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PSIQUIATRIA

1) Depressão maior (humor)


Introdução:

 Principais neurotransmissores envolvidos são a serotonina e noradrenalina. Quando elas caem,


as funções psíquicas também rebaixam.
 É o mais comum dos transtornos do humor.
 Mulher 2:1 Homem.
 Prevalência de cerca de 30% da população.

Clínica:

 Humor deprimido
 Afeto (tristeza)
 Pensamento (negativista)
 Psicomotricidade (lentificada)
 Volição (hipobulia)
 Cognição (diminuída)
*Pseudo-demência depressiva - reversível
 Físicas (cansaço, dor)
 Psicóticas

- Exame psíquico: deprimido, cansado, preocupado, fraco contato visual. Cuidado com a aparência
reduzido, tendência ao choro. Triste, irritado. Fala monossilábica, sem espontaneidade, monótona e
com longas pausas. Predomínio de pensamentos negativos. Sempre investigar ideias de suicídio.
Hipotenacidade.

- Pesquisar sempre ideação suicida!

- D.D.: hipotireoidismo, colagenoses, uso de beta bloqueadores por longa datas.

*Depressão pós-parto: início dentro de quatro semanas após o parto. Pode apresentar
concomitantemente um quadro psicótico contra o próprio bebê.

*Depressão psicótica: presença de delírios e alucinações.

*Esturpor depressivo: sem respostas as solicitações ambientais.

*Distimia: depressão leve, crônica, insidiosa. Sintomas presentes por pelo menos 2 anos. Tratar com AD
+ Psicoterapia.

Tratamento:

 Farmacoterapia (antidepressivos)
- Tricíclicos
- ISRS
- IMAO
- Duais
- Estabilizadores do humor (carbonato de lítio, anticonvulsivantes)
 Psicoterapia
 Avaliar necessidade de Hospitalização:
- necessidade de procedimentos diagnósticos
- risco de suicídio/homicídio
- capacidade reduzida de autocuidados
- falta ao paciente apoio psicossocial
- abuso de substancia grave
- paciente não coopera com o tratamento

*Antidepressivos melhoram 60-70% dos sintomas em um mês (se existe HF ou HP positiva para
determinada droga, esta deve ser tentada em primeiro lugar).

*Se não houver HP, deve-se utilizar um ISRS ou tricíclico na primeira escolha. Disfunção sexual e efeitos
gastrointestinais são os EC mais comuns. Se não houver resposta, mudar a classe e/ou potencialização
do mesmo podem ser tentados.

*A retirada do antidepressivo deve ser gradual, ao longo de 1-2 semanas.

*A eletroconvulsoterapia é reservada aos casos de transtorno depressivo grave com sintomas psicóticos
e refratários aos antidepressivos.

*O tratamento de manutenção consiste em usar antidepressivo por pelo menos 1 ano após a remissão
dos sintomas.

*Cerca de 50% dos pacientes tendem a recair. A partir da terceira, o médico esta autorizado a tratar
continuamente pelo resto da vida.

2) Transtorno do pânico (ansiedade)


Introdução:

Caracteriza-se pela ocorrência espontânea e inesperada de ataques de pânico (episódios agudos e


graves de ansiedade, de curta duração), isto é, períodos distintos de medo intenso que podem variar de
vários ataques por dia a apenas poucos por ano. Costuma ser acompanhado de agorafobia (medo de
ficar só em locais públicos), particularmente naqueles em que seria difícil uma saída rápida durante o
curso de um ataque de pânico.

 Inicia-se na idade adulta.


 Ocorrência espontânea.
 Mulheres são acometidas 2 a 3 vezes mais que os homens.
 Prevalência de 1,5 a 5% para transtorno do pânico e 3 a 5,6% para ataques de pânico.

Clínica:

 O primeiro ataque é espontâneo, os demais podem ser motivados por excitação, esforço físico,
atividade sexual, trauma emocional, cafeína, álcool, nicotina.
 Começa com um período de 10 minutos de sintomas crescentes – medo, sensação de morte,
confusos, não identifica a fonte do seu medo, taquicardia, palpitações.
 Duração de 20-30 minutos, raramente mais que 1 hora.

Tratamento:

 Farmacoterapia
- ISRS (principal)
- Tricíclico
- Benzodiazepínico
 Psicoterapia

- Duração: geralmente de 8 a 12 meses. 30 a 90% tem recaída se a medicação for interrompida.

Prognóstico:

 Ocorre geralmente no inicio da vida adulta, tendendo a ser crônico.


 30 – 40% ficam livres dos sintomas no acompanhamento de longo prazo, 50% tem sintomas
leves que não afetam sua vida de modo significativo e 10-20% continuam com a
sintomatologia.

3) Esquizofrenia
Introdução:

 Perda do juízo de realidade, SEM perda da consciência.


 Transtorno grave, de causa desconhecida, crônico e de ruim prognóstico.
 Prevalência igual em ambos os sexos.
 Incidência de 1% na população.
 Ocorre uma deterioração do aparelho psíquico. Não há cura completa.

Etiologia:

 Não há um agente causador isolado.


 Modelo da diátese-estresse: o indivíduo que desenvolve esquizofrenia teria uma
vulnerabilidade biológica específica (diátese), que, ativada pelo estresse, permitiria o
aparecimento dos sintomas.
 Causas:
- genética
- neurobiológica
- psicossocial

Clínica:

 Polimorfo e heterogêneo.
 Não há sinal/sintoma patognomônico.
 Personalidades pré-mórbidas:
- esquizóide (introspectivo)
- esquizotípica (supersticioso)

*Avaliação psicopatológica:

- Aparência (cuidados diminuídos)


- Comportamento (agitado)
- Afeto (empobrecido, embotamento)
- Sensopercepção (alucinações corporais)
*Não há alucinações visuais na esquizofrenia!
- Pensamento (descarrilamento, delírios)
- Linguagem (mutismo, neologismos)
- Psicomotricidade (agitação, inibição)
- Vontade (diminuída)
- Inteligência (preservada)
- Consciência do eu (perdida)

*Sintomas positivos (ou produtivos) e negativos (ou deficitários):

 Sintomas positivos: delírios e alucinações, além de comportamento bizarro, comportamento


repetitivo, produções lingüísticas com neologismos.
 Sintomas negativos: embotamento afetivo, pobreza da fala (alogia) ou de seu conteúdo,
bloqueio, auto-higiene pobre, falta de motivação, anedonia e retraimento social.

*Os pacientes do tipo I tendem a ter principalmente sintomas positivos, estruturas cerebrais normais
em imagens de TC e resposta relativamente boa ao tratamento. Os do tipo II apresentam, em sua
maioria, sintomas negativos, anormalidades cerebrais estruturais em imagens de TC e resposta pobre
aos tratamentos.
*Não existem exames complementares para fechar o diagnóstico!

*D.D.: tumores cerebrais, colagenoses, abuso de substancias psicoativas.

Tipos:

a) Paranóide

 Delírios e alucinações.

b) Hebefrênica

 Desorganização do pensamento, afeto inadequado, comportamento pueril, sintomas negativos


proeminentes.

c) Catatônica

 Predomínio dos distúrbios da psicomotricidade.

d) Depressão pós-esquizofrenica

 Ocorre no fim de uma crise esquizofrênica


 Predomínios de sintomas depressivos

Tratamento:

 Farmacoterapia
- APS
 Psicoterapia

4) Transtorno de personalidade
Introdução:

 Predomínio em mulheres os transtornos borderline e histriônica.


 Suscetibilidade herdada + fatores ambientais
- biológicos: Alteração na função de alguns sistemas de neurotransmissão (serotonina,
vasopressina), Lesões pré-frontais.
- ambientais: Modelo paternal aprendido em ambiente familiar, Conflitos entre os pais, abuso
físico e sexual na infância e institucionalização.
 A OMS considera que o dx é inapropriado antes da idade de 16 ou 17 anos.

Tipos:

- Dividido em três grupos:

 Comportamentos estranhos e excêntricos (A,B,C)


 Comportamento dramático, lábil, instável e errático (D,E,F,G)
 Comportamento ansioso e temeroso (H,I,J)

a) Paranóide

 Interpreta as ações alheias como ofensivas, ameaçadoras e conspirantes.

b) Esquizóide

 Retraimento social, isolamento e distanciamento.

c) Esquizotípica
 Extravagantes, supersticiosos e bizarros.

d) Anti-social

 Ausência de culpa
 Sedutores
 Impulsivos/baixo limiar de frustração
 Agressividade

e) Boderline

 Limite entre neurose e psicose


 Autodestrutivos
 Baixo limiar a frustração
 Intolerância a solidão
 Amor/ódio
 Oscilações do humor

f) Histriônico

 Comportamento dramático/teatral
 Centro das atenções
 Sugestionabilidade
 Vaidosos

g) Narcisistas

 Especiais
 Intolerância a críticas
 Ausência de empatia
 Reagem mal ao envelhecimento

h) Esquiva (ansiosa)

 Ansioso em lidar com o publico, timidez.


 Temerosos à rejeição

i) Dependente

 Dificuldades de decisões, submissão e preocupação com o abandono.

j) Obsessivo-compulsivo (anancástica)

 Regras, listas, ordem, perfeccionismo exagerado e inflexibilidade.

Tratamento:

 Sintomático!
*exceto borderline: estabilizador do humor (anticonvulsivante, antidepressivos,
benzodiazepínicos, psicoterapia).
 Psicoterapia
 Hospitalização (casos emergenciais).

5) Transtornos somatoformes
Grupo de doenças quem tem sinais e sintomas corporais como principal componente. Envolve
interações mente-corpo. Mecanismos ainda desconhecidos.
Tipos:

1) T. somatização

 Sintomas físicos múltiplos, sem achados físicos/laboratoriais.


 Combinação de sintomas de dor (4), gastrointestinais (2), sexual (1) e pseudoneurológico (1).
 Crônico, geralmente se inicia antes dos 30 anos.
 Mais comum em mulheres.
 Associa-se ao sofrimento psicológico, social e ocupacional.
 Podem coexistir com outros transtornos mentais (em até 50%).

2) T. doloroso

 Presença de dor (foco predominante da atenção clínica) em um ou mais locais que não é
inteiramente explicada por uma condição médica/neurológica não-psiquiátrica.
 Fatores psicológicos tem importante papel.
 Duas vezes mais prevalente em mulheres.
 Pico na 4-5 década de vida.
 Causa prejuízo social/ocupacional

3) T. conversivo

 1 ou mais sintomas neurológicos (parestesias, dificuldade visual, falta de força), sem achados
clínicos.
 Mais comum no sexo feminino.
 Crônico

4) Fibromialgia

 Dor grave, persistente, às vezes incapacitante.


 Associado a transtornos do humor.
 Mais comum em mulheres.

5) Dismórfico corporal

 Preocupação exagerada ou distorção de um efeito mínimo, causando grande sofrimento.

6) Hipocondríaco

 Preocupação de um indivíduo com o medo de contrair ou crença de ter uma doença grave. Tais
preocupações levam ao sofrimento e deteriorização em seus papeis pessoais, sociais e
ocupacionais.
 Mais comum na terceira década.
 F 1:1 H
 Curso geralmente episódico, duração de meses separados por períodos quiescentes igualmente
longos.

7) Factício (S. de munchausen)

 Produção de sintomas físicos ou mentais


 Necessidade de assumir o papel do paciente
 Não possui tratamento, prognostico ruim.

Tratamento:

 Psicoterapia
 Farmacoterapia
- ISRS
- Benzodiazepínicos

6) Transtorno obsessivo-compulsivo
Introdução:

As características essenciais do TOC são obsessões ou compulsões recorrentes suficientemente graves a


ponto de consumirem tempo ou causarem sofrimento acentuado ou prejuízo significativo. O paciente
pode ter obsessão, compulsão ou ambas.

A obsessão é um pensamento, sentimento, ideia ou sensação recorrentes, intrusivos e inadequados,


que causam acentuada ansiedade ou sofrimento. As compulsões são comportamentos repetitivos,
conscientes, padronizados, como, contar, verificar ou evitar; c/ o objetivo de prevenir ou reduzir a
ansiedade ou sofrimento, em vez de oferecer prazer ou gratificação.

 Inicia-se geralmente aos 30 anos


 Atinge igualmente ambos os sexos
 Critica e noção de morbidade estão preservados
 Tende a ser crônico
 30% possuem depressão associada

Clínica:

O TOC possui quatro tipos de sintomas principais:


 Contaminação: o problema mais comum é uma obsessão de contaminação, seguida pelo lavar
ou acompanhado pela evitação compulsiva do objeto tido c/ contaminado. Embora a ansiedade
seja a resposta emocional mais comum, a vergonha e o nojo obesessivo tbm são recorrentes.
 Dúvida patológica: o segundo tipo mais comum é a obsessão da dúvida, seguido pela
compulsão de verificar. Por vezes, ela implica certo perigo de violência.
 Pensamentos intrusivos: no terceiro tipo, há pensamentos intrusivos sem compulsão. Em geral,
são pensamentos repetitivos de um ato sexual agressivo que é repreensível p/ o pcte; o que o
faz denunciar-se à polícia ou confessar-se ao padre.
 Simetria: o quarto tipo é a necessidade de simetria ou precisão que pode levar a compulsão e
lentidão.
Tratamento:

 Farmacoterapia
- Tricíclico (clomipramina)
- ISRS
- Antipsicóticos
 Psicoterapia

7) Transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas


 Uso nocivo
 Tolerância
 Dependência

- Álcool

 Depressor do SNC
 Dependência
 Intoxicação aguda (rebaixamento da consciência)
- euforia, tontura, ataxia, confusão e desorientação, disartria, anestesia, esturpor, coma,
depressão respiratória, morte.
 Abstinência (5-10 dias)
- tremores (24-36h)
- dellirium tremens (3-4d)

*Tríade do DT: rebaixamento da consciência, desorientação temporal-espacial, alucinações/ilusões.


Tratar com APS + Tiamina (wernicke). Depois substituir APS por BZD.

Tratamento:

 Motivacional
- pré-contemplação
- contemplação
- ação
- manutenção
 Objetivos
- abstinência total
- prevenir recaídas
- reabilitação

8) Transtorno bipolar (humor)


Introdução:

1) TB I: episódios de mania/depressivos
2) TB II: episódios de hipomania/depressivos
3) Transtorno ciclotímico: episódios de hipomania/distímicos.
4) TB misto: no mesmo dia haveria alternância entre depressão e mania.

Clínica:

a) síndrome depressiva (depressão)

b) síndrome maníaca

 Serotonina sobe e eleva juntamente suas funções psíquicas


 Euforia e alegria
 Taquipsiquismo (aceleração do pensamento)
 Aumento da autoestima
 Elação (sentimento de grandiosidade)
 Hipervigilância
 Desinibição
 Logorréia (fala excessiva)
 Afeto instável (irritável)
 Delírios de grandeza
 Critica prejudicada

Tratamento:

 Farmacoterapia
- ISRS (única classe segura, os demais têm chance de virada maníaca)
- Estabilizador do humor (carbonato de lítio, anticonvulsivantes)

*Presença de sintomas delirantes, usa-se APS (haloperidol) ou BZD (clonazepan).

 Hospitalização, se:
- Necessidade de procedimentos diagnósticos
- Risco de suicídio ou homicídio
- Capacidade reduzida de autocuidados básicos.
- História de sintomas progressivos
- Ruptura do sistema de apoio habitual

Outros:

9) Psicofarmacos
a) ISRS

 Fluoxetina (meia vida longa, 15d), paroxetina, sertralina, citralopram.


 EA: diminui apetite, libido, náuseas, tonturas. Tendem a desaparecer com o uso continuo.

b) Tricíclicos

 Imiramina, amitriptilina, nortripitilina


 Inibe a receptação da noroadrenalina principalmente.
 CI: cardiopatia de condução (pioram arritmia), evitar em idoso (hipotensão postural por
bloqueio alfa-adrenergico).

c) IMAO

 Tramilcipromina
 Nunca associar com tiramina (queijos, vinhos, enlatados, frutos do mar), descongestionantes
nasais (hipertensão), outros ADT (síndrome serotonérgica).

d) DUAIS

 Inibidor da receptação de noroadrenalina e serotonina.


 Venlafaxina
 EA: semelhante aos ISRS

e) APS

 Bloqueiam dopamina
 Típicos (haloperidol) – bloqueia D2
 Atípicos (risperidona, clozapina, quetiapina) – bloqueia D1, D3 e D4
 EA típicos: convulsões, galactorreia (aumento da prolactina), acatisia (tremores), distonia
aguda, parkinsonismo medicamentoso, discinesia tardia (movimentos descoordenados),
síndrome neuroléptica maligna (hipertermia, hipertensão e rebaixamento de consciência).
 EA atípicos: dislipidemia, aumento do colesterol, ganho de peso, alterações hematológicas.

f) Carbonato de Lítio

 Dose terapêutica próxima da dose toxica


 CI: nefropatas e tireoideopatas.

g) Anticonvulsivantes

 Carbamazepina, acido valproico, topiramato, fenobarbital, fenitoina

h) BZD

 Sempre usar por curto espaço de tempo, devido ao risco de tolerância e dependência.

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