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ESTUDO DO

MOVIMENTO I:
ANATOMIA E
FISIOLOGIA

André Osvaldo Furtado da Silva


Anatomofisiologia do
sistema nervoso central
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Analisar as principais funções do sistema nervoso central.


„„ Identificar as principais funções do encéfalo.
„„ Descrever os aspectos anatômicos da medula espinal e de seus nervos. ​​​​​​​

Introdução
O encéfalo é o centro de comando do organismo e o principal órgão
do sistema nervoso central (SNC), responsável por enviar as mensagens
neurais para o corpo. Já os seus comandos se prolongam por um canal
denominado medula espinal.
Neste capítulo, você estudará as principais funções do SNC, a im-
portância do encéfalo como seu órgão central, bem como os aspectos
anatômicos da medula espinal, as meninges, os nervos e como ocorre o
comando neural do organismo.

Sistema nervoso central


O corpo possui uma rede de comunicações do cérebro com os demais sistemas
e órgãos, chamada de sistema nervoso. Ele é responsável por captar, interpretar
e arquivar mensagens e estímulos, elaborando as respostas que o organismo
deve realizar. Assim, sua função inclui estimular as respostas referentes aos
movimentos, às sensações e constatações.
Esse sistema divide-se em SNC e sistema nervoso periférico. O primeiro
recebe e transmite informações recebidas para todos os sistemas do organismo;
já o segundo é responsável por conectar o SNC ao restante do corpo por meio
dos nervos e realizar suas ações somáticas e autônomas. O SNC se constitui
de células micróglia, dendrítica, de Schwann e neurônio, sendo a central de
2 Anatomofisiologia do sistema nervoso central

comando que coordena todas as atividades. Já anatomicamente ele é composto


de encéfalo e medula espinal, conforme você pode ver na Figura 1.

Figura 1. Representação do sistema nervoso central e do sistema nervoso periférico.


Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 341).
Anatomofisiologia do sistema nervoso central 3

Como você viu na Figura 1, o SNC se inicia no cérebro, especificamente


no encéfalo, e se prolonga por toda a medula espinal, o que o auxilia a se
comunicar com todo o corpo. Anatomicamente, ele se localiza na parte interna
do esqueleto axial, por isso, a medula espinal é protegida por partes ósseas
(vértebras); e o encéfalo, pelos ossos do crânio, sendo composto de cérebro,
cerebelo e tronco encefálico. Na Figura 2, você pode conferir a estrutura
anatômica do encéfalo e do tronco encefálico.

Figura 2. Representação do encéfalo e do tronco encefálico.


Fonte: Marieb e Hoehn (2008, p. 390).
4 Anatomofisiologia do sistema nervoso central

Encéfalo
O encéfalo é uma estrutura que possui cerca de 35 bilhões de neurônios e
o peso aproximado de 1,4 kg. O cérebro, por sua vez, se trata da parte mais
maciça dele e é o órgão principal do sistema nervoso, com 90% da massa
encefálica. Composto de uma superfície com sulcos e reentrâncias, que forma
as circunvoluções cerebrais, ele se encarrega de coordenar as ações motoras,
comanda os estímulos sensoriais e as atividades neurológicas do organismo,
como a memória, a aprendizagem, o pensamento e a fala.
A estrutura do cérebro é composta de duas metades denominadas hemis-
férios direito e esquerdo, que são separados por uma fissura longitudinal. A
região mais externa dele se caracteriza pela cor acinzentada que forma o córtex
cerebral, conhecido como massa cinzenta, porém, internamente, a coloração
é esbranquiçada e chamada de substância branca. No organismo, seu fluxo de
sangue só não fica mais elevado do que nos rins e coração, assim, o cérebro
é abundantemente irrigado devido à sua necessidade de glicose e oxigênio.

Mesmo que o cérebro seja dividido em hemisférios direito e esquerdo, você precisa
se atentar à função de controle dos dois para não se confundir. Portanto, o hemisfério
direito realiza o controle das ações do lado esquerdo do corpo, e o esquerdo faz a
ação de controle do lado direito.

Além dos hemisférios, o cérebro possui lobos, regiões responsáveis por


coordenar as funções específicas do organismo e que se dividem em lobo
frontal, temporal, parietal e occipital. Já ligadas ao córtex cerebral, existem
pequenas estruturas que se conectam à base do cérebro, como diencéfalo,
tálamo e hipotálamo.
O lobo frontal, também conhecido como córtex motor, é uma estrutura
localizada na frente do encéfalo e que ocupa a maior parte do córtex cerebral
a partir do sulco central. Ele cumpre as funções centrais no processamento das
informações e se divide em múltiplas regiões, que possuem diversas ações.
Entre elas, destacam-se o córtex motor, responsável pelas ações motoras e
funções de movimento do corpo; e o córtex pré-frontal, encarregado dos
processos executivos, como tomada de decisões e regulação das emoções.
Anatomofisiologia do sistema nervoso central 5

Conhecido como córtex auditivo e olfatório, o lobo temporal é uma estru-


tura localizada nos dois lados do cérebro acima das orelhas. Ele se divide em
função cerebral esquerda e direita, esta controla as ações do lado esquerdo do
corpo; e a esquerda é responsável por controlar as ações do lado direito. Suas
principais funções incluem o discurso, a memória, o processamento visual,
as funções olfativas, a leitura, as respostas emocionais e o feedback auditivo.
Já o lobo parietal é uma estrutura localizada perto do topo do cérebro, no
centro do córtex cerebral, atrás e acima dos demais lobos. Seu limite com
os outros ocorre pelo sulco lateral em relação ao lobo temporal e pelo sulco
parieto-occipital, que o separa do lobo frontal.
Ele se divide em cinco áreas. A rotação pós-central é responsável pela
principal área somatossensorial, pois recebe e processa as informações relativas
aos sentidos. O córtex parietal posterior se trata da estrutura que processa os
estímulos visualizados e, a partir disso, coordena todos os movimentos do
corpo. Já o lobo parietal superior faz a orientação espacial e as habilidades
motoras finas; e o inferior relaciona as expressões faciais às emoções, sendo
fundamental para realizar as operações matemáticas e executar a linguagem ou
a expressão corporal. A área sensorial primária, por sua vez, se encarrega do
processamento das informações associadas às sensações da pele, como calor,
frio e dor. Assim, por meio dessas cinco regiões, o lobo parietal participa dos
processos sensoriais e perceptivos dos indivíduos.

As ações do lobo parietal podem ser exemplificadas quando alguém toca sua pele e
traça uma letra ou um símbolo, fazendo-o sentir e interpretar o trajeto realizado por
outro indivíduo por meio do dedo ou um objeto, assim, é o lobo parietal o responsável
por sentir, interpretar e reconhecer os movimentos na pele e o que fora traçado nela.

O lobo occipital, por sua vez, é uma estrutura localizada na porção inferior
do cérebro, que processa os estímulos visuais, por isso, também se chama
córtex visual. Ele possui diversas subáreas responsáveis por processar os
dados visuais, com zonas especializadas na visão da cor, do movimento, da
profundidade, da distância e demais situações relativas a ela. Essas porções
são chamadas de área visual primaria e, após seu processamento, há uma
comparação do que foi visualizado e a identificação, como um cachorro,
6 Anatomofisiologia do sistema nervoso central

um carro, um avião ou uma laranja. Quando ocorre uma lesão nessa área, a
pessoa fica impossibilitada de reconhecer objetos, palavras e rostos de pessoas
conhecidas ou de familiares.
Quanto às pequenas estruturas que se ligam à base do cérebro, há o te-
lencéfalo (integrado pelos lóbulos da olfação e os hemisférios cerebrais) e
diencéfalo, sendo este visto apenas na porção mais inferior do cérebro e se
constitui de tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo. O tálamo possui 3
cm de comprimento e compõe cerca de 80% do diencéfalo, com duas massas
ovuladas de substância cinzenta. Nesse sentido, alguns de seus núcleos são
responsáveis por transmitir os impulsos para áreas sensoriais do cérebro da
seguinte forma:

„„ o núcleo geniculado medial é responsável por transmitir os impulsos


auditivos;
„„ o núcleo geniculado lateral é responsável por transmitir os impulsos
visuais;
„„ o núcleo geniculado ventral posterior é responsável por transmitir
os impulsos para o paladar e as sensações somáticas, como o tato, a
pressão, a vibração, o calor, o frio e a dor.

Logo, o tálamo é a estrutura que serve como uma estação intermediária


para as fibras que vão da porção inferior do encéfalo e medula espinal para as
áreas sensitivas do cérebro, sendo responsável por classificar as informações
e as direcionar para regiões específicas, a fim de ter uma interpretação mais
precisa. Nesse sentido, ele faz as funções relacionadas ao comportamento
emocional, ao estado de alerta, à motricidade, à sensibilidade e à ativação
do córtex.
Já o hipotálamo é uma área pequena localizada abaixo do tálamo, relacio-
nada às funções importantes do organismo, principalmente as que possuem
relação com a atividade dos sistemas. Mesmo com apenas 4 g, ele se trata de
uma das áreas mais importantes do sistema nervoso e se constitui, na maior
parte, por uma substância cinzenta que se agrupa em núcleos.
Os impulsos dos neurônios que têm seus dendritos e corpos celulares no
hipotálamo são conduzidos pelos seus axônios até os neurônios situados na
medula espinal e, consequentemente, os impulsos se transferem para a parte
periférica do organismo. Assim, o hipotálamo é responsável por realizar o
controle do sistema nervoso autônomo; a regulação da temperatura corporal,
do comportamento emocional, do sono, da vigília, da ingestão de alimentos
Anatomofisiologia do sistema nervoso central 7

e água, da diurese, do sistema endócrino; além da geração e regulação dos


ritmos circadianos.
O epitálamo, por sua vez, é uma estrutura que possui três partes: o trígono
da habênula, o corpo pineal e a comissura posterior. A primeira se trata de uma
área triangular na extremidade posterior da tênia do tálamo junto ao corpo
pineal, uma estrutura semelhante a uma glândula. O corpo pineal se encarrega
de secretar o hormônio melatonina, considerada a grande responsável pelo sono
e que faz o ajuste do relógio biológico do organismo. Já a comissura posterior
é composta de um feixe de fibras arredondadas, que cruza a linha mediana
na junção do aqueduto com o terceiro ventrículo anterior e, superiormente,
ao calículo superior.

No epitálamo, todas as estruturas que não são endócrinas fazem parte do sistema
límbico, uma unidade do cérebro responsável por coordenar as emoções e o com-
portamento social, composta de neurônios e uma massa cinzenta, denominada de
lobo límbico (exceto a comissura posterior). Logo, elas estão relacionadas à regulação
do comportamento das pessoas referente à emoção.

Por fim, o subtálamo é uma região de transição entre o diencéfalo e o tegu-


mento do mesencéfalo, que se localiza na parte inferior do tálamo, lateralmente
pela cápsula interna e medialmente pelo hipotálamo. Logo, uma lesão no seu
núcleo provoca nos indivíduos uma síndrome chamada de hemibalismo, que
se caracteriza pelos movimentos anormais das extremidades.
O cerebelo também é conhecido no organismo humano como metencéfalo,
sendo responsável por regular a manutenção e equilíbrio do corpo, bem como
coordenar o tônus muscular e o desenvolvimento motor dos indivíduos. Ele se
constitui de um centro composto de uma substância branca, chamada de corpo
medular, em que se irradia a lâmina branca do cerebelo revestida, externamente,
por uma fina camada de substância cinzenta, denominada córtex cerebelar.
Quando é realizado um corte sagital no corpo medular do cerebelo, pode-se
observá-lo em uma imagem conhecida como “árvore da vida”.
Na porção interior do cerebelo, especificamente no campo medular, há
quatro pares de núcleos centrais de substância cinzenta, chamados de denteado,
emboliforme, globoso e fastigial. Assim como o cérebro, o cerebelo também é
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constituído de dois hemisférios, separados por uma faixa bem estreita conhe-
cida como vérmis. O cerebelo está relacionado à integração sensório motora,
participa dos movimentos da cabeça, dos olhos e dos membros, coordena
todos os movimentos do corpo, bem como controla o equilíbrio durante a
caminhada. Logo após o cerebelo, tem-se o tronco encefálico.
O tronco encefálico é composto de três partes chamadas de mesencéfalo,
ponte e bulbo. Nele, encontram-se muitos corpos celulares de neurônios e os
prolongamentos dos nervos que estão relacionados às respostas sensoriais,
motoras e autônomas da cabeça e do pescoço. Assim, por meio dos nervos
presentes no crânio, ele recebe as informações para controlar as funções da
cabeça e do pescoço de forma majoritária. Há ainda, na sua constituição, uma
rede de neurônios que se compõe de modo reticular e se envolve na coordenação
das atividades cardíacas e respiratórias.

Um acidente que possa gerar lesão em alguma região do tronco encefálico apresenta
um grande risco aos indivíduos, pois conforme a área afetada, ocorre o rompimento
das fibras relacionadas à consciência, cognição e percepção. Portanto, caso essa lesão
afete os centros vitais cardíacos e respiratórios, pode levar a pessoa a uma parada
cardíaca ou respiratória e causar sua morte.

O mesencéfalo é a menor parte do tronco encefálico, conectando a ponte e o


cerebelo com o telencéfalo. Ele ainda recebe informações sobre os músculos e
participa no controle das contrações musculares e postura corporal. Já a ponte
está localizada entre o mesencéfalo e o bulbo, possui um sulco transversal
demarcando a separação entre as duas estruturas (que fica encoberta pelo
cerebelo), bem como se conecta à coordenação das funções cerebelares de
movimento e equilíbrio. O bulbo também é chamado de medula oblonga, sendo
que na porção inferior, ele está ligado à medula espinal e, na parte superior,
liga-se à ponte. Nele, você pode encontrar os centros vitais, responsáveis pelo
controle da respiração e dos batimentos cardíacos.
Anatomofisiologia do sistema nervoso central 9

Medula espinal
A parte mais alongada do SNC é a medula espinal, que recebe esse nome
porque medula significa miolo e indica o que está dentro. Logo, ela se localiza
dentro das vértebras ou espinhas e possui um cordão cilíndrico formado por
células nervosas, que se situam no canal interno das vértebras que compõem
a coluna vertebral. Em um homem adulto, essa estrutura pode medir até 45
cm e, na mulher, fica um pouco menor.
Na parte superior, a medula espinal liga-se ao bulbo, próximo ao forame
magno do osso occipital e, na sua porção inferior, em um adulto, está situada
na vértebra lombar 2 (L2). Na sua constituição longitudinal, ela vai afinando e
formando o cone medular, que segue com um filamento meníngeo denominado
de filamento terminal.
Na Figura 3, você pode conferir uma representação da coluna vertebral.

Figura 3. Representação da coluna vertebral.


Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 363).
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Apesar de a medula espinal apresentar um formato cilíndrico e achatado,


seu calibre não é uniforme, pois ela possui duas dilatações denominadas de
intumescências cervical e lombar, que são formadas pela maior quantidade
de neurônios e fibras nervosas que entram ou saem dessas áreas da medula.
Elas realizam uma conexão de forma mais grossa com as raízes nervosas que
formam o plexo braquial e lombossacral, os quais se destinam à inervação
dos membros superiores e inferiores.
A intumescência cervical encontra-se entre a vértebra cervical 4 (C4) e a
torácica 1 (T1); já a lombar ou lombossacral se situa entre os seguimentos da
vértebra torácica 11 (T11) até a lombar 1 (L1) da medula espinal. Além das
intumescências, na superfície, a medula possui alguns sulcos que percorrem
sua extensão, como o sulco mediano posterior, sulco lateral posterior e sulco
lateral anterior. Já na medula cervical apenas, há o sulco intermédio posterior,
que fica entre o mediano posterior e o lateral posterior.
Na medula espinal, existe ainda uma substância cinzenta presente na parte
interior da substância branca, que apresenta a forma de um H. Ela é composta
de corpos das células nervosas (os neurônios) e responsável por interpretar os
impulsos nervosos das diversas regiões do corpo e enviá-las para o encéfalo,
produzindo impulsos e coordenando as atividades musculares e os reflexos.
Essa substância se origina no cérebro.
Já a substância branca é formada pelas fibras que sobem e descem a medula,
podendo estar agrupadas de cada lado em três funículos, chamados de cordões.
Ela se conecta à substância cinzenta para enviar impulsos nervosos entre os
neurônios. Assim, a mielina age como isolante, aumentado a velocidade de
transmissão de todos os sinais nervosos.
Veja na Figura 4 uma representação da medula espinal e saiba mais sobre
sua constituição.
O funículo anterior está localizado entre a fissura mediana anterior e o sulco
lateral anterior. Já o funículo lateral se situa entre o sulco lateral posterior e
o sulco lateral anterior. O funículo posterior, por sua vez, se encontra entre o
sulco mediano posterior e o sulco lateral posterior.
Por meio da medula espinal, o SNC se comunica com o restante do or-
ganismo, e há a coordenação das respostas rápidas do corpo e dos reflexos.
Na medula, originam-se 31 pares de nervos espinhais, sendo oito cervicais,
12 torácicos, cinco lombares, cinco sacrais e um coccígeo, os quais realizam
uma conexão com as células sensoriais e os diferentes músculos do corpo
(VANPUTTE; REGAN; RUSSO, 2016).
Anatomofisiologia do sistema nervoso central 11

Figura 4. Medula espinal e sua constituição.


Fonte: VanPutte, Regan e Russo (2016, p. 403).

Na estrutura da coluna vertebral, existem oito pares de nervos cervicais e apenas sete
vértebras cervicais, porque o primeiro par de nervos que sai da medula espinal está
entre o osso occipital e a vértebra cervical 1 (C1). Em um indivíduo adulto, as vértebras
torácicas 11 e 12 estão ligadas aos segmentos lombares, e não torácicos, assim, para ter
certeza de qual nível da medula que cada vértebra corresponde, você deve obedecer
esta regra: entre os níveis da vértebra cervical 2 (C2) e da torácica 10 (T10), adicione o
número dois ao processo espinhoso da vértebra e se houver um segmento medular
subjacente. Já nos processos espinhosos da T11 e da T12, estão localizados os cinco
segmentos lombares, por isso, o processo espinhoso da vértebra lombar 1 (L1) equivale
aos cinco segmentos sacrais.

A medula espinal é responsável por inervar tanto os aspectos motores como


sensoriais das mais diversas áreas do corpo. Essa inervação ocorre devido
aos nervos espinais que se originam da medula espinal e da coluna vertebral,
12 Anatomofisiologia do sistema nervoso central

percorrendo o organismo até a região alvo. A altura em que esse nervo se


origina (cervical, torácico, lombar ou sacral) corresponde à região específica
em que ele realiza o controle sensório motor.
Por exemplo, os nervos espinais que se originam entre C8 e T1 são respon-
sáveis pela inervação das partes distais dos membros superiores, já aqueles que
têm origem nas vértebras lombares, geralmente realizam a inervação de membros
inferiores, como L1, L2, L3, L4 e L5. Na Figura 5, você pode identificar as
diferentes regiões que são inervadas pelos nervos espinais de diversas origens.

Figura 5. Nervos da medula espinal e suas funções.


Fonte: VanPutte, Regan e Russo (2016, p. 412).

Outro ponto importante para se destacar sobre este aspecto da medula


espinal é que, embora a inervação dos membros inferiores seja realizada pelos
nervos espinais conectados às vértebras lombares e sacrais, as estruturas
nervosas que transportam informações e estímulos elétricos dessas regiões
percorrem um longo caminho dentro da medula espinal até chegar ao encéfalo.
Anatomofisiologia do sistema nervoso central 13

Apesar dos nervos espinais lombares e torácicos serem observados nas porções
mais distais da coluna vertebral, eles passam por toda a medula espinal, logo,
na altura da quinta vértebra torácica, originam-se os nervos espinais T5, além
de existir estruturas nervosas de todos os nervos espinais distais.
Estes conhecimentos facilitam bastante o entendimento das lesões que
ocorrem na medula espinal e quais as consequências que elas podem trazer para
o indivíduo lesado. Ao ocorrer um dano na medula (geralmente causado por
grandes traumas na coluna vertebral, como acidentes de trânsito, ferimentos
por armas de fogo, quedas, etc.), pode acontecer uma interrupção dos tratos
aferentes (que levam a informação da periferia ao cérebro) e dos eferentes (que
levam o estímulo ao movimento do cérebro à periferia), provocando prejuízos
tanto na sensibilidade como na capacidade de movimentação corporal.
As lesões medulares são classificadas de acordo com o nível da vértebra
ferida e, nas repercussões mais graves, ocorre o acometimento dessa vértebra
em diante. Assim, os danos nas vértebras cervicais tornam-se os mais graves,
considerando que todas as estruturas inervadas por nervos espinais, que se
originam nas vértebras mais distais que a lesionada, serão afetadas. Nesse
caso, de uma lesão nas vértebras cervicais, as consequências mais graves
podem resultar na paralisia de todos os membros (tetraplegia), bem como
afetar o tronco. Já as lesões na vértebra T12 provocam paralisia apenas dos
membros inferiores (paraplegia), mas os superiores seguem intactos, pois o
dano na medula não afetou os pontos de origem desses nervos.
Devido à grande importância do ponto de vista fisiológico, a medula es-
pinal e todo o SNC são revestidos por membranas que fazem o isolamento e
a proteção do sistema nervoso, as quais se chamam meninges e se dividem
em três: dura-máter, aracnoide e pia-máter.
A membrana dura-máter é conhecida como a mais externa, mais espessa
e mais resistente do organismo. Ela se forma pelo tecido conjuntivo composto
de fibras colágenas, e sua porção mais externa fica em contato com os ossos,
como uma luva, recebendo o nome de saco dural. Nesse sentido, ela faz o
contato de toda a medula espinal e de parte dos seus nervos com as vértebras.
Já a aracnoide é considerada a intermediária, porque está sempre entre a dura-
-máter e a pia-máter. Ela tem esse nome devido à sua estrutura, que lembra a
constituição de uma teia de aranha.
A membrana pia-máter, por sua vez, é a mais delicada das três e mais
interna, realizando o contato direto com o SNC. Ela ainda adere ao tecido
superficial da medula e penetra na fissura mediana anterior. No fim da me-
dula espinal, especificamente no cone medular, ela continua de modo caudal
constituindo o filamento esbranquiçado chamado de filamento terminal.
14 Anatomofisiologia do sistema nervoso central

No espaço entre as membranas aracnoide e pia-máter, existe um líquido chamado


de liquor ou líquido cefalorraquidiano, que é responsável por realizar a proteção
mecânica e o amortecimento de choques aos órgãos do SNC, bem como irrigar o
cérebro com nutrientes.

Neste capítulo, você aprendeu sobre o SNC, que é revestido pelas me-
ninges, os órgãos que compõem o encéfalo e sua importância nas atividades
de coordenação motora e equilíbrio do organismo. Também pôde estudar a
estrutura da medula espinal e como ocorre o processo de transmissão dos
impulsos nervosos do encéfalo até as demais partes do corpo.

MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 1072 p.
MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2009. 904 p.
VANPUTTE, C.; REGAN, J.; RUSSO, A. Anatomia e fisiologia de Seeley. Porto Alegre: AMGH;
Artmed, 2016. 1264 p.

Leitura recomendada
TANK, P. W.; GEST, T. R. Atlas de anatomia humana. Porto Alegre, Artmed, 2009. 448 p.

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