações impostas pela doença, conforme laudo em anexo. Em razão da patologia, o autor
requereu o beneficio de prestação continuada em 18/01/2024, todavia, restou indevidamente
indeferidos, pela justificativa equivocada de não atende ao critério de deficiência para acesso ao
BPC-LOAS.
O autor não possui renda nenhuma, dependendo exclusivamente da ajuda de vizinhos,
igreja e familiares. Sendo que reside sozinho, e tambem cumpre pena em regime aberto, dificultando
ainda mais sua capacidade laboral. Informa ainda, que o autor possui 2 filhos menores de idade,
Rodrigo e Rogerio, que dependem da sua ajuda.
Logo, ante a incapacidade da parte autora e da família em prover seu sustento com
dignidade, faz jus ao benefício pleiteado, já que suas condições e da família, atendem os
requisitos exigidos pela Lei da Assistência Social vigente.

IV. DO DIREITO.

A Constituição Federal apregoa em seu art. 203 que "a assistência socialserá
prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição àseguridade
social”, e tem por objetivos:

(...)
V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.

Não obstante, o art. 2º da Lei 8.742/93 (Lei Orgânica da Assistência Social),


estipula que a assistência social visa à garantia a vida, à redução de danos e a prevenção
de incidência de riscos, a infância, adolescência, etc. (art. 2º, inciso “I”).

O princípio constitucional foi regulado pela Lei 8742/93, que no seu art. 20
garantiu a prestação do benefício de um salário mínimo à pessoa portadora de deficiência, nas seguintes
condições:

Art. 20. O benefício de prestação continuada é a garantia de um salário- mínimo


mensal à pessoa com deficiência e ao idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou
mais que comprovem não possuir meios de prover a própriamanutenção nem de
tê-la provida por sua família. (Redação dada pela Lei nº12.435, de 2011)

§ 2o Para efeito de concessão deste benefício, considera-se pessoa com


deficiência aquela que tem impedimentos de longo prazo de natureza física,
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras,
podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de
condições com as demais pessoas.

Mencionam os laudos médicos anexos, que a parte autora é portadora de SEMI


AMPUTAÇAO QUE EVOLUIU PARA SEQUELAS INCAPACITANTES (CID 10:
R52.1/T92). Devido a condição, o requerente faz uso diário de medicamentos e convive com
todas as limitações impostas pela doença, inclusive, a interdição , patologia que fatalmente
obstruíra sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas, situação que se amolda as exigências do § 2º acima transcrito.

Com relação ao parágrafo terceiro, do mesmo dispositivo, que dispõe que o benefício
será concedido à pessoa cuja família não aufira em média mais de ¼ de salário mínimo, por
pessoa, entre aquelas que convivem sob o mesmo teto,este foi declarado inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamentoda Reclamação 4374, quando a Corte julgou
inconstitucional o referido dispositivo ao analisar os Recursos Extraordinários (REs) 567985 e
580963, ambos com repercussão geral. Foi declarada também a inconstitucionalidade do
parágrafo único do artigo 34 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso).

Portanto, para apuração do estado de miserabilidade, não mais não poderá ser utilizado
o delimitador da renda familiar previsto do § 3º do art. 20 daLei 8.742/93, já que foi considerado
inconstitucional pelo STF, devendo assim, acondição de miserabilidade da família da autora ser
auferida pelos elementos probatórios que serão produzidos nos autos.
Ainda, veja-se:
PREVIDENCIÁRIO - BENEFÍCIO ASSISTENCIAL - ART. 203, V, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - ART. 20, DA LEI Nº 8.742, DE 1993 (LOAS) -
DECRETO Nº 1.744, DE 1993 - REQUISITOS LEGAIS - PESSOA PORTADORA
DE DEFICIÊNCIA OU IDOSA - COMPROVAÇÃO DA IMPOSSIBILIDADE DE
PROVER A SUA PRÓPRIA MANUTENÇÃO OU TÊ-LA PROVIDA POR SUA
FAMÍLIA - PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA -
HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA - CONCEITO DE FAMÍLIA - RENDA PER
CAPITA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO - PRESUNÇÃO LEGAL -
CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE - SURDA-MUDA -DEFICIÊNCIA
RECONHECIDA PELO INSS - BENEFÍCIO CONCEDIDO A PARTIR DA
CESSAÇÃO INDEVIDA - CORREÇÃO MONETÁRIA - JUROS DE MORA -
MULTA DIÁRIA.
1. "O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou
mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem
de tê-la provida por sua família" (Art. 20, caput, da Lei nº 8.742/93).
2. A característica da deficiência, nos termos do § 2º, do art. 20, da Lei nº
8.742/93, é a impossibilidade para a vida independente. Tal circunstância vai
além da simples limitação física, mormente quando se considera a durarealidade
da vida brasileira, que já apresenta inúmeras dificuldades para obtenção de
emprego.
3. Em observância ao princípio da dignidade da pessoa humana, ainda queo
indivíduo não possua extrema dificuldade para a vida diária, ele pode ser
considerado não apto para o mercado de trabalho, por não conseguir se
sustentar, se a deficiência, mesmo que parcial, o impossibilita de garantir a sua
subsistência. Precedentes (TRF/1ª Região - AC 1999.43.00.001755- 9/TO,
Primeira Turma, Rel. Convocado Juiz Federal ItelmarRaydan Evangelista, DJ
II de 21/11/2005, pág. 16; AC 2004.01.99.013506-8/GO, Segunda Turma, Rel.
Des. Federal Carlos Eduardo Moreira Alves, DJ II de 16/03/2006, pág. 52; STJ
- REsp 360202/AL, Rel. Min. GILSON DIPP, RSTJ 168/508).
(…)
13. Apelação e remessa oficial, tida por interposta, parcialmente providas.
(AC 2005.01.99.053425-8/MG – Rel. Des. Federal Luiz Gonzaga Barbosa
Moreira – 1ª Turma – DJ 15.01.2007 p. 37) (destaque introduzido).

Dessa forma, a pretensão da parte autora está perfeitamente amparada pela lei, ou
seja, preenche todos os requisitos legais, quais sejam – é pessoa portadora de deficiência
e sua família não tem condições de lhe prover a sobrevivência. Assim, deverá ser-lhe
concedido o Benefício Assistencial.

V. DO TERMO INCIAL DO BENEFÍCIO

O benefício foi requerido administrativamente em 18/01/2024, no entanto,


restou indeferido indevidamente pela Autarquia Previdenciária.

Isto posto, reconhecido direito do autor ao benefício, o termo inicial deverá


ser fixado na data do requerimento, ocorrido em 18/01/2024, conforme entendimento
do E. TRF1, senão veja-se:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PRESTAÇÃO CONTINUADA.


DEFICIENTE FÍSICO. ART. 203, V, CF/88. ARTS. 2º, V E 20, §§ 1º, 2º E 3º,
DA LEI 8.742/93. COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS. TERMO INICIAL
REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS
DEMORA. VERBA HONORÁRIA. TUTELA ANTECIPADA.
1. Presentes os pressupostos legais para a concessão do benefício de prestação
continuada denominado amparo social ao deficiente físico (art. 203 da CF/88 e
art. 2º, V, Lei 8.742/93), pois comprovado que o requerente é portador de
deficiência física e que não possui meios de prover a própria manutenção ou de
tê-la provida por sua família.
2. Termo inicial do benéfico a contar da data do requerimento administrativo.
(…)
7. Remessa oficial parcialmente provida.
(REO 2007.01.99.013400-5/RO, Rel. Desembargadora Federal Neuza Maria
Alves Da Silva, Segunda Turma, e-DJF1 p. de 06/05/2011) (destaque introduzido).

No mesmo sentido:

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO


IDOSO. REQUISITOS PRESENTES. REMESSA PARCIALMENTE PROVIDA E
APELAÇÃO DESPROVIDA.
(...)
6. A autora faz jus ao benefício assistencial a contar da do requerimento
administrativo, no valor de 01 (um) salário mínimo mensal, conformepreceitua
o caput do art. 20 da Lei n. 8.742/93, e até a data anterior à concessão
administrativa do benefício previdenciário de pensão por morte (fl.71).
(...)
(AC 0000582-75.2005.4.01.3810/MG; Des. Rel. JUÍZA FEDERAL ROGÉRIA
MARIA CASTRO DEBELLI - Órgão Julgador: 2ª TURMA SUPLEMENTAR
-
Publicação: e-DJF1 p.233 de 08/02/2012).

Dessa forma, o autor faz jus ao recebimento do benefício amparo social à pessoa
portadora de deficiência.

VI. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer-se:

a) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita a parte autora, nostermos da


Lei 1.060/50;

b) A citação do requerido na pessoa de seu representante legal, nos termos do art.


238 e seguintes do CPC, para que caso queira conteste a ação no prazo legal, sob pena de
revelia, conforme disciplina o art. 344 e seguintes do CPC;

c) A designação de perícia médica e estudo social, para a comprovação da


patologia e vulnerabilidade econômica da família do requerente;

d) Seja no final julgada totalmente procedente a presente ação, no sentido de


condenar o requerido (INSS) a conceder o benefício da prestação continuada ao autor,
fixando o termo inicial na data do requerimeto do benefício, ocorrido em 18/01/2024,
enquanto persistirem as condições do requerente, conforme determina o art. 203, § 5º da
CF/88, devidamente corrigidas de acordo com o Manual de Cálculos da Justiça
Federal;

e) A condenação do requerido ao pagamento dos honorários sucumbenciais na


forma do art. 55 da Lei 9.099/95 c.c. art. 85, § 3º, I, do CPC.

f) Seja recebida e processada a presente ação, confirmando-se a tutela de evidência


em favor do autor, caso deferida, e condenando o INSS a conceder o benefício assistencial
aqui requerido em caráter definitivo.

Dá-se à causa o valor de R$ 14.544.00 (quatorze mil, quinhentos e quarenta e quatro


reais), paraefeitos meramente fiscais.

Nestes termos,
Pede e espera deferimento.

Rio Branco/AC, 26 de abril de 2024.

MARCIA XAVIER SOUZA


OAB/AC 4.194

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