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Malária
Introdução
Epidemiologia
Conteúdos Ciclo de Vida e Transmissão do Plasmódio
Patogénese/Fisiopatologia
EPIDEMIOLOGIA DA MALÁRIA
A malária, também chamada de paludismo, é uma doença antiga cujos relatos de associação
entre águas estagnadas e desenvolvimento de doença datam desde os anos 500 Depois de
Cristo. Em Moçambique, a malária representa um dos principais problemas de saúde pública e
para o desenvolvimento sustentável, com consequências nefastas principalmente para as
crianças e mulheres grávidas.
Definição
Malária é uma doença infecciosa parasitária aguda causada por protozoários do género
Plasmodium, transmitida pela picada do mosquito fêmea Anopheles.
Etiologia
O parasita que causa a malária é um protozoário unicelular que pertence ao género
Plasmodium. Das cerca de 120 espécies de plasmódio, apenas 4 infectam os humanos e
causam doença. São as seguintes:
Plasmodium falciparum
Plasmodium malariae
Plasmodium vivax
Plasmodium ovale
Vector da Malária
O vector da malária é o mosquito fêmea do género Anopheles. Em Moçambique, as principais
espécies de Anopheles implicados na transmissão da malária são: Anopheles gambiae e
Anopheles funestus.
Factores Ambientais
Pluviosidade
Altitude
Temperatura
Humidade relativa do ar
Factores do Hospedeiro
Os principais factores do hospedeiro, relacionados com a transmissão e distribuição da
malária são:
Resistência natural
Imunidade adquirida
Idade
Gravidez
Crenças e práticas
Migração
Resistência Natural
Certas condições genéticas proporcionam resistência natural a malária.
Deficiência do factor Duffy (antígeno de superfície eritrocitário) confere protecção e
resistência ao P. vivax
Imunidade Adquirida
A exposição repetida a malária faz com que os indivíduos passem a ser semi-imunes. Isto
significa que ainda estão em risco de infecção, mas não desenvolvem formas graves da
doença ou ficam assintomáticos. Pacientes com imunodeficiências (HIV/SIDA, desnutridos,
etc) devido a deficiente imunidade estão em risco de desenvolver formas graves e fatais de
malária.
Idade
Crianças menores de 5 anos são um grupo de risco pois ainda não desenvolveram imunidade,
sendo susceptíveis a desenvolverem formas graves de malária.
Gravidez
Mulheres grávidas apresentam uma diminuição da imunidade, sendo susceptíveis a
desenvolverem formas graves de malária.
Crenças e Práticas
As crenças sobre doenças (causas, prevenção e cura) influenciam nas práticas que se toma
sobre as mesmas e na adesão às medidas de prevenção do SNS. Por exemplo, em
Moçambique (sobretudo no norte do país), é comum a população rejeitar que se faça a
pulverização intra-domiciliária, por se acreditar que este acto está na origem da cólera e que
não previne a malária. Um outro problema, é o facto de em zonas costeira onde a pesca é
principal actividade (ex: Mocimboa da Praia), a população desviar as redes mosquiteiras
disponibilizadas às mulheres grávidas na CPN, para a prática da pesca.
Migração
A migração está associada com a transmissão de malária. Por exemplo: pessoas sem
imunidade contra a malária podem se deslocar de áreas sem malária para áreas endémicas de
malária, afectando assim a distribuição e transmissão. O contrário também é válido, quando
uma pessoa proveniente de uma área com malária se desloca para uma área sem malária,
carregam o parasita para esta área.
Padrões de Endemicidade
Endemicidade da malária, representa o nível de ocorrência e distribuição da malária numa
determinada área. O nível de endemicidade da malária varia de país para país e, por vezes, de
região para região dentro do mesmo país. Os padrões de endemicidade e a respectiva
intensidade de transmissão estão listados abaixo:
O parasita da malária possui um ciclo de vida com duas fases, sendo uma fase no ser humano
e outra fase no vector: o mosquito.
Nota: o mosquito fêmea alimenta-se de sangue para poder produzir ovos. A primeira
hematofagia ocorre após o acasalamento com o mosquito macho. Após a hematofagia, o
mosquito repousa para produção de ovos e depois vai pôr os ovos (oviposição) no seu habitat,
e volta a alimentar-se. Portanto, a este ciclo, que vai desde a hematofagia, repouso, oviposição
e nova hematofagia é chamado de ciclo gonadotrófico. O ciclo gonadotrófico dura 2 a 3 dias.
Portanto, para transmissão da malária, são necessários 3 ciclos gonadotróficos, de modo a que
a esporogonia (duração de 9 a 10 dias) se complete.
Tabela 2: Resumo das características do ciclo de vida das 4 principais espécies de plasmódio
O Plasmodium falciparum é a espécie que resulta em casos mais graves que os das outras
espécies pelos seguintes motivos:
Maior número de merozóitos libertados pelo hepatócito e eritrócito
Menor duração do ciclo eritrocitário
Pode infectar qualquer eritrócito (P. vivax tem preferência por eritrócitos jovens)
Maior citoaderência e sequestro dos eritrócitos parasitados
Fisiopatologia da Malária
Acção do Parasita
Umas das células infectadas e que participam no ciclo de vida do plasmódio são os eritrócitos.
Os eritrócitos sofrem as seguintes alterações durante a infecção pelo P. falciparum, a destacar:
Aparecimento de protuberâncias na superfície do eritrócito
As protuberâncias expõem uma proteína aderente de alto peso molecular
Essas proteínas aderentes medeiam a fixação do eritrócito ao endotélio venular e
capilar – fenómeno chamado citoaderência
Essa aderência acaba por determinar o bloqueio capilar e de vênulas, resultando em
isquémia e hipóxia dos tecidos supridos por estes vasos
Texto de apoio da cadeira: Doenças Infecciosas
Curso: Técnicos de Medicina Geral
Docente: Egas Arlindo Joaquim 8
Adicionalmente, os eritrócitos infectados podem aderir a eritrócitos não infectados,
formando rosetas e a eritrócitos não parasitados (aglutinação)
Estes fenómenos de citoaderência, formação de rosetas e aglutinação determinam o
sequestro de eritrócitos (ex: no cérebro, rins, fígado, pulmões, intestinos) interferindo
no fluxo microcirculatório (isquémia e hipóxia) e no metabolismo.
O sequestro permite que os parasitas se desenvolvam fora do alcance dos mecanismos de
defesa humano, sendo este o mecanismo pelo qual o clínico deve perceber que o número de
parasitas observados numa lâmina pode não reflectir a verdadeira densidade parasitária. Por
outro lado, o sequestro é responsável pelo desenvolvimento de formas graves da malária
(sequestro no cérebro com obstrução do fluxo sanguíneo para determinada região do cérebro,
determina o desenvolvimento de malária cerebral e morte)
Resposta do Hospedeiro
A resposta a esta infecção pelo hospedeiro começa pela activação de defesas inespecíficas e
depois específicas:
O baço aumenta a sua função imunológica e de depuração por filtração, acelerando a
remoção de eritrócitos parasitados mas também de sadios.
Os eritrócitos parasitados que escapam a acção esplénica sofrem hemólise quando o
esquizonte está maduro. O material libertado induz a activação de macrófagos e
libertação de citocinas pró-inflamatórias derivados das células mononucleares que
provocam febre e exercem outros efeitos patológicos.
A febre com temperaturas ≥ 40ºC provoca lesão do parasita maduro
A defesa específica começa a entrar em acção com a formação de anticorpos para o
controlo da infecção conferindo o estado de semi-imune.
Recaída e Recrudescência
Definições: