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AO JUÍZO DO TRABALHO DA VARA DA CIDADE DE CAXIAS DO SUL/RS

PROCESSO Nº XXXXXXXXXXXX

MELHOR TINTAS, pessoa jurídica de direito privado, inscrito


no CNPJ sob o nº 00000000000000, com endereço à
XXXXXXXX, nº XX, Bairro XXXXXXX, na cidade de Caxias do
Sul/RS, vem à presença de Vossa Excelência, apresentar:

CONTESTAÇÃO À RECLAMATÓRIA,

com fundamento no artigo 847 da CLT, que lhe move,


AMANDA SILVA, brasileira, casada, auxiliar geral de limpeza,
inscrita no CPF sob o nº xxxxxxxxxxxxx, portadora da cédula
de identidade RG nº xxxxxxxxxxx, CTPS nº 0000000 e série
000000, com endereço eletrônico xxxxxx, residente e
domiciliada sito à Rua xxxxxxx, nº xx, Bairro xxxxxx, na cidade
de Caxias do Sul/RS, nos termos em que seguem:

1. SÍNTESE DOS FATOS

Trata-se de Reclamação Trabalhista em que a Reclamante move em face da


Reclamada, alegando em síntese que a Reclamante foi dispensada sem justa causa
em 28/07/2022. Porém, não foi observado que a empregada gozava de estabilidade
por estar grávida de 02 (dois) meses no momento da dispensa, (conforme laudo em
anexo).

Alega que faz jus à estabilidade no emprego, mesmo que tenha firmado
contrato de trabalho por prazo determinado.
O contrato de trabalho para o cargo de auxiliar geral de limpeza foi firmado pelo
período de 07hrs da manhã até às 15hrs da tarde. A remuneração que a
Reclamante percebia era o valor de R$2.200,00 mensais.

Alega, também, que não recebia insalubridade, apesar de manusear agentes


insalubres na limpeza de máquinas e banheiros, bem como, nas sextas-feiras
trabalhava até às 17 horas sem receber horas extras.

A Reclamante argumenta que a dispensa foi ilegal e deve ser desconstituída e,


ainda requer o pagamento integral dos salários correspondentes aos meses que o
reclamante gozava de garantia de estabilidade. Subsidiariamente a indenização na
íntegra do período de estabilidade e todos os direitos correspondentes às referidas
alegações.

2. DO CONTRATO DE TRABALHO

A cópia do contrato de trabalho foi devidamente fornecida para a Reclamante,


sendo que também está sendo juntada a esta contestação.

3. DA INSALUBRIDADE

A Reclamante não faz jus ao adicional de Insalubridade, eis que o trabalho


realizado em nada é insalubre.

A atividade laboral desenvolvida pela Reclamante era de auxiliar de limpeza,


sendo que NUNCA teve nenhum contato com qualquer tipo de agente, produto
químico que possa ensejar adicional de insalubridade, devendo ser realizada perícia
para tal comprovação. Segundo a CLT, é considerada atividade insalubre aquela em
que o trabalhador é exposto a agentes nocivos à saúde acima dos limites tolerados
pelo Ministério do Trabalho e Emprego, assim a pretensão da Reclamante é
totalmente descabida, eis que não utilizava nenhum tipo de produto ou era exposta,
em suas atividades laborais.
Ainda, segundo a CLT nos termos do art. 195, a aferição de condições
insalubres ou perigosas se dá por meio de perícia técnica.

4. DAS HORAS EXTRAS

A Reclamante alega que trabalhava 05 dias da semana, das 07:00 até às 15:00
e nas sextas-feiras até as 17hrs, requerendo indenização de horas extras
trabalhadas.

A Jornada de Trabalho pode ser de até 44 horas semanais, o que era realizado
pela Reclamante, eis que gozava de seu horário de intervalo de 1h, como pode ser
verificado no espelho do ponto juntado neste ato.

Assim, não são devidas horas extras para a Reclamante, eis que a jornada de
trabalho foi devidamente cumprida, conforme desprende-se dos documentos
juntados a esta contestação, os controles de jornada (artigo 74, parágrafo 2º, da
CLT), atendendo ao seu dever de documentar a relação de emprego, demonstrando
que as alegações feitas pela Reclamante são inverídicas.

Ainda os intervalos, foram devidamente gozados pela Reclamante, também


conforme espelho do ponto juntado aos autos.

Para o período relatado pela Reclamante não há nos autos qualquer adminículo
de prova pré-constituída que favoreça a Reclamante em suas pretensões referentes
à jornada de trabalho. Tampouco há indicação de diferenças de horas extras e
intervalo intrajornada a partir dos horários consignados nos controles de jornada,
deste modo, nenhum valor é devido de horas extras.

5. DA GARANTIA DE ESTABILIDADE – GESTANTE

O entendimento majoritário do TST é sim no sentido de que a trabalhadora que


firmou contrato de trabalho por prazo determinado, também tem direito à
estabilidade ou indenização substitutiva, vez que o Direito do Trabalho protege não
só a trabalhadora, mas também o nascituro.

Todavia, a reclamante ficou inerte quando do momento de seu desligamento


pelo fato de nem mesmo estar ciente de sua condição. Ademais, em momento
algum informou a empresa de sua gestação e tampouco buscou restituir o vínculo
empregatício de forma amigável, o que demonstra sua total má-fé frente à
reclamada.

Mas é razoável a reclamada ter que arcar com a indenização substitutiva


mesmo não estando ciente da gravidez e não lhe tendo sido dada a oportunidade de
reintegrar a reclamante, já que a ação judicial foi a primeira e única medida tomada
pela mesma?

Tem-se que é necessário ponderar do entendimento está que consubstanciado


no art. 10, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da
Constituição Federal de 1988:

Art. 10 - Até que seja promulgada a Lei Complementar a que se refere


o artigo 7º, I da Constituição:
I - ...
II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: a) ....
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco
meses após o parto.
Observa-se da leitura do artigo 10, II, b do ADCT, que a trabalhadora
adquire o direito à estabilidade com a “confirmação da gravidez”.

Observa-se da leitura do artigo 10, II, b do ADCT que a reclamante adquire o


direito à estabilidade com a “confirmação da gravidez”.

Apesar do direito à estabilidade, a empregada desconhecia o estado


gravídico na época do encerramento do contrato de trabalho, sendo o fato também,
obviamente, do desconhecimento do empregador, e para isso, há entendimento
sumulado pelo TST acerca da estabilidade, vejamos:

SÚMULA N.º 244 - GESTANTE.ESTABILIDADE PROVISÓRIA

I - O desconhecimento do estado gravídico pelo empregador não afasta o


direito ao pagamento da indenização decorrente da estabilidade (art. 10, II,
"b" do ADCT).
II. A garantia de emprego à gestante só autoriza a reintegração se esta se
der durante o período de estabilidade. Do contrário, a garantia restringe-se
aos salários e demais direitos correspondentes ao período de estabilidade.

III. A empregada gestante tem direito à estabilidade provisória prevista no


art. 10, inciso II, alínea “b”, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, mesmo na hipótese de admissão mediante contrato por tempo
determinado.

A função principal do reclamado é de assegurar os direitos da reclamada,


ocorre que nunca foi comunicada da situação, ou estado gravídico da funcionária.

Ademais, verificou-se abuso de direito, conforme dispõe o Artigo 187 do


Código Civil.

A boa-fé deve ser considerada sendo dever de ambas as partes da relação


contratual, de acordo com o Art. 422 do CC:

Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na


conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e
boa-fé.

6. DA IMPUGNAÇÃO DOS DOCUMENTOS JUNTADOS

Conforme é demonstrado na exordial, a reclamante afirma que ao ser


dispensada encontrava-se grávida de dois meses, mas de maneira alguma foi
juntado o exame Beta HCG, e, além disso, a empregada não informou a empresa de
sua gestação muito menos buscou restituir o vínculo empregatício de forma
amigável, o que demonstra má-fé em sua totalidade.

Portanto, requer o reconhecimento e acolhimento da presente contestação para


que sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos na inicial, tendo em vista
que não faz jus ao que foi requerido naquele disposto.
7. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Trata-se de Norma decorrente da relação de emprego, nos termos da


Instrução Normativa nº 27/2005 do TST, nesta Justiça Especializada, os honorários
advocatícios são disciplinados na Lei nº Lei 5.584/1970.

Não preenchidos os requisitos do Art. 14 da referida lei, uma vez que não faz
jus ao empregado o pagamento de HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Aplicação ao
caso o entendimento da Súmula 329 do TST.

Assim, requer seja improcedente a condenação dos honorários advocatícios.

8. DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, em sede de CONTESTAÇÃO, requer:

a) O ACOLHIMENTO NA ÍNTEGRA, para fins de julgar TOTALMENTE


IMPROCEDENTE a Reclamação Trabalhista proposta;
b) A condenação da reclamada ao pagamento dos HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS, nos termos do Art. 791-A, §4º, da CLT;
c) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito
em especial a prova documental e testemunhal, sendo esta produzida durante
a instrução processual;
d) Sejam todas as intimações e publicações endereçadas ao advogado (dados
do advogado e endereço eletrônico) sob pena de nulidade nos termos da
Súmula 427 do TST.

Dá-se a causa o valor de R$50.615,16 (cinquenta mil seiscentos e quinze


reais e dezesseis centavos).

Termos em que
Pede deferimento
Flores da Cunha, 29 de agosto de 2022
Juliana Vanin Carraro
OAB/RS 13.130

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