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Highlights - Parte 1/2

do Congresso da Associação
Americana de Psiquiatria

APA2014
Nova York, Estados Unidos

• Transtorno dismórfico corporal: atualização sobre um


transtorno comum, grave e habitualmente não reconhecido

• Enxaquecas e comorbidades psiquiátricas

• Humor, arte e política: Vincent Van Gogh, Sylvia Plath, Emily


Dickinson, Winston Churchill e Abraham Lincoln

• Uso de canabis e juventude: avaliação


dos riscos e implicações práticas

Cortesia

Material de Distribuição Exclusiva à Classe Médica

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Highlights-Parte 1/2 do Congresso da Associação Americana de Psiquiatria APA2014 - Nova York, Estados Unidos

Editorial
O 167º Encontro Anual da Associação Americana de Psiquiatria ocorreu na cidade de Nova
York entre os dias 3 e 7 de maio de 2014. As atividades desenvolveram-se basicamente no
Prof. Dr.Táki Javits Convention Center, e eventos pontuais nos hotéis Hilton, Marriott e Sheraton.
Athanássios Cordás As sessões dividiram-se em cursos, conferências, fóruns, casos clínicos, seminários,
pôsteres e sessões interativas. Atividades denominadas “Avanços” apresentaram auto-
Coordenador da Assistência Clínica do res de capítulo de livros recentemente editados pela American Psychiatric Publishing,
Instituto de Psiquiatria do Hospital das apresentando em aula expositiva seus capítulos.
Clínicas da Faculdade de Medicina da A cerimônia de abertura trouxe uma discussão entre o presidente do congresso Jeffrey
Universidade de São Paulo (IPq-HC- Lieberman, o ator Alan Alda e o prêmio Nobel Eric Kandel, famoso por seus trabalhos sobre
FMUSP); Coordenador do Programa as bases moleculares da memória.
de Transtornos Alimentares (AMBU- O vice-presidente Joe Biden fez um pronunciamento sobre as questões de saúde men-
LIM) do IPq-HC-FMUSP; Professor dos tal, acesso ao sistema de saúde dos pacientes com transtornos mentais, e colocou em
Programas de Pós-Graduação do grande destaque a necessidade de cuidar dos aspectos da saúde mental das tropas norte-
Departamento de Psiquiatria da USP; -americanas.
Fisiopatologia Experimental da FMUSP Não por coincidência, o programa apresentou de maneira inédita um grande número de
e Neurociências e Comportamento do sessões dedicadas a aspectos psiquiátricos nas forças armadas, corroborando uma atual e
Instituto de Psicologia da USP importante preocupação da sociedade americana.
As inovações e modificações do DSM-5 também foram uma das tônicas do evento.

Transtorno dismórfico corporal: atualização sobre um transtorno


comum, grave e habitualmente não reconhecido
Coordenadores: Phillips K & Feusner J

O transtorno dismórfico corporal (TDC), quadro grave e com nal à importância que lhe confere. Essa preocupação leva
grande comprometimento da qualidade de vida, foi alocado à perturbação e ao comprometimento do desempenho das
na quinta edição do Dicionário de Saúde Mental (DSM-5) no funções social, ocupacional e outras.
capítulo dos Transtornos Obsessivo-Compulsivos e doenças Todos os indivíduos com TDC em algum momento da
correlatas, modificando a classificação do DSM-IV que colo- doença apresentam comportamentos repetitivos excessivos
cava o TDC entre os transtornos somatoformes. (por exemplo, checar-se no espelho, coçar, picar — busca-se
O TDC caracteriza-se pela preocupação com um defeito confirmação constante) ou pensamentos obsessivos (com-
imaginário da aparência; no caso de uma pequena anomalia parando sua aparência com a de outros) em resposta a preo-
estar presente, a preocupação do paciente é desproporcio- cupações com sua aparência. Estima-se que a prevalência do

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TDC na população geral seja de 1% a 2%. Nas populações de tratamento do TDC, sugerindo o envolvimento do sistema
pacientes dermatológicos e candidatos à cirurgia plástica, a serotoninérgico na fisiopatologia desse transtorno. Estudos
prevalência do TDC é bem maior do que na população geral. com ressonância magnética volumétrica (MRI) mostra-
A maioria dos estudos indica que 7% a 15% dos indivíduos ram assimetria no volume do caudado, maior à esquerda,
que procuram cirurgia plástica cosmética apresentam TDC. e aumento do volume total de substância branca nos casos
O TDC inicia-se em geral na adolescência, a evolução é em relação aos controles. Estudos de ressonância magnéti-
em regra crônica e, em média, os pacientes sofrem de 10 a ca funcional (fMRI) em pacientes com o TDC mostraram
15 anos antes que recebam o diagnóstico adequado. O TDC hiperatividade anormal no hemisfério esquerdo, e a rede
é um quadro no qual o risco de suicídio é grave, na medida de processamento envolveu as regiões temporal, parietal e
que aproximadamente 70% dos pacientes apresentam idea- girofrontal inferior, bem como ativação anormal da amíg-
ção suicida e 25% apresentam tentativas de suicídio ao longo dala. Esse estudo reforça a hipótese de que esses pacientes
da vida. O risco de suicídio está relacionado à gravidade do tenham um processamento de informações visuais anor-
quadro clínico, perdas psicossociais e comorbidades, sendo mal, o que pode estar relacionado à fisiopatologia do TDC.
as mais frequentes: transtornos depressivos, transtorno bi- O tratamento primário para TDC é o uso de ISRS e
polar, transtornos alimentares, transtorno do estresse pós- terapia cognitivo-comportamental. Ambas as modalida-
-traumático e dependência e abuso de substâncias. O desen- des de tratamento tem um nível 2 de evidência, sendo cor-
volvimento do quadro é provavelmente devido à interação roboradas, portanto, por ao menos um estudo duplo-cego
de fatores genéticos e ambientais, o que inclui aspectos liga- randomizado controlado com placebo. Não há droga apro-
dos ao desenvolvimento, interação social, aspectos neurop- vada pela US Food and Drug Administration (FDA) para o
sicológicos (dificuldades no processamento visual), padrões tratamento do quadro.
culturais, estilos cognitivos e comportamentais e fatores Evidências sustentam o uso de ISRS, tais como fluoxetina,
neurobiológicos. Embora essa área de estudo seja relativa- fluvoxamina, citalopram e escitalopram, bem como a clomi-
mente recente, potenciais fatores desencadeantes e mante- pramina. A exemplo do que ocorre com o tratamento do TOC,
nedores incluem história de abuso físico, sexual, negligência recomenda-se o uso de doses plenas do antidepressivo escolhi-
ou bullying na infância, distorções cognitivas, presença de do e aguardar um tempo maior do que o que se esperaria para a
sintomas obsessivo-compulsivos e influências culturais rela- resposta de um quadro depressivo, entre 6 e 16 semanas.
cionadas a padrões de beleza. A resposta em geral é parcial, e aproximadamente 50%
Portadores do TDC têm chance 4 a 8 vezes maior de dos pacientes não respondem adequadamente ao trata-
ter um membro da família afetado pelo TDC em relação mento farmacológico isolado. Nesses casos, técnicas de
à população geral, o que sugere a participação de fatores potencialização incluiriam a associação de ISRS com
genéticos na etiologia do transtorno. Familiares de 1o grau clomipramina, a adição de buspirona ou antipsicóticos
de pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e a associação com terapia cognitivo-comportamental.
mostraram chance 6 vezes maior de ter TDC ao longo da Pacientes com TDC em subforma delirante devem rece-
vida do que os familiares dos controles, sugerindo um elo ber tratamento com ISRS isoladamente, no início com as
genético entre esses transtornos. Essa evidência genética re- formas não delirantes, dado o fato de que alguns pacientes
força a classificação do TDC como pertencente ao espectro podem responder apenas com o uso do antidepressivo, o an-
obsessivo-compulsivo, como definiu o DSM-5. Além dis- tipsicótico deve ser adicionado em caso de não resposta ou
so, estudos farmacológicos abertos e controlados mostram deterioração grave do quadro.
que, assim como no TOC, doses elevadas de inibidor se- Risperidona, aripiprazol, quetiapina e olanzapina são os
letivo de receptação de serotonina (ISRS) são eficazes no mais descritos na literatura para o uso associado.

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Enxaquecas e comorbidades psiquiátricas


Mia T. Minem

Enxaqueca é um quadro extremamente comum, crônico, com A presença de transtorno


manifestações agudas (crises), que afeta aproximadamente bipolar entre pacientes
15% da população feminina e cerca de 5% de homens, e que
ocorre principalmente na faixa etária entre 25 e 45 anos. enxaquecosos é duas
Cerca de 50% das mulheres têm episódios de enxaqueca
antes, durante ou logo após a menstruação, o que aponta
vezes maior do que entre
uma associação do quadro com níveis hormonais. não enxaquecosos
Aspectos genéticos são fundamentais no entendimento
da etiologia da enxaqueca, assim como é muito comum sua ansioso generalizado, estados mistos depressivo-ansiosos
associação com outras condições neurológicas (epilepsia, e episódios depressivos ou depressão crônica e transtorno
doença cerebrovascular, acidentes vasculares encefálicos, bipolar do humor. Recente estudo sugere que a presença
doenças mitocondriais), e doenças cardiovasculares (hiper- de transtorno bipolar entre pacientes enxaquecosos é duas
tensão arterial, prolapso da valva mitral). vezes maior do que entre não enxaquecosos.
Há grande heterogeneidade na perturbação da qualidade A associação com transtornos de personalidade é igual-
de vida, na medida em que alguns pacientes desfrutam de mente sugerida em alguns trabalhos, porém a qualidade do
uma vida normal, enquanto outros apresentam importante diagnóstico realizado em parte deles não permite ainda uma
comprometimento afetivo, social e profissional. associação sólida.
A associação entre enxaqueca e quadros psiquiátricos, em Estudos mais antigos apontam uma associação maior do
particular transtornos ansiosos e depressivos, está adequa- que a esperada entre enxaqueca e abuso e dependência de
damente reportada em um grande número de estudos epi- álcool e outras drogas, independentemente da presença de
demiológicos e observações clínicas. transtornos do humor e ansiosos.
O desencadeamento de crises de enxaqueca bem como É possível presumir uma correlação entre enxaqueca com
o aumento da frequência de episódios estão ligados, entre aura e maior presença de um transtorno psiquiátrico, bem
outras razões, a estresse psicossocial e transtornos psiquiá- como maior número de tentativas de suicídio. Estudos re-
tricos e, como já se disse, a quadros depressivos e ansiosos. centes com adolescentes entre 13 e 15 anos também confir-
Alguns estudos estimam a presença de transtornos psi- mam o mesmo achado independentemente da presença de
quiátricos em pacientes com enxaqueca em torno de 20%, sintomas depressivos.
embora alguns estudos cheguem a surpreendentes 70%. A correlação entre quadros psiquiátricos e enxaqueca pode
Apesar dessas correlações, não parece ser comum que ser devida a fatores genéticos compartilhados ou a uma relação
o tratamento do quadro depressivo ou ansioso comórbi- bidirecional na qual a presença de um predisporia a outro, em-
do leve à remissão de enxaqueca, bem como o inverso. bora esse entendimento esteja ainda longe de ser estabelecido.
Isso provavelmente se deve ao fato de que há mais de De qualquer forma, como era de se esperar, a associação
cem causas de cefaleia. de enxaqueca com um quadro psiquiátrico com frequência
Os quadros psiquiátricos mais frequentemente diag- levará a pior prognóstico do paciente enxaquecoso, caso
nosticados em pacientes com enxaqueca são transtorno medidas terapêuticas adequadas não sejam tomadas.

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Humor, arte e política: Vincent Van Gogh, Sylvia Plath,
Emily Dickinson, Winston Churchill e Abraham Lincoln
Coordenadores: O’ Readon JP e Landy M.

A não tão nova discussão sobre genialidade, arte e doença A filha mais velha de Churchill, Diana, nascida em 1909,
mental mereceu essa mesa muitíssimo interessante durante apresentou uma longa história de depressão e cometeu sui-
o Congresso. cídio em 1963, por overdose de barbitúricos.
Dois importantes livros sobre essas correlações são Tou- O filho de Churchill, Randolph, (1911-1968) foi sempre
ched with Fire de Kay Jamison, sobre a relação do trans- considerado a ovelha negra da família pelo comportamento
torno bipolar e a criatividade, e Creativity and Madness irascível, agressivo e pela dependência do álcool.
de Albert Rothenberg. A terceira filha de Churchill, Sarah, era alcoolista e teve
Cada figura histórica citada no título foi discutida com uma vida tempestuosa com 3 casamentos tumultuados, com-
brevidade em sua biografia e sua obra poética, ficcional, pic- portamentos agressivos que a levaram inclusive à prisão.
tórica ou atividade política. “Eu não gosto de estar perto do limite da plataforma
Como exemplo da discussão sobre Silvia Plath, vale citar o quando o trem expresso passa... Eu gosto de estar bem atrás
único romance da poetisa e escritora The Bell Jar (no Brasil e se possível ter um pilar entre mim e o trem.”
A Redoma de vidro), publicado em 1963. Fazendo uso de “Eu não gosto de estar em um navio e olhar para baixo,
experiências psicopatológicas e psicóticas pessoais, como para o mar. Poucos segundos podem acabar com tudo.”
ocorre também com Virginia Woolf (em Mrs. Dalloway), Esses trechos que expressam os pensamentos depressivos
Plath enxerta suas experiências na personagem do romance, de Churchill foram extraídos de suas consultas com seu mé-
Esther Greenwood. Aproximadamente um mês após a pu- dico pessoal Lord Moran.
blicação do livro, Plath comete suicídio. Alguns amigos de longa data que o conheciam desde a ju-
A história de Winston Churchill merece um interesse es- ventude oferecem alguns subsídios para o diagnóstico. Bren-
pecial pela relevância do personagem histórico, um dos mais dan Bracken dizia: “Winston sempre foi um desesperado...
importantes homens do século XX, e pela magnitude de seu Você sabe que desde que se demitiu do cargo de primeiro-
quadro psiquiátrico, provavelmente um transtorno bipolar. -ministro, ele me diz que reza por sua morte a cada dia”.
Churchill tornou famosa a expressão metafórica blackdog Lord Beaver Brook, jornalista e ministro durante o governo
(cão negro) para falar de seu quadro depressivo, que o invadia Churchill, dizia dele: “Churchill estava sempre ou no topo do
e aterrorizava. O termo foi retirado do escritor, poeta e ensa- mundo, muito confiante, ou no fundo do poço, deprimido”.
ísta inglês Samuel Johnson falando de sua própria melancolia. Seu ritmo circadiano era claramente alterado, fazia gran-
O pai de Churchill, Lord Randolph Winston Churchill, teve de consumo de álcool, e alternava períodos de frenética
uma carreira política de destaque até apresentar um quadro atividade revezados com episódios depressivos. A agenda
psicótico, provavelmente um transtorno do humor ou por sí- diária de Churchill está descrita a seguir e oferece algumas
filis, como se sugeriu na época. Lord Randolph morreu cedo, evidências diagnósticas:
aos 45 anos de idade, e Churchill teve pouco contato com os • Acordar às 8h30 e trabalhar freneticamente até o meio-dia.
pais que sempre foram distantes e não afetuosos. Como aluno • Almoço com uma garrafa de champanhe.
interno, Churchill era raramente visitado pela mãe e não rece- • Sesta vespertina.
bia autorização para visitá-la em sua residência. • Intenso trabalho até o jantar, bebericando whisky.

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• Jantar com sua segunda garrafa de champanhe do dia. “Senhor Churchill, o senhor está completamente bêbado. Se
• Tarde da noite, whisky e trabalho até às 3h, 4h da manhã. eu fosse sua mulher colocava veneno na sua bebida”.
Ao que Churchill responde: “Se eu fosse seu marido
Suas tiradas quando em bom humor são saborosas: tomava...”.
Um fotógrafo de menos de 30 anos ao fotografá-lo aos 80 Cita-se novamente uma observação de seu prontuário
lhe disse: “Sir Winston, eu gostaria de fotografá-lo nova- médico: “Ele acordava lendo e falando sem parar. Outras
mente em seus 90 anos”. vezes, ficava sentado horas diante da lareira imóvel, o que
Retruca Churchill: “E por que não? Você me parece bas- parecia ser um estupor depressivo”.
tante saudável”.
Ao convite que George Bernard Shaw lhe fez para assistir Por fim, os diagnósticos sugeridos pelo palestrante:
à primeira apresentação da peça Pigmaleão. Diz o telegrama • Transtorno bipolar do tipo I — Fases de hipomania e
de Shaw: “Tenho o prazer e a honra de convidar o digno depressões graves.
primeiro-ministro para a primeira apresentação da minha • Ciclotimia e depressões recorrentes graves.
peça Pigmaleão. Venha e traga um amigo, se tiver”. • Depressão maior recorrente e temperamento hiper-
O telegrama de Churchill não deixa por menos: “Agra- tímico.
deço, ilustre escritor, honroso convite. Infelizmente não • Transtorno bipolar do tipo I.
poderei comparecer à primeira apresentação. Irei à se- • Nenhum problema mental.
gunda, se houver”.
Nancy Astor, a primeira mulher a ser eleita para o Par- As duas últimas possibilidades pareceram aos membros
lamento inglês, irritada durante uma discussão lhe disse: da mesa e à plateia muito improváveis.

Uso de canabis e juventude: avaliação dos riscos e das implicações práticas


Coordenação: Lisdahl K & Lopez M.

A descoberta do principal componente ativo da Cannabis Os receptores do sistema endocanabinoide foram identi-
sativa, o Δ9-tetra-hidrocanabinol (Δ9-THC), ocorreu em ficados em ratos em 1988 e posteriormente, em 1990, em
1964, e desde então aproximadamente cem substâncias já humanos. De acordo com a ordem de sua descoberta, o re-
foram isoladas (Tabela 1). ceptor canabinoide foi denominado CB1 e CB2.
O receptor CB1 está predominantemente localizado no
Tabela 1. Principais canabinoides da maconha (Cannabis sativa) sistema nervoso central (SNC) nas regiões do hipocampo,
cerebelo, gânglios da base e neocórtex, ao passo que o CB2
Delta 9-tetra-hidrocanabinol (Δ9-THC) é o principal receptor canabinoide no sistema imunológico.
Delta 8-tetra-hidrocanabinol Os principais ligantes endógenos desses receptores são deriva-
Canabidiol dos do ácido araquidônico, sendo que a anandamida é o principal.
Canabinol O sistema canabinoide está relacionado com a cognição,
Canabicromeno o apetite e a dor, entre outras funções, interagindo com a
Canabigerol transmissão do GABA e do glutamato.

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Uso terapêutico ciado a depressão, ataques de pânico, comportamento
suicida e psicoses.
A maconha é a droga ilícita de maior uso em todo o mundo, O que não está ainda claramente estabelecida é a direção
e a discussão sobre o uso terapêutico da maconha bem como desse efeito, ou seja, qual fenômeno é temporalmente pri-
sua descriminalização é bastante polemizada mundialmente. mário ou secundário.
Nos Estados Unidos, 21 estados aprovam seu uso prescri- Uma terceira possibilidade é que antecedentes pessoais
to por profissionais médicos para condições como: cefaleias, precedam ambos os comportamentos, uso precoce de ma-
dores neoplásicas ou náuseas, glaucoma ou dor neuropática. conha e transtorno psiquiátrico.
Outras condições médicas com menor experiência clínica No que se refere a quadros psicóticos, há fortes evidências
e utilizadas de acordo com a política de cada estado têm re- de que o uso de maconha possa ser um fator de risco inde-
cebido atenção para o uso terapêutico da droga: pendente para o início precoce de quadros psicóticos.
• dores musculares causadas por esclerose múltipla; Entre indivíduos com esquizofrenia, as drogas de maior
• náusea na terapia de câncer; abuso são álcool, tabaco, cocaína e maconha; sendo a maco-
• queda do apetite e perda de peso causadas por doença nha a droga de maior abuso, incluindo pacientes em primei-
crônica, tal como AIDS; ro episódio da doença. Entre pacientes com esquizofrenia,
• epilepsia; mesmo entre aqueles que apresentam o primeiro episódio,
• Alzheimer; usuários pesados têm maior chance de internação, maior
• Enxaqueca; número de surtos e pior prognóstico.
• doença de Crohn. Outra linha de pesquisa busca responder à hipótese de
que o uso contínuo da droga a partir dos 12 anos poderia
Embora a maconha possa ser utilizada sob diversas formas: levar a declínio cognitivo na vida adulta.
fumada, vaporizada, ingerida ou em solução líquida – e em- Estudos genéticos sugerem o aumento de risco em familia-
bora as evidências sejam ainda inconsistentes, há quem sugira res e em estudos de gêmeos. O uso de maconha por pais ou
que fumá-la teria efeitos superiores a outras vias e a compos- irmãos aumenta o risco de uso de maconha em adolescentes;
tos sintéticos, como dranabinol ou dronabinol (Marinol®). se isso representa uma predisposição genética, influência am-
Outra pergunta que se impõe é sobre o aumento ou não biental, ou ambos, permanece em aberto.
do consumo de maconha nos estados onde seu uso para fins Entre os eventos predisponentes, o abuso sexual, físico ou
médicos é liberado. Os resultados são contraditórios, exigin- a negligência na infância parece guardar relação com o iní-
do estudos a longo prazo. cio de consumo em adolescentes.
Não havendo tratamento farmacológico específico, é man-
Questões psiquiátricas datório que os jovens e familiares recebam esclarecimentos
adequados sobre os riscos psiquiátricos. Da mesma forma, o
O uso constante de maconha iniciado em idade precoce tratamento vigoroso de quadros depressivos, ansiosos e psi-
está bastante descrito na literatura médica como asso- cóticos pode reduzir o risco do uso entre pacientes.

O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es) e produtor(es). Produzido por Segmento Farma Editores Ltda., sob encomenda de Torrent, em julho
de 2014. Material de distribuição exclusiva à classe médica.

Rua Anseriz, 27, Campo Belo – 04618-050 – São Paulo, SP. Fone: 11 3093-3300 • www.segmentofarma.com.br • segmentofarma@segmentofarma.com.br

Diretor-geral: Idelcio D. Patricio Diretor executivo: Jorge Rangel Gerente financeira: Andréa Rangel Comunicações médicas: Cristiana Bravo Gerente de negócios: Luciene Cervantes Coordenadora comercial: Izabela Teodoro
Gerente editorial: Cristiane Mezzari Coordenadora editorial: Fabiana de Paula Souza Designer: Carlos Eduardo Müller Revisoras: Ab Aeterno Prod. Ed., Renata Lopes Del Nero e Angela Helena Viel Produtor gráfico: Fabio Rangel
Prof. Dr.Táki Athanássios Cordás – CRM-SP: 42071• Cód. da publicação: 16002.07.2014

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ESPRAN® (oxalato de escitalopram). Registro MS nº 1.0525.0044. USO ADULTO. Forma farmacêutica, Composição e Apresentações: comprimidos contendo 10 mg de escitalopram. Embalagens com 30

7901687 Impresso em Julho de 2014.


comprimidos. Indicações: Depressão e evitar sua reincidência, Transtorno do pânico, com ou sem agorafobia, Transtorno da ansiedade generalizada (TAG), Transtorno de ansiedade social (fobia social) e Trans-
torno obsessivo-compulsivo (TOC). Contraindicações: não deve ser utilizado por pacientes que possuam alergia a qualquer um dos componentes deste medicamento. Não é recomendado o uso concomitante
de inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) e pimozida e em crianças. Gravidez: Categoria de risco à gravidez: C - Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica. Caso
seja utilizado no último trimestre da gestação, o recém-nascido poderá sofrer de distúrbios neurológicos e comportamentais. Caso seja utilizado durante a gravidez, a interrupção deverá ser gradativa. ESPRAN®
somente deve ser utilizado durante a gestação se os benefícios de seu uso forem maiores que os riscos. Lactação: mulheres que estejam amamentando não devem fazer uso deste medicamento. Se o quadro
clínico for muito grave e o tratamento for necessário, o recém-nascido deverá fazer uso de leite industrializado em substituição ao materno. Precauções e advertências: pode ocorrer acatisia e ansiedade; em
caso de ocorrência de convulsões, o tratamento deverá ser descontinuado. Pode afetar o controle da glicemia; pode haver surgimento de mania/hipomania e de hiponatremia; cautela em pacientes com tendências
suicidas e nos submetidos à eletroconvulsoterapia; alertar pacientes quanto ao uso de bebidas alcoólicas e dirigir ou operar máquinas que exijam alerta. Interações medicamentosas: não utilizar junto com IMAOs,
com outras drogas de ação serotoninérgica, com lítio, triptofano, erva de São João e drogas que alteram a função plaquetária. Outras interações: omeprazol, cimetidina, fluoxetina, fluvoxamina, lanzoprazol, ticlo-
pidina, antiarrítmicos, neurolépticos, desipramina, metoprolol. Reações adversas: são mais frequentes na 1ª e 2ª semanas de tratamento, diminuindo de intensidade durante o mesmo. Mais frequentes: náuseas,
sinusite, diminuição do apetite, insônia, sonolência, tonturas, bocejos, diarreia, constipação intestinal, sudorese, distúrbios sexuais, cansaço, febre, alteração do paladar. Posologia e Modo de Usar: A administração
deve ser por via oral, uma única vez ao dia, sem mastigar o comprimido, com ou sem alimentos e em qualquer horário do dia, preferencialmente no mesmo horário. Dependendo da dose, o comprimido pode ser
partido ao meio. Depressão: a dose geralmente utilizada é de 10 mg/dia. O tratamento pode ser iniciado com 5 mg/dia, aumentando para 10 mg/dia após alguns dias. A dose máxima recomendada é de 20 mg/dia.
Transtorno do pânico, com ou sem agorafobia: na 1ª semana utilizar 5 mg/dia, aumentando para 10 mg/dia. A dose máxima é de 20 mg/dia. Transtorno de ansiedade generalizada (TAG): a dose inicial geralmente
utilizada é de 10 mg/dia, podendo chegar a até, no máximo, 20 mg/dia após, no mínimo, 1 semana de tratamento. Transtorno de ansiedade social (fobia social): a dose normal é de 10 mg/dia, podendo variar de 5
mg/dia até, no máximo, 20 mg/dia. Transtorno obsessivo compulsivo (TOC): a dose normal é de 10 mg/dia, podendo ser aumentada para até, no máximo, 20 mg/dia. Pacientes idosos (> 65 anos de idade): a dose
inicial recomendada é a metade da dose mínima geralmente utilizada e a dose máxima deve ser mais baixa. Crianças e adolescentes (<18 anos): sua utilização por menores de 18 anos não é recomendada a não
ser que a necessidade clínica esteja definida e o paciente seja monitorado cuidadosamente pelo médico quanto ao surgimento de sintomas suicidas. Função renal prejudicada: nos casos leves ou moderados não
há necessidade de ajuste de dose. Não há informação disponível para o tratamento de pacientes com função renal grave. Função hepática prejudicada: a dose inicial recomendada é de 5 mg/dia nas 2 primeiras
semanas. Caso necessário, a dose poderá ser aumentada para 10 mg/dia. Descontinuação: quando for necessário interromper o tratamento, a dose deve ser reduzida gradualmente durante um período de 1 a
2 semanas para evitar o aparecimento de possíveis sintomas de descontinuação. (Jun 13). VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. SÓ PODE SER VENDIDO COM RETENÇÃO DE RECEITA. “AO PERSISTIREM OS
SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO”.

Refrências: 1) Owens MJ, et al. “Second-generation SSRIs: human monoamine transporter binding profile of escitalopram and R-fluxetine.” Biol Psychiatry 2001; 50(5): 345-50. 2) ABCFarma Julho/2014.
3) Baldwin DS et al. Escitalopram Therapy for Major Depression and Anxiety Disorders. Ann Pharmacother 2007;41(10):1583-92. 4) Burke WJ et al. Fixed-dose trial of the single isomer SSRI escitalopram in
depressed outpatients. J Clin Psychiatry 2002; 63:331-6

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