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Psicopatologia

O que é a psicopatologia?
• Ciência geral que estuda as perturbações do funcionamento psicológico em todas
as suas dimensões:
o Afetiva
o Cognitiva
o Comportamental
o Relacional
• Estuda a história, natureza e o desenvolvimento das perturbações mentais
• Etiologia: história e causas
• Tenta estabelecer a diferença entre o normal e o patológico
• Estuda e descreve estados mentais patológicos e seus sintomas através de
conceitos gerais para os ordenar e classificar
• Atribui uma designação a fenómenos psíquicos anormais e permite um linguagem
comum e objetiva
• Importância primordial à construção de sistemas de classificação categórica:
DSM-5 e CID-10)
• Psicopatologia tem 2 vertentes explicativa e descritiva
o Descritiva: descrição e categorização das manifestações psicopatológicas,
dentro destas manifestações existem: manifestações objetivas (ex.
paciente em consulta mais agitado) e manifestações subjetivos (emoções
que sentem e partilham, muito associadas à perceção do mesmo sobre os
seus sentimentos)
o Explicativa tenta explicar as causas
• “É mais importante conhecer as pessoas que tem a doença do que conhecer a
doença que a pessoa tem” Hipócrates

Perturbações depressivas
Depressão é uma doença de diagnostico clínico. Constelação de sinais e sintomas que
atinge os afetos, o pensamento, a cognição, o comportamento, o próprio organismo,
provocando alterações biológicas. Se esta for ligeira a terapia verbal será 100% eficaz
caso contrário terá de recorrer a mediação.

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Em Portugal existem 578 mil caos de depressão e apresenta dos maiores níveis de
utilização de benzodiazepinas a nível europeu

Apresenta serias consequências a nível pessoal, interpessoal e social e está associada a


substancial morbilidade e mortalidade. Nem sempre encontramos casos únicos, ou seja,
encontramos associado a mais doenças

Importância da avaliação de pensamentos de morte

A depressão é considerada um Global burden- peso global, as pessoas deixam de


conseguir trabalhar, colocam baixas o que se torna um peso social. É um problema de
saúde publica.

A Organização Mundial de Saúde em 2001, classificou pela 1ª vez as perturbações


(PERT) mentais como um dos fatores contribuintes para a carga global de doença. Em
2020 a depressão será a 2ª maior causa de incapacidade a nível mundial, sendo a doença
cardiovascular a 1ª.

Existem uma maior prevalência nas mulheres uma vez que esta tem trabalho a tempo
inteiro mais as tarefas de casa o que promova uma maior carga de stress sobre a mulher
o que a torna mais suscetível à sintomatologia da depressão. A longevidade das mulheres
em relação aos homens é maior (esperança de vida 5 anos mais que a dos homens) devido
à relutância dos homens em pedir ajuda o que pode então causar que esta doença esteja a
ser subdiagnosticada dos homens

Etiologia multifatorial (fator explicativo):

• Genéticos e biológicos
• Psicossociais: impulsividade, ser influenciado, motivação extrínseca ao mesmo,
neuroticíssimo tendência para estados emocionais negativos, varáveis ambienteis:
experiências ao longo da vida, ter em conta os fatores protetores e fatores de
vulnerabilidade
• Combinações de variações genéticas que acentuam a vulnerabilidade. Estas
doenças ocorrem quando as variações genéticas que criam vulnerabilidade
interagem e são amplificadas por fatores ambientais. Interação gene-ambiente.
• Alterações químicas a nível cerebral, afeta várias áreas do cérebro que altera o
humor, torna as pessoas menos capazes de ver as coisas positiva.

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• Alterações nos itinerários nervosas e nos compostos químicos do cérebro que
podem afetar a nossa disposição e os nosso pensamentos.
• Estas alterações neurológicas podem surgir como sintomas de depressão
• A compreensão dos substratos neuronais na depressão é ainda imperfeita. A
depressão afeta várias áreas do cérebro que desempenham um papel importante
no humor, mas também na memoria e noutras funções mentais e físicas.

Fatores de risco
o História familiar de depressão, episodio de depressão prévio
o Ser mulher, acontecimentos de vida stressantes
o Gravidez e parto
o Determinados traços de personalidade, baixo suporte social

De acordo com o DSM-5 entregam uma variedade de condições clínicas e estas diferem
na duração (quanto tempo a pessoa tem de estar naquele estado), timing (altura que
acontece) e etiologia (as causas).

Categorias da depressão:

• Desregulação do humor disruptivo


• Depressiva major (uma das mais prevalentes)
• Depressiva persistente (que se distingue da major pela duração)
• Disfórica pré-menstrual
• Induzida por substância/ medicamento
• Devido a outra condição medica

Características comuns:

• Tristeza
• Vazio ou humor irritável
• Alterações somáticas e cognitivas- ex. aumento/ diminuição do peso, perda do
apetite ou aumento deste, fadiga, alterações do sono (insónia inicial, intermedia
ou terminal), pensamento lentificado, dificuldade de concentração, ideação
suicida ou plano suicida
• Alteração significativa no funcionamento, para ser depressão tem de ter uma
alteração no funcionamento no trabalho, na família, nas relações

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Perturbação depressiva major
Nota: Critério A- critério núcleo- se este não estiver presente excluímos a perturbação

5 critérios- ligeira se preencher os nove é mais grave

A. Presentes 5 (ou mais) dos seguintes sintomas durante um período de 2 semanas


consecutivas e representam alteração do funcionamento prévio; pelo menos um
dos sintomas é: 1) humor deprimido ou 2) perda de prazer ou do interesse
1. humor deprimido durante a maior parte do dia, quase todos os dias, indicado
pelo ou pelo relato subjetivo ou pela observação de outros.
2. diminuição clara do interesse ou prazer em todas, ou quase todas, a atividade
durante a maior parte do dia, quase todos os dias.
3. perda de peso, não estando a fazer dieta (ponto importante), ou aumento de
peso significativo (mais de 5% num mês) ou diminuição ou aumento do apetite
quase todos os dias.
4. insónia (dificuldade a dormir) ou hipersónia (dorme muito mais do que o que
é suposto quase todos os dias.
5. agitação ou lentificação psicomotoras quase todos os dias (observada pelos
outros)
6. fadiga ou perda de energia quase todos os dias.
7. sentimentos de desvalorização ou culpa excessiva ou inapropriada, quase
todos os dias.
8. diminuição da capacidade de pensar ou de concentração, ou indecisão, quase
todos os dias.
9. pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida recorrente sem plano
específico ou tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio
B. Os sintomas causam mal-estar clinicamente significativo ou défice social,
ocupacional, ou em qualquer outra área importante do funcionamento.
(fazer o diagnostico diferencial através da entrevista clínica para analisar o critério
C)
C. O episódio não é atribuível aos efeitos de uma substância ou a outra condição
médica.

Nota: respostas a perdas significativas (luto, ruína financeira, perdas causadas por
desastre natural, doença médica grave ou incapacidade) podem incluir sentimentos de

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tristeza intensa, ruminação acerca da perda, insónia, diminuição do apetite e perda de peso
(critério A). Tentar perceber o que causa a sintomatologia depressiva

(Para diagnosticar excluir D e E, ou seja, excluir as perturbações que também tem estes
tipos de sintomas)

D. Não é mais bem explicado por PERT Esquizoafetiva, Esquizofrenia, PERT


esquizofreniforme, PERT delirante ou PERT do Espectro da Esquizofrenia com
outra especificação ou por outras PERT psicóticas.
E. Nunca existiu um episódio maníaco ou hipomaníaco.

Prevalência
• a 12m (EUA) – 7%
• Prevalência entre os 18 e os 29 anos é 3x> à prevalência em indivíduos com 60>
anos.
• 1,5 a 3 x> no sexo feminino, desde o início da adolescência.

Fatores de risco
• Temperamentais: Neuroticismo (tendência para estados emocionais negativos)
• Ambientais: experiências adversas na infância (negligencia, abusos, mais tratos)
acontecimentos de vida (AV) stressantes que muitas vezes é um precipitantes
• Genéticos e Fisiológicos: risco 2 a 4 vezes > em familiares 1º grau

Desenvolvimento e curso
• Pode ter início em qualquer idade; probabilidade aumentada com a puberdade
fruto das alterações que esta acarreta.
• 3ª década de vida - pico de incidência (EUA), pode estar associado ao começar a
vida adulta etc...
• O curso é bastante variável.

Risco de suicídio
• A possibilidade de comportamentos suicidários existe em qualquer momento
durante os episódios. Da mesma maneira que a depressão é um fator de risco para
criar outra depressão, a história previa de suicídio também torna mais propicio a
outro

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• O fator de risco mais consistente é a história prévia de tentativas ou ameaças de
suicídio (a maioria dos suicídios consumados não é precedida por tentativas
malsucedidas).
• Risco aumentado: sexo masculino, ser solteiro ou viver sozinho, sentimentos de
falta de esperança.

Consequências funcionais
• Os défices podem ser muito ligeiros a completa incapacidade funcional. Deixa de
conseguir cuidara da casa, filhos, deixa de ir trabalhar…

Perturbação depressiva persistente- distimia


A. Humor depressivo durante a maior parte do dia, mais de metade dos dias, durante
pelo menos 2 anos (1 ano para crianças e adolescentes), indicado pelo relato
subjetivo ou pela observação dos outros.
B. Presença, enquanto deprimido, de 2 ou mais dos seguintes sintomas:
1. apetite diminuído ou aumentado.
2. insónia ou hipersónia
3. baixa energia ou fadiga
4. baixa autoestima.
5. falta de concentração ou dificuldade em tomar decisões.
6. sentimentos de desesperança.
C. Durante um período de 2 anos, o indivíduo nunca esteve sem sintomas dos
critérios A e B por mais de 2m de cada vez.
D. Os critérios para perturbação depressiva major podem estar continuamente
presentes durante 2 anos.
E. Nunca existiu um episódio maníaco ou hipomaníaco e nunca foram preenchidos
os critérios para perturbação ciclotímica.
F. Não é mais bem explicado por perturbação Esquizoafetiva persistente, PERT
delirante ou PERT do Espectro da Esquizofrenia com outra especificação ou por
outras PERT psicóticas.
G. Os sintomas não são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de uma substância (e.g.,
droga de abuso) ou a outra condição médica (e.g., hipotiroidismo).
H. Os sintomas causam mal-estar clinicamente significativo ou défice social,
ocupacional ou em qualquer área importante do funcionamento.

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Prevalência, desenvolvimento e curso
• a 12 meses: 0,5% (EUA).
• Início muitas vezes insidioso (i.e., na infância, adolescência e no início da idade
adulta), curso crónico.
• Início precoce (< 21 anos): mais elevada probabilidade de PERT de personalidade
comórbidas e com PERT de uso de substâncias.
• Quanto mais cedo surge a perturbação pior o diagnostico

Fatores de risco
• Temperamentais: Neuroticismo, > gravidade dos sintomas, pior funcionamento
global e presença de PERT de ansiedade ou de PERT do comportamento.
• Ambientais: (na infância) perda ou separação parental. Cabe ao psicólogo
perceber o impacto destes acontecimentos
• Genéticos e fisiológicos: familiares em 1º grau
Consequências funcionais
• Efeitos conseguem ser tão marcados, ou mesmo superiores, aos da PERT
depressiva major
• Uma depressão major pode passar a distimia

Casos clínico
Sexo feminino

Idade: 23 anos

Origem hispânica

2 semanas pós-parto da 2ª gravidez? eventual participante

Reencaminhada por enfermeira materno-infantil devido a humor depressivo (critério A


para depressão major), afeto aplanado e fadiga (critério 6)

Gravidez não planeada (marido por termo à gravidez) fator de vulnerabilidade

Durante a gravidez não trabalhava (fator de risco) devido ao cansaço o que deixou o
marido “aborrecido”

Durante a gravidez a mulher estava disfórica e desesperada

Após o parto a mulher ficou sobrecarregada (fator…)

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Dificuldades na amamentação o que levou a achar o bebé a rejeita

Cansaço físico por ter de passar muito tempo ao longo do dia com o bebé ao colo

Gravidez não desejada (fator de vulnerabilidade)

Cuidava sozinha do bebe de duas semanas e filha de 16 meses uma vez que o marido se
encontrava muitas vezes fora devido a trabalho (fator de vulnerabilidade- falta de apoio)

Dormia pouco (ponto 4), fatiga, chora com frequência

Boa relação com os pais (fator protetor)

Mora longe da família

Parentes com estados deprimidos

Não tem história psiquiátrica nem de tratamentos anteriores

Não usava substâncias

Perturbação do uso de trabalho em remissão completa

Não tem ideação suicida ou homicida

Insight e juízo critico preservados (fator protetor)

depressão major com 6 critérios

Diagnostico: considerando que são 6 critérios é a gravidade moderada com código


296.22 (F321) - perturbação depressiva major, episodio único, moderado, sem
características psicóticas, com início no período peri-parto

Perturbações de ansiedade
• Perturbação de Ansiedade de Separação (associada a separação de figuras de
vinculação)

• Mutismo Seletivo (capacidade seletiva de comunicar)

• Fobia Específica

• Perturbação de Ansiedade Social (Fobia Social)

• Perturbação de Pânico

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• Agorafobia

• Perturbação de Ansiedade Generalizada

• Perturbação de Ansiedade Induzida por Substância/Medicamento

• Perturbação de Ansiedade Devida a Outra Condição Médica (e.g.,


hipertiroidismo)

• Perturbações de Ansiedade com Outra Especificação

• Perturbação de Ansiedade não Especificada

Apresentam em comum:

• Medo e ansiedade excessivos

• Alterações do comportamento relacionadas (fruto do medo ou ansiedade


excessivo).

• O medo e a ansiedade são estados que se sobrepõem, mas que também divergem.

Medo considerado como uma resposta emocional a uma ameaça iminente real ou
percebida; associado a picos de excitação autonómica necessários à luta ou fuga,
pensamentos de perigo imediato e comportamentos de fuga

Ansiedade associada a antecipação de uma ameaça futura; mais associada à tensão


muscular e a estados de vigilância em preparação para perigos futuros e comportamentos
cautelosos e de evitamento.

Sintomas de ansiedade
Físicos Cognitivos Comportamentais Emocionai
• Sudação (transpiração • Antecipação do sofrimento • Fuga • Receio, temor
excessiva) • Exagero do perigo • Evitamento (ex. fobico • Terror
• Aperto no peito • Problemas de concentração, social tende a evitar • Inquietação
hipervigilância
• Aumento da tensão acontecimentos sociais) • Irritabilidade
• Preocupação (associada a lago que
muscular • Controlo
vamos fazer), ruminação (associada a
• Respiração rápida ou falta acontecimentos passados) • Verificação
de ar • Medo de perder o controlo, medo de • Tranquilização, etc.
• Taquicardia, etc. morrer (muito habitual nas pessoas
Alguns são visíveis e outros não, que tem ataques de pânico)
os visíveis podem aumentar os • Desrealização (sente que está a ver-se
estados por a pessoa se de fora, habitualmente acontece no
aperceber que os outros sabem o pânico)
que esta a passar ex. sudação)
As perturbações de ansiedade diferem entre si:

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• Tipos de objetos ou situações que induzem medo, ansiedade ou comportamentos
de evitamento

• Na ideação cognitiva associada, que pensamentos acompanham este medo

Perturbação da ansiedade VS medo ou ansiedade ‘normal’/ transitórios:

• Excessivas ou persistem para lá dos períodos do desenvolvimento adequados;


Persistentes (tipicamente >6m; critério geral).

• Em geral, desenvolvem-se na infância - persistem se não tratadas;

• 2:1 (M:H) - prevalência superior nas mulheres

Fobia especifica
Associada a estímulos muito específicos

A. Medo ou ansiedade marcados em relação a um objeto ou situação específicos


(e.g., viajar de avião, alturas, animais, ver sangue, levar uma injeção). Nota: Nas
crianças, o medo e a ansiedade podem ser expressos por choro, birras, imobilidade
ou ficar colado às pessoas.

B. O objeto ou a situação fóbica quase sempre provocam medo ou ansiedade


imediatos.

C. O objeto ou a situação fóbica são ativamente evitados ou enfrentados com medo


e ansiedade intensos.

D. O medo e a ansiedade são desproporcionais ao perigo real que o objeto ou a


situação específicos colocam e ao contexto sociocultural.

E. O medo, a ansiedade ou o evitamento são persistentes, durando tipicamente 6


meses ou mais. Esta duração é meramente indicativa, p.e. se alguém tem todos os
critérios à 5 meses pode ser diagnosticado

F. O medo, a ansiedade ou o evitamento causam mal-estar clinicamente


significativo ou défice social, escolar, ocupacional ou noutras áreas importantes
do funcionamento.

G. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outra perturbação


mental, incluindo medo, ansiedade e evitamento de situações associadas a

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sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes (como na agorafobia);
objetos e situações relacionados com obsessões (como na POC); recordações de
acontecimentos traumáticos (como na PTSD); separação de casa ou das figuras de
vinculação (como na PA de Separação); ou situações sociais (como na PA Social)

Especificar a sua natureza:


• Animal (e.g., aranhas, insetos, cães). Ativação do sistema simpático, ração de fuga

• Ambiente natural (e.g., alturas, tempestades, água)

• Muitas destas fobias são apreendidas na infância (ex. se a mãe tem uma fobia e
reage a criança aprende por modelação)

• Sangue-injeções-ferimentos (e.g., agulhas, procedimentos médicos invasivos).


Sistemas nervoso parassimpático, desmaia p.e.

• Situacional (e.g., aviões, elevadores, espaços fechados)

• Outro (e.g., situações que possam provocar asfixia ou vómito; nas crianças, por
exemplo, sons altos ou figuras mascaradas).

Especificadores:
• É comum que os indivíduos tenham múltiplas fobias específicas.

• Média individual = 3 objetos ou situações ¡ 75% - medo de 1> situações/objetos

• Múltiplos DX de Fobia Específica

Características de diagnostico
• Um indivíduo que se torna ansioso apenas ocasionalmente (em cada 5 viagens de
avião, fica ansioso 1) não deve ser DX com Fobia Específica.

• Evitamento ativo – comporta-se intencionalmente no sentido de prevenir ou


minimizar o contacto com o objeto ou situação fóbicos – úteis na confirmação do
DX.

• Se a pessoa exprime um medo a algo que não presencia não é diagnosticada a


fobia, ex. tem medo de andar de aviões mais não a possibilidade de o experienciar

Características associadas que suportam o diagnostico


• Aumento da excitabilidade fisiológica em antecipação ou durante a exposição.

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• A resposta fisiológica varia: nas fobias específicas situacional, ambiente natural e
animal propensão para alterações do SNA; fobia específica sangue-injeções
ferimentos têm uma reação vasovagal (SNP).

Prevalência
• a 12m (na comunidade): 6% (Europa); 7-9% EUA.

• 5% em crianças pequenas; 16% dos 13-17 anos; 3-5% em indivíduos mais velhos.

• 2:1 (M:H)

Desenvolvimento e curso
• Na sequência de um AV traumático, observação de outros a passarem por um AV
traumático, transmissão informativa (e.g., TV).

• Muitos indivíduos são incapazes de se lembrar da razão específica que


desencadeou a(s) fobia(s).

• Início: 7-11 anos; X=10 anos.

• Pode-se desenvolver em qualquer idade.

• Improvável que as fobias que persistem na idade adulta remitam.

• Em crianças – importante recolher informação junto dos pais, professores, etc.

Fatores de risco e prognostico


• Temperamentais: Afetividade negativa (N) ou inibição comportamental.

• Ambientais: proteção parental excessiva, perda ou separação parental ou abusos


físico e sexual, acontecimentos de vida (AV) negativos ou traumáticos. Nas
crianças muito envergonhadas, com inibição comportamental (sempre se conhece
um estranho corre para os pais) é uma fator de vulnerabilidade

• Genéticos e fisiológicos: familiar em 1º grau.

Consequências funcionais (que tipo de consequências acarreta na vida da pessoa)

• Incapacidade no funcionamento psicossocial;

• Diminuição da qualidade de vida (défices no funcionamento ocupacional e


interpessoal).

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Comorbilidades (mais do que um diagnostico)

• Raramente ocorre sem comorbilidade.

• Depressão (em adultos)

• Risco > de desenvolver outras perturbações (e.g., PA, depressiva, de


personalidade/dependente; perturbações de uso de substâncias).

• Probabilidade 60%> de tentativas de suicídio VS sem diagnostico.

Caso clínico
Sexo masculino, 51 anos

Queixa: não consegue andar de avião

Duração: 3 anos

Sentimentos de ansiedade

Fator precipitante: primeira experiência negativa (aterragem de avião no meio de uma


tempestade de neve);

Fator de vulnerabilidade: distância social da família

Fator protetor: esta a trabalhar; procurou ajuda (tem insight da sua saúde); tem uma
companheira; ausência de história psiquiátrica pessoal previa e familiar; temperamento
(homem de sucesso e com facilidade de falar em publico)

Estilo de coping não adaptativo: beber antes da viagem para relaxar; beber 3 copos de
vinho ao jantar

Sente tristeza e desapontamento, no entanto não é indicativo de depressão

História de fobia animal em infância

Fobia especifica
Critério A: sente ansiedade intensa apenas com o pensamento de voar; em criança ficava
“petrificado” com a possibilidade de ver um animal selvagem

Critério B: 1 ano após a aterragem, andou de avião e gritou tanto na descolagem como na
aterragem; desde criança

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Critério C: 1 ano antes da avaliação entrou em pânico e não conseguiu realizar a viagem
para ir ao casamento da filha; recusar proposta de trabalho; recusa acampar com a família
e participar em caminhadas pelo campo

Critério D: ansiedade e medo desproporcionais;

Critério E: sentimentos com duração de 3 anos;

Critério F: começou a beber para relaxar; impede-o de viajar para ir visitar, conhecer a
neta

Critério G: exclui-se depressão; negou ansiedade noutras situações e problemas com


álcool

Diagnostico: 300.29 (F40.248) fobia especifica situacional (aviões)

Perturbação de ansiedade social (fobia social)


Tem como critério nuclear: medo ou ansiedade, excessivos, de uma ou mais situações
sociais. Evitamento da situação é um fator de manutenção do problema

Critérios de diagnostico
A. Medo ou ansiedade marcados de uma ou mais situações sociais em que o
indivíduo está exposto ao possível escrutínio dos outros. Os exemplos incluem
interações sociais (como uma conversa, encontro com pessoas desconhecidas), ser
observado (e.g., a comer ou a beber) e em situações de desempenho perante os
outros (e.g., falar em público).
Nota: em crianças, a ansiedade tem de estar presente com os pares e não apenas
durante a interação com adultos.
B. O indivíduo teme comportar-se ou mostrar sintomas de ansiedade que possam ser
avaliados negativamente (i.e., que seja humilhante ou embaraçoso; que leve à
rejeição ou ofensa dos outros).
C. As situações sociais provocam quase sempre medo ou ansiedade.
Nota: Em crianças, o medo e a ansiedade podem ser expressos por choro, birras,
imobilidade, colar-se aos outros, retraimento ou incapacidade de falar em
situações sociais.
D. As situações sociais são evitadas (reposta mais comum) ou enfrentadas com
intenso medo ou ansiedade.

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E. O medo ou a ansiedade são desproporcionados relativamente ao perigo real que
a situação social pressupõe e ao contexto sociocultural.
F. O medo, a ansiedade ou o evitamento são persistentes, com uma duração típica de
6 ou mais meses.
G. O medo, a ansiedade ou o evitamento causam mal-estar clinicamente
significativo ou um défice social, escolar, ocupacional ou noutras áreas
importantes do funcionamento.
H. O medo, a ansiedade e o evitamento não são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de
uma substância ou outra condição médica.
(a seguir vem os critérios de coisas a excluir)
I. O medo, a ansiedade ou o evitamento não são mais bem explicados por sintomas
de outra perturbação mental, tal como perturbação de pânico, perturbação
dismórfica corporal ou perturbação do espectro do autismo.
J. Se outra condição médica (e.g., Parkinson, obesidade, desfiguração provocada por
queimaduras ou lesões) está presente, o medo, a ansiedade ou o evitamento não
estão claramente relacionados ou são excessivos.

Especificador:
Apenas de desempenhos: se o medo se restringe a falar ou a situação de desempenho
em publico; podem ter só dificuldades nas interações, ou então nas avaliações, ou então
ambos.

Fobia a falar com grandes públicos: se só tenho este tipo de situações pontual (avaliação
oral) e sinto ansiedade, não se pode diagnosticar a fobia, no então se fazer apresentações
orais e etc. fizer arte da profissão já se pode diagnosticar

Características de diagnóstico
• Receio de parecer ansioso, fraco, aborrecido, etc.
• De não estar à altura da situação e ver o seu papel pessoal diminuído
• De atrapalhar-se nas palavras, de corar, transpirar, tremer- de modo a ser julgado
negativamente pelos outros
• Se fica ansioso apenas ocasionalmente em situações sociais não deve ser
diagnosticado com perturbação de ansiedade social
• O grau e o tipo de medo e ansiedade podem variar (ex. ansiedade antecipatória,
ataque de pânico)

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• O evitamento pode ser abrangente (não ir a festas, recusar-se a ir à escola) ou
subtil (limitar o contacto visual, desviar a tenção para outros)

Características associadas que suportam o diagnostico


• Podem ser inadequadamente assertivos ou demasiado submissos; muito
controladores da conversa
• Postura corporal excessivamente rígida ou contacto ocular inadequado, ou falar
com uma voz demasiado suave
• Podem ser tímidos ou evitantes, pouco abertos em conversas e revelar pouco sobre
si
• Podem procurar empregos que não exijam interação social, podem viver muito
tempo em casa
H. Podem protelar o casamento ou ter uma família
I. Podem viver a vida como domésticas e mães
• A automedicação com substâncias é comum (ex. beber antes de ir a uma festa)

Prevalência
• 12m: 7% (EUA); 2,3% (Europa).
• 12m (idosos): 2-5%
• >M; 1,5/2,2 população
• pronunciada nos adolescentes e jovens adultos.

Desenvolvimento e curso
• idade x de aparecimento (EUA): 13 anos
• inicio na idade adulta é raro (acontecimento de vida stressante ou humilhante,
novos papeis sociais- promoção no emprego)

Fatores de risco e de prognostico


• temperamentais: inibição do comportamento e medo de avaliações negativas
• ambientais: maus-tratos na infância ou outras adversidades psicológicas de início
precoce (a relação noa é casual)
• genéticos e fisiológicos: hereditária (familiares 1º grau 2-6 vezes maior)

Aspetos de diagnostico e género


Mulheres: maior número de medos sociais e perturbação depressiva, bipolar e da
ansiedade comórbidas

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Homens: maior probabilidade de recear namorar, ter perturbação desafiante de oposição
ou perturbação do comportamento ou uso de álcool e drogas ilícitas. Parurese

Consequências funcionais
• taxas elevadas de abandono escolar e diminuição do bem-estar, emprego,
produtividade no local de trabalho, estatuto socioeconómico e qualidade de vida
• ser-se solteiro, ou divorciado e sem filhos, particularmente entre homens
• impede atividades de lazer

Perturbação de pânico
A. Ataques de pânico inesperados recorrentes. O ataque de pânico é um período
abrupto de medo ou desconforto intensos que atinge um pico em minutos e
durante o qual 4 (ou mais) dos seguintes sintomas se desenvolvem:
Nota: o período abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou de um estado
ansioso.
1. palpitações, batimentos cardíacos ou ritmo cardíaco acelerado
2. suores
3. estremecimentos ou tremores
4. sensações de falta de ar ou de respirar
5. sensação de asfixia
6. desconforto ou dor no peito
7. náuseas ou mal-estar abdominal
8. sensação de tontura, desequilíbrio, de cabeça vazia ou de desmaio
9. sensação de frio ou de calor
10. parestesias (sensação de entorpecimento ou formigueiros)
11. desrealização (sensações de irrealidade) ou despersonalização (sentir-se
desligado de si próprio)
12. medo de perder o controlo ou de ‘enlouquecer’
13. medo de morrer
B. Pelo menos um dos ataques foi seguido por 1 mês ou mais de um ou de ambos os
seguintes:
1. preocupação persistente acerca de ter novos ataques de pânico ou das suas
consequências (e.g., perder o controlo, ter um ‘ataque cardíaco’ ou
‘enlouquecer’).

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2. uma alteração significativa mal adaptativa relacionada com os ataques (e.g.,
comportamentos dirigidos a evitar os ataques de pânico, tais como evitamento
da prática de exercício ou situações desconhecidas).
C. A perturbação não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (e.g.,
droga de abuso, medicamento) ou outra condição médica (e.g., hipertiroidismo).
D. A perturbação não é mais bem explicada por outra perturbação mental (e.g., os
ataques não ocorrem apenas em resposta a situações sociais temidas; em resposta
a objetos ou situações fóbicas específicas, em resposta a recordações de
acontecimentos traumáticos).

Características de diagnostico
• Frequência dos ataques de pânico
• Ataques moderadamente frequentes (1/semana, com regularidade durantes
meses)
• Surtos curtos mais frequentes (diários) separados por semanas ou meses sem
ataques
• Ataques menos frequentes (2/mês, durante muitos anos)
• Gravidade dos ataques de pânico
• Ataques com sintomas completos (4> sintomas)
• Ataques com sintomas limitados (<4 sintomas)
• Para diagnostico de perturbação de pânico: mais do que 1 ataques de pânico
inesperado completo
• As preocupações acerca dos ataques de pânico ou das suas consequências
relacionam-se habitualmente com aspetos:
1. Físicos (presença de doença ameaçadora)
2. Sociais (embaraça ou medo de ser julgado negativamente pelos outros devido
aos sintomas de pânico observáveis)
3. Funcionamento mental (medo de enlouquecer e perder o controlo)

Características de diagnostico que suportam o diagnostico


• Tipo de ataque de pânico inesperado: ataque de pânico noturno (acordar num
estado de pânico)
• Muitos indivíduos descrevem sensações constantes ou intermitentes de ansiedade
que estão amplamente relacionadas com a saúde mental

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Prevalência
• 12m- EUA e europa: 2-3% e, adultos e adolescentes
• 2:1 (M:H)
• <14 anos: 0,4%
• >64 anos: 0,7%

Desenvolvimento e curso
• Idade media (EUA): 20-24 anos
• Se não tratada- curso cronico, com períodos recorrentes de melhoria e
agravamento
• Curso complicado por perturbação depressivas, de ansiedade e de uso de
substâncias

Fatores de risco e prognostico


Temperamentais: afetividade negativa (N) e sensibilidade à ansiedade (tendência para
acreditar que os sintomas de ansiedade são perigosos)

Ambientais: abuso sexual e físico, tabagismo, stress

Genéticas e fisiológicos: genes específicos- desconhecidos; risco aumentado se com pais


com perturbação de ansiedade depressiva bipolar

Risco de suicídio: maior taxa de tentativas de suicídio e ideação suicida nos últimos 12m

Consequências funcionais

• Níveis elevados de incapacidade social, ocupacional e física


• Custos económicos elevados e maior número de consultas medicas
• Faltas ao trabalho- desemprego; faltas à escola- abandono escolar

Comorbilidade

• Raramente ocorrem em contextos clínicos na ausência de outra psicopatologia


• Perturbação de ansiedade (sobretudo agorafobia). Depressão major, perturbação
bipolar, perturbação de uso de álcool

Especificador do ataque de pânico

• Um ataque de pânico não é uma perturbação mental e não pode ser codificado

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• Ocorrem no contexto de qualquer outra PA ou outras perturbações mentais e
algumas condições medicas
• Quando se identifica a presença de 1 ataque de pânico deve ser anotado como um
especificador (ex. PTSD com ataques de pânico)
• Um período abrupto de medo ou desconforto intensos que atinge um pico em
minutos e durante o qual 4 (ou +) dos mesmos sintomas que na perturbação de
pânico ocorrem
Nota: o período abrupto pode ocorrer a partir de um estado calmo ou ansioso

Prevalência

• 12m: 11,2% adultos (EUA)


• Maior nas mulheres
• Podem ocorrer na infância, mas são relativamente raros até à puberdade, idade em
que as taxas aumentam
• Diminuem nos mais velhos

Fatores de risco

Temperamentais: afetividade negativa e sensibilidade à ansiedade

Ambientais: tabagismo, stress

Consequências funcionais
• No contexto de perturbação concomitantes, os ataques estão associados a:
o Aumento da gravidade dos sintomas
o Taxas mais elevadas de comorbilidade e suicídio e pior resposta ao
tratamento

Comorbilidades:
• probabilidade aumentada de PA, depressivas, bipolares, controlo dos impulsos ou
uso de substâncias

Perturbação de ansiedade generalizada (PAG)


A. Ansiedade e preocupação excessivas (apreensão expectante) que ocorrem em
mais de metade dos dias durante pelo menos 6 meses, sobre vários acontecimentos
ou atividades (ex. desempenho laboral ou escolar)
B. O indivíduo tem dificuldade em controlar a preocupação
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C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com 3 (ou mais) dos 6 sintomas
seguintes (com pelo menos alguns sintomas presentes em mais de metade dos dias
durante 6 meses):
Nota: nas crianças é requerido apenas 1 item
1. Agitação, nervosismo ou tensão interior
2. Fadiga fácil
3. Dificuldades de concentração ou mente vazia
4. Irritabilidade
5. Tensão muscular
6. Perturbações do sono (dificuldade em adormecer ou permanecer a dormir ou
sono insatisfatório)
D. A ansiedade, preocupação ou sintomas físicos causam mal-estar clinicamente
significativo ou défice no funcionamento social ocupacional ou noutras áreas
importantes do funcionamento
E. A perturbação não é atribuível a efeitos fisiológicos de uma substância ou outra
condição medica
F. A perturbação não é mais bem explicada por outra perturbação mental

Características associadas
• Tremores, espasmos, sensação de estar trémulo e dores musculares
• Sudorese, náuseas, diarreia
• Resposta exagerada ao susto
• Menos proeminentes sintomas de hiperexcitabilidade autonómica (tontura,
frequência cardíaca aumentada, etc.)

Prevalência
• 12m (EUA)- 0.9% adolescentes e 2,9% comunidade geral
• Outros países: 0,4- 3,6%
• 2:1- M:H

Desenvolvimento e curso
• Idade X início: 30 anos
• Raramente ocorre antes da adolescência
• Sintomas tendem a ser crónicos (agravamento e melhoria)
• O conteúdo das cognições é adequado à idade

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• Quanto mais precoce maior a comorbilidade e a incapacidade

Fatores de risco
Temperamentais: inibição comportamental, afetividade negativa e evitamento de danos

Ambientais: adversidade da infância e proteção parental (associações)

Genéticos e fisiológicos: 1/3 do risco é genético

Consequências funcionais
• A preocupação excessiva diminui a capacidade para fazer coisas rápida e
eficazmente, em casa ou no trabalho. Tira tempo e energia
• Pode diminuir a capacidade para estimular a confiança nos filhos

Outras perturbações de ansiedade


• Perturbação de ansiedade com outra especificação*- opta por comunicar a razão
especifica pela qual a apresentação não preenche os critérios de nenhuma PA
especifica
• Perturbação de ansiedade não especificada*- opta por não especificar a razão
*causam mal-estar ou défice, mas não preenche os critérios completos

POC e perturbações relacionadas


• Perturbação obsessivo-compulsiva (POC)
• Perturbação disfórica corporal
• Perturbação de acumulação
• Tricotilomania
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• Perturbação de escoriação
• POC induzida por substância/ medicamento e perturbações relacionadas
• POC e perturbações relacionadas devida a outra condição medica
• POC e perturbações relacionadas com outra especificação
• POC e perturbações relacionadas não especificadas

Perturbação obsessivo-compulsiva
A. Presença de obsessões, compulsões ou ambas
Obsessões são definidas por:
1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum
período da perturbação, são experienciados como intrusivos ou indesejados e
que na maioria dos indivíduos causa ansiedade ou mal-estar marcados
2. O individuo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens
ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação (isto é, realizando uma
compulsão)

Compulsões ao definidas por:

1. Comportamentos repetitivos (ex. lavagem de mãos, ordenações, verificação)


ou atos mentais (ex. rezar, contar, repetir apalavras silenciosamente) que o
individuo se sente compelido a realizar em resposta a uma obsessão ou de
acordo com regras que tem de ser aplicadas rigidamente
2. Os comportamentos ou atos mentais tem como objetivo prevenir ou reduzir a
ansiedade ou mal-estar ou prevenir acontecimentos ou situações temidas; no
então, estes comportamentos ou atos mentais não estão ligados de forma
realista com o que pretendem neutralizar ou prevenir ou são claramente
excessivos
Nota: crianças pequenas podem não ser capazes de enunciar os objetivos
desses comportamentos ou atos mentais
B. As obsessões ou compulsões consomem tempo (ex. levam 1h/dia) ou causam
mal-estar clinicamente significativo, ou causam défice social, ocupacional ou
noutras áreas importantes do funcionamento
C. Os sintomas não são atribuíveis aos efeitos fisiológicos de uma substância ou
outra condição medica
D. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outra perturbação

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Especificar-se:

• Com insight bom ou razoável: o individuo reconhece que as crenças da POC são
definitivas ou provavelmente falsas ou que podem ou não ser verdadeiras
• Com insight pobre: o individuo pensa que as crenças da POC são provavelmente
verdadeiras
• Com insight ausente/ crenças delirantes: o indivíduo está completamente
convencido de que as crenças da POC são verdadeiras
• Relacionada com tiques. O individuo tem uma história atual ou passada de uma
perturbação de tiques

Especificadores

• Muitos tem crenças disfuncionais que podem incluir: sentido de responsabilidade


exagerado e tendência para sobrestimar a ameaça, perfecionismo e intolerância à
incerteza
• Atribuir uma importância excessiva aos pensamentos (acreditar que ter um
pensamento proibido é tao mau como agir de acordo com ele) e à necessidade de
os controlar
• O insight pode variar no curso da doença
• A maioria tem insight com ou razoável, alguns tem insight pobre e poucos (4%)
tem insight ausente/ crenças delirantes
• Menor insight = pior prognostico
• Até 30% tem perturbação de tiques ao longo da vida

Características de diagnóstico

• A maioria tem obsessões e compulsões


• A frequência e gravidade variam (sintomas ligeiros e moderados: 1-3h/dia com
OC, ou praticamente constantes).

Características associadas que suportam o diagnóstico

• O conteúdo específico das O e C varia entre indivíduos


• Temas comuns:
o Limpeza (O contaminação, C limpeza)
o Simetria (O simetria, C repetição, ordenação e contagem)

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o Pensamentos proibidos ou tabu (O agressivas, sexuais ou religiosas, C
relacionadas)
o Violência (O medo de fazer mal a se próprio ou a alguém, C de
verificação)
o Alguns podem ter dificuldades em descartar objetos e acumulam-nos
como consequência das O e C (medo de fazer mal aos outros)

Espetros de respostas afetivas:

• Ansiedade marcada (ataques de pânico recorrentes)


• Fortes sentimentos de desgosto
• Sensação angustiante de incompletude ou apreensão
• Evitamento (pessoas, locais e coisas)

Prevalência

• 12m (EUA e internacionalmente): 1,2% -1,8%


• Mais prevalente nas mulheres
• Homens mais afetados na infância

Desenvolvimento e curso

• Idade X de início: 19,5 anos (25% aos 14 anos)


• Menores de 35 anos pouco frequente
• Homem com idade de início inferior às mulheres (25% antes dos 10 anos)
• Inico gradual
• Se não tratada- curso cronico (melhoria/ agravamento)
• O inico na infância ou na adolescência pode levar a uma POC para toda a vida
(40% podem remitir)
• Complicada pela comorbilidade

Fatores de risco

• Temperamentais: maior número de sintomas internalizados, afetividade negativa


e inibição comportamental na infância
• Ambientais: abuso sexual e físico na infância e outros acontecimentos de vida
stressantes ou traumáticos

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• Genéticos e fisiológicos: taxa em familiares em 1º grau 2x mais elevada; taxa
aumenta 10x se inicio na infância ou adolescência. Disfunções córtex orbito
frontal- tomada de decisão, córtex cingulado- emoções

Risco de suicídio

• Em cerca de metade ocorrem, em algum momento, pensamentos suicidas


• ¼ tentativas de suicídio
• > risco de perturbação depressiva major co mórbida

Consequências funcionais

• Qualidade de vida reduzida


• Níveis elevados de comprometimento social e ocupacional
• Vários domínios da vida- gravidade dos sintomas
• Dificuldades desenvolvimentais (infância e adolescência)

Comorbilidade

• 76% perturbações de ansiedade (pânico, PA social, PAG, fobia especifica)


• Perturbação depressiva ou bipolar (63%)
• Perturbação obsessivo-compulsiva da personalidade (23%)

Perturbação de acumulação
A. Dificuldade persistente em descartar ou separar-se dos seus bens, independente
do seu valor real
B. A dificuldade é devida a uma necessidade percebida de guardar itens e ao mal-
estar associado a descartá-los
C. A dificuldade em descartar bens resulta na acumulação de bens que congestionam
e desarrumam áreas uteis ativas e comprometem substancialmente o uso para o
qual foram projetadas. Se as áreas não estão desarrumadas é apenas pela
intervenção de terceiros (ex. membros da família, empregados de limpezas,
autoridades)
D. A acumulação causa mal-estar clinicamente significativo ou défice social,
ocupacional ou noutras áreas importantes do funcionamento (incluindo a
manutenção de um ambiente seguro para o próprio e para os ouros)
E. A acumulação não é atribuível a outra condição medica

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F. A acumulação não é mais bem explicada pelos sintomas de outra perturbação
mental

Especificar-se:

• Com aquisição excessiva: se a dificuldade em descartar os bens é acompanhada


de aquisição excessiva de itens que naos são necessários e para os quais não há
espaço possível
• Com insight bom ou razoável: o individuo reconhece que as crenças e os
comportamentos relacionados com a acumulação (no que diz respeito a
possibilidade em descartar, desarrumar ou adquirir excessivamente) são
problemáticos
• Com insight pobre: esta em grande medida convencido de que as crenças e os
comportamentos relacionados com a acumulação não são problemáticos apesar de
existir em contrário
• Com insight ausente/ crenças delirantes: o individuo esta completamente
convencido de que as crenças e os comportamentos relacionados com acumulação
não são problemáticos apesar de existir evidencia em contrário

Características de diagnostico

• Utilidade, valor estético ou forte ligação sentimental


• Medo de perder informação importante (jornais, revistas, livros, correio, etc.)
• Itens ou de valor limitado mais itens valiosos

Características que suportam o diagnóstico

• Indecisão, perfecionismo, evitamento, procrastinação, dificuldades no


planeamento e organização de espaços e distratibilidade
• Alguns vivem sem condições sanitárias
• Acumulação de animais (nutrição, higiene e cuidados veterinários) incapacidade
de providenciar níveis mínimos de nutrição, higiene e cuidados veterinários

Prevalência

• Pontual: 2-6% inquéritos comunitários (EUA e europa)


• 3x mais prevalente em adultos mais velhos

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Desenvolvimento e curso
• Pode começar em fases iniciais da vida, estendendo-se a fases mais tardias
• Sintomas podem emergir aos 11-15 anos
• A gravidade aumenta com cada década de vida
• Curso da acumulação é muitas vezes cronico

Fatores de risco e de prognostico


Temperamentais: indecisão (também nos familiares em 1º grau)

Ambientais: acontecimentos de vida traumáticos a preceder ou a exacerbar

Genéticos ou fisiológicos: é familiar (50%)

Consequências funcionais
• A desarrumação compromete as atividades de vida diárias
• Eletrodomésticos avariados, água ou eletricidade desligados
• Qualidade de vida muito comprometida
• Risco de incendio, queda, saneamento insuficiente
• Comprometimento ocupacional, saúde física diminuída
• Relações familiares sob grande tensão
• Conflitos com vizinhos e autoridades locais

Comorbilidade
• 75% perturbação de humor ou de ansiedade
• Perturbação depressiva major (50%)

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Tricotilomania
A. Arrancamento recorrentes do próprio cabelo/pelo, resultando em perda
capilar/pilosa
B. Tentativas repetidas de diminuir ou de parar o arrancamento de cabelo/pelo (o
stress é um fator que limita esta vontade de parar)
C. O arrancamento de cabelo/pelo causa mal-estar clinicamente significativo ou
défice social, ocupacional ou noutras áreas importantes do funcionamento
D. O arrancamento ou perda de cabelo/pelo não é atribuível a outra condição medica
(ex. condição dermatológica)
E. O arrancamento de cabelo/pelo não é bem explicado pelos sintomas de outra
perturbação mental (ex. perturbação disfórica corporal)

Características de diagnostico
• Pode ocorrer em qualquer parte do corpo
• Sítios mais comuns: couro cabeludo, sobrancelhas e pálpebras
• Podem variar ao longo do tempo
• Podem ocorrer em episódios breves dispersos ao longo do dia ou durante horas
durante períodos menos frequentes
• Não relatam dor

Características associadas que suportam o diagnóstico


• O arrancamento pode:
o Ser acompanhado de rituais (ex. enrolar, engolir)
o Ser precedido ou acompanhado de vários estados emocionais (ansiedade,
tédio, tensão, alívio, gratificação, prazer)
o Envolver vários estados de consciência (atenção mais focada vs.
Comportamento automático)
• Zonas de alopecia completa ou densidade capilar/ pilosa diminuída (zonas que
não se consegue ver)
• O arrancamento não ocorre na presença de outros indivíduos, exceto familiares
imediatos
• A maioria também tem um ou mais comportamentos repetitivos focados no corpo,
incluindo escoriação, roer as unhas e morder os lábios

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Prevalência
• 1-2% em adultos e adolescentes
• 1:10 (H:M)

Desenvolvimento e curso
• O início coincide ou acompanha o início da puberdade
• Curso crónico (melhoria e agravamento) se não tratada

Fatores de risco e de prognóstico


Ambientais: stress (microstressores também), ansiedade

Genéticos e fisiológicos: evidencia de vulnerabilidade genética

Mais comum em indivíduos com POC e em indivíduos com familiares de 1ºgrau com
POC

Consequências funcionais
• Mal-estar défices sociais e ocupacionais
• Pode haver danos irreparáveis do crescimento e qualidade capilar/pilosa

Comorbilidade
• Perturbação depressiva major
• Perturbação de escoriação (arrancamento da pele)

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