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PENSAMENTO POLÍTICO
BRASILEIRO
1ª Edição
Indaial - 2021
UNIASSELVI-PÓS
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
ISBN 978-65-5646-408-4
ISBN Digital 978-65-5646-409-1
1. Romantismo. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 869
Impresso por:
Sumário
APRESENTAÇÃO.............................................................................5
CAPÍTULO 1
Formação do Campo Intelectual Brasileiro.............................. 7
CAPÍTULO 2
Intelectuais do Século XIX: Entre o Liberalismo e o Conser-
vadorismo...................................................................................... 47
CAPÍTULO 3
Século XX: Tensões e Disputas na Edificação da Modernidade
Brasileira....................................................................................... 99
APRESENTAÇÃO
Prezado/a, este livro é dedicado à reflexão dos principais aspectos que
marcaram a formação do pensamento político brasileiro. Compreender o que é
o pensamento político, como ele se constituiu e os principais fatos que assinalam
sua edificação no Brasil, são os eixos centrais desta obra.
Boa leitura!
C APÍTULO 1
FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL
BRASILEIRO
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O capítulo 1, Formação do campo intelectual brasileiro, oferece ao/a
leitor/a um olhar preliminar a respeito dos alicerces que constituem a gênese do
pensamento político brasileiro. A fim de cumprir com esse intento, o capítulo está
dividido em três seções.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
2 DA POLÍTICA AO PODER:
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
Em nossos dias, é comum a rejeição do sujeito aos assuntos ligados à esfera
pública, independentemente da classe social, da etnia, da língua, da cultura e
do lugar. Essa rejeição nasce do descredito pela política. O indivíduo entende
que ela não dá suporte na resolução de seus problemas práticos. Por exemplo,
aqueles ligados ao acesso e permanência à saúde, emprego, renda, educação e
bem estar são objeto, ou pelo menos deveriam ser, da política. Tomando como
ponto de partida esse desencanto, uma pergunta se impõe: afinal o que é política?
https://www.youtube.com/watch?v=lcdqEIPalbM
FIGURA 1 – POLÍTICA
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
https://www.youtube.com/watch?v=kWOYoL0st5M
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FIGURA 2 – ÉTICA
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
https://www.youtube.com/watch?v=vlVz66WBxVE
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
https://www.youtube.com/watch?v=qef7DPmxAXQ
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
O analfabeto político
Por mais paradoxal que seja, a segunda marca versa sobre o preconceito
contra a política como expressão da ação política. Uma ação de natureza contra-
política, que gera consequências não só para quem é emissário dela, mas
para todo o corpo social que se move em benefício da política. Ambos estão
subordinados a tal desencanto. Isso porque o coro dos descontentes é maioria.
Uma maioria direcionada por uma minoria, composta por aqueles que são estão
vinculados à política, que, ardilosamente, não só se beneficiam dos desencantos
do coletivo, como também os insuflam. As vozes bem intencionadas, pautadas
na ética, são uma parcela limitada. Essa é uma realidade que necessita ser
enfrentada para que se possa restaurar o gosto pela socialização com os assuntos
coletivos.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://acervo.oglobo.globo.com/rio-de-historias/comicio-
das-diretas-levou-milhoes-de-pessoas-as-ruas-no-rio-em-sao-
paulo-em-1984-8883947>. Acesso em: 18 abr. 2021.
FIGURA 5 – PODER
FONTE: <http://www.mimosoinfoco.com.br/politica/de-
quem-e-o-poder/>. Acesso em: 18 abr. 2021.
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
Para ficar nítido o que foi dito acima, vamos a um exemplo. Suponhamos
que um coletivo de moradores deseja construir uma praça recreativa em um
terreno público, próximo de um conjunto de casas populares, localizado em uma
modesta cidade. São as relações de poder com a prefeitura e a secretaria de
obras e infraestrutura que mobilizarão recursos, maquinário e mão de obra para
a materialização dessa iniciativa. Essas relações serão acionadas e conduzidas
pelo coletivo de moradores, que será beneficiado por essa ação política da
prefeitura, via secretaria. Nesse exemplo, observa-se que a política é a ação
humana voltada para o bem comum da coletividade pela construção da praça
recreativa. E o poder são os meios empregados para conquistar o que se deseja,
o diálogo com a prefeitura e com a secretaria de obras e infraestrutura no qual
conferiu sua estrutura (recursos, tecnologia e pessoas) para a realização desse
desejo coletivo de ter a praça.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/intuitio/article/
view/5226
A segunda forma pela qual o poder se apresenta é pelo viés ideológico. São
as ideias dos moradores, representadas pelo desejo de construção de uma praça
recreativa em um espaço público não utilizado, que fazem o papel persuasivo no
gestor público, a ponto deste dispensar recursos, maquinário e mão de obra na
viabilização desse ideal. Ainda falando de poder, essa concessão pública não é
desinteressada. Lançando outra hipótese sobre esse exemplo, pode ocorrer que,
ao fazer isso, o prefeito, no próximo pleito, queira uma atenção especial desses
moradores, no sentido de apoio, votos, engajamento em sua provável campanha,
para se manter na gestão.
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
FONTE: <https://descomplica.com.br/artigo/questoes-
comentadas-tipos-de-democracia/4nQ/>.
Acesso em: 18 abr. 2021.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
https://www.youtube.com/watch?v=8SnLpe5WAhY
FONTE: <https://www.em.com.br/app/charge/2020/02/08/interna_
charge,1120330/o-poder-da-ignorancia.shtml>. Acesso em: 18 abr. 2021.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://mobilizacoessociaisnasruasdobrasil.wordpress.com/2014/09/27/
analise-de-discurso-das-charges/>. Acesso em: 18 abr. 2021.
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
Outro aspecto da leitura elaborada por Foucault (1979) é que o poder não
é um artifício natural. Isto é, não é algo que nasce com o sujeito. O poder é uma
invenção sócio-histórica. Trata-se de um exercício aprendido no tempo, posto em
circulação pelos indivíduos por meio das relações estabelecidas baseadas no
poder.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Como toda área do saber, a teoria política também não é homogênea, isto é,
há uma variedade de estudiosos que a entendem de maneira distinta. Para ilustrar
essa afirmação, toma-se o caso dos teóricos utopistas e dos teóricos descritores
de sociedades perfeitas. Da primeira vertente, cita-se o nome de Platão, dedicado
a pensar um ideal de sociedade sem projeção com a realidade. E da segunda
vertente, lembram-se dos nomes de Cícero e Thomas de Aquino, focados no
entendimento da legitimidade do Estado a partir da realidade.
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
Ciente de que a teoria política está longe de ser uma área do conhecimento
homogênea, mas sim plural, que existem teorias políticas, observa-se que a teoria
política é um horizonte do saber dedicado a pensar a polis, a cidade, as tramas
e dilemas que cercam a vida urbana em comunidade. Nesse sentido, ao meditar
sobre tais tramas e dilemas, ela considera os limites e possibilidades do Estado
como expressão da política. A teoria política, portanto, é dedicada a pensar o
Estado.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://www.monolitonimbus.com.br/diagrama-
de-nolan/>. Acesso em: 18 abr. 2021.
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
Para deixar nítido para o/a leitor/a esse importante argumento que comunica
um traço marcante da teoria, vamos a outro exemplo. Os partidos políticos de
um sistema democrático pautado na representação são as vozes da população
que elegeu determinado candidato/a para um cargo público, vereador, prefeito,
deputado, senador e presidente da república. Classificar as diferenças partidárias
é comum. Podemos dizer que, historicamente, o DEM (Democratas), partido
político de centro-direita, de legenda liberal, atua em prol dos interesses do
empresariado nacional. Ao afirmarmos que uma legenda é liberal, estamos
assinalando que se trata de uma ideologia política que almeja a intervenção
mínima do Estado nos assuntos econômicos. O vocábulo liberal é empregado
para assinalar a liberdade econômica, a não prestação de contas para o Estado
das decisões financeiras empregada pela iniciativa privada.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Ideologia, de Cazuza
Meu partido
É um coração partido
E as ilusões estão todas perdidas
Os meus sonhos foram todos vendidos
Tão barato que eu nem acredito
Eu nem acredito ah
Que aquele garoto que ia mudar o mundo
Mudar o mundo
Frequenta agora as festas do “Grand Monde”
Meus heróis morreram de overdose
Eh, meus inimigos estão no poder
Ideologia
Eu quero uma pra viver
Ideologia
Eu quero uma pra viver
O meu tesão
Agora é risco de vida
Meu sex and drugs não tem nenhum rock ‘n’ roll
Eu vou pagar a conta do analista
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
3 CONCEITUANDO CAMPO
INTELECTUAL
Esta seção visa discorrer a respeito da categoria campo intelectual. Para
compreendê-la, de imediato, duas perguntas se impõem. O que é o campo
intelectual? E o que é o intelectual? Para responder à indagação sobre o que
é o campo intelectual, dialogaremos com o sociólogo francês Pierre Bourdieu
(2004), responsável pela formulação da categoria. E para retomar à interrogação
sobre o que é o intelectual, a palavra será concedida ao sociólogo húngaro Karl
Mannheim (2001).
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/81012/mod_resource/
content/1/Texto%2016%20Os%20intelectuais%20e%20o%20poder.
pdf
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
FONTE: <https://www.caoquefuma.com/2020/09/os-intelectuais-
e-sociedade.html>. Acesso em: 18 abr. 2021.
De acordo com o que foi dito acima, entende-se um dos traços do campo
intelectual: ele é portador de uma autonomia relativa. É relativa porque mesmo
dispondo de uma agenda própria, de leis específicas, ele sempre é passível
de influência externa, conforme observado no exemplo registrado. Os poderes
internos, representados pelo próprio campo intelectual, estarão sempre em conflito
com os poderes externos, identificados em outros campos, como o político. Mas
outros campos também rivalizam com o campo intelectual, o religioso, o jurídico e
outros tantos.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
https://www.youtube.com/watch?v=F2WXVTdfAOk
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu, isso é uma ficção que nunca teve
correspondência com a realidade. Isso porque toda ciência é intencional; toda
ciência tem um lado; toda ciência é dotada de opinião; toda ciência é guiada por
alguma ideologia. Por exemplo, na modernidade, orientada pelo campo intelectual,
a ciência foi adepta da ideologia racial. Não só adepta, como parteira desta. O
racismo é uma ideologia elabora nas entranhas da ciência, no interior do campo
intelectual. Ou seja, a hierarquização racial, baseada na crença da superioridade
branca e na inferioridade negra, foi legitimada pela ciência produzida no campo
intelectual.
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
FONTE: <http://www.cienciaecultura.ufba.br/agenciadenoticias/noticias/o-lado-sujo-
da-ciencia-e-a-consolidacao-do-racismo-cientifico/>. Acesso em: 18 abr. 2021.
https://www.youtube.com/watch?v=XW_JFbPgaI4
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Vamos para um exemplo para deixar cristalino para o/a leitor/a o que está
sendo dito. Um exemplo positivo de quando a intelligentsia age em prol do
bem estar social. O ano de 2020 é assolado por uma pandemia que devasta
todo o globo, devido a infecção provocada pelo novo Corona Vírus. A tarefa de
decodificação da realidade, marcada pela crise sanitária, bem como os caminhos
para prevenção e imunização das vidas, cabem aos intelectuais. São eles – nas
figuras profissionais de médicos/as, infectologistas, enfermeiros/as, biólogos/as,
biomédicos/as, cientistas sociais, entre outros expoentes do campo intelectual
– os responsáveis pela condução da humanidade, para que assim possamos
sair desse tortuoso labirinto pandêmico que vem ceifando tantas vidas em
todo o mundo, causando pânico, dores e sofrimentos. Dito isso, retomamos à
caracterização da inquietante figura do intelectual.
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
foi estudado, concluiu a exposição sobre o campo intelectual dizendo que não
existe neutralidade científica. Para corroborar com o que foi dito, basta olharmos
para o campo intelectual brasileiro.
Basta olharmos para seus intelectuais, tal como Gilberto Freyre, que será
estudado no terceiro capítulo deste livro. Trata-se de um intelectual que não é
descendente de uma classe pobre, mas o contrário, é descendente de uma classe
abastada. E isso repercutiu na invenção do Brasil disseminada em suas obras.
Um Brasil observado a partir dos lugares sociais que este importante intérprete do
Brasil ocupou historicamente no país. Freyre inventou o Brasil da varanda da Casa
Grande. Este que é, como sabemos, um lugar elitista, mensageiro dos privilégios
de classes. Suas textualidades trazem essa marca. Por isso, as contribuições de
Freyre não são isentas do ethos (essência) de sua classe social. Ele contribui
com a consolidação dessa classe, a dos detentores dos meios de produção, em
suas obras. Por isso, voltando a Mannheim, sua visão de intelectual apartado de
um posicionamento de classe não se sustenta diante da multifacetada realidade
social.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
FONTE: <http://cariricult.blogspot.com/2008/03/8-de-maro-h-200-anos-famlia-real.html>.
Acesso em: 18 abr. 2021.
Diante do que foi apresentado, o/a leitor/a pode perguntar: a quem essas
instituições serviram? Qual é a relação delas com o recém-nascido campo
intelectual brasileiro? Vamos por parte. A resposta à primeira pergunta, a quem
serviu essas instituições, diz respeito à instauração no Brasil da Corte Real. Ou
seja, essas instituições atenderam, a um só tempo, Dom João VI e sua comitiva,
assim como também o campo intelectual brasileiro nascente. A segunda pergunta,
calcada na relação dessas instituições com o campo intelectual brasileiro, versa
sobre a aproximação entre o campo intelectual e o poder temporal. À medida
que os intelectuais brasileiros se beneficiaram de tais instituições, nota-se o
estabelecimento de uma estreita relação entre ambos.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://biblioo.info/a-academia-brasileira-de-letras-e-as-suas-escolhas/>.
Acesso em: 18 abr. 2021.
Em face do exposto uma indagação se levanta: por que era comum tal
aproximação entre ambos os campos intelectual e político? Quem responde a
esta pergunta é a cientista social Lúcia Neves. Nas palavras da autora, isso isso
foi necessário devido à precariedade do campo intelectual nascente, que não
dispunha de instituições próprias, para que assim pudesse caminhar de maneira
autônoma.
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
Para situar o/a leitor/a diante de um entre tantos outros exemplos que
sustentam essa afirmação, a da proximidade entre os campos intelectual e
político, recuamos às palavras da antropóloga Mariza Veloso e da crítica literária
Angélica Madeira. São elas que explicam que essa relação era benéfica para
ambos os campos. O campo intelectual tinha vez e voz junto às instituições
políticas. Este auxiliou o campo político, como já foi dito, na árdua tarefa de
pensar o Estado nacional moderno brasileiro. A geração dos homens das letras
da segunda metade do século XIX, denominada de Geração de 1870, foi a que
assumiu de modo aberto, essa gloriosa missão. O campo político era beneficiado,
pois tinha o desafio de pensar a nação brasileira diante da heterogeneidade de
seu povo e suas terras. Esse desafio é traduzido na seguinte pergunta: qual é
o lugar do índio, do negro e da singularidade geográfica nacional, a selva, na
constituição de um país administrado por eurodecendentes?
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Como já abordado aqui, todo campo intelectual é orientado por uma ideologia.
E a ideologia formativa dos homens das letras do século XIX era a racial. Nesse
sentido, não apenas o indígena e o meio geográfico eram perseguidos por essa
gente. Mas também o negro, trazido para as Américas, sobretudo para o Brasil,
durante o período colonial, no regime escravista.
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Este capítulo, intitulado de A formação do campo intelectual brasileiro,
foi dividido em três seções, nas quais buscou-se salientar para o/a leitor/a os
principais fatos que inauguraram à configuração da intelectualidade nacional.
Essa tarefa foi necessária para o entendimento da construção desse campo como
desdobramento da criação do pensamento político brasileiro.
Para isso, o estudo foi iniciado com a seção “Da política ao poder:
considerações preliminares”. Ali a política foi conceituada a partir da visita aos
teóricos Aristóteles, Norberto Bobbio e Hannah Arendt. Ainda nessa seção
abordou-se o poder. Para que o/a leitor/a compreendesse a singularidade
existente entre política e poder e o lócus de atuação de ambos. Para pensar o
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
poder, autores como Immanuel Kant, Michel Foucault e Márcio Stoppino foram
consultados. O conceito de teoria política também encontrou passagem nesta
seção. Aprendemos o que é teoria política e suas especificidades. Para entender
o que é essa importante área do saber que deu vida ao desenvolvimento do
pensamento político brasileiro, dialogamos com Alessandro D`Entreves.
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Capítulo 1 FORMAÇÃO DO CAMPO INTELECTUAL BRASILEIRO
REFERÊNCIAS
ARENDT, H. O que é política? Tradução Reinaldo
Guarany. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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C APÍTULO 2
INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX:
ENTRE O LIBERALISMO E O CONSERVA-
DORISMO
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Este capítulo tem como pano de fundo as discussões do campo intelectual
do século XIX, perpassadas pelas ideologias liberais e conservadoras que
envolviam não somente o plano da política institucionalizada por meio de partidos
políticos, mas também alcançava todos os meandros do tecido social mergulhado
em visões de mundo específicas, assinaladas pela manutenção das hierarquias
sociais, espaciais e raciais, que marcaram a nossa estrutura política e que ainda
impactam o pensamento político da atualidade.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
FONTE: <https://docplayer.com.br/71012308-Brasil-no-seculo-xix-segundo-reinado.html>.
Acesso em: 2 maio 2021.
51
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <http://www.ambientelegal.com.br/jose-bonifacio-de-andrada-e-
silva-e-precursor-do-direito-ambiental/>. Acesso em: 2 maio 2021.
52
Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
FONTE: <https://jesuegraciliano.wordpress.com/reflexoes/
jose-bonifacio-uma-grande-lideranca-do-brasil/>.
Acesso em: 2 maio 2021.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
FONTE: <https://jesuegraciliano.wordpress.com/reflexoes/
jose-bonifacio-uma-grande-lideranca-do-brasil/>.
Acesso em: 2 maio 2021.
55
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <http://profedeborahistoria.blogspot.com/2012/03/231-
e-232-questoes-sobre-independencia.html>.
Acesso em: 2 maio 2021.
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Na sua concepção era possível fundir brancos, negros e indígenas para dar
origem a uma população mestiça que no século XX se tornou uma visão de mundo
com teorias que ampliaram, ressignificaram e reconfiguraram essa ideologia da
mestiçagem. Ademais, defendia a construção de uma nova capital para o Brasil e
na sua versão a região seria onde na atualidade é Brasília. O nome de Brasília foi
sugerido por esse grande personagem da nossa história. Acerca desse assunto,
vale a pena recorrermos a seguinte explicação:
O seu pensamento político foi influenciado por Humboldt e isso lhe gerou a
ideia de que uma parte importante das riquezas do Império estava na preservação
da biodiversidade. Considerando esse aspecto, Weffort (2011, p. 161) afirma que
possuía a “[...] preocupação ecológica de obrigar a que os proprietários de terra
deixem para matos e arvoredos a sexta parte do terreno, que nunca poderá ser
derrubada e queimada sem que se façam novas plantações de bosques”. Assim,
em sua visão era possível construir um Império rico, próspero e grande, para
tanto, era preciso repensar as raízes do Brasil como forma de ancorar os grandes
projetos nacionais que deveriam ser fruto de discussões amplas e amadurecidas.
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
FONTE: <https://apaixonadosporhistoriacanal.com/2020/10/02/jose-
bonifacio-de-andrada-e-silva-o-patriarca/>. Acesso em: 2 maio 2021.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://conhecimentocientifico.r7.com/dia-do-fico/>.
Acesso em: 2 maio 2021.
Com isso Dom Pedro I nomeou José Bonifácio ministro do reino e dos
estrangeiros e com o cargo e articulação política foi buscar apoio para a
independência do Brasil em Londres, em Paris, na Argentina e assim sedimentou
todo o contexto favorável para que em 7 de setembro de 1822 gritasse a
independência.
Era um liberal que prezava muito pelas liberdades individuais que não
estavam fixadas em códigos, leis e constituições. Naquela época, fez a defesa
na constituinte uma posição de finalização progressiva da escravatura. Pontua-
se que, em 1822 e 1823, essa manifestação era vista como radical, em função
de que nenhuma colônia inglesa havia abolido a escravidão e se tinha notícia
somente do Haiti que havia enfrentado essa realidade e as consequências foram
o desmantelamento da economia. Falcão (1963, p. 156-157) contextualiza que
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
José Bonifácio lutou muito pela abolição, sobretudo mais ao final de sua
vida, e ajudava em causas que colaboraram para a criação de uma nova ordem
social. Desenvolveu toda uma compreensão de que a justiça estava distante da
legalidade e a sua morte acontece antes da abolição da escravatura.
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
Lembrando que a vinda da família real foi um fato novo inclusive na Europa,
pois muitos monarcas se exilaram em outros territórios quando sentiram a expansão
dos efeitos da Revolução Francesa para todo o velho mundo, mas nenhum deles
se exilou no próprio Império. Weffort (2011, p. 155) nos ensina que “Embora de
há muito prevista pelos estadistas portugueses como uma possibilidade, e nas
circunstâncias da política europeia, admitida como conveniente pelos ingleses,
a vinda da Corte para o Brasil foi uma surpresa para os brasileiros”. No entanto,
foi mais que uma surpresa se constituiu como uma nova maneira de pensar e de
posicionar o Brasil no pensamento político da época, dado que agora estaria mais
próximo do poder ou seja do centro de decisão.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://www.pinterest.ch/pin/297659856601494104/>.
Acesso em: 2 maio 2021.
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
É um homem ambicioso, que queria ser nobre, fidalgo, no entanto, luta contra
o sistema do antigo regime. Se queria abolicionista, mas era tolerante ao processo
de escravidão. Cultiva ideias sobre reforma agrária reconhecendo a necessidade
de mudar as leis sobre as propriedades de terra. Ainda a esse respeito defendia
uma sesmaria pequena para serem doadas aos pobres, aos indígenas, aos
mulatos, aos negros forros, dentre outros, como forma de favorecer o cultivo e o
estabelecimento dessas pessoas com dignidade (WEFFORT, 2001).
Não resta dúvida que José Bonifácio foi marcado por muitas contradições,
haja vista que era um liberal e conservador, também era portador de um
autoritarismo instrumental ou pedagógico. Além disso era um idealista assentado
no pragmatismo e um brasileiro convicto e concomitantemente cosmopolita.
Preocupado com a liberdade individual e com o progresso social. Sem dúvida
um ser contraditório, mas que traduz a complexidade de um país de dimensão
continental que assegurou a unidade territorial. Foi o fundador que teve a
perspectiva ou o horizonte de um país magnífico e potente.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
[...]
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
[...]
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Para tornar mais explícito o papel da literatura produzida por José de Alencar,
cabe ressaltar o sentido do romantismo que surgiu na Europa por volta de 1770.
Em tal contexto europeu, de uma maior liberdade formal, assumiu a feição de
contraposição ao ambiente clássico que prevalecia no século XVIII. Por mais que
seja notória a manutenção de algumas características semelhantes às clássicas
nas obras românticas. Como ilustração disso, Gadelha (2014, p. 10) assinala que
“A natureza, bem como o mito e o símbolo, instrumentos poéticos independentes
do período, eram recorrentes tanto na poesia clássica quanto na romântica,
diferindo, todavia, na maneira em que eram empregados”.
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
Esse intelectual que articulou sua vida política com a literatura no período
do Império e todas as suas nuances teve a história de sua família marcada
por posições tidas como revolucionárias para a época. Cabe destaque o nome
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
significativo de sua avó, Bárbara Pereira de Alencar, que ganhou relevo como
revolucionária chegando a ser a primeira presa política da história do Brasil,
momento em que foi brutalmente torturada na Fortaleza de Nossa Senhora de
Assunção, e que teve singular participação na Revolução Pernambucana e na
Confederação do Equador.
FONTE: <http://revolucaopernambucanade1817.blogspot.com/2017/03/9-
prisao-e-morte-dos-revolucionarios-de.html>. Acesso em: 2 maio 2021.
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
FONTE: <https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/
confederacao-equador-historia-brasil.phtml>. Acesso em: 2 maio 2021.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Nesse tom, virgulamos que uma viagem ainda com seus nove anos de idade
deixou traços profundos em seu horizonte e que nortearam as suas produções
literárias. Nessa viagem saiu de Crato (CE) até o Rio de Janeiro (RJ). Dessa longa
viagem despertou o seu amor pela natureza brasileira. Recorremos ao verbete da
Enciclopédia Itaú Cultural que elucida o peso das viagens em sua caminhada na
política e no seu repertório imaginativo para a produção de suas obras literárias.
72
Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
FONTE: <https://www.traca.com.br/livro/786395/sertanejo/>.
Acesso em: 2 maio 2021.
73
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://periodorengencial.wordpress.com/golpe-da-maioridade/>.
Acesso em: 2 maio 2021.
74
Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
FONTE: <https://outraspalavras.net/historia-e-memoria/as-
feridas-da-guerra-com-paraguai-ainda-latejam/>.
Acesso em: 2 maio 2021.
75
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
76
Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
FONTE: <https://www.historiafacil.com.br/artigos/historia-do-brasil/lei-do-ventre-livre/>.
Acesso em: 3 maio 2021.
FONTE: <https://brainly.com.br/tarefa/35791364>.
Acesso em: 3 maio 2021.
77
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://ferdinandodesousa.com/2020/08/27/a-
chegada-dos-cafezais-ao-rio-de-janeiro/>.
Acesso em: 3 maio 2021.
FONTE: <http://proffernandapantoja.blogspot.com/2011/04/
normal-0-21-false-false-false-pt-br-x.html>.
Acesso em: 2 maio 2021.
79
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <http://www.senhoradoseculo.com.br/cinco-
minutos-romance-de-jose-de-alencar/>.
Acesso em: 3 maio 2021.
80
Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
FONTE: <https://nacaomestica.org/blog4/?p=20741>.
Acesso em: 2 maio 2021.
81
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://www.revistapessoa.com/artigo/161/a-guerra-dos-mascates>.
Acesso em: 3 maio 2021.
FONTE: <https://www.traca.com.br/livro/451617/>.
Acesseo em: 3 maio 2021.
82
Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
No século XIX tivemos uma política institucional, partidária, que nos legou
uma experiência e base discursiva do que se trata hoje no espaço político como
o papel do Estado, os direitos individuais, a soberania popular, dentre outros.
O Iluminismo francês e a Revolução Americana exerceram influências no
pensamento nacional expressos em movimentos como a Inconfidência Mineira
e Conjuração Baiana que contestavam a autoridade colonial. No entanto, é no
século XIX que essas ideias serão disseminadas e materializadas na Constituição
de 1824, com a inspiração em Benjamim Constant.
83
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Assim, manifesta-se que havia uma relação entre os partidos gerando uma
harmonia entre as elites, e assim garantindo os interesses independente da
composição dos gabinetes ministeriais. Os partidos políticos no Brasil imperial
convergiam, em certa medida, em torno de temas como foi o caso da escravidão
que foi defendida tanto por membros do Partido Liberal quanto pelos membros do
Partido Conservador. Os latifundiários estavam em ambos os partidos. José de
Alencar era um dos opositores da escravidão e pertencia ao partido conservador.
FONTE: <https://www.traca.com.br/livro/1226619/tronco-ipe/>.
Acesso em: 3 maio 2021.
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
85
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Figura ilustre como diplomata, visto como patrono da aliança brasileira com
os Estados Unidos. Foi o primeiro embaixador brasileiro nos Estados Unidos.
Antes dele a representação era feita por ministros de Estado. Entendia que as
ameaças imperialistas para o Brasil se originavam na Europa, uma vez que a
atuação britânica e francesa era expressivamente agressiva para países com
histórias parecidas com a do Brasil.
FONTE: <https://horadopovo.com.br/nabuco-a-propriedade-
nao-tem-apenas-direitos-tem-deveres/>.
Acesso em: 3 maio 2021.
88
Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
Tinha uma relação estética com a política em busca de uma glória pessoal
e assumia as discussões acerca da modernização da economia. Trazia como
norteamento a monarquia democrática ou popular e que isso serviria de
plataforma para a democratização do Brasil em médio prazo. Essas ideias de
corte liberal dialogava com André Rebouças e com parte do núcleo principal do
movimento abolicionista. O seu liberalismo trabalhava a ideia de liberdade com o
fator da justiça social, sendo assim, havia um choque com o que se praticava no
Brasil dado que tolerância, pluralismo e Estado de Direito não eram as pautas do
cotidiano e nem com as grandes questões na política brasileira que convivia com
uma escravidão secular imersa na cultura e no modo político-econômico. Então, o
liberalismo praticado estava centrado no campo retórico e enfrentar a escravidão
rendeu conflitos intelectuais e políticos de grande monta porque exigia mudanças
da bases da sociedade.
89
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://librivox.org/o-abolicionismo-by-joaquim-nabuco/>.
Acesso em: 3 maio 2021.
90
Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
A leitura dos seus escritos mostra que foi feita a defesa de uma narrativa na
qual a família real aparece como relevante para o abolicionismo. Isso deixa o seu
pensamento atual porque esse debate que envolve a ideia de uma nova direita
liberal no Brasil tem recomposto o pensamento dos monarquistas como ícones
devido à noção social de respeito em nome da produção intelectual e estilo de
escrita agradável capaz de atribuir uma identidade não escravocrata. Por outro
ângulo, a esquerda brasileira ancorada no marxismo tem desconstruído o seu
cânone como liberal radical e reposicionado-o como nostálgico da escravidão
como característica estruturadora do imaginário brasileiro, no qual Joaquim
Nabuco tece críticas a mentalidade que ele compartilha.
91
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
A abolição não foi uma dádiva da Coroa, dado que as instituições foram
pressionadas pelas manifestações que se desenvolviam no povo. Uma história
de luta e resistência pela liberdade, pela preservação da memória cultural e pela
manutenção de seus saberes e experiências vividos na África. Os movimentos
de rua engajaram a população em prol da luta negra requerendo a liberdade e a
emancipação humana.
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
É relevante lançar olhar na consciência política do século XIX para que o
conhecimento sobre o pensamento político possa ficar mais explícito no nosso
cotidiano como brasileiros. Haja vista que a atuação política exerce profundo
impacto em nossas vidas e a sua compreensão se apresenta como salutar. Nesse
capítulo recorremos a autores que se consagraram no campo da atuação política
institucionalizada e na construção do pensamento por meio da literatura, do
jornalismo, da diplomacia e em outras formas de exercício de suas atividades de
modo que são lembrados por distintas áreas do saber.
Entendemos que essa opção se deve ao fato que a educação política deve
ocupar lugar privilegiado que cabe não somente aos partidos políticos, mas a
todas as instituições políticas da sociedade brasileira como forma de avançar
a democracia e, de fato, se consolidar uma cidadania viva, participante e
democrática.
95
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
REFERÊNCIAS
ALENCAR, J de. Discursos parlamentares de José de
Alencar. Brasília: Câmara dos Deputados, 1977.
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Capítulo 2 INTELECTUAIS DO SÉCULO XIX: ENTRE O L. E O C.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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C APÍTULO 3
SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA
EDIFICAÇÃO DA MODERNIDADE BRASI-
LEIRA
100
Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O capítulo 3, Século XX: tensões e disputas na edificação da modernidade
brasileira, oferece ao/a leitor/a uma visão panorâmica acerca dos principais traços
que deram à tônica da formação de nossa nacionalidade. Para alcançar esse
intento, o capítulo está dividido em três seções.
101
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Não apenas o ensaio, gênero textual eleito para disseminação de suas ideias,
esteve no radar do autor e selou a sua biografia, mas também a política. Como já
estudado no capítulo 1, o campo intelectual guarda proximidade com o campo da
política. Freyre é testemunha ocular de tal proximidade. Tanto que sempre esteve
às voltas com o poder institucional. Para detalhar o envolvimento de Gilberto com
a política, a palavra será cedida para o cientista político Francisco Weffort (2011,
p. 258).
102
Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
FONTE: <https://robertajungmann.com.br/2020/08/24/fundacao-joaquim-
nabuco-prepara-programacao-especial-de-natal/>. Acesso em: 1 jun. 2021.
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Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
105
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Eles tomavam essa missão pra si porque, de acordo com Veloso e Madeira
(1999, p. 139), dispunham de um complexo de culpa. Complexo de culpa porque
eram letrados, bem estudados, falavam mais de dois idiomas, com trânsito livre
pela tradição de pensamento europeu, tão caro à intelectualidade da época.
Era um grupo seleto de pensadores constituído em um país de analfabetos,
profundamente desigual. Por isso, a instauração do sentimento de culpa. Para
pacificá-lo, davam a si mesmos à incumbência de pensar o Brasil e o brasileiro.
106
Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
Dito isso, retoma-se o diálogo em torno dos paradigmas que deram vida à
obra de Freyre e ao campo intelectual de seu tempo. Além do uso dos conceitos
nacionalismo, modernismo e cultura, a categoria civilização é empregada por
Freyre. Motivado pela tradição de pensamento francês, o autor se propôs com
sua obra capital – intitulada de Casa grande & senzala, publicada em 1933, a ser
esmiuçada adiante ainda nesta seção – a descortinar e a revitalizar as instituições
sociais e a edificar novos espaços a fim de cumprir com esse fim, a saber, o
de civilizar o Brasil. Colocar tais instituições a serviço do processo civilizador
orientado por Freyre na qualidade de intelectual.
FONTE: <https://www.raroruido.com.br/produtos/casa-grande-senzala-gilberto-freyre/>.
Acesso em: 1 jun. 2021.
107
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://imirante.com/oestadoma/noticias/2016/01/05/obras-de-mario-
de-andrade-entram-em-dominio-publico-este-ano/>. Acesso em: 1 jun. 2021.
108
Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
Por isso, buscou-se com esse intento rastrear no pretérito aquilo que não
havia sido pontuado ainda. Destacar o elemento que singularizava o Brasil perante
as outras nações. A esperança era que o mergulho no passado colonial pudesse
guiar os rumos da nação no presente e lançar novos horizontes de expectativas
no futuro. Nesse sentido, Gilberto Freyre tomou para si essa missão: formular e
fazer ecoar a identidade nacional.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
111
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Observando por esse ângulo, Freyre, com suas obras, sempre partiu do
pressuposto da existência de um modelo civilizador ibérico que foi dissipado para
toda a América Latina. Dito de outra forma, a civilização ibérica é a singularidade
constituinte do Brasil. Para atestar a sua tese, o pernambucano concentrou
atenção nos séculos XVI e XVII. A espacialidade na qual teria surgido o Brasil foi
a nordestina. Na qualidade de um dos expoentes do movimento Modernista, esse
foi o caminho escolhido por Freyre para atestar a força do passado colonial na
constituição do Brasil.
Ser moderno a qualquer custo, esse foi um dos lemas que instigou os
modernistas à sua formulação da história. Retomar o passado e a tradição para
ser moderno, eis a questão! Segundo Veloso e Madeira (1999, p. 145) “[...] ser
moderno não era romper definitivamente com o passado e com a tradição, muito
pelo contrário, era incorporar a tradição”.
112
Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
Com esse intuito a obra clássica de Gilberto Freyre, Casa grande &
senzala, buscou sublinhar a importância do componente civilizacional ibérico
na organização da nação. Esse componente se sobrepôs aos demais, negro e
indígena. Por que Freyre adotou esse caminho? Ora, porque o modelo de nação
perseguido para adequar o Brasil é o europeu. E a Europa, como se sabe, é
edificada pela historiografia oficial escrita por não-negros. É pelos portugueses
que o Brasil se vinculou, com Freyre, à tradição nacionalista, universalista,
modernista e progressista ocidental. Por isso, o destaque dado por Freyre à
tradição portuguesa. Esse grupo é o baluarte civilizacional a ser seguido para que
o Brasil se faça como nação. Ou seja, é pela tradição civilizacional ibérica que o
Brasil se conecta ao padrão universalista da Europa. Esse foi o preço pago pelo
Brasil para ter acesso ao status civilizacional tão cobiçado pelo campo intelectual
e pelo campo político da época.
113
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_
content&view=article&id=831&Itemid=1>. Acesso em: 1 jun. 2021.
É nesse sentido que Freyre com Casa Grande e Senzala se coloca como
porta-vozes desse projeto civilizacionista que abdicou da racialidade em prol
da culturalidade para projetar um Brasil plural, de múltiplas dimensões. Ainda
que tal projeto seja apenas multi no ponto de vista da idealização, posto que a
pluralidade é protagonizada pela cultura ibérica e as demais, negra e indígena
são coadjuvantes, o pernambucano se tornou um pensador inaugural no bojo do
pensamento social brasileiro pelo modo como contou essa história. Esse fato, os
traços que impulsionaram seu modo como inventou o Brasil, será visto a partir
de agora, com a abordagem do livro em questão. Um autor e uma obra que são
leituras obrigatórias a todos/as aqueles/as que querem, assim como Gilberto,
entender a constituição do presente nas malhas do passado.
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Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
Como já foi dito, a obra de Freyre é assinalada por um traço peculiar para
seu tempo, a interdisciplinaridade. O diálogo com algumas áreas do saber, como
a história, a sociologia, a psicologia e a antropologia possibilitaram ao autor
imprimir a marca do ineditismo literário. Tal marca é notada na metodologia eleita,
que guiou à produção do livro. A interdisciplinaridade subsidiou o mergulho do
pesquisador no espesso cotidiano doméstico do brasileiro, um feito inédito até
então. O intento do autor era de, com esse recuo à rotina doméstica, nacionalizar o
Brasil. Como sabemos, diante do que já foi exibido até aqui, um dos pressupostos
da nacionalização é a totalidade, homogeneizar as diferenças em benefício da
unidade nacional.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
especial na obra Casa grande & Senzala, mais uma vez a palavra será concedida
à antropóloga Mariza Veloso e a estudiosa da linguagem Angélica Madeira (1999,
p. 159).
Esse ethos de formação das esferas privada e pública, esta última selada
de precariedades porque é corrida pelos interesses do oikos, e a não existência
de uma fronteira que separe ambos, faz com que o Estado nacional brasileiro
seja mensageiro dessa ambiguidade. O que vimos com Freyre é a indicação da
presença de uma moralidade patriarcal, típica da esfera privada, na ação política
performatizada pelo Estado. Certamente esse é o mérito mais saliente da da obra
do pernambucano.
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Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Pondera-se, com base em Sanches (2001), que nos anos 1920 e 1930
tivemos no Brasil uma afervescência que conjugava forças politicas, culturais
e literárias. Nesse tocante, ressaltamos a polarização política dos intelectuais
entre “[...] o pensamento político autoritário e o pensamento político democrático”
(SANCHES, 2001, p. 121).
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Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
121
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2017/01/28/raizes-do-brasil/>.
Acesso em: 2 jun. 2021.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Dito isso, sobre o ensaísmo como marca dialogal, imagística e literária, uma
pergunta se impõe: por que o nome do livro é raízes? Qual é a intencionalidade do
autor e da obra ao empregar a imagem raiz para pensar o Brasil? Uma pergunta
interessante para abrir os nossos trabalhos analíticos. Para explicar a razão de
ser do uso dessa imagem, franquearemos a palavra a Veloso e Madeira (1999, p.
166).
Holanda, assim como Freyre, recua ao pretérito colonial com vistas a resgatar
a singularidade nacional. Civilizar e modernizar o Brasil também foram tarefas que
Sérgio se auto-atribuiu. Novamente outro aspecto em Raízes traz a lembrança
Casa grande. Trata-se da tematização do patriarcalismo. A imagística raízes
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Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
127
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://www.revistaprosaversoearte.com/semana-de-arte-moderna-de-1922/>.
Acesso em: 2 jun. 2021.
128
Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
FONTE: <https://www.dw.com/pt-br/picasso-e-a-segunda-guerra-mundial/g-52381037>.
Acesso em: 2 jun. 2021.
Rubim (2007, p. 101) nos esclarece que “A história das políticas culturais
do Estado nacional brasileiro pode ser condensada pelo acionamento de
expressões como: ausência, autoritarismo e instabilidade”. Diante dessa
consideração, considerando o aporte ideológico, o projeto de modernismo
passou tanto nos circuitos da esquerda quanto nos da direita. Esses amálgamas
são expressivos, porque o nacionalismo como expressão do modernismo, por
exemplo, foi formulado na direita nos anos 1930 e translada para a esquerda nos
anos 1950 recuperando elementos de brasilidade e identidade nacional que já
haviam sido tratados inicialmente nos anos 1930. Pontuamos acerca do período
de 1945 a 1964 que, com base em Rubim (2007, p. 105), que “O esplendoroso
desenvolvimento da cultura brasileira que acontece no período, em praticamente
todas as suas áreas, não tem qualquer correspondência com o que ocorre nas
políticas culturais do Estado brasileiro”.
129
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
FONTE: <https://facesaoventomin2.wordpress.com/2013/09/19/50-anos-em-5-governo-jk/>.
Acesso em: 2 jun. 2021.
130
Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
FONTE: <https://internacional.estadao.com.br/fotos/geral,imagem-de-
1922-com-os-fundadores-do-partido-comunista-brasileiro,813719>.
Acesso em: 2 jun. 2021.
No final dos anos 1950, o realismo socialista entra em crise e o PCB inaugura
o frentismo político e cultural propondo uma aliança de classes e uma linguagem
cultural que reforçasse essa aliança, retirando a ênfase ou a exclusividade do
olhar para o proletário. Então esse frentismo cultural incorporou elementos da
herança burguesa em nome da construção de uma consciência progressista
nas massas. Entende-se por frentismo cultural “as intervenções dos comunistas
131
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
FONTE: <https://jk.cpdoc.fgv.br/imagem-som/fatos-eventos/
instituto-superior-de-estudos-brasileiros-iseb>.
Acesso em: 2 jun. 2021.
133
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
No final dos anos 1950 e início dos anos 1960 amplia-se o tema acerca da
cultura popular em um contexto em que se nota uma guinada à esquerda por
parte dos intelectuais. Veloso e Madeira (1999) asseveram que a partir dos anos
1960 se tem uma nítida mudança de visão porque o que se entende por tradição
do povo passa a ser vista em uma outra lente que não é o folclore, dando espaço
para a interpretação de uma cultura popular.
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Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Como exemplo disso, temos o método de Paulo Freire que nasce na ideia
de que a consciência popular é resultante de uma experiência da comunidade
popular e se firma como espaço de resistência à exploração capitalista. Esse
movimento foi dissolvido em 1964 com o Golpe Militar. Rubim (2007, p. 105)
assevera que “O movimento se expandiu para outros estados e quando, em 1964,
ele tinha sido assumido pelo Governo Federal foi bloqueado pelo Golpe Militar”.
136
Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
Assim, a arte engajada no Brasil antes do Golpe de 1964 faz a defesa das
reformas de base, bem como faz uma crítica do imperialismo, das relações de
poder, do atraso, etc. e depois do Golpe de 1964 estabelece uma resistência
cultural ou constrói um diagnóstico da derrota política e cultural da esquerda
brasileira resultante da realidade instaurada com a Ditadura Militar.
137
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
Com o Golpe Militar de 1964 o papel dos intelectuais e dos artistas tornaram-
se fundamentais para as redefinições e defesa de posições antagônicas.
Nessa luta as reformas universitárias ganharam relevo porque impulsionaram a
aposentadoria de professores e pesquisadores que movimentavam a formação
de opinião daquela época. Foram instituídas ações que ampliaram o controle
ideológico sobre os grupos de pesquisa e as associações científicas.
Uma parte da produção artística dos anos 1970 se aproximou dos valores
internacionais rompendo com o modernismo. Nota-se que:
138
Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
Logia e mitologia
Meu coração
de mil e novecentos e setenta e dois
já não palpita fagueiro
sabe que há morcegos de pesadas olheiras
que há cabras malignas que há
cardumes de hienas infiltradas
no vão da unha na alma
um porco belicoso de radar
e que sangra e ri
e que sangra e ri
a vida anoitece provisória
centuriões sentinelas
do Oiapoque ao Chuí.
139
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
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Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
A partir dos aspectos tratados, foi possível mergulhar em um oceano de
reflexões que proporcionaram perspectivas e ângulos distintos para pensar a
formação do pensamento político. Nesse sentido, é as principais balizas do século
XX que marcaram à formação do pensamento político brasileiro foram discutidas
de modo a oportunizar a edificação de um entendimento mais amplo das variáveis
que perpassam a política contemporânea. Esse exercício foi feito considerando a
literatura e a cultura como pano de fundo para interpretar os rumos assumidos que
impactam na nossa mentalidade brasileira atual, forjando discursos e narrativas
nos círuculos políticos, culturais, sociais e literários.
141
Formação do Pensamento PolÍtico Brasileiro
REFERÊNCIAS
ALVES, E. P. M. A economia simbólica da cultura popular sertanejo-
nordestina. Universidade Federal de Alagoas. UFAL, 2011.
CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac & Naify, 2002.
142
Capítulo 3 SÉCULO XX: TENSÕES E DISPUTAS NA EDIFICAÇÃO DA M. B.
143