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III.DOS FATOS
A parte autora sofreu semi amputação em antebraço direito, por arma branca, que evoluiu
para lesao no nervo radial, com dedos em garra e dificuldade para extensão dos punhos e dedos
e perca de força. O sente dor a minima manipulação do punho direito, e apresenta rigidez
articular, atualmente em uso de condroprotetor, analgesicos opioides e moduladores de dor.
Diante do quadro apresentado e conforme laudos em anexo, o autor encontra-se totalmente
INAPTO ao labor.
Neste ponto, convem mencionar que o autor sempre foi trabalhador rural, sempre
trabalhou na roça, e nao possui capacidade para qualquer outro tipo de trabalho que exiga
tecnica, força, entre outros.
Devido a condição, o requerente faz uso diário de medicamentos e convive com todas
as limitações impostas pela doença, conforme laudo em anexo. Em razão da patologia, o autor
requereu o beneficio de prestação continuada em 18/01/2024, todavia, restou indevidamente
indeferidos, pela justificativa equivocada de não atende ao critério de deficiência para acesso ao
BPC-LOAS.
O autor não possui renda nenhuma, dependendo exclusivamente da ajuda de vizinhos,
igreja e familiares. Sendo que reside sozinho, e tambem cumpre pena em regime aberto, dificultando
ainda mais sua capacidade laboral. Informa ainda, que o autor possui 2 filhos menores de idade,
Rodrigo e Rogerio, que dependem da sua ajuda.
Logo, ante a incapacidade da parte autora e da família em prover seu sustento com
dignidade, faz jus ao benefício pleiteado, já que suas condições e da família, atendem os
requisitos exigidos pela Lei da Assistência Social vigente.
IV. DO DIREITO.
A Constituição Federal apregoa em seu art. 203 que "a assistência socialserá
prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição àseguridade
social”, e tem por objetivos:
(...)
V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
O princípio constitucional foi regulado pela Lei 8742/93, que no seu art. 20
garantiu a prestação do benefício de um salário mínimo à pessoa portadora de deficiência, nas seguintes
condições:
Com relação ao parágrafo terceiro, do mesmo dispositivo, que dispõe que o benefício
será concedido à pessoa cuja família não aufira em média mais de ¼ de salário mínimo, por
pessoa, entre aquelas que convivem sob o mesmo teto,este foi declarado inconstitucional pelo
Supremo Tribunal Federal no julgamentoda Reclamação 4374, quando a Corte julgou
inconstitucional o referido dispositivo ao analisar os Recursos Extraordinários (REs) 567985 e
580963, ambos com repercussão geral. Foi declarada também a inconstitucionalidade do
parágrafo único do artigo 34 da Lei 10.741/2003 (Estatuto do Idoso).
Portanto, para apuração do estado de miserabilidade, não mais não poderá ser utilizado
o delimitador da renda familiar previsto do § 3º do art. 20 daLei 8.742/93, já que foi considerado
inconstitucional pelo STF, devendo assim, acondição de miserabilidade da família da autora ser
auferida pelos elementos probatórios que serão produzidos nos autos.
Ainda, veja-se:
PREVIDENCIÁRIO - BENEFÍCIO ASSISTENCIAL - ART. 203, V, DA
CONSTITUIÇÃO FEDERAL - ART. 20, DA LEI Nº 8.742, DE 1993 (LOAS) -
DECRETO Nº 1.744, DE 1993 - REQUISITOS LEGAIS - PESSOA PORTADORA
DE DEFICIÊNCIA OU IDOSA - COMPROVAÇÃO DA IMPOSSIBILIDADE DE
PROVER A SUA PRÓPRIA MANUTENÇÃO OU TÊ-LA PROVIDA POR SUA
FAMÍLIA - PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA -
HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA - CONCEITO DE FAMÍLIA - RENDA PER
CAPITA INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO - PRESUNÇÃO LEGAL -
CONDIÇÃO DE MISERABILIDADE - SURDA-MUDA -DEFICIÊNCIA
RECONHECIDA PELO INSS - BENEFÍCIO CONCEDIDO A PARTIR DA
CESSAÇÃO INDEVIDA - CORREÇÃO MONETÁRIA - JUROS DE MORA -
MULTA DIÁRIA.
1. "O benefício de prestação continuada é a garantia de 1 (um) salário mínimo
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 (setenta) anos ou
mais e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem
de tê-la provida por sua família" (Art. 20, caput, da Lei nº 8.742/93).
2. A característica da deficiência, nos termos do § 2º, do art. 20, da Lei nº
8.742/93, é a impossibilidade para a vida independente. Tal circunstância vai
além da simples limitação física, mormente quando se considera a durarealidade
da vida brasileira, que já apresenta inúmeras dificuldades para obtenção de
emprego.
3. Em observância ao princípio da dignidade da pessoa humana, ainda queo
indivíduo não possua extrema dificuldade para a vida diária, ele pode ser
considerado não apto para o mercado de trabalho, por não conseguir se
sustentar, se a deficiência, mesmo que parcial, o impossibilita de garantir a sua
subsistência. Precedentes (TRF/1ª Região - AC 1999.43.00.001755- 9/TO,
Primeira Turma, Rel. Convocado Juiz Federal ItelmarRaydan Evangelista, DJ
II de 21/11/2005, pág. 16; AC 2004.01.99.013506-8/GO, Segunda Turma, Rel.
Des. Federal Carlos Eduardo Moreira Alves, DJ II de 16/03/2006, pág. 52; STJ
- REsp 360202/AL, Rel. Min. GILSON DIPP, RSTJ 168/508).
(…)
13. Apelação e remessa oficial, tida por interposta, parcialmente providas.
(AC 2005.01.99.053425-8/MG – Rel. Des. Federal Luiz Gonzaga Barbosa
Moreira – 1ª Turma – DJ 15.01.2007 p. 37) (destaque introduzido).
Dessa forma, a pretensão da parte autora está perfeitamente amparada pela lei, ou
seja, preenche todos os requisitos legais, quais sejam – é pessoa portadora de deficiência
e sua família não tem condições de lhe prover a sobrevivência. Assim, deverá ser-lhe
concedido o Benefício Assistencial.
No mesmo sentido:
Dessa forma, o autor faz jus ao recebimento do benefício amparo social à pessoa
portadora de deficiência.
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.