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1. PRELIMINARMENTE
1.1. Da gratuidade da Justiça
A parte autora faz jus ao benefício da gratuidade da justiça, por força do art. 5º,
LXXIV, da Constituição Federal de 1988, e nos moldes do art. 98 e ss., do CPC/15, em razão
de ser economicamente hipossuficiente, não tendo como arcar com as despesas processuais e
honorários advocatícios, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família.
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Registre-se, por outro lado, que, nos termos do artigo 44, I, da Lei
Complementar nº 80/94 (Lei Orgânica da Defensoria Pública), os membros da
Defensoria Pública da União gozam das prerrogativas de intimação pessoal em todos
os processos e graus de jurisdição; e contagem em dobro dos prazos processuais, o que
espera que sejam observadas por esse Juízo.
2. DOS FATOS
A autora, atualmente com 30 (trinta) anos de idade sendo mãe solteira de uma
criança de 4 (quatro) anos de idade, é pessoa portadora de Epilepsia (CID10 – G 40.2),
conforme laudo médico em anexo datado em 31/05/2021, pelo médico Gustavo Ubirajara
Marques, CRM-RR 869.
Diante de seu quadro de saúde e da sua vulnerabilidade socioeconômica, a parte
autora solicitou administrativamente, em 03/04/2019, a concessão de Benefício Assistencial à
Pessoa com Deficiência (NB: 7047795287). Desse modo, foram agendadas a avaliação social
para o dia 31/03/2020 e avaliação médica para o dia 01/04/2020, ocorre que devido a da
pandemia do coronavírus (COVID-19), todas os atendimentos presenciais foram suspensos
pelo INSS, entretanto concedido a antecipação do valor de R$ 600,00 por até três meses.
Após isso, foram reagendadas ambas avaliações a social para o dia 18/11/2020 e a
médica para o dia 26/11/2020. No entanto, a parte autora teve seu pedido indeferido, pela
justificativa de que “Não atender às exigências legais da deficiência para acesso ao BPC-
LOAS”.
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Diante do exposto, destaca-se que apesar de haver tratamento para a epilepsia ela
ainda não tem cura. Assim, em razão da moléstia, o portador de epilepsia pode ter direito a
receber um benefício assistencial (LOAS/BPC) ou um benefício previdenciário, porém a sua
concessão pelo INSS depende da avaliação pela perícia médica.
É importante frisar a orientação do Conselho de Recursos do Seguro Social, em
seu Enunciado n. 5: “É importante ressaltar que a identificação dos beneficiários do BPC e a
avaliação das suas condições sociais são de caráter restrito, sendo necessárias para as
atividades de revisão do benefício e outras que se seguirão no âmbito da assistência social.”
A parte autora e seu filho residem com sua tia que a ajuda em todos os cuidados
necessários e no do seu filho, pois a autora não possui mais condições de residir sozinha,
devido as diversas crises de epilepsia.
Por tais razões, faz-se necessária a tutela jurisdicional a fim de resguardar os
direitos da parte autora à percepção do auxílio.
3. DO DIREITO
3. FUNDAMENTOS JURÍDICOS
Consoante disposição do artigo 20, § 2º e 3º, da Lei nº 8.742/93, são pressupostos
para obtenção do benefício de prestação continuada à pessoa com deficiência: a) condição de
pessoa com deficiência, que pressupõe impedimentos de longo prazo que impossibilitem sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas e
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Enunciados 29 e 48, respectivamente, do Tribunal Nacional de Uniformização.
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ou deficientes a renda familiar per capita inferior a um quarto do salário mínimo, por
considerar que esse critério está defasado para caracterizar a situação de miserabilidade.
Nesse gizo, o Ministro Gilmar Mendes, citando seu par Sepúlveda Pertence, nos
autos da Reclamação nº 4374 MC/PE, assim retratou com precisão:
“A constitucionalidade da norma legal, assim, não significa a inconstitucionalidade
dos comportamentos judiciais que, para atender, nos casos concretos, à Constituição,
garantidora do princípio da dignidade humana e do direito à saúde e à obrigação
estatal de prestar assistência social ‘a quem dela necessitar’, independentemente da
contribuição à seguridade social, tenham de definir aquele pagamento diante da
constatação da necessidade da pessoa portadora de deficiência ou do idoso que não
possa prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família. No caso que
ora se apresenta, não parece ter havido qualquer afronta, portanto, ao julgado. (...)”
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Dessa forma, mesmo que a renda per capita da família da autora ultrapassasse
esse critério, cumpre registrar que, por ocasião do julgamento da Reclamação 4374-PE, o STF
declarou a inconstitucionalidade parcial do artigo 20, §3º, Lei nº 8.472/93, diante das
“notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas
modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão
de outros benefícios assistenciais por parte do Estado brasileiro)”.
Por isso, a interpretação do caso concreto deve observar as vulnerabilidades
fáticas da parte demandante, sob o crivo dos princípios da dignidade da pessoa humana, da
proporcionalidade e da razoabilidade.
Outrossim, não se pode olvidar que o benefício em comento tem cunho
assistencial, o que impõe a verificação da presença de seus requisitos legais em sintonia com
as diversas legislações e políticas públicas voltadas à Assistência Social, haja vista que
também apresentam como substrato a dignidade da pessoa humana.
Não obstante, por vezes, o rigor procedimental deve ser flexibilizado para que
assim se conheça a realidade material do requerente. Certo é que há de se dar essa
oportunidade sempre que diante de casos que justifiquem perquirir acerca da presença ou não
da miserabilidade; evitando-se que o rigor procedimental contribua com eventual exclusão
social, mediante o norte informado pela busca do restabelecimento do mínimo de dignidade
da pessoa humana, enquanto fundamento da República.
Conforme documentação juntada aos autos é evidente o direito da autora à
concessão do benefício, visto que preenche todos os requisitos legais para concessão do
benefício assistencial: miserabilidade e deficiência devido a sua incapacidade.
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o processo com um instrumento de realização do direito pleiteado. De tal forma, sua aplicação
na seara previdenciária não seria diferente.
Não é demais relembrar que a autarquia deve conhecer de toda matéria de fato a
ela apresentada e conceder o benefício mais vantajoso ao segurado, orientando-o sobre como
requerer, conforme Enunciado nº 5 do próprio Conselho de Recursos da Previdência Social:
5. DA TUTELA DE URGÊNCIA
O presente caso impõe a concessão da tutela de urgência, na forma do artigo 300
do Código de Processo Civil (CPC).
A probabilidade do direito é demonstrada pelo acervo documental reunido – que
atesta o quadro de deficiência da autora que acarreta impedimento de longo prazo – e o perigo
de dano irreparável decorre da própria natureza alimentar do benefício, sobretudo, em se
cuidando de pessoa pobre, impossibilitada de prover o próprio sustento pelo seu trabalho.
Nesse cenário, o provimento de urgência liminar, que assegure o benefício
assistencial e proteção social é medida que se impõe.
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6. DOS PEDIDOS
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Documentos Concatenados:
1. Questionário de Hipossuficiência;
2. Outorga;
3. Declaração de Veracidade de Informações;
4. RG dos integrantes do núcleo familiar;
5. Certidão de Nascimento do Filho da Requerente;
6. CTPS dos integrantes do núcleo familiar;
7. Comprovante de Cadastramento no Cad-Único;
8. Comprovante de Residência;
9. Extrato Previdenciário - CNIS;
10. Declaração INSS;
11. Documentos Médicos;
12. Extrato de Marizete;
13. Requerimento do benefício;
14. Comunicado de Decisão;
15. Valor da Causa.
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