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EXMO. SR. DR.

JUIZ DO TRABALHO DA VARA DO TRABALHO DA


COMARCA DE ________________________

TUTELA DE URGÊNCIA

QUALIFICAÇÃO RECLAMANTE, por meio de seu advogado


e procurador que esta subscreve, vem à presença de V. Excelência com fulcro no
art. 852-A e seguintes da CLT, propor a presente RECLAMAÇÃO
TRABALHISTA contra QUALIFICAÇÃO RECLAMADA, pelos motivos que
passa a expor.

DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA

Prescreve o art. 790, §3º da CLT alterado pela lei 13.467/17:

Art. 790...

§ 3º  É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos


tribunais do trabalho de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício,
o benefício da justiça gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles
que perceberem salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite
máximo dos benefícios do regime de previdência social”.

Infere-se do contracheque da obreira que esta percebe salário


muito inferior a 40% do teto da previdência, logo, enseja a concessão do benefício
da gratuidade judiciária, sendo o que se requer.

DA TUTELA DE URGÊNCIA
A reclamante fora admitida em 01/07/2014 para trabalhar na
função de Inspetora de Alunos, pois a reclamada é uma escola infantil. Ao retornar
das férias em 10/07/2017 a reclamante passou mal diante de um quadro forte
depressivo e ao ser medicada, foi encaminhada ao INSS para afastamento
pleiteando o benefício auxílio doença comum.

Muito embora a documentação constate o quadro depressivo e a


recomendação médica era no sentido de afastamento, a autarquia negou o direito ao
benefício encaminhando a carta de indeferimento em 28/09/2017, sendo que a
obreira encontrava-se afastada da reclamada desde 10/07/2017.

Pois bem. A reclamante retornou a empresa para continuar seu


labor ao passo que encontrou obstáculos por parte da reclamada que lhe
encaminhou ao médico da empresa e este constatou que a reclamante estava inapta
para o trabalho (ASO em anexo).

A situação de afastamento da reclamante perdura até a presente


data (vide declaração da reclamada em anexo), ou seja, não pode retornar ao labor
porquanto a reclamada alega a inaptidão para o trabalho e também não consegue o
benefício previdenciário, haja vista que a perícia do INSS constatou a aptidão ao
labor.

Diante desse quadro de risco para o sustento da reclamante,


requer deste juízo a concessão da tutela de urgência para que a reclamada seja
compelida na reintegração da obreira lhe garantindo os salários do período afastado
uma vez que seu retorno ao labor foi obstado pela própria reclamada.

Presente, portanto, os requisitos do art. 300 do NCPC, a saber a


existência de elementos que evidenciam a probabilidade do direito da obreira e o
risco de dano ao seu sustento, caso tenha que aguardar a satisfação definitiva da
tutela jurisdicional, uma vez que não conseguiu afastamento perante o INSS e
encontra-se sem meios de subsistência.

Com efeito, a prova dos fatos emanam da carta de indeferimento


do INSS com data em 28/09/2017, sendo certo que a reclamante encontra-se sem
salários desde julho/2017 conforme declaração da própria reclamada. O ASO feito
pelo médico da reclamada atesta que a obreira encontra-se incapacitada para o
trabalho, divergente do laudo pericial da autarquia a qual se reveste de presunção de
veracidade.

Ademais o risco de dano emerge da verba salarial que tem


natureza alimentar, sendo que a reclamante não recebe salários desde o seu
afastamento pela empresa, o que se mostra ilegal, haja vista que a reclamada
deveria arcar com os salários até o 15º dia de afastamento, porém não o fez.

Veja Excelência que a reclamante vem sofrendo com esse jogo de


“empurra empurra” e não pode ser prejudicada pelo afastamento unilateral da
reclamada, devendo esta ser compelida no pagamento dos salários sendo que não
houve suspensão do contrato por afastamento previdenciário.

Se necessária audiência de justificação a fim de elucidar os fatos,


a reclamante encontra-se a disposição, pois aguarda do judiciário uma solução do
litígio e o restabelecimento do seu labor e dos salários.

Assim, requer a concessão da tutela de urgência para compelir a


reclamada na reintegração da obreira sob pena de pagamento de multa diária a ser
instituída por este juízo.

DO CONTRATO DE TRABALHO

A reclamante foi admitida pela reclamada em 01/07/2014 na


função de Inspetora de Alunos com salário inicial de R$ 983,75 (novecentos e
oitenta e três reais e setenta e cinco centavos). Sua jornada se da de segunda à sexta
das 08hs às 18:45hs com 1 hora de almoço e aos sábados, duas vezes por mês, das
08hs às 12hs.

Após ter problemas de saúde em 10/07 tentou afastamento junto


ao INSS para percepção do auxílio doença, porém fora negado em 28/09/2017,
permanecendo afastada até o momento. Seu último salário é de R$ 1.266,47.

Diante de diversas irregularidades do contrato de trabalho, vem à


reclamante a juízo com a pretensão abaixo para condenar a reclamada no
pagamento das verbas que lhe são de direitos, precipuamente a sua reintegração ao
labor, senão vejamos.

DO “LIMBO PREVIDENCIÁRIO – TRABALHISTA”


A reclamante fora admitida em 01/07/2014 para trabalhar na
função de Inspetora de Alunos, pois a reclamada é uma escola infantil. Ao retornar
das férias em 10/07/2017 a reclamante passou mal diante de um quadro forte
depressivo e ao ser medicada, foi encaminhada ao INSS para afastamento
pleiteando o benefício auxílio doença comum.

Muito embora a documentação constate o quadro depressivo e a


recomendação médica era no sentido de afastamento, a autarquia negou o direito ao
benefício encaminhando a carta de indeferimento em 28/09/2017, sendo que a
obreira encontrava-se afastada da reclamada desde 10/07/2017.

Pois bem. A reclamante retornou a empresa para continuar seu


labor ao passo que encontrou obstáculos por parte da reclamada que lhe
encaminhou ao médico da empresa e este constatou que a reclamante estava inapta
para o trabalho (ASO em anexo).

A situação de afastamento da reclamante perdura até a presente


data (vide declaração da reclamada em anexo), ou seja, não pode retornar ao labor
porquanto a reclamada alega a inaptidão para o trabalho e também não consegue o
benefício previdenciário, haja vista que a perícia do INSS constatou a aptidão ao
labor.

Enquanto a reclamada obsta o retorno da obreira ao trabalho, sua


responsabilidade de pagamento dos salários, sendo nesse sentido a jurisprudência
recente do TST, vejamos:

 LIMBO JURÍDICO PREVIDENCIÁRIO. EMPREGADO QUE


PERMANECE POR UM PERÍODO SEM RECEBER SALÁRIOS.
RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR. O caso dos autos diz respeito à
situação em que se configura um impasse entre a avaliação perpetrada pelo
perito do INSS, que considera o trabalhador apto ao trabalho, e o perito
médico do trabalho, que entende que o empregado não tem condições de
voltar a trabalhar. Trata-se de situação que é denominada pela doutrina de
'limbo-jurídico-previdenciário', que se caracteriza por ser um período no qual
o empregado deixa de receber o benefício previdenciário, e também não volta
a receber os seus salários. A esse respeito, o entendimento predominante no
âmbito desta Corte é no sentido de que a responsabilidade pelo pagamento
dos salários é do empregador. Precedentes. Recurso de Revista conhecido e
não provido. (Processo: RR - 2690-72.2015.5.12.0048 Data de Julgamento:
08/03/2017, Relatora Ministra: Maria de Assis Calsing, 4ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 10/03/2017).

Pelo exposto, requer de forma definitiva a reclamante reintegrada


nas suas funções condenando a reclamada no pagamento dos salários desde
10/07/2017 até o efetivo retorno da obreira ao trabalho. Além dos salários requer os
seus reflexos em férias, 13º salário e FGTS.

DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

É certo que o empregador pode cometer excesso no exercício do


seu poder diretivo e que pode causar dano patrimonial ou extrapatrimonial ao
empregado, de forma dolosa ou culposa, ensejando o dever de reparação na medida
da extensão do dano (art. 223-A, 223-G da CLT e 944, CC).

Ademais os direitos da personalidade são protegidos


constitucionalmente nos termos do art. 5º, V e X da Carta Maior e agora
estampados no art. 223-B da CLT incluído pela lei 13.467/17.

Uma vez que o empregador submete o seu empregado ao


denominado “limbo previdenciário” obstando o seu retorno ao trabalho ainda que o
INSS tenha constatada a aptidão, fazendo com que o obreiro permaneça sem
salários e sem benefícios prejudicando o seu sustento, causa ato ilícito indenizável.

Nesse sentido a jurisprudência recente sobre o tema:

DANO MORAL.LIMBO PREVIDENCIÁRIO DANO MORAL.LIMBO


PREVIDENCIÁRIO DANO MORAL.LIMBO PREVIDENCIÁRIO
DANO MORAL.-LIMBO PREVIDENCIÁRIO-. Não se admite, por
infringir a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CRFB/88), o direito
fundamental ao trabalho (arts. 1º, IV, e 170, caput, da CRFB/88), a
responsabilidade social das empresas (arts. 3º, I, 170, da CRFB/88) e a própria
função social do contrato (art. 421 do CC) que um trabalhador seja submetido a
uma situação de estar sem trabalho, sem salário e sem benefício previdenciário,
cabendo relevar que o abuso de direito é um ato ilícito, na forma do art. 187 do
CC. O dano moral decorre de ofensa aos chamados direitos da personalidade,
que são os direitos subjetivos absolutos, incorpóreos e extra patrimoniais,
correspondentes aos atributos físicos, intelectuais e morais da pessoa.
RELATOR: DESEMBARGADOR MARCELO ANTERO DE CARVALHO
RECORRENTE: AUTO VIAÇÃO 1001 LTDA RECORRIDO : JORDILEI
DA SILVA LIMA RELATÓRIO (TRT-1 - RO: 00007214820125010431,
Relator: Marcelo Antero de Carvalho, Data de Julgamento: 21/09/2016,
Décima Turma, Data de Publicação: 29/09/2016)

LIMBO PREVIDENCIÁRIO TRABALHISTA. ALTA


PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIOS DEVIDOS. Como é cediço o contrato de
trabalho é suspenso com a concessão do benefício previdenciário e retoma seus
efeitos com a cessação do benefício, de modo que cessada a suspensão do
contrato de trabalho por alta previdenciária, retomam sua eficácia as
obrigações contratuais. Assim, se a interrupção da prestação de serviços se dá
por imposição do empregador que, diferentemente do Órgão Previdenciário,
não disponibiliza função compatível paraa empregada, como no presente caso,
é certo que os pagamentos dos salários devem ser mantidos, ante o afastamento
por iniciativa do empregador e ausente a concessão de benefício
previdenciário, tendo em vista que o trabalhador não pode ficar sem meios de
sobrevivência por divergência de entendimentos entre o empregador e o Órgão
Previdenciário em situação obscura que a doutrina e a jurisprudência atuais
denominam de "limbo previdenciário trabalhista". (TRT-2 - RO:
00004727520125020203 SP 00004727520125020203 A28, Relator: ÁLVARO
ALVES NÔGA, Data de Julgamento: 24/09/2015, 17ª TURMA, Data de
Publicação: 06/10/2015)

LIMBO PREVIDENCIÁRIO. CULPA PATRONAL. REPARAÇÕES


MATERIAL E MORAL DEVIDAS. Constatada a culpa patronal pela
situação de "limbo previdenciário" a que esteve sujeito o empregado,
justificam-se as reparações material e moral, sendo esta com fundamento nos
artigos 186 e 927, do Código Civil e artigo 5º, incisos V e X, da CRFB (grifo
nosso) (TRT-1 - RO: 01013046020165010541, Relator: THEOCRITO
BORGES DOS SANTOS FILHO, Data de Julgamento: 28/06/2017, Sétima
Turma, Data de Publicação: 13/07/2017)

A reforma trabalhista trouxe a chamada tarifação da indenização


por danos morais à partir do art. 223-A e seguintes da CLT.

Contudo, há que se observar os critérios de fixação do quantum


indenizatório como descreve o art. 223-G dentre os quais se destacam a natureza do
bem jurídico tutelado que no caso em tela é a dignidade da reclamante como ser
humano, seu sustento e da sua família.

Certo é ainda que a regência processual do art. 840, §1º da CLT


alterado com a reforma, exige a quantificação dos pedidos em especial a
indenização por dano moral o qual deve ser feito pelo patrono do reclamante.
Com efeito, requer a reclamante o pagamento de indenização por
danos morais no importe de 5 vezes o teto da previdência social nos termos do art.
223-G, §1º, II da CLT alterado pela MP 808/17.

DO ACÚMULO DE FUNÇÃO

A reclamante era inspetora de alunos e realizava suas atividades


perante todas as crianças da escola orientando-os ao retorno das classes,
inspecionando o recreio, e qualquer outra demanda que tivesse em decorrência do
cotidiano da escola.

Ocorre que em 2016, a reclamante foi chamada pela representante


da reclamada que lhe informou o ingresso de uma criança autista na escola no início
daquele ano e que a obreira seria a responsável pelas atividades do menor e que se
recusasse tal encargo, seria dispensada por justa causa.

Do narrado, infere-se que a reclamante teve de acumular


atividades que fogem ao escopo das suas atribuições que seria a inspeção de alunos
e não o de professora de alunos especiais. Ocorria da sua dedicação ao menor
especial ser de tempo integral, mesmo sem preparo ou especialização para essa
função.

Diversas vezes a reclamante era agredida pela criança de 10 anos


com mordidas, arranhões, o que lhe causou muitos transtornos perante a direção da
escola que tratava o assunto sem qualquer cuidado.

Há foto nos autos das vezes que a reclamante realizava atividades


com a criança.

Inclusive, agiu com negligência a escola, em colocar uma pessoa


despreparada para cuidar de uma criança especial com o grau de autismo
considerável que demandasse cuidados especiais no ensino, no tratamento, enfim.

Outrossim não se aplica a regra do §único do art. 456 da CLT,


uma vez que exigir da obreira realizar atividades de professora de criança especial,
é exigir atribuição incompatível com sua condição pessoal alterando
quantitativamente e qualitativamente o contrato de trabalho.
Se é certo que a legislação não prevê as consequências jurídicas
do acúmulo de função, certo é que o empregador não pode se enriquecer
ilicitamente as custas do empregado exigindo novas atribuições que fogem as raias
do contrato de trabalho e da capacidade profissional do obreiro, sem a devida
remuneração (art. 884 do CC).

Assim, requer a condenação da reclamada no pagamento de um


plus salarial correspondente a 30% sobre o seu salário com reflexos em aviso
prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário e FGTS acrescido de multa de 40%.

DOS PEDIDOS

Diante das diversas irregularidades contratuais praticadas pelo


empregador, o reclamante vem à juízo pedir:

1 – A concessão da Tutela de Urgência para reintegrar a


reclamante as suas funções na reclamada e a condenação desta no pagamento dos
salários desde o afastamento em 10/07/2017 até a presente
reclamação...................................................................................R$ 5.065,88 (cinco
mil e sessenta e cinco reais e oitenta e oito centavos).

2 – A citação da reclamada para que, querendo, apresente defesa


no momento oportuno sob pena de revelia e seus efeitos jurídicos.

3 – A concessão da gratuidade judiciária, vez que o reclamante é


financeiramente hipossuficiente conforme declaração anexa, preenchendo os
requisitos do art. 790, §3º da CLT para concessão do pleito.

4 – De forma definitiva a reintegração da reclamante nas suas


funções condenando a reclamada no pagamento dos salários desde 10/07/2017 até o
efetivo retorno da obreira ao trabalho. Além dos salários requer os seus reflexos em
férias, 13º salário e FGTS..........................................................................R$
6.838,93 (seis mil oitocentos e trinta e oito reais e noventa e três centavos).

5 – O pagamento de indenização por danos morais no importe de


R$ 27.656,55 (vinte e sete mil seiscentos e cinquenta e seis reais e cinquenta e
cinco centavos);
6 – A condenação da reclamada no pagamento de 30% de
adicional sobre o salário do obreira pelo acúmulo de função, bem como reflexos em
Aviso prévio, férias acrescidas de 1/3, 13º salário, FGTS + multa de 40%..........R$
6.155,02 (seis mil cento e cinquenta e cinco reais e dois centavos).

DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Pugna provar o alegado por todos os meios de prova admitidos


em direito, em especial, prova documental e testemunhal, sem prejuízo de outras
que se fizerem necessárias durante o deslinde do feito.

Em caso de condenação requer seja aplicado o índice do IPCA-E


bem como as regras contidas no art. 883 da CLT e súmulas 200 e 381 do TST.

Sob pena de confissão nos termos do art. 400 do NCPC requer


seja trazido aos autos pela reclamada toda documentação inerente ao contrato de
trabalho.

Por derradeiro, com fundamento no art. 791-A da CLT requer seja


a reclamada condenada no pagamento de honorários advocatícios em 15% sobre o
valor da condenação.

Dá-se a causa o valor de R$ 45.716,38 (quarenta e cinco mil


setecentos e dezesseis reais e trinta e oito centavos).

Termos em que

P. deferimento

LOCAL E DATA

ADVOGADO E OAB

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