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PSICOLOGIA
BORDERLINE E NEUROPSICOLOGIA
CURITIBA
2022
BORDERLINE E NEUROPSICOLOGIA
- Amígdala
É a parte primitiva do cérebro, que regula o medo e a agressão. Na população em
geral, é uma ferramenta vital para a sobrevivência; mesmo nas cidades confortáveis,
seguras e mecânicas da modernidade, as emoções podem salvar vidas. Contudo, as
varreduras do cérebro mostraram que as pessoas com Transtorno de Personalidade
Borderline têm amígdalas visivelmente menores que a população em geral e podem até
sofrer atrofia. Quanto menor a amígdala, mais hiperativa.
Isso significa que quando as pessoas com Transtorno da Personalidade Borderline
experimentam uma emoção, elas o fazem com mais intensidade do que a população em
geral, e o período de “esfriamento” leva muito mais tempo.
Foram identificadas também alterações a nível cognitivo, mais especificamente,
na região límbica reconheceram-se alterações com maior ênfase na região da amigdala,
do hipocampo e hipotálamo.
- Hipocampo
O hipocampo é um par de tubos em forma de cavalo-marinho localizados nos
hemisférios esquerdo e direito do cérebro. Associado à memória de longo e curto prazo,
orientação espacial e reações emocionais mais importantes, é o processador de dados do
corpo. Isso significa que, quando um evento ambiental é retransmitido através do córtex
visual, o hipocampo decide a resposta emocional correta. Abordagem ou evitação.
Para pessoas com Transtorno da Personalidade Borderline, o hipocampo está em um
estado de hiper-excitação contínua. Descoordenado e disfuncional, ele sempre interpreta
mal as ameaças e transmite mensagens defeituosas de volta à amígdala. Isso significa
que as pessoas com esse transtorno têm mais probabilidade de encontrar outras pessoas,
e o mundo ao seu redor, como ameaçador, quando isso pode não ser a realidade.
Apresentam redução da massa cinzenta no hipocampo esquerdo, assim como no
giro frontal inferior direito pars opercularis e giro temporal médio direito. Além disso, o
baixo volume da massa cinzenta do hipocampo apresenta-se associado a prejuízos na
função da memória autobiográfica, agressão reativa e até mesmo nos sintomas
dissociativos.
Assim, pode-se afirmar que o Transtorno de Personalidade Borderline pode
proporcionar um menor funcionamento adaptativo, ou seja, os indivíduos
diagnosticados com TPB podem apresentar prejuízos significativos nas habilidades
sociais, práticas e conceituais que agem na manutenção da adaptação ao ambiente. Os
processos cognitivos da atenção e memória se apresentam significativamente afetados.
Os problemas de atenção eventualmente podem estar associados a uma redução da
consciência no momento presente. Maior distração acontece na exposição a informações
emocionais e, por consequência, afetaria o domínio da memória.
- Eixo hipotálamo-hipófise-adrenal
Um nome complexo para três glândulas interconectadas: o hipotálamo, a
hipófise e a glândula adrenal interagem entre si, especialmente no gerenciamento das
pressões da vida cotidiana e na manutenção da homeostase. O ‘eixo adrenal
hipotalâmico-hipófise’ é o principal responsável pela produção de cortisol no corpo. O
cortisol é um produto químico natural liberado durante períodos de estresse. Estudos
mostraram que pessoas com TPB apresentam níveis anormais de cortisol na corrente
sanguínea. Muita produção de cortisol significa que os níveis de estresse na vida diária
são sempre esmagadores. Psicologicamente, a resiliência e as habilidades de
enfrentamento são prejudicados; quimicamente, o corpo está sobrecarregado.
- Córtex pré-frontal
O córtex pré-frontal é o pináculo da evolução humana, não apenas porque é
responsável pela razão, racionalidade e tomada de decisão, mas porque também inibe
nossa natureza primordial. Pessoas com esse transtorno têm córtex pré-frontal inativo e
ineficiente. Quando solicitados a afastar imagens negativas de seu pensamento,
apresentam atividade reduzida no córtex pré-frontal ventrolateral. Prejuízos associados
ao controle cognitivo de estímulos negativos são resultados da baixa atividade do córtex
pré-frontal dorsolateral. Apresentam maior ativação no córtex préfrontal medial; logo,
sugere-se que tal ativação possui correspondência com a sensibilidade a rejeição e, em
especial, o medo de abandono. Além disso, alterações na região pré-frontal medial
apresentam uma relação direta na desregulação emocional, bem como nas condições de
inibição comportamental, dado que os processos associados às áreas do córtex pré-
frontal medial têm sua relação com o controle e modulação da ativação emocional
relacionadas com estratégias de respostas. Déficit nas funções executivas superiores –
habilidades cognitivas essenciais para o controle dos pensamentos, emoções e ações –
refletem alterações negativas consideráveis no córtex pré-frontal orbitofrontal e
dorsolateral. Esta é uma das razões para alguns dos sintomas característicos do
transtorno Borderline, incluindo a impulsividade. Como Francisco Goya disse, o ‘sono
da razão gera monstros’ e, com um córtex pré-frontal adormecido, indivíduos com
Transtorno de Personalidade Borderline se vêem assaltados por emoções, que nos fazem
sentir fora de controle.
- Diagnóstico
O diagnóstico correto para uma pessoa com transtorno borderline continua sendo
um desafio para médicos, neuropsicólogos e demais especialistas envolvidos no
processo, pois pode ser confundido com esquizofrenia, bipolaridade e depressão por
terem os sintomas muito parecidos. O diagnóstico deve ser realizado através de uma
análise do padrão de comportamento ao longo do tempo, levando sempre em
consideração o contexto geral em que os sintomas se apresentam.
- Tratamento
Mostra-se importante que o paciente tenha autoconhecimento acerca do
diagnóstico recebido, assim a possibilidade de evolução é mais favorável. As formas de
tratamento são diversas e o mesmo deve ser feito de forma plural com a associação de
várias formas, como psicoterapia, medicação e hábito de vida saudável.
A psicoterapia é o ponto central do tratamento, pois é a partir dela que o paciente
irá encontrar instrumentos no seu dia a dia para mudar os temperamentos que lhe
causem angústias. As modalidades que mais tem resultados são a Terapia Psicodinâmica
e a Terapia Comportamental Dialética. Os familiares e amigos devem participar neste
processo, pois se torna essencial para o tratamento.
E os medicamentos também devem fazer parte do tratamento, essencialmente
para lidar com a impulsividade e agressividade.
Referências Bibliográficas
https://hospitalsantamonica.com.br/como-lidar-com-o-transtorno-de-personalidade-
borderline/
https://vtmneurodiagnostico.com.br/2020/07/22/transtorno-da-personalidade-borderline-
e-o-cerebro-tratamentos-inovadores/