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Amanda Fernandes- Turma XX

Problema 3 Módulo 1
Objetivo 1) Conceituar a Síndrome psicótica (Dalgalarrondo, cap. 32)
São marcadas por vivências como alucinações e delírios, desorganização importante do pensamento e/ou do
comportamento ou catatonia.
O paciente com síndrome psicótica pode ter intensos pensamentos de conteúdo persecutório ou achar que está sendo
ameaçado. Além disso, possui importantes alterações na vida pessoal, familiar e social.

Psicose pode ser definida como a perda de contato com a realidade e/ou distorções bem marcantes na percepção
e na relação com a realidade (orientação psicodinâmica).
Autores de orientação fenomenológica, acreditam que a psicose ocorre devido alterações básicas na estrutura de
experiências fundamentais, como espaço e tempo.

Objetivo 2) Caracterizar a esquizofrenia (conceito, epidemiologia, fisiopatologia e manifestações clínicas (Fundamento em


psiquiatria, cap. 9)

Conceito
Transtorno mental crônico, psicótico e do neurodesenvolvimento cerebral e, em geral, incapacitante, que começa
normalmente em pacientes jovens e é demarcado por:

• Sintomas psicóticos (que são os sintomas positivo > delírios e alucinações)


• Desorganização do pensamento e da conduta
• Sintomas negativos (hipobulia, afeto distanciado, afeto embotado)
• Perda cognitiva (déficit da capacidade de abstração e prejuízo de funções executivas)
• Sintomas depressivos.

Sintomas negativos (síndrome negativa/ deficitária): Perda de funções psíquicas e empobrecimento global do afeto,
cognição e vida social. São:

• Afeto distanciado
• Afeto embotado
• Apatia
• Abulia
• Empobrecimento da linguagem e pensamento
• Hipopragmatismo
• Anedonia
Sintomas positivos (síndrome positiva/ sintomas produtivos):

• Alucinações, sendo a auditiva a mais frequente


• Delírio, em geral, persecutório
• Distorção da realidade, com ideais bizarras

Epidemiologia
• Risco de desenvolver esquizofrenia na população geral ao longo da vida: 0,5-1%
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• Homem possui 1,4-2,3x mais risco que mulher
• Idade média de início no homem é 5 anos menor do que na mulher
• Primeiro pico de incidência nos homens: 15-25 anos
• Primeiro pico de incidência nas mulheres: 25-35 anos
• Segundo pico de incidência: 50 anos (agora, nessa idade é mais comum em mulher, devido a perda da proteção
do estrogênio)
• É raro na infância, mas pode começar antes dos 15 anos
• Prevalência ao longo da vida: 0,3-0,8%
• Estimativa de prevalência no Brasil: 1,9%
• Ser minoria racial ou étnica tem mais risco de esquizofrenia

Fisiopatologia
A esquizofrenia é um transtorno do neurodesenvolvimento cerebral, e não neurodegenerativo.

• Presença de alterações estruturais no cérebro desde as primeiras manifestações da doença e em familiares que
não possuem o transtorno
• Maior frequência de alterações macroscópicas (EX: os giros são anormais) e microscópicas (EX: não tem gliose)
do que em pacientes saudáveis
• Maior frequência de complicações peri-natais do que em pacientes saudáveis
• Déficit cognitivo e neuromotor desde a infância
• Possível associação com síndromes genéticas

Hipótese dopaminérgica da esquizofrenia:


• Sintomas psicóticos possuem relação com aumento da dopamina (em especial, na via dopaminérgica mesolímbica)
• A melhora dos sintomas psicóticos seria por bloqueio da dopamina
• Fármacos que bloqueio a dopamina geram síndrome extrapiramidal (via nigroestriatal)

Teoria mais difundida atualmente:


Considera a psicose como um estado de saliência aberrante mediado por desregulação do sistema dopaminérgico.

• A genética e a epigenética gera um disparo e liberação de dopamina, sem precisar ter fatores desencadeantes
ou controle ambiental. Com isso, há um estado anormal de direcionamento endógeno de novidade e saliência a
estímulos, desenvolvendo os delírios e as alucinações
• Na fase prodrômica, há um disparo anormal de dopamina independente ou inapropriada aos estímulos, gerando
um senso de perplexidade à novidade
• Os antipsicóticos podem diminuir essa saliência e imitar sintomas negativos, como hipobulia
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Genética:
Padrão de herança poligênico.

• Risco de ter esquizofrenia ao longo da vida: 1%


• Risco de ter esquizofrenia quando tem irmão com esquizofrenia: 10%
• Risco de ter esquizofrenia quando tem um irmão gêmeo dizigótico com esquizofrenia: 18%
• Risco de ter esquizofrenia quando o pai e a mãe têm esquizofrenia: 50%
• Risco de ter esquizofrenia quando tem um irmão gêmeo monozigótico com esquizofrenia: 60-84%
• 85% dos pacientes com esquizofrenia não possuem parente com esquizofrenia

epiGenética:
Estressores pré-natais: Em especial no segundo trimestre de gestação

• Infecção viral
• Infecção bacteriana
• Desnutrição
• Experiência traumática (perda do marido, catástrofe ambiental etc)
Estressores perinatais/ neonatais:

• Sangramento gestacional
• Diabetes gestacional
• Pré-eclâmpsia
• Incompatibilidade RH
• Baixo peso ao nascer
• Malformações congênitas
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• Atonia uterina
• Cesárea de emergência
• Hipóxia
Estressores na infância:

• Déficit no desenvolvimento cognitivo


• Déficit na linguagem
• Déficit neuromotor
• Distúrbios emocionais e sociais
Estressores na adolescência:

• Uso de maconha: 2x mais risco


Fatores externos:

• Nível de urbanismo: A esquizofrenia é mais comum na população urbana do que rural


• Imigrante
• Minoria étnica

neuroimagem:
• Diminuição do volume e peso cerebral
• Diminuição do lobo frontal
• Diminuição do lobo temporal
• Alterações histológicas sugestivas de alterações no processo de migração neuronal
• Alargamento do sistema ventricular, em especial lateral e terceiro ventrículo > Mais comum
• Diminuição da substância cinzenta, em especial em córtex frontal e temporal esquerdos
• Diminuição do volume do córtex frontal, amígdala, cíngulo, hipocampo, giro parahipocampal, regiões mesiais do
lobo temporal, giro temporal superior
• Diminuição do fluxo sanguíneo no córtex pré-frontal esquerdo e medial > Relação com gravidade da síndrome
negativa
• Aumento do fluxo sanguíneo na região medial pré-frontal direita e diminuição na área de Broca > Relação com
gravidade da síndrome de desorganização
• Aumento do fluxo sanguíneo em áreas límbicas > Relação com gravidade dos sintomas psicóticos

Manifestações clínicas

Linguagem e fala:
• Neologismo
• Ecolalia: Em especial, na forma desorganizada e na catatônica
• Mutismo não seletivo ou seletivo: Em especial, na forma desorganizada e na catatônica
• Fala pastosa e monótona, com redução da prosódia (que é a entonação na hora de falar, o uso de acentos):
Também pode acontecer como efeito adverso de antipsicóticos

Cognição:
• Alteração da atenção
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• Alteração da memória episódica
• Alteração da memória de trabalho
• Alteração na velocidade de processamento cognitivo
• Alteração na fluência verbal
• Dificuldades na percepção social (entender o contexto social)
• Dificuldade na percepção e gerenciamento de emoções (o paciente não consegue perceber e entender as
emoções, tom de voz, entonação, gestos de outras pessoas)

PENSAMENTO:
• Alterações do curso:
▪ Bloqueio de pensamentos
▪ Roubo de pensamento: O paciente acredita que foi causado por uma força exterior
• Delírios sistematizados, com conteúdo variável, mas com temáticas, quase sempre, bizarras: Comum na forma
paranoide, mas pode acontecer nas outras formas
• Vivências de influência: É como se tivesse algo controlando seus pensamentos
• Pode estar organizado na forma paranoide
• Frouxidão de ideias
• Desagregação de ideias
• Esquizofasia
• Pensamento concreto: Paciente perde a capacidade de abstração

Sensopercepção:
• Alucinações, em especial auditivas, com características schneiderianas (em especial na forma paranoide)
• Fenômenos cenestopáticos (alucinações táteis e viscerais)
• Alucinações visuais são bem raras e acontecem mais na fase prodrômica
• Interpretação delirante (EX: Um carro estacionado em frente à minha casa é pra me espionar) são confundidos
com alucinações visuais
• Percepção delirante (EX: Se o João gostar de mim, ele vai pra escola de boné. Chega lá, o João está de boné.
“Viu?! Ele gosta de mim!”)

PSICOMOTRICIDADE:
• Lentificação e empobrecimento motor
• Síndrome catatônica: Manifestação mais marcante na esquizofrenia. O paciente pode ter sintomas de estupor: (a
pessoa fica literalmente paralisada)
▪ Diminui ou não tem nada de atividade psicomotora
▪ Retenção da consciência
▪ Mutismo
▪ Negativismo
▪ Alguns pacientes podem ter, alternando com o estupor, momentos de excitação catatônica, que é uma
agitação e agressividade impulsiva
• Paracinesias: Mais comum na esquizofrenia catatônica
▪ Maneirismo: Movimentos bizarros, mas que parecem ter sentido pro paciente
▪ Estereotipias (EX: Paciente autista balançando pra frente e pra trás)
▪ Posturas bizarras
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• Imobilidade: Mais comum na esquizofrenia catatônica
• Flexibilidade cerácea (do jeito que coloca a pessoa, ela fica): Mais comum na esquizofrenia catatônica
• Movimentos hipercinéticos: Mais comum na esquizofrenia catatônica
• Ecopraxia: Imita movimentos dos outros: Mais comum na esquizofrenia catatônica
• Sinais de parkinsonismo e outros movimentos anormais: Efeitos colaterais dos antipsicóticos
▪ Fáscies pouco expressiva (hipomimia facial): Pode ser tanto do parkinson por uso de antipsicóticos, quanto
por sintomas negativos

afetividade:
• Sintomas ansiosos
• Sintomas depressivos
• Empobrecimento afetivo: Pode começar com afeto distanciado e evoluir para afeto embotado
• Indiferença à estímulos externos, mas ter emoções quando fala sobre suas vivências delirantes
• Incongruência afetiva (EX: Estar em um velório e dar gargalhadas): Mais comum nos quadros em que há
desorganização

volição:
• Perda de motivação: Pode ocorrer tanto pela síndrome negativa, quanto por quadro depressivo concomitante
• Perda de espontaneidade: Pode ocorrer tanto pela síndrome negativa, quanto por quadro depressivo
concomitante

História natural
Dividida em 4 fases: pré-mórbida, prodrômica, progressão, estabilização.

Fase Pré-mórbida:
O paciente apresenta alterações pré-mórbidas: Podem ser identificadas em filhos de pacientes com esquizofrenia

• Baixa sociabilidade, preferindo atividades solitárias


• Ansiedade social
• Déficit de memória verbal
• Déficit de atenção
• Déficit em funções executivas
Essas alterações pré-mórbidas podem aparecer desde a infância e gerar traços ou os transtornos de personalidade
paranoide, esquizotípico e esquizoide. Sendo o esquizoide e o esquizotípico mais propensos a desenvolverem para
esquizofrenia.

Fase prodrômica:
• Duração: Variável, mas, em geral, meses
• Antecede a psicose franca
• Trema ou humor delirante: O paciente apresenta apreensão, parecendo que “alguma coisa vai acontecer”, tendo
uma transição entre o normal e o delírio
• O paciente pode:
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▪ Ficas mais isolado
▪ Ter atitudes peculiares e excêntricas
▪ Ter sintomas psicóticos breves e transitórios

Diagnosticar a esquizofrenia na fase prodrômica é difícil e os pacientes são encaminhados para a psicoterapia, que não
tem eficácia alguma nessa fase.

Fase de progressão:
Quando o paciente tem a primeira psicose no período prodrômico, começa a fase de progressão, em que pode ter piora
do paciente, com surtos psicóticos.

Fase de estabilização:
É quando a esquizofrenia fica estável, mas o paciente pode ter recaídas.

O paciente com esquizofrenia apresenta sintomas negativos desde o começo. Já os sintomas positivos são comuns
em surtos, quando há exacerbação da doença.

Subtipos
• Paranoide: Predominam os sintomas positivos, como delírios e alucinações, que, em geral, são sistematizados
• Hebefrênica: Predominam sintomas de desorganização do pensamento e do comportamento
• Catatônica: Predominam os sintomas catatônicos. Em geral, ocorre meses-anos depois do subtipo paranoide ou
hebefrênico
• Simples: É rara e controversa. É quando o paciente só tem sintomas negativos, sem nenhum sintoma positivo
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• Residual: Há empobrecimento cognitivo, afetivo e volitivo juntamente com a fase de estabilização. Em geral, é em
pacientes com muitos anos de evolução. Os sintomas positivos são esporádicos, com delírios não sistematizados.
• Indiferenciada: Não predomina nenhum dos outros subtipos

Os subtipos podem acontecer juntos. Por exemplo, um paciente pode começar com paranoide no fim da adolescência
e depois de um tempo, entrar em catatonia e evoluir para hebefrênica.

Diagnóstico
Critérios diagnósticos:
A. Dois (ou mais) dos itens a seguir, cada um presente por uma quantidade significativa de tempo durante um
período de um mês (ou menos, se tratados com sucesso). Pelo menos um deles deve ser (1), (2) ou (3):
1. Delírios.
2. Alucinações.
3. Discurso desorganizado.
4. Comportamento grosseiramente desorganizado ou catatônico.
5. Sintomas negativos (i.e., expressão emocional diminuída ou avolia).
B. Por período significativo de tempo desde o aparecimento da perturbação, o nível de funcionamento em uma
ou mais áreas importantes do funcionamento, como trabalho, relações interpessoais ou autocuidado, está
acentuadamente abaixo do nível alcançado antes do início (ou, quando o início se dá na infância ou na adolescência,
incapacidade de atingir o nível esperado de funcionamento interpessoal, acadêmico ou profissional).
C. Sinais contínuos de perturbação persistem durante, pelo menos, seis meses. Esse período de seis meses deve
incluir no mínimo um mês de sintomas (ou menos, se tratados com sucesso) que precisam satisfazer ao Critério
A (i.e., sintomas da fase ativa) e pode incluir períodos de sintomas prodrômicos ou residuais. Durante esses períodos
prodrômicos ou residuais, os sinais da perturbação podem ser manifestados apenas por sintomas negativos ou
por dois ou mais sintomas listados no Critério A presentes em uma forma atenuada (p. ex., crenças esquisitas,
experiências perceptivas incomuns).
D. Transtorno esquizoafetivo e transtorno depressivo ou transtorno bipolar com características psicóticas são
descartados porque 1) não ocorreram episódios depressivos maiores ou maníacos concomitantemente com os
sintomas da fase ativa, ou 2) se episódios de humor ocorreram durante os sintomas da fase ativa, sua duração
total foi breve em relação aos períodos ativo e residual da doença.
E. A perturbação pode ser atribuída aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento)
ou a outra condição médica.
F. Se há história de transtorno do espectro autista ou de um transtorno da comunicação iniciado na infância, o
diagnóstico adicional de esquizofrenia é realizado somente se delírios ou alucinações proeminentes, além dos
demais sintomas exigidos de esquizofrenia, estão também presentes por pelo menos um mês (ou menos, se
tratados com sucesso).
Objetivo 3) Caracterizar os transtornos psicóticos que fazem diagnósticos diferencial com a esquizofrenia (Dalgalarrondo,
cap 32)
A esquizofrenia é uma psicose, mas nem toda psicose é uma esquizofrenia.

É importantíssimo fazer busca ativa sobre uso de substâncias psicoativos. Por isso, quando for primeira manifestação
psicótica, fazer: exame físico e neurológico minuciosos, hemograma completo, função tireoidiana e hepática, perfil
reumatológico, presença de droga na urina, tomografia ou ressonância do encéfalo, eletroencefalograma, cálcio e
cobre séricos, sorologia para sífilis e HIV e, eventualmente, exame do líquor.
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Transtorno delirante (paranoia) e esquizofrenia tardia
(parafrenia)
• O transtorno delirante é caracterizado pelo aparecimento e desenvolvimento de um delírio ou sistema delirante
(vários delírios com temática correlacionada) com preservação da personalidade, afetividade e cognição.
• O paciente não tem pensamento ou comportamento desorganizado, nem sintomas negativos marcantes.
• O paciente tem delírios bem organizados e sistematizados, por vezes, com temas complexos, sem comprometer
todo o resto.
• As alucinações não são proeminentes, e se ocorrerem, podem ter relação com o delírio.
• Ocorre, em geral, em pacientes com mais de 40-5 anos de idade
• Curso crônica e estável
• Duração do delírio: Mínimo 1 mês
• A parafrenia começa após 50-60 anos, com delírios organizados e acompanhados de alucinações, mas com
preservação da personalidade, afetividade e vontade.

Transtornos psicóticos agudos, breves e transtitórios (psicoses


reativas e/ou psicoses psicogênicas)
• Sintomas parecidos com a esquizofrenia e surgimento bem agudo (começa e alcança o ápice em 2 semanas)
• Mas, diferente da esquizofrenia, tem remissão rápida dos sintomas (dias-semanas) e não causam dano social,
sintomas negativos e perdas cognitivas
• Duração: Menos de 1 mês
• Pode surgir após estressores evidentes (assalto, acidente de trânsito, morte de parente etc)
• Predominam ideias delirantes (em geral, paranoides), alucinações visuais/auditivas, confusão mental, turbulência
emocional, ansiedade acentuada e medos difusos
• Os sintomas mudam muito entre um dia e outro e até no mesmo dia

Transtorno esquizoafetivo
• O paciente tem sintomas de esquizofrenia e sintomas de depressão maior ou mania, com pelo menos 2 semanas
de delírios ou alucinações sem episódio depressivo maior ou mania

Objetivo 4) Reconhecer a principais situações clínicas como diagnóstico diferencial (Fundamento em psiquiatria, cap 9)
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Medicamentos que podem produzir sintomas psicóticos


Antivirais
Antibióticos
Antiparkisonianos (em especial, Levodopa)
Ansiolíticos
Antidepressivos
Anticonvulsivante (em especial, Topiramato)
Corticoesteróides
Digitálicos
Psicoestimulantes

Objetivo 5) Descrever o tratamento da esquizofrenia (classes, linhas gerais do tratamento, efeitos adversos, mecanismos
de ação) (Fundamentos em psiquiatria, cap 9; Cordiolli, pag. 517)

Classes dos antipsicóticos


Antipsicóticos típicos de baixa potência: (1ª geração)

• Clorpromazina > Precursora


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• Proclorperazina
• Tioridazina
Antipsicóticos típicos de alta potência: (1ª geração)

• Flufenazina
• Haloperidol
• Pimozida
• Tiotixeo
Antipsicóticos atípicos: (2ª geração)

• Aripiprazol
• Clozapina
• Olanzapina
• Quetiapina
• Paliperidona
• Risperidona
• Ziprasidona

Os de primeira geração só tratam sintomas positivos!


Os de segunda geração tratam tanto sintomas positivos, quanto sintomas negativos.

Mecanismo de ação geral


Típicos:

• Antagonistas de receptores dopaminérgicos D2: Possuem alta atividade de ligação, nas 4 vias dopaminérgicas
(mesolímbica, mesocortical, tuberoinfundibular e nigroestriatal). No entanto, o importante para os efeitos positivos
é o antagonismo pós-sináptico nas vias mesolímbica e mesocortical.
Atípicos: Não são todos os atípicos que tem esses 3 mecanismos.

• Antagonistas de receptores dopaminérgicos D2. Na via mesocortical, o antagonismo é com menor afinidade de
ligação do que nos típicos, e é pré-sináptico. Na via mesolímbica, o antagonismo é pós-sináptico.
• Antagonistas de receptores dopaminérgicos D4
• Antagonistas de receptores 5-HT2A: Na via mesocortical, o antagonismo é com menor afinidade de ligação do
que nos típicos, e é pré-sináptico.

Exceção ao mecanismo de ação geral: Aripiprazol


É agonista parcial de D2 e 5-HT1A. Com isso, na área mesocortical, aumenta a atividade da dopamina, e na área
mesolímbica, diminui a atividade da dopamina (compete receptor com a dopamina, mas como é parcial, ativa
pouquinhos os receptores). Com isso, age nos sintomas negativos e positivos.
Esse mecanismo diferente diminui os efeitos colaterais na via nigroestriatal e tuberoinfundibular.
O Aripiprazol também pode ser usado nos transtornos bipolares, pois diminui as chances de cliclagem.

Modificação na via mesolímbica:


O típicos e os atípicos agem na via mesolímbica, sendo antagonistas pós-sinápticos. A diferença é que os típicos agem
apenas em D2, enquanto os atípicos podem agir em D2, D4 e D5
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Como eu já sei, o excesso de dopamina na via mesolímbica causa os sintomas positivos. Assim, quando os fármacos
fazem o antagonismo, reduz a atividade da dopamina, melhorando os sintomas (delírios e alucinações).
Modificação na via mesocortical:
Aqui, os típicos e os atípicos atuam, mas de modo diferente.
Os típicos fazem antagonismo pós sináptico. Com isso, diminui a atividade da dopamina. No entanto, na via mesocortical, a
dopamina está baixa, causando sintomas negativos. Por isso, os fármacos de primeira geração NÃO atuam nos sintomas
negativos, mas muito pelo contrário, eles pioram os sintomas negativos.

Os antipsicóticos de primeira geração (típicos) pioram os sintomas negativos. Portanto, não usar em pacientes com
sintomas negativos da esquizofrenia.

Os atípicos fazem antagonismo pré-sináptico D2 e/ou 5-HT2. Com isso, aumenta a atividade dopaminérgica, pois esses
receptores pré-sináptico são autorreceptores regulatórios. Assim, aumenta a dopamina e melhora os sintomas negativos.
Sabe-se que o antagonismo pré-sináptico 5-HT2 é mais preponderante do que nos D2 (mas isso é só uma teoria).

Quanto mais antagonismo pré-sináptico 5-HT2 o fármaco exercer, mais ele melhora os sintomas negativos.

Efeitos adversos
Estão associados a ação do antipsicótico nas outras vias dopaminérgicas.

• Síndrome extrapiramidal: Típicos atuando na nigroestriatal (por terem alta afinidade, ligam em mais de 75% dos
receptores). Nesses casos, identificar precocemente, suspender e substitui por atípico. Se não identificar precoce,
tem chance dos sintomas ficarem irreversíveis.
▪ Síndrome de Parkinson
▪ Distonia aguda
▪ Acatisia

Como os atípicos possuem baixa afinidade pelos receptores dopaminérgicos, eles causam menos sintomas
extrapiramidais. Em alguns pacientes mais sensíveis, podem causar sintomas extrapiramidais.

• Galactorreia: Típicos e atípicos atuando na tuberoinfundibular. A dopamina bloqueia a prolactina. Com os fármacos
que bloqueiam a dopamina, há liberação de prolactina, causando galactorreia.
▪ Galactorreia
▪ Ginecomastia
▪ Aumento do tamanho e sensibilidade dos seios
▪ Amenorreia
▪ Diminuição da libido

Risperidona é o atípico que mais influencia na via tuberoinfundibular.

• Efeitos anticolinérgicos/ antimuscarínicos clássicos: Típicos e atípicos podem causar esses efeitos.
▪ Boca seca
▪ Visão turva
▪ Constipação
▪ Retenção urinária
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• Efeitos anti alfa 1 adrenérgicos: Típicos e atípicos podem causar esses efeitos
▪ Hipotensão postural: Principalmente no começo do tratamento
• Efeitos anti-histamínicos: Apenas os atípicos podem causar esses efeitos
▪ Ganho de peso: Maior chance de induzir quadro de síndrome metabólica
▪ Sonolência

Particularidades dos efeitos colaterais da Clozapina:


É indicada para esquizofrenia refratária, quando nada mais dá certo. Não é primeira escolha. É antagonista de todos
os tipos de receptores dopaminérgicos (D1-D5), alfa 1 adrenérgicos, muscarínicos, histamínicos e 5-HT2A. Por atuar
em tantos receptores, seus efeitos colaterais são intensos.

• Hipotensão postural
• Boca seca
• Constipação
• Retenção urinária
• Sedação
• Ganho de peso
• Agranulocitose (4-18 semanas após começo do tratamento): Necessário monitorar com hemograma. Se tiver
menos que 3000 células, suspender.

Ganho de peso
Clozapina > Quetiapina > Flufenazina = Haloperidol > Risperidona > Aripiprazol = Ziprasidona

Alguns atípicos diminuem o limiar convulsivo. Por isso, associar com um anticonvulsivante. Se paciente não tem risco,
não significa que o fármaco vai causar.

Particularidades do atípicos:
O uso prolongado pode gerar:

• Síndrome metabólica: Olanzapina e Clozapina


• Antagonismo de 5-HT2A ainda não totalmente esclarecido
• Síndrome neuroléptica maligna:
▪ Febre
▪ Estupor
▪ Mioglobinemia
▪ Catatonia
▪ Instabilidade autonômica
Antes de usar, pensar no risco-benefício. Se for só sintoma positivo, preferir os típicos.

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