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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DO TRABALHO DA 3ª VARA DO

TRABALHO DE JOINVILLE/SC

ATOrd 0000635-67.2022.5.12.0028
RECLAMANTE: NESTOR DIETRICH
RECLAMADO: PRESCOB LOGISTICA E DISTRIBUIDORA LTDA E OUTRO

PRESCOB LOGISTICA E DISTRIBUIDORA LTDA, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ n° 06.973.974/0001-38, extinta por liquidação voluntária desde
27/11/2021, neste ato representada por sua ex sócia proprietária Terezinha Kock Doerner,
brasileira, viúva, aposentada, portadora do RG 1.350.151, SSP/SC, inscrita no CPF sob o nº
936.392.449-15, residente e domiciliada na Rua Coronel Camacho, nº 467, Bairro Iririú, em
Joinville/SC, CEP 89.227-500, por intermédio de seus procuradores/advogados devidamente
constituídos (procuração anexa), que, esta, subscrevem, Dr. Ivan Sandri, OAB/SC 36.269 e Dr. Joel
de Nazaré Lopes, OAB/SC 36.608, ambos pertencentes ao escritório SANDRI & LOPES
ADVOCACIA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 30.679.042/0001-61,
regularmente inscrita na OAB/SC sob 4.183/2018, com sede na Rua Tuiuti, nº 2.264 – Piso
Superior, Bairro Aventureiro, em Joinville, Santa Catarina, CEP. 89.226-000, onde recebem citações,
notificações, intimações e correspondências em geral, vem, respeitosamente, diante da honrosa
presença de Vossa Excelência apresentar CONTESTAÇÃO à reclamatória trabalhista em epígrafe,
ajuizada por NESTOR DIETRICH, já devidamente qualificado nos autos, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

I – PRELIMINARES
I.1 – Do Encerramento das Atividades da Primeira Reclamada
Preliminarmente, informa a primeira reclamada que não mais exerce regularmente as suas
atividades empresariais descritas no contrato social e CNAE – Classificação Nacional de
Atividades Econômicas registrado junto à Receita Federal do Brasil, desde o dia 17/11/2021, tendo
em vista que, decidiu por dar baixa na empresa devido a questão da idade pessoal da sócia, Sra.

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Terezinha Kock Doerner, pois já conta com 73 anos de idade e não mais detém condições
psíquicas, físicas e financeiras para dar prosseguimento nas atividades da empresa, bem como de
gerir os custos da atividade econômica, nos termos do print do cartão CNPJ a seguir e,
documentação anexa.

I.2 – Da Gratuidade da Justiça


Conforme mencionado no tópico anterior, a primeira reclamada encerrou as atividades
em 27/11/2021. Diante disso, eventual responsabilidade poderá recair sobre por eventual sócio(a).
Como a sócia Terezinha Kock Doerner possui 73 anos de idade e não detém condições de arcar
com as custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do próprio sustento e de sua
família, vem, perante a Vossa Excelência, requerer lhe seja concedido os benefícios da justiça
gratuita.

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Para tanto, apresenta declaração escrita arguindo que não possui condições de arcar com
o pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, sob pena de implicar em prejuízo
próprio e de sua família, nos termos do art. 5º, LXXIV, da Constituição da República e da Lei nº
1.060/50.

Para tanto, apresenta o histórico de créditos do INSS comprovando ser aposentada e


recebe um salário mínimo mensal (R$ 1.212,00), o que é insuficiente para suportar outras custas,
vejamos:

No mesmo sentido, cabe registrar o entendimento consolidado da jurisprudência pátria


onde resta reconhecido o direito de gratuidade da justiça à empresa, vejamos:

MANDADO DE SEGURANÇA. PESSOA JURÍDICA. ASSISTÊNCIA


JUDICIÁRIA GRATUITA. EVIDÊNCIA DE ENCERRAMENTO DAS
ATIVIDADES. IMPOSSIBILIDADE DE ARCAR COM AS DESPESAS
PROCESSUAIS DEMONSTRADA. SEGURANÇA CONCEDIDA. O Estado
prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência
de recurso. Inteligência do art. 5º, LXXIV, da Constituição Federal. Cabe ao
julgador examinar a razoabilidade da concessão da gratuidade da justiça,
considerando para tanto os elementos que evidenciam a condição de necessidade do
beneficiário. (TJ-MT - MS: 10002300320178119005 MT, Relator: VALMIR
ALAERCIO DOS SANTOS, Data de Julgamento: 27/11/2017, Turma Recursal

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Única, Data de Publicação: 29/11/2017).

Assim, requer a concessão da gratuidade da justiça para que benefício abranja todos os
atos do processo, na forma do artigo 98 do Código de Processo Civil Brasileiro.

I.3 – FALTA DE INTERESSE – INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO

O reclamante, sem fundamento algum, faz requerimento no item 3.4.1 – de


reconhecimento de vínculo empregatício entre o reclamante e as reclamadas, com anotação na
CTPS do reclamante como motorista de 15/03/2018 a 30/06/2021.

Tal pretensão desde já resta impugnada, pois nunca houve relação de emprego no
respectivo período, pelo contrário houve uma relação de trabalho autônomo como será
devidamente demonstrado no curso da presente demanda.

No presente caso, há de se reiterar que o reclamante teve uma relação de TRABALHO


AUTÔNOMO e CASUAL com a primeira reclamada, inclusive, ele tem consciência
das  inverdades  trazidas aos autos, pois  prestava serviços esporádicos, conforme demanda que
eventualmente surgiam, por isso não havia exclusividade e também não havia subordinação, pois
na busca do tomador que lhe pagasse mais ou que lhe apresentasse outra demanda, não assumia
compromisso de continuidade e muito menos subordinação aos tomadores de mão de obra.

Ademais, conforme será comprovado em audiência de instrução, o contrato em tela não se


enquadra nos requisitos da CLT, para que seja reconhecido o vínculo de emprego, senão vejamos:
 Pessoalidade: Quando a empresa entrava em contato com o reclamante e o mesmo não
podia ir trabalhar, a empresa chamava outro motorista para realizar eventuais entregas ou
coletas;
 Onerosidade: O reclamante recebia   apenas   nos   dias   em   que esporadicamente
prestava serviço, conforme comprovantes apresentados com a própria inicial;
 Habitualidade na prestação laboral - O reclamante somente ia trabalhar quando era
chamado, ou seja, quando havia a necessidade para a empresa dos seus serviços de
motorista, fato que era esporádico e nunca diário.
 Subordinação: O reclamante como autônomo, agia sempre com autonomia e, inclusive,
fazia mudanças por conta própria e recebia separadamente por isso, tendo em vista que
negociava diretamente com quem lhe estava lhe contratando.

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 Continuidade: o reclamante não exercia trabalho contínuo na reclamada, eis que apenas
era chamado para trabalhar esporadicamente quando havia entrega ou coleta para ser
realizada. Enquanto isso, permanecia com o caminhão da empresa para realizar as
mudanças já mencionadas anteriormente e outros pequenos fretes para complementar sua
renda, somando ao benefício de aposentadoria. Diante disso, não havia continuidade na
prestação de trabalho, visto que, ele próprio organizava a sua escala de trabalho sendo
soberano nas escolhas e organização dos trajetos.
 Exclusividade: o reclamante não era impedido de trabalhar para outros empregadores,
pelo contrário, o mesmo mantinha múltiplos e simultâneos serviços de entrega e coletas de
pequenos fretes, bem com realizava mudanças no perímetro urbano de Joinville e região.
 
Corroborando este entendimento, segue abaixo algumas decisões:

VÍNCULO DE EMPREGO. MOTORISTA AUTÔNOMO. A prova


testemunhal realçou o fato de o serviço ter sido prestado como "motorista
autônomo", sem cumprir jornada ou ficar à disposição da reclamada.
Atividade de pequeno porte econômico e, embora constante, deve
prevalecer o entendimento da autonomia no relacionamento entre as
partes, não só pelas declarações da testemunha como pelas circunstâncias
da prestação do serviço, feito em veículo de propriedade do recorrente.
Vínculo de emprego não caracterizado. (TRT-11 00026318520165110013,
Relator: DAVID ALVES DE MELLO JUNIOR, 1ª Turma)
 
VÍNCULO EMPREGATÍCIO NÃO RECONHECIDO. MOTORISTA
AUTÔNOMO. A reclamada, ao alegar que se tratava de trabalho autônomo,
atraiu para si o ônus probatório, nos termos do art. 818, II da CLT, se
desincumbiu a contento do encargo. No caso, a instrução probatória não
demonstrou a presença dos requisitos configuradores do vínculo empregatício,
mas sim de motorista autônomo transportador de cargas, nos termos da Lei nº
11.442/2007. Recurso improvido. (TRT-2 10014484220175020445 SP, Relator:
LIANE MARTINS CASARIN, 3ª Turma - Cadeira 2, Data de Publicação:
21/07/2021)

Diante do exposto, não há amparo legal a pretensa do reclamante quando confrontada


com a realidade dos fatos, devendo ser veementemente coibida por Vossa Excelência,
enquadrando a presente demanda no art. 17 do Código de Processo Civil Brasileiro, e decretando a
falta de interesse de agir, extinguindo o processo sem resolução do mérito, com fundamento no
artigo 485, inciso VI, do  CPC e demais cominações legais.

II – RESENHA DA DEMANDA
Trata-se de reclamatória trabalhista ajuizada por Nestor Dietrich em desfavor de Prescob
Logística e Distribuidora Ltda e Souza, Roxo & Cia Ltda, alegando em suma que, trabalhou para a

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primeira reclamada no período de 20/11/2013 até 08/11/2017, exercendo a função de motorista de
caminhão com salário de R$ 1.400,00 (um mil e quatrocentos reais), mensais.

Que, em 15/03/2018 foi readmitido pela primeira reclamada, com o salário de R$


1.400,00/mensais, com labor de segunda a sexta-feira, das 08h00 às 18h00, com intervalo
intrajornada de 01h00, sendo este último período, sem registro em CTPS.

Que a partir de 01/03/2020 passou a receber salário de R$ 2.400,00, mensais; que em três
vezes na semana o intervalo intrajornada era de 30 minutos e passou a fazer 02 horas extras por dia
das 18h00 às 20h00, durante 04 vezes por semana.

Que o trabalho foi prestado exclusivamente em favor da segunda reclamada Souza, Roxo
& Cia Ltda, tendo em vista que usava identificação, uniforme e caminhão com a logo da segunda
reclamada.

Que foi demitido em 30/06/2021, sem receber as verbas rescisórias.

Diante disso, está pleiteando o vínculo empregatício com as Reclamadas de 15/03/2018 a


30/06/2021, com anotação na CTPS do Reclamante como motorista a serviço das Reclamadas, com
condenação destas ao pagamento de 13º salário, férias em dobro acrescidas de 1/3, indenização de
aviso prévio suprimido, FGTS e a multa de 40% sobre o respectivo saldo, multa do art. 477, § 8º,
CLT, bem como pagamento de DSR, horas extras, intervalo intrajornada e vale-transporte. Além de
diferença de saldo salarial, diferença de remuneração mínima em CCT e o pagamento de
honorários advocatícios.

Atribuiu à causa o valor de R$ 93.363,38 (noventa e três mil trezentos e sessenta e três
reais e trinta e oito centavos).

A presente ação certamente não poderá prosperar nos termos em que foi proposta, uma
vez que, os fatos ali narrados se mostram totalmente fora da realidade fática e da legalidade,
conforme se demonstrará no decorrer da presente peça.
DATA VALOR
25/06/2021 R$ 500,00
11/07/2021 R$ 30,00
19/07/2021 650,00
26/07/2021 400,00
06/08/2021 350,00

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13/08/2021 1.000,00
24/08/2021 711,50
27/08/2021 180,00
03/09/2021 180,00
04/09/2021 180,00
16/10/2021 335,00
02/01/2022 268,00
06/02/2022 130,00
22/03/2022 400,00
23/10/2022 800,00
11/11 950,00
15/12 1000,00
23/12 800,00
08/01 900,00
15/01 1486,00
22/01 800,00
05/02 558,00
26/02 822,00
03/03 800,00
05/03 500,00
12/03 1.000,00
24/03 150,00
26/03 300,00
07/04 658,00
15/04 1.000,00
16/04 150,00
23/04 800,00
07/05 104,27
14/05 100,00
19/05 100,00
20/05 100,00

III - MÉRITO
No mérito a ação certamente deve ser julgada improcedente, tendo em vista que nada é
devido pela reclamada ao reclamante. Ademais, apenas por cautela, a reclamada informa que cabe
ao obreiro comprovar as alegações tecidas na peça vestibular, ex vi do artigo 818 da CLT. Não
obstante, por amor ao debate, caso Vossa Excelência firme seu convencimento de maneira diversa,
o que se admite apenas para argumentar, cabe aduzir o que segue:

III.1 – IMPUGNAÇÃO DOS DOCUMENTOS


A reclamada contesta e impugna os documentos juntados pelo reclamante com a inicial,
por não servirem para provar os fatos alegados na inicial, não reconhecendo a sua autenticidade
ou mesmo existência, não podendo servir para fins de prova.

Especificamente, a reclamada contesta e impugna os documentos juntados nos Ids.


3640703 e fa9d9da, pois o instrumento de procuração foi constituído de forma genérica, sem
descrição de sua finalidade específica, como lhe convém, da mesma forma a declaração, a qual não
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comprova o estado de hipossuficiência da parte autora, já que não veio consubstanciada com
qualquer outro documento, de modo que não corroboram com quaisquer requerimentos
realizados nos autos.

A reclamada também contesta e impugna a CTPS do reclamante (Id b5d43c4), pois apenas
comprova a existência do antigo vínculo empregatício, demonstrando claramente que não mais
nenhuma relação de emprego a não aquela registrada formalmente.

Id. 1240fcd - doc2

A primeira reclamada contesta e impugna o cartão apresentado no Id. 8242a1d –


CARTÃO, tendo em vista que, tal documento vem comprovar que o reclamante não possuía
nenhuma relação de emprego com a primeira reclamada, pelo contrário, utilizada um
cartão/crachá cedido pela segunda reclamada, devendo eventual responsabilidade ser atribuído à
Souza Roxo. Portanto, o respectivo documento somado a outros que serão oportunamente
apontados, demonstram claramente que nunca houve uma relação de emprego entre as partes no
período, ora discutido.

A reclamada mais uma vez contesta e impugna os Extratos Bancários (Id. b2039c2 - E1,
1dce7ff - E2, Id. 919a23f - E3, Id. cc74b2f - E4), haja vista que tais comprovantes apenas
demonstram que os valores recebidos em conta bancária demonstram que os valores pagos pela
primeira reclamada decorrem do pagamento feito pelos fretes efetivamente realizados pelo
reclamante sem que houvesse qualquer vínculo de emprego, pelo contrário, demonstrando
claramente que havia uma relação de trabalho autônomo entre as parte e a partir de quando era
realizado o serviço, a empresa realizava os pagamentos conforme os valores combinados. Há de se
observar ainda que os valores variavam a depender da localização da coleta ou entrega dos
produtos. Portanto, não nenhuma relação de emprego a ser reconhecida, pelo contrário, todo o
trabalho realizado já foi efetivamente quitado pela empresa, nos termos dos comprovantes
apresentados pelo próprio reclamante.

A primeira reclamada contesta e impugnada as CCTs apresentadas nos Id. 3a0a2b3 - CCT
2018 e Id. 26336a1 - CCT2019, pois tais convenções devem ser utilizadas para as relações de
emprego, não sendo o caso da presente demanda. Uma vez demonstrado que o caso em tela não se
refere a uma relação de emprego, não há nada a ser declarado e nem reconhecido a título de

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diferenças contidas em tais convenções. Portanto, imprestáveis para a presente reclamação.

A primeira reclamada contesta e impugna o respectivo endereço apresentado no Id.


8fc84b0 - doc1, pelo reclamante, haja vista que, eventual discussão sobre o endereço da segunda
reclamada deverá ser questionado diretamente com a respectiva empresa, pois eventual
contratação de depósito ou abertura de uma sub sede devem ser reportados diretamente com a
Matriz da Souza Roxo.

A reclamada contesta e impugna as fotos apresentadas nos Ids. dbc70ab - foto1, Id. 8cff78e
- foto2 e06dd4b6 - foto3, pois em nada demonstra que o respectivo galpão tenha sido utilizado pela
primeira reclamada em parceria com a segunda reclamada, pois, embora, a primeira reclamada
tenha sido contratada pela segunda reclamada, nos termos do contrato anexo, para realizar coletas
e entregas na região de Joinville, o respectivo galpão não tem o condão de demonstrar o presente
nexo. Assim, tais fotos tornam-se imprestáveis para qualquer finalidade no processo.

A reclamada contesta e impugna a petição (Id. 9ce4468 – Manifestação) onde consta o


endereço dos áudios juntados pelo reclamante, que em nada prova eventual pedido realizado nos
autos, pelo contrário, os áudios deixam claro que sempre houve uma relação de trabalho no
presente caso, tornando-os imprestáveis para eventual pretensão. Assim, tais áudios não devem
ser utilizados para qualquer efeito, de

Assim, restam contestados e impugnados todos os documentos colacionados aos autos


com a inicial, os quais não poderão servir para fins de prova por não atenderem aos requisitos
legalmente exigidos e por não corroborarem as alegações da exordial, não merecendo prosperar.

III.2 - DA NÃO COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS PARA A CONCESSÃO DA


GRATUIDADE DE JUSTIÇA
Postula o reclamante a concessão dos benefícios da gratuidade judiciária, declarando não
possuir meios para arcar com eventuais custas e despesas decorrentes da presente ação, sem que
isso afete sua subsistência familiar, o que não poderá prosperar.

Impugna-se o pedido do reclamante de concessão dos benefícios da justiça gratuita, tendo


em vista que não pode ser considerado pobre, na acepção jurídica do termo, conforme comprova a
documentação acostada aos autos. Pelo valor que ele alega que ganhava, resta presumível sua

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condição financeira. Ademais, o reclamante não juntou qualquer documento capaz de amparar seu
pedido, razão pela qual deverá ser indeferido o pleito constante da inicial.

III.3 – INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO – TRABALHO AUTÔNOMO


No caso em tela, não há que se falar em reconhecimento de vínculo empregatício, eis que
inexiste relação de emprego entre reclamante e a reclamada, tratando-se de trabalho autônomo e
ou eventual.

Como o reclamante trabalhava com transportes e mudanças em Joinville e região, foi


negociado uma prestação de serviços de maneira autônoma sem qualquer habitualidade, sem
qualquer exclusividade, haja vista, a existência de uma mera relação pessoal de amizade entre as
partes, sem qualquer subordinação.

Cumpre-nos, ainda informar MM. Juiz, que a atividade exercida pelo reclamante, de
cozinheiro convidado para os eventos realizados no mercado público era realizado de forma
esporádica, sem que houve qualquer exclusividade do reclamante, sendo que o autor tinha
liberdade de negociar e contratar com qualquer outro estabelecimento. Quando havia esta
participação do reclamante em alguns eventos, a estratégia do estabelecimento era justamente ser
um atrativo, um diferencial na concorrência acirrada na região central da cidade de Joinville, mas
existiam outros cozinheiros convidados para participarem destes eventos, como já demonstrado no
item preliminar.

Destarte, não é demasiado anotar-se, que na presente situação, como claramente se


percebe, refoge qualquer direito de natureza trabalhista, sendo inconteste que as relações advindas
do trabalho eventual ficam sob a égide da justiça comum e não da Justiça do Trabalho.

Desta feita, cumpre analisar as disposições contidas na Consolidação das Leis do


Trabalho, no que pertence à caracterização do trabalhador empregado: "Art. 3º. Considera-se
empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência
deste e mediante salário”

Ora, não restam dúvidas de que o serviço prestado era caracterizado pela eventualidade,
eis que sempre trabalhou como autônomo, prestando serviços, executando-o de acordo com as
próprias determinações. O tempo e o modo de execução do trabalho sempre ficaram a cargo do

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reclamante, sem nenhuma interferência da reclamada, pois a atividade exercida era executada de
forma esporádica, eventual, e que, não havia subordinação jurídica, requisito fundamental, para a
caracterização do vínculo empregatício.

Segue decisões no Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, nos seus julgados tem
proferido decisões que fundamentam a presente contestação conforme se segue:
"TRT-PR-21-11-2003 VÍNCULO EMPREGATÍCIO - ELEMENTOS
CONSTITUTIVOS – Cediço que para a norma celetista empregado é "toda pessoa
física que presta serviços de natureza não eventual a empregador, sob a
dependência deste e mediante salário. " (Art.3º). Assim, para que se caracterize o
contrato de empregado necessário que se façam presentes todos os elementos
configuradores da referida relação, estampados no artigo 3º da CLT, quais sejam:
prestação pessoal de serviço de natureza não eventual, subordinação jurídica e
pagamento de salários. 08532-2001-009-09-00-2-ACO-25394-2003-Relator:
ROSEMARIE DIEDRICHS PIMPAO – DJPR em 21-11-2003.

"TRT - PR 12/03/2004 CONTRATO DE TRABALHO AUTÔNOMO -


VINCULO DE EMPREGO. Remonta ao direito romano a figura jurídica do
contrato de trabalho autônomo, onde existia o locatio operis faciendi, ou seja, a
execução da tarefa ou obra. Destarte, trabalho autônomo é precisamente um vínculo
jurídico que se manifesta na busca de resultados e não na atividade profissional. Na
subordinação jurídica inerente ao contrato de emprego, em contrapartida, o
empregado se curva aos critérios diretivos do empregador, às suas determinações
quanto ao tempo, modo e lugar da prestação de serviço, às suas determinações
quanto aos métodos ou técnicas de execução do trabalho, conforme os usos próprios
da empresa. Portanto, diferentemente de um trabalhador autônomo o empregado
não trabalha quando quer ou o tempo que quer, também não executa o serviço como
lhe convém: toda a sua atividade profissional está condicionada às determinações
daquele que o remunera." TRT-PR-21008-2002-010-09-00-8-ACO-04729-2004 -
RELATOR SUELI GIL EL-RAFIHI - DJPR em 12-03-2004.

Podemos, ainda, lembrar que para o reconhecimento do vínculo de emprego necessário o


vislumbre de todos os requisitos que definam essa relação, em especial o trabalho pessoal,
habitual, remunerado e subordinado. A consagração dos requisitos legais é necessária para que
exista a relação de empregado, o que não ocorre no caso em tela, pois nem todo trabalhador será
sempre empregado, quando não estando revestido de tais requisitos, indicando um tipo especial
de pessoa que trabalha, mas não possui vínculo empregatício.

Assim, o pedido de vínculo de emprego descrito no item 3.4.1, bem como o pedido no
item 3.4.2 e demais verbas reflexas do rol de pedidos restam impugnados e devem seguir a vala da
improcedência.

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III.3.1 – Improcedência do Décimo Terceiro Salário Acumulado - (Pedido 3.4.2 – A).

III.3.2 – Improcedências das Férias em dobro acrescidas de 1/3 – (Pedido 3.4.2 – B)

III.3.3 – Improcedência das Férias Proporcionais acrescidas de 1/3 - (Pedido 3.4.2 – C)

III.3.4 – Improcedência do Aviso Prévio (Pedido 3.4.2 – D)

III.3.5 – Improcedência saldo salarial de 01/06/2021 até 30/06/2021 – (Pedido 3.4.2 – E)

III.3.6 – Improcedência do FGTS (Pedido 3.4.2 – F) e III.3.7 - Improcedência da Multa de


40% sobre o FGTS (Pedido 3.4.2 – G)
Excelência em diversos pedidos o reclamante busca a condenação da reclamada ao
pagamento da multa do FGTS.
O trabalho eventual não gera nenhum direito ao recolhimento do FGTS, tampouco o
pagamento de multa compensatório de 40%. O enquadramento como trabalho eventual já foi
exaurido em tópicos anteriores, sendo que, já está clarividente a forma de prestação de trabalho
do autor.
Assim, por se tratar de parcela acessória aos demais pedidos deve seguir a mesma sorte
destes, nos moldes do art. 92 do Código Civil.
Pelo indeferimento do pedido.

III.3.8 - Improcedência da Multa do art. 477, § 8º, da CLT (Pedido 3.4.2 – H)


INEXISTEM VERBAS RESCISÓRIAS INCONTROVERSAS em questão, motivo pelo qual não
há falar-se em aplicação da multa prevista no artigo 467, da CLT, tendo em vista que, citado
artigo somente poderia ser aplicado no caso sub judice, se, à época do comparecimento à Justiça
do Trabalho a ora Contestante confessasse verbas incontroversas e não pagas.
Ademais, o Reclamante pleiteia verbas que sabe ser indevidas, tendo em vista a
modalidade de rescisão do contrato de trabalho, conforme restará sobejamente demonstrado ao
longo da instrução processual.
Sendo assim, resta totalmente impugnada a pretensão do Reclamante quanto a aplicação
da multa pelo não pagamento das verbas rescisórias na data do comparecimento a esta Justiça
Especializada.
Nesse mesmo sentido, improcede o pleito da multa do artigo 477 da CLT, posto que, não

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houve atraso no pagamento das verbas rescisórias do Reclamante.
Insta consignar que, tampouco se pode alegar que o deferimento de qualquer importe
através da presente Reclamação, faria incidir a multa em questão, uma vez que, quitadas as
verbas rescisórias dentro do prazo legal, o deferimento de qualquer diferença não importa no
pagamento da referida multa.
Ademais, mencionado artigo celetista não prevê qualquer pagamento quando alguém
alega controvérsia quanto às verbas que lhe são devidas perante a Justiça do Trabalho, restando
ilegal a pretensão contida na inicial.
Outrossim, se outros valores forem deferidos em juízo, não há que se falar em incidência
da multa do 477 da CLT, conforme jurisprudência abaixo:
Ementa: do artigo 477, parágrafo 8º, da CLT - não há que se falar em
multa por atraso de verbas rescisórias, quando estas forem deferidas em
juízo.” Data de julgamento: 12/08/1996 -Relator(a): Gualdo Formica
Revisor(a): Braz José Mollica - Acórdão nº: 02960401730 - Data de
publicação: 05/09/1996.

Isto posto, fica impugnado o pedido de pagamento de multa do artigo 477 e ou 467, da
CLT.

III.3.9 - Improcedência do DSR (Pedido 3.4.2 – I)

III.3.10 - Improcedência das horas extras com acréscimo de 50% (Pedido 3.4.2 – J)
Requer o autor o pagamento das horas extras excedentes da oitava diária e seus reflexos
em DSRs, aviso prévio, férias, décimo terceiro e FGTS e multa compensatória.
Impugna a reclamada a jornada declinada na exordial por não refletir a realidade, pois o
reclamante jamais laborou daquela forma.
Como já destacado anteriormente, o trabalho realizado pelo autor ocorria eventualmente,
principalmente quando foi lançada a quarta gourmet, bem como em outros eventos realizados no
mercado público.
Ocorre que, estes eventos ocorriam eventualmente, pois a reclamada fornece alimentação
em buffet diariamente do mercado público, sendo que, estes atrativos (quarta gourmet e outros)
seria uma forma de se destacar diante da concorrência na região central da cidade e, como isso,
captar uma maior clientela.
Os horários de realização das quartas gourmet era no período da noite até as 23h00,
quando fechava o mercado. Portanto, é impossível o autor ter realizado a jornada de trabalho
declinada na inicial.

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Em decorrência, mesmo que se reconhecesse à relação de emprego, restaria
improcedente a alegação de existência de horas extras, integrações e intervalo intrajornada mais
reflexos, eis que nunca foram feitas pelo reclamante. De qualquer, forma, o ônus é dele, e,
portanto, deverá fazer esta prova.
No entanto, caso Vossa Excelência, não entenda desta maneira, e, em sendo deferido
qualquer um dos pedidos do reclamante, seja considerado o salário previsto na CCT – Convenção
Coletiva de Trabalho, anexa.
Destarte, inexistindo qualquer hora extraordinária, não há que se falar em seus reflexos.
Aviso Prévio, Saldo Salarial, 13º Salário Proporcional, Férias Simples, Férias Proporcionais,
1/3 Constitucional e FGTS

III.3.11 – Improcedência intervalo intrajornada com acréscimo de 50% (Pedido 3.4.2 – K)


O autor pleiteia pela condenação da ré no pagamento de horas extras intervalares, bem
como dos seus reflexos, de maneira que a ré supostamente não teria concedido os intervalos de
01h00 para alimentação e repouso no período laborado.
Improcede o pleito do autor, primeiramente pelo fato de não haver relação empregatícia
com a reclamada, como bem destacado anteriormente, pois o trabalho sempre foi prestado de
forma esporádica e eventual para situações especificas.
Nestes casos, não haveria a necessidade de concessão de intervalo de 01h00, pois o
tempo médio utilizado para a realização de tais eventos era de 06h00, dispensando o intervalo
mencionado.
Quanto aos reflexos por se tratarem de parcelas acessórias, deverão seguir a mesma
sorte do principal.
Assim, inexistem quaisquer valores inadimplidos durante a prestação do serviço eventual.
Pelo indeferimento do pedido.

III.3.12 – Improcedência do de vale-transporte (Pedido 3.4.2 – L)

III.3.13 – Improcedência da diferença de remuneração mínima em CCT (Pedido 3.4.2 – M)

3.8 - ANOTAÇÃO/RETIFICAÇÃO DA CTPS


Requer o autor a condenação desta, a anotação em CTPS da função Chefe de Cozinha, no
período declinado na inicial.

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Por todas as exposições aqui já narradas, e, considerando que o trabalho realizado pelo
autor era eventual, não há que ser registrado a função de Chefe de Cozinha a CTPS, pelo
contrário, em eventual entendimento contrário a esta esplanada, o que se admite apenas para fins
de argumentação, deve ser registrado cargo de Cozinheiro.
Ademais, os pratos servidos no restaurante, bem como todas refeições servidas na casa
foram elaboradas e criadas pela genitora do sócio proprietário do estabelecimento, a Sra. Laurici
Santiago. Cabendo registrar ainda, que o autor não possui nenhuma formação profissionalizante
ou graduação maior como chefe de cozinha, bem como o conhecimento adquirido por ele, foi
ensinado pela Sra. Laurici Santiago que trabalha há muitos anos no seguimento de alimentação.
Também cabe destacar que o autor não possui nenhuma experiência profissional anterior
como chefe de cozinha, o que desconstrói a tese levantada por ele objetivando tal pleito.
Por fim, reitera a reclamada que toda a criação e elaboração dos pratos servidos no
estabelecimento da reclamada era supervisionado e conferido pela Sra. Laurici que trabalha junto
no local.
Assim, o pleito do reclamante deverá seguir a vala da improcedência.

III.9 - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS


O reclamante ainda postula a condenação da reclamada ao pagamento de “Honorários
Advocatícios”, o que certamente não poderá prosperar. O STF, ao examinar a ADIn proposta
contra artigos da Lei n.º 8.096/94, decidiu que o dispositivo que torna o advogado indispensável
para a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos Juizados Especiais, não se aplica aos
Juizados de Pequenas Causas e à Justiça do Trabalho.

Por outro lado, a concessão de honorários advocatícios nesta Justiça Especializada ainda é
regulada pela Lei n.º 5.584/70, a qual exige a existência simultânea e cumulativa de dois requisitos:
1) o patrocínio da causa pelo sindicato representativo da categoria profissional do reclamante; e 2)
a percepção, por este, a título de salário, de quantia igual ou inferior ao dobro do salário mínimo
vigente. Ademais, o artigo 133 da Constituição Federal não tem a natureza de norma autoaplicável,
pois a indispensabilidade do advogado à administração da justiça deve ocorrer nos limites da lei.

Consequentemente, continuam em vigor, pelo princípio da recepção, as normas


ordinárias especiais, constantes da CLT e da Lei n.º 5.584/70, referentes ao jus postulandi da parte
no processo trabalhista e à Assistência Judiciária.

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Outrossim, se a Carta Magna não obriga o pagamento de honorários advocatícios, quando
ausentes os requisitos legais estabelecidos na Lei n.º 5.584/70, que continua em vigor, não há como
acolher-se tal pedido, baseando-se no novo Estatuto da Advocacia, Lei n.º 8.906/94, que, aliás, não
revogou expressamente o dispositivo legal anterior. De resto, em tal matéria, devem ser
observados os Enunciados n.º 219 e 329 do C. TST. Diante o exposto, resta contestado e impugnado
o referido pedido da inicial, o qual deverá ser julgado improcedente. O percentual pleiteado ainda
está acima do legalmente previsto, não devendo ser considerado.

III.10 – DA INEXISTÊNCIA DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS


No caso deste MM. Juízo entender por reconhecer a existência de honorários
sucumbenciais, o que apenas se supõe, antes a evidente improcedência da ação, estes deverão ser
aplicados de maneira recíproca, considerando a igualdade das partes.

Portanto, desde já deve ser julgado improcedente o pedido constante no item “i’, da
petição inicial.

IV – DOS DESCONTOS FISCAIS


Sobre os créditos porventura deferidos ao reclamante deverá ser autorizada a retenção do
valor referente ao imposto de renda.

A previsão legal do desconto do imposto de renda advém do artigo 7º, da Lei nº. 7.713, de
22.12.88; artigo 27, da Lei nº. 8.218, de 29.08.91; artigo 46, da Lei nº. 8.541, de 22.12.92; e,
Provimentos nº. 1/93 e 1/96 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho.

Contudo, convém ressaltar que não prevalece mais a tese de incidência do imposto de
renda mês a mês, devendo o desconto ser realizado sobre o total da eventual condenação.

Vejamos o que dispõe o artigo 46 da Lei nº 8.541/92:

Art. 46. O imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos pagos em


cumprimento de decisão judicial será retido na fonte pela pessoa física ou jurídica
obrigada ao pagamento, no momento em que, por qualquer forma, o rendimento se
torne disponível para o beneficiário.
Portanto, no caso de eventual deferimento de algum dos pedidos postulados, deverá ser
considerado o valor total da condenação para efeito de incidência do imposto de renda.

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V - DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS
Assim como a retenção do imposto de renda, cabe a Justiça do Trabalho determinar a
dedução dos valores devidos à Previdência Social.

A obrigatoriedade do desconto da contribuição previdenciária está prevista nos artigos 43


e 44 da Lei nº 8.620, de 05 de janeiro de 1993 e Provimento nº. 2/93 do C. TST.

Em razão do mandamento legal, na hipótese de condenação, requer seja determinado o


desconto da contribuição previdenciária sobre o eventual crédito do Reclamante, devendo, cada
litigante, responsabilizar-se por sua cota-parte.

VI - COMPENSAÇÃO / DEDUÇÃO
Se reconhecida alguma verba ao reclamante, o que se admite somente no campo
hipotético, que seja admitida a compensação dos valores já pagos sob a mesma rubrica conforme
documentos inclusos nesta peça defensiva.

O requerimento tem supedâneo no artigo 767 do Consolidado Celetista e estrita atenção


aos Enunciados 18 e 48 do TST.

VII – DAS DEMAIS ALEGAÇÕES


A verdade é que o reclamante tenta induzir este MM. Juízo, formulando uma sucessão de
inverdades, tentando auferir vantagens indevidas, sem que juntasse aos autos qualquer
documento que fundamentasse suas pretensões, inexistindo qualquer amparo legal para tal.
Portanto, improcedem totalmente os pedidos formulados na inicial, de modo que a presente
demanda não merecerá outro fim senão a total improcedência, sendo o que se requer. Vale
lembrar, que é ônus do reclamante demonstrar a veracidade das alegações formuladas, quiçá, de
má-fé na inicial, não bastando para tanto meras alegações feitas de forma genérica. Assim, denota-
se que o ingresso em Juízo com a presente ação tem o propósito único de tentar obter vantagem
indevida induzindo a erro este MM. Julgador, formulando inverdades, pelo que deverá ser julgada
totalmente improcedente a demanda em tela.

VIII - DOS PEDIDOS DO RECLAMANTE


A reclamada impugna novamente todos os itens dos pedidos de itens por serem
infundados, descabidos e indevidos, assim como todos os demais requerimentos.

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IX – PEDIDOS E REQUERIMENTOS FINAIS
Pelo exposto, requer:
a) seja a presente ação julgada totalmente improcedente, pelas razões acima aduzidas,
condenando-se o reclamante ao pagamento das custas processuais, honorários sucumbenciais e
demais verbas atinentes à espécie;

b) na remota hipótese de ser julgada procedente a ação, o que apenas se admite a título de
argumentação, com fundamento no artigo 767 da CLT, seja determinado a compensação, onde
couber, de todos os valores já pagos ao reclamante em eventuais verbas deferidas, bem como sejam
determinados os descontos previdenciários e de imposto de renda no crédito apurado;

c) a produção de todas as provas em direito admitidas, em especial testemunhal,


documental e depoimento pessoal do reclamante, sob pena de confesso, juntada de documentos
novos e antigos;

d) a declaração da autenticidade dos documentos oferecidos em cópia para prova na


presente demanda, nos termos do artigo 830 da CLT, com redação dada pela Lei 11.925/2009; e

e) que todas as intimações sejam feitas em nome dos advogados subscritor da presente
peça, sob pena de nulidade dos atos praticados.

II - DO VÍNCULO DE EMPREGO - DA CARÊNCIA DA AÇÃO

Através da letra 'a', dos pedidos, pretende o reclamante


seja reconhecido o vínculo de emprego do período de 15/06/2015 até 03/02/2016 e o
pagamento dos haveres rescisórios por dispensa sem justa causa.

Não merecem acolhida as pretensões apresentadas, que


neste momento são contestadas, pois o reclamante não laborou, para o reclamado na
condição de empregado.
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O reclamante deverá ser julgado carecedor da ação, pois


que, falta-
lhe um  dos   principais   requisitos   essenciais   para   a   sua   propositura,   qual   seja:   
a possibilidade jurídica do pedido.

                                

 Inexistência do vínculo de emprego com a   reclamad
a, TRABALHO EVENTUAL E CASUAL DE GARÇOM FREE LANCER: o
Reclamante tem consciência das  inverdades  trazidas aos autos, pois  prestava serviços
autônomos ao reclamado e a vários tomadores como garçom Free Lancer, sem
subordinação, pois na busca do tomador que lhe pagasse mais, não assumia
compromisso de continuidade e muito menos subordinação aos tomadores de mão-de-
obra.

O reclamante, sem fundamento algum, alega às fls. da


inicial que laborou de 15/06/2015 a 03/02/2016, o que não é verdade, eis que iniciou
seus préstimos como free lancer no reclamado no dia 02/07/2015.

Ademais, conforme será comprovado em audiência de


instrução, o contrato em tela não se enquadra nos requisitos da Lei, para que seja
considerado o vinculo de emprego, senão vejamos:

Pessoalidade: Quando a empresa entrava em contato com o reclamante e o


mesmo não podia ir trabalhar, a empresa chamava outro garçom free
lancer para o serviço;

Onerosidade: O
reclamante  recebia   apenas   nos   dias   em   que  esporadicamente  ia
trabalhar, conforme confessado em sua própria inicial;

Habitualidade na prestação laboral - O reclamante somente ia trabalhar


quando era chamado, ou seja, quando havia a necessidade para a empresa dos

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seus serviços de garçom, tal como em dias de perspectiva de maior
movimento.

Subordinação: O reclamante como autônomo, agia sempre com autonomia;

Continuidade: o reclamante não exercia trabalho continuo no reclamado, eis


que apenas era chamado para trabalhar esporadicamente quando havia um
aumento considerável de clientes no estabelecimento, e ainda, podendo
inclusive trabalhar para outros empregadores.

Exclusividade: o reclamante não era impedido de trabalhar para outros


empregadores, pelo contrário, o mesmo mantinha múltiplos e simultâneos
contratos de trabalho.

Corroborando este entendimento, segue abaixo algumas


decisões:

GARÇOM. SERVIÇOS ESPORÁDICOS. VÍNCULO NÃO


CONFIGURADO. Ausência de provas a ensejar o reconhecimento de vínculo
pelo trabalho prestado conforme dispõem os artigos 2º e 3º da CLT, haja vista
que o reclamante confirmou que podia ou não aceitar trabalho em
determinado dia. Recurso interposto pelo reclamante a que se nega
provimento.

(TRT-4 - RO: 00008246420125040401 RS 0000824-64.2012.5.04.0401,


Relator: JOÃO ALFREDO BORGES ANTUNES DE MIRANDA, Data de
Julgamento: 14/11/2013,  1ª Vara do Trabalho de Caxias do Sul)

Ementa: GARÇOM. PESSOALIDADE. INEXISTÊNCIA. VÍNCULO DE


EMPREGO AFASTADO. A mão de obra de garçom é de necessidade
permanente para a reclamada, tanto que possui empregados com a CTPS
anotada, mas quando há maior demanda de profissionais, há convocação
sempre das mesmas pessoas. Contudo, restou claro que
os garçons convocados podem ou não comparecer, sem sofrer penalidade por

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isso, e até mandar alguém em seu lugar, descaracterizando a pessoalidade da
prestação de serviços, em que pese o fato de o mesmo profissional ter
comparecido diversas vezes por cerca de nove anos. O contrato de trabalho
firmado com o autor não era intuiu personae e intransmissível, pois poderia
ser executado por outra pessoa escolhida por este, tampouco há subordinação,
pois não havia controle de frequência, tampouco punição pela recusa em
prestá-lo, sob alegação de estar em outro evento. Diante do exposto, concluo
que o autor era garçom autônomo, prestando serviços para a reclamada e para
diversos outros buffets.

TRT-1 - Recurso Ordinário RO 827006220095010067 RJ (TRT-1) 

Data de publicação: 11/09/2013

III - DEFESA DE MÉRITO

As pretensões do reclamante devem ser julgadas


improcedentes, por falta de amparo fático  ou   de   suporte   jurídico, conforme   ficará
devidamente demonstrado adiante.

III.1 - DO CONTRATO DE TRABALHO - HORAS EXTRAS - VERBAS


RESCISÓRIAS

O reclamante alega em sua inicial que foi admitido pelo


reclamado em 15/06/2015 para prestar serviços de garçom, assador e serviços gerais,
tendo sido dispensado em 03/02/2016, sem justa causa, com o salário de R$ 1.600,00
para laborar no período noturno e R$ 1.200,00 para laborar no período diurno,
totalizando assim um salário de R$ 2.800,00 (dois mil e oitocentos reais), além de
comissão de 10%, porém a reclamada passou a pagar R$ 60,00 por dia para o período
noturno e R$ 50,00 para o período diurno.

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O reclamante também afirma que de 15/06/2015 a
31/07/2015 laborou de terça a sábado, das 19h00min até 00h00min e a partir de
01/08/2015 até o final do contrato, além do turno da noite, laborou durante o dia das
09h00min às 15h00min. Alega que as horas extraordinárias não foram pagas e, requer
seu pagamento, com reflexos em 13º, férias mais 1/3, FGTS mais 40%, DSRs, e demais
verbas.

Em síntese, alega o reclamante que trabalhava acima de


jornada
de  trabalho  permitida   constitucionalmente,   sem,   contudo   receber   corretamente,   
os respectivos adicionais e reflexos.

Não se apresentam verdadeiras as alegações do


reclamante, tanto em relação aos dias e horários laborados quanto à remuneração e
término do contrato e sua forma. Inicialmente, para que a verdade prevaleça apresenta-se
alguns esclarecimentos. O reclamado era um pequeno restaurante que possuía pouco
movimento, funcionando apenas no período noturno das 19h00h às 00h00min, isto em
dias que havia maior movimento, que normalmente ocorria nas quintas, sextas feiras e
sábados ou eventualmente quando havia reserva de evento. Possuía quadro próprio de
funcionários devidamente registrados que atendiam plenamente as atividades normais.
Quando havia acréscimo no movimento contratava free lancer. Jamais existiu o
pagamento de salário para qualquer funcionário e muito menos free lancer no valor
citado na inicial, ou seja, R$ 1.600,00 (um mil e seiscentos reais) para o período da noite
e R$ 1.200,00 (um mil e duzentos reais). Isto é um absurdo, pois se observarmos o piso
da categoria, que era de R$ 1.086,00 (um mil e oitenta e seis reais), que era o praticado
para os demais empregados registrados, já fica comprovada a impropriedade da alegada
remuneração. Ainda, o piso salarial da categoria é pago para o trabalho de 44 horas
semanais ou 220 horas mensais. O reclamante conforme já apresentado laborava, nos
dias que comparecia, poucas horas, não fazendo jus, portanto, sequer ao valor mensal do
piso da categoria. Os anexos demonstrativos da folha de pagamento do mês de
dezembro/15 e janeiro/16 comprovam o valor dos salários praticados na reclamada. Não
há de que forma um pequeno restaurante pagar os valores alegados pelo reclamante. Para
o trabalho como free lancer nesses horários (das 19h00min às 00h00min) foi ajustado
com o reclamante o valor de R$ 60,00 (sessenta reais) por dia trabalhado. Em eventuais
dias laborados durante a semana o valor ajustado (exceto quintas, sextas e sábados) foi
ajustado o valor de R$ 50,00 (cinquenta reais). Em face desse pouco movimento,

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tentando alavancar suas atividades e não fechar o estabelecimento, o que infelizmente
veio a ocorrer, decidiu partir para o fornecimento de almoço. Assim, a partir do mês de
setembro/2015 iniciou a servir almoço (meio dia), sendo que possuía funcionários
registrados para o atendimento e o reclamante, quando havia maior movimento, era
chamado para auxiliar como garçom no horário de atendimento que era das 11h00min às
14h00min, e estando livre comparecia atendendo assim como free lancer tendo sido
ajustado a remuneração de R$ 40,00 (quarenta reais) por dia laborado e, a partir do mês
de outubro/15 foi reajustado para R$ 50,00 (cinquenta reais). Quando do trabalho diurno
(almoço) a reclamada efetuava o pagamento ao reclamante semanalmente e de acordo
com os dias trabalhados. Os anexos recibos assinados pelo reclamante comprovam a
eventualidade dos dias laborados, bem como os valores ajustados e pagos. Os poucos
dias em que prestou serviços de Free Lancer para o reclamado, mesmo considerando
que laborasse no horário do almoço e no horário da noite laborava menos de 08 (oito)
horas diárias. Não havia excesso de jornada. Ainda, os anexos recibos de pagamento
comprovam que havia vários trabalhadores free lancer, pois quando um não podia
comparecer outro era chamado, ou mesmo se houvesse maior movimento poderia ser
utilizado mais de um free lancer.

Logo,  não   há   falar   em   realização   de   jornada   de   
trabalho suplementar, sem que tenha havido o justo pagamento pelas horas realizadas e
conforme o ajustado entre as partes. Importante esclarecer que o reclamante trabalhava
dessa forma, ou seja, free lancer, segundo sua informação, pois não queria ser registrado
em nenhum emprego porque se assim fosse teria que pagar pensão alimentícia já que
tinha problemas familiares.

Outro ponto que deve ser analisado e considerado por


esse MM. Julgador como prova de que o reclamante trabalhava apenas como free
lancer é o fato de que possuía empresa em seu nome conforme se infere nos documentos
da Receita Federal, razão pela qual não tinha todos os dias disponíveis.

Também não se apresenta verdadeira a alegação do


reclamante que iniciou a laborar em 15/06/2015 e teria sido desligado sem justa causa,
por iniciativa do reclamado, em 03/02/2016. Na verdade o primeiro dia que o reclamante

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laborou para o reclamado foi em 02/07/2015 conforme recibo anexo e, quanto a seu
desligamento o mesmo ocorreu por sua iniciativa, tendo laborado somente até o dia
01/02/2016, tendo-lhe sido pago o dia trabalhado no dia 02/02, quando informou ao
reclamado e colegas que viria mais trabalhar, pois havia conseguido emprego mais
próximo de sua residência, no Chaveiro Alvorada. Portanto, o término da prestação dos
serviços ocorreu por iniciativa do reclamante, não tendo o reclamado dispensado o
reclamante.

Pelas razões apresentadas deverão ser julgados


improcedentes os pedidos apresentados nas letras 'a', 'b', 'c' e 'd', dos pedidos.

III.2 - DA GORGETA E VALE TRANSPORTE

O reclamante afirma na reclamatória que, durante a


prestação dos serviços, deveria  auferir  gorjeta de 10%, pois o reclamado sempre cobrou
tal percentual, além do que faria jus ao  vale  transporte, pois fazia uso de transporte
público, verbas estas que o reclamado não pagou (letras 'e' e 'i', dos pedidos).

Primeiramente temos que o reclamante novamente não


apresenta a verdade a V. Exa., pois quando o reclamado atendia servindo almoço nunca
houve o pagamento de 'gorjeta' a qualquer funcionário, já que tal taxa não era cobrada
dos clientes, como é praxe nos restaurantes que servem almoço aos diários a
trabalhadores. Depois, as verbas pleiteadas, referem-se a vantagens inerentes ao contrato
de trabalho por prazo indeterminado, e tendo o reclamante prestado seus préstimos
como  free lancer, ou seja, serviços esporádicos  e  sem  vínculo, assim, tais verbas não
são devidas neste tipo de trabalho, pois já integram a remuneração diária pactuada.

Quanto ao vale transporte, o reclamante não fazia uso de


transporte público segundo informou ao reclamado, sendo constatado que o mesmo não
fazia uso de transporte público para locomoção ao estabelecimento do reclamado.

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Por tais razões contestam-se as pretensões, devendo ser
julgadas improcedentes.

III.3 - DO REGISTRO EM CTPS

Sustenta o reclamante na sua inicial que a sua CTPS não


foi anotada pelo reclamado. Assim requer a devida anotação. Ocorre que, conforme já
apresentado nesta defesa, o reclamante apenas prestou serviços esporádicos, sem
habitualidade, pessoalidade e exclusividade, razão pela qual não há que se falar na
anotação da CTPS, pois tal a forma de trabalho não gera vinculo de emprego.

Assim, não resta dúvida, que o pedido pleiteado pelo


reclamante não encontra respaldo jurídico para seu deferimento.

III.4 - DO ADICIONAL NOTURNO

Pleiteia,  igualmente,   o  reclamante,   o   adicional   notu
rno, alegando que as jornadas laborais declinadas ensejam a percepção de tal adicional
(letra 'g', dos pedidos).

O pedido não pode prosperar, pois o adicional noturno


visa compensar os trabalhadores quando prestam seu labor em horário noturno, cujo
contrato de trabalho enseja tal beneficio o que não é o caso em tela, eis que o reclamante
prestava   serviços   esporadicamente   e   de   forma   casual,  e  a   sua   remuneração
correspondia ao pagamento diário, independente se trabalharia no horário diurno ou
noturno.

 Assim, deve o pedido também ser julgado improcedente


por falta de amparo legal.

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III.5 - DAS FÉRIAS

O reclamante através das letras 'a' e 'f', postula, também,


o pagamento de férias proporcionais e em dobro. Alega que o reclamado concedeu férias
coletivas de 23/12/2015 a 05/01/2016 e não efetuou o pagamento.

O pedido dever ser julgado improcedente por absoluta


falta de amparo legal, eis que, conforme será comprovado em audiência de instrução, o

reclamante nunca foi contratado pelo reclamado na modalidade habitual, prestando


apenas serviços de free lancer. Ainda, informa o reclamado que no final de ano, no
período de 24/12/2015 a 04/01/2016 não houve concessão de férias coletivas, sendo que
o reclamante não foi chamado uma vez ser o movimento nesse período extremamente
reduzido, sendo o atendimento realizado pelos funcionários contratados. Os anexos
demonstrativos de folha de pagamento dos meses de dezembro/15 e janeiro/2016
comprovam a inexistência de concessão de férias, pois houve o pagamento integral aos
funcionários nesses dois meses.

III.6 - DO FGTS E SEGURO DESEMPREGO

O reclamante pleiteia valores referentes ao FGTS, multa


e seguro desemprego (letras 'h' e 'j'), alegando em síntese que restou prejudicado nas
referidas verbas.
 

Como já exaustivamente apresentado nesta defesa o


reclamante não era funcionário do reclamado, pois prestava seus serviços de forma
esporádica na condição de free lancer. Portanto, não há que se falar em pagamento de
FGTS. Ainda que fosse reconhecido o vínculo empregatício, o que certamente não
deverá ocorrer, temos que não há que se falar em multa fundiária, pois a iniciativa do
desligamento ocorreu por parte do reclamante conforme já apresentado e restará provado
quando da instrução.

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Já com relação ao seguro-desemprego o mesmo também


não é devido, eis que inexistiu contrato de trabalho, e consequentemente demissão. Não
bastasse tal fato, temos, ainda, que ante a iniciativa do desligamento ter sido do
reclamante, este não faz jus aos benefícios do seguro desemprego conforme previsto na
legislação.
 

Dessa  forma,  improsperável  a pretensão   de  expedição
das guias para o encaminhamento ao seguro desemprego, bem como qualquer
indenização a tal título.

III.7 - DA INDENIZAÇÃO POR ABALO MORAL

Postula, ainda, o reclamante, indenização de 20 (vinte)


salários mínimos a título de indenização por abalo moral (letra 'k', dos pedidos). Alega
que foi dispensado sem que houvesse qualquer pagamento das verbas rescisórias, o que
está causando grande problema pessoal e para sua família.

Contesta-se o pleito, restando claro que com as mentiras


apresentadas na inicial o reclamante pretende auferir indenização indevidamente.
Restará provado nestes autos que o reclamante sabia quando da contratação que iria
prestar serviços de forma eventual, ou seja, como free lancer, sendo inclusive essa sua
intenção, pois não pretendia efetuar o pagamento de pensão alimentícia segundo suas
informações. Somente pode-se entender como má-fé a atitude do reclamante ao
comparecer no judiciário alegando que por não receber as verbas rescisórias, que por
sinal não faz jus, está tendo problemas familiares. Não houve conduta dolosa ou
arbitrária do reclamado como alega o reclamante. Não houve qualquer transgressão das
garantias trabalhistas, pois o contrato firmado entre as partes foi para a prestação de
serviços esporádicos, free lance. Não houve qualquer atraso no pagamento dos valores
relativos à prestação dos serviços, tanto que a inicial nada reclama. Não haviam verbas
rescisórias a serem pagas ante a forma contratual pactuada. Ainda, não apresentou o
reclamante qualquer prova de eventual abalo moral que alega ter sofrido. Isso não
existiu.

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De qualquer forma, a doutrina e a jurisprudência, no


âmbito da Justiça do Trabalho, têm se firmado no sentido de que o reconhecimento de
dano moral só é cabível quando resta patente que, da atitude do empregador, ocorreu
mácula à imagem do empregado perante a sociedade, em decorrência direta de um ato
ilícito cuja autoria lhe tenha sido atribuída.

Tal espécie de lesão não é suscetível a meras presunções,


devendo a parte que se sentir ofendida produzir prova, não só do dano, mas também do
nexo causal entre ele e o ato omissivo ou comissivo, de índole culposa, do infrator, por
se tratar de fato constitutivo do direito.

A lesão ao chamado patrimônio ideal do trabalhador


requer, pois, prova robusta, imprópria a suscitar hesitações quanto à objetiva e localizada
situação que lhe impôs ultrajes e humilhações.

Depois, para que pudesse haver qualquer direito ao pleito


inserido na peça primeira, deveria o reclamante demonstrar qual o prejuízo que teve.
Analisando os autos não encontramos qualquer prova de eventual dano que possa o
reclamante ter sofrido. Existem meras e infundadas alegações que não poderão ser
consideradas por esse Preclaro Julgador.

De qualquer forma, a teoria da responsabilidade civil, de


forma sintética, exige a concomitância de três elementos para a configuração do dever de
indenizar, são eles: o dano, o ato ilícito e o nexo de causalidade. Nenhum deles se
encontra presente nestes autos.

Assim, já estaria fadada ao fracasso a pretensão


indenizatória do reclamante, pois a reclamada não praticou qualquer ilícito, contudo,
também lhe falta outro elemento indispensável, o dano propriamente dito. A exordial
não informa a ocorrência de nenhum dano indenizável.

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A jurisprudência de nosso TRT é muito clara que em


situações análogas não há caracterização de danos morais. Temos: 
 

Ementa: INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. INEXISTÊNCIA DE


PROVA. Não demonstrada pela prova dos autos o propalado assédio
moral perpetrado pela reclamada, o indeferimento do pedido de
indenização por danos morais é medida que se impõe. Juiz Gracio R. B.
Petrone - Publicado no TRTSC/DOE em 26-04-2011 - Juiz Gracio R. B.
Petrone - Publicado no TRTSC/DOE em 26-04-2011

Ementa: INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. FALTA DE PAGAMENTO DE


HAVERES TRABALHISTAS. A falta de pagamento dos haveres trabalhistas, por
si só, não gera dano moral indenizável, não se caracterizando como in re ipsa. É
indispensável a comprovação de que o atraso ou a falta de pagamento das verbas
tenha gerado algum dano concreto à honra, imagem e dignidade (art. 5º, X, da
CF/88), ônus que compete ao trabalhador (art. 818 da CLT c/c art. 333, I, do CPC).
Não demonstrada a existência de um dano concreto, requisito básico da
responsabilidade civil (arts. 186 e 927 do Código Civil), inviável o pagamento de
qualquer indenização.
Processo:Nº  0006149-46.2014.5.12.0039 - Juiz Nivaldo Stankiewicz - Publicado no
TRTSC/DOE em 23-02-2016 

Assim, contesta-se o pleito, devendo ser julgado


improcedente.

Ad cautelam, certo que não há de que forma possa o


reclamado ser condenado, há que se considerar que o valor indenizatório pleiteado é
absurdo, devendo ser fixado moderadamente, considerando, inclusive, que o reclamado
encerrou suas atividades.

III.8 - DA MULTA DO ARTIGO 477 e 467 DA CLT


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Busca, também, o reclamante o pagamento da multa


prevista no § 8º do artigo 477 e 467, da CLT (letra 'l', dos pedidos).

Não merecem acolhida os pleitos, que neste momento


são contestados. Não houve qualquer infração ao citado dispositivo celetário, pois não
havia entre as partes contrato de trabalho. Segundo já demonstrado nestes autos, o
reclamante prestou serviços de forma esporádica, na condição de free lancer, não
existindo vínculo de emprego. Assim, não havia qualquer verba rescisória a ser paga
quando do desligamento.

Por outro lado não existe verba incontroversa que


pudesse gerar a aplicação das penalidades previstas no artigo 467, da CLT.

Assim, deverá ser julgado improcedente o pleito inserido


na letra 'l', dos pedidos.

IV - DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E CONTRATUAIS

Contesta-se, por fim, o pedido de condenação ao


pagamento de honorários advocatícios, devendo ser julgado improcedente, uma vez que,
primeiro, não há qualquer verba que deva ser deferida ao reclamante e, segundo, não está
ele atendendo os pressupostos da Lei 5.584/70 - única hipótese capaz de viabilizar, no
processo trabalhista, a condenação em honorários assistenciais!

Ademais, o reclamante sequer está assistido por sindicato


laboral, não havendo credencial nos autos, e também não se aplica, na Justiça do
Trabalho, o disposto nos artigos 389 e 404 do Código Civil em termos de sucumbência,
nem o artigo 133 da Constituição Federal assegura qualquer direito a título de honorários
advocatícios nessa especializada.

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Também não merece acolhimento a pretensão de


"reparação dos honorários contratuais", pois não há previsão legal para o deferimento do
pleito, além do que não há nos autos qualquer prova de contrato que tenha o reclamante
firmado com seu procurador.

Devem, portanto, ser julgados improcedentes os pleitos


inseridos nas letras 'm' e 'n'.

V - DOS DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS

Por cautela, desde já o reclamado requer que, em caso de


qualquer deferimento a favor do reclamante, a r. sentença determine a retenção e a
dedução de seu crédito os valores relativos às contribuições previdenciárias e fiscais que
sejam de sua responsabilidade, pois não pode ser transferido à reclamada  ônus que não
seja seu, isto de acordo com as disposições dos arts. 43 e 44 da Lei nº 8.212/91 com a
redação dada pela Lei nº 8.620/93, e da lei 8.177/92, bem como o provimento nº 01/96
da CGJT.

VI - REQUERIMENTOS FINAIS

Ante todas as razões expostas, a reclamada contesta


todos os pedidos apresentados pelo reclamante, requerendo sejam eles julgados
improcedentes.

Contesta-se, também, o pleito de juntada de controles de


jornada, pois ante a forma contratual (free lancer) não havia qualquer controle de
horário.

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Protesta a reclamada e desde já requer a produção de
todos os meios de prova em direito aceitos,  bem como o depoimento pessoal do
reclamante, sob as penas da lei.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Joinville/SC, 2 de setembro de 2022.

IVAN SANDRI JOEL DE NAZARÉ LOPES


OAB/SC 36.269 OAB/SC 36.608

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE


Lei nº 11.419/2006, art. 1º, § 2º, III, “a”

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