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MANUAL DE DEPRESSÃO

INTRODUÇÃO

Depressão é atualmente a quarta causa de sofrimento e incapacitação em nível mundial.


Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2020, o Transtorno Depressivo será a
SEGUNDA maior doença em incidência no mundo. Hoje, estão à sua frente, em 1º lugar, doenças
do coração, em 2º câncer e em 3º acidentes de trânsito.
Os transtornos do humor, do qual fazem parte as formas de depressão, constituem um
problema de saúde pública, devido à elevada freqüência. Apesar disso, são dificilmente
reconhecidos e, quando diagnosticados, quase sempre são tratados de forma inadequada.
Normalmente trazem incapacitação ao paciente e importante prejuízo à sua vida, retirando-o
definitivamente do trabalho, colocando-o em risco, destruindo sua convivência social e familiar e
quando não, levando-o às drogas ou ao álcool.
Os tratamentos medicamentosos foram sendo descobertos, por acaso, com o uso de
substâncias que baixavam a pressão sangüínea. Desde então, as pesquisas têm se refinado
bastante na procura de novas substâncias e do entendimento de como funciona o cérebro do
sujeito deprimido. Os últimos estudos levam a crer na possibilidade da neurogênesis, a
multiplicação de células cerebrais no hipocampo. Estamos aguardando os avanços
ansiosamente!!!
Os tratamentos psicoterápicos também têm evoluído desde Freud. O mais interessante é
vermos a possibilidade de ensinarmos os pacientes deprimidos, através da psicoterapia, a
experimentarem “novas ações”.

1. Conceito
2. Tipos de Depressão
3. Diagnóstico Diferencial/Comorbidades
4. Generalidades sobre Depressão
4.1. Origem da doença – o modelo Bio, psico-social
4.2. Como são as pessoas deprimidas
4.3. Inventário de Beck
4.4. Sono, memória, apetite, desempenho profissional e suas conseqüências
5. Neurotransmissores e a Depressão – Como funciona seu cérebro
6. Remédios
6.1. Ansiolíticos
6.2. Antidepressivos
6.3. Moduladores do humor
6.4. Cura? As Recaídas e Recidivas
6.5. A necessidade da medicação ser bem orientada
(Como tomar? Quanto tempo?)
7. Psicoterapia e Visão de Futuro
8. Pequeno Manual de Tratamento
8.1. Hipnose x Ação
8.2. Mudanças em pequenos passos
8.3. Higiene da depressão
• Sono

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• Alimentação
• Remédios
• Exercícios físicos
• Pequenas pausas
8.4. Técnicas hipnóticas para depressão

1. Conceito
A depressão é um estado que afeta o bem estar físico e psíquico do indivíduo. Muitas vezes,
o sujeito já pode estar deprimido e achar que está cansado, com preguiça ou desanimado com a
vida.
A depressão apresenta 4 fatores principais:
1. humor deprimido:
• tristeza ou choro constant
• irritabilidade ou mau humor
2. desânimo
3. falta de desejo para aquilo que lhe dava desejo
4. falta de esperança no futuro

Esse quadro pode estar acompanhado de outros sintomas como:


a. insônia
b. apetite modificado
c. idéias de inutilidade/isolamento
d. pensamentos suicidas
e. ansiedade e agitação
f. problemas orgânicos
O estado depressivo é cíclico, pode iniciar na adolescência. Ele tem fases e pode desaparecer
espontaneamente. Mas cada vez que volta, se não for tratado, virá com mais intensidade ou até
por períodos mais longos.
Não há necessidade de eventos externos estressantes para o aparecimento das crises, mas
estes podem ser elementos disparadores de novas crises.
O estado depressivo é uma vivência profunda, onde a existência do sujeito torna-se, muitas
vezes, vazia e sem qualquer perspectiva. Percebe-se a vida, de uma forma mais negativa,
diferente do habitual. Os pensamentos negativos invadem a mente, numa lente obscura que lhe
tira todo o colorido.
O sujeito, quando deprimido, baixa auto-estima, dificuldade em lidar com as frustrações,
pouca tolerância aos estresses e imaturidade emocional. Situações vitais como luto, mudança de
emprego ou cidade, doenças crônicas, relacionamentos conflitantes, dificuldades financeiras e
outros podem ajudar a piorar o quadro depressivo.

2. Tipos de depressão
A depressão pode ser adquirida ao longo da vida por desgaste e ansiedade. Pessoas que
viveram apresentando ansiedade crônica por longos períodos adquirem a doença depressiva.
Há também a depressão do Transtorno Bipolar, doença hereditária. Estas pessoas já
apresentam sua primeira crise depressiva bem cedo, e às vezes, em proporções bem intensas.

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TIPOS
1. Depressão Reativa
Pode ocorrer em qualquer idade. Comum nas pessoas acima dos 40 anos, devido ao desgaste
da vida diária. Geralmente já eram pessoas que apresentavam um quadro de ansiedade como
TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizado).

2. Distmia
É considerado um quadro de depressão mais suave, onde a pessoa apresenta um mau humor
constante, irritabilidade e este estado é permanente.

3- Depressão Maior –
É o quadro depressivo onde a pessoa apresenta os sintomas de uma maneira tão forte que a
incapacita de trabalhar, sair de casa, memorizar, ter vontades, ter esperança no futuro e pensar
positivo.
É um estado grave e incapacitador.
A pessoa apresenta como sinais básicos:
Humor triste
Desânimo
Falta de desejos
Falta de esperança no futuro
Idéias de inutilidade e até suicídio
Mudanças no apetite e no sono.
Pode ser parte do quadro do Transtorno Bipolar; ou pode vir apenas como um quadro
depressivo.
A doença é recorrente; vem em ciclos ao longo da vida.

4. Transtorno Bipolar do Humor


O transtorno bipolar do humor (TBH), também conhecido como Psicose Maníaco-depressiva,
é uma doença psiquiátrica caracterizada por oscilações ou mudanças cíclicas de humor e
comportamento que variam em intensidade (leve, moderada ou grave) e duração (episódios
curtos, longos ou crônicos). As mudanças de humor vão desde as oscilações normais, como nos
estados de alegria e tristeza, até mudanças patológicas acentuadas e diferentes do normal, como
episódios de mania, hipomania, depressão e mistos. É uma doença de grande impacto na vida do
paciente, de sua família e da sociedade, causando prejuízos freqüentemente irreparáveis na
saúde, na reputação e nas finanças do indivíduo, além do sofrimento psicológico.

Características do TBH

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Sintomas de mania, depressão e estado misto

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O Transtorno Bipolar divide-se em tipos:
Tipo I - A pessoa tem um quadro de mania acentuado por um período longo de tempo de 1 a
6 meses. Depois, ela terá um período longo de depressão grave que também vai durar semanas
ou até meses. Pode ter apenas um único episódio de mania e vários de depressão. Ou pode ter
vários episódios de mania ao longo da vida.

Tipo II- A pessoa terá um quadro de hipomania por um período de semanas a meses que
pode passar desapercebido como alegria, entusiasmo. E depois terá períodos de depressão.

Ciclotimia – A pessoa alterna entre estados de hipomania e leve depressão dentro de uma
mesma semana.

Ciclador Rápido – A pessoa tem de 3 a 4 episódios de depressão e/ou mania em um ano.

Misto – Tem ao mesmo tempo sintomas da mania e da depressão

3. Diagnóstico Diferencial/Comorbidades
É importante verificar se não existe uma doença física por debaixo dos sintomas de desânimo
e mau humor.

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Doenças como feocromocitoma, hipotiroidismo, anemia, câncer e outras podem causar um
quadro depressivo.
É aconselhável passar pelo clínico e pelos exames de rotina antes de ser diagnosticado o
quadro depressivo.
As comorbidades são outras doenças psíquicas que podem vir conjuntamente com o quadro
de depressão ou Transtorno Bipolar. São eles:
• TAG – Transtorno de Ansiedade Generalizado
• Transtorno do Pânico
• Fobias Simples ou Social
• TOC – Transtorno obsessivo compulsivo
• Alcoolismo, abuso de drogas.
• Anorexia e/ou bulimia
• Compulsão a compras, jogo.
De todos estes é bom explicar o que é TOC. O Transtorno obsessivo compulsivo é uma
desordem mental em que o sujeito é invadido por pensamentos negativos insistentes que podem
ser de medo de doenças, medo de alguma desgraça acontecer com a família. Normalmente, para
o alívio do pensamento negativo intrusivo é necessário fazer algum tipo de comportamento
repetitivo como um ritual. Este pode ser de descontaminação ou limpeza (banhos, lavar mãos,
etc.) ou contagem (rezar ave-marias, contar número, placas, etc.), ou verificação de portas e
janelas.
Algumas vezes, estes pacientes apresentam medo de doenças específicas como AIDS e
câncer e todo tempo estão se checando.
É bom alertar que os remédios antidepressivos como clorimipramina (anafranil); sertralina
(zoloft, tolrest, assert, serenata); paroxetina (pondera, aropax, paxil, etc.) são excelentes para
alívio destes sintomas. Mas devem ser usados em altas doses, 3 vezes maior do que a dose como
antidepressivos.
A ansiedade é um grande fator de risco para gerar um futuro quadro depressivo. Crianças
ansiosas podem tornar-se futuros deprimidos.
Pensa-se na hipótese do desgaste maior de neurotransmissores ou na nova hipótese de
atrofia do hipocampo.
“Dependendo do tipo de transtorno de ansiedade, pode-se aumentar de 2 a 4 vezes o risco
para um quadro secundário de depressão. O número crescente de quadros de ansiedade, a
persistência do comportamento de evitação da ansiedade, e o grau de debilidade psicossocial são
fatores fortemente associados ao surgimento da depressão.”
(Michael Yapko)

4. Generalidades sobre Depressão


4.1. Origem da Doença Depressiva – O modelo Biopsicossocial
Depois de muitos estudos, hoje o modelo mais aceito para a causa do Transtorno Depressivo
é a conjunção de fatores como:
Genético – há uma tendência familiar para o desenvolvimento de quadros de ansiedade e de
depressão. Não se descobriu ainda um marcador genético para a depressão.
Já no caso do TB (Transtorno Bipolar), sabe-se que a causa é genética, com a probabilidade
de, quando um dos genitores tem o T.B., há 25% de chance para o filho ser portador da doença.
Quando ambos os pais têm a doença, a chance aumenta para 75%.
A convivência social com pais deprimidos torna a chance grande de desenvolver a
depressão.
Questões afetivas graves, privações e abusos também ajudam no aparecimento da doença.

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Assim podemos dizer que:
“- A depressão possui um componente biológico (genes, bioquímica, doenças e
drogas)
- A depressão possui um componente psicológico (distorções cognitivas, histórico)
- A depressão existe em um contexto social (diferenças sociais, sofrimento,
influências culturais).”
(Michael Yapko)

Uma outra importante informação são os novos estudos sobre a neurogênesis. Os cientistas
estão observando que o hipocampo (parte do sistema límbico cerebral) é menor nos deprimidos.
O uso constante dos antidepressivos, além de aumentar os níveis de serotonina podem estar
associados ao crescimento de novos neurônios desta região, pois foi detectado aumento do
tamanho do hipocampo. Pesquisas iniciadas nos anos 90 estão em avanço na procura de novas
drogas para neurogênesis. Em animais de laboratório, que receberam antidepressivos, a
produção de neurônios aumentou.
Por enquanto, os psiquiatras trabalham numa concepção biológica, com a hipótese de
recuperação do nível de serotonina, e do equilibrio dos níveis de dopamina. (Veja
remédios/neurotransmissores).
Podemos tirar como conclusão que a depressão ocorre por um conjunto de fatores como: o
biológico (genes), o ambiente desfavorável, o aprendizado familiar; mas nunca um único fator
preponderante.
É tão impreciso afirmar que depressão (não doença bipolar) é hereditária, quanto afirmar
que ela é.
As influências genéticas atuam sobre características cognitivas, psicológicas e da
personalidade, mas não sobre uma entidade global chamada depressão. Existe uma correlação
gene-ambiente, cujas variações, na expressão genética, estão associadas a várias circunstâncias
ambientais.

4.2. Como são as pessoas deprimidas


“Mas de tudo isto, o mais surpreendente, é que já se viu que nenhuma quantidade
de medicamento pode mudar:
- o estilo de lidar com situações
- o estilo explanatório
- o estilo de relacionamento
- o estilo cognitivo
- as habilidades para soluções de problemas
- a rede de relacionamentos e
- o histórico do sujeito deprimido.”
(Michael Yapko)

De acordo com o psicólogo americano, Michael Yapko, que vem há 20 anos estudando
depressão, os pacientes deprimidos têm uma maneira muito peculiar de lidar com os problemas
da vida. São globalizadores, pouco específicos. Uma parte funciona como um todo. Caso algo
aconteça de ruim, como ir mal numa prova, o sujeito deprimido globaliza dizendo “... minha vida
é assim! Sou um azarado mesmo! Urubu fez... na minha cabeça! Nada de bom acontece
comigo!...”
O que acontece com a pessoa não deprimida? Por que ela não deprime? Ela
compartimentaliza problemas. Por exemplo: ir mal numa prova pode ser porque não estudou ou
por estar muito difícil. Mas não perde o dia, nem a semana, ou o humor com isso.

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Por que algumas pessoas, mesmo passando por situações difíceis, não deprimem? Elas têm
uma visão otimista. Veêm que na vida há problemas, mas não se paralisam, vão à luta e
CONFRONTAM! Os deprimidos recuam, se escondem, acham que o pior vai sempre acontecer e
desistem.
O comportamento evitativo é freqüente no deprimido.
As pessoas deprimidas geralmente são:
- desanimadas
- tristes, ou chorosas
- podem apresentar mau humor
- têm pensamentos negativos recorrentes
- apresentam falta de desejos
- não têm esperança no futuro
- têm sentimento de inutilidade
- podem apresentar idéias suicidas
- geralmente têm insônia terminal (fim do período de sono, depois das 3 horas da
manhã)
- geralmente têm distúrbio alimentar
- podem usar o álcool como calmante
Algumas dessas pessoas estão evoluindo de um quadro de ansiedade. Sofreram ansiedade
por anos seguidos e, por desgaste, se esgotaram! Não reagem! Precisam parar! O corpo
literalmente pára e pede: descanse, durma, alimente-se bem; evite problemas até se recuperar.

4.3. Inventário de Beck


Este questionário é um bom guia para terapeutas e médicos avaliarem seus pacientes. Uma
grande porcentagem da população sofre de depressão e não sabe que sofre por má informação.
Às vezes, queixam-se de fadiga, preguiça ou frescura. Ou, simplesmente, vão levando a vida sem
entender bem o que vem acontecendo.
Você pode aplicar o teste que se segue e ver se seu amigo, paciente ou parente está
deprimido ou não.
Inventário de Depressão de Beck

Nome: __________________________________________________ Data: ____________

Neste questionário aparecem vários grupos de afirmações. Por favor, leia com atenção cada
um deles. A seguir, assinale qual das afirmações de cada grupo descreve melhor seus
sentimentos durante a ÚLTIMA SEMANA, INCLUINDO O DIA DE HOJE. Faça um círculo no número
que está à esquerda da afirmação que você escolher. Se dentro de um mesmo grupo, existir mais
de uma afirmação que considere aplicável a seu caso, marque-a também. Assegure-se de haver
lido todas as afirmações dentro de cada grupo antes de fazer a escolha.

1.0. Não me sinto triste.


1. Sinto-me triste.
2. Sinto-me triste continuamente e não posso deixar de sentir-me assim.
3. Sinto-me tão triste ou tão infeliz que não posso suportá-lo.

2.0. Não me sinto particularmente desanimado em relação ao futuro.

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1. Sinto-me desanimado em relação ao futuro.
2. Sinto que não existe nada porque lutar.
3. O futuro não apresenta nenhuma esperança e as coisas não melhorarão.

3.0. Não me sinto como um fracassado.


1. Fracassei mais do que a maioria das pessoas.
2. Quando olho para trás, o único que vejo é um fracasso atrás do outro.
3. Sou um fracasso total como pessoa.

4.0. As coisas me satisfazem tanto como antes.


1. Não desfruto das coisas tanto como antes.
2. Já não tenho nenhuma satisfação em relação às coisas.
3. Estou insatisfeito ou chateado em relação a tudo.

5.0. Não me sinto particularmente culpado.


1. Sinto-me culpado em muitas ocasiões.
2. Sinto-me culpado na maioria das ocasiões.
3. Sinto-me culpado constantemente.

6.0. Não acho que esteja sendo castigado.


1. Sinto que talvez esteja sendo castigado.
2. Espero ser castigado.
3. Sinto que estou sendo castigado.

7.0. Não estou descontente comigo mesmo.


1. Estou descontente comigo mesmo.
2. Estou desgostoso comigo mesmo.
3. Detesto-me.

8.0 Não me considero pior do que qualquer outro.


1. Autocritico-me por minha debilidade ou por meus erros.
2. Sempre me culpo por minhas faltas.
3. Culpo-me por tudo de ruim que acontece.

9.0. Não tenho nenhum pensamento de suicídio.


1. Às vezes, penso em me suicidar, mas não o farei.
2. Desejaria terminar com minha vida.
3. Suicidar-me-ia se tivesse oportunidade.

10.0. Não choro mais do que o normal.


1. Agora, choro mais do que antes.

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2. Choro sempre.
3. Não posso deixar de chorar mesmo quando me proponho.

11.0. Não estou particularmente irritado.


1. Chateio-me ou me irrito mais facilmente do que antes.
2. Sinto-me sempre irritado.
3. Agora não me irritam, de nenhuma maneira, coisas que antes me
impacientavam.

12.0. Não perdi o interesse pelos outros.


1. Estou menos interessado nos outros do que antes.
2. Perdi grande parte do interesse pelos outros.
3. Perdi completamente o interesse pelos outros.

13.0. Tomo minhas próprias decisões.


1. Evito tomar decisões, mais do que antes.
2. Para mim, tomar decisão é mais difícil do que antes.
3. É impossível, para mim, tomar decisões.

14.0. Não acredito que tenha pior aspecto do que antes.


1. Não estou preocupado porque pareço envelhecido e pouco atraente.
2. Noto mudanças constantes em meu aspecto físico que me tornam pouco
atraente.
3. Acho que tenho um aspecto horrível.

15.0. Trabalho como antes.


1. Tenho que me esforçar mais para começar a fazer algo.
2. Tenho que me obrigar a fazer algo.
3. Sou incapaz de realizar alguma tarefa.

16.0. Durmo bem como sempre.


1. Não durmo tão bem quanto antes.
2. Acordo 1-2 horas antes do habitual e demoro a dormir de novo.
3. Acordo várias horas antes do habitual e já não posso voltar a dormir.

17.0. Não me sinto mais cansado do que normalmente.


1. Canso-me mais do que antes.
2. Canso-me quando faço qualquer coisa.
3. Estou cansado demais para fazer qualquer coisa.

18.0. Meu apetite não diminuiu.


1. Meu apetite não é tão bom quanto antes.

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2. Agora tenho muito menos apetite.
3. Perdi completamente o apetite.

19.0. Não perdi peso ultimamente (se está tentando perder peso, esta pergunta fica
invalidada).
1. Perdi mais de 2 kg. Estou tentando perder peso.
2. Perdi mais de 4 kg, intencionalmente, comendo menos.
3. Perdi mais de 7 kg. Sim _____ Não _____
(No caso afirmativo invalidar a resposta)

20. Não estou preocupado por minha saúde.


1. Preocupam-me os problemas físicos como dores, etc. O mal-estar no
estômago ou as gripes.
2. Preocupam-me as doenças e tenho dificuldade em pensar em outras coisas.
3. Estou tão preocupado pelas doenças que não posso pensar em outras coisas.

21.0. Não observei nenhuma mudança em meu interesse pelo sexo.


1. A relação sexual me atrai menos do que antes.
2. Estou muito menos interessado no sexo do que antes.
3. Perdi totalmente o interesse sexual.

Qualifica-se somando somente as respostas, a forma de classificar a pontuação é a seguinte:

0 a 12 pontos: pessoa sem depressão clínica


13 a 20: sintomas depressivos leves
21 a 30: depressão moderada
31 ou mais: depressão severa.

4.4. Sono, Memória, Apetite, Desempenho Profissional e suas Conseqüências.


Sabe-se que a doença depressiva incapacita as pessoas, quando não bem tratada, pois afeta
áreas vitais como sono, alimentação e memória.
O sono pode em alguns poucos casos estar aumentado. Na maioria das vezes, o paciente
estará sofrendo de insônia. A insônia inicial, dificuldade de pegar no sono, é mais indicativa de
transtorno de ansiedade.
Já a insônia tardia, acordar de madrugada e perder o sono, é comum na depressão. Pode
ocorrer o sono intermitente, entrecortado como uma passagem dos quadros ansiosos para o
depressivo.
Mas o certo é que se a pessoa não dorme bem, não vai trabalhar bem! Além disso, é
durante a noite que se fabrica serotonina. Durante o sono e no escuro! Assim, o quadro tende a
piorar, pois baixa de serotonina com falta de sono, só agrava a situação.
Os transtornos alimentares podem ser variados como inapetência, ou compulsão alimentar
principalmente por alimentos doces, carboidratos e chocolates. Este último tem muito triptofano.
E o horário da compulsão? À noite, é claro! Parece que o organismo procura... precursores da
serotonina como o triptofano para produzi-la.
Sobre a capacitação do trabalho, o sujeito vai ficando totalmente desanimado, como um
sujeito no final do dia após uma longa e dura jornada de trabalho. Ele já não possui nem

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dopamina (responsável pela memória, inteligência e atividade física) e nem serotonina
(responsável pela alegria, relaxamento e o pensamento positivo). Como pode um sujeito neste
estado trabalhar?
Sabemos que esta doença é incapacitante nos períodos de crise. Se bem cuidada, acertando
as medicações e fazendo uma boa terapia de apoio, a situação melhora!
A memória é prejudicada. O hipocampo é a parte do cérebro responsável pelas memórias
emocionais. Já vimos que há uma certa atrofia do hipocampo. De uma outra visão, sabemos que
se os neurotransmissores estão em baixa, a dopamina (responsável pela memória, inteligência)
não conseguirá realizar com sucesso suas neurotransmissões e a memória ficará falha. Muitos
pacientes se queixam de falhas na memória, pequenos esquecimentos.

5. Neurotransmissores e a Depressão – Como funciona seu cérebro

O fluxo de informação para o cérebro ocorre através de impulsos nervosos ao longo de


milhares de neurônios. Para que a transmissão desses impulsos, de um neurônio para o seguinte,
ocorra, acontecem inúmeros fenômenos químicos, no espaço entre esses neurônios, denominado
“fenda sináptica”. Nesta fenda, diversas substâncias (neurotransmissores) são secretadas de um
neurônio para o neurônio seguinte, mantendo a transmissão da informação. Existe, portanto, um
fluxo de ida e de volta do neurotransmissor entre os neurônios.

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Existem 3 neurotransmissores principais para que se entenda melhor o uso dos
medicamentos. São eles:
- dopamina - “fada azul”
- serotonina – “fadinha cor de rosa”
- noradrenalina – “fada amarela”
Costumo chamá-las de “fadas minas”. São as cuidadoras do reino cerebral, do povo nervoso,
os neurônios.
Estes neurotransmissores têm suas funções específicas. Quando saem de um neurônio para o
outro vão levar alguma informação nova, alguma mensagem. Assim temos:
A dopamina é responsável pela atividade física (o ânimo), a inteligência e memória. Fica
linda como uma fada azul.
A serotonina é responsável pela alegria, pelo pensamento positivo e pelo estado de
tranqüilidade. Por isso a chamo de fada cor de rosa!
A noradrenalina é responsável pelo aviso de luta ou fuga. Que algo não vai bem! Por isso a
denomino de fada amarela, sinal de perigo!
Quando há uma baixa de dopamina vem o desânimo, a falta de desejo, dificuldade para
estudar, ler, concentrar, memorizar.
Quando há uma baixa de serotonina, aparece a tristeza, o pensamento negativo e a
ansiedade ou inquietude.
Algumas vezes, a noradrenalina sai substituindo a “prima serotonina” como mecanismo de
feedback e aí temos um quadro ansioso juntamente com a depressão.

6. Remédios Psiquiátricos
6.1. Ansiolíticos
São aqueles que fecham a entrada dos neurotransmissores. Assim, caso venha muita
noradrenalina para avisar de falsos perigos, o ansiolítico bloqueia o caminho! Devemos usá-los
com moderação.

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Eles não resolvem o problema. É como remédio para febre. Enquanto faz o uso, bloqueia o
sintoma. Somente no início dos tratamentos até tatear a dose do antidepressivo. Ou em casos
esporádicos para dormir um sono tranqüilo frente a um momento estressante.
Causam dependência!
Tipos: Clonazepan (rivotril)
Alprazolan (frontal, apraz)
Bromazepan (lexotan),
etc.
6.2. Antidepressivos
São os remédios que desbloqueiam a serotonina, às vezes também a noradrenalina e a
dopamina de modo que elas possam ser recaptadas e degradadas pelo neurônio que as liberou.
Suspeita-se como hipótese para depressão que existe uma baixa destes neurotransmissores e,
portanto, é necessário aumentar a quantidade dos mesmos na fenda sináptica (entre um e o
outro neurônio). Assim, inventaram estes medicamentos que precisam ser usados diariamente e
por longa data. E, em casos de depressão com recidivas, deve-se tomar indefinidamente até a
invenção de drogas melhores.
Podemos comparar a depressão com a diabetes, em que o sujeito não tem insulina
suficiente e é abastecido pelas injeções. Se não tomar morre!
O sujeito deprimido deve tomar sem interrupção o antidepressivo. Se não tomar, ou
interromper o tratamento poderá voltar a ter recaídas em seu quadro depressivo.
A medicação não é 100% efetiva, mas tem um bom índice de melhora. Pode trazer sérios
efeitos colaterais, dependendo do medicamento. Mas a medicina vai evoluindo e novos
medicamentos vão surgindo com menos efeitos nocivos.
O que é importante salientar é que os efeitos colaterais são menores que a incapacitação do
paciente.
Tipos de drogas:
1. Tricíclicos – anafranil, tofranil, pamelor, tryptanol
2. ISRS – fluoxetina, sertralina, paroxetina, citalopran, escitalopran
3. Nassa – Minalciprano
4. ISRSNa – Velanfaxina
Há muitos outros, mas estes são os mais comuns.
6.3. Moduladores do Humor
São os remédios de primeira escolha quando se trata de Transtorno Bipolar (TB). Os
antidepressivos podem fazer uma pessoa com T.B. sair de um quadro depressivo e entrar em um
quadro de mania.
A droga número 1 é o lítio, pela sua eficácia. Mas infelizmente, causa uma série de distúrbios
como efeitos colaterais.
Por isso, usamos os anticonvulsivantes, remédios para epilepsia como uma segunda opção
com excelentes resultados.
Em geral, em quadros com mania, pode-se fazer a escolha pelo valproato de sódio
(Depakote, Torval) ou pela oxacarbamazepina (Trileptal) e verificar se houve melhora.
Nos casos de depressão severa têm-se usado lamotrigina (Lamictal, Lamitor, Neural) com
excelentes resultados! O bom desta medicação é que ela não tem efeitos colaterais tão ruins.

6.4. Cura? As Recaídas e Recidivas


A pergunta mais comum é: depressão tem cura?
Esta é uma resposta intrigante...

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Do ponto de vista psiquiátrico, não há cura. Há tratamento. Será necessário tomar
medicação corretamente, ao longo da vida. A dose adequada, o remédio correto, o horário certo,
a abstinência das bebidas alcoólicas e drogas. Podemos fazer uma analogia à diabete: se falta
insulina, é necessita a reposição. Mesmo quem não sofre o Transtorno Bipolar, tem apenas uma
depressão por desgaste (Depressão Reativa), deve tomar adequadamente a medicação para não
ter Recidivas do quadro. Sabemos que a doença é cíclica e, portanto, desaparecerá por algum
tempo. Se a pessoa melhora e pára de tomar os medicamentos, terá grande chance de ter
recidivas do quadro depressivo e com um sério agravante, a crise será mais intensa e de difícil
melhora com os medicamentos. Portanto, é necessário mantê-los como prevenção de novos
episódios.
Durante o tratamento medicamentoso, sabemos que o paciente pode apresentar uma
melhora acentuada num período que varia de 15 dias até 6 semanas. Se a crise for intensa, este
período para melhora dos sintomas é um pouco mais demorado.
O sujeito pode ter recaída de sintomas nesta fase inicial do tratamento, num período de até 6
meses. Após este período, ele melhora e poderá ter recidivas do quadro ao longo da vida. Caso
mantenha a medicação de manutenção, sua recidiva será de baixa intensidade.
O outro ponto de vista é o aspecto psicoterápico. Tem cura a depressão? Veremos que o
paciente que toma remédios e faz terapia tem mais chances de ficar livre dos sintomas e bem
mais rapidamente!
Os remédios não mudam as atitudes dos pacientes deprimidos. Melhoram os níveis dos
neurotransmissores, mas não mudam o comportamento do mesmo.
A vantagem da psicoterapia é ensinar novas maneiras de lidar com a vida, numa visão mais
objetiva e específica. Desta forma, o sujeito deprimido aprende a viver sem evitar a vida!
Podemos, então, arriscar em dizer que há mais chances de viver bem a vida o deprimido que
tomar a medicação e fizer uma boa psicoterapia.
As chaves são de 80% de melhora!

6.5. A Necessidade da Medicação ser bem Orientada


O primeiro ponto é um bom diagnóstico: se o paciente tem Transtorno Bipolar ou apenas
Depressão. Muitas vezes, ele está medicado para depressão e tem T.B.
O segundo ponto é a dose ideal para cada tipo de paciente. Além de verificar a melhor droga
para o tipo da depressão, com menores efeitos colaterais para aquele tipo de paciente, é
importante verificar se a dose está adequada. Subdoses não vão adiantar!
Um bom psiquiatra poderá ajudar...
O terceiro ponto é não interromper o uso do medicamento. A doença depressiva e o
Transtorno Bipolar requerem continuidade no tratamento: toma-lo no horário certo e evitar o uso
de bebidas alcoólicas.
Se o paciente tem a paciência de passar pelo período de adaptação à medicação deve então
permanecer tomando os medicamentos e o resultado virá! Os efeitos demoram a aparecer e seu
médico poderá lhe fornecer este tipo de informação.

7. Psicoterapia - Uma Visão de Futuro


Normalmente vemos o seguinte questionamento: Qual o melhor tratamento? Drogas ou
psicoterapia?
As pesquisas científicas, os inúmeros pacientes testados, tudo mostra que a melhor opção é
associação das drogas mais adequadas com uma boa psicoterapia.
Sobre psicoterapia, o raciocínio melhor para depressão é colocar o paciente deprimido na
AÇÃO!
Mas como isso é possível se o paciente deprimido está completamente desanimado e seu
pensamento negativo globalizado tornou-o paralisado, numa atitude de evitação?

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Normalmente, uma pessoa quando passa por algum obstáculo, frustração ou trauma tem um
período de negativismo, mas logo reage. Toma iniciativa e pensa de uma forma específica. As
pessoas têm habilidades específicas para superar dificuldades. Afinal de contas, fazem parte da
vida episódios difíceis!
Por isso, a psicoterapia para deprimidos deve ajudar o sujeito a criar habilidades específicas
para sair de um quadro depressivo. Só deixar o sujeito falar de seus sentimentos não é o mais
indicado. A psicoterapia vai ajudá-los a TOMAR ATITUDES, A MUDAR A VIDA AOS POUCOS, para
sair do quadro paralisante.
Outro detalhe importante é que:
Os remédios não ensinam habilidades novas aos pacientes!!!
A psicoterapia é um ato educativo. O terapeuta vai ajudar educando o paciente a vencer
obstáculos, superar frustrações ou traumas. É na psicoterapia que o paciente deprimido vai
aprender novas habilidades para ver o futuro de uma maneira bem diferente.
Sabemos que o meio social influencia o humor do ser humano. Devemos trabalhar com o
deprimido dando um novo enfoque que o retire da paralisia frente às dificuldades e o motive a
tomar uma atitude, por menor que esta possa parecer!
Outro ponto importante é que o psicoterapeuta pode ajudar o paciente a entender a
necessidade de tomar corretamente a medicação. Ele pode educá-lo para isto. Ensiná-lo um
pouco sobre o funcionamento cerebral e ajudá-lo a entender que ele pode favorecer o tratamento
com a medicação adequada, e dessa forma seu cérebro estará a disposição para tomar novas
atitudes e pensar positivo.Quando o paciente faz uso do antidepressivo, por uma das hipóteses
ainda sustentada pela psiquiatria, ele terá um aumento no nível da serotonina. Com isto, terá o
pensamento mais positivo, uma diminuição na tristeza e um relaxamento mental maior.
Se ele estiver fazendo uso de moduladores de humor, quando houver baixa de dopamina, o
remédio vai abrindo os canais para entrarem os neurotransmissores, melhorando
consideravelmente o ânimo do paciente, pois os moduladores controlam o excesso e falta da
dopamina na entrada da célula. Dessa maneira, também ajudam a melhora do ânimo e
inteligência.
Na terapia, é bom desenvolver um bom “rapport”. A confiança do cliente de que o seu
terapeuta realmente vai apoiá-lo é importante. Alguns profissionais, inclusive, gravam as sessões
para que o cliente possa ouvi-las, depois de terminada a sessão, quantas vezes desejar. Isso
reafirma o conteúdo conversado. Como são aprendizagens que precisam ser adquiridas, quanto
mais repetidas, mais possibilidades de memorizar. Vale relembrar que os pacientes deprimidos
costumam esquecer tudo que foi dito!
“O preditor mais forte de depressão é a sua experiência de vida. Não há gens de depressão.
Há apenas gens que fazem você mais vulnerável à depressão...”
Kenneth (geneticista)

Assim, é possível mudar um pouco a vulnerabilidade para a depressão, mudando o estilo de


vida e, conseqüentemente, o pensamento globalizado sobre tudo ser parte da sua “droga” de
vida!
O deprimido vê tudo como um grande risco. Na terapia, podemos ensiná-los que eles têm
habilidades para lidar com os riscos, mesmo que eles não queiram.
Alguns preferem evitar os medos da vida porque ficam ansiosos. Mas a ansiedade até um
certo nível é um bom preço de um planejamento adequado de futuro. Se o sujeito se prepara
adequadamente para a vida, fica mais preparado para enfrentar as catástrofes da vida diária,
desde uma pequena frustração até um terremoto. Por exemplo, na Califórnia, as construções são
feitas para suportar tremores de terra; enquanto na Ásia não há planejamento para isso. A
conseqüência lógica é uma catástrofe maior na Ásia.
Podemos usar esta analogia com os nossos pacientes deprimidos, ensinando-os a enfrentar
pouco a pouco situações antes evitadas.
Você também pode ajudar preventivamente seus pacientes que têm um padrão de ansiedade
para evitar que isto se torne uma futura depressão.
Você pode diagnosticar um quadro de ansiedade primária quando a pessoa apresentar:

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- humor ansioso
- insônia inicial
- mudanças psicomotoras (movimentos contínuos)
- Ausência de respostas aos exercícios
Quando a depressão é primária, a pessoa vai apresentar:
- humor deprimido
- insônia terminal
- agitação psicomotora e retardamento
- respostas positivas aos exercícios
Sabemos que os quadros ansiosos podem evoluir para quadros depressivos. Por isso,
podemos educar os pacientes ansiosos para uma higiene de vida, aprendendo a enfrentar os
problemas da vida diária de uma forma menos ansiosa e não paralisante.

8. Pequeno Manual de Tratamento


8.1. Hipnose x Ação
No trabalho terapêutico o essencial é a boa educação, é levar o paciente a praticar
habilidades específicas, compartimentalizando problemas e saídas.
Na hipnose, ainda temos a vantagem de fazer o paciente experenciar sensações,
pensamentos, convidando-o a fechar os olhos e imaginar com detalhes vividamente novas
possibilidades, compartimentalizando as experiências. Sugestionando-o a deixar de lado suas
vivências dolorosas internas e focando-lhe a atenção no que podemos ampliar pela hipnose,
sempre remetendo-o para sensações boas.
Sabemos que o paciente deprimido tem um estilo global de pensamento. Ele responde a tudo
de uma forma global, não conseguindo ser específico. Algo vai mal no dia-a-dia, ele pensa...
minha vida é mesmo uma droga!
Quanto mais global é o sujeito, mais dificuldades teremos em sua terapia e até mesmo, na
hipnose. Por isso é bom ensinar-lhe a ir detalhando tudo. Quanto mais detalhes colocamos numa
indução hipnótica, mais chances teremos de o paciente aprender esta abordagem.
Portanto, poderemos usar a hipnose com uma excelente ferramenta na psicoterapia. Essa é a
vantagem para as terapias que ficam apenas no campo do pensamento. Para o deprimido ficar
apenas falando pouco ajuda. A diferença efetiva é fazê-lo FAZER ALGO NOVO, ESPECÍFICO E
COMPARTIMENTALIZADO!

8.2. Mudança em Pequenos Passos


Para se trabalhar bem com um paciente deprimido devemos exigir dele bem menos do que
ele imagina. Se você pedir a ele para se exercitar, ou voltar ao trabalho ou escola, com certeza,
terá dificuldades.
Mas se você for devagar, descobrindo as potencialidades de cada um, detalhando pequenos
acertos que eles fazem; promovendo induções hipnóticas gostosas que descansam, e ao mesmo
tempo, que projetem o futuro, o paciente terá chances de continuar neste caminho.
Não se dá demais a quem não quer receber... Pense nisso!
A hipnose é uma boa opção. Parece que você vai retirá-lo do ar. Desligar. O paciente
deprimido está desanimado e vem praticando evitação e paralisia. Você o ensinará de uma forma
sinérgica a parar e avançar mentalmente, experenciando através da hipnose novas
possibilidades.
Na sessão, sempre teremos um objetivo específico para alcançar. Do contrário, nem tente
fazer hipnose. Você se perderá. É preciso ter um rumo, uma meta bem específica para alcançar.
Assim, você pode introduzir metas de trabalho com os pacientes deprimidos como:
- ensiná-los habilidades específicas para sair do quadro paralisante

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- ensiná-lo a reconhecer seus recursos para uma nova ação
- ensiná-lo a fazer uma ponte para o futuro
- encorajá-lo a experimentar de fato
- relaxá-lo
- introduzir metáforas de acordo com o tema desejado
- ressignificar dificuldades
- compartimentalizar problemas e soluções
- ensiná-lo a ter um crítico interior mais positivista
- construir expectativas positivas
- reconhecer e tolerar as ambigüidades, pois fazem parte da vida.
- fazer o problema se dissolver com o tempo; etc.

“... USAR O PASSADO PARA PREVER O FUTURO


FICA CADA VEZ MAIS DIFÍCIL, POIS O MUNDO DO FUTURO
É MUITO DIFERENTE DO PASSADO!...
... UM SÁBIO DISSE:
A MELHOR MANEIRA DE PREVER O FUTURO É CRIÁ-LO.”
(Aula Michael Yapko)

Muitos terapeutas prendem o cliente vendo e revendo o passado. Como por exemplo rever
um abuso sexual. A pessoa já passou pelo trauma, bem ou mal resolveu e se vê presa lá se
retraumatizando!
A terapia breve é focada na solução! Ouça o que o seu cliente deseja, descubra caminhos,
descubra um novo padrão de atitude que ajude-o a se MOVER numa nova direção.

UMA META SEM PASSOS É SÓ UM DESEJO!

Para alcançar algo é preciso dar os passos! No início, precisamos ensinar nossos pacientes a
dar estes pequenos passos.

Se você está querendo conseguir alguma coisa, você consegue!

A META E OS PASSOS LEVAM À SOLUÇÃO!

Por exemplo, se você quer ver o por do sol, você não pode ficar olhando para o leste; é
preciso se virar para o oeste e ficar por lá esperando!
Precisamos ajudar o paciente a criar as possibilidades de atingir a habilidade certa. Assim,
devemos criar expectativas positivas e saudáveis que normalmente estão paralisadas ou não
existem no deprimido. A serotonina responsável pelo pensamento positivo estava em baixa.
É preciso ajudá-los a criar este tipo de pensamento positivo. Muitas vezes, a medicação
antidepressiva não consegue ajudar como deveria. A psicoterapia ajuda a aumentar o
pensamento positivo e com isso temos uma melhora mais efetiva.
Um roteiro de indução para ajudar a criar expectativas hipnoticamente de acordo com
Michael Yapko:
1. Indução – iniciar a indução criando uma boa experiência com muitos detalhes gostosos.

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2. Construir um conjunto de respostas – apresentar uma idéia com foco no futuro para
desenvolver ao longo da hipnose.
3. Contar analogias universais – iniciando com... “Estou me perguntando como será o futuro,
será que as doenças serão curadas, como serão os transportes, telecomunicações em 2020, e os
comportamentos sociais?...
Orientando para a idéia de que haverá mudanças, novas possibilidades de futuro...
Conte como era antes do computador, celular, freezer, etc...Toriente-e para o futuro...
O PASSADO NÃO PREDIZ O FUTURO, NOVAS IDÉIAS SIM! Se a pessoa se guia pelo passado,
tem um futuro comprometido.
“Eu nunca vou ganhar dinheiro, porque meus pais não ganharam... Eu nunca vou ter um
namorado, até hoje não consegui!...”
4. Dar “feedback” de apropriação das suas metas pessoais – Você deseja X no futuro e
certamente você fará algo para que isso aconteça.
5. Ressaltar que as ações que a pessoa pratica hoje, influenciam mais no seu futuro do que
aquilo que aconteceu ontem.
Não podemos mudar o ontem, mas o que você fizer hoje à noite está aberto para lhe dar um
bom futuro.
6. Identificar recursos pessoais que podem ser usados na direção dos objetivos específicos
desta pessoa.
7. Introduzir entre o humor (triste/deprimido) e ações positivas que virão agora. Por
exemplo: você tem uma chance de criar amigos, caso SAIA DE CASA!
8. Reforçar os desejos para que o sujeito experimente... as pessoas costumam evitar o que é
difícil...
9. Generalizar recursos para futuras oportunidades.
10. Sugestões pós-hipnóticas para integração da autoprofecia de preenchimento pessoal.
11. Fechamento do transe.

8.3. Higiene da Depressão


Algumas regras básicas ajudam:
1. Sono saudável.
Dormir bem e à noite ajuda na produção da serotonina, no reequilíbrio das forças
físicas e mentais.
2. Uma alimentação saudável e adequada.
Excessos de carboidratos e chocolates não vão trazer de volta sua energia. Uma
nova ação sim! Então, por que não iniciar uma alimentação equilibrada?
3. Os remédios são indispensáveis.
4. Exercícios físicos
À medida que o ânimo for voltando, pratique esportes ao seu alcance, que ajudam
em todos os níveis.
5. Pequenas pausas.
Durante o seu dia pratique “pequenas ilhas de prazer” com a prática de suaves
hipnoses, meditação ou orações como desejar. Essas práticas constituem-se ação limpante para a
mente!
E BOA SORTE!

8.4. Técnicas Hipnóticas para Depressão


As técnicas de hipnose são sempre bem vindas para os deprimidos.

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Normalmente, o paciente deprimido está desanimado, cansado ou ansioso. As técnicas
hipnóticas ajudam a descansar e relaxar a mente; e além disso, abrem espaço na imaginação
para uma boa orientação para o futuro.
Temos muitas técnicas de hipnose que funcionam bem. Veja abaixo a lista:
1. Respiração: você pode usar a técnica do ar azul, limpando o mal tempo. Você pode usar a
respiração para limpar sofrimentos, ou feridas como faz Dra. Teresa Robles. Você pode fazer a
respiração imaginando uma cor e criar um escudo protetor de luz colorida.
2. Relaxamento Progressivo – é uma excelente técnica para pacientes deprimidos e
desanimados, pois tem o mesmo sinergismo. O desânimo dá vontade de ficar parado, a técnica
de relaxamento progressivo também ajuda a ficar quieto; mas enquanto isso você vai podendo
ressignificar palavras, contar metáforas construtivas, orientar para o futuro e até mesmo levar a
pessoa a se imaginar num lugar agradável ou seguro.
3. Lugar Seguro ou Agradável – é uma ótima técnica de distração. Alguns pacientes
deprimidos não conseguem imaginar coisas boas. Por isso, você pode usar a técnica de ir para
um LUGAR SEGURO, onde nada e ninguém vai atrapalhar. Depois, aos poucos, você pode ir
introduzindo metáforas construtivas, idéias novas, etc.
4. Uma Luz Curativa – uma boa técnica ativante, faz limpeza celular imaginativa, ajuda na
regeneração celular, em doenças psicossomáticas que, muitas vezes, acompanham o transtorno
depressivo.
5. Regressão – para recuperação da criança interior, quando isto for necessário. Reeducar a
criança de que tudo já passou e, hoje, o sujeito adulto é dono do presente e do futuro.
6. Freeze-Frame – técnica de congelamento do pensamento estressante, relembrando os
momentos saudáveis da infância. O corpo pára a liberação do cortisol e ativa a produção do
hormônio de rejuvenescimento.
A seguir veja uma sugestão para aplicação das técnicas hipnóticas de acordo com o tipo de
depressão.
- No tratamento da limpeza – para todos os pacientes
Autorização para descanso
Frustração
Ficar deprimido
Respiração azul
Lugar seguro
- Depressão com sintoma físico
Respiração
Relaxamento
Lugar Seguro
Escudo de Luz
- Depressão com Tristeza
Respiração (limpar/digerir)
Num lugar seguro relaxar
- Depressão com Desânimo
Relaxamento
Lugar Seguro (quarto escuro), um lugar de descanso
Banho de cachoeira
- Depressão Ansiosa
Freeze-Frame
Respiração

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Estar aqui agora observando
(Induções rápidas de 5’)
- Tratamento cura
Crença Limitante – ressignificar/metáforas construtivas
Diálogos Negativos – ressignificar
Trauma? ð Regressão (Tudo isso já passou!)
- Matar a vida ruim
ð Alimentar a alma
ð Deixar a alma aparecer
ð Matar os pensamentos negativos
ð Orientar para o futuro
ð Orientar novas ações.
Caso você deseje aprender detalhadamente estas técnicas entre no site
www.sofiabauer.com.br e veja transtornos de humor/depressão.
Todo deprimido requer nosso respeito, pois estão lutando sem ter o combustível cerebral
necessário para mudarem o pensamento e atitude.
Passe estas informações a todos que você puder. A grande maioria dos pacientes deprimidos
não sabe que é, ou é mal visto pela família como sendo preguiçoso ou mal humorado ou
complicado.
Lembre-se de que para 2020, a depressão será a segunda doença mais limitante do mundo!
O deprimido merece nosso carinho e atenção.
Se você é deprimido procure ajuda. Um bom psiquiatra para medicá-lo e uma boa
psicoterapia!
É possível ser ajudado...
SOFIA BAUER

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