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DRENAGEM

LINFÁTICA

Fernanda Ribeiro
de Oliveira
Drenagem linfática
eletrônica
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer os fundamentos da drenagem linfática eletrônica.


„„ Identificar os efeitos da drenagem linfática eletrônica.
„„ Descrever a drenagem linfática eletrônica.

Introdução
A técnica de drenagem linfática é um método tradicional e eficiente
para o tratamento de edema. Ela também pode ser realizada de forma
eletrônica, com o uso de um equipamento eletroestético, promovendo
estímulos contráteis na musculatura, que auxiliam na ativação do sistema
circulatório e linfático. Além do tratamento para edema, a drenagem
linfática eletrônica também tem resultados satisfatórios como coadjuvante
em diversos tratamentos de afecções estéticas.
Neste texto, você verá de que forma um equipamento eletrônico pode
auxiliar na realização da drenagem linfática, estudando os fundamentos da
corrente elétrica utilizada nessa modalidade, os parâmetros e a maneira
correta de posicionar os eletrodos.

Fundamentos da drenagem linfática eletrônica


Quando o sistema linfático não consegue desempenhar sua função adequa-
damente, isso causa um desequilíbrio no sistema e, por consequência, um
acúmulo de edema. O edema é um excesso do líquido intersticial que ocorre
devido ao aumento da pressão hidrostática e à diminuição da pressão oncótica.
Ele pode surgir em decorrência de fatores fisiológicos, mas também após um
trauma ou lesão, quando muitos capilares e vasos linfáticos são lesionados,
impedindo o fluxo correto da linfa.
2 Drenagem linfática eletrônica

A drenagem linfática é o recurso mais eficiente quando pensamos em


tratamentos para edemas. Além da drenagem linfática manual, existe também
a drenagem linfática eletrônica, realizada com o auxílio de um equipamento
eletroestético com corrente alternada, aplicada sobre determinadas áreas
musculares. Essa corrente promove estímulos contráteis que auxiliam na
ativação do sistema circulatório e linfático. Por esse motivo, ela é indicada
para edemas e problemas circulatórios.
Existem dois fatores que influenciam na intensidade do fluxo da linfa
pelos capilares e vasos linfáticos: a pressão do líquido intersticial e o grau de
bombeamento realizado pelos linfangions. Quando há aumento da pressão do
líquido intersticial, ele conseguirá fluir com mais facilidade para os capilares
linfáticos. A drenagem linfática eletrônica veio para auxiliar nesse processo,
pois facilita a abertura das microválvulas e a drenagem e o transporte da linfa
para os linfonodos; consequentemente, as toxinas são eliminadas.

Corrente alternada
A corrente alternada é uma corrente de baixa frequência sem polaridade.
Fisiologicamente, ela estimula os nervos motores e sensitivos, provoca aumento
do metabolismo, aumenta o aporte sanguíneo, estimula o músculo por meio
de contrações e favorece o retorno venoso e linfático.
A drenagem linfática eletrônica realizada com a utilização de eletroesti-
mulação atua sobre o tecido muscular. Os estímulos produzirão uma resposta
elétrica característica, de acordo com a corrente aplicada — sua intensidade,
frequência e também duração.
Para entendermos como a corrente alternada funciona, é necessário co-
nhecermos um pouco mais sobre os músculos. Os músculos são estruturas
formadas por fibras musculares, que são responsáveis pela movimentação
de nosso corpo, por manter a temperatura corpórea, por proteger os órgãos
internos e também por manter nossa postura. Os músculos são divididos de
acordo com sua formação histológica, e são classificados em liso e estriado:

„„ Músculo liso: são músculos involuntários, lentos; estão presentes em


vísceras.
„„ Músculo estriado: são músculos voluntários; estão associados ao sis-
tema esquelético.
Drenagem linfática eletrônica 3

O coração é formado por um músculo estriado, porém ele é denominado de músculo


estriado cardíaco e tem sua movimentação involuntária.

Os músculos esqueléticos têm muitas propriedades particulares, como


a capacidade de contrair e estender, boa elasticidade e grande capacidade a
estímulos. Eles têm fibras musculares que influenciam no desenvolvimento
da massa e da força do músculo.

Corrente alternada no músculo

Na corrente alternada, existe a contração muscular, que pode ter sua finali-
dade variada. Isso vai depender da força exercida, do encurtamento da fibra
muscular e do tempo utilizado.
Existem dois tipos de contração para esta corrente:

„„ Contração isotônica: trabalha de maneira aeróbia e é rápida. Produz


alto consumo de energia e, com isso, acaba gastando mais calorias. O
movimento de contração e relaxamento faz o encurtamento e alonga-
mento do músculo, e esse tipo de contração faz a movimentação articular.
„„ Contração isométrica: tem ação anaeróbica. Não há contração e rela-
xamento muscular, apenas contração. Tem pouco consumo de calorias
e pouca utilização de oxigênio, e seu objetivo é diminuir a flacidez pelo
aumento da massa muscular. Neste tipo de contração, não há alteração
no comprimento o músculo, mas há um aumento na tensão.

Quando a isotonia é trabalhada por mais de 20 minutos, ela acaba retirando a energia
do tecido adiposo, onde estão presentes os adipócitos, nossas células de gordura.
Com isso, o cliente faz mais gasto calórico.
4 Drenagem linfática eletrônica

Na utilização da corrente alternada, trabalhamos diferentes tipos de fibras


musculares, veja:

„„ Fibras vermelhas: fibras do tipo I, elas promovem contrações mais


lentas, mas são resistentes e dinâmicas. São responsáveis pela atividade
postural, utilizam o oxigênio como principal fonte de energia e são
ativadas entre 20 e 30 Hz.
„„ Fibras intermediárias: menos resistentes do que as vermelhas, as
fibras intermediárias são trabalhadas em exercícios de baixo impacto.
„„ Fibras brancas: fibras do tipo II, são responsáveis pelo contorno cor-
poral. Geram movimentos rápidos, têm alta capacidade de contração,
porém se fadigam rapidamente. Para ativar essas fibras, devemos utilizar
uma frequência entre 60 Hz e 100 Hz.

As fibras brancas se contraem de três a cinco vezes mais rapidamente do que as fibras
vermelhas. Na drenagem linfática eletrônica, o ideal é trabalhar as fibras brancas.

Ao utilizar a corrente alternada, é muito importante observar os parâmetros


a serem ajustados:

„„ Frequência: varia de 1 a 100 Hz (Hertz). A frequência será alterada


de acordo com o objetivo — no caso da drenagem linfática eletrônica,
podemos usar de 60 Hz a 100 Hz.
„„ Intensidade: é a amplitude do estímulo, e varia de acordo com a to-
lerância de cada paciente, pois deve ser confortável, sem gerar dor.
„„ Tempo de contração: rampa de subida (tempo para a corrente alcan-
çar a intensidade máxima ajustada), rampa de sustentação (tempo de
sustentação da corrente na intensidade ajustada) e rampa de descida
(tempo para a corrente zerar e entrar no repouso).
„„ Tempo de repouso: é o tempo em que a musculatura permanecerá
relaxada, conforme previamente ajustado.
„„ Tempo total do tratamento: a aplicação da técnica pode durar até 20
min em cada área, e pode ser realizada duas vezes por semana.
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No Quadro 1, você pode ver as indicações e contraindicações do uso da


corrente alternada em drenagem linfática.

Quadro 1. Indicações e contraindicações do uso da corrente alternada em drenagem


linfática

Indicações Contraindicações

Estimulação de nervos Disritmia cardíaca

Estimulação muscular Prótese metálica

Paresia Hiper ou hipotensão descompensada

Hipotonia Doenças vasculares periféricas

Edemas Áreas de afecções ativas

Câncer

Epilepsia

Insuficiência renal

Corrente russa
A corrente russa, também conhecida como estimulação russa, é, segundo
Borges (2010), uma corrente alternada de média frequência, entre 2.500 a 5.000
Hz, sendo os equipamentos de 2.500 Hz os mais frequentes. A corrente russa é
utilizada para a estimulação de nervos motores, proporcionando uma contração
mais sincronizada e forte e assim promovendo um fortalecimento muscular.
Para a drenagem linfática eletrônica, a estimulação no músculo é realizada
de forma ascendente, iniciando na planta dos pés e indo em direção à região
abdominal. As regiões são estimuladas de maneira sequencial — uma de
cada vez. Ao promover estímulos sucessivos de contração e relaxamento, essa
técnica favorece o retorno venoso e linfático e o aumento do tônus muscular,
e também traz grande efeito descongestionante.
6 Drenagem linfática eletrônica

Efeitos da drenagem linfática eletrônica


Muitos autores acreditam que a drenagem linfática manual é a técnica mais
completa, mas há estudos que mostram as propriedades da drenagem eletrônica
em nosso organismo. Os benefícios que a corrente alternada pode trazer ao
nosso organismo são os que seguem.

Aumento da circulação sanguínea: a contração muscular permite que a


circulação sanguínea seja aumentada, tanto nos capilares quanto nos vasos
sanguíneos.

Remoção de resíduos: as contrações rítmicas estimulam a circulação linfática


e, com isso, ajudam a eliminar toxinas.

Aumento dos tônus musculares: a capacidade de promover a contração e o


relaxamento muscular provoca o aumento do tônus do músculo, ou seja, seu
potencial de elasticidade é aumentado.

Aumento do metabolismo: quando o sistema circulatório funciona mais


adequadamente, nosso organismo funciona melhor, pois há uma irrigação
sanguínea adequada em torno dos órgãos e tecidos.

Redução de edemas: a ativação do sistema linfático faz com que haja maior
movimentação de linfa e, consequentemente, diminuição dos edemas.

Tonificação tecidual: a melhora da circulação sanguínea e linfática contribui


para uma distribuição de nutrientes mais adequada para o tecido.

Relaxamento e sensação de bem-estar: ao tratar da musculatura, estimulamos


também o sistema nervoso, promovendo o relaxamento.

A técnica de drenagem linfática eletrônica


A drenagem linfática eletrônica também é conhecida como drenagem linfática
sequencial. Como já vimos, ela é realizada com um equipamento que emite
estímulos, que promovem uma contração muscular. Dessa forma, ela estimula
a circulação sanguínea e linfática, o que facilita a drenagem linfática.
Drenagem linfática eletrônica 7

Para realizar essa técnica, podemos utilizar diferentes tipos de eletrodos,


que podem ser de borracha/silicone ou autoadesivos. A diferença entre os
dois está apenas no material da fabricação, pois eles são posicionados nos
mesmos locais, executam as mesmas funções e geram os mesmo efeitos. Os
eletrodos de silicone-carbono, como os que você vê na Figura 1, devem ser
posicionados com a ajuda de uma faixa com velcro; já os autoadesivos são
colocados diretamente na pele do cliente, pois, como o nome indica, são
compostos de um material com adesão própria. Por uma questão de higiene,
é sempre indicado não reutilizar o mesmo eletrodo autoadesivo em diferentes
clientes, pois eles não são laváveis. Cada pessoa tem seu kit e, geralmente,
esses eletrodos têm uma aplicabilidade para 10 sessões, perdendo a cola e a
propriedade de transferir a corrente para os tecidos.

Figura 1. Tipos de eletrodos utilizados na drenagem linfática eletrônica.


Fonte: Adaptada de HB Fisioterapia e comércio ([201-?]).

Os eletrodos deverão ser posicionados em todo o membro inferior, no


sentido de drenagem do sistema linfático, de maneira que fique sequencial-
mente de distal para proximal, conduzindo a linfa até os respectivos grupos
de linfonodos. Para essa técnica, devemos colocar os eletrodos em membros
superiores, inferiores e também em abdome, da seguinte maneira:

„„ Membros inferiores: os estímulos devem acontecer do pé em direção


aos linfonodos inguinais, por exemplo:
■■ planta dos pés;
■■ lateral interna e externa de panturrilha;
■■ lateral interna e externa de coxa.
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„„ Membros superiores: os estímulos devem acontecer do punho em


direção aos linfonodos axilares, por exemplo:
■■ lateral interna de braço;
■■ lateral interna de antebraço.
„„ Abdome: os estímulos devem acontecer em direção à região inguinal,
por exemplo:
■■ dois eletrodos na lateral inferior direita;
■■ dois eletrodos na lateral inferior esquerda.

Veja na Figura 2 a direção dos eletrodos em membros inferiores.

Eletrodos no trajeto da safena (região medial)

Figura 2. Exemplo de direção dos eletrodos em membros inferiores (retornos não


programados).
Fonte: Adaptada de IBRAMED ([201-?]) e Concurso e Fisioterapia ([2010]).

A drenagem linfática eletrônica em membros superiores pode ser muito


eficaz, em especial nos indivíduos que apresentam linfedemas, pois o sis-
tema linfático do membro estará prejudicado; a estimulação eletrônica, que é
sequencial e constante, poderá proporcionar grande benefícios nesses casos.
Após a colocação dos eletrodos nos locais corretos, é necessário fazer
os ajustes no equipamento. Para cada fabricante eles indicam frequência e
tempo diferentes. Normalmente, usamos uma frequência que estimule as
fibras brancas, mas sempre observe as indicações do fabricante do equipa-
mento escolhido por você. O tempo total para a realização da técnica dura
em torno de 20 minutos em cada área tratada. A técnica pode ser realizada
aproximadamente duas vezes por semana, dependendo do quadro da cliente.
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É muito importante sempre utilizar o equipamento com os ajustes corretos e posi-


cionados adequadamente — somente assim a técnica terá benefícios. Para realizar
qualquer técnica de eletroterapia, é necessário ter aparelhos registrados na ANVISA.

1. A drenagem linfática eletrônica alternada na drenagem


utiliza um equipamento com linfática eletrônica?
corrente alternada, que faz a a) Promover uma resposta
estimulação muscular e, com isso, mecânica sobre a
proporciona benefícios fisiológicos. musculatura trabalhada.
Quais são esses benefícios? b) Apresentar polaridade e fazer
a) Diminuição da estímulos musculares.
elasticidade muscular. c) Fazer estimulação de nervos
b) Concentração de resíduos motores e sensitivos.
metabólicos. d) Impedir o aporte sanguíneo por
c) Melhora na distribuição meio de estímulos elétricos.
de nutrientes. e) Estimular os linfonodos por
d) Atenuação da irrigação meio de contrações.
sanguínea. 4. Entre as alternativas a seguir, assinale
e) Diminuição do metabolismo. a que apresenta uma parametrização
2. A drenagem linfática eletrônica correta da corrente alternada para
utiliza a contração muscular para drenagem linfática eletrônica.
estimular o sistema circulatório e a) A intensidade deve ser de
linfático. Existem diferentes tipos de até 60 Hz, pois irá trabalhar
músculos, mas, quando utilizamos as fibras vermelhas tipo I.
a corrente alternada, estimulamos b) A intensidade deve ser de 60
que tipo de musculatura? a 100 Hz, pois atuará sobre
a) Músculo estriado cardíaco. as fibras vermelhas tipo II.
b) Músculo estriado esquelético. c) A frequência dever ser de
c) Músculo estriado liso. 30 a 60 Hz, pois atuará sobre
d) Músculo liso. as fibras brancas tipo I.
e) Músculo esquelético cardíaco. d) A frequência deve ser de 60
3. Qual das alternativas a seguir a 100 Hz, pois atuará sobre
apresenta uma ação fisiológica as fibras brancas tipo II.
esperada do uso da corrente
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e) A frequência deve ser acima c) Os eletrodos devem estar


de 100 Hz, pois atuará sobre posicionados de modo que
os dois tipos de fibras. estimulem os linfonodos.
5. Quanto à aplicação dos d) Todos os eletrodos
eletrodos no procedimento de devem ser estimulados
drenagem linfática eletrônica, de maneira reciproca.
assinale a alternativa correta. e) Os eletrodos são estimulados
a) Os eletrodos devem ser dispostos sequencialmente, de
sobre a região da safena. distal para proximal.
b) Os eletrodos são estimulados
sequencialmente, de
proximal para distal.

BORGES, F. S. Modalidades terapêuticas nas disfunções estéticas. São Paulo: Phorte, 2010.
CONCURSO E FISIOTERAPIA. Aplicações da corrente russa. [2010]. Disponível em: <http://
www.concursoefisioterapia.com/2010/07/aplicacoes-da-corrente-russa.html>. Acesso
em: 25 jul. 2018.
HB FISIOTERAPIA E COMÉRCIO. Neurodyn Ruby: aparelho de multicorrentes. [201-?].
Disponível em: <https://hbfisio.commercesuite.com.br/neurodyn-ruby-aparelho-
de-multicorrentes-tens-fes-russa-aussie-interferencial-microcorrente-e-polari-
zada-pr-54-393794.htm>. Acesso em: 25 jul. 2018.
IBRAMED. Neurodyn esthetic. [201-?]. Disponível em: <http://www.ibramed.com.br/
public/img/uploads/page/1486988116-NEURODYN%20ESTHETIC.pdf>. Acesso em:
25 jul. 2018.

Leituras recomendadas
BIEBERBAH, W. R. D. Eletrosucção dentro da depressomassagem e depressodrenagem
linfática. 2000. Monografia (Especializaçào em Fisioterapia Desportiva Traumato-
ortopédica)- Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2000. Disponível em: <http://
tcconline.utp.br/media/tcc/2016/04/ELETROSUCCAO.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2018.
GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos, pato-
logias. 3. ed. Barueri, SP: Manole, 2002.
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HTM. Beauty dermo: manual do equipamento. 2016. Disponível em: <https://www.


htmeletronica.com.br/wp-content/uploads/2016/06/MANUAL-BEAUTY-DERMO-1.
pdf>. Acesso em: 25 jul. 2018.
PORTAL DA EDUCAÇÀO. Drenagem linfática sequencial. [201-?]. Disponível em: <ht-
tps://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/estetica/drenagem-linfatica-
sequencial-(eletroestimulacao-russa)/12592>. Acesso em: 25 jul. 2018.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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