ESTÉTICOS E
COSMÉTICOS
CAPILARES
Mônica Magdalena
Descalzo Kuplich
Classificação dos
tipos de cabelos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Nenhum cabelo é igual — embora possamos até encontrar cabelos
muito parecidos quanto à cor, curvatura e textura. Existem três variações
básicas de curvatura da haste, que são: lisa, ondulada e crespa. Dentro
dessas três categorias, formam-se inúmeras variações: lisos com ou sem
volume, levemente ou muito ondulado, cabelos com cachos abertos ou
miúdos, crespos, volumosos ou não. Os cabelos também se diferenciam
pela produção sebácea, podendo ser normais, oleosos, mistos ou secos.
Os normais recebem a quantidade adequada de oleosidade, enquanto
os oleosos têm a produção de sebo aumentada; os secos, diminuída; e
os mistos são os cabelos que têm a porção proximal dos cabelos oleosa
e a porção distal ressecada. E como se já não fossem variáveis suficientes,
ainda temos o processo de envelhecimento capilar, que varia de pessoa
para pessoa.
Neste capítulo, veremos as nuances étnicas dos cabelos, o processo
de envelhecimento capilar e as diferentes classificações do cabelo.
2 Classificação dos tipos de cabelos
Os cabelos caucasoides são típicos das pessoas de pele branca e têm sua
curvatura ondulada, podendo variar até o cacheado. Sua queratina é distri-
buída de forma desigual e tem formato achatado, elíptico. Pode apresentar
variação de espessura ao longo do fio, o que lhe confere menor resistência
à quebra por ação mecânica, pois seu córtex não é uniforme. Seu formato é
ovalado, e é o tipo de cabelo que mais apresenta variações.
Os cabelos crespos, também conhecidos como afro ou negroides, são os
mais frágeis à ação mecânica, e se quebram com muita facilidade. A queratina
presente no fio de cabelo crespo também se apresenta de forma desigual, e seu
córtex é muito menor em relação à cutícula, o que lhe confere pouca massa —
por isso, é tão sensível. Tem formato achatado e muita variação de espessura
ao longo do comprimento do fio. É mais seco, com pouca lubrificação (KEDE,
SABATOVICH, 2015; HALAL, 2016).
Você já ouviu falar que o cabelo enrolado demora mais para crescer? Isso é um mito. O
fio de cabelo cresce aproximadamente 1 cm ao mês, independentemente da curvatura.
O que acontece é que os fios crespos crescem enrolados no próprio eixo, como
molas, dando a impressão de que demoram muito mais para crescer e alcançar o
comprimento dos cabelos lisos. Para avaliar o quanto um cabelo enrolado cresceu,
devemos esticá-lo por completo antes de medi-lo.
Estima-se que um couro cabeludo normal apresente cerca de 100 mil folículos pilosos
em toda sua extensão. Entretanto, esse número pode variar conforme a etnia.
Cabelos mongoloides e negroides apresentam um número ligeiramente menor de
folículos: 90 mil. Cabelos caucasianos com pigmentação ruiva também têm em torno
de 90 mil folículos no couro cabeludo. Já os cabelos caucasianos de pigmentação
escura têm em torno de 110 mil folículos, enquanto os cabelos com pigmentação clara
apresentam maior quantidade: aproximadamente 130 mil folículos.
Como a curvatura dos cabelos e a quantidade de folículos são determinadas gene-
ticamente, a mistura entre etnias produz características únicas. Assim, podemos ter
indivíduos que fogem a essa estatística.
Um segundo estudo realizado por Liao et al. foi publicado em 2017 na revista Genes
& Development — desta vez, com camundongos. Stem cell factor, ou simplesmente
SCF, é um fator de crescimento que regula vários eventos fisiológicos homeostáticos
e, entre outras coisas, a manutenção dos melanócitos. O que os cientistas descobriram
foi que, quando a atividade do SCF era diminuída, os camundongos ficavam com
pelos brancos e que, quando a atividade do SFC cessava, seus pelos paravam de
crescer. Dessa forma, observa-se que o SFC parece ser importante no processo de
envelhecimento capilar.
É importante lembrar que esse estudo foi realizado em camundongos, portanto
mais pesquisas devem ser feitas para entender precisamente como esse mecanismo
funciona nos seres humanos. Espécies à parte, a ideia dos pesquisadores é retardar
ou, até mesmo, bloquear o envelhecimento dos cabelos.
Tipos de cabelos
Além das características étnicas, os cabelos também podem ser classificados
pelo teor lipídico que apresentam. Eles são popularmente classificados como
normais, oleosos, secos ou mistos, conforme o Quadro 1, entretanto é a pro-
dução da glândula sebácea que define o teor lipídico, e não o cabelo em si.
A glândula sebácea (Figura 4) é a responsável pela produção da oleosidade
da pele e do couro cabeludo. Sua função é secretar o sebo, uma substância
de aspecto gorduroso, que tem por função recobrir a superfície da pele e dos
pelos e cabelos, formando uma camada protetora. Acredita-se que o sebo seja
o responsável por manter a textura e a flexibilidade adequadas da pele. Ele
é constituído por lipídios que contêm ácidos graxos, colesterol e ésteres de
colesterol. Como a glândula sebácea faz parte da unidade pilossebácea, ela
está atrelada ao folículo piloso, e sua porção secretora (ducto) é localizada na
porção superior do folículo. Por isso, quando o sebo é liberado, espalha-se
pela superfície da pele e pelo comprimento do pelo.
8 Classificação dos tipos de cabelos
Fatores que podem aumentar a produção da glândula sebácea no couro cabeludo são:
Produtos inadequados: alguns produtos podem aumentar a oleosidade dos
cabelos, como no caso dos shampoos antirresíduos. Por causa de sua composição,
eles removem demasiadamente a oleosidade, o que causa efeito compensatório
das glândulas sebáceas, estimulando sua produção. Shampoos com agentes con-
dicionantes também podem deixar os cabelos mais oleosos, mas não por causar
efeito compensatório, mas por não realizarem a higienização necessária, pois eles
geralmente são mais suaves.
Água muito quente: lavar os cabelos com água muito quente pode aumentar a
produção sebácea, pois, na hora da higienização, a água quente remove excessi-
vamente a oleosidade, o que também pode causar efeito compensatório.
Uso inadequado dos produtos: algumas pessoas têm o hábito de aplicar con-
dicionadores ou leave-ins muito próximos ao couro cabeludo. Como esses produ-
tos contêm bastante óleo em suas composições, podem deixar os cabelos com
aspecto oleoso.
Hormônios: como a produção de hormônios afeta a produção de sebo, é normal
que os cabelos fiquem mais oleosos durante o período menstrual.
Classificação dos tipos de cabelos 11
Referências
HALAL, J. Tricologia e a química cosmética capilar. 5. ed. São Paulo: Cengage Learning,
2016.
KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. 3. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2015.
Leituras recomendadas
ADHIKARI, K. et al. A genome-wide association scan in admixed Latin Americans
identifies loci influencing facial and scalp hair features. Nature Communications, v. 7,
n. 10815, 2016. Disponível em: <https://www.nature.com/articles/ncomms10815>.
Acesso em: 16 jun. 2018.
LIAO, C.-P. et al. Identification of hair shaft progenitors that create a niche for hair
pigmentation. Genes & Development, v. 31, nº. 8, p. 1-13, Apr. 2017. Disponível em:
<http://genesdev.cshlp.org/content/early/2017/05/02/gad.298703.117.full.pdf>. Acesso
em: 16 jun. 2018.
NISSIMOV, J. N.; CHAUDHURI, A. B. D. Hair curvature: a natural dialectic and review.
Biologival Reviews, v. 89, nº. 3, p. 723-766, Aug. 2014. Dispnível em: <https://onlinelibrary.
wiley.com/doi/epdf/10.1111/brv.12081>. Acesso em: 16 jun. 2018.