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MOVIMENTO I:
ANATOMIA E
FISIOLOGIA
Introdução
O encéfalo é o centro de comando do organismo e o principal órgão
do sistema nervoso central (SNC), responsável por enviar as mensagens
neurais para o corpo. Já os seus comandos se prolongam por um canal
denominado medula espinal.
Neste capítulo, você estudará as principais funções do SNC, a im-
portância do encéfalo como seu órgão central, bem como os aspectos
anatômicos da medula espinal, as meninges, os nervos e como ocorre o
comando neural do organismo.
Encéfalo
O encéfalo é uma estrutura que possui cerca de 35 bilhões de neurônios e
o peso aproximado de 1,4 kg. O cérebro, por sua vez, se trata da parte mais
maciça dele e é o órgão principal do sistema nervoso, com 90% da massa
encefálica. Composto de uma superfície com sulcos e reentrâncias, que forma
as circunvoluções cerebrais, ele se encarrega de coordenar as ações motoras,
comanda os estímulos sensoriais e as atividades neurológicas do organismo,
como a memória, a aprendizagem, o pensamento e a fala.
A estrutura do cérebro é composta de duas metades denominadas hemis-
férios direito e esquerdo, que são separados por uma fissura longitudinal. A
região mais externa dele se caracteriza pela cor acinzentada que forma o córtex
cerebral, conhecido como massa cinzenta, porém, internamente, a coloração
é esbranquiçada e chamada de substância branca. No organismo, seu fluxo de
sangue só não fica mais elevado do que nos rins e coração, assim, o cérebro
é abundantemente irrigado devido à sua necessidade de glicose e oxigênio.
Mesmo que o cérebro seja dividido em hemisférios direito e esquerdo, você precisa
se atentar à função de controle dos dois para não se confundir. Portanto, o hemisfério
direito realiza o controle das ações do lado esquerdo do corpo, e o esquerdo faz a
ação de controle do lado direito.
As ações do lobo parietal podem ser exemplificadas quando alguém toca sua pele e
traça uma letra ou um símbolo, fazendo-o sentir e interpretar o trajeto realizado por
outro indivíduo por meio do dedo ou um objeto, assim, é o lobo parietal o responsável
por sentir, interpretar e reconhecer os movimentos na pele e o que fora traçado nela.
O lobo occipital, por sua vez, é uma estrutura localizada na porção inferior
do cérebro, que processa os estímulos visuais, por isso, também se chama
córtex visual. Ele possui diversas subáreas responsáveis por processar os
dados visuais, com zonas especializadas na visão da cor, do movimento, da
profundidade, da distância e demais situações relativas a ela. Essas porções
são chamadas de área visual primaria e, após seu processamento, há uma
comparação do que foi visualizado e a identificação, como um cachorro,
6 Anatomofisiologia do sistema nervoso central
um carro, um avião ou uma laranja. Quando ocorre uma lesão nessa área, a
pessoa fica impossibilitada de reconhecer objetos, palavras e rostos de pessoas
conhecidas ou de familiares.
Quanto às pequenas estruturas que se ligam à base do cérebro, há o te-
lencéfalo (integrado pelos lóbulos da olfação e os hemisférios cerebrais) e
diencéfalo, sendo este visto apenas na porção mais inferior do cérebro e se
constitui de tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo. O tálamo possui 3
cm de comprimento e compõe cerca de 80% do diencéfalo, com duas massas
ovuladas de substância cinzenta. Nesse sentido, alguns de seus núcleos são
responsáveis por transmitir os impulsos para áreas sensoriais do cérebro da
seguinte forma:
No epitálamo, todas as estruturas que não são endócrinas fazem parte do sistema
límbico, uma unidade do cérebro responsável por coordenar as emoções e o com-
portamento social, composta de neurônios e uma massa cinzenta, denominada de
lobo límbico (exceto a comissura posterior). Logo, elas estão relacionadas à regulação
do comportamento das pessoas referente à emoção.
constituído de dois hemisférios, separados por uma faixa bem estreita conhe-
cida como vérmis. O cerebelo está relacionado à integração sensório motora,
participa dos movimentos da cabeça, dos olhos e dos membros, coordena
todos os movimentos do corpo, bem como controla o equilíbrio durante a
caminhada. Logo após o cerebelo, tem-se o tronco encefálico.
O tronco encefálico é composto de três partes chamadas de mesencéfalo,
ponte e bulbo. Nele, encontram-se muitos corpos celulares de neurônios e os
prolongamentos dos nervos que estão relacionados às respostas sensoriais,
motoras e autônomas da cabeça e do pescoço. Assim, por meio dos nervos
presentes no crânio, ele recebe as informações para controlar as funções da
cabeça e do pescoço de forma majoritária. Há ainda, na sua constituição, uma
rede de neurônios que se compõe de modo reticular e se envolve na coordenação
das atividades cardíacas e respiratórias.
Um acidente que possa gerar lesão em alguma região do tronco encefálico apresenta
um grande risco aos indivíduos, pois conforme a área afetada, ocorre o rompimento
das fibras relacionadas à consciência, cognição e percepção. Portanto, caso essa lesão
afete os centros vitais cardíacos e respiratórios, pode levar a pessoa a uma parada
cardíaca ou respiratória e causar sua morte.
Medula espinal
A parte mais alongada do SNC é a medula espinal, que recebe esse nome
porque medula significa miolo e indica o que está dentro. Logo, ela se localiza
dentro das vértebras ou espinhas e possui um cordão cilíndrico formado por
células nervosas, que se situam no canal interno das vértebras que compõem
a coluna vertebral. Em um homem adulto, essa estrutura pode medir até 45
cm e, na mulher, fica um pouco menor.
Na parte superior, a medula espinal liga-se ao bulbo, próximo ao forame
magno do osso occipital e, na sua porção inferior, em um adulto, está situada
na vértebra lombar 2 (L2). Na sua constituição longitudinal, ela vai afinando e
formando o cone medular, que segue com um filamento meníngeo denominado
de filamento terminal.
Na Figura 3, você pode conferir uma representação da coluna vertebral.
Na estrutura da coluna vertebral, existem oito pares de nervos cervicais e apenas sete
vértebras cervicais, porque o primeiro par de nervos que sai da medula espinal está
entre o osso occipital e a vértebra cervical 1 (C1). Em um indivíduo adulto, as vértebras
torácicas 11 e 12 estão ligadas aos segmentos lombares, e não torácicos, assim, para ter
certeza de qual nível da medula que cada vértebra corresponde, você deve obedecer
esta regra: entre os níveis da vértebra cervical 2 (C2) e da torácica 10 (T10), adicione o
número dois ao processo espinhoso da vértebra e se houver um segmento medular
subjacente. Já nos processos espinhosos da T11 e da T12, estão localizados os cinco
segmentos lombares, por isso, o processo espinhoso da vértebra lombar 1 (L1) equivale
aos cinco segmentos sacrais.
Apesar dos nervos espinais lombares e torácicos serem observados nas porções
mais distais da coluna vertebral, eles passam por toda a medula espinal, logo,
na altura da quinta vértebra torácica, originam-se os nervos espinais T5, além
de existir estruturas nervosas de todos os nervos espinais distais.
Estes conhecimentos facilitam bastante o entendimento das lesões que
ocorrem na medula espinal e quais as consequências que elas podem trazer para
o indivíduo lesado. Ao ocorrer um dano na medula (geralmente causado por
grandes traumas na coluna vertebral, como acidentes de trânsito, ferimentos
por armas de fogo, quedas, etc.), pode acontecer uma interrupção dos tratos
aferentes (que levam a informação da periferia ao cérebro) e dos eferentes (que
levam o estímulo ao movimento do cérebro à periferia), provocando prejuízos
tanto na sensibilidade como na capacidade de movimentação corporal.
As lesões medulares são classificadas de acordo com o nível da vértebra
ferida e, nas repercussões mais graves, ocorre o acometimento dessa vértebra
em diante. Assim, os danos nas vértebras cervicais tornam-se os mais graves,
considerando que todas as estruturas inervadas por nervos espinais, que se
originam nas vértebras mais distais que a lesionada, serão afetadas. Nesse
caso, de uma lesão nas vértebras cervicais, as consequências mais graves
podem resultar na paralisia de todos os membros (tetraplegia), bem como
afetar o tronco. Já as lesões na vértebra T12 provocam paralisia apenas dos
membros inferiores (paraplegia), mas os superiores seguem intactos, pois o
dano na medula não afetou os pontos de origem desses nervos.
Devido à grande importância do ponto de vista fisiológico, a medula es-
pinal e todo o SNC são revestidos por membranas que fazem o isolamento e
a proteção do sistema nervoso, as quais se chamam meninges e se dividem
em três: dura-máter, aracnoide e pia-máter.
A membrana dura-máter é conhecida como a mais externa, mais espessa
e mais resistente do organismo. Ela se forma pelo tecido conjuntivo composto
de fibras colágenas, e sua porção mais externa fica em contato com os ossos,
como uma luva, recebendo o nome de saco dural. Nesse sentido, ela faz o
contato de toda a medula espinal e de parte dos seus nervos com as vértebras.
Já a aracnoide é considerada a intermediária, porque está sempre entre a dura-
-máter e a pia-máter. Ela tem esse nome devido à sua estrutura, que lembra a
constituição de uma teia de aranha.
A membrana pia-máter, por sua vez, é a mais delicada das três e mais
interna, realizando o contato direto com o SNC. Ela ainda adere ao tecido
superficial da medula e penetra na fissura mediana anterior. No fim da me-
dula espinal, especificamente no cone medular, ela continua de modo caudal
constituindo o filamento esbranquiçado chamado de filamento terminal.
14 Anatomofisiologia do sistema nervoso central
Neste capítulo, você aprendeu sobre o SNC, que é revestido pelas me-
ninges, os órgãos que compõem o encéfalo e sua importância nas atividades
de coordenação motora e equilíbrio do organismo. Também pôde estudar a
estrutura da medula espinal e como ocorre o processo de transmissão dos
impulsos nervosos do encéfalo até as demais partes do corpo.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e fisiologia. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009. 1072 p.
MARTINI, F. H.; TIMMONS, M. J.; TALLITSCH, R. B. Anatomia humana. 6. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2009. 904 p.
VANPUTTE, C.; REGAN, J.; RUSSO, A. Anatomia e fisiologia de Seeley. Porto Alegre: AMGH;
Artmed, 2016. 1264 p.
Leitura recomendada
TANK, P. W.; GEST, T. R. Atlas de anatomia humana. Porto Alegre, Artmed, 2009. 448 p.