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SPAS E QUALIDADE

DE VIDA

Profª Yolanda Flores e Silva

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD:


Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Camila Roczanski
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci

Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Copyright © UNIASSELVI 2018


Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

SI586s

Silva, Yolanda Flores e

Spas e qualidade de vida. / Yolanda Flores e Silva. – Indaial:


UNIASSELVI, 2018.

114 p.; il.

ISBN 978-85-7141-283-5
1.Saúde. – Brasil. 2.Qualidade de Vida. – Brasil. II. Centro Univer-
sitário Leonardo Da Vinci.

CDD 610

Impresso por:
Yolanda Flores e Silva

Yolanda Flores e Silva é docente e


pesquisadora com formação nas áreas da Saúde
e Antropologia, possui mestrado em Antropologia
e doutorado em Saúde pela Universidade Federal
de Santa Catarina, realizou seu Estágio Sênior Pós-
Doutoral em 2013, na Universidade do Algarve (Faculdade
de Economia/Programa de Doutorado em Turismo).
Atua com pesquisas em comunidades tradicionais do
Brasil e Portugal com temáticas acerca das populações
e seus modos de vida, tradições, patrimônios, itinerários
terapêuticos, alimentação orgânica, agroturismo, turismo de
base comunitária, gastronomia étnica-cultural, segurança
alimentar e sustentabilidade na escala humana, entre outras
temáticas correlatas.

Trabalha com pesquisas financiadas por instituições


de renome, como o CNPq – Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico – onde atua como
Bolsista Produtividade 2 desde 2017. Essas pesquisas
têm como meta final a autonomia e a inclusão social das
pessoas almejando saúde, bem-estar e qualidade de
vida onde quer que elas estejam.

Caso queira conhecer um pouco melhor da


trajetória da docente, acesse o currículo lattes
dela: <http://lattes.cnpq.br/5344296091176496>
e acompanhe o percurso de caráter
interdisciplinar que faz desde que se formou
em Enfermagem em 1986.
Sumário

APRESENTAÇÃO...........................................................................07

CAPÍTULO 1
Tipologias de Spas e Objetivos..................................................09

CAPÍTULO 2
práticas terapêuticas de Promoção da Saúde
e Estética Saudável......................................................................25

CAPÍTULO 3
Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial
e Corporal....................................................................................53

CAPÍTULO 4
Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção
da Vida Saudável...........................................................................83
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina, embora necessária para quem atua com a saúde e o bem-
estar, não é comum em cursos de graduação, especialização e/ou em cursos
técnicos convencionais. Por que isto acontece? Atuando nesta área, é possível
afirmar que o cuidado enquanto uma ‘arte’ por vezes é relegada a segundo plano,
embora seja a base e a essência da prevenção e da promoção da saúde.

Falar de prevenção é assumir que se faz necessário ter o apoio de


profissionais da saúde, terapias medicamentosas, como as vacinas, e de exames
diagnósticos voltados ao cuidado corporal, de modo a se evitar as doenças. Já,
tratar de promoção da saúde é entender que algumas escolhas realizadas no
cotidiano produzem efeitos benéficos ao corpo e à mente, que ao longo da vida
são fortes influenciadores na contenção de problemas de saúde e até doenças de
distintas naturezas.

Ao se escolher o melhor e o mais saudável modo de vida, considerando


questões econômicas, ambientais, sociais e culturais, se está assumindo o
‘Cuidado de Si’, atitude já colocada como positiva por filósofos como Sócrates.

Considerando esse contexto, o material aqui apresentado tem por objetivo


ajudá-lo a compreender como cada pessoa pode ser auxiliada por um profissional
de estética no sentido de apreender conhecimentos sobre diferentes itinerários
terapêuticos voltados a cuidados corporais fundamentados em uma abordagem
holística e transdisciplinar.

No Capítulo 1, sobre Tipologias de Spa’s e Objetivos, você será apresentado


a conceitos importantes relacionados ao que é um Spa, cuidado corporal e os
conceitos mais importantes sobre vida saudável, bem-estar pessoal e qualidade
de vida. Entender como atuar em Spa’s com ações e/ou atividades importantes
para diminuição do estresse e a promoção da saúde é a intenção deste capítulo
(Bem-Estar/Qualidade de Vida).

No Capítulo 2, sobre Práticas Terapêuticas Orientais de Promoção da Saúde


e Estética Saudável, apresentamos algumas correntes terapêuticas orientais
utilizadas no Ocidente no combate ao estresse cotidiano, promoção da saúde
e estética saudável. Nossa ideia é que você possa analisar as escolhas mais
saudáveis e adequadas para realização de técnicas junto a pessoas que poderá
atender profissionalmente (Massagens/Yoga/Meditação).

No Capítulo 3, sobre Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal,


queremos que apreenda conhecimentos e práticas terapêuticas cujas bases de
aplicação são sensoriais (sentidos) e corporais (física). Nesse sentido, muito do
aprendizado dessas práticas perpassa conhecimentos direcionados às ervas,
plantas aromáticas e cores (Aromaterapia/Cromoterapia).

No Capítulo 4, sobre Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da


Vida Saudável, o aprendizado ministrado visa colocá-lo diante de informações
sobre a importância da alimentação para promoção da saúde, principalmente
quando esta tem natureza orgânica/biológica com a finalidade de ofertar uma vida
mais saudável e equilibrada (Alimentação Saudável).
C APÍTULO 1
Tipologias de Spas e Objetivos

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Conhecer os espaços de cuidados terapêuticos e estéticos denominados SPAs.

Compreender os conceitos de qualidade de vida e bem-estar no cotidiano



familiar, profissional e social.
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

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Capítulo 1 Tipologias de Spas e Objetivos

1 Contextualização
Estamos iniciando uma caminhada juntos, chegando ao universo dos
cuidados voltados ao bem-estar e a qualidade de vida, com novos olhares e
perspectivas, algo diferenciado do que se fazia na época dos nossos pais e avós.
E porque está diferenciado? O que mudou? Será que esta é uma necessidade
apenas do mundo contemporâneo?

As conquistas associadas a uma vida com um acesso mais fácil aos serviços
de saúde do que na época dos pais ou avós é uma realidade. Mesmo que as
pessoas reclamem do que temos hoje, a história nos informa que houve sim uma
mudança benéfica de acesso à prestação de assistência e tratamento as pessoas
no meio urbano e rural a partir da metade do século XX. Como bem afirma Nossa
e Caldeira (2014), seja na gestão ou nas estratégias preventivas e de promoção
da saúde, desde os anos de 1980 por exemplo, temos na Europa e em vários
lugares do mundo, suporte e novas políticas de saúde pública mais orientadas
para nossos estilos de vida e a prevenção de riscos de distintas naturezas.

Pessoas, grupos e comunidades, quando informados e com acesso a


recursos e/ou estabelecimentos com uma série de estratégias e práticas capazes
de melhorar as condições de vida, conseguem responder de forma positiva aos
agravos possíveis no processo saúde-doença (SERAPIONI; MATOS, 2013).
Nesse sentido, queremos que você veja que não é apenas o setor oficial de
saúde que pode atuar na promoção da saúde, devemos pensar que nos cuidados
individuais ou coletivos, necessitamos partilhar responsabilidades a diversos
níveis, num contexto interdisciplinar, de modo que se favoreça o desenvolvimento
de espaços para o cuidado considerando diferentes escolhas de práticas
terapêuticas, profissionais e ambientes.

Nessa perspectiva, temos com certeza uma mudança nos paradigmas


vigentes na saúde, uma vez que saímos da ideia cartesiana e biomédica, para
uma ideia holística, mais integral e com possibilidades de atuação com distintos
modelos de cuidado a saúde realizados por profissionais das áreas da saúde e
de outras áreas também, devidamente preparados para tal. Os spas, enquanto
estabelecimentos voltados a um cuidado fora do sistema biomédico, mas, ao
mesmo tempo com profissionais que podem ser deste sistema e de outros, passa
a incorporar, de forma progressiva a substituição de uma atitude reativa aos
episódios de agravos a saúde por atitudes proativas voltadas a condição de bem-
estar e uma vida de qualidade e saudável das pessoas que buscam seus serviços.

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SPAS E QUALIDADE DE VIDA

2 Os Spas: Tipologias, Cuidados e


Objetivos
Este capítulo vai tratar de alguns conceitos básicos relacionados ao que se
entende como qualidade de vida e bem-estar, assim como o papel dos spas no
processo de atendimento voltado às necessidades de um cliente estressado ou
com cansaço crônico. Os spas são estabelecimentos que podem se vincular a
uma clínica de estética direcionada a um público residente no lugar em que se
estabelece ou ser um subproduto do Turismo de Saúde e se vincular a hotéis,
clubes e/ou outros espaços idealizados para públicos internos ou externos à
região em que está localizado (SILVA, 2016; ROSA; SILVA, 2011; BRASIL, 2010).

Em Portugal e alguns países europeus, os spas são estabelecimentos que


estão vinculados ao Turismo de Saúde, cujas atividades podem estar em dois
segmentos deste modelo de turismo: o turismo médico e o turismo de bem-
estar, em ambos subprodutos, o spa é um estabelecimento sem vinculação com
programas de saúde públicos ou privados de caráter médico-hospitalar (SILVA;
BARRETO; FERREIRA, 2015).

Spa é uma expressão cujo significado é ‘serviço personalizado de


atendimento’, refere-se ao termo em latim Salut per Aqua, ou seja, saúde advinda
da água e outras terapias corporais (SANTOS; CORREA; CARVALHO, 2016).

O termalismo, ou a ida a localidades com águas termais, era uma prática


entre romanos e gregos. Os romanos iam às águas termais e nelas, em
ambientes masculinos, além dos banhos quentes e frios, era comum o uso de
saunas, receber massagens, fazer exercícios e ao mesmo tempo tomar decisões
relacionadas à vida pública e negócios. Estas práticas realizadas após conquistas
de territórios ou grandes discussões políticas eram comuns entre os homens
da aristocracia, alguns militares que estavam à frente de batalhas e sacerdotes
(MEDEIROS; CAVACO, 2006).

Como estes espaços de cuidados corporais chegaram aos dias de hoje? Da


mesma forma que na antiguidade, as pessoas sentem necessidade de buscar
momentos para o cuidado de si ou autocuidado. Mesmo envolvidas com suas
rotinas estafantes de trabalho, percebem os impactos de dias sem exercícios,
alimentação desequilibrada e noites insones. Ramos (2005, p. 5) afirma ser um
‘mantra’ da vida moderna e uma reflexão sobre a nossa saúde a necessidade de
trabalharmos não a prevenção das doenças, mas a promoção da saúde “através
de hábitos sadios, com exercícios, regimes alimentares, sentimentos positivos,
evitando o estresse, a competição etc.”.

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Capítulo 1 Tipologias de Spas e Objetivos

Delinear e planejar momentos para o cuidado de si, numa perspectiva


‘holística’, como afirma Ramos (2005), leva-nos a um equilíbrio em nossa rotina no
aspecto social, profissional e/ou familiar. Esta perspectiva denominada de holística
ou holismo é parte do que se denomina de novo paradigma contemporâneo, um
modo de viver e ver a vida de forma integral. O que na prática isso significa?
Significa aprender como se cuidar, se olhar numa perspectiva que está além do
próprio corpo, se ver como parte do planeta, como parte de um todo maior que pode
ser responsável pela saúde e/ou pela doença se não houver equilíbrio na vida de
cada um de nós (ISELE, 2011). Nesse sentido, os spas e outros empreendimentos
se organizaram como espaço terapêutico e de lazer, considerando como um de
seus objetivos ofertar o que no passado era parte do que romanos e gregos tinham
como um lugar de reencontro com o seu eu e espaço para retomar o equilíbrio
perdido em guerras e discussões políticas (ZONTA; NOVAES, 2006).

Hall (2011) categoriza os tipos de spas como: Spas Clube (+ fitness), Spas
Cruzeiro (também fitness), Spas Médico (de caráter + curativo), Spas Termal
(normalmente em cidades com fontes termais – pode estar vinculado a um clube,
hotel, pousada) e Spas/Resort Hotel (direcionado aos hóspedes). Embora no
passado a busca por espaços como spas se voltasse mais especificamente à cura
de doenças respiratórias, no século XX, outras associações foram feitas. A mais
conhecida envolve o emagrecimento, ou ainda a oferta de massagens em ambiente
perfumado com aromatizantes como complemento a distintos tratamentos estéticos
(CAMPOS, 2005). Neste milênio, ampliou-se mais ainda a oferta de cuidados
realizados nos spas e apenas naqueles destinados a tratamentos é que se realizam
procedimentos específicos de ‘cura’, nos demais, os procedimentos visam ao bem-
estar com cuidados que podem ser de natureza estética ou relaxantes.

A questão que nos ocorre agora é: o Spa é um espaço para


tratamento ou para cuidado? Embora existam espaços dirigidos por
médicos e outros profissionais da saúde voltados ao tratamento e também
ao cuidado (Spas Médicos), na maioria das vezes os demais tipos de
spas se voltam ao cuidado especializado e não ao cuidado médico.

Agora, vamos ver qual a diferença entre tratamento e cuidado? Quando


pensamos em tratamento, logo associamos à ideia de doença. E se é doença,
precisamos de um profissional preparado para nos indicar medicamentos, exames
clínicos, talvez uma cirurgia ou algo que deve ser acompanhado em uma unidade
básica de saúde, uma clínica ou hospital, todos voltados a uma assistência

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SPAS E QUALIDADE DE VIDA

médica, de enfermagem e/ou odontológica com preparação específica, por


exemplo: especialista em acupuntura, cirurgia plástica, cosmetologia e estética,
entre outras possibilidades. Boff (2005, p. 29) reflete no cuidado como:

Em latim, donde se derivam as línguas latinas e o português,


Cuidado significa Cura. Cura é um dos sinônimos eruditos de
cuidado, utilizado na tradução do famoso ‘Ser e Tempo’, de
Martin Heidegger. Em seu sentido mais antigo, cura se escrevia
em latim coera e se usava em um contexto de relações humanas
de amor e de amizade. Cura queria expressar a atitude de
cuidado, de desvelo, de preocupação e de inquietação pelo
objeto ou pela pessoa amada.

Importante: o cuidado pode ser profissional ou leigo. Quando


o cuidado é profissional e voltado para práticas terapêuticas, o
profissional deve ser da área da saúde e/ou ter formação específica
no que deseja trabalhar com certificação ou diploma reconhecido
junto aos órgãos educacionais do país, de técnico, tecnólogo,
bacharel ou especialista no domínio em que pretende atuar. No
caso das práticas terapêuticas complementares e/ou alternativas, o
profissional interessado em ofertar serviços e/ou produtos voltados
às mesmas deve também, conforme a especificidade e complexidade
da prática, receber uma formação específica também reconhecida
pelo Conselho profissional em que está registrado. Essa é uma
das exigências para atuar em órgãos públicos e que se deseja que
também possa ser efetivada em entidades, empreendimentos e
outras instituições e órgãos privados (BRASIL, 2010).

Atividade de Estudos:

1) Vamos ver o que vocês guardaram de informações dos conteúdos


apresentados. Com base no conteúdo, responda:

Como poderíamos chamar as ações e atividades que alguém


pode receber em um spa? Seria tratamento ou cuidado?
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Capítulo 1 Tipologias de Spas e Objetivos

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Ao falarmos na possibilidade de alguém ser assistido para


relaxar, descansar e diminuir as tensões de seu cotidiano, do
que exatamente estamos falando, de um cuidado ou de um
tratamento? Quais profissionais podem atuar neste sentido?
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2) Se o ‘CUIDADO’ não é tratamento e pode ser realizado por


profissionais não vinculados à área da saúde, embora preparados
para cuidar de pessoas, ele poderia ser realizado em um spa, um
estabelecimento que não é uma unidade básica de saúde?
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De acordo com Waldow e Borges (2011, p. 416), o termo cuidado e o termo


humanização vêm sendo tratados e/ou conduzidos juntos. Para as autoras, a
dificuldade em ver os dois termos de forma separada se deve ao fato de que
“ambas as categorias englobam valores e enaltecem a dignidade humana”.
Inclusive são usadas como termos sinônimos e se referem a uma série de ações
realizadas com responsabilidade, compromisso e, como afirma Boff (2004), com
amor e compaixão!

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SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Amor e Compaixão, como você relacionaria estas categorias


com os cuidados a serem realizados em um spa? O que compaixão
tem a ver com uma massagem, uso de cores, luzes relaxantes,
músicas, chás calmantes, cremes veganos, entre outros serviços
e produtos que podem ser ofertados em um spa? E o que seria
exatamente ter amor e compaixão por alguém? Se o spa está
relacionado a um serviço considerado especial e voltado a um grupo
com poder econômico de mediano a alto, como amor e compaixão se
encaixam nesse universo?

Conforme Boff (2005; 2004), amor e compaixão pelo ‘outro’ não deve ter um
direcionamento que envolva sexo, idade, riqueza, pobreza, origens culturais ou
outro qualitativo durante um cuidado terapêutico. O sentido de amor e compaixão
leva em consideração a responsabilidade dos profissionais com o seu cliente,
dando o melhor de si, atuando de acordo com a sua competência, ofertando um
bom serviço em troca da confiança de alguém que entrega seu corpo para uma
massagem, uma seção de aromaterapia ou uma instrução de yoga e/ou meditação.

FIGURA 1 – AMOR E COMPAIXÃO X CONFIANÇA E COMPETÊNCIA

FONTE: Duarte (2015, s.p.)

Em consonância a tudo que disponibilizamos neste capítulo, convém


evidenciar que o spa é um espaço de saúde, ainda que não seja uma unidade
de tratamento médico, e pensa-se que em futuro próximo este tipo de
estabelecimento possa ser disponibilizado para pessoas de qualquer classe

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Capítulo 1 Tipologias de Spas e Objetivos

social. Seja em um estabelecimento sofisticado ou em um lugar mais simples,


se ali existem profissionais qualificados com objetivos de ofertar a possibilidade
de alguém ser cuidado no sentido de relaxar e cuidar de si, ali temos um spa
voltado ao cuidado humano. E este cuidado está provido de amor e compaixão
porque envolve a responsabilidade por todas as pessoas que buscam cuidados
corporais visando melhorar sua condição física e emocional, diferente de outros
momentos da história dos spas. Neste milênio, pensamos nos spas como espaços
profissionais em que pessoas devidamente habilitadas irão ofertar o melhor de
suas competências para pessoas que buscam bem-estar e qualidade de vida.

3 Bem-Estar e Qualidade de Vida


Na sequência deste capítulo, e sabendo que um spa pode ofertar uma
série de cuidados com técnicas variadas de natureza física, mas com objetivos
que envolvem não apenas o corpo material das pessoas, mas também os seus
sentidos (visão, olfato, odor, escuta e tato), as emoções, as percepções e as
muitas subjetividades do viver humano, vamos apresentá-lo ao que consideramos
qualidade de vida (QV) e bem-estar (BE).

Não existe dúvida de que é relevante falar de QV. É interessante verificar, nestes
primeiros 18 anos do século XXI, que as Ciências da Saúde tomaram para si o conceito
do termo qualidade de vida e raros são os trabalhos da área que não tratam desta
questão. Nas Ciências Sociais não é diferente, mas a ótica e o tratamento dado
buscam as distintas formas de olhar o que chamamos de qualidade de vida. O que
será qualidade de vida para o agricultor? O empresário? O professor? Do ponto de
vista cultural, a forma como percebemos o mundo, a construção de nossos valores e
costumes, na maioria das vezes, assumem aspectos diferentes conforme o território de
onde viemos, nossas comunidades de origens, ideias e socialização. Quando falamos
em qualidade de vida, estamos falando de atitudes adotadas em nosso estilo de vida,
ou seja, são hábitos e ações que representam o conjunto de ações conscientes que
adotamos, considerando todo nosso arsenal cultural pessoal, familiar e comunitário. Se
o estilo de vida que assumimos no cotidiano do trabalho e vida familiar nos permite
alcançar bem-estar e qualidade de vida, significa, no mínimo, que temos energia
equilibrada, alegria e disposição para as demandas de trabalho e de vida familiar.

Cultura pode ser definida como um conjunto de elementos que


medeiam e qualificam qualquer atividade física ou mental, que
não seja determinada pela biologia, e que seja compartilhada por
diferentes membros de um grupo social. Trata-se de elementos
sobre os quais os atores sociais constroem significados para
as ações e interações sociais concretas e temporais, assim
como sustentam as formas sociais vigentes, as instituições e
seus modelos operativos. A cultura inclui valores, símbolos,
normas e práticas (LANGDON; WIIK, 2010, p. 3).

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SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Importante: Cultura não vem com a genética. Cultura é algo que


aprendemos, compartilhamos e padronizamos enquanto uma criação
humana que se espalha por vários grupos. Aqueles que adotam certos
costumes e modos de pensar podem, a médio e longo prazo, mudar,
transformar e mediar modos diferentes de viver certas experiências, e
isto é importante porque torna a cultura dinâmica, o que para muitas
pessoas demonstra a diversidade e capacidade humana de adequar-
se às circunstâncias boas e ruins do cotidiano (LARAIA, 2008).

Os itens elencados sobre CULTURA dizem muito da nossa vida e do que


subjetivamente consideramos como importante para nos sentirmos bem, segundo
aprendizados e/ou informações que adquirimos ao longo de nossa história cultural.

Estudos clássicos que associam cultura com qualidade de vida


(QV), como os de Day e Jankey (1996), descrevem quatro abordagens
gerais para situarmos QV, que podem se relacionar com os arranjos
produtivos de natureza econômica, com as nossas emoções e
sentimentos, e neste caso se caracterizam como psicológicas, ou
ainda, relacionam-se ao processo saúde e doença em um contexto
biomédico, e por fim, podem ser aceitas em uma perspectiva geral
ou holística ao considerar a QV de uma forma multidimensional,
com componentes que diferem de pessoa a pessoa, conforme seus
valores e costumes, ou seja, conforme sua cultura.

Para Minayo, Hartz e Buss (2000), para entendermos o que é QV se faz


necessário considerarmos três referências: o momento histórico da sociedade
em que estamos inseridos, com seus valores culturais e as estratificações
sociais reconhecidas por essa sociedade em um espaço temporal e territorial.
Isto significa, segundo Pereira, Teixeira e Santos (2012), que o conceito de QV
não é uma unanimidade para as pessoas individualmente, para as comunidades e
para as áreas que a estudam. Os autores sustentam que existem componentes e
subcomponentes que são essenciais para que alguém se sinta com QV e que estes
se relacionam muito com as referências citadas por Minayo, Hartz e Buss (2000).
O que isto na prática ocasiona? A dificuldade em se ter um conceito definitivo.

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Capítulo 1 Tipologias de Spas e Objetivos

VAo considerarmos as várias disciplinas das distintas áreas do conhecimento


que estudam o conceito de QV, chegamos à conclusão do quanto é difícil
realmente termos um conceito único que seja visto como o ‘melhor’ ou o mais
‘adequado’ de ser utilizado como uma referência nas pesquisas realizadas.
Seguindo esta premissa, o que vamos aconselhar a vocês é que vejam, nos
distintos elementos que trazem satisfação às pessoas, o que mais se encaixa
como um atributo de QV. Percebam que a QV tem diferentes significados para
as pessoas e, portanto, não tem como ser dimensionado com um único conceito.
Os elementos que podem atribuir a ideia de QV a uma pessoa podem mudar,
dependendo da cultura ou ambiente.

O que denominamos de Vida Saudável em uma cultura pode não ser possível
em função do clima (muito frio/muito quente), dos patrimônios alimentares e seus
modos de cultivo (com agrotóxicos) e preparo (excesso de frituras), dos tabus e
possibilidades de deslocamento (em países com proibições religiosas rígidas, as
mulheres raramente saem de casa), entre outros elementos.

Ainda que a globalização imponha uma série de trocas entre culturas distintas,
alguns costumes e valores podem levar a conceitos e definições diferenciadas. Na
Figura 2 temos um rol de elementos desejados pelas pessoas em vários lugares
do mundo. O que eles significam, como as pessoas fazem para alcançá-los? As
respostas têm a ver com a cultura das pessoas, não há unanimidade quanto aos
significados e formas de se obter esses ‘desejos cotidianos’ (LARAIA, 2008).

FIGURA 2 – DESEJOS COTIDIANOS


Felicidade Equilíbrio Produtividade

Energia

Saúde

Desenvolvimento Estilo de Vida


Bem-estar Saudável
Pessoal
FONTE: Pena (2015, s.p.)

Analisando a Figura 2, como você deve ter percebido, a palavra Bem-estar


consta como um dos elementos que integram o que podemos considerar um
atributo ou elemento para se ter QV. Ou será ao contrário?

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SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Com algumas palavras da Figura 3 você poderia tentar elaborar


uma ideia sobre bem-estar? A proposta é que você apresente o seu
pensamento sem usar as mesmas palavras, elaborando algo novo.
Vamos lá?

FIGURA 3 – NUVEM DO BEM-ESTAR

FONTE: Hennemann (2012, s.p.)

Bem-estar

Exemplo: bons relacionamentos, motivação e capacidade de resiliência


aos problemas.

Atividade de Estudos:

1) Vamos lá? Coloque a sua ideia de bem-estar usando algumas


das palavras da nossa nuvem (Figura 3) e acrescentando outras.
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Capítulo 1 Tipologias de Spas e Objetivos

Ficha de Leitura
Título da Obra: Saber cuidar: ética do humano
Referência (norma ABNT): BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano
– compaixão pela terra. Petrópolis: Vozes, 2004.
Informações sobre a obra:
O cuidado é apresentado segundo conceitos filosóficos inerentes
a todo ser humano, necessário à sobrevivência saudável e bem-estar
individual e coletivo (p. 12).
O cuidado pode ser explicado nas perspectivas do ‘cuidar
responsável’ e da ‘negligência do cuidar’ (p. 46).
O cuidado mais explícito em toda obra não é de natureza profissional,
mas pode ser aperfeiçoado quando uma pessoa abraça uma profissão
voltada ao cuidado em situações de doença, na infância, na velhice, nas
calamidades e necessidades humanas (p. 60).
Comentários sobre a obra:
Importante como base para o estudo conceitual de cuidado leigo e
cuidado profissional na perspectiva ética, responsável e solidária.
Ideias surgidas com a leitura:
Organizar um ensaio sobre o cuidado a partir de outras perspectivas
e não apenas a filosófica.
Identificar artigos na área da saúde sobre o cuidado.

4 Algumas Considerações
E então, o que achou dos exercícios que realizamos ao longo do capítulo?
Mais uma vez aproveitamos para dizer: não se preocupe com a sua resposta, ela
é a sua resposta e não precisa ser classificada como errada ou certa. O que você
precisa é refletir sobre seu conhecimento e atitude. As respostas que um cliente
atendido por você pode ter podem ser outras, porque cada um de nós tem uma
referência cultural de vida.

Leituras, participação em rodas de conversa e debates relacionados


às temáticas e conceitos tratados neste capítulo podem ser importantes e
aconselhamos que sejam realizados. A especialização serve como base para
novos estudos e buscas de aperfeiçoamento, mas as leituras e discussões que
fizer é que o deixarão mais preparado.

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SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Deixamos como exercício final a sugestão para que elabore um arquivo de


novas referências com artigos, livros, teses e dissertações sobre spas. Leia cada
referência identificada como importante e elabore uma ficha de leitura de cada
texto, como a que colocamos na página anterior, esta é uma forma de iniciar o seu
arquivo de estudo voltado para o trabalho final do curso.

Referências
BOFF, L. O cuidado essencial: princípio de um novo ethos. Inclusão Social,
Brasília, v. 1, n. 1, p. 28-35, out./mar., 2005.

–––––– . Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. Petrópolis:


Vozes, 2004.

BRASIL. Turismo de saúde: orientações básicas. Brasília: Ministério do Turismo,


2010.

CAMPOS, J. R. V. Introdução ao universo da hospitalidade. Campinas:


Papirus, 2005.

DAY, H.; JANKEY, S. G. Lessons from the literature: toward a holistic model of
quality of life. In: RENWICK, R.; BROWN, I.; NAGLER, M. (Eds.). Quality of life
in health promotion and rehabilitation: conceptual approaches, issues and
applications. Thousand Oaks: Sage, 1996.

DUARTE, E. Luxo e qualidade de vida. Business & Magazine, v. 1, n. 1, p. 28,


2015. Disponível em: <http://terapiadoluxo.com.br/luxo-e-qualidade-de-vida/>.
Acesso em: 18 jul. 2018.

HALL, C. M. Health and medical tourism: a kill or cure for global public health?
Tourism Review, v. 66, n. ½, p. 4-15, 2011. Disponível em: <https://www.
researchgate.net/publication/235318899_Health_and_medical_tourism_Kill_or_
cure_for_global_public_health>. Acesso em: 18 jul. 2018.

HENNEMANN, A. L. Palavras são gatilhos. 2012. Top Blog de Ana Lúcia


Hennemann. Disponível em: <http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.
com/2012/11/palavras-sao-gatilhos.html>. Acesso em: 18 jul. 2018.

ISELE, C. T. Possibilidades de criação de uma sensibilidade para o cuidar e


respeitar a corporeidade. Dissertação. (Mestrado em Educação). Faculdade de
Ciências Humanas. Universidade do Oeste Catarinense. Joaçaba, 2011.

22
Capítulo 1 Tipologias de Spas e Objetivos

LANGDON, E. J.; WIIK, F. B. Antropologia, saúde e doença: uma introdução


ao conceito de cultura aplicado às ciências da saúde. Rev. Latino-Am.
Enfermagem, v. 18, n.3, p: 173 – 181, mai. /jun. 2010. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/rlae/v18n3/pt_23>. Acesso em: 18 jul. 2018

LARAIA, R. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

MEDEIROS, C. E.; CAVACO, C. Turismo de Saúde e Bem-Estar: Termas,


SPAs Termais e Talassoterapia. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa,
2008.

MINAYO, M. C. S.; HARTZ, Z. M. A.; BUSS, P. M. Qualidade de vida e saúde: um


debate necessário. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 7-18,
2000.

NOSSA, P.; CALDEIRA, M. J. Turismo medicalizado: um epifenómeno ou a


consolidação de uma nova geografia dos cuidados de saúde? In: MARTINS,
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[E-Book]. Disponível em: <http://revistacomsoc.pt/index.php/cics_ebooks/article/
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PENA, D. H. Saúde, bem-estar e qualidade de vida. 2015. Blog Saúde e Bem-


Estar. Disponível em: <http://blogsbestar.blogspot.com/2015/09/saude-bem-estar-
e-qualidade-de-vida.html>. Acesso em: 15 abr. 2018.

PEREIRA, E. F.; TEIXEIRA, C. S.; SANTOS, A. dos. Qualidade de vida:


abordagens, conceitos e avaliação. Rev. Bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo,
v. 26, n. 2, p. 241-50, abr./jun. 2012. Disponível em: <file:///C:/Users/User/
Downloads/45895-54935-1-PB.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2018.

RAMOS, A. R. C. de C. V. O termalismo em Portugal: dos factores de obstrução


à revitalização pela dimensão turística. Universidade de Aveiro: Aveiro, 2005.

ROSA, L. G.; SILVA, Y. F. e. Turismo de saúde: folgas, viagem e bem-estar.


Jundiaí: Paco Editorial, 2011.

SANTOS, J. D. F. dos; CORREA, T. V.; CARVALHO, A. A. Spa Social. Revista


de Iniciação Científica. Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v.
6, n. 1, p. 48-59, 2016. Disponível em: <http://periodicos.unincor.br/index.php/
iniciacaocientifica/article/view/2675/2291>. Acesso em: 18 jul. 2018.

23
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

SERAPIONI, M.; MATOS, A. R. Participação em Saúde: entre os limites e os


desafios, rumos e estratégias. Revista Portuguesa de Saúde Pública, v. 31,
n. 1, p: 11-22, jan. 2013.  jan.  2013. Disponível em: <http://www.scielo.mec.pt/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0870-90252013000100003&lng=pt&nrm=i
so>. Acesso em: 15 jul. 2018.

SILVA, I. C. O. G. da. Gestão da qualidade dos serviços em turismo de bem-


estar: análise em SPAs do Brasil. Dissertação (Mestrado em Turismo). Centro de
Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal,
2016.

SILVA, I. C. O. G. da; BARRETO, L. M. T. da Silva; FERREIRA, L. V. F. Turismo


de bem-estar: análise dos serviços do segmento em SPAs day – Natal/RN, Brasil.
Revista Iberoamericana de Turismo – RITUR, Penedo, p. 99-118, jul./dez.
2015. Disponível em: http://www.seer.ufal.br/index.php/ritur>. Acesso em: 18 jul.
2018.

WALDOW, V. R.; BORGES, R. F. Cuidar e humanizar: relações e significados.


Acta Paul Enferm, v. 24, n. 3, p. 414-418, 2011. Disponível em: <http://www.
scielo.br/pdf/ape/v24n3/17>. Acesso em: 18 jul. 2018.

ZONTA, S.; NOVAES, M. H. Spa: oportunidade de negócio para os


empreendimentos hoteleiros da região Sul através da inserção do conceito
de Wellness. In: Anais IV Seminário de Turismo da UCS – SEMINTUR 2006.
Disponível em: <https://www.ucs.br/ucs/tplVSeminTur%20/eventos/seminarios_
semintur/semin_tur_5/trabalhos/arquivos/gt08-09.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2018.

24
C APÍTULO 2
práticas terapêuticas de Promoção
da Saúde e Estética Saudável

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Conhecer as principais correntes e práticas terapêuticas orientais utilizadas


no Ocidente no combate ao estresse cotidiano, promoção da saúde e estética
saudável.

Analisar as diferentes possibilidades de uso das práticas orientais como parte



de ações terapêuticas e de conforto voltadas ao controle do estresse, promoção
da saúde e estética saudável.
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

26
Capítulo 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável

1 Contextualização
Neste capítulo, descrevemos a partir de alguns autores citados ao longo de
cada tópico como as práticas terapêuticas, denominadas no Brasil de práticas
integrativas complementares, são a cada ano incorporadas a ações de cuidado
em serviços de saúde e também em empreendimentos como os Spas, que são
voltados ao descanso, lazer, estética e férias, entre outras possibilidades.

A concepção que adotamos de promoção da saúde perpassa o que refletimos


sobre o processo saúde-doença, ou seja, vai além da área da saúde e chega a um
componente que chamamos de social e político, por que na prática substitui a ideia
de um trabalho apenas preventivo de natureza biomédica. Quando atuamos com as
práticas terapêuticas originárias de uma outra cultura, como a oriental, assumimos uma
visão mais ampliada de saúde, que está além do olhar psicofísico, porque entende
que as influências do meio em que a pessoa vive com todas as suas dicotomias e
problemas são também responsáveis pelas doenças e agravos da saúde.

Neste material que chega até você mostramos que mesmo para um órgão
como o Ministério da Saúde não é fácil, diante de tantas correntes profissionais,
assumir que a promoção da saúde passa por uma série de conteúdos não
convencionais em meio a outros conteúdos que ressaltam uma tecnologia
mais ‘pesada’, voltada para estudos epidemiológicos, equipamentos de ponta e
exames minuciosos que podemos realizar auxiliados pela informática. Seguimos,
neste sentido, a filosofia de Buss (2003), quando afirma que o conhecimento
popular, a simplicidade de algumas práticas e a participação das pessoas são
fundamentais na promoção da saúde, enquanto que a Carta de Ottawa expressa
muito claramente que a qualidade de vida, o bem-estar e o viver saudável têm
relação direta com os serviços de saúde, e conosco, também no que se refere
ao autocuidado. Ter o controle deste processo inclui buscar serviços e produtos
que ampliem nossa capacidade de ser saudável e viver feliz no sistema público e
também no privado, onde incluímos os Spas. Boa leitura e aprendizado a todos!

2 Promoção da Saúde e Práticas


Integrativas e Complementares
Um dos problemas que encontramos no Ocidente, entre alguns profissionais
da saúde, é a aceitação de que existem outros modelos curativos para tratamento e
cuidado de pessoas. No Brasil, a polêmica e os debates sobre os usos de práticas
de cuidado oriundas de outros modelos de prestação de assistência à saúde através
de tratamentos e cuidados fora do modelo biomédico tradicional sempre foram uma
constante. A aceitação oficial da possibilidade de uso dessas alternativas ocorreu

27
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

em 2006, quando o Ministério da Saúde, através da Portaria 971, de 3 de maio,


aprovou a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC),
que depois passou a ser denominada de PICs (BRASIL, 2006).

Na primeira fase dessa política se previa a utilização de alguns tratamentos e


cuidados da Medicina Tradicional Chinesa, como a acupuntura. Importante lembrar
que esta modalidade de tratamento foi iniciada no Brasil por fisioterapeutas e, anos
depois, por médicos e enfermeiros que se qualificavam através de especializações
(pós-graduação lato sensu). Com a acupuntura também se previu a permissão de
tratamentos homeopáticos, fitoterapia (plantas e ervas medicinais) e termalismo.
Em 2017, com as portarias 145, de 11 de janeiro, e 849, em março de 2017, são
incorporadas as práticas de Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular,
Meditação, Musicoterapia, Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki,
Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga (MEDEIROS, 2017; BRASIL, 2017).

Para saber um pouco mais sobre estas portarias e obter


mais informações sobre as PICs, acesse o caderno explicativo
com apresentação das práticas integrativas em documento de
2013 do Ministério da Saúde, disponibilizado no site: <http://www.
agroecologia.gov.br/sites/default/files/publicacoes/politica_nacional_
praticas_integrativas_complementares.pdf>.

FIGURA 1 – CADERNO PNPIC/PICS

FONTE: Brasil (2017)

28
Capítulo 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável

O grande desafio no sistema de saúde público ou no setor privado sempre


foi a implementação dessas práticas com aceitação das instituições, pessoas
e profissionais. Também tem sido um desafio a qualificação adequada dos
profissionais que atuam em unidades de saúde e nos estabelecimentos voltados
mais para a promoção da saúde e não direcionados somente a tratamentos
médicos (SIEGEL, 2010). Este formato de cuidado, que denominamos de
promoção da saúde, pode ser realizado por você em um Spa.

O que você entende por promoção da saúde? É prevenir doenças? É evitar


doenças? E o que exatamente fazer a promoção da saúde tem a ver com esta
disciplina que tem como foco o cuidado corporal em Spas?

Antes de tudo, vamos relembrar um conceito clássico da OMS sobre


promoção, que foi alvo de discussão na 1ª Conferência Internacional de Promoção
da Saúde que ocorreu em 1986 no Canadá. Em um documento chamado de
‘Carta de Otawa’ se apresentou o conceito oficial de promoção da saúde:

Promoção de saúde é o processo de capacitação


das pessoas para aumentar seu controle sobre Processo de
e melhorar a sua saúde. Para atingir um estado capacitação das
de completo bem-estar físico, mental e social, um pessoas para
indivíduo ou grupo deve ser capaz de identificar aumentar seu controle
e realizar aspirações, satisfazer necessidades sobre e melhorar a
e transformar ou lidar com os ambientes. Saúde sua saúde.
é, portanto, vista como um recurso para a vida
cotidiana, não o objetivo da vida. Trata-se de um conceito
positivo enfatizando recursos sociais e pessoais, assim como
capacidades físicas. Portanto, promoção de saúde não é
apenas responsabilidade de um setor e vai além dos estilos de
vida saudáveis para o bem-estar (WHO, 1986, p. 1).

Na frase grifada podemos observar a diferença básica entre prevenção e


promoção. Na prevenção tomamos medidas relacionadas diretamente a situações
patológicas ou o que consideramos ‘doença’. Na promoção não precisamos ter
uma doença específica para o cuidado de si e/ou o autocuidado. Aprendemos
sobre nossos corpos, nossas necessidades, e utilizando nossas competências e
habilidades podemos ter um plano de cuidados pessoais realizados sem ajuda
de terceiros (por exemplo: caminhadas na natureza, fazer ioga, alimentar-se com
produtos orgânicos, dormir e/ou descansar de forma rotineira etc.), ou vamos a
uma academia, SPA, clínica, ou qualquer outro estabelecimento em busca de
um cuidado específico estimulado e orientado por um cuidador profissional. Isto
significa não precisar dos serviços de saúde ou de uma clínica ou ainda de um
espaço onde possamos buscar cuidados e terapêuticas que nos auxiliem neste
processo? Não, significa que assumimos o controle de nossas vidas e, quando
preciso e conforme a demanda, procuramos serviços ou produtos que possam
auxiliar em todo o processo.

29
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

O conhecimento é importante no sentido de fazer com que percebamos a


necessidade de apoio e auxílio para o cuidado de si ou o autocuidado. Como
bem afirmam Fleury-Teixeira et al. (2011), ter consciência e conhecimento sobre
nós não tira do Estado a responsabilidade de nos ofertar serviços de saúde, nem
tira do setor privado a possibilidade de vender serviços e produtos que possam
integrar uma agenda comum de promoção da saúde, com a oferta de terapias
complementares com o compromisso de ofertar bem-estar e qualidade de vida às
populações em suas distintas gerações.

Na história do processo de saúde-doença humana, os conceitos assumem os


valores históricos da época em que são discutidos. Isto na prática significa que:

Em primeiro lugar, é importante ressaltar que as diferentes


concepções de promoção da saúde não são formulações
recentes, mas são construções cuja evolução histórica mostra
momentos de aproximação e distanciamento com outros
modelos do campo da saúde, como o modelo preventivo.
Efetivamente, promoção da saúde não se apresenta como
um conceito inédito, nem como uma estratégia desconhecida,
mas tem estado presente em diversos estudos, ao longo do
último século. Embora o termo seja o mesmo, seu significado
tem mudado, conforme a estrutura conceitual e as estratégias
operativas a que se liga, expressando uma verdadeira evolução
do conceito (VERDI; CAPONI, 2011, p. 83).

Seguindo a lógica de Verdi e Caponi (2011), numa perspectiva bioética, a


promoção da saúde traz como ênfase a melhoria e o desenvolvimento de políticas
públicas saudáveis, ambientes favoráveis à saúde e o fortalecimento de ações
comunitárias com redes de apoio que possam nos fortalecer e ensinar-nos
algumas habilidades e cuidados importantes para a promoção pessoal de nossa
saúde. Este modelo de pensamento na contemporaneidade está ligado ao que
chamamos de Wellness. O Wellness é considerado um processo no qual as
pessoas optam por cuidados que as levem a um estilo de vida saudável no seu
dia a dia, com harmonia e equilíbrio para o corpo, a mente e o espírito através de
exercícios, alimentação saudável, relaxamento, meditação, massagens, banhos
e todo um conjunto de práticas terapêuticas realizadas conforme gosto e/ou
necessidade ou ainda a indicação de um profissional (VILELA, 2011).

Bem, e onde entram as terapêuticas orientais e outras oriundas de


conhecimentos também ocidentais nesse universo de Spas e espaços especiais,
em sua maioria privados, voltados ao cuidado pessoal? O que tudo isto nos
traz enquanto possibilidade de cuidado? Questões como estas sempre são
importantes, porque tudo que faz parte de nosso cotidiano de vida tem uma
história, um começo, uma origem! E daqui em diante vamos apresentar práticas
que podemos realizar em Spas ou em nossos lares. Antes de darmos continuidade
aos conteúdos, vamos fazer um pequeno exercício?

30
Capítulo 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável

Atividade de Estudos:

Leia o texto abaixo e responda às questões que se seguem:

“Os pré-requisitos e perspectivas para a saúde não podem ser


assegurados de forma isolada pelo setor da saúde. Mais importante
ainda, a promoção da saúde exige uma ação coordenada de todos
os envolvidos: governos, organismos de saúde e outros setores
sociais e econômicos, organizações não governamentais e grupos
de voluntários, autoridades locais, indústria e mídia. Pessoas em
todas as esferas da vida estão envolvidas como indivíduos, como
famílias e como comunidades. Grupos profissionais e sociais, bem
como a saúde têm grande responsabilidade para mediar interesses
divergentes na sociedade para alcançar saúde” (WHO, 1986, p. 3).

1) Sabendo que um Spa não é um centro ou unidade de saúde


pública governamental, assinale a alternativa que demonstra que
este tipo de estabelecimento, direcionado ao cuidado corporal, é
um espaço de promoção da saúde se:

a) ( ) Contar com profissionais médicos, enfermeiros e outros com


formação universitária na área da saúde preocupados em
assegurar os melhores cuidados corporais a pessoas que
querem alcançar bem-estar e qualidade de vida.

b) ( ) Contar somente com profissionais qualificados da área de


Estética preocupados em assegurar os melhores cuidados
corporais a pessoas que querem alcançar bem-estar e
qualidade de vida.

c) ( ) Contar com uma equipe interdisciplinar de profissionais


qualificados preocupados em assegurar os melhores
cuidados corporais a pessoas que querem alcançar bem-
estar e qualidade de vida.

d) ( ) Contar com uma equipe de pessoas leigas com autoformação


em práticas de saúde complementares ou alternativas
preocupadas em assegurar os melhores cuidados corporais a
pessoas que querem alcançar bem-estar e qualidade de vida.

31
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

2) Ainda que os defensores da promoção da saúde defendam a


ideia de que cabe a nós assumirmos o autocuidado enquanto
uma responsabilidade pessoal, a Carta de Otawa deixa claro que:

a) ( ) O custo do cuidado sempre será caro e um dever de cada


cidadão.

b) ( ) O custo do cuidado é uma responsabilidade de todos:


cidadãos, ONGs, órgãos de saúde privados e públicos.

c) ( ) O custo do cuidado exige sacrifícios porque nem todas as


pessoas estão envolvidas e têm obrigação com esta questão.

d) ( ) O custo do cuidado é obrigação exclusiva do poder público,


com seus setores de saúde.

3 Técnicas Orientais: Origens e


Correntes e Uso em Spas e Outros
Estabelecimentos
As técnicas terapêuticas orientais chegaram ao Brasil talvez em seu período
colonial, se pensarmos que os portugueses já viajavam ao Japão e outros países
asiáticos comercializando especiarias, tecidos, alimentos secos, sementes e
alguns conhecimentos acerca dos tratamentos e cuidados terapêuticos destes
povos. Os jesuítas portugueses eram os que mais se interessavam em conhecer
os costumes e valores dos povos contatados pelos navegadores. Eles também
faziam o papel de médicos e terapeutas dos viajantes, por isto também tinham
grande interesse pelos conhecimentos relativos ao uso de ervas, alimentos,
preparo de remédios, entre outros elementos importantes voltados à prevenção,
tratamentos e até reabilitação. A obra de Marco Polo e o interesse dos portugueses
de comercializar e levar o cristianismo ao mundo oriental fizeram com que essas
práticas chegassem à Europa, com algumas delas sendo adaptadas para o uso
em nossa realidade ocidental (LEÃO, 2009; FROIO, 2006).

Os primeiros registros da entrada das técnicas orientais em nosso


país ocorreram pelos anos de 1960, durante o movimento internacional de
contracultura. Neste movimento, a discussão sobre os modos de vida das pessoas
e a necessidade de incorporar costumes mais saudáveis relativos à alimentação,

32
Capítulo 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável

aos exercícios e até a forma de agradecermos a vida através de outros credos


religiosos facilitaram a adesão a diversos cuidados denominados de alternativos
(QUEIROZ, 2006).

Tradições como o Taoísmo, o Zen-Budismo, a medicina Ayurveda, e o


que denominamos hoje de Terapias Complementares e Integrativas na área da
saúde, inicialmente eram considerados tratamentos de pessoas que estavam à
parte do sistema público de saúde e até mesmo do sistema privado. As pessoas
que buscavam esses cuidados terapêuticos eram vistas como hippies, e esses
cuidados eram considerados quase uma afronta ao sistema biomédico vigente. A
legitimação, seja no setor privado ou no público, foi sendo realizada no século XX
após o período de governo militar no país. Embora ainda existam muitos debates
sobre a legitimidade e segurança das terapias orientais, já temos aceitação e
oficialidade dos usos desses recursos em spas e/ou outros estabelecimentos
ligados aos setores da saúde, por exemplo (CINTRA; PEREIRA, 2012).

Muitas são as técnicas orientais terapêuticas utilizadas em variados


estabelecimentos, mas são os spas, as clínicas voltadas à Cosmetologia e à
Estética, aqueles que se especializam em tratamentos específicos corporais (para
pré e pós-operatórios de cirurgias plásticas, por exemplo), os que mais valorizam
técnicas como as voltadas a:

• Massagens Relaxantes (Reflexologia Podal, Shiatsu, Ayurveda,


Com Pedras Quentes, Com Uso de Bambu, Tailandesa etc.).
• Hidroterapia (Banhos Quentes/Mornos e Frios, Com Essências
Florais e Óleos Essenciais).
• Aromaterapia (Em Incensos, Velas, Águas, Óleos, Pomadas,
Cremes e Cosméticos em Geral).
• Argiloterapia/Geoterapia.
• Meditação (Budista, Zen-Budista, Xintoísta).
• Yoga (Hatha Yoga).
• Acupuntura (Com Agulhas, Com Sementes, Com Toques – Do-In).
• Cromoterapia (Com Lâmpadas, Velas).
• Reiki.
• Iridologia.
• Moxibustão.
• Entre outras.

Muitos outros cuidados poderiam ser citados, cada um deles destinado


essencialmente à promoção da saúde, ao cuidado terapêutico voltado a uma
condição corporal saudável, em um momento em que as pessoas precisam
descansar, relaxar, desligar-se do seu cotidiano de estresse. É fundamental
que se observe que, para orientarmos a realização de todos esses cuidados e/

33
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

ou terapêuticas, se faz necessário um aprendizado teórico-prático profundo, ou


seja, não serão apenas as leituras de bons livros ou a observação de quem faz
as técnicas que possibilitarão um aprendizado qualificado para a realização das
mesmas. Você e qualquer pessoa que deseja trabalhar com essas terapêuticas
deve praticar e adquirir a habilidade necessária à sua realização com segurança.

Elencamos algumas destas terapêuticas para apresentação


nesta apostila, aconselhamos, porém, que leiam as referências
que apresentamos no final deste capítulo como leituras de
aprofundamento.

De acordo com Cassar (2001), as informações básicas sobre massagem são:

• Em uma massagem, alguns conhecimentos são muito importantes.


Saber sobre anatomia do corpo e entender sua fisiologia e as
condições normais e anormais que uma pessoa pode desenvolver
ao longo da vida, considerando estilo de vida, ciclo etário e histórico
familiar de saúde-doença, é essencial. As escolhas quanto ao tipo
de massagem a ser realizada têm por base esses conhecimentos,
além das técnicas manuais de aplicação das massagens.

• As técnicas mais importantes de massagem envolvem:


deslizamento, percussão, fricção e vibração. Podem ser realizadas
com as mãos limpas ou umedecidas com óleos e/ou cremes.
Destinadas somente ao relaxamento ou a um cuidado estético,
ou ainda voltadas a sintomas físicos específicos, como dores,
entre outras possibilidades. No caso de massagens destinadas
a cuidados estéticos, também existem aparelhos que podem ser
associados ao trabalho realizado com as mãos. O uso de velas e/
ou pedras quentes [o calor deve ser adequado ao tecido da pele
e não provocar queimaduras] tem sido bastante frequente em
pessoas com musculaturas enrijecidas e dificuldades para relaxar.

• Também é importante que antes da massagem o profissional que


irá aplicá-la conheça um pouco acerca do seu cliente. A anamnese
com dados pessoais de identificação, sintomas que levaram a
buscar a massagem, bem como um histórico de condições e
estilo de vida, uso de medicamentos, tratamentos que realiza

34
Capítulo 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável

para alguma doença diagnosticada e detalhes como profissão,


exercícios e dieta alimentar diária, é importante para a decisão
quanto ao tipo de massagem que se vai realizar.

Lembrete! Não cabe ao massagista fazer diagnósticos sobre


doenças, entretanto, é importante saber que algumas doenças e problemas
específicos de saúde podem não ser indicativos do uso da massagem como
cuidado corporal, seja para relaxar ou para ações de natureza estética.

O quadro a seguir traz alguns princípios éticos importantes. Lembre-se: você


vai realizar cuidados corporais em uma pessoa com pouca roupa em um ambiente
privado. Além de primar pela qualidade de seus serviços, deve ter decoro e
respeito por quem procura seus serviços.

QUADRO 1 – PRINCÍPIOS ÉTICOS

PRINCÍPIOS ÉTICOS SEGUIDOS NA MASSAGEM

• Respeito: qualificação e habilidade para realização da técnica, decoro ao tocar e se


relacionar com o corpo e as emoções de quem recebe a massagem.

• Autodeterminação: aceitar as decisões do cliente, mas oferecer toda e qualquer infor-


mação pertinente à técnica realizada e seus efeitos.

• Veracidade: direito do cliente a respostas objetivas e científicas sobre o cuidado real-


izado e seus efeitos.

• Beneficência: o tratamento se destina às necessidades do cliente e deve ser realizado


em tempo adequado ao problema para que se alcance os resultados adequados à
queixa principal.

• Confidencialidade: respeito à privacidade de informações sobre o cliente.

• Justiça: custos justos aos cuidados realizados.

• Proporcionalidade: indicar o tipo de massagem e tempo de realização proporcional à


necessidade do cliente.
FONTE: Adaptado de Bassi (s.d.)

35
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Atividade de Estudos:

1) Leia o texto abaixo sobre a técnica apresentada anteriormente e


depois assinale com verdadeiro (V) ou falso (F) os itens a seguir.

A palavra massagem também vem do grego Masso, que


significa “amassar”. Hipócrates (480 a.C.) usou o termo Anatripsis,
que significa “friccionar pressionando o tecido”, e este foi traduzido,
posteriormente, para a palavra latina Frictio, que significa “fricção” ou
“esfregação”. Este termo prevaleceu por um longo tempo e ainda era
usado nos Estados Unidos até 1870. A expressão para massagem
na Índia era Shampoing; na China a massagem era conhecida como
CongFou, no Japão, como Ambouk. A história da massagem em
geral é registrada cronologicamente, mas, em vez de seguirmos
esse rumo, é interessante considerar algumas de suas aplicações
históricas como um recurso terapêutico (CASSAR, 2001, p. 22).

a) ( ) O relaxamento é uma das mais conhecidas e importantes


razões para a aplicação da massagem, porque induz ao
sono e combate a fadiga.
b) ( ) Unindo a massagem com exercícios físicos e uso de óleos à
base de ervas e plantas aromáticas pode-se obter melhoras
na circulação sanguínea com retorno venoso capaz de nutrir
melhor os tecidos corporais.
c) ( ) A melhora no fluxo sanguíneo com movimentos apropriados e
massagem na região abdominal pode estimular a eliminação
de fezes e gases.
d) ( ) Como um complemento ao tratamento cirúrgico, a massagem
pode ser empregada para aliviar a dor, reduzir edemas,
auxiliar a circulação e promover a nutrição dos tecidos.
e) ( ) A massagem somente deve ser realizada após uma
anamnese com todas as informações relevantes sobre o
paciente no sentido de ajudar a revelar qualquer condição
crucial que possa ser uma contraindicação.

36
Capítulo 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável

Importante: uma massagem não é uma seção de tortura. A


massagem não pode e não deve ser sentida no corpo após dois
ou três dias de sua realização a ponto de dificultar as atividades
físicas e o cotidiano de seu cliente. Por exemplo: a reflexologia podal
pode ser dolorida na hora em que está sendo realizada, mas, se ao
sair o cliente tiver dificuldades de andar, isto pode significar o uso
de toques inadequados ou ainda a necessidade de uma avaliação
médica quanto a outros problemas nos pés e pernas.

A massagem associada a banhos quentes ou com água em temperatura mais


alta do que a do ambiente onde está a pessoa a ser massageada ou levada a um
banho de conforto, faz parte da história humana. Segundo Gracio (2016), Heródoto
(485 a.C. e 425 a.C.), geógrafo e historiador grego, divulgava no mundo antigo
as virtudes das águas, receitando tratamentos associando banhos e massagens
por até três semanas para limpeza dos humores corporais. Vale mencionar que
Hipócrates, considerado o médico mais notável do mundo antigo e o pai da
medicina moderna, considerava o banho como primordial para a prevenção de
doenças e algo mais do que uma simples medida de higiene. Para ele, a doença
era um distúrbio provocado pela falta de equilíbrio de nossos ‘humores corporais’
e seu principal tratamento consistia na combinação de banhos quentes e frios,
com o objetivo de ajudar a natureza a restabelecer o seu normal equilíbrio.

A massagem, como colocada anteriormente, pode ser associada ao calor


para auxiliar e potencializar seus efeitos terapêuticos. Furlan et al. (2015)
recomendam a aplicação do calor local em casos de tensões musculares e crises
de dores musculoesqueléticas. Os efeitos terapêuticos são a vasodilatação,
aumento do fluxo sanguíneo, oxigenação dos tecidos com eliminação dos
resíduos metabólicos. Este contexto de mudanças fisiológicas favorece a
diminuição da dor, levando à analgesia – diminuição da rigidez nas articulações e
redução das tensões musculares. Esta prática terapêutica, também denominada
de termoterapia, tem a condução de calor transmitida ao corpo por meio de
pedras vulcânicas, lavas basálticas ou pedras roladas do rio. Na atualidade, as
massagens com pedras quentes são realizadas com pedras de várias origens e
composição, contudo, “os tamanhos e formatos dessas pedras são escolhidos
de acordo com a sua aplicação durante a massagem. Podem ser arredondadas,
ovais, chatas, finas ou com outras espessuras e formatos” (POSSER, 2011, p.
23). Este tipo de prática não é recomendado com pessoas que tenham:

37
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Patologia inflamatória ou traumática aguda, hemorragias


ou alterações da coagulação, vasculopatia aterosclerótica,
áreas isquêmicas, patologia cardiovascular descompensada,
patologia neoplásica ou infecciosa, lesões dermatológicas,
alterações da sensibilidade térmica, doentes sedados ou
obnubilados, cartilagens de crescimento, útero grávido
e cicatrizes ou feridas abertas (OLIVEIRA; ULLIANO;
CARVALHO, 2017).

Em substituição às pedras, alguns terapeutas utilizam velas quentes no


processo de massagens. Esta prática requer muito cuidado. A cera da vela
deve estar em temperatura confortável para o massagista e o cliente, uma vez
que a fricção na pele não deve provocar queimaduras e sim amassamento para
redução da dor e, ao mesmo tempo, hidratação local. Pode ser associada também
a essências florais e/ou óleos essenciais, conforme a demanda e necessidade
do cliente. Sobre o uso de óleos essenciais, teremos no Capítulo 3 maiores
informações no tópico sobre Aromaterapia.

4 Yoga
O Yoga foi apresentado ao Ocidente no século XIX. Com uma associação
de exercícios físicos alinhados a distintas posturas e correntes filosóficas, muitas
pessoas vêm adotando o Yoga como parte de uma série de cuidados voltadas ao
corpo e à mente. Mesmo na Índia, esta prática com muitos seguidores prossegue
ao longo dos séculos com várias transformações e adequações ao cotidiano das
pessoas. Feuerstein (2013), um investigador do Yoga no Ocidente, afirma que muitas
das modificações ocorridas nesta prática se devem à sua introdução nas Américas.

A palavra Yoga tem origem sânscrita e possui vários significados. É escrita no


masculino e, segundo Eliade (2009), suas práticas estão associadas não apenas
ao corpo material, mas também ao corpo espiritual e, portanto, é também uma
prática meditativa. Do ponto de vista etimológico, o Yoga, numa tradução livre,
“refere-se à ação de “ligar”, “unir” ou “juntar” algo que está separado” (SANCHES,
2014, p. 12).

38
Capítulo 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável

FIGURA 2 – PRÁTICAS DE YOGA 1

FONTE: <https://www.canetenroussillon.fr/wp-content/uploads/
Fotolia-32701927-S-620x350.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018.

Conforme o público atendido, o Yoga pode ser uma prática de autoconhecimento


vinculado à espiritualidade e/ou para o bem-estar físico e emocional, principalmente
em tempos de estresse relacionado ao trabalho, estudos e viver social do século
XXI. Segundo Sanches (2014), o Yoga na Índia tradicionalmente foi uma prática
voltada ao público masculino, somente por volta do ano de 1938 foi aceita a primeira
praticante feminina, a estudante russa Indra Devi.

As tradições de yoga mais conhecidas e difundidas por escolas de Yoga no Brasil,


desde a década de 1960, são a Hatha-Yoga com algumas derivações ou subtipos,
Ashtanga, Iyengar y Vinyasa; Kundalini, Yoga Integral também conhecida como Swasthya
Yoga, e o Power Yoga. No Brasil, o Yoga e outras práticas, como a meditação, são
reconhecidos como Práticas Integrativas/Complementares de Saúde – PICs. Associado
à meditação e alimentação (vegetariana, principalmente), auxilia na promoção da saúde e
bem-estar saudável (SIEGEL; BARROS, 2013; 2007; BRASIL, 2006).

Como colocado no Capítulo 1, o turismo de saúde, com muitos spas alocados


em grandes redes hoteleiras, pode ser categorizado ou classificado como “turismo
médico” ou “turismo de saúde e bem-estar”. O relatório da Global Spa Summit faz
a seguinte distinção para os dois segmentos do turismo de saúde:

O turismo médico envolve indivíduos que viajam para


determinado local de modo a receberem tratamento para
uma doença, para um problema físico ou mental ou para se
submeterem a um procedimento cosmético; o turismo de saúde
e bem-estar envolve indivíduos que viajam para determinado
local de modo a participarem proativamente em atividades que
mantenham ou melhorem preventivamente a saúde pessoal e
o bem-estar (JOHNSTON et al., 2011, p. 20).

39
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

O Yoga fica alocado no turismo de saúde e bem-estar, mas não


necessariamente realizado apenas para turistas. Hoje as academias voltadas para
o Yoga são uma realidade, mas é no Spa que muitos (mesmo os moradores locais
que os buscam) afirmam associar a prática a outras atividades lúdicas, tais como
caminhadas na natureza a pé ou de bicicleta, banhos termais quentes naturais
ou minerais, workshops e experiências gastronômicas, entre outras possibilidades
(ESTEVES, 2017). Para muitas pessoas, o Yoga é a escolha, porque leva à
autonomia, saúde, porque acalma e traz autoconhecimento.

FIGURA 3 – NUVEM DE PICS CENTRADA NO YOGA

FONTE: <https://saudenacomunidade.files.wordpress.com/2015/05/
ea_yoga-autonomia.png?w=545&h=249>. Acesso em: 15 ago. 2018.

No Brasil, temos muitos exemplos de espaços voltados para o Yoga que


hoje são considerados spas importantes com oferta desta prática associada à
hospedagem para descanso, férias ou realização de cursos de Yoga de natureza
formativa ou informativa. Em todos os estados brasileiros existem locais destinados
à prática, de academias a espaços para cursos com pousadas, é possível não
apenas exercitar-se, mas também tornar-se um profissional da prática. Esses
espaços atendem diferentes públicos e seus proprietários possuem formação em
Yoga e muitos dos cursos realizados são ministrados por eles para públicos que
buscam relaxar, trabalhar ou fazer formação.

A característica desses espaços mais voltados a cursos é que os mesmos


ficam em meio à natureza, com diversas trilhas na mata e/ou nas praias. Oferecem
serviços de pousada para os participantes de cursos e eventos que podem durar
um final de semana ou até um mês. São locais propícios para a prática de Yoga e
a realização de cursos, com refeitórios que na maioria das vezes ofertam comida
vegetariana associando o Yoga a outros cuidados corporais. Contudo, as práticas
e as formações se voltam mais para o próprio Yoga, com as técnicas de Asanas,

40
Capítulo 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável

Pranayamas, Chakras, Meditação, Mudras, dentre outras, voltadas a pessoas


apenas interessadas ou como cursos profissionalizantes na área (QUADROS;
SILVA; PAGNONCELLI, 2009).

Qualquer que seja o curso, os ministrantes fazem questão de apresentar


o Yoga clássico com suas oito práticas psicofísicas, que chegaram ao Ocidente
como ‘Ashtanga Yoga’. Essas oito práticas estão descritas no Yoga Sutra de
Patañjali, o compilador do Yoga no século I ou II a.C., através de uma linguagem
bastante simbólica que descreve a filosofia e as técnicas que fazem parte da
vivência dos praticantes. Essas práticas, também denominadas de ‘membros’, se
compõem, segundo Deveza (2013, p. 208), de:

• Refreamento: com cinco ações – não violência, falar a


verdade, não roubar, abstinência sexual e contenção de
energia, e por fim, não cobiçar o que é dos outros.
• Observâncias: com cinco conselhos – pureza (cuidados
corporais, mentais, boa alimentação e conduta social),
contentamento (felicidade não condicionada a fatores
externos), ascetismo (jejum, não consumismo), autoestudo
(autodomínio das práticas do Yoga e os estudos relacionados
ao espírito), entrega (não orgulho dos aprendizados).
• Posturas psicofísicas: estas são as Asanas, práticas que
promovem alongamentos de grupos musculares, relaxamento
físico com a associação de visualizações e movimentos
respiratórios específicos que alteram estados de consciência.
• Controle da respiração (Pranayama): tem como componentes
a inspiração e a expiração com ênfase na capacidade de
reter a respiração, principal objetivo dessa prática.
• Bloqueio dos cinco sentidos e das ações físicas (Pratyahara):
atenção total ao próprio eu e experiências psíquicas que isolam
a mente da pessoa de qualquer contato com o meio externo.
• Concentração (Dharana): pensamento voltado para um único
foco de atenção, bloqueando qualquer pensamento intrusivo.
• Meditação (Dhyana): concentração definitiva em único
pensamento (Ekagrata).
• Estado de integração (Samadhi): anulação das experiências
do corpo, dos cinco sentidos, de todo e qualquer pensamento
da mente, das noções de individualidade e das memórias do
Ego que levam o iogue ao isolamento completo.

Muitas pessoas que praticam o Yoga no Ocidente normalmente


fazem apenas as Asanas ou posturas psicofísicas. O Yoga adaptado ao
modo de pensar e viver dos ocidentais é visto como uma prática terapêu-
tica e não como uma prática de natureza espiritual. A Yogaterapia, como é
denominada, realiza procedimentos visando à cura de doenças através de
técnicas de purificação respiratórias, estomacais, intestinais, musculares e
visuais (SOUTO, 2002).

41
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

FIGURA 4 – PRÁTICAS DE YOGA 2

FONTE: <http://blogdescalada.com/wp-content/uploads/2013/11/
asanas_yoga-1024x852.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018.

É importante lembrar que este Yoga Clássico era uma prática masculina
realizada na Índia com propósitos voltados ao domínio do corpo e como uma
forma de disciplinar o físico e o espírito. A vinda da prática para o Ocidente ocorreu
durante os anos da contracultura, com a vinda de mestres e gurus budistas, entre
outras denominações religiosas orientais. O budismo e o janaísmo, sistemas
heréticos [não acreditam no Deus judaico-cristão], é que ajudaram a difundir a
prática no Ocidente. Como esses movimentos ‘religiosos’ heréticos adotam uma
alimentação vegetariana (ovo-lacto, lacto ou vegana – sem nenhum produto
animal) é comum associar a prática a uma alimentação com mais vegetais, grãos,
azeites especiais, entre outras possibilidades (SAIZAR, 2008).

42
Capítulo 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável

FIGURA 5 – ALIMENTAÇÃO VEGANA X ALIMENTAÇÃO VEGETARIANA

FONTE: <http://empauta.ufpel.edu.br/wp-content/uploads/2015/05/
IMAGEM-DOIS.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018.

A associação natureza, espaço relaxante, prática de Yoga (e de meditação


também) mais a alimentação vegetariana faz dos espaços de Yoga modelos
de busca do equilíbrio. Lembrando que muitos desses espaços comerciais são
tão especializados e preocupados com a qualificação das pessoas que fazem
formação também voltada à prática alimentar vegetariana. Por exemplo, hoje no
mercado existem muitos cursos, como os de Alimentação Ayurvédica, que estão
entre os mais procurados, em função dos trabalhos do médico indiano Chopra,
hoje radicado nos Estados Unidos, famoso em função dos mais de 40 livros que
tem escritos.

Ministrantes que estudaram com Chopra, como María Zorrilla, médica


formada em Ayurveda na Universidade Maimônides de Buenos Aires e na
University de Haridwar (Índia), atraem público inclusive ligado à Nutrição e
Gastronomia. No caso específico desta especialista em Yoga e alimentação,
ela dirige o centro médico ayurvédico na Argentina, oferecendo tratamentos
médicos individuais associados a cursos de culinária e formação em massagens
Ayurvédicas. Esta também é uma característica dos empreendedores de Yoga,
mostrar uma alta qualificação para resguardar a marca que os acompanha e
os serviços ofertados (QUADROS; SILVA; PAGNONCELLI, 2009). Nos cursos
ministrados ou nas práticas em que se relaciona o bem-estar à alimentação, a
tolerância à ingestão de produtos animais é restrita e diferencia os grupos de
vegetarianos, como apresentado na figura a seguir.

43
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

FIGURA 6 – DIFERENÇAS ENTRE GRUPOS DE VEGETARIANOS


DIFERENÇAS ENTRE OS VEGETARIANOS
OVOLACTOVEGETARIANOS LACTOVEGETARIANOS VEGANOS
GRUPOS DE VEGETARIANOS ESTRITOS

NÃO CONSOMEM CARNE


NEM PEIXE, FRANGO,
CRUSTÁCEOS ETC.

NÃO CONSOMEM OVOS


NEM PRODUTOS COM OVOS E
DERIVADOS

NÃO CONSOMEM
LATICÍNIOS
LEITE, QUEIJOS, IOGURTES
ETC.

NÃO CONSOMEM NADA


DE ORIGEM ANIMAL NA
ALIMENTAÇÃO

NÃO CONSOMEM NADA


DE ORIGEM ANIMAL
ALIMENTAÇÃO, VESTUÁRIO,
BELEZA, ENTRETENIMENTO,
ETC.

FONTE: <https://www.vista-se.com.br/wp-content/uploads/2012/10/
diferencas-vegetarianos1.gif>. Acesso em: 15 ago. 2018.

Por que associar Yoga com alimentação? Segundo Aivanhov (2013), a


alimentação menos tóxica junto com o yoga auxilia no processo de limpeza e
desintoxicação corporal e espiritual. As carnes, de uma forma geral, segundo
o autor, elevam as energias que promovem a doença, porque atuam como
desintegradores de matéria saudável. Esta questão analisaremos no Capítulo 4.

Na seção a seguir, falaremos sobre meditação, um dos ‘membros’ ou práticas


do Yoga que também está associada a outras filosofias de cuidado orientais.
Porém, antes de continuarmos a caminhada, vamos a um exercício. Vamos lá?

Atividade de Estudos:

1) Com base nos conteúdos apresentados sobre o Yoga, assinale


as alternativas corretas:

a) ( ) O Yoga é uma prática física moderna nascida no Ocidente


após a Segunda Guerra Mundial. Seu objetivo é preparar
o corpo para grandes demandas de trabalho que exijam
caminhadas.

44
Capítulo 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável

b) ( ) O Yoga tem uma história milenar e Patañjali, como seu


compilador no século I ou II a.C., escreveu sobre os oito
membros ou práticas importantes para se chegar ao Samadhi.
c) ( ) O Yoga clássico, com suas oito práticas psicofísicas, chegou
ao Ocidente com a denominação de ‘Ashtanga Yoga’.
d) ( ) O Yoga clássico se modernizou e tornou-se uma prática
masculina desenvolvida para atletas de olimpíadas.
e) ( ) O Yoga é uma prática que pode ser realizada com fins
psicofísicos e/ou espirituais. Em ambas as situações a
pessoa pode se beneficiar física e mentalmente.
f) ( ) O Yoga é uma prática terapêutica que também é conhecida
como Yogaterapia.
g) ( ) O Yoga é uma prática que pode atuar como tratamento e/ou
cuidado quando temos problemas respiratórios, intestinais,
musculares, entre outros.

5 Meditação
A meditação tem uma história milenar de contemplação oriunda de religiões
do Oriente (sufismo, hinduísmo, budismo, taoísmo, zen-budismo) e antigas
correntes judaico-cristãs com foco na misticidade. Existem distintos usos para
a meditação, inclusive a que se destina hoje a tratamentos relacionados com
problemas cardíacos, psiquiátricos e psicológicos, além do cansaço físico e
mental (MORAES, 2015).

A entrada da meditação no Ocidente ocorreu, segundo Prudente (2014),


na década de 1950, com jovens artistas e intelectuais. De acordo com o autor,
é a partir de fins dos anos de 1960, no advento da contracultura, com a vinda
de muitos ‘mestres espirituais e sacerdotes’ de diversas linhagens indianas,
tibetanas, zen-budistas e taoístas que migraram da Ásia em função da expansão
do comunismo chinês, que a meditação se torna popular.

Academicamente, a meditação inicialmente foi estudada por filósofos,


psicólogos e teólogos. Contudo, é no campo da saúde que ocorreu a laicização
da meditação, ou seja, esta sai do campo da espiritualidade e chega ao campo
considerado mais concreto dos tratamentos e cuidados, com uso de diferentes
técnicas em “hospitais, clínicas de psicoterapia, spas, escolas e empresas, ou
praticadas mais independentemente por indivíduos não compromissados com
nenhuma religião ou tradição espiritual” (PRUDENTE, 2014, p. 7). Estudos
realizados por Peron et al. (2004) a partir de 2000 na USP, em São Paulo,

45
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

demonstraram que a meditação é importante no controle da taquicardia,


hipertensão, tensão pré-menstrual, sintomas da menopausa, insônia, fadiga e
distúrbios psicológicos. Portella (2014) mostra como a meditação atua melhorando
a vida de mulheres na menopausa que passam a ter insônia e outros sintomas,
como ansiedade, em função das transformações hormonais nesta etapa da vida.

Veja a importância da meditação! É fantástico sabermos que podemos, a


partir de técnicas suaves (também denominadas de tecnologias leves), melhorar o
bem-estar de uma pessoa, tornando-a mais equilibrada quanto a atitudes consigo
própria. Segundo Cardoso, Souza e Camano (2009), a meditação é um estado
autoinduzido obtido a partir de técnicas específicas voltadas a um ‘objeto’ foco
para evitar a dispersão dos pensamentos. A realização sistemática leva a pessoa
a descontrair e chegar a um relaxamento psicofísico e muscular. Lembram das
práticas do Yoga que mostramos anteriormente?

Existem vários tipos de meditação, mas, uma das mais difundidas, que se
volta à diminuição do estresse, é denominada de mindfulness. Sem uma tradução
específica em nosso idioma, tem como representação básica para facilitar a
compreensão as seguintes ações: atenção plena, consciência plena e estar
atento. Para Demarzo (2011, p. 11):

Trata-se de uma forma de intervenção estruturada, voltada


para pessoas e para pacientes acometidos com condições
clínicas associadas a níveis prejudiciais de estresse.
Enraizado nas práticas budistas tibetanas, o MBSR é
estruturado como um programa que comporta atividades
presenciais (junto a um instrutor) e à distância, combinando
técnicas simples de meditação.

As técnicas do mindfulness são muito semelhantes a outras empregadas


em meditação com outras denominações. Com instrutores inicialmente e depois
sozinhos, a pessoa que realiza a prática meditativa deve, em um primeiro
momento, sentado de forma confortável, centrar-se em sua respiração, depois
desta fase pode iniciar o relaxamento ou escaneamento corporal criando
consciência de cada parte de seu corpo, após esta etapa passa a fazer a
caminhada meditativa em um jardim ou espaço silencioso em que possa soltar
os pensamentos. Por último, a partir de uma seleção prévia com o instrutor,
selecionar posições leves do yoga que auxiliem no processo de consciência plena
e relaxamento. A duração média desses momentos pode variar entre 45 minutos a
duas horas, conforme o nível de introspecção, tempo e local em que a pessoa se
encontra (CAMPAYO, 2008).

46
Capítulo 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável

Importante: A prática de meditação não é isenta de riscos.


Existem restrições para a prática de meditação em portadores de
esquizofrenia e epilepsia, por exemplo, e algum desconforto pode
ocorrer entre pessoas com mobilidade reduzida e sedentarismo.

Atividade de Estudos:

Vamos nos exercitar um pouco?

1) Sobre as origens e definições da meditação, marque a alternativa


correta:

a) ( ) A meditação tem raízes no budismo e em diversas outras


tradições culturais, religiosas e filosóficas orientais e se destina
a fazer o praticante centrar-se em um foco e a partir deste
momento isolar-se do que está externo à sua consciência.
b) ( ) A meditação é uma prática corporal baseada na vivência
dos momentos do passado e do presente, tem por objetivo o
controle do tempo de cada pessoa.
c) ( ) A meditação é uma prática mente-corpo baseada na vivência
do momento presente, com controle e julgamentos dos
nossos erros diários e da falta de foco na vida cotidiana.
d) ( ) A meditação tem raízes religiosas orientais e por isto não é
recomendada a pessoas cristãs.

2) O Yoga tem uma forte ligação com a meditação e outras terapêuticas


estudadas neste capítulo. No Brasil, estas práticas hoje fazem parte
de políticas públicas oficiais que podem ser adotadas na assistência
e promoção da saúde. Sobre esta questão, responda com verdadeiro
(V) ou falso (F) as questões a seguir:

a) ( ) As portarias 145, de 11 de janeiro, e 849, de março de 2017,


oficializaram a adoção das práticas da Arteterapia, Ayurveda,
Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia,
Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia,
Reiki, Shantala, Terapia Comunitária Integrativa e Yoga em
unidades de saúde pública do Brasil.

47
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

b) ( ) As Práticas Integrativas Complementares podem


ser realizadas por pessoas leigas e/ou profissionais
especializados.
c) ( ) A Massagem do tipo Shantala é a única aceita como PIC
desde a primeira portaria, em 2012.
d) ( ) O Yoga é importante no processo de meditação e em quase
todas as tradições é recomendado como uma prática ou
técnica complementar à mesma.

3) O turismo de saúde pode ser categorizado ou classificado


como “turismo médico” ou “turismo de saúde e bem-estar”.
Considerando esta afirmação e os conteúdos deste capítulo,
assinale as alternativas corretas:

a) ( ) O Yoga clássico e a meditação são práticas orientais milenares


que podem ser feitas com propósitos físicos e/ou espirituais.
b) ( ) A massagem pode ser aplicada a qualquer pessoa, não há
necessidade de termos preocupações éticas de qualquer natureza.
c) ( ) A alimentação vegetariana é a mais saudável, mesmo
quando se usam tantos agrotóxicos como no Brasil no cultivo
de frutas, verduras e cereais.
d) ( ) Yoga e meditação só trazem benefícios às pessoas e não
existem contraindicações às suas práticas.
e) ( ) Yoga, meditação e massagens são práticas que diminuem o
estresse e auxiliam no bem-estar e na promoção da saúde
das pessoas.

6 Algumas Considerações
Muitos exemplos de estabelecimentos com práticas orientais podem ser
visitados na net. Não deixe de procurar espaços que possam ajudá-lo com
mais conhecimentos sobre tudo o que colocamos neste capítulo. Em spas, por
exemplo, procure depois saber quais as práticas mais comuns e se eles associam
massagens, yoga e meditação como parte de suas práticas de bem-estar e vida
saudável. Faça uma visita aos mesmos e busque informações sobre a forma de
funcionamento, equipe e qualificações, veja as diferenças e a tipologia do Spa
(é voltada ao turismo médico ou bem-estar?). Não deixe de consultar também
nossas referências, elas poderão ajudar a solucionar as dúvidas ou trazer novas
informações!

48
Capítulo 2 práticas terapêuticas de Promoção da Saúde e Estética Saudável

Referências
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a Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia,
Naturopatia, Osteopatia, Quiropraxia, Reflexoterapia, Reiki, Shantala, Terapia
Comunitária Integrativa e Yoga à Política Nacional de Práticas Integrativas e
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51
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

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52
C APÍTULO 3
Práticas Terapêuticas de Conforto
Sensorial e Corporal

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Identificar os benefícios de algumas práticas terapêuticas de conforto sensorial e


corporal, cuidado e tratamento holístico – natural para a saúde e a estética corporal.

� Examinar técnicas terapêuticas de conforto sensorial e corporal e seus benefícios


para situações voltadas à promoção da saúde e estética saudável.
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

54
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

1 Contextualização
Técnicas corporais como a Aromaterapia e a Cromoterapia, ou outras já
citadas neste manual, são destinadas basicamente ao conforto sensorial e
corporal, com finalidade relaxante, mas também voltadas à estética. O uso, por
exemplo, de óleos essenciais vem sendo praticado na estética em função da ação
antimicrobiana, anti-inflamatória, adstringente e também cicatrizante nas peles
em tratamento (NEUWIRTH; CHAVES; BETTEGA, 2008).

O lado terapêutico dos tratamentos estéticos também será bastante


enfatizado neste capítulo. A função da estética vai muito além dos aspectos
estéticos corporais. Os óleos, sozinhos ou associados com a Cromoterapia,
por exemplo, ao levar as pessoas a um relaxamento mental, também auxiliam
no equilíbrio das funções corporais, em que podemos incluir o melhoramento
de uma pele cansada em função da poluição ambiental, do uso inapropriado de
determinados produtos estéticos, ou ainda, se o cliente é fumante, se recebeu
sol excessivo no rosto, se vive momentos de estresse no trabalho e na família
etc. Todos os problemas citados podem levar ao envelhecimento precoce da pele,
as indicações sugeridas neste capítulo são importantes cuidados que podem ser
realizados em spas ou espaços estéticos (PAGANINI, 2013).

Todas as práticas de cuidados aqui apresentadas, neste e em outros


capítulos, podem ser coadjuvantes ou complementares de vários outros cuidados
de caráter tradicional ou de outros modelos terapêuticos considerados alternativos.
O que procuramos enfatizar é que esses cuidados devem ser aplicados por
um profissional qualificado que esteja preparado e tenha conhecimentos dos
efeitos colaterais e do não uso desses cuidados em situações específicas,
tais como alguns tipos de câncer, problemas respiratórios severos, problemas
dermatológicos que exigem tratamentos biomédicos, entre outros (ANDREI;
PERES; COMUNE, 2005).

Esperamos que essas informações possam fazê-lo entender a importância


da preparação para qualquer atividade que envolva o cuidado a outro ser humano.
Este curso é uma das muitas possibilidades de aquisição de conhecimentos
teóricos voltados a um melhor exercício de cuidados práticos estéticos, numa
perspectiva mais técnico-científica.

Boa leitura, bom estudo!

55
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

2 Algumas Concepções
Relacionadas ao Tema do Capítulo
E aqui estamos novamente a continuar nossas trocas acerca das terapêuticas
que podemos utilizar em spas como fontes de cuidados que podem nos levar a um
patamar de bem-estar e viver saudável. E para entender como essas terapêuticas
sensoriais e corporais atuam em nossos corpos, vamos precisar explicar antes
acerca dos sistemas sensoriais e corporais que ‘gerenciam’ a comunicação e a
informação entre nós e o meio ambiente.

A informação sensorial é que nos põe em contato com


as sensações provenientes do ambiente externo. À medida que
envelhecemos ou adquirimos algum problema de saúde, perdemos
a possibilidade de, através das sensações, mantermos o equilíbrio
necessário para evitarmos acidentes, como as quedas, por exemplo.
E isto ocorre porque “os sistemas sensoriais (visual, somatossensitivo
e vestibular) são responsáveis pelo início do processo de construção
do equilíbrio corporal humano” (RICCI; GAZZOLA; COIMBRA, 2009,
p. 94). Se adoecemos ou não cuidamos de nossos corpos para um
envelhecimento equilibrado, enfraquecemos os sistemas sensoriais.

Importante: este sistema tão delicado é responsável por nossa


postura e equilíbrio motor. Segundo Freitas Junior e Barela (2006,
p. 96), “este controle ativo dos músculos é realizado com base nos
estímulos sensoriais captados continuamente durante a manutenção
da postura ereta [...] pelos sistemas vestibular, somatossensorial e
visual”. Ora, isto significa que, além dos riscos de queda, à medida
que envelhecemos e não há uma manutenção contínua do nosso
sistema sensorial, podemos perder a sensibilidade corpórea, e com
esta perda, por exemplo, podemos facilmente nos cortar ou nos
queimar sem sentirmos imediatamente.

56
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

O sistema relacionado com o que vemos, escutamos, cheiramos e sentimos,


e outras tantas sensações, é que faz com que tenhamos uma contínua interação
com o mundo que nos rodeia. As informações que chegam a nós do exterior são
sempre encaminhadas ao nosso cérebro através do olfato, paladar, visão, audição
e a sensibilidade corporal, que na sua superfície nos faz perceber o toque (tátil), a
dor e/ou calor, ou podemos ter sensações mais profundas, tais como a capacidade
de reagir a estímulos e sensações físicas e vibratórias. No meio intrauterino já
utilizamos nossos sentidos, a visão é o único sentido que se desenvolve após
o nascimento. Conforme nossas necessidades, podemos desenvolver mais um
sentido do que outro (CALDAS, 2008), ou podemos nascer com uma desordem
sensorial. Pessoas com autismo ou síndrome de Down podem ter vários
comprometimentos sensoriais e, por isto, desenvolvem em algumas situações os
sintomas apresentados na figura a seguir.

FIGURA 1 – COMPROMETIMENTOS SENSORIAIS


Escondo meus olhos
de luzes fortes ou Não gosto de cortar,
Eu posso ser muito seletivo
fixo meus olhos nelas lavar ou pentear
com comida e resistir a
os cabelos
texturas e cheiros
Posso ser ultrassensível
Posso tocar as pessoas a sons como liquidificador
muito leve ou e buzinas de carro
muito bruscamente
Gosto de mastigar
Posso buscar o toque de materiais com
outras pessoas ou evitar texturas diferentes
que me toquem
Tenho dificuldades com
atividades de coordenação
Eu não tolero alguns motora fina (cortar, escrever etc)
tecidos e nem etiquetas
em minha roupa
Eu posso gostar de cheirar
Posso ser meio desajeitado pessoas, comida ou objetos.
e esbarrar e pisar nas coisas Ou querer fugir destes aromas.

Eu posso querer andar Tenho dificuldades


na ponta dos pés para me vestir sozinho

Tenho dificuldades
Eu posso querer andar com atividades de coordenação
descalço ou usar motora grossa (escalar, subir escadas,
sempre o mesmo calçado andar de bicicleta)
FONTE: <https://2.bp.blogspot.com/-3INjqrP12OU/Vs85LGhN4lI/
AAAAAAAAWRE/95tQKx1_BKU/s400/palestra_GHEC_Educacao_
Especial_e_Homeschooling.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018.

57
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Os pilares sensoriais, ou cinco sentidos dos seres humanos, também podem


ficar comprometidos em função de acidentes, problemas genéticos, estresse e
o pouco uso de nossos órgãos do sentido. Por exemplo: tocar, sentir a textura
de objetos, da própria pele, sentir os aromas do ambiente (quando não poluído),
proteger os olhos do excesso de luminosidade, mas ao mesmo tempo aprender
a ver e andar sem óculos escuro em ambientes protegidos etc. Como lidar com
essas possibilidades? Como ampliar a capacidade fantástica de ver o mundo com
todas as suas cores, sentir o cheiro do mato, dos alimentos crus e cozidos, o
aroma das ervas, o canto dos pássaros e as sensações corpóreas de um toque
amoroso? (SILVA, 2016). Os cuidados físicos e emocionais podem ser a porta
de entrada para a manutenção (a mais íntegra possível) dos nossos pilares
sensoriais, ou seja, precisamos continuamente incentivar as pessoas a se
manterem alertas com relação às suas sensações. Quando cansados demais, por
exemplo, perdemos muito da sensibilidade e conexões conosco mesmos.

FIGURA 2 – CINCO SENTIDOS

FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/55/02/55020257db91a-
sentidos-do-corpo-humano-large.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018.

Freitas (2011) afirma que nosso organismo tem inúmeras conexões e múltiplas
redes de informações dispersas por todo o nosso corpo, levando e trazendo
sensações para as regiões periféricas (pele, músculos, articulações e vísceras)
e centrais (mielencefálicas, metencefálicas, mesencefálicas, diencefálicas e
telencefálicas). Estas redes são as representantes de nosso sistema sensorial,
que quando estimuladas ativam nossas sensações por todo o corpo.

58
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

Do ponto de vista estético, a pele, nesta grande rede, é a nossa ‘base-mãe’


para os principais cuidados terapêuticos de natureza física e sensorial. Segundo
Montagu (1988 apud MÜLLER; RAMOS, 2004), a pele possui uma variedade de
células muito resistentes que protegem os tecidos do corpo, tendo várias funções,
tais como ser a base dos receptores sensoriais enquanto fonte de informações,
mediadora de sensações, fonte imunológica, camada protetora contra os efeitos
da radiação e lesões mecânicas, materiais tóxicos, organismos estranhos,
regulação da pressão e fluxo sanguíneo, regeneração, produção de queratina,
secreção de substâncias nocivas, lubrificação, isolamento térmico, entre outras
tantas possibilidades.

Quanto mais ativamos as redes de informações sensoriais, mais estimulamos


nossas células e nosso sistema sensorial. Esses estímulos são possíveis porque
nossos corpos interagem constantemente com o meio em que estamos inseridos
por meio de nossos órgãos do sentido (visão, vias cutâneas, auditivas, olfativas
e gustativas). As interações são conduzidas por neurônios ao cérebro, em que
após sua decodificação geram respostas ou reações em nosso corpo. Toda esta
explicação nasce da possibilidade de estarmos sem disfunções. Quando temos
alguma doença crônica ou mesmo em função do envelhecimento (ainda que
saudável), podemos ter disfunções severas que podem diminuir e/ou encerrar as
funções desse sistema (SCHUMM et al., 2009; CALDAS, 2008).

O que podemos fazer para evitar perdas nesse sistema? Através da


estimulação? É possível fazê-la externamente? Alguns dos cuidados terapêuticos
que recebemos em spas nos auxiliam nesse processo de estimulação e nos
beneficiam e de certa forma rejuvenescem nossos corpos e regulam o complexo
sistema sensorial – base de nossas organizações perceptivas corporais. Podemos
não mudar todo um quadro degenerativo, mas podemos diminuir ou desacelerar
o processo através de tratamentos e de cuidados como os apresentados neste
capítulo (FREITAS, 2011).

Antes de apresentarmos alguns dos cuidados terapêuticos sensoriais, vamos


fazer nosso primeiro exercício? Veja o enunciado e assinale as questões corretas.

59
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Atividades de Estudos:

1) Os estímulos sensoriais são importantes na vida de todos os


seres humanos, são eles que nos trazem equilíbrio em vários
setores da vida. Se eles estão saudáveis, conseguimos viver
com tranquilidade, uma vez que podem nos salvar a vida.
Considerando esta apresentação, responda assinalando as
afirmações corretas:

a) ( ) O envelhecimento e algumas doenças afetam profundamente


nossos estímulos sensoriais e equilíbrio, por isto é comum as
pessoas idosas caírem quando têm problemas de visão.
b) ( ) As informações do mundo exterior somente chegam a nós
quando nossos estímulos sensoriais estão saudáveis.
c) ( ) Algumas doenças, como o autismo, alteram o processamento
sensorial e por causa disto as pessoas podem ficar alteradas
diante de luzes fortes, toques na pele e sons muito altos.
d) ( ) O sentido que nós humanos colocamos para funcionar após
o nascimento é o do sabor, logo que começamos a ser
amamentados.
e) ( ) O estresse pode comprometer a recepção sensitiva ligada
ao equilíbrio motor, as lembranças passadas e presentes e a
capacidade de relaxar.
f) ( ) Os pilares sensitivos são três, sem eles não conseguimos
nos comunicar com o mundo exterior.

E então? Você percebeu como é importante cuidarmos de nosso corpo e de


nossa mente de modo a mantê-los equilibrados e ativos, capazes de nos fazer
viver uma vida saudável e de qualidade? O paradigma holístico nos mostra como
é fundamental que vejamos nosso corpo como uma parte do universo e que, ao
ser olhado de forma integral, apresenta-se em sua forma física, mental, espiritual
e sociocultural. Somos mais do que matéria, somos sensibilidade e sentimentos,
somos história e memória, somos seres inteiros (BOFF, 2008). Seres que agem e
interagem com a natureza e/ou produtos que ela nos oferta, como a Aromaterapia,
a primeira prática terapêutica que apresentaremos a você neste capítulo.

60
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

3 Aromaterapia
A Aromaterapia é uma das práticas terapêuticas complementares oficializadas
pelo Ministério da Saúde através da Portaria nº 971, que incentiva e regulamenta
a adoção dessas técnicas nas unidades de atendimento do SUS de todo o país
(BRASIL, 2006). Esta prática:

Utiliza-se de óleos essenciais, compostos orgânicos de


origem vegetal, formados por moléculas químicas de alta
complexidade, que apresentam várias funções químicas,
como álcoois, aldeídos, ésteres, fenóis e hidrocarbonetos,
havendo sempre a prevalência de uma ou duas delas e,
assim, caracterizarão seus aromas. São extraídos das plantas
aromáticas pelo processo de destilação ou prensagem de
partes desses vegetais, como flores, folhas, sementes, frutos
ou raízes e diluídos em diversas concentrações, que dependem
da intenção do uso (GNATTA et al., 2011, p. 258).

Enquanto uma prática terapêutica, a aromaterapia como a conhecemos


hoje nasceu em 1910 com René-Maurice Gattefossé. Pode ser realizada com
óleos aplicados diretamente na pele associados ao toque de uma massagem, ou
ainda através do olfato com objetivos de prevenção, promoção da saúde, cura e
diminuição de sintomas da ansiedade, cansaço, insônia e estresse (DOMINGO;
BRAGA, 2013; HOROWITZ, 2011).

Como você imagina que a Aromaterapia atua realmente?

Antes de tudo, temos que pensar na matéria-prima da Aromaterapia, que


são as plantas aromáticas e medicinais que estão no planeta em florestas, que
em função do desenvolvimento sem planejamento e sustentabilidade, podem
desaparecer. Sim, temos que pensar nas florestas, nas águas dos rios e nos
guardiães dessas maravilhas que são os grupos nativos que vivem nestes lugares:
indígenas, extrativistas, agricultores familiares, povos ribeirinhos, entre outros.
Estes grupos são importantes porque ainda precisamos deles para ‘cuidarem’ de
nosso arsenal vegetal, uma vez que:

Das 250 mil espécies de plantas superiores existentes na


Terra, mais de 80 mil apresentam características medicinais
e, destas, até agora, apenas uma pequena percentagem foi
investigada do ponto de vista fotoquímico e, menos ainda,
quanto à sua atividade biológica e farmacológica. Embora a
medicina tradicional esteja difundida por todo o mundo, sendo
parte integrante da cultura de cada povo, infelizmente muito do
conhecimento antigo e muitas plantas importantes começam
a perder-se num grau preocupante. As florestas tropicais têm
sido destruídas a uma velocidade de 50 hectares por minuto e,
quem sabe, quantas potenciais drogas farmacêuticas têm sido
perdidas desta forma (JOY et al., 2001, s.p.).

61
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Se já havia riscos no período em que Joy et al. escreveram o trecho citado


acima, em 2018, no século XXI, temos mais problemas e muitos agravos que
dificultam a preservação das florestas e a realização de cultivos protegidos que
possam servir de base para a elaboração de remédios, medicamentos e óleos
de qualidade. Para obtermos uma matéria-prima adequada, convém que se faça
o cultivo de plantas medicinais em sistemas protegidos (ambiente fechado), em
hortas biológicas (ou orgânicas) ou ainda nas próprias florestas (sistema de cultivo
agroflorestal). Qualquer que seja a escolha, é importante que os responsáveis
fiquem atentos ao clima e tipos de solo (CUNHA; ROQUE; GASPAR, 2013).

A Aromaterapia faz uso de óleos essenciais e carreadores. Os óleos


essenciais são extraídos de uma ampla variedade de plantas e ervas
consideradas aromáticas e/ou medicinais. Os óleos carreadores são óleos
mais gordurosos, provenientes de amêndoas e sementes. Os lugares em
que a matéria-prima desses óleos tem melhor qualidade são nos espaços que
denominamos de Agroflorestas. Todas as plantas têm dois metabolismos, um
primário e outro secundário. O primário é o que mantém a planta viva e ajuda
no seu desenvolvimento e crescimento através da fotossíntese. O secundário
dá origem a compostos específicos que ajudam na integração da planta com o
meio em que se encontra e é responsável também pela proteção da planta. Este
segundo metabolismo é importante para nós que apreciamos óleos essenciais,
porque as substâncias que tornam possível a formação desses óleos são as
responsáveis pelo afastamento de insetos indesejáveis, ou podem ser atraentes
para insetos e animais que são polinizadores e ajudam a espalhar as sementes
que irão gerar novas plantas no ambiente (GONÇALVES; GUAZZELLI, 2014).

Como a Aromaterapia utiliza principalmente óleos essenciais para efetivar


os cuidados corporais e emocionais, é importante conhecer um pouco mais
sobre eles. Os óleos essenciais são misturas vegetais muito complexas. Existem
em pequena quantidade e normalmente são voláteis, ou seja, evaporam muito
rapidamente. Outro detalhe que chama a atenção para este tipo de óleo são os
aromas provenientes das plantas que se concentram nele. A sua extração pode ser
realizada de diferentes partes das plantas e, dependendo da espécie, podemos
extrair óleos de suas flores, folhas, raízes, frutos, grãos, madeira ou cascas.
O rendimento e a composição dependem de vários fatores: solo, quantidade
de água, altitude, clima, presença ou ausência de radiação solar. Documentos
como o Dossiê Abrasco demonstram como o solo e a água ficam comprometidos
com resíduos de agrotóxicos ou outros produtos prejudiciais aos seres humanos
(CARNEIRO et al., 2015). A consequência é a diminuição ou a impossibilidade
de produção dos efeitos benéficos das moléculas ativas dos óleos na promoção
do bem-estar, diminuição do cansaço e esgotamentos emocionais (GONÇALVES;
GUAZZELLI, 2014; POWER, 2009).

62
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

Ao atendermos à premissa de que os óleos utilizados na Aromaterapia


serão de qualidade, teremos então produtos inócuos que poderão ser utilizados
de distintas formas com os clientes que forem a um spa. Nas figuras a seguir
apresentamos algumas práticas comuns que podem ser aplicadas por profissionais
que tenham feito estudos com embasamento teórico sobre a Aromaterapia, seus
usos, benefícios e contraindicações. Os comentários relacionados às figuras
foram descritos considerando os referenciais de Curtis, Thomas e Johnson (2017);
Bucker, Cunha e Machado (2013); e Paganini (2013), que descrevem ou apontam
os benefícios citados da difusão, inalação, massagens, banho de imersão e o uso
de cremes e cosméticos.

• Difusão através da combinação de óleos essenciais no ar. Os óleos


atuam como ‘limpadores’ ou purificadores ambientais e podem ser
propulsores do relaxamento de uma pessoa cansada (óleo de lavanda)
ou impulsionar a pessoa a realizar alguma tarefa, ficar mais ágil e
dinâmico (óleo de alecrim), entre outras possibilidades.

FIGURA 3 – DIFUSOR ELÉTRICO

FONTE: <https://www.fisaude.pt/imagemagic.php?img=images/Difusor-Aromaterapia-
Ultrasonico.jpg&w=303&h=303&page=prod_info>. Acesso em: 15 ago. 2018.

• Inalação diretamente dos óleos pelas narinas: importante


para quem tem problemas respiratórios ou para pessoas com
enxaquecas. Uma avaliação médica antes de procurar um
aromaterapeuta se faz necessário se a pessoa é asmática ou sofre
de outros processos alérgicos.

63
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

FIGURA 4 – INALAÇÃO

FONTE: <http://2.bp.blogspot.com/-n0bcPj3jFfg/T-8Fyz_EYJI/
AAAAAAAABUk/5d3hyZdpw4s/s200/inalacao_caseira.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018.

• Massagens utilizando óleos são bastante comuns e existem


massagens para situações específicas, em que o terapeuta deve
ter uma formação na técnica e nos óleos que irá utilizar. Massagem
Shiatsu (Japonesa), Rítmica (Antroposofia de origem alemã)
ou Ayurvédica (Indiana), ou qualquer que seja a denominação
da massagem, deve ser realizada por pessoas qualificadas que
saibam as indicações para a mesma. Embora o relaxamento e o
descanso sejam benefícios inclusos em todas elas, algumas têm
outras finalidades, com efeitos nas articulações, na musculatura
ou outras partes de nosso corpo.

FIGURA 5 – MASSAGEM

FONTE: <https://toquevitalterapia.files.wordpress.com/2012/08/aromatherapy-
massage.jpg?w=683&h=270>. Acesso em: 15 ago. 2018.

• Banho de imersão infundido com óleos, normalmente realizado


em banheiras com sais aromáticos, ervas medicinais in natura e
óleos essenciais, são comuns em distintos tipos de spas ou em
hotéis com termas. Práticas como essas são recomendadas para
pessoas com estresse e cansaço crônico.

64
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

FIGURA 6 – BANHOS AROMÁTICOS

FONTE: <http://1.bp.blogspot.com/-eUD6H4wgPwQ/UFiuJRCVz-I/AAAAAAAAAO8/
mRfmYJ6OzQw/s200/banho.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018.

• Cremes e cosméticos com óleos à base de plantas e/ou ervas


são bastante comuns em tratamentos no couro cabeludo, rosto
e o corpo de uma forma geral. Nos tratamentos estéticos, são
utilizados na limpeza, tonificação, hidratação e purificação da pele.

FIGURA 7 – BELEZA E ÓLEOS ESSENCIAIS

FONTE: <https://images.e-konomista.pt/repo/765_360_cosmeticos-
naturais_1515684764.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018.

Que outros usos podemos dar à Aromaterapia? Em distintas situações,


a Aromaterapia pode auxiliar nos tratamentos ou complementar cuidados
relacionados a problemas como o estresse crônico e/ou ansiedade, depressão,
insônia ou sono sem descanso e agitado, cansaço, dor muscular e articulações,
infecções respiratórias, distúrbio digestivo, tensão pré-menstrual, menopausa,
problemas na pele provocados por picadas, erupções cutâneas, hematomas,
celulite ou acne, flutuações na glicemia e câncer (CURTIS; THOMAS; JOHNSON,
2017; PAGANINI, 2013).

65
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Os benefícios da Aromaterapia podem ser observados nos problemas


apontados acima, e isso ocorre porque é uma prática que faz uso de produtos
cuja matéria-prima são as ervas e plantas medicinais. Os produtos oriundos
da farmacopeia vegetal e seus respectivos extratos auxiliam ou proporcionam
cuidados essenciais através da utilização por via externa e interna, conforme a
necessidade e a não contraindicação do seu uso. No mundo, o consumo de óleos
essenciais aumentou em diversos setores ligados à alimentação, perfumaria
e cosméticos, higiene, limpeza e à indústria farmacêutica. A comercialização
de produtos aromáticos é bastante diversificada e dentre eles estão os óleos
essenciais, presentes em pomadas, extratos e infusões, tinturas, bálsamos e
outros produtos usados para a difusão de aromas nos ambientes. É importante
destacar que os óleos essenciais são os mais conhecidos para os que se
utilizam da Aromaterapia, mas temos óleos vegetais e minerais com outras
funções, utilizados na ativação de nosso sistema sensorial (CUNHA et al., 2010).
Entretanto, “para além do uso terapêutico, os óleos essenciais são utilizados
também no processamento e preservação de alimentos” (DIAS, 2013, p. 9). Vale
recordar novamente o que eles são e como são definidos:

Os óleos essenciais são definidos como substâncias


complexas voláteis, lipofílicas, geralmente odoríferas e
líquidas, oriundas do metabolismo secundário de vegetais.
Essas substâncias residem em pequenas bolsas (tricomas)
nas plantas, e são rompidas naturalmente por elas, liberando
uma nuvem aromática ao seu redor, ou podem ser rompidas
intencionalmente durante o processo de extração do óleo
(MORETTO; BUENO; MORAIS, 2015, p. 16).

Os critérios de qualidade dos óleos essenciais envolvem vários elementos, tais


como a sua procedência territorial e local de cultivo da planta que o originou e os
métodos de extração, estocagem e conservação. É importante que se esclareça
que de acordo com a técnica de aplicação e uso, um óleo proveniente da mesma
planta e/ou erva pode variar as suas funções e benefícios, algo que não ocorre nos
óleos sintéticos (AMARAL; BARROS, 2004). As categorias e/ou divisões quanto aos
benefícios são três: os tonificadores que alteram o humor, os estimulantes que
regulam nosso corpo de uma forma geral e os calmantes que relaxam e diminuem
nosso ritmo corporal e mental (COELHO, 2009; SELLAR, 2002).

Os óleos essenciais à base de lavanda, melaleuca, eucalipto e citronela são


bastante conhecidos do público brasileiro. Contudo, em 2009, entre os 18 óleos
mais comercializados em nosso país e no mundo, figuravam o óleo à base de
laranja [Citrus sinensis] e a menta japonesa [Mentha arvensis L. f. piperascens].
Outros óleos são citados, mas estes figuram como os mais fáceis de produzir
em função da quantidade com que as plantas que os originam são cultivadas no
mundo (BIZZO; HOVELL; REZENDE, 2009).

66
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

Recomendo como leitura de aprofundamento os livros


da Fundação Calouste Gulbenckian de autoria de Cunha e
colaboradores, que estão citados e apresentados em nossas
referências. Os mesmos precisam ser adquiridos via site da
fundação, não estão ofertados para reprodução gratuita, mas são
importantes para entendermos as nuances acerca dos múltiplos usos
das plantas medicinais e aromáticas. A recomendação de leituras é
fundamental, porque o fato de estarmos lidando com produtos cuja
matéria-prima são plantas não isenta de risco os seus usos. Também
recomendamos a leitura da dissertação de Tatiana Paganini, cujos
resultados apontam que:

A Aromaterapia via uso dos óleos essenciais


pode auxiliar nos sintomas relacionados ao es-
tresse, contribuindo para o equilíbrio corpóreo
como um coadjuvante nos tratamentos biomédi-
cos. Esses estudos demonstram também que
para uma pessoa alcançar bem-estar, muitos el-
ementos estão envolvidos, e para gerar equilíbrio
corporal (físico, mental e espiritual) e qualidade
de vida, muitos fatores são importantes e fun-
damentais. As práticas terapêuticas com uso da
aromaterapia, embora com limitações, permitem
que o profissional e/ou terapeuta tenha uma
visão mais totalitária da pessoa no processo
saúde-doença. No caso das pessoas estressa-
das num estado de maior vulnerabilidade para
contrair doenças, a indicação da Aromaterapia
pode ajudá-las a diminuir o processo de ansie-
dade e outros problemas desencadeados pelo
estresse. Sobre esta questão, quase todos os
autores são unânimes no sentido de dizer que o
cuidado preventivo traz resultados importantes e
impedem que a situação se agrave. Entretanto,
recomendam que a Aromaterapia seja, quando
necessário, associada a cuidados da biomedici-
na tradicional (PAGANINI, 2013, p. 6).

Na área da saúde, a Aromaterapia vem sendo amplamente utilizada como


complemento a tratamentos estressantes ligados ao câncer, às depressões
e ansiedade. Embora os profissionais ligados à Naturologia sejam bastante
respeitados neste novo milênio, historicamente, a Medicina e a Enfermagem
já trabalhavam com os óleos essenciais, matéria-prima da Aromaterapia. No
cuidado de enfermagem, por exemplo, Marguerite Maury é vista como um ícone
da Aromaterapia moderna. Nascida na Áustria, já formada em Enfermagem, foi

67
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

para a França e, com seu marido, o médico Maurice Maury, estudaram juntos os
efeitos do uso dos óleos essenciais.

Marguerite é reconhecida como referência na Aromaterapia pelo


fato de ter integrado os princípios holísticos da Enfermagem à
elaboração de prescrições terapêuticas individuais de Óleos
Essenciais (OE) para massagem e por desenvolver a ideia de
que um blend (mistura) único de OE poderia ser desenvolvido
para cada pessoa. Com seus estudos, Marguerite Maury
tentou demonstrar a atuação dos OE sobre o sistema nervoso,
sobretudo no sistema límbico, e ministrou cursos e palestras
por toda a Europa sobre o mecanismo de ação dos OE. Abriu a
primeira clínica aromaterápica em Londres e, posteriormente,
outras unidades na França e Suíça. Pelo fato de Marguerite ter
desenvolvido estudos sobre a ação dos OE no organismo, ela
se tornou mais conhecida por sua atuação como bioquímica do
que como enfermeira (GNATTA et al., 2016, s.p.).

E então, o que acharam desses conteúdos? Vamos agora fazer um exercício


sobre os temas tratados até o momento? Lembre-se: esperamos coerência nas
respostas, que devem ser fundamentadas no que abordamos neste tópico e nas
referências de apoio no final do capítulo. A ideia é associar o seu pensamento ao
que se pesquisa sobre a Aromaterapia e seus usos.

Atividade de Estudos:

1) “Baseada nos princípios holísticos, a aromaterapia moderna


data de 1910, com René-Maurice Gattefossé. Trata-se de um
processo terapêutico baseado no toque, na comunicação e na
interação terapeuta-paciente” (DOMINGO; BRAGA, 2013, p. 74).
Sobre a aromaterapia, coloque verdadeiro (V) ou falso (F) nas
afirmações a seguir:

a) ( ) A aromaterapia é definida como uma terapia que faz o


uso intencional de óleos essenciais a fim de promover ou
melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas.
b) ( ) A aromaterapia tem base biológica e faz uso de substâncias
encontradas na natureza, como os óleos essenciais e os
óleos carreadores.
c) ( ) A aromaterapia utiliza óleos essenciais que produzem
estímulos nos neurotransmissores (encefalinas e endorfinas)
e geram efeito analgésico e a sensação de bem-estar e
relaxamento.

68
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

d) ( ) A aromaterapia só pode ser realizada por profissionais


médicos e enfermeiros em ambiente hospitalar.
e) ( ) A aromaterapia é uma técnica da biomedicina convencional
com ampla aceitação de todos os profissionais da saúde que
atuam em estabelecimentos de saúde privados e públicos.
f) ( ) A aromaterapia é uma prática holística milenar que, através
dos óleos essenciais, pode aliviar dores, fortalecer nossa
imunidade, proporcionar relaxamento e equilíbrio.

2) Os óleos essenciais são bastante conhecidos em função da


Aromaterapia e a comercialização e popularização dos usos
dos óleos em massagens estéticas e terapêuticas. Levando em
consideração este contexto, assinale as corretas nas afirmações
a seguir:

a) ( ) Os óleos essenciais são extraídos de plantas e ervas


medicinais e aromáticas. As flores, folhas, cascas, rizomas e
frutos são matérias-primas para sua produção.
b) ( ) Os óleos essenciais possuem grande aplicação na
perfumaria, cosmética, alimentos e como coadjuvantes em
medicamentos.
c) ( ) Os óleos essenciais mais comercializados no mercado
mundial, em 2009, foram os elaborados a partir da matéria-
prima da laranja [Citrus sinensis] e da menta japonesa
[Mentha arvensis L. f. piperascens].
d) ( ) Os óleos essenciais não possuem contraindicação ao seu
uso em quaisquer situações ou agravo de saúde.
e) ( ) Os óleos essenciais podem ser extraídos de qualquer planta
e não existe situação de risco ao seu uso em função do solo
e modo de cultivo.
f) ( ) Os óleos essenciais possuem três benefícios reconhecidos
cientificamente: tonificação, estimulação e calmante.
g) ( ) Os óleos essenciais naturais se diferenciam dos óleos
sintéticos porque podem ter, conforme a aplicação, vários
benefícios para problemas diferentes.

Para fecharmos esta seção, deixamos algumas informações importantes,


levantadas por Curtis, Thomas e Johnson (2017, p. 20-21), sobre os óleos
essenciais que podem ser fundamentais para atestarmos a qualidade deles,
vejamos:

69
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

• Prefira os naturais e não os sintéticos, que, embora mais baratos,


não apresentam os benefícios terapêuticos dos óleos essenciais
e contêm misturas com outros ingredientes, tais como solventes,
agentes espessantes, óleos vegetais fixos e minerais.
• Veja a empresa que oferta o óleo essencial, algumas atestam
sua credibilidade através da participação em associações
científicas, utilização de termos científicos para designar
o tipo de planta ou erva utilizada, o quimiotipo (substância
de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária –
ANVISA, no caso do Brasil) e a política de sustentabilidade
(evitam o uso de plantas ou ervas com riscos de extinção).
• Observe se trabalham com a política de comércio justo nas
comunidades em que colhem as plantas e/ou ervas.
• É essencial que as plantas e ervas não tenham resíduos
tóxicos provenientes de pesticidas e fertilizantes químicos,
como os agrotóxicos diversos que hoje são amplamente
utilizados no Brasil. Infelizmente, estudos científicos realizados
pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva que resultaram
no DOSSIÊ ABRASCO, em 2015, confirmaram dados da
Organização Mundial da Saúde sobre o uso no Brasil de
produtos tóxicos proibidos no mundo, mas que são usados
em quase todas as monoculturas do agronegócio brasileiro.
• O preço do óleo essencial sempre é mais caro em função
da enorme quantidade de matéria vegetal necessária para
produção de uma pequena quantidade de óleo.

Bem, se a Aromaterapia lhe chamou a atenção e você deseja se


aprofundar, busque novas informações a respeito. Na internet é possível
ter contato com associações, organizações científicas e estabelecimentos
comerciais onde pessoas interessadas se encontram para discutir e/
ou demonstrar como atuar nesta prática terapêutica. Não esqueça:
a Aromaterapia tem distintas formas de aplicação e muitas vezes a
sua prática pode ser associada a outras, tais como a Musicoterapia, a
Arteterapia, a Massagem, a Meditação e a Cromoterapia.

4 Cromoterapia: Cores e Luzes


como Prática Terapêutica
Como estamos sempre lembrando a você, a busca pelo equilíbrio, bem-estar
e saúde sempre foi o ideal dos seres humanos desde épocas antigas. Os banhos
termais, o uso de ervas e óleos para diminuir ou eliminar sintomas indesejáveis,
ou mesmo para se tornar mais belo, são parte dos desejos das pessoas em

70
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

distintos contextos culturais. A utilização das cores como um dos elementos de


nosso arsenal de práticas terapêuticas voltadas para a promoção da saúde é
parte da história humana. O que denominamos de Cromoterapia é uma prática
ou cuidado terapêutico que utiliza as cores para atuar contra vários problemas
de caráter orgânico e emocional. Tem por base sete cores: vermelho, laranja,
amarelo, verde, azul, índigo e violeta, com cada cor atuando especificamente na
área de nosso corpo que precisa ser cuidada (SCHULKA; SOUZA, 2017).

Atividade de Estudos:

1) E então, em algum momento você pensou nas cores como um


elemento importante no cuidado às pessoas no sentido de lhes
melhorar a saúde e o bem-estar? Pense a respeito um pouco e
aproveite para refletir sobre as cores que fazem parte da sua vida.
Que cores lhe atraem mais? Que cores lhe deixam cansado e
agitado? Que cores chamam sua atenção e você as quer sempre
em sua casa, nos objetos que lhe rodeiam? Parece que é muito
cedo para iniciar com um exercício? Nem tanto... vejamos... cada
indivíduo tem as preferências, e você?

a) Minhas cores preferidas são:


____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

b) Minhas cores preferidas para roupas são:


____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

c) Minhas cores preferidas para objetos pessoais são:


____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

71
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

d) As cores de que não gosto são:


____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

e) As cores que me cansam são:


____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

f) As cores que me relaxam são:


____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Como colocado anteriormente, esta não é uma prática qualquer, assim como
não é algo novo ou um modismo do século XXI. Entre os chineses, egípcios e
indianos já se usava as cores para tratamentos e cuidados. Entre os filósofos
gregos já havia pesquisa para saber os efeitos das cores sobre o corpo humano
e suas mazelas. Contudo, foi no século XX que, na Índia, o cientista Ghadiali
explicou cientificamente como as cores atuavam em nossos corpos. É dele a
primeira publicação sobre Cromoterapia, no ano de 1933, e sobre a simbologia e
os significados possíveis para o uso das cores, como exemplificado na figura a
seguir (SILVA, 2012).

72
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

FIGURA 8 – AS CORES: SIMBOLOGIA E SIGNIFICADOS

Amarelo
Azul Verde Roxo
luz, calor,
tranquilidade, esperança, espiritualidade,
descontração,
serenidade e liberdade, saúde magia e
otimismo e
harmonia e vitalidade mistério
alegria

Rosa Laranja
Vermelho Marrom
romantismo, alegria, vitalidade,
paixão, energia e seriedade e
ternura, serenidade e
excitação integridade
ingenuidade harmonia

Preto
Cinza Branco
respeito, morte,
neutrabilidade paz, pureza
isolamento,
e estabilidade e limpeza
medo, solidão

FONTE: <http://www.big1news.com.br/wp-content/uploads/2017/01/Cromoterapia-
%E2%80%93-Benef%C3%ADcios-e-Significado.jpg>. Acesso em: 15 ago. 2018.

Veja as cores apresentadas na figura, a partir dos significados retratados,


você conseguiria traçar um roteiro de cuidados a uma pessoa que fosse ao
SPA onde você atua como esteticista e terapeuta? Como colocado antes, ao se
trabalhar com a Cromoterapia ou qualquer das práticas que já apresentamos a
vocês, é sempre bom, após uma avaliação do cliente, selecionar as práticas mais
indicadas ao problema.

As cores possuem aspectos e efeitos diferentes e cada cor pode ter uma
infinidade de aplicações. A escala cromática atua em diversas condições,
modificando o campo magnético e atuando em tratamentos específicos de saúde
ou, como ocorre nos tratamentos estéticos, uma luz colorida pode ser aplicada
como emoliente e cicatrizante ou para permitir a absorção do produto e facilitar a
extração de impurezas. Para cada procedimento utiliza-se a cor apropriada para
obter melhor resultado. Podemos utilizar várias fontes de luzes: luz solar, luzes
emitidas por lâmpadas coloridas comuns, lâmpadas brancas e filtros coloridos,
água solarizada e roupas nas cores necessárias ao tratamento específico,
na alimentação e ambiente, pelas cores nas paredes, pela decoração ou uso
de objetos nas cores mais recomendadas a cada caso (BUCKER; CUNHA;
MACHADO, 2013; CAPELLI, 2007).

73
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

A seguir, apresentamos um relato e o plano de cuidados, tendo por base


um SPA fictício no litoral com cuidados estéticos e relaxantes. Detalhe: o plano
de cuidado apresentado vai demonstrar como usar a Cromoterapia associada a
outras práticas terapêuticas.

“Sou Diana, microempresária, atuo como gestora de uma


pousada em uma praia bastante movimentada. Acordo sempre cedo
e vou tomar um café preto com um ou dois biscoitos e em seguida
vou para minha sala de trabalho ver a agenda da semana. Nunca
consigo deitar antes das 23h e muitas vezes, mesmo deitada, não
consigo dormir antes da meia-noite. Acordo seguidamente à noite,
seja porque estou preocupada ou em função de algum barulho na
rua. Atualmente, desenvolvi dores de cabeça quase diariamente,
minha vista está cansada e tenho palpitações no peito se resolvo
caminhar. Tonturas, cansaço constante e dores corporais fazem
parte também de minha rotina. O que posso fazer para ficar bem e
trabalhar com tranquilidade e de forma saudável?”

• Nosso Plano de Cuidados:

Um roteiro básico de atendimento se inicia com uma anamnese prévia pela


internet (E-mail, Messenger, Telefone, Whatsapp), com perguntas gerais sobre
idade, sexo, problemas de saúde, uso ou não de medicamentos, rotina alimentar
e de exercícios, rotina profissional e/ou escolar e/ou familiar, férias, lazer, redes e
laços de amizade. Estes itens dão uma panorâmica do dia a dia da pessoa e suas
necessidades.

Se a pessoa em particular deseja criar uma rotina de cuidados em nosso SPA


urbano que tem, entre outros ambientes, um pequeno parque de caminhadas,
pode-se propor uma tarde ou uma manhã semanal com: alguns exercícios leves
de yoga com objetivos de levar a um relaxamento corporal inicial dos músculos do
corpo. Este momento deve ter a duração de 20 minutos no máximo [no primeiro
mês] e deve ser uma atividade realizada preferencialmente após refeições leves à
base de frutas e sucos em pequena quantidade.

Após esta etapa, sugere-se uma caminhada meditativa de 30 minutos


no parque do SPA. Usando roupas leves, caminhando lentamente, parando em
alguns momentos para escutar os sons locais, mas sempre centrado em si e

74
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

nas sensações corporais estimuladas pelo ambiente. A luz solar será parte desta
prática com sua luminosidade em tons amarelos.

O momento seguinte pode ser com um banho de ducha morna com ervas
ou banho em banheira com óleos essenciais relaxantes, como a cidreira, a
lavanda ou essências de flores de laranjeiras em um tempo que não ultrapasse
20 minutos. Luzes em tons azuis em cima da banheira ou no teto do espaço com
duchas são as indicações. Terminado o banho, existem opções variadas, mas
todas de caráter tranquilizador, voltadas para o descanso.

Uma massagem relaxante, seja de corpo integral ou em lugares como rosto,


mãos e pés (reflexologia) pode ser realizada com uso de óleos essenciais com
essência cítrica ou de lavanda/alfazema. Esta massagem pode ser realizada
[conforme a abordagem e tipo] de 40–60 minutos. Luzes em tom azul, roxo e cinza
são indicadas e podem ser modificadas durante a massagem. Nunca colocar as
luzes de forma direta nos olhos da pessoa que está sendo atendida, e sempre
branda, bem suave!

Esse plano, conforme os custos e o tempo do cliente, pode ser realizado


semanalmente, quinzenalmente ou apenas uma vez por mês. O importante é que
a pessoa do nosso relato possa ter, em algum momento, um tempo para si com
profissionais que entendam seu problema e saibam o que indicar, considerando
segurança e atendimento de qualidade.

Sobre cada item do plano, vejamos agora suas funções, com


base nos materiais elaborados por Lyra, Nakai e Marques (2010);
Caldas (2008); e Coelho (2009):

• Anamnese: conhecer o cliente e suas de-


mandas, bem como os cuidados que poderá
receber a partir de seu histórico de problemas,
angústias, doenças, medicamentos que usa,
seu cotidiano pessoal e profissional.

• Yoga: para ter contato com o corpo e através


das sensações, perceber os pontos que pre-
cisam ser trabalhados para diminuir o can-
saço, melhorar o sono e iniciar esse cliente em
uma rotina de exercícios corporais suaves de
autoconhecimento.

• Caminhada meditativa: esta escolha é dire-


cionada na etapa inicial de um programa de
cuidados, tendo como objetivo o aprendizado

75
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

do calar-se, do sentir, do ouvir os barulhos da


natureza e do próprio corpo. O propósito é in-
duzir o descanso através de caminhadas que
fortaleçam o corpo gradativamente. Também é
um momento [se realizado em meio à nature-
za] de contato com o verde das plantas [esper-
ança e saúde], o azul do firmamento [tranqui-
lidade e serenidade] e os raios amarelados
do Sol [otimismo, alegria, energia].

• Banho de imersão [banheira] com óleos ou


o banho de ducha com ervas tem o propósito
da limpeza, da recepção de produtos equil-
ibrantes e desintoxicantes, sempre muito
bons para quem está com cansaço crônico. O
uso de luzes azuis ou brancas serve de orien-
tação para o corpo, de modo que este possa
preparar-se para o descanso que vem com a
etapa seguinte, que é a da massagem.

• Massagem corporal completa ou apenas de


partes do corpo pode ser realizada com ou
sem óleos essenciais. Nossa sugestão, a partir
do histórico deste relato de experiência, é que
se faça uso de óleos essenciais relaxantes e
luzes suaves nos tons de azul, roxo e cinza,
que são apropriados a pessoa que precise ficar
equilibrada, serena, relaxada e pronta para uma
rotina mais saudável, feliz e com bem-estar.

Importante: um espaço bonito, limpo e decorado é atraente e


proporciona bem-estar visual e espacial.

76
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

FIGURA 9 – ESPAÇOS DE CUIDADO

FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/32/49/8f/32498f61fffd3067e41c3b359895f988.
gif>. Acesso em: 16 ago. 2018.

Atividades de Estudos:

E então, o que você achou do exemplo? Tente pensar um pouco


sobre cada cuidado que apresentamos até o momento. Desenvolva
o exercício a seguir para fixação dos conteúdos oferecidos neste e
outros capítulos (Gabarito no final do capítulo).

a) Sobre massagens [capítulo 2]: faça uma busca sobre alguns tipos
de massagens e liste-os aqui:
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

b) Pesquise entre familiares e amigos quais os óleos essenciais


mais conhecidos deles. Veja quais os problemas mais comuns
que levam as pessoas a buscarem os óleos essenciais. Veja os
benefícios da utilização desses óleos.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

77
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

c) Banhos de imersão com uso de óleos essenciais e luzes suaves


são recomendados a todas as pessoas? Por que um banho de
imersão não deve ultrapassar 20 minutos?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

5 Algumas Considerações
No final do século XX, profissionais que atuavam na saúde, com foco
na prevenção e tratamento com uso de tecnologias ‘duras’, ou seja, com
equipamentos modernos associados a medicamentos de tarja preta [comprados
exclusivamente com prescrição médica], tiveram que se render ao retorno de
práticas complementares conhecidas desde os primórdios da história humana
ocidental ou trazidas para cá no auge dos movimentos sociais e questionamentos
dos velhos paradigmas.

Essas práticas, agora bastante usadas, chegam até nós quando percebemos
que falhamos com o planeta no que se refere à sua sustentabilidade e preservação,
e quando também concluímos que falhamos conosco mesmos e com nossos
corpos, mentes e espírito. Retomar práticas que se utilizam de aromas, de toques,
cores, luzes e um cuidado cuja base se centra em um paradigma holístico, é
também uma forma de lutar contra velhos modelos que aumentam os prejuízos
humanos, materiais, sociais e ambientais.

Nesse sentido, as pessoas começam a perceber que a inovação tecnológica,


quando utilizada sem critérios, não é a fonte privilegiada da revolução científica
e cultural. As práticas terapêuticas que focamos neste capítulo, que podem
também ser denominadas de tecnologias suaves ou doces, de certa forma é a
nossa resposta às ideias e sonhos sobre um mundo mais livre, igualitário, criativo
e saudável para todos nós que fazemos parte deste planeta chamado Terra.

78
Capítulo 3 Práticas Terapêuticas de Conforto Sensorial e Corporal

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82
C APÍTULO 4
Práticas Terapêuticas Alimentares
na Promoção da Vida Saudável

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

� Conhecer a importância da alimentação para a promoção da saúde, bem-estar


e qualidade de vida.

Apreender informações sobre as práticas terapêuticas alimentares mais



importantes para o cuidado físico e psicossensorial.

Constatar como o ciclo de cultivo dos alimentos pode influenciar no processo



de adoecimento das pessoas e do planeta.

Valorizar os patrimônios alimentares locais de base agroecológica e os



benefícios que os mesmos trazem às pessoas e à biodiversidade do planeta.
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

84
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

1 Contextualização
Este capítulo vai apresentar a alimentação como uma prática terapêutica voltada
à promoção da saúde. Nosso objetivo, considerando tudo o que foi apresentado até
o momento, remonta a práticas terapêuticas não ocidentais, é mostrar inicialmente os
modos de cultivos saudáveis, comuns em países como o Butão, que prima por um
modelo de cultivo sustentável e agroecológico em 100% da sua produção. Para tratar
do modelo agrícola deste pequeno país asiático, teremos que falar um pouco sobre
o conceito de ‘decrescimento’, cujo objetivo é “mudar os hábitos de uma sociedade
consumista que cobiça o crescimento com a simples justificativa de crescimento
infinito para o consumo infinito” (PAPIN-LEAL, 2017, p. 19).

Teremos, portanto, um tópico para discutir esse e outros conceitos e como,


a partir das ideias trazidas de alguns países orientais, desde a década de 1960,
estamos de forma gradativa assumindo, em alguns lugares do planeta, que a
promoção da saúde passa não apenas pelo cuidado corporal considerando
exercícios e práticas terapêuticas psicofísicas e sensoriais, mas, também, pelas
escolhas alimentares. E estas escolhas devem ser realizadas apostando na
sustentabilidade do planeta com toda a sua biodiversidade e, claro, a saúde de
todos os envolvidos com a alimentação. A cadeia produtiva é ampla e o cuidado
com a nossa saúde se inicia com a saúde dos que plantam, comercializam,
preparam o alimento e o consomem (COSTA et al., 2016).

Esperamos, com os conteúdos aqui apresentados, despertá-lo para uma


nova consciência acerca da importância dos alimentos e de como estes nos
afetam de forma positiva e/ou negativa. Quando não nos alertamos para os riscos
que podemos enfrentar, quando adotamos modelos alimentares que do ponto de
vista ético matam o planeta e os humanos que nele habitam, estamos entrando
em um caminho que diminui as possibilidades de bem-estar e qualidade de vida.

Os Spas e outros estabelecimentos voltados ao cuidado com práticas


terapêuticas oriundas do continente asiático, principalmente, entendem que a
alimentação adequada a cada situação, gostos e hábitos de cada pessoa, deve
fazer parte do ‘pacote’ de serviços e produtos ofertados a quem os procura.

2 A Alimentação e seu Ciclo de


Produção e Consumo
Um alimento saudável gera alimentação também saudável. No mundo,
considerando nossa história de vida no planeta, os seres humanos passaram,
conforme o território ocupado, por vários ciclos alimentares. Em alguns lugares

85
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

os carnívoros e onívoros eram mais abundantes e em outros lugares os


vegetarianos. Os carnívoros, como o próprio nome acentua, têm na carne de
animais diversos a sua principal, e as vezes única, fonte de alimentos. É uma
alimentação extremamente proteica, que exige da pessoa que adota este
modelo alimentar uma vida sem sedentarismo, que favoreça a digestão das
fibras animais transformando-as em energia. Os grupos humanos onívoros, por
sua vez, em função da adoção de uma ampla gama de alimentos como fonte
alimentar, ao longo da trajetória humana na Terra, conseguiram sobreviver melhor
aos problemas relacionados à falta de algum alimento no local onde estivessem,
ou seja, se faltava carne, eles substituíam por vegetais. Em alguns lugares do
mundo, alguns desses grupos iniciaram, inclusive, as primeiras hortas e muitos
deles deixaram de ser nômades e começaram os primeiros espaços de fixação
humana. O vegetariano, como o próprio nome sugere, se alimenta principalmente
de vegetais em todas as suas formas: frutas, flores, sementes, grãos e folhosos.
Embora ao longo da história humana eles tenham adotado adaptações nesse
modelo alimentar, como é possível perceber na figura a seguir, neste milênio,
algumas pessoas estão retomando a sua gênese sem muitas associações com
proteína animal (MAZOYER; ROUDART, 2010).

FIGURA 1 – ALIMENTAÇÃO ‘VEGETARIANA’

FONTE: Sacramento (2015, p. 3)

86
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

No Ocidente, as práticas alimentares sempre foram mais onívoras e


carnívoras, com pouca ou nenhuma adesão a uma alimentação cuja base mais
importante fosse os vegetais. Isso porque nos países do Ocidente sempre houve
maior incentivo aos grandes latifúndios voltados para a pecuária e as monoculturas
(arroz, soja, milho, café etc.), sem uma preocupação com a diversidade alimentar,
a sustentabilidade da terra e da água, os trabalhadores do campo e o consumidor.
A pobreza associada a um capitalismo sem ética e preocupações com o futuro
trouxe ao mundo várias carências, guerras e a consequente migração não
planejada de muitos povos (SANTOS, 2002).

Mesmo entre pessoas com poder econômico estável, a falta de uma


educação alimentar que descreva os benefícios de uma alimentação com base
na sustentabilidade planetária leva-as a uma alimentação com sérias deficiências
relativas à segurança alimentar de natureza nutricional, por exemplo. Quando os
seres humanos fazem este caminho, tornam-se os agressores do planeta e de
seus semelhantes e ao mesmo tempo são vítimas, porque suas ações os deixam
mais doentes e vulneráveis (VEYRET, 2007).

O que podemos fazer?

Na figura a seguir vemos o modelo atual agrícola, e a partir de nosso


cotidiano e experiências, sabemos que esse modelo esgota e maltrata a terra e as
pessoas. A fome e a miséria permanecem fortes e o cuidado pessoal de uma boa
parte das pessoas não existe, porque elas não têm tempo e nem como pagar por
um serviço de qualidade que as ajude no processo de autocuidado. Mais uma vez
perguntamos: o que podemos fazer?

87
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

FIGURA 2 – MODELO AGRÍCOLA MUNDIAL

Êxodo
Rural

Exaustão da terra
Dificuldades econômicas

Pactuam com esse modelo:


Mídia, pesquisa e extensão

Trabalho precarizado
Domínio de sementes e recursos genéticos

Monocultura para exportação,


uso intensivo de máquinas, fertilizantes e agrotóxicos

MODELO DE PRODUÇÃO INSUSTENTÁVEL

FONTE: UNESCO (2005 apud SILVA, 2018, p. 4)

Para pensarmos em mudar algo, Gadotti (2008) sugere uma grande


mobilização em todos os continentes de modo que possamos, a partir da Carta
de Direitos Humanos, Carta da Terra e o Tratado da Educação Ambiental para
as Sociedades Sustentáveis e a Responsabilidade Global, empreender esforços
educacionais que demonstrem que a saúde e a qualidade de vida dos povos
passam por vários elementos, mas é com iniciativas sustentáveis (inclusive
alimentares) que podemos salvar os povos da Terra.

De 2008 a 2016, vários fóruns de discussão nos remetem a uma grande


mobilização humana no sentido de melhorar a vida das pessoas, seja no Oriente
ou no Ocidente (SILVA, 2018):

• 2008: QUESTÕES AMBIENTAIS GLOBAIS E SOLUÇÕES ATUAIS


• 2010: AQUECIMENTO GLOBAL, SOCIEDADE
E BIODIVERSIDADE
• 2012: CIDADES, NATUREZA E BEM-ESTAR/QUALIDADE DE
VIDA, MOBILIDADE E SEGURANÇA NAS CIDADES
• 2014: SAÚDE AMBIENTAL E SOBERANIA ALIMENTAR/
AGRICULTURA FAMILIAR E SEGURANÇA ALIMENTAR

88
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

• 2015: PAISAGENS, SOLOS, BIODIVERSIDADE E OS DESAFIOS


PARA O BEM VIVER
• 2016: NATUREZA, SOCIOBIODIVERSIDADE E
SUSTENTABILIDADE.

Esses eventos nasceram da necessidade de aprendermos mais sobre o


planeta que hoje nos abriga. Nesse sentido, Brandão (2008) trata que a educação
para a sustentabilidade passa pela redução do consumismo, pelo conhecimento
das nossas riquezas e limitações, pelo diálogo entre os povos e a construção
de uma ética que nos faça perceber que somos parte do planeta e que a Terra
é o único lar possível neste momento. A Terra é nosso mundo e nossa casa.
E esta casa, além de ser nossa morada, é também o lugar onde cultivamos
nossos alimentos, os elementos capazes de nos fazer sobreviver com energia e
capacidade de criação cotidianamente.

Quais alimentos podem nos ser mais favoráveis? E como cultivá-los de modo
saudável, seja para quem planta e/ou para quem consome? Aqui, poderia citar
várias abordagens alimentares, e todas, de uma forma ou de outra, conforme a
cultura alimentar ou a demanda, podem ser boas para distintos grupos. Entretanto,
sabemos que em função das transformações ocupacionais e modo de viver das
pessoas, hoje, muitas das doenças e problemas generalizados de saúde têm uma
relação direta com o alimento que chega à nossa mesa.

A educação pode ser a ‘chave’ para a reflexão e a discussão dos problemas


que se fazem sentir no mundo, e a nossa alimentação está inclusa nessas
demandas planetárias. Nos países da Europa, nas Américas, Oceania e Ásia
existem propostas de uma educação sustentável para as crianças, no lar e
nas escolas. Uma educação transdisciplinar, ou seja, uma educação para a
sustentabilidade distribuída em todas as disciplinas escolares. Como reafirma
Gadotti (2008, p. 92-93):

A educação é fundamental para alcançar a sustentabilidade,


para criar um futuro mais sustentável. Todas as disciplinas
e todos os docentes podem contribuir para a educação para
a sustentabilidade: as matemáticas podem trabalhar com os
dados referentes à contaminação ambiental e ao crescimento
da pobreza e da desigualdade social; as disciplinas linguísticas
podem analisar o papel dos meios de comunicação e dos
anúncios publicitários na formação de hábitos de consumo; a
história e as ciências sociais podem discutir o etnocentrismo,
o racismo e a desigualdade de gêneros. O que a Unesco
poderia fazer, além de promover a difusão, a aprendizagem
e a mudança cultural por meio da EDS, seria ainda fortalecer
os mecanismos de avaliação e de monitoramento, fazendo
balanços anuais, divulgando as boas experiências etc. A
sociedade civil é uma forte aliada desse compromisso.

89
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

E então, vocês se sentem compromissados com a missão e aliança pela


sustentabilidade mundial? Conseguem também perceber a ligação entre esta
temática e a promoção da saúde? Agora, vamos nos exercitar com uma atividade
que reforce alguns dos novos conhecimentos que trouxemos para você? Ao final,
não se esqueça de ver se suas respostas estão corretas.

Atividades de Estudos:

1) Os seres humanos, nos distintos territórios do planeta, criaram e


assumiram mais de um modelo alimentar para sua sobrevivência.
Sobre esta questão, marque com verdadeiro (V) ou falso (F) os
itens a seguir:

a) ( ) O modelo alimentar de base onívora se caracteriza pela ingestão


de carne unicamente. É a base alimentar dos povos árabes.
b) ( ) O modelo alimentar de base vegetal foi ao longo dos tempos
a única possibilidade de sobrevivência dos povos europeus.
c) ( ) O modelo alimentar de base carnívora associa legumes,
hortaliças, grãos e carnes vermelhas à sua dieta.
d) ( ) O modelo alimentar de cada povo tem a ver com o território
ocupado e o que existe de oferta animal e vegetal.
e) ( ) O modelo alimentar mais sustentável é aquele que preserva
as paisagens, o solo, água, plantas, animais e pessoas.

2) A alimentação vegetariana, bastante defendida pelos orientais


cujas crenças religiosas evitam a morte de outros animais para
consumo, no Ocidente sofreu várias adaptações, como sugere a
Figura 1 (Alimentação Vegetariana). Considerando a figura e o
que foi discutido até agora, assinale os itens corretos:

a) ( ) O vegetarianismo verdadeiro, também denominado de


estrito (também pode ser chamado de vegano), utiliza para a
alimentação somente produtos vegetais.
b) ( ) O vegetarianismo verdadeiro, conforme as circunstâncias e
lugar, admite que se use mel e ovos na alimentação.
c) ( ) O vegetarianismo verdadeiro não admite em nenhuma
circunstância o uso de produtos animais.
d) ( ) O vegetarianismo pode admitir uma alimentação com vegetais,
ovos e mel (ovovegetarianismo); com mel (vegetarianismo
semiestrito); com mel e lacticínios (lactovegetarianismo) e
peixe e lacticínios (pescatarianos).
90
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

e) ( ) O vegetarianismo enfraquece as pessoas e por isto é uma


alimentação considerada ruim e prejudicial a todas as pessoas.
f) ( ) O vegetarianismo é bastante comum entre pessoas que
seguem o budismo e outras religiões orientais.

3) A alimentação tem uma relação direta com a sustentabilidade do


planeta e a educação dos povos. Sobre esta afirmação, responda
com verdadeiro (V) ou falso (F):

a) ( ) O planeta Terra continua seu crescimento populacional e,


infelizmente, em muitos países, o capitalismo na sua versão
unicamente econômica, sem avaliar outros parâmetros de
crescimento e desenvolvimento, tem levado os povos à fome,
a guerras e destruição ambiental.
b) ( ) O planeta Terra, com a Revolução Verde e a alta tecnologia,
resolveu todos os problemas alimentares do mundo. Estamos
hoje vivendo momentos de grande abundância e poucos
povos passam fome.
c) ( ) O planeta Terra precisa urgentemente que medidas sejam
tomadas com relação à educação para a sustentabilidade,
uma vez que continuamos a cultivar em grandes extensões
de terra no modelo de monoculturas.
d) ( ) O planeta Terra, através de órgãos ligados às Nações
Unidas, vem realizando várias conferências para discutir o
futuro da Terra, considerada o lar e a moradia de todos nós.
e) ( ) O planeta Terra pode ser salvo se nos educarmos para tal.
Precisamos conhecer mais sobre a nossa biodiversidade para
saber como usá-la sem prejuízo para a Terra e nós mesmos.

3 O Cultivo Sustentável
Como um grande ‘mantra’, estaremos durante todo este capítulo consolidando
as palavras de Rodrigues, Zanetti e Laranjeira (2013, p. 2): “a Segurança Alimentar
e Nutricional (SAN) e a promoção da alimentação saudável são essenciais para
a saúde e qualidade de vida”. Para as autoras, promover a alimentação saudável
significa promover a alimentação sustentável. Na prática, é utilizar de forma
moderada os produtos industrializados e valorizar os patrimônios alimentares
regionais com suas memórias e receitas tradicionais. Significa ter consciência
acerca da cadeia produtiva, observando aspectos da gestão ambiental, uso e

91
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

qualidade da água, uso de agrotóxicos na produção de alimentos e o destino dos


resíduos tóxicos.

Santos (2005) afirma que não basta pensar no alimento segundo seu valor
nutricional, temos que pensar de forma sustentável e responsável e analisar o
ciclo da alimentação humana desde a plantação até a sua transformação e
consumo. Esta afirmação foi dita muitos anos antes da divulgação do Dossiê
ABRASCO, por pesquisadores da Fiocruz e de outras universidades que nos
mandam refletir sobre essas questões a partir das pesquisas realizadas sobre o
uso de agrotóxicos perigosos nas plantações brasileiras.

CARNEIRO, F. F. et al. (Orgs.). Dossiê ABRASCO: um alerta


sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Rio de Janeiro: EPSJV;
São Paulo: Expressão Popular, 2015.

Esta obra recomendamos com ênfase, porque ela aponta


os problemas de saúde da população brasileira – consumidores e
agricultores – provenientes do uso de agrotóxicos nos cultivos e de
outros aditivos nos alimentos de porcos, gado e galinhas, ou seja,
sendo vegetariano, onívoro ou carnívoro, corremos sérios riscos de
saúde se consumirmos alimentos com agrotóxicos, outros aditivos
químicos ou do tipo transgênicos, sem estudos suficientes quanto às
reações que provocam em nossos corpos (CARNEIRO et al., 2015;
PESSANHA; WILKINSON, 2005).

O debate sobre riscos alimentares e o direito humano a uma alimentação


saudável e de qualidade é de longa data, não é uma novidade, uma vez que o uso
de produtos tóxicos para supostamente proteger os cultivos alimentares no Brasil
e no mundo se intensificou com a Revolução Verde. Esta ‘revolução’ tinha vários
atores sociais envolvidos (governo, indústria, bancos, agrônomos, entre outros) e
o discurso predominante era da necessidade de se fazer grandes produções de
alimentos para salvar o mundo da fome com a introdução de maquinário agrícola
na produção extensiva e latifundiária e a produção com uso de insumos químicos
(pesticidas, repelentes e aditivos), patrocinados pelas indústrias farmacêuticas e
químicas. Estas foram “construções históricas, frutos de decisões tomadas pelas
elites econômica e política de nosso país, seduzidas por promessas de lucro farto
e cúmplices de interesses internacionais” (CASEMIRO; VALLA; GUIMARÃES,
2010, p. 2086).

92
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

Para fazer frente a este movimento, vários grupos se organizaram para


mostrar que um alimento saudável é mais importante do que grandes toneladas
de alimentos ‘doentes’. Nos eventos organizados pela ONU com a sociedade civil
de diversos países, foi elaborada a Carta do Direito Humano a uma Alimentação
Adequada (DHAA) e esta tinha e tem como premissa que o Estado e a sociedade
promovam, de acordo com Casemiro, Valla e Guimarães (2010, p. 2086):

• Acesso físico e econômico a uma alimentação saudável e


diversificada de forma sustentável.
• Condições que propiciem um cuidado adequado na escolha,
preparação e ministração do alimento.
• Condições de vida que promovam a saúde.
• Atenção integral à saúde.

Como ter atendidos esses itens diante da maciça vulnerabilidade de nossas


populações? Esse é o grande desafio. É difícil e injusto que, mesmo quando
temos acesso ao alimento, não possamos confiar na sua procedência quanto às
condições de cultivo, conservação e preparo. O que fazer é a grande questão que
nos impacta! Nesse sentido, Azevedo e Peliconi (2011) apostam na Agroecologia.

Um movimento sociopolítico de fortalecimento do agricultor


em busca de sua identidade e raízes culturais e, principalmente, de
sua autonomia, poder de decisão e participação ativa no processo
produtivo, favorecendo o local como foco de ação. A Agroecologia,
mais do que tratar do manejo ecologicamente responsável dos
recursos, constitui-se em um campo do conhecimento científico
que pretende estudar a atividade agrária, partindo de um enfoque
holístico e de uma abordagem sistêmica. Tal ideário se ajusta às
questões sociais que permeiam a realidade rural brasileira; enquanto
a Agricultura Orgânica é considerada um sistema produtivo que
trabalha com diferentes segmentos sociais, a Agroecologia tem a
agricultura familiar como foco de seu campo de estudos e clama
para ser compreendida não apenas como um sistema produtivo, mas
como uma nova ciência em construção. Entretanto, quando se aborda
especificamente o padrão produtivo assumido pela Agroecologia,
reporta-se ao termo “Agricultura Ecológica” e os alimentos produzidos
nesse padrão são chamados de “alimentos ecológicos”.

FONTE: AZEVEDO, E.; PELICONI, M. C. F. Promoção


da Saúde, Sustentabilidade e Agroecologia: uma discussão
intersetorial. Saúde Soc. São Paulo, v. 20, n. 3, p. 720, 2011.

93
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Em meio a toda essa discussão, sabemos que existem diversos sistemas


produtivos sem uso de agrotóxicos oficializados pelo Ministério da Agricultura
(BRASIL, 2007), estes sistemas são reconhecidos pela maioria das pessoas apenas
como Agricultura Orgânica. Contudo, o que chamam de agricultura orgânica ou
com as denominações de agricultura biológica, agricultura biodinâmica, agricultura
natural e/ou permacultura são ciclos de produção que se tornam propostas
agroecológicas quando organizados, visando à aprendizagem de saberes e fazeres
populares e científicos, participação ativa das pessoas que plantam e consomem
os alimentos, busca pela sustentabilidade dos recursos naturais, diminuição da
pobreza, melhoria das condições de saúde, bem-estar e qualidade de vida das
pessoas e do planeta – isto é trabalhar e fazer Agroecologia.

FIGURA 3 – AGROECOLOGIA

agricultura
agricultura biodinâmica
orgânica e agricultura
biológica natural permacultura

FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/-mi5RI9t1GXQ/T5lWNvoOhcI/


AAAAAAAAXUQ/q1Td6cHfY9I/s400/AGROECOLOGIA.gif>. Acesso em: 31 ago. 2018.

Para Caporal, Costabeber e Paulus (2005), a Agroecologia é uma ciência


integradora que foi constituída como um modelo de organização do ciclo produtivo
rural a partir dos conhecimentos e experiências dos povos tradicionais brasileiros
(agricultores, povos indígenas, povos da floresta, pescadores artesanais,
comunidades quilombolas, e outros atores sociais) que conhecem e aplicam sua
força de trabalho no meio rural. Este enfoque é voltado para o saber e fazer local
e é fundamental para que se possa realizar qualquer atividade agroecológica.
Respeitar e utilizar o conhecimento desses grupos constitui as bases estratégicas
das iniciativas de desenvolvimento de agroecossistemas cujos objetivos sejam a
sustentabilidade ambiental e humana.

Na prática, estamos tratando de um modelo de ciclo produtivo voltado


para a saúde do ambiente e das pessoas, colocando-as no mesmo patamar de
importância, uma vez que uma não vive sem a outra. Quando temos uma pousada,
um Spa ou um espaço de lazer e descanso em meio natural e/ou rural, do ponto

94
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

de vista da justiça social e dos direitos humanos, esperamos que as pessoas e o


ambiente que estamos visitando sejam respeitados e não destruídos com a nossa
presença. O interessante é pensarmos que a Agroecologia nos auxilia colocando
à nossa disposição alimentos saudáveis, espaços naturais para caminhadas,
apreciação da natureza e a obtenção de serviços e produtos com preços justos,
sem que se precise escravizar ou prejudicar pessoas que estão no ambiente onde
vamos descansar. Como bem afirma Carlo Petrini, idealizador do Slow Food – um
movimento nascido na Itália cujas bases são a busca e a divulgação de alimentos
tradicionais –, a boa comida não tem venenos, está perto de você porque envolve
os saberes tradicionais e à medida que a memória local a reconhece como uma
boa comida, passa a ser vendida com preço justo.

FIGURA 4 – PRINCÍPIOS DO SLOW FOOD

FONTE: Adaptado de <http://vanguardiasustentable.com/wp-content/


uploads/2014/09/slow-food.010.jpg>. Acesso em: 31 ago. 2018.

Recomendamos para leitura os livros de Petrini, uma vez que


graças ao trabalho que ele realiza, hoje temos grupos em todo o país
mostrando os benefícios dos alimentos tradicionais e dos alimentos
que são produzidos pela agroecologia.

PETRINI, C. Comida e liberdade. Slow food: histórias de
gastronomia para a libertação. São Paulo: SENAC, 2017.

95
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Agroecologia e Slow Food, o que exatamente estas propostas de reconhecer


no alimento o caminho para uma vida saudável têm a ver com nossa temática?
Ambos disseminados principalmente no mundo ocidental, através de trabalhos
científicos (vejam as referências no final do capítulo!), eventos e mídias
sociais, nos põem frente a frente com a realidade das doenças e agravos à saúde
produzidos por agrotóxicos.

Importante: nos dois movimentos se trabalha a ideia do


desenvolvimento agrícola acontecendo de forma justa, ética e
limpa. Nenhum dos movimentos é uma técnica agrícola ou criou
uma técnica para se fazer uma agricultura sem veneno. No entanto,
através de debates que promovem a discussão sobre a qualidade
de vida humana e do planeta com foco na alimentação, discutem
as técnicas agrícolas, por exemplo, que tornam alimentos como a
soja, o feijão e o arroz alimentos inadequados e tóxicos ao consumo
humano. Também apresentam e discutem o papel dos insumos
agrícolas nos agravos à saúde do trabalhador rural e os problemas
a médio e longo prazo que teremos no meio ambiente (CARNEIRO
et al., 2015; AZEVEDO, 2012; BENBROOK et al., 2008). Ainda que
os herbicidas e agrotóxicos possam eliminar insetos que afetam a
agricultura, estes mesmos produtos contaminam a planta cultivada,
a terra e a água. Se estes produtos ampliam as possibilidades de
obtenção de grandes safras, do que adianta ter tanto alimento se
este irá nos fazer mal?

Algumas das dietas orientais adotadas como requisito da alimentação


saudável, que citaremos no próximo tópico, por exemplo, utilizam vegetais e grãos
in natura, e embora esses alimentos sejam fontes ricas de nutrientes, se estão
contaminados, como fica o organismo de quem se alimenta desses produtos?
Nesses casos, fica óbvia a nossa adoção por produtos orgânicos, visto serem uma
garantia de obtermos alimentos mais limpos e adequados ao nosso organismo e,
portanto, capazes de nos levar a uma vida com mais qualidade (AZEVEDO, 2004).

96
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

FIGURA 5 – UMA QUESTÃO... UMA INDAGAÇÃO

FONTE: Disponível em: <https://psecarioca.files.wordpress.


com/2016/03/20160328110716.jpg>. Acesso em: 31 ago. 2018.

Atividades de Estudos:

1) A partir do comentário a seguir, assinale as alternativas


corretas: Segundo o que foi descrito até o momento, uma
alimentação saudável envolve uma série de elementos bem mais
qualitativos do que quantitativos.

a) ( ) Uma boa base alimentar envolve alimentos que estejam


livres de insetos e doenças comuns nas plantações de
hortaliças e legumes. Para evitar pragas, é importante o uso
maciço de insumos químicos, como herbicidas e pesticidas.
b) ( ) Uma boa base alimentar envolve alimentos pesquisados em
laboratórios, que sejam plantados em grandes extensões de
terra de modo a diminuir a fome no mundo.
c) ( ) Uma boa base alimentar envolve alimentos que sejam parte
de um ciclo de cultivos intensivos de uma única espécie
(monocultura) e com proteção à base de insumos químicos.
d) ( ) Uma boa base alimentar envolve conhecimentos de saberes
e fazeres científicos e populares das populações tradicionais
que vivem em territórios onde a cultura local ainda se faz
presente nas memórias ligadas ao cultivo e à culinária.
e) ( ) Uma boa base alimentar envolve a sustentabilidade dos
territórios cultivados, das pessoas envolvidas com o cultivo e
também das populações consumidoras destes alimentos.

97
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

2) Sobre a afirmação a seguir, coloque verdadeiro (V) ou falso


(F). A segurança alimentar e nutricional é um direito humano e
alimentar porque:

a) ( ) Todas as pessoas têm o direito a uma alimentação saudável,


acessível, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo
permanente.
b) ( ) Todas as pessoas devem ter uma alimentação totalmente
baseada em práticas alimentares promotoras da saúde sem
que isto comprometa pessoas e meio ambiente.
c) ( ) Todas as pessoas devem ter o direito à alimentação, que é
parte dos direitos fundamentais da humanidade, que foram
definidos por um pacto mundial, do qual o Brasil é signatário.
d) ( ) Todas as pessoas que atuam em grandes empresas e com
grandes responsabilidades têm o direito a uma alimentação
de qualidade, uma vez que pagam altos impostos e garantem
empregos a várias outras pessoas.
e) ( ) Todas as pessoas têm o direito a uma alimentação
padronizada e de acordo com as suas funções, poder
aquisitivo e conhecimentos.

3) No Brasil, a Lei Federal nº 7.802, de 11 de julho de 1989,


regulamentada por meio do Decreto 4.074, de 4 de janeiro de
2002, no seu artigo 2º, inciso I, define agrotóxicos como
produtos e componentes de processos físicos, químicos
e biológicos destinados ao uso nos setores de produção,
armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas
pastagens, na proteção de florestas nativas ou implantadas e de
outros ecossistemas, ambientes urbanos, hídricos e industriais,
cuja finalidade seja alterar a composição da flora e da fauna, a
fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados
nocivos (FIOCRUZ, 2001).

Dito isto, analise a seguinte asserção-razão:

Se um agrotóxico é utilizado em todo o ciclo de produção e este


é capaz de penetrar nas sementes, na terra e na água alterando
a composição química e biológica dos seres vivos considerados
nocivos ao cultivo dos alimentos, isto significa que ele também
pode penetrar nos corpos dos seres humanos com prejuízos à
saúde individual e coletiva.

98
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

PORQUE

Os comprometimentos à saúde, com o contato continuado aos


agrotóxicos, podem variar intensamente, dependendo das
características de cada pessoa: estado nutricional, idade e
sexo. Existem agravos de saúde intensos e crônicos que podem
levar ao suicídio, mal de Parkinson e diversos tipos de câncer.
Em função dessa realidade, os estudos realizados pelo Dossiê
ABRASCO apontam como solução para esses problemas a
adoção de uma agricultura limpa, sem uso de agrotóxicos.

Assinale a alternativa que apresenta a resposta correta:

a) ( ) As duas afirmações são verdadeiras e estabelecem relação


entre si.
b) ( ) As duas afirmações são verdadeiras, porém não estabelecem
relação entre si.
c) ( ) A primeira afirmação é verdadeira, e a segunda afirmação é falsa.
d) ( ) A primeira afirmação é falsa, e a segunda afirmação é
verdadeira.

4 Alguns Modelos Alimentares


Do ponto de vista cultural, a formação de hábitos alimentares que sejam
saudáveis não é uma tarefa simples. As concepções acerca do que seja um bom
alimento muitas vezes entram em choque com os valores culturais globalizados
relacionados às indústrias de alimentos industrializados, as muitas publicidades
em torno de alimentos que estão na ‘moda’ ou aqueles preparados em larga
escala para consumo rápido, do tipo Fast food.

Quando uma pessoa busca um Spa para diminuir seu estresse ou iniciar um
programa de cuidados físicos e psicossensoriais mais saudáveis, a alimentação
normalmente é parte das práticas a serem indicadas como elemento importante
para auxiliar em todo o processo de revitalização e promoção da saúde. Parte
do que pode ser indicado como uma dieta equilibrada e saudável pode ser de
caráter permanente ou não. E isto vai depender da aceitação, da disponibilidade,
dos conhecimentos e informações que esta pessoa pode receber e das
condições possíveis para obtenção dos produtos a serem utilizados como
matéria-prima da dieta.

99
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

A alimentação, segundo Fox e Ward (2008), faz parte de um momento de


socialização em todos os povos do mundo. No horário das refeições promovemos
tradições, usos e costumes que nos identificam culturalmente. Soma-se a isso
o prazer sensorial marcadamente apresentado através do visual dos pratos,
dos elementos que fazem parte, com um colorido que nos traz lembranças e
memórias. Esse ritual pode ser deliberadamente mais simples ou mais pomposo,
mas é essencialmente marcado por escolhas.

E que escolhas são as mais saudáveis? Qual a melhor escolha?


Ser um adepto do vegetarianismo estrito? Alimentar-se seguindo
preceitos da macrobiótica? Adotar a dieta onívora? Qual a mais
saudável? Falaremos de duas, apenas, não porque as consideramos
as mais corretas, mas porque elas foram as primeiras utilizadas
como prática alimentar terapêutica em clínicas e Spas voltados à
desintoxicação de pessoas com agravos de saúde.

• Alimentação Macrobiótica

Este sistema dietético de natureza terapêutica e filosófica, cuja denominação/


palavra ‘macrobiótica’ tem origem grega: macro = grande, e biótica está
relacionada a bios = vida, já era utilizado por pensadores gregos, como Hipócrates,
tendo por significado ‘longa vida’. Varatojo (2004) afirma que a divulgação desse
sistema ocorreu no Japão no final do século XIX pelo médico do exército japonês
Sagen Ishizuka, que fundou a primeira organização macrobiótica voltada para
discussão de problemas sociais e de saúde relacionados à má alimentação.

A continuidade deste trabalho fora do Japão ocorreu nos anos de 1930


na França e Bélgica através de George Ohsawa, que orientava uma dieta
alimentar muito restritiva. No Brasil, com Tomio e Bernadete Kikuchi, em 1955, a
macrobiótica e outras práticas de natureza filosófica foram disseminadas em solo
sul-americano, contudo, foi Michio Kushi, nos Estados Unidos, que desenvolveu
um modelo alimentar mais adequado aos hábitos alimentares ocidentais
(AZEVEDO, 2012).

Esse sistema, quando apresentado à Europa por George Ohsawa, já trazia


como um dos seus princípios que o ser humano tem livre escolha, que não
existem alimentos proibidos, mas, cada pessoa, conforme o território (localização
geográfica) e clima, deve selecionar os produtos alimentares de acordo com as

100
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

duas forças motrizes do universo, que segundo a cosmologia oriental é o yin e


o yang. A Figura 6 traz uma ideia acerca desta dieta e de alguns alimentos que
podem servir de alimento em maior ou menor quantidade segundo a adaptação
realizada nos Estados Unidos por Kushi (2001). No Quadro 1 são apresentados
grupos de alimentos segundo o modelo divulgado na Europa por Ohsawa (1985).

FIGURA 6 – PIRÂMIDE ALIMENTAR MACROBIÓTICA DE MICHIO KUSHI

FONTE: Kushi (2001, p. 1)

QUADRO 1 – DIETA MACROBIÓTICA DE GEORGE OHSAWA

DIETA MACROBIÓTICA
YIN INTERMEDIÁRIOS EQUILIBRADOS INTERMEDIÁRIOS YANG
YIN OU NEUTROS YANG
Consumo restrito Consumo moderado Consumo livre Consumo moderado Consumo restrito
Frutas frescas Carnes
Álcool Cereais integrais Carnes brancas
e secas vermelhas
Açúcar branco Algas Sementes Frutos do mar Ovos
Mel Cogumelos Legumes Queijos frescos Queijos curados
Café Iogurtes Leite e natas Sal refinado
Legumes de
Chá preto
folhas verdes
Óleos Leguminosas
Vinagre
www.dicasdemulher.com.br

FONTE: Disponível em: <https://www.dicasdemulher.com.br/wp-content/


uploads/2015/04/alimentos-dieta-macrobiotica-2.jpg>. Acesso em: 31 ago. 2018.

101
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Como é possível perceber, o consumo de carnes não está proibido nessas


adaptações, embora seja recomendado com limitações. O peixe, colocado em
uma posição intermediária entre o consumo mensal e o semanal na pirâmide
alimentar de Kushi, hoje talvez fosse até retirado da dieta face aos problemas
de radiação existentes nos mares do planeta na atualidade e particularmente no
Japão, onde a dieta nasceu (SANTOS; SOUZA, 2013). Para Amon e Menasche
(2008), a comida pode contar histórias, e a questão que neste momento colocamos
é: qual a história contada por uma comida que segue parâmetros orientais com
base nas forças do yin e do yang?

Nos spas e/ou outros estabelecimentos, quando uma pessoa busca cuidados
com a inclusão da alimentação macrobiótica, a ingestão dos produtos à base de
cereais, sementes e legumes atua como elemento desintoxicante. Todavia, existe
a necessidade de uma adaptação da dieta a cada país do Ocidente. O Brasil, por
exemplo, não tem as mesmas tradições do Japão com relação ao consumo do
arroz e da soja. Para nós, o milho, o feijão e o arroz branco é que são parte da
nossa memória patrimonial brasileira. Saber usá-los para sermos mais saudáveis
é o segredo da macrobiótica brasileira, segundo Tomio Kikuchi (AZEVEDO, 2012).
Esta é uma dieta saudável e também sustentável? Se avaliarmos que uma dieta
sustentável deve ter elevado poder nutricional aliado ao respeito à biodiversidade,
ecossistemas e pessoas, então, com certeza, se os grãos e demais matérias-
primas desta dieta forem produzidas com este olhar e perspectiva, então SIM!
É isto mesmo. Se observarmos, essa é uma dieta que ainda tem como padrão
o uso de produtos orientais [temperos, tipos de arroz, algas] e que tem preços
elevados porque uma boa parte vem de São Paulo, território que recebeu o maior
contingente de migrantes japoneses no mundo ou do Japão. Se assim for, essa
dieta, embora possa ser preparada de forma especial em um spa, pode ficar
inviável no cotidiano das pessoas.

Ainda assim, pratos com arroz integral e shoyo de boa qualidade (de soja não
transgênica) temperado apenas com sal marinho acompanhado de saladas de
folhosos escuros e claros com picles de pepinos, algas, palmitos, passas de uva,
sementes de girassol, são boas pedidas e podem ser acompanhados de peixe de
boa qualidade, que no Brasil pode ser a sardinha, o pargo, o olhete, a pescadinha
branca ou amarela, anchovas, entre outros pescados da fauna marinha brasileira.
Pensando em termos de alimentação saudável, deve-se evitar o salmão, por
exemplo, que em muitos lugares do mundo vem de criadouros (tanques/viveiros),
onde o peixe é alimentado com ração cujas bases químicas podem ser prejudiciais
ao organismo humano. Como nossos mares estão bastante contaminados, uma
dieta saudável, preferencialmente, não deve conter peixes e frutos do mar que
não estejam próximos a uma costa sem muitas habitações com seus esgotos e
detritos. Quando comprar peixes de criadouros, verificar se a ração utilizada é
preparada com produtos biológico-orgânicos (FAO, 2010).

102
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

• Alimentação Vegetariana e Crudivorismo

Como chegamos à alimentação vegetariana? Você, em algum momento,


pensou em adotar esta prática alimentar? Bem, se somos todos onívoros, a
incorporação de alguma dieta ou prato diferente do que comemos normalmente
ocorre em função das memórias identitárias que todos construímos ao longo de
nossa história pessoal e familiar. Segundo Canesqui e Garcia (2005), o ato de
nos alimentarmos será sempre uma ação que nos levará aos valores culturais
identitários conhecidos por nós. Mesmo quando alguém precisa retomar o
equilíbrio de seu corpo através da alimentação, se esta foge ao padrão cultural
reconhecido pelo sabor, odores e receitas oriundas de uma memória cultural,
pode ocorrer de a pessoa não reconhecer como ‘comida’ o que terá que consumir.

Não reconhecer como ‘comida’ pode significar vê-la como ‘remédio’ ou um


auxiliar deste. Lembram das famosas canjinhas da mamãe? Ou outra comida que
era ofertada a vocês quando estavam com algum problema de saúde? No caso
da alimentação vegetariana, no Ocidente, mais especificamente, durante muito
tempo foi considerada uma comida sem sabor, feia no seu visual e que deixava as
pessoas fracas (FOX; WARD, 2008). Pensando nisso, por que as pessoas estão
adotando uma alimentação vegetariana, seja ocasionalmente, como produto
desintoxicante ou de forma permanente no dia a dia?

Lewgoy e Sordi (2012) descrevem como as escolhas e debates sobre a


alimentação tornaram-se um espaço de reflexão importante neste milênio, em
função dos riscos que todos temos de termos graves problemas de saúde em
função dos estilos de vida que adotamos. O sedentarismo e a falta de conexão
sadia com o mundo urbano industrializado têm sido uma das razões pelas quais
as pessoas buscam spas ou serviços de saúde especializados (nas situações
mais graves) para resolver ou diminuir as reações adversas à saúde que podem
ser agravadas com as doenças de caráter nutricional, tais como a obesidade
mórbida, a bulimia, a anorexia, entre outros males.

Profissionais tentam se especializar não apenas em dietas especiais, como


o vegetarianismo, mas nas suas distintas modalidades, como também divulgam
novos sistemas alternativos alimentares, como o crudivorismo, por exemplo,
mostrando como estas novas opções podem auxiliar no emagrecimento saudável
ou na recuperação de determinados elementos importantes para quem vai fazer
uma cirurgia ou se recupera de alguma doença aguda, ou precisa ficar forte para
o enfrentamento de doenças crônicas.

A opção pela alimentação vegetariana não nasceu no Oriente,


especificamente, embora o movimento de contracultura ocidental tenha trazido
para nós por volta dos anos de 1960 os discursos e a prática vegetariana na

103
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

perspectiva filosófica budista, hinduísta, zen-budista, xintoísta, entre outras


crenças filosóficas e religiosas. Entretanto, este discurso no Ocidente e mais
especificamente na Europa se inicia com Pitágoras de Samos no século VI
a.C., quando ele fundou uma comunidade de matemáticos místicos que não se
alimentavam de animais por considerarem que estes tinham o mesmo direito à vida
que os humanos. Como Pitágoras e outros filósofos neoplatonistas acreditavam
na migração das almas, e por isso não comiam carne, na Idade Média muitos de
seus seguidores recuaram nessas crenças porque eram consideradas heresias
(PLUTARCO, 2012).

Em nosso mundo contemporâneo, a adoção de uma dieta vegetariana tem


sido determinada por motivos religiosos, por questões de saúde e por questões
filosóficas voltadas à reflexão acerca do sofrimento dos animais. Contudo, a base
de adoção mais evidente deste padrão alimentar vem sendo construída como uma
oposição ao consumo de carne associada às vantagens de consumir produtos de
origem vegetal, quando estes são cultivados segundo sistemas agroecológicos
voltados à sustentabilidade humana, animal e ambiental.

Alguns movimentos cristãos, e não apenas os movimentos religiosos


orientais, também começaram a refutar a alimentação com carnes. Um desses
movimentos está ligado à Igreja Adventista do Sétimo Dia, com John Harvey
Kellogg, seu divulgador mais forte e inventor dos populares cereais Kellogg e de
várias receitas voltadas para a alimentação sem carnes (JORGE, 2010).

No século XXI, independentemente das questões morais e religiosas, a opção


pela alimentação vegetariana é associada cada vez mais à proteção ambiental e
biodiversidade, ao bem-estar animal e pelas questões de saúde. Embora sofra com
as ‘adaptações’ que fazem, na sua essência é um padrão de consumo alimentar
que utiliza, predominantemente, produtos de origem vegetal na composição de
seus pratos, e embora exclua sempre a carne e o pescado, inclui ovos ou laticínios,
principalmente quando as pessoas estão na transição entre a dieta onívora e a
vegetariana (SOCIEDADE BRASILEIRA VEGETARIANA, 2012).

Essa dieta aceita que os alimentos sejam cozidos, enquanto que o


Crudivorismo, que trabalha essencialmente com vegetais, não aceita nada animal
como parte da dieta, e devem ser comidos totalmente crus. O crudivorismo, embora
seja um tipo de vegetarianismo, na prática é visto como um sistema diferente dada
esta especificação, assim como a macrobiótica já citada neste capítulo. Ambos os
sistemas têm sido utilizados porque auxiliam no processo de cuidados e tratamentos
relacionados a doenças oncológicas, cardiovasculares (hipertensão), endócrinas
(obesidade mórbida, diabetes, hipo e hipertireoidismo, entre outras), emocionais/
mentais (insônias, depressão). Essas formas alimentares são apontadas como
parte do tratamento que, conforme o cliente, pode ocorrer com a inclusão do

104
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

vegetarianismo do tipo crudivorismo ou o frutivorismo etc. (ROLA, 2016; CALADO,


2012). A longevidade e a diminuição da ansiedade em função do estresse também
são razões que as pessoas apontam para a escolha por este tipo de alimentação
(BRASIL, 2014; SOCIEDADE BRASILEIRA VEGETARIANA, 2012; FAO, 2010;
INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER, 2007).

Mesmo com várias vantagens do sistema alimentar com base nos produtos
vegetais, a adoção de uma dieta vegetariana não implica ter mais saúde. A
maioria das pessoas precisa ainda de muitas leituras acerca de suas escolhas
alimentares, principalmente se levarmos em consideração a questão dos
agrotóxicos presentes nos vegetais, as combinações erradas que podem levar
à desnutrição, problemas de obesidade ou ainda agravos à saúde mais sérios.
Uma dieta vegetariana mal planejada, com déficit de nutrientes ou excesso de sal
ou gordura, pode ser tão prejudicial à saúde quanto comer carnes em excesso
(TEIXEIRA et al., 2014; FAO, 2010), ou ainda porque:

A industrialização e o desenvolvimento de práticas agrícolas


intensivas têm desenvolvido a possibilidade do aparecimento
de resíduos perigosos na carne, como antibióticos, anti-
helmínticos, hormônios, substâncias parecidas com
hormônios, pesticidas, tranquilizantes e metais tóxicos. Alguns
componentes da alimentação animal ou contaminantes do
pasto, como também agentes terapêuticos ou de promoção
de crescimento, podem permanecer nos tecidos após o abate,
constituindo perigo para o consumidor (NACMCF, 1993 apud
BORGES; FREITAS, 2002, p. 7).

Para Regitano e Leal (2010), a produtividade e a competitividade no setor de


produção de carnes estão asseguradas com a utilização de medicamentos para
fins terapêuticos e de profilaxia. Os antibióticos correspondem a uma das classes
mais prescritas e:

Muitos dos antibióticos administrados não são plenamente


metabolizados no organismo animal, sendo excretados na
urina e nas fezes, tanto na forma do composto original ou já
parcialmente metabolizados (HALLING-SØRENSEN et al.,
1998; SARMAH et al., 2006; KEMPER, 2008). A utilização de
excretos animais e do lodo de esgoto para fins de adubação
consiste numa das principais vias de disseminação desses
compostos no ambiente (CHRISTIAN et al., 2003). Uma vez
no ambiente, os resíduos de antibióticos podem acumular-
se no solo, sofrer lixiviação ou, ainda, ser transportados, via
escoamento superficial, para os corpos hídricos (DÍAZ-CRUZ
et al., 2003). Além disso, alguns desses resíduos no solo
podem ser absorvidos e se acumular nos tecidos vegetais,
resultando em risco à saúde humana quando da colheita e
consumo de alimentos de origem vegetal (REGITANO; LEAL,
2010, p. 602).

105
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

É importante que sempre conheçamos a forma como o alimento é produzido


e elaborado. Ainda que um alimento possa ser benéfico, as condições como
estes (animais e vegetais) são preparados para nosso consumo podem fazer
toda a diferença para a saúde humana e ambiental. Mesmo que o Ministério da
Saúde controle e regulamente os produtos que trazem riscos à saúde humana,
a exposição direta aos resíduos de antibióticos em alimentos de origem animal
ainda não é totalmente conhecida (PALERMO-NETO, 2007).

Retomando a temática acerca da dieta vegetariana, vejam os alimentos que a


compõem. Conforme os valores e costumes culturais, a pessoa interessada nesta
forma de construir sua dieta vai adequá-la aos produtos de sua região. Também
é fundamental que fique claro que, assim como os alimentos de origem animal,
esta dieta somente é válida para a saúde quando não há a presença de insumos
tóxicos ao organismo humano que possam levar a doenças e/ou problemas de
saúde crônicos.

QUADRO 2 – ALIMENTOS HABITUALMENTE


PRESENTES NUMA DIETA VEGETARIANA

De forma a ser completa e equilibrada, a alimentação vegetariana poderá incluir os se-


guintes grupos de alimentos:
Fruta
Hortícolas
Laticínios ou alternativas vegetais** – leite* bebida vegetal, iogurte*, queijo* (ou as
suas alternativas vegetais), leite fermentado*
Leguminosas e derivados, algas – leguminosas (feijão, grão, ervilhas, lentilhas, favas),
derivados (tofu, missô), algas
Cereais e tubérculos** – arroz, trigo, centeio, milho, quinoa, aveia e produtos derivados
(pão, tortas, bolachas, massas, flocos de cereais), de preferência, integrais e batata
Frutos gordos e sementes – amendoim, frutos gordos (noz, amêndoa, caju), creme de
frutos gordos (“manteiga” de amendoim e de amêndoa), sementes (chia, linhaça, papou-
la, sésamo)
Gorduras - azeite e óleos vegetais, creme vegetal e manteiga*
Ovo* / ** – ovo, clara, gema de ovo, produtos com ovos, e ovos de outras espécies de
aves que não as galinhas
*Não incluído numa dieta vegana

** Não incluído numa dieta crudívora.


FONTE: Gomes Silva et al. (2015, p. 18)

106
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

Como é possível perceber, ainda que a prática alimentar vegetariana pareça


simples (talvez mais do que a crudívora), nossos costumes e hábitos culturais
alimentares tornam esta possibilidade de mudança um grande desafio quando
se fala em mudar de carne para só vegetais ou fazer todo o alimento à base
de produtos crus. Quando a pessoa busca um spa ou outro espaço voltado ao
cuidado é possível, no tempo em que ali se encontra, aceitar e até mesmo tentar
em sua residência manter o aprendizado e as informações importantes com
relação à alimentação adotada como base de suas refeições diárias, mas, na
prática, sabemos que o abandono é mais comum.

Figueira, Lopes e Modena (2016) mostram como não é fácil esta questão.
Em pesquisa realizada em seis polos de Minas Gerais sobre as barreiras para
consumo de frutas e verduras [as autoras nem especularam sobre a possibilidade
de os informantes tornarem-se vegetarianos], elas viram que existem barreiras e
fatores promotores e muitos deles estão relacionados a estilos de vida e tomada
de decisão.

As principais barreiras identificadas foram: comércio


inadequado, baixo poder aquisitivo, preço, carência de iniciativas
públicas, falta de tempo, preguiça, fruta ser considerada
apenas uma alternativa alimentar e não realizar o jantar. Os
fatores promotores mais citados foram: saúde, prevenção/
controle de doenças, gostar, hortaliça ser considerada como
parte da refeição, criação e origem familiar, melhoria da
situação financeira, comércio próximo e estratégias de compra
(FIGUEIRA; LOPES; MODENA, 2016, p. 85).

A questão que nos vem à mente neste momento é: podemos,


no atendimento em spas, diminuir as barreiras culturais e aumentar
os fatores promotores que aumentassem a aderência a uma
alimentação vegetariana ou crudívora em prol da saúde de quem
busca este serviço, da sustentabilidade ambiental e animal? O que
você pensa sobre isto? Para estudos sobre esta questão, leia:

GRAÇA, A. et al. Programa Nacional Para Promoção da


Alimentação Saudável. Lisboa: Direção-Geral da Saúde, 2017. Disponível
em: <https://www.alimentacaosaudavel.dgs.pt/activeapp/wp-content/files_
mf/1507564169PNPAS_DGS2017.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à


Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a
população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

107
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

IBGE. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: percepção do


estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas. Rio de Janeiro:
IBGE; 2014. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/PNS/2013/pns2013.
pdf>. Acesso em: 31 ago. 2018.

SILVA, S. C. G. e t al. Linhas de orientação para uma alimentação


vegetariana saudável. Programa Nacional para a Promoção da
Alimentação Saudável. Lisboa: Direção Geral de Saúde, 2015.
Disponível em: <https://www.alimentacaosaudavel.dgs.pt/activeapp/
wp-content/files_ mf/1444910720LinhasdeOrienta%C3%A7%C
3%A3oparaumaAlimenta%C3%A7%C3%A3oVegetarianaSau
d%C3%A1vel.pdf>. Acesso em: 31 ago. 2018.

Atividades de Estudos:

1) A promoção do consumo de frutas e hortaliças é indicada pela


Organização Mundial de Saúde como prioridade nas políticas
nutricionais, alimentares e agrícolas, pelo potencial em diminuir
o risco de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (FAO, 2010;
WHO, 2004). Opções alimentares como a macrobiótica talvez
possam ser adotadas como uma possibilidade para atender
a esta premissa da OMS. Diante dessa afirmativa, assinale a
alternativa correta:

a) ( ) A alimentação macrobiótica inclui como alimento principal de


seu sistema alimentar as frutas frescas e estas estão na lista
de prioridades da OMS.
b) ( ) A alimentação macrobiótica inclui como alimentos principais
aqueles derivados de leite e ovos e estes estão na lista de
prioridades da OMS.
c) ( ) A alimentação macrobiótica inclui como alimentos principais
os grãos cozidos em baixas temperaturas e por isto é
bastante recomendada pela OMS.
d) ( ) A alimentação macrobiótica, bastante adaptada no mundo
ocidental, em função do pouco consumo de frutas e hortaliças
frescas, não é recomendada pela OMS.

108
Capítulo 4 Práticas Terapêuticas Alimentares na Promoção da Vida Saudável

2) Uma das principais motivações para o consumo de alimentos


mais saudáveis, como cereais, frutas, legumes e hortaliças, é a
promoção da saúde com consequente diminuição dos agravos.
Nesse sentido, o vegetarianismo é uma opção interessante e
bastante promissora. Sobre o vegetarianismo, responda com
verdadeiro (V) ou falso (F) as afirmações a seguir:

a) ( ) O vegetarianismo estrito é uma opção alimentar que não


permite o consumo de qualquer produto animal.
b) ( ) O vegetarianismo estrito tem por base o preparo de alimentos
totalmente crus, todos do tipo vegetais e leguminosas.
c) ( ) O vegetarianismo estrito busca nos alimentos à base de ovos e
leite uma compensação nutricional da falta de carne vermelha.
d) ( ) O vegetarianismo estrito não tem riscos e pode ser adotado
por qualquer pessoa, seja qual for a sua condição de saúde.
e) ( ) O vegetarianismo estrito é a mesma coisa que crudivorismo,
não há diferenças entre esses sistemas alimentares.
f) ( ) O vegetarianismo estrito é facilmente adotado por qualquer
pessoa, em função das similaridades com o sistema onívoro.

5 Algumas Considerações
E eis que concluímos o capítulo que encerra esta disciplina. Não esgotamos
as informações possíveis sobre a temática que apresentamos ao longo deste
material e a ideia não era esta, realmente. Como vocês puderam perceber,
tivemos, ao longo de todos os tópicos, alguns exercícios que serviram de apoio no
processo de recordação dos conteúdos apresentados.

As referências, em sua maioria, foram retiradas de base de dados científicos,


como o SCIELO, Google Acadêmico, Bireme, Latindex, IBICT e Rede Sibiun de
Bibliotecas Universitárias. Contudo, também fizemos uso em menor montante de
livros clássicos (com mais de 20 anos de publicação, porém reimpressos em função
de sua importância), blogs informativos (principalmente por causa do banco de
imagens) e livros e relatórios impressos que fazem parte de minha biblioteca pessoal.

Sabemos que os spas são estabelecimentos que às vezes não têm


profissionais preparados, segundo o que preconizam os textos sobre promoção
da saúde. As informações aqui colocadas e outras que podem vir com novas
leituras, farão de vocês pessoas mais preparadas para sugerir, recomendar e
aplicar práticas terapêuticas de excelência no local onde atuarem!

109
SPAS E QUALIDADE DE VIDA

Referências
AMON, D.; MENASCHE, R. Comida como narrativa da memória social.
Sociedade e Cultura, v. 11, n. 1, p: 13-21, Jan./Jun. 2008.

AZEVEDO, E. Alimentos orgânicos: ampliando os conceitos de saúde humana,


ambiental e social. São Paulo: SENAC, 2012.

––––––. As relações entre qualidade de vida e agricultura familiar orgânica:


da articulação de conceitos a um estudo exploratório. Universidade Federal de
Santa Catarina, Florianópolis: 2004.

BENATTI, M. Dieta macrobiótica de George Ohsawa. 2013. Disponível em:


<https://www.dicasdemulher.com.br/dieta-macrobiotica/>. Acesso em: 16 jul.
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BENBROOK, C. M. et al. Evidence confirms the nutritional superiority of


plant-based organic food. Arizona: University of Arizona (Organic Center), 2008.
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BORGES, J. T. da S.; FREITAS, A. S. Aplicação do sistema Hazard Analysis and


Critical Control Points (HACCP) no processamento de carne bovina fresca. B.
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Users/Univali/Downloads/1131-2619-1-PB%20(1).pdf>. Acesso em: 15 ago. 2018.

BRANDÃO, C. R. Minha casa, o mundo. Aparecida: Ideias e Letras, 2008.

BRASIL. Programa Brasil Saudável. 2016. Disponível em: <https://psecarioca.


wordpress.com/2016/03/25/brasil-saudavel-e-sustentavel/>. Acesso em: 16 jul. 2018.

––––––. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério


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