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DRENAGEM

LINFÁTICA

Aline Andressa Matiello


Drenagem linfática
após cirurgia estética
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar as características das cirurgias estéticas com indicação de


drenagem linfática.
 Explicar a aplicação da drenagem linfática em ritidoplastia e
mamoplastia.
 Analisar a aplicação da drenagem linfática em abdominoplastia e
lipoaspiração.

Introdução
As cirurgias estéticas são definidas como um conjunto de procedimen-
tos clínicos e cirúrgicos que são utilizados pelo médico e pelos demais
membros da equipe para reparar ou reconstruir partes do revestimento
externo do corpo humano, permitindo a correção de algum desequilíbrio
e melhorando a qualidade de vida do paciente.
Após o procedimento cirúrgico, algumas alterações nos tecidos no
local da cirurgia e próximo a eles são esperadas, em virtude do trauma
ocasionado pela manipulação de tecidos e pela incisão cirúrgica.
Dentre as alterações mais comuns, cita-se a formação de edema e
hematomas. Em alguns casos, esses sinais podem se apresentar de
maneira excessiva e associada a outras alterações teciduais, represen-
tando complicações pós-operatórias, como a formação de fibroses,
seromas, equimoses e deiscências. Nesse caso, a drenagem linfática
manual (DLM) pode ser empregada de modo a prevenir a formação
excessiva de edema e hematomas, além de atuar na prevenção e no
tratamento de complicações como seromas e alterações cicatriciais.
2 Drenagem linfática após cirurgia estética

Neste capítulo, você vai conhecer as principais cirurgias estéticas com


indicação para a realização do tratamento com utilização da técnica de
DLM e compreender como a técnica é aplicada nas principais cirurgias
estéticas faciais e corporais, podendo ser utilizada na fase pré-operatória,
garantindo, assim, resultados cirúrgicos estéticos mais efetivos.

Drenagem linfática manual aplicada


a cirurgias estéticas
Toda a cirurgia plástica provoca uma lesão tecidual, pois altera mecanicamente
ou funcionalmente parte dos sistemas orgânicos do organismo. Mesmo quando
realizada de maneira correta, provoca alterações teciduais, que desencadeiam
reações inflamatórias agudas locais, em menor ou maior grau. Essa lesão
tecidual provoca um aumento no extravasamento de líquidos, com aumento da
permeabilidade capilar da microcirculação, tendo como resposta a formação
do edema (GONÇALVES, 2015).
Essa lesão tecidual é encontrada em todas as cirurgias estética. Essas
cirurgias causam grande destruição de vasos durante os procedimentos, seja
pela incisão cirúrgica ou pela manipulação dos tecidos, provocando além do
edema, outros sinais inflamatórios locais, como dor, hematomas, alteração
de sensibilidade e, consequentemente, desconforto ao paciente. Vale ressaltar
que quanto maior a cirurgia, maior é a interrupção dos vasos linfáticos super-
ficiais pela lesão mecânica ocasionada pela incisão cirúrgica, prejudicando
a drenagem convencional.
Por isso, no pós-operatório imediato de cirurgias estéticas indica-se a
utilização da técnica de DLM, que objetiva reduzir a dor e melhorar a sensi-
bilidade, reduzindo a congestão tecidual e contribuir para o retorno precoce
da normalização da sensibilidade cutânea local. Para garantir resultados mais
satisfatórios, a DLM no pós-operatório deve ser iniciada o mais precoce possível
para auxiliar na penetração do líquido excedente nos tecidos, de modo que
este retorne o mais breve possível para a grande circulação, evitando, assim,
a formação do edema (LANGE, 2012).
Além da formação do edema, outras situações indesejadas podem ocorrer
no pós-operatório de cirurgias estéticas, como seromas, equimoses, hema-
tomas, fibroses e deiscência, sendo consideradas, nesse caso, complicações
de cirurgias estéticas. A seguir estão descritas as principais complicações
Drenagem linfática após cirurgia estética 3

pós-operatórias e algumas características destas, de modo a diferenciá-las e


entender de que maneira a DLM poderá atuar:

 Edema: no período de pós-operatório de cirurgias estéticas, o edema


estará sempre presente e geralmente persiste por até três meses. Ca-
racteriza-se pelo acúmulo excessivo de líquidos, sendo percebido pela
modificação do contorno do corpo com elevação túrgida do tecido.
 Seroma: o seroma é uma complicação pós-operatória mais comum em
cirurgias que provocam grandes alterações teciduais e caracteriza-se
pelo acúmulo de linfa e plasma num espaço morto, gerando compro-
metimento do resultado final da cirurgia.
 Equimose: é a formação de manchas na pele ocasionadas pela ruptura
de vasos sanguíneos e extravasamento de hemácias para o tecido.
 Hematoma: é uma coleção de sangue, em diferentes quantidades, que
ocorre após ruptura de vasos sanguíneos mais calibrosos, formando
manchas escurecidas.
 Fibrose: é a formação ou o desenvolvimento em excesso de tecido
conjuntivo em um órgão ou tecido, gerando alterações inestéticas locais.
 Deiscência: é caracterizada pela reabertura da incisão cirúrgica pre-
viamente fechada e pode resultar em infecção ou formação de cicatriz
inestética (BORGES, 2010).

Nesses casos, a DLM, quando empregada corretamente, pode auxiliar na


prevenção dessas complicações de modo a minimizar aderências cutâneas,
reabsorver mais rapidamente hematomas e equimoses, evitando dessa ma-
neira a formação de fibrose. Além disso, ao evitar o acúmulo excessivo de
líquido na cicatriz, previne-se a formação de cicatrizes inestéticas ou seromas
(VASCONCELOS, 2015).
A DLM pode ser empregada ainda em algumas modalidades de cirurgias
estéticas que fazem uso de retalhos cutâneos, sendo estes utilizados em muitas
modalidades de cirurgias estéticas. Os retalhos cutâneos tratam-se de porções
de pele e tecido subcutâneo transferidas de uma parte para outra do corpo,
mantendo um elo vascular. Para que esses retalhos desempenhem a função
desejada e não resultem em complicações, é necessário que haja sobrevivência e
eficácia circulatória por meio dele. A DLM pode atuar sobre o retalho cutâneo,
potencializando a ação linfática, melhorando a circulação local e criando um
ambiente propício para a recuperação desse retalho.
4 Drenagem linfática após cirurgia estética

A DLM é indicada para pós-operatório com presença de retalhos cutâneos.


Entretanto, deve ser aplicada de maneira cautelosa, uma vez que esse retalho se
encontra em fase de aderência, onde os movimentos de deslizamento profundo
estão contraindicados.
No que diz respeito à modalidade de DLM aplicada após cirurgias estéti-
cas, é importante destacar que como há lesão tecidual e, consequentemente,
lesões no sistema linfático e vascular, a linfa não poderá ser drenada da
maneira tradicional, sendo neste caso necessário utilizar vias alternativas
para eliminar o excesso de líquido na região operada. Por isso, algumas
manobras e o direcionamento da linfa sofrem modificações, chamada DLM
reversa, sendo que pode sofrer modificações de acordo com o tipo de ci-
rurgia e também de acordo com o tipo de incisão realizada pelo cirurgião
(VASCONCELOS, 2015).
Vale lembrar que a cirurgia plástica não diz respeito apenas ao ato ci-
rúrgico, mas sim a todo o procedimento realizado antes e após a cirurgia.
A eficácia de uma cirurgia plástica está diretamente ligada com o pré e o
pós-operatório, e não apenas com fatores relacionados ao ato cirúrgico. Por
isso, os cuidados antes e após o procedimento, como a realização de DLM,
fazem parte de um planejamento cirúrgico que visa à maior eficácia, com
melhores resultados.
Quando aplicada no pós-operatório, estudos mostram que o início da
DLM pós-operatória de cirurgias estéticas deve ocorrer após 48 a 72 horas,
de modo a acelerar o processo de recuperação pós-operatória (BORGES,
2010). Quando aplicada no pré-operatório, a DLM deve ser empregada de duas
a três semanas antes da cirurgia, com média de duas sessões semanais, de
modo a aumentar a função linfática pré-cirurgia. Dentre as cirurgias estéticas
mais comuns, em que há a indicação da realização da técnica de DLM como
tratamento pós-operatório, estão: ritidoplastia, lipoaspiração, mamoplastia e
abdominoplastia (GONÇALVES, 2015).

As contraindicações para realização da DLM no pós-operatório são as mesmas de


quando aplicada em situações em que não há realização de cirurgia.
Drenagem linfática após cirurgia estética 5

Drenagem linfática manual em ritidoplastia


e mamoplastia

Aplicação da drenagem linfática manual em cirurgias


de ritidoplastia
A cirurgia plástica de ritidoplastia é também chamada de lifting facial ou
cirurgia de rejuvenescimento facial e é indicada para pacientes acima de 45
anos de idade. Tem por objetivo corrigir o excesso de flacidez do terço médio
da face e do pescoço, melhorando a aparência envelhecida.
Quanto ao procedimento cirúrgico, é feita a remoção do excesso de pele
da face e do pescoço por meio do levantamento da musculatura da região,
sendo feita a retirada de gordura, se necessário. Para tanto, a incisão pode
ser feita de maneira mais radical, com a incisão no início do couro cabe-
ludo e seguindo até a região pré e retroauricular ou por meio de incisões
menos agressivas, com incisões apenas nas regiões pré e retroauriculares
(VASCONCELOS, 2015). A escolha da técnica e a quantidade de tecido
removido é definida pelo cirurgião de acordo com a idade do paciente e a
gravidade do caso.
Outra técnica utilizada é o lifting facial endoscópico, que é indicada em
casos em que os sinais de envelhecimento se encontram mais acentuados
no terço superior da face, objetivando elevar a posição dos supercílios e da
fronte. Nesse caso, o edema pós-operatório é menor, pois utiliza um plano
de dissecação mais profundo, lesando menos o sistema linfático superficial
(LANGE, 2012).
Independentemente da técnica utilizada, o edema facial pós-operatório
é ainda a queixa mais comum dos pacientes. A evolução na redução do
edema nessa cirurgia é lenta, sendo bastante significativa nas três primeiras
semanas de pós-operatório e retornando ao normal com quatro a seis meses
de cirurgia, quando é possível ver o resultado final do procedimento. Além
do edema, hematomas e seromas são as complicações mais frequentes da
ritidoplastia e ocorrem normalmente nas primeiras 12 horas após o proce-
dimento. A prevalência de hematomas é de 10 a 15%, mas normalmente se
liquefazem após o décimo dia e não representam uma complicação signifi-
cativa (BORGES, 2010).
6 Drenagem linfática após cirurgia estética

Após a cirurgia, o paciente permanece aproximadamente por 24 horas


em repouso absoluto para evitar hemorragias. Após esse período, e com
liberação médica, o paciente pode ser submetido a DLM. Entretanto, deve-se
considerar as lesões ocasionadas pelas incisões cirúrgicas nas vias linfáticas,
principalmente da região de pré e retroauricular, na qual a incisão provoca
cortes da cadeia linfática superficial (VASCONCELOS, 2015). Além disso,
a incisão e o manejo dos tecidos ainda provocam obstruções nos linfonodos
parotídeos, assim como nos linfonodos cervicais superiores e submentonia-
nos, por isso a linfa da região da face não poderá ser drenada de maneira
tradicional. Orienta-se nesse caso drenar a linfa direcionando-a para a re-
gião central da face e, posteriormente, para linfonodos submandibulares.
A partir desse ponto, a técnica pode seguir da maneira tradicional. A linfa
da região periorbicular e nasal deve ser direcionada para os linfonodos
bucais. O líquido presente no retalho é direcionado para linfonodos bucais
e, posteriormente, para os linfonodos cervicais inferiores, uma vez que estes
não estão acometidos.
Na região do retalho, as manobras seguem um caminho inverso da
drenagem linfática, pois o objetivo é direcionar o excesso de líquido para
aquelas vias que se encontram íntegras. Nesse caso, faz-se a utilização de
vias alternativas de drenagem, denominadas manobras de DLM reversa
(LANGUE, 2012).

Para aprofundar os estudos acerca da cirurgia de ritido-


plastia ou lifting facial, o material a seguir, publicado pela
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, traz maiores
explicações. Acesse o link ou código a seguir.

https://goo.gl/1w8VXd

Na Figura 1 é possível verificar os pontos de DLM e, logo em seguida, o


protocolo. Antes de dar início às manobras, é importante que o profissional
posicione o paciente em decúbito dorsal e faça movimentos de massagem
relaxante em trapézio superior e cintura escapular. Observe o destaque a
seguir.
Drenagem linfática após cirurgia estética 7

Figura 1. Protocolo de DLM pós-ritidoplastia.


Fonte: Lange (2012)
1: bombeamento da junção veno-linfática.
2, 3 e 4: bombeamento dos linfonodos claviculares.
5: bombeamento dos linfonodos inframentonianos e do arco da mandíbula.
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6: bombeamentos dos linfonodos bucais.


7: bombeamentos dos linfonodos pré-auriculares e parotídeos.
8: bombeamento do canal lacrimal.
9 e 10: realizar compressões suaves sobre o retalho.
11, 12 e 13: por meio de movimentos de semicírculos, conduzir a linfa para a região
clavicular (evitar realizar essa manobra sobre o retalho).
14 e 15: realizar compressões suaves sobre o retalho.
16: direcionar a linfa da região do mento para os linfonodos inframentonianos.
17: bombear o canto externo da asa do nariz.
18: conduzir a linfa do buço para o sulco nasogeniano.
19 e 20: direcionar a linfa do sulco nasogeniano para os linfonodos abaixo da mandíbula.
21: direcionar a linfa do retalho para os linfonodos bucais.
22: drenar a região nasal.
23: bombeamento do canal lacrimal.
24 e 25: conduzir a linfa palpebral para os linfonodos bucais.
Repetir todos os movimentos, conduzindo toda a linfa para os linfonodos cervicais.

No pós-operatório de ritidoplastia, é indicada a realização de no mínimo duas


sessões semanais (VASCONCELOS, 2015). Após o sétimo dia, as anastomoses
linfáticas são formadas, as vias linfáticas lesionadas já se encontram restabele-
cidas e, a partir daí, a DLM é iniciada em seu trajeto normal (LANGE, 2012).

Aplicação da drenagem linfática manual em cirurgias


de mamoplastia
A mamoplastia, também chamada de mastoplastia, diz respeito à cirurgia de
mamas. Podem ser classificadas de acordo com os objetivos em: mamoplastia de
aumento (refere-se à colocação da prótese de silicone), mamoplastia de redução
(em que é feita a redução do volume e correção da ptose mamária), além das
cirurgias de mastopexia (somente para corrigir a ptose e retirar excesso de pele)
e das cirurgias para correção de assimetria das mamas (VASCONCELOS, 2015).

Normalmente a mamoplastia de redução é feita no mesmo procedimento que a masto-


pexia, de maneira associada, pois a mama, quando muito grande, apresenta ptose e, após
a remoção do tecido gorduroso para diminuir o tamanho da mama, deve ser também
removido o excesso de pele para evitar uma condição inestética.
Drenagem linfática após cirurgia estética 9

Quanto à incisão cirúrgica, normalmente é utilizada a técnica em “T”


invertido, localizado ao redor da aréola, de seu polo inferior até o sulco in-
framamário. Existem outras técnicas em que a incisão é feita apenas ao redor
da aréola ou verticalmente, na região inframamária. As mamas normalmente
estão bastante edemaciadas e doloridas no pós-operatório, sendo que a paciente
deve fazer uso do sutiã cirúrgico, que é bastante reforçado, para dar sustentação
às mamas por dois a três meses. Os pontos são retirados após uma semana
(VASCONCELOS, 2015).
O tratamento com DLM deve ser iniciado apenas com encaminhamento
médico. Para a realização da DLM, a paciente não deve ser posicionada
em decúbito ventral ou lateral de 30 a 60 dias, conforme orientação mé-
dica. Além disso, o sutiã não deve ser completamente removido durante
as manobras, apenas aberto, de modo a reduzir um pouco a pressão sobre
as vias linfáticas. Para realizar a técnica, o profissional de estética deve
proteger a cicatriz com uma das mãos e com a outra realizar as manobras,
sem tocar na cicatriz e evitando o estiramento excessivo que pode provocar
alargamento cicatricial.
A técnica de drenagem utilizada deve levar em consideração a via de
acesso para a cirurgia, ou seja, onde a incisão foi feita, uma vez que tem
modificações de acordo com o tipo de incisão realizada e de acordo com o
objetivo da mamoplastia, se de aumento ou de redução, uma vez que as vias
de acesso podem ser diferentes.

Mamoplastia de aumento

Consiste no aumento do volume das mamas pela colocação de uma prótese de


silicone. O implante de silicone pode ficar acomodado na região anteromuscular
(em frente ao músculo peitoral) ou retromuscular (alojado atrás do músculo
peitoral). Para realizar a colocação da prótese, o médico pode utilizar três
vias de acesso: areolar, via sulco inframamário ou via axilar, como mostra a
Figura 2 a seguir (VASCONCELOS, 2015).
10 Drenagem linfática após cirurgia estética

Figura 2. Vias de acesso para mamoplastia.


Fonte: Adaptada de Tefi/Shutterstock.com.

Dentre os cuidados pós-operatórios, orienta-se que a paciente evite elevação


dos membros superiores acima de 90 graus por 10 a 15 dias e faça repouso neste
período. Quanto às complicações, as mais comuns são: edema, hematomas, ci-
catrizes inestéticas e contratura capsular. Para evitar e tratar essas complicações,
a paciente deve realizar DLM diariamente na fase aguda, na qual a inflamação é
ainda mais intensa, seguindo de dias alternados até a completa resolução dos sinais
de edema, além de fazer o uso do sutiã orientado pelo médico (BORGES, 2010).
A via de acesso para colocação da prótese de silicone é importante para
o profissional de estética, pois irá direcionar a técnica de DLM. Nas incisões
ao redor da aréola, a DLM pós-operatória segue as manobras da DLM tradi-
cionais, em que a lateral externa da mama é direcionada para os linfonodos
axilares, a lateral interna é direcionada para os linfonodos paraexternais e o
polo superior da mama é direcionado para a região da cadeia de linfonodos
claviculares e, posteriormente, para a junção veno-linfática (LANGE, 2012).

Mamoplastia de redução

É utilizada para reduzir o volume mamário, corrigir a ptose mamária e retirar o


excesso de pele, resultando em um equilíbrio entre o conteúdo de tecido mamário
e o continente de pele, de modo que estas fiquem ainda simétricas. É indicada
também para mulheres com problemas posturais decorrentes de má postura pelo
excesso de peso das mamas (LANGE, 2012). Além disso, pode ser utilizada
para reduzir os sinais de envelhecimento das mamas. Todas as estruturas que
Drenagem linfática após cirurgia estética 11

compõem as mamas sofrem alterações com o tempo, e a pele, que fica em tensão
contínua, se alonga na direção da carga aplicada. Dessa maneira, o tecido cutâneo
se alonga até determinado ponto, mas, a partir de determinada extensão, ele para
de distender, mesmo que a carga se mantenha grande. Nesse caso, os ligamentos
e as aponeuroses que sustentam as mamas e estão conectados na clavícula e os
ligamentos que mantêm a glândula mamaria aderida à pele perdem a tensão
com o passar dos anos, por isso a mama tende a sofrer ptose (BORGES, 2010).
Para a incisão da mamoplastia redutora, pode-se utilizar diferentes incisões,
como a técnica em “T” invertido e a incisão em “L”, sendo esta última atu-
almente mais utilizada por garantir cicatrizes menores, quando comparada à
técnica em “T” invertido, que causa normalmente cicatrizes grandes e maiores
chances de complicações. Além disso, para as mamas em que a redução a ser
realizada não é muito extensa, é possível ainda utilizar a técnica periareolar,
na qual a incisão acontecerá apenas ao redor da aréola.
As complicações mais frequentes da mamoplastia redutora são hematomas,
equimoses, edema, fibrose e deiscência de sutura (BORGES, 2010). Um dos
cuidados pós-operatórios dessa cirurgia é evitar que o paciente realize elevação
dos membros superiores acima da linha dos ombros. Isso normalmente causa
tensão excessiva em trapézio superior, podendo o profissional de estética
realizar uma massagem relaxante nessa musculatura, de modo a auxiliar no
quadro de dor, que pode anteceder a aplicação da DLM.

Para aprofundar os estudos, a Sociedade Brasileira de Cirur-


gia Plástica traz maiores informações sobre a mamoplastia
redutora no link ou código a seguir.

https://goo.gl/LE5Ei0

Protocolo de drenagem linfática manual pós-mamoplastia


de redução ou de aumento

No geral, após mamoplastia, a técnica deve ser realizada de maneira tradicio-


nal, entretanto, em algumas incisões devem ser feitas algumas adaptações de
acordo com as alterações que possam ocorrido no sistema linfático.
12 Drenagem linfática após cirurgia estética

No geral, as manobras se iniciam nas laterais das mamas, com movimentos


que direcionem a linfa dos quadrantes laterais, superiores e internos para as
cadeias de linfonodos axilares, infraclaviculares e paraesternais, respectiva-
mente. Se não houver incisão na região inframamária, deve-se direcionar a
linfa do quadrante inferior da mama para os linfonodos dessa região. No caso
de mamoplastia com incisão inframamária, a linfa não poderá ser direcionada
para essa região, pois há uma interrupção das vias linfáticas ocasionada pelo
trauma cirúrgico. Nesse caso, orienta-se direcionar a linfa que se encontra
abaixo do sulco inframamário para as cadeias de linfonodos axilares (VAS-
CONCELOS, 2015). A seguir, na Figura 3, é mostrado um protocolo que
pode ser utilizado tanto na mamoplastia de aumento quanto na mamoplastia
redutora. Fique atento às mudanças no caso de algumas incisões.

Figura 3. Protocolo de DLM pós-mamoplastia.


Fonte: Lange (2012).

1: bombear a junção veno-linfática.


2: bombear os linfonodos claviculares.
3: bombear os linfonodos axilares.
4: bombear os linfonodos da parede lateral da mama.
5: bombear os linfonodos inframamários.
6: bombear os linfonodos paraesternais.
7: com movimentos em semicirculares, bombear o esterno em movimento ascendente.
8: se houver cicatriz vertical, bombear suavemente essa região.
Drenagem linfática após cirurgia estética 13

9 e 10: no quadrante inferior medial da mama, conduzir a linfa para os linfonodos


esternais.
11: quadrante superior da mama é drenado para a ampola da foz.
12 e 13: os quadrantes laterais são drenados enviando a linfa para a parede lateral
mamária e em seguida para os linfonodos axilares. Vale lembrar que se houver incisão
axilar para colocação da prótese na mamoplastia de aumento, a linfa dos quadrantes
laterais das mamas deverá ser conduzida para os linfonodos claviculares.
14: conduzir a linfa da região intercostal superior para a região axilar (LANGE, 2012).

Drenagem linfática manual em


abdominoplastia e lipoaspiração

Aplicação da drenagem linfática manual em cirurgias


de abdominoplastia
A cirurgia de abdominoplastia é a cirurgia plástica do abdome, também
chamada de dermolipectomia abdominal. Nessa cirurgia, há três objetivos
principais: ressecção do excesso de pele e gordura de maneira que o retalho
do abdome superior recubra toda a extensão abdominal, correção da flacidez
e melhora da aparência estética (LANGE, 2012).
Na abdominoplastia clássica, a incisão cirúrgica localiza-se na região
suprapúbica e prolonga-se lateralmente em diferentes extensões, dependendo
do volume do abdome a ser corrigido. No geral, faz-se uma incisão transversa
baixa, na sequência é feito o descolamento da pele até o processo xifoide e
rebordo costais. Trata-se, em seguida, toda a parede muscular, fazendo uma
nova cicatriz umbilical, chamada de onfaloplastia, além da retirada do excesso
de tecido adiposo e da fixação da porção inferior do retalho na região suprapú-
bica por meio de suturas. Esse tipo de cirurgia é indicado para pessoas acima
de 45 anos e com sinais inestéticos mais intensos, como gordura localizada e
flacidez significativa (VASCONCELOS, 2015).
Outra possibilidade é a miniabdominoplastia, que está indicada para pa-
cientes em que o comprometimento estético se encontra apenas na porção
inferior do abdome, associado com pouca flacidez e pouca gordura localizada.
Neste caso a incisão é menor e o descolamento ocorre apenas até o umbigo,
sendo que este não é mobilizado. Essa modalidade de cirurgia é indicada
para pessoas de 30 a 45 anos e normalmente é indicada para mulheres que a
gestação causou uma distensão da pele importante na região infraumbilical
sem comprometimento da região supraumbilical, sem que haja excesso de
gordura localizada ou comprometimento muscular (VASCONCELOS, 2015).
14 Drenagem linfática após cirurgia estética

Para entender melhor como o procedimento é realizado, o


link ou código a seguir traz um vídeo mostrando a técnica
de abdominoplastia clássica.

https://goo.gl/RWzXGM

Quanto aos cuidados pós-operatórios, o paciente permanece com dreno de


24 a 48 horas e deve fazer uso da cinta elástica modeladora desde o primeiro
dia até um ou três meses, dependendo da indicação médica. Os drenos per-
manecem até 48 horas para eliminar o sangramento residual pós-cirurgia. A
DLM é indicada a partir do sétimo dia de pós-operatório e cabe ao profissional
fazer a retirada e a colocação da cinta modeladora, evitando a formação de
vincos durante a colocação, pois estes podem causar, além de desconforto
para o cliente, dobras no tecido operado. Além disso, a DLM não deve ser
feita sobre a cicatriz cirúrgica, sendo que esta deve estar coberta com gaze
embebida em soro fisiológico durante o procedimento.
As complicações mais comuns do pós-operatório dessa cirurgia são a
formação de edema, o seroma e os hematomas, sendo que a coleção de líquidos
normalmente se forma no tecido subcutâneo. Grandes descolamentos durante a
cirurgia, atividades precoces inadequadas do paciente e compressão abdominal
inadequada normalmente estão relacionados a maiores taxas de complicações
após o procedimento. Essas complicações podem ocasionar a formação de
cicatriz hipertrófica, cicatriz umbilical não anatômica, irregularidades na
superfície da pele e desvios laterais do umbigo (BORGES, 2010).
Para a realização da DLM, é essencial considerar as informações acerca
do procedimento cirúrgico, pois a intervenção cirúrgica causa alterações na
mecânica natural do sistema linfático. Em condições naturais, a drenagem da
região abdominal segue dois sentidos. A parte supraumbilical é drenada para
os linfonodos axilares e infra mamários, enquanto a região infraumbilical é
drenada para a região dos linfonodos inguinais. Na abdominoplastia, o retalho
cirúrgico foi deslocado do abdome superior para o inferior e trouxe consigo os
vasos linfáticos, que naturalmente têm as válvulas dos linfângions voltadas
para cima. Por isso, após o procedimento cirúrgico, a DLM deve direcionar
toda a linfa do retalho que se encontra acima da incisão cirúrgica para a região
axilar e inframamária, enquanto que somente a linfa localizada na região
Drenagem linfática após cirurgia estética 15

infracicatricial é direcionada para a região inguinal, por um período de 20 ou


30 dias, até que novas vias se formem e a DLM possa ser então executada da
maneira tradicional (VASCONCELOS, 2015). A Figura 4 a seguir mostra a
DLM realizada antes da cirurgia e após a cirurgia.

Figura 4. DLM pós-abdominoplastia.


Fonte: Adaptada de Lange (2012).

Além disso, durante essa fase aguda a manobra de deslizamento profundo


é contraindicada, uma vez que o retalho ainda está em fase de aderência e esta
pode ser prejudicada pela manobra de deslizamento profundo (LANGE, 2012).
A seguir, é mostrado um protocolo de DLM pós-abdominoplastia.
Passo a passo da DLM pós-abdominoplastia:

1. Bombeamento da junção veno-linfático.


2. Bombeamento dos linfonodos: axilares, parede lateral da mama, ex-
ternais, inframamários, inguinais e suprailíacos consecutivamente.
3. Propriocepção da respiração.
4. Bombear suavemente a cicatriz suprapúbica.
5. Conduzir a linfa da parede abdominal lateral para os linfonodos axilares.
6. Conduzir a linfa do centro do abdome para a região do esterno.
7. Conduzir a linfa da região inframamária para a região axilar.
16 Drenagem linfática após cirurgia estética

Aplicação da drenagem linfática manual em cirurgias


de lipoaspiração
Diferente da cirurgia de abdominoplastia, a lipoaspiração é uma cirurgia
que não faz uso de um retalho cutâneo. Na técnica da lipoaspiração é feita a
remoção às cegas de gordura subcutânea por meio de uma pequena incisão na
pele. Por essa incisão, entram algumas cânulas de diferentes calibres unidas a
um aparelho de sucção (LANGE, 2012). Tem vantagens em relação às demais
cirurgias para contornos corporais, pois, além de não precisar remover a pele,
não deixa grandes cicatrizes.
Durante a técnica de lipoaspiração, há a formação de túneis em vários
níveis do tecido adiposo pelo movimento de vai e vem da cânula, os quais serão
preenchidos por sangue que extravasa durante a cirurgia. Dessa maneira, os
canais linfáticos, vasos arteriais e venosos que atravessam o tecido adiposo,
são destruídos. Isso resulta em edema residual importante, com distensão da
pele que pode durar semanas em razão da destruição linfática e venosa da
região. Além do edema residual, a ruptura de vasos sanguíneos resulta em uma
quantidade importante de hematomas formados (VASCONCELOS, 2015).
Dessa forma, a realização da DLM é indicada para controle do edema residual
e redução dos hematomas. Esta deve ser iniciada de acordo com as orientações
médicas, mas normalmente se inicia no segundo ou no terceiro dia, de modo
a evitar um desequilíbrio entre a quantidade de líquido formada e a drenada.
Vale lembrar que como há uma destruição de tecido adiposo associada a edema
e hematomas, há aumento expressivo da sensibilidade local, ocasionando dor
durante as manobras. Por isso, há necessidade de movimentos mais lentos e mais
suaves, de acordo com a tolerância do paciente. Além disso, é importante que o
profissional de estética auxilie o paciente na retirada e na colocação da cinta elástica
modeladora, que deverá ser usada de um a três meses após o procedimento, a fim
de manter a compressão adequada sobre o tecido e a perfeita acomodação da pele
na região lipoaspirada, evitando marcas ocasionadas pela compressão inadequada.
A DLM aplicada após a lipoaspiração deve considerar a presença de lesões
nos sistemas linfáticos e circulatórios, mas, no entanto, como não há presença
de retalho cutâneo, essa drenagem, nesse caso, segue o seu sentido tradicional.
Recomenda-se realizar a DLM completa e não apenas da área que foi lipo-
aspirada. Isso porque há necessidade de drenar as regiões mais distais antes
de drenar a área com edema, para que o fluxo extra de líquido tenha vazão.
Entretanto, vale lembrar que a área que foi submetida à lipoaspiração deve
ser drenada com bastante atenção, repetindo a manobra de 10 a 12 vezes nas
regiões acometidas pelo edema (VASCONCELOS, 2015).
Drenagem linfática após cirurgia estética 17

Protocolo de drenagem linfática manual pós-lipoaspiração


de abdome

O protocolo é constituído pelo passo a passo a seguir.


Passo 1: realizar o bombeamento em sequência das seguintes cadeias de
linfonodos: junção veno-linfática, linfonodos axilares, parede lateral da mama,
esternais, inframamários, inguinais e linfonodos da região da crista ilíaca.
Passo 2: direcionar a linfa do abdome superior (acima da cicatriz umbilical)
para os linfonodos axilares.
Passo 3: direcionar a linfa do abdome inferior (abaixo da cicatriz umbilical)
para os linfonodos inguinais.
Passo 4: direcionar a linfa da região lombar e cristas ilíacas para linfonodos
inguinais (LANGE, 2012).

Protocolo de drenagem linfática manual pós-lipoaspiração


de membros inferiores

O tratamento deve ser composto pelas seguintes orientações.


Passo 1: (paciente em decúbito dorsal) realizar o bombeamento de linfono-
dos inguinais, das cadeias de linfonodos da crista ilíaca e da região poplítea,
respectivamente.
Passo 2: realizar o deslizamento superficial sobre a coxa.
Passo 3: realizar o deslizamento superficial sobre a perna e o pé, direcio-
nando a linfa para a região inguinal.
Passo 4: realizar manobras de condução da linfa, iniciando da região
inguinal e ir distanciando.
Passo 5: (paciente em decúbito ventral) realizar o bombeamento dos lin-
fonodos inguinais na face interna da coxa e na sequência dos poplíteos.
Passo 6: conduzir a linfa da coxa em partes, do proximal para o distal,
sendo que a porção medial da coxa é direcionada para os linfonodos inguinais
localizados na face interna da coxa (direção póstero-medial), enquanto a parte
lateral é direcionada no sentido dos linfonodos inguinais, seguindo o trajeto
póstero lateral, anteriorizando-se em direção inguinal.
Passo 7: conduzir a linfa da perna em direção aos linfonodos poplíteos.
Passo 8: finalizar com movimentos de deslizamento superficial, direcio-
nando a linfa para a região inguinal (LANGE, 2012).
18 Drenagem linfática após cirurgia estética

Protocolo de drenagem linfática manual pós-lipoaspiração


de glúteos

A DLM na região do glúteo deve ser aplicada pelo profissional de estética em


seis etapas. Na Figura 5 é possível visualizar cada uma dessas etapas.

Figura 5. DLM pós-lipoaspiração de glúteo.


Fonte: Lange (2012).

1: bombeamento do sulco interglúteo.


2: na porção interna do glúteo, direcionar a linfa para o sulco interglúteo.
3: na porção externa, direcionar a linfa para a região anterior, em direção aos linfonodos
inguinais.
4, 5 e 6: direcionar a linfa da face externa em direção à região inguinal, no sentido
posterolateral.
Drenagem linfática após cirurgia estética 19

BORGES, F. S. Dermato-funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas.


2. ed. São Paulo: Phorte, 2010.
GONÇALVES, R. D. Abordagem fisioterapêutica no tratamento dos edemas pós cirurgias
plásticas. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Fisioterapia) — De-
partamento de Fisioterapia, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade
Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2015. Disponível em: http://dspace.bc.uepb.
edu.br/jspui/bitstream/123456789/10860/1/PDF%20-%20R%C3%BAbia%20Dias%20
Gon%C3%A7alves.pdf. Acesso em: 11 mar. 2019.
LANGE, A. Drenagem linfática manual no pós-operatório das cirurgias plásticas. Curitiba,
2012.
VASCONCELOS, M. G. Princípios de drenagem linfática. São Paulo: Erica, 2015.

Leituras recomendadas
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA. Lifting facial. c2017a. Disponível em:
http://www2.cirurgiaplastica.org.br/cirurgias-e-procedimentos/face/lifting-facial.
Acesso em: 11 mar. 2019.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA PLÁSTICA. Mamoplastia redutora. c2017b. Dis-
ponível em: http://www2.cirurgiaplastica.org.br/cirurgias-e-procedimentos/mama/
mamoplastia-redutora/. Acesso em: 11 mar. 2019.

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