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ASBC - CASO 2

Atenção Básica - 6ª etapa


Turma C
ESQUIZOFRENIA
CONCEITO
A esquizofrenia é um transtorno grave, heterogêneo, de causa desconhecida,
com sintomas psicóticos que prejudicam significativamente o funcionamento
social. Tem evolução crônica (tem controle, mas não tem cura) e, na maioria das
vezes, apresenta prognóstico sombrio. O transtorno costuma começar antes dos
25 anos, persiste durante toda a vida e afeta pessoas de todas as classes
sociais. É caracterizada por distúrbios característicos do pensamento, da
percepção, do afeto e do comportamento.
Epidemiologia
Nos Estados Unidos, a prevalência é de 1%. 1 em cada 100;

Prevalência ao longo da vida de 0,6 a 1,9%;

Nos Estados Unidos, cerca de 0,05% da população total é tratada para esquizofrenia a cada
ano, e apenas metade dos pacientes com o transtorno obtém tratamento;

Em torno de 90% dos pacientes em tratamento têm entre 15 e 55 anos;

Prevalente em homens e mulheres, no entanto, quanto ao início e ao curso da doença.


O início é mais precoce entre homens

Os homens têm maior probabilidade de sofrer sintomas negativos do que as mulheres, e que
estas têm maior probabilidade de ter melhor funcionamento social antes do início da doença.
A RELAÇÃO ENTRE A MACONHA E OS
TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS
DELIRIUM

● Prejuízo acentuado da cognição e de desempenho de tarefas:


○ Memória;
○ Tempo de reação;
○ Percepção;
○ Coordenação motora;
○ Atenção.
● O que pode impossibilitar atividades como, por exemplo, dirigir
automóveis.
PSICOSE

● Os episódios psicóticos podem ser denominados como “hemp


insanity” [loucura do cânhamo].
● No entanto, a ocorrência de um transtorno psicótico induzido pela
maconha é um evento raro; a Ideação paranóide transitória é mais
comum, mas também não ocorre com frequência.
● Assim, o uso da Cannabis raramente causa uma experiência de
“bad trip” [viagem ruim]; quando há ocorrência de transtorno
psicótico induzido por ela, pode estar correlacionado a um
transtorno da personalidade preexistente do indivíduo afetado.
ANSIEDADE

● Já o transtorno de ansiedade induzido por Cannabis é um


diagnóstico comum, podendo ocorrer estados de ansiedade breves
frequentemente provocados por pensamentos paranóides.
● Ataques de pânico podem ser desencadeados, com base em
temores mal definidos e desorganizados.
● O surgimento de sintomas de ansiedade está relacionado à dose e
constitui a reação adversa mais frequente ao uso moderado da
substância.
● Usuários inexperientes têm probabilidade muito maior de
desenvolver sintomas de ansiedade do que aqueles experientes.
ESQUIZOFRENIA

SE O CONSUMO E A POTÊNCIA DA
CANNABIS AUMENTARAM NAS ÚLTIMAS
DUAS DÉCADAS, CASO HAJA UMA RELAÇÃO ESTUDO
HIPÓTESE
CAUSAL ENTRE A MACONHA E A PROSPECTIVO
ESQUIZOFRENIA, A TAXA DE INCIDÊNCIA DA
DOENÇA TAMBÉM DEVE TER AUMENTADO
ESQUIZOFRENIA

FORAM ACOMPANHADOS TODOS OS MORADORES DA DINAMARCA, QUE


METODOLOGIA POSSUÍAM 16 ANOS OU MAIS, EM ALGUM MOMENTO DESDE
01/JANEIRO/1972 ATÉ 31/DEZEMBRO/2016

TOTALIZANDO 7.186.834 PESSOAS, SENDO 3.595.910 MULHERES (50.0%) E


3.590.924 HOMENS (50.0%)

4X
RESULTADO PARF (1995): 2% PARF (2010): 6-8%
A PROPORÇÃO DE CASOS DE ESQUIZOFRENIA ASSOCIADOS AO
CONCLUSÃO TRANSTORNO POR USO DE CANNABIS AUMENTOU 3-4 VEZES NAS
ÚLTIMAS 2 DÉCADAS

ESTA DESCOBERTA TEM RAMIFICAÇÕES IMPORTANTES EM RELAÇÃO À


LEGALIZAÇÃO E AO CONTROLE DO USO DA MACONHA
CONSIDERAÇÕES FINAIS

● A maconha, assim como qualquer outra substância psicoativa, tem


repercussões importantes sobre o organismo.
● Todo transtorno psiquiátrico, por sua vez, é de etiologia
multifatorial, de modo que o uso de substâncias psicoativas, como
é o caso da maconha, pode ser um dos agentes etiológicos,
podendo engatilhar transtornos como a esquizofrenia, a partir da
soma de outras fontes responsáveis pela doença; neste caso, é um
importante componente o fator genético!
○ Sabe-se que a maconha pode auxiliar no desenvolvimento da
esquizofrenia em indivíduos que portam a carga genética para
a doença.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Hjorthøj C, Posselt CM, Nordentoft M. Development Over Time of the
Population-Attributable Risk Fraction for Cannabis Use Disorder in
Schizophrenia in Denmark. JAMA Psychiatry. 2021;78(9):1013–1019.
doi:10.1001/jamapsychiatry.2021.1471

Sadock, Benjamin J. Compêndio de psiquiatria : ciência do


comportamento e psiquiatria clínica [recurso eletrônico] / Benjamin J.
Sadock, Virginia A. Sadock, Pedro Ruiz ; tradução: Marcelo de Abreu Almeida
... [et al.] ; revisão técnica: Gustavo Schestatsky... [et al.] – 11. ed. – Porto
Alegre : Artmed, 2017.
TRANSTORNO DE
PERSONALIDADE
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PARANOIDE

PARANÓIDE
Ana Beatriz Menezes
834046
CONCEITO E EPIDEMIOLOGIA QUADRO CLÍNICO

● Suspeita e desconfiança extremas em relação ● Suspeita e desconfiança excessivas em


a pessoas em geral relação a outras pessoas
● Recusa a responsabilidade pelos seus ● Tendência global de interpretar os atos dos
sentimentos e atribui aos outros outros como malévolos, ameaçadores,
● Hostil, irritável, irascível, intolerante, cônjuges exploradores ou enganadores
ciumentos
● Esperam ser explorados ou enganados pelos
● Epidemio:
○ prevalência: 2-4% outros de alguma forma
○ raramente buscam terapia espontaneamente ● Questionam com frequência lealdade e
○ conseguem demonstrar falta de sofrimento integridade de caráter
○ parentes de pacientes com esquizofrenia:
● Mecanismo de defesa: projeção → atribuem
maior incidência de transtorno de
personalidade paranoide aos outros impulsos e pensamentos que não
○ relação familiar mais específica com transtorno podem aceitar em si mesmos
delirante do tipo persecutório ● Afeto restrito, frias, sem emoção
○ mais prevalente em homens
○ mais prevalente em minorias, imigrantes e
● Atenção a poder e nível hierárquico
surdos
DIAGNÓSTICO

● Exame psiquiátrico:
○ modos formais
○ perplexos por terem que buscar ajuda psiquiátrica
○ tensão muscular, incapacidade de relaxar,
necessidade de vasculhar o ambiente → sinais
evidentes
○ sérios e sem humor
○ conteúdo de pensamento: projeção, preconceito,
ideias de referência
● Diagnóstico diferencial:
○ transtorno delirante
○ esquizofrenia paranoide
○ transtorno de personalidade borderline
○ transtorno de personalidade esquizóide
○ transtorno de personalidade esquizotípico
CURSO E PROGNÓSTICO

● Estudos divergem:
○ transtorno vitalício
○ prenúncio de esquizofrenia → pródromo da
esquizofrenia
● Problemas vitalícios de trabalho e convivência
com outras pessoas
● Problemas profissionais e conjugais
TRATAMENTO

● Psicoterapia: individual → não se saem bem em grupo, mas pode ser útil
para melhorar habilidades sociais e reduzir suspeitas
○ terapêuta deve tratar esses pacientes sempre de forma direta
● Farmacoterapia: lidar com agitação e ansiedade
○ ansiolítico: diazepam
○ antipsicótico: haloperidol, *pimozida (redução significativa da ideação paranoide)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

● Kaplan - capítulo 22
Isabel Aparecida Tór Bricoleri -766981
DEFINIÇÃO

O transtorno de personalidade esquizotípica é caracterizado


por um padrão generalizado de desconforto intenso com
relacionamentos íntimos e com capacidade reduzida para tal, por
pensamento e percepções distorcidas e por comportamento
excêntrico (estranho).
EPIDEMIOLOGIA

O transtorno da personalidade esquizotípica ocorre em cerca de


3% da população. A proporção entre gêneros é desconhecida; no
entanto, ele é diagnosticado com frequência em mulheres com
síndrome do X frágil. O DSM-5 sugere que o transtorno possa ser
ligeiramente mais comum no sexo masculino.
QUADRO CLÍNICO
● Capacidade reduzida para relacionamento íntimos;
● Distorções cognitivas ou perceptivas;
● Comportamento excêntrico;
● Ideias de referência;
● Crenças estranhas, pensamentos mágicos;
● Experiências perceptivas incomuns;
● Pensamentos e discurso estranhos;
● Desconfiança ou ideação paranóide
● Afeto inadequado ou constrito;
● Comportamento ou aparência estranha
● Ausência de amigos
● Ansiedade social excessiva
DIAGNÓSTICO

Diagnóstica-se transtorno da personalidade esquizotípica com


base nas peculiaridades de pensamento, comportamento e
aparência do paciente. Obter a história pode ser uma tarefa difícil
devido a sua forma incomum de comunicação.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Teoricamente, pessoas com transtorno da personalidade esquizotípica


podem ser diferenciadas daquelas com transtornos de personalidades
esquizoide e evitativa devido à presença de excentricidades em seu
comportamento e pensamento, sua percepção e comunicação e,
talvez, por uma história familiar evidente de esquizofrenia. Pacientes
com o transtorno da personalidade esquizotípica podem ser
distinguidos daqueles com esquizofrenia em razão da ausência de
psicose. Caso surjam sintomas psicóticos, eles são breves e
fragmentados.
TRATAMENTO

Psicoterapia individual ou em grupo → respeitar crenças


mágicas e religiosas, adquirir a confiança do paciente .
Farmacoterapia para sintomas : Medicamentos antipsicóticos
podem ser úteis para lidar com ideias de referência, ilusões e
outros sintomas do transtorno e ser usados em conjunto com
psicoterapia. Antidepressivos são válidos quando houver um
componente depressivo da personalidade.
REFERÊNCIA
Sinais e sintomas da
esquizofrenia

Luiza Lucas Milbradt


833.950
Considerações:
● Nenhum sinal ou sintoma clínico é patognomônico para
esquizofrenia
● A história do paciente é fundamental
● Apenas o exame do estado mental não pode definir o diagnóstico
pois os resultados podem variar
● Os sintomas do paciente mudam ao longo do tempo
● Os médicos devem levar em conta o nível de escolaridade do
paciente, sua capacidade intelectual e sua identidade cultural e
subcultural → pouca capacidade de abstração pode ser por
conta da escolaridade, costumes e hábitos estranhos pode ser
característica do grupo social envolvido
1. Apresentação: aparência desleixada, agitado, posturas bizarras,
estupor catatônico, obediência automática, mutismo, tiques
estereotipias, maneirismos
2. Linguagem e pensamento: delírios, frouxidão de associações,
descarrilamento, incoerência, tangencialidade,
circunstancialidade, neologismos, ecolalia, verbigeração, salada
de palavras fuga de ideias, bloqueio do pensamento,
comprometimento da atenção, pobreza de conteúdo do
pensamento, baixa capacidade de abstração
3. Sensopercepção: alucinações (auditivas, visuais e cinestésicas) e
ilusões
4. Humor e afeto: responsividade emocional reduzida, anedonia,
emoções inapropriadas, extremos de felicidade e raiva,
perplexidade, isolamento, ambivalência extrema, depressão
5. Atenção e concentração: prejudicadas
6. Memória: costuma estar intacta, mas a avaliação é difícil
7. Orientação: geralmente são orientados em relação à pessoa, tempo
e lugar
8. Consciência
9. Cognição: comprometimento cognitivo nas esferas de atenção,
função executiva, memória de trabalho, memória episódica
10. Insight: pobre → baixa adesão ao tratamento
11. Juízo crítico da realidade: comprometido
Referência bibliográfica:
Luiza Theodoro Lima Agnesini
767224

TIPOS DE
ESQUIZOFRENIA
● 5 subtipos de esquizofrenia, determinados com base predominantemente na apresentação clínica.
● O DSM-5 não usa mais essa classificação, mas os subtipos são descritos no CID-10.

TIPO PARANÓIDE

○ Preocupação com um ou mais delírios ou alucinações auditivas frequentes


= delírios de perseguição ou grandeza
○ Demonstram menos regressão de suas faculdades mentais, de respostas
emocionais e de comportamento do que em outros tipos;
○ primeiro episódio da doença em
○ Pacientes com idade mais avançada do que aqueles com os tipos
catatônico ou desorganizado;
○ Tensos, desconfiados, cautelosos, reservados e, às vezes, hostis ou
agressivos;
○ Sua inteligência nas áreas que não são invadidas pela psicose tende a
permanecer intacta;
TIPO DESORGANIZADO

○ Regressão a um comportamento primitivo, desinibido e


desordenado;
○ Ausência de sintomas que satisfaçam os critérios para o tipo
catatônico;
○ Início precoce = antes dos 25 anos de idade;
○ São pacientes ativos, mas de uma forma não construtiva, sem
objetivo;
○ Transtorno do pensamento marcante; pobre contato com a
realidade;
○ Aparência pessoal desleixada; comportamento social e respostas
emocionais inadequados;
○ Risadas sem motivo; caretas incongruentes;
○ Comportamento tolo, insensato.
TIPO CATATÔNICO

○ Distúrbio acentuado da função motora, que pode envolver


estupor, negativismo, rigidez, excitação ou posturas bizarras;
○ O paciente pode exibir alternância rápida entre extremos de
excitação e estupor;
○ Presença de estereotipias, maneirismos e flexibilidade cérea;
○ O mutismo é comum;
○ Durante período de excitação, os pacientes necessitam de
supervisão constante para impedir que machuquem a si
mesmos ou outras pessoas;
○ Pode ser necessário atendimento médico devido a
desnutrição, exaustão, hiperpirexia ou autolesões;
TIPO INDIFERENCIADO

○ Pacientes que não podem ser enquadrados em


outro subtipo;

TIPO RESIDUAL

○ Evidências do transtorno na ausência de um conjunto completo de sintomas ativos ou de sintomas


suficientes para satisfazer o diagnóstico de outro tipo;
○ Embotamento emocional, retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico e
frouxidão leve das associações;
○ Quando ocorrem, delírios ou alucinações não são proeminentes nem acompanhados de reações
afetivas significativas;
OUTROS SUBTIPOS PRESENTES NA LITERATURA

● Bouffée délirante (psicose delirante aguda): semelhante ao transtorno esquizofreniforme, com duração dos sintomas
de menos de 3 meses; semelhante ao transtorno esquizofreniforme;
● Latente: comportamentos peculiares ou transtornos do pensamento, mas não manifestam sintomas psicóticos de forma
consistente;
● Oniroide: pacientes profundamente envolvidos em suas experiências alucinatórias a ponto de ex-
● cluir qualquer envolvimento com o mundo real;
● Parafrenia: sinônimo de esquizofrenia paranoide ou um curso progressivamente deteriorante da doença ou a presença
de um sistema delirante bem-sistematizado;
● Esquizofrenia pseudoneurótica: inicialmente apresentam sintomas de ansiedade, fobias, obsessões e compulsões, mais
tarde, revelam sintomas de transtorno do pensamento e psicose;
● Transtorno deteriorante simples: retraimento das situações sociais e relacionadas ao trabalho; perda insidiosa e
gradual do impulso e da ambição;
● Esquizofrenia deficitária: curso da doença mais grave do que os não deficitários; maior comprometimento cognitivo;
prevalência mais alta de movimentos involuntários anormais antes da administração de medicamentos antipsicóticos;
funcionamento social mais pobre antes do início dos sintomas psicóticos;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

● Kaplan;
● DSM;
● Sociedade Brasileira de Psiquiatria.
Diagnóstico
de Esquizofrenia

Levi Carrijo Andrade - 833967


Diagnóstico de Esquizofrenia

Quadro clínico:
- Geral: aparência desleixada e comportamento agitado
ou violento quando em atividade alucinatória;
- Personalidade: retraimento social;
- Afetividade: embotamento;
- Orientação e memória: costumam estar intactos;
- Sensopercepção: alucinações (mais auditivas)
- Pensamento: delírio;
- Linguagem: neologismos e ecolalia, além de mutismo;
- Cognição: disfunção de atenção, função executiva,
memória episódica e de trabalho;
Critério diagnóstico

Presença de 2 dos sintomas abaixo por um período de 1 mês:


1. Delírio;
2. Alucinações;
3. Discurso desorganizado;
4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico;
5. Sintomas negativos.
Referência

Kaplan - capítulo 7
Tratamento farmacológico
● O principal medicamento é os antipsicóticos (neurolépticos)
○ 1° geração (típicos): ação terapêutica é derivada do bloqueio dos receptores D2
de dopamina. Por esse motivo, essa medicação provoca frequentemente
síndromes extrapiramidais.
○ Exemplos .: clorpromazina, haloperidol, levomepromazina, trifluoperazina
○ 2 ° geração (atípicos): efeito deriva do bloqueio de receptores 5-HT2
pré-sinápticos e antagonismo seletivo de receptores D2 em vias mesolímbicas. Já
essa medicação causa, provocam ganho de peso e síndrome metabólica, ainda
que também possam gerar síndromes extrapiramidais.
○ Exemplos.: risperidona, olanzapina, quetiapina, clozapina
Síndromes extrapiramidais
● Síndrome extrapiramidal (SEP) e outros distúrbios do movimento de
apresentação aguda ou subaguda: parkinsonismo (rigidez muscular,
tremores, marcha em bloco,roda denteada), distonia aguda (contração
muscular tetânica e dolorosa), acatisia (necessidade de movimentação e
inquietação muscular, frequentemente dos membros inferiores)
● Distúrbio do movimento de instalação crônica (após anos): discinesia tardia,
caracterizada por movimentos coreoatetóticos principalmente de musculatura
orolingual.
● Síndrome neuroléptica maligna: caracterizada por rigidez muscular com
rabdomiólise, febre, confusão mental e disautonomia. É um efeito colateral
grave e potencialmente fatal.
● Ganho de peso e síndrome metabólica: pode ser intensa e rápida (poucas semanas)
● Prolongamento do intervalo QTc: todos os antipsicóticos podem gerar alargamento do
intervalo QTc, ainda que raramente, inclusive com o risco de arritmias ventriculares
fatais.
● Hiperprolactinemia: o bloqueio dopaminérgico central em via tuberoinfundibular pode
aumentar os níveis de prolactina sérica, gerando galactorreia, distúrbios sexuais,
distúrbios menstruais e infertilidade, ginecomastia em homens e osteoporose.
● Neutropenia e agranulocitose: tipicamente descritos com o uso de clozapina
● Cardite e serosites (pericardite, pleurite): também tipicamente descritos com o uso de
clozapina
● Outros efeitos colaterais: tremores, hipotensão ortostática, boca seca, taquicardia e
obstipação intestinal.
Fase aguda
● Estudos demonstraram consistentemente uma relação direta entre a duração da
psicose não tratada e um pior prognóstico. É relevante iniciar um antipsicótico em dose
apropriada na ocasião do contato de um paciente com uma síndrome psicótica com o
sistema de saúde.
● O tratamento inicial, ou o tratamento de reagudizações, visa à remissão (redução
quase completa dos sintomas psicóticos positivos) e deve ser buscado com uso inicial
de dose apropriada de antipsicótico de primeira linha em monoterapia (de preferência,
uma droga de 2ª geração), seguido por monitoração de resposta e ajuste de dose a
cada 2 a 4 semanas, ainda que alguns pacientes já exibam importante melhora clínica
com cerca de 2 semanas ou menos do uso de antipsicóticos. Além disso, é
fundamental avaliar o risco de auto e heteroagressividade ou a presença de relevante
agitação psicomotora e providenciar proteção apropriada ao paciente e a terceiros, o
que pode exigir internação hospitalar.
Fase de manutenção
● Alcançada a remissão dos sintomas positivos, deve-se manter o antipsicótico na dose que
obteve a remissão com uso diário por, pelo menos, 1 ano.
● Em seguida, contando com um acompanhamento clínico próximo e acesso a serviços de
emergência, podem-se fazer reduções de dose discretas e espaçadas por meses, de
maneira a se encontrar a menor dose eficaz. Nos pacientes que apresentarem um único
surto psicótico, é possível, em consenso com o mesmo e com sua família, suspender a
medicação seguindo-se tal redução gradativa.
● Entretanto, para os pacientes que já apresentaram sucessivos episódios psicóticos ou um
episódio psicótico com comportamento suicida ou heteroagressivo grave, pode-se indicar a
terapia de manutenção com antipsicótico por duração indefinida.
● São partes essenciais do tratamento dos pacientes com esquizofrenia a avaliação seriada e
minuciosa da adesão às medicações prescritas e a identificação e manejo de seus efeitos
colaterais. Havendo dificuldades persistentes com adesão aos psicofármacos, pode-se usar
medicações de depósito com uso intramuscular quinzenal (risperidona) ou mensal
(haloperidol e paliperidona).
Tratamento não farmacológico
● Intervenções como terapia ocupacional, terapia cognitivo-comportamental,
reabilitação neuropsicológica, treinamento de habilidades sociais e programa
de trabalho assistido devem ser indicadas caso a caso, de maneira que cada
paciente tenha um plano terapêutico individualizado para suas próprias
necessidades.
● Todo paciente e sua família devem receber psicoeducação a respeito do
diagnóstico psiquiátrico, suas implicações, fatores que influenciam seu
prognóstico (como uso de substâncias) e tratamentos apropriados.
Referências
● Kaplan & Sadock - Compêndio de psiquiatria : ciência do comportamento
e psiquiatria clínica recurso eletrônico] / Benjamin J. Sadock, Virginia A.
Sadock, Pedro Ruiz – 11. ed.
● Clínica psiquiátrica: guia prático. Barueri: Ed. Manole, 2a ed, 2021.
SADOCK, Benjamin J. Kaplan & Sadock - Compêndio de psiquiatria
Suicidio na esquizofrenia

Thiago Viana Lemo


O Suicídio
É a principal causa de morte prematura entre Ocorre “do nada”, sem aviso prévio ou
pessoas com esquizofrenia; 20-50% dos expressão de intenção.
pacientes têm tentativas.

5-6% morrem por suicidio.

Fator dominante é a depressão maior, presente


em 80% dos casos.
Prognóstico
Paradoxalmente os pacientes com melhor O maior risco é de um paciente jovem, homem,
prognóstico (poucos sintomas negativos, que vem em declínio no nível de eficácia do
preservação da capacidade de vivenciar afetos, tratamento, usuário de drogas ou portador de
melhor pensamento abstrato) têm os riscos alucinações de comando.
mais altos para o suicidio.
Contato
2 terços dos pacientes que cometem suicidio
consultaram um clínico 72 horas antes da
morte.
Controle
Um estudo sugere que Clozapina tenha eficácia
na redução da ideação suicida.

outros medicamentos como antidepressivos são


eficazes para aliviar.
Referências:

Kaplan & Sadock- Capítulo 7


TRANSTORNOS
DELIRANTES
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA
ESQUIZOFRENIA
DELÍRIOS
● Por definição, delírios são crenças fixas, falsas, que não estão de acordo
com a cultura. São difíceis de tratar.
● No transtorno delirante, os delírios são não bizarros. Isso é, os delírios
geralmente são sistematizados e caracterizados como possíveis (p. ex.,
delírios de ser perseguido, de ter um cônjuge infiel ou de ser amado por
uma pessoa famosa). Esses exemplos de conteúdo delirante contrastam
com o conteúdo delirante bizarro e impossível de alguns indivíduos com
esquizofrenia.
EPIDEMIOLOGIA E ETIOLOGIA
● A prevalência de transtorno delirante nos EUA é estimada em 0,2 a 0,3%.
Portanto, é muito mais raro do que a esquizofrenia, que tem uma prevalência
de cerca de 1%.
● A idade média de início é em torno dos 40 anos. Sendo assim, apresenta início
mais tardio do que a esquizofrenia (as idades de pico do início de esquizofrenia
são entre 10 e 25 anos para os homens e entre 25 e 35 anos para as mulheres).
● Existe leve preponderância de pacientes do sexo feminino. A esquizofrenia é
igualmente prevalente em homens e mulheres.
● A patogênese dos transtornos delirantes ainda precisa ser elucidada. O conceito
central sobre a causa desse transtorno é sua distinção da esquizofrenia e dos
transtornos do humor.
FATORES DE RISCO
DIAGNÓSTICO
A. A presença de um delírio (ou mais) com duração de um mês ou mais.
B. O Critério A para esquizofrenia jamais foi atendido. Nota: Alucinações, quando
presentes, não são proeminentes e têm relação com o tema do delírio (p. ex., a
sensação de estar infestado de insetos associada a delírios de infestação).
C. Exceto pelo impacto do(s) delírio(s) ou de seus desdobramentos, o
funcionamento não está acentuadamente prejudicado, e o comportamento não
é claramente bizarro ou esquisito.
D. Se episódios maníacos ou depressivos ocorreram, eles foram breves em
comparação com a duração dos períodos delirantes.
E. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a
outra condição médica, não sendo mais bem explicada por outro transtorno
mental, como transtorno dismórfico corporal ou transtorno
obsessivo-compulsivo.
TIPOS
● Tipo erotomaníaco. Esse subtipo aplica-se quando o tema central do delírio é o de que outra pessoa
está apaixonada pelo indivíduo.
● Tipo grandioso. Esse subtipo aplica-se quando o tema central do delírio é a convicção de ter algum
grande talento (embora não reconhecido), insight ou ter feito uma descoberta importante.
● Tipo ciumento. Esse subtipo aplica-se quando o tema central do delírio do indivíduo é o de que o
cônjuge ou parceiro é infiel.
● Tipo persecutório. Esse subtipo aplica-se quando o tema central do delírio envolve a crença de que o
próprio indivíduo está sendo vítima de conspiração, enganado, espionado, perseguido, envenenado ou
drogado, assediado ou obstruído na busca de objetivos de longo prazo.
● Tipo somático. Esse subtipo aplica-se quando o tema central do delírio envolve funções ou sensações
corporais.
● Tipo misto. Esse subtipo aplica-se quando não há um tema delirante predominante.
● Tipo não especificado. Esse subtipo aplica-se quando a crença delirante dominante não pode ser
determinada com clareza ou não está descrita nos tipos específicos.
TRATAMENTO Farmacoterapia

A maioria dos médicos considera os


1 medicamentos antipsicóticos o
tratamento de escolha para o
Hospitalização transtorno delirante.

Os médicos devem considerar a


hospitalização por várias razões.
Dentre elas, necessidade de uma
avaliação médica e neurológica, 2
capacidade do paciente de controlar
impulsos violentos ou para Psicoterapia
estabilizar relacionamentos sociais
ou ocupacionais.
A terapia individual parece ser mais
eficaz do que a de grupo; as terapias
3
orientadas ao insight, de apoio,
cognitiva e comportamental muitas
vezes são eficazes.

Uma causa comum de falha do medicamento é a falta de adesão. A psicoterapia concomitante facilita
esse processo de cooperação com o tratamento medicamentoso.
REFERÊNCIA
Kaplan & Sadock

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