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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA 4ª VARA DO

TRABALHO DE VITÓRIA-ES.

PROCESSO Nº 0000987-98.2018.5.17.0004

CONTESTAÇÃO À RECLAMATÓRIA TRABALHISTA COM PEDIDO PRELIMINAR DE


MÉRITO

GERDEL CONSTRUÇÕES LTDA, inscrita no CNPJ sob o nº 026376370001-19, localizada


na Rua TOCANTINS, nº 223, TÉRREO, CEP: 29.164-822, Nova Carapina, Serra – ES,
representada neste ato por sua bastante procuradora DANIELA COSTA DIAS, inscrita no RG
nº 3.564.568, SSP-ES e CPF nº 155.645.887-89, residente e domiciliada na rua Ceci, 21 -
Nova Carapina II, Serra - ES, CEP 29170-22, por seu procurador que junta neste ato
instrumento de mandado, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência para
apresentar defesa na forma de Contestação À Reclamatória Trabalhista que lhe
move WELLINGTON DOS SANTOS, CNPJ nº 24.516.378/0001-00 (cartão CNPJ e
Certificado da Condição de Microempreendedor Individual anexo), também já qualificado nos
autos pelos fatos e fundamentos de direito que a seguir passa a expor:

I. PRELIMINARMENTE
a) Da Impugnação ao Pedido de Gratuidade da Justiça.

Excelência, tendo em vista as novas disposições do NCPC, não mais se faz necessário
interpor peça apartada quando da impugnação ao pedido de AJG do Reclamante, conforme
Art. 337, XIII, da Lei 13.105/2015, vejamos:

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

[...] XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça. [...]

No âmbito do Processo do Trabalho, este benefício somente pode ser concedido as pessoas
físicas e, quando presentes e atendidos os requisitos exigidos pelo artigo 14 da Lei
n. 5.584/70, leia:

Art 14. Na Justiça do Trabalho, a assistência judiciária a que se refere a Lei nº 1.060,
de 5 de fevereiro de 1950, será prestada pelo Sindicato da categoria profissional a que
pertencer o trabalhador.

§ 1º A assistência é devida a todo aquêle que perceber salário igual ou inferior ao dôbro
do mínimo legal, ficando assegurado igual benefício ao trabalhador de maior salário,
uma vez provado que sua situação econômica não lhe permite demandar, sem prejuízo
do sustento próprio ou da família.

§ 2º A situação econômica do trabalhador será comprovada em atestado fornecido


pela autoridade local do Ministério do Trabalho e Previdência Social, mediante
diligência sumária, que não poderá exceder de 48 (quarenta e oito) horas.

O Reclamante é pessoa jurídica, conforme contrato de prestação de serviços anexado nos


autos, motivo pelo qual, não estando presentes os requisitos exigidos pelo artigo 14 da Lei
n. 5.584/70, deste modo, deve ser indeferida a concessão deste benefício ao reclamante.

Com efeito, o Reclamante como pessoa jurídica demonstra no seu quadro societário um
capital social de R$ 3.000,00 (três mil reais), percebe, uma quantia muito superior ao mínimo
previsto em lei para que faça jus ao referido benefício, outrossim, não possui quaisquer
encargos que possam obstar sua contribuição processual.

Não pode ser desvirtuada a natureza do benefício da gratuidade judiciária, visto que é
destinada a pessoas hipossuficientes sem possibilidade de sustento próprio e de sua família,
não sendo este o caso da demandante.

De outra banda, se Vossa Excelência não entender que o Reclamante não é pessoa Jurídica
e que a benesse da gratuidade o abrange mesmo assim, é relevante algumas ponderações.
Atualmente, a simples afirmação de miserabilidade jurídica não basta para o deferimento da
gratuita da justiça. Revogada foi a presunção de pobreza anteriormente estabelecida em lei
ordinária.

A Nova Constituição Federal, mais precisamente em seu artigo V, inciso LXXIV, determina:

"O Estado prestará assistência judiciária e integral gratuita aos que


comprovarem a insuficiência de recursos". (grifamos).

A simples declaração de pobreza não tem, no Processo do Trabalho, a mesma força que
possui na Justiça Comum, isto é, não basta a simples declaração para o reclamante ser
considerado impossibilitado de sustento próprio, deve haver comprovação, mediante
atestado da autoridade local do Ministério do Trabalho (art. 14, § 2º, da Lei nº 5.584/70) da
situação econômica peculiar.

b) Da Extinção Do Processo

Tendo em vista a ausência do Reclamado na audiência designada em 13 de novembro de


2018, o pagamento das custas processuais é requisito para nova propositura da ação
reclamatória trabalhista, conforme artigo 844, § 2º CLT, salvo se comprovar ausência
legalmente justificada.

Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o


arquivamento da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa
revelia, além de confissão quanto à matéria de fato.

[...]

§ 2o Na hipótese de ausência do reclamante, este será condenado ao pagamento das


custas calculadas na forma do art. 789 desta Consolidação, ainda que beneficiário da
justiça gratuita, salvo se comprovar, no prazo de quinze dias, que a ausência
ocorreu por motivo legalmente justificável. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
(Grifo Nosso).

[...]

Em que pese a supracitada ação não deve prosseguir seu rito, obrigando-se assim pela
extinção do pleito, pois o Reclamante não apresentou nos autos a justificativa da sua
ausência na audiência de 13 de novembro de 2018, bem como não apresentou a guia de
recolhimento das custas processuais, sendo indispensável tal requisito, conforme § 3º do
art. 844 da CLT
Art. 844 - O não-comparecimento do reclamante à audiência importa o arquivamento
da reclamação, e o não-comparecimento do reclamado importa revelia, além de
confissão quanto à matéria de fato.

[...]

§ 3o O pagamento das custas a que se refere o § 2o é condição para a propositura


de nova demanda. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Grifo Nosso)

Assim, em sede preliminar, requer-se o indeferimento do pedido de AJG, bem como a


extinção da ação reclamatória trabalhista, por ausência da guia do recolhimento das custas
processuais.

c) Incompetência Absoluta Do Juízo

Trata-se de ação reclamatória trabalhista proposta pelo Reclamante para reconhecimento


de vínculo empregatício entre os períodos de 23 de agosto de 2015 à 05 de novembro de
2016 em face do Reclamado.

Insta observar que esta demanda não merece prosperar, pelas razões de fato e de direito a
seguir.

O demandante é pessoa jurídica, profissional liberal que presta seus serviços de modo
eventual na área da construção civil, como se depreende do contrato de prestação de
serviços por ele assinado e cadastro do seu CNPJ anexo nos autos.

A total incompetência deste juízo se da em razão de ser uma relação contratual puramente
civil estipulada pela liberdade de contratar na forma do art. 421 do CC, vejamos:

“Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função
social do contrato, observado o disposto na Declaração de Direitos de Liberdade
Econômica.

Parágrafo único. Nas relações contratuais privadas, prevalecerá o princípio da


intervenção mínima do Estado, por qualquer dos seus poderes, e a revisão
contratual determinada de forma externa às partes será excepcional.” (NR)

Deste modo, deve ser acolhida a alegação de incompetência absoluta e remetido os autos
ao juízo competente, conforme se depreende subsidiariamente do art.64, §3º do CPC.

Caso Vossa Excelência não entenda ser uma relação puramente civil regida sob a égide do
Código Civil, não obsta observar a prescrição bienal, suscitada nesta contestação.
II. PREJUDICIAL DE MÉRITO

a) Da inépcia da inicial

O Demandante relata em sua inicial que sofrera um suposto acidente de trabalho 21 de


novembro de 2018. Ocorre que, a data da ocorrência do suposto acidente de trabalho na
petição inicial do Demandante, não condiz com a ocorrência do suposto atestado médico
apresentado nos autos, haja vista que o período da ocorrência relatada na petição inicial
aponta o fato ocorrido em novembro/2018, enquanto o atestado médico foi datado em 21 de
novembro de 2015.

Ora, nitidamente o Demandante desvirtua a realidade dos fatos podendo levar a erro o
entendimento de Vossa Excelência quanto a suposta data da ocorrência e, assim, não
conhecer da prescrição, caso Vossa Excelência não entenda pela desconsideração do
vínculo empregatício dada inépcia da inicial, com fundamento no art.330, inciso III do CPC,
vejamos:

Art. 330. A petição inicial será indeferida quando:

I - for inepta;

[...]

§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:

[...]

III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

b) Da Má-Fé Do Litigante

Verifica-se pois que, o Demandante agiu de má-fé, violando um dos princípios contratuais,
a boa fé, (art. 422 do CC). Com efeito, a boa-fé objetiva é uma regra de conduta, que tem
por desiderato o correto e adequado comportamento dos contratantes.

Ressalte-se que o princípio da boa fé objetiva assume especial relevância nas situações, até
porque o princípio da boa-fé nos contratos de é bem mais abrangente, indo na seara da
lealdade, entre partes contratantes, pensando no outro, no parceiro contratual, respeitando
seus interesses legítimos, suas expectativas, seus direitos, agindo sem abuso de poder, sem
obstrução, sem causar lesões ou desvantagens excessiva, cooperando para atingir o bom
fim das obrigações, o cumprimento do objetivo contratual e a realização dos interesses das
partes.
No caso em tela, há uma presunção de litigância de má fé, por parte do Demandante, que
no exercício do direito, violou os limites do contrato imposto pelo seu fim social.

A lei e nossos Tribunais amparam amplamente a Demandada, a começar pelo


art. 187 do CC que estabelece que:

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes.

O Demandante se enquadra como litigante de má-fé no momento que, altera a verdade dos
fatos quando diz que era subordinado as ordens da Demandada, sendo que na verdade, foi
contratado como MEI (CNPJ em anexo) para prestar seus serviços de alvenaria.

Também altera a verdade dos fatos quanto a data da ocorrência de um suposto acidente de
trabalho, relatada na petição inicial, segundo o Demandante o fato ocorreu em
novembro/2018, enquanto que o atestado médico foi datado em 21 de novembro de 2015,
sendo este atestado o único documento que aponta um suposto atendimento médico,
restando inconsistente a sua veracidade, pois se observarmos bem este atestado, no
cabeçalho da folha, vamos encontrar a data de elaboração datado em 25/02/2015, conforme
atestado grifado o campo superior, (doc. em anexo).

Outrossim, o Demandante manifestamente procede de modo temerário, dando causa de


arquivamento dos autos e reabrindo, como se a justiça estivesse somente a sua disposição,
para tanto, a nova legislação trabalhista veio frear esses encalços do judiciário, sendo
condição necessária o recolhimento de custas processuais para aquele Reclamante que deu
causa no arquivamento.

Claramente o Demandante está usando do processo para obter qualquer vantagem em


pecúnia, haja vista que o meio judicial pode vir intimidar a Demandada ceder seus interesses.

Portanto, deve o Demandante indenizar a Demandada em razão da alteração dos fatos, por
agir manifestamente de modo temerário, bem como, querer usar do processo para conseguir
objetivo ilegal, em atendimento do art. 80 do CPC, leia:

"Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que:

I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso;

II - alterar a verdade dos fatos;

III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal;


IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo;

V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo;

VI - provocar incidente manifestamente infundado;

VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório".

c) PRESCRIÇÃO BIENAL

Pretende o Reclamante o recebimento de possíveis verbas rescisórias, insta salientar que


tal direito pleiteado na justiça do trabalho encontra se prescrito, conforme apontamento da
data no contrato anexado aos autos.

Oportuno assinalar o recente julgado no âmbito do Colendo TST, que vem reforçar ainda
mais, como verdadeira orientação jurisprudencial, o sentido da prescrição é de dois anos
após o rompimento do pacto laboral, senão, vejamos o que diz um artigo com a tese jurídica
aplicada:

https://www.direitonet.com.br/noticias/exibir/8090/TST-prescricao-nao-atinge-
direito-a-anotacao-na-carteira

O pedido de anotação do vínculo de emprego na Carteira de Trabalho e Previdência


Social – CTPS, reconhecido em decisão judicial, não está sujeito à regra da prescrição.
A inexistência do obstáculo foi confirmada em decisão unânime da Primeira Turma do
Tribunal Superior do Trabalho, ao negar recurso de revista à Camargo Corrêa S/A –
Construções e Comércio S/A.

A discussão judicial teve origem em maio de 2000, quando um ex-empregado


ingressou, na primeira instância, com reclamação trabalhista contra a empresa de
construção civil. Além do vínculo de emprego, buscou o pagamento de verbas e
diferenças salariais. Todos os pedidos foram negados, pois considerados prescritos,
uma vez que formulados mais de dois anos após o desligamento do trabalhador.

O Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (com sede em Campinas – SP),


contudo, deferiu parcialmente um recurso do trabalhador. Com base em provas orais
do processo, foi-lhe assegurado o direito à anotação da CTPS, correspondente ao
período de um mês de prestação de serviços, entre fevereiro e março de 1998. Os
demais pedidos foram negados, pois o direito de ação do trabalhador foi exercido além
do prazo de dois anos (prescrição).
“Tendo sido rompida a relação em março de 1998, proposta a ação em maio de 2005,
estão prescritos os direitos patrimoniais relativos ao contrato, com exceção do direito
à declaração da existência do vínculo de emprego”, explicou o acórdão do TRT .

[...] Fonte: TST - Tribunal Superior do Trabalho

É notório na Justiça do Trabalho que é de dois anos após o rompimento do pacto laboral,
nos termos do art. 11 caput da CLT o limite do prazo prescricional para reclamar em juízo
de possível PRETENSÃO quanto a créditos resultantes do contrato de trabalho já encontra-
se prescrito, pois o contrato apresentado pelo Demandante demonstra que o pacto laboral
iniciou-se em 05 de novembro de 2015 e teve fim em 30 de março de 2016.

Logo, inegável pela extinção do processo diante da prescrição bienal.

Outrossim, narra o Demandante que sua atividade de prestação serviço teve início em 23
de agosto de 2015 à 05 de novembro de 2016, perfazendo 15 (quinze) meses, ora, aonde
está de fato a verdade? Sendo que o contrato apresentado nos autos formalizado entre as
partes contabiliza 04 (quatro) meses de serviços e pagamento de R$14.000,00 (quatorze mil
reais), sendo o início em 05/11/2015 e fim em 30 de março de 2016. Dada a data do contrato,
o direito encontra-se prescrito desde 30 de março de 2018.

Assim, pugna pela improcedência imperiosa da presente ação por total falta de previsão
legal quanto ao pedido do Demandante, bem como pela ocorrência da prescrição bienal.

III. SINOPSE DOS FATOS

a) DO CONTRATO DE TRABALHO

O Demandante foi contratado na sua pessoa jurídica, inscrito no CNPJ nº 24.516.378/0001-


00 (cartão CNPJ e Certificado da Condição de Microempreendedor Individual anexo) para
prestação de serviços na área da Construção Civil, conforme contrato estipulado e, o objeto
do referido contrato sem vínculo empregatício na cláusula 1ª estipula o prazo, com o início
da execução 05 de Novembro de 2015 e finalizando 30 de Março de 2016, conforme contrato
de prestação de serviço anexo nos autos.

Insta ressaltar que a prestação de serviços fora contratado de acordo com as disposições
gerais do Código Civil no titulo V, artigo 421, caput, leia:
“A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do
contrato”.

O Demandante em nenhum momento foi contratado com vínculo empregatício, o mesmo se


apresentou como MEI e, tendo em vista esse requisito para realizar a prestação de serviços
assinou o contrato referente a uma obra de benfeitoria realizada para Gerdel Construções
LTDA, ora Demandada.

A relação de contrato de prestação serviços de construção civil, teve vigência entre 05 de


Novembro/2015 a 30 de Março de 2016, conforme clausula 2ª do referido contrato, todo
serviço executado nesse período foi pago R$14.000,00 (quatorze mil reais) em 05 (cinco)
vezes de R$2.800,00 (dois mil e oitocentos reais), conforme os comprovantes de recibos
apresentados anexados na contestação. Destarte, a obrigação encontra -se quitada.

Contudo, resta demonstrar nos autos que a intenção do Demandante é iludir a justiça, pois
este se apresentou como microempreendedor e, se é um microempreendedor, por que não
consta no extrato do seu CNIS junto ao INSS, o recolhimento do seu tributo, (doc. em
anexo)?

Diante de tais indagações, presume-se que o Demandante quis ludibriar a Demandada


apresentando-se como MEI para, ao final vir na Justiça do Trabalho com intuito de auferir
vantagem econômica, pois sabe que na Justiça do Trabalho a primazia da realidade dos
fatos é um dos princípios que norteia as ações reclamatórias trabalhista, contudo, a nova
legislação trabalhista é mais rígida e pune rigorosamente quem tentar usar do processo para
obter vantagem indevida, conforme o art. 81, caput do CPC.

Assim, não merece prosperar a pretensão autoral, pelos fatos e fundamentos a seguir:

IV. DA FUNDAMENTAÇÃO DO DIREITO

O art. 3º da CLT define bem o que é empregado, leia:

Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de


natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
(Grifo Nosso)
O caso em tela não trata de uma relação com vínculo empregatício, trata-se de uma relação
contratual puramente civil, pactuada entre duas pessoas jurídicas, conforme contrato
anexado nos autos.

O contrato pactuado entre as partes, teve como objeto a prestação de serviço de alvenaria
por empreitada no valor de R$14.000 (quatorze mil reais) e, foi devidamente adimplido mês
a mês, conforme recibos de quitação obrigacional assinado pelo Contratado, ora
Demandante, (doc. em anexo).

a) DA AUSÊNCIA DE VÍNCULO EMPREGATÍCIO

O reclamante alega em sua inicial que começou a trabalhar para a empresa reclamada no
dia 23/08/2015 tendo sido dispensado no dia 05/11/2016.

Contudo, diante do exposto, requer que seja excluído o reconhecimento do vínculo


empregatício, pois o prestador de serviços, ora Demandante, em nenhum momento
trabalhou subordinado a reclamada, ademais, não produziu qualquer prova para sustentar
suas alegações acerca do VÍNCULO EMPREGATÍCIO, TENDO SIDO APRESENTADO
TÃO SOMENTE O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM FLS. 15 DOS
AUTOS, referente ao PERÍODO 05/11/2015 a 30/03/2016, não juntou sequer um
comprovante de pagamento de salário ou qualquer outra prova que demonstrasse o vínculo
empregatício que, na atual conjuntura da nova legislação trabalhista, este ônus lhe incumbia
(artigos 818 da CLT e 373, inciso I, do NCPC), desta feita, resta inverídicas suas alegações
em face do documento apresentado que, notadamente se trata de relação de contratual
entre pessoas jurídicas.

Contudo, resta demonstrar nos autos que a intenção do Demandante é iludir a justiça, pois
este se apresenta como microempreendedor e, não consta no extrato do seu CNIS junto ao
INSS, qualquer recolhimento previdenciário, (doc. em anexo). A pergunta é, por que e com
qual intenção se apresentou como microempreendedor para com a Demandada?

Diante de tais indagações, presume-se que o Demandante ludibriou a Demandada


apresentando-se como MEI para, ao final vir na Justiça do Trabalho com intuito de auferir
vantagem econômica, pois sabe que na Justiça do Trabalho a primazia da realidade dos
fatos é um dos princípios que norteia as ações reclamatórias trabalhista, contudo, a nova
legislação trabalhista é mais rígida e pune rigorosamente quem tentar usar do processo para
obter vantagem indevida, conforme o art. 81, caput do CPC.
Assim, não merece prosperar a pretensão de declaração de vínculo de emprego em período
anterior ao formalizado, bem como a anotação da carteira de trabalho e previdência social.

b) DA INEXISTÊNCIA DE ACÚMULO DE FUNÇÃO

O Demandante, mediante contrato de prestação de serviço através da sua microempresa,


(MEI) foi contratado como prestador de serviço para função de pedreiro de empreitada e
tendo sido ele o seu próprio encarregado, descaracterizando assim, acúmulo de função.

O Contratado tinha por obrigação informar a Contratante o andamento da obra, haja vista
que ele era o responsável pelo andamento, bom desempenho e a conclusão dos serviços a
ele atribuídos.

De mais a mais, as tarefas de alvenaria para o qual foi contratado é de baixa complexidade
e de sua inteira responsabilidade, pois o contrato foi lido e assinado por ambos e, não houve
sequer qualquer questionamento no decorrer do contrato.

Deste modo, não há que se falar em acúmulo de função, muito menos e vínculo
empregatício, sendo refutado qualquer adicional de 50% (cinqüenta por cento) como quer o
Demandante.

Entretanto, se Vossa Excelência entender pelo vínculo empregatício, resta saber que o
PLUS salarial não lhe é devido, pois nada mais fizera além do que era atribuído pela sua
prestação de serviço.

Junta o entendimento do TRT da 4ª Região, para demonstrar que a pretensão da


Reclamante é descabida:

"PLUS SALARIAL. ACÚMULO DE FUNÇÃO. O pedido do reclamante


não está fundamentado em plano de carreira organizado ou instrumento
normativo da categoria do qual conste a descrição do conteúdo
ocupacional da função desempenhada. Assim, a delimitação do
conteúdo ocupacional da função contratada faz-se em atenção às
atividades ordinariamente exercidas e ao que dispõe o parágrafo
único do artigo 456 da CLT. Nesse sentido, as atividades que fizeram
parte da rotina de trabalho do empregado, salvo flagrante
incompatibilidade com a sua condição pessoal presumem-se inseridas
no conteúdo ocupacional da função contratada e, portanto, abarcada a
respectiva remuneração pelo quantum originalmente ajustado. No caso,
as atividades em relação às quais o reclamante postula plus salarial
estão associadas à função contratada, não configurando tarefas de
maior complexidade, nem mesmo incompatibilidade com a sua condição
pessoal. (TRT da 4ª Região, 4a. Turma, 0000666-40.2011.5.04.0014
RO, em 14/06/2012, Juiz Convocado Lenir Heinen - Relator.
Participaram do julgamento: Desembargador Ricardo Tavares Gehling,
Desembargador João Pedro Silvestrin).

Como regra geral, o acúmulo de função tem caráter excepcional, pois só incide quando
incompatíveis as funções desempenhadas, ou por expressa previsão normativa (legal ou
convencional); isto é, a contratação do trabalhador para exercer certa função não obsta a
que ele venha a desempenhar, licitamente, tarefas compatíveis e/ou correlatas com essa
função. É essa a idéia que se extrai, inclusive, do disposto no art. 456, § único, da CLT.

O parágrafo único do artigo 456 da CLT assegura que o empregador pode exigir do
empregado qualquer atividade lícita dentro da jornada normal, desde que seja compatível
com a sua condição pessoal e que não esteja impedida no seu contrato de trabalho.

Portanto, no caso em tela, não se verifica o exercício de atividade incompatível com a


condição pessoal do Demandante, nem alheia a sua função, tampouco o exercício de
atividade ilícita.

Desta forma, este o ônus incumbe ao Demandante, o de provar que de fato ocorreu acúmulo
de função.

c) DAS HORAS EXTRAS

O Demandante, trabalhava das 07h00min às 16hmin, de segunda a sexta-feira, com


intervalo de 01 (uma) hora para almoçar.

Insta ressaltar que sua rotina de trabalho era o próprio reclamante que estabelecia, pois ele
era seu próprio subordinado, como pode se depreender do contrato de trabalho.

Não vislumbra hora extra a pessoa jurídica prestadora de serviços.

d) DAS FÉRIAS
Não há que se falar em férias, pois o reclamante jamais trabalhou de empregado para a
Demandada, exaustivamente, para corroborar com a verdade dos fatos, a relação contratual
é demonstrada nos autos por um contrato de prestação de serviços.

e) DAS VERBAS RESCISÓRIAS

Conforme já exposto Excelência, por entender que suas obrigações do Reclamante se


originaram de um contrato puramente civil, não resta outra alternativa, senão requerer a
improcedência das verbas rescisória, tendo em vista que a obrigação do Contratante
encontra -se quitada (comprovante anexo) de acordo com as regras do Código Civil.

Caso Vossa Excelência não entenda pela ilegitimidade passiva e, que a relação entre as
partes não seja puramente civil, insta observar a prescrição bienal do Demandado.

É notório na Justiça do Trabalho que é de dois anos após o rompimento do pacto laboral,
nos termos do art. 11 caput da CLT o limite do prazo prescricional para reclamar em juízo
de possível PRETENSÃO quanto a créditos resultantes do contrato de trabalho já encontra-
se prescrito, pois o contrato apresentado pelo Demandante demonstra que o pacto laboral
iniciou-se em 05 de novembro de 2015 e teve fim em 30 de março de 2016.

Logo, inegável pela extinção do processo diante da prescrição bienal.

Outrossim, narra o Demandante que sua atividade de prestação serviço teve início em 23
de agosto de 2015 à 05 de novembro de 2016, perfazendo 15 (quinze) meses, ora, aonde
está de fato a verdade? Sendo que o contrato apresentado nos autos formalizado entre as
partes contabiliza 04 (quatro) meses de serviços e pagamento de R$14.000,00 (quatorze mil
reais), sendo o início em 05/11/2015 e fim em 30 de março de 2016. Dada a data do contrato,
o direito encontra-se prescrito desde 30 de março de 2018.

Assim, pugna pela improcedência imperiosa da presente ação por total falta de previsão
legal quanto ao pedido do Demandante, bem como pela ocorrência da prescrição bienal.

V. DO DANO MORAL

Narra o reclamante que no dia 21/11/2018 sofreu acidente de trabalho no qual quebrou um
dedo da mão e que foi apresentado a Demandada um atestado médico, contudo, continuou
trabalhando.
É importante salientar que, o Demandante apresenta um atestado médico inconsistente
como prova do suposto acidente de trabalho, digo isso, em razão da divergência da data do
relatório médico para a data preenchida na folha, pois o relatório médico se deu na data de
25/02/2015, data essa, que o reclamante sequer conhecia a reclamada, embora o suposto
atestado médico tenha sido datado em 21/11/2015, ora, mais prudente seria um laudo
médico, raio X, bem como o prontuário médico de atendimento do hospital que o atendeu.

Portanto, a alegação de acidente de trabalho deve ser refutada por dois fatores:

-Primeiro, não existia vínculo empregatício entre as partes, pois o Demandante era prestador
de serviços pelo qual foi contratado com valor ajustado entre as partes;

-Segundo, não foi apresentado nos autos o laudo médico com raio X, que demonstrariam o
nexo do atestado, bem como o prontuário médico de atendimento do hospital, pois um mero
atestado, sem laudo e ausente outros requisitos, não enseja dano moral;

Ademais, o atestado apresentado nos autos refere-se a enfermidade classificada sob o CID
S62.3 (Fratura de outros ossos do metacarpo), é imprescindível a presença de raio-X
seguido de um laudo, o Demandante surpreendentemente aponta um indício de má fé, ao
classificar um atestado médico como se laudo fosse.

O atestado médico é uma afirmação simples e por escrito de um fato médico, por sua
vez, o Laudo é o parecer escrito e fundamentado do perito sobre a matéria submetida
à sua apreciação, contendo exposição das objeções e ocorrências, apresentando
suas conclusões.

VI. DOS HONORÁRIOS ADVOCATICIOS

Tratando-se de litígio decorrente da relação CONTRATUAL, puramente CIVIL, destarte, os


honorários ADVOCATÍCIOS é devido, ainda que se trate de ação em curso na Justiça do
Trabalho, cabível a condenação em honorários advocatícios integrante da penalidade
prevista no art. 81 do NCPC, de aplicação subsidiária, pois não tem como fato gerador a
sucumbência do autor, mas a prática de ato de má-fé, contrário aos princípios basilares de
justiça e probidade. (TRT 17ª R., RO 0000092 -73.2014.5.17.0006, Rel. Desembargadora
Claudia Cardoso de Souza, DEJT 24/09/2014).
Assim, requer seja deferida a condenação do Reclamante em honorários advocatícios.

VII. DOS REQUERIMENTOS

1) Isto posto, requer a Vossa Excelência o recebimento da presente Contestação, bem


como sua apreciação para acolher a preliminar e:

a) indeferir a AJG ao Demandante por tratar de pessoa jurídica e, não comprovar


documentadamente a necessidade da gratuidade da justiça;

b) extinguir a presente ação reclamatória trabalhista por ausência do recolhimento das


custas processuais, nos moldes do art. 844, § 3º da CLT;

c) que seja reconhecida a incompetência absoluta da Justiça do Trabalho em razão do pacto


contratual formalizado de acordo com o art. 421 Código Civil sob contrato de prestação de
serviço entre pessoas jurídicas e;

2) No mérito, requer:

a) que seja julgada totalmente improcedente a presente demanda;

b) que seja descaracterizado o vínculo empregatício por força do contrato pactuado e sua
função social, bem como, em razão dos princípios que norteiam a boa-fé objetiva, se, assim
não entender Vossa Excelência, requer a prescrição bienal, nos parâmetros do art. 11, da
CLT;

c) que seja aplicada a prescrição bienal nos parâmetros do art. 11, da CLT, dada a data do
contrato e a protocolização da primeira petição inicial em 10/10/2018, o direito encontra-se
prescrito desde 30 de março de 2018;

d) que seja refutado o pedido de danos morais em razão de ausência de elementos que
comprovam a veracidade dos fatos, bem como a divergência dos fatos narrados com o que
se apresenta no atestado médico sem força de prova;

e) que seja reconhecida a inépcia da inicial com a aplicação do art. 330, inciso III, do CPC;
f) requer a condenação do Demandante para pagamento da multa com fixação de um a dez
por cento do valor da causa por litigância de má-fé, nos moldes do artigo 81 caput, do NCPC,
com fundamento no art. 80, inciso II, III e V, do NCPC, por alterar a verdade dos fatos, usar
do processo para obter objetivo ilegal e, proceder de modo temerário no processo;

g) requer pagamento dos honorários advocatícios integrante da penalidade prevista no art.


81 do NCPC, de aplicação subsidiária, pois não tem como fato gerador a sucumbência do
autor, mas a prática de ato de má-fé, contrário aos princípios basilares de justiça e
probidade;

h) Protesta por todos os meios de prova em direito admitido provar, documentalmente,


pericialmente e, em especial, o depoimento pessoal do Demandante e testemunhas.

Nestes termos pede deferimento.

Vitória ES, 12 de agosto de 2019

ELIAS GUIMARÃES MOTTA

OAB /ES Nº 27.570

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