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SAÚDE MENTAL

O QUE É?

A saúde mental está diretamente relacionada com o cérebro e suas funções, é ele que
comanda e da as coordenadas sobre os nossos atos, pensamentos e emoções. Nosso cérebro
é dividido em 4 lobos, sendo eles: Lobo frontal, Lobos occipitais, Lobos temporais e Lobos
parietais. Cada um desses lobos é responsável por coordenar alguma atividade, como os
movimentos, pensamentos e etc.  Tudo é ‘’computado’’ pelo cérebro, e inclusive nossos
sentimentos e sensações. Quando por algum fator externo ou interno é desencadeado algum
problema que cause com o que cérebro não relacione bem as informações, pode ocasionar
transtornos mentais afetando a saúde mental do indivíduo. A Organização Mundial da Saúde
se pronuncia como não existindo uma definição oficial para a saúde mental, mas a compreende
como o equilíbrio emocional interno e com as exigências externas, saber lidar com as situações
da vida e administrar as emoções, viver em plenitude máxima consigo e com os outros. O
campo da saúde mental vem enfrentando uma variedade de desafios; entre eles, a
necessidade de integração e operacionalização dos novos serviços substituindo o modelo
assistencial tradicional, e de uma interação entre a prática e as áreas de conhecimento que
compõem o sistema de saúde como um todo. No âmbito científico o campo da saúde mental é
tradicionalmente fragmentado e socialmente representado por especialidades clássicas como
Psiquiatria, Psicologia, Enfermagem Psiquiátrica, Terapia Ocupacional e Serviço Social.
Estima-se que cerca de 3% da população geral, em todas as faixas etárias, necessite de
cuidados contínuos em saúde mental, em função de transtornos mentais severos e
persistentes: psicoses, neuroses graves, transtornos de humor graves ou deficiência mental
com grave dificuldade de adaptação. Cerca de 9% da população geral, em todas as faixas
etárias, necessita de cuidados gerais em saúde mental, na forma de consulta
médico-psicológica, aconselhamento, grupos de orientação, ou outras formas de abordagem,
em função de transtornos mentais considerados leves. Transtornos graves associados ao
consumo de álcool e outras drogas (exceto tabaco) atingem pelo menos 10% da população
acima de 12 anos, sendo o impacto do álcool dez vezes maior que o do conjunto das drogas
ilícitas.

Embora a Organização Mundial de Saúde alegue que não há como definir convencionalmente


a saúde mental, há várias afirmações significativas sobre este conceito que podem contribuir
para uma melhor compreensão de sua amplitude. A World Health Organization afirma que ela é
uma condição na qual o ser humano alcança o que se denomina de bem-estar integral, o qual
engloba as esferas orgânica, psíquica, social e espiritual; portanto, não diz respeito apenas à
carência de enfermidades e fraquezas.
Na verdade, trata-se de atingir um padrão de vida mais elevado, no sentido afetivo e na
maneira como se busca o conhecimento, ou seja, é a capacidade de apresentar um equilíbrio
estável entre as aquisições interiores e as experiências ou pressões exercidas pelo mundo
exterior.

Neste estágio de bem-estar os indivíduos concretizam e atualizam suas aptidões, conseguem


enfrentar as dificuldades existenciais do cotidiano, trabalham produtivamente e ajudam a
desenvolver o grupo social no qual estão inseridos, ainda de acordo com a World Health
Organization.

Do ponto de vista da psicologia positiva, corrente moderna que centra seu foco mais na
questão da sanidade mental do que nas doenças psíquicas, a saúde da mente pode aliar o
dom de um ser para avaliar a existência e a busca da harmonia entre as ações e as diligências
necessárias a fim de se alcançar o que se entende por resiliência psicológica – a capacidade
de transcender traumas e restituir as boas condições emocionais.

Se o Homem se revela hábil na gestão da própria existência e conduz positivamente suas


diferentes emoções no interior de um vasto prisma de instabilidades, sem se deixar dominar
por desvarios e fantasias, ele pode ser considerado mentalmente saudável. Mas o principal
fator de determinação da sanidade mental é o nível de bem-estar, não só com o eu interior,
mas também com os outros seres.

O bem-estar implica em admitir as adversidades da existência, aprender a trabalhar as


emoções positivas e igualmente as negativas – alegrias, tristezas, tranquilidade, raiva,
frustrações, entre outras -, bem como em conhecer as próprias limitações e, quando julgar
necessário, pedir socorro a outrem.

Alguns elementos são fundamentais para que se possa identificar a presença da saúde mental
em um determinado ser ou em uma dada comunidade. Dentre eles estão as ações positivas
que o Homem pode direcionar para si mesmo; a evolução, o aprimoramento e a realização
pessoal; a adaptação ao meio e as reações emocionais; independência e autodeterminação;
recepção mais seletiva do real; conhecimento do contexto em que se vive e aptidão para uma
melhor convivência na sociedade.

Até o século XVIII as pessoas mentalmente marginalizadas eram apartadas do convívio social,
excluídas e separadas do todo, quando não submetidas a terríveis suplícios, visando a
repressão de suas emoções e dos seus pensamentos, rejeitados pela maioria considerada sã.
Desta forma, a medicina utilizou um discurso científico para justificar a construção de hospitais,
hospícios e outras instituições que tinham como objetivo explícito retirar do meio social os
enfermos mentais.

Desde então a ciência psiquiátrica se desenvolveu o suficiente para gerar terapêuticas em


ambulatórios, muito mais eficientes no tratamento de esquizofrênicos, depressivos, pacientes
bipolares, e de outros tantos distúrbios psíquicos. Eles são medicados e algumas vezes
encaminhados para sessões com psicoterapeutas.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Saúde_mental
http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1059
http://www.psicologia.com.pt/media/ver_livro.php?id=141

https://www.infoescola.com/psicologia/saude-mental/
A atenção em saúde mental é oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS), através
de financiamento tripartite e de ações municipalizadas e organizadas por níveis de
complexidade. A Rede de Cuidados em Saúde Mental, Crack, Álcool e outras Drogas foi
pactuada em julho de 2011, como parte das discussões de implantação do Decreto nº 7508, de
28 de junho de 2011, e prevê, a partir da Política Nacional de Saúde Mental, os Centros de
Atenção Psicossocial (CAPs), os Serviços Residenciais Terapêuticos, os Centros de
Convivência e Cultura, as Unidades de Acolhimento e os leitos de atenção integral em
Hospitais Gerais. 
Além de atender pessoas com transtornos mentais, estes espaços acolhem usuários de álcool,
crack e outras drogas e estão espalhados pelo país, modificando a estrutura da assistência à
saúde mental. E vêm substituindo progressivamente o modelo hospitalocêntrico e manicomial,
de características excludentes, opressivas e reducionistas (leia mais no artigo Desafios da
reforma psiquiátrica no Brasil, de Benilton Bezarra Jr.), na tentativa de construir um sistema de
assistência orientado pelos princípios fundamentais do SUS (universalidade, equidade e
integralidade).
Esta forma de atendimento é fruto de um longo processo de luta social que culminou com a
Reforma psiquiátrica, em 2001. Sua principal bandeira está na mudança do modelo de
tratamento: no lugar do isolamento, o convívio com a família e a comunidade.
O maior desafio para as políticas de saúde mental no Brasil hoje é o enfrentamento do uso do
crack. Com a desospitalização promovida a partir dos princípios da Reforma psiquiátrica e o
consumo crescente da droga em todas as esferas sociais, o SUS tem atuado de forma
interdisciplinar, objetivando construir uma estratégia eficaz de enfrentamento do problema, já
considerado uma epidemia por diversas instituições.
 
https://pensesus.fiocruz.br/saude-mental
Assim como para cuidar da nossa saúde física existem profissionais especializados na área,
não é diferente com a saúde mental. A psicologia, psiquiatria e a enfermagem são ramos que
podem se especializar para cuidar do bem-estar emocional e psíquico das pessoas.

Psicólogo: Os psicólogos na área da saúde mental se encontram a maioria trabalhando em


CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). Atualmente, é respeitado que o portador de transtorno
mental deve ser incluso na sociedade ao invés de excluído do campo sociofamiliar e internado
em âmbito hospitalar. Por muito tempo o deficiente mental foi alvo de preconceitos e severas
abominações dentro da sociedade. O avanço da psicologia e do olhar sobre o portador de
transtornos mentais fez com que novos métodos fossem implantados. O papel do psicólogo
dentro do CAPS é de compreender o paciente e auxiliá-lo no tratamento e controle do seu
estado mental, fazendo uso da comunicação e outras técnicas que no geral não envolvem
medicamentos

Psiquiatra: A psiquiatria assim como a psicologia trata de doenças mentais. No entanto,


diferente do psicólogo, o psiquiatra possui formação em medicina e realiza uma análise
também biológica, já que faz uso de medicamentos nos tratamentos. Lembrando que de nada
vale um tratamento psiquiátrico sem o acompanhamento psicológico. A função deste
profissional é prevenir, diagnosticar, tratar e reabilitar pacientes que sofrem de transtornos
mentais. Seu principal objetivo é aliviar o sofrimento psíquico de seus pacientes, para isso pode
trabalhar com outros profissionais como neurologistas e psicanalistas. Dentro dos exames
realizados pelo psiquiatra encontram-se testes neurológicos e psicológicos, podendo ser
requisitado exames físicos e laboratoriais. O papel do psiquiatra trabalha em harmonia com as
outras áreas, visando utilizar medicamentos para aliviar os problemas até que o paciente possa
se tornar autônomo e enfrentar sozinho as suas adversidades, claro que muitos casos exigem
o uso contínuo de medicamento, mas o principal foco é que não seja necessário. O profissional
da psiquiatria também pode atuar em um CAPS.

Enfermagem: O papel do enfermeiro é de extrema importância para o tratamento e


recuperação do paciente com transtornos de saúde mental. Assim como os psicólogos e
psiquiatras, o enfermeiro procura entender a atender de forma humanitária os indivíduos, tendo
um envolvimento tão importante quanto. Dentro de um CAPS, o enfermeiro desenvolve ações
terapêuticas para identificar os problemas e aproximar os pacientes da equipe. Um movimento
que antes era agressivo e invasivo agora se tornou muito mais afetivo e humano, sendo o
enfermeiro uma das peças principais dessa mudança, estando a disposição para compreender
e auxiliar pacientes que estão em sofrimento, ansiosos e inseguros. O enfermeiro pode atuar
também em um CAPS junto do psicólogo e da psiquiatria, sendo a formação desta equipe
essencial para um atendimento e tratamento efetivo dos pacientes que sofrem de transtornos
mentais.

https://blog.livrariaflorence.com.br/saiba-por-que-a-saude-mental-e-ta-importante-quanto-a-fisic
a/

https://www.abrasco.org.br/site/gtsaudemental/

Historicamente, a Psiquiatria atuava no controle do comportamento de pessoas quando


acometidas de um grave sofrimento mental. Muitas vezes, a pedido das famílias, retirava essas
pessoas de suas casas e de seu grupo de convívio internando-as em manicômios, sanatórios
ou hospitais psiquiátricos. Em alguns desses estabelecimentos, os familiares eram impedidos
de ver o paciente nos primeiros dias e até mesmo após meses de internação, o que criou
muitas injustiças. Isso por que, na condição de doentes, essas pessoas ficavam privadas do
convívio social, sem poder administrar seus bens e sem exercer nenhum direito. Essa maneira
de tratar as pessoas portadoras de transtornos mentais, além de tirar os direitos de cidadania,
mostrou-se produtora de doença e não de saúde. De fato, os velhos manicômios, que ainda
existem, encontram-se lotados de homens e mulheres que a cada dia se tornam menos
habilitados para a vida cotidiana em sociedade. Qualquer um de nós que passe uma curta
temporada num desses lugares sairá de lá mais angustiado do que antes de entrar. Assim, com
o objetivo de transformar, melhorar 09 1. Introdução e humanizar o cuidado dessas pessoas foi
desenvolvido uma série de ideias e ações, em todo território nacional, que posteriormente
originou a conhecida “Lei da Reforma Psiquiátrica”. Promulgada em 2001, a Lei 10.216
outorgou direitos a essas pessoas. Mesmo em casos excepcionais e extremos, como quando
alguém é internado involuntariamente por solicitação familiar e autorização médica, a lei prevê
notificar o Ministério Pú- blico em até 72 horas, assim como obriga a revisão periódica da
medida, evitando com isso todos os possíveis abusos e injustiças. A Reforma Psiquiátrica
Brasileira, que é política de Estado, foi considerada exemplo pela Organização Mundial de
Saúde (OMS). Nas últimas duas décadas foram desativados milhares de leitos psiquiátricos, o
que significou um enorme trabalho de reabilitação e reintegração social de homens e mulheres
antes confinados nesses locais, em condições sub-humanas. No Brasil, já foram instalados
aproximadamente 2050 Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) que atendem as pessoas
com sofrimento mental, substituindo os velhos hospícios. Alguns deles – os CAPS III 10 1.
Introdução – possuem camas para acolhimento noturno e atendimento durante as 24 horas do
dia. Para os casos de pessoas que já perderam os vínculos com seus familiares devido a
internações de longa duração (muitos deles com 5, 10, 20 ou mais anos de internação), foram
criadas moradias especiais onde residem até 10 pessoas, inseridas na comunidade e
acompanhadas por cuidadores e pelos CAPS. Essas moradias são denominadas de Serviços
Residenciais Terapêuticos (SRT). Nessa nova forma de cuidado, a lógica manicomial se
dissipa. Em vez de “ajudar” às famílias retirando seus membros mais “problemáticos” do núcleo
familiar, propõe-se, agora, ajudar a família para que esta ajude seus membros mais
necessitados. Assim, a mesma diretriz adotada para as pessoas com intenso sofrimento mental
deve também ser adotada para os usuários de drogas: em vez de afastar esse membro de sua
família e de sua comunidade, é fundamental buscar integrá-lo. Já as ações da Estratégia da
Saúde da Família (ESF) devem, em conjunto com a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS),
evitar o isolamento social e apoiar as famílias para que estas consigam lidar 11 com seus
membros mais problemáticos. Este deve ser o objetivo dos ACS que circulam pelos bairros e
pelos locais onde as pessoas vivem, assim como dos ATEnf que os acolhem nas Unidades
Básicas de Saúde. Em suma, este deve ser o objetivo de toda a equipe da Atenção Básica.

http://www.caminhosdocuidado.org/wp-content/uploads/2014/02/guia_saude_mental-2ed-web.p
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Há pouco mais de 30 anos, a sociedade brasileira ainda vivia uma ditadura. Especificamente
na área da saúde mental, havia uma sequência de violações de direitos, o confinamento, o
abandono, o cerceamento da liberdade e o tratamento cruel típico dos manicômios.
Esse cenário sombrio criou um conflito ético para os profissionais da saúde mental. Atrás da
pretensa ideia terapêutica, a internação manicomial escondia dos olhares da sociedade a
figura sofrida, diferente e excluída da pessoa em sofrimento mental.
Eis que, em um processo de grandes transformações de diversos setores reprimidos pela
ditadura, veio a busca para reconstruir o Estado democrático de direito. Num ato de resistência
e enfrentamento à lógica manicomial excludente, trabalhadores de saúde mental, familiares,
usuários e defensores dos direitos humanos aliaram saber técnico, postura ética e posição
política para produzir conhecimento e construir outros modos de cuidar e acolher o sofrimento
mental em espaços de convívio social nos serviços de saúde de base comunitária.
Em 30 anos, leis para promover a reforma psiquiátrica foram promulgadas por municípios,
estados e também pela União. Essas normas determinaram a criação de serviços substitutivos
aos hospitais psiquiátricos por meio de uma Rede de Atenção Psicossocial (Raps), tornando o
cuidado em liberdade um direito constitucional, inalienável, assegurado pela legislação vigente.
Mas, no dia 14 de dezembro de 2017, voltamos algumas décadas no tempo. O Brasil foi
surpreendido pela aprovação de nova política de saúde mental pela Comissão Intergestores
Tripartite (CIT), instância composta pelas três esferas de gestão da saúde no país – União,
estados e municípios –, sem a participação da sociedade civil. Na sessão, o presidente
do Conselho Nacional de Saúde (CNS)sequer teve garantido seu direito à manifestação,
ferindo a prerrogativa do controle social.
A mudança da política imposta pelo Ministério da Saúde resultará em impactos negativos aos
cuidados em saúde mental dos usuários. Com o retorno de manicômios e o fortalecimento das
comunidades terapêuticas – históricos espaços de segregação e exclusão –, o estigma da
doença mental voltará a assombrar os usuários.

Além disso, os serviços comunitários, como os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), os


Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs) e outros espaços da Raps tenderão a se
enfraquecer, coagidos pela pressão para internações psiquiátricas. Exemplo disso é o valor dos
recursos financeiros destinados aos espaços fechados: 140 milhões de reais para hospitais
psiquiátricos e outros 120 milhões para comunidades terapêuticas.

E os serviços extra-hospitalares? Nenhum vintém, contrariando os 75% do orçamento que


deveriam ser destinados aos serviços abertos, como previsto na política de saúde mental
anterior, aprovada com a participação de usuários do SUS nos Conselhos de Saúde.

Cabe ressaltar que a nova política ainda fortalece a mercantilização. A saúde deixa de ser um
direito de todos e dever do Estado, conforme previsto na Constituição Federal de 1988, e
passa a ser tratada como um negócio lucrativo para os proprietários de hospitais
psiquiátricos, de clínicas privadas, de vendedores de vagas ao poder público e para as
comunidades terapêuticas, em sua maioria de base religiosa, que não contam sequer com
equipes de saúde. A indústria farmacêutica, com forte influência nos hospitais, também sairá
beneficiária da destruição da Raps.
* Ivarlete Guimarães de França é psicóloga, especialista em saúde e trabalho, integrante do
Fórum Gaúcho de Saúde Mental (FGSM) e da Rede Internúcleos da Luta Antimanicomial
(Renila) A coluna foi escrita a pedido do Conselho Federal de Psicologia.

https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/saude-mental-o-brasil-voltou-30-anos-no-tempo/

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