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XXXX, brasileiro, casado, aposentado, com RG n.º XXXX SSP/SP, inscrito no CPF sob o n.º
XXXX, residente e domiciliado na Rua XXXX, XX, XXXX, SP, CEP: XXXX, neste ato
representado por seu advogado que esta subscreve (mandato anexo), respeitosamente vem a
presença de Vossa Excelência, conforme art. 319 e ss. do Código de Processo Civil, propor a
presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DO
APOSENTADO PARA CONTRIBUIR COM A PREVIDÊNCIA SOCIAL
CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO, em face da UNIÃO (FAZENDA
NACIONAL), pessoa jurídica de direito público, na pessoa de seu Procurador, pelos motivos
de fato e de direito a seguir aduzidos
I. DOS FATOS
Consta que o Autor requereu sua aposentadoria em 13/04/1993 na modalidade
aposentadoria por tempo de serviço, código 42 e na época contava com mais de 35 anos de
contribuição. O seu benefício atualmente tem o número 57.216.190/5, espécie 42, com DIB
13/04/1993.
Ocorre que o Autor, mesmo se aposentando, e, supõe-se, estaria podendo enfim
desfrutar do seu merecido descanso após anos de labor, não obteve a renda desejada e foi
compelido a retornar ao mercado de trabalho.
Continuou desta forma o Requerente, a recolher contribuições ao INSS em virtude de
seu registro de trabalho e em decorrência de ser contribuinte obrigatório da Previdência.
Analisando a CTPS do Demandante, verifica-se que este trabalhou e contribuiu após a
sua aposentadoria nos seguintes períodos, e deseja a restituição destas contribuições, pois as
mesmas não trouxeram qualquer benefício ao autor:
Irresignado com tal cobrança, exigido pela Ré, o Autor utiliza-se deste procedimento
judicial para obter uma prestação jurisdicional que determine: (i) a inexistência da obrigação
do aposentado de contribuir com a previdência social; e (ii) a repetição dos valores pagos
indevidamente.
1. Questões Preliminares
2. Do Mérito
O que se discute na presente demanda é a restrição injustificada, do ponto de vista
constitucional, que um contribuinte obrigatório da Previdência Social sofre só pelo fato de ser
aposentado. Isso se dá por conta da redação do §2º do art. 18 da Lei 8.213/91, que assim
prescreve:
§2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social–RGPS que
permanecer em atividade sujeita a este Regime, ou a ele retornar, não fará jus a
prestação alguma da Previdência Social em decorrência do exercício dessa
atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação profissional, quando
empregado. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997). (grifo nosso).
Diante dessa discriminação, os seguintes tópicos da presente exordial demonstrarão
que, além de não haver uma justificativa para tal discrímen, tal norma viola determinados
direitos fundamentais.
Quanto aos direitos fundamentais, vale ressaltar, que estes são guarnecidos por um
regime jurídico mais denso, protetivo do que os demais, no qual, com o objetivo de protegê-
los e emprestar-lhes o máximo de efetividade possível, há uma maior amplitude no controle e
no limite da atuação estatal quando esta for dirigida a estes direitos.
1
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet: Curso de Direito Constitucional: 8ª ed.: 2013:
Saraiva.
2
Mendes e Gonet, Curso de Direito Constitucional, p. 136.
2.3.Princípio da Igualdade
O art. 5º caput da CF/88 enfatiza a palavra igualdade. A igualdade junto com a
dignidade da pessoa humana é o centro do sistema dos direitos fundamentais. Desse modo, a
igualdade é a regra do ordenamento jurídico.
Evidentemente, não é qualquer diferença de tratamento que corresponde a uma
violação à igualdade. Pelo contrário, o Direito tem até o dever de conferir diferença no
tratamento quando tem como escopo preservar e atingir o princípio da igualdade. Assim, a
igualdade não é absoluta, mas sim relativa, na qual exige um critério de comparação para a
sua concretização.
Desse modo, faz-se necessário averiguar qual critério fora adotado para discriminar.
Como a CF/88 estabeleceu como regra do ordenamento o princípio da igualdade, qualquer
medida discriminatória, portanto, deve conter em seu bojo um critério diferenciador que seja
constitucionalmente válido. Isto é, para uma discriminação atender o princípio da igualdade,
esta precisa adotar uma justificativa constitucionalmente válida.
Não era por outro motivo que previa o art. 18, parágrafo 2º, da Lei nº 8.213/91:
“Art.12....
Parágrafo 4º O aposentado pelo regime Geral de Previdência Social (RGPS) que estiver
exercendo ou que voltar a exercer atividade abrangida por este regime é segurado
obrigatório em relação a essa atividade, ficando sujeito às contribuições de que trata esta
lei, para fins de custeio da Seguridade Social.”
E ainda alterou o parágrafo 2º, do art. 18, da Lei nº 8.213/91:
“Art.18....
Parágrafo 2º O aposentado pelo Regime Geral de Previdência Social (RGPS) que
permanecer em atividade sujeita a este regime, ou a ela retornar, não fará jus a prestação
alguma de Previdência Social em decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao
salário-família, à reabilitação profissional e ao auxílio-acidente, quando empregado.”
Por fim, a Lei nº 9.582/97 ainda exclui o auxílio-acidente nessa situação.
Considerando que a tributação permaneceu exatamente a mesma, veja-se a alteração
procedida nos benefícios colocados à disposição do segurado aposentado que retorna
aotrabalho: Lei nº 8.213/91 (original) Lei nº 8.213/91 (atual)
PECÚLIO (com a devolução do total das contribuições corrigidas pelos índices da caderneta
de poupança) ----------------------
AUXÍLIO-ACIDENTE -----------------------
TRANSFORMAÇÃO DA APOSENTADORIA EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ
ACIDENTÁRIA, SE MAIS VANTAJOSA. -----------------------
As contribuições sociais são tributos “que, como tais, podem assumir a feição de
impostos ou de taxas. 2” Em relação aos trabalhadores, as contribuições previdenciárias
assumem a feição de taxas, pois estão vinculadas obrigatoriamente à contraprestação
Estatal relativa a um plano de previdência. Roque Antônio Carraza leciona: “para o
empregado (ou para o empregador, enquanto paga a sua própria ´contribuição
previdenciária` ), não passa de uma taxa de serviço, exigível porque os serviços
PREQUESTIONAMENTO
Local, Data.
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Advogado
OAB